Instituto Superior da Educação
Departamento de Geociências
Curso de Licenciatura em Geologia
O Petróleo e a Sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde
Autora: Paulina Sanches Gomes Cardoso Orientador: Dr. José Manuel Pereira
Praia, Julho de 2006
Instituto Superior de Educação
Departamento de Geociências
Curso de Licenciatura em Geologia
Trabalho Científico Apresentado ao ISE para obtenção do Grau de Licenciatura em
Geologia
O Petróleo e a Sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde
Autora: Paulina Sanches Gomes Cardoso
Orientador: Dr. José Manuel Pereira
Praia, Julho de 2006
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha família em especial ao meu filho Joel Sanches Cardoso, por ter nascido nos primeiros tempos desse Curso.
Praia, Julho de 2006
AGRADECIMENTOS
O presente trabalho é fruto de um esforço enorme na procura de conhecimentos novos e enriquecimento profissional, resultado do relacionamento com colegas, professores e amigos que de uma forma ou de outra, quer directa ou indirectamente conduziram à realização deste evento.
Por esse motivo, é me impossível agradecer individualmente a todos quantos deram os seus contributos para que este trabalho se efectivasse.
Contudo, não posso deixar de fazer referência àqueles que de perto me auxiliaram nas discussões de conceitos, revisões bibliográficas e estruturação do trabalho, sem os quais seria praticamente impossível apresentar este documento.
Assim, não podia deixar de mencionar particularmente ao orientador deste trabalho, Dr. José Manuel Pereira pela sua estratégia Científico - Pedagógica e colaborativa que me permitiu total a vontade na feitura do trabalho.
Ao chefe do Departamento de Geociências, Dr. Alberto da Mota Gomes e à Dra. Sónia Silva Vitória, a minha profunda gratidão não só por terem coordenado este curso, mas sobretudo pela documentação e pontual colaboração que me têm prestado em diversas ocasiões ao longo deste tempo.
Ao meu sobrinho Paulino Cardoso, à minha vizinha Norberta, e às minhas colegas Felisberta e Maria Teresa, aos alunos de informática Celestino e Diamantino e ao meu colega Manuel António, não só pela solidariedade que demonstraram em dividir comigo humildemente os seus equipamentos informáticos, como também na formatação do trabalho.
À minha vizinha Maria Celina Ferreira por me ter apoiado nas discussões e organização de ideias.
À minha colega Ermelinda Tavares por me ter ajudado na tradução dos documentos.
Apraz-me estender o meu apreço e agradecimento ao meu marido João Gomes Cardoso e ao meu filho a quem roubei tempo e convívio familiar a fim de enriquecer os meus conhecimentos científico - pedagógicos.
INSTITUTO SUPERIOR DA EDUCAÇÃO
DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS
Curso de Licenciatura em Geologia
TEMA
“O PETRÓLEO E A SUA EVENTUAL OCORRÊNCIA EM CABO VERDE”
Elaborado por Paulina Sanches Gomes Cardoso, Aprovado pelos membros do Júri, foi homologado pelo conselho Científico – Pedagógico, como requisito parcial à obtenção de Licenciatura em Geologia.
O Júri
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Praia, ___ de Julho de 2006
ÍNDICE GERAL PÁGINAS Introdução ------------------------------------------------------------------------------------------------10 I. O petróleo ---------------------------------------------------------------------------------------------11
1.1. Composição -----------------------------------------------------------------------------------------11
1.2. Modo de Jazida -------------------------------------------------------------------------------------11
1.3. Origem e formação do petróleo -----------------------------------------------------------------12
1.4. Ambiente de deposição ----------------------------------------------------------------------------14
II. Estruturas associadas à ocorrência do petróleo ----------------------------------------------15
2.1. Os armazéns do petróleo na natureza ------------------------------------------------------------15
2.2. Prospecção e extracção do petróleo --------------------------------------------------------------18
2.2.1. Prospecção geológica ----------------------------------------------------------------------------19
2.2.2. Prospecção geofísica ----------------------------------------------------------------------------19
2.3. Processos de refinação do petróleo bruto -------------------------------------------------------20
2.4. Importância do petróleo ---------------------------------------------------------------------------23
2.5. Impactes ambientais associadas ao transporte do petróleo -----------------------------------24
2.5.1. O petróleo e a agressão ao meio ambiente ---------------------------------------------------25
2.5. As crises do petróleo ------------------------------------------------------------------------------28
2.5.3. A crise petrolífera e a subida dos preços -----------------------------------------------------30
2.5.4. As reservas do petróleo no mundo ------------------------------------------------------------32
III. Distribuição geográfica do petróleo -----------------------------------------------------------33
3.1. Áreas de maior e de menor distribuição concentração de petróleo -------------------------33
3.2. Fluxos mundiais de petróleo ----------------------------------------------------------------------35
IV. Enquadramento geológico de Cabo Verde ---------------------------------------------------36
4.1. Origem e localização geográfica de Cabo Verde ----------------------------------------------36
4.2. Geomorfologia --------------------------------------------------------------------------------------40
4.3. Principais formações geológicas e sua estratigrafia -------------------------------------------40
4.4. Origem e evolução tectónica de Cabo Verde --------------------------------------------------42
4.5. Descrição das ilhas Orientais----------------------------------------------------------------------44
4.6. Alguns problemas levantados pela geologia destas ilhas--------------------------------------45
4.6.1. Enquadramento geotectónico da ilha do Sal--------------------------------------------------46
4.6.1.1. Principais formações geológicas da ilha do Sal e sua estratigrafia----------------------48
4.6.2. Enquadramento geotectónico da ilha do Maio -----------------------------------------------49
4.6.2.1. Principais formações geológicas da ilha do Maio e sua estratigrafia--------------------52
4.6.3. Enquadramento da ilha de Boa Vista----------------------------------------------------------53
4.6.3.1. Principais formações geológicas da ilha de Boa Vista e sua estratigrafia--------------54
V. Eventualidades da ocorrência do petróleo em Cabo Verde--------------------------------55
VI. Opiniões sobre a possibilidade da ocorrência do petróleo em Cabo Verde------------57
VII. Gás natural nos mares de Cabo Verde-------------------------------------------------------61
VIII. Análise dos questionários----------------------------------------------------------------------62
IX. Conclusões e recomendações--------------------------------------------------------------------6
Bibliografias
Anexos
LISTAS DAS FIGURAS PÁGINAS
Figura 1. que ilustra a formação dos hidrocarbonetos---------------------------------------------13
Figura 2.1.1. Armadilha estrutural--------------------------------------------------------------------16
Figura 2.1.2. Corte esquemático mostrando uma outra armadilha estrutural--------------------17
Figura 2.1.3. Domo Salino, uma outra armadilha estrutural---------------------------------------17
Figura 2.1.4. Armadilha estratigráfica----------------------------------------------------------------18
Figura 2.2.2.1. Técnicas de prospecção geofísica---------------------------------------------------20
Figura 2.3.1. Processos de transformação de petróleo----------------------------------------------22
Figura 2.5.1. Oleoduto----------------------------------------------------------------------------------24
Figura 2.5.1.1. Incêndio num poço de petróleo-----------------------------------------------------25
Figura 2.5.1.2. Acidente com um petroleiro---------------------------------------------------------26
Figura 3.1.1. Principais países produtores mundiais de petróleo---------------------------------33
Figura 4.1. Grupo das ilhas que compõem o arquipélago de Cabo Verde-----------------------36
Figura 4.6.1. Mapa geográfico da ilha do Sal-------------------------------------------------------47
Figura 4.6.2. Mapa geográfico da ilha do Maio-----------------------------------------------------51
Figura 4.6.3.1. Mapa geográfico da ilha de Boa Vista---------------------------------------------53
LISTA DOS GRÁFICOS PÀGINAS
Gráfico 2.5.3.1. Evolução do preço de petróleo desde 1988 (médias mensais) e ao longo de
2005--------------------------------------------------------------------------------------------------------30
Gráfico 2.5.3.2. Referente ao preço de petróleo e os eventos políticos--------------------------31
Gráfico 2.5.4.1. Distribuição das reservas do petróleo no Mendo--------------------------------32
LISTA DAS TABELAS PÀGINAS
Tabela 4.1. Agrupamento das ilhas e ilhéus que compõem o arquipélago de Cabo Verde---37
Tabela 4.2. Sinopse relativa à topologia das ilhas de Cabo Verde--------------------------------37
LISTA DOS ANEXOS
Anexo I. Tabela dos principais derivados do petróleo e as suas aplicações
Anexo II. Tabela que mostra alguns acidentes petrolíferos, envolvendo navios tanques
Anexo III. Tabela referente a cronologia mundial do petróleo
Anexo IV
Tabela nº 1. Principais fluxos comerciais do petróleo entre regiões e países em 2005, milhares
de barris/dia;
Tabela nº2. Maiores importadores do petróleo, em 2005, milhões de barris/dia;
Tabela nº 3. Maiores exportadores de petróleo em 2005, milhões de barris/dia
Anexo V. Distribuição das ilhas de Cabo Verde em três pedestais
Anexo VI.
Tabela 4.3. Quadro estratigráfico de Cabo Verde
Tabela 4.6.1.1. As principais formações geológicas da ilha do Sal
Tabela 4.6.2.1. Quadro estratigráfico provisório da ilha do Maio
Tabela 4.6.3.1. As principais formações geológicas da ilha de Boa Vista
Anexo VIII. Questionários aos Geólogos
O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde
Introdução
O nível de desenvolvimento de um pais é geralmente avaliado pela sua capacidade de gerar
riqueza, o que por sua vez esta intrinsecamente ligado à disponibilidade de recursos dos quais se
destacam os recursos energéticos.
O impacte do factor energético sobre o desenvolvimento ganhou relevo com a revolução
industrial nos finais do séc. XIX na Europa e no mundo. Contudo, o atraso verificado entre a
demanda energética e o surgimento de tecnologias que permitissem a exploração de fontes
diversificadas de energia levou a que os combustíveis fósseis, nomeadamente o petróleo,
constituísse a principal fonte de energia. Por esta razão, o petróleo ganhou um estatuto
especial entre todos os recursos da natureza, estando por isso na base de vários conflitos
internacionais alguns dos quais perduram até hoje. Por outro lado a sua exploração intensiva e
sem as devidas precauções está na base de muitos catástrofes associados aos acidentes nas
unidades de extracção, de transformação, de transporte e/ou armazenamento, bem como dos
problemas ambientais derivados da poluição atmosférica pelos gazes resultantes da
combustão.
Tendo em conta a importância do petróleo enquanto fonte de energia e o estado actual
de desenvolvimento de Cabo Verde a requerer cada vez mais recursos energéticos, julgamos
ser pertinente elaborar um trabalho de estudo sobre o petróleo. O interesse em
desenvolvermos este trabalho “O Petróleo e a Sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde” é
reforçado pela probabilidade da ocorrência desse combustível fóssil no nosso subsolo, o que
contribuiria para que Cabo Verde reduzisse a sua dependência externa de outros países. Sendo
assim, pretendemos fundamentalmente analisar as possibilidades da ocorrência deste recurso
em Cabo Verde. Para além disso, serão abordadas questões relacionadas com a sua génese,
exploração, transporte e técnicas de prospecção.
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O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde
I. O Petróleo
1.1. Composição
O petróleo corresponde a misturas de compostos orgânicos, cujos principais
constituintes são os hidrocarbonetos líquidos diversos: umas forménicos (CnH2n+2), outros
nafténicos (CnH2n), e outros aromáticos (Cn H2n6). Fazem ainda parte dos seus constituintes
outros compostos orgânicos que contém elementos químicos como nitrogénio, enxofre,
oxigénio (chamados genericamente de compostos NSO e metais, principalmente níquel,
vanádio e várias outras impurezas várias, como por exemplo, colesterol (C27H46O).
O petróleo bruto é uma substância oleosa, inflamável, geralmente menos densa que a
água, com cheiro característico e coloração que pode variar desde o incolor ou castanho claro
até o preto, passando por esverdeado e com um grau de viscosidade muito variável.
Da sua destilação resultam variadíssimos produtos com larga aplicação em diversas
indústrias. (Guimarães, 1962) e http://pt.wikipedia.org/wiki/Petr
1.2. Modo de Jazida
O petróleo encontra-se em rochas porosas (areias e grés) preenchendo completamente
todos os seus interstícios. Podem também encontrar-se em fendas e cavidades de rochas não
porosas (por exemplo, calcários). Geralmente encontra-se sobre água salgada e é coberto por
hidrocarbonetos gasosos.
Se os terrenos onde se encontra são enrugados, o que é frequente, este dispõe-se nos
anticlinais, ou seja, na parte convexa dessas rugas.
Na maioria dos casos, o petróleo não se forma nos lugares onde se veio concentrar, mas
sim a uma distância maior ou menor, em rochas mães. Em seguida, através das rochas
permeáveis, o petróleo emigra destas até as rochas armazéns, por isso, as rochas mães
raramente são petrolíferas.
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O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde
Os petróleos são facilmente oxidáveis, transformando-se em asfalto, substância muito
viscosa.
Para que o petróleo possa concentrar-se em jazigo, as propriedades originais são
indispensáveis pois, é necessário que as rochas armazéns estejam cobertas por terrenos
impermeáveis (rochas coberturas), que impedem o petróleo de viajar até a superfície.
1.3. Origem e Formação do petróleo
Os petróleos foram de início considerados, como produtos de origem mineral,
resultantes de reacções químicas realizadas no seio da litosfera. Actualmente, pensa-se porém
que eles resultaram da decomposição, ao abrigo do ar e sob acção de microorganismos
anaeróbicos, dos constituintes gordos do sapropel, vasa acumulada no fundo de certos
ambientes (lagos, lagunas, mares, etc.)
A esta decomposição dá-se o nome de betuminização, pois dela resultam não só os
petróleos, mas também todas as outras rochas hidrocarbonatadas.
A origem orgânica dos petróleos justifica-se, entre outros, pelos seguintes factos:
- O colesterol que se encontra frequentemente nos petróleos é uma substância orgânica
(um álcool), componente de certas gorduras. Além deste, os petróleos contêm ainda, outras
substâncias orgânicas.
- Nos jazigos de petróleos, este encontra-se quase sempre a sobrenadar água, rica em
cloro, iodo, e bromo, substâncias que são normalmente absorvidas e concentradas pelos seres
vivos marinhos;
- O petróleo contém bactérias vivas;
- Pode obter-se o petróleo destilando, a elevada temperatura e pressão, diferentes óleos
de peixe.
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O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde
A formação do petróleo necessita da conjugação de alguns factores, que por enquanto,
ainda só são possíveis na natureza.
O primeiro destes factores é a preservação da matéria orgânica (zooplâncton,
fitoplancton, etc.), que se depositam no fundo de um determinado ambiente sedimentar (lagos,
mares, etc.) Esta preservação que poderá ser feita se sobre esta matéria orgânica se depositar
rapidamente uma camada fina de sedimentos que isole estes restos orgânicos dos contactos
com as bactérias.
Em ambientes anaeróbicos, isto é, mal oxigenados os detritos orgânicos podem também
ser preservados evoluindo conjuntamente com os restantes sedimentos.
Estes sedimentos, que formam sucessivas camadas em matérias orgânicas, umas mais
ricas em matéria orgânica, outras em matéria mineral, à medida que vão ser sujeitos à
compactação e afundamentos, vão alterando as propriedades químicas e físicas. A pressão e a
temperatura vão aumentando e as camadas mais ricas em matéria orgânica, que apresentam
uma cor negra, vão respondendo essas modificações.
