O RENASCIMENTO DO PARTO NORMAL HUMANIZADO
ATUACcedilAtildeO DA ENFERMEIRA OBSTETRA
Moura Fernanda Maria de Jesus S ousa PiresNery Inez Sampaio
Saacute Maria Iacuteris Mendes da Rocha
Trata-se de um estudo descritivo exploratoacuterio cujos objetivos foram descrever atraveacutes de
um levantamento bibliograacutefico o resgate ao parto fisioloacutegico e discutir a atuaccedilatildeo da
enfermeira obstetra nos centroscasas de parto Utilizou-se como instrumento pesquisas em
livros revistas manuais Internet e outros Os dados revelaram que o nascimento eacute
historicamente um evento natural e a mulher foi ao longo dos seacuteculos protagonista do seu
parto com o apoio da famiacutelia e parteiras de confianccedila da comunidade Principalmente a
partir do seacuteculo XX com a institucionalizaccedilatildeo do parto esse evento que era iacutentimo e
feminino passou a ser puacuteblico e medicalizado o que tem contribuiacutedo com as altas taxas de
cesaacutereas e morbimortalidade materna e perinatal Desta situaccedilatildeo vaacuterias medidas foram
adotadas pelo governo brasileiro dentre elas as portarias ministeriais a partir de 1998 que
visam agrave reduccedilatildeo das intervenccedilotildees desnecessaacuterias no parto fisioloacutegico e ainda recentemente
foi elaborado o pacto nacional pela diminuiccedilatildeo da mortalidade materna e neonatal que eacute um
problema de sauacutede puacuteblica Constatou-se a importante contribuiccedilatildeo que as enfermeiras
obstetras tecircm dado na assistecircncia agrave mulher sobretudo no que se refere agrave humanizaccedilatildeo e
realizaccedilatildeo do parto normal Conclui-se portanto que os profissionais de sauacutede estejam
sensiacuteveis agraves mudanccedilas que visem o resgate da autonomia respeito e cidadania da mulher
Palavras chave Parto fisioloacutegico Sauacutede Enfermeira obstetra 1
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THE RENAISSANCE OF NORMAL CHILDBIRTH HUMANIZED
PERFORMANCE OF NURSE OBSTETRIC
Moura Fernanda Maria de Jesus S ousa Piressup1Nery Inez Sampaiosup2
Saacute Maria Iacuteris Mendes da Rochasup3
One is about an exploratory descriptive study whose objectives had been to describethrough a bibliographical survey the rescue to the physiological childbirth and to argue theperformance of the nurse obstetric in centrehome of childbirth It was used as instrumentresearch in books magazines manuals Internet and others The data had disclosed that thebirth is historically a natural event and the woman was to long of the centuries theprotagonist of its childbirth with the support of the reliable family and obstetricians of thecommunity Mainly from century XX with the institutionalization of the childbirth thisevent that was close and feminine it passed public and to be medical what it hascontributed with the high Caesarean taxes of and morbimortality maternal and preinstall Ofthis situation some measures had been adopted by the Brazilian government amongst themwould carry ministerial from 1998 that they aim at to the reduction of the unnecessaryinterventions in the physiological childbirth and still recently was elaborated the nationalpact for the reduction of mortality maternal and neonatal that is a problem of public healthIt was evidenced important contribution that the nursersquos obstetrics have given in theassistance to the woman over all in whom if she relates to the humanizes andaccomplishment of the normal childbirth One concludes therefore that the healthprofessionals are sensible to the changes that aim at the rescue of the autonomy respect andcitizenship of the woman
Keywords Physiological childbirth Health Nurse obstetric
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O RENASCIMENTO DO PARTO NORMAL HUMANIZADO
ATUACcedilAtildeO DA ENFERMEIRA OBSTETRA
Moura Fernanda Maria de Jesus S ousa PiresNery Inez Sampaio
Saacute Maria Iacuteris Mendes da Rocha
INTRODUCcedilAtildeO
A maternidade ao longo dos seacuteculos tem sido valorizada e cobrada pela
sociedade como um dos mais importantes papeacuteis atribuiacutedos agrave natureza feminina o que influi
no prazer gratificaccedilatildeo e felicidade que a mulher sente ao conceber Com isso a capacidade
de maternar se reproduz e eacute construiacuteda culturalmente no interior da estrutura psiacutequica
feminina sendo internalizada e psicologicamente reforccedilada (ALMEIDA 199646)
O nascimento foi historicamente um evento natural fisioloacutegico feminino e
inerente ao cotidiano familiar Ateacute o final do seacuteculo XIX a assistecircncia ao parto era
predominantemente domiciliar realizado por parteiras socialmente reconhecidas que
exerciam um papel fundamental na comunidade ao acompanhar o parto com muita
dedicaccedilatildeo apesar de natildeo serem respaldadas cientificamente e sim de forma empiacuterica As
mulheres participavam de forma ativa durante o nascimento dos seus filhos com apoio da
parteira e dos familiares (PIRES 1989107) Ateacute essa eacutepoca os meacutedicos natildeo tinham interesse
em dominar a praacutetica sobre a reproduccedilatildeo por considerar uma atividade suja desvalorizada e
inerente ao sexo feminino (ARRUDA 198940)
Desde os primoacuterdios da civilizaccedilatildeo as parteiras e mulheres que praticavam a
cura eram consideradas pela populaccedilatildeo saacutebias e parte integrante do cotidiano daquelas
pessoas Contudo apoacutes a idade meacutedia essas mulheres foram denominadas como perigosas
por desafiar a ordem vigente e transgredir a moral cientiacutefica e religiosa da eacutepoca sendo entatildeo
reiniciado pela igreja meacutedicos e poderosos um movimento denominado de caccedila as bruxas
Essa perseguiccedilatildeo perdurou do seacuteculo XIV ao seacuteculo XIX em toda Europa (PIRES 1989108)
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1 Doutora em Enfermagem Profordf Adjunta e Coodenadora do Mestrado em Enfermagem daUFPI Endereccedilo Rua Antocircnio Chaves nordm 1896 Satildeo Cristoacutevatildeo Teresina-PI E-mailNerywebonecombrsup2 Mestranda em Enfermagem e Profordf auxiliar do dep Enf Da UFPI e Profordf da NOVAFAPIsup3 Mestre em Enfermagem Profordf da NOVAFAPI
No Brasil colocircnia a parteira possuidora de saber empiacuterico rico em crenccedilas e
misticismo detinha a arte de partejar de maneira independente Pires (1989108) ressalta o
processo de praacutetica das parteiras com a formaccedilatildeo de pessoal para a assistecircncia ao parto
permanecendo sob controle dos meacutedicos como curso anexo agraves escolas de medicina assim
como o curso de farmaacutecia em 1832
Com a institucionalizaccedilatildeo do parto nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX o mesmo
passou a ser visto como um processo patoloacutegico que merecia ser controlado a fim de evitar a
morte materna e perinatal Com isso as parteiras tradicionais sofreram criacuteticas a respeito do
seu ofiacutecio e as parteiras diplomadas perderam a essecircncia de partejar com arte e autonomia
(PROGIANTI BARREIRA 200196)
Apesar dos benefiacutecios produzidos atraveacutes do conhecimento tecnoloacutegico sobre as
patologias obsteacutetricas a medicalizaccedilatildeo da assistecircncia ao parto influenciou na desumanizaccedilatildeo
desse evento e na formaccedilatildeo da enfermeira obstetra de acordo com o modelo biomeacutedico
(CAPARROZ 200321)
Ao mesmo tempo as mulheres passaram a ser agentes passivas desse processo
que deixou de ser vivenciado de forma privada e feminina para tornar-se um evento puacuteblico e
masculino num processo cada vez mais intervencionista e complicado
Assim as mulheres foram retiradas do aconchego do seu lar e da companhia dos
seus familiares para um ambiente frio e impessoal em que na maioria das vezes profissionais
desconhecidos e sem identificaccedilatildeo exerciam sem permissatildeo e justificativa uma seacuterie de
procedimentos invasivos e dolorosos como se a parturiente fosse um objeto sem identidade e
voz
A OMS (199614) se pronuncia a respeito destacando que num hospital de
ensino a mulher pode ser atendida por um grande nuacutemero de profissionais e estudantes
durante vaacuterias horas e mesmo assim se sentir soacute durante a maior parte do tempo A OMS
define o parto normal como sendo
De iniacutecio espontacircneo baixo risco do trabalho de partopermanecendo assim durante todo o processo ateacute o nascimento Obebecirc nasce espontaneamente em posiccedilatildeo de veacutertice entre 37 e 42semanas completo de gestaccedilatildeo Apoacutes o nascimento matildee e filho emboas condiccedilotildees (OMS 19964)
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A gravidez na maioria das vezes eacute motivo de felicidade para a mulher e seus
familiares e o momento do parto eacute aguardado com grande expectativa alegria como tambeacutem
com ansiedade Entretanto apesar do seguimento da mulher no acircmbito hospitalar com
emprego de tecnologia disponiacutevel a mortalidade natildeo diminuiu pelo contraacuterio agraves estatiacutesticas
mostram uma triste realidade relacionada agraves altas taxas de mortalidade materna por causas
ligadas agrave gravidez ao parto e ao puerpeacuterio que muitas vezes poderiam ser evitadas se
houvessem boas condiccedilotildees de vida dessas mulheres associado agrave atenccedilatildeo integral da sauacutede
com ampliaccedilatildeo do acesso e principalmente pela melhoria da assistecircncia agrave mulher no ciclo
graacutevido puerperal (BRASIL 20027)
Os paiacuteses em desenvolvimento concentram uma grande parcela dessas mulheres
desassistidas o que constitui um grave problema de sauacutede puacuteblica Embora no Brasil a
subinformaccedilatildeo e o sub-registro dificultem os registros fidedignos da mortalidade materna o
Ministeacuterio da Sauacutede em 1996 criou mecanismos apropriados para corrigir essas distorccedilotildees
Em 1998 a Razatildeo de Mortalidade Materna (RMM) brasileira obtida a partir de oacutebitos
declarados foi de 648 oacutebitos maternos por 100000 nascidos vivos (BRASIL 20028)
A mesma fonte descreve que nas regiotildees Sul e Sudeste estes valores foram
respectivamente de 762 e 70 Jaacute nas regiotildees Norte Nordeste e Centro Oeste foram de 561
548 e 57 respectivamente As grandes diferenccedilas entre as regiotildees citadas estatildeo de acordo
com a melhor qualidade do registro de oacutebitos nas primeiras regiotildees mencionadas Todavia no
Piauiacute a Razatildeo de Mortalidade Materna por nascidos vivos foi de 8435 Num total de 47
oacutebitos por 55715NV (PIAUIacute 2003)
A morte de uma mulher durante a gestaccedilatildeo ou ateacute 42 dias apoacutes o teacutermino da
gestaccedilatildeo independente da duraccedilatildeo ou da localizaccedilatildeo da gravidez eacute causada por qualquer
fator relacionado ou agravado pela gravidez ou por medidas tomadas em relaccedilatildeo a ela De
acordo com a Classificaccedilatildeo internacional de Doenccedilas-CID 10 foi definido como morte
materna tardia a morte de uma mulher por causas obsteacutetricas diretas ou indiretas ocorridas
apoacutes os 42 dias de puerpeacuterio e inferior a um ano apoacutes o fim da gravidez (BRASIL
20021011)
Nesse sentido na maioria das vezes as mulheres viacutetimas de Mortalidade Materna
satildeo jovens e aleacutem do receacutem-nascido deixam outros oacuterfatildeos desprovidos dos cuidados maternos
e uma famiacutelia desestruturada visto que a mulher ainda eacute o grande alicerce de sustentaccedilatildeo do
lar na nossa sociedade
Na histoacuteria da humanidade as mulheres satildeo sobreviventes da violecircncia aborto e
morte materna durante a gravidez o parto ou puerpeacuterio Satildeo fatos do cotidiano de mulheres
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desprovidas de direitos satildeo mortes por causas evitaacuteveis em 96 dos casos Morrer de parto eacute
uma das mais graves violaccedilotildees dos direitos humanos e as brasileiras morrem por falta de
alguns cuidados muito simples como por exemplo a medida e o acompanhamento da
pressatildeo arterial Em todos os paiacuteses morrem mais as pobres A mortalidade materna eacute uma
das principais causas de morte feminina de 15 a 49 anos nos paiacuteses subdesenvolvidos
(OLIVEIRA 20022)
No Brasil a principal causa de morte materna eacute a hipertensatildeo arterial natildeo tratada
As mortes maternas estatildeo associadas agrave falta de assistecircncia digna e agrave negligecircncia que vatildeo
desde o natildeo atendimento ateacute agrave maacute qualidade do serviccedilo prestado Tanaka (200133) enfatiza
ainda que entre as causas obsteacutetricas diretas o aborto eacute a quarta causa de oacutebito materno no
paiacutes o que demonstra que as accedilotildees de planejamento familiar natildeo estatildeo funcionando
adequadamente apesar de ser um direito garantido na Constituiccedilatildeo de 1988
Nesse contexto a grande maioria dessas mulheres procura o serviccedilo de sauacutede no
periacuteodo graviacutedico puerperal com o objetivo de prevenir qualquer intercorrecircncia que possa
afetar a sua vida e do seu concepto e nem sempre a assistecircncia necessaacuteria agraves mulheres eacute
realizada
Segundo Tanaka (1996129) a instituiccedilatildeo muitas vezes impotildee um outro risco agrave
matildee que eacute a maacute qualidade da atenccedilatildeo recebida e a dificuldade ao acesso dos serviccedilos de
sauacutede Enfatiza ainda que a ldquoprevisibilidade e evitabilidade do oacutebito estatildeo ligadas
diretamente agrave oportunidade e agrave qualidade da assistecircncia recebida pela mulher durante a
gestaccedilatildeo o parto e puerpeacuteriordquo
A mesma autora aborda ainda que apesar do incentivo e apoio teacutecnico do MS a
partir de 1988 com a criaccedilatildeo de comitecircs no paiacutes como forma de atingir os compromissos
assumidos internacionalmente de reduccedilatildeo da morte materna em 50 ateacute 2000 essa meta natildeo
foi alcanccedilada tendo em vista que os direitos das mulheres agrave vida ao planejamento familiar e
a uma melhor qualidade de assistecircncia ainda natildeo foram alcanccedilados
A medicalizaccedilatildeo do parto influenciou no uso cada vez maior de cesaacuterea e
negativamente nos iacutendices de morbimortalidade materna e perinatal o que favoreceu a
desumanizaccedilatildeo da assistecircncia aleacutem dos altos custos hospitalares (CAPARROZ 20037)
Considerando o exposto Cianciarullo (20033536) afirma que a qualidade da
assistecircncia prestada a mulher e a crianccedila estaacute diretamente ligada agrave competecircncia compromisso
e responsabilidade dos profissionais de sauacutede e principalmente da enfermeira que se
preparam para exercer essa atividade
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A mesma autora fala sobre a aplicaccedilatildeo do meacutetodo cientiacutefico que eacute de fundamental
importacircncia na resoluccedilatildeo dos problemas de enfermagem ao propiciar a tomada de decisotildees
em bases concretas atraveacutes da consciecircncia criacutetica e transformadora sobre a realidade que se
apresenta jaacute que para cuidar de pacientes eacute imprescindiacutevel o uso de elementos cientiacuteficos e
humaniacutesticos pautados no processo de enfermagem O sucesso da assistecircncia depende
tambeacutem do uso da comunicaccedilatildeo que eacute um poderoso instrumento baacutesico de enfermagem
garantindo a qualidade do processo de cuidar
A loacutegica humanizar eacute acima de tudo ficar ao lado proporcionar conforto
orientaccedilotildees ouvir esclarecimento comprometimento com o nascimento de um novo ser de
forma segura digna e responsaacutevel propiciando que a parturiente seja sujeito desse processo
uacutenico A humanizaccedilatildeo deve ser a mola mestra do atendimento agrave concepccedilatildeo atualmente existe
um movimento mundial em prol desta humanizaccedilatildeo estimulando os profissionais de sauacutede a
repensarem agrave sua praacutetica buscando a transformaccedilatildeo da realidade no cotidiano do cuidado
O trabalho de parto deve ser abordado com eacutetica profissional em todas as
situaccedilotildees de atenccedilatildeo agrave sauacutede Nesse sentido eacute fundamental o respeito agrave mulher e a seus
familiares ao chamaacute-la pelo nome permitir que ela identifique cada membro da equipe
informaacute-la sobre os diferentes procedimentos a que seraacute submetida propiciar-lhe um
ambiente acolhedor limpo confortaacutevel e silencioso esclarecer suas duacutevidas e aliviar suas
ansiedades satildeo atitudes relativamente simples eacutetica e humana (BRASIL 200339)
O Precircmio Galba Arauacutejo foi instituiacutedo em 1999 pelo Ministeacuterio da sauacutede com o
propoacutesito de incentivar o serviccedilo puacuteblico na humanizaccedilatildeo do seu atendimento privilegiando
o acolhimento e autonomia da mulher e seu companheiro no momento do parto atraveacutes das
portarias 2883 de 04 de junho de 1998 e 1406 de 15 de dezembro de 1999 (BRASIL
200324)
Conforme a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede a parturiente durante um parto
natural humanizado deve escolher a pessoa em quem confia para o acompanhamento do seu
parto bem como privacidade e acesso a todas informaccedilotildees e explicaccedilotildees que deseje e
necessite conhecer Aleacutem do apoio a mulher tem a liberdade de lanccedilar matildeo de meacutetodos que
aliviem a sua dor durante o trabalho de parto como assumir qualquer posiccedilatildeo mais
confortaacutevel no leito ou fora dele banho de chuveiro toques e massagens frequumlentes
respiraccedilatildeo ritmada e ofegante fundo musical e outros
Para tanto eacute importante centrar-se na valorizaccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo da pessoa
para a conquista dos direitos e valores da cidadania com responsabilidade e eacutetica Cabe
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lembrar que a humanizaccedilatildeo do parto tambeacutem estaacute relacionada ao acesso das mulheres a
melhores condiccedilotildees de vida e sauacutede
A enfermagem fazendo parte da equipe de sauacutede eacute a que dedica mais tempo junto
agrave clientela e por isso observa melhor os clientes em seus anseios medos duacutevidas e
esperanccedilas e por ser tambeacutem uma profissatildeo tradicionalmente voltada para o cuidar pois eacute o
seu objeto e o profissional que se dedica ao cuidado ama e respeita a vida tendo durante a
sua formaccedilatildeo acadecircmica e a vida profissional priorizado e zelado pela eacutetica e qualidade dos
serviccedilos prestados agrave populaccedilatildeo
A enfermagem atual estaacute alerta para questotildees sociais de uma profissatildeo solidaacuteria
que eacute o novo enfoque eacutetico jaacute que a promoccedilatildeo da sauacutede soacute eacute possiacutevel se houver qualidade de
vida considerando-se o mundo globalizado para poucos que supervaloriza a racionalidade o
ter a teacutecnica e a robotizaccedilatildeo em detrimento da sensibilidade e a emoccedilatildeo O profissional de
enfermagem tem consciecircncia das condiccedilotildees adversas em que vive uma parcela significativa
da populaccedilatildeo
O cuidado tem sido essencial para o crescimento desenvolvimento e
sobrevivecircncia dos seres humanos desde o seu surgimento sendo foco da Enfermagem
enquanto disciplina e profissatildeo Cuidar o ser humano eacute um ato que requer empatia
sensibilidade e tambeacutem conhecimento Cuidar eacute tambeacutem ouvir tocar o outro e fazer por ele
o que ele proacuteprio natildeo consegue Para Santos Prado Boehs (2001378) o cuidado sendo a
essecircncia da enfermagem eacute fundamental para o bem estar a sauacutede a cura o crescimento e a
sobrevivecircncia
Erdman (199162-63) afirma que a atividade de cuidado da enfermagem eacute feita
pela accedilatildeo de seus profissionais de acordo com necessidades levantadas e que o ser humano
ao se colocar na dependecircncia da vontade de outras pessoas estaacute buscando o cuidado ao
valorizar a vida e o amor proacuteprio
Os autores Soares Santana Siqueira (2000107-109) definem a enfermagem como
sendo
A enfermagem eacute aleacutem da ciecircncia uma arte que se realiza atraveacutes docuidado que envolve ser estar pensar e fazer entre o ser que cuida e oque eacute cuidado Se o foco da enfermagem eacute o ser humano e a razatildeo deser da enfermeira eacute o cuidado entatildeo o cuidado humaniacutestico eacute econtinuaraacute sendo nosso fazer
O cuidar proporciona conforto agrave medida que ao aliviar o sofrimento ocasiona
bem estar ao cliente Conforme argumenta Morse (199871) apesar de o conforto natildeo ser
apenas diretamente relevante aos cuidados da enfermagem ainda constitui o objetivo baacutesico
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da profissatildeo O conforto contribuindo para a reduccedilatildeo da morbimortalidade eacute essencial ao
cuidado com o paciente
Arruda Nunes (199893) defendem que atraveacutes do conforto a pessoa recupera
sua forccedila acircnimo e bem estar melhorando sua qualidade de vida o conforto ocorre com o
cuidado favorecendo a integraccedilatildeo liberdade melhora seguranccedila e proteccedilatildeo Eacute dentro deste
contexto que o Ministeacuterio da Sauacutede vem implantando um conjunto de accedilotildees atraveacutes de
portarias ministeriais com o objetivo de estimular a melhoria da assistecircncia obsteacutetrica
A assistecircncia ao parto natural fora do acircmbito hospitalar pode ser uma escolha da
mulher desde que haja outras opccedilotildees que se assemelhem mais ao ambiente acolhedor do lar
mas com estrutura para agir e encaminhamentos devidos quando se fizer necessaacuterio
Hoje jaacute existem algumas alternativas como centros de parto em hospitais ou fora
deles onde mulheres de baixo risco podem dar agrave luz num ambiente semelhante agrave domiciliar
aos cuidados de enfermeiras obstetras O grau de satisfaccedilatildeo das mulheres com esse tipo de
cuidado supera o da assistecircncia convencional (OMS 199611)
O Centro de Parto Normal-CPN visa assistir exclusivamente os partos e
nascimentos normais aleacutem de garantir a privacidade e o conforto do casal durante o processo
de parturiccedilatildeo composto de um quarto para preacute-parto parto e puerpeacuterio (PPP) O CPN
valoriza o processo fisioloacutegico do nascimento ao utilizar estrateacutegias natildeo medicamentosas de
aliacutevio agrave dor a participaccedilatildeo ativa da mulher no trabalho de parto e parto e a liberdade de
escolha da posiccedilatildeo em que ela deseja dar agrave luz (OSAVA 20018)
O CPN criado atraveacutes da portaria nordm 985GM de 05 de agosto de 1999 visa
prestar assistecircncia no periacuteodo graviacutedico puerperal e parto normal sem distoacutecia Os objetivos
principais do CPN visam garantir acesso e assistecircncia ao parto nos Serviccedilos de Sauacutede do
SUS reduzir a mortalidade materna e perinatal humanizar a assistecircncia agrave gravidez ao parto
e ao puerpeacuterio e garantir a melhoria ao a melhoria da qualidade da assistecircncia agrave mulher no
preacute-natal (TYRRELL 20015)
A mesma autora acrescenta que a equipe miacutenima do CPN deve ser composta por
um enfermeiro com especialidade em enfermagem obsteacutetrica um auxiliar de enfermagem
um auxiliar de serviccedilos gerais e um motorista Deve ainda contar com uma equipe
complementar composta por um meacutedico obstetra e um meacutedico pediatra ou neonatologista A
presenccedila de parteira tradicional obedeceraacute agrave cultura de cada localidade
A portaria MSGM 2815 de 29 de maio de 1998 inclui na tabela do Sistema de
Informaccedilotildees Hospitalares do SUS o procedimento ldquoparto normal sem distoacutecia realizado por
enfermeira (o) obstetrardquo e tem como objetivo principal enfatizar a assistecircncia prestada por
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este profissional no que diz respeito ao parto humanizado Apesar do nuacutemero de enfermeiras
(os) obstetras atuando no paiacutes ainda ser muito pouco embora na realidade o nuacutemero de
partos realizados por esta categoria seja bem maior Sendo assim o Ministeacuterio da Sauacutede estaacute
financiando a realizaccedilatildeo de cursos de especializaccedilatildeo em enfermagem obsteacutetrica (BRASIL
200323)
Outro ponto importante a destacar eacute o exerciacutecio profissional da enfermagem que
dispotildee sobre a Lei 749886 e o decreto 9440687 em seu artigo 9ordm enfatiza que as
profissionais titulares de diploma ou certificados de Obstetriz ou enfermeira Obsteacutetrica
incumbe
I Prestaccedilatildeo de assistecircncia agrave parturiente e ao parto normal
II Identificaccedilatildeo das distoacutecias obsteacutetricas e tomadas de
providecircncias ateacute a chegada do meacutedico
III Realizaccedilatildeo de episiotomia e episiorrafia com aplicaccedilatildeo de
anestesia local quando necessaacuteria
O decreto tambeacutem discorre no paraacutegrafo uacutenico do Art 12 que as enfermeiras
obstetras satildeo responsaacuteveis pela supervisatildeo das atividades da parteira ao serem realizadas em
instituiccedilotildees de sauacutede Diante disso a OMS (1996) ressalta sua posiccedilatildeo de separar o parto
normal de sua condiccedilatildeo patoloacutegica Defende entatildeo que no parto normal deveria existir uma
razatildeo vaacutelida para se intervir em um processo natural lembrando que a responsabilidade de
quem acompanha estas mulheres eacute basicamente o de facilitar este processo natural
A denominaccedilatildeo do termo ldquoMidwiferdquo significa enfermeira obsteacutetrica parteira Na
Europa possuem curso superior com especializaccedilatildeo em obstetriacutecia com duraccedilatildeo de quatro
anos satildeo profissionais que fazem partos normais sem complicaccedilotildees (BALASKAS 19934)
No que se refere agrave definiccedilatildeo internacional de enfermeira-parteira segundo a
OMS a CIP (Confederaccedilatildeo Internacional de Parteiras) e a FIGO (Federaccedilatildeo Internacional de
Ginecologia e Obstetriacutecia) informa que o programa de treinamento eacute reconhecido pelo
governo que credencia a parteira a exercer suas atividades Geralmente essa pessoa eacute uma
competente prestadora de serviccedilos de obstetriacutecia especialmente treinada para a assistecircncia ao
parto normal (OMS 19964)
Contudo a mesma fonte ressalta ainda a importacircncia da atuaccedilatildeo de profissional
qualificado para prestar assistecircncia obsteacutetrica A enfermeira-obstetra como eacute chamada no
Brasil eacute considerada a pessoa fundamental para a assistecircncia obsteacutetrica Entretanto alguns
paiacuteses enfrentam escassez destas profissionais especializadas As que existem no Brasil estatildeo
mal distribuiacutedas com suas funccedilotildees desviadas trabalham em hospitais natildeo especializados
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mais nas cidades grandes e capitais que nas aacutereas rurais onde ainda uma grande parcela das
mulheres encontram-se desassistidas por profissionais com preparo teacutecnico cientiacutefico
Cabe colocar que o profissional qualificado que presta assistecircncia durante a
gestaccedilatildeo parto e puerpeacuterio deve ter sensibilidade para transmitir seguranccedila conforto e bem
estar individualizado a mulher aliando os avanccedilos cientiacuteficos quando necessaacuterio e ao
permitir o resgate da autonomia da mulher no seu parto (BRASIL 200319)
Diante da problemaacutetica exposta o Ministeacuterio da Sauacutede ao tomar conhecimento
das inuacutemeras reclamaccedilotildees realizadas por parte do usuaacuterio quanto ao pouco acesso e a maacute
assistecircncia recebida no setor puacuteblico resolveu lanccedilar programas que visem resgatar o ser
humano de cada profissional que atua na aacuterea de sauacutede incentivando tambeacutem a melhoria da
estrutura fiacutesica e material das instituiccedilotildees a fim de criar condiccedilotildees viaacuteveis as suas propostas
Juntamente com a criaccedilatildeo do Programa Nacional de Humanizaccedilatildeo da Assistecircncia
Hospitalar (PNHAH) em maio de 2000 o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) atraveacutes das
portariasGM 56900 57000 57100 e 57200 de 162000 instituiu tambeacutem o Programa de
Humanizaccedilatildeo no Preacute-Natal e Nascimento (PHPN) ao perceber a necessidade de atender de
forma mais especiacutefica grupos de risco considerados mais vulneraacuteveis por continuarem a
evidenciar taxas alarmantes de morbimortalidade no periacuteodo da gestaccedilatildeo parto e poacutes-parto o
que envolve de forma cruel e omissa duas ou mais vidas O Programa tem como principal
objetivo aprimorar as relaccedilotildees entre profissionais de sauacutede e usuaacuterio dos profissionais entre
si e do hospital com a comunidade resgatando a imagem do serviccedilo puacuteblico de sauacutede tatildeo
desgastado ao longo da histoacuteria perante a comunidade (BRASIL 2000)
Recentemente tambeacutem foi lanccedilado o Pacto Nacional pela Reduccedilatildeo da
Mortalidade Materna e Neonatal com o compromisso das trecircs esferas de gestatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede em conjunto com outros oacutergatildeos de governo e entidades da sociedade civil O
objetivo eacute a reduccedilatildeo da mortalidade de mulheres e de receacutem-nascidos em 15 ateacute o ano de
2007 jaacute que as complicaccedilotildees da gravidez aborto parto e poacutes-parto atingem mais de duas
mil mulheres e mais de oito mil receacutem-nascidos anualmente (BRASIL 2004)
Essas medidas visam estimular uma atenccedilatildeo mais criteriosa e humanizada agrave
populaccedilatildeo de forma geral que busca o serviccedilo puacuteblico Jaacute o Programa de Humanizaccedilatildeo no
Preacute-Natal e Nascimento a fim de tentar reduzir as altas taxas de morbimortalidade materna e
perinatal visa assegurar a cobertura e a qualidade do acompanhamento preacute-natal assistecircncia
ao parto puerpeacuterio e neonatal
Neste sentido a humanizaccedilatildeo defende que eacute dever das unidades de sauacutede receber
com dignidade a mulher seus familiares e o receacutem-nascido Isto requer atitude eacutetica e
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solidariedade por parte dos profissionais de sauacutede organizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo de modo a criar
um ambiente acolhedor e adotar condutas hospitalares que rompam com o tradicional
isolamento imposto agrave mulher
O usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico de sauacutede tem sido desconsiderado da sua condiccedilatildeo
de ser humano e cidadatildeo ao ser ignorado enquanto sujeito pelos profissionais de sauacutede que
ao desprezarem o trabalho em equipe desperdiccedilam a oportunidade de manterem o diaacutelogo
entre si e como o principal interessado e beneficiado eacute a clientela seria uma preciosa
contribuiccedilatildeo para a melhoria da assistecircncia
Cabe colocar que uma eficaz integraccedilatildeo entre a assistecircncia ambulatorial com a
hospitalar eacute importante para a mulher e sua famiacutelia que tendo a oportunidade de escolher e
realizar o seu preacute-natal em determinado serviccedilo de sauacutede passa a conhecer as instituiccedilotildees e
os profissionais que ali desenvolvem suas atividades proporcionando conforto e confianccedila a
mulher na hora de dar aacute luz
Conforme ressalta a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) ao recomendar que
os serviccedilos de preacute-natal e os profissionais envolvidos devem adotar medidas educativas de
prevenccedilatildeo e controle da ansiedade ao promover visitas das gestantes e acompanhantes agraves
unidades de referecircncia para o parto no sentido de minimizar o estresse do processo de
internaccedilatildeo no momento do parto (BRASIL 200327)
OBJETO DO ESTUDO
Oslash Com base na pesquisa foi destacado como objeto de estudo a
caracterizaccedilatildeo e o resgate do parto normal humanizado
OBJETIVOS
Oslash Realizar um levantamento histoacuterico sobre parto normal
Oslash Identificar as portarias do Ministeacuterio da Sauacutede sobre Parto Normal
Oslash Descrever a atuaccedilatildeo da enfermeira obstetra nos centros de
partocasas de parto
JUSTIFICATIVA E RELEVAcircNCIA DO ESTUDO
O nascimento eacute historicamente um evento natural e como tal foi vivenciado ao
longo dos seacuteculos no seio familiar com apoio de parteiras de confianccedila das comunidades No
entanto no Brasil a partir do seacuteculo XX com a institucionalizaccedilatildeo do parto a fim de
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diminuir as altas taxas de morbimortalidade materna e perinatal o parto passou a ser
controlado e medicalizado pelos meacutedicos
Com o excesso de praacuteticas intervencionistas e na maioria das vezes desnecessaacuteria
o parto de um evento iacutentimo feminino e com a participaccedilatildeo ativa da mulher passou a ser
puacuteblico e passivo Cabe destacar que apesar da hospitalizaccedilatildeo do parto a mulher ao ser
admitida numa maternidade aleacutem de perder sua identidade nome e autonomia passa longos
periacuteodos no preacute e poacutes-parto praticamente soacute sem a companhia de uma pessoa de sua
confianccedila e escolha
A OMS (199613) defende que tanto nos paiacuteses desenvolvidos como nos paiacuteses em
desenvolvimento mesmo com todos equipamentos teacutecnicos mas sem apoio por parte de
prestadores de serviccedilos as parturientes sentem-se isoladas desprotegidas e sem privacidade
Diante disso a intensa medicalizaccedilatildeo que o corpo feminino sofreu nas uacuteltimas
deacutecadas e a aparente seguranccedila do parto institucionalizado tem contribuiacutedo com o aumento
significativo da mortalidade materna e neonatal Contudo atualmente essas praacuteticas
satildeo questionadas principalmente no espaccedilo hospitalar
Com isso foram criados pelo ministeacuterio da sauacutede programas para humanizar o
parto e nascimento nas maternidades puacuteblicas como tambeacutem portarias que estimulam a
criaccedilatildeo de casascentros de parto normal com a atuaccedilatildeo do profissional enfermeira obstetra
aleacutem de incentivar atitudes por parte dos profissionais de sauacutede que garantam a mulher natildeo
soacute os benefiacutecios dos avanccedilos cientiacuteficos quando necessaacuterio mas fundamentalmente
incentivando a autonomia da mulher no parto
Diante do exposto resolvemos fazer um levantamento bibliograacutefico sobre o parto
normal e o nascimento que historicamente passou de um evento natural e marcante na vida da
mulher e famiacutelia para ser vivenciado por outros atores oficialmente preparados para
comandar ordenar e transformar eventos fisioloacutegicos em doenccedilas
Bruumlggemann (200156) afirma que o trabalho em equipe interdisciplinar na aacuterea de
sauacutede em maternidade deve ser fundamentado na cumplicidade no diaacutelogo estar aberto a
mudanccedilas visando uma assistecircncia humanizada entre equipe clientela e famiacutelia
Eacute um estudo relevante no contexto do debate sobre a humanizaccedilatildeo do parto
porque se espera contribuir para a melhoria da qualidade assistencial prestada agrave clientela
atendida no serviccedilo como tambeacutem na aacuterea de ensino colaborando para a formaccedilatildeo de novos
profissionais de enfermagem como auxiliares teacutecnicas (os) enfermeiras (os) e atraveacutes da
educaccedilatildeo continuada de profissionais bem como na poacutes-graduaccedilatildeo lato senso e stricto
senso Como tambeacutem servir de subsiacutedios para novas pesquisas que abordem a mesma
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temaacutetica e principalmente incentivar a criaccedilatildeo de casascentro de parto normal em
TeresinaPI
BASES TEOacuteRICAS
Com a hospitalizaccedilatildeo do parto normal mais precisamente a partir do seacuteculo
XIX houve uma expansatildeo da assistecircncia meacutedica no Brasil e programas de sauacutede como a
assistecircncia preacute-natal associada agrave institucionalizaccedilatildeo do parto que privilegiava a fase
reprodutiva da mulher a fim de garantir uma prole saudaacutevel e produtiva (BRASIL 2003
12-13)
A hospitalizaccedilatildeo do parto trouxe uma sobrecarga de estresse a parturiente aleacutem
daquela inerente ao proacuteprio processo parturitivo Os procedimentos rotineiros invasivos
autoritaacuterios e impessoais durante o trabalho de parto e ou parto causam estresse que pode
interferir na conduccedilatildeo normal do parto prolongando-o e propiciando o uso de teacutecnicas
intervencionistas e traumatizantes para a mulher e o bebecirc (OMS 199611)
Para tanto a parturiente estaacute cada vez mais distante de ser protagonista do seu
parto ao se submeter a ordens e atitudes o que resultou no uso excessivo de procedimentos
invasivos e traumatizantes que aumentam o estresse interferindo na conduccedilatildeo do parto
normal como no uso abusivo de cesariana nas uacuteltimas trecircs deacutecadas
Historicamente a cesaacuterea surgiu da necessidade em situaccedilotildees extremas de salvar
o feto jaacute que nessas circunstacircncias a mulher dificilmente sobrevivia tendo em vista as
precaacuterias condiccedilotildees teacutecnicas em que o parto ocorria ateacute o seacuteculo XIX Com o avanccedilo das
teacutecnicas ciruacutergicas o parto cesaacutereo passou a ser considerado seguro o que representou
inicialmente bons resultados obsteacutetricos principalmente a partir do iniacutecio da segunda metade
do seacuteculo XX (BRASIL 200333)
Diante da aparente seguranccedila essa praacutetica passou a ser propagada por
profissionais que para sua comodidade continuaram a divulgar o parto cesaacuterio como raacutepido
seguro e sem dor Largura (199876-77) enfatiza que a cesariana se tornou uma intervenccedilatildeo
banal muitas vezes realizada natildeo apenas por causa de uma urgecircncia obsteacutetrica para salvar a
vida da matildee ou da crianccedila em sofrimento mas porque conveacutem ao hospital equipe meacutedica e
mesmo a proacutepria mulher graacutevida
A realizaccedilatildeo de cesaacutereas desnecessaacuterias eacute potencialmente danosa jaacute que os riscos
de morbidade e mortalidade materna e perinatal satildeo maiores neste procedimento do que no
parto vaginal Contudo ainda hoje uma grande parcela de mulheres natildeo tecircm acesso a esse
parto quando necessitam (BRASIL 20033595)
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Paralelamente haacute evidecircncias que apontam para uma natildeo reduccedilatildeo da morbi-
mortalidade perinatal com o aumento da taxa de cesaacuterea que no Brasil eacute de 28 superior ao
niacutevel maacuteximo recomendado pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede que eacute de 15 ficando atraacutes
apenas de paiacuteses como o Chile e outros pequenos paiacuteses asiaacuteticos o que eacute considerado como
uma epidemia de partos operatoacuterios abdominais (BRASIL 20033237)
Diante disso foram criadas as portarias MSGM 2816 de 29 de maio de 1998
MSGM 865 de 03 de julho de 1999 MSGM 466 de 14 de junho de 2000 MSGM 426 de
04 de abril de 2001 que determinam o pagamento de um percentual maacuteximo de cesarianas
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de partos de cada hospital A introduccedilatildeo em 1998 destes limites
percentuais para o pagamento de cesarianas realizadas pelo Sistema Uacutenico de Sauacutede-SUS
tem sido responsaacutevel pela reduccedilatildeo do nuacutemero de mulheres submetidas a riscos ciruacutergicos
desnecessaacuterios (BRASIL 200324)
O uso indiscriminado de intervenccedilotildees na maioria das vezes eacute feita de forma
desnecessaacuteria e rotineira sem que sejam avaliadas as implicaccedilotildees desses procedimentos para
benefiacutecio da mulher e seu concepto Ao contraacuterio pode causar complicaccedilotildees seacuterias quando
aplicadas de forma inadequada
Osava (1997119-120) que a episiotomia eacute uma praacutetica utilizada em todas as
primiacuteparas que tecircm seu parto institucionalizado A episiotomia tem sido favorecida pela
posiccedilatildeo litotocircmica adotada no nosococircmio e seus respectivos profissionais formados para
intervir e facilitar o seu trabalho
A histoacuteria da episiotomia vem sendo discutida desde a metade do seacuteculo XX
inicialmente quando a gravidez o parto e o nascimento eram considerados eventos naturais e
fisioloacutegicos os meacutedicos as mulheres e seus familiares natildeo se sentiam agrave vontade com a ideacuteia
do corte Na segunda deacutecada do seacuteculo XX foi propagado que a gravidez eacute uma doenccedila e a
sua cura ciruacutergica a episiotomia comeccedilou a ser utilizada de forma rotineira Hoje a
episiotomia deve ser reservada a situaccedilotildees extremas excepcionais dentre elas o sofrimento
fetal quando eacute preciso agilizar o nascimento Baseado em evidecircncias ficou claro que o
procedimento natildeo diminui a incidecircncia de disfunccedilotildees ao contraacuterio aumenta a incidecircncia de
dor durante a relaccedilatildeo sexual sem contar no desconforto que causa a curto meacutedio e longo
prazo (SANTOS 20031)
Dentro dessa oacutetica haacute autores que defendem praacuteticas natildeo invasivas que
privilegiam a mulher como protagonista do seu parto o que tem demonstrado benefiacutecios
vivenciados pela mulher e a crianccedila De acordo com Basile (200017) o parto na posiccedilatildeo
lateral esquerda aleacutem de evitar compressatildeo dos grandes vasos e melhorar a circulaccedilatildeo
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materno-fetal deve ser estimulado por diminuir o uso de episiotomia e traumatismos
perineais graves daacute mais liberdade de movimento para a mulher natildeo limita o periacuteodo
expulsivo frente agraves condiccedilotildees maternas e fetais favoraacuteveis aleacutem de propiciar melhor
integraccedilatildeo entre a mulher acompanhante e profissional
Osava (20021) no ldquoEncontro Regional sobre Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutederdquo
organizado pela Universidade de Brasiacutelia (UnB) discutiu a necessidade de a mulher ser
menos passiva durante o nascimento dos filhos salientando que o nascimento hoje tem sido
visto apenas como um procedimento meacutedico o que cria nas mulheres a ideacuteia de que o
trabalho de parto eacute um verdadeiro castigo A mesma autora critica a manutenccedilatildeo de
intervenccedilotildees meacutedicas como a episiotomia a tricotomia o jejum e o desrespeito ao desejo da
mulher em ter um parto natural e fisioloacutegico
Paiva (199910) destaca que o perfil do profissional meacutedico se adequa mais a
teacutecnicas intervencionistas enquanto que as enfermeiras obstetras por procedimentos menos
invasivos e mais humanizados
O processo de parir requer muita sensibilidade e percepccedilatildeo dos profissionais ao
priorizar que a mulher seja protagonista do nascimento do seu filho juntamente com o apoio
familiar mesmo que este aconteccedila numa instituiccedilatildeo de sauacutede Eacute o que se vecirc na descriccedilatildeo dos
autores a seguir que enfatizam a importacircncia da presenccedila familiar no processo do parir
Montgomery (1997193) ressalta a importacircncia da figura paterna na relaccedilatildeo
familiar e na construccedilatildeo da identidade dos filhos Os novos pais jaacute se mostram capazes de
partilhar verdadeira e profundamente as tarefas extenuantes as responsabilidades (materiais
e morais) de educar os filhos e organizar a casa No entanto a paternidade continua
desvalorizada como elemento de formaccedilatildeo do nuacutecleo familiar Tendo em vista que o pai eacute
proibido de participar do parto sob a alegaccedilatildeo de que ldquoeacute coisa de mulherrsquo
Collaccedilo (200233) defende a presenccedila paterna durante o nascimento a fim de
favorecer o viacutenculo familiar o compromisso com a mulher e a crianccedila proporcionando
conforto e seguranccedila para a mulher aleacutem da responsabilidade do pai pela prole
O parto natildeo eacute um processo apenas bioloacutegico eacute tambeacutem um acontecimento
socialcultural envolvendo a famiacutelia que passaraacute a transformar a sociedade com a chegada
de um novo ser A humanizaccedilatildeo no atendimento integral agrave mulher deve estender-se desde a
preacute-concepccedilatildeo e inclusive puerpeacuterio sem complicaccedilotildees visando agrave promoccedilatildeo do parto e
nascimento saudaacuteveis e a prevenccedilatildeo da morbimortalidade materna e perinatal assim como
evitar as intervenccedilotildees desnecessaacuterias preservando a privacidade e autonomia da mulher O
movimento de preparaccedilatildeo para o parto e para a maternidade tem como um dos objetivos
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baacutesicos humanizar o processo do nascimento atualmente tatildeo mecanizado e dissociado de seu
contexto emocional (MALDONADO 198452)
CAMINHO METODOLOacuteGICO
Trata-se de uma pesquisa teoacuterica exploratoacuteria descritiva que procurou obedecer
agraves normas da ABNT Foi baseada em uma ampla investigaccedilatildeo de referencias bibliograacuteficas
sobre a temaacutetica escolhida atraveacutes de uma coletacircnea em artigos monografia dissertaccedilotildees e
teses que explorem o assunto e satisfaccedila a curiosidade dos pesquisadores embora natildeo tenha a
pretensatildeo de esgotar ao assunto jaacute que a fonte de conhecimento existente eacute inesgotaacutevel
Conforme afirma Gil (1999) apesar de todas as pesquisas exigirem vaacuterias
referencias bibliograacuteficas para fundamentarem o estudo a pesquisa bibliograacutefica eacute
exclusivamente desenvolvida com esse objetivo
O mesmo autor destaca que a pesquisa bibliograacutefica eacute desenvolvida de acordo
com os seguintes criteacuterios formulaccedilatildeo do problema elaboraccedilatildeo do plano de trabalho
identificaccedilatildeo das fontes localizaccedilatildeo do material confecccedilatildeo de fichas construccedilatildeo loacutegica do
trabalho e redaccedilatildeo do texto O plano de trabalho sendo flexiacutevel eacute sucessivamente formulado e
sua elaboraccedilatildeo depende da clara contextualizaccedilatildeo do problema a fim de encaminhar os
procedimentos seguintes O desenvolvimento da pesquisa depende da coleccedilatildeo de itens
ordenados em seccedilotildees atraveacutes da confecccedilatildeo de fichas o que permitiu um melhor
direcionamento do que se propunha investigar
Apesar da pesquisa ser uma atividade teoacuterica alia pensamento e accedilatildeo onde nada
pode ser intelectualmente um problema se natildeo tiver sido vivenciado no cotidiano humano A
investigaccedilatildeo estaacute vinculada a interesses e circunstacircncias socialmente condicionadas
determinada em sua inserccedilatildeo na realidade nela encontrando seus motivos e objetivos
(MINAYO 2002)
O presente estudo para o seu enriquecimento buscou textos de revistas
perioacutedicas artigos dissertaccedilotildees teses livros e manuais ministeriais privilegiando
bibliografias atualizadas nos uacuteltimos cinco anos Apoacutes a identificaccedilatildeo das fontes realizamos
a confecccedilatildeo e organizaccedilatildeo de fichas leituras a fim de sintetizar as principais ideacuteias dos
outros autores pesquisados servindo de consulta e confecccedilatildeo final do trabalho estudado
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
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Diante do vasto conhecimento levantado com a contribuiccedilatildeo de outros autores
foi possiacutevel observar que a problemaacutetica estudada tem despertado a atenccedilatildeo de vaacuterios
profissionais que direta ou indiretamente estatildeo envolvidos com a realidade investigada e
atraveacutes de pesquisas fundamentadas manifestaram o desejo de mudar os cotidianos
cruelmente banalizados e desumanos que habitam em nossas maternidades
A pesquisa bibliograacutefica pretende contribuir com a sensibilizaccedilatildeo de
profissionais de sauacutede que assistem a mulher a adotarem condutas que tragam bem-estar e
garantam a seguranccedila para a mulher e o bebecirc como tambeacutem a famiacutelia e sociedade a se
sentirem responsaacuteveis pelo nascimento como um processo natural e humano com eacutetica
compromisso e solidariedade a fim de resgatar um dos principais papeacuteis da mulher que eacute o
de ser matildee com autonomia
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2
THE RENAISSANCE OF NORMAL CHILDBIRTH HUMANIZED
PERFORMANCE OF NURSE OBSTETRIC
Moura Fernanda Maria de Jesus S ousa Piressup1Nery Inez Sampaiosup2
Saacute Maria Iacuteris Mendes da Rochasup3
One is about an exploratory descriptive study whose objectives had been to describethrough a bibliographical survey the rescue to the physiological childbirth and to argue theperformance of the nurse obstetric in centrehome of childbirth It was used as instrumentresearch in books magazines manuals Internet and others The data had disclosed that thebirth is historically a natural event and the woman was to long of the centuries theprotagonist of its childbirth with the support of the reliable family and obstetricians of thecommunity Mainly from century XX with the institutionalization of the childbirth thisevent that was close and feminine it passed public and to be medical what it hascontributed with the high Caesarean taxes of and morbimortality maternal and preinstall Ofthis situation some measures had been adopted by the Brazilian government amongst themwould carry ministerial from 1998 that they aim at to the reduction of the unnecessaryinterventions in the physiological childbirth and still recently was elaborated the nationalpact for the reduction of mortality maternal and neonatal that is a problem of public healthIt was evidenced important contribution that the nursersquos obstetrics have given in theassistance to the woman over all in whom if she relates to the humanizes andaccomplishment of the normal childbirth One concludes therefore that the healthprofessionals are sensible to the changes that aim at the rescue of the autonomy respect andcitizenship of the woman
Keywords Physiological childbirth Health Nurse obstetric
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3
O RENASCIMENTO DO PARTO NORMAL HUMANIZADO
ATUACcedilAtildeO DA ENFERMEIRA OBSTETRA
Moura Fernanda Maria de Jesus S ousa PiresNery Inez Sampaio
Saacute Maria Iacuteris Mendes da Rocha
INTRODUCcedilAtildeO
A maternidade ao longo dos seacuteculos tem sido valorizada e cobrada pela
sociedade como um dos mais importantes papeacuteis atribuiacutedos agrave natureza feminina o que influi
no prazer gratificaccedilatildeo e felicidade que a mulher sente ao conceber Com isso a capacidade
de maternar se reproduz e eacute construiacuteda culturalmente no interior da estrutura psiacutequica
feminina sendo internalizada e psicologicamente reforccedilada (ALMEIDA 199646)
O nascimento foi historicamente um evento natural fisioloacutegico feminino e
inerente ao cotidiano familiar Ateacute o final do seacuteculo XIX a assistecircncia ao parto era
predominantemente domiciliar realizado por parteiras socialmente reconhecidas que
exerciam um papel fundamental na comunidade ao acompanhar o parto com muita
dedicaccedilatildeo apesar de natildeo serem respaldadas cientificamente e sim de forma empiacuterica As
mulheres participavam de forma ativa durante o nascimento dos seus filhos com apoio da
parteira e dos familiares (PIRES 1989107) Ateacute essa eacutepoca os meacutedicos natildeo tinham interesse
em dominar a praacutetica sobre a reproduccedilatildeo por considerar uma atividade suja desvalorizada e
inerente ao sexo feminino (ARRUDA 198940)
Desde os primoacuterdios da civilizaccedilatildeo as parteiras e mulheres que praticavam a
cura eram consideradas pela populaccedilatildeo saacutebias e parte integrante do cotidiano daquelas
pessoas Contudo apoacutes a idade meacutedia essas mulheres foram denominadas como perigosas
por desafiar a ordem vigente e transgredir a moral cientiacutefica e religiosa da eacutepoca sendo entatildeo
reiniciado pela igreja meacutedicos e poderosos um movimento denominado de caccedila as bruxas
Essa perseguiccedilatildeo perdurou do seacuteculo XIV ao seacuteculo XIX em toda Europa (PIRES 1989108)
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4
1 Doutora em Enfermagem Profordf Adjunta e Coodenadora do Mestrado em Enfermagem daUFPI Endereccedilo Rua Antocircnio Chaves nordm 1896 Satildeo Cristoacutevatildeo Teresina-PI E-mailNerywebonecombrsup2 Mestranda em Enfermagem e Profordf auxiliar do dep Enf Da UFPI e Profordf da NOVAFAPIsup3 Mestre em Enfermagem Profordf da NOVAFAPI
No Brasil colocircnia a parteira possuidora de saber empiacuterico rico em crenccedilas e
misticismo detinha a arte de partejar de maneira independente Pires (1989108) ressalta o
processo de praacutetica das parteiras com a formaccedilatildeo de pessoal para a assistecircncia ao parto
permanecendo sob controle dos meacutedicos como curso anexo agraves escolas de medicina assim
como o curso de farmaacutecia em 1832
Com a institucionalizaccedilatildeo do parto nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX o mesmo
passou a ser visto como um processo patoloacutegico que merecia ser controlado a fim de evitar a
morte materna e perinatal Com isso as parteiras tradicionais sofreram criacuteticas a respeito do
seu ofiacutecio e as parteiras diplomadas perderam a essecircncia de partejar com arte e autonomia
(PROGIANTI BARREIRA 200196)
Apesar dos benefiacutecios produzidos atraveacutes do conhecimento tecnoloacutegico sobre as
patologias obsteacutetricas a medicalizaccedilatildeo da assistecircncia ao parto influenciou na desumanizaccedilatildeo
desse evento e na formaccedilatildeo da enfermeira obstetra de acordo com o modelo biomeacutedico
(CAPARROZ 200321)
Ao mesmo tempo as mulheres passaram a ser agentes passivas desse processo
que deixou de ser vivenciado de forma privada e feminina para tornar-se um evento puacuteblico e
masculino num processo cada vez mais intervencionista e complicado
Assim as mulheres foram retiradas do aconchego do seu lar e da companhia dos
seus familiares para um ambiente frio e impessoal em que na maioria das vezes profissionais
desconhecidos e sem identificaccedilatildeo exerciam sem permissatildeo e justificativa uma seacuterie de
procedimentos invasivos e dolorosos como se a parturiente fosse um objeto sem identidade e
voz
A OMS (199614) se pronuncia a respeito destacando que num hospital de
ensino a mulher pode ser atendida por um grande nuacutemero de profissionais e estudantes
durante vaacuterias horas e mesmo assim se sentir soacute durante a maior parte do tempo A OMS
define o parto normal como sendo
De iniacutecio espontacircneo baixo risco do trabalho de partopermanecendo assim durante todo o processo ateacute o nascimento Obebecirc nasce espontaneamente em posiccedilatildeo de veacutertice entre 37 e 42semanas completo de gestaccedilatildeo Apoacutes o nascimento matildee e filho emboas condiccedilotildees (OMS 19964)
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A gravidez na maioria das vezes eacute motivo de felicidade para a mulher e seus
familiares e o momento do parto eacute aguardado com grande expectativa alegria como tambeacutem
com ansiedade Entretanto apesar do seguimento da mulher no acircmbito hospitalar com
emprego de tecnologia disponiacutevel a mortalidade natildeo diminuiu pelo contraacuterio agraves estatiacutesticas
mostram uma triste realidade relacionada agraves altas taxas de mortalidade materna por causas
ligadas agrave gravidez ao parto e ao puerpeacuterio que muitas vezes poderiam ser evitadas se
houvessem boas condiccedilotildees de vida dessas mulheres associado agrave atenccedilatildeo integral da sauacutede
com ampliaccedilatildeo do acesso e principalmente pela melhoria da assistecircncia agrave mulher no ciclo
graacutevido puerperal (BRASIL 20027)
Os paiacuteses em desenvolvimento concentram uma grande parcela dessas mulheres
desassistidas o que constitui um grave problema de sauacutede puacuteblica Embora no Brasil a
subinformaccedilatildeo e o sub-registro dificultem os registros fidedignos da mortalidade materna o
Ministeacuterio da Sauacutede em 1996 criou mecanismos apropriados para corrigir essas distorccedilotildees
Em 1998 a Razatildeo de Mortalidade Materna (RMM) brasileira obtida a partir de oacutebitos
declarados foi de 648 oacutebitos maternos por 100000 nascidos vivos (BRASIL 20028)
A mesma fonte descreve que nas regiotildees Sul e Sudeste estes valores foram
respectivamente de 762 e 70 Jaacute nas regiotildees Norte Nordeste e Centro Oeste foram de 561
548 e 57 respectivamente As grandes diferenccedilas entre as regiotildees citadas estatildeo de acordo
com a melhor qualidade do registro de oacutebitos nas primeiras regiotildees mencionadas Todavia no
Piauiacute a Razatildeo de Mortalidade Materna por nascidos vivos foi de 8435 Num total de 47
oacutebitos por 55715NV (PIAUIacute 2003)
A morte de uma mulher durante a gestaccedilatildeo ou ateacute 42 dias apoacutes o teacutermino da
gestaccedilatildeo independente da duraccedilatildeo ou da localizaccedilatildeo da gravidez eacute causada por qualquer
fator relacionado ou agravado pela gravidez ou por medidas tomadas em relaccedilatildeo a ela De
acordo com a Classificaccedilatildeo internacional de Doenccedilas-CID 10 foi definido como morte
materna tardia a morte de uma mulher por causas obsteacutetricas diretas ou indiretas ocorridas
apoacutes os 42 dias de puerpeacuterio e inferior a um ano apoacutes o fim da gravidez (BRASIL
20021011)
Nesse sentido na maioria das vezes as mulheres viacutetimas de Mortalidade Materna
satildeo jovens e aleacutem do receacutem-nascido deixam outros oacuterfatildeos desprovidos dos cuidados maternos
e uma famiacutelia desestruturada visto que a mulher ainda eacute o grande alicerce de sustentaccedilatildeo do
lar na nossa sociedade
Na histoacuteria da humanidade as mulheres satildeo sobreviventes da violecircncia aborto e
morte materna durante a gravidez o parto ou puerpeacuterio Satildeo fatos do cotidiano de mulheres
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desprovidas de direitos satildeo mortes por causas evitaacuteveis em 96 dos casos Morrer de parto eacute
uma das mais graves violaccedilotildees dos direitos humanos e as brasileiras morrem por falta de
alguns cuidados muito simples como por exemplo a medida e o acompanhamento da
pressatildeo arterial Em todos os paiacuteses morrem mais as pobres A mortalidade materna eacute uma
das principais causas de morte feminina de 15 a 49 anos nos paiacuteses subdesenvolvidos
(OLIVEIRA 20022)
No Brasil a principal causa de morte materna eacute a hipertensatildeo arterial natildeo tratada
As mortes maternas estatildeo associadas agrave falta de assistecircncia digna e agrave negligecircncia que vatildeo
desde o natildeo atendimento ateacute agrave maacute qualidade do serviccedilo prestado Tanaka (200133) enfatiza
ainda que entre as causas obsteacutetricas diretas o aborto eacute a quarta causa de oacutebito materno no
paiacutes o que demonstra que as accedilotildees de planejamento familiar natildeo estatildeo funcionando
adequadamente apesar de ser um direito garantido na Constituiccedilatildeo de 1988
Nesse contexto a grande maioria dessas mulheres procura o serviccedilo de sauacutede no
periacuteodo graviacutedico puerperal com o objetivo de prevenir qualquer intercorrecircncia que possa
afetar a sua vida e do seu concepto e nem sempre a assistecircncia necessaacuteria agraves mulheres eacute
realizada
Segundo Tanaka (1996129) a instituiccedilatildeo muitas vezes impotildee um outro risco agrave
matildee que eacute a maacute qualidade da atenccedilatildeo recebida e a dificuldade ao acesso dos serviccedilos de
sauacutede Enfatiza ainda que a ldquoprevisibilidade e evitabilidade do oacutebito estatildeo ligadas
diretamente agrave oportunidade e agrave qualidade da assistecircncia recebida pela mulher durante a
gestaccedilatildeo o parto e puerpeacuteriordquo
A mesma autora aborda ainda que apesar do incentivo e apoio teacutecnico do MS a
partir de 1988 com a criaccedilatildeo de comitecircs no paiacutes como forma de atingir os compromissos
assumidos internacionalmente de reduccedilatildeo da morte materna em 50 ateacute 2000 essa meta natildeo
foi alcanccedilada tendo em vista que os direitos das mulheres agrave vida ao planejamento familiar e
a uma melhor qualidade de assistecircncia ainda natildeo foram alcanccedilados
A medicalizaccedilatildeo do parto influenciou no uso cada vez maior de cesaacuterea e
negativamente nos iacutendices de morbimortalidade materna e perinatal o que favoreceu a
desumanizaccedilatildeo da assistecircncia aleacutem dos altos custos hospitalares (CAPARROZ 20037)
Considerando o exposto Cianciarullo (20033536) afirma que a qualidade da
assistecircncia prestada a mulher e a crianccedila estaacute diretamente ligada agrave competecircncia compromisso
e responsabilidade dos profissionais de sauacutede e principalmente da enfermeira que se
preparam para exercer essa atividade
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A mesma autora fala sobre a aplicaccedilatildeo do meacutetodo cientiacutefico que eacute de fundamental
importacircncia na resoluccedilatildeo dos problemas de enfermagem ao propiciar a tomada de decisotildees
em bases concretas atraveacutes da consciecircncia criacutetica e transformadora sobre a realidade que se
apresenta jaacute que para cuidar de pacientes eacute imprescindiacutevel o uso de elementos cientiacuteficos e
humaniacutesticos pautados no processo de enfermagem O sucesso da assistecircncia depende
tambeacutem do uso da comunicaccedilatildeo que eacute um poderoso instrumento baacutesico de enfermagem
garantindo a qualidade do processo de cuidar
A loacutegica humanizar eacute acima de tudo ficar ao lado proporcionar conforto
orientaccedilotildees ouvir esclarecimento comprometimento com o nascimento de um novo ser de
forma segura digna e responsaacutevel propiciando que a parturiente seja sujeito desse processo
uacutenico A humanizaccedilatildeo deve ser a mola mestra do atendimento agrave concepccedilatildeo atualmente existe
um movimento mundial em prol desta humanizaccedilatildeo estimulando os profissionais de sauacutede a
repensarem agrave sua praacutetica buscando a transformaccedilatildeo da realidade no cotidiano do cuidado
O trabalho de parto deve ser abordado com eacutetica profissional em todas as
situaccedilotildees de atenccedilatildeo agrave sauacutede Nesse sentido eacute fundamental o respeito agrave mulher e a seus
familiares ao chamaacute-la pelo nome permitir que ela identifique cada membro da equipe
informaacute-la sobre os diferentes procedimentos a que seraacute submetida propiciar-lhe um
ambiente acolhedor limpo confortaacutevel e silencioso esclarecer suas duacutevidas e aliviar suas
ansiedades satildeo atitudes relativamente simples eacutetica e humana (BRASIL 200339)
O Precircmio Galba Arauacutejo foi instituiacutedo em 1999 pelo Ministeacuterio da sauacutede com o
propoacutesito de incentivar o serviccedilo puacuteblico na humanizaccedilatildeo do seu atendimento privilegiando
o acolhimento e autonomia da mulher e seu companheiro no momento do parto atraveacutes das
portarias 2883 de 04 de junho de 1998 e 1406 de 15 de dezembro de 1999 (BRASIL
200324)
Conforme a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede a parturiente durante um parto
natural humanizado deve escolher a pessoa em quem confia para o acompanhamento do seu
parto bem como privacidade e acesso a todas informaccedilotildees e explicaccedilotildees que deseje e
necessite conhecer Aleacutem do apoio a mulher tem a liberdade de lanccedilar matildeo de meacutetodos que
aliviem a sua dor durante o trabalho de parto como assumir qualquer posiccedilatildeo mais
confortaacutevel no leito ou fora dele banho de chuveiro toques e massagens frequumlentes
respiraccedilatildeo ritmada e ofegante fundo musical e outros
Para tanto eacute importante centrar-se na valorizaccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo da pessoa
para a conquista dos direitos e valores da cidadania com responsabilidade e eacutetica Cabe
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lembrar que a humanizaccedilatildeo do parto tambeacutem estaacute relacionada ao acesso das mulheres a
melhores condiccedilotildees de vida e sauacutede
A enfermagem fazendo parte da equipe de sauacutede eacute a que dedica mais tempo junto
agrave clientela e por isso observa melhor os clientes em seus anseios medos duacutevidas e
esperanccedilas e por ser tambeacutem uma profissatildeo tradicionalmente voltada para o cuidar pois eacute o
seu objeto e o profissional que se dedica ao cuidado ama e respeita a vida tendo durante a
sua formaccedilatildeo acadecircmica e a vida profissional priorizado e zelado pela eacutetica e qualidade dos
serviccedilos prestados agrave populaccedilatildeo
A enfermagem atual estaacute alerta para questotildees sociais de uma profissatildeo solidaacuteria
que eacute o novo enfoque eacutetico jaacute que a promoccedilatildeo da sauacutede soacute eacute possiacutevel se houver qualidade de
vida considerando-se o mundo globalizado para poucos que supervaloriza a racionalidade o
ter a teacutecnica e a robotizaccedilatildeo em detrimento da sensibilidade e a emoccedilatildeo O profissional de
