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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLAcircNDIA
PROGRAMA DE POacuteS GRADUACcedilAtildeO EM ARQUITETURA E URBANISMO- PPGAU
O SISTEMA DE ESPACcedilOS LIVRES NA FORMA URBANA DE PATOS DE MINAS
The open spaces system in the urban form of Patos de Minas
NAYARA CRISTINA ROSA AMORIM
DISSERTACcedilAtildeO APRESENTADA AO PRROGRAMA DE POacuteS GRADUACcedilAtildeO EM
ARQUITETURA E URBANISMO DA FACULDADE DE ARQUITETURA URBANISMO E
DESIGN DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLAcircNDIA PARA OBTENCcedilAtildeO DO
TIacuteTULO DE MESTRE EM ARQUITETURA E URBANISMO
AacuteREA DE CONCENTRACcedilAtildeO PROJETO ESPACcedilO E CULTURA
LINHA DE PESQUISA PROCESSOS URBANOS PROJETO E TECNOLOGIA
ORIENTACcedilAtildeO PROF DR GLAUCO DE PAULA COCOZZA
UBERLAcircNDIA
2015
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AUTORIZO A REPRODUCcedilAtildeO E DIVULGACcedilAtildeO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETROcircNICO PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA DESDE DE QUE CITADA A FONTE
E-MAIL nayaraamorimarqgmailcom
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AMORIM Nayara Cristiana Rosa O sistema de espaccedilos livres na forma urbana de Patos de
Minas Dissertaccedilatildeo apresentada a Faculdade de Arquitetura Urbanismo e Design da
Universidade Federal de Uberlacircndia Uberlacircndia 2015
BANCA EXAMINADORA
APROVADO EM
PROF DR __________________________________________ INSTITUICcedilAtildeO ___________
JULGAMENTO _____________________________________________________________
ASSINATURA ______________________________________________________________
PROF DR __________________________________________ INSTITUICcedilAtildeO ___________
JULGAMENTO _____________________________________________________________
ASSINATURA ______________________________________________________________
PROF DR __________________________________________ INSTITUICcedilAtildeO ___________
JULGAMENTO _____________________________________________________________
ASSINATURA ______________________________________________________________
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DEDICATORIA
Dedico a todos aqueles que estiveram do meu lado
apoiando e auxiliando nesse processo de aprendizagem
Em especial ao meu noivo
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AGRADECIMENTOS
Agrave Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Pesquisa do Estado de Minas Gerais - FAPEMIG pelo financiamento
durante a pesquisa
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico - CNPq pelo
financiamento da pesquisa maior na qual se insere essa dissertaccedilatildeo
Ao Grupo de Pesquisa QUAPAacute-SEL pela base metodoloacutegica e bibliograacutefica E em especial ao
grupo de pesquisa Neurb- Nuacutecleo de Estudos Urbanos pelas discussotildees e trocas de
informaccedilotildees
Ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo - PPGAU (FAUeD UFU)
incluindo todos os professores e principalmente a coordenaccedilatildeo e secretaria pelo empenho
em fazer crescer o curso e por toda assessoria prestada
Agradeccedilo ao Prof Dr Glauco Cocozza pela sabedoria compartilhada pelo tempo dedicado e
principalmente pelo incentivo
Aos professores Dr Eugecircnio Queiroga e Dr Carlos Loboda pelas consideraccedilotildees apontadas no
Exame de Qualificaccedilatildeo imprescindiacuteveis no desenvolvimento dessa pesquisa
Agrave minha matildee ao meu pai e aos meus irmatildeos Flaacutevia Janaina e Fabriacutecio que estiveram ao meu
lado durante todos os dias com paciecircncia incessante me alimentando com amor e forccedila
inestimaacuteveis Amo vocecircs
Ao Mathues namorado noivo e futuro esposo por todo o carinho paciecircncia e atenccedilatildeo
dedicados
Aos meus amigos pelo apoio e carinho
Aos meus colegas de mestrado pela companhia nos dias intensos de estudos e
principalmente por tornarem essa caminhada prazerosa
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RESUMO
A pesquisa analisa a configuraccedilatildeo do Sistema de Espaccedilos Livres na forma urbana de Patos de Minas uma cidade de meacutedio porte no interior do estado de Minas Gerais O espaccedilo livre eacute caracterizado como todo espaccedilo livre de edificaccedilatildeo e eacute um dos principais elementos morfoloacutegicos capazes de contribuir com a conservaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da paisagem estruturar a forma urbana e conferir identidade agraves cidades O espaccedilo livre eacute um dos principais caracterizadores das diferentes paisagens urbanas presentes na cidade A partir do estudo da configuraccedilatildeo ecoloacutegica espacial fundiaacuteria e tipoloacutegica desses espaccedilos busca-se o entendimento de que todos cada um com suas caracteriacutesticas e funccedilotildees estatildeo interligados de maneira sistecircmica estruturando as funccedilotildees ambientais sociais culturais e de paisagem presentes na dinacircmica urbana Essa abordagem permite elaborar uma visatildeo sistecircmica da estrutura urbana na qual se observa natildeo apenas os conjuntos de espaccedilos livres mas tambeacutem suas interaccedilotildees e articulaccedilotildees com o edificado com a sociedade com o suporte fiacutesico e com a forma urbana
Palavras-chave Sistema de Espaccedilos Livres Forma Urbana Unidades de Paisagem Patos de
Minas
ABSTRACT
This research analyzes the configuration of the Open Spaces System in the urban form of Patos de Minas one medium-sized city in the state of Minas Gerais The open space is characterized like everyone open space of edification and is one of the main morphological elements able to contribute to the conservation and enhancement of the landscape organize the urban form and confer identity to the cities The open space is a major characterizer of the different urban landscapes present in the city Starting from the study of ecological setting spatial land ownership and typological of those spaces sought the understanding that everyone each one with its characteristics and functions are interconnected in a systemic way structuring the environmental function social cultural and landscape present in the urban dynamic This approach enables elaborate a systemic view of the urban structure in which it is observed not just the sets of open spaces but also their interactions and articulations with the edified with society with the physical support and with the urban form
Palavras-chave Open Spaces System Urban Form Landscape Units Patos de Minas
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LISTA DE ABREVIATURAS
SIGLAS E SIacuteMBOLOS
AABB Associaccedilatildeo Atleacutetica Banco do Brasil
APA Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental
ARL Aacuterea de Reserva Legal
APP e APPrsquos Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente Aacutereas de Presrvaccedilatildeo Permanente
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
EL Espaccedilo Livre
ETA Estaccedilatildeo de Tratamento de Aacutegua
ETE Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgoto
FAUed Faculdade de Arquitetura Urbanismo e Design
i Inclinaccedilatildeo
SEL-RJ Grupo de Sistema de Espaccedilos Livres- Rio de Janeiro
HIS Habitaccedilatildeo de Interesse Social
MCMV Minha Casa Minha Vida
NEURB Nuacutecleo de Estudos Urbanos
ORT Ortogonal
PTC Patos Tecircnis Clube
Quapaacute-SEL Quadro do Paisagismo Brasileiro ndashSistema de Espaccedilos Livres
CEASA Centro de Abastecimento SA
SEL Sistema de Espaccedilos Livres
UNIPAM Centro Universitaacuterio de Patos de Minas
UP Unidade de Paisagem
URT Uniatildeo Recreativa dos Trabalhadores (um dos times de futebol da cidade)
Unesco Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura
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SUMAacuteRIO
ELEMENTOS PREacute-TEXTUAIS
Dedicatoacuteria 005
Agradecimentos 006
Resumo e Abstract 007
Lista de Abreviaturas e Siglas e Siacutembolos 008
INTRODUCcedilAtildeO 013
Sobre os pensamentos norteadores 013
Sobre o meacutetodo 014
Sobre o decorrer dos capiacutetulos 014
CAPIacuteTULO 1 a paisagem e a forma urbana
018 11 PAISAGENS URBANA CONCEITUACcedilAtildeO
021 12 MORFOLOGIA E FORMA URBANA FORMA URBANA MALHA URBANA TECIDO URBANO
025 13 FORMACcedilAtildeO E TRANSFORMACcedilAtildeO DA MALHA URBANA PATENSE
028 131 DO INIacuteCIO DO POVOADO ATEacute A DEacuteCADA DE 1930 BORGES X MACIEIS
037 132 DA DEacuteCADA DE 1940 ATEacute A DEacuteCADA DE 1960 AUMENTO POPULACIONAL
040 133 DAacute DEacuteCADA DE 1970 ATEacute A DEacuteCADA DE 1980 INCORPORACcedilAtildeO DOS CORPOS DrsquoAacuteGUA
044 134 DA DEacuteCADA DE 1990 ATEacute OS DIAS ATUAIS A FORMA URBANA ATUAL
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CAPIacuteTULO 2 o sistema de espaccedilos livres
051 21 ESPACcedilOS LIVRES ESPACcedilOS ABERTOS AacuteREAS VERDES
053 22 O PENSAMENTO SISTEcircMICO
055 23 ESPACcedilOS LIVRES NAS CIDADE MEacuteDIAS
057 24 OS ESPACcedilOS LIVRES NA FORMA URBANA DE PATOS DE MINAS
058 241 RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA espaccedilos livres x suporte ambiental
065 242 CONFIGURACcedilAtildeO ESPACIAL espaccedilos livres x malha urbana
2421 Configuraccedilotildees da malha urbana
2422 Espaccedilos livres na malha urbana
2423 Tipos de traccedilado
083 243 RELACcedilOtildeES DE USOS DO SOLO espaccedilos livres x uso
2431 Distribuiccedilatildeo fundiaacuteria
2432 Usos do solo
090 25 O SISTEMA DE ESPACcedilOS LIVRES DE PATOS DE MINAS
090 251 TIPOLOGIAS DE ESPACcedilOS LIVRES
092 252 CATEGORIAS DE ESPACcedilOS LIVRES
102 253 RELACcedilOtildeES SISTEcircMICAS DOS ESPACcedilOS LIVRES
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CAPIacuteTULO 3 as unidades de paisagem
109 31 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS
110 32 UNIDADES DE PAISAGEM DE PATOS DE MINAS
113 321 UNIDADE DE PAISAGEM 01
116 322 UNIDADE DE PAISAGEM 02
120 323 UNIDADE DE PAISAGEM 03
123 324 UNIDADE DE PAISAGEM 04
128 325 UNIDADE DE PAISAGEM 05
132 326 UNIDADE DE PAISAGEM 06
135 327 UNIDADE DE PAISAGEM 07
139 328 UNIDADE DE PAISAGEM 08
143 329 UNIDADE DE PAISAGEM 09
148 3210 UNIDADE DE PAISAGEM 10
151 33 AS UNIDADES DE PAISAGEM NA CIDADE
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS PERSPECTIVAS E DESAFIOS 154
SOBRE OS DESAFIOS A SEREM ENFRENTADOS 156
SOBRE OS POSSIacuteVEIS DESDOBRAMENTOS DA PESQUISA 157
REFEREcircNCIAS 159
ACERVOS ARQUIVOS E JORNAIS 159
LEIS E DECRETOS 159
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 160
ANEXOS 164
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INTRODUCcedilAtildeO
SOBRE OS PENSAMENTOS NORTEADORES
O trabalho eacute um exerciacutecio de olhar para a cidade e ler entre seus traccedilados suas ruas lotes e
quadras Buscando entender as promessas que ficaram no ar os projetos vislumbrados mas
nunca concretizados que vatildeo desde a rua que natildeo foi asfaltada ateacute o coacuterrego canalizado que
natildeo foi aberto Entender o processo histoacuterico as relaccedilotildees culturais o desenho da malha
urbana que se estende por entre os fundos dos vales e acompanha o desenho dos coacuterregos e
rios
Grande parte da vida na cidade acontece em seus espaccedilos livres na praccedila natildeo implantadas
onde o vizinho planta milho na rua que recebe o tapete de Corpus Christi nas procissotildees
passeatas e desfiles na festa junina na praccedila da Igreja na eleiccedilatildeo da rainha do milho nas
folias de reis dos distritos da cidade A cidade se transforma no lote que vira campinho na
praccedila que vira estacionamento na gleba que vira pasto na lagoa que vira brejo na mata que
vira cinzas A zona rural aos poucos se transforma em malha urbana mas o rural natildeo perdeu
seu espaccedilo ele se manteacutem presente na paisagem urbana nas expressotildees culturais e nos
dialetos
Este trabalho eacute a continuidade do Trabalho Final de Graduaccedilatildeo apresentado a Faculdade de
Arquitetura Urbanismo e Desing da Universidade Federal de Uberlacircndia Sob a orientaccedilatildeo do
professor Glauco Cocazza foi desenvolvido um projeto de requalificaccedilatildeo para um dos
parques urbanos de Patos de Minas o Parque Municipal do Mocambo Durante o
desenvolvimento desse trabalho ficou evidente que natildeo soacute os ambientes do parque como
outros espaccedilos livres da cidade requeriam projetos de requalificaccedilatildeo que trabalhassem a
relaccedilatildeo eles com a cidade buscando o entendimento dos diferentes papeacuteis dos espaccedilos livres
na cidade deixando de pensar no planejamento urbano e no planejamento ambiental como
coisas isoladas Iniciaram-se aiacute as primeiras percepccedilotildees de que a cidade de Patos de Minas
possui diversas especificidades com relaccedilatildeo agrave interaccedilatildeo da paisagem urbana com seus
espaccedilos livres e edificados
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SOBRE O MEacuteTODO
A dissertaccedilatildeo se fundamenta na anaacutelise de dados documentais primaacuterios como mapas
cedidos pela Prefeitura Municipal de Patos de Minas projetos de espaccedilos livres da cidade
levantamentos fotograacuteficos leis e decretos municipais e federais Baseia-se tambeacutem em
fontes secundaacuterias como revisatildeo bibliograacutefica dos temas norteadores da pesquisa registros
fotograacuteficos jornais locais e entrevistas informais com moradores da cidade e arquitetos da
prefeitura A dissertaccedilatildeo apresenta registros fotograacuteficos natildeo soacute do acervo da autora mas de
diferentes pessoas evidenciando pontos de vista e os diversos olhares sobre a cidade aleacutem
das fotos histoacutericas de arquivos puacuteblicos
A pesquisa adota como metodologia a anaacutelise do Sistema de Espaccedilos Livres e das Unidades de
Paisagem desenvolvida pelos estudos da rede nacional brasileira Quapaacute-SEL II (Quadro do
Paisagismo Brasileiro ndash Sistemas de Espaccedilos Livres) coordenada pelo LAB-QUAPAacute da FAUUSP
(Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Satildeo Paulo) cujo objetivo principal
eacute compreender as relaccedilotildees processuais contemporacircneas entre os Sistemas de Espaccedilos Livres
e a forma urbana das cidades brasileiras A pesquisa apresentada eacute tambeacutem parte integrante
dos estudos desenvolvidos pelo Nuacutecleo de Estudos Urbanos (NEURB) desenvolvido na
Faculdade de Arquitetura Urbanismo e Design (FAUeD) da Universidade Federal de
Uberlacircndia que tem como objetivo central compreender a importacircncia e o papel do Sistema
de Espaccedilos Livres na Forma Urbana das principais cidades meacutedias do Triacircngulo Mineiro e Alto
Paranaiacuteba contribuindo assim com os estudos do grupo nacional Quapaacute-SEL II
SOBRE O DECORER DOS CAPIacuteTULOS
O objetivo central do trabalho eacute analisar os espaccedilos livres presentes na forma urbana de
Patos de Minas e entender como esses espaccedilos estruturam o Sistema de Espaccedilos Livres (SEL)
Buscando esse entendimento a dissertaccedilatildeo foi dividida em trecircs momentos a anaacutelise da
paisagem e da forma urbana patense no primeiro capiacutetulo o entendimento do SEL no
segundo capiacutetulo e a aplicaccedilatildeo da metodologia de Unidades de Paisagem no terceiro capiacutetulo
O primeiro capiacutetulo apresenta os conceitos que iratildeo nortear a pesquisa a PAISAGEM URBANA
e a FORMA URBANA por meio de uma revisatildeo bibliograacutefica buscando a constataccedilatildeo do
estado da arte dos conceitos-chave O trabalho entende a paisagem como conceito
norteador para o entendimento da cidade da formaccedilatildeo e da transformaccedilatildeo da forma urbana
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Depois de introduzidos os conceitos-chave o capiacutetulo apresentaraacute o processo de urbanizaccedilatildeo
da aacuterea de estudo a transformaccedilatildeo do tecido urbano e a incorporaccedilatildeo dos principais espaccedilos
livres de edificaccedilatildeo e edificados ressaltando as caracteriacutesticas histoacutericas econocircmicas
poliacuteticas e culturais que contribuem para a formaccedilatildeo da imagem da cidade
O segundo capiacutetulo analisa o SISTEMA DE ESPACcedilOS LIVRES na forma urbana de Patos de Minas
a partir de trecircs principais enfoques a relaccedilatildeo ecoloacutegica que busca entender a interaccedilatildeo entre
a forma urbana e os condicionantes do suporte fiacutesico (hidrografia geologia relevo
vegetaccedilatildeo) a configuraccedilatildeo espacial que revela a organizaccedilatildeo da malha urbana e a interaccedilatildeo
dos espaccedilos livres na malha e a relaccedilatildeo de usos do solo que analisa a relaccedilatildeo dos espaccedilos
livres com a situaccedilatildeo fundiaacuteria e a distribuiccedilatildeo dos usos do solo na cidade
No capiacutetulo sobre o Sistema de Espaccedilos Livres as anaacutelises foram feitas na escala da cidade No
capiacutetulo seguinte que trata das Unidades de Paisagem as apreciaccedilotildees foram feitas na escala
das unidades ou seja a anaacutelise dos espaccedilos livres da cidade vai do macro ao micro A
aplicaccedilatildeo da metodologia das Unidades de Paisagem permite transitar entre as escalas de
anaacutelise e aprofundar nas caracteriacutesticas e peculiaridades do Sistema de Espaccedilos Livres
presentes em cada unidade
O terceiro capiacutetulo apresenta a metodologia das UNIDADES DE PAISAGEM a identificaccedilatildeo das
Unidades de Paisagem presentes em Patos de Minas e a anaacutelise cada uma delas O trabalho
entende as Unidades de Paisagem como porccedilotildees do Sistema de Espaccedilos Livres cujas relaccedilotildees
entre os espaccedilos livres os espaccedilos edificados possuem caracteriacutesticas especiacuteficas de
centralidade hierarquia distribuiccedilatildeo e organizaccedilatildeo que os distingue dos demais conjuntos de
relaccedilotildees
O fechamento do trabalho apresenta de maneira sinteacutetica uma apreciaccedilatildeo do que foi
apresentado em cada capiacutetulo apontando os questionamentos e resultados que surgiram no
decorrer da anaacutelise Depois satildeo enumerados os principais desafios a serem enfrentados pelo
o planejamento urbano e ambiental de Patos de Minas para a gestatildeo do SEL da cidade
Adiante satildeo apresentados os possiacuteveis desdobramentos da pesquisa evidenciando as
possibilidades de continuidade e aprofundamentos teoacutericos e praacuteticos sobre o objeto de
estudo
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11 PAISAGEM URBANA
CONCEITUACcedilAtildeO
A compreensatildeo do conceito de paisagem urbana eacute o principal enfoque no presente trabalho
para assimilaccedilatildeo da configuraccedilatildeo urbana da incorporaccedilatildeo dos elementos do suporte fiacutesico na
formaccedilatildeo e na transformaccedilatildeo da forma urbana e entendimento do papel do Sistema de
Espaccedilos Livres na cidade
O estudo da paisagem possibilita uma melhor percepccedilatildeo da estrutura da cidade a
compreensatildeo do siacutetio natural e da interferecircncia humana no mesmo esse conhecimento pode
direcionar o planejamento urbano para tanto a clareza do conceito de paisagem e seus
sombreamentos eacute de extrema importacircncia
Natildeo existe um consenso sobre o conceito de paisagem a discussatildeo sobre paisagem transita
por diversas aacutereas com diferentes definiccedilotildees ecircnfases e meacutetodo de abordagem Segundo o
geoacutegrafo Bertrand (2004) as diferenccedilas de abordagem no conceito de paisagem satildeo
influenciadas pela formaccedilatildeo e os objetivos do observador e pode enfatizar a vegetaccedilatildeo a
hidrografia o clima o relevo a economia a arquitetura ou o processo histoacuterico A
metodologia de anaacutelise poderaacute ser temporal baseada nos aspectos fiacutesicos e se referir agraves
relaccedilotildees e dinacircmicas internas ou ainda um conjunto de diversas anaacutelises Ou seja a
percepccedilatildeo individual somada aos objetivos e ao enfoque do observador interferem
diretamente na leitura da paisagem e no conceito da mesma
Segundo Rougerie e Beroutchatchvili (1991) apud Maximiano (2004) a Unesco (Organizaccedilatildeo
para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura das Naccedilotildees Unidas) declarou em 1971 considerar que a
paisagem eacute a ldquoestrutura do ecossistemardquo e o Conselho Europeu diz que ldquoo meio natural
moldado pelos fatores sociais e econocircmicos torna-se paisagem sob o olhar humanordquo Jaacute a
ldquopaysagerdquo francesa refere-se principalmente aos aspectos visuais O termo holandecircs com o
mesmo sentido eacute ldquovisueellandschaprdquo Para os alematildees ldquolandschaftrdquo envolve a noccedilatildeo de
territoacuterio semelhante ao ldquolandscape inglecircsrdquo Ambos tambeacutem se referem ao aspecto visual A
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geografia sovieacutetica tem seus proacuteprios termos ldquomesnost e ourotchitcherdquo que possuem valor
territorial aos quais os russos acrescentam ldquolandschaftrdquo emprestado dos alematildees
Segundo Maximiano (2004) para alguns socioacutelogos e economistas a paisagem eacute a base do
meio fiacutesico onde o homem a utiliza e a transforma ou natildeo para alguns botacircnicos e ecoacutelogos
a paisagem eacute um conjunto de organismos num meio fiacutesico cujas propriedades podem ser
explicadas segundo leis ou modelos com ajuda das ciecircncias fiacutesicas eou bioloacutegicas para
alguns geoacutegrafos ela resulta da relaccedilatildeo dinacircmica de elementos fiacutesicos bioloacutegicos e
antroacutepicos
ldquoA expressatildeo ldquopaisagemrdquo() passava a manifestar-se com
significados amplos complexos poreacutem bastante vagos
indistintos incompletos premissas comuns eram ldquoa naturezardquo e
a censura agrave accedilatildeo do homem A percepccedilatildeo das mudanccedilas
naturais ndash de tempos bioloacutegicos ndash e tambeacutem aquelas raacutepidas
extensas e difusas do trabalho do homem ndash de tempos
histoacutericos ndash levantava novamente a relaccedilatildeo homem-natureza
Seria esta relaccedilatildeo com todos os apelos e juiacutezos ndash imprecisos
indefinidos ndash que seria associada agrave palavra lsquopaisagemrsquordquo
(MAGNOLI e MACEDO 2000 p132-133)
O estudo da paisagem passou a ganhar relevacircncia entre os arquitetos a partir dos anos de
1960 Segundo Sandeville (2006) esse processo pode ser exemplificado inicialmente pelos
trabalhos de Kevin Lynch Cristopher Alexander Amos Rapoport Yi Fu Tuan e Vittorio
Gregotti1 De acordo com Gregotti (1983) o entendimento da paisagem eacute um instrumento
que o arquiteto tem que ter em matildeos para analisar o lugar e o espaccedilo sobre o qual se projeta
Entretanto a paisagem entendida soacute como o conjunto das caracteriacutesticas fiacutesicas e
geomorfoloacutegicas de cunho bioloacutegico e mineraloacutegico natildeo eacute suficiente para elaboraccedilatildeo do
1LYNCH K A imagem da cidade (1960) ALEXANDER C Unlenguage de patrones (1980) RAPOPORT A
Aspectos humanos de la forma urbana (1978) TUAN Y F Espaccedilo e lugar (1983) GREGOTTI V Nuevos
caminos de La arquitectura italiana (1969)
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projeto eacute preciso que a leitura da paisagem expresse as accedilotildees cotidianas os usos dos
espaccedilos e a cultura local
No Brasil Miranda Magnoli inicia seus estudos sobre a paisagem e o ambiente na deacutecada de
1970 baseada nas anaacutelises estadunidenses de planejamento da paisagem reconhecendo a
importacircncia das caracteriacutesticas socioespaciais mas sem reduzir a paisagem aos aspectos
formais O modo como Miranda discutiu a paisagem segundo Sandeville (2006) ultrapassou
as limitaccedilotildees da relaccedilatildeo figura-fundo a qual reforccedila a paisagem como cenaacuterio um entorno
transformado por uma arquitetura de edifiacutecio promovendo a cenarizaccedilatildeo da ideia de
paisagem Sua reflexatildeo estabeleceu bases para o conceito da arquitetura como o projeto do
ldquoambiente humanordquo a necessidade de compreensatildeo do contexto no qual se insere o objeto
projetado
A definiccedilatildeo do conceito de paisagem adotada para este trabalho eacute a desenvolvida por
Miranda Magnoli (1982) na qual a morfologia da paisagem eacute definida como resultante da
interaccedilatildeo entre a loacutegica proacutepria dos processos do suporte (geologia clima solo relevo
vegetaccedilatildeo e sol aacutegua e ventos) e a loacutegica proacutepria dos processos antroacutepicos sociais e culturais
(parcelamentos escavaccedilotildees plantaccedilotildees construccedilotildees edificaccedilotildees etc) Essa anaacutelise da
paisagem urbana considera os diversos atores que nela interferem seus aspectos fiacutesicos
socioeconocircmicos culturais e seu processo evolutivo natildeo eacute simplesmente bem organizada ou
normativa eacute tambeacutem uma anaacutelise poeacutetica e simboacutelica fala das pessoas e de suas histoacuterias de
suas aspiraccedilotildees tradiccedilotildees e conflitos do conjunto natural das funccedilotildees e da dinacircmica urbana
O estudo da paisagem possibilita um melhor entendimento da estrutura da cidade a
compreensatildeo do siacutetio natural e da interferecircncia humana no mesmo esse conhecimento pode
direcionar o planejamento urbano para tanto o entendimento do conceito de paisagem e
seus sombreamentos eacute de extrema importacircncia Segundo Oseki amp Pellegrino (2004) um
planejamento ecoloacutegico da paisagem pode fornecer as ferramentas necessaacuterias para
integraccedilatildeo entre sociedade e natureza incorporando diretrizes ambientalmente desejaacuteveis
para a melhoria da habitabilidade da cidade de sua sustentabilidade e de sua imagem
Para Oseki amp Pellegrino (2004) as paisagens satildeo ao mesmo tempo produzidas socialmente e
produtoras (indutoras) de praacuteticas sociais podem ser utilizadas no planejamento no projeto
e gestatildeo de espaccedilos livres (nas escalas espaciais local regional e continental) o que lhes
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confere importacircncia no planejamento urbano e regional o que tem sido ignorado pelos
oacutergatildeos responsaacuteveis pela gestatildeo do territoacuterio Segundo Macedo (1993) a paisagem eacute processo
e produto das accedilotildees humanas eacute processo na medida em que estaacute em constante mutaccedilatildeo e
compreende as diversas forccedilas que nela atuam ora em conflito ora em consonacircncia de
objetivos eacute produto pois a cada instante apresenta-se como objeto acabado dessas accedilotildees e
forccedilas aplicadas
Figura 2 Avenida Getuacutelio Vargas em Parto de Minas Vista parcial da paisagem urbana Fonte httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=1534357amppage=92 Foto Fotoacutegrafo desconhecido
O presente trabalho entende a paisagem como algo que caracteriza a cidade que lhe confere
identidade e a distingue das demais A paisagem retrata a forma urbana e a cultura da
populaccedilatildeo a maneira como as pessoas constroem suas casas e onde constroem se na beira
do rio no alto das serras ou nas chapadas Eacute a histoacuteria local contada por meio da mudanccedila do
cenaacuterio e da mudanccedila dos padrotildees arquitetocircnicos nas casas que permanecem do periacuteodo
neocolonial ou no estilo ecleacutetico nas casas que surgiram no estilo moderno nas reformas
nas construccedilotildees que satildeo tombadas e nas que satildeo derrubadas A paisagem eacute contada pelas
aacutervores pelas flores plantadas e replantadas nas calccediladas calccediladas por vezes remendadas A
paisagem eacute o reflexo do processo social dos bairros que se formam das pessoas que se
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mudam da economia que se desenvolve modificando o comercio instalando novas induacutestrias
e quem sabe ateacute bairros industriais gerando renda para urbanizaccedilatildeo de novas aacutereas ou a
verticalizaccedilatildeo de outras
O entendimento da paisagem enquanto elemento caracterizador da imagem das cidades eacute
um instrumento para a melhoria e manutenccedilatildeo dos valores da mesma Possui uma relaccedilatildeo
direta com histoacuteria da cidade com os valores culturais com o processo de formaccedilatildeo e de
transformaccedilatildeo da forma urbana e com os elementos que a constituem Partimos entatildeo para o
estudo da forma urbana com seus enfoques conceituais desdobramentos teoacutericos e
praacuteticos
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MORFOLOGIA E FORMA URBANA
FORMA URBANA MALHA URBANA TECIDO
URBANO
Figura 3 Forma Urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora 2014
Eacute constante a confusatildeo ao conceituar termos
como morfologia forma urbana malha
urbanatecido urbano elementos morfoloacutegicos
termos que ora se sobrepotildeem ora se englobam
ora se dividem
EXISTE UM CONSENSO SOBRE O CONCEITO
DE FORMA URBANA
A DEFINICcedilAtildeO DE FORMA URBANA ENGLOBA
O TRACcedilADO DAS RUAS OS CHEIOS E VAZIOS
OS USOS E AS TIPOLOGIAS CONSTRUIacuteDAS OU
SERIA SOacute O DESENHO QUE SE FORMA NO
ENCONTRO DAS BORDAS DA OCUPACcedilAtildeO
FORMA URBANA Eacute SINOcircNIMO DE TECIDO
URBANO OU O TECIDO Eacute PARTE DA FORMA
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A morfologia urbana eacute um campo disciplinar que abrange o estudo das cidades das formas
dos tecidos e da paisagem O estudo da morfologia contribui para o entendimento da
estrutura da cidade sua formaccedilatildeo e transformaccedilatildeo por meio de seus elementos
constituintes Segundo Lamas (2004) os elementos morfoloacutegicos constituintes satildeo o solo os
edifiacutecios o lote o quarteiratildeo a fachada o logradouro o traccediladorua a praccedila o monumento
a vegetaccedilatildeo e o mobiliaacuterio urbano O autor denomina como elementos morfoloacutegicos as partes
fiacutesicas que associadas ou estruturadas constituem a forma urbana Existem diversos
conceitos e definiccedilotildees que abordam a morfologia das cidades este trabalho apresentaraacute
algumas delas
Segundo Del Rio (1990) a anaacutelise da morfologia urbana estaacute em compreender a loacutegica da
formaccedilatildeo evoluccedilatildeo e transformaccedilatildeo da forma da cidade e de suas inter-relaccedilotildees a fim de
possibilitar a identificaccedilatildeo de accedilotildees mais apropriadas cultural e socialmente para a
intervenccedilatildeo urbana e o desenho de novos espaccedilos Segundo Rossi (2001) a cidade eacute uma
obra reconhecida pelo conjunto de sua forma mas tambeacutem pode ser identificada por
pequenas partes do conjunto em seus diversos momentos a forma urbana eacute a soma dos
diversos tecidos e padrotildees morfoloacutegicos que formam a cidade
O tecido urbano ou a malha urbana de acordo com Rego e Meneguetti (2011) satildeo
configurados pelo sistema viaacuterio pelo padratildeo do parcelamento do solo pela aglomeraccedilatildeo e
pelo isolamento das edificaccedilotildees assim como pelos espaccedilos livres Em outras palavras o
tecido de cidade eacute dado pelos edifiacutecios ruas quadras e lotes parques praccedilas e monumentos
nos seus mais variados arranjos Esses elementos morfoloacutegicos presentes no tecido urbano
segundo Moudon (1997) devem ser considerados como organismos ndash constantemente em
atividade e assim em transformaccedilatildeo ao longo do tempo eles existem em inter-relaccedilatildeo com
as estruturas edificadas conformando e sendo conformadas pelos espaccedilos livres O modo
como cada um desses elementos morfoloacutegicos se organizou e conforma o tecido da cidade
pode ser entendido como um objeto de estudo da morfologia urbana
A forma urbana reflete os processos de formaccedilatildeo da cidade os processos sociais que se
consolidam nos tecidos urbanos que levam a sociedade a construir de uma maneira
determinada e caracteriacutestica suas casas escolas comeacutercios induacutestrias etc Segundo
Carvalho (2011) os tecidos urbanos satildeo configurados a partir da homogeneidade dos
seguintes elementos traccedilado da malha viaacuteria padrotildees de uso (residencial comercial de
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serviccedilos e industrial) padratildeo edificado (padratildeo arquitetocircnico e do gabarito) e suporte fiacutesico
(topografia vegetaccedilatildeo e hidrografia
De acordo com Moudon (1997) os morfologistas atentam para os resultados tangiacuteveis de
questotildees sociais econocircmicas poliacuteticas ou seja estudam a manifestaccedilatildeo de ideias e
intenccedilotildees agrave medida que elas tomam forma no chatildeo e moldam as cidades O estudo
morfoloacutegico das cidades pode ser dividido em escolas de pensamento dentre elas a escola
italiana a escola francesa e a escola inglesa as quais analisaremos sinteticamente
observando suas principais caracteriacutesticas metodoloacutegicas bases bibliograacuteficas e formas de
pensamento
A escola italiana conforme Mondon (1997) tem seu iniacutecio nos estudos do arquiteto Saverio
Muratori (1910 ndash 1973) e de Gianfranco Caniggia (1933 ndash 1987) na deacutecada de 1940 Segundo
Rosaneli (2011) essa escola de pensamento possui como principal distintivo a preocupaccedilatildeo
com o destino das cidades histoacutericas italianas sobretudo devido aos efeitos das intervenccedilotildees
modernistas Essa escola apresenta uma maior preocupaccedilatildeo com o estudo tipoloacutegico das
edificaccedilotildees (fachadas estilos arquitetocircnicos gabarito) e de suas transformaccedilotildees ao longo do
tempo
A escola francesa apresenta ecircnfase na reflexatildeo geograacutefica e historiograacutefica sobre as cidades e
possui a contribuiccedilatildeo do socioacutelogo Henri Lefebvre (1901 ndash 1991) Assim como a escola italiana
a escola francesa se opotildee aos efeitos das intervenccedilotildees modernistas Rosaneli (2011) propotildee
uma reforma educacional no campo dos estudos urbanos e busca consolidar uma nova
ldquodisciplinardquo com duplo objetivo primeiro uma pesquisa descritiva multidisciplinar do espaccedilo
construiacutedo a fim de reconhecer ingredientes de um bom desenho e segundo a identificaccedilatildeo
e criacutetica de modelos teoacutericos de desenho urbano
A escola inglesa eacute fundamentada nos estudos do geoacutegrafo alematildeo Conzen (1907 ndash 2000) e
inicia-se na deacutecada de 1960 De acordo com Moudon (1994) a escola inglesa possui uma
anaacutelise morfoloacutegica descritiva analiacutetica e explanatoacuteria concentra-se no estudo da forma
urbana e apresenta o mais completo detalhado e sistemaacutetico meacutetodo tipo morfoloacutegico das
trecircs escolas
Conzen fundamenta-se na aplicabilidade da leitura dos planos urbanos (ldquotown-plansrdquo) para o
entendimento da formaccedilatildeo urbana De acordo com Conzen (1960) apud Rosaneli (2011) os
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trecircs fundamentais elementos que compotildee os planos satildeo as ruas que estatildeo arranjadas em um
traccedilado os lotes ou parcelas individuais de terra juntamente com as quadrasquarteirotildees e os
edifiacutecios com seus conjuntos construiacutedos As diversas combinaccedilotildees desses trecircs principais
elementos constituiriam unidades distintas com ldquohomogeneidade morfoloacutegicardquo o que o
autor denominou de tecido urbano (ldquoplan unitrdquo ldquourban fabricrdquo ou ldquotessuto urbanordquo para a
escola italiana)
A morfologia urbana e suas diferentes escolas de pensamento retratam o estudo da forma
urbana e de seus elementos estruturantes dos processos culturais sociais econocircmicos e
poliacuteticos Os estudos morfoloacutegicos que mais se aplicam agrave presente pesquisa satildeo os da escola
inglesa onde desenvolve-se uma anaacutelise descritiva e analiacutetica do processo de urbanizaccedilatildeo
estudando as unidades com ldquohomogeneidade morfoloacutegicasrdquo trabalhadas nessa pesquisa por
meio das Unidades de Paisagem (porccedilotildees territoriais com semelhanccedila de traccedilado e interaccedilatildeo
entre os espaccedilos livres e edificados) e atraveacutes da anaacutelise do Sistema de Espaccedilos Livres uma
organizaccedilatildeo sistecircmica dos espaccedilos livres das diversas Unidades de Paisagem presentes em
uma aacuterea definida
Para o entendimento da configuraccedilatildeo do Sistema de Espaccedilos Livres Patense e de suas
Unidades de Paisagem partimos do estudo do processo de urbanizaccedilatildeo de Patos de Minas
observando as caracteriacutesticas morfoloacutegicas histoacutericas culturais e da paisagem urbana
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13 FORMACcedilAtildeO E TRANSFORMACcedilAtildeO DA
MALHA URBANA PATENSE
Figura 4 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Patos de Minas e apresentaccedilatildeo da forma urbana da cidade Elaborado pela autora segundo fonte Mapas da Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2006 e 2015
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Patos de Minas eacute uma cidade meacutedia2 da regiatildeo intermediaacuteria agrave Mesorregiatildeo do Triacircngulo
Mineiro e Alto Paranaiacuteba Considerada poacutelo econocircmico regional a maior cidade da
microrregiatildeo do Alto Paranaiacuteba que eacute composta por 10 municiacutepios O municiacutepio de Patos de
Minas eacute formado por sete distritos o distrito sede eacute a cidade de Patos de Minas e os outros
satildeo Bom Sucesso Chumbo Major Porto Pilar Pindaiacutebas e Santana de Patos (identificados na
Figura 4)
Segundo o IBGE (2010) o municiacutepio de Patos de Minas possui aacuterea de 3189771Kmsup2
densidade demograacutefica de 4349 habkmsup2 e populaccedilatildeo de aproximadamente 147614
habitantes (populaccedilatildeo estimada em 2014)
Patos de Minas situa-se no Planalto Central Minas GeraisGoiaacutes com altitudes meacutedias de 800
a 900 metros Localiza-se entre duas grandes bacias hidrograacuteficas brasileiras a do Satildeo
Francisco e a do Paranaacute Sua localizaccedilatildeo estrateacutegica permite a ligaccedilatildeo da cidade a centros
comerciais como Uberlacircndia Belo Horizonte Brasiacutelia e Satildeo Paulo facilitando o intercacircmbio
comercial e o desenvolvimento econocircmico
De acordo com o IBGE (2012) o PIB (Produto Interno Bruto) do municiacutepio tem sua economia
baseada principalmente no setor de serviccedilos seguido do setor industrial e da agricultura
conforme Tabela 1
2 A dissertaccedilatildeo adota a conceituaccedilatildeo de cidades meacutedias desenvolvida por Amorim Filho e Serra (2001) cidade que ocupam uma posiccedilatildeo estrateacutegica na hierarquia urbana oferecendo suporte agraves cidades pequenas conforme a funccedilatildeo que desempenham e estabelecendo ligaccedilotildees com as cidades maiores intermediando as relaccedilotildees entre estes dois niacuteveis urbanos De acordo com os autores essas cidades satildeo espaccedilos de relaccedilotildees e natildeo de polarizaccedilatildeo ou dominaccedilatildeo satildeo cidades natildeo tatildeo pequenas a ponto de limitar as possibilidades de crescimento econocircmico e intelectual de seus habitantes e nem tatildeo grandes a ponto de onerar ndash e ateacute pocircr em risco ndash a vida da maioria de seus moradores
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Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas - 2012
Impostos sobre produtos liacutequidos de subsiacutedios a preccedilos correntes
248946 mil reais
PIB a preccedilos correntes 2495732 mil reais
PIB per capita a preccedilos correntes 1770650 mil reais
Valor adicionado bruto da agropecuaacuteria a preccedilos correntes 255908 mil reais
Valor adicionado bruto da induacutestria a preccedilos correntes 432152 mil reais
Valor adicionado bruto dos serviccedilos a preccedilos correntes 1558725 mil reais
Tabela 1 Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas-2012 Fonte IBGE 2012 em parceria com os Oacutergatildeos Estaduais de Estatiacutestica Secretarias Estaduais de
Governo e Superintendecircncia da Zona Franca de Manaus ndash SUFRAMA Disponiacutevel em
httpwwwcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=314800ampidtema=134ampsearch=mina
s-gerais|patos-de-minas|produto-interno-bruto-dos-municipios-2012 Acesso em dezembro de 2014
Entretanto observa-se que entre os setores o que mais exerce influecircncia cultural no
municiacutepio e na dinacircmica urbana eacute a agricultura somada a pecuaacuteria e ao agronegoacutecio
caracterizando as festas locais as manifestaccedilotildees culturais as formas de apropriaccedilatildeo da
paisagem as tipologias predominantes de espaccedilos livres e a histoacuteria de ocupaccedilatildeo do
municiacutepio Na agroinduacutestria destaca-se a produccedilatildeo de leite e derivados sementes e adubos
defensivos agriacutecolas carne suiacutena e derivados e alimentos enlatados A agricultura sempre
caracterizou a economia e a cultura local os produtos que se destacam satildeo o arroz soja
feijatildeo cafeacute maracujaacute tomate horticultura e o milho siacutembolo da festa regional a Festa
Nacional do Milho A pecuaacuteria possui significativa importacircncia econocircmica para o municiacutepio a
regiatildeo faz parte de uma das maiores bacias leiteiras do paiacutes Patos de Minas tambeacutem eacute
considerada poacutelo nacional de geneacutetica suiacutena detendo 70 da tecnologia nacional em
melhoramentos suiacutenos
Para analisarmos como se formou a cidade de Patos de Minas apresentaremos seus periacuteodos
urbanos em cinco partes a primeira retrata o iniacutecio do povoado ateacute 1930 depois de 1940 a
deacutecada de 1960 em seguida de 1970 ateacute a deacutecada 1980 e por fim o periacuteodo que vai de 1990
ateacute o ano de 2015 buscando assim retratar o crescimento urbano os principais
acontecimentos histoacutericos e a incorporaccedilatildeo dos elementos da paisagem
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131
DO INIacuteCIO DO POVOADO ATEacute A DEacuteCADA DE 1930
BORGES X MACIEacuteIS
O processo de colonizaccedilatildeo da
regiatildeo ocupada hoje pelo
municiacutepio de Patos de Minas
teve iniacutecio provavelmente na
segunda metade do seacuteculo XVIII
antes mesmo da descoberta do
ouro no estado de Minas Gerais
com as bandeiras rumo agraves terras
de Paracatu A cidade de Patos
de Minas surgiu na segunda
deacutecada do seacuteculo XIX em torno
da Lagoa dos Patos (delimitada
na Figura 5) onde segundo as
descriccedilotildees histoacutericas existia uma
enorme quantidade de patos
silvestres
Figura 5 Crescimento Urbano de Patos de Minas ateacute o iacutenicio do seacuteculo XIX Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas Disponiveacutel em
httpwwwpatosdeminasmggovbrgaleriahistoricaspagesimage16php Acesso em maio de
2014 Elaborado pela autora
Segundo Oliveira Mello (1971) o povoado que deu origem a cidade de Patos de Minas se
iniciou em 1826 com a doaccedilatildeo do terreno por Antocircnio Joaquim da Silva Guerra e sua esposa
Luzia Correcirca de Andrade para a construccedilatildeo da capela de Santo Antocircnio situada hoje na atual
Praccedila Dom Eduardo proacutexima agrave Lagoa dos Patos na Avenida Liberdade atualmente conhecida
como Avenida Getuacutelio Vargas A partir de entatildeo diversas famiacutelias se instalaram no entorno da
capela originando o Arraial de Santo Antocircnio da Beira do Paranaiacuteba Em 1866 foi criada a Vila
de Santo Antocircnio dos Patos e em 1892 o presidente do Estado de Minas Gerais elevou a vila
agrave categoria de cidade de Patos de Minas
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Figura 6 Iniacutecio da ocupaccedilatildeo da cidade de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fontes
Prefeitura Municipal de Patos de Minas e MuP- Museu da Cidade de Patos de Minas
A Praccedila Dom Eduardo estaacute no centro do nuacutecleo original de povoamento ilustrado pela Figura
6 e representa a divisatildeo de influecircncia entre as duas famiacutelias da elite local que atuaram na
construccedilatildeo da paisagem urbana e na histoacuteria da cidade de Patos de Minas os Borges
catoacutelicos e monarquistas e os Dias Macieacuteis protestantes e republicanos
Ao norte da Praccedila Dom Eduardo encontam-se os Borges e seus parentes os Caixeta e os
Queiroz de acordo com Silva (2011) deste lado da cidade a paisagem se desenha por ruas
estreitas e curvas as quais conduzem a travessas e becos nitidamente ldquosemeadosrdquo agrave moda
lusitana de povoar Ao mesmo tempo os edifiacutecios mais antigos e caracteriacutesticos da aacuterea satildeo
todos em estilo colonial com altas janelas e portas retangulares Satildeo exemplos a antiga Casa
de Cacircmara e Cadeia localizada hoje na Praccedila Juquinha Caixeta (Figura 7) e os casarotildees do Dr
Joatildeo Borges e do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz a rua e a casa de Deiroacute Borges a Rua do
Tenente Bino o Beco da Zeacutelia a Praccedila da Dona Genoveva (Figura 8) a Rua do Alfredo Borges
a Praccedila Chiquinho Caixeta a Rua Dr Joseacute Oliacutempio Borges a Praccedila Dom Eduardo E ainda a
Travessa dos Queiroz onde se manteacutem de peacute a casa do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz
palco de criaccedilatildeo do partido de oposiccedilatildeo oficial aos ldquoMacieacuteisrdquo
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Figura 7 Casa de Cacircmara e Cadeia (o mais antigo edifiacutecio puacuteblico de Patos de Minas inaugurado em 1912 como Cacircmara Municipal Foacuterum e no reacutes-do-chatildeo a Cadeia Puacuteblica) e Praccedila Juquinha Caixeta Foto Acervo pessoal 2015 Figura 8 Rua Deiroacute Borges ao fundo Praccedila Dona Genoveva Foto Acervo pessoal 2015
Figura 9 Escola Estadual Marcolino de Barros Foto Fotoacutegrafo desconhecido 2008 Disponiacutevel em
httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=614809 Acesso em maio de 2014
Figura 10 Escola Estadual Antocircnio Dias Maciel Foto Acervo pessoal 2015
Ao sul da Praccedila Dom Eduardo em frente agrave Catedral de Santo Antocircnio estatildeo os Macieacuteis e seus
parentes os Santana Pacheco Barros Magalhatildees e Ferreira da Silva Segundo Silva (2011) os
Macieacuteis estatildeo ligados agrave modernizaccedilatildeo e agrave reordenaccedilatildeo urbana da cidade entre suas marcas
na paisagem estatildeo a Escola Estadual Marcolino de Barros(Figura 09) a Escola Estadual
Antocircnio Dias Maciel(Figura 10) a Rua Olegaacuterio Maciel a Casa de Olegaacuterio Maciel a Casa do
Dr Itagyba a Rua Farnese Maciel o Palacete de Amadeu Maciel a Rua Major Gote (apelido
de Sesoacutestris Dias Maciel) o Hospital Regional Antocircnio Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur
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Thomaz de Magalhatildees o Coreto Arthur Thomaz de Magalhatildees a Rua Joseacute de Santana a Praccedila
Antocircnio Dias a Rua Major Jerocircnimo [Dias Maciel] e a Praccedila Santana
Olegaacuterio Maciel figura poliacutetica representativa da regiatildeo alternou entre os cargos de
Deputado Federal e Agente Executivo de Municiacutepio no final do seacuteculo XIX ateacute chegar agrave
Presidecircncia do Estado de Minas Gerais nos anos de 1930 Segundo Borges (2008) esse
processo poliacutetico influenciou o desenvolvimento fiacutesico-territorial da cidade atraindo
investimentos do Governo do Estado para a construccedilatildeo das escolas do foacuterum e do Hospital
Regional
No fim do seacuteculo XIX em 1883 o entatildeo Agente do Executivo Olegaacuterio Dias Maciel3 ordenou
a criaccedilatildeo de um plano diretor para ordenar e reorientar o crescimento do povoado para o
sentido sul da Praccedila Dom Eduardo ldquona chapada ou chapadatildeordquo conforme segue na citaccedilatildeo
Seguiu‐se a risca o ldquoPlano Diretorrdquo indicado por Olegaacuterio
Maciel O vereador Eduardo Ferreira de Noronha em 21 de
setembro de 1906 indica que ()auxiliem a Cacircmara a
estudar o local mais conveniente em que se deve construir
o matadouro e respectivo curral oferecendo seu parecer
Hoje distanciados no tempo sabemos que a ldquoChapadardquo
paulatinamente abrigou aleacutem do Matadouro Municipal a
Casa do Coronel Farnese Dias Maciel a Casa de Amadeu
Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur Thomaz de
Magalhatildees o Passeio Puacuteblico a fonte luminosa o Coreto o
Cinema o Paccedilo Municipal o Hospital Antocircnio Dias Maciel o
Grupo Escolar o Foacuterum () Pari Passu tambeacutem foram
transladados outros elementos que se localizavam na
direccedilatildeo para a qual a cidade ia se deslocando a mudanccedila
do cemiteacuterio e da Igreja de Nossa Senhora do Rosaacuterio
(frequentada pelos negros) tambeacutem se constituiu como
marco simboacutelico da nova ordenaccedilatildeo urbana planeada por
Olegaacuterio Maciel (BORGES amp SILVA 2009 p13)
3 Olegaacuterio Dias Maciel era engenheiro formado na Escola Polyteacutecnica do Rio de Janeiro em 1878 compartilhava os ideais positivistas da Repuacuteblica e tambeacutem os ideais da Belle Eacutepoque de higienizaccedilatildeo e de racionalizaccedilatildeo do espaccedilo urbano Soma-se a isso a experiecircncia cultural de Olegaacuterio fora de Patos como deputado federal e senador vivenciou no Rio de Janeiro as reformas urbanas empreendidas por Pereira Passos inspiradas na reforma de Paris sob a batuta do Baratildeo de Haussman Como deputado estadual e depois como presidente do Estado de Minas Gerais vivenciou a experiecircncia de ldquofruirrdquo a cidade de Belo Horizonte construiacuteda racionalmente agrave moda da colonizaccedilatildeo espanhola na Ameacuterica (BORGES amp SILVA 2009)
32 |
Segundo Oliveira (2010) dentre as influecircncias na malha urbana decorrentes do periacuteodo
poliacutetico do iniacutecio do seacuteculo XX destacam-se as intervenccedilotildees na infraestrutura da Avenida
Getuacutelio Vargas definindo a mesma como eixo nobre na cidade o direcionamento o primeiro
vetor de expansatildeo urbana nas direccedilotildees sul e oeste da Av Getuacutelio Vargas
Figura 11 Inundaccedilatildeo ocorrida em 1941 na ponte sobre o Rio Paranaiacuteba Fonte Arquivo do Laboratoacuterio
de Histoacuteria do Unipam Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=3600 Acesso em
dezembro de 2014
Observa-se que a Avenida Getuacutelio Vargas anteriormente denominada como Avenida
Liberdade e depois Avenida Municipal representa o nuacutecleo inicial da cidade e o ponto de
partida dos vetores de ocupaccedilatildeo ateacute a deacutecada de 1930 observa-se que neste periacuteodo as
praccedilas da avenida apresentavam um paisagismo inspirado nos jardins franceses Zama
Maciel4 relata sobre o planejamento de usos e ocupaccedilatildeo dessa aacuterea e a Figura 12 ilustra esse
periacuteodo
4 Zama Maciel foi um patense que exerceu as funccedilotildees de agrimensor professor inspetor de ensino vereador e redator dos jornais locais
Com relaccedilatildeo ao vetor de expansatildeo oeste
observa-se que o mesmo foi impulsionado
pela construccedilatildeo da nova ponte sobre o rio
Paranaiacuteba em aproximadamente 1926
retratada na Figura 11 Segundo
Dannemann (2013) a obra da ponte estava
sob os cuidados da Companhia Nacional de
Cimento Armado SA e ateacute 1970 serviu
como principal acesso agrave sede do municiacutepio
33 |
Avenida Municipal com o seu atual quilocircmetro de extensatildeo foi
destinada agrave habitaccedilatildeo particular devida a sua exagerada
largura e agrave perspectiva que podem oferecer casas pequenas e
de bom gosto fronteando os seus passeios gramados e jardins
floridos que a pequenada destroacutei Nela preacutedios comerciais de
dois trecircs andares tornam-se ridiacuteculos porque natildeo tecircm
magnitude para se imporem agrave largura (repisamos) exagerada
com que os antigos irrefletidamente a construiacuteram Somente
edifiacutecios semelhantes agrave igreja matriz em construccedilatildeo come
cinquenta metros podem nela sobreviverem Pequenos preacutedios
vivendas graciosas de cujas janelas caiam trepadeiras no
conjunto dos jardins e na imensa claridade de nossas tardes
faratildeo dela recanto cobiccedilado agrave moradia Enfeia-la com preacutedios
comerciais de pequeno porte e com casas de diversotildees
barulhentas seraacute obra de mau gosto que se torna necessaacuterio
evitar (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos Patos de
Minas junho de 1937)
Figura 12 Avenida Getuacutelio Vargas parte ao sul da Catedral de Santo Antocircnio deacutecada de 1930 Ao
centro da figura o Palacete Amadeu Maciel Fonte Acervo Documental e de Imagens de Patos de
Minas Local MuP ndash Museu da Cidade de Patos de Minas
A seguir o Mapa 1 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o
ano de 1930 retrata a localizaccedilatildeo da implantaccedilatildeo da cidade proacuteximo a recursos drsquoaacutegua No
mapa estaacute presente a delimitaccedilatildeo do periacutemetro urbano do ano de 2015 que seraacute mantido
como ponto de referecircncia espacial para a malha urbana atual
34 |
35 |
A Figura 13 datada da deacutecada de 1930 eacute uma vista aeacuterea da cidade no qual pode-se
perceber a implantaccedilatildeo e a forma urbana da cidade e os vetores de expansatildeo do iniacutecio do
seacuteculo XX aacuterea retratada pelo Mapa 1 apresentado anteriormente
Figura 13 Vista aeacuterea de Patos de Minas
Fonte Arquivo Daacutecio Pereira da Fonseca Fotografo desconhecido
Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=2650 Acesso em abril de 2014
Observa-se na Figura 13 a presenccedila de espaccedilos livres puacuteblicos dentre eles as Praccedilas da
Avenida Getuacutelio Vargas dos Boiadeiros Antoacutenio Dias Champagnat e Santana os espaccedilos
livres privados o Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo o Patos Tecircnis Clube (PTC) o campo de futebol
da Uniatildeo Recreativa dos Trabalhadores (URT) e o campo de futebol do Clube do Mamoreacute
Segundo Fonseca (1974) desde o final do seacuteculo XIX ateacute 1950 Patos de Minas tentou pleitear
a vinda da estrada de ferro para escoamento da produccedilatildeo agriacutecola da regiatildeo ateacute o Rio de
Janeiro e Satildeo Paulo Segundo Borges e Silva (2009) em 1934 o engenheiro carioca Neacutelson
Rodrigues efetuou o primeiro levantamento planialtimeacutetrico da cidade de Patos de Minas a
princiacutepio esse levantamento objetivava abrigar a estrada de ferro Patos-Catiara Em 1936
provavelmente o proacuteprio Neacutelson Rodrigues concluiu o primeiro Plano Urbano oficial da
cidade apresentado pela Figura 14
LEGENDA 1 ndashMajor Gote e Dr Marcolino 2 ndash Lagoa Grande 3 ndash Campo de Aviaccedilatildeo 4 ndash Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo 5 ndash Rua Dr Marcolino 6 ndash Rua Major Gote 7 ndash Coacuterrego do Monjolo 8 ndash PTC 9 ndash Campo da URT 10 ndash Cemiteacuterio Municipal 11 ndash Rio Paranaiacuteba 12 ndash Av Getuacutelio Vargas 13 ndash Matriz de Santo Antocircnio 14 ndash Rua Tiradentes 15 ndash Cadeia 16 ndash Praccedila dos Boiadeiros 17 ndash Praccedila Antocircnio Dias 18 ndash Av Paracatu 19 ndash Igreja do Rosaacuterio 20 ndash Praccedila Champagnat 21 ndash Rua Major Jerocircnimo 22 ndash Campo do Mamoreacute
23 ndash Praccedila Santana
36 |
Figura 14 Plano Urbano de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fonte Prefeitura
Municipal de Patos de Minas
Destaca-se no plano de crescimento urbano a Rua Major Gote na eacutepoca denominada Rua
Desembargador Frederico Zama Maciel escreve ao jornal local sobre o plano urbano as vias
de caraacuteter comercial da cidade e sobre as intenccedilotildees de um zoneamento de usos para o
crescimento da cidade inspirados no urbanismo norte-americano
37 |
A Prefeitura () mandou organizar a planta da cidade e
traccedilar-lhe as ruas futuras no objetivo de impedir o
crescimento desordenado() Neste trabalho foram
observadas tanto quanto possiacutevel as normas seguidas na
Ameacuterica do Norte onde geralmente as cidades satildeo
traccediladas em xadrez cortando-se as ruas em acircngulo reto
() As ruas comerciais estatildeo determinadas no referido
plano e dentre as atuais destacam-se Desembargador
Frederico e General Osoacuterio A primeira () deveraacute atravessar
a cidade de norte a sul e morreraacute na futura praccedila da
estaccedilatildeo ferroviaacuteria onde atualmente se ergue o barracatildeo
da Companhia do Trigo Seraacute futuramente a mais central da
cidade Eacute de uma boa norma localizar-se o comeacutercio em
determinadas zonas (zoneamento chamam a isto os
urbanistas) bem como as faacutebricas os edifiacutecios puacuteblicos as
escolas (natildeo as primaacuterias que devem ser espalhadas nos
bairros residenciais) devem tambeacutem ter as suas zonas
separadas () (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos
Patos de Minas junho de 1937)
A linha feacuterrea natildeo foi implantada na cidade e o crescimento urbano das deacutecadas seguintes
natildeo se ateve ao planejamento apresentado na deacutecada de 1930
132
DA DEacuteCADA DE 1940 ATEacute A DEacuteCADA DE 1960
AUMENTO POPULACIONAL
Comparando o plano urbaniacutestico apresentado para a cidade no final do seacuteculo XIX com a
expansatildeo da malha urbana observa-se que o crescimento urbano da cidade ocorreu de
forma mais dispersa do que o apresentado no plano O vetor de expansatildeo ao sul manteve
grande parte do planejamento embora apresentando quadras menores A aacuterea antes
ocupada pela Lagoa dos Patos e a aacuterea a nordeste da Lagoa foram as que mais se
distanciaram das ideias do plano urbaniacutestico apresentando uma malha urbana orgacircnica com
a presenccedila de muitas ruas sem saiacuteda
O Mapa 2 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1965 a seguir retrata o crescimento da malha urbana
38 |
39 |
Segundo Magrini (2008) na deacutecada de 1950 houve um surto migratoacuterio e a instalaccedilatildeo de
diversas firmas comerciais Nesse periacuteodo construiu-se o primeiro Terminal Rodoviaacuterio com
verbas municipais e investimentos da iniciativa privada e teve iniacutecio tambeacutem a comemoraccedilatildeo
da Festa Nacional do Milho evento que ateacute hoje expressa as manifestaccedilotildees culturais da
regiatildeo
Figura 15 Patos de
Minas da deacutecada de
1960
Elaborado pela autora segundo fonte Arquivo de Marialda Coury Foto Joatildeo Lucas Ribeiro Borges
Observando o crescimento da malha urbana de Patos de Minas ateacute 1965 (ilustrado pela
Figura 15) pode-se constatar que houve uma grande expansatildeo da mesma entre a deacutecada de
1950 e 1960 Nesse periacuteodo o aumento populacional ocorreu predominantemente na aacuterea
urbana conforme mostra a Tabela 02 a seguir
Periacuteodo
Populaccedilatildeo Total do
Municiacutepio
Populaccedilatildeo Urbana do Municiacutepio
Populaccedilatildeo Rural do
Municiacutepio
1950 45399 12525 32874
1960 72839 32511 40328
1970 76211 44877 31334
1980 86121 63302 22819
1990 102946 87403 15543
2000 123881 111333 12548
2010 138710 127724 10986
2014 147614 - -
Tabela 2 Crescimento Populacional de Patos de Minas Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Magrini 2008 Populaccedilatildeo prevista segundo o IBGE
40 |
Nas deacutecadas seguintes a 1960 como se pode antever pela Tabela 2 o crescimento da zona
rural foi diminuindo gradativamente e a populaccedilatildeo da aacuterea urbana aumentando
impulsionando o crescimento da malha urbana
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DA DEacuteCADA DE 1970 ATEacute A DEacuteCADA DE 1980
Incorporaccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua
Nas deacutecadas de 1960 e 1970 periacuteodo de ditadura Militar segundo Magrini (2010) Patos de
Minas passou por uma estagnaccedilatildeo econocircmica devido agrave emancipaccedilatildeo poliacutetica de dois
importantes Lagoa Formosa e Guimaracircnia no mesmo periacuteodo houve grande deslocamento
de patenses para a nova capital do paiacutes Brasiacutelia em busca de empregos
Justamente na eacutepoca da mudanccedila da capital do paiacutes para
Brasiacutelia Patos de Minas perde caracteriacutestica de centro
rodoviaacuterio e transforma-se no ldquopassa perto de Patosrdquo com
estradas asfaltadas em volta num eixo de 130 km Natildeo se
vinha aqui como antes ateacute que a BR 354 inaugurada em
1972 abolia este malfadado passa perto ressurgindo toda a
movimentaccedilatildeo comercial completada pela BR ndash 365 em
1974 (MELLO 1992 p54)
De 1965 ateacute os anos 1980 Patos de Minas praticamente dobrou a sua aacuterea de ocupaccedilatildeo
decorrente principalmente do processo de ecircxodo rural Segundo Oliveira (2010) os vetores
direcionavam para todos os sentidos sendo apenas o oeste limitado pelo Rio Paranaiacuteba os
cursos drsquoaacutegua menores natildeo foram uma barreira para esta expansatildeo
O Mapa 3 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1980 a seguir retrata o crescimento da malha urbana nesse periacuteodo
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Em 1982 foi iniciada a urbanizaccedilatildeo da Lagoa dos Japoneses a Lagoa Grande (Figura 16 e
Figura 17) com a reduccedilatildeo significativa da aacuterea alagada e a construccedilatildeo do Terminal
Rodoviaacuterio No entorno da lagoa foi criado o Parque Recreativo Dr Itagiba depois renomeado
como Parque Dr Itagiba Augusto Silva o primeiro parque urbano da cidade um dos principais
cartotildees postais da cidade espaccedilo de lazer e contemplaccedilatildeo
Figura 16 Projeto para o
Parque Recreativo Dr
Itagiba a construccedilatildeo ao
lado esquerdo da figura
representa o Terminal
Rodoviaacuterio Fonte Jornal
A Debulha O projeto do
parque Ano VIII nordm178
janeiro de 1988 paacuteg7
Figura 17 Planta do Parque Dr Itagiba Augusto Silva ndash Lagoa Grande Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2014
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Em 1986 foi iniciada a canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo inicialmente uma Avenida
Sanitaacuteria no Coacuterrego do Monjolo (Figura 18) atualmente conhecida como Avenida Faacutetima
Porto as obras terminaram em 1996 Segundo Caixeta amp Vlach (2009) a canalizaccedilatildeo
acarretou inicialmente na ocupaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo do entorno e devido agrave resoluccedilatildeo dos
problemas sanitaacuterios que aiacute existiam
Figura 18 Canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo deacutecada de 1990 Foto Arquivo de Donaldo Amaro Teixeira Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=7568 Acesso em maio de 2015
Com o decorrer dos anos e a instalaccedilatildeo dos bairros no entorno o Coacuterrego do Monjolo passou
a apresentar problemas com enchentes e um forte odor provavelmente a canalizaccedilatildeo do
coacuterrego jaacute natildeo suportava mais o volume de aacutegua pluvial dos bairros aleacutem da presenccedila de
esgotos clandestinos Tais problemas geraram novos projetos de canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do
Monjolo nas deacutecadas seguintes
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DA DEacuteCADA DE 1990 ATEacute OS DIAS ATUAIS
A FORMA URBANA ATUAL
No final da deacutecada de 1980 houve a descoberta da uma jazida de Fosfato Sedimentar na
localidade da Rocinha (aacuterea rural) o que impulsionou a instalaccedilatildeo de induacutestrias voltadas para
o agronegoacutecio iniciado pelas Sementes Agroceres SA (especialista tambeacutem em geneacutetica
suiacutena) Nesse periacuteodo ocorreu ainda um maior desenvolvimento teacutecnico da agricultura por
meio da irrigaccedilatildeo e do cultivo de novos cereais
Os reflexos do desenvolvimento comercial e industrial da regiatildeo foram notados na
implantaccedilatildeo de induacutestrias de confecccedilotildees agroinduacutestrias e na instalaccedilatildeo da multinacional Cica
que impulsionou o cultivo de milho ervilha e tomate5
A implementaccedilatildeo de induacutestrias somadas agraves pressotildees poliacuteticas acarretou na instalaccedilatildeo de um
distrito industrial na porsatildeo sul e oeste da cidade expandindo o periacutemetro urbano para aleacutem
das margens do Rio Paranaiacuteba A criaccedilatildeo do distrito industrial influenciou a ocupaccedilatildeo ao longo
da Avenida Presidente Juscelino Kubitschek construiacuteda nos anos 1970 para ligaccedilatildeo do nuacutecleo
urbano agraves rodovias BR-354 e BR-365 comportando-se entatildeo como principal acesso da
cidade
O Mapa 4 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o ano de
2015 a seguir apresenta a forma urbana atual da cidade
5 A multinacional Cica permaneceu na cidade ateacute 2001 depois se deslocou para o Estado de Goiaacutes quando perdeu parte dos incentivos fiscais oferecidos pela cidade
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Na deacutecada de 1990 a expansatildeo da malha urbana ultrapassou as aacutereas de algumas reservas
ambientais que se transformaram nos principais parques urbanos da cidade o Parque
Municipal do Mocambo (Figura 19) em 1990 e o Parque Municipal Joatildeo Luiz Redondo (Figura
20) em 1994 ambos localizados em aacutereas de lagoas
Figura 19 Parque Municipal do
Mocambo 1992 Fonte Arquivo
de Donaldo Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecadepatoscombr
p=8437 Acesso em marccedilo de
2015
Figura 20 Parque
Municipal Joatildeo Luiz
Redondo (Lagoinha)
deacutecada de 1990 Fonte
Arquivo de Donaldo
Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecade
patoscombrp=75
54 Acesso em marccedilo
de 2015
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Foi criado tambeacutem na deacutecada de 1990 na Lei Municipal nordm 2872 de 03 de outubro de 1991
o Parque Mirante do Alto da Colina (ainda natildeo implantado) e a Lei Municipal nordm 2871 de 03
de outubro de 1991 declara a aacuterea denominada Lagoa e Bosque do ldquoPATAtildeOrdquo de preservaccedilatildeo
permanente onde desde entatildeo se cogita a implantaccedilatildeo de um parque urbano
Figura 21 Rua Mirico Caixeta ao fundo a Mata do Catingeuiro Evidenciando a falta de conexatildeo da
mata com o entorno Foto Acervo pessoal 2015
Figura 22 Rua 0 e o desmatamento na Mata do Catingeiro Foto Acervo
pessoal 2015
Em 2014 foi aprovada a criaccedilatildeo do Parque
de Preservaccedilatildeo Mata do Catingueiro uma
tentativa de proteger os restigios da mata
localizado no setor leste aacuterea que
recentemente recebeu muitos loteamentos
que foram implantados sem se estabelecer
uma aacuterea de transiccedilatildeo ou de integraccedilatildeo da
mata com a malha urbana sem passeios
ciclovias praccedilas ou parques conforme
ilustrado na Figura 21 A mata do
Catingueiro tem sido um constante alvo de
queimadas e desmatamento a Figura 22
mostra os vestiacutegios da mata
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Figura 23 Programa MCMV- Jardim Quebec II com 437unidades localizado na porccedilatildeo noroeste da
cidade ao fundo da figura a mata ciliar do Rio Paranaiacuteba e plantaccedilotildees de cafeacute Foto Sacircmara C P Lima
2014
Na deacutecada de 2010 ocorreu a expansatildeo do periacutemetro urbano no sentindo norte pela primeira
vez para aleacutem do Coacuterrego do Limoeiro devido agrave instalaccedilatildeo de um campus da Universidade
Federal de Uberlacircndia na aacuterea Observa-se na Figura 23 que a aacuterea do extremo noroeste da
cidade estaacute em processo de expansatildeo da malha urbana e apresenta construccedilotildees habitacionais
do Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) na cidade
Notamos diversas transformaccedilotildees na malha urbana de Patos de Minas ao longo das deacutecadas
desde a implantaccedilatildeo do nuacutecleo urbano aos desdobramentos econocircmicos poliacuteticos e sociais
que direcionaram o crescimento da cidade e a transformaccedilatildeo da paisagem
O tecido urbano e o crescimento das cidades brasileiras como eacute o caso de Patos de Minas se
daacute pela conformaccedilatildeo do sistema viaacuterio pelos padrotildees de parcelamento do solo por
edificaccedilotildees e pelos espaccedilos livres Patos possui uma relaccedilatildeo cultural e econocircmica muito forte
com a zona rural A linha de transiccedilatildeo entre o urbano e o rural eacute muito tecircnue principalmente
nas aacutereas de borda urbana Nesses bairros de periferia ou de limite da mancha urbana a
cidade termina no outro lado da rua depois de uma cerca de arame sem nenhum espaccedilo de
transiccedilatildeo o outro lado da cerca se configura como um espaccedilo livre com muitas
potencialidades de uso e conflitos
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Figura 24 Paisagem urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora
Em Patos de Minas a paisagem urbana eacute emoldurada por serras cobertas por diferentes
plantaccedilotildees (Figura 24) a cidade termina onde o Rio Paranaiacuteba passa ou a cidade termina
onde comeccedilam os fundos de vale Ora cidade ora zona rural A paisagem tambeacutem eacute marcada
pela Catedral um contraste no meio do aglomerado urbano em uma zona em processo de
verticalizaccedilatildeo onde a Catedral se esconde e se revela A Catedral marca o iniacutecio da ocupaccedilatildeo
da regiatildeo em uma aacuterea de chapada na beira da lagoa hoje a chapada foi praticamente toda
ocupada e os bairros das bordas urbanas ocupam as aacutereas mais elevadas da cidade Do alto
desses bairros da borda eacute possiacutevel ver as lagoas e os coacuterregos pressentes na cidade espaccedilos
que se configuram como parques praccedilas e chaacutecaras espaccedilos livres de edificaccedilatildeo que
ressaltam a identidade da cidade e a paisagem urbana
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21 ESPACcedilOS LIVRES
ESPACcedilOS ABERTOS AacuteREAS VERDES
O conceito de espaccedilo livre de edificaccedilatildeo eacute amplo e complexo Para Nucci (2001) os espaccedilos
livres fazem parte de um grande grupo paisagiacutestico urbano que pode ser subdividido em
vaacuterias categorias dependendo do seu uso e funccedilatildeo sendo entatildeo um termo bastante
abrangente que agrega todos os outros conceitos similares como espaccedilos abertos aacutereas
verdes aacutereas livres sistemas de aacutereas de lazer cobertura vegetal entre outros
Segundo Queiroga (2006) Miranda Magnoli em sua tese de livre-docecircncia6 buscou afirmar o
espaccedilo livre como o objeto do paisagismo indo aleacutem do jardim do projeto com vegetaccedilatildeo
e da escala urbana Nesse sentido definiu espaccedilo livre como espaccedilo livre de edificaccedilotildees todo
espaccedilo descoberto urbano ou natildeo vegetado ou natildeo puacuteblico ou privado De acordo com a
autora para a anaacutelise de um dado recorte escalar propotildee-se que o estudo dos espaccedilos livres
deva ir aleacutem dos espaccedilos vegetados e dos espaccedilos puacuteblicos envolvendo todos os espaccedilos
livres do referido recorte Ou seja para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na cidade
eacute preciso ir aleacutem da anaacutelise dos espaccedilos puacuteblicos ou dos vegetados eacute preciso identificar todas
as aacutereas natildeo construiacutedas na cidade os espaccedilos privados intra-lote os lotes e glebas ociosas
as ruas os passeios etc
Os espaccedilos livres satildeo um dos principais estruturadores da forma urbana e um dos principais
elementos caracterizadores da paisagem urbana Segundo Magnoli (1982) os espaccedilos livres
satildeo os ambientes natildeo edificados da cidade as ruas avenidas praccedilas parques quintais
jardins rios matas mangues praias urbanas ou simples vazios urbanos
Quando adotamos o termo aacutereas verdes ou aacutereas verdes urbanas nos referimos a um
subsistema dentro do Sistema de Espaccedilos Livres que engloba principalmente as aacutereas de
preservaccedilatildeo permanente (APPrsquos) reservas legais (RL) e a arborizaccedilatildeo urbana Segundo
6 MAGNOLI Miranda Espaccedilos livres e urbanizaccedilatildeo uma introduccedilatildeo a aspectos da paisagem metropolitana 1982 116 p Tese (Livre-docecircncia em Arquitetura e Urbanismo) ndash Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1982
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Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilo livre eacute adotado se sobrepondo contendo e
ampliando o conceito usual de aacutereas verdes termo que tem como base a necessidade de
espaccedilos livres dotados de vegetaccedilatildeo De acordo com o autor o termo aacutereas verdes eacute
reducionista desconsidera as caracteriacutesticas fundamentais do espaccedilo urbano como a
complexidade e diversidade das formas de apropriaccedilatildeo e apreensatildeo social e o fato real da
impossibilidade fiacutesica e mesmo da inconveniecircncia da existecircncia de vegetaccedilatildeo em
determinados espaccedilos livres
De acordo com Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilos livres natildeo desconsidera o papel
da vegetaccedilatildeo nas cidades brasileiras como elemento facilitador da drenagem urbana criador
de microclimas mais agradaacuteveis contribuindo para a manutenccedilatildeo da diversidade animal e
vegetal e ainda como fator de embelezamento urbano mas natildeo desconsidera a importacircncia
dos espaccedilos natildeo vegetados para inuacutemeras praacuteticas de relevacircncia cultural das feiras agraves festas
populares das manifestaccedilotildees poliacuteticas agrave valorizaccedilatildeo de determinadas paisagens e
patrimocircnios culturais
Entretanto apesar dos crescentes avanccedilos nas discussotildees sobre os espaccedilos livres muitos
autores planos diretores planos de uso e ocupaccedilatildeo ainda natildeo compreenderam o termo
como em Patos de Minas onde adota-se o termo aacutereas verdes nas leis municipais e plano
diretor Na Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo de Patos de Minas (2008) as aacutereas verdes satildeo
descritas como porccedilotildees situadas na Macrozona Urbana destinadas a oferecer espaccedilos
puacuteblicos adequados e qualificados agraves atividades de recreaccedilatildeo lazer e turismo da populaccedilatildeo
de forma a conciliar a proteccedilatildeo dos bens naturais e culturais As cidades precisam de reservas
de aacutereas verdes e de espaccedilos livres de qualidade para praacutetica de atividades culturais de lazer
e contemplaccedilatildeo Observa-se que na lei municipal de Patos de Minas existe uma sobreposiccedilatildeo
entre a funccedilatildeo das reservas de aacutereas verdes e dos espaccedilos de praacuteticas socias sobreposiccedilatildeo
essa presente no conceito dos espaccedilos livres
A implantaccedilatildeo dos espaccedilos livres puacuteblicos depende de uma gestatildeo adequada e integrada dos
recursos com uma fiscalizaccedilatildeo efetiva o que implica no desenvolvimento de poliacuteticas
puacuteblicas permanentes que viabilizem as intervenccedilotildees e necessidades dos espaccedilos livres
Segundo Loboda amp Angelis (2012) o planejamento das aacutereas verdes (puacuteblicas) urbanas parte
de uma definiccedilatildeo de recursos que eacute residual as necessidades satildeo amenizados com recursos
que sobram de outras atividades consideradas como mais prioritaacuterias e que geralmente
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incluem-se nesse acircmbito aquelas de cunho estrateacutegico poliacutetico e econocircmico O autor cita um
problema frequente em diversas cidades brasileiras a falta de recursos destinados aos
espaccedilos puacuteblicos e dentre eles as aacutereas verdes urbanas um dos principais espaccedilos livres das
cidades
De acordo com Magnoli (1982) a localizaccedilatildeo acessibilidade e distribuiccedilatildeo dos espaccedilos livres
formam um complexo sistema de conexotildees com muacuteltiplos papeacuteis urbanos atividades do oacutecio
circulaccedilatildeo urbana conforto conservaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo ambiental drenagem urbana
imaginaacuterio e memoacuteria urbana lazer e recreaccedilatildeo dentre outros Todas essas funccedilotildees
exercidas no ambiente urbano pelos espaccedilos livres assim como a localizaccedilatildeo acessibilidade
distribuiccedilatildeo tipos de usos e configuraccedilatildeo espacial estatildeo organizadas de maneira sistecircmica na
cidade formando o Sistema de Espaccedilos Livres
22 O PENSAMENTO SISTEcircMICO
As cidades independentemente da sua localidade histoacuteria e configuraccedilatildeo satildeo formadas de
modo geral por espaccedilos livres e espaccedilos edificados duas categorias espaciais estruturantes
da forma urbana A configuraccedilatildeo dos espaccedilos livres eacute variaacutevel nas cidades brasileiras por
diversas questotildees como caracteriacutesticas territoriais bioma configuraccedilatildeo paisagiacutestica pela
existecircncia ou ausecircncia de planos urbanos e principalmente pelos processos de urbanizaccedilatildeo e
de transformaccedilatildeo da paisagem
A cidade eacute um conjunto de elementos sistemas e funccedilotildees e os espaccedilos livres formam um dos
principais sistemas capaz de estruturar toda a configuraccedilatildeo urbana De acordo com Tardin
(2010) e DrsquoAgostini amp Cunha (2007) sistema eacute um conjunto de elementos passiacutevel de
estabelecer inter-relaccedilotildees fiacutesicas funcionais estruturais morfoloacutegicas e relativas agrave vivecircncia
da paisagem abertas e intricadas entre si com seu entorno e com as pessoas que o
vivenciam
De acordo com Morin (2008) apud Queiroga (2014) o conceito de sistema implica natildeo
somente elementos inter-relacionaacuteveis mas tais relaccedilotildees constituem uma organizaccedilatildeo e uma
estrutura relativamente estaacutevel que caracteriza o sistema como um todo A organizaccedilatildeo
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sistecircmica por sua vez conteacutem as relaccedilotildees que definem o sistema e que o transformam
alterando sua estrutura possibilitando sua permanecircncia e contendo a possibilidade concreta
de sua dissoluccedilatildeo Para o autor o termo exprime multiplicidade totalidade diversidade
organizaccedilatildeo e complexidade
A noccedilatildeo de sistema auxilia o estudo dos espaccedilos livres urbanos e o entendimento das suas
relaccedilotildees de interdependecircncia complementaridade e hierarquia Segundo Schlee et al
(2009) considerando-se a paisagem como um macrossistema complexo formado de
subsistemas os espaccedilos livres urbanos constituem um dos seus subsistemas inter-
relacionados com outros subsistemas urbanos e rurais e que podem se justapor ao Sistema
de Espaccedilos Livres ou se sobrepor total ou parcialmente enquanto sistemas de accedilotildees
[] entende-se como sistemas de espaccedilos livres (SEL)
urbanos os elementos e as relaccedilotildees que organizam e
estruturam o conjunto de todos os espaccedilos livres de um
determinado recorte urbano independentemente de sua
dimensatildeo qualificaccedilatildeo esteacutetica funcional e de sua
localizaccedilatildeo e propriedade sejam eles puacuteblicos ou privados
[] toda cidade possui um sistema de espaccedilos livres que eacute
produzido durante seu processo de formaccedilatildeo tanto pelo
Poder Puacuteblico como pela iniciativa privada (MACEDO 2010
p 3 e 4)
O autor afirma que todas as cidades independente do seu porte de suas caracteriacutesticas
culturais e histoacutericas possuem um Sistema de Espaccedilos Livres Essa afirmaccedilatildeo incita diversas
questotildees que conduziram esta pesquisa pontos voltados ao objeto de estudo a cidade de
Patos de Minas uma cidade meacutedia
O SEL DE UMA MEGAacuteLOPOLE OU METROacutePOLE Eacute
DIFERENTE DO SEL DE UMA PEQUENA CIDADE OU DE
UMA CIDADE MEacuteDIA
O MESMO TIPO DE ANAacuteLISE QUE SE APLICA PARA O
ENTENDIMENTO DO SEL DE UMA CIDADE DE GRANDE
PORTE PODE SER APLICADO PARA UMA CIDADE DE
MEacuteDIO PORTE
EXISTEM TIPOS DE ESPACcedilOS LIVRES FUNCcedilOtildeES OU
RELACcedilOtildeES QUE CARACTERIZAM O SISTEMA DE ESPACcedilOS
LIVRES DE UMA CIDADE MEacuteDIA
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23 OS ESPACcedilOS LIVRES NAS
CIDADES MEacuteDIAS
O espaccedilo livre eacute parte estruturante da forma urbana ele se configura em diferentes
categorias tipologias e caracteriacutesticas no meio urbano principalmente pela introduccedilatildeo ao
longo da histoacuteria de diferentes padrotildees urbaniacutesticos nas cidades O processo de urbanizaccedilatildeo
das cidades eacute uma soma e por vezes ateacute uma sobreposiccedilatildeo de padrotildees morfoloacutegicos esses
traccedilados geram diferentes paisagens com diferentes tipos de espaccedilos livres Incorporando ao
sistema um rico mosaico espacial formado por diferentes porcentagens de espaccedilos livres
intra lote caracteriacutesticos de traccedilados distintos por diferentes tipos de praccedilas aacutereas de
preservaccedilatildeo parques ruas e avenidas Aacutereas essas que apresentam diversos conflitos e
possuem um intenso potencial de transformaccedilatildeo
Segundo Macedo et al (2012) as cidades brasileiras possuem padrotildees morfoloacutegicas
semelhantes isso fica evidente na repeticcedilatildeo dos tipos de traccedilado (ortogonais orgacircnicos
radiais) e nos padrotildees de mancha urbana (linear tentacular compacta mista) O que confere
a especifidade das diversas cidades eacute a forma como elas estatildeo inseridas em seu contexto
territorial os arranjos espaciais seus padrotildees culturais socioeconocircmicos a legislaccedilatildeo
municipal as tipologias e funccedilotildees dos espaccedilos livres e a paisagem urbana Nas cidades meacutedias
brasileiras a forma como os padrotildees morfoloacutegicos se adequam ao suporte fiacutesico
transformando paisagem a local confere ao Sistema de Espaccedilos Livres diferentes dinacircmicas
espaciais funcionais e tipoloacutegicas
Como dito anteriormente neste trabalho a proposta natildeo eacute discutir o que determina uma
cidade como de meacutedio porte ou natildeo mas entender essas cidades como centro urbanos em
crescimento onde novos traccedilados e dinacircmicas urbanas satildeo somadas agrave cidade existente
transformando a paisagem local Na atual conjuntura brasileira segundo Tacircngari et al(2009)
apoacutes a deacutecada de 1980 as cidades meacutedias passaram a crescer mais rapidamente em
comparaccedilatildeo com as metroacutepoles um processo de diminuiccedilatildeo do movimento migratoacuterio em
direccedilatildeo agraves megaloacutepoles e o seu direcionamento para as cidades meacutedias que apresentam
grande potencial de crescimento econocircmico e tecircm seus atributos esteacuteticos e econocircmicos
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valorizados atraveacutes da propagaccedilatildeo da ideia de que cidades de meacutedio porte podem apresentar
mais qualidade de vida que as grandes metroacutepoles
As cidades meacutedias reproduzem os padrotildees morfoloacutegicos e culturais vindos do contexto das
grandes cidades e das pequenas cidades ou povoados de seu entorno Um exemplo dessa
influecircncia vinda das grandes cidades satildeo os condomiacutenios fechados propostos inicialmente
pelo mercado imobiliaacuterio como locais de seguranccedila e lazer proacuteximos aos grandes centros
urbanos esse mesmo padratildeo de condomiacutenio fechado eacute aplicado nas cidades meacutedias onde a
criminalidade eacute bem menor e as distacircncias a serem percorridas satildeo mais curtas Um exemplo
da influecircncia vinda das pequenas cidades e povoados proacuteximos satildeo as chaacutecaras pastos e
plantaccedilotildees presentes dentro malha urbana
Patos de Minas eacute um exemplo de cidade meacutedia em crescimento que recebe influecircncias
culturais e de padrotildees morfoloacutegicos uma cidade que possui caracteriacutesticas especiacuteficas de seu
suporte fiacutesico de seu processo histoacuterico e cultura que influenciam diretamente na malha
urbana as tipologias de espaccedilos livres e os tipos de apropriaccedilatildeo desses espaccedilos
Se observarmos em Patos de Minas as caracteriacutesticas da condiccedilatildeo de cidade meacutedia como por
exemplo a localizaccedilatildeo estrateacutegica entre cidades de maior e menor porte Percebemos que a
cidade atrai pessoas do entorno para desfrutar de suas potencialidades econocircmicas e de seus
aparatos de lazer (parques praccedilas locais de exposiccedilatildeo agropecuaacuteria) o que contribui
diretamente para geraccedilatildeo de renda e uso dos espaccedilos A cidade possui uma relaccedilatildeo direta
com cidades de maior porte que servem de escoamento da produccedilatildeo e suprimento de
mercadorias essa relaccedilatildeo de proximidade atrai para cidade eventos e exposiccedilotildees e pode
motivar influecircncias sobre as tipologias de espaccedilos livres gerados (assim como o processo de
globalizaccedilatildeo tambeacutem pode exercer esse papel)
Eacute nesse contexto de crescimento das cidades meacutedias e influecircncias morfoloacutegicas e culturais
que o Sistema de Espaccedilos Livres precisa ser pensado e entendido como uma infraestrutura
baacutesica para o desempenho da vida cotidiana urbana Segundo Souza amp Macedo (2014) o SEL
deve oferecer condiccedilotildees de habitabilidade urbana e para isso eacute necessaacuterio que se estabeleccedila
um diagnoacutestico baseado na existecircncia ou ausecircncia de uma seacuterie de atributos urbanos
necessaacuterios e qualitativos que deveriam orientar accedilotildees poliacuteticas e projetos de maneira a
formar um Sistema de Espaccedilos Livres integrado agrave paisagem local e a demanda da populaccedilatildeo
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O autor afirma que eacute preciso fazer uma leitura da cidade de seus condicionantes conflitos e
potencialidades para entender como se estrutura o SEL suas funccedilotildees e seu potencial de
transformaccedilatildeo e organizaccedilatildeo na cidade
Partimos para anaacutelise da forma urbana patense buscando o entendimento de como as
caracteriacutesticas especiacuteficas do suporte fiacutesico da organizaccedilatildeo espacial da situaccedilatildeo fundiaacuteria e
dos tipos de usos e funccedilotildees exercidas pelos espaccedilos livres estruturam o Sistema de Espaccedilos
Livres de Patos de Minas
24 OS ESPACcedilOS LIVRES NA FORMA URBANA DE
PATOS DE MINAS
Para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na forma urbana de Patos de Minas a
anaacutelise foi dividida em trecircs principais enfoques RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA CONFIGURACcedilAtildeO
ESPACIAL e RELACcedilAtildeO DE USOS DO SOLO A leitura da cidade apresentada por esses trecircs
acircngulos somada ao entendimento de paisagem forma urbana e da formaccedilatildeo e
transformaccedilatildeo da malha urbana patense apresentados no capiacutetulo anterior nos possibilitam
o entendimento do Sistema Espaccedilos Livres de Patos de Minas como um todo com suas
categorias tipoloacutegias e relaccedilotildees sistecircmicas
Os trecircs principais enfoques foram determinados com base nas principais caracteriacutesticas da
cidade nas suas peculiaridades na sua condiccedilatildeo de cidade de meacutedio porte Provavelmente
um outro tipo de cidade com outras caracteriacutesticas de paisagem demandaria outro segmento
de anaacutelise
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241
RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA
ESPACcedilOS LIVRES x SUPORTE ambiental
O principal objetivo desse subcapiacutetulo eacute analisar as caracteriacutesticas do suporte ambiental sobre
o qual a cidade de Patos de Minas foi implantada buscando identificar quais espaccedilos livres
presentes na cidade incorporam esses elementos da paisagem O suporte ambiental eacute parte
da paisagem urbana ele eacute formado por elementos como corpos drsquoaacutegua vegetaccedilatildeo relevo
solos e clima
Estatildeo cada vez mais presentes nos planos diretores e na legislaccedilatildeo ambiental denominaccedilotildees
como reservas florestais puacuteblicas e privadas parques lineares parques ecoloacutegicos unidades
de conservaccedilatildeo aacutereas de proteccedilatildeo permanente (APPrsquos) aleacutem de referecircncias agrave
sustentabilidade e agrave ecologia Essas denominaccedilotildees muitas vezes geram espaccedilos livres
voltados agrave funccedilatildeo de conservaccedilatildeo e proteccedilatildeo ambiental Entretanto os espaccedilos livres
vinculados ao suporte fiacutesico natildeo possuem somente a funccedilatildeo de conservaccedilatildeo ambiental eles
possuem outros papeacuteis no meio urbano como recreaccedilatildeo infraestrutura urbana contribuir
com a drenagem pluvial possibilitar microclimas urbanos mais agradaacuteveis contribuir para
manutenccedilatildeo da biodiversidade e valores esteacuteticos Segundo Queiroga (2012) a
permeabilidade do solo e a cobertura arboacuterea permitem a conservaccedilatildeo de paisagens com
melhor desempenho ambiental mitigando problemas comuns nas aacutereas urbanas a qualidade
da aacutegua e do ar a manutenccedilatildeo da qualidade do solo controle de erosatildeo abastecimento dos
aquiacuteferos e regulaccedilatildeo das enchentes
Os espaccedilos livres vinculados ao suporte ambiental como os corpos drsquoaacutegua e a vegetaccedilatildeo
constantemente satildeo alvo de degradaccedilatildeo ambiental o que ressalta a sua funccedilatildeo ambiental
dentro do sistema Entretanto a mitigaccedilatildeo desses problemas natildeo eacute uma questatildeo pertinente
apenas ao planejamento ambiental das cidades De acordo com Jacobs (2001) as aacutereas livres
puacuteblicas estruturam o espaccedilo urbano satildeo o principal suporte espacial para o encontro e a
vivecircncia urbana Segundo a autora a degradaccedilatildeo do espaccedilo urbano observada pela reduccedilatildeo
de aacutereas puacuteblicas de lazer deficiecircncia na arborizaccedilatildeo urbana excessiva impermeabilizaccedilatildeo do
solo aumento da temperatura e criaccedilatildeo de ilhas de calor danos ambientais diversos
diminuiccedilatildeo da qualidade da ambiecircncia urbana e perda de qualidade de vida constitui um
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problema que extrapola a esfera fiacutesicaespacial constituindo um problema social visto que
desencoraja o uso da rua e dos espaccedilos livres como locais de encontro necessaacuterios para a
manutenccedilatildeo das praacuteticas sociais
Ao longo do processo de urbanizaccedilatildeo das cidades brasileira foram comuns situaccedilotildees em que
aacutereas de reserva natural foram desmatadas para dar lugar a loteamentos coacuterregos foram
canalizados e desapareceram da paisagem urbana ou foram canalizadas a ceacuteu aberto tiveram
sua APP desmatada e impermeabilizada para dar lugar a avenidas e aacutereas construiacutedas como
no caso da Figura 26
Figura 26 Coacuterrego do Monjolo em Patos de Minas canalizado a ceacuteu aberto na deacutecada de 1970 com APP desmatada e grande parte do seu entorno impermeabilizado Agraves margens do coacuterrego a Av Faacutetima Porto Foto Acervo pessoal 2014
Atualmente esse tipo de tratamento de supressatildeo da vegetaccedilatildeo das APPrsquos em aacutereas
urbanizadas eacute cada vez mais incomum7 o que contribui para a conservaccedilatildeo desses recursos
naturais Entretanto gradativamente mais a legislaccedilatildeo ambiental trata a funccedilatildeo ambiental dos
espaccedilos como algo isolado entendendo as APPrsquos como locais onde natildeo podem existir
intervenccedilotildees desconsiderando que esses espaccedilos podem estar vinculados a outras funccedilotildees
como por exemplo recreaccedilatildeo educaccedilatildeo ambiental valorizaccedilatildeo da paisagem De acordo com
7 Os casos excepcionais nos quais eacute permitido a supressatildeo da vegetaccedilatildeo em APP estatildeo definidos pela Resoluccedilatildeo CONAMA 36906
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AUTORIZO A REPRODUCcedilAtildeO E DIVULGACcedilAtildeO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETROcircNICO PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA DESDE DE QUE CITADA A FONTE
E-MAIL nayaraamorimarqgmailcom
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AMORIM Nayara Cristiana Rosa O sistema de espaccedilos livres na forma urbana de Patos de
Minas Dissertaccedilatildeo apresentada a Faculdade de Arquitetura Urbanismo e Design da
Universidade Federal de Uberlacircndia Uberlacircndia 2015
BANCA EXAMINADORA
APROVADO EM
PROF DR __________________________________________ INSTITUICcedilAtildeO ___________
JULGAMENTO _____________________________________________________________
ASSINATURA ______________________________________________________________
PROF DR __________________________________________ INSTITUICcedilAtildeO ___________
JULGAMENTO _____________________________________________________________
ASSINATURA ______________________________________________________________
PROF DR __________________________________________ INSTITUICcedilAtildeO ___________
JULGAMENTO _____________________________________________________________
ASSINATURA ______________________________________________________________
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DEDICATORIA
Dedico a todos aqueles que estiveram do meu lado
apoiando e auxiliando nesse processo de aprendizagem
Em especial ao meu noivo
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AGRADECIMENTOS
Agrave Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Pesquisa do Estado de Minas Gerais - FAPEMIG pelo financiamento
durante a pesquisa
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico - CNPq pelo
financiamento da pesquisa maior na qual se insere essa dissertaccedilatildeo
Ao Grupo de Pesquisa QUAPAacute-SEL pela base metodoloacutegica e bibliograacutefica E em especial ao
grupo de pesquisa Neurb- Nuacutecleo de Estudos Urbanos pelas discussotildees e trocas de
informaccedilotildees
Ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo - PPGAU (FAUeD UFU)
incluindo todos os professores e principalmente a coordenaccedilatildeo e secretaria pelo empenho
em fazer crescer o curso e por toda assessoria prestada
Agradeccedilo ao Prof Dr Glauco Cocozza pela sabedoria compartilhada pelo tempo dedicado e
principalmente pelo incentivo
Aos professores Dr Eugecircnio Queiroga e Dr Carlos Loboda pelas consideraccedilotildees apontadas no
Exame de Qualificaccedilatildeo imprescindiacuteveis no desenvolvimento dessa pesquisa
Agrave minha matildee ao meu pai e aos meus irmatildeos Flaacutevia Janaina e Fabriacutecio que estiveram ao meu
lado durante todos os dias com paciecircncia incessante me alimentando com amor e forccedila
inestimaacuteveis Amo vocecircs
Ao Mathues namorado noivo e futuro esposo por todo o carinho paciecircncia e atenccedilatildeo
dedicados
Aos meus amigos pelo apoio e carinho
Aos meus colegas de mestrado pela companhia nos dias intensos de estudos e
principalmente por tornarem essa caminhada prazerosa
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RESUMO
A pesquisa analisa a configuraccedilatildeo do Sistema de Espaccedilos Livres na forma urbana de Patos de Minas uma cidade de meacutedio porte no interior do estado de Minas Gerais O espaccedilo livre eacute caracterizado como todo espaccedilo livre de edificaccedilatildeo e eacute um dos principais elementos morfoloacutegicos capazes de contribuir com a conservaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da paisagem estruturar a forma urbana e conferir identidade agraves cidades O espaccedilo livre eacute um dos principais caracterizadores das diferentes paisagens urbanas presentes na cidade A partir do estudo da configuraccedilatildeo ecoloacutegica espacial fundiaacuteria e tipoloacutegica desses espaccedilos busca-se o entendimento de que todos cada um com suas caracteriacutesticas e funccedilotildees estatildeo interligados de maneira sistecircmica estruturando as funccedilotildees ambientais sociais culturais e de paisagem presentes na dinacircmica urbana Essa abordagem permite elaborar uma visatildeo sistecircmica da estrutura urbana na qual se observa natildeo apenas os conjuntos de espaccedilos livres mas tambeacutem suas interaccedilotildees e articulaccedilotildees com o edificado com a sociedade com o suporte fiacutesico e com a forma urbana
Palavras-chave Sistema de Espaccedilos Livres Forma Urbana Unidades de Paisagem Patos de
Minas
ABSTRACT
This research analyzes the configuration of the Open Spaces System in the urban form of Patos de Minas one medium-sized city in the state of Minas Gerais The open space is characterized like everyone open space of edification and is one of the main morphological elements able to contribute to the conservation and enhancement of the landscape organize the urban form and confer identity to the cities The open space is a major characterizer of the different urban landscapes present in the city Starting from the study of ecological setting spatial land ownership and typological of those spaces sought the understanding that everyone each one with its characteristics and functions are interconnected in a systemic way structuring the environmental function social cultural and landscape present in the urban dynamic This approach enables elaborate a systemic view of the urban structure in which it is observed not just the sets of open spaces but also their interactions and articulations with the edified with society with the physical support and with the urban form
Palavras-chave Open Spaces System Urban Form Landscape Units Patos de Minas
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LISTA DE ABREVIATURAS
SIGLAS E SIacuteMBOLOS
AABB Associaccedilatildeo Atleacutetica Banco do Brasil
APA Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental
ARL Aacuterea de Reserva Legal
APP e APPrsquos Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente Aacutereas de Presrvaccedilatildeo Permanente
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
EL Espaccedilo Livre
ETA Estaccedilatildeo de Tratamento de Aacutegua
ETE Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgoto
FAUed Faculdade de Arquitetura Urbanismo e Design
i Inclinaccedilatildeo
SEL-RJ Grupo de Sistema de Espaccedilos Livres- Rio de Janeiro
HIS Habitaccedilatildeo de Interesse Social
MCMV Minha Casa Minha Vida
NEURB Nuacutecleo de Estudos Urbanos
ORT Ortogonal
PTC Patos Tecircnis Clube
Quapaacute-SEL Quadro do Paisagismo Brasileiro ndashSistema de Espaccedilos Livres
CEASA Centro de Abastecimento SA
SEL Sistema de Espaccedilos Livres
UNIPAM Centro Universitaacuterio de Patos de Minas
UP Unidade de Paisagem
URT Uniatildeo Recreativa dos Trabalhadores (um dos times de futebol da cidade)
Unesco Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura
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SUMAacuteRIO
ELEMENTOS PREacute-TEXTUAIS
Dedicatoacuteria 005
Agradecimentos 006
Resumo e Abstract 007
Lista de Abreviaturas e Siglas e Siacutembolos 008
INTRODUCcedilAtildeO 013
Sobre os pensamentos norteadores 013
Sobre o meacutetodo 014
Sobre o decorrer dos capiacutetulos 014
CAPIacuteTULO 1 a paisagem e a forma urbana
018 11 PAISAGENS URBANA CONCEITUACcedilAtildeO
021 12 MORFOLOGIA E FORMA URBANA FORMA URBANA MALHA URBANA TECIDO URBANO
025 13 FORMACcedilAtildeO E TRANSFORMACcedilAtildeO DA MALHA URBANA PATENSE
028 131 DO INIacuteCIO DO POVOADO ATEacute A DEacuteCADA DE 1930 BORGES X MACIEIS
037 132 DA DEacuteCADA DE 1940 ATEacute A DEacuteCADA DE 1960 AUMENTO POPULACIONAL
040 133 DAacute DEacuteCADA DE 1970 ATEacute A DEacuteCADA DE 1980 INCORPORACcedilAtildeO DOS CORPOS DrsquoAacuteGUA
044 134 DA DEacuteCADA DE 1990 ATEacute OS DIAS ATUAIS A FORMA URBANA ATUAL
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CAPIacuteTULO 2 o sistema de espaccedilos livres
051 21 ESPACcedilOS LIVRES ESPACcedilOS ABERTOS AacuteREAS VERDES
053 22 O PENSAMENTO SISTEcircMICO
055 23 ESPACcedilOS LIVRES NAS CIDADE MEacuteDIAS
057 24 OS ESPACcedilOS LIVRES NA FORMA URBANA DE PATOS DE MINAS
058 241 RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA espaccedilos livres x suporte ambiental
065 242 CONFIGURACcedilAtildeO ESPACIAL espaccedilos livres x malha urbana
2421 Configuraccedilotildees da malha urbana
2422 Espaccedilos livres na malha urbana
2423 Tipos de traccedilado
083 243 RELACcedilOtildeES DE USOS DO SOLO espaccedilos livres x uso
2431 Distribuiccedilatildeo fundiaacuteria
2432 Usos do solo
090 25 O SISTEMA DE ESPACcedilOS LIVRES DE PATOS DE MINAS
090 251 TIPOLOGIAS DE ESPACcedilOS LIVRES
092 252 CATEGORIAS DE ESPACcedilOS LIVRES
102 253 RELACcedilOtildeES SISTEcircMICAS DOS ESPACcedilOS LIVRES
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CAPIacuteTULO 3 as unidades de paisagem
109 31 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS
110 32 UNIDADES DE PAISAGEM DE PATOS DE MINAS
113 321 UNIDADE DE PAISAGEM 01
116 322 UNIDADE DE PAISAGEM 02
120 323 UNIDADE DE PAISAGEM 03
123 324 UNIDADE DE PAISAGEM 04
128 325 UNIDADE DE PAISAGEM 05
132 326 UNIDADE DE PAISAGEM 06
135 327 UNIDADE DE PAISAGEM 07
139 328 UNIDADE DE PAISAGEM 08
143 329 UNIDADE DE PAISAGEM 09
148 3210 UNIDADE DE PAISAGEM 10
151 33 AS UNIDADES DE PAISAGEM NA CIDADE
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS PERSPECTIVAS E DESAFIOS 154
SOBRE OS DESAFIOS A SEREM ENFRENTADOS 156
SOBRE OS POSSIacuteVEIS DESDOBRAMENTOS DA PESQUISA 157
REFEREcircNCIAS 159
ACERVOS ARQUIVOS E JORNAIS 159
LEIS E DECRETOS 159
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 160
ANEXOS 164
12 |
13 |
INTRODUCcedilAtildeO
SOBRE OS PENSAMENTOS NORTEADORES
O trabalho eacute um exerciacutecio de olhar para a cidade e ler entre seus traccedilados suas ruas lotes e
quadras Buscando entender as promessas que ficaram no ar os projetos vislumbrados mas
nunca concretizados que vatildeo desde a rua que natildeo foi asfaltada ateacute o coacuterrego canalizado que
natildeo foi aberto Entender o processo histoacuterico as relaccedilotildees culturais o desenho da malha
urbana que se estende por entre os fundos dos vales e acompanha o desenho dos coacuterregos e
rios
Grande parte da vida na cidade acontece em seus espaccedilos livres na praccedila natildeo implantadas
onde o vizinho planta milho na rua que recebe o tapete de Corpus Christi nas procissotildees
passeatas e desfiles na festa junina na praccedila da Igreja na eleiccedilatildeo da rainha do milho nas
folias de reis dos distritos da cidade A cidade se transforma no lote que vira campinho na
praccedila que vira estacionamento na gleba que vira pasto na lagoa que vira brejo na mata que
vira cinzas A zona rural aos poucos se transforma em malha urbana mas o rural natildeo perdeu
seu espaccedilo ele se manteacutem presente na paisagem urbana nas expressotildees culturais e nos
dialetos
Este trabalho eacute a continuidade do Trabalho Final de Graduaccedilatildeo apresentado a Faculdade de
Arquitetura Urbanismo e Desing da Universidade Federal de Uberlacircndia Sob a orientaccedilatildeo do
professor Glauco Cocazza foi desenvolvido um projeto de requalificaccedilatildeo para um dos
parques urbanos de Patos de Minas o Parque Municipal do Mocambo Durante o
desenvolvimento desse trabalho ficou evidente que natildeo soacute os ambientes do parque como
outros espaccedilos livres da cidade requeriam projetos de requalificaccedilatildeo que trabalhassem a
relaccedilatildeo eles com a cidade buscando o entendimento dos diferentes papeacuteis dos espaccedilos livres
na cidade deixando de pensar no planejamento urbano e no planejamento ambiental como
coisas isoladas Iniciaram-se aiacute as primeiras percepccedilotildees de que a cidade de Patos de Minas
possui diversas especificidades com relaccedilatildeo agrave interaccedilatildeo da paisagem urbana com seus
espaccedilos livres e edificados
14 |
SOBRE O MEacuteTODO
A dissertaccedilatildeo se fundamenta na anaacutelise de dados documentais primaacuterios como mapas
cedidos pela Prefeitura Municipal de Patos de Minas projetos de espaccedilos livres da cidade
levantamentos fotograacuteficos leis e decretos municipais e federais Baseia-se tambeacutem em
fontes secundaacuterias como revisatildeo bibliograacutefica dos temas norteadores da pesquisa registros
fotograacuteficos jornais locais e entrevistas informais com moradores da cidade e arquitetos da
prefeitura A dissertaccedilatildeo apresenta registros fotograacuteficos natildeo soacute do acervo da autora mas de
diferentes pessoas evidenciando pontos de vista e os diversos olhares sobre a cidade aleacutem
das fotos histoacutericas de arquivos puacuteblicos
A pesquisa adota como metodologia a anaacutelise do Sistema de Espaccedilos Livres e das Unidades de
Paisagem desenvolvida pelos estudos da rede nacional brasileira Quapaacute-SEL II (Quadro do
Paisagismo Brasileiro ndash Sistemas de Espaccedilos Livres) coordenada pelo LAB-QUAPAacute da FAUUSP
(Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Satildeo Paulo) cujo objetivo principal
eacute compreender as relaccedilotildees processuais contemporacircneas entre os Sistemas de Espaccedilos Livres
e a forma urbana das cidades brasileiras A pesquisa apresentada eacute tambeacutem parte integrante
dos estudos desenvolvidos pelo Nuacutecleo de Estudos Urbanos (NEURB) desenvolvido na
Faculdade de Arquitetura Urbanismo e Design (FAUeD) da Universidade Federal de
Uberlacircndia que tem como objetivo central compreender a importacircncia e o papel do Sistema
de Espaccedilos Livres na Forma Urbana das principais cidades meacutedias do Triacircngulo Mineiro e Alto
Paranaiacuteba contribuindo assim com os estudos do grupo nacional Quapaacute-SEL II
SOBRE O DECORER DOS CAPIacuteTULOS
O objetivo central do trabalho eacute analisar os espaccedilos livres presentes na forma urbana de
Patos de Minas e entender como esses espaccedilos estruturam o Sistema de Espaccedilos Livres (SEL)
Buscando esse entendimento a dissertaccedilatildeo foi dividida em trecircs momentos a anaacutelise da
paisagem e da forma urbana patense no primeiro capiacutetulo o entendimento do SEL no
segundo capiacutetulo e a aplicaccedilatildeo da metodologia de Unidades de Paisagem no terceiro capiacutetulo
O primeiro capiacutetulo apresenta os conceitos que iratildeo nortear a pesquisa a PAISAGEM URBANA
e a FORMA URBANA por meio de uma revisatildeo bibliograacutefica buscando a constataccedilatildeo do
estado da arte dos conceitos-chave O trabalho entende a paisagem como conceito
norteador para o entendimento da cidade da formaccedilatildeo e da transformaccedilatildeo da forma urbana
15 |
Depois de introduzidos os conceitos-chave o capiacutetulo apresentaraacute o processo de urbanizaccedilatildeo
da aacuterea de estudo a transformaccedilatildeo do tecido urbano e a incorporaccedilatildeo dos principais espaccedilos
livres de edificaccedilatildeo e edificados ressaltando as caracteriacutesticas histoacutericas econocircmicas
poliacuteticas e culturais que contribuem para a formaccedilatildeo da imagem da cidade
O segundo capiacutetulo analisa o SISTEMA DE ESPACcedilOS LIVRES na forma urbana de Patos de Minas
a partir de trecircs principais enfoques a relaccedilatildeo ecoloacutegica que busca entender a interaccedilatildeo entre
a forma urbana e os condicionantes do suporte fiacutesico (hidrografia geologia relevo
vegetaccedilatildeo) a configuraccedilatildeo espacial que revela a organizaccedilatildeo da malha urbana e a interaccedilatildeo
dos espaccedilos livres na malha e a relaccedilatildeo de usos do solo que analisa a relaccedilatildeo dos espaccedilos
livres com a situaccedilatildeo fundiaacuteria e a distribuiccedilatildeo dos usos do solo na cidade
No capiacutetulo sobre o Sistema de Espaccedilos Livres as anaacutelises foram feitas na escala da cidade No
capiacutetulo seguinte que trata das Unidades de Paisagem as apreciaccedilotildees foram feitas na escala
das unidades ou seja a anaacutelise dos espaccedilos livres da cidade vai do macro ao micro A
aplicaccedilatildeo da metodologia das Unidades de Paisagem permite transitar entre as escalas de
anaacutelise e aprofundar nas caracteriacutesticas e peculiaridades do Sistema de Espaccedilos Livres
presentes em cada unidade
O terceiro capiacutetulo apresenta a metodologia das UNIDADES DE PAISAGEM a identificaccedilatildeo das
Unidades de Paisagem presentes em Patos de Minas e a anaacutelise cada uma delas O trabalho
entende as Unidades de Paisagem como porccedilotildees do Sistema de Espaccedilos Livres cujas relaccedilotildees
entre os espaccedilos livres os espaccedilos edificados possuem caracteriacutesticas especiacuteficas de
centralidade hierarquia distribuiccedilatildeo e organizaccedilatildeo que os distingue dos demais conjuntos de
relaccedilotildees
O fechamento do trabalho apresenta de maneira sinteacutetica uma apreciaccedilatildeo do que foi
apresentado em cada capiacutetulo apontando os questionamentos e resultados que surgiram no
decorrer da anaacutelise Depois satildeo enumerados os principais desafios a serem enfrentados pelo
o planejamento urbano e ambiental de Patos de Minas para a gestatildeo do SEL da cidade
Adiante satildeo apresentados os possiacuteveis desdobramentos da pesquisa evidenciando as
possibilidades de continuidade e aprofundamentos teoacutericos e praacuteticos sobre o objeto de
estudo
16 |
17 |
11 PAISAGEM URBANA
CONCEITUACcedilAtildeO
A compreensatildeo do conceito de paisagem urbana eacute o principal enfoque no presente trabalho
para assimilaccedilatildeo da configuraccedilatildeo urbana da incorporaccedilatildeo dos elementos do suporte fiacutesico na
formaccedilatildeo e na transformaccedilatildeo da forma urbana e entendimento do papel do Sistema de
Espaccedilos Livres na cidade
O estudo da paisagem possibilita uma melhor percepccedilatildeo da estrutura da cidade a
compreensatildeo do siacutetio natural e da interferecircncia humana no mesmo esse conhecimento pode
direcionar o planejamento urbano para tanto a clareza do conceito de paisagem e seus
sombreamentos eacute de extrema importacircncia
Natildeo existe um consenso sobre o conceito de paisagem a discussatildeo sobre paisagem transita
por diversas aacutereas com diferentes definiccedilotildees ecircnfases e meacutetodo de abordagem Segundo o
geoacutegrafo Bertrand (2004) as diferenccedilas de abordagem no conceito de paisagem satildeo
influenciadas pela formaccedilatildeo e os objetivos do observador e pode enfatizar a vegetaccedilatildeo a
hidrografia o clima o relevo a economia a arquitetura ou o processo histoacuterico A
metodologia de anaacutelise poderaacute ser temporal baseada nos aspectos fiacutesicos e se referir agraves
relaccedilotildees e dinacircmicas internas ou ainda um conjunto de diversas anaacutelises Ou seja a
percepccedilatildeo individual somada aos objetivos e ao enfoque do observador interferem
diretamente na leitura da paisagem e no conceito da mesma
Segundo Rougerie e Beroutchatchvili (1991) apud Maximiano (2004) a Unesco (Organizaccedilatildeo
para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura das Naccedilotildees Unidas) declarou em 1971 considerar que a
paisagem eacute a ldquoestrutura do ecossistemardquo e o Conselho Europeu diz que ldquoo meio natural
moldado pelos fatores sociais e econocircmicos torna-se paisagem sob o olhar humanordquo Jaacute a
ldquopaysagerdquo francesa refere-se principalmente aos aspectos visuais O termo holandecircs com o
mesmo sentido eacute ldquovisueellandschaprdquo Para os alematildees ldquolandschaftrdquo envolve a noccedilatildeo de
territoacuterio semelhante ao ldquolandscape inglecircsrdquo Ambos tambeacutem se referem ao aspecto visual A
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geografia sovieacutetica tem seus proacuteprios termos ldquomesnost e ourotchitcherdquo que possuem valor
territorial aos quais os russos acrescentam ldquolandschaftrdquo emprestado dos alematildees
Segundo Maximiano (2004) para alguns socioacutelogos e economistas a paisagem eacute a base do
meio fiacutesico onde o homem a utiliza e a transforma ou natildeo para alguns botacircnicos e ecoacutelogos
a paisagem eacute um conjunto de organismos num meio fiacutesico cujas propriedades podem ser
explicadas segundo leis ou modelos com ajuda das ciecircncias fiacutesicas eou bioloacutegicas para
alguns geoacutegrafos ela resulta da relaccedilatildeo dinacircmica de elementos fiacutesicos bioloacutegicos e
antroacutepicos
ldquoA expressatildeo ldquopaisagemrdquo() passava a manifestar-se com
significados amplos complexos poreacutem bastante vagos
indistintos incompletos premissas comuns eram ldquoa naturezardquo e
a censura agrave accedilatildeo do homem A percepccedilatildeo das mudanccedilas
naturais ndash de tempos bioloacutegicos ndash e tambeacutem aquelas raacutepidas
extensas e difusas do trabalho do homem ndash de tempos
histoacutericos ndash levantava novamente a relaccedilatildeo homem-natureza
Seria esta relaccedilatildeo com todos os apelos e juiacutezos ndash imprecisos
indefinidos ndash que seria associada agrave palavra lsquopaisagemrsquordquo
(MAGNOLI e MACEDO 2000 p132-133)
O estudo da paisagem passou a ganhar relevacircncia entre os arquitetos a partir dos anos de
1960 Segundo Sandeville (2006) esse processo pode ser exemplificado inicialmente pelos
trabalhos de Kevin Lynch Cristopher Alexander Amos Rapoport Yi Fu Tuan e Vittorio
Gregotti1 De acordo com Gregotti (1983) o entendimento da paisagem eacute um instrumento
que o arquiteto tem que ter em matildeos para analisar o lugar e o espaccedilo sobre o qual se projeta
Entretanto a paisagem entendida soacute como o conjunto das caracteriacutesticas fiacutesicas e
geomorfoloacutegicas de cunho bioloacutegico e mineraloacutegico natildeo eacute suficiente para elaboraccedilatildeo do
1LYNCH K A imagem da cidade (1960) ALEXANDER C Unlenguage de patrones (1980) RAPOPORT A
Aspectos humanos de la forma urbana (1978) TUAN Y F Espaccedilo e lugar (1983) GREGOTTI V Nuevos
caminos de La arquitectura italiana (1969)
19 |
projeto eacute preciso que a leitura da paisagem expresse as accedilotildees cotidianas os usos dos
espaccedilos e a cultura local
No Brasil Miranda Magnoli inicia seus estudos sobre a paisagem e o ambiente na deacutecada de
1970 baseada nas anaacutelises estadunidenses de planejamento da paisagem reconhecendo a
importacircncia das caracteriacutesticas socioespaciais mas sem reduzir a paisagem aos aspectos
formais O modo como Miranda discutiu a paisagem segundo Sandeville (2006) ultrapassou
as limitaccedilotildees da relaccedilatildeo figura-fundo a qual reforccedila a paisagem como cenaacuterio um entorno
transformado por uma arquitetura de edifiacutecio promovendo a cenarizaccedilatildeo da ideia de
paisagem Sua reflexatildeo estabeleceu bases para o conceito da arquitetura como o projeto do
ldquoambiente humanordquo a necessidade de compreensatildeo do contexto no qual se insere o objeto
projetado
A definiccedilatildeo do conceito de paisagem adotada para este trabalho eacute a desenvolvida por
Miranda Magnoli (1982) na qual a morfologia da paisagem eacute definida como resultante da
interaccedilatildeo entre a loacutegica proacutepria dos processos do suporte (geologia clima solo relevo
vegetaccedilatildeo e sol aacutegua e ventos) e a loacutegica proacutepria dos processos antroacutepicos sociais e culturais
(parcelamentos escavaccedilotildees plantaccedilotildees construccedilotildees edificaccedilotildees etc) Essa anaacutelise da
paisagem urbana considera os diversos atores que nela interferem seus aspectos fiacutesicos
socioeconocircmicos culturais e seu processo evolutivo natildeo eacute simplesmente bem organizada ou
normativa eacute tambeacutem uma anaacutelise poeacutetica e simboacutelica fala das pessoas e de suas histoacuterias de
suas aspiraccedilotildees tradiccedilotildees e conflitos do conjunto natural das funccedilotildees e da dinacircmica urbana
O estudo da paisagem possibilita um melhor entendimento da estrutura da cidade a
compreensatildeo do siacutetio natural e da interferecircncia humana no mesmo esse conhecimento pode
direcionar o planejamento urbano para tanto o entendimento do conceito de paisagem e
seus sombreamentos eacute de extrema importacircncia Segundo Oseki amp Pellegrino (2004) um
planejamento ecoloacutegico da paisagem pode fornecer as ferramentas necessaacuterias para
integraccedilatildeo entre sociedade e natureza incorporando diretrizes ambientalmente desejaacuteveis
para a melhoria da habitabilidade da cidade de sua sustentabilidade e de sua imagem
Para Oseki amp Pellegrino (2004) as paisagens satildeo ao mesmo tempo produzidas socialmente e
produtoras (indutoras) de praacuteticas sociais podem ser utilizadas no planejamento no projeto
e gestatildeo de espaccedilos livres (nas escalas espaciais local regional e continental) o que lhes
20 |
confere importacircncia no planejamento urbano e regional o que tem sido ignorado pelos
oacutergatildeos responsaacuteveis pela gestatildeo do territoacuterio Segundo Macedo (1993) a paisagem eacute processo
e produto das accedilotildees humanas eacute processo na medida em que estaacute em constante mutaccedilatildeo e
compreende as diversas forccedilas que nela atuam ora em conflito ora em consonacircncia de
objetivos eacute produto pois a cada instante apresenta-se como objeto acabado dessas accedilotildees e
forccedilas aplicadas
Figura 2 Avenida Getuacutelio Vargas em Parto de Minas Vista parcial da paisagem urbana Fonte httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=1534357amppage=92 Foto Fotoacutegrafo desconhecido
O presente trabalho entende a paisagem como algo que caracteriza a cidade que lhe confere
identidade e a distingue das demais A paisagem retrata a forma urbana e a cultura da
populaccedilatildeo a maneira como as pessoas constroem suas casas e onde constroem se na beira
do rio no alto das serras ou nas chapadas Eacute a histoacuteria local contada por meio da mudanccedila do
cenaacuterio e da mudanccedila dos padrotildees arquitetocircnicos nas casas que permanecem do periacuteodo
neocolonial ou no estilo ecleacutetico nas casas que surgiram no estilo moderno nas reformas
nas construccedilotildees que satildeo tombadas e nas que satildeo derrubadas A paisagem eacute contada pelas
aacutervores pelas flores plantadas e replantadas nas calccediladas calccediladas por vezes remendadas A
paisagem eacute o reflexo do processo social dos bairros que se formam das pessoas que se
21 |
mudam da economia que se desenvolve modificando o comercio instalando novas induacutestrias
e quem sabe ateacute bairros industriais gerando renda para urbanizaccedilatildeo de novas aacutereas ou a
verticalizaccedilatildeo de outras
O entendimento da paisagem enquanto elemento caracterizador da imagem das cidades eacute
um instrumento para a melhoria e manutenccedilatildeo dos valores da mesma Possui uma relaccedilatildeo
direta com histoacuteria da cidade com os valores culturais com o processo de formaccedilatildeo e de
transformaccedilatildeo da forma urbana e com os elementos que a constituem Partimos entatildeo para o
estudo da forma urbana com seus enfoques conceituais desdobramentos teoacutericos e
praacuteticos
12
MORFOLOGIA E FORMA URBANA
FORMA URBANA MALHA URBANA TECIDO
URBANO
Figura 3 Forma Urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora 2014
Eacute constante a confusatildeo ao conceituar termos
como morfologia forma urbana malha
urbanatecido urbano elementos morfoloacutegicos
termos que ora se sobrepotildeem ora se englobam
ora se dividem
EXISTE UM CONSENSO SOBRE O CONCEITO
DE FORMA URBANA
A DEFINICcedilAtildeO DE FORMA URBANA ENGLOBA
O TRACcedilADO DAS RUAS OS CHEIOS E VAZIOS
OS USOS E AS TIPOLOGIAS CONSTRUIacuteDAS OU
SERIA SOacute O DESENHO QUE SE FORMA NO
ENCONTRO DAS BORDAS DA OCUPACcedilAtildeO
FORMA URBANA Eacute SINOcircNIMO DE TECIDO
URBANO OU O TECIDO Eacute PARTE DA FORMA
22 |
A morfologia urbana eacute um campo disciplinar que abrange o estudo das cidades das formas
dos tecidos e da paisagem O estudo da morfologia contribui para o entendimento da
estrutura da cidade sua formaccedilatildeo e transformaccedilatildeo por meio de seus elementos
constituintes Segundo Lamas (2004) os elementos morfoloacutegicos constituintes satildeo o solo os
edifiacutecios o lote o quarteiratildeo a fachada o logradouro o traccediladorua a praccedila o monumento
a vegetaccedilatildeo e o mobiliaacuterio urbano O autor denomina como elementos morfoloacutegicos as partes
fiacutesicas que associadas ou estruturadas constituem a forma urbana Existem diversos
conceitos e definiccedilotildees que abordam a morfologia das cidades este trabalho apresentaraacute
algumas delas
Segundo Del Rio (1990) a anaacutelise da morfologia urbana estaacute em compreender a loacutegica da
formaccedilatildeo evoluccedilatildeo e transformaccedilatildeo da forma da cidade e de suas inter-relaccedilotildees a fim de
possibilitar a identificaccedilatildeo de accedilotildees mais apropriadas cultural e socialmente para a
intervenccedilatildeo urbana e o desenho de novos espaccedilos Segundo Rossi (2001) a cidade eacute uma
obra reconhecida pelo conjunto de sua forma mas tambeacutem pode ser identificada por
pequenas partes do conjunto em seus diversos momentos a forma urbana eacute a soma dos
diversos tecidos e padrotildees morfoloacutegicos que formam a cidade
O tecido urbano ou a malha urbana de acordo com Rego e Meneguetti (2011) satildeo
configurados pelo sistema viaacuterio pelo padratildeo do parcelamento do solo pela aglomeraccedilatildeo e
pelo isolamento das edificaccedilotildees assim como pelos espaccedilos livres Em outras palavras o
tecido de cidade eacute dado pelos edifiacutecios ruas quadras e lotes parques praccedilas e monumentos
nos seus mais variados arranjos Esses elementos morfoloacutegicos presentes no tecido urbano
segundo Moudon (1997) devem ser considerados como organismos ndash constantemente em
atividade e assim em transformaccedilatildeo ao longo do tempo eles existem em inter-relaccedilatildeo com
as estruturas edificadas conformando e sendo conformadas pelos espaccedilos livres O modo
como cada um desses elementos morfoloacutegicos se organizou e conforma o tecido da cidade
pode ser entendido como um objeto de estudo da morfologia urbana
A forma urbana reflete os processos de formaccedilatildeo da cidade os processos sociais que se
consolidam nos tecidos urbanos que levam a sociedade a construir de uma maneira
determinada e caracteriacutestica suas casas escolas comeacutercios induacutestrias etc Segundo
Carvalho (2011) os tecidos urbanos satildeo configurados a partir da homogeneidade dos
seguintes elementos traccedilado da malha viaacuteria padrotildees de uso (residencial comercial de
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serviccedilos e industrial) padratildeo edificado (padratildeo arquitetocircnico e do gabarito) e suporte fiacutesico
(topografia vegetaccedilatildeo e hidrografia
De acordo com Moudon (1997) os morfologistas atentam para os resultados tangiacuteveis de
questotildees sociais econocircmicas poliacuteticas ou seja estudam a manifestaccedilatildeo de ideias e
intenccedilotildees agrave medida que elas tomam forma no chatildeo e moldam as cidades O estudo
morfoloacutegico das cidades pode ser dividido em escolas de pensamento dentre elas a escola
italiana a escola francesa e a escola inglesa as quais analisaremos sinteticamente
observando suas principais caracteriacutesticas metodoloacutegicas bases bibliograacuteficas e formas de
pensamento
A escola italiana conforme Mondon (1997) tem seu iniacutecio nos estudos do arquiteto Saverio
Muratori (1910 ndash 1973) e de Gianfranco Caniggia (1933 ndash 1987) na deacutecada de 1940 Segundo
Rosaneli (2011) essa escola de pensamento possui como principal distintivo a preocupaccedilatildeo
com o destino das cidades histoacutericas italianas sobretudo devido aos efeitos das intervenccedilotildees
modernistas Essa escola apresenta uma maior preocupaccedilatildeo com o estudo tipoloacutegico das
edificaccedilotildees (fachadas estilos arquitetocircnicos gabarito) e de suas transformaccedilotildees ao longo do
tempo
A escola francesa apresenta ecircnfase na reflexatildeo geograacutefica e historiograacutefica sobre as cidades e
possui a contribuiccedilatildeo do socioacutelogo Henri Lefebvre (1901 ndash 1991) Assim como a escola italiana
a escola francesa se opotildee aos efeitos das intervenccedilotildees modernistas Rosaneli (2011) propotildee
uma reforma educacional no campo dos estudos urbanos e busca consolidar uma nova
ldquodisciplinardquo com duplo objetivo primeiro uma pesquisa descritiva multidisciplinar do espaccedilo
construiacutedo a fim de reconhecer ingredientes de um bom desenho e segundo a identificaccedilatildeo
e criacutetica de modelos teoacutericos de desenho urbano
A escola inglesa eacute fundamentada nos estudos do geoacutegrafo alematildeo Conzen (1907 ndash 2000) e
inicia-se na deacutecada de 1960 De acordo com Moudon (1994) a escola inglesa possui uma
anaacutelise morfoloacutegica descritiva analiacutetica e explanatoacuteria concentra-se no estudo da forma
urbana e apresenta o mais completo detalhado e sistemaacutetico meacutetodo tipo morfoloacutegico das
trecircs escolas
Conzen fundamenta-se na aplicabilidade da leitura dos planos urbanos (ldquotown-plansrdquo) para o
entendimento da formaccedilatildeo urbana De acordo com Conzen (1960) apud Rosaneli (2011) os
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trecircs fundamentais elementos que compotildee os planos satildeo as ruas que estatildeo arranjadas em um
traccedilado os lotes ou parcelas individuais de terra juntamente com as quadrasquarteirotildees e os
edifiacutecios com seus conjuntos construiacutedos As diversas combinaccedilotildees desses trecircs principais
elementos constituiriam unidades distintas com ldquohomogeneidade morfoloacutegicardquo o que o
autor denominou de tecido urbano (ldquoplan unitrdquo ldquourban fabricrdquo ou ldquotessuto urbanordquo para a
escola italiana)
A morfologia urbana e suas diferentes escolas de pensamento retratam o estudo da forma
urbana e de seus elementos estruturantes dos processos culturais sociais econocircmicos e
poliacuteticos Os estudos morfoloacutegicos que mais se aplicam agrave presente pesquisa satildeo os da escola
inglesa onde desenvolve-se uma anaacutelise descritiva e analiacutetica do processo de urbanizaccedilatildeo
estudando as unidades com ldquohomogeneidade morfoloacutegicasrdquo trabalhadas nessa pesquisa por
meio das Unidades de Paisagem (porccedilotildees territoriais com semelhanccedila de traccedilado e interaccedilatildeo
entre os espaccedilos livres e edificados) e atraveacutes da anaacutelise do Sistema de Espaccedilos Livres uma
organizaccedilatildeo sistecircmica dos espaccedilos livres das diversas Unidades de Paisagem presentes em
uma aacuterea definida
Para o entendimento da configuraccedilatildeo do Sistema de Espaccedilos Livres Patense e de suas
Unidades de Paisagem partimos do estudo do processo de urbanizaccedilatildeo de Patos de Minas
observando as caracteriacutesticas morfoloacutegicas histoacutericas culturais e da paisagem urbana
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13 FORMACcedilAtildeO E TRANSFORMACcedilAtildeO DA
MALHA URBANA PATENSE
Figura 4 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Patos de Minas e apresentaccedilatildeo da forma urbana da cidade Elaborado pela autora segundo fonte Mapas da Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2006 e 2015
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Patos de Minas eacute uma cidade meacutedia2 da regiatildeo intermediaacuteria agrave Mesorregiatildeo do Triacircngulo
Mineiro e Alto Paranaiacuteba Considerada poacutelo econocircmico regional a maior cidade da
microrregiatildeo do Alto Paranaiacuteba que eacute composta por 10 municiacutepios O municiacutepio de Patos de
Minas eacute formado por sete distritos o distrito sede eacute a cidade de Patos de Minas e os outros
satildeo Bom Sucesso Chumbo Major Porto Pilar Pindaiacutebas e Santana de Patos (identificados na
Figura 4)
Segundo o IBGE (2010) o municiacutepio de Patos de Minas possui aacuterea de 3189771Kmsup2
densidade demograacutefica de 4349 habkmsup2 e populaccedilatildeo de aproximadamente 147614
habitantes (populaccedilatildeo estimada em 2014)
Patos de Minas situa-se no Planalto Central Minas GeraisGoiaacutes com altitudes meacutedias de 800
a 900 metros Localiza-se entre duas grandes bacias hidrograacuteficas brasileiras a do Satildeo
Francisco e a do Paranaacute Sua localizaccedilatildeo estrateacutegica permite a ligaccedilatildeo da cidade a centros
comerciais como Uberlacircndia Belo Horizonte Brasiacutelia e Satildeo Paulo facilitando o intercacircmbio
comercial e o desenvolvimento econocircmico
De acordo com o IBGE (2012) o PIB (Produto Interno Bruto) do municiacutepio tem sua economia
baseada principalmente no setor de serviccedilos seguido do setor industrial e da agricultura
conforme Tabela 1
2 A dissertaccedilatildeo adota a conceituaccedilatildeo de cidades meacutedias desenvolvida por Amorim Filho e Serra (2001) cidade que ocupam uma posiccedilatildeo estrateacutegica na hierarquia urbana oferecendo suporte agraves cidades pequenas conforme a funccedilatildeo que desempenham e estabelecendo ligaccedilotildees com as cidades maiores intermediando as relaccedilotildees entre estes dois niacuteveis urbanos De acordo com os autores essas cidades satildeo espaccedilos de relaccedilotildees e natildeo de polarizaccedilatildeo ou dominaccedilatildeo satildeo cidades natildeo tatildeo pequenas a ponto de limitar as possibilidades de crescimento econocircmico e intelectual de seus habitantes e nem tatildeo grandes a ponto de onerar ndash e ateacute pocircr em risco ndash a vida da maioria de seus moradores
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Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas - 2012
Impostos sobre produtos liacutequidos de subsiacutedios a preccedilos correntes
248946 mil reais
PIB a preccedilos correntes 2495732 mil reais
PIB per capita a preccedilos correntes 1770650 mil reais
Valor adicionado bruto da agropecuaacuteria a preccedilos correntes 255908 mil reais
Valor adicionado bruto da induacutestria a preccedilos correntes 432152 mil reais
Valor adicionado bruto dos serviccedilos a preccedilos correntes 1558725 mil reais
Tabela 1 Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas-2012 Fonte IBGE 2012 em parceria com os Oacutergatildeos Estaduais de Estatiacutestica Secretarias Estaduais de
Governo e Superintendecircncia da Zona Franca de Manaus ndash SUFRAMA Disponiacutevel em
httpwwwcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=314800ampidtema=134ampsearch=mina
s-gerais|patos-de-minas|produto-interno-bruto-dos-municipios-2012 Acesso em dezembro de 2014
Entretanto observa-se que entre os setores o que mais exerce influecircncia cultural no
municiacutepio e na dinacircmica urbana eacute a agricultura somada a pecuaacuteria e ao agronegoacutecio
caracterizando as festas locais as manifestaccedilotildees culturais as formas de apropriaccedilatildeo da
paisagem as tipologias predominantes de espaccedilos livres e a histoacuteria de ocupaccedilatildeo do
municiacutepio Na agroinduacutestria destaca-se a produccedilatildeo de leite e derivados sementes e adubos
defensivos agriacutecolas carne suiacutena e derivados e alimentos enlatados A agricultura sempre
caracterizou a economia e a cultura local os produtos que se destacam satildeo o arroz soja
feijatildeo cafeacute maracujaacute tomate horticultura e o milho siacutembolo da festa regional a Festa
Nacional do Milho A pecuaacuteria possui significativa importacircncia econocircmica para o municiacutepio a
regiatildeo faz parte de uma das maiores bacias leiteiras do paiacutes Patos de Minas tambeacutem eacute
considerada poacutelo nacional de geneacutetica suiacutena detendo 70 da tecnologia nacional em
melhoramentos suiacutenos
Para analisarmos como se formou a cidade de Patos de Minas apresentaremos seus periacuteodos
urbanos em cinco partes a primeira retrata o iniacutecio do povoado ateacute 1930 depois de 1940 a
deacutecada de 1960 em seguida de 1970 ateacute a deacutecada 1980 e por fim o periacuteodo que vai de 1990
ateacute o ano de 2015 buscando assim retratar o crescimento urbano os principais
acontecimentos histoacutericos e a incorporaccedilatildeo dos elementos da paisagem
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131
DO INIacuteCIO DO POVOADO ATEacute A DEacuteCADA DE 1930
BORGES X MACIEacuteIS
O processo de colonizaccedilatildeo da
regiatildeo ocupada hoje pelo
municiacutepio de Patos de Minas
teve iniacutecio provavelmente na
segunda metade do seacuteculo XVIII
antes mesmo da descoberta do
ouro no estado de Minas Gerais
com as bandeiras rumo agraves terras
de Paracatu A cidade de Patos
de Minas surgiu na segunda
deacutecada do seacuteculo XIX em torno
da Lagoa dos Patos (delimitada
na Figura 5) onde segundo as
descriccedilotildees histoacutericas existia uma
enorme quantidade de patos
silvestres
Figura 5 Crescimento Urbano de Patos de Minas ateacute o iacutenicio do seacuteculo XIX Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas Disponiveacutel em
httpwwwpatosdeminasmggovbrgaleriahistoricaspagesimage16php Acesso em maio de
2014 Elaborado pela autora
Segundo Oliveira Mello (1971) o povoado que deu origem a cidade de Patos de Minas se
iniciou em 1826 com a doaccedilatildeo do terreno por Antocircnio Joaquim da Silva Guerra e sua esposa
Luzia Correcirca de Andrade para a construccedilatildeo da capela de Santo Antocircnio situada hoje na atual
Praccedila Dom Eduardo proacutexima agrave Lagoa dos Patos na Avenida Liberdade atualmente conhecida
como Avenida Getuacutelio Vargas A partir de entatildeo diversas famiacutelias se instalaram no entorno da
capela originando o Arraial de Santo Antocircnio da Beira do Paranaiacuteba Em 1866 foi criada a Vila
de Santo Antocircnio dos Patos e em 1892 o presidente do Estado de Minas Gerais elevou a vila
agrave categoria de cidade de Patos de Minas
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Figura 6 Iniacutecio da ocupaccedilatildeo da cidade de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fontes
Prefeitura Municipal de Patos de Minas e MuP- Museu da Cidade de Patos de Minas
A Praccedila Dom Eduardo estaacute no centro do nuacutecleo original de povoamento ilustrado pela Figura
6 e representa a divisatildeo de influecircncia entre as duas famiacutelias da elite local que atuaram na
construccedilatildeo da paisagem urbana e na histoacuteria da cidade de Patos de Minas os Borges
catoacutelicos e monarquistas e os Dias Macieacuteis protestantes e republicanos
Ao norte da Praccedila Dom Eduardo encontam-se os Borges e seus parentes os Caixeta e os
Queiroz de acordo com Silva (2011) deste lado da cidade a paisagem se desenha por ruas
estreitas e curvas as quais conduzem a travessas e becos nitidamente ldquosemeadosrdquo agrave moda
lusitana de povoar Ao mesmo tempo os edifiacutecios mais antigos e caracteriacutesticos da aacuterea satildeo
todos em estilo colonial com altas janelas e portas retangulares Satildeo exemplos a antiga Casa
de Cacircmara e Cadeia localizada hoje na Praccedila Juquinha Caixeta (Figura 7) e os casarotildees do Dr
Joatildeo Borges e do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz a rua e a casa de Deiroacute Borges a Rua do
Tenente Bino o Beco da Zeacutelia a Praccedila da Dona Genoveva (Figura 8) a Rua do Alfredo Borges
a Praccedila Chiquinho Caixeta a Rua Dr Joseacute Oliacutempio Borges a Praccedila Dom Eduardo E ainda a
Travessa dos Queiroz onde se manteacutem de peacute a casa do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz
palco de criaccedilatildeo do partido de oposiccedilatildeo oficial aos ldquoMacieacuteisrdquo
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Figura 7 Casa de Cacircmara e Cadeia (o mais antigo edifiacutecio puacuteblico de Patos de Minas inaugurado em 1912 como Cacircmara Municipal Foacuterum e no reacutes-do-chatildeo a Cadeia Puacuteblica) e Praccedila Juquinha Caixeta Foto Acervo pessoal 2015 Figura 8 Rua Deiroacute Borges ao fundo Praccedila Dona Genoveva Foto Acervo pessoal 2015
Figura 9 Escola Estadual Marcolino de Barros Foto Fotoacutegrafo desconhecido 2008 Disponiacutevel em
httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=614809 Acesso em maio de 2014
Figura 10 Escola Estadual Antocircnio Dias Maciel Foto Acervo pessoal 2015
Ao sul da Praccedila Dom Eduardo em frente agrave Catedral de Santo Antocircnio estatildeo os Macieacuteis e seus
parentes os Santana Pacheco Barros Magalhatildees e Ferreira da Silva Segundo Silva (2011) os
Macieacuteis estatildeo ligados agrave modernizaccedilatildeo e agrave reordenaccedilatildeo urbana da cidade entre suas marcas
na paisagem estatildeo a Escola Estadual Marcolino de Barros(Figura 09) a Escola Estadual
Antocircnio Dias Maciel(Figura 10) a Rua Olegaacuterio Maciel a Casa de Olegaacuterio Maciel a Casa do
Dr Itagyba a Rua Farnese Maciel o Palacete de Amadeu Maciel a Rua Major Gote (apelido
de Sesoacutestris Dias Maciel) o Hospital Regional Antocircnio Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur
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Thomaz de Magalhatildees o Coreto Arthur Thomaz de Magalhatildees a Rua Joseacute de Santana a Praccedila
Antocircnio Dias a Rua Major Jerocircnimo [Dias Maciel] e a Praccedila Santana
Olegaacuterio Maciel figura poliacutetica representativa da regiatildeo alternou entre os cargos de
Deputado Federal e Agente Executivo de Municiacutepio no final do seacuteculo XIX ateacute chegar agrave
Presidecircncia do Estado de Minas Gerais nos anos de 1930 Segundo Borges (2008) esse
processo poliacutetico influenciou o desenvolvimento fiacutesico-territorial da cidade atraindo
investimentos do Governo do Estado para a construccedilatildeo das escolas do foacuterum e do Hospital
Regional
No fim do seacuteculo XIX em 1883 o entatildeo Agente do Executivo Olegaacuterio Dias Maciel3 ordenou
a criaccedilatildeo de um plano diretor para ordenar e reorientar o crescimento do povoado para o
sentido sul da Praccedila Dom Eduardo ldquona chapada ou chapadatildeordquo conforme segue na citaccedilatildeo
Seguiu‐se a risca o ldquoPlano Diretorrdquo indicado por Olegaacuterio
Maciel O vereador Eduardo Ferreira de Noronha em 21 de
setembro de 1906 indica que ()auxiliem a Cacircmara a
estudar o local mais conveniente em que se deve construir
o matadouro e respectivo curral oferecendo seu parecer
Hoje distanciados no tempo sabemos que a ldquoChapadardquo
paulatinamente abrigou aleacutem do Matadouro Municipal a
Casa do Coronel Farnese Dias Maciel a Casa de Amadeu
Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur Thomaz de
Magalhatildees o Passeio Puacuteblico a fonte luminosa o Coreto o
Cinema o Paccedilo Municipal o Hospital Antocircnio Dias Maciel o
Grupo Escolar o Foacuterum () Pari Passu tambeacutem foram
transladados outros elementos que se localizavam na
direccedilatildeo para a qual a cidade ia se deslocando a mudanccedila
do cemiteacuterio e da Igreja de Nossa Senhora do Rosaacuterio
(frequentada pelos negros) tambeacutem se constituiu como
marco simboacutelico da nova ordenaccedilatildeo urbana planeada por
Olegaacuterio Maciel (BORGES amp SILVA 2009 p13)
3 Olegaacuterio Dias Maciel era engenheiro formado na Escola Polyteacutecnica do Rio de Janeiro em 1878 compartilhava os ideais positivistas da Repuacuteblica e tambeacutem os ideais da Belle Eacutepoque de higienizaccedilatildeo e de racionalizaccedilatildeo do espaccedilo urbano Soma-se a isso a experiecircncia cultural de Olegaacuterio fora de Patos como deputado federal e senador vivenciou no Rio de Janeiro as reformas urbanas empreendidas por Pereira Passos inspiradas na reforma de Paris sob a batuta do Baratildeo de Haussman Como deputado estadual e depois como presidente do Estado de Minas Gerais vivenciou a experiecircncia de ldquofruirrdquo a cidade de Belo Horizonte construiacuteda racionalmente agrave moda da colonizaccedilatildeo espanhola na Ameacuterica (BORGES amp SILVA 2009)
32 |
Segundo Oliveira (2010) dentre as influecircncias na malha urbana decorrentes do periacuteodo
poliacutetico do iniacutecio do seacuteculo XX destacam-se as intervenccedilotildees na infraestrutura da Avenida
Getuacutelio Vargas definindo a mesma como eixo nobre na cidade o direcionamento o primeiro
vetor de expansatildeo urbana nas direccedilotildees sul e oeste da Av Getuacutelio Vargas
Figura 11 Inundaccedilatildeo ocorrida em 1941 na ponte sobre o Rio Paranaiacuteba Fonte Arquivo do Laboratoacuterio
de Histoacuteria do Unipam Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=3600 Acesso em
dezembro de 2014
Observa-se que a Avenida Getuacutelio Vargas anteriormente denominada como Avenida
Liberdade e depois Avenida Municipal representa o nuacutecleo inicial da cidade e o ponto de
partida dos vetores de ocupaccedilatildeo ateacute a deacutecada de 1930 observa-se que neste periacuteodo as
praccedilas da avenida apresentavam um paisagismo inspirado nos jardins franceses Zama
Maciel4 relata sobre o planejamento de usos e ocupaccedilatildeo dessa aacuterea e a Figura 12 ilustra esse
periacuteodo
4 Zama Maciel foi um patense que exerceu as funccedilotildees de agrimensor professor inspetor de ensino vereador e redator dos jornais locais
Com relaccedilatildeo ao vetor de expansatildeo oeste
observa-se que o mesmo foi impulsionado
pela construccedilatildeo da nova ponte sobre o rio
Paranaiacuteba em aproximadamente 1926
retratada na Figura 11 Segundo
Dannemann (2013) a obra da ponte estava
sob os cuidados da Companhia Nacional de
Cimento Armado SA e ateacute 1970 serviu
como principal acesso agrave sede do municiacutepio
33 |
Avenida Municipal com o seu atual quilocircmetro de extensatildeo foi
destinada agrave habitaccedilatildeo particular devida a sua exagerada
largura e agrave perspectiva que podem oferecer casas pequenas e
de bom gosto fronteando os seus passeios gramados e jardins
floridos que a pequenada destroacutei Nela preacutedios comerciais de
dois trecircs andares tornam-se ridiacuteculos porque natildeo tecircm
magnitude para se imporem agrave largura (repisamos) exagerada
com que os antigos irrefletidamente a construiacuteram Somente
edifiacutecios semelhantes agrave igreja matriz em construccedilatildeo come
cinquenta metros podem nela sobreviverem Pequenos preacutedios
vivendas graciosas de cujas janelas caiam trepadeiras no
conjunto dos jardins e na imensa claridade de nossas tardes
faratildeo dela recanto cobiccedilado agrave moradia Enfeia-la com preacutedios
comerciais de pequeno porte e com casas de diversotildees
barulhentas seraacute obra de mau gosto que se torna necessaacuterio
evitar (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos Patos de
Minas junho de 1937)
Figura 12 Avenida Getuacutelio Vargas parte ao sul da Catedral de Santo Antocircnio deacutecada de 1930 Ao
centro da figura o Palacete Amadeu Maciel Fonte Acervo Documental e de Imagens de Patos de
Minas Local MuP ndash Museu da Cidade de Patos de Minas
A seguir o Mapa 1 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o
ano de 1930 retrata a localizaccedilatildeo da implantaccedilatildeo da cidade proacuteximo a recursos drsquoaacutegua No
mapa estaacute presente a delimitaccedilatildeo do periacutemetro urbano do ano de 2015 que seraacute mantido
como ponto de referecircncia espacial para a malha urbana atual
34 |
35 |
A Figura 13 datada da deacutecada de 1930 eacute uma vista aeacuterea da cidade no qual pode-se
perceber a implantaccedilatildeo e a forma urbana da cidade e os vetores de expansatildeo do iniacutecio do
seacuteculo XX aacuterea retratada pelo Mapa 1 apresentado anteriormente
Figura 13 Vista aeacuterea de Patos de Minas
Fonte Arquivo Daacutecio Pereira da Fonseca Fotografo desconhecido
Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=2650 Acesso em abril de 2014
Observa-se na Figura 13 a presenccedila de espaccedilos livres puacuteblicos dentre eles as Praccedilas da
Avenida Getuacutelio Vargas dos Boiadeiros Antoacutenio Dias Champagnat e Santana os espaccedilos
livres privados o Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo o Patos Tecircnis Clube (PTC) o campo de futebol
da Uniatildeo Recreativa dos Trabalhadores (URT) e o campo de futebol do Clube do Mamoreacute
Segundo Fonseca (1974) desde o final do seacuteculo XIX ateacute 1950 Patos de Minas tentou pleitear
a vinda da estrada de ferro para escoamento da produccedilatildeo agriacutecola da regiatildeo ateacute o Rio de
Janeiro e Satildeo Paulo Segundo Borges e Silva (2009) em 1934 o engenheiro carioca Neacutelson
Rodrigues efetuou o primeiro levantamento planialtimeacutetrico da cidade de Patos de Minas a
princiacutepio esse levantamento objetivava abrigar a estrada de ferro Patos-Catiara Em 1936
provavelmente o proacuteprio Neacutelson Rodrigues concluiu o primeiro Plano Urbano oficial da
cidade apresentado pela Figura 14
LEGENDA 1 ndashMajor Gote e Dr Marcolino 2 ndash Lagoa Grande 3 ndash Campo de Aviaccedilatildeo 4 ndash Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo 5 ndash Rua Dr Marcolino 6 ndash Rua Major Gote 7 ndash Coacuterrego do Monjolo 8 ndash PTC 9 ndash Campo da URT 10 ndash Cemiteacuterio Municipal 11 ndash Rio Paranaiacuteba 12 ndash Av Getuacutelio Vargas 13 ndash Matriz de Santo Antocircnio 14 ndash Rua Tiradentes 15 ndash Cadeia 16 ndash Praccedila dos Boiadeiros 17 ndash Praccedila Antocircnio Dias 18 ndash Av Paracatu 19 ndash Igreja do Rosaacuterio 20 ndash Praccedila Champagnat 21 ndash Rua Major Jerocircnimo 22 ndash Campo do Mamoreacute