Se as camadas mais ricas em matéria orgânica forem aquecidas a uma temperatura
aproximadamente de 120ºc, durante dezenas ou centenas de milhares de anos, toda a matéria
orgânica se transforma num líquido espesso a que chamamos de petróleo (no sentido restrito)
ou crude Fig1.
Figura 1 que ilustra a formação dos hidrocarbonetos
Fonte: Dias, A. et al (2004)
Licenciatura em Geologia 2002 - 2006 13
O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde
Para que o petróleo acabado de se formar, no fim deste longo processo, possa ser
aproveitado em condições economicamente rentável, é necessário que o local onde se formou
possuam características de permeabilidade e de porosidade adequadas, nas quais permitem a
sua migração para outras rochas (rochas armazéns), onde ele se possa acumular, para que no
futuro venha a ser extraído.
1.4. Ambientes de deposição
Já se tinha referido que a formação do petróleo depende de vários factores. O primeiro
deles é a produção biológica ou orgânica que um determinado meio ou ambiente sedimentar
apresenta. Esta produtividade é uma função directamente dependente da qualidade de seres
vivos existentes num meio sedimentar (que por sua vez depende também de alguns factores
como a quantidade de nutrientes, temperatura, oxigenação, etc.) por isso, em função do tipo
de matéria orgânica, são divididos os ambientes que apresentam boas características para
originarem o petróleo em dois tipos:
- Os ambientes húmicos ou ligníticos são caracterizados por possuírem uma alta taxa
de sedimentação à qual corresponde uma rápida subsidência (ambientes correspondentes a
margens continentais, a plataformas e taludes, a lagunas, aos lagos e mares interiores). Nestes
meios aquosos, com tendência para apresentarem águas salobras, é particularmente abundante
a matéria orgânica do tipo húmico ou lignítico.
- Os ambientes planctónicos ou sapropélicos, que se caracterizam pela intensa
produtividade biológica que existe à superfície (principalmente em ambientes marinhos de
pequenas dimensões ou lacustres) que exerce um papel importante, fazendo com que o teor de
oxigénio diminua substancialmente em profundidade, contribuindo assim, para que haja
condições de anaerobiose nas camadas inferiores da água.
Apesar da taxa de sedimentação ser moderada, a ausência de microorganismos
decompositores, por falta de oxigénio no fundo destes mares, permite que a matéria orgânica
fique preservada, no meio dos restantes sedimentos, quando ali se acumula (Gouveia & Dias,
1995).
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O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde
II. Estruturas associadas à ocorrência do petróleo
A ocorrência do petróleo encontra-se relacionada a estruturas geológicas profundas na
terra, principalmente sobre limites crustais de placas tectónicas (convergentes como
subducção ou colisão continental e limites divergentes). Também pode ocorrer sobre áreas
onde houve impacto de meteorito, desde que as falhas produzidas pelo impacto atinjam o
manto da terra. Quando se observa a distribuição dos campos de óleo e gás ao longo dos arcos
insulares como na Indonésia, Golfo Pérsico, nos Apeninos, Alaska, Arco de Barbados em
continuidade a Trinidad & Tobago e Venezuela; na evolução do grande rifte do Atlântico Sul
e outras bacias riftogénicas, isto pode ser claramente constatado
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Petr).
2.1. Os armazéns do petróleo na Natureza
Quando o petróleo sai da rocha que o originou, poderá alcançar a superfície terrestre ou
a superfície das águas dependendo da localização da bacia sedimentar (no continente ou no
oceano respectivamente) se não encontrar pelo caminho, nenhum obstáculo que o obriga a
parar.
Se o petróleo viajar livremente, sem barreiras à sua passagem, o mais provável é que
venha a perder-se sem poder ser aproveitado. Mas quando este encontra barreiras, tende a
armazenar-se nesses locais e a originar um reservatório com importantes características, que
permite a sua exploração de forma rentável.
A primeira barreira que o petróleo encontra durante a sua migração é a existência de
rochas de muito baixa permeabilidade como por exemplo as rochas argilosas, rochas
margosas e as rochas salinas. Estas rochas por impedirem a continuação da migração do
petróleo, são designadas de rochas de coberturas.
Licenciatura em Geologia 2002 - 2006 15
O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde
Estas rochas embora, sejam um obstáculo à migração deste produto, não o conseguem
acumular. As que conseguem acumular o petróleo tem que ser porosas, ou seja que possuem
espaços vazios capazes de receber o petróleo proveniente da rocha mãe e, além de porosas,
tem que ser permeáveis, para que permitam, também a sua extracção. São exemplos de rochas
com estas características, os arenitos mais ou menos grosseiros, os calcários depositados em
ambientes de elevada energia e os calcários de origem biogénicos mais especificamente
recifais. As rochas com certas características são rochas reservatórios ou armazéns.
A existência de rochas reservatórios e de rochas cobertores, não são suficiente para se
formar uma acumulação de petróleo considerável, mas sim, é necessário a existência de certas
estruturas geológicas, favoráveis a essa acumulação. Tais estruturas chamadas armadilhas.
Consideram-se dois tipos de armadilhas:
- Armadilhas estruturais que resultam de movimentos tectónicos, os quais por sua vez,
produzem dois tipos de estruturas - as dobras e as falhas.
Relativamente às Dobras, sempre que existe uma sequência de camadas, da qual fazem
parte, entre outras uma rocha mãe e uma rocha impermeável localizada acima da anterior, esta
sequência ao ser dobrada, originará uma série de estruturas anticlinais (sinformes e
antiformes). O petróleo migrará da rocha mãe em direcção à superfície e, ao chegar à rocha
impermeável, acumular-se-á nestas estruturas. Este tipo de armadilha é chamado de retenção
anticlinal (fig. 2.1.1).
Figura 2.1.1. - Armadilha estrutural
Fonte: E: \Actualmente.htm
Licenciatura em Geologia 2002 - 2006 16
O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde
Quanto às falhas e os planos de falhas, estes quando preenchidos por materiais
impermeáveis e suficientemente espesso, podem originar reservatórios de petróleo, desde que
coloquem frente a frente rochas com porosidades e permeabilidades distintas. (fig.2.1.2.).
Figura 2.1.2 - Corte geológico esquemático mostrando um outro tipo de armadilha estrutural. Fonte:
E:\Actualmente.htm
Além dos movimentos tectónicos já referidos, a formação de domos salinos pode
originar uma estrutura anticlinal. Sendo assim a instalação de um domo salino provoca o
dobramento de camadas que lhe estão suprajacentes criando uma armadilha de tipo dobra e
porque o sal comporta-se como uma substância impermeável, estes dois factores podem
conduzir a acumulação do petróleo. Fig.2.1.3.
Figura 2.1.3. domo salino, uma outra armadilha
Fonte: Dias A. at al, (2004)
Licenciatura em Geologia 2002 - 2006 17
O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde
- Armadilhas estratigráficas que podem também originar bons reservatórios de
petróleo. Uma dessas armadilhas é muito frequente e resulta de variações litológicas
existentes num determinado local (ex. quando temos corpos arenosos, de forma lenticular,
tipo lacólitos e facólitos, cobertos por camadas argilosas, poder-se-á acumular petróleo nos
corpos arenosos.
Nas regiões recifais ocorre ainda em um outro tipo de armadilha estratigráfica, na
medida em que a estrutura geométrica destes recifes lhes confere uma forma volumosa, como
se de uma pequena montanha submersa se tratasse. Se esta estrutura ficar que, caso fique
coberta com sedimentos finos, permitira acumulação do petróleo na sua parte superior
(fig.2.1.4).
Figura 2.1.4. Armadilha estratigráfica
Fonte: E:\Actualmente.htm
2.2. Prospecção e extracção do petróleo
Como é sabido, o petróleo não se encontra igualmente distribuído por toda a crusta
terrestre. Deste modo, antes de ser extraído, é necessário encontrá-lo. Designa-se por
prospecção, o conjunto de diferentes fases que são necessárias à pesquisa de um jazigo de
petróleo.
Licenciatura em Geologia 2002 - 2006 18
O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde
Como referimos anteriormente, é necessário um conjunto de factores para que haja uma
acumulação rentável do petróleo. De entre eles podemos citar a existência de rochas mães que
tenham produzido e acumulado o petróleo, a existência de rochas reservatórios e de rochas
coberturas, a existência de armadilhas capazes de deter o petróleo na sua migração e
condições que permitam a sua migração desde a rocha mãe até a rocha reservatório.
Segundo (Gouveia & Dias, 1995), a prospecção faz-se em três fases distintas:
2.2.1. Prospecção geológica
Esta primeira fase faz-se com base nas técnicas seguintes:
- Geologia de campo com o objectivo de localizar a possível presença de rocha mãe e/ou
rocha reservatório em afloramento;
- Fotogeologia que permite identificar e definir os limites das bacias sedimentares,
localizar falhas e outros alinhamentos que poderão ser importantes para as etapas que se
seguem. È de salientar que ambas as técnicas pretendam reconhecer e identificar os
factores anteriormente referidos numa determinada bacia sedimentar.
2.2.2. Prospecção geofísica
Neste segunda fase várias técnicas podem ser utilizadas, como a reflexão sísmica, a
refracção sísmica, a gravimetria, a magnetometria, mais na prospecção do petróleo, a mais
utilizada é sem dúvida a de reflexão sísmica, técnica esta que consiste na produção de um
abalo sísmico à superfície (utilizando uma carga explosiva, uma pancada com um martelo
pneumático ou, mais recentemente usado, um camião vibrador), no sentido de verificar o
comportamento em profundidade (Gouveia & Dias, 1995). Depois destas técnicas sofisticadas
de tratamento de dados provenientes das ondas sísmicas, é possível definir em condições
ideais, a forma e características das camadas estratigráficas, qual a espessura do solo em que
se encontra por cima do substrato rochoso e verificar através da velocidade da propagação das
ondas sísmicas a bem como qual o tipo de rocha é que se encontra em profundidade. Portanto
no final destas duas etapas deve ser definidos os melhores locais para se efectuarem os furos
de pesquisas, iniciando-se então a terceira etapa. Enquanto as duas primeiras fases permitem
Licenciatura em Geologia 2002 - 2006 19
O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde
definir e identificar as possíveis armadilhas que contenha o petróleo, os furos de pesquisas é
que permitem afirmar com exactidão se existe ou não um jazigo do petróleo. Por isso, esta
fase é muito mais dispendiosa e pode ser ou não bem sucedida. Eis a razão para a necessidade
dos procedimentos de estudo geológicos e geofísicos bem aprofundados para que só depois se
decida quais os melhores locais onde se devem realizar os primeiros furos de pesquisa.
Encontrada uma acumulação deste produto, é necessário efectuar vários ensaios de produção
em cada um dos furos de pesquisa, no sentido testar a quantidade do petróleo existente neste
reservatório à extracção. Estes ensaios consistem em colocar o reservatório a produzir
petróleo, durante um determinado intervalo de tempo.
Figura 2.2.2.1. Técnicas de prospecção geofísica
Fonte: E:\Actualmente.htm
2.3. Processos de refinação do petróleo bruto
O petróleo bruto tem que passar por uma refinação antes de ser consumido. A refinação
consiste numa série de tratamentos físicos e químicos que visam a separação do petróleo
bruto em numerosos componentes, os chamados derivados. De acordo com as características
do petróleo bruto, escolhe-se um entre os vários processos de refinação. Contudo há passos
obrigatórios seguidos por qualquer processo.
Licenciatura em Geologia 2002 - 2006 20
O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde
O petróleo bruto é inicialmente submetido à destilação fraccionada. Esta técnica, de
forma sumária, consiste em aquecer o petróleo bruto e conduzi-lo à parte inferior de uma
torre, denominada torre de fraccionamento ou coluna de destilação. No seu interior, a torre
dispõe de uma série de pratos ou vasos colocados a diferentes alturas.
Quando o petróleo é aquecido até à sua temperatura de ebulição liberta vapores que
sobem pela coluna através de tubos soldados aos pratos e cobertos por campânulas, de
maneira que os vapores são forçados a borbulhar através do líquido que há nos pratos. O nível
de líquido de cada prato é determinado pela altura de um tubo de retorno que conduz o
excesso de líquido ao prato imediatamente inferior. Os componentes mais voláteis
(substâncias mais leves) de baixo ponto de ebulição, ascendem continuamente pela coluna de
fraccionamento em direcção ao topo da coluna, que é a parte mais fria, até condensarem. Os
componentes de elevado ponto de ebulição condensam-se em diferentes alturas da coluna e
refluem para baixo. Desta maneira consegue-se que, a uma determinada altura da coluna, a
temperatura seja sempre a mesma, e que o líquido condensado em cada prato tenha sempre a
mesma composição química. Esses produtos de composição química definida chamam-se
fracções e são formadas, principalmente, por gás metano, gasolina, petróleo e gasóleo.
Na base da coluna de fraccionamento, onde a temperatura é mais elevada, fica um
resíduo que ainda contém fracções voláteis. Se, estes resíduos forem aquecidos a
temperaturas, ainda, mais elevadas, decompõem-se. Por isso, para que a destilação prossiga, o
resíduo é transladado por meio de bombas para outra coluna, onde, sob uma pressão reduzida
próxima do vácuo (diminuindo a pressão, diminui a temperatura de ebulição), continua em
ebulição a uma temperatura mais baixa, não destrutiva, e as fracções vaporizam-se. Esta
destilação adicional decompõe o resíduo em óleo diesel ("fuel-oil"), óleo lubrificante, asfalto
e cera parafínica (figura 2.3.1).
Licenciatura em Geologia 2002 - 2006 21
O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde
Figura 2.3.1. Processos de transformações do petróleo
Fonte: E: \Actualmente.htm
A destilação constitui uma separação, puramente física das diferentes substâncias
misturadas no petróleo bruto. Deste modo, a destilação não altera a estrutura das moléculas e,
assim sendo, as substâncias conservam a sua identidade química. Para a obtenção de maior
número e variedade de produtos, as fracções mais pesadas são partidas em fracções leves pelo
processo de Cracking. Este processo consiste, essencialmente, em decompor pelo calor e/ou
por catálise as moléculas grandes das substâncias pesadas, cujo ponto de ebulição é elevado,
para obter substâncias constituídas por moléculas de tamanho menor e que correspondem a
substâncias mais voláteis, logo com ponto de ebulição mais baixo. Deste modo, por exemplo,
o “fuel-oil” (óleo combustível pesado) pode ser convertido em gasolina.
O processo oposto ao cracking chama-se polimerização e consiste, essencialmente, em
combinar moléculas pequenas de derivados do petróleo para formar outras maiores e mais
pesadas, por exemplo os "plásticos".
Os processos de destilação do petróleo variam conforme a procura de mercado dos
diferentes produtos. As fracções obtidas podem ser, posteriormente, misturadas umas às
outras para a obtenção de produtos com as propriedades desejadas (anexo I).
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2.4. Importância do petróleo
Os hidrocarbonetos são, sem dúvida, os produtos comerciais de maior consumo no
planeta Terra. Nos finais da década de 1960-1970 o consumo mundial era de 2,5 biliões de
toneladas por ano e nos últimos 20 anos houve um aumento anual de 10 %.
Actualmente, os derivados do petróleo, correspondem a cerca de 50 % do global dos
produtos do mercado mundial. As gasolinas, o gasóleo, o petróleo de iluminação (querosene)
e o “fuel-oil” equivalem a 80 % da energia consumida nas actividades industriais, de
transportes, de lazer e de conforto do Homem.