enfermagem tem consciecircncia das condiccedilotildees adversas em que vive uma parcela significativa
da populaccedilatildeo
O cuidado tem sido essencial para o crescimento desenvolvimento e
sobrevivecircncia dos seres humanos desde o seu surgimento sendo foco da Enfermagem
enquanto disciplina e profissatildeo Cuidar o ser humano eacute um ato que requer empatia
sensibilidade e tambeacutem conhecimento Cuidar eacute tambeacutem ouvir tocar o outro e fazer por ele
o que ele proacuteprio natildeo consegue Para Santos Prado Boehs (2001378) o cuidado sendo a
essecircncia da enfermagem eacute fundamental para o bem estar a sauacutede a cura o crescimento e a
sobrevivecircncia
Erdman (199162-63) afirma que a atividade de cuidado da enfermagem eacute feita
pela accedilatildeo de seus profissionais de acordo com necessidades levantadas e que o ser humano
ao se colocar na dependecircncia da vontade de outras pessoas estaacute buscando o cuidado ao
valorizar a vida e o amor proacuteprio
Os autores Soares Santana Siqueira (2000107-109) definem a enfermagem como
sendo
A enfermagem eacute aleacutem da ciecircncia uma arte que se realiza atraveacutes docuidado que envolve ser estar pensar e fazer entre o ser que cuida e oque eacute cuidado Se o foco da enfermagem eacute o ser humano e a razatildeo deser da enfermeira eacute o cuidado entatildeo o cuidado humaniacutestico eacute econtinuaraacute sendo nosso fazer
O cuidar proporciona conforto agrave medida que ao aliviar o sofrimento ocasiona
bem estar ao cliente Conforme argumenta Morse (199871) apesar de o conforto natildeo ser
apenas diretamente relevante aos cuidados da enfermagem ainda constitui o objetivo baacutesico
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da profissatildeo O conforto contribuindo para a reduccedilatildeo da morbimortalidade eacute essencial ao
cuidado com o paciente
Arruda Nunes (199893) defendem que atraveacutes do conforto a pessoa recupera
sua forccedila acircnimo e bem estar melhorando sua qualidade de vida o conforto ocorre com o
cuidado favorecendo a integraccedilatildeo liberdade melhora seguranccedila e proteccedilatildeo Eacute dentro deste
contexto que o Ministeacuterio da Sauacutede vem implantando um conjunto de accedilotildees atraveacutes de
portarias ministeriais com o objetivo de estimular a melhoria da assistecircncia obsteacutetrica
A assistecircncia ao parto natural fora do acircmbito hospitalar pode ser uma escolha da
mulher desde que haja outras opccedilotildees que se assemelhem mais ao ambiente acolhedor do lar
mas com estrutura para agir e encaminhamentos devidos quando se fizer necessaacuterio
Hoje jaacute existem algumas alternativas como centros de parto em hospitais ou fora
deles onde mulheres de baixo risco podem dar agrave luz num ambiente semelhante agrave domiciliar
aos cuidados de enfermeiras obstetras O grau de satisfaccedilatildeo das mulheres com esse tipo de
cuidado supera o da assistecircncia convencional (OMS 199611)
O Centro de Parto Normal-CPN visa assistir exclusivamente os partos e
nascimentos normais aleacutem de garantir a privacidade e o conforto do casal durante o processo
de parturiccedilatildeo composto de um quarto para preacute-parto parto e puerpeacuterio (PPP) O CPN
valoriza o processo fisioloacutegico do nascimento ao utilizar estrateacutegias natildeo medicamentosas de
aliacutevio agrave dor a participaccedilatildeo ativa da mulher no trabalho de parto e parto e a liberdade de
escolha da posiccedilatildeo em que ela deseja dar agrave luz (OSAVA 20018)
O CPN criado atraveacutes da portaria nordm 985GM de 05 de agosto de 1999 visa
prestar assistecircncia no periacuteodo graviacutedico puerperal e parto normal sem distoacutecia Os objetivos
principais do CPN visam garantir acesso e assistecircncia ao parto nos Serviccedilos de Sauacutede do
SUS reduzir a mortalidade materna e perinatal humanizar a assistecircncia agrave gravidez ao parto
e ao puerpeacuterio e garantir a melhoria ao a melhoria da qualidade da assistecircncia agrave mulher no
preacute-natal (TYRRELL 20015)
A mesma autora acrescenta que a equipe miacutenima do CPN deve ser composta por
um enfermeiro com especialidade em enfermagem obsteacutetrica um auxiliar de enfermagem
um auxiliar de serviccedilos gerais e um motorista Deve ainda contar com uma equipe
complementar composta por um meacutedico obstetra e um meacutedico pediatra ou neonatologista A
presenccedila de parteira tradicional obedeceraacute agrave cultura de cada localidade
A portaria MSGM 2815 de 29 de maio de 1998 inclui na tabela do Sistema de
Informaccedilotildees Hospitalares do SUS o procedimento ldquoparto normal sem distoacutecia realizado por
enfermeira (o) obstetrardquo e tem como objetivo principal enfatizar a assistecircncia prestada por
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este profissional no que diz respeito ao parto humanizado Apesar do nuacutemero de enfermeiras
(os) obstetras atuando no paiacutes ainda ser muito pouco embora na realidade o nuacutemero de
partos realizados por esta categoria seja bem maior Sendo assim o Ministeacuterio da Sauacutede estaacute
financiando a realizaccedilatildeo de cursos de especializaccedilatildeo em enfermagem obsteacutetrica (BRASIL
200323)
Outro ponto importante a destacar eacute o exerciacutecio profissional da enfermagem que
dispotildee sobre a Lei 749886 e o decreto 9440687 em seu artigo 9ordm enfatiza que as
profissionais titulares de diploma ou certificados de Obstetriz ou enfermeira Obsteacutetrica
incumbe
I Prestaccedilatildeo de assistecircncia agrave parturiente e ao parto normal
II Identificaccedilatildeo das distoacutecias obsteacutetricas e tomadas de
providecircncias ateacute a chegada do meacutedico
III Realizaccedilatildeo de episiotomia e episiorrafia com aplicaccedilatildeo de
anestesia local quando necessaacuteria
O decreto tambeacutem discorre no paraacutegrafo uacutenico do Art 12 que as enfermeiras
obstetras satildeo responsaacuteveis pela supervisatildeo das atividades da parteira ao serem realizadas em
instituiccedilotildees de sauacutede Diante disso a OMS (1996) ressalta sua posiccedilatildeo de separar o parto
normal de sua condiccedilatildeo patoloacutegica Defende entatildeo que no parto normal deveria existir uma
razatildeo vaacutelida para se intervir em um processo natural lembrando que a responsabilidade de
quem acompanha estas mulheres eacute basicamente o de facilitar este processo natural
A denominaccedilatildeo do termo ldquoMidwiferdquo significa enfermeira obsteacutetrica parteira Na
Europa possuem curso superior com especializaccedilatildeo em obstetriacutecia com duraccedilatildeo de quatro
anos satildeo profissionais que fazem partos normais sem complicaccedilotildees (BALASKAS 19934)
No que se refere agrave definiccedilatildeo internacional de enfermeira-parteira segundo a
OMS a CIP (Confederaccedilatildeo Internacional de Parteiras) e a FIGO (Federaccedilatildeo Internacional de
Ginecologia e Obstetriacutecia) informa que o programa de treinamento eacute reconhecido pelo
governo que credencia a parteira a exercer suas atividades Geralmente essa pessoa eacute uma
competente prestadora de serviccedilos de obstetriacutecia especialmente treinada para a assistecircncia ao
parto normal (OMS 19964)
Contudo a mesma fonte ressalta ainda a importacircncia da atuaccedilatildeo de profissional
qualificado para prestar assistecircncia obsteacutetrica A enfermeira-obstetra como eacute chamada no
Brasil eacute considerada a pessoa fundamental para a assistecircncia obsteacutetrica Entretanto alguns
paiacuteses enfrentam escassez destas profissionais especializadas As que existem no Brasil estatildeo
mal distribuiacutedas com suas funccedilotildees desviadas trabalham em hospitais natildeo especializados
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mais nas cidades grandes e capitais que nas aacutereas rurais onde ainda uma grande parcela das
mulheres encontram-se desassistidas por profissionais com preparo teacutecnico cientiacutefico
Cabe colocar que o profissional qualificado que presta assistecircncia durante a
gestaccedilatildeo parto e puerpeacuterio deve ter sensibilidade para transmitir seguranccedila conforto e bem
estar individualizado a mulher aliando os avanccedilos cientiacuteficos quando necessaacuterio e ao
permitir o resgate da autonomia da mulher no seu parto (BRASIL 200319)
Diante da problemaacutetica exposta o Ministeacuterio da Sauacutede ao tomar conhecimento
das inuacutemeras reclamaccedilotildees realizadas por parte do usuaacuterio quanto ao pouco acesso e a maacute
assistecircncia recebida no setor puacuteblico resolveu lanccedilar programas que visem resgatar o ser
humano de cada profissional que atua na aacuterea de sauacutede incentivando tambeacutem a melhoria da
estrutura fiacutesica e material das instituiccedilotildees a fim de criar condiccedilotildees viaacuteveis as suas propostas
Juntamente com a criaccedilatildeo do Programa Nacional de Humanizaccedilatildeo da Assistecircncia
Hospitalar (PNHAH) em maio de 2000 o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) atraveacutes das
portariasGM 56900 57000 57100 e 57200 de 162000 instituiu tambeacutem o Programa de
Humanizaccedilatildeo no Preacute-Natal e Nascimento (PHPN) ao perceber a necessidade de atender de
forma mais especiacutefica grupos de risco considerados mais vulneraacuteveis por continuarem a
evidenciar taxas alarmantes de morbimortalidade no periacuteodo da gestaccedilatildeo parto e poacutes-parto o
que envolve de forma cruel e omissa duas ou mais vidas O Programa tem como principal
objetivo aprimorar as relaccedilotildees entre profissionais de sauacutede e usuaacuterio dos profissionais entre
si e do hospital com a comunidade resgatando a imagem do serviccedilo puacuteblico de sauacutede tatildeo
desgastado ao longo da histoacuteria perante a comunidade (BRASIL 2000)
Recentemente tambeacutem foi lanccedilado o Pacto Nacional pela Reduccedilatildeo da
Mortalidade Materna e Neonatal com o compromisso das trecircs esferas de gestatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede em conjunto com outros oacutergatildeos de governo e entidades da sociedade civil O
objetivo eacute a reduccedilatildeo da mortalidade de mulheres e de receacutem-nascidos em 15 ateacute o ano de
2007 jaacute que as complicaccedilotildees da gravidez aborto parto e poacutes-parto atingem mais de duas
mil mulheres e mais de oito mil receacutem-nascidos anualmente (BRASIL 2004)
Essas medidas visam estimular uma atenccedilatildeo mais criteriosa e humanizada agrave
populaccedilatildeo de forma geral que busca o serviccedilo puacuteblico Jaacute o Programa de Humanizaccedilatildeo no
Preacute-Natal e Nascimento a fim de tentar reduzir as altas taxas de morbimortalidade materna e
perinatal visa assegurar a cobertura e a qualidade do acompanhamento preacute-natal assistecircncia
ao parto puerpeacuterio e neonatal
Neste sentido a humanizaccedilatildeo defende que eacute dever das unidades de sauacutede receber
com dignidade a mulher seus familiares e o receacutem-nascido Isto requer atitude eacutetica e
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solidariedade por parte dos profissionais de sauacutede organizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo de modo a criar
um ambiente acolhedor e adotar condutas hospitalares que rompam com o tradicional
isolamento imposto agrave mulher
O usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico de sauacutede tem sido desconsiderado da sua condiccedilatildeo
de ser humano e cidadatildeo ao ser ignorado enquanto sujeito pelos profissionais de sauacutede que
ao desprezarem o trabalho em equipe desperdiccedilam a oportunidade de manterem o diaacutelogo
entre si e como o principal interessado e beneficiado eacute a clientela seria uma preciosa
contribuiccedilatildeo para a melhoria da assistecircncia
Cabe colocar que uma eficaz integraccedilatildeo entre a assistecircncia ambulatorial com a
hospitalar eacute importante para a mulher e sua famiacutelia que tendo a oportunidade de escolher e
realizar o seu preacute-natal em determinado serviccedilo de sauacutede passa a conhecer as instituiccedilotildees e
os profissionais que ali desenvolvem suas atividades proporcionando conforto e confianccedila a
mulher na hora de dar aacute luz
Conforme ressalta a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) ao recomendar que
os serviccedilos de preacute-natal e os profissionais envolvidos devem adotar medidas educativas de
prevenccedilatildeo e controle da ansiedade ao promover visitas das gestantes e acompanhantes agraves
unidades de referecircncia para o parto no sentido de minimizar o estresse do processo de
internaccedilatildeo no momento do parto (BRASIL 200327)
OBJETO DO ESTUDO
Oslash Com base na pesquisa foi destacado como objeto de estudo a
caracterizaccedilatildeo e o resgate do parto normal humanizado
OBJETIVOS
Oslash Realizar um levantamento histoacuterico sobre parto normal
Oslash Identificar as portarias do Ministeacuterio da Sauacutede sobre Parto Normal
Oslash Descrever a atuaccedilatildeo da enfermeira obstetra nos centros de
partocasas de parto
JUSTIFICATIVA E RELEVAcircNCIA DO ESTUDO
O nascimento eacute historicamente um evento natural e como tal foi vivenciado ao
longo dos seacuteculos no seio familiar com apoio de parteiras de confianccedila das comunidades No
entanto no Brasil a partir do seacuteculo XX com a institucionalizaccedilatildeo do parto a fim de
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diminuir as altas taxas de morbimortalidade materna e perinatal o parto passou a ser
controlado e medicalizado pelos meacutedicos
Com o excesso de praacuteticas intervencionistas e na maioria das vezes desnecessaacuteria
o parto de um evento iacutentimo feminino e com a participaccedilatildeo ativa da mulher passou a ser
puacuteblico e passivo Cabe destacar que apesar da hospitalizaccedilatildeo do parto a mulher ao ser
admitida numa maternidade aleacutem de perder sua identidade nome e autonomia passa longos
periacuteodos no preacute e poacutes-parto praticamente soacute sem a companhia de uma pessoa de sua
confianccedila e escolha
A OMS (199613) defende que tanto nos paiacuteses desenvolvidos como nos paiacuteses em
desenvolvimento mesmo com todos equipamentos teacutecnicos mas sem apoio por parte de
prestadores de serviccedilos as parturientes sentem-se isoladas desprotegidas e sem privacidade
Diante disso a intensa medicalizaccedilatildeo que o corpo feminino sofreu nas uacuteltimas
deacutecadas e a aparente seguranccedila do parto institucionalizado tem contribuiacutedo com o aumento
significativo da mortalidade materna e neonatal Contudo atualmente essas praacuteticas
satildeo questionadas principalmente no espaccedilo hospitalar
Com isso foram criados pelo ministeacuterio da sauacutede programas para humanizar o
parto e nascimento nas maternidades puacuteblicas como tambeacutem portarias que estimulam a
criaccedilatildeo de casascentros de parto normal com a atuaccedilatildeo do profissional enfermeira obstetra
aleacutem de incentivar atitudes por parte dos profissionais de sauacutede que garantam a mulher natildeo
soacute os benefiacutecios dos avanccedilos cientiacuteficos quando necessaacuterio mas fundamentalmente
incentivando a autonomia da mulher no parto
Diante do exposto resolvemos fazer um levantamento bibliograacutefico sobre o parto
normal e o nascimento que historicamente passou de um evento natural e marcante na vida da
mulher e famiacutelia para ser vivenciado por outros atores oficialmente preparados para
comandar ordenar e transformar eventos fisioloacutegicos em doenccedilas
Bruumlggemann (200156) afirma que o trabalho em equipe interdisciplinar na aacuterea de
sauacutede em maternidade deve ser fundamentado na cumplicidade no diaacutelogo estar aberto a
mudanccedilas visando uma assistecircncia humanizada entre equipe clientela e famiacutelia
Eacute um estudo relevante no contexto do debate sobre a humanizaccedilatildeo do parto
porque se espera contribuir para a melhoria da qualidade assistencial prestada agrave clientela
atendida no serviccedilo como tambeacutem na aacuterea de ensino colaborando para a formaccedilatildeo de novos
profissionais de enfermagem como auxiliares teacutecnicas (os) enfermeiras (os) e atraveacutes da
educaccedilatildeo continuada de profissionais bem como na poacutes-graduaccedilatildeo lato senso e stricto
senso Como tambeacutem servir de subsiacutedios para novas pesquisas que abordem a mesma
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temaacutetica e principalmente incentivar a criaccedilatildeo de casascentro de parto normal em
TeresinaPI
BASES TEOacuteRICAS
Com a hospitalizaccedilatildeo do parto normal mais precisamente a partir do seacuteculo
XIX houve uma expansatildeo da assistecircncia meacutedica no Brasil e programas de sauacutede como a
assistecircncia preacute-natal associada agrave institucionalizaccedilatildeo do parto que privilegiava a fase
reprodutiva da mulher a fim de garantir uma prole saudaacutevel e produtiva (BRASIL 2003
12-13)
A hospitalizaccedilatildeo do parto trouxe uma sobrecarga de estresse a parturiente aleacutem
daquela inerente ao proacuteprio processo parturitivo Os procedimentos rotineiros invasivos
autoritaacuterios e impessoais durante o trabalho de parto e ou parto causam estresse que pode
interferir na conduccedilatildeo normal do parto prolongando-o e propiciando o uso de teacutecnicas
intervencionistas e traumatizantes para a mulher e o bebecirc (OMS 199611)
Para tanto a parturiente estaacute cada vez mais distante de ser protagonista do seu
parto ao se submeter a ordens e atitudes o que resultou no uso excessivo de procedimentos
invasivos e traumatizantes que aumentam o estresse interferindo na conduccedilatildeo do parto
normal como no uso abusivo de cesariana nas uacuteltimas trecircs deacutecadas
Historicamente a cesaacuterea surgiu da necessidade em situaccedilotildees extremas de salvar
o feto jaacute que nessas circunstacircncias a mulher dificilmente sobrevivia tendo em vista as
precaacuterias condiccedilotildees teacutecnicas em que o parto ocorria ateacute o seacuteculo XIX Com o avanccedilo das
teacutecnicas ciruacutergicas o parto cesaacutereo passou a ser considerado seguro o que representou
inicialmente bons resultados obsteacutetricos principalmente a partir do iniacutecio da segunda metade
do seacuteculo XX (BRASIL 200333)
Diante da aparente seguranccedila essa praacutetica passou a ser propagada por
profissionais que para sua comodidade continuaram a divulgar o parto cesaacuterio como raacutepido
seguro e sem dor Largura (199876-77) enfatiza que a cesariana se tornou uma intervenccedilatildeo
banal muitas vezes realizada natildeo apenas por causa de uma urgecircncia obsteacutetrica para salvar a
vida da matildee ou da crianccedila em sofrimento mas porque conveacutem ao hospital equipe meacutedica e
mesmo a proacutepria mulher graacutevida
A realizaccedilatildeo de cesaacutereas desnecessaacuterias eacute potencialmente danosa jaacute que os riscos
de morbidade e mortalidade materna e perinatal satildeo maiores neste procedimento do que no
parto vaginal Contudo ainda hoje uma grande parcela de mulheres natildeo tecircm acesso a esse
parto quando necessitam (BRASIL 20033595)
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Paralelamente haacute evidecircncias que apontam para uma natildeo reduccedilatildeo da morbi-
mortalidade perinatal com o aumento da taxa de cesaacuterea que no Brasil eacute de 28 superior ao
niacutevel maacuteximo recomendado pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede que eacute de 15 ficando atraacutes
apenas de paiacuteses como o Chile e outros pequenos paiacuteses asiaacuteticos o que eacute considerado como
uma epidemia de partos operatoacuterios abdominais (BRASIL 20033237)
Diante disso foram criadas as portarias MSGM 2816 de 29 de maio de 1998
MSGM 865 de 03 de julho de 1999 MSGM 466 de 14 de junho de 2000 MSGM 426 de
04 de abril de 2001 que determinam o pagamento de um percentual maacuteximo de cesarianas
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de partos de cada hospital A introduccedilatildeo em 1998 destes limites
percentuais para o pagamento de cesarianas realizadas pelo Sistema Uacutenico de Sauacutede-SUS
tem sido responsaacutevel pela reduccedilatildeo do nuacutemero de mulheres submetidas a riscos ciruacutergicos
desnecessaacuterios (BRASIL 200324)
O uso indiscriminado de intervenccedilotildees na maioria das vezes eacute feita de forma
desnecessaacuteria e rotineira sem que sejam avaliadas as implicaccedilotildees desses procedimentos para
benefiacutecio da mulher e seu concepto Ao contraacuterio pode causar complicaccedilotildees seacuterias quando
aplicadas de forma inadequada
Osava (1997119-120) que a episiotomia eacute uma praacutetica utilizada em todas as
primiacuteparas que tecircm seu parto institucionalizado A episiotomia tem sido favorecida pela
posiccedilatildeo litotocircmica adotada no nosococircmio e seus respectivos profissionais formados para
intervir e facilitar o seu trabalho
A histoacuteria da episiotomia vem sendo discutida desde a metade do seacuteculo XX
inicialmente quando a gravidez o parto e o nascimento eram considerados eventos naturais e
fisioloacutegicos os meacutedicos as mulheres e seus familiares natildeo se sentiam agrave vontade com a ideacuteia
do corte Na segunda deacutecada do seacuteculo XX foi propagado que a gravidez eacute uma doenccedila e a
sua cura ciruacutergica a episiotomia comeccedilou a ser utilizada de forma rotineira Hoje a
episiotomia deve ser reservada a situaccedilotildees extremas excepcionais dentre elas o sofrimento
fetal quando eacute preciso agilizar o nascimento Baseado em evidecircncias ficou claro que o
procedimento natildeo diminui a incidecircncia de disfunccedilotildees ao contraacuterio aumenta a incidecircncia de
dor durante a relaccedilatildeo sexual sem contar no desconforto que causa a curto meacutedio e longo
prazo (SANTOS 20031)
Dentro dessa oacutetica haacute autores que defendem praacuteticas natildeo invasivas que
privilegiam a mulher como protagonista do seu parto o que tem demonstrado benefiacutecios
vivenciados pela mulher e a crianccedila De acordo com Basile (200017) o parto na posiccedilatildeo
lateral esquerda aleacutem de evitar compressatildeo dos grandes vasos e melhorar a circulaccedilatildeo
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materno-fetal deve ser estimulado por diminuir o uso de episiotomia e traumatismos
perineais graves daacute mais liberdade de movimento para a mulher natildeo limita o periacuteodo
expulsivo frente agraves condiccedilotildees maternas e fetais favoraacuteveis aleacutem de propiciar melhor
integraccedilatildeo entre a mulher acompanhante e profissional
Osava (20021) no ldquoEncontro Regional sobre Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutederdquo
organizado pela Universidade de Brasiacutelia (UnB) discutiu a necessidade de a mulher ser
menos passiva durante o nascimento dos filhos salientando que o nascimento hoje tem sido
visto apenas como um procedimento meacutedico o que cria nas mulheres a ideacuteia de que o
trabalho de parto eacute um verdadeiro castigo A mesma autora critica a manutenccedilatildeo de
intervenccedilotildees meacutedicas como a episiotomia a tricotomia o jejum e o desrespeito ao desejo da
mulher em ter um parto natural e fisioloacutegico
Paiva (199910) destaca que o perfil do profissional meacutedico se adequa mais a
teacutecnicas intervencionistas enquanto que as enfermeiras obstetras por procedimentos menos
invasivos e mais humanizados
O processo de parir requer muita sensibilidade e percepccedilatildeo dos profissionais ao
priorizar que a mulher seja protagonista do nascimento do seu filho juntamente com o apoio
familiar mesmo que este aconteccedila numa instituiccedilatildeo de sauacutede Eacute o que se vecirc na descriccedilatildeo dos
autores a seguir que enfatizam a importacircncia da presenccedila familiar no processo do parir
Montgomery (1997193) ressalta a importacircncia da figura paterna na relaccedilatildeo
familiar e na construccedilatildeo da identidade dos filhos Os novos pais jaacute se mostram capazes de
partilhar verdadeira e profundamente as tarefas extenuantes as responsabilidades (materiais
e morais) de educar os filhos e organizar a casa No entanto a paternidade continua
desvalorizada como elemento de formaccedilatildeo do nuacutecleo familiar Tendo em vista que o pai eacute
proibido de participar do parto sob a alegaccedilatildeo de que ldquoeacute coisa de mulherrsquo
Collaccedilo (200233) defende a presenccedila paterna durante o nascimento a fim de
favorecer o viacutenculo familiar o compromisso com a mulher e a crianccedila proporcionando
conforto e seguranccedila para a mulher aleacutem da responsabilidade do pai pela prole
O parto natildeo eacute um processo apenas bioloacutegico eacute tambeacutem um acontecimento
socialcultural envolvendo a famiacutelia que passaraacute a transformar a sociedade com a chegada
de um novo ser A humanizaccedilatildeo no atendimento integral agrave mulher deve estender-se desde a
preacute-concepccedilatildeo e inclusive puerpeacuterio sem complicaccedilotildees visando agrave promoccedilatildeo do parto e
nascimento saudaacuteveis e a prevenccedilatildeo da morbimortalidade materna e perinatal assim como
evitar as intervenccedilotildees desnecessaacuterias preservando a privacidade e autonomia da mulher O
movimento de preparaccedilatildeo para o parto e para a maternidade tem como um dos objetivos
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baacutesicos humanizar o processo do nascimento atualmente tatildeo mecanizado e dissociado de seu
contexto emocional (MALDONADO 198452)
CAMINHO METODOLOacuteGICO
Trata-se de uma pesquisa teoacuterica exploratoacuteria descritiva que procurou obedecer
agraves normas da ABNT Foi baseada em uma ampla investigaccedilatildeo de referencias bibliograacuteficas
sobre a temaacutetica escolhida atraveacutes de uma coletacircnea em artigos monografia dissertaccedilotildees e
teses que explorem o assunto e satisfaccedila a curiosidade dos pesquisadores embora natildeo tenha a
pretensatildeo de esgotar ao assunto jaacute que a fonte de conhecimento existente eacute inesgotaacutevel
Conforme afirma Gil (1999) apesar de todas as pesquisas exigirem vaacuterias
referencias bibliograacuteficas para fundamentarem o estudo a pesquisa bibliograacutefica eacute
exclusivamente desenvolvida com esse objetivo
O mesmo autor destaca que a pesquisa bibliograacutefica eacute desenvolvida de acordo
com os seguintes criteacuterios formulaccedilatildeo do problema elaboraccedilatildeo do plano de trabalho
identificaccedilatildeo das fontes localizaccedilatildeo do material confecccedilatildeo de fichas construccedilatildeo loacutegica do
trabalho e redaccedilatildeo do texto O plano de trabalho sendo flexiacutevel eacute sucessivamente formulado e
sua elaboraccedilatildeo depende da clara contextualizaccedilatildeo do problema a fim de encaminhar os
procedimentos seguintes O desenvolvimento da pesquisa depende da coleccedilatildeo de itens
ordenados em seccedilotildees atraveacutes da confecccedilatildeo de fichas o que permitiu um melhor
direcionamento do que se propunha investigar
Apesar da pesquisa ser uma atividade teoacuterica alia pensamento e accedilatildeo onde nada
pode ser intelectualmente um problema se natildeo tiver sido vivenciado no cotidiano humano A
investigaccedilatildeo estaacute vinculada a interesses e circunstacircncias socialmente condicionadas
determinada em sua inserccedilatildeo na realidade nela encontrando seus motivos e objetivos
(MINAYO 2002)
O presente estudo para o seu enriquecimento buscou textos de revistas
perioacutedicas artigos dissertaccedilotildees teses livros e manuais ministeriais privilegiando
bibliografias atualizadas nos uacuteltimos cinco anos Apoacutes a identificaccedilatildeo das fontes realizamos
a confecccedilatildeo e organizaccedilatildeo de fichas leituras a fim de sintetizar as principais ideacuteias dos
outros autores pesquisados servindo de consulta e confecccedilatildeo final do trabalho estudado
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
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Diante do vasto conhecimento levantado com a contribuiccedilatildeo de outros autores
foi possiacutevel observar que a problemaacutetica estudada tem despertado a atenccedilatildeo de vaacuterios
profissionais que direta ou indiretamente estatildeo envolvidos com a realidade investigada e
atraveacutes de pesquisas fundamentadas manifestaram o desejo de mudar os cotidianos
cruelmente banalizados e desumanos que habitam em nossas maternidades
A pesquisa bibliograacutefica pretende contribuir com a sensibilizaccedilatildeo de
profissionais de sauacutede que assistem a mulher a adotarem condutas que tragam bem-estar e
garantam a seguranccedila para a mulher e o bebecirc como tambeacutem a famiacutelia e sociedade a se
sentirem responsaacuteveis pelo nascimento como um processo natural e humano com eacutetica
compromisso e solidariedade a fim de resgatar um dos principais papeacuteis da mulher que eacute o
de ser matildee com autonomia
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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TYRRELL RAM Centro de Parto Normal Nursing Revista Teacutecnica de EnfermagemSatildeo Paulo Nordm 32 2001 Ano 4
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BRUumlGGEMANN O M Buscando conhecer as diferentes partituras da humanizaccedilatildeoIn A melodia da humanizaccedilatildeo Florianoacutepolis 2001
CAPARROZ SC O resgate do parto normal Contribuiccedilotildees de uma TecnologiaApropriada Joinville 2003
CIANCIARULLO TI Um desafio para a qualidade de assistecircncia Satildeo Paulo Atheneu2003
COLLACcedilO VS Parto Vertical Vivecircncia do casal na dimensatildeo cultural no processoparir Florianoacutepolis 2002
CONSELHO NACIONAL DE SAUacuteDE Diretrizes e Normas Regulamentadoras dePesquisas Envolvendo Seres Humanos Resoluccedilatildeo 19696
ERDMANN AL O Sistema de Cuidados de enfermagem Sua Organizaccedilatildeo nas Instituiccedilotildeesde Sauacutede Texto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis v7 n2 MaioAgo 1998
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OLIVEIRA F Deixar morrer de parto eacute cinismo Disponiacutevel em lthttwww correanetocombrartigospartohtmgt Acesso em 200303
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PIRES D Hegemonia Meacutedica na Sauacutede e a Enfermagem Satildeo Paulo Cortez editora 1989
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SOARES MS SIQUEIRA O Cuidado de Enfermagem no cotidiano das (os) Enfermeiras(os) Autocircnomas (os) Agrave luz de alguns conceitos da teoria humaniacutestica de Paterson e ZderardTexto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis V 9 n 2 MaioAgo 2000
SANTOS MS Histoacuteria da episiotomia Disponiacutevel em ltHttwwwmaternaturamedbrepisiohistmleitehtmgt Acesso em 020603
TANAKA A CA Maternidade dilema entre nascimento e morte Revista Baiana deEnfermagem V9 n1 Abr 1996
__________ Mortalidade Materna Sauacutede da Mulher e Direitos Reprodutivos dossiecircsSatildeo Paulo 2001
TYRRELL RAM Centro de Parto Normal Nursing Revista Teacutecnica de EnfermagemSatildeo Paulo Nordm 32 2001 Ano 4
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O RENASCIMENTO DO PARTO NORMAL HUMANIZADO
ATUACcedilAtildeO DA ENFERMEIRA OBSTETRA
Moura Fernanda Maria de Jesus S ousa PiresNery Inez Sampaio
Saacute Maria Iacuteris Mendes da Rocha
INTRODUCcedilAtildeO
A maternidade ao longo dos seacuteculos tem sido valorizada e cobrada pela
sociedade como um dos mais importantes papeacuteis atribuiacutedos agrave natureza feminina o que influi
no prazer gratificaccedilatildeo e felicidade que a mulher sente ao conceber Com isso a capacidade
de maternar se reproduz e eacute construiacuteda culturalmente no interior da estrutura psiacutequica
feminina sendo internalizada e psicologicamente reforccedilada (ALMEIDA 199646)
O nascimento foi historicamente um evento natural fisioloacutegico feminino e
inerente ao cotidiano familiar Ateacute o final do seacuteculo XIX a assistecircncia ao parto era
predominantemente domiciliar realizado por parteiras socialmente reconhecidas que
exerciam um papel fundamental na comunidade ao acompanhar o parto com muita
dedicaccedilatildeo apesar de natildeo serem respaldadas cientificamente e sim de forma empiacuterica As
mulheres participavam de forma ativa durante o nascimento dos seus filhos com apoio da
parteira e dos familiares (PIRES 1989107) Ateacute essa eacutepoca os meacutedicos natildeo tinham interesse
em dominar a praacutetica sobre a reproduccedilatildeo por considerar uma atividade suja desvalorizada e
inerente ao sexo feminino (ARRUDA 198940)
Desde os primoacuterdios da civilizaccedilatildeo as parteiras e mulheres que praticavam a
cura eram consideradas pela populaccedilatildeo saacutebias e parte integrante do cotidiano daquelas
pessoas Contudo apoacutes a idade meacutedia essas mulheres foram denominadas como perigosas
por desafiar a ordem vigente e transgredir a moral cientiacutefica e religiosa da eacutepoca sendo entatildeo
reiniciado pela igreja meacutedicos e poderosos um movimento denominado de caccedila as bruxas
Essa perseguiccedilatildeo perdurou do seacuteculo XIV ao seacuteculo XIX em toda Europa (PIRES 1989108)
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1 Doutora em Enfermagem Profordf Adjunta e Coodenadora do Mestrado em Enfermagem daUFPI Endereccedilo Rua Antocircnio Chaves nordm 1896 Satildeo Cristoacutevatildeo Teresina-PI E-mailNerywebonecombrsup2 Mestranda em Enfermagem e Profordf auxiliar do dep Enf Da UFPI e Profordf da NOVAFAPIsup3 Mestre em Enfermagem Profordf da NOVAFAPI
No Brasil colocircnia a parteira possuidora de saber empiacuterico rico em crenccedilas e
misticismo detinha a arte de partejar de maneira independente Pires (1989108) ressalta o
processo de praacutetica das parteiras com a formaccedilatildeo de pessoal para a assistecircncia ao parto
permanecendo sob controle dos meacutedicos como curso anexo agraves escolas de medicina assim
como o curso de farmaacutecia em 1832
Com a institucionalizaccedilatildeo do parto nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX o mesmo
passou a ser visto como um processo patoloacutegico que merecia ser controlado a fim de evitar a
morte materna e perinatal Com isso as parteiras tradicionais sofreram criacuteticas a respeito do
seu ofiacutecio e as parteiras diplomadas perderam a essecircncia de partejar com arte e autonomia
(PROGIANTI BARREIRA 200196)
Apesar dos benefiacutecios produzidos atraveacutes do conhecimento tecnoloacutegico sobre as
patologias obsteacutetricas a medicalizaccedilatildeo da assistecircncia ao parto influenciou na desumanizaccedilatildeo
desse evento e na formaccedilatildeo da enfermeira obstetra de acordo com o modelo biomeacutedico
(CAPARROZ 200321)
Ao mesmo tempo as mulheres passaram a ser agentes passivas desse processo
que deixou de ser vivenciado de forma privada e feminina para tornar-se um evento puacuteblico e
masculino num processo cada vez mais intervencionista e complicado
Assim as mulheres foram retiradas do aconchego do seu lar e da companhia dos
seus familiares para um ambiente frio e impessoal em que na maioria das vezes profissionais
desconhecidos e sem identificaccedilatildeo exerciam sem permissatildeo e justificativa uma seacuterie de
procedimentos invasivos e dolorosos como se a parturiente fosse um objeto sem identidade e
voz
A OMS (199614) se pronuncia a respeito destacando que num hospital de
ensino a mulher pode ser atendida por um grande nuacutemero de profissionais e estudantes
durante vaacuterias horas e mesmo assim se sentir soacute durante a maior parte do tempo A OMS
define o parto normal como sendo
De iniacutecio espontacircneo baixo risco do trabalho de partopermanecendo assim durante todo o processo ateacute o nascimento Obebecirc nasce espontaneamente em posiccedilatildeo de veacutertice entre 37 e 42semanas completo de gestaccedilatildeo Apoacutes o nascimento matildee e filho emboas condiccedilotildees (OMS 19964)
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A gravidez na maioria das vezes eacute motivo de felicidade para a mulher e seus
familiares e o momento do parto eacute aguardado com grande expectativa alegria como tambeacutem
com ansiedade Entretanto apesar do seguimento da mulher no acircmbito hospitalar com
emprego de tecnologia disponiacutevel a mortalidade natildeo diminuiu pelo contraacuterio agraves estatiacutesticas
mostram uma triste realidade relacionada agraves altas taxas de mortalidade materna por causas
ligadas agrave gravidez ao parto e ao puerpeacuterio que muitas vezes poderiam ser evitadas se
houvessem boas condiccedilotildees de vida dessas mulheres associado agrave atenccedilatildeo integral da sauacutede
com ampliaccedilatildeo do acesso e principalmente pela melhoria da assistecircncia agrave mulher no ciclo
graacutevido puerperal (BRASIL 20027)
Os paiacuteses em desenvolvimento concentram uma grande parcela dessas mulheres
desassistidas o que constitui um grave problema de sauacutede puacuteblica Embora no Brasil a
subinformaccedilatildeo e o sub-registro dificultem os registros fidedignos da mortalidade materna o
Ministeacuterio da Sauacutede em 1996 criou mecanismos apropriados para corrigir essas distorccedilotildees
Em 1998 a Razatildeo de Mortalidade Materna (RMM) brasileira obtida a partir de oacutebitos
declarados foi de 648 oacutebitos maternos por 100000 nascidos vivos (BRASIL 20028)
A mesma fonte descreve que nas regiotildees Sul e Sudeste estes valores foram
respectivamente de 762 e 70 Jaacute nas regiotildees Norte Nordeste e Centro Oeste foram de 561
548 e 57 respectivamente As grandes diferenccedilas entre as regiotildees citadas estatildeo de acordo
com a melhor qualidade do registro de oacutebitos nas primeiras regiotildees mencionadas Todavia no
Piauiacute a Razatildeo de Mortalidade Materna por nascidos vivos foi de 8435 Num total de 47
oacutebitos por 55715NV (PIAUIacute 2003)
A morte de uma mulher durante a gestaccedilatildeo ou ateacute 42 dias apoacutes o teacutermino da
gestaccedilatildeo independente da duraccedilatildeo ou da localizaccedilatildeo da gravidez eacute causada por qualquer
fator relacionado ou agravado pela gravidez ou por medidas tomadas em relaccedilatildeo a ela De
acordo com a Classificaccedilatildeo internacional de Doenccedilas-CID 10 foi definido como morte
materna tardia a morte de uma mulher por causas obsteacutetricas diretas ou indiretas ocorridas
apoacutes os 42 dias de puerpeacuterio e inferior a um ano apoacutes o fim da gravidez (BRASIL
20021011)
Nesse sentido na maioria das vezes as mulheres viacutetimas de Mortalidade Materna
satildeo jovens e aleacutem do receacutem-nascido deixam outros oacuterfatildeos desprovidos dos cuidados maternos
e uma famiacutelia desestruturada visto que a mulher ainda eacute o grande alicerce de sustentaccedilatildeo do
lar na nossa sociedade
Na histoacuteria da humanidade as mulheres satildeo sobreviventes da violecircncia aborto e
morte materna durante a gravidez o parto ou puerpeacuterio Satildeo fatos do cotidiano de mulheres
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desprovidas de direitos satildeo mortes por causas evitaacuteveis em 96 dos casos Morrer de parto eacute
uma das mais graves violaccedilotildees dos direitos humanos e as brasileiras morrem por falta de
alguns cuidados muito simples como por exemplo a medida e o acompanhamento da
pressatildeo arterial Em todos os paiacuteses morrem mais as pobres A mortalidade materna eacute uma
das principais causas de morte feminina de 15 a 49 anos nos paiacuteses subdesenvolvidos
(OLIVEIRA 20022)
No Brasil a principal causa de morte materna eacute a hipertensatildeo arterial natildeo tratada
As mortes maternas estatildeo associadas agrave falta de assistecircncia digna e agrave negligecircncia que vatildeo
desde o natildeo atendimento ateacute agrave maacute qualidade do serviccedilo prestado Tanaka (200133) enfatiza
ainda que entre as causas obsteacutetricas diretas o aborto eacute a quarta causa de oacutebito materno no
paiacutes o que demonstra que as accedilotildees de planejamento familiar natildeo estatildeo funcionando
adequadamente apesar de ser um direito garantido na Constituiccedilatildeo de 1988
Nesse contexto a grande maioria dessas mulheres procura o serviccedilo de sauacutede no
periacuteodo graviacutedico puerperal com o objetivo de prevenir qualquer intercorrecircncia que possa
afetar a sua vida e do seu concepto e nem sempre a assistecircncia necessaacuteria agraves mulheres eacute
realizada
Segundo Tanaka (1996129) a instituiccedilatildeo muitas vezes impotildee um outro risco agrave
matildee que eacute a maacute qualidade da atenccedilatildeo recebida e a dificuldade ao acesso dos serviccedilos de
sauacutede Enfatiza ainda que a ldquoprevisibilidade e evitabilidade do oacutebito estatildeo ligadas
diretamente agrave oportunidade e agrave qualidade da assistecircncia recebida pela mulher durante a
gestaccedilatildeo o parto e puerpeacuteriordquo
A mesma autora aborda ainda que apesar do incentivo e apoio teacutecnico do MS a
partir de 1988 com a criaccedilatildeo de comitecircs no paiacutes como forma de atingir os compromissos
assumidos internacionalmente de reduccedilatildeo da morte materna em 50 ateacute 2000 essa meta natildeo
foi alcanccedilada tendo em vista que os direitos das mulheres agrave vida ao planejamento familiar e
a uma melhor qualidade de assistecircncia ainda natildeo foram alcanccedilados
A medicalizaccedilatildeo do parto influenciou no uso cada vez maior de cesaacuterea e
negativamente nos iacutendices de morbimortalidade materna e perinatal o que favoreceu a
desumanizaccedilatildeo da assistecircncia aleacutem dos altos custos hospitalares (CAPARROZ 20037)
Considerando o exposto Cianciarullo (20033536) afirma que a qualidade da
assistecircncia prestada a mulher e a crianccedila estaacute diretamente ligada agrave competecircncia compromisso
e responsabilidade dos profissionais de sauacutede e principalmente da enfermeira que se
preparam para exercer essa atividade
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7
A mesma autora fala sobre a aplicaccedilatildeo do meacutetodo cientiacutefico que eacute de fundamental
importacircncia na resoluccedilatildeo dos problemas de enfermagem ao propiciar a tomada de decisotildees
em bases concretas atraveacutes da consciecircncia criacutetica e transformadora sobre a realidade que se
apresenta jaacute que para cuidar de pacientes eacute imprescindiacutevel o uso de elementos cientiacuteficos e
humaniacutesticos pautados no processo de enfermagem O sucesso da assistecircncia depende
tambeacutem do uso da comunicaccedilatildeo que eacute um poderoso instrumento baacutesico de enfermagem
garantindo a qualidade do processo de cuidar
A loacutegica humanizar eacute acima de tudo ficar ao lado proporcionar conforto
orientaccedilotildees ouvir esclarecimento comprometimento com o nascimento de um novo ser de
forma segura digna e responsaacutevel propiciando que a parturiente seja sujeito desse processo
uacutenico A humanizaccedilatildeo deve ser a mola mestra do atendimento agrave concepccedilatildeo atualmente existe
um movimento mundial em prol desta humanizaccedilatildeo estimulando os profissionais de sauacutede a
repensarem agrave sua praacutetica buscando a transformaccedilatildeo da realidade no cotidiano do cuidado
O trabalho de parto deve ser abordado com eacutetica profissional em todas as
situaccedilotildees de atenccedilatildeo agrave sauacutede Nesse sentido eacute fundamental o respeito agrave mulher e a seus
familiares ao chamaacute-la pelo nome permitir que ela identifique cada membro da equipe
informaacute-la sobre os diferentes procedimentos a que seraacute submetida propiciar-lhe um
ambiente acolhedor limpo confortaacutevel e silencioso esclarecer suas duacutevidas e aliviar suas
ansiedades satildeo atitudes relativamente simples eacutetica e humana (BRASIL 200339)
O Precircmio Galba Arauacutejo foi instituiacutedo em 1999 pelo Ministeacuterio da sauacutede com o
propoacutesito de incentivar o serviccedilo puacuteblico na humanizaccedilatildeo do seu atendimento privilegiando
o acolhimento e autonomia da mulher e seu companheiro no momento do parto atraveacutes das
portarias 2883 de 04 de junho de 1998 e 1406 de 15 de dezembro de 1999 (BRASIL
200324)
Conforme a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede a parturiente durante um parto
natural humanizado deve escolher a pessoa em quem confia para o acompanhamento do seu
parto bem como privacidade e acesso a todas informaccedilotildees e explicaccedilotildees que deseje e
necessite conhecer Aleacutem do apoio a mulher tem a liberdade de lanccedilar matildeo de meacutetodos que
aliviem a sua dor durante o trabalho de parto como assumir qualquer posiccedilatildeo mais
confortaacutevel no leito ou fora dele banho de chuveiro toques e massagens frequumlentes
respiraccedilatildeo ritmada e ofegante fundo musical e outros
Para tanto eacute importante centrar-se na valorizaccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo da pessoa
para a conquista dos direitos e valores da cidadania com responsabilidade e eacutetica Cabe
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lembrar que a humanizaccedilatildeo do parto tambeacutem estaacute relacionada ao acesso das mulheres a
melhores condiccedilotildees de vida e sauacutede
A enfermagem fazendo parte da equipe de sauacutede eacute a que dedica mais tempo junto
agrave clientela e por isso observa melhor os clientes em seus anseios medos duacutevidas e
esperanccedilas e por ser tambeacutem uma profissatildeo tradicionalmente voltada para o cuidar pois eacute o
seu objeto e o profissional que se dedica ao cuidado ama e respeita a vida tendo durante a
sua formaccedilatildeo acadecircmica e a vida profissional priorizado e zelado pela eacutetica e qualidade dos
serviccedilos prestados agrave populaccedilatildeo
A enfermagem atual estaacute alerta para questotildees sociais de uma profissatildeo solidaacuteria
que eacute o novo enfoque eacutetico jaacute que a promoccedilatildeo da sauacutede soacute eacute possiacutevel se houver qualidade de
vida considerando-se o mundo globalizado para poucos que supervaloriza a racionalidade o
ter a teacutecnica e a robotizaccedilatildeo em detrimento da sensibilidade e a emoccedilatildeo O profissional de
enfermagem tem consciecircncia das condiccedilotildees adversas em que vive uma parcela significativa
da populaccedilatildeo
O cuidado tem sido essencial para o crescimento desenvolvimento e
sobrevivecircncia dos seres humanos desde o seu surgimento sendo foco da Enfermagem
enquanto disciplina e profissatildeo Cuidar o ser humano eacute um ato que requer empatia
sensibilidade e tambeacutem conhecimento Cuidar eacute tambeacutem ouvir tocar o outro e fazer por ele
o que ele proacuteprio natildeo consegue Para Santos Prado Boehs (2001378) o cuidado sendo a
essecircncia da enfermagem eacute fundamental para o bem estar a sauacutede a cura o crescimento e a
sobrevivecircncia
Erdman (199162-63) afirma que a atividade de cuidado da enfermagem eacute feita
pela accedilatildeo de seus profissionais de acordo com necessidades levantadas e que o ser humano
ao se colocar na dependecircncia da vontade de outras pessoas estaacute buscando o cuidado ao
valorizar a vida e o amor proacuteprio
Os autores Soares Santana Siqueira (2000107-109) definem a enfermagem como
sendo
A enfermagem eacute aleacutem da ciecircncia uma arte que se realiza atraveacutes docuidado que envolve ser estar pensar e fazer entre o ser que cuida e oque eacute cuidado Se o foco da enfermagem eacute o ser humano e a razatildeo deser da enfermeira eacute o cuidado entatildeo o cuidado humaniacutestico eacute econtinuaraacute sendo nosso fazer
O cuidar proporciona conforto agrave medida que ao aliviar o sofrimento ocasiona
bem estar ao cliente Conforme argumenta Morse (199871) apesar de o conforto natildeo ser
apenas diretamente relevante aos cuidados da enfermagem ainda constitui o objetivo baacutesico
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da profissatildeo O conforto contribuindo para a reduccedilatildeo da morbimortalidade eacute essencial ao
cuidado com o paciente
Arruda Nunes (199893) defendem que atraveacutes do conforto a pessoa recupera
sua forccedila acircnimo e bem estar melhorando sua qualidade de vida o conforto ocorre com o
cuidado favorecendo a integraccedilatildeo liberdade melhora seguranccedila e proteccedilatildeo Eacute dentro deste
contexto que o Ministeacuterio da Sauacutede vem implantando um conjunto de accedilotildees atraveacutes de
portarias ministeriais com o objetivo de estimular a melhoria da assistecircncia obsteacutetrica
A assistecircncia ao parto natural fora do acircmbito hospitalar pode ser uma escolha da
mulher desde que haja outras opccedilotildees que se assemelhem mais ao ambiente acolhedor do lar
mas com estrutura para agir e encaminhamentos devidos quando se fizer necessaacuterio
Hoje jaacute existem algumas alternativas como centros de parto em hospitais ou fora
deles onde mulheres de baixo risco podem dar agrave luz num ambiente semelhante agrave domiciliar
aos cuidados de enfermeiras obstetras O grau de satisfaccedilatildeo das mulheres com esse tipo de
cuidado supera o da assistecircncia convencional (OMS 199611)
O Centro de Parto Normal-CPN visa assistir exclusivamente os partos e
nascimentos normais aleacutem de garantir a privacidade e o conforto do casal durante o processo
de parturiccedilatildeo composto de um quarto para preacute-parto parto e puerpeacuterio (PPP) O CPN
valoriza o processo fisioloacutegico do nascimento ao utilizar estrateacutegias natildeo medicamentosas de
aliacutevio agrave dor a participaccedilatildeo ativa da mulher no trabalho de parto e parto e a liberdade de
escolha da posiccedilatildeo em que ela deseja dar agrave luz (OSAVA 20018)
O CPN criado atraveacutes da portaria nordm 985GM de 05 de agosto de 1999 visa
prestar assistecircncia no periacuteodo graviacutedico puerperal e parto normal sem distoacutecia Os objetivos
principais do CPN visam garantir acesso e assistecircncia ao parto nos Serviccedilos de Sauacutede do
SUS reduzir a mortalidade materna e perinatal humanizar a assistecircncia agrave gravidez ao parto
e ao puerpeacuterio e garantir a melhoria ao a melhoria da qualidade da assistecircncia agrave mulher no
preacute-natal (TYRRELL 20015)
A mesma autora acrescenta que a equipe miacutenima do CPN deve ser composta por
um enfermeiro com especialidade em enfermagem obsteacutetrica um auxiliar de enfermagem
um auxiliar de serviccedilos gerais e um motorista Deve ainda contar com uma equipe
complementar composta por um meacutedico obstetra e um meacutedico pediatra ou neonatologista A
presenccedila de parteira tradicional obedeceraacute agrave cultura de cada localidade
A portaria MSGM 2815 de 29 de maio de 1998 inclui na tabela do Sistema de
Informaccedilotildees Hospitalares do SUS o procedimento ldquoparto normal sem distoacutecia realizado por
enfermeira (o) obstetrardquo e tem como objetivo principal enfatizar a assistecircncia prestada por
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este profissional no que diz respeito ao parto humanizado Apesar do nuacutemero de enfermeiras
(os) obstetras atuando no paiacutes ainda ser muito pouco embora na realidade o nuacutemero de
partos realizados por esta categoria seja bem maior Sendo assim o Ministeacuterio da Sauacutede estaacute
financiando a realizaccedilatildeo de cursos de especializaccedilatildeo em enfermagem obsteacutetrica (BRASIL
200323)
Outro ponto importante a destacar eacute o exerciacutecio profissional da enfermagem que
dispotildee sobre a Lei 749886 e o decreto 9440687 em seu artigo 9ordm enfatiza que as
profissionais titulares de diploma ou certificados de Obstetriz ou enfermeira Obsteacutetrica
incumbe
I Prestaccedilatildeo de assistecircncia agrave parturiente e ao parto normal
II Identificaccedilatildeo das distoacutecias obsteacutetricas e tomadas de
providecircncias ateacute a chegada do meacutedico
III Realizaccedilatildeo de episiotomia e episiorrafia com aplicaccedilatildeo de
anestesia local quando necessaacuteria
O decreto tambeacutem discorre no paraacutegrafo uacutenico do Art 12 que as enfermeiras
obstetras satildeo responsaacuteveis pela supervisatildeo das atividades da parteira ao serem realizadas em
instituiccedilotildees de sauacutede Diante disso a OMS (1996) ressalta sua posiccedilatildeo de separar o parto
normal de sua condiccedilatildeo patoloacutegica Defende entatildeo que no parto normal deveria existir uma
razatildeo vaacutelida para se intervir em um processo natural lembrando que a responsabilidade de
quem acompanha estas mulheres eacute basicamente o de facilitar este processo natural
A denominaccedilatildeo do termo ldquoMidwiferdquo significa enfermeira obsteacutetrica parteira Na
Europa possuem curso superior com especializaccedilatildeo em obstetriacutecia com duraccedilatildeo de quatro
anos satildeo profissionais que fazem partos normais sem complicaccedilotildees (BALASKAS 19934)
No que se refere agrave definiccedilatildeo internacional de enfermeira-parteira segundo a
OMS a CIP (Confederaccedilatildeo Internacional de Parteiras) e a FIGO (Federaccedilatildeo Internacional de
Ginecologia e Obstetriacutecia) informa que o programa de treinamento eacute reconhecido pelo
governo que credencia a parteira a exercer suas atividades Geralmente essa pessoa eacute uma
competente prestadora de serviccedilos de obstetriacutecia especialmente treinada para a assistecircncia ao
parto normal (OMS 19964)
Contudo a mesma fonte ressalta ainda a importacircncia da atuaccedilatildeo de profissional
qualificado para prestar assistecircncia obsteacutetrica A enfermeira-obstetra como eacute chamada no
Brasil eacute considerada a pessoa fundamental para a assistecircncia obsteacutetrica Entretanto alguns
paiacuteses enfrentam escassez destas profissionais especializadas As que existem no Brasil estatildeo
mal distribuiacutedas com suas funccedilotildees desviadas trabalham em hospitais natildeo especializados
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mais nas cidades grandes e capitais que nas aacutereas rurais onde ainda uma grande parcela das
mulheres encontram-se desassistidas por profissionais com preparo teacutecnico cientiacutefico
Cabe colocar que o profissional qualificado que presta assistecircncia durante a
gestaccedilatildeo parto e puerpeacuterio deve ter sensibilidade para transmitir seguranccedila conforto e bem
estar individualizado a mulher aliando os avanccedilos cientiacuteficos quando necessaacuterio e ao
permitir o resgate da autonomia da mulher no seu parto (BRASIL 200319)
Diante da problemaacutetica exposta o Ministeacuterio da Sauacutede ao tomar conhecimento
das inuacutemeras reclamaccedilotildees realizadas por parte do usuaacuterio quanto ao pouco acesso e a maacute
assistecircncia recebida no setor puacuteblico resolveu lanccedilar programas que visem resgatar o ser
humano de cada profissional que atua na aacuterea de sauacutede incentivando tambeacutem a melhoria da
estrutura fiacutesica e material das instituiccedilotildees a fim de criar condiccedilotildees viaacuteveis as suas propostas
Juntamente com a criaccedilatildeo do Programa Nacional de Humanizaccedilatildeo da Assistecircncia
Hospitalar (PNHAH) em maio de 2000 o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) atraveacutes das
portariasGM 56900 57000 57100 e 57200 de 162000 instituiu tambeacutem o Programa de
Humanizaccedilatildeo no Preacute-Natal e Nascimento (PHPN) ao perceber a necessidade de atender de
forma mais especiacutefica grupos de risco considerados mais vulneraacuteveis por continuarem a
evidenciar taxas alarmantes de morbimortalidade no periacuteodo da gestaccedilatildeo parto e poacutes-parto o
que envolve de forma cruel e omissa duas ou mais vidas O Programa tem como principal
objetivo aprimorar as relaccedilotildees entre profissionais de sauacutede e usuaacuterio dos profissionais entre
si e do hospital com a comunidade resgatando a imagem do serviccedilo puacuteblico de sauacutede tatildeo
desgastado ao longo da histoacuteria perante a comunidade (BRASIL 2000)
Recentemente tambeacutem foi lanccedilado o Pacto Nacional pela Reduccedilatildeo da
Mortalidade Materna e Neonatal com o compromisso das trecircs esferas de gestatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede em conjunto com outros oacutergatildeos de governo e entidades da sociedade civil O
objetivo eacute a reduccedilatildeo da mortalidade de mulheres e de receacutem-nascidos em 15 ateacute o ano de
2007 jaacute que as complicaccedilotildees da gravidez aborto parto e poacutes-parto atingem mais de duas
mil mulheres e mais de oito mil receacutem-nascidos anualmente (BRASIL 2004)
Essas medidas visam estimular uma atenccedilatildeo mais criteriosa e humanizada agrave
populaccedilatildeo de forma geral que busca o serviccedilo puacuteblico Jaacute o Programa de Humanizaccedilatildeo no
Preacute-Natal e Nascimento a fim de tentar reduzir as altas taxas de morbimortalidade materna e
perinatal visa assegurar a cobertura e a qualidade do acompanhamento preacute-natal assistecircncia
ao parto puerpeacuterio e neonatal
Neste sentido a humanizaccedilatildeo defende que eacute dever das unidades de sauacutede receber
com dignidade a mulher seus familiares e o receacutem-nascido Isto requer atitude eacutetica e
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solidariedade por parte dos profissionais de sauacutede organizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo de modo a criar
um ambiente acolhedor e adotar condutas hospitalares que rompam com o tradicional
isolamento imposto agrave mulher
O usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico de sauacutede tem sido desconsiderado da sua condiccedilatildeo
de ser humano e cidadatildeo ao ser ignorado enquanto sujeito pelos profissionais de sauacutede que
ao desprezarem o trabalho em equipe desperdiccedilam a oportunidade de manterem o diaacutelogo
entre si e como o principal interessado e beneficiado eacute a clientela seria uma preciosa
contribuiccedilatildeo para a melhoria da assistecircncia
Cabe colocar que uma eficaz integraccedilatildeo entre a assistecircncia ambulatorial com a
hospitalar eacute importante para a mulher e sua famiacutelia que tendo a oportunidade de escolher e
realizar o seu preacute-natal em determinado serviccedilo de sauacutede passa a conhecer as instituiccedilotildees e
os profissionais que ali desenvolvem suas atividades proporcionando conforto e confianccedila a
mulher na hora de dar aacute luz
Conforme ressalta a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) ao recomendar que
os serviccedilos de preacute-natal e os profissionais envolvidos devem adotar medidas educativas de
prevenccedilatildeo e controle da ansiedade ao promover visitas das gestantes e acompanhantes agraves
unidades de referecircncia para o parto no sentido de minimizar o estresse do processo de
internaccedilatildeo no momento do parto (BRASIL 200327)
OBJETO DO ESTUDO
Oslash Com base na pesquisa foi destacado como objeto de estudo a
caracterizaccedilatildeo e o resgate do parto normal humanizado
OBJETIVOS
Oslash Realizar um levantamento histoacuterico sobre parto normal
Oslash Identificar as portarias do Ministeacuterio da Sauacutede sobre Parto Normal
Oslash Descrever a atuaccedilatildeo da enfermeira obstetra nos centros de
partocasas de parto
JUSTIFICATIVA E RELEVAcircNCIA DO ESTUDO
O nascimento eacute historicamente um evento natural e como tal foi vivenciado ao
longo dos seacuteculos no seio familiar com apoio de parteiras de confianccedila das comunidades No
entanto no Brasil a partir do seacuteculo XX com a institucionalizaccedilatildeo do parto a fim de
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diminuir as altas taxas de morbimortalidade materna e perinatal o parto passou a ser
controlado e medicalizado pelos meacutedicos
Com o excesso de praacuteticas intervencionistas e na maioria das vezes desnecessaacuteria
o parto de um evento iacutentimo feminino e com a participaccedilatildeo ativa da mulher passou a ser
puacuteblico e passivo Cabe destacar que apesar da hospitalizaccedilatildeo do parto a mulher ao ser
admitida numa maternidade aleacutem de perder sua identidade nome e autonomia passa longos
periacuteodos no preacute e poacutes-parto praticamente soacute sem a companhia de uma pessoa de sua
confianccedila e escolha
A OMS (199613) defende que tanto nos paiacuteses desenvolvidos como nos paiacuteses em
desenvolvimento mesmo com todos equipamentos teacutecnicos mas sem apoio por parte de
prestadores de serviccedilos as parturientes sentem-se isoladas desprotegidas e sem privacidade
Diante disso a intensa medicalizaccedilatildeo que o corpo feminino sofreu nas uacuteltimas
deacutecadas e a aparente seguranccedila do parto institucionalizado tem contribuiacutedo com o aumento
significativo da mortalidade materna e neonatal Contudo atualmente essas praacuteticas
satildeo questionadas principalmente no espaccedilo hospitalar
Com isso foram criados pelo ministeacuterio da sauacutede programas para humanizar o
parto e nascimento nas maternidades puacuteblicas como tambeacutem portarias que estimulam a
criaccedilatildeo de casascentros de parto normal com a atuaccedilatildeo do profissional enfermeira obstetra
aleacutem de incentivar atitudes por parte dos profissionais de sauacutede que garantam a mulher natildeo
soacute os benefiacutecios dos avanccedilos cientiacuteficos quando necessaacuterio mas fundamentalmente
incentivando a autonomia da mulher no parto
Diante do exposto resolvemos fazer um levantamento bibliograacutefico sobre o parto
normal e o nascimento que historicamente passou de um evento natural e marcante na vida da
mulher e famiacutelia para ser vivenciado por outros atores oficialmente preparados para
comandar ordenar e transformar eventos fisioloacutegicos em doenccedilas
Bruumlggemann (200156) afirma que o trabalho em equipe interdisciplinar na aacuterea de
sauacutede em maternidade deve ser fundamentado na cumplicidade no diaacutelogo estar aberto a
mudanccedilas visando uma assistecircncia humanizada entre equipe clientela e famiacutelia
Eacute um estudo relevante no contexto do debate sobre a humanizaccedilatildeo do parto
porque se espera contribuir para a melhoria da qualidade assistencial prestada agrave clientela
atendida no serviccedilo como tambeacutem na aacuterea de ensino colaborando para a formaccedilatildeo de novos
profissionais de enfermagem como auxiliares teacutecnicas (os) enfermeiras (os) e atraveacutes da
educaccedilatildeo continuada de profissionais bem como na poacutes-graduaccedilatildeo lato senso e stricto
senso Como tambeacutem servir de subsiacutedios para novas pesquisas que abordem a mesma
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temaacutetica e principalmente incentivar a criaccedilatildeo de casascentro de parto normal em
TeresinaPI
BASES TEOacuteRICAS
Com a hospitalizaccedilatildeo do parto normal mais precisamente a partir do seacuteculo
XIX houve uma expansatildeo da assistecircncia meacutedica no Brasil e programas de sauacutede como a
assistecircncia preacute-natal associada agrave institucionalizaccedilatildeo do parto que privilegiava a fase
reprodutiva da mulher a fim de garantir uma prole saudaacutevel e produtiva (BRASIL 2003
12-13)
A hospitalizaccedilatildeo do parto trouxe uma sobrecarga de estresse a parturiente aleacutem
daquela inerente ao proacuteprio processo parturitivo Os procedimentos rotineiros invasivos
autoritaacuterios e impessoais durante o trabalho de parto e ou parto causam estresse que pode
interferir na conduccedilatildeo normal do parto prolongando-o e propiciando o uso de teacutecnicas
intervencionistas e traumatizantes para a mulher e o bebecirc (OMS 199611)
Para tanto a parturiente estaacute cada vez mais distante de ser protagonista do seu
parto ao se submeter a ordens e atitudes o que resultou no uso excessivo de procedimentos
invasivos e traumatizantes que aumentam o estresse interferindo na conduccedilatildeo do parto
normal como no uso abusivo de cesariana nas uacuteltimas trecircs deacutecadas
Historicamente a cesaacuterea surgiu da necessidade em situaccedilotildees extremas de salvar
o feto jaacute que nessas circunstacircncias a mulher dificilmente sobrevivia tendo em vista as
precaacuterias condiccedilotildees teacutecnicas em que o parto ocorria ateacute o seacuteculo XIX Com o avanccedilo das
teacutecnicas ciruacutergicas o parto cesaacutereo passou a ser considerado seguro o que representou
inicialmente bons resultados obsteacutetricos principalmente a partir do iniacutecio da segunda metade
do seacuteculo XX (BRASIL 200333)
Diante da aparente seguranccedila essa praacutetica passou a ser propagada por