23 ndash Praccedila Santana
36 |
Figura 14 Plano Urbano de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fonte Prefeitura
Municipal de Patos de Minas
Destaca-se no plano de crescimento urbano a Rua Major Gote na eacutepoca denominada Rua
Desembargador Frederico Zama Maciel escreve ao jornal local sobre o plano urbano as vias
de caraacuteter comercial da cidade e sobre as intenccedilotildees de um zoneamento de usos para o
crescimento da cidade inspirados no urbanismo norte-americano
37 |
A Prefeitura () mandou organizar a planta da cidade e
traccedilar-lhe as ruas futuras no objetivo de impedir o
crescimento desordenado() Neste trabalho foram
observadas tanto quanto possiacutevel as normas seguidas na
Ameacuterica do Norte onde geralmente as cidades satildeo
traccediladas em xadrez cortando-se as ruas em acircngulo reto
() As ruas comerciais estatildeo determinadas no referido
plano e dentre as atuais destacam-se Desembargador
Frederico e General Osoacuterio A primeira () deveraacute atravessar
a cidade de norte a sul e morreraacute na futura praccedila da
estaccedilatildeo ferroviaacuteria onde atualmente se ergue o barracatildeo
da Companhia do Trigo Seraacute futuramente a mais central da
cidade Eacute de uma boa norma localizar-se o comeacutercio em
determinadas zonas (zoneamento chamam a isto os
urbanistas) bem como as faacutebricas os edifiacutecios puacuteblicos as
escolas (natildeo as primaacuterias que devem ser espalhadas nos
bairros residenciais) devem tambeacutem ter as suas zonas
separadas () (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos
Patos de Minas junho de 1937)
A linha feacuterrea natildeo foi implantada na cidade e o crescimento urbano das deacutecadas seguintes
natildeo se ateve ao planejamento apresentado na deacutecada de 1930
132
DA DEacuteCADA DE 1940 ATEacute A DEacuteCADA DE 1960
AUMENTO POPULACIONAL
Comparando o plano urbaniacutestico apresentado para a cidade no final do seacuteculo XIX com a
expansatildeo da malha urbana observa-se que o crescimento urbano da cidade ocorreu de
forma mais dispersa do que o apresentado no plano O vetor de expansatildeo ao sul manteve
grande parte do planejamento embora apresentando quadras menores A aacuterea antes
ocupada pela Lagoa dos Patos e a aacuterea a nordeste da Lagoa foram as que mais se
distanciaram das ideias do plano urbaniacutestico apresentando uma malha urbana orgacircnica com
a presenccedila de muitas ruas sem saiacuteda
O Mapa 2 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1965 a seguir retrata o crescimento da malha urbana
38 |
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Segundo Magrini (2008) na deacutecada de 1950 houve um surto migratoacuterio e a instalaccedilatildeo de
diversas firmas comerciais Nesse periacuteodo construiu-se o primeiro Terminal Rodoviaacuterio com
verbas municipais e investimentos da iniciativa privada e teve iniacutecio tambeacutem a comemoraccedilatildeo
da Festa Nacional do Milho evento que ateacute hoje expressa as manifestaccedilotildees culturais da
regiatildeo
Figura 15 Patos de
Minas da deacutecada de
1960
Elaborado pela autora segundo fonte Arquivo de Marialda Coury Foto Joatildeo Lucas Ribeiro Borges
Observando o crescimento da malha urbana de Patos de Minas ateacute 1965 (ilustrado pela
Figura 15) pode-se constatar que houve uma grande expansatildeo da mesma entre a deacutecada de
1950 e 1960 Nesse periacuteodo o aumento populacional ocorreu predominantemente na aacuterea
urbana conforme mostra a Tabela 02 a seguir
Periacuteodo
Populaccedilatildeo Total do
Municiacutepio
Populaccedilatildeo Urbana do Municiacutepio
Populaccedilatildeo Rural do
Municiacutepio
1950 45399 12525 32874
1960 72839 32511 40328
1970 76211 44877 31334
1980 86121 63302 22819
1990 102946 87403 15543
2000 123881 111333 12548
2010 138710 127724 10986
2014 147614 - -
Tabela 2 Crescimento Populacional de Patos de Minas Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Magrini 2008 Populaccedilatildeo prevista segundo o IBGE
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Nas deacutecadas seguintes a 1960 como se pode antever pela Tabela 2 o crescimento da zona
rural foi diminuindo gradativamente e a populaccedilatildeo da aacuterea urbana aumentando
impulsionando o crescimento da malha urbana
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DA DEacuteCADA DE 1970 ATEacute A DEacuteCADA DE 1980
Incorporaccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua
Nas deacutecadas de 1960 e 1970 periacuteodo de ditadura Militar segundo Magrini (2010) Patos de
Minas passou por uma estagnaccedilatildeo econocircmica devido agrave emancipaccedilatildeo poliacutetica de dois
importantes Lagoa Formosa e Guimaracircnia no mesmo periacuteodo houve grande deslocamento
de patenses para a nova capital do paiacutes Brasiacutelia em busca de empregos
Justamente na eacutepoca da mudanccedila da capital do paiacutes para
Brasiacutelia Patos de Minas perde caracteriacutestica de centro
rodoviaacuterio e transforma-se no ldquopassa perto de Patosrdquo com
estradas asfaltadas em volta num eixo de 130 km Natildeo se
vinha aqui como antes ateacute que a BR 354 inaugurada em
1972 abolia este malfadado passa perto ressurgindo toda a
movimentaccedilatildeo comercial completada pela BR ndash 365 em
1974 (MELLO 1992 p54)
De 1965 ateacute os anos 1980 Patos de Minas praticamente dobrou a sua aacuterea de ocupaccedilatildeo
decorrente principalmente do processo de ecircxodo rural Segundo Oliveira (2010) os vetores
direcionavam para todos os sentidos sendo apenas o oeste limitado pelo Rio Paranaiacuteba os
cursos drsquoaacutegua menores natildeo foram uma barreira para esta expansatildeo
O Mapa 3 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1980 a seguir retrata o crescimento da malha urbana nesse periacuteodo
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Em 1982 foi iniciada a urbanizaccedilatildeo da Lagoa dos Japoneses a Lagoa Grande (Figura 16 e
Figura 17) com a reduccedilatildeo significativa da aacuterea alagada e a construccedilatildeo do Terminal
Rodoviaacuterio No entorno da lagoa foi criado o Parque Recreativo Dr Itagiba depois renomeado
como Parque Dr Itagiba Augusto Silva o primeiro parque urbano da cidade um dos principais
cartotildees postais da cidade espaccedilo de lazer e contemplaccedilatildeo
Figura 16 Projeto para o
Parque Recreativo Dr
Itagiba a construccedilatildeo ao
lado esquerdo da figura
representa o Terminal
Rodoviaacuterio Fonte Jornal
A Debulha O projeto do
parque Ano VIII nordm178
janeiro de 1988 paacuteg7
Figura 17 Planta do Parque Dr Itagiba Augusto Silva ndash Lagoa Grande Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2014
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Em 1986 foi iniciada a canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo inicialmente uma Avenida
Sanitaacuteria no Coacuterrego do Monjolo (Figura 18) atualmente conhecida como Avenida Faacutetima
Porto as obras terminaram em 1996 Segundo Caixeta amp Vlach (2009) a canalizaccedilatildeo
acarretou inicialmente na ocupaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo do entorno e devido agrave resoluccedilatildeo dos
problemas sanitaacuterios que aiacute existiam
Figura 18 Canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo deacutecada de 1990 Foto Arquivo de Donaldo Amaro Teixeira Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=7568 Acesso em maio de 2015
Com o decorrer dos anos e a instalaccedilatildeo dos bairros no entorno o Coacuterrego do Monjolo passou
a apresentar problemas com enchentes e um forte odor provavelmente a canalizaccedilatildeo do
coacuterrego jaacute natildeo suportava mais o volume de aacutegua pluvial dos bairros aleacutem da presenccedila de
esgotos clandestinos Tais problemas geraram novos projetos de canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do
Monjolo nas deacutecadas seguintes
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DA DEacuteCADA DE 1990 ATEacute OS DIAS ATUAIS
A FORMA URBANA ATUAL
No final da deacutecada de 1980 houve a descoberta da uma jazida de Fosfato Sedimentar na
localidade da Rocinha (aacuterea rural) o que impulsionou a instalaccedilatildeo de induacutestrias voltadas para
o agronegoacutecio iniciado pelas Sementes Agroceres SA (especialista tambeacutem em geneacutetica
suiacutena) Nesse periacuteodo ocorreu ainda um maior desenvolvimento teacutecnico da agricultura por
meio da irrigaccedilatildeo e do cultivo de novos cereais
Os reflexos do desenvolvimento comercial e industrial da regiatildeo foram notados na
implantaccedilatildeo de induacutestrias de confecccedilotildees agroinduacutestrias e na instalaccedilatildeo da multinacional Cica
que impulsionou o cultivo de milho ervilha e tomate5
A implementaccedilatildeo de induacutestrias somadas agraves pressotildees poliacuteticas acarretou na instalaccedilatildeo de um
distrito industrial na porsatildeo sul e oeste da cidade expandindo o periacutemetro urbano para aleacutem
das margens do Rio Paranaiacuteba A criaccedilatildeo do distrito industrial influenciou a ocupaccedilatildeo ao longo
da Avenida Presidente Juscelino Kubitschek construiacuteda nos anos 1970 para ligaccedilatildeo do nuacutecleo
urbano agraves rodovias BR-354 e BR-365 comportando-se entatildeo como principal acesso da
cidade
O Mapa 4 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o ano de
2015 a seguir apresenta a forma urbana atual da cidade
5 A multinacional Cica permaneceu na cidade ateacute 2001 depois se deslocou para o Estado de Goiaacutes quando perdeu parte dos incentivos fiscais oferecidos pela cidade
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Na deacutecada de 1990 a expansatildeo da malha urbana ultrapassou as aacutereas de algumas reservas
ambientais que se transformaram nos principais parques urbanos da cidade o Parque
Municipal do Mocambo (Figura 19) em 1990 e o Parque Municipal Joatildeo Luiz Redondo (Figura
20) em 1994 ambos localizados em aacutereas de lagoas
Figura 19 Parque Municipal do
Mocambo 1992 Fonte Arquivo
de Donaldo Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecadepatoscombr
p=8437 Acesso em marccedilo de
2015
Figura 20 Parque
Municipal Joatildeo Luiz
Redondo (Lagoinha)
deacutecada de 1990 Fonte
Arquivo de Donaldo
Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecade
patoscombrp=75
54 Acesso em marccedilo
de 2015
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Foi criado tambeacutem na deacutecada de 1990 na Lei Municipal nordm 2872 de 03 de outubro de 1991
o Parque Mirante do Alto da Colina (ainda natildeo implantado) e a Lei Municipal nordm 2871 de 03
de outubro de 1991 declara a aacuterea denominada Lagoa e Bosque do ldquoPATAtildeOrdquo de preservaccedilatildeo
permanente onde desde entatildeo se cogita a implantaccedilatildeo de um parque urbano
Figura 21 Rua Mirico Caixeta ao fundo a Mata do Catingeuiro Evidenciando a falta de conexatildeo da
mata com o entorno Foto Acervo pessoal 2015
Figura 22 Rua 0 e o desmatamento na Mata do Catingeiro Foto Acervo
pessoal 2015
Em 2014 foi aprovada a criaccedilatildeo do Parque
de Preservaccedilatildeo Mata do Catingueiro uma
tentativa de proteger os restigios da mata
localizado no setor leste aacuterea que
recentemente recebeu muitos loteamentos
que foram implantados sem se estabelecer
uma aacuterea de transiccedilatildeo ou de integraccedilatildeo da
mata com a malha urbana sem passeios
ciclovias praccedilas ou parques conforme
ilustrado na Figura 21 A mata do
Catingueiro tem sido um constante alvo de
queimadas e desmatamento a Figura 22
mostra os vestiacutegios da mata
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Figura 23 Programa MCMV- Jardim Quebec II com 437unidades localizado na porccedilatildeo noroeste da
cidade ao fundo da figura a mata ciliar do Rio Paranaiacuteba e plantaccedilotildees de cafeacute Foto Sacircmara C P Lima
2014
Na deacutecada de 2010 ocorreu a expansatildeo do periacutemetro urbano no sentindo norte pela primeira
vez para aleacutem do Coacuterrego do Limoeiro devido agrave instalaccedilatildeo de um campus da Universidade
Federal de Uberlacircndia na aacuterea Observa-se na Figura 23 que a aacuterea do extremo noroeste da
cidade estaacute em processo de expansatildeo da malha urbana e apresenta construccedilotildees habitacionais
do Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) na cidade
Notamos diversas transformaccedilotildees na malha urbana de Patos de Minas ao longo das deacutecadas
desde a implantaccedilatildeo do nuacutecleo urbano aos desdobramentos econocircmicos poliacuteticos e sociais
que direcionaram o crescimento da cidade e a transformaccedilatildeo da paisagem
O tecido urbano e o crescimento das cidades brasileiras como eacute o caso de Patos de Minas se
daacute pela conformaccedilatildeo do sistema viaacuterio pelos padrotildees de parcelamento do solo por
edificaccedilotildees e pelos espaccedilos livres Patos possui uma relaccedilatildeo cultural e econocircmica muito forte
com a zona rural A linha de transiccedilatildeo entre o urbano e o rural eacute muito tecircnue principalmente
nas aacutereas de borda urbana Nesses bairros de periferia ou de limite da mancha urbana a
cidade termina no outro lado da rua depois de uma cerca de arame sem nenhum espaccedilo de
transiccedilatildeo o outro lado da cerca se configura como um espaccedilo livre com muitas
potencialidades de uso e conflitos
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Figura 24 Paisagem urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora
Em Patos de Minas a paisagem urbana eacute emoldurada por serras cobertas por diferentes
plantaccedilotildees (Figura 24) a cidade termina onde o Rio Paranaiacuteba passa ou a cidade termina
onde comeccedilam os fundos de vale Ora cidade ora zona rural A paisagem tambeacutem eacute marcada
pela Catedral um contraste no meio do aglomerado urbano em uma zona em processo de
verticalizaccedilatildeo onde a Catedral se esconde e se revela A Catedral marca o iniacutecio da ocupaccedilatildeo
da regiatildeo em uma aacuterea de chapada na beira da lagoa hoje a chapada foi praticamente toda
ocupada e os bairros das bordas urbanas ocupam as aacutereas mais elevadas da cidade Do alto
desses bairros da borda eacute possiacutevel ver as lagoas e os coacuterregos pressentes na cidade espaccedilos
que se configuram como parques praccedilas e chaacutecaras espaccedilos livres de edificaccedilatildeo que
ressaltam a identidade da cidade e a paisagem urbana
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21 ESPACcedilOS LIVRES
ESPACcedilOS ABERTOS AacuteREAS VERDES
O conceito de espaccedilo livre de edificaccedilatildeo eacute amplo e complexo Para Nucci (2001) os espaccedilos
livres fazem parte de um grande grupo paisagiacutestico urbano que pode ser subdividido em
vaacuterias categorias dependendo do seu uso e funccedilatildeo sendo entatildeo um termo bastante
abrangente que agrega todos os outros conceitos similares como espaccedilos abertos aacutereas
verdes aacutereas livres sistemas de aacutereas de lazer cobertura vegetal entre outros
Segundo Queiroga (2006) Miranda Magnoli em sua tese de livre-docecircncia6 buscou afirmar o
espaccedilo livre como o objeto do paisagismo indo aleacutem do jardim do projeto com vegetaccedilatildeo
e da escala urbana Nesse sentido definiu espaccedilo livre como espaccedilo livre de edificaccedilotildees todo
espaccedilo descoberto urbano ou natildeo vegetado ou natildeo puacuteblico ou privado De acordo com a
autora para a anaacutelise de um dado recorte escalar propotildee-se que o estudo dos espaccedilos livres
deva ir aleacutem dos espaccedilos vegetados e dos espaccedilos puacuteblicos envolvendo todos os espaccedilos
livres do referido recorte Ou seja para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na cidade
eacute preciso ir aleacutem da anaacutelise dos espaccedilos puacuteblicos ou dos vegetados eacute preciso identificar todas
as aacutereas natildeo construiacutedas na cidade os espaccedilos privados intra-lote os lotes e glebas ociosas
as ruas os passeios etc
Os espaccedilos livres satildeo um dos principais estruturadores da forma urbana e um dos principais
elementos caracterizadores da paisagem urbana Segundo Magnoli (1982) os espaccedilos livres
satildeo os ambientes natildeo edificados da cidade as ruas avenidas praccedilas parques quintais
jardins rios matas mangues praias urbanas ou simples vazios urbanos
Quando adotamos o termo aacutereas verdes ou aacutereas verdes urbanas nos referimos a um
subsistema dentro do Sistema de Espaccedilos Livres que engloba principalmente as aacutereas de
preservaccedilatildeo permanente (APPrsquos) reservas legais (RL) e a arborizaccedilatildeo urbana Segundo
6 MAGNOLI Miranda Espaccedilos livres e urbanizaccedilatildeo uma introduccedilatildeo a aspectos da paisagem metropolitana 1982 116 p Tese (Livre-docecircncia em Arquitetura e Urbanismo) ndash Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1982
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Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilo livre eacute adotado se sobrepondo contendo e
ampliando o conceito usual de aacutereas verdes termo que tem como base a necessidade de
espaccedilos livres dotados de vegetaccedilatildeo De acordo com o autor o termo aacutereas verdes eacute
reducionista desconsidera as caracteriacutesticas fundamentais do espaccedilo urbano como a
complexidade e diversidade das formas de apropriaccedilatildeo e apreensatildeo social e o fato real da
impossibilidade fiacutesica e mesmo da inconveniecircncia da existecircncia de vegetaccedilatildeo em
determinados espaccedilos livres
De acordo com Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilos livres natildeo desconsidera o papel
da vegetaccedilatildeo nas cidades brasileiras como elemento facilitador da drenagem urbana criador
de microclimas mais agradaacuteveis contribuindo para a manutenccedilatildeo da diversidade animal e
vegetal e ainda como fator de embelezamento urbano mas natildeo desconsidera a importacircncia
dos espaccedilos natildeo vegetados para inuacutemeras praacuteticas de relevacircncia cultural das feiras agraves festas
populares das manifestaccedilotildees poliacuteticas agrave valorizaccedilatildeo de determinadas paisagens e
patrimocircnios culturais
Entretanto apesar dos crescentes avanccedilos nas discussotildees sobre os espaccedilos livres muitos
autores planos diretores planos de uso e ocupaccedilatildeo ainda natildeo compreenderam o termo
como em Patos de Minas onde adota-se o termo aacutereas verdes nas leis municipais e plano
diretor Na Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo de Patos de Minas (2008) as aacutereas verdes satildeo
descritas como porccedilotildees situadas na Macrozona Urbana destinadas a oferecer espaccedilos
puacuteblicos adequados e qualificados agraves atividades de recreaccedilatildeo lazer e turismo da populaccedilatildeo
de forma a conciliar a proteccedilatildeo dos bens naturais e culturais As cidades precisam de reservas
de aacutereas verdes e de espaccedilos livres de qualidade para praacutetica de atividades culturais de lazer
e contemplaccedilatildeo Observa-se que na lei municipal de Patos de Minas existe uma sobreposiccedilatildeo
entre a funccedilatildeo das reservas de aacutereas verdes e dos espaccedilos de praacuteticas socias sobreposiccedilatildeo
essa presente no conceito dos espaccedilos livres
A implantaccedilatildeo dos espaccedilos livres puacuteblicos depende de uma gestatildeo adequada e integrada dos
recursos com uma fiscalizaccedilatildeo efetiva o que implica no desenvolvimento de poliacuteticas
puacuteblicas permanentes que viabilizem as intervenccedilotildees e necessidades dos espaccedilos livres
Segundo Loboda amp Angelis (2012) o planejamento das aacutereas verdes (puacuteblicas) urbanas parte
de uma definiccedilatildeo de recursos que eacute residual as necessidades satildeo amenizados com recursos
que sobram de outras atividades consideradas como mais prioritaacuterias e que geralmente
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incluem-se nesse acircmbito aquelas de cunho estrateacutegico poliacutetico e econocircmico O autor cita um
problema frequente em diversas cidades brasileiras a falta de recursos destinados aos
espaccedilos puacuteblicos e dentre eles as aacutereas verdes urbanas um dos principais espaccedilos livres das
cidades
De acordo com Magnoli (1982) a localizaccedilatildeo acessibilidade e distribuiccedilatildeo dos espaccedilos livres
formam um complexo sistema de conexotildees com muacuteltiplos papeacuteis urbanos atividades do oacutecio
circulaccedilatildeo urbana conforto conservaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo ambiental drenagem urbana
imaginaacuterio e memoacuteria urbana lazer e recreaccedilatildeo dentre outros Todas essas funccedilotildees
exercidas no ambiente urbano pelos espaccedilos livres assim como a localizaccedilatildeo acessibilidade
distribuiccedilatildeo tipos de usos e configuraccedilatildeo espacial estatildeo organizadas de maneira sistecircmica na
cidade formando o Sistema de Espaccedilos Livres
22 O PENSAMENTO SISTEcircMICO
As cidades independentemente da sua localidade histoacuteria e configuraccedilatildeo satildeo formadas de
modo geral por espaccedilos livres e espaccedilos edificados duas categorias espaciais estruturantes
da forma urbana A configuraccedilatildeo dos espaccedilos livres eacute variaacutevel nas cidades brasileiras por
diversas questotildees como caracteriacutesticas territoriais bioma configuraccedilatildeo paisagiacutestica pela
existecircncia ou ausecircncia de planos urbanos e principalmente pelos processos de urbanizaccedilatildeo e
de transformaccedilatildeo da paisagem
A cidade eacute um conjunto de elementos sistemas e funccedilotildees e os espaccedilos livres formam um dos
principais sistemas capaz de estruturar toda a configuraccedilatildeo urbana De acordo com Tardin
(2010) e DrsquoAgostini amp Cunha (2007) sistema eacute um conjunto de elementos passiacutevel de
estabelecer inter-relaccedilotildees fiacutesicas funcionais estruturais morfoloacutegicas e relativas agrave vivecircncia
da paisagem abertas e intricadas entre si com seu entorno e com as pessoas que o
vivenciam
De acordo com Morin (2008) apud Queiroga (2014) o conceito de sistema implica natildeo
somente elementos inter-relacionaacuteveis mas tais relaccedilotildees constituem uma organizaccedilatildeo e uma
estrutura relativamente estaacutevel que caracteriza o sistema como um todo A organizaccedilatildeo
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sistecircmica por sua vez conteacutem as relaccedilotildees que definem o sistema e que o transformam
alterando sua estrutura possibilitando sua permanecircncia e contendo a possibilidade concreta
de sua dissoluccedilatildeo Para o autor o termo exprime multiplicidade totalidade diversidade
organizaccedilatildeo e complexidade
A noccedilatildeo de sistema auxilia o estudo dos espaccedilos livres urbanos e o entendimento das suas
relaccedilotildees de interdependecircncia complementaridade e hierarquia Segundo Schlee et al
(2009) considerando-se a paisagem como um macrossistema complexo formado de
subsistemas os espaccedilos livres urbanos constituem um dos seus subsistemas inter-
relacionados com outros subsistemas urbanos e rurais e que podem se justapor ao Sistema
de Espaccedilos Livres ou se sobrepor total ou parcialmente enquanto sistemas de accedilotildees
[] entende-se como sistemas de espaccedilos livres (SEL)
urbanos os elementos e as relaccedilotildees que organizam e
estruturam o conjunto de todos os espaccedilos livres de um
determinado recorte urbano independentemente de sua
dimensatildeo qualificaccedilatildeo esteacutetica funcional e de sua
localizaccedilatildeo e propriedade sejam eles puacuteblicos ou privados
[] toda cidade possui um sistema de espaccedilos livres que eacute
produzido durante seu processo de formaccedilatildeo tanto pelo
Poder Puacuteblico como pela iniciativa privada (MACEDO 2010
p 3 e 4)
O autor afirma que todas as cidades independente do seu porte de suas caracteriacutesticas
culturais e histoacutericas possuem um Sistema de Espaccedilos Livres Essa afirmaccedilatildeo incita diversas
questotildees que conduziram esta pesquisa pontos voltados ao objeto de estudo a cidade de
Patos de Minas uma cidade meacutedia
O SEL DE UMA MEGAacuteLOPOLE OU METROacutePOLE Eacute
DIFERENTE DO SEL DE UMA PEQUENA CIDADE OU DE
UMA CIDADE MEacuteDIA
O MESMO TIPO DE ANAacuteLISE QUE SE APLICA PARA O
ENTENDIMENTO DO SEL DE UMA CIDADE DE GRANDE
PORTE PODE SER APLICADO PARA UMA CIDADE DE
MEacuteDIO PORTE
EXISTEM TIPOS DE ESPACcedilOS LIVRES FUNCcedilOtildeES OU
RELACcedilOtildeES QUE CARACTERIZAM O SISTEMA DE ESPACcedilOS
LIVRES DE UMA CIDADE MEacuteDIA
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23 OS ESPACcedilOS LIVRES NAS
CIDADES MEacuteDIAS
O espaccedilo livre eacute parte estruturante da forma urbana ele se configura em diferentes
categorias tipologias e caracteriacutesticas no meio urbano principalmente pela introduccedilatildeo ao
longo da histoacuteria de diferentes padrotildees urbaniacutesticos nas cidades O processo de urbanizaccedilatildeo
das cidades eacute uma soma e por vezes ateacute uma sobreposiccedilatildeo de padrotildees morfoloacutegicos esses
traccedilados geram diferentes paisagens com diferentes tipos de espaccedilos livres Incorporando ao
sistema um rico mosaico espacial formado por diferentes porcentagens de espaccedilos livres
intra lote caracteriacutesticos de traccedilados distintos por diferentes tipos de praccedilas aacutereas de
preservaccedilatildeo parques ruas e avenidas Aacutereas essas que apresentam diversos conflitos e
possuem um intenso potencial de transformaccedilatildeo
Segundo Macedo et al (2012) as cidades brasileiras possuem padrotildees morfoloacutegicas
semelhantes isso fica evidente na repeticcedilatildeo dos tipos de traccedilado (ortogonais orgacircnicos
radiais) e nos padrotildees de mancha urbana (linear tentacular compacta mista) O que confere
a especifidade das diversas cidades eacute a forma como elas estatildeo inseridas em seu contexto
territorial os arranjos espaciais seus padrotildees culturais socioeconocircmicos a legislaccedilatildeo
municipal as tipologias e funccedilotildees dos espaccedilos livres e a paisagem urbana Nas cidades meacutedias
brasileiras a forma como os padrotildees morfoloacutegicos se adequam ao suporte fiacutesico
transformando paisagem a local confere ao Sistema de Espaccedilos Livres diferentes dinacircmicas
espaciais funcionais e tipoloacutegicas
Como dito anteriormente neste trabalho a proposta natildeo eacute discutir o que determina uma
cidade como de meacutedio porte ou natildeo mas entender essas cidades como centro urbanos em
crescimento onde novos traccedilados e dinacircmicas urbanas satildeo somadas agrave cidade existente
transformando a paisagem local Na atual conjuntura brasileira segundo Tacircngari et al(2009)
apoacutes a deacutecada de 1980 as cidades meacutedias passaram a crescer mais rapidamente em
comparaccedilatildeo com as metroacutepoles um processo de diminuiccedilatildeo do movimento migratoacuterio em
direccedilatildeo agraves megaloacutepoles e o seu direcionamento para as cidades meacutedias que apresentam
grande potencial de crescimento econocircmico e tecircm seus atributos esteacuteticos e econocircmicos
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valorizados atraveacutes da propagaccedilatildeo da ideia de que cidades de meacutedio porte podem apresentar
mais qualidade de vida que as grandes metroacutepoles
As cidades meacutedias reproduzem os padrotildees morfoloacutegicos e culturais vindos do contexto das
grandes cidades e das pequenas cidades ou povoados de seu entorno Um exemplo dessa
influecircncia vinda das grandes cidades satildeo os condomiacutenios fechados propostos inicialmente
pelo mercado imobiliaacuterio como locais de seguranccedila e lazer proacuteximos aos grandes centros
urbanos esse mesmo padratildeo de condomiacutenio fechado eacute aplicado nas cidades meacutedias onde a
criminalidade eacute bem menor e as distacircncias a serem percorridas satildeo mais curtas Um exemplo
da influecircncia vinda das pequenas cidades e povoados proacuteximos satildeo as chaacutecaras pastos e
plantaccedilotildees presentes dentro malha urbana
Patos de Minas eacute um exemplo de cidade meacutedia em crescimento que recebe influecircncias
culturais e de padrotildees morfoloacutegicos uma cidade que possui caracteriacutesticas especiacuteficas de seu
suporte fiacutesico de seu processo histoacuterico e cultura que influenciam diretamente na malha
urbana as tipologias de espaccedilos livres e os tipos de apropriaccedilatildeo desses espaccedilos
Se observarmos em Patos de Minas as caracteriacutesticas da condiccedilatildeo de cidade meacutedia como por
exemplo a localizaccedilatildeo estrateacutegica entre cidades de maior e menor porte Percebemos que a
cidade atrai pessoas do entorno para desfrutar de suas potencialidades econocircmicas e de seus
aparatos de lazer (parques praccedilas locais de exposiccedilatildeo agropecuaacuteria) o que contribui
diretamente para geraccedilatildeo de renda e uso dos espaccedilos A cidade possui uma relaccedilatildeo direta
com cidades de maior porte que servem de escoamento da produccedilatildeo e suprimento de
mercadorias essa relaccedilatildeo de proximidade atrai para cidade eventos e exposiccedilotildees e pode
motivar influecircncias sobre as tipologias de espaccedilos livres gerados (assim como o processo de
globalizaccedilatildeo tambeacutem pode exercer esse papel)
Eacute nesse contexto de crescimento das cidades meacutedias e influecircncias morfoloacutegicas e culturais
que o Sistema de Espaccedilos Livres precisa ser pensado e entendido como uma infraestrutura
baacutesica para o desempenho da vida cotidiana urbana Segundo Souza amp Macedo (2014) o SEL
deve oferecer condiccedilotildees de habitabilidade urbana e para isso eacute necessaacuterio que se estabeleccedila
um diagnoacutestico baseado na existecircncia ou ausecircncia de uma seacuterie de atributos urbanos
necessaacuterios e qualitativos que deveriam orientar accedilotildees poliacuteticas e projetos de maneira a
formar um Sistema de Espaccedilos Livres integrado agrave paisagem local e a demanda da populaccedilatildeo
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O autor afirma que eacute preciso fazer uma leitura da cidade de seus condicionantes conflitos e
potencialidades para entender como se estrutura o SEL suas funccedilotildees e seu potencial de
transformaccedilatildeo e organizaccedilatildeo na cidade
Partimos para anaacutelise da forma urbana patense buscando o entendimento de como as
caracteriacutesticas especiacuteficas do suporte fiacutesico da organizaccedilatildeo espacial da situaccedilatildeo fundiaacuteria e
dos tipos de usos e funccedilotildees exercidas pelos espaccedilos livres estruturam o Sistema de Espaccedilos
Livres de Patos de Minas
24 OS ESPACcedilOS LIVRES NA FORMA URBANA DE
PATOS DE MINAS
Para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na forma urbana de Patos de Minas a
anaacutelise foi dividida em trecircs principais enfoques RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA CONFIGURACcedilAtildeO
ESPACIAL e RELACcedilAtildeO DE USOS DO SOLO A leitura da cidade apresentada por esses trecircs
acircngulos somada ao entendimento de paisagem forma urbana e da formaccedilatildeo e
transformaccedilatildeo da malha urbana patense apresentados no capiacutetulo anterior nos possibilitam
o entendimento do Sistema Espaccedilos Livres de Patos de Minas como um todo com suas
categorias tipoloacutegias e relaccedilotildees sistecircmicas
Os trecircs principais enfoques foram determinados com base nas principais caracteriacutesticas da
cidade nas suas peculiaridades na sua condiccedilatildeo de cidade de meacutedio porte Provavelmente
um outro tipo de cidade com outras caracteriacutesticas de paisagem demandaria outro segmento
de anaacutelise
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241
RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA
ESPACcedilOS LIVRES x SUPORTE ambiental
O principal objetivo desse subcapiacutetulo eacute analisar as caracteriacutesticas do suporte ambiental sobre
o qual a cidade de Patos de Minas foi implantada buscando identificar quais espaccedilos livres
presentes na cidade incorporam esses elementos da paisagem O suporte ambiental eacute parte
da paisagem urbana ele eacute formado por elementos como corpos drsquoaacutegua vegetaccedilatildeo relevo
solos e clima
Estatildeo cada vez mais presentes nos planos diretores e na legislaccedilatildeo ambiental denominaccedilotildees
como reservas florestais puacuteblicas e privadas parques lineares parques ecoloacutegicos unidades
de conservaccedilatildeo aacutereas de proteccedilatildeo permanente (APPrsquos) aleacutem de referecircncias agrave
sustentabilidade e agrave ecologia Essas denominaccedilotildees muitas vezes geram espaccedilos livres
voltados agrave funccedilatildeo de conservaccedilatildeo e proteccedilatildeo ambiental Entretanto os espaccedilos livres
vinculados ao suporte fiacutesico natildeo possuem somente a funccedilatildeo de conservaccedilatildeo ambiental eles
possuem outros papeacuteis no meio urbano como recreaccedilatildeo infraestrutura urbana contribuir
com a drenagem pluvial possibilitar microclimas urbanos mais agradaacuteveis contribuir para
manutenccedilatildeo da biodiversidade e valores esteacuteticos Segundo Queiroga (2012) a
permeabilidade do solo e a cobertura arboacuterea permitem a conservaccedilatildeo de paisagens com
melhor desempenho ambiental mitigando problemas comuns nas aacutereas urbanas a qualidade
da aacutegua e do ar a manutenccedilatildeo da qualidade do solo controle de erosatildeo abastecimento dos
aquiacuteferos e regulaccedilatildeo das enchentes
Os espaccedilos livres vinculados ao suporte ambiental como os corpos drsquoaacutegua e a vegetaccedilatildeo
constantemente satildeo alvo de degradaccedilatildeo ambiental o que ressalta a sua funccedilatildeo ambiental
dentro do sistema Entretanto a mitigaccedilatildeo desses problemas natildeo eacute uma questatildeo pertinente
apenas ao planejamento ambiental das cidades De acordo com Jacobs (2001) as aacutereas livres
puacuteblicas estruturam o espaccedilo urbano satildeo o principal suporte espacial para o encontro e a
vivecircncia urbana Segundo a autora a degradaccedilatildeo do espaccedilo urbano observada pela reduccedilatildeo
de aacutereas puacuteblicas de lazer deficiecircncia na arborizaccedilatildeo urbana excessiva impermeabilizaccedilatildeo do
solo aumento da temperatura e criaccedilatildeo de ilhas de calor danos ambientais diversos
diminuiccedilatildeo da qualidade da ambiecircncia urbana e perda de qualidade de vida constitui um
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problema que extrapola a esfera fiacutesicaespacial constituindo um problema social visto que
desencoraja o uso da rua e dos espaccedilos livres como locais de encontro necessaacuterios para a
manutenccedilatildeo das praacuteticas sociais
Ao longo do processo de urbanizaccedilatildeo das cidades brasileira foram comuns situaccedilotildees em que
aacutereas de reserva natural foram desmatadas para dar lugar a loteamentos coacuterregos foram
canalizados e desapareceram da paisagem urbana ou foram canalizadas a ceacuteu aberto tiveram
sua APP desmatada e impermeabilizada para dar lugar a avenidas e aacutereas construiacutedas como
no caso da Figura 26
Figura 26 Coacuterrego do Monjolo em Patos de Minas canalizado a ceacuteu aberto na deacutecada de 1970 com APP desmatada e grande parte do seu entorno impermeabilizado Agraves margens do coacuterrego a Av Faacutetima Porto Foto Acervo pessoal 2014
Atualmente esse tipo de tratamento de supressatildeo da vegetaccedilatildeo das APPrsquos em aacutereas
urbanizadas eacute cada vez mais incomum7 o que contribui para a conservaccedilatildeo desses recursos
naturais Entretanto gradativamente mais a legislaccedilatildeo ambiental trata a funccedilatildeo ambiental dos
espaccedilos como algo isolado entendendo as APPrsquos como locais onde natildeo podem existir
intervenccedilotildees desconsiderando que esses espaccedilos podem estar vinculados a outras funccedilotildees
como por exemplo recreaccedilatildeo educaccedilatildeo ambiental valorizaccedilatildeo da paisagem De acordo com
7 Os casos excepcionais nos quais eacute permitido a supressatildeo da vegetaccedilatildeo em APP estatildeo definidos pela Resoluccedilatildeo CONAMA 36906
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AUTORIZO A REPRODUCcedilAtildeO E DIVULGACcedilAtildeO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETROcircNICO PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA DESDE DE QUE CITADA A FONTE
E-MAIL nayaraamorimarqgmailcom
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AMORIM Nayara Cristiana Rosa O sistema de espaccedilos livres na forma urbana de Patos de
Minas Dissertaccedilatildeo apresentada a Faculdade de Arquitetura Urbanismo e Design da
Universidade Federal de Uberlacircndia Uberlacircndia 2015
BANCA EXAMINADORA
APROVADO EM
PROF DR __________________________________________ INSTITUICcedilAtildeO ___________
JULGAMENTO _____________________________________________________________
ASSINATURA ______________________________________________________________
PROF DR __________________________________________ INSTITUICcedilAtildeO ___________
JULGAMENTO _____________________________________________________________
ASSINATURA ______________________________________________________________
PROF DR __________________________________________ INSTITUICcedilAtildeO ___________
JULGAMENTO _____________________________________________________________
ASSINATURA ______________________________________________________________
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DEDICATORIA
Dedico a todos aqueles que estiveram do meu lado
apoiando e auxiliando nesse processo de aprendizagem
Em especial ao meu noivo
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AGRADECIMENTOS
Agrave Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Pesquisa do Estado de Minas Gerais - FAPEMIG pelo financiamento
durante a pesquisa
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico - CNPq pelo
financiamento da pesquisa maior na qual se insere essa dissertaccedilatildeo
Ao Grupo de Pesquisa QUAPAacute-SEL pela base metodoloacutegica e bibliograacutefica E em especial ao
grupo de pesquisa Neurb- Nuacutecleo de Estudos Urbanos pelas discussotildees e trocas de
informaccedilotildees
Ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo - PPGAU (FAUeD UFU)
incluindo todos os professores e principalmente a coordenaccedilatildeo e secretaria pelo empenho
em fazer crescer o curso e por toda assessoria prestada
Agradeccedilo ao Prof Dr Glauco Cocozza pela sabedoria compartilhada pelo tempo dedicado e
principalmente pelo incentivo
Aos professores Dr Eugecircnio Queiroga e Dr Carlos Loboda pelas consideraccedilotildees apontadas no
Exame de Qualificaccedilatildeo imprescindiacuteveis no desenvolvimento dessa pesquisa
Agrave minha matildee ao meu pai e aos meus irmatildeos Flaacutevia Janaina e Fabriacutecio que estiveram ao meu
lado durante todos os dias com paciecircncia incessante me alimentando com amor e forccedila
inestimaacuteveis Amo vocecircs
Ao Mathues namorado noivo e futuro esposo por todo o carinho paciecircncia e atenccedilatildeo
dedicados
Aos meus amigos pelo apoio e carinho
Aos meus colegas de mestrado pela companhia nos dias intensos de estudos e
principalmente por tornarem essa caminhada prazerosa
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RESUMO
A pesquisa analisa a configuraccedilatildeo do Sistema de Espaccedilos Livres na forma urbana de Patos de Minas uma cidade de meacutedio porte no interior do estado de Minas Gerais O espaccedilo livre eacute caracterizado como todo espaccedilo livre de edificaccedilatildeo e eacute um dos principais elementos morfoloacutegicos capazes de contribuir com a conservaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da paisagem estruturar a forma urbana e conferir identidade agraves cidades O espaccedilo livre eacute um dos principais caracterizadores das diferentes paisagens urbanas presentes na cidade A partir do estudo da configuraccedilatildeo ecoloacutegica espacial fundiaacuteria e tipoloacutegica desses espaccedilos busca-se o entendimento de que todos cada um com suas caracteriacutesticas e funccedilotildees estatildeo interligados de maneira sistecircmica estruturando as funccedilotildees ambientais sociais culturais e de paisagem presentes na dinacircmica urbana Essa abordagem permite elaborar uma visatildeo sistecircmica da estrutura urbana na qual se observa natildeo apenas os conjuntos de espaccedilos livres mas tambeacutem suas interaccedilotildees e articulaccedilotildees com o edificado com a sociedade com o suporte fiacutesico e com a forma urbana
Palavras-chave Sistema de Espaccedilos Livres Forma Urbana Unidades de Paisagem Patos de
Minas
ABSTRACT
This research analyzes the configuration of the Open Spaces System in the urban form of Patos de Minas one medium-sized city in the state of Minas Gerais The open space is characterized like everyone open space of edification and is one of the main morphological elements able to contribute to the conservation and enhancement of the landscape organize the urban form and confer identity to the cities The open space is a major characterizer of the different urban landscapes present in the city Starting from the study of ecological setting spatial land ownership and typological of those spaces sought the understanding that everyone each one with its characteristics and functions are interconnected in a systemic way structuring the environmental function social cultural and landscape present in the urban dynamic This approach enables elaborate a systemic view of the urban structure in which it is observed not just the sets of open spaces but also their interactions and articulations with the edified with society with the physical support and with the urban form
Palavras-chave Open Spaces System Urban Form Landscape Units Patos de Minas
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LISTA DE ABREVIATURAS
SIGLAS E SIacuteMBOLOS
AABB Associaccedilatildeo Atleacutetica Banco do Brasil
APA Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental
ARL Aacuterea de Reserva Legal
APP e APPrsquos Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente Aacutereas de Presrvaccedilatildeo Permanente
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
EL Espaccedilo Livre
ETA Estaccedilatildeo de Tratamento de Aacutegua
ETE Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgoto
FAUed Faculdade de Arquitetura Urbanismo e Design
i Inclinaccedilatildeo
SEL-RJ Grupo de Sistema de Espaccedilos Livres- Rio de Janeiro
HIS Habitaccedilatildeo de Interesse Social
MCMV Minha Casa Minha Vida
NEURB Nuacutecleo de Estudos Urbanos
ORT Ortogonal
PTC Patos Tecircnis Clube
Quapaacute-SEL Quadro do Paisagismo Brasileiro ndashSistema de Espaccedilos Livres
CEASA Centro de Abastecimento SA
SEL Sistema de Espaccedilos Livres
UNIPAM Centro Universitaacuterio de Patos de Minas
UP Unidade de Paisagem
URT Uniatildeo Recreativa dos Trabalhadores (um dos times de futebol da cidade)
Unesco Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura
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SUMAacuteRIO
ELEMENTOS PREacute-TEXTUAIS
Dedicatoacuteria 005
Agradecimentos 006
Resumo e Abstract 007
Lista de Abreviaturas e Siglas e Siacutembolos 008
INTRODUCcedilAtildeO 013
Sobre os pensamentos norteadores 013
Sobre o meacutetodo 014
Sobre o decorrer dos capiacutetulos 014
CAPIacuteTULO 1 a paisagem e a forma urbana
018 11 PAISAGENS URBANA CONCEITUACcedilAtildeO
021 12 MORFOLOGIA E FORMA URBANA FORMA URBANA MALHA URBANA TECIDO URBANO
025 13 FORMACcedilAtildeO E TRANSFORMACcedilAtildeO DA MALHA URBANA PATENSE
028 131 DO INIacuteCIO DO POVOADO ATEacute A DEacuteCADA DE 1930 BORGES X MACIEIS
037 132 DA DEacuteCADA DE 1940 ATEacute A DEacuteCADA DE 1960 AUMENTO POPULACIONAL
040 133 DAacute DEacuteCADA DE 1970 ATEacute A DEacuteCADA DE 1980 INCORPORACcedilAtildeO DOS CORPOS DrsquoAacuteGUA
044 134 DA DEacuteCADA DE 1990 ATEacute OS DIAS ATUAIS A FORMA URBANA ATUAL
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CAPIacuteTULO 2 o sistema de espaccedilos livres
051 21 ESPACcedilOS LIVRES ESPACcedilOS ABERTOS AacuteREAS VERDES
053 22 O PENSAMENTO SISTEcircMICO
055 23 ESPACcedilOS LIVRES NAS CIDADE MEacuteDIAS
057 24 OS ESPACcedilOS LIVRES NA FORMA URBANA DE PATOS DE MINAS
058 241 RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA espaccedilos livres x suporte ambiental
065 242 CONFIGURACcedilAtildeO ESPACIAL espaccedilos livres x malha urbana
2421 Configuraccedilotildees da malha urbana
2422 Espaccedilos livres na malha urbana
2423 Tipos de traccedilado
083 243 RELACcedilOtildeES DE USOS DO SOLO espaccedilos livres x uso
2431 Distribuiccedilatildeo fundiaacuteria
2432 Usos do solo
090 25 O SISTEMA DE ESPACcedilOS LIVRES DE PATOS DE MINAS
090 251 TIPOLOGIAS DE ESPACcedilOS LIVRES
092 252 CATEGORIAS DE ESPACcedilOS LIVRES
102 253 RELACcedilOtildeES SISTEcircMICAS DOS ESPACcedilOS LIVRES
11 |
CAPIacuteTULO 3 as unidades de paisagem
109 31 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS
110 32 UNIDADES DE PAISAGEM DE PATOS DE MINAS
113 321 UNIDADE DE PAISAGEM 01
116 322 UNIDADE DE PAISAGEM 02
120 323 UNIDADE DE PAISAGEM 03
123 324 UNIDADE DE PAISAGEM 04
128 325 UNIDADE DE PAISAGEM 05
132 326 UNIDADE DE PAISAGEM 06
135 327 UNIDADE DE PAISAGEM 07
139 328 UNIDADE DE PAISAGEM 08
143 329 UNIDADE DE PAISAGEM 09
148 3210 UNIDADE DE PAISAGEM 10
151 33 AS UNIDADES DE PAISAGEM NA CIDADE
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS PERSPECTIVAS E DESAFIOS 154
SOBRE OS DESAFIOS A SEREM ENFRENTADOS 156
SOBRE OS POSSIacuteVEIS DESDOBRAMENTOS DA PESQUISA 157
REFEREcircNCIAS 159
ACERVOS ARQUIVOS E JORNAIS 159
LEIS E DECRETOS 159
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 160
ANEXOS 164
12 |
13 |
INTRODUCcedilAtildeO
SOBRE OS PENSAMENTOS NORTEADORES
O trabalho eacute um exerciacutecio de olhar para a cidade e ler entre seus traccedilados suas ruas lotes e
quadras Buscando entender as promessas que ficaram no ar os projetos vislumbrados mas
nunca concretizados que vatildeo desde a rua que natildeo foi asfaltada ateacute o coacuterrego canalizado que
natildeo foi aberto Entender o processo histoacuterico as relaccedilotildees culturais o desenho da malha
urbana que se estende por entre os fundos dos vales e acompanha o desenho dos coacuterregos e
rios
Grande parte da vida na cidade acontece em seus espaccedilos livres na praccedila natildeo implantadas
onde o vizinho planta milho na rua que recebe o tapete de Corpus Christi nas procissotildees
passeatas e desfiles na festa junina na praccedila da Igreja na eleiccedilatildeo da rainha do milho nas
folias de reis dos distritos da cidade A cidade se transforma no lote que vira campinho na
praccedila que vira estacionamento na gleba que vira pasto na lagoa que vira brejo na mata que
vira cinzas A zona rural aos poucos se transforma em malha urbana mas o rural natildeo perdeu
seu espaccedilo ele se manteacutem presente na paisagem urbana nas expressotildees culturais e nos
dialetos
Este trabalho eacute a continuidade do Trabalho Final de Graduaccedilatildeo apresentado a Faculdade de
Arquitetura Urbanismo e Desing da Universidade Federal de Uberlacircndia Sob a orientaccedilatildeo do
professor Glauco Cocazza foi desenvolvido um projeto de requalificaccedilatildeo para um dos
parques urbanos de Patos de Minas o Parque Municipal do Mocambo Durante o
desenvolvimento desse trabalho ficou evidente que natildeo soacute os ambientes do parque como
outros espaccedilos livres da cidade requeriam projetos de requalificaccedilatildeo que trabalhassem a
relaccedilatildeo eles com a cidade buscando o entendimento dos diferentes papeacuteis dos espaccedilos livres
na cidade deixando de pensar no planejamento urbano e no planejamento ambiental como
coisas isoladas Iniciaram-se aiacute as primeiras percepccedilotildees de que a cidade de Patos de Minas
possui diversas especificidades com relaccedilatildeo agrave interaccedilatildeo da paisagem urbana com seus
espaccedilos livres e edificados
14 |
SOBRE O MEacuteTODO
A dissertaccedilatildeo se fundamenta na anaacutelise de dados documentais primaacuterios como mapas
cedidos pela Prefeitura Municipal de Patos de Minas projetos de espaccedilos livres da cidade
levantamentos fotograacuteficos leis e decretos municipais e federais Baseia-se tambeacutem em
fontes secundaacuterias como revisatildeo bibliograacutefica dos temas norteadores da pesquisa registros
fotograacuteficos jornais locais e entrevistas informais com moradores da cidade e arquitetos da
prefeitura A dissertaccedilatildeo apresenta registros fotograacuteficos natildeo soacute do acervo da autora mas de
diferentes pessoas evidenciando pontos de vista e os diversos olhares sobre a cidade aleacutem
das fotos histoacutericas de arquivos puacuteblicos
A pesquisa adota como metodologia a anaacutelise do Sistema de Espaccedilos Livres e das Unidades de
Paisagem desenvolvida pelos estudos da rede nacional brasileira Quapaacute-SEL II (Quadro do
Paisagismo Brasileiro ndash Sistemas de Espaccedilos Livres) coordenada pelo LAB-QUAPAacute da FAUUSP
(Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Satildeo Paulo) cujo objetivo principal
eacute compreender as relaccedilotildees processuais contemporacircneas entre os Sistemas de Espaccedilos Livres
e a forma urbana das cidades brasileiras A pesquisa apresentada eacute tambeacutem parte integrante
dos estudos desenvolvidos pelo Nuacutecleo de Estudos Urbanos (NEURB) desenvolvido na
Faculdade de Arquitetura Urbanismo e Design (FAUeD) da Universidade Federal de
Uberlacircndia que tem como objetivo central compreender a importacircncia e o papel do Sistema
de Espaccedilos Livres na Forma Urbana das principais cidades meacutedias do Triacircngulo Mineiro e Alto
Paranaiacuteba contribuindo assim com os estudos do grupo nacional Quapaacute-SEL II
SOBRE O DECORER DOS CAPIacuteTULOS
O objetivo central do trabalho eacute analisar os espaccedilos livres presentes na forma urbana de
Patos de Minas e entender como esses espaccedilos estruturam o Sistema de Espaccedilos Livres (SEL)
Buscando esse entendimento a dissertaccedilatildeo foi dividida em trecircs momentos a anaacutelise da
paisagem e da forma urbana patense no primeiro capiacutetulo o entendimento do SEL no
segundo capiacutetulo e a aplicaccedilatildeo da metodologia de Unidades de Paisagem no terceiro capiacutetulo
O primeiro capiacutetulo apresenta os conceitos que iratildeo nortear a pesquisa a PAISAGEM URBANA
e a FORMA URBANA por meio de uma revisatildeo bibliograacutefica buscando a constataccedilatildeo do
estado da arte dos conceitos-chave O trabalho entende a paisagem como conceito
norteador para o entendimento da cidade da formaccedilatildeo e da transformaccedilatildeo da forma urbana
15 |
Depois de introduzidos os conceitos-chave o capiacutetulo apresentaraacute o processo de urbanizaccedilatildeo
da aacuterea de estudo a transformaccedilatildeo do tecido urbano e a incorporaccedilatildeo dos principais espaccedilos
livres de edificaccedilatildeo e edificados ressaltando as caracteriacutesticas histoacutericas econocircmicas
poliacuteticas e culturais que contribuem para a formaccedilatildeo da imagem da cidade
O segundo capiacutetulo analisa o SISTEMA DE ESPACcedilOS LIVRES na forma urbana de Patos de Minas
a partir de trecircs principais enfoques a relaccedilatildeo ecoloacutegica que busca entender a interaccedilatildeo entre
a forma urbana e os condicionantes do suporte fiacutesico (hidrografia geologia relevo
vegetaccedilatildeo) a configuraccedilatildeo espacial que revela a organizaccedilatildeo da malha urbana e a interaccedilatildeo
dos espaccedilos livres na malha e a relaccedilatildeo de usos do solo que analisa a relaccedilatildeo dos espaccedilos
livres com a situaccedilatildeo fundiaacuteria e a distribuiccedilatildeo dos usos do solo na cidade
No capiacutetulo sobre o Sistema de Espaccedilos Livres as anaacutelises foram feitas na escala da cidade No
capiacutetulo seguinte que trata das Unidades de Paisagem as apreciaccedilotildees foram feitas na escala
das unidades ou seja a anaacutelise dos espaccedilos livres da cidade vai do macro ao micro A
aplicaccedilatildeo da metodologia das Unidades de Paisagem permite transitar entre as escalas de
anaacutelise e aprofundar nas caracteriacutesticas e peculiaridades do Sistema de Espaccedilos Livres
presentes em cada unidade
O terceiro capiacutetulo apresenta a metodologia das UNIDADES DE PAISAGEM a identificaccedilatildeo das
Unidades de Paisagem presentes em Patos de Minas e a anaacutelise cada uma delas O trabalho
entende as Unidades de Paisagem como porccedilotildees do Sistema de Espaccedilos Livres cujas relaccedilotildees
entre os espaccedilos livres os espaccedilos edificados possuem caracteriacutesticas especiacuteficas de
centralidade hierarquia distribuiccedilatildeo e organizaccedilatildeo que os distingue dos demais conjuntos de
relaccedilotildees
O fechamento do trabalho apresenta de maneira sinteacutetica uma apreciaccedilatildeo do que foi
apresentado em cada capiacutetulo apontando os questionamentos e resultados que surgiram no
decorrer da anaacutelise Depois satildeo enumerados os principais desafios a serem enfrentados pelo
o planejamento urbano e ambiental de Patos de Minas para a gestatildeo do SEL da cidade
Adiante satildeo apresentados os possiacuteveis desdobramentos da pesquisa evidenciando as
possibilidades de continuidade e aprofundamentos teoacutericos e praacuteticos sobre o objeto de
estudo
16 |
17 |
11 PAISAGEM URBANA
CONCEITUACcedilAtildeO
A compreensatildeo do conceito de paisagem urbana eacute o principal enfoque no presente trabalho
para assimilaccedilatildeo da configuraccedilatildeo urbana da incorporaccedilatildeo dos elementos do suporte fiacutesico na
formaccedilatildeo e na transformaccedilatildeo da forma urbana e entendimento do papel do Sistema de
Espaccedilos Livres na cidade
O estudo da paisagem possibilita uma melhor percepccedilatildeo da estrutura da cidade a
compreensatildeo do siacutetio natural e da interferecircncia humana no mesmo esse conhecimento pode
direcionar o planejamento urbano para tanto a clareza do conceito de paisagem e seus
sombreamentos eacute de extrema importacircncia
Natildeo existe um consenso sobre o conceito de paisagem a discussatildeo sobre paisagem transita
por diversas aacutereas com diferentes definiccedilotildees ecircnfases e meacutetodo de abordagem Segundo o
geoacutegrafo Bertrand (2004) as diferenccedilas de abordagem no conceito de paisagem satildeo
influenciadas pela formaccedilatildeo e os objetivos do observador e pode enfatizar a vegetaccedilatildeo a
hidrografia o clima o relevo a economia a arquitetura ou o processo histoacuterico A
metodologia de anaacutelise poderaacute ser temporal baseada nos aspectos fiacutesicos e se referir agraves
relaccedilotildees e dinacircmicas internas ou ainda um conjunto de diversas anaacutelises Ou seja a
percepccedilatildeo individual somada aos objetivos e ao enfoque do observador interferem
diretamente na leitura da paisagem e no conceito da mesma
Segundo Rougerie e Beroutchatchvili (1991) apud Maximiano (2004) a Unesco (Organizaccedilatildeo
para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura das Naccedilotildees Unidas) declarou em 1971 considerar que a
paisagem eacute a ldquoestrutura do ecossistemardquo e o Conselho Europeu diz que ldquoo meio natural
moldado pelos fatores sociais e econocircmicos torna-se paisagem sob o olhar humanordquo Jaacute a
ldquopaysagerdquo francesa refere-se principalmente aos aspectos visuais O termo holandecircs com o
mesmo sentido eacute ldquovisueellandschaprdquo Para os alematildees ldquolandschaftrdquo envolve a noccedilatildeo de
territoacuterio semelhante ao ldquolandscape inglecircsrdquo Ambos tambeacutem se referem ao aspecto visual A
18 |
geografia sovieacutetica tem seus proacuteprios termos ldquomesnost e ourotchitcherdquo que possuem valor
territorial aos quais os russos acrescentam ldquolandschaftrdquo emprestado dos alematildees
Segundo Maximiano (2004) para alguns socioacutelogos e economistas a paisagem eacute a base do
meio fiacutesico onde o homem a utiliza e a transforma ou natildeo para alguns botacircnicos e ecoacutelogos
a paisagem eacute um conjunto de organismos num meio fiacutesico cujas propriedades podem ser
explicadas segundo leis ou modelos com ajuda das ciecircncias fiacutesicas eou bioloacutegicas para
alguns geoacutegrafos ela resulta da relaccedilatildeo dinacircmica de elementos fiacutesicos bioloacutegicos e
antroacutepicos
ldquoA expressatildeo ldquopaisagemrdquo() passava a manifestar-se com
significados amplos complexos poreacutem bastante vagos
indistintos incompletos premissas comuns eram ldquoa naturezardquo e
a censura agrave accedilatildeo do homem A percepccedilatildeo das mudanccedilas
naturais ndash de tempos bioloacutegicos ndash e tambeacutem aquelas raacutepidas
extensas e difusas do trabalho do homem ndash de tempos
histoacutericos ndash levantava novamente a relaccedilatildeo homem-natureza
Seria esta relaccedilatildeo com todos os apelos e juiacutezos ndash imprecisos
indefinidos ndash que seria associada agrave palavra lsquopaisagemrsquordquo
(MAGNOLI e MACEDO 2000 p132-133)
O estudo da paisagem passou a ganhar relevacircncia entre os arquitetos a partir dos anos de
1960 Segundo Sandeville (2006) esse processo pode ser exemplificado inicialmente pelos
trabalhos de Kevin Lynch Cristopher Alexander Amos Rapoport Yi Fu Tuan e Vittorio
Gregotti1 De acordo com Gregotti (1983) o entendimento da paisagem eacute um instrumento
que o arquiteto tem que ter em matildeos para analisar o lugar e o espaccedilo sobre o qual se projeta
Entretanto a paisagem entendida soacute como o conjunto das caracteriacutesticas fiacutesicas e
geomorfoloacutegicas de cunho bioloacutegico e mineraloacutegico natildeo eacute suficiente para elaboraccedilatildeo do
1LYNCH K A imagem da cidade (1960) ALEXANDER C Unlenguage de patrones (1980) RAPOPORT A
Aspectos humanos de la forma urbana (1978) TUAN Y F Espaccedilo e lugar (1983) GREGOTTI V Nuevos
caminos de La arquitectura italiana (1969)
19 |
projeto eacute preciso que a leitura da paisagem expresse as accedilotildees cotidianas os usos dos
espaccedilos e a cultura local
No Brasil Miranda Magnoli inicia seus estudos sobre a paisagem e o ambiente na deacutecada de
1970 baseada nas anaacutelises estadunidenses de planejamento da paisagem reconhecendo a
importacircncia das caracteriacutesticas socioespaciais mas sem reduzir a paisagem aos aspectos
formais O modo como Miranda discutiu a paisagem segundo Sandeville (2006) ultrapassou
as limitaccedilotildees da relaccedilatildeo figura-fundo a qual reforccedila a paisagem como cenaacuterio um entorno
transformado por uma arquitetura de edifiacutecio promovendo a cenarizaccedilatildeo da ideia de
paisagem Sua reflexatildeo estabeleceu bases para o conceito da arquitetura como o projeto do
ldquoambiente humanordquo a necessidade de compreensatildeo do contexto no qual se insere o objeto
projetado
A definiccedilatildeo do conceito de paisagem adotada para este trabalho eacute a desenvolvida por
Miranda Magnoli (1982) na qual a morfologia da paisagem eacute definida como resultante da
interaccedilatildeo entre a loacutegica proacutepria dos processos do suporte (geologia clima solo relevo
vegetaccedilatildeo e sol aacutegua e ventos) e a loacutegica proacutepria dos processos antroacutepicos sociais e culturais
(parcelamentos escavaccedilotildees plantaccedilotildees construccedilotildees edificaccedilotildees etc) Essa anaacutelise da
paisagem urbana considera os diversos atores que nela interferem seus aspectos fiacutesicos
socioeconocircmicos culturais e seu processo evolutivo natildeo eacute simplesmente bem organizada ou
normativa eacute tambeacutem uma anaacutelise poeacutetica e simboacutelica fala das pessoas e de suas histoacuterias de
suas aspiraccedilotildees tradiccedilotildees e conflitos do conjunto natural das funccedilotildees e da dinacircmica urbana
O estudo da paisagem possibilita um melhor entendimento da estrutura da cidade a
compreensatildeo do siacutetio natural e da interferecircncia humana no mesmo esse conhecimento pode
direcionar o planejamento urbano para tanto o entendimento do conceito de paisagem e
seus sombreamentos eacute de extrema importacircncia Segundo Oseki amp Pellegrino (2004) um
planejamento ecoloacutegico da paisagem pode fornecer as ferramentas necessaacuterias para
integraccedilatildeo entre sociedade e natureza incorporando diretrizes ambientalmente desejaacuteveis
para a melhoria da habitabilidade da cidade de sua sustentabilidade e de sua imagem
Para Oseki amp Pellegrino (2004) as paisagens satildeo ao mesmo tempo produzidas socialmente e
produtoras (indutoras) de praacuteticas sociais podem ser utilizadas no planejamento no projeto
e gestatildeo de espaccedilos livres (nas escalas espaciais local regional e continental) o que lhes
20 |
confere importacircncia no planejamento urbano e regional o que tem sido ignorado pelos
oacutergatildeos responsaacuteveis pela gestatildeo do territoacuterio Segundo Macedo (1993) a paisagem eacute processo
e produto das accedilotildees humanas eacute processo na medida em que estaacute em constante mutaccedilatildeo e
compreende as diversas forccedilas que nela atuam ora em conflito ora em consonacircncia de
objetivos eacute produto pois a cada instante apresenta-se como objeto acabado dessas accedilotildees e
forccedilas aplicadas
Figura 2 Avenida Getuacutelio Vargas em Parto de Minas Vista parcial da paisagem urbana Fonte httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=1534357amppage=92 Foto Fotoacutegrafo desconhecido
O presente trabalho entende a paisagem como algo que caracteriza a cidade que lhe confere
identidade e a distingue das demais A paisagem retrata a forma urbana e a cultura da
populaccedilatildeo a maneira como as pessoas constroem suas casas e onde constroem se na beira
do rio no alto das serras ou nas chapadas Eacute a histoacuteria local contada por meio da mudanccedila do
cenaacuterio e da mudanccedila dos padrotildees arquitetocircnicos nas casas que permanecem do periacuteodo
neocolonial ou no estilo ecleacutetico nas casas que surgiram no estilo moderno nas reformas
nas construccedilotildees que satildeo tombadas e nas que satildeo derrubadas A paisagem eacute contada pelas
aacutervores pelas flores plantadas e replantadas nas calccediladas calccediladas por vezes remendadas A
paisagem eacute o reflexo do processo social dos bairros que se formam das pessoas que se
21 |
mudam da economia que se desenvolve modificando o comercio instalando novas induacutestrias
e quem sabe ateacute bairros industriais gerando renda para urbanizaccedilatildeo de novas aacutereas ou a
verticalizaccedilatildeo de outras
O entendimento da paisagem enquanto elemento caracterizador da imagem das cidades eacute
um instrumento para a melhoria e manutenccedilatildeo dos valores da mesma Possui uma relaccedilatildeo
direta com histoacuteria da cidade com os valores culturais com o processo de formaccedilatildeo e de
transformaccedilatildeo da forma urbana e com os elementos que a constituem Partimos entatildeo para o
estudo da forma urbana com seus enfoques conceituais desdobramentos teoacutericos e
praacuteticos
12
MORFOLOGIA E FORMA URBANA
FORMA URBANA MALHA URBANA TECIDO
URBANO
Figura 3 Forma Urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora 2014
Eacute constante a confusatildeo ao conceituar termos
como morfologia forma urbana malha
urbanatecido urbano elementos morfoloacutegicos
termos que ora se sobrepotildeem ora se englobam
ora se dividem
EXISTE UM CONSENSO SOBRE O CONCEITO
DE FORMA URBANA
A DEFINICcedilAtildeO DE FORMA URBANA ENGLOBA
O TRACcedilADO DAS RUAS OS CHEIOS E VAZIOS
OS USOS E AS TIPOLOGIAS CONSTRUIacuteDAS OU
SERIA SOacute O DESENHO QUE SE FORMA NO
ENCONTRO DAS BORDAS DA OCUPACcedilAtildeO
FORMA URBANA Eacute SINOcircNIMO DE TECIDO
URBANO OU O TECIDO Eacute PARTE DA FORMA
22 |
A morfologia urbana eacute um campo disciplinar que abrange o estudo das cidades das formas
dos tecidos e da paisagem O estudo da morfologia contribui para o entendimento da
estrutura da cidade sua formaccedilatildeo e transformaccedilatildeo por meio de seus elementos
constituintes Segundo Lamas (2004) os elementos morfoloacutegicos constituintes satildeo o solo os
edifiacutecios o lote o quarteiratildeo a fachada o logradouro o traccediladorua a praccedila o monumento
a vegetaccedilatildeo e o mobiliaacuterio urbano O autor denomina como elementos morfoloacutegicos as partes
fiacutesicas que associadas ou estruturadas constituem a forma urbana Existem diversos
conceitos e definiccedilotildees que abordam a morfologia das cidades este trabalho apresentaraacute
algumas delas
Segundo Del Rio (1990) a anaacutelise da morfologia urbana estaacute em compreender a loacutegica da
formaccedilatildeo evoluccedilatildeo e transformaccedilatildeo da forma da cidade e de suas inter-relaccedilotildees a fim de
possibilitar a identificaccedilatildeo de accedilotildees mais apropriadas cultural e socialmente para a
intervenccedilatildeo urbana e o desenho de novos espaccedilos Segundo Rossi (2001) a cidade eacute uma
obra reconhecida pelo conjunto de sua forma mas tambeacutem pode ser identificada por
pequenas partes do conjunto em seus diversos momentos a forma urbana eacute a soma dos
diversos tecidos e padrotildees morfoloacutegicos que formam a cidade
O tecido urbano ou a malha urbana de acordo com Rego e Meneguetti (2011) satildeo
configurados pelo sistema viaacuterio pelo padratildeo do parcelamento do solo pela aglomeraccedilatildeo e
pelo isolamento das edificaccedilotildees assim como pelos espaccedilos livres Em outras palavras o
tecido de cidade eacute dado pelos edifiacutecios ruas quadras e lotes parques praccedilas e monumentos
nos seus mais variados arranjos Esses elementos morfoloacutegicos presentes no tecido urbano
segundo Moudon (1997) devem ser considerados como organismos ndash constantemente em
atividade e assim em transformaccedilatildeo ao longo do tempo eles existem em inter-relaccedilatildeo com
as estruturas edificadas conformando e sendo conformadas pelos espaccedilos livres O modo
como cada um desses elementos morfoloacutegicos se organizou e conforma o tecido da cidade
pode ser entendido como um objeto de estudo da morfologia urbana
A forma urbana reflete os processos de formaccedilatildeo da cidade os processos sociais que se
consolidam nos tecidos urbanos que levam a sociedade a construir de uma maneira
determinada e caracteriacutestica suas casas escolas comeacutercios induacutestrias etc Segundo
Carvalho (2011) os tecidos urbanos satildeo configurados a partir da homogeneidade dos
seguintes elementos traccedilado da malha viaacuteria padrotildees de uso (residencial comercial de
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serviccedilos e industrial) padratildeo edificado (padratildeo arquitetocircnico e do gabarito) e suporte fiacutesico
(topografia vegetaccedilatildeo e hidrografia
De acordo com Moudon (1997) os morfologistas atentam para os resultados tangiacuteveis de
questotildees sociais econocircmicas poliacuteticas ou seja estudam a manifestaccedilatildeo de ideias e
intenccedilotildees agrave medida que elas tomam forma no chatildeo e moldam as cidades O estudo
morfoloacutegico das cidades pode ser dividido em escolas de pensamento dentre elas a escola
italiana a escola francesa e a escola inglesa as quais analisaremos sinteticamente
observando suas principais caracteriacutesticas metodoloacutegicas bases bibliograacuteficas e formas de
pensamento
A escola italiana conforme Mondon (1997) tem seu iniacutecio nos estudos do arquiteto Saverio
Muratori (1910 ndash 1973) e de Gianfranco Caniggia (1933 ndash 1987) na deacutecada de 1940 Segundo
Rosaneli (2011) essa escola de pensamento possui como principal distintivo a preocupaccedilatildeo
com o destino das cidades histoacutericas italianas sobretudo devido aos efeitos das intervenccedilotildees
modernistas Essa escola apresenta uma maior preocupaccedilatildeo com o estudo tipoloacutegico das
edificaccedilotildees (fachadas estilos arquitetocircnicos gabarito) e de suas transformaccedilotildees ao longo do
tempo
A escola francesa apresenta ecircnfase na reflexatildeo geograacutefica e historiograacutefica sobre as cidades e
possui a contribuiccedilatildeo do socioacutelogo Henri Lefebvre (1901 ndash 1991) Assim como a escola italiana
a escola francesa se opotildee aos efeitos das intervenccedilotildees modernistas Rosaneli (2011) propotildee
uma reforma educacional no campo dos estudos urbanos e busca consolidar uma nova
ldquodisciplinardquo com duplo objetivo primeiro uma pesquisa descritiva multidisciplinar do espaccedilo
construiacutedo a fim de reconhecer ingredientes de um bom desenho e segundo a identificaccedilatildeo
e criacutetica de modelos teoacutericos de desenho urbano
A escola inglesa eacute fundamentada nos estudos do geoacutegrafo alematildeo Conzen (1907 ndash 2000) e
inicia-se na deacutecada de 1960 De acordo com Moudon (1994) a escola inglesa possui uma
anaacutelise morfoloacutegica descritiva analiacutetica e explanatoacuteria concentra-se no estudo da forma
urbana e apresenta o mais completo detalhado e sistemaacutetico meacutetodo tipo morfoloacutegico das
trecircs escolas
Conzen fundamenta-se na aplicabilidade da leitura dos planos urbanos (ldquotown-plansrdquo) para o
entendimento da formaccedilatildeo urbana De acordo com Conzen (1960) apud Rosaneli (2011) os
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trecircs fundamentais elementos que compotildee os planos satildeo as ruas que estatildeo arranjadas em um
traccedilado os lotes ou parcelas individuais de terra juntamente com as quadrasquarteirotildees e os
edifiacutecios com seus conjuntos construiacutedos As diversas combinaccedilotildees desses trecircs principais
elementos constituiriam unidades distintas com ldquohomogeneidade morfoloacutegicardquo o que o
autor denominou de tecido urbano (ldquoplan unitrdquo ldquourban fabricrdquo ou ldquotessuto urbanordquo para a
escola italiana)
A morfologia urbana e suas diferentes escolas de pensamento retratam o estudo da forma
urbana e de seus elementos estruturantes dos processos culturais sociais econocircmicos e
poliacuteticos Os estudos morfoloacutegicos que mais se aplicam agrave presente pesquisa satildeo os da escola
inglesa onde desenvolve-se uma anaacutelise descritiva e analiacutetica do processo de urbanizaccedilatildeo
estudando as unidades com ldquohomogeneidade morfoloacutegicasrdquo trabalhadas nessa pesquisa por
meio das Unidades de Paisagem (porccedilotildees territoriais com semelhanccedila de traccedilado e interaccedilatildeo
entre os espaccedilos livres e edificados) e atraveacutes da anaacutelise do Sistema de Espaccedilos Livres uma
organizaccedilatildeo sistecircmica dos espaccedilos livres das diversas Unidades de Paisagem presentes em
uma aacuterea definida
Para o entendimento da configuraccedilatildeo do Sistema de Espaccedilos Livres Patense e de suas
Unidades de Paisagem partimos do estudo do processo de urbanizaccedilatildeo de Patos de Minas
observando as caracteriacutesticas morfoloacutegicas histoacutericas culturais e da paisagem urbana
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13 FORMACcedilAtildeO E TRANSFORMACcedilAtildeO DA
MALHA URBANA PATENSE
Figura 4 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Patos de Minas e apresentaccedilatildeo da forma urbana da cidade Elaborado pela autora segundo fonte Mapas da Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2006 e 2015
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Patos de Minas eacute uma cidade meacutedia2 da regiatildeo intermediaacuteria agrave Mesorregiatildeo do Triacircngulo
Mineiro e Alto Paranaiacuteba Considerada poacutelo econocircmico regional a maior cidade da
microrregiatildeo do Alto Paranaiacuteba que eacute composta por 10 municiacutepios O municiacutepio de Patos de
Minas eacute formado por sete distritos o distrito sede eacute a cidade de Patos de Minas e os outros
satildeo Bom Sucesso Chumbo Major Porto Pilar Pindaiacutebas e Santana de Patos (identificados na
Figura 4)
Segundo o IBGE (2010) o municiacutepio de Patos de Minas possui aacuterea de 3189771Kmsup2
densidade demograacutefica de 4349 habkmsup2 e populaccedilatildeo de aproximadamente 147614
habitantes (populaccedilatildeo estimada em 2014)
Patos de Minas situa-se no Planalto Central Minas GeraisGoiaacutes com altitudes meacutedias de 800
a 900 metros Localiza-se entre duas grandes bacias hidrograacuteficas brasileiras a do Satildeo
Francisco e a do Paranaacute Sua localizaccedilatildeo estrateacutegica permite a ligaccedilatildeo da cidade a centros
comerciais como Uberlacircndia Belo Horizonte Brasiacutelia e Satildeo Paulo facilitando o intercacircmbio
comercial e o desenvolvimento econocircmico
De acordo com o IBGE (2012) o PIB (Produto Interno Bruto) do municiacutepio tem sua economia
baseada principalmente no setor de serviccedilos seguido do setor industrial e da agricultura
conforme Tabela 1
2 A dissertaccedilatildeo adota a conceituaccedilatildeo de cidades meacutedias desenvolvida por Amorim Filho e Serra (2001) cidade que ocupam uma posiccedilatildeo estrateacutegica na hierarquia urbana oferecendo suporte agraves cidades pequenas conforme a funccedilatildeo que desempenham e estabelecendo ligaccedilotildees com as cidades maiores intermediando as relaccedilotildees entre estes dois niacuteveis urbanos De acordo com os autores essas cidades satildeo espaccedilos de relaccedilotildees e natildeo de polarizaccedilatildeo ou dominaccedilatildeo satildeo cidades natildeo tatildeo pequenas a ponto de limitar as possibilidades de crescimento econocircmico e intelectual de seus habitantes e nem tatildeo grandes a ponto de onerar ndash e ateacute pocircr em risco ndash a vida da maioria de seus moradores
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Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas - 2012
Impostos sobre produtos liacutequidos de subsiacutedios a preccedilos correntes
248946 mil reais
PIB a preccedilos correntes 2495732 mil reais
PIB per capita a preccedilos correntes 1770650 mil reais
Valor adicionado bruto da agropecuaacuteria a preccedilos correntes 255908 mil reais
Valor adicionado bruto da induacutestria a preccedilos correntes 432152 mil reais
Valor adicionado bruto dos serviccedilos a preccedilos correntes 1558725 mil reais
Tabela 1 Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas-2012 Fonte IBGE 2012 em parceria com os Oacutergatildeos Estaduais de Estatiacutestica Secretarias Estaduais de
Governo e Superintendecircncia da Zona Franca de Manaus ndash SUFRAMA Disponiacutevel em
httpwwwcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=314800ampidtema=134ampsearch=mina
s-gerais|patos-de-minas|produto-interno-bruto-dos-municipios-2012 Acesso em dezembro de 2014
Entretanto observa-se que entre os setores o que mais exerce influecircncia cultural no
municiacutepio e na dinacircmica urbana eacute a agricultura somada a pecuaacuteria e ao agronegoacutecio
caracterizando as festas locais as manifestaccedilotildees culturais as formas de apropriaccedilatildeo da
paisagem as tipologias predominantes de espaccedilos livres e a histoacuteria de ocupaccedilatildeo do
municiacutepio Na agroinduacutestria destaca-se a produccedilatildeo de leite e derivados sementes e adubos
defensivos agriacutecolas carne suiacutena e derivados e alimentos enlatados A agricultura sempre
caracterizou a economia e a cultura local os produtos que se destacam satildeo o arroz soja
feijatildeo cafeacute maracujaacute tomate horticultura e o milho siacutembolo da festa regional a Festa
Nacional do Milho A pecuaacuteria possui significativa importacircncia econocircmica para o municiacutepio a
regiatildeo faz parte de uma das maiores bacias leiteiras do paiacutes Patos de Minas tambeacutem eacute
considerada poacutelo nacional de geneacutetica suiacutena detendo 70 da tecnologia nacional em
melhoramentos suiacutenos
Para analisarmos como se formou a cidade de Patos de Minas apresentaremos seus periacuteodos
urbanos em cinco partes a primeira retrata o iniacutecio do povoado ateacute 1930 depois de 1940 a
deacutecada de 1960 em seguida de 1970 ateacute a deacutecada 1980 e por fim o periacuteodo que vai de 1990
ateacute o ano de 2015 buscando assim retratar o crescimento urbano os principais
acontecimentos histoacutericos e a incorporaccedilatildeo dos elementos da paisagem
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131
DO INIacuteCIO DO POVOADO ATEacute A DEacuteCADA DE 1930
BORGES X MACIEacuteIS
O processo de colonizaccedilatildeo da
regiatildeo ocupada hoje pelo
municiacutepio de Patos de Minas
teve iniacutecio provavelmente na
segunda metade do seacuteculo XVIII
antes mesmo da descoberta do
ouro no estado de Minas Gerais
com as bandeiras rumo agraves terras
de Paracatu A cidade de Patos
de Minas surgiu na segunda
deacutecada do seacuteculo XIX em torno
da Lagoa dos Patos (delimitada
na Figura 5) onde segundo as
descriccedilotildees histoacutericas existia uma
enorme quantidade de patos
silvestres
Figura 5 Crescimento Urbano de Patos de Minas ateacute o iacutenicio do seacuteculo XIX Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas Disponiveacutel em
httpwwwpatosdeminasmggovbrgaleriahistoricaspagesimage16php Acesso em maio de
2014 Elaborado pela autora
Segundo Oliveira Mello (1971) o povoado que deu origem a cidade de Patos de Minas se
iniciou em 1826 com a doaccedilatildeo do terreno por Antocircnio Joaquim da Silva Guerra e sua esposa
Luzia Correcirca de Andrade para a construccedilatildeo da capela de Santo Antocircnio situada hoje na atual
Praccedila Dom Eduardo proacutexima agrave Lagoa dos Patos na Avenida Liberdade atualmente conhecida
como Avenida Getuacutelio Vargas A partir de entatildeo diversas famiacutelias se instalaram no entorno da
capela originando o Arraial de Santo Antocircnio da Beira do Paranaiacuteba Em 1866 foi criada a Vila
de Santo Antocircnio dos Patos e em 1892 o presidente do Estado de Minas Gerais elevou a vila
agrave categoria de cidade de Patos de Minas
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Figura 6 Iniacutecio da ocupaccedilatildeo da cidade de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fontes
Prefeitura Municipal de Patos de Minas e MuP- Museu da Cidade de Patos de Minas
A Praccedila Dom Eduardo estaacute no centro do nuacutecleo original de povoamento ilustrado pela Figura
6 e representa a divisatildeo de influecircncia entre as duas famiacutelias da elite local que atuaram na
construccedilatildeo da paisagem urbana e na histoacuteria da cidade de Patos de Minas os Borges
catoacutelicos e monarquistas e os Dias Macieacuteis protestantes e republicanos
Ao norte da Praccedila Dom Eduardo encontam-se os Borges e seus parentes os Caixeta e os
Queiroz de acordo com Silva (2011) deste lado da cidade a paisagem se desenha por ruas
estreitas e curvas as quais conduzem a travessas e becos nitidamente ldquosemeadosrdquo agrave moda
lusitana de povoar Ao mesmo tempo os edifiacutecios mais antigos e caracteriacutesticos da aacuterea satildeo
todos em estilo colonial com altas janelas e portas retangulares Satildeo exemplos a antiga Casa
de Cacircmara e Cadeia localizada hoje na Praccedila Juquinha Caixeta (Figura 7) e os casarotildees do Dr
Joatildeo Borges e do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz a rua e a casa de Deiroacute Borges a Rua do
Tenente Bino o Beco da Zeacutelia a Praccedila da Dona Genoveva (Figura 8) a Rua do Alfredo Borges
a Praccedila Chiquinho Caixeta a Rua Dr Joseacute Oliacutempio Borges a Praccedila Dom Eduardo E ainda a
Travessa dos Queiroz onde se manteacutem de peacute a casa do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz
palco de criaccedilatildeo do partido de oposiccedilatildeo oficial aos ldquoMacieacuteisrdquo
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Figura 7 Casa de Cacircmara e Cadeia (o mais antigo edifiacutecio puacuteblico de Patos de Minas inaugurado em 1912 como Cacircmara Municipal Foacuterum e no reacutes-do-chatildeo a Cadeia Puacuteblica) e Praccedila Juquinha Caixeta Foto Acervo pessoal 2015 Figura 8 Rua Deiroacute Borges ao fundo Praccedila Dona Genoveva Foto Acervo pessoal 2015
Figura 9 Escola Estadual Marcolino de Barros Foto Fotoacutegrafo desconhecido 2008 Disponiacutevel em
httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=614809 Acesso em maio de 2014
Figura 10 Escola Estadual Antocircnio Dias Maciel Foto Acervo pessoal 2015
Ao sul da Praccedila Dom Eduardo em frente agrave Catedral de Santo Antocircnio estatildeo os Macieacuteis e seus
parentes os Santana Pacheco Barros Magalhatildees e Ferreira da Silva Segundo Silva (2011) os
Macieacuteis estatildeo ligados agrave modernizaccedilatildeo e agrave reordenaccedilatildeo urbana da cidade entre suas marcas
na paisagem estatildeo a Escola Estadual Marcolino de Barros(Figura 09) a Escola Estadual
Antocircnio Dias Maciel(Figura 10) a Rua Olegaacuterio Maciel a Casa de Olegaacuterio Maciel a Casa do
Dr Itagyba a Rua Farnese Maciel o Palacete de Amadeu Maciel a Rua Major Gote (apelido
de Sesoacutestris Dias Maciel) o Hospital Regional Antocircnio Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur
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Thomaz de Magalhatildees o Coreto Arthur Thomaz de Magalhatildees a Rua Joseacute de Santana a Praccedila
Antocircnio Dias a Rua Major Jerocircnimo [Dias Maciel] e a Praccedila Santana
Olegaacuterio Maciel figura poliacutetica representativa da regiatildeo alternou entre os cargos de
Deputado Federal e Agente Executivo de Municiacutepio no final do seacuteculo XIX ateacute chegar agrave
Presidecircncia do Estado de Minas Gerais nos anos de 1930 Segundo Borges (2008) esse
processo poliacutetico influenciou o desenvolvimento fiacutesico-territorial da cidade atraindo
investimentos do Governo do Estado para a construccedilatildeo das escolas do foacuterum e do Hospital
Regional
No fim do seacuteculo XIX em 1883 o entatildeo Agente do Executivo Olegaacuterio Dias Maciel3 ordenou
a criaccedilatildeo de um plano diretor para ordenar e reorientar o crescimento do povoado para o
sentido sul da Praccedila Dom Eduardo ldquona chapada ou chapadatildeordquo conforme segue na citaccedilatildeo
Seguiu‐se a risca o ldquoPlano Diretorrdquo indicado por Olegaacuterio
Maciel O vereador Eduardo Ferreira de Noronha em 21 de
setembro de 1906 indica que ()auxiliem a Cacircmara a
estudar o local mais conveniente em que se deve construir
o matadouro e respectivo curral oferecendo seu parecer
Hoje distanciados no tempo sabemos que a ldquoChapadardquo
paulatinamente abrigou aleacutem do Matadouro Municipal a
Casa do Coronel Farnese Dias Maciel a Casa de Amadeu
Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur Thomaz de
Magalhatildees o Passeio Puacuteblico a fonte luminosa o Coreto o
Cinema o Paccedilo Municipal o Hospital Antocircnio Dias Maciel o
Grupo Escolar o Foacuterum () Pari Passu tambeacutem foram
transladados outros elementos que se localizavam na
direccedilatildeo para a qual a cidade ia se deslocando a mudanccedila
do cemiteacuterio e da Igreja de Nossa Senhora do Rosaacuterio
(frequentada pelos negros) tambeacutem se constituiu como
marco simboacutelico da nova ordenaccedilatildeo urbana planeada por
Olegaacuterio Maciel (BORGES amp SILVA 2009 p13)
3 Olegaacuterio Dias Maciel era engenheiro formado na Escola Polyteacutecnica do Rio de Janeiro em 1878 compartilhava os ideais positivistas da Repuacuteblica e tambeacutem os ideais da Belle Eacutepoque de higienizaccedilatildeo e de racionalizaccedilatildeo do espaccedilo urbano Soma-se a isso a experiecircncia cultural de Olegaacuterio fora de Patos como deputado federal e senador vivenciou no Rio de Janeiro as reformas urbanas empreendidas por Pereira Passos inspiradas na reforma de Paris sob a batuta do Baratildeo de Haussman Como deputado estadual e depois como presidente do Estado de Minas Gerais vivenciou a experiecircncia de ldquofruirrdquo a cidade de Belo Horizonte construiacuteda racionalmente agrave moda da colonizaccedilatildeo espanhola na Ameacuterica (BORGES amp SILVA 2009)
32 |
Segundo Oliveira (2010) dentre as influecircncias na malha urbana decorrentes do periacuteodo
poliacutetico do iniacutecio do seacuteculo XX destacam-se as intervenccedilotildees na infraestrutura da Avenida
Getuacutelio Vargas definindo a mesma como eixo nobre na cidade o direcionamento o primeiro
vetor de expansatildeo urbana nas direccedilotildees sul e oeste da Av Getuacutelio Vargas
Figura 11 Inundaccedilatildeo ocorrida em 1941 na ponte sobre o Rio Paranaiacuteba Fonte Arquivo do Laboratoacuterio
de Histoacuteria do Unipam Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=3600 Acesso em
dezembro de 2014
Observa-se que a Avenida Getuacutelio Vargas anteriormente denominada como Avenida
Liberdade e depois Avenida Municipal representa o nuacutecleo inicial da cidade e o ponto de
partida dos vetores de ocupaccedilatildeo ateacute a deacutecada de 1930 observa-se que neste periacuteodo as
praccedilas da avenida apresentavam um paisagismo inspirado nos jardins franceses Zama
Maciel4 relata sobre o planejamento de usos e ocupaccedilatildeo dessa aacuterea e a Figura 12 ilustra esse
periacuteodo
4 Zama Maciel foi um patense que exerceu as funccedilotildees de agrimensor professor inspetor de ensino vereador e redator dos jornais locais
Com relaccedilatildeo ao vetor de expansatildeo oeste
observa-se que o mesmo foi impulsionado
pela construccedilatildeo da nova ponte sobre o rio
Paranaiacuteba em aproximadamente 1926
retratada na Figura 11 Segundo
Dannemann (2013) a obra da ponte estava
sob os cuidados da Companhia Nacional de
Cimento Armado SA e ateacute 1970 serviu
como principal acesso agrave sede do municiacutepio
33 |
Avenida Municipal com o seu atual quilocircmetro de extensatildeo foi
destinada agrave habitaccedilatildeo particular devida a sua exagerada
largura e agrave perspectiva que podem oferecer casas pequenas e
de bom gosto fronteando os seus passeios gramados e jardins
floridos que a pequenada destroacutei Nela preacutedios comerciais de
dois trecircs andares tornam-se ridiacuteculos porque natildeo tecircm
magnitude para se imporem agrave largura (repisamos) exagerada
com que os antigos irrefletidamente a construiacuteram Somente
edifiacutecios semelhantes agrave igreja matriz em construccedilatildeo come
cinquenta metros podem nela sobreviverem Pequenos preacutedios
vivendas graciosas de cujas janelas caiam trepadeiras no
conjunto dos jardins e na imensa claridade de nossas tardes
faratildeo dela recanto cobiccedilado agrave moradia Enfeia-la com preacutedios
comerciais de pequeno porte e com casas de diversotildees
barulhentas seraacute obra de mau gosto que se torna necessaacuterio
evitar (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos Patos de
Minas junho de 1937)
Figura 12 Avenida Getuacutelio Vargas parte ao sul da Catedral de Santo Antocircnio deacutecada de 1930 Ao
centro da figura o Palacete Amadeu Maciel Fonte Acervo Documental e de Imagens de Patos de
Minas Local MuP ndash Museu da Cidade de Patos de Minas
A seguir o Mapa 1 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o
ano de 1930 retrata a localizaccedilatildeo da implantaccedilatildeo da cidade proacuteximo a recursos drsquoaacutegua No
mapa estaacute presente a delimitaccedilatildeo do periacutemetro urbano do ano de 2015 que seraacute mantido
como ponto de referecircncia espacial para a malha urbana atual
34 |
35 |
A Figura 13 datada da deacutecada de 1930 eacute uma vista aeacuterea da cidade no qual pode-se
perceber a implantaccedilatildeo e a forma urbana da cidade e os vetores de expansatildeo do iniacutecio do
seacuteculo XX aacuterea retratada pelo Mapa 1 apresentado anteriormente
Figura 13 Vista aeacuterea de Patos de Minas
Fonte Arquivo Daacutecio Pereira da Fonseca Fotografo desconhecido
Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=2650 Acesso em abril de 2014
Observa-se na Figura 13 a presenccedila de espaccedilos livres puacuteblicos dentre eles as Praccedilas da
Avenida Getuacutelio Vargas dos Boiadeiros Antoacutenio Dias Champagnat e Santana os espaccedilos
livres privados o Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo o Patos Tecircnis Clube (PTC) o campo de futebol
da Uniatildeo Recreativa dos Trabalhadores (URT) e o campo de futebol do Clube do Mamoreacute
Segundo Fonseca (1974) desde o final do seacuteculo XIX ateacute 1950 Patos de Minas tentou pleitear
a vinda da estrada de ferro para escoamento da produccedilatildeo agriacutecola da regiatildeo ateacute o Rio de
Janeiro e Satildeo Paulo Segundo Borges e Silva (2009) em 1934 o engenheiro carioca Neacutelson
Rodrigues efetuou o primeiro levantamento planialtimeacutetrico da cidade de Patos de Minas a
princiacutepio esse levantamento objetivava abrigar a estrada de ferro Patos-Catiara Em 1936
provavelmente o proacuteprio Neacutelson Rodrigues concluiu o primeiro Plano Urbano oficial da
cidade apresentado pela Figura 14
LEGENDA 1 ndashMajor Gote e Dr Marcolino 2 ndash Lagoa Grande 3 ndash Campo de Aviaccedilatildeo 4 ndash Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo 5 ndash Rua Dr Marcolino 6 ndash Rua Major Gote 7 ndash Coacuterrego do Monjolo 8 ndash PTC 9 ndash Campo da URT 10 ndash Cemiteacuterio Municipal 11 ndash Rio Paranaiacuteba 12 ndash Av Getuacutelio Vargas 13 ndash Matriz de Santo Antocircnio 14 ndash Rua Tiradentes 15 ndash Cadeia 16 ndash Praccedila dos Boiadeiros 17 ndash Praccedila Antocircnio Dias 18 ndash Av Paracatu 19 ndash Igreja do Rosaacuterio 20 ndash Praccedila Champagnat 21 ndash Rua Major Jerocircnimo 22 ndash Campo do Mamoreacute
23 ndash Praccedila Santana
36 |
Figura 14 Plano Urbano de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fonte Prefeitura
Municipal de Patos de Minas
Destaca-se no plano de crescimento urbano a Rua Major Gote na eacutepoca denominada Rua
Desembargador Frederico Zama Maciel escreve ao jornal local sobre o plano urbano as vias
de caraacuteter comercial da cidade e sobre as intenccedilotildees de um zoneamento de usos para o
crescimento da cidade inspirados no urbanismo norte-americano
37 |
A Prefeitura () mandou organizar a planta da cidade e
traccedilar-lhe as ruas futuras no objetivo de impedir o
crescimento desordenado() Neste trabalho foram
observadas tanto quanto possiacutevel as normas seguidas na
Ameacuterica do Norte onde geralmente as cidades satildeo
traccediladas em xadrez cortando-se as ruas em acircngulo reto
() As ruas comerciais estatildeo determinadas no referido
plano e dentre as atuais destacam-se Desembargador
Frederico e General Osoacuterio A primeira () deveraacute atravessar
a cidade de norte a sul e morreraacute na futura praccedila da
estaccedilatildeo ferroviaacuteria onde atualmente se ergue o barracatildeo
da Companhia do Trigo Seraacute futuramente a mais central da
cidade Eacute de uma boa norma localizar-se o comeacutercio em
determinadas zonas (zoneamento chamam a isto os
urbanistas) bem como as faacutebricas os edifiacutecios puacuteblicos as
escolas (natildeo as primaacuterias que devem ser espalhadas nos
bairros residenciais) devem tambeacutem ter as suas zonas
separadas () (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos
Patos de Minas junho de 1937)
A linha feacuterrea natildeo foi implantada na cidade e o crescimento urbano das deacutecadas seguintes
natildeo se ateve ao planejamento apresentado na deacutecada de 1930
132
DA DEacuteCADA DE 1940 ATEacute A DEacuteCADA DE 1960
AUMENTO POPULACIONAL
Comparando o plano urbaniacutestico apresentado para a cidade no final do seacuteculo XIX com a
expansatildeo da malha urbana observa-se que o crescimento urbano da cidade ocorreu de
forma mais dispersa do que o apresentado no plano O vetor de expansatildeo ao sul manteve
grande parte do planejamento embora apresentando quadras menores A aacuterea antes
ocupada pela Lagoa dos Patos e a aacuterea a nordeste da Lagoa foram as que mais se
distanciaram das ideias do plano urbaniacutestico apresentando uma malha urbana orgacircnica com
a presenccedila de muitas ruas sem saiacuteda
O Mapa 2 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1965 a seguir retrata o crescimento da malha urbana
38 |
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Segundo Magrini (2008) na deacutecada de 1950 houve um surto migratoacuterio e a instalaccedilatildeo de
diversas firmas comerciais Nesse periacuteodo construiu-se o primeiro Terminal Rodoviaacuterio com
verbas municipais e investimentos da iniciativa privada e teve iniacutecio tambeacutem a comemoraccedilatildeo
da Festa Nacional do Milho evento que ateacute hoje expressa as manifestaccedilotildees culturais da
regiatildeo
Figura 15 Patos de
Minas da deacutecada de
1960
Elaborado pela autora segundo fonte Arquivo de Marialda Coury Foto Joatildeo Lucas Ribeiro Borges
Observando o crescimento da malha urbana de Patos de Minas ateacute 1965 (ilustrado pela
Figura 15) pode-se constatar que houve uma grande expansatildeo da mesma entre a deacutecada de
1950 e 1960 Nesse periacuteodo o aumento populacional ocorreu predominantemente na aacuterea
urbana conforme mostra a Tabela 02 a seguir
Periacuteodo
Populaccedilatildeo Total do
Municiacutepio
Populaccedilatildeo Urbana do Municiacutepio
Populaccedilatildeo Rural do
Municiacutepio
1950 45399 12525 32874
1960 72839 32511 40328
1970 76211 44877 31334
1980 86121 63302 22819
1990 102946 87403 15543
2000 123881 111333 12548
2010 138710 127724 10986
2014 147614 - -
Tabela 2 Crescimento Populacional de Patos de Minas Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Magrini 2008 Populaccedilatildeo prevista segundo o IBGE
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Nas deacutecadas seguintes a 1960 como se pode antever pela Tabela 2 o crescimento da zona
rural foi diminuindo gradativamente e a populaccedilatildeo da aacuterea urbana aumentando
impulsionando o crescimento da malha urbana
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DA DEacuteCADA DE 1970 ATEacute A DEacuteCADA DE 1980
Incorporaccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua
Nas deacutecadas de 1960 e 1970 periacuteodo de ditadura Militar segundo Magrini (2010) Patos de
Minas passou por uma estagnaccedilatildeo econocircmica devido agrave emancipaccedilatildeo poliacutetica de dois
importantes Lagoa Formosa e Guimaracircnia no mesmo periacuteodo houve grande deslocamento
de patenses para a nova capital do paiacutes Brasiacutelia em busca de empregos
Justamente na eacutepoca da mudanccedila da capital do paiacutes para
Brasiacutelia Patos de Minas perde caracteriacutestica de centro
rodoviaacuterio e transforma-se no ldquopassa perto de Patosrdquo com
estradas asfaltadas em volta num eixo de 130 km Natildeo se
vinha aqui como antes ateacute que a BR 354 inaugurada em
1972 abolia este malfadado passa perto ressurgindo toda a
movimentaccedilatildeo comercial completada pela BR ndash 365 em
1974 (MELLO 1992 p54)
De 1965 ateacute os anos 1980 Patos de Minas praticamente dobrou a sua aacuterea de ocupaccedilatildeo
decorrente principalmente do processo de ecircxodo rural Segundo Oliveira (2010) os vetores
direcionavam para todos os sentidos sendo apenas o oeste limitado pelo Rio Paranaiacuteba os
cursos drsquoaacutegua menores natildeo foram uma barreira para esta expansatildeo
O Mapa 3 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1980 a seguir retrata o crescimento da malha urbana nesse periacuteodo
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Em 1982 foi iniciada a urbanizaccedilatildeo da Lagoa dos Japoneses a Lagoa Grande (Figura 16 e
Figura 17) com a reduccedilatildeo significativa da aacuterea alagada e a construccedilatildeo do Terminal
Rodoviaacuterio No entorno da lagoa foi criado o Parque Recreativo Dr Itagiba depois renomeado
como Parque Dr Itagiba Augusto Silva o primeiro parque urbano da cidade um dos principais
cartotildees postais da cidade espaccedilo de lazer e contemplaccedilatildeo
Figura 16 Projeto para o
Parque Recreativo Dr
Itagiba a construccedilatildeo ao
lado esquerdo da figura
representa o Terminal
Rodoviaacuterio Fonte Jornal
A Debulha O projeto do
parque Ano VIII nordm178
janeiro de 1988 paacuteg7
Figura 17 Planta do Parque Dr Itagiba Augusto Silva ndash Lagoa Grande Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2014
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Em 1986 foi iniciada a canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo inicialmente uma Avenida
Sanitaacuteria no Coacuterrego do Monjolo (Figura 18) atualmente conhecida como Avenida Faacutetima
Porto as obras terminaram em 1996 Segundo Caixeta amp Vlach (2009) a canalizaccedilatildeo
acarretou inicialmente na ocupaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo do entorno e devido agrave resoluccedilatildeo dos
problemas sanitaacuterios que aiacute existiam
Figura 18 Canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo deacutecada de 1990 Foto Arquivo de Donaldo Amaro Teixeira Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=7568 Acesso em maio de 2015
Com o decorrer dos anos e a instalaccedilatildeo dos bairros no entorno o Coacuterrego do Monjolo passou
a apresentar problemas com enchentes e um forte odor provavelmente a canalizaccedilatildeo do
coacuterrego jaacute natildeo suportava mais o volume de aacutegua pluvial dos bairros aleacutem da presenccedila de
esgotos clandestinos Tais problemas geraram novos projetos de canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do
Monjolo nas deacutecadas seguintes
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DA DEacuteCADA DE 1990 ATEacute OS DIAS ATUAIS
A FORMA URBANA ATUAL
No final da deacutecada de 1980 houve a descoberta da uma jazida de Fosfato Sedimentar na
localidade da Rocinha (aacuterea rural) o que impulsionou a instalaccedilatildeo de induacutestrias voltadas para
o agronegoacutecio iniciado pelas Sementes Agroceres SA (especialista tambeacutem em geneacutetica
suiacutena) Nesse periacuteodo ocorreu ainda um maior desenvolvimento teacutecnico da agricultura por
meio da irrigaccedilatildeo e do cultivo de novos cereais
Os reflexos do desenvolvimento comercial e industrial da regiatildeo foram notados na
implantaccedilatildeo de induacutestrias de confecccedilotildees agroinduacutestrias e na instalaccedilatildeo da multinacional Cica
que impulsionou o cultivo de milho ervilha e tomate5
A implementaccedilatildeo de induacutestrias somadas agraves pressotildees poliacuteticas acarretou na instalaccedilatildeo de um
distrito industrial na porsatildeo sul e oeste da cidade expandindo o periacutemetro urbano para aleacutem
das margens do Rio Paranaiacuteba A criaccedilatildeo do distrito industrial influenciou a ocupaccedilatildeo ao longo
da Avenida Presidente Juscelino Kubitschek construiacuteda nos anos 1970 para ligaccedilatildeo do nuacutecleo
urbano agraves rodovias BR-354 e BR-365 comportando-se entatildeo como principal acesso da
cidade
O Mapa 4 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o ano de
2015 a seguir apresenta a forma urbana atual da cidade
5 A multinacional Cica permaneceu na cidade ateacute 2001 depois se deslocou para o Estado de Goiaacutes quando perdeu parte dos incentivos fiscais oferecidos pela cidade
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Na deacutecada de 1990 a expansatildeo da malha urbana ultrapassou as aacutereas de algumas reservas
ambientais que se transformaram nos principais parques urbanos da cidade o Parque
Municipal do Mocambo (Figura 19) em 1990 e o Parque Municipal Joatildeo Luiz Redondo (Figura
20) em 1994 ambos localizados em aacutereas de lagoas
Figura 19 Parque Municipal do
Mocambo 1992 Fonte Arquivo
de Donaldo Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecadepatoscombr
p=8437 Acesso em marccedilo de
2015
Figura 20 Parque
Municipal Joatildeo Luiz
Redondo (Lagoinha)
deacutecada de 1990 Fonte
Arquivo de Donaldo
Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecade
patoscombrp=75
54 Acesso em marccedilo
de 2015
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Foi criado tambeacutem na deacutecada de 1990 na Lei Municipal nordm 2872 de 03 de outubro de 1991
o Parque Mirante do Alto da Colina (ainda natildeo implantado) e a Lei Municipal nordm 2871 de 03
de outubro de 1991 declara a aacuterea denominada Lagoa e Bosque do ldquoPATAtildeOrdquo de preservaccedilatildeo
permanente onde desde entatildeo se cogita a implantaccedilatildeo de um parque urbano
Figura 21 Rua Mirico Caixeta ao fundo a Mata do Catingeuiro Evidenciando a falta de conexatildeo da
mata com o entorno Foto Acervo pessoal 2015
Figura 22 Rua 0 e o desmatamento na Mata do Catingeiro Foto Acervo
pessoal 2015
Em 2014 foi aprovada a criaccedilatildeo do Parque
de Preservaccedilatildeo Mata do Catingueiro uma
tentativa de proteger os restigios da mata
localizado no setor leste aacuterea que
recentemente recebeu muitos loteamentos
que foram implantados sem se estabelecer
uma aacuterea de transiccedilatildeo ou de integraccedilatildeo da
mata com a malha urbana sem passeios
ciclovias praccedilas ou parques conforme
ilustrado na Figura 21 A mata do
Catingueiro tem sido um constante alvo de
queimadas e desmatamento a Figura 22
mostra os vestiacutegios da mata
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Figura 23 Programa MCMV- Jardim Quebec II com 437unidades localizado na porccedilatildeo noroeste da
cidade ao fundo da figura a mata ciliar do Rio Paranaiacuteba e plantaccedilotildees de cafeacute Foto Sacircmara C P Lima
2014
Na deacutecada de 2010 ocorreu a expansatildeo do periacutemetro urbano no sentindo norte pela primeira
vez para aleacutem do Coacuterrego do Limoeiro devido agrave instalaccedilatildeo de um campus da Universidade
Federal de Uberlacircndia na aacuterea Observa-se na Figura 23 que a aacuterea do extremo noroeste da
cidade estaacute em processo de expansatildeo da malha urbana e apresenta construccedilotildees habitacionais
do Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) na cidade
Notamos diversas transformaccedilotildees na malha urbana de Patos de Minas ao longo das deacutecadas
desde a implantaccedilatildeo do nuacutecleo urbano aos desdobramentos econocircmicos poliacuteticos e sociais
que direcionaram o crescimento da cidade e a transformaccedilatildeo da paisagem
O tecido urbano e o crescimento das cidades brasileiras como eacute o caso de Patos de Minas se
daacute pela conformaccedilatildeo do sistema viaacuterio pelos padrotildees de parcelamento do solo por
edificaccedilotildees e pelos espaccedilos livres Patos possui uma relaccedilatildeo cultural e econocircmica muito forte
com a zona rural A linha de transiccedilatildeo entre o urbano e o rural eacute muito tecircnue principalmente
nas aacutereas de borda urbana Nesses bairros de periferia ou de limite da mancha urbana a
cidade termina no outro lado da rua depois de uma cerca de arame sem nenhum espaccedilo de
transiccedilatildeo o outro lado da cerca se configura como um espaccedilo livre com muitas
potencialidades de uso e conflitos
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Figura 24 Paisagem urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora
Em Patos de Minas a paisagem urbana eacute emoldurada por serras cobertas por diferentes
plantaccedilotildees (Figura 24) a cidade termina onde o Rio Paranaiacuteba passa ou a cidade termina
onde comeccedilam os fundos de vale Ora cidade ora zona rural A paisagem tambeacutem eacute marcada
pela Catedral um contraste no meio do aglomerado urbano em uma zona em processo de
verticalizaccedilatildeo onde a Catedral se esconde e se revela A Catedral marca o iniacutecio da ocupaccedilatildeo
da regiatildeo em uma aacuterea de chapada na beira da lagoa hoje a chapada foi praticamente toda
ocupada e os bairros das bordas urbanas ocupam as aacutereas mais elevadas da cidade Do alto
desses bairros da borda eacute possiacutevel ver as lagoas e os coacuterregos pressentes na cidade espaccedilos
que se configuram como parques praccedilas e chaacutecaras espaccedilos livres de edificaccedilatildeo que
ressaltam a identidade da cidade e a paisagem urbana
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21 ESPACcedilOS LIVRES
ESPACcedilOS ABERTOS AacuteREAS VERDES
O conceito de espaccedilo livre de edificaccedilatildeo eacute amplo e complexo Para Nucci (2001) os espaccedilos
livres fazem parte de um grande grupo paisagiacutestico urbano que pode ser subdividido em
vaacuterias categorias dependendo do seu uso e funccedilatildeo sendo entatildeo um termo bastante
abrangente que agrega todos os outros conceitos similares como espaccedilos abertos aacutereas
verdes aacutereas livres sistemas de aacutereas de lazer cobertura vegetal entre outros
Segundo Queiroga (2006) Miranda Magnoli em sua tese de livre-docecircncia6 buscou afirmar o
espaccedilo livre como o objeto do paisagismo indo aleacutem do jardim do projeto com vegetaccedilatildeo
e da escala urbana Nesse sentido definiu espaccedilo livre como espaccedilo livre de edificaccedilotildees todo
espaccedilo descoberto urbano ou natildeo vegetado ou natildeo puacuteblico ou privado De acordo com a
autora para a anaacutelise de um dado recorte escalar propotildee-se que o estudo dos espaccedilos livres
deva ir aleacutem dos espaccedilos vegetados e dos espaccedilos puacuteblicos envolvendo todos os espaccedilos
livres do referido recorte Ou seja para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na cidade
eacute preciso ir aleacutem da anaacutelise dos espaccedilos puacuteblicos ou dos vegetados eacute preciso identificar todas
as aacutereas natildeo construiacutedas na cidade os espaccedilos privados intra-lote os lotes e glebas ociosas
as ruas os passeios etc
Os espaccedilos livres satildeo um dos principais estruturadores da forma urbana e um dos principais
elementos caracterizadores da paisagem urbana Segundo Magnoli (1982) os espaccedilos livres
satildeo os ambientes natildeo edificados da cidade as ruas avenidas praccedilas parques quintais
jardins rios matas mangues praias urbanas ou simples vazios urbanos
Quando adotamos o termo aacutereas verdes ou aacutereas verdes urbanas nos referimos a um
subsistema dentro do Sistema de Espaccedilos Livres que engloba principalmente as aacutereas de
preservaccedilatildeo permanente (APPrsquos) reservas legais (RL) e a arborizaccedilatildeo urbana Segundo
6 MAGNOLI Miranda Espaccedilos livres e urbanizaccedilatildeo uma introduccedilatildeo a aspectos da paisagem metropolitana 1982 116 p Tese (Livre-docecircncia em Arquitetura e Urbanismo) ndash Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1982
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Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilo livre eacute adotado se sobrepondo contendo e
ampliando o conceito usual de aacutereas verdes termo que tem como base a necessidade de
espaccedilos livres dotados de vegetaccedilatildeo De acordo com o autor o termo aacutereas verdes eacute
reducionista desconsidera as caracteriacutesticas fundamentais do espaccedilo urbano como a
complexidade e diversidade das formas de apropriaccedilatildeo e apreensatildeo social e o fato real da
impossibilidade fiacutesica e mesmo da inconveniecircncia da existecircncia de vegetaccedilatildeo em
determinados espaccedilos livres
De acordo com Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilos livres natildeo desconsidera o papel
da vegetaccedilatildeo nas cidades brasileiras como elemento facilitador da drenagem urbana criador
de microclimas mais agradaacuteveis contribuindo para a manutenccedilatildeo da diversidade animal e
vegetal e ainda como fator de embelezamento urbano mas natildeo desconsidera a importacircncia
dos espaccedilos natildeo vegetados para inuacutemeras praacuteticas de relevacircncia cultural das feiras agraves festas
populares das manifestaccedilotildees poliacuteticas agrave valorizaccedilatildeo de determinadas paisagens e
patrimocircnios culturais
Entretanto apesar dos crescentes avanccedilos nas discussotildees sobre os espaccedilos livres muitos
autores planos diretores planos de uso e ocupaccedilatildeo ainda natildeo compreenderam o termo
como em Patos de Minas onde adota-se o termo aacutereas verdes nas leis municipais e plano
diretor Na Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo de Patos de Minas (2008) as aacutereas verdes satildeo
descritas como porccedilotildees situadas na Macrozona Urbana destinadas a oferecer espaccedilos
puacuteblicos adequados e qualificados agraves atividades de recreaccedilatildeo lazer e turismo da populaccedilatildeo
de forma a conciliar a proteccedilatildeo dos bens naturais e culturais As cidades precisam de reservas
de aacutereas verdes e de espaccedilos livres de qualidade para praacutetica de atividades culturais de lazer
e contemplaccedilatildeo Observa-se que na lei municipal de Patos de Minas existe uma sobreposiccedilatildeo
entre a funccedilatildeo das reservas de aacutereas verdes e dos espaccedilos de praacuteticas socias sobreposiccedilatildeo
essa presente no conceito dos espaccedilos livres
A implantaccedilatildeo dos espaccedilos livres puacuteblicos depende de uma gestatildeo adequada e integrada dos
recursos com uma fiscalizaccedilatildeo efetiva o que implica no desenvolvimento de poliacuteticas
puacuteblicas permanentes que viabilizem as intervenccedilotildees e necessidades dos espaccedilos livres
Segundo Loboda amp Angelis (2012) o planejamento das aacutereas verdes (puacuteblicas) urbanas parte
de uma definiccedilatildeo de recursos que eacute residual as necessidades satildeo amenizados com recursos
que sobram de outras atividades consideradas como mais prioritaacuterias e que geralmente
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incluem-se nesse acircmbito aquelas de cunho estrateacutegico poliacutetico e econocircmico O autor cita um
problema frequente em diversas cidades brasileiras a falta de recursos destinados aos
espaccedilos puacuteblicos e dentre eles as aacutereas verdes urbanas um dos principais espaccedilos livres das
cidades
De acordo com Magnoli (1982) a localizaccedilatildeo acessibilidade e distribuiccedilatildeo dos espaccedilos livres
formam um complexo sistema de conexotildees com muacuteltiplos papeacuteis urbanos atividades do oacutecio
circulaccedilatildeo urbana conforto conservaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo ambiental drenagem urbana
imaginaacuterio e memoacuteria urbana lazer e recreaccedilatildeo dentre outros Todas essas funccedilotildees
exercidas no ambiente urbano pelos espaccedilos livres assim como a localizaccedilatildeo acessibilidade
distribuiccedilatildeo tipos de usos e configuraccedilatildeo espacial estatildeo organizadas de maneira sistecircmica na
cidade formando o Sistema de Espaccedilos Livres
22 O PENSAMENTO SISTEcircMICO
As cidades independentemente da sua localidade histoacuteria e configuraccedilatildeo satildeo formadas de
modo geral por espaccedilos livres e espaccedilos edificados duas categorias espaciais estruturantes
da forma urbana A configuraccedilatildeo dos espaccedilos livres eacute variaacutevel nas cidades brasileiras por
diversas questotildees como caracteriacutesticas territoriais bioma configuraccedilatildeo paisagiacutestica pela
existecircncia ou ausecircncia de planos urbanos e principalmente pelos processos de urbanizaccedilatildeo e
de transformaccedilatildeo da paisagem
A cidade eacute um conjunto de elementos sistemas e funccedilotildees e os espaccedilos livres formam um dos
principais sistemas capaz de estruturar toda a configuraccedilatildeo urbana De acordo com Tardin
(2010) e DrsquoAgostini amp Cunha (2007) sistema eacute um conjunto de elementos passiacutevel de
estabelecer inter-relaccedilotildees fiacutesicas funcionais estruturais morfoloacutegicas e relativas agrave vivecircncia
da paisagem abertas e intricadas entre si com seu entorno e com as pessoas que o
vivenciam
De acordo com Morin (2008) apud Queiroga (2014) o conceito de sistema implica natildeo
somente elementos inter-relacionaacuteveis mas tais relaccedilotildees constituem uma organizaccedilatildeo e uma
estrutura relativamente estaacutevel que caracteriza o sistema como um todo A organizaccedilatildeo
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sistecircmica por sua vez conteacutem as relaccedilotildees que definem o sistema e que o transformam
alterando sua estrutura possibilitando sua permanecircncia e contendo a possibilidade concreta
de sua dissoluccedilatildeo Para o autor o termo exprime multiplicidade totalidade diversidade
organizaccedilatildeo e complexidade
A noccedilatildeo de sistema auxilia o estudo dos espaccedilos livres urbanos e o entendimento das suas
relaccedilotildees de interdependecircncia complementaridade e hierarquia Segundo Schlee et al
(2009) considerando-se a paisagem como um macrossistema complexo formado de
subsistemas os espaccedilos livres urbanos constituem um dos seus subsistemas inter-
relacionados com outros subsistemas urbanos e rurais e que podem se justapor ao Sistema
de Espaccedilos Livres ou se sobrepor total ou parcialmente enquanto sistemas de accedilotildees
[] entende-se como sistemas de espaccedilos livres (SEL)
urbanos os elementos e as relaccedilotildees que organizam e
estruturam o conjunto de todos os espaccedilos livres de um
determinado recorte urbano independentemente de sua
dimensatildeo qualificaccedilatildeo esteacutetica funcional e de sua
localizaccedilatildeo e propriedade sejam eles puacuteblicos ou privados
[] toda cidade possui um sistema de espaccedilos livres que eacute
produzido durante seu processo de formaccedilatildeo tanto pelo
Poder Puacuteblico como pela iniciativa privada (MACEDO 2010
p 3 e 4)
O autor afirma que todas as cidades independente do seu porte de suas caracteriacutesticas
culturais e histoacutericas possuem um Sistema de Espaccedilos Livres Essa afirmaccedilatildeo incita diversas
questotildees que conduziram esta pesquisa pontos voltados ao objeto de estudo a cidade de
Patos de Minas uma cidade meacutedia
O SEL DE UMA MEGAacuteLOPOLE OU METROacutePOLE Eacute
DIFERENTE DO SEL DE UMA PEQUENA CIDADE OU DE
UMA CIDADE MEacuteDIA
O MESMO TIPO DE ANAacuteLISE QUE SE APLICA PARA O
ENTENDIMENTO DO SEL DE UMA CIDADE DE GRANDE
PORTE PODE SER APLICADO PARA UMA CIDADE DE
MEacuteDIO PORTE
EXISTEM TIPOS DE ESPACcedilOS LIVRES FUNCcedilOtildeES OU
RELACcedilOtildeES QUE CARACTERIZAM O SISTEMA DE ESPACcedilOS
LIVRES DE UMA CIDADE MEacuteDIA
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23 OS ESPACcedilOS LIVRES NAS
CIDADES MEacuteDIAS
O espaccedilo livre eacute parte estruturante da forma urbana ele se configura em diferentes
categorias tipologias e caracteriacutesticas no meio urbano principalmente pela introduccedilatildeo ao
longo da histoacuteria de diferentes padrotildees urbaniacutesticos nas cidades O processo de urbanizaccedilatildeo
das cidades eacute uma soma e por vezes ateacute uma sobreposiccedilatildeo de padrotildees morfoloacutegicos esses
traccedilados geram diferentes paisagens com diferentes tipos de espaccedilos livres Incorporando ao
sistema um rico mosaico espacial formado por diferentes porcentagens de espaccedilos livres
intra lote caracteriacutesticos de traccedilados distintos por diferentes tipos de praccedilas aacutereas de
preservaccedilatildeo parques ruas e avenidas Aacutereas essas que apresentam diversos conflitos e
possuem um intenso potencial de transformaccedilatildeo
Segundo Macedo et al (2012) as cidades brasileiras possuem padrotildees morfoloacutegicas
semelhantes isso fica evidente na repeticcedilatildeo dos tipos de traccedilado (ortogonais orgacircnicos
radiais) e nos padrotildees de mancha urbana (linear tentacular compacta mista) O que confere
a especifidade das diversas cidades eacute a forma como elas estatildeo inseridas em seu contexto
territorial os arranjos espaciais seus padrotildees culturais socioeconocircmicos a legislaccedilatildeo
municipal as tipologias e funccedilotildees dos espaccedilos livres e a paisagem urbana Nas cidades meacutedias
brasileiras a forma como os padrotildees morfoloacutegicos se adequam ao suporte fiacutesico
transformando paisagem a local confere ao Sistema de Espaccedilos Livres diferentes dinacircmicas
espaciais funcionais e tipoloacutegicas
Como dito anteriormente neste trabalho a proposta natildeo eacute discutir o que determina uma
cidade como de meacutedio porte ou natildeo mas entender essas cidades como centro urbanos em
crescimento onde novos traccedilados e dinacircmicas urbanas satildeo somadas agrave cidade existente
transformando a paisagem local Na atual conjuntura brasileira segundo Tacircngari et al(2009)
apoacutes a deacutecada de 1980 as cidades meacutedias passaram a crescer mais rapidamente em
comparaccedilatildeo com as metroacutepoles um processo de diminuiccedilatildeo do movimento migratoacuterio em
direccedilatildeo agraves megaloacutepoles e o seu direcionamento para as cidades meacutedias que apresentam
grande potencial de crescimento econocircmico e tecircm seus atributos esteacuteticos e econocircmicos
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valorizados atraveacutes da propagaccedilatildeo da ideia de que cidades de meacutedio porte podem apresentar
mais qualidade de vida que as grandes metroacutepoles
As cidades meacutedias reproduzem os padrotildees morfoloacutegicos e culturais vindos do contexto das
grandes cidades e das pequenas cidades ou povoados de seu entorno Um exemplo dessa
influecircncia vinda das grandes cidades satildeo os condomiacutenios fechados propostos inicialmente
pelo mercado imobiliaacuterio como locais de seguranccedila e lazer proacuteximos aos grandes centros
urbanos esse mesmo padratildeo de condomiacutenio fechado eacute aplicado nas cidades meacutedias onde a
criminalidade eacute bem menor e as distacircncias a serem percorridas satildeo mais curtas Um exemplo
da influecircncia vinda das pequenas cidades e povoados proacuteximos satildeo as chaacutecaras pastos e
plantaccedilotildees presentes dentro malha urbana
Patos de Minas eacute um exemplo de cidade meacutedia em crescimento que recebe influecircncias
culturais e de padrotildees morfoloacutegicos uma cidade que possui caracteriacutesticas especiacuteficas de seu
suporte fiacutesico de seu processo histoacuterico e cultura que influenciam diretamente na malha
urbana as tipologias de espaccedilos livres e os tipos de apropriaccedilatildeo desses espaccedilos
Se observarmos em Patos de Minas as caracteriacutesticas da condiccedilatildeo de cidade meacutedia como por
exemplo a localizaccedilatildeo estrateacutegica entre cidades de maior e menor porte Percebemos que a
cidade atrai pessoas do entorno para desfrutar de suas potencialidades econocircmicas e de seus
aparatos de lazer (parques praccedilas locais de exposiccedilatildeo agropecuaacuteria) o que contribui
diretamente para geraccedilatildeo de renda e uso dos espaccedilos A cidade possui uma relaccedilatildeo direta
com cidades de maior porte que servem de escoamento da produccedilatildeo e suprimento de
mercadorias essa relaccedilatildeo de proximidade atrai para cidade eventos e exposiccedilotildees e pode
motivar influecircncias sobre as tipologias de espaccedilos livres gerados (assim como o processo de
globalizaccedilatildeo tambeacutem pode exercer esse papel)
Eacute nesse contexto de crescimento das cidades meacutedias e influecircncias morfoloacutegicas e culturais
que o Sistema de Espaccedilos Livres precisa ser pensado e entendido como uma infraestrutura
baacutesica para o desempenho da vida cotidiana urbana Segundo Souza amp Macedo (2014) o SEL
deve oferecer condiccedilotildees de habitabilidade urbana e para isso eacute necessaacuterio que se estabeleccedila
um diagnoacutestico baseado na existecircncia ou ausecircncia de uma seacuterie de atributos urbanos
necessaacuterios e qualitativos que deveriam orientar accedilotildees poliacuteticas e projetos de maneira a
formar um Sistema de Espaccedilos Livres integrado agrave paisagem local e a demanda da populaccedilatildeo
57 |
O autor afirma que eacute preciso fazer uma leitura da cidade de seus condicionantes conflitos e
potencialidades para entender como se estrutura o SEL suas funccedilotildees e seu potencial de
transformaccedilatildeo e organizaccedilatildeo na cidade
Partimos para anaacutelise da forma urbana patense buscando o entendimento de como as
caracteriacutesticas especiacuteficas do suporte fiacutesico da organizaccedilatildeo espacial da situaccedilatildeo fundiaacuteria e
dos tipos de usos e funccedilotildees exercidas pelos espaccedilos livres estruturam o Sistema de Espaccedilos
Livres de Patos de Minas
24 OS ESPACcedilOS LIVRES NA FORMA URBANA DE
PATOS DE MINAS
Para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na forma urbana de Patos de Minas a
anaacutelise foi dividida em trecircs principais enfoques RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA CONFIGURACcedilAtildeO
ESPACIAL e RELACcedilAtildeO DE USOS DO SOLO A leitura da cidade apresentada por esses trecircs
acircngulos somada ao entendimento de paisagem forma urbana e da formaccedilatildeo e
transformaccedilatildeo da malha urbana patense apresentados no capiacutetulo anterior nos possibilitam
o entendimento do Sistema Espaccedilos Livres de Patos de Minas como um todo com suas
categorias tipoloacutegias e relaccedilotildees sistecircmicas
Os trecircs principais enfoques foram determinados com base nas principais caracteriacutesticas da
cidade nas suas peculiaridades na sua condiccedilatildeo de cidade de meacutedio porte Provavelmente
um outro tipo de cidade com outras caracteriacutesticas de paisagem demandaria outro segmento
de anaacutelise
58 |
241
RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA
ESPACcedilOS LIVRES x SUPORTE ambiental
O principal objetivo desse subcapiacutetulo eacute analisar as caracteriacutesticas do suporte ambiental sobre
o qual a cidade de Patos de Minas foi implantada buscando identificar quais espaccedilos livres
presentes na cidade incorporam esses elementos da paisagem O suporte ambiental eacute parte
da paisagem urbana ele eacute formado por elementos como corpos drsquoaacutegua vegetaccedilatildeo relevo
solos e clima
Estatildeo cada vez mais presentes nos planos diretores e na legislaccedilatildeo ambiental denominaccedilotildees
como reservas florestais puacuteblicas e privadas parques lineares parques ecoloacutegicos unidades
de conservaccedilatildeo aacutereas de proteccedilatildeo permanente (APPrsquos) aleacutem de referecircncias agrave
sustentabilidade e agrave ecologia Essas denominaccedilotildees muitas vezes geram espaccedilos livres
voltados agrave funccedilatildeo de conservaccedilatildeo e proteccedilatildeo ambiental Entretanto os espaccedilos livres
vinculados ao suporte fiacutesico natildeo possuem somente a funccedilatildeo de conservaccedilatildeo ambiental eles
possuem outros papeacuteis no meio urbano como recreaccedilatildeo infraestrutura urbana contribuir
com a drenagem pluvial possibilitar microclimas urbanos mais agradaacuteveis contribuir para
manutenccedilatildeo da biodiversidade e valores esteacuteticos Segundo Queiroga (2012) a
permeabilidade do solo e a cobertura arboacuterea permitem a conservaccedilatildeo de paisagens com
melhor desempenho ambiental mitigando problemas comuns nas aacutereas urbanas a qualidade
da aacutegua e do ar a manutenccedilatildeo da qualidade do solo controle de erosatildeo abastecimento dos
aquiacuteferos e regulaccedilatildeo das enchentes
Os espaccedilos livres vinculados ao suporte ambiental como os corpos drsquoaacutegua e a vegetaccedilatildeo
constantemente satildeo alvo de degradaccedilatildeo ambiental o que ressalta a sua funccedilatildeo ambiental
dentro do sistema Entretanto a mitigaccedilatildeo desses problemas natildeo eacute uma questatildeo pertinente
apenas ao planejamento ambiental das cidades De acordo com Jacobs (2001) as aacutereas livres
puacuteblicas estruturam o espaccedilo urbano satildeo o principal suporte espacial para o encontro e a
vivecircncia urbana Segundo a autora a degradaccedilatildeo do espaccedilo urbano observada pela reduccedilatildeo
de aacutereas puacuteblicas de lazer deficiecircncia na arborizaccedilatildeo urbana excessiva impermeabilizaccedilatildeo do
solo aumento da temperatura e criaccedilatildeo de ilhas de calor danos ambientais diversos
diminuiccedilatildeo da qualidade da ambiecircncia urbana e perda de qualidade de vida constitui um
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problema que extrapola a esfera fiacutesicaespacial constituindo um problema social visto que
desencoraja o uso da rua e dos espaccedilos livres como locais de encontro necessaacuterios para a
manutenccedilatildeo das praacuteticas sociais
Ao longo do processo de urbanizaccedilatildeo das cidades brasileira foram comuns situaccedilotildees em que
aacutereas de reserva natural foram desmatadas para dar lugar a loteamentos coacuterregos foram
canalizados e desapareceram da paisagem urbana ou foram canalizadas a ceacuteu aberto tiveram
sua APP desmatada e impermeabilizada para dar lugar a avenidas e aacutereas construiacutedas como
no caso da Figura 26
Figura 26 Coacuterrego do Monjolo em Patos de Minas canalizado a ceacuteu aberto na deacutecada de 1970 com APP desmatada e grande parte do seu entorno impermeabilizado Agraves margens do coacuterrego a Av Faacutetima Porto Foto Acervo pessoal 2014
Atualmente esse tipo de tratamento de supressatildeo da vegetaccedilatildeo das APPrsquos em aacutereas
urbanizadas eacute cada vez mais incomum7 o que contribui para a conservaccedilatildeo desses recursos
naturais Entretanto gradativamente mais a legislaccedilatildeo ambiental trata a funccedilatildeo ambiental dos
espaccedilos como algo isolado entendendo as APPrsquos como locais onde natildeo podem existir
intervenccedilotildees desconsiderando que esses espaccedilos podem estar vinculados a outras funccedilotildees
como por exemplo recreaccedilatildeo educaccedilatildeo ambiental valorizaccedilatildeo da paisagem De acordo com
7 Os casos excepcionais nos quais eacute permitido a supressatildeo da vegetaccedilatildeo em APP estatildeo definidos pela Resoluccedilatildeo CONAMA 36906
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AMORIM Nayara Cristiana Rosa O sistema de espaccedilos livres na forma urbana de Patos de
Minas Dissertaccedilatildeo apresentada a Faculdade de Arquitetura Urbanismo e Design da
Universidade Federal de Uberlacircndia Uberlacircndia 2015
BANCA EXAMINADORA
APROVADO EM
PROF DR __________________________________________ INSTITUICcedilAtildeO ___________
JULGAMENTO _____________________________________________________________
ASSINATURA ______________________________________________________________
PROF DR __________________________________________ INSTITUICcedilAtildeO ___________
JULGAMENTO _____________________________________________________________
ASSINATURA ______________________________________________________________
PROF DR __________________________________________ INSTITUICcedilAtildeO ___________
JULGAMENTO _____________________________________________________________
ASSINATURA ______________________________________________________________
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DEDICATORIA
Dedico a todos aqueles que estiveram do meu lado
apoiando e auxiliando nesse processo de aprendizagem
Em especial ao meu noivo
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AGRADECIMENTOS
Agrave Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Pesquisa do Estado de Minas Gerais - FAPEMIG pelo financiamento
durante a pesquisa
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico - CNPq pelo
financiamento da pesquisa maior na qual se insere essa dissertaccedilatildeo
Ao Grupo de Pesquisa QUAPAacute-SEL pela base metodoloacutegica e bibliograacutefica E em especial ao
grupo de pesquisa Neurb- Nuacutecleo de Estudos Urbanos pelas discussotildees e trocas de
informaccedilotildees
Ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo - PPGAU (FAUeD UFU)
incluindo todos os professores e principalmente a coordenaccedilatildeo e secretaria pelo empenho
em fazer crescer o curso e por toda assessoria prestada
Agradeccedilo ao Prof Dr Glauco Cocozza pela sabedoria compartilhada pelo tempo dedicado e
principalmente pelo incentivo
Aos professores Dr Eugecircnio Queiroga e Dr Carlos Loboda pelas consideraccedilotildees apontadas no
Exame de Qualificaccedilatildeo imprescindiacuteveis no desenvolvimento dessa pesquisa
Agrave minha matildee ao meu pai e aos meus irmatildeos Flaacutevia Janaina e Fabriacutecio que estiveram ao meu
lado durante todos os dias com paciecircncia incessante me alimentando com amor e forccedila
inestimaacuteveis Amo vocecircs
Ao Mathues namorado noivo e futuro esposo por todo o carinho paciecircncia e atenccedilatildeo
dedicados
Aos meus amigos pelo apoio e carinho
Aos meus colegas de mestrado pela companhia nos dias intensos de estudos e
principalmente por tornarem essa caminhada prazerosa
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RESUMO
A pesquisa analisa a configuraccedilatildeo do Sistema de Espaccedilos Livres na forma urbana de Patos de Minas uma cidade de meacutedio porte no interior do estado de Minas Gerais O espaccedilo livre eacute caracterizado como todo espaccedilo livre de edificaccedilatildeo e eacute um dos principais elementos morfoloacutegicos capazes de contribuir com a conservaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da paisagem estruturar a forma urbana e conferir identidade agraves cidades O espaccedilo livre eacute um dos principais caracterizadores das diferentes paisagens urbanas presentes na cidade A partir do estudo da configuraccedilatildeo ecoloacutegica espacial fundiaacuteria e tipoloacutegica desses espaccedilos busca-se o entendimento de que todos cada um com suas caracteriacutesticas e funccedilotildees estatildeo interligados de maneira sistecircmica estruturando as funccedilotildees ambientais sociais culturais e de paisagem presentes na dinacircmica urbana Essa abordagem permite elaborar uma visatildeo sistecircmica da estrutura urbana na qual se observa natildeo apenas os conjuntos de espaccedilos livres mas tambeacutem suas interaccedilotildees e articulaccedilotildees com o edificado com a sociedade com o suporte fiacutesico e com a forma urbana
Palavras-chave Sistema de Espaccedilos Livres Forma Urbana Unidades de Paisagem Patos de
Minas
ABSTRACT
This research analyzes the configuration of the Open Spaces System in the urban form of Patos de Minas one medium-sized city in the state of Minas Gerais The open space is characterized like everyone open space of edification and is one of the main morphological elements able to contribute to the conservation and enhancement of the landscape organize the urban form and confer identity to the cities The open space is a major characterizer of the different urban landscapes present in the city Starting from the study of ecological setting spatial land ownership and typological of those spaces sought the understanding that everyone each one with its characteristics and functions are interconnected in a systemic way structuring the environmental function social cultural and landscape present in the urban dynamic This approach enables elaborate a systemic view of the urban structure in which it is observed not just the sets of open spaces but also their interactions and articulations with the edified with society with the physical support and with the urban form
Palavras-chave Open Spaces System Urban Form Landscape Units Patos de Minas
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LISTA DE ABREVIATURAS
SIGLAS E SIacuteMBOLOS
AABB Associaccedilatildeo Atleacutetica Banco do Brasil
APA Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental
ARL Aacuterea de Reserva Legal
APP e APPrsquos Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente Aacutereas de Presrvaccedilatildeo Permanente
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
EL Espaccedilo Livre
ETA Estaccedilatildeo de Tratamento de Aacutegua
ETE Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgoto
FAUed Faculdade de Arquitetura Urbanismo e Design
i Inclinaccedilatildeo
SEL-RJ Grupo de Sistema de Espaccedilos Livres- Rio de Janeiro
HIS Habitaccedilatildeo de Interesse Social
MCMV Minha Casa Minha Vida
NEURB Nuacutecleo de Estudos Urbanos
ORT Ortogonal
PTC Patos Tecircnis Clube
Quapaacute-SEL Quadro do Paisagismo Brasileiro ndashSistema de Espaccedilos Livres
CEASA Centro de Abastecimento SA
SEL Sistema de Espaccedilos Livres
UNIPAM Centro Universitaacuterio de Patos de Minas
UP Unidade de Paisagem
URT Uniatildeo Recreativa dos Trabalhadores (um dos times de futebol da cidade)
Unesco Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura
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SUMAacuteRIO
ELEMENTOS PREacute-TEXTUAIS
Dedicatoacuteria 005
Agradecimentos 006
Resumo e Abstract 007
Lista de Abreviaturas e Siglas e Siacutembolos 008
INTRODUCcedilAtildeO 013
Sobre os pensamentos norteadores 013
Sobre o meacutetodo 014
Sobre o decorrer dos capiacutetulos 014
CAPIacuteTULO 1 a paisagem e a forma urbana
018 11 PAISAGENS URBANA CONCEITUACcedilAtildeO
021 12 MORFOLOGIA E FORMA URBANA FORMA URBANA MALHA URBANA TECIDO URBANO
025 13 FORMACcedilAtildeO E TRANSFORMACcedilAtildeO DA MALHA URBANA PATENSE
028 131 DO INIacuteCIO DO POVOADO ATEacute A DEacuteCADA DE 1930 BORGES X MACIEIS
037 132 DA DEacuteCADA DE 1940 ATEacute A DEacuteCADA DE 1960 AUMENTO POPULACIONAL
040 133 DAacute DEacuteCADA DE 1970 ATEacute A DEacuteCADA DE 1980 INCORPORACcedilAtildeO DOS CORPOS DrsquoAacuteGUA
044 134 DA DEacuteCADA DE 1990 ATEacute OS DIAS ATUAIS A FORMA URBANA ATUAL
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CAPIacuteTULO 2 o sistema de espaccedilos livres
051 21 ESPACcedilOS LIVRES ESPACcedilOS ABERTOS AacuteREAS VERDES
053 22 O PENSAMENTO SISTEcircMICO
055 23 ESPACcedilOS LIVRES NAS CIDADE MEacuteDIAS
057 24 OS ESPACcedilOS LIVRES NA FORMA URBANA DE PATOS DE MINAS
058 241 RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA espaccedilos livres x suporte ambiental
065 242 CONFIGURACcedilAtildeO ESPACIAL espaccedilos livres x malha urbana
2421 Configuraccedilotildees da malha urbana
2422 Espaccedilos livres na malha urbana
2423 Tipos de traccedilado
083 243 RELACcedilOtildeES DE USOS DO SOLO espaccedilos livres x uso
2431 Distribuiccedilatildeo fundiaacuteria
2432 Usos do solo
090 25 O SISTEMA DE ESPACcedilOS LIVRES DE PATOS DE MINAS
090 251 TIPOLOGIAS DE ESPACcedilOS LIVRES
092 252 CATEGORIAS DE ESPACcedilOS LIVRES
102 253 RELACcedilOtildeES SISTEcircMICAS DOS ESPACcedilOS LIVRES
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CAPIacuteTULO 3 as unidades de paisagem
109 31 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS
110 32 UNIDADES DE PAISAGEM DE PATOS DE MINAS
113 321 UNIDADE DE PAISAGEM 01
116 322 UNIDADE DE PAISAGEM 02
120 323 UNIDADE DE PAISAGEM 03
123 324 UNIDADE DE PAISAGEM 04
128 325 UNIDADE DE PAISAGEM 05
132 326 UNIDADE DE PAISAGEM 06
135 327 UNIDADE DE PAISAGEM 07
139 328 UNIDADE DE PAISAGEM 08
143 329 UNIDADE DE PAISAGEM 09
148 3210 UNIDADE DE PAISAGEM 10
151 33 AS UNIDADES DE PAISAGEM NA CIDADE
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS PERSPECTIVAS E DESAFIOS 154
SOBRE OS DESAFIOS A SEREM ENFRENTADOS 156
SOBRE OS POSSIacuteVEIS DESDOBRAMENTOS DA PESQUISA 157
REFEREcircNCIAS 159
ACERVOS ARQUIVOS E JORNAIS 159
LEIS E DECRETOS 159
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 160
ANEXOS 164
12 |
13 |
INTRODUCcedilAtildeO
SOBRE OS PENSAMENTOS NORTEADORES
O trabalho eacute um exerciacutecio de olhar para a cidade e ler entre seus traccedilados suas ruas lotes e
quadras Buscando entender as promessas que ficaram no ar os projetos vislumbrados mas
nunca concretizados que vatildeo desde a rua que natildeo foi asfaltada ateacute o coacuterrego canalizado que
natildeo foi aberto Entender o processo histoacuterico as relaccedilotildees culturais o desenho da malha
urbana que se estende por entre os fundos dos vales e acompanha o desenho dos coacuterregos e
rios
Grande parte da vida na cidade acontece em seus espaccedilos livres na praccedila natildeo implantadas
onde o vizinho planta milho na rua que recebe o tapete de Corpus Christi nas procissotildees
passeatas e desfiles na festa junina na praccedila da Igreja na eleiccedilatildeo da rainha do milho nas
folias de reis dos distritos da cidade A cidade se transforma no lote que vira campinho na
praccedila que vira estacionamento na gleba que vira pasto na lagoa que vira brejo na mata que
vira cinzas A zona rural aos poucos se transforma em malha urbana mas o rural natildeo perdeu
seu espaccedilo ele se manteacutem presente na paisagem urbana nas expressotildees culturais e nos
dialetos
Este trabalho eacute a continuidade do Trabalho Final de Graduaccedilatildeo apresentado a Faculdade de
Arquitetura Urbanismo e Desing da Universidade Federal de Uberlacircndia Sob a orientaccedilatildeo do
professor Glauco Cocazza foi desenvolvido um projeto de requalificaccedilatildeo para um dos
parques urbanos de Patos de Minas o Parque Municipal do Mocambo Durante o
desenvolvimento desse trabalho ficou evidente que natildeo soacute os ambientes do parque como
outros espaccedilos livres da cidade requeriam projetos de requalificaccedilatildeo que trabalhassem a
relaccedilatildeo eles com a cidade buscando o entendimento dos diferentes papeacuteis dos espaccedilos livres
na cidade deixando de pensar no planejamento urbano e no planejamento ambiental como
coisas isoladas Iniciaram-se aiacute as primeiras percepccedilotildees de que a cidade de Patos de Minas
possui diversas especificidades com relaccedilatildeo agrave interaccedilatildeo da paisagem urbana com seus
espaccedilos livres e edificados
14 |
SOBRE O MEacuteTODO
A dissertaccedilatildeo se fundamenta na anaacutelise de dados documentais primaacuterios como mapas
cedidos pela Prefeitura Municipal de Patos de Minas projetos de espaccedilos livres da cidade
levantamentos fotograacuteficos leis e decretos municipais e federais Baseia-se tambeacutem em
fontes secundaacuterias como revisatildeo bibliograacutefica dos temas norteadores da pesquisa registros
fotograacuteficos jornais locais e entrevistas informais com moradores da cidade e arquitetos da
prefeitura A dissertaccedilatildeo apresenta registros fotograacuteficos natildeo soacute do acervo da autora mas de
diferentes pessoas evidenciando pontos de vista e os diversos olhares sobre a cidade aleacutem
das fotos histoacutericas de arquivos puacuteblicos
A pesquisa adota como metodologia a anaacutelise do Sistema de Espaccedilos Livres e das Unidades de
Paisagem desenvolvida pelos estudos da rede nacional brasileira Quapaacute-SEL II (Quadro do
Paisagismo Brasileiro ndash Sistemas de Espaccedilos Livres) coordenada pelo LAB-QUAPAacute da FAUUSP
(Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Satildeo Paulo) cujo objetivo principal
eacute compreender as relaccedilotildees processuais contemporacircneas entre os Sistemas de Espaccedilos Livres
e a forma urbana das cidades brasileiras A pesquisa apresentada eacute tambeacutem parte integrante
dos estudos desenvolvidos pelo Nuacutecleo de Estudos Urbanos (NEURB) desenvolvido na
Faculdade de Arquitetura Urbanismo e Design (FAUeD) da Universidade Federal de
Uberlacircndia que tem como objetivo central compreender a importacircncia e o papel do Sistema
de Espaccedilos Livres na Forma Urbana das principais cidades meacutedias do Triacircngulo Mineiro e Alto
Paranaiacuteba contribuindo assim com os estudos do grupo nacional Quapaacute-SEL II
SOBRE O DECORER DOS CAPIacuteTULOS
O objetivo central do trabalho eacute analisar os espaccedilos livres presentes na forma urbana de
Patos de Minas e entender como esses espaccedilos estruturam o Sistema de Espaccedilos Livres (SEL)
Buscando esse entendimento a dissertaccedilatildeo foi dividida em trecircs momentos a anaacutelise da
paisagem e da forma urbana patense no primeiro capiacutetulo o entendimento do SEL no
segundo capiacutetulo e a aplicaccedilatildeo da metodologia de Unidades de Paisagem no terceiro capiacutetulo
O primeiro capiacutetulo apresenta os conceitos que iratildeo nortear a pesquisa a PAISAGEM URBANA
e a FORMA URBANA por meio de uma revisatildeo bibliograacutefica buscando a constataccedilatildeo do
estado da arte dos conceitos-chave O trabalho entende a paisagem como conceito
norteador para o entendimento da cidade da formaccedilatildeo e da transformaccedilatildeo da forma urbana
15 |
Depois de introduzidos os conceitos-chave o capiacutetulo apresentaraacute o processo de urbanizaccedilatildeo
da aacuterea de estudo a transformaccedilatildeo do tecido urbano e a incorporaccedilatildeo dos principais espaccedilos
livres de edificaccedilatildeo e edificados ressaltando as caracteriacutesticas histoacutericas econocircmicas
poliacuteticas e culturais que contribuem para a formaccedilatildeo da imagem da cidade
O segundo capiacutetulo analisa o SISTEMA DE ESPACcedilOS LIVRES na forma urbana de Patos de Minas
a partir de trecircs principais enfoques a relaccedilatildeo ecoloacutegica que busca entender a interaccedilatildeo entre
a forma urbana e os condicionantes do suporte fiacutesico (hidrografia geologia relevo
vegetaccedilatildeo) a configuraccedilatildeo espacial que revela a organizaccedilatildeo da malha urbana e a interaccedilatildeo
dos espaccedilos livres na malha e a relaccedilatildeo de usos do solo que analisa a relaccedilatildeo dos espaccedilos
livres com a situaccedilatildeo fundiaacuteria e a distribuiccedilatildeo dos usos do solo na cidade
No capiacutetulo sobre o Sistema de Espaccedilos Livres as anaacutelises foram feitas na escala da cidade No
capiacutetulo seguinte que trata das Unidades de Paisagem as apreciaccedilotildees foram feitas na escala
das unidades ou seja a anaacutelise dos espaccedilos livres da cidade vai do macro ao micro A
aplicaccedilatildeo da metodologia das Unidades de Paisagem permite transitar entre as escalas de
anaacutelise e aprofundar nas caracteriacutesticas e peculiaridades do Sistema de Espaccedilos Livres
presentes em cada unidade
O terceiro capiacutetulo apresenta a metodologia das UNIDADES DE PAISAGEM a identificaccedilatildeo das
Unidades de Paisagem presentes em Patos de Minas e a anaacutelise cada uma delas O trabalho
entende as Unidades de Paisagem como porccedilotildees do Sistema de Espaccedilos Livres cujas relaccedilotildees
entre os espaccedilos livres os espaccedilos edificados possuem caracteriacutesticas especiacuteficas de
centralidade hierarquia distribuiccedilatildeo e organizaccedilatildeo que os distingue dos demais conjuntos de
relaccedilotildees
O fechamento do trabalho apresenta de maneira sinteacutetica uma apreciaccedilatildeo do que foi
apresentado em cada capiacutetulo apontando os questionamentos e resultados que surgiram no
decorrer da anaacutelise Depois satildeo enumerados os principais desafios a serem enfrentados pelo
o planejamento urbano e ambiental de Patos de Minas para a gestatildeo do SEL da cidade
Adiante satildeo apresentados os possiacuteveis desdobramentos da pesquisa evidenciando as
possibilidades de continuidade e aprofundamentos teoacutericos e praacuteticos sobre o objeto de
estudo
16 |
17 |
11 PAISAGEM URBANA
CONCEITUACcedilAtildeO
A compreensatildeo do conceito de paisagem urbana eacute o principal enfoque no presente trabalho
para assimilaccedilatildeo da configuraccedilatildeo urbana da incorporaccedilatildeo dos elementos do suporte fiacutesico na
formaccedilatildeo e na transformaccedilatildeo da forma urbana e entendimento do papel do Sistema de
Espaccedilos Livres na cidade
O estudo da paisagem possibilita uma melhor percepccedilatildeo da estrutura da cidade a
compreensatildeo do siacutetio natural e da interferecircncia humana no mesmo esse conhecimento pode
direcionar o planejamento urbano para tanto a clareza do conceito de paisagem e seus
sombreamentos eacute de extrema importacircncia