Como exemplo prático, vejamos o que acontece com os chamados plásticos, os quais
abrangem uma extensa gama de materiais fabricados pelo homem a partir de dois elementos,
o carbono e o hidrogénio, provenientes do petróleo bruto. O etano (C2H6) é um gás que pode
ser convertido no etileno (C2H4), que depois de polimerizado origina o polietileno (CH2-CH2)
n. De forma semelhante, o gás propano transforma-se em polipropileno (C3H6). Estes dois
plásticos, o polietileno e o polipropileno, são usados para fabricar uma grande diversidade de
artigos; pois, se retirássemos das nossas casas tudo aquilo que contém plástico, pouco
restaria. Adicionando - se - lhes outros elementos ou produtos químicos, os plásticos
adquirem propriedades especiais, como maior rigidez, resistência ao calor, poder deslizante e
flexibilidade.
O comércio do petróleo e derivados é controlado por um pequeno número de
gigantescas empresas que dirigem toda a cadeia de produção, de tratamento e de transporte,
desde o poço até ao consumidor. Mas nem tudo são rosas. O petróleo faz parte dos recursos
naturais extraídos da Terra, para benefício do Homem.
À escala temporal do Homem (cerca de 1 milhão de anos) o petróleo terá que ser
considerado um recurso natural não renovável, na medida em que os processos geológicos
envolvidos na sua formação levam, pelo menos, 10 milhões de anos. Contudo, a maioria dos
cálculos efectuados demonstram que petróleo é bastante mais antigo (de 60 a até 150 milhões
de anos).
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A partir do actual conhecimento, podemos elaborar estimativas sobre as reservas
petrolíferas totais disponíveis em todo o planeta. As reservas petrolíferas são as quantidades
de petróleo que podem ser extraídas dentro das coordenadas económicas e dos conhecimentos
tecnológicos que caracterizam a comunidade, num certo período. Os diversos níveis de
confiança que caracterizam as reservas dependem do maior grau de avanço do estudo
geológico. De acordo com o actual ritmo de exploração petrolífera estima-se que as reservas
existentes serão esgotadas nos próximos 45 anos, isto é, até ao ano 2048. Assim sendo, há que
estudar intensamente, o que tem vindo a ser feito, as fontes de energia alternativa (vento, sol,
correntes marinhas de ondulação e de marés, fissão nuclear, geotermia), bem como as
tecnologias economicamente capazes de as utilizar. (E:\Actualmente.htm)
2.5. Impactes ambientais associados ao transporte do petróleo
Pelo facto dos campos petrolíferos não serem localizados necessariamente, próximos
dos terminais refinarias de óleo e gás, é necessário o transporte da produção através de
embarcações camiões, vagões, ou tubulações.
A circulação destes produtos faz-se frequentemente quando se trata de pequenos
percursos em veículos especiais que oferecem condições de seguranças para esse transporte.
Porém no transporte a grande distância e quando é importante manter um fluxo contínuo
utilizam-se grandes condutas, os oleodutos que levam aqueles combustíveis desde os lugares
de produção até os locais de consumo ou de transformação Fig. 2.5.1
Figura 2.5.1. Oleoduto
Fonte: Carvalho I. et al. (2004) Licenciatura em Geologia 2002 - 2006 24
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A construção de redes oleodutos representa grandes investimentos porque se trata de
operações, por vezes difíceis e muito caras. Estas redes existem em todas as áreas petrolíferas:
Médio Oriente, Estados Unidos, Canadá, Venezuela, Mar do Norte etc.
O transporte de combustíveis líquidos através de oleodutos resulta bastante económico
apesar de elevados custo de sua instalação. Por outro lado, não contamina o ambiente e não
está sujeito às contingências atmosféricas (Sousa M. et al, 1994).
Hoje quase a totalidade de do petróleo, é transportado por via marítima, em barcos –
tanques de capacidade até 500 mil toneladas e por via terrestre através de oleodutos de mais
de um metro de diâmetro e centenas de quilómetros de comprimento.
2.5.1. O petróleo e a agressão ao meio ambiente
Actualmente com o crescente consumo energético, sobretudo do petróleo e dos seus
derivados e o seu transporte pela via marítima, por vezes em embarcações que não obedecem
as ordens de segurança tem crescido a poluição dos mares, oceanos e dos litorais, através de
acidentes com petroleiros, marés negras limpezas de tanques, operações de desembarque e
portuário de combustíveis (Figura 2.5. 1.1.).
Figura 2.5. 1.1 - Incêndio num poço de petróleo
Fonte: Carvalho I., a t al (2004)
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O petróleo traz grandes riscos para o meio ambiente desde o processo de extracção,
transporte, refino, até ao consumo, com a produção de gases que poluem a atmosfera, sendo
os principais poluentes de acordo com a sua perigosidade e quantidades emitidas, são os
óxidos de enxofre (SOx), os óxidos do azoto (NOx), monóxido de carbono (CO), dióxido de
carbono (CO2), amoníaco (NH3) etc. estes poluentes são responsáveis não só pelos efeitos
nocivos para saúde humana, para vegetação, para os edifícios, mais também para a
degradação da camada do ozono. Alem do mais a queima de combustíveis fósseis provoca o
famoso mais não menos preocupante efeito de estufa que é responsável pelas alterações
climáticas. Os piores danos acontecem durante o transporte de combustível, com vazamentos
em grande escala de oleodutos e navios petroleiros (Figura 2.5.1.2) e (anexo II).
Figura 2.5.1.2 Acidente com um petroleiro
Fonte: Carvalho I., a t al (2004)
O mais recente vazamento de petróleo com graves consequências ambientais aconteceu
em 19 de Novembro de 2002 com o afundamento do navio Prestigie, a 250 quilómetros da
região da Galiza na costa da Espanha que transportava 77 mil toneladas de óleo combustível.
O acidente constituiu uma das maiores catástrofes ambientais da história causadas por
vazamento de óleo atingindo tanto as praias e as encostas Espanholas como as francesas.
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Segundo as organizações ambientais, foram afectados entre 10 a 15 mil pássaros
(http://dossiers.publico.pt/shownews.asp)
Em 1989, ocorrera também uma grande catástrofe ambiental, em consequência de um
dos maiores acidentes da história dos petroleiros. Aconteceu com o petroleiro Exxon - Valdez
quando o vazamento destruiu parte da fauna da costa do Alasca. (Rogers G., 1995).
Em 1967 o petroleiro Torrey Canyon, que transportava 119 mil toneladas de petróleo
bruto acabou por encalhar a nordeste das ilhas de scilly, na Grã – Bretanha. O impacto da
perda desse navio, foi provavelmente maior que o do Titanic, pois, para além de provocar
uma vítima mortal, a destruição total do navio, a poluição petrolífera foi massiva, a pior de
sempre, atingindo as costas da França e da Grã-Bretanha; (Rogers G., 1995).
O maior derramamento ocorreu em 1979 quando o Atlantic Empress colidiu com o
Aegean Captain no Caribe, resultando o vazamento de 287.000 toneladas de óleo.
Alguns dos maiores acidentes causados pela explosão de poços de petróleos:
• Explosão do poço exploratório “stock” em 1979, no golfo do México
(500.milhões de litros)
• Explosão de uma plataforma num poço no golfo pérsico em 1973 (300 milhões
de litros)
• Vazão proposital em 1991, no golfo pérsico (900.milhões de litros).
O uso de combustíveis fósseis não renováveis oferecerá riscos para a natureza, como
afirma John Butcher, da Campanha de Substâncias tóxicas do Greenpeace. “O problema é
muito maior, a questão para evitar acidentes não se resume a manutenção e fiscalização.
Sempre haverá um risco contínuo com esses tanques enormes. O problema é a matriz
energética e o Greenpeace defende a substituição e a eliminação gradual dos combustíveis
por fontes renováveis alternativas como a energia eólica, solar e a energia das marés”.
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Para minimizar os efeitos dos acidentes e vazamento, existem várias iniciativas cujo
objectivo é contribuir com avanços tecnológicos para auxiliar nos impactes ambientais
causados pela actividade da indústria petrolífera.
No ano de 2000 por exemplo, no Brasil, ocorreram dois graves acidentes em
oleodutos de Petrobras e causaram grandes vazamentos na baía da Guanabara e no Paraná.
Nesse mesmo ano, a Petrobras criou o Programa de excelência em Gestão Ambiental e
Segurança Ocupacional (Pégaso). O programa é formado por dez grupos de gerência, 80
especialistas de todos os escalões da empresa.
2.5.2. As Crises do Petróleo
O petróleo, foi o verdadeiro motor das expansões marítimas e das actividades
económicas desde 1859. No início extraía - se apenas o querosene para a iluminação, mas
com advento da indústria automobilística (Ford fabrica o primeiro modelo em 1896) e do
avião (os irmãos Wright voam em 1903), somado à sua utilização nas guerras, tornou-se o
principal produto estratégico do mundo, tendo por base dois factores:
1) Em 1896 Henry Ford começou a produzir o primeiro veículo automotor em série,
inaugurando a era da moderna indústria veículos de transporte. O aumento do consumo de
gasolina e óleo daí decorrente impulsionou a prospecção e a busca de mais poços de petróleo,
tanto nos Estados Unidos como no exterior.
2) O outro factor que levou o petróleo a tornar-se o negócio do século, de importância
estratégica fundamental, foi a decisão tomada por Winston Churchill, entre 1911-14, quando
Ministro da Marinha Inglesa - a maior do mundo -, decidiu substituir o carvão pelo óleo como
energia para os navios da Royal Navy.
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De acordo com os dados obtidos a partir do site da internet,
http://www.gaspet.com.br/textos.asp, as principais crises do petróleo, todas elas depois da 2ª
Guerra Mundial, que abalaram, de alguma forma, a economia mundial por terem interrompido
o fluxo do seu fornecimento, mostraram um cruzamento de conflitos, que podem ser
agrupados em duas categorias:
1) A primeira delas aconteceu entre os Estados – Nacionais, em formação, no mundo
árabe e as grandes empresas multinacionais euro – americanas, visando directamente o
controle do processo produtivo e distributivo.
2) As crises de segundo tipo deram-se numa etapa posterior, envolvendo os países
produtores e os países consumidores.
Porém as crises do petróleo mostram um cruzamento de conflitos, em que a primeira
categoria deles se processa entre os estados nacionais e as grandes empresas multinacionais
visando o controle do processo produtivo e distributivo tratando -se de uma luta em torno do
dinheiro e do poder. O segundo tipo de conflito, numa etapa posterior, ocorre substitui o
carvão pelo óleo como energia para seus navios entre os países produtores e os países
consumidores.
A segunda crise do petróleo ocorreu em 1956 quando Gamal A. Nasser nacionalizou o
Canal de Suez. Contra a intervenção militar de tropas inglesas e francesas ocorreu um boicote
do mundo árabe que foi contornado pela exigência dos Estados Unidos e da URSS.
A terceira crise ocorreu durante a Guerra dos Seis Dias, quando Israel travou uma guerra
fulminante com seus vizinhos. Mas a mais grave, a quarta, ocorreu durante a Guerra do Yom-
Kippur, 1973 (anexo III), quando os árabes organizados no cartel da OPEP (fundada em
Bagdá, em 1960), decidiram aumentar o preço do barril de petróleo (de U$ 2,9 para U$
11,65), um aumento de 301%. Já não se tratava mais de um conflito entre estados nacionais e
multinacionais, mas sim entre produtores e consumidores.
A quinta crise aconteceu como resultado da deposição do Xá Reza Pahlevi, em 1979,
seguida pela Revolução Xiita que desorganizou todo o sector produtivo do Irão. A crise
estendeu-se até 1981, quando o preço do barril saltou de U$ 13 para U$ 34. Ou seja 1072%
em relação ao preço de 1973 - a chamada crise do Golfo. Licenciatura em Geologia 2002 - 2006 29
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A sexta crise do petróleo teve o início, quando o ditador iraquiano Saddam Hussein
resolveu atacar, em 1990, o emirado do Kuwait e o transformou na 19ª província da República
Iraquiana. Os Estados Unidos conseguiram que a ONU autorizasse uma operação militar
visando a desocupação do Kuwait. Em 1991, liderando uma força multinacional os Estados
Unidos reconquistaram o emirado e expulsaram as tropas iraquianas. Ao bater em retirada os
iraquianos incendiaram todos os poços provocando uma das maiores catástrofes ecológicas do
mundo, fazendo com que grande parte da vida animal do Golfo Pérsico fosse destruída.
2.5.3. A crise petrolífera e a subida dos preços
Ao analisar a evolução dos preços de petróleo nos últimos anos (Faustino A. &
Alexandre A., 2005) vê-se que desde a crise asiática de 1998/1999 até então, os preços
aumentaram 5,5 vezes em seis anos. Se compararmos as médias de preços em 2003 com as de
2004, o crescimento é de mais de 80%. Esta tendência surgiu quando a OPEP decidiu cortar a
sua produção em Março de 2004, tendo em conta que com o final do Inverno no hemisfério
Norte, há sempre um efeito sazonal de queda da procura. Mas tal declineo não se verificou
naquele ano, devido à uma mudança radical no padrão de procura, com a emergência da
China e da Índia. Porém, um outro factor tem contribuído, nessa mesma altura, para o
aumento do preço de petróleo como por exemplo quando o porto exportador de petróleo
Saudita de Yanbu, no mar vermelho foi atacado pelos terroristas. Com este incidente, o
mercado pôde perceber que o maior produtor mundial, também pode ser vulnerável,
percepção essa, que fez surgir um factor de medo que por sua vez contribuiu, de alguma
forma, para o aumento dos preços em cerca de 10 a 15 dólares por barril.
Gráfico nº 2.5.3.1. Evolução do preço de petróleo desde 1988 (médias mensais) e ao longo de 2005
Fonte: Faustino A. & Alexandre A., 2005
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Por conseguinte, a crise que se vive actualmente foi desencadeada por uma mudança
rápida do padrão de procura em conjunto com o factor geológico, político que nada tem a ver
com as vividas anteriormente.
O gráfico 2.5.3.2, mostra a evolução do preço do crude dependente imensamente dos
factores geopolíticos, na medida em que se encontra no centro de sistema energético
internacional de modo que a luta pelo seu controle e acesso foi, é, e será sempre um problema
político de primeira ordem.
É de notificar que a situação actual do preço alto se deve a alguns factores já referidos
como a emergência de um novo modelo de procura, bem como a diminuição da capacidade
excedentária da OPEP. A diminuição da capacidade de refinação, a vulnerabilidade de alguns
dos principais países produtores, a falta de investimentos recentes na área de exploração e
desenvolvimento na sequência da crise asiática de 1998 e outros também têm contribuído para
a crise actual.
Gráfico nº 2.5.3.2 referente ao preço do petróleo e os eventos políticos
Fonte: Faustino & Alexandre, 2005
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2.5.4. As reservas do petróleo no mundo
As reservas provadas de petróleo existente no mundo (gráfico nº 2.5.4.1.) são cerca de
1147 biliões de barris. A sua produção total até hoje conhecida no mundo foi cerca de 950
biliões de barris, sendo 98% extraído do chamado óleo convencional. Porém 75% da
produção tem tido origem nos campos que já produzem há mais de 25 anos, em que o factor
de recuperação média é de cerca de 30 a 35 %, o que significa que é possível aumentar os
factores de recuperação existentes com a utilização de métodos mais avançados.