profissionais que para sua comodidade continuaram a divulgar o parto cesaacuterio como raacutepido
seguro e sem dor Largura (199876-77) enfatiza que a cesariana se tornou uma intervenccedilatildeo
banal muitas vezes realizada natildeo apenas por causa de uma urgecircncia obsteacutetrica para salvar a
vida da matildee ou da crianccedila em sofrimento mas porque conveacutem ao hospital equipe meacutedica e
mesmo a proacutepria mulher graacutevida
A realizaccedilatildeo de cesaacutereas desnecessaacuterias eacute potencialmente danosa jaacute que os riscos
de morbidade e mortalidade materna e perinatal satildeo maiores neste procedimento do que no
parto vaginal Contudo ainda hoje uma grande parcela de mulheres natildeo tecircm acesso a esse
parto quando necessitam (BRASIL 20033595)
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Paralelamente haacute evidecircncias que apontam para uma natildeo reduccedilatildeo da morbi-
mortalidade perinatal com o aumento da taxa de cesaacuterea que no Brasil eacute de 28 superior ao
niacutevel maacuteximo recomendado pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede que eacute de 15 ficando atraacutes
apenas de paiacuteses como o Chile e outros pequenos paiacuteses asiaacuteticos o que eacute considerado como
uma epidemia de partos operatoacuterios abdominais (BRASIL 20033237)
Diante disso foram criadas as portarias MSGM 2816 de 29 de maio de 1998
MSGM 865 de 03 de julho de 1999 MSGM 466 de 14 de junho de 2000 MSGM 426 de
04 de abril de 2001 que determinam o pagamento de um percentual maacuteximo de cesarianas
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de partos de cada hospital A introduccedilatildeo em 1998 destes limites
percentuais para o pagamento de cesarianas realizadas pelo Sistema Uacutenico de Sauacutede-SUS
tem sido responsaacutevel pela reduccedilatildeo do nuacutemero de mulheres submetidas a riscos ciruacutergicos
desnecessaacuterios (BRASIL 200324)
O uso indiscriminado de intervenccedilotildees na maioria das vezes eacute feita de forma
desnecessaacuteria e rotineira sem que sejam avaliadas as implicaccedilotildees desses procedimentos para
benefiacutecio da mulher e seu concepto Ao contraacuterio pode causar complicaccedilotildees seacuterias quando
aplicadas de forma inadequada
Osava (1997119-120) que a episiotomia eacute uma praacutetica utilizada em todas as
primiacuteparas que tecircm seu parto institucionalizado A episiotomia tem sido favorecida pela
posiccedilatildeo litotocircmica adotada no nosococircmio e seus respectivos profissionais formados para
intervir e facilitar o seu trabalho
A histoacuteria da episiotomia vem sendo discutida desde a metade do seacuteculo XX
inicialmente quando a gravidez o parto e o nascimento eram considerados eventos naturais e
fisioloacutegicos os meacutedicos as mulheres e seus familiares natildeo se sentiam agrave vontade com a ideacuteia
do corte Na segunda deacutecada do seacuteculo XX foi propagado que a gravidez eacute uma doenccedila e a
sua cura ciruacutergica a episiotomia comeccedilou a ser utilizada de forma rotineira Hoje a
episiotomia deve ser reservada a situaccedilotildees extremas excepcionais dentre elas o sofrimento
fetal quando eacute preciso agilizar o nascimento Baseado em evidecircncias ficou claro que o
procedimento natildeo diminui a incidecircncia de disfunccedilotildees ao contraacuterio aumenta a incidecircncia de
dor durante a relaccedilatildeo sexual sem contar no desconforto que causa a curto meacutedio e longo
prazo (SANTOS 20031)
Dentro dessa oacutetica haacute autores que defendem praacuteticas natildeo invasivas que
privilegiam a mulher como protagonista do seu parto o que tem demonstrado benefiacutecios
vivenciados pela mulher e a crianccedila De acordo com Basile (200017) o parto na posiccedilatildeo
lateral esquerda aleacutem de evitar compressatildeo dos grandes vasos e melhorar a circulaccedilatildeo
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materno-fetal deve ser estimulado por diminuir o uso de episiotomia e traumatismos
perineais graves daacute mais liberdade de movimento para a mulher natildeo limita o periacuteodo
expulsivo frente agraves condiccedilotildees maternas e fetais favoraacuteveis aleacutem de propiciar melhor
integraccedilatildeo entre a mulher acompanhante e profissional
Osava (20021) no ldquoEncontro Regional sobre Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutederdquo
organizado pela Universidade de Brasiacutelia (UnB) discutiu a necessidade de a mulher ser
menos passiva durante o nascimento dos filhos salientando que o nascimento hoje tem sido
visto apenas como um procedimento meacutedico o que cria nas mulheres a ideacuteia de que o
trabalho de parto eacute um verdadeiro castigo A mesma autora critica a manutenccedilatildeo de
intervenccedilotildees meacutedicas como a episiotomia a tricotomia o jejum e o desrespeito ao desejo da
mulher em ter um parto natural e fisioloacutegico
Paiva (199910) destaca que o perfil do profissional meacutedico se adequa mais a
teacutecnicas intervencionistas enquanto que as enfermeiras obstetras por procedimentos menos
invasivos e mais humanizados
O processo de parir requer muita sensibilidade e percepccedilatildeo dos profissionais ao
priorizar que a mulher seja protagonista do nascimento do seu filho juntamente com o apoio
familiar mesmo que este aconteccedila numa instituiccedilatildeo de sauacutede Eacute o que se vecirc na descriccedilatildeo dos
autores a seguir que enfatizam a importacircncia da presenccedila familiar no processo do parir
Montgomery (1997193) ressalta a importacircncia da figura paterna na relaccedilatildeo
familiar e na construccedilatildeo da identidade dos filhos Os novos pais jaacute se mostram capazes de
partilhar verdadeira e profundamente as tarefas extenuantes as responsabilidades (materiais
e morais) de educar os filhos e organizar a casa No entanto a paternidade continua
desvalorizada como elemento de formaccedilatildeo do nuacutecleo familiar Tendo em vista que o pai eacute
proibido de participar do parto sob a alegaccedilatildeo de que ldquoeacute coisa de mulherrsquo
Collaccedilo (200233) defende a presenccedila paterna durante o nascimento a fim de
favorecer o viacutenculo familiar o compromisso com a mulher e a crianccedila proporcionando
conforto e seguranccedila para a mulher aleacutem da responsabilidade do pai pela prole
O parto natildeo eacute um processo apenas bioloacutegico eacute tambeacutem um acontecimento
socialcultural envolvendo a famiacutelia que passaraacute a transformar a sociedade com a chegada
de um novo ser A humanizaccedilatildeo no atendimento integral agrave mulher deve estender-se desde a
preacute-concepccedilatildeo e inclusive puerpeacuterio sem complicaccedilotildees visando agrave promoccedilatildeo do parto e
nascimento saudaacuteveis e a prevenccedilatildeo da morbimortalidade materna e perinatal assim como
evitar as intervenccedilotildees desnecessaacuterias preservando a privacidade e autonomia da mulher O
movimento de preparaccedilatildeo para o parto e para a maternidade tem como um dos objetivos
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baacutesicos humanizar o processo do nascimento atualmente tatildeo mecanizado e dissociado de seu
contexto emocional (MALDONADO 198452)
CAMINHO METODOLOacuteGICO
Trata-se de uma pesquisa teoacuterica exploratoacuteria descritiva que procurou obedecer
agraves normas da ABNT Foi baseada em uma ampla investigaccedilatildeo de referencias bibliograacuteficas
sobre a temaacutetica escolhida atraveacutes de uma coletacircnea em artigos monografia dissertaccedilotildees e
teses que explorem o assunto e satisfaccedila a curiosidade dos pesquisadores embora natildeo tenha a
pretensatildeo de esgotar ao assunto jaacute que a fonte de conhecimento existente eacute inesgotaacutevel
Conforme afirma Gil (1999) apesar de todas as pesquisas exigirem vaacuterias
referencias bibliograacuteficas para fundamentarem o estudo a pesquisa bibliograacutefica eacute
exclusivamente desenvolvida com esse objetivo
O mesmo autor destaca que a pesquisa bibliograacutefica eacute desenvolvida de acordo
com os seguintes criteacuterios formulaccedilatildeo do problema elaboraccedilatildeo do plano de trabalho
identificaccedilatildeo das fontes localizaccedilatildeo do material confecccedilatildeo de fichas construccedilatildeo loacutegica do
trabalho e redaccedilatildeo do texto O plano de trabalho sendo flexiacutevel eacute sucessivamente formulado e
sua elaboraccedilatildeo depende da clara contextualizaccedilatildeo do problema a fim de encaminhar os
procedimentos seguintes O desenvolvimento da pesquisa depende da coleccedilatildeo de itens
ordenados em seccedilotildees atraveacutes da confecccedilatildeo de fichas o que permitiu um melhor
direcionamento do que se propunha investigar
Apesar da pesquisa ser uma atividade teoacuterica alia pensamento e accedilatildeo onde nada
pode ser intelectualmente um problema se natildeo tiver sido vivenciado no cotidiano humano A
investigaccedilatildeo estaacute vinculada a interesses e circunstacircncias socialmente condicionadas
determinada em sua inserccedilatildeo na realidade nela encontrando seus motivos e objetivos
(MINAYO 2002)
O presente estudo para o seu enriquecimento buscou textos de revistas
perioacutedicas artigos dissertaccedilotildees teses livros e manuais ministeriais privilegiando
bibliografias atualizadas nos uacuteltimos cinco anos Apoacutes a identificaccedilatildeo das fontes realizamos
a confecccedilatildeo e organizaccedilatildeo de fichas leituras a fim de sintetizar as principais ideacuteias dos
outros autores pesquisados servindo de consulta e confecccedilatildeo final do trabalho estudado
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
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Diante do vasto conhecimento levantado com a contribuiccedilatildeo de outros autores
foi possiacutevel observar que a problemaacutetica estudada tem despertado a atenccedilatildeo de vaacuterios
profissionais que direta ou indiretamente estatildeo envolvidos com a realidade investigada e
atraveacutes de pesquisas fundamentadas manifestaram o desejo de mudar os cotidianos
cruelmente banalizados e desumanos que habitam em nossas maternidades
A pesquisa bibliograacutefica pretende contribuir com a sensibilizaccedilatildeo de
profissionais de sauacutede que assistem a mulher a adotarem condutas que tragam bem-estar e
garantam a seguranccedila para a mulher e o bebecirc como tambeacutem a famiacutelia e sociedade a se
sentirem responsaacuteveis pelo nascimento como um processo natural e humano com eacutetica
compromisso e solidariedade a fim de resgatar um dos principais papeacuteis da mulher que eacute o
de ser matildee com autonomia
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
BASILE A L P Estudo randomizado controlado entre as posiccedilotildees de parto litotocircmicae lateral esquerda Satildeo Paulo 2000
BRASIL Secretaria de poliacuteticas Puacuteblicas de Sauacutede Parto Aborto e Puerpeacuterio Assistecircnciahumanizada agrave mulher 2ordf ed Brasiacutelia-DF 2003
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Pacto nacional pela reduccedilatildeo da mortalidade materna eneonatal Brasiacutelia 2004
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede PHPN-Programa deHumanizaccedilatildeo no Preacute-Natal e Nascimento Brasiacutelia 2000
ERDMANN AL O Sistema de Cuidados de enfermagem Sua Organizaccedilatildeo nas Instituiccedilotildeesde Sauacutede Texto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis v7 n2 MaioAgo 1998
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PIRES D Hegemonia Meacutedica na Sauacutede e a Enfermagem Satildeo Paulo Cortez editora 1989
PROGIANTI JM BARREIRA I A A Obstetriacutecia do saber feminino a medicalizaccedilatildeo daeacutepoca medieval ao seacuteculo XX Revista Enfermagem UERJ Rio de Janeiro V9 n1 2001
TANAKA A CA Maternidade dilema entre nascimento e morte Revista Baiana deEnfermagem V9 n1 Abr 1996
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TYRRELL RAM Centro de Parto Normal Nursing Revista Teacutecnica de EnfermagemSatildeo Paulo Nordm 32 2001 Ano 4
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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BRUumlGGEMANN O M Buscando conhecer as diferentes partituras da humanizaccedilatildeoIn A melodia da humanizaccedilatildeo Florianoacutepolis 2001
CAPARROZ SC O resgate do parto normal Contribuiccedilotildees de uma TecnologiaApropriada Joinville 2003
CIANCIARULLO TI Um desafio para a qualidade de assistecircncia Satildeo Paulo Atheneu2003
COLLACcedilO VS Parto Vertical Vivecircncia do casal na dimensatildeo cultural no processoparir Florianoacutepolis 2002
CONSELHO NACIONAL DE SAUacuteDE Diretrizes e Normas Regulamentadoras dePesquisas Envolvendo Seres Humanos Resoluccedilatildeo 19696
ERDMANN AL O Sistema de Cuidados de enfermagem Sua Organizaccedilatildeo nas Instituiccedilotildeesde Sauacutede Texto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis v7 n2 MaioAgo 1998
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MORSE JM A Enfermagem como Conforto Um novo Enfoque do Cuidado ProfissionalTexto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis V7 n 2 MaioAgo 1998
OLIVEIRA F Deixar morrer de parto eacute cinismo Disponiacutevel em lthttwww correanetocombrartigospartohtmgt Acesso em 200303
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SOARES MS SIQUEIRA O Cuidado de Enfermagem no cotidiano das (os) Enfermeiras(os) Autocircnomas (os) Agrave luz de alguns conceitos da teoria humaniacutestica de Paterson e ZderardTexto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis V 9 n 2 MaioAgo 2000
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TANAKA A CA Maternidade dilema entre nascimento e morte Revista Baiana deEnfermagem V9 n1 Abr 1996
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TYRRELL RAM Centro de Parto Normal Nursing Revista Teacutecnica de EnfermagemSatildeo Paulo Nordm 32 2001 Ano 4
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1 Doutora em Enfermagem Profordf Adjunta e Coodenadora do Mestrado em Enfermagem daUFPI Endereccedilo Rua Antocircnio Chaves nordm 1896 Satildeo Cristoacutevatildeo Teresina-PI E-mailNerywebonecombrsup2 Mestranda em Enfermagem e Profordf auxiliar do dep Enf Da UFPI e Profordf da NOVAFAPIsup3 Mestre em Enfermagem Profordf da NOVAFAPI
No Brasil colocircnia a parteira possuidora de saber empiacuterico rico em crenccedilas e
misticismo detinha a arte de partejar de maneira independente Pires (1989108) ressalta o
processo de praacutetica das parteiras com a formaccedilatildeo de pessoal para a assistecircncia ao parto
permanecendo sob controle dos meacutedicos como curso anexo agraves escolas de medicina assim
como o curso de farmaacutecia em 1832
Com a institucionalizaccedilatildeo do parto nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX o mesmo
passou a ser visto como um processo patoloacutegico que merecia ser controlado a fim de evitar a
morte materna e perinatal Com isso as parteiras tradicionais sofreram criacuteticas a respeito do
seu ofiacutecio e as parteiras diplomadas perderam a essecircncia de partejar com arte e autonomia
(PROGIANTI BARREIRA 200196)
Apesar dos benefiacutecios produzidos atraveacutes do conhecimento tecnoloacutegico sobre as
patologias obsteacutetricas a medicalizaccedilatildeo da assistecircncia ao parto influenciou na desumanizaccedilatildeo
desse evento e na formaccedilatildeo da enfermeira obstetra de acordo com o modelo biomeacutedico
(CAPARROZ 200321)
Ao mesmo tempo as mulheres passaram a ser agentes passivas desse processo
que deixou de ser vivenciado de forma privada e feminina para tornar-se um evento puacuteblico e
masculino num processo cada vez mais intervencionista e complicado
Assim as mulheres foram retiradas do aconchego do seu lar e da companhia dos
seus familiares para um ambiente frio e impessoal em que na maioria das vezes profissionais
desconhecidos e sem identificaccedilatildeo exerciam sem permissatildeo e justificativa uma seacuterie de
procedimentos invasivos e dolorosos como se a parturiente fosse um objeto sem identidade e
voz
A OMS (199614) se pronuncia a respeito destacando que num hospital de
ensino a mulher pode ser atendida por um grande nuacutemero de profissionais e estudantes
durante vaacuterias horas e mesmo assim se sentir soacute durante a maior parte do tempo A OMS
define o parto normal como sendo
De iniacutecio espontacircneo baixo risco do trabalho de partopermanecendo assim durante todo o processo ateacute o nascimento Obebecirc nasce espontaneamente em posiccedilatildeo de veacutertice entre 37 e 42semanas completo de gestaccedilatildeo Apoacutes o nascimento matildee e filho emboas condiccedilotildees (OMS 19964)
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A gravidez na maioria das vezes eacute motivo de felicidade para a mulher e seus
familiares e o momento do parto eacute aguardado com grande expectativa alegria como tambeacutem
com ansiedade Entretanto apesar do seguimento da mulher no acircmbito hospitalar com
emprego de tecnologia disponiacutevel a mortalidade natildeo diminuiu pelo contraacuterio agraves estatiacutesticas
mostram uma triste realidade relacionada agraves altas taxas de mortalidade materna por causas
ligadas agrave gravidez ao parto e ao puerpeacuterio que muitas vezes poderiam ser evitadas se
houvessem boas condiccedilotildees de vida dessas mulheres associado agrave atenccedilatildeo integral da sauacutede
com ampliaccedilatildeo do acesso e principalmente pela melhoria da assistecircncia agrave mulher no ciclo
graacutevido puerperal (BRASIL 20027)
Os paiacuteses em desenvolvimento concentram uma grande parcela dessas mulheres
desassistidas o que constitui um grave problema de sauacutede puacuteblica Embora no Brasil a
subinformaccedilatildeo e o sub-registro dificultem os registros fidedignos da mortalidade materna o
Ministeacuterio da Sauacutede em 1996 criou mecanismos apropriados para corrigir essas distorccedilotildees
Em 1998 a Razatildeo de Mortalidade Materna (RMM) brasileira obtida a partir de oacutebitos
declarados foi de 648 oacutebitos maternos por 100000 nascidos vivos (BRASIL 20028)
A mesma fonte descreve que nas regiotildees Sul e Sudeste estes valores foram
respectivamente de 762 e 70 Jaacute nas regiotildees Norte Nordeste e Centro Oeste foram de 561
548 e 57 respectivamente As grandes diferenccedilas entre as regiotildees citadas estatildeo de acordo
com a melhor qualidade do registro de oacutebitos nas primeiras regiotildees mencionadas Todavia no
Piauiacute a Razatildeo de Mortalidade Materna por nascidos vivos foi de 8435 Num total de 47
oacutebitos por 55715NV (PIAUIacute 2003)
A morte de uma mulher durante a gestaccedilatildeo ou ateacute 42 dias apoacutes o teacutermino da
gestaccedilatildeo independente da duraccedilatildeo ou da localizaccedilatildeo da gravidez eacute causada por qualquer
fator relacionado ou agravado pela gravidez ou por medidas tomadas em relaccedilatildeo a ela De
acordo com a Classificaccedilatildeo internacional de Doenccedilas-CID 10 foi definido como morte
materna tardia a morte de uma mulher por causas obsteacutetricas diretas ou indiretas ocorridas
apoacutes os 42 dias de puerpeacuterio e inferior a um ano apoacutes o fim da gravidez (BRASIL
20021011)
Nesse sentido na maioria das vezes as mulheres viacutetimas de Mortalidade Materna
satildeo jovens e aleacutem do receacutem-nascido deixam outros oacuterfatildeos desprovidos dos cuidados maternos
e uma famiacutelia desestruturada visto que a mulher ainda eacute o grande alicerce de sustentaccedilatildeo do
lar na nossa sociedade
Na histoacuteria da humanidade as mulheres satildeo sobreviventes da violecircncia aborto e
morte materna durante a gravidez o parto ou puerpeacuterio Satildeo fatos do cotidiano de mulheres
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desprovidas de direitos satildeo mortes por causas evitaacuteveis em 96 dos casos Morrer de parto eacute
uma das mais graves violaccedilotildees dos direitos humanos e as brasileiras morrem por falta de
alguns cuidados muito simples como por exemplo a medida e o acompanhamento da
pressatildeo arterial Em todos os paiacuteses morrem mais as pobres A mortalidade materna eacute uma
das principais causas de morte feminina de 15 a 49 anos nos paiacuteses subdesenvolvidos
(OLIVEIRA 20022)
No Brasil a principal causa de morte materna eacute a hipertensatildeo arterial natildeo tratada
As mortes maternas estatildeo associadas agrave falta de assistecircncia digna e agrave negligecircncia que vatildeo
desde o natildeo atendimento ateacute agrave maacute qualidade do serviccedilo prestado Tanaka (200133) enfatiza
ainda que entre as causas obsteacutetricas diretas o aborto eacute a quarta causa de oacutebito materno no
paiacutes o que demonstra que as accedilotildees de planejamento familiar natildeo estatildeo funcionando
adequadamente apesar de ser um direito garantido na Constituiccedilatildeo de 1988
Nesse contexto a grande maioria dessas mulheres procura o serviccedilo de sauacutede no
periacuteodo graviacutedico puerperal com o objetivo de prevenir qualquer intercorrecircncia que possa
afetar a sua vida e do seu concepto e nem sempre a assistecircncia necessaacuteria agraves mulheres eacute
realizada
Segundo Tanaka (1996129) a instituiccedilatildeo muitas vezes impotildee um outro risco agrave
matildee que eacute a maacute qualidade da atenccedilatildeo recebida e a dificuldade ao acesso dos serviccedilos de
sauacutede Enfatiza ainda que a ldquoprevisibilidade e evitabilidade do oacutebito estatildeo ligadas
diretamente agrave oportunidade e agrave qualidade da assistecircncia recebida pela mulher durante a
gestaccedilatildeo o parto e puerpeacuteriordquo
A mesma autora aborda ainda que apesar do incentivo e apoio teacutecnico do MS a
partir de 1988 com a criaccedilatildeo de comitecircs no paiacutes como forma de atingir os compromissos
assumidos internacionalmente de reduccedilatildeo da morte materna em 50 ateacute 2000 essa meta natildeo
foi alcanccedilada tendo em vista que os direitos das mulheres agrave vida ao planejamento familiar e
a uma melhor qualidade de assistecircncia ainda natildeo foram alcanccedilados
A medicalizaccedilatildeo do parto influenciou no uso cada vez maior de cesaacuterea e
negativamente nos iacutendices de morbimortalidade materna e perinatal o que favoreceu a
desumanizaccedilatildeo da assistecircncia aleacutem dos altos custos hospitalares (CAPARROZ 20037)
Considerando o exposto Cianciarullo (20033536) afirma que a qualidade da
assistecircncia prestada a mulher e a crianccedila estaacute diretamente ligada agrave competecircncia compromisso
e responsabilidade dos profissionais de sauacutede e principalmente da enfermeira que se
preparam para exercer essa atividade
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A mesma autora fala sobre a aplicaccedilatildeo do meacutetodo cientiacutefico que eacute de fundamental
importacircncia na resoluccedilatildeo dos problemas de enfermagem ao propiciar a tomada de decisotildees
em bases concretas atraveacutes da consciecircncia criacutetica e transformadora sobre a realidade que se
apresenta jaacute que para cuidar de pacientes eacute imprescindiacutevel o uso de elementos cientiacuteficos e
humaniacutesticos pautados no processo de enfermagem O sucesso da assistecircncia depende
tambeacutem do uso da comunicaccedilatildeo que eacute um poderoso instrumento baacutesico de enfermagem
garantindo a qualidade do processo de cuidar
A loacutegica humanizar eacute acima de tudo ficar ao lado proporcionar conforto
orientaccedilotildees ouvir esclarecimento comprometimento com o nascimento de um novo ser de
forma segura digna e responsaacutevel propiciando que a parturiente seja sujeito desse processo
uacutenico A humanizaccedilatildeo deve ser a mola mestra do atendimento agrave concepccedilatildeo atualmente existe
um movimento mundial em prol desta humanizaccedilatildeo estimulando os profissionais de sauacutede a
repensarem agrave sua praacutetica buscando a transformaccedilatildeo da realidade no cotidiano do cuidado
O trabalho de parto deve ser abordado com eacutetica profissional em todas as
situaccedilotildees de atenccedilatildeo agrave sauacutede Nesse sentido eacute fundamental o respeito agrave mulher e a seus
familiares ao chamaacute-la pelo nome permitir que ela identifique cada membro da equipe
informaacute-la sobre os diferentes procedimentos a que seraacute submetida propiciar-lhe um
ambiente acolhedor limpo confortaacutevel e silencioso esclarecer suas duacutevidas e aliviar suas
ansiedades satildeo atitudes relativamente simples eacutetica e humana (BRASIL 200339)
O Precircmio Galba Arauacutejo foi instituiacutedo em 1999 pelo Ministeacuterio da sauacutede com o
propoacutesito de incentivar o serviccedilo puacuteblico na humanizaccedilatildeo do seu atendimento privilegiando
o acolhimento e autonomia da mulher e seu companheiro no momento do parto atraveacutes das
portarias 2883 de 04 de junho de 1998 e 1406 de 15 de dezembro de 1999 (BRASIL
200324)
Conforme a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede a parturiente durante um parto
natural humanizado deve escolher a pessoa em quem confia para o acompanhamento do seu
parto bem como privacidade e acesso a todas informaccedilotildees e explicaccedilotildees que deseje e
necessite conhecer Aleacutem do apoio a mulher tem a liberdade de lanccedilar matildeo de meacutetodos que
aliviem a sua dor durante o trabalho de parto como assumir qualquer posiccedilatildeo mais
confortaacutevel no leito ou fora dele banho de chuveiro toques e massagens frequumlentes
respiraccedilatildeo ritmada e ofegante fundo musical e outros
Para tanto eacute importante centrar-se na valorizaccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo da pessoa
para a conquista dos direitos e valores da cidadania com responsabilidade e eacutetica Cabe
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lembrar que a humanizaccedilatildeo do parto tambeacutem estaacute relacionada ao acesso das mulheres a
melhores condiccedilotildees de vida e sauacutede
A enfermagem fazendo parte da equipe de sauacutede eacute a que dedica mais tempo junto
agrave clientela e por isso observa melhor os clientes em seus anseios medos duacutevidas e
esperanccedilas e por ser tambeacutem uma profissatildeo tradicionalmente voltada para o cuidar pois eacute o
seu objeto e o profissional que se dedica ao cuidado ama e respeita a vida tendo durante a
sua formaccedilatildeo acadecircmica e a vida profissional priorizado e zelado pela eacutetica e qualidade dos
serviccedilos prestados agrave populaccedilatildeo
A enfermagem atual estaacute alerta para questotildees sociais de uma profissatildeo solidaacuteria
que eacute o novo enfoque eacutetico jaacute que a promoccedilatildeo da sauacutede soacute eacute possiacutevel se houver qualidade de
vida considerando-se o mundo globalizado para poucos que supervaloriza a racionalidade o
ter a teacutecnica e a robotizaccedilatildeo em detrimento da sensibilidade e a emoccedilatildeo O profissional de
enfermagem tem consciecircncia das condiccedilotildees adversas em que vive uma parcela significativa
da populaccedilatildeo
O cuidado tem sido essencial para o crescimento desenvolvimento e
sobrevivecircncia dos seres humanos desde o seu surgimento sendo foco da Enfermagem
enquanto disciplina e profissatildeo Cuidar o ser humano eacute um ato que requer empatia
sensibilidade e tambeacutem conhecimento Cuidar eacute tambeacutem ouvir tocar o outro e fazer por ele
o que ele proacuteprio natildeo consegue Para Santos Prado Boehs (2001378) o cuidado sendo a
essecircncia da enfermagem eacute fundamental para o bem estar a sauacutede a cura o crescimento e a
sobrevivecircncia
Erdman (199162-63) afirma que a atividade de cuidado da enfermagem eacute feita
pela accedilatildeo de seus profissionais de acordo com necessidades levantadas e que o ser humano
ao se colocar na dependecircncia da vontade de outras pessoas estaacute buscando o cuidado ao
valorizar a vida e o amor proacuteprio
Os autores Soares Santana Siqueira (2000107-109) definem a enfermagem como
sendo
A enfermagem eacute aleacutem da ciecircncia uma arte que se realiza atraveacutes docuidado que envolve ser estar pensar e fazer entre o ser que cuida e oque eacute cuidado Se o foco da enfermagem eacute o ser humano e a razatildeo deser da enfermeira eacute o cuidado entatildeo o cuidado humaniacutestico eacute econtinuaraacute sendo nosso fazer
O cuidar proporciona conforto agrave medida que ao aliviar o sofrimento ocasiona
bem estar ao cliente Conforme argumenta Morse (199871) apesar de o conforto natildeo ser
apenas diretamente relevante aos cuidados da enfermagem ainda constitui o objetivo baacutesico
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da profissatildeo O conforto contribuindo para a reduccedilatildeo da morbimortalidade eacute essencial ao
cuidado com o paciente
Arruda Nunes (199893) defendem que atraveacutes do conforto a pessoa recupera
sua forccedila acircnimo e bem estar melhorando sua qualidade de vida o conforto ocorre com o
cuidado favorecendo a integraccedilatildeo liberdade melhora seguranccedila e proteccedilatildeo Eacute dentro deste
contexto que o Ministeacuterio da Sauacutede vem implantando um conjunto de accedilotildees atraveacutes de
portarias ministeriais com o objetivo de estimular a melhoria da assistecircncia obsteacutetrica
A assistecircncia ao parto natural fora do acircmbito hospitalar pode ser uma escolha da
mulher desde que haja outras opccedilotildees que se assemelhem mais ao ambiente acolhedor do lar
mas com estrutura para agir e encaminhamentos devidos quando se fizer necessaacuterio
Hoje jaacute existem algumas alternativas como centros de parto em hospitais ou fora
deles onde mulheres de baixo risco podem dar agrave luz num ambiente semelhante agrave domiciliar
aos cuidados de enfermeiras obstetras O grau de satisfaccedilatildeo das mulheres com esse tipo de
cuidado supera o da assistecircncia convencional (OMS 199611)
O Centro de Parto Normal-CPN visa assistir exclusivamente os partos e
nascimentos normais aleacutem de garantir a privacidade e o conforto do casal durante o processo
de parturiccedilatildeo composto de um quarto para preacute-parto parto e puerpeacuterio (PPP) O CPN
valoriza o processo fisioloacutegico do nascimento ao utilizar estrateacutegias natildeo medicamentosas de
aliacutevio agrave dor a participaccedilatildeo ativa da mulher no trabalho de parto e parto e a liberdade de
escolha da posiccedilatildeo em que ela deseja dar agrave luz (OSAVA 20018)
O CPN criado atraveacutes da portaria nordm 985GM de 05 de agosto de 1999 visa
prestar assistecircncia no periacuteodo graviacutedico puerperal e parto normal sem distoacutecia Os objetivos
principais do CPN visam garantir acesso e assistecircncia ao parto nos Serviccedilos de Sauacutede do
SUS reduzir a mortalidade materna e perinatal humanizar a assistecircncia agrave gravidez ao parto
e ao puerpeacuterio e garantir a melhoria ao a melhoria da qualidade da assistecircncia agrave mulher no
preacute-natal (TYRRELL 20015)
A mesma autora acrescenta que a equipe miacutenima do CPN deve ser composta por
um enfermeiro com especialidade em enfermagem obsteacutetrica um auxiliar de enfermagem
um auxiliar de serviccedilos gerais e um motorista Deve ainda contar com uma equipe
complementar composta por um meacutedico obstetra e um meacutedico pediatra ou neonatologista A
presenccedila de parteira tradicional obedeceraacute agrave cultura de cada localidade
A portaria MSGM 2815 de 29 de maio de 1998 inclui na tabela do Sistema de
Informaccedilotildees Hospitalares do SUS o procedimento ldquoparto normal sem distoacutecia realizado por
enfermeira (o) obstetrardquo e tem como objetivo principal enfatizar a assistecircncia prestada por
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este profissional no que diz respeito ao parto humanizado Apesar do nuacutemero de enfermeiras
(os) obstetras atuando no paiacutes ainda ser muito pouco embora na realidade o nuacutemero de
partos realizados por esta categoria seja bem maior Sendo assim o Ministeacuterio da Sauacutede estaacute
financiando a realizaccedilatildeo de cursos de especializaccedilatildeo em enfermagem obsteacutetrica (BRASIL
200323)
Outro ponto importante a destacar eacute o exerciacutecio profissional da enfermagem que
dispotildee sobre a Lei 749886 e o decreto 9440687 em seu artigo 9ordm enfatiza que as
profissionais titulares de diploma ou certificados de Obstetriz ou enfermeira Obsteacutetrica
incumbe
I Prestaccedilatildeo de assistecircncia agrave parturiente e ao parto normal
II Identificaccedilatildeo das distoacutecias obsteacutetricas e tomadas de
providecircncias ateacute a chegada do meacutedico
III Realizaccedilatildeo de episiotomia e episiorrafia com aplicaccedilatildeo de
anestesia local quando necessaacuteria
O decreto tambeacutem discorre no paraacutegrafo uacutenico do Art 12 que as enfermeiras
obstetras satildeo responsaacuteveis pela supervisatildeo das atividades da parteira ao serem realizadas em
instituiccedilotildees de sauacutede Diante disso a OMS (1996) ressalta sua posiccedilatildeo de separar o parto
normal de sua condiccedilatildeo patoloacutegica Defende entatildeo que no parto normal deveria existir uma
razatildeo vaacutelida para se intervir em um processo natural lembrando que a responsabilidade de
quem acompanha estas mulheres eacute basicamente o de facilitar este processo natural
A denominaccedilatildeo do termo ldquoMidwiferdquo significa enfermeira obsteacutetrica parteira Na
Europa possuem curso superior com especializaccedilatildeo em obstetriacutecia com duraccedilatildeo de quatro
anos satildeo profissionais que fazem partos normais sem complicaccedilotildees (BALASKAS 19934)
No que se refere agrave definiccedilatildeo internacional de enfermeira-parteira segundo a
OMS a CIP (Confederaccedilatildeo Internacional de Parteiras) e a FIGO (Federaccedilatildeo Internacional de
Ginecologia e Obstetriacutecia) informa que o programa de treinamento eacute reconhecido pelo
governo que credencia a parteira a exercer suas atividades Geralmente essa pessoa eacute uma
competente prestadora de serviccedilos de obstetriacutecia especialmente treinada para a assistecircncia ao
parto normal (OMS 19964)
Contudo a mesma fonte ressalta ainda a importacircncia da atuaccedilatildeo de profissional
qualificado para prestar assistecircncia obsteacutetrica A enfermeira-obstetra como eacute chamada no
Brasil eacute considerada a pessoa fundamental para a assistecircncia obsteacutetrica Entretanto alguns
paiacuteses enfrentam escassez destas profissionais especializadas As que existem no Brasil estatildeo
mal distribuiacutedas com suas funccedilotildees desviadas trabalham em hospitais natildeo especializados
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mais nas cidades grandes e capitais que nas aacutereas rurais onde ainda uma grande parcela das
mulheres encontram-se desassistidas por profissionais com preparo teacutecnico cientiacutefico
Cabe colocar que o profissional qualificado que presta assistecircncia durante a
gestaccedilatildeo parto e puerpeacuterio deve ter sensibilidade para transmitir seguranccedila conforto e bem
estar individualizado a mulher aliando os avanccedilos cientiacuteficos quando necessaacuterio e ao
permitir o resgate da autonomia da mulher no seu parto (BRASIL 200319)
Diante da problemaacutetica exposta o Ministeacuterio da Sauacutede ao tomar conhecimento
das inuacutemeras reclamaccedilotildees realizadas por parte do usuaacuterio quanto ao pouco acesso e a maacute
assistecircncia recebida no setor puacuteblico resolveu lanccedilar programas que visem resgatar o ser
humano de cada profissional que atua na aacuterea de sauacutede incentivando tambeacutem a melhoria da
estrutura fiacutesica e material das instituiccedilotildees a fim de criar condiccedilotildees viaacuteveis as suas propostas
Juntamente com a criaccedilatildeo do Programa Nacional de Humanizaccedilatildeo da Assistecircncia
Hospitalar (PNHAH) em maio de 2000 o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) atraveacutes das
portariasGM 56900 57000 57100 e 57200 de 162000 instituiu tambeacutem o Programa de
Humanizaccedilatildeo no Preacute-Natal e Nascimento (PHPN) ao perceber a necessidade de atender de
forma mais especiacutefica grupos de risco considerados mais vulneraacuteveis por continuarem a
evidenciar taxas alarmantes de morbimortalidade no periacuteodo da gestaccedilatildeo parto e poacutes-parto o
que envolve de forma cruel e omissa duas ou mais vidas O Programa tem como principal
objetivo aprimorar as relaccedilotildees entre profissionais de sauacutede e usuaacuterio dos profissionais entre
si e do hospital com a comunidade resgatando a imagem do serviccedilo puacuteblico de sauacutede tatildeo
desgastado ao longo da histoacuteria perante a comunidade (BRASIL 2000)
Recentemente tambeacutem foi lanccedilado o Pacto Nacional pela Reduccedilatildeo da
Mortalidade Materna e Neonatal com o compromisso das trecircs esferas de gestatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede em conjunto com outros oacutergatildeos de governo e entidades da sociedade civil O
objetivo eacute a reduccedilatildeo da mortalidade de mulheres e de receacutem-nascidos em 15 ateacute o ano de
2007 jaacute que as complicaccedilotildees da gravidez aborto parto e poacutes-parto atingem mais de duas
mil mulheres e mais de oito mil receacutem-nascidos anualmente (BRASIL 2004)
Essas medidas visam estimular uma atenccedilatildeo mais criteriosa e humanizada agrave
populaccedilatildeo de forma geral que busca o serviccedilo puacuteblico Jaacute o Programa de Humanizaccedilatildeo no
Preacute-Natal e Nascimento a fim de tentar reduzir as altas taxas de morbimortalidade materna e
perinatal visa assegurar a cobertura e a qualidade do acompanhamento preacute-natal assistecircncia
ao parto puerpeacuterio e neonatal
Neste sentido a humanizaccedilatildeo defende que eacute dever das unidades de sauacutede receber
com dignidade a mulher seus familiares e o receacutem-nascido Isto requer atitude eacutetica e
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solidariedade por parte dos profissionais de sauacutede organizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo de modo a criar
um ambiente acolhedor e adotar condutas hospitalares que rompam com o tradicional
isolamento imposto agrave mulher
O usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico de sauacutede tem sido desconsiderado da sua condiccedilatildeo
de ser humano e cidadatildeo ao ser ignorado enquanto sujeito pelos profissionais de sauacutede que
ao desprezarem o trabalho em equipe desperdiccedilam a oportunidade de manterem o diaacutelogo
entre si e como o principal interessado e beneficiado eacute a clientela seria uma preciosa
contribuiccedilatildeo para a melhoria da assistecircncia
Cabe colocar que uma eficaz integraccedilatildeo entre a assistecircncia ambulatorial com a
hospitalar eacute importante para a mulher e sua famiacutelia que tendo a oportunidade de escolher e
realizar o seu preacute-natal em determinado serviccedilo de sauacutede passa a conhecer as instituiccedilotildees e
os profissionais que ali desenvolvem suas atividades proporcionando conforto e confianccedila a
mulher na hora de dar aacute luz
Conforme ressalta a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) ao recomendar que
os serviccedilos de preacute-natal e os profissionais envolvidos devem adotar medidas educativas de
prevenccedilatildeo e controle da ansiedade ao promover visitas das gestantes e acompanhantes agraves
unidades de referecircncia para o parto no sentido de minimizar o estresse do processo de
internaccedilatildeo no momento do parto (BRASIL 200327)
OBJETO DO ESTUDO
Oslash Com base na pesquisa foi destacado como objeto de estudo a
caracterizaccedilatildeo e o resgate do parto normal humanizado
OBJETIVOS
Oslash Realizar um levantamento histoacuterico sobre parto normal
Oslash Identificar as portarias do Ministeacuterio da Sauacutede sobre Parto Normal
Oslash Descrever a atuaccedilatildeo da enfermeira obstetra nos centros de
partocasas de parto
JUSTIFICATIVA E RELEVAcircNCIA DO ESTUDO
O nascimento eacute historicamente um evento natural e como tal foi vivenciado ao
longo dos seacuteculos no seio familiar com apoio de parteiras de confianccedila das comunidades No
entanto no Brasil a partir do seacuteculo XX com a institucionalizaccedilatildeo do parto a fim de
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diminuir as altas taxas de morbimortalidade materna e perinatal o parto passou a ser
controlado e medicalizado pelos meacutedicos
Com o excesso de praacuteticas intervencionistas e na maioria das vezes desnecessaacuteria
o parto de um evento iacutentimo feminino e com a participaccedilatildeo ativa da mulher passou a ser
puacuteblico e passivo Cabe destacar que apesar da hospitalizaccedilatildeo do parto a mulher ao ser
admitida numa maternidade aleacutem de perder sua identidade nome e autonomia passa longos
periacuteodos no preacute e poacutes-parto praticamente soacute sem a companhia de uma pessoa de sua
confianccedila e escolha
A OMS (199613) defende que tanto nos paiacuteses desenvolvidos como nos paiacuteses em
desenvolvimento mesmo com todos equipamentos teacutecnicos mas sem apoio por parte de
prestadores de serviccedilos as parturientes sentem-se isoladas desprotegidas e sem privacidade
Diante disso a intensa medicalizaccedilatildeo que o corpo feminino sofreu nas uacuteltimas
deacutecadas e a aparente seguranccedila do parto institucionalizado tem contribuiacutedo com o aumento
significativo da mortalidade materna e neonatal Contudo atualmente essas praacuteticas
satildeo questionadas principalmente no espaccedilo hospitalar
Com isso foram criados pelo ministeacuterio da sauacutede programas para humanizar o
parto e nascimento nas maternidades puacuteblicas como tambeacutem portarias que estimulam a
criaccedilatildeo de casascentros de parto normal com a atuaccedilatildeo do profissional enfermeira obstetra
aleacutem de incentivar atitudes por parte dos profissionais de sauacutede que garantam a mulher natildeo
soacute os benefiacutecios dos avanccedilos cientiacuteficos quando necessaacuterio mas fundamentalmente
incentivando a autonomia da mulher no parto
Diante do exposto resolvemos fazer um levantamento bibliograacutefico sobre o parto
normal e o nascimento que historicamente passou de um evento natural e marcante na vida da
mulher e famiacutelia para ser vivenciado por outros atores oficialmente preparados para
comandar ordenar e transformar eventos fisioloacutegicos em doenccedilas
Bruumlggemann (200156) afirma que o trabalho em equipe interdisciplinar na aacuterea de
sauacutede em maternidade deve ser fundamentado na cumplicidade no diaacutelogo estar aberto a
mudanccedilas visando uma assistecircncia humanizada entre equipe clientela e famiacutelia
Eacute um estudo relevante no contexto do debate sobre a humanizaccedilatildeo do parto
porque se espera contribuir para a melhoria da qualidade assistencial prestada agrave clientela
atendida no serviccedilo como tambeacutem na aacuterea de ensino colaborando para a formaccedilatildeo de novos
profissionais de enfermagem como auxiliares teacutecnicas (os) enfermeiras (os) e atraveacutes da
educaccedilatildeo continuada de profissionais bem como na poacutes-graduaccedilatildeo lato senso e stricto
senso Como tambeacutem servir de subsiacutedios para novas pesquisas que abordem a mesma
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temaacutetica e principalmente incentivar a criaccedilatildeo de casascentro de parto normal em
TeresinaPI
BASES TEOacuteRICAS
Com a hospitalizaccedilatildeo do parto normal mais precisamente a partir do seacuteculo
XIX houve uma expansatildeo da assistecircncia meacutedica no Brasil e programas de sauacutede como a
assistecircncia preacute-natal associada agrave institucionalizaccedilatildeo do parto que privilegiava a fase
reprodutiva da mulher a fim de garantir uma prole saudaacutevel e produtiva (BRASIL 2003
12-13)
A hospitalizaccedilatildeo do parto trouxe uma sobrecarga de estresse a parturiente aleacutem
daquela inerente ao proacuteprio processo parturitivo Os procedimentos rotineiros invasivos
autoritaacuterios e impessoais durante o trabalho de parto e ou parto causam estresse que pode
interferir na conduccedilatildeo normal do parto prolongando-o e propiciando o uso de teacutecnicas
intervencionistas e traumatizantes para a mulher e o bebecirc (OMS 199611)
Para tanto a parturiente estaacute cada vez mais distante de ser protagonista do seu
parto ao se submeter a ordens e atitudes o que resultou no uso excessivo de procedimentos
invasivos e traumatizantes que aumentam o estresse interferindo na conduccedilatildeo do parto
normal como no uso abusivo de cesariana nas uacuteltimas trecircs deacutecadas
Historicamente a cesaacuterea surgiu da necessidade em situaccedilotildees extremas de salvar
o feto jaacute que nessas circunstacircncias a mulher dificilmente sobrevivia tendo em vista as
precaacuterias condiccedilotildees teacutecnicas em que o parto ocorria ateacute o seacuteculo XIX Com o avanccedilo das
teacutecnicas ciruacutergicas o parto cesaacutereo passou a ser considerado seguro o que representou
inicialmente bons resultados obsteacutetricos principalmente a partir do iniacutecio da segunda metade
do seacuteculo XX (BRASIL 200333)
Diante da aparente seguranccedila essa praacutetica passou a ser propagada por
profissionais que para sua comodidade continuaram a divulgar o parto cesaacuterio como raacutepido
seguro e sem dor Largura (199876-77) enfatiza que a cesariana se tornou uma intervenccedilatildeo
banal muitas vezes realizada natildeo apenas por causa de uma urgecircncia obsteacutetrica para salvar a
vida da matildee ou da crianccedila em sofrimento mas porque conveacutem ao hospital equipe meacutedica e
mesmo a proacutepria mulher graacutevida
A realizaccedilatildeo de cesaacutereas desnecessaacuterias eacute potencialmente danosa jaacute que os riscos
de morbidade e mortalidade materna e perinatal satildeo maiores neste procedimento do que no
parto vaginal Contudo ainda hoje uma grande parcela de mulheres natildeo tecircm acesso a esse
parto quando necessitam (BRASIL 20033595)
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Paralelamente haacute evidecircncias que apontam para uma natildeo reduccedilatildeo da morbi-
mortalidade perinatal com o aumento da taxa de cesaacuterea que no Brasil eacute de 28 superior ao
niacutevel maacuteximo recomendado pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede que eacute de 15 ficando atraacutes
apenas de paiacuteses como o Chile e outros pequenos paiacuteses asiaacuteticos o que eacute considerado como
uma epidemia de partos operatoacuterios abdominais (BRASIL 20033237)
Diante disso foram criadas as portarias MSGM 2816 de 29 de maio de 1998
MSGM 865 de 03 de julho de 1999 MSGM 466 de 14 de junho de 2000 MSGM 426 de
04 de abril de 2001 que determinam o pagamento de um percentual maacuteximo de cesarianas
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de partos de cada hospital A introduccedilatildeo em 1998 destes limites
percentuais para o pagamento de cesarianas realizadas pelo Sistema Uacutenico de Sauacutede-SUS
tem sido responsaacutevel pela reduccedilatildeo do nuacutemero de mulheres submetidas a riscos ciruacutergicos
desnecessaacuterios (BRASIL 200324)
O uso indiscriminado de intervenccedilotildees na maioria das vezes eacute feita de forma
desnecessaacuteria e rotineira sem que sejam avaliadas as implicaccedilotildees desses procedimentos para
benefiacutecio da mulher e seu concepto Ao contraacuterio pode causar complicaccedilotildees seacuterias quando
aplicadas de forma inadequada
Osava (1997119-120) que a episiotomia eacute uma praacutetica utilizada em todas as
primiacuteparas que tecircm seu parto institucionalizado A episiotomia tem sido favorecida pela
posiccedilatildeo litotocircmica adotada no nosococircmio e seus respectivos profissionais formados para
intervir e facilitar o seu trabalho
A histoacuteria da episiotomia vem sendo discutida desde a metade do seacuteculo XX
inicialmente quando a gravidez o parto e o nascimento eram considerados eventos naturais e
fisioloacutegicos os meacutedicos as mulheres e seus familiares natildeo se sentiam agrave vontade com a ideacuteia
do corte Na segunda deacutecada do seacuteculo XX foi propagado que a gravidez eacute uma doenccedila e a
sua cura ciruacutergica a episiotomia comeccedilou a ser utilizada de forma rotineira Hoje a
episiotomia deve ser reservada a situaccedilotildees extremas excepcionais dentre elas o sofrimento
fetal quando eacute preciso agilizar o nascimento Baseado em evidecircncias ficou claro que o
procedimento natildeo diminui a incidecircncia de disfunccedilotildees ao contraacuterio aumenta a incidecircncia de
dor durante a relaccedilatildeo sexual sem contar no desconforto que causa a curto meacutedio e longo
prazo (SANTOS 20031)
Dentro dessa oacutetica haacute autores que defendem praacuteticas natildeo invasivas que
privilegiam a mulher como protagonista do seu parto o que tem demonstrado benefiacutecios
vivenciados pela mulher e a crianccedila De acordo com Basile (200017) o parto na posiccedilatildeo
lateral esquerda aleacutem de evitar compressatildeo dos grandes vasos e melhorar a circulaccedilatildeo
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materno-fetal deve ser estimulado por diminuir o uso de episiotomia e traumatismos
perineais graves daacute mais liberdade de movimento para a mulher natildeo limita o periacuteodo
expulsivo frente agraves condiccedilotildees maternas e fetais favoraacuteveis aleacutem de propiciar melhor
integraccedilatildeo entre a mulher acompanhante e profissional
Osava (20021) no ldquoEncontro Regional sobre Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutederdquo
organizado pela Universidade de Brasiacutelia (UnB) discutiu a necessidade de a mulher ser
menos passiva durante o nascimento dos filhos salientando que o nascimento hoje tem sido
visto apenas como um procedimento meacutedico o que cria nas mulheres a ideacuteia de que o
trabalho de parto eacute um verdadeiro castigo A mesma autora critica a manutenccedilatildeo de
intervenccedilotildees meacutedicas como a episiotomia a tricotomia o jejum e o desrespeito ao desejo da
mulher em ter um parto natural e fisioloacutegico
Paiva (199910) destaca que o perfil do profissional meacutedico se adequa mais a
teacutecnicas intervencionistas enquanto que as enfermeiras obstetras por procedimentos menos
invasivos e mais humanizados
O processo de parir requer muita sensibilidade e percepccedilatildeo dos profissionais ao
priorizar que a mulher seja protagonista do nascimento do seu filho juntamente com o apoio
familiar mesmo que este aconteccedila numa instituiccedilatildeo de sauacutede Eacute o que se vecirc na descriccedilatildeo dos
autores a seguir que enfatizam a importacircncia da presenccedila familiar no processo do parir
Montgomery (1997193) ressalta a importacircncia da figura paterna na relaccedilatildeo
familiar e na construccedilatildeo da identidade dos filhos Os novos pais jaacute se mostram capazes de
partilhar verdadeira e profundamente as tarefas extenuantes as responsabilidades (materiais
e morais) de educar os filhos e organizar a casa No entanto a paternidade continua
desvalorizada como elemento de formaccedilatildeo do nuacutecleo familiar Tendo em vista que o pai eacute
proibido de participar do parto sob a alegaccedilatildeo de que ldquoeacute coisa de mulherrsquo
Collaccedilo (200233) defende a presenccedila paterna durante o nascimento a fim de
favorecer o viacutenculo familiar o compromisso com a mulher e a crianccedila proporcionando
conforto e seguranccedila para a mulher aleacutem da responsabilidade do pai pela prole
O parto natildeo eacute um processo apenas bioloacutegico eacute tambeacutem um acontecimento
socialcultural envolvendo a famiacutelia que passaraacute a transformar a sociedade com a chegada
de um novo ser A humanizaccedilatildeo no atendimento integral agrave mulher deve estender-se desde a
preacute-concepccedilatildeo e inclusive puerpeacuterio sem complicaccedilotildees visando agrave promoccedilatildeo do parto e
nascimento saudaacuteveis e a prevenccedilatildeo da morbimortalidade materna e perinatal assim como
evitar as intervenccedilotildees desnecessaacuterias preservando a privacidade e autonomia da mulher O
movimento de preparaccedilatildeo para o parto e para a maternidade tem como um dos objetivos
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baacutesicos humanizar o processo do nascimento atualmente tatildeo mecanizado e dissociado de seu
contexto emocional (MALDONADO 198452)
CAMINHO METODOLOacuteGICO
Trata-se de uma pesquisa teoacuterica exploratoacuteria descritiva que procurou obedecer
agraves normas da ABNT Foi baseada em uma ampla investigaccedilatildeo de referencias bibliograacuteficas
sobre a temaacutetica escolhida atraveacutes de uma coletacircnea em artigos monografia dissertaccedilotildees e
teses que explorem o assunto e satisfaccedila a curiosidade dos pesquisadores embora natildeo tenha a
pretensatildeo de esgotar ao assunto jaacute que a fonte de conhecimento existente eacute inesgotaacutevel
Conforme afirma Gil (1999) apesar de todas as pesquisas exigirem vaacuterias
referencias bibliograacuteficas para fundamentarem o estudo a pesquisa bibliograacutefica eacute
exclusivamente desenvolvida com esse objetivo
O mesmo autor destaca que a pesquisa bibliograacutefica eacute desenvolvida de acordo
com os seguintes criteacuterios formulaccedilatildeo do problema elaboraccedilatildeo do plano de trabalho
identificaccedilatildeo das fontes localizaccedilatildeo do material confecccedilatildeo de fichas construccedilatildeo loacutegica do
trabalho e redaccedilatildeo do texto O plano de trabalho sendo flexiacutevel eacute sucessivamente formulado e
sua elaboraccedilatildeo depende da clara contextualizaccedilatildeo do problema a fim de encaminhar os
procedimentos seguintes O desenvolvimento da pesquisa depende da coleccedilatildeo de itens
ordenados em seccedilotildees atraveacutes da confecccedilatildeo de fichas o que permitiu um melhor
direcionamento do que se propunha investigar
Apesar da pesquisa ser uma atividade teoacuterica alia pensamento e accedilatildeo onde nada
pode ser intelectualmente um problema se natildeo tiver sido vivenciado no cotidiano humano A
investigaccedilatildeo estaacute vinculada a interesses e circunstacircncias socialmente condicionadas
determinada em sua inserccedilatildeo na realidade nela encontrando seus motivos e objetivos
(MINAYO 2002)
O presente estudo para o seu enriquecimento buscou textos de revistas
perioacutedicas artigos dissertaccedilotildees teses livros e manuais ministeriais privilegiando
bibliografias atualizadas nos uacuteltimos cinco anos Apoacutes a identificaccedilatildeo das fontes realizamos
a confecccedilatildeo e organizaccedilatildeo de fichas leituras a fim de sintetizar as principais ideacuteias dos
outros autores pesquisados servindo de consulta e confecccedilatildeo final do trabalho estudado
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
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Diante do vasto conhecimento levantado com a contribuiccedilatildeo de outros autores
foi possiacutevel observar que a problemaacutetica estudada tem despertado a atenccedilatildeo de vaacuterios
profissionais que direta ou indiretamente estatildeo envolvidos com a realidade investigada e
atraveacutes de pesquisas fundamentadas manifestaram o desejo de mudar os cotidianos
cruelmente banalizados e desumanos que habitam em nossas maternidades
A pesquisa bibliograacutefica pretende contribuir com a sensibilizaccedilatildeo de
profissionais de sauacutede que assistem a mulher a adotarem condutas que tragam bem-estar e
garantam a seguranccedila para a mulher e o bebecirc como tambeacutem a famiacutelia e sociedade a se
sentirem responsaacuteveis pelo nascimento como um processo natural e humano com eacutetica
compromisso e solidariedade a fim de resgatar um dos principais papeacuteis da mulher que eacute o
de ser matildee com autonomia
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SANTOS VSC PRADO ML BOEHS AE Atuaccedilatildeo da Enfermeira junto ao casalRN noprocesso de parir embasada na teoria de Madeleine Leininger Nurse Texto amp ContextoEnfermagem Florianoacutepolis V9 n2 MaioAgo 2001
SOARES MS SIQUEIRA O Cuidado de Enfermagem no cotidiano das (os) Enfermeiras(os) Autocircnomas (os) Agrave luz de alguns conceitos da teoria humaniacutestica de Paterson e ZderardTexto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis V 9 n 2 MaioAgo 2000
SANTOS MS Histoacuteria da episiotomia Disponiacutevel em ltHttwwwmaternaturamedbrepisiohistmleitehtmgt Acesso em 020603
TANAKA A CA Maternidade dilema entre nascimento e morte Revista Baiana deEnfermagem V9 n1 Abr 1996
__________ Mortalidade Materna Sauacutede da Mulher e Direitos Reprodutivos dossiecircsSatildeo Paulo 2001
TYRRELL RAM Centro de Parto Normal Nursing Revista Teacutecnica de EnfermagemSatildeo Paulo Nordm 32 2001 Ano 4
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A gravidez na maioria das vezes eacute motivo de felicidade para a mulher e seus
familiares e o momento do parto eacute aguardado com grande expectativa alegria como tambeacutem
com ansiedade Entretanto apesar do seguimento da mulher no acircmbito hospitalar com
emprego de tecnologia disponiacutevel a mortalidade natildeo diminuiu pelo contraacuterio agraves estatiacutesticas
mostram uma triste realidade relacionada agraves altas taxas de mortalidade materna por causas
ligadas agrave gravidez ao parto e ao puerpeacuterio que muitas vezes poderiam ser evitadas se
houvessem boas condiccedilotildees de vida dessas mulheres associado agrave atenccedilatildeo integral da sauacutede
com ampliaccedilatildeo do acesso e principalmente pela melhoria da assistecircncia agrave mulher no ciclo
graacutevido puerperal (BRASIL 20027)
Os paiacuteses em desenvolvimento concentram uma grande parcela dessas mulheres
desassistidas o que constitui um grave problema de sauacutede puacuteblica Embora no Brasil a
subinformaccedilatildeo e o sub-registro dificultem os registros fidedignos da mortalidade materna o
Ministeacuterio da Sauacutede em 1996 criou mecanismos apropriados para corrigir essas distorccedilotildees
Em 1998 a Razatildeo de Mortalidade Materna (RMM) brasileira obtida a partir de oacutebitos
declarados foi de 648 oacutebitos maternos por 100000 nascidos vivos (BRASIL 20028)
A mesma fonte descreve que nas regiotildees Sul e Sudeste estes valores foram
respectivamente de 762 e 70 Jaacute nas regiotildees Norte Nordeste e Centro Oeste foram de 561
548 e 57 respectivamente As grandes diferenccedilas entre as regiotildees citadas estatildeo de acordo
com a melhor qualidade do registro de oacutebitos nas primeiras regiotildees mencionadas Todavia no
Piauiacute a Razatildeo de Mortalidade Materna por nascidos vivos foi de 8435 Num total de 47
oacutebitos por 55715NV (PIAUIacute 2003)
A morte de uma mulher durante a gestaccedilatildeo ou ateacute 42 dias apoacutes o teacutermino da
gestaccedilatildeo independente da duraccedilatildeo ou da localizaccedilatildeo da gravidez eacute causada por qualquer
fator relacionado ou agravado pela gravidez ou por medidas tomadas em relaccedilatildeo a ela De
acordo com a Classificaccedilatildeo internacional de Doenccedilas-CID 10 foi definido como morte
materna tardia a morte de uma mulher por causas obsteacutetricas diretas ou indiretas ocorridas
apoacutes os 42 dias de puerpeacuterio e inferior a um ano apoacutes o fim da gravidez (BRASIL
20021011)
Nesse sentido na maioria das vezes as mulheres viacutetimas de Mortalidade Materna
satildeo jovens e aleacutem do receacutem-nascido deixam outros oacuterfatildeos desprovidos dos cuidados maternos
e uma famiacutelia desestruturada visto que a mulher ainda eacute o grande alicerce de sustentaccedilatildeo do
lar na nossa sociedade
Na histoacuteria da humanidade as mulheres satildeo sobreviventes da violecircncia aborto e
morte materna durante a gravidez o parto ou puerpeacuterio Satildeo fatos do cotidiano de mulheres
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desprovidas de direitos satildeo mortes por causas evitaacuteveis em 96 dos casos Morrer de parto eacute
uma das mais graves violaccedilotildees dos direitos humanos e as brasileiras morrem por falta de
alguns cuidados muito simples como por exemplo a medida e o acompanhamento da
pressatildeo arterial Em todos os paiacuteses morrem mais as pobres A mortalidade materna eacute uma
das principais causas de morte feminina de 15 a 49 anos nos paiacuteses subdesenvolvidos
(OLIVEIRA 20022)
No Brasil a principal causa de morte materna eacute a hipertensatildeo arterial natildeo tratada
As mortes maternas estatildeo associadas agrave falta de assistecircncia digna e agrave negligecircncia que vatildeo
desde o natildeo atendimento ateacute agrave maacute qualidade do serviccedilo prestado Tanaka (200133) enfatiza
ainda que entre as causas obsteacutetricas diretas o aborto eacute a quarta causa de oacutebito materno no
paiacutes o que demonstra que as accedilotildees de planejamento familiar natildeo estatildeo funcionando
adequadamente apesar de ser um direito garantido na Constituiccedilatildeo de 1988
Nesse contexto a grande maioria dessas mulheres procura o serviccedilo de sauacutede no
periacuteodo graviacutedico puerperal com o objetivo de prevenir qualquer intercorrecircncia que possa
afetar a sua vida e do seu concepto e nem sempre a assistecircncia necessaacuteria agraves mulheres eacute
realizada
Segundo Tanaka (1996129) a instituiccedilatildeo muitas vezes impotildee um outro risco agrave
matildee que eacute a maacute qualidade da atenccedilatildeo recebida e a dificuldade ao acesso dos serviccedilos de
sauacutede Enfatiza ainda que a ldquoprevisibilidade e evitabilidade do oacutebito estatildeo ligadas
diretamente agrave oportunidade e agrave qualidade da assistecircncia recebida pela mulher durante a
gestaccedilatildeo o parto e puerpeacuteriordquo
A mesma autora aborda ainda que apesar do incentivo e apoio teacutecnico do MS a
partir de 1988 com a criaccedilatildeo de comitecircs no paiacutes como forma de atingir os compromissos
assumidos internacionalmente de reduccedilatildeo da morte materna em 50 ateacute 2000 essa meta natildeo
foi alcanccedilada tendo em vista que os direitos das mulheres agrave vida ao planejamento familiar e
a uma melhor qualidade de assistecircncia ainda natildeo foram alcanccedilados
A medicalizaccedilatildeo do parto influenciou no uso cada vez maior de cesaacuterea e
negativamente nos iacutendices de morbimortalidade materna e perinatal o que favoreceu a
desumanizaccedilatildeo da assistecircncia aleacutem dos altos custos hospitalares (CAPARROZ 20037)
Considerando o exposto Cianciarullo (20033536) afirma que a qualidade da
assistecircncia prestada a mulher e a crianccedila estaacute diretamente ligada agrave competecircncia compromisso
e responsabilidade dos profissionais de sauacutede e principalmente da enfermeira que se
preparam para exercer essa atividade
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A mesma autora fala sobre a aplicaccedilatildeo do meacutetodo cientiacutefico que eacute de fundamental
importacircncia na resoluccedilatildeo dos problemas de enfermagem ao propiciar a tomada de decisotildees
em bases concretas atraveacutes da consciecircncia criacutetica e transformadora sobre a realidade que se
apresenta jaacute que para cuidar de pacientes eacute imprescindiacutevel o uso de elementos cientiacuteficos e
humaniacutesticos pautados no processo de enfermagem O sucesso da assistecircncia depende
tambeacutem do uso da comunicaccedilatildeo que eacute um poderoso instrumento baacutesico de enfermagem
garantindo a qualidade do processo de cuidar
A loacutegica humanizar eacute acima de tudo ficar ao lado proporcionar conforto
orientaccedilotildees ouvir esclarecimento comprometimento com o nascimento de um novo ser de
forma segura digna e responsaacutevel propiciando que a parturiente seja sujeito desse processo
uacutenico A humanizaccedilatildeo deve ser a mola mestra do atendimento agrave concepccedilatildeo atualmente existe
um movimento mundial em prol desta humanizaccedilatildeo estimulando os profissionais de sauacutede a
repensarem agrave sua praacutetica buscando a transformaccedilatildeo da realidade no cotidiano do cuidado
O trabalho de parto deve ser abordado com eacutetica profissional em todas as
situaccedilotildees de atenccedilatildeo agrave sauacutede Nesse sentido eacute fundamental o respeito agrave mulher e a seus
familiares ao chamaacute-la pelo nome permitir que ela identifique cada membro da equipe
informaacute-la sobre os diferentes procedimentos a que seraacute submetida propiciar-lhe um