Natildeo existe um consenso sobre o conceito de paisagem a discussatildeo sobre paisagem transita
por diversas aacutereas com diferentes definiccedilotildees ecircnfases e meacutetodo de abordagem Segundo o
geoacutegrafo Bertrand (2004) as diferenccedilas de abordagem no conceito de paisagem satildeo
influenciadas pela formaccedilatildeo e os objetivos do observador e pode enfatizar a vegetaccedilatildeo a
hidrografia o clima o relevo a economia a arquitetura ou o processo histoacuterico A
metodologia de anaacutelise poderaacute ser temporal baseada nos aspectos fiacutesicos e se referir agraves
relaccedilotildees e dinacircmicas internas ou ainda um conjunto de diversas anaacutelises Ou seja a
percepccedilatildeo individual somada aos objetivos e ao enfoque do observador interferem
diretamente na leitura da paisagem e no conceito da mesma
Segundo Rougerie e Beroutchatchvili (1991) apud Maximiano (2004) a Unesco (Organizaccedilatildeo
para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura das Naccedilotildees Unidas) declarou em 1971 considerar que a
paisagem eacute a ldquoestrutura do ecossistemardquo e o Conselho Europeu diz que ldquoo meio natural
moldado pelos fatores sociais e econocircmicos torna-se paisagem sob o olhar humanordquo Jaacute a
ldquopaysagerdquo francesa refere-se principalmente aos aspectos visuais O termo holandecircs com o
mesmo sentido eacute ldquovisueellandschaprdquo Para os alematildees ldquolandschaftrdquo envolve a noccedilatildeo de
territoacuterio semelhante ao ldquolandscape inglecircsrdquo Ambos tambeacutem se referem ao aspecto visual A
18 |
geografia sovieacutetica tem seus proacuteprios termos ldquomesnost e ourotchitcherdquo que possuem valor
territorial aos quais os russos acrescentam ldquolandschaftrdquo emprestado dos alematildees
Segundo Maximiano (2004) para alguns socioacutelogos e economistas a paisagem eacute a base do
meio fiacutesico onde o homem a utiliza e a transforma ou natildeo para alguns botacircnicos e ecoacutelogos
a paisagem eacute um conjunto de organismos num meio fiacutesico cujas propriedades podem ser
explicadas segundo leis ou modelos com ajuda das ciecircncias fiacutesicas eou bioloacutegicas para
alguns geoacutegrafos ela resulta da relaccedilatildeo dinacircmica de elementos fiacutesicos bioloacutegicos e
antroacutepicos
ldquoA expressatildeo ldquopaisagemrdquo() passava a manifestar-se com
significados amplos complexos poreacutem bastante vagos
indistintos incompletos premissas comuns eram ldquoa naturezardquo e
a censura agrave accedilatildeo do homem A percepccedilatildeo das mudanccedilas
naturais ndash de tempos bioloacutegicos ndash e tambeacutem aquelas raacutepidas
extensas e difusas do trabalho do homem ndash de tempos
histoacutericos ndash levantava novamente a relaccedilatildeo homem-natureza
Seria esta relaccedilatildeo com todos os apelos e juiacutezos ndash imprecisos
indefinidos ndash que seria associada agrave palavra lsquopaisagemrsquordquo
(MAGNOLI e MACEDO 2000 p132-133)
O estudo da paisagem passou a ganhar relevacircncia entre os arquitetos a partir dos anos de
1960 Segundo Sandeville (2006) esse processo pode ser exemplificado inicialmente pelos
trabalhos de Kevin Lynch Cristopher Alexander Amos Rapoport Yi Fu Tuan e Vittorio
Gregotti1 De acordo com Gregotti (1983) o entendimento da paisagem eacute um instrumento
que o arquiteto tem que ter em matildeos para analisar o lugar e o espaccedilo sobre o qual se projeta
Entretanto a paisagem entendida soacute como o conjunto das caracteriacutesticas fiacutesicas e
geomorfoloacutegicas de cunho bioloacutegico e mineraloacutegico natildeo eacute suficiente para elaboraccedilatildeo do
1LYNCH K A imagem da cidade (1960) ALEXANDER C Unlenguage de patrones (1980) RAPOPORT A
Aspectos humanos de la forma urbana (1978) TUAN Y F Espaccedilo e lugar (1983) GREGOTTI V Nuevos
caminos de La arquitectura italiana (1969)
19 |
projeto eacute preciso que a leitura da paisagem expresse as accedilotildees cotidianas os usos dos
espaccedilos e a cultura local
No Brasil Miranda Magnoli inicia seus estudos sobre a paisagem e o ambiente na deacutecada de
1970 baseada nas anaacutelises estadunidenses de planejamento da paisagem reconhecendo a
importacircncia das caracteriacutesticas socioespaciais mas sem reduzir a paisagem aos aspectos
formais O modo como Miranda discutiu a paisagem segundo Sandeville (2006) ultrapassou
as limitaccedilotildees da relaccedilatildeo figura-fundo a qual reforccedila a paisagem como cenaacuterio um entorno
transformado por uma arquitetura de edifiacutecio promovendo a cenarizaccedilatildeo da ideia de
paisagem Sua reflexatildeo estabeleceu bases para o conceito da arquitetura como o projeto do
ldquoambiente humanordquo a necessidade de compreensatildeo do contexto no qual se insere o objeto
projetado
A definiccedilatildeo do conceito de paisagem adotada para este trabalho eacute a desenvolvida por
Miranda Magnoli (1982) na qual a morfologia da paisagem eacute definida como resultante da
interaccedilatildeo entre a loacutegica proacutepria dos processos do suporte (geologia clima solo relevo
vegetaccedilatildeo e sol aacutegua e ventos) e a loacutegica proacutepria dos processos antroacutepicos sociais e culturais
(parcelamentos escavaccedilotildees plantaccedilotildees construccedilotildees edificaccedilotildees etc) Essa anaacutelise da
paisagem urbana considera os diversos atores que nela interferem seus aspectos fiacutesicos
socioeconocircmicos culturais e seu processo evolutivo natildeo eacute simplesmente bem organizada ou
normativa eacute tambeacutem uma anaacutelise poeacutetica e simboacutelica fala das pessoas e de suas histoacuterias de
suas aspiraccedilotildees tradiccedilotildees e conflitos do conjunto natural das funccedilotildees e da dinacircmica urbana
O estudo da paisagem possibilita um melhor entendimento da estrutura da cidade a
compreensatildeo do siacutetio natural e da interferecircncia humana no mesmo esse conhecimento pode
direcionar o planejamento urbano para tanto o entendimento do conceito de paisagem e
seus sombreamentos eacute de extrema importacircncia Segundo Oseki amp Pellegrino (2004) um
planejamento ecoloacutegico da paisagem pode fornecer as ferramentas necessaacuterias para
integraccedilatildeo entre sociedade e natureza incorporando diretrizes ambientalmente desejaacuteveis
para a melhoria da habitabilidade da cidade de sua sustentabilidade e de sua imagem
Para Oseki amp Pellegrino (2004) as paisagens satildeo ao mesmo tempo produzidas socialmente e
produtoras (indutoras) de praacuteticas sociais podem ser utilizadas no planejamento no projeto
e gestatildeo de espaccedilos livres (nas escalas espaciais local regional e continental) o que lhes
20 |
confere importacircncia no planejamento urbano e regional o que tem sido ignorado pelos
oacutergatildeos responsaacuteveis pela gestatildeo do territoacuterio Segundo Macedo (1993) a paisagem eacute processo
e produto das accedilotildees humanas eacute processo na medida em que estaacute em constante mutaccedilatildeo e
compreende as diversas forccedilas que nela atuam ora em conflito ora em consonacircncia de
objetivos eacute produto pois a cada instante apresenta-se como objeto acabado dessas accedilotildees e
forccedilas aplicadas
Figura 2 Avenida Getuacutelio Vargas em Parto de Minas Vista parcial da paisagem urbana Fonte httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=1534357amppage=92 Foto Fotoacutegrafo desconhecido
O presente trabalho entende a paisagem como algo que caracteriza a cidade que lhe confere
identidade e a distingue das demais A paisagem retrata a forma urbana e a cultura da
populaccedilatildeo a maneira como as pessoas constroem suas casas e onde constroem se na beira
do rio no alto das serras ou nas chapadas Eacute a histoacuteria local contada por meio da mudanccedila do
cenaacuterio e da mudanccedila dos padrotildees arquitetocircnicos nas casas que permanecem do periacuteodo
neocolonial ou no estilo ecleacutetico nas casas que surgiram no estilo moderno nas reformas
nas construccedilotildees que satildeo tombadas e nas que satildeo derrubadas A paisagem eacute contada pelas
aacutervores pelas flores plantadas e replantadas nas calccediladas calccediladas por vezes remendadas A
paisagem eacute o reflexo do processo social dos bairros que se formam das pessoas que se
21 |
mudam da economia que se desenvolve modificando o comercio instalando novas induacutestrias
e quem sabe ateacute bairros industriais gerando renda para urbanizaccedilatildeo de novas aacutereas ou a
verticalizaccedilatildeo de outras
O entendimento da paisagem enquanto elemento caracterizador da imagem das cidades eacute
um instrumento para a melhoria e manutenccedilatildeo dos valores da mesma Possui uma relaccedilatildeo
direta com histoacuteria da cidade com os valores culturais com o processo de formaccedilatildeo e de
transformaccedilatildeo da forma urbana e com os elementos que a constituem Partimos entatildeo para o
estudo da forma urbana com seus enfoques conceituais desdobramentos teoacutericos e
praacuteticos
12
MORFOLOGIA E FORMA URBANA
FORMA URBANA MALHA URBANA TECIDO
URBANO
Figura 3 Forma Urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora 2014
Eacute constante a confusatildeo ao conceituar termos
como morfologia forma urbana malha
urbanatecido urbano elementos morfoloacutegicos
termos que ora se sobrepotildeem ora se englobam
ora se dividem
EXISTE UM CONSENSO SOBRE O CONCEITO
DE FORMA URBANA
A DEFINICcedilAtildeO DE FORMA URBANA ENGLOBA
O TRACcedilADO DAS RUAS OS CHEIOS E VAZIOS
OS USOS E AS TIPOLOGIAS CONSTRUIacuteDAS OU
SERIA SOacute O DESENHO QUE SE FORMA NO
ENCONTRO DAS BORDAS DA OCUPACcedilAtildeO
FORMA URBANA Eacute SINOcircNIMO DE TECIDO
URBANO OU O TECIDO Eacute PARTE DA FORMA
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A morfologia urbana eacute um campo disciplinar que abrange o estudo das cidades das formas
dos tecidos e da paisagem O estudo da morfologia contribui para o entendimento da
estrutura da cidade sua formaccedilatildeo e transformaccedilatildeo por meio de seus elementos
constituintes Segundo Lamas (2004) os elementos morfoloacutegicos constituintes satildeo o solo os
edifiacutecios o lote o quarteiratildeo a fachada o logradouro o traccediladorua a praccedila o monumento
a vegetaccedilatildeo e o mobiliaacuterio urbano O autor denomina como elementos morfoloacutegicos as partes
fiacutesicas que associadas ou estruturadas constituem a forma urbana Existem diversos
conceitos e definiccedilotildees que abordam a morfologia das cidades este trabalho apresentaraacute
algumas delas
Segundo Del Rio (1990) a anaacutelise da morfologia urbana estaacute em compreender a loacutegica da
formaccedilatildeo evoluccedilatildeo e transformaccedilatildeo da forma da cidade e de suas inter-relaccedilotildees a fim de
possibilitar a identificaccedilatildeo de accedilotildees mais apropriadas cultural e socialmente para a
intervenccedilatildeo urbana e o desenho de novos espaccedilos Segundo Rossi (2001) a cidade eacute uma
obra reconhecida pelo conjunto de sua forma mas tambeacutem pode ser identificada por
pequenas partes do conjunto em seus diversos momentos a forma urbana eacute a soma dos
diversos tecidos e padrotildees morfoloacutegicos que formam a cidade
O tecido urbano ou a malha urbana de acordo com Rego e Meneguetti (2011) satildeo
configurados pelo sistema viaacuterio pelo padratildeo do parcelamento do solo pela aglomeraccedilatildeo e
pelo isolamento das edificaccedilotildees assim como pelos espaccedilos livres Em outras palavras o
tecido de cidade eacute dado pelos edifiacutecios ruas quadras e lotes parques praccedilas e monumentos
nos seus mais variados arranjos Esses elementos morfoloacutegicos presentes no tecido urbano
segundo Moudon (1997) devem ser considerados como organismos ndash constantemente em
atividade e assim em transformaccedilatildeo ao longo do tempo eles existem em inter-relaccedilatildeo com
as estruturas edificadas conformando e sendo conformadas pelos espaccedilos livres O modo
como cada um desses elementos morfoloacutegicos se organizou e conforma o tecido da cidade
pode ser entendido como um objeto de estudo da morfologia urbana
A forma urbana reflete os processos de formaccedilatildeo da cidade os processos sociais que se
consolidam nos tecidos urbanos que levam a sociedade a construir de uma maneira
determinada e caracteriacutestica suas casas escolas comeacutercios induacutestrias etc Segundo
Carvalho (2011) os tecidos urbanos satildeo configurados a partir da homogeneidade dos
seguintes elementos traccedilado da malha viaacuteria padrotildees de uso (residencial comercial de
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serviccedilos e industrial) padratildeo edificado (padratildeo arquitetocircnico e do gabarito) e suporte fiacutesico
(topografia vegetaccedilatildeo e hidrografia
De acordo com Moudon (1997) os morfologistas atentam para os resultados tangiacuteveis de
questotildees sociais econocircmicas poliacuteticas ou seja estudam a manifestaccedilatildeo de ideias e
intenccedilotildees agrave medida que elas tomam forma no chatildeo e moldam as cidades O estudo
morfoloacutegico das cidades pode ser dividido em escolas de pensamento dentre elas a escola
italiana a escola francesa e a escola inglesa as quais analisaremos sinteticamente
observando suas principais caracteriacutesticas metodoloacutegicas bases bibliograacuteficas e formas de
pensamento
A escola italiana conforme Mondon (1997) tem seu iniacutecio nos estudos do arquiteto Saverio
Muratori (1910 ndash 1973) e de Gianfranco Caniggia (1933 ndash 1987) na deacutecada de 1940 Segundo
Rosaneli (2011) essa escola de pensamento possui como principal distintivo a preocupaccedilatildeo
com o destino das cidades histoacutericas italianas sobretudo devido aos efeitos das intervenccedilotildees
modernistas Essa escola apresenta uma maior preocupaccedilatildeo com o estudo tipoloacutegico das
edificaccedilotildees (fachadas estilos arquitetocircnicos gabarito) e de suas transformaccedilotildees ao longo do
tempo
A escola francesa apresenta ecircnfase na reflexatildeo geograacutefica e historiograacutefica sobre as cidades e
possui a contribuiccedilatildeo do socioacutelogo Henri Lefebvre (1901 ndash 1991) Assim como a escola italiana
a escola francesa se opotildee aos efeitos das intervenccedilotildees modernistas Rosaneli (2011) propotildee
uma reforma educacional no campo dos estudos urbanos e busca consolidar uma nova
ldquodisciplinardquo com duplo objetivo primeiro uma pesquisa descritiva multidisciplinar do espaccedilo
construiacutedo a fim de reconhecer ingredientes de um bom desenho e segundo a identificaccedilatildeo
e criacutetica de modelos teoacutericos de desenho urbano
A escola inglesa eacute fundamentada nos estudos do geoacutegrafo alematildeo Conzen (1907 ndash 2000) e
inicia-se na deacutecada de 1960 De acordo com Moudon (1994) a escola inglesa possui uma
anaacutelise morfoloacutegica descritiva analiacutetica e explanatoacuteria concentra-se no estudo da forma
urbana e apresenta o mais completo detalhado e sistemaacutetico meacutetodo tipo morfoloacutegico das
trecircs escolas
Conzen fundamenta-se na aplicabilidade da leitura dos planos urbanos (ldquotown-plansrdquo) para o
entendimento da formaccedilatildeo urbana De acordo com Conzen (1960) apud Rosaneli (2011) os
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trecircs fundamentais elementos que compotildee os planos satildeo as ruas que estatildeo arranjadas em um
traccedilado os lotes ou parcelas individuais de terra juntamente com as quadrasquarteirotildees e os
edifiacutecios com seus conjuntos construiacutedos As diversas combinaccedilotildees desses trecircs principais
elementos constituiriam unidades distintas com ldquohomogeneidade morfoloacutegicardquo o que o
autor denominou de tecido urbano (ldquoplan unitrdquo ldquourban fabricrdquo ou ldquotessuto urbanordquo para a
escola italiana)
A morfologia urbana e suas diferentes escolas de pensamento retratam o estudo da forma
urbana e de seus elementos estruturantes dos processos culturais sociais econocircmicos e
poliacuteticos Os estudos morfoloacutegicos que mais se aplicam agrave presente pesquisa satildeo os da escola
inglesa onde desenvolve-se uma anaacutelise descritiva e analiacutetica do processo de urbanizaccedilatildeo
estudando as unidades com ldquohomogeneidade morfoloacutegicasrdquo trabalhadas nessa pesquisa por
meio das Unidades de Paisagem (porccedilotildees territoriais com semelhanccedila de traccedilado e interaccedilatildeo
entre os espaccedilos livres e edificados) e atraveacutes da anaacutelise do Sistema de Espaccedilos Livres uma
organizaccedilatildeo sistecircmica dos espaccedilos livres das diversas Unidades de Paisagem presentes em
uma aacuterea definida
Para o entendimento da configuraccedilatildeo do Sistema de Espaccedilos Livres Patense e de suas
Unidades de Paisagem partimos do estudo do processo de urbanizaccedilatildeo de Patos de Minas
observando as caracteriacutesticas morfoloacutegicas histoacutericas culturais e da paisagem urbana
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13 FORMACcedilAtildeO E TRANSFORMACcedilAtildeO DA
MALHA URBANA PATENSE
Figura 4 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Patos de Minas e apresentaccedilatildeo da forma urbana da cidade Elaborado pela autora segundo fonte Mapas da Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2006 e 2015
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Patos de Minas eacute uma cidade meacutedia2 da regiatildeo intermediaacuteria agrave Mesorregiatildeo do Triacircngulo
Mineiro e Alto Paranaiacuteba Considerada poacutelo econocircmico regional a maior cidade da
microrregiatildeo do Alto Paranaiacuteba que eacute composta por 10 municiacutepios O municiacutepio de Patos de
Minas eacute formado por sete distritos o distrito sede eacute a cidade de Patos de Minas e os outros
satildeo Bom Sucesso Chumbo Major Porto Pilar Pindaiacutebas e Santana de Patos (identificados na
Figura 4)
Segundo o IBGE (2010) o municiacutepio de Patos de Minas possui aacuterea de 3189771Kmsup2
densidade demograacutefica de 4349 habkmsup2 e populaccedilatildeo de aproximadamente 147614
habitantes (populaccedilatildeo estimada em 2014)
Patos de Minas situa-se no Planalto Central Minas GeraisGoiaacutes com altitudes meacutedias de 800
a 900 metros Localiza-se entre duas grandes bacias hidrograacuteficas brasileiras a do Satildeo
Francisco e a do Paranaacute Sua localizaccedilatildeo estrateacutegica permite a ligaccedilatildeo da cidade a centros
comerciais como Uberlacircndia Belo Horizonte Brasiacutelia e Satildeo Paulo facilitando o intercacircmbio
comercial e o desenvolvimento econocircmico
De acordo com o IBGE (2012) o PIB (Produto Interno Bruto) do municiacutepio tem sua economia
baseada principalmente no setor de serviccedilos seguido do setor industrial e da agricultura
conforme Tabela 1
2 A dissertaccedilatildeo adota a conceituaccedilatildeo de cidades meacutedias desenvolvida por Amorim Filho e Serra (2001) cidade que ocupam uma posiccedilatildeo estrateacutegica na hierarquia urbana oferecendo suporte agraves cidades pequenas conforme a funccedilatildeo que desempenham e estabelecendo ligaccedilotildees com as cidades maiores intermediando as relaccedilotildees entre estes dois niacuteveis urbanos De acordo com os autores essas cidades satildeo espaccedilos de relaccedilotildees e natildeo de polarizaccedilatildeo ou dominaccedilatildeo satildeo cidades natildeo tatildeo pequenas a ponto de limitar as possibilidades de crescimento econocircmico e intelectual de seus habitantes e nem tatildeo grandes a ponto de onerar ndash e ateacute pocircr em risco ndash a vida da maioria de seus moradores
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Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas - 2012
Impostos sobre produtos liacutequidos de subsiacutedios a preccedilos correntes
248946 mil reais
PIB a preccedilos correntes 2495732 mil reais
PIB per capita a preccedilos correntes 1770650 mil reais
Valor adicionado bruto da agropecuaacuteria a preccedilos correntes 255908 mil reais
Valor adicionado bruto da induacutestria a preccedilos correntes 432152 mil reais
Valor adicionado bruto dos serviccedilos a preccedilos correntes 1558725 mil reais
Tabela 1 Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas-2012 Fonte IBGE 2012 em parceria com os Oacutergatildeos Estaduais de Estatiacutestica Secretarias Estaduais de
Governo e Superintendecircncia da Zona Franca de Manaus ndash SUFRAMA Disponiacutevel em
httpwwwcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=314800ampidtema=134ampsearch=mina
s-gerais|patos-de-minas|produto-interno-bruto-dos-municipios-2012 Acesso em dezembro de 2014
Entretanto observa-se que entre os setores o que mais exerce influecircncia cultural no
municiacutepio e na dinacircmica urbana eacute a agricultura somada a pecuaacuteria e ao agronegoacutecio
caracterizando as festas locais as manifestaccedilotildees culturais as formas de apropriaccedilatildeo da
paisagem as tipologias predominantes de espaccedilos livres e a histoacuteria de ocupaccedilatildeo do
municiacutepio Na agroinduacutestria destaca-se a produccedilatildeo de leite e derivados sementes e adubos
defensivos agriacutecolas carne suiacutena e derivados e alimentos enlatados A agricultura sempre
caracterizou a economia e a cultura local os produtos que se destacam satildeo o arroz soja
feijatildeo cafeacute maracujaacute tomate horticultura e o milho siacutembolo da festa regional a Festa
Nacional do Milho A pecuaacuteria possui significativa importacircncia econocircmica para o municiacutepio a
regiatildeo faz parte de uma das maiores bacias leiteiras do paiacutes Patos de Minas tambeacutem eacute
considerada poacutelo nacional de geneacutetica suiacutena detendo 70 da tecnologia nacional em
melhoramentos suiacutenos
Para analisarmos como se formou a cidade de Patos de Minas apresentaremos seus periacuteodos
urbanos em cinco partes a primeira retrata o iniacutecio do povoado ateacute 1930 depois de 1940 a
deacutecada de 1960 em seguida de 1970 ateacute a deacutecada 1980 e por fim o periacuteodo que vai de 1990
ateacute o ano de 2015 buscando assim retratar o crescimento urbano os principais
acontecimentos histoacutericos e a incorporaccedilatildeo dos elementos da paisagem
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DO INIacuteCIO DO POVOADO ATEacute A DEacuteCADA DE 1930
BORGES X MACIEacuteIS
O processo de colonizaccedilatildeo da
regiatildeo ocupada hoje pelo
municiacutepio de Patos de Minas
teve iniacutecio provavelmente na
segunda metade do seacuteculo XVIII
antes mesmo da descoberta do
ouro no estado de Minas Gerais
com as bandeiras rumo agraves terras
de Paracatu A cidade de Patos
de Minas surgiu na segunda
deacutecada do seacuteculo XIX em torno
da Lagoa dos Patos (delimitada
na Figura 5) onde segundo as
descriccedilotildees histoacutericas existia uma
enorme quantidade de patos
silvestres
Figura 5 Crescimento Urbano de Patos de Minas ateacute o iacutenicio do seacuteculo XIX Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas Disponiveacutel em
httpwwwpatosdeminasmggovbrgaleriahistoricaspagesimage16php Acesso em maio de
2014 Elaborado pela autora
Segundo Oliveira Mello (1971) o povoado que deu origem a cidade de Patos de Minas se
iniciou em 1826 com a doaccedilatildeo do terreno por Antocircnio Joaquim da Silva Guerra e sua esposa
Luzia Correcirca de Andrade para a construccedilatildeo da capela de Santo Antocircnio situada hoje na atual
Praccedila Dom Eduardo proacutexima agrave Lagoa dos Patos na Avenida Liberdade atualmente conhecida
como Avenida Getuacutelio Vargas A partir de entatildeo diversas famiacutelias se instalaram no entorno da
capela originando o Arraial de Santo Antocircnio da Beira do Paranaiacuteba Em 1866 foi criada a Vila
de Santo Antocircnio dos Patos e em 1892 o presidente do Estado de Minas Gerais elevou a vila
agrave categoria de cidade de Patos de Minas
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Figura 6 Iniacutecio da ocupaccedilatildeo da cidade de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fontes
Prefeitura Municipal de Patos de Minas e MuP- Museu da Cidade de Patos de Minas
A Praccedila Dom Eduardo estaacute no centro do nuacutecleo original de povoamento ilustrado pela Figura
6 e representa a divisatildeo de influecircncia entre as duas famiacutelias da elite local que atuaram na
construccedilatildeo da paisagem urbana e na histoacuteria da cidade de Patos de Minas os Borges
catoacutelicos e monarquistas e os Dias Macieacuteis protestantes e republicanos
Ao norte da Praccedila Dom Eduardo encontam-se os Borges e seus parentes os Caixeta e os
Queiroz de acordo com Silva (2011) deste lado da cidade a paisagem se desenha por ruas
estreitas e curvas as quais conduzem a travessas e becos nitidamente ldquosemeadosrdquo agrave moda
lusitana de povoar Ao mesmo tempo os edifiacutecios mais antigos e caracteriacutesticos da aacuterea satildeo
todos em estilo colonial com altas janelas e portas retangulares Satildeo exemplos a antiga Casa
de Cacircmara e Cadeia localizada hoje na Praccedila Juquinha Caixeta (Figura 7) e os casarotildees do Dr
Joatildeo Borges e do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz a rua e a casa de Deiroacute Borges a Rua do
Tenente Bino o Beco da Zeacutelia a Praccedila da Dona Genoveva (Figura 8) a Rua do Alfredo Borges
a Praccedila Chiquinho Caixeta a Rua Dr Joseacute Oliacutempio Borges a Praccedila Dom Eduardo E ainda a
Travessa dos Queiroz onde se manteacutem de peacute a casa do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz
palco de criaccedilatildeo do partido de oposiccedilatildeo oficial aos ldquoMacieacuteisrdquo
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Figura 7 Casa de Cacircmara e Cadeia (o mais antigo edifiacutecio puacuteblico de Patos de Minas inaugurado em 1912 como Cacircmara Municipal Foacuterum e no reacutes-do-chatildeo a Cadeia Puacuteblica) e Praccedila Juquinha Caixeta Foto Acervo pessoal 2015 Figura 8 Rua Deiroacute Borges ao fundo Praccedila Dona Genoveva Foto Acervo pessoal 2015
Figura 9 Escola Estadual Marcolino de Barros Foto Fotoacutegrafo desconhecido 2008 Disponiacutevel em
httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=614809 Acesso em maio de 2014
Figura 10 Escola Estadual Antocircnio Dias Maciel Foto Acervo pessoal 2015
Ao sul da Praccedila Dom Eduardo em frente agrave Catedral de Santo Antocircnio estatildeo os Macieacuteis e seus
parentes os Santana Pacheco Barros Magalhatildees e Ferreira da Silva Segundo Silva (2011) os
Macieacuteis estatildeo ligados agrave modernizaccedilatildeo e agrave reordenaccedilatildeo urbana da cidade entre suas marcas
na paisagem estatildeo a Escola Estadual Marcolino de Barros(Figura 09) a Escola Estadual
Antocircnio Dias Maciel(Figura 10) a Rua Olegaacuterio Maciel a Casa de Olegaacuterio Maciel a Casa do
Dr Itagyba a Rua Farnese Maciel o Palacete de Amadeu Maciel a Rua Major Gote (apelido
de Sesoacutestris Dias Maciel) o Hospital Regional Antocircnio Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur
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Thomaz de Magalhatildees o Coreto Arthur Thomaz de Magalhatildees a Rua Joseacute de Santana a Praccedila
Antocircnio Dias a Rua Major Jerocircnimo [Dias Maciel] e a Praccedila Santana
Olegaacuterio Maciel figura poliacutetica representativa da regiatildeo alternou entre os cargos de
Deputado Federal e Agente Executivo de Municiacutepio no final do seacuteculo XIX ateacute chegar agrave
Presidecircncia do Estado de Minas Gerais nos anos de 1930 Segundo Borges (2008) esse
processo poliacutetico influenciou o desenvolvimento fiacutesico-territorial da cidade atraindo
investimentos do Governo do Estado para a construccedilatildeo das escolas do foacuterum e do Hospital
Regional
No fim do seacuteculo XIX em 1883 o entatildeo Agente do Executivo Olegaacuterio Dias Maciel3 ordenou
a criaccedilatildeo de um plano diretor para ordenar e reorientar o crescimento do povoado para o
sentido sul da Praccedila Dom Eduardo ldquona chapada ou chapadatildeordquo conforme segue na citaccedilatildeo
Seguiu‐se a risca o ldquoPlano Diretorrdquo indicado por Olegaacuterio
Maciel O vereador Eduardo Ferreira de Noronha em 21 de
setembro de 1906 indica que ()auxiliem a Cacircmara a
estudar o local mais conveniente em que se deve construir
o matadouro e respectivo curral oferecendo seu parecer
Hoje distanciados no tempo sabemos que a ldquoChapadardquo
paulatinamente abrigou aleacutem do Matadouro Municipal a
Casa do Coronel Farnese Dias Maciel a Casa de Amadeu
Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur Thomaz de
Magalhatildees o Passeio Puacuteblico a fonte luminosa o Coreto o
Cinema o Paccedilo Municipal o Hospital Antocircnio Dias Maciel o
Grupo Escolar o Foacuterum () Pari Passu tambeacutem foram
transladados outros elementos que se localizavam na
direccedilatildeo para a qual a cidade ia se deslocando a mudanccedila
do cemiteacuterio e da Igreja de Nossa Senhora do Rosaacuterio
(frequentada pelos negros) tambeacutem se constituiu como
marco simboacutelico da nova ordenaccedilatildeo urbana planeada por
Olegaacuterio Maciel (BORGES amp SILVA 2009 p13)
3 Olegaacuterio Dias Maciel era engenheiro formado na Escola Polyteacutecnica do Rio de Janeiro em 1878 compartilhava os ideais positivistas da Repuacuteblica e tambeacutem os ideais da Belle Eacutepoque de higienizaccedilatildeo e de racionalizaccedilatildeo do espaccedilo urbano Soma-se a isso a experiecircncia cultural de Olegaacuterio fora de Patos como deputado federal e senador vivenciou no Rio de Janeiro as reformas urbanas empreendidas por Pereira Passos inspiradas na reforma de Paris sob a batuta do Baratildeo de Haussman Como deputado estadual e depois como presidente do Estado de Minas Gerais vivenciou a experiecircncia de ldquofruirrdquo a cidade de Belo Horizonte construiacuteda racionalmente agrave moda da colonizaccedilatildeo espanhola na Ameacuterica (BORGES amp SILVA 2009)
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Segundo Oliveira (2010) dentre as influecircncias na malha urbana decorrentes do periacuteodo
poliacutetico do iniacutecio do seacuteculo XX destacam-se as intervenccedilotildees na infraestrutura da Avenida
Getuacutelio Vargas definindo a mesma como eixo nobre na cidade o direcionamento o primeiro
vetor de expansatildeo urbana nas direccedilotildees sul e oeste da Av Getuacutelio Vargas
Figura 11 Inundaccedilatildeo ocorrida em 1941 na ponte sobre o Rio Paranaiacuteba Fonte Arquivo do Laboratoacuterio
de Histoacuteria do Unipam Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=3600 Acesso em
dezembro de 2014
Observa-se que a Avenida Getuacutelio Vargas anteriormente denominada como Avenida
Liberdade e depois Avenida Municipal representa o nuacutecleo inicial da cidade e o ponto de
partida dos vetores de ocupaccedilatildeo ateacute a deacutecada de 1930 observa-se que neste periacuteodo as
praccedilas da avenida apresentavam um paisagismo inspirado nos jardins franceses Zama
Maciel4 relata sobre o planejamento de usos e ocupaccedilatildeo dessa aacuterea e a Figura 12 ilustra esse
periacuteodo
4 Zama Maciel foi um patense que exerceu as funccedilotildees de agrimensor professor inspetor de ensino vereador e redator dos jornais locais
Com relaccedilatildeo ao vetor de expansatildeo oeste
observa-se que o mesmo foi impulsionado
pela construccedilatildeo da nova ponte sobre o rio
Paranaiacuteba em aproximadamente 1926
retratada na Figura 11 Segundo
Dannemann (2013) a obra da ponte estava
sob os cuidados da Companhia Nacional de
Cimento Armado SA e ateacute 1970 serviu
como principal acesso agrave sede do municiacutepio
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Avenida Municipal com o seu atual quilocircmetro de extensatildeo foi
destinada agrave habitaccedilatildeo particular devida a sua exagerada
largura e agrave perspectiva que podem oferecer casas pequenas e
de bom gosto fronteando os seus passeios gramados e jardins
floridos que a pequenada destroacutei Nela preacutedios comerciais de
dois trecircs andares tornam-se ridiacuteculos porque natildeo tecircm
magnitude para se imporem agrave largura (repisamos) exagerada
com que os antigos irrefletidamente a construiacuteram Somente
edifiacutecios semelhantes agrave igreja matriz em construccedilatildeo come
cinquenta metros podem nela sobreviverem Pequenos preacutedios
vivendas graciosas de cujas janelas caiam trepadeiras no
conjunto dos jardins e na imensa claridade de nossas tardes
faratildeo dela recanto cobiccedilado agrave moradia Enfeia-la com preacutedios
comerciais de pequeno porte e com casas de diversotildees
barulhentas seraacute obra de mau gosto que se torna necessaacuterio
evitar (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos Patos de
Minas junho de 1937)
Figura 12 Avenida Getuacutelio Vargas parte ao sul da Catedral de Santo Antocircnio deacutecada de 1930 Ao
centro da figura o Palacete Amadeu Maciel Fonte Acervo Documental e de Imagens de Patos de
Minas Local MuP ndash Museu da Cidade de Patos de Minas
A seguir o Mapa 1 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o
ano de 1930 retrata a localizaccedilatildeo da implantaccedilatildeo da cidade proacuteximo a recursos drsquoaacutegua No
mapa estaacute presente a delimitaccedilatildeo do periacutemetro urbano do ano de 2015 que seraacute mantido
como ponto de referecircncia espacial para a malha urbana atual
34 |
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A Figura 13 datada da deacutecada de 1930 eacute uma vista aeacuterea da cidade no qual pode-se
perceber a implantaccedilatildeo e a forma urbana da cidade e os vetores de expansatildeo do iniacutecio do
seacuteculo XX aacuterea retratada pelo Mapa 1 apresentado anteriormente
Figura 13 Vista aeacuterea de Patos de Minas
Fonte Arquivo Daacutecio Pereira da Fonseca Fotografo desconhecido
Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=2650 Acesso em abril de 2014
Observa-se na Figura 13 a presenccedila de espaccedilos livres puacuteblicos dentre eles as Praccedilas da
Avenida Getuacutelio Vargas dos Boiadeiros Antoacutenio Dias Champagnat e Santana os espaccedilos
livres privados o Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo o Patos Tecircnis Clube (PTC) o campo de futebol
da Uniatildeo Recreativa dos Trabalhadores (URT) e o campo de futebol do Clube do Mamoreacute
Segundo Fonseca (1974) desde o final do seacuteculo XIX ateacute 1950 Patos de Minas tentou pleitear
a vinda da estrada de ferro para escoamento da produccedilatildeo agriacutecola da regiatildeo ateacute o Rio de
Janeiro e Satildeo Paulo Segundo Borges e Silva (2009) em 1934 o engenheiro carioca Neacutelson
Rodrigues efetuou o primeiro levantamento planialtimeacutetrico da cidade de Patos de Minas a
princiacutepio esse levantamento objetivava abrigar a estrada de ferro Patos-Catiara Em 1936
provavelmente o proacuteprio Neacutelson Rodrigues concluiu o primeiro Plano Urbano oficial da
cidade apresentado pela Figura 14
LEGENDA 1 ndashMajor Gote e Dr Marcolino 2 ndash Lagoa Grande 3 ndash Campo de Aviaccedilatildeo 4 ndash Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo 5 ndash Rua Dr Marcolino 6 ndash Rua Major Gote 7 ndash Coacuterrego do Monjolo 8 ndash PTC 9 ndash Campo da URT 10 ndash Cemiteacuterio Municipal 11 ndash Rio Paranaiacuteba 12 ndash Av Getuacutelio Vargas 13 ndash Matriz de Santo Antocircnio 14 ndash Rua Tiradentes 15 ndash Cadeia 16 ndash Praccedila dos Boiadeiros 17 ndash Praccedila Antocircnio Dias 18 ndash Av Paracatu 19 ndash Igreja do Rosaacuterio 20 ndash Praccedila Champagnat 21 ndash Rua Major Jerocircnimo 22 ndash Campo do Mamoreacute
23 ndash Praccedila Santana
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Figura 14 Plano Urbano de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fonte Prefeitura
Municipal de Patos de Minas
Destaca-se no plano de crescimento urbano a Rua Major Gote na eacutepoca denominada Rua
Desembargador Frederico Zama Maciel escreve ao jornal local sobre o plano urbano as vias
de caraacuteter comercial da cidade e sobre as intenccedilotildees de um zoneamento de usos para o
crescimento da cidade inspirados no urbanismo norte-americano
37 |
A Prefeitura () mandou organizar a planta da cidade e
traccedilar-lhe as ruas futuras no objetivo de impedir o
crescimento desordenado() Neste trabalho foram
observadas tanto quanto possiacutevel as normas seguidas na
Ameacuterica do Norte onde geralmente as cidades satildeo
traccediladas em xadrez cortando-se as ruas em acircngulo reto
() As ruas comerciais estatildeo determinadas no referido
plano e dentre as atuais destacam-se Desembargador
Frederico e General Osoacuterio A primeira () deveraacute atravessar
a cidade de norte a sul e morreraacute na futura praccedila da
estaccedilatildeo ferroviaacuteria onde atualmente se ergue o barracatildeo
da Companhia do Trigo Seraacute futuramente a mais central da
cidade Eacute de uma boa norma localizar-se o comeacutercio em
determinadas zonas (zoneamento chamam a isto os
urbanistas) bem como as faacutebricas os edifiacutecios puacuteblicos as
escolas (natildeo as primaacuterias que devem ser espalhadas nos
bairros residenciais) devem tambeacutem ter as suas zonas
separadas () (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos
Patos de Minas junho de 1937)
A linha feacuterrea natildeo foi implantada na cidade e o crescimento urbano das deacutecadas seguintes
natildeo se ateve ao planejamento apresentado na deacutecada de 1930
132
DA DEacuteCADA DE 1940 ATEacute A DEacuteCADA DE 1960
AUMENTO POPULACIONAL
Comparando o plano urbaniacutestico apresentado para a cidade no final do seacuteculo XIX com a
expansatildeo da malha urbana observa-se que o crescimento urbano da cidade ocorreu de
forma mais dispersa do que o apresentado no plano O vetor de expansatildeo ao sul manteve
grande parte do planejamento embora apresentando quadras menores A aacuterea antes
ocupada pela Lagoa dos Patos e a aacuterea a nordeste da Lagoa foram as que mais se
distanciaram das ideias do plano urbaniacutestico apresentando uma malha urbana orgacircnica com
a presenccedila de muitas ruas sem saiacuteda
O Mapa 2 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1965 a seguir retrata o crescimento da malha urbana
38 |
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Segundo Magrini (2008) na deacutecada de 1950 houve um surto migratoacuterio e a instalaccedilatildeo de
diversas firmas comerciais Nesse periacuteodo construiu-se o primeiro Terminal Rodoviaacuterio com
verbas municipais e investimentos da iniciativa privada e teve iniacutecio tambeacutem a comemoraccedilatildeo
da Festa Nacional do Milho evento que ateacute hoje expressa as manifestaccedilotildees culturais da
regiatildeo
Figura 15 Patos de
Minas da deacutecada de
1960
Elaborado pela autora segundo fonte Arquivo de Marialda Coury Foto Joatildeo Lucas Ribeiro Borges
Observando o crescimento da malha urbana de Patos de Minas ateacute 1965 (ilustrado pela
Figura 15) pode-se constatar que houve uma grande expansatildeo da mesma entre a deacutecada de
1950 e 1960 Nesse periacuteodo o aumento populacional ocorreu predominantemente na aacuterea
urbana conforme mostra a Tabela 02 a seguir
Periacuteodo
Populaccedilatildeo Total do
Municiacutepio
Populaccedilatildeo Urbana do Municiacutepio
Populaccedilatildeo Rural do
Municiacutepio
1950 45399 12525 32874
1960 72839 32511 40328
1970 76211 44877 31334
1980 86121 63302 22819
1990 102946 87403 15543
2000 123881 111333 12548
2010 138710 127724 10986
2014 147614 - -
Tabela 2 Crescimento Populacional de Patos de Minas Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Magrini 2008 Populaccedilatildeo prevista segundo o IBGE
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Nas deacutecadas seguintes a 1960 como se pode antever pela Tabela 2 o crescimento da zona
rural foi diminuindo gradativamente e a populaccedilatildeo da aacuterea urbana aumentando
impulsionando o crescimento da malha urbana
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DA DEacuteCADA DE 1970 ATEacute A DEacuteCADA DE 1980
Incorporaccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua
Nas deacutecadas de 1960 e 1970 periacuteodo de ditadura Militar segundo Magrini (2010) Patos de
Minas passou por uma estagnaccedilatildeo econocircmica devido agrave emancipaccedilatildeo poliacutetica de dois
importantes Lagoa Formosa e Guimaracircnia no mesmo periacuteodo houve grande deslocamento
de patenses para a nova capital do paiacutes Brasiacutelia em busca de empregos
Justamente na eacutepoca da mudanccedila da capital do paiacutes para
Brasiacutelia Patos de Minas perde caracteriacutestica de centro
rodoviaacuterio e transforma-se no ldquopassa perto de Patosrdquo com
estradas asfaltadas em volta num eixo de 130 km Natildeo se
vinha aqui como antes ateacute que a BR 354 inaugurada em
1972 abolia este malfadado passa perto ressurgindo toda a
movimentaccedilatildeo comercial completada pela BR ndash 365 em
1974 (MELLO 1992 p54)
De 1965 ateacute os anos 1980 Patos de Minas praticamente dobrou a sua aacuterea de ocupaccedilatildeo
decorrente principalmente do processo de ecircxodo rural Segundo Oliveira (2010) os vetores
direcionavam para todos os sentidos sendo apenas o oeste limitado pelo Rio Paranaiacuteba os
cursos drsquoaacutegua menores natildeo foram uma barreira para esta expansatildeo
O Mapa 3 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1980 a seguir retrata o crescimento da malha urbana nesse periacuteodo
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Em 1982 foi iniciada a urbanizaccedilatildeo da Lagoa dos Japoneses a Lagoa Grande (Figura 16 e
Figura 17) com a reduccedilatildeo significativa da aacuterea alagada e a construccedilatildeo do Terminal
Rodoviaacuterio No entorno da lagoa foi criado o Parque Recreativo Dr Itagiba depois renomeado
como Parque Dr Itagiba Augusto Silva o primeiro parque urbano da cidade um dos principais
cartotildees postais da cidade espaccedilo de lazer e contemplaccedilatildeo
Figura 16 Projeto para o
Parque Recreativo Dr
Itagiba a construccedilatildeo ao
lado esquerdo da figura
representa o Terminal
Rodoviaacuterio Fonte Jornal
A Debulha O projeto do
parque Ano VIII nordm178
janeiro de 1988 paacuteg7
Figura 17 Planta do Parque Dr Itagiba Augusto Silva ndash Lagoa Grande Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2014
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Em 1986 foi iniciada a canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo inicialmente uma Avenida
Sanitaacuteria no Coacuterrego do Monjolo (Figura 18) atualmente conhecida como Avenida Faacutetima
Porto as obras terminaram em 1996 Segundo Caixeta amp Vlach (2009) a canalizaccedilatildeo
acarretou inicialmente na ocupaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo do entorno e devido agrave resoluccedilatildeo dos
problemas sanitaacuterios que aiacute existiam
Figura 18 Canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo deacutecada de 1990 Foto Arquivo de Donaldo Amaro Teixeira Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=7568 Acesso em maio de 2015
Com o decorrer dos anos e a instalaccedilatildeo dos bairros no entorno o Coacuterrego do Monjolo passou
a apresentar problemas com enchentes e um forte odor provavelmente a canalizaccedilatildeo do
coacuterrego jaacute natildeo suportava mais o volume de aacutegua pluvial dos bairros aleacutem da presenccedila de
esgotos clandestinos Tais problemas geraram novos projetos de canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do
Monjolo nas deacutecadas seguintes
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DA DEacuteCADA DE 1990 ATEacute OS DIAS ATUAIS
A FORMA URBANA ATUAL
No final da deacutecada de 1980 houve a descoberta da uma jazida de Fosfato Sedimentar na
localidade da Rocinha (aacuterea rural) o que impulsionou a instalaccedilatildeo de induacutestrias voltadas para
o agronegoacutecio iniciado pelas Sementes Agroceres SA (especialista tambeacutem em geneacutetica
suiacutena) Nesse periacuteodo ocorreu ainda um maior desenvolvimento teacutecnico da agricultura por
meio da irrigaccedilatildeo e do cultivo de novos cereais
Os reflexos do desenvolvimento comercial e industrial da regiatildeo foram notados na
implantaccedilatildeo de induacutestrias de confecccedilotildees agroinduacutestrias e na instalaccedilatildeo da multinacional Cica
que impulsionou o cultivo de milho ervilha e tomate5
A implementaccedilatildeo de induacutestrias somadas agraves pressotildees poliacuteticas acarretou na instalaccedilatildeo de um
distrito industrial na porsatildeo sul e oeste da cidade expandindo o periacutemetro urbano para aleacutem
das margens do Rio Paranaiacuteba A criaccedilatildeo do distrito industrial influenciou a ocupaccedilatildeo ao longo
da Avenida Presidente Juscelino Kubitschek construiacuteda nos anos 1970 para ligaccedilatildeo do nuacutecleo
urbano agraves rodovias BR-354 e BR-365 comportando-se entatildeo como principal acesso da
cidade
O Mapa 4 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o ano de
2015 a seguir apresenta a forma urbana atual da cidade
5 A multinacional Cica permaneceu na cidade ateacute 2001 depois se deslocou para o Estado de Goiaacutes quando perdeu parte dos incentivos fiscais oferecidos pela cidade
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Na deacutecada de 1990 a expansatildeo da malha urbana ultrapassou as aacutereas de algumas reservas
ambientais que se transformaram nos principais parques urbanos da cidade o Parque
Municipal do Mocambo (Figura 19) em 1990 e o Parque Municipal Joatildeo Luiz Redondo (Figura
20) em 1994 ambos localizados em aacutereas de lagoas
Figura 19 Parque Municipal do
Mocambo 1992 Fonte Arquivo
de Donaldo Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecadepatoscombr
p=8437 Acesso em marccedilo de
2015
Figura 20 Parque
Municipal Joatildeo Luiz
Redondo (Lagoinha)
deacutecada de 1990 Fonte
Arquivo de Donaldo
Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecade
patoscombrp=75
54 Acesso em marccedilo
de 2015
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Foi criado tambeacutem na deacutecada de 1990 na Lei Municipal nordm 2872 de 03 de outubro de 1991
o Parque Mirante do Alto da Colina (ainda natildeo implantado) e a Lei Municipal nordm 2871 de 03
de outubro de 1991 declara a aacuterea denominada Lagoa e Bosque do ldquoPATAtildeOrdquo de preservaccedilatildeo
permanente onde desde entatildeo se cogita a implantaccedilatildeo de um parque urbano
Figura 21 Rua Mirico Caixeta ao fundo a Mata do Catingeuiro Evidenciando a falta de conexatildeo da
mata com o entorno Foto Acervo pessoal 2015
Figura 22 Rua 0 e o desmatamento na Mata do Catingeiro Foto Acervo
pessoal 2015
Em 2014 foi aprovada a criaccedilatildeo do Parque
de Preservaccedilatildeo Mata do Catingueiro uma
tentativa de proteger os restigios da mata
localizado no setor leste aacuterea que
recentemente recebeu muitos loteamentos
que foram implantados sem se estabelecer
uma aacuterea de transiccedilatildeo ou de integraccedilatildeo da
mata com a malha urbana sem passeios
ciclovias praccedilas ou parques conforme
ilustrado na Figura 21 A mata do
Catingueiro tem sido um constante alvo de
queimadas e desmatamento a Figura 22
mostra os vestiacutegios da mata
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Figura 23 Programa MCMV- Jardim Quebec II com 437unidades localizado na porccedilatildeo noroeste da
cidade ao fundo da figura a mata ciliar do Rio Paranaiacuteba e plantaccedilotildees de cafeacute Foto Sacircmara C P Lima
2014
Na deacutecada de 2010 ocorreu a expansatildeo do periacutemetro urbano no sentindo norte pela primeira
vez para aleacutem do Coacuterrego do Limoeiro devido agrave instalaccedilatildeo de um campus da Universidade
Federal de Uberlacircndia na aacuterea Observa-se na Figura 23 que a aacuterea do extremo noroeste da
cidade estaacute em processo de expansatildeo da malha urbana e apresenta construccedilotildees habitacionais
do Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) na cidade
Notamos diversas transformaccedilotildees na malha urbana de Patos de Minas ao longo das deacutecadas
desde a implantaccedilatildeo do nuacutecleo urbano aos desdobramentos econocircmicos poliacuteticos e sociais
que direcionaram o crescimento da cidade e a transformaccedilatildeo da paisagem
O tecido urbano e o crescimento das cidades brasileiras como eacute o caso de Patos de Minas se
daacute pela conformaccedilatildeo do sistema viaacuterio pelos padrotildees de parcelamento do solo por
edificaccedilotildees e pelos espaccedilos livres Patos possui uma relaccedilatildeo cultural e econocircmica muito forte
com a zona rural A linha de transiccedilatildeo entre o urbano e o rural eacute muito tecircnue principalmente
nas aacutereas de borda urbana Nesses bairros de periferia ou de limite da mancha urbana a
cidade termina no outro lado da rua depois de uma cerca de arame sem nenhum espaccedilo de
transiccedilatildeo o outro lado da cerca se configura como um espaccedilo livre com muitas
potencialidades de uso e conflitos
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Figura 24 Paisagem urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora
Em Patos de Minas a paisagem urbana eacute emoldurada por serras cobertas por diferentes
plantaccedilotildees (Figura 24) a cidade termina onde o Rio Paranaiacuteba passa ou a cidade termina
onde comeccedilam os fundos de vale Ora cidade ora zona rural A paisagem tambeacutem eacute marcada
pela Catedral um contraste no meio do aglomerado urbano em uma zona em processo de
verticalizaccedilatildeo onde a Catedral se esconde e se revela A Catedral marca o iniacutecio da ocupaccedilatildeo
da regiatildeo em uma aacuterea de chapada na beira da lagoa hoje a chapada foi praticamente toda
ocupada e os bairros das bordas urbanas ocupam as aacutereas mais elevadas da cidade Do alto
desses bairros da borda eacute possiacutevel ver as lagoas e os coacuterregos pressentes na cidade espaccedilos
que se configuram como parques praccedilas e chaacutecaras espaccedilos livres de edificaccedilatildeo que
ressaltam a identidade da cidade e a paisagem urbana
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21 ESPACcedilOS LIVRES
ESPACcedilOS ABERTOS AacuteREAS VERDES
O conceito de espaccedilo livre de edificaccedilatildeo eacute amplo e complexo Para Nucci (2001) os espaccedilos
livres fazem parte de um grande grupo paisagiacutestico urbano que pode ser subdividido em
vaacuterias categorias dependendo do seu uso e funccedilatildeo sendo entatildeo um termo bastante
abrangente que agrega todos os outros conceitos similares como espaccedilos abertos aacutereas
verdes aacutereas livres sistemas de aacutereas de lazer cobertura vegetal entre outros
Segundo Queiroga (2006) Miranda Magnoli em sua tese de livre-docecircncia6 buscou afirmar o
espaccedilo livre como o objeto do paisagismo indo aleacutem do jardim do projeto com vegetaccedilatildeo
e da escala urbana Nesse sentido definiu espaccedilo livre como espaccedilo livre de edificaccedilotildees todo
espaccedilo descoberto urbano ou natildeo vegetado ou natildeo puacuteblico ou privado De acordo com a
autora para a anaacutelise de um dado recorte escalar propotildee-se que o estudo dos espaccedilos livres
deva ir aleacutem dos espaccedilos vegetados e dos espaccedilos puacuteblicos envolvendo todos os espaccedilos
livres do referido recorte Ou seja para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na cidade
eacute preciso ir aleacutem da anaacutelise dos espaccedilos puacuteblicos ou dos vegetados eacute preciso identificar todas
as aacutereas natildeo construiacutedas na cidade os espaccedilos privados intra-lote os lotes e glebas ociosas
as ruas os passeios etc
Os espaccedilos livres satildeo um dos principais estruturadores da forma urbana e um dos principais
elementos caracterizadores da paisagem urbana Segundo Magnoli (1982) os espaccedilos livres
satildeo os ambientes natildeo edificados da cidade as ruas avenidas praccedilas parques quintais
jardins rios matas mangues praias urbanas ou simples vazios urbanos
Quando adotamos o termo aacutereas verdes ou aacutereas verdes urbanas nos referimos a um
subsistema dentro do Sistema de Espaccedilos Livres que engloba principalmente as aacutereas de
preservaccedilatildeo permanente (APPrsquos) reservas legais (RL) e a arborizaccedilatildeo urbana Segundo
6 MAGNOLI Miranda Espaccedilos livres e urbanizaccedilatildeo uma introduccedilatildeo a aspectos da paisagem metropolitana 1982 116 p Tese (Livre-docecircncia em Arquitetura e Urbanismo) ndash Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1982
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Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilo livre eacute adotado se sobrepondo contendo e
ampliando o conceito usual de aacutereas verdes termo que tem como base a necessidade de
espaccedilos livres dotados de vegetaccedilatildeo De acordo com o autor o termo aacutereas verdes eacute
reducionista desconsidera as caracteriacutesticas fundamentais do espaccedilo urbano como a
complexidade e diversidade das formas de apropriaccedilatildeo e apreensatildeo social e o fato real da
impossibilidade fiacutesica e mesmo da inconveniecircncia da existecircncia de vegetaccedilatildeo em
determinados espaccedilos livres
De acordo com Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilos livres natildeo desconsidera o papel
da vegetaccedilatildeo nas cidades brasileiras como elemento facilitador da drenagem urbana criador
de microclimas mais agradaacuteveis contribuindo para a manutenccedilatildeo da diversidade animal e
vegetal e ainda como fator de embelezamento urbano mas natildeo desconsidera a importacircncia
dos espaccedilos natildeo vegetados para inuacutemeras praacuteticas de relevacircncia cultural das feiras agraves festas
populares das manifestaccedilotildees poliacuteticas agrave valorizaccedilatildeo de determinadas paisagens e
patrimocircnios culturais
Entretanto apesar dos crescentes avanccedilos nas discussotildees sobre os espaccedilos livres muitos
autores planos diretores planos de uso e ocupaccedilatildeo ainda natildeo compreenderam o termo
como em Patos de Minas onde adota-se o termo aacutereas verdes nas leis municipais e plano
diretor Na Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo de Patos de Minas (2008) as aacutereas verdes satildeo
descritas como porccedilotildees situadas na Macrozona Urbana destinadas a oferecer espaccedilos
puacuteblicos adequados e qualificados agraves atividades de recreaccedilatildeo lazer e turismo da populaccedilatildeo
de forma a conciliar a proteccedilatildeo dos bens naturais e culturais As cidades precisam de reservas
de aacutereas verdes e de espaccedilos livres de qualidade para praacutetica de atividades culturais de lazer
e contemplaccedilatildeo Observa-se que na lei municipal de Patos de Minas existe uma sobreposiccedilatildeo
entre a funccedilatildeo das reservas de aacutereas verdes e dos espaccedilos de praacuteticas socias sobreposiccedilatildeo
essa presente no conceito dos espaccedilos livres
A implantaccedilatildeo dos espaccedilos livres puacuteblicos depende de uma gestatildeo adequada e integrada dos
recursos com uma fiscalizaccedilatildeo efetiva o que implica no desenvolvimento de poliacuteticas
puacuteblicas permanentes que viabilizem as intervenccedilotildees e necessidades dos espaccedilos livres
Segundo Loboda amp Angelis (2012) o planejamento das aacutereas verdes (puacuteblicas) urbanas parte
de uma definiccedilatildeo de recursos que eacute residual as necessidades satildeo amenizados com recursos
que sobram de outras atividades consideradas como mais prioritaacuterias e que geralmente
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incluem-se nesse acircmbito aquelas de cunho estrateacutegico poliacutetico e econocircmico O autor cita um
problema frequente em diversas cidades brasileiras a falta de recursos destinados aos
espaccedilos puacuteblicos e dentre eles as aacutereas verdes urbanas um dos principais espaccedilos livres das
cidades
De acordo com Magnoli (1982) a localizaccedilatildeo acessibilidade e distribuiccedilatildeo dos espaccedilos livres
formam um complexo sistema de conexotildees com muacuteltiplos papeacuteis urbanos atividades do oacutecio
circulaccedilatildeo urbana conforto conservaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo ambiental drenagem urbana
imaginaacuterio e memoacuteria urbana lazer e recreaccedilatildeo dentre outros Todas essas funccedilotildees
exercidas no ambiente urbano pelos espaccedilos livres assim como a localizaccedilatildeo acessibilidade
distribuiccedilatildeo tipos de usos e configuraccedilatildeo espacial estatildeo organizadas de maneira sistecircmica na
cidade formando o Sistema de Espaccedilos Livres
22 O PENSAMENTO SISTEcircMICO
As cidades independentemente da sua localidade histoacuteria e configuraccedilatildeo satildeo formadas de
modo geral por espaccedilos livres e espaccedilos edificados duas categorias espaciais estruturantes
da forma urbana A configuraccedilatildeo dos espaccedilos livres eacute variaacutevel nas cidades brasileiras por
diversas questotildees como caracteriacutesticas territoriais bioma configuraccedilatildeo paisagiacutestica pela
existecircncia ou ausecircncia de planos urbanos e principalmente pelos processos de urbanizaccedilatildeo e
de transformaccedilatildeo da paisagem
A cidade eacute um conjunto de elementos sistemas e funccedilotildees e os espaccedilos livres formam um dos
principais sistemas capaz de estruturar toda a configuraccedilatildeo urbana De acordo com Tardin
(2010) e DrsquoAgostini amp Cunha (2007) sistema eacute um conjunto de elementos passiacutevel de
estabelecer inter-relaccedilotildees fiacutesicas funcionais estruturais morfoloacutegicas e relativas agrave vivecircncia
da paisagem abertas e intricadas entre si com seu entorno e com as pessoas que o
vivenciam
De acordo com Morin (2008) apud Queiroga (2014) o conceito de sistema implica natildeo
somente elementos inter-relacionaacuteveis mas tais relaccedilotildees constituem uma organizaccedilatildeo e uma
estrutura relativamente estaacutevel que caracteriza o sistema como um todo A organizaccedilatildeo
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sistecircmica por sua vez conteacutem as relaccedilotildees que definem o sistema e que o transformam
alterando sua estrutura possibilitando sua permanecircncia e contendo a possibilidade concreta
de sua dissoluccedilatildeo Para o autor o termo exprime multiplicidade totalidade diversidade
organizaccedilatildeo e complexidade
A noccedilatildeo de sistema auxilia o estudo dos espaccedilos livres urbanos e o entendimento das suas
relaccedilotildees de interdependecircncia complementaridade e hierarquia Segundo Schlee et al
(2009) considerando-se a paisagem como um macrossistema complexo formado de
subsistemas os espaccedilos livres urbanos constituem um dos seus subsistemas inter-
relacionados com outros subsistemas urbanos e rurais e que podem se justapor ao Sistema
de Espaccedilos Livres ou se sobrepor total ou parcialmente enquanto sistemas de accedilotildees
[] entende-se como sistemas de espaccedilos livres (SEL)
urbanos os elementos e as relaccedilotildees que organizam e
estruturam o conjunto de todos os espaccedilos livres de um
determinado recorte urbano independentemente de sua
dimensatildeo qualificaccedilatildeo esteacutetica funcional e de sua
localizaccedilatildeo e propriedade sejam eles puacuteblicos ou privados
[] toda cidade possui um sistema de espaccedilos livres que eacute
produzido durante seu processo de formaccedilatildeo tanto pelo
Poder Puacuteblico como pela iniciativa privada (MACEDO 2010
p 3 e 4)
O autor afirma que todas as cidades independente do seu porte de suas caracteriacutesticas
culturais e histoacutericas possuem um Sistema de Espaccedilos Livres Essa afirmaccedilatildeo incita diversas
questotildees que conduziram esta pesquisa pontos voltados ao objeto de estudo a cidade de
Patos de Minas uma cidade meacutedia
O SEL DE UMA MEGAacuteLOPOLE OU METROacutePOLE Eacute
DIFERENTE DO SEL DE UMA PEQUENA CIDADE OU DE
UMA CIDADE MEacuteDIA
O MESMO TIPO DE ANAacuteLISE QUE SE APLICA PARA O
ENTENDIMENTO DO SEL DE UMA CIDADE DE GRANDE
PORTE PODE SER APLICADO PARA UMA CIDADE DE
MEacuteDIO PORTE
EXISTEM TIPOS DE ESPACcedilOS LIVRES FUNCcedilOtildeES OU
RELACcedilOtildeES QUE CARACTERIZAM O SISTEMA DE ESPACcedilOS
LIVRES DE UMA CIDADE MEacuteDIA
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23 OS ESPACcedilOS LIVRES NAS
CIDADES MEacuteDIAS
O espaccedilo livre eacute parte estruturante da forma urbana ele se configura em diferentes
categorias tipologias e caracteriacutesticas no meio urbano principalmente pela introduccedilatildeo ao
longo da histoacuteria de diferentes padrotildees urbaniacutesticos nas cidades O processo de urbanizaccedilatildeo
das cidades eacute uma soma e por vezes ateacute uma sobreposiccedilatildeo de padrotildees morfoloacutegicos esses
traccedilados geram diferentes paisagens com diferentes tipos de espaccedilos livres Incorporando ao
sistema um rico mosaico espacial formado por diferentes porcentagens de espaccedilos livres
intra lote caracteriacutesticos de traccedilados distintos por diferentes tipos de praccedilas aacutereas de
preservaccedilatildeo parques ruas e avenidas Aacutereas essas que apresentam diversos conflitos e
possuem um intenso potencial de transformaccedilatildeo
Segundo Macedo et al (2012) as cidades brasileiras possuem padrotildees morfoloacutegicas
semelhantes isso fica evidente na repeticcedilatildeo dos tipos de traccedilado (ortogonais orgacircnicos
radiais) e nos padrotildees de mancha urbana (linear tentacular compacta mista) O que confere
a especifidade das diversas cidades eacute a forma como elas estatildeo inseridas em seu contexto
territorial os arranjos espaciais seus padrotildees culturais socioeconocircmicos a legislaccedilatildeo
municipal as tipologias e funccedilotildees dos espaccedilos livres e a paisagem urbana Nas cidades meacutedias
brasileiras a forma como os padrotildees morfoloacutegicos se adequam ao suporte fiacutesico
transformando paisagem a local confere ao Sistema de Espaccedilos Livres diferentes dinacircmicas
espaciais funcionais e tipoloacutegicas
Como dito anteriormente neste trabalho a proposta natildeo eacute discutir o que determina uma
cidade como de meacutedio porte ou natildeo mas entender essas cidades como centro urbanos em
crescimento onde novos traccedilados e dinacircmicas urbanas satildeo somadas agrave cidade existente
transformando a paisagem local Na atual conjuntura brasileira segundo Tacircngari et al(2009)
apoacutes a deacutecada de 1980 as cidades meacutedias passaram a crescer mais rapidamente em
comparaccedilatildeo com as metroacutepoles um processo de diminuiccedilatildeo do movimento migratoacuterio em
direccedilatildeo agraves megaloacutepoles e o seu direcionamento para as cidades meacutedias que apresentam
grande potencial de crescimento econocircmico e tecircm seus atributos esteacuteticos e econocircmicos
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valorizados atraveacutes da propagaccedilatildeo da ideia de que cidades de meacutedio porte podem apresentar
mais qualidade de vida que as grandes metroacutepoles
As cidades meacutedias reproduzem os padrotildees morfoloacutegicos e culturais vindos do contexto das
grandes cidades e das pequenas cidades ou povoados de seu entorno Um exemplo dessa
influecircncia vinda das grandes cidades satildeo os condomiacutenios fechados propostos inicialmente
pelo mercado imobiliaacuterio como locais de seguranccedila e lazer proacuteximos aos grandes centros
urbanos esse mesmo padratildeo de condomiacutenio fechado eacute aplicado nas cidades meacutedias onde a
criminalidade eacute bem menor e as distacircncias a serem percorridas satildeo mais curtas Um exemplo
da influecircncia vinda das pequenas cidades e povoados proacuteximos satildeo as chaacutecaras pastos e
plantaccedilotildees presentes dentro malha urbana
Patos de Minas eacute um exemplo de cidade meacutedia em crescimento que recebe influecircncias
culturais e de padrotildees morfoloacutegicos uma cidade que possui caracteriacutesticas especiacuteficas de seu
suporte fiacutesico de seu processo histoacuterico e cultura que influenciam diretamente na malha
urbana as tipologias de espaccedilos livres e os tipos de apropriaccedilatildeo desses espaccedilos
Se observarmos em Patos de Minas as caracteriacutesticas da condiccedilatildeo de cidade meacutedia como por
exemplo a localizaccedilatildeo estrateacutegica entre cidades de maior e menor porte Percebemos que a
cidade atrai pessoas do entorno para desfrutar de suas potencialidades econocircmicas e de seus
aparatos de lazer (parques praccedilas locais de exposiccedilatildeo agropecuaacuteria) o que contribui
diretamente para geraccedilatildeo de renda e uso dos espaccedilos A cidade possui uma relaccedilatildeo direta
com cidades de maior porte que servem de escoamento da produccedilatildeo e suprimento de
mercadorias essa relaccedilatildeo de proximidade atrai para cidade eventos e exposiccedilotildees e pode
motivar influecircncias sobre as tipologias de espaccedilos livres gerados (assim como o processo de
globalizaccedilatildeo tambeacutem pode exercer esse papel)
Eacute nesse contexto de crescimento das cidades meacutedias e influecircncias morfoloacutegicas e culturais
que o Sistema de Espaccedilos Livres precisa ser pensado e entendido como uma infraestrutura
baacutesica para o desempenho da vida cotidiana urbana Segundo Souza amp Macedo (2014) o SEL
deve oferecer condiccedilotildees de habitabilidade urbana e para isso eacute necessaacuterio que se estabeleccedila
um diagnoacutestico baseado na existecircncia ou ausecircncia de uma seacuterie de atributos urbanos
necessaacuterios e qualitativos que deveriam orientar accedilotildees poliacuteticas e projetos de maneira a
formar um Sistema de Espaccedilos Livres integrado agrave paisagem local e a demanda da populaccedilatildeo
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O autor afirma que eacute preciso fazer uma leitura da cidade de seus condicionantes conflitos e
potencialidades para entender como se estrutura o SEL suas funccedilotildees e seu potencial de
transformaccedilatildeo e organizaccedilatildeo na cidade
Partimos para anaacutelise da forma urbana patense buscando o entendimento de como as
caracteriacutesticas especiacuteficas do suporte fiacutesico da organizaccedilatildeo espacial da situaccedilatildeo fundiaacuteria e
dos tipos de usos e funccedilotildees exercidas pelos espaccedilos livres estruturam o Sistema de Espaccedilos
Livres de Patos de Minas
24 OS ESPACcedilOS LIVRES NA FORMA URBANA DE
PATOS DE MINAS
Para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na forma urbana de Patos de Minas a
anaacutelise foi dividida em trecircs principais enfoques RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA CONFIGURACcedilAtildeO
ESPACIAL e RELACcedilAtildeO DE USOS DO SOLO A leitura da cidade apresentada por esses trecircs
acircngulos somada ao entendimento de paisagem forma urbana e da formaccedilatildeo e
transformaccedilatildeo da malha urbana patense apresentados no capiacutetulo anterior nos possibilitam
o entendimento do Sistema Espaccedilos Livres de Patos de Minas como um todo com suas
categorias tipoloacutegias e relaccedilotildees sistecircmicas
Os trecircs principais enfoques foram determinados com base nas principais caracteriacutesticas da
cidade nas suas peculiaridades na sua condiccedilatildeo de cidade de meacutedio porte Provavelmente
um outro tipo de cidade com outras caracteriacutesticas de paisagem demandaria outro segmento
de anaacutelise
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241
RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA
ESPACcedilOS LIVRES x SUPORTE ambiental
O principal objetivo desse subcapiacutetulo eacute analisar as caracteriacutesticas do suporte ambiental sobre
o qual a cidade de Patos de Minas foi implantada buscando identificar quais espaccedilos livres
presentes na cidade incorporam esses elementos da paisagem O suporte ambiental eacute parte
da paisagem urbana ele eacute formado por elementos como corpos drsquoaacutegua vegetaccedilatildeo relevo
solos e clima
Estatildeo cada vez mais presentes nos planos diretores e na legislaccedilatildeo ambiental denominaccedilotildees
como reservas florestais puacuteblicas e privadas parques lineares parques ecoloacutegicos unidades
de conservaccedilatildeo aacutereas de proteccedilatildeo permanente (APPrsquos) aleacutem de referecircncias agrave
sustentabilidade e agrave ecologia Essas denominaccedilotildees muitas vezes geram espaccedilos livres
voltados agrave funccedilatildeo de conservaccedilatildeo e proteccedilatildeo ambiental Entretanto os espaccedilos livres
vinculados ao suporte fiacutesico natildeo possuem somente a funccedilatildeo de conservaccedilatildeo ambiental eles
possuem outros papeacuteis no meio urbano como recreaccedilatildeo infraestrutura urbana contribuir
com a drenagem pluvial possibilitar microclimas urbanos mais agradaacuteveis contribuir para
manutenccedilatildeo da biodiversidade e valores esteacuteticos Segundo Queiroga (2012) a
permeabilidade do solo e a cobertura arboacuterea permitem a conservaccedilatildeo de paisagens com
melhor desempenho ambiental mitigando problemas comuns nas aacutereas urbanas a qualidade
da aacutegua e do ar a manutenccedilatildeo da qualidade do solo controle de erosatildeo abastecimento dos
aquiacuteferos e regulaccedilatildeo das enchentes
Os espaccedilos livres vinculados ao suporte ambiental como os corpos drsquoaacutegua e a vegetaccedilatildeo
constantemente satildeo alvo de degradaccedilatildeo ambiental o que ressalta a sua funccedilatildeo ambiental
dentro do sistema Entretanto a mitigaccedilatildeo desses problemas natildeo eacute uma questatildeo pertinente
apenas ao planejamento ambiental das cidades De acordo com Jacobs (2001) as aacutereas livres
puacuteblicas estruturam o espaccedilo urbano satildeo o principal suporte espacial para o encontro e a
vivecircncia urbana Segundo a autora a degradaccedilatildeo do espaccedilo urbano observada pela reduccedilatildeo
de aacutereas puacuteblicas de lazer deficiecircncia na arborizaccedilatildeo urbana excessiva impermeabilizaccedilatildeo do
solo aumento da temperatura e criaccedilatildeo de ilhas de calor danos ambientais diversos
diminuiccedilatildeo da qualidade da ambiecircncia urbana e perda de qualidade de vida constitui um
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problema que extrapola a esfera fiacutesicaespacial constituindo um problema social visto que
desencoraja o uso da rua e dos espaccedilos livres como locais de encontro necessaacuterios para a
manutenccedilatildeo das praacuteticas sociais
Ao longo do processo de urbanizaccedilatildeo das cidades brasileira foram comuns situaccedilotildees em que
aacutereas de reserva natural foram desmatadas para dar lugar a loteamentos coacuterregos foram
canalizados e desapareceram da paisagem urbana ou foram canalizadas a ceacuteu aberto tiveram
sua APP desmatada e impermeabilizada para dar lugar a avenidas e aacutereas construiacutedas como
no caso da Figura 26
Figura 26 Coacuterrego do Monjolo em Patos de Minas canalizado a ceacuteu aberto na deacutecada de 1970 com APP desmatada e grande parte do seu entorno impermeabilizado Agraves margens do coacuterrego a Av Faacutetima Porto Foto Acervo pessoal 2014
Atualmente esse tipo de tratamento de supressatildeo da vegetaccedilatildeo das APPrsquos em aacutereas
urbanizadas eacute cada vez mais incomum7 o que contribui para a conservaccedilatildeo desses recursos
naturais Entretanto gradativamente mais a legislaccedilatildeo ambiental trata a funccedilatildeo ambiental dos
espaccedilos como algo isolado entendendo as APPrsquos como locais onde natildeo podem existir
intervenccedilotildees desconsiderando que esses espaccedilos podem estar vinculados a outras funccedilotildees
como por exemplo recreaccedilatildeo educaccedilatildeo ambiental valorizaccedilatildeo da paisagem De acordo com
7 Os casos excepcionais nos quais eacute permitido a supressatildeo da vegetaccedilatildeo em APP estatildeo definidos pela Resoluccedilatildeo CONAMA 36906
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DEDICATORIA
Dedico a todos aqueles que estiveram do meu lado
apoiando e auxiliando nesse processo de aprendizagem
Em especial ao meu noivo
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AGRADECIMENTOS
Agrave Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Pesquisa do Estado de Minas Gerais - FAPEMIG pelo financiamento
durante a pesquisa
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico - CNPq pelo
financiamento da pesquisa maior na qual se insere essa dissertaccedilatildeo
Ao Grupo de Pesquisa QUAPAacute-SEL pela base metodoloacutegica e bibliograacutefica E em especial ao
grupo de pesquisa Neurb- Nuacutecleo de Estudos Urbanos pelas discussotildees e trocas de
informaccedilotildees
Ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo - PPGAU (FAUeD UFU)
incluindo todos os professores e principalmente a coordenaccedilatildeo e secretaria pelo empenho
em fazer crescer o curso e por toda assessoria prestada
Agradeccedilo ao Prof Dr Glauco Cocozza pela sabedoria compartilhada pelo tempo dedicado e
principalmente pelo incentivo
Aos professores Dr Eugecircnio Queiroga e Dr Carlos Loboda pelas consideraccedilotildees apontadas no
Exame de Qualificaccedilatildeo imprescindiacuteveis no desenvolvimento dessa pesquisa
Agrave minha matildee ao meu pai e aos meus irmatildeos Flaacutevia Janaina e Fabriacutecio que estiveram ao meu
lado durante todos os dias com paciecircncia incessante me alimentando com amor e forccedila
inestimaacuteveis Amo vocecircs
Ao Mathues namorado noivo e futuro esposo por todo o carinho paciecircncia e atenccedilatildeo
dedicados
Aos meus amigos pelo apoio e carinho
Aos meus colegas de mestrado pela companhia nos dias intensos de estudos e
principalmente por tornarem essa caminhada prazerosa
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RESUMO
A pesquisa analisa a configuraccedilatildeo do Sistema de Espaccedilos Livres na forma urbana de Patos de Minas uma cidade de meacutedio porte no interior do estado de Minas Gerais O espaccedilo livre eacute caracterizado como todo espaccedilo livre de edificaccedilatildeo e eacute um dos principais elementos morfoloacutegicos capazes de contribuir com a conservaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da paisagem estruturar a forma urbana e conferir identidade agraves cidades O espaccedilo livre eacute um dos principais caracterizadores das diferentes paisagens urbanas presentes na cidade A partir do estudo da configuraccedilatildeo ecoloacutegica espacial fundiaacuteria e tipoloacutegica desses espaccedilos busca-se o entendimento de que todos cada um com suas caracteriacutesticas e funccedilotildees estatildeo interligados de maneira sistecircmica estruturando as funccedilotildees ambientais sociais culturais e de paisagem presentes na dinacircmica urbana Essa abordagem permite elaborar uma visatildeo sistecircmica da estrutura urbana na qual se observa natildeo apenas os conjuntos de espaccedilos livres mas tambeacutem suas interaccedilotildees e articulaccedilotildees com o edificado com a sociedade com o suporte fiacutesico e com a forma urbana
Palavras-chave Sistema de Espaccedilos Livres Forma Urbana Unidades de Paisagem Patos de
Minas
ABSTRACT
This research analyzes the configuration of the Open Spaces System in the urban form of Patos de Minas one medium-sized city in the state of Minas Gerais The open space is characterized like everyone open space of edification and is one of the main morphological elements able to contribute to the conservation and enhancement of the landscape organize the urban form and confer identity to the cities The open space is a major characterizer of the different urban landscapes present in the city Starting from the study of ecological setting spatial land ownership and typological of those spaces sought the understanding that everyone each one with its characteristics and functions are interconnected in a systemic way structuring the environmental function social cultural and landscape present in the urban dynamic This approach enables elaborate a systemic view of the urban structure in which it is observed not just the sets of open spaces but also their interactions and articulations with the edified with society with the physical support and with the urban form
Palavras-chave Open Spaces System Urban Form Landscape Units Patos de Minas
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LISTA DE ABREVIATURAS
SIGLAS E SIacuteMBOLOS
AABB Associaccedilatildeo Atleacutetica Banco do Brasil
APA Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental
ARL Aacuterea de Reserva Legal
APP e APPrsquos Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente Aacutereas de Presrvaccedilatildeo Permanente
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
EL Espaccedilo Livre
ETA Estaccedilatildeo de Tratamento de Aacutegua
ETE Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgoto
FAUed Faculdade de Arquitetura Urbanismo e Design
i Inclinaccedilatildeo
SEL-RJ Grupo de Sistema de Espaccedilos Livres- Rio de Janeiro
HIS Habitaccedilatildeo de Interesse Social
MCMV Minha Casa Minha Vida
NEURB Nuacutecleo de Estudos Urbanos
ORT Ortogonal
PTC Patos Tecircnis Clube
Quapaacute-SEL Quadro do Paisagismo Brasileiro ndashSistema de Espaccedilos Livres
CEASA Centro de Abastecimento SA
SEL Sistema de Espaccedilos Livres
UNIPAM Centro Universitaacuterio de Patos de Minas
UP Unidade de Paisagem
URT Uniatildeo Recreativa dos Trabalhadores (um dos times de futebol da cidade)
Unesco Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura
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SUMAacuteRIO
ELEMENTOS PREacute-TEXTUAIS
Dedicatoacuteria 005
Agradecimentos 006
Resumo e Abstract 007
Lista de Abreviaturas e Siglas e Siacutembolos 008
INTRODUCcedilAtildeO 013
Sobre os pensamentos norteadores 013
Sobre o meacutetodo 014
Sobre o decorrer dos capiacutetulos 014
CAPIacuteTULO 1 a paisagem e a forma urbana
018 11 PAISAGENS URBANA CONCEITUACcedilAtildeO
021 12 MORFOLOGIA E FORMA URBANA FORMA URBANA MALHA URBANA TECIDO URBANO
025 13 FORMACcedilAtildeO E TRANSFORMACcedilAtildeO DA MALHA URBANA PATENSE
028 131 DO INIacuteCIO DO POVOADO ATEacute A DEacuteCADA DE 1930 BORGES X MACIEIS
037 132 DA DEacuteCADA DE 1940 ATEacute A DEacuteCADA DE 1960 AUMENTO POPULACIONAL
040 133 DAacute DEacuteCADA DE 1970 ATEacute A DEacuteCADA DE 1980 INCORPORACcedilAtildeO DOS CORPOS DrsquoAacuteGUA
044 134 DA DEacuteCADA DE 1990 ATEacute OS DIAS ATUAIS A FORMA URBANA ATUAL
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CAPIacuteTULO 2 o sistema de espaccedilos livres
051 21 ESPACcedilOS LIVRES ESPACcedilOS ABERTOS AacuteREAS VERDES
053 22 O PENSAMENTO SISTEcircMICO
055 23 ESPACcedilOS LIVRES NAS CIDADE MEacuteDIAS
057 24 OS ESPACcedilOS LIVRES NA FORMA URBANA DE PATOS DE MINAS
058 241 RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA espaccedilos livres x suporte ambiental
065 242 CONFIGURACcedilAtildeO ESPACIAL espaccedilos livres x malha urbana
2421 Configuraccedilotildees da malha urbana
2422 Espaccedilos livres na malha urbana
2423 Tipos de traccedilado
083 243 RELACcedilOtildeES DE USOS DO SOLO espaccedilos livres x uso
2431 Distribuiccedilatildeo fundiaacuteria
2432 Usos do solo
090 25 O SISTEMA DE ESPACcedilOS LIVRES DE PATOS DE MINAS
090 251 TIPOLOGIAS DE ESPACcedilOS LIVRES
092 252 CATEGORIAS DE ESPACcedilOS LIVRES
102 253 RELACcedilOtildeES SISTEcircMICAS DOS ESPACcedilOS LIVRES
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CAPIacuteTULO 3 as unidades de paisagem
109 31 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS
110 32 UNIDADES DE PAISAGEM DE PATOS DE MINAS
113 321 UNIDADE DE PAISAGEM 01
116 322 UNIDADE DE PAISAGEM 02
120 323 UNIDADE DE PAISAGEM 03
123 324 UNIDADE DE PAISAGEM 04
128 325 UNIDADE DE PAISAGEM 05
132 326 UNIDADE DE PAISAGEM 06
135 327 UNIDADE DE PAISAGEM 07
139 328 UNIDADE DE PAISAGEM 08
143 329 UNIDADE DE PAISAGEM 09
148 3210 UNIDADE DE PAISAGEM 10
151 33 AS UNIDADES DE PAISAGEM NA CIDADE
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS PERSPECTIVAS E DESAFIOS 154
SOBRE OS DESAFIOS A SEREM ENFRENTADOS 156
SOBRE OS POSSIacuteVEIS DESDOBRAMENTOS DA PESQUISA 157
REFEREcircNCIAS 159
ACERVOS ARQUIVOS E JORNAIS 159
LEIS E DECRETOS 159
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 160
ANEXOS 164
12 |
13 |
INTRODUCcedilAtildeO
SOBRE OS PENSAMENTOS NORTEADORES
O trabalho eacute um exerciacutecio de olhar para a cidade e ler entre seus traccedilados suas ruas lotes e
quadras Buscando entender as promessas que ficaram no ar os projetos vislumbrados mas
nunca concretizados que vatildeo desde a rua que natildeo foi asfaltada ateacute o coacuterrego canalizado que
natildeo foi aberto Entender o processo histoacuterico as relaccedilotildees culturais o desenho da malha
urbana que se estende por entre os fundos dos vales e acompanha o desenho dos coacuterregos e
rios
Grande parte da vida na cidade acontece em seus espaccedilos livres na praccedila natildeo implantadas
onde o vizinho planta milho na rua que recebe o tapete de Corpus Christi nas procissotildees
passeatas e desfiles na festa junina na praccedila da Igreja na eleiccedilatildeo da rainha do milho nas
folias de reis dos distritos da cidade A cidade se transforma no lote que vira campinho na
praccedila que vira estacionamento na gleba que vira pasto na lagoa que vira brejo na mata que
vira cinzas A zona rural aos poucos se transforma em malha urbana mas o rural natildeo perdeu
seu espaccedilo ele se manteacutem presente na paisagem urbana nas expressotildees culturais e nos
dialetos
Este trabalho eacute a continuidade do Trabalho Final de Graduaccedilatildeo apresentado a Faculdade de
Arquitetura Urbanismo e Desing da Universidade Federal de Uberlacircndia Sob a orientaccedilatildeo do
professor Glauco Cocazza foi desenvolvido um projeto de requalificaccedilatildeo para um dos
parques urbanos de Patos de Minas o Parque Municipal do Mocambo Durante o
desenvolvimento desse trabalho ficou evidente que natildeo soacute os ambientes do parque como
outros espaccedilos livres da cidade requeriam projetos de requalificaccedilatildeo que trabalhassem a
relaccedilatildeo eles com a cidade buscando o entendimento dos diferentes papeacuteis dos espaccedilos livres
na cidade deixando de pensar no planejamento urbano e no planejamento ambiental como
coisas isoladas Iniciaram-se aiacute as primeiras percepccedilotildees de que a cidade de Patos de Minas
possui diversas especificidades com relaccedilatildeo agrave interaccedilatildeo da paisagem urbana com seus
espaccedilos livres e edificados
14 |
SOBRE O MEacuteTODO
A dissertaccedilatildeo se fundamenta na anaacutelise de dados documentais primaacuterios como mapas
cedidos pela Prefeitura Municipal de Patos de Minas projetos de espaccedilos livres da cidade
levantamentos fotograacuteficos leis e decretos municipais e federais Baseia-se tambeacutem em
fontes secundaacuterias como revisatildeo bibliograacutefica dos temas norteadores da pesquisa registros
fotograacuteficos jornais locais e entrevistas informais com moradores da cidade e arquitetos da
prefeitura A dissertaccedilatildeo apresenta registros fotograacuteficos natildeo soacute do acervo da autora mas de
diferentes pessoas evidenciando pontos de vista e os diversos olhares sobre a cidade aleacutem
das fotos histoacutericas de arquivos puacuteblicos
A pesquisa adota como metodologia a anaacutelise do Sistema de Espaccedilos Livres e das Unidades de
Paisagem desenvolvida pelos estudos da rede nacional brasileira Quapaacute-SEL II (Quadro do
Paisagismo Brasileiro ndash Sistemas de Espaccedilos Livres) coordenada pelo LAB-QUAPAacute da FAUUSP
(Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Satildeo Paulo) cujo objetivo principal
eacute compreender as relaccedilotildees processuais contemporacircneas entre os Sistemas de Espaccedilos Livres
e a forma urbana das cidades brasileiras A pesquisa apresentada eacute tambeacutem parte integrante
dos estudos desenvolvidos pelo Nuacutecleo de Estudos Urbanos (NEURB) desenvolvido na
Faculdade de Arquitetura Urbanismo e Design (FAUeD) da Universidade Federal de
Uberlacircndia que tem como objetivo central compreender a importacircncia e o papel do Sistema
de Espaccedilos Livres na Forma Urbana das principais cidades meacutedias do Triacircngulo Mineiro e Alto
Paranaiacuteba contribuindo assim com os estudos do grupo nacional Quapaacute-SEL II
SOBRE O DECORER DOS CAPIacuteTULOS
O objetivo central do trabalho eacute analisar os espaccedilos livres presentes na forma urbana de
Patos de Minas e entender como esses espaccedilos estruturam o Sistema de Espaccedilos Livres (SEL)
Buscando esse entendimento a dissertaccedilatildeo foi dividida em trecircs momentos a anaacutelise da
paisagem e da forma urbana patense no primeiro capiacutetulo o entendimento do SEL no
segundo capiacutetulo e a aplicaccedilatildeo da metodologia de Unidades de Paisagem no terceiro capiacutetulo
O primeiro capiacutetulo apresenta os conceitos que iratildeo nortear a pesquisa a PAISAGEM URBANA
e a FORMA URBANA por meio de uma revisatildeo bibliograacutefica buscando a constataccedilatildeo do
estado da arte dos conceitos-chave O trabalho entende a paisagem como conceito
norteador para o entendimento da cidade da formaccedilatildeo e da transformaccedilatildeo da forma urbana
15 |
Depois de introduzidos os conceitos-chave o capiacutetulo apresentaraacute o processo de urbanizaccedilatildeo
da aacuterea de estudo a transformaccedilatildeo do tecido urbano e a incorporaccedilatildeo dos principais espaccedilos
livres de edificaccedilatildeo e edificados ressaltando as caracteriacutesticas histoacutericas econocircmicas
poliacuteticas e culturais que contribuem para a formaccedilatildeo da imagem da cidade
O segundo capiacutetulo analisa o SISTEMA DE ESPACcedilOS LIVRES na forma urbana de Patos de Minas
a partir de trecircs principais enfoques a relaccedilatildeo ecoloacutegica que busca entender a interaccedilatildeo entre
a forma urbana e os condicionantes do suporte fiacutesico (hidrografia geologia relevo
vegetaccedilatildeo) a configuraccedilatildeo espacial que revela a organizaccedilatildeo da malha urbana e a interaccedilatildeo
dos espaccedilos livres na malha e a relaccedilatildeo de usos do solo que analisa a relaccedilatildeo dos espaccedilos
livres com a situaccedilatildeo fundiaacuteria e a distribuiccedilatildeo dos usos do solo na cidade
No capiacutetulo sobre o Sistema de Espaccedilos Livres as anaacutelises foram feitas na escala da cidade No
capiacutetulo seguinte que trata das Unidades de Paisagem as apreciaccedilotildees foram feitas na escala
das unidades ou seja a anaacutelise dos espaccedilos livres da cidade vai do macro ao micro A
aplicaccedilatildeo da metodologia das Unidades de Paisagem permite transitar entre as escalas de
anaacutelise e aprofundar nas caracteriacutesticas e peculiaridades do Sistema de Espaccedilos Livres
presentes em cada unidade
O terceiro capiacutetulo apresenta a metodologia das UNIDADES DE PAISAGEM a identificaccedilatildeo das
Unidades de Paisagem presentes em Patos de Minas e a anaacutelise cada uma delas O trabalho
entende as Unidades de Paisagem como porccedilotildees do Sistema de Espaccedilos Livres cujas relaccedilotildees
entre os espaccedilos livres os espaccedilos edificados possuem caracteriacutesticas especiacuteficas de
centralidade hierarquia distribuiccedilatildeo e organizaccedilatildeo que os distingue dos demais conjuntos de
relaccedilotildees
O fechamento do trabalho apresenta de maneira sinteacutetica uma apreciaccedilatildeo do que foi
apresentado em cada capiacutetulo apontando os questionamentos e resultados que surgiram no
decorrer da anaacutelise Depois satildeo enumerados os principais desafios a serem enfrentados pelo
o planejamento urbano e ambiental de Patos de Minas para a gestatildeo do SEL da cidade
Adiante satildeo apresentados os possiacuteveis desdobramentos da pesquisa evidenciando as
possibilidades de continuidade e aprofundamentos teoacutericos e praacuteticos sobre o objeto de
estudo
16 |
17 |
11 PAISAGEM URBANA
CONCEITUACcedilAtildeO
A compreensatildeo do conceito de paisagem urbana eacute o principal enfoque no presente trabalho
para assimilaccedilatildeo da configuraccedilatildeo urbana da incorporaccedilatildeo dos elementos do suporte fiacutesico na
formaccedilatildeo e na transformaccedilatildeo da forma urbana e entendimento do papel do Sistema de
Espaccedilos Livres na cidade
O estudo da paisagem possibilita uma melhor percepccedilatildeo da estrutura da cidade a
compreensatildeo do siacutetio natural e da interferecircncia humana no mesmo esse conhecimento pode
direcionar o planejamento urbano para tanto a clareza do conceito de paisagem e seus
sombreamentos eacute de extrema importacircncia
Natildeo existe um consenso sobre o conceito de paisagem a discussatildeo sobre paisagem transita
por diversas aacutereas com diferentes definiccedilotildees ecircnfases e meacutetodo de abordagem Segundo o
geoacutegrafo Bertrand (2004) as diferenccedilas de abordagem no conceito de paisagem satildeo
influenciadas pela formaccedilatildeo e os objetivos do observador e pode enfatizar a vegetaccedilatildeo a
hidrografia o clima o relevo a economia a arquitetura ou o processo histoacuterico A
metodologia de anaacutelise poderaacute ser temporal baseada nos aspectos fiacutesicos e se referir agraves
relaccedilotildees e dinacircmicas internas ou ainda um conjunto de diversas anaacutelises Ou seja a
percepccedilatildeo individual somada aos objetivos e ao enfoque do observador interferem
diretamente na leitura da paisagem e no conceito da mesma
Segundo Rougerie e Beroutchatchvili (1991) apud Maximiano (2004) a Unesco (Organizaccedilatildeo
para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura das Naccedilotildees Unidas) declarou em 1971 considerar que a
paisagem eacute a ldquoestrutura do ecossistemardquo e o Conselho Europeu diz que ldquoo meio natural
moldado pelos fatores sociais e econocircmicos torna-se paisagem sob o olhar humanordquo Jaacute a
ldquopaysagerdquo francesa refere-se principalmente aos aspectos visuais O termo holandecircs com o
mesmo sentido eacute ldquovisueellandschaprdquo Para os alematildees ldquolandschaftrdquo envolve a noccedilatildeo de
territoacuterio semelhante ao ldquolandscape inglecircsrdquo Ambos tambeacutem se referem ao aspecto visual A
18 |
geografia sovieacutetica tem seus proacuteprios termos ldquomesnost e ourotchitcherdquo que possuem valor
territorial aos quais os russos acrescentam ldquolandschaftrdquo emprestado dos alematildees
Segundo Maximiano (2004) para alguns socioacutelogos e economistas a paisagem eacute a base do
meio fiacutesico onde o homem a utiliza e a transforma ou natildeo para alguns botacircnicos e ecoacutelogos
a paisagem eacute um conjunto de organismos num meio fiacutesico cujas propriedades podem ser
explicadas segundo leis ou modelos com ajuda das ciecircncias fiacutesicas eou bioloacutegicas para
alguns geoacutegrafos ela resulta da relaccedilatildeo dinacircmica de elementos fiacutesicos bioloacutegicos e
antroacutepicos
ldquoA expressatildeo ldquopaisagemrdquo() passava a manifestar-se com
significados amplos complexos poreacutem bastante vagos
indistintos incompletos premissas comuns eram ldquoa naturezardquo e
a censura agrave accedilatildeo do homem A percepccedilatildeo das mudanccedilas
naturais ndash de tempos bioloacutegicos ndash e tambeacutem aquelas raacutepidas
extensas e difusas do trabalho do homem ndash de tempos
histoacutericos ndash levantava novamente a relaccedilatildeo homem-natureza
Seria esta relaccedilatildeo com todos os apelos e juiacutezos ndash imprecisos
indefinidos ndash que seria associada agrave palavra lsquopaisagemrsquordquo
(MAGNOLI e MACEDO 2000 p132-133)
O estudo da paisagem passou a ganhar relevacircncia entre os arquitetos a partir dos anos de
1960 Segundo Sandeville (2006) esse processo pode ser exemplificado inicialmente pelos
trabalhos de Kevin Lynch Cristopher Alexander Amos Rapoport Yi Fu Tuan e Vittorio
Gregotti1 De acordo com Gregotti (1983) o entendimento da paisagem eacute um instrumento
que o arquiteto tem que ter em matildeos para analisar o lugar e o espaccedilo sobre o qual se projeta
Entretanto a paisagem entendida soacute como o conjunto das caracteriacutesticas fiacutesicas e
geomorfoloacutegicas de cunho bioloacutegico e mineraloacutegico natildeo eacute suficiente para elaboraccedilatildeo do
1LYNCH K A imagem da cidade (1960) ALEXANDER C Unlenguage de patrones (1980) RAPOPORT A
Aspectos humanos de la forma urbana (1978) TUAN Y F Espaccedilo e lugar (1983) GREGOTTI V Nuevos
caminos de La arquitectura italiana (1969)
19 |
projeto eacute preciso que a leitura da paisagem expresse as accedilotildees cotidianas os usos dos
espaccedilos e a cultura local
No Brasil Miranda Magnoli inicia seus estudos sobre a paisagem e o ambiente na deacutecada de
1970 baseada nas anaacutelises estadunidenses de planejamento da paisagem reconhecendo a
importacircncia das caracteriacutesticas socioespaciais mas sem reduzir a paisagem aos aspectos
formais O modo como Miranda discutiu a paisagem segundo Sandeville (2006) ultrapassou
as limitaccedilotildees da relaccedilatildeo figura-fundo a qual reforccedila a paisagem como cenaacuterio um entorno
transformado por uma arquitetura de edifiacutecio promovendo a cenarizaccedilatildeo da ideia de
paisagem Sua reflexatildeo estabeleceu bases para o conceito da arquitetura como o projeto do
ldquoambiente humanordquo a necessidade de compreensatildeo do contexto no qual se insere o objeto
projetado
A definiccedilatildeo do conceito de paisagem adotada para este trabalho eacute a desenvolvida por
Miranda Magnoli (1982) na qual a morfologia da paisagem eacute definida como resultante da
interaccedilatildeo entre a loacutegica proacutepria dos processos do suporte (geologia clima solo relevo
vegetaccedilatildeo e sol aacutegua e ventos) e a loacutegica proacutepria dos processos antroacutepicos sociais e culturais
(parcelamentos escavaccedilotildees plantaccedilotildees construccedilotildees edificaccedilotildees etc) Essa anaacutelise da
paisagem urbana considera os diversos atores que nela interferem seus aspectos fiacutesicos
socioeconocircmicos culturais e seu processo evolutivo natildeo eacute simplesmente bem organizada ou
normativa eacute tambeacutem uma anaacutelise poeacutetica e simboacutelica fala das pessoas e de suas histoacuterias de
suas aspiraccedilotildees tradiccedilotildees e conflitos do conjunto natural das funccedilotildees e da dinacircmica urbana
O estudo da paisagem possibilita um melhor entendimento da estrutura da cidade a
compreensatildeo do siacutetio natural e da interferecircncia humana no mesmo esse conhecimento pode
direcionar o planejamento urbano para tanto o entendimento do conceito de paisagem e
seus sombreamentos eacute de extrema importacircncia Segundo Oseki amp Pellegrino (2004) um
planejamento ecoloacutegico da paisagem pode fornecer as ferramentas necessaacuterias para
integraccedilatildeo entre sociedade e natureza incorporando diretrizes ambientalmente desejaacuteveis
para a melhoria da habitabilidade da cidade de sua sustentabilidade e de sua imagem
Para Oseki amp Pellegrino (2004) as paisagens satildeo ao mesmo tempo produzidas socialmente e
produtoras (indutoras) de praacuteticas sociais podem ser utilizadas no planejamento no projeto
e gestatildeo de espaccedilos livres (nas escalas espaciais local regional e continental) o que lhes
20 |
confere importacircncia no planejamento urbano e regional o que tem sido ignorado pelos
oacutergatildeos responsaacuteveis pela gestatildeo do territoacuterio Segundo Macedo (1993) a paisagem eacute processo
e produto das accedilotildees humanas eacute processo na medida em que estaacute em constante mutaccedilatildeo e
compreende as diversas forccedilas que nela atuam ora em conflito ora em consonacircncia de
objetivos eacute produto pois a cada instante apresenta-se como objeto acabado dessas accedilotildees e
forccedilas aplicadas
Figura 2 Avenida Getuacutelio Vargas em Parto de Minas Vista parcial da paisagem urbana Fonte httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=1534357amppage=92 Foto Fotoacutegrafo desconhecido
O presente trabalho entende a paisagem como algo que caracteriza a cidade que lhe confere
identidade e a distingue das demais A paisagem retrata a forma urbana e a cultura da
populaccedilatildeo a maneira como as pessoas constroem suas casas e onde constroem se na beira
do rio no alto das serras ou nas chapadas Eacute a histoacuteria local contada por meio da mudanccedila do
cenaacuterio e da mudanccedila dos padrotildees arquitetocircnicos nas casas que permanecem do periacuteodo
neocolonial ou no estilo ecleacutetico nas casas que surgiram no estilo moderno nas reformas
nas construccedilotildees que satildeo tombadas e nas que satildeo derrubadas A paisagem eacute contada pelas
aacutervores pelas flores plantadas e replantadas nas calccediladas calccediladas por vezes remendadas A
paisagem eacute o reflexo do processo social dos bairros que se formam das pessoas que se
21 |
mudam da economia que se desenvolve modificando o comercio instalando novas induacutestrias
e quem sabe ateacute bairros industriais gerando renda para urbanizaccedilatildeo de novas aacutereas ou a
verticalizaccedilatildeo de outras
O entendimento da paisagem enquanto elemento caracterizador da imagem das cidades eacute
um instrumento para a melhoria e manutenccedilatildeo dos valores da mesma Possui uma relaccedilatildeo
direta com histoacuteria da cidade com os valores culturais com o processo de formaccedilatildeo e de
transformaccedilatildeo da forma urbana e com os elementos que a constituem Partimos entatildeo para o
estudo da forma urbana com seus enfoques conceituais desdobramentos teoacutericos e
praacuteticos
12
MORFOLOGIA E FORMA URBANA
FORMA URBANA MALHA URBANA TECIDO
URBANO
Figura 3 Forma Urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora 2014
Eacute constante a confusatildeo ao conceituar termos
como morfologia forma urbana malha
urbanatecido urbano elementos morfoloacutegicos
termos que ora se sobrepotildeem ora se englobam
ora se dividem
EXISTE UM CONSENSO SOBRE O CONCEITO
DE FORMA URBANA
A DEFINICcedilAtildeO DE FORMA URBANA ENGLOBA
O TRACcedilADO DAS RUAS OS CHEIOS E VAZIOS
OS USOS E AS TIPOLOGIAS CONSTRUIacuteDAS OU
SERIA SOacute O DESENHO QUE SE FORMA NO
ENCONTRO DAS BORDAS DA OCUPACcedilAtildeO
FORMA URBANA Eacute SINOcircNIMO DE TECIDO
URBANO OU O TECIDO Eacute PARTE DA FORMA
22 |
A morfologia urbana eacute um campo disciplinar que abrange o estudo das cidades das formas
dos tecidos e da paisagem O estudo da morfologia contribui para o entendimento da
estrutura da cidade sua formaccedilatildeo e transformaccedilatildeo por meio de seus elementos
constituintes Segundo Lamas (2004) os elementos morfoloacutegicos constituintes satildeo o solo os
edifiacutecios o lote o quarteiratildeo a fachada o logradouro o traccediladorua a praccedila o monumento
a vegetaccedilatildeo e o mobiliaacuterio urbano O autor denomina como elementos morfoloacutegicos as partes
fiacutesicas que associadas ou estruturadas constituem a forma urbana Existem diversos
conceitos e definiccedilotildees que abordam a morfologia das cidades este trabalho apresentaraacute
algumas delas
Segundo Del Rio (1990) a anaacutelise da morfologia urbana estaacute em compreender a loacutegica da
formaccedilatildeo evoluccedilatildeo e transformaccedilatildeo da forma da cidade e de suas inter-relaccedilotildees a fim de
possibilitar a identificaccedilatildeo de accedilotildees mais apropriadas cultural e socialmente para a
intervenccedilatildeo urbana e o desenho de novos espaccedilos Segundo Rossi (2001) a cidade eacute uma
obra reconhecida pelo conjunto de sua forma mas tambeacutem pode ser identificada por
pequenas partes do conjunto em seus diversos momentos a forma urbana eacute a soma dos
diversos tecidos e padrotildees morfoloacutegicos que formam a cidade
O tecido urbano ou a malha urbana de acordo com Rego e Meneguetti (2011) satildeo
configurados pelo sistema viaacuterio pelo padratildeo do parcelamento do solo pela aglomeraccedilatildeo e
pelo isolamento das edificaccedilotildees assim como pelos espaccedilos livres Em outras palavras o
tecido de cidade eacute dado pelos edifiacutecios ruas quadras e lotes parques praccedilas e monumentos
nos seus mais variados arranjos Esses elementos morfoloacutegicos presentes no tecido urbano
segundo Moudon (1997) devem ser considerados como organismos ndash constantemente em
atividade e assim em transformaccedilatildeo ao longo do tempo eles existem em inter-relaccedilatildeo com
as estruturas edificadas conformando e sendo conformadas pelos espaccedilos livres O modo
como cada um desses elementos morfoloacutegicos se organizou e conforma o tecido da cidade
pode ser entendido como um objeto de estudo da morfologia urbana
A forma urbana reflete os processos de formaccedilatildeo da cidade os processos sociais que se
consolidam nos tecidos urbanos que levam a sociedade a construir de uma maneira
determinada e caracteriacutestica suas casas escolas comeacutercios induacutestrias etc Segundo
Carvalho (2011) os tecidos urbanos satildeo configurados a partir da homogeneidade dos
seguintes elementos traccedilado da malha viaacuteria padrotildees de uso (residencial comercial de
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serviccedilos e industrial) padratildeo edificado (padratildeo arquitetocircnico e do gabarito) e suporte fiacutesico
(topografia vegetaccedilatildeo e hidrografia
De acordo com Moudon (1997) os morfologistas atentam para os resultados tangiacuteveis de
questotildees sociais econocircmicas poliacuteticas ou seja estudam a manifestaccedilatildeo de ideias e
intenccedilotildees agrave medida que elas tomam forma no chatildeo e moldam as cidades O estudo
morfoloacutegico das cidades pode ser dividido em escolas de pensamento dentre elas a escola
italiana a escola francesa e a escola inglesa as quais analisaremos sinteticamente
observando suas principais caracteriacutesticas metodoloacutegicas bases bibliograacuteficas e formas de
pensamento
A escola italiana conforme Mondon (1997) tem seu iniacutecio nos estudos do arquiteto Saverio
Muratori (1910 ndash 1973) e de Gianfranco Caniggia (1933 ndash 1987) na deacutecada de 1940 Segundo
Rosaneli (2011) essa escola de pensamento possui como principal distintivo a preocupaccedilatildeo
com o destino das cidades histoacutericas italianas sobretudo devido aos efeitos das intervenccedilotildees
modernistas Essa escola apresenta uma maior preocupaccedilatildeo com o estudo tipoloacutegico das
edificaccedilotildees (fachadas estilos arquitetocircnicos gabarito) e de suas transformaccedilotildees ao longo do
tempo
A escola francesa apresenta ecircnfase na reflexatildeo geograacutefica e historiograacutefica sobre as cidades e
possui a contribuiccedilatildeo do socioacutelogo Henri Lefebvre (1901 ndash 1991) Assim como a escola italiana
a escola francesa se opotildee aos efeitos das intervenccedilotildees modernistas Rosaneli (2011) propotildee
uma reforma educacional no campo dos estudos urbanos e busca consolidar uma nova
ldquodisciplinardquo com duplo objetivo primeiro uma pesquisa descritiva multidisciplinar do espaccedilo
construiacutedo a fim de reconhecer ingredientes de um bom desenho e segundo a identificaccedilatildeo
e criacutetica de modelos teoacutericos de desenho urbano
A escola inglesa eacute fundamentada nos estudos do geoacutegrafo alematildeo Conzen (1907 ndash 2000) e
inicia-se na deacutecada de 1960 De acordo com Moudon (1994) a escola inglesa possui uma
anaacutelise morfoloacutegica descritiva analiacutetica e explanatoacuteria concentra-se no estudo da forma
urbana e apresenta o mais completo detalhado e sistemaacutetico meacutetodo tipo morfoloacutegico das
trecircs escolas
Conzen fundamenta-se na aplicabilidade da leitura dos planos urbanos (ldquotown-plansrdquo) para o
entendimento da formaccedilatildeo urbana De acordo com Conzen (1960) apud Rosaneli (2011) os
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trecircs fundamentais elementos que compotildee os planos satildeo as ruas que estatildeo arranjadas em um
traccedilado os lotes ou parcelas individuais de terra juntamente com as quadrasquarteirotildees e os
edifiacutecios com seus conjuntos construiacutedos As diversas combinaccedilotildees desses trecircs principais
elementos constituiriam unidades distintas com ldquohomogeneidade morfoloacutegicardquo o que o
autor denominou de tecido urbano (ldquoplan unitrdquo ldquourban fabricrdquo ou ldquotessuto urbanordquo para a
escola italiana)
A morfologia urbana e suas diferentes escolas de pensamento retratam o estudo da forma
urbana e de seus elementos estruturantes dos processos culturais sociais econocircmicos e
poliacuteticos Os estudos morfoloacutegicos que mais se aplicam agrave presente pesquisa satildeo os da escola
inglesa onde desenvolve-se uma anaacutelise descritiva e analiacutetica do processo de urbanizaccedilatildeo
estudando as unidades com ldquohomogeneidade morfoloacutegicasrdquo trabalhadas nessa pesquisa por
meio das Unidades de Paisagem (porccedilotildees territoriais com semelhanccedila de traccedilado e interaccedilatildeo
entre os espaccedilos livres e edificados) e atraveacutes da anaacutelise do Sistema de Espaccedilos Livres uma
organizaccedilatildeo sistecircmica dos espaccedilos livres das diversas Unidades de Paisagem presentes em
uma aacuterea definida
Para o entendimento da configuraccedilatildeo do Sistema de Espaccedilos Livres Patense e de suas
Unidades de Paisagem partimos do estudo do processo de urbanizaccedilatildeo de Patos de Minas
observando as caracteriacutesticas morfoloacutegicas histoacutericas culturais e da paisagem urbana
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13 FORMACcedilAtildeO E TRANSFORMACcedilAtildeO DA
MALHA URBANA PATENSE
Figura 4 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Patos de Minas e apresentaccedilatildeo da forma urbana da cidade Elaborado pela autora segundo fonte Mapas da Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2006 e 2015
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Patos de Minas eacute uma cidade meacutedia2 da regiatildeo intermediaacuteria agrave Mesorregiatildeo do Triacircngulo
Mineiro e Alto Paranaiacuteba Considerada poacutelo econocircmico regional a maior cidade da
microrregiatildeo do Alto Paranaiacuteba que eacute composta por 10 municiacutepios O municiacutepio de Patos de
Minas eacute formado por sete distritos o distrito sede eacute a cidade de Patos de Minas e os outros
satildeo Bom Sucesso Chumbo Major Porto Pilar Pindaiacutebas e Santana de Patos (identificados na
Figura 4)
Segundo o IBGE (2010) o municiacutepio de Patos de Minas possui aacuterea de 3189771Kmsup2
densidade demograacutefica de 4349 habkmsup2 e populaccedilatildeo de aproximadamente 147614
habitantes (populaccedilatildeo estimada em 2014)
Patos de Minas situa-se no Planalto Central Minas GeraisGoiaacutes com altitudes meacutedias de 800
a 900 metros Localiza-se entre duas grandes bacias hidrograacuteficas brasileiras a do Satildeo
Francisco e a do Paranaacute Sua localizaccedilatildeo estrateacutegica permite a ligaccedilatildeo da cidade a centros
comerciais como Uberlacircndia Belo Horizonte Brasiacutelia e Satildeo Paulo facilitando o intercacircmbio
comercial e o desenvolvimento econocircmico
De acordo com o IBGE (2012) o PIB (Produto Interno Bruto) do municiacutepio tem sua economia
baseada principalmente no setor de serviccedilos seguido do setor industrial e da agricultura
conforme Tabela 1
2 A dissertaccedilatildeo adota a conceituaccedilatildeo de cidades meacutedias desenvolvida por Amorim Filho e Serra (2001) cidade que ocupam uma posiccedilatildeo estrateacutegica na hierarquia urbana oferecendo suporte agraves cidades pequenas conforme a funccedilatildeo que desempenham e estabelecendo ligaccedilotildees com as cidades maiores intermediando as relaccedilotildees entre estes dois niacuteveis urbanos De acordo com os autores essas cidades satildeo espaccedilos de relaccedilotildees e natildeo de polarizaccedilatildeo ou dominaccedilatildeo satildeo cidades natildeo tatildeo pequenas a ponto de limitar as possibilidades de crescimento econocircmico e intelectual de seus habitantes e nem tatildeo grandes a ponto de onerar ndash e ateacute pocircr em risco ndash a vida da maioria de seus moradores
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Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas - 2012
Impostos sobre produtos liacutequidos de subsiacutedios a preccedilos correntes
248946 mil reais
PIB a preccedilos correntes 2495732 mil reais
PIB per capita a preccedilos correntes 1770650 mil reais
Valor adicionado bruto da agropecuaacuteria a preccedilos correntes 255908 mil reais
Valor adicionado bruto da induacutestria a preccedilos correntes 432152 mil reais
Valor adicionado bruto dos serviccedilos a preccedilos correntes 1558725 mil reais
Tabela 1 Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas-2012 Fonte IBGE 2012 em parceria com os Oacutergatildeos Estaduais de Estatiacutestica Secretarias Estaduais de
Governo e Superintendecircncia da Zona Franca de Manaus ndash SUFRAMA Disponiacutevel em
httpwwwcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=314800ampidtema=134ampsearch=mina
s-gerais|patos-de-minas|produto-interno-bruto-dos-municipios-2012 Acesso em dezembro de 2014
Entretanto observa-se que entre os setores o que mais exerce influecircncia cultural no
municiacutepio e na dinacircmica urbana eacute a agricultura somada a pecuaacuteria e ao agronegoacutecio
caracterizando as festas locais as manifestaccedilotildees culturais as formas de apropriaccedilatildeo da
paisagem as tipologias predominantes de espaccedilos livres e a histoacuteria de ocupaccedilatildeo do
municiacutepio Na agroinduacutestria destaca-se a produccedilatildeo de leite e derivados sementes e adubos
defensivos agriacutecolas carne suiacutena e derivados e alimentos enlatados A agricultura sempre
caracterizou a economia e a cultura local os produtos que se destacam satildeo o arroz soja
feijatildeo cafeacute maracujaacute tomate horticultura e o milho siacutembolo da festa regional a Festa
Nacional do Milho A pecuaacuteria possui significativa importacircncia econocircmica para o municiacutepio a
regiatildeo faz parte de uma das maiores bacias leiteiras do paiacutes Patos de Minas tambeacutem eacute
considerada poacutelo nacional de geneacutetica suiacutena detendo 70 da tecnologia nacional em
melhoramentos suiacutenos
Para analisarmos como se formou a cidade de Patos de Minas apresentaremos seus periacuteodos
urbanos em cinco partes a primeira retrata o iniacutecio do povoado ateacute 1930 depois de 1940 a
deacutecada de 1960 em seguida de 1970 ateacute a deacutecada 1980 e por fim o periacuteodo que vai de 1990
ateacute o ano de 2015 buscando assim retratar o crescimento urbano os principais
acontecimentos histoacutericos e a incorporaccedilatildeo dos elementos da paisagem
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131
DO INIacuteCIO DO POVOADO ATEacute A DEacuteCADA DE 1930
BORGES X MACIEacuteIS
O processo de colonizaccedilatildeo da
regiatildeo ocupada hoje pelo
municiacutepio de Patos de Minas
teve iniacutecio provavelmente na
segunda metade do seacuteculo XVIII
antes mesmo da descoberta do
ouro no estado de Minas Gerais
com as bandeiras rumo agraves terras
de Paracatu A cidade de Patos
de Minas surgiu na segunda
deacutecada do seacuteculo XIX em torno
da Lagoa dos Patos (delimitada
na Figura 5) onde segundo as
descriccedilotildees histoacutericas existia uma
enorme quantidade de patos
silvestres
Figura 5 Crescimento Urbano de Patos de Minas ateacute o iacutenicio do seacuteculo XIX Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas Disponiveacutel em
httpwwwpatosdeminasmggovbrgaleriahistoricaspagesimage16php Acesso em maio de
2014 Elaborado pela autora
Segundo Oliveira Mello (1971) o povoado que deu origem a cidade de Patos de Minas se
iniciou em 1826 com a doaccedilatildeo do terreno por Antocircnio Joaquim da Silva Guerra e sua esposa
Luzia Correcirca de Andrade para a construccedilatildeo da capela de Santo Antocircnio situada hoje na atual
Praccedila Dom Eduardo proacutexima agrave Lagoa dos Patos na Avenida Liberdade atualmente conhecida
como Avenida Getuacutelio Vargas A partir de entatildeo diversas famiacutelias se instalaram no entorno da
capela originando o Arraial de Santo Antocircnio da Beira do Paranaiacuteba Em 1866 foi criada a Vila
de Santo Antocircnio dos Patos e em 1892 o presidente do Estado de Minas Gerais elevou a vila
agrave categoria de cidade de Patos de Minas
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Figura 6 Iniacutecio da ocupaccedilatildeo da cidade de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fontes
Prefeitura Municipal de Patos de Minas e MuP- Museu da Cidade de Patos de Minas
A Praccedila Dom Eduardo estaacute no centro do nuacutecleo original de povoamento ilustrado pela Figura
6 e representa a divisatildeo de influecircncia entre as duas famiacutelias da elite local que atuaram na
construccedilatildeo da paisagem urbana e na histoacuteria da cidade de Patos de Minas os Borges
catoacutelicos e monarquistas e os Dias Macieacuteis protestantes e republicanos
Ao norte da Praccedila Dom Eduardo encontam-se os Borges e seus parentes os Caixeta e os
Queiroz de acordo com Silva (2011) deste lado da cidade a paisagem se desenha por ruas
estreitas e curvas as quais conduzem a travessas e becos nitidamente ldquosemeadosrdquo agrave moda
lusitana de povoar Ao mesmo tempo os edifiacutecios mais antigos e caracteriacutesticos da aacuterea satildeo
todos em estilo colonial com altas janelas e portas retangulares Satildeo exemplos a antiga Casa
de Cacircmara e Cadeia localizada hoje na Praccedila Juquinha Caixeta (Figura 7) e os casarotildees do Dr
Joatildeo Borges e do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz a rua e a casa de Deiroacute Borges a Rua do
Tenente Bino o Beco da Zeacutelia a Praccedila da Dona Genoveva (Figura 8) a Rua do Alfredo Borges
a Praccedila Chiquinho Caixeta a Rua Dr Joseacute Oliacutempio Borges a Praccedila Dom Eduardo E ainda a
Travessa dos Queiroz onde se manteacutem de peacute a casa do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz
palco de criaccedilatildeo do partido de oposiccedilatildeo oficial aos ldquoMacieacuteisrdquo
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Figura 7 Casa de Cacircmara e Cadeia (o mais antigo edifiacutecio puacuteblico de Patos de Minas inaugurado em 1912 como Cacircmara Municipal Foacuterum e no reacutes-do-chatildeo a Cadeia Puacuteblica) e Praccedila Juquinha Caixeta Foto Acervo pessoal 2015 Figura 8 Rua Deiroacute Borges ao fundo Praccedila Dona Genoveva Foto Acervo pessoal 2015
Figura 9 Escola Estadual Marcolino de Barros Foto Fotoacutegrafo desconhecido 2008 Disponiacutevel em
httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=614809 Acesso em maio de 2014
Figura 10 Escola Estadual Antocircnio Dias Maciel Foto Acervo pessoal 2015
Ao sul da Praccedila Dom Eduardo em frente agrave Catedral de Santo Antocircnio estatildeo os Macieacuteis e seus
parentes os Santana Pacheco Barros Magalhatildees e Ferreira da Silva Segundo Silva (2011) os
Macieacuteis estatildeo ligados agrave modernizaccedilatildeo e agrave reordenaccedilatildeo urbana da cidade entre suas marcas
na paisagem estatildeo a Escola Estadual Marcolino de Barros(Figura 09) a Escola Estadual
Antocircnio Dias Maciel(Figura 10) a Rua Olegaacuterio Maciel a Casa de Olegaacuterio Maciel a Casa do
Dr Itagyba a Rua Farnese Maciel o Palacete de Amadeu Maciel a Rua Major Gote (apelido
de Sesoacutestris Dias Maciel) o Hospital Regional Antocircnio Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur
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Thomaz de Magalhatildees o Coreto Arthur Thomaz de Magalhatildees a Rua Joseacute de Santana a Praccedila
Antocircnio Dias a Rua Major Jerocircnimo [Dias Maciel] e a Praccedila Santana
Olegaacuterio Maciel figura poliacutetica representativa da regiatildeo alternou entre os cargos de
Deputado Federal e Agente Executivo de Municiacutepio no final do seacuteculo XIX ateacute chegar agrave
Presidecircncia do Estado de Minas Gerais nos anos de 1930 Segundo Borges (2008) esse
processo poliacutetico influenciou o desenvolvimento fiacutesico-territorial da cidade atraindo
investimentos do Governo do Estado para a construccedilatildeo das escolas do foacuterum e do Hospital
Regional
No fim do seacuteculo XIX em 1883 o entatildeo Agente do Executivo Olegaacuterio Dias Maciel3 ordenou
a criaccedilatildeo de um plano diretor para ordenar e reorientar o crescimento do povoado para o
sentido sul da Praccedila Dom Eduardo ldquona chapada ou chapadatildeordquo conforme segue na citaccedilatildeo
Seguiu‐se a risca o ldquoPlano Diretorrdquo indicado por Olegaacuterio
Maciel O vereador Eduardo Ferreira de Noronha em 21 de
setembro de 1906 indica que ()auxiliem a Cacircmara a
estudar o local mais conveniente em que se deve construir
o matadouro e respectivo curral oferecendo seu parecer
Hoje distanciados no tempo sabemos que a ldquoChapadardquo
paulatinamente abrigou aleacutem do Matadouro Municipal a
Casa do Coronel Farnese Dias Maciel a Casa de Amadeu
Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur Thomaz de
Magalhatildees o Passeio Puacuteblico a fonte luminosa o Coreto o
Cinema o Paccedilo Municipal o Hospital Antocircnio Dias Maciel o
Grupo Escolar o Foacuterum () Pari Passu tambeacutem foram
transladados outros elementos que se localizavam na
direccedilatildeo para a qual a cidade ia se deslocando a mudanccedila
do cemiteacuterio e da Igreja de Nossa Senhora do Rosaacuterio
(frequentada pelos negros) tambeacutem se constituiu como
marco simboacutelico da nova ordenaccedilatildeo urbana planeada por
Olegaacuterio Maciel (BORGES amp SILVA 2009 p13)
3 Olegaacuterio Dias Maciel era engenheiro formado na Escola Polyteacutecnica do Rio de Janeiro em 1878 compartilhava os ideais positivistas da Repuacuteblica e tambeacutem os ideais da Belle Eacutepoque de higienizaccedilatildeo e de racionalizaccedilatildeo do espaccedilo urbano Soma-se a isso a experiecircncia cultural de Olegaacuterio fora de Patos como deputado federal e senador vivenciou no Rio de Janeiro as reformas urbanas empreendidas por Pereira Passos inspiradas na reforma de Paris sob a batuta do Baratildeo de Haussman Como deputado estadual e depois como presidente do Estado de Minas Gerais vivenciou a experiecircncia de ldquofruirrdquo a cidade de Belo Horizonte construiacuteda racionalmente agrave moda da colonizaccedilatildeo espanhola na Ameacuterica (BORGES amp SILVA 2009)
32 |
Segundo Oliveira (2010) dentre as influecircncias na malha urbana decorrentes do periacuteodo
poliacutetico do iniacutecio do seacuteculo XX destacam-se as intervenccedilotildees na infraestrutura da Avenida
Getuacutelio Vargas definindo a mesma como eixo nobre na cidade o direcionamento o primeiro
vetor de expansatildeo urbana nas direccedilotildees sul e oeste da Av Getuacutelio Vargas
Figura 11 Inundaccedilatildeo ocorrida em 1941 na ponte sobre o Rio Paranaiacuteba Fonte Arquivo do Laboratoacuterio
de Histoacuteria do Unipam Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=3600 Acesso em
dezembro de 2014
Observa-se que a Avenida Getuacutelio Vargas anteriormente denominada como Avenida
Liberdade e depois Avenida Municipal representa o nuacutecleo inicial da cidade e o ponto de
partida dos vetores de ocupaccedilatildeo ateacute a deacutecada de 1930 observa-se que neste periacuteodo as
praccedilas da avenida apresentavam um paisagismo inspirado nos jardins franceses Zama
Maciel4 relata sobre o planejamento de usos e ocupaccedilatildeo dessa aacuterea e a Figura 12 ilustra esse
periacuteodo
4 Zama Maciel foi um patense que exerceu as funccedilotildees de agrimensor professor inspetor de ensino vereador e redator dos jornais locais
Com relaccedilatildeo ao vetor de expansatildeo oeste
observa-se que o mesmo foi impulsionado
pela construccedilatildeo da nova ponte sobre o rio
Paranaiacuteba em aproximadamente 1926
retratada na Figura 11 Segundo
Dannemann (2013) a obra da ponte estava
sob os cuidados da Companhia Nacional de
Cimento Armado SA e ateacute 1970 serviu
como principal acesso agrave sede do municiacutepio
33 |
Avenida Municipal com o seu atual quilocircmetro de extensatildeo foi
destinada agrave habitaccedilatildeo particular devida a sua exagerada
largura e agrave perspectiva que podem oferecer casas pequenas e
de bom gosto fronteando os seus passeios gramados e jardins
floridos que a pequenada destroacutei Nela preacutedios comerciais de
dois trecircs andares tornam-se ridiacuteculos porque natildeo tecircm
magnitude para se imporem agrave largura (repisamos) exagerada
com que os antigos irrefletidamente a construiacuteram Somente
edifiacutecios semelhantes agrave igreja matriz em construccedilatildeo come
cinquenta metros podem nela sobreviverem Pequenos preacutedios
vivendas graciosas de cujas janelas caiam trepadeiras no
conjunto dos jardins e na imensa claridade de nossas tardes
faratildeo dela recanto cobiccedilado agrave moradia Enfeia-la com preacutedios
comerciais de pequeno porte e com casas de diversotildees
barulhentas seraacute obra de mau gosto que se torna necessaacuterio
evitar (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos Patos de
Minas junho de 1937)
Figura 12 Avenida Getuacutelio Vargas parte ao sul da Catedral de Santo Antocircnio deacutecada de 1930 Ao
centro da figura o Palacete Amadeu Maciel Fonte Acervo Documental e de Imagens de Patos de
Minas Local MuP ndash Museu da Cidade de Patos de Minas
A seguir o Mapa 1 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o
ano de 1930 retrata a localizaccedilatildeo da implantaccedilatildeo da cidade proacuteximo a recursos drsquoaacutegua No
mapa estaacute presente a delimitaccedilatildeo do periacutemetro urbano do ano de 2015 que seraacute mantido
como ponto de referecircncia espacial para a malha urbana atual
34 |
35 |
A Figura 13 datada da deacutecada de 1930 eacute uma vista aeacuterea da cidade no qual pode-se
perceber a implantaccedilatildeo e a forma urbana da cidade e os vetores de expansatildeo do iniacutecio do
seacuteculo XX aacuterea retratada pelo Mapa 1 apresentado anteriormente
Figura 13 Vista aeacuterea de Patos de Minas
Fonte Arquivo Daacutecio Pereira da Fonseca Fotografo desconhecido
Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=2650 Acesso em abril de 2014
Observa-se na Figura 13 a presenccedila de espaccedilos livres puacuteblicos dentre eles as Praccedilas da
Avenida Getuacutelio Vargas dos Boiadeiros Antoacutenio Dias Champagnat e Santana os espaccedilos
livres privados o Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo o Patos Tecircnis Clube (PTC) o campo de futebol
da Uniatildeo Recreativa dos Trabalhadores (URT) e o campo de futebol do Clube do Mamoreacute
Segundo Fonseca (1974) desde o final do seacuteculo XIX ateacute 1950 Patos de Minas tentou pleitear
a vinda da estrada de ferro para escoamento da produccedilatildeo agriacutecola da regiatildeo ateacute o Rio de
Janeiro e Satildeo Paulo Segundo Borges e Silva (2009) em 1934 o engenheiro carioca Neacutelson
Rodrigues efetuou o primeiro levantamento planialtimeacutetrico da cidade de Patos de Minas a
princiacutepio esse levantamento objetivava abrigar a estrada de ferro Patos-Catiara Em 1936
provavelmente o proacuteprio Neacutelson Rodrigues concluiu o primeiro Plano Urbano oficial da
cidade apresentado pela Figura 14
LEGENDA 1 ndashMajor Gote e Dr Marcolino 2 ndash Lagoa Grande 3 ndash Campo de Aviaccedilatildeo 4 ndash Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo 5 ndash Rua Dr Marcolino 6 ndash Rua Major Gote 7 ndash Coacuterrego do Monjolo 8 ndash PTC 9 ndash Campo da URT 10 ndash Cemiteacuterio Municipal 11 ndash Rio Paranaiacuteba 12 ndash Av Getuacutelio Vargas 13 ndash Matriz de Santo Antocircnio 14 ndash Rua Tiradentes 15 ndash Cadeia 16 ndash Praccedila dos Boiadeiros 17 ndash Praccedila Antocircnio Dias 18 ndash Av Paracatu 19 ndash Igreja do Rosaacuterio 20 ndash Praccedila Champagnat 21 ndash Rua Major Jerocircnimo 22 ndash Campo do Mamoreacute
23 ndash Praccedila Santana
36 |
Figura 14 Plano Urbano de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fonte Prefeitura
Municipal de Patos de Minas
Destaca-se no plano de crescimento urbano a Rua Major Gote na eacutepoca denominada Rua
Desembargador Frederico Zama Maciel escreve ao jornal local sobre o plano urbano as vias
de caraacuteter comercial da cidade e sobre as intenccedilotildees de um zoneamento de usos para o
crescimento da cidade inspirados no urbanismo norte-americano
37 |
A Prefeitura () mandou organizar a planta da cidade e
traccedilar-lhe as ruas futuras no objetivo de impedir o
crescimento desordenado() Neste trabalho foram
observadas tanto quanto possiacutevel as normas seguidas na
Ameacuterica do Norte onde geralmente as cidades satildeo
traccediladas em xadrez cortando-se as ruas em acircngulo reto
() As ruas comerciais estatildeo determinadas no referido
plano e dentre as atuais destacam-se Desembargador
Frederico e General Osoacuterio A primeira () deveraacute atravessar
a cidade de norte a sul e morreraacute na futura praccedila da
estaccedilatildeo ferroviaacuteria onde atualmente se ergue o barracatildeo
da Companhia do Trigo Seraacute futuramente a mais central da
cidade Eacute de uma boa norma localizar-se o comeacutercio em
determinadas zonas (zoneamento chamam a isto os
urbanistas) bem como as faacutebricas os edifiacutecios puacuteblicos as
escolas (natildeo as primaacuterias que devem ser espalhadas nos
bairros residenciais) devem tambeacutem ter as suas zonas
separadas () (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos
Patos de Minas junho de 1937)
A linha feacuterrea natildeo foi implantada na cidade e o crescimento urbano das deacutecadas seguintes
natildeo se ateve ao planejamento apresentado na deacutecada de 1930
132
DA DEacuteCADA DE 1940 ATEacute A DEacuteCADA DE 1960
AUMENTO POPULACIONAL
Comparando o plano urbaniacutestico apresentado para a cidade no final do seacuteculo XIX com a
expansatildeo da malha urbana observa-se que o crescimento urbano da cidade ocorreu de
forma mais dispersa do que o apresentado no plano O vetor de expansatildeo ao sul manteve
grande parte do planejamento embora apresentando quadras menores A aacuterea antes
ocupada pela Lagoa dos Patos e a aacuterea a nordeste da Lagoa foram as que mais se
distanciaram das ideias do plano urbaniacutestico apresentando uma malha urbana orgacircnica com
a presenccedila de muitas ruas sem saiacuteda
O Mapa 2 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1965 a seguir retrata o crescimento da malha urbana
38 |
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Segundo Magrini (2008) na deacutecada de 1950 houve um surto migratoacuterio e a instalaccedilatildeo de
diversas firmas comerciais Nesse periacuteodo construiu-se o primeiro Terminal Rodoviaacuterio com
verbas municipais e investimentos da iniciativa privada e teve iniacutecio tambeacutem a comemoraccedilatildeo
da Festa Nacional do Milho evento que ateacute hoje expressa as manifestaccedilotildees culturais da
regiatildeo
Figura 15 Patos de
Minas da deacutecada de
1960
Elaborado pela autora segundo fonte Arquivo de Marialda Coury Foto Joatildeo Lucas Ribeiro Borges
Observando o crescimento da malha urbana de Patos de Minas ateacute 1965 (ilustrado pela
Figura 15) pode-se constatar que houve uma grande expansatildeo da mesma entre a deacutecada de
1950 e 1960 Nesse periacuteodo o aumento populacional ocorreu predominantemente na aacuterea
urbana conforme mostra a Tabela 02 a seguir
Periacuteodo
Populaccedilatildeo Total do
Municiacutepio
Populaccedilatildeo Urbana do Municiacutepio
Populaccedilatildeo Rural do
Municiacutepio
1950 45399 12525 32874
1960 72839 32511 40328
1970 76211 44877 31334
1980 86121 63302 22819
1990 102946 87403 15543
2000 123881 111333 12548
2010 138710 127724 10986
2014 147614 - -
Tabela 2 Crescimento Populacional de Patos de Minas Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Magrini 2008 Populaccedilatildeo prevista segundo o IBGE
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Nas deacutecadas seguintes a 1960 como se pode antever pela Tabela 2 o crescimento da zona
rural foi diminuindo gradativamente e a populaccedilatildeo da aacuterea urbana aumentando
impulsionando o crescimento da malha urbana
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DA DEacuteCADA DE 1970 ATEacute A DEacuteCADA DE 1980
Incorporaccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua
Nas deacutecadas de 1960 e 1970 periacuteodo de ditadura Militar segundo Magrini (2010) Patos de
Minas passou por uma estagnaccedilatildeo econocircmica devido agrave emancipaccedilatildeo poliacutetica de dois
importantes Lagoa Formosa e Guimaracircnia no mesmo periacuteodo houve grande deslocamento
de patenses para a nova capital do paiacutes Brasiacutelia em busca de empregos
Justamente na eacutepoca da mudanccedila da capital do paiacutes para
Brasiacutelia Patos de Minas perde caracteriacutestica de centro
rodoviaacuterio e transforma-se no ldquopassa perto de Patosrdquo com
estradas asfaltadas em volta num eixo de 130 km Natildeo se
vinha aqui como antes ateacute que a BR 354 inaugurada em
1972 abolia este malfadado passa perto ressurgindo toda a
movimentaccedilatildeo comercial completada pela BR ndash 365 em
1974 (MELLO 1992 p54)
De 1965 ateacute os anos 1980 Patos de Minas praticamente dobrou a sua aacuterea de ocupaccedilatildeo
decorrente principalmente do processo de ecircxodo rural Segundo Oliveira (2010) os vetores
direcionavam para todos os sentidos sendo apenas o oeste limitado pelo Rio Paranaiacuteba os
cursos drsquoaacutegua menores natildeo foram uma barreira para esta expansatildeo
O Mapa 3 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1980 a seguir retrata o crescimento da malha urbana nesse periacuteodo
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Em 1982 foi iniciada a urbanizaccedilatildeo da Lagoa dos Japoneses a Lagoa Grande (Figura 16 e
Figura 17) com a reduccedilatildeo significativa da aacuterea alagada e a construccedilatildeo do Terminal
Rodoviaacuterio No entorno da lagoa foi criado o Parque Recreativo Dr Itagiba depois renomeado
como Parque Dr Itagiba Augusto Silva o primeiro parque urbano da cidade um dos principais
cartotildees postais da cidade espaccedilo de lazer e contemplaccedilatildeo
Figura 16 Projeto para o
Parque Recreativo Dr
Itagiba a construccedilatildeo ao
lado esquerdo da figura
representa o Terminal
Rodoviaacuterio Fonte Jornal
A Debulha O projeto do
parque Ano VIII nordm178
janeiro de 1988 paacuteg7
Figura 17 Planta do Parque Dr Itagiba Augusto Silva ndash Lagoa Grande Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2014
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Em 1986 foi iniciada a canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo inicialmente uma Avenida
Sanitaacuteria no Coacuterrego do Monjolo (Figura 18) atualmente conhecida como Avenida Faacutetima
Porto as obras terminaram em 1996 Segundo Caixeta amp Vlach (2009) a canalizaccedilatildeo
acarretou inicialmente na ocupaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo do entorno e devido agrave resoluccedilatildeo dos
problemas sanitaacuterios que aiacute existiam
Figura 18 Canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo deacutecada de 1990 Foto Arquivo de Donaldo Amaro Teixeira Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=7568 Acesso em maio de 2015
Com o decorrer dos anos e a instalaccedilatildeo dos bairros no entorno o Coacuterrego do Monjolo passou
a apresentar problemas com enchentes e um forte odor provavelmente a canalizaccedilatildeo do
coacuterrego jaacute natildeo suportava mais o volume de aacutegua pluvial dos bairros aleacutem da presenccedila de
esgotos clandestinos Tais problemas geraram novos projetos de canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do
Monjolo nas deacutecadas seguintes
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134
DA DEacuteCADA DE 1990 ATEacute OS DIAS ATUAIS
A FORMA URBANA ATUAL
No final da deacutecada de 1980 houve a descoberta da uma jazida de Fosfato Sedimentar na
localidade da Rocinha (aacuterea rural) o que impulsionou a instalaccedilatildeo de induacutestrias voltadas para
o agronegoacutecio iniciado pelas Sementes Agroceres SA (especialista tambeacutem em geneacutetica
suiacutena) Nesse periacuteodo ocorreu ainda um maior desenvolvimento teacutecnico da agricultura por
meio da irrigaccedilatildeo e do cultivo de novos cereais
Os reflexos do desenvolvimento comercial e industrial da regiatildeo foram notados na
implantaccedilatildeo de induacutestrias de confecccedilotildees agroinduacutestrias e na instalaccedilatildeo da multinacional Cica
que impulsionou o cultivo de milho ervilha e tomate5
A implementaccedilatildeo de induacutestrias somadas agraves pressotildees poliacuteticas acarretou na instalaccedilatildeo de um
distrito industrial na porsatildeo sul e oeste da cidade expandindo o periacutemetro urbano para aleacutem
das margens do Rio Paranaiacuteba A criaccedilatildeo do distrito industrial influenciou a ocupaccedilatildeo ao longo
da Avenida Presidente Juscelino Kubitschek construiacuteda nos anos 1970 para ligaccedilatildeo do nuacutecleo
urbano agraves rodovias BR-354 e BR-365 comportando-se entatildeo como principal acesso da
cidade
O Mapa 4 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o ano de
2015 a seguir apresenta a forma urbana atual da cidade
5 A multinacional Cica permaneceu na cidade ateacute 2001 depois se deslocou para o Estado de Goiaacutes quando perdeu parte dos incentivos fiscais oferecidos pela cidade
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Na deacutecada de 1990 a expansatildeo da malha urbana ultrapassou as aacutereas de algumas reservas
ambientais que se transformaram nos principais parques urbanos da cidade o Parque
Municipal do Mocambo (Figura 19) em 1990 e o Parque Municipal Joatildeo Luiz Redondo (Figura
20) em 1994 ambos localizados em aacutereas de lagoas
Figura 19 Parque Municipal do
Mocambo 1992 Fonte Arquivo
de Donaldo Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecadepatoscombr
p=8437 Acesso em marccedilo de
2015
Figura 20 Parque
Municipal Joatildeo Luiz
Redondo (Lagoinha)
deacutecada de 1990 Fonte
Arquivo de Donaldo
Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecade
patoscombrp=75
54 Acesso em marccedilo
de 2015
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Foi criado tambeacutem na deacutecada de 1990 na Lei Municipal nordm 2872 de 03 de outubro de 1991
o Parque Mirante do Alto da Colina (ainda natildeo implantado) e a Lei Municipal nordm 2871 de 03
de outubro de 1991 declara a aacuterea denominada Lagoa e Bosque do ldquoPATAtildeOrdquo de preservaccedilatildeo
permanente onde desde entatildeo se cogita a implantaccedilatildeo de um parque urbano
Figura 21 Rua Mirico Caixeta ao fundo a Mata do Catingeuiro Evidenciando a falta de conexatildeo da
mata com o entorno Foto Acervo pessoal 2015
Figura 22 Rua 0 e o desmatamento na Mata do Catingeiro Foto Acervo
pessoal 2015
Em 2014 foi aprovada a criaccedilatildeo do Parque
de Preservaccedilatildeo Mata do Catingueiro uma
tentativa de proteger os restigios da mata
localizado no setor leste aacuterea que
recentemente recebeu muitos loteamentos
que foram implantados sem se estabelecer
uma aacuterea de transiccedilatildeo ou de integraccedilatildeo da
mata com a malha urbana sem passeios
ciclovias praccedilas ou parques conforme
ilustrado na Figura 21 A mata do
Catingueiro tem sido um constante alvo de
queimadas e desmatamento a Figura 22
mostra os vestiacutegios da mata
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Figura 23 Programa MCMV- Jardim Quebec II com 437unidades localizado na porccedilatildeo noroeste da
cidade ao fundo da figura a mata ciliar do Rio Paranaiacuteba e plantaccedilotildees de cafeacute Foto Sacircmara C P Lima
2014
Na deacutecada de 2010 ocorreu a expansatildeo do periacutemetro urbano no sentindo norte pela primeira
vez para aleacutem do Coacuterrego do Limoeiro devido agrave instalaccedilatildeo de um campus da Universidade
Federal de Uberlacircndia na aacuterea Observa-se na Figura 23 que a aacuterea do extremo noroeste da
cidade estaacute em processo de expansatildeo da malha urbana e apresenta construccedilotildees habitacionais
do Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) na cidade
Notamos diversas transformaccedilotildees na malha urbana de Patos de Minas ao longo das deacutecadas
desde a implantaccedilatildeo do nuacutecleo urbano aos desdobramentos econocircmicos poliacuteticos e sociais
que direcionaram o crescimento da cidade e a transformaccedilatildeo da paisagem
O tecido urbano e o crescimento das cidades brasileiras como eacute o caso de Patos de Minas se
daacute pela conformaccedilatildeo do sistema viaacuterio pelos padrotildees de parcelamento do solo por
edificaccedilotildees e pelos espaccedilos livres Patos possui uma relaccedilatildeo cultural e econocircmica muito forte
com a zona rural A linha de transiccedilatildeo entre o urbano e o rural eacute muito tecircnue principalmente
nas aacutereas de borda urbana Nesses bairros de periferia ou de limite da mancha urbana a
cidade termina no outro lado da rua depois de uma cerca de arame sem nenhum espaccedilo de
transiccedilatildeo o outro lado da cerca se configura como um espaccedilo livre com muitas
potencialidades de uso e conflitos
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Figura 24 Paisagem urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora
Em Patos de Minas a paisagem urbana eacute emoldurada por serras cobertas por diferentes
plantaccedilotildees (Figura 24) a cidade termina onde o Rio Paranaiacuteba passa ou a cidade termina
onde comeccedilam os fundos de vale Ora cidade ora zona rural A paisagem tambeacutem eacute marcada
pela Catedral um contraste no meio do aglomerado urbano em uma zona em processo de
verticalizaccedilatildeo onde a Catedral se esconde e se revela A Catedral marca o iniacutecio da ocupaccedilatildeo
da regiatildeo em uma aacuterea de chapada na beira da lagoa hoje a chapada foi praticamente toda
ocupada e os bairros das bordas urbanas ocupam as aacutereas mais elevadas da cidade Do alto
desses bairros da borda eacute possiacutevel ver as lagoas e os coacuterregos pressentes na cidade espaccedilos
que se configuram como parques praccedilas e chaacutecaras espaccedilos livres de edificaccedilatildeo que
ressaltam a identidade da cidade e a paisagem urbana
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21 ESPACcedilOS LIVRES
ESPACcedilOS ABERTOS AacuteREAS VERDES
O conceito de espaccedilo livre de edificaccedilatildeo eacute amplo e complexo Para Nucci (2001) os espaccedilos
livres fazem parte de um grande grupo paisagiacutestico urbano que pode ser subdividido em
vaacuterias categorias dependendo do seu uso e funccedilatildeo sendo entatildeo um termo bastante
abrangente que agrega todos os outros conceitos similares como espaccedilos abertos aacutereas
verdes aacutereas livres sistemas de aacutereas de lazer cobertura vegetal entre outros
Segundo Queiroga (2006) Miranda Magnoli em sua tese de livre-docecircncia6 buscou afirmar o
espaccedilo livre como o objeto do paisagismo indo aleacutem do jardim do projeto com vegetaccedilatildeo
e da escala urbana Nesse sentido definiu espaccedilo livre como espaccedilo livre de edificaccedilotildees todo
espaccedilo descoberto urbano ou natildeo vegetado ou natildeo puacuteblico ou privado De acordo com a
autora para a anaacutelise de um dado recorte escalar propotildee-se que o estudo dos espaccedilos livres
deva ir aleacutem dos espaccedilos vegetados e dos espaccedilos puacuteblicos envolvendo todos os espaccedilos
livres do referido recorte Ou seja para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na cidade
eacute preciso ir aleacutem da anaacutelise dos espaccedilos puacuteblicos ou dos vegetados eacute preciso identificar todas
as aacutereas natildeo construiacutedas na cidade os espaccedilos privados intra-lote os lotes e glebas ociosas
as ruas os passeios etc
Os espaccedilos livres satildeo um dos principais estruturadores da forma urbana e um dos principais
elementos caracterizadores da paisagem urbana Segundo Magnoli (1982) os espaccedilos livres
satildeo os ambientes natildeo edificados da cidade as ruas avenidas praccedilas parques quintais
jardins rios matas mangues praias urbanas ou simples vazios urbanos
Quando adotamos o termo aacutereas verdes ou aacutereas verdes urbanas nos referimos a um
subsistema dentro do Sistema de Espaccedilos Livres que engloba principalmente as aacutereas de
preservaccedilatildeo permanente (APPrsquos) reservas legais (RL) e a arborizaccedilatildeo urbana Segundo
6 MAGNOLI Miranda Espaccedilos livres e urbanizaccedilatildeo uma introduccedilatildeo a aspectos da paisagem metropolitana 1982 116 p Tese (Livre-docecircncia em Arquitetura e Urbanismo) ndash Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1982
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Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilo livre eacute adotado se sobrepondo contendo e
ampliando o conceito usual de aacutereas verdes termo que tem como base a necessidade de
espaccedilos livres dotados de vegetaccedilatildeo De acordo com o autor o termo aacutereas verdes eacute
reducionista desconsidera as caracteriacutesticas fundamentais do espaccedilo urbano como a
complexidade e diversidade das formas de apropriaccedilatildeo e apreensatildeo social e o fato real da
impossibilidade fiacutesica e mesmo da inconveniecircncia da existecircncia de vegetaccedilatildeo em
determinados espaccedilos livres
De acordo com Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilos livres natildeo desconsidera o papel
da vegetaccedilatildeo nas cidades brasileiras como elemento facilitador da drenagem urbana criador
de microclimas mais agradaacuteveis contribuindo para a manutenccedilatildeo da diversidade animal e
vegetal e ainda como fator de embelezamento urbano mas natildeo desconsidera a importacircncia
dos espaccedilos natildeo vegetados para inuacutemeras praacuteticas de relevacircncia cultural das feiras agraves festas
populares das manifestaccedilotildees poliacuteticas agrave valorizaccedilatildeo de determinadas paisagens e
patrimocircnios culturais
Entretanto apesar dos crescentes avanccedilos nas discussotildees sobre os espaccedilos livres muitos
autores planos diretores planos de uso e ocupaccedilatildeo ainda natildeo compreenderam o termo
como em Patos de Minas onde adota-se o termo aacutereas verdes nas leis municipais e plano
diretor Na Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo de Patos de Minas (2008) as aacutereas verdes satildeo
descritas como porccedilotildees situadas na Macrozona Urbana destinadas a oferecer espaccedilos
puacuteblicos adequados e qualificados agraves atividades de recreaccedilatildeo lazer e turismo da populaccedilatildeo
de forma a conciliar a proteccedilatildeo dos bens naturais e culturais As cidades precisam de reservas
de aacutereas verdes e de espaccedilos livres de qualidade para praacutetica de atividades culturais de lazer
e contemplaccedilatildeo Observa-se que na lei municipal de Patos de Minas existe uma sobreposiccedilatildeo
entre a funccedilatildeo das reservas de aacutereas verdes e dos espaccedilos de praacuteticas socias sobreposiccedilatildeo
essa presente no conceito dos espaccedilos livres
A implantaccedilatildeo dos espaccedilos livres puacuteblicos depende de uma gestatildeo adequada e integrada dos
recursos com uma fiscalizaccedilatildeo efetiva o que implica no desenvolvimento de poliacuteticas
puacuteblicas permanentes que viabilizem as intervenccedilotildees e necessidades dos espaccedilos livres
Segundo Loboda amp Angelis (2012) o planejamento das aacutereas verdes (puacuteblicas) urbanas parte
de uma definiccedilatildeo de recursos que eacute residual as necessidades satildeo amenizados com recursos
que sobram de outras atividades consideradas como mais prioritaacuterias e que geralmente
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incluem-se nesse acircmbito aquelas de cunho estrateacutegico poliacutetico e econocircmico O autor cita um