O problema das reservas de petróleo é que estão concentradas num pequeno número de
países. Por exemplo só as reservas de seis países do Médio Oriente (Arábia Saudita, Kuwait,
Emirados Árabes Unidos, Iraque, Irão e Qatar), oscilam 674 biliões de barris, ou seja, 64%
das reservas mundiais, por isso, a estabilidade da Península Arábica é muito importante par
evitar um colapso do sistema energético internacional. (Faustino A. & Alexandre A., 2005)
Gráfico 2.5.4.1. Distribuição das reservas do petróleo no mundo
Fonte: Faustino A. & Alexandre A., 2005
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III. Distribuição Geográfica do petróleo
3.1. Áreas de maior e de menor concentração do petróleo
O petróleo é o produto mais comercializado no mundo. Em cada ano, mais de 40% da
produção mundial entra nos fluxos do comércio internacional. Deste modo, o petróleo
representa mais de metade das mercadorias trocados no mundo e mais de 20% do valor do
comércio internacional. Analisando o mapa da figura 3.1.1, pode-se verificar que a produção
de petróleo está geograficamente muito concentrada, havendo um enorme desequilíbrio ao
nível da produção e do consumo: de um lado estão os grandes produtores que salvo algumas
excepções, não são grandes consumidores, do outro lado, os grandes consumidores, que não o
produzindo ou produzindo-o em quantidades insuficientes têm de recorrer aos primeiros para
suprir as suas necessidades. (Antunes J., 1997)
Figura 3.1.1. Principais países produtores mundiais do petróleo
Fonte: Antunes J., (1997).
É deste desequilíbrio que têm resultado graves conflitos nalgumas áreas de grande
produção como é o caso do Médio Oriente.
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Ao Médio Oriente, Estados Unidos e Rússia pertenceu no conjunto, mais de metade
(53,3%) da produção mundial que rondou em 1995, as 3009 milhões de toneladas. O Médio
Oriente é desde há muito, o maior produtor do mundo (30,8%), destacando-se a Arábia
Saudita (primeiro produtor mundial), o Irão, foi também um grande produtor, mais por ter
provocado a guerra do golfo, ao tentar apoderar-se do Kuwait, o mais forte dos países do
mundo proibiram a importação do petróleo deste país.
No resto da Ásia, a destaque vai para a China seguido Indonésia.
A América do norte é a segunda região do mundo maior produtora (13,9% do total),
com destaque para EUA.
Na América Latina, que detém 12,7% da produção do globo, o destaque vai para a
Venezuela e México, dois grandes produtores mundiais.
Na África, a produção concentra-se da seguinte forma:
- África do norte (Líbia, Argélia e Egipto) é a África Ocidental, onde se destacam a
Nigéria (primeiro produtor africano), Angola e Gabão.
Na Europa, a produção é relativamente modesta, não indo além de 9,2% do total do
mundo. O Reino Unido e a Noruega são os países que mais produzem e que no conjunto,
detêm quase 90% da produção europeia (excluída a Rússia)
Perante essa situação os governos dos países industrializados, como forma de dar
resposta à situação criada, procurando reduzir a sua dependência energética criaram um
conjunto de estratégias que visam:
• Desenvolver as fontes de energias locais
• Procurar energias alternativas
• Melhorar as técnicas de produção
• Fomentar a economia de consumo
• Impor restrições ao consumo.
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3.2. Fluxos mundiais de petróleo
O petróleo ganhou ao longo do século XX, preponderância no âmbito da economia
mundial, proporcionando assim a emergência de uma indústria gigantesca de complexo
funcionamento e que anualmente movimenta fluxos de capitais elevadíssimos. O
desfasamento geográfico entre as regiões de maior produção e os principais centros
consumidores colocou-a numa posição proeminente.
A nível das importações destacam-se os EUA, que compram por dia nos mercados
internacionais perto de 12 milhões de barris, e o Japão, que importou diariamente em 2004
mais de 5 milhões de barris (Tabela nº 1- anexo IV). As importações de petróleo dos EUA, da
Europa e do Japão em 2004, constituíram cerca de 64% do total mundial e a China foi
responsável por cerca de 6% ao longo desse mesmo ano.
Entretanto pode-se verificar que as importações americanas em 2004, tiveram origens
bastante diversificadas, importando os EUA quantidades significativas de diversas regiões e
países do mundo: Canada, México, América Central e Sul, etc (Tabela nº 2- anexo IV). Neste
contexto a Europa e o Japão não estão também numa posição favorável, uma vez que os
países Europeus dependem e muito dos recursos provenientes do Médio Oriente e dos países
pertencentes à antiga URSS e o Japão se encontra numa situação ainda pior, já que mais de
80% das suas importações de petróleo provieram também do Médio Oriente, em 2004.
Em relação à exportação existe uma supremacia muito evidente da região do Médio
Oriente, que representa mais de 41% do total. Os países pertencentes ao antigo espaço
Soviético foram responsáveis por 13% das exportações mundiais, o continente Africano por
8% e a América do Central e do Sul por 7%, em 2004 (Tabela nº 3- anexo IV).
Porém o Departamento de Energia dos EUA, estima-se que em 2025, os países do Golfo
Pérsico que integram a OPEP, serão responsáveis por mais de 60% das exportações mundiais
de petróleo.
Essa evolução tornará os principais centros consumidores cada vez mais dependentes desta
região.
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4. Enquadramento Geológico de Cabo Verde
4.1. Origem e localização geográfica
O Arquipélago de Cabo Verde fica Situado na margem Oriental do Atlântico Norte, a
455 quilómetros da costa ocidental da África, entre os paralelos 17º 13´ (Ponta Cais dos Fortes
- Ilha de Santo Antão) e 14º 48´ (Ponta de Nho Martinho - Ilha Brava) de latitude Norte e entre
os meridianos 22º 41´ (Ilhéu Baluarte -Ilha da Boavista) e 25º 25´ (Ponta Chã de Mangrado -
Ilha de Santo Antão) de longitude Oeste de Greenwich (Bebiano, 1932).
As ilhas e os ilhéus que compõem o Arquipélago de Cabo Verde são divididos nos
grupos do barlavento e do sotavento (figura 4.1 e tabela 4.1).
Figura 4.1 – Grupos de Ilhas que compõem o Arquipélago de Cabo Verde
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Tabela 4.1 - Agrupamento das ilhas e ilhéus que compõem o Arquipélago de Cabo Verde
Barlavento Sotavento
Ilhas Ilhéus Ilhas Ilhéus
Santo Antão
S. Vicente
Santa Luzia
S. Nicolau
Sal
Boa Vista
Boi
Pássaros
Branco
Raso
Rabo de junco
Curral do dado
Fragata
Chano
Baluarte
Maio
Santiago
Fogo
Brava
Grande
Santa Maria
De cima
Luís Carneiro
O arquipélago é composto por 10 ilhas (tabela 4.2) e vários Ilhéus que se elevam de um
soco submarino, em forma de ferradura, situado a uma profundidade da ordem de 3.000
metros (Bebiano, 1932). Deste soco emergem três pedestais bem distintos (figura 4.2,
anexoV):
Tabela 4.2 – Sinopse relativa à topologia das ilhas de Cabo Verde (Adaptado de Bebiano, 1932).
Ilhas Comprime
nto máximo
(m)
Largura
máxima
(m)
Superfície
(km2)
Altitude
máxima
(m)
Observações
Santo Antão 42.750 23.970 779 1.979 Habitada
São Vicente 24.250 16.250 227 744 Habitada
Santa Luzia 12.370 5.320 35 395 Não Habitada
São Nicolau 44.500 22.000 343 1.304 Habitada
Sal 29.700 11.800 216 406 Habitada
Boa Vista 28.900 30.800 620 390 Habitada
Maio 24.100 16.300 269 436 Habitada
Santiago 54.900 28.800 991 1.392 Habitada
Fogo 26.300 23.900 476 2.829 Habitada
Brava 10.500 9.310 64 976 Habitada
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- O pedestal Norte, inclui as ilhas de Santo Antão, São Vicente, Santa Luzia e São
Nicolau e os ilhéus Boi, Pássaros, Branco e Raso;
- O pedestal Leste - Sul, incluindo as ilhas de Sal, Boa Vista, Maio e Santiago e os
Ilhéus Rabo de Junco, Curral de Dadó, Fragata, Chano, Baluarte e de Santa Maria;
- O pedestal Oeste compreende as ilhas do Fogo e da Brava e os ilhéus Grande, Luís
Carneiro, e de Cima.
De acordo com Bebiano (1932), a orientação e forma de algumas ilhas situadas a Oeste
da ilha do Sal, apontam para uma distribuição das mesmas, de forma alinhada, obedecendo a
direcção E-W. Esta posição é corroborada pela orientação dos inúmeros diques e filões
existentes na ilha de Santo Antão. O relevo submarino das ilhas do grupo de Sotavento aponta
também para uma orientação semelhante. Tais observações permitem concluir que os
fenómenos vulcânicos responsáveis pela formação das ilhas, desencadearam-se ao longo de
uma fenda vulcânica ou fractura, orientada na direcção E-W. Ainda de acordo com o mesmo
autor, do ponto de vista genético e geotectónico, as ilhas teriam sido formadas na sequência
de várias erupções vulcânicas submarinas sendo a primeira do tipo central, mais tarde
complementada por uma rede fissural. Em alguns casos, os produtos vulcânicos arrastaram até
a superfície fragmentos da litosfera mais profunda, pelo que é possível observar nestas ilhas
alguns encraves de rochas que fizeram parte do fundo oceânico.
A maior parte das ilhas é dominada por emissões de escoadas lávicas e materiais piroclásticos
subaéreos (escórias, lapilli e cinzas), predominantemente de natureza basáltica. Os parágrafos
seguintes foram elaborados, essencialmente, a partir de Serralheiro (1976).
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O arquipélago fica situado a cerca de 2000 km a Leste do “rift” da Crista Média
Atlântica, entre as isócronas dos 120 e 140 Ma, de acordo com Vacquier, 1972, citado em
Serralheiro, 1976. Investigações levadas a cabo por outros autores Stiilman et.al., (1982)
citados em Mota Gomes (1999), apontam para a localização do arquipélago numa região
elevada do actual fundo oceânico, fazendo parte da “Crista de Cabo Verde” (“Cape Verde
Rise”). Esta elevação do fundo oceânico corresponde a um domo com cerca de 400 km de
largura (Lancelot et.al., 1977 citado em Mota Gomes, 1999). Segundo Stiilman et.al. (1982)
citado em Mota Gomes (1999), um domo desta dimensão encontra-se possivelmente
relacionado com a descompressão e fusão parcial fornecedoras dos magmas que estariam na
origem das ilhas.
Outros autores (Burke, K. & Wilson, J.T. 1972, citados em Serralheiro, 1976)
consideram ainda que a génese das ilhas está associado a um mecanismo do tipo “hot-spot”.
Investigações recentes conduzidas por um grupo de geólogos portugueses e cabo-
verdianos, sobre as formações geológicas cabo - verdianas, evidenciam dois tipos de
magmatismo (Mota Gomes 1999):
- Um magmatismo “toleítico”, evidenciado na ilha do Maio pela presença de lavas em
almofada, sobre as quais assentam os calcários jurássicos e cretácicos, que representam um
segmento levantado da crosta oceânica (De Paepe et. al., 1974; Klerkx et De Paepe, 1976
citados em Serralheiro, 1976)
- E um outro magmatismo do tipo “alcalino”subsaturado que originou os edifícios
vulcânicos constituintes das ilhas.
As principais sequências vulcano - estratigráficas estão representadas nas diversas ilhas
e incluem essencialmente formações do tipo nefelinito, basanito e basalto olivínico, sendo as
rochas fonolíticas e afins os membros mais diferenciados. Estas rochas são
predominantemente de idade Cenozóica. As manifestações vulcânicas mais recentes
correspondem às ocorridas na Ilha do Fogo em 1951 (Ribeiro, 1954; Assunção, 1954, Mota
Gomes, 1999; Torres et.al., 1995; Gaspar et.al., 1995) - citados em Mota Gomes, 1999.
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O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde
4.2. Geomorfologia
A maioria das ilhas apresenta uma orografia cujas características dominantes
correspondem à existência de cadeias montanhosas, notáveis aparelhos vulcânicos bem
conservados, numerosos e extensos vales muito encaixados e profundos; são as chamadas
ilhas montanhosas. As ilhas do Maio, Sal, Boa Vista e Santa Luzia, com grandes zonas
aplanadas, são conhecidas por ilhas rasas.
Algumas ilhas do arquipélago apresentam altitudes assinaláveis. Na ilha do Fogo, a que
apresenta a maior altitude do país, o Pico do Vulcão atinge os 2829 metros. Na ilha de Santo
Antão, o Topo da Coroa possui 1979 metros, na ilha de Santiago, o Pico da Antónia atinge os
1392 metros e na ilha de São Nicolau, o Monte Gordo alcança os 1304 metros. Contrastando
com estas ilhas, as ilhas orientais ou rasas (Sal, Boa Vista e Maio) e a ilha de Santa Luzia,
apresentam um relevo suave, com extensas áreas aplanadas como são os casos da Terra Boa
na ilha do Sal, a Vila de Sal Rei na Boa Vista e as Terras Salgadas, na ilha do Maio. Na ilha
do Maio, por exemplo, o ponto mais elevado é o Monte Penoso com a altitude de 436 metros.
No Sal e na Boa Vista são o Monte Grande e o Monte Estância com 406 e 387 metros,
respectivamente e, em Santa Luzia a altitude máxima é de 395 metros.
4.3. Principais formações geológicas e sua estratigrafia
Como já foi referido anteriormente, as ilhas do arquipélago de Cabo Verde situam-se na
crista média do Atlântico.
Diversas tentativas de paleo - reconstituição da Pangea foram feitas, utilizando quer
técnicas de alinhamento dos arcos caledónico e hercínicono quer métodos realizados por
computadores, segundo o teorema de Euler, partindo dos contornos dos taludes continentais
nas isóbatas dos 1000 e dos 2000m (Hurley, 1968; Bullard et al., 1965; Rona, 1970… citados
em Serralheiro, 1976).
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O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde
A aproximação dos continentes de modo a que as isócranas 140 Ma coincidam com a
crista média permite obter um oceano reconstruído que terá uma abertura de
aproximadamente 1900 km. Nesta altura, ainda não existiam as ilhas do arquipélago, uma vez
que a zona onde se situam não se formara. É a partir desta altura que começaram a
depositar-se sedimentos, onde, mais tarde, se edificaram as ilhas de Cabo Verde. São estes
depósitos que constituem o suporte do arquipélago e, provavelmente deverão encontrar-se em
toda a plataforma de Cabo Verde.
Estudos geológicos prolongados efectuados entre 1976 e 1997, permitiram estabelecer
as principais unidades estratigráficas de Cabo Verde (da mais antiga para a mais recente)
conforme consta na tabela 4.3. (anexo VI).
• Sedimento antigo de fácies marinha que assentam sobre o fundo oceânico
constituindo a plataforma que suporta o arquipélago. Estes sedimentos integram argilas
margas do Terciário; margas e argila, calcários compactos com leitos de silexito do Jurássico
Superior e do Cretácico inferior;
• Complexo Eruptivo Interno Antigo (CA) apenas de fácies terrestre de idade
Anti - Miocénica e constituído por: complexo filoniano de natureza basáltica, rochas
granulares, brechas profundas, carbonatitos, fonólitos e traquitos e uma fase lávica basáltica.