ambiente acolhedor limpo confortaacutevel e silencioso esclarecer suas duacutevidas e aliviar suas
ansiedades satildeo atitudes relativamente simples eacutetica e humana (BRASIL 200339)
O Precircmio Galba Arauacutejo foi instituiacutedo em 1999 pelo Ministeacuterio da sauacutede com o
propoacutesito de incentivar o serviccedilo puacuteblico na humanizaccedilatildeo do seu atendimento privilegiando
o acolhimento e autonomia da mulher e seu companheiro no momento do parto atraveacutes das
portarias 2883 de 04 de junho de 1998 e 1406 de 15 de dezembro de 1999 (BRASIL
200324)
Conforme a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede a parturiente durante um parto
natural humanizado deve escolher a pessoa em quem confia para o acompanhamento do seu
parto bem como privacidade e acesso a todas informaccedilotildees e explicaccedilotildees que deseje e
necessite conhecer Aleacutem do apoio a mulher tem a liberdade de lanccedilar matildeo de meacutetodos que
aliviem a sua dor durante o trabalho de parto como assumir qualquer posiccedilatildeo mais
confortaacutevel no leito ou fora dele banho de chuveiro toques e massagens frequumlentes
respiraccedilatildeo ritmada e ofegante fundo musical e outros
Para tanto eacute importante centrar-se na valorizaccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo da pessoa
para a conquista dos direitos e valores da cidadania com responsabilidade e eacutetica Cabe
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lembrar que a humanizaccedilatildeo do parto tambeacutem estaacute relacionada ao acesso das mulheres a
melhores condiccedilotildees de vida e sauacutede
A enfermagem fazendo parte da equipe de sauacutede eacute a que dedica mais tempo junto
agrave clientela e por isso observa melhor os clientes em seus anseios medos duacutevidas e
esperanccedilas e por ser tambeacutem uma profissatildeo tradicionalmente voltada para o cuidar pois eacute o
seu objeto e o profissional que se dedica ao cuidado ama e respeita a vida tendo durante a
sua formaccedilatildeo acadecircmica e a vida profissional priorizado e zelado pela eacutetica e qualidade dos
serviccedilos prestados agrave populaccedilatildeo
A enfermagem atual estaacute alerta para questotildees sociais de uma profissatildeo solidaacuteria
que eacute o novo enfoque eacutetico jaacute que a promoccedilatildeo da sauacutede soacute eacute possiacutevel se houver qualidade de
vida considerando-se o mundo globalizado para poucos que supervaloriza a racionalidade o
ter a teacutecnica e a robotizaccedilatildeo em detrimento da sensibilidade e a emoccedilatildeo O profissional de
enfermagem tem consciecircncia das condiccedilotildees adversas em que vive uma parcela significativa
da populaccedilatildeo
O cuidado tem sido essencial para o crescimento desenvolvimento e
sobrevivecircncia dos seres humanos desde o seu surgimento sendo foco da Enfermagem
enquanto disciplina e profissatildeo Cuidar o ser humano eacute um ato que requer empatia
sensibilidade e tambeacutem conhecimento Cuidar eacute tambeacutem ouvir tocar o outro e fazer por ele
o que ele proacuteprio natildeo consegue Para Santos Prado Boehs (2001378) o cuidado sendo a
essecircncia da enfermagem eacute fundamental para o bem estar a sauacutede a cura o crescimento e a
sobrevivecircncia
Erdman (199162-63) afirma que a atividade de cuidado da enfermagem eacute feita
pela accedilatildeo de seus profissionais de acordo com necessidades levantadas e que o ser humano
ao se colocar na dependecircncia da vontade de outras pessoas estaacute buscando o cuidado ao
valorizar a vida e o amor proacuteprio
Os autores Soares Santana Siqueira (2000107-109) definem a enfermagem como
sendo
A enfermagem eacute aleacutem da ciecircncia uma arte que se realiza atraveacutes docuidado que envolve ser estar pensar e fazer entre o ser que cuida e oque eacute cuidado Se o foco da enfermagem eacute o ser humano e a razatildeo deser da enfermeira eacute o cuidado entatildeo o cuidado humaniacutestico eacute econtinuaraacute sendo nosso fazer
O cuidar proporciona conforto agrave medida que ao aliviar o sofrimento ocasiona
bem estar ao cliente Conforme argumenta Morse (199871) apesar de o conforto natildeo ser
apenas diretamente relevante aos cuidados da enfermagem ainda constitui o objetivo baacutesico
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da profissatildeo O conforto contribuindo para a reduccedilatildeo da morbimortalidade eacute essencial ao
cuidado com o paciente
Arruda Nunes (199893) defendem que atraveacutes do conforto a pessoa recupera
sua forccedila acircnimo e bem estar melhorando sua qualidade de vida o conforto ocorre com o
cuidado favorecendo a integraccedilatildeo liberdade melhora seguranccedila e proteccedilatildeo Eacute dentro deste
contexto que o Ministeacuterio da Sauacutede vem implantando um conjunto de accedilotildees atraveacutes de
portarias ministeriais com o objetivo de estimular a melhoria da assistecircncia obsteacutetrica
A assistecircncia ao parto natural fora do acircmbito hospitalar pode ser uma escolha da
mulher desde que haja outras opccedilotildees que se assemelhem mais ao ambiente acolhedor do lar
mas com estrutura para agir e encaminhamentos devidos quando se fizer necessaacuterio
Hoje jaacute existem algumas alternativas como centros de parto em hospitais ou fora
deles onde mulheres de baixo risco podem dar agrave luz num ambiente semelhante agrave domiciliar
aos cuidados de enfermeiras obstetras O grau de satisfaccedilatildeo das mulheres com esse tipo de
cuidado supera o da assistecircncia convencional (OMS 199611)
O Centro de Parto Normal-CPN visa assistir exclusivamente os partos e
nascimentos normais aleacutem de garantir a privacidade e o conforto do casal durante o processo
de parturiccedilatildeo composto de um quarto para preacute-parto parto e puerpeacuterio (PPP) O CPN
valoriza o processo fisioloacutegico do nascimento ao utilizar estrateacutegias natildeo medicamentosas de
aliacutevio agrave dor a participaccedilatildeo ativa da mulher no trabalho de parto e parto e a liberdade de
escolha da posiccedilatildeo em que ela deseja dar agrave luz (OSAVA 20018)
O CPN criado atraveacutes da portaria nordm 985GM de 05 de agosto de 1999 visa
prestar assistecircncia no periacuteodo graviacutedico puerperal e parto normal sem distoacutecia Os objetivos
principais do CPN visam garantir acesso e assistecircncia ao parto nos Serviccedilos de Sauacutede do
SUS reduzir a mortalidade materna e perinatal humanizar a assistecircncia agrave gravidez ao parto
e ao puerpeacuterio e garantir a melhoria ao a melhoria da qualidade da assistecircncia agrave mulher no
preacute-natal (TYRRELL 20015)
A mesma autora acrescenta que a equipe miacutenima do CPN deve ser composta por
um enfermeiro com especialidade em enfermagem obsteacutetrica um auxiliar de enfermagem
um auxiliar de serviccedilos gerais e um motorista Deve ainda contar com uma equipe
complementar composta por um meacutedico obstetra e um meacutedico pediatra ou neonatologista A
presenccedila de parteira tradicional obedeceraacute agrave cultura de cada localidade
A portaria MSGM 2815 de 29 de maio de 1998 inclui na tabela do Sistema de
Informaccedilotildees Hospitalares do SUS o procedimento ldquoparto normal sem distoacutecia realizado por
enfermeira (o) obstetrardquo e tem como objetivo principal enfatizar a assistecircncia prestada por
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este profissional no que diz respeito ao parto humanizado Apesar do nuacutemero de enfermeiras
(os) obstetras atuando no paiacutes ainda ser muito pouco embora na realidade o nuacutemero de
partos realizados por esta categoria seja bem maior Sendo assim o Ministeacuterio da Sauacutede estaacute
financiando a realizaccedilatildeo de cursos de especializaccedilatildeo em enfermagem obsteacutetrica (BRASIL
200323)
Outro ponto importante a destacar eacute o exerciacutecio profissional da enfermagem que
dispotildee sobre a Lei 749886 e o decreto 9440687 em seu artigo 9ordm enfatiza que as
profissionais titulares de diploma ou certificados de Obstetriz ou enfermeira Obsteacutetrica
incumbe
I Prestaccedilatildeo de assistecircncia agrave parturiente e ao parto normal
II Identificaccedilatildeo das distoacutecias obsteacutetricas e tomadas de
providecircncias ateacute a chegada do meacutedico
III Realizaccedilatildeo de episiotomia e episiorrafia com aplicaccedilatildeo de
anestesia local quando necessaacuteria
O decreto tambeacutem discorre no paraacutegrafo uacutenico do Art 12 que as enfermeiras
obstetras satildeo responsaacuteveis pela supervisatildeo das atividades da parteira ao serem realizadas em
instituiccedilotildees de sauacutede Diante disso a OMS (1996) ressalta sua posiccedilatildeo de separar o parto
normal de sua condiccedilatildeo patoloacutegica Defende entatildeo que no parto normal deveria existir uma
razatildeo vaacutelida para se intervir em um processo natural lembrando que a responsabilidade de
quem acompanha estas mulheres eacute basicamente o de facilitar este processo natural
A denominaccedilatildeo do termo ldquoMidwiferdquo significa enfermeira obsteacutetrica parteira Na
Europa possuem curso superior com especializaccedilatildeo em obstetriacutecia com duraccedilatildeo de quatro
anos satildeo profissionais que fazem partos normais sem complicaccedilotildees (BALASKAS 19934)
No que se refere agrave definiccedilatildeo internacional de enfermeira-parteira segundo a
OMS a CIP (Confederaccedilatildeo Internacional de Parteiras) e a FIGO (Federaccedilatildeo Internacional de
Ginecologia e Obstetriacutecia) informa que o programa de treinamento eacute reconhecido pelo
governo que credencia a parteira a exercer suas atividades Geralmente essa pessoa eacute uma
competente prestadora de serviccedilos de obstetriacutecia especialmente treinada para a assistecircncia ao
parto normal (OMS 19964)
Contudo a mesma fonte ressalta ainda a importacircncia da atuaccedilatildeo de profissional
qualificado para prestar assistecircncia obsteacutetrica A enfermeira-obstetra como eacute chamada no
Brasil eacute considerada a pessoa fundamental para a assistecircncia obsteacutetrica Entretanto alguns
paiacuteses enfrentam escassez destas profissionais especializadas As que existem no Brasil estatildeo
mal distribuiacutedas com suas funccedilotildees desviadas trabalham em hospitais natildeo especializados
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mais nas cidades grandes e capitais que nas aacutereas rurais onde ainda uma grande parcela das
mulheres encontram-se desassistidas por profissionais com preparo teacutecnico cientiacutefico
Cabe colocar que o profissional qualificado que presta assistecircncia durante a
gestaccedilatildeo parto e puerpeacuterio deve ter sensibilidade para transmitir seguranccedila conforto e bem
estar individualizado a mulher aliando os avanccedilos cientiacuteficos quando necessaacuterio e ao
permitir o resgate da autonomia da mulher no seu parto (BRASIL 200319)
Diante da problemaacutetica exposta o Ministeacuterio da Sauacutede ao tomar conhecimento
das inuacutemeras reclamaccedilotildees realizadas por parte do usuaacuterio quanto ao pouco acesso e a maacute
assistecircncia recebida no setor puacuteblico resolveu lanccedilar programas que visem resgatar o ser
humano de cada profissional que atua na aacuterea de sauacutede incentivando tambeacutem a melhoria da
estrutura fiacutesica e material das instituiccedilotildees a fim de criar condiccedilotildees viaacuteveis as suas propostas
Juntamente com a criaccedilatildeo do Programa Nacional de Humanizaccedilatildeo da Assistecircncia
Hospitalar (PNHAH) em maio de 2000 o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) atraveacutes das
portariasGM 56900 57000 57100 e 57200 de 162000 instituiu tambeacutem o Programa de
Humanizaccedilatildeo no Preacute-Natal e Nascimento (PHPN) ao perceber a necessidade de atender de
forma mais especiacutefica grupos de risco considerados mais vulneraacuteveis por continuarem a
evidenciar taxas alarmantes de morbimortalidade no periacuteodo da gestaccedilatildeo parto e poacutes-parto o
que envolve de forma cruel e omissa duas ou mais vidas O Programa tem como principal
objetivo aprimorar as relaccedilotildees entre profissionais de sauacutede e usuaacuterio dos profissionais entre
si e do hospital com a comunidade resgatando a imagem do serviccedilo puacuteblico de sauacutede tatildeo
desgastado ao longo da histoacuteria perante a comunidade (BRASIL 2000)
Recentemente tambeacutem foi lanccedilado o Pacto Nacional pela Reduccedilatildeo da
Mortalidade Materna e Neonatal com o compromisso das trecircs esferas de gestatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede em conjunto com outros oacutergatildeos de governo e entidades da sociedade civil O
objetivo eacute a reduccedilatildeo da mortalidade de mulheres e de receacutem-nascidos em 15 ateacute o ano de
2007 jaacute que as complicaccedilotildees da gravidez aborto parto e poacutes-parto atingem mais de duas
mil mulheres e mais de oito mil receacutem-nascidos anualmente (BRASIL 2004)
Essas medidas visam estimular uma atenccedilatildeo mais criteriosa e humanizada agrave
populaccedilatildeo de forma geral que busca o serviccedilo puacuteblico Jaacute o Programa de Humanizaccedilatildeo no
Preacute-Natal e Nascimento a fim de tentar reduzir as altas taxas de morbimortalidade materna e
perinatal visa assegurar a cobertura e a qualidade do acompanhamento preacute-natal assistecircncia
ao parto puerpeacuterio e neonatal
Neste sentido a humanizaccedilatildeo defende que eacute dever das unidades de sauacutede receber
com dignidade a mulher seus familiares e o receacutem-nascido Isto requer atitude eacutetica e
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solidariedade por parte dos profissionais de sauacutede organizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo de modo a criar
um ambiente acolhedor e adotar condutas hospitalares que rompam com o tradicional
isolamento imposto agrave mulher
O usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico de sauacutede tem sido desconsiderado da sua condiccedilatildeo
de ser humano e cidadatildeo ao ser ignorado enquanto sujeito pelos profissionais de sauacutede que
ao desprezarem o trabalho em equipe desperdiccedilam a oportunidade de manterem o diaacutelogo
entre si e como o principal interessado e beneficiado eacute a clientela seria uma preciosa
contribuiccedilatildeo para a melhoria da assistecircncia
Cabe colocar que uma eficaz integraccedilatildeo entre a assistecircncia ambulatorial com a
hospitalar eacute importante para a mulher e sua famiacutelia que tendo a oportunidade de escolher e
realizar o seu preacute-natal em determinado serviccedilo de sauacutede passa a conhecer as instituiccedilotildees e
os profissionais que ali desenvolvem suas atividades proporcionando conforto e confianccedila a
mulher na hora de dar aacute luz
Conforme ressalta a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) ao recomendar que
os serviccedilos de preacute-natal e os profissionais envolvidos devem adotar medidas educativas de
prevenccedilatildeo e controle da ansiedade ao promover visitas das gestantes e acompanhantes agraves
unidades de referecircncia para o parto no sentido de minimizar o estresse do processo de
internaccedilatildeo no momento do parto (BRASIL 200327)
OBJETO DO ESTUDO
Oslash Com base na pesquisa foi destacado como objeto de estudo a
caracterizaccedilatildeo e o resgate do parto normal humanizado
OBJETIVOS
Oslash Realizar um levantamento histoacuterico sobre parto normal
Oslash Identificar as portarias do Ministeacuterio da Sauacutede sobre Parto Normal
Oslash Descrever a atuaccedilatildeo da enfermeira obstetra nos centros de
partocasas de parto
JUSTIFICATIVA E RELEVAcircNCIA DO ESTUDO
O nascimento eacute historicamente um evento natural e como tal foi vivenciado ao
longo dos seacuteculos no seio familiar com apoio de parteiras de confianccedila das comunidades No
entanto no Brasil a partir do seacuteculo XX com a institucionalizaccedilatildeo do parto a fim de
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diminuir as altas taxas de morbimortalidade materna e perinatal o parto passou a ser
controlado e medicalizado pelos meacutedicos
Com o excesso de praacuteticas intervencionistas e na maioria das vezes desnecessaacuteria
o parto de um evento iacutentimo feminino e com a participaccedilatildeo ativa da mulher passou a ser
puacuteblico e passivo Cabe destacar que apesar da hospitalizaccedilatildeo do parto a mulher ao ser
admitida numa maternidade aleacutem de perder sua identidade nome e autonomia passa longos
periacuteodos no preacute e poacutes-parto praticamente soacute sem a companhia de uma pessoa de sua
confianccedila e escolha
A OMS (199613) defende que tanto nos paiacuteses desenvolvidos como nos paiacuteses em
desenvolvimento mesmo com todos equipamentos teacutecnicos mas sem apoio por parte de
prestadores de serviccedilos as parturientes sentem-se isoladas desprotegidas e sem privacidade
Diante disso a intensa medicalizaccedilatildeo que o corpo feminino sofreu nas uacuteltimas
deacutecadas e a aparente seguranccedila do parto institucionalizado tem contribuiacutedo com o aumento
significativo da mortalidade materna e neonatal Contudo atualmente essas praacuteticas
satildeo questionadas principalmente no espaccedilo hospitalar
Com isso foram criados pelo ministeacuterio da sauacutede programas para humanizar o
parto e nascimento nas maternidades puacuteblicas como tambeacutem portarias que estimulam a
criaccedilatildeo de casascentros de parto normal com a atuaccedilatildeo do profissional enfermeira obstetra
aleacutem de incentivar atitudes por parte dos profissionais de sauacutede que garantam a mulher natildeo
soacute os benefiacutecios dos avanccedilos cientiacuteficos quando necessaacuterio mas fundamentalmente
incentivando a autonomia da mulher no parto
Diante do exposto resolvemos fazer um levantamento bibliograacutefico sobre o parto
normal e o nascimento que historicamente passou de um evento natural e marcante na vida da
mulher e famiacutelia para ser vivenciado por outros atores oficialmente preparados para
comandar ordenar e transformar eventos fisioloacutegicos em doenccedilas
Bruumlggemann (200156) afirma que o trabalho em equipe interdisciplinar na aacuterea de
sauacutede em maternidade deve ser fundamentado na cumplicidade no diaacutelogo estar aberto a
mudanccedilas visando uma assistecircncia humanizada entre equipe clientela e famiacutelia
Eacute um estudo relevante no contexto do debate sobre a humanizaccedilatildeo do parto
porque se espera contribuir para a melhoria da qualidade assistencial prestada agrave clientela
atendida no serviccedilo como tambeacutem na aacuterea de ensino colaborando para a formaccedilatildeo de novos
profissionais de enfermagem como auxiliares teacutecnicas (os) enfermeiras (os) e atraveacutes da
educaccedilatildeo continuada de profissionais bem como na poacutes-graduaccedilatildeo lato senso e stricto
senso Como tambeacutem servir de subsiacutedios para novas pesquisas que abordem a mesma
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temaacutetica e principalmente incentivar a criaccedilatildeo de casascentro de parto normal em
TeresinaPI
BASES TEOacuteRICAS
Com a hospitalizaccedilatildeo do parto normal mais precisamente a partir do seacuteculo
XIX houve uma expansatildeo da assistecircncia meacutedica no Brasil e programas de sauacutede como a
assistecircncia preacute-natal associada agrave institucionalizaccedilatildeo do parto que privilegiava a fase
reprodutiva da mulher a fim de garantir uma prole saudaacutevel e produtiva (BRASIL 2003
12-13)
A hospitalizaccedilatildeo do parto trouxe uma sobrecarga de estresse a parturiente aleacutem
daquela inerente ao proacuteprio processo parturitivo Os procedimentos rotineiros invasivos
autoritaacuterios e impessoais durante o trabalho de parto e ou parto causam estresse que pode
interferir na conduccedilatildeo normal do parto prolongando-o e propiciando o uso de teacutecnicas
intervencionistas e traumatizantes para a mulher e o bebecirc (OMS 199611)
Para tanto a parturiente estaacute cada vez mais distante de ser protagonista do seu
parto ao se submeter a ordens e atitudes o que resultou no uso excessivo de procedimentos
invasivos e traumatizantes que aumentam o estresse interferindo na conduccedilatildeo do parto
normal como no uso abusivo de cesariana nas uacuteltimas trecircs deacutecadas
Historicamente a cesaacuterea surgiu da necessidade em situaccedilotildees extremas de salvar
o feto jaacute que nessas circunstacircncias a mulher dificilmente sobrevivia tendo em vista as
precaacuterias condiccedilotildees teacutecnicas em que o parto ocorria ateacute o seacuteculo XIX Com o avanccedilo das
teacutecnicas ciruacutergicas o parto cesaacutereo passou a ser considerado seguro o que representou
inicialmente bons resultados obsteacutetricos principalmente a partir do iniacutecio da segunda metade
do seacuteculo XX (BRASIL 200333)
Diante da aparente seguranccedila essa praacutetica passou a ser propagada por
profissionais que para sua comodidade continuaram a divulgar o parto cesaacuterio como raacutepido
seguro e sem dor Largura (199876-77) enfatiza que a cesariana se tornou uma intervenccedilatildeo
banal muitas vezes realizada natildeo apenas por causa de uma urgecircncia obsteacutetrica para salvar a
vida da matildee ou da crianccedila em sofrimento mas porque conveacutem ao hospital equipe meacutedica e
mesmo a proacutepria mulher graacutevida
A realizaccedilatildeo de cesaacutereas desnecessaacuterias eacute potencialmente danosa jaacute que os riscos
de morbidade e mortalidade materna e perinatal satildeo maiores neste procedimento do que no
parto vaginal Contudo ainda hoje uma grande parcela de mulheres natildeo tecircm acesso a esse
parto quando necessitam (BRASIL 20033595)
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Paralelamente haacute evidecircncias que apontam para uma natildeo reduccedilatildeo da morbi-
mortalidade perinatal com o aumento da taxa de cesaacuterea que no Brasil eacute de 28 superior ao
niacutevel maacuteximo recomendado pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede que eacute de 15 ficando atraacutes
apenas de paiacuteses como o Chile e outros pequenos paiacuteses asiaacuteticos o que eacute considerado como
uma epidemia de partos operatoacuterios abdominais (BRASIL 20033237)
Diante disso foram criadas as portarias MSGM 2816 de 29 de maio de 1998
MSGM 865 de 03 de julho de 1999 MSGM 466 de 14 de junho de 2000 MSGM 426 de
04 de abril de 2001 que determinam o pagamento de um percentual maacuteximo de cesarianas
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de partos de cada hospital A introduccedilatildeo em 1998 destes limites
percentuais para o pagamento de cesarianas realizadas pelo Sistema Uacutenico de Sauacutede-SUS
tem sido responsaacutevel pela reduccedilatildeo do nuacutemero de mulheres submetidas a riscos ciruacutergicos
desnecessaacuterios (BRASIL 200324)
O uso indiscriminado de intervenccedilotildees na maioria das vezes eacute feita de forma
desnecessaacuteria e rotineira sem que sejam avaliadas as implicaccedilotildees desses procedimentos para
benefiacutecio da mulher e seu concepto Ao contraacuterio pode causar complicaccedilotildees seacuterias quando
aplicadas de forma inadequada
Osava (1997119-120) que a episiotomia eacute uma praacutetica utilizada em todas as
primiacuteparas que tecircm seu parto institucionalizado A episiotomia tem sido favorecida pela
posiccedilatildeo litotocircmica adotada no nosococircmio e seus respectivos profissionais formados para
intervir e facilitar o seu trabalho
A histoacuteria da episiotomia vem sendo discutida desde a metade do seacuteculo XX
inicialmente quando a gravidez o parto e o nascimento eram considerados eventos naturais e
fisioloacutegicos os meacutedicos as mulheres e seus familiares natildeo se sentiam agrave vontade com a ideacuteia
do corte Na segunda deacutecada do seacuteculo XX foi propagado que a gravidez eacute uma doenccedila e a
sua cura ciruacutergica a episiotomia comeccedilou a ser utilizada de forma rotineira Hoje a
episiotomia deve ser reservada a situaccedilotildees extremas excepcionais dentre elas o sofrimento
fetal quando eacute preciso agilizar o nascimento Baseado em evidecircncias ficou claro que o
procedimento natildeo diminui a incidecircncia de disfunccedilotildees ao contraacuterio aumenta a incidecircncia de
dor durante a relaccedilatildeo sexual sem contar no desconforto que causa a curto meacutedio e longo
prazo (SANTOS 20031)
Dentro dessa oacutetica haacute autores que defendem praacuteticas natildeo invasivas que
privilegiam a mulher como protagonista do seu parto o que tem demonstrado benefiacutecios
vivenciados pela mulher e a crianccedila De acordo com Basile (200017) o parto na posiccedilatildeo
lateral esquerda aleacutem de evitar compressatildeo dos grandes vasos e melhorar a circulaccedilatildeo
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materno-fetal deve ser estimulado por diminuir o uso de episiotomia e traumatismos
perineais graves daacute mais liberdade de movimento para a mulher natildeo limita o periacuteodo
expulsivo frente agraves condiccedilotildees maternas e fetais favoraacuteveis aleacutem de propiciar melhor
integraccedilatildeo entre a mulher acompanhante e profissional
Osava (20021) no ldquoEncontro Regional sobre Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutederdquo
organizado pela Universidade de Brasiacutelia (UnB) discutiu a necessidade de a mulher ser
menos passiva durante o nascimento dos filhos salientando que o nascimento hoje tem sido
visto apenas como um procedimento meacutedico o que cria nas mulheres a ideacuteia de que o
trabalho de parto eacute um verdadeiro castigo A mesma autora critica a manutenccedilatildeo de
intervenccedilotildees meacutedicas como a episiotomia a tricotomia o jejum e o desrespeito ao desejo da
mulher em ter um parto natural e fisioloacutegico
Paiva (199910) destaca que o perfil do profissional meacutedico se adequa mais a
teacutecnicas intervencionistas enquanto que as enfermeiras obstetras por procedimentos menos
invasivos e mais humanizados
O processo de parir requer muita sensibilidade e percepccedilatildeo dos profissionais ao
priorizar que a mulher seja protagonista do nascimento do seu filho juntamente com o apoio
familiar mesmo que este aconteccedila numa instituiccedilatildeo de sauacutede Eacute o que se vecirc na descriccedilatildeo dos
autores a seguir que enfatizam a importacircncia da presenccedila familiar no processo do parir
Montgomery (1997193) ressalta a importacircncia da figura paterna na relaccedilatildeo
familiar e na construccedilatildeo da identidade dos filhos Os novos pais jaacute se mostram capazes de
partilhar verdadeira e profundamente as tarefas extenuantes as responsabilidades (materiais
e morais) de educar os filhos e organizar a casa No entanto a paternidade continua
desvalorizada como elemento de formaccedilatildeo do nuacutecleo familiar Tendo em vista que o pai eacute
proibido de participar do parto sob a alegaccedilatildeo de que ldquoeacute coisa de mulherrsquo
Collaccedilo (200233) defende a presenccedila paterna durante o nascimento a fim de
favorecer o viacutenculo familiar o compromisso com a mulher e a crianccedila proporcionando
conforto e seguranccedila para a mulher aleacutem da responsabilidade do pai pela prole
O parto natildeo eacute um processo apenas bioloacutegico eacute tambeacutem um acontecimento
socialcultural envolvendo a famiacutelia que passaraacute a transformar a sociedade com a chegada
de um novo ser A humanizaccedilatildeo no atendimento integral agrave mulher deve estender-se desde a
preacute-concepccedilatildeo e inclusive puerpeacuterio sem complicaccedilotildees visando agrave promoccedilatildeo do parto e
nascimento saudaacuteveis e a prevenccedilatildeo da morbimortalidade materna e perinatal assim como
evitar as intervenccedilotildees desnecessaacuterias preservando a privacidade e autonomia da mulher O
movimento de preparaccedilatildeo para o parto e para a maternidade tem como um dos objetivos
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baacutesicos humanizar o processo do nascimento atualmente tatildeo mecanizado e dissociado de seu
contexto emocional (MALDONADO 198452)
CAMINHO METODOLOacuteGICO
Trata-se de uma pesquisa teoacuterica exploratoacuteria descritiva que procurou obedecer
agraves normas da ABNT Foi baseada em uma ampla investigaccedilatildeo de referencias bibliograacuteficas
sobre a temaacutetica escolhida atraveacutes de uma coletacircnea em artigos monografia dissertaccedilotildees e
teses que explorem o assunto e satisfaccedila a curiosidade dos pesquisadores embora natildeo tenha a
pretensatildeo de esgotar ao assunto jaacute que a fonte de conhecimento existente eacute inesgotaacutevel
Conforme afirma Gil (1999) apesar de todas as pesquisas exigirem vaacuterias
referencias bibliograacuteficas para fundamentarem o estudo a pesquisa bibliograacutefica eacute
exclusivamente desenvolvida com esse objetivo
O mesmo autor destaca que a pesquisa bibliograacutefica eacute desenvolvida de acordo
com os seguintes criteacuterios formulaccedilatildeo do problema elaboraccedilatildeo do plano de trabalho
identificaccedilatildeo das fontes localizaccedilatildeo do material confecccedilatildeo de fichas construccedilatildeo loacutegica do
trabalho e redaccedilatildeo do texto O plano de trabalho sendo flexiacutevel eacute sucessivamente formulado e
sua elaboraccedilatildeo depende da clara contextualizaccedilatildeo do problema a fim de encaminhar os
procedimentos seguintes O desenvolvimento da pesquisa depende da coleccedilatildeo de itens
ordenados em seccedilotildees atraveacutes da confecccedilatildeo de fichas o que permitiu um melhor
direcionamento do que se propunha investigar
Apesar da pesquisa ser uma atividade teoacuterica alia pensamento e accedilatildeo onde nada
pode ser intelectualmente um problema se natildeo tiver sido vivenciado no cotidiano humano A
investigaccedilatildeo estaacute vinculada a interesses e circunstacircncias socialmente condicionadas
determinada em sua inserccedilatildeo na realidade nela encontrando seus motivos e objetivos
(MINAYO 2002)
O presente estudo para o seu enriquecimento buscou textos de revistas
perioacutedicas artigos dissertaccedilotildees teses livros e manuais ministeriais privilegiando
bibliografias atualizadas nos uacuteltimos cinco anos Apoacutes a identificaccedilatildeo das fontes realizamos
a confecccedilatildeo e organizaccedilatildeo de fichas leituras a fim de sintetizar as principais ideacuteias dos
outros autores pesquisados servindo de consulta e confecccedilatildeo final do trabalho estudado
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
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Diante do vasto conhecimento levantado com a contribuiccedilatildeo de outros autores
foi possiacutevel observar que a problemaacutetica estudada tem despertado a atenccedilatildeo de vaacuterios
profissionais que direta ou indiretamente estatildeo envolvidos com a realidade investigada e
atraveacutes de pesquisas fundamentadas manifestaram o desejo de mudar os cotidianos
cruelmente banalizados e desumanos que habitam em nossas maternidades
A pesquisa bibliograacutefica pretende contribuir com a sensibilizaccedilatildeo de
profissionais de sauacutede que assistem a mulher a adotarem condutas que tragam bem-estar e
garantam a seguranccedila para a mulher e o bebecirc como tambeacutem a famiacutelia e sociedade a se
sentirem responsaacuteveis pelo nascimento como um processo natural e humano com eacutetica
compromisso e solidariedade a fim de resgatar um dos principais papeacuteis da mulher que eacute o
de ser matildee com autonomia
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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CAPARROZ SC O resgate do parto normal Contribuiccedilotildees de uma TecnologiaApropriada Joinville 2003
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COLLACcedilO VS Parto Vertical Vivecircncia do casal na dimensatildeo cultural no processoparir Florianoacutepolis 2002
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TANAKA A CA Maternidade dilema entre nascimento e morte Revista Baiana deEnfermagem V9 n1 Abr 1996
__________ Mortalidade Materna Sauacutede da Mulher e Direitos Reprodutivos dossiecircsSatildeo Paulo 2001
TYRRELL RAM Centro de Parto Normal Nursing Revista Teacutecnica de EnfermagemSatildeo Paulo Nordm 32 2001 Ano 4
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desprovidas de direitos satildeo mortes por causas evitaacuteveis em 96 dos casos Morrer de parto eacute
uma das mais graves violaccedilotildees dos direitos humanos e as brasileiras morrem por falta de
alguns cuidados muito simples como por exemplo a medida e o acompanhamento da
pressatildeo arterial Em todos os paiacuteses morrem mais as pobres A mortalidade materna eacute uma
das principais causas de morte feminina de 15 a 49 anos nos paiacuteses subdesenvolvidos
(OLIVEIRA 20022)
No Brasil a principal causa de morte materna eacute a hipertensatildeo arterial natildeo tratada
As mortes maternas estatildeo associadas agrave falta de assistecircncia digna e agrave negligecircncia que vatildeo
desde o natildeo atendimento ateacute agrave maacute qualidade do serviccedilo prestado Tanaka (200133) enfatiza
ainda que entre as causas obsteacutetricas diretas o aborto eacute a quarta causa de oacutebito materno no
paiacutes o que demonstra que as accedilotildees de planejamento familiar natildeo estatildeo funcionando
adequadamente apesar de ser um direito garantido na Constituiccedilatildeo de 1988
Nesse contexto a grande maioria dessas mulheres procura o serviccedilo de sauacutede no
periacuteodo graviacutedico puerperal com o objetivo de prevenir qualquer intercorrecircncia que possa
afetar a sua vida e do seu concepto e nem sempre a assistecircncia necessaacuteria agraves mulheres eacute
realizada
Segundo Tanaka (1996129) a instituiccedilatildeo muitas vezes impotildee um outro risco agrave
matildee que eacute a maacute qualidade da atenccedilatildeo recebida e a dificuldade ao acesso dos serviccedilos de
sauacutede Enfatiza ainda que a ldquoprevisibilidade e evitabilidade do oacutebito estatildeo ligadas
diretamente agrave oportunidade e agrave qualidade da assistecircncia recebida pela mulher durante a
gestaccedilatildeo o parto e puerpeacuteriordquo
A mesma autora aborda ainda que apesar do incentivo e apoio teacutecnico do MS a
partir de 1988 com a criaccedilatildeo de comitecircs no paiacutes como forma de atingir os compromissos
assumidos internacionalmente de reduccedilatildeo da morte materna em 50 ateacute 2000 essa meta natildeo
foi alcanccedilada tendo em vista que os direitos das mulheres agrave vida ao planejamento familiar e
a uma melhor qualidade de assistecircncia ainda natildeo foram alcanccedilados
A medicalizaccedilatildeo do parto influenciou no uso cada vez maior de cesaacuterea e
negativamente nos iacutendices de morbimortalidade materna e perinatal o que favoreceu a
desumanizaccedilatildeo da assistecircncia aleacutem dos altos custos hospitalares (CAPARROZ 20037)
Considerando o exposto Cianciarullo (20033536) afirma que a qualidade da
assistecircncia prestada a mulher e a crianccedila estaacute diretamente ligada agrave competecircncia compromisso
e responsabilidade dos profissionais de sauacutede e principalmente da enfermeira que se
preparam para exercer essa atividade
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A mesma autora fala sobre a aplicaccedilatildeo do meacutetodo cientiacutefico que eacute de fundamental
importacircncia na resoluccedilatildeo dos problemas de enfermagem ao propiciar a tomada de decisotildees
em bases concretas atraveacutes da consciecircncia criacutetica e transformadora sobre a realidade que se
apresenta jaacute que para cuidar de pacientes eacute imprescindiacutevel o uso de elementos cientiacuteficos e
humaniacutesticos pautados no processo de enfermagem O sucesso da assistecircncia depende
tambeacutem do uso da comunicaccedilatildeo que eacute um poderoso instrumento baacutesico de enfermagem
garantindo a qualidade do processo de cuidar
A loacutegica humanizar eacute acima de tudo ficar ao lado proporcionar conforto
orientaccedilotildees ouvir esclarecimento comprometimento com o nascimento de um novo ser de
forma segura digna e responsaacutevel propiciando que a parturiente seja sujeito desse processo
uacutenico A humanizaccedilatildeo deve ser a mola mestra do atendimento agrave concepccedilatildeo atualmente existe
um movimento mundial em prol desta humanizaccedilatildeo estimulando os profissionais de sauacutede a
repensarem agrave sua praacutetica buscando a transformaccedilatildeo da realidade no cotidiano do cuidado
O trabalho de parto deve ser abordado com eacutetica profissional em todas as
situaccedilotildees de atenccedilatildeo agrave sauacutede Nesse sentido eacute fundamental o respeito agrave mulher e a seus
familiares ao chamaacute-la pelo nome permitir que ela identifique cada membro da equipe
informaacute-la sobre os diferentes procedimentos a que seraacute submetida propiciar-lhe um
ambiente acolhedor limpo confortaacutevel e silencioso esclarecer suas duacutevidas e aliviar suas
ansiedades satildeo atitudes relativamente simples eacutetica e humana (BRASIL 200339)
O Precircmio Galba Arauacutejo foi instituiacutedo em 1999 pelo Ministeacuterio da sauacutede com o
propoacutesito de incentivar o serviccedilo puacuteblico na humanizaccedilatildeo do seu atendimento privilegiando
o acolhimento e autonomia da mulher e seu companheiro no momento do parto atraveacutes das
portarias 2883 de 04 de junho de 1998 e 1406 de 15 de dezembro de 1999 (BRASIL
200324)
Conforme a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede a parturiente durante um parto
natural humanizado deve escolher a pessoa em quem confia para o acompanhamento do seu
parto bem como privacidade e acesso a todas informaccedilotildees e explicaccedilotildees que deseje e
necessite conhecer Aleacutem do apoio a mulher tem a liberdade de lanccedilar matildeo de meacutetodos que
aliviem a sua dor durante o trabalho de parto como assumir qualquer posiccedilatildeo mais
confortaacutevel no leito ou fora dele banho de chuveiro toques e massagens frequumlentes
respiraccedilatildeo ritmada e ofegante fundo musical e outros
Para tanto eacute importante centrar-se na valorizaccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo da pessoa
para a conquista dos direitos e valores da cidadania com responsabilidade e eacutetica Cabe
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lembrar que a humanizaccedilatildeo do parto tambeacutem estaacute relacionada ao acesso das mulheres a
melhores condiccedilotildees de vida e sauacutede
A enfermagem fazendo parte da equipe de sauacutede eacute a que dedica mais tempo junto
agrave clientela e por isso observa melhor os clientes em seus anseios medos duacutevidas e
esperanccedilas e por ser tambeacutem uma profissatildeo tradicionalmente voltada para o cuidar pois eacute o
seu objeto e o profissional que se dedica ao cuidado ama e respeita a vida tendo durante a
sua formaccedilatildeo acadecircmica e a vida profissional priorizado e zelado pela eacutetica e qualidade dos
serviccedilos prestados agrave populaccedilatildeo
A enfermagem atual estaacute alerta para questotildees sociais de uma profissatildeo solidaacuteria
que eacute o novo enfoque eacutetico jaacute que a promoccedilatildeo da sauacutede soacute eacute possiacutevel se houver qualidade de
vida considerando-se o mundo globalizado para poucos que supervaloriza a racionalidade o
ter a teacutecnica e a robotizaccedilatildeo em detrimento da sensibilidade e a emoccedilatildeo O profissional de
enfermagem tem consciecircncia das condiccedilotildees adversas em que vive uma parcela significativa
da populaccedilatildeo
O cuidado tem sido essencial para o crescimento desenvolvimento e
sobrevivecircncia dos seres humanos desde o seu surgimento sendo foco da Enfermagem
enquanto disciplina e profissatildeo Cuidar o ser humano eacute um ato que requer empatia
sensibilidade e tambeacutem conhecimento Cuidar eacute tambeacutem ouvir tocar o outro e fazer por ele
o que ele proacuteprio natildeo consegue Para Santos Prado Boehs (2001378) o cuidado sendo a
essecircncia da enfermagem eacute fundamental para o bem estar a sauacutede a cura o crescimento e a
sobrevivecircncia
Erdman (199162-63) afirma que a atividade de cuidado da enfermagem eacute feita
pela accedilatildeo de seus profissionais de acordo com necessidades levantadas e que o ser humano
ao se colocar na dependecircncia da vontade de outras pessoas estaacute buscando o cuidado ao
valorizar a vida e o amor proacuteprio
Os autores Soares Santana Siqueira (2000107-109) definem a enfermagem como
sendo
A enfermagem eacute aleacutem da ciecircncia uma arte que se realiza atraveacutes docuidado que envolve ser estar pensar e fazer entre o ser que cuida e oque eacute cuidado Se o foco da enfermagem eacute o ser humano e a razatildeo deser da enfermeira eacute o cuidado entatildeo o cuidado humaniacutestico eacute econtinuaraacute sendo nosso fazer
O cuidar proporciona conforto agrave medida que ao aliviar o sofrimento ocasiona
bem estar ao cliente Conforme argumenta Morse (199871) apesar de o conforto natildeo ser
apenas diretamente relevante aos cuidados da enfermagem ainda constitui o objetivo baacutesico
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da profissatildeo O conforto contribuindo para a reduccedilatildeo da morbimortalidade eacute essencial ao
cuidado com o paciente
Arruda Nunes (199893) defendem que atraveacutes do conforto a pessoa recupera
sua forccedila acircnimo e bem estar melhorando sua qualidade de vida o conforto ocorre com o
cuidado favorecendo a integraccedilatildeo liberdade melhora seguranccedila e proteccedilatildeo Eacute dentro deste
contexto que o Ministeacuterio da Sauacutede vem implantando um conjunto de accedilotildees atraveacutes de
portarias ministeriais com o objetivo de estimular a melhoria da assistecircncia obsteacutetrica
A assistecircncia ao parto natural fora do acircmbito hospitalar pode ser uma escolha da
mulher desde que haja outras opccedilotildees que se assemelhem mais ao ambiente acolhedor do lar
mas com estrutura para agir e encaminhamentos devidos quando se fizer necessaacuterio
Hoje jaacute existem algumas alternativas como centros de parto em hospitais ou fora
deles onde mulheres de baixo risco podem dar agrave luz num ambiente semelhante agrave domiciliar
aos cuidados de enfermeiras obstetras O grau de satisfaccedilatildeo das mulheres com esse tipo de
cuidado supera o da assistecircncia convencional (OMS 199611)
O Centro de Parto Normal-CPN visa assistir exclusivamente os partos e
nascimentos normais aleacutem de garantir a privacidade e o conforto do casal durante o processo
de parturiccedilatildeo composto de um quarto para preacute-parto parto e puerpeacuterio (PPP) O CPN
valoriza o processo fisioloacutegico do nascimento ao utilizar estrateacutegias natildeo medicamentosas de
aliacutevio agrave dor a participaccedilatildeo ativa da mulher no trabalho de parto e parto e a liberdade de
escolha da posiccedilatildeo em que ela deseja dar agrave luz (OSAVA 20018)
O CPN criado atraveacutes da portaria nordm 985GM de 05 de agosto de 1999 visa
prestar assistecircncia no periacuteodo graviacutedico puerperal e parto normal sem distoacutecia Os objetivos
principais do CPN visam garantir acesso e assistecircncia ao parto nos Serviccedilos de Sauacutede do
SUS reduzir a mortalidade materna e perinatal humanizar a assistecircncia agrave gravidez ao parto
e ao puerpeacuterio e garantir a melhoria ao a melhoria da qualidade da assistecircncia agrave mulher no
preacute-natal (TYRRELL 20015)
A mesma autora acrescenta que a equipe miacutenima do CPN deve ser composta por
um enfermeiro com especialidade em enfermagem obsteacutetrica um auxiliar de enfermagem
um auxiliar de serviccedilos gerais e um motorista Deve ainda contar com uma equipe
complementar composta por um meacutedico obstetra e um meacutedico pediatra ou neonatologista A
presenccedila de parteira tradicional obedeceraacute agrave cultura de cada localidade
A portaria MSGM 2815 de 29 de maio de 1998 inclui na tabela do Sistema de
Informaccedilotildees Hospitalares do SUS o procedimento ldquoparto normal sem distoacutecia realizado por
enfermeira (o) obstetrardquo e tem como objetivo principal enfatizar a assistecircncia prestada por
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este profissional no que diz respeito ao parto humanizado Apesar do nuacutemero de enfermeiras
(os) obstetras atuando no paiacutes ainda ser muito pouco embora na realidade o nuacutemero de
partos realizados por esta categoria seja bem maior Sendo assim o Ministeacuterio da Sauacutede estaacute
financiando a realizaccedilatildeo de cursos de especializaccedilatildeo em enfermagem obsteacutetrica (BRASIL
200323)
Outro ponto importante a destacar eacute o exerciacutecio profissional da enfermagem que
dispotildee sobre a Lei 749886 e o decreto 9440687 em seu artigo 9ordm enfatiza que as
profissionais titulares de diploma ou certificados de Obstetriz ou enfermeira Obsteacutetrica
incumbe
I Prestaccedilatildeo de assistecircncia agrave parturiente e ao parto normal
II Identificaccedilatildeo das distoacutecias obsteacutetricas e tomadas de
providecircncias ateacute a chegada do meacutedico
III Realizaccedilatildeo de episiotomia e episiorrafia com aplicaccedilatildeo de
anestesia local quando necessaacuteria
O decreto tambeacutem discorre no paraacutegrafo uacutenico do Art 12 que as enfermeiras
obstetras satildeo responsaacuteveis pela supervisatildeo das atividades da parteira ao serem realizadas em
instituiccedilotildees de sauacutede Diante disso a OMS (1996) ressalta sua posiccedilatildeo de separar o parto
normal de sua condiccedilatildeo patoloacutegica Defende entatildeo que no parto normal deveria existir uma
razatildeo vaacutelida para se intervir em um processo natural lembrando que a responsabilidade de
quem acompanha estas mulheres eacute basicamente o de facilitar este processo natural
A denominaccedilatildeo do termo ldquoMidwiferdquo significa enfermeira obsteacutetrica parteira Na
Europa possuem curso superior com especializaccedilatildeo em obstetriacutecia com duraccedilatildeo de quatro
anos satildeo profissionais que fazem partos normais sem complicaccedilotildees (BALASKAS 19934)
No que se refere agrave definiccedilatildeo internacional de enfermeira-parteira segundo a
OMS a CIP (Confederaccedilatildeo Internacional de Parteiras) e a FIGO (Federaccedilatildeo Internacional de
Ginecologia e Obstetriacutecia) informa que o programa de treinamento eacute reconhecido pelo
governo que credencia a parteira a exercer suas atividades Geralmente essa pessoa eacute uma
competente prestadora de serviccedilos de obstetriacutecia especialmente treinada para a assistecircncia ao
parto normal (OMS 19964)
Contudo a mesma fonte ressalta ainda a importacircncia da atuaccedilatildeo de profissional
qualificado para prestar assistecircncia obsteacutetrica A enfermeira-obstetra como eacute chamada no
Brasil eacute considerada a pessoa fundamental para a assistecircncia obsteacutetrica Entretanto alguns
paiacuteses enfrentam escassez destas profissionais especializadas As que existem no Brasil estatildeo
mal distribuiacutedas com suas funccedilotildees desviadas trabalham em hospitais natildeo especializados
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mais nas cidades grandes e capitais que nas aacutereas rurais onde ainda uma grande parcela das
mulheres encontram-se desassistidas por profissionais com preparo teacutecnico cientiacutefico
Cabe colocar que o profissional qualificado que presta assistecircncia durante a
gestaccedilatildeo parto e puerpeacuterio deve ter sensibilidade para transmitir seguranccedila conforto e bem
estar individualizado a mulher aliando os avanccedilos cientiacuteficos quando necessaacuterio e ao
permitir o resgate da autonomia da mulher no seu parto (BRASIL 200319)
Diante da problemaacutetica exposta o Ministeacuterio da Sauacutede ao tomar conhecimento
das inuacutemeras reclamaccedilotildees realizadas por parte do usuaacuterio quanto ao pouco acesso e a maacute
assistecircncia recebida no setor puacuteblico resolveu lanccedilar programas que visem resgatar o ser
humano de cada profissional que atua na aacuterea de sauacutede incentivando tambeacutem a melhoria da
estrutura fiacutesica e material das instituiccedilotildees a fim de criar condiccedilotildees viaacuteveis as suas propostas
Juntamente com a criaccedilatildeo do Programa Nacional de Humanizaccedilatildeo da Assistecircncia
Hospitalar (PNHAH) em maio de 2000 o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) atraveacutes das
portariasGM 56900 57000 57100 e 57200 de 162000 instituiu tambeacutem o Programa de
Humanizaccedilatildeo no Preacute-Natal e Nascimento (PHPN) ao perceber a necessidade de atender de
forma mais especiacutefica grupos de risco considerados mais vulneraacuteveis por continuarem a
evidenciar taxas alarmantes de morbimortalidade no periacuteodo da gestaccedilatildeo parto e poacutes-parto o
que envolve de forma cruel e omissa duas ou mais vidas O Programa tem como principal
objetivo aprimorar as relaccedilotildees entre profissionais de sauacutede e usuaacuterio dos profissionais entre
si e do hospital com a comunidade resgatando a imagem do serviccedilo puacuteblico de sauacutede tatildeo
desgastado ao longo da histoacuteria perante a comunidade (BRASIL 2000)
Recentemente tambeacutem foi lanccedilado o Pacto Nacional pela Reduccedilatildeo da
Mortalidade Materna e Neonatal com o compromisso das trecircs esferas de gestatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede em conjunto com outros oacutergatildeos de governo e entidades da sociedade civil O
objetivo eacute a reduccedilatildeo da mortalidade de mulheres e de receacutem-nascidos em 15 ateacute o ano de
2007 jaacute que as complicaccedilotildees da gravidez aborto parto e poacutes-parto atingem mais de duas
mil mulheres e mais de oito mil receacutem-nascidos anualmente (BRASIL 2004)
Essas medidas visam estimular uma atenccedilatildeo mais criteriosa e humanizada agrave
populaccedilatildeo de forma geral que busca o serviccedilo puacuteblico Jaacute o Programa de Humanizaccedilatildeo no
Preacute-Natal e Nascimento a fim de tentar reduzir as altas taxas de morbimortalidade materna e
perinatal visa assegurar a cobertura e a qualidade do acompanhamento preacute-natal assistecircncia
ao parto puerpeacuterio e neonatal
Neste sentido a humanizaccedilatildeo defende que eacute dever das unidades de sauacutede receber
com dignidade a mulher seus familiares e o receacutem-nascido Isto requer atitude eacutetica e
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solidariedade por parte dos profissionais de sauacutede organizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo de modo a criar
um ambiente acolhedor e adotar condutas hospitalares que rompam com o tradicional
isolamento imposto agrave mulher
O usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico de sauacutede tem sido desconsiderado da sua condiccedilatildeo
de ser humano e cidadatildeo ao ser ignorado enquanto sujeito pelos profissionais de sauacutede que
ao desprezarem o trabalho em equipe desperdiccedilam a oportunidade de manterem o diaacutelogo
entre si e como o principal interessado e beneficiado eacute a clientela seria uma preciosa
contribuiccedilatildeo para a melhoria da assistecircncia
Cabe colocar que uma eficaz integraccedilatildeo entre a assistecircncia ambulatorial com a
hospitalar eacute importante para a mulher e sua famiacutelia que tendo a oportunidade de escolher e
realizar o seu preacute-natal em determinado serviccedilo de sauacutede passa a conhecer as instituiccedilotildees e
os profissionais que ali desenvolvem suas atividades proporcionando conforto e confianccedila a
mulher na hora de dar aacute luz
Conforme ressalta a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) ao recomendar que
os serviccedilos de preacute-natal e os profissionais envolvidos devem adotar medidas educativas de
prevenccedilatildeo e controle da ansiedade ao promover visitas das gestantes e acompanhantes agraves
unidades de referecircncia para o parto no sentido de minimizar o estresse do processo de
internaccedilatildeo no momento do parto (BRASIL 200327)
OBJETO DO ESTUDO
Oslash Com base na pesquisa foi destacado como objeto de estudo a
caracterizaccedilatildeo e o resgate do parto normal humanizado
OBJETIVOS
Oslash Realizar um levantamento histoacuterico sobre parto normal
Oslash Identificar as portarias do Ministeacuterio da Sauacutede sobre Parto Normal
Oslash Descrever a atuaccedilatildeo da enfermeira obstetra nos centros de
partocasas de parto
JUSTIFICATIVA E RELEVAcircNCIA DO ESTUDO
O nascimento eacute historicamente um evento natural e como tal foi vivenciado ao
longo dos seacuteculos no seio familiar com apoio de parteiras de confianccedila das comunidades No
entanto no Brasil a partir do seacuteculo XX com a institucionalizaccedilatildeo do parto a fim de
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diminuir as altas taxas de morbimortalidade materna e perinatal o parto passou a ser
controlado e medicalizado pelos meacutedicos
Com o excesso de praacuteticas intervencionistas e na maioria das vezes desnecessaacuteria
o parto de um evento iacutentimo feminino e com a participaccedilatildeo ativa da mulher passou a ser
puacuteblico e passivo Cabe destacar que apesar da hospitalizaccedilatildeo do parto a mulher ao ser
admitida numa maternidade aleacutem de perder sua identidade nome e autonomia passa longos
periacuteodos no preacute e poacutes-parto praticamente soacute sem a companhia de uma pessoa de sua
confianccedila e escolha
A OMS (199613) defende que tanto nos paiacuteses desenvolvidos como nos paiacuteses em
desenvolvimento mesmo com todos equipamentos teacutecnicos mas sem apoio por parte de
prestadores de serviccedilos as parturientes sentem-se isoladas desprotegidas e sem privacidade
Diante disso a intensa medicalizaccedilatildeo que o corpo feminino sofreu nas uacuteltimas
deacutecadas e a aparente seguranccedila do parto institucionalizado tem contribuiacutedo com o aumento
significativo da mortalidade materna e neonatal Contudo atualmente essas praacuteticas
satildeo questionadas principalmente no espaccedilo hospitalar
Com isso foram criados pelo ministeacuterio da sauacutede programas para humanizar o
parto e nascimento nas maternidades puacuteblicas como tambeacutem portarias que estimulam a
criaccedilatildeo de casascentros de parto normal com a atuaccedilatildeo do profissional enfermeira obstetra
aleacutem de incentivar atitudes por parte dos profissionais de sauacutede que garantam a mulher natildeo
soacute os benefiacutecios dos avanccedilos cientiacuteficos quando necessaacuterio mas fundamentalmente
incentivando a autonomia da mulher no parto
Diante do exposto resolvemos fazer um levantamento bibliograacutefico sobre o parto
normal e o nascimento que historicamente passou de um evento natural e marcante na vida da
mulher e famiacutelia para ser vivenciado por outros atores oficialmente preparados para
comandar ordenar e transformar eventos fisioloacutegicos em doenccedilas
Bruumlggemann (200156) afirma que o trabalho em equipe interdisciplinar na aacuterea de
sauacutede em maternidade deve ser fundamentado na cumplicidade no diaacutelogo estar aberto a
mudanccedilas visando uma assistecircncia humanizada entre equipe clientela e famiacutelia
Eacute um estudo relevante no contexto do debate sobre a humanizaccedilatildeo do parto
porque se espera contribuir para a melhoria da qualidade assistencial prestada agrave clientela
atendida no serviccedilo como tambeacutem na aacuterea de ensino colaborando para a formaccedilatildeo de novos
profissionais de enfermagem como auxiliares teacutecnicas (os) enfermeiras (os) e atraveacutes da
educaccedilatildeo continuada de profissionais bem como na poacutes-graduaccedilatildeo lato senso e stricto
senso Como tambeacutem servir de subsiacutedios para novas pesquisas que abordem a mesma
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temaacutetica e principalmente incentivar a criaccedilatildeo de casascentro de parto normal em
TeresinaPI
BASES TEOacuteRICAS
Com a hospitalizaccedilatildeo do parto normal mais precisamente a partir do seacuteculo
XIX houve uma expansatildeo da assistecircncia meacutedica no Brasil e programas de sauacutede como a
assistecircncia preacute-natal associada agrave institucionalizaccedilatildeo do parto que privilegiava a fase
reprodutiva da mulher a fim de garantir uma prole saudaacutevel e produtiva (BRASIL 2003
12-13)
A hospitalizaccedilatildeo do parto trouxe uma sobrecarga de estresse a parturiente aleacutem
daquela inerente ao proacuteprio processo parturitivo Os procedimentos rotineiros invasivos
autoritaacuterios e impessoais durante o trabalho de parto e ou parto causam estresse que pode
interferir na conduccedilatildeo normal do parto prolongando-o e propiciando o uso de teacutecnicas
intervencionistas e traumatizantes para a mulher e o bebecirc (OMS 199611)
Para tanto a parturiente estaacute cada vez mais distante de ser protagonista do seu
parto ao se submeter a ordens e atitudes o que resultou no uso excessivo de procedimentos
invasivos e traumatizantes que aumentam o estresse interferindo na conduccedilatildeo do parto
normal como no uso abusivo de cesariana nas uacuteltimas trecircs deacutecadas
Historicamente a cesaacuterea surgiu da necessidade em situaccedilotildees extremas de salvar
o feto jaacute que nessas circunstacircncias a mulher dificilmente sobrevivia tendo em vista as
precaacuterias condiccedilotildees teacutecnicas em que o parto ocorria ateacute o seacuteculo XIX Com o avanccedilo das
teacutecnicas ciruacutergicas o parto cesaacutereo passou a ser considerado seguro o que representou
inicialmente bons resultados obsteacutetricos principalmente a partir do iniacutecio da segunda metade
do seacuteculo XX (BRASIL 200333)
Diante da aparente seguranccedila essa praacutetica passou a ser propagada por
profissionais que para sua comodidade continuaram a divulgar o parto cesaacuterio como raacutepido
seguro e sem dor Largura (199876-77) enfatiza que a cesariana se tornou uma intervenccedilatildeo
banal muitas vezes realizada natildeo apenas por causa de uma urgecircncia obsteacutetrica para salvar a
vida da matildee ou da crianccedila em sofrimento mas porque conveacutem ao hospital equipe meacutedica e
mesmo a proacutepria mulher graacutevida
A realizaccedilatildeo de cesaacutereas desnecessaacuterias eacute potencialmente danosa jaacute que os riscos
de morbidade e mortalidade materna e perinatal satildeo maiores neste procedimento do que no
parto vaginal Contudo ainda hoje uma grande parcela de mulheres natildeo tecircm acesso a esse
parto quando necessitam (BRASIL 20033595)
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Paralelamente haacute evidecircncias que apontam para uma natildeo reduccedilatildeo da morbi-
mortalidade perinatal com o aumento da taxa de cesaacuterea que no Brasil eacute de 28 superior ao
niacutevel maacuteximo recomendado pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede que eacute de 15 ficando atraacutes
apenas de paiacuteses como o Chile e outros pequenos paiacuteses asiaacuteticos o que eacute considerado como
uma epidemia de partos operatoacuterios abdominais (BRASIL 20033237)
Diante disso foram criadas as portarias MSGM 2816 de 29 de maio de 1998
MSGM 865 de 03 de julho de 1999 MSGM 466 de 14 de junho de 2000 MSGM 426 de
04 de abril de 2001 que determinam o pagamento de um percentual maacuteximo de cesarianas
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de partos de cada hospital A introduccedilatildeo em 1998 destes limites
percentuais para o pagamento de cesarianas realizadas pelo Sistema Uacutenico de Sauacutede-SUS
tem sido responsaacutevel pela reduccedilatildeo do nuacutemero de mulheres submetidas a riscos ciruacutergicos
desnecessaacuterios (BRASIL 200324)
O uso indiscriminado de intervenccedilotildees na maioria das vezes eacute feita de forma
desnecessaacuteria e rotineira sem que sejam avaliadas as implicaccedilotildees desses procedimentos para
benefiacutecio da mulher e seu concepto Ao contraacuterio pode causar complicaccedilotildees seacuterias quando
aplicadas de forma inadequada
Osava (1997119-120) que a episiotomia eacute uma praacutetica utilizada em todas as
primiacuteparas que tecircm seu parto institucionalizado A episiotomia tem sido favorecida pela
posiccedilatildeo litotocircmica adotada no nosococircmio e seus respectivos profissionais formados para
intervir e facilitar o seu trabalho
A histoacuteria da episiotomia vem sendo discutida desde a metade do seacuteculo XX
inicialmente quando a gravidez o parto e o nascimento eram considerados eventos naturais e
fisioloacutegicos os meacutedicos as mulheres e seus familiares natildeo se sentiam agrave vontade com a ideacuteia
do corte Na segunda deacutecada do seacuteculo XX foi propagado que a gravidez eacute uma doenccedila e a
sua cura ciruacutergica a episiotomia comeccedilou a ser utilizada de forma rotineira Hoje a
episiotomia deve ser reservada a situaccedilotildees extremas excepcionais dentre elas o sofrimento
fetal quando eacute preciso agilizar o nascimento Baseado em evidecircncias ficou claro que o
procedimento natildeo diminui a incidecircncia de disfunccedilotildees ao contraacuterio aumenta a incidecircncia de
dor durante a relaccedilatildeo sexual sem contar no desconforto que causa a curto meacutedio e longo
prazo (SANTOS 20031)
Dentro dessa oacutetica haacute autores que defendem praacuteticas natildeo invasivas que
privilegiam a mulher como protagonista do seu parto o que tem demonstrado benefiacutecios
vivenciados pela mulher e a crianccedila De acordo com Basile (200017) o parto na posiccedilatildeo
lateral esquerda aleacutem de evitar compressatildeo dos grandes vasos e melhorar a circulaccedilatildeo
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materno-fetal deve ser estimulado por diminuir o uso de episiotomia e traumatismos
perineais graves daacute mais liberdade de movimento para a mulher natildeo limita o periacuteodo
expulsivo frente agraves condiccedilotildees maternas e fetais favoraacuteveis aleacutem de propiciar melhor
integraccedilatildeo entre a mulher acompanhante e profissional
Osava (20021) no ldquoEncontro Regional sobre Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutederdquo
organizado pela Universidade de Brasiacutelia (UnB) discutiu a necessidade de a mulher ser
menos passiva durante o nascimento dos filhos salientando que o nascimento hoje tem sido
visto apenas como um procedimento meacutedico o que cria nas mulheres a ideacuteia de que o
trabalho de parto eacute um verdadeiro castigo A mesma autora critica a manutenccedilatildeo de
intervenccedilotildees meacutedicas como a episiotomia a tricotomia o jejum e o desrespeito ao desejo da
mulher em ter um parto natural e fisioloacutegico
Paiva (199910) destaca que o perfil do profissional meacutedico se adequa mais a
teacutecnicas intervencionistas enquanto que as enfermeiras obstetras por procedimentos menos
invasivos e mais humanizados
O processo de parir requer muita sensibilidade e percepccedilatildeo dos profissionais ao
priorizar que a mulher seja protagonista do nascimento do seu filho juntamente com o apoio
familiar mesmo que este aconteccedila numa instituiccedilatildeo de sauacutede Eacute o que se vecirc na descriccedilatildeo dos
autores a seguir que enfatizam a importacircncia da presenccedila familiar no processo do parir
Montgomery (1997193) ressalta a importacircncia da figura paterna na relaccedilatildeo
familiar e na construccedilatildeo da identidade dos filhos Os novos pais jaacute se mostram capazes de
partilhar verdadeira e profundamente as tarefas extenuantes as responsabilidades (materiais
e morais) de educar os filhos e organizar a casa No entanto a paternidade continua
desvalorizada como elemento de formaccedilatildeo do nuacutecleo familiar Tendo em vista que o pai eacute
proibido de participar do parto sob a alegaccedilatildeo de que ldquoeacute coisa de mulherrsquo
Collaccedilo (200233) defende a presenccedila paterna durante o nascimento a fim de
favorecer o viacutenculo familiar o compromisso com a mulher e a crianccedila proporcionando
conforto e seguranccedila para a mulher aleacutem da responsabilidade do pai pela prole
O parto natildeo eacute um processo apenas bioloacutegico eacute tambeacutem um acontecimento
socialcultural envolvendo a famiacutelia que passaraacute a transformar a sociedade com a chegada
de um novo ser A humanizaccedilatildeo no atendimento integral agrave mulher deve estender-se desde a
preacute-concepccedilatildeo e inclusive puerpeacuterio sem complicaccedilotildees visando agrave promoccedilatildeo do parto e