problema frequente em diversas cidades brasileiras a falta de recursos destinados aos
espaccedilos puacuteblicos e dentre eles as aacutereas verdes urbanas um dos principais espaccedilos livres das
cidades
De acordo com Magnoli (1982) a localizaccedilatildeo acessibilidade e distribuiccedilatildeo dos espaccedilos livres
formam um complexo sistema de conexotildees com muacuteltiplos papeacuteis urbanos atividades do oacutecio
circulaccedilatildeo urbana conforto conservaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo ambiental drenagem urbana
imaginaacuterio e memoacuteria urbana lazer e recreaccedilatildeo dentre outros Todas essas funccedilotildees
exercidas no ambiente urbano pelos espaccedilos livres assim como a localizaccedilatildeo acessibilidade
distribuiccedilatildeo tipos de usos e configuraccedilatildeo espacial estatildeo organizadas de maneira sistecircmica na
cidade formando o Sistema de Espaccedilos Livres
22 O PENSAMENTO SISTEcircMICO
As cidades independentemente da sua localidade histoacuteria e configuraccedilatildeo satildeo formadas de
modo geral por espaccedilos livres e espaccedilos edificados duas categorias espaciais estruturantes
da forma urbana A configuraccedilatildeo dos espaccedilos livres eacute variaacutevel nas cidades brasileiras por
diversas questotildees como caracteriacutesticas territoriais bioma configuraccedilatildeo paisagiacutestica pela
existecircncia ou ausecircncia de planos urbanos e principalmente pelos processos de urbanizaccedilatildeo e
de transformaccedilatildeo da paisagem
A cidade eacute um conjunto de elementos sistemas e funccedilotildees e os espaccedilos livres formam um dos
principais sistemas capaz de estruturar toda a configuraccedilatildeo urbana De acordo com Tardin
(2010) e DrsquoAgostini amp Cunha (2007) sistema eacute um conjunto de elementos passiacutevel de
estabelecer inter-relaccedilotildees fiacutesicas funcionais estruturais morfoloacutegicas e relativas agrave vivecircncia
da paisagem abertas e intricadas entre si com seu entorno e com as pessoas que o
vivenciam
De acordo com Morin (2008) apud Queiroga (2014) o conceito de sistema implica natildeo
somente elementos inter-relacionaacuteveis mas tais relaccedilotildees constituem uma organizaccedilatildeo e uma
estrutura relativamente estaacutevel que caracteriza o sistema como um todo A organizaccedilatildeo
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sistecircmica por sua vez conteacutem as relaccedilotildees que definem o sistema e que o transformam
alterando sua estrutura possibilitando sua permanecircncia e contendo a possibilidade concreta
de sua dissoluccedilatildeo Para o autor o termo exprime multiplicidade totalidade diversidade
organizaccedilatildeo e complexidade
A noccedilatildeo de sistema auxilia o estudo dos espaccedilos livres urbanos e o entendimento das suas
relaccedilotildees de interdependecircncia complementaridade e hierarquia Segundo Schlee et al
(2009) considerando-se a paisagem como um macrossistema complexo formado de
subsistemas os espaccedilos livres urbanos constituem um dos seus subsistemas inter-
relacionados com outros subsistemas urbanos e rurais e que podem se justapor ao Sistema
de Espaccedilos Livres ou se sobrepor total ou parcialmente enquanto sistemas de accedilotildees
[] entende-se como sistemas de espaccedilos livres (SEL)
urbanos os elementos e as relaccedilotildees que organizam e
estruturam o conjunto de todos os espaccedilos livres de um
determinado recorte urbano independentemente de sua
dimensatildeo qualificaccedilatildeo esteacutetica funcional e de sua
localizaccedilatildeo e propriedade sejam eles puacuteblicos ou privados
[] toda cidade possui um sistema de espaccedilos livres que eacute
produzido durante seu processo de formaccedilatildeo tanto pelo
Poder Puacuteblico como pela iniciativa privada (MACEDO 2010
p 3 e 4)
O autor afirma que todas as cidades independente do seu porte de suas caracteriacutesticas
culturais e histoacutericas possuem um Sistema de Espaccedilos Livres Essa afirmaccedilatildeo incita diversas
questotildees que conduziram esta pesquisa pontos voltados ao objeto de estudo a cidade de
Patos de Minas uma cidade meacutedia
O SEL DE UMA MEGAacuteLOPOLE OU METROacutePOLE Eacute
DIFERENTE DO SEL DE UMA PEQUENA CIDADE OU DE
UMA CIDADE MEacuteDIA
O MESMO TIPO DE ANAacuteLISE QUE SE APLICA PARA O
ENTENDIMENTO DO SEL DE UMA CIDADE DE GRANDE
PORTE PODE SER APLICADO PARA UMA CIDADE DE
MEacuteDIO PORTE
EXISTEM TIPOS DE ESPACcedilOS LIVRES FUNCcedilOtildeES OU
RELACcedilOtildeES QUE CARACTERIZAM O SISTEMA DE ESPACcedilOS
LIVRES DE UMA CIDADE MEacuteDIA
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23 OS ESPACcedilOS LIVRES NAS
CIDADES MEacuteDIAS
O espaccedilo livre eacute parte estruturante da forma urbana ele se configura em diferentes
categorias tipologias e caracteriacutesticas no meio urbano principalmente pela introduccedilatildeo ao
longo da histoacuteria de diferentes padrotildees urbaniacutesticos nas cidades O processo de urbanizaccedilatildeo
das cidades eacute uma soma e por vezes ateacute uma sobreposiccedilatildeo de padrotildees morfoloacutegicos esses
traccedilados geram diferentes paisagens com diferentes tipos de espaccedilos livres Incorporando ao
sistema um rico mosaico espacial formado por diferentes porcentagens de espaccedilos livres
intra lote caracteriacutesticos de traccedilados distintos por diferentes tipos de praccedilas aacutereas de
preservaccedilatildeo parques ruas e avenidas Aacutereas essas que apresentam diversos conflitos e
possuem um intenso potencial de transformaccedilatildeo
Segundo Macedo et al (2012) as cidades brasileiras possuem padrotildees morfoloacutegicas
semelhantes isso fica evidente na repeticcedilatildeo dos tipos de traccedilado (ortogonais orgacircnicos
radiais) e nos padrotildees de mancha urbana (linear tentacular compacta mista) O que confere
a especifidade das diversas cidades eacute a forma como elas estatildeo inseridas em seu contexto
territorial os arranjos espaciais seus padrotildees culturais socioeconocircmicos a legislaccedilatildeo
municipal as tipologias e funccedilotildees dos espaccedilos livres e a paisagem urbana Nas cidades meacutedias
brasileiras a forma como os padrotildees morfoloacutegicos se adequam ao suporte fiacutesico
transformando paisagem a local confere ao Sistema de Espaccedilos Livres diferentes dinacircmicas
espaciais funcionais e tipoloacutegicas
Como dito anteriormente neste trabalho a proposta natildeo eacute discutir o que determina uma
cidade como de meacutedio porte ou natildeo mas entender essas cidades como centro urbanos em
crescimento onde novos traccedilados e dinacircmicas urbanas satildeo somadas agrave cidade existente
transformando a paisagem local Na atual conjuntura brasileira segundo Tacircngari et al(2009)
apoacutes a deacutecada de 1980 as cidades meacutedias passaram a crescer mais rapidamente em
comparaccedilatildeo com as metroacutepoles um processo de diminuiccedilatildeo do movimento migratoacuterio em
direccedilatildeo agraves megaloacutepoles e o seu direcionamento para as cidades meacutedias que apresentam
grande potencial de crescimento econocircmico e tecircm seus atributos esteacuteticos e econocircmicos
56 |
valorizados atraveacutes da propagaccedilatildeo da ideia de que cidades de meacutedio porte podem apresentar
mais qualidade de vida que as grandes metroacutepoles
As cidades meacutedias reproduzem os padrotildees morfoloacutegicos e culturais vindos do contexto das
grandes cidades e das pequenas cidades ou povoados de seu entorno Um exemplo dessa
influecircncia vinda das grandes cidades satildeo os condomiacutenios fechados propostos inicialmente
pelo mercado imobiliaacuterio como locais de seguranccedila e lazer proacuteximos aos grandes centros
urbanos esse mesmo padratildeo de condomiacutenio fechado eacute aplicado nas cidades meacutedias onde a
criminalidade eacute bem menor e as distacircncias a serem percorridas satildeo mais curtas Um exemplo
da influecircncia vinda das pequenas cidades e povoados proacuteximos satildeo as chaacutecaras pastos e
plantaccedilotildees presentes dentro malha urbana
Patos de Minas eacute um exemplo de cidade meacutedia em crescimento que recebe influecircncias
culturais e de padrotildees morfoloacutegicos uma cidade que possui caracteriacutesticas especiacuteficas de seu
suporte fiacutesico de seu processo histoacuterico e cultura que influenciam diretamente na malha
urbana as tipologias de espaccedilos livres e os tipos de apropriaccedilatildeo desses espaccedilos
Se observarmos em Patos de Minas as caracteriacutesticas da condiccedilatildeo de cidade meacutedia como por
exemplo a localizaccedilatildeo estrateacutegica entre cidades de maior e menor porte Percebemos que a
cidade atrai pessoas do entorno para desfrutar de suas potencialidades econocircmicas e de seus
aparatos de lazer (parques praccedilas locais de exposiccedilatildeo agropecuaacuteria) o que contribui
diretamente para geraccedilatildeo de renda e uso dos espaccedilos A cidade possui uma relaccedilatildeo direta
com cidades de maior porte que servem de escoamento da produccedilatildeo e suprimento de
mercadorias essa relaccedilatildeo de proximidade atrai para cidade eventos e exposiccedilotildees e pode
motivar influecircncias sobre as tipologias de espaccedilos livres gerados (assim como o processo de
globalizaccedilatildeo tambeacutem pode exercer esse papel)
Eacute nesse contexto de crescimento das cidades meacutedias e influecircncias morfoloacutegicas e culturais
que o Sistema de Espaccedilos Livres precisa ser pensado e entendido como uma infraestrutura
baacutesica para o desempenho da vida cotidiana urbana Segundo Souza amp Macedo (2014) o SEL
deve oferecer condiccedilotildees de habitabilidade urbana e para isso eacute necessaacuterio que se estabeleccedila
um diagnoacutestico baseado na existecircncia ou ausecircncia de uma seacuterie de atributos urbanos
necessaacuterios e qualitativos que deveriam orientar accedilotildees poliacuteticas e projetos de maneira a
formar um Sistema de Espaccedilos Livres integrado agrave paisagem local e a demanda da populaccedilatildeo
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O autor afirma que eacute preciso fazer uma leitura da cidade de seus condicionantes conflitos e
potencialidades para entender como se estrutura o SEL suas funccedilotildees e seu potencial de
transformaccedilatildeo e organizaccedilatildeo na cidade
Partimos para anaacutelise da forma urbana patense buscando o entendimento de como as
caracteriacutesticas especiacuteficas do suporte fiacutesico da organizaccedilatildeo espacial da situaccedilatildeo fundiaacuteria e
dos tipos de usos e funccedilotildees exercidas pelos espaccedilos livres estruturam o Sistema de Espaccedilos
Livres de Patos de Minas
24 OS ESPACcedilOS LIVRES NA FORMA URBANA DE
PATOS DE MINAS
Para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na forma urbana de Patos de Minas a
anaacutelise foi dividida em trecircs principais enfoques RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA CONFIGURACcedilAtildeO
ESPACIAL e RELACcedilAtildeO DE USOS DO SOLO A leitura da cidade apresentada por esses trecircs
acircngulos somada ao entendimento de paisagem forma urbana e da formaccedilatildeo e
transformaccedilatildeo da malha urbana patense apresentados no capiacutetulo anterior nos possibilitam
o entendimento do Sistema Espaccedilos Livres de Patos de Minas como um todo com suas
categorias tipoloacutegias e relaccedilotildees sistecircmicas
Os trecircs principais enfoques foram determinados com base nas principais caracteriacutesticas da
cidade nas suas peculiaridades na sua condiccedilatildeo de cidade de meacutedio porte Provavelmente
um outro tipo de cidade com outras caracteriacutesticas de paisagem demandaria outro segmento
de anaacutelise
58 |
241
RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA
ESPACcedilOS LIVRES x SUPORTE ambiental
O principal objetivo desse subcapiacutetulo eacute analisar as caracteriacutesticas do suporte ambiental sobre
o qual a cidade de Patos de Minas foi implantada buscando identificar quais espaccedilos livres
presentes na cidade incorporam esses elementos da paisagem O suporte ambiental eacute parte
da paisagem urbana ele eacute formado por elementos como corpos drsquoaacutegua vegetaccedilatildeo relevo
solos e clima
Estatildeo cada vez mais presentes nos planos diretores e na legislaccedilatildeo ambiental denominaccedilotildees
como reservas florestais puacuteblicas e privadas parques lineares parques ecoloacutegicos unidades
de conservaccedilatildeo aacutereas de proteccedilatildeo permanente (APPrsquos) aleacutem de referecircncias agrave
sustentabilidade e agrave ecologia Essas denominaccedilotildees muitas vezes geram espaccedilos livres
voltados agrave funccedilatildeo de conservaccedilatildeo e proteccedilatildeo ambiental Entretanto os espaccedilos livres
vinculados ao suporte fiacutesico natildeo possuem somente a funccedilatildeo de conservaccedilatildeo ambiental eles
possuem outros papeacuteis no meio urbano como recreaccedilatildeo infraestrutura urbana contribuir
com a drenagem pluvial possibilitar microclimas urbanos mais agradaacuteveis contribuir para
manutenccedilatildeo da biodiversidade e valores esteacuteticos Segundo Queiroga (2012) a
permeabilidade do solo e a cobertura arboacuterea permitem a conservaccedilatildeo de paisagens com
melhor desempenho ambiental mitigando problemas comuns nas aacutereas urbanas a qualidade
da aacutegua e do ar a manutenccedilatildeo da qualidade do solo controle de erosatildeo abastecimento dos
aquiacuteferos e regulaccedilatildeo das enchentes
Os espaccedilos livres vinculados ao suporte ambiental como os corpos drsquoaacutegua e a vegetaccedilatildeo
constantemente satildeo alvo de degradaccedilatildeo ambiental o que ressalta a sua funccedilatildeo ambiental
dentro do sistema Entretanto a mitigaccedilatildeo desses problemas natildeo eacute uma questatildeo pertinente
apenas ao planejamento ambiental das cidades De acordo com Jacobs (2001) as aacutereas livres
puacuteblicas estruturam o espaccedilo urbano satildeo o principal suporte espacial para o encontro e a
vivecircncia urbana Segundo a autora a degradaccedilatildeo do espaccedilo urbano observada pela reduccedilatildeo
de aacutereas puacuteblicas de lazer deficiecircncia na arborizaccedilatildeo urbana excessiva impermeabilizaccedilatildeo do
solo aumento da temperatura e criaccedilatildeo de ilhas de calor danos ambientais diversos
diminuiccedilatildeo da qualidade da ambiecircncia urbana e perda de qualidade de vida constitui um
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problema que extrapola a esfera fiacutesicaespacial constituindo um problema social visto que
desencoraja o uso da rua e dos espaccedilos livres como locais de encontro necessaacuterios para a
manutenccedilatildeo das praacuteticas sociais
Ao longo do processo de urbanizaccedilatildeo das cidades brasileira foram comuns situaccedilotildees em que
aacutereas de reserva natural foram desmatadas para dar lugar a loteamentos coacuterregos foram
canalizados e desapareceram da paisagem urbana ou foram canalizadas a ceacuteu aberto tiveram
sua APP desmatada e impermeabilizada para dar lugar a avenidas e aacutereas construiacutedas como
no caso da Figura 26
Figura 26 Coacuterrego do Monjolo em Patos de Minas canalizado a ceacuteu aberto na deacutecada de 1970 com APP desmatada e grande parte do seu entorno impermeabilizado Agraves margens do coacuterrego a Av Faacutetima Porto Foto Acervo pessoal 2014
Atualmente esse tipo de tratamento de supressatildeo da vegetaccedilatildeo das APPrsquos em aacutereas
urbanizadas eacute cada vez mais incomum7 o que contribui para a conservaccedilatildeo desses recursos
naturais Entretanto gradativamente mais a legislaccedilatildeo ambiental trata a funccedilatildeo ambiental dos
espaccedilos como algo isolado entendendo as APPrsquos como locais onde natildeo podem existir
intervenccedilotildees desconsiderando que esses espaccedilos podem estar vinculados a outras funccedilotildees
como por exemplo recreaccedilatildeo educaccedilatildeo ambiental valorizaccedilatildeo da paisagem De acordo com
7 Os casos excepcionais nos quais eacute permitido a supressatildeo da vegetaccedilatildeo em APP estatildeo definidos pela Resoluccedilatildeo CONAMA 36906
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AGRADECIMENTOS
Agrave Fundaccedilatildeo de Amparo agrave Pesquisa do Estado de Minas Gerais - FAPEMIG pelo financiamento
durante a pesquisa
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico - CNPq pelo
financiamento da pesquisa maior na qual se insere essa dissertaccedilatildeo
Ao Grupo de Pesquisa QUAPAacute-SEL pela base metodoloacutegica e bibliograacutefica E em especial ao
grupo de pesquisa Neurb- Nuacutecleo de Estudos Urbanos pelas discussotildees e trocas de
informaccedilotildees
Ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Arquitetura e Urbanismo - PPGAU (FAUeD UFU)
incluindo todos os professores e principalmente a coordenaccedilatildeo e secretaria pelo empenho
em fazer crescer o curso e por toda assessoria prestada
Agradeccedilo ao Prof Dr Glauco Cocozza pela sabedoria compartilhada pelo tempo dedicado e
principalmente pelo incentivo
Aos professores Dr Eugecircnio Queiroga e Dr Carlos Loboda pelas consideraccedilotildees apontadas no
Exame de Qualificaccedilatildeo imprescindiacuteveis no desenvolvimento dessa pesquisa
Agrave minha matildee ao meu pai e aos meus irmatildeos Flaacutevia Janaina e Fabriacutecio que estiveram ao meu
lado durante todos os dias com paciecircncia incessante me alimentando com amor e forccedila
inestimaacuteveis Amo vocecircs
Ao Mathues namorado noivo e futuro esposo por todo o carinho paciecircncia e atenccedilatildeo
dedicados
Aos meus amigos pelo apoio e carinho
Aos meus colegas de mestrado pela companhia nos dias intensos de estudos e
principalmente por tornarem essa caminhada prazerosa
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RESUMO
A pesquisa analisa a configuraccedilatildeo do Sistema de Espaccedilos Livres na forma urbana de Patos de Minas uma cidade de meacutedio porte no interior do estado de Minas Gerais O espaccedilo livre eacute caracterizado como todo espaccedilo livre de edificaccedilatildeo e eacute um dos principais elementos morfoloacutegicos capazes de contribuir com a conservaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da paisagem estruturar a forma urbana e conferir identidade agraves cidades O espaccedilo livre eacute um dos principais caracterizadores das diferentes paisagens urbanas presentes na cidade A partir do estudo da configuraccedilatildeo ecoloacutegica espacial fundiaacuteria e tipoloacutegica desses espaccedilos busca-se o entendimento de que todos cada um com suas caracteriacutesticas e funccedilotildees estatildeo interligados de maneira sistecircmica estruturando as funccedilotildees ambientais sociais culturais e de paisagem presentes na dinacircmica urbana Essa abordagem permite elaborar uma visatildeo sistecircmica da estrutura urbana na qual se observa natildeo apenas os conjuntos de espaccedilos livres mas tambeacutem suas interaccedilotildees e articulaccedilotildees com o edificado com a sociedade com o suporte fiacutesico e com a forma urbana
Palavras-chave Sistema de Espaccedilos Livres Forma Urbana Unidades de Paisagem Patos de
Minas
ABSTRACT
This research analyzes the configuration of the Open Spaces System in the urban form of Patos de Minas one medium-sized city in the state of Minas Gerais The open space is characterized like everyone open space of edification and is one of the main morphological elements able to contribute to the conservation and enhancement of the landscape organize the urban form and confer identity to the cities The open space is a major characterizer of the different urban landscapes present in the city Starting from the study of ecological setting spatial land ownership and typological of those spaces sought the understanding that everyone each one with its characteristics and functions are interconnected in a systemic way structuring the environmental function social cultural and landscape present in the urban dynamic This approach enables elaborate a systemic view of the urban structure in which it is observed not just the sets of open spaces but also their interactions and articulations with the edified with society with the physical support and with the urban form
Palavras-chave Open Spaces System Urban Form Landscape Units Patos de Minas
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LISTA DE ABREVIATURAS
SIGLAS E SIacuteMBOLOS
AABB Associaccedilatildeo Atleacutetica Banco do Brasil
APA Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental
ARL Aacuterea de Reserva Legal
APP e APPrsquos Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente Aacutereas de Presrvaccedilatildeo Permanente
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
EL Espaccedilo Livre
ETA Estaccedilatildeo de Tratamento de Aacutegua
ETE Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgoto
FAUed Faculdade de Arquitetura Urbanismo e Design
i Inclinaccedilatildeo
SEL-RJ Grupo de Sistema de Espaccedilos Livres- Rio de Janeiro
HIS Habitaccedilatildeo de Interesse Social
MCMV Minha Casa Minha Vida
NEURB Nuacutecleo de Estudos Urbanos
ORT Ortogonal
PTC Patos Tecircnis Clube
Quapaacute-SEL Quadro do Paisagismo Brasileiro ndashSistema de Espaccedilos Livres
CEASA Centro de Abastecimento SA
SEL Sistema de Espaccedilos Livres
UNIPAM Centro Universitaacuterio de Patos de Minas
UP Unidade de Paisagem
URT Uniatildeo Recreativa dos Trabalhadores (um dos times de futebol da cidade)
Unesco Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura
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SUMAacuteRIO
ELEMENTOS PREacute-TEXTUAIS
Dedicatoacuteria 005
Agradecimentos 006
Resumo e Abstract 007
Lista de Abreviaturas e Siglas e Siacutembolos 008
INTRODUCcedilAtildeO 013
Sobre os pensamentos norteadores 013
Sobre o meacutetodo 014
Sobre o decorrer dos capiacutetulos 014
CAPIacuteTULO 1 a paisagem e a forma urbana
018 11 PAISAGENS URBANA CONCEITUACcedilAtildeO
021 12 MORFOLOGIA E FORMA URBANA FORMA URBANA MALHA URBANA TECIDO URBANO
025 13 FORMACcedilAtildeO E TRANSFORMACcedilAtildeO DA MALHA URBANA PATENSE
028 131 DO INIacuteCIO DO POVOADO ATEacute A DEacuteCADA DE 1930 BORGES X MACIEIS
037 132 DA DEacuteCADA DE 1940 ATEacute A DEacuteCADA DE 1960 AUMENTO POPULACIONAL
040 133 DAacute DEacuteCADA DE 1970 ATEacute A DEacuteCADA DE 1980 INCORPORACcedilAtildeO DOS CORPOS DrsquoAacuteGUA
044 134 DA DEacuteCADA DE 1990 ATEacute OS DIAS ATUAIS A FORMA URBANA ATUAL
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CAPIacuteTULO 2 o sistema de espaccedilos livres
051 21 ESPACcedilOS LIVRES ESPACcedilOS ABERTOS AacuteREAS VERDES
053 22 O PENSAMENTO SISTEcircMICO
055 23 ESPACcedilOS LIVRES NAS CIDADE MEacuteDIAS
057 24 OS ESPACcedilOS LIVRES NA FORMA URBANA DE PATOS DE MINAS
058 241 RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA espaccedilos livres x suporte ambiental
065 242 CONFIGURACcedilAtildeO ESPACIAL espaccedilos livres x malha urbana
2421 Configuraccedilotildees da malha urbana
2422 Espaccedilos livres na malha urbana
2423 Tipos de traccedilado
083 243 RELACcedilOtildeES DE USOS DO SOLO espaccedilos livres x uso
2431 Distribuiccedilatildeo fundiaacuteria
2432 Usos do solo
090 25 O SISTEMA DE ESPACcedilOS LIVRES DE PATOS DE MINAS
090 251 TIPOLOGIAS DE ESPACcedilOS LIVRES
092 252 CATEGORIAS DE ESPACcedilOS LIVRES
102 253 RELACcedilOtildeES SISTEcircMICAS DOS ESPACcedilOS LIVRES
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CAPIacuteTULO 3 as unidades de paisagem
109 31 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS
110 32 UNIDADES DE PAISAGEM DE PATOS DE MINAS
113 321 UNIDADE DE PAISAGEM 01
116 322 UNIDADE DE PAISAGEM 02
120 323 UNIDADE DE PAISAGEM 03
123 324 UNIDADE DE PAISAGEM 04
128 325 UNIDADE DE PAISAGEM 05
132 326 UNIDADE DE PAISAGEM 06
135 327 UNIDADE DE PAISAGEM 07
139 328 UNIDADE DE PAISAGEM 08
143 329 UNIDADE DE PAISAGEM 09
148 3210 UNIDADE DE PAISAGEM 10
151 33 AS UNIDADES DE PAISAGEM NA CIDADE
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS PERSPECTIVAS E DESAFIOS 154
SOBRE OS DESAFIOS A SEREM ENFRENTADOS 156
SOBRE OS POSSIacuteVEIS DESDOBRAMENTOS DA PESQUISA 157
REFEREcircNCIAS 159
ACERVOS ARQUIVOS E JORNAIS 159
LEIS E DECRETOS 159
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 160
ANEXOS 164
12 |
13 |
INTRODUCcedilAtildeO
SOBRE OS PENSAMENTOS NORTEADORES
O trabalho eacute um exerciacutecio de olhar para a cidade e ler entre seus traccedilados suas ruas lotes e
quadras Buscando entender as promessas que ficaram no ar os projetos vislumbrados mas
nunca concretizados que vatildeo desde a rua que natildeo foi asfaltada ateacute o coacuterrego canalizado que
natildeo foi aberto Entender o processo histoacuterico as relaccedilotildees culturais o desenho da malha
urbana que se estende por entre os fundos dos vales e acompanha o desenho dos coacuterregos e
rios
Grande parte da vida na cidade acontece em seus espaccedilos livres na praccedila natildeo implantadas
onde o vizinho planta milho na rua que recebe o tapete de Corpus Christi nas procissotildees
passeatas e desfiles na festa junina na praccedila da Igreja na eleiccedilatildeo da rainha do milho nas
folias de reis dos distritos da cidade A cidade se transforma no lote que vira campinho na
praccedila que vira estacionamento na gleba que vira pasto na lagoa que vira brejo na mata que
vira cinzas A zona rural aos poucos se transforma em malha urbana mas o rural natildeo perdeu
seu espaccedilo ele se manteacutem presente na paisagem urbana nas expressotildees culturais e nos
dialetos
Este trabalho eacute a continuidade do Trabalho Final de Graduaccedilatildeo apresentado a Faculdade de
Arquitetura Urbanismo e Desing da Universidade Federal de Uberlacircndia Sob a orientaccedilatildeo do
professor Glauco Cocazza foi desenvolvido um projeto de requalificaccedilatildeo para um dos
parques urbanos de Patos de Minas o Parque Municipal do Mocambo Durante o
desenvolvimento desse trabalho ficou evidente que natildeo soacute os ambientes do parque como
outros espaccedilos livres da cidade requeriam projetos de requalificaccedilatildeo que trabalhassem a
relaccedilatildeo eles com a cidade buscando o entendimento dos diferentes papeacuteis dos espaccedilos livres
na cidade deixando de pensar no planejamento urbano e no planejamento ambiental como
coisas isoladas Iniciaram-se aiacute as primeiras percepccedilotildees de que a cidade de Patos de Minas
possui diversas especificidades com relaccedilatildeo agrave interaccedilatildeo da paisagem urbana com seus
espaccedilos livres e edificados
14 |
SOBRE O MEacuteTODO
A dissertaccedilatildeo se fundamenta na anaacutelise de dados documentais primaacuterios como mapas
cedidos pela Prefeitura Municipal de Patos de Minas projetos de espaccedilos livres da cidade
levantamentos fotograacuteficos leis e decretos municipais e federais Baseia-se tambeacutem em
fontes secundaacuterias como revisatildeo bibliograacutefica dos temas norteadores da pesquisa registros
fotograacuteficos jornais locais e entrevistas informais com moradores da cidade e arquitetos da
prefeitura A dissertaccedilatildeo apresenta registros fotograacuteficos natildeo soacute do acervo da autora mas de
diferentes pessoas evidenciando pontos de vista e os diversos olhares sobre a cidade aleacutem
das fotos histoacutericas de arquivos puacuteblicos
A pesquisa adota como metodologia a anaacutelise do Sistema de Espaccedilos Livres e das Unidades de
Paisagem desenvolvida pelos estudos da rede nacional brasileira Quapaacute-SEL II (Quadro do
Paisagismo Brasileiro ndash Sistemas de Espaccedilos Livres) coordenada pelo LAB-QUAPAacute da FAUUSP
(Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Satildeo Paulo) cujo objetivo principal
eacute compreender as relaccedilotildees processuais contemporacircneas entre os Sistemas de Espaccedilos Livres
e a forma urbana das cidades brasileiras A pesquisa apresentada eacute tambeacutem parte integrante
dos estudos desenvolvidos pelo Nuacutecleo de Estudos Urbanos (NEURB) desenvolvido na
Faculdade de Arquitetura Urbanismo e Design (FAUeD) da Universidade Federal de
Uberlacircndia que tem como objetivo central compreender a importacircncia e o papel do Sistema
de Espaccedilos Livres na Forma Urbana das principais cidades meacutedias do Triacircngulo Mineiro e Alto
Paranaiacuteba contribuindo assim com os estudos do grupo nacional Quapaacute-SEL II
SOBRE O DECORER DOS CAPIacuteTULOS
O objetivo central do trabalho eacute analisar os espaccedilos livres presentes na forma urbana de
Patos de Minas e entender como esses espaccedilos estruturam o Sistema de Espaccedilos Livres (SEL)
Buscando esse entendimento a dissertaccedilatildeo foi dividida em trecircs momentos a anaacutelise da
paisagem e da forma urbana patense no primeiro capiacutetulo o entendimento do SEL no
segundo capiacutetulo e a aplicaccedilatildeo da metodologia de Unidades de Paisagem no terceiro capiacutetulo
O primeiro capiacutetulo apresenta os conceitos que iratildeo nortear a pesquisa a PAISAGEM URBANA
e a FORMA URBANA por meio de uma revisatildeo bibliograacutefica buscando a constataccedilatildeo do
estado da arte dos conceitos-chave O trabalho entende a paisagem como conceito
norteador para o entendimento da cidade da formaccedilatildeo e da transformaccedilatildeo da forma urbana
15 |
Depois de introduzidos os conceitos-chave o capiacutetulo apresentaraacute o processo de urbanizaccedilatildeo
da aacuterea de estudo a transformaccedilatildeo do tecido urbano e a incorporaccedilatildeo dos principais espaccedilos
livres de edificaccedilatildeo e edificados ressaltando as caracteriacutesticas histoacutericas econocircmicas
poliacuteticas e culturais que contribuem para a formaccedilatildeo da imagem da cidade
O segundo capiacutetulo analisa o SISTEMA DE ESPACcedilOS LIVRES na forma urbana de Patos de Minas
a partir de trecircs principais enfoques a relaccedilatildeo ecoloacutegica que busca entender a interaccedilatildeo entre
a forma urbana e os condicionantes do suporte fiacutesico (hidrografia geologia relevo
vegetaccedilatildeo) a configuraccedilatildeo espacial que revela a organizaccedilatildeo da malha urbana e a interaccedilatildeo
dos espaccedilos livres na malha e a relaccedilatildeo de usos do solo que analisa a relaccedilatildeo dos espaccedilos
livres com a situaccedilatildeo fundiaacuteria e a distribuiccedilatildeo dos usos do solo na cidade
No capiacutetulo sobre o Sistema de Espaccedilos Livres as anaacutelises foram feitas na escala da cidade No
capiacutetulo seguinte que trata das Unidades de Paisagem as apreciaccedilotildees foram feitas na escala
das unidades ou seja a anaacutelise dos espaccedilos livres da cidade vai do macro ao micro A
aplicaccedilatildeo da metodologia das Unidades de Paisagem permite transitar entre as escalas de
anaacutelise e aprofundar nas caracteriacutesticas e peculiaridades do Sistema de Espaccedilos Livres
presentes em cada unidade
O terceiro capiacutetulo apresenta a metodologia das UNIDADES DE PAISAGEM a identificaccedilatildeo das
Unidades de Paisagem presentes em Patos de Minas e a anaacutelise cada uma delas O trabalho
entende as Unidades de Paisagem como porccedilotildees do Sistema de Espaccedilos Livres cujas relaccedilotildees
entre os espaccedilos livres os espaccedilos edificados possuem caracteriacutesticas especiacuteficas de
centralidade hierarquia distribuiccedilatildeo e organizaccedilatildeo que os distingue dos demais conjuntos de
relaccedilotildees
O fechamento do trabalho apresenta de maneira sinteacutetica uma apreciaccedilatildeo do que foi
apresentado em cada capiacutetulo apontando os questionamentos e resultados que surgiram no
decorrer da anaacutelise Depois satildeo enumerados os principais desafios a serem enfrentados pelo
o planejamento urbano e ambiental de Patos de Minas para a gestatildeo do SEL da cidade
Adiante satildeo apresentados os possiacuteveis desdobramentos da pesquisa evidenciando as
possibilidades de continuidade e aprofundamentos teoacutericos e praacuteticos sobre o objeto de
estudo
16 |
17 |
11 PAISAGEM URBANA
CONCEITUACcedilAtildeO
A compreensatildeo do conceito de paisagem urbana eacute o principal enfoque no presente trabalho
para assimilaccedilatildeo da configuraccedilatildeo urbana da incorporaccedilatildeo dos elementos do suporte fiacutesico na
formaccedilatildeo e na transformaccedilatildeo da forma urbana e entendimento do papel do Sistema de
Espaccedilos Livres na cidade
O estudo da paisagem possibilita uma melhor percepccedilatildeo da estrutura da cidade a
compreensatildeo do siacutetio natural e da interferecircncia humana no mesmo esse conhecimento pode
direcionar o planejamento urbano para tanto a clareza do conceito de paisagem e seus
sombreamentos eacute de extrema importacircncia
Natildeo existe um consenso sobre o conceito de paisagem a discussatildeo sobre paisagem transita
por diversas aacutereas com diferentes definiccedilotildees ecircnfases e meacutetodo de abordagem Segundo o
geoacutegrafo Bertrand (2004) as diferenccedilas de abordagem no conceito de paisagem satildeo
influenciadas pela formaccedilatildeo e os objetivos do observador e pode enfatizar a vegetaccedilatildeo a
hidrografia o clima o relevo a economia a arquitetura ou o processo histoacuterico A
metodologia de anaacutelise poderaacute ser temporal baseada nos aspectos fiacutesicos e se referir agraves
relaccedilotildees e dinacircmicas internas ou ainda um conjunto de diversas anaacutelises Ou seja a
percepccedilatildeo individual somada aos objetivos e ao enfoque do observador interferem
diretamente na leitura da paisagem e no conceito da mesma
Segundo Rougerie e Beroutchatchvili (1991) apud Maximiano (2004) a Unesco (Organizaccedilatildeo
para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura das Naccedilotildees Unidas) declarou em 1971 considerar que a
paisagem eacute a ldquoestrutura do ecossistemardquo e o Conselho Europeu diz que ldquoo meio natural
moldado pelos fatores sociais e econocircmicos torna-se paisagem sob o olhar humanordquo Jaacute a
ldquopaysagerdquo francesa refere-se principalmente aos aspectos visuais O termo holandecircs com o
mesmo sentido eacute ldquovisueellandschaprdquo Para os alematildees ldquolandschaftrdquo envolve a noccedilatildeo de
territoacuterio semelhante ao ldquolandscape inglecircsrdquo Ambos tambeacutem se referem ao aspecto visual A
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geografia sovieacutetica tem seus proacuteprios termos ldquomesnost e ourotchitcherdquo que possuem valor
territorial aos quais os russos acrescentam ldquolandschaftrdquo emprestado dos alematildees
Segundo Maximiano (2004) para alguns socioacutelogos e economistas a paisagem eacute a base do
meio fiacutesico onde o homem a utiliza e a transforma ou natildeo para alguns botacircnicos e ecoacutelogos
a paisagem eacute um conjunto de organismos num meio fiacutesico cujas propriedades podem ser
explicadas segundo leis ou modelos com ajuda das ciecircncias fiacutesicas eou bioloacutegicas para
alguns geoacutegrafos ela resulta da relaccedilatildeo dinacircmica de elementos fiacutesicos bioloacutegicos e
antroacutepicos
ldquoA expressatildeo ldquopaisagemrdquo() passava a manifestar-se com
significados amplos complexos poreacutem bastante vagos
indistintos incompletos premissas comuns eram ldquoa naturezardquo e
a censura agrave accedilatildeo do homem A percepccedilatildeo das mudanccedilas
naturais ndash de tempos bioloacutegicos ndash e tambeacutem aquelas raacutepidas
extensas e difusas do trabalho do homem ndash de tempos
histoacutericos ndash levantava novamente a relaccedilatildeo homem-natureza
Seria esta relaccedilatildeo com todos os apelos e juiacutezos ndash imprecisos
indefinidos ndash que seria associada agrave palavra lsquopaisagemrsquordquo
(MAGNOLI e MACEDO 2000 p132-133)
O estudo da paisagem passou a ganhar relevacircncia entre os arquitetos a partir dos anos de
1960 Segundo Sandeville (2006) esse processo pode ser exemplificado inicialmente pelos
trabalhos de Kevin Lynch Cristopher Alexander Amos Rapoport Yi Fu Tuan e Vittorio
Gregotti1 De acordo com Gregotti (1983) o entendimento da paisagem eacute um instrumento
que o arquiteto tem que ter em matildeos para analisar o lugar e o espaccedilo sobre o qual se projeta
Entretanto a paisagem entendida soacute como o conjunto das caracteriacutesticas fiacutesicas e
geomorfoloacutegicas de cunho bioloacutegico e mineraloacutegico natildeo eacute suficiente para elaboraccedilatildeo do
1LYNCH K A imagem da cidade (1960) ALEXANDER C Unlenguage de patrones (1980) RAPOPORT A
Aspectos humanos de la forma urbana (1978) TUAN Y F Espaccedilo e lugar (1983) GREGOTTI V Nuevos
caminos de La arquitectura italiana (1969)
19 |
projeto eacute preciso que a leitura da paisagem expresse as accedilotildees cotidianas os usos dos
espaccedilos e a cultura local
No Brasil Miranda Magnoli inicia seus estudos sobre a paisagem e o ambiente na deacutecada de
1970 baseada nas anaacutelises estadunidenses de planejamento da paisagem reconhecendo a
importacircncia das caracteriacutesticas socioespaciais mas sem reduzir a paisagem aos aspectos
formais O modo como Miranda discutiu a paisagem segundo Sandeville (2006) ultrapassou
as limitaccedilotildees da relaccedilatildeo figura-fundo a qual reforccedila a paisagem como cenaacuterio um entorno
transformado por uma arquitetura de edifiacutecio promovendo a cenarizaccedilatildeo da ideia de
paisagem Sua reflexatildeo estabeleceu bases para o conceito da arquitetura como o projeto do
ldquoambiente humanordquo a necessidade de compreensatildeo do contexto no qual se insere o objeto
projetado
A definiccedilatildeo do conceito de paisagem adotada para este trabalho eacute a desenvolvida por
Miranda Magnoli (1982) na qual a morfologia da paisagem eacute definida como resultante da
interaccedilatildeo entre a loacutegica proacutepria dos processos do suporte (geologia clima solo relevo
vegetaccedilatildeo e sol aacutegua e ventos) e a loacutegica proacutepria dos processos antroacutepicos sociais e culturais
(parcelamentos escavaccedilotildees plantaccedilotildees construccedilotildees edificaccedilotildees etc) Essa anaacutelise da
paisagem urbana considera os diversos atores que nela interferem seus aspectos fiacutesicos
socioeconocircmicos culturais e seu processo evolutivo natildeo eacute simplesmente bem organizada ou
normativa eacute tambeacutem uma anaacutelise poeacutetica e simboacutelica fala das pessoas e de suas histoacuterias de
suas aspiraccedilotildees tradiccedilotildees e conflitos do conjunto natural das funccedilotildees e da dinacircmica urbana
O estudo da paisagem possibilita um melhor entendimento da estrutura da cidade a
compreensatildeo do siacutetio natural e da interferecircncia humana no mesmo esse conhecimento pode
direcionar o planejamento urbano para tanto o entendimento do conceito de paisagem e
seus sombreamentos eacute de extrema importacircncia Segundo Oseki amp Pellegrino (2004) um
planejamento ecoloacutegico da paisagem pode fornecer as ferramentas necessaacuterias para
integraccedilatildeo entre sociedade e natureza incorporando diretrizes ambientalmente desejaacuteveis
para a melhoria da habitabilidade da cidade de sua sustentabilidade e de sua imagem
Para Oseki amp Pellegrino (2004) as paisagens satildeo ao mesmo tempo produzidas socialmente e
produtoras (indutoras) de praacuteticas sociais podem ser utilizadas no planejamento no projeto
e gestatildeo de espaccedilos livres (nas escalas espaciais local regional e continental) o que lhes
20 |
confere importacircncia no planejamento urbano e regional o que tem sido ignorado pelos
oacutergatildeos responsaacuteveis pela gestatildeo do territoacuterio Segundo Macedo (1993) a paisagem eacute processo
e produto das accedilotildees humanas eacute processo na medida em que estaacute em constante mutaccedilatildeo e
compreende as diversas forccedilas que nela atuam ora em conflito ora em consonacircncia de
objetivos eacute produto pois a cada instante apresenta-se como objeto acabado dessas accedilotildees e
forccedilas aplicadas
Figura 2 Avenida Getuacutelio Vargas em Parto de Minas Vista parcial da paisagem urbana Fonte httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=1534357amppage=92 Foto Fotoacutegrafo desconhecido
O presente trabalho entende a paisagem como algo que caracteriza a cidade que lhe confere
identidade e a distingue das demais A paisagem retrata a forma urbana e a cultura da
populaccedilatildeo a maneira como as pessoas constroem suas casas e onde constroem se na beira
do rio no alto das serras ou nas chapadas Eacute a histoacuteria local contada por meio da mudanccedila do
cenaacuterio e da mudanccedila dos padrotildees arquitetocircnicos nas casas que permanecem do periacuteodo
neocolonial ou no estilo ecleacutetico nas casas que surgiram no estilo moderno nas reformas
nas construccedilotildees que satildeo tombadas e nas que satildeo derrubadas A paisagem eacute contada pelas
aacutervores pelas flores plantadas e replantadas nas calccediladas calccediladas por vezes remendadas A
paisagem eacute o reflexo do processo social dos bairros que se formam das pessoas que se
21 |
mudam da economia que se desenvolve modificando o comercio instalando novas induacutestrias
e quem sabe ateacute bairros industriais gerando renda para urbanizaccedilatildeo de novas aacutereas ou a
verticalizaccedilatildeo de outras
O entendimento da paisagem enquanto elemento caracterizador da imagem das cidades eacute
um instrumento para a melhoria e manutenccedilatildeo dos valores da mesma Possui uma relaccedilatildeo
direta com histoacuteria da cidade com os valores culturais com o processo de formaccedilatildeo e de
transformaccedilatildeo da forma urbana e com os elementos que a constituem Partimos entatildeo para o
estudo da forma urbana com seus enfoques conceituais desdobramentos teoacutericos e
praacuteticos
12
MORFOLOGIA E FORMA URBANA
FORMA URBANA MALHA URBANA TECIDO
URBANO
Figura 3 Forma Urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora 2014
Eacute constante a confusatildeo ao conceituar termos
como morfologia forma urbana malha
urbanatecido urbano elementos morfoloacutegicos
termos que ora se sobrepotildeem ora se englobam
ora se dividem
EXISTE UM CONSENSO SOBRE O CONCEITO
DE FORMA URBANA
A DEFINICcedilAtildeO DE FORMA URBANA ENGLOBA
O TRACcedilADO DAS RUAS OS CHEIOS E VAZIOS
OS USOS E AS TIPOLOGIAS CONSTRUIacuteDAS OU
SERIA SOacute O DESENHO QUE SE FORMA NO
ENCONTRO DAS BORDAS DA OCUPACcedilAtildeO
FORMA URBANA Eacute SINOcircNIMO DE TECIDO
URBANO OU O TECIDO Eacute PARTE DA FORMA
22 |
A morfologia urbana eacute um campo disciplinar que abrange o estudo das cidades das formas
dos tecidos e da paisagem O estudo da morfologia contribui para o entendimento da
estrutura da cidade sua formaccedilatildeo e transformaccedilatildeo por meio de seus elementos
constituintes Segundo Lamas (2004) os elementos morfoloacutegicos constituintes satildeo o solo os
edifiacutecios o lote o quarteiratildeo a fachada o logradouro o traccediladorua a praccedila o monumento
a vegetaccedilatildeo e o mobiliaacuterio urbano O autor denomina como elementos morfoloacutegicos as partes
fiacutesicas que associadas ou estruturadas constituem a forma urbana Existem diversos
conceitos e definiccedilotildees que abordam a morfologia das cidades este trabalho apresentaraacute
algumas delas
Segundo Del Rio (1990) a anaacutelise da morfologia urbana estaacute em compreender a loacutegica da
formaccedilatildeo evoluccedilatildeo e transformaccedilatildeo da forma da cidade e de suas inter-relaccedilotildees a fim de
possibilitar a identificaccedilatildeo de accedilotildees mais apropriadas cultural e socialmente para a
intervenccedilatildeo urbana e o desenho de novos espaccedilos Segundo Rossi (2001) a cidade eacute uma
obra reconhecida pelo conjunto de sua forma mas tambeacutem pode ser identificada por
pequenas partes do conjunto em seus diversos momentos a forma urbana eacute a soma dos
diversos tecidos e padrotildees morfoloacutegicos que formam a cidade
O tecido urbano ou a malha urbana de acordo com Rego e Meneguetti (2011) satildeo
configurados pelo sistema viaacuterio pelo padratildeo do parcelamento do solo pela aglomeraccedilatildeo e
pelo isolamento das edificaccedilotildees assim como pelos espaccedilos livres Em outras palavras o
tecido de cidade eacute dado pelos edifiacutecios ruas quadras e lotes parques praccedilas e monumentos
nos seus mais variados arranjos Esses elementos morfoloacutegicos presentes no tecido urbano
segundo Moudon (1997) devem ser considerados como organismos ndash constantemente em
atividade e assim em transformaccedilatildeo ao longo do tempo eles existem em inter-relaccedilatildeo com
as estruturas edificadas conformando e sendo conformadas pelos espaccedilos livres O modo
como cada um desses elementos morfoloacutegicos se organizou e conforma o tecido da cidade
pode ser entendido como um objeto de estudo da morfologia urbana
A forma urbana reflete os processos de formaccedilatildeo da cidade os processos sociais que se
consolidam nos tecidos urbanos que levam a sociedade a construir de uma maneira
determinada e caracteriacutestica suas casas escolas comeacutercios induacutestrias etc Segundo
Carvalho (2011) os tecidos urbanos satildeo configurados a partir da homogeneidade dos
seguintes elementos traccedilado da malha viaacuteria padrotildees de uso (residencial comercial de
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serviccedilos e industrial) padratildeo edificado (padratildeo arquitetocircnico e do gabarito) e suporte fiacutesico
(topografia vegetaccedilatildeo e hidrografia
De acordo com Moudon (1997) os morfologistas atentam para os resultados tangiacuteveis de
questotildees sociais econocircmicas poliacuteticas ou seja estudam a manifestaccedilatildeo de ideias e
intenccedilotildees agrave medida que elas tomam forma no chatildeo e moldam as cidades O estudo
morfoloacutegico das cidades pode ser dividido em escolas de pensamento dentre elas a escola
italiana a escola francesa e a escola inglesa as quais analisaremos sinteticamente
observando suas principais caracteriacutesticas metodoloacutegicas bases bibliograacuteficas e formas de
pensamento
A escola italiana conforme Mondon (1997) tem seu iniacutecio nos estudos do arquiteto Saverio
Muratori (1910 ndash 1973) e de Gianfranco Caniggia (1933 ndash 1987) na deacutecada de 1940 Segundo
Rosaneli (2011) essa escola de pensamento possui como principal distintivo a preocupaccedilatildeo
com o destino das cidades histoacutericas italianas sobretudo devido aos efeitos das intervenccedilotildees
modernistas Essa escola apresenta uma maior preocupaccedilatildeo com o estudo tipoloacutegico das
edificaccedilotildees (fachadas estilos arquitetocircnicos gabarito) e de suas transformaccedilotildees ao longo do
tempo
A escola francesa apresenta ecircnfase na reflexatildeo geograacutefica e historiograacutefica sobre as cidades e
possui a contribuiccedilatildeo do socioacutelogo Henri Lefebvre (1901 ndash 1991) Assim como a escola italiana
a escola francesa se opotildee aos efeitos das intervenccedilotildees modernistas Rosaneli (2011) propotildee
uma reforma educacional no campo dos estudos urbanos e busca consolidar uma nova
ldquodisciplinardquo com duplo objetivo primeiro uma pesquisa descritiva multidisciplinar do espaccedilo
construiacutedo a fim de reconhecer ingredientes de um bom desenho e segundo a identificaccedilatildeo
e criacutetica de modelos teoacutericos de desenho urbano
A escola inglesa eacute fundamentada nos estudos do geoacutegrafo alematildeo Conzen (1907 ndash 2000) e
inicia-se na deacutecada de 1960 De acordo com Moudon (1994) a escola inglesa possui uma
anaacutelise morfoloacutegica descritiva analiacutetica e explanatoacuteria concentra-se no estudo da forma
urbana e apresenta o mais completo detalhado e sistemaacutetico meacutetodo tipo morfoloacutegico das
trecircs escolas
Conzen fundamenta-se na aplicabilidade da leitura dos planos urbanos (ldquotown-plansrdquo) para o
entendimento da formaccedilatildeo urbana De acordo com Conzen (1960) apud Rosaneli (2011) os
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trecircs fundamentais elementos que compotildee os planos satildeo as ruas que estatildeo arranjadas em um
traccedilado os lotes ou parcelas individuais de terra juntamente com as quadrasquarteirotildees e os
edifiacutecios com seus conjuntos construiacutedos As diversas combinaccedilotildees desses trecircs principais
elementos constituiriam unidades distintas com ldquohomogeneidade morfoloacutegicardquo o que o
autor denominou de tecido urbano (ldquoplan unitrdquo ldquourban fabricrdquo ou ldquotessuto urbanordquo para a
escola italiana)
A morfologia urbana e suas diferentes escolas de pensamento retratam o estudo da forma
urbana e de seus elementos estruturantes dos processos culturais sociais econocircmicos e
poliacuteticos Os estudos morfoloacutegicos que mais se aplicam agrave presente pesquisa satildeo os da escola
inglesa onde desenvolve-se uma anaacutelise descritiva e analiacutetica do processo de urbanizaccedilatildeo
estudando as unidades com ldquohomogeneidade morfoloacutegicasrdquo trabalhadas nessa pesquisa por
meio das Unidades de Paisagem (porccedilotildees territoriais com semelhanccedila de traccedilado e interaccedilatildeo
entre os espaccedilos livres e edificados) e atraveacutes da anaacutelise do Sistema de Espaccedilos Livres uma
organizaccedilatildeo sistecircmica dos espaccedilos livres das diversas Unidades de Paisagem presentes em
uma aacuterea definida
Para o entendimento da configuraccedilatildeo do Sistema de Espaccedilos Livres Patense e de suas
Unidades de Paisagem partimos do estudo do processo de urbanizaccedilatildeo de Patos de Minas
observando as caracteriacutesticas morfoloacutegicas histoacutericas culturais e da paisagem urbana
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13 FORMACcedilAtildeO E TRANSFORMACcedilAtildeO DA
MALHA URBANA PATENSE
Figura 4 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Patos de Minas e apresentaccedilatildeo da forma urbana da cidade Elaborado pela autora segundo fonte Mapas da Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2006 e 2015
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Patos de Minas eacute uma cidade meacutedia2 da regiatildeo intermediaacuteria agrave Mesorregiatildeo do Triacircngulo
Mineiro e Alto Paranaiacuteba Considerada poacutelo econocircmico regional a maior cidade da
microrregiatildeo do Alto Paranaiacuteba que eacute composta por 10 municiacutepios O municiacutepio de Patos de
Minas eacute formado por sete distritos o distrito sede eacute a cidade de Patos de Minas e os outros
satildeo Bom Sucesso Chumbo Major Porto Pilar Pindaiacutebas e Santana de Patos (identificados na
Figura 4)
Segundo o IBGE (2010) o municiacutepio de Patos de Minas possui aacuterea de 3189771Kmsup2
densidade demograacutefica de 4349 habkmsup2 e populaccedilatildeo de aproximadamente 147614
habitantes (populaccedilatildeo estimada em 2014)
Patos de Minas situa-se no Planalto Central Minas GeraisGoiaacutes com altitudes meacutedias de 800
a 900 metros Localiza-se entre duas grandes bacias hidrograacuteficas brasileiras a do Satildeo
Francisco e a do Paranaacute Sua localizaccedilatildeo estrateacutegica permite a ligaccedilatildeo da cidade a centros
comerciais como Uberlacircndia Belo Horizonte Brasiacutelia e Satildeo Paulo facilitando o intercacircmbio
comercial e o desenvolvimento econocircmico
De acordo com o IBGE (2012) o PIB (Produto Interno Bruto) do municiacutepio tem sua economia
baseada principalmente no setor de serviccedilos seguido do setor industrial e da agricultura
conforme Tabela 1
2 A dissertaccedilatildeo adota a conceituaccedilatildeo de cidades meacutedias desenvolvida por Amorim Filho e Serra (2001) cidade que ocupam uma posiccedilatildeo estrateacutegica na hierarquia urbana oferecendo suporte agraves cidades pequenas conforme a funccedilatildeo que desempenham e estabelecendo ligaccedilotildees com as cidades maiores intermediando as relaccedilotildees entre estes dois niacuteveis urbanos De acordo com os autores essas cidades satildeo espaccedilos de relaccedilotildees e natildeo de polarizaccedilatildeo ou dominaccedilatildeo satildeo cidades natildeo tatildeo pequenas a ponto de limitar as possibilidades de crescimento econocircmico e intelectual de seus habitantes e nem tatildeo grandes a ponto de onerar ndash e ateacute pocircr em risco ndash a vida da maioria de seus moradores
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Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas - 2012
Impostos sobre produtos liacutequidos de subsiacutedios a preccedilos correntes
248946 mil reais
PIB a preccedilos correntes 2495732 mil reais
PIB per capita a preccedilos correntes 1770650 mil reais
Valor adicionado bruto da agropecuaacuteria a preccedilos correntes 255908 mil reais
Valor adicionado bruto da induacutestria a preccedilos correntes 432152 mil reais
Valor adicionado bruto dos serviccedilos a preccedilos correntes 1558725 mil reais
Tabela 1 Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas-2012 Fonte IBGE 2012 em parceria com os Oacutergatildeos Estaduais de Estatiacutestica Secretarias Estaduais de
Governo e Superintendecircncia da Zona Franca de Manaus ndash SUFRAMA Disponiacutevel em
httpwwwcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=314800ampidtema=134ampsearch=mina
s-gerais|patos-de-minas|produto-interno-bruto-dos-municipios-2012 Acesso em dezembro de 2014
Entretanto observa-se que entre os setores o que mais exerce influecircncia cultural no
municiacutepio e na dinacircmica urbana eacute a agricultura somada a pecuaacuteria e ao agronegoacutecio
caracterizando as festas locais as manifestaccedilotildees culturais as formas de apropriaccedilatildeo da
paisagem as tipologias predominantes de espaccedilos livres e a histoacuteria de ocupaccedilatildeo do
municiacutepio Na agroinduacutestria destaca-se a produccedilatildeo de leite e derivados sementes e adubos
defensivos agriacutecolas carne suiacutena e derivados e alimentos enlatados A agricultura sempre
caracterizou a economia e a cultura local os produtos que se destacam satildeo o arroz soja
feijatildeo cafeacute maracujaacute tomate horticultura e o milho siacutembolo da festa regional a Festa
Nacional do Milho A pecuaacuteria possui significativa importacircncia econocircmica para o municiacutepio a
regiatildeo faz parte de uma das maiores bacias leiteiras do paiacutes Patos de Minas tambeacutem eacute
considerada poacutelo nacional de geneacutetica suiacutena detendo 70 da tecnologia nacional em
melhoramentos suiacutenos
Para analisarmos como se formou a cidade de Patos de Minas apresentaremos seus periacuteodos
urbanos em cinco partes a primeira retrata o iniacutecio do povoado ateacute 1930 depois de 1940 a
deacutecada de 1960 em seguida de 1970 ateacute a deacutecada 1980 e por fim o periacuteodo que vai de 1990
ateacute o ano de 2015 buscando assim retratar o crescimento urbano os principais
acontecimentos histoacutericos e a incorporaccedilatildeo dos elementos da paisagem
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131
DO INIacuteCIO DO POVOADO ATEacute A DEacuteCADA DE 1930
BORGES X MACIEacuteIS
O processo de colonizaccedilatildeo da
regiatildeo ocupada hoje pelo
municiacutepio de Patos de Minas
teve iniacutecio provavelmente na
segunda metade do seacuteculo XVIII
antes mesmo da descoberta do
ouro no estado de Minas Gerais
com as bandeiras rumo agraves terras
de Paracatu A cidade de Patos
de Minas surgiu na segunda
deacutecada do seacuteculo XIX em torno
da Lagoa dos Patos (delimitada
na Figura 5) onde segundo as
descriccedilotildees histoacutericas existia uma
enorme quantidade de patos
silvestres
Figura 5 Crescimento Urbano de Patos de Minas ateacute o iacutenicio do seacuteculo XIX Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas Disponiveacutel em
httpwwwpatosdeminasmggovbrgaleriahistoricaspagesimage16php Acesso em maio de
2014 Elaborado pela autora
Segundo Oliveira Mello (1971) o povoado que deu origem a cidade de Patos de Minas se
iniciou em 1826 com a doaccedilatildeo do terreno por Antocircnio Joaquim da Silva Guerra e sua esposa
Luzia Correcirca de Andrade para a construccedilatildeo da capela de Santo Antocircnio situada hoje na atual
Praccedila Dom Eduardo proacutexima agrave Lagoa dos Patos na Avenida Liberdade atualmente conhecida
como Avenida Getuacutelio Vargas A partir de entatildeo diversas famiacutelias se instalaram no entorno da
capela originando o Arraial de Santo Antocircnio da Beira do Paranaiacuteba Em 1866 foi criada a Vila
de Santo Antocircnio dos Patos e em 1892 o presidente do Estado de Minas Gerais elevou a vila
agrave categoria de cidade de Patos de Minas
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Figura 6 Iniacutecio da ocupaccedilatildeo da cidade de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fontes
Prefeitura Municipal de Patos de Minas e MuP- Museu da Cidade de Patos de Minas
A Praccedila Dom Eduardo estaacute no centro do nuacutecleo original de povoamento ilustrado pela Figura
6 e representa a divisatildeo de influecircncia entre as duas famiacutelias da elite local que atuaram na
construccedilatildeo da paisagem urbana e na histoacuteria da cidade de Patos de Minas os Borges
catoacutelicos e monarquistas e os Dias Macieacuteis protestantes e republicanos
Ao norte da Praccedila Dom Eduardo encontam-se os Borges e seus parentes os Caixeta e os
Queiroz de acordo com Silva (2011) deste lado da cidade a paisagem se desenha por ruas
estreitas e curvas as quais conduzem a travessas e becos nitidamente ldquosemeadosrdquo agrave moda
lusitana de povoar Ao mesmo tempo os edifiacutecios mais antigos e caracteriacutesticos da aacuterea satildeo
todos em estilo colonial com altas janelas e portas retangulares Satildeo exemplos a antiga Casa
de Cacircmara e Cadeia localizada hoje na Praccedila Juquinha Caixeta (Figura 7) e os casarotildees do Dr
Joatildeo Borges e do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz a rua e a casa de Deiroacute Borges a Rua do
Tenente Bino o Beco da Zeacutelia a Praccedila da Dona Genoveva (Figura 8) a Rua do Alfredo Borges
a Praccedila Chiquinho Caixeta a Rua Dr Joseacute Oliacutempio Borges a Praccedila Dom Eduardo E ainda a
Travessa dos Queiroz onde se manteacutem de peacute a casa do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz
palco de criaccedilatildeo do partido de oposiccedilatildeo oficial aos ldquoMacieacuteisrdquo
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Figura 7 Casa de Cacircmara e Cadeia (o mais antigo edifiacutecio puacuteblico de Patos de Minas inaugurado em 1912 como Cacircmara Municipal Foacuterum e no reacutes-do-chatildeo a Cadeia Puacuteblica) e Praccedila Juquinha Caixeta Foto Acervo pessoal 2015 Figura 8 Rua Deiroacute Borges ao fundo Praccedila Dona Genoveva Foto Acervo pessoal 2015
Figura 9 Escola Estadual Marcolino de Barros Foto Fotoacutegrafo desconhecido 2008 Disponiacutevel em
httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=614809 Acesso em maio de 2014
Figura 10 Escola Estadual Antocircnio Dias Maciel Foto Acervo pessoal 2015
Ao sul da Praccedila Dom Eduardo em frente agrave Catedral de Santo Antocircnio estatildeo os Macieacuteis e seus
parentes os Santana Pacheco Barros Magalhatildees e Ferreira da Silva Segundo Silva (2011) os
Macieacuteis estatildeo ligados agrave modernizaccedilatildeo e agrave reordenaccedilatildeo urbana da cidade entre suas marcas
na paisagem estatildeo a Escola Estadual Marcolino de Barros(Figura 09) a Escola Estadual
Antocircnio Dias Maciel(Figura 10) a Rua Olegaacuterio Maciel a Casa de Olegaacuterio Maciel a Casa do
Dr Itagyba a Rua Farnese Maciel o Palacete de Amadeu Maciel a Rua Major Gote (apelido
de Sesoacutestris Dias Maciel) o Hospital Regional Antocircnio Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur
31 |
Thomaz de Magalhatildees o Coreto Arthur Thomaz de Magalhatildees a Rua Joseacute de Santana a Praccedila
Antocircnio Dias a Rua Major Jerocircnimo [Dias Maciel] e a Praccedila Santana
Olegaacuterio Maciel figura poliacutetica representativa da regiatildeo alternou entre os cargos de
Deputado Federal e Agente Executivo de Municiacutepio no final do seacuteculo XIX ateacute chegar agrave
Presidecircncia do Estado de Minas Gerais nos anos de 1930 Segundo Borges (2008) esse
processo poliacutetico influenciou o desenvolvimento fiacutesico-territorial da cidade atraindo
investimentos do Governo do Estado para a construccedilatildeo das escolas do foacuterum e do Hospital
Regional
No fim do seacuteculo XIX em 1883 o entatildeo Agente do Executivo Olegaacuterio Dias Maciel3 ordenou
a criaccedilatildeo de um plano diretor para ordenar e reorientar o crescimento do povoado para o
sentido sul da Praccedila Dom Eduardo ldquona chapada ou chapadatildeordquo conforme segue na citaccedilatildeo
Seguiu‐se a risca o ldquoPlano Diretorrdquo indicado por Olegaacuterio
Maciel O vereador Eduardo Ferreira de Noronha em 21 de
setembro de 1906 indica que ()auxiliem a Cacircmara a
estudar o local mais conveniente em que se deve construir
o matadouro e respectivo curral oferecendo seu parecer
Hoje distanciados no tempo sabemos que a ldquoChapadardquo
paulatinamente abrigou aleacutem do Matadouro Municipal a
Casa do Coronel Farnese Dias Maciel a Casa de Amadeu
Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur Thomaz de
Magalhatildees o Passeio Puacuteblico a fonte luminosa o Coreto o
Cinema o Paccedilo Municipal o Hospital Antocircnio Dias Maciel o
Grupo Escolar o Foacuterum () Pari Passu tambeacutem foram
transladados outros elementos que se localizavam na
direccedilatildeo para a qual a cidade ia se deslocando a mudanccedila
do cemiteacuterio e da Igreja de Nossa Senhora do Rosaacuterio
(frequentada pelos negros) tambeacutem se constituiu como
marco simboacutelico da nova ordenaccedilatildeo urbana planeada por
Olegaacuterio Maciel (BORGES amp SILVA 2009 p13)
3 Olegaacuterio Dias Maciel era engenheiro formado na Escola Polyteacutecnica do Rio de Janeiro em 1878 compartilhava os ideais positivistas da Repuacuteblica e tambeacutem os ideais da Belle Eacutepoque de higienizaccedilatildeo e de racionalizaccedilatildeo do espaccedilo urbano Soma-se a isso a experiecircncia cultural de Olegaacuterio fora de Patos como deputado federal e senador vivenciou no Rio de Janeiro as reformas urbanas empreendidas por Pereira Passos inspiradas na reforma de Paris sob a batuta do Baratildeo de Haussman Como deputado estadual e depois como presidente do Estado de Minas Gerais vivenciou a experiecircncia de ldquofruirrdquo a cidade de Belo Horizonte construiacuteda racionalmente agrave moda da colonizaccedilatildeo espanhola na Ameacuterica (BORGES amp SILVA 2009)
32 |
Segundo Oliveira (2010) dentre as influecircncias na malha urbana decorrentes do periacuteodo
poliacutetico do iniacutecio do seacuteculo XX destacam-se as intervenccedilotildees na infraestrutura da Avenida
Getuacutelio Vargas definindo a mesma como eixo nobre na cidade o direcionamento o primeiro
vetor de expansatildeo urbana nas direccedilotildees sul e oeste da Av Getuacutelio Vargas
Figura 11 Inundaccedilatildeo ocorrida em 1941 na ponte sobre o Rio Paranaiacuteba Fonte Arquivo do Laboratoacuterio
de Histoacuteria do Unipam Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=3600 Acesso em
dezembro de 2014
Observa-se que a Avenida Getuacutelio Vargas anteriormente denominada como Avenida
Liberdade e depois Avenida Municipal representa o nuacutecleo inicial da cidade e o ponto de
partida dos vetores de ocupaccedilatildeo ateacute a deacutecada de 1930 observa-se que neste periacuteodo as
praccedilas da avenida apresentavam um paisagismo inspirado nos jardins franceses Zama
Maciel4 relata sobre o planejamento de usos e ocupaccedilatildeo dessa aacuterea e a Figura 12 ilustra esse
periacuteodo
4 Zama Maciel foi um patense que exerceu as funccedilotildees de agrimensor professor inspetor de ensino vereador e redator dos jornais locais
Com relaccedilatildeo ao vetor de expansatildeo oeste
observa-se que o mesmo foi impulsionado
pela construccedilatildeo da nova ponte sobre o rio
Paranaiacuteba em aproximadamente 1926
retratada na Figura 11 Segundo
Dannemann (2013) a obra da ponte estava
sob os cuidados da Companhia Nacional de
Cimento Armado SA e ateacute 1970 serviu
como principal acesso agrave sede do municiacutepio
33 |
Avenida Municipal com o seu atual quilocircmetro de extensatildeo foi
destinada agrave habitaccedilatildeo particular devida a sua exagerada
largura e agrave perspectiva que podem oferecer casas pequenas e
de bom gosto fronteando os seus passeios gramados e jardins
floridos que a pequenada destroacutei Nela preacutedios comerciais de
dois trecircs andares tornam-se ridiacuteculos porque natildeo tecircm
magnitude para se imporem agrave largura (repisamos) exagerada
com que os antigos irrefletidamente a construiacuteram Somente
edifiacutecios semelhantes agrave igreja matriz em construccedilatildeo come
cinquenta metros podem nela sobreviverem Pequenos preacutedios
vivendas graciosas de cujas janelas caiam trepadeiras no
conjunto dos jardins e na imensa claridade de nossas tardes
faratildeo dela recanto cobiccedilado agrave moradia Enfeia-la com preacutedios
comerciais de pequeno porte e com casas de diversotildees
barulhentas seraacute obra de mau gosto que se torna necessaacuterio
evitar (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos Patos de
Minas junho de 1937)
Figura 12 Avenida Getuacutelio Vargas parte ao sul da Catedral de Santo Antocircnio deacutecada de 1930 Ao
centro da figura o Palacete Amadeu Maciel Fonte Acervo Documental e de Imagens de Patos de
Minas Local MuP ndash Museu da Cidade de Patos de Minas
A seguir o Mapa 1 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o
ano de 1930 retrata a localizaccedilatildeo da implantaccedilatildeo da cidade proacuteximo a recursos drsquoaacutegua No
mapa estaacute presente a delimitaccedilatildeo do periacutemetro urbano do ano de 2015 que seraacute mantido
como ponto de referecircncia espacial para a malha urbana atual
34 |
35 |
A Figura 13 datada da deacutecada de 1930 eacute uma vista aeacuterea da cidade no qual pode-se
perceber a implantaccedilatildeo e a forma urbana da cidade e os vetores de expansatildeo do iniacutecio do
seacuteculo XX aacuterea retratada pelo Mapa 1 apresentado anteriormente
Figura 13 Vista aeacuterea de Patos de Minas
Fonte Arquivo Daacutecio Pereira da Fonseca Fotografo desconhecido
Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=2650 Acesso em abril de 2014
Observa-se na Figura 13 a presenccedila de espaccedilos livres puacuteblicos dentre eles as Praccedilas da
Avenida Getuacutelio Vargas dos Boiadeiros Antoacutenio Dias Champagnat e Santana os espaccedilos
livres privados o Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo o Patos Tecircnis Clube (PTC) o campo de futebol
da Uniatildeo Recreativa dos Trabalhadores (URT) e o campo de futebol do Clube do Mamoreacute
Segundo Fonseca (1974) desde o final do seacuteculo XIX ateacute 1950 Patos de Minas tentou pleitear
a vinda da estrada de ferro para escoamento da produccedilatildeo agriacutecola da regiatildeo ateacute o Rio de
Janeiro e Satildeo Paulo Segundo Borges e Silva (2009) em 1934 o engenheiro carioca Neacutelson
Rodrigues efetuou o primeiro levantamento planialtimeacutetrico da cidade de Patos de Minas a
princiacutepio esse levantamento objetivava abrigar a estrada de ferro Patos-Catiara Em 1936
provavelmente o proacuteprio Neacutelson Rodrigues concluiu o primeiro Plano Urbano oficial da
cidade apresentado pela Figura 14
LEGENDA 1 ndashMajor Gote e Dr Marcolino 2 ndash Lagoa Grande 3 ndash Campo de Aviaccedilatildeo 4 ndash Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo 5 ndash Rua Dr Marcolino 6 ndash Rua Major Gote 7 ndash Coacuterrego do Monjolo 8 ndash PTC 9 ndash Campo da URT 10 ndash Cemiteacuterio Municipal 11 ndash Rio Paranaiacuteba 12 ndash Av Getuacutelio Vargas 13 ndash Matriz de Santo Antocircnio 14 ndash Rua Tiradentes 15 ndash Cadeia 16 ndash Praccedila dos Boiadeiros 17 ndash Praccedila Antocircnio Dias 18 ndash Av Paracatu 19 ndash Igreja do Rosaacuterio 20 ndash Praccedila Champagnat 21 ndash Rua Major Jerocircnimo 22 ndash Campo do Mamoreacute
23 ndash Praccedila Santana
36 |
Figura 14 Plano Urbano de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fonte Prefeitura
Municipal de Patos de Minas
Destaca-se no plano de crescimento urbano a Rua Major Gote na eacutepoca denominada Rua
Desembargador Frederico Zama Maciel escreve ao jornal local sobre o plano urbano as vias
de caraacuteter comercial da cidade e sobre as intenccedilotildees de um zoneamento de usos para o
crescimento da cidade inspirados no urbanismo norte-americano
37 |
A Prefeitura () mandou organizar a planta da cidade e
traccedilar-lhe as ruas futuras no objetivo de impedir o
crescimento desordenado() Neste trabalho foram
observadas tanto quanto possiacutevel as normas seguidas na
Ameacuterica do Norte onde geralmente as cidades satildeo
traccediladas em xadrez cortando-se as ruas em acircngulo reto
() As ruas comerciais estatildeo determinadas no referido
plano e dentre as atuais destacam-se Desembargador
Frederico e General Osoacuterio A primeira () deveraacute atravessar
a cidade de norte a sul e morreraacute na futura praccedila da
estaccedilatildeo ferroviaacuteria onde atualmente se ergue o barracatildeo
da Companhia do Trigo Seraacute futuramente a mais central da
cidade Eacute de uma boa norma localizar-se o comeacutercio em
determinadas zonas (zoneamento chamam a isto os
urbanistas) bem como as faacutebricas os edifiacutecios puacuteblicos as
escolas (natildeo as primaacuterias que devem ser espalhadas nos
bairros residenciais) devem tambeacutem ter as suas zonas
separadas () (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos
Patos de Minas junho de 1937)
A linha feacuterrea natildeo foi implantada na cidade e o crescimento urbano das deacutecadas seguintes
natildeo se ateve ao planejamento apresentado na deacutecada de 1930
132
DA DEacuteCADA DE 1940 ATEacute A DEacuteCADA DE 1960
AUMENTO POPULACIONAL
Comparando o plano urbaniacutestico apresentado para a cidade no final do seacuteculo XIX com a
expansatildeo da malha urbana observa-se que o crescimento urbano da cidade ocorreu de
forma mais dispersa do que o apresentado no plano O vetor de expansatildeo ao sul manteve
grande parte do planejamento embora apresentando quadras menores A aacuterea antes
ocupada pela Lagoa dos Patos e a aacuterea a nordeste da Lagoa foram as que mais se
distanciaram das ideias do plano urbaniacutestico apresentando uma malha urbana orgacircnica com
a presenccedila de muitas ruas sem saiacuteda
O Mapa 2 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1965 a seguir retrata o crescimento da malha urbana
38 |
39 |
Segundo Magrini (2008) na deacutecada de 1950 houve um surto migratoacuterio e a instalaccedilatildeo de
diversas firmas comerciais Nesse periacuteodo construiu-se o primeiro Terminal Rodoviaacuterio com
verbas municipais e investimentos da iniciativa privada e teve iniacutecio tambeacutem a comemoraccedilatildeo
da Festa Nacional do Milho evento que ateacute hoje expressa as manifestaccedilotildees culturais da
regiatildeo
Figura 15 Patos de
Minas da deacutecada de
1960
Elaborado pela autora segundo fonte Arquivo de Marialda Coury Foto Joatildeo Lucas Ribeiro Borges
Observando o crescimento da malha urbana de Patos de Minas ateacute 1965 (ilustrado pela
Figura 15) pode-se constatar que houve uma grande expansatildeo da mesma entre a deacutecada de
1950 e 1960 Nesse periacuteodo o aumento populacional ocorreu predominantemente na aacuterea
urbana conforme mostra a Tabela 02 a seguir
Periacuteodo
Populaccedilatildeo Total do
Municiacutepio
Populaccedilatildeo Urbana do Municiacutepio
Populaccedilatildeo Rural do
Municiacutepio
1950 45399 12525 32874
1960 72839 32511 40328
1970 76211 44877 31334
1980 86121 63302 22819
1990 102946 87403 15543
2000 123881 111333 12548
2010 138710 127724 10986
2014 147614 - -
Tabela 2 Crescimento Populacional de Patos de Minas Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Magrini 2008 Populaccedilatildeo prevista segundo o IBGE
40 |
Nas deacutecadas seguintes a 1960 como se pode antever pela Tabela 2 o crescimento da zona
rural foi diminuindo gradativamente e a populaccedilatildeo da aacuterea urbana aumentando
impulsionando o crescimento da malha urbana
133
DA DEacuteCADA DE 1970 ATEacute A DEacuteCADA DE 1980
Incorporaccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua
Nas deacutecadas de 1960 e 1970 periacuteodo de ditadura Militar segundo Magrini (2010) Patos de
Minas passou por uma estagnaccedilatildeo econocircmica devido agrave emancipaccedilatildeo poliacutetica de dois
importantes Lagoa Formosa e Guimaracircnia no mesmo periacuteodo houve grande deslocamento
de patenses para a nova capital do paiacutes Brasiacutelia em busca de empregos
Justamente na eacutepoca da mudanccedila da capital do paiacutes para
Brasiacutelia Patos de Minas perde caracteriacutestica de centro
rodoviaacuterio e transforma-se no ldquopassa perto de Patosrdquo com
estradas asfaltadas em volta num eixo de 130 km Natildeo se
vinha aqui como antes ateacute que a BR 354 inaugurada em
1972 abolia este malfadado passa perto ressurgindo toda a
movimentaccedilatildeo comercial completada pela BR ndash 365 em
1974 (MELLO 1992 p54)
De 1965 ateacute os anos 1980 Patos de Minas praticamente dobrou a sua aacuterea de ocupaccedilatildeo
decorrente principalmente do processo de ecircxodo rural Segundo Oliveira (2010) os vetores
direcionavam para todos os sentidos sendo apenas o oeste limitado pelo Rio Paranaiacuteba os
cursos drsquoaacutegua menores natildeo foram uma barreira para esta expansatildeo
O Mapa 3 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1980 a seguir retrata o crescimento da malha urbana nesse periacuteodo
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Em 1982 foi iniciada a urbanizaccedilatildeo da Lagoa dos Japoneses a Lagoa Grande (Figura 16 e
Figura 17) com a reduccedilatildeo significativa da aacuterea alagada e a construccedilatildeo do Terminal
Rodoviaacuterio No entorno da lagoa foi criado o Parque Recreativo Dr Itagiba depois renomeado
como Parque Dr Itagiba Augusto Silva o primeiro parque urbano da cidade um dos principais
cartotildees postais da cidade espaccedilo de lazer e contemplaccedilatildeo
Figura 16 Projeto para o
Parque Recreativo Dr
Itagiba a construccedilatildeo ao
lado esquerdo da figura
representa o Terminal
Rodoviaacuterio Fonte Jornal
A Debulha O projeto do
parque Ano VIII nordm178
janeiro de 1988 paacuteg7
Figura 17 Planta do Parque Dr Itagiba Augusto Silva ndash Lagoa Grande Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2014
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Em 1986 foi iniciada a canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo inicialmente uma Avenida
Sanitaacuteria no Coacuterrego do Monjolo (Figura 18) atualmente conhecida como Avenida Faacutetima
Porto as obras terminaram em 1996 Segundo Caixeta amp Vlach (2009) a canalizaccedilatildeo
acarretou inicialmente na ocupaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo do entorno e devido agrave resoluccedilatildeo dos
problemas sanitaacuterios que aiacute existiam
Figura 18 Canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo deacutecada de 1990 Foto Arquivo de Donaldo Amaro Teixeira Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=7568 Acesso em maio de 2015
Com o decorrer dos anos e a instalaccedilatildeo dos bairros no entorno o Coacuterrego do Monjolo passou
a apresentar problemas com enchentes e um forte odor provavelmente a canalizaccedilatildeo do
coacuterrego jaacute natildeo suportava mais o volume de aacutegua pluvial dos bairros aleacutem da presenccedila de
esgotos clandestinos Tais problemas geraram novos projetos de canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do
Monjolo nas deacutecadas seguintes
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134
DA DEacuteCADA DE 1990 ATEacute OS DIAS ATUAIS
A FORMA URBANA ATUAL
No final da deacutecada de 1980 houve a descoberta da uma jazida de Fosfato Sedimentar na
localidade da Rocinha (aacuterea rural) o que impulsionou a instalaccedilatildeo de induacutestrias voltadas para
o agronegoacutecio iniciado pelas Sementes Agroceres SA (especialista tambeacutem em geneacutetica
suiacutena) Nesse periacuteodo ocorreu ainda um maior desenvolvimento teacutecnico da agricultura por
meio da irrigaccedilatildeo e do cultivo de novos cereais
Os reflexos do desenvolvimento comercial e industrial da regiatildeo foram notados na
implantaccedilatildeo de induacutestrias de confecccedilotildees agroinduacutestrias e na instalaccedilatildeo da multinacional Cica
que impulsionou o cultivo de milho ervilha e tomate5
A implementaccedilatildeo de induacutestrias somadas agraves pressotildees poliacuteticas acarretou na instalaccedilatildeo de um
distrito industrial na porsatildeo sul e oeste da cidade expandindo o periacutemetro urbano para aleacutem
das margens do Rio Paranaiacuteba A criaccedilatildeo do distrito industrial influenciou a ocupaccedilatildeo ao longo
da Avenida Presidente Juscelino Kubitschek construiacuteda nos anos 1970 para ligaccedilatildeo do nuacutecleo
urbano agraves rodovias BR-354 e BR-365 comportando-se entatildeo como principal acesso da
cidade
O Mapa 4 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o ano de
2015 a seguir apresenta a forma urbana atual da cidade
5 A multinacional Cica permaneceu na cidade ateacute 2001 depois se deslocou para o Estado de Goiaacutes quando perdeu parte dos incentivos fiscais oferecidos pela cidade
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Na deacutecada de 1990 a expansatildeo da malha urbana ultrapassou as aacutereas de algumas reservas
ambientais que se transformaram nos principais parques urbanos da cidade o Parque
Municipal do Mocambo (Figura 19) em 1990 e o Parque Municipal Joatildeo Luiz Redondo (Figura
20) em 1994 ambos localizados em aacutereas de lagoas
Figura 19 Parque Municipal do
Mocambo 1992 Fonte Arquivo
de Donaldo Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecadepatoscombr
p=8437 Acesso em marccedilo de
2015
Figura 20 Parque
Municipal Joatildeo Luiz
Redondo (Lagoinha)
deacutecada de 1990 Fonte
Arquivo de Donaldo
Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecade
patoscombrp=75
54 Acesso em marccedilo
de 2015
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Foi criado tambeacutem na deacutecada de 1990 na Lei Municipal nordm 2872 de 03 de outubro de 1991
o Parque Mirante do Alto da Colina (ainda natildeo implantado) e a Lei Municipal nordm 2871 de 03
de outubro de 1991 declara a aacuterea denominada Lagoa e Bosque do ldquoPATAtildeOrdquo de preservaccedilatildeo
permanente onde desde entatildeo se cogita a implantaccedilatildeo de um parque urbano
Figura 21 Rua Mirico Caixeta ao fundo a Mata do Catingeuiro Evidenciando a falta de conexatildeo da
mata com o entorno Foto Acervo pessoal 2015
Figura 22 Rua 0 e o desmatamento na Mata do Catingeiro Foto Acervo
pessoal 2015
Em 2014 foi aprovada a criaccedilatildeo do Parque
de Preservaccedilatildeo Mata do Catingueiro uma
tentativa de proteger os restigios da mata
localizado no setor leste aacuterea que
recentemente recebeu muitos loteamentos
que foram implantados sem se estabelecer
uma aacuterea de transiccedilatildeo ou de integraccedilatildeo da
mata com a malha urbana sem passeios
ciclovias praccedilas ou parques conforme
ilustrado na Figura 21 A mata do
Catingueiro tem sido um constante alvo de
queimadas e desmatamento a Figura 22
mostra os vestiacutegios da mata
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Figura 23 Programa MCMV- Jardim Quebec II com 437unidades localizado na porccedilatildeo noroeste da
cidade ao fundo da figura a mata ciliar do Rio Paranaiacuteba e plantaccedilotildees de cafeacute Foto Sacircmara C P Lima
2014
Na deacutecada de 2010 ocorreu a expansatildeo do periacutemetro urbano no sentindo norte pela primeira
vez para aleacutem do Coacuterrego do Limoeiro devido agrave instalaccedilatildeo de um campus da Universidade
Federal de Uberlacircndia na aacuterea Observa-se na Figura 23 que a aacuterea do extremo noroeste da
cidade estaacute em processo de expansatildeo da malha urbana e apresenta construccedilotildees habitacionais
do Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) na cidade
Notamos diversas transformaccedilotildees na malha urbana de Patos de Minas ao longo das deacutecadas
desde a implantaccedilatildeo do nuacutecleo urbano aos desdobramentos econocircmicos poliacuteticos e sociais
que direcionaram o crescimento da cidade e a transformaccedilatildeo da paisagem
O tecido urbano e o crescimento das cidades brasileiras como eacute o caso de Patos de Minas se
daacute pela conformaccedilatildeo do sistema viaacuterio pelos padrotildees de parcelamento do solo por
edificaccedilotildees e pelos espaccedilos livres Patos possui uma relaccedilatildeo cultural e econocircmica muito forte
com a zona rural A linha de transiccedilatildeo entre o urbano e o rural eacute muito tecircnue principalmente
nas aacutereas de borda urbana Nesses bairros de periferia ou de limite da mancha urbana a
cidade termina no outro lado da rua depois de uma cerca de arame sem nenhum espaccedilo de
transiccedilatildeo o outro lado da cerca se configura como um espaccedilo livre com muitas
potencialidades de uso e conflitos
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Figura 24 Paisagem urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora
Em Patos de Minas a paisagem urbana eacute emoldurada por serras cobertas por diferentes
plantaccedilotildees (Figura 24) a cidade termina onde o Rio Paranaiacuteba passa ou a cidade termina
onde comeccedilam os fundos de vale Ora cidade ora zona rural A paisagem tambeacutem eacute marcada
pela Catedral um contraste no meio do aglomerado urbano em uma zona em processo de
verticalizaccedilatildeo onde a Catedral se esconde e se revela A Catedral marca o iniacutecio da ocupaccedilatildeo
da regiatildeo em uma aacuterea de chapada na beira da lagoa hoje a chapada foi praticamente toda
ocupada e os bairros das bordas urbanas ocupam as aacutereas mais elevadas da cidade Do alto
desses bairros da borda eacute possiacutevel ver as lagoas e os coacuterregos pressentes na cidade espaccedilos
que se configuram como parques praccedilas e chaacutecaras espaccedilos livres de edificaccedilatildeo que
ressaltam a identidade da cidade e a paisagem urbana
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21 ESPACcedilOS LIVRES
ESPACcedilOS ABERTOS AacuteREAS VERDES
O conceito de espaccedilo livre de edificaccedilatildeo eacute amplo e complexo Para Nucci (2001) os espaccedilos
livres fazem parte de um grande grupo paisagiacutestico urbano que pode ser subdividido em
vaacuterias categorias dependendo do seu uso e funccedilatildeo sendo entatildeo um termo bastante
abrangente que agrega todos os outros conceitos similares como espaccedilos abertos aacutereas
verdes aacutereas livres sistemas de aacutereas de lazer cobertura vegetal entre outros
Segundo Queiroga (2006) Miranda Magnoli em sua tese de livre-docecircncia6 buscou afirmar o
espaccedilo livre como o objeto do paisagismo indo aleacutem do jardim do projeto com vegetaccedilatildeo
e da escala urbana Nesse sentido definiu espaccedilo livre como espaccedilo livre de edificaccedilotildees todo
espaccedilo descoberto urbano ou natildeo vegetado ou natildeo puacuteblico ou privado De acordo com a
autora para a anaacutelise de um dado recorte escalar propotildee-se que o estudo dos espaccedilos livres
deva ir aleacutem dos espaccedilos vegetados e dos espaccedilos puacuteblicos envolvendo todos os espaccedilos
livres do referido recorte Ou seja para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na cidade
eacute preciso ir aleacutem da anaacutelise dos espaccedilos puacuteblicos ou dos vegetados eacute preciso identificar todas
as aacutereas natildeo construiacutedas na cidade os espaccedilos privados intra-lote os lotes e glebas ociosas
as ruas os passeios etc
Os espaccedilos livres satildeo um dos principais estruturadores da forma urbana e um dos principais
elementos caracterizadores da paisagem urbana Segundo Magnoli (1982) os espaccedilos livres
satildeo os ambientes natildeo edificados da cidade as ruas avenidas praccedilas parques quintais
jardins rios matas mangues praias urbanas ou simples vazios urbanos
Quando adotamos o termo aacutereas verdes ou aacutereas verdes urbanas nos referimos a um
subsistema dentro do Sistema de Espaccedilos Livres que engloba principalmente as aacutereas de
preservaccedilatildeo permanente (APPrsquos) reservas legais (RL) e a arborizaccedilatildeo urbana Segundo
6 MAGNOLI Miranda Espaccedilos livres e urbanizaccedilatildeo uma introduccedilatildeo a aspectos da paisagem metropolitana 1982 116 p Tese (Livre-docecircncia em Arquitetura e Urbanismo) ndash Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1982
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Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilo livre eacute adotado se sobrepondo contendo e
ampliando o conceito usual de aacutereas verdes termo que tem como base a necessidade de
espaccedilos livres dotados de vegetaccedilatildeo De acordo com o autor o termo aacutereas verdes eacute
reducionista desconsidera as caracteriacutesticas fundamentais do espaccedilo urbano como a
complexidade e diversidade das formas de apropriaccedilatildeo e apreensatildeo social e o fato real da
impossibilidade fiacutesica e mesmo da inconveniecircncia da existecircncia de vegetaccedilatildeo em
determinados espaccedilos livres
De acordo com Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilos livres natildeo desconsidera o papel
da vegetaccedilatildeo nas cidades brasileiras como elemento facilitador da drenagem urbana criador
de microclimas mais agradaacuteveis contribuindo para a manutenccedilatildeo da diversidade animal e
vegetal e ainda como fator de embelezamento urbano mas natildeo desconsidera a importacircncia
dos espaccedilos natildeo vegetados para inuacutemeras praacuteticas de relevacircncia cultural das feiras agraves festas
populares das manifestaccedilotildees poliacuteticas agrave valorizaccedilatildeo de determinadas paisagens e
patrimocircnios culturais
Entretanto apesar dos crescentes avanccedilos nas discussotildees sobre os espaccedilos livres muitos
autores planos diretores planos de uso e ocupaccedilatildeo ainda natildeo compreenderam o termo
como em Patos de Minas onde adota-se o termo aacutereas verdes nas leis municipais e plano
diretor Na Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo de Patos de Minas (2008) as aacutereas verdes satildeo
descritas como porccedilotildees situadas na Macrozona Urbana destinadas a oferecer espaccedilos
puacuteblicos adequados e qualificados agraves atividades de recreaccedilatildeo lazer e turismo da populaccedilatildeo
de forma a conciliar a proteccedilatildeo dos bens naturais e culturais As cidades precisam de reservas
de aacutereas verdes e de espaccedilos livres de qualidade para praacutetica de atividades culturais de lazer
e contemplaccedilatildeo Observa-se que na lei municipal de Patos de Minas existe uma sobreposiccedilatildeo
entre a funccedilatildeo das reservas de aacutereas verdes e dos espaccedilos de praacuteticas socias sobreposiccedilatildeo
essa presente no conceito dos espaccedilos livres
A implantaccedilatildeo dos espaccedilos livres puacuteblicos depende de uma gestatildeo adequada e integrada dos
recursos com uma fiscalizaccedilatildeo efetiva o que implica no desenvolvimento de poliacuteticas
puacuteblicas permanentes que viabilizem as intervenccedilotildees e necessidades dos espaccedilos livres
Segundo Loboda amp Angelis (2012) o planejamento das aacutereas verdes (puacuteblicas) urbanas parte
de uma definiccedilatildeo de recursos que eacute residual as necessidades satildeo amenizados com recursos
que sobram de outras atividades consideradas como mais prioritaacuterias e que geralmente
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incluem-se nesse acircmbito aquelas de cunho estrateacutegico poliacutetico e econocircmico O autor cita um
problema frequente em diversas cidades brasileiras a falta de recursos destinados aos
espaccedilos puacuteblicos e dentre eles as aacutereas verdes urbanas um dos principais espaccedilos livres das
cidades
De acordo com Magnoli (1982) a localizaccedilatildeo acessibilidade e distribuiccedilatildeo dos espaccedilos livres
formam um complexo sistema de conexotildees com muacuteltiplos papeacuteis urbanos atividades do oacutecio
circulaccedilatildeo urbana conforto conservaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo ambiental drenagem urbana
imaginaacuterio e memoacuteria urbana lazer e recreaccedilatildeo dentre outros Todas essas funccedilotildees
exercidas no ambiente urbano pelos espaccedilos livres assim como a localizaccedilatildeo acessibilidade
distribuiccedilatildeo tipos de usos e configuraccedilatildeo espacial estatildeo organizadas de maneira sistecircmica na
cidade formando o Sistema de Espaccedilos Livres
22 O PENSAMENTO SISTEcircMICO
As cidades independentemente da sua localidade histoacuteria e configuraccedilatildeo satildeo formadas de
modo geral por espaccedilos livres e espaccedilos edificados duas categorias espaciais estruturantes
da forma urbana A configuraccedilatildeo dos espaccedilos livres eacute variaacutevel nas cidades brasileiras por
diversas questotildees como caracteriacutesticas territoriais bioma configuraccedilatildeo paisagiacutestica pela
existecircncia ou ausecircncia de planos urbanos e principalmente pelos processos de urbanizaccedilatildeo e
de transformaccedilatildeo da paisagem
A cidade eacute um conjunto de elementos sistemas e funccedilotildees e os espaccedilos livres formam um dos
principais sistemas capaz de estruturar toda a configuraccedilatildeo urbana De acordo com Tardin
(2010) e DrsquoAgostini amp Cunha (2007) sistema eacute um conjunto de elementos passiacutevel de
estabelecer inter-relaccedilotildees fiacutesicas funcionais estruturais morfoloacutegicas e relativas agrave vivecircncia
da paisagem abertas e intricadas entre si com seu entorno e com as pessoas que o
vivenciam
De acordo com Morin (2008) apud Queiroga (2014) o conceito de sistema implica natildeo
somente elementos inter-relacionaacuteveis mas tais relaccedilotildees constituem uma organizaccedilatildeo e uma
estrutura relativamente estaacutevel que caracteriza o sistema como um todo A organizaccedilatildeo
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sistecircmica por sua vez conteacutem as relaccedilotildees que definem o sistema e que o transformam
alterando sua estrutura possibilitando sua permanecircncia e contendo a possibilidade concreta
de sua dissoluccedilatildeo Para o autor o termo exprime multiplicidade totalidade diversidade
organizaccedilatildeo e complexidade
A noccedilatildeo de sistema auxilia o estudo dos espaccedilos livres urbanos e o entendimento das suas
relaccedilotildees de interdependecircncia complementaridade e hierarquia Segundo Schlee et al
(2009) considerando-se a paisagem como um macrossistema complexo formado de
subsistemas os espaccedilos livres urbanos constituem um dos seus subsistemas inter-
relacionados com outros subsistemas urbanos e rurais e que podem se justapor ao Sistema
de Espaccedilos Livres ou se sobrepor total ou parcialmente enquanto sistemas de accedilotildees
[] entende-se como sistemas de espaccedilos livres (SEL)
urbanos os elementos e as relaccedilotildees que organizam e
estruturam o conjunto de todos os espaccedilos livres de um
determinado recorte urbano independentemente de sua
dimensatildeo qualificaccedilatildeo esteacutetica funcional e de sua
localizaccedilatildeo e propriedade sejam eles puacuteblicos ou privados
[] toda cidade possui um sistema de espaccedilos livres que eacute
produzido durante seu processo de formaccedilatildeo tanto pelo
Poder Puacuteblico como pela iniciativa privada (MACEDO 2010
p 3 e 4)
O autor afirma que todas as cidades independente do seu porte de suas caracteriacutesticas
culturais e histoacutericas possuem um Sistema de Espaccedilos Livres Essa afirmaccedilatildeo incita diversas
questotildees que conduziram esta pesquisa pontos voltados ao objeto de estudo a cidade de
Patos de Minas uma cidade meacutedia
O SEL DE UMA MEGAacuteLOPOLE OU METROacutePOLE Eacute
DIFERENTE DO SEL DE UMA PEQUENA CIDADE OU DE
UMA CIDADE MEacuteDIA
O MESMO TIPO DE ANAacuteLISE QUE SE APLICA PARA O
ENTENDIMENTO DO SEL DE UMA CIDADE DE GRANDE
PORTE PODE SER APLICADO PARA UMA CIDADE DE
MEacuteDIO PORTE
EXISTEM TIPOS DE ESPACcedilOS LIVRES FUNCcedilOtildeES OU
RELACcedilOtildeES QUE CARACTERIZAM O SISTEMA DE ESPACcedilOS
LIVRES DE UMA CIDADE MEacuteDIA
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23 OS ESPACcedilOS LIVRES NAS
CIDADES MEacuteDIAS
O espaccedilo livre eacute parte estruturante da forma urbana ele se configura em diferentes
categorias tipologias e caracteriacutesticas no meio urbano principalmente pela introduccedilatildeo ao
longo da histoacuteria de diferentes padrotildees urbaniacutesticos nas cidades O processo de urbanizaccedilatildeo
das cidades eacute uma soma e por vezes ateacute uma sobreposiccedilatildeo de padrotildees morfoloacutegicos esses
traccedilados geram diferentes paisagens com diferentes tipos de espaccedilos livres Incorporando ao
sistema um rico mosaico espacial formado por diferentes porcentagens de espaccedilos livres
intra lote caracteriacutesticos de traccedilados distintos por diferentes tipos de praccedilas aacutereas de
preservaccedilatildeo parques ruas e avenidas Aacutereas essas que apresentam diversos conflitos e
possuem um intenso potencial de transformaccedilatildeo
Segundo Macedo et al (2012) as cidades brasileiras possuem padrotildees morfoloacutegicas
semelhantes isso fica evidente na repeticcedilatildeo dos tipos de traccedilado (ortogonais orgacircnicos
radiais) e nos padrotildees de mancha urbana (linear tentacular compacta mista) O que confere
a especifidade das diversas cidades eacute a forma como elas estatildeo inseridas em seu contexto
territorial os arranjos espaciais seus padrotildees culturais socioeconocircmicos a legislaccedilatildeo
municipal as tipologias e funccedilotildees dos espaccedilos livres e a paisagem urbana Nas cidades meacutedias
brasileiras a forma como os padrotildees morfoloacutegicos se adequam ao suporte fiacutesico
transformando paisagem a local confere ao Sistema de Espaccedilos Livres diferentes dinacircmicas
espaciais funcionais e tipoloacutegicas
Como dito anteriormente neste trabalho a proposta natildeo eacute discutir o que determina uma
cidade como de meacutedio porte ou natildeo mas entender essas cidades como centro urbanos em
crescimento onde novos traccedilados e dinacircmicas urbanas satildeo somadas agrave cidade existente
transformando a paisagem local Na atual conjuntura brasileira segundo Tacircngari et al(2009)
apoacutes a deacutecada de 1980 as cidades meacutedias passaram a crescer mais rapidamente em
comparaccedilatildeo com as metroacutepoles um processo de diminuiccedilatildeo do movimento migratoacuterio em
direccedilatildeo agraves megaloacutepoles e o seu direcionamento para as cidades meacutedias que apresentam
grande potencial de crescimento econocircmico e tecircm seus atributos esteacuteticos e econocircmicos
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valorizados atraveacutes da propagaccedilatildeo da ideia de que cidades de meacutedio porte podem apresentar
mais qualidade de vida que as grandes metroacutepoles
As cidades meacutedias reproduzem os padrotildees morfoloacutegicos e culturais vindos do contexto das
grandes cidades e das pequenas cidades ou povoados de seu entorno Um exemplo dessa
influecircncia vinda das grandes cidades satildeo os condomiacutenios fechados propostos inicialmente
pelo mercado imobiliaacuterio como locais de seguranccedila e lazer proacuteximos aos grandes centros
urbanos esse mesmo padratildeo de condomiacutenio fechado eacute aplicado nas cidades meacutedias onde a
criminalidade eacute bem menor e as distacircncias a serem percorridas satildeo mais curtas Um exemplo
da influecircncia vinda das pequenas cidades e povoados proacuteximos satildeo as chaacutecaras pastos e
plantaccedilotildees presentes dentro malha urbana
Patos de Minas eacute um exemplo de cidade meacutedia em crescimento que recebe influecircncias
culturais e de padrotildees morfoloacutegicos uma cidade que possui caracteriacutesticas especiacuteficas de seu
suporte fiacutesico de seu processo histoacuterico e cultura que influenciam diretamente na malha
urbana as tipologias de espaccedilos livres e os tipos de apropriaccedilatildeo desses espaccedilos
Se observarmos em Patos de Minas as caracteriacutesticas da condiccedilatildeo de cidade meacutedia como por
exemplo a localizaccedilatildeo estrateacutegica entre cidades de maior e menor porte Percebemos que a
cidade atrai pessoas do entorno para desfrutar de suas potencialidades econocircmicas e de seus
aparatos de lazer (parques praccedilas locais de exposiccedilatildeo agropecuaacuteria) o que contribui
diretamente para geraccedilatildeo de renda e uso dos espaccedilos A cidade possui uma relaccedilatildeo direta
com cidades de maior porte que servem de escoamento da produccedilatildeo e suprimento de
mercadorias essa relaccedilatildeo de proximidade atrai para cidade eventos e exposiccedilotildees e pode
motivar influecircncias sobre as tipologias de espaccedilos livres gerados (assim como o processo de
globalizaccedilatildeo tambeacutem pode exercer esse papel)
Eacute nesse contexto de crescimento das cidades meacutedias e influecircncias morfoloacutegicas e culturais
que o Sistema de Espaccedilos Livres precisa ser pensado e entendido como uma infraestrutura
baacutesica para o desempenho da vida cotidiana urbana Segundo Souza amp Macedo (2014) o SEL
deve oferecer condiccedilotildees de habitabilidade urbana e para isso eacute necessaacuterio que se estabeleccedila
um diagnoacutestico baseado na existecircncia ou ausecircncia de uma seacuterie de atributos urbanos
necessaacuterios e qualitativos que deveriam orientar accedilotildees poliacuteticas e projetos de maneira a
formar um Sistema de Espaccedilos Livres integrado agrave paisagem local e a demanda da populaccedilatildeo
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O autor afirma que eacute preciso fazer uma leitura da cidade de seus condicionantes conflitos e
potencialidades para entender como se estrutura o SEL suas funccedilotildees e seu potencial de
transformaccedilatildeo e organizaccedilatildeo na cidade
Partimos para anaacutelise da forma urbana patense buscando o entendimento de como as
caracteriacutesticas especiacuteficas do suporte fiacutesico da organizaccedilatildeo espacial da situaccedilatildeo fundiaacuteria e
dos tipos de usos e funccedilotildees exercidas pelos espaccedilos livres estruturam o Sistema de Espaccedilos
Livres de Patos de Minas
24 OS ESPACcedilOS LIVRES NA FORMA URBANA DE
PATOS DE MINAS
Para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na forma urbana de Patos de Minas a
anaacutelise foi dividida em trecircs principais enfoques RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA CONFIGURACcedilAtildeO
ESPACIAL e RELACcedilAtildeO DE USOS DO SOLO A leitura da cidade apresentada por esses trecircs
acircngulos somada ao entendimento de paisagem forma urbana e da formaccedilatildeo e
transformaccedilatildeo da malha urbana patense apresentados no capiacutetulo anterior nos possibilitam
o entendimento do Sistema Espaccedilos Livres de Patos de Minas como um todo com suas
categorias tipoloacutegias e relaccedilotildees sistecircmicas
Os trecircs principais enfoques foram determinados com base nas principais caracteriacutesticas da
cidade nas suas peculiaridades na sua condiccedilatildeo de cidade de meacutedio porte Provavelmente
um outro tipo de cidade com outras caracteriacutesticas de paisagem demandaria outro segmento
de anaacutelise
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241
RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA
ESPACcedilOS LIVRES x SUPORTE ambiental
O principal objetivo desse subcapiacutetulo eacute analisar as caracteriacutesticas do suporte ambiental sobre
o qual a cidade de Patos de Minas foi implantada buscando identificar quais espaccedilos livres
presentes na cidade incorporam esses elementos da paisagem O suporte ambiental eacute parte
da paisagem urbana ele eacute formado por elementos como corpos drsquoaacutegua vegetaccedilatildeo relevo
solos e clima
Estatildeo cada vez mais presentes nos planos diretores e na legislaccedilatildeo ambiental denominaccedilotildees
como reservas florestais puacuteblicas e privadas parques lineares parques ecoloacutegicos unidades
de conservaccedilatildeo aacutereas de proteccedilatildeo permanente (APPrsquos) aleacutem de referecircncias agrave
sustentabilidade e agrave ecologia Essas denominaccedilotildees muitas vezes geram espaccedilos livres
voltados agrave funccedilatildeo de conservaccedilatildeo e proteccedilatildeo ambiental Entretanto os espaccedilos livres
vinculados ao suporte fiacutesico natildeo possuem somente a funccedilatildeo de conservaccedilatildeo ambiental eles
possuem outros papeacuteis no meio urbano como recreaccedilatildeo infraestrutura urbana contribuir
com a drenagem pluvial possibilitar microclimas urbanos mais agradaacuteveis contribuir para
manutenccedilatildeo da biodiversidade e valores esteacuteticos Segundo Queiroga (2012) a
permeabilidade do solo e a cobertura arboacuterea permitem a conservaccedilatildeo de paisagens com
melhor desempenho ambiental mitigando problemas comuns nas aacutereas urbanas a qualidade
da aacutegua e do ar a manutenccedilatildeo da qualidade do solo controle de erosatildeo abastecimento dos
aquiacuteferos e regulaccedilatildeo das enchentes
Os espaccedilos livres vinculados ao suporte ambiental como os corpos drsquoaacutegua e a vegetaccedilatildeo
constantemente satildeo alvo de degradaccedilatildeo ambiental o que ressalta a sua funccedilatildeo ambiental
dentro do sistema Entretanto a mitigaccedilatildeo desses problemas natildeo eacute uma questatildeo pertinente
apenas ao planejamento ambiental das cidades De acordo com Jacobs (2001) as aacutereas livres
puacuteblicas estruturam o espaccedilo urbano satildeo o principal suporte espacial para o encontro e a
vivecircncia urbana Segundo a autora a degradaccedilatildeo do espaccedilo urbano observada pela reduccedilatildeo
de aacutereas puacuteblicas de lazer deficiecircncia na arborizaccedilatildeo urbana excessiva impermeabilizaccedilatildeo do
solo aumento da temperatura e criaccedilatildeo de ilhas de calor danos ambientais diversos
diminuiccedilatildeo da qualidade da ambiecircncia urbana e perda de qualidade de vida constitui um
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problema que extrapola a esfera fiacutesicaespacial constituindo um problema social visto que
desencoraja o uso da rua e dos espaccedilos livres como locais de encontro necessaacuterios para a
manutenccedilatildeo das praacuteticas sociais
Ao longo do processo de urbanizaccedilatildeo das cidades brasileira foram comuns situaccedilotildees em que
aacutereas de reserva natural foram desmatadas para dar lugar a loteamentos coacuterregos foram
canalizados e desapareceram da paisagem urbana ou foram canalizadas a ceacuteu aberto tiveram
sua APP desmatada e impermeabilizada para dar lugar a avenidas e aacutereas construiacutedas como
no caso da Figura 26
Figura 26 Coacuterrego do Monjolo em Patos de Minas canalizado a ceacuteu aberto na deacutecada de 1970 com APP desmatada e grande parte do seu entorno impermeabilizado Agraves margens do coacuterrego a Av Faacutetima Porto Foto Acervo pessoal 2014
Atualmente esse tipo de tratamento de supressatildeo da vegetaccedilatildeo das APPrsquos em aacutereas
urbanizadas eacute cada vez mais incomum7 o que contribui para a conservaccedilatildeo desses recursos
naturais Entretanto gradativamente mais a legislaccedilatildeo ambiental trata a funccedilatildeo ambiental dos
espaccedilos como algo isolado entendendo as APPrsquos como locais onde natildeo podem existir
intervenccedilotildees desconsiderando que esses espaccedilos podem estar vinculados a outras funccedilotildees
como por exemplo recreaccedilatildeo educaccedilatildeo ambiental valorizaccedilatildeo da paisagem De acordo com
7 Os casos excepcionais nos quais eacute permitido a supressatildeo da vegetaccedilatildeo em APP estatildeo definidos pela Resoluccedilatildeo CONAMA 36906
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RESUMO
A pesquisa analisa a configuraccedilatildeo do Sistema de Espaccedilos Livres na forma urbana de Patos de Minas uma cidade de meacutedio porte no interior do estado de Minas Gerais O espaccedilo livre eacute caracterizado como todo espaccedilo livre de edificaccedilatildeo e eacute um dos principais elementos morfoloacutegicos capazes de contribuir com a conservaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo da paisagem estruturar a forma urbana e conferir identidade agraves cidades O espaccedilo livre eacute um dos principais caracterizadores das diferentes paisagens urbanas presentes na cidade A partir do estudo da configuraccedilatildeo ecoloacutegica espacial fundiaacuteria e tipoloacutegica desses espaccedilos busca-se o entendimento de que todos cada um com suas caracteriacutesticas e funccedilotildees estatildeo interligados de maneira sistecircmica estruturando as funccedilotildees ambientais sociais culturais e de paisagem presentes na dinacircmica urbana Essa abordagem permite elaborar uma visatildeo sistecircmica da estrutura urbana na qual se observa natildeo apenas os conjuntos de espaccedilos livres mas tambeacutem suas interaccedilotildees e articulaccedilotildees com o edificado com a sociedade com o suporte fiacutesico e com a forma urbana
Palavras-chave Sistema de Espaccedilos Livres Forma Urbana Unidades de Paisagem Patos de
Minas
ABSTRACT
This research analyzes the configuration of the Open Spaces System in the urban form of Patos de Minas one medium-sized city in the state of Minas Gerais The open space is characterized like everyone open space of edification and is one of the main morphological elements able to contribute to the conservation and enhancement of the landscape organize the urban form and confer identity to the cities The open space is a major characterizer of the different urban landscapes present in the city Starting from the study of ecological setting spatial land ownership and typological of those spaces sought the understanding that everyone each one with its characteristics and functions are interconnected in a systemic way structuring the environmental function social cultural and landscape present in the urban dynamic This approach enables elaborate a systemic view of the urban structure in which it is observed not just the sets of open spaces but also their interactions and articulations with the edified with society with the physical support and with the urban form
Palavras-chave Open Spaces System Urban Form Landscape Units Patos de Minas
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LISTA DE ABREVIATURAS
SIGLAS E SIacuteMBOLOS
AABB Associaccedilatildeo Atleacutetica Banco do Brasil
APA Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental
ARL Aacuterea de Reserva Legal
APP e APPrsquos Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente Aacutereas de Presrvaccedilatildeo Permanente
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
EL Espaccedilo Livre
ETA Estaccedilatildeo de Tratamento de Aacutegua
ETE Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgoto
FAUed Faculdade de Arquitetura Urbanismo e Design
i Inclinaccedilatildeo
SEL-RJ Grupo de Sistema de Espaccedilos Livres- Rio de Janeiro
HIS Habitaccedilatildeo de Interesse Social
MCMV Minha Casa Minha Vida
NEURB Nuacutecleo de Estudos Urbanos
ORT Ortogonal
PTC Patos Tecircnis Clube
Quapaacute-SEL Quadro do Paisagismo Brasileiro ndashSistema de Espaccedilos Livres
CEASA Centro de Abastecimento SA
SEL Sistema de Espaccedilos Livres
UNIPAM Centro Universitaacuterio de Patos de Minas
UP Unidade de Paisagem
URT Uniatildeo Recreativa dos Trabalhadores (um dos times de futebol da cidade)
Unesco Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura
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SUMAacuteRIO
ELEMENTOS PREacute-TEXTUAIS
Dedicatoacuteria 005
Agradecimentos 006
Resumo e Abstract 007
Lista de Abreviaturas e Siglas e Siacutembolos 008
INTRODUCcedilAtildeO 013
Sobre os pensamentos norteadores 013
Sobre o meacutetodo 014
Sobre o decorrer dos capiacutetulos 014
CAPIacuteTULO 1 a paisagem e a forma urbana
018 11 PAISAGENS URBANA CONCEITUACcedilAtildeO
021 12 MORFOLOGIA E FORMA URBANA FORMA URBANA MALHA URBANA TECIDO URBANO
025 13 FORMACcedilAtildeO E TRANSFORMACcedilAtildeO DA MALHA URBANA PATENSE
028 131 DO INIacuteCIO DO POVOADO ATEacute A DEacuteCADA DE 1930 BORGES X MACIEIS
037 132 DA DEacuteCADA DE 1940 ATEacute A DEacuteCADA DE 1960 AUMENTO POPULACIONAL
040 133 DAacute DEacuteCADA DE 1970 ATEacute A DEacuteCADA DE 1980 INCORPORACcedilAtildeO DOS CORPOS DrsquoAacuteGUA
044 134 DA DEacuteCADA DE 1990 ATEacute OS DIAS ATUAIS A FORMA URBANA ATUAL
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CAPIacuteTULO 2 o sistema de espaccedilos livres
051 21 ESPACcedilOS LIVRES ESPACcedilOS ABERTOS AacuteREAS VERDES
053 22 O PENSAMENTO SISTEcircMICO
055 23 ESPACcedilOS LIVRES NAS CIDADE MEacuteDIAS
057 24 OS ESPACcedilOS LIVRES NA FORMA URBANA DE PATOS DE MINAS
058 241 RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA espaccedilos livres x suporte ambiental
065 242 CONFIGURACcedilAtildeO ESPACIAL espaccedilos livres x malha urbana
2421 Configuraccedilotildees da malha urbana
2422 Espaccedilos livres na malha urbana
2423 Tipos de traccedilado
083 243 RELACcedilOtildeES DE USOS DO SOLO espaccedilos livres x uso
2431 Distribuiccedilatildeo fundiaacuteria
2432 Usos do solo
090 25 O SISTEMA DE ESPACcedilOS LIVRES DE PATOS DE MINAS
090 251 TIPOLOGIAS DE ESPACcedilOS LIVRES
092 252 CATEGORIAS DE ESPACcedilOS LIVRES
102 253 RELACcedilOtildeES SISTEcircMICAS DOS ESPACcedilOS LIVRES
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CAPIacuteTULO 3 as unidades de paisagem
109 31 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS
110 32 UNIDADES DE PAISAGEM DE PATOS DE MINAS
113 321 UNIDADE DE PAISAGEM 01
116 322 UNIDADE DE PAISAGEM 02
120 323 UNIDADE DE PAISAGEM 03
123 324 UNIDADE DE PAISAGEM 04
128 325 UNIDADE DE PAISAGEM 05
132 326 UNIDADE DE PAISAGEM 06
135 327 UNIDADE DE PAISAGEM 07
139 328 UNIDADE DE PAISAGEM 08
143 329 UNIDADE DE PAISAGEM 09
148 3210 UNIDADE DE PAISAGEM 10
151 33 AS UNIDADES DE PAISAGEM NA CIDADE
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS PERSPECTIVAS E DESAFIOS 154
SOBRE OS DESAFIOS A SEREM ENFRENTADOS 156
SOBRE OS POSSIacuteVEIS DESDOBRAMENTOS DA PESQUISA 157
REFEREcircNCIAS 159
ACERVOS ARQUIVOS E JORNAIS 159
LEIS E DECRETOS 159
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 160
ANEXOS 164
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13 |
INTRODUCcedilAtildeO
SOBRE OS PENSAMENTOS NORTEADORES
O trabalho eacute um exerciacutecio de olhar para a cidade e ler entre seus traccedilados suas ruas lotes e
quadras Buscando entender as promessas que ficaram no ar os projetos vislumbrados mas
nunca concretizados que vatildeo desde a rua que natildeo foi asfaltada ateacute o coacuterrego canalizado que
natildeo foi aberto Entender o processo histoacuterico as relaccedilotildees culturais o desenho da malha
urbana que se estende por entre os fundos dos vales e acompanha o desenho dos coacuterregos e
rios
Grande parte da vida na cidade acontece em seus espaccedilos livres na praccedila natildeo implantadas
onde o vizinho planta milho na rua que recebe o tapete de Corpus Christi nas procissotildees
passeatas e desfiles na festa junina na praccedila da Igreja na eleiccedilatildeo da rainha do milho nas
folias de reis dos distritos da cidade A cidade se transforma no lote que vira campinho na
praccedila que vira estacionamento na gleba que vira pasto na lagoa que vira brejo na mata que
vira cinzas A zona rural aos poucos se transforma em malha urbana mas o rural natildeo perdeu
seu espaccedilo ele se manteacutem presente na paisagem urbana nas expressotildees culturais e nos
dialetos
Este trabalho eacute a continuidade do Trabalho Final de Graduaccedilatildeo apresentado a Faculdade de
Arquitetura Urbanismo e Desing da Universidade Federal de Uberlacircndia Sob a orientaccedilatildeo do
professor Glauco Cocazza foi desenvolvido um projeto de requalificaccedilatildeo para um dos
parques urbanos de Patos de Minas o Parque Municipal do Mocambo Durante o
desenvolvimento desse trabalho ficou evidente que natildeo soacute os ambientes do parque como
outros espaccedilos livres da cidade requeriam projetos de requalificaccedilatildeo que trabalhassem a
relaccedilatildeo eles com a cidade buscando o entendimento dos diferentes papeacuteis dos espaccedilos livres
na cidade deixando de pensar no planejamento urbano e no planejamento ambiental como
coisas isoladas Iniciaram-se aiacute as primeiras percepccedilotildees de que a cidade de Patos de Minas
possui diversas especificidades com relaccedilatildeo agrave interaccedilatildeo da paisagem urbana com seus
espaccedilos livres e edificados
14 |
SOBRE O MEacuteTODO
A dissertaccedilatildeo se fundamenta na anaacutelise de dados documentais primaacuterios como mapas
cedidos pela Prefeitura Municipal de Patos de Minas projetos de espaccedilos livres da cidade
levantamentos fotograacuteficos leis e decretos municipais e federais Baseia-se tambeacutem em
fontes secundaacuterias como revisatildeo bibliograacutefica dos temas norteadores da pesquisa registros
fotograacuteficos jornais locais e entrevistas informais com moradores da cidade e arquitetos da
prefeitura A dissertaccedilatildeo apresenta registros fotograacuteficos natildeo soacute do acervo da autora mas de
diferentes pessoas evidenciando pontos de vista e os diversos olhares sobre a cidade aleacutem
das fotos histoacutericas de arquivos puacuteblicos
A pesquisa adota como metodologia a anaacutelise do Sistema de Espaccedilos Livres e das Unidades de
Paisagem desenvolvida pelos estudos da rede nacional brasileira Quapaacute-SEL II (Quadro do
Paisagismo Brasileiro ndash Sistemas de Espaccedilos Livres) coordenada pelo LAB-QUAPAacute da FAUUSP
(Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Satildeo Paulo) cujo objetivo principal
eacute compreender as relaccedilotildees processuais contemporacircneas entre os Sistemas de Espaccedilos Livres
e a forma urbana das cidades brasileiras A pesquisa apresentada eacute tambeacutem parte integrante
dos estudos desenvolvidos pelo Nuacutecleo de Estudos Urbanos (NEURB) desenvolvido na
Faculdade de Arquitetura Urbanismo e Design (FAUeD) da Universidade Federal de
Uberlacircndia que tem como objetivo central compreender a importacircncia e o papel do Sistema
de Espaccedilos Livres na Forma Urbana das principais cidades meacutedias do Triacircngulo Mineiro e Alto
Paranaiacuteba contribuindo assim com os estudos do grupo nacional Quapaacute-SEL II
SOBRE O DECORER DOS CAPIacuteTULOS
O objetivo central do trabalho eacute analisar os espaccedilos livres presentes na forma urbana de
Patos de Minas e entender como esses espaccedilos estruturam o Sistema de Espaccedilos Livres (SEL)
Buscando esse entendimento a dissertaccedilatildeo foi dividida em trecircs momentos a anaacutelise da
paisagem e da forma urbana patense no primeiro capiacutetulo o entendimento do SEL no
segundo capiacutetulo e a aplicaccedilatildeo da metodologia de Unidades de Paisagem no terceiro capiacutetulo
O primeiro capiacutetulo apresenta os conceitos que iratildeo nortear a pesquisa a PAISAGEM URBANA
e a FORMA URBANA por meio de uma revisatildeo bibliograacutefica buscando a constataccedilatildeo do
estado da arte dos conceitos-chave O trabalho entende a paisagem como conceito
norteador para o entendimento da cidade da formaccedilatildeo e da transformaccedilatildeo da forma urbana
15 |
Depois de introduzidos os conceitos-chave o capiacutetulo apresentaraacute o processo de urbanizaccedilatildeo
da aacuterea de estudo a transformaccedilatildeo do tecido urbano e a incorporaccedilatildeo dos principais espaccedilos
livres de edificaccedilatildeo e edificados ressaltando as caracteriacutesticas histoacutericas econocircmicas
poliacuteticas e culturais que contribuem para a formaccedilatildeo da imagem da cidade
O segundo capiacutetulo analisa o SISTEMA DE ESPACcedilOS LIVRES na forma urbana de Patos de Minas
a partir de trecircs principais enfoques a relaccedilatildeo ecoloacutegica que busca entender a interaccedilatildeo entre
a forma urbana e os condicionantes do suporte fiacutesico (hidrografia geologia relevo
vegetaccedilatildeo) a configuraccedilatildeo espacial que revela a organizaccedilatildeo da malha urbana e a interaccedilatildeo
dos espaccedilos livres na malha e a relaccedilatildeo de usos do solo que analisa a relaccedilatildeo dos espaccedilos
livres com a situaccedilatildeo fundiaacuteria e a distribuiccedilatildeo dos usos do solo na cidade
No capiacutetulo sobre o Sistema de Espaccedilos Livres as anaacutelises foram feitas na escala da cidade No
capiacutetulo seguinte que trata das Unidades de Paisagem as apreciaccedilotildees foram feitas na escala
das unidades ou seja a anaacutelise dos espaccedilos livres da cidade vai do macro ao micro A
aplicaccedilatildeo da metodologia das Unidades de Paisagem permite transitar entre as escalas de
anaacutelise e aprofundar nas caracteriacutesticas e peculiaridades do Sistema de Espaccedilos Livres
presentes em cada unidade
O terceiro capiacutetulo apresenta a metodologia das UNIDADES DE PAISAGEM a identificaccedilatildeo das
Unidades de Paisagem presentes em Patos de Minas e a anaacutelise cada uma delas O trabalho
entende as Unidades de Paisagem como porccedilotildees do Sistema de Espaccedilos Livres cujas relaccedilotildees
entre os espaccedilos livres os espaccedilos edificados possuem caracteriacutesticas especiacuteficas de
centralidade hierarquia distribuiccedilatildeo e organizaccedilatildeo que os distingue dos demais conjuntos de
relaccedilotildees
O fechamento do trabalho apresenta de maneira sinteacutetica uma apreciaccedilatildeo do que foi
apresentado em cada capiacutetulo apontando os questionamentos e resultados que surgiram no
decorrer da anaacutelise Depois satildeo enumerados os principais desafios a serem enfrentados pelo
o planejamento urbano e ambiental de Patos de Minas para a gestatildeo do SEL da cidade
Adiante satildeo apresentados os possiacuteveis desdobramentos da pesquisa evidenciando as
possibilidades de continuidade e aprofundamentos teoacutericos e praacuteticos sobre o objeto de
estudo
16 |
17 |
11 PAISAGEM URBANA
CONCEITUACcedilAtildeO
A compreensatildeo do conceito de paisagem urbana eacute o principal enfoque no presente trabalho
para assimilaccedilatildeo da configuraccedilatildeo urbana da incorporaccedilatildeo dos elementos do suporte fiacutesico na
formaccedilatildeo e na transformaccedilatildeo da forma urbana e entendimento do papel do Sistema de
Espaccedilos Livres na cidade
O estudo da paisagem possibilita uma melhor percepccedilatildeo da estrutura da cidade a
compreensatildeo do siacutetio natural e da interferecircncia humana no mesmo esse conhecimento pode
direcionar o planejamento urbano para tanto a clareza do conceito de paisagem e seus
sombreamentos eacute de extrema importacircncia
Natildeo existe um consenso sobre o conceito de paisagem a discussatildeo sobre paisagem transita
por diversas aacutereas com diferentes definiccedilotildees ecircnfases e meacutetodo de abordagem Segundo o
geoacutegrafo Bertrand (2004) as diferenccedilas de abordagem no conceito de paisagem satildeo
influenciadas pela formaccedilatildeo e os objetivos do observador e pode enfatizar a vegetaccedilatildeo a
hidrografia o clima o relevo a economia a arquitetura ou o processo histoacuterico A
metodologia de anaacutelise poderaacute ser temporal baseada nos aspectos fiacutesicos e se referir agraves
relaccedilotildees e dinacircmicas internas ou ainda um conjunto de diversas anaacutelises Ou seja a
percepccedilatildeo individual somada aos objetivos e ao enfoque do observador interferem
diretamente na leitura da paisagem e no conceito da mesma
Segundo Rougerie e Beroutchatchvili (1991) apud Maximiano (2004) a Unesco (Organizaccedilatildeo
para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura das Naccedilotildees Unidas) declarou em 1971 considerar que a
paisagem eacute a ldquoestrutura do ecossistemardquo e o Conselho Europeu diz que ldquoo meio natural
moldado pelos fatores sociais e econocircmicos torna-se paisagem sob o olhar humanordquo Jaacute a
ldquopaysagerdquo francesa refere-se principalmente aos aspectos visuais O termo holandecircs com o
mesmo sentido eacute ldquovisueellandschaprdquo Para os alematildees ldquolandschaftrdquo envolve a noccedilatildeo de
territoacuterio semelhante ao ldquolandscape inglecircsrdquo Ambos tambeacutem se referem ao aspecto visual A
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geografia sovieacutetica tem seus proacuteprios termos ldquomesnost e ourotchitcherdquo que possuem valor
territorial aos quais os russos acrescentam ldquolandschaftrdquo emprestado dos alematildees
Segundo Maximiano (2004) para alguns socioacutelogos e economistas a paisagem eacute a base do
meio fiacutesico onde o homem a utiliza e a transforma ou natildeo para alguns botacircnicos e ecoacutelogos
a paisagem eacute um conjunto de organismos num meio fiacutesico cujas propriedades podem ser
explicadas segundo leis ou modelos com ajuda das ciecircncias fiacutesicas eou bioloacutegicas para
alguns geoacutegrafos ela resulta da relaccedilatildeo dinacircmica de elementos fiacutesicos bioloacutegicos e
antroacutepicos
ldquoA expressatildeo ldquopaisagemrdquo() passava a manifestar-se com
significados amplos complexos poreacutem bastante vagos
indistintos incompletos premissas comuns eram ldquoa naturezardquo e
a censura agrave accedilatildeo do homem A percepccedilatildeo das mudanccedilas
naturais ndash de tempos bioloacutegicos ndash e tambeacutem aquelas raacutepidas
extensas e difusas do trabalho do homem ndash de tempos
histoacutericos ndash levantava novamente a relaccedilatildeo homem-natureza
Seria esta relaccedilatildeo com todos os apelos e juiacutezos ndash imprecisos
indefinidos ndash que seria associada agrave palavra lsquopaisagemrsquordquo
(MAGNOLI e MACEDO 2000 p132-133)
O estudo da paisagem passou a ganhar relevacircncia entre os arquitetos a partir dos anos de
1960 Segundo Sandeville (2006) esse processo pode ser exemplificado inicialmente pelos
trabalhos de Kevin Lynch Cristopher Alexander Amos Rapoport Yi Fu Tuan e Vittorio
Gregotti1 De acordo com Gregotti (1983) o entendimento da paisagem eacute um instrumento
que o arquiteto tem que ter em matildeos para analisar o lugar e o espaccedilo sobre o qual se projeta
Entretanto a paisagem entendida soacute como o conjunto das caracteriacutesticas fiacutesicas e
geomorfoloacutegicas de cunho bioloacutegico e mineraloacutegico natildeo eacute suficiente para elaboraccedilatildeo do
1LYNCH K A imagem da cidade (1960) ALEXANDER C Unlenguage de patrones (1980) RAPOPORT A
Aspectos humanos de la forma urbana (1978) TUAN Y F Espaccedilo e lugar (1983) GREGOTTI V Nuevos
caminos de La arquitectura italiana (1969)
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projeto eacute preciso que a leitura da paisagem expresse as accedilotildees cotidianas os usos dos
espaccedilos e a cultura local
No Brasil Miranda Magnoli inicia seus estudos sobre a paisagem e o ambiente na deacutecada de
1970 baseada nas anaacutelises estadunidenses de planejamento da paisagem reconhecendo a
importacircncia das caracteriacutesticas socioespaciais mas sem reduzir a paisagem aos aspectos
formais O modo como Miranda discutiu a paisagem segundo Sandeville (2006) ultrapassou
as limitaccedilotildees da relaccedilatildeo figura-fundo a qual reforccedila a paisagem como cenaacuterio um entorno
transformado por uma arquitetura de edifiacutecio promovendo a cenarizaccedilatildeo da ideia de
paisagem Sua reflexatildeo estabeleceu bases para o conceito da arquitetura como o projeto do
ldquoambiente humanordquo a necessidade de compreensatildeo do contexto no qual se insere o objeto
projetado
A definiccedilatildeo do conceito de paisagem adotada para este trabalho eacute a desenvolvida por
Miranda Magnoli (1982) na qual a morfologia da paisagem eacute definida como resultante da
interaccedilatildeo entre a loacutegica proacutepria dos processos do suporte (geologia clima solo relevo
vegetaccedilatildeo e sol aacutegua e ventos) e a loacutegica proacutepria dos processos antroacutepicos sociais e culturais
(parcelamentos escavaccedilotildees plantaccedilotildees construccedilotildees edificaccedilotildees etc) Essa anaacutelise da
paisagem urbana considera os diversos atores que nela interferem seus aspectos fiacutesicos
socioeconocircmicos culturais e seu processo evolutivo natildeo eacute simplesmente bem organizada ou
normativa eacute tambeacutem uma anaacutelise poeacutetica e simboacutelica fala das pessoas e de suas histoacuterias de
suas aspiraccedilotildees tradiccedilotildees e conflitos do conjunto natural das funccedilotildees e da dinacircmica urbana
O estudo da paisagem possibilita um melhor entendimento da estrutura da cidade a
compreensatildeo do siacutetio natural e da interferecircncia humana no mesmo esse conhecimento pode
direcionar o planejamento urbano para tanto o entendimento do conceito de paisagem e
seus sombreamentos eacute de extrema importacircncia Segundo Oseki amp Pellegrino (2004) um
planejamento ecoloacutegico da paisagem pode fornecer as ferramentas necessaacuterias para
integraccedilatildeo entre sociedade e natureza incorporando diretrizes ambientalmente desejaacuteveis
para a melhoria da habitabilidade da cidade de sua sustentabilidade e de sua imagem
Para Oseki amp Pellegrino (2004) as paisagens satildeo ao mesmo tempo produzidas socialmente e
produtoras (indutoras) de praacuteticas sociais podem ser utilizadas no planejamento no projeto
e gestatildeo de espaccedilos livres (nas escalas espaciais local regional e continental) o que lhes
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confere importacircncia no planejamento urbano e regional o que tem sido ignorado pelos
oacutergatildeos responsaacuteveis pela gestatildeo do territoacuterio Segundo Macedo (1993) a paisagem eacute processo
e produto das accedilotildees humanas eacute processo na medida em que estaacute em constante mutaccedilatildeo e
compreende as diversas forccedilas que nela atuam ora em conflito ora em consonacircncia de
objetivos eacute produto pois a cada instante apresenta-se como objeto acabado dessas accedilotildees e
forccedilas aplicadas
Figura 2 Avenida Getuacutelio Vargas em Parto de Minas Vista parcial da paisagem urbana Fonte httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=1534357amppage=92 Foto Fotoacutegrafo desconhecido
O presente trabalho entende a paisagem como algo que caracteriza a cidade que lhe confere
identidade e a distingue das demais A paisagem retrata a forma urbana e a cultura da
populaccedilatildeo a maneira como as pessoas constroem suas casas e onde constroem se na beira
do rio no alto das serras ou nas chapadas Eacute a histoacuteria local contada por meio da mudanccedila do
cenaacuterio e da mudanccedila dos padrotildees arquitetocircnicos nas casas que permanecem do periacuteodo
neocolonial ou no estilo ecleacutetico nas casas que surgiram no estilo moderno nas reformas
nas construccedilotildees que satildeo tombadas e nas que satildeo derrubadas A paisagem eacute contada pelas
aacutervores pelas flores plantadas e replantadas nas calccediladas calccediladas por vezes remendadas A
paisagem eacute o reflexo do processo social dos bairros que se formam das pessoas que se
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mudam da economia que se desenvolve modificando o comercio instalando novas induacutestrias
e quem sabe ateacute bairros industriais gerando renda para urbanizaccedilatildeo de novas aacutereas ou a
verticalizaccedilatildeo de outras
O entendimento da paisagem enquanto elemento caracterizador da imagem das cidades eacute
um instrumento para a melhoria e manutenccedilatildeo dos valores da mesma Possui uma relaccedilatildeo
direta com histoacuteria da cidade com os valores culturais com o processo de formaccedilatildeo e de
transformaccedilatildeo da forma urbana e com os elementos que a constituem Partimos entatildeo para o
estudo da forma urbana com seus enfoques conceituais desdobramentos teoacutericos e
praacuteticos
12
MORFOLOGIA E FORMA URBANA
FORMA URBANA MALHA URBANA TECIDO
URBANO
Figura 3 Forma Urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora 2014
Eacute constante a confusatildeo ao conceituar termos
como morfologia forma urbana malha
urbanatecido urbano elementos morfoloacutegicos
termos que ora se sobrepotildeem ora se englobam
ora se dividem
EXISTE UM CONSENSO SOBRE O CONCEITO
DE FORMA URBANA
A DEFINICcedilAtildeO DE FORMA URBANA ENGLOBA
O TRACcedilADO DAS RUAS OS CHEIOS E VAZIOS
OS USOS E AS TIPOLOGIAS CONSTRUIacuteDAS OU
SERIA SOacute O DESENHO QUE SE FORMA NO
ENCONTRO DAS BORDAS DA OCUPACcedilAtildeO
FORMA URBANA Eacute SINOcircNIMO DE TECIDO
URBANO OU O TECIDO Eacute PARTE DA FORMA
22 |
A morfologia urbana eacute um campo disciplinar que abrange o estudo das cidades das formas
dos tecidos e da paisagem O estudo da morfologia contribui para o entendimento da
estrutura da cidade sua formaccedilatildeo e transformaccedilatildeo por meio de seus elementos
constituintes Segundo Lamas (2004) os elementos morfoloacutegicos constituintes satildeo o solo os
edifiacutecios o lote o quarteiratildeo a fachada o logradouro o traccediladorua a praccedila o monumento
a vegetaccedilatildeo e o mobiliaacuterio urbano O autor denomina como elementos morfoloacutegicos as partes
fiacutesicas que associadas ou estruturadas constituem a forma urbana Existem diversos
conceitos e definiccedilotildees que abordam a morfologia das cidades este trabalho apresentaraacute
algumas delas
Segundo Del Rio (1990) a anaacutelise da morfologia urbana estaacute em compreender a loacutegica da
formaccedilatildeo evoluccedilatildeo e transformaccedilatildeo da forma da cidade e de suas inter-relaccedilotildees a fim de
possibilitar a identificaccedilatildeo de accedilotildees mais apropriadas cultural e socialmente para a
intervenccedilatildeo urbana e o desenho de novos espaccedilos Segundo Rossi (2001) a cidade eacute uma
obra reconhecida pelo conjunto de sua forma mas tambeacutem pode ser identificada por
pequenas partes do conjunto em seus diversos momentos a forma urbana eacute a soma dos
diversos tecidos e padrotildees morfoloacutegicos que formam a cidade
O tecido urbano ou a malha urbana de acordo com Rego e Meneguetti (2011) satildeo
configurados pelo sistema viaacuterio pelo padratildeo do parcelamento do solo pela aglomeraccedilatildeo e
pelo isolamento das edificaccedilotildees assim como pelos espaccedilos livres Em outras palavras o
tecido de cidade eacute dado pelos edifiacutecios ruas quadras e lotes parques praccedilas e monumentos
nos seus mais variados arranjos Esses elementos morfoloacutegicos presentes no tecido urbano
segundo Moudon (1997) devem ser considerados como organismos ndash constantemente em
atividade e assim em transformaccedilatildeo ao longo do tempo eles existem em inter-relaccedilatildeo com
as estruturas edificadas conformando e sendo conformadas pelos espaccedilos livres O modo
como cada um desses elementos morfoloacutegicos se organizou e conforma o tecido da cidade
pode ser entendido como um objeto de estudo da morfologia urbana
A forma urbana reflete os processos de formaccedilatildeo da cidade os processos sociais que se
consolidam nos tecidos urbanos que levam a sociedade a construir de uma maneira
determinada e caracteriacutestica suas casas escolas comeacutercios induacutestrias etc Segundo
Carvalho (2011) os tecidos urbanos satildeo configurados a partir da homogeneidade dos
seguintes elementos traccedilado da malha viaacuteria padrotildees de uso (residencial comercial de
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serviccedilos e industrial) padratildeo edificado (padratildeo arquitetocircnico e do gabarito) e suporte fiacutesico
(topografia vegetaccedilatildeo e hidrografia
De acordo com Moudon (1997) os morfologistas atentam para os resultados tangiacuteveis de
questotildees sociais econocircmicas poliacuteticas ou seja estudam a manifestaccedilatildeo de ideias e
intenccedilotildees agrave medida que elas tomam forma no chatildeo e moldam as cidades O estudo
morfoloacutegico das cidades pode ser dividido em escolas de pensamento dentre elas a escola
italiana a escola francesa e a escola inglesa as quais analisaremos sinteticamente
observando suas principais caracteriacutesticas metodoloacutegicas bases bibliograacuteficas e formas de
pensamento
A escola italiana conforme Mondon (1997) tem seu iniacutecio nos estudos do arquiteto Saverio
Muratori (1910 ndash 1973) e de Gianfranco Caniggia (1933 ndash 1987) na deacutecada de 1940 Segundo
Rosaneli (2011) essa escola de pensamento possui como principal distintivo a preocupaccedilatildeo
com o destino das cidades histoacutericas italianas sobretudo devido aos efeitos das intervenccedilotildees
modernistas Essa escola apresenta uma maior preocupaccedilatildeo com o estudo tipoloacutegico das
edificaccedilotildees (fachadas estilos arquitetocircnicos gabarito) e de suas transformaccedilotildees ao longo do
tempo
A escola francesa apresenta ecircnfase na reflexatildeo geograacutefica e historiograacutefica sobre as cidades e
possui a contribuiccedilatildeo do socioacutelogo Henri Lefebvre (1901 ndash 1991) Assim como a escola italiana
a escola francesa se opotildee aos efeitos das intervenccedilotildees modernistas Rosaneli (2011) propotildee
uma reforma educacional no campo dos estudos urbanos e busca consolidar uma nova
ldquodisciplinardquo com duplo objetivo primeiro uma pesquisa descritiva multidisciplinar do espaccedilo
construiacutedo a fim de reconhecer ingredientes de um bom desenho e segundo a identificaccedilatildeo
e criacutetica de modelos teoacutericos de desenho urbano
A escola inglesa eacute fundamentada nos estudos do geoacutegrafo alematildeo Conzen (1907 ndash 2000) e
inicia-se na deacutecada de 1960 De acordo com Moudon (1994) a escola inglesa possui uma
anaacutelise morfoloacutegica descritiva analiacutetica e explanatoacuteria concentra-se no estudo da forma
urbana e apresenta o mais completo detalhado e sistemaacutetico meacutetodo tipo morfoloacutegico das
trecircs escolas
Conzen fundamenta-se na aplicabilidade da leitura dos planos urbanos (ldquotown-plansrdquo) para o
entendimento da formaccedilatildeo urbana De acordo com Conzen (1960) apud Rosaneli (2011) os
24 |
trecircs fundamentais elementos que compotildee os planos satildeo as ruas que estatildeo arranjadas em um
traccedilado os lotes ou parcelas individuais de terra juntamente com as quadrasquarteirotildees e os
edifiacutecios com seus conjuntos construiacutedos As diversas combinaccedilotildees desses trecircs principais
elementos constituiriam unidades distintas com ldquohomogeneidade morfoloacutegicardquo o que o
autor denominou de tecido urbano (ldquoplan unitrdquo ldquourban fabricrdquo ou ldquotessuto urbanordquo para a
escola italiana)
A morfologia urbana e suas diferentes escolas de pensamento retratam o estudo da forma
urbana e de seus elementos estruturantes dos processos culturais sociais econocircmicos e
poliacuteticos Os estudos morfoloacutegicos que mais se aplicam agrave presente pesquisa satildeo os da escola
inglesa onde desenvolve-se uma anaacutelise descritiva e analiacutetica do processo de urbanizaccedilatildeo
estudando as unidades com ldquohomogeneidade morfoloacutegicasrdquo trabalhadas nessa pesquisa por
meio das Unidades de Paisagem (porccedilotildees territoriais com semelhanccedila de traccedilado e interaccedilatildeo
entre os espaccedilos livres e edificados) e atraveacutes da anaacutelise do Sistema de Espaccedilos Livres uma
organizaccedilatildeo sistecircmica dos espaccedilos livres das diversas Unidades de Paisagem presentes em
uma aacuterea definida
Para o entendimento da configuraccedilatildeo do Sistema de Espaccedilos Livres Patense e de suas
Unidades de Paisagem partimos do estudo do processo de urbanizaccedilatildeo de Patos de Minas
observando as caracteriacutesticas morfoloacutegicas histoacutericas culturais e da paisagem urbana
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13 FORMACcedilAtildeO E TRANSFORMACcedilAtildeO DA
MALHA URBANA PATENSE
Figura 4 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Patos de Minas e apresentaccedilatildeo da forma urbana da cidade Elaborado pela autora segundo fonte Mapas da Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2006 e 2015
26 |
Patos de Minas eacute uma cidade meacutedia2 da regiatildeo intermediaacuteria agrave Mesorregiatildeo do Triacircngulo
Mineiro e Alto Paranaiacuteba Considerada poacutelo econocircmico regional a maior cidade da
microrregiatildeo do Alto Paranaiacuteba que eacute composta por 10 municiacutepios O municiacutepio de Patos de
Minas eacute formado por sete distritos o distrito sede eacute a cidade de Patos de Minas e os outros
satildeo Bom Sucesso Chumbo Major Porto Pilar Pindaiacutebas e Santana de Patos (identificados na
Figura 4)
Segundo o IBGE (2010) o municiacutepio de Patos de Minas possui aacuterea de 3189771Kmsup2
densidade demograacutefica de 4349 habkmsup2 e populaccedilatildeo de aproximadamente 147614
habitantes (populaccedilatildeo estimada em 2014)
Patos de Minas situa-se no Planalto Central Minas GeraisGoiaacutes com altitudes meacutedias de 800
a 900 metros Localiza-se entre duas grandes bacias hidrograacuteficas brasileiras a do Satildeo
Francisco e a do Paranaacute Sua localizaccedilatildeo estrateacutegica permite a ligaccedilatildeo da cidade a centros
comerciais como Uberlacircndia Belo Horizonte Brasiacutelia e Satildeo Paulo facilitando o intercacircmbio
comercial e o desenvolvimento econocircmico
De acordo com o IBGE (2012) o PIB (Produto Interno Bruto) do municiacutepio tem sua economia
baseada principalmente no setor de serviccedilos seguido do setor industrial e da agricultura
conforme Tabela 1
2 A dissertaccedilatildeo adota a conceituaccedilatildeo de cidades meacutedias desenvolvida por Amorim Filho e Serra (2001) cidade que ocupam uma posiccedilatildeo estrateacutegica na hierarquia urbana oferecendo suporte agraves cidades pequenas conforme a funccedilatildeo que desempenham e estabelecendo ligaccedilotildees com as cidades maiores intermediando as relaccedilotildees entre estes dois niacuteveis urbanos De acordo com os autores essas cidades satildeo espaccedilos de relaccedilotildees e natildeo de polarizaccedilatildeo ou dominaccedilatildeo satildeo cidades natildeo tatildeo pequenas a ponto de limitar as possibilidades de crescimento econocircmico e intelectual de seus habitantes e nem tatildeo grandes a ponto de onerar ndash e ateacute pocircr em risco ndash a vida da maioria de seus moradores
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Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas - 2012
Impostos sobre produtos liacutequidos de subsiacutedios a preccedilos correntes
248946 mil reais
PIB a preccedilos correntes 2495732 mil reais
PIB per capita a preccedilos correntes 1770650 mil reais
Valor adicionado bruto da agropecuaacuteria a preccedilos correntes 255908 mil reais
Valor adicionado bruto da induacutestria a preccedilos correntes 432152 mil reais
Valor adicionado bruto dos serviccedilos a preccedilos correntes 1558725 mil reais
Tabela 1 Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas-2012 Fonte IBGE 2012 em parceria com os Oacutergatildeos Estaduais de Estatiacutestica Secretarias Estaduais de
Governo e Superintendecircncia da Zona Franca de Manaus ndash SUFRAMA Disponiacutevel em
httpwwwcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=314800ampidtema=134ampsearch=mina
s-gerais|patos-de-minas|produto-interno-bruto-dos-municipios-2012 Acesso em dezembro de 2014
Entretanto observa-se que entre os setores o que mais exerce influecircncia cultural no
municiacutepio e na dinacircmica urbana eacute a agricultura somada a pecuaacuteria e ao agronegoacutecio
caracterizando as festas locais as manifestaccedilotildees culturais as formas de apropriaccedilatildeo da
paisagem as tipologias predominantes de espaccedilos livres e a histoacuteria de ocupaccedilatildeo do
municiacutepio Na agroinduacutestria destaca-se a produccedilatildeo de leite e derivados sementes e adubos
defensivos agriacutecolas carne suiacutena e derivados e alimentos enlatados A agricultura sempre
caracterizou a economia e a cultura local os produtos que se destacam satildeo o arroz soja
feijatildeo cafeacute maracujaacute tomate horticultura e o milho siacutembolo da festa regional a Festa
Nacional do Milho A pecuaacuteria possui significativa importacircncia econocircmica para o municiacutepio a
regiatildeo faz parte de uma das maiores bacias leiteiras do paiacutes Patos de Minas tambeacutem eacute
considerada poacutelo nacional de geneacutetica suiacutena detendo 70 da tecnologia nacional em
melhoramentos suiacutenos
Para analisarmos como se formou a cidade de Patos de Minas apresentaremos seus periacuteodos
urbanos em cinco partes a primeira retrata o iniacutecio do povoado ateacute 1930 depois de 1940 a
deacutecada de 1960 em seguida de 1970 ateacute a deacutecada 1980 e por fim o periacuteodo que vai de 1990
ateacute o ano de 2015 buscando assim retratar o crescimento urbano os principais
acontecimentos histoacutericos e a incorporaccedilatildeo dos elementos da paisagem
28 |
131
DO INIacuteCIO DO POVOADO ATEacute A DEacuteCADA DE 1930
BORGES X MACIEacuteIS
O processo de colonizaccedilatildeo da
regiatildeo ocupada hoje pelo
municiacutepio de Patos de Minas
teve iniacutecio provavelmente na
segunda metade do seacuteculo XVIII
antes mesmo da descoberta do
ouro no estado de Minas Gerais
com as bandeiras rumo agraves terras
de Paracatu A cidade de Patos
de Minas surgiu na segunda
deacutecada do seacuteculo XIX em torno
da Lagoa dos Patos (delimitada
na Figura 5) onde segundo as
descriccedilotildees histoacutericas existia uma
enorme quantidade de patos
silvestres
Figura 5 Crescimento Urbano de Patos de Minas ateacute o iacutenicio do seacuteculo XIX Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas Disponiveacutel em
httpwwwpatosdeminasmggovbrgaleriahistoricaspagesimage16php Acesso em maio de
2014 Elaborado pela autora
Segundo Oliveira Mello (1971) o povoado que deu origem a cidade de Patos de Minas se
iniciou em 1826 com a doaccedilatildeo do terreno por Antocircnio Joaquim da Silva Guerra e sua esposa
Luzia Correcirca de Andrade para a construccedilatildeo da capela de Santo Antocircnio situada hoje na atual
Praccedila Dom Eduardo proacutexima agrave Lagoa dos Patos na Avenida Liberdade atualmente conhecida
como Avenida Getuacutelio Vargas A partir de entatildeo diversas famiacutelias se instalaram no entorno da
capela originando o Arraial de Santo Antocircnio da Beira do Paranaiacuteba Em 1866 foi criada a Vila
de Santo Antocircnio dos Patos e em 1892 o presidente do Estado de Minas Gerais elevou a vila
agrave categoria de cidade de Patos de Minas
29 |
Figura 6 Iniacutecio da ocupaccedilatildeo da cidade de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fontes
Prefeitura Municipal de Patos de Minas e MuP- Museu da Cidade de Patos de Minas
A Praccedila Dom Eduardo estaacute no centro do nuacutecleo original de povoamento ilustrado pela Figura
6 e representa a divisatildeo de influecircncia entre as duas famiacutelias da elite local que atuaram na
construccedilatildeo da paisagem urbana e na histoacuteria da cidade de Patos de Minas os Borges
catoacutelicos e monarquistas e os Dias Macieacuteis protestantes e republicanos
Ao norte da Praccedila Dom Eduardo encontam-se os Borges e seus parentes os Caixeta e os
Queiroz de acordo com Silva (2011) deste lado da cidade a paisagem se desenha por ruas