• Formação Marinha Antiga com mantos lávicos, brechas e piroclastos basálticos
de idade Anti-Miocénica;
• Conglomerado -brechóide com a fácies terrestre constituída por depósitos de
enxurrada do tipo lahar e a fácies marinha constituída por conglomerados, calcários e
calcarenitos fossilíferos;
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• Complexo Eruptivo Principal de idade Pós-Miocénica e Anti- Pliocénica que
integra duas fácies:
- A terrestre constituída por uma série espessa de mantos basálticos associados a
alguns níveis de piroclastos, fonólitos traquitos e rochas afins, tufo-brecha,
mantos e alguns níveis de piroclastos intercalados, piroclastos e escoadas
intercaladas;
- A marinha formada essencialmente por conglomerados e calcarenitos
fossilíferos, mantos basálticos inferiores e mantos basálticos superiores;
• Formação pós - Complexo Eruptivo Antigo – apenas com a fácies terrestre na
qual se encontram mantos e piroclastos basálticos subaéreos de idade pliocénica;
• Formações de cones de piroclastos de idade quaternária – constituídas por
cones de piroclastos e pequenos derrames associados, dunas fósseis e terraços, na fácies
terrestre, e alguns níveis de praia na fácies marinha;
• Formações sedimentares quaternárias – constituídas por aluviões, dunas
depósitos de vertentes e depósitos de enxurrada todos de fácies terrestre, areias e cascalheiras
da praia de fácies marinha;
4.4. Origem e evolução tectónica de Cabo Verde
A génese do Arquipélago, deve ligar-se ao movimento dos socos continentais, como
para os Açores e Canárias.
Quer as ilhas de Cabo Verde sejam os fragmentos dispersos de um continente em
marcha, ou sejam resultado de violentas manifestações vulcânicas provocadas por um
deslocamento superficial que diminui a resistência dos fundos oceânicos e permitiu a subida
dos matérias vulcânicos, o provável é que estes fenómenos aconteceram num período de
tempo não muito distantes, o que proporciona a Cabo Verde um carácter ainda jovem no
quadro geológico a que pertence.
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O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde
Porém, as fracturas do ocidente africano, que abrangem as ilhas de Cabo Verde, São
Tomé, Ano Bom e Santa Helena e a parte continental dos Camarões, tornaram-se mais vivas
no fim da Era Terciária, mais concretamente no Pliocénio. As ilhas de mar profundo já se
encontravam constituídas nos meados dessa era, altura em que a separação dos continentes
americanos era absoluta em relação ao binário euro-africano.
O deslocamento do bloco americano para Oeste (representava um esforço), devia
originar nas regiões submarinas, a formação de cristas de fundo, como aconteceu no atlântico
que eram acompanhadas de acentuadas vulcanicidade, a qual se mostrava fortemente activa e
ia originando o aparecimento das ilhas dispersas, por intrusões de magmas o que talvez se
associavam os vestígios da fragmentação continental, resultante do deslocamento das
Américas para ocidente (Miranda, 1947).
A origem do Arquipélago só pode ser compreendida, a partir do momento em que a
separação dos continentes se efectua, e o atlântico passa a constituir longa estrada marinha,
cuja margens lentamente se distanciam, mas em movimento progressivo, ritmado e
perturbante.
Originava então, o avanço siálico à retaguarda dos blocos continentais enrugamentos de
fundos, que diminuíam a resistência da crusta e se tornavam assim pontos fracos de investidas
magmáticas que iam constituindo as alicerces sobre que veriam assentar em posição emersa,
as ilhas do futuro Arquipélago cabo-verdiano.
Segundo Doelter, citado em Bebiano (1932), os terrenos mais antigos de Cabo Verde
faziam-lhe julgar que na área hoje ocupada se estendiam o território de um antigo continente,
facto que os geólogos modernos não confirmam e a própria análise de relevo submarino
contraria (Bebiano, 1932).
A análise da carta batimétrica, publicada por Bebiano em 1932, mostra como é desigual
a distribuição das isóbatas e indica o sentido em que a queda dos fundos se efectua em
concordância com as linhas de fracturas e de falhas propostas (Miranda, 1944-1945).
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O nosso arquipélago é constituído em grande maioria pelas ilhas vulcânicas. Entretanto
as três orientais (Maio, Sal e Boa Vista) são essencialmente sedimentares, e Segundo estudos
existentes, essas ilhas apanhariam a partir dos seus orientes, ainda parte dessa zona, numa área
de sobreposição de águas com a Mauritânia, onde foi descoberto recentemente o petróleo. Por
essas razões serão abordadas de forma mais pormenorizada essas ilhas orientais, do que as
outras.
4.5. Descrição das ilhas orientais
O Arquipélago de Cabo Verde ocupa uma posição geológica de destaque entre as ilhas
atlânticas, facto que resulta principalmente por aparecerem ali formações de idade Mesozóica.
Nos outros arquipélagos do atlântico norte as rochas mais antigas são, talvez, de idade
Miocénica.
Praticamente reduzidas a peneplanícies, as três ilhas orientais de Cabo Verde (Maio, Sal
e Boa Vista), resultam em parte da submersão das ilhas, permitindo a formação de extensos
terraços de abrasão, cobertos muitos deles, mais tarde por sedimentos Miocénicos ou
(provavelmente Pliocénicos e Quaternários). A aplanamento da parte interior das ilhas, ainda
incompleto, parece ser devido a acção das chuvas, (escassas, mas torrenciais), ao longo de
vários milhões de anos.
Quanto à ilha do Maio, nela aparecem os calcários Cretácicos com amonites, com
espessura de 400 a 500 m em cuja base corresponde ao Hauteriviano formado por calcários
puros ou quase puros de cor clara, com delgados leitos de sílex. Estes calcários devem ter
formado em pelo menos 100m de profundidade. As camadas seguintes pertencentes ao
Berremiano e ao Apciano, são por vezes margosas e correspondem, a menores profundidades.
No entanto, nota-se a ausência de areia que prova o afastamento da costa.
Porém, estes sedimentos sofreram importantes deslocações tectónicas de modo que as
camadas, agora estão inclinadas e por vezes quase verticais.
À da ilha parece ter formado uma cintura em cujo interior existem, primeiro, zonas de
fracturas e, depois, um Complexo Eruptivo Antigo incluindo lavas e filões de aspecto
basáltico e algumas intrusões de sienitos e dioritos.
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O mecanismo destas deslocações é, com certeza, complicado. A inclinação das camadas
calcárias talvez terá sido influenciada pelos fenómenos diapíricos, havendo indícios de
metamorfismo de contacto. É difícil explicar a subida das camadas de calcários desde a ordem
dos 2000 m de profundidade. No entanto em qualquer dos casos os calcários e o Complexo
Eruptivo Central atingiram a superfície ficando sujeitos ao ataque da erosão pluvial e/ou
marinha. Posteriormente, parece ter havido actividade vulcânica moderada em que o magma
subiu através de zona fracturada que circundava o Complexo Eruptivo inicial e os produtos
extrusivos consistem em mantos de lavas de hábito basáltico e possivelmente camada de tufo.
No final da era Terciária esteve novamente submersa e depositando-se camadas
horizontais de calcários fossilíferos, hoje elevados até altitudes de cerca de 100m.
4.6 Alguns problemas levantados pela geologia destas ilhas
As rochas de Cabo Verde são caracterizadas por elevada alcalinidade e muita deficiência
de SiO2, e isto corresponde um tipo de província magmática do tipo atlântico forte. O carácter
atlântico diminui a medida que aumenta a isofalia daí que se pode concluir que as ilhas da
crista média (Açores, Ascensão, Santa Helena) são menos atlânticas do que as ilhas situadas
junto do bloco Africano (Cabo Verde, Canárias). (Berthois, 1950). Por outro lado este mesmo
investigador chamou atenção para a semelhança entre as rochas das ilhas de Cabo Verde e
(das vizinhas das ilhas dos ídolos) e as do rifte do Reno na Alemanha Ocidental.
Essas semelhanças fazem suspeitar de que o vulcanismo de Cabo Verde tenha
correspondido à fracturação de um bloco continental (Assunção e Camilo, 1965). Este
argumento veria reforçar a ideia de que a abertura completa do atlântico ou seja a ligação
entre o atlântico Norte e o Atlântico Sul se possa ter ultimado no Cretácico inferior (Teixeira,
1950).
As ilhas de Cabo Verde e Canárias, são por tanto, uma relíquia de vulcanismo dentro do
antigo rifte, pelo qual teria começado a abertura no Oceano Atlântico (Machado, 1 967).
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4.6.1. Enquadramento Geotectónico da ilha do Sal
Uma das ilhas do grupo de barlavento do arquipélago de Cabo Verde a ilha do Sal
situa-se entre os paralelos 16º a 51’ 20’’ (ponta Norte) e 16º35´08´´ (ponta Morrinho
Vermelho) de longitude na direcção Norte/Sul.
Medições feitas na rede filoniana que ocorre em algumas das principais sequenciais
vulcano - estratigráficas, permitiram estabelecer as suas correlações espaciais e temporais
com aquelas sequências e também definir os campos de tenção que estiveram na origem do
vulcanismo. O Vulcanismo que contribuiu para a formação do Complexo Eruptivo Antigo
(CA) e da Formação Eruptiva Principal é principalmente do tipo fissural, enquanto que mais
recente que contribuiu para as formações (Complexo da Ponta do Altar - Baleia, Formação da
Serra Negra, Formação do Monte Grande - Pedra Lume) é do tipo central.
Existem duas redes filonianas que origina o Complexo Eruptivo Antigo (CA) e outra
que origina a Formação Eruptiva Principal (FEP). A primeira é complexa sendo muito
variável no que se refere à orientação e inclinação dos filões e a densidade destas estruturas,
chegando a atingir localmente cerca de 100% do afloramento. Devido à fracturação à intensa
cobertura eluvionar e à exploração para utilização na construção civil, o CA é caracterizada
por escassez de bons afloramentos filonianos.
A segunda rede filoniana, menos complexa do que a primeira possui números filões
em geral verticais e sub - verticais e com espessuras médias entre 0,5 e 5 metros apresentando
orientação dominante Norte 40º W. Numa área situada entre a Pesqueirona e Baía da Parda, alguns filões encurvam para
leste e inclinam progressivamente para Sul. Estes filões são deslocados por fracturas do tipo
desligamento esquerdo e direito.
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As observações feitas sugerem que a FEP poderá ter se originado por acção de um
campo de tenções associados à uma fractura com desligamento direito cuja compressão
máxima teria a direcção aproximada de N 40º W que originou a fracturação da crosta que
permitiu a implantação da rede filoniana da FEP. Na margem direita da ribeira da Madama de
Cima, observou se uma zona de fracturação muito intensa, numa extensão de cerca de 30
metros com planos de falha de orientação preferencial N 50º E. Porém, torna se difícil
determinar com exactidão o tipo de falhas já que a rocha sofreu elevada alteração. Os
aparelhos vulcânicos mais recentes desta ilha pertencem a Formação do Maile Grande - Pedra
Lume, que estão alinhados ao longo de uma faixa que se prolonga para o mar, com a
orientação aproximada da zona de falha observada na Ribeira da Madame de Cima, poderão
estar relacionada com a fracturação acima referida.(Torres et al, 2002).
Figura 4.6.1- Mapa Geográfico da ilha do Sal
Fonte: Ministério de Infraestrutura e Transportes
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4.6.1.1. Principais formações geológicas da ilha do Sal e sua estratigrafia
Segundo estudos feitos por Serralheiro (1976), a ilha do Sal apresenta as principais
unidades estratigráficas seguintes (da mais antiga para a mais recente) - Tabela nº4.6.1.1,
(anexo VI).
• Complexo Eruptivo Antigo (CA) – constituída por duas fácies pertencentes a Era
Terciária:
- A fácies terrestre integra áreas com afloramentos de rochas traquíticas e afins
subaéroes, mantos subaéroes de rochas olivínicas, nefiliniticas, chaminés, filões de
rochas fonolíticas, estruturas anelares subvulcânicas (gabros, monzogabros
feldspatóidicas, etc.);
- A fácies marinha que integra, áreas com afloramentos de mantos submarinos, de
rochas traquíticas e afins submarinas, hialoclastitos, calcários fossilíferos etc;
• Formação Eruptiva Principal (PA) representada na fácies terrestre por mantos
subaéreos basálticos, olivínicos (localmente cobertos por calcarenitos
Quaternários), mais ou menos recortados por filões basálticos, olivínicos etc) e por
mantos submarinos em fácie marinha;
• Depósito conglomerado brechóide engloba os sedimentos conglomerático -
brechóides, terrestres;
• Formação Ribeira da Fragata integra os calcarenitos e calcários submarinos,
fossilíferos, com leitos conglomeráticos;
• Formação Eruptiva da Serra Negra composta por duas fácies, a terrestre com
mantos subaéreos e a marinha com hialoclastitos e mantos submarinos olivínicos e
basálticos;
• Complexo da Ponta do Altar – Baleia representado por duas fácies: A fácies
terrestre integra mantos subaéreos indiferenciados olivínicos e basálticos, entre
outros enquanto a fácies marinha engloba os mantos submarinos olivínicos e
basálticos, calcarenitos marinhos, fossilíferos, com leitos conglomeráticos,
areníticos e sílticos;
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• Formação do Monte Grande – Pedra Lume esta formação da Era Terciária possui
também duas fácies na qual é muito representada na terrestre por inúmeras rochas
de entre as quais mantos subaéreos diferenciados (m1 e m2), predominantemente
nifiliníticos, e/ou melilitíticos, olivínicos, localmente com rochas basálticas
olivínicas, associadas a matérias piroclásticos (p1 e p2), etc; e na fácies marinha
encontram-se os materiais piroclásticos freato-magmáticos;
• Formações Recentes do Quaternário representadas em duas fácies:
- Terrestre que integra aluviões, areias, dunas, depósitos de vertentes e de escorrência
e conglomerados;
- Marinha integrando calcarenitos e calcários marinhos, fossilíferos, com leitos
conglomeráticos, calcários dolomíticos e dunas consolidadas fossilíferas, cordão de
cascalheira e terrenos salgados.
4.6.2. Enquadramento Geotectónico da ilha do Maio
A ilha do Maio apresenta uma tectónica relativamente complexa, possuindo inúmeras
dobras, falhas e brechas nos sedimentos mesozóicos, bem como fracturas, acompanhadas
muitas vezes de brechas eruptivas nos terrenos eruptivos.
A fisionomia tectónica mais importante é devida a fracturas. Assim, pode-se considerar
as fracturas que afectaram os terrenos mesozóicos e as falhas que atravessam terrenos
eruptivos.
Começaremos por analisar a grande peseudodobra em forma de anticlinal, cujos flancos
são constituídos pelas duas faixas, ocidental e oriental de sedimentos mesozóicos. A
inclinação dos sedimentos dessas faixas para oeste e leste, sugerem em primeira análise a
existência de uma dobra diclinal.
Algumas evidências levam a admitir que não houve dobramentos dos sedimentos
mesozóicos, mas que ocorreu um rasgão, pelo qual as camadas na proximidade dos lábios
tomaram atitude próxima da actual. De acordo com Serralheiro (1970), os sedimentos
constituem afloramentos contínuos na faixa oriental enquanto na faixa ocidental não apresenta
a mesma retilinidade que na primeira, na medida em que estes estão desligados uns dos
outros, apresentando uma estrutura curva com a concavidade voltada par leste.
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A peseudodobra deve ter resultado de um empilhamento das camadas após o rasgão. De
acordo com (Serralheiro, 1970) as faixas de sedimentos orientam-se principalmente a oriental,
na direcção N.NW-S.SE, direcção essa que corresponde a grande fractura definida por aquelas
faixas (que são restos dos lábios do rasgão). Em paralelo deram-se outras fracturas e também
dobramentos.