nascimento saudaacuteveis e a prevenccedilatildeo da morbimortalidade materna e perinatal assim como
evitar as intervenccedilotildees desnecessaacuterias preservando a privacidade e autonomia da mulher O
movimento de preparaccedilatildeo para o parto e para a maternidade tem como um dos objetivos
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baacutesicos humanizar o processo do nascimento atualmente tatildeo mecanizado e dissociado de seu
contexto emocional (MALDONADO 198452)
CAMINHO METODOLOacuteGICO
Trata-se de uma pesquisa teoacuterica exploratoacuteria descritiva que procurou obedecer
agraves normas da ABNT Foi baseada em uma ampla investigaccedilatildeo de referencias bibliograacuteficas
sobre a temaacutetica escolhida atraveacutes de uma coletacircnea em artigos monografia dissertaccedilotildees e
teses que explorem o assunto e satisfaccedila a curiosidade dos pesquisadores embora natildeo tenha a
pretensatildeo de esgotar ao assunto jaacute que a fonte de conhecimento existente eacute inesgotaacutevel
Conforme afirma Gil (1999) apesar de todas as pesquisas exigirem vaacuterias
referencias bibliograacuteficas para fundamentarem o estudo a pesquisa bibliograacutefica eacute
exclusivamente desenvolvida com esse objetivo
O mesmo autor destaca que a pesquisa bibliograacutefica eacute desenvolvida de acordo
com os seguintes criteacuterios formulaccedilatildeo do problema elaboraccedilatildeo do plano de trabalho
identificaccedilatildeo das fontes localizaccedilatildeo do material confecccedilatildeo de fichas construccedilatildeo loacutegica do
trabalho e redaccedilatildeo do texto O plano de trabalho sendo flexiacutevel eacute sucessivamente formulado e
sua elaboraccedilatildeo depende da clara contextualizaccedilatildeo do problema a fim de encaminhar os
procedimentos seguintes O desenvolvimento da pesquisa depende da coleccedilatildeo de itens
ordenados em seccedilotildees atraveacutes da confecccedilatildeo de fichas o que permitiu um melhor
direcionamento do que se propunha investigar
Apesar da pesquisa ser uma atividade teoacuterica alia pensamento e accedilatildeo onde nada
pode ser intelectualmente um problema se natildeo tiver sido vivenciado no cotidiano humano A
investigaccedilatildeo estaacute vinculada a interesses e circunstacircncias socialmente condicionadas
determinada em sua inserccedilatildeo na realidade nela encontrando seus motivos e objetivos
(MINAYO 2002)
O presente estudo para o seu enriquecimento buscou textos de revistas
perioacutedicas artigos dissertaccedilotildees teses livros e manuais ministeriais privilegiando
bibliografias atualizadas nos uacuteltimos cinco anos Apoacutes a identificaccedilatildeo das fontes realizamos
a confecccedilatildeo e organizaccedilatildeo de fichas leituras a fim de sintetizar as principais ideacuteias dos
outros autores pesquisados servindo de consulta e confecccedilatildeo final do trabalho estudado
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
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Diante do vasto conhecimento levantado com a contribuiccedilatildeo de outros autores
foi possiacutevel observar que a problemaacutetica estudada tem despertado a atenccedilatildeo de vaacuterios
profissionais que direta ou indiretamente estatildeo envolvidos com a realidade investigada e
atraveacutes de pesquisas fundamentadas manifestaram o desejo de mudar os cotidianos
cruelmente banalizados e desumanos que habitam em nossas maternidades
A pesquisa bibliograacutefica pretende contribuir com a sensibilizaccedilatildeo de
profissionais de sauacutede que assistem a mulher a adotarem condutas que tragam bem-estar e
garantam a seguranccedila para a mulher e o bebecirc como tambeacutem a famiacutelia e sociedade a se
sentirem responsaacuteveis pelo nascimento como um processo natural e humano com eacutetica
compromisso e solidariedade a fim de resgatar um dos principais papeacuteis da mulher que eacute o
de ser matildee com autonomia
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PROGIANTI JM BARREIRA I A A Obstetriacutecia do saber feminino a medicalizaccedilatildeo daeacutepoca medieval ao seacuteculo XX Revista Enfermagem UERJ Rio de Janeiro V9 n1 2001
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SOARES MS SIQUEIRA O Cuidado de Enfermagem no cotidiano das (os) Enfermeiras(os) Autocircnomas (os) Agrave luz de alguns conceitos da teoria humaniacutestica de Paterson e ZderardTexto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis V 9 n 2 MaioAgo 2000
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TYRRELL RAM Centro de Parto Normal Nursing Revista Teacutecnica de EnfermagemSatildeo Paulo Nordm 32 2001 Ano 4
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A mesma autora fala sobre a aplicaccedilatildeo do meacutetodo cientiacutefico que eacute de fundamental
importacircncia na resoluccedilatildeo dos problemas de enfermagem ao propiciar a tomada de decisotildees
em bases concretas atraveacutes da consciecircncia criacutetica e transformadora sobre a realidade que se
apresenta jaacute que para cuidar de pacientes eacute imprescindiacutevel o uso de elementos cientiacuteficos e
humaniacutesticos pautados no processo de enfermagem O sucesso da assistecircncia depende
tambeacutem do uso da comunicaccedilatildeo que eacute um poderoso instrumento baacutesico de enfermagem
garantindo a qualidade do processo de cuidar
A loacutegica humanizar eacute acima de tudo ficar ao lado proporcionar conforto
orientaccedilotildees ouvir esclarecimento comprometimento com o nascimento de um novo ser de
forma segura digna e responsaacutevel propiciando que a parturiente seja sujeito desse processo
uacutenico A humanizaccedilatildeo deve ser a mola mestra do atendimento agrave concepccedilatildeo atualmente existe
um movimento mundial em prol desta humanizaccedilatildeo estimulando os profissionais de sauacutede a
repensarem agrave sua praacutetica buscando a transformaccedilatildeo da realidade no cotidiano do cuidado
O trabalho de parto deve ser abordado com eacutetica profissional em todas as
situaccedilotildees de atenccedilatildeo agrave sauacutede Nesse sentido eacute fundamental o respeito agrave mulher e a seus
familiares ao chamaacute-la pelo nome permitir que ela identifique cada membro da equipe
informaacute-la sobre os diferentes procedimentos a que seraacute submetida propiciar-lhe um
ambiente acolhedor limpo confortaacutevel e silencioso esclarecer suas duacutevidas e aliviar suas
ansiedades satildeo atitudes relativamente simples eacutetica e humana (BRASIL 200339)
O Precircmio Galba Arauacutejo foi instituiacutedo em 1999 pelo Ministeacuterio da sauacutede com o
propoacutesito de incentivar o serviccedilo puacuteblico na humanizaccedilatildeo do seu atendimento privilegiando
o acolhimento e autonomia da mulher e seu companheiro no momento do parto atraveacutes das
portarias 2883 de 04 de junho de 1998 e 1406 de 15 de dezembro de 1999 (BRASIL
200324)
Conforme a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede a parturiente durante um parto
natural humanizado deve escolher a pessoa em quem confia para o acompanhamento do seu
parto bem como privacidade e acesso a todas informaccedilotildees e explicaccedilotildees que deseje e
necessite conhecer Aleacutem do apoio a mulher tem a liberdade de lanccedilar matildeo de meacutetodos que
aliviem a sua dor durante o trabalho de parto como assumir qualquer posiccedilatildeo mais
confortaacutevel no leito ou fora dele banho de chuveiro toques e massagens frequumlentes
respiraccedilatildeo ritmada e ofegante fundo musical e outros
Para tanto eacute importante centrar-se na valorizaccedilatildeo da conscientizaccedilatildeo da pessoa
para a conquista dos direitos e valores da cidadania com responsabilidade e eacutetica Cabe
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lembrar que a humanizaccedilatildeo do parto tambeacutem estaacute relacionada ao acesso das mulheres a
melhores condiccedilotildees de vida e sauacutede
A enfermagem fazendo parte da equipe de sauacutede eacute a que dedica mais tempo junto
agrave clientela e por isso observa melhor os clientes em seus anseios medos duacutevidas e
esperanccedilas e por ser tambeacutem uma profissatildeo tradicionalmente voltada para o cuidar pois eacute o
seu objeto e o profissional que se dedica ao cuidado ama e respeita a vida tendo durante a
sua formaccedilatildeo acadecircmica e a vida profissional priorizado e zelado pela eacutetica e qualidade dos
serviccedilos prestados agrave populaccedilatildeo
A enfermagem atual estaacute alerta para questotildees sociais de uma profissatildeo solidaacuteria
que eacute o novo enfoque eacutetico jaacute que a promoccedilatildeo da sauacutede soacute eacute possiacutevel se houver qualidade de
vida considerando-se o mundo globalizado para poucos que supervaloriza a racionalidade o
ter a teacutecnica e a robotizaccedilatildeo em detrimento da sensibilidade e a emoccedilatildeo O profissional de
enfermagem tem consciecircncia das condiccedilotildees adversas em que vive uma parcela significativa
da populaccedilatildeo
O cuidado tem sido essencial para o crescimento desenvolvimento e
sobrevivecircncia dos seres humanos desde o seu surgimento sendo foco da Enfermagem
enquanto disciplina e profissatildeo Cuidar o ser humano eacute um ato que requer empatia
sensibilidade e tambeacutem conhecimento Cuidar eacute tambeacutem ouvir tocar o outro e fazer por ele
o que ele proacuteprio natildeo consegue Para Santos Prado Boehs (2001378) o cuidado sendo a
essecircncia da enfermagem eacute fundamental para o bem estar a sauacutede a cura o crescimento e a
sobrevivecircncia
Erdman (199162-63) afirma que a atividade de cuidado da enfermagem eacute feita
pela accedilatildeo de seus profissionais de acordo com necessidades levantadas e que o ser humano
ao se colocar na dependecircncia da vontade de outras pessoas estaacute buscando o cuidado ao
valorizar a vida e o amor proacuteprio
Os autores Soares Santana Siqueira (2000107-109) definem a enfermagem como
sendo
A enfermagem eacute aleacutem da ciecircncia uma arte que se realiza atraveacutes docuidado que envolve ser estar pensar e fazer entre o ser que cuida e oque eacute cuidado Se o foco da enfermagem eacute o ser humano e a razatildeo deser da enfermeira eacute o cuidado entatildeo o cuidado humaniacutestico eacute econtinuaraacute sendo nosso fazer
O cuidar proporciona conforto agrave medida que ao aliviar o sofrimento ocasiona
bem estar ao cliente Conforme argumenta Morse (199871) apesar de o conforto natildeo ser
apenas diretamente relevante aos cuidados da enfermagem ainda constitui o objetivo baacutesico
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da profissatildeo O conforto contribuindo para a reduccedilatildeo da morbimortalidade eacute essencial ao
cuidado com o paciente
Arruda Nunes (199893) defendem que atraveacutes do conforto a pessoa recupera
sua forccedila acircnimo e bem estar melhorando sua qualidade de vida o conforto ocorre com o
cuidado favorecendo a integraccedilatildeo liberdade melhora seguranccedila e proteccedilatildeo Eacute dentro deste
contexto que o Ministeacuterio da Sauacutede vem implantando um conjunto de accedilotildees atraveacutes de
portarias ministeriais com o objetivo de estimular a melhoria da assistecircncia obsteacutetrica
A assistecircncia ao parto natural fora do acircmbito hospitalar pode ser uma escolha da
mulher desde que haja outras opccedilotildees que se assemelhem mais ao ambiente acolhedor do lar
mas com estrutura para agir e encaminhamentos devidos quando se fizer necessaacuterio
Hoje jaacute existem algumas alternativas como centros de parto em hospitais ou fora
deles onde mulheres de baixo risco podem dar agrave luz num ambiente semelhante agrave domiciliar
aos cuidados de enfermeiras obstetras O grau de satisfaccedilatildeo das mulheres com esse tipo de
cuidado supera o da assistecircncia convencional (OMS 199611)
O Centro de Parto Normal-CPN visa assistir exclusivamente os partos e
nascimentos normais aleacutem de garantir a privacidade e o conforto do casal durante o processo
de parturiccedilatildeo composto de um quarto para preacute-parto parto e puerpeacuterio (PPP) O CPN
valoriza o processo fisioloacutegico do nascimento ao utilizar estrateacutegias natildeo medicamentosas de
aliacutevio agrave dor a participaccedilatildeo ativa da mulher no trabalho de parto e parto e a liberdade de
escolha da posiccedilatildeo em que ela deseja dar agrave luz (OSAVA 20018)
O CPN criado atraveacutes da portaria nordm 985GM de 05 de agosto de 1999 visa
prestar assistecircncia no periacuteodo graviacutedico puerperal e parto normal sem distoacutecia Os objetivos
principais do CPN visam garantir acesso e assistecircncia ao parto nos Serviccedilos de Sauacutede do
SUS reduzir a mortalidade materna e perinatal humanizar a assistecircncia agrave gravidez ao parto
e ao puerpeacuterio e garantir a melhoria ao a melhoria da qualidade da assistecircncia agrave mulher no
preacute-natal (TYRRELL 20015)
A mesma autora acrescenta que a equipe miacutenima do CPN deve ser composta por
um enfermeiro com especialidade em enfermagem obsteacutetrica um auxiliar de enfermagem
um auxiliar de serviccedilos gerais e um motorista Deve ainda contar com uma equipe
complementar composta por um meacutedico obstetra e um meacutedico pediatra ou neonatologista A
presenccedila de parteira tradicional obedeceraacute agrave cultura de cada localidade
A portaria MSGM 2815 de 29 de maio de 1998 inclui na tabela do Sistema de
Informaccedilotildees Hospitalares do SUS o procedimento ldquoparto normal sem distoacutecia realizado por
enfermeira (o) obstetrardquo e tem como objetivo principal enfatizar a assistecircncia prestada por
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este profissional no que diz respeito ao parto humanizado Apesar do nuacutemero de enfermeiras
(os) obstetras atuando no paiacutes ainda ser muito pouco embora na realidade o nuacutemero de
partos realizados por esta categoria seja bem maior Sendo assim o Ministeacuterio da Sauacutede estaacute
financiando a realizaccedilatildeo de cursos de especializaccedilatildeo em enfermagem obsteacutetrica (BRASIL
200323)
Outro ponto importante a destacar eacute o exerciacutecio profissional da enfermagem que
dispotildee sobre a Lei 749886 e o decreto 9440687 em seu artigo 9ordm enfatiza que as
profissionais titulares de diploma ou certificados de Obstetriz ou enfermeira Obsteacutetrica
incumbe
I Prestaccedilatildeo de assistecircncia agrave parturiente e ao parto normal
II Identificaccedilatildeo das distoacutecias obsteacutetricas e tomadas de
providecircncias ateacute a chegada do meacutedico
III Realizaccedilatildeo de episiotomia e episiorrafia com aplicaccedilatildeo de
anestesia local quando necessaacuteria
O decreto tambeacutem discorre no paraacutegrafo uacutenico do Art 12 que as enfermeiras
obstetras satildeo responsaacuteveis pela supervisatildeo das atividades da parteira ao serem realizadas em
instituiccedilotildees de sauacutede Diante disso a OMS (1996) ressalta sua posiccedilatildeo de separar o parto
normal de sua condiccedilatildeo patoloacutegica Defende entatildeo que no parto normal deveria existir uma
razatildeo vaacutelida para se intervir em um processo natural lembrando que a responsabilidade de
quem acompanha estas mulheres eacute basicamente o de facilitar este processo natural
A denominaccedilatildeo do termo ldquoMidwiferdquo significa enfermeira obsteacutetrica parteira Na
Europa possuem curso superior com especializaccedilatildeo em obstetriacutecia com duraccedilatildeo de quatro
anos satildeo profissionais que fazem partos normais sem complicaccedilotildees (BALASKAS 19934)
No que se refere agrave definiccedilatildeo internacional de enfermeira-parteira segundo a
OMS a CIP (Confederaccedilatildeo Internacional de Parteiras) e a FIGO (Federaccedilatildeo Internacional de
Ginecologia e Obstetriacutecia) informa que o programa de treinamento eacute reconhecido pelo
governo que credencia a parteira a exercer suas atividades Geralmente essa pessoa eacute uma
competente prestadora de serviccedilos de obstetriacutecia especialmente treinada para a assistecircncia ao
parto normal (OMS 19964)
Contudo a mesma fonte ressalta ainda a importacircncia da atuaccedilatildeo de profissional
qualificado para prestar assistecircncia obsteacutetrica A enfermeira-obstetra como eacute chamada no
Brasil eacute considerada a pessoa fundamental para a assistecircncia obsteacutetrica Entretanto alguns
paiacuteses enfrentam escassez destas profissionais especializadas As que existem no Brasil estatildeo
mal distribuiacutedas com suas funccedilotildees desviadas trabalham em hospitais natildeo especializados
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mais nas cidades grandes e capitais que nas aacutereas rurais onde ainda uma grande parcela das
mulheres encontram-se desassistidas por profissionais com preparo teacutecnico cientiacutefico
Cabe colocar que o profissional qualificado que presta assistecircncia durante a
gestaccedilatildeo parto e puerpeacuterio deve ter sensibilidade para transmitir seguranccedila conforto e bem
estar individualizado a mulher aliando os avanccedilos cientiacuteficos quando necessaacuterio e ao
permitir o resgate da autonomia da mulher no seu parto (BRASIL 200319)
Diante da problemaacutetica exposta o Ministeacuterio da Sauacutede ao tomar conhecimento
das inuacutemeras reclamaccedilotildees realizadas por parte do usuaacuterio quanto ao pouco acesso e a maacute
assistecircncia recebida no setor puacuteblico resolveu lanccedilar programas que visem resgatar o ser
humano de cada profissional que atua na aacuterea de sauacutede incentivando tambeacutem a melhoria da
estrutura fiacutesica e material das instituiccedilotildees a fim de criar condiccedilotildees viaacuteveis as suas propostas
Juntamente com a criaccedilatildeo do Programa Nacional de Humanizaccedilatildeo da Assistecircncia
Hospitalar (PNHAH) em maio de 2000 o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) atraveacutes das
portariasGM 56900 57000 57100 e 57200 de 162000 instituiu tambeacutem o Programa de
Humanizaccedilatildeo no Preacute-Natal e Nascimento (PHPN) ao perceber a necessidade de atender de
forma mais especiacutefica grupos de risco considerados mais vulneraacuteveis por continuarem a
evidenciar taxas alarmantes de morbimortalidade no periacuteodo da gestaccedilatildeo parto e poacutes-parto o
que envolve de forma cruel e omissa duas ou mais vidas O Programa tem como principal
objetivo aprimorar as relaccedilotildees entre profissionais de sauacutede e usuaacuterio dos profissionais entre
si e do hospital com a comunidade resgatando a imagem do serviccedilo puacuteblico de sauacutede tatildeo
desgastado ao longo da histoacuteria perante a comunidade (BRASIL 2000)
Recentemente tambeacutem foi lanccedilado o Pacto Nacional pela Reduccedilatildeo da
Mortalidade Materna e Neonatal com o compromisso das trecircs esferas de gestatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede em conjunto com outros oacutergatildeos de governo e entidades da sociedade civil O
objetivo eacute a reduccedilatildeo da mortalidade de mulheres e de receacutem-nascidos em 15 ateacute o ano de
2007 jaacute que as complicaccedilotildees da gravidez aborto parto e poacutes-parto atingem mais de duas
mil mulheres e mais de oito mil receacutem-nascidos anualmente (BRASIL 2004)
Essas medidas visam estimular uma atenccedilatildeo mais criteriosa e humanizada agrave
populaccedilatildeo de forma geral que busca o serviccedilo puacuteblico Jaacute o Programa de Humanizaccedilatildeo no
Preacute-Natal e Nascimento a fim de tentar reduzir as altas taxas de morbimortalidade materna e
perinatal visa assegurar a cobertura e a qualidade do acompanhamento preacute-natal assistecircncia
ao parto puerpeacuterio e neonatal
Neste sentido a humanizaccedilatildeo defende que eacute dever das unidades de sauacutede receber
com dignidade a mulher seus familiares e o receacutem-nascido Isto requer atitude eacutetica e
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solidariedade por parte dos profissionais de sauacutede organizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo de modo a criar
um ambiente acolhedor e adotar condutas hospitalares que rompam com o tradicional
isolamento imposto agrave mulher
O usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico de sauacutede tem sido desconsiderado da sua condiccedilatildeo
de ser humano e cidadatildeo ao ser ignorado enquanto sujeito pelos profissionais de sauacutede que
ao desprezarem o trabalho em equipe desperdiccedilam a oportunidade de manterem o diaacutelogo
entre si e como o principal interessado e beneficiado eacute a clientela seria uma preciosa
contribuiccedilatildeo para a melhoria da assistecircncia
Cabe colocar que uma eficaz integraccedilatildeo entre a assistecircncia ambulatorial com a
hospitalar eacute importante para a mulher e sua famiacutelia que tendo a oportunidade de escolher e
realizar o seu preacute-natal em determinado serviccedilo de sauacutede passa a conhecer as instituiccedilotildees e
os profissionais que ali desenvolvem suas atividades proporcionando conforto e confianccedila a
mulher na hora de dar aacute luz
Conforme ressalta a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) ao recomendar que
os serviccedilos de preacute-natal e os profissionais envolvidos devem adotar medidas educativas de
prevenccedilatildeo e controle da ansiedade ao promover visitas das gestantes e acompanhantes agraves
unidades de referecircncia para o parto no sentido de minimizar o estresse do processo de
internaccedilatildeo no momento do parto (BRASIL 200327)
OBJETO DO ESTUDO
Oslash Com base na pesquisa foi destacado como objeto de estudo a
caracterizaccedilatildeo e o resgate do parto normal humanizado
OBJETIVOS
Oslash Realizar um levantamento histoacuterico sobre parto normal
Oslash Identificar as portarias do Ministeacuterio da Sauacutede sobre Parto Normal
Oslash Descrever a atuaccedilatildeo da enfermeira obstetra nos centros de
partocasas de parto
JUSTIFICATIVA E RELEVAcircNCIA DO ESTUDO
O nascimento eacute historicamente um evento natural e como tal foi vivenciado ao
longo dos seacuteculos no seio familiar com apoio de parteiras de confianccedila das comunidades No
entanto no Brasil a partir do seacuteculo XX com a institucionalizaccedilatildeo do parto a fim de
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diminuir as altas taxas de morbimortalidade materna e perinatal o parto passou a ser
controlado e medicalizado pelos meacutedicos
Com o excesso de praacuteticas intervencionistas e na maioria das vezes desnecessaacuteria
o parto de um evento iacutentimo feminino e com a participaccedilatildeo ativa da mulher passou a ser
puacuteblico e passivo Cabe destacar que apesar da hospitalizaccedilatildeo do parto a mulher ao ser
admitida numa maternidade aleacutem de perder sua identidade nome e autonomia passa longos
periacuteodos no preacute e poacutes-parto praticamente soacute sem a companhia de uma pessoa de sua
confianccedila e escolha
A OMS (199613) defende que tanto nos paiacuteses desenvolvidos como nos paiacuteses em
desenvolvimento mesmo com todos equipamentos teacutecnicos mas sem apoio por parte de
prestadores de serviccedilos as parturientes sentem-se isoladas desprotegidas e sem privacidade
Diante disso a intensa medicalizaccedilatildeo que o corpo feminino sofreu nas uacuteltimas
deacutecadas e a aparente seguranccedila do parto institucionalizado tem contribuiacutedo com o aumento
significativo da mortalidade materna e neonatal Contudo atualmente essas praacuteticas
satildeo questionadas principalmente no espaccedilo hospitalar
Com isso foram criados pelo ministeacuterio da sauacutede programas para humanizar o
parto e nascimento nas maternidades puacuteblicas como tambeacutem portarias que estimulam a
criaccedilatildeo de casascentros de parto normal com a atuaccedilatildeo do profissional enfermeira obstetra
aleacutem de incentivar atitudes por parte dos profissionais de sauacutede que garantam a mulher natildeo
soacute os benefiacutecios dos avanccedilos cientiacuteficos quando necessaacuterio mas fundamentalmente
incentivando a autonomia da mulher no parto
Diante do exposto resolvemos fazer um levantamento bibliograacutefico sobre o parto
normal e o nascimento que historicamente passou de um evento natural e marcante na vida da
mulher e famiacutelia para ser vivenciado por outros atores oficialmente preparados para
comandar ordenar e transformar eventos fisioloacutegicos em doenccedilas
Bruumlggemann (200156) afirma que o trabalho em equipe interdisciplinar na aacuterea de
sauacutede em maternidade deve ser fundamentado na cumplicidade no diaacutelogo estar aberto a
mudanccedilas visando uma assistecircncia humanizada entre equipe clientela e famiacutelia
Eacute um estudo relevante no contexto do debate sobre a humanizaccedilatildeo do parto
porque se espera contribuir para a melhoria da qualidade assistencial prestada agrave clientela
atendida no serviccedilo como tambeacutem na aacuterea de ensino colaborando para a formaccedilatildeo de novos
profissionais de enfermagem como auxiliares teacutecnicas (os) enfermeiras (os) e atraveacutes da
educaccedilatildeo continuada de profissionais bem como na poacutes-graduaccedilatildeo lato senso e stricto
senso Como tambeacutem servir de subsiacutedios para novas pesquisas que abordem a mesma
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temaacutetica e principalmente incentivar a criaccedilatildeo de casascentro de parto normal em
TeresinaPI
BASES TEOacuteRICAS
Com a hospitalizaccedilatildeo do parto normal mais precisamente a partir do seacuteculo
XIX houve uma expansatildeo da assistecircncia meacutedica no Brasil e programas de sauacutede como a
assistecircncia preacute-natal associada agrave institucionalizaccedilatildeo do parto que privilegiava a fase
reprodutiva da mulher a fim de garantir uma prole saudaacutevel e produtiva (BRASIL 2003
12-13)
A hospitalizaccedilatildeo do parto trouxe uma sobrecarga de estresse a parturiente aleacutem
daquela inerente ao proacuteprio processo parturitivo Os procedimentos rotineiros invasivos
autoritaacuterios e impessoais durante o trabalho de parto e ou parto causam estresse que pode
interferir na conduccedilatildeo normal do parto prolongando-o e propiciando o uso de teacutecnicas
intervencionistas e traumatizantes para a mulher e o bebecirc (OMS 199611)
Para tanto a parturiente estaacute cada vez mais distante de ser protagonista do seu
parto ao se submeter a ordens e atitudes o que resultou no uso excessivo de procedimentos
invasivos e traumatizantes que aumentam o estresse interferindo na conduccedilatildeo do parto
normal como no uso abusivo de cesariana nas uacuteltimas trecircs deacutecadas
Historicamente a cesaacuterea surgiu da necessidade em situaccedilotildees extremas de salvar
o feto jaacute que nessas circunstacircncias a mulher dificilmente sobrevivia tendo em vista as
precaacuterias condiccedilotildees teacutecnicas em que o parto ocorria ateacute o seacuteculo XIX Com o avanccedilo das
teacutecnicas ciruacutergicas o parto cesaacutereo passou a ser considerado seguro o que representou
inicialmente bons resultados obsteacutetricos principalmente a partir do iniacutecio da segunda metade
do seacuteculo XX (BRASIL 200333)
Diante da aparente seguranccedila essa praacutetica passou a ser propagada por
profissionais que para sua comodidade continuaram a divulgar o parto cesaacuterio como raacutepido
seguro e sem dor Largura (199876-77) enfatiza que a cesariana se tornou uma intervenccedilatildeo
banal muitas vezes realizada natildeo apenas por causa de uma urgecircncia obsteacutetrica para salvar a
vida da matildee ou da crianccedila em sofrimento mas porque conveacutem ao hospital equipe meacutedica e
mesmo a proacutepria mulher graacutevida
A realizaccedilatildeo de cesaacutereas desnecessaacuterias eacute potencialmente danosa jaacute que os riscos
de morbidade e mortalidade materna e perinatal satildeo maiores neste procedimento do que no
parto vaginal Contudo ainda hoje uma grande parcela de mulheres natildeo tecircm acesso a esse
parto quando necessitam (BRASIL 20033595)
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Paralelamente haacute evidecircncias que apontam para uma natildeo reduccedilatildeo da morbi-
mortalidade perinatal com o aumento da taxa de cesaacuterea que no Brasil eacute de 28 superior ao
niacutevel maacuteximo recomendado pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede que eacute de 15 ficando atraacutes
apenas de paiacuteses como o Chile e outros pequenos paiacuteses asiaacuteticos o que eacute considerado como
uma epidemia de partos operatoacuterios abdominais (BRASIL 20033237)
Diante disso foram criadas as portarias MSGM 2816 de 29 de maio de 1998
MSGM 865 de 03 de julho de 1999 MSGM 466 de 14 de junho de 2000 MSGM 426 de
04 de abril de 2001 que determinam o pagamento de um percentual maacuteximo de cesarianas
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de partos de cada hospital A introduccedilatildeo em 1998 destes limites
percentuais para o pagamento de cesarianas realizadas pelo Sistema Uacutenico de Sauacutede-SUS
tem sido responsaacutevel pela reduccedilatildeo do nuacutemero de mulheres submetidas a riscos ciruacutergicos
desnecessaacuterios (BRASIL 200324)
O uso indiscriminado de intervenccedilotildees na maioria das vezes eacute feita de forma
desnecessaacuteria e rotineira sem que sejam avaliadas as implicaccedilotildees desses procedimentos para
benefiacutecio da mulher e seu concepto Ao contraacuterio pode causar complicaccedilotildees seacuterias quando
aplicadas de forma inadequada
Osava (1997119-120) que a episiotomia eacute uma praacutetica utilizada em todas as
primiacuteparas que tecircm seu parto institucionalizado A episiotomia tem sido favorecida pela
posiccedilatildeo litotocircmica adotada no nosococircmio e seus respectivos profissionais formados para
intervir e facilitar o seu trabalho
A histoacuteria da episiotomia vem sendo discutida desde a metade do seacuteculo XX
inicialmente quando a gravidez o parto e o nascimento eram considerados eventos naturais e
fisioloacutegicos os meacutedicos as mulheres e seus familiares natildeo se sentiam agrave vontade com a ideacuteia
do corte Na segunda deacutecada do seacuteculo XX foi propagado que a gravidez eacute uma doenccedila e a
sua cura ciruacutergica a episiotomia comeccedilou a ser utilizada de forma rotineira Hoje a
episiotomia deve ser reservada a situaccedilotildees extremas excepcionais dentre elas o sofrimento
fetal quando eacute preciso agilizar o nascimento Baseado em evidecircncias ficou claro que o
procedimento natildeo diminui a incidecircncia de disfunccedilotildees ao contraacuterio aumenta a incidecircncia de
dor durante a relaccedilatildeo sexual sem contar no desconforto que causa a curto meacutedio e longo
prazo (SANTOS 20031)
Dentro dessa oacutetica haacute autores que defendem praacuteticas natildeo invasivas que
privilegiam a mulher como protagonista do seu parto o que tem demonstrado benefiacutecios
vivenciados pela mulher e a crianccedila De acordo com Basile (200017) o parto na posiccedilatildeo
lateral esquerda aleacutem de evitar compressatildeo dos grandes vasos e melhorar a circulaccedilatildeo
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materno-fetal deve ser estimulado por diminuir o uso de episiotomia e traumatismos
perineais graves daacute mais liberdade de movimento para a mulher natildeo limita o periacuteodo
expulsivo frente agraves condiccedilotildees maternas e fetais favoraacuteveis aleacutem de propiciar melhor
integraccedilatildeo entre a mulher acompanhante e profissional
Osava (20021) no ldquoEncontro Regional sobre Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutederdquo
organizado pela Universidade de Brasiacutelia (UnB) discutiu a necessidade de a mulher ser
menos passiva durante o nascimento dos filhos salientando que o nascimento hoje tem sido
visto apenas como um procedimento meacutedico o que cria nas mulheres a ideacuteia de que o
trabalho de parto eacute um verdadeiro castigo A mesma autora critica a manutenccedilatildeo de
intervenccedilotildees meacutedicas como a episiotomia a tricotomia o jejum e o desrespeito ao desejo da
mulher em ter um parto natural e fisioloacutegico
Paiva (199910) destaca que o perfil do profissional meacutedico se adequa mais a
teacutecnicas intervencionistas enquanto que as enfermeiras obstetras por procedimentos menos
invasivos e mais humanizados
O processo de parir requer muita sensibilidade e percepccedilatildeo dos profissionais ao
priorizar que a mulher seja protagonista do nascimento do seu filho juntamente com o apoio
familiar mesmo que este aconteccedila numa instituiccedilatildeo de sauacutede Eacute o que se vecirc na descriccedilatildeo dos
autores a seguir que enfatizam a importacircncia da presenccedila familiar no processo do parir
Montgomery (1997193) ressalta a importacircncia da figura paterna na relaccedilatildeo
familiar e na construccedilatildeo da identidade dos filhos Os novos pais jaacute se mostram capazes de
partilhar verdadeira e profundamente as tarefas extenuantes as responsabilidades (materiais
e morais) de educar os filhos e organizar a casa No entanto a paternidade continua
desvalorizada como elemento de formaccedilatildeo do nuacutecleo familiar Tendo em vista que o pai eacute
proibido de participar do parto sob a alegaccedilatildeo de que ldquoeacute coisa de mulherrsquo
Collaccedilo (200233) defende a presenccedila paterna durante o nascimento a fim de
favorecer o viacutenculo familiar o compromisso com a mulher e a crianccedila proporcionando
conforto e seguranccedila para a mulher aleacutem da responsabilidade do pai pela prole
O parto natildeo eacute um processo apenas bioloacutegico eacute tambeacutem um acontecimento
socialcultural envolvendo a famiacutelia que passaraacute a transformar a sociedade com a chegada
de um novo ser A humanizaccedilatildeo no atendimento integral agrave mulher deve estender-se desde a
preacute-concepccedilatildeo e inclusive puerpeacuterio sem complicaccedilotildees visando agrave promoccedilatildeo do parto e
nascimento saudaacuteveis e a prevenccedilatildeo da morbimortalidade materna e perinatal assim como
evitar as intervenccedilotildees desnecessaacuterias preservando a privacidade e autonomia da mulher O
movimento de preparaccedilatildeo para o parto e para a maternidade tem como um dos objetivos
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baacutesicos humanizar o processo do nascimento atualmente tatildeo mecanizado e dissociado de seu
contexto emocional (MALDONADO 198452)
CAMINHO METODOLOacuteGICO
Trata-se de uma pesquisa teoacuterica exploratoacuteria descritiva que procurou obedecer
agraves normas da ABNT Foi baseada em uma ampla investigaccedilatildeo de referencias bibliograacuteficas
sobre a temaacutetica escolhida atraveacutes de uma coletacircnea em artigos monografia dissertaccedilotildees e
teses que explorem o assunto e satisfaccedila a curiosidade dos pesquisadores embora natildeo tenha a
pretensatildeo de esgotar ao assunto jaacute que a fonte de conhecimento existente eacute inesgotaacutevel
Conforme afirma Gil (1999) apesar de todas as pesquisas exigirem vaacuterias
referencias bibliograacuteficas para fundamentarem o estudo a pesquisa bibliograacutefica eacute
exclusivamente desenvolvida com esse objetivo
O mesmo autor destaca que a pesquisa bibliograacutefica eacute desenvolvida de acordo
com os seguintes criteacuterios formulaccedilatildeo do problema elaboraccedilatildeo do plano de trabalho
identificaccedilatildeo das fontes localizaccedilatildeo do material confecccedilatildeo de fichas construccedilatildeo loacutegica do
trabalho e redaccedilatildeo do texto O plano de trabalho sendo flexiacutevel eacute sucessivamente formulado e
sua elaboraccedilatildeo depende da clara contextualizaccedilatildeo do problema a fim de encaminhar os
procedimentos seguintes O desenvolvimento da pesquisa depende da coleccedilatildeo de itens
ordenados em seccedilotildees atraveacutes da confecccedilatildeo de fichas o que permitiu um melhor
direcionamento do que se propunha investigar
Apesar da pesquisa ser uma atividade teoacuterica alia pensamento e accedilatildeo onde nada
pode ser intelectualmente um problema se natildeo tiver sido vivenciado no cotidiano humano A
investigaccedilatildeo estaacute vinculada a interesses e circunstacircncias socialmente condicionadas
determinada em sua inserccedilatildeo na realidade nela encontrando seus motivos e objetivos
(MINAYO 2002)
O presente estudo para o seu enriquecimento buscou textos de revistas
perioacutedicas artigos dissertaccedilotildees teses livros e manuais ministeriais privilegiando
bibliografias atualizadas nos uacuteltimos cinco anos Apoacutes a identificaccedilatildeo das fontes realizamos
a confecccedilatildeo e organizaccedilatildeo de fichas leituras a fim de sintetizar as principais ideacuteias dos
outros autores pesquisados servindo de consulta e confecccedilatildeo final do trabalho estudado
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
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Diante do vasto conhecimento levantado com a contribuiccedilatildeo de outros autores
foi possiacutevel observar que a problemaacutetica estudada tem despertado a atenccedilatildeo de vaacuterios
profissionais que direta ou indiretamente estatildeo envolvidos com a realidade investigada e
atraveacutes de pesquisas fundamentadas manifestaram o desejo de mudar os cotidianos
cruelmente banalizados e desumanos que habitam em nossas maternidades
A pesquisa bibliograacutefica pretende contribuir com a sensibilizaccedilatildeo de
profissionais de sauacutede que assistem a mulher a adotarem condutas que tragam bem-estar e
garantam a seguranccedila para a mulher e o bebecirc como tambeacutem a famiacutelia e sociedade a se
sentirem responsaacuteveis pelo nascimento como um processo natural e humano com eacutetica
compromisso e solidariedade a fim de resgatar um dos principais papeacuteis da mulher que eacute o
de ser matildee com autonomia
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
BASILE A L P Estudo randomizado controlado entre as posiccedilotildees de parto litotocircmicae lateral esquerda Satildeo Paulo 2000
BRASIL Secretaria de poliacuteticas Puacuteblicas de Sauacutede Parto Aborto e Puerpeacuterio Assistecircnciahumanizada agrave mulher 2ordf ed Brasiacutelia-DF 2003
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Pacto nacional pela reduccedilatildeo da mortalidade materna eneonatal Brasiacutelia 2004
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede PHPN-Programa deHumanizaccedilatildeo no Preacute-Natal e Nascimento Brasiacutelia 2000
ERDMANN AL O Sistema de Cuidados de enfermagem Sua Organizaccedilatildeo nas Instituiccedilotildeesde Sauacutede Texto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis v7 n2 MaioAgo 1998
LARGURA M A Assistecircncia ao Parto no Brasil Satildeo Paulo 1998 p76
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PIRES D Hegemonia Meacutedica na Sauacutede e a Enfermagem Satildeo Paulo Cortez editora 1989
PROGIANTI JM BARREIRA I A A Obstetriacutecia do saber feminino a medicalizaccedilatildeo daeacutepoca medieval ao seacuteculo XX Revista Enfermagem UERJ Rio de Janeiro V9 n1 2001
TANAKA A CA Maternidade dilema entre nascimento e morte Revista Baiana deEnfermagem V9 n1 Abr 1996
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TYRRELL RAM Centro de Parto Normal Nursing Revista Teacutecnica de EnfermagemSatildeo Paulo Nordm 32 2001 Ano 4
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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ARRUDA E N NUNES A M P Conforto em Enfermagem Uma Anaacutelise Teoacuterico-conceitual Texto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis v7 n2 MaioAgo 1998
ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE OBSTETRIZES E ENFERMEIRAS OBSTETRASSecccedilatildeo Satildeo Paulo Dispositivos legais relacionados agrave sauacutede da mulher e do receacutem-nascido-Manual Satildeo Paulo ABENFO-SP
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BALASKAS J Parto ativo Guia praacutetico para o parto natural 2ordf ed Satildeo Paulo Ground1993
BASILE A L P Estudo randomizado controlado entre as posiccedilotildees de parto litotocircmicae lateral esquerda Satildeo Paulo 2000
BRASIL Secretaria de poliacuteticas Puacuteblicas de Sauacutede Parto Aborto e Puerpeacuterio Assistecircnciahumanizada agrave mulher 2ordf ed Brasiacutelia-DF 2003
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BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Pacto nacional pela reduccedilatildeo da mortalidade materna eneonatal Brasiacutelia 2004
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________ PNHAH-Programa Nacional de Humanizaccedilatildeo da assistecircncia hospitalarBrasiacutelia 2001
BRUumlGGEMANN O M Buscando conhecer as diferentes partituras da humanizaccedilatildeoIn A melodia da humanizaccedilatildeo Florianoacutepolis 2001
CAPARROZ SC O resgate do parto normal Contribuiccedilotildees de uma TecnologiaApropriada Joinville 2003
CIANCIARULLO TI Um desafio para a qualidade de assistecircncia Satildeo Paulo Atheneu2003
COLLACcedilO VS Parto Vertical Vivecircncia do casal na dimensatildeo cultural no processoparir Florianoacutepolis 2002
CONSELHO NACIONAL DE SAUacuteDE Diretrizes e Normas Regulamentadoras dePesquisas Envolvendo Seres Humanos Resoluccedilatildeo 19696
ERDMANN AL O Sistema de Cuidados de enfermagem Sua Organizaccedilatildeo nas Instituiccedilotildeesde Sauacutede Texto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis v7 n2 MaioAgo 1998
GIL AC Meacutetodos e Teacutecnicas de Pesquisa Social 5ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1999
LARGURA M A Assistecircncia ao Parto no Brasil Satildeo Paulo 1998 p76
MALDONADO MTP Psicologia da gravidez parto e puerpeacuterio Ed Petroacutepolis Vozes1984
MINAYO MCS Et al Pesquisa Social Teoria e Criatividade 6ordf ed Petroacutepolis Vozes2002
MONTGOMERY Malcolm Mulher o negro do mundo Satildeo Paulo Editora Satildeo PauloGente 1997
MORSE JM A Enfermagem como Conforto Um novo Enfoque do Cuidado ProfissionalTexto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis V7 n 2 MaioAgo 1998
OLIVEIRA F Deixar morrer de parto eacute cinismo Disponiacutevel em lthttwww correanetocombrartigospartohtmgt Acesso em 200303
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OMS Maternidade Segura Assistecircncia ao Parto Normal um guia praacutetico Genebra 1996
OLIVEIRA F Deixar morrer de parto eacute cinismo Disponiacutevel em lthtt wwwCorreaneto com Brartigospartohtmgt Acesso em 200303
PAIVA MS Siacutentese II Seminaacuterio Estadual ldquoQualidade da Assistecircncia ao PartordquoContribuiccedilotildees da Enfermagem Curitiba Associaccedilatildeo Brasileira de Enfermagem SeccedilatildeoParanaacute 1999 P 8-11
PIRES D Hegemonia Meacutedica na Sauacutede e a Enfermagem Satildeo Paulo Cortez editora 1989
PIAUIacute Secretaria de Sauacutede do estado do Piauiacute III Seminaacuterio sobre Mortalidade MaternaTERESINA-PI 2000
PROGIANTI JM BARREIRA I A A Obstetriacutecia do saber feminino a medicalizaccedilatildeo daeacutepoca medieval ao seacuteculo XX Revista Enfermagem UERJ Rio de Janeiro V9 n1 2001
SANTOS VSC PRADO ML BOEHS AE Atuaccedilatildeo da Enfermeira junto ao casalRN noprocesso de parir embasada na teoria de Madeleine Leininger Nurse Texto amp ContextoEnfermagem Florianoacutepolis V9 n2 MaioAgo 2001
SOARES MS SIQUEIRA O Cuidado de Enfermagem no cotidiano das (os) Enfermeiras(os) Autocircnomas (os) Agrave luz de alguns conceitos da teoria humaniacutestica de Paterson e ZderardTexto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis V 9 n 2 MaioAgo 2000
SANTOS MS Histoacuteria da episiotomia Disponiacutevel em ltHttwwwmaternaturamedbrepisiohistmleitehtmgt Acesso em 020603
TANAKA A CA Maternidade dilema entre nascimento e morte Revista Baiana deEnfermagem V9 n1 Abr 1996
__________ Mortalidade Materna Sauacutede da Mulher e Direitos Reprodutivos dossiecircsSatildeo Paulo 2001
TYRRELL RAM Centro de Parto Normal Nursing Revista Teacutecnica de EnfermagemSatildeo Paulo Nordm 32 2001 Ano 4
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lembrar que a humanizaccedilatildeo do parto tambeacutem estaacute relacionada ao acesso das mulheres a
melhores condiccedilotildees de vida e sauacutede
A enfermagem fazendo parte da equipe de sauacutede eacute a que dedica mais tempo junto
agrave clientela e por isso observa melhor os clientes em seus anseios medos duacutevidas e
esperanccedilas e por ser tambeacutem uma profissatildeo tradicionalmente voltada para o cuidar pois eacute o
seu objeto e o profissional que se dedica ao cuidado ama e respeita a vida tendo durante a
sua formaccedilatildeo acadecircmica e a vida profissional priorizado e zelado pela eacutetica e qualidade dos
serviccedilos prestados agrave populaccedilatildeo
A enfermagem atual estaacute alerta para questotildees sociais de uma profissatildeo solidaacuteria
que eacute o novo enfoque eacutetico jaacute que a promoccedilatildeo da sauacutede soacute eacute possiacutevel se houver qualidade de
vida considerando-se o mundo globalizado para poucos que supervaloriza a racionalidade o
ter a teacutecnica e a robotizaccedilatildeo em detrimento da sensibilidade e a emoccedilatildeo O profissional de
enfermagem tem consciecircncia das condiccedilotildees adversas em que vive uma parcela significativa
da populaccedilatildeo
O cuidado tem sido essencial para o crescimento desenvolvimento e
sobrevivecircncia dos seres humanos desde o seu surgimento sendo foco da Enfermagem
enquanto disciplina e profissatildeo Cuidar o ser humano eacute um ato que requer empatia
sensibilidade e tambeacutem conhecimento Cuidar eacute tambeacutem ouvir tocar o outro e fazer por ele
o que ele proacuteprio natildeo consegue Para Santos Prado Boehs (2001378) o cuidado sendo a
essecircncia da enfermagem eacute fundamental para o bem estar a sauacutede a cura o crescimento e a
sobrevivecircncia
Erdman (199162-63) afirma que a atividade de cuidado da enfermagem eacute feita
pela accedilatildeo de seus profissionais de acordo com necessidades levantadas e que o ser humano
ao se colocar na dependecircncia da vontade de outras pessoas estaacute buscando o cuidado ao
valorizar a vida e o amor proacuteprio
Os autores Soares Santana Siqueira (2000107-109) definem a enfermagem como
sendo
A enfermagem eacute aleacutem da ciecircncia uma arte que se realiza atraveacutes docuidado que envolve ser estar pensar e fazer entre o ser que cuida e oque eacute cuidado Se o foco da enfermagem eacute o ser humano e a razatildeo deser da enfermeira eacute o cuidado entatildeo o cuidado humaniacutestico eacute econtinuaraacute sendo nosso fazer
O cuidar proporciona conforto agrave medida que ao aliviar o sofrimento ocasiona
bem estar ao cliente Conforme argumenta Morse (199871) apesar de o conforto natildeo ser
apenas diretamente relevante aos cuidados da enfermagem ainda constitui o objetivo baacutesico
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da profissatildeo O conforto contribuindo para a reduccedilatildeo da morbimortalidade eacute essencial ao
cuidado com o paciente
Arruda Nunes (199893) defendem que atraveacutes do conforto a pessoa recupera
sua forccedila acircnimo e bem estar melhorando sua qualidade de vida o conforto ocorre com o
cuidado favorecendo a integraccedilatildeo liberdade melhora seguranccedila e proteccedilatildeo Eacute dentro deste
contexto que o Ministeacuterio da Sauacutede vem implantando um conjunto de accedilotildees atraveacutes de
portarias ministeriais com o objetivo de estimular a melhoria da assistecircncia obsteacutetrica
A assistecircncia ao parto natural fora do acircmbito hospitalar pode ser uma escolha da
mulher desde que haja outras opccedilotildees que se assemelhem mais ao ambiente acolhedor do lar
mas com estrutura para agir e encaminhamentos devidos quando se fizer necessaacuterio
Hoje jaacute existem algumas alternativas como centros de parto em hospitais ou fora
deles onde mulheres de baixo risco podem dar agrave luz num ambiente semelhante agrave domiciliar
aos cuidados de enfermeiras obstetras O grau de satisfaccedilatildeo das mulheres com esse tipo de
cuidado supera o da assistecircncia convencional (OMS 199611)
O Centro de Parto Normal-CPN visa assistir exclusivamente os partos e
nascimentos normais aleacutem de garantir a privacidade e o conforto do casal durante o processo
de parturiccedilatildeo composto de um quarto para preacute-parto parto e puerpeacuterio (PPP) O CPN
valoriza o processo fisioloacutegico do nascimento ao utilizar estrateacutegias natildeo medicamentosas de
aliacutevio agrave dor a participaccedilatildeo ativa da mulher no trabalho de parto e parto e a liberdade de
escolha da posiccedilatildeo em que ela deseja dar agrave luz (OSAVA 20018)
O CPN criado atraveacutes da portaria nordm 985GM de 05 de agosto de 1999 visa
prestar assistecircncia no periacuteodo graviacutedico puerperal e parto normal sem distoacutecia Os objetivos
principais do CPN visam garantir acesso e assistecircncia ao parto nos Serviccedilos de Sauacutede do
SUS reduzir a mortalidade materna e perinatal humanizar a assistecircncia agrave gravidez ao parto
e ao puerpeacuterio e garantir a melhoria ao a melhoria da qualidade da assistecircncia agrave mulher no
preacute-natal (TYRRELL 20015)
A mesma autora acrescenta que a equipe miacutenima do CPN deve ser composta por
um enfermeiro com especialidade em enfermagem obsteacutetrica um auxiliar de enfermagem
um auxiliar de serviccedilos gerais e um motorista Deve ainda contar com uma equipe
complementar composta por um meacutedico obstetra e um meacutedico pediatra ou neonatologista A
presenccedila de parteira tradicional obedeceraacute agrave cultura de cada localidade
A portaria MSGM 2815 de 29 de maio de 1998 inclui na tabela do Sistema de
Informaccedilotildees Hospitalares do SUS o procedimento ldquoparto normal sem distoacutecia realizado por
enfermeira (o) obstetrardquo e tem como objetivo principal enfatizar a assistecircncia prestada por
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este profissional no que diz respeito ao parto humanizado Apesar do nuacutemero de enfermeiras
(os) obstetras atuando no paiacutes ainda ser muito pouco embora na realidade o nuacutemero de
partos realizados por esta categoria seja bem maior Sendo assim o Ministeacuterio da Sauacutede estaacute
financiando a realizaccedilatildeo de cursos de especializaccedilatildeo em enfermagem obsteacutetrica (BRASIL
200323)
Outro ponto importante a destacar eacute o exerciacutecio profissional da enfermagem que
dispotildee sobre a Lei 749886 e o decreto 9440687 em seu artigo 9ordm enfatiza que as
profissionais titulares de diploma ou certificados de Obstetriz ou enfermeira Obsteacutetrica
incumbe
I Prestaccedilatildeo de assistecircncia agrave parturiente e ao parto normal
II Identificaccedilatildeo das distoacutecias obsteacutetricas e tomadas de
providecircncias ateacute a chegada do meacutedico
III Realizaccedilatildeo de episiotomia e episiorrafia com aplicaccedilatildeo de
anestesia local quando necessaacuteria
O decreto tambeacutem discorre no paraacutegrafo uacutenico do Art 12 que as enfermeiras
obstetras satildeo responsaacuteveis pela supervisatildeo das atividades da parteira ao serem realizadas em
instituiccedilotildees de sauacutede Diante disso a OMS (1996) ressalta sua posiccedilatildeo de separar o parto
normal de sua condiccedilatildeo patoloacutegica Defende entatildeo que no parto normal deveria existir uma
razatildeo vaacutelida para se intervir em um processo natural lembrando que a responsabilidade de
quem acompanha estas mulheres eacute basicamente o de facilitar este processo natural
A denominaccedilatildeo do termo ldquoMidwiferdquo significa enfermeira obsteacutetrica parteira Na
Europa possuem curso superior com especializaccedilatildeo em obstetriacutecia com duraccedilatildeo de quatro
anos satildeo profissionais que fazem partos normais sem complicaccedilotildees (BALASKAS 19934)
No que se refere agrave definiccedilatildeo internacional de enfermeira-parteira segundo a
OMS a CIP (Confederaccedilatildeo Internacional de Parteiras) e a FIGO (Federaccedilatildeo Internacional de
Ginecologia e Obstetriacutecia) informa que o programa de treinamento eacute reconhecido pelo
governo que credencia a parteira a exercer suas atividades Geralmente essa pessoa eacute uma
competente prestadora de serviccedilos de obstetriacutecia especialmente treinada para a assistecircncia ao
parto normal (OMS 19964)
Contudo a mesma fonte ressalta ainda a importacircncia da atuaccedilatildeo de profissional
qualificado para prestar assistecircncia obsteacutetrica A enfermeira-obstetra como eacute chamada no
Brasil eacute considerada a pessoa fundamental para a assistecircncia obsteacutetrica Entretanto alguns
paiacuteses enfrentam escassez destas profissionais especializadas As que existem no Brasil estatildeo
mal distribuiacutedas com suas funccedilotildees desviadas trabalham em hospitais natildeo especializados
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mais nas cidades grandes e capitais que nas aacutereas rurais onde ainda uma grande parcela das
mulheres encontram-se desassistidas por profissionais com preparo teacutecnico cientiacutefico
Cabe colocar que o profissional qualificado que presta assistecircncia durante a
gestaccedilatildeo parto e puerpeacuterio deve ter sensibilidade para transmitir seguranccedila conforto e bem
estar individualizado a mulher aliando os avanccedilos cientiacuteficos quando necessaacuterio e ao
permitir o resgate da autonomia da mulher no seu parto (BRASIL 200319)
Diante da problemaacutetica exposta o Ministeacuterio da Sauacutede ao tomar conhecimento
das inuacutemeras reclamaccedilotildees realizadas por parte do usuaacuterio quanto ao pouco acesso e a maacute
assistecircncia recebida no setor puacuteblico resolveu lanccedilar programas que visem resgatar o ser
humano de cada profissional que atua na aacuterea de sauacutede incentivando tambeacutem a melhoria da
estrutura fiacutesica e material das instituiccedilotildees a fim de criar condiccedilotildees viaacuteveis as suas propostas
Juntamente com a criaccedilatildeo do Programa Nacional de Humanizaccedilatildeo da Assistecircncia
Hospitalar (PNHAH) em maio de 2000 o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) atraveacutes das
portariasGM 56900 57000 57100 e 57200 de 162000 instituiu tambeacutem o Programa de
Humanizaccedilatildeo no Preacute-Natal e Nascimento (PHPN) ao perceber a necessidade de atender de
forma mais especiacutefica grupos de risco considerados mais vulneraacuteveis por continuarem a
evidenciar taxas alarmantes de morbimortalidade no periacuteodo da gestaccedilatildeo parto e poacutes-parto o
que envolve de forma cruel e omissa duas ou mais vidas O Programa tem como principal
objetivo aprimorar as relaccedilotildees entre profissionais de sauacutede e usuaacuterio dos profissionais entre
si e do hospital com a comunidade resgatando a imagem do serviccedilo puacuteblico de sauacutede tatildeo
desgastado ao longo da histoacuteria perante a comunidade (BRASIL 2000)
Recentemente tambeacutem foi lanccedilado o Pacto Nacional pela Reduccedilatildeo da
Mortalidade Materna e Neonatal com o compromisso das trecircs esferas de gestatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede em conjunto com outros oacutergatildeos de governo e entidades da sociedade civil O
objetivo eacute a reduccedilatildeo da mortalidade de mulheres e de receacutem-nascidos em 15 ateacute o ano de
2007 jaacute que as complicaccedilotildees da gravidez aborto parto e poacutes-parto atingem mais de duas
mil mulheres e mais de oito mil receacutem-nascidos anualmente (BRASIL 2004)
Essas medidas visam estimular uma atenccedilatildeo mais criteriosa e humanizada agrave
populaccedilatildeo de forma geral que busca o serviccedilo puacuteblico Jaacute o Programa de Humanizaccedilatildeo no
Preacute-Natal e Nascimento a fim de tentar reduzir as altas taxas de morbimortalidade materna e
perinatal visa assegurar a cobertura e a qualidade do acompanhamento preacute-natal assistecircncia
ao parto puerpeacuterio e neonatal
Neste sentido a humanizaccedilatildeo defende que eacute dever das unidades de sauacutede receber
com dignidade a mulher seus familiares e o receacutem-nascido Isto requer atitude eacutetica e
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solidariedade por parte dos profissionais de sauacutede organizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo de modo a criar
um ambiente acolhedor e adotar condutas hospitalares que rompam com o tradicional
isolamento imposto agrave mulher
O usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico de sauacutede tem sido desconsiderado da sua condiccedilatildeo
de ser humano e cidadatildeo ao ser ignorado enquanto sujeito pelos profissionais de sauacutede que
ao desprezarem o trabalho em equipe desperdiccedilam a oportunidade de manterem o diaacutelogo
entre si e como o principal interessado e beneficiado eacute a clientela seria uma preciosa
contribuiccedilatildeo para a melhoria da assistecircncia
Cabe colocar que uma eficaz integraccedilatildeo entre a assistecircncia ambulatorial com a
hospitalar eacute importante para a mulher e sua famiacutelia que tendo a oportunidade de escolher e
realizar o seu preacute-natal em determinado serviccedilo de sauacutede passa a conhecer as instituiccedilotildees e
os profissionais que ali desenvolvem suas atividades proporcionando conforto e confianccedila a
mulher na hora de dar aacute luz
Conforme ressalta a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) ao recomendar que
os serviccedilos de preacute-natal e os profissionais envolvidos devem adotar medidas educativas de
prevenccedilatildeo e controle da ansiedade ao promover visitas das gestantes e acompanhantes agraves
unidades de referecircncia para o parto no sentido de minimizar o estresse do processo de
internaccedilatildeo no momento do parto (BRASIL 200327)
OBJETO DO ESTUDO
Oslash Com base na pesquisa foi destacado como objeto de estudo a
caracterizaccedilatildeo e o resgate do parto normal humanizado
OBJETIVOS
Oslash Realizar um levantamento histoacuterico sobre parto normal
Oslash Identificar as portarias do Ministeacuterio da Sauacutede sobre Parto Normal
Oslash Descrever a atuaccedilatildeo da enfermeira obstetra nos centros de
partocasas de parto
JUSTIFICATIVA E RELEVAcircNCIA DO ESTUDO
O nascimento eacute historicamente um evento natural e como tal foi vivenciado ao
longo dos seacuteculos no seio familiar com apoio de parteiras de confianccedila das comunidades No
entanto no Brasil a partir do seacuteculo XX com a institucionalizaccedilatildeo do parto a fim de
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diminuir as altas taxas de morbimortalidade materna e perinatal o parto passou a ser
controlado e medicalizado pelos meacutedicos
Com o excesso de praacuteticas intervencionistas e na maioria das vezes desnecessaacuteria
o parto de um evento iacutentimo feminino e com a participaccedilatildeo ativa da mulher passou a ser
puacuteblico e passivo Cabe destacar que apesar da hospitalizaccedilatildeo do parto a mulher ao ser
admitida numa maternidade aleacutem de perder sua identidade nome e autonomia passa longos
periacuteodos no preacute e poacutes-parto praticamente soacute sem a companhia de uma pessoa de sua
confianccedila e escolha
A OMS (199613) defende que tanto nos paiacuteses desenvolvidos como nos paiacuteses em
desenvolvimento mesmo com todos equipamentos teacutecnicos mas sem apoio por parte de
prestadores de serviccedilos as parturientes sentem-se isoladas desprotegidas e sem privacidade
Diante disso a intensa medicalizaccedilatildeo que o corpo feminino sofreu nas uacuteltimas
deacutecadas e a aparente seguranccedila do parto institucionalizado tem contribuiacutedo com o aumento
significativo da mortalidade materna e neonatal Contudo atualmente essas praacuteticas
satildeo questionadas principalmente no espaccedilo hospitalar
Com isso foram criados pelo ministeacuterio da sauacutede programas para humanizar o
parto e nascimento nas maternidades puacuteblicas como tambeacutem portarias que estimulam a
criaccedilatildeo de casascentros de parto normal com a atuaccedilatildeo do profissional enfermeira obstetra
aleacutem de incentivar atitudes por parte dos profissionais de sauacutede que garantam a mulher natildeo
soacute os benefiacutecios dos avanccedilos cientiacuteficos quando necessaacuterio mas fundamentalmente
incentivando a autonomia da mulher no parto
Diante do exposto resolvemos fazer um levantamento bibliograacutefico sobre o parto
normal e o nascimento que historicamente passou de um evento natural e marcante na vida da
mulher e famiacutelia para ser vivenciado por outros atores oficialmente preparados para
comandar ordenar e transformar eventos fisioloacutegicos em doenccedilas
Bruumlggemann (200156) afirma que o trabalho em equipe interdisciplinar na aacuterea de
sauacutede em maternidade deve ser fundamentado na cumplicidade no diaacutelogo estar aberto a
mudanccedilas visando uma assistecircncia humanizada entre equipe clientela e famiacutelia
Eacute um estudo relevante no contexto do debate sobre a humanizaccedilatildeo do parto
porque se espera contribuir para a melhoria da qualidade assistencial prestada agrave clientela
atendida no serviccedilo como tambeacutem na aacuterea de ensino colaborando para a formaccedilatildeo de novos
profissionais de enfermagem como auxiliares teacutecnicas (os) enfermeiras (os) e atraveacutes da
educaccedilatildeo continuada de profissionais bem como na poacutes-graduaccedilatildeo lato senso e stricto
senso Como tambeacutem servir de subsiacutedios para novas pesquisas que abordem a mesma
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temaacutetica e principalmente incentivar a criaccedilatildeo de casascentro de parto normal em
TeresinaPI
BASES TEOacuteRICAS
Com a hospitalizaccedilatildeo do parto normal mais precisamente a partir do seacuteculo
XIX houve uma expansatildeo da assistecircncia meacutedica no Brasil e programas de sauacutede como a
assistecircncia preacute-natal associada agrave institucionalizaccedilatildeo do parto que privilegiava a fase
reprodutiva da mulher a fim de garantir uma prole saudaacutevel e produtiva (BRASIL 2003
12-13)
A hospitalizaccedilatildeo do parto trouxe uma sobrecarga de estresse a parturiente aleacutem
daquela inerente ao proacuteprio processo parturitivo Os procedimentos rotineiros invasivos
autoritaacuterios e impessoais durante o trabalho de parto e ou parto causam estresse que pode
interferir na conduccedilatildeo normal do parto prolongando-o e propiciando o uso de teacutecnicas
intervencionistas e traumatizantes para a mulher e o bebecirc (OMS 199611)
Para tanto a parturiente estaacute cada vez mais distante de ser protagonista do seu
parto ao se submeter a ordens e atitudes o que resultou no uso excessivo de procedimentos
invasivos e traumatizantes que aumentam o estresse interferindo na conduccedilatildeo do parto
normal como no uso abusivo de cesariana nas uacuteltimas trecircs deacutecadas
Historicamente a cesaacuterea surgiu da necessidade em situaccedilotildees extremas de salvar
o feto jaacute que nessas circunstacircncias a mulher dificilmente sobrevivia tendo em vista as
precaacuterias condiccedilotildees teacutecnicas em que o parto ocorria ateacute o seacuteculo XIX Com o avanccedilo das
teacutecnicas ciruacutergicas o parto cesaacutereo passou a ser considerado seguro o que representou
inicialmente bons resultados obsteacutetricos principalmente a partir do iniacutecio da segunda metade
do seacuteculo XX (BRASIL 200333)
Diante da aparente seguranccedila essa praacutetica passou a ser propagada por
profissionais que para sua comodidade continuaram a divulgar o parto cesaacuterio como raacutepido
seguro e sem dor Largura (199876-77) enfatiza que a cesariana se tornou uma intervenccedilatildeo
banal muitas vezes realizada natildeo apenas por causa de uma urgecircncia obsteacutetrica para salvar a
vida da matildee ou da crianccedila em sofrimento mas porque conveacutem ao hospital equipe meacutedica e
mesmo a proacutepria mulher graacutevida
A realizaccedilatildeo de cesaacutereas desnecessaacuterias eacute potencialmente danosa jaacute que os riscos
de morbidade e mortalidade materna e perinatal satildeo maiores neste procedimento do que no
parto vaginal Contudo ainda hoje uma grande parcela de mulheres natildeo tecircm acesso a esse
parto quando necessitam (BRASIL 20033595)
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Paralelamente haacute evidecircncias que apontam para uma natildeo reduccedilatildeo da morbi-
mortalidade perinatal com o aumento da taxa de cesaacuterea que no Brasil eacute de 28 superior ao
niacutevel maacuteximo recomendado pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede que eacute de 15 ficando atraacutes