estreitas e curvas as quais conduzem a travessas e becos nitidamente ldquosemeadosrdquo agrave moda
lusitana de povoar Ao mesmo tempo os edifiacutecios mais antigos e caracteriacutesticos da aacuterea satildeo
todos em estilo colonial com altas janelas e portas retangulares Satildeo exemplos a antiga Casa
de Cacircmara e Cadeia localizada hoje na Praccedila Juquinha Caixeta (Figura 7) e os casarotildees do Dr
Joatildeo Borges e do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz a rua e a casa de Deiroacute Borges a Rua do
Tenente Bino o Beco da Zeacutelia a Praccedila da Dona Genoveva (Figura 8) a Rua do Alfredo Borges
a Praccedila Chiquinho Caixeta a Rua Dr Joseacute Oliacutempio Borges a Praccedila Dom Eduardo E ainda a
Travessa dos Queiroz onde se manteacutem de peacute a casa do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz
palco de criaccedilatildeo do partido de oposiccedilatildeo oficial aos ldquoMacieacuteisrdquo
30 |
Figura 7 Casa de Cacircmara e Cadeia (o mais antigo edifiacutecio puacuteblico de Patos de Minas inaugurado em 1912 como Cacircmara Municipal Foacuterum e no reacutes-do-chatildeo a Cadeia Puacuteblica) e Praccedila Juquinha Caixeta Foto Acervo pessoal 2015 Figura 8 Rua Deiroacute Borges ao fundo Praccedila Dona Genoveva Foto Acervo pessoal 2015
Figura 9 Escola Estadual Marcolino de Barros Foto Fotoacutegrafo desconhecido 2008 Disponiacutevel em
httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=614809 Acesso em maio de 2014
Figura 10 Escola Estadual Antocircnio Dias Maciel Foto Acervo pessoal 2015
Ao sul da Praccedila Dom Eduardo em frente agrave Catedral de Santo Antocircnio estatildeo os Macieacuteis e seus
parentes os Santana Pacheco Barros Magalhatildees e Ferreira da Silva Segundo Silva (2011) os
Macieacuteis estatildeo ligados agrave modernizaccedilatildeo e agrave reordenaccedilatildeo urbana da cidade entre suas marcas
na paisagem estatildeo a Escola Estadual Marcolino de Barros(Figura 09) a Escola Estadual
Antocircnio Dias Maciel(Figura 10) a Rua Olegaacuterio Maciel a Casa de Olegaacuterio Maciel a Casa do
Dr Itagyba a Rua Farnese Maciel o Palacete de Amadeu Maciel a Rua Major Gote (apelido
de Sesoacutestris Dias Maciel) o Hospital Regional Antocircnio Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur
31 |
Thomaz de Magalhatildees o Coreto Arthur Thomaz de Magalhatildees a Rua Joseacute de Santana a Praccedila
Antocircnio Dias a Rua Major Jerocircnimo [Dias Maciel] e a Praccedila Santana
Olegaacuterio Maciel figura poliacutetica representativa da regiatildeo alternou entre os cargos de
Deputado Federal e Agente Executivo de Municiacutepio no final do seacuteculo XIX ateacute chegar agrave
Presidecircncia do Estado de Minas Gerais nos anos de 1930 Segundo Borges (2008) esse
processo poliacutetico influenciou o desenvolvimento fiacutesico-territorial da cidade atraindo
investimentos do Governo do Estado para a construccedilatildeo das escolas do foacuterum e do Hospital
Regional
No fim do seacuteculo XIX em 1883 o entatildeo Agente do Executivo Olegaacuterio Dias Maciel3 ordenou
a criaccedilatildeo de um plano diretor para ordenar e reorientar o crescimento do povoado para o
sentido sul da Praccedila Dom Eduardo ldquona chapada ou chapadatildeordquo conforme segue na citaccedilatildeo
Seguiu‐se a risca o ldquoPlano Diretorrdquo indicado por Olegaacuterio
Maciel O vereador Eduardo Ferreira de Noronha em 21 de
setembro de 1906 indica que ()auxiliem a Cacircmara a
estudar o local mais conveniente em que se deve construir
o matadouro e respectivo curral oferecendo seu parecer
Hoje distanciados no tempo sabemos que a ldquoChapadardquo
paulatinamente abrigou aleacutem do Matadouro Municipal a
Casa do Coronel Farnese Dias Maciel a Casa de Amadeu
Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur Thomaz de
Magalhatildees o Passeio Puacuteblico a fonte luminosa o Coreto o
Cinema o Paccedilo Municipal o Hospital Antocircnio Dias Maciel o
Grupo Escolar o Foacuterum () Pari Passu tambeacutem foram
transladados outros elementos que se localizavam na
direccedilatildeo para a qual a cidade ia se deslocando a mudanccedila
do cemiteacuterio e da Igreja de Nossa Senhora do Rosaacuterio
(frequentada pelos negros) tambeacutem se constituiu como
marco simboacutelico da nova ordenaccedilatildeo urbana planeada por
Olegaacuterio Maciel (BORGES amp SILVA 2009 p13)
3 Olegaacuterio Dias Maciel era engenheiro formado na Escola Polyteacutecnica do Rio de Janeiro em 1878 compartilhava os ideais positivistas da Repuacuteblica e tambeacutem os ideais da Belle Eacutepoque de higienizaccedilatildeo e de racionalizaccedilatildeo do espaccedilo urbano Soma-se a isso a experiecircncia cultural de Olegaacuterio fora de Patos como deputado federal e senador vivenciou no Rio de Janeiro as reformas urbanas empreendidas por Pereira Passos inspiradas na reforma de Paris sob a batuta do Baratildeo de Haussman Como deputado estadual e depois como presidente do Estado de Minas Gerais vivenciou a experiecircncia de ldquofruirrdquo a cidade de Belo Horizonte construiacuteda racionalmente agrave moda da colonizaccedilatildeo espanhola na Ameacuterica (BORGES amp SILVA 2009)
32 |
Segundo Oliveira (2010) dentre as influecircncias na malha urbana decorrentes do periacuteodo
poliacutetico do iniacutecio do seacuteculo XX destacam-se as intervenccedilotildees na infraestrutura da Avenida
Getuacutelio Vargas definindo a mesma como eixo nobre na cidade o direcionamento o primeiro
vetor de expansatildeo urbana nas direccedilotildees sul e oeste da Av Getuacutelio Vargas
Figura 11 Inundaccedilatildeo ocorrida em 1941 na ponte sobre o Rio Paranaiacuteba Fonte Arquivo do Laboratoacuterio
de Histoacuteria do Unipam Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=3600 Acesso em
dezembro de 2014
Observa-se que a Avenida Getuacutelio Vargas anteriormente denominada como Avenida
Liberdade e depois Avenida Municipal representa o nuacutecleo inicial da cidade e o ponto de
partida dos vetores de ocupaccedilatildeo ateacute a deacutecada de 1930 observa-se que neste periacuteodo as
praccedilas da avenida apresentavam um paisagismo inspirado nos jardins franceses Zama
Maciel4 relata sobre o planejamento de usos e ocupaccedilatildeo dessa aacuterea e a Figura 12 ilustra esse
periacuteodo
4 Zama Maciel foi um patense que exerceu as funccedilotildees de agrimensor professor inspetor de ensino vereador e redator dos jornais locais
Com relaccedilatildeo ao vetor de expansatildeo oeste
observa-se que o mesmo foi impulsionado
pela construccedilatildeo da nova ponte sobre o rio
Paranaiacuteba em aproximadamente 1926
retratada na Figura 11 Segundo
Dannemann (2013) a obra da ponte estava
sob os cuidados da Companhia Nacional de
Cimento Armado SA e ateacute 1970 serviu
como principal acesso agrave sede do municiacutepio
33 |
Avenida Municipal com o seu atual quilocircmetro de extensatildeo foi
destinada agrave habitaccedilatildeo particular devida a sua exagerada
largura e agrave perspectiva que podem oferecer casas pequenas e
de bom gosto fronteando os seus passeios gramados e jardins
floridos que a pequenada destroacutei Nela preacutedios comerciais de
dois trecircs andares tornam-se ridiacuteculos porque natildeo tecircm
magnitude para se imporem agrave largura (repisamos) exagerada
com que os antigos irrefletidamente a construiacuteram Somente
edifiacutecios semelhantes agrave igreja matriz em construccedilatildeo come
cinquenta metros podem nela sobreviverem Pequenos preacutedios
vivendas graciosas de cujas janelas caiam trepadeiras no
conjunto dos jardins e na imensa claridade de nossas tardes
faratildeo dela recanto cobiccedilado agrave moradia Enfeia-la com preacutedios
comerciais de pequeno porte e com casas de diversotildees
barulhentas seraacute obra de mau gosto que se torna necessaacuterio
evitar (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos Patos de
Minas junho de 1937)
Figura 12 Avenida Getuacutelio Vargas parte ao sul da Catedral de Santo Antocircnio deacutecada de 1930 Ao
centro da figura o Palacete Amadeu Maciel Fonte Acervo Documental e de Imagens de Patos de
Minas Local MuP ndash Museu da Cidade de Patos de Minas
A seguir o Mapa 1 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o
ano de 1930 retrata a localizaccedilatildeo da implantaccedilatildeo da cidade proacuteximo a recursos drsquoaacutegua No
mapa estaacute presente a delimitaccedilatildeo do periacutemetro urbano do ano de 2015 que seraacute mantido
como ponto de referecircncia espacial para a malha urbana atual
34 |
35 |
A Figura 13 datada da deacutecada de 1930 eacute uma vista aeacuterea da cidade no qual pode-se
perceber a implantaccedilatildeo e a forma urbana da cidade e os vetores de expansatildeo do iniacutecio do
seacuteculo XX aacuterea retratada pelo Mapa 1 apresentado anteriormente
Figura 13 Vista aeacuterea de Patos de Minas
Fonte Arquivo Daacutecio Pereira da Fonseca Fotografo desconhecido
Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=2650 Acesso em abril de 2014
Observa-se na Figura 13 a presenccedila de espaccedilos livres puacuteblicos dentre eles as Praccedilas da
Avenida Getuacutelio Vargas dos Boiadeiros Antoacutenio Dias Champagnat e Santana os espaccedilos
livres privados o Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo o Patos Tecircnis Clube (PTC) o campo de futebol
da Uniatildeo Recreativa dos Trabalhadores (URT) e o campo de futebol do Clube do Mamoreacute
Segundo Fonseca (1974) desde o final do seacuteculo XIX ateacute 1950 Patos de Minas tentou pleitear
a vinda da estrada de ferro para escoamento da produccedilatildeo agriacutecola da regiatildeo ateacute o Rio de
Janeiro e Satildeo Paulo Segundo Borges e Silva (2009) em 1934 o engenheiro carioca Neacutelson
Rodrigues efetuou o primeiro levantamento planialtimeacutetrico da cidade de Patos de Minas a
princiacutepio esse levantamento objetivava abrigar a estrada de ferro Patos-Catiara Em 1936
provavelmente o proacuteprio Neacutelson Rodrigues concluiu o primeiro Plano Urbano oficial da
cidade apresentado pela Figura 14
LEGENDA 1 ndashMajor Gote e Dr Marcolino 2 ndash Lagoa Grande 3 ndash Campo de Aviaccedilatildeo 4 ndash Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo 5 ndash Rua Dr Marcolino 6 ndash Rua Major Gote 7 ndash Coacuterrego do Monjolo 8 ndash PTC 9 ndash Campo da URT 10 ndash Cemiteacuterio Municipal 11 ndash Rio Paranaiacuteba 12 ndash Av Getuacutelio Vargas 13 ndash Matriz de Santo Antocircnio 14 ndash Rua Tiradentes 15 ndash Cadeia 16 ndash Praccedila dos Boiadeiros 17 ndash Praccedila Antocircnio Dias 18 ndash Av Paracatu 19 ndash Igreja do Rosaacuterio 20 ndash Praccedila Champagnat 21 ndash Rua Major Jerocircnimo 22 ndash Campo do Mamoreacute
23 ndash Praccedila Santana
36 |
Figura 14 Plano Urbano de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fonte Prefeitura
Municipal de Patos de Minas
Destaca-se no plano de crescimento urbano a Rua Major Gote na eacutepoca denominada Rua
Desembargador Frederico Zama Maciel escreve ao jornal local sobre o plano urbano as vias
de caraacuteter comercial da cidade e sobre as intenccedilotildees de um zoneamento de usos para o
crescimento da cidade inspirados no urbanismo norte-americano
37 |
A Prefeitura () mandou organizar a planta da cidade e
traccedilar-lhe as ruas futuras no objetivo de impedir o
crescimento desordenado() Neste trabalho foram
observadas tanto quanto possiacutevel as normas seguidas na
Ameacuterica do Norte onde geralmente as cidades satildeo
traccediladas em xadrez cortando-se as ruas em acircngulo reto
() As ruas comerciais estatildeo determinadas no referido
plano e dentre as atuais destacam-se Desembargador
Frederico e General Osoacuterio A primeira () deveraacute atravessar
a cidade de norte a sul e morreraacute na futura praccedila da
estaccedilatildeo ferroviaacuteria onde atualmente se ergue o barracatildeo
da Companhia do Trigo Seraacute futuramente a mais central da
cidade Eacute de uma boa norma localizar-se o comeacutercio em
determinadas zonas (zoneamento chamam a isto os
urbanistas) bem como as faacutebricas os edifiacutecios puacuteblicos as
escolas (natildeo as primaacuterias que devem ser espalhadas nos
bairros residenciais) devem tambeacutem ter as suas zonas
separadas () (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos
Patos de Minas junho de 1937)
A linha feacuterrea natildeo foi implantada na cidade e o crescimento urbano das deacutecadas seguintes
natildeo se ateve ao planejamento apresentado na deacutecada de 1930
132
DA DEacuteCADA DE 1940 ATEacute A DEacuteCADA DE 1960
AUMENTO POPULACIONAL
Comparando o plano urbaniacutestico apresentado para a cidade no final do seacuteculo XIX com a
expansatildeo da malha urbana observa-se que o crescimento urbano da cidade ocorreu de
forma mais dispersa do que o apresentado no plano O vetor de expansatildeo ao sul manteve
grande parte do planejamento embora apresentando quadras menores A aacuterea antes
ocupada pela Lagoa dos Patos e a aacuterea a nordeste da Lagoa foram as que mais se
distanciaram das ideias do plano urbaniacutestico apresentando uma malha urbana orgacircnica com
a presenccedila de muitas ruas sem saiacuteda
O Mapa 2 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1965 a seguir retrata o crescimento da malha urbana
38 |
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Segundo Magrini (2008) na deacutecada de 1950 houve um surto migratoacuterio e a instalaccedilatildeo de
diversas firmas comerciais Nesse periacuteodo construiu-se o primeiro Terminal Rodoviaacuterio com
verbas municipais e investimentos da iniciativa privada e teve iniacutecio tambeacutem a comemoraccedilatildeo
da Festa Nacional do Milho evento que ateacute hoje expressa as manifestaccedilotildees culturais da
regiatildeo
Figura 15 Patos de
Minas da deacutecada de
1960
Elaborado pela autora segundo fonte Arquivo de Marialda Coury Foto Joatildeo Lucas Ribeiro Borges
Observando o crescimento da malha urbana de Patos de Minas ateacute 1965 (ilustrado pela
Figura 15) pode-se constatar que houve uma grande expansatildeo da mesma entre a deacutecada de
1950 e 1960 Nesse periacuteodo o aumento populacional ocorreu predominantemente na aacuterea
urbana conforme mostra a Tabela 02 a seguir
Periacuteodo
Populaccedilatildeo Total do
Municiacutepio
Populaccedilatildeo Urbana do Municiacutepio
Populaccedilatildeo Rural do
Municiacutepio
1950 45399 12525 32874
1960 72839 32511 40328
1970 76211 44877 31334
1980 86121 63302 22819
1990 102946 87403 15543
2000 123881 111333 12548
2010 138710 127724 10986
2014 147614 - -
Tabela 2 Crescimento Populacional de Patos de Minas Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Magrini 2008 Populaccedilatildeo prevista segundo o IBGE
40 |
Nas deacutecadas seguintes a 1960 como se pode antever pela Tabela 2 o crescimento da zona
rural foi diminuindo gradativamente e a populaccedilatildeo da aacuterea urbana aumentando
impulsionando o crescimento da malha urbana
133
DA DEacuteCADA DE 1970 ATEacute A DEacuteCADA DE 1980
Incorporaccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua
Nas deacutecadas de 1960 e 1970 periacuteodo de ditadura Militar segundo Magrini (2010) Patos de
Minas passou por uma estagnaccedilatildeo econocircmica devido agrave emancipaccedilatildeo poliacutetica de dois
importantes Lagoa Formosa e Guimaracircnia no mesmo periacuteodo houve grande deslocamento
de patenses para a nova capital do paiacutes Brasiacutelia em busca de empregos
Justamente na eacutepoca da mudanccedila da capital do paiacutes para
Brasiacutelia Patos de Minas perde caracteriacutestica de centro
rodoviaacuterio e transforma-se no ldquopassa perto de Patosrdquo com
estradas asfaltadas em volta num eixo de 130 km Natildeo se
vinha aqui como antes ateacute que a BR 354 inaugurada em
1972 abolia este malfadado passa perto ressurgindo toda a
movimentaccedilatildeo comercial completada pela BR ndash 365 em
1974 (MELLO 1992 p54)
De 1965 ateacute os anos 1980 Patos de Minas praticamente dobrou a sua aacuterea de ocupaccedilatildeo
decorrente principalmente do processo de ecircxodo rural Segundo Oliveira (2010) os vetores
direcionavam para todos os sentidos sendo apenas o oeste limitado pelo Rio Paranaiacuteba os
cursos drsquoaacutegua menores natildeo foram uma barreira para esta expansatildeo
O Mapa 3 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1980 a seguir retrata o crescimento da malha urbana nesse periacuteodo
41 |
42 |
Em 1982 foi iniciada a urbanizaccedilatildeo da Lagoa dos Japoneses a Lagoa Grande (Figura 16 e
Figura 17) com a reduccedilatildeo significativa da aacuterea alagada e a construccedilatildeo do Terminal
Rodoviaacuterio No entorno da lagoa foi criado o Parque Recreativo Dr Itagiba depois renomeado
como Parque Dr Itagiba Augusto Silva o primeiro parque urbano da cidade um dos principais
cartotildees postais da cidade espaccedilo de lazer e contemplaccedilatildeo
Figura 16 Projeto para o
Parque Recreativo Dr
Itagiba a construccedilatildeo ao
lado esquerdo da figura
representa o Terminal
Rodoviaacuterio Fonte Jornal
A Debulha O projeto do
parque Ano VIII nordm178
janeiro de 1988 paacuteg7
Figura 17 Planta do Parque Dr Itagiba Augusto Silva ndash Lagoa Grande Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2014
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Em 1986 foi iniciada a canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo inicialmente uma Avenida
Sanitaacuteria no Coacuterrego do Monjolo (Figura 18) atualmente conhecida como Avenida Faacutetima
Porto as obras terminaram em 1996 Segundo Caixeta amp Vlach (2009) a canalizaccedilatildeo
acarretou inicialmente na ocupaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo do entorno e devido agrave resoluccedilatildeo dos
problemas sanitaacuterios que aiacute existiam
Figura 18 Canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo deacutecada de 1990 Foto Arquivo de Donaldo Amaro Teixeira Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=7568 Acesso em maio de 2015
Com o decorrer dos anos e a instalaccedilatildeo dos bairros no entorno o Coacuterrego do Monjolo passou
a apresentar problemas com enchentes e um forte odor provavelmente a canalizaccedilatildeo do
coacuterrego jaacute natildeo suportava mais o volume de aacutegua pluvial dos bairros aleacutem da presenccedila de
esgotos clandestinos Tais problemas geraram novos projetos de canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do
Monjolo nas deacutecadas seguintes
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DA DEacuteCADA DE 1990 ATEacute OS DIAS ATUAIS
A FORMA URBANA ATUAL
No final da deacutecada de 1980 houve a descoberta da uma jazida de Fosfato Sedimentar na
localidade da Rocinha (aacuterea rural) o que impulsionou a instalaccedilatildeo de induacutestrias voltadas para
o agronegoacutecio iniciado pelas Sementes Agroceres SA (especialista tambeacutem em geneacutetica
suiacutena) Nesse periacuteodo ocorreu ainda um maior desenvolvimento teacutecnico da agricultura por
meio da irrigaccedilatildeo e do cultivo de novos cereais
Os reflexos do desenvolvimento comercial e industrial da regiatildeo foram notados na
implantaccedilatildeo de induacutestrias de confecccedilotildees agroinduacutestrias e na instalaccedilatildeo da multinacional Cica
que impulsionou o cultivo de milho ervilha e tomate5
A implementaccedilatildeo de induacutestrias somadas agraves pressotildees poliacuteticas acarretou na instalaccedilatildeo de um
distrito industrial na porsatildeo sul e oeste da cidade expandindo o periacutemetro urbano para aleacutem
das margens do Rio Paranaiacuteba A criaccedilatildeo do distrito industrial influenciou a ocupaccedilatildeo ao longo
da Avenida Presidente Juscelino Kubitschek construiacuteda nos anos 1970 para ligaccedilatildeo do nuacutecleo
urbano agraves rodovias BR-354 e BR-365 comportando-se entatildeo como principal acesso da
cidade
O Mapa 4 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o ano de
2015 a seguir apresenta a forma urbana atual da cidade
5 A multinacional Cica permaneceu na cidade ateacute 2001 depois se deslocou para o Estado de Goiaacutes quando perdeu parte dos incentivos fiscais oferecidos pela cidade
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Na deacutecada de 1990 a expansatildeo da malha urbana ultrapassou as aacutereas de algumas reservas
ambientais que se transformaram nos principais parques urbanos da cidade o Parque
Municipal do Mocambo (Figura 19) em 1990 e o Parque Municipal Joatildeo Luiz Redondo (Figura
20) em 1994 ambos localizados em aacutereas de lagoas
Figura 19 Parque Municipal do
Mocambo 1992 Fonte Arquivo
de Donaldo Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecadepatoscombr
p=8437 Acesso em marccedilo de
2015
Figura 20 Parque
Municipal Joatildeo Luiz
Redondo (Lagoinha)
deacutecada de 1990 Fonte
Arquivo de Donaldo
Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecade
patoscombrp=75
54 Acesso em marccedilo
de 2015
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Foi criado tambeacutem na deacutecada de 1990 na Lei Municipal nordm 2872 de 03 de outubro de 1991
o Parque Mirante do Alto da Colina (ainda natildeo implantado) e a Lei Municipal nordm 2871 de 03
de outubro de 1991 declara a aacuterea denominada Lagoa e Bosque do ldquoPATAtildeOrdquo de preservaccedilatildeo
permanente onde desde entatildeo se cogita a implantaccedilatildeo de um parque urbano
Figura 21 Rua Mirico Caixeta ao fundo a Mata do Catingeuiro Evidenciando a falta de conexatildeo da
mata com o entorno Foto Acervo pessoal 2015
Figura 22 Rua 0 e o desmatamento na Mata do Catingeiro Foto Acervo
pessoal 2015
Em 2014 foi aprovada a criaccedilatildeo do Parque
de Preservaccedilatildeo Mata do Catingueiro uma
tentativa de proteger os restigios da mata
localizado no setor leste aacuterea que
recentemente recebeu muitos loteamentos
que foram implantados sem se estabelecer
uma aacuterea de transiccedilatildeo ou de integraccedilatildeo da
mata com a malha urbana sem passeios
ciclovias praccedilas ou parques conforme
ilustrado na Figura 21 A mata do
Catingueiro tem sido um constante alvo de
queimadas e desmatamento a Figura 22
mostra os vestiacutegios da mata
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Figura 23 Programa MCMV- Jardim Quebec II com 437unidades localizado na porccedilatildeo noroeste da
cidade ao fundo da figura a mata ciliar do Rio Paranaiacuteba e plantaccedilotildees de cafeacute Foto Sacircmara C P Lima
2014
Na deacutecada de 2010 ocorreu a expansatildeo do periacutemetro urbano no sentindo norte pela primeira
vez para aleacutem do Coacuterrego do Limoeiro devido agrave instalaccedilatildeo de um campus da Universidade
Federal de Uberlacircndia na aacuterea Observa-se na Figura 23 que a aacuterea do extremo noroeste da
cidade estaacute em processo de expansatildeo da malha urbana e apresenta construccedilotildees habitacionais
do Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) na cidade
Notamos diversas transformaccedilotildees na malha urbana de Patos de Minas ao longo das deacutecadas
desde a implantaccedilatildeo do nuacutecleo urbano aos desdobramentos econocircmicos poliacuteticos e sociais
que direcionaram o crescimento da cidade e a transformaccedilatildeo da paisagem
O tecido urbano e o crescimento das cidades brasileiras como eacute o caso de Patos de Minas se
daacute pela conformaccedilatildeo do sistema viaacuterio pelos padrotildees de parcelamento do solo por
edificaccedilotildees e pelos espaccedilos livres Patos possui uma relaccedilatildeo cultural e econocircmica muito forte
com a zona rural A linha de transiccedilatildeo entre o urbano e o rural eacute muito tecircnue principalmente
nas aacutereas de borda urbana Nesses bairros de periferia ou de limite da mancha urbana a
cidade termina no outro lado da rua depois de uma cerca de arame sem nenhum espaccedilo de
transiccedilatildeo o outro lado da cerca se configura como um espaccedilo livre com muitas
potencialidades de uso e conflitos
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Figura 24 Paisagem urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora
Em Patos de Minas a paisagem urbana eacute emoldurada por serras cobertas por diferentes
plantaccedilotildees (Figura 24) a cidade termina onde o Rio Paranaiacuteba passa ou a cidade termina
onde comeccedilam os fundos de vale Ora cidade ora zona rural A paisagem tambeacutem eacute marcada
pela Catedral um contraste no meio do aglomerado urbano em uma zona em processo de
verticalizaccedilatildeo onde a Catedral se esconde e se revela A Catedral marca o iniacutecio da ocupaccedilatildeo
da regiatildeo em uma aacuterea de chapada na beira da lagoa hoje a chapada foi praticamente toda
ocupada e os bairros das bordas urbanas ocupam as aacutereas mais elevadas da cidade Do alto
desses bairros da borda eacute possiacutevel ver as lagoas e os coacuterregos pressentes na cidade espaccedilos
que se configuram como parques praccedilas e chaacutecaras espaccedilos livres de edificaccedilatildeo que
ressaltam a identidade da cidade e a paisagem urbana
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21 ESPACcedilOS LIVRES
ESPACcedilOS ABERTOS AacuteREAS VERDES
O conceito de espaccedilo livre de edificaccedilatildeo eacute amplo e complexo Para Nucci (2001) os espaccedilos
livres fazem parte de um grande grupo paisagiacutestico urbano que pode ser subdividido em
vaacuterias categorias dependendo do seu uso e funccedilatildeo sendo entatildeo um termo bastante
abrangente que agrega todos os outros conceitos similares como espaccedilos abertos aacutereas
verdes aacutereas livres sistemas de aacutereas de lazer cobertura vegetal entre outros
Segundo Queiroga (2006) Miranda Magnoli em sua tese de livre-docecircncia6 buscou afirmar o
espaccedilo livre como o objeto do paisagismo indo aleacutem do jardim do projeto com vegetaccedilatildeo
e da escala urbana Nesse sentido definiu espaccedilo livre como espaccedilo livre de edificaccedilotildees todo
espaccedilo descoberto urbano ou natildeo vegetado ou natildeo puacuteblico ou privado De acordo com a
autora para a anaacutelise de um dado recorte escalar propotildee-se que o estudo dos espaccedilos livres
deva ir aleacutem dos espaccedilos vegetados e dos espaccedilos puacuteblicos envolvendo todos os espaccedilos
livres do referido recorte Ou seja para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na cidade
eacute preciso ir aleacutem da anaacutelise dos espaccedilos puacuteblicos ou dos vegetados eacute preciso identificar todas
as aacutereas natildeo construiacutedas na cidade os espaccedilos privados intra-lote os lotes e glebas ociosas
as ruas os passeios etc
Os espaccedilos livres satildeo um dos principais estruturadores da forma urbana e um dos principais
elementos caracterizadores da paisagem urbana Segundo Magnoli (1982) os espaccedilos livres
satildeo os ambientes natildeo edificados da cidade as ruas avenidas praccedilas parques quintais
jardins rios matas mangues praias urbanas ou simples vazios urbanos
Quando adotamos o termo aacutereas verdes ou aacutereas verdes urbanas nos referimos a um
subsistema dentro do Sistema de Espaccedilos Livres que engloba principalmente as aacutereas de
preservaccedilatildeo permanente (APPrsquos) reservas legais (RL) e a arborizaccedilatildeo urbana Segundo
6 MAGNOLI Miranda Espaccedilos livres e urbanizaccedilatildeo uma introduccedilatildeo a aspectos da paisagem metropolitana 1982 116 p Tese (Livre-docecircncia em Arquitetura e Urbanismo) ndash Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1982
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Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilo livre eacute adotado se sobrepondo contendo e
ampliando o conceito usual de aacutereas verdes termo que tem como base a necessidade de
espaccedilos livres dotados de vegetaccedilatildeo De acordo com o autor o termo aacutereas verdes eacute
reducionista desconsidera as caracteriacutesticas fundamentais do espaccedilo urbano como a
complexidade e diversidade das formas de apropriaccedilatildeo e apreensatildeo social e o fato real da
impossibilidade fiacutesica e mesmo da inconveniecircncia da existecircncia de vegetaccedilatildeo em
determinados espaccedilos livres
De acordo com Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilos livres natildeo desconsidera o papel
da vegetaccedilatildeo nas cidades brasileiras como elemento facilitador da drenagem urbana criador
de microclimas mais agradaacuteveis contribuindo para a manutenccedilatildeo da diversidade animal e
vegetal e ainda como fator de embelezamento urbano mas natildeo desconsidera a importacircncia
dos espaccedilos natildeo vegetados para inuacutemeras praacuteticas de relevacircncia cultural das feiras agraves festas
populares das manifestaccedilotildees poliacuteticas agrave valorizaccedilatildeo de determinadas paisagens e
patrimocircnios culturais
Entretanto apesar dos crescentes avanccedilos nas discussotildees sobre os espaccedilos livres muitos
autores planos diretores planos de uso e ocupaccedilatildeo ainda natildeo compreenderam o termo
como em Patos de Minas onde adota-se o termo aacutereas verdes nas leis municipais e plano
diretor Na Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo de Patos de Minas (2008) as aacutereas verdes satildeo
descritas como porccedilotildees situadas na Macrozona Urbana destinadas a oferecer espaccedilos
puacuteblicos adequados e qualificados agraves atividades de recreaccedilatildeo lazer e turismo da populaccedilatildeo
de forma a conciliar a proteccedilatildeo dos bens naturais e culturais As cidades precisam de reservas
de aacutereas verdes e de espaccedilos livres de qualidade para praacutetica de atividades culturais de lazer
e contemplaccedilatildeo Observa-se que na lei municipal de Patos de Minas existe uma sobreposiccedilatildeo
entre a funccedilatildeo das reservas de aacutereas verdes e dos espaccedilos de praacuteticas socias sobreposiccedilatildeo
essa presente no conceito dos espaccedilos livres
A implantaccedilatildeo dos espaccedilos livres puacuteblicos depende de uma gestatildeo adequada e integrada dos
recursos com uma fiscalizaccedilatildeo efetiva o que implica no desenvolvimento de poliacuteticas
puacuteblicas permanentes que viabilizem as intervenccedilotildees e necessidades dos espaccedilos livres
Segundo Loboda amp Angelis (2012) o planejamento das aacutereas verdes (puacuteblicas) urbanas parte
de uma definiccedilatildeo de recursos que eacute residual as necessidades satildeo amenizados com recursos
que sobram de outras atividades consideradas como mais prioritaacuterias e que geralmente
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incluem-se nesse acircmbito aquelas de cunho estrateacutegico poliacutetico e econocircmico O autor cita um
problema frequente em diversas cidades brasileiras a falta de recursos destinados aos
espaccedilos puacuteblicos e dentre eles as aacutereas verdes urbanas um dos principais espaccedilos livres das
cidades
De acordo com Magnoli (1982) a localizaccedilatildeo acessibilidade e distribuiccedilatildeo dos espaccedilos livres
formam um complexo sistema de conexotildees com muacuteltiplos papeacuteis urbanos atividades do oacutecio
circulaccedilatildeo urbana conforto conservaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo ambiental drenagem urbana
imaginaacuterio e memoacuteria urbana lazer e recreaccedilatildeo dentre outros Todas essas funccedilotildees
exercidas no ambiente urbano pelos espaccedilos livres assim como a localizaccedilatildeo acessibilidade
distribuiccedilatildeo tipos de usos e configuraccedilatildeo espacial estatildeo organizadas de maneira sistecircmica na
cidade formando o Sistema de Espaccedilos Livres
22 O PENSAMENTO SISTEcircMICO
As cidades independentemente da sua localidade histoacuteria e configuraccedilatildeo satildeo formadas de
modo geral por espaccedilos livres e espaccedilos edificados duas categorias espaciais estruturantes
da forma urbana A configuraccedilatildeo dos espaccedilos livres eacute variaacutevel nas cidades brasileiras por
diversas questotildees como caracteriacutesticas territoriais bioma configuraccedilatildeo paisagiacutestica pela
existecircncia ou ausecircncia de planos urbanos e principalmente pelos processos de urbanizaccedilatildeo e
de transformaccedilatildeo da paisagem
A cidade eacute um conjunto de elementos sistemas e funccedilotildees e os espaccedilos livres formam um dos
principais sistemas capaz de estruturar toda a configuraccedilatildeo urbana De acordo com Tardin
(2010) e DrsquoAgostini amp Cunha (2007) sistema eacute um conjunto de elementos passiacutevel de
estabelecer inter-relaccedilotildees fiacutesicas funcionais estruturais morfoloacutegicas e relativas agrave vivecircncia
da paisagem abertas e intricadas entre si com seu entorno e com as pessoas que o
vivenciam
De acordo com Morin (2008) apud Queiroga (2014) o conceito de sistema implica natildeo
somente elementos inter-relacionaacuteveis mas tais relaccedilotildees constituem uma organizaccedilatildeo e uma
estrutura relativamente estaacutevel que caracteriza o sistema como um todo A organizaccedilatildeo
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sistecircmica por sua vez conteacutem as relaccedilotildees que definem o sistema e que o transformam
alterando sua estrutura possibilitando sua permanecircncia e contendo a possibilidade concreta
de sua dissoluccedilatildeo Para o autor o termo exprime multiplicidade totalidade diversidade
organizaccedilatildeo e complexidade
A noccedilatildeo de sistema auxilia o estudo dos espaccedilos livres urbanos e o entendimento das suas
relaccedilotildees de interdependecircncia complementaridade e hierarquia Segundo Schlee et al
(2009) considerando-se a paisagem como um macrossistema complexo formado de
subsistemas os espaccedilos livres urbanos constituem um dos seus subsistemas inter-
relacionados com outros subsistemas urbanos e rurais e que podem se justapor ao Sistema
de Espaccedilos Livres ou se sobrepor total ou parcialmente enquanto sistemas de accedilotildees
[] entende-se como sistemas de espaccedilos livres (SEL)
urbanos os elementos e as relaccedilotildees que organizam e
estruturam o conjunto de todos os espaccedilos livres de um
determinado recorte urbano independentemente de sua
dimensatildeo qualificaccedilatildeo esteacutetica funcional e de sua
localizaccedilatildeo e propriedade sejam eles puacuteblicos ou privados
[] toda cidade possui um sistema de espaccedilos livres que eacute
produzido durante seu processo de formaccedilatildeo tanto pelo
Poder Puacuteblico como pela iniciativa privada (MACEDO 2010
p 3 e 4)
O autor afirma que todas as cidades independente do seu porte de suas caracteriacutesticas
culturais e histoacutericas possuem um Sistema de Espaccedilos Livres Essa afirmaccedilatildeo incita diversas
questotildees que conduziram esta pesquisa pontos voltados ao objeto de estudo a cidade de
Patos de Minas uma cidade meacutedia
O SEL DE UMA MEGAacuteLOPOLE OU METROacutePOLE Eacute
DIFERENTE DO SEL DE UMA PEQUENA CIDADE OU DE
UMA CIDADE MEacuteDIA
O MESMO TIPO DE ANAacuteLISE QUE SE APLICA PARA O
ENTENDIMENTO DO SEL DE UMA CIDADE DE GRANDE
PORTE PODE SER APLICADO PARA UMA CIDADE DE
MEacuteDIO PORTE
EXISTEM TIPOS DE ESPACcedilOS LIVRES FUNCcedilOtildeES OU
RELACcedilOtildeES QUE CARACTERIZAM O SISTEMA DE ESPACcedilOS
LIVRES DE UMA CIDADE MEacuteDIA
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23 OS ESPACcedilOS LIVRES NAS
CIDADES MEacuteDIAS
O espaccedilo livre eacute parte estruturante da forma urbana ele se configura em diferentes
categorias tipologias e caracteriacutesticas no meio urbano principalmente pela introduccedilatildeo ao
longo da histoacuteria de diferentes padrotildees urbaniacutesticos nas cidades O processo de urbanizaccedilatildeo
das cidades eacute uma soma e por vezes ateacute uma sobreposiccedilatildeo de padrotildees morfoloacutegicos esses
traccedilados geram diferentes paisagens com diferentes tipos de espaccedilos livres Incorporando ao
sistema um rico mosaico espacial formado por diferentes porcentagens de espaccedilos livres
intra lote caracteriacutesticos de traccedilados distintos por diferentes tipos de praccedilas aacutereas de
preservaccedilatildeo parques ruas e avenidas Aacutereas essas que apresentam diversos conflitos e
possuem um intenso potencial de transformaccedilatildeo
Segundo Macedo et al (2012) as cidades brasileiras possuem padrotildees morfoloacutegicas
semelhantes isso fica evidente na repeticcedilatildeo dos tipos de traccedilado (ortogonais orgacircnicos
radiais) e nos padrotildees de mancha urbana (linear tentacular compacta mista) O que confere
a especifidade das diversas cidades eacute a forma como elas estatildeo inseridas em seu contexto
territorial os arranjos espaciais seus padrotildees culturais socioeconocircmicos a legislaccedilatildeo
municipal as tipologias e funccedilotildees dos espaccedilos livres e a paisagem urbana Nas cidades meacutedias
brasileiras a forma como os padrotildees morfoloacutegicos se adequam ao suporte fiacutesico
transformando paisagem a local confere ao Sistema de Espaccedilos Livres diferentes dinacircmicas
espaciais funcionais e tipoloacutegicas
Como dito anteriormente neste trabalho a proposta natildeo eacute discutir o que determina uma
cidade como de meacutedio porte ou natildeo mas entender essas cidades como centro urbanos em
crescimento onde novos traccedilados e dinacircmicas urbanas satildeo somadas agrave cidade existente
transformando a paisagem local Na atual conjuntura brasileira segundo Tacircngari et al(2009)
apoacutes a deacutecada de 1980 as cidades meacutedias passaram a crescer mais rapidamente em
comparaccedilatildeo com as metroacutepoles um processo de diminuiccedilatildeo do movimento migratoacuterio em
direccedilatildeo agraves megaloacutepoles e o seu direcionamento para as cidades meacutedias que apresentam
grande potencial de crescimento econocircmico e tecircm seus atributos esteacuteticos e econocircmicos
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valorizados atraveacutes da propagaccedilatildeo da ideia de que cidades de meacutedio porte podem apresentar
mais qualidade de vida que as grandes metroacutepoles
As cidades meacutedias reproduzem os padrotildees morfoloacutegicos e culturais vindos do contexto das
grandes cidades e das pequenas cidades ou povoados de seu entorno Um exemplo dessa
influecircncia vinda das grandes cidades satildeo os condomiacutenios fechados propostos inicialmente
pelo mercado imobiliaacuterio como locais de seguranccedila e lazer proacuteximos aos grandes centros
urbanos esse mesmo padratildeo de condomiacutenio fechado eacute aplicado nas cidades meacutedias onde a
criminalidade eacute bem menor e as distacircncias a serem percorridas satildeo mais curtas Um exemplo
da influecircncia vinda das pequenas cidades e povoados proacuteximos satildeo as chaacutecaras pastos e
plantaccedilotildees presentes dentro malha urbana
Patos de Minas eacute um exemplo de cidade meacutedia em crescimento que recebe influecircncias
culturais e de padrotildees morfoloacutegicos uma cidade que possui caracteriacutesticas especiacuteficas de seu
suporte fiacutesico de seu processo histoacuterico e cultura que influenciam diretamente na malha
urbana as tipologias de espaccedilos livres e os tipos de apropriaccedilatildeo desses espaccedilos
Se observarmos em Patos de Minas as caracteriacutesticas da condiccedilatildeo de cidade meacutedia como por
exemplo a localizaccedilatildeo estrateacutegica entre cidades de maior e menor porte Percebemos que a
cidade atrai pessoas do entorno para desfrutar de suas potencialidades econocircmicas e de seus
aparatos de lazer (parques praccedilas locais de exposiccedilatildeo agropecuaacuteria) o que contribui
diretamente para geraccedilatildeo de renda e uso dos espaccedilos A cidade possui uma relaccedilatildeo direta
com cidades de maior porte que servem de escoamento da produccedilatildeo e suprimento de
mercadorias essa relaccedilatildeo de proximidade atrai para cidade eventos e exposiccedilotildees e pode
motivar influecircncias sobre as tipologias de espaccedilos livres gerados (assim como o processo de
globalizaccedilatildeo tambeacutem pode exercer esse papel)
Eacute nesse contexto de crescimento das cidades meacutedias e influecircncias morfoloacutegicas e culturais
que o Sistema de Espaccedilos Livres precisa ser pensado e entendido como uma infraestrutura
baacutesica para o desempenho da vida cotidiana urbana Segundo Souza amp Macedo (2014) o SEL
deve oferecer condiccedilotildees de habitabilidade urbana e para isso eacute necessaacuterio que se estabeleccedila
um diagnoacutestico baseado na existecircncia ou ausecircncia de uma seacuterie de atributos urbanos
necessaacuterios e qualitativos que deveriam orientar accedilotildees poliacuteticas e projetos de maneira a
formar um Sistema de Espaccedilos Livres integrado agrave paisagem local e a demanda da populaccedilatildeo
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O autor afirma que eacute preciso fazer uma leitura da cidade de seus condicionantes conflitos e
potencialidades para entender como se estrutura o SEL suas funccedilotildees e seu potencial de
transformaccedilatildeo e organizaccedilatildeo na cidade
Partimos para anaacutelise da forma urbana patense buscando o entendimento de como as
caracteriacutesticas especiacuteficas do suporte fiacutesico da organizaccedilatildeo espacial da situaccedilatildeo fundiaacuteria e
dos tipos de usos e funccedilotildees exercidas pelos espaccedilos livres estruturam o Sistema de Espaccedilos
Livres de Patos de Minas
24 OS ESPACcedilOS LIVRES NA FORMA URBANA DE
PATOS DE MINAS
Para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na forma urbana de Patos de Minas a
anaacutelise foi dividida em trecircs principais enfoques RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA CONFIGURACcedilAtildeO
ESPACIAL e RELACcedilAtildeO DE USOS DO SOLO A leitura da cidade apresentada por esses trecircs
acircngulos somada ao entendimento de paisagem forma urbana e da formaccedilatildeo e
transformaccedilatildeo da malha urbana patense apresentados no capiacutetulo anterior nos possibilitam
o entendimento do Sistema Espaccedilos Livres de Patos de Minas como um todo com suas
categorias tipoloacutegias e relaccedilotildees sistecircmicas
Os trecircs principais enfoques foram determinados com base nas principais caracteriacutesticas da
cidade nas suas peculiaridades na sua condiccedilatildeo de cidade de meacutedio porte Provavelmente
um outro tipo de cidade com outras caracteriacutesticas de paisagem demandaria outro segmento
de anaacutelise
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241
RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA
ESPACcedilOS LIVRES x SUPORTE ambiental
O principal objetivo desse subcapiacutetulo eacute analisar as caracteriacutesticas do suporte ambiental sobre
o qual a cidade de Patos de Minas foi implantada buscando identificar quais espaccedilos livres
presentes na cidade incorporam esses elementos da paisagem O suporte ambiental eacute parte
da paisagem urbana ele eacute formado por elementos como corpos drsquoaacutegua vegetaccedilatildeo relevo
solos e clima
Estatildeo cada vez mais presentes nos planos diretores e na legislaccedilatildeo ambiental denominaccedilotildees
como reservas florestais puacuteblicas e privadas parques lineares parques ecoloacutegicos unidades
de conservaccedilatildeo aacutereas de proteccedilatildeo permanente (APPrsquos) aleacutem de referecircncias agrave
sustentabilidade e agrave ecologia Essas denominaccedilotildees muitas vezes geram espaccedilos livres
voltados agrave funccedilatildeo de conservaccedilatildeo e proteccedilatildeo ambiental Entretanto os espaccedilos livres
vinculados ao suporte fiacutesico natildeo possuem somente a funccedilatildeo de conservaccedilatildeo ambiental eles
possuem outros papeacuteis no meio urbano como recreaccedilatildeo infraestrutura urbana contribuir
com a drenagem pluvial possibilitar microclimas urbanos mais agradaacuteveis contribuir para
manutenccedilatildeo da biodiversidade e valores esteacuteticos Segundo Queiroga (2012) a
permeabilidade do solo e a cobertura arboacuterea permitem a conservaccedilatildeo de paisagens com
melhor desempenho ambiental mitigando problemas comuns nas aacutereas urbanas a qualidade
da aacutegua e do ar a manutenccedilatildeo da qualidade do solo controle de erosatildeo abastecimento dos
aquiacuteferos e regulaccedilatildeo das enchentes
Os espaccedilos livres vinculados ao suporte ambiental como os corpos drsquoaacutegua e a vegetaccedilatildeo
constantemente satildeo alvo de degradaccedilatildeo ambiental o que ressalta a sua funccedilatildeo ambiental
dentro do sistema Entretanto a mitigaccedilatildeo desses problemas natildeo eacute uma questatildeo pertinente
apenas ao planejamento ambiental das cidades De acordo com Jacobs (2001) as aacutereas livres
puacuteblicas estruturam o espaccedilo urbano satildeo o principal suporte espacial para o encontro e a
vivecircncia urbana Segundo a autora a degradaccedilatildeo do espaccedilo urbano observada pela reduccedilatildeo
de aacutereas puacuteblicas de lazer deficiecircncia na arborizaccedilatildeo urbana excessiva impermeabilizaccedilatildeo do
solo aumento da temperatura e criaccedilatildeo de ilhas de calor danos ambientais diversos
diminuiccedilatildeo da qualidade da ambiecircncia urbana e perda de qualidade de vida constitui um
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problema que extrapola a esfera fiacutesicaespacial constituindo um problema social visto que
desencoraja o uso da rua e dos espaccedilos livres como locais de encontro necessaacuterios para a
manutenccedilatildeo das praacuteticas sociais
Ao longo do processo de urbanizaccedilatildeo das cidades brasileira foram comuns situaccedilotildees em que
aacutereas de reserva natural foram desmatadas para dar lugar a loteamentos coacuterregos foram
canalizados e desapareceram da paisagem urbana ou foram canalizadas a ceacuteu aberto tiveram
sua APP desmatada e impermeabilizada para dar lugar a avenidas e aacutereas construiacutedas como
no caso da Figura 26
Figura 26 Coacuterrego do Monjolo em Patos de Minas canalizado a ceacuteu aberto na deacutecada de 1970 com APP desmatada e grande parte do seu entorno impermeabilizado Agraves margens do coacuterrego a Av Faacutetima Porto Foto Acervo pessoal 2014
Atualmente esse tipo de tratamento de supressatildeo da vegetaccedilatildeo das APPrsquos em aacutereas
urbanizadas eacute cada vez mais incomum7 o que contribui para a conservaccedilatildeo desses recursos
naturais Entretanto gradativamente mais a legislaccedilatildeo ambiental trata a funccedilatildeo ambiental dos
espaccedilos como algo isolado entendendo as APPrsquos como locais onde natildeo podem existir
intervenccedilotildees desconsiderando que esses espaccedilos podem estar vinculados a outras funccedilotildees
como por exemplo recreaccedilatildeo educaccedilatildeo ambiental valorizaccedilatildeo da paisagem De acordo com
7 Os casos excepcionais nos quais eacute permitido a supressatildeo da vegetaccedilatildeo em APP estatildeo definidos pela Resoluccedilatildeo CONAMA 36906
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LISTA DE ABREVIATURAS
SIGLAS E SIacuteMBOLOS
AABB Associaccedilatildeo Atleacutetica Banco do Brasil
APA Aacuterea de Proteccedilatildeo Ambiental
ARL Aacuterea de Reserva Legal
APP e APPrsquos Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente Aacutereas de Presrvaccedilatildeo Permanente
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
EL Espaccedilo Livre
ETA Estaccedilatildeo de Tratamento de Aacutegua
ETE Estaccedilatildeo de Tratamento de Esgoto
FAUed Faculdade de Arquitetura Urbanismo e Design
i Inclinaccedilatildeo
SEL-RJ Grupo de Sistema de Espaccedilos Livres- Rio de Janeiro
HIS Habitaccedilatildeo de Interesse Social
MCMV Minha Casa Minha Vida
NEURB Nuacutecleo de Estudos Urbanos
ORT Ortogonal
PTC Patos Tecircnis Clube
Quapaacute-SEL Quadro do Paisagismo Brasileiro ndashSistema de Espaccedilos Livres
CEASA Centro de Abastecimento SA
SEL Sistema de Espaccedilos Livres
UNIPAM Centro Universitaacuterio de Patos de Minas
UP Unidade de Paisagem
URT Uniatildeo Recreativa dos Trabalhadores (um dos times de futebol da cidade)
Unesco Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para a Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura
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SUMAacuteRIO
ELEMENTOS PREacute-TEXTUAIS
Dedicatoacuteria 005
Agradecimentos 006
Resumo e Abstract 007
Lista de Abreviaturas e Siglas e Siacutembolos 008
INTRODUCcedilAtildeO 013
Sobre os pensamentos norteadores 013
Sobre o meacutetodo 014
Sobre o decorrer dos capiacutetulos 014
CAPIacuteTULO 1 a paisagem e a forma urbana
018 11 PAISAGENS URBANA CONCEITUACcedilAtildeO
021 12 MORFOLOGIA E FORMA URBANA FORMA URBANA MALHA URBANA TECIDO URBANO
025 13 FORMACcedilAtildeO E TRANSFORMACcedilAtildeO DA MALHA URBANA PATENSE
028 131 DO INIacuteCIO DO POVOADO ATEacute A DEacuteCADA DE 1930 BORGES X MACIEIS
037 132 DA DEacuteCADA DE 1940 ATEacute A DEacuteCADA DE 1960 AUMENTO POPULACIONAL
040 133 DAacute DEacuteCADA DE 1970 ATEacute A DEacuteCADA DE 1980 INCORPORACcedilAtildeO DOS CORPOS DrsquoAacuteGUA
044 134 DA DEacuteCADA DE 1990 ATEacute OS DIAS ATUAIS A FORMA URBANA ATUAL
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CAPIacuteTULO 2 o sistema de espaccedilos livres
051 21 ESPACcedilOS LIVRES ESPACcedilOS ABERTOS AacuteREAS VERDES
053 22 O PENSAMENTO SISTEcircMICO
055 23 ESPACcedilOS LIVRES NAS CIDADE MEacuteDIAS
057 24 OS ESPACcedilOS LIVRES NA FORMA URBANA DE PATOS DE MINAS
058 241 RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA espaccedilos livres x suporte ambiental
065 242 CONFIGURACcedilAtildeO ESPACIAL espaccedilos livres x malha urbana
2421 Configuraccedilotildees da malha urbana
2422 Espaccedilos livres na malha urbana
2423 Tipos de traccedilado
083 243 RELACcedilOtildeES DE USOS DO SOLO espaccedilos livres x uso
2431 Distribuiccedilatildeo fundiaacuteria
2432 Usos do solo
090 25 O SISTEMA DE ESPACcedilOS LIVRES DE PATOS DE MINAS
090 251 TIPOLOGIAS DE ESPACcedilOS LIVRES
092 252 CATEGORIAS DE ESPACcedilOS LIVRES
102 253 RELACcedilOtildeES SISTEcircMICAS DOS ESPACcedilOS LIVRES
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CAPIacuteTULO 3 as unidades de paisagem
109 31 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS
110 32 UNIDADES DE PAISAGEM DE PATOS DE MINAS
113 321 UNIDADE DE PAISAGEM 01
116 322 UNIDADE DE PAISAGEM 02
120 323 UNIDADE DE PAISAGEM 03
123 324 UNIDADE DE PAISAGEM 04
128 325 UNIDADE DE PAISAGEM 05
132 326 UNIDADE DE PAISAGEM 06
135 327 UNIDADE DE PAISAGEM 07
139 328 UNIDADE DE PAISAGEM 08
143 329 UNIDADE DE PAISAGEM 09
148 3210 UNIDADE DE PAISAGEM 10
151 33 AS UNIDADES DE PAISAGEM NA CIDADE
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS PERSPECTIVAS E DESAFIOS 154
SOBRE OS DESAFIOS A SEREM ENFRENTADOS 156
SOBRE OS POSSIacuteVEIS DESDOBRAMENTOS DA PESQUISA 157
REFEREcircNCIAS 159
ACERVOS ARQUIVOS E JORNAIS 159
LEIS E DECRETOS 159
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 160
ANEXOS 164
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INTRODUCcedilAtildeO
SOBRE OS PENSAMENTOS NORTEADORES
O trabalho eacute um exerciacutecio de olhar para a cidade e ler entre seus traccedilados suas ruas lotes e
quadras Buscando entender as promessas que ficaram no ar os projetos vislumbrados mas
nunca concretizados que vatildeo desde a rua que natildeo foi asfaltada ateacute o coacuterrego canalizado que
natildeo foi aberto Entender o processo histoacuterico as relaccedilotildees culturais o desenho da malha
urbana que se estende por entre os fundos dos vales e acompanha o desenho dos coacuterregos e
rios
Grande parte da vida na cidade acontece em seus espaccedilos livres na praccedila natildeo implantadas
onde o vizinho planta milho na rua que recebe o tapete de Corpus Christi nas procissotildees
passeatas e desfiles na festa junina na praccedila da Igreja na eleiccedilatildeo da rainha do milho nas
folias de reis dos distritos da cidade A cidade se transforma no lote que vira campinho na
praccedila que vira estacionamento na gleba que vira pasto na lagoa que vira brejo na mata que
vira cinzas A zona rural aos poucos se transforma em malha urbana mas o rural natildeo perdeu
seu espaccedilo ele se manteacutem presente na paisagem urbana nas expressotildees culturais e nos
dialetos
Este trabalho eacute a continuidade do Trabalho Final de Graduaccedilatildeo apresentado a Faculdade de
Arquitetura Urbanismo e Desing da Universidade Federal de Uberlacircndia Sob a orientaccedilatildeo do
professor Glauco Cocazza foi desenvolvido um projeto de requalificaccedilatildeo para um dos
parques urbanos de Patos de Minas o Parque Municipal do Mocambo Durante o
desenvolvimento desse trabalho ficou evidente que natildeo soacute os ambientes do parque como
outros espaccedilos livres da cidade requeriam projetos de requalificaccedilatildeo que trabalhassem a
relaccedilatildeo eles com a cidade buscando o entendimento dos diferentes papeacuteis dos espaccedilos livres
na cidade deixando de pensar no planejamento urbano e no planejamento ambiental como
coisas isoladas Iniciaram-se aiacute as primeiras percepccedilotildees de que a cidade de Patos de Minas
possui diversas especificidades com relaccedilatildeo agrave interaccedilatildeo da paisagem urbana com seus
espaccedilos livres e edificados
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SOBRE O MEacuteTODO
A dissertaccedilatildeo se fundamenta na anaacutelise de dados documentais primaacuterios como mapas
cedidos pela Prefeitura Municipal de Patos de Minas projetos de espaccedilos livres da cidade
levantamentos fotograacuteficos leis e decretos municipais e federais Baseia-se tambeacutem em
fontes secundaacuterias como revisatildeo bibliograacutefica dos temas norteadores da pesquisa registros
fotograacuteficos jornais locais e entrevistas informais com moradores da cidade e arquitetos da
prefeitura A dissertaccedilatildeo apresenta registros fotograacuteficos natildeo soacute do acervo da autora mas de
diferentes pessoas evidenciando pontos de vista e os diversos olhares sobre a cidade aleacutem
das fotos histoacutericas de arquivos puacuteblicos
A pesquisa adota como metodologia a anaacutelise do Sistema de Espaccedilos Livres e das Unidades de
Paisagem desenvolvida pelos estudos da rede nacional brasileira Quapaacute-SEL II (Quadro do
Paisagismo Brasileiro ndash Sistemas de Espaccedilos Livres) coordenada pelo LAB-QUAPAacute da FAUUSP
(Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Satildeo Paulo) cujo objetivo principal
eacute compreender as relaccedilotildees processuais contemporacircneas entre os Sistemas de Espaccedilos Livres
e a forma urbana das cidades brasileiras A pesquisa apresentada eacute tambeacutem parte integrante
dos estudos desenvolvidos pelo Nuacutecleo de Estudos Urbanos (NEURB) desenvolvido na
Faculdade de Arquitetura Urbanismo e Design (FAUeD) da Universidade Federal de
Uberlacircndia que tem como objetivo central compreender a importacircncia e o papel do Sistema
de Espaccedilos Livres na Forma Urbana das principais cidades meacutedias do Triacircngulo Mineiro e Alto
Paranaiacuteba contribuindo assim com os estudos do grupo nacional Quapaacute-SEL II
SOBRE O DECORER DOS CAPIacuteTULOS
O objetivo central do trabalho eacute analisar os espaccedilos livres presentes na forma urbana de
Patos de Minas e entender como esses espaccedilos estruturam o Sistema de Espaccedilos Livres (SEL)
Buscando esse entendimento a dissertaccedilatildeo foi dividida em trecircs momentos a anaacutelise da
paisagem e da forma urbana patense no primeiro capiacutetulo o entendimento do SEL no
segundo capiacutetulo e a aplicaccedilatildeo da metodologia de Unidades de Paisagem no terceiro capiacutetulo
O primeiro capiacutetulo apresenta os conceitos que iratildeo nortear a pesquisa a PAISAGEM URBANA
e a FORMA URBANA por meio de uma revisatildeo bibliograacutefica buscando a constataccedilatildeo do
estado da arte dos conceitos-chave O trabalho entende a paisagem como conceito
norteador para o entendimento da cidade da formaccedilatildeo e da transformaccedilatildeo da forma urbana
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Depois de introduzidos os conceitos-chave o capiacutetulo apresentaraacute o processo de urbanizaccedilatildeo
da aacuterea de estudo a transformaccedilatildeo do tecido urbano e a incorporaccedilatildeo dos principais espaccedilos
livres de edificaccedilatildeo e edificados ressaltando as caracteriacutesticas histoacutericas econocircmicas
poliacuteticas e culturais que contribuem para a formaccedilatildeo da imagem da cidade
O segundo capiacutetulo analisa o SISTEMA DE ESPACcedilOS LIVRES na forma urbana de Patos de Minas
a partir de trecircs principais enfoques a relaccedilatildeo ecoloacutegica que busca entender a interaccedilatildeo entre
a forma urbana e os condicionantes do suporte fiacutesico (hidrografia geologia relevo
vegetaccedilatildeo) a configuraccedilatildeo espacial que revela a organizaccedilatildeo da malha urbana e a interaccedilatildeo
dos espaccedilos livres na malha e a relaccedilatildeo de usos do solo que analisa a relaccedilatildeo dos espaccedilos
livres com a situaccedilatildeo fundiaacuteria e a distribuiccedilatildeo dos usos do solo na cidade
No capiacutetulo sobre o Sistema de Espaccedilos Livres as anaacutelises foram feitas na escala da cidade No
capiacutetulo seguinte que trata das Unidades de Paisagem as apreciaccedilotildees foram feitas na escala
das unidades ou seja a anaacutelise dos espaccedilos livres da cidade vai do macro ao micro A
aplicaccedilatildeo da metodologia das Unidades de Paisagem permite transitar entre as escalas de
anaacutelise e aprofundar nas caracteriacutesticas e peculiaridades do Sistema de Espaccedilos Livres
presentes em cada unidade
O terceiro capiacutetulo apresenta a metodologia das UNIDADES DE PAISAGEM a identificaccedilatildeo das
Unidades de Paisagem presentes em Patos de Minas e a anaacutelise cada uma delas O trabalho
entende as Unidades de Paisagem como porccedilotildees do Sistema de Espaccedilos Livres cujas relaccedilotildees
entre os espaccedilos livres os espaccedilos edificados possuem caracteriacutesticas especiacuteficas de
centralidade hierarquia distribuiccedilatildeo e organizaccedilatildeo que os distingue dos demais conjuntos de
relaccedilotildees
O fechamento do trabalho apresenta de maneira sinteacutetica uma apreciaccedilatildeo do que foi
apresentado em cada capiacutetulo apontando os questionamentos e resultados que surgiram no
decorrer da anaacutelise Depois satildeo enumerados os principais desafios a serem enfrentados pelo
o planejamento urbano e ambiental de Patos de Minas para a gestatildeo do SEL da cidade
Adiante satildeo apresentados os possiacuteveis desdobramentos da pesquisa evidenciando as
possibilidades de continuidade e aprofundamentos teoacutericos e praacuteticos sobre o objeto de
estudo
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11 PAISAGEM URBANA
CONCEITUACcedilAtildeO
A compreensatildeo do conceito de paisagem urbana eacute o principal enfoque no presente trabalho
para assimilaccedilatildeo da configuraccedilatildeo urbana da incorporaccedilatildeo dos elementos do suporte fiacutesico na
formaccedilatildeo e na transformaccedilatildeo da forma urbana e entendimento do papel do Sistema de
Espaccedilos Livres na cidade
O estudo da paisagem possibilita uma melhor percepccedilatildeo da estrutura da cidade a
compreensatildeo do siacutetio natural e da interferecircncia humana no mesmo esse conhecimento pode
direcionar o planejamento urbano para tanto a clareza do conceito de paisagem e seus
sombreamentos eacute de extrema importacircncia
Natildeo existe um consenso sobre o conceito de paisagem a discussatildeo sobre paisagem transita
por diversas aacutereas com diferentes definiccedilotildees ecircnfases e meacutetodo de abordagem Segundo o
geoacutegrafo Bertrand (2004) as diferenccedilas de abordagem no conceito de paisagem satildeo
influenciadas pela formaccedilatildeo e os objetivos do observador e pode enfatizar a vegetaccedilatildeo a
hidrografia o clima o relevo a economia a arquitetura ou o processo histoacuterico A
metodologia de anaacutelise poderaacute ser temporal baseada nos aspectos fiacutesicos e se referir agraves
relaccedilotildees e dinacircmicas internas ou ainda um conjunto de diversas anaacutelises Ou seja a
percepccedilatildeo individual somada aos objetivos e ao enfoque do observador interferem
diretamente na leitura da paisagem e no conceito da mesma
Segundo Rougerie e Beroutchatchvili (1991) apud Maximiano (2004) a Unesco (Organizaccedilatildeo
para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura das Naccedilotildees Unidas) declarou em 1971 considerar que a
paisagem eacute a ldquoestrutura do ecossistemardquo e o Conselho Europeu diz que ldquoo meio natural
moldado pelos fatores sociais e econocircmicos torna-se paisagem sob o olhar humanordquo Jaacute a
ldquopaysagerdquo francesa refere-se principalmente aos aspectos visuais O termo holandecircs com o
mesmo sentido eacute ldquovisueellandschaprdquo Para os alematildees ldquolandschaftrdquo envolve a noccedilatildeo de
territoacuterio semelhante ao ldquolandscape inglecircsrdquo Ambos tambeacutem se referem ao aspecto visual A
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geografia sovieacutetica tem seus proacuteprios termos ldquomesnost e ourotchitcherdquo que possuem valor
territorial aos quais os russos acrescentam ldquolandschaftrdquo emprestado dos alematildees
Segundo Maximiano (2004) para alguns socioacutelogos e economistas a paisagem eacute a base do
meio fiacutesico onde o homem a utiliza e a transforma ou natildeo para alguns botacircnicos e ecoacutelogos
a paisagem eacute um conjunto de organismos num meio fiacutesico cujas propriedades podem ser
explicadas segundo leis ou modelos com ajuda das ciecircncias fiacutesicas eou bioloacutegicas para
alguns geoacutegrafos ela resulta da relaccedilatildeo dinacircmica de elementos fiacutesicos bioloacutegicos e
antroacutepicos
ldquoA expressatildeo ldquopaisagemrdquo() passava a manifestar-se com
significados amplos complexos poreacutem bastante vagos
indistintos incompletos premissas comuns eram ldquoa naturezardquo e
a censura agrave accedilatildeo do homem A percepccedilatildeo das mudanccedilas
naturais ndash de tempos bioloacutegicos ndash e tambeacutem aquelas raacutepidas
extensas e difusas do trabalho do homem ndash de tempos
histoacutericos ndash levantava novamente a relaccedilatildeo homem-natureza
Seria esta relaccedilatildeo com todos os apelos e juiacutezos ndash imprecisos
indefinidos ndash que seria associada agrave palavra lsquopaisagemrsquordquo
(MAGNOLI e MACEDO 2000 p132-133)
O estudo da paisagem passou a ganhar relevacircncia entre os arquitetos a partir dos anos de
1960 Segundo Sandeville (2006) esse processo pode ser exemplificado inicialmente pelos
trabalhos de Kevin Lynch Cristopher Alexander Amos Rapoport Yi Fu Tuan e Vittorio
Gregotti1 De acordo com Gregotti (1983) o entendimento da paisagem eacute um instrumento
que o arquiteto tem que ter em matildeos para analisar o lugar e o espaccedilo sobre o qual se projeta
Entretanto a paisagem entendida soacute como o conjunto das caracteriacutesticas fiacutesicas e
geomorfoloacutegicas de cunho bioloacutegico e mineraloacutegico natildeo eacute suficiente para elaboraccedilatildeo do
1LYNCH K A imagem da cidade (1960) ALEXANDER C Unlenguage de patrones (1980) RAPOPORT A
Aspectos humanos de la forma urbana (1978) TUAN Y F Espaccedilo e lugar (1983) GREGOTTI V Nuevos
caminos de La arquitectura italiana (1969)
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projeto eacute preciso que a leitura da paisagem expresse as accedilotildees cotidianas os usos dos
espaccedilos e a cultura local
No Brasil Miranda Magnoli inicia seus estudos sobre a paisagem e o ambiente na deacutecada de
1970 baseada nas anaacutelises estadunidenses de planejamento da paisagem reconhecendo a
importacircncia das caracteriacutesticas socioespaciais mas sem reduzir a paisagem aos aspectos
formais O modo como Miranda discutiu a paisagem segundo Sandeville (2006) ultrapassou
as limitaccedilotildees da relaccedilatildeo figura-fundo a qual reforccedila a paisagem como cenaacuterio um entorno
transformado por uma arquitetura de edifiacutecio promovendo a cenarizaccedilatildeo da ideia de
paisagem Sua reflexatildeo estabeleceu bases para o conceito da arquitetura como o projeto do
ldquoambiente humanordquo a necessidade de compreensatildeo do contexto no qual se insere o objeto
projetado
A definiccedilatildeo do conceito de paisagem adotada para este trabalho eacute a desenvolvida por
Miranda Magnoli (1982) na qual a morfologia da paisagem eacute definida como resultante da
interaccedilatildeo entre a loacutegica proacutepria dos processos do suporte (geologia clima solo relevo
vegetaccedilatildeo e sol aacutegua e ventos) e a loacutegica proacutepria dos processos antroacutepicos sociais e culturais
(parcelamentos escavaccedilotildees plantaccedilotildees construccedilotildees edificaccedilotildees etc) Essa anaacutelise da
paisagem urbana considera os diversos atores que nela interferem seus aspectos fiacutesicos
socioeconocircmicos culturais e seu processo evolutivo natildeo eacute simplesmente bem organizada ou
normativa eacute tambeacutem uma anaacutelise poeacutetica e simboacutelica fala das pessoas e de suas histoacuterias de
suas aspiraccedilotildees tradiccedilotildees e conflitos do conjunto natural das funccedilotildees e da dinacircmica urbana
O estudo da paisagem possibilita um melhor entendimento da estrutura da cidade a
compreensatildeo do siacutetio natural e da interferecircncia humana no mesmo esse conhecimento pode
direcionar o planejamento urbano para tanto o entendimento do conceito de paisagem e
seus sombreamentos eacute de extrema importacircncia Segundo Oseki amp Pellegrino (2004) um
planejamento ecoloacutegico da paisagem pode fornecer as ferramentas necessaacuterias para
integraccedilatildeo entre sociedade e natureza incorporando diretrizes ambientalmente desejaacuteveis
para a melhoria da habitabilidade da cidade de sua sustentabilidade e de sua imagem
Para Oseki amp Pellegrino (2004) as paisagens satildeo ao mesmo tempo produzidas socialmente e
produtoras (indutoras) de praacuteticas sociais podem ser utilizadas no planejamento no projeto
e gestatildeo de espaccedilos livres (nas escalas espaciais local regional e continental) o que lhes
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confere importacircncia no planejamento urbano e regional o que tem sido ignorado pelos
oacutergatildeos responsaacuteveis pela gestatildeo do territoacuterio Segundo Macedo (1993) a paisagem eacute processo
e produto das accedilotildees humanas eacute processo na medida em que estaacute em constante mutaccedilatildeo e
compreende as diversas forccedilas que nela atuam ora em conflito ora em consonacircncia de
objetivos eacute produto pois a cada instante apresenta-se como objeto acabado dessas accedilotildees e
forccedilas aplicadas
Figura 2 Avenida Getuacutelio Vargas em Parto de Minas Vista parcial da paisagem urbana Fonte httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=1534357amppage=92 Foto Fotoacutegrafo desconhecido
O presente trabalho entende a paisagem como algo que caracteriza a cidade que lhe confere
identidade e a distingue das demais A paisagem retrata a forma urbana e a cultura da
populaccedilatildeo a maneira como as pessoas constroem suas casas e onde constroem se na beira
do rio no alto das serras ou nas chapadas Eacute a histoacuteria local contada por meio da mudanccedila do
cenaacuterio e da mudanccedila dos padrotildees arquitetocircnicos nas casas que permanecem do periacuteodo
neocolonial ou no estilo ecleacutetico nas casas que surgiram no estilo moderno nas reformas
nas construccedilotildees que satildeo tombadas e nas que satildeo derrubadas A paisagem eacute contada pelas
aacutervores pelas flores plantadas e replantadas nas calccediladas calccediladas por vezes remendadas A
paisagem eacute o reflexo do processo social dos bairros que se formam das pessoas que se
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mudam da economia que se desenvolve modificando o comercio instalando novas induacutestrias
e quem sabe ateacute bairros industriais gerando renda para urbanizaccedilatildeo de novas aacutereas ou a
verticalizaccedilatildeo de outras
O entendimento da paisagem enquanto elemento caracterizador da imagem das cidades eacute
um instrumento para a melhoria e manutenccedilatildeo dos valores da mesma Possui uma relaccedilatildeo
direta com histoacuteria da cidade com os valores culturais com o processo de formaccedilatildeo e de
transformaccedilatildeo da forma urbana e com os elementos que a constituem Partimos entatildeo para o
estudo da forma urbana com seus enfoques conceituais desdobramentos teoacutericos e
praacuteticos
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MORFOLOGIA E FORMA URBANA
FORMA URBANA MALHA URBANA TECIDO
URBANO
Figura 3 Forma Urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora 2014
Eacute constante a confusatildeo ao conceituar termos
como morfologia forma urbana malha
urbanatecido urbano elementos morfoloacutegicos
termos que ora se sobrepotildeem ora se englobam
ora se dividem
EXISTE UM CONSENSO SOBRE O CONCEITO
DE FORMA URBANA
A DEFINICcedilAtildeO DE FORMA URBANA ENGLOBA
O TRACcedilADO DAS RUAS OS CHEIOS E VAZIOS
OS USOS E AS TIPOLOGIAS CONSTRUIacuteDAS OU
SERIA SOacute O DESENHO QUE SE FORMA NO
ENCONTRO DAS BORDAS DA OCUPACcedilAtildeO
FORMA URBANA Eacute SINOcircNIMO DE TECIDO
URBANO OU O TECIDO Eacute PARTE DA FORMA
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A morfologia urbana eacute um campo disciplinar que abrange o estudo das cidades das formas
dos tecidos e da paisagem O estudo da morfologia contribui para o entendimento da
estrutura da cidade sua formaccedilatildeo e transformaccedilatildeo por meio de seus elementos
constituintes Segundo Lamas (2004) os elementos morfoloacutegicos constituintes satildeo o solo os
edifiacutecios o lote o quarteiratildeo a fachada o logradouro o traccediladorua a praccedila o monumento
a vegetaccedilatildeo e o mobiliaacuterio urbano O autor denomina como elementos morfoloacutegicos as partes
fiacutesicas que associadas ou estruturadas constituem a forma urbana Existem diversos
conceitos e definiccedilotildees que abordam a morfologia das cidades este trabalho apresentaraacute
algumas delas
Segundo Del Rio (1990) a anaacutelise da morfologia urbana estaacute em compreender a loacutegica da
formaccedilatildeo evoluccedilatildeo e transformaccedilatildeo da forma da cidade e de suas inter-relaccedilotildees a fim de
possibilitar a identificaccedilatildeo de accedilotildees mais apropriadas cultural e socialmente para a
intervenccedilatildeo urbana e o desenho de novos espaccedilos Segundo Rossi (2001) a cidade eacute uma
obra reconhecida pelo conjunto de sua forma mas tambeacutem pode ser identificada por
pequenas partes do conjunto em seus diversos momentos a forma urbana eacute a soma dos
diversos tecidos e padrotildees morfoloacutegicos que formam a cidade
O tecido urbano ou a malha urbana de acordo com Rego e Meneguetti (2011) satildeo
configurados pelo sistema viaacuterio pelo padratildeo do parcelamento do solo pela aglomeraccedilatildeo e
pelo isolamento das edificaccedilotildees assim como pelos espaccedilos livres Em outras palavras o
tecido de cidade eacute dado pelos edifiacutecios ruas quadras e lotes parques praccedilas e monumentos
nos seus mais variados arranjos Esses elementos morfoloacutegicos presentes no tecido urbano
segundo Moudon (1997) devem ser considerados como organismos ndash constantemente em
atividade e assim em transformaccedilatildeo ao longo do tempo eles existem em inter-relaccedilatildeo com
as estruturas edificadas conformando e sendo conformadas pelos espaccedilos livres O modo
como cada um desses elementos morfoloacutegicos se organizou e conforma o tecido da cidade
pode ser entendido como um objeto de estudo da morfologia urbana
A forma urbana reflete os processos de formaccedilatildeo da cidade os processos sociais que se
consolidam nos tecidos urbanos que levam a sociedade a construir de uma maneira
determinada e caracteriacutestica suas casas escolas comeacutercios induacutestrias etc Segundo
Carvalho (2011) os tecidos urbanos satildeo configurados a partir da homogeneidade dos
seguintes elementos traccedilado da malha viaacuteria padrotildees de uso (residencial comercial de
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serviccedilos e industrial) padratildeo edificado (padratildeo arquitetocircnico e do gabarito) e suporte fiacutesico
(topografia vegetaccedilatildeo e hidrografia
De acordo com Moudon (1997) os morfologistas atentam para os resultados tangiacuteveis de
questotildees sociais econocircmicas poliacuteticas ou seja estudam a manifestaccedilatildeo de ideias e
intenccedilotildees agrave medida que elas tomam forma no chatildeo e moldam as cidades O estudo
morfoloacutegico das cidades pode ser dividido em escolas de pensamento dentre elas a escola
italiana a escola francesa e a escola inglesa as quais analisaremos sinteticamente
observando suas principais caracteriacutesticas metodoloacutegicas bases bibliograacuteficas e formas de
pensamento
A escola italiana conforme Mondon (1997) tem seu iniacutecio nos estudos do arquiteto Saverio
Muratori (1910 ndash 1973) e de Gianfranco Caniggia (1933 ndash 1987) na deacutecada de 1940 Segundo
Rosaneli (2011) essa escola de pensamento possui como principal distintivo a preocupaccedilatildeo
com o destino das cidades histoacutericas italianas sobretudo devido aos efeitos das intervenccedilotildees
modernistas Essa escola apresenta uma maior preocupaccedilatildeo com o estudo tipoloacutegico das
edificaccedilotildees (fachadas estilos arquitetocircnicos gabarito) e de suas transformaccedilotildees ao longo do
tempo
A escola francesa apresenta ecircnfase na reflexatildeo geograacutefica e historiograacutefica sobre as cidades e
possui a contribuiccedilatildeo do socioacutelogo Henri Lefebvre (1901 ndash 1991) Assim como a escola italiana
a escola francesa se opotildee aos efeitos das intervenccedilotildees modernistas Rosaneli (2011) propotildee
uma reforma educacional no campo dos estudos urbanos e busca consolidar uma nova
ldquodisciplinardquo com duplo objetivo primeiro uma pesquisa descritiva multidisciplinar do espaccedilo
construiacutedo a fim de reconhecer ingredientes de um bom desenho e segundo a identificaccedilatildeo
e criacutetica de modelos teoacutericos de desenho urbano
A escola inglesa eacute fundamentada nos estudos do geoacutegrafo alematildeo Conzen (1907 ndash 2000) e
inicia-se na deacutecada de 1960 De acordo com Moudon (1994) a escola inglesa possui uma
anaacutelise morfoloacutegica descritiva analiacutetica e explanatoacuteria concentra-se no estudo da forma
urbana e apresenta o mais completo detalhado e sistemaacutetico meacutetodo tipo morfoloacutegico das
trecircs escolas
Conzen fundamenta-se na aplicabilidade da leitura dos planos urbanos (ldquotown-plansrdquo) para o
entendimento da formaccedilatildeo urbana De acordo com Conzen (1960) apud Rosaneli (2011) os
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trecircs fundamentais elementos que compotildee os planos satildeo as ruas que estatildeo arranjadas em um
traccedilado os lotes ou parcelas individuais de terra juntamente com as quadrasquarteirotildees e os
edifiacutecios com seus conjuntos construiacutedos As diversas combinaccedilotildees desses trecircs principais
elementos constituiriam unidades distintas com ldquohomogeneidade morfoloacutegicardquo o que o
autor denominou de tecido urbano (ldquoplan unitrdquo ldquourban fabricrdquo ou ldquotessuto urbanordquo para a
escola italiana)
A morfologia urbana e suas diferentes escolas de pensamento retratam o estudo da forma
urbana e de seus elementos estruturantes dos processos culturais sociais econocircmicos e
poliacuteticos Os estudos morfoloacutegicos que mais se aplicam agrave presente pesquisa satildeo os da escola
inglesa onde desenvolve-se uma anaacutelise descritiva e analiacutetica do processo de urbanizaccedilatildeo
estudando as unidades com ldquohomogeneidade morfoloacutegicasrdquo trabalhadas nessa pesquisa por
meio das Unidades de Paisagem (porccedilotildees territoriais com semelhanccedila de traccedilado e interaccedilatildeo
entre os espaccedilos livres e edificados) e atraveacutes da anaacutelise do Sistema de Espaccedilos Livres uma
organizaccedilatildeo sistecircmica dos espaccedilos livres das diversas Unidades de Paisagem presentes em
uma aacuterea definida
Para o entendimento da configuraccedilatildeo do Sistema de Espaccedilos Livres Patense e de suas
Unidades de Paisagem partimos do estudo do processo de urbanizaccedilatildeo de Patos de Minas
observando as caracteriacutesticas morfoloacutegicas histoacutericas culturais e da paisagem urbana
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13 FORMACcedilAtildeO E TRANSFORMACcedilAtildeO DA
MALHA URBANA PATENSE
Figura 4 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Patos de Minas e apresentaccedilatildeo da forma urbana da cidade Elaborado pela autora segundo fonte Mapas da Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2006 e 2015
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Patos de Minas eacute uma cidade meacutedia2 da regiatildeo intermediaacuteria agrave Mesorregiatildeo do Triacircngulo
Mineiro e Alto Paranaiacuteba Considerada poacutelo econocircmico regional a maior cidade da
microrregiatildeo do Alto Paranaiacuteba que eacute composta por 10 municiacutepios O municiacutepio de Patos de
Minas eacute formado por sete distritos o distrito sede eacute a cidade de Patos de Minas e os outros
satildeo Bom Sucesso Chumbo Major Porto Pilar Pindaiacutebas e Santana de Patos (identificados na
Figura 4)
Segundo o IBGE (2010) o municiacutepio de Patos de Minas possui aacuterea de 3189771Kmsup2
densidade demograacutefica de 4349 habkmsup2 e populaccedilatildeo de aproximadamente 147614
habitantes (populaccedilatildeo estimada em 2014)
Patos de Minas situa-se no Planalto Central Minas GeraisGoiaacutes com altitudes meacutedias de 800
a 900 metros Localiza-se entre duas grandes bacias hidrograacuteficas brasileiras a do Satildeo
Francisco e a do Paranaacute Sua localizaccedilatildeo estrateacutegica permite a ligaccedilatildeo da cidade a centros
comerciais como Uberlacircndia Belo Horizonte Brasiacutelia e Satildeo Paulo facilitando o intercacircmbio
comercial e o desenvolvimento econocircmico
De acordo com o IBGE (2012) o PIB (Produto Interno Bruto) do municiacutepio tem sua economia
baseada principalmente no setor de serviccedilos seguido do setor industrial e da agricultura
conforme Tabela 1
2 A dissertaccedilatildeo adota a conceituaccedilatildeo de cidades meacutedias desenvolvida por Amorim Filho e Serra (2001) cidade que ocupam uma posiccedilatildeo estrateacutegica na hierarquia urbana oferecendo suporte agraves cidades pequenas conforme a funccedilatildeo que desempenham e estabelecendo ligaccedilotildees com as cidades maiores intermediando as relaccedilotildees entre estes dois niacuteveis urbanos De acordo com os autores essas cidades satildeo espaccedilos de relaccedilotildees e natildeo de polarizaccedilatildeo ou dominaccedilatildeo satildeo cidades natildeo tatildeo pequenas a ponto de limitar as possibilidades de crescimento econocircmico e intelectual de seus habitantes e nem tatildeo grandes a ponto de onerar ndash e ateacute pocircr em risco ndash a vida da maioria de seus moradores
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Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas - 2012
Impostos sobre produtos liacutequidos de subsiacutedios a preccedilos correntes
248946 mil reais
PIB a preccedilos correntes 2495732 mil reais
PIB per capita a preccedilos correntes 1770650 mil reais
Valor adicionado bruto da agropecuaacuteria a preccedilos correntes 255908 mil reais
Valor adicionado bruto da induacutestria a preccedilos correntes 432152 mil reais
Valor adicionado bruto dos serviccedilos a preccedilos correntes 1558725 mil reais
Tabela 1 Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas-2012 Fonte IBGE 2012 em parceria com os Oacutergatildeos Estaduais de Estatiacutestica Secretarias Estaduais de
Governo e Superintendecircncia da Zona Franca de Manaus ndash SUFRAMA Disponiacutevel em
httpwwwcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=314800ampidtema=134ampsearch=mina
s-gerais|patos-de-minas|produto-interno-bruto-dos-municipios-2012 Acesso em dezembro de 2014
Entretanto observa-se que entre os setores o que mais exerce influecircncia cultural no
municiacutepio e na dinacircmica urbana eacute a agricultura somada a pecuaacuteria e ao agronegoacutecio
caracterizando as festas locais as manifestaccedilotildees culturais as formas de apropriaccedilatildeo da
paisagem as tipologias predominantes de espaccedilos livres e a histoacuteria de ocupaccedilatildeo do
municiacutepio Na agroinduacutestria destaca-se a produccedilatildeo de leite e derivados sementes e adubos
defensivos agriacutecolas carne suiacutena e derivados e alimentos enlatados A agricultura sempre
caracterizou a economia e a cultura local os produtos que se destacam satildeo o arroz soja
feijatildeo cafeacute maracujaacute tomate horticultura e o milho siacutembolo da festa regional a Festa
Nacional do Milho A pecuaacuteria possui significativa importacircncia econocircmica para o municiacutepio a
regiatildeo faz parte de uma das maiores bacias leiteiras do paiacutes Patos de Minas tambeacutem eacute
considerada poacutelo nacional de geneacutetica suiacutena detendo 70 da tecnologia nacional em
melhoramentos suiacutenos
Para analisarmos como se formou a cidade de Patos de Minas apresentaremos seus periacuteodos
urbanos em cinco partes a primeira retrata o iniacutecio do povoado ateacute 1930 depois de 1940 a
deacutecada de 1960 em seguida de 1970 ateacute a deacutecada 1980 e por fim o periacuteodo que vai de 1990
ateacute o ano de 2015 buscando assim retratar o crescimento urbano os principais
acontecimentos histoacutericos e a incorporaccedilatildeo dos elementos da paisagem
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131
DO INIacuteCIO DO POVOADO ATEacute A DEacuteCADA DE 1930
BORGES X MACIEacuteIS
O processo de colonizaccedilatildeo da
regiatildeo ocupada hoje pelo
municiacutepio de Patos de Minas
teve iniacutecio provavelmente na
segunda metade do seacuteculo XVIII
antes mesmo da descoberta do
ouro no estado de Minas Gerais
com as bandeiras rumo agraves terras
de Paracatu A cidade de Patos
de Minas surgiu na segunda
deacutecada do seacuteculo XIX em torno
da Lagoa dos Patos (delimitada
na Figura 5) onde segundo as
descriccedilotildees histoacutericas existia uma
enorme quantidade de patos
silvestres
Figura 5 Crescimento Urbano de Patos de Minas ateacute o iacutenicio do seacuteculo XIX Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas Disponiveacutel em
httpwwwpatosdeminasmggovbrgaleriahistoricaspagesimage16php Acesso em maio de
2014 Elaborado pela autora
Segundo Oliveira Mello (1971) o povoado que deu origem a cidade de Patos de Minas se
iniciou em 1826 com a doaccedilatildeo do terreno por Antocircnio Joaquim da Silva Guerra e sua esposa
Luzia Correcirca de Andrade para a construccedilatildeo da capela de Santo Antocircnio situada hoje na atual
Praccedila Dom Eduardo proacutexima agrave Lagoa dos Patos na Avenida Liberdade atualmente conhecida
como Avenida Getuacutelio Vargas A partir de entatildeo diversas famiacutelias se instalaram no entorno da
capela originando o Arraial de Santo Antocircnio da Beira do Paranaiacuteba Em 1866 foi criada a Vila
de Santo Antocircnio dos Patos e em 1892 o presidente do Estado de Minas Gerais elevou a vila
agrave categoria de cidade de Patos de Minas
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Figura 6 Iniacutecio da ocupaccedilatildeo da cidade de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fontes
Prefeitura Municipal de Patos de Minas e MuP- Museu da Cidade de Patos de Minas
A Praccedila Dom Eduardo estaacute no centro do nuacutecleo original de povoamento ilustrado pela Figura
6 e representa a divisatildeo de influecircncia entre as duas famiacutelias da elite local que atuaram na
construccedilatildeo da paisagem urbana e na histoacuteria da cidade de Patos de Minas os Borges
catoacutelicos e monarquistas e os Dias Macieacuteis protestantes e republicanos
Ao norte da Praccedila Dom Eduardo encontam-se os Borges e seus parentes os Caixeta e os
Queiroz de acordo com Silva (2011) deste lado da cidade a paisagem se desenha por ruas
estreitas e curvas as quais conduzem a travessas e becos nitidamente ldquosemeadosrdquo agrave moda
lusitana de povoar Ao mesmo tempo os edifiacutecios mais antigos e caracteriacutesticos da aacuterea satildeo
todos em estilo colonial com altas janelas e portas retangulares Satildeo exemplos a antiga Casa
de Cacircmara e Cadeia localizada hoje na Praccedila Juquinha Caixeta (Figura 7) e os casarotildees do Dr
Joatildeo Borges e do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz a rua e a casa de Deiroacute Borges a Rua do
Tenente Bino o Beco da Zeacutelia a Praccedila da Dona Genoveva (Figura 8) a Rua do Alfredo Borges
a Praccedila Chiquinho Caixeta a Rua Dr Joseacute Oliacutempio Borges a Praccedila Dom Eduardo E ainda a
Travessa dos Queiroz onde se manteacutem de peacute a casa do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz
palco de criaccedilatildeo do partido de oposiccedilatildeo oficial aos ldquoMacieacuteisrdquo
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Figura 7 Casa de Cacircmara e Cadeia (o mais antigo edifiacutecio puacuteblico de Patos de Minas inaugurado em 1912 como Cacircmara Municipal Foacuterum e no reacutes-do-chatildeo a Cadeia Puacuteblica) e Praccedila Juquinha Caixeta Foto Acervo pessoal 2015 Figura 8 Rua Deiroacute Borges ao fundo Praccedila Dona Genoveva Foto Acervo pessoal 2015
Figura 9 Escola Estadual Marcolino de Barros Foto Fotoacutegrafo desconhecido 2008 Disponiacutevel em
httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=614809 Acesso em maio de 2014
Figura 10 Escola Estadual Antocircnio Dias Maciel Foto Acervo pessoal 2015
Ao sul da Praccedila Dom Eduardo em frente agrave Catedral de Santo Antocircnio estatildeo os Macieacuteis e seus
parentes os Santana Pacheco Barros Magalhatildees e Ferreira da Silva Segundo Silva (2011) os
Macieacuteis estatildeo ligados agrave modernizaccedilatildeo e agrave reordenaccedilatildeo urbana da cidade entre suas marcas
na paisagem estatildeo a Escola Estadual Marcolino de Barros(Figura 09) a Escola Estadual
Antocircnio Dias Maciel(Figura 10) a Rua Olegaacuterio Maciel a Casa de Olegaacuterio Maciel a Casa do
Dr Itagyba a Rua Farnese Maciel o Palacete de Amadeu Maciel a Rua Major Gote (apelido
de Sesoacutestris Dias Maciel) o Hospital Regional Antocircnio Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur
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Thomaz de Magalhatildees o Coreto Arthur Thomaz de Magalhatildees a Rua Joseacute de Santana a Praccedila
Antocircnio Dias a Rua Major Jerocircnimo [Dias Maciel] e a Praccedila Santana
Olegaacuterio Maciel figura poliacutetica representativa da regiatildeo alternou entre os cargos de
Deputado Federal e Agente Executivo de Municiacutepio no final do seacuteculo XIX ateacute chegar agrave
Presidecircncia do Estado de Minas Gerais nos anos de 1930 Segundo Borges (2008) esse
processo poliacutetico influenciou o desenvolvimento fiacutesico-territorial da cidade atraindo
investimentos do Governo do Estado para a construccedilatildeo das escolas do foacuterum e do Hospital
Regional
No fim do seacuteculo XIX em 1883 o entatildeo Agente do Executivo Olegaacuterio Dias Maciel3 ordenou
a criaccedilatildeo de um plano diretor para ordenar e reorientar o crescimento do povoado para o
sentido sul da Praccedila Dom Eduardo ldquona chapada ou chapadatildeordquo conforme segue na citaccedilatildeo
Seguiu‐se a risca o ldquoPlano Diretorrdquo indicado por Olegaacuterio
Maciel O vereador Eduardo Ferreira de Noronha em 21 de
setembro de 1906 indica que ()auxiliem a Cacircmara a
estudar o local mais conveniente em que se deve construir
o matadouro e respectivo curral oferecendo seu parecer
Hoje distanciados no tempo sabemos que a ldquoChapadardquo
paulatinamente abrigou aleacutem do Matadouro Municipal a
Casa do Coronel Farnese Dias Maciel a Casa de Amadeu
Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur Thomaz de
Magalhatildees o Passeio Puacuteblico a fonte luminosa o Coreto o
Cinema o Paccedilo Municipal o Hospital Antocircnio Dias Maciel o
Grupo Escolar o Foacuterum () Pari Passu tambeacutem foram
transladados outros elementos que se localizavam na
direccedilatildeo para a qual a cidade ia se deslocando a mudanccedila
do cemiteacuterio e da Igreja de Nossa Senhora do Rosaacuterio
(frequentada pelos negros) tambeacutem se constituiu como
marco simboacutelico da nova ordenaccedilatildeo urbana planeada por
Olegaacuterio Maciel (BORGES amp SILVA 2009 p13)
3 Olegaacuterio Dias Maciel era engenheiro formado na Escola Polyteacutecnica do Rio de Janeiro em 1878 compartilhava os ideais positivistas da Repuacuteblica e tambeacutem os ideais da Belle Eacutepoque de higienizaccedilatildeo e de racionalizaccedilatildeo do espaccedilo urbano Soma-se a isso a experiecircncia cultural de Olegaacuterio fora de Patos como deputado federal e senador vivenciou no Rio de Janeiro as reformas urbanas empreendidas por Pereira Passos inspiradas na reforma de Paris sob a batuta do Baratildeo de Haussman Como deputado estadual e depois como presidente do Estado de Minas Gerais vivenciou a experiecircncia de ldquofruirrdquo a cidade de Belo Horizonte construiacuteda racionalmente agrave moda da colonizaccedilatildeo espanhola na Ameacuterica (BORGES amp SILVA 2009)
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Segundo Oliveira (2010) dentre as influecircncias na malha urbana decorrentes do periacuteodo
poliacutetico do iniacutecio do seacuteculo XX destacam-se as intervenccedilotildees na infraestrutura da Avenida
Getuacutelio Vargas definindo a mesma como eixo nobre na cidade o direcionamento o primeiro
vetor de expansatildeo urbana nas direccedilotildees sul e oeste da Av Getuacutelio Vargas
Figura 11 Inundaccedilatildeo ocorrida em 1941 na ponte sobre o Rio Paranaiacuteba Fonte Arquivo do Laboratoacuterio
de Histoacuteria do Unipam Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=3600 Acesso em
dezembro de 2014
Observa-se que a Avenida Getuacutelio Vargas anteriormente denominada como Avenida
Liberdade e depois Avenida Municipal representa o nuacutecleo inicial da cidade e o ponto de
partida dos vetores de ocupaccedilatildeo ateacute a deacutecada de 1930 observa-se que neste periacuteodo as
praccedilas da avenida apresentavam um paisagismo inspirado nos jardins franceses Zama
Maciel4 relata sobre o planejamento de usos e ocupaccedilatildeo dessa aacuterea e a Figura 12 ilustra esse
periacuteodo
4 Zama Maciel foi um patense que exerceu as funccedilotildees de agrimensor professor inspetor de ensino vereador e redator dos jornais locais
Com relaccedilatildeo ao vetor de expansatildeo oeste
observa-se que o mesmo foi impulsionado
pela construccedilatildeo da nova ponte sobre o rio
Paranaiacuteba em aproximadamente 1926
retratada na Figura 11 Segundo
Dannemann (2013) a obra da ponte estava
sob os cuidados da Companhia Nacional de
Cimento Armado SA e ateacute 1970 serviu
como principal acesso agrave sede do municiacutepio
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Avenida Municipal com o seu atual quilocircmetro de extensatildeo foi
destinada agrave habitaccedilatildeo particular devida a sua exagerada
largura e agrave perspectiva que podem oferecer casas pequenas e
de bom gosto fronteando os seus passeios gramados e jardins
floridos que a pequenada destroacutei Nela preacutedios comerciais de
dois trecircs andares tornam-se ridiacuteculos porque natildeo tecircm
magnitude para se imporem agrave largura (repisamos) exagerada
com que os antigos irrefletidamente a construiacuteram Somente
edifiacutecios semelhantes agrave igreja matriz em construccedilatildeo come
cinquenta metros podem nela sobreviverem Pequenos preacutedios
vivendas graciosas de cujas janelas caiam trepadeiras no
conjunto dos jardins e na imensa claridade de nossas tardes
faratildeo dela recanto cobiccedilado agrave moradia Enfeia-la com preacutedios
comerciais de pequeno porte e com casas de diversotildees
barulhentas seraacute obra de mau gosto que se torna necessaacuterio
evitar (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos Patos de
Minas junho de 1937)
Figura 12 Avenida Getuacutelio Vargas parte ao sul da Catedral de Santo Antocircnio deacutecada de 1930 Ao
centro da figura o Palacete Amadeu Maciel Fonte Acervo Documental e de Imagens de Patos de
Minas Local MuP ndash Museu da Cidade de Patos de Minas
A seguir o Mapa 1 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o
ano de 1930 retrata a localizaccedilatildeo da implantaccedilatildeo da cidade proacuteximo a recursos drsquoaacutegua No
mapa estaacute presente a delimitaccedilatildeo do periacutemetro urbano do ano de 2015 que seraacute mantido
como ponto de referecircncia espacial para a malha urbana atual
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A Figura 13 datada da deacutecada de 1930 eacute uma vista aeacuterea da cidade no qual pode-se
perceber a implantaccedilatildeo e a forma urbana da cidade e os vetores de expansatildeo do iniacutecio do
seacuteculo XX aacuterea retratada pelo Mapa 1 apresentado anteriormente
Figura 13 Vista aeacuterea de Patos de Minas
Fonte Arquivo Daacutecio Pereira da Fonseca Fotografo desconhecido
Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=2650 Acesso em abril de 2014
Observa-se na Figura 13 a presenccedila de espaccedilos livres puacuteblicos dentre eles as Praccedilas da
Avenida Getuacutelio Vargas dos Boiadeiros Antoacutenio Dias Champagnat e Santana os espaccedilos
livres privados o Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo o Patos Tecircnis Clube (PTC) o campo de futebol
da Uniatildeo Recreativa dos Trabalhadores (URT) e o campo de futebol do Clube do Mamoreacute
Segundo Fonseca (1974) desde o final do seacuteculo XIX ateacute 1950 Patos de Minas tentou pleitear
a vinda da estrada de ferro para escoamento da produccedilatildeo agriacutecola da regiatildeo ateacute o Rio de
Janeiro e Satildeo Paulo Segundo Borges e Silva (2009) em 1934 o engenheiro carioca Neacutelson
Rodrigues efetuou o primeiro levantamento planialtimeacutetrico da cidade de Patos de Minas a
princiacutepio esse levantamento objetivava abrigar a estrada de ferro Patos-Catiara Em 1936
provavelmente o proacuteprio Neacutelson Rodrigues concluiu o primeiro Plano Urbano oficial da
cidade apresentado pela Figura 14
LEGENDA 1 ndashMajor Gote e Dr Marcolino 2 ndash Lagoa Grande 3 ndash Campo de Aviaccedilatildeo 4 ndash Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo 5 ndash Rua Dr Marcolino 6 ndash Rua Major Gote 7 ndash Coacuterrego do Monjolo 8 ndash PTC 9 ndash Campo da URT 10 ndash Cemiteacuterio Municipal 11 ndash Rio Paranaiacuteba 12 ndash Av Getuacutelio Vargas 13 ndash Matriz de Santo Antocircnio 14 ndash Rua Tiradentes 15 ndash Cadeia 16 ndash Praccedila dos Boiadeiros 17 ndash Praccedila Antocircnio Dias 18 ndash Av Paracatu 19 ndash Igreja do Rosaacuterio 20 ndash Praccedila Champagnat 21 ndash Rua Major Jerocircnimo 22 ndash Campo do Mamoreacute
23 ndash Praccedila Santana
36 |
Figura 14 Plano Urbano de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fonte Prefeitura
Municipal de Patos de Minas
Destaca-se no plano de crescimento urbano a Rua Major Gote na eacutepoca denominada Rua
Desembargador Frederico Zama Maciel escreve ao jornal local sobre o plano urbano as vias
de caraacuteter comercial da cidade e sobre as intenccedilotildees de um zoneamento de usos para o
crescimento da cidade inspirados no urbanismo norte-americano
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A Prefeitura () mandou organizar a planta da cidade e
traccedilar-lhe as ruas futuras no objetivo de impedir o
crescimento desordenado() Neste trabalho foram
observadas tanto quanto possiacutevel as normas seguidas na
Ameacuterica do Norte onde geralmente as cidades satildeo
traccediladas em xadrez cortando-se as ruas em acircngulo reto
() As ruas comerciais estatildeo determinadas no referido
plano e dentre as atuais destacam-se Desembargador
Frederico e General Osoacuterio A primeira () deveraacute atravessar
a cidade de norte a sul e morreraacute na futura praccedila da
estaccedilatildeo ferroviaacuteria onde atualmente se ergue o barracatildeo
da Companhia do Trigo Seraacute futuramente a mais central da
cidade Eacute de uma boa norma localizar-se o comeacutercio em
determinadas zonas (zoneamento chamam a isto os
urbanistas) bem como as faacutebricas os edifiacutecios puacuteblicos as
escolas (natildeo as primaacuterias que devem ser espalhadas nos
bairros residenciais) devem tambeacutem ter as suas zonas
separadas () (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos
Patos de Minas junho de 1937)
A linha feacuterrea natildeo foi implantada na cidade e o crescimento urbano das deacutecadas seguintes
natildeo se ateve ao planejamento apresentado na deacutecada de 1930
132
DA DEacuteCADA DE 1940 ATEacute A DEacuteCADA DE 1960
AUMENTO POPULACIONAL
Comparando o plano urbaniacutestico apresentado para a cidade no final do seacuteculo XIX com a
expansatildeo da malha urbana observa-se que o crescimento urbano da cidade ocorreu de
forma mais dispersa do que o apresentado no plano O vetor de expansatildeo ao sul manteve
grande parte do planejamento embora apresentando quadras menores A aacuterea antes
ocupada pela Lagoa dos Patos e a aacuterea a nordeste da Lagoa foram as que mais se
distanciaram das ideias do plano urbaniacutestico apresentando uma malha urbana orgacircnica com
a presenccedila de muitas ruas sem saiacuteda
O Mapa 2 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1965 a seguir retrata o crescimento da malha urbana
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Segundo Magrini (2008) na deacutecada de 1950 houve um surto migratoacuterio e a instalaccedilatildeo de
diversas firmas comerciais Nesse periacuteodo construiu-se o primeiro Terminal Rodoviaacuterio com
verbas municipais e investimentos da iniciativa privada e teve iniacutecio tambeacutem a comemoraccedilatildeo
da Festa Nacional do Milho evento que ateacute hoje expressa as manifestaccedilotildees culturais da
regiatildeo
Figura 15 Patos de
Minas da deacutecada de
1960
Elaborado pela autora segundo fonte Arquivo de Marialda Coury Foto Joatildeo Lucas Ribeiro Borges
Observando o crescimento da malha urbana de Patos de Minas ateacute 1965 (ilustrado pela
Figura 15) pode-se constatar que houve uma grande expansatildeo da mesma entre a deacutecada de
1950 e 1960 Nesse periacuteodo o aumento populacional ocorreu predominantemente na aacuterea
urbana conforme mostra a Tabela 02 a seguir
Periacuteodo
Populaccedilatildeo Total do
Municiacutepio
Populaccedilatildeo Urbana do Municiacutepio
Populaccedilatildeo Rural do
Municiacutepio
1950 45399 12525 32874
1960 72839 32511 40328
1970 76211 44877 31334
1980 86121 63302 22819
1990 102946 87403 15543
2000 123881 111333 12548
2010 138710 127724 10986
2014 147614 - -
Tabela 2 Crescimento Populacional de Patos de Minas Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Magrini 2008 Populaccedilatildeo prevista segundo o IBGE
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Nas deacutecadas seguintes a 1960 como se pode antever pela Tabela 2 o crescimento da zona
rural foi diminuindo gradativamente e a populaccedilatildeo da aacuterea urbana aumentando
impulsionando o crescimento da malha urbana
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DA DEacuteCADA DE 1970 ATEacute A DEacuteCADA DE 1980
Incorporaccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua
Nas deacutecadas de 1960 e 1970 periacuteodo de ditadura Militar segundo Magrini (2010) Patos de
Minas passou por uma estagnaccedilatildeo econocircmica devido agrave emancipaccedilatildeo poliacutetica de dois
importantes Lagoa Formosa e Guimaracircnia no mesmo periacuteodo houve grande deslocamento
de patenses para a nova capital do paiacutes Brasiacutelia em busca de empregos
Justamente na eacutepoca da mudanccedila da capital do paiacutes para
Brasiacutelia Patos de Minas perde caracteriacutestica de centro
rodoviaacuterio e transforma-se no ldquopassa perto de Patosrdquo com
estradas asfaltadas em volta num eixo de 130 km Natildeo se
vinha aqui como antes ateacute que a BR 354 inaugurada em
1972 abolia este malfadado passa perto ressurgindo toda a
movimentaccedilatildeo comercial completada pela BR ndash 365 em
1974 (MELLO 1992 p54)
De 1965 ateacute os anos 1980 Patos de Minas praticamente dobrou a sua aacuterea de ocupaccedilatildeo
decorrente principalmente do processo de ecircxodo rural Segundo Oliveira (2010) os vetores
direcionavam para todos os sentidos sendo apenas o oeste limitado pelo Rio Paranaiacuteba os
cursos drsquoaacutegua menores natildeo foram uma barreira para esta expansatildeo
O Mapa 3 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1980 a seguir retrata o crescimento da malha urbana nesse periacuteodo
41 |
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Em 1982 foi iniciada a urbanizaccedilatildeo da Lagoa dos Japoneses a Lagoa Grande (Figura 16 e
Figura 17) com a reduccedilatildeo significativa da aacuterea alagada e a construccedilatildeo do Terminal
Rodoviaacuterio No entorno da lagoa foi criado o Parque Recreativo Dr Itagiba depois renomeado
como Parque Dr Itagiba Augusto Silva o primeiro parque urbano da cidade um dos principais
cartotildees postais da cidade espaccedilo de lazer e contemplaccedilatildeo
Figura 16 Projeto para o
Parque Recreativo Dr
Itagiba a construccedilatildeo ao
lado esquerdo da figura
representa o Terminal
Rodoviaacuterio Fonte Jornal
A Debulha O projeto do
parque Ano VIII nordm178
janeiro de 1988 paacuteg7
Figura 17 Planta do Parque Dr Itagiba Augusto Silva ndash Lagoa Grande Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2014
43 |
Em 1986 foi iniciada a canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo inicialmente uma Avenida
Sanitaacuteria no Coacuterrego do Monjolo (Figura 18) atualmente conhecida como Avenida Faacutetima
Porto as obras terminaram em 1996 Segundo Caixeta amp Vlach (2009) a canalizaccedilatildeo
acarretou inicialmente na ocupaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo do entorno e devido agrave resoluccedilatildeo dos
problemas sanitaacuterios que aiacute existiam
Figura 18 Canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo deacutecada de 1990 Foto Arquivo de Donaldo Amaro Teixeira Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=7568 Acesso em maio de 2015
Com o decorrer dos anos e a instalaccedilatildeo dos bairros no entorno o Coacuterrego do Monjolo passou
a apresentar problemas com enchentes e um forte odor provavelmente a canalizaccedilatildeo do
coacuterrego jaacute natildeo suportava mais o volume de aacutegua pluvial dos bairros aleacutem da presenccedila de
esgotos clandestinos Tais problemas geraram novos projetos de canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do
Monjolo nas deacutecadas seguintes
44 |
134
DA DEacuteCADA DE 1990 ATEacute OS DIAS ATUAIS
A FORMA URBANA ATUAL
No final da deacutecada de 1980 houve a descoberta da uma jazida de Fosfato Sedimentar na
localidade da Rocinha (aacuterea rural) o que impulsionou a instalaccedilatildeo de induacutestrias voltadas para
o agronegoacutecio iniciado pelas Sementes Agroceres SA (especialista tambeacutem em geneacutetica
suiacutena) Nesse periacuteodo ocorreu ainda um maior desenvolvimento teacutecnico da agricultura por
meio da irrigaccedilatildeo e do cultivo de novos cereais
Os reflexos do desenvolvimento comercial e industrial da regiatildeo foram notados na
implantaccedilatildeo de induacutestrias de confecccedilotildees agroinduacutestrias e na instalaccedilatildeo da multinacional Cica
que impulsionou o cultivo de milho ervilha e tomate5
A implementaccedilatildeo de induacutestrias somadas agraves pressotildees poliacuteticas acarretou na instalaccedilatildeo de um
distrito industrial na porsatildeo sul e oeste da cidade expandindo o periacutemetro urbano para aleacutem
das margens do Rio Paranaiacuteba A criaccedilatildeo do distrito industrial influenciou a ocupaccedilatildeo ao longo
da Avenida Presidente Juscelino Kubitschek construiacuteda nos anos 1970 para ligaccedilatildeo do nuacutecleo
urbano agraves rodovias BR-354 e BR-365 comportando-se entatildeo como principal acesso da
cidade
O Mapa 4 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o ano de
2015 a seguir apresenta a forma urbana atual da cidade
5 A multinacional Cica permaneceu na cidade ateacute 2001 depois se deslocou para o Estado de Goiaacutes quando perdeu parte dos incentivos fiscais oferecidos pela cidade
45 |
46 |
Na deacutecada de 1990 a expansatildeo da malha urbana ultrapassou as aacutereas de algumas reservas
ambientais que se transformaram nos principais parques urbanos da cidade o Parque
Municipal do Mocambo (Figura 19) em 1990 e o Parque Municipal Joatildeo Luiz Redondo (Figura
20) em 1994 ambos localizados em aacutereas de lagoas
Figura 19 Parque Municipal do
Mocambo 1992 Fonte Arquivo
de Donaldo Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecadepatoscombr
p=8437 Acesso em marccedilo de
2015
Figura 20 Parque
Municipal Joatildeo Luiz
Redondo (Lagoinha)
deacutecada de 1990 Fonte
Arquivo de Donaldo
Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecade
patoscombrp=75
54 Acesso em marccedilo
de 2015
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Foi criado tambeacutem na deacutecada de 1990 na Lei Municipal nordm 2872 de 03 de outubro de 1991
o Parque Mirante do Alto da Colina (ainda natildeo implantado) e a Lei Municipal nordm 2871 de 03
de outubro de 1991 declara a aacuterea denominada Lagoa e Bosque do ldquoPATAtildeOrdquo de preservaccedilatildeo
permanente onde desde entatildeo se cogita a implantaccedilatildeo de um parque urbano
Figura 21 Rua Mirico Caixeta ao fundo a Mata do Catingeuiro Evidenciando a falta de conexatildeo da
mata com o entorno Foto Acervo pessoal 2015
Figura 22 Rua 0 e o desmatamento na Mata do Catingeiro Foto Acervo
pessoal 2015
Em 2014 foi aprovada a criaccedilatildeo do Parque
de Preservaccedilatildeo Mata do Catingueiro uma
tentativa de proteger os restigios da mata
localizado no setor leste aacuterea que
recentemente recebeu muitos loteamentos
que foram implantados sem se estabelecer
uma aacuterea de transiccedilatildeo ou de integraccedilatildeo da
mata com a malha urbana sem passeios
ciclovias praccedilas ou parques conforme
ilustrado na Figura 21 A mata do
Catingueiro tem sido um constante alvo de
queimadas e desmatamento a Figura 22
mostra os vestiacutegios da mata
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Figura 23 Programa MCMV- Jardim Quebec II com 437unidades localizado na porccedilatildeo noroeste da
cidade ao fundo da figura a mata ciliar do Rio Paranaiacuteba e plantaccedilotildees de cafeacute Foto Sacircmara C P Lima
2014
Na deacutecada de 2010 ocorreu a expansatildeo do periacutemetro urbano no sentindo norte pela primeira
vez para aleacutem do Coacuterrego do Limoeiro devido agrave instalaccedilatildeo de um campus da Universidade
Federal de Uberlacircndia na aacuterea Observa-se na Figura 23 que a aacuterea do extremo noroeste da
cidade estaacute em processo de expansatildeo da malha urbana e apresenta construccedilotildees habitacionais
do Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) na cidade
Notamos diversas transformaccedilotildees na malha urbana de Patos de Minas ao longo das deacutecadas
desde a implantaccedilatildeo do nuacutecleo urbano aos desdobramentos econocircmicos poliacuteticos e sociais
que direcionaram o crescimento da cidade e a transformaccedilatildeo da paisagem
O tecido urbano e o crescimento das cidades brasileiras como eacute o caso de Patos de Minas se
daacute pela conformaccedilatildeo do sistema viaacuterio pelos padrotildees de parcelamento do solo por
edificaccedilotildees e pelos espaccedilos livres Patos possui uma relaccedilatildeo cultural e econocircmica muito forte
com a zona rural A linha de transiccedilatildeo entre o urbano e o rural eacute muito tecircnue principalmente
nas aacutereas de borda urbana Nesses bairros de periferia ou de limite da mancha urbana a
cidade termina no outro lado da rua depois de uma cerca de arame sem nenhum espaccedilo de
transiccedilatildeo o outro lado da cerca se configura como um espaccedilo livre com muitas
potencialidades de uso e conflitos
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Figura 24 Paisagem urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora
Em Patos de Minas a paisagem urbana eacute emoldurada por serras cobertas por diferentes
plantaccedilotildees (Figura 24) a cidade termina onde o Rio Paranaiacuteba passa ou a cidade termina
onde comeccedilam os fundos de vale Ora cidade ora zona rural A paisagem tambeacutem eacute marcada
pela Catedral um contraste no meio do aglomerado urbano em uma zona em processo de
verticalizaccedilatildeo onde a Catedral se esconde e se revela A Catedral marca o iniacutecio da ocupaccedilatildeo
da regiatildeo em uma aacuterea de chapada na beira da lagoa hoje a chapada foi praticamente toda
ocupada e os bairros das bordas urbanas ocupam as aacutereas mais elevadas da cidade Do alto
desses bairros da borda eacute possiacutevel ver as lagoas e os coacuterregos pressentes na cidade espaccedilos
que se configuram como parques praccedilas e chaacutecaras espaccedilos livres de edificaccedilatildeo que
ressaltam a identidade da cidade e a paisagem urbana
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21 ESPACcedilOS LIVRES
ESPACcedilOS ABERTOS AacuteREAS VERDES
O conceito de espaccedilo livre de edificaccedilatildeo eacute amplo e complexo Para Nucci (2001) os espaccedilos
livres fazem parte de um grande grupo paisagiacutestico urbano que pode ser subdividido em
vaacuterias categorias dependendo do seu uso e funccedilatildeo sendo entatildeo um termo bastante
abrangente que agrega todos os outros conceitos similares como espaccedilos abertos aacutereas
verdes aacutereas livres sistemas de aacutereas de lazer cobertura vegetal entre outros
Segundo Queiroga (2006) Miranda Magnoli em sua tese de livre-docecircncia6 buscou afirmar o
espaccedilo livre como o objeto do paisagismo indo aleacutem do jardim do projeto com vegetaccedilatildeo
e da escala urbana Nesse sentido definiu espaccedilo livre como espaccedilo livre de edificaccedilotildees todo
espaccedilo descoberto urbano ou natildeo vegetado ou natildeo puacuteblico ou privado De acordo com a
autora para a anaacutelise de um dado recorte escalar propotildee-se que o estudo dos espaccedilos livres
deva ir aleacutem dos espaccedilos vegetados e dos espaccedilos puacuteblicos envolvendo todos os espaccedilos
livres do referido recorte Ou seja para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na cidade
eacute preciso ir aleacutem da anaacutelise dos espaccedilos puacuteblicos ou dos vegetados eacute preciso identificar todas
as aacutereas natildeo construiacutedas na cidade os espaccedilos privados intra-lote os lotes e glebas ociosas
as ruas os passeios etc
Os espaccedilos livres satildeo um dos principais estruturadores da forma urbana e um dos principais
elementos caracterizadores da paisagem urbana Segundo Magnoli (1982) os espaccedilos livres
satildeo os ambientes natildeo edificados da cidade as ruas avenidas praccedilas parques quintais
jardins rios matas mangues praias urbanas ou simples vazios urbanos
Quando adotamos o termo aacutereas verdes ou aacutereas verdes urbanas nos referimos a um
subsistema dentro do Sistema de Espaccedilos Livres que engloba principalmente as aacutereas de
preservaccedilatildeo permanente (APPrsquos) reservas legais (RL) e a arborizaccedilatildeo urbana Segundo
6 MAGNOLI Miranda Espaccedilos livres e urbanizaccedilatildeo uma introduccedilatildeo a aspectos da paisagem metropolitana 1982 116 p Tese (Livre-docecircncia em Arquitetura e Urbanismo) ndash Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1982
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Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilo livre eacute adotado se sobrepondo contendo e
ampliando o conceito usual de aacutereas verdes termo que tem como base a necessidade de
espaccedilos livres dotados de vegetaccedilatildeo De acordo com o autor o termo aacutereas verdes eacute
reducionista desconsidera as caracteriacutesticas fundamentais do espaccedilo urbano como a
complexidade e diversidade das formas de apropriaccedilatildeo e apreensatildeo social e o fato real da
impossibilidade fiacutesica e mesmo da inconveniecircncia da existecircncia de vegetaccedilatildeo em
determinados espaccedilos livres
De acordo com Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilos livres natildeo desconsidera o papel
da vegetaccedilatildeo nas cidades brasileiras como elemento facilitador da drenagem urbana criador
de microclimas mais agradaacuteveis contribuindo para a manutenccedilatildeo da diversidade animal e
vegetal e ainda como fator de embelezamento urbano mas natildeo desconsidera a importacircncia
dos espaccedilos natildeo vegetados para inuacutemeras praacuteticas de relevacircncia cultural das feiras agraves festas
populares das manifestaccedilotildees poliacuteticas agrave valorizaccedilatildeo de determinadas paisagens e
patrimocircnios culturais
Entretanto apesar dos crescentes avanccedilos nas discussotildees sobre os espaccedilos livres muitos
autores planos diretores planos de uso e ocupaccedilatildeo ainda natildeo compreenderam o termo
como em Patos de Minas onde adota-se o termo aacutereas verdes nas leis municipais e plano
diretor Na Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo de Patos de Minas (2008) as aacutereas verdes satildeo
descritas como porccedilotildees situadas na Macrozona Urbana destinadas a oferecer espaccedilos
puacuteblicos adequados e qualificados agraves atividades de recreaccedilatildeo lazer e turismo da populaccedilatildeo
de forma a conciliar a proteccedilatildeo dos bens naturais e culturais As cidades precisam de reservas
de aacutereas verdes e de espaccedilos livres de qualidade para praacutetica de atividades culturais de lazer
e contemplaccedilatildeo Observa-se que na lei municipal de Patos de Minas existe uma sobreposiccedilatildeo
entre a funccedilatildeo das reservas de aacutereas verdes e dos espaccedilos de praacuteticas socias sobreposiccedilatildeo
essa presente no conceito dos espaccedilos livres
A implantaccedilatildeo dos espaccedilos livres puacuteblicos depende de uma gestatildeo adequada e integrada dos
recursos com uma fiscalizaccedilatildeo efetiva o que implica no desenvolvimento de poliacuteticas
puacuteblicas permanentes que viabilizem as intervenccedilotildees e necessidades dos espaccedilos livres
Segundo Loboda amp Angelis (2012) o planejamento das aacutereas verdes (puacuteblicas) urbanas parte
de uma definiccedilatildeo de recursos que eacute residual as necessidades satildeo amenizados com recursos
que sobram de outras atividades consideradas como mais prioritaacuterias e que geralmente
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incluem-se nesse acircmbito aquelas de cunho estrateacutegico poliacutetico e econocircmico O autor cita um
problema frequente em diversas cidades brasileiras a falta de recursos destinados aos
espaccedilos puacuteblicos e dentre eles as aacutereas verdes urbanas um dos principais espaccedilos livres das
cidades
De acordo com Magnoli (1982) a localizaccedilatildeo acessibilidade e distribuiccedilatildeo dos espaccedilos livres
formam um complexo sistema de conexotildees com muacuteltiplos papeacuteis urbanos atividades do oacutecio
circulaccedilatildeo urbana conforto conservaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo ambiental drenagem urbana
imaginaacuterio e memoacuteria urbana lazer e recreaccedilatildeo dentre outros Todas essas funccedilotildees
exercidas no ambiente urbano pelos espaccedilos livres assim como a localizaccedilatildeo acessibilidade
distribuiccedilatildeo tipos de usos e configuraccedilatildeo espacial estatildeo organizadas de maneira sistecircmica na
cidade formando o Sistema de Espaccedilos Livres
22 O PENSAMENTO SISTEcircMICO
As cidades independentemente da sua localidade histoacuteria e configuraccedilatildeo satildeo formadas de
modo geral por espaccedilos livres e espaccedilos edificados duas categorias espaciais estruturantes
da forma urbana A configuraccedilatildeo dos espaccedilos livres eacute variaacutevel nas cidades brasileiras por
diversas questotildees como caracteriacutesticas territoriais bioma configuraccedilatildeo paisagiacutestica pela
existecircncia ou ausecircncia de planos urbanos e principalmente pelos processos de urbanizaccedilatildeo e
de transformaccedilatildeo da paisagem
A cidade eacute um conjunto de elementos sistemas e funccedilotildees e os espaccedilos livres formam um dos
principais sistemas capaz de estruturar toda a configuraccedilatildeo urbana De acordo com Tardin
(2010) e DrsquoAgostini amp Cunha (2007) sistema eacute um conjunto de elementos passiacutevel de
estabelecer inter-relaccedilotildees fiacutesicas funcionais estruturais morfoloacutegicas e relativas agrave vivecircncia
da paisagem abertas e intricadas entre si com seu entorno e com as pessoas que o
vivenciam
De acordo com Morin (2008) apud Queiroga (2014) o conceito de sistema implica natildeo
somente elementos inter-relacionaacuteveis mas tais relaccedilotildees constituem uma organizaccedilatildeo e uma
estrutura relativamente estaacutevel que caracteriza o sistema como um todo A organizaccedilatildeo
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sistecircmica por sua vez conteacutem as relaccedilotildees que definem o sistema e que o transformam
alterando sua estrutura possibilitando sua permanecircncia e contendo a possibilidade concreta
de sua dissoluccedilatildeo Para o autor o termo exprime multiplicidade totalidade diversidade
organizaccedilatildeo e complexidade
A noccedilatildeo de sistema auxilia o estudo dos espaccedilos livres urbanos e o entendimento das suas
relaccedilotildees de interdependecircncia complementaridade e hierarquia Segundo Schlee et al
(2009) considerando-se a paisagem como um macrossistema complexo formado de
subsistemas os espaccedilos livres urbanos constituem um dos seus subsistemas inter-
relacionados com outros subsistemas urbanos e rurais e que podem se justapor ao Sistema
de Espaccedilos Livres ou se sobrepor total ou parcialmente enquanto sistemas de accedilotildees
[] entende-se como sistemas de espaccedilos livres (SEL)
urbanos os elementos e as relaccedilotildees que organizam e
estruturam o conjunto de todos os espaccedilos livres de um
determinado recorte urbano independentemente de sua
dimensatildeo qualificaccedilatildeo esteacutetica funcional e de sua
localizaccedilatildeo e propriedade sejam eles puacuteblicos ou privados
[] toda cidade possui um sistema de espaccedilos livres que eacute
produzido durante seu processo de formaccedilatildeo tanto pelo
Poder Puacuteblico como pela iniciativa privada (MACEDO 2010
p 3 e 4)
O autor afirma que todas as cidades independente do seu porte de suas caracteriacutesticas
culturais e histoacutericas possuem um Sistema de Espaccedilos Livres Essa afirmaccedilatildeo incita diversas
questotildees que conduziram esta pesquisa pontos voltados ao objeto de estudo a cidade de
Patos de Minas uma cidade meacutedia
O SEL DE UMA MEGAacuteLOPOLE OU METROacutePOLE Eacute
DIFERENTE DO SEL DE UMA PEQUENA CIDADE OU DE
UMA CIDADE MEacuteDIA
O MESMO TIPO DE ANAacuteLISE QUE SE APLICA PARA O
ENTENDIMENTO DO SEL DE UMA CIDADE DE GRANDE
PORTE PODE SER APLICADO PARA UMA CIDADE DE
MEacuteDIO PORTE
EXISTEM TIPOS DE ESPACcedilOS LIVRES FUNCcedilOtildeES OU
RELACcedilOtildeES QUE CARACTERIZAM O SISTEMA DE ESPACcedilOS
LIVRES DE UMA CIDADE MEacuteDIA
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23 OS ESPACcedilOS LIVRES NAS
CIDADES MEacuteDIAS
O espaccedilo livre eacute parte estruturante da forma urbana ele se configura em diferentes
categorias tipologias e caracteriacutesticas no meio urbano principalmente pela introduccedilatildeo ao
longo da histoacuteria de diferentes padrotildees urbaniacutesticos nas cidades O processo de urbanizaccedilatildeo
das cidades eacute uma soma e por vezes ateacute uma sobreposiccedilatildeo de padrotildees morfoloacutegicos esses
traccedilados geram diferentes paisagens com diferentes tipos de espaccedilos livres Incorporando ao
sistema um rico mosaico espacial formado por diferentes porcentagens de espaccedilos livres
intra lote caracteriacutesticos de traccedilados distintos por diferentes tipos de praccedilas aacutereas de
preservaccedilatildeo parques ruas e avenidas Aacutereas essas que apresentam diversos conflitos e
possuem um intenso potencial de transformaccedilatildeo
Segundo Macedo et al (2012) as cidades brasileiras possuem padrotildees morfoloacutegicas
semelhantes isso fica evidente na repeticcedilatildeo dos tipos de traccedilado (ortogonais orgacircnicos
radiais) e nos padrotildees de mancha urbana (linear tentacular compacta mista) O que confere
a especifidade das diversas cidades eacute a forma como elas estatildeo inseridas em seu contexto
territorial os arranjos espaciais seus padrotildees culturais socioeconocircmicos a legislaccedilatildeo
municipal as tipologias e funccedilotildees dos espaccedilos livres e a paisagem urbana Nas cidades meacutedias
brasileiras a forma como os padrotildees morfoloacutegicos se adequam ao suporte fiacutesico
transformando paisagem a local confere ao Sistema de Espaccedilos Livres diferentes dinacircmicas
espaciais funcionais e tipoloacutegicas
Como dito anteriormente neste trabalho a proposta natildeo eacute discutir o que determina uma
cidade como de meacutedio porte ou natildeo mas entender essas cidades como centro urbanos em
crescimento onde novos traccedilados e dinacircmicas urbanas satildeo somadas agrave cidade existente
transformando a paisagem local Na atual conjuntura brasileira segundo Tacircngari et al(2009)
apoacutes a deacutecada de 1980 as cidades meacutedias passaram a crescer mais rapidamente em
comparaccedilatildeo com as metroacutepoles um processo de diminuiccedilatildeo do movimento migratoacuterio em
direccedilatildeo agraves megaloacutepoles e o seu direcionamento para as cidades meacutedias que apresentam
grande potencial de crescimento econocircmico e tecircm seus atributos esteacuteticos e econocircmicos
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valorizados atraveacutes da propagaccedilatildeo da ideia de que cidades de meacutedio porte podem apresentar
mais qualidade de vida que as grandes metroacutepoles
As cidades meacutedias reproduzem os padrotildees morfoloacutegicos e culturais vindos do contexto das
grandes cidades e das pequenas cidades ou povoados de seu entorno Um exemplo dessa
influecircncia vinda das grandes cidades satildeo os condomiacutenios fechados propostos inicialmente
pelo mercado imobiliaacuterio como locais de seguranccedila e lazer proacuteximos aos grandes centros
urbanos esse mesmo padratildeo de condomiacutenio fechado eacute aplicado nas cidades meacutedias onde a
criminalidade eacute bem menor e as distacircncias a serem percorridas satildeo mais curtas Um exemplo
da influecircncia vinda das pequenas cidades e povoados proacuteximos satildeo as chaacutecaras pastos e
plantaccedilotildees presentes dentro malha urbana
Patos de Minas eacute um exemplo de cidade meacutedia em crescimento que recebe influecircncias
culturais e de padrotildees morfoloacutegicos uma cidade que possui caracteriacutesticas especiacuteficas de seu
suporte fiacutesico de seu processo histoacuterico e cultura que influenciam diretamente na malha
urbana as tipologias de espaccedilos livres e os tipos de apropriaccedilatildeo desses espaccedilos
Se observarmos em Patos de Minas as caracteriacutesticas da condiccedilatildeo de cidade meacutedia como por
exemplo a localizaccedilatildeo estrateacutegica entre cidades de maior e menor porte Percebemos que a
cidade atrai pessoas do entorno para desfrutar de suas potencialidades econocircmicas e de seus
aparatos de lazer (parques praccedilas locais de exposiccedilatildeo agropecuaacuteria) o que contribui
diretamente para geraccedilatildeo de renda e uso dos espaccedilos A cidade possui uma relaccedilatildeo direta
com cidades de maior porte que servem de escoamento da produccedilatildeo e suprimento de
mercadorias essa relaccedilatildeo de proximidade atrai para cidade eventos e exposiccedilotildees e pode
motivar influecircncias sobre as tipologias de espaccedilos livres gerados (assim como o processo de
globalizaccedilatildeo tambeacutem pode exercer esse papel)
Eacute nesse contexto de crescimento das cidades meacutedias e influecircncias morfoloacutegicas e culturais
que o Sistema de Espaccedilos Livres precisa ser pensado e entendido como uma infraestrutura
baacutesica para o desempenho da vida cotidiana urbana Segundo Souza amp Macedo (2014) o SEL
deve oferecer condiccedilotildees de habitabilidade urbana e para isso eacute necessaacuterio que se estabeleccedila
um diagnoacutestico baseado na existecircncia ou ausecircncia de uma seacuterie de atributos urbanos
necessaacuterios e qualitativos que deveriam orientar accedilotildees poliacuteticas e projetos de maneira a
formar um Sistema de Espaccedilos Livres integrado agrave paisagem local e a demanda da populaccedilatildeo
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O autor afirma que eacute preciso fazer uma leitura da cidade de seus condicionantes conflitos e
potencialidades para entender como se estrutura o SEL suas funccedilotildees e seu potencial de
transformaccedilatildeo e organizaccedilatildeo na cidade
Partimos para anaacutelise da forma urbana patense buscando o entendimento de como as
caracteriacutesticas especiacuteficas do suporte fiacutesico da organizaccedilatildeo espacial da situaccedilatildeo fundiaacuteria e
dos tipos de usos e funccedilotildees exercidas pelos espaccedilos livres estruturam o Sistema de Espaccedilos
Livres de Patos de Minas
24 OS ESPACcedilOS LIVRES NA FORMA URBANA DE
PATOS DE MINAS
Para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na forma urbana de Patos de Minas a
anaacutelise foi dividida em trecircs principais enfoques RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA CONFIGURACcedilAtildeO
ESPACIAL e RELACcedilAtildeO DE USOS DO SOLO A leitura da cidade apresentada por esses trecircs
acircngulos somada ao entendimento de paisagem forma urbana e da formaccedilatildeo e
transformaccedilatildeo da malha urbana patense apresentados no capiacutetulo anterior nos possibilitam
o entendimento do Sistema Espaccedilos Livres de Patos de Minas como um todo com suas
categorias tipoloacutegias e relaccedilotildees sistecircmicas
Os trecircs principais enfoques foram determinados com base nas principais caracteriacutesticas da
cidade nas suas peculiaridades na sua condiccedilatildeo de cidade de meacutedio porte Provavelmente
um outro tipo de cidade com outras caracteriacutesticas de paisagem demandaria outro segmento
de anaacutelise
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241
RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA
ESPACcedilOS LIVRES x SUPORTE ambiental
O principal objetivo desse subcapiacutetulo eacute analisar as caracteriacutesticas do suporte ambiental sobre
o qual a cidade de Patos de Minas foi implantada buscando identificar quais espaccedilos livres
presentes na cidade incorporam esses elementos da paisagem O suporte ambiental eacute parte
da paisagem urbana ele eacute formado por elementos como corpos drsquoaacutegua vegetaccedilatildeo relevo
solos e clima
Estatildeo cada vez mais presentes nos planos diretores e na legislaccedilatildeo ambiental denominaccedilotildees
como reservas florestais puacuteblicas e privadas parques lineares parques ecoloacutegicos unidades
de conservaccedilatildeo aacutereas de proteccedilatildeo permanente (APPrsquos) aleacutem de referecircncias agrave
sustentabilidade e agrave ecologia Essas denominaccedilotildees muitas vezes geram espaccedilos livres
voltados agrave funccedilatildeo de conservaccedilatildeo e proteccedilatildeo ambiental Entretanto os espaccedilos livres
vinculados ao suporte fiacutesico natildeo possuem somente a funccedilatildeo de conservaccedilatildeo ambiental eles
possuem outros papeacuteis no meio urbano como recreaccedilatildeo infraestrutura urbana contribuir
com a drenagem pluvial possibilitar microclimas urbanos mais agradaacuteveis contribuir para
manutenccedilatildeo da biodiversidade e valores esteacuteticos Segundo Queiroga (2012) a
permeabilidade do solo e a cobertura arboacuterea permitem a conservaccedilatildeo de paisagens com
melhor desempenho ambiental mitigando problemas comuns nas aacutereas urbanas a qualidade
da aacutegua e do ar a manutenccedilatildeo da qualidade do solo controle de erosatildeo abastecimento dos
aquiacuteferos e regulaccedilatildeo das enchentes
Os espaccedilos livres vinculados ao suporte ambiental como os corpos drsquoaacutegua e a vegetaccedilatildeo
constantemente satildeo alvo de degradaccedilatildeo ambiental o que ressalta a sua funccedilatildeo ambiental
dentro do sistema Entretanto a mitigaccedilatildeo desses problemas natildeo eacute uma questatildeo pertinente
apenas ao planejamento ambiental das cidades De acordo com Jacobs (2001) as aacutereas livres
puacuteblicas estruturam o espaccedilo urbano satildeo o principal suporte espacial para o encontro e a
vivecircncia urbana Segundo a autora a degradaccedilatildeo do espaccedilo urbano observada pela reduccedilatildeo
de aacutereas puacuteblicas de lazer deficiecircncia na arborizaccedilatildeo urbana excessiva impermeabilizaccedilatildeo do
solo aumento da temperatura e criaccedilatildeo de ilhas de calor danos ambientais diversos
diminuiccedilatildeo da qualidade da ambiecircncia urbana e perda de qualidade de vida constitui um
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problema que extrapola a esfera fiacutesicaespacial constituindo um problema social visto que
desencoraja o uso da rua e dos espaccedilos livres como locais de encontro necessaacuterios para a
manutenccedilatildeo das praacuteticas sociais
Ao longo do processo de urbanizaccedilatildeo das cidades brasileira foram comuns situaccedilotildees em que
aacutereas de reserva natural foram desmatadas para dar lugar a loteamentos coacuterregos foram
canalizados e desapareceram da paisagem urbana ou foram canalizadas a ceacuteu aberto tiveram
sua APP desmatada e impermeabilizada para dar lugar a avenidas e aacutereas construiacutedas como
no caso da Figura 26
Figura 26 Coacuterrego do Monjolo em Patos de Minas canalizado a ceacuteu aberto na deacutecada de 1970 com APP desmatada e grande parte do seu entorno impermeabilizado Agraves margens do coacuterrego a Av Faacutetima Porto Foto Acervo pessoal 2014
Atualmente esse tipo de tratamento de supressatildeo da vegetaccedilatildeo das APPrsquos em aacutereas
urbanizadas eacute cada vez mais incomum7 o que contribui para a conservaccedilatildeo desses recursos
naturais Entretanto gradativamente mais a legislaccedilatildeo ambiental trata a funccedilatildeo ambiental dos
espaccedilos como algo isolado entendendo as APPrsquos como locais onde natildeo podem existir
intervenccedilotildees desconsiderando que esses espaccedilos podem estar vinculados a outras funccedilotildees
como por exemplo recreaccedilatildeo educaccedilatildeo ambiental valorizaccedilatildeo da paisagem De acordo com
7 Os casos excepcionais nos quais eacute permitido a supressatildeo da vegetaccedilatildeo em APP estatildeo definidos pela Resoluccedilatildeo CONAMA 36906
9 |
SUMAacuteRIO
ELEMENTOS PREacute-TEXTUAIS
Dedicatoacuteria 005
Agradecimentos 006
Resumo e Abstract 007
Lista de Abreviaturas e Siglas e Siacutembolos 008
INTRODUCcedilAtildeO 013
Sobre os pensamentos norteadores 013
Sobre o meacutetodo 014
Sobre o decorrer dos capiacutetulos 014
CAPIacuteTULO 1 a paisagem e a forma urbana
018 11 PAISAGENS URBANA CONCEITUACcedilAtildeO
021 12 MORFOLOGIA E FORMA URBANA FORMA URBANA MALHA URBANA TECIDO URBANO
025 13 FORMACcedilAtildeO E TRANSFORMACcedilAtildeO DA MALHA URBANA PATENSE
028 131 DO INIacuteCIO DO POVOADO ATEacute A DEacuteCADA DE 1930 BORGES X MACIEIS
037 132 DA DEacuteCADA DE 1940 ATEacute A DEacuteCADA DE 1960 AUMENTO POPULACIONAL
040 133 DAacute DEacuteCADA DE 1970 ATEacute A DEacuteCADA DE 1980 INCORPORACcedilAtildeO DOS CORPOS DrsquoAacuteGUA
044 134 DA DEacuteCADA DE 1990 ATEacute OS DIAS ATUAIS A FORMA URBANA ATUAL
10 |
CAPIacuteTULO 2 o sistema de espaccedilos livres
051 21 ESPACcedilOS LIVRES ESPACcedilOS ABERTOS AacuteREAS VERDES
053 22 O PENSAMENTO SISTEcircMICO
055 23 ESPACcedilOS LIVRES NAS CIDADE MEacuteDIAS
057 24 OS ESPACcedilOS LIVRES NA FORMA URBANA DE PATOS DE MINAS
058 241 RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA espaccedilos livres x suporte ambiental
065 242 CONFIGURACcedilAtildeO ESPACIAL espaccedilos livres x malha urbana
2421 Configuraccedilotildees da malha urbana
2422 Espaccedilos livres na malha urbana
2423 Tipos de traccedilado
083 243 RELACcedilOtildeES DE USOS DO SOLO espaccedilos livres x uso
2431 Distribuiccedilatildeo fundiaacuteria
2432 Usos do solo
090 25 O SISTEMA DE ESPACcedilOS LIVRES DE PATOS DE MINAS
090 251 TIPOLOGIAS DE ESPACcedilOS LIVRES
092 252 CATEGORIAS DE ESPACcedilOS LIVRES
102 253 RELACcedilOtildeES SISTEcircMICAS DOS ESPACcedilOS LIVRES
11 |
CAPIacuteTULO 3 as unidades de paisagem
109 31 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS
110 32 UNIDADES DE PAISAGEM DE PATOS DE MINAS
113 321 UNIDADE DE PAISAGEM 01
116 322 UNIDADE DE PAISAGEM 02
120 323 UNIDADE DE PAISAGEM 03
123 324 UNIDADE DE PAISAGEM 04
128 325 UNIDADE DE PAISAGEM 05
132 326 UNIDADE DE PAISAGEM 06
135 327 UNIDADE DE PAISAGEM 07
139 328 UNIDADE DE PAISAGEM 08
143 329 UNIDADE DE PAISAGEM 09
148 3210 UNIDADE DE PAISAGEM 10
151 33 AS UNIDADES DE PAISAGEM NA CIDADE
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS PERSPECTIVAS E DESAFIOS 154
SOBRE OS DESAFIOS A SEREM ENFRENTADOS 156
SOBRE OS POSSIacuteVEIS DESDOBRAMENTOS DA PESQUISA 157
REFEREcircNCIAS 159
ACERVOS ARQUIVOS E JORNAIS 159
LEIS E DECRETOS 159
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 160
ANEXOS 164
12 |
13 |
INTRODUCcedilAtildeO
SOBRE OS PENSAMENTOS NORTEADORES
O trabalho eacute um exerciacutecio de olhar para a cidade e ler entre seus traccedilados suas ruas lotes e
quadras Buscando entender as promessas que ficaram no ar os projetos vislumbrados mas
nunca concretizados que vatildeo desde a rua que natildeo foi asfaltada ateacute o coacuterrego canalizado que
natildeo foi aberto Entender o processo histoacuterico as relaccedilotildees culturais o desenho da malha
urbana que se estende por entre os fundos dos vales e acompanha o desenho dos coacuterregos e
rios
Grande parte da vida na cidade acontece em seus espaccedilos livres na praccedila natildeo implantadas
onde o vizinho planta milho na rua que recebe o tapete de Corpus Christi nas procissotildees
passeatas e desfiles na festa junina na praccedila da Igreja na eleiccedilatildeo da rainha do milho nas
folias de reis dos distritos da cidade A cidade se transforma no lote que vira campinho na
praccedila que vira estacionamento na gleba que vira pasto na lagoa que vira brejo na mata que
vira cinzas A zona rural aos poucos se transforma em malha urbana mas o rural natildeo perdeu
seu espaccedilo ele se manteacutem presente na paisagem urbana nas expressotildees culturais e nos
dialetos
Este trabalho eacute a continuidade do Trabalho Final de Graduaccedilatildeo apresentado a Faculdade de
Arquitetura Urbanismo e Desing da Universidade Federal de Uberlacircndia Sob a orientaccedilatildeo do
professor Glauco Cocazza foi desenvolvido um projeto de requalificaccedilatildeo para um dos
parques urbanos de Patos de Minas o Parque Municipal do Mocambo Durante o
desenvolvimento desse trabalho ficou evidente que natildeo soacute os ambientes do parque como
outros espaccedilos livres da cidade requeriam projetos de requalificaccedilatildeo que trabalhassem a
relaccedilatildeo eles com a cidade buscando o entendimento dos diferentes papeacuteis dos espaccedilos livres
na cidade deixando de pensar no planejamento urbano e no planejamento ambiental como
coisas isoladas Iniciaram-se aiacute as primeiras percepccedilotildees de que a cidade de Patos de Minas
possui diversas especificidades com relaccedilatildeo agrave interaccedilatildeo da paisagem urbana com seus
espaccedilos livres e edificados
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SOBRE O MEacuteTODO
A dissertaccedilatildeo se fundamenta na anaacutelise de dados documentais primaacuterios como mapas
cedidos pela Prefeitura Municipal de Patos de Minas projetos de espaccedilos livres da cidade
levantamentos fotograacuteficos leis e decretos municipais e federais Baseia-se tambeacutem em
fontes secundaacuterias como revisatildeo bibliograacutefica dos temas norteadores da pesquisa registros
fotograacuteficos jornais locais e entrevistas informais com moradores da cidade e arquitetos da
prefeitura A dissertaccedilatildeo apresenta registros fotograacuteficos natildeo soacute do acervo da autora mas de
diferentes pessoas evidenciando pontos de vista e os diversos olhares sobre a cidade aleacutem
das fotos histoacutericas de arquivos puacuteblicos
A pesquisa adota como metodologia a anaacutelise do Sistema de Espaccedilos Livres e das Unidades de
Paisagem desenvolvida pelos estudos da rede nacional brasileira Quapaacute-SEL II (Quadro do
Paisagismo Brasileiro ndash Sistemas de Espaccedilos Livres) coordenada pelo LAB-QUAPAacute da FAUUSP
(Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Satildeo Paulo) cujo objetivo principal
eacute compreender as relaccedilotildees processuais contemporacircneas entre os Sistemas de Espaccedilos Livres
e a forma urbana das cidades brasileiras A pesquisa apresentada eacute tambeacutem parte integrante
dos estudos desenvolvidos pelo Nuacutecleo de Estudos Urbanos (NEURB) desenvolvido na
Faculdade de Arquitetura Urbanismo e Design (FAUeD) da Universidade Federal de
Uberlacircndia que tem como objetivo central compreender a importacircncia e o papel do Sistema
de Espaccedilos Livres na Forma Urbana das principais cidades meacutedias do Triacircngulo Mineiro e Alto
Paranaiacuteba contribuindo assim com os estudos do grupo nacional Quapaacute-SEL II
SOBRE O DECORER DOS CAPIacuteTULOS
O objetivo central do trabalho eacute analisar os espaccedilos livres presentes na forma urbana de
Patos de Minas e entender como esses espaccedilos estruturam o Sistema de Espaccedilos Livres (SEL)
Buscando esse entendimento a dissertaccedilatildeo foi dividida em trecircs momentos a anaacutelise da
paisagem e da forma urbana patense no primeiro capiacutetulo o entendimento do SEL no
segundo capiacutetulo e a aplicaccedilatildeo da metodologia de Unidades de Paisagem no terceiro capiacutetulo
O primeiro capiacutetulo apresenta os conceitos que iratildeo nortear a pesquisa a PAISAGEM URBANA
e a FORMA URBANA por meio de uma revisatildeo bibliograacutefica buscando a constataccedilatildeo do
estado da arte dos conceitos-chave O trabalho entende a paisagem como conceito
norteador para o entendimento da cidade da formaccedilatildeo e da transformaccedilatildeo da forma urbana
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Depois de introduzidos os conceitos-chave o capiacutetulo apresentaraacute o processo de urbanizaccedilatildeo
da aacuterea de estudo a transformaccedilatildeo do tecido urbano e a incorporaccedilatildeo dos principais espaccedilos
livres de edificaccedilatildeo e edificados ressaltando as caracteriacutesticas histoacutericas econocircmicas
poliacuteticas e culturais que contribuem para a formaccedilatildeo da imagem da cidade
O segundo capiacutetulo analisa o SISTEMA DE ESPACcedilOS LIVRES na forma urbana de Patos de Minas
a partir de trecircs principais enfoques a relaccedilatildeo ecoloacutegica que busca entender a interaccedilatildeo entre
a forma urbana e os condicionantes do suporte fiacutesico (hidrografia geologia relevo
vegetaccedilatildeo) a configuraccedilatildeo espacial que revela a organizaccedilatildeo da malha urbana e a interaccedilatildeo
dos espaccedilos livres na malha e a relaccedilatildeo de usos do solo que analisa a relaccedilatildeo dos espaccedilos
livres com a situaccedilatildeo fundiaacuteria e a distribuiccedilatildeo dos usos do solo na cidade
No capiacutetulo sobre o Sistema de Espaccedilos Livres as anaacutelises foram feitas na escala da cidade No
capiacutetulo seguinte que trata das Unidades de Paisagem as apreciaccedilotildees foram feitas na escala
das unidades ou seja a anaacutelise dos espaccedilos livres da cidade vai do macro ao micro A
aplicaccedilatildeo da metodologia das Unidades de Paisagem permite transitar entre as escalas de
anaacutelise e aprofundar nas caracteriacutesticas e peculiaridades do Sistema de Espaccedilos Livres
presentes em cada unidade
O terceiro capiacutetulo apresenta a metodologia das UNIDADES DE PAISAGEM a identificaccedilatildeo das
Unidades de Paisagem presentes em Patos de Minas e a anaacutelise cada uma delas O trabalho
entende as Unidades de Paisagem como porccedilotildees do Sistema de Espaccedilos Livres cujas relaccedilotildees
entre os espaccedilos livres os espaccedilos edificados possuem caracteriacutesticas especiacuteficas de
centralidade hierarquia distribuiccedilatildeo e organizaccedilatildeo que os distingue dos demais conjuntos de
relaccedilotildees
O fechamento do trabalho apresenta de maneira sinteacutetica uma apreciaccedilatildeo do que foi
apresentado em cada capiacutetulo apontando os questionamentos e resultados que surgiram no
decorrer da anaacutelise Depois satildeo enumerados os principais desafios a serem enfrentados pelo
o planejamento urbano e ambiental de Patos de Minas para a gestatildeo do SEL da cidade
Adiante satildeo apresentados os possiacuteveis desdobramentos da pesquisa evidenciando as
possibilidades de continuidade e aprofundamentos teoacutericos e praacuteticos sobre o objeto de
estudo
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11 PAISAGEM URBANA
CONCEITUACcedilAtildeO
A compreensatildeo do conceito de paisagem urbana eacute o principal enfoque no presente trabalho
para assimilaccedilatildeo da configuraccedilatildeo urbana da incorporaccedilatildeo dos elementos do suporte fiacutesico na
formaccedilatildeo e na transformaccedilatildeo da forma urbana e entendimento do papel do Sistema de
Espaccedilos Livres na cidade
O estudo da paisagem possibilita uma melhor percepccedilatildeo da estrutura da cidade a
compreensatildeo do siacutetio natural e da interferecircncia humana no mesmo esse conhecimento pode
direcionar o planejamento urbano para tanto a clareza do conceito de paisagem e seus
sombreamentos eacute de extrema importacircncia
Natildeo existe um consenso sobre o conceito de paisagem a discussatildeo sobre paisagem transita
por diversas aacutereas com diferentes definiccedilotildees ecircnfases e meacutetodo de abordagem Segundo o
geoacutegrafo Bertrand (2004) as diferenccedilas de abordagem no conceito de paisagem satildeo
influenciadas pela formaccedilatildeo e os objetivos do observador e pode enfatizar a vegetaccedilatildeo a
hidrografia o clima o relevo a economia a arquitetura ou o processo histoacuterico A
metodologia de anaacutelise poderaacute ser temporal baseada nos aspectos fiacutesicos e se referir agraves
relaccedilotildees e dinacircmicas internas ou ainda um conjunto de diversas anaacutelises Ou seja a
percepccedilatildeo individual somada aos objetivos e ao enfoque do observador interferem
diretamente na leitura da paisagem e no conceito da mesma
Segundo Rougerie e Beroutchatchvili (1991) apud Maximiano (2004) a Unesco (Organizaccedilatildeo
para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura das Naccedilotildees Unidas) declarou em 1971 considerar que a
paisagem eacute a ldquoestrutura do ecossistemardquo e o Conselho Europeu diz que ldquoo meio natural
moldado pelos fatores sociais e econocircmicos torna-se paisagem sob o olhar humanordquo Jaacute a
ldquopaysagerdquo francesa refere-se principalmente aos aspectos visuais O termo holandecircs com o