Para além da caixa de falha que se encontra nos calcários do Houteriviano, há mais
falhas na ribeira do Morro mas, no entanto, apenas duas delas ou até três, tem maior
importância:
- A primeira falha que sobe na série estratigráfica, a que originou contacto anormal entre
bancadas de calcários Barremiano Inferior;
- A segunda falha que afectou as camadas de argilas versicolores, no extremo do
sinclinal;
- A terceira, situa-se numa dobra - falha das margas e argilas do topo da Série. É
provável que estas fracturas tenham originado pequenos cavalgamentos como no caso da
primeira falha que conjuntamente com o empilhamento das canadas formaram-se dobras.
Em relação à faixa ocidental, houve movimento de leste para oeste.
Nos afloramentos de calcários situados a cerca de 800 metros a sudeste, do Morro, além
de fracturas com pequenas rejeições, há um anticlinal deitado, estando o dorso da dobra
tombado para Leste.
Em todos os afloramentos do lado ocidental da ilha se encontram numerosas fracturas
com pequenas rejeições ou pequenas dobras.
Na faixa sedimentar Leste, o panorama tectónico é muito diferente. Não há afloramentos
desligados um do outro, embora haja numerosas falhas. As dobas são em número menor,
abrangendo a grande extensão de afloramentos.
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De facto, aquele monte é um fragmento deslocado da faixa Cretácica que se estende
desde o Monte da Lomba do Meio, até a Ponta do Morro da Areia. Ao longo dessa falha
formou-se uma brecha e nessa zona depressiva, instalou-se a ribeira de Santa Clara ( Fig.7.1.)
Figura 4.6.2.- Mapa Geográfico da ilha do Maio Fonte: Ministério de Infraestrutura e Transportes
O acontecimento mais importante no que respeita às fracturas é a grande falha de Monte
Carqueijo, que originou um desligamento de cerca de 450 metros.
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4.6.2.1 Principais Formações geológicas da ilha do Maio e sua estratigrafia
Após longos estudos geológicos efectuados entre 1976 e 1979, foi possível estabelecer
as principais unidades estratigráficas da ilha do Maio (da mais recente para a mais antiga) -
Tabela 4.6.2.1,(anexo VI)
• Sedimento antigos de fáceis marinha que integram argilas e margas do
Paleogénico – Terciário. Esta formação enquadra ainda margas e argilas,
calcários compactos com leitos de silexitos do Cretácico Inferior - Era
Secundária e ainda os mesmos calcários pertencentes ao Jurássico Superior
da mesma era;
• Complexo Eruptivo Antigo (CA) de fáceis terrestre, integrando carbonatitos
(filões), fonólitos e rochas afins, brechas profundas, rochas granulares e
complexo filoniano, todos elas do Anti - Miocénico - Terciário.
• Formação de Pedro Vaz – representada apenas na fácies marinha, através de
conglomerados e arenitos fossilíferos do Miocénico Médio - Terciária.
• Fase Lávica Basáltica com mantos basálticos na fácies terrestre e várias
rochas na fácies marinha como mantos, brechas, piroclastos basálticos do
Terciário.
• Conglomerático - Brechóide – à semelhança da anterior, possui duas fácies, a
terrestre representada por depósito conglomerático - brechóide e a fácie
marinha por conglomerados do Miocénico - Terciário.
• Complexo Eruptivo Principal do Monte Penoso (MP) - é uma formação
também com duas fácies, a terrestre que integra mantos basálticos e a
marinha que por sua vez engloba conglomerados, calcários, calcarenitos
fossilíferos, do Terciário.
• Sedimentos Recentes - encontrados nas duas fácies. A fácies terrestre inclui
os aluviões, dunas, depósitos de vertentes, e de enxurradas, enquanto que a
fácies marinha contém as salinas, areias e cascalheiras da praia – do
Holocénico – Quaternário.
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4.6.3. Enquadramento da ilha de Boa Vista
Situado no oceano atlântico, entre os meridianos 22º 42’ 00’’ W e 23º 00’ 00’’ W e os
paralelos, 15º 58’N e 16 14 N, a ilha de Boa Vista faz parte do grupo de Barlavento de Cabo
Verde parte emersa de uma grande estrutura crustal, com 500m de diâmetro, que se eleva
desde fundos oceânicos com 4000m de profundidade.
Com uma forma subcircular e uma área de cerca de 620 km2, ela encontra-se perto da
intercessão de dois alinhamentos:
- Um noroeste – sudeste, de que fazem as ilhas de Santo Antão, São Vicente e
São Nicolau;
- Um outro aproximadamente norte – sul, juntamente com as ilhas de sal à norte
e de Maio à sul.
Estes alinhamentos devem corresponder a estruturas profundas, relacionadas quer
com a tectónica de fractura marginal do continente africano (Teixeira, 1950; Mitchell-Thomé,
1976)
Figura 4.6.3.1. - Mapa Geográfico da ilha Boa Vista
Fonte: Ministério de Infraestrutura e Transportes
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4.6.3.1. Principais formações geológicas da ilha de Boa Vista e sua estratigrafia
Segundo Serralheiro at al. (1974), as principais unidades estratigráficas da ilha de Boa Vista
(da mais antiga para a mais recente), são as seguintes – Tabela 4.6.3.1, (Anexo VI).
• Complexo Eruptivo Antigo (CA) – com várias rochas, incluindo conglomerados,
sienitos, fonólitos (filões, chaminés), sienitos, fonólitos (brechas, filões, etc),
somente na fácies Terrestre – Terciário;
• Complexo do Monte Passarão (φ1) – possuindo apenas a fácies terrestre, inclui
uma série fonolítica, filões, mantos, brechas, ignimbritos – Terciário.
• Formação do fundo de Figueiras (β1) – Contendo lavas em rolos na fácies marinha
e, piroclastos, filões, mantos com encraves de carbonatitos e fluorite na fácie
terrestre;
• Formação do Monte Caçador (β0) – representada apenas na fácies terrestre por
série fonolítica, mantos de brechas e ignimbritos na base. Após essa formação
houve uma pausa no vulcanismo, representada por rochas conglomeráticas na fácie
terrestre;
• Formação do Pico Forcado (φ2) – representada apenas na fácies terrestre,
constituída por uma série fonolítica, chaminés e mantos brechóides, tufos e
ignimbritos na base, pertencentes ao Terciário. Seguiu - se novamente uma pausa
no vulcanismo, com a presença de conglomerados na fácies terrestre e calcarenitos
e calcários fossilíferos na fácies marinha, correspondentes ao Pliocénio;
• Formação de Chão de Calheta ( β2) de idade Pós - Pliocénica e Anti – Plistocénica
que integra uma fácies terrestre constituída por série basáltica e mantos e outra
marinha constituída por lavas em rolos;
• Sedimentos recentes de idade Quaternária, integrando duas fáceis de períodos
diferentes:
- Holocénico que integra aluviões, depósitos de vertentes e de enxurradas, areias e
dunas na fácies terrestre e na marinha as areias das praias;
- Plistocénico que integra dunas fossilíferas e cones de piroclastos na fácies terrestre
enquanto que a marinha inclui depósitos de nível de praia a 130 metros.
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O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde
5. Eventualidades da ocorrência do Petróleo em Cabo Verde
Embora não possua (até aqui) minas de petróleo, há muito que Cabo Verde persegue o
sonho do “ouro negro”.
Nos anos 60 do século XX chegou-se a falar numa refinaria para são Vicente, para na
década seguinte essa eventualidade ser retomada sem qualquer consequência e de novo, no
século XXI, a questão volta agora à agenda, contando para isso com a ajuda do petróleo
angolano.
Essa ideia esta associada a localização geo -estratégica de Cabo Vede, que poderia
funcionar como um centro abastecedor dos navios que cruzam esta parte do Atlântico. Na
primeira metade dos anos 70, por exemplo, uma empresa americana chegou a contactar as
autoridades de Lisboa propondo a transformação do Arquipélago de Cabo Verde num
importante ponto de trasfega de petróleo. A ideia era trazer do Golfo Pérsico o crude em
supertanques e dali trasfega-lo para embarcações menores, que rumaria depois para a costa
Leste dos EUA cujos portos são de água menos profundas do que Cabo Verde. O 25 de Abril
acabou, porém, por fazer gorar o projecto.
Mais recentemente, com a privatização da Enacol, a ideia de uma refinaria em São
Vicente foi retomada com o envolvimento directo de Sonangol na empresa cabo-verdiana de
combustíveis. Segundo o Jornal a Semana de 23 de Maio de 2003, por ocasião do fórum
pensar São Vicente, o assunto foi referido por José Maria Neves, depois de ter feito o mesmo
no fórum dos consensos para desenvolver Cabo Verde.
A deslocação, por estes dias, de uma delegação governamental e empresarial a Angola,
chefiada pelo Ministro Cabo-verdiana da Infra-Estruturas e Transportes é vista, em certos
círculos da sociedade, como fazendo parte dessa estratégia, ainda que oficialmente a missão o
Sr. Ministro Manuel Inocêncio Sousa, tenha sido para promover as empresas de construção
civil nacional naquele país. “Braço direito de José Maria Neves, aquele Ministro do Estado
não terá deixado certamente de colocar mais uma pedra no projecto da refinaria e não só”
(in A “Semana” de 23 de Maio de 2003).
Licenciatura em Geologia 2002 - 2006 55
O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde
Ainda segundo a mesma fonte as investigações feitas por grandes companhias do sector,
sustentadas por estudos da agência americana de geologia (USGS), levam a supor que haja
petróleo nos mares de Cabo Verde. “E, como prova de que não se está diante de nenhuma
fantasia, no palácio da Várzea começaram a chegar as primeiras proposta de prospecção”
(in A “Semana” de 23 de Maio de 2003).
No entretanto, dado ao seu carácter delicado, este assunto tem vindo a ser tratado com o
máximo sigilo pelas autoridades nacionais, pois sabem que a partir do momento que começar
a “corrida ao ouro negro este Arquipélago deixará de gozar a imagem de um país pobre,
para se transformar numa fonte de cobiça mundial”. Ademais, a mudança e efeitos que uma
tal descoberta poderá ter na psique dos cabo-verdianos também não são de menos prazer. Por
outro lado, é preciso agir com cuidado, pois, o Continente Africano está provado de histórias
de povos que se deixaram cair na fantasia do petróleo e que hoje se encontraram numa
situação muito delicada.
No entanto, dados recolhidos pelo Jornal “A Semana” de 23 de Maio de 2003).
sustentam uma eventual existência de petróleo nos mares deste Arquipélago. Na verdade, este
facto nem sequer é novo de todo o assunto já foi abordado por alguma empresa internacional,
para quem uma nova região petrolífera mundial esta a emergir na costa ocidental de África,
sendo São Tomé e Príncipe, Guiné Equatorial, Mauritânia e o Chade alguns dos novos
membros do clube do petróleo, (Bonança petrolífera citada no jornal a Semana de 23 de Maio
de 2003).
Outrossim, nos “meios petrolíferos” e em certos círculos diplomáticos e não só, este
Arquipélago constitui parte integrante dessa vasta zona africana rica em petróleo ainda por
explorar.
Segundo os estudos existentes, Cabo Verde apanharia ainda parte dessa zona, a partir
do oriente das ilhas do Sal e da Boa Vista, numa área de sobreposição de águas com a
Mauritânia. No Caso cabo-verdiano, porém, a existência desse minério poderá localizar-se em
águas ultraprofundas o que poderá ter inviabilizado a sua prospecção e extracção de alguns
anos a esta parte. Mas, com o avanço tecnológico, hoje é possível chegar ao nosso eventual “
ouro negro”, ainda que o custo dessa extracção não seja barato nem fácil.
Licenciatura em Geologia 2002 - 2006 56
O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde
Alguns operadores do sector petrolífero manifestaram já a sua intenção em participar
dos projectos de prospecção e exploração e já apresentaram propostas ás autoridades cabo-
verdianos. Segundo o “Jornal A Semana” (23 Maio, 2003) algumas dessas ofertas de negócio
são oriundas dos EUA, Noruega e Austrália.
De acordo com o mesmo Jornal também de Angola, mais concretamente da Sonangol,
chegaram a informação de que a existência de petróleo em Cabo Verde há muito deixou de
ser um segredo. “ Embora os angolanos não façam a prospecção, estão interessados na
exploração do eventual petróleo cabo-verdiano em parceria com Cabo Verde.
Os dados revelados por aquele Jornal evidenciam que tudo aponta para a possibilidade
de Cabo Verde estar incluído na lista dos países da África Ocidental que possuem petróleo.
Basta dizer que a Mauritânia, o país com o qual Cabo Verde possui águas marítimas comuns,
já iniciou a exploração “off shore” desse minério. E, segundo investigadores, especialistas da
área, havendo petróleo nas águas da Mauritânia “também há de haver em Cabo Verde, já que
o mar é o mesmo, e os dois países situam-se vis- a- vis, distando entre si cerca de 500
milhas”.
Para todos os efeitos, os dois países resolveram discutir a questão “à luz do direito
internacional”, e aproveitando-se das suas boas relações de cooperação, parece que tudo
ficou mais facilitado.
6. Opiniões sobre a possibilidade de ocorrência do petróleo em Cabo Verde1
A haver petróleo em Cabo Verde, não será nos anos mais próximos que o país poderá
retirar algum benefício directo disso. Essa a opinião de economista e antigo governante da
Primeira República Osvaldo Lopes da Silva, para quem, como hipótese é possível que haja
petróleo no “Off Shore” cabo-verdiano, mais os custos da sua extracção pode não ser
compensadores para um elevado investimento que isso exige. Segundo este cidadão, “a haver
petróleo ele situa-se em águas muito profundas, por isso, não será para nós nem para os
nossos filhos ou netos”.
Licenciatura em Geologia 2002 - 2006 57
1 Dados extraídos do Semanário “A Semana”
O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde
Segundo o mesmo, é estratégia das companhias mundiais explorar primeiro o petróleo “mais
a mão” e só quando as diversas reservas existentes se esgotarem é que elas se irão virar
seriamente para o “Off Shore” de águas profundas. «Os americanos que são os grandes
senhores nesta matéria, através dos estudos diversos e por satélite, praticamente já passaram
o planeta a limpo. Eles sabem onde estão os grandes jazigos inclusive estiveram em Cabo
Verde nos anos 60, onde fizeram levantamentos sísmicos, mais nem aos portugueses eles
deram o relatório».
Para sustentar a sua tese o Sr. Lopes da Silva salienta que o preço de extracção, no
Médio Oriente, situa-se a volta de 0,60 dólar enquanto no Texas EUA, esta estimado em 5
dólares, com a desvantagem suplementar deste ser um produto com alto teor do enxofre. «Os
americanos tem feito subir o preço do petróleo pois só assim o petróleo deles tornar-se-á
competitivo. Fora isso, lá onde houver petróleo, eles fazem tudo para dar as cartas. São
inclusivos capazes de fazer uma guerra, como aconteceu agora no Afeganistão e no Iraque».
O petróleo eventualmente existente nas águas marítimas Cabo-verdianas pertence aquilo
que os especialistas chamam de “fossa de Caiar”, uma grande depressão geológica situada no
Senegal e que se prolonga até a direita de Cabo Verde, ao Norte das Ilhas da Boa Vista e do
Sal. “Estudos existentes alegam que o petróleo da Argélia emigrou da Mauritânia. Poderá
haver uma outra formação que escorreu da Mauritânia para fossa de Caiar. Portanto, no
nosso caso, é um petróleo que veio de outras áreas e se situa em águas muito profunda. Por
isso, diante da imensa oferta que ainda existe no mundo, estou convencido que Cabo Verde
fica para outra altura”.
Tal como o avanço na edição anterior, os indícios do petróleo nas águas de Cabo Verde
não são de hoje. O único problema que se coloca é o da sua quantidade e qualidade. Isto é, se
justificam os elevados investimentos que terão de ser realizados para a sua extracção, já que, a
existir, o crude situa-se em águas ultraprofundas do arquipélago (in A Semana, 30 de Maio de
2003.)