apenas de paiacuteses como o Chile e outros pequenos paiacuteses asiaacuteticos o que eacute considerado como
uma epidemia de partos operatoacuterios abdominais (BRASIL 20033237)
Diante disso foram criadas as portarias MSGM 2816 de 29 de maio de 1998
MSGM 865 de 03 de julho de 1999 MSGM 466 de 14 de junho de 2000 MSGM 426 de
04 de abril de 2001 que determinam o pagamento de um percentual maacuteximo de cesarianas
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de partos de cada hospital A introduccedilatildeo em 1998 destes limites
percentuais para o pagamento de cesarianas realizadas pelo Sistema Uacutenico de Sauacutede-SUS
tem sido responsaacutevel pela reduccedilatildeo do nuacutemero de mulheres submetidas a riscos ciruacutergicos
desnecessaacuterios (BRASIL 200324)
O uso indiscriminado de intervenccedilotildees na maioria das vezes eacute feita de forma
desnecessaacuteria e rotineira sem que sejam avaliadas as implicaccedilotildees desses procedimentos para
benefiacutecio da mulher e seu concepto Ao contraacuterio pode causar complicaccedilotildees seacuterias quando
aplicadas de forma inadequada
Osava (1997119-120) que a episiotomia eacute uma praacutetica utilizada em todas as
primiacuteparas que tecircm seu parto institucionalizado A episiotomia tem sido favorecida pela
posiccedilatildeo litotocircmica adotada no nosococircmio e seus respectivos profissionais formados para
intervir e facilitar o seu trabalho
A histoacuteria da episiotomia vem sendo discutida desde a metade do seacuteculo XX
inicialmente quando a gravidez o parto e o nascimento eram considerados eventos naturais e
fisioloacutegicos os meacutedicos as mulheres e seus familiares natildeo se sentiam agrave vontade com a ideacuteia
do corte Na segunda deacutecada do seacuteculo XX foi propagado que a gravidez eacute uma doenccedila e a
sua cura ciruacutergica a episiotomia comeccedilou a ser utilizada de forma rotineira Hoje a
episiotomia deve ser reservada a situaccedilotildees extremas excepcionais dentre elas o sofrimento
fetal quando eacute preciso agilizar o nascimento Baseado em evidecircncias ficou claro que o
procedimento natildeo diminui a incidecircncia de disfunccedilotildees ao contraacuterio aumenta a incidecircncia de
dor durante a relaccedilatildeo sexual sem contar no desconforto que causa a curto meacutedio e longo
prazo (SANTOS 20031)
Dentro dessa oacutetica haacute autores que defendem praacuteticas natildeo invasivas que
privilegiam a mulher como protagonista do seu parto o que tem demonstrado benefiacutecios
vivenciados pela mulher e a crianccedila De acordo com Basile (200017) o parto na posiccedilatildeo
lateral esquerda aleacutem de evitar compressatildeo dos grandes vasos e melhorar a circulaccedilatildeo
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materno-fetal deve ser estimulado por diminuir o uso de episiotomia e traumatismos
perineais graves daacute mais liberdade de movimento para a mulher natildeo limita o periacuteodo
expulsivo frente agraves condiccedilotildees maternas e fetais favoraacuteveis aleacutem de propiciar melhor
integraccedilatildeo entre a mulher acompanhante e profissional
Osava (20021) no ldquoEncontro Regional sobre Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutederdquo
organizado pela Universidade de Brasiacutelia (UnB) discutiu a necessidade de a mulher ser
menos passiva durante o nascimento dos filhos salientando que o nascimento hoje tem sido
visto apenas como um procedimento meacutedico o que cria nas mulheres a ideacuteia de que o
trabalho de parto eacute um verdadeiro castigo A mesma autora critica a manutenccedilatildeo de
intervenccedilotildees meacutedicas como a episiotomia a tricotomia o jejum e o desrespeito ao desejo da
mulher em ter um parto natural e fisioloacutegico
Paiva (199910) destaca que o perfil do profissional meacutedico se adequa mais a
teacutecnicas intervencionistas enquanto que as enfermeiras obstetras por procedimentos menos
invasivos e mais humanizados
O processo de parir requer muita sensibilidade e percepccedilatildeo dos profissionais ao
priorizar que a mulher seja protagonista do nascimento do seu filho juntamente com o apoio
familiar mesmo que este aconteccedila numa instituiccedilatildeo de sauacutede Eacute o que se vecirc na descriccedilatildeo dos
autores a seguir que enfatizam a importacircncia da presenccedila familiar no processo do parir
Montgomery (1997193) ressalta a importacircncia da figura paterna na relaccedilatildeo
familiar e na construccedilatildeo da identidade dos filhos Os novos pais jaacute se mostram capazes de
partilhar verdadeira e profundamente as tarefas extenuantes as responsabilidades (materiais
e morais) de educar os filhos e organizar a casa No entanto a paternidade continua
desvalorizada como elemento de formaccedilatildeo do nuacutecleo familiar Tendo em vista que o pai eacute
proibido de participar do parto sob a alegaccedilatildeo de que ldquoeacute coisa de mulherrsquo
Collaccedilo (200233) defende a presenccedila paterna durante o nascimento a fim de
favorecer o viacutenculo familiar o compromisso com a mulher e a crianccedila proporcionando
conforto e seguranccedila para a mulher aleacutem da responsabilidade do pai pela prole
O parto natildeo eacute um processo apenas bioloacutegico eacute tambeacutem um acontecimento
socialcultural envolvendo a famiacutelia que passaraacute a transformar a sociedade com a chegada
de um novo ser A humanizaccedilatildeo no atendimento integral agrave mulher deve estender-se desde a
preacute-concepccedilatildeo e inclusive puerpeacuterio sem complicaccedilotildees visando agrave promoccedilatildeo do parto e
nascimento saudaacuteveis e a prevenccedilatildeo da morbimortalidade materna e perinatal assim como
evitar as intervenccedilotildees desnecessaacuterias preservando a privacidade e autonomia da mulher O
movimento de preparaccedilatildeo para o parto e para a maternidade tem como um dos objetivos
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baacutesicos humanizar o processo do nascimento atualmente tatildeo mecanizado e dissociado de seu
contexto emocional (MALDONADO 198452)
CAMINHO METODOLOacuteGICO
Trata-se de uma pesquisa teoacuterica exploratoacuteria descritiva que procurou obedecer
agraves normas da ABNT Foi baseada em uma ampla investigaccedilatildeo de referencias bibliograacuteficas
sobre a temaacutetica escolhida atraveacutes de uma coletacircnea em artigos monografia dissertaccedilotildees e
teses que explorem o assunto e satisfaccedila a curiosidade dos pesquisadores embora natildeo tenha a
pretensatildeo de esgotar ao assunto jaacute que a fonte de conhecimento existente eacute inesgotaacutevel
Conforme afirma Gil (1999) apesar de todas as pesquisas exigirem vaacuterias
referencias bibliograacuteficas para fundamentarem o estudo a pesquisa bibliograacutefica eacute
exclusivamente desenvolvida com esse objetivo
O mesmo autor destaca que a pesquisa bibliograacutefica eacute desenvolvida de acordo
com os seguintes criteacuterios formulaccedilatildeo do problema elaboraccedilatildeo do plano de trabalho
identificaccedilatildeo das fontes localizaccedilatildeo do material confecccedilatildeo de fichas construccedilatildeo loacutegica do
trabalho e redaccedilatildeo do texto O plano de trabalho sendo flexiacutevel eacute sucessivamente formulado e
sua elaboraccedilatildeo depende da clara contextualizaccedilatildeo do problema a fim de encaminhar os
procedimentos seguintes O desenvolvimento da pesquisa depende da coleccedilatildeo de itens
ordenados em seccedilotildees atraveacutes da confecccedilatildeo de fichas o que permitiu um melhor
direcionamento do que se propunha investigar
Apesar da pesquisa ser uma atividade teoacuterica alia pensamento e accedilatildeo onde nada
pode ser intelectualmente um problema se natildeo tiver sido vivenciado no cotidiano humano A
investigaccedilatildeo estaacute vinculada a interesses e circunstacircncias socialmente condicionadas
determinada em sua inserccedilatildeo na realidade nela encontrando seus motivos e objetivos
(MINAYO 2002)
O presente estudo para o seu enriquecimento buscou textos de revistas
perioacutedicas artigos dissertaccedilotildees teses livros e manuais ministeriais privilegiando
bibliografias atualizadas nos uacuteltimos cinco anos Apoacutes a identificaccedilatildeo das fontes realizamos
a confecccedilatildeo e organizaccedilatildeo de fichas leituras a fim de sintetizar as principais ideacuteias dos
outros autores pesquisados servindo de consulta e confecccedilatildeo final do trabalho estudado
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
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Diante do vasto conhecimento levantado com a contribuiccedilatildeo de outros autores
foi possiacutevel observar que a problemaacutetica estudada tem despertado a atenccedilatildeo de vaacuterios
profissionais que direta ou indiretamente estatildeo envolvidos com a realidade investigada e
atraveacutes de pesquisas fundamentadas manifestaram o desejo de mudar os cotidianos
cruelmente banalizados e desumanos que habitam em nossas maternidades
A pesquisa bibliograacutefica pretende contribuir com a sensibilizaccedilatildeo de
profissionais de sauacutede que assistem a mulher a adotarem condutas que tragam bem-estar e
garantam a seguranccedila para a mulher e o bebecirc como tambeacutem a famiacutelia e sociedade a se
sentirem responsaacuteveis pelo nascimento como um processo natural e humano com eacutetica
compromisso e solidariedade a fim de resgatar um dos principais papeacuteis da mulher que eacute o
de ser matildee com autonomia
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da profissatildeo O conforto contribuindo para a reduccedilatildeo da morbimortalidade eacute essencial ao
cuidado com o paciente
Arruda Nunes (199893) defendem que atraveacutes do conforto a pessoa recupera
sua forccedila acircnimo e bem estar melhorando sua qualidade de vida o conforto ocorre com o
cuidado favorecendo a integraccedilatildeo liberdade melhora seguranccedila e proteccedilatildeo Eacute dentro deste
contexto que o Ministeacuterio da Sauacutede vem implantando um conjunto de accedilotildees atraveacutes de
portarias ministeriais com o objetivo de estimular a melhoria da assistecircncia obsteacutetrica
A assistecircncia ao parto natural fora do acircmbito hospitalar pode ser uma escolha da
mulher desde que haja outras opccedilotildees que se assemelhem mais ao ambiente acolhedor do lar
mas com estrutura para agir e encaminhamentos devidos quando se fizer necessaacuterio
Hoje jaacute existem algumas alternativas como centros de parto em hospitais ou fora
deles onde mulheres de baixo risco podem dar agrave luz num ambiente semelhante agrave domiciliar
aos cuidados de enfermeiras obstetras O grau de satisfaccedilatildeo das mulheres com esse tipo de
cuidado supera o da assistecircncia convencional (OMS 199611)
O Centro de Parto Normal-CPN visa assistir exclusivamente os partos e
nascimentos normais aleacutem de garantir a privacidade e o conforto do casal durante o processo
de parturiccedilatildeo composto de um quarto para preacute-parto parto e puerpeacuterio (PPP) O CPN
valoriza o processo fisioloacutegico do nascimento ao utilizar estrateacutegias natildeo medicamentosas de
aliacutevio agrave dor a participaccedilatildeo ativa da mulher no trabalho de parto e parto e a liberdade de
escolha da posiccedilatildeo em que ela deseja dar agrave luz (OSAVA 20018)
O CPN criado atraveacutes da portaria nordm 985GM de 05 de agosto de 1999 visa
prestar assistecircncia no periacuteodo graviacutedico puerperal e parto normal sem distoacutecia Os objetivos
principais do CPN visam garantir acesso e assistecircncia ao parto nos Serviccedilos de Sauacutede do
SUS reduzir a mortalidade materna e perinatal humanizar a assistecircncia agrave gravidez ao parto
e ao puerpeacuterio e garantir a melhoria ao a melhoria da qualidade da assistecircncia agrave mulher no
preacute-natal (TYRRELL 20015)
A mesma autora acrescenta que a equipe miacutenima do CPN deve ser composta por
um enfermeiro com especialidade em enfermagem obsteacutetrica um auxiliar de enfermagem
um auxiliar de serviccedilos gerais e um motorista Deve ainda contar com uma equipe
complementar composta por um meacutedico obstetra e um meacutedico pediatra ou neonatologista A
presenccedila de parteira tradicional obedeceraacute agrave cultura de cada localidade
A portaria MSGM 2815 de 29 de maio de 1998 inclui na tabela do Sistema de
Informaccedilotildees Hospitalares do SUS o procedimento ldquoparto normal sem distoacutecia realizado por
enfermeira (o) obstetrardquo e tem como objetivo principal enfatizar a assistecircncia prestada por
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este profissional no que diz respeito ao parto humanizado Apesar do nuacutemero de enfermeiras
(os) obstetras atuando no paiacutes ainda ser muito pouco embora na realidade o nuacutemero de
partos realizados por esta categoria seja bem maior Sendo assim o Ministeacuterio da Sauacutede estaacute
financiando a realizaccedilatildeo de cursos de especializaccedilatildeo em enfermagem obsteacutetrica (BRASIL
200323)
Outro ponto importante a destacar eacute o exerciacutecio profissional da enfermagem que
dispotildee sobre a Lei 749886 e o decreto 9440687 em seu artigo 9ordm enfatiza que as
profissionais titulares de diploma ou certificados de Obstetriz ou enfermeira Obsteacutetrica
incumbe
I Prestaccedilatildeo de assistecircncia agrave parturiente e ao parto normal
II Identificaccedilatildeo das distoacutecias obsteacutetricas e tomadas de
providecircncias ateacute a chegada do meacutedico
III Realizaccedilatildeo de episiotomia e episiorrafia com aplicaccedilatildeo de
anestesia local quando necessaacuteria
O decreto tambeacutem discorre no paraacutegrafo uacutenico do Art 12 que as enfermeiras
obstetras satildeo responsaacuteveis pela supervisatildeo das atividades da parteira ao serem realizadas em
instituiccedilotildees de sauacutede Diante disso a OMS (1996) ressalta sua posiccedilatildeo de separar o parto
normal de sua condiccedilatildeo patoloacutegica Defende entatildeo que no parto normal deveria existir uma
razatildeo vaacutelida para se intervir em um processo natural lembrando que a responsabilidade de
quem acompanha estas mulheres eacute basicamente o de facilitar este processo natural
A denominaccedilatildeo do termo ldquoMidwiferdquo significa enfermeira obsteacutetrica parteira Na
Europa possuem curso superior com especializaccedilatildeo em obstetriacutecia com duraccedilatildeo de quatro
anos satildeo profissionais que fazem partos normais sem complicaccedilotildees (BALASKAS 19934)
No que se refere agrave definiccedilatildeo internacional de enfermeira-parteira segundo a
OMS a CIP (Confederaccedilatildeo Internacional de Parteiras) e a FIGO (Federaccedilatildeo Internacional de
Ginecologia e Obstetriacutecia) informa que o programa de treinamento eacute reconhecido pelo
governo que credencia a parteira a exercer suas atividades Geralmente essa pessoa eacute uma
competente prestadora de serviccedilos de obstetriacutecia especialmente treinada para a assistecircncia ao
parto normal (OMS 19964)
Contudo a mesma fonte ressalta ainda a importacircncia da atuaccedilatildeo de profissional
qualificado para prestar assistecircncia obsteacutetrica A enfermeira-obstetra como eacute chamada no
Brasil eacute considerada a pessoa fundamental para a assistecircncia obsteacutetrica Entretanto alguns
paiacuteses enfrentam escassez destas profissionais especializadas As que existem no Brasil estatildeo
mal distribuiacutedas com suas funccedilotildees desviadas trabalham em hospitais natildeo especializados
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mais nas cidades grandes e capitais que nas aacutereas rurais onde ainda uma grande parcela das
mulheres encontram-se desassistidas por profissionais com preparo teacutecnico cientiacutefico
Cabe colocar que o profissional qualificado que presta assistecircncia durante a
gestaccedilatildeo parto e puerpeacuterio deve ter sensibilidade para transmitir seguranccedila conforto e bem
estar individualizado a mulher aliando os avanccedilos cientiacuteficos quando necessaacuterio e ao
permitir o resgate da autonomia da mulher no seu parto (BRASIL 200319)
Diante da problemaacutetica exposta o Ministeacuterio da Sauacutede ao tomar conhecimento
das inuacutemeras reclamaccedilotildees realizadas por parte do usuaacuterio quanto ao pouco acesso e a maacute
assistecircncia recebida no setor puacuteblico resolveu lanccedilar programas que visem resgatar o ser
humano de cada profissional que atua na aacuterea de sauacutede incentivando tambeacutem a melhoria da
estrutura fiacutesica e material das instituiccedilotildees a fim de criar condiccedilotildees viaacuteveis as suas propostas
Juntamente com a criaccedilatildeo do Programa Nacional de Humanizaccedilatildeo da Assistecircncia
Hospitalar (PNHAH) em maio de 2000 o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) atraveacutes das
portariasGM 56900 57000 57100 e 57200 de 162000 instituiu tambeacutem o Programa de
Humanizaccedilatildeo no Preacute-Natal e Nascimento (PHPN) ao perceber a necessidade de atender de
forma mais especiacutefica grupos de risco considerados mais vulneraacuteveis por continuarem a
evidenciar taxas alarmantes de morbimortalidade no periacuteodo da gestaccedilatildeo parto e poacutes-parto o
que envolve de forma cruel e omissa duas ou mais vidas O Programa tem como principal
objetivo aprimorar as relaccedilotildees entre profissionais de sauacutede e usuaacuterio dos profissionais entre
si e do hospital com a comunidade resgatando a imagem do serviccedilo puacuteblico de sauacutede tatildeo
desgastado ao longo da histoacuteria perante a comunidade (BRASIL 2000)
Recentemente tambeacutem foi lanccedilado o Pacto Nacional pela Reduccedilatildeo da
Mortalidade Materna e Neonatal com o compromisso das trecircs esferas de gestatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede em conjunto com outros oacutergatildeos de governo e entidades da sociedade civil O
objetivo eacute a reduccedilatildeo da mortalidade de mulheres e de receacutem-nascidos em 15 ateacute o ano de
2007 jaacute que as complicaccedilotildees da gravidez aborto parto e poacutes-parto atingem mais de duas
mil mulheres e mais de oito mil receacutem-nascidos anualmente (BRASIL 2004)
Essas medidas visam estimular uma atenccedilatildeo mais criteriosa e humanizada agrave
populaccedilatildeo de forma geral que busca o serviccedilo puacuteblico Jaacute o Programa de Humanizaccedilatildeo no
Preacute-Natal e Nascimento a fim de tentar reduzir as altas taxas de morbimortalidade materna e
perinatal visa assegurar a cobertura e a qualidade do acompanhamento preacute-natal assistecircncia
ao parto puerpeacuterio e neonatal
Neste sentido a humanizaccedilatildeo defende que eacute dever das unidades de sauacutede receber
com dignidade a mulher seus familiares e o receacutem-nascido Isto requer atitude eacutetica e
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solidariedade por parte dos profissionais de sauacutede organizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo de modo a criar
um ambiente acolhedor e adotar condutas hospitalares que rompam com o tradicional
isolamento imposto agrave mulher
O usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico de sauacutede tem sido desconsiderado da sua condiccedilatildeo
de ser humano e cidadatildeo ao ser ignorado enquanto sujeito pelos profissionais de sauacutede que
ao desprezarem o trabalho em equipe desperdiccedilam a oportunidade de manterem o diaacutelogo
entre si e como o principal interessado e beneficiado eacute a clientela seria uma preciosa
contribuiccedilatildeo para a melhoria da assistecircncia
Cabe colocar que uma eficaz integraccedilatildeo entre a assistecircncia ambulatorial com a
hospitalar eacute importante para a mulher e sua famiacutelia que tendo a oportunidade de escolher e
realizar o seu preacute-natal em determinado serviccedilo de sauacutede passa a conhecer as instituiccedilotildees e
os profissionais que ali desenvolvem suas atividades proporcionando conforto e confianccedila a
mulher na hora de dar aacute luz
Conforme ressalta a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) ao recomendar que
os serviccedilos de preacute-natal e os profissionais envolvidos devem adotar medidas educativas de
prevenccedilatildeo e controle da ansiedade ao promover visitas das gestantes e acompanhantes agraves
unidades de referecircncia para o parto no sentido de minimizar o estresse do processo de
internaccedilatildeo no momento do parto (BRASIL 200327)
OBJETO DO ESTUDO
Oslash Com base na pesquisa foi destacado como objeto de estudo a
caracterizaccedilatildeo e o resgate do parto normal humanizado
OBJETIVOS
Oslash Realizar um levantamento histoacuterico sobre parto normal
Oslash Identificar as portarias do Ministeacuterio da Sauacutede sobre Parto Normal
Oslash Descrever a atuaccedilatildeo da enfermeira obstetra nos centros de
partocasas de parto
JUSTIFICATIVA E RELEVAcircNCIA DO ESTUDO
O nascimento eacute historicamente um evento natural e como tal foi vivenciado ao
longo dos seacuteculos no seio familiar com apoio de parteiras de confianccedila das comunidades No
entanto no Brasil a partir do seacuteculo XX com a institucionalizaccedilatildeo do parto a fim de
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diminuir as altas taxas de morbimortalidade materna e perinatal o parto passou a ser
controlado e medicalizado pelos meacutedicos
Com o excesso de praacuteticas intervencionistas e na maioria das vezes desnecessaacuteria
o parto de um evento iacutentimo feminino e com a participaccedilatildeo ativa da mulher passou a ser
puacuteblico e passivo Cabe destacar que apesar da hospitalizaccedilatildeo do parto a mulher ao ser
admitida numa maternidade aleacutem de perder sua identidade nome e autonomia passa longos
periacuteodos no preacute e poacutes-parto praticamente soacute sem a companhia de uma pessoa de sua
confianccedila e escolha
A OMS (199613) defende que tanto nos paiacuteses desenvolvidos como nos paiacuteses em
desenvolvimento mesmo com todos equipamentos teacutecnicos mas sem apoio por parte de
prestadores de serviccedilos as parturientes sentem-se isoladas desprotegidas e sem privacidade
Diante disso a intensa medicalizaccedilatildeo que o corpo feminino sofreu nas uacuteltimas
deacutecadas e a aparente seguranccedila do parto institucionalizado tem contribuiacutedo com o aumento
significativo da mortalidade materna e neonatal Contudo atualmente essas praacuteticas
satildeo questionadas principalmente no espaccedilo hospitalar
Com isso foram criados pelo ministeacuterio da sauacutede programas para humanizar o
parto e nascimento nas maternidades puacuteblicas como tambeacutem portarias que estimulam a
criaccedilatildeo de casascentros de parto normal com a atuaccedilatildeo do profissional enfermeira obstetra
aleacutem de incentivar atitudes por parte dos profissionais de sauacutede que garantam a mulher natildeo
soacute os benefiacutecios dos avanccedilos cientiacuteficos quando necessaacuterio mas fundamentalmente
incentivando a autonomia da mulher no parto
Diante do exposto resolvemos fazer um levantamento bibliograacutefico sobre o parto
normal e o nascimento que historicamente passou de um evento natural e marcante na vida da
mulher e famiacutelia para ser vivenciado por outros atores oficialmente preparados para
comandar ordenar e transformar eventos fisioloacutegicos em doenccedilas
Bruumlggemann (200156) afirma que o trabalho em equipe interdisciplinar na aacuterea de
sauacutede em maternidade deve ser fundamentado na cumplicidade no diaacutelogo estar aberto a
mudanccedilas visando uma assistecircncia humanizada entre equipe clientela e famiacutelia
Eacute um estudo relevante no contexto do debate sobre a humanizaccedilatildeo do parto
porque se espera contribuir para a melhoria da qualidade assistencial prestada agrave clientela
atendida no serviccedilo como tambeacutem na aacuterea de ensino colaborando para a formaccedilatildeo de novos
profissionais de enfermagem como auxiliares teacutecnicas (os) enfermeiras (os) e atraveacutes da
educaccedilatildeo continuada de profissionais bem como na poacutes-graduaccedilatildeo lato senso e stricto
senso Como tambeacutem servir de subsiacutedios para novas pesquisas que abordem a mesma
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temaacutetica e principalmente incentivar a criaccedilatildeo de casascentro de parto normal em
TeresinaPI
BASES TEOacuteRICAS
Com a hospitalizaccedilatildeo do parto normal mais precisamente a partir do seacuteculo
XIX houve uma expansatildeo da assistecircncia meacutedica no Brasil e programas de sauacutede como a
assistecircncia preacute-natal associada agrave institucionalizaccedilatildeo do parto que privilegiava a fase
reprodutiva da mulher a fim de garantir uma prole saudaacutevel e produtiva (BRASIL 2003
12-13)
A hospitalizaccedilatildeo do parto trouxe uma sobrecarga de estresse a parturiente aleacutem
daquela inerente ao proacuteprio processo parturitivo Os procedimentos rotineiros invasivos
autoritaacuterios e impessoais durante o trabalho de parto e ou parto causam estresse que pode
interferir na conduccedilatildeo normal do parto prolongando-o e propiciando o uso de teacutecnicas
intervencionistas e traumatizantes para a mulher e o bebecirc (OMS 199611)
Para tanto a parturiente estaacute cada vez mais distante de ser protagonista do seu
parto ao se submeter a ordens e atitudes o que resultou no uso excessivo de procedimentos
invasivos e traumatizantes que aumentam o estresse interferindo na conduccedilatildeo do parto
normal como no uso abusivo de cesariana nas uacuteltimas trecircs deacutecadas
Historicamente a cesaacuterea surgiu da necessidade em situaccedilotildees extremas de salvar
o feto jaacute que nessas circunstacircncias a mulher dificilmente sobrevivia tendo em vista as
precaacuterias condiccedilotildees teacutecnicas em que o parto ocorria ateacute o seacuteculo XIX Com o avanccedilo das
teacutecnicas ciruacutergicas o parto cesaacutereo passou a ser considerado seguro o que representou
inicialmente bons resultados obsteacutetricos principalmente a partir do iniacutecio da segunda metade
do seacuteculo XX (BRASIL 200333)
Diante da aparente seguranccedila essa praacutetica passou a ser propagada por
profissionais que para sua comodidade continuaram a divulgar o parto cesaacuterio como raacutepido
seguro e sem dor Largura (199876-77) enfatiza que a cesariana se tornou uma intervenccedilatildeo
banal muitas vezes realizada natildeo apenas por causa de uma urgecircncia obsteacutetrica para salvar a
vida da matildee ou da crianccedila em sofrimento mas porque conveacutem ao hospital equipe meacutedica e
mesmo a proacutepria mulher graacutevida
A realizaccedilatildeo de cesaacutereas desnecessaacuterias eacute potencialmente danosa jaacute que os riscos
de morbidade e mortalidade materna e perinatal satildeo maiores neste procedimento do que no
parto vaginal Contudo ainda hoje uma grande parcela de mulheres natildeo tecircm acesso a esse
parto quando necessitam (BRASIL 20033595)
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Paralelamente haacute evidecircncias que apontam para uma natildeo reduccedilatildeo da morbi-
mortalidade perinatal com o aumento da taxa de cesaacuterea que no Brasil eacute de 28 superior ao
niacutevel maacuteximo recomendado pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede que eacute de 15 ficando atraacutes
apenas de paiacuteses como o Chile e outros pequenos paiacuteses asiaacuteticos o que eacute considerado como
uma epidemia de partos operatoacuterios abdominais (BRASIL 20033237)
Diante disso foram criadas as portarias MSGM 2816 de 29 de maio de 1998
MSGM 865 de 03 de julho de 1999 MSGM 466 de 14 de junho de 2000 MSGM 426 de
04 de abril de 2001 que determinam o pagamento de um percentual maacuteximo de cesarianas
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de partos de cada hospital A introduccedilatildeo em 1998 destes limites
percentuais para o pagamento de cesarianas realizadas pelo Sistema Uacutenico de Sauacutede-SUS
tem sido responsaacutevel pela reduccedilatildeo do nuacutemero de mulheres submetidas a riscos ciruacutergicos
desnecessaacuterios (BRASIL 200324)
O uso indiscriminado de intervenccedilotildees na maioria das vezes eacute feita de forma
desnecessaacuteria e rotineira sem que sejam avaliadas as implicaccedilotildees desses procedimentos para
benefiacutecio da mulher e seu concepto Ao contraacuterio pode causar complicaccedilotildees seacuterias quando
aplicadas de forma inadequada
Osava (1997119-120) que a episiotomia eacute uma praacutetica utilizada em todas as
primiacuteparas que tecircm seu parto institucionalizado A episiotomia tem sido favorecida pela
posiccedilatildeo litotocircmica adotada no nosococircmio e seus respectivos profissionais formados para
intervir e facilitar o seu trabalho
A histoacuteria da episiotomia vem sendo discutida desde a metade do seacuteculo XX
inicialmente quando a gravidez o parto e o nascimento eram considerados eventos naturais e
fisioloacutegicos os meacutedicos as mulheres e seus familiares natildeo se sentiam agrave vontade com a ideacuteia
do corte Na segunda deacutecada do seacuteculo XX foi propagado que a gravidez eacute uma doenccedila e a
sua cura ciruacutergica a episiotomia comeccedilou a ser utilizada de forma rotineira Hoje a
episiotomia deve ser reservada a situaccedilotildees extremas excepcionais dentre elas o sofrimento
fetal quando eacute preciso agilizar o nascimento Baseado em evidecircncias ficou claro que o
procedimento natildeo diminui a incidecircncia de disfunccedilotildees ao contraacuterio aumenta a incidecircncia de
dor durante a relaccedilatildeo sexual sem contar no desconforto que causa a curto meacutedio e longo
prazo (SANTOS 20031)
Dentro dessa oacutetica haacute autores que defendem praacuteticas natildeo invasivas que
privilegiam a mulher como protagonista do seu parto o que tem demonstrado benefiacutecios
vivenciados pela mulher e a crianccedila De acordo com Basile (200017) o parto na posiccedilatildeo
lateral esquerda aleacutem de evitar compressatildeo dos grandes vasos e melhorar a circulaccedilatildeo
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materno-fetal deve ser estimulado por diminuir o uso de episiotomia e traumatismos
perineais graves daacute mais liberdade de movimento para a mulher natildeo limita o periacuteodo
expulsivo frente agraves condiccedilotildees maternas e fetais favoraacuteveis aleacutem de propiciar melhor
integraccedilatildeo entre a mulher acompanhante e profissional
Osava (20021) no ldquoEncontro Regional sobre Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutederdquo
organizado pela Universidade de Brasiacutelia (UnB) discutiu a necessidade de a mulher ser
menos passiva durante o nascimento dos filhos salientando que o nascimento hoje tem sido
visto apenas como um procedimento meacutedico o que cria nas mulheres a ideacuteia de que o
trabalho de parto eacute um verdadeiro castigo A mesma autora critica a manutenccedilatildeo de
intervenccedilotildees meacutedicas como a episiotomia a tricotomia o jejum e o desrespeito ao desejo da
mulher em ter um parto natural e fisioloacutegico
Paiva (199910) destaca que o perfil do profissional meacutedico se adequa mais a
teacutecnicas intervencionistas enquanto que as enfermeiras obstetras por procedimentos menos
invasivos e mais humanizados
O processo de parir requer muita sensibilidade e percepccedilatildeo dos profissionais ao
priorizar que a mulher seja protagonista do nascimento do seu filho juntamente com o apoio
familiar mesmo que este aconteccedila numa instituiccedilatildeo de sauacutede Eacute o que se vecirc na descriccedilatildeo dos
autores a seguir que enfatizam a importacircncia da presenccedila familiar no processo do parir
Montgomery (1997193) ressalta a importacircncia da figura paterna na relaccedilatildeo
familiar e na construccedilatildeo da identidade dos filhos Os novos pais jaacute se mostram capazes de
partilhar verdadeira e profundamente as tarefas extenuantes as responsabilidades (materiais
e morais) de educar os filhos e organizar a casa No entanto a paternidade continua
desvalorizada como elemento de formaccedilatildeo do nuacutecleo familiar Tendo em vista que o pai eacute
proibido de participar do parto sob a alegaccedilatildeo de que ldquoeacute coisa de mulherrsquo
Collaccedilo (200233) defende a presenccedila paterna durante o nascimento a fim de
favorecer o viacutenculo familiar o compromisso com a mulher e a crianccedila proporcionando
conforto e seguranccedila para a mulher aleacutem da responsabilidade do pai pela prole
O parto natildeo eacute um processo apenas bioloacutegico eacute tambeacutem um acontecimento
socialcultural envolvendo a famiacutelia que passaraacute a transformar a sociedade com a chegada
de um novo ser A humanizaccedilatildeo no atendimento integral agrave mulher deve estender-se desde a
preacute-concepccedilatildeo e inclusive puerpeacuterio sem complicaccedilotildees visando agrave promoccedilatildeo do parto e
nascimento saudaacuteveis e a prevenccedilatildeo da morbimortalidade materna e perinatal assim como
evitar as intervenccedilotildees desnecessaacuterias preservando a privacidade e autonomia da mulher O
movimento de preparaccedilatildeo para o parto e para a maternidade tem como um dos objetivos
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baacutesicos humanizar o processo do nascimento atualmente tatildeo mecanizado e dissociado de seu
contexto emocional (MALDONADO 198452)
CAMINHO METODOLOacuteGICO
Trata-se de uma pesquisa teoacuterica exploratoacuteria descritiva que procurou obedecer
agraves normas da ABNT Foi baseada em uma ampla investigaccedilatildeo de referencias bibliograacuteficas
sobre a temaacutetica escolhida atraveacutes de uma coletacircnea em artigos monografia dissertaccedilotildees e
teses que explorem o assunto e satisfaccedila a curiosidade dos pesquisadores embora natildeo tenha a
pretensatildeo de esgotar ao assunto jaacute que a fonte de conhecimento existente eacute inesgotaacutevel
Conforme afirma Gil (1999) apesar de todas as pesquisas exigirem vaacuterias
referencias bibliograacuteficas para fundamentarem o estudo a pesquisa bibliograacutefica eacute
exclusivamente desenvolvida com esse objetivo
O mesmo autor destaca que a pesquisa bibliograacutefica eacute desenvolvida de acordo
com os seguintes criteacuterios formulaccedilatildeo do problema elaboraccedilatildeo do plano de trabalho
identificaccedilatildeo das fontes localizaccedilatildeo do material confecccedilatildeo de fichas construccedilatildeo loacutegica do
trabalho e redaccedilatildeo do texto O plano de trabalho sendo flexiacutevel eacute sucessivamente formulado e
sua elaboraccedilatildeo depende da clara contextualizaccedilatildeo do problema a fim de encaminhar os
procedimentos seguintes O desenvolvimento da pesquisa depende da coleccedilatildeo de itens
ordenados em seccedilotildees atraveacutes da confecccedilatildeo de fichas o que permitiu um melhor
direcionamento do que se propunha investigar
Apesar da pesquisa ser uma atividade teoacuterica alia pensamento e accedilatildeo onde nada
pode ser intelectualmente um problema se natildeo tiver sido vivenciado no cotidiano humano A
investigaccedilatildeo estaacute vinculada a interesses e circunstacircncias socialmente condicionadas
determinada em sua inserccedilatildeo na realidade nela encontrando seus motivos e objetivos
(MINAYO 2002)
O presente estudo para o seu enriquecimento buscou textos de revistas
perioacutedicas artigos dissertaccedilotildees teses livros e manuais ministeriais privilegiando
bibliografias atualizadas nos uacuteltimos cinco anos Apoacutes a identificaccedilatildeo das fontes realizamos
a confecccedilatildeo e organizaccedilatildeo de fichas leituras a fim de sintetizar as principais ideacuteias dos
outros autores pesquisados servindo de consulta e confecccedilatildeo final do trabalho estudado
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
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Diante do vasto conhecimento levantado com a contribuiccedilatildeo de outros autores
foi possiacutevel observar que a problemaacutetica estudada tem despertado a atenccedilatildeo de vaacuterios
profissionais que direta ou indiretamente estatildeo envolvidos com a realidade investigada e
atraveacutes de pesquisas fundamentadas manifestaram o desejo de mudar os cotidianos
cruelmente banalizados e desumanos que habitam em nossas maternidades
A pesquisa bibliograacutefica pretende contribuir com a sensibilizaccedilatildeo de
profissionais de sauacutede que assistem a mulher a adotarem condutas que tragam bem-estar e
garantam a seguranccedila para a mulher e o bebecirc como tambeacutem a famiacutelia e sociedade a se
sentirem responsaacuteveis pelo nascimento como um processo natural e humano com eacutetica
compromisso e solidariedade a fim de resgatar um dos principais papeacuteis da mulher que eacute o
de ser matildee com autonomia
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este profissional no que diz respeito ao parto humanizado Apesar do nuacutemero de enfermeiras
(os) obstetras atuando no paiacutes ainda ser muito pouco embora na realidade o nuacutemero de
partos realizados por esta categoria seja bem maior Sendo assim o Ministeacuterio da Sauacutede estaacute
financiando a realizaccedilatildeo de cursos de especializaccedilatildeo em enfermagem obsteacutetrica (BRASIL
200323)
Outro ponto importante a destacar eacute o exerciacutecio profissional da enfermagem que
dispotildee sobre a Lei 749886 e o decreto 9440687 em seu artigo 9ordm enfatiza que as
profissionais titulares de diploma ou certificados de Obstetriz ou enfermeira Obsteacutetrica
incumbe
I Prestaccedilatildeo de assistecircncia agrave parturiente e ao parto normal
II Identificaccedilatildeo das distoacutecias obsteacutetricas e tomadas de
providecircncias ateacute a chegada do meacutedico
III Realizaccedilatildeo de episiotomia e episiorrafia com aplicaccedilatildeo de
anestesia local quando necessaacuteria
O decreto tambeacutem discorre no paraacutegrafo uacutenico do Art 12 que as enfermeiras
obstetras satildeo responsaacuteveis pela supervisatildeo das atividades da parteira ao serem realizadas em
instituiccedilotildees de sauacutede Diante disso a OMS (1996) ressalta sua posiccedilatildeo de separar o parto
normal de sua condiccedilatildeo patoloacutegica Defende entatildeo que no parto normal deveria existir uma
razatildeo vaacutelida para se intervir em um processo natural lembrando que a responsabilidade de
quem acompanha estas mulheres eacute basicamente o de facilitar este processo natural
A denominaccedilatildeo do termo ldquoMidwiferdquo significa enfermeira obsteacutetrica parteira Na
Europa possuem curso superior com especializaccedilatildeo em obstetriacutecia com duraccedilatildeo de quatro
anos satildeo profissionais que fazem partos normais sem complicaccedilotildees (BALASKAS 19934)
No que se refere agrave definiccedilatildeo internacional de enfermeira-parteira segundo a
OMS a CIP (Confederaccedilatildeo Internacional de Parteiras) e a FIGO (Federaccedilatildeo Internacional de
Ginecologia e Obstetriacutecia) informa que o programa de treinamento eacute reconhecido pelo
governo que credencia a parteira a exercer suas atividades Geralmente essa pessoa eacute uma
competente prestadora de serviccedilos de obstetriacutecia especialmente treinada para a assistecircncia ao
parto normal (OMS 19964)
Contudo a mesma fonte ressalta ainda a importacircncia da atuaccedilatildeo de profissional
qualificado para prestar assistecircncia obsteacutetrica A enfermeira-obstetra como eacute chamada no
Brasil eacute considerada a pessoa fundamental para a assistecircncia obsteacutetrica Entretanto alguns
paiacuteses enfrentam escassez destas profissionais especializadas As que existem no Brasil estatildeo
mal distribuiacutedas com suas funccedilotildees desviadas trabalham em hospitais natildeo especializados
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mais nas cidades grandes e capitais que nas aacutereas rurais onde ainda uma grande parcela das
mulheres encontram-se desassistidas por profissionais com preparo teacutecnico cientiacutefico
Cabe colocar que o profissional qualificado que presta assistecircncia durante a
gestaccedilatildeo parto e puerpeacuterio deve ter sensibilidade para transmitir seguranccedila conforto e bem
estar individualizado a mulher aliando os avanccedilos cientiacuteficos quando necessaacuterio e ao
permitir o resgate da autonomia da mulher no seu parto (BRASIL 200319)
Diante da problemaacutetica exposta o Ministeacuterio da Sauacutede ao tomar conhecimento
das inuacutemeras reclamaccedilotildees realizadas por parte do usuaacuterio quanto ao pouco acesso e a maacute
assistecircncia recebida no setor puacuteblico resolveu lanccedilar programas que visem resgatar o ser
humano de cada profissional que atua na aacuterea de sauacutede incentivando tambeacutem a melhoria da
estrutura fiacutesica e material das instituiccedilotildees a fim de criar condiccedilotildees viaacuteveis as suas propostas
Juntamente com a criaccedilatildeo do Programa Nacional de Humanizaccedilatildeo da Assistecircncia
Hospitalar (PNHAH) em maio de 2000 o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) atraveacutes das
portariasGM 56900 57000 57100 e 57200 de 162000 instituiu tambeacutem o Programa de
Humanizaccedilatildeo no Preacute-Natal e Nascimento (PHPN) ao perceber a necessidade de atender de
forma mais especiacutefica grupos de risco considerados mais vulneraacuteveis por continuarem a
evidenciar taxas alarmantes de morbimortalidade no periacuteodo da gestaccedilatildeo parto e poacutes-parto o
que envolve de forma cruel e omissa duas ou mais vidas O Programa tem como principal
objetivo aprimorar as relaccedilotildees entre profissionais de sauacutede e usuaacuterio dos profissionais entre
si e do hospital com a comunidade resgatando a imagem do serviccedilo puacuteblico de sauacutede tatildeo
desgastado ao longo da histoacuteria perante a comunidade (BRASIL 2000)
Recentemente tambeacutem foi lanccedilado o Pacto Nacional pela Reduccedilatildeo da
Mortalidade Materna e Neonatal com o compromisso das trecircs esferas de gestatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede em conjunto com outros oacutergatildeos de governo e entidades da sociedade civil O
objetivo eacute a reduccedilatildeo da mortalidade de mulheres e de receacutem-nascidos em 15 ateacute o ano de
2007 jaacute que as complicaccedilotildees da gravidez aborto parto e poacutes-parto atingem mais de duas
mil mulheres e mais de oito mil receacutem-nascidos anualmente (BRASIL 2004)
Essas medidas visam estimular uma atenccedilatildeo mais criteriosa e humanizada agrave
populaccedilatildeo de forma geral que busca o serviccedilo puacuteblico Jaacute o Programa de Humanizaccedilatildeo no
Preacute-Natal e Nascimento a fim de tentar reduzir as altas taxas de morbimortalidade materna e
perinatal visa assegurar a cobertura e a qualidade do acompanhamento preacute-natal assistecircncia
ao parto puerpeacuterio e neonatal
Neste sentido a humanizaccedilatildeo defende que eacute dever das unidades de sauacutede receber
com dignidade a mulher seus familiares e o receacutem-nascido Isto requer atitude eacutetica e
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solidariedade por parte dos profissionais de sauacutede organizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo de modo a criar
um ambiente acolhedor e adotar condutas hospitalares que rompam com o tradicional
isolamento imposto agrave mulher
O usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico de sauacutede tem sido desconsiderado da sua condiccedilatildeo
de ser humano e cidadatildeo ao ser ignorado enquanto sujeito pelos profissionais de sauacutede que
ao desprezarem o trabalho em equipe desperdiccedilam a oportunidade de manterem o diaacutelogo
entre si e como o principal interessado e beneficiado eacute a clientela seria uma preciosa
contribuiccedilatildeo para a melhoria da assistecircncia
Cabe colocar que uma eficaz integraccedilatildeo entre a assistecircncia ambulatorial com a
hospitalar eacute importante para a mulher e sua famiacutelia que tendo a oportunidade de escolher e
realizar o seu preacute-natal em determinado serviccedilo de sauacutede passa a conhecer as instituiccedilotildees e
os profissionais que ali desenvolvem suas atividades proporcionando conforto e confianccedila a
mulher na hora de dar aacute luz
Conforme ressalta a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) ao recomendar que
os serviccedilos de preacute-natal e os profissionais envolvidos devem adotar medidas educativas de
prevenccedilatildeo e controle da ansiedade ao promover visitas das gestantes e acompanhantes agraves
unidades de referecircncia para o parto no sentido de minimizar o estresse do processo de
internaccedilatildeo no momento do parto (BRASIL 200327)
OBJETO DO ESTUDO
Oslash Com base na pesquisa foi destacado como objeto de estudo a
caracterizaccedilatildeo e o resgate do parto normal humanizado
OBJETIVOS
Oslash Realizar um levantamento histoacuterico sobre parto normal
Oslash Identificar as portarias do Ministeacuterio da Sauacutede sobre Parto Normal
Oslash Descrever a atuaccedilatildeo da enfermeira obstetra nos centros de
partocasas de parto
JUSTIFICATIVA E RELEVAcircNCIA DO ESTUDO
O nascimento eacute historicamente um evento natural e como tal foi vivenciado ao
longo dos seacuteculos no seio familiar com apoio de parteiras de confianccedila das comunidades No
entanto no Brasil a partir do seacuteculo XX com a institucionalizaccedilatildeo do parto a fim de
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diminuir as altas taxas de morbimortalidade materna e perinatal o parto passou a ser
controlado e medicalizado pelos meacutedicos
Com o excesso de praacuteticas intervencionistas e na maioria das vezes desnecessaacuteria
o parto de um evento iacutentimo feminino e com a participaccedilatildeo ativa da mulher passou a ser
puacuteblico e passivo Cabe destacar que apesar da hospitalizaccedilatildeo do parto a mulher ao ser
admitida numa maternidade aleacutem de perder sua identidade nome e autonomia passa longos
periacuteodos no preacute e poacutes-parto praticamente soacute sem a companhia de uma pessoa de sua
confianccedila e escolha
A OMS (199613) defende que tanto nos paiacuteses desenvolvidos como nos paiacuteses em
desenvolvimento mesmo com todos equipamentos teacutecnicos mas sem apoio por parte de
prestadores de serviccedilos as parturientes sentem-se isoladas desprotegidas e sem privacidade
Diante disso a intensa medicalizaccedilatildeo que o corpo feminino sofreu nas uacuteltimas
deacutecadas e a aparente seguranccedila do parto institucionalizado tem contribuiacutedo com o aumento
significativo da mortalidade materna e neonatal Contudo atualmente essas praacuteticas
satildeo questionadas principalmente no espaccedilo hospitalar
Com isso foram criados pelo ministeacuterio da sauacutede programas para humanizar o
parto e nascimento nas maternidades puacuteblicas como tambeacutem portarias que estimulam a
criaccedilatildeo de casascentros de parto normal com a atuaccedilatildeo do profissional enfermeira obstetra
aleacutem de incentivar atitudes por parte dos profissionais de sauacutede que garantam a mulher natildeo
soacute os benefiacutecios dos avanccedilos cientiacuteficos quando necessaacuterio mas fundamentalmente
incentivando a autonomia da mulher no parto
Diante do exposto resolvemos fazer um levantamento bibliograacutefico sobre o parto
normal e o nascimento que historicamente passou de um evento natural e marcante na vida da
mulher e famiacutelia para ser vivenciado por outros atores oficialmente preparados para
comandar ordenar e transformar eventos fisioloacutegicos em doenccedilas
Bruumlggemann (200156) afirma que o trabalho em equipe interdisciplinar na aacuterea de
sauacutede em maternidade deve ser fundamentado na cumplicidade no diaacutelogo estar aberto a
mudanccedilas visando uma assistecircncia humanizada entre equipe clientela e famiacutelia
Eacute um estudo relevante no contexto do debate sobre a humanizaccedilatildeo do parto
porque se espera contribuir para a melhoria da qualidade assistencial prestada agrave clientela
atendida no serviccedilo como tambeacutem na aacuterea de ensino colaborando para a formaccedilatildeo de novos
profissionais de enfermagem como auxiliares teacutecnicas (os) enfermeiras (os) e atraveacutes da
educaccedilatildeo continuada de profissionais bem como na poacutes-graduaccedilatildeo lato senso e stricto
senso Como tambeacutem servir de subsiacutedios para novas pesquisas que abordem a mesma
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temaacutetica e principalmente incentivar a criaccedilatildeo de casascentro de parto normal em
TeresinaPI
BASES TEOacuteRICAS
Com a hospitalizaccedilatildeo do parto normal mais precisamente a partir do seacuteculo
XIX houve uma expansatildeo da assistecircncia meacutedica no Brasil e programas de sauacutede como a
assistecircncia preacute-natal associada agrave institucionalizaccedilatildeo do parto que privilegiava a fase
reprodutiva da mulher a fim de garantir uma prole saudaacutevel e produtiva (BRASIL 2003
12-13)
A hospitalizaccedilatildeo do parto trouxe uma sobrecarga de estresse a parturiente aleacutem
daquela inerente ao proacuteprio processo parturitivo Os procedimentos rotineiros invasivos
autoritaacuterios e impessoais durante o trabalho de parto e ou parto causam estresse que pode
interferir na conduccedilatildeo normal do parto prolongando-o e propiciando o uso de teacutecnicas
intervencionistas e traumatizantes para a mulher e o bebecirc (OMS 199611)
Para tanto a parturiente estaacute cada vez mais distante de ser protagonista do seu
parto ao se submeter a ordens e atitudes o que resultou no uso excessivo de procedimentos
invasivos e traumatizantes que aumentam o estresse interferindo na conduccedilatildeo do parto
normal como no uso abusivo de cesariana nas uacuteltimas trecircs deacutecadas
Historicamente a cesaacuterea surgiu da necessidade em situaccedilotildees extremas de salvar
o feto jaacute que nessas circunstacircncias a mulher dificilmente sobrevivia tendo em vista as
precaacuterias condiccedilotildees teacutecnicas em que o parto ocorria ateacute o seacuteculo XIX Com o avanccedilo das
teacutecnicas ciruacutergicas o parto cesaacutereo passou a ser considerado seguro o que representou
inicialmente bons resultados obsteacutetricos principalmente a partir do iniacutecio da segunda metade
do seacuteculo XX (BRASIL 200333)
Diante da aparente seguranccedila essa praacutetica passou a ser propagada por
profissionais que para sua comodidade continuaram a divulgar o parto cesaacuterio como raacutepido
seguro e sem dor Largura (199876-77) enfatiza que a cesariana se tornou uma intervenccedilatildeo
banal muitas vezes realizada natildeo apenas por causa de uma urgecircncia obsteacutetrica para salvar a
vida da matildee ou da crianccedila em sofrimento mas porque conveacutem ao hospital equipe meacutedica e
mesmo a proacutepria mulher graacutevida
A realizaccedilatildeo de cesaacutereas desnecessaacuterias eacute potencialmente danosa jaacute que os riscos
de morbidade e mortalidade materna e perinatal satildeo maiores neste procedimento do que no
parto vaginal Contudo ainda hoje uma grande parcela de mulheres natildeo tecircm acesso a esse
parto quando necessitam (BRASIL 20033595)
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Paralelamente haacute evidecircncias que apontam para uma natildeo reduccedilatildeo da morbi-
mortalidade perinatal com o aumento da taxa de cesaacuterea que no Brasil eacute de 28 superior ao
niacutevel maacuteximo recomendado pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede que eacute de 15 ficando atraacutes
apenas de paiacuteses como o Chile e outros pequenos paiacuteses asiaacuteticos o que eacute considerado como
uma epidemia de partos operatoacuterios abdominais (BRASIL 20033237)
Diante disso foram criadas as portarias MSGM 2816 de 29 de maio de 1998
MSGM 865 de 03 de julho de 1999 MSGM 466 de 14 de junho de 2000 MSGM 426 de
04 de abril de 2001 que determinam o pagamento de um percentual maacuteximo de cesarianas
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de partos de cada hospital A introduccedilatildeo em 1998 destes limites
percentuais para o pagamento de cesarianas realizadas pelo Sistema Uacutenico de Sauacutede-SUS
tem sido responsaacutevel pela reduccedilatildeo do nuacutemero de mulheres submetidas a riscos ciruacutergicos
desnecessaacuterios (BRASIL 200324)
O uso indiscriminado de intervenccedilotildees na maioria das vezes eacute feita de forma
desnecessaacuteria e rotineira sem que sejam avaliadas as implicaccedilotildees desses procedimentos para
benefiacutecio da mulher e seu concepto Ao contraacuterio pode causar complicaccedilotildees seacuterias quando
aplicadas de forma inadequada
Osava (1997119-120) que a episiotomia eacute uma praacutetica utilizada em todas as
primiacuteparas que tecircm seu parto institucionalizado A episiotomia tem sido favorecida pela
posiccedilatildeo litotocircmica adotada no nosococircmio e seus respectivos profissionais formados para
intervir e facilitar o seu trabalho
A histoacuteria da episiotomia vem sendo discutida desde a metade do seacuteculo XX
inicialmente quando a gravidez o parto e o nascimento eram considerados eventos naturais e
fisioloacutegicos os meacutedicos as mulheres e seus familiares natildeo se sentiam agrave vontade com a ideacuteia
do corte Na segunda deacutecada do seacuteculo XX foi propagado que a gravidez eacute uma doenccedila e a
sua cura ciruacutergica a episiotomia comeccedilou a ser utilizada de forma rotineira Hoje a
episiotomia deve ser reservada a situaccedilotildees extremas excepcionais dentre elas o sofrimento
fetal quando eacute preciso agilizar o nascimento Baseado em evidecircncias ficou claro que o
procedimento natildeo diminui a incidecircncia de disfunccedilotildees ao contraacuterio aumenta a incidecircncia de
dor durante a relaccedilatildeo sexual sem contar no desconforto que causa a curto meacutedio e longo
prazo (SANTOS 20031)
Dentro dessa oacutetica haacute autores que defendem praacuteticas natildeo invasivas que
privilegiam a mulher como protagonista do seu parto o que tem demonstrado benefiacutecios
vivenciados pela mulher e a crianccedila De acordo com Basile (200017) o parto na posiccedilatildeo
lateral esquerda aleacutem de evitar compressatildeo dos grandes vasos e melhorar a circulaccedilatildeo
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materno-fetal deve ser estimulado por diminuir o uso de episiotomia e traumatismos
perineais graves daacute mais liberdade de movimento para a mulher natildeo limita o periacuteodo
expulsivo frente agraves condiccedilotildees maternas e fetais favoraacuteveis aleacutem de propiciar melhor
integraccedilatildeo entre a mulher acompanhante e profissional
Osava (20021) no ldquoEncontro Regional sobre Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutederdquo
organizado pela Universidade de Brasiacutelia (UnB) discutiu a necessidade de a mulher ser
menos passiva durante o nascimento dos filhos salientando que o nascimento hoje tem sido
visto apenas como um procedimento meacutedico o que cria nas mulheres a ideacuteia de que o
trabalho de parto eacute um verdadeiro castigo A mesma autora critica a manutenccedilatildeo de
intervenccedilotildees meacutedicas como a episiotomia a tricotomia o jejum e o desrespeito ao desejo da
mulher em ter um parto natural e fisioloacutegico
Paiva (199910) destaca que o perfil do profissional meacutedico se adequa mais a
teacutecnicas intervencionistas enquanto que as enfermeiras obstetras por procedimentos menos
invasivos e mais humanizados
O processo de parir requer muita sensibilidade e percepccedilatildeo dos profissionais ao
priorizar que a mulher seja protagonista do nascimento do seu filho juntamente com o apoio
familiar mesmo que este aconteccedila numa instituiccedilatildeo de sauacutede Eacute o que se vecirc na descriccedilatildeo dos
autores a seguir que enfatizam a importacircncia da presenccedila familiar no processo do parir
Montgomery (1997193) ressalta a importacircncia da figura paterna na relaccedilatildeo
familiar e na construccedilatildeo da identidade dos filhos Os novos pais jaacute se mostram capazes de
partilhar verdadeira e profundamente as tarefas extenuantes as responsabilidades (materiais
e morais) de educar os filhos e organizar a casa No entanto a paternidade continua
desvalorizada como elemento de formaccedilatildeo do nuacutecleo familiar Tendo em vista que o pai eacute
proibido de participar do parto sob a alegaccedilatildeo de que ldquoeacute coisa de mulherrsquo
Collaccedilo (200233) defende a presenccedila paterna durante o nascimento a fim de
favorecer o viacutenculo familiar o compromisso com a mulher e a crianccedila proporcionando
conforto e seguranccedila para a mulher aleacutem da responsabilidade do pai pela prole
O parto natildeo eacute um processo apenas bioloacutegico eacute tambeacutem um acontecimento
socialcultural envolvendo a famiacutelia que passaraacute a transformar a sociedade com a chegada
de um novo ser A humanizaccedilatildeo no atendimento integral agrave mulher deve estender-se desde a
preacute-concepccedilatildeo e inclusive puerpeacuterio sem complicaccedilotildees visando agrave promoccedilatildeo do parto e
nascimento saudaacuteveis e a prevenccedilatildeo da morbimortalidade materna e perinatal assim como
evitar as intervenccedilotildees desnecessaacuterias preservando a privacidade e autonomia da mulher O
movimento de preparaccedilatildeo para o parto e para a maternidade tem como um dos objetivos
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baacutesicos humanizar o processo do nascimento atualmente tatildeo mecanizado e dissociado de seu
contexto emocional (MALDONADO 198452)
CAMINHO METODOLOacuteGICO
Trata-se de uma pesquisa teoacuterica exploratoacuteria descritiva que procurou obedecer
agraves normas da ABNT Foi baseada em uma ampla investigaccedilatildeo de referencias bibliograacuteficas
sobre a temaacutetica escolhida atraveacutes de uma coletacircnea em artigos monografia dissertaccedilotildees e
teses que explorem o assunto e satisfaccedila a curiosidade dos pesquisadores embora natildeo tenha a
pretensatildeo de esgotar ao assunto jaacute que a fonte de conhecimento existente eacute inesgotaacutevel
Conforme afirma Gil (1999) apesar de todas as pesquisas exigirem vaacuterias
referencias bibliograacuteficas para fundamentarem o estudo a pesquisa bibliograacutefica eacute
exclusivamente desenvolvida com esse objetivo
O mesmo autor destaca que a pesquisa bibliograacutefica eacute desenvolvida de acordo
com os seguintes criteacuterios formulaccedilatildeo do problema elaboraccedilatildeo do plano de trabalho
identificaccedilatildeo das fontes localizaccedilatildeo do material confecccedilatildeo de fichas construccedilatildeo loacutegica do
trabalho e redaccedilatildeo do texto O plano de trabalho sendo flexiacutevel eacute sucessivamente formulado e
sua elaboraccedilatildeo depende da clara contextualizaccedilatildeo do problema a fim de encaminhar os
procedimentos seguintes O desenvolvimento da pesquisa depende da coleccedilatildeo de itens
ordenados em seccedilotildees atraveacutes da confecccedilatildeo de fichas o que permitiu um melhor
direcionamento do que se propunha investigar
Apesar da pesquisa ser uma atividade teoacuterica alia pensamento e accedilatildeo onde nada
pode ser intelectualmente um problema se natildeo tiver sido vivenciado no cotidiano humano A
investigaccedilatildeo estaacute vinculada a interesses e circunstacircncias socialmente condicionadas
determinada em sua inserccedilatildeo na realidade nela encontrando seus motivos e objetivos
(MINAYO 2002)
O presente estudo para o seu enriquecimento buscou textos de revistas
perioacutedicas artigos dissertaccedilotildees teses livros e manuais ministeriais privilegiando
bibliografias atualizadas nos uacuteltimos cinco anos Apoacutes a identificaccedilatildeo das fontes realizamos
a confecccedilatildeo e organizaccedilatildeo de fichas leituras a fim de sintetizar as principais ideacuteias dos
outros autores pesquisados servindo de consulta e confecccedilatildeo final do trabalho estudado
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
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Diante do vasto conhecimento levantado com a contribuiccedilatildeo de outros autores
foi possiacutevel observar que a problemaacutetica estudada tem despertado a atenccedilatildeo de vaacuterios
profissionais que direta ou indiretamente estatildeo envolvidos com a realidade investigada e
atraveacutes de pesquisas fundamentadas manifestaram o desejo de mudar os cotidianos
cruelmente banalizados e desumanos que habitam em nossas maternidades
A pesquisa bibliograacutefica pretende contribuir com a sensibilizaccedilatildeo de
profissionais de sauacutede que assistem a mulher a adotarem condutas que tragam bem-estar e
garantam a seguranccedila para a mulher e o bebecirc como tambeacutem a famiacutelia e sociedade a se
sentirem responsaacuteveis pelo nascimento como um processo natural e humano com eacutetica
compromisso e solidariedade a fim de resgatar um dos principais papeacuteis da mulher que eacute o
de ser matildee com autonomia
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Diante da problemaacutetica exposta o Ministeacuterio da Sauacutede ao tomar conhecimento
das inuacutemeras reclamaccedilotildees realizadas por parte do usuaacuterio quanto ao pouco acesso e a maacute
assistecircncia recebida no setor puacuteblico resolveu lanccedilar programas que visem resgatar o ser
humano de cada profissional que atua na aacuterea de sauacutede incentivando tambeacutem a melhoria da
estrutura fiacutesica e material das instituiccedilotildees a fim de criar condiccedilotildees viaacuteveis as suas propostas
Juntamente com a criaccedilatildeo do Programa Nacional de Humanizaccedilatildeo da Assistecircncia
Hospitalar (PNHAH) em maio de 2000 o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) atraveacutes das
portariasGM 56900 57000 57100 e 57200 de 162000 instituiu tambeacutem o Programa de
Humanizaccedilatildeo no Preacute-Natal e Nascimento (PHPN) ao perceber a necessidade de atender de
forma mais especiacutefica grupos de risco considerados mais vulneraacuteveis por continuarem a
evidenciar taxas alarmantes de morbimortalidade no periacuteodo da gestaccedilatildeo parto e poacutes-parto o
que envolve de forma cruel e omissa duas ou mais vidas O Programa tem como principal
objetivo aprimorar as relaccedilotildees entre profissionais de sauacutede e usuaacuterio dos profissionais entre
si e do hospital com a comunidade resgatando a imagem do serviccedilo puacuteblico de sauacutede tatildeo
desgastado ao longo da histoacuteria perante a comunidade (BRASIL 2000)
Recentemente tambeacutem foi lanccedilado o Pacto Nacional pela Reduccedilatildeo da
Mortalidade Materna e Neonatal com o compromisso das trecircs esferas de gestatildeo do Sistema
Uacutenico de Sauacutede em conjunto com outros oacutergatildeos de governo e entidades da sociedade civil O
objetivo eacute a reduccedilatildeo da mortalidade de mulheres e de receacutem-nascidos em 15 ateacute o ano de
2007 jaacute que as complicaccedilotildees da gravidez aborto parto e poacutes-parto atingem mais de duas
mil mulheres e mais de oito mil receacutem-nascidos anualmente (BRASIL 2004)
Essas medidas visam estimular uma atenccedilatildeo mais criteriosa e humanizada agrave
populaccedilatildeo de forma geral que busca o serviccedilo puacuteblico Jaacute o Programa de Humanizaccedilatildeo no
Preacute-Natal e Nascimento a fim de tentar reduzir as altas taxas de morbimortalidade materna e
perinatal visa assegurar a cobertura e a qualidade do acompanhamento preacute-natal assistecircncia
ao parto puerpeacuterio e neonatal
Neste sentido a humanizaccedilatildeo defende que eacute dever das unidades de sauacutede receber
com dignidade a mulher seus familiares e o receacutem-nascido Isto requer atitude eacutetica e
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solidariedade por parte dos profissionais de sauacutede organizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo de modo a criar
um ambiente acolhedor e adotar condutas hospitalares que rompam com o tradicional
isolamento imposto agrave mulher
O usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico de sauacutede tem sido desconsiderado da sua condiccedilatildeo
de ser humano e cidadatildeo ao ser ignorado enquanto sujeito pelos profissionais de sauacutede que
ao desprezarem o trabalho em equipe desperdiccedilam a oportunidade de manterem o diaacutelogo
entre si e como o principal interessado e beneficiado eacute a clientela seria uma preciosa