mesmo sentido eacute ldquovisueellandschaprdquo Para os alematildees ldquolandschaftrdquo envolve a noccedilatildeo de
territoacuterio semelhante ao ldquolandscape inglecircsrdquo Ambos tambeacutem se referem ao aspecto visual A
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geografia sovieacutetica tem seus proacuteprios termos ldquomesnost e ourotchitcherdquo que possuem valor
territorial aos quais os russos acrescentam ldquolandschaftrdquo emprestado dos alematildees
Segundo Maximiano (2004) para alguns socioacutelogos e economistas a paisagem eacute a base do
meio fiacutesico onde o homem a utiliza e a transforma ou natildeo para alguns botacircnicos e ecoacutelogos
a paisagem eacute um conjunto de organismos num meio fiacutesico cujas propriedades podem ser
explicadas segundo leis ou modelos com ajuda das ciecircncias fiacutesicas eou bioloacutegicas para
alguns geoacutegrafos ela resulta da relaccedilatildeo dinacircmica de elementos fiacutesicos bioloacutegicos e
antroacutepicos
ldquoA expressatildeo ldquopaisagemrdquo() passava a manifestar-se com
significados amplos complexos poreacutem bastante vagos
indistintos incompletos premissas comuns eram ldquoa naturezardquo e
a censura agrave accedilatildeo do homem A percepccedilatildeo das mudanccedilas
naturais ndash de tempos bioloacutegicos ndash e tambeacutem aquelas raacutepidas
extensas e difusas do trabalho do homem ndash de tempos
histoacutericos ndash levantava novamente a relaccedilatildeo homem-natureza
Seria esta relaccedilatildeo com todos os apelos e juiacutezos ndash imprecisos
indefinidos ndash que seria associada agrave palavra lsquopaisagemrsquordquo
(MAGNOLI e MACEDO 2000 p132-133)
O estudo da paisagem passou a ganhar relevacircncia entre os arquitetos a partir dos anos de
1960 Segundo Sandeville (2006) esse processo pode ser exemplificado inicialmente pelos
trabalhos de Kevin Lynch Cristopher Alexander Amos Rapoport Yi Fu Tuan e Vittorio
Gregotti1 De acordo com Gregotti (1983) o entendimento da paisagem eacute um instrumento
que o arquiteto tem que ter em matildeos para analisar o lugar e o espaccedilo sobre o qual se projeta
Entretanto a paisagem entendida soacute como o conjunto das caracteriacutesticas fiacutesicas e
geomorfoloacutegicas de cunho bioloacutegico e mineraloacutegico natildeo eacute suficiente para elaboraccedilatildeo do
1LYNCH K A imagem da cidade (1960) ALEXANDER C Unlenguage de patrones (1980) RAPOPORT A
Aspectos humanos de la forma urbana (1978) TUAN Y F Espaccedilo e lugar (1983) GREGOTTI V Nuevos
caminos de La arquitectura italiana (1969)
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projeto eacute preciso que a leitura da paisagem expresse as accedilotildees cotidianas os usos dos
espaccedilos e a cultura local
No Brasil Miranda Magnoli inicia seus estudos sobre a paisagem e o ambiente na deacutecada de
1970 baseada nas anaacutelises estadunidenses de planejamento da paisagem reconhecendo a
importacircncia das caracteriacutesticas socioespaciais mas sem reduzir a paisagem aos aspectos
formais O modo como Miranda discutiu a paisagem segundo Sandeville (2006) ultrapassou
as limitaccedilotildees da relaccedilatildeo figura-fundo a qual reforccedila a paisagem como cenaacuterio um entorno
transformado por uma arquitetura de edifiacutecio promovendo a cenarizaccedilatildeo da ideia de
paisagem Sua reflexatildeo estabeleceu bases para o conceito da arquitetura como o projeto do
ldquoambiente humanordquo a necessidade de compreensatildeo do contexto no qual se insere o objeto
projetado
A definiccedilatildeo do conceito de paisagem adotada para este trabalho eacute a desenvolvida por
Miranda Magnoli (1982) na qual a morfologia da paisagem eacute definida como resultante da
interaccedilatildeo entre a loacutegica proacutepria dos processos do suporte (geologia clima solo relevo
vegetaccedilatildeo e sol aacutegua e ventos) e a loacutegica proacutepria dos processos antroacutepicos sociais e culturais
(parcelamentos escavaccedilotildees plantaccedilotildees construccedilotildees edificaccedilotildees etc) Essa anaacutelise da
paisagem urbana considera os diversos atores que nela interferem seus aspectos fiacutesicos
socioeconocircmicos culturais e seu processo evolutivo natildeo eacute simplesmente bem organizada ou
normativa eacute tambeacutem uma anaacutelise poeacutetica e simboacutelica fala das pessoas e de suas histoacuterias de
suas aspiraccedilotildees tradiccedilotildees e conflitos do conjunto natural das funccedilotildees e da dinacircmica urbana
O estudo da paisagem possibilita um melhor entendimento da estrutura da cidade a
compreensatildeo do siacutetio natural e da interferecircncia humana no mesmo esse conhecimento pode
direcionar o planejamento urbano para tanto o entendimento do conceito de paisagem e
seus sombreamentos eacute de extrema importacircncia Segundo Oseki amp Pellegrino (2004) um
planejamento ecoloacutegico da paisagem pode fornecer as ferramentas necessaacuterias para
integraccedilatildeo entre sociedade e natureza incorporando diretrizes ambientalmente desejaacuteveis
para a melhoria da habitabilidade da cidade de sua sustentabilidade e de sua imagem
Para Oseki amp Pellegrino (2004) as paisagens satildeo ao mesmo tempo produzidas socialmente e
produtoras (indutoras) de praacuteticas sociais podem ser utilizadas no planejamento no projeto
e gestatildeo de espaccedilos livres (nas escalas espaciais local regional e continental) o que lhes
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confere importacircncia no planejamento urbano e regional o que tem sido ignorado pelos
oacutergatildeos responsaacuteveis pela gestatildeo do territoacuterio Segundo Macedo (1993) a paisagem eacute processo
e produto das accedilotildees humanas eacute processo na medida em que estaacute em constante mutaccedilatildeo e
compreende as diversas forccedilas que nela atuam ora em conflito ora em consonacircncia de
objetivos eacute produto pois a cada instante apresenta-se como objeto acabado dessas accedilotildees e
forccedilas aplicadas
Figura 2 Avenida Getuacutelio Vargas em Parto de Minas Vista parcial da paisagem urbana Fonte httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=1534357amppage=92 Foto Fotoacutegrafo desconhecido
O presente trabalho entende a paisagem como algo que caracteriza a cidade que lhe confere
identidade e a distingue das demais A paisagem retrata a forma urbana e a cultura da
populaccedilatildeo a maneira como as pessoas constroem suas casas e onde constroem se na beira
do rio no alto das serras ou nas chapadas Eacute a histoacuteria local contada por meio da mudanccedila do
cenaacuterio e da mudanccedila dos padrotildees arquitetocircnicos nas casas que permanecem do periacuteodo
neocolonial ou no estilo ecleacutetico nas casas que surgiram no estilo moderno nas reformas
nas construccedilotildees que satildeo tombadas e nas que satildeo derrubadas A paisagem eacute contada pelas
aacutervores pelas flores plantadas e replantadas nas calccediladas calccediladas por vezes remendadas A
paisagem eacute o reflexo do processo social dos bairros que se formam das pessoas que se
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mudam da economia que se desenvolve modificando o comercio instalando novas induacutestrias
e quem sabe ateacute bairros industriais gerando renda para urbanizaccedilatildeo de novas aacutereas ou a
verticalizaccedilatildeo de outras
O entendimento da paisagem enquanto elemento caracterizador da imagem das cidades eacute
um instrumento para a melhoria e manutenccedilatildeo dos valores da mesma Possui uma relaccedilatildeo
direta com histoacuteria da cidade com os valores culturais com o processo de formaccedilatildeo e de
transformaccedilatildeo da forma urbana e com os elementos que a constituem Partimos entatildeo para o
estudo da forma urbana com seus enfoques conceituais desdobramentos teoacutericos e
praacuteticos
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MORFOLOGIA E FORMA URBANA
FORMA URBANA MALHA URBANA TECIDO
URBANO
Figura 3 Forma Urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora 2014
Eacute constante a confusatildeo ao conceituar termos
como morfologia forma urbana malha
urbanatecido urbano elementos morfoloacutegicos
termos que ora se sobrepotildeem ora se englobam
ora se dividem
EXISTE UM CONSENSO SOBRE O CONCEITO
DE FORMA URBANA
A DEFINICcedilAtildeO DE FORMA URBANA ENGLOBA
O TRACcedilADO DAS RUAS OS CHEIOS E VAZIOS
OS USOS E AS TIPOLOGIAS CONSTRUIacuteDAS OU
SERIA SOacute O DESENHO QUE SE FORMA NO
ENCONTRO DAS BORDAS DA OCUPACcedilAtildeO
FORMA URBANA Eacute SINOcircNIMO DE TECIDO
URBANO OU O TECIDO Eacute PARTE DA FORMA
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A morfologia urbana eacute um campo disciplinar que abrange o estudo das cidades das formas
dos tecidos e da paisagem O estudo da morfologia contribui para o entendimento da
estrutura da cidade sua formaccedilatildeo e transformaccedilatildeo por meio de seus elementos
constituintes Segundo Lamas (2004) os elementos morfoloacutegicos constituintes satildeo o solo os
edifiacutecios o lote o quarteiratildeo a fachada o logradouro o traccediladorua a praccedila o monumento
a vegetaccedilatildeo e o mobiliaacuterio urbano O autor denomina como elementos morfoloacutegicos as partes
fiacutesicas que associadas ou estruturadas constituem a forma urbana Existem diversos
conceitos e definiccedilotildees que abordam a morfologia das cidades este trabalho apresentaraacute
algumas delas
Segundo Del Rio (1990) a anaacutelise da morfologia urbana estaacute em compreender a loacutegica da
formaccedilatildeo evoluccedilatildeo e transformaccedilatildeo da forma da cidade e de suas inter-relaccedilotildees a fim de
possibilitar a identificaccedilatildeo de accedilotildees mais apropriadas cultural e socialmente para a
intervenccedilatildeo urbana e o desenho de novos espaccedilos Segundo Rossi (2001) a cidade eacute uma
obra reconhecida pelo conjunto de sua forma mas tambeacutem pode ser identificada por
pequenas partes do conjunto em seus diversos momentos a forma urbana eacute a soma dos
diversos tecidos e padrotildees morfoloacutegicos que formam a cidade
O tecido urbano ou a malha urbana de acordo com Rego e Meneguetti (2011) satildeo
configurados pelo sistema viaacuterio pelo padratildeo do parcelamento do solo pela aglomeraccedilatildeo e
pelo isolamento das edificaccedilotildees assim como pelos espaccedilos livres Em outras palavras o
tecido de cidade eacute dado pelos edifiacutecios ruas quadras e lotes parques praccedilas e monumentos
nos seus mais variados arranjos Esses elementos morfoloacutegicos presentes no tecido urbano
segundo Moudon (1997) devem ser considerados como organismos ndash constantemente em
atividade e assim em transformaccedilatildeo ao longo do tempo eles existem em inter-relaccedilatildeo com
as estruturas edificadas conformando e sendo conformadas pelos espaccedilos livres O modo
como cada um desses elementos morfoloacutegicos se organizou e conforma o tecido da cidade
pode ser entendido como um objeto de estudo da morfologia urbana
A forma urbana reflete os processos de formaccedilatildeo da cidade os processos sociais que se
consolidam nos tecidos urbanos que levam a sociedade a construir de uma maneira
determinada e caracteriacutestica suas casas escolas comeacutercios induacutestrias etc Segundo
Carvalho (2011) os tecidos urbanos satildeo configurados a partir da homogeneidade dos
seguintes elementos traccedilado da malha viaacuteria padrotildees de uso (residencial comercial de
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serviccedilos e industrial) padratildeo edificado (padratildeo arquitetocircnico e do gabarito) e suporte fiacutesico
(topografia vegetaccedilatildeo e hidrografia
De acordo com Moudon (1997) os morfologistas atentam para os resultados tangiacuteveis de
questotildees sociais econocircmicas poliacuteticas ou seja estudam a manifestaccedilatildeo de ideias e
intenccedilotildees agrave medida que elas tomam forma no chatildeo e moldam as cidades O estudo
morfoloacutegico das cidades pode ser dividido em escolas de pensamento dentre elas a escola
italiana a escola francesa e a escola inglesa as quais analisaremos sinteticamente
observando suas principais caracteriacutesticas metodoloacutegicas bases bibliograacuteficas e formas de
pensamento
A escola italiana conforme Mondon (1997) tem seu iniacutecio nos estudos do arquiteto Saverio
Muratori (1910 ndash 1973) e de Gianfranco Caniggia (1933 ndash 1987) na deacutecada de 1940 Segundo
Rosaneli (2011) essa escola de pensamento possui como principal distintivo a preocupaccedilatildeo
com o destino das cidades histoacutericas italianas sobretudo devido aos efeitos das intervenccedilotildees
modernistas Essa escola apresenta uma maior preocupaccedilatildeo com o estudo tipoloacutegico das
edificaccedilotildees (fachadas estilos arquitetocircnicos gabarito) e de suas transformaccedilotildees ao longo do
tempo
A escola francesa apresenta ecircnfase na reflexatildeo geograacutefica e historiograacutefica sobre as cidades e
possui a contribuiccedilatildeo do socioacutelogo Henri Lefebvre (1901 ndash 1991) Assim como a escola italiana
a escola francesa se opotildee aos efeitos das intervenccedilotildees modernistas Rosaneli (2011) propotildee
uma reforma educacional no campo dos estudos urbanos e busca consolidar uma nova
ldquodisciplinardquo com duplo objetivo primeiro uma pesquisa descritiva multidisciplinar do espaccedilo
construiacutedo a fim de reconhecer ingredientes de um bom desenho e segundo a identificaccedilatildeo
e criacutetica de modelos teoacutericos de desenho urbano
A escola inglesa eacute fundamentada nos estudos do geoacutegrafo alematildeo Conzen (1907 ndash 2000) e
inicia-se na deacutecada de 1960 De acordo com Moudon (1994) a escola inglesa possui uma
anaacutelise morfoloacutegica descritiva analiacutetica e explanatoacuteria concentra-se no estudo da forma
urbana e apresenta o mais completo detalhado e sistemaacutetico meacutetodo tipo morfoloacutegico das
trecircs escolas
Conzen fundamenta-se na aplicabilidade da leitura dos planos urbanos (ldquotown-plansrdquo) para o
entendimento da formaccedilatildeo urbana De acordo com Conzen (1960) apud Rosaneli (2011) os
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trecircs fundamentais elementos que compotildee os planos satildeo as ruas que estatildeo arranjadas em um
traccedilado os lotes ou parcelas individuais de terra juntamente com as quadrasquarteirotildees e os
edifiacutecios com seus conjuntos construiacutedos As diversas combinaccedilotildees desses trecircs principais
elementos constituiriam unidades distintas com ldquohomogeneidade morfoloacutegicardquo o que o
autor denominou de tecido urbano (ldquoplan unitrdquo ldquourban fabricrdquo ou ldquotessuto urbanordquo para a
escola italiana)
A morfologia urbana e suas diferentes escolas de pensamento retratam o estudo da forma
urbana e de seus elementos estruturantes dos processos culturais sociais econocircmicos e
poliacuteticos Os estudos morfoloacutegicos que mais se aplicam agrave presente pesquisa satildeo os da escola
inglesa onde desenvolve-se uma anaacutelise descritiva e analiacutetica do processo de urbanizaccedilatildeo
estudando as unidades com ldquohomogeneidade morfoloacutegicasrdquo trabalhadas nessa pesquisa por
meio das Unidades de Paisagem (porccedilotildees territoriais com semelhanccedila de traccedilado e interaccedilatildeo
entre os espaccedilos livres e edificados) e atraveacutes da anaacutelise do Sistema de Espaccedilos Livres uma
organizaccedilatildeo sistecircmica dos espaccedilos livres das diversas Unidades de Paisagem presentes em
uma aacuterea definida
Para o entendimento da configuraccedilatildeo do Sistema de Espaccedilos Livres Patense e de suas
Unidades de Paisagem partimos do estudo do processo de urbanizaccedilatildeo de Patos de Minas
observando as caracteriacutesticas morfoloacutegicas histoacutericas culturais e da paisagem urbana
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13 FORMACcedilAtildeO E TRANSFORMACcedilAtildeO DA
MALHA URBANA PATENSE
Figura 4 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Patos de Minas e apresentaccedilatildeo da forma urbana da cidade Elaborado pela autora segundo fonte Mapas da Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2006 e 2015
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Patos de Minas eacute uma cidade meacutedia2 da regiatildeo intermediaacuteria agrave Mesorregiatildeo do Triacircngulo
Mineiro e Alto Paranaiacuteba Considerada poacutelo econocircmico regional a maior cidade da
microrregiatildeo do Alto Paranaiacuteba que eacute composta por 10 municiacutepios O municiacutepio de Patos de
Minas eacute formado por sete distritos o distrito sede eacute a cidade de Patos de Minas e os outros
satildeo Bom Sucesso Chumbo Major Porto Pilar Pindaiacutebas e Santana de Patos (identificados na
Figura 4)
Segundo o IBGE (2010) o municiacutepio de Patos de Minas possui aacuterea de 3189771Kmsup2
densidade demograacutefica de 4349 habkmsup2 e populaccedilatildeo de aproximadamente 147614
habitantes (populaccedilatildeo estimada em 2014)
Patos de Minas situa-se no Planalto Central Minas GeraisGoiaacutes com altitudes meacutedias de 800
a 900 metros Localiza-se entre duas grandes bacias hidrograacuteficas brasileiras a do Satildeo
Francisco e a do Paranaacute Sua localizaccedilatildeo estrateacutegica permite a ligaccedilatildeo da cidade a centros
comerciais como Uberlacircndia Belo Horizonte Brasiacutelia e Satildeo Paulo facilitando o intercacircmbio
comercial e o desenvolvimento econocircmico
De acordo com o IBGE (2012) o PIB (Produto Interno Bruto) do municiacutepio tem sua economia
baseada principalmente no setor de serviccedilos seguido do setor industrial e da agricultura
conforme Tabela 1
2 A dissertaccedilatildeo adota a conceituaccedilatildeo de cidades meacutedias desenvolvida por Amorim Filho e Serra (2001) cidade que ocupam uma posiccedilatildeo estrateacutegica na hierarquia urbana oferecendo suporte agraves cidades pequenas conforme a funccedilatildeo que desempenham e estabelecendo ligaccedilotildees com as cidades maiores intermediando as relaccedilotildees entre estes dois niacuteveis urbanos De acordo com os autores essas cidades satildeo espaccedilos de relaccedilotildees e natildeo de polarizaccedilatildeo ou dominaccedilatildeo satildeo cidades natildeo tatildeo pequenas a ponto de limitar as possibilidades de crescimento econocircmico e intelectual de seus habitantes e nem tatildeo grandes a ponto de onerar ndash e ateacute pocircr em risco ndash a vida da maioria de seus moradores
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Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas - 2012
Impostos sobre produtos liacutequidos de subsiacutedios a preccedilos correntes
248946 mil reais
PIB a preccedilos correntes 2495732 mil reais
PIB per capita a preccedilos correntes 1770650 mil reais
Valor adicionado bruto da agropecuaacuteria a preccedilos correntes 255908 mil reais
Valor adicionado bruto da induacutestria a preccedilos correntes 432152 mil reais
Valor adicionado bruto dos serviccedilos a preccedilos correntes 1558725 mil reais
Tabela 1 Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas-2012 Fonte IBGE 2012 em parceria com os Oacutergatildeos Estaduais de Estatiacutestica Secretarias Estaduais de
Governo e Superintendecircncia da Zona Franca de Manaus ndash SUFRAMA Disponiacutevel em
httpwwwcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=314800ampidtema=134ampsearch=mina
s-gerais|patos-de-minas|produto-interno-bruto-dos-municipios-2012 Acesso em dezembro de 2014
Entretanto observa-se que entre os setores o que mais exerce influecircncia cultural no
municiacutepio e na dinacircmica urbana eacute a agricultura somada a pecuaacuteria e ao agronegoacutecio
caracterizando as festas locais as manifestaccedilotildees culturais as formas de apropriaccedilatildeo da
paisagem as tipologias predominantes de espaccedilos livres e a histoacuteria de ocupaccedilatildeo do
municiacutepio Na agroinduacutestria destaca-se a produccedilatildeo de leite e derivados sementes e adubos
defensivos agriacutecolas carne suiacutena e derivados e alimentos enlatados A agricultura sempre
caracterizou a economia e a cultura local os produtos que se destacam satildeo o arroz soja
feijatildeo cafeacute maracujaacute tomate horticultura e o milho siacutembolo da festa regional a Festa
Nacional do Milho A pecuaacuteria possui significativa importacircncia econocircmica para o municiacutepio a
regiatildeo faz parte de uma das maiores bacias leiteiras do paiacutes Patos de Minas tambeacutem eacute
considerada poacutelo nacional de geneacutetica suiacutena detendo 70 da tecnologia nacional em
melhoramentos suiacutenos
Para analisarmos como se formou a cidade de Patos de Minas apresentaremos seus periacuteodos
urbanos em cinco partes a primeira retrata o iniacutecio do povoado ateacute 1930 depois de 1940 a
deacutecada de 1960 em seguida de 1970 ateacute a deacutecada 1980 e por fim o periacuteodo que vai de 1990
ateacute o ano de 2015 buscando assim retratar o crescimento urbano os principais
acontecimentos histoacutericos e a incorporaccedilatildeo dos elementos da paisagem
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131
DO INIacuteCIO DO POVOADO ATEacute A DEacuteCADA DE 1930
BORGES X MACIEacuteIS
O processo de colonizaccedilatildeo da
regiatildeo ocupada hoje pelo
municiacutepio de Patos de Minas
teve iniacutecio provavelmente na
segunda metade do seacuteculo XVIII
antes mesmo da descoberta do
ouro no estado de Minas Gerais
com as bandeiras rumo agraves terras
de Paracatu A cidade de Patos
de Minas surgiu na segunda
deacutecada do seacuteculo XIX em torno
da Lagoa dos Patos (delimitada
na Figura 5) onde segundo as
descriccedilotildees histoacutericas existia uma
enorme quantidade de patos
silvestres
Figura 5 Crescimento Urbano de Patos de Minas ateacute o iacutenicio do seacuteculo XIX Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas Disponiveacutel em
httpwwwpatosdeminasmggovbrgaleriahistoricaspagesimage16php Acesso em maio de
2014 Elaborado pela autora
Segundo Oliveira Mello (1971) o povoado que deu origem a cidade de Patos de Minas se
iniciou em 1826 com a doaccedilatildeo do terreno por Antocircnio Joaquim da Silva Guerra e sua esposa
Luzia Correcirca de Andrade para a construccedilatildeo da capela de Santo Antocircnio situada hoje na atual
Praccedila Dom Eduardo proacutexima agrave Lagoa dos Patos na Avenida Liberdade atualmente conhecida
como Avenida Getuacutelio Vargas A partir de entatildeo diversas famiacutelias se instalaram no entorno da
capela originando o Arraial de Santo Antocircnio da Beira do Paranaiacuteba Em 1866 foi criada a Vila
de Santo Antocircnio dos Patos e em 1892 o presidente do Estado de Minas Gerais elevou a vila
agrave categoria de cidade de Patos de Minas
29 |
Figura 6 Iniacutecio da ocupaccedilatildeo da cidade de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fontes
Prefeitura Municipal de Patos de Minas e MuP- Museu da Cidade de Patos de Minas
A Praccedila Dom Eduardo estaacute no centro do nuacutecleo original de povoamento ilustrado pela Figura
6 e representa a divisatildeo de influecircncia entre as duas famiacutelias da elite local que atuaram na
construccedilatildeo da paisagem urbana e na histoacuteria da cidade de Patos de Minas os Borges
catoacutelicos e monarquistas e os Dias Macieacuteis protestantes e republicanos
Ao norte da Praccedila Dom Eduardo encontam-se os Borges e seus parentes os Caixeta e os
Queiroz de acordo com Silva (2011) deste lado da cidade a paisagem se desenha por ruas
estreitas e curvas as quais conduzem a travessas e becos nitidamente ldquosemeadosrdquo agrave moda
lusitana de povoar Ao mesmo tempo os edifiacutecios mais antigos e caracteriacutesticos da aacuterea satildeo
todos em estilo colonial com altas janelas e portas retangulares Satildeo exemplos a antiga Casa
de Cacircmara e Cadeia localizada hoje na Praccedila Juquinha Caixeta (Figura 7) e os casarotildees do Dr
Joatildeo Borges e do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz a rua e a casa de Deiroacute Borges a Rua do
Tenente Bino o Beco da Zeacutelia a Praccedila da Dona Genoveva (Figura 8) a Rua do Alfredo Borges
a Praccedila Chiquinho Caixeta a Rua Dr Joseacute Oliacutempio Borges a Praccedila Dom Eduardo E ainda a
Travessa dos Queiroz onde se manteacutem de peacute a casa do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz
palco de criaccedilatildeo do partido de oposiccedilatildeo oficial aos ldquoMacieacuteisrdquo
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Figura 7 Casa de Cacircmara e Cadeia (o mais antigo edifiacutecio puacuteblico de Patos de Minas inaugurado em 1912 como Cacircmara Municipal Foacuterum e no reacutes-do-chatildeo a Cadeia Puacuteblica) e Praccedila Juquinha Caixeta Foto Acervo pessoal 2015 Figura 8 Rua Deiroacute Borges ao fundo Praccedila Dona Genoveva Foto Acervo pessoal 2015
Figura 9 Escola Estadual Marcolino de Barros Foto Fotoacutegrafo desconhecido 2008 Disponiacutevel em
httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=614809 Acesso em maio de 2014
Figura 10 Escola Estadual Antocircnio Dias Maciel Foto Acervo pessoal 2015
Ao sul da Praccedila Dom Eduardo em frente agrave Catedral de Santo Antocircnio estatildeo os Macieacuteis e seus
parentes os Santana Pacheco Barros Magalhatildees e Ferreira da Silva Segundo Silva (2011) os
Macieacuteis estatildeo ligados agrave modernizaccedilatildeo e agrave reordenaccedilatildeo urbana da cidade entre suas marcas
na paisagem estatildeo a Escola Estadual Marcolino de Barros(Figura 09) a Escola Estadual
Antocircnio Dias Maciel(Figura 10) a Rua Olegaacuterio Maciel a Casa de Olegaacuterio Maciel a Casa do
Dr Itagyba a Rua Farnese Maciel o Palacete de Amadeu Maciel a Rua Major Gote (apelido
de Sesoacutestris Dias Maciel) o Hospital Regional Antocircnio Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur
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Thomaz de Magalhatildees o Coreto Arthur Thomaz de Magalhatildees a Rua Joseacute de Santana a Praccedila
Antocircnio Dias a Rua Major Jerocircnimo [Dias Maciel] e a Praccedila Santana
Olegaacuterio Maciel figura poliacutetica representativa da regiatildeo alternou entre os cargos de
Deputado Federal e Agente Executivo de Municiacutepio no final do seacuteculo XIX ateacute chegar agrave
Presidecircncia do Estado de Minas Gerais nos anos de 1930 Segundo Borges (2008) esse
processo poliacutetico influenciou o desenvolvimento fiacutesico-territorial da cidade atraindo
investimentos do Governo do Estado para a construccedilatildeo das escolas do foacuterum e do Hospital
Regional
No fim do seacuteculo XIX em 1883 o entatildeo Agente do Executivo Olegaacuterio Dias Maciel3 ordenou
a criaccedilatildeo de um plano diretor para ordenar e reorientar o crescimento do povoado para o
sentido sul da Praccedila Dom Eduardo ldquona chapada ou chapadatildeordquo conforme segue na citaccedilatildeo
Seguiu‐se a risca o ldquoPlano Diretorrdquo indicado por Olegaacuterio
Maciel O vereador Eduardo Ferreira de Noronha em 21 de
setembro de 1906 indica que ()auxiliem a Cacircmara a
estudar o local mais conveniente em que se deve construir
o matadouro e respectivo curral oferecendo seu parecer
Hoje distanciados no tempo sabemos que a ldquoChapadardquo
paulatinamente abrigou aleacutem do Matadouro Municipal a
Casa do Coronel Farnese Dias Maciel a Casa de Amadeu
Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur Thomaz de
Magalhatildees o Passeio Puacuteblico a fonte luminosa o Coreto o
Cinema o Paccedilo Municipal o Hospital Antocircnio Dias Maciel o
Grupo Escolar o Foacuterum () Pari Passu tambeacutem foram
transladados outros elementos que se localizavam na
direccedilatildeo para a qual a cidade ia se deslocando a mudanccedila
do cemiteacuterio e da Igreja de Nossa Senhora do Rosaacuterio
(frequentada pelos negros) tambeacutem se constituiu como
marco simboacutelico da nova ordenaccedilatildeo urbana planeada por
Olegaacuterio Maciel (BORGES amp SILVA 2009 p13)
3 Olegaacuterio Dias Maciel era engenheiro formado na Escola Polyteacutecnica do Rio de Janeiro em 1878 compartilhava os ideais positivistas da Repuacuteblica e tambeacutem os ideais da Belle Eacutepoque de higienizaccedilatildeo e de racionalizaccedilatildeo do espaccedilo urbano Soma-se a isso a experiecircncia cultural de Olegaacuterio fora de Patos como deputado federal e senador vivenciou no Rio de Janeiro as reformas urbanas empreendidas por Pereira Passos inspiradas na reforma de Paris sob a batuta do Baratildeo de Haussman Como deputado estadual e depois como presidente do Estado de Minas Gerais vivenciou a experiecircncia de ldquofruirrdquo a cidade de Belo Horizonte construiacuteda racionalmente agrave moda da colonizaccedilatildeo espanhola na Ameacuterica (BORGES amp SILVA 2009)
32 |
Segundo Oliveira (2010) dentre as influecircncias na malha urbana decorrentes do periacuteodo
poliacutetico do iniacutecio do seacuteculo XX destacam-se as intervenccedilotildees na infraestrutura da Avenida
Getuacutelio Vargas definindo a mesma como eixo nobre na cidade o direcionamento o primeiro
vetor de expansatildeo urbana nas direccedilotildees sul e oeste da Av Getuacutelio Vargas
Figura 11 Inundaccedilatildeo ocorrida em 1941 na ponte sobre o Rio Paranaiacuteba Fonte Arquivo do Laboratoacuterio
de Histoacuteria do Unipam Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=3600 Acesso em
dezembro de 2014
Observa-se que a Avenida Getuacutelio Vargas anteriormente denominada como Avenida
Liberdade e depois Avenida Municipal representa o nuacutecleo inicial da cidade e o ponto de
partida dos vetores de ocupaccedilatildeo ateacute a deacutecada de 1930 observa-se que neste periacuteodo as
praccedilas da avenida apresentavam um paisagismo inspirado nos jardins franceses Zama
Maciel4 relata sobre o planejamento de usos e ocupaccedilatildeo dessa aacuterea e a Figura 12 ilustra esse
periacuteodo
4 Zama Maciel foi um patense que exerceu as funccedilotildees de agrimensor professor inspetor de ensino vereador e redator dos jornais locais
Com relaccedilatildeo ao vetor de expansatildeo oeste
observa-se que o mesmo foi impulsionado
pela construccedilatildeo da nova ponte sobre o rio
Paranaiacuteba em aproximadamente 1926
retratada na Figura 11 Segundo
Dannemann (2013) a obra da ponte estava
sob os cuidados da Companhia Nacional de
Cimento Armado SA e ateacute 1970 serviu
como principal acesso agrave sede do municiacutepio
33 |
Avenida Municipal com o seu atual quilocircmetro de extensatildeo foi
destinada agrave habitaccedilatildeo particular devida a sua exagerada
largura e agrave perspectiva que podem oferecer casas pequenas e
de bom gosto fronteando os seus passeios gramados e jardins
floridos que a pequenada destroacutei Nela preacutedios comerciais de
dois trecircs andares tornam-se ridiacuteculos porque natildeo tecircm
magnitude para se imporem agrave largura (repisamos) exagerada
com que os antigos irrefletidamente a construiacuteram Somente
edifiacutecios semelhantes agrave igreja matriz em construccedilatildeo come
cinquenta metros podem nela sobreviverem Pequenos preacutedios
vivendas graciosas de cujas janelas caiam trepadeiras no
conjunto dos jardins e na imensa claridade de nossas tardes
faratildeo dela recanto cobiccedilado agrave moradia Enfeia-la com preacutedios
comerciais de pequeno porte e com casas de diversotildees
barulhentas seraacute obra de mau gosto que se torna necessaacuterio
evitar (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos Patos de
Minas junho de 1937)
Figura 12 Avenida Getuacutelio Vargas parte ao sul da Catedral de Santo Antocircnio deacutecada de 1930 Ao
centro da figura o Palacete Amadeu Maciel Fonte Acervo Documental e de Imagens de Patos de
Minas Local MuP ndash Museu da Cidade de Patos de Minas
A seguir o Mapa 1 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o
ano de 1930 retrata a localizaccedilatildeo da implantaccedilatildeo da cidade proacuteximo a recursos drsquoaacutegua No
mapa estaacute presente a delimitaccedilatildeo do periacutemetro urbano do ano de 2015 que seraacute mantido
como ponto de referecircncia espacial para a malha urbana atual
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35 |
A Figura 13 datada da deacutecada de 1930 eacute uma vista aeacuterea da cidade no qual pode-se
perceber a implantaccedilatildeo e a forma urbana da cidade e os vetores de expansatildeo do iniacutecio do
seacuteculo XX aacuterea retratada pelo Mapa 1 apresentado anteriormente
Figura 13 Vista aeacuterea de Patos de Minas
Fonte Arquivo Daacutecio Pereira da Fonseca Fotografo desconhecido
Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=2650 Acesso em abril de 2014
Observa-se na Figura 13 a presenccedila de espaccedilos livres puacuteblicos dentre eles as Praccedilas da
Avenida Getuacutelio Vargas dos Boiadeiros Antoacutenio Dias Champagnat e Santana os espaccedilos
livres privados o Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo o Patos Tecircnis Clube (PTC) o campo de futebol
da Uniatildeo Recreativa dos Trabalhadores (URT) e o campo de futebol do Clube do Mamoreacute
Segundo Fonseca (1974) desde o final do seacuteculo XIX ateacute 1950 Patos de Minas tentou pleitear
a vinda da estrada de ferro para escoamento da produccedilatildeo agriacutecola da regiatildeo ateacute o Rio de
Janeiro e Satildeo Paulo Segundo Borges e Silva (2009) em 1934 o engenheiro carioca Neacutelson
Rodrigues efetuou o primeiro levantamento planialtimeacutetrico da cidade de Patos de Minas a
princiacutepio esse levantamento objetivava abrigar a estrada de ferro Patos-Catiara Em 1936
provavelmente o proacuteprio Neacutelson Rodrigues concluiu o primeiro Plano Urbano oficial da
cidade apresentado pela Figura 14
LEGENDA 1 ndashMajor Gote e Dr Marcolino 2 ndash Lagoa Grande 3 ndash Campo de Aviaccedilatildeo 4 ndash Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo 5 ndash Rua Dr Marcolino 6 ndash Rua Major Gote 7 ndash Coacuterrego do Monjolo 8 ndash PTC 9 ndash Campo da URT 10 ndash Cemiteacuterio Municipal 11 ndash Rio Paranaiacuteba 12 ndash Av Getuacutelio Vargas 13 ndash Matriz de Santo Antocircnio 14 ndash Rua Tiradentes 15 ndash Cadeia 16 ndash Praccedila dos Boiadeiros 17 ndash Praccedila Antocircnio Dias 18 ndash Av Paracatu 19 ndash Igreja do Rosaacuterio 20 ndash Praccedila Champagnat 21 ndash Rua Major Jerocircnimo 22 ndash Campo do Mamoreacute
23 ndash Praccedila Santana
36 |
Figura 14 Plano Urbano de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fonte Prefeitura
Municipal de Patos de Minas
Destaca-se no plano de crescimento urbano a Rua Major Gote na eacutepoca denominada Rua
Desembargador Frederico Zama Maciel escreve ao jornal local sobre o plano urbano as vias
de caraacuteter comercial da cidade e sobre as intenccedilotildees de um zoneamento de usos para o
crescimento da cidade inspirados no urbanismo norte-americano
37 |
A Prefeitura () mandou organizar a planta da cidade e
traccedilar-lhe as ruas futuras no objetivo de impedir o
crescimento desordenado() Neste trabalho foram
observadas tanto quanto possiacutevel as normas seguidas na
Ameacuterica do Norte onde geralmente as cidades satildeo
traccediladas em xadrez cortando-se as ruas em acircngulo reto
() As ruas comerciais estatildeo determinadas no referido
plano e dentre as atuais destacam-se Desembargador
Frederico e General Osoacuterio A primeira () deveraacute atravessar
a cidade de norte a sul e morreraacute na futura praccedila da
estaccedilatildeo ferroviaacuteria onde atualmente se ergue o barracatildeo
da Companhia do Trigo Seraacute futuramente a mais central da
cidade Eacute de uma boa norma localizar-se o comeacutercio em
determinadas zonas (zoneamento chamam a isto os
urbanistas) bem como as faacutebricas os edifiacutecios puacuteblicos as
escolas (natildeo as primaacuterias que devem ser espalhadas nos
bairros residenciais) devem tambeacutem ter as suas zonas
separadas () (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos
Patos de Minas junho de 1937)
A linha feacuterrea natildeo foi implantada na cidade e o crescimento urbano das deacutecadas seguintes
natildeo se ateve ao planejamento apresentado na deacutecada de 1930
132
DA DEacuteCADA DE 1940 ATEacute A DEacuteCADA DE 1960
AUMENTO POPULACIONAL
Comparando o plano urbaniacutestico apresentado para a cidade no final do seacuteculo XIX com a
expansatildeo da malha urbana observa-se que o crescimento urbano da cidade ocorreu de
forma mais dispersa do que o apresentado no plano O vetor de expansatildeo ao sul manteve
grande parte do planejamento embora apresentando quadras menores A aacuterea antes
ocupada pela Lagoa dos Patos e a aacuterea a nordeste da Lagoa foram as que mais se
distanciaram das ideias do plano urbaniacutestico apresentando uma malha urbana orgacircnica com
a presenccedila de muitas ruas sem saiacuteda
O Mapa 2 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1965 a seguir retrata o crescimento da malha urbana
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Segundo Magrini (2008) na deacutecada de 1950 houve um surto migratoacuterio e a instalaccedilatildeo de
diversas firmas comerciais Nesse periacuteodo construiu-se o primeiro Terminal Rodoviaacuterio com
verbas municipais e investimentos da iniciativa privada e teve iniacutecio tambeacutem a comemoraccedilatildeo
da Festa Nacional do Milho evento que ateacute hoje expressa as manifestaccedilotildees culturais da
regiatildeo
Figura 15 Patos de
Minas da deacutecada de
1960
Elaborado pela autora segundo fonte Arquivo de Marialda Coury Foto Joatildeo Lucas Ribeiro Borges
Observando o crescimento da malha urbana de Patos de Minas ateacute 1965 (ilustrado pela
Figura 15) pode-se constatar que houve uma grande expansatildeo da mesma entre a deacutecada de
1950 e 1960 Nesse periacuteodo o aumento populacional ocorreu predominantemente na aacuterea
urbana conforme mostra a Tabela 02 a seguir
Periacuteodo
Populaccedilatildeo Total do
Municiacutepio
Populaccedilatildeo Urbana do Municiacutepio
Populaccedilatildeo Rural do
Municiacutepio
1950 45399 12525 32874
1960 72839 32511 40328
1970 76211 44877 31334
1980 86121 63302 22819
1990 102946 87403 15543
2000 123881 111333 12548
2010 138710 127724 10986
2014 147614 - -
Tabela 2 Crescimento Populacional de Patos de Minas Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Magrini 2008 Populaccedilatildeo prevista segundo o IBGE
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Nas deacutecadas seguintes a 1960 como se pode antever pela Tabela 2 o crescimento da zona
rural foi diminuindo gradativamente e a populaccedilatildeo da aacuterea urbana aumentando
impulsionando o crescimento da malha urbana
133
DA DEacuteCADA DE 1970 ATEacute A DEacuteCADA DE 1980
Incorporaccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua
Nas deacutecadas de 1960 e 1970 periacuteodo de ditadura Militar segundo Magrini (2010) Patos de
Minas passou por uma estagnaccedilatildeo econocircmica devido agrave emancipaccedilatildeo poliacutetica de dois
importantes Lagoa Formosa e Guimaracircnia no mesmo periacuteodo houve grande deslocamento
de patenses para a nova capital do paiacutes Brasiacutelia em busca de empregos
Justamente na eacutepoca da mudanccedila da capital do paiacutes para
Brasiacutelia Patos de Minas perde caracteriacutestica de centro
rodoviaacuterio e transforma-se no ldquopassa perto de Patosrdquo com
estradas asfaltadas em volta num eixo de 130 km Natildeo se
vinha aqui como antes ateacute que a BR 354 inaugurada em
1972 abolia este malfadado passa perto ressurgindo toda a
movimentaccedilatildeo comercial completada pela BR ndash 365 em
1974 (MELLO 1992 p54)
De 1965 ateacute os anos 1980 Patos de Minas praticamente dobrou a sua aacuterea de ocupaccedilatildeo
decorrente principalmente do processo de ecircxodo rural Segundo Oliveira (2010) os vetores
direcionavam para todos os sentidos sendo apenas o oeste limitado pelo Rio Paranaiacuteba os
cursos drsquoaacutegua menores natildeo foram uma barreira para esta expansatildeo
O Mapa 3 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1980 a seguir retrata o crescimento da malha urbana nesse periacuteodo
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Em 1982 foi iniciada a urbanizaccedilatildeo da Lagoa dos Japoneses a Lagoa Grande (Figura 16 e
Figura 17) com a reduccedilatildeo significativa da aacuterea alagada e a construccedilatildeo do Terminal
Rodoviaacuterio No entorno da lagoa foi criado o Parque Recreativo Dr Itagiba depois renomeado
como Parque Dr Itagiba Augusto Silva o primeiro parque urbano da cidade um dos principais
cartotildees postais da cidade espaccedilo de lazer e contemplaccedilatildeo
Figura 16 Projeto para o
Parque Recreativo Dr
Itagiba a construccedilatildeo ao
lado esquerdo da figura
representa o Terminal
Rodoviaacuterio Fonte Jornal
A Debulha O projeto do
parque Ano VIII nordm178
janeiro de 1988 paacuteg7
Figura 17 Planta do Parque Dr Itagiba Augusto Silva ndash Lagoa Grande Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2014
43 |
Em 1986 foi iniciada a canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo inicialmente uma Avenida
Sanitaacuteria no Coacuterrego do Monjolo (Figura 18) atualmente conhecida como Avenida Faacutetima
Porto as obras terminaram em 1996 Segundo Caixeta amp Vlach (2009) a canalizaccedilatildeo
acarretou inicialmente na ocupaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo do entorno e devido agrave resoluccedilatildeo dos
problemas sanitaacuterios que aiacute existiam
Figura 18 Canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo deacutecada de 1990 Foto Arquivo de Donaldo Amaro Teixeira Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=7568 Acesso em maio de 2015
Com o decorrer dos anos e a instalaccedilatildeo dos bairros no entorno o Coacuterrego do Monjolo passou
a apresentar problemas com enchentes e um forte odor provavelmente a canalizaccedilatildeo do
coacuterrego jaacute natildeo suportava mais o volume de aacutegua pluvial dos bairros aleacutem da presenccedila de
esgotos clandestinos Tais problemas geraram novos projetos de canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do
Monjolo nas deacutecadas seguintes
44 |
134
DA DEacuteCADA DE 1990 ATEacute OS DIAS ATUAIS
A FORMA URBANA ATUAL
No final da deacutecada de 1980 houve a descoberta da uma jazida de Fosfato Sedimentar na
localidade da Rocinha (aacuterea rural) o que impulsionou a instalaccedilatildeo de induacutestrias voltadas para
o agronegoacutecio iniciado pelas Sementes Agroceres SA (especialista tambeacutem em geneacutetica
suiacutena) Nesse periacuteodo ocorreu ainda um maior desenvolvimento teacutecnico da agricultura por
meio da irrigaccedilatildeo e do cultivo de novos cereais
Os reflexos do desenvolvimento comercial e industrial da regiatildeo foram notados na
implantaccedilatildeo de induacutestrias de confecccedilotildees agroinduacutestrias e na instalaccedilatildeo da multinacional Cica
que impulsionou o cultivo de milho ervilha e tomate5
A implementaccedilatildeo de induacutestrias somadas agraves pressotildees poliacuteticas acarretou na instalaccedilatildeo de um
distrito industrial na porsatildeo sul e oeste da cidade expandindo o periacutemetro urbano para aleacutem
das margens do Rio Paranaiacuteba A criaccedilatildeo do distrito industrial influenciou a ocupaccedilatildeo ao longo
da Avenida Presidente Juscelino Kubitschek construiacuteda nos anos 1970 para ligaccedilatildeo do nuacutecleo
urbano agraves rodovias BR-354 e BR-365 comportando-se entatildeo como principal acesso da
cidade
O Mapa 4 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o ano de
2015 a seguir apresenta a forma urbana atual da cidade
5 A multinacional Cica permaneceu na cidade ateacute 2001 depois se deslocou para o Estado de Goiaacutes quando perdeu parte dos incentivos fiscais oferecidos pela cidade
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46 |
Na deacutecada de 1990 a expansatildeo da malha urbana ultrapassou as aacutereas de algumas reservas
ambientais que se transformaram nos principais parques urbanos da cidade o Parque
Municipal do Mocambo (Figura 19) em 1990 e o Parque Municipal Joatildeo Luiz Redondo (Figura
20) em 1994 ambos localizados em aacutereas de lagoas
Figura 19 Parque Municipal do
Mocambo 1992 Fonte Arquivo
de Donaldo Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecadepatoscombr
p=8437 Acesso em marccedilo de
2015
Figura 20 Parque
Municipal Joatildeo Luiz
Redondo (Lagoinha)
deacutecada de 1990 Fonte
Arquivo de Donaldo
Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecade
patoscombrp=75
54 Acesso em marccedilo
de 2015
47 |
Foi criado tambeacutem na deacutecada de 1990 na Lei Municipal nordm 2872 de 03 de outubro de 1991
o Parque Mirante do Alto da Colina (ainda natildeo implantado) e a Lei Municipal nordm 2871 de 03
de outubro de 1991 declara a aacuterea denominada Lagoa e Bosque do ldquoPATAtildeOrdquo de preservaccedilatildeo
permanente onde desde entatildeo se cogita a implantaccedilatildeo de um parque urbano
Figura 21 Rua Mirico Caixeta ao fundo a Mata do Catingeuiro Evidenciando a falta de conexatildeo da
mata com o entorno Foto Acervo pessoal 2015
Figura 22 Rua 0 e o desmatamento na Mata do Catingeiro Foto Acervo
pessoal 2015
Em 2014 foi aprovada a criaccedilatildeo do Parque
de Preservaccedilatildeo Mata do Catingueiro uma
tentativa de proteger os restigios da mata
localizado no setor leste aacuterea que
recentemente recebeu muitos loteamentos
que foram implantados sem se estabelecer
uma aacuterea de transiccedilatildeo ou de integraccedilatildeo da
mata com a malha urbana sem passeios
ciclovias praccedilas ou parques conforme
ilustrado na Figura 21 A mata do
Catingueiro tem sido um constante alvo de
queimadas e desmatamento a Figura 22
mostra os vestiacutegios da mata
48 |
Figura 23 Programa MCMV- Jardim Quebec II com 437unidades localizado na porccedilatildeo noroeste da
cidade ao fundo da figura a mata ciliar do Rio Paranaiacuteba e plantaccedilotildees de cafeacute Foto Sacircmara C P Lima
2014
Na deacutecada de 2010 ocorreu a expansatildeo do periacutemetro urbano no sentindo norte pela primeira
vez para aleacutem do Coacuterrego do Limoeiro devido agrave instalaccedilatildeo de um campus da Universidade
Federal de Uberlacircndia na aacuterea Observa-se na Figura 23 que a aacuterea do extremo noroeste da
cidade estaacute em processo de expansatildeo da malha urbana e apresenta construccedilotildees habitacionais
do Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) na cidade
Notamos diversas transformaccedilotildees na malha urbana de Patos de Minas ao longo das deacutecadas
desde a implantaccedilatildeo do nuacutecleo urbano aos desdobramentos econocircmicos poliacuteticos e sociais
que direcionaram o crescimento da cidade e a transformaccedilatildeo da paisagem
O tecido urbano e o crescimento das cidades brasileiras como eacute o caso de Patos de Minas se
daacute pela conformaccedilatildeo do sistema viaacuterio pelos padrotildees de parcelamento do solo por
edificaccedilotildees e pelos espaccedilos livres Patos possui uma relaccedilatildeo cultural e econocircmica muito forte
com a zona rural A linha de transiccedilatildeo entre o urbano e o rural eacute muito tecircnue principalmente
nas aacutereas de borda urbana Nesses bairros de periferia ou de limite da mancha urbana a
cidade termina no outro lado da rua depois de uma cerca de arame sem nenhum espaccedilo de
transiccedilatildeo o outro lado da cerca se configura como um espaccedilo livre com muitas
potencialidades de uso e conflitos
49 |
Figura 24 Paisagem urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora
Em Patos de Minas a paisagem urbana eacute emoldurada por serras cobertas por diferentes
plantaccedilotildees (Figura 24) a cidade termina onde o Rio Paranaiacuteba passa ou a cidade termina
onde comeccedilam os fundos de vale Ora cidade ora zona rural A paisagem tambeacutem eacute marcada
pela Catedral um contraste no meio do aglomerado urbano em uma zona em processo de
verticalizaccedilatildeo onde a Catedral se esconde e se revela A Catedral marca o iniacutecio da ocupaccedilatildeo
da regiatildeo em uma aacuterea de chapada na beira da lagoa hoje a chapada foi praticamente toda
ocupada e os bairros das bordas urbanas ocupam as aacutereas mais elevadas da cidade Do alto
desses bairros da borda eacute possiacutevel ver as lagoas e os coacuterregos pressentes na cidade espaccedilos
que se configuram como parques praccedilas e chaacutecaras espaccedilos livres de edificaccedilatildeo que
ressaltam a identidade da cidade e a paisagem urbana
50 |
51 |
21 ESPACcedilOS LIVRES
ESPACcedilOS ABERTOS AacuteREAS VERDES
O conceito de espaccedilo livre de edificaccedilatildeo eacute amplo e complexo Para Nucci (2001) os espaccedilos
livres fazem parte de um grande grupo paisagiacutestico urbano que pode ser subdividido em
vaacuterias categorias dependendo do seu uso e funccedilatildeo sendo entatildeo um termo bastante
abrangente que agrega todos os outros conceitos similares como espaccedilos abertos aacutereas
verdes aacutereas livres sistemas de aacutereas de lazer cobertura vegetal entre outros
Segundo Queiroga (2006) Miranda Magnoli em sua tese de livre-docecircncia6 buscou afirmar o
espaccedilo livre como o objeto do paisagismo indo aleacutem do jardim do projeto com vegetaccedilatildeo
e da escala urbana Nesse sentido definiu espaccedilo livre como espaccedilo livre de edificaccedilotildees todo
espaccedilo descoberto urbano ou natildeo vegetado ou natildeo puacuteblico ou privado De acordo com a
autora para a anaacutelise de um dado recorte escalar propotildee-se que o estudo dos espaccedilos livres
deva ir aleacutem dos espaccedilos vegetados e dos espaccedilos puacuteblicos envolvendo todos os espaccedilos
livres do referido recorte Ou seja para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na cidade
eacute preciso ir aleacutem da anaacutelise dos espaccedilos puacuteblicos ou dos vegetados eacute preciso identificar todas
as aacutereas natildeo construiacutedas na cidade os espaccedilos privados intra-lote os lotes e glebas ociosas
as ruas os passeios etc
Os espaccedilos livres satildeo um dos principais estruturadores da forma urbana e um dos principais
elementos caracterizadores da paisagem urbana Segundo Magnoli (1982) os espaccedilos livres
satildeo os ambientes natildeo edificados da cidade as ruas avenidas praccedilas parques quintais
jardins rios matas mangues praias urbanas ou simples vazios urbanos
Quando adotamos o termo aacutereas verdes ou aacutereas verdes urbanas nos referimos a um
subsistema dentro do Sistema de Espaccedilos Livres que engloba principalmente as aacutereas de
preservaccedilatildeo permanente (APPrsquos) reservas legais (RL) e a arborizaccedilatildeo urbana Segundo
6 MAGNOLI Miranda Espaccedilos livres e urbanizaccedilatildeo uma introduccedilatildeo a aspectos da paisagem metropolitana 1982 116 p Tese (Livre-docecircncia em Arquitetura e Urbanismo) ndash Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1982
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Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilo livre eacute adotado se sobrepondo contendo e
ampliando o conceito usual de aacutereas verdes termo que tem como base a necessidade de
espaccedilos livres dotados de vegetaccedilatildeo De acordo com o autor o termo aacutereas verdes eacute
reducionista desconsidera as caracteriacutesticas fundamentais do espaccedilo urbano como a
complexidade e diversidade das formas de apropriaccedilatildeo e apreensatildeo social e o fato real da
impossibilidade fiacutesica e mesmo da inconveniecircncia da existecircncia de vegetaccedilatildeo em
determinados espaccedilos livres
De acordo com Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilos livres natildeo desconsidera o papel
da vegetaccedilatildeo nas cidades brasileiras como elemento facilitador da drenagem urbana criador
de microclimas mais agradaacuteveis contribuindo para a manutenccedilatildeo da diversidade animal e
vegetal e ainda como fator de embelezamento urbano mas natildeo desconsidera a importacircncia
dos espaccedilos natildeo vegetados para inuacutemeras praacuteticas de relevacircncia cultural das feiras agraves festas
populares das manifestaccedilotildees poliacuteticas agrave valorizaccedilatildeo de determinadas paisagens e
patrimocircnios culturais
Entretanto apesar dos crescentes avanccedilos nas discussotildees sobre os espaccedilos livres muitos
autores planos diretores planos de uso e ocupaccedilatildeo ainda natildeo compreenderam o termo
como em Patos de Minas onde adota-se o termo aacutereas verdes nas leis municipais e plano
diretor Na Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo de Patos de Minas (2008) as aacutereas verdes satildeo
descritas como porccedilotildees situadas na Macrozona Urbana destinadas a oferecer espaccedilos
puacuteblicos adequados e qualificados agraves atividades de recreaccedilatildeo lazer e turismo da populaccedilatildeo
de forma a conciliar a proteccedilatildeo dos bens naturais e culturais As cidades precisam de reservas
de aacutereas verdes e de espaccedilos livres de qualidade para praacutetica de atividades culturais de lazer
e contemplaccedilatildeo Observa-se que na lei municipal de Patos de Minas existe uma sobreposiccedilatildeo
entre a funccedilatildeo das reservas de aacutereas verdes e dos espaccedilos de praacuteticas socias sobreposiccedilatildeo
essa presente no conceito dos espaccedilos livres
A implantaccedilatildeo dos espaccedilos livres puacuteblicos depende de uma gestatildeo adequada e integrada dos
recursos com uma fiscalizaccedilatildeo efetiva o que implica no desenvolvimento de poliacuteticas
puacuteblicas permanentes que viabilizem as intervenccedilotildees e necessidades dos espaccedilos livres
Segundo Loboda amp Angelis (2012) o planejamento das aacutereas verdes (puacuteblicas) urbanas parte
de uma definiccedilatildeo de recursos que eacute residual as necessidades satildeo amenizados com recursos
que sobram de outras atividades consideradas como mais prioritaacuterias e que geralmente
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incluem-se nesse acircmbito aquelas de cunho estrateacutegico poliacutetico e econocircmico O autor cita um
problema frequente em diversas cidades brasileiras a falta de recursos destinados aos
espaccedilos puacuteblicos e dentre eles as aacutereas verdes urbanas um dos principais espaccedilos livres das
cidades
De acordo com Magnoli (1982) a localizaccedilatildeo acessibilidade e distribuiccedilatildeo dos espaccedilos livres
formam um complexo sistema de conexotildees com muacuteltiplos papeacuteis urbanos atividades do oacutecio
circulaccedilatildeo urbana conforto conservaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo ambiental drenagem urbana
imaginaacuterio e memoacuteria urbana lazer e recreaccedilatildeo dentre outros Todas essas funccedilotildees
exercidas no ambiente urbano pelos espaccedilos livres assim como a localizaccedilatildeo acessibilidade
distribuiccedilatildeo tipos de usos e configuraccedilatildeo espacial estatildeo organizadas de maneira sistecircmica na
cidade formando o Sistema de Espaccedilos Livres
22 O PENSAMENTO SISTEcircMICO
As cidades independentemente da sua localidade histoacuteria e configuraccedilatildeo satildeo formadas de
modo geral por espaccedilos livres e espaccedilos edificados duas categorias espaciais estruturantes
da forma urbana A configuraccedilatildeo dos espaccedilos livres eacute variaacutevel nas cidades brasileiras por
diversas questotildees como caracteriacutesticas territoriais bioma configuraccedilatildeo paisagiacutestica pela
existecircncia ou ausecircncia de planos urbanos e principalmente pelos processos de urbanizaccedilatildeo e
de transformaccedilatildeo da paisagem
A cidade eacute um conjunto de elementos sistemas e funccedilotildees e os espaccedilos livres formam um dos
principais sistemas capaz de estruturar toda a configuraccedilatildeo urbana De acordo com Tardin
(2010) e DrsquoAgostini amp Cunha (2007) sistema eacute um conjunto de elementos passiacutevel de
estabelecer inter-relaccedilotildees fiacutesicas funcionais estruturais morfoloacutegicas e relativas agrave vivecircncia
da paisagem abertas e intricadas entre si com seu entorno e com as pessoas que o
vivenciam
De acordo com Morin (2008) apud Queiroga (2014) o conceito de sistema implica natildeo
somente elementos inter-relacionaacuteveis mas tais relaccedilotildees constituem uma organizaccedilatildeo e uma
estrutura relativamente estaacutevel que caracteriza o sistema como um todo A organizaccedilatildeo
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sistecircmica por sua vez conteacutem as relaccedilotildees que definem o sistema e que o transformam
alterando sua estrutura possibilitando sua permanecircncia e contendo a possibilidade concreta
de sua dissoluccedilatildeo Para o autor o termo exprime multiplicidade totalidade diversidade
organizaccedilatildeo e complexidade
A noccedilatildeo de sistema auxilia o estudo dos espaccedilos livres urbanos e o entendimento das suas
relaccedilotildees de interdependecircncia complementaridade e hierarquia Segundo Schlee et al
(2009) considerando-se a paisagem como um macrossistema complexo formado de
subsistemas os espaccedilos livres urbanos constituem um dos seus subsistemas inter-
relacionados com outros subsistemas urbanos e rurais e que podem se justapor ao Sistema
de Espaccedilos Livres ou se sobrepor total ou parcialmente enquanto sistemas de accedilotildees
[] entende-se como sistemas de espaccedilos livres (SEL)
urbanos os elementos e as relaccedilotildees que organizam e
estruturam o conjunto de todos os espaccedilos livres de um
determinado recorte urbano independentemente de sua
dimensatildeo qualificaccedilatildeo esteacutetica funcional e de sua
localizaccedilatildeo e propriedade sejam eles puacuteblicos ou privados
[] toda cidade possui um sistema de espaccedilos livres que eacute
produzido durante seu processo de formaccedilatildeo tanto pelo
Poder Puacuteblico como pela iniciativa privada (MACEDO 2010
p 3 e 4)
O autor afirma que todas as cidades independente do seu porte de suas caracteriacutesticas
culturais e histoacutericas possuem um Sistema de Espaccedilos Livres Essa afirmaccedilatildeo incita diversas
questotildees que conduziram esta pesquisa pontos voltados ao objeto de estudo a cidade de
Patos de Minas uma cidade meacutedia
O SEL DE UMA MEGAacuteLOPOLE OU METROacutePOLE Eacute
DIFERENTE DO SEL DE UMA PEQUENA CIDADE OU DE
UMA CIDADE MEacuteDIA
O MESMO TIPO DE ANAacuteLISE QUE SE APLICA PARA O
ENTENDIMENTO DO SEL DE UMA CIDADE DE GRANDE
PORTE PODE SER APLICADO PARA UMA CIDADE DE
MEacuteDIO PORTE
EXISTEM TIPOS DE ESPACcedilOS LIVRES FUNCcedilOtildeES OU
RELACcedilOtildeES QUE CARACTERIZAM O SISTEMA DE ESPACcedilOS
LIVRES DE UMA CIDADE MEacuteDIA
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23 OS ESPACcedilOS LIVRES NAS
CIDADES MEacuteDIAS
O espaccedilo livre eacute parte estruturante da forma urbana ele se configura em diferentes
categorias tipologias e caracteriacutesticas no meio urbano principalmente pela introduccedilatildeo ao
longo da histoacuteria de diferentes padrotildees urbaniacutesticos nas cidades O processo de urbanizaccedilatildeo
das cidades eacute uma soma e por vezes ateacute uma sobreposiccedilatildeo de padrotildees morfoloacutegicos esses
traccedilados geram diferentes paisagens com diferentes tipos de espaccedilos livres Incorporando ao
sistema um rico mosaico espacial formado por diferentes porcentagens de espaccedilos livres
intra lote caracteriacutesticos de traccedilados distintos por diferentes tipos de praccedilas aacutereas de
preservaccedilatildeo parques ruas e avenidas Aacutereas essas que apresentam diversos conflitos e
possuem um intenso potencial de transformaccedilatildeo
Segundo Macedo et al (2012) as cidades brasileiras possuem padrotildees morfoloacutegicas
semelhantes isso fica evidente na repeticcedilatildeo dos tipos de traccedilado (ortogonais orgacircnicos
radiais) e nos padrotildees de mancha urbana (linear tentacular compacta mista) O que confere
a especifidade das diversas cidades eacute a forma como elas estatildeo inseridas em seu contexto
territorial os arranjos espaciais seus padrotildees culturais socioeconocircmicos a legislaccedilatildeo
municipal as tipologias e funccedilotildees dos espaccedilos livres e a paisagem urbana Nas cidades meacutedias
brasileiras a forma como os padrotildees morfoloacutegicos se adequam ao suporte fiacutesico
transformando paisagem a local confere ao Sistema de Espaccedilos Livres diferentes dinacircmicas
espaciais funcionais e tipoloacutegicas
Como dito anteriormente neste trabalho a proposta natildeo eacute discutir o que determina uma
cidade como de meacutedio porte ou natildeo mas entender essas cidades como centro urbanos em
crescimento onde novos traccedilados e dinacircmicas urbanas satildeo somadas agrave cidade existente
transformando a paisagem local Na atual conjuntura brasileira segundo Tacircngari et al(2009)
apoacutes a deacutecada de 1980 as cidades meacutedias passaram a crescer mais rapidamente em
comparaccedilatildeo com as metroacutepoles um processo de diminuiccedilatildeo do movimento migratoacuterio em
direccedilatildeo agraves megaloacutepoles e o seu direcionamento para as cidades meacutedias que apresentam
grande potencial de crescimento econocircmico e tecircm seus atributos esteacuteticos e econocircmicos
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valorizados atraveacutes da propagaccedilatildeo da ideia de que cidades de meacutedio porte podem apresentar
mais qualidade de vida que as grandes metroacutepoles
As cidades meacutedias reproduzem os padrotildees morfoloacutegicos e culturais vindos do contexto das
grandes cidades e das pequenas cidades ou povoados de seu entorno Um exemplo dessa
influecircncia vinda das grandes cidades satildeo os condomiacutenios fechados propostos inicialmente
pelo mercado imobiliaacuterio como locais de seguranccedila e lazer proacuteximos aos grandes centros
urbanos esse mesmo padratildeo de condomiacutenio fechado eacute aplicado nas cidades meacutedias onde a
criminalidade eacute bem menor e as distacircncias a serem percorridas satildeo mais curtas Um exemplo
da influecircncia vinda das pequenas cidades e povoados proacuteximos satildeo as chaacutecaras pastos e
plantaccedilotildees presentes dentro malha urbana
Patos de Minas eacute um exemplo de cidade meacutedia em crescimento que recebe influecircncias
culturais e de padrotildees morfoloacutegicos uma cidade que possui caracteriacutesticas especiacuteficas de seu
suporte fiacutesico de seu processo histoacuterico e cultura que influenciam diretamente na malha
urbana as tipologias de espaccedilos livres e os tipos de apropriaccedilatildeo desses espaccedilos
Se observarmos em Patos de Minas as caracteriacutesticas da condiccedilatildeo de cidade meacutedia como por
exemplo a localizaccedilatildeo estrateacutegica entre cidades de maior e menor porte Percebemos que a
cidade atrai pessoas do entorno para desfrutar de suas potencialidades econocircmicas e de seus
aparatos de lazer (parques praccedilas locais de exposiccedilatildeo agropecuaacuteria) o que contribui
diretamente para geraccedilatildeo de renda e uso dos espaccedilos A cidade possui uma relaccedilatildeo direta
com cidades de maior porte que servem de escoamento da produccedilatildeo e suprimento de
mercadorias essa relaccedilatildeo de proximidade atrai para cidade eventos e exposiccedilotildees e pode
motivar influecircncias sobre as tipologias de espaccedilos livres gerados (assim como o processo de
globalizaccedilatildeo tambeacutem pode exercer esse papel)
Eacute nesse contexto de crescimento das cidades meacutedias e influecircncias morfoloacutegicas e culturais
que o Sistema de Espaccedilos Livres precisa ser pensado e entendido como uma infraestrutura
baacutesica para o desempenho da vida cotidiana urbana Segundo Souza amp Macedo (2014) o SEL
deve oferecer condiccedilotildees de habitabilidade urbana e para isso eacute necessaacuterio que se estabeleccedila
um diagnoacutestico baseado na existecircncia ou ausecircncia de uma seacuterie de atributos urbanos
necessaacuterios e qualitativos que deveriam orientar accedilotildees poliacuteticas e projetos de maneira a
formar um Sistema de Espaccedilos Livres integrado agrave paisagem local e a demanda da populaccedilatildeo
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O autor afirma que eacute preciso fazer uma leitura da cidade de seus condicionantes conflitos e
potencialidades para entender como se estrutura o SEL suas funccedilotildees e seu potencial de
transformaccedilatildeo e organizaccedilatildeo na cidade
Partimos para anaacutelise da forma urbana patense buscando o entendimento de como as
caracteriacutesticas especiacuteficas do suporte fiacutesico da organizaccedilatildeo espacial da situaccedilatildeo fundiaacuteria e
dos tipos de usos e funccedilotildees exercidas pelos espaccedilos livres estruturam o Sistema de Espaccedilos
Livres de Patos de Minas
24 OS ESPACcedilOS LIVRES NA FORMA URBANA DE
PATOS DE MINAS
Para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na forma urbana de Patos de Minas a
anaacutelise foi dividida em trecircs principais enfoques RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA CONFIGURACcedilAtildeO
ESPACIAL e RELACcedilAtildeO DE USOS DO SOLO A leitura da cidade apresentada por esses trecircs
acircngulos somada ao entendimento de paisagem forma urbana e da formaccedilatildeo e
transformaccedilatildeo da malha urbana patense apresentados no capiacutetulo anterior nos possibilitam
o entendimento do Sistema Espaccedilos Livres de Patos de Minas como um todo com suas
categorias tipoloacutegias e relaccedilotildees sistecircmicas
Os trecircs principais enfoques foram determinados com base nas principais caracteriacutesticas da
cidade nas suas peculiaridades na sua condiccedilatildeo de cidade de meacutedio porte Provavelmente
um outro tipo de cidade com outras caracteriacutesticas de paisagem demandaria outro segmento
de anaacutelise
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241
RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA
ESPACcedilOS LIVRES x SUPORTE ambiental
O principal objetivo desse subcapiacutetulo eacute analisar as caracteriacutesticas do suporte ambiental sobre
o qual a cidade de Patos de Minas foi implantada buscando identificar quais espaccedilos livres
presentes na cidade incorporam esses elementos da paisagem O suporte ambiental eacute parte
da paisagem urbana ele eacute formado por elementos como corpos drsquoaacutegua vegetaccedilatildeo relevo
solos e clima
Estatildeo cada vez mais presentes nos planos diretores e na legislaccedilatildeo ambiental denominaccedilotildees
como reservas florestais puacuteblicas e privadas parques lineares parques ecoloacutegicos unidades
de conservaccedilatildeo aacutereas de proteccedilatildeo permanente (APPrsquos) aleacutem de referecircncias agrave
sustentabilidade e agrave ecologia Essas denominaccedilotildees muitas vezes geram espaccedilos livres
voltados agrave funccedilatildeo de conservaccedilatildeo e proteccedilatildeo ambiental Entretanto os espaccedilos livres
vinculados ao suporte fiacutesico natildeo possuem somente a funccedilatildeo de conservaccedilatildeo ambiental eles
possuem outros papeacuteis no meio urbano como recreaccedilatildeo infraestrutura urbana contribuir
com a drenagem pluvial possibilitar microclimas urbanos mais agradaacuteveis contribuir para
manutenccedilatildeo da biodiversidade e valores esteacuteticos Segundo Queiroga (2012) a
permeabilidade do solo e a cobertura arboacuterea permitem a conservaccedilatildeo de paisagens com
melhor desempenho ambiental mitigando problemas comuns nas aacutereas urbanas a qualidade
da aacutegua e do ar a manutenccedilatildeo da qualidade do solo controle de erosatildeo abastecimento dos
aquiacuteferos e regulaccedilatildeo das enchentes
Os espaccedilos livres vinculados ao suporte ambiental como os corpos drsquoaacutegua e a vegetaccedilatildeo
constantemente satildeo alvo de degradaccedilatildeo ambiental o que ressalta a sua funccedilatildeo ambiental
dentro do sistema Entretanto a mitigaccedilatildeo desses problemas natildeo eacute uma questatildeo pertinente
apenas ao planejamento ambiental das cidades De acordo com Jacobs (2001) as aacutereas livres
puacuteblicas estruturam o espaccedilo urbano satildeo o principal suporte espacial para o encontro e a
vivecircncia urbana Segundo a autora a degradaccedilatildeo do espaccedilo urbano observada pela reduccedilatildeo
de aacutereas puacuteblicas de lazer deficiecircncia na arborizaccedilatildeo urbana excessiva impermeabilizaccedilatildeo do
solo aumento da temperatura e criaccedilatildeo de ilhas de calor danos ambientais diversos
diminuiccedilatildeo da qualidade da ambiecircncia urbana e perda de qualidade de vida constitui um
59 |
problema que extrapola a esfera fiacutesicaespacial constituindo um problema social visto que
desencoraja o uso da rua e dos espaccedilos livres como locais de encontro necessaacuterios para a
manutenccedilatildeo das praacuteticas sociais
Ao longo do processo de urbanizaccedilatildeo das cidades brasileira foram comuns situaccedilotildees em que
aacutereas de reserva natural foram desmatadas para dar lugar a loteamentos coacuterregos foram
canalizados e desapareceram da paisagem urbana ou foram canalizadas a ceacuteu aberto tiveram
sua APP desmatada e impermeabilizada para dar lugar a avenidas e aacutereas construiacutedas como
no caso da Figura 26
Figura 26 Coacuterrego do Monjolo em Patos de Minas canalizado a ceacuteu aberto na deacutecada de 1970 com APP desmatada e grande parte do seu entorno impermeabilizado Agraves margens do coacuterrego a Av Faacutetima Porto Foto Acervo pessoal 2014
Atualmente esse tipo de tratamento de supressatildeo da vegetaccedilatildeo das APPrsquos em aacutereas
urbanizadas eacute cada vez mais incomum7 o que contribui para a conservaccedilatildeo desses recursos
naturais Entretanto gradativamente mais a legislaccedilatildeo ambiental trata a funccedilatildeo ambiental dos
espaccedilos como algo isolado entendendo as APPrsquos como locais onde natildeo podem existir
intervenccedilotildees desconsiderando que esses espaccedilos podem estar vinculados a outras funccedilotildees
como por exemplo recreaccedilatildeo educaccedilatildeo ambiental valorizaccedilatildeo da paisagem De acordo com
7 Os casos excepcionais nos quais eacute permitido a supressatildeo da vegetaccedilatildeo em APP estatildeo definidos pela Resoluccedilatildeo CONAMA 36906
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CAPIacuteTULO 2 o sistema de espaccedilos livres
051 21 ESPACcedilOS LIVRES ESPACcedilOS ABERTOS AacuteREAS VERDES
053 22 O PENSAMENTO SISTEcircMICO
055 23 ESPACcedilOS LIVRES NAS CIDADE MEacuteDIAS
057 24 OS ESPACcedilOS LIVRES NA FORMA URBANA DE PATOS DE MINAS
058 241 RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA espaccedilos livres x suporte ambiental
065 242 CONFIGURACcedilAtildeO ESPACIAL espaccedilos livres x malha urbana
2421 Configuraccedilotildees da malha urbana
2422 Espaccedilos livres na malha urbana
2423 Tipos de traccedilado
083 243 RELACcedilOtildeES DE USOS DO SOLO espaccedilos livres x uso
2431 Distribuiccedilatildeo fundiaacuteria
2432 Usos do solo
090 25 O SISTEMA DE ESPACcedilOS LIVRES DE PATOS DE MINAS
090 251 TIPOLOGIAS DE ESPACcedilOS LIVRES
092 252 CATEGORIAS DE ESPACcedilOS LIVRES
102 253 RELACcedilOtildeES SISTEcircMICAS DOS ESPACcedilOS LIVRES
11 |
CAPIacuteTULO 3 as unidades de paisagem
109 31 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS
110 32 UNIDADES DE PAISAGEM DE PATOS DE MINAS
113 321 UNIDADE DE PAISAGEM 01
116 322 UNIDADE DE PAISAGEM 02
120 323 UNIDADE DE PAISAGEM 03
123 324 UNIDADE DE PAISAGEM 04
128 325 UNIDADE DE PAISAGEM 05
132 326 UNIDADE DE PAISAGEM 06
135 327 UNIDADE DE PAISAGEM 07
139 328 UNIDADE DE PAISAGEM 08
143 329 UNIDADE DE PAISAGEM 09
148 3210 UNIDADE DE PAISAGEM 10
151 33 AS UNIDADES DE PAISAGEM NA CIDADE
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS PERSPECTIVAS E DESAFIOS 154
SOBRE OS DESAFIOS A SEREM ENFRENTADOS 156
SOBRE OS POSSIacuteVEIS DESDOBRAMENTOS DA PESQUISA 157
REFEREcircNCIAS 159
ACERVOS ARQUIVOS E JORNAIS 159
LEIS E DECRETOS 159
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 160
ANEXOS 164
12 |
13 |
INTRODUCcedilAtildeO
SOBRE OS PENSAMENTOS NORTEADORES
O trabalho eacute um exerciacutecio de olhar para a cidade e ler entre seus traccedilados suas ruas lotes e
quadras Buscando entender as promessas que ficaram no ar os projetos vislumbrados mas
nunca concretizados que vatildeo desde a rua que natildeo foi asfaltada ateacute o coacuterrego canalizado que
natildeo foi aberto Entender o processo histoacuterico as relaccedilotildees culturais o desenho da malha
urbana que se estende por entre os fundos dos vales e acompanha o desenho dos coacuterregos e
rios
Grande parte da vida na cidade acontece em seus espaccedilos livres na praccedila natildeo implantadas
onde o vizinho planta milho na rua que recebe o tapete de Corpus Christi nas procissotildees
passeatas e desfiles na festa junina na praccedila da Igreja na eleiccedilatildeo da rainha do milho nas
folias de reis dos distritos da cidade A cidade se transforma no lote que vira campinho na
praccedila que vira estacionamento na gleba que vira pasto na lagoa que vira brejo na mata que
vira cinzas A zona rural aos poucos se transforma em malha urbana mas o rural natildeo perdeu
seu espaccedilo ele se manteacutem presente na paisagem urbana nas expressotildees culturais e nos
dialetos
Este trabalho eacute a continuidade do Trabalho Final de Graduaccedilatildeo apresentado a Faculdade de
Arquitetura Urbanismo e Desing da Universidade Federal de Uberlacircndia Sob a orientaccedilatildeo do
professor Glauco Cocazza foi desenvolvido um projeto de requalificaccedilatildeo para um dos
parques urbanos de Patos de Minas o Parque Municipal do Mocambo Durante o
desenvolvimento desse trabalho ficou evidente que natildeo soacute os ambientes do parque como
outros espaccedilos livres da cidade requeriam projetos de requalificaccedilatildeo que trabalhassem a
relaccedilatildeo eles com a cidade buscando o entendimento dos diferentes papeacuteis dos espaccedilos livres
na cidade deixando de pensar no planejamento urbano e no planejamento ambiental como
coisas isoladas Iniciaram-se aiacute as primeiras percepccedilotildees de que a cidade de Patos de Minas
possui diversas especificidades com relaccedilatildeo agrave interaccedilatildeo da paisagem urbana com seus
espaccedilos livres e edificados
14 |
SOBRE O MEacuteTODO
A dissertaccedilatildeo se fundamenta na anaacutelise de dados documentais primaacuterios como mapas
cedidos pela Prefeitura Municipal de Patos de Minas projetos de espaccedilos livres da cidade
levantamentos fotograacuteficos leis e decretos municipais e federais Baseia-se tambeacutem em
fontes secundaacuterias como revisatildeo bibliograacutefica dos temas norteadores da pesquisa registros
fotograacuteficos jornais locais e entrevistas informais com moradores da cidade e arquitetos da
prefeitura A dissertaccedilatildeo apresenta registros fotograacuteficos natildeo soacute do acervo da autora mas de
diferentes pessoas evidenciando pontos de vista e os diversos olhares sobre a cidade aleacutem
das fotos histoacutericas de arquivos puacuteblicos
A pesquisa adota como metodologia a anaacutelise do Sistema de Espaccedilos Livres e das Unidades de
Paisagem desenvolvida pelos estudos da rede nacional brasileira Quapaacute-SEL II (Quadro do
Paisagismo Brasileiro ndash Sistemas de Espaccedilos Livres) coordenada pelo LAB-QUAPAacute da FAUUSP
(Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Satildeo Paulo) cujo objetivo principal
eacute compreender as relaccedilotildees processuais contemporacircneas entre os Sistemas de Espaccedilos Livres
e a forma urbana das cidades brasileiras A pesquisa apresentada eacute tambeacutem parte integrante
dos estudos desenvolvidos pelo Nuacutecleo de Estudos Urbanos (NEURB) desenvolvido na
Faculdade de Arquitetura Urbanismo e Design (FAUeD) da Universidade Federal de
Uberlacircndia que tem como objetivo central compreender a importacircncia e o papel do Sistema
de Espaccedilos Livres na Forma Urbana das principais cidades meacutedias do Triacircngulo Mineiro e Alto
Paranaiacuteba contribuindo assim com os estudos do grupo nacional Quapaacute-SEL II
SOBRE O DECORER DOS CAPIacuteTULOS
O objetivo central do trabalho eacute analisar os espaccedilos livres presentes na forma urbana de
Patos de Minas e entender como esses espaccedilos estruturam o Sistema de Espaccedilos Livres (SEL)
Buscando esse entendimento a dissertaccedilatildeo foi dividida em trecircs momentos a anaacutelise da
paisagem e da forma urbana patense no primeiro capiacutetulo o entendimento do SEL no
segundo capiacutetulo e a aplicaccedilatildeo da metodologia de Unidades de Paisagem no terceiro capiacutetulo
O primeiro capiacutetulo apresenta os conceitos que iratildeo nortear a pesquisa a PAISAGEM URBANA
e a FORMA URBANA por meio de uma revisatildeo bibliograacutefica buscando a constataccedilatildeo do
estado da arte dos conceitos-chave O trabalho entende a paisagem como conceito
norteador para o entendimento da cidade da formaccedilatildeo e da transformaccedilatildeo da forma urbana
15 |
Depois de introduzidos os conceitos-chave o capiacutetulo apresentaraacute o processo de urbanizaccedilatildeo
da aacuterea de estudo a transformaccedilatildeo do tecido urbano e a incorporaccedilatildeo dos principais espaccedilos
livres de edificaccedilatildeo e edificados ressaltando as caracteriacutesticas histoacutericas econocircmicas
poliacuteticas e culturais que contribuem para a formaccedilatildeo da imagem da cidade
O segundo capiacutetulo analisa o SISTEMA DE ESPACcedilOS LIVRES na forma urbana de Patos de Minas
a partir de trecircs principais enfoques a relaccedilatildeo ecoloacutegica que busca entender a interaccedilatildeo entre
a forma urbana e os condicionantes do suporte fiacutesico (hidrografia geologia relevo
vegetaccedilatildeo) a configuraccedilatildeo espacial que revela a organizaccedilatildeo da malha urbana e a interaccedilatildeo
dos espaccedilos livres na malha e a relaccedilatildeo de usos do solo que analisa a relaccedilatildeo dos espaccedilos
livres com a situaccedilatildeo fundiaacuteria e a distribuiccedilatildeo dos usos do solo na cidade
No capiacutetulo sobre o Sistema de Espaccedilos Livres as anaacutelises foram feitas na escala da cidade No
capiacutetulo seguinte que trata das Unidades de Paisagem as apreciaccedilotildees foram feitas na escala
das unidades ou seja a anaacutelise dos espaccedilos livres da cidade vai do macro ao micro A
aplicaccedilatildeo da metodologia das Unidades de Paisagem permite transitar entre as escalas de
anaacutelise e aprofundar nas caracteriacutesticas e peculiaridades do Sistema de Espaccedilos Livres
presentes em cada unidade
O terceiro capiacutetulo apresenta a metodologia das UNIDADES DE PAISAGEM a identificaccedilatildeo das
Unidades de Paisagem presentes em Patos de Minas e a anaacutelise cada uma delas O trabalho
entende as Unidades de Paisagem como porccedilotildees do Sistema de Espaccedilos Livres cujas relaccedilotildees
entre os espaccedilos livres os espaccedilos edificados possuem caracteriacutesticas especiacuteficas de
centralidade hierarquia distribuiccedilatildeo e organizaccedilatildeo que os distingue dos demais conjuntos de
relaccedilotildees
O fechamento do trabalho apresenta de maneira sinteacutetica uma apreciaccedilatildeo do que foi
apresentado em cada capiacutetulo apontando os questionamentos e resultados que surgiram no
decorrer da anaacutelise Depois satildeo enumerados os principais desafios a serem enfrentados pelo
o planejamento urbano e ambiental de Patos de Minas para a gestatildeo do SEL da cidade
Adiante satildeo apresentados os possiacuteveis desdobramentos da pesquisa evidenciando as
possibilidades de continuidade e aprofundamentos teoacutericos e praacuteticos sobre o objeto de
estudo
16 |
17 |
11 PAISAGEM URBANA
CONCEITUACcedilAtildeO
A compreensatildeo do conceito de paisagem urbana eacute o principal enfoque no presente trabalho
para assimilaccedilatildeo da configuraccedilatildeo urbana da incorporaccedilatildeo dos elementos do suporte fiacutesico na
formaccedilatildeo e na transformaccedilatildeo da forma urbana e entendimento do papel do Sistema de
Espaccedilos Livres na cidade
O estudo da paisagem possibilita uma melhor percepccedilatildeo da estrutura da cidade a
compreensatildeo do siacutetio natural e da interferecircncia humana no mesmo esse conhecimento pode
direcionar o planejamento urbano para tanto a clareza do conceito de paisagem e seus
sombreamentos eacute de extrema importacircncia
Natildeo existe um consenso sobre o conceito de paisagem a discussatildeo sobre paisagem transita
por diversas aacutereas com diferentes definiccedilotildees ecircnfases e meacutetodo de abordagem Segundo o
geoacutegrafo Bertrand (2004) as diferenccedilas de abordagem no conceito de paisagem satildeo
influenciadas pela formaccedilatildeo e os objetivos do observador e pode enfatizar a vegetaccedilatildeo a
hidrografia o clima o relevo a economia a arquitetura ou o processo histoacuterico A
metodologia de anaacutelise poderaacute ser temporal baseada nos aspectos fiacutesicos e se referir agraves
relaccedilotildees e dinacircmicas internas ou ainda um conjunto de diversas anaacutelises Ou seja a
percepccedilatildeo individual somada aos objetivos e ao enfoque do observador interferem
diretamente na leitura da paisagem e no conceito da mesma
Segundo Rougerie e Beroutchatchvili (1991) apud Maximiano (2004) a Unesco (Organizaccedilatildeo
para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura das Naccedilotildees Unidas) declarou em 1971 considerar que a
paisagem eacute a ldquoestrutura do ecossistemardquo e o Conselho Europeu diz que ldquoo meio natural
moldado pelos fatores sociais e econocircmicos torna-se paisagem sob o olhar humanordquo Jaacute a
ldquopaysagerdquo francesa refere-se principalmente aos aspectos visuais O termo holandecircs com o
mesmo sentido eacute ldquovisueellandschaprdquo Para os alematildees ldquolandschaftrdquo envolve a noccedilatildeo de
territoacuterio semelhante ao ldquolandscape inglecircsrdquo Ambos tambeacutem se referem ao aspecto visual A
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geografia sovieacutetica tem seus proacuteprios termos ldquomesnost e ourotchitcherdquo que possuem valor
territorial aos quais os russos acrescentam ldquolandschaftrdquo emprestado dos alematildees
Segundo Maximiano (2004) para alguns socioacutelogos e economistas a paisagem eacute a base do
meio fiacutesico onde o homem a utiliza e a transforma ou natildeo para alguns botacircnicos e ecoacutelogos
a paisagem eacute um conjunto de organismos num meio fiacutesico cujas propriedades podem ser
explicadas segundo leis ou modelos com ajuda das ciecircncias fiacutesicas eou bioloacutegicas para
alguns geoacutegrafos ela resulta da relaccedilatildeo dinacircmica de elementos fiacutesicos bioloacutegicos e
antroacutepicos
ldquoA expressatildeo ldquopaisagemrdquo() passava a manifestar-se com
significados amplos complexos poreacutem bastante vagos
indistintos incompletos premissas comuns eram ldquoa naturezardquo e
a censura agrave accedilatildeo do homem A percepccedilatildeo das mudanccedilas
naturais ndash de tempos bioloacutegicos ndash e tambeacutem aquelas raacutepidas
extensas e difusas do trabalho do homem ndash de tempos
histoacutericos ndash levantava novamente a relaccedilatildeo homem-natureza
Seria esta relaccedilatildeo com todos os apelos e juiacutezos ndash imprecisos
indefinidos ndash que seria associada agrave palavra lsquopaisagemrsquordquo
(MAGNOLI e MACEDO 2000 p132-133)
O estudo da paisagem passou a ganhar relevacircncia entre os arquitetos a partir dos anos de
1960 Segundo Sandeville (2006) esse processo pode ser exemplificado inicialmente pelos
trabalhos de Kevin Lynch Cristopher Alexander Amos Rapoport Yi Fu Tuan e Vittorio
Gregotti1 De acordo com Gregotti (1983) o entendimento da paisagem eacute um instrumento
que o arquiteto tem que ter em matildeos para analisar o lugar e o espaccedilo sobre o qual se projeta
Entretanto a paisagem entendida soacute como o conjunto das caracteriacutesticas fiacutesicas e
geomorfoloacutegicas de cunho bioloacutegico e mineraloacutegico natildeo eacute suficiente para elaboraccedilatildeo do
1LYNCH K A imagem da cidade (1960) ALEXANDER C Unlenguage de patrones (1980) RAPOPORT A
Aspectos humanos de la forma urbana (1978) TUAN Y F Espaccedilo e lugar (1983) GREGOTTI V Nuevos
caminos de La arquitectura italiana (1969)
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projeto eacute preciso que a leitura da paisagem expresse as accedilotildees cotidianas os usos dos
espaccedilos e a cultura local
No Brasil Miranda Magnoli inicia seus estudos sobre a paisagem e o ambiente na deacutecada de
1970 baseada nas anaacutelises estadunidenses de planejamento da paisagem reconhecendo a
importacircncia das caracteriacutesticas socioespaciais mas sem reduzir a paisagem aos aspectos
formais O modo como Miranda discutiu a paisagem segundo Sandeville (2006) ultrapassou
as limitaccedilotildees da relaccedilatildeo figura-fundo a qual reforccedila a paisagem como cenaacuterio um entorno
transformado por uma arquitetura de edifiacutecio promovendo a cenarizaccedilatildeo da ideia de
paisagem Sua reflexatildeo estabeleceu bases para o conceito da arquitetura como o projeto do
ldquoambiente humanordquo a necessidade de compreensatildeo do contexto no qual se insere o objeto
projetado
A definiccedilatildeo do conceito de paisagem adotada para este trabalho eacute a desenvolvida por
Miranda Magnoli (1982) na qual a morfologia da paisagem eacute definida como resultante da
interaccedilatildeo entre a loacutegica proacutepria dos processos do suporte (geologia clima solo relevo
vegetaccedilatildeo e sol aacutegua e ventos) e a loacutegica proacutepria dos processos antroacutepicos sociais e culturais
(parcelamentos escavaccedilotildees plantaccedilotildees construccedilotildees edificaccedilotildees etc) Essa anaacutelise da
paisagem urbana considera os diversos atores que nela interferem seus aspectos fiacutesicos
socioeconocircmicos culturais e seu processo evolutivo natildeo eacute simplesmente bem organizada ou
normativa eacute tambeacutem uma anaacutelise poeacutetica e simboacutelica fala das pessoas e de suas histoacuterias de
suas aspiraccedilotildees tradiccedilotildees e conflitos do conjunto natural das funccedilotildees e da dinacircmica urbana
O estudo da paisagem possibilita um melhor entendimento da estrutura da cidade a
compreensatildeo do siacutetio natural e da interferecircncia humana no mesmo esse conhecimento pode
direcionar o planejamento urbano para tanto o entendimento do conceito de paisagem e
seus sombreamentos eacute de extrema importacircncia Segundo Oseki amp Pellegrino (2004) um
planejamento ecoloacutegico da paisagem pode fornecer as ferramentas necessaacuterias para
integraccedilatildeo entre sociedade e natureza incorporando diretrizes ambientalmente desejaacuteveis
para a melhoria da habitabilidade da cidade de sua sustentabilidade e de sua imagem
Para Oseki amp Pellegrino (2004) as paisagens satildeo ao mesmo tempo produzidas socialmente e
produtoras (indutoras) de praacuteticas sociais podem ser utilizadas no planejamento no projeto
e gestatildeo de espaccedilos livres (nas escalas espaciais local regional e continental) o que lhes
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confere importacircncia no planejamento urbano e regional o que tem sido ignorado pelos
oacutergatildeos responsaacuteveis pela gestatildeo do territoacuterio Segundo Macedo (1993) a paisagem eacute processo
e produto das accedilotildees humanas eacute processo na medida em que estaacute em constante mutaccedilatildeo e
compreende as diversas forccedilas que nela atuam ora em conflito ora em consonacircncia de
objetivos eacute produto pois a cada instante apresenta-se como objeto acabado dessas accedilotildees e
forccedilas aplicadas
Figura 2 Avenida Getuacutelio Vargas em Parto de Minas Vista parcial da paisagem urbana Fonte httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=1534357amppage=92 Foto Fotoacutegrafo desconhecido
O presente trabalho entende a paisagem como algo que caracteriza a cidade que lhe confere
identidade e a distingue das demais A paisagem retrata a forma urbana e a cultura da
populaccedilatildeo a maneira como as pessoas constroem suas casas e onde constroem se na beira
do rio no alto das serras ou nas chapadas Eacute a histoacuteria local contada por meio da mudanccedila do
cenaacuterio e da mudanccedila dos padrotildees arquitetocircnicos nas casas que permanecem do periacuteodo
neocolonial ou no estilo ecleacutetico nas casas que surgiram no estilo moderno nas reformas
nas construccedilotildees que satildeo tombadas e nas que satildeo derrubadas A paisagem eacute contada pelas
aacutervores pelas flores plantadas e replantadas nas calccediladas calccediladas por vezes remendadas A
paisagem eacute o reflexo do processo social dos bairros que se formam das pessoas que se
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mudam da economia que se desenvolve modificando o comercio instalando novas induacutestrias
e quem sabe ateacute bairros industriais gerando renda para urbanizaccedilatildeo de novas aacutereas ou a
verticalizaccedilatildeo de outras
O entendimento da paisagem enquanto elemento caracterizador da imagem das cidades eacute
um instrumento para a melhoria e manutenccedilatildeo dos valores da mesma Possui uma relaccedilatildeo
direta com histoacuteria da cidade com os valores culturais com o processo de formaccedilatildeo e de
transformaccedilatildeo da forma urbana e com os elementos que a constituem Partimos entatildeo para o
estudo da forma urbana com seus enfoques conceituais desdobramentos teoacutericos e
praacuteticos
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MORFOLOGIA E FORMA URBANA
FORMA URBANA MALHA URBANA TECIDO
URBANO
Figura 3 Forma Urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora 2014
Eacute constante a confusatildeo ao conceituar termos
como morfologia forma urbana malha
urbanatecido urbano elementos morfoloacutegicos
termos que ora se sobrepotildeem ora se englobam
ora se dividem
EXISTE UM CONSENSO SOBRE O CONCEITO
DE FORMA URBANA
A DEFINICcedilAtildeO DE FORMA URBANA ENGLOBA
O TRACcedilADO DAS RUAS OS CHEIOS E VAZIOS
OS USOS E AS TIPOLOGIAS CONSTRUIacuteDAS OU
SERIA SOacute O DESENHO QUE SE FORMA NO
ENCONTRO DAS BORDAS DA OCUPACcedilAtildeO
FORMA URBANA Eacute SINOcircNIMO DE TECIDO
URBANO OU O TECIDO Eacute PARTE DA FORMA
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A morfologia urbana eacute um campo disciplinar que abrange o estudo das cidades das formas
dos tecidos e da paisagem O estudo da morfologia contribui para o entendimento da
estrutura da cidade sua formaccedilatildeo e transformaccedilatildeo por meio de seus elementos
constituintes Segundo Lamas (2004) os elementos morfoloacutegicos constituintes satildeo o solo os
edifiacutecios o lote o quarteiratildeo a fachada o logradouro o traccediladorua a praccedila o monumento
a vegetaccedilatildeo e o mobiliaacuterio urbano O autor denomina como elementos morfoloacutegicos as partes
fiacutesicas que associadas ou estruturadas constituem a forma urbana Existem diversos
conceitos e definiccedilotildees que abordam a morfologia das cidades este trabalho apresentaraacute
algumas delas
Segundo Del Rio (1990) a anaacutelise da morfologia urbana estaacute em compreender a loacutegica da
formaccedilatildeo evoluccedilatildeo e transformaccedilatildeo da forma da cidade e de suas inter-relaccedilotildees a fim de
possibilitar a identificaccedilatildeo de accedilotildees mais apropriadas cultural e socialmente para a
intervenccedilatildeo urbana e o desenho de novos espaccedilos Segundo Rossi (2001) a cidade eacute uma
obra reconhecida pelo conjunto de sua forma mas tambeacutem pode ser identificada por
pequenas partes do conjunto em seus diversos momentos a forma urbana eacute a soma dos
diversos tecidos e padrotildees morfoloacutegicos que formam a cidade
O tecido urbano ou a malha urbana de acordo com Rego e Meneguetti (2011) satildeo
configurados pelo sistema viaacuterio pelo padratildeo do parcelamento do solo pela aglomeraccedilatildeo e
pelo isolamento das edificaccedilotildees assim como pelos espaccedilos livres Em outras palavras o
tecido de cidade eacute dado pelos edifiacutecios ruas quadras e lotes parques praccedilas e monumentos
nos seus mais variados arranjos Esses elementos morfoloacutegicos presentes no tecido urbano
segundo Moudon (1997) devem ser considerados como organismos ndash constantemente em
atividade e assim em transformaccedilatildeo ao longo do tempo eles existem em inter-relaccedilatildeo com
as estruturas edificadas conformando e sendo conformadas pelos espaccedilos livres O modo
como cada um desses elementos morfoloacutegicos se organizou e conforma o tecido da cidade
pode ser entendido como um objeto de estudo da morfologia urbana
A forma urbana reflete os processos de formaccedilatildeo da cidade os processos sociais que se
consolidam nos tecidos urbanos que levam a sociedade a construir de uma maneira
determinada e caracteriacutestica suas casas escolas comeacutercios induacutestrias etc Segundo
Carvalho (2011) os tecidos urbanos satildeo configurados a partir da homogeneidade dos
seguintes elementos traccedilado da malha viaacuteria padrotildees de uso (residencial comercial de
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serviccedilos e industrial) padratildeo edificado (padratildeo arquitetocircnico e do gabarito) e suporte fiacutesico
(topografia vegetaccedilatildeo e hidrografia
De acordo com Moudon (1997) os morfologistas atentam para os resultados tangiacuteveis de
questotildees sociais econocircmicas poliacuteticas ou seja estudam a manifestaccedilatildeo de ideias e
intenccedilotildees agrave medida que elas tomam forma no chatildeo e moldam as cidades O estudo
morfoloacutegico das cidades pode ser dividido em escolas de pensamento dentre elas a escola
italiana a escola francesa e a escola inglesa as quais analisaremos sinteticamente
observando suas principais caracteriacutesticas metodoloacutegicas bases bibliograacuteficas e formas de
pensamento
A escola italiana conforme Mondon (1997) tem seu iniacutecio nos estudos do arquiteto Saverio
Muratori (1910 ndash 1973) e de Gianfranco Caniggia (1933 ndash 1987) na deacutecada de 1940 Segundo
Rosaneli (2011) essa escola de pensamento possui como principal distintivo a preocupaccedilatildeo
com o destino das cidades histoacutericas italianas sobretudo devido aos efeitos das intervenccedilotildees
modernistas Essa escola apresenta uma maior preocupaccedilatildeo com o estudo tipoloacutegico das
edificaccedilotildees (fachadas estilos arquitetocircnicos gabarito) e de suas transformaccedilotildees ao longo do
tempo
A escola francesa apresenta ecircnfase na reflexatildeo geograacutefica e historiograacutefica sobre as cidades e
possui a contribuiccedilatildeo do socioacutelogo Henri Lefebvre (1901 ndash 1991) Assim como a escola italiana
a escola francesa se opotildee aos efeitos das intervenccedilotildees modernistas Rosaneli (2011) propotildee
uma reforma educacional no campo dos estudos urbanos e busca consolidar uma nova
ldquodisciplinardquo com duplo objetivo primeiro uma pesquisa descritiva multidisciplinar do espaccedilo
construiacutedo a fim de reconhecer ingredientes de um bom desenho e segundo a identificaccedilatildeo
e criacutetica de modelos teoacutericos de desenho urbano
A escola inglesa eacute fundamentada nos estudos do geoacutegrafo alematildeo Conzen (1907 ndash 2000) e
inicia-se na deacutecada de 1960 De acordo com Moudon (1994) a escola inglesa possui uma
anaacutelise morfoloacutegica descritiva analiacutetica e explanatoacuteria concentra-se no estudo da forma
urbana e apresenta o mais completo detalhado e sistemaacutetico meacutetodo tipo morfoloacutegico das
trecircs escolas
Conzen fundamenta-se na aplicabilidade da leitura dos planos urbanos (ldquotown-plansrdquo) para o
entendimento da formaccedilatildeo urbana De acordo com Conzen (1960) apud Rosaneli (2011) os
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trecircs fundamentais elementos que compotildee os planos satildeo as ruas que estatildeo arranjadas em um
traccedilado os lotes ou parcelas individuais de terra juntamente com as quadrasquarteirotildees e os
edifiacutecios com seus conjuntos construiacutedos As diversas combinaccedilotildees desses trecircs principais
elementos constituiriam unidades distintas com ldquohomogeneidade morfoloacutegicardquo o que o
autor denominou de tecido urbano (ldquoplan unitrdquo ldquourban fabricrdquo ou ldquotessuto urbanordquo para a
escola italiana)
A morfologia urbana e suas diferentes escolas de pensamento retratam o estudo da forma
urbana e de seus elementos estruturantes dos processos culturais sociais econocircmicos e
poliacuteticos Os estudos morfoloacutegicos que mais se aplicam agrave presente pesquisa satildeo os da escola
inglesa onde desenvolve-se uma anaacutelise descritiva e analiacutetica do processo de urbanizaccedilatildeo
estudando as unidades com ldquohomogeneidade morfoloacutegicasrdquo trabalhadas nessa pesquisa por
meio das Unidades de Paisagem (porccedilotildees territoriais com semelhanccedila de traccedilado e interaccedilatildeo
entre os espaccedilos livres e edificados) e atraveacutes da anaacutelise do Sistema de Espaccedilos Livres uma
organizaccedilatildeo sistecircmica dos espaccedilos livres das diversas Unidades de Paisagem presentes em
uma aacuterea definida
Para o entendimento da configuraccedilatildeo do Sistema de Espaccedilos Livres Patense e de suas
Unidades de Paisagem partimos do estudo do processo de urbanizaccedilatildeo de Patos de Minas
observando as caracteriacutesticas morfoloacutegicas histoacutericas culturais e da paisagem urbana
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13 FORMACcedilAtildeO E TRANSFORMACcedilAtildeO DA
MALHA URBANA PATENSE
Figura 4 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Patos de Minas e apresentaccedilatildeo da forma urbana da cidade Elaborado pela autora segundo fonte Mapas da Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2006 e 2015
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Patos de Minas eacute uma cidade meacutedia2 da regiatildeo intermediaacuteria agrave Mesorregiatildeo do Triacircngulo
Mineiro e Alto Paranaiacuteba Considerada poacutelo econocircmico regional a maior cidade da
microrregiatildeo do Alto Paranaiacuteba que eacute composta por 10 municiacutepios O municiacutepio de Patos de
Minas eacute formado por sete distritos o distrito sede eacute a cidade de Patos de Minas e os outros
satildeo Bom Sucesso Chumbo Major Porto Pilar Pindaiacutebas e Santana de Patos (identificados na
Figura 4)
Segundo o IBGE (2010) o municiacutepio de Patos de Minas possui aacuterea de 3189771Kmsup2
densidade demograacutefica de 4349 habkmsup2 e populaccedilatildeo de aproximadamente 147614
habitantes (populaccedilatildeo estimada em 2014)
Patos de Minas situa-se no Planalto Central Minas GeraisGoiaacutes com altitudes meacutedias de 800
a 900 metros Localiza-se entre duas grandes bacias hidrograacuteficas brasileiras a do Satildeo
Francisco e a do Paranaacute Sua localizaccedilatildeo estrateacutegica permite a ligaccedilatildeo da cidade a centros
comerciais como Uberlacircndia Belo Horizonte Brasiacutelia e Satildeo Paulo facilitando o intercacircmbio
comercial e o desenvolvimento econocircmico
De acordo com o IBGE (2012) o PIB (Produto Interno Bruto) do municiacutepio tem sua economia
baseada principalmente no setor de serviccedilos seguido do setor industrial e da agricultura
conforme Tabela 1
2 A dissertaccedilatildeo adota a conceituaccedilatildeo de cidades meacutedias desenvolvida por Amorim Filho e Serra (2001) cidade que ocupam uma posiccedilatildeo estrateacutegica na hierarquia urbana oferecendo suporte agraves cidades pequenas conforme a funccedilatildeo que desempenham e estabelecendo ligaccedilotildees com as cidades maiores intermediando as relaccedilotildees entre estes dois niacuteveis urbanos De acordo com os autores essas cidades satildeo espaccedilos de relaccedilotildees e natildeo de polarizaccedilatildeo ou dominaccedilatildeo satildeo cidades natildeo tatildeo pequenas a ponto de limitar as possibilidades de crescimento econocircmico e intelectual de seus habitantes e nem tatildeo grandes a ponto de onerar ndash e ateacute pocircr em risco ndash a vida da maioria de seus moradores
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Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas - 2012
Impostos sobre produtos liacutequidos de subsiacutedios a preccedilos correntes
248946 mil reais
PIB a preccedilos correntes 2495732 mil reais
PIB per capita a preccedilos correntes 1770650 mil reais
Valor adicionado bruto da agropecuaacuteria a preccedilos correntes 255908 mil reais
Valor adicionado bruto da induacutestria a preccedilos correntes 432152 mil reais
Valor adicionado bruto dos serviccedilos a preccedilos correntes 1558725 mil reais
Tabela 1 Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas-2012 Fonte IBGE 2012 em parceria com os Oacutergatildeos Estaduais de Estatiacutestica Secretarias Estaduais de
Governo e Superintendecircncia da Zona Franca de Manaus ndash SUFRAMA Disponiacutevel em
httpwwwcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=314800ampidtema=134ampsearch=mina
s-gerais|patos-de-minas|produto-interno-bruto-dos-municipios-2012 Acesso em dezembro de 2014
Entretanto observa-se que entre os setores o que mais exerce influecircncia cultural no
municiacutepio e na dinacircmica urbana eacute a agricultura somada a pecuaacuteria e ao agronegoacutecio
caracterizando as festas locais as manifestaccedilotildees culturais as formas de apropriaccedilatildeo da
paisagem as tipologias predominantes de espaccedilos livres e a histoacuteria de ocupaccedilatildeo do
municiacutepio Na agroinduacutestria destaca-se a produccedilatildeo de leite e derivados sementes e adubos
defensivos agriacutecolas carne suiacutena e derivados e alimentos enlatados A agricultura sempre
caracterizou a economia e a cultura local os produtos que se destacam satildeo o arroz soja
feijatildeo cafeacute maracujaacute tomate horticultura e o milho siacutembolo da festa regional a Festa
Nacional do Milho A pecuaacuteria possui significativa importacircncia econocircmica para o municiacutepio a
regiatildeo faz parte de uma das maiores bacias leiteiras do paiacutes Patos de Minas tambeacutem eacute
considerada poacutelo nacional de geneacutetica suiacutena detendo 70 da tecnologia nacional em
melhoramentos suiacutenos
Para analisarmos como se formou a cidade de Patos de Minas apresentaremos seus periacuteodos
urbanos em cinco partes a primeira retrata o iniacutecio do povoado ateacute 1930 depois de 1940 a
deacutecada de 1960 em seguida de 1970 ateacute a deacutecada 1980 e por fim o periacuteodo que vai de 1990
ateacute o ano de 2015 buscando assim retratar o crescimento urbano os principais
acontecimentos histoacutericos e a incorporaccedilatildeo dos elementos da paisagem
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131
DO INIacuteCIO DO POVOADO ATEacute A DEacuteCADA DE 1930
BORGES X MACIEacuteIS
O processo de colonizaccedilatildeo da
regiatildeo ocupada hoje pelo
municiacutepio de Patos de Minas
teve iniacutecio provavelmente na
segunda metade do seacuteculo XVIII
antes mesmo da descoberta do
ouro no estado de Minas Gerais
com as bandeiras rumo agraves terras
de Paracatu A cidade de Patos
de Minas surgiu na segunda
deacutecada do seacuteculo XIX em torno
da Lagoa dos Patos (delimitada
na Figura 5) onde segundo as
descriccedilotildees histoacutericas existia uma
enorme quantidade de patos
silvestres
Figura 5 Crescimento Urbano de Patos de Minas ateacute o iacutenicio do seacuteculo XIX Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas Disponiveacutel em
httpwwwpatosdeminasmggovbrgaleriahistoricaspagesimage16php Acesso em maio de
2014 Elaborado pela autora
Segundo Oliveira Mello (1971) o povoado que deu origem a cidade de Patos de Minas se
iniciou em 1826 com a doaccedilatildeo do terreno por Antocircnio Joaquim da Silva Guerra e sua esposa
Luzia Correcirca de Andrade para a construccedilatildeo da capela de Santo Antocircnio situada hoje na atual
Praccedila Dom Eduardo proacutexima agrave Lagoa dos Patos na Avenida Liberdade atualmente conhecida
como Avenida Getuacutelio Vargas A partir de entatildeo diversas famiacutelias se instalaram no entorno da
capela originando o Arraial de Santo Antocircnio da Beira do Paranaiacuteba Em 1866 foi criada a Vila
de Santo Antocircnio dos Patos e em 1892 o presidente do Estado de Minas Gerais elevou a vila
agrave categoria de cidade de Patos de Minas
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Figura 6 Iniacutecio da ocupaccedilatildeo da cidade de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fontes
Prefeitura Municipal de Patos de Minas e MuP- Museu da Cidade de Patos de Minas
A Praccedila Dom Eduardo estaacute no centro do nuacutecleo original de povoamento ilustrado pela Figura
6 e representa a divisatildeo de influecircncia entre as duas famiacutelias da elite local que atuaram na
construccedilatildeo da paisagem urbana e na histoacuteria da cidade de Patos de Minas os Borges
catoacutelicos e monarquistas e os Dias Macieacuteis protestantes e republicanos
Ao norte da Praccedila Dom Eduardo encontam-se os Borges e seus parentes os Caixeta e os
Queiroz de acordo com Silva (2011) deste lado da cidade a paisagem se desenha por ruas
estreitas e curvas as quais conduzem a travessas e becos nitidamente ldquosemeadosrdquo agrave moda
lusitana de povoar Ao mesmo tempo os edifiacutecios mais antigos e caracteriacutesticos da aacuterea satildeo
todos em estilo colonial com altas janelas e portas retangulares Satildeo exemplos a antiga Casa
de Cacircmara e Cadeia localizada hoje na Praccedila Juquinha Caixeta (Figura 7) e os casarotildees do Dr
Joatildeo Borges e do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz a rua e a casa de Deiroacute Borges a Rua do
Tenente Bino o Beco da Zeacutelia a Praccedila da Dona Genoveva (Figura 8) a Rua do Alfredo Borges
a Praccedila Chiquinho Caixeta a Rua Dr Joseacute Oliacutempio Borges a Praccedila Dom Eduardo E ainda a
Travessa dos Queiroz onde se manteacutem de peacute a casa do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz
palco de criaccedilatildeo do partido de oposiccedilatildeo oficial aos ldquoMacieacuteisrdquo
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Figura 7 Casa de Cacircmara e Cadeia (o mais antigo edifiacutecio puacuteblico de Patos de Minas inaugurado em 1912 como Cacircmara Municipal Foacuterum e no reacutes-do-chatildeo a Cadeia Puacuteblica) e Praccedila Juquinha Caixeta Foto Acervo pessoal 2015 Figura 8 Rua Deiroacute Borges ao fundo Praccedila Dona Genoveva Foto Acervo pessoal 2015
Figura 9 Escola Estadual Marcolino de Barros Foto Fotoacutegrafo desconhecido 2008 Disponiacutevel em
httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=614809 Acesso em maio de 2014
Figura 10 Escola Estadual Antocircnio Dias Maciel Foto Acervo pessoal 2015
Ao sul da Praccedila Dom Eduardo em frente agrave Catedral de Santo Antocircnio estatildeo os Macieacuteis e seus
parentes os Santana Pacheco Barros Magalhatildees e Ferreira da Silva Segundo Silva (2011) os
Macieacuteis estatildeo ligados agrave modernizaccedilatildeo e agrave reordenaccedilatildeo urbana da cidade entre suas marcas
na paisagem estatildeo a Escola Estadual Marcolino de Barros(Figura 09) a Escola Estadual
Antocircnio Dias Maciel(Figura 10) a Rua Olegaacuterio Maciel a Casa de Olegaacuterio Maciel a Casa do
Dr Itagyba a Rua Farnese Maciel o Palacete de Amadeu Maciel a Rua Major Gote (apelido
de Sesoacutestris Dias Maciel) o Hospital Regional Antocircnio Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur
31 |
Thomaz de Magalhatildees o Coreto Arthur Thomaz de Magalhatildees a Rua Joseacute de Santana a Praccedila
Antocircnio Dias a Rua Major Jerocircnimo [Dias Maciel] e a Praccedila Santana
Olegaacuterio Maciel figura poliacutetica representativa da regiatildeo alternou entre os cargos de
Deputado Federal e Agente Executivo de Municiacutepio no final do seacuteculo XIX ateacute chegar agrave
Presidecircncia do Estado de Minas Gerais nos anos de 1930 Segundo Borges (2008) esse
processo poliacutetico influenciou o desenvolvimento fiacutesico-territorial da cidade atraindo
investimentos do Governo do Estado para a construccedilatildeo das escolas do foacuterum e do Hospital
Regional
No fim do seacuteculo XIX em 1883 o entatildeo Agente do Executivo Olegaacuterio Dias Maciel3 ordenou
a criaccedilatildeo de um plano diretor para ordenar e reorientar o crescimento do povoado para o
sentido sul da Praccedila Dom Eduardo ldquona chapada ou chapadatildeordquo conforme segue na citaccedilatildeo
Seguiu‐se a risca o ldquoPlano Diretorrdquo indicado por Olegaacuterio
Maciel O vereador Eduardo Ferreira de Noronha em 21 de
setembro de 1906 indica que ()auxiliem a Cacircmara a
estudar o local mais conveniente em que se deve construir
o matadouro e respectivo curral oferecendo seu parecer
Hoje distanciados no tempo sabemos que a ldquoChapadardquo
paulatinamente abrigou aleacutem do Matadouro Municipal a
Casa do Coronel Farnese Dias Maciel a Casa de Amadeu
Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur Thomaz de
Magalhatildees o Passeio Puacuteblico a fonte luminosa o Coreto o
Cinema o Paccedilo Municipal o Hospital Antocircnio Dias Maciel o
Grupo Escolar o Foacuterum () Pari Passu tambeacutem foram
transladados outros elementos que se localizavam na
direccedilatildeo para a qual a cidade ia se deslocando a mudanccedila
do cemiteacuterio e da Igreja de Nossa Senhora do Rosaacuterio
(frequentada pelos negros) tambeacutem se constituiu como
marco simboacutelico da nova ordenaccedilatildeo urbana planeada por
Olegaacuterio Maciel (BORGES amp SILVA 2009 p13)
3 Olegaacuterio Dias Maciel era engenheiro formado na Escola Polyteacutecnica do Rio de Janeiro em 1878 compartilhava os ideais positivistas da Repuacuteblica e tambeacutem os ideais da Belle Eacutepoque de higienizaccedilatildeo e de racionalizaccedilatildeo do espaccedilo urbano Soma-se a isso a experiecircncia cultural de Olegaacuterio fora de Patos como deputado federal e senador vivenciou no Rio de Janeiro as reformas urbanas empreendidas por Pereira Passos inspiradas na reforma de Paris sob a batuta do Baratildeo de Haussman Como deputado estadual e depois como presidente do Estado de Minas Gerais vivenciou a experiecircncia de ldquofruirrdquo a cidade de Belo Horizonte construiacuteda racionalmente agrave moda da colonizaccedilatildeo espanhola na Ameacuterica (BORGES amp SILVA 2009)
32 |
Segundo Oliveira (2010) dentre as influecircncias na malha urbana decorrentes do periacuteodo
poliacutetico do iniacutecio do seacuteculo XX destacam-se as intervenccedilotildees na infraestrutura da Avenida
Getuacutelio Vargas definindo a mesma como eixo nobre na cidade o direcionamento o primeiro
vetor de expansatildeo urbana nas direccedilotildees sul e oeste da Av Getuacutelio Vargas
Figura 11 Inundaccedilatildeo ocorrida em 1941 na ponte sobre o Rio Paranaiacuteba Fonte Arquivo do Laboratoacuterio
de Histoacuteria do Unipam Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=3600 Acesso em
dezembro de 2014
Observa-se que a Avenida Getuacutelio Vargas anteriormente denominada como Avenida
Liberdade e depois Avenida Municipal representa o nuacutecleo inicial da cidade e o ponto de
partida dos vetores de ocupaccedilatildeo ateacute a deacutecada de 1930 observa-se que neste periacuteodo as
praccedilas da avenida apresentavam um paisagismo inspirado nos jardins franceses Zama
Maciel4 relata sobre o planejamento de usos e ocupaccedilatildeo dessa aacuterea e a Figura 12 ilustra esse
periacuteodo
4 Zama Maciel foi um patense que exerceu as funccedilotildees de agrimensor professor inspetor de ensino vereador e redator dos jornais locais
Com relaccedilatildeo ao vetor de expansatildeo oeste
observa-se que o mesmo foi impulsionado
pela construccedilatildeo da nova ponte sobre o rio
Paranaiacuteba em aproximadamente 1926
retratada na Figura 11 Segundo
Dannemann (2013) a obra da ponte estava
sob os cuidados da Companhia Nacional de
Cimento Armado SA e ateacute 1970 serviu
como principal acesso agrave sede do municiacutepio
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Avenida Municipal com o seu atual quilocircmetro de extensatildeo foi
destinada agrave habitaccedilatildeo particular devida a sua exagerada
largura e agrave perspectiva que podem oferecer casas pequenas e
de bom gosto fronteando os seus passeios gramados e jardins
floridos que a pequenada destroacutei Nela preacutedios comerciais de
dois trecircs andares tornam-se ridiacuteculos porque natildeo tecircm
magnitude para se imporem agrave largura (repisamos) exagerada
com que os antigos irrefletidamente a construiacuteram Somente
edifiacutecios semelhantes agrave igreja matriz em construccedilatildeo come
cinquenta metros podem nela sobreviverem Pequenos preacutedios
vivendas graciosas de cujas janelas caiam trepadeiras no
conjunto dos jardins e na imensa claridade de nossas tardes
faratildeo dela recanto cobiccedilado agrave moradia Enfeia-la com preacutedios
comerciais de pequeno porte e com casas de diversotildees
barulhentas seraacute obra de mau gosto que se torna necessaacuterio
evitar (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos Patos de
Minas junho de 1937)
Figura 12 Avenida Getuacutelio Vargas parte ao sul da Catedral de Santo Antocircnio deacutecada de 1930 Ao
centro da figura o Palacete Amadeu Maciel Fonte Acervo Documental e de Imagens de Patos de
Minas Local MuP ndash Museu da Cidade de Patos de Minas
A seguir o Mapa 1 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o
ano de 1930 retrata a localizaccedilatildeo da implantaccedilatildeo da cidade proacuteximo a recursos drsquoaacutegua No
mapa estaacute presente a delimitaccedilatildeo do periacutemetro urbano do ano de 2015 que seraacute mantido
como ponto de referecircncia espacial para a malha urbana atual
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A Figura 13 datada da deacutecada de 1930 eacute uma vista aeacuterea da cidade no qual pode-se
perceber a implantaccedilatildeo e a forma urbana da cidade e os vetores de expansatildeo do iniacutecio do
seacuteculo XX aacuterea retratada pelo Mapa 1 apresentado anteriormente
Figura 13 Vista aeacuterea de Patos de Minas
Fonte Arquivo Daacutecio Pereira da Fonseca Fotografo desconhecido
Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=2650 Acesso em abril de 2014
Observa-se na Figura 13 a presenccedila de espaccedilos livres puacuteblicos dentre eles as Praccedilas da
Avenida Getuacutelio Vargas dos Boiadeiros Antoacutenio Dias Champagnat e Santana os espaccedilos
livres privados o Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo o Patos Tecircnis Clube (PTC) o campo de futebol
da Uniatildeo Recreativa dos Trabalhadores (URT) e o campo de futebol do Clube do Mamoreacute
Segundo Fonseca (1974) desde o final do seacuteculo XIX ateacute 1950 Patos de Minas tentou pleitear
a vinda da estrada de ferro para escoamento da produccedilatildeo agriacutecola da regiatildeo ateacute o Rio de
Janeiro e Satildeo Paulo Segundo Borges e Silva (2009) em 1934 o engenheiro carioca Neacutelson
Rodrigues efetuou o primeiro levantamento planialtimeacutetrico da cidade de Patos de Minas a
princiacutepio esse levantamento objetivava abrigar a estrada de ferro Patos-Catiara Em 1936
provavelmente o proacuteprio Neacutelson Rodrigues concluiu o primeiro Plano Urbano oficial da
cidade apresentado pela Figura 14
LEGENDA 1 ndashMajor Gote e Dr Marcolino 2 ndash Lagoa Grande 3 ndash Campo de Aviaccedilatildeo 4 ndash Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo 5 ndash Rua Dr Marcolino 6 ndash Rua Major Gote 7 ndash Coacuterrego do Monjolo 8 ndash PTC 9 ndash Campo da URT 10 ndash Cemiteacuterio Municipal 11 ndash Rio Paranaiacuteba 12 ndash Av Getuacutelio Vargas 13 ndash Matriz de Santo Antocircnio 14 ndash Rua Tiradentes 15 ndash Cadeia 16 ndash Praccedila dos Boiadeiros 17 ndash Praccedila Antocircnio Dias 18 ndash Av Paracatu 19 ndash Igreja do Rosaacuterio 20 ndash Praccedila Champagnat 21 ndash Rua Major Jerocircnimo 22 ndash Campo do Mamoreacute
23 ndash Praccedila Santana
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Figura 14 Plano Urbano de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fonte Prefeitura
Municipal de Patos de Minas
Destaca-se no plano de crescimento urbano a Rua Major Gote na eacutepoca denominada Rua
Desembargador Frederico Zama Maciel escreve ao jornal local sobre o plano urbano as vias
de caraacuteter comercial da cidade e sobre as intenccedilotildees de um zoneamento de usos para o
crescimento da cidade inspirados no urbanismo norte-americano
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A Prefeitura () mandou organizar a planta da cidade e
traccedilar-lhe as ruas futuras no objetivo de impedir o
crescimento desordenado() Neste trabalho foram
observadas tanto quanto possiacutevel as normas seguidas na
Ameacuterica do Norte onde geralmente as cidades satildeo
traccediladas em xadrez cortando-se as ruas em acircngulo reto
() As ruas comerciais estatildeo determinadas no referido
plano e dentre as atuais destacam-se Desembargador
Frederico e General Osoacuterio A primeira () deveraacute atravessar
a cidade de norte a sul e morreraacute na futura praccedila da
estaccedilatildeo ferroviaacuteria onde atualmente se ergue o barracatildeo
da Companhia do Trigo Seraacute futuramente a mais central da
cidade Eacute de uma boa norma localizar-se o comeacutercio em
determinadas zonas (zoneamento chamam a isto os
urbanistas) bem como as faacutebricas os edifiacutecios puacuteblicos as
escolas (natildeo as primaacuterias que devem ser espalhadas nos
bairros residenciais) devem tambeacutem ter as suas zonas
separadas () (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos
Patos de Minas junho de 1937)
A linha feacuterrea natildeo foi implantada na cidade e o crescimento urbano das deacutecadas seguintes
natildeo se ateve ao planejamento apresentado na deacutecada de 1930
132
DA DEacuteCADA DE 1940 ATEacute A DEacuteCADA DE 1960
AUMENTO POPULACIONAL
Comparando o plano urbaniacutestico apresentado para a cidade no final do seacuteculo XIX com a
expansatildeo da malha urbana observa-se que o crescimento urbano da cidade ocorreu de
forma mais dispersa do que o apresentado no plano O vetor de expansatildeo ao sul manteve
grande parte do planejamento embora apresentando quadras menores A aacuterea antes
ocupada pela Lagoa dos Patos e a aacuterea a nordeste da Lagoa foram as que mais se
distanciaram das ideias do plano urbaniacutestico apresentando uma malha urbana orgacircnica com
a presenccedila de muitas ruas sem saiacuteda
O Mapa 2 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1965 a seguir retrata o crescimento da malha urbana
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Segundo Magrini (2008) na deacutecada de 1950 houve um surto migratoacuterio e a instalaccedilatildeo de
diversas firmas comerciais Nesse periacuteodo construiu-se o primeiro Terminal Rodoviaacuterio com
verbas municipais e investimentos da iniciativa privada e teve iniacutecio tambeacutem a comemoraccedilatildeo
da Festa Nacional do Milho evento que ateacute hoje expressa as manifestaccedilotildees culturais da
regiatildeo
Figura 15 Patos de
Minas da deacutecada de
1960
Elaborado pela autora segundo fonte Arquivo de Marialda Coury Foto Joatildeo Lucas Ribeiro Borges
Observando o crescimento da malha urbana de Patos de Minas ateacute 1965 (ilustrado pela
Figura 15) pode-se constatar que houve uma grande expansatildeo da mesma entre a deacutecada de
1950 e 1960 Nesse periacuteodo o aumento populacional ocorreu predominantemente na aacuterea
urbana conforme mostra a Tabela 02 a seguir
Periacuteodo
Populaccedilatildeo Total do
Municiacutepio
Populaccedilatildeo Urbana do Municiacutepio
Populaccedilatildeo Rural do
Municiacutepio
1950 45399 12525 32874
1960 72839 32511 40328
1970 76211 44877 31334
1980 86121 63302 22819
1990 102946 87403 15543
2000 123881 111333 12548
2010 138710 127724 10986
2014 147614 - -
Tabela 2 Crescimento Populacional de Patos de Minas Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Magrini 2008 Populaccedilatildeo prevista segundo o IBGE
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Nas deacutecadas seguintes a 1960 como se pode antever pela Tabela 2 o crescimento da zona
rural foi diminuindo gradativamente e a populaccedilatildeo da aacuterea urbana aumentando
impulsionando o crescimento da malha urbana
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DA DEacuteCADA DE 1970 ATEacute A DEacuteCADA DE 1980
Incorporaccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua
Nas deacutecadas de 1960 e 1970 periacuteodo de ditadura Militar segundo Magrini (2010) Patos de
Minas passou por uma estagnaccedilatildeo econocircmica devido agrave emancipaccedilatildeo poliacutetica de dois
importantes Lagoa Formosa e Guimaracircnia no mesmo periacuteodo houve grande deslocamento
de patenses para a nova capital do paiacutes Brasiacutelia em busca de empregos
Justamente na eacutepoca da mudanccedila da capital do paiacutes para
Brasiacutelia Patos de Minas perde caracteriacutestica de centro
rodoviaacuterio e transforma-se no ldquopassa perto de Patosrdquo com
estradas asfaltadas em volta num eixo de 130 km Natildeo se
vinha aqui como antes ateacute que a BR 354 inaugurada em
1972 abolia este malfadado passa perto ressurgindo toda a
movimentaccedilatildeo comercial completada pela BR ndash 365 em
1974 (MELLO 1992 p54)
De 1965 ateacute os anos 1980 Patos de Minas praticamente dobrou a sua aacuterea de ocupaccedilatildeo
decorrente principalmente do processo de ecircxodo rural Segundo Oliveira (2010) os vetores
direcionavam para todos os sentidos sendo apenas o oeste limitado pelo Rio Paranaiacuteba os
cursos drsquoaacutegua menores natildeo foram uma barreira para esta expansatildeo
O Mapa 3 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1980 a seguir retrata o crescimento da malha urbana nesse periacuteodo
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Em 1982 foi iniciada a urbanizaccedilatildeo da Lagoa dos Japoneses a Lagoa Grande (Figura 16 e
Figura 17) com a reduccedilatildeo significativa da aacuterea alagada e a construccedilatildeo do Terminal
Rodoviaacuterio No entorno da lagoa foi criado o Parque Recreativo Dr Itagiba depois renomeado
como Parque Dr Itagiba Augusto Silva o primeiro parque urbano da cidade um dos principais
cartotildees postais da cidade espaccedilo de lazer e contemplaccedilatildeo
Figura 16 Projeto para o
Parque Recreativo Dr
Itagiba a construccedilatildeo ao
lado esquerdo da figura
representa o Terminal
Rodoviaacuterio Fonte Jornal
A Debulha O projeto do
parque Ano VIII nordm178
janeiro de 1988 paacuteg7
Figura 17 Planta do Parque Dr Itagiba Augusto Silva ndash Lagoa Grande Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2014
43 |
Em 1986 foi iniciada a canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo inicialmente uma Avenida
Sanitaacuteria no Coacuterrego do Monjolo (Figura 18) atualmente conhecida como Avenida Faacutetima
Porto as obras terminaram em 1996 Segundo Caixeta amp Vlach (2009) a canalizaccedilatildeo
acarretou inicialmente na ocupaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo do entorno e devido agrave resoluccedilatildeo dos
problemas sanitaacuterios que aiacute existiam
Figura 18 Canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo deacutecada de 1990 Foto Arquivo de Donaldo Amaro Teixeira Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=7568 Acesso em maio de 2015
Com o decorrer dos anos e a instalaccedilatildeo dos bairros no entorno o Coacuterrego do Monjolo passou
a apresentar problemas com enchentes e um forte odor provavelmente a canalizaccedilatildeo do
coacuterrego jaacute natildeo suportava mais o volume de aacutegua pluvial dos bairros aleacutem da presenccedila de
esgotos clandestinos Tais problemas geraram novos projetos de canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do
Monjolo nas deacutecadas seguintes
44 |
134
DA DEacuteCADA DE 1990 ATEacute OS DIAS ATUAIS
A FORMA URBANA ATUAL
No final da deacutecada de 1980 houve a descoberta da uma jazida de Fosfato Sedimentar na
localidade da Rocinha (aacuterea rural) o que impulsionou a instalaccedilatildeo de induacutestrias voltadas para
o agronegoacutecio iniciado pelas Sementes Agroceres SA (especialista tambeacutem em geneacutetica
suiacutena) Nesse periacuteodo ocorreu ainda um maior desenvolvimento teacutecnico da agricultura por
meio da irrigaccedilatildeo e do cultivo de novos cereais
Os reflexos do desenvolvimento comercial e industrial da regiatildeo foram notados na
implantaccedilatildeo de induacutestrias de confecccedilotildees agroinduacutestrias e na instalaccedilatildeo da multinacional Cica
que impulsionou o cultivo de milho ervilha e tomate5
A implementaccedilatildeo de induacutestrias somadas agraves pressotildees poliacuteticas acarretou na instalaccedilatildeo de um
distrito industrial na porsatildeo sul e oeste da cidade expandindo o periacutemetro urbano para aleacutem
das margens do Rio Paranaiacuteba A criaccedilatildeo do distrito industrial influenciou a ocupaccedilatildeo ao longo
da Avenida Presidente Juscelino Kubitschek construiacuteda nos anos 1970 para ligaccedilatildeo do nuacutecleo
urbano agraves rodovias BR-354 e BR-365 comportando-se entatildeo como principal acesso da
cidade
O Mapa 4 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o ano de
2015 a seguir apresenta a forma urbana atual da cidade
5 A multinacional Cica permaneceu na cidade ateacute 2001 depois se deslocou para o Estado de Goiaacutes quando perdeu parte dos incentivos fiscais oferecidos pela cidade
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Na deacutecada de 1990 a expansatildeo da malha urbana ultrapassou as aacutereas de algumas reservas
ambientais que se transformaram nos principais parques urbanos da cidade o Parque
Municipal do Mocambo (Figura 19) em 1990 e o Parque Municipal Joatildeo Luiz Redondo (Figura
20) em 1994 ambos localizados em aacutereas de lagoas
Figura 19 Parque Municipal do
Mocambo 1992 Fonte Arquivo
de Donaldo Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecadepatoscombr
p=8437 Acesso em marccedilo de
2015
Figura 20 Parque
Municipal Joatildeo Luiz
Redondo (Lagoinha)
deacutecada de 1990 Fonte
Arquivo de Donaldo
Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecade
patoscombrp=75
54 Acesso em marccedilo
de 2015
47 |
Foi criado tambeacutem na deacutecada de 1990 na Lei Municipal nordm 2872 de 03 de outubro de 1991
o Parque Mirante do Alto da Colina (ainda natildeo implantado) e a Lei Municipal nordm 2871 de 03
de outubro de 1991 declara a aacuterea denominada Lagoa e Bosque do ldquoPATAtildeOrdquo de preservaccedilatildeo
permanente onde desde entatildeo se cogita a implantaccedilatildeo de um parque urbano
Figura 21 Rua Mirico Caixeta ao fundo a Mata do Catingeuiro Evidenciando a falta de conexatildeo da
mata com o entorno Foto Acervo pessoal 2015
Figura 22 Rua 0 e o desmatamento na Mata do Catingeiro Foto Acervo
pessoal 2015
Em 2014 foi aprovada a criaccedilatildeo do Parque
de Preservaccedilatildeo Mata do Catingueiro uma
tentativa de proteger os restigios da mata
localizado no setor leste aacuterea que
recentemente recebeu muitos loteamentos
que foram implantados sem se estabelecer
uma aacuterea de transiccedilatildeo ou de integraccedilatildeo da
mata com a malha urbana sem passeios
ciclovias praccedilas ou parques conforme
ilustrado na Figura 21 A mata do
Catingueiro tem sido um constante alvo de
queimadas e desmatamento a Figura 22
mostra os vestiacutegios da mata
48 |
Figura 23 Programa MCMV- Jardim Quebec II com 437unidades localizado na porccedilatildeo noroeste da
cidade ao fundo da figura a mata ciliar do Rio Paranaiacuteba e plantaccedilotildees de cafeacute Foto Sacircmara C P Lima
2014
Na deacutecada de 2010 ocorreu a expansatildeo do periacutemetro urbano no sentindo norte pela primeira
vez para aleacutem do Coacuterrego do Limoeiro devido agrave instalaccedilatildeo de um campus da Universidade
Federal de Uberlacircndia na aacuterea Observa-se na Figura 23 que a aacuterea do extremo noroeste da
cidade estaacute em processo de expansatildeo da malha urbana e apresenta construccedilotildees habitacionais
do Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) na cidade
Notamos diversas transformaccedilotildees na malha urbana de Patos de Minas ao longo das deacutecadas
desde a implantaccedilatildeo do nuacutecleo urbano aos desdobramentos econocircmicos poliacuteticos e sociais
que direcionaram o crescimento da cidade e a transformaccedilatildeo da paisagem
O tecido urbano e o crescimento das cidades brasileiras como eacute o caso de Patos de Minas se
daacute pela conformaccedilatildeo do sistema viaacuterio pelos padrotildees de parcelamento do solo por
edificaccedilotildees e pelos espaccedilos livres Patos possui uma relaccedilatildeo cultural e econocircmica muito forte
com a zona rural A linha de transiccedilatildeo entre o urbano e o rural eacute muito tecircnue principalmente
nas aacutereas de borda urbana Nesses bairros de periferia ou de limite da mancha urbana a
cidade termina no outro lado da rua depois de uma cerca de arame sem nenhum espaccedilo de
transiccedilatildeo o outro lado da cerca se configura como um espaccedilo livre com muitas
potencialidades de uso e conflitos
49 |
Figura 24 Paisagem urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora
Em Patos de Minas a paisagem urbana eacute emoldurada por serras cobertas por diferentes
plantaccedilotildees (Figura 24) a cidade termina onde o Rio Paranaiacuteba passa ou a cidade termina
onde comeccedilam os fundos de vale Ora cidade ora zona rural A paisagem tambeacutem eacute marcada
pela Catedral um contraste no meio do aglomerado urbano em uma zona em processo de
verticalizaccedilatildeo onde a Catedral se esconde e se revela A Catedral marca o iniacutecio da ocupaccedilatildeo
da regiatildeo em uma aacuterea de chapada na beira da lagoa hoje a chapada foi praticamente toda
ocupada e os bairros das bordas urbanas ocupam as aacutereas mais elevadas da cidade Do alto
desses bairros da borda eacute possiacutevel ver as lagoas e os coacuterregos pressentes na cidade espaccedilos
que se configuram como parques praccedilas e chaacutecaras espaccedilos livres de edificaccedilatildeo que
ressaltam a identidade da cidade e a paisagem urbana
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21 ESPACcedilOS LIVRES
ESPACcedilOS ABERTOS AacuteREAS VERDES
O conceito de espaccedilo livre de edificaccedilatildeo eacute amplo e complexo Para Nucci (2001) os espaccedilos
livres fazem parte de um grande grupo paisagiacutestico urbano que pode ser subdividido em
vaacuterias categorias dependendo do seu uso e funccedilatildeo sendo entatildeo um termo bastante
abrangente que agrega todos os outros conceitos similares como espaccedilos abertos aacutereas
verdes aacutereas livres sistemas de aacutereas de lazer cobertura vegetal entre outros
Segundo Queiroga (2006) Miranda Magnoli em sua tese de livre-docecircncia6 buscou afirmar o
espaccedilo livre como o objeto do paisagismo indo aleacutem do jardim do projeto com vegetaccedilatildeo
e da escala urbana Nesse sentido definiu espaccedilo livre como espaccedilo livre de edificaccedilotildees todo
espaccedilo descoberto urbano ou natildeo vegetado ou natildeo puacuteblico ou privado De acordo com a
autora para a anaacutelise de um dado recorte escalar propotildee-se que o estudo dos espaccedilos livres
deva ir aleacutem dos espaccedilos vegetados e dos espaccedilos puacuteblicos envolvendo todos os espaccedilos
livres do referido recorte Ou seja para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na cidade
eacute preciso ir aleacutem da anaacutelise dos espaccedilos puacuteblicos ou dos vegetados eacute preciso identificar todas
as aacutereas natildeo construiacutedas na cidade os espaccedilos privados intra-lote os lotes e glebas ociosas
as ruas os passeios etc
Os espaccedilos livres satildeo um dos principais estruturadores da forma urbana e um dos principais
elementos caracterizadores da paisagem urbana Segundo Magnoli (1982) os espaccedilos livres
satildeo os ambientes natildeo edificados da cidade as ruas avenidas praccedilas parques quintais
jardins rios matas mangues praias urbanas ou simples vazios urbanos
Quando adotamos o termo aacutereas verdes ou aacutereas verdes urbanas nos referimos a um
subsistema dentro do Sistema de Espaccedilos Livres que engloba principalmente as aacutereas de
preservaccedilatildeo permanente (APPrsquos) reservas legais (RL) e a arborizaccedilatildeo urbana Segundo
6 MAGNOLI Miranda Espaccedilos livres e urbanizaccedilatildeo uma introduccedilatildeo a aspectos da paisagem metropolitana 1982 116 p Tese (Livre-docecircncia em Arquitetura e Urbanismo) ndash Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1982
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Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilo livre eacute adotado se sobrepondo contendo e
ampliando o conceito usual de aacutereas verdes termo que tem como base a necessidade de
espaccedilos livres dotados de vegetaccedilatildeo De acordo com o autor o termo aacutereas verdes eacute
reducionista desconsidera as caracteriacutesticas fundamentais do espaccedilo urbano como a
complexidade e diversidade das formas de apropriaccedilatildeo e apreensatildeo social e o fato real da
impossibilidade fiacutesica e mesmo da inconveniecircncia da existecircncia de vegetaccedilatildeo em
determinados espaccedilos livres
De acordo com Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilos livres natildeo desconsidera o papel
da vegetaccedilatildeo nas cidades brasileiras como elemento facilitador da drenagem urbana criador
de microclimas mais agradaacuteveis contribuindo para a manutenccedilatildeo da diversidade animal e
vegetal e ainda como fator de embelezamento urbano mas natildeo desconsidera a importacircncia
dos espaccedilos natildeo vegetados para inuacutemeras praacuteticas de relevacircncia cultural das feiras agraves festas
populares das manifestaccedilotildees poliacuteticas agrave valorizaccedilatildeo de determinadas paisagens e
patrimocircnios culturais
Entretanto apesar dos crescentes avanccedilos nas discussotildees sobre os espaccedilos livres muitos
autores planos diretores planos de uso e ocupaccedilatildeo ainda natildeo compreenderam o termo
como em Patos de Minas onde adota-se o termo aacutereas verdes nas leis municipais e plano
diretor Na Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo de Patos de Minas (2008) as aacutereas verdes satildeo
descritas como porccedilotildees situadas na Macrozona Urbana destinadas a oferecer espaccedilos
puacuteblicos adequados e qualificados agraves atividades de recreaccedilatildeo lazer e turismo da populaccedilatildeo
de forma a conciliar a proteccedilatildeo dos bens naturais e culturais As cidades precisam de reservas
de aacutereas verdes e de espaccedilos livres de qualidade para praacutetica de atividades culturais de lazer
e contemplaccedilatildeo Observa-se que na lei municipal de Patos de Minas existe uma sobreposiccedilatildeo
entre a funccedilatildeo das reservas de aacutereas verdes e dos espaccedilos de praacuteticas socias sobreposiccedilatildeo
essa presente no conceito dos espaccedilos livres
A implantaccedilatildeo dos espaccedilos livres puacuteblicos depende de uma gestatildeo adequada e integrada dos
recursos com uma fiscalizaccedilatildeo efetiva o que implica no desenvolvimento de poliacuteticas
puacuteblicas permanentes que viabilizem as intervenccedilotildees e necessidades dos espaccedilos livres
Segundo Loboda amp Angelis (2012) o planejamento das aacutereas verdes (puacuteblicas) urbanas parte
de uma definiccedilatildeo de recursos que eacute residual as necessidades satildeo amenizados com recursos
que sobram de outras atividades consideradas como mais prioritaacuterias e que geralmente
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incluem-se nesse acircmbito aquelas de cunho estrateacutegico poliacutetico e econocircmico O autor cita um
problema frequente em diversas cidades brasileiras a falta de recursos destinados aos
espaccedilos puacuteblicos e dentre eles as aacutereas verdes urbanas um dos principais espaccedilos livres das
cidades
De acordo com Magnoli (1982) a localizaccedilatildeo acessibilidade e distribuiccedilatildeo dos espaccedilos livres
formam um complexo sistema de conexotildees com muacuteltiplos papeacuteis urbanos atividades do oacutecio
circulaccedilatildeo urbana conforto conservaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo ambiental drenagem urbana
imaginaacuterio e memoacuteria urbana lazer e recreaccedilatildeo dentre outros Todas essas funccedilotildees
exercidas no ambiente urbano pelos espaccedilos livres assim como a localizaccedilatildeo acessibilidade
distribuiccedilatildeo tipos de usos e configuraccedilatildeo espacial estatildeo organizadas de maneira sistecircmica na
cidade formando o Sistema de Espaccedilos Livres
22 O PENSAMENTO SISTEcircMICO
As cidades independentemente da sua localidade histoacuteria e configuraccedilatildeo satildeo formadas de
modo geral por espaccedilos livres e espaccedilos edificados duas categorias espaciais estruturantes
da forma urbana A configuraccedilatildeo dos espaccedilos livres eacute variaacutevel nas cidades brasileiras por
diversas questotildees como caracteriacutesticas territoriais bioma configuraccedilatildeo paisagiacutestica pela
existecircncia ou ausecircncia de planos urbanos e principalmente pelos processos de urbanizaccedilatildeo e
de transformaccedilatildeo da paisagem
A cidade eacute um conjunto de elementos sistemas e funccedilotildees e os espaccedilos livres formam um dos
principais sistemas capaz de estruturar toda a configuraccedilatildeo urbana De acordo com Tardin
(2010) e DrsquoAgostini amp Cunha (2007) sistema eacute um conjunto de elementos passiacutevel de
estabelecer inter-relaccedilotildees fiacutesicas funcionais estruturais morfoloacutegicas e relativas agrave vivecircncia
da paisagem abertas e intricadas entre si com seu entorno e com as pessoas que o
vivenciam
De acordo com Morin (2008) apud Queiroga (2014) o conceito de sistema implica natildeo
somente elementos inter-relacionaacuteveis mas tais relaccedilotildees constituem uma organizaccedilatildeo e uma
estrutura relativamente estaacutevel que caracteriza o sistema como um todo A organizaccedilatildeo
54 |
sistecircmica por sua vez conteacutem as relaccedilotildees que definem o sistema e que o transformam
alterando sua estrutura possibilitando sua permanecircncia e contendo a possibilidade concreta
de sua dissoluccedilatildeo Para o autor o termo exprime multiplicidade totalidade diversidade
organizaccedilatildeo e complexidade
A noccedilatildeo de sistema auxilia o estudo dos espaccedilos livres urbanos e o entendimento das suas
relaccedilotildees de interdependecircncia complementaridade e hierarquia Segundo Schlee et al
(2009) considerando-se a paisagem como um macrossistema complexo formado de
subsistemas os espaccedilos livres urbanos constituem um dos seus subsistemas inter-
relacionados com outros subsistemas urbanos e rurais e que podem se justapor ao Sistema
de Espaccedilos Livres ou se sobrepor total ou parcialmente enquanto sistemas de accedilotildees
[] entende-se como sistemas de espaccedilos livres (SEL)
urbanos os elementos e as relaccedilotildees que organizam e
estruturam o conjunto de todos os espaccedilos livres de um
determinado recorte urbano independentemente de sua
dimensatildeo qualificaccedilatildeo esteacutetica funcional e de sua
localizaccedilatildeo e propriedade sejam eles puacuteblicos ou privados
[] toda cidade possui um sistema de espaccedilos livres que eacute
produzido durante seu processo de formaccedilatildeo tanto pelo
Poder Puacuteblico como pela iniciativa privada (MACEDO 2010
p 3 e 4)
O autor afirma que todas as cidades independente do seu porte de suas caracteriacutesticas
culturais e histoacutericas possuem um Sistema de Espaccedilos Livres Essa afirmaccedilatildeo incita diversas
questotildees que conduziram esta pesquisa pontos voltados ao objeto de estudo a cidade de
Patos de Minas uma cidade meacutedia
O SEL DE UMA MEGAacuteLOPOLE OU METROacutePOLE Eacute
DIFERENTE DO SEL DE UMA PEQUENA CIDADE OU DE
UMA CIDADE MEacuteDIA
O MESMO TIPO DE ANAacuteLISE QUE SE APLICA PARA O
ENTENDIMENTO DO SEL DE UMA CIDADE DE GRANDE
PORTE PODE SER APLICADO PARA UMA CIDADE DE
MEacuteDIO PORTE
EXISTEM TIPOS DE ESPACcedilOS LIVRES FUNCcedilOtildeES OU
RELACcedilOtildeES QUE CARACTERIZAM O SISTEMA DE ESPACcedilOS
LIVRES DE UMA CIDADE MEacuteDIA
55 |
23 OS ESPACcedilOS LIVRES NAS
CIDADES MEacuteDIAS
O espaccedilo livre eacute parte estruturante da forma urbana ele se configura em diferentes
categorias tipologias e caracteriacutesticas no meio urbano principalmente pela introduccedilatildeo ao
longo da histoacuteria de diferentes padrotildees urbaniacutesticos nas cidades O processo de urbanizaccedilatildeo
das cidades eacute uma soma e por vezes ateacute uma sobreposiccedilatildeo de padrotildees morfoloacutegicos esses
traccedilados geram diferentes paisagens com diferentes tipos de espaccedilos livres Incorporando ao
sistema um rico mosaico espacial formado por diferentes porcentagens de espaccedilos livres
intra lote caracteriacutesticos de traccedilados distintos por diferentes tipos de praccedilas aacutereas de
preservaccedilatildeo parques ruas e avenidas Aacutereas essas que apresentam diversos conflitos e
possuem um intenso potencial de transformaccedilatildeo
Segundo Macedo et al (2012) as cidades brasileiras possuem padrotildees morfoloacutegicas
semelhantes isso fica evidente na repeticcedilatildeo dos tipos de traccedilado (ortogonais orgacircnicos
radiais) e nos padrotildees de mancha urbana (linear tentacular compacta mista) O que confere
a especifidade das diversas cidades eacute a forma como elas estatildeo inseridas em seu contexto
territorial os arranjos espaciais seus padrotildees culturais socioeconocircmicos a legislaccedilatildeo
municipal as tipologias e funccedilotildees dos espaccedilos livres e a paisagem urbana Nas cidades meacutedias
brasileiras a forma como os padrotildees morfoloacutegicos se adequam ao suporte fiacutesico
transformando paisagem a local confere ao Sistema de Espaccedilos Livres diferentes dinacircmicas
espaciais funcionais e tipoloacutegicas
Como dito anteriormente neste trabalho a proposta natildeo eacute discutir o que determina uma
cidade como de meacutedio porte ou natildeo mas entender essas cidades como centro urbanos em
crescimento onde novos traccedilados e dinacircmicas urbanas satildeo somadas agrave cidade existente
transformando a paisagem local Na atual conjuntura brasileira segundo Tacircngari et al(2009)
apoacutes a deacutecada de 1980 as cidades meacutedias passaram a crescer mais rapidamente em
comparaccedilatildeo com as metroacutepoles um processo de diminuiccedilatildeo do movimento migratoacuterio em
direccedilatildeo agraves megaloacutepoles e o seu direcionamento para as cidades meacutedias que apresentam
grande potencial de crescimento econocircmico e tecircm seus atributos esteacuteticos e econocircmicos
56 |
valorizados atraveacutes da propagaccedilatildeo da ideia de que cidades de meacutedio porte podem apresentar
mais qualidade de vida que as grandes metroacutepoles
As cidades meacutedias reproduzem os padrotildees morfoloacutegicos e culturais vindos do contexto das
grandes cidades e das pequenas cidades ou povoados de seu entorno Um exemplo dessa
influecircncia vinda das grandes cidades satildeo os condomiacutenios fechados propostos inicialmente
pelo mercado imobiliaacuterio como locais de seguranccedila e lazer proacuteximos aos grandes centros
urbanos esse mesmo padratildeo de condomiacutenio fechado eacute aplicado nas cidades meacutedias onde a
criminalidade eacute bem menor e as distacircncias a serem percorridas satildeo mais curtas Um exemplo
da influecircncia vinda das pequenas cidades e povoados proacuteximos satildeo as chaacutecaras pastos e