Licenciatura em Geologia 2002 - 2006 58
O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde
O ex - presidente Aristides Pereira, por exemplo revelou a este semanário que a primeira
pessoa a chamar-lhe a atenção para o assunto foi o líder da OLP, Yasser Arafat, ainda nos
anos 80.
«Em conversa comigo, pelo menos ele quis saber dados sobre Cabo Verde, por exemplo, se
tínhamos petróleo. Eu disse-lhe que o facto de sermos ilhas vulcânicas deixava poucas
hipóteses nesta matéria. Ele respondeu: “Qual História! Eu, como geólogo, garanto-lhe que
aqui há petróleo, e lá deu-me algumas explicações”.
As palavras do ex-Presidente mostraram, no entretanto, uma fraca convicção com
adiante se poderá observar: “Na altura achávamos que era apenas um encorajamento, para
quem, como nós, procurasse resolver as dificuldades que existiam em Cabo Verde. Hoje vejo
que não dei na altura a importância que devia dar ao assunto”.
Como pudemos constatar, os indícios do petróleo nas águas de Cabo Verde não são de
hoje. O problema que se coloca é o da qualidade e da quantidade, ou seja, se justificam os
elevados custos que terão de ser realizados para a sua extracção, já que, a existir o petróleo
situa-se em águas ultraprofundas do arquipélago.
O paralelo 14 por exemplo, afirma que desde a primeira metade dos anos 80 que a
informação sobre um veio de petróleo que viria da costa Mauritânia até a região a Boavista e
Maio, é comentada entre os elementos dos sucessivos Governos de Cabo Verde. E acrescenta
ainda que o presidente Pedro Pires estaria agora a retomar os seus velhos contactos e
amizades para resolver com máximo de serenidade o assunto de extrema importância para o
futuro deste país. Mas segundo o Sr. Lopes da Silva Economista e antigo membro dos vários
governos da primeira República, nos anos 60, os americanos chegaram a efectuar em Cabo
Verde, pesquisas incluindo as sísmicas à procura do petróleo, mas no entanto deste estudo
nenhum relatório foi entregue às autoridades Cabo-verdianas, na época.
Licenciatura em Geologia 2002 - 2006 59
O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde
O deputado e ex-Primeiro Ministro, Gualberto de Rosário, confessa que era do seu
conhecimento e de outros membros do governo anterior, a existência de suspeitas de petróleo
nas águas marítimas de Cabo Verde e que ficaram a saber disso ainda no primeiro mandato
(1991). O ex- governante entre 1991 e 2001, afirmou que isto foi tido em conta durante as
negociações na limitação das nossas fronteiras marítimas com o Senegal. Segundo este
deputado, a discussão foi bastante dura, na medida em que “o Senegal queria ficar com toda a
parte leste das nossas águas, deixando-nos com a parte oeste e ainda queria nos afastar de
uma zona onde há indícios de petróleo”. Mas no entanto declarou que preferiram agir com
muita cautela, dada as expectativas que a questão poderia suscitar. Acrescentou que para além
de Cabo Verde ter ainda jogado com o factor petróleo na privatização da Enacol e na
monitorização de parceiros estratégicos para essa empresa, o mesmo factor foi utilizado pela
Cidade da Praia para aliciar a companhia angolana, Sonangol que acabou por tornar-se
parceira estratégica da empresa cabo-verdiana de combustíveis e por último a companhia
Brasileira, Petrobras (com uma grande experiência na prospecção e exploração “ of shore” do
petróleo). Alega ainda que tiveram outros contactos com o grupo Shell Internacional, que sabe
da eventualidade de haver petróleo em Cabo Verde (In A Semana, 30 de Maio de 2003).
Ainda mediante informações tidas por este semanário, referem que o actual embaixador
Cabo-verdiano em Washington, José Brito, quando trabalhou na Guiné - Equatorial para uma
companhia petrolífera do Texas, teve conhecimento da possível existência do petróleo em
Cabo Verde e alertou o governo anterior sobre isso. O mesmo afirma que havia muitas
empresas a trabalhar em Mauritânia e, como interessado no desenvolvimento do seu país,
procurou facilitar o processo entre as autoridades desse país e algumas empresas que
eventualmente se iam interessar-se nessa matéria. Mas estas já tinham tais informações e
preferiam ir pelos seus próprios contactos. À semelhança das outras vozes, aconselhou as
mesmas aterem o máximo de descrição em volta deste assunto.
A questão de haver ou não petróleo em Cabo verde, mesmo sabendo que ele existe na
Mauritânia, ninguém pode dizer se este realmente existe ou não em Cabo Verde e o que as
outras empresas fazem nestes casos é procurar.
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O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde
7. Gás natural nos mares de Cabo Verde
Cabo Verde poderá possuir uma importante reserva de gás natural na sua zona
económica exclusiva que justifique a sua exploração, segundo a Semana 19 de Maio de 2006.
A aprovável existência de gás natural no pais vem sendo comentada de forma discreta, quer a
nível nacional quer a nível internacional. No entretanto, uma empresa africana – a l´Africaine
de gaz (AGAZ) entrou já com um pedido, de para a prospecção e exploração deste
hidrocarboneto em Cabo Verde.
Constitui a preocupação do Governo, ao longo deste mandato clarificar os aspectos
científicos relacionados com a existência do gaz e do petróleo em Cabo Verde.
“Depois de se aventar a possibilidade de haver petróleo em Cabo Verde, fala-se agora na
existência de uma outra fonte de energia – o gás natural na zona já referida”. E se até a pouco
a eventualidade de haver realmente os hidrocarbonetos no “off shore” de Cabo Verde era vista
pelo governo como uma hipótese remota, o assunto volta a ganhar consistência e a despertar
interesse das empresas internacionais, isso porque, a cerca de duas semanas deu entrada no
Ministério da Economia, Crescimento e Competitividade, uma carta da empresa senegalesa de
distribuição de gás butano na Africa Ocidental e associada a importantes multinacionais
(L’Africaine de gaz) assinada pelo Director Geral do grupo Demba Ba, solicitando
autorização ao governo para pesquisar e explorar gás natural nos mares de Cabo Verde.
A intenção desse grupo senegalês, alia-se ao facto do projecto contar com a assessoria
técnica da prestigiada empresa americana do sector energético, Hatch, terá interessado o
“executivo que forneceu informações pormenorizadas AGAZ sobre a matéria as quais
chegaram esta semana em forma de brochura e com detalhes de todas as actividade que tem
desenvolvido na prospecção de gás no Oceano Atlântico. No entanto este jornal sabe que a
empresa não teve o feed- back do governo mas que dossier está na posse da direcção geral de
energia e indústria a ser analisada no sentido de poderem decidir se concedem ou não a
mesma autorização para avançar nas suas pesquisas” (A Semana 19 de Maio de 2006). Mas o
certo é que o súbito interesse desse grupo senegalês tem fortes parcerias com americana
Camelot Tecnologia e a Otaka Corporation, do Japão que volta a despertar o pais para a
questão dos desconhecidos recursos em Cabo Verde que aliás parecem ser mais conhecidos
pelos nossos parceiros internacionais, isto porque a experiência da empresa americana Hatch
faz acreditar que há de haver de facto gás e outros hidrocarbonetos nos mares destas ilhas.
Licenciatura em Geologia 2002 - 2006 61
O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde
“Hatch não perderia o seu tempo a propor ao governo uma autorização para explorar o gás
nos nossos mares se, efectivamente não tiver informação que confirma a real possibilidade de
existir essa fonte de energia no arquipélago”.
Recorde-se que recentemente um governante chinês advertiu ao Governo sobre a
possibilidade da existência do petróleo e gás natural em Cabo Verde. Ao que parece, as
hipóteses da existência do petróleo e gaz natural ganham consistência cada vez mais junto das
comunidades internacionais, deixando transparecer, até, que esses parceiros estão na posse de
mais dados do que o próprio Governo de Cabo Verde. Contudo há indícios de que nos
próximos cinco anos, o governo vai debruçar-se seriamente sobre esta matéria, estabelecendo
parcerias com países amigos com conhecimentos mais avançados nesta matéria e, capazes de
clarificar de forma definitiva a existência dos hidrocarbonetos no nosso arquipélago.
8. Análise dos questionários
De acordo com os Geólogos Dr. Alberto da Mota Gomes e Dra. Sónia da Silva Vitória,
do Departamento de Geociências do ISE, questionados sobre e eventualidade da ocorrência do
petróleo em Cabo Verde (Anexo VII), o nosso arquipélago, apesar de ser essencialmente
vulcânicas, apresenta sim possibilidades de ocorrência de petróleo, tanto pela sua formação no
próprio país, como pela sua migração de outros países vizinhos, nomeadamente Mauritânia.
Para fundamentar a primeira hipótese, afirmam que a sua possível formação ao leste
deste arquipélago “ off-shore”, visto que possuem três ilhas orientais (Sal, Maio e Boa Vista),
constituídas essencialmente por rochas sedimentares mais concretamente, argilas, margas e
calcários margosos. Em relação à segunda hipótese, acham que o facto de Cabo Verde se
situar a 500 milhas da Costa Ocidental Africana, próximo de Mauritânia, (país onde há pouco
tempo (2-3 anos) foi descoberto este hidrocarboneto), que possui fronteiras marítimas ou
águas comuns com o nosso país, e ainda a existência de estruturas tectónicas como dobras,
falhas e discordâncias, rochas areníticas e grés, podem permitir a migração do petróleo desse
país vizinho.
Contudo, ressaltam que não se pode afirmar que há petróleo em Cabo Verde apenas
pelas condições apresentadas, mas que a veracidade desse assunto complexo e delicado, só
poderá ser alcançada através de estudos científicos bem detalhados.
Licenciatura em Geologia 2002 - 2006 62
O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde
9. Conclusões e recomendações
No decorrer deste trabalho, chegamos à várias conclusões das quais destacaremos as
seguintes:
- O petróleo foi por algum tempo considerado uma substância resultante de reacções
químicas ocorridas no interior da litosfera, ou seja de origem abiogénica;
- O petróleo é um hidrocarboneto bastante complexo que deve passar por várias etapas
de destilação antes de se tornar em produtos, realmente, úteis ao homem;
- A ocorrência do petróleo na natureza está ligada às estruturas geológicas profundas da
Terra, principalmente os limites de placas;
- O petróleo não se acumula na rocha onde se forma, razão pela qual as rochas mães,
dificilmente são petrolíferas;
- A distribuição desproporcionada do petróleo aliada ao facto deste constituir a principal
fonte de energia, fizeram com que o mesmo tenha conquistado um estatuto especial entre os
recursos da natureza, estando, por isso, na base de vários conflitos internacionais alguns dos
quais perduram até ao presente;
- O preço do petróleo, depende imensamente dos factores geopolíticos, na medida em
que se encontra no centro de sistema energético internacional. Por esta razão, a luta pelo seu
controle e acesso foi, é, e será sempre um problema político de primeira ordem;
- As reservas mundiais de petróleo estão concentradas, na sua maioria, nos países do
Médio Oriente, (64% das reservas mundiais), por isso, a estabilidade da Península Arábica é
muito importante para evitar um colapso do sistema energético internacional;
- A exploração massiva e sem as devidas precauções está na base de muitas catástrofes
associadas a acidentes nas unidades de extracção, de transformação, de transporte e/ou de
armazenamento, bem como de problemas ambientais derivados da poluição atmosférica pelos
gazes resultantes da combustão;
Licenciatura em Geologia 2002 - 2006 63
O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde
- As questões relacionadas com o petróleo em Cabo Verde não constitui uma novidade,
uma vez que na década de 60 e 70 falou-se na possibilidade de instalação de uma refinaria em
S. Vicente e em 1991, por altura da privatização da Enacol, foi publicado no Jornal “A
Semana” – 26/04/91, um artigo relacionado com a eventualidade de ocorrência deste
georrecurso nas nossas águas territoriais;
- Apesar de Cabo Verde ser um arquipélago constituído essencialmente por ilhas
vulcânicas, ele tem sim algumas condições que poderão facilitar a ocorrência de
hidrocarbonetos pelas razões que se seguem:
1- Os pilares de Cabo Verde se edificaram sobre os sedimentos antigos de fácies
marinha, assentes sobre o fundo oceânico, constituindo a plataforma que suporta o
arquipélago;
2 - Cabo Verde possui três ilhas orientais (Sal, Maio e Boa Vista), constituídas
essencialmente por rochas sedimentares;
3- Na ilha do Maio existem calcários do Cretácico, com amonites com 400 a 500
metros de espessura de base Hauteriviano, formado por calcários puros ou quase puros
de cor clara com leitos de sílex;
4- Pode - se constatar que existem imensas estruturas tectónicas (fracturas, falhas e
dobras) a nível do arquipélago e principalmente nas ilhas orientais, estruturas essas, que
poderão permitir a migração e/ou acumulação do petróleo;
5- Na Ilha do Maio, os sedimentos que constituem afloramentos contínuos na faixa
Oriental e se apresentam desligados uns dos outros, apresentam uma estrutura curva
com a concavidade voltada para Leste. Para além disso, a existência de um outro
afloramento de calcário situado a 800 metros a sudeste do Morro, forma um anticlinal
com o dorso também voltado para Leste;
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O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde
7 – Cabo Verde possui fronteiras marítimas com a Mauritânia, país onde foi
descoberto o petróleo há poucos anos. Este facto poderá ter contribuído para reforçar a
hipótese da ocorrência deste produto em Cabo Verde;
- O petróleo é normalmente explorável em zonas de bacias sedimentares com águas
pouco profundas, onde as rochas sedimentares são predominantemente areias, arenitos ou
grés. No caso de Cabo Verde, a ocorrência do petróleo é referida sempre em “off shore”, o
que poderá estar relacionada com a localização dos sedimentos que poderão estar associados à
génese deste hidrocarboneto;
- Deverá ser abordado esse assunto com muito rigor uma vez que o facto de a
Mauritânia ter petróleo, não significa que também o haverá cá em Cabo Verde. A sua eventual
prospecção deverá envolver não só Geólogos e investigadores estrangeiros, como por vezes
tem acontecido em algumas situações, mas também Geólogos e investigadores nacionais,
conhecedores das condições geológicas relacionadas com a génese do arquipélago.
Licenciatura em Geologia 2002 - 2006 65
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ANEXOS
Anexo I. Tabela dos principais derivados do petróleo e as suas aplicações
Produtos Aplicações
Gás ácido Produção de enxofre
Eteno Petroquímicas
Dióxido de carbono Fluido refrigerante
Propanos especiais Fluido refrigerante
Propeno Petroquímica
Butanos especiais Propelentes
Gás liquefeito de petróleo Combustível doméstico
Gasolinas Combustível automotivo
Naftas Solventes
Agurrás mineral Solventes
Solventes de borracha Solventes
Hexano comercial Petroquímica, extracção de óleos
Solventes diversos Solventes
Benzeno Petroquímicas
Tolueno Petroquímica, solventes
Xilenos Petroquímicas, solventes
Querosene de iluminação Iluminação e combustível doméstico
Querosene de aviação Combustível para aviões
Óleo diesel Combustível para autocarros, caminhões, etc.
Lubrificantes básicos Lubrificantes de máquinas e motores em geral
Parafinas Fabricação de velas, indústrias de alimentos
Óleos combustíveis Combustíveis de industrias
Resíduo aromático Produção de negro de fumo
Extracto Óleo extensor de borracha e plastificante
Óleos especiais Usos variados
Asfaltos Pavimentação
Coque Indústria de produção de alumínio
Enxofre Produção de ácido sulfúrico
Parafinas Produção de detergentes biodegradáveis.