contribuiccedilatildeo para a melhoria da assistecircncia
Cabe colocar que uma eficaz integraccedilatildeo entre a assistecircncia ambulatorial com a
hospitalar eacute importante para a mulher e sua famiacutelia que tendo a oportunidade de escolher e
realizar o seu preacute-natal em determinado serviccedilo de sauacutede passa a conhecer as instituiccedilotildees e
os profissionais que ali desenvolvem suas atividades proporcionando conforto e confianccedila a
mulher na hora de dar aacute luz
Conforme ressalta a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) ao recomendar que
os serviccedilos de preacute-natal e os profissionais envolvidos devem adotar medidas educativas de
prevenccedilatildeo e controle da ansiedade ao promover visitas das gestantes e acompanhantes agraves
unidades de referecircncia para o parto no sentido de minimizar o estresse do processo de
internaccedilatildeo no momento do parto (BRASIL 200327)
OBJETO DO ESTUDO
Oslash Com base na pesquisa foi destacado como objeto de estudo a
caracterizaccedilatildeo e o resgate do parto normal humanizado
OBJETIVOS
Oslash Realizar um levantamento histoacuterico sobre parto normal
Oslash Identificar as portarias do Ministeacuterio da Sauacutede sobre Parto Normal
Oslash Descrever a atuaccedilatildeo da enfermeira obstetra nos centros de
partocasas de parto
JUSTIFICATIVA E RELEVAcircNCIA DO ESTUDO
O nascimento eacute historicamente um evento natural e como tal foi vivenciado ao
longo dos seacuteculos no seio familiar com apoio de parteiras de confianccedila das comunidades No
entanto no Brasil a partir do seacuteculo XX com a institucionalizaccedilatildeo do parto a fim de
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diminuir as altas taxas de morbimortalidade materna e perinatal o parto passou a ser
controlado e medicalizado pelos meacutedicos
Com o excesso de praacuteticas intervencionistas e na maioria das vezes desnecessaacuteria
o parto de um evento iacutentimo feminino e com a participaccedilatildeo ativa da mulher passou a ser
puacuteblico e passivo Cabe destacar que apesar da hospitalizaccedilatildeo do parto a mulher ao ser
admitida numa maternidade aleacutem de perder sua identidade nome e autonomia passa longos
periacuteodos no preacute e poacutes-parto praticamente soacute sem a companhia de uma pessoa de sua
confianccedila e escolha
A OMS (199613) defende que tanto nos paiacuteses desenvolvidos como nos paiacuteses em
desenvolvimento mesmo com todos equipamentos teacutecnicos mas sem apoio por parte de
prestadores de serviccedilos as parturientes sentem-se isoladas desprotegidas e sem privacidade
Diante disso a intensa medicalizaccedilatildeo que o corpo feminino sofreu nas uacuteltimas
deacutecadas e a aparente seguranccedila do parto institucionalizado tem contribuiacutedo com o aumento
significativo da mortalidade materna e neonatal Contudo atualmente essas praacuteticas
satildeo questionadas principalmente no espaccedilo hospitalar
Com isso foram criados pelo ministeacuterio da sauacutede programas para humanizar o
parto e nascimento nas maternidades puacuteblicas como tambeacutem portarias que estimulam a
criaccedilatildeo de casascentros de parto normal com a atuaccedilatildeo do profissional enfermeira obstetra
aleacutem de incentivar atitudes por parte dos profissionais de sauacutede que garantam a mulher natildeo
soacute os benefiacutecios dos avanccedilos cientiacuteficos quando necessaacuterio mas fundamentalmente
incentivando a autonomia da mulher no parto
Diante do exposto resolvemos fazer um levantamento bibliograacutefico sobre o parto
normal e o nascimento que historicamente passou de um evento natural e marcante na vida da
mulher e famiacutelia para ser vivenciado por outros atores oficialmente preparados para
comandar ordenar e transformar eventos fisioloacutegicos em doenccedilas
Bruumlggemann (200156) afirma que o trabalho em equipe interdisciplinar na aacuterea de
sauacutede em maternidade deve ser fundamentado na cumplicidade no diaacutelogo estar aberto a
mudanccedilas visando uma assistecircncia humanizada entre equipe clientela e famiacutelia
Eacute um estudo relevante no contexto do debate sobre a humanizaccedilatildeo do parto
porque se espera contribuir para a melhoria da qualidade assistencial prestada agrave clientela
atendida no serviccedilo como tambeacutem na aacuterea de ensino colaborando para a formaccedilatildeo de novos
profissionais de enfermagem como auxiliares teacutecnicas (os) enfermeiras (os) e atraveacutes da
educaccedilatildeo continuada de profissionais bem como na poacutes-graduaccedilatildeo lato senso e stricto
senso Como tambeacutem servir de subsiacutedios para novas pesquisas que abordem a mesma
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temaacutetica e principalmente incentivar a criaccedilatildeo de casascentro de parto normal em
TeresinaPI
BASES TEOacuteRICAS
Com a hospitalizaccedilatildeo do parto normal mais precisamente a partir do seacuteculo
XIX houve uma expansatildeo da assistecircncia meacutedica no Brasil e programas de sauacutede como a
assistecircncia preacute-natal associada agrave institucionalizaccedilatildeo do parto que privilegiava a fase
reprodutiva da mulher a fim de garantir uma prole saudaacutevel e produtiva (BRASIL 2003
12-13)
A hospitalizaccedilatildeo do parto trouxe uma sobrecarga de estresse a parturiente aleacutem
daquela inerente ao proacuteprio processo parturitivo Os procedimentos rotineiros invasivos
autoritaacuterios e impessoais durante o trabalho de parto e ou parto causam estresse que pode
interferir na conduccedilatildeo normal do parto prolongando-o e propiciando o uso de teacutecnicas
intervencionistas e traumatizantes para a mulher e o bebecirc (OMS 199611)
Para tanto a parturiente estaacute cada vez mais distante de ser protagonista do seu
parto ao se submeter a ordens e atitudes o que resultou no uso excessivo de procedimentos
invasivos e traumatizantes que aumentam o estresse interferindo na conduccedilatildeo do parto
normal como no uso abusivo de cesariana nas uacuteltimas trecircs deacutecadas
Historicamente a cesaacuterea surgiu da necessidade em situaccedilotildees extremas de salvar
o feto jaacute que nessas circunstacircncias a mulher dificilmente sobrevivia tendo em vista as
precaacuterias condiccedilotildees teacutecnicas em que o parto ocorria ateacute o seacuteculo XIX Com o avanccedilo das
teacutecnicas ciruacutergicas o parto cesaacutereo passou a ser considerado seguro o que representou
inicialmente bons resultados obsteacutetricos principalmente a partir do iniacutecio da segunda metade
do seacuteculo XX (BRASIL 200333)
Diante da aparente seguranccedila essa praacutetica passou a ser propagada por
profissionais que para sua comodidade continuaram a divulgar o parto cesaacuterio como raacutepido
seguro e sem dor Largura (199876-77) enfatiza que a cesariana se tornou uma intervenccedilatildeo
banal muitas vezes realizada natildeo apenas por causa de uma urgecircncia obsteacutetrica para salvar a
vida da matildee ou da crianccedila em sofrimento mas porque conveacutem ao hospital equipe meacutedica e
mesmo a proacutepria mulher graacutevida
A realizaccedilatildeo de cesaacutereas desnecessaacuterias eacute potencialmente danosa jaacute que os riscos
de morbidade e mortalidade materna e perinatal satildeo maiores neste procedimento do que no
parto vaginal Contudo ainda hoje uma grande parcela de mulheres natildeo tecircm acesso a esse
parto quando necessitam (BRASIL 20033595)
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Paralelamente haacute evidecircncias que apontam para uma natildeo reduccedilatildeo da morbi-
mortalidade perinatal com o aumento da taxa de cesaacuterea que no Brasil eacute de 28 superior ao
niacutevel maacuteximo recomendado pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede que eacute de 15 ficando atraacutes
apenas de paiacuteses como o Chile e outros pequenos paiacuteses asiaacuteticos o que eacute considerado como
uma epidemia de partos operatoacuterios abdominais (BRASIL 20033237)
Diante disso foram criadas as portarias MSGM 2816 de 29 de maio de 1998
MSGM 865 de 03 de julho de 1999 MSGM 466 de 14 de junho de 2000 MSGM 426 de
04 de abril de 2001 que determinam o pagamento de um percentual maacuteximo de cesarianas
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de partos de cada hospital A introduccedilatildeo em 1998 destes limites
percentuais para o pagamento de cesarianas realizadas pelo Sistema Uacutenico de Sauacutede-SUS
tem sido responsaacutevel pela reduccedilatildeo do nuacutemero de mulheres submetidas a riscos ciruacutergicos
desnecessaacuterios (BRASIL 200324)
O uso indiscriminado de intervenccedilotildees na maioria das vezes eacute feita de forma
desnecessaacuteria e rotineira sem que sejam avaliadas as implicaccedilotildees desses procedimentos para
benefiacutecio da mulher e seu concepto Ao contraacuterio pode causar complicaccedilotildees seacuterias quando
aplicadas de forma inadequada
Osava (1997119-120) que a episiotomia eacute uma praacutetica utilizada em todas as
primiacuteparas que tecircm seu parto institucionalizado A episiotomia tem sido favorecida pela
posiccedilatildeo litotocircmica adotada no nosococircmio e seus respectivos profissionais formados para
intervir e facilitar o seu trabalho
A histoacuteria da episiotomia vem sendo discutida desde a metade do seacuteculo XX
inicialmente quando a gravidez o parto e o nascimento eram considerados eventos naturais e
fisioloacutegicos os meacutedicos as mulheres e seus familiares natildeo se sentiam agrave vontade com a ideacuteia
do corte Na segunda deacutecada do seacuteculo XX foi propagado que a gravidez eacute uma doenccedila e a
sua cura ciruacutergica a episiotomia comeccedilou a ser utilizada de forma rotineira Hoje a
episiotomia deve ser reservada a situaccedilotildees extremas excepcionais dentre elas o sofrimento
fetal quando eacute preciso agilizar o nascimento Baseado em evidecircncias ficou claro que o
procedimento natildeo diminui a incidecircncia de disfunccedilotildees ao contraacuterio aumenta a incidecircncia de
dor durante a relaccedilatildeo sexual sem contar no desconforto que causa a curto meacutedio e longo
prazo (SANTOS 20031)
Dentro dessa oacutetica haacute autores que defendem praacuteticas natildeo invasivas que
privilegiam a mulher como protagonista do seu parto o que tem demonstrado benefiacutecios
vivenciados pela mulher e a crianccedila De acordo com Basile (200017) o parto na posiccedilatildeo
lateral esquerda aleacutem de evitar compressatildeo dos grandes vasos e melhorar a circulaccedilatildeo
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materno-fetal deve ser estimulado por diminuir o uso de episiotomia e traumatismos
perineais graves daacute mais liberdade de movimento para a mulher natildeo limita o periacuteodo
expulsivo frente agraves condiccedilotildees maternas e fetais favoraacuteveis aleacutem de propiciar melhor
integraccedilatildeo entre a mulher acompanhante e profissional
Osava (20021) no ldquoEncontro Regional sobre Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutederdquo
organizado pela Universidade de Brasiacutelia (UnB) discutiu a necessidade de a mulher ser
menos passiva durante o nascimento dos filhos salientando que o nascimento hoje tem sido
visto apenas como um procedimento meacutedico o que cria nas mulheres a ideacuteia de que o
trabalho de parto eacute um verdadeiro castigo A mesma autora critica a manutenccedilatildeo de
intervenccedilotildees meacutedicas como a episiotomia a tricotomia o jejum e o desrespeito ao desejo da
mulher em ter um parto natural e fisioloacutegico
Paiva (199910) destaca que o perfil do profissional meacutedico se adequa mais a
teacutecnicas intervencionistas enquanto que as enfermeiras obstetras por procedimentos menos
invasivos e mais humanizados
O processo de parir requer muita sensibilidade e percepccedilatildeo dos profissionais ao
priorizar que a mulher seja protagonista do nascimento do seu filho juntamente com o apoio
familiar mesmo que este aconteccedila numa instituiccedilatildeo de sauacutede Eacute o que se vecirc na descriccedilatildeo dos
autores a seguir que enfatizam a importacircncia da presenccedila familiar no processo do parir
Montgomery (1997193) ressalta a importacircncia da figura paterna na relaccedilatildeo
familiar e na construccedilatildeo da identidade dos filhos Os novos pais jaacute se mostram capazes de
partilhar verdadeira e profundamente as tarefas extenuantes as responsabilidades (materiais
e morais) de educar os filhos e organizar a casa No entanto a paternidade continua
desvalorizada como elemento de formaccedilatildeo do nuacutecleo familiar Tendo em vista que o pai eacute
proibido de participar do parto sob a alegaccedilatildeo de que ldquoeacute coisa de mulherrsquo
Collaccedilo (200233) defende a presenccedila paterna durante o nascimento a fim de
favorecer o viacutenculo familiar o compromisso com a mulher e a crianccedila proporcionando
conforto e seguranccedila para a mulher aleacutem da responsabilidade do pai pela prole
O parto natildeo eacute um processo apenas bioloacutegico eacute tambeacutem um acontecimento
socialcultural envolvendo a famiacutelia que passaraacute a transformar a sociedade com a chegada
de um novo ser A humanizaccedilatildeo no atendimento integral agrave mulher deve estender-se desde a
preacute-concepccedilatildeo e inclusive puerpeacuterio sem complicaccedilotildees visando agrave promoccedilatildeo do parto e
nascimento saudaacuteveis e a prevenccedilatildeo da morbimortalidade materna e perinatal assim como
evitar as intervenccedilotildees desnecessaacuterias preservando a privacidade e autonomia da mulher O
movimento de preparaccedilatildeo para o parto e para a maternidade tem como um dos objetivos
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baacutesicos humanizar o processo do nascimento atualmente tatildeo mecanizado e dissociado de seu
contexto emocional (MALDONADO 198452)
CAMINHO METODOLOacuteGICO
Trata-se de uma pesquisa teoacuterica exploratoacuteria descritiva que procurou obedecer
agraves normas da ABNT Foi baseada em uma ampla investigaccedilatildeo de referencias bibliograacuteficas
sobre a temaacutetica escolhida atraveacutes de uma coletacircnea em artigos monografia dissertaccedilotildees e
teses que explorem o assunto e satisfaccedila a curiosidade dos pesquisadores embora natildeo tenha a
pretensatildeo de esgotar ao assunto jaacute que a fonte de conhecimento existente eacute inesgotaacutevel
Conforme afirma Gil (1999) apesar de todas as pesquisas exigirem vaacuterias
referencias bibliograacuteficas para fundamentarem o estudo a pesquisa bibliograacutefica eacute
exclusivamente desenvolvida com esse objetivo
O mesmo autor destaca que a pesquisa bibliograacutefica eacute desenvolvida de acordo
com os seguintes criteacuterios formulaccedilatildeo do problema elaboraccedilatildeo do plano de trabalho
identificaccedilatildeo das fontes localizaccedilatildeo do material confecccedilatildeo de fichas construccedilatildeo loacutegica do
trabalho e redaccedilatildeo do texto O plano de trabalho sendo flexiacutevel eacute sucessivamente formulado e
sua elaboraccedilatildeo depende da clara contextualizaccedilatildeo do problema a fim de encaminhar os
procedimentos seguintes O desenvolvimento da pesquisa depende da coleccedilatildeo de itens
ordenados em seccedilotildees atraveacutes da confecccedilatildeo de fichas o que permitiu um melhor
direcionamento do que se propunha investigar
Apesar da pesquisa ser uma atividade teoacuterica alia pensamento e accedilatildeo onde nada
pode ser intelectualmente um problema se natildeo tiver sido vivenciado no cotidiano humano A
investigaccedilatildeo estaacute vinculada a interesses e circunstacircncias socialmente condicionadas
determinada em sua inserccedilatildeo na realidade nela encontrando seus motivos e objetivos
(MINAYO 2002)
O presente estudo para o seu enriquecimento buscou textos de revistas
perioacutedicas artigos dissertaccedilotildees teses livros e manuais ministeriais privilegiando
bibliografias atualizadas nos uacuteltimos cinco anos Apoacutes a identificaccedilatildeo das fontes realizamos
a confecccedilatildeo e organizaccedilatildeo de fichas leituras a fim de sintetizar as principais ideacuteias dos
outros autores pesquisados servindo de consulta e confecccedilatildeo final do trabalho estudado
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
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Diante do vasto conhecimento levantado com a contribuiccedilatildeo de outros autores
foi possiacutevel observar que a problemaacutetica estudada tem despertado a atenccedilatildeo de vaacuterios
profissionais que direta ou indiretamente estatildeo envolvidos com a realidade investigada e
atraveacutes de pesquisas fundamentadas manifestaram o desejo de mudar os cotidianos
cruelmente banalizados e desumanos que habitam em nossas maternidades
A pesquisa bibliograacutefica pretende contribuir com a sensibilizaccedilatildeo de
profissionais de sauacutede que assistem a mulher a adotarem condutas que tragam bem-estar e
garantam a seguranccedila para a mulher e o bebecirc como tambeacutem a famiacutelia e sociedade a se
sentirem responsaacuteveis pelo nascimento como um processo natural e humano com eacutetica
compromisso e solidariedade a fim de resgatar um dos principais papeacuteis da mulher que eacute o
de ser matildee com autonomia
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COLLACcedilO VS Parto Vertical Vivecircncia do casal na dimensatildeo cultural no processoparir Florianoacutepolis 2002
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solidariedade por parte dos profissionais de sauacutede organizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo de modo a criar
um ambiente acolhedor e adotar condutas hospitalares que rompam com o tradicional
isolamento imposto agrave mulher
O usuaacuterio do serviccedilo puacuteblico de sauacutede tem sido desconsiderado da sua condiccedilatildeo
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ao desprezarem o trabalho em equipe desperdiccedilam a oportunidade de manterem o diaacutelogo
entre si e como o principal interessado e beneficiado eacute a clientela seria uma preciosa
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Cabe colocar que uma eficaz integraccedilatildeo entre a assistecircncia ambulatorial com a
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realizar o seu preacute-natal em determinado serviccedilo de sauacutede passa a conhecer as instituiccedilotildees e
os profissionais que ali desenvolvem suas atividades proporcionando conforto e confianccedila a
mulher na hora de dar aacute luz
Conforme ressalta a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) ao recomendar que
os serviccedilos de preacute-natal e os profissionais envolvidos devem adotar medidas educativas de
prevenccedilatildeo e controle da ansiedade ao promover visitas das gestantes e acompanhantes agraves
unidades de referecircncia para o parto no sentido de minimizar o estresse do processo de
internaccedilatildeo no momento do parto (BRASIL 200327)
OBJETO DO ESTUDO
Oslash Com base na pesquisa foi destacado como objeto de estudo a
caracterizaccedilatildeo e o resgate do parto normal humanizado
OBJETIVOS
Oslash Realizar um levantamento histoacuterico sobre parto normal
Oslash Identificar as portarias do Ministeacuterio da Sauacutede sobre Parto Normal
Oslash Descrever a atuaccedilatildeo da enfermeira obstetra nos centros de
partocasas de parto
JUSTIFICATIVA E RELEVAcircNCIA DO ESTUDO
O nascimento eacute historicamente um evento natural e como tal foi vivenciado ao
longo dos seacuteculos no seio familiar com apoio de parteiras de confianccedila das comunidades No
entanto no Brasil a partir do seacuteculo XX com a institucionalizaccedilatildeo do parto a fim de
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diminuir as altas taxas de morbimortalidade materna e perinatal o parto passou a ser
controlado e medicalizado pelos meacutedicos
Com o excesso de praacuteticas intervencionistas e na maioria das vezes desnecessaacuteria
o parto de um evento iacutentimo feminino e com a participaccedilatildeo ativa da mulher passou a ser
puacuteblico e passivo Cabe destacar que apesar da hospitalizaccedilatildeo do parto a mulher ao ser
admitida numa maternidade aleacutem de perder sua identidade nome e autonomia passa longos
periacuteodos no preacute e poacutes-parto praticamente soacute sem a companhia de uma pessoa de sua
confianccedila e escolha
A OMS (199613) defende que tanto nos paiacuteses desenvolvidos como nos paiacuteses em
desenvolvimento mesmo com todos equipamentos teacutecnicos mas sem apoio por parte de
prestadores de serviccedilos as parturientes sentem-se isoladas desprotegidas e sem privacidade
Diante disso a intensa medicalizaccedilatildeo que o corpo feminino sofreu nas uacuteltimas
deacutecadas e a aparente seguranccedila do parto institucionalizado tem contribuiacutedo com o aumento
significativo da mortalidade materna e neonatal Contudo atualmente essas praacuteticas
satildeo questionadas principalmente no espaccedilo hospitalar
Com isso foram criados pelo ministeacuterio da sauacutede programas para humanizar o
parto e nascimento nas maternidades puacuteblicas como tambeacutem portarias que estimulam a
criaccedilatildeo de casascentros de parto normal com a atuaccedilatildeo do profissional enfermeira obstetra
aleacutem de incentivar atitudes por parte dos profissionais de sauacutede que garantam a mulher natildeo
soacute os benefiacutecios dos avanccedilos cientiacuteficos quando necessaacuterio mas fundamentalmente
incentivando a autonomia da mulher no parto
Diante do exposto resolvemos fazer um levantamento bibliograacutefico sobre o parto
normal e o nascimento que historicamente passou de um evento natural e marcante na vida da
mulher e famiacutelia para ser vivenciado por outros atores oficialmente preparados para
comandar ordenar e transformar eventos fisioloacutegicos em doenccedilas
Bruumlggemann (200156) afirma que o trabalho em equipe interdisciplinar na aacuterea de
sauacutede em maternidade deve ser fundamentado na cumplicidade no diaacutelogo estar aberto a
mudanccedilas visando uma assistecircncia humanizada entre equipe clientela e famiacutelia
Eacute um estudo relevante no contexto do debate sobre a humanizaccedilatildeo do parto
porque se espera contribuir para a melhoria da qualidade assistencial prestada agrave clientela
atendida no serviccedilo como tambeacutem na aacuterea de ensino colaborando para a formaccedilatildeo de novos
profissionais de enfermagem como auxiliares teacutecnicas (os) enfermeiras (os) e atraveacutes da
educaccedilatildeo continuada de profissionais bem como na poacutes-graduaccedilatildeo lato senso e stricto
senso Como tambeacutem servir de subsiacutedios para novas pesquisas que abordem a mesma
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temaacutetica e principalmente incentivar a criaccedilatildeo de casascentro de parto normal em
TeresinaPI
BASES TEOacuteRICAS
Com a hospitalizaccedilatildeo do parto normal mais precisamente a partir do seacuteculo
XIX houve uma expansatildeo da assistecircncia meacutedica no Brasil e programas de sauacutede como a
assistecircncia preacute-natal associada agrave institucionalizaccedilatildeo do parto que privilegiava a fase
reprodutiva da mulher a fim de garantir uma prole saudaacutevel e produtiva (BRASIL 2003
12-13)
A hospitalizaccedilatildeo do parto trouxe uma sobrecarga de estresse a parturiente aleacutem
daquela inerente ao proacuteprio processo parturitivo Os procedimentos rotineiros invasivos
autoritaacuterios e impessoais durante o trabalho de parto e ou parto causam estresse que pode
interferir na conduccedilatildeo normal do parto prolongando-o e propiciando o uso de teacutecnicas
intervencionistas e traumatizantes para a mulher e o bebecirc (OMS 199611)
Para tanto a parturiente estaacute cada vez mais distante de ser protagonista do seu
parto ao se submeter a ordens e atitudes o que resultou no uso excessivo de procedimentos
invasivos e traumatizantes que aumentam o estresse interferindo na conduccedilatildeo do parto
normal como no uso abusivo de cesariana nas uacuteltimas trecircs deacutecadas
Historicamente a cesaacuterea surgiu da necessidade em situaccedilotildees extremas de salvar
o feto jaacute que nessas circunstacircncias a mulher dificilmente sobrevivia tendo em vista as
precaacuterias condiccedilotildees teacutecnicas em que o parto ocorria ateacute o seacuteculo XIX Com o avanccedilo das
teacutecnicas ciruacutergicas o parto cesaacutereo passou a ser considerado seguro o que representou
inicialmente bons resultados obsteacutetricos principalmente a partir do iniacutecio da segunda metade
do seacuteculo XX (BRASIL 200333)
Diante da aparente seguranccedila essa praacutetica passou a ser propagada por
profissionais que para sua comodidade continuaram a divulgar o parto cesaacuterio como raacutepido
seguro e sem dor Largura (199876-77) enfatiza que a cesariana se tornou uma intervenccedilatildeo
banal muitas vezes realizada natildeo apenas por causa de uma urgecircncia obsteacutetrica para salvar a
vida da matildee ou da crianccedila em sofrimento mas porque conveacutem ao hospital equipe meacutedica e
mesmo a proacutepria mulher graacutevida
A realizaccedilatildeo de cesaacutereas desnecessaacuterias eacute potencialmente danosa jaacute que os riscos
de morbidade e mortalidade materna e perinatal satildeo maiores neste procedimento do que no
parto vaginal Contudo ainda hoje uma grande parcela de mulheres natildeo tecircm acesso a esse
parto quando necessitam (BRASIL 20033595)
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Paralelamente haacute evidecircncias que apontam para uma natildeo reduccedilatildeo da morbi-
mortalidade perinatal com o aumento da taxa de cesaacuterea que no Brasil eacute de 28 superior ao
niacutevel maacuteximo recomendado pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede que eacute de 15 ficando atraacutes
apenas de paiacuteses como o Chile e outros pequenos paiacuteses asiaacuteticos o que eacute considerado como
uma epidemia de partos operatoacuterios abdominais (BRASIL 20033237)
Diante disso foram criadas as portarias MSGM 2816 de 29 de maio de 1998
MSGM 865 de 03 de julho de 1999 MSGM 466 de 14 de junho de 2000 MSGM 426 de
04 de abril de 2001 que determinam o pagamento de um percentual maacuteximo de cesarianas
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de partos de cada hospital A introduccedilatildeo em 1998 destes limites
percentuais para o pagamento de cesarianas realizadas pelo Sistema Uacutenico de Sauacutede-SUS
tem sido responsaacutevel pela reduccedilatildeo do nuacutemero de mulheres submetidas a riscos ciruacutergicos
desnecessaacuterios (BRASIL 200324)
O uso indiscriminado de intervenccedilotildees na maioria das vezes eacute feita de forma
desnecessaacuteria e rotineira sem que sejam avaliadas as implicaccedilotildees desses procedimentos para
benefiacutecio da mulher e seu concepto Ao contraacuterio pode causar complicaccedilotildees seacuterias quando
aplicadas de forma inadequada
Osava (1997119-120) que a episiotomia eacute uma praacutetica utilizada em todas as
primiacuteparas que tecircm seu parto institucionalizado A episiotomia tem sido favorecida pela
posiccedilatildeo litotocircmica adotada no nosococircmio e seus respectivos profissionais formados para
intervir e facilitar o seu trabalho
A histoacuteria da episiotomia vem sendo discutida desde a metade do seacuteculo XX
inicialmente quando a gravidez o parto e o nascimento eram considerados eventos naturais e
fisioloacutegicos os meacutedicos as mulheres e seus familiares natildeo se sentiam agrave vontade com a ideacuteia
do corte Na segunda deacutecada do seacuteculo XX foi propagado que a gravidez eacute uma doenccedila e a
sua cura ciruacutergica a episiotomia comeccedilou a ser utilizada de forma rotineira Hoje a
episiotomia deve ser reservada a situaccedilotildees extremas excepcionais dentre elas o sofrimento
fetal quando eacute preciso agilizar o nascimento Baseado em evidecircncias ficou claro que o
procedimento natildeo diminui a incidecircncia de disfunccedilotildees ao contraacuterio aumenta a incidecircncia de
dor durante a relaccedilatildeo sexual sem contar no desconforto que causa a curto meacutedio e longo
prazo (SANTOS 20031)
Dentro dessa oacutetica haacute autores que defendem praacuteticas natildeo invasivas que
privilegiam a mulher como protagonista do seu parto o que tem demonstrado benefiacutecios
vivenciados pela mulher e a crianccedila De acordo com Basile (200017) o parto na posiccedilatildeo
lateral esquerda aleacutem de evitar compressatildeo dos grandes vasos e melhorar a circulaccedilatildeo
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materno-fetal deve ser estimulado por diminuir o uso de episiotomia e traumatismos
perineais graves daacute mais liberdade de movimento para a mulher natildeo limita o periacuteodo
expulsivo frente agraves condiccedilotildees maternas e fetais favoraacuteveis aleacutem de propiciar melhor
integraccedilatildeo entre a mulher acompanhante e profissional
Osava (20021) no ldquoEncontro Regional sobre Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutederdquo
organizado pela Universidade de Brasiacutelia (UnB) discutiu a necessidade de a mulher ser
menos passiva durante o nascimento dos filhos salientando que o nascimento hoje tem sido
visto apenas como um procedimento meacutedico o que cria nas mulheres a ideacuteia de que o
trabalho de parto eacute um verdadeiro castigo A mesma autora critica a manutenccedilatildeo de
intervenccedilotildees meacutedicas como a episiotomia a tricotomia o jejum e o desrespeito ao desejo da
mulher em ter um parto natural e fisioloacutegico
Paiva (199910) destaca que o perfil do profissional meacutedico se adequa mais a
teacutecnicas intervencionistas enquanto que as enfermeiras obstetras por procedimentos menos
invasivos e mais humanizados
O processo de parir requer muita sensibilidade e percepccedilatildeo dos profissionais ao
priorizar que a mulher seja protagonista do nascimento do seu filho juntamente com o apoio
familiar mesmo que este aconteccedila numa instituiccedilatildeo de sauacutede Eacute o que se vecirc na descriccedilatildeo dos
autores a seguir que enfatizam a importacircncia da presenccedila familiar no processo do parir
Montgomery (1997193) ressalta a importacircncia da figura paterna na relaccedilatildeo
familiar e na construccedilatildeo da identidade dos filhos Os novos pais jaacute se mostram capazes de
partilhar verdadeira e profundamente as tarefas extenuantes as responsabilidades (materiais
e morais) de educar os filhos e organizar a casa No entanto a paternidade continua
desvalorizada como elemento de formaccedilatildeo do nuacutecleo familiar Tendo em vista que o pai eacute
proibido de participar do parto sob a alegaccedilatildeo de que ldquoeacute coisa de mulherrsquo
Collaccedilo (200233) defende a presenccedila paterna durante o nascimento a fim de
favorecer o viacutenculo familiar o compromisso com a mulher e a crianccedila proporcionando
conforto e seguranccedila para a mulher aleacutem da responsabilidade do pai pela prole
O parto natildeo eacute um processo apenas bioloacutegico eacute tambeacutem um acontecimento
socialcultural envolvendo a famiacutelia que passaraacute a transformar a sociedade com a chegada
de um novo ser A humanizaccedilatildeo no atendimento integral agrave mulher deve estender-se desde a
preacute-concepccedilatildeo e inclusive puerpeacuterio sem complicaccedilotildees visando agrave promoccedilatildeo do parto e
nascimento saudaacuteveis e a prevenccedilatildeo da morbimortalidade materna e perinatal assim como
evitar as intervenccedilotildees desnecessaacuterias preservando a privacidade e autonomia da mulher O
movimento de preparaccedilatildeo para o parto e para a maternidade tem como um dos objetivos
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baacutesicos humanizar o processo do nascimento atualmente tatildeo mecanizado e dissociado de seu
contexto emocional (MALDONADO 198452)
CAMINHO METODOLOacuteGICO
Trata-se de uma pesquisa teoacuterica exploratoacuteria descritiva que procurou obedecer
agraves normas da ABNT Foi baseada em uma ampla investigaccedilatildeo de referencias bibliograacuteficas
sobre a temaacutetica escolhida atraveacutes de uma coletacircnea em artigos monografia dissertaccedilotildees e
teses que explorem o assunto e satisfaccedila a curiosidade dos pesquisadores embora natildeo tenha a
pretensatildeo de esgotar ao assunto jaacute que a fonte de conhecimento existente eacute inesgotaacutevel
Conforme afirma Gil (1999) apesar de todas as pesquisas exigirem vaacuterias
referencias bibliograacuteficas para fundamentarem o estudo a pesquisa bibliograacutefica eacute
exclusivamente desenvolvida com esse objetivo
O mesmo autor destaca que a pesquisa bibliograacutefica eacute desenvolvida de acordo
com os seguintes criteacuterios formulaccedilatildeo do problema elaboraccedilatildeo do plano de trabalho
identificaccedilatildeo das fontes localizaccedilatildeo do material confecccedilatildeo de fichas construccedilatildeo loacutegica do
trabalho e redaccedilatildeo do texto O plano de trabalho sendo flexiacutevel eacute sucessivamente formulado e
sua elaboraccedilatildeo depende da clara contextualizaccedilatildeo do problema a fim de encaminhar os
procedimentos seguintes O desenvolvimento da pesquisa depende da coleccedilatildeo de itens
ordenados em seccedilotildees atraveacutes da confecccedilatildeo de fichas o que permitiu um melhor
direcionamento do que se propunha investigar
Apesar da pesquisa ser uma atividade teoacuterica alia pensamento e accedilatildeo onde nada
pode ser intelectualmente um problema se natildeo tiver sido vivenciado no cotidiano humano A
investigaccedilatildeo estaacute vinculada a interesses e circunstacircncias socialmente condicionadas
determinada em sua inserccedilatildeo na realidade nela encontrando seus motivos e objetivos
(MINAYO 2002)
O presente estudo para o seu enriquecimento buscou textos de revistas
perioacutedicas artigos dissertaccedilotildees teses livros e manuais ministeriais privilegiando
bibliografias atualizadas nos uacuteltimos cinco anos Apoacutes a identificaccedilatildeo das fontes realizamos
a confecccedilatildeo e organizaccedilatildeo de fichas leituras a fim de sintetizar as principais ideacuteias dos
outros autores pesquisados servindo de consulta e confecccedilatildeo final do trabalho estudado
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
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Diante do vasto conhecimento levantado com a contribuiccedilatildeo de outros autores
foi possiacutevel observar que a problemaacutetica estudada tem despertado a atenccedilatildeo de vaacuterios
profissionais que direta ou indiretamente estatildeo envolvidos com a realidade investigada e
atraveacutes de pesquisas fundamentadas manifestaram o desejo de mudar os cotidianos
cruelmente banalizados e desumanos que habitam em nossas maternidades
A pesquisa bibliograacutefica pretende contribuir com a sensibilizaccedilatildeo de
profissionais de sauacutede que assistem a mulher a adotarem condutas que tragam bem-estar e
garantam a seguranccedila para a mulher e o bebecirc como tambeacutem a famiacutelia e sociedade a se
sentirem responsaacuteveis pelo nascimento como um processo natural e humano com eacutetica
compromisso e solidariedade a fim de resgatar um dos principais papeacuteis da mulher que eacute o
de ser matildee com autonomia
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
BASILE A L P Estudo randomizado controlado entre as posiccedilotildees de parto litotocircmicae lateral esquerda Satildeo Paulo 2000
BRASIL Secretaria de poliacuteticas Puacuteblicas de Sauacutede Parto Aborto e Puerpeacuterio Assistecircnciahumanizada agrave mulher 2ordf ed Brasiacutelia-DF 2003
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Pacto nacional pela reduccedilatildeo da mortalidade materna eneonatal Brasiacutelia 2004
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede PHPN-Programa deHumanizaccedilatildeo no Preacute-Natal e Nascimento Brasiacutelia 2000
ERDMANN AL O Sistema de Cuidados de enfermagem Sua Organizaccedilatildeo nas Instituiccedilotildeesde Sauacutede Texto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis v7 n2 MaioAgo 1998
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PROGIANTI JM BARREIRA I A A Obstetriacutecia do saber feminino a medicalizaccedilatildeo daeacutepoca medieval ao seacuteculo XX Revista Enfermagem UERJ Rio de Janeiro V9 n1 2001
TANAKA A CA Maternidade dilema entre nascimento e morte Revista Baiana deEnfermagem V9 n1 Abr 1996
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TYRRELL RAM Centro de Parto Normal Nursing Revista Teacutecnica de EnfermagemSatildeo Paulo Nordm 32 2001 Ano 4
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ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE OBSTETRIZES E ENFERMEIRAS OBSTETRASSecccedilatildeo Satildeo Paulo Dispositivos legais relacionados agrave sauacutede da mulher e do receacutem-nascido-Manual Satildeo Paulo ABENFO-SP
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BALASKAS J Parto ativo Guia praacutetico para o parto natural 2ordf ed Satildeo Paulo Ground1993
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BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Pacto nacional pela reduccedilatildeo da mortalidade materna eneonatal Brasiacutelia 2004
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________ PNHAH-Programa Nacional de Humanizaccedilatildeo da assistecircncia hospitalarBrasiacutelia 2001
BRUumlGGEMANN O M Buscando conhecer as diferentes partituras da humanizaccedilatildeoIn A melodia da humanizaccedilatildeo Florianoacutepolis 2001
CAPARROZ SC O resgate do parto normal Contribuiccedilotildees de uma TecnologiaApropriada Joinville 2003
CIANCIARULLO TI Um desafio para a qualidade de assistecircncia Satildeo Paulo Atheneu2003
COLLACcedilO VS Parto Vertical Vivecircncia do casal na dimensatildeo cultural no processoparir Florianoacutepolis 2002
CONSELHO NACIONAL DE SAUacuteDE Diretrizes e Normas Regulamentadoras dePesquisas Envolvendo Seres Humanos Resoluccedilatildeo 19696
ERDMANN AL O Sistema de Cuidados de enfermagem Sua Organizaccedilatildeo nas Instituiccedilotildeesde Sauacutede Texto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis v7 n2 MaioAgo 1998
GIL AC Meacutetodos e Teacutecnicas de Pesquisa Social 5ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1999
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MONTGOMERY Malcolm Mulher o negro do mundo Satildeo Paulo Editora Satildeo PauloGente 1997
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OLIVEIRA F Deixar morrer de parto eacute cinismo Disponiacutevel em lthttwww correanetocombrartigospartohtmgt Acesso em 200303
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SOARES MS SIQUEIRA O Cuidado de Enfermagem no cotidiano das (os) Enfermeiras(os) Autocircnomas (os) Agrave luz de alguns conceitos da teoria humaniacutestica de Paterson e ZderardTexto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis V 9 n 2 MaioAgo 2000
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TANAKA A CA Maternidade dilema entre nascimento e morte Revista Baiana deEnfermagem V9 n1 Abr 1996
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TYRRELL RAM Centro de Parto Normal Nursing Revista Teacutecnica de EnfermagemSatildeo Paulo Nordm 32 2001 Ano 4
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diminuir as altas taxas de morbimortalidade materna e perinatal o parto passou a ser
controlado e medicalizado pelos meacutedicos
Com o excesso de praacuteticas intervencionistas e na maioria das vezes desnecessaacuteria
o parto de um evento iacutentimo feminino e com a participaccedilatildeo ativa da mulher passou a ser
puacuteblico e passivo Cabe destacar que apesar da hospitalizaccedilatildeo do parto a mulher ao ser
admitida numa maternidade aleacutem de perder sua identidade nome e autonomia passa longos
periacuteodos no preacute e poacutes-parto praticamente soacute sem a companhia de uma pessoa de sua
confianccedila e escolha
A OMS (199613) defende que tanto nos paiacuteses desenvolvidos como nos paiacuteses em
desenvolvimento mesmo com todos equipamentos teacutecnicos mas sem apoio por parte de
prestadores de serviccedilos as parturientes sentem-se isoladas desprotegidas e sem privacidade
Diante disso a intensa medicalizaccedilatildeo que o corpo feminino sofreu nas uacuteltimas
deacutecadas e a aparente seguranccedila do parto institucionalizado tem contribuiacutedo com o aumento
significativo da mortalidade materna e neonatal Contudo atualmente essas praacuteticas
satildeo questionadas principalmente no espaccedilo hospitalar
Com isso foram criados pelo ministeacuterio da sauacutede programas para humanizar o
parto e nascimento nas maternidades puacuteblicas como tambeacutem portarias que estimulam a
criaccedilatildeo de casascentros de parto normal com a atuaccedilatildeo do profissional enfermeira obstetra
aleacutem de incentivar atitudes por parte dos profissionais de sauacutede que garantam a mulher natildeo
soacute os benefiacutecios dos avanccedilos cientiacuteficos quando necessaacuterio mas fundamentalmente
incentivando a autonomia da mulher no parto
Diante do exposto resolvemos fazer um levantamento bibliograacutefico sobre o parto
normal e o nascimento que historicamente passou de um evento natural e marcante na vida da
mulher e famiacutelia para ser vivenciado por outros atores oficialmente preparados para
comandar ordenar e transformar eventos fisioloacutegicos em doenccedilas
Bruumlggemann (200156) afirma que o trabalho em equipe interdisciplinar na aacuterea de
sauacutede em maternidade deve ser fundamentado na cumplicidade no diaacutelogo estar aberto a
mudanccedilas visando uma assistecircncia humanizada entre equipe clientela e famiacutelia
Eacute um estudo relevante no contexto do debate sobre a humanizaccedilatildeo do parto
porque se espera contribuir para a melhoria da qualidade assistencial prestada agrave clientela
atendida no serviccedilo como tambeacutem na aacuterea de ensino colaborando para a formaccedilatildeo de novos
profissionais de enfermagem como auxiliares teacutecnicas (os) enfermeiras (os) e atraveacutes da
educaccedilatildeo continuada de profissionais bem como na poacutes-graduaccedilatildeo lato senso e stricto
senso Como tambeacutem servir de subsiacutedios para novas pesquisas que abordem a mesma
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temaacutetica e principalmente incentivar a criaccedilatildeo de casascentro de parto normal em
TeresinaPI
BASES TEOacuteRICAS
Com a hospitalizaccedilatildeo do parto normal mais precisamente a partir do seacuteculo
XIX houve uma expansatildeo da assistecircncia meacutedica no Brasil e programas de sauacutede como a
assistecircncia preacute-natal associada agrave institucionalizaccedilatildeo do parto que privilegiava a fase
reprodutiva da mulher a fim de garantir uma prole saudaacutevel e produtiva (BRASIL 2003
12-13)
A hospitalizaccedilatildeo do parto trouxe uma sobrecarga de estresse a parturiente aleacutem
daquela inerente ao proacuteprio processo parturitivo Os procedimentos rotineiros invasivos
autoritaacuterios e impessoais durante o trabalho de parto e ou parto causam estresse que pode
interferir na conduccedilatildeo normal do parto prolongando-o e propiciando o uso de teacutecnicas
intervencionistas e traumatizantes para a mulher e o bebecirc (OMS 199611)
Para tanto a parturiente estaacute cada vez mais distante de ser protagonista do seu
parto ao se submeter a ordens e atitudes o que resultou no uso excessivo de procedimentos
invasivos e traumatizantes que aumentam o estresse interferindo na conduccedilatildeo do parto
normal como no uso abusivo de cesariana nas uacuteltimas trecircs deacutecadas
Historicamente a cesaacuterea surgiu da necessidade em situaccedilotildees extremas de salvar
o feto jaacute que nessas circunstacircncias a mulher dificilmente sobrevivia tendo em vista as
precaacuterias condiccedilotildees teacutecnicas em que o parto ocorria ateacute o seacuteculo XIX Com o avanccedilo das
teacutecnicas ciruacutergicas o parto cesaacutereo passou a ser considerado seguro o que representou
inicialmente bons resultados obsteacutetricos principalmente a partir do iniacutecio da segunda metade
do seacuteculo XX (BRASIL 200333)
Diante da aparente seguranccedila essa praacutetica passou a ser propagada por
profissionais que para sua comodidade continuaram a divulgar o parto cesaacuterio como raacutepido
seguro e sem dor Largura (199876-77) enfatiza que a cesariana se tornou uma intervenccedilatildeo
banal muitas vezes realizada natildeo apenas por causa de uma urgecircncia obsteacutetrica para salvar a
vida da matildee ou da crianccedila em sofrimento mas porque conveacutem ao hospital equipe meacutedica e
mesmo a proacutepria mulher graacutevida
A realizaccedilatildeo de cesaacutereas desnecessaacuterias eacute potencialmente danosa jaacute que os riscos
de morbidade e mortalidade materna e perinatal satildeo maiores neste procedimento do que no
parto vaginal Contudo ainda hoje uma grande parcela de mulheres natildeo tecircm acesso a esse
parto quando necessitam (BRASIL 20033595)
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Paralelamente haacute evidecircncias que apontam para uma natildeo reduccedilatildeo da morbi-
mortalidade perinatal com o aumento da taxa de cesaacuterea que no Brasil eacute de 28 superior ao
niacutevel maacuteximo recomendado pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede que eacute de 15 ficando atraacutes
apenas de paiacuteses como o Chile e outros pequenos paiacuteses asiaacuteticos o que eacute considerado como
uma epidemia de partos operatoacuterios abdominais (BRASIL 20033237)
Diante disso foram criadas as portarias MSGM 2816 de 29 de maio de 1998
MSGM 865 de 03 de julho de 1999 MSGM 466 de 14 de junho de 2000 MSGM 426 de
04 de abril de 2001 que determinam o pagamento de um percentual maacuteximo de cesarianas
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de partos de cada hospital A introduccedilatildeo em 1998 destes limites
percentuais para o pagamento de cesarianas realizadas pelo Sistema Uacutenico de Sauacutede-SUS
tem sido responsaacutevel pela reduccedilatildeo do nuacutemero de mulheres submetidas a riscos ciruacutergicos
desnecessaacuterios (BRASIL 200324)
O uso indiscriminado de intervenccedilotildees na maioria das vezes eacute feita de forma
desnecessaacuteria e rotineira sem que sejam avaliadas as implicaccedilotildees desses procedimentos para
benefiacutecio da mulher e seu concepto Ao contraacuterio pode causar complicaccedilotildees seacuterias quando
aplicadas de forma inadequada
Osava (1997119-120) que a episiotomia eacute uma praacutetica utilizada em todas as
primiacuteparas que tecircm seu parto institucionalizado A episiotomia tem sido favorecida pela
posiccedilatildeo litotocircmica adotada no nosococircmio e seus respectivos profissionais formados para
intervir e facilitar o seu trabalho
A histoacuteria da episiotomia vem sendo discutida desde a metade do seacuteculo XX
inicialmente quando a gravidez o parto e o nascimento eram considerados eventos naturais e
fisioloacutegicos os meacutedicos as mulheres e seus familiares natildeo se sentiam agrave vontade com a ideacuteia
do corte Na segunda deacutecada do seacuteculo XX foi propagado que a gravidez eacute uma doenccedila e a
sua cura ciruacutergica a episiotomia comeccedilou a ser utilizada de forma rotineira Hoje a
episiotomia deve ser reservada a situaccedilotildees extremas excepcionais dentre elas o sofrimento
fetal quando eacute preciso agilizar o nascimento Baseado em evidecircncias ficou claro que o
procedimento natildeo diminui a incidecircncia de disfunccedilotildees ao contraacuterio aumenta a incidecircncia de
dor durante a relaccedilatildeo sexual sem contar no desconforto que causa a curto meacutedio e longo
prazo (SANTOS 20031)
Dentro dessa oacutetica haacute autores que defendem praacuteticas natildeo invasivas que
privilegiam a mulher como protagonista do seu parto o que tem demonstrado benefiacutecios
vivenciados pela mulher e a crianccedila De acordo com Basile (200017) o parto na posiccedilatildeo
lateral esquerda aleacutem de evitar compressatildeo dos grandes vasos e melhorar a circulaccedilatildeo
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materno-fetal deve ser estimulado por diminuir o uso de episiotomia e traumatismos
perineais graves daacute mais liberdade de movimento para a mulher natildeo limita o periacuteodo
expulsivo frente agraves condiccedilotildees maternas e fetais favoraacuteveis aleacutem de propiciar melhor
integraccedilatildeo entre a mulher acompanhante e profissional
Osava (20021) no ldquoEncontro Regional sobre Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutederdquo
organizado pela Universidade de Brasiacutelia (UnB) discutiu a necessidade de a mulher ser
menos passiva durante o nascimento dos filhos salientando que o nascimento hoje tem sido
visto apenas como um procedimento meacutedico o que cria nas mulheres a ideacuteia de que o
trabalho de parto eacute um verdadeiro castigo A mesma autora critica a manutenccedilatildeo de
intervenccedilotildees meacutedicas como a episiotomia a tricotomia o jejum e o desrespeito ao desejo da
mulher em ter um parto natural e fisioloacutegico
Paiva (199910) destaca que o perfil do profissional meacutedico se adequa mais a
teacutecnicas intervencionistas enquanto que as enfermeiras obstetras por procedimentos menos
invasivos e mais humanizados
O processo de parir requer muita sensibilidade e percepccedilatildeo dos profissionais ao
priorizar que a mulher seja protagonista do nascimento do seu filho juntamente com o apoio
familiar mesmo que este aconteccedila numa instituiccedilatildeo de sauacutede Eacute o que se vecirc na descriccedilatildeo dos
autores a seguir que enfatizam a importacircncia da presenccedila familiar no processo do parir
Montgomery (1997193) ressalta a importacircncia da figura paterna na relaccedilatildeo
familiar e na construccedilatildeo da identidade dos filhos Os novos pais jaacute se mostram capazes de
partilhar verdadeira e profundamente as tarefas extenuantes as responsabilidades (materiais
e morais) de educar os filhos e organizar a casa No entanto a paternidade continua
desvalorizada como elemento de formaccedilatildeo do nuacutecleo familiar Tendo em vista que o pai eacute
proibido de participar do parto sob a alegaccedilatildeo de que ldquoeacute coisa de mulherrsquo
Collaccedilo (200233) defende a presenccedila paterna durante o nascimento a fim de
favorecer o viacutenculo familiar o compromisso com a mulher e a crianccedila proporcionando
conforto e seguranccedila para a mulher aleacutem da responsabilidade do pai pela prole
O parto natildeo eacute um processo apenas bioloacutegico eacute tambeacutem um acontecimento
socialcultural envolvendo a famiacutelia que passaraacute a transformar a sociedade com a chegada
de um novo ser A humanizaccedilatildeo no atendimento integral agrave mulher deve estender-se desde a
preacute-concepccedilatildeo e inclusive puerpeacuterio sem complicaccedilotildees visando agrave promoccedilatildeo do parto e
nascimento saudaacuteveis e a prevenccedilatildeo da morbimortalidade materna e perinatal assim como
evitar as intervenccedilotildees desnecessaacuterias preservando a privacidade e autonomia da mulher O
movimento de preparaccedilatildeo para o parto e para a maternidade tem como um dos objetivos
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baacutesicos humanizar o processo do nascimento atualmente tatildeo mecanizado e dissociado de seu
contexto emocional (MALDONADO 198452)
CAMINHO METODOLOacuteGICO
Trata-se de uma pesquisa teoacuterica exploratoacuteria descritiva que procurou obedecer
agraves normas da ABNT Foi baseada em uma ampla investigaccedilatildeo de referencias bibliograacuteficas
sobre a temaacutetica escolhida atraveacutes de uma coletacircnea em artigos monografia dissertaccedilotildees e
teses que explorem o assunto e satisfaccedila a curiosidade dos pesquisadores embora natildeo tenha a
pretensatildeo de esgotar ao assunto jaacute que a fonte de conhecimento existente eacute inesgotaacutevel
Conforme afirma Gil (1999) apesar de todas as pesquisas exigirem vaacuterias
referencias bibliograacuteficas para fundamentarem o estudo a pesquisa bibliograacutefica eacute
exclusivamente desenvolvida com esse objetivo
O mesmo autor destaca que a pesquisa bibliograacutefica eacute desenvolvida de acordo
com os seguintes criteacuterios formulaccedilatildeo do problema elaboraccedilatildeo do plano de trabalho
identificaccedilatildeo das fontes localizaccedilatildeo do material confecccedilatildeo de fichas construccedilatildeo loacutegica do
trabalho e redaccedilatildeo do texto O plano de trabalho sendo flexiacutevel eacute sucessivamente formulado e
sua elaboraccedilatildeo depende da clara contextualizaccedilatildeo do problema a fim de encaminhar os
procedimentos seguintes O desenvolvimento da pesquisa depende da coleccedilatildeo de itens
ordenados em seccedilotildees atraveacutes da confecccedilatildeo de fichas o que permitiu um melhor
direcionamento do que se propunha investigar
Apesar da pesquisa ser uma atividade teoacuterica alia pensamento e accedilatildeo onde nada
pode ser intelectualmente um problema se natildeo tiver sido vivenciado no cotidiano humano A
investigaccedilatildeo estaacute vinculada a interesses e circunstacircncias socialmente condicionadas
determinada em sua inserccedilatildeo na realidade nela encontrando seus motivos e objetivos
(MINAYO 2002)
O presente estudo para o seu enriquecimento buscou textos de revistas
perioacutedicas artigos dissertaccedilotildees teses livros e manuais ministeriais privilegiando
bibliografias atualizadas nos uacuteltimos cinco anos Apoacutes a identificaccedilatildeo das fontes realizamos
a confecccedilatildeo e organizaccedilatildeo de fichas leituras a fim de sintetizar as principais ideacuteias dos
outros autores pesquisados servindo de consulta e confecccedilatildeo final do trabalho estudado
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
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Diante do vasto conhecimento levantado com a contribuiccedilatildeo de outros autores
foi possiacutevel observar que a problemaacutetica estudada tem despertado a atenccedilatildeo de vaacuterios
profissionais que direta ou indiretamente estatildeo envolvidos com a realidade investigada e
atraveacutes de pesquisas fundamentadas manifestaram o desejo de mudar os cotidianos
cruelmente banalizados e desumanos que habitam em nossas maternidades
A pesquisa bibliograacutefica pretende contribuir com a sensibilizaccedilatildeo de
profissionais de sauacutede que assistem a mulher a adotarem condutas que tragam bem-estar e
garantam a seguranccedila para a mulher e o bebecirc como tambeacutem a famiacutelia e sociedade a se
sentirem responsaacuteveis pelo nascimento como um processo natural e humano com eacutetica
compromisso e solidariedade a fim de resgatar um dos principais papeacuteis da mulher que eacute o
de ser matildee com autonomia
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
BASILE A L P Estudo randomizado controlado entre as posiccedilotildees de parto litotocircmicae lateral esquerda Satildeo Paulo 2000
BRASIL Secretaria de poliacuteticas Puacuteblicas de Sauacutede Parto Aborto e Puerpeacuterio Assistecircnciahumanizada agrave mulher 2ordf ed Brasiacutelia-DF 2003
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Pacto nacional pela reduccedilatildeo da mortalidade materna eneonatal Brasiacutelia 2004
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede PHPN-Programa deHumanizaccedilatildeo no Preacute-Natal e Nascimento Brasiacutelia 2000
ERDMANN AL O Sistema de Cuidados de enfermagem Sua Organizaccedilatildeo nas Instituiccedilotildeesde Sauacutede Texto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis v7 n2 MaioAgo 1998
LARGURA M A Assistecircncia ao Parto no Brasil Satildeo Paulo 1998 p76
OSAVA RH Assistecircncia ao Parto no Brasil O lugar dos natildeo meacutedicos Satildeo PauloFaculdade de Sauacutede Puacuteblica USP 1997 Tese doutorado em sauacutede materno-infantil
PIRES D Hegemonia Meacutedica na Sauacutede e a Enfermagem Satildeo Paulo Cortez editora 1989
PROGIANTI JM BARREIRA I A A Obstetriacutecia do saber feminino a medicalizaccedilatildeo daeacutepoca medieval ao seacuteculo XX Revista Enfermagem UERJ Rio de Janeiro V9 n1 2001
TANAKA A CA Maternidade dilema entre nascimento e morte Revista Baiana deEnfermagem V9 n1 Abr 1996
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TYRRELL RAM Centro de Parto Normal Nursing Revista Teacutecnica de EnfermagemSatildeo Paulo Nordm 32 2001 Ano 4
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ARRUDA Acirc Um atendimento ao parto para fazer ser e nascer In Quando a paciente eacutemulher (Relatoacuterio do encontro nacional da Campanha Sauacutede da mulher um direito a serconquistado) Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 1989
ARRUDA E N NUNES A M P Conforto em Enfermagem Uma Anaacutelise Teoacuterico-conceitual Texto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis v7 n2 MaioAgo 1998
ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE OBSTETRIZES E ENFERMEIRAS OBSTETRASSecccedilatildeo Satildeo Paulo Dispositivos legais relacionados agrave sauacutede da mulher e do receacutem-nascido-Manual Satildeo Paulo ABENFO-SP
ALMEIDA M S A mulher e sua ldquodestinaccedilatildeordquo agrave maternidade Revista Baiana deEnfermagem v 9 n1 p46 Abril 1996
BALASKAS J Parto ativo Guia praacutetico para o parto natural 2ordf ed Satildeo Paulo Ground1993
BASILE A L P Estudo randomizado controlado entre as posiccedilotildees de parto litotocircmicae lateral esquerda Satildeo Paulo 2000
BRASIL Secretaria de poliacuteticas Puacuteblicas de Sauacutede Parto Aborto e Puerpeacuterio Assistecircnciahumanizada agrave mulher 2ordf ed Brasiacutelia-DF 2003
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BRASIL Lei nordm 7498 ndash 25 jun 1986 Dispotildee sobre o exerciacutecio da Enfermagem e daacuteoutras providecircncias Brasiacutelia 1987
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Pacto nacional pela reduccedilatildeo da mortalidade materna eneonatal Brasiacutelia 2004
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede PHPN-Programa deHumanizaccedilatildeo no Preacute-Natal e Nascimento Brasiacutelia 2000
________ PNHAH-Programa Nacional de Humanizaccedilatildeo da assistecircncia hospitalarBrasiacutelia 2001
BRUumlGGEMANN O M Buscando conhecer as diferentes partituras da humanizaccedilatildeoIn A melodia da humanizaccedilatildeo Florianoacutepolis 2001
CAPARROZ SC O resgate do parto normal Contribuiccedilotildees de uma TecnologiaApropriada Joinville 2003
CIANCIARULLO TI Um desafio para a qualidade de assistecircncia Satildeo Paulo Atheneu2003
COLLACcedilO VS Parto Vertical Vivecircncia do casal na dimensatildeo cultural no processoparir Florianoacutepolis 2002
CONSELHO NACIONAL DE SAUacuteDE Diretrizes e Normas Regulamentadoras dePesquisas Envolvendo Seres Humanos Resoluccedilatildeo 19696
ERDMANN AL O Sistema de Cuidados de enfermagem Sua Organizaccedilatildeo nas Instituiccedilotildeesde Sauacutede Texto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis v7 n2 MaioAgo 1998
GIL AC Meacutetodos e Teacutecnicas de Pesquisa Social 5ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1999
LARGURA M A Assistecircncia ao Parto no Brasil Satildeo Paulo 1998 p76
MALDONADO MTP Psicologia da gravidez parto e puerpeacuterio Ed Petroacutepolis Vozes1984
MINAYO MCS Et al Pesquisa Social Teoria e Criatividade 6ordf ed Petroacutepolis Vozes2002
MONTGOMERY Malcolm Mulher o negro do mundo Satildeo Paulo Editora Satildeo PauloGente 1997
MORSE JM A Enfermagem como Conforto Um novo Enfoque do Cuidado ProfissionalTexto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis V7 n 2 MaioAgo 1998
OLIVEIRA F Deixar morrer de parto eacute cinismo Disponiacutevel em lthttwww correanetocombrartigospartohtmgt Acesso em 200303
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OSAVA RH Assistecircncia ao Parto no Brasil O lugar dos natildeo meacutedicos Satildeo PauloFaculdade de Sauacutede Puacuteblica USP 1997 Tese doutorado em sauacutede materno-infantil
__________ A mulher como protagonista do parto Encontro Regional sobre Educaccedilatildeo ePromoccedilatildeo da Sauacutede Disponiacutevel em lthtt wwwunbbracsacswebnoticiasdaunbpartohtmgt Acesso em 030603
OMS Maternidade Segura Assistecircncia ao Parto Normal um guia praacutetico Genebra 1996
OLIVEIRA F Deixar morrer de parto eacute cinismo Disponiacutevel em lthtt wwwCorreaneto com Brartigospartohtmgt Acesso em 200303
PAIVA MS Siacutentese II Seminaacuterio Estadual ldquoQualidade da Assistecircncia ao PartordquoContribuiccedilotildees da Enfermagem Curitiba Associaccedilatildeo Brasileira de Enfermagem SeccedilatildeoParanaacute 1999 P 8-11
PIRES D Hegemonia Meacutedica na Sauacutede e a Enfermagem Satildeo Paulo Cortez editora 1989
PIAUIacute Secretaria de Sauacutede do estado do Piauiacute III Seminaacuterio sobre Mortalidade MaternaTERESINA-PI 2000
PROGIANTI JM BARREIRA I A A Obstetriacutecia do saber feminino a medicalizaccedilatildeo daeacutepoca medieval ao seacuteculo XX Revista Enfermagem UERJ Rio de Janeiro V9 n1 2001
SANTOS VSC PRADO ML BOEHS AE Atuaccedilatildeo da Enfermeira junto ao casalRN noprocesso de parir embasada na teoria de Madeleine Leininger Nurse Texto amp ContextoEnfermagem Florianoacutepolis V9 n2 MaioAgo 2001
SOARES MS SIQUEIRA O Cuidado de Enfermagem no cotidiano das (os) Enfermeiras(os) Autocircnomas (os) Agrave luz de alguns conceitos da teoria humaniacutestica de Paterson e ZderardTexto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis V 9 n 2 MaioAgo 2000
SANTOS MS Histoacuteria da episiotomia Disponiacutevel em ltHttwwwmaternaturamedbrepisiohistmleitehtmgt Acesso em 020603
TANAKA A CA Maternidade dilema entre nascimento e morte Revista Baiana deEnfermagem V9 n1 Abr 1996
__________ Mortalidade Materna Sauacutede da Mulher e Direitos Reprodutivos dossiecircsSatildeo Paulo 2001
TYRRELL RAM Centro de Parto Normal Nursing Revista Teacutecnica de EnfermagemSatildeo Paulo Nordm 32 2001 Ano 4
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temaacutetica e principalmente incentivar a criaccedilatildeo de casascentro de parto normal em
TeresinaPI
BASES TEOacuteRICAS
Com a hospitalizaccedilatildeo do parto normal mais precisamente a partir do seacuteculo
XIX houve uma expansatildeo da assistecircncia meacutedica no Brasil e programas de sauacutede como a
assistecircncia preacute-natal associada agrave institucionalizaccedilatildeo do parto que privilegiava a fase
reprodutiva da mulher a fim de garantir uma prole saudaacutevel e produtiva (BRASIL 2003
12-13)
A hospitalizaccedilatildeo do parto trouxe uma sobrecarga de estresse a parturiente aleacutem
daquela inerente ao proacuteprio processo parturitivo Os procedimentos rotineiros invasivos
autoritaacuterios e impessoais durante o trabalho de parto e ou parto causam estresse que pode
interferir na conduccedilatildeo normal do parto prolongando-o e propiciando o uso de teacutecnicas
intervencionistas e traumatizantes para a mulher e o bebecirc (OMS 199611)
Para tanto a parturiente estaacute cada vez mais distante de ser protagonista do seu
parto ao se submeter a ordens e atitudes o que resultou no uso excessivo de procedimentos
invasivos e traumatizantes que aumentam o estresse interferindo na conduccedilatildeo do parto
normal como no uso abusivo de cesariana nas uacuteltimas trecircs deacutecadas
Historicamente a cesaacuterea surgiu da necessidade em situaccedilotildees extremas de salvar
o feto jaacute que nessas circunstacircncias a mulher dificilmente sobrevivia tendo em vista as
precaacuterias condiccedilotildees teacutecnicas em que o parto ocorria ateacute o seacuteculo XIX Com o avanccedilo das
teacutecnicas ciruacutergicas o parto cesaacutereo passou a ser considerado seguro o que representou
inicialmente bons resultados obsteacutetricos principalmente a partir do iniacutecio da segunda metade
do seacuteculo XX (BRASIL 200333)
Diante da aparente seguranccedila essa praacutetica passou a ser propagada por
profissionais que para sua comodidade continuaram a divulgar o parto cesaacuterio como raacutepido
seguro e sem dor Largura (199876-77) enfatiza que a cesariana se tornou uma intervenccedilatildeo
banal muitas vezes realizada natildeo apenas por causa de uma urgecircncia obsteacutetrica para salvar a
vida da matildee ou da crianccedila em sofrimento mas porque conveacutem ao hospital equipe meacutedica e
mesmo a proacutepria mulher graacutevida
A realizaccedilatildeo de cesaacutereas desnecessaacuterias eacute potencialmente danosa jaacute que os riscos