plantaccedilotildees presentes dentro malha urbana
Patos de Minas eacute um exemplo de cidade meacutedia em crescimento que recebe influecircncias
culturais e de padrotildees morfoloacutegicos uma cidade que possui caracteriacutesticas especiacuteficas de seu
suporte fiacutesico de seu processo histoacuterico e cultura que influenciam diretamente na malha
urbana as tipologias de espaccedilos livres e os tipos de apropriaccedilatildeo desses espaccedilos
Se observarmos em Patos de Minas as caracteriacutesticas da condiccedilatildeo de cidade meacutedia como por
exemplo a localizaccedilatildeo estrateacutegica entre cidades de maior e menor porte Percebemos que a
cidade atrai pessoas do entorno para desfrutar de suas potencialidades econocircmicas e de seus
aparatos de lazer (parques praccedilas locais de exposiccedilatildeo agropecuaacuteria) o que contribui
diretamente para geraccedilatildeo de renda e uso dos espaccedilos A cidade possui uma relaccedilatildeo direta
com cidades de maior porte que servem de escoamento da produccedilatildeo e suprimento de
mercadorias essa relaccedilatildeo de proximidade atrai para cidade eventos e exposiccedilotildees e pode
motivar influecircncias sobre as tipologias de espaccedilos livres gerados (assim como o processo de
globalizaccedilatildeo tambeacutem pode exercer esse papel)
Eacute nesse contexto de crescimento das cidades meacutedias e influecircncias morfoloacutegicas e culturais
que o Sistema de Espaccedilos Livres precisa ser pensado e entendido como uma infraestrutura
baacutesica para o desempenho da vida cotidiana urbana Segundo Souza amp Macedo (2014) o SEL
deve oferecer condiccedilotildees de habitabilidade urbana e para isso eacute necessaacuterio que se estabeleccedila
um diagnoacutestico baseado na existecircncia ou ausecircncia de uma seacuterie de atributos urbanos
necessaacuterios e qualitativos que deveriam orientar accedilotildees poliacuteticas e projetos de maneira a
formar um Sistema de Espaccedilos Livres integrado agrave paisagem local e a demanda da populaccedilatildeo
57 |
O autor afirma que eacute preciso fazer uma leitura da cidade de seus condicionantes conflitos e
potencialidades para entender como se estrutura o SEL suas funccedilotildees e seu potencial de
transformaccedilatildeo e organizaccedilatildeo na cidade
Partimos para anaacutelise da forma urbana patense buscando o entendimento de como as
caracteriacutesticas especiacuteficas do suporte fiacutesico da organizaccedilatildeo espacial da situaccedilatildeo fundiaacuteria e
dos tipos de usos e funccedilotildees exercidas pelos espaccedilos livres estruturam o Sistema de Espaccedilos
Livres de Patos de Minas
24 OS ESPACcedilOS LIVRES NA FORMA URBANA DE
PATOS DE MINAS
Para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na forma urbana de Patos de Minas a
anaacutelise foi dividida em trecircs principais enfoques RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA CONFIGURACcedilAtildeO
ESPACIAL e RELACcedilAtildeO DE USOS DO SOLO A leitura da cidade apresentada por esses trecircs
acircngulos somada ao entendimento de paisagem forma urbana e da formaccedilatildeo e
transformaccedilatildeo da malha urbana patense apresentados no capiacutetulo anterior nos possibilitam
o entendimento do Sistema Espaccedilos Livres de Patos de Minas como um todo com suas
categorias tipoloacutegias e relaccedilotildees sistecircmicas
Os trecircs principais enfoques foram determinados com base nas principais caracteriacutesticas da
cidade nas suas peculiaridades na sua condiccedilatildeo de cidade de meacutedio porte Provavelmente
um outro tipo de cidade com outras caracteriacutesticas de paisagem demandaria outro segmento
de anaacutelise
58 |
241
RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA
ESPACcedilOS LIVRES x SUPORTE ambiental
O principal objetivo desse subcapiacutetulo eacute analisar as caracteriacutesticas do suporte ambiental sobre
o qual a cidade de Patos de Minas foi implantada buscando identificar quais espaccedilos livres
presentes na cidade incorporam esses elementos da paisagem O suporte ambiental eacute parte
da paisagem urbana ele eacute formado por elementos como corpos drsquoaacutegua vegetaccedilatildeo relevo
solos e clima
Estatildeo cada vez mais presentes nos planos diretores e na legislaccedilatildeo ambiental denominaccedilotildees
como reservas florestais puacuteblicas e privadas parques lineares parques ecoloacutegicos unidades
de conservaccedilatildeo aacutereas de proteccedilatildeo permanente (APPrsquos) aleacutem de referecircncias agrave
sustentabilidade e agrave ecologia Essas denominaccedilotildees muitas vezes geram espaccedilos livres
voltados agrave funccedilatildeo de conservaccedilatildeo e proteccedilatildeo ambiental Entretanto os espaccedilos livres
vinculados ao suporte fiacutesico natildeo possuem somente a funccedilatildeo de conservaccedilatildeo ambiental eles
possuem outros papeacuteis no meio urbano como recreaccedilatildeo infraestrutura urbana contribuir
com a drenagem pluvial possibilitar microclimas urbanos mais agradaacuteveis contribuir para
manutenccedilatildeo da biodiversidade e valores esteacuteticos Segundo Queiroga (2012) a
permeabilidade do solo e a cobertura arboacuterea permitem a conservaccedilatildeo de paisagens com
melhor desempenho ambiental mitigando problemas comuns nas aacutereas urbanas a qualidade
da aacutegua e do ar a manutenccedilatildeo da qualidade do solo controle de erosatildeo abastecimento dos
aquiacuteferos e regulaccedilatildeo das enchentes
Os espaccedilos livres vinculados ao suporte ambiental como os corpos drsquoaacutegua e a vegetaccedilatildeo
constantemente satildeo alvo de degradaccedilatildeo ambiental o que ressalta a sua funccedilatildeo ambiental
dentro do sistema Entretanto a mitigaccedilatildeo desses problemas natildeo eacute uma questatildeo pertinente
apenas ao planejamento ambiental das cidades De acordo com Jacobs (2001) as aacutereas livres
puacuteblicas estruturam o espaccedilo urbano satildeo o principal suporte espacial para o encontro e a
vivecircncia urbana Segundo a autora a degradaccedilatildeo do espaccedilo urbano observada pela reduccedilatildeo
de aacutereas puacuteblicas de lazer deficiecircncia na arborizaccedilatildeo urbana excessiva impermeabilizaccedilatildeo do
solo aumento da temperatura e criaccedilatildeo de ilhas de calor danos ambientais diversos
diminuiccedilatildeo da qualidade da ambiecircncia urbana e perda de qualidade de vida constitui um
59 |
problema que extrapola a esfera fiacutesicaespacial constituindo um problema social visto que
desencoraja o uso da rua e dos espaccedilos livres como locais de encontro necessaacuterios para a
manutenccedilatildeo das praacuteticas sociais
Ao longo do processo de urbanizaccedilatildeo das cidades brasileira foram comuns situaccedilotildees em que
aacutereas de reserva natural foram desmatadas para dar lugar a loteamentos coacuterregos foram
canalizados e desapareceram da paisagem urbana ou foram canalizadas a ceacuteu aberto tiveram
sua APP desmatada e impermeabilizada para dar lugar a avenidas e aacutereas construiacutedas como
no caso da Figura 26
Figura 26 Coacuterrego do Monjolo em Patos de Minas canalizado a ceacuteu aberto na deacutecada de 1970 com APP desmatada e grande parte do seu entorno impermeabilizado Agraves margens do coacuterrego a Av Faacutetima Porto Foto Acervo pessoal 2014
Atualmente esse tipo de tratamento de supressatildeo da vegetaccedilatildeo das APPrsquos em aacutereas
urbanizadas eacute cada vez mais incomum7 o que contribui para a conservaccedilatildeo desses recursos
naturais Entretanto gradativamente mais a legislaccedilatildeo ambiental trata a funccedilatildeo ambiental dos
espaccedilos como algo isolado entendendo as APPrsquos como locais onde natildeo podem existir
intervenccedilotildees desconsiderando que esses espaccedilos podem estar vinculados a outras funccedilotildees
como por exemplo recreaccedilatildeo educaccedilatildeo ambiental valorizaccedilatildeo da paisagem De acordo com
7 Os casos excepcionais nos quais eacute permitido a supressatildeo da vegetaccedilatildeo em APP estatildeo definidos pela Resoluccedilatildeo CONAMA 36906
11 |
CAPIacuteTULO 3 as unidades de paisagem
109 31 CONSIDERACcedilOtildeES METODOLOacuteGICAS
110 32 UNIDADES DE PAISAGEM DE PATOS DE MINAS
113 321 UNIDADE DE PAISAGEM 01
116 322 UNIDADE DE PAISAGEM 02
120 323 UNIDADE DE PAISAGEM 03
123 324 UNIDADE DE PAISAGEM 04
128 325 UNIDADE DE PAISAGEM 05
132 326 UNIDADE DE PAISAGEM 06
135 327 UNIDADE DE PAISAGEM 07
139 328 UNIDADE DE PAISAGEM 08
143 329 UNIDADE DE PAISAGEM 09
148 3210 UNIDADE DE PAISAGEM 10
151 33 AS UNIDADES DE PAISAGEM NA CIDADE
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS PERSPECTIVAS E DESAFIOS 154
SOBRE OS DESAFIOS A SEREM ENFRENTADOS 156
SOBRE OS POSSIacuteVEIS DESDOBRAMENTOS DA PESQUISA 157
REFEREcircNCIAS 159
ACERVOS ARQUIVOS E JORNAIS 159
LEIS E DECRETOS 159
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 160
ANEXOS 164
12 |
13 |
INTRODUCcedilAtildeO
SOBRE OS PENSAMENTOS NORTEADORES
O trabalho eacute um exerciacutecio de olhar para a cidade e ler entre seus traccedilados suas ruas lotes e
quadras Buscando entender as promessas que ficaram no ar os projetos vislumbrados mas
nunca concretizados que vatildeo desde a rua que natildeo foi asfaltada ateacute o coacuterrego canalizado que
natildeo foi aberto Entender o processo histoacuterico as relaccedilotildees culturais o desenho da malha
urbana que se estende por entre os fundos dos vales e acompanha o desenho dos coacuterregos e
rios
Grande parte da vida na cidade acontece em seus espaccedilos livres na praccedila natildeo implantadas
onde o vizinho planta milho na rua que recebe o tapete de Corpus Christi nas procissotildees
passeatas e desfiles na festa junina na praccedila da Igreja na eleiccedilatildeo da rainha do milho nas
folias de reis dos distritos da cidade A cidade se transforma no lote que vira campinho na
praccedila que vira estacionamento na gleba que vira pasto na lagoa que vira brejo na mata que
vira cinzas A zona rural aos poucos se transforma em malha urbana mas o rural natildeo perdeu
seu espaccedilo ele se manteacutem presente na paisagem urbana nas expressotildees culturais e nos
dialetos
Este trabalho eacute a continuidade do Trabalho Final de Graduaccedilatildeo apresentado a Faculdade de
Arquitetura Urbanismo e Desing da Universidade Federal de Uberlacircndia Sob a orientaccedilatildeo do
professor Glauco Cocazza foi desenvolvido um projeto de requalificaccedilatildeo para um dos
parques urbanos de Patos de Minas o Parque Municipal do Mocambo Durante o
desenvolvimento desse trabalho ficou evidente que natildeo soacute os ambientes do parque como
outros espaccedilos livres da cidade requeriam projetos de requalificaccedilatildeo que trabalhassem a
relaccedilatildeo eles com a cidade buscando o entendimento dos diferentes papeacuteis dos espaccedilos livres
na cidade deixando de pensar no planejamento urbano e no planejamento ambiental como
coisas isoladas Iniciaram-se aiacute as primeiras percepccedilotildees de que a cidade de Patos de Minas
possui diversas especificidades com relaccedilatildeo agrave interaccedilatildeo da paisagem urbana com seus
espaccedilos livres e edificados
14 |
SOBRE O MEacuteTODO
A dissertaccedilatildeo se fundamenta na anaacutelise de dados documentais primaacuterios como mapas
cedidos pela Prefeitura Municipal de Patos de Minas projetos de espaccedilos livres da cidade
levantamentos fotograacuteficos leis e decretos municipais e federais Baseia-se tambeacutem em
fontes secundaacuterias como revisatildeo bibliograacutefica dos temas norteadores da pesquisa registros
fotograacuteficos jornais locais e entrevistas informais com moradores da cidade e arquitetos da
prefeitura A dissertaccedilatildeo apresenta registros fotograacuteficos natildeo soacute do acervo da autora mas de
diferentes pessoas evidenciando pontos de vista e os diversos olhares sobre a cidade aleacutem
das fotos histoacutericas de arquivos puacuteblicos
A pesquisa adota como metodologia a anaacutelise do Sistema de Espaccedilos Livres e das Unidades de
Paisagem desenvolvida pelos estudos da rede nacional brasileira Quapaacute-SEL II (Quadro do
Paisagismo Brasileiro ndash Sistemas de Espaccedilos Livres) coordenada pelo LAB-QUAPAacute da FAUUSP
(Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Satildeo Paulo) cujo objetivo principal
eacute compreender as relaccedilotildees processuais contemporacircneas entre os Sistemas de Espaccedilos Livres
e a forma urbana das cidades brasileiras A pesquisa apresentada eacute tambeacutem parte integrante
dos estudos desenvolvidos pelo Nuacutecleo de Estudos Urbanos (NEURB) desenvolvido na
Faculdade de Arquitetura Urbanismo e Design (FAUeD) da Universidade Federal de
Uberlacircndia que tem como objetivo central compreender a importacircncia e o papel do Sistema
de Espaccedilos Livres na Forma Urbana das principais cidades meacutedias do Triacircngulo Mineiro e Alto
Paranaiacuteba contribuindo assim com os estudos do grupo nacional Quapaacute-SEL II
SOBRE O DECORER DOS CAPIacuteTULOS
O objetivo central do trabalho eacute analisar os espaccedilos livres presentes na forma urbana de
Patos de Minas e entender como esses espaccedilos estruturam o Sistema de Espaccedilos Livres (SEL)
Buscando esse entendimento a dissertaccedilatildeo foi dividida em trecircs momentos a anaacutelise da
paisagem e da forma urbana patense no primeiro capiacutetulo o entendimento do SEL no
segundo capiacutetulo e a aplicaccedilatildeo da metodologia de Unidades de Paisagem no terceiro capiacutetulo
O primeiro capiacutetulo apresenta os conceitos que iratildeo nortear a pesquisa a PAISAGEM URBANA
e a FORMA URBANA por meio de uma revisatildeo bibliograacutefica buscando a constataccedilatildeo do
estado da arte dos conceitos-chave O trabalho entende a paisagem como conceito
norteador para o entendimento da cidade da formaccedilatildeo e da transformaccedilatildeo da forma urbana
15 |
Depois de introduzidos os conceitos-chave o capiacutetulo apresentaraacute o processo de urbanizaccedilatildeo
da aacuterea de estudo a transformaccedilatildeo do tecido urbano e a incorporaccedilatildeo dos principais espaccedilos
livres de edificaccedilatildeo e edificados ressaltando as caracteriacutesticas histoacutericas econocircmicas
poliacuteticas e culturais que contribuem para a formaccedilatildeo da imagem da cidade
O segundo capiacutetulo analisa o SISTEMA DE ESPACcedilOS LIVRES na forma urbana de Patos de Minas
a partir de trecircs principais enfoques a relaccedilatildeo ecoloacutegica que busca entender a interaccedilatildeo entre
a forma urbana e os condicionantes do suporte fiacutesico (hidrografia geologia relevo
vegetaccedilatildeo) a configuraccedilatildeo espacial que revela a organizaccedilatildeo da malha urbana e a interaccedilatildeo
dos espaccedilos livres na malha e a relaccedilatildeo de usos do solo que analisa a relaccedilatildeo dos espaccedilos
livres com a situaccedilatildeo fundiaacuteria e a distribuiccedilatildeo dos usos do solo na cidade
No capiacutetulo sobre o Sistema de Espaccedilos Livres as anaacutelises foram feitas na escala da cidade No
capiacutetulo seguinte que trata das Unidades de Paisagem as apreciaccedilotildees foram feitas na escala
das unidades ou seja a anaacutelise dos espaccedilos livres da cidade vai do macro ao micro A
aplicaccedilatildeo da metodologia das Unidades de Paisagem permite transitar entre as escalas de
anaacutelise e aprofundar nas caracteriacutesticas e peculiaridades do Sistema de Espaccedilos Livres
presentes em cada unidade
O terceiro capiacutetulo apresenta a metodologia das UNIDADES DE PAISAGEM a identificaccedilatildeo das
Unidades de Paisagem presentes em Patos de Minas e a anaacutelise cada uma delas O trabalho
entende as Unidades de Paisagem como porccedilotildees do Sistema de Espaccedilos Livres cujas relaccedilotildees
entre os espaccedilos livres os espaccedilos edificados possuem caracteriacutesticas especiacuteficas de
centralidade hierarquia distribuiccedilatildeo e organizaccedilatildeo que os distingue dos demais conjuntos de
relaccedilotildees
O fechamento do trabalho apresenta de maneira sinteacutetica uma apreciaccedilatildeo do que foi
apresentado em cada capiacutetulo apontando os questionamentos e resultados que surgiram no
decorrer da anaacutelise Depois satildeo enumerados os principais desafios a serem enfrentados pelo
o planejamento urbano e ambiental de Patos de Minas para a gestatildeo do SEL da cidade
Adiante satildeo apresentados os possiacuteveis desdobramentos da pesquisa evidenciando as
possibilidades de continuidade e aprofundamentos teoacutericos e praacuteticos sobre o objeto de
estudo
16 |
17 |
11 PAISAGEM URBANA
CONCEITUACcedilAtildeO
A compreensatildeo do conceito de paisagem urbana eacute o principal enfoque no presente trabalho
para assimilaccedilatildeo da configuraccedilatildeo urbana da incorporaccedilatildeo dos elementos do suporte fiacutesico na
formaccedilatildeo e na transformaccedilatildeo da forma urbana e entendimento do papel do Sistema de
Espaccedilos Livres na cidade
O estudo da paisagem possibilita uma melhor percepccedilatildeo da estrutura da cidade a
compreensatildeo do siacutetio natural e da interferecircncia humana no mesmo esse conhecimento pode
direcionar o planejamento urbano para tanto a clareza do conceito de paisagem e seus
sombreamentos eacute de extrema importacircncia
Natildeo existe um consenso sobre o conceito de paisagem a discussatildeo sobre paisagem transita
por diversas aacutereas com diferentes definiccedilotildees ecircnfases e meacutetodo de abordagem Segundo o
geoacutegrafo Bertrand (2004) as diferenccedilas de abordagem no conceito de paisagem satildeo
influenciadas pela formaccedilatildeo e os objetivos do observador e pode enfatizar a vegetaccedilatildeo a
hidrografia o clima o relevo a economia a arquitetura ou o processo histoacuterico A
metodologia de anaacutelise poderaacute ser temporal baseada nos aspectos fiacutesicos e se referir agraves
relaccedilotildees e dinacircmicas internas ou ainda um conjunto de diversas anaacutelises Ou seja a
percepccedilatildeo individual somada aos objetivos e ao enfoque do observador interferem
diretamente na leitura da paisagem e no conceito da mesma
Segundo Rougerie e Beroutchatchvili (1991) apud Maximiano (2004) a Unesco (Organizaccedilatildeo
para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura das Naccedilotildees Unidas) declarou em 1971 considerar que a
paisagem eacute a ldquoestrutura do ecossistemardquo e o Conselho Europeu diz que ldquoo meio natural
moldado pelos fatores sociais e econocircmicos torna-se paisagem sob o olhar humanordquo Jaacute a
ldquopaysagerdquo francesa refere-se principalmente aos aspectos visuais O termo holandecircs com o
mesmo sentido eacute ldquovisueellandschaprdquo Para os alematildees ldquolandschaftrdquo envolve a noccedilatildeo de
territoacuterio semelhante ao ldquolandscape inglecircsrdquo Ambos tambeacutem se referem ao aspecto visual A
18 |
geografia sovieacutetica tem seus proacuteprios termos ldquomesnost e ourotchitcherdquo que possuem valor
territorial aos quais os russos acrescentam ldquolandschaftrdquo emprestado dos alematildees
Segundo Maximiano (2004) para alguns socioacutelogos e economistas a paisagem eacute a base do
meio fiacutesico onde o homem a utiliza e a transforma ou natildeo para alguns botacircnicos e ecoacutelogos
a paisagem eacute um conjunto de organismos num meio fiacutesico cujas propriedades podem ser
explicadas segundo leis ou modelos com ajuda das ciecircncias fiacutesicas eou bioloacutegicas para
alguns geoacutegrafos ela resulta da relaccedilatildeo dinacircmica de elementos fiacutesicos bioloacutegicos e
antroacutepicos
ldquoA expressatildeo ldquopaisagemrdquo() passava a manifestar-se com
significados amplos complexos poreacutem bastante vagos
indistintos incompletos premissas comuns eram ldquoa naturezardquo e
a censura agrave accedilatildeo do homem A percepccedilatildeo das mudanccedilas
naturais ndash de tempos bioloacutegicos ndash e tambeacutem aquelas raacutepidas
extensas e difusas do trabalho do homem ndash de tempos
histoacutericos ndash levantava novamente a relaccedilatildeo homem-natureza
Seria esta relaccedilatildeo com todos os apelos e juiacutezos ndash imprecisos
indefinidos ndash que seria associada agrave palavra lsquopaisagemrsquordquo
(MAGNOLI e MACEDO 2000 p132-133)
O estudo da paisagem passou a ganhar relevacircncia entre os arquitetos a partir dos anos de
1960 Segundo Sandeville (2006) esse processo pode ser exemplificado inicialmente pelos
trabalhos de Kevin Lynch Cristopher Alexander Amos Rapoport Yi Fu Tuan e Vittorio
Gregotti1 De acordo com Gregotti (1983) o entendimento da paisagem eacute um instrumento
que o arquiteto tem que ter em matildeos para analisar o lugar e o espaccedilo sobre o qual se projeta
Entretanto a paisagem entendida soacute como o conjunto das caracteriacutesticas fiacutesicas e
geomorfoloacutegicas de cunho bioloacutegico e mineraloacutegico natildeo eacute suficiente para elaboraccedilatildeo do
1LYNCH K A imagem da cidade (1960) ALEXANDER C Unlenguage de patrones (1980) RAPOPORT A
Aspectos humanos de la forma urbana (1978) TUAN Y F Espaccedilo e lugar (1983) GREGOTTI V Nuevos
caminos de La arquitectura italiana (1969)
19 |
projeto eacute preciso que a leitura da paisagem expresse as accedilotildees cotidianas os usos dos
espaccedilos e a cultura local
No Brasil Miranda Magnoli inicia seus estudos sobre a paisagem e o ambiente na deacutecada de
1970 baseada nas anaacutelises estadunidenses de planejamento da paisagem reconhecendo a
importacircncia das caracteriacutesticas socioespaciais mas sem reduzir a paisagem aos aspectos
formais O modo como Miranda discutiu a paisagem segundo Sandeville (2006) ultrapassou
as limitaccedilotildees da relaccedilatildeo figura-fundo a qual reforccedila a paisagem como cenaacuterio um entorno
transformado por uma arquitetura de edifiacutecio promovendo a cenarizaccedilatildeo da ideia de
paisagem Sua reflexatildeo estabeleceu bases para o conceito da arquitetura como o projeto do
ldquoambiente humanordquo a necessidade de compreensatildeo do contexto no qual se insere o objeto
projetado
A definiccedilatildeo do conceito de paisagem adotada para este trabalho eacute a desenvolvida por
Miranda Magnoli (1982) na qual a morfologia da paisagem eacute definida como resultante da
interaccedilatildeo entre a loacutegica proacutepria dos processos do suporte (geologia clima solo relevo
vegetaccedilatildeo e sol aacutegua e ventos) e a loacutegica proacutepria dos processos antroacutepicos sociais e culturais
(parcelamentos escavaccedilotildees plantaccedilotildees construccedilotildees edificaccedilotildees etc) Essa anaacutelise da
paisagem urbana considera os diversos atores que nela interferem seus aspectos fiacutesicos
socioeconocircmicos culturais e seu processo evolutivo natildeo eacute simplesmente bem organizada ou
normativa eacute tambeacutem uma anaacutelise poeacutetica e simboacutelica fala das pessoas e de suas histoacuterias de
suas aspiraccedilotildees tradiccedilotildees e conflitos do conjunto natural das funccedilotildees e da dinacircmica urbana
O estudo da paisagem possibilita um melhor entendimento da estrutura da cidade a
compreensatildeo do siacutetio natural e da interferecircncia humana no mesmo esse conhecimento pode
direcionar o planejamento urbano para tanto o entendimento do conceito de paisagem e
seus sombreamentos eacute de extrema importacircncia Segundo Oseki amp Pellegrino (2004) um
planejamento ecoloacutegico da paisagem pode fornecer as ferramentas necessaacuterias para
integraccedilatildeo entre sociedade e natureza incorporando diretrizes ambientalmente desejaacuteveis
para a melhoria da habitabilidade da cidade de sua sustentabilidade e de sua imagem
Para Oseki amp Pellegrino (2004) as paisagens satildeo ao mesmo tempo produzidas socialmente e
produtoras (indutoras) de praacuteticas sociais podem ser utilizadas no planejamento no projeto
e gestatildeo de espaccedilos livres (nas escalas espaciais local regional e continental) o que lhes
20 |
confere importacircncia no planejamento urbano e regional o que tem sido ignorado pelos
oacutergatildeos responsaacuteveis pela gestatildeo do territoacuterio Segundo Macedo (1993) a paisagem eacute processo
e produto das accedilotildees humanas eacute processo na medida em que estaacute em constante mutaccedilatildeo e
compreende as diversas forccedilas que nela atuam ora em conflito ora em consonacircncia de
objetivos eacute produto pois a cada instante apresenta-se como objeto acabado dessas accedilotildees e
forccedilas aplicadas
Figura 2 Avenida Getuacutelio Vargas em Parto de Minas Vista parcial da paisagem urbana Fonte httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=1534357amppage=92 Foto Fotoacutegrafo desconhecido
O presente trabalho entende a paisagem como algo que caracteriza a cidade que lhe confere
identidade e a distingue das demais A paisagem retrata a forma urbana e a cultura da
populaccedilatildeo a maneira como as pessoas constroem suas casas e onde constroem se na beira
do rio no alto das serras ou nas chapadas Eacute a histoacuteria local contada por meio da mudanccedila do
cenaacuterio e da mudanccedila dos padrotildees arquitetocircnicos nas casas que permanecem do periacuteodo
neocolonial ou no estilo ecleacutetico nas casas que surgiram no estilo moderno nas reformas
nas construccedilotildees que satildeo tombadas e nas que satildeo derrubadas A paisagem eacute contada pelas
aacutervores pelas flores plantadas e replantadas nas calccediladas calccediladas por vezes remendadas A
paisagem eacute o reflexo do processo social dos bairros que se formam das pessoas que se
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mudam da economia que se desenvolve modificando o comercio instalando novas induacutestrias
e quem sabe ateacute bairros industriais gerando renda para urbanizaccedilatildeo de novas aacutereas ou a
verticalizaccedilatildeo de outras
O entendimento da paisagem enquanto elemento caracterizador da imagem das cidades eacute
um instrumento para a melhoria e manutenccedilatildeo dos valores da mesma Possui uma relaccedilatildeo
direta com histoacuteria da cidade com os valores culturais com o processo de formaccedilatildeo e de
transformaccedilatildeo da forma urbana e com os elementos que a constituem Partimos entatildeo para o
estudo da forma urbana com seus enfoques conceituais desdobramentos teoacutericos e
praacuteticos
12
MORFOLOGIA E FORMA URBANA
FORMA URBANA MALHA URBANA TECIDO
URBANO
Figura 3 Forma Urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora 2014
Eacute constante a confusatildeo ao conceituar termos
como morfologia forma urbana malha
urbanatecido urbano elementos morfoloacutegicos
termos que ora se sobrepotildeem ora se englobam
ora se dividem
EXISTE UM CONSENSO SOBRE O CONCEITO
DE FORMA URBANA
A DEFINICcedilAtildeO DE FORMA URBANA ENGLOBA
O TRACcedilADO DAS RUAS OS CHEIOS E VAZIOS
OS USOS E AS TIPOLOGIAS CONSTRUIacuteDAS OU
SERIA SOacute O DESENHO QUE SE FORMA NO
ENCONTRO DAS BORDAS DA OCUPACcedilAtildeO
FORMA URBANA Eacute SINOcircNIMO DE TECIDO
URBANO OU O TECIDO Eacute PARTE DA FORMA
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A morfologia urbana eacute um campo disciplinar que abrange o estudo das cidades das formas
dos tecidos e da paisagem O estudo da morfologia contribui para o entendimento da
estrutura da cidade sua formaccedilatildeo e transformaccedilatildeo por meio de seus elementos
constituintes Segundo Lamas (2004) os elementos morfoloacutegicos constituintes satildeo o solo os
edifiacutecios o lote o quarteiratildeo a fachada o logradouro o traccediladorua a praccedila o monumento
a vegetaccedilatildeo e o mobiliaacuterio urbano O autor denomina como elementos morfoloacutegicos as partes
fiacutesicas que associadas ou estruturadas constituem a forma urbana Existem diversos
conceitos e definiccedilotildees que abordam a morfologia das cidades este trabalho apresentaraacute
algumas delas
Segundo Del Rio (1990) a anaacutelise da morfologia urbana estaacute em compreender a loacutegica da
formaccedilatildeo evoluccedilatildeo e transformaccedilatildeo da forma da cidade e de suas inter-relaccedilotildees a fim de
possibilitar a identificaccedilatildeo de accedilotildees mais apropriadas cultural e socialmente para a
intervenccedilatildeo urbana e o desenho de novos espaccedilos Segundo Rossi (2001) a cidade eacute uma
obra reconhecida pelo conjunto de sua forma mas tambeacutem pode ser identificada por
pequenas partes do conjunto em seus diversos momentos a forma urbana eacute a soma dos
diversos tecidos e padrotildees morfoloacutegicos que formam a cidade
O tecido urbano ou a malha urbana de acordo com Rego e Meneguetti (2011) satildeo
configurados pelo sistema viaacuterio pelo padratildeo do parcelamento do solo pela aglomeraccedilatildeo e
pelo isolamento das edificaccedilotildees assim como pelos espaccedilos livres Em outras palavras o
tecido de cidade eacute dado pelos edifiacutecios ruas quadras e lotes parques praccedilas e monumentos
nos seus mais variados arranjos Esses elementos morfoloacutegicos presentes no tecido urbano
segundo Moudon (1997) devem ser considerados como organismos ndash constantemente em
atividade e assim em transformaccedilatildeo ao longo do tempo eles existem em inter-relaccedilatildeo com
as estruturas edificadas conformando e sendo conformadas pelos espaccedilos livres O modo
como cada um desses elementos morfoloacutegicos se organizou e conforma o tecido da cidade
pode ser entendido como um objeto de estudo da morfologia urbana
A forma urbana reflete os processos de formaccedilatildeo da cidade os processos sociais que se
consolidam nos tecidos urbanos que levam a sociedade a construir de uma maneira
determinada e caracteriacutestica suas casas escolas comeacutercios induacutestrias etc Segundo
Carvalho (2011) os tecidos urbanos satildeo configurados a partir da homogeneidade dos
seguintes elementos traccedilado da malha viaacuteria padrotildees de uso (residencial comercial de
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serviccedilos e industrial) padratildeo edificado (padratildeo arquitetocircnico e do gabarito) e suporte fiacutesico
(topografia vegetaccedilatildeo e hidrografia
De acordo com Moudon (1997) os morfologistas atentam para os resultados tangiacuteveis de
questotildees sociais econocircmicas poliacuteticas ou seja estudam a manifestaccedilatildeo de ideias e
intenccedilotildees agrave medida que elas tomam forma no chatildeo e moldam as cidades O estudo
morfoloacutegico das cidades pode ser dividido em escolas de pensamento dentre elas a escola
italiana a escola francesa e a escola inglesa as quais analisaremos sinteticamente
observando suas principais caracteriacutesticas metodoloacutegicas bases bibliograacuteficas e formas de
pensamento
A escola italiana conforme Mondon (1997) tem seu iniacutecio nos estudos do arquiteto Saverio
Muratori (1910 ndash 1973) e de Gianfranco Caniggia (1933 ndash 1987) na deacutecada de 1940 Segundo
Rosaneli (2011) essa escola de pensamento possui como principal distintivo a preocupaccedilatildeo
com o destino das cidades histoacutericas italianas sobretudo devido aos efeitos das intervenccedilotildees
modernistas Essa escola apresenta uma maior preocupaccedilatildeo com o estudo tipoloacutegico das
edificaccedilotildees (fachadas estilos arquitetocircnicos gabarito) e de suas transformaccedilotildees ao longo do
tempo
A escola francesa apresenta ecircnfase na reflexatildeo geograacutefica e historiograacutefica sobre as cidades e
possui a contribuiccedilatildeo do socioacutelogo Henri Lefebvre (1901 ndash 1991) Assim como a escola italiana
a escola francesa se opotildee aos efeitos das intervenccedilotildees modernistas Rosaneli (2011) propotildee
uma reforma educacional no campo dos estudos urbanos e busca consolidar uma nova
ldquodisciplinardquo com duplo objetivo primeiro uma pesquisa descritiva multidisciplinar do espaccedilo
construiacutedo a fim de reconhecer ingredientes de um bom desenho e segundo a identificaccedilatildeo
e criacutetica de modelos teoacutericos de desenho urbano
A escola inglesa eacute fundamentada nos estudos do geoacutegrafo alematildeo Conzen (1907 ndash 2000) e
inicia-se na deacutecada de 1960 De acordo com Moudon (1994) a escola inglesa possui uma
anaacutelise morfoloacutegica descritiva analiacutetica e explanatoacuteria concentra-se no estudo da forma
urbana e apresenta o mais completo detalhado e sistemaacutetico meacutetodo tipo morfoloacutegico das
trecircs escolas
Conzen fundamenta-se na aplicabilidade da leitura dos planos urbanos (ldquotown-plansrdquo) para o
entendimento da formaccedilatildeo urbana De acordo com Conzen (1960) apud Rosaneli (2011) os
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trecircs fundamentais elementos que compotildee os planos satildeo as ruas que estatildeo arranjadas em um
traccedilado os lotes ou parcelas individuais de terra juntamente com as quadrasquarteirotildees e os
edifiacutecios com seus conjuntos construiacutedos As diversas combinaccedilotildees desses trecircs principais
elementos constituiriam unidades distintas com ldquohomogeneidade morfoloacutegicardquo o que o
autor denominou de tecido urbano (ldquoplan unitrdquo ldquourban fabricrdquo ou ldquotessuto urbanordquo para a
escola italiana)
A morfologia urbana e suas diferentes escolas de pensamento retratam o estudo da forma
urbana e de seus elementos estruturantes dos processos culturais sociais econocircmicos e
poliacuteticos Os estudos morfoloacutegicos que mais se aplicam agrave presente pesquisa satildeo os da escola
inglesa onde desenvolve-se uma anaacutelise descritiva e analiacutetica do processo de urbanizaccedilatildeo
estudando as unidades com ldquohomogeneidade morfoloacutegicasrdquo trabalhadas nessa pesquisa por
meio das Unidades de Paisagem (porccedilotildees territoriais com semelhanccedila de traccedilado e interaccedilatildeo
entre os espaccedilos livres e edificados) e atraveacutes da anaacutelise do Sistema de Espaccedilos Livres uma
organizaccedilatildeo sistecircmica dos espaccedilos livres das diversas Unidades de Paisagem presentes em
uma aacuterea definida
Para o entendimento da configuraccedilatildeo do Sistema de Espaccedilos Livres Patense e de suas
Unidades de Paisagem partimos do estudo do processo de urbanizaccedilatildeo de Patos de Minas
observando as caracteriacutesticas morfoloacutegicas histoacutericas culturais e da paisagem urbana
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13 FORMACcedilAtildeO E TRANSFORMACcedilAtildeO DA
MALHA URBANA PATENSE
Figura 4 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Patos de Minas e apresentaccedilatildeo da forma urbana da cidade Elaborado pela autora segundo fonte Mapas da Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2006 e 2015
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Patos de Minas eacute uma cidade meacutedia2 da regiatildeo intermediaacuteria agrave Mesorregiatildeo do Triacircngulo
Mineiro e Alto Paranaiacuteba Considerada poacutelo econocircmico regional a maior cidade da
microrregiatildeo do Alto Paranaiacuteba que eacute composta por 10 municiacutepios O municiacutepio de Patos de
Minas eacute formado por sete distritos o distrito sede eacute a cidade de Patos de Minas e os outros
satildeo Bom Sucesso Chumbo Major Porto Pilar Pindaiacutebas e Santana de Patos (identificados na
Figura 4)
Segundo o IBGE (2010) o municiacutepio de Patos de Minas possui aacuterea de 3189771Kmsup2
densidade demograacutefica de 4349 habkmsup2 e populaccedilatildeo de aproximadamente 147614
habitantes (populaccedilatildeo estimada em 2014)
Patos de Minas situa-se no Planalto Central Minas GeraisGoiaacutes com altitudes meacutedias de 800
a 900 metros Localiza-se entre duas grandes bacias hidrograacuteficas brasileiras a do Satildeo
Francisco e a do Paranaacute Sua localizaccedilatildeo estrateacutegica permite a ligaccedilatildeo da cidade a centros
comerciais como Uberlacircndia Belo Horizonte Brasiacutelia e Satildeo Paulo facilitando o intercacircmbio
comercial e o desenvolvimento econocircmico
De acordo com o IBGE (2012) o PIB (Produto Interno Bruto) do municiacutepio tem sua economia
baseada principalmente no setor de serviccedilos seguido do setor industrial e da agricultura
conforme Tabela 1
2 A dissertaccedilatildeo adota a conceituaccedilatildeo de cidades meacutedias desenvolvida por Amorim Filho e Serra (2001) cidade que ocupam uma posiccedilatildeo estrateacutegica na hierarquia urbana oferecendo suporte agraves cidades pequenas conforme a funccedilatildeo que desempenham e estabelecendo ligaccedilotildees com as cidades maiores intermediando as relaccedilotildees entre estes dois niacuteveis urbanos De acordo com os autores essas cidades satildeo espaccedilos de relaccedilotildees e natildeo de polarizaccedilatildeo ou dominaccedilatildeo satildeo cidades natildeo tatildeo pequenas a ponto de limitar as possibilidades de crescimento econocircmico e intelectual de seus habitantes e nem tatildeo grandes a ponto de onerar ndash e ateacute pocircr em risco ndash a vida da maioria de seus moradores
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Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas - 2012
Impostos sobre produtos liacutequidos de subsiacutedios a preccedilos correntes
248946 mil reais
PIB a preccedilos correntes 2495732 mil reais
PIB per capita a preccedilos correntes 1770650 mil reais
Valor adicionado bruto da agropecuaacuteria a preccedilos correntes 255908 mil reais
Valor adicionado bruto da induacutestria a preccedilos correntes 432152 mil reais
Valor adicionado bruto dos serviccedilos a preccedilos correntes 1558725 mil reais
Tabela 1 Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas-2012 Fonte IBGE 2012 em parceria com os Oacutergatildeos Estaduais de Estatiacutestica Secretarias Estaduais de
Governo e Superintendecircncia da Zona Franca de Manaus ndash SUFRAMA Disponiacutevel em
httpwwwcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=314800ampidtema=134ampsearch=mina
s-gerais|patos-de-minas|produto-interno-bruto-dos-municipios-2012 Acesso em dezembro de 2014
Entretanto observa-se que entre os setores o que mais exerce influecircncia cultural no
municiacutepio e na dinacircmica urbana eacute a agricultura somada a pecuaacuteria e ao agronegoacutecio
caracterizando as festas locais as manifestaccedilotildees culturais as formas de apropriaccedilatildeo da
paisagem as tipologias predominantes de espaccedilos livres e a histoacuteria de ocupaccedilatildeo do
municiacutepio Na agroinduacutestria destaca-se a produccedilatildeo de leite e derivados sementes e adubos
defensivos agriacutecolas carne suiacutena e derivados e alimentos enlatados A agricultura sempre
caracterizou a economia e a cultura local os produtos que se destacam satildeo o arroz soja
feijatildeo cafeacute maracujaacute tomate horticultura e o milho siacutembolo da festa regional a Festa
Nacional do Milho A pecuaacuteria possui significativa importacircncia econocircmica para o municiacutepio a
regiatildeo faz parte de uma das maiores bacias leiteiras do paiacutes Patos de Minas tambeacutem eacute
considerada poacutelo nacional de geneacutetica suiacutena detendo 70 da tecnologia nacional em
melhoramentos suiacutenos
Para analisarmos como se formou a cidade de Patos de Minas apresentaremos seus periacuteodos
urbanos em cinco partes a primeira retrata o iniacutecio do povoado ateacute 1930 depois de 1940 a
deacutecada de 1960 em seguida de 1970 ateacute a deacutecada 1980 e por fim o periacuteodo que vai de 1990
ateacute o ano de 2015 buscando assim retratar o crescimento urbano os principais
acontecimentos histoacutericos e a incorporaccedilatildeo dos elementos da paisagem
28 |
131
DO INIacuteCIO DO POVOADO ATEacute A DEacuteCADA DE 1930
BORGES X MACIEacuteIS
O processo de colonizaccedilatildeo da
regiatildeo ocupada hoje pelo
municiacutepio de Patos de Minas
teve iniacutecio provavelmente na
segunda metade do seacuteculo XVIII
antes mesmo da descoberta do
ouro no estado de Minas Gerais
com as bandeiras rumo agraves terras
de Paracatu A cidade de Patos
de Minas surgiu na segunda
deacutecada do seacuteculo XIX em torno
da Lagoa dos Patos (delimitada
na Figura 5) onde segundo as
descriccedilotildees histoacutericas existia uma
enorme quantidade de patos
silvestres
Figura 5 Crescimento Urbano de Patos de Minas ateacute o iacutenicio do seacuteculo XIX Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas Disponiveacutel em
httpwwwpatosdeminasmggovbrgaleriahistoricaspagesimage16php Acesso em maio de
2014 Elaborado pela autora
Segundo Oliveira Mello (1971) o povoado que deu origem a cidade de Patos de Minas se
iniciou em 1826 com a doaccedilatildeo do terreno por Antocircnio Joaquim da Silva Guerra e sua esposa
Luzia Correcirca de Andrade para a construccedilatildeo da capela de Santo Antocircnio situada hoje na atual
Praccedila Dom Eduardo proacutexima agrave Lagoa dos Patos na Avenida Liberdade atualmente conhecida
como Avenida Getuacutelio Vargas A partir de entatildeo diversas famiacutelias se instalaram no entorno da
capela originando o Arraial de Santo Antocircnio da Beira do Paranaiacuteba Em 1866 foi criada a Vila
de Santo Antocircnio dos Patos e em 1892 o presidente do Estado de Minas Gerais elevou a vila
agrave categoria de cidade de Patos de Minas
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Figura 6 Iniacutecio da ocupaccedilatildeo da cidade de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fontes
Prefeitura Municipal de Patos de Minas e MuP- Museu da Cidade de Patos de Minas
A Praccedila Dom Eduardo estaacute no centro do nuacutecleo original de povoamento ilustrado pela Figura
6 e representa a divisatildeo de influecircncia entre as duas famiacutelias da elite local que atuaram na
construccedilatildeo da paisagem urbana e na histoacuteria da cidade de Patos de Minas os Borges
catoacutelicos e monarquistas e os Dias Macieacuteis protestantes e republicanos
Ao norte da Praccedila Dom Eduardo encontam-se os Borges e seus parentes os Caixeta e os
Queiroz de acordo com Silva (2011) deste lado da cidade a paisagem se desenha por ruas
estreitas e curvas as quais conduzem a travessas e becos nitidamente ldquosemeadosrdquo agrave moda
lusitana de povoar Ao mesmo tempo os edifiacutecios mais antigos e caracteriacutesticos da aacuterea satildeo
todos em estilo colonial com altas janelas e portas retangulares Satildeo exemplos a antiga Casa
de Cacircmara e Cadeia localizada hoje na Praccedila Juquinha Caixeta (Figura 7) e os casarotildees do Dr
Joatildeo Borges e do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz a rua e a casa de Deiroacute Borges a Rua do
Tenente Bino o Beco da Zeacutelia a Praccedila da Dona Genoveva (Figura 8) a Rua do Alfredo Borges
a Praccedila Chiquinho Caixeta a Rua Dr Joseacute Oliacutempio Borges a Praccedila Dom Eduardo E ainda a
Travessa dos Queiroz onde se manteacutem de peacute a casa do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz
palco de criaccedilatildeo do partido de oposiccedilatildeo oficial aos ldquoMacieacuteisrdquo
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Figura 7 Casa de Cacircmara e Cadeia (o mais antigo edifiacutecio puacuteblico de Patos de Minas inaugurado em 1912 como Cacircmara Municipal Foacuterum e no reacutes-do-chatildeo a Cadeia Puacuteblica) e Praccedila Juquinha Caixeta Foto Acervo pessoal 2015 Figura 8 Rua Deiroacute Borges ao fundo Praccedila Dona Genoveva Foto Acervo pessoal 2015
Figura 9 Escola Estadual Marcolino de Barros Foto Fotoacutegrafo desconhecido 2008 Disponiacutevel em
httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=614809 Acesso em maio de 2014
Figura 10 Escola Estadual Antocircnio Dias Maciel Foto Acervo pessoal 2015
Ao sul da Praccedila Dom Eduardo em frente agrave Catedral de Santo Antocircnio estatildeo os Macieacuteis e seus
parentes os Santana Pacheco Barros Magalhatildees e Ferreira da Silva Segundo Silva (2011) os
Macieacuteis estatildeo ligados agrave modernizaccedilatildeo e agrave reordenaccedilatildeo urbana da cidade entre suas marcas
na paisagem estatildeo a Escola Estadual Marcolino de Barros(Figura 09) a Escola Estadual
Antocircnio Dias Maciel(Figura 10) a Rua Olegaacuterio Maciel a Casa de Olegaacuterio Maciel a Casa do
Dr Itagyba a Rua Farnese Maciel o Palacete de Amadeu Maciel a Rua Major Gote (apelido
de Sesoacutestris Dias Maciel) o Hospital Regional Antocircnio Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur
31 |
Thomaz de Magalhatildees o Coreto Arthur Thomaz de Magalhatildees a Rua Joseacute de Santana a Praccedila
Antocircnio Dias a Rua Major Jerocircnimo [Dias Maciel] e a Praccedila Santana
Olegaacuterio Maciel figura poliacutetica representativa da regiatildeo alternou entre os cargos de
Deputado Federal e Agente Executivo de Municiacutepio no final do seacuteculo XIX ateacute chegar agrave
Presidecircncia do Estado de Minas Gerais nos anos de 1930 Segundo Borges (2008) esse
processo poliacutetico influenciou o desenvolvimento fiacutesico-territorial da cidade atraindo
investimentos do Governo do Estado para a construccedilatildeo das escolas do foacuterum e do Hospital
Regional
No fim do seacuteculo XIX em 1883 o entatildeo Agente do Executivo Olegaacuterio Dias Maciel3 ordenou
a criaccedilatildeo de um plano diretor para ordenar e reorientar o crescimento do povoado para o
sentido sul da Praccedila Dom Eduardo ldquona chapada ou chapadatildeordquo conforme segue na citaccedilatildeo
Seguiu‐se a risca o ldquoPlano Diretorrdquo indicado por Olegaacuterio
Maciel O vereador Eduardo Ferreira de Noronha em 21 de
setembro de 1906 indica que ()auxiliem a Cacircmara a
estudar o local mais conveniente em que se deve construir
o matadouro e respectivo curral oferecendo seu parecer
Hoje distanciados no tempo sabemos que a ldquoChapadardquo
paulatinamente abrigou aleacutem do Matadouro Municipal a
Casa do Coronel Farnese Dias Maciel a Casa de Amadeu
Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur Thomaz de
Magalhatildees o Passeio Puacuteblico a fonte luminosa o Coreto o
Cinema o Paccedilo Municipal o Hospital Antocircnio Dias Maciel o
Grupo Escolar o Foacuterum () Pari Passu tambeacutem foram
transladados outros elementos que se localizavam na
direccedilatildeo para a qual a cidade ia se deslocando a mudanccedila
do cemiteacuterio e da Igreja de Nossa Senhora do Rosaacuterio
(frequentada pelos negros) tambeacutem se constituiu como
marco simboacutelico da nova ordenaccedilatildeo urbana planeada por
Olegaacuterio Maciel (BORGES amp SILVA 2009 p13)
3 Olegaacuterio Dias Maciel era engenheiro formado na Escola Polyteacutecnica do Rio de Janeiro em 1878 compartilhava os ideais positivistas da Repuacuteblica e tambeacutem os ideais da Belle Eacutepoque de higienizaccedilatildeo e de racionalizaccedilatildeo do espaccedilo urbano Soma-se a isso a experiecircncia cultural de Olegaacuterio fora de Patos como deputado federal e senador vivenciou no Rio de Janeiro as reformas urbanas empreendidas por Pereira Passos inspiradas na reforma de Paris sob a batuta do Baratildeo de Haussman Como deputado estadual e depois como presidente do Estado de Minas Gerais vivenciou a experiecircncia de ldquofruirrdquo a cidade de Belo Horizonte construiacuteda racionalmente agrave moda da colonizaccedilatildeo espanhola na Ameacuterica (BORGES amp SILVA 2009)
32 |
Segundo Oliveira (2010) dentre as influecircncias na malha urbana decorrentes do periacuteodo
poliacutetico do iniacutecio do seacuteculo XX destacam-se as intervenccedilotildees na infraestrutura da Avenida
Getuacutelio Vargas definindo a mesma como eixo nobre na cidade o direcionamento o primeiro
vetor de expansatildeo urbana nas direccedilotildees sul e oeste da Av Getuacutelio Vargas
Figura 11 Inundaccedilatildeo ocorrida em 1941 na ponte sobre o Rio Paranaiacuteba Fonte Arquivo do Laboratoacuterio
de Histoacuteria do Unipam Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=3600 Acesso em
dezembro de 2014
Observa-se que a Avenida Getuacutelio Vargas anteriormente denominada como Avenida
Liberdade e depois Avenida Municipal representa o nuacutecleo inicial da cidade e o ponto de
partida dos vetores de ocupaccedilatildeo ateacute a deacutecada de 1930 observa-se que neste periacuteodo as
praccedilas da avenida apresentavam um paisagismo inspirado nos jardins franceses Zama
Maciel4 relata sobre o planejamento de usos e ocupaccedilatildeo dessa aacuterea e a Figura 12 ilustra esse
periacuteodo
4 Zama Maciel foi um patense que exerceu as funccedilotildees de agrimensor professor inspetor de ensino vereador e redator dos jornais locais
Com relaccedilatildeo ao vetor de expansatildeo oeste
observa-se que o mesmo foi impulsionado
pela construccedilatildeo da nova ponte sobre o rio
Paranaiacuteba em aproximadamente 1926
retratada na Figura 11 Segundo
Dannemann (2013) a obra da ponte estava
sob os cuidados da Companhia Nacional de
Cimento Armado SA e ateacute 1970 serviu
como principal acesso agrave sede do municiacutepio
33 |
Avenida Municipal com o seu atual quilocircmetro de extensatildeo foi
destinada agrave habitaccedilatildeo particular devida a sua exagerada
largura e agrave perspectiva que podem oferecer casas pequenas e
de bom gosto fronteando os seus passeios gramados e jardins
floridos que a pequenada destroacutei Nela preacutedios comerciais de
dois trecircs andares tornam-se ridiacuteculos porque natildeo tecircm
magnitude para se imporem agrave largura (repisamos) exagerada
com que os antigos irrefletidamente a construiacuteram Somente
edifiacutecios semelhantes agrave igreja matriz em construccedilatildeo come
cinquenta metros podem nela sobreviverem Pequenos preacutedios
vivendas graciosas de cujas janelas caiam trepadeiras no
conjunto dos jardins e na imensa claridade de nossas tardes
faratildeo dela recanto cobiccedilado agrave moradia Enfeia-la com preacutedios
comerciais de pequeno porte e com casas de diversotildees
barulhentas seraacute obra de mau gosto que se torna necessaacuterio
evitar (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos Patos de
Minas junho de 1937)
Figura 12 Avenida Getuacutelio Vargas parte ao sul da Catedral de Santo Antocircnio deacutecada de 1930 Ao
centro da figura o Palacete Amadeu Maciel Fonte Acervo Documental e de Imagens de Patos de
Minas Local MuP ndash Museu da Cidade de Patos de Minas
A seguir o Mapa 1 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o
ano de 1930 retrata a localizaccedilatildeo da implantaccedilatildeo da cidade proacuteximo a recursos drsquoaacutegua No
mapa estaacute presente a delimitaccedilatildeo do periacutemetro urbano do ano de 2015 que seraacute mantido
como ponto de referecircncia espacial para a malha urbana atual
34 |
35 |
A Figura 13 datada da deacutecada de 1930 eacute uma vista aeacuterea da cidade no qual pode-se
perceber a implantaccedilatildeo e a forma urbana da cidade e os vetores de expansatildeo do iniacutecio do
seacuteculo XX aacuterea retratada pelo Mapa 1 apresentado anteriormente
Figura 13 Vista aeacuterea de Patos de Minas
Fonte Arquivo Daacutecio Pereira da Fonseca Fotografo desconhecido
Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=2650 Acesso em abril de 2014
Observa-se na Figura 13 a presenccedila de espaccedilos livres puacuteblicos dentre eles as Praccedilas da
Avenida Getuacutelio Vargas dos Boiadeiros Antoacutenio Dias Champagnat e Santana os espaccedilos
livres privados o Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo o Patos Tecircnis Clube (PTC) o campo de futebol
da Uniatildeo Recreativa dos Trabalhadores (URT) e o campo de futebol do Clube do Mamoreacute
Segundo Fonseca (1974) desde o final do seacuteculo XIX ateacute 1950 Patos de Minas tentou pleitear
a vinda da estrada de ferro para escoamento da produccedilatildeo agriacutecola da regiatildeo ateacute o Rio de
Janeiro e Satildeo Paulo Segundo Borges e Silva (2009) em 1934 o engenheiro carioca Neacutelson
Rodrigues efetuou o primeiro levantamento planialtimeacutetrico da cidade de Patos de Minas a
princiacutepio esse levantamento objetivava abrigar a estrada de ferro Patos-Catiara Em 1936
provavelmente o proacuteprio Neacutelson Rodrigues concluiu o primeiro Plano Urbano oficial da
cidade apresentado pela Figura 14
LEGENDA 1 ndashMajor Gote e Dr Marcolino 2 ndash Lagoa Grande 3 ndash Campo de Aviaccedilatildeo 4 ndash Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo 5 ndash Rua Dr Marcolino 6 ndash Rua Major Gote 7 ndash Coacuterrego do Monjolo 8 ndash PTC 9 ndash Campo da URT 10 ndash Cemiteacuterio Municipal 11 ndash Rio Paranaiacuteba 12 ndash Av Getuacutelio Vargas 13 ndash Matriz de Santo Antocircnio 14 ndash Rua Tiradentes 15 ndash Cadeia 16 ndash Praccedila dos Boiadeiros 17 ndash Praccedila Antocircnio Dias 18 ndash Av Paracatu 19 ndash Igreja do Rosaacuterio 20 ndash Praccedila Champagnat 21 ndash Rua Major Jerocircnimo 22 ndash Campo do Mamoreacute
23 ndash Praccedila Santana
36 |
Figura 14 Plano Urbano de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fonte Prefeitura
Municipal de Patos de Minas
Destaca-se no plano de crescimento urbano a Rua Major Gote na eacutepoca denominada Rua
Desembargador Frederico Zama Maciel escreve ao jornal local sobre o plano urbano as vias
de caraacuteter comercial da cidade e sobre as intenccedilotildees de um zoneamento de usos para o
crescimento da cidade inspirados no urbanismo norte-americano
37 |
A Prefeitura () mandou organizar a planta da cidade e
traccedilar-lhe as ruas futuras no objetivo de impedir o
crescimento desordenado() Neste trabalho foram
observadas tanto quanto possiacutevel as normas seguidas na
Ameacuterica do Norte onde geralmente as cidades satildeo
traccediladas em xadrez cortando-se as ruas em acircngulo reto
() As ruas comerciais estatildeo determinadas no referido
plano e dentre as atuais destacam-se Desembargador
Frederico e General Osoacuterio A primeira () deveraacute atravessar
a cidade de norte a sul e morreraacute na futura praccedila da
estaccedilatildeo ferroviaacuteria onde atualmente se ergue o barracatildeo
da Companhia do Trigo Seraacute futuramente a mais central da
cidade Eacute de uma boa norma localizar-se o comeacutercio em
determinadas zonas (zoneamento chamam a isto os
urbanistas) bem como as faacutebricas os edifiacutecios puacuteblicos as
escolas (natildeo as primaacuterias que devem ser espalhadas nos
bairros residenciais) devem tambeacutem ter as suas zonas
separadas () (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos
Patos de Minas junho de 1937)
A linha feacuterrea natildeo foi implantada na cidade e o crescimento urbano das deacutecadas seguintes
natildeo se ateve ao planejamento apresentado na deacutecada de 1930
132
DA DEacuteCADA DE 1940 ATEacute A DEacuteCADA DE 1960
AUMENTO POPULACIONAL
Comparando o plano urbaniacutestico apresentado para a cidade no final do seacuteculo XIX com a
expansatildeo da malha urbana observa-se que o crescimento urbano da cidade ocorreu de
forma mais dispersa do que o apresentado no plano O vetor de expansatildeo ao sul manteve
grande parte do planejamento embora apresentando quadras menores A aacuterea antes
ocupada pela Lagoa dos Patos e a aacuterea a nordeste da Lagoa foram as que mais se
distanciaram das ideias do plano urbaniacutestico apresentando uma malha urbana orgacircnica com
a presenccedila de muitas ruas sem saiacuteda
O Mapa 2 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1965 a seguir retrata o crescimento da malha urbana
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Segundo Magrini (2008) na deacutecada de 1950 houve um surto migratoacuterio e a instalaccedilatildeo de
diversas firmas comerciais Nesse periacuteodo construiu-se o primeiro Terminal Rodoviaacuterio com
verbas municipais e investimentos da iniciativa privada e teve iniacutecio tambeacutem a comemoraccedilatildeo
da Festa Nacional do Milho evento que ateacute hoje expressa as manifestaccedilotildees culturais da
regiatildeo
Figura 15 Patos de
Minas da deacutecada de
1960
Elaborado pela autora segundo fonte Arquivo de Marialda Coury Foto Joatildeo Lucas Ribeiro Borges
Observando o crescimento da malha urbana de Patos de Minas ateacute 1965 (ilustrado pela
Figura 15) pode-se constatar que houve uma grande expansatildeo da mesma entre a deacutecada de
1950 e 1960 Nesse periacuteodo o aumento populacional ocorreu predominantemente na aacuterea
urbana conforme mostra a Tabela 02 a seguir
Periacuteodo
Populaccedilatildeo Total do
Municiacutepio
Populaccedilatildeo Urbana do Municiacutepio
Populaccedilatildeo Rural do
Municiacutepio
1950 45399 12525 32874
1960 72839 32511 40328
1970 76211 44877 31334
1980 86121 63302 22819
1990 102946 87403 15543
2000 123881 111333 12548
2010 138710 127724 10986
2014 147614 - -
Tabela 2 Crescimento Populacional de Patos de Minas Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Magrini 2008 Populaccedilatildeo prevista segundo o IBGE
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Nas deacutecadas seguintes a 1960 como se pode antever pela Tabela 2 o crescimento da zona
rural foi diminuindo gradativamente e a populaccedilatildeo da aacuterea urbana aumentando
impulsionando o crescimento da malha urbana
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DA DEacuteCADA DE 1970 ATEacute A DEacuteCADA DE 1980
Incorporaccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua
Nas deacutecadas de 1960 e 1970 periacuteodo de ditadura Militar segundo Magrini (2010) Patos de
Minas passou por uma estagnaccedilatildeo econocircmica devido agrave emancipaccedilatildeo poliacutetica de dois
importantes Lagoa Formosa e Guimaracircnia no mesmo periacuteodo houve grande deslocamento
de patenses para a nova capital do paiacutes Brasiacutelia em busca de empregos
Justamente na eacutepoca da mudanccedila da capital do paiacutes para
Brasiacutelia Patos de Minas perde caracteriacutestica de centro
rodoviaacuterio e transforma-se no ldquopassa perto de Patosrdquo com
estradas asfaltadas em volta num eixo de 130 km Natildeo se
vinha aqui como antes ateacute que a BR 354 inaugurada em
1972 abolia este malfadado passa perto ressurgindo toda a
movimentaccedilatildeo comercial completada pela BR ndash 365 em
1974 (MELLO 1992 p54)
De 1965 ateacute os anos 1980 Patos de Minas praticamente dobrou a sua aacuterea de ocupaccedilatildeo
decorrente principalmente do processo de ecircxodo rural Segundo Oliveira (2010) os vetores
direcionavam para todos os sentidos sendo apenas o oeste limitado pelo Rio Paranaiacuteba os
cursos drsquoaacutegua menores natildeo foram uma barreira para esta expansatildeo
O Mapa 3 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1980 a seguir retrata o crescimento da malha urbana nesse periacuteodo
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Em 1982 foi iniciada a urbanizaccedilatildeo da Lagoa dos Japoneses a Lagoa Grande (Figura 16 e
Figura 17) com a reduccedilatildeo significativa da aacuterea alagada e a construccedilatildeo do Terminal
Rodoviaacuterio No entorno da lagoa foi criado o Parque Recreativo Dr Itagiba depois renomeado
como Parque Dr Itagiba Augusto Silva o primeiro parque urbano da cidade um dos principais
cartotildees postais da cidade espaccedilo de lazer e contemplaccedilatildeo
Figura 16 Projeto para o
Parque Recreativo Dr
Itagiba a construccedilatildeo ao
lado esquerdo da figura
representa o Terminal
Rodoviaacuterio Fonte Jornal
A Debulha O projeto do
parque Ano VIII nordm178
janeiro de 1988 paacuteg7
Figura 17 Planta do Parque Dr Itagiba Augusto Silva ndash Lagoa Grande Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2014
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Em 1986 foi iniciada a canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo inicialmente uma Avenida
Sanitaacuteria no Coacuterrego do Monjolo (Figura 18) atualmente conhecida como Avenida Faacutetima
Porto as obras terminaram em 1996 Segundo Caixeta amp Vlach (2009) a canalizaccedilatildeo
acarretou inicialmente na ocupaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo do entorno e devido agrave resoluccedilatildeo dos
problemas sanitaacuterios que aiacute existiam
Figura 18 Canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo deacutecada de 1990 Foto Arquivo de Donaldo Amaro Teixeira Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=7568 Acesso em maio de 2015
Com o decorrer dos anos e a instalaccedilatildeo dos bairros no entorno o Coacuterrego do Monjolo passou
a apresentar problemas com enchentes e um forte odor provavelmente a canalizaccedilatildeo do
coacuterrego jaacute natildeo suportava mais o volume de aacutegua pluvial dos bairros aleacutem da presenccedila de
esgotos clandestinos Tais problemas geraram novos projetos de canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do
Monjolo nas deacutecadas seguintes
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DA DEacuteCADA DE 1990 ATEacute OS DIAS ATUAIS
A FORMA URBANA ATUAL
No final da deacutecada de 1980 houve a descoberta da uma jazida de Fosfato Sedimentar na
localidade da Rocinha (aacuterea rural) o que impulsionou a instalaccedilatildeo de induacutestrias voltadas para
o agronegoacutecio iniciado pelas Sementes Agroceres SA (especialista tambeacutem em geneacutetica
suiacutena) Nesse periacuteodo ocorreu ainda um maior desenvolvimento teacutecnico da agricultura por
meio da irrigaccedilatildeo e do cultivo de novos cereais
Os reflexos do desenvolvimento comercial e industrial da regiatildeo foram notados na
implantaccedilatildeo de induacutestrias de confecccedilotildees agroinduacutestrias e na instalaccedilatildeo da multinacional Cica
que impulsionou o cultivo de milho ervilha e tomate5
A implementaccedilatildeo de induacutestrias somadas agraves pressotildees poliacuteticas acarretou na instalaccedilatildeo de um
distrito industrial na porsatildeo sul e oeste da cidade expandindo o periacutemetro urbano para aleacutem
das margens do Rio Paranaiacuteba A criaccedilatildeo do distrito industrial influenciou a ocupaccedilatildeo ao longo
da Avenida Presidente Juscelino Kubitschek construiacuteda nos anos 1970 para ligaccedilatildeo do nuacutecleo
urbano agraves rodovias BR-354 e BR-365 comportando-se entatildeo como principal acesso da
cidade
O Mapa 4 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o ano de
2015 a seguir apresenta a forma urbana atual da cidade
5 A multinacional Cica permaneceu na cidade ateacute 2001 depois se deslocou para o Estado de Goiaacutes quando perdeu parte dos incentivos fiscais oferecidos pela cidade
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Na deacutecada de 1990 a expansatildeo da malha urbana ultrapassou as aacutereas de algumas reservas
ambientais que se transformaram nos principais parques urbanos da cidade o Parque
Municipal do Mocambo (Figura 19) em 1990 e o Parque Municipal Joatildeo Luiz Redondo (Figura
20) em 1994 ambos localizados em aacutereas de lagoas
Figura 19 Parque Municipal do
Mocambo 1992 Fonte Arquivo
de Donaldo Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecadepatoscombr
p=8437 Acesso em marccedilo de
2015
Figura 20 Parque
Municipal Joatildeo Luiz
Redondo (Lagoinha)
deacutecada de 1990 Fonte
Arquivo de Donaldo
Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecade
patoscombrp=75
54 Acesso em marccedilo
de 2015
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Foi criado tambeacutem na deacutecada de 1990 na Lei Municipal nordm 2872 de 03 de outubro de 1991
o Parque Mirante do Alto da Colina (ainda natildeo implantado) e a Lei Municipal nordm 2871 de 03
de outubro de 1991 declara a aacuterea denominada Lagoa e Bosque do ldquoPATAtildeOrdquo de preservaccedilatildeo
permanente onde desde entatildeo se cogita a implantaccedilatildeo de um parque urbano
Figura 21 Rua Mirico Caixeta ao fundo a Mata do Catingeuiro Evidenciando a falta de conexatildeo da
mata com o entorno Foto Acervo pessoal 2015
Figura 22 Rua 0 e o desmatamento na Mata do Catingeiro Foto Acervo
pessoal 2015
Em 2014 foi aprovada a criaccedilatildeo do Parque
de Preservaccedilatildeo Mata do Catingueiro uma
tentativa de proteger os restigios da mata
localizado no setor leste aacuterea que
recentemente recebeu muitos loteamentos
que foram implantados sem se estabelecer
uma aacuterea de transiccedilatildeo ou de integraccedilatildeo da
mata com a malha urbana sem passeios
ciclovias praccedilas ou parques conforme
ilustrado na Figura 21 A mata do
Catingueiro tem sido um constante alvo de
queimadas e desmatamento a Figura 22
mostra os vestiacutegios da mata
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Figura 23 Programa MCMV- Jardim Quebec II com 437unidades localizado na porccedilatildeo noroeste da
cidade ao fundo da figura a mata ciliar do Rio Paranaiacuteba e plantaccedilotildees de cafeacute Foto Sacircmara C P Lima
2014
Na deacutecada de 2010 ocorreu a expansatildeo do periacutemetro urbano no sentindo norte pela primeira
vez para aleacutem do Coacuterrego do Limoeiro devido agrave instalaccedilatildeo de um campus da Universidade
Federal de Uberlacircndia na aacuterea Observa-se na Figura 23 que a aacuterea do extremo noroeste da
cidade estaacute em processo de expansatildeo da malha urbana e apresenta construccedilotildees habitacionais
do Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) na cidade
Notamos diversas transformaccedilotildees na malha urbana de Patos de Minas ao longo das deacutecadas
desde a implantaccedilatildeo do nuacutecleo urbano aos desdobramentos econocircmicos poliacuteticos e sociais
que direcionaram o crescimento da cidade e a transformaccedilatildeo da paisagem
O tecido urbano e o crescimento das cidades brasileiras como eacute o caso de Patos de Minas se
daacute pela conformaccedilatildeo do sistema viaacuterio pelos padrotildees de parcelamento do solo por
edificaccedilotildees e pelos espaccedilos livres Patos possui uma relaccedilatildeo cultural e econocircmica muito forte
com a zona rural A linha de transiccedilatildeo entre o urbano e o rural eacute muito tecircnue principalmente
nas aacutereas de borda urbana Nesses bairros de periferia ou de limite da mancha urbana a
cidade termina no outro lado da rua depois de uma cerca de arame sem nenhum espaccedilo de
transiccedilatildeo o outro lado da cerca se configura como um espaccedilo livre com muitas
potencialidades de uso e conflitos
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Figura 24 Paisagem urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora
Em Patos de Minas a paisagem urbana eacute emoldurada por serras cobertas por diferentes
plantaccedilotildees (Figura 24) a cidade termina onde o Rio Paranaiacuteba passa ou a cidade termina
onde comeccedilam os fundos de vale Ora cidade ora zona rural A paisagem tambeacutem eacute marcada
pela Catedral um contraste no meio do aglomerado urbano em uma zona em processo de
verticalizaccedilatildeo onde a Catedral se esconde e se revela A Catedral marca o iniacutecio da ocupaccedilatildeo
da regiatildeo em uma aacuterea de chapada na beira da lagoa hoje a chapada foi praticamente toda
ocupada e os bairros das bordas urbanas ocupam as aacutereas mais elevadas da cidade Do alto
desses bairros da borda eacute possiacutevel ver as lagoas e os coacuterregos pressentes na cidade espaccedilos
que se configuram como parques praccedilas e chaacutecaras espaccedilos livres de edificaccedilatildeo que
ressaltam a identidade da cidade e a paisagem urbana
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21 ESPACcedilOS LIVRES
ESPACcedilOS ABERTOS AacuteREAS VERDES
O conceito de espaccedilo livre de edificaccedilatildeo eacute amplo e complexo Para Nucci (2001) os espaccedilos
livres fazem parte de um grande grupo paisagiacutestico urbano que pode ser subdividido em
vaacuterias categorias dependendo do seu uso e funccedilatildeo sendo entatildeo um termo bastante
abrangente que agrega todos os outros conceitos similares como espaccedilos abertos aacutereas
verdes aacutereas livres sistemas de aacutereas de lazer cobertura vegetal entre outros
Segundo Queiroga (2006) Miranda Magnoli em sua tese de livre-docecircncia6 buscou afirmar o
espaccedilo livre como o objeto do paisagismo indo aleacutem do jardim do projeto com vegetaccedilatildeo
e da escala urbana Nesse sentido definiu espaccedilo livre como espaccedilo livre de edificaccedilotildees todo
espaccedilo descoberto urbano ou natildeo vegetado ou natildeo puacuteblico ou privado De acordo com a
autora para a anaacutelise de um dado recorte escalar propotildee-se que o estudo dos espaccedilos livres
deva ir aleacutem dos espaccedilos vegetados e dos espaccedilos puacuteblicos envolvendo todos os espaccedilos
livres do referido recorte Ou seja para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na cidade
eacute preciso ir aleacutem da anaacutelise dos espaccedilos puacuteblicos ou dos vegetados eacute preciso identificar todas
as aacutereas natildeo construiacutedas na cidade os espaccedilos privados intra-lote os lotes e glebas ociosas
as ruas os passeios etc
Os espaccedilos livres satildeo um dos principais estruturadores da forma urbana e um dos principais
elementos caracterizadores da paisagem urbana Segundo Magnoli (1982) os espaccedilos livres
satildeo os ambientes natildeo edificados da cidade as ruas avenidas praccedilas parques quintais
jardins rios matas mangues praias urbanas ou simples vazios urbanos
Quando adotamos o termo aacutereas verdes ou aacutereas verdes urbanas nos referimos a um
subsistema dentro do Sistema de Espaccedilos Livres que engloba principalmente as aacutereas de
preservaccedilatildeo permanente (APPrsquos) reservas legais (RL) e a arborizaccedilatildeo urbana Segundo
6 MAGNOLI Miranda Espaccedilos livres e urbanizaccedilatildeo uma introduccedilatildeo a aspectos da paisagem metropolitana 1982 116 p Tese (Livre-docecircncia em Arquitetura e Urbanismo) ndash Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1982
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Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilo livre eacute adotado se sobrepondo contendo e
ampliando o conceito usual de aacutereas verdes termo que tem como base a necessidade de
espaccedilos livres dotados de vegetaccedilatildeo De acordo com o autor o termo aacutereas verdes eacute
reducionista desconsidera as caracteriacutesticas fundamentais do espaccedilo urbano como a
complexidade e diversidade das formas de apropriaccedilatildeo e apreensatildeo social e o fato real da
impossibilidade fiacutesica e mesmo da inconveniecircncia da existecircncia de vegetaccedilatildeo em
determinados espaccedilos livres
De acordo com Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilos livres natildeo desconsidera o papel
da vegetaccedilatildeo nas cidades brasileiras como elemento facilitador da drenagem urbana criador
de microclimas mais agradaacuteveis contribuindo para a manutenccedilatildeo da diversidade animal e
vegetal e ainda como fator de embelezamento urbano mas natildeo desconsidera a importacircncia
dos espaccedilos natildeo vegetados para inuacutemeras praacuteticas de relevacircncia cultural das feiras agraves festas
populares das manifestaccedilotildees poliacuteticas agrave valorizaccedilatildeo de determinadas paisagens e
patrimocircnios culturais
Entretanto apesar dos crescentes avanccedilos nas discussotildees sobre os espaccedilos livres muitos
autores planos diretores planos de uso e ocupaccedilatildeo ainda natildeo compreenderam o termo
como em Patos de Minas onde adota-se o termo aacutereas verdes nas leis municipais e plano
diretor Na Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo de Patos de Minas (2008) as aacutereas verdes satildeo
descritas como porccedilotildees situadas na Macrozona Urbana destinadas a oferecer espaccedilos
puacuteblicos adequados e qualificados agraves atividades de recreaccedilatildeo lazer e turismo da populaccedilatildeo
de forma a conciliar a proteccedilatildeo dos bens naturais e culturais As cidades precisam de reservas
de aacutereas verdes e de espaccedilos livres de qualidade para praacutetica de atividades culturais de lazer
e contemplaccedilatildeo Observa-se que na lei municipal de Patos de Minas existe uma sobreposiccedilatildeo
entre a funccedilatildeo das reservas de aacutereas verdes e dos espaccedilos de praacuteticas socias sobreposiccedilatildeo
essa presente no conceito dos espaccedilos livres
A implantaccedilatildeo dos espaccedilos livres puacuteblicos depende de uma gestatildeo adequada e integrada dos
recursos com uma fiscalizaccedilatildeo efetiva o que implica no desenvolvimento de poliacuteticas
puacuteblicas permanentes que viabilizem as intervenccedilotildees e necessidades dos espaccedilos livres
Segundo Loboda amp Angelis (2012) o planejamento das aacutereas verdes (puacuteblicas) urbanas parte
de uma definiccedilatildeo de recursos que eacute residual as necessidades satildeo amenizados com recursos
que sobram de outras atividades consideradas como mais prioritaacuterias e que geralmente
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incluem-se nesse acircmbito aquelas de cunho estrateacutegico poliacutetico e econocircmico O autor cita um
problema frequente em diversas cidades brasileiras a falta de recursos destinados aos
espaccedilos puacuteblicos e dentre eles as aacutereas verdes urbanas um dos principais espaccedilos livres das
cidades
De acordo com Magnoli (1982) a localizaccedilatildeo acessibilidade e distribuiccedilatildeo dos espaccedilos livres
formam um complexo sistema de conexotildees com muacuteltiplos papeacuteis urbanos atividades do oacutecio
circulaccedilatildeo urbana conforto conservaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo ambiental drenagem urbana
imaginaacuterio e memoacuteria urbana lazer e recreaccedilatildeo dentre outros Todas essas funccedilotildees
exercidas no ambiente urbano pelos espaccedilos livres assim como a localizaccedilatildeo acessibilidade
distribuiccedilatildeo tipos de usos e configuraccedilatildeo espacial estatildeo organizadas de maneira sistecircmica na
cidade formando o Sistema de Espaccedilos Livres
22 O PENSAMENTO SISTEcircMICO
As cidades independentemente da sua localidade histoacuteria e configuraccedilatildeo satildeo formadas de
modo geral por espaccedilos livres e espaccedilos edificados duas categorias espaciais estruturantes
da forma urbana A configuraccedilatildeo dos espaccedilos livres eacute variaacutevel nas cidades brasileiras por
diversas questotildees como caracteriacutesticas territoriais bioma configuraccedilatildeo paisagiacutestica pela
existecircncia ou ausecircncia de planos urbanos e principalmente pelos processos de urbanizaccedilatildeo e
de transformaccedilatildeo da paisagem
A cidade eacute um conjunto de elementos sistemas e funccedilotildees e os espaccedilos livres formam um dos
principais sistemas capaz de estruturar toda a configuraccedilatildeo urbana De acordo com Tardin
(2010) e DrsquoAgostini amp Cunha (2007) sistema eacute um conjunto de elementos passiacutevel de
estabelecer inter-relaccedilotildees fiacutesicas funcionais estruturais morfoloacutegicas e relativas agrave vivecircncia
da paisagem abertas e intricadas entre si com seu entorno e com as pessoas que o
vivenciam
De acordo com Morin (2008) apud Queiroga (2014) o conceito de sistema implica natildeo
somente elementos inter-relacionaacuteveis mas tais relaccedilotildees constituem uma organizaccedilatildeo e uma
estrutura relativamente estaacutevel que caracteriza o sistema como um todo A organizaccedilatildeo
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sistecircmica por sua vez conteacutem as relaccedilotildees que definem o sistema e que o transformam
alterando sua estrutura possibilitando sua permanecircncia e contendo a possibilidade concreta
de sua dissoluccedilatildeo Para o autor o termo exprime multiplicidade totalidade diversidade
organizaccedilatildeo e complexidade
A noccedilatildeo de sistema auxilia o estudo dos espaccedilos livres urbanos e o entendimento das suas
relaccedilotildees de interdependecircncia complementaridade e hierarquia Segundo Schlee et al
(2009) considerando-se a paisagem como um macrossistema complexo formado de
subsistemas os espaccedilos livres urbanos constituem um dos seus subsistemas inter-
relacionados com outros subsistemas urbanos e rurais e que podem se justapor ao Sistema
de Espaccedilos Livres ou se sobrepor total ou parcialmente enquanto sistemas de accedilotildees
[] entende-se como sistemas de espaccedilos livres (SEL)
urbanos os elementos e as relaccedilotildees que organizam e
estruturam o conjunto de todos os espaccedilos livres de um
determinado recorte urbano independentemente de sua
dimensatildeo qualificaccedilatildeo esteacutetica funcional e de sua
localizaccedilatildeo e propriedade sejam eles puacuteblicos ou privados
[] toda cidade possui um sistema de espaccedilos livres que eacute
produzido durante seu processo de formaccedilatildeo tanto pelo
Poder Puacuteblico como pela iniciativa privada (MACEDO 2010
p 3 e 4)
O autor afirma que todas as cidades independente do seu porte de suas caracteriacutesticas
culturais e histoacutericas possuem um Sistema de Espaccedilos Livres Essa afirmaccedilatildeo incita diversas
questotildees que conduziram esta pesquisa pontos voltados ao objeto de estudo a cidade de
Patos de Minas uma cidade meacutedia
O SEL DE UMA MEGAacuteLOPOLE OU METROacutePOLE Eacute
DIFERENTE DO SEL DE UMA PEQUENA CIDADE OU DE
UMA CIDADE MEacuteDIA
O MESMO TIPO DE ANAacuteLISE QUE SE APLICA PARA O
ENTENDIMENTO DO SEL DE UMA CIDADE DE GRANDE
PORTE PODE SER APLICADO PARA UMA CIDADE DE
MEacuteDIO PORTE
EXISTEM TIPOS DE ESPACcedilOS LIVRES FUNCcedilOtildeES OU
RELACcedilOtildeES QUE CARACTERIZAM O SISTEMA DE ESPACcedilOS
LIVRES DE UMA CIDADE MEacuteDIA
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23 OS ESPACcedilOS LIVRES NAS
CIDADES MEacuteDIAS
O espaccedilo livre eacute parte estruturante da forma urbana ele se configura em diferentes
categorias tipologias e caracteriacutesticas no meio urbano principalmente pela introduccedilatildeo ao
longo da histoacuteria de diferentes padrotildees urbaniacutesticos nas cidades O processo de urbanizaccedilatildeo
das cidades eacute uma soma e por vezes ateacute uma sobreposiccedilatildeo de padrotildees morfoloacutegicos esses
traccedilados geram diferentes paisagens com diferentes tipos de espaccedilos livres Incorporando ao
sistema um rico mosaico espacial formado por diferentes porcentagens de espaccedilos livres
intra lote caracteriacutesticos de traccedilados distintos por diferentes tipos de praccedilas aacutereas de
preservaccedilatildeo parques ruas e avenidas Aacutereas essas que apresentam diversos conflitos e
possuem um intenso potencial de transformaccedilatildeo
Segundo Macedo et al (2012) as cidades brasileiras possuem padrotildees morfoloacutegicas
semelhantes isso fica evidente na repeticcedilatildeo dos tipos de traccedilado (ortogonais orgacircnicos
radiais) e nos padrotildees de mancha urbana (linear tentacular compacta mista) O que confere
a especifidade das diversas cidades eacute a forma como elas estatildeo inseridas em seu contexto
territorial os arranjos espaciais seus padrotildees culturais socioeconocircmicos a legislaccedilatildeo
municipal as tipologias e funccedilotildees dos espaccedilos livres e a paisagem urbana Nas cidades meacutedias
brasileiras a forma como os padrotildees morfoloacutegicos se adequam ao suporte fiacutesico
transformando paisagem a local confere ao Sistema de Espaccedilos Livres diferentes dinacircmicas
espaciais funcionais e tipoloacutegicas
Como dito anteriormente neste trabalho a proposta natildeo eacute discutir o que determina uma
cidade como de meacutedio porte ou natildeo mas entender essas cidades como centro urbanos em
crescimento onde novos traccedilados e dinacircmicas urbanas satildeo somadas agrave cidade existente
transformando a paisagem local Na atual conjuntura brasileira segundo Tacircngari et al(2009)
apoacutes a deacutecada de 1980 as cidades meacutedias passaram a crescer mais rapidamente em
comparaccedilatildeo com as metroacutepoles um processo de diminuiccedilatildeo do movimento migratoacuterio em
direccedilatildeo agraves megaloacutepoles e o seu direcionamento para as cidades meacutedias que apresentam
grande potencial de crescimento econocircmico e tecircm seus atributos esteacuteticos e econocircmicos
56 |
valorizados atraveacutes da propagaccedilatildeo da ideia de que cidades de meacutedio porte podem apresentar
mais qualidade de vida que as grandes metroacutepoles
As cidades meacutedias reproduzem os padrotildees morfoloacutegicos e culturais vindos do contexto das
grandes cidades e das pequenas cidades ou povoados de seu entorno Um exemplo dessa
influecircncia vinda das grandes cidades satildeo os condomiacutenios fechados propostos inicialmente
pelo mercado imobiliaacuterio como locais de seguranccedila e lazer proacuteximos aos grandes centros
urbanos esse mesmo padratildeo de condomiacutenio fechado eacute aplicado nas cidades meacutedias onde a
criminalidade eacute bem menor e as distacircncias a serem percorridas satildeo mais curtas Um exemplo
da influecircncia vinda das pequenas cidades e povoados proacuteximos satildeo as chaacutecaras pastos e
plantaccedilotildees presentes dentro malha urbana
Patos de Minas eacute um exemplo de cidade meacutedia em crescimento que recebe influecircncias
culturais e de padrotildees morfoloacutegicos uma cidade que possui caracteriacutesticas especiacuteficas de seu
suporte fiacutesico de seu processo histoacuterico e cultura que influenciam diretamente na malha
urbana as tipologias de espaccedilos livres e os tipos de apropriaccedilatildeo desses espaccedilos
Se observarmos em Patos de Minas as caracteriacutesticas da condiccedilatildeo de cidade meacutedia como por
exemplo a localizaccedilatildeo estrateacutegica entre cidades de maior e menor porte Percebemos que a
cidade atrai pessoas do entorno para desfrutar de suas potencialidades econocircmicas e de seus
aparatos de lazer (parques praccedilas locais de exposiccedilatildeo agropecuaacuteria) o que contribui
diretamente para geraccedilatildeo de renda e uso dos espaccedilos A cidade possui uma relaccedilatildeo direta
com cidades de maior porte que servem de escoamento da produccedilatildeo e suprimento de
mercadorias essa relaccedilatildeo de proximidade atrai para cidade eventos e exposiccedilotildees e pode
motivar influecircncias sobre as tipologias de espaccedilos livres gerados (assim como o processo de
globalizaccedilatildeo tambeacutem pode exercer esse papel)
Eacute nesse contexto de crescimento das cidades meacutedias e influecircncias morfoloacutegicas e culturais
que o Sistema de Espaccedilos Livres precisa ser pensado e entendido como uma infraestrutura
baacutesica para o desempenho da vida cotidiana urbana Segundo Souza amp Macedo (2014) o SEL
deve oferecer condiccedilotildees de habitabilidade urbana e para isso eacute necessaacuterio que se estabeleccedila
um diagnoacutestico baseado na existecircncia ou ausecircncia de uma seacuterie de atributos urbanos
necessaacuterios e qualitativos que deveriam orientar accedilotildees poliacuteticas e projetos de maneira a
formar um Sistema de Espaccedilos Livres integrado agrave paisagem local e a demanda da populaccedilatildeo
57 |
O autor afirma que eacute preciso fazer uma leitura da cidade de seus condicionantes conflitos e
potencialidades para entender como se estrutura o SEL suas funccedilotildees e seu potencial de
transformaccedilatildeo e organizaccedilatildeo na cidade
Partimos para anaacutelise da forma urbana patense buscando o entendimento de como as
caracteriacutesticas especiacuteficas do suporte fiacutesico da organizaccedilatildeo espacial da situaccedilatildeo fundiaacuteria e
dos tipos de usos e funccedilotildees exercidas pelos espaccedilos livres estruturam o Sistema de Espaccedilos
Livres de Patos de Minas
24 OS ESPACcedilOS LIVRES NA FORMA URBANA DE
PATOS DE MINAS
Para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na forma urbana de Patos de Minas a
anaacutelise foi dividida em trecircs principais enfoques RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA CONFIGURACcedilAtildeO
ESPACIAL e RELACcedilAtildeO DE USOS DO SOLO A leitura da cidade apresentada por esses trecircs
acircngulos somada ao entendimento de paisagem forma urbana e da formaccedilatildeo e
transformaccedilatildeo da malha urbana patense apresentados no capiacutetulo anterior nos possibilitam
o entendimento do Sistema Espaccedilos Livres de Patos de Minas como um todo com suas
categorias tipoloacutegias e relaccedilotildees sistecircmicas
Os trecircs principais enfoques foram determinados com base nas principais caracteriacutesticas da
cidade nas suas peculiaridades na sua condiccedilatildeo de cidade de meacutedio porte Provavelmente
um outro tipo de cidade com outras caracteriacutesticas de paisagem demandaria outro segmento
de anaacutelise
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RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA
ESPACcedilOS LIVRES x SUPORTE ambiental
O principal objetivo desse subcapiacutetulo eacute analisar as caracteriacutesticas do suporte ambiental sobre
o qual a cidade de Patos de Minas foi implantada buscando identificar quais espaccedilos livres
presentes na cidade incorporam esses elementos da paisagem O suporte ambiental eacute parte
da paisagem urbana ele eacute formado por elementos como corpos drsquoaacutegua vegetaccedilatildeo relevo
solos e clima
Estatildeo cada vez mais presentes nos planos diretores e na legislaccedilatildeo ambiental denominaccedilotildees
como reservas florestais puacuteblicas e privadas parques lineares parques ecoloacutegicos unidades
de conservaccedilatildeo aacutereas de proteccedilatildeo permanente (APPrsquos) aleacutem de referecircncias agrave
sustentabilidade e agrave ecologia Essas denominaccedilotildees muitas vezes geram espaccedilos livres
voltados agrave funccedilatildeo de conservaccedilatildeo e proteccedilatildeo ambiental Entretanto os espaccedilos livres
vinculados ao suporte fiacutesico natildeo possuem somente a funccedilatildeo de conservaccedilatildeo ambiental eles
possuem outros papeacuteis no meio urbano como recreaccedilatildeo infraestrutura urbana contribuir
com a drenagem pluvial possibilitar microclimas urbanos mais agradaacuteveis contribuir para
manutenccedilatildeo da biodiversidade e valores esteacuteticos Segundo Queiroga (2012) a
permeabilidade do solo e a cobertura arboacuterea permitem a conservaccedilatildeo de paisagens com
melhor desempenho ambiental mitigando problemas comuns nas aacutereas urbanas a qualidade
da aacutegua e do ar a manutenccedilatildeo da qualidade do solo controle de erosatildeo abastecimento dos
aquiacuteferos e regulaccedilatildeo das enchentes
Os espaccedilos livres vinculados ao suporte ambiental como os corpos drsquoaacutegua e a vegetaccedilatildeo
constantemente satildeo alvo de degradaccedilatildeo ambiental o que ressalta a sua funccedilatildeo ambiental
dentro do sistema Entretanto a mitigaccedilatildeo desses problemas natildeo eacute uma questatildeo pertinente
apenas ao planejamento ambiental das cidades De acordo com Jacobs (2001) as aacutereas livres
puacuteblicas estruturam o espaccedilo urbano satildeo o principal suporte espacial para o encontro e a
vivecircncia urbana Segundo a autora a degradaccedilatildeo do espaccedilo urbano observada pela reduccedilatildeo
de aacutereas puacuteblicas de lazer deficiecircncia na arborizaccedilatildeo urbana excessiva impermeabilizaccedilatildeo do
solo aumento da temperatura e criaccedilatildeo de ilhas de calor danos ambientais diversos
diminuiccedilatildeo da qualidade da ambiecircncia urbana e perda de qualidade de vida constitui um
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problema que extrapola a esfera fiacutesicaespacial constituindo um problema social visto que
desencoraja o uso da rua e dos espaccedilos livres como locais de encontro necessaacuterios para a
manutenccedilatildeo das praacuteticas sociais
Ao longo do processo de urbanizaccedilatildeo das cidades brasileira foram comuns situaccedilotildees em que
aacutereas de reserva natural foram desmatadas para dar lugar a loteamentos coacuterregos foram
canalizados e desapareceram da paisagem urbana ou foram canalizadas a ceacuteu aberto tiveram
sua APP desmatada e impermeabilizada para dar lugar a avenidas e aacutereas construiacutedas como
no caso da Figura 26
Figura 26 Coacuterrego do Monjolo em Patos de Minas canalizado a ceacuteu aberto na deacutecada de 1970 com APP desmatada e grande parte do seu entorno impermeabilizado Agraves margens do coacuterrego a Av Faacutetima Porto Foto Acervo pessoal 2014
Atualmente esse tipo de tratamento de supressatildeo da vegetaccedilatildeo das APPrsquos em aacutereas
urbanizadas eacute cada vez mais incomum7 o que contribui para a conservaccedilatildeo desses recursos
naturais Entretanto gradativamente mais a legislaccedilatildeo ambiental trata a funccedilatildeo ambiental dos
espaccedilos como algo isolado entendendo as APPrsquos como locais onde natildeo podem existir
intervenccedilotildees desconsiderando que esses espaccedilos podem estar vinculados a outras funccedilotildees
como por exemplo recreaccedilatildeo educaccedilatildeo ambiental valorizaccedilatildeo da paisagem De acordo com
7 Os casos excepcionais nos quais eacute permitido a supressatildeo da vegetaccedilatildeo em APP estatildeo definidos pela Resoluccedilatildeo CONAMA 36906
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INTRODUCcedilAtildeO
SOBRE OS PENSAMENTOS NORTEADORES
O trabalho eacute um exerciacutecio de olhar para a cidade e ler entre seus traccedilados suas ruas lotes e
quadras Buscando entender as promessas que ficaram no ar os projetos vislumbrados mas
nunca concretizados que vatildeo desde a rua que natildeo foi asfaltada ateacute o coacuterrego canalizado que
natildeo foi aberto Entender o processo histoacuterico as relaccedilotildees culturais o desenho da malha
urbana que se estende por entre os fundos dos vales e acompanha o desenho dos coacuterregos e
rios
Grande parte da vida na cidade acontece em seus espaccedilos livres na praccedila natildeo implantadas
onde o vizinho planta milho na rua que recebe o tapete de Corpus Christi nas procissotildees
passeatas e desfiles na festa junina na praccedila da Igreja na eleiccedilatildeo da rainha do milho nas
folias de reis dos distritos da cidade A cidade se transforma no lote que vira campinho na
praccedila que vira estacionamento na gleba que vira pasto na lagoa que vira brejo na mata que
vira cinzas A zona rural aos poucos se transforma em malha urbana mas o rural natildeo perdeu
seu espaccedilo ele se manteacutem presente na paisagem urbana nas expressotildees culturais e nos
dialetos
Este trabalho eacute a continuidade do Trabalho Final de Graduaccedilatildeo apresentado a Faculdade de
Arquitetura Urbanismo e Desing da Universidade Federal de Uberlacircndia Sob a orientaccedilatildeo do
professor Glauco Cocazza foi desenvolvido um projeto de requalificaccedilatildeo para um dos
parques urbanos de Patos de Minas o Parque Municipal do Mocambo Durante o
desenvolvimento desse trabalho ficou evidente que natildeo soacute os ambientes do parque como
outros espaccedilos livres da cidade requeriam projetos de requalificaccedilatildeo que trabalhassem a
relaccedilatildeo eles com a cidade buscando o entendimento dos diferentes papeacuteis dos espaccedilos livres
na cidade deixando de pensar no planejamento urbano e no planejamento ambiental como
coisas isoladas Iniciaram-se aiacute as primeiras percepccedilotildees de que a cidade de Patos de Minas
possui diversas especificidades com relaccedilatildeo agrave interaccedilatildeo da paisagem urbana com seus
espaccedilos livres e edificados
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SOBRE O MEacuteTODO
A dissertaccedilatildeo se fundamenta na anaacutelise de dados documentais primaacuterios como mapas
cedidos pela Prefeitura Municipal de Patos de Minas projetos de espaccedilos livres da cidade
levantamentos fotograacuteficos leis e decretos municipais e federais Baseia-se tambeacutem em
fontes secundaacuterias como revisatildeo bibliograacutefica dos temas norteadores da pesquisa registros
fotograacuteficos jornais locais e entrevistas informais com moradores da cidade e arquitetos da
prefeitura A dissertaccedilatildeo apresenta registros fotograacuteficos natildeo soacute do acervo da autora mas de
diferentes pessoas evidenciando pontos de vista e os diversos olhares sobre a cidade aleacutem
das fotos histoacutericas de arquivos puacuteblicos
A pesquisa adota como metodologia a anaacutelise do Sistema de Espaccedilos Livres e das Unidades de
Paisagem desenvolvida pelos estudos da rede nacional brasileira Quapaacute-SEL II (Quadro do
Paisagismo Brasileiro ndash Sistemas de Espaccedilos Livres) coordenada pelo LAB-QUAPAacute da FAUUSP
(Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Satildeo Paulo) cujo objetivo principal
eacute compreender as relaccedilotildees processuais contemporacircneas entre os Sistemas de Espaccedilos Livres
e a forma urbana das cidades brasileiras A pesquisa apresentada eacute tambeacutem parte integrante
dos estudos desenvolvidos pelo Nuacutecleo de Estudos Urbanos (NEURB) desenvolvido na
Faculdade de Arquitetura Urbanismo e Design (FAUeD) da Universidade Federal de
Uberlacircndia que tem como objetivo central compreender a importacircncia e o papel do Sistema
de Espaccedilos Livres na Forma Urbana das principais cidades meacutedias do Triacircngulo Mineiro e Alto
Paranaiacuteba contribuindo assim com os estudos do grupo nacional Quapaacute-SEL II
SOBRE O DECORER DOS CAPIacuteTULOS
O objetivo central do trabalho eacute analisar os espaccedilos livres presentes na forma urbana de
Patos de Minas e entender como esses espaccedilos estruturam o Sistema de Espaccedilos Livres (SEL)
Buscando esse entendimento a dissertaccedilatildeo foi dividida em trecircs momentos a anaacutelise da
paisagem e da forma urbana patense no primeiro capiacutetulo o entendimento do SEL no
segundo capiacutetulo e a aplicaccedilatildeo da metodologia de Unidades de Paisagem no terceiro capiacutetulo
O primeiro capiacutetulo apresenta os conceitos que iratildeo nortear a pesquisa a PAISAGEM URBANA
e a FORMA URBANA por meio de uma revisatildeo bibliograacutefica buscando a constataccedilatildeo do
estado da arte dos conceitos-chave O trabalho entende a paisagem como conceito
norteador para o entendimento da cidade da formaccedilatildeo e da transformaccedilatildeo da forma urbana
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Depois de introduzidos os conceitos-chave o capiacutetulo apresentaraacute o processo de urbanizaccedilatildeo
da aacuterea de estudo a transformaccedilatildeo do tecido urbano e a incorporaccedilatildeo dos principais espaccedilos
livres de edificaccedilatildeo e edificados ressaltando as caracteriacutesticas histoacutericas econocircmicas
poliacuteticas e culturais que contribuem para a formaccedilatildeo da imagem da cidade
O segundo capiacutetulo analisa o SISTEMA DE ESPACcedilOS LIVRES na forma urbana de Patos de Minas
a partir de trecircs principais enfoques a relaccedilatildeo ecoloacutegica que busca entender a interaccedilatildeo entre
a forma urbana e os condicionantes do suporte fiacutesico (hidrografia geologia relevo
vegetaccedilatildeo) a configuraccedilatildeo espacial que revela a organizaccedilatildeo da malha urbana e a interaccedilatildeo
dos espaccedilos livres na malha e a relaccedilatildeo de usos do solo que analisa a relaccedilatildeo dos espaccedilos
livres com a situaccedilatildeo fundiaacuteria e a distribuiccedilatildeo dos usos do solo na cidade
No capiacutetulo sobre o Sistema de Espaccedilos Livres as anaacutelises foram feitas na escala da cidade No
capiacutetulo seguinte que trata das Unidades de Paisagem as apreciaccedilotildees foram feitas na escala
das unidades ou seja a anaacutelise dos espaccedilos livres da cidade vai do macro ao micro A
aplicaccedilatildeo da metodologia das Unidades de Paisagem permite transitar entre as escalas de
anaacutelise e aprofundar nas caracteriacutesticas e peculiaridades do Sistema de Espaccedilos Livres
presentes em cada unidade
O terceiro capiacutetulo apresenta a metodologia das UNIDADES DE PAISAGEM a identificaccedilatildeo das
Unidades de Paisagem presentes em Patos de Minas e a anaacutelise cada uma delas O trabalho
entende as Unidades de Paisagem como porccedilotildees do Sistema de Espaccedilos Livres cujas relaccedilotildees
entre os espaccedilos livres os espaccedilos edificados possuem caracteriacutesticas especiacuteficas de
centralidade hierarquia distribuiccedilatildeo e organizaccedilatildeo que os distingue dos demais conjuntos de
relaccedilotildees
O fechamento do trabalho apresenta de maneira sinteacutetica uma apreciaccedilatildeo do que foi
apresentado em cada capiacutetulo apontando os questionamentos e resultados que surgiram no
decorrer da anaacutelise Depois satildeo enumerados os principais desafios a serem enfrentados pelo
o planejamento urbano e ambiental de Patos de Minas para a gestatildeo do SEL da cidade
Adiante satildeo apresentados os possiacuteveis desdobramentos da pesquisa evidenciando as
possibilidades de continuidade e aprofundamentos teoacutericos e praacuteticos sobre o objeto de
estudo
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11 PAISAGEM URBANA
CONCEITUACcedilAtildeO
A compreensatildeo do conceito de paisagem urbana eacute o principal enfoque no presente trabalho
para assimilaccedilatildeo da configuraccedilatildeo urbana da incorporaccedilatildeo dos elementos do suporte fiacutesico na
formaccedilatildeo e na transformaccedilatildeo da forma urbana e entendimento do papel do Sistema de
Espaccedilos Livres na cidade
O estudo da paisagem possibilita uma melhor percepccedilatildeo da estrutura da cidade a
compreensatildeo do siacutetio natural e da interferecircncia humana no mesmo esse conhecimento pode
direcionar o planejamento urbano para tanto a clareza do conceito de paisagem e seus
sombreamentos eacute de extrema importacircncia
Natildeo existe um consenso sobre o conceito de paisagem a discussatildeo sobre paisagem transita
por diversas aacutereas com diferentes definiccedilotildees ecircnfases e meacutetodo de abordagem Segundo o
geoacutegrafo Bertrand (2004) as diferenccedilas de abordagem no conceito de paisagem satildeo
influenciadas pela formaccedilatildeo e os objetivos do observador e pode enfatizar a vegetaccedilatildeo a
hidrografia o clima o relevo a economia a arquitetura ou o processo histoacuterico A
metodologia de anaacutelise poderaacute ser temporal baseada nos aspectos fiacutesicos e se referir agraves
relaccedilotildees e dinacircmicas internas ou ainda um conjunto de diversas anaacutelises Ou seja a
percepccedilatildeo individual somada aos objetivos e ao enfoque do observador interferem
diretamente na leitura da paisagem e no conceito da mesma
Segundo Rougerie e Beroutchatchvili (1991) apud Maximiano (2004) a Unesco (Organizaccedilatildeo
para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura das Naccedilotildees Unidas) declarou em 1971 considerar que a
paisagem eacute a ldquoestrutura do ecossistemardquo e o Conselho Europeu diz que ldquoo meio natural
moldado pelos fatores sociais e econocircmicos torna-se paisagem sob o olhar humanordquo Jaacute a
ldquopaysagerdquo francesa refere-se principalmente aos aspectos visuais O termo holandecircs com o
mesmo sentido eacute ldquovisueellandschaprdquo Para os alematildees ldquolandschaftrdquo envolve a noccedilatildeo de
territoacuterio semelhante ao ldquolandscape inglecircsrdquo Ambos tambeacutem se referem ao aspecto visual A
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geografia sovieacutetica tem seus proacuteprios termos ldquomesnost e ourotchitcherdquo que possuem valor
territorial aos quais os russos acrescentam ldquolandschaftrdquo emprestado dos alematildees
Segundo Maximiano (2004) para alguns socioacutelogos e economistas a paisagem eacute a base do
meio fiacutesico onde o homem a utiliza e a transforma ou natildeo para alguns botacircnicos e ecoacutelogos
a paisagem eacute um conjunto de organismos num meio fiacutesico cujas propriedades podem ser
explicadas segundo leis ou modelos com ajuda das ciecircncias fiacutesicas eou bioloacutegicas para
alguns geoacutegrafos ela resulta da relaccedilatildeo dinacircmica de elementos fiacutesicos bioloacutegicos e
antroacutepicos
ldquoA expressatildeo ldquopaisagemrdquo() passava a manifestar-se com
significados amplos complexos poreacutem bastante vagos
indistintos incompletos premissas comuns eram ldquoa naturezardquo e
a censura agrave accedilatildeo do homem A percepccedilatildeo das mudanccedilas
naturais ndash de tempos bioloacutegicos ndash e tambeacutem aquelas raacutepidas
extensas e difusas do trabalho do homem ndash de tempos
histoacutericos ndash levantava novamente a relaccedilatildeo homem-natureza
Seria esta relaccedilatildeo com todos os apelos e juiacutezos ndash imprecisos
indefinidos ndash que seria associada agrave palavra lsquopaisagemrsquordquo
(MAGNOLI e MACEDO 2000 p132-133)
O estudo da paisagem passou a ganhar relevacircncia entre os arquitetos a partir dos anos de
1960 Segundo Sandeville (2006) esse processo pode ser exemplificado inicialmente pelos
trabalhos de Kevin Lynch Cristopher Alexander Amos Rapoport Yi Fu Tuan e Vittorio
Gregotti1 De acordo com Gregotti (1983) o entendimento da paisagem eacute um instrumento
que o arquiteto tem que ter em matildeos para analisar o lugar e o espaccedilo sobre o qual se projeta
Entretanto a paisagem entendida soacute como o conjunto das caracteriacutesticas fiacutesicas e
geomorfoloacutegicas de cunho bioloacutegico e mineraloacutegico natildeo eacute suficiente para elaboraccedilatildeo do
1LYNCH K A imagem da cidade (1960) ALEXANDER C Unlenguage de patrones (1980) RAPOPORT A
Aspectos humanos de la forma urbana (1978) TUAN Y F Espaccedilo e lugar (1983) GREGOTTI V Nuevos
caminos de La arquitectura italiana (1969)
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projeto eacute preciso que a leitura da paisagem expresse as accedilotildees cotidianas os usos dos
espaccedilos e a cultura local
No Brasil Miranda Magnoli inicia seus estudos sobre a paisagem e o ambiente na deacutecada de
1970 baseada nas anaacutelises estadunidenses de planejamento da paisagem reconhecendo a
importacircncia das caracteriacutesticas socioespaciais mas sem reduzir a paisagem aos aspectos
formais O modo como Miranda discutiu a paisagem segundo Sandeville (2006) ultrapassou
as limitaccedilotildees da relaccedilatildeo figura-fundo a qual reforccedila a paisagem como cenaacuterio um entorno
transformado por uma arquitetura de edifiacutecio promovendo a cenarizaccedilatildeo da ideia de
paisagem Sua reflexatildeo estabeleceu bases para o conceito da arquitetura como o projeto do
ldquoambiente humanordquo a necessidade de compreensatildeo do contexto no qual se insere o objeto
projetado
A definiccedilatildeo do conceito de paisagem adotada para este trabalho eacute a desenvolvida por
Miranda Magnoli (1982) na qual a morfologia da paisagem eacute definida como resultante da
interaccedilatildeo entre a loacutegica proacutepria dos processos do suporte (geologia clima solo relevo
vegetaccedilatildeo e sol aacutegua e ventos) e a loacutegica proacutepria dos processos antroacutepicos sociais e culturais
(parcelamentos escavaccedilotildees plantaccedilotildees construccedilotildees edificaccedilotildees etc) Essa anaacutelise da
paisagem urbana considera os diversos atores que nela interferem seus aspectos fiacutesicos
socioeconocircmicos culturais e seu processo evolutivo natildeo eacute simplesmente bem organizada ou
normativa eacute tambeacutem uma anaacutelise poeacutetica e simboacutelica fala das pessoas e de suas histoacuterias de
suas aspiraccedilotildees tradiccedilotildees e conflitos do conjunto natural das funccedilotildees e da dinacircmica urbana
O estudo da paisagem possibilita um melhor entendimento da estrutura da cidade a
compreensatildeo do siacutetio natural e da interferecircncia humana no mesmo esse conhecimento pode
direcionar o planejamento urbano para tanto o entendimento do conceito de paisagem e
seus sombreamentos eacute de extrema importacircncia Segundo Oseki amp Pellegrino (2004) um
planejamento ecoloacutegico da paisagem pode fornecer as ferramentas necessaacuterias para
integraccedilatildeo entre sociedade e natureza incorporando diretrizes ambientalmente desejaacuteveis
para a melhoria da habitabilidade da cidade de sua sustentabilidade e de sua imagem
Para Oseki amp Pellegrino (2004) as paisagens satildeo ao mesmo tempo produzidas socialmente e
produtoras (indutoras) de praacuteticas sociais podem ser utilizadas no planejamento no projeto
e gestatildeo de espaccedilos livres (nas escalas espaciais local regional e continental) o que lhes
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confere importacircncia no planejamento urbano e regional o que tem sido ignorado pelos
oacutergatildeos responsaacuteveis pela gestatildeo do territoacuterio Segundo Macedo (1993) a paisagem eacute processo
e produto das accedilotildees humanas eacute processo na medida em que estaacute em constante mutaccedilatildeo e
compreende as diversas forccedilas que nela atuam ora em conflito ora em consonacircncia de
objetivos eacute produto pois a cada instante apresenta-se como objeto acabado dessas accedilotildees e
forccedilas aplicadas
Figura 2 Avenida Getuacutelio Vargas em Parto de Minas Vista parcial da paisagem urbana Fonte httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=1534357amppage=92 Foto Fotoacutegrafo desconhecido
O presente trabalho entende a paisagem como algo que caracteriza a cidade que lhe confere
identidade e a distingue das demais A paisagem retrata a forma urbana e a cultura da
populaccedilatildeo a maneira como as pessoas constroem suas casas e onde constroem se na beira
do rio no alto das serras ou nas chapadas Eacute a histoacuteria local contada por meio da mudanccedila do
cenaacuterio e da mudanccedila dos padrotildees arquitetocircnicos nas casas que permanecem do periacuteodo
neocolonial ou no estilo ecleacutetico nas casas que surgiram no estilo moderno nas reformas
nas construccedilotildees que satildeo tombadas e nas que satildeo derrubadas A paisagem eacute contada pelas
aacutervores pelas flores plantadas e replantadas nas calccediladas calccediladas por vezes remendadas A
paisagem eacute o reflexo do processo social dos bairros que se formam das pessoas que se
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mudam da economia que se desenvolve modificando o comercio instalando novas induacutestrias
e quem sabe ateacute bairros industriais gerando renda para urbanizaccedilatildeo de novas aacutereas ou a
verticalizaccedilatildeo de outras
O entendimento da paisagem enquanto elemento caracterizador da imagem das cidades eacute
um instrumento para a melhoria e manutenccedilatildeo dos valores da mesma Possui uma relaccedilatildeo
direta com histoacuteria da cidade com os valores culturais com o processo de formaccedilatildeo e de
transformaccedilatildeo da forma urbana e com os elementos que a constituem Partimos entatildeo para o
estudo da forma urbana com seus enfoques conceituais desdobramentos teoacutericos e
praacuteticos
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MORFOLOGIA E FORMA URBANA
FORMA URBANA MALHA URBANA TECIDO
URBANO
Figura 3 Forma Urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora 2014
Eacute constante a confusatildeo ao conceituar termos
como morfologia forma urbana malha
urbanatecido urbano elementos morfoloacutegicos
termos que ora se sobrepotildeem ora se englobam
ora se dividem
EXISTE UM CONSENSO SOBRE O CONCEITO
DE FORMA URBANA
A DEFINICcedilAtildeO DE FORMA URBANA ENGLOBA
O TRACcedilADO DAS RUAS OS CHEIOS E VAZIOS
OS USOS E AS TIPOLOGIAS CONSTRUIacuteDAS OU
SERIA SOacute O DESENHO QUE SE FORMA NO
ENCONTRO DAS BORDAS DA OCUPACcedilAtildeO
FORMA URBANA Eacute SINOcircNIMO DE TECIDO
URBANO OU O TECIDO Eacute PARTE DA FORMA
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A morfologia urbana eacute um campo disciplinar que abrange o estudo das cidades das formas
dos tecidos e da paisagem O estudo da morfologia contribui para o entendimento da
estrutura da cidade sua formaccedilatildeo e transformaccedilatildeo por meio de seus elementos
constituintes Segundo Lamas (2004) os elementos morfoloacutegicos constituintes satildeo o solo os
edifiacutecios o lote o quarteiratildeo a fachada o logradouro o traccediladorua a praccedila o monumento
a vegetaccedilatildeo e o mobiliaacuterio urbano O autor denomina como elementos morfoloacutegicos as partes
fiacutesicas que associadas ou estruturadas constituem a forma urbana Existem diversos
conceitos e definiccedilotildees que abordam a morfologia das cidades este trabalho apresentaraacute
algumas delas
Segundo Del Rio (1990) a anaacutelise da morfologia urbana estaacute em compreender a loacutegica da
formaccedilatildeo evoluccedilatildeo e transformaccedilatildeo da forma da cidade e de suas inter-relaccedilotildees a fim de
possibilitar a identificaccedilatildeo de accedilotildees mais apropriadas cultural e socialmente para a
intervenccedilatildeo urbana e o desenho de novos espaccedilos Segundo Rossi (2001) a cidade eacute uma
obra reconhecida pelo conjunto de sua forma mas tambeacutem pode ser identificada por
pequenas partes do conjunto em seus diversos momentos a forma urbana eacute a soma dos
diversos tecidos e padrotildees morfoloacutegicos que formam a cidade
O tecido urbano ou a malha urbana de acordo com Rego e Meneguetti (2011) satildeo
configurados pelo sistema viaacuterio pelo padratildeo do parcelamento do solo pela aglomeraccedilatildeo e
pelo isolamento das edificaccedilotildees assim como pelos espaccedilos livres Em outras palavras o
tecido de cidade eacute dado pelos edifiacutecios ruas quadras e lotes parques praccedilas e monumentos
nos seus mais variados arranjos Esses elementos morfoloacutegicos presentes no tecido urbano
segundo Moudon (1997) devem ser considerados como organismos ndash constantemente em
atividade e assim em transformaccedilatildeo ao longo do tempo eles existem em inter-relaccedilatildeo com
as estruturas edificadas conformando e sendo conformadas pelos espaccedilos livres O modo
como cada um desses elementos morfoloacutegicos se organizou e conforma o tecido da cidade
pode ser entendido como um objeto de estudo da morfologia urbana
A forma urbana reflete os processos de formaccedilatildeo da cidade os processos sociais que se
consolidam nos tecidos urbanos que levam a sociedade a construir de uma maneira
determinada e caracteriacutestica suas casas escolas comeacutercios induacutestrias etc Segundo
Carvalho (2011) os tecidos urbanos satildeo configurados a partir da homogeneidade dos
seguintes elementos traccedilado da malha viaacuteria padrotildees de uso (residencial comercial de
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serviccedilos e industrial) padratildeo edificado (padratildeo arquitetocircnico e do gabarito) e suporte fiacutesico
(topografia vegetaccedilatildeo e hidrografia
De acordo com Moudon (1997) os morfologistas atentam para os resultados tangiacuteveis de
questotildees sociais econocircmicas poliacuteticas ou seja estudam a manifestaccedilatildeo de ideias e
intenccedilotildees agrave medida que elas tomam forma no chatildeo e moldam as cidades O estudo
morfoloacutegico das cidades pode ser dividido em escolas de pensamento dentre elas a escola
italiana a escola francesa e a escola inglesa as quais analisaremos sinteticamente
observando suas principais caracteriacutesticas metodoloacutegicas bases bibliograacuteficas e formas de
pensamento
A escola italiana conforme Mondon (1997) tem seu iniacutecio nos estudos do arquiteto Saverio
Muratori (1910 ndash 1973) e de Gianfranco Caniggia (1933 ndash 1987) na deacutecada de 1940 Segundo
Rosaneli (2011) essa escola de pensamento possui como principal distintivo a preocupaccedilatildeo
com o destino das cidades histoacutericas italianas sobretudo devido aos efeitos das intervenccedilotildees
modernistas Essa escola apresenta uma maior preocupaccedilatildeo com o estudo tipoloacutegico das
edificaccedilotildees (fachadas estilos arquitetocircnicos gabarito) e de suas transformaccedilotildees ao longo do
tempo
A escola francesa apresenta ecircnfase na reflexatildeo geograacutefica e historiograacutefica sobre as cidades e
possui a contribuiccedilatildeo do socioacutelogo Henri Lefebvre (1901 ndash 1991) Assim como a escola italiana
a escola francesa se opotildee aos efeitos das intervenccedilotildees modernistas Rosaneli (2011) propotildee
uma reforma educacional no campo dos estudos urbanos e busca consolidar uma nova
ldquodisciplinardquo com duplo objetivo primeiro uma pesquisa descritiva multidisciplinar do espaccedilo
construiacutedo a fim de reconhecer ingredientes de um bom desenho e segundo a identificaccedilatildeo
e criacutetica de modelos teoacutericos de desenho urbano
A escola inglesa eacute fundamentada nos estudos do geoacutegrafo alematildeo Conzen (1907 ndash 2000) e
inicia-se na deacutecada de 1960 De acordo com Moudon (1994) a escola inglesa possui uma
anaacutelise morfoloacutegica descritiva analiacutetica e explanatoacuteria concentra-se no estudo da forma
urbana e apresenta o mais completo detalhado e sistemaacutetico meacutetodo tipo morfoloacutegico das
trecircs escolas
Conzen fundamenta-se na aplicabilidade da leitura dos planos urbanos (ldquotown-plansrdquo) para o
entendimento da formaccedilatildeo urbana De acordo com Conzen (1960) apud Rosaneli (2011) os
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trecircs fundamentais elementos que compotildee os planos satildeo as ruas que estatildeo arranjadas em um
traccedilado os lotes ou parcelas individuais de terra juntamente com as quadrasquarteirotildees e os
edifiacutecios com seus conjuntos construiacutedos As diversas combinaccedilotildees desses trecircs principais
elementos constituiriam unidades distintas com ldquohomogeneidade morfoloacutegicardquo o que o
autor denominou de tecido urbano (ldquoplan unitrdquo ldquourban fabricrdquo ou ldquotessuto urbanordquo para a
escola italiana)
A morfologia urbana e suas diferentes escolas de pensamento retratam o estudo da forma
urbana e de seus elementos estruturantes dos processos culturais sociais econocircmicos e
poliacuteticos Os estudos morfoloacutegicos que mais se aplicam agrave presente pesquisa satildeo os da escola
inglesa onde desenvolve-se uma anaacutelise descritiva e analiacutetica do processo de urbanizaccedilatildeo
estudando as unidades com ldquohomogeneidade morfoloacutegicasrdquo trabalhadas nessa pesquisa por
meio das Unidades de Paisagem (porccedilotildees territoriais com semelhanccedila de traccedilado e interaccedilatildeo
entre os espaccedilos livres e edificados) e atraveacutes da anaacutelise do Sistema de Espaccedilos Livres uma
organizaccedilatildeo sistecircmica dos espaccedilos livres das diversas Unidades de Paisagem presentes em
uma aacuterea definida
Para o entendimento da configuraccedilatildeo do Sistema de Espaccedilos Livres Patense e de suas
Unidades de Paisagem partimos do estudo do processo de urbanizaccedilatildeo de Patos de Minas
observando as caracteriacutesticas morfoloacutegicas histoacutericas culturais e da paisagem urbana
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13 FORMACcedilAtildeO E TRANSFORMACcedilAtildeO DA
MALHA URBANA PATENSE
Figura 4 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Patos de Minas e apresentaccedilatildeo da forma urbana da cidade Elaborado pela autora segundo fonte Mapas da Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2006 e 2015
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Patos de Minas eacute uma cidade meacutedia2 da regiatildeo intermediaacuteria agrave Mesorregiatildeo do Triacircngulo
Mineiro e Alto Paranaiacuteba Considerada poacutelo econocircmico regional a maior cidade da
microrregiatildeo do Alto Paranaiacuteba que eacute composta por 10 municiacutepios O municiacutepio de Patos de
Minas eacute formado por sete distritos o distrito sede eacute a cidade de Patos de Minas e os outros
satildeo Bom Sucesso Chumbo Major Porto Pilar Pindaiacutebas e Santana de Patos (identificados na
Figura 4)
Segundo o IBGE (2010) o municiacutepio de Patos de Minas possui aacuterea de 3189771Kmsup2
densidade demograacutefica de 4349 habkmsup2 e populaccedilatildeo de aproximadamente 147614
habitantes (populaccedilatildeo estimada em 2014)
Patos de Minas situa-se no Planalto Central Minas GeraisGoiaacutes com altitudes meacutedias de 800
a 900 metros Localiza-se entre duas grandes bacias hidrograacuteficas brasileiras a do Satildeo
Francisco e a do Paranaacute Sua localizaccedilatildeo estrateacutegica permite a ligaccedilatildeo da cidade a centros
comerciais como Uberlacircndia Belo Horizonte Brasiacutelia e Satildeo Paulo facilitando o intercacircmbio
comercial e o desenvolvimento econocircmico
De acordo com o IBGE (2012) o PIB (Produto Interno Bruto) do municiacutepio tem sua economia
baseada principalmente no setor de serviccedilos seguido do setor industrial e da agricultura
conforme Tabela 1
2 A dissertaccedilatildeo adota a conceituaccedilatildeo de cidades meacutedias desenvolvida por Amorim Filho e Serra (2001) cidade que ocupam uma posiccedilatildeo estrateacutegica na hierarquia urbana oferecendo suporte agraves cidades pequenas conforme a funccedilatildeo que desempenham e estabelecendo ligaccedilotildees com as cidades maiores intermediando as relaccedilotildees entre estes dois niacuteveis urbanos De acordo com os autores essas cidades satildeo espaccedilos de relaccedilotildees e natildeo de polarizaccedilatildeo ou dominaccedilatildeo satildeo cidades natildeo tatildeo pequenas a ponto de limitar as possibilidades de crescimento econocircmico e intelectual de seus habitantes e nem tatildeo grandes a ponto de onerar ndash e ateacute pocircr em risco ndash a vida da maioria de seus moradores
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Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas - 2012
Impostos sobre produtos liacutequidos de subsiacutedios a preccedilos correntes
248946 mil reais
PIB a preccedilos correntes 2495732 mil reais
PIB per capita a preccedilos correntes 1770650 mil reais
Valor adicionado bruto da agropecuaacuteria a preccedilos correntes 255908 mil reais
Valor adicionado bruto da induacutestria a preccedilos correntes 432152 mil reais
Valor adicionado bruto dos serviccedilos a preccedilos correntes 1558725 mil reais
Tabela 1 Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas-2012 Fonte IBGE 2012 em parceria com os Oacutergatildeos Estaduais de Estatiacutestica Secretarias Estaduais de
Governo e Superintendecircncia da Zona Franca de Manaus ndash SUFRAMA Disponiacutevel em
httpwwwcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=314800ampidtema=134ampsearch=mina
s-gerais|patos-de-minas|produto-interno-bruto-dos-municipios-2012 Acesso em dezembro de 2014
Entretanto observa-se que entre os setores o que mais exerce influecircncia cultural no
municiacutepio e na dinacircmica urbana eacute a agricultura somada a pecuaacuteria e ao agronegoacutecio
caracterizando as festas locais as manifestaccedilotildees culturais as formas de apropriaccedilatildeo da
paisagem as tipologias predominantes de espaccedilos livres e a histoacuteria de ocupaccedilatildeo do
municiacutepio Na agroinduacutestria destaca-se a produccedilatildeo de leite e derivados sementes e adubos
defensivos agriacutecolas carne suiacutena e derivados e alimentos enlatados A agricultura sempre
caracterizou a economia e a cultura local os produtos que se destacam satildeo o arroz soja
feijatildeo cafeacute maracujaacute tomate horticultura e o milho siacutembolo da festa regional a Festa
Nacional do Milho A pecuaacuteria possui significativa importacircncia econocircmica para o municiacutepio a
regiatildeo faz parte de uma das maiores bacias leiteiras do paiacutes Patos de Minas tambeacutem eacute
considerada poacutelo nacional de geneacutetica suiacutena detendo 70 da tecnologia nacional em
melhoramentos suiacutenos
Para analisarmos como se formou a cidade de Patos de Minas apresentaremos seus periacuteodos
urbanos em cinco partes a primeira retrata o iniacutecio do povoado ateacute 1930 depois de 1940 a
deacutecada de 1960 em seguida de 1970 ateacute a deacutecada 1980 e por fim o periacuteodo que vai de 1990
ateacute o ano de 2015 buscando assim retratar o crescimento urbano os principais
acontecimentos histoacutericos e a incorporaccedilatildeo dos elementos da paisagem
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131
DO INIacuteCIO DO POVOADO ATEacute A DEacuteCADA DE 1930
BORGES X MACIEacuteIS
O processo de colonizaccedilatildeo da
regiatildeo ocupada hoje pelo
municiacutepio de Patos de Minas
teve iniacutecio provavelmente na
segunda metade do seacuteculo XVIII
antes mesmo da descoberta do
ouro no estado de Minas Gerais
com as bandeiras rumo agraves terras
de Paracatu A cidade de Patos
de Minas surgiu na segunda
deacutecada do seacuteculo XIX em torno
da Lagoa dos Patos (delimitada
na Figura 5) onde segundo as
descriccedilotildees histoacutericas existia uma
enorme quantidade de patos
silvestres
Figura 5 Crescimento Urbano de Patos de Minas ateacute o iacutenicio do seacuteculo XIX Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas Disponiveacutel em
httpwwwpatosdeminasmggovbrgaleriahistoricaspagesimage16php Acesso em maio de
2014 Elaborado pela autora
Segundo Oliveira Mello (1971) o povoado que deu origem a cidade de Patos de Minas se
iniciou em 1826 com a doaccedilatildeo do terreno por Antocircnio Joaquim da Silva Guerra e sua esposa
Luzia Correcirca de Andrade para a construccedilatildeo da capela de Santo Antocircnio situada hoje na atual
Praccedila Dom Eduardo proacutexima agrave Lagoa dos Patos na Avenida Liberdade atualmente conhecida
como Avenida Getuacutelio Vargas A partir de entatildeo diversas famiacutelias se instalaram no entorno da
capela originando o Arraial de Santo Antocircnio da Beira do Paranaiacuteba Em 1866 foi criada a Vila
de Santo Antocircnio dos Patos e em 1892 o presidente do Estado de Minas Gerais elevou a vila
agrave categoria de cidade de Patos de Minas
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Figura 6 Iniacutecio da ocupaccedilatildeo da cidade de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fontes
Prefeitura Municipal de Patos de Minas e MuP- Museu da Cidade de Patos de Minas
A Praccedila Dom Eduardo estaacute no centro do nuacutecleo original de povoamento ilustrado pela Figura
6 e representa a divisatildeo de influecircncia entre as duas famiacutelias da elite local que atuaram na
construccedilatildeo da paisagem urbana e na histoacuteria da cidade de Patos de Minas os Borges
catoacutelicos e monarquistas e os Dias Macieacuteis protestantes e republicanos
Ao norte da Praccedila Dom Eduardo encontam-se os Borges e seus parentes os Caixeta e os
Queiroz de acordo com Silva (2011) deste lado da cidade a paisagem se desenha por ruas
estreitas e curvas as quais conduzem a travessas e becos nitidamente ldquosemeadosrdquo agrave moda
lusitana de povoar Ao mesmo tempo os edifiacutecios mais antigos e caracteriacutesticos da aacuterea satildeo
todos em estilo colonial com altas janelas e portas retangulares Satildeo exemplos a antiga Casa
de Cacircmara e Cadeia localizada hoje na Praccedila Juquinha Caixeta (Figura 7) e os casarotildees do Dr
Joatildeo Borges e do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz a rua e a casa de Deiroacute Borges a Rua do
Tenente Bino o Beco da Zeacutelia a Praccedila da Dona Genoveva (Figura 8) a Rua do Alfredo Borges
a Praccedila Chiquinho Caixeta a Rua Dr Joseacute Oliacutempio Borges a Praccedila Dom Eduardo E ainda a
Travessa dos Queiroz onde se manteacutem de peacute a casa do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz
palco de criaccedilatildeo do partido de oposiccedilatildeo oficial aos ldquoMacieacuteisrdquo
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Figura 7 Casa de Cacircmara e Cadeia (o mais antigo edifiacutecio puacuteblico de Patos de Minas inaugurado em 1912 como Cacircmara Municipal Foacuterum e no reacutes-do-chatildeo a Cadeia Puacuteblica) e Praccedila Juquinha Caixeta Foto Acervo pessoal 2015 Figura 8 Rua Deiroacute Borges ao fundo Praccedila Dona Genoveva Foto Acervo pessoal 2015
Figura 9 Escola Estadual Marcolino de Barros Foto Fotoacutegrafo desconhecido 2008 Disponiacutevel em
httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=614809 Acesso em maio de 2014
Figura 10 Escola Estadual Antocircnio Dias Maciel Foto Acervo pessoal 2015
Ao sul da Praccedila Dom Eduardo em frente agrave Catedral de Santo Antocircnio estatildeo os Macieacuteis e seus
parentes os Santana Pacheco Barros Magalhatildees e Ferreira da Silva Segundo Silva (2011) os
Macieacuteis estatildeo ligados agrave modernizaccedilatildeo e agrave reordenaccedilatildeo urbana da cidade entre suas marcas
na paisagem estatildeo a Escola Estadual Marcolino de Barros(Figura 09) a Escola Estadual
Antocircnio Dias Maciel(Figura 10) a Rua Olegaacuterio Maciel a Casa de Olegaacuterio Maciel a Casa do
Dr Itagyba a Rua Farnese Maciel o Palacete de Amadeu Maciel a Rua Major Gote (apelido
de Sesoacutestris Dias Maciel) o Hospital Regional Antocircnio Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur
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Thomaz de Magalhatildees o Coreto Arthur Thomaz de Magalhatildees a Rua Joseacute de Santana a Praccedila
Antocircnio Dias a Rua Major Jerocircnimo [Dias Maciel] e a Praccedila Santana
Olegaacuterio Maciel figura poliacutetica representativa da regiatildeo alternou entre os cargos de
Deputado Federal e Agente Executivo de Municiacutepio no final do seacuteculo XIX ateacute chegar agrave
Presidecircncia do Estado de Minas Gerais nos anos de 1930 Segundo Borges (2008) esse
processo poliacutetico influenciou o desenvolvimento fiacutesico-territorial da cidade atraindo
investimentos do Governo do Estado para a construccedilatildeo das escolas do foacuterum e do Hospital
Regional
No fim do seacuteculo XIX em 1883 o entatildeo Agente do Executivo Olegaacuterio Dias Maciel3 ordenou
a criaccedilatildeo de um plano diretor para ordenar e reorientar o crescimento do povoado para o
sentido sul da Praccedila Dom Eduardo ldquona chapada ou chapadatildeordquo conforme segue na citaccedilatildeo
Seguiu‐se a risca o ldquoPlano Diretorrdquo indicado por Olegaacuterio
Maciel O vereador Eduardo Ferreira de Noronha em 21 de
setembro de 1906 indica que ()auxiliem a Cacircmara a
estudar o local mais conveniente em que se deve construir
o matadouro e respectivo curral oferecendo seu parecer
Hoje distanciados no tempo sabemos que a ldquoChapadardquo
paulatinamente abrigou aleacutem do Matadouro Municipal a
Casa do Coronel Farnese Dias Maciel a Casa de Amadeu
Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur Thomaz de
Magalhatildees o Passeio Puacuteblico a fonte luminosa o Coreto o
Cinema o Paccedilo Municipal o Hospital Antocircnio Dias Maciel o
Grupo Escolar o Foacuterum () Pari Passu tambeacutem foram
transladados outros elementos que se localizavam na
direccedilatildeo para a qual a cidade ia se deslocando a mudanccedila
do cemiteacuterio e da Igreja de Nossa Senhora do Rosaacuterio
(frequentada pelos negros) tambeacutem se constituiu como
marco simboacutelico da nova ordenaccedilatildeo urbana planeada por
Olegaacuterio Maciel (BORGES amp SILVA 2009 p13)
3 Olegaacuterio Dias Maciel era engenheiro formado na Escola Polyteacutecnica do Rio de Janeiro em 1878 compartilhava os ideais positivistas da Repuacuteblica e tambeacutem os ideais da Belle Eacutepoque de higienizaccedilatildeo e de racionalizaccedilatildeo do espaccedilo urbano Soma-se a isso a experiecircncia cultural de Olegaacuterio fora de Patos como deputado federal e senador vivenciou no Rio de Janeiro as reformas urbanas empreendidas por Pereira Passos inspiradas na reforma de Paris sob a batuta do Baratildeo de Haussman Como deputado estadual e depois como presidente do Estado de Minas Gerais vivenciou a experiecircncia de ldquofruirrdquo a cidade de Belo Horizonte construiacuteda racionalmente agrave moda da colonizaccedilatildeo espanhola na Ameacuterica (BORGES amp SILVA 2009)
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Segundo Oliveira (2010) dentre as influecircncias na malha urbana decorrentes do periacuteodo
poliacutetico do iniacutecio do seacuteculo XX destacam-se as intervenccedilotildees na infraestrutura da Avenida
Getuacutelio Vargas definindo a mesma como eixo nobre na cidade o direcionamento o primeiro
vetor de expansatildeo urbana nas direccedilotildees sul e oeste da Av Getuacutelio Vargas
Figura 11 Inundaccedilatildeo ocorrida em 1941 na ponte sobre o Rio Paranaiacuteba Fonte Arquivo do Laboratoacuterio
de Histoacuteria do Unipam Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=3600 Acesso em
dezembro de 2014
Observa-se que a Avenida Getuacutelio Vargas anteriormente denominada como Avenida
Liberdade e depois Avenida Municipal representa o nuacutecleo inicial da cidade e o ponto de
partida dos vetores de ocupaccedilatildeo ateacute a deacutecada de 1930 observa-se que neste periacuteodo as
praccedilas da avenida apresentavam um paisagismo inspirado nos jardins franceses Zama
Maciel4 relata sobre o planejamento de usos e ocupaccedilatildeo dessa aacuterea e a Figura 12 ilustra esse
periacuteodo
4 Zama Maciel foi um patense que exerceu as funccedilotildees de agrimensor professor inspetor de ensino vereador e redator dos jornais locais
Com relaccedilatildeo ao vetor de expansatildeo oeste
observa-se que o mesmo foi impulsionado
pela construccedilatildeo da nova ponte sobre o rio
Paranaiacuteba em aproximadamente 1926
retratada na Figura 11 Segundo
Dannemann (2013) a obra da ponte estava
sob os cuidados da Companhia Nacional de
Cimento Armado SA e ateacute 1970 serviu
como principal acesso agrave sede do municiacutepio
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Avenida Municipal com o seu atual quilocircmetro de extensatildeo foi
destinada agrave habitaccedilatildeo particular devida a sua exagerada
largura e agrave perspectiva que podem oferecer casas pequenas e
de bom gosto fronteando os seus passeios gramados e jardins
floridos que a pequenada destroacutei Nela preacutedios comerciais de
dois trecircs andares tornam-se ridiacuteculos porque natildeo tecircm
magnitude para se imporem agrave largura (repisamos) exagerada
com que os antigos irrefletidamente a construiacuteram Somente
edifiacutecios semelhantes agrave igreja matriz em construccedilatildeo come
cinquenta metros podem nela sobreviverem Pequenos preacutedios
vivendas graciosas de cujas janelas caiam trepadeiras no
conjunto dos jardins e na imensa claridade de nossas tardes
faratildeo dela recanto cobiccedilado agrave moradia Enfeia-la com preacutedios
comerciais de pequeno porte e com casas de diversotildees
barulhentas seraacute obra de mau gosto que se torna necessaacuterio
evitar (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos Patos de
Minas junho de 1937)
Figura 12 Avenida Getuacutelio Vargas parte ao sul da Catedral de Santo Antocircnio deacutecada de 1930 Ao
centro da figura o Palacete Amadeu Maciel Fonte Acervo Documental e de Imagens de Patos de
Minas Local MuP ndash Museu da Cidade de Patos de Minas
A seguir o Mapa 1 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o
ano de 1930 retrata a localizaccedilatildeo da implantaccedilatildeo da cidade proacuteximo a recursos drsquoaacutegua No
mapa estaacute presente a delimitaccedilatildeo do periacutemetro urbano do ano de 2015 que seraacute mantido
como ponto de referecircncia espacial para a malha urbana atual
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A Figura 13 datada da deacutecada de 1930 eacute uma vista aeacuterea da cidade no qual pode-se
perceber a implantaccedilatildeo e a forma urbana da cidade e os vetores de expansatildeo do iniacutecio do
seacuteculo XX aacuterea retratada pelo Mapa 1 apresentado anteriormente
Figura 13 Vista aeacuterea de Patos de Minas
Fonte Arquivo Daacutecio Pereira da Fonseca Fotografo desconhecido
Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=2650 Acesso em abril de 2014
Observa-se na Figura 13 a presenccedila de espaccedilos livres puacuteblicos dentre eles as Praccedilas da
Avenida Getuacutelio Vargas dos Boiadeiros Antoacutenio Dias Champagnat e Santana os espaccedilos
livres privados o Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo o Patos Tecircnis Clube (PTC) o campo de futebol
da Uniatildeo Recreativa dos Trabalhadores (URT) e o campo de futebol do Clube do Mamoreacute
Segundo Fonseca (1974) desde o final do seacuteculo XIX ateacute 1950 Patos de Minas tentou pleitear
a vinda da estrada de ferro para escoamento da produccedilatildeo agriacutecola da regiatildeo ateacute o Rio de
Janeiro e Satildeo Paulo Segundo Borges e Silva (2009) em 1934 o engenheiro carioca Neacutelson
Rodrigues efetuou o primeiro levantamento planialtimeacutetrico da cidade de Patos de Minas a
princiacutepio esse levantamento objetivava abrigar a estrada de ferro Patos-Catiara Em 1936
provavelmente o proacuteprio Neacutelson Rodrigues concluiu o primeiro Plano Urbano oficial da
cidade apresentado pela Figura 14
LEGENDA 1 ndashMajor Gote e Dr Marcolino 2 ndash Lagoa Grande 3 ndash Campo de Aviaccedilatildeo 4 ndash Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo 5 ndash Rua Dr Marcolino 6 ndash Rua Major Gote 7 ndash Coacuterrego do Monjolo 8 ndash PTC 9 ndash Campo da URT 10 ndash Cemiteacuterio Municipal 11 ndash Rio Paranaiacuteba 12 ndash Av Getuacutelio Vargas 13 ndash Matriz de Santo Antocircnio 14 ndash Rua Tiradentes 15 ndash Cadeia 16 ndash Praccedila dos Boiadeiros 17 ndash Praccedila Antocircnio Dias 18 ndash Av Paracatu 19 ndash Igreja do Rosaacuterio 20 ndash Praccedila Champagnat 21 ndash Rua Major Jerocircnimo 22 ndash Campo do Mamoreacute
23 ndash Praccedila Santana
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Figura 14 Plano Urbano de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fonte Prefeitura
Municipal de Patos de Minas
Destaca-se no plano de crescimento urbano a Rua Major Gote na eacutepoca denominada Rua
Desembargador Frederico Zama Maciel escreve ao jornal local sobre o plano urbano as vias
de caraacuteter comercial da cidade e sobre as intenccedilotildees de um zoneamento de usos para o
crescimento da cidade inspirados no urbanismo norte-americano
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A Prefeitura () mandou organizar a planta da cidade e
traccedilar-lhe as ruas futuras no objetivo de impedir o
crescimento desordenado() Neste trabalho foram
observadas tanto quanto possiacutevel as normas seguidas na
Ameacuterica do Norte onde geralmente as cidades satildeo
traccediladas em xadrez cortando-se as ruas em acircngulo reto
() As ruas comerciais estatildeo determinadas no referido
plano e dentre as atuais destacam-se Desembargador
Frederico e General Osoacuterio A primeira () deveraacute atravessar
a cidade de norte a sul e morreraacute na futura praccedila da
estaccedilatildeo ferroviaacuteria onde atualmente se ergue o barracatildeo
da Companhia do Trigo Seraacute futuramente a mais central da
cidade Eacute de uma boa norma localizar-se o comeacutercio em
determinadas zonas (zoneamento chamam a isto os
urbanistas) bem como as faacutebricas os edifiacutecios puacuteblicos as
escolas (natildeo as primaacuterias que devem ser espalhadas nos
bairros residenciais) devem tambeacutem ter as suas zonas
separadas () (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos
Patos de Minas junho de 1937)
A linha feacuterrea natildeo foi implantada na cidade e o crescimento urbano das deacutecadas seguintes
natildeo se ateve ao planejamento apresentado na deacutecada de 1930
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DA DEacuteCADA DE 1940 ATEacute A DEacuteCADA DE 1960
AUMENTO POPULACIONAL
Comparando o plano urbaniacutestico apresentado para a cidade no final do seacuteculo XIX com a
expansatildeo da malha urbana observa-se que o crescimento urbano da cidade ocorreu de
forma mais dispersa do que o apresentado no plano O vetor de expansatildeo ao sul manteve
grande parte do planejamento embora apresentando quadras menores A aacuterea antes
ocupada pela Lagoa dos Patos e a aacuterea a nordeste da Lagoa foram as que mais se
distanciaram das ideias do plano urbaniacutestico apresentando uma malha urbana orgacircnica com
a presenccedila de muitas ruas sem saiacuteda
O Mapa 2 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1965 a seguir retrata o crescimento da malha urbana
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Segundo Magrini (2008) na deacutecada de 1950 houve um surto migratoacuterio e a instalaccedilatildeo de
diversas firmas comerciais Nesse periacuteodo construiu-se o primeiro Terminal Rodoviaacuterio com
verbas municipais e investimentos da iniciativa privada e teve iniacutecio tambeacutem a comemoraccedilatildeo
da Festa Nacional do Milho evento que ateacute hoje expressa as manifestaccedilotildees culturais da
regiatildeo
Figura 15 Patos de
Minas da deacutecada de
1960
Elaborado pela autora segundo fonte Arquivo de Marialda Coury Foto Joatildeo Lucas Ribeiro Borges
Observando o crescimento da malha urbana de Patos de Minas ateacute 1965 (ilustrado pela
Figura 15) pode-se constatar que houve uma grande expansatildeo da mesma entre a deacutecada de
1950 e 1960 Nesse periacuteodo o aumento populacional ocorreu predominantemente na aacuterea
urbana conforme mostra a Tabela 02 a seguir
Periacuteodo
Populaccedilatildeo Total do
Municiacutepio
Populaccedilatildeo Urbana do Municiacutepio
Populaccedilatildeo Rural do
Municiacutepio
1950 45399 12525 32874
1960 72839 32511 40328
1970 76211 44877 31334
1980 86121 63302 22819
1990 102946 87403 15543
2000 123881 111333 12548
2010 138710 127724 10986
2014 147614 - -
Tabela 2 Crescimento Populacional de Patos de Minas Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Magrini 2008 Populaccedilatildeo prevista segundo o IBGE
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Nas deacutecadas seguintes a 1960 como se pode antever pela Tabela 2 o crescimento da zona
rural foi diminuindo gradativamente e a populaccedilatildeo da aacuterea urbana aumentando
impulsionando o crescimento da malha urbana
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DA DEacuteCADA DE 1970 ATEacute A DEacuteCADA DE 1980
Incorporaccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua
Nas deacutecadas de 1960 e 1970 periacuteodo de ditadura Militar segundo Magrini (2010) Patos de
Minas passou por uma estagnaccedilatildeo econocircmica devido agrave emancipaccedilatildeo poliacutetica de dois
importantes Lagoa Formosa e Guimaracircnia no mesmo periacuteodo houve grande deslocamento
de patenses para a nova capital do paiacutes Brasiacutelia em busca de empregos
Justamente na eacutepoca da mudanccedila da capital do paiacutes para
Brasiacutelia Patos de Minas perde caracteriacutestica de centro
rodoviaacuterio e transforma-se no ldquopassa perto de Patosrdquo com
estradas asfaltadas em volta num eixo de 130 km Natildeo se
vinha aqui como antes ateacute que a BR 354 inaugurada em
1972 abolia este malfadado passa perto ressurgindo toda a
movimentaccedilatildeo comercial completada pela BR ndash 365 em
1974 (MELLO 1992 p54)
De 1965 ateacute os anos 1980 Patos de Minas praticamente dobrou a sua aacuterea de ocupaccedilatildeo
decorrente principalmente do processo de ecircxodo rural Segundo Oliveira (2010) os vetores
direcionavam para todos os sentidos sendo apenas o oeste limitado pelo Rio Paranaiacuteba os
cursos drsquoaacutegua menores natildeo foram uma barreira para esta expansatildeo
O Mapa 3 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1980 a seguir retrata o crescimento da malha urbana nesse periacuteodo
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Em 1982 foi iniciada a urbanizaccedilatildeo da Lagoa dos Japoneses a Lagoa Grande (Figura 16 e
Figura 17) com a reduccedilatildeo significativa da aacuterea alagada e a construccedilatildeo do Terminal
Rodoviaacuterio No entorno da lagoa foi criado o Parque Recreativo Dr Itagiba depois renomeado
como Parque Dr Itagiba Augusto Silva o primeiro parque urbano da cidade um dos principais
cartotildees postais da cidade espaccedilo de lazer e contemplaccedilatildeo
Figura 16 Projeto para o
Parque Recreativo Dr
Itagiba a construccedilatildeo ao
lado esquerdo da figura
representa o Terminal
Rodoviaacuterio Fonte Jornal
A Debulha O projeto do
parque Ano VIII nordm178
janeiro de 1988 paacuteg7
Figura 17 Planta do Parque Dr Itagiba Augusto Silva ndash Lagoa Grande Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2014
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Em 1986 foi iniciada a canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo inicialmente uma Avenida
Sanitaacuteria no Coacuterrego do Monjolo (Figura 18) atualmente conhecida como Avenida Faacutetima
Porto as obras terminaram em 1996 Segundo Caixeta amp Vlach (2009) a canalizaccedilatildeo
acarretou inicialmente na ocupaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo do entorno e devido agrave resoluccedilatildeo dos
problemas sanitaacuterios que aiacute existiam
Figura 18 Canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo deacutecada de 1990 Foto Arquivo de Donaldo Amaro Teixeira Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=7568 Acesso em maio de 2015
Com o decorrer dos anos e a instalaccedilatildeo dos bairros no entorno o Coacuterrego do Monjolo passou
a apresentar problemas com enchentes e um forte odor provavelmente a canalizaccedilatildeo do
coacuterrego jaacute natildeo suportava mais o volume de aacutegua pluvial dos bairros aleacutem da presenccedila de
esgotos clandestinos Tais problemas geraram novos projetos de canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do
Monjolo nas deacutecadas seguintes
44 |
134
DA DEacuteCADA DE 1990 ATEacute OS DIAS ATUAIS
A FORMA URBANA ATUAL
No final da deacutecada de 1980 houve a descoberta da uma jazida de Fosfato Sedimentar na
localidade da Rocinha (aacuterea rural) o que impulsionou a instalaccedilatildeo de induacutestrias voltadas para
o agronegoacutecio iniciado pelas Sementes Agroceres SA (especialista tambeacutem em geneacutetica
suiacutena) Nesse periacuteodo ocorreu ainda um maior desenvolvimento teacutecnico da agricultura por
meio da irrigaccedilatildeo e do cultivo de novos cereais
Os reflexos do desenvolvimento comercial e industrial da regiatildeo foram notados na
implantaccedilatildeo de induacutestrias de confecccedilotildees agroinduacutestrias e na instalaccedilatildeo da multinacional Cica
que impulsionou o cultivo de milho ervilha e tomate5
A implementaccedilatildeo de induacutestrias somadas agraves pressotildees poliacuteticas acarretou na instalaccedilatildeo de um
distrito industrial na porsatildeo sul e oeste da cidade expandindo o periacutemetro urbano para aleacutem
das margens do Rio Paranaiacuteba A criaccedilatildeo do distrito industrial influenciou a ocupaccedilatildeo ao longo
da Avenida Presidente Juscelino Kubitschek construiacuteda nos anos 1970 para ligaccedilatildeo do nuacutecleo
urbano agraves rodovias BR-354 e BR-365 comportando-se entatildeo como principal acesso da
cidade
O Mapa 4 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o ano de
2015 a seguir apresenta a forma urbana atual da cidade
5 A multinacional Cica permaneceu na cidade ateacute 2001 depois se deslocou para o Estado de Goiaacutes quando perdeu parte dos incentivos fiscais oferecidos pela cidade
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Na deacutecada de 1990 a expansatildeo da malha urbana ultrapassou as aacutereas de algumas reservas
ambientais que se transformaram nos principais parques urbanos da cidade o Parque
Municipal do Mocambo (Figura 19) em 1990 e o Parque Municipal Joatildeo Luiz Redondo (Figura
20) em 1994 ambos localizados em aacutereas de lagoas
Figura 19 Parque Municipal do
Mocambo 1992 Fonte Arquivo
de Donaldo Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecadepatoscombr
p=8437 Acesso em marccedilo de
2015
Figura 20 Parque
Municipal Joatildeo Luiz
Redondo (Lagoinha)
deacutecada de 1990 Fonte
Arquivo de Donaldo
Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecade
patoscombrp=75
54 Acesso em marccedilo
de 2015
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Foi criado tambeacutem na deacutecada de 1990 na Lei Municipal nordm 2872 de 03 de outubro de 1991
o Parque Mirante do Alto da Colina (ainda natildeo implantado) e a Lei Municipal nordm 2871 de 03
de outubro de 1991 declara a aacuterea denominada Lagoa e Bosque do ldquoPATAtildeOrdquo de preservaccedilatildeo
permanente onde desde entatildeo se cogita a implantaccedilatildeo de um parque urbano
Figura 21 Rua Mirico Caixeta ao fundo a Mata do Catingeuiro Evidenciando a falta de conexatildeo da
mata com o entorno Foto Acervo pessoal 2015
Figura 22 Rua 0 e o desmatamento na Mata do Catingeiro Foto Acervo
pessoal 2015
Em 2014 foi aprovada a criaccedilatildeo do Parque
de Preservaccedilatildeo Mata do Catingueiro uma
tentativa de proteger os restigios da mata
localizado no setor leste aacuterea que
recentemente recebeu muitos loteamentos
que foram implantados sem se estabelecer
uma aacuterea de transiccedilatildeo ou de integraccedilatildeo da
mata com a malha urbana sem passeios
ciclovias praccedilas ou parques conforme
ilustrado na Figura 21 A mata do
Catingueiro tem sido um constante alvo de
queimadas e desmatamento a Figura 22
mostra os vestiacutegios da mata
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Figura 23 Programa MCMV- Jardim Quebec II com 437unidades localizado na porccedilatildeo noroeste da
cidade ao fundo da figura a mata ciliar do Rio Paranaiacuteba e plantaccedilotildees de cafeacute Foto Sacircmara C P Lima
2014
Na deacutecada de 2010 ocorreu a expansatildeo do periacutemetro urbano no sentindo norte pela primeira
vez para aleacutem do Coacuterrego do Limoeiro devido agrave instalaccedilatildeo de um campus da Universidade
Federal de Uberlacircndia na aacuterea Observa-se na Figura 23 que a aacuterea do extremo noroeste da
cidade estaacute em processo de expansatildeo da malha urbana e apresenta construccedilotildees habitacionais
do Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) na cidade
Notamos diversas transformaccedilotildees na malha urbana de Patos de Minas ao longo das deacutecadas
desde a implantaccedilatildeo do nuacutecleo urbano aos desdobramentos econocircmicos poliacuteticos e sociais
que direcionaram o crescimento da cidade e a transformaccedilatildeo da paisagem
O tecido urbano e o crescimento das cidades brasileiras como eacute o caso de Patos de Minas se
daacute pela conformaccedilatildeo do sistema viaacuterio pelos padrotildees de parcelamento do solo por
edificaccedilotildees e pelos espaccedilos livres Patos possui uma relaccedilatildeo cultural e econocircmica muito forte
com a zona rural A linha de transiccedilatildeo entre o urbano e o rural eacute muito tecircnue principalmente
nas aacutereas de borda urbana Nesses bairros de periferia ou de limite da mancha urbana a
cidade termina no outro lado da rua depois de uma cerca de arame sem nenhum espaccedilo de
transiccedilatildeo o outro lado da cerca se configura como um espaccedilo livre com muitas
potencialidades de uso e conflitos
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Figura 24 Paisagem urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora
Em Patos de Minas a paisagem urbana eacute emoldurada por serras cobertas por diferentes
plantaccedilotildees (Figura 24) a cidade termina onde o Rio Paranaiacuteba passa ou a cidade termina
onde comeccedilam os fundos de vale Ora cidade ora zona rural A paisagem tambeacutem eacute marcada
pela Catedral um contraste no meio do aglomerado urbano em uma zona em processo de
verticalizaccedilatildeo onde a Catedral se esconde e se revela A Catedral marca o iniacutecio da ocupaccedilatildeo
da regiatildeo em uma aacuterea de chapada na beira da lagoa hoje a chapada foi praticamente toda
ocupada e os bairros das bordas urbanas ocupam as aacutereas mais elevadas da cidade Do alto
desses bairros da borda eacute possiacutevel ver as lagoas e os coacuterregos pressentes na cidade espaccedilos
que se configuram como parques praccedilas e chaacutecaras espaccedilos livres de edificaccedilatildeo que
ressaltam a identidade da cidade e a paisagem urbana
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21 ESPACcedilOS LIVRES
ESPACcedilOS ABERTOS AacuteREAS VERDES
O conceito de espaccedilo livre de edificaccedilatildeo eacute amplo e complexo Para Nucci (2001) os espaccedilos
livres fazem parte de um grande grupo paisagiacutestico urbano que pode ser subdividido em
vaacuterias categorias dependendo do seu uso e funccedilatildeo sendo entatildeo um termo bastante
abrangente que agrega todos os outros conceitos similares como espaccedilos abertos aacutereas
verdes aacutereas livres sistemas de aacutereas de lazer cobertura vegetal entre outros
Segundo Queiroga (2006) Miranda Magnoli em sua tese de livre-docecircncia6 buscou afirmar o
espaccedilo livre como o objeto do paisagismo indo aleacutem do jardim do projeto com vegetaccedilatildeo
e da escala urbana Nesse sentido definiu espaccedilo livre como espaccedilo livre de edificaccedilotildees todo
espaccedilo descoberto urbano ou natildeo vegetado ou natildeo puacuteblico ou privado De acordo com a
autora para a anaacutelise de um dado recorte escalar propotildee-se que o estudo dos espaccedilos livres
deva ir aleacutem dos espaccedilos vegetados e dos espaccedilos puacuteblicos envolvendo todos os espaccedilos
livres do referido recorte Ou seja para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na cidade
eacute preciso ir aleacutem da anaacutelise dos espaccedilos puacuteblicos ou dos vegetados eacute preciso identificar todas
as aacutereas natildeo construiacutedas na cidade os espaccedilos privados intra-lote os lotes e glebas ociosas
as ruas os passeios etc
Os espaccedilos livres satildeo um dos principais estruturadores da forma urbana e um dos principais
elementos caracterizadores da paisagem urbana Segundo Magnoli (1982) os espaccedilos livres
satildeo os ambientes natildeo edificados da cidade as ruas avenidas praccedilas parques quintais
jardins rios matas mangues praias urbanas ou simples vazios urbanos
Quando adotamos o termo aacutereas verdes ou aacutereas verdes urbanas nos referimos a um
subsistema dentro do Sistema de Espaccedilos Livres que engloba principalmente as aacutereas de
preservaccedilatildeo permanente (APPrsquos) reservas legais (RL) e a arborizaccedilatildeo urbana Segundo
6 MAGNOLI Miranda Espaccedilos livres e urbanizaccedilatildeo uma introduccedilatildeo a aspectos da paisagem metropolitana 1982 116 p Tese (Livre-docecircncia em Arquitetura e Urbanismo) ndash Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1982
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Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilo livre eacute adotado se sobrepondo contendo e
ampliando o conceito usual de aacutereas verdes termo que tem como base a necessidade de
espaccedilos livres dotados de vegetaccedilatildeo De acordo com o autor o termo aacutereas verdes eacute
reducionista desconsidera as caracteriacutesticas fundamentais do espaccedilo urbano como a
complexidade e diversidade das formas de apropriaccedilatildeo e apreensatildeo social e o fato real da
impossibilidade fiacutesica e mesmo da inconveniecircncia da existecircncia de vegetaccedilatildeo em
determinados espaccedilos livres
De acordo com Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilos livres natildeo desconsidera o papel
da vegetaccedilatildeo nas cidades brasileiras como elemento facilitador da drenagem urbana criador
de microclimas mais agradaacuteveis contribuindo para a manutenccedilatildeo da diversidade animal e
vegetal e ainda como fator de embelezamento urbano mas natildeo desconsidera a importacircncia
dos espaccedilos natildeo vegetados para inuacutemeras praacuteticas de relevacircncia cultural das feiras agraves festas
populares das manifestaccedilotildees poliacuteticas agrave valorizaccedilatildeo de determinadas paisagens e
patrimocircnios culturais
Entretanto apesar dos crescentes avanccedilos nas discussotildees sobre os espaccedilos livres muitos
autores planos diretores planos de uso e ocupaccedilatildeo ainda natildeo compreenderam o termo
como em Patos de Minas onde adota-se o termo aacutereas verdes nas leis municipais e plano
diretor Na Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo de Patos de Minas (2008) as aacutereas verdes satildeo
descritas como porccedilotildees situadas na Macrozona Urbana destinadas a oferecer espaccedilos
puacuteblicos adequados e qualificados agraves atividades de recreaccedilatildeo lazer e turismo da populaccedilatildeo
de forma a conciliar a proteccedilatildeo dos bens naturais e culturais As cidades precisam de reservas
de aacutereas verdes e de espaccedilos livres de qualidade para praacutetica de atividades culturais de lazer
e contemplaccedilatildeo Observa-se que na lei municipal de Patos de Minas existe uma sobreposiccedilatildeo
entre a funccedilatildeo das reservas de aacutereas verdes e dos espaccedilos de praacuteticas socias sobreposiccedilatildeo
essa presente no conceito dos espaccedilos livres
A implantaccedilatildeo dos espaccedilos livres puacuteblicos depende de uma gestatildeo adequada e integrada dos
recursos com uma fiscalizaccedilatildeo efetiva o que implica no desenvolvimento de poliacuteticas
puacuteblicas permanentes que viabilizem as intervenccedilotildees e necessidades dos espaccedilos livres
Segundo Loboda amp Angelis (2012) o planejamento das aacutereas verdes (puacuteblicas) urbanas parte
de uma definiccedilatildeo de recursos que eacute residual as necessidades satildeo amenizados com recursos
que sobram de outras atividades consideradas como mais prioritaacuterias e que geralmente
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incluem-se nesse acircmbito aquelas de cunho estrateacutegico poliacutetico e econocircmico O autor cita um
problema frequente em diversas cidades brasileiras a falta de recursos destinados aos
espaccedilos puacuteblicos e dentre eles as aacutereas verdes urbanas um dos principais espaccedilos livres das
cidades
De acordo com Magnoli (1982) a localizaccedilatildeo acessibilidade e distribuiccedilatildeo dos espaccedilos livres
formam um complexo sistema de conexotildees com muacuteltiplos papeacuteis urbanos atividades do oacutecio
circulaccedilatildeo urbana conforto conservaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo ambiental drenagem urbana
imaginaacuterio e memoacuteria urbana lazer e recreaccedilatildeo dentre outros Todas essas funccedilotildees
exercidas no ambiente urbano pelos espaccedilos livres assim como a localizaccedilatildeo acessibilidade
distribuiccedilatildeo tipos de usos e configuraccedilatildeo espacial estatildeo organizadas de maneira sistecircmica na
cidade formando o Sistema de Espaccedilos Livres
22 O PENSAMENTO SISTEcircMICO
As cidades independentemente da sua localidade histoacuteria e configuraccedilatildeo satildeo formadas de
modo geral por espaccedilos livres e espaccedilos edificados duas categorias espaciais estruturantes
da forma urbana A configuraccedilatildeo dos espaccedilos livres eacute variaacutevel nas cidades brasileiras por
diversas questotildees como caracteriacutesticas territoriais bioma configuraccedilatildeo paisagiacutestica pela
existecircncia ou ausecircncia de planos urbanos e principalmente pelos processos de urbanizaccedilatildeo e
de transformaccedilatildeo da paisagem
A cidade eacute um conjunto de elementos sistemas e funccedilotildees e os espaccedilos livres formam um dos
principais sistemas capaz de estruturar toda a configuraccedilatildeo urbana De acordo com Tardin
(2010) e DrsquoAgostini amp Cunha (2007) sistema eacute um conjunto de elementos passiacutevel de
estabelecer inter-relaccedilotildees fiacutesicas funcionais estruturais morfoloacutegicas e relativas agrave vivecircncia
da paisagem abertas e intricadas entre si com seu entorno e com as pessoas que o
vivenciam
De acordo com Morin (2008) apud Queiroga (2014) o conceito de sistema implica natildeo
somente elementos inter-relacionaacuteveis mas tais relaccedilotildees constituem uma organizaccedilatildeo e uma
estrutura relativamente estaacutevel que caracteriza o sistema como um todo A organizaccedilatildeo
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sistecircmica por sua vez conteacutem as relaccedilotildees que definem o sistema e que o transformam
alterando sua estrutura possibilitando sua permanecircncia e contendo a possibilidade concreta
de sua dissoluccedilatildeo Para o autor o termo exprime multiplicidade totalidade diversidade
organizaccedilatildeo e complexidade
A noccedilatildeo de sistema auxilia o estudo dos espaccedilos livres urbanos e o entendimento das suas
relaccedilotildees de interdependecircncia complementaridade e hierarquia Segundo Schlee et al
(2009) considerando-se a paisagem como um macrossistema complexo formado de
subsistemas os espaccedilos livres urbanos constituem um dos seus subsistemas inter-
relacionados com outros subsistemas urbanos e rurais e que podem se justapor ao Sistema
de Espaccedilos Livres ou se sobrepor total ou parcialmente enquanto sistemas de accedilotildees
[] entende-se como sistemas de espaccedilos livres (SEL)
urbanos os elementos e as relaccedilotildees que organizam e
estruturam o conjunto de todos os espaccedilos livres de um
determinado recorte urbano independentemente de sua
dimensatildeo qualificaccedilatildeo esteacutetica funcional e de sua
localizaccedilatildeo e propriedade sejam eles puacuteblicos ou privados
[] toda cidade possui um sistema de espaccedilos livres que eacute
produzido durante seu processo de formaccedilatildeo tanto pelo
Poder Puacuteblico como pela iniciativa privada (MACEDO 2010
p 3 e 4)
O autor afirma que todas as cidades independente do seu porte de suas caracteriacutesticas
culturais e histoacutericas possuem um Sistema de Espaccedilos Livres Essa afirmaccedilatildeo incita diversas
questotildees que conduziram esta pesquisa pontos voltados ao objeto de estudo a cidade de
Patos de Minas uma cidade meacutedia
O SEL DE UMA MEGAacuteLOPOLE OU METROacutePOLE Eacute
DIFERENTE DO SEL DE UMA PEQUENA CIDADE OU DE
UMA CIDADE MEacuteDIA
O MESMO TIPO DE ANAacuteLISE QUE SE APLICA PARA O
ENTENDIMENTO DO SEL DE UMA CIDADE DE GRANDE
PORTE PODE SER APLICADO PARA UMA CIDADE DE
MEacuteDIO PORTE
EXISTEM TIPOS DE ESPACcedilOS LIVRES FUNCcedilOtildeES OU
RELACcedilOtildeES QUE CARACTERIZAM O SISTEMA DE ESPACcedilOS
LIVRES DE UMA CIDADE MEacuteDIA
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23 OS ESPACcedilOS LIVRES NAS
CIDADES MEacuteDIAS
O espaccedilo livre eacute parte estruturante da forma urbana ele se configura em diferentes
categorias tipologias e caracteriacutesticas no meio urbano principalmente pela introduccedilatildeo ao
longo da histoacuteria de diferentes padrotildees urbaniacutesticos nas cidades O processo de urbanizaccedilatildeo
das cidades eacute uma soma e por vezes ateacute uma sobreposiccedilatildeo de padrotildees morfoloacutegicos esses
traccedilados geram diferentes paisagens com diferentes tipos de espaccedilos livres Incorporando ao
sistema um rico mosaico espacial formado por diferentes porcentagens de espaccedilos livres
intra lote caracteriacutesticos de traccedilados distintos por diferentes tipos de praccedilas aacutereas de
preservaccedilatildeo parques ruas e avenidas Aacutereas essas que apresentam diversos conflitos e
possuem um intenso potencial de transformaccedilatildeo
Segundo Macedo et al (2012) as cidades brasileiras possuem padrotildees morfoloacutegicas
semelhantes isso fica evidente na repeticcedilatildeo dos tipos de traccedilado (ortogonais orgacircnicos
radiais) e nos padrotildees de mancha urbana (linear tentacular compacta mista) O que confere
a especifidade das diversas cidades eacute a forma como elas estatildeo inseridas em seu contexto
territorial os arranjos espaciais seus padrotildees culturais socioeconocircmicos a legislaccedilatildeo
municipal as tipologias e funccedilotildees dos espaccedilos livres e a paisagem urbana Nas cidades meacutedias
brasileiras a forma como os padrotildees morfoloacutegicos se adequam ao suporte fiacutesico
transformando paisagem a local confere ao Sistema de Espaccedilos Livres diferentes dinacircmicas
espaciais funcionais e tipoloacutegicas
Como dito anteriormente neste trabalho a proposta natildeo eacute discutir o que determina uma
cidade como de meacutedio porte ou natildeo mas entender essas cidades como centro urbanos em
crescimento onde novos traccedilados e dinacircmicas urbanas satildeo somadas agrave cidade existente
transformando a paisagem local Na atual conjuntura brasileira segundo Tacircngari et al(2009)
apoacutes a deacutecada de 1980 as cidades meacutedias passaram a crescer mais rapidamente em
comparaccedilatildeo com as metroacutepoles um processo de diminuiccedilatildeo do movimento migratoacuterio em
direccedilatildeo agraves megaloacutepoles e o seu direcionamento para as cidades meacutedias que apresentam
grande potencial de crescimento econocircmico e tecircm seus atributos esteacuteticos e econocircmicos
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valorizados atraveacutes da propagaccedilatildeo da ideia de que cidades de meacutedio porte podem apresentar
mais qualidade de vida que as grandes metroacutepoles
As cidades meacutedias reproduzem os padrotildees morfoloacutegicos e culturais vindos do contexto das
grandes cidades e das pequenas cidades ou povoados de seu entorno Um exemplo dessa
influecircncia vinda das grandes cidades satildeo os condomiacutenios fechados propostos inicialmente
pelo mercado imobiliaacuterio como locais de seguranccedila e lazer proacuteximos aos grandes centros
urbanos esse mesmo padratildeo de condomiacutenio fechado eacute aplicado nas cidades meacutedias onde a
criminalidade eacute bem menor e as distacircncias a serem percorridas satildeo mais curtas Um exemplo
da influecircncia vinda das pequenas cidades e povoados proacuteximos satildeo as chaacutecaras pastos e
plantaccedilotildees presentes dentro malha urbana
Patos de Minas eacute um exemplo de cidade meacutedia em crescimento que recebe influecircncias
culturais e de padrotildees morfoloacutegicos uma cidade que possui caracteriacutesticas especiacuteficas de seu
suporte fiacutesico de seu processo histoacuterico e cultura que influenciam diretamente na malha
urbana as tipologias de espaccedilos livres e os tipos de apropriaccedilatildeo desses espaccedilos
Se observarmos em Patos de Minas as caracteriacutesticas da condiccedilatildeo de cidade meacutedia como por
exemplo a localizaccedilatildeo estrateacutegica entre cidades de maior e menor porte Percebemos que a
cidade atrai pessoas do entorno para desfrutar de suas potencialidades econocircmicas e de seus
aparatos de lazer (parques praccedilas locais de exposiccedilatildeo agropecuaacuteria) o que contribui
diretamente para geraccedilatildeo de renda e uso dos espaccedilos A cidade possui uma relaccedilatildeo direta
com cidades de maior porte que servem de escoamento da produccedilatildeo e suprimento de
mercadorias essa relaccedilatildeo de proximidade atrai para cidade eventos e exposiccedilotildees e pode
motivar influecircncias sobre as tipologias de espaccedilos livres gerados (assim como o processo de
globalizaccedilatildeo tambeacutem pode exercer esse papel)
Eacute nesse contexto de crescimento das cidades meacutedias e influecircncias morfoloacutegicas e culturais
que o Sistema de Espaccedilos Livres precisa ser pensado e entendido como uma infraestrutura
baacutesica para o desempenho da vida cotidiana urbana Segundo Souza amp Macedo (2014) o SEL
deve oferecer condiccedilotildees de habitabilidade urbana e para isso eacute necessaacuterio que se estabeleccedila
um diagnoacutestico baseado na existecircncia ou ausecircncia de uma seacuterie de atributos urbanos
necessaacuterios e qualitativos que deveriam orientar accedilotildees poliacuteticas e projetos de maneira a
formar um Sistema de Espaccedilos Livres integrado agrave paisagem local e a demanda da populaccedilatildeo
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O autor afirma que eacute preciso fazer uma leitura da cidade de seus condicionantes conflitos e
potencialidades para entender como se estrutura o SEL suas funccedilotildees e seu potencial de
transformaccedilatildeo e organizaccedilatildeo na cidade
Partimos para anaacutelise da forma urbana patense buscando o entendimento de como as
caracteriacutesticas especiacuteficas do suporte fiacutesico da organizaccedilatildeo espacial da situaccedilatildeo fundiaacuteria e
dos tipos de usos e funccedilotildees exercidas pelos espaccedilos livres estruturam o Sistema de Espaccedilos
Livres de Patos de Minas
24 OS ESPACcedilOS LIVRES NA FORMA URBANA DE
PATOS DE MINAS
Para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na forma urbana de Patos de Minas a
anaacutelise foi dividida em trecircs principais enfoques RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA CONFIGURACcedilAtildeO
ESPACIAL e RELACcedilAtildeO DE USOS DO SOLO A leitura da cidade apresentada por esses trecircs
acircngulos somada ao entendimento de paisagem forma urbana e da formaccedilatildeo e
transformaccedilatildeo da malha urbana patense apresentados no capiacutetulo anterior nos possibilitam
o entendimento do Sistema Espaccedilos Livres de Patos de Minas como um todo com suas
categorias tipoloacutegias e relaccedilotildees sistecircmicas
Os trecircs principais enfoques foram determinados com base nas principais caracteriacutesticas da
cidade nas suas peculiaridades na sua condiccedilatildeo de cidade de meacutedio porte Provavelmente
um outro tipo de cidade com outras caracteriacutesticas de paisagem demandaria outro segmento
de anaacutelise
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241
RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA
ESPACcedilOS LIVRES x SUPORTE ambiental
O principal objetivo desse subcapiacutetulo eacute analisar as caracteriacutesticas do suporte ambiental sobre
o qual a cidade de Patos de Minas foi implantada buscando identificar quais espaccedilos livres
presentes na cidade incorporam esses elementos da paisagem O suporte ambiental eacute parte
da paisagem urbana ele eacute formado por elementos como corpos drsquoaacutegua vegetaccedilatildeo relevo
solos e clima
Estatildeo cada vez mais presentes nos planos diretores e na legislaccedilatildeo ambiental denominaccedilotildees
como reservas florestais puacuteblicas e privadas parques lineares parques ecoloacutegicos unidades
de conservaccedilatildeo aacutereas de proteccedilatildeo permanente (APPrsquos) aleacutem de referecircncias agrave
sustentabilidade e agrave ecologia Essas denominaccedilotildees muitas vezes geram espaccedilos livres
voltados agrave funccedilatildeo de conservaccedilatildeo e proteccedilatildeo ambiental Entretanto os espaccedilos livres
vinculados ao suporte fiacutesico natildeo possuem somente a funccedilatildeo de conservaccedilatildeo ambiental eles
possuem outros papeacuteis no meio urbano como recreaccedilatildeo infraestrutura urbana contribuir
com a drenagem pluvial possibilitar microclimas urbanos mais agradaacuteveis contribuir para
manutenccedilatildeo da biodiversidade e valores esteacuteticos Segundo Queiroga (2012) a
permeabilidade do solo e a cobertura arboacuterea permitem a conservaccedilatildeo de paisagens com
melhor desempenho ambiental mitigando problemas comuns nas aacutereas urbanas a qualidade
da aacutegua e do ar a manutenccedilatildeo da qualidade do solo controle de erosatildeo abastecimento dos
aquiacuteferos e regulaccedilatildeo das enchentes
Os espaccedilos livres vinculados ao suporte ambiental como os corpos drsquoaacutegua e a vegetaccedilatildeo
constantemente satildeo alvo de degradaccedilatildeo ambiental o que ressalta a sua funccedilatildeo ambiental
dentro do sistema Entretanto a mitigaccedilatildeo desses problemas natildeo eacute uma questatildeo pertinente
apenas ao planejamento ambiental das cidades De acordo com Jacobs (2001) as aacutereas livres
puacuteblicas estruturam o espaccedilo urbano satildeo o principal suporte espacial para o encontro e a
vivecircncia urbana Segundo a autora a degradaccedilatildeo do espaccedilo urbano observada pela reduccedilatildeo
de aacutereas puacuteblicas de lazer deficiecircncia na arborizaccedilatildeo urbana excessiva impermeabilizaccedilatildeo do
solo aumento da temperatura e criaccedilatildeo de ilhas de calor danos ambientais diversos
diminuiccedilatildeo da qualidade da ambiecircncia urbana e perda de qualidade de vida constitui um
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problema que extrapola a esfera fiacutesicaespacial constituindo um problema social visto que
desencoraja o uso da rua e dos espaccedilos livres como locais de encontro necessaacuterios para a
manutenccedilatildeo das praacuteticas sociais
Ao longo do processo de urbanizaccedilatildeo das cidades brasileira foram comuns situaccedilotildees em que
aacutereas de reserva natural foram desmatadas para dar lugar a loteamentos coacuterregos foram
canalizados e desapareceram da paisagem urbana ou foram canalizadas a ceacuteu aberto tiveram
sua APP desmatada e impermeabilizada para dar lugar a avenidas e aacutereas construiacutedas como
no caso da Figura 26
Figura 26 Coacuterrego do Monjolo em Patos de Minas canalizado a ceacuteu aberto na deacutecada de 1970 com APP desmatada e grande parte do seu entorno impermeabilizado Agraves margens do coacuterrego a Av Faacutetima Porto Foto Acervo pessoal 2014
Atualmente esse tipo de tratamento de supressatildeo da vegetaccedilatildeo das APPrsquos em aacutereas
urbanizadas eacute cada vez mais incomum7 o que contribui para a conservaccedilatildeo desses recursos
naturais Entretanto gradativamente mais a legislaccedilatildeo ambiental trata a funccedilatildeo ambiental dos
espaccedilos como algo isolado entendendo as APPrsquos como locais onde natildeo podem existir
intervenccedilotildees desconsiderando que esses espaccedilos podem estar vinculados a outras funccedilotildees
como por exemplo recreaccedilatildeo educaccedilatildeo ambiental valorizaccedilatildeo da paisagem De acordo com
7 Os casos excepcionais nos quais eacute permitido a supressatildeo da vegetaccedilatildeo em APP estatildeo definidos pela Resoluccedilatildeo CONAMA 36906
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INTRODUCcedilAtildeO
SOBRE OS PENSAMENTOS NORTEADORES
O trabalho eacute um exerciacutecio de olhar para a cidade e ler entre seus traccedilados suas ruas lotes e
quadras Buscando entender as promessas que ficaram no ar os projetos vislumbrados mas
nunca concretizados que vatildeo desde a rua que natildeo foi asfaltada ateacute o coacuterrego canalizado que
natildeo foi aberto Entender o processo histoacuterico as relaccedilotildees culturais o desenho da malha
urbana que se estende por entre os fundos dos vales e acompanha o desenho dos coacuterregos e
rios
Grande parte da vida na cidade acontece em seus espaccedilos livres na praccedila natildeo implantadas
onde o vizinho planta milho na rua que recebe o tapete de Corpus Christi nas procissotildees
passeatas e desfiles na festa junina na praccedila da Igreja na eleiccedilatildeo da rainha do milho nas
folias de reis dos distritos da cidade A cidade se transforma no lote que vira campinho na
praccedila que vira estacionamento na gleba que vira pasto na lagoa que vira brejo na mata que
vira cinzas A zona rural aos poucos se transforma em malha urbana mas o rural natildeo perdeu
seu espaccedilo ele se manteacutem presente na paisagem urbana nas expressotildees culturais e nos
dialetos
Este trabalho eacute a continuidade do Trabalho Final de Graduaccedilatildeo apresentado a Faculdade de
Arquitetura Urbanismo e Desing da Universidade Federal de Uberlacircndia Sob a orientaccedilatildeo do
professor Glauco Cocazza foi desenvolvido um projeto de requalificaccedilatildeo para um dos
parques urbanos de Patos de Minas o Parque Municipal do Mocambo Durante o
desenvolvimento desse trabalho ficou evidente que natildeo soacute os ambientes do parque como
outros espaccedilos livres da cidade requeriam projetos de requalificaccedilatildeo que trabalhassem a
relaccedilatildeo eles com a cidade buscando o entendimento dos diferentes papeacuteis dos espaccedilos livres
na cidade deixando de pensar no planejamento urbano e no planejamento ambiental como
coisas isoladas Iniciaram-se aiacute as primeiras percepccedilotildees de que a cidade de Patos de Minas
possui diversas especificidades com relaccedilatildeo agrave interaccedilatildeo da paisagem urbana com seus
espaccedilos livres e edificados
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SOBRE O MEacuteTODO
A dissertaccedilatildeo se fundamenta na anaacutelise de dados documentais primaacuterios como mapas
cedidos pela Prefeitura Municipal de Patos de Minas projetos de espaccedilos livres da cidade
levantamentos fotograacuteficos leis e decretos municipais e federais Baseia-se tambeacutem em
fontes secundaacuterias como revisatildeo bibliograacutefica dos temas norteadores da pesquisa registros
fotograacuteficos jornais locais e entrevistas informais com moradores da cidade e arquitetos da
prefeitura A dissertaccedilatildeo apresenta registros fotograacuteficos natildeo soacute do acervo da autora mas de
diferentes pessoas evidenciando pontos de vista e os diversos olhares sobre a cidade aleacutem
das fotos histoacutericas de arquivos puacuteblicos
A pesquisa adota como metodologia a anaacutelise do Sistema de Espaccedilos Livres e das Unidades de
Paisagem desenvolvida pelos estudos da rede nacional brasileira Quapaacute-SEL II (Quadro do
Paisagismo Brasileiro ndash Sistemas de Espaccedilos Livres) coordenada pelo LAB-QUAPAacute da FAUUSP
(Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Satildeo Paulo) cujo objetivo principal
eacute compreender as relaccedilotildees processuais contemporacircneas entre os Sistemas de Espaccedilos Livres
e a forma urbana das cidades brasileiras A pesquisa apresentada eacute tambeacutem parte integrante
dos estudos desenvolvidos pelo Nuacutecleo de Estudos Urbanos (NEURB) desenvolvido na
Faculdade de Arquitetura Urbanismo e Design (FAUeD) da Universidade Federal de
Uberlacircndia que tem como objetivo central compreender a importacircncia e o papel do Sistema
de Espaccedilos Livres na Forma Urbana das principais cidades meacutedias do Triacircngulo Mineiro e Alto
Paranaiacuteba contribuindo assim com os estudos do grupo nacional Quapaacute-SEL II
SOBRE O DECORER DOS CAPIacuteTULOS
O objetivo central do trabalho eacute analisar os espaccedilos livres presentes na forma urbana de
Patos de Minas e entender como esses espaccedilos estruturam o Sistema de Espaccedilos Livres (SEL)
Buscando esse entendimento a dissertaccedilatildeo foi dividida em trecircs momentos a anaacutelise da
paisagem e da forma urbana patense no primeiro capiacutetulo o entendimento do SEL no
segundo capiacutetulo e a aplicaccedilatildeo da metodologia de Unidades de Paisagem no terceiro capiacutetulo
O primeiro capiacutetulo apresenta os conceitos que iratildeo nortear a pesquisa a PAISAGEM URBANA
e a FORMA URBANA por meio de uma revisatildeo bibliograacutefica buscando a constataccedilatildeo do
estado da arte dos conceitos-chave O trabalho entende a paisagem como conceito
norteador para o entendimento da cidade da formaccedilatildeo e da transformaccedilatildeo da forma urbana
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Depois de introduzidos os conceitos-chave o capiacutetulo apresentaraacute o processo de urbanizaccedilatildeo
da aacuterea de estudo a transformaccedilatildeo do tecido urbano e a incorporaccedilatildeo dos principais espaccedilos
livres de edificaccedilatildeo e edificados ressaltando as caracteriacutesticas histoacutericas econocircmicas
poliacuteticas e culturais que contribuem para a formaccedilatildeo da imagem da cidade
O segundo capiacutetulo analisa o SISTEMA DE ESPACcedilOS LIVRES na forma urbana de Patos de Minas
a partir de trecircs principais enfoques a relaccedilatildeo ecoloacutegica que busca entender a interaccedilatildeo entre
a forma urbana e os condicionantes do suporte fiacutesico (hidrografia geologia relevo
vegetaccedilatildeo) a configuraccedilatildeo espacial que revela a organizaccedilatildeo da malha urbana e a interaccedilatildeo
dos espaccedilos livres na malha e a relaccedilatildeo de usos do solo que analisa a relaccedilatildeo dos espaccedilos
livres com a situaccedilatildeo fundiaacuteria e a distribuiccedilatildeo dos usos do solo na cidade
No capiacutetulo sobre o Sistema de Espaccedilos Livres as anaacutelises foram feitas na escala da cidade No
capiacutetulo seguinte que trata das Unidades de Paisagem as apreciaccedilotildees foram feitas na escala
das unidades ou seja a anaacutelise dos espaccedilos livres da cidade vai do macro ao micro A
aplicaccedilatildeo da metodologia das Unidades de Paisagem permite transitar entre as escalas de
anaacutelise e aprofundar nas caracteriacutesticas e peculiaridades do Sistema de Espaccedilos Livres
presentes em cada unidade
O terceiro capiacutetulo apresenta a metodologia das UNIDADES DE PAISAGEM a identificaccedilatildeo das
Unidades de Paisagem presentes em Patos de Minas e a anaacutelise cada uma delas O trabalho
entende as Unidades de Paisagem como porccedilotildees do Sistema de Espaccedilos Livres cujas relaccedilotildees
entre os espaccedilos livres os espaccedilos edificados possuem caracteriacutesticas especiacuteficas de
centralidade hierarquia distribuiccedilatildeo e organizaccedilatildeo que os distingue dos demais conjuntos de
relaccedilotildees
O fechamento do trabalho apresenta de maneira sinteacutetica uma apreciaccedilatildeo do que foi
apresentado em cada capiacutetulo apontando os questionamentos e resultados que surgiram no
decorrer da anaacutelise Depois satildeo enumerados os principais desafios a serem enfrentados pelo
o planejamento urbano e ambiental de Patos de Minas para a gestatildeo do SEL da cidade
Adiante satildeo apresentados os possiacuteveis desdobramentos da pesquisa evidenciando as
possibilidades de continuidade e aprofundamentos teoacutericos e praacuteticos sobre o objeto de
estudo
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11 PAISAGEM URBANA
CONCEITUACcedilAtildeO
A compreensatildeo do conceito de paisagem urbana eacute o principal enfoque no presente trabalho
para assimilaccedilatildeo da configuraccedilatildeo urbana da incorporaccedilatildeo dos elementos do suporte fiacutesico na
formaccedilatildeo e na transformaccedilatildeo da forma urbana e entendimento do papel do Sistema de
Espaccedilos Livres na cidade
O estudo da paisagem possibilita uma melhor percepccedilatildeo da estrutura da cidade a
compreensatildeo do siacutetio natural e da interferecircncia humana no mesmo esse conhecimento pode
direcionar o planejamento urbano para tanto a clareza do conceito de paisagem e seus
sombreamentos eacute de extrema importacircncia
Natildeo existe um consenso sobre o conceito de paisagem a discussatildeo sobre paisagem transita
por diversas aacutereas com diferentes definiccedilotildees ecircnfases e meacutetodo de abordagem Segundo o
geoacutegrafo Bertrand (2004) as diferenccedilas de abordagem no conceito de paisagem satildeo
influenciadas pela formaccedilatildeo e os objetivos do observador e pode enfatizar a vegetaccedilatildeo a
hidrografia o clima o relevo a economia a arquitetura ou o processo histoacuterico A
metodologia de anaacutelise poderaacute ser temporal baseada nos aspectos fiacutesicos e se referir agraves
relaccedilotildees e dinacircmicas internas ou ainda um conjunto de diversas anaacutelises Ou seja a
percepccedilatildeo individual somada aos objetivos e ao enfoque do observador interferem
diretamente na leitura da paisagem e no conceito da mesma
Segundo Rougerie e Beroutchatchvili (1991) apud Maximiano (2004) a Unesco (Organizaccedilatildeo
para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura das Naccedilotildees Unidas) declarou em 1971 considerar que a
paisagem eacute a ldquoestrutura do ecossistemardquo e o Conselho Europeu diz que ldquoo meio natural
moldado pelos fatores sociais e econocircmicos torna-se paisagem sob o olhar humanordquo Jaacute a
ldquopaysagerdquo francesa refere-se principalmente aos aspectos visuais O termo holandecircs com o
mesmo sentido eacute ldquovisueellandschaprdquo Para os alematildees ldquolandschaftrdquo envolve a noccedilatildeo de
territoacuterio semelhante ao ldquolandscape inglecircsrdquo Ambos tambeacutem se referem ao aspecto visual A
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geografia sovieacutetica tem seus proacuteprios termos ldquomesnost e ourotchitcherdquo que possuem valor
territorial aos quais os russos acrescentam ldquolandschaftrdquo emprestado dos alematildees
Segundo Maximiano (2004) para alguns socioacutelogos e economistas a paisagem eacute a base do
meio fiacutesico onde o homem a utiliza e a transforma ou natildeo para alguns botacircnicos e ecoacutelogos
a paisagem eacute um conjunto de organismos num meio fiacutesico cujas propriedades podem ser
explicadas segundo leis ou modelos com ajuda das ciecircncias fiacutesicas eou bioloacutegicas para
alguns geoacutegrafos ela resulta da relaccedilatildeo dinacircmica de elementos fiacutesicos bioloacutegicos e
antroacutepicos
ldquoA expressatildeo ldquopaisagemrdquo() passava a manifestar-se com
significados amplos complexos poreacutem bastante vagos
indistintos incompletos premissas comuns eram ldquoa naturezardquo e
a censura agrave accedilatildeo do homem A percepccedilatildeo das mudanccedilas
naturais ndash de tempos bioloacutegicos ndash e tambeacutem aquelas raacutepidas
extensas e difusas do trabalho do homem ndash de tempos
histoacutericos ndash levantava novamente a relaccedilatildeo homem-natureza
Seria esta relaccedilatildeo com todos os apelos e juiacutezos ndash imprecisos
indefinidos ndash que seria associada agrave palavra lsquopaisagemrsquordquo
(MAGNOLI e MACEDO 2000 p132-133)
O estudo da paisagem passou a ganhar relevacircncia entre os arquitetos a partir dos anos de
1960 Segundo Sandeville (2006) esse processo pode ser exemplificado inicialmente pelos
trabalhos de Kevin Lynch Cristopher Alexander Amos Rapoport Yi Fu Tuan e Vittorio
Gregotti1 De acordo com Gregotti (1983) o entendimento da paisagem eacute um instrumento
que o arquiteto tem que ter em matildeos para analisar o lugar e o espaccedilo sobre o qual se projeta
Entretanto a paisagem entendida soacute como o conjunto das caracteriacutesticas fiacutesicas e
geomorfoloacutegicas de cunho bioloacutegico e mineraloacutegico natildeo eacute suficiente para elaboraccedilatildeo do
1LYNCH K A imagem da cidade (1960) ALEXANDER C Unlenguage de patrones (1980) RAPOPORT A
Aspectos humanos de la forma urbana (1978) TUAN Y F Espaccedilo e lugar (1983) GREGOTTI V Nuevos
caminos de La arquitectura italiana (1969)
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projeto eacute preciso que a leitura da paisagem expresse as accedilotildees cotidianas os usos dos
espaccedilos e a cultura local
No Brasil Miranda Magnoli inicia seus estudos sobre a paisagem e o ambiente na deacutecada de
1970 baseada nas anaacutelises estadunidenses de planejamento da paisagem reconhecendo a
importacircncia das caracteriacutesticas socioespaciais mas sem reduzir a paisagem aos aspectos
formais O modo como Miranda discutiu a paisagem segundo Sandeville (2006) ultrapassou
as limitaccedilotildees da relaccedilatildeo figura-fundo a qual reforccedila a paisagem como cenaacuterio um entorno
transformado por uma arquitetura de edifiacutecio promovendo a cenarizaccedilatildeo da ideia de
paisagem Sua reflexatildeo estabeleceu bases para o conceito da arquitetura como o projeto do
ldquoambiente humanordquo a necessidade de compreensatildeo do contexto no qual se insere o objeto
projetado
A definiccedilatildeo do conceito de paisagem adotada para este trabalho eacute a desenvolvida por
Miranda Magnoli (1982) na qual a morfologia da paisagem eacute definida como resultante da
interaccedilatildeo entre a loacutegica proacutepria dos processos do suporte (geologia clima solo relevo
vegetaccedilatildeo e sol aacutegua e ventos) e a loacutegica proacutepria dos processos antroacutepicos sociais e culturais
(parcelamentos escavaccedilotildees plantaccedilotildees construccedilotildees edificaccedilotildees etc) Essa anaacutelise da
paisagem urbana considera os diversos atores que nela interferem seus aspectos fiacutesicos
socioeconocircmicos culturais e seu processo evolutivo natildeo eacute simplesmente bem organizada ou
normativa eacute tambeacutem uma anaacutelise poeacutetica e simboacutelica fala das pessoas e de suas histoacuterias de
suas aspiraccedilotildees tradiccedilotildees e conflitos do conjunto natural das funccedilotildees e da dinacircmica urbana
O estudo da paisagem possibilita um melhor entendimento da estrutura da cidade a
compreensatildeo do siacutetio natural e da interferecircncia humana no mesmo esse conhecimento pode
direcionar o planejamento urbano para tanto o entendimento do conceito de paisagem e
seus sombreamentos eacute de extrema importacircncia Segundo Oseki amp Pellegrino (2004) um
planejamento ecoloacutegico da paisagem pode fornecer as ferramentas necessaacuterias para
integraccedilatildeo entre sociedade e natureza incorporando diretrizes ambientalmente desejaacuteveis
para a melhoria da habitabilidade da cidade de sua sustentabilidade e de sua imagem
Para Oseki amp Pellegrino (2004) as paisagens satildeo ao mesmo tempo produzidas socialmente e
produtoras (indutoras) de praacuteticas sociais podem ser utilizadas no planejamento no projeto
e gestatildeo de espaccedilos livres (nas escalas espaciais local regional e continental) o que lhes
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confere importacircncia no planejamento urbano e regional o que tem sido ignorado pelos
oacutergatildeos responsaacuteveis pela gestatildeo do territoacuterio Segundo Macedo (1993) a paisagem eacute processo
e produto das accedilotildees humanas eacute processo na medida em que estaacute em constante mutaccedilatildeo e
compreende as diversas forccedilas que nela atuam ora em conflito ora em consonacircncia de
objetivos eacute produto pois a cada instante apresenta-se como objeto acabado dessas accedilotildees e
forccedilas aplicadas
Figura 2 Avenida Getuacutelio Vargas em Parto de Minas Vista parcial da paisagem urbana Fonte httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=1534357amppage=92 Foto Fotoacutegrafo desconhecido
O presente trabalho entende a paisagem como algo que caracteriza a cidade que lhe confere
identidade e a distingue das demais A paisagem retrata a forma urbana e a cultura da
populaccedilatildeo a maneira como as pessoas constroem suas casas e onde constroem se na beira
do rio no alto das serras ou nas chapadas Eacute a histoacuteria local contada por meio da mudanccedila do
cenaacuterio e da mudanccedila dos padrotildees arquitetocircnicos nas casas que permanecem do periacuteodo
neocolonial ou no estilo ecleacutetico nas casas que surgiram no estilo moderno nas reformas
nas construccedilotildees que satildeo tombadas e nas que satildeo derrubadas A paisagem eacute contada pelas
aacutervores pelas flores plantadas e replantadas nas calccediladas calccediladas por vezes remendadas A
paisagem eacute o reflexo do processo social dos bairros que se formam das pessoas que se
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mudam da economia que se desenvolve modificando o comercio instalando novas induacutestrias
e quem sabe ateacute bairros industriais gerando renda para urbanizaccedilatildeo de novas aacutereas ou a
verticalizaccedilatildeo de outras
O entendimento da paisagem enquanto elemento caracterizador da imagem das cidades eacute
um instrumento para a melhoria e manutenccedilatildeo dos valores da mesma Possui uma relaccedilatildeo
direta com histoacuteria da cidade com os valores culturais com o processo de formaccedilatildeo e de
transformaccedilatildeo da forma urbana e com os elementos que a constituem Partimos entatildeo para o
estudo da forma urbana com seus enfoques conceituais desdobramentos teoacutericos e
praacuteticos
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MORFOLOGIA E FORMA URBANA
FORMA URBANA MALHA URBANA TECIDO
URBANO
Figura 3 Forma Urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora 2014
Eacute constante a confusatildeo ao conceituar termos
como morfologia forma urbana malha
urbanatecido urbano elementos morfoloacutegicos
termos que ora se sobrepotildeem ora se englobam
ora se dividem
EXISTE UM CONSENSO SOBRE O CONCEITO
DE FORMA URBANA
A DEFINICcedilAtildeO DE FORMA URBANA ENGLOBA
O TRACcedilADO DAS RUAS OS CHEIOS E VAZIOS
OS USOS E AS TIPOLOGIAS CONSTRUIacuteDAS OU
SERIA SOacute O DESENHO QUE SE FORMA NO
ENCONTRO DAS BORDAS DA OCUPACcedilAtildeO
FORMA URBANA Eacute SINOcircNIMO DE TECIDO
URBANO OU O TECIDO Eacute PARTE DA FORMA
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A morfologia urbana eacute um campo disciplinar que abrange o estudo das cidades das formas
dos tecidos e da paisagem O estudo da morfologia contribui para o entendimento da
estrutura da cidade sua formaccedilatildeo e transformaccedilatildeo por meio de seus elementos
constituintes Segundo Lamas (2004) os elementos morfoloacutegicos constituintes satildeo o solo os
edifiacutecios o lote o quarteiratildeo a fachada o logradouro o traccediladorua a praccedila o monumento
a vegetaccedilatildeo e o mobiliaacuterio urbano O autor denomina como elementos morfoloacutegicos as partes
fiacutesicas que associadas ou estruturadas constituem a forma urbana Existem diversos
conceitos e definiccedilotildees que abordam a morfologia das cidades este trabalho apresentaraacute
algumas delas
Segundo Del Rio (1990) a anaacutelise da morfologia urbana estaacute em compreender a loacutegica da
formaccedilatildeo evoluccedilatildeo e transformaccedilatildeo da forma da cidade e de suas inter-relaccedilotildees a fim de
possibilitar a identificaccedilatildeo de accedilotildees mais apropriadas cultural e socialmente para a
intervenccedilatildeo urbana e o desenho de novos espaccedilos Segundo Rossi (2001) a cidade eacute uma
obra reconhecida pelo conjunto de sua forma mas tambeacutem pode ser identificada por
pequenas partes do conjunto em seus diversos momentos a forma urbana eacute a soma dos
diversos tecidos e padrotildees morfoloacutegicos que formam a cidade
O tecido urbano ou a malha urbana de acordo com Rego e Meneguetti (2011) satildeo
configurados pelo sistema viaacuterio pelo padratildeo do parcelamento do solo pela aglomeraccedilatildeo e
pelo isolamento das edificaccedilotildees assim como pelos espaccedilos livres Em outras palavras o
tecido de cidade eacute dado pelos edifiacutecios ruas quadras e lotes parques praccedilas e monumentos
nos seus mais variados arranjos Esses elementos morfoloacutegicos presentes no tecido urbano
segundo Moudon (1997) devem ser considerados como organismos ndash constantemente em
atividade e assim em transformaccedilatildeo ao longo do tempo eles existem em inter-relaccedilatildeo com
as estruturas edificadas conformando e sendo conformadas pelos espaccedilos livres O modo
como cada um desses elementos morfoloacutegicos se organizou e conforma o tecido da cidade
pode ser entendido como um objeto de estudo da morfologia urbana
A forma urbana reflete os processos de formaccedilatildeo da cidade os processos sociais que se
consolidam nos tecidos urbanos que levam a sociedade a construir de uma maneira
determinada e caracteriacutestica suas casas escolas comeacutercios induacutestrias etc Segundo
Carvalho (2011) os tecidos urbanos satildeo configurados a partir da homogeneidade dos
seguintes elementos traccedilado da malha viaacuteria padrotildees de uso (residencial comercial de
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serviccedilos e industrial) padratildeo edificado (padratildeo arquitetocircnico e do gabarito) e suporte fiacutesico
(topografia vegetaccedilatildeo e hidrografia
De acordo com Moudon (1997) os morfologistas atentam para os resultados tangiacuteveis de
questotildees sociais econocircmicas poliacuteticas ou seja estudam a manifestaccedilatildeo de ideias e
intenccedilotildees agrave medida que elas tomam forma no chatildeo e moldam as cidades O estudo
morfoloacutegico das cidades pode ser dividido em escolas de pensamento dentre elas a escola
italiana a escola francesa e a escola inglesa as quais analisaremos sinteticamente
observando suas principais caracteriacutesticas metodoloacutegicas bases bibliograacuteficas e formas de
pensamento
A escola italiana conforme Mondon (1997) tem seu iniacutecio nos estudos do arquiteto Saverio
Muratori (1910 ndash 1973) e de Gianfranco Caniggia (1933 ndash 1987) na deacutecada de 1940 Segundo
Rosaneli (2011) essa escola de pensamento possui como principal distintivo a preocupaccedilatildeo
com o destino das cidades histoacutericas italianas sobretudo devido aos efeitos das intervenccedilotildees
modernistas Essa escola apresenta uma maior preocupaccedilatildeo com o estudo tipoloacutegico das
edificaccedilotildees (fachadas estilos arquitetocircnicos gabarito) e de suas transformaccedilotildees ao longo do
tempo
A escola francesa apresenta ecircnfase na reflexatildeo geograacutefica e historiograacutefica sobre as cidades e
possui a contribuiccedilatildeo do socioacutelogo Henri Lefebvre (1901 ndash 1991) Assim como a escola italiana
a escola francesa se opotildee aos efeitos das intervenccedilotildees modernistas Rosaneli (2011) propotildee
uma reforma educacional no campo dos estudos urbanos e busca consolidar uma nova
ldquodisciplinardquo com duplo objetivo primeiro uma pesquisa descritiva multidisciplinar do espaccedilo
construiacutedo a fim de reconhecer ingredientes de um bom desenho e segundo a identificaccedilatildeo
e criacutetica de modelos teoacutericos de desenho urbano
A escola inglesa eacute fundamentada nos estudos do geoacutegrafo alematildeo Conzen (1907 ndash 2000) e
inicia-se na deacutecada de 1960 De acordo com Moudon (1994) a escola inglesa possui uma
anaacutelise morfoloacutegica descritiva analiacutetica e explanatoacuteria concentra-se no estudo da forma
urbana e apresenta o mais completo detalhado e sistemaacutetico meacutetodo tipo morfoloacutegico das
trecircs escolas
Conzen fundamenta-se na aplicabilidade da leitura dos planos urbanos (ldquotown-plansrdquo) para o
entendimento da formaccedilatildeo urbana De acordo com Conzen (1960) apud Rosaneli (2011) os
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trecircs fundamentais elementos que compotildee os planos satildeo as ruas que estatildeo arranjadas em um
traccedilado os lotes ou parcelas individuais de terra juntamente com as quadrasquarteirotildees e os
edifiacutecios com seus conjuntos construiacutedos As diversas combinaccedilotildees desses trecircs principais
elementos constituiriam unidades distintas com ldquohomogeneidade morfoloacutegicardquo o que o
autor denominou de tecido urbano (ldquoplan unitrdquo ldquourban fabricrdquo ou ldquotessuto urbanordquo para a
escola italiana)
A morfologia urbana e suas diferentes escolas de pensamento retratam o estudo da forma
urbana e de seus elementos estruturantes dos processos culturais sociais econocircmicos e
poliacuteticos Os estudos morfoloacutegicos que mais se aplicam agrave presente pesquisa satildeo os da escola
inglesa onde desenvolve-se uma anaacutelise descritiva e analiacutetica do processo de urbanizaccedilatildeo
estudando as unidades com ldquohomogeneidade morfoloacutegicasrdquo trabalhadas nessa pesquisa por
meio das Unidades de Paisagem (porccedilotildees territoriais com semelhanccedila de traccedilado e interaccedilatildeo
entre os espaccedilos livres e edificados) e atraveacutes da anaacutelise do Sistema de Espaccedilos Livres uma
organizaccedilatildeo sistecircmica dos espaccedilos livres das diversas Unidades de Paisagem presentes em
uma aacuterea definida
Para o entendimento da configuraccedilatildeo do Sistema de Espaccedilos Livres Patense e de suas
Unidades de Paisagem partimos do estudo do processo de urbanizaccedilatildeo de Patos de Minas
observando as caracteriacutesticas morfoloacutegicas histoacutericas culturais e da paisagem urbana
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13 FORMACcedilAtildeO E TRANSFORMACcedilAtildeO DA
MALHA URBANA PATENSE
Figura 4 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Patos de Minas e apresentaccedilatildeo da forma urbana da cidade Elaborado pela autora segundo fonte Mapas da Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2006 e 2015
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Patos de Minas eacute uma cidade meacutedia2 da regiatildeo intermediaacuteria agrave Mesorregiatildeo do Triacircngulo
Mineiro e Alto Paranaiacuteba Considerada poacutelo econocircmico regional a maior cidade da
microrregiatildeo do Alto Paranaiacuteba que eacute composta por 10 municiacutepios O municiacutepio de Patos de
Minas eacute formado por sete distritos o distrito sede eacute a cidade de Patos de Minas e os outros
satildeo Bom Sucesso Chumbo Major Porto Pilar Pindaiacutebas e Santana de Patos (identificados na
Figura 4)
Segundo o IBGE (2010) o municiacutepio de Patos de Minas possui aacuterea de 3189771Kmsup2
densidade demograacutefica de 4349 habkmsup2 e populaccedilatildeo de aproximadamente 147614
habitantes (populaccedilatildeo estimada em 2014)
Patos de Minas situa-se no Planalto Central Minas GeraisGoiaacutes com altitudes meacutedias de 800
a 900 metros Localiza-se entre duas grandes bacias hidrograacuteficas brasileiras a do Satildeo
Francisco e a do Paranaacute Sua localizaccedilatildeo estrateacutegica permite a ligaccedilatildeo da cidade a centros
comerciais como Uberlacircndia Belo Horizonte Brasiacutelia e Satildeo Paulo facilitando o intercacircmbio
comercial e o desenvolvimento econocircmico
De acordo com o IBGE (2012) o PIB (Produto Interno Bruto) do municiacutepio tem sua economia
baseada principalmente no setor de serviccedilos seguido do setor industrial e da agricultura
conforme Tabela 1
2 A dissertaccedilatildeo adota a conceituaccedilatildeo de cidades meacutedias desenvolvida por Amorim Filho e Serra (2001) cidade que ocupam uma posiccedilatildeo estrateacutegica na hierarquia urbana oferecendo suporte agraves cidades pequenas conforme a funccedilatildeo que desempenham e estabelecendo ligaccedilotildees com as cidades maiores intermediando as relaccedilotildees entre estes dois niacuteveis urbanos De acordo com os autores essas cidades satildeo espaccedilos de relaccedilotildees e natildeo de polarizaccedilatildeo ou dominaccedilatildeo satildeo cidades natildeo tatildeo pequenas a ponto de limitar as possibilidades de crescimento econocircmico e intelectual de seus habitantes e nem tatildeo grandes a ponto de onerar ndash e ateacute pocircr em risco ndash a vida da maioria de seus moradores
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Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas - 2012
Impostos sobre produtos liacutequidos de subsiacutedios a preccedilos correntes
248946 mil reais
PIB a preccedilos correntes 2495732 mil reais
PIB per capita a preccedilos correntes 1770650 mil reais
Valor adicionado bruto da agropecuaacuteria a preccedilos correntes 255908 mil reais
Valor adicionado bruto da induacutestria a preccedilos correntes 432152 mil reais
Valor adicionado bruto dos serviccedilos a preccedilos correntes 1558725 mil reais
Tabela 1 Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas-2012 Fonte IBGE 2012 em parceria com os Oacutergatildeos Estaduais de Estatiacutestica Secretarias Estaduais de
Governo e Superintendecircncia da Zona Franca de Manaus ndash SUFRAMA Disponiacutevel em
httpwwwcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=314800ampidtema=134ampsearch=mina
s-gerais|patos-de-minas|produto-interno-bruto-dos-municipios-2012 Acesso em dezembro de 2014
Entretanto observa-se que entre os setores o que mais exerce influecircncia cultural no
municiacutepio e na dinacircmica urbana eacute a agricultura somada a pecuaacuteria e ao agronegoacutecio
caracterizando as festas locais as manifestaccedilotildees culturais as formas de apropriaccedilatildeo da
paisagem as tipologias predominantes de espaccedilos livres e a histoacuteria de ocupaccedilatildeo do
municiacutepio Na agroinduacutestria destaca-se a produccedilatildeo de leite e derivados sementes e adubos
defensivos agriacutecolas carne suiacutena e derivados e alimentos enlatados A agricultura sempre
caracterizou a economia e a cultura local os produtos que se destacam satildeo o arroz soja
feijatildeo cafeacute maracujaacute tomate horticultura e o milho siacutembolo da festa regional a Festa
Nacional do Milho A pecuaacuteria possui significativa importacircncia econocircmica para o municiacutepio a
regiatildeo faz parte de uma das maiores bacias leiteiras do paiacutes Patos de Minas tambeacutem eacute
considerada poacutelo nacional de geneacutetica suiacutena detendo 70 da tecnologia nacional em
melhoramentos suiacutenos
Para analisarmos como se formou a cidade de Patos de Minas apresentaremos seus periacuteodos
urbanos em cinco partes a primeira retrata o iniacutecio do povoado ateacute 1930 depois de 1940 a
deacutecada de 1960 em seguida de 1970 ateacute a deacutecada 1980 e por fim o periacuteodo que vai de 1990
ateacute o ano de 2015 buscando assim retratar o crescimento urbano os principais
acontecimentos histoacutericos e a incorporaccedilatildeo dos elementos da paisagem
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131
DO INIacuteCIO DO POVOADO ATEacute A DEacuteCADA DE 1930
BORGES X MACIEacuteIS
O processo de colonizaccedilatildeo da
regiatildeo ocupada hoje pelo
municiacutepio de Patos de Minas
teve iniacutecio provavelmente na
segunda metade do seacuteculo XVIII
antes mesmo da descoberta do
ouro no estado de Minas Gerais
com as bandeiras rumo agraves terras
de Paracatu A cidade de Patos
de Minas surgiu na segunda
deacutecada do seacuteculo XIX em torno
da Lagoa dos Patos (delimitada
na Figura 5) onde segundo as
descriccedilotildees histoacutericas existia uma
enorme quantidade de patos
silvestres
Figura 5 Crescimento Urbano de Patos de Minas ateacute o iacutenicio do seacuteculo XIX Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas Disponiveacutel em
httpwwwpatosdeminasmggovbrgaleriahistoricaspagesimage16php Acesso em maio de
2014 Elaborado pela autora
Segundo Oliveira Mello (1971) o povoado que deu origem a cidade de Patos de Minas se
iniciou em 1826 com a doaccedilatildeo do terreno por Antocircnio Joaquim da Silva Guerra e sua esposa
Luzia Correcirca de Andrade para a construccedilatildeo da capela de Santo Antocircnio situada hoje na atual
Praccedila Dom Eduardo proacutexima agrave Lagoa dos Patos na Avenida Liberdade atualmente conhecida
como Avenida Getuacutelio Vargas A partir de entatildeo diversas famiacutelias se instalaram no entorno da
capela originando o Arraial de Santo Antocircnio da Beira do Paranaiacuteba Em 1866 foi criada a Vila
de Santo Antocircnio dos Patos e em 1892 o presidente do Estado de Minas Gerais elevou a vila
agrave categoria de cidade de Patos de Minas
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Figura 6 Iniacutecio da ocupaccedilatildeo da cidade de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fontes
Prefeitura Municipal de Patos de Minas e MuP- Museu da Cidade de Patos de Minas
A Praccedila Dom Eduardo estaacute no centro do nuacutecleo original de povoamento ilustrado pela Figura
6 e representa a divisatildeo de influecircncia entre as duas famiacutelias da elite local que atuaram na
construccedilatildeo da paisagem urbana e na histoacuteria da cidade de Patos de Minas os Borges
catoacutelicos e monarquistas e os Dias Macieacuteis protestantes e republicanos
Ao norte da Praccedila Dom Eduardo encontam-se os Borges e seus parentes os Caixeta e os
Queiroz de acordo com Silva (2011) deste lado da cidade a paisagem se desenha por ruas
estreitas e curvas as quais conduzem a travessas e becos nitidamente ldquosemeadosrdquo agrave moda
lusitana de povoar Ao mesmo tempo os edifiacutecios mais antigos e caracteriacutesticos da aacuterea satildeo
todos em estilo colonial com altas janelas e portas retangulares Satildeo exemplos a antiga Casa
de Cacircmara e Cadeia localizada hoje na Praccedila Juquinha Caixeta (Figura 7) e os casarotildees do Dr
Joatildeo Borges e do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz a rua e a casa de Deiroacute Borges a Rua do
Tenente Bino o Beco da Zeacutelia a Praccedila da Dona Genoveva (Figura 8) a Rua do Alfredo Borges
a Praccedila Chiquinho Caixeta a Rua Dr Joseacute Oliacutempio Borges a Praccedila Dom Eduardo E ainda a
Travessa dos Queiroz onde se manteacutem de peacute a casa do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz
palco de criaccedilatildeo do partido de oposiccedilatildeo oficial aos ldquoMacieacuteisrdquo
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Figura 7 Casa de Cacircmara e Cadeia (o mais antigo edifiacutecio puacuteblico de Patos de Minas inaugurado em 1912 como Cacircmara Municipal Foacuterum e no reacutes-do-chatildeo a Cadeia Puacuteblica) e Praccedila Juquinha Caixeta Foto Acervo pessoal 2015 Figura 8 Rua Deiroacute Borges ao fundo Praccedila Dona Genoveva Foto Acervo pessoal 2015
Figura 9 Escola Estadual Marcolino de Barros Foto Fotoacutegrafo desconhecido 2008 Disponiacutevel em
httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=614809 Acesso em maio de 2014
Figura 10 Escola Estadual Antocircnio Dias Maciel Foto Acervo pessoal 2015
Ao sul da Praccedila Dom Eduardo em frente agrave Catedral de Santo Antocircnio estatildeo os Macieacuteis e seus
parentes os Santana Pacheco Barros Magalhatildees e Ferreira da Silva Segundo Silva (2011) os
Macieacuteis estatildeo ligados agrave modernizaccedilatildeo e agrave reordenaccedilatildeo urbana da cidade entre suas marcas
na paisagem estatildeo a Escola Estadual Marcolino de Barros(Figura 09) a Escola Estadual
Antocircnio Dias Maciel(Figura 10) a Rua Olegaacuterio Maciel a Casa de Olegaacuterio Maciel a Casa do
Dr Itagyba a Rua Farnese Maciel o Palacete de Amadeu Maciel a Rua Major Gote (apelido
de Sesoacutestris Dias Maciel) o Hospital Regional Antocircnio Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur
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Thomaz de Magalhatildees o Coreto Arthur Thomaz de Magalhatildees a Rua Joseacute de Santana a Praccedila
Antocircnio Dias a Rua Major Jerocircnimo [Dias Maciel] e a Praccedila Santana
Olegaacuterio Maciel figura poliacutetica representativa da regiatildeo alternou entre os cargos de
Deputado Federal e Agente Executivo de Municiacutepio no final do seacuteculo XIX ateacute chegar agrave
Presidecircncia do Estado de Minas Gerais nos anos de 1930 Segundo Borges (2008) esse
processo poliacutetico influenciou o desenvolvimento fiacutesico-territorial da cidade atraindo
investimentos do Governo do Estado para a construccedilatildeo das escolas do foacuterum e do Hospital
Regional
No fim do seacuteculo XIX em 1883 o entatildeo Agente do Executivo Olegaacuterio Dias Maciel3 ordenou
a criaccedilatildeo de um plano diretor para ordenar e reorientar o crescimento do povoado para o
sentido sul da Praccedila Dom Eduardo ldquona chapada ou chapadatildeordquo conforme segue na citaccedilatildeo
Seguiu‐se a risca o ldquoPlano Diretorrdquo indicado por Olegaacuterio
Maciel O vereador Eduardo Ferreira de Noronha em 21 de
setembro de 1906 indica que ()auxiliem a Cacircmara a
estudar o local mais conveniente em que se deve construir
o matadouro e respectivo curral oferecendo seu parecer
Hoje distanciados no tempo sabemos que a ldquoChapadardquo
paulatinamente abrigou aleacutem do Matadouro Municipal a
Casa do Coronel Farnese Dias Maciel a Casa de Amadeu
Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur Thomaz de
Magalhatildees o Passeio Puacuteblico a fonte luminosa o Coreto o
Cinema o Paccedilo Municipal o Hospital Antocircnio Dias Maciel o
Grupo Escolar o Foacuterum () Pari Passu tambeacutem foram
transladados outros elementos que se localizavam na
direccedilatildeo para a qual a cidade ia se deslocando a mudanccedila
do cemiteacuterio e da Igreja de Nossa Senhora do Rosaacuterio
(frequentada pelos negros) tambeacutem se constituiu como
marco simboacutelico da nova ordenaccedilatildeo urbana planeada por
Olegaacuterio Maciel (BORGES amp SILVA 2009 p13)
3 Olegaacuterio Dias Maciel era engenheiro formado na Escola Polyteacutecnica do Rio de Janeiro em 1878 compartilhava os ideais positivistas da Repuacuteblica e tambeacutem os ideais da Belle Eacutepoque de higienizaccedilatildeo e de racionalizaccedilatildeo do espaccedilo urbano Soma-se a isso a experiecircncia cultural de Olegaacuterio fora de Patos como deputado federal e senador vivenciou no Rio de Janeiro as reformas urbanas empreendidas por Pereira Passos inspiradas na reforma de Paris sob a batuta do Baratildeo de Haussman Como deputado estadual e depois como presidente do Estado de Minas Gerais vivenciou a experiecircncia de ldquofruirrdquo a cidade de Belo Horizonte construiacuteda racionalmente agrave moda da colonizaccedilatildeo espanhola na Ameacuterica (BORGES amp SILVA 2009)
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Segundo Oliveira (2010) dentre as influecircncias na malha urbana decorrentes do periacuteodo
poliacutetico do iniacutecio do seacuteculo XX destacam-se as intervenccedilotildees na infraestrutura da Avenida
Getuacutelio Vargas definindo a mesma como eixo nobre na cidade o direcionamento o primeiro
vetor de expansatildeo urbana nas direccedilotildees sul e oeste da Av Getuacutelio Vargas
Figura 11 Inundaccedilatildeo ocorrida em 1941 na ponte sobre o Rio Paranaiacuteba Fonte Arquivo do Laboratoacuterio
de Histoacuteria do Unipam Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=3600 Acesso em
dezembro de 2014
Observa-se que a Avenida Getuacutelio Vargas anteriormente denominada como Avenida
Liberdade e depois Avenida Municipal representa o nuacutecleo inicial da cidade e o ponto de
partida dos vetores de ocupaccedilatildeo ateacute a deacutecada de 1930 observa-se que neste periacuteodo as
praccedilas da avenida apresentavam um paisagismo inspirado nos jardins franceses Zama
Maciel4 relata sobre o planejamento de usos e ocupaccedilatildeo dessa aacuterea e a Figura 12 ilustra esse
periacuteodo
4 Zama Maciel foi um patense que exerceu as funccedilotildees de agrimensor professor inspetor de ensino vereador e redator dos jornais locais
Com relaccedilatildeo ao vetor de expansatildeo oeste
observa-se que o mesmo foi impulsionado
pela construccedilatildeo da nova ponte sobre o rio
Paranaiacuteba em aproximadamente 1926
retratada na Figura 11 Segundo
Dannemann (2013) a obra da ponte estava
sob os cuidados da Companhia Nacional de
Cimento Armado SA e ateacute 1970 serviu
como principal acesso agrave sede do municiacutepio
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Avenida Municipal com o seu atual quilocircmetro de extensatildeo foi
destinada agrave habitaccedilatildeo particular devida a sua exagerada
largura e agrave perspectiva que podem oferecer casas pequenas e
de bom gosto fronteando os seus passeios gramados e jardins
floridos que a pequenada destroacutei Nela preacutedios comerciais de
dois trecircs andares tornam-se ridiacuteculos porque natildeo tecircm
magnitude para se imporem agrave largura (repisamos) exagerada
com que os antigos irrefletidamente a construiacuteram Somente
edifiacutecios semelhantes agrave igreja matriz em construccedilatildeo come
cinquenta metros podem nela sobreviverem Pequenos preacutedios
vivendas graciosas de cujas janelas caiam trepadeiras no
conjunto dos jardins e na imensa claridade de nossas tardes
faratildeo dela recanto cobiccedilado agrave moradia Enfeia-la com preacutedios
comerciais de pequeno porte e com casas de diversotildees
barulhentas seraacute obra de mau gosto que se torna necessaacuterio
evitar (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos Patos de
Minas junho de 1937)
Figura 12 Avenida Getuacutelio Vargas parte ao sul da Catedral de Santo Antocircnio deacutecada de 1930 Ao
centro da figura o Palacete Amadeu Maciel Fonte Acervo Documental e de Imagens de Patos de
Minas Local MuP ndash Museu da Cidade de Patos de Minas
A seguir o Mapa 1 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o
ano de 1930 retrata a localizaccedilatildeo da implantaccedilatildeo da cidade proacuteximo a recursos drsquoaacutegua No
mapa estaacute presente a delimitaccedilatildeo do periacutemetro urbano do ano de 2015 que seraacute mantido
como ponto de referecircncia espacial para a malha urbana atual
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A Figura 13 datada da deacutecada de 1930 eacute uma vista aeacuterea da cidade no qual pode-se
perceber a implantaccedilatildeo e a forma urbana da cidade e os vetores de expansatildeo do iniacutecio do
seacuteculo XX aacuterea retratada pelo Mapa 1 apresentado anteriormente
Figura 13 Vista aeacuterea de Patos de Minas
Fonte Arquivo Daacutecio Pereira da Fonseca Fotografo desconhecido
Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=2650 Acesso em abril de 2014
Observa-se na Figura 13 a presenccedila de espaccedilos livres puacuteblicos dentre eles as Praccedilas da
Avenida Getuacutelio Vargas dos Boiadeiros Antoacutenio Dias Champagnat e Santana os espaccedilos
livres privados o Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo o Patos Tecircnis Clube (PTC) o campo de futebol
da Uniatildeo Recreativa dos Trabalhadores (URT) e o campo de futebol do Clube do Mamoreacute
Segundo Fonseca (1974) desde o final do seacuteculo XIX ateacute 1950 Patos de Minas tentou pleitear
a vinda da estrada de ferro para escoamento da produccedilatildeo agriacutecola da regiatildeo ateacute o Rio de
Janeiro e Satildeo Paulo Segundo Borges e Silva (2009) em 1934 o engenheiro carioca Neacutelson
Rodrigues efetuou o primeiro levantamento planialtimeacutetrico da cidade de Patos de Minas a
princiacutepio esse levantamento objetivava abrigar a estrada de ferro Patos-Catiara Em 1936
provavelmente o proacuteprio Neacutelson Rodrigues concluiu o primeiro Plano Urbano oficial da
cidade apresentado pela Figura 14
LEGENDA 1 ndashMajor Gote e Dr Marcolino 2 ndash Lagoa Grande 3 ndash Campo de Aviaccedilatildeo 4 ndash Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo 5 ndash Rua Dr Marcolino 6 ndash Rua Major Gote 7 ndash Coacuterrego do Monjolo 8 ndash PTC 9 ndash Campo da URT 10 ndash Cemiteacuterio Municipal 11 ndash Rio Paranaiacuteba 12 ndash Av Getuacutelio Vargas 13 ndash Matriz de Santo Antocircnio 14 ndash Rua Tiradentes 15 ndash Cadeia 16 ndash Praccedila dos Boiadeiros 17 ndash Praccedila Antocircnio Dias 18 ndash Av Paracatu 19 ndash Igreja do Rosaacuterio 20 ndash Praccedila Champagnat 21 ndash Rua Major Jerocircnimo 22 ndash Campo do Mamoreacute
23 ndash Praccedila Santana
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Figura 14 Plano Urbano de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fonte Prefeitura
Municipal de Patos de Minas
Destaca-se no plano de crescimento urbano a Rua Major Gote na eacutepoca denominada Rua
Desembargador Frederico Zama Maciel escreve ao jornal local sobre o plano urbano as vias
de caraacuteter comercial da cidade e sobre as intenccedilotildees de um zoneamento de usos para o
crescimento da cidade inspirados no urbanismo norte-americano
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A Prefeitura () mandou organizar a planta da cidade e
traccedilar-lhe as ruas futuras no objetivo de impedir o
crescimento desordenado() Neste trabalho foram
observadas tanto quanto possiacutevel as normas seguidas na
Ameacuterica do Norte onde geralmente as cidades satildeo
traccediladas em xadrez cortando-se as ruas em acircngulo reto
() As ruas comerciais estatildeo determinadas no referido
plano e dentre as atuais destacam-se Desembargador
Frederico e General Osoacuterio A primeira () deveraacute atravessar
a cidade de norte a sul e morreraacute na futura praccedila da
estaccedilatildeo ferroviaacuteria onde atualmente se ergue o barracatildeo
da Companhia do Trigo Seraacute futuramente a mais central da
cidade Eacute de uma boa norma localizar-se o comeacutercio em
determinadas zonas (zoneamento chamam a isto os
urbanistas) bem como as faacutebricas os edifiacutecios puacuteblicos as
escolas (natildeo as primaacuterias que devem ser espalhadas nos
bairros residenciais) devem tambeacutem ter as suas zonas
separadas () (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos
Patos de Minas junho de 1937)
A linha feacuterrea natildeo foi implantada na cidade e o crescimento urbano das deacutecadas seguintes
natildeo se ateve ao planejamento apresentado na deacutecada de 1930
132
DA DEacuteCADA DE 1940 ATEacute A DEacuteCADA DE 1960
AUMENTO POPULACIONAL
Comparando o plano urbaniacutestico apresentado para a cidade no final do seacuteculo XIX com a
expansatildeo da malha urbana observa-se que o crescimento urbano da cidade ocorreu de
forma mais dispersa do que o apresentado no plano O vetor de expansatildeo ao sul manteve
grande parte do planejamento embora apresentando quadras menores A aacuterea antes
ocupada pela Lagoa dos Patos e a aacuterea a nordeste da Lagoa foram as que mais se
distanciaram das ideias do plano urbaniacutestico apresentando uma malha urbana orgacircnica com
a presenccedila de muitas ruas sem saiacuteda
O Mapa 2 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1965 a seguir retrata o crescimento da malha urbana
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Segundo Magrini (2008) na deacutecada de 1950 houve um surto migratoacuterio e a instalaccedilatildeo de
diversas firmas comerciais Nesse periacuteodo construiu-se o primeiro Terminal Rodoviaacuterio com
verbas municipais e investimentos da iniciativa privada e teve iniacutecio tambeacutem a comemoraccedilatildeo
da Festa Nacional do Milho evento que ateacute hoje expressa as manifestaccedilotildees culturais da
regiatildeo
Figura 15 Patos de
Minas da deacutecada de
1960
Elaborado pela autora segundo fonte Arquivo de Marialda Coury Foto Joatildeo Lucas Ribeiro Borges
Observando o crescimento da malha urbana de Patos de Minas ateacute 1965 (ilustrado pela
Figura 15) pode-se constatar que houve uma grande expansatildeo da mesma entre a deacutecada de
1950 e 1960 Nesse periacuteodo o aumento populacional ocorreu predominantemente na aacuterea
urbana conforme mostra a Tabela 02 a seguir
Periacuteodo
Populaccedilatildeo Total do
Municiacutepio
Populaccedilatildeo Urbana do Municiacutepio
Populaccedilatildeo Rural do
Municiacutepio
1950 45399 12525 32874
1960 72839 32511 40328
1970 76211 44877 31334
1980 86121 63302 22819
1990 102946 87403 15543
2000 123881 111333 12548
2010 138710 127724 10986
2014 147614 - -
Tabela 2 Crescimento Populacional de Patos de Minas Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Magrini 2008 Populaccedilatildeo prevista segundo o IBGE
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Nas deacutecadas seguintes a 1960 como se pode antever pela Tabela 2 o crescimento da zona
rural foi diminuindo gradativamente e a populaccedilatildeo da aacuterea urbana aumentando
impulsionando o crescimento da malha urbana
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DA DEacuteCADA DE 1970 ATEacute A DEacuteCADA DE 1980
Incorporaccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua
Nas deacutecadas de 1960 e 1970 periacuteodo de ditadura Militar segundo Magrini (2010) Patos de
Minas passou por uma estagnaccedilatildeo econocircmica devido agrave emancipaccedilatildeo poliacutetica de dois
importantes Lagoa Formosa e Guimaracircnia no mesmo periacuteodo houve grande deslocamento
de patenses para a nova capital do paiacutes Brasiacutelia em busca de empregos
Justamente na eacutepoca da mudanccedila da capital do paiacutes para
Brasiacutelia Patos de Minas perde caracteriacutestica de centro
rodoviaacuterio e transforma-se no ldquopassa perto de Patosrdquo com
estradas asfaltadas em volta num eixo de 130 km Natildeo se
vinha aqui como antes ateacute que a BR 354 inaugurada em
1972 abolia este malfadado passa perto ressurgindo toda a
movimentaccedilatildeo comercial completada pela BR ndash 365 em
1974 (MELLO 1992 p54)
De 1965 ateacute os anos 1980 Patos de Minas praticamente dobrou a sua aacuterea de ocupaccedilatildeo
decorrente principalmente do processo de ecircxodo rural Segundo Oliveira (2010) os vetores
direcionavam para todos os sentidos sendo apenas o oeste limitado pelo Rio Paranaiacuteba os
cursos drsquoaacutegua menores natildeo foram uma barreira para esta expansatildeo
O Mapa 3 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1980 a seguir retrata o crescimento da malha urbana nesse periacuteodo
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Em 1982 foi iniciada a urbanizaccedilatildeo da Lagoa dos Japoneses a Lagoa Grande (Figura 16 e
Figura 17) com a reduccedilatildeo significativa da aacuterea alagada e a construccedilatildeo do Terminal
Rodoviaacuterio No entorno da lagoa foi criado o Parque Recreativo Dr Itagiba depois renomeado
como Parque Dr Itagiba Augusto Silva o primeiro parque urbano da cidade um dos principais
cartotildees postais da cidade espaccedilo de lazer e contemplaccedilatildeo
Figura 16 Projeto para o
Parque Recreativo Dr
Itagiba a construccedilatildeo ao
lado esquerdo da figura
representa o Terminal
Rodoviaacuterio Fonte Jornal
A Debulha O projeto do
parque Ano VIII nordm178
janeiro de 1988 paacuteg7
Figura 17 Planta do Parque Dr Itagiba Augusto Silva ndash Lagoa Grande Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2014
43 |
Em 1986 foi iniciada a canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo inicialmente uma Avenida
Sanitaacuteria no Coacuterrego do Monjolo (Figura 18) atualmente conhecida como Avenida Faacutetima
Porto as obras terminaram em 1996 Segundo Caixeta amp Vlach (2009) a canalizaccedilatildeo
acarretou inicialmente na ocupaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo do entorno e devido agrave resoluccedilatildeo dos
problemas sanitaacuterios que aiacute existiam
Figura 18 Canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo deacutecada de 1990 Foto Arquivo de Donaldo Amaro Teixeira Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=7568 Acesso em maio de 2015
Com o decorrer dos anos e a instalaccedilatildeo dos bairros no entorno o Coacuterrego do Monjolo passou
a apresentar problemas com enchentes e um forte odor provavelmente a canalizaccedilatildeo do
coacuterrego jaacute natildeo suportava mais o volume de aacutegua pluvial dos bairros aleacutem da presenccedila de
esgotos clandestinos Tais problemas geraram novos projetos de canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do
Monjolo nas deacutecadas seguintes
44 |
134
DA DEacuteCADA DE 1990 ATEacute OS DIAS ATUAIS
A FORMA URBANA ATUAL
No final da deacutecada de 1980 houve a descoberta da uma jazida de Fosfato Sedimentar na
localidade da Rocinha (aacuterea rural) o que impulsionou a instalaccedilatildeo de induacutestrias voltadas para
o agronegoacutecio iniciado pelas Sementes Agroceres SA (especialista tambeacutem em geneacutetica
suiacutena) Nesse periacuteodo ocorreu ainda um maior desenvolvimento teacutecnico da agricultura por
meio da irrigaccedilatildeo e do cultivo de novos cereais
Os reflexos do desenvolvimento comercial e industrial da regiatildeo foram notados na
implantaccedilatildeo de induacutestrias de confecccedilotildees agroinduacutestrias e na instalaccedilatildeo da multinacional Cica
que impulsionou o cultivo de milho ervilha e tomate5
A implementaccedilatildeo de induacutestrias somadas agraves pressotildees poliacuteticas acarretou na instalaccedilatildeo de um
distrito industrial na porsatildeo sul e oeste da cidade expandindo o periacutemetro urbano para aleacutem
das margens do Rio Paranaiacuteba A criaccedilatildeo do distrito industrial influenciou a ocupaccedilatildeo ao longo
da Avenida Presidente Juscelino Kubitschek construiacuteda nos anos 1970 para ligaccedilatildeo do nuacutecleo
urbano agraves rodovias BR-354 e BR-365 comportando-se entatildeo como principal acesso da
cidade
O Mapa 4 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o ano de
2015 a seguir apresenta a forma urbana atual da cidade
5 A multinacional Cica permaneceu na cidade ateacute 2001 depois se deslocou para o Estado de Goiaacutes quando perdeu parte dos incentivos fiscais oferecidos pela cidade
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Na deacutecada de 1990 a expansatildeo da malha urbana ultrapassou as aacutereas de algumas reservas
ambientais que se transformaram nos principais parques urbanos da cidade o Parque
Municipal do Mocambo (Figura 19) em 1990 e o Parque Municipal Joatildeo Luiz Redondo (Figura
20) em 1994 ambos localizados em aacutereas de lagoas
Figura 19 Parque Municipal do
Mocambo 1992 Fonte Arquivo
de Donaldo Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecadepatoscombr
p=8437 Acesso em marccedilo de
2015
Figura 20 Parque
Municipal Joatildeo Luiz
Redondo (Lagoinha)
deacutecada de 1990 Fonte
Arquivo de Donaldo
Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecade
patoscombrp=75
54 Acesso em marccedilo
de 2015
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Foi criado tambeacutem na deacutecada de 1990 na Lei Municipal nordm 2872 de 03 de outubro de 1991
o Parque Mirante do Alto da Colina (ainda natildeo implantado) e a Lei Municipal nordm 2871 de 03
de outubro de 1991 declara a aacuterea denominada Lagoa e Bosque do ldquoPATAtildeOrdquo de preservaccedilatildeo
permanente onde desde entatildeo se cogita a implantaccedilatildeo de um parque urbano
Figura 21 Rua Mirico Caixeta ao fundo a Mata do Catingeuiro Evidenciando a falta de conexatildeo da
mata com o entorno Foto Acervo pessoal 2015
Figura 22 Rua 0 e o desmatamento na Mata do Catingeiro Foto Acervo
pessoal 2015
Em 2014 foi aprovada a criaccedilatildeo do Parque
de Preservaccedilatildeo Mata do Catingueiro uma
tentativa de proteger os restigios da mata
localizado no setor leste aacuterea que
recentemente recebeu muitos loteamentos
que foram implantados sem se estabelecer
uma aacuterea de transiccedilatildeo ou de integraccedilatildeo da
mata com a malha urbana sem passeios
ciclovias praccedilas ou parques conforme
ilustrado na Figura 21 A mata do
Catingueiro tem sido um constante alvo de
queimadas e desmatamento a Figura 22
mostra os vestiacutegios da mata
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Figura 23 Programa MCMV- Jardim Quebec II com 437unidades localizado na porccedilatildeo noroeste da
cidade ao fundo da figura a mata ciliar do Rio Paranaiacuteba e plantaccedilotildees de cafeacute Foto Sacircmara C P Lima
2014
Na deacutecada de 2010 ocorreu a expansatildeo do periacutemetro urbano no sentindo norte pela primeira
vez para aleacutem do Coacuterrego do Limoeiro devido agrave instalaccedilatildeo de um campus da Universidade
Federal de Uberlacircndia na aacuterea Observa-se na Figura 23 que a aacuterea do extremo noroeste da
cidade estaacute em processo de expansatildeo da malha urbana e apresenta construccedilotildees habitacionais
do Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) na cidade
Notamos diversas transformaccedilotildees na malha urbana de Patos de Minas ao longo das deacutecadas
desde a implantaccedilatildeo do nuacutecleo urbano aos desdobramentos econocircmicos poliacuteticos e sociais
que direcionaram o crescimento da cidade e a transformaccedilatildeo da paisagem
O tecido urbano e o crescimento das cidades brasileiras como eacute o caso de Patos de Minas se
daacute pela conformaccedilatildeo do sistema viaacuterio pelos padrotildees de parcelamento do solo por
edificaccedilotildees e pelos espaccedilos livres Patos possui uma relaccedilatildeo cultural e econocircmica muito forte
com a zona rural A linha de transiccedilatildeo entre o urbano e o rural eacute muito tecircnue principalmente
nas aacutereas de borda urbana Nesses bairros de periferia ou de limite da mancha urbana a
cidade termina no outro lado da rua depois de uma cerca de arame sem nenhum espaccedilo de
transiccedilatildeo o outro lado da cerca se configura como um espaccedilo livre com muitas
potencialidades de uso e conflitos
49 |
Figura 24 Paisagem urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora
Em Patos de Minas a paisagem urbana eacute emoldurada por serras cobertas por diferentes
plantaccedilotildees (Figura 24) a cidade termina onde o Rio Paranaiacuteba passa ou a cidade termina
onde comeccedilam os fundos de vale Ora cidade ora zona rural A paisagem tambeacutem eacute marcada
pela Catedral um contraste no meio do aglomerado urbano em uma zona em processo de
verticalizaccedilatildeo onde a Catedral se esconde e se revela A Catedral marca o iniacutecio da ocupaccedilatildeo
da regiatildeo em uma aacuterea de chapada na beira da lagoa hoje a chapada foi praticamente toda
ocupada e os bairros das bordas urbanas ocupam as aacutereas mais elevadas da cidade Do alto
desses bairros da borda eacute possiacutevel ver as lagoas e os coacuterregos pressentes na cidade espaccedilos
que se configuram como parques praccedilas e chaacutecaras espaccedilos livres de edificaccedilatildeo que
ressaltam a identidade da cidade e a paisagem urbana
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21 ESPACcedilOS LIVRES
ESPACcedilOS ABERTOS AacuteREAS VERDES
O conceito de espaccedilo livre de edificaccedilatildeo eacute amplo e complexo Para Nucci (2001) os espaccedilos
livres fazem parte de um grande grupo paisagiacutestico urbano que pode ser subdividido em
vaacuterias categorias dependendo do seu uso e funccedilatildeo sendo entatildeo um termo bastante
abrangente que agrega todos os outros conceitos similares como espaccedilos abertos aacutereas
verdes aacutereas livres sistemas de aacutereas de lazer cobertura vegetal entre outros
Segundo Queiroga (2006) Miranda Magnoli em sua tese de livre-docecircncia6 buscou afirmar o
espaccedilo livre como o objeto do paisagismo indo aleacutem do jardim do projeto com vegetaccedilatildeo
e da escala urbana Nesse sentido definiu espaccedilo livre como espaccedilo livre de edificaccedilotildees todo
espaccedilo descoberto urbano ou natildeo vegetado ou natildeo puacuteblico ou privado De acordo com a
autora para a anaacutelise de um dado recorte escalar propotildee-se que o estudo dos espaccedilos livres
deva ir aleacutem dos espaccedilos vegetados e dos espaccedilos puacuteblicos envolvendo todos os espaccedilos
livres do referido recorte Ou seja para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na cidade
eacute preciso ir aleacutem da anaacutelise dos espaccedilos puacuteblicos ou dos vegetados eacute preciso identificar todas
as aacutereas natildeo construiacutedas na cidade os espaccedilos privados intra-lote os lotes e glebas ociosas
as ruas os passeios etc
Os espaccedilos livres satildeo um dos principais estruturadores da forma urbana e um dos principais
elementos caracterizadores da paisagem urbana Segundo Magnoli (1982) os espaccedilos livres
satildeo os ambientes natildeo edificados da cidade as ruas avenidas praccedilas parques quintais
jardins rios matas mangues praias urbanas ou simples vazios urbanos
Quando adotamos o termo aacutereas verdes ou aacutereas verdes urbanas nos referimos a um
subsistema dentro do Sistema de Espaccedilos Livres que engloba principalmente as aacutereas de
preservaccedilatildeo permanente (APPrsquos) reservas legais (RL) e a arborizaccedilatildeo urbana Segundo
6 MAGNOLI Miranda Espaccedilos livres e urbanizaccedilatildeo uma introduccedilatildeo a aspectos da paisagem metropolitana 1982 116 p Tese (Livre-docecircncia em Arquitetura e Urbanismo) ndash Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1982
52 |
Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilo livre eacute adotado se sobrepondo contendo e
ampliando o conceito usual de aacutereas verdes termo que tem como base a necessidade de
espaccedilos livres dotados de vegetaccedilatildeo De acordo com o autor o termo aacutereas verdes eacute
reducionista desconsidera as caracteriacutesticas fundamentais do espaccedilo urbano como a
complexidade e diversidade das formas de apropriaccedilatildeo e apreensatildeo social e o fato real da
impossibilidade fiacutesica e mesmo da inconveniecircncia da existecircncia de vegetaccedilatildeo em
determinados espaccedilos livres
De acordo com Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilos livres natildeo desconsidera o papel
da vegetaccedilatildeo nas cidades brasileiras como elemento facilitador da drenagem urbana criador
de microclimas mais agradaacuteveis contribuindo para a manutenccedilatildeo da diversidade animal e
vegetal e ainda como fator de embelezamento urbano mas natildeo desconsidera a importacircncia
dos espaccedilos natildeo vegetados para inuacutemeras praacuteticas de relevacircncia cultural das feiras agraves festas
populares das manifestaccedilotildees poliacuteticas agrave valorizaccedilatildeo de determinadas paisagens e
patrimocircnios culturais
Entretanto apesar dos crescentes avanccedilos nas discussotildees sobre os espaccedilos livres muitos
autores planos diretores planos de uso e ocupaccedilatildeo ainda natildeo compreenderam o termo
como em Patos de Minas onde adota-se o termo aacutereas verdes nas leis municipais e plano
diretor Na Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo de Patos de Minas (2008) as aacutereas verdes satildeo
descritas como porccedilotildees situadas na Macrozona Urbana destinadas a oferecer espaccedilos
puacuteblicos adequados e qualificados agraves atividades de recreaccedilatildeo lazer e turismo da populaccedilatildeo
de forma a conciliar a proteccedilatildeo dos bens naturais e culturais As cidades precisam de reservas
de aacutereas verdes e de espaccedilos livres de qualidade para praacutetica de atividades culturais de lazer
e contemplaccedilatildeo Observa-se que na lei municipal de Patos de Minas existe uma sobreposiccedilatildeo
entre a funccedilatildeo das reservas de aacutereas verdes e dos espaccedilos de praacuteticas socias sobreposiccedilatildeo
essa presente no conceito dos espaccedilos livres
A implantaccedilatildeo dos espaccedilos livres puacuteblicos depende de uma gestatildeo adequada e integrada dos
recursos com uma fiscalizaccedilatildeo efetiva o que implica no desenvolvimento de poliacuteticas
puacuteblicas permanentes que viabilizem as intervenccedilotildees e necessidades dos espaccedilos livres
Segundo Loboda amp Angelis (2012) o planejamento das aacutereas verdes (puacuteblicas) urbanas parte
de uma definiccedilatildeo de recursos que eacute residual as necessidades satildeo amenizados com recursos
que sobram de outras atividades consideradas como mais prioritaacuterias e que geralmente
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incluem-se nesse acircmbito aquelas de cunho estrateacutegico poliacutetico e econocircmico O autor cita um
problema frequente em diversas cidades brasileiras a falta de recursos destinados aos
espaccedilos puacuteblicos e dentre eles as aacutereas verdes urbanas um dos principais espaccedilos livres das
cidades
De acordo com Magnoli (1982) a localizaccedilatildeo acessibilidade e distribuiccedilatildeo dos espaccedilos livres
formam um complexo sistema de conexotildees com muacuteltiplos papeacuteis urbanos atividades do oacutecio
circulaccedilatildeo urbana conforto conservaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo ambiental drenagem urbana
imaginaacuterio e memoacuteria urbana lazer e recreaccedilatildeo dentre outros Todas essas funccedilotildees
exercidas no ambiente urbano pelos espaccedilos livres assim como a localizaccedilatildeo acessibilidade
distribuiccedilatildeo tipos de usos e configuraccedilatildeo espacial estatildeo organizadas de maneira sistecircmica na
cidade formando o Sistema de Espaccedilos Livres
22 O PENSAMENTO SISTEcircMICO
As cidades independentemente da sua localidade histoacuteria e configuraccedilatildeo satildeo formadas de
modo geral por espaccedilos livres e espaccedilos edificados duas categorias espaciais estruturantes
da forma urbana A configuraccedilatildeo dos espaccedilos livres eacute variaacutevel nas cidades brasileiras por
diversas questotildees como caracteriacutesticas territoriais bioma configuraccedilatildeo paisagiacutestica pela
existecircncia ou ausecircncia de planos urbanos e principalmente pelos processos de urbanizaccedilatildeo e
de transformaccedilatildeo da paisagem
A cidade eacute um conjunto de elementos sistemas e funccedilotildees e os espaccedilos livres formam um dos
principais sistemas capaz de estruturar toda a configuraccedilatildeo urbana De acordo com Tardin
(2010) e DrsquoAgostini amp Cunha (2007) sistema eacute um conjunto de elementos passiacutevel de
estabelecer inter-relaccedilotildees fiacutesicas funcionais estruturais morfoloacutegicas e relativas agrave vivecircncia
da paisagem abertas e intricadas entre si com seu entorno e com as pessoas que o
vivenciam
De acordo com Morin (2008) apud Queiroga (2014) o conceito de sistema implica natildeo
somente elementos inter-relacionaacuteveis mas tais relaccedilotildees constituem uma organizaccedilatildeo e uma
estrutura relativamente estaacutevel que caracteriza o sistema como um todo A organizaccedilatildeo
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sistecircmica por sua vez conteacutem as relaccedilotildees que definem o sistema e que o transformam
alterando sua estrutura possibilitando sua permanecircncia e contendo a possibilidade concreta
de sua dissoluccedilatildeo Para o autor o termo exprime multiplicidade totalidade diversidade
organizaccedilatildeo e complexidade
A noccedilatildeo de sistema auxilia o estudo dos espaccedilos livres urbanos e o entendimento das suas
relaccedilotildees de interdependecircncia complementaridade e hierarquia Segundo Schlee et al
(2009) considerando-se a paisagem como um macrossistema complexo formado de
subsistemas os espaccedilos livres urbanos constituem um dos seus subsistemas inter-
relacionados com outros subsistemas urbanos e rurais e que podem se justapor ao Sistema
de Espaccedilos Livres ou se sobrepor total ou parcialmente enquanto sistemas de accedilotildees
[] entende-se como sistemas de espaccedilos livres (SEL)
urbanos os elementos e as relaccedilotildees que organizam e
estruturam o conjunto de todos os espaccedilos livres de um
determinado recorte urbano independentemente de sua
dimensatildeo qualificaccedilatildeo esteacutetica funcional e de sua
localizaccedilatildeo e propriedade sejam eles puacuteblicos ou privados
[] toda cidade possui um sistema de espaccedilos livres que eacute
produzido durante seu processo de formaccedilatildeo tanto pelo
Poder Puacuteblico como pela iniciativa privada (MACEDO 2010
p 3 e 4)
O autor afirma que todas as cidades independente do seu porte de suas caracteriacutesticas
culturais e histoacutericas possuem um Sistema de Espaccedilos Livres Essa afirmaccedilatildeo incita diversas
questotildees que conduziram esta pesquisa pontos voltados ao objeto de estudo a cidade de
Patos de Minas uma cidade meacutedia
O SEL DE UMA MEGAacuteLOPOLE OU METROacutePOLE Eacute
DIFERENTE DO SEL DE UMA PEQUENA CIDADE OU DE
UMA CIDADE MEacuteDIA
O MESMO TIPO DE ANAacuteLISE QUE SE APLICA PARA O
ENTENDIMENTO DO SEL DE UMA CIDADE DE GRANDE
PORTE PODE SER APLICADO PARA UMA CIDADE DE
MEacuteDIO PORTE
EXISTEM TIPOS DE ESPACcedilOS LIVRES FUNCcedilOtildeES OU
RELACcedilOtildeES QUE CARACTERIZAM O SISTEMA DE ESPACcedilOS
LIVRES DE UMA CIDADE MEacuteDIA
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23 OS ESPACcedilOS LIVRES NAS
CIDADES MEacuteDIAS
O espaccedilo livre eacute parte estruturante da forma urbana ele se configura em diferentes
categorias tipologias e caracteriacutesticas no meio urbano principalmente pela introduccedilatildeo ao
longo da histoacuteria de diferentes padrotildees urbaniacutesticos nas cidades O processo de urbanizaccedilatildeo
das cidades eacute uma soma e por vezes ateacute uma sobreposiccedilatildeo de padrotildees morfoloacutegicos esses
traccedilados geram diferentes paisagens com diferentes tipos de espaccedilos livres Incorporando ao
sistema um rico mosaico espacial formado por diferentes porcentagens de espaccedilos livres
intra lote caracteriacutesticos de traccedilados distintos por diferentes tipos de praccedilas aacutereas de
preservaccedilatildeo parques ruas e avenidas Aacutereas essas que apresentam diversos conflitos e
possuem um intenso potencial de transformaccedilatildeo
Segundo Macedo et al (2012) as cidades brasileiras possuem padrotildees morfoloacutegicas
semelhantes isso fica evidente na repeticcedilatildeo dos tipos de traccedilado (ortogonais orgacircnicos
radiais) e nos padrotildees de mancha urbana (linear tentacular compacta mista) O que confere
a especifidade das diversas cidades eacute a forma como elas estatildeo inseridas em seu contexto
territorial os arranjos espaciais seus padrotildees culturais socioeconocircmicos a legislaccedilatildeo
municipal as tipologias e funccedilotildees dos espaccedilos livres e a paisagem urbana Nas cidades meacutedias
brasileiras a forma como os padrotildees morfoloacutegicos se adequam ao suporte fiacutesico
transformando paisagem a local confere ao Sistema de Espaccedilos Livres diferentes dinacircmicas
espaciais funcionais e tipoloacutegicas
Como dito anteriormente neste trabalho a proposta natildeo eacute discutir o que determina uma
cidade como de meacutedio porte ou natildeo mas entender essas cidades como centro urbanos em
crescimento onde novos traccedilados e dinacircmicas urbanas satildeo somadas agrave cidade existente
transformando a paisagem local Na atual conjuntura brasileira segundo Tacircngari et al(2009)
apoacutes a deacutecada de 1980 as cidades meacutedias passaram a crescer mais rapidamente em
comparaccedilatildeo com as metroacutepoles um processo de diminuiccedilatildeo do movimento migratoacuterio em
direccedilatildeo agraves megaloacutepoles e o seu direcionamento para as cidades meacutedias que apresentam
grande potencial de crescimento econocircmico e tecircm seus atributos esteacuteticos e econocircmicos
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valorizados atraveacutes da propagaccedilatildeo da ideia de que cidades de meacutedio porte podem apresentar
mais qualidade de vida que as grandes metroacutepoles
As cidades meacutedias reproduzem os padrotildees morfoloacutegicos e culturais vindos do contexto das
grandes cidades e das pequenas cidades ou povoados de seu entorno Um exemplo dessa
influecircncia vinda das grandes cidades satildeo os condomiacutenios fechados propostos inicialmente
pelo mercado imobiliaacuterio como locais de seguranccedila e lazer proacuteximos aos grandes centros
urbanos esse mesmo padratildeo de condomiacutenio fechado eacute aplicado nas cidades meacutedias onde a
criminalidade eacute bem menor e as distacircncias a serem percorridas satildeo mais curtas Um exemplo
da influecircncia vinda das pequenas cidades e povoados proacuteximos satildeo as chaacutecaras pastos e
plantaccedilotildees presentes dentro malha urbana
Patos de Minas eacute um exemplo de cidade meacutedia em crescimento que recebe influecircncias
culturais e de padrotildees morfoloacutegicos uma cidade que possui caracteriacutesticas especiacuteficas de seu
suporte fiacutesico de seu processo histoacuterico e cultura que influenciam diretamente na malha
urbana as tipologias de espaccedilos livres e os tipos de apropriaccedilatildeo desses espaccedilos
Se observarmos em Patos de Minas as caracteriacutesticas da condiccedilatildeo de cidade meacutedia como por
exemplo a localizaccedilatildeo estrateacutegica entre cidades de maior e menor porte Percebemos que a
cidade atrai pessoas do entorno para desfrutar de suas potencialidades econocircmicas e de seus
aparatos de lazer (parques praccedilas locais de exposiccedilatildeo agropecuaacuteria) o que contribui
diretamente para geraccedilatildeo de renda e uso dos espaccedilos A cidade possui uma relaccedilatildeo direta
com cidades de maior porte que servem de escoamento da produccedilatildeo e suprimento de
mercadorias essa relaccedilatildeo de proximidade atrai para cidade eventos e exposiccedilotildees e pode
motivar influecircncias sobre as tipologias de espaccedilos livres gerados (assim como o processo de
globalizaccedilatildeo tambeacutem pode exercer esse papel)
Eacute nesse contexto de crescimento das cidades meacutedias e influecircncias morfoloacutegicas e culturais
que o Sistema de Espaccedilos Livres precisa ser pensado e entendido como uma infraestrutura
baacutesica para o desempenho da vida cotidiana urbana Segundo Souza amp Macedo (2014) o SEL
deve oferecer condiccedilotildees de habitabilidade urbana e para isso eacute necessaacuterio que se estabeleccedila
um diagnoacutestico baseado na existecircncia ou ausecircncia de uma seacuterie de atributos urbanos
necessaacuterios e qualitativos que deveriam orientar accedilotildees poliacuteticas e projetos de maneira a
formar um Sistema de Espaccedilos Livres integrado agrave paisagem local e a demanda da populaccedilatildeo
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O autor afirma que eacute preciso fazer uma leitura da cidade de seus condicionantes conflitos e
potencialidades para entender como se estrutura o SEL suas funccedilotildees e seu potencial de
transformaccedilatildeo e organizaccedilatildeo na cidade
Partimos para anaacutelise da forma urbana patense buscando o entendimento de como as
caracteriacutesticas especiacuteficas do suporte fiacutesico da organizaccedilatildeo espacial da situaccedilatildeo fundiaacuteria e
dos tipos de usos e funccedilotildees exercidas pelos espaccedilos livres estruturam o Sistema de Espaccedilos
Livres de Patos de Minas
24 OS ESPACcedilOS LIVRES NA FORMA URBANA DE
PATOS DE MINAS
Para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na forma urbana de Patos de Minas a
anaacutelise foi dividida em trecircs principais enfoques RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA CONFIGURACcedilAtildeO
ESPACIAL e RELACcedilAtildeO DE USOS DO SOLO A leitura da cidade apresentada por esses trecircs
acircngulos somada ao entendimento de paisagem forma urbana e da formaccedilatildeo e
transformaccedilatildeo da malha urbana patense apresentados no capiacutetulo anterior nos possibilitam
o entendimento do Sistema Espaccedilos Livres de Patos de Minas como um todo com suas
categorias tipoloacutegias e relaccedilotildees sistecircmicas
Os trecircs principais enfoques foram determinados com base nas principais caracteriacutesticas da
cidade nas suas peculiaridades na sua condiccedilatildeo de cidade de meacutedio porte Provavelmente
um outro tipo de cidade com outras caracteriacutesticas de paisagem demandaria outro segmento
de anaacutelise
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241
RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA
ESPACcedilOS LIVRES x SUPORTE ambiental
O principal objetivo desse subcapiacutetulo eacute analisar as caracteriacutesticas do suporte ambiental sobre
o qual a cidade de Patos de Minas foi implantada buscando identificar quais espaccedilos livres
presentes na cidade incorporam esses elementos da paisagem O suporte ambiental eacute parte
da paisagem urbana ele eacute formado por elementos como corpos drsquoaacutegua vegetaccedilatildeo relevo
solos e clima
Estatildeo cada vez mais presentes nos planos diretores e na legislaccedilatildeo ambiental denominaccedilotildees
como reservas florestais puacuteblicas e privadas parques lineares parques ecoloacutegicos unidades
de conservaccedilatildeo aacutereas de proteccedilatildeo permanente (APPrsquos) aleacutem de referecircncias agrave
sustentabilidade e agrave ecologia Essas denominaccedilotildees muitas vezes geram espaccedilos livres
voltados agrave funccedilatildeo de conservaccedilatildeo e proteccedilatildeo ambiental Entretanto os espaccedilos livres
vinculados ao suporte fiacutesico natildeo possuem somente a funccedilatildeo de conservaccedilatildeo ambiental eles
possuem outros papeacuteis no meio urbano como recreaccedilatildeo infraestrutura urbana contribuir
com a drenagem pluvial possibilitar microclimas urbanos mais agradaacuteveis contribuir para
manutenccedilatildeo da biodiversidade e valores esteacuteticos Segundo Queiroga (2012) a
permeabilidade do solo e a cobertura arboacuterea permitem a conservaccedilatildeo de paisagens com
melhor desempenho ambiental mitigando problemas comuns nas aacutereas urbanas a qualidade
da aacutegua e do ar a manutenccedilatildeo da qualidade do solo controle de erosatildeo abastecimento dos
aquiacuteferos e regulaccedilatildeo das enchentes
Os espaccedilos livres vinculados ao suporte ambiental como os corpos drsquoaacutegua e a vegetaccedilatildeo
constantemente satildeo alvo de degradaccedilatildeo ambiental o que ressalta a sua funccedilatildeo ambiental
dentro do sistema Entretanto a mitigaccedilatildeo desses problemas natildeo eacute uma questatildeo pertinente
apenas ao planejamento ambiental das cidades De acordo com Jacobs (2001) as aacutereas livres
puacuteblicas estruturam o espaccedilo urbano satildeo o principal suporte espacial para o encontro e a
vivecircncia urbana Segundo a autora a degradaccedilatildeo do espaccedilo urbano observada pela reduccedilatildeo
de aacutereas puacuteblicas de lazer deficiecircncia na arborizaccedilatildeo urbana excessiva impermeabilizaccedilatildeo do
solo aumento da temperatura e criaccedilatildeo de ilhas de calor danos ambientais diversos
diminuiccedilatildeo da qualidade da ambiecircncia urbana e perda de qualidade de vida constitui um
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problema que extrapola a esfera fiacutesicaespacial constituindo um problema social visto que
desencoraja o uso da rua e dos espaccedilos livres como locais de encontro necessaacuterios para a
manutenccedilatildeo das praacuteticas sociais
Ao longo do processo de urbanizaccedilatildeo das cidades brasileira foram comuns situaccedilotildees em que
aacutereas de reserva natural foram desmatadas para dar lugar a loteamentos coacuterregos foram
canalizados e desapareceram da paisagem urbana ou foram canalizadas a ceacuteu aberto tiveram
sua APP desmatada e impermeabilizada para dar lugar a avenidas e aacutereas construiacutedas como
no caso da Figura 26
Figura 26 Coacuterrego do Monjolo em Patos de Minas canalizado a ceacuteu aberto na deacutecada de 1970 com APP desmatada e grande parte do seu entorno impermeabilizado Agraves margens do coacuterrego a Av Faacutetima Porto Foto Acervo pessoal 2014
Atualmente esse tipo de tratamento de supressatildeo da vegetaccedilatildeo das APPrsquos em aacutereas
urbanizadas eacute cada vez mais incomum7 o que contribui para a conservaccedilatildeo desses recursos
naturais Entretanto gradativamente mais a legislaccedilatildeo ambiental trata a funccedilatildeo ambiental dos
espaccedilos como algo isolado entendendo as APPrsquos como locais onde natildeo podem existir
intervenccedilotildees desconsiderando que esses espaccedilos podem estar vinculados a outras funccedilotildees
como por exemplo recreaccedilatildeo educaccedilatildeo ambiental valorizaccedilatildeo da paisagem De acordo com
7 Os casos excepcionais nos quais eacute permitido a supressatildeo da vegetaccedilatildeo em APP estatildeo definidos pela Resoluccedilatildeo CONAMA 36906
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SOBRE O MEacuteTODO
A dissertaccedilatildeo se fundamenta na anaacutelise de dados documentais primaacuterios como mapas
cedidos pela Prefeitura Municipal de Patos de Minas projetos de espaccedilos livres da cidade
levantamentos fotograacuteficos leis e decretos municipais e federais Baseia-se tambeacutem em
fontes secundaacuterias como revisatildeo bibliograacutefica dos temas norteadores da pesquisa registros
fotograacuteficos jornais locais e entrevistas informais com moradores da cidade e arquitetos da
prefeitura A dissertaccedilatildeo apresenta registros fotograacuteficos natildeo soacute do acervo da autora mas de
diferentes pessoas evidenciando pontos de vista e os diversos olhares sobre a cidade aleacutem
das fotos histoacutericas de arquivos puacuteblicos
A pesquisa adota como metodologia a anaacutelise do Sistema de Espaccedilos Livres e das Unidades de
Paisagem desenvolvida pelos estudos da rede nacional brasileira Quapaacute-SEL II (Quadro do
Paisagismo Brasileiro ndash Sistemas de Espaccedilos Livres) coordenada pelo LAB-QUAPAacute da FAUUSP
(Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Satildeo Paulo) cujo objetivo principal
eacute compreender as relaccedilotildees processuais contemporacircneas entre os Sistemas de Espaccedilos Livres
e a forma urbana das cidades brasileiras A pesquisa apresentada eacute tambeacutem parte integrante
dos estudos desenvolvidos pelo Nuacutecleo de Estudos Urbanos (NEURB) desenvolvido na
Faculdade de Arquitetura Urbanismo e Design (FAUeD) da Universidade Federal de
Uberlacircndia que tem como objetivo central compreender a importacircncia e o papel do Sistema
de Espaccedilos Livres na Forma Urbana das principais cidades meacutedias do Triacircngulo Mineiro e Alto
Paranaiacuteba contribuindo assim com os estudos do grupo nacional Quapaacute-SEL II
SOBRE O DECORER DOS CAPIacuteTULOS
O objetivo central do trabalho eacute analisar os espaccedilos livres presentes na forma urbana de
Patos de Minas e entender como esses espaccedilos estruturam o Sistema de Espaccedilos Livres (SEL)
Buscando esse entendimento a dissertaccedilatildeo foi dividida em trecircs momentos a anaacutelise da
paisagem e da forma urbana patense no primeiro capiacutetulo o entendimento do SEL no
segundo capiacutetulo e a aplicaccedilatildeo da metodologia de Unidades de Paisagem no terceiro capiacutetulo
O primeiro capiacutetulo apresenta os conceitos que iratildeo nortear a pesquisa a PAISAGEM URBANA
e a FORMA URBANA por meio de uma revisatildeo bibliograacutefica buscando a constataccedilatildeo do
estado da arte dos conceitos-chave O trabalho entende a paisagem como conceito
norteador para o entendimento da cidade da formaccedilatildeo e da transformaccedilatildeo da forma urbana
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Depois de introduzidos os conceitos-chave o capiacutetulo apresentaraacute o processo de urbanizaccedilatildeo
da aacuterea de estudo a transformaccedilatildeo do tecido urbano e a incorporaccedilatildeo dos principais espaccedilos
livres de edificaccedilatildeo e edificados ressaltando as caracteriacutesticas histoacutericas econocircmicas
poliacuteticas e culturais que contribuem para a formaccedilatildeo da imagem da cidade
O segundo capiacutetulo analisa o SISTEMA DE ESPACcedilOS LIVRES na forma urbana de Patos de Minas
a partir de trecircs principais enfoques a relaccedilatildeo ecoloacutegica que busca entender a interaccedilatildeo entre
a forma urbana e os condicionantes do suporte fiacutesico (hidrografia geologia relevo
vegetaccedilatildeo) a configuraccedilatildeo espacial que revela a organizaccedilatildeo da malha urbana e a interaccedilatildeo
dos espaccedilos livres na malha e a relaccedilatildeo de usos do solo que analisa a relaccedilatildeo dos espaccedilos
livres com a situaccedilatildeo fundiaacuteria e a distribuiccedilatildeo dos usos do solo na cidade
No capiacutetulo sobre o Sistema de Espaccedilos Livres as anaacutelises foram feitas na escala da cidade No
capiacutetulo seguinte que trata das Unidades de Paisagem as apreciaccedilotildees foram feitas na escala
das unidades ou seja a anaacutelise dos espaccedilos livres da cidade vai do macro ao micro A
aplicaccedilatildeo da metodologia das Unidades de Paisagem permite transitar entre as escalas de
anaacutelise e aprofundar nas caracteriacutesticas e peculiaridades do Sistema de Espaccedilos Livres
presentes em cada unidade
O terceiro capiacutetulo apresenta a metodologia das UNIDADES DE PAISAGEM a identificaccedilatildeo das
Unidades de Paisagem presentes em Patos de Minas e a anaacutelise cada uma delas O trabalho
entende as Unidades de Paisagem como porccedilotildees do Sistema de Espaccedilos Livres cujas relaccedilotildees
entre os espaccedilos livres os espaccedilos edificados possuem caracteriacutesticas especiacuteficas de
centralidade hierarquia distribuiccedilatildeo e organizaccedilatildeo que os distingue dos demais conjuntos de
relaccedilotildees
O fechamento do trabalho apresenta de maneira sinteacutetica uma apreciaccedilatildeo do que foi
apresentado em cada capiacutetulo apontando os questionamentos e resultados que surgiram no
decorrer da anaacutelise Depois satildeo enumerados os principais desafios a serem enfrentados pelo
o planejamento urbano e ambiental de Patos de Minas para a gestatildeo do SEL da cidade
Adiante satildeo apresentados os possiacuteveis desdobramentos da pesquisa evidenciando as
possibilidades de continuidade e aprofundamentos teoacutericos e praacuteticos sobre o objeto de
estudo
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11 PAISAGEM URBANA
CONCEITUACcedilAtildeO
A compreensatildeo do conceito de paisagem urbana eacute o principal enfoque no presente trabalho
para assimilaccedilatildeo da configuraccedilatildeo urbana da incorporaccedilatildeo dos elementos do suporte fiacutesico na
formaccedilatildeo e na transformaccedilatildeo da forma urbana e entendimento do papel do Sistema de
Espaccedilos Livres na cidade
O estudo da paisagem possibilita uma melhor percepccedilatildeo da estrutura da cidade a
compreensatildeo do siacutetio natural e da interferecircncia humana no mesmo esse conhecimento pode
direcionar o planejamento urbano para tanto a clareza do conceito de paisagem e seus
sombreamentos eacute de extrema importacircncia
Natildeo existe um consenso sobre o conceito de paisagem a discussatildeo sobre paisagem transita
por diversas aacutereas com diferentes definiccedilotildees ecircnfases e meacutetodo de abordagem Segundo o
geoacutegrafo Bertrand (2004) as diferenccedilas de abordagem no conceito de paisagem satildeo
influenciadas pela formaccedilatildeo e os objetivos do observador e pode enfatizar a vegetaccedilatildeo a
hidrografia o clima o relevo a economia a arquitetura ou o processo histoacuterico A
metodologia de anaacutelise poderaacute ser temporal baseada nos aspectos fiacutesicos e se referir agraves
relaccedilotildees e dinacircmicas internas ou ainda um conjunto de diversas anaacutelises Ou seja a
percepccedilatildeo individual somada aos objetivos e ao enfoque do observador interferem
diretamente na leitura da paisagem e no conceito da mesma
Segundo Rougerie e Beroutchatchvili (1991) apud Maximiano (2004) a Unesco (Organizaccedilatildeo
para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura das Naccedilotildees Unidas) declarou em 1971 considerar que a
paisagem eacute a ldquoestrutura do ecossistemardquo e o Conselho Europeu diz que ldquoo meio natural
moldado pelos fatores sociais e econocircmicos torna-se paisagem sob o olhar humanordquo Jaacute a
ldquopaysagerdquo francesa refere-se principalmente aos aspectos visuais O termo holandecircs com o
mesmo sentido eacute ldquovisueellandschaprdquo Para os alematildees ldquolandschaftrdquo envolve a noccedilatildeo de
territoacuterio semelhante ao ldquolandscape inglecircsrdquo Ambos tambeacutem se referem ao aspecto visual A
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geografia sovieacutetica tem seus proacuteprios termos ldquomesnost e ourotchitcherdquo que possuem valor
territorial aos quais os russos acrescentam ldquolandschaftrdquo emprestado dos alematildees
Segundo Maximiano (2004) para alguns socioacutelogos e economistas a paisagem eacute a base do
meio fiacutesico onde o homem a utiliza e a transforma ou natildeo para alguns botacircnicos e ecoacutelogos
a paisagem eacute um conjunto de organismos num meio fiacutesico cujas propriedades podem ser
explicadas segundo leis ou modelos com ajuda das ciecircncias fiacutesicas eou bioloacutegicas para
alguns geoacutegrafos ela resulta da relaccedilatildeo dinacircmica de elementos fiacutesicos bioloacutegicos e
antroacutepicos
ldquoA expressatildeo ldquopaisagemrdquo() passava a manifestar-se com
significados amplos complexos poreacutem bastante vagos
indistintos incompletos premissas comuns eram ldquoa naturezardquo e
a censura agrave accedilatildeo do homem A percepccedilatildeo das mudanccedilas
naturais ndash de tempos bioloacutegicos ndash e tambeacutem aquelas raacutepidas
extensas e difusas do trabalho do homem ndash de tempos
histoacutericos ndash levantava novamente a relaccedilatildeo homem-natureza
Seria esta relaccedilatildeo com todos os apelos e juiacutezos ndash imprecisos
indefinidos ndash que seria associada agrave palavra lsquopaisagemrsquordquo
(MAGNOLI e MACEDO 2000 p132-133)
O estudo da paisagem passou a ganhar relevacircncia entre os arquitetos a partir dos anos de
1960 Segundo Sandeville (2006) esse processo pode ser exemplificado inicialmente pelos
trabalhos de Kevin Lynch Cristopher Alexander Amos Rapoport Yi Fu Tuan e Vittorio
Gregotti1 De acordo com Gregotti (1983) o entendimento da paisagem eacute um instrumento
que o arquiteto tem que ter em matildeos para analisar o lugar e o espaccedilo sobre o qual se projeta
Entretanto a paisagem entendida soacute como o conjunto das caracteriacutesticas fiacutesicas e
geomorfoloacutegicas de cunho bioloacutegico e mineraloacutegico natildeo eacute suficiente para elaboraccedilatildeo do
1LYNCH K A imagem da cidade (1960) ALEXANDER C Unlenguage de patrones (1980) RAPOPORT A
Aspectos humanos de la forma urbana (1978) TUAN Y F Espaccedilo e lugar (1983) GREGOTTI V Nuevos
caminos de La arquitectura italiana (1969)
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projeto eacute preciso que a leitura da paisagem expresse as accedilotildees cotidianas os usos dos
espaccedilos e a cultura local
No Brasil Miranda Magnoli inicia seus estudos sobre a paisagem e o ambiente na deacutecada de
1970 baseada nas anaacutelises estadunidenses de planejamento da paisagem reconhecendo a
importacircncia das caracteriacutesticas socioespaciais mas sem reduzir a paisagem aos aspectos
formais O modo como Miranda discutiu a paisagem segundo Sandeville (2006) ultrapassou
as limitaccedilotildees da relaccedilatildeo figura-fundo a qual reforccedila a paisagem como cenaacuterio um entorno
transformado por uma arquitetura de edifiacutecio promovendo a cenarizaccedilatildeo da ideia de
paisagem Sua reflexatildeo estabeleceu bases para o conceito da arquitetura como o projeto do
ldquoambiente humanordquo a necessidade de compreensatildeo do contexto no qual se insere o objeto
projetado
A definiccedilatildeo do conceito de paisagem adotada para este trabalho eacute a desenvolvida por
Miranda Magnoli (1982) na qual a morfologia da paisagem eacute definida como resultante da
interaccedilatildeo entre a loacutegica proacutepria dos processos do suporte (geologia clima solo relevo
vegetaccedilatildeo e sol aacutegua e ventos) e a loacutegica proacutepria dos processos antroacutepicos sociais e culturais
(parcelamentos escavaccedilotildees plantaccedilotildees construccedilotildees edificaccedilotildees etc) Essa anaacutelise da
paisagem urbana considera os diversos atores que nela interferem seus aspectos fiacutesicos
socioeconocircmicos culturais e seu processo evolutivo natildeo eacute simplesmente bem organizada ou
normativa eacute tambeacutem uma anaacutelise poeacutetica e simboacutelica fala das pessoas e de suas histoacuterias de
suas aspiraccedilotildees tradiccedilotildees e conflitos do conjunto natural das funccedilotildees e da dinacircmica urbana
O estudo da paisagem possibilita um melhor entendimento da estrutura da cidade a
compreensatildeo do siacutetio natural e da interferecircncia humana no mesmo esse conhecimento pode
direcionar o planejamento urbano para tanto o entendimento do conceito de paisagem e
seus sombreamentos eacute de extrema importacircncia Segundo Oseki amp Pellegrino (2004) um
planejamento ecoloacutegico da paisagem pode fornecer as ferramentas necessaacuterias para
integraccedilatildeo entre sociedade e natureza incorporando diretrizes ambientalmente desejaacuteveis
para a melhoria da habitabilidade da cidade de sua sustentabilidade e de sua imagem
Para Oseki amp Pellegrino (2004) as paisagens satildeo ao mesmo tempo produzidas socialmente e
produtoras (indutoras) de praacuteticas sociais podem ser utilizadas no planejamento no projeto
e gestatildeo de espaccedilos livres (nas escalas espaciais local regional e continental) o que lhes
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confere importacircncia no planejamento urbano e regional o que tem sido ignorado pelos
oacutergatildeos responsaacuteveis pela gestatildeo do territoacuterio Segundo Macedo (1993) a paisagem eacute processo
e produto das accedilotildees humanas eacute processo na medida em que estaacute em constante mutaccedilatildeo e
compreende as diversas forccedilas que nela atuam ora em conflito ora em consonacircncia de
objetivos eacute produto pois a cada instante apresenta-se como objeto acabado dessas accedilotildees e
forccedilas aplicadas
Figura 2 Avenida Getuacutelio Vargas em Parto de Minas Vista parcial da paisagem urbana Fonte httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=1534357amppage=92 Foto Fotoacutegrafo desconhecido
O presente trabalho entende a paisagem como algo que caracteriza a cidade que lhe confere
identidade e a distingue das demais A paisagem retrata a forma urbana e a cultura da
populaccedilatildeo a maneira como as pessoas constroem suas casas e onde constroem se na beira
do rio no alto das serras ou nas chapadas Eacute a histoacuteria local contada por meio da mudanccedila do
cenaacuterio e da mudanccedila dos padrotildees arquitetocircnicos nas casas que permanecem do periacuteodo
neocolonial ou no estilo ecleacutetico nas casas que surgiram no estilo moderno nas reformas
nas construccedilotildees que satildeo tombadas e nas que satildeo derrubadas A paisagem eacute contada pelas
aacutervores pelas flores plantadas e replantadas nas calccediladas calccediladas por vezes remendadas A
paisagem eacute o reflexo do processo social dos bairros que se formam das pessoas que se
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mudam da economia que se desenvolve modificando o comercio instalando novas induacutestrias
e quem sabe ateacute bairros industriais gerando renda para urbanizaccedilatildeo de novas aacutereas ou a
verticalizaccedilatildeo de outras
O entendimento da paisagem enquanto elemento caracterizador da imagem das cidades eacute
um instrumento para a melhoria e manutenccedilatildeo dos valores da mesma Possui uma relaccedilatildeo
direta com histoacuteria da cidade com os valores culturais com o processo de formaccedilatildeo e de
transformaccedilatildeo da forma urbana e com os elementos que a constituem Partimos entatildeo para o
estudo da forma urbana com seus enfoques conceituais desdobramentos teoacutericos e
praacuteticos
12
MORFOLOGIA E FORMA URBANA
FORMA URBANA MALHA URBANA TECIDO
URBANO
Figura 3 Forma Urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora 2014
Eacute constante a confusatildeo ao conceituar termos
como morfologia forma urbana malha
urbanatecido urbano elementos morfoloacutegicos
termos que ora se sobrepotildeem ora se englobam
ora se dividem
EXISTE UM CONSENSO SOBRE O CONCEITO
DE FORMA URBANA
A DEFINICcedilAtildeO DE FORMA URBANA ENGLOBA
O TRACcedilADO DAS RUAS OS CHEIOS E VAZIOS
OS USOS E AS TIPOLOGIAS CONSTRUIacuteDAS OU
SERIA SOacute O DESENHO QUE SE FORMA NO
ENCONTRO DAS BORDAS DA OCUPACcedilAtildeO
FORMA URBANA Eacute SINOcircNIMO DE TECIDO
URBANO OU O TECIDO Eacute PARTE DA FORMA
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A morfologia urbana eacute um campo disciplinar que abrange o estudo das cidades das formas
dos tecidos e da paisagem O estudo da morfologia contribui para o entendimento da
estrutura da cidade sua formaccedilatildeo e transformaccedilatildeo por meio de seus elementos
constituintes Segundo Lamas (2004) os elementos morfoloacutegicos constituintes satildeo o solo os
edifiacutecios o lote o quarteiratildeo a fachada o logradouro o traccediladorua a praccedila o monumento
a vegetaccedilatildeo e o mobiliaacuterio urbano O autor denomina como elementos morfoloacutegicos as partes
fiacutesicas que associadas ou estruturadas constituem a forma urbana Existem diversos
conceitos e definiccedilotildees que abordam a morfologia das cidades este trabalho apresentaraacute
algumas delas
Segundo Del Rio (1990) a anaacutelise da morfologia urbana estaacute em compreender a loacutegica da
formaccedilatildeo evoluccedilatildeo e transformaccedilatildeo da forma da cidade e de suas inter-relaccedilotildees a fim de
possibilitar a identificaccedilatildeo de accedilotildees mais apropriadas cultural e socialmente para a
intervenccedilatildeo urbana e o desenho de novos espaccedilos Segundo Rossi (2001) a cidade eacute uma
obra reconhecida pelo conjunto de sua forma mas tambeacutem pode ser identificada por
pequenas partes do conjunto em seus diversos momentos a forma urbana eacute a soma dos
diversos tecidos e padrotildees morfoloacutegicos que formam a cidade
O tecido urbano ou a malha urbana de acordo com Rego e Meneguetti (2011) satildeo
configurados pelo sistema viaacuterio pelo padratildeo do parcelamento do solo pela aglomeraccedilatildeo e
pelo isolamento das edificaccedilotildees assim como pelos espaccedilos livres Em outras palavras o
tecido de cidade eacute dado pelos edifiacutecios ruas quadras e lotes parques praccedilas e monumentos
nos seus mais variados arranjos Esses elementos morfoloacutegicos presentes no tecido urbano
segundo Moudon (1997) devem ser considerados como organismos ndash constantemente em
atividade e assim em transformaccedilatildeo ao longo do tempo eles existem em inter-relaccedilatildeo com
as estruturas edificadas conformando e sendo conformadas pelos espaccedilos livres O modo
como cada um desses elementos morfoloacutegicos se organizou e conforma o tecido da cidade
pode ser entendido como um objeto de estudo da morfologia urbana
A forma urbana reflete os processos de formaccedilatildeo da cidade os processos sociais que se
consolidam nos tecidos urbanos que levam a sociedade a construir de uma maneira
determinada e caracteriacutestica suas casas escolas comeacutercios induacutestrias etc Segundo
Carvalho (2011) os tecidos urbanos satildeo configurados a partir da homogeneidade dos
seguintes elementos traccedilado da malha viaacuteria padrotildees de uso (residencial comercial de
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serviccedilos e industrial) padratildeo edificado (padratildeo arquitetocircnico e do gabarito) e suporte fiacutesico
(topografia vegetaccedilatildeo e hidrografia
De acordo com Moudon (1997) os morfologistas atentam para os resultados tangiacuteveis de
questotildees sociais econocircmicas poliacuteticas ou seja estudam a manifestaccedilatildeo de ideias e
intenccedilotildees agrave medida que elas tomam forma no chatildeo e moldam as cidades O estudo
morfoloacutegico das cidades pode ser dividido em escolas de pensamento dentre elas a escola
italiana a escola francesa e a escola inglesa as quais analisaremos sinteticamente
observando suas principais caracteriacutesticas metodoloacutegicas bases bibliograacuteficas e formas de
pensamento
A escola italiana conforme Mondon (1997) tem seu iniacutecio nos estudos do arquiteto Saverio
Muratori (1910 ndash 1973) e de Gianfranco Caniggia (1933 ndash 1987) na deacutecada de 1940 Segundo
Rosaneli (2011) essa escola de pensamento possui como principal distintivo a preocupaccedilatildeo
com o destino das cidades histoacutericas italianas sobretudo devido aos efeitos das intervenccedilotildees
modernistas Essa escola apresenta uma maior preocupaccedilatildeo com o estudo tipoloacutegico das
edificaccedilotildees (fachadas estilos arquitetocircnicos gabarito) e de suas transformaccedilotildees ao longo do
tempo
A escola francesa apresenta ecircnfase na reflexatildeo geograacutefica e historiograacutefica sobre as cidades e
possui a contribuiccedilatildeo do socioacutelogo Henri Lefebvre (1901 ndash 1991) Assim como a escola italiana
a escola francesa se opotildee aos efeitos das intervenccedilotildees modernistas Rosaneli (2011) propotildee
uma reforma educacional no campo dos estudos urbanos e busca consolidar uma nova
ldquodisciplinardquo com duplo objetivo primeiro uma pesquisa descritiva multidisciplinar do espaccedilo
construiacutedo a fim de reconhecer ingredientes de um bom desenho e segundo a identificaccedilatildeo
e criacutetica de modelos teoacutericos de desenho urbano
A escola inglesa eacute fundamentada nos estudos do geoacutegrafo alematildeo Conzen (1907 ndash 2000) e
inicia-se na deacutecada de 1960 De acordo com Moudon (1994) a escola inglesa possui uma
anaacutelise morfoloacutegica descritiva analiacutetica e explanatoacuteria concentra-se no estudo da forma
urbana e apresenta o mais completo detalhado e sistemaacutetico meacutetodo tipo morfoloacutegico das
trecircs escolas
Conzen fundamenta-se na aplicabilidade da leitura dos planos urbanos (ldquotown-plansrdquo) para o
entendimento da formaccedilatildeo urbana De acordo com Conzen (1960) apud Rosaneli (2011) os
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trecircs fundamentais elementos que compotildee os planos satildeo as ruas que estatildeo arranjadas em um
traccedilado os lotes ou parcelas individuais de terra juntamente com as quadrasquarteirotildees e os
edifiacutecios com seus conjuntos construiacutedos As diversas combinaccedilotildees desses trecircs principais
elementos constituiriam unidades distintas com ldquohomogeneidade morfoloacutegicardquo o que o
autor denominou de tecido urbano (ldquoplan unitrdquo ldquourban fabricrdquo ou ldquotessuto urbanordquo para a
escola italiana)
A morfologia urbana e suas diferentes escolas de pensamento retratam o estudo da forma
urbana e de seus elementos estruturantes dos processos culturais sociais econocircmicos e
poliacuteticos Os estudos morfoloacutegicos que mais se aplicam agrave presente pesquisa satildeo os da escola
inglesa onde desenvolve-se uma anaacutelise descritiva e analiacutetica do processo de urbanizaccedilatildeo
estudando as unidades com ldquohomogeneidade morfoloacutegicasrdquo trabalhadas nessa pesquisa por
meio das Unidades de Paisagem (porccedilotildees territoriais com semelhanccedila de traccedilado e interaccedilatildeo
entre os espaccedilos livres e edificados) e atraveacutes da anaacutelise do Sistema de Espaccedilos Livres uma
organizaccedilatildeo sistecircmica dos espaccedilos livres das diversas Unidades de Paisagem presentes em
uma aacuterea definida
Para o entendimento da configuraccedilatildeo do Sistema de Espaccedilos Livres Patense e de suas
Unidades de Paisagem partimos do estudo do processo de urbanizaccedilatildeo de Patos de Minas
observando as caracteriacutesticas morfoloacutegicas histoacutericas culturais e da paisagem urbana
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13 FORMACcedilAtildeO E TRANSFORMACcedilAtildeO DA
MALHA URBANA PATENSE
Figura 4 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Patos de Minas e apresentaccedilatildeo da forma urbana da cidade Elaborado pela autora segundo fonte Mapas da Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2006 e 2015
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Patos de Minas eacute uma cidade meacutedia2 da regiatildeo intermediaacuteria agrave Mesorregiatildeo do Triacircngulo
Mineiro e Alto Paranaiacuteba Considerada poacutelo econocircmico regional a maior cidade da
microrregiatildeo do Alto Paranaiacuteba que eacute composta por 10 municiacutepios O municiacutepio de Patos de
Minas eacute formado por sete distritos o distrito sede eacute a cidade de Patos de Minas e os outros
satildeo Bom Sucesso Chumbo Major Porto Pilar Pindaiacutebas e Santana de Patos (identificados na
Figura 4)
Segundo o IBGE (2010) o municiacutepio de Patos de Minas possui aacuterea de 3189771Kmsup2
densidade demograacutefica de 4349 habkmsup2 e populaccedilatildeo de aproximadamente 147614
habitantes (populaccedilatildeo estimada em 2014)
Patos de Minas situa-se no Planalto Central Minas GeraisGoiaacutes com altitudes meacutedias de 800
a 900 metros Localiza-se entre duas grandes bacias hidrograacuteficas brasileiras a do Satildeo
Francisco e a do Paranaacute Sua localizaccedilatildeo estrateacutegica permite a ligaccedilatildeo da cidade a centros
comerciais como Uberlacircndia Belo Horizonte Brasiacutelia e Satildeo Paulo facilitando o intercacircmbio
comercial e o desenvolvimento econocircmico
De acordo com o IBGE (2012) o PIB (Produto Interno Bruto) do municiacutepio tem sua economia
baseada principalmente no setor de serviccedilos seguido do setor industrial e da agricultura
conforme Tabela 1
2 A dissertaccedilatildeo adota a conceituaccedilatildeo de cidades meacutedias desenvolvida por Amorim Filho e Serra (2001) cidade que ocupam uma posiccedilatildeo estrateacutegica na hierarquia urbana oferecendo suporte agraves cidades pequenas conforme a funccedilatildeo que desempenham e estabelecendo ligaccedilotildees com as cidades maiores intermediando as relaccedilotildees entre estes dois niacuteveis urbanos De acordo com os autores essas cidades satildeo espaccedilos de relaccedilotildees e natildeo de polarizaccedilatildeo ou dominaccedilatildeo satildeo cidades natildeo tatildeo pequenas a ponto de limitar as possibilidades de crescimento econocircmico e intelectual de seus habitantes e nem tatildeo grandes a ponto de onerar ndash e ateacute pocircr em risco ndash a vida da maioria de seus moradores
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Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas - 2012
Impostos sobre produtos liacutequidos de subsiacutedios a preccedilos correntes
248946 mil reais
PIB a preccedilos correntes 2495732 mil reais
PIB per capita a preccedilos correntes 1770650 mil reais
Valor adicionado bruto da agropecuaacuteria a preccedilos correntes 255908 mil reais
Valor adicionado bruto da induacutestria a preccedilos correntes 432152 mil reais
Valor adicionado bruto dos serviccedilos a preccedilos correntes 1558725 mil reais
Tabela 1 Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas-2012 Fonte IBGE 2012 em parceria com os Oacutergatildeos Estaduais de Estatiacutestica Secretarias Estaduais de
Governo e Superintendecircncia da Zona Franca de Manaus ndash SUFRAMA Disponiacutevel em
httpwwwcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=314800ampidtema=134ampsearch=mina
s-gerais|patos-de-minas|produto-interno-bruto-dos-municipios-2012 Acesso em dezembro de 2014
Entretanto observa-se que entre os setores o que mais exerce influecircncia cultural no
municiacutepio e na dinacircmica urbana eacute a agricultura somada a pecuaacuteria e ao agronegoacutecio
caracterizando as festas locais as manifestaccedilotildees culturais as formas de apropriaccedilatildeo da
paisagem as tipologias predominantes de espaccedilos livres e a histoacuteria de ocupaccedilatildeo do
municiacutepio Na agroinduacutestria destaca-se a produccedilatildeo de leite e derivados sementes e adubos
defensivos agriacutecolas carne suiacutena e derivados e alimentos enlatados A agricultura sempre
caracterizou a economia e a cultura local os produtos que se destacam satildeo o arroz soja
feijatildeo cafeacute maracujaacute tomate horticultura e o milho siacutembolo da festa regional a Festa
Nacional do Milho A pecuaacuteria possui significativa importacircncia econocircmica para o municiacutepio a
regiatildeo faz parte de uma das maiores bacias leiteiras do paiacutes Patos de Minas tambeacutem eacute
considerada poacutelo nacional de geneacutetica suiacutena detendo 70 da tecnologia nacional em
melhoramentos suiacutenos
Para analisarmos como se formou a cidade de Patos de Minas apresentaremos seus periacuteodos
urbanos em cinco partes a primeira retrata o iniacutecio do povoado ateacute 1930 depois de 1940 a
deacutecada de 1960 em seguida de 1970 ateacute a deacutecada 1980 e por fim o periacuteodo que vai de 1990
ateacute o ano de 2015 buscando assim retratar o crescimento urbano os principais
acontecimentos histoacutericos e a incorporaccedilatildeo dos elementos da paisagem
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131
DO INIacuteCIO DO POVOADO ATEacute A DEacuteCADA DE 1930
BORGES X MACIEacuteIS
O processo de colonizaccedilatildeo da
regiatildeo ocupada hoje pelo
municiacutepio de Patos de Minas
teve iniacutecio provavelmente na
segunda metade do seacuteculo XVIII
antes mesmo da descoberta do
ouro no estado de Minas Gerais
com as bandeiras rumo agraves terras
de Paracatu A cidade de Patos
de Minas surgiu na segunda
deacutecada do seacuteculo XIX em torno
da Lagoa dos Patos (delimitada
na Figura 5) onde segundo as
descriccedilotildees histoacutericas existia uma
enorme quantidade de patos
silvestres
Figura 5 Crescimento Urbano de Patos de Minas ateacute o iacutenicio do seacuteculo XIX Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas Disponiveacutel em
httpwwwpatosdeminasmggovbrgaleriahistoricaspagesimage16php Acesso em maio de
2014 Elaborado pela autora
Segundo Oliveira Mello (1971) o povoado que deu origem a cidade de Patos de Minas se
iniciou em 1826 com a doaccedilatildeo do terreno por Antocircnio Joaquim da Silva Guerra e sua esposa
Luzia Correcirca de Andrade para a construccedilatildeo da capela de Santo Antocircnio situada hoje na atual
Praccedila Dom Eduardo proacutexima agrave Lagoa dos Patos na Avenida Liberdade atualmente conhecida
como Avenida Getuacutelio Vargas A partir de entatildeo diversas famiacutelias se instalaram no entorno da
capela originando o Arraial de Santo Antocircnio da Beira do Paranaiacuteba Em 1866 foi criada a Vila
de Santo Antocircnio dos Patos e em 1892 o presidente do Estado de Minas Gerais elevou a vila
agrave categoria de cidade de Patos de Minas
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Figura 6 Iniacutecio da ocupaccedilatildeo da cidade de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fontes
Prefeitura Municipal de Patos de Minas e MuP- Museu da Cidade de Patos de Minas
A Praccedila Dom Eduardo estaacute no centro do nuacutecleo original de povoamento ilustrado pela Figura
6 e representa a divisatildeo de influecircncia entre as duas famiacutelias da elite local que atuaram na
construccedilatildeo da paisagem urbana e na histoacuteria da cidade de Patos de Minas os Borges
catoacutelicos e monarquistas e os Dias Macieacuteis protestantes e republicanos
Ao norte da Praccedila Dom Eduardo encontam-se os Borges e seus parentes os Caixeta e os
Queiroz de acordo com Silva (2011) deste lado da cidade a paisagem se desenha por ruas
estreitas e curvas as quais conduzem a travessas e becos nitidamente ldquosemeadosrdquo agrave moda
lusitana de povoar Ao mesmo tempo os edifiacutecios mais antigos e caracteriacutesticos da aacuterea satildeo
todos em estilo colonial com altas janelas e portas retangulares Satildeo exemplos a antiga Casa
de Cacircmara e Cadeia localizada hoje na Praccedila Juquinha Caixeta (Figura 7) e os casarotildees do Dr
Joatildeo Borges e do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz a rua e a casa de Deiroacute Borges a Rua do
Tenente Bino o Beco da Zeacutelia a Praccedila da Dona Genoveva (Figura 8) a Rua do Alfredo Borges
a Praccedila Chiquinho Caixeta a Rua Dr Joseacute Oliacutempio Borges a Praccedila Dom Eduardo E ainda a
Travessa dos Queiroz onde se manteacutem de peacute a casa do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz
palco de criaccedilatildeo do partido de oposiccedilatildeo oficial aos ldquoMacieacuteisrdquo
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Figura 7 Casa de Cacircmara e Cadeia (o mais antigo edifiacutecio puacuteblico de Patos de Minas inaugurado em 1912 como Cacircmara Municipal Foacuterum e no reacutes-do-chatildeo a Cadeia Puacuteblica) e Praccedila Juquinha Caixeta Foto Acervo pessoal 2015 Figura 8 Rua Deiroacute Borges ao fundo Praccedila Dona Genoveva Foto Acervo pessoal 2015
Figura 9 Escola Estadual Marcolino de Barros Foto Fotoacutegrafo desconhecido 2008 Disponiacutevel em
httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=614809 Acesso em maio de 2014
Figura 10 Escola Estadual Antocircnio Dias Maciel Foto Acervo pessoal 2015
Ao sul da Praccedila Dom Eduardo em frente agrave Catedral de Santo Antocircnio estatildeo os Macieacuteis e seus
parentes os Santana Pacheco Barros Magalhatildees e Ferreira da Silva Segundo Silva (2011) os
Macieacuteis estatildeo ligados agrave modernizaccedilatildeo e agrave reordenaccedilatildeo urbana da cidade entre suas marcas
na paisagem estatildeo a Escola Estadual Marcolino de Barros(Figura 09) a Escola Estadual
Antocircnio Dias Maciel(Figura 10) a Rua Olegaacuterio Maciel a Casa de Olegaacuterio Maciel a Casa do
Dr Itagyba a Rua Farnese Maciel o Palacete de Amadeu Maciel a Rua Major Gote (apelido
de Sesoacutestris Dias Maciel) o Hospital Regional Antocircnio Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur
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Thomaz de Magalhatildees o Coreto Arthur Thomaz de Magalhatildees a Rua Joseacute de Santana a Praccedila
Antocircnio Dias a Rua Major Jerocircnimo [Dias Maciel] e a Praccedila Santana
Olegaacuterio Maciel figura poliacutetica representativa da regiatildeo alternou entre os cargos de
Deputado Federal e Agente Executivo de Municiacutepio no final do seacuteculo XIX ateacute chegar agrave
Presidecircncia do Estado de Minas Gerais nos anos de 1930 Segundo Borges (2008) esse
processo poliacutetico influenciou o desenvolvimento fiacutesico-territorial da cidade atraindo
investimentos do Governo do Estado para a construccedilatildeo das escolas do foacuterum e do Hospital
Regional
No fim do seacuteculo XIX em 1883 o entatildeo Agente do Executivo Olegaacuterio Dias Maciel3 ordenou
a criaccedilatildeo de um plano diretor para ordenar e reorientar o crescimento do povoado para o
sentido sul da Praccedila Dom Eduardo ldquona chapada ou chapadatildeordquo conforme segue na citaccedilatildeo
Seguiu‐se a risca o ldquoPlano Diretorrdquo indicado por Olegaacuterio
Maciel O vereador Eduardo Ferreira de Noronha em 21 de
setembro de 1906 indica que ()auxiliem a Cacircmara a
estudar o local mais conveniente em que se deve construir
o matadouro e respectivo curral oferecendo seu parecer
Hoje distanciados no tempo sabemos que a ldquoChapadardquo
paulatinamente abrigou aleacutem do Matadouro Municipal a
Casa do Coronel Farnese Dias Maciel a Casa de Amadeu
Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur Thomaz de
Magalhatildees o Passeio Puacuteblico a fonte luminosa o Coreto o
Cinema o Paccedilo Municipal o Hospital Antocircnio Dias Maciel o
Grupo Escolar o Foacuterum () Pari Passu tambeacutem foram
transladados outros elementos que se localizavam na
direccedilatildeo para a qual a cidade ia se deslocando a mudanccedila
do cemiteacuterio e da Igreja de Nossa Senhora do Rosaacuterio
(frequentada pelos negros) tambeacutem se constituiu como
marco simboacutelico da nova ordenaccedilatildeo urbana planeada por
Olegaacuterio Maciel (BORGES amp SILVA 2009 p13)
3 Olegaacuterio Dias Maciel era engenheiro formado na Escola Polyteacutecnica do Rio de Janeiro em 1878 compartilhava os ideais positivistas da Repuacuteblica e tambeacutem os ideais da Belle Eacutepoque de higienizaccedilatildeo e de racionalizaccedilatildeo do espaccedilo urbano Soma-se a isso a experiecircncia cultural de Olegaacuterio fora de Patos como deputado federal e senador vivenciou no Rio de Janeiro as reformas urbanas empreendidas por Pereira Passos inspiradas na reforma de Paris sob a batuta do Baratildeo de Haussman Como deputado estadual e depois como presidente do Estado de Minas Gerais vivenciou a experiecircncia de ldquofruirrdquo a cidade de Belo Horizonte construiacuteda racionalmente agrave moda da colonizaccedilatildeo espanhola na Ameacuterica (BORGES amp SILVA 2009)
32 |
Segundo Oliveira (2010) dentre as influecircncias na malha urbana decorrentes do periacuteodo
poliacutetico do iniacutecio do seacuteculo XX destacam-se as intervenccedilotildees na infraestrutura da Avenida
Getuacutelio Vargas definindo a mesma como eixo nobre na cidade o direcionamento o primeiro
vetor de expansatildeo urbana nas direccedilotildees sul e oeste da Av Getuacutelio Vargas
Figura 11 Inundaccedilatildeo ocorrida em 1941 na ponte sobre o Rio Paranaiacuteba Fonte Arquivo do Laboratoacuterio
de Histoacuteria do Unipam Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=3600 Acesso em
dezembro de 2014
Observa-se que a Avenida Getuacutelio Vargas anteriormente denominada como Avenida
Liberdade e depois Avenida Municipal representa o nuacutecleo inicial da cidade e o ponto de
partida dos vetores de ocupaccedilatildeo ateacute a deacutecada de 1930 observa-se que neste periacuteodo as
praccedilas da avenida apresentavam um paisagismo inspirado nos jardins franceses Zama
Maciel4 relata sobre o planejamento de usos e ocupaccedilatildeo dessa aacuterea e a Figura 