Anexo II. Tabela que mostra alguns acidentes petrolíferos envolvendo navios tanques
Ano Petroleiro/Navio Localidades Quantidades
1967 Torrey Canyon Sclliy (Grã-Bretanha) 117 a 200.mil Toneladas
1971 Wafra Cabo das Agulhas (África) 40.000 Toneladas
1972 Sea Star Golfo de Omã (Oceano Índico) 115.000 Toneladas
1974 Metula Estreito de Magalhães (Chile) 50.000 Toneladas
1975 Shova Maru Estreito de Malaca (Índico) 275.000 Toneladas
1975 Jacob Maersk Portugal 88.000 Toneladas
1976 Urquiola La Coruna (Espanha) 100.000 Toneladas
1976 Olympic Bravery Costa norte de Ouessante (França) 1.200 Toneladas
1977 Hawaiian Patriot Honolulu (Pacífico), 95.000 Toneladas
1978 Amoco Cadiz França De 223 a 230.000 toneladas
1979 Independenta Turquia 95.000 Toneladas
1979 Atlantic Empress Tobago 278.000 Toneladas
1980 Irenes Serenades Mediterrâneo (Grécia) 102.000 Toneladas
1980 Marão Costa alentejana (Portugal) Cerca de 6.000 toneladas
1981 Cavo Cambanos Largo da Córsega (França), 18.000 Toneladas
1983 Castillo de Bellver Baía Saldanha (África do Sul) 100.000 Toneladas
1988 Amazzone Largo de Ouessant (França) Cerca de 3.000 toneladas
1989 Exxon Valdez Alaska, (EUA) De 35 a 40.000 toneladas
1989 Khark 5 Marrocos De 27 a 80.000 toneladas
1989 Aragon Nordeste da ilha da Madeira 25.000 Toneladas
1991 Haven Gênova (Itália) 30.000 Toneladas
1991 ABT Summer Angola 278.000 Toneladas
1992 Mar Egeu La Corunha (Espanha) 70.000 Toneladas
1993 Braer Ilhas Shethand (Grã-Bretanha) 85.000 Toneladas
1996 Sea Empress País de Gales (Grã-Bretanha) 72.000 Toneladas
1999 Érika Bretanha (França) 15.000 Toneladas
2001 Jéssica Próximo de Galápagos (Equador) Cerca de 600 a 700 mil Litros
2001 Norma Baía de Paranaguá (Brasil), 392 Mil litros de nafta
2002 Neptank VII na costa de Singapura Cerca de 450 toneladas
Anexo III. Tabela referente a Cronologia Mundial de petróleo
Ano Acontecimentos
1859 Coronel Drake perfura o 1º poço na Pensilvânia, com apenas 21 metros de
profundidade
1868 John D. Rockefeller fundou a "Standard Oil"
1872 Os Estados Unidos já fornecem querosene para quase todos os lugares do mundo
1876 Tem início à produção comercial de petróleo no estado da Califórnia
1894 Rudolf Diesel cria o primeiro motor a diesel
1904 É criada a Anglo - Persian, que no futuro será a British Petroleum
1908 É descoberto petróleo no "Iran" pela "Anglo-Persian"
1909 A FORD cria o seu famoso "FORD T" que chegou a custar somente US$
290,00 e popularizou o automóvel
1911 O Supremo Tribunal Americano fragmentou a "Standart Oil" em 30 companhias
1914 Início da 1ª grande guerra
1922 Shell descobre poço gigante em Maracaibo na Venezuela, transformando o país
em um novo produtor mundial de petróleo
1922 YPF funda a primeira petroleira da América Latina
1937 John Rockefeller faleceu ao 98 anos
1938 México nacionaliza o petróleo
1948 É descoberto um campo super gigante na Arábia Saudita
1951 Primeira crise do petróleo
1956 Segunda crise do petróleo fecha o canal do Suez Egipto
1960 É fundada a OPEP em Bagdá
1967 Terceira crise do petróleo gera a Guerra dos Seis Dias, entre Israel e o Egipto
1969 É descoberto petróleo no mar do norte
1973 Quarta crise do petróleo com a guerra do "Yom Kippur" e que faz o barril saltar
dos US$ 29,00 para US$ 12,00
1979 Quinta crise do petróleo leva barril de US$ 13,00 para US$ 34,00
1989 Exxon Valdez derrama 40.000m3 de óleo no Alaska
1990 Iraque invadiu o Kuwait e acaba gerando a sexta crise do petróleo
Anexo IV
Tabela nº 1 referente a principais fluxos comerciais de petróleo entre regiões e países em
2004, milhares de barris/dia.
Destino
Origem EUA América
Central/Su
l
Europa África China Japão Ásia/
Pacífico
Canadá 2.119 4 15 ___ ___ 10 __
México 1.642 167 182 ___ ____ 6 36
América
Central/Sul
2.647 __ 239 15 83 2 106
Europa 987 37 __ 217 52 8 97
Países ex-
URSS
282 70 5.343 20 365 49 109
Médio
Oriente
2.505 164 3.203 725 1.264 4.194 7.213
África do
Norte
476 112 1.924 79 42 8 117
África
Ocidental
1.637 258 542 94 551 96 851
Outros
Países
Ásia/Pacífico
145 4 83 10 824 533 284
Tabela nº 2. Referente a maiores importadores de petróleo em 2004, milhões de barris
/dia.
Países Quantidade
EUA 11.8
Japão 5.3
China 2.9
Alemanha 2.5
Correia do Sul 2.1
França 2.0
Itália 1.7
Espanha 1.6
Índia 1.5
Taiwan 1.0
Tabela nº 3. Referente a maiores exportadores de petróleo em 2004, milhões de
barris/dia.
Países Quantidades
Arábia Saudita 8.73
Rússia 6.67
Noruega 2.91
Irão 2.55
Venezuela 2.36
Emirados Árabes Unidos 2.33
Kuwait 2.20
Nigéria 2.19
México 1.80
Argélia 1.68
Iraque 1.48
Líbia 1.34
Cazaquistão 1.06
Qatar 1.02
Anexo V Figura 4.2. Distribuição das ilhas de Cabo Verde nos três pedestais
Adaptado de Bebiano, 1932
Anexo VI
Tipo de Formações
Fácies Terrestre Fácies Marinha Idade
Formações Sedimentares
Aluviões, dunas, depósitos de Vertentes e depósitos de enxurrada.
Areias e cascalheiras da praia salina
Holocénico
Formações de Cones de Piroclásticos
Terraços, dunas fósseis, cone de piroclastos e pequenos derramem associados
Níveis da praia de 2m a 100m
Plistocénico
Quaternária
Formações pós – Complexo Eruptivo Principal
Mantos e piroclastos basálticos subaéreos
Pliocénico Complexo Eruptivo Principal
Piroclastos e escoadas intercaladas, mantos e alguns níveis de piroclastos intercalados, Tufo-brecha; Fonólitos, traquitos e rochas afins; Série espessa de mantos basálticos com alguns níveis de piroclastos associados
Conglomerados e calcarenitos fossilíferos; Mantos, mantos basálticos superiores; Conglomerados, calcários e calcarenitos fossilíferos; Mantos basálticos inferiores, conglomerados e calcarenitos fossilíferos
Conglomerado Brechóide
Depósitos de enxurrada
Conglomerados, calcários e calcarenitos fossilíferos
T
Formação Marinha Antiga
Mantos lávicos, brechas e piroclásticos basálticos
Complexo Eruptivo Interno Antigo (CA)
F – Fase lávica basáltica (filões, chaminés e mantos); E - Fonólitos e traquitos (chaminés e filões); D- Carbonatitos (filões); C- Brechas profundas; B – Rochas granulares; A- Complexo filoniano de natureza basáltica.
Miocénico?
Anti- Miocénico
Margas e argila
E
R
C
E
Á
R I
A
Calcários compactos com leitos de silexito
Cretácico Inferior
Sedimentos Antigos Secundária
Calcários compactos com leitos de silexito
Jurássico Superior
Tabela 4.3 – Quadro Estratigráfico de Cabo Verde (De acordo com os trabalhos de campo da Missão) Geológica às ilhas de Cabo Verde – de 1976 a1997)
Tabela nº 4.6.1.1. As principal Formações Geológicas da Ilha do Sal Formação Fácies Terrestre Fácies Marinha Idade Era Sedimentos recentes
Aluviões, areias, dunas, depósitos de vertentes e de escorrência...
Areias de praias, cascalheiras de praias, cordão de cascalheira, terrenos salgados Dunas consolidadas, fossilíferas, conglomerado marinho Calcarenitos e calcários marinhos, fossilíferos,
QU
ATER
NÁ
RI
O
Formação do Monte Grande- Pedra Lume
Calcário dolomítico, Mantos subaéroes, variados, materiais piroclásticos
Materiais piroclásticos freato-magmáticos,
Complexo da Ponta do Altar- Baleia
Mantos subaérios e chaminés de rochas nefiliníticas e melilitíticas, olivínicas, mantos subaéreos, indiferenciados, basálticos e olivínicos
Afloramentos isolados de mantos submarinos, basálticos e olivínicos, calcarenitos marinhos fossilíferos, com leitos conglomeráticos e localmente, arenitos e siltíticos
Formação Eruptiva da Serra Negra
Mantos subaéreos Mantos submarinos, basálticos e olivínicos, hialoclastitos
Formação da Ribeira da Fragata
Calcarenitos e calcários marinhos, fossilíferos, com leitos conglomeráticos
Depósito Conglomerático Brechóide
Sedimentos conglomerático- brechóide
Holocénico Plistocénico -------------- Pliocénico Superior Pliocénico-Miocénico-Superior
Formação Eruptiva Principal
Mantos subaéreos nifiliníticos e olivínicos melilitíticos, (cobertos localmente por calcários quaternários) etc.
Mantos submarinos basálticos e olivínicos (cobertos localmente por calcários quaternários), etc.
Miocénico Médio
TERC
ÁR
IO
Complexo Eruptivo Antigo (CA)
Mantos subaéreos e chaminés e filões de rochas fonolíticas, nefiliniticas, olivínicos e melabasáltica e outros.
Afloramentos de rochas traquíticas e afins, localmente brechóides, calcário fossilífero, hialoclastitos, mantos submarinos e outros.
Serralheiro (1976)
Tabela nº 4.6.2.1. Quadro Estratigráfico Provisório da Ilha do Maio
Formação Fácies Terrestre Fácies Marinhas Idade Era
Aluviões, dunas, depósitos de vertentes e de enxurada
Salinas, areias e cascalheira da praia
Holocénio
Sedimentos recentes
Dunas fósseis (até 120m de altitude
Níveis da praia (de 2m a 100m)
Plistocénio
QU
ATER
NA
RIA
Complexo Eruptivo Principal do Monte Penoso (MP)
Mantos basálticos Conglomerados, calcários e calcarenitos fossilíferos
Conglomerático-Brechóide
Depósito conglomerático - brechóide
Conglomerados
Fase lávica basáltica
Mantos basálticos Mantos, brechas, piroclastos basálticos
Formação de Pedro Vaz
Conglomerados, calcários e arenitos fossilíferos
Complexo Eruptivo Interno Antigo (CA)
Carbonatitos (filões), fonolitos e rochas afins, brechas profundas, rochas granulares, complexo filoniano
Pliocénio ----------------- Miocénio Miocénio médio ----------------- Ante-miocénio
Argilas e margas Paleogénico
TERC
EAR
IA
Margas e argilas, calcários compactos com leitos de silexito
Cretácico Inferior
Sedimentos antigos
SECU
ND
ÁR
IA
Calcários compactos com leitos de silexito
Jurássico Superior
Segundo A. Serralheiro (1976 e 1979)
Tabela nº 4.6.3.1. Quadro referente às principais formações da ilha de Boa Vista Formação Fácies Terrestre Fácies Marinhas Idade Era
Aluviões, dunas, areia, depósitos de vertentes e de enxurrada
Areias de praia Holocénio
Sedimentos recentes
Dunas fósseis e cones de piroclastos
Depósitos de níveis da praia a 130m
Plistocénio
QU
ATER
NA
RIA
Formação de Chão de Calheta
Série basáltica
Mantos Lavas em rolos
Conglomerático Calcários fossilíferos e calcarenitos
Formação do Pico Forcado
Série fonolítica
Mantos e chaminés, mantos brechóides, tufos e ignimbritos na base
Conglomerático (rocha estânia)
Formação do Monte Caçador
Série fonolítica
Mantos de brechas e ignimbritos na base
Formação de Fundo de Figueiras
Série basáltica
Piroclastos, filões, mantos com encraves de carbonatito e fluorite
Lavas em rolos
TERC
EAR
IA
Complexo do Monte Passarão
Série fonolítica
Filões, mantos, brechas e ignimbritos
Pliocénio Anti-Pliocénico
Complexo Eruptivo Antigo (CA)
Conglomeráticos, sienitos, fonolitos, (filões, chaminés), sienitos, fonólitos (brechas, filões, etc.)
Jurássico Superior
Serralheiro, (1974 in) Garcia de Orta, Sér. Geol., Lisboa, 1 (3)
Anexo VII Questionário (aos Geólogos)
O presente questionário enquadra-se dentro de uma metodologia de trabalho adaptada
numa fase preliminar de preparação e execução do trabalho monográfico e final do fim do
curso de Licenciatura em Geologia cujo tema é O Petróleo e a Sua Eventual ocorrência em
Cabo Verde.
O questionário é anónimo e os resultados serão apresentados de forma agregada e
impessoal.
È importante que responda e antecipadamente, queremos expressar a nossa gratidão, pela sua
colaboração.
Questionário
Assinale, por favor, a sua resposta, marcando uma cruz (x) no quadrado respectivo ou
escrevendo a sua opinião quando solicitada.
1. Aspectos pessoais e profissionais
Habilitações académica
a. Licenciatura
b. outra
Especifique: _________________________________________________________________
2. Situação profissional
a. Quadro de nomeação definitiva
b. Quadro de nomeação provisória
c. Profissionalizado não pertencente ao quadro
d. outra
Especifique________________________________________________________________
3. Tempo de serviço
a. Menos de 6 anos
b. De 6 a 15 anos
c. De 16 a 25 anos
d. Mais de 25 anos
3.1. Tempo de serviço nesta instituição _____ anos.
4. Que concepção tem o(a) senhor(a) acerca do petróleo?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________.
5. Em que condições se forma o petróleo?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________.
6. Na sua opinião, é possível a ocorrência do petróleo em Cabo Verde?
a . Sim
b. Não
6.1. Se assinalou sim em 6, queira indicar as condições que poderiam estar na origem
desse produto?
Condição 1: _________________________________________________________________
Condição 2: _________________________________________________________________
Condição 3: _________________________________________________________________
6.1. Se assinalou não em 6, queira indicar as razões?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________.
7. Caso veio a se confirmar a existência do petróleo em Cabo Verde, acha que teria tido
a sua origem aqui no arquipélago, ou seria através da migração de países vizinhos?
a . Por migração
b. Origem no próprio país
7.1. Se assinalou a resposta 7. a., acha que o petróleo é oriundo de que país ou países?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________.
7.1.1. Queira indicar as condições geológicas que favorecem a sua migração?
Condição 1: ________________________________________________________________
Condição 2: ________________________________________________________________
Condição 3: ________________________________________________________________
7.1.2. Em que local ou locais se poderá encontrar o petróleo em Cabo Verde?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________.
7.1.2.1. Justifique a sua resposta.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________.