de morbidade e mortalidade materna e perinatal satildeo maiores neste procedimento do que no
parto vaginal Contudo ainda hoje uma grande parcela de mulheres natildeo tecircm acesso a esse
parto quando necessitam (BRASIL 20033595)
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Paralelamente haacute evidecircncias que apontam para uma natildeo reduccedilatildeo da morbi-
mortalidade perinatal com o aumento da taxa de cesaacuterea que no Brasil eacute de 28 superior ao
niacutevel maacuteximo recomendado pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede que eacute de 15 ficando atraacutes
apenas de paiacuteses como o Chile e outros pequenos paiacuteses asiaacuteticos o que eacute considerado como
uma epidemia de partos operatoacuterios abdominais (BRASIL 20033237)
Diante disso foram criadas as portarias MSGM 2816 de 29 de maio de 1998
MSGM 865 de 03 de julho de 1999 MSGM 466 de 14 de junho de 2000 MSGM 426 de
04 de abril de 2001 que determinam o pagamento de um percentual maacuteximo de cesarianas
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de partos de cada hospital A introduccedilatildeo em 1998 destes limites
percentuais para o pagamento de cesarianas realizadas pelo Sistema Uacutenico de Sauacutede-SUS
tem sido responsaacutevel pela reduccedilatildeo do nuacutemero de mulheres submetidas a riscos ciruacutergicos
desnecessaacuterios (BRASIL 200324)
O uso indiscriminado de intervenccedilotildees na maioria das vezes eacute feita de forma
desnecessaacuteria e rotineira sem que sejam avaliadas as implicaccedilotildees desses procedimentos para
benefiacutecio da mulher e seu concepto Ao contraacuterio pode causar complicaccedilotildees seacuterias quando
aplicadas de forma inadequada
Osava (1997119-120) que a episiotomia eacute uma praacutetica utilizada em todas as
primiacuteparas que tecircm seu parto institucionalizado A episiotomia tem sido favorecida pela
posiccedilatildeo litotocircmica adotada no nosococircmio e seus respectivos profissionais formados para
intervir e facilitar o seu trabalho
A histoacuteria da episiotomia vem sendo discutida desde a metade do seacuteculo XX
inicialmente quando a gravidez o parto e o nascimento eram considerados eventos naturais e
fisioloacutegicos os meacutedicos as mulheres e seus familiares natildeo se sentiam agrave vontade com a ideacuteia
do corte Na segunda deacutecada do seacuteculo XX foi propagado que a gravidez eacute uma doenccedila e a
sua cura ciruacutergica a episiotomia comeccedilou a ser utilizada de forma rotineira Hoje a
episiotomia deve ser reservada a situaccedilotildees extremas excepcionais dentre elas o sofrimento
fetal quando eacute preciso agilizar o nascimento Baseado em evidecircncias ficou claro que o
procedimento natildeo diminui a incidecircncia de disfunccedilotildees ao contraacuterio aumenta a incidecircncia de
dor durante a relaccedilatildeo sexual sem contar no desconforto que causa a curto meacutedio e longo
prazo (SANTOS 20031)
Dentro dessa oacutetica haacute autores que defendem praacuteticas natildeo invasivas que
privilegiam a mulher como protagonista do seu parto o que tem demonstrado benefiacutecios
vivenciados pela mulher e a crianccedila De acordo com Basile (200017) o parto na posiccedilatildeo
lateral esquerda aleacutem de evitar compressatildeo dos grandes vasos e melhorar a circulaccedilatildeo
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materno-fetal deve ser estimulado por diminuir o uso de episiotomia e traumatismos
perineais graves daacute mais liberdade de movimento para a mulher natildeo limita o periacuteodo
expulsivo frente agraves condiccedilotildees maternas e fetais favoraacuteveis aleacutem de propiciar melhor
integraccedilatildeo entre a mulher acompanhante e profissional
Osava (20021) no ldquoEncontro Regional sobre Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutederdquo
organizado pela Universidade de Brasiacutelia (UnB) discutiu a necessidade de a mulher ser
menos passiva durante o nascimento dos filhos salientando que o nascimento hoje tem sido
visto apenas como um procedimento meacutedico o que cria nas mulheres a ideacuteia de que o
trabalho de parto eacute um verdadeiro castigo A mesma autora critica a manutenccedilatildeo de
intervenccedilotildees meacutedicas como a episiotomia a tricotomia o jejum e o desrespeito ao desejo da
mulher em ter um parto natural e fisioloacutegico
Paiva (199910) destaca que o perfil do profissional meacutedico se adequa mais a
teacutecnicas intervencionistas enquanto que as enfermeiras obstetras por procedimentos menos
invasivos e mais humanizados
O processo de parir requer muita sensibilidade e percepccedilatildeo dos profissionais ao
priorizar que a mulher seja protagonista do nascimento do seu filho juntamente com o apoio
familiar mesmo que este aconteccedila numa instituiccedilatildeo de sauacutede Eacute o que se vecirc na descriccedilatildeo dos
autores a seguir que enfatizam a importacircncia da presenccedila familiar no processo do parir
Montgomery (1997193) ressalta a importacircncia da figura paterna na relaccedilatildeo
familiar e na construccedilatildeo da identidade dos filhos Os novos pais jaacute se mostram capazes de
partilhar verdadeira e profundamente as tarefas extenuantes as responsabilidades (materiais
e morais) de educar os filhos e organizar a casa No entanto a paternidade continua
desvalorizada como elemento de formaccedilatildeo do nuacutecleo familiar Tendo em vista que o pai eacute
proibido de participar do parto sob a alegaccedilatildeo de que ldquoeacute coisa de mulherrsquo
Collaccedilo (200233) defende a presenccedila paterna durante o nascimento a fim de
favorecer o viacutenculo familiar o compromisso com a mulher e a crianccedila proporcionando
conforto e seguranccedila para a mulher aleacutem da responsabilidade do pai pela prole
O parto natildeo eacute um processo apenas bioloacutegico eacute tambeacutem um acontecimento
socialcultural envolvendo a famiacutelia que passaraacute a transformar a sociedade com a chegada
de um novo ser A humanizaccedilatildeo no atendimento integral agrave mulher deve estender-se desde a
preacute-concepccedilatildeo e inclusive puerpeacuterio sem complicaccedilotildees visando agrave promoccedilatildeo do parto e
nascimento saudaacuteveis e a prevenccedilatildeo da morbimortalidade materna e perinatal assim como
evitar as intervenccedilotildees desnecessaacuterias preservando a privacidade e autonomia da mulher O
movimento de preparaccedilatildeo para o parto e para a maternidade tem como um dos objetivos
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baacutesicos humanizar o processo do nascimento atualmente tatildeo mecanizado e dissociado de seu
contexto emocional (MALDONADO 198452)
CAMINHO METODOLOacuteGICO
Trata-se de uma pesquisa teoacuterica exploratoacuteria descritiva que procurou obedecer
agraves normas da ABNT Foi baseada em uma ampla investigaccedilatildeo de referencias bibliograacuteficas
sobre a temaacutetica escolhida atraveacutes de uma coletacircnea em artigos monografia dissertaccedilotildees e
teses que explorem o assunto e satisfaccedila a curiosidade dos pesquisadores embora natildeo tenha a
pretensatildeo de esgotar ao assunto jaacute que a fonte de conhecimento existente eacute inesgotaacutevel
Conforme afirma Gil (1999) apesar de todas as pesquisas exigirem vaacuterias
referencias bibliograacuteficas para fundamentarem o estudo a pesquisa bibliograacutefica eacute
exclusivamente desenvolvida com esse objetivo
O mesmo autor destaca que a pesquisa bibliograacutefica eacute desenvolvida de acordo
com os seguintes criteacuterios formulaccedilatildeo do problema elaboraccedilatildeo do plano de trabalho
identificaccedilatildeo das fontes localizaccedilatildeo do material confecccedilatildeo de fichas construccedilatildeo loacutegica do
trabalho e redaccedilatildeo do texto O plano de trabalho sendo flexiacutevel eacute sucessivamente formulado e
sua elaboraccedilatildeo depende da clara contextualizaccedilatildeo do problema a fim de encaminhar os
procedimentos seguintes O desenvolvimento da pesquisa depende da coleccedilatildeo de itens
ordenados em seccedilotildees atraveacutes da confecccedilatildeo de fichas o que permitiu um melhor
direcionamento do que se propunha investigar
Apesar da pesquisa ser uma atividade teoacuterica alia pensamento e accedilatildeo onde nada
pode ser intelectualmente um problema se natildeo tiver sido vivenciado no cotidiano humano A
investigaccedilatildeo estaacute vinculada a interesses e circunstacircncias socialmente condicionadas
determinada em sua inserccedilatildeo na realidade nela encontrando seus motivos e objetivos
(MINAYO 2002)
O presente estudo para o seu enriquecimento buscou textos de revistas
perioacutedicas artigos dissertaccedilotildees teses livros e manuais ministeriais privilegiando
bibliografias atualizadas nos uacuteltimos cinco anos Apoacutes a identificaccedilatildeo das fontes realizamos
a confecccedilatildeo e organizaccedilatildeo de fichas leituras a fim de sintetizar as principais ideacuteias dos
outros autores pesquisados servindo de consulta e confecccedilatildeo final do trabalho estudado
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
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Diante do vasto conhecimento levantado com a contribuiccedilatildeo de outros autores
foi possiacutevel observar que a problemaacutetica estudada tem despertado a atenccedilatildeo de vaacuterios
profissionais que direta ou indiretamente estatildeo envolvidos com a realidade investigada e
atraveacutes de pesquisas fundamentadas manifestaram o desejo de mudar os cotidianos
cruelmente banalizados e desumanos que habitam em nossas maternidades
A pesquisa bibliograacutefica pretende contribuir com a sensibilizaccedilatildeo de
profissionais de sauacutede que assistem a mulher a adotarem condutas que tragam bem-estar e
garantam a seguranccedila para a mulher e o bebecirc como tambeacutem a famiacutelia e sociedade a se
sentirem responsaacuteveis pelo nascimento como um processo natural e humano com eacutetica
compromisso e solidariedade a fim de resgatar um dos principais papeacuteis da mulher que eacute o
de ser matildee com autonomia
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
BASILE A L P Estudo randomizado controlado entre as posiccedilotildees de parto litotocircmicae lateral esquerda Satildeo Paulo 2000
BRASIL Secretaria de poliacuteticas Puacuteblicas de Sauacutede Parto Aborto e Puerpeacuterio Assistecircnciahumanizada agrave mulher 2ordf ed Brasiacutelia-DF 2003
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Pacto nacional pela reduccedilatildeo da mortalidade materna eneonatal Brasiacutelia 2004
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede PHPN-Programa deHumanizaccedilatildeo no Preacute-Natal e Nascimento Brasiacutelia 2000
ERDMANN AL O Sistema de Cuidados de enfermagem Sua Organizaccedilatildeo nas Instituiccedilotildeesde Sauacutede Texto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis v7 n2 MaioAgo 1998
LARGURA M A Assistecircncia ao Parto no Brasil Satildeo Paulo 1998 p76
OSAVA RH Assistecircncia ao Parto no Brasil O lugar dos natildeo meacutedicos Satildeo PauloFaculdade de Sauacutede Puacuteblica USP 1997 Tese doutorado em sauacutede materno-infantil
PIRES D Hegemonia Meacutedica na Sauacutede e a Enfermagem Satildeo Paulo Cortez editora 1989
PROGIANTI JM BARREIRA I A A Obstetriacutecia do saber feminino a medicalizaccedilatildeo daeacutepoca medieval ao seacuteculo XX Revista Enfermagem UERJ Rio de Janeiro V9 n1 2001
TANAKA A CA Maternidade dilema entre nascimento e morte Revista Baiana deEnfermagem V9 n1 Abr 1996
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TYRRELL RAM Centro de Parto Normal Nursing Revista Teacutecnica de EnfermagemSatildeo Paulo Nordm 32 2001 Ano 4
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ARRUDA Acirc Um atendimento ao parto para fazer ser e nascer In Quando a paciente eacutemulher (Relatoacuterio do encontro nacional da Campanha Sauacutede da mulher um direito a serconquistado) Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 1989
ARRUDA E N NUNES A M P Conforto em Enfermagem Uma Anaacutelise Teoacuterico-conceitual Texto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis v7 n2 MaioAgo 1998
ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE OBSTETRIZES E ENFERMEIRAS OBSTETRASSecccedilatildeo Satildeo Paulo Dispositivos legais relacionados agrave sauacutede da mulher e do receacutem-nascido-Manual Satildeo Paulo ABENFO-SP
ALMEIDA M S A mulher e sua ldquodestinaccedilatildeordquo agrave maternidade Revista Baiana deEnfermagem v 9 n1 p46 Abril 1996
BALASKAS J Parto ativo Guia praacutetico para o parto natural 2ordf ed Satildeo Paulo Ground1993
BASILE A L P Estudo randomizado controlado entre as posiccedilotildees de parto litotocircmicae lateral esquerda Satildeo Paulo 2000
BRASIL Secretaria de poliacuteticas Puacuteblicas de Sauacutede Parto Aborto e Puerpeacuterio Assistecircnciahumanizada agrave mulher 2ordf ed Brasiacutelia-DF 2003
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BRASIL Lei nordm 7498 ndash 25 jun 1986 Dispotildee sobre o exerciacutecio da Enfermagem e daacuteoutras providecircncias Brasiacutelia 1987
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Pacto nacional pela reduccedilatildeo da mortalidade materna eneonatal Brasiacutelia 2004
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede PHPN-Programa deHumanizaccedilatildeo no Preacute-Natal e Nascimento Brasiacutelia 2000
________ PNHAH-Programa Nacional de Humanizaccedilatildeo da assistecircncia hospitalarBrasiacutelia 2001
BRUumlGGEMANN O M Buscando conhecer as diferentes partituras da humanizaccedilatildeoIn A melodia da humanizaccedilatildeo Florianoacutepolis 2001
CAPARROZ SC O resgate do parto normal Contribuiccedilotildees de uma TecnologiaApropriada Joinville 2003
CIANCIARULLO TI Um desafio para a qualidade de assistecircncia Satildeo Paulo Atheneu2003
COLLACcedilO VS Parto Vertical Vivecircncia do casal na dimensatildeo cultural no processoparir Florianoacutepolis 2002
CONSELHO NACIONAL DE SAUacuteDE Diretrizes e Normas Regulamentadoras dePesquisas Envolvendo Seres Humanos Resoluccedilatildeo 19696
ERDMANN AL O Sistema de Cuidados de enfermagem Sua Organizaccedilatildeo nas Instituiccedilotildeesde Sauacutede Texto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis v7 n2 MaioAgo 1998
GIL AC Meacutetodos e Teacutecnicas de Pesquisa Social 5ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1999
LARGURA M A Assistecircncia ao Parto no Brasil Satildeo Paulo 1998 p76
MALDONADO MTP Psicologia da gravidez parto e puerpeacuterio Ed Petroacutepolis Vozes1984
MINAYO MCS Et al Pesquisa Social Teoria e Criatividade 6ordf ed Petroacutepolis Vozes2002
MONTGOMERY Malcolm Mulher o negro do mundo Satildeo Paulo Editora Satildeo PauloGente 1997
MORSE JM A Enfermagem como Conforto Um novo Enfoque do Cuidado ProfissionalTexto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis V7 n 2 MaioAgo 1998
OLIVEIRA F Deixar morrer de parto eacute cinismo Disponiacutevel em lthttwww correanetocombrartigospartohtmgt Acesso em 200303
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OSAVA RH Assistecircncia ao Parto no Brasil O lugar dos natildeo meacutedicos Satildeo PauloFaculdade de Sauacutede Puacuteblica USP 1997 Tese doutorado em sauacutede materno-infantil
__________ A mulher como protagonista do parto Encontro Regional sobre Educaccedilatildeo ePromoccedilatildeo da Sauacutede Disponiacutevel em lthtt wwwunbbracsacswebnoticiasdaunbpartohtmgt Acesso em 030603
OMS Maternidade Segura Assistecircncia ao Parto Normal um guia praacutetico Genebra 1996
OLIVEIRA F Deixar morrer de parto eacute cinismo Disponiacutevel em lthtt wwwCorreaneto com Brartigospartohtmgt Acesso em 200303
PAIVA MS Siacutentese II Seminaacuterio Estadual ldquoQualidade da Assistecircncia ao PartordquoContribuiccedilotildees da Enfermagem Curitiba Associaccedilatildeo Brasileira de Enfermagem SeccedilatildeoParanaacute 1999 P 8-11
PIRES D Hegemonia Meacutedica na Sauacutede e a Enfermagem Satildeo Paulo Cortez editora 1989
PIAUIacute Secretaria de Sauacutede do estado do Piauiacute III Seminaacuterio sobre Mortalidade MaternaTERESINA-PI 2000
PROGIANTI JM BARREIRA I A A Obstetriacutecia do saber feminino a medicalizaccedilatildeo daeacutepoca medieval ao seacuteculo XX Revista Enfermagem UERJ Rio de Janeiro V9 n1 2001
SANTOS VSC PRADO ML BOEHS AE Atuaccedilatildeo da Enfermeira junto ao casalRN noprocesso de parir embasada na teoria de Madeleine Leininger Nurse Texto amp ContextoEnfermagem Florianoacutepolis V9 n2 MaioAgo 2001
SOARES MS SIQUEIRA O Cuidado de Enfermagem no cotidiano das (os) Enfermeiras(os) Autocircnomas (os) Agrave luz de alguns conceitos da teoria humaniacutestica de Paterson e ZderardTexto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis V 9 n 2 MaioAgo 2000
SANTOS MS Histoacuteria da episiotomia Disponiacutevel em ltHttwwwmaternaturamedbrepisiohistmleitehtmgt Acesso em 020603
TANAKA A CA Maternidade dilema entre nascimento e morte Revista Baiana deEnfermagem V9 n1 Abr 1996
__________ Mortalidade Materna Sauacutede da Mulher e Direitos Reprodutivos dossiecircsSatildeo Paulo 2001
TYRRELL RAM Centro de Parto Normal Nursing Revista Teacutecnica de EnfermagemSatildeo Paulo Nordm 32 2001 Ano 4
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Paralelamente haacute evidecircncias que apontam para uma natildeo reduccedilatildeo da morbi-
mortalidade perinatal com o aumento da taxa de cesaacuterea que no Brasil eacute de 28 superior ao
niacutevel maacuteximo recomendado pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede que eacute de 15 ficando atraacutes
apenas de paiacuteses como o Chile e outros pequenos paiacuteses asiaacuteticos o que eacute considerado como
uma epidemia de partos operatoacuterios abdominais (BRASIL 20033237)
Diante disso foram criadas as portarias MSGM 2816 de 29 de maio de 1998
MSGM 865 de 03 de julho de 1999 MSGM 466 de 14 de junho de 2000 MSGM 426 de
04 de abril de 2001 que determinam o pagamento de um percentual maacuteximo de cesarianas
em relaccedilatildeo ao nuacutemero total de partos de cada hospital A introduccedilatildeo em 1998 destes limites
percentuais para o pagamento de cesarianas realizadas pelo Sistema Uacutenico de Sauacutede-SUS
tem sido responsaacutevel pela reduccedilatildeo do nuacutemero de mulheres submetidas a riscos ciruacutergicos
desnecessaacuterios (BRASIL 200324)
O uso indiscriminado de intervenccedilotildees na maioria das vezes eacute feita de forma
desnecessaacuteria e rotineira sem que sejam avaliadas as implicaccedilotildees desses procedimentos para
benefiacutecio da mulher e seu concepto Ao contraacuterio pode causar complicaccedilotildees seacuterias quando
aplicadas de forma inadequada
Osava (1997119-120) que a episiotomia eacute uma praacutetica utilizada em todas as
primiacuteparas que tecircm seu parto institucionalizado A episiotomia tem sido favorecida pela
posiccedilatildeo litotocircmica adotada no nosococircmio e seus respectivos profissionais formados para
intervir e facilitar o seu trabalho
A histoacuteria da episiotomia vem sendo discutida desde a metade do seacuteculo XX
inicialmente quando a gravidez o parto e o nascimento eram considerados eventos naturais e
fisioloacutegicos os meacutedicos as mulheres e seus familiares natildeo se sentiam agrave vontade com a ideacuteia
do corte Na segunda deacutecada do seacuteculo XX foi propagado que a gravidez eacute uma doenccedila e a
sua cura ciruacutergica a episiotomia comeccedilou a ser utilizada de forma rotineira Hoje a
episiotomia deve ser reservada a situaccedilotildees extremas excepcionais dentre elas o sofrimento
fetal quando eacute preciso agilizar o nascimento Baseado em evidecircncias ficou claro que o
procedimento natildeo diminui a incidecircncia de disfunccedilotildees ao contraacuterio aumenta a incidecircncia de
dor durante a relaccedilatildeo sexual sem contar no desconforto que causa a curto meacutedio e longo
prazo (SANTOS 20031)
Dentro dessa oacutetica haacute autores que defendem praacuteticas natildeo invasivas que
privilegiam a mulher como protagonista do seu parto o que tem demonstrado benefiacutecios
vivenciados pela mulher e a crianccedila De acordo com Basile (200017) o parto na posiccedilatildeo
lateral esquerda aleacutem de evitar compressatildeo dos grandes vasos e melhorar a circulaccedilatildeo
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materno-fetal deve ser estimulado por diminuir o uso de episiotomia e traumatismos
perineais graves daacute mais liberdade de movimento para a mulher natildeo limita o periacuteodo
expulsivo frente agraves condiccedilotildees maternas e fetais favoraacuteveis aleacutem de propiciar melhor
integraccedilatildeo entre a mulher acompanhante e profissional
Osava (20021) no ldquoEncontro Regional sobre Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutederdquo
organizado pela Universidade de Brasiacutelia (UnB) discutiu a necessidade de a mulher ser
menos passiva durante o nascimento dos filhos salientando que o nascimento hoje tem sido
visto apenas como um procedimento meacutedico o que cria nas mulheres a ideacuteia de que o
trabalho de parto eacute um verdadeiro castigo A mesma autora critica a manutenccedilatildeo de
intervenccedilotildees meacutedicas como a episiotomia a tricotomia o jejum e o desrespeito ao desejo da
mulher em ter um parto natural e fisioloacutegico
Paiva (199910) destaca que o perfil do profissional meacutedico se adequa mais a
teacutecnicas intervencionistas enquanto que as enfermeiras obstetras por procedimentos menos
invasivos e mais humanizados
O processo de parir requer muita sensibilidade e percepccedilatildeo dos profissionais ao
priorizar que a mulher seja protagonista do nascimento do seu filho juntamente com o apoio
familiar mesmo que este aconteccedila numa instituiccedilatildeo de sauacutede Eacute o que se vecirc na descriccedilatildeo dos
autores a seguir que enfatizam a importacircncia da presenccedila familiar no processo do parir
Montgomery (1997193) ressalta a importacircncia da figura paterna na relaccedilatildeo
familiar e na construccedilatildeo da identidade dos filhos Os novos pais jaacute se mostram capazes de
partilhar verdadeira e profundamente as tarefas extenuantes as responsabilidades (materiais
e morais) de educar os filhos e organizar a casa No entanto a paternidade continua
desvalorizada como elemento de formaccedilatildeo do nuacutecleo familiar Tendo em vista que o pai eacute
proibido de participar do parto sob a alegaccedilatildeo de que ldquoeacute coisa de mulherrsquo
Collaccedilo (200233) defende a presenccedila paterna durante o nascimento a fim de
favorecer o viacutenculo familiar o compromisso com a mulher e a crianccedila proporcionando
conforto e seguranccedila para a mulher aleacutem da responsabilidade do pai pela prole
O parto natildeo eacute um processo apenas bioloacutegico eacute tambeacutem um acontecimento
socialcultural envolvendo a famiacutelia que passaraacute a transformar a sociedade com a chegada
de um novo ser A humanizaccedilatildeo no atendimento integral agrave mulher deve estender-se desde a
preacute-concepccedilatildeo e inclusive puerpeacuterio sem complicaccedilotildees visando agrave promoccedilatildeo do parto e
nascimento saudaacuteveis e a prevenccedilatildeo da morbimortalidade materna e perinatal assim como
evitar as intervenccedilotildees desnecessaacuterias preservando a privacidade e autonomia da mulher O
movimento de preparaccedilatildeo para o parto e para a maternidade tem como um dos objetivos
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baacutesicos humanizar o processo do nascimento atualmente tatildeo mecanizado e dissociado de seu
contexto emocional (MALDONADO 198452)
CAMINHO METODOLOacuteGICO
Trata-se de uma pesquisa teoacuterica exploratoacuteria descritiva que procurou obedecer
agraves normas da ABNT Foi baseada em uma ampla investigaccedilatildeo de referencias bibliograacuteficas
sobre a temaacutetica escolhida atraveacutes de uma coletacircnea em artigos monografia dissertaccedilotildees e
teses que explorem o assunto e satisfaccedila a curiosidade dos pesquisadores embora natildeo tenha a
pretensatildeo de esgotar ao assunto jaacute que a fonte de conhecimento existente eacute inesgotaacutevel
Conforme afirma Gil (1999) apesar de todas as pesquisas exigirem vaacuterias
referencias bibliograacuteficas para fundamentarem o estudo a pesquisa bibliograacutefica eacute
exclusivamente desenvolvida com esse objetivo
O mesmo autor destaca que a pesquisa bibliograacutefica eacute desenvolvida de acordo
com os seguintes criteacuterios formulaccedilatildeo do problema elaboraccedilatildeo do plano de trabalho
identificaccedilatildeo das fontes localizaccedilatildeo do material confecccedilatildeo de fichas construccedilatildeo loacutegica do
trabalho e redaccedilatildeo do texto O plano de trabalho sendo flexiacutevel eacute sucessivamente formulado e
sua elaboraccedilatildeo depende da clara contextualizaccedilatildeo do problema a fim de encaminhar os
procedimentos seguintes O desenvolvimento da pesquisa depende da coleccedilatildeo de itens
ordenados em seccedilotildees atraveacutes da confecccedilatildeo de fichas o que permitiu um melhor
direcionamento do que se propunha investigar
Apesar da pesquisa ser uma atividade teoacuterica alia pensamento e accedilatildeo onde nada
pode ser intelectualmente um problema se natildeo tiver sido vivenciado no cotidiano humano A
investigaccedilatildeo estaacute vinculada a interesses e circunstacircncias socialmente condicionadas
determinada em sua inserccedilatildeo na realidade nela encontrando seus motivos e objetivos
(MINAYO 2002)
O presente estudo para o seu enriquecimento buscou textos de revistas
perioacutedicas artigos dissertaccedilotildees teses livros e manuais ministeriais privilegiando
bibliografias atualizadas nos uacuteltimos cinco anos Apoacutes a identificaccedilatildeo das fontes realizamos
a confecccedilatildeo e organizaccedilatildeo de fichas leituras a fim de sintetizar as principais ideacuteias dos
outros autores pesquisados servindo de consulta e confecccedilatildeo final do trabalho estudado
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
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Diante do vasto conhecimento levantado com a contribuiccedilatildeo de outros autores
foi possiacutevel observar que a problemaacutetica estudada tem despertado a atenccedilatildeo de vaacuterios
profissionais que direta ou indiretamente estatildeo envolvidos com a realidade investigada e
atraveacutes de pesquisas fundamentadas manifestaram o desejo de mudar os cotidianos
cruelmente banalizados e desumanos que habitam em nossas maternidades
A pesquisa bibliograacutefica pretende contribuir com a sensibilizaccedilatildeo de
profissionais de sauacutede que assistem a mulher a adotarem condutas que tragam bem-estar e
garantam a seguranccedila para a mulher e o bebecirc como tambeacutem a famiacutelia e sociedade a se
sentirem responsaacuteveis pelo nascimento como um processo natural e humano com eacutetica
compromisso e solidariedade a fim de resgatar um dos principais papeacuteis da mulher que eacute o
de ser matildee com autonomia
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
BASILE A L P Estudo randomizado controlado entre as posiccedilotildees de parto litotocircmicae lateral esquerda Satildeo Paulo 2000
BRASIL Secretaria de poliacuteticas Puacuteblicas de Sauacutede Parto Aborto e Puerpeacuterio Assistecircnciahumanizada agrave mulher 2ordf ed Brasiacutelia-DF 2003
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Pacto nacional pela reduccedilatildeo da mortalidade materna eneonatal Brasiacutelia 2004
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede PHPN-Programa deHumanizaccedilatildeo no Preacute-Natal e Nascimento Brasiacutelia 2000
ERDMANN AL O Sistema de Cuidados de enfermagem Sua Organizaccedilatildeo nas Instituiccedilotildeesde Sauacutede Texto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis v7 n2 MaioAgo 1998
LARGURA M A Assistecircncia ao Parto no Brasil Satildeo Paulo 1998 p76
OSAVA RH Assistecircncia ao Parto no Brasil O lugar dos natildeo meacutedicos Satildeo PauloFaculdade de Sauacutede Puacuteblica USP 1997 Tese doutorado em sauacutede materno-infantil
PIRES D Hegemonia Meacutedica na Sauacutede e a Enfermagem Satildeo Paulo Cortez editora 1989
PROGIANTI JM BARREIRA I A A Obstetriacutecia do saber feminino a medicalizaccedilatildeo daeacutepoca medieval ao seacuteculo XX Revista Enfermagem UERJ Rio de Janeiro V9 n1 2001
TANAKA A CA Maternidade dilema entre nascimento e morte Revista Baiana deEnfermagem V9 n1 Abr 1996
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TYRRELL RAM Centro de Parto Normal Nursing Revista Teacutecnica de EnfermagemSatildeo Paulo Nordm 32 2001 Ano 4
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ARRUDA Acirc Um atendimento ao parto para fazer ser e nascer In Quando a paciente eacutemulher (Relatoacuterio do encontro nacional da Campanha Sauacutede da mulher um direito a serconquistado) Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 1989
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ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE OBSTETRIZES E ENFERMEIRAS OBSTETRASSecccedilatildeo Satildeo Paulo Dispositivos legais relacionados agrave sauacutede da mulher e do receacutem-nascido-Manual Satildeo Paulo ABENFO-SP
ALMEIDA M S A mulher e sua ldquodestinaccedilatildeordquo agrave maternidade Revista Baiana deEnfermagem v 9 n1 p46 Abril 1996
BALASKAS J Parto ativo Guia praacutetico para o parto natural 2ordf ed Satildeo Paulo Ground1993
BASILE A L P Estudo randomizado controlado entre as posiccedilotildees de parto litotocircmicae lateral esquerda Satildeo Paulo 2000
BRASIL Secretaria de poliacuteticas Puacuteblicas de Sauacutede Parto Aborto e Puerpeacuterio Assistecircnciahumanizada agrave mulher 2ordf ed Brasiacutelia-DF 2003
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BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Pacto nacional pela reduccedilatildeo da mortalidade materna eneonatal Brasiacutelia 2004
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________ PNHAH-Programa Nacional de Humanizaccedilatildeo da assistecircncia hospitalarBrasiacutelia 2001
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CAPARROZ SC O resgate do parto normal Contribuiccedilotildees de uma TecnologiaApropriada Joinville 2003
CIANCIARULLO TI Um desafio para a qualidade de assistecircncia Satildeo Paulo Atheneu2003
COLLACcedilO VS Parto Vertical Vivecircncia do casal na dimensatildeo cultural no processoparir Florianoacutepolis 2002
CONSELHO NACIONAL DE SAUacuteDE Diretrizes e Normas Regulamentadoras dePesquisas Envolvendo Seres Humanos Resoluccedilatildeo 19696
ERDMANN AL O Sistema de Cuidados de enfermagem Sua Organizaccedilatildeo nas Instituiccedilotildeesde Sauacutede Texto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis v7 n2 MaioAgo 1998
GIL AC Meacutetodos e Teacutecnicas de Pesquisa Social 5ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1999
LARGURA M A Assistecircncia ao Parto no Brasil Satildeo Paulo 1998 p76
MALDONADO MTP Psicologia da gravidez parto e puerpeacuterio Ed Petroacutepolis Vozes1984
MINAYO MCS Et al Pesquisa Social Teoria e Criatividade 6ordf ed Petroacutepolis Vozes2002
MONTGOMERY Malcolm Mulher o negro do mundo Satildeo Paulo Editora Satildeo PauloGente 1997
MORSE JM A Enfermagem como Conforto Um novo Enfoque do Cuidado ProfissionalTexto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis V7 n 2 MaioAgo 1998
OLIVEIRA F Deixar morrer de parto eacute cinismo Disponiacutevel em lthttwww correanetocombrartigospartohtmgt Acesso em 200303
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OSAVA RH Assistecircncia ao Parto no Brasil O lugar dos natildeo meacutedicos Satildeo PauloFaculdade de Sauacutede Puacuteblica USP 1997 Tese doutorado em sauacutede materno-infantil
__________ A mulher como protagonista do parto Encontro Regional sobre Educaccedilatildeo ePromoccedilatildeo da Sauacutede Disponiacutevel em lthtt wwwunbbracsacswebnoticiasdaunbpartohtmgt Acesso em 030603
OMS Maternidade Segura Assistecircncia ao Parto Normal um guia praacutetico Genebra 1996
OLIVEIRA F Deixar morrer de parto eacute cinismo Disponiacutevel em lthtt wwwCorreaneto com Brartigospartohtmgt Acesso em 200303
PAIVA MS Siacutentese II Seminaacuterio Estadual ldquoQualidade da Assistecircncia ao PartordquoContribuiccedilotildees da Enfermagem Curitiba Associaccedilatildeo Brasileira de Enfermagem SeccedilatildeoParanaacute 1999 P 8-11
PIRES D Hegemonia Meacutedica na Sauacutede e a Enfermagem Satildeo Paulo Cortez editora 1989
PIAUIacute Secretaria de Sauacutede do estado do Piauiacute III Seminaacuterio sobre Mortalidade MaternaTERESINA-PI 2000
PROGIANTI JM BARREIRA I A A Obstetriacutecia do saber feminino a medicalizaccedilatildeo daeacutepoca medieval ao seacuteculo XX Revista Enfermagem UERJ Rio de Janeiro V9 n1 2001
SANTOS VSC PRADO ML BOEHS AE Atuaccedilatildeo da Enfermeira junto ao casalRN noprocesso de parir embasada na teoria de Madeleine Leininger Nurse Texto amp ContextoEnfermagem Florianoacutepolis V9 n2 MaioAgo 2001
SOARES MS SIQUEIRA O Cuidado de Enfermagem no cotidiano das (os) Enfermeiras(os) Autocircnomas (os) Agrave luz de alguns conceitos da teoria humaniacutestica de Paterson e ZderardTexto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis V 9 n 2 MaioAgo 2000
SANTOS MS Histoacuteria da episiotomia Disponiacutevel em ltHttwwwmaternaturamedbrepisiohistmleitehtmgt Acesso em 020603
TANAKA A CA Maternidade dilema entre nascimento e morte Revista Baiana deEnfermagem V9 n1 Abr 1996
__________ Mortalidade Materna Sauacutede da Mulher e Direitos Reprodutivos dossiecircsSatildeo Paulo 2001
TYRRELL RAM Centro de Parto Normal Nursing Revista Teacutecnica de EnfermagemSatildeo Paulo Nordm 32 2001 Ano 4
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materno-fetal deve ser estimulado por diminuir o uso de episiotomia e traumatismos
perineais graves daacute mais liberdade de movimento para a mulher natildeo limita o periacuteodo
expulsivo frente agraves condiccedilotildees maternas e fetais favoraacuteveis aleacutem de propiciar melhor
integraccedilatildeo entre a mulher acompanhante e profissional
Osava (20021) no ldquoEncontro Regional sobre Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutederdquo
organizado pela Universidade de Brasiacutelia (UnB) discutiu a necessidade de a mulher ser
menos passiva durante o nascimento dos filhos salientando que o nascimento hoje tem sido
visto apenas como um procedimento meacutedico o que cria nas mulheres a ideacuteia de que o
trabalho de parto eacute um verdadeiro castigo A mesma autora critica a manutenccedilatildeo de
intervenccedilotildees meacutedicas como a episiotomia a tricotomia o jejum e o desrespeito ao desejo da
mulher em ter um parto natural e fisioloacutegico
Paiva (199910) destaca que o perfil do profissional meacutedico se adequa mais a
teacutecnicas intervencionistas enquanto que as enfermeiras obstetras por procedimentos menos
invasivos e mais humanizados
O processo de parir requer muita sensibilidade e percepccedilatildeo dos profissionais ao
priorizar que a mulher seja protagonista do nascimento do seu filho juntamente com o apoio
familiar mesmo que este aconteccedila numa instituiccedilatildeo de sauacutede Eacute o que se vecirc na descriccedilatildeo dos
autores a seguir que enfatizam a importacircncia da presenccedila familiar no processo do parir
Montgomery (1997193) ressalta a importacircncia da figura paterna na relaccedilatildeo
familiar e na construccedilatildeo da identidade dos filhos Os novos pais jaacute se mostram capazes de
partilhar verdadeira e profundamente as tarefas extenuantes as responsabilidades (materiais
e morais) de educar os filhos e organizar a casa No entanto a paternidade continua
desvalorizada como elemento de formaccedilatildeo do nuacutecleo familiar Tendo em vista que o pai eacute
proibido de participar do parto sob a alegaccedilatildeo de que ldquoeacute coisa de mulherrsquo
Collaccedilo (200233) defende a presenccedila paterna durante o nascimento a fim de
favorecer o viacutenculo familiar o compromisso com a mulher e a crianccedila proporcionando
conforto e seguranccedila para a mulher aleacutem da responsabilidade do pai pela prole
O parto natildeo eacute um processo apenas bioloacutegico eacute tambeacutem um acontecimento
socialcultural envolvendo a famiacutelia que passaraacute a transformar a sociedade com a chegada
de um novo ser A humanizaccedilatildeo no atendimento integral agrave mulher deve estender-se desde a
preacute-concepccedilatildeo e inclusive puerpeacuterio sem complicaccedilotildees visando agrave promoccedilatildeo do parto e
nascimento saudaacuteveis e a prevenccedilatildeo da morbimortalidade materna e perinatal assim como
evitar as intervenccedilotildees desnecessaacuterias preservando a privacidade e autonomia da mulher O
movimento de preparaccedilatildeo para o parto e para a maternidade tem como um dos objetivos
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baacutesicos humanizar o processo do nascimento atualmente tatildeo mecanizado e dissociado de seu
contexto emocional (MALDONADO 198452)
CAMINHO METODOLOacuteGICO
Trata-se de uma pesquisa teoacuterica exploratoacuteria descritiva que procurou obedecer
agraves normas da ABNT Foi baseada em uma ampla investigaccedilatildeo de referencias bibliograacuteficas
sobre a temaacutetica escolhida atraveacutes de uma coletacircnea em artigos monografia dissertaccedilotildees e
teses que explorem o assunto e satisfaccedila a curiosidade dos pesquisadores embora natildeo tenha a
pretensatildeo de esgotar ao assunto jaacute que a fonte de conhecimento existente eacute inesgotaacutevel
Conforme afirma Gil (1999) apesar de todas as pesquisas exigirem vaacuterias
referencias bibliograacuteficas para fundamentarem o estudo a pesquisa bibliograacutefica eacute
exclusivamente desenvolvida com esse objetivo
O mesmo autor destaca que a pesquisa bibliograacutefica eacute desenvolvida de acordo
com os seguintes criteacuterios formulaccedilatildeo do problema elaboraccedilatildeo do plano de trabalho
identificaccedilatildeo das fontes localizaccedilatildeo do material confecccedilatildeo de fichas construccedilatildeo loacutegica do
trabalho e redaccedilatildeo do texto O plano de trabalho sendo flexiacutevel eacute sucessivamente formulado e
sua elaboraccedilatildeo depende da clara contextualizaccedilatildeo do problema a fim de encaminhar os
procedimentos seguintes O desenvolvimento da pesquisa depende da coleccedilatildeo de itens
ordenados em seccedilotildees atraveacutes da confecccedilatildeo de fichas o que permitiu um melhor
direcionamento do que se propunha investigar
Apesar da pesquisa ser uma atividade teoacuterica alia pensamento e accedilatildeo onde nada
pode ser intelectualmente um problema se natildeo tiver sido vivenciado no cotidiano humano A
investigaccedilatildeo estaacute vinculada a interesses e circunstacircncias socialmente condicionadas
determinada em sua inserccedilatildeo na realidade nela encontrando seus motivos e objetivos
(MINAYO 2002)
O presente estudo para o seu enriquecimento buscou textos de revistas
perioacutedicas artigos dissertaccedilotildees teses livros e manuais ministeriais privilegiando
bibliografias atualizadas nos uacuteltimos cinco anos Apoacutes a identificaccedilatildeo das fontes realizamos
a confecccedilatildeo e organizaccedilatildeo de fichas leituras a fim de sintetizar as principais ideacuteias dos
outros autores pesquisados servindo de consulta e confecccedilatildeo final do trabalho estudado
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
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Diante do vasto conhecimento levantado com a contribuiccedilatildeo de outros autores
foi possiacutevel observar que a problemaacutetica estudada tem despertado a atenccedilatildeo de vaacuterios
profissionais que direta ou indiretamente estatildeo envolvidos com a realidade investigada e
atraveacutes de pesquisas fundamentadas manifestaram o desejo de mudar os cotidianos
cruelmente banalizados e desumanos que habitam em nossas maternidades
A pesquisa bibliograacutefica pretende contribuir com a sensibilizaccedilatildeo de
profissionais de sauacutede que assistem a mulher a adotarem condutas que tragam bem-estar e
garantam a seguranccedila para a mulher e o bebecirc como tambeacutem a famiacutelia e sociedade a se
sentirem responsaacuteveis pelo nascimento como um processo natural e humano com eacutetica
compromisso e solidariedade a fim de resgatar um dos principais papeacuteis da mulher que eacute o
de ser matildee com autonomia
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
BASILE A L P Estudo randomizado controlado entre as posiccedilotildees de parto litotocircmicae lateral esquerda Satildeo Paulo 2000
BRASIL Secretaria de poliacuteticas Puacuteblicas de Sauacutede Parto Aborto e Puerpeacuterio Assistecircnciahumanizada agrave mulher 2ordf ed Brasiacutelia-DF 2003
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Pacto nacional pela reduccedilatildeo da mortalidade materna eneonatal Brasiacutelia 2004
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede PHPN-Programa deHumanizaccedilatildeo no Preacute-Natal e Nascimento Brasiacutelia 2000
ERDMANN AL O Sistema de Cuidados de enfermagem Sua Organizaccedilatildeo nas Instituiccedilotildeesde Sauacutede Texto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis v7 n2 MaioAgo 1998
LARGURA M A Assistecircncia ao Parto no Brasil Satildeo Paulo 1998 p76
OSAVA RH Assistecircncia ao Parto no Brasil O lugar dos natildeo meacutedicos Satildeo PauloFaculdade de Sauacutede Puacuteblica USP 1997 Tese doutorado em sauacutede materno-infantil
PIRES D Hegemonia Meacutedica na Sauacutede e a Enfermagem Satildeo Paulo Cortez editora 1989
PROGIANTI JM BARREIRA I A A Obstetriacutecia do saber feminino a medicalizaccedilatildeo daeacutepoca medieval ao seacuteculo XX Revista Enfermagem UERJ Rio de Janeiro V9 n1 2001
TANAKA A CA Maternidade dilema entre nascimento e morte Revista Baiana deEnfermagem V9 n1 Abr 1996
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TYRRELL RAM Centro de Parto Normal Nursing Revista Teacutecnica de EnfermagemSatildeo Paulo Nordm 32 2001 Ano 4
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ARRUDA Acirc Um atendimento ao parto para fazer ser e nascer In Quando a paciente eacutemulher (Relatoacuterio do encontro nacional da Campanha Sauacutede da mulher um direito a serconquistado) Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 1989
ARRUDA E N NUNES A M P Conforto em Enfermagem Uma Anaacutelise Teoacuterico-conceitual Texto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis v7 n2 MaioAgo 1998
ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE OBSTETRIZES E ENFERMEIRAS OBSTETRASSecccedilatildeo Satildeo Paulo Dispositivos legais relacionados agrave sauacutede da mulher e do receacutem-nascido-Manual Satildeo Paulo ABENFO-SP
ALMEIDA M S A mulher e sua ldquodestinaccedilatildeordquo agrave maternidade Revista Baiana deEnfermagem v 9 n1 p46 Abril 1996
BALASKAS J Parto ativo Guia praacutetico para o parto natural 2ordf ed Satildeo Paulo Ground1993
BASILE A L P Estudo randomizado controlado entre as posiccedilotildees de parto litotocircmicae lateral esquerda Satildeo Paulo 2000
BRASIL Secretaria de poliacuteticas Puacuteblicas de Sauacutede Parto Aborto e Puerpeacuterio Assistecircnciahumanizada agrave mulher 2ordf ed Brasiacutelia-DF 2003
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BRASIL Lei nordm 7498 ndash 25 jun 1986 Dispotildee sobre o exerciacutecio da Enfermagem e daacuteoutras providecircncias Brasiacutelia 1987
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Pacto nacional pela reduccedilatildeo da mortalidade materna eneonatal Brasiacutelia 2004
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede PHPN-Programa deHumanizaccedilatildeo no Preacute-Natal e Nascimento Brasiacutelia 2000
________ PNHAH-Programa Nacional de Humanizaccedilatildeo da assistecircncia hospitalarBrasiacutelia 2001
BRUumlGGEMANN O M Buscando conhecer as diferentes partituras da humanizaccedilatildeoIn A melodia da humanizaccedilatildeo Florianoacutepolis 2001
CAPARROZ SC O resgate do parto normal Contribuiccedilotildees de uma TecnologiaApropriada Joinville 2003
CIANCIARULLO TI Um desafio para a qualidade de assistecircncia Satildeo Paulo Atheneu2003
COLLACcedilO VS Parto Vertical Vivecircncia do casal na dimensatildeo cultural no processoparir Florianoacutepolis 2002
CONSELHO NACIONAL DE SAUacuteDE Diretrizes e Normas Regulamentadoras dePesquisas Envolvendo Seres Humanos Resoluccedilatildeo 19696
ERDMANN AL O Sistema de Cuidados de enfermagem Sua Organizaccedilatildeo nas Instituiccedilotildeesde Sauacutede Texto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis v7 n2 MaioAgo 1998
GIL AC Meacutetodos e Teacutecnicas de Pesquisa Social 5ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1999
LARGURA M A Assistecircncia ao Parto no Brasil Satildeo Paulo 1998 p76
MALDONADO MTP Psicologia da gravidez parto e puerpeacuterio Ed Petroacutepolis Vozes1984
MINAYO MCS Et al Pesquisa Social Teoria e Criatividade 6ordf ed Petroacutepolis Vozes2002
MONTGOMERY Malcolm Mulher o negro do mundo Satildeo Paulo Editora Satildeo PauloGente 1997
MORSE JM A Enfermagem como Conforto Um novo Enfoque do Cuidado ProfissionalTexto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis V7 n 2 MaioAgo 1998
OLIVEIRA F Deixar morrer de parto eacute cinismo Disponiacutevel em lthttwww correanetocombrartigospartohtmgt Acesso em 200303
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OSAVA RH Assistecircncia ao Parto no Brasil O lugar dos natildeo meacutedicos Satildeo PauloFaculdade de Sauacutede Puacuteblica USP 1997 Tese doutorado em sauacutede materno-infantil
__________ A mulher como protagonista do parto Encontro Regional sobre Educaccedilatildeo ePromoccedilatildeo da Sauacutede Disponiacutevel em lthtt wwwunbbracsacswebnoticiasdaunbpartohtmgt Acesso em 030603
OMS Maternidade Segura Assistecircncia ao Parto Normal um guia praacutetico Genebra 1996
OLIVEIRA F Deixar morrer de parto eacute cinismo Disponiacutevel em lthtt wwwCorreaneto com Brartigospartohtmgt Acesso em 200303
PAIVA MS Siacutentese II Seminaacuterio Estadual ldquoQualidade da Assistecircncia ao PartordquoContribuiccedilotildees da Enfermagem Curitiba Associaccedilatildeo Brasileira de Enfermagem SeccedilatildeoParanaacute 1999 P 8-11
PIRES D Hegemonia Meacutedica na Sauacutede e a Enfermagem Satildeo Paulo Cortez editora 1989
PIAUIacute Secretaria de Sauacutede do estado do Piauiacute III Seminaacuterio sobre Mortalidade MaternaTERESINA-PI 2000
PROGIANTI JM BARREIRA I A A Obstetriacutecia do saber feminino a medicalizaccedilatildeo daeacutepoca medieval ao seacuteculo XX Revista Enfermagem UERJ Rio de Janeiro V9 n1 2001
SANTOS VSC PRADO ML BOEHS AE Atuaccedilatildeo da Enfermeira junto ao casalRN noprocesso de parir embasada na teoria de Madeleine Leininger Nurse Texto amp ContextoEnfermagem Florianoacutepolis V9 n2 MaioAgo 2001
SOARES MS SIQUEIRA O Cuidado de Enfermagem no cotidiano das (os) Enfermeiras(os) Autocircnomas (os) Agrave luz de alguns conceitos da teoria humaniacutestica de Paterson e ZderardTexto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis V 9 n 2 MaioAgo 2000
SANTOS MS Histoacuteria da episiotomia Disponiacutevel em ltHttwwwmaternaturamedbrepisiohistmleitehtmgt Acesso em 020603
TANAKA A CA Maternidade dilema entre nascimento e morte Revista Baiana deEnfermagem V9 n1 Abr 1996
__________ Mortalidade Materna Sauacutede da Mulher e Direitos Reprodutivos dossiecircsSatildeo Paulo 2001
TYRRELL RAM Centro de Parto Normal Nursing Revista Teacutecnica de EnfermagemSatildeo Paulo Nordm 32 2001 Ano 4
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baacutesicos humanizar o processo do nascimento atualmente tatildeo mecanizado e dissociado de seu
contexto emocional (MALDONADO 198452)
CAMINHO METODOLOacuteGICO
Trata-se de uma pesquisa teoacuterica exploratoacuteria descritiva que procurou obedecer
agraves normas da ABNT Foi baseada em uma ampla investigaccedilatildeo de referencias bibliograacuteficas
sobre a temaacutetica escolhida atraveacutes de uma coletacircnea em artigos monografia dissertaccedilotildees e
teses que explorem o assunto e satisfaccedila a curiosidade dos pesquisadores embora natildeo tenha a
pretensatildeo de esgotar ao assunto jaacute que a fonte de conhecimento existente eacute inesgotaacutevel
Conforme afirma Gil (1999) apesar de todas as pesquisas exigirem vaacuterias
referencias bibliograacuteficas para fundamentarem o estudo a pesquisa bibliograacutefica eacute
exclusivamente desenvolvida com esse objetivo
O mesmo autor destaca que a pesquisa bibliograacutefica eacute desenvolvida de acordo
com os seguintes criteacuterios formulaccedilatildeo do problema elaboraccedilatildeo do plano de trabalho
identificaccedilatildeo das fontes localizaccedilatildeo do material confecccedilatildeo de fichas construccedilatildeo loacutegica do
trabalho e redaccedilatildeo do texto O plano de trabalho sendo flexiacutevel eacute sucessivamente formulado e
sua elaboraccedilatildeo depende da clara contextualizaccedilatildeo do problema a fim de encaminhar os
procedimentos seguintes O desenvolvimento da pesquisa depende da coleccedilatildeo de itens
ordenados em seccedilotildees atraveacutes da confecccedilatildeo de fichas o que permitiu um melhor
direcionamento do que se propunha investigar
Apesar da pesquisa ser uma atividade teoacuterica alia pensamento e accedilatildeo onde nada
pode ser intelectualmente um problema se natildeo tiver sido vivenciado no cotidiano humano A
investigaccedilatildeo estaacute vinculada a interesses e circunstacircncias socialmente condicionadas
determinada em sua inserccedilatildeo na realidade nela encontrando seus motivos e objetivos
(MINAYO 2002)
O presente estudo para o seu enriquecimento buscou textos de revistas
perioacutedicas artigos dissertaccedilotildees teses livros e manuais ministeriais privilegiando
bibliografias atualizadas nos uacuteltimos cinco anos Apoacutes a identificaccedilatildeo das fontes realizamos
a confecccedilatildeo e organizaccedilatildeo de fichas leituras a fim de sintetizar as principais ideacuteias dos
outros autores pesquisados servindo de consulta e confecccedilatildeo final do trabalho estudado
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
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Diante do vasto conhecimento levantado com a contribuiccedilatildeo de outros autores
foi possiacutevel observar que a problemaacutetica estudada tem despertado a atenccedilatildeo de vaacuterios
profissionais que direta ou indiretamente estatildeo envolvidos com a realidade investigada e
atraveacutes de pesquisas fundamentadas manifestaram o desejo de mudar os cotidianos
cruelmente banalizados e desumanos que habitam em nossas maternidades
A pesquisa bibliograacutefica pretende contribuir com a sensibilizaccedilatildeo de
profissionais de sauacutede que assistem a mulher a adotarem condutas que tragam bem-estar e
garantam a seguranccedila para a mulher e o bebecirc como tambeacutem a famiacutelia e sociedade a se
sentirem responsaacuteveis pelo nascimento como um processo natural e humano com eacutetica
compromisso e solidariedade a fim de resgatar um dos principais papeacuteis da mulher que eacute o
de ser matildee com autonomia
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
BASILE A L P Estudo randomizado controlado entre as posiccedilotildees de parto litotocircmicae lateral esquerda Satildeo Paulo 2000
BRASIL Secretaria de poliacuteticas Puacuteblicas de Sauacutede Parto Aborto e Puerpeacuterio Assistecircnciahumanizada agrave mulher 2ordf ed Brasiacutelia-DF 2003
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Pacto nacional pela reduccedilatildeo da mortalidade materna eneonatal Brasiacutelia 2004
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede PHPN-Programa deHumanizaccedilatildeo no Preacute-Natal e Nascimento Brasiacutelia 2000
ERDMANN AL O Sistema de Cuidados de enfermagem Sua Organizaccedilatildeo nas Instituiccedilotildeesde Sauacutede Texto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis v7 n2 MaioAgo 1998
LARGURA M A Assistecircncia ao Parto no Brasil Satildeo Paulo 1998 p76
OSAVA RH Assistecircncia ao Parto no Brasil O lugar dos natildeo meacutedicos Satildeo PauloFaculdade de Sauacutede Puacuteblica USP 1997 Tese doutorado em sauacutede materno-infantil
PIRES D Hegemonia Meacutedica na Sauacutede e a Enfermagem Satildeo Paulo Cortez editora 1989
PROGIANTI JM BARREIRA I A A Obstetriacutecia do saber feminino a medicalizaccedilatildeo daeacutepoca medieval ao seacuteculo XX Revista Enfermagem UERJ Rio de Janeiro V9 n1 2001
TANAKA A CA Maternidade dilema entre nascimento e morte Revista Baiana deEnfermagem V9 n1 Abr 1996
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TYRRELL RAM Centro de Parto Normal Nursing Revista Teacutecnica de EnfermagemSatildeo Paulo Nordm 32 2001 Ano 4
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ARRUDA Acirc Um atendimento ao parto para fazer ser e nascer In Quando a paciente eacutemulher (Relatoacuterio do encontro nacional da Campanha Sauacutede da mulher um direito a serconquistado) Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 1989
ARRUDA E N NUNES A M P Conforto em Enfermagem Uma Anaacutelise Teoacuterico-conceitual Texto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis v7 n2 MaioAgo 1998
ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE OBSTETRIZES E ENFERMEIRAS OBSTETRASSecccedilatildeo Satildeo Paulo Dispositivos legais relacionados agrave sauacutede da mulher e do receacutem-nascido-Manual Satildeo Paulo ABENFO-SP
ALMEIDA M S A mulher e sua ldquodestinaccedilatildeordquo agrave maternidade Revista Baiana deEnfermagem v 9 n1 p46 Abril 1996
BALASKAS J Parto ativo Guia praacutetico para o parto natural 2ordf ed Satildeo Paulo Ground1993
BASILE A L P Estudo randomizado controlado entre as posiccedilotildees de parto litotocircmicae lateral esquerda Satildeo Paulo 2000
BRASIL Secretaria de poliacuteticas Puacuteblicas de Sauacutede Parto Aborto e Puerpeacuterio Assistecircnciahumanizada agrave mulher 2ordf ed Brasiacutelia-DF 2003
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BRASIL Lei nordm 7498 ndash 25 jun 1986 Dispotildee sobre o exerciacutecio da Enfermagem e daacuteoutras providecircncias Brasiacutelia 1987
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Pacto nacional pela reduccedilatildeo da mortalidade materna eneonatal Brasiacutelia 2004
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede PHPN-Programa deHumanizaccedilatildeo no Preacute-Natal e Nascimento Brasiacutelia 2000
________ PNHAH-Programa Nacional de Humanizaccedilatildeo da assistecircncia hospitalarBrasiacutelia 2001
BRUumlGGEMANN O M Buscando conhecer as diferentes partituras da humanizaccedilatildeoIn A melodia da humanizaccedilatildeo Florianoacutepolis 2001
CAPARROZ SC O resgate do parto normal Contribuiccedilotildees de uma TecnologiaApropriada Joinville 2003
CIANCIARULLO TI Um desafio para a qualidade de assistecircncia Satildeo Paulo Atheneu2003
COLLACcedilO VS Parto Vertical Vivecircncia do casal na dimensatildeo cultural no processoparir Florianoacutepolis 2002
CONSELHO NACIONAL DE SAUacuteDE Diretrizes e Normas Regulamentadoras dePesquisas Envolvendo Seres Humanos Resoluccedilatildeo 19696
ERDMANN AL O Sistema de Cuidados de enfermagem Sua Organizaccedilatildeo nas Instituiccedilotildeesde Sauacutede Texto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis v7 n2 MaioAgo 1998
GIL AC Meacutetodos e Teacutecnicas de Pesquisa Social 5ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1999
LARGURA M A Assistecircncia ao Parto no Brasil Satildeo Paulo 1998 p76
MALDONADO MTP Psicologia da gravidez parto e puerpeacuterio Ed Petroacutepolis Vozes1984
MINAYO MCS Et al Pesquisa Social Teoria e Criatividade 6ordf ed Petroacutepolis Vozes2002
MONTGOMERY Malcolm Mulher o negro do mundo Satildeo Paulo Editora Satildeo PauloGente 1997
MORSE JM A Enfermagem como Conforto Um novo Enfoque do Cuidado ProfissionalTexto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis V7 n 2 MaioAgo 1998
OLIVEIRA F Deixar morrer de parto eacute cinismo Disponiacutevel em lthttwww correanetocombrartigospartohtmgt Acesso em 200303
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OSAVA RH Assistecircncia ao Parto no Brasil O lugar dos natildeo meacutedicos Satildeo PauloFaculdade de Sauacutede Puacuteblica USP 1997 Tese doutorado em sauacutede materno-infantil
__________ A mulher como protagonista do parto Encontro Regional sobre Educaccedilatildeo ePromoccedilatildeo da Sauacutede Disponiacutevel em lthtt wwwunbbracsacswebnoticiasdaunbpartohtmgt Acesso em 030603
OMS Maternidade Segura Assistecircncia ao Parto Normal um guia praacutetico Genebra 1996
OLIVEIRA F Deixar morrer de parto eacute cinismo Disponiacutevel em lthtt wwwCorreaneto com Brartigospartohtmgt Acesso em 200303
PAIVA MS Siacutentese II Seminaacuterio Estadual ldquoQualidade da Assistecircncia ao PartordquoContribuiccedilotildees da Enfermagem Curitiba Associaccedilatildeo Brasileira de Enfermagem SeccedilatildeoParanaacute 1999 P 8-11
PIRES D Hegemonia Meacutedica na Sauacutede e a Enfermagem Satildeo Paulo Cortez editora 1989
PIAUIacute Secretaria de Sauacutede do estado do Piauiacute III Seminaacuterio sobre Mortalidade MaternaTERESINA-PI 2000
PROGIANTI JM BARREIRA I A A Obstetriacutecia do saber feminino a medicalizaccedilatildeo daeacutepoca medieval ao seacuteculo XX Revista Enfermagem UERJ Rio de Janeiro V9 n1 2001
SANTOS VSC PRADO ML BOEHS AE Atuaccedilatildeo da Enfermeira junto ao casalRN noprocesso de parir embasada na teoria de Madeleine Leininger Nurse Texto amp ContextoEnfermagem Florianoacutepolis V9 n2 MaioAgo 2001
SOARES MS SIQUEIRA O Cuidado de Enfermagem no cotidiano das (os) Enfermeiras(os) Autocircnomas (os) Agrave luz de alguns conceitos da teoria humaniacutestica de Paterson e ZderardTexto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis V 9 n 2 MaioAgo 2000
SANTOS MS Histoacuteria da episiotomia Disponiacutevel em ltHttwwwmaternaturamedbrepisiohistmleitehtmgt Acesso em 020603
TANAKA A CA Maternidade dilema entre nascimento e morte Revista Baiana deEnfermagem V9 n1 Abr 1996
__________ Mortalidade Materna Sauacutede da Mulher e Direitos Reprodutivos dossiecircsSatildeo Paulo 2001
TYRRELL RAM Centro de Parto Normal Nursing Revista Teacutecnica de EnfermagemSatildeo Paulo Nordm 32 2001 Ano 4
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Diante do vasto conhecimento levantado com a contribuiccedilatildeo de outros autores
foi possiacutevel observar que a problemaacutetica estudada tem despertado a atenccedilatildeo de vaacuterios
profissionais que direta ou indiretamente estatildeo envolvidos com a realidade investigada e
atraveacutes de pesquisas fundamentadas manifestaram o desejo de mudar os cotidianos
cruelmente banalizados e desumanos que habitam em nossas maternidades
A pesquisa bibliograacutefica pretende contribuir com a sensibilizaccedilatildeo de
profissionais de sauacutede que assistem a mulher a adotarem condutas que tragam bem-estar e
garantam a seguranccedila para a mulher e o bebecirc como tambeacutem a famiacutelia e sociedade a se
sentirem responsaacuteveis pelo nascimento como um processo natural e humano com eacutetica
compromisso e solidariedade a fim de resgatar um dos principais papeacuteis da mulher que eacute o
de ser matildee com autonomia
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
BASILE A L P Estudo randomizado controlado entre as posiccedilotildees de parto litotocircmicae lateral esquerda Satildeo Paulo 2000
BRASIL Secretaria de poliacuteticas Puacuteblicas de Sauacutede Parto Aborto e Puerpeacuterio Assistecircnciahumanizada agrave mulher 2ordf ed Brasiacutelia-DF 2003
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Pacto nacional pela reduccedilatildeo da mortalidade materna eneonatal Brasiacutelia 2004
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede PHPN-Programa deHumanizaccedilatildeo no Preacute-Natal e Nascimento Brasiacutelia 2000
ERDMANN AL O Sistema de Cuidados de enfermagem Sua Organizaccedilatildeo nas Instituiccedilotildeesde Sauacutede Texto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis v7 n2 MaioAgo 1998
LARGURA M A Assistecircncia ao Parto no Brasil Satildeo Paulo 1998 p76
OSAVA RH Assistecircncia ao Parto no Brasil O lugar dos natildeo meacutedicos Satildeo PauloFaculdade de Sauacutede Puacuteblica USP 1997 Tese doutorado em sauacutede materno-infantil
PIRES D Hegemonia Meacutedica na Sauacutede e a Enfermagem Satildeo Paulo Cortez editora 1989
PROGIANTI JM BARREIRA I A A Obstetriacutecia do saber feminino a medicalizaccedilatildeo daeacutepoca medieval ao seacuteculo XX Revista Enfermagem UERJ Rio de Janeiro V9 n1 2001
TANAKA A CA Maternidade dilema entre nascimento e morte Revista Baiana deEnfermagem V9 n1 Abr 1996
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TYRRELL RAM Centro de Parto Normal Nursing Revista Teacutecnica de EnfermagemSatildeo Paulo Nordm 32 2001 Ano 4
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ARRUDA Acirc Um atendimento ao parto para fazer ser e nascer In Quando a paciente eacutemulher (Relatoacuterio do encontro nacional da Campanha Sauacutede da mulher um direito a serconquistado) Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 1989
ARRUDA E N NUNES A M P Conforto em Enfermagem Uma Anaacutelise Teoacuterico-conceitual Texto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis v7 n2 MaioAgo 1998
ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE OBSTETRIZES E ENFERMEIRAS OBSTETRASSecccedilatildeo Satildeo Paulo Dispositivos legais relacionados agrave sauacutede da mulher e do receacutem-nascido-Manual Satildeo Paulo ABENFO-SP
ALMEIDA M S A mulher e sua ldquodestinaccedilatildeordquo agrave maternidade Revista Baiana deEnfermagem v 9 n1 p46 Abril 1996
BALASKAS J Parto ativo Guia praacutetico para o parto natural 2ordf ed Satildeo Paulo Ground1993
BASILE A L P Estudo randomizado controlado entre as posiccedilotildees de parto litotocircmicae lateral esquerda Satildeo Paulo 2000
BRASIL Secretaria de poliacuteticas Puacuteblicas de Sauacutede Parto Aborto e Puerpeacuterio Assistecircnciahumanizada agrave mulher 2ordf ed Brasiacutelia-DF 2003
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BRASIL Lei nordm 7498 ndash 25 jun 1986 Dispotildee sobre o exerciacutecio da Enfermagem e daacuteoutras providecircncias Brasiacutelia 1987
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Pacto nacional pela reduccedilatildeo da mortalidade materna eneonatal Brasiacutelia 2004
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede PHPN-Programa deHumanizaccedilatildeo no Preacute-Natal e Nascimento Brasiacutelia 2000
________ PNHAH-Programa Nacional de Humanizaccedilatildeo da assistecircncia hospitalarBrasiacutelia 2001
BRUumlGGEMANN O M Buscando conhecer as diferentes partituras da humanizaccedilatildeoIn A melodia da humanizaccedilatildeo Florianoacutepolis 2001
CAPARROZ SC O resgate do parto normal Contribuiccedilotildees de uma TecnologiaApropriada Joinville 2003
CIANCIARULLO TI Um desafio para a qualidade de assistecircncia Satildeo Paulo Atheneu2003
COLLACcedilO VS Parto Vertical Vivecircncia do casal na dimensatildeo cultural no processoparir Florianoacutepolis 2002
CONSELHO NACIONAL DE SAUacuteDE Diretrizes e Normas Regulamentadoras dePesquisas Envolvendo Seres Humanos Resoluccedilatildeo 19696
ERDMANN AL O Sistema de Cuidados de enfermagem Sua Organizaccedilatildeo nas Instituiccedilotildeesde Sauacutede Texto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis v7 n2 MaioAgo 1998
GIL AC Meacutetodos e Teacutecnicas de Pesquisa Social 5ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1999
LARGURA M A Assistecircncia ao Parto no Brasil Satildeo Paulo 1998 p76
MALDONADO MTP Psicologia da gravidez parto e puerpeacuterio Ed Petroacutepolis Vozes1984
MINAYO MCS Et al Pesquisa Social Teoria e Criatividade 6ordf ed Petroacutepolis Vozes2002
MONTGOMERY Malcolm Mulher o negro do mundo Satildeo Paulo Editora Satildeo PauloGente 1997
MORSE JM A Enfermagem como Conforto Um novo Enfoque do Cuidado ProfissionalTexto amp Contexto Enfermagem Florianoacutepolis V7 n 2 MaioAgo 1998
OLIVEIRA F Deixar morrer de parto eacute cinismo Disponiacutevel em lthttwww correanetocombrartigospartohtmgt Acesso em 200303
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OSAVA RH Assistecircncia ao Parto no Brasil O lugar dos natildeo meacutedicos Satildeo PauloFaculdade de Sauacutede Puacuteblica USP 1997 Tese doutorado em sauacutede materno-infantil
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TYRRELL RAM Centro de Parto Normal Nursing Revista Teacutecnica de EnfermagemSatildeo Paulo Nordm 32 2001 Ano 4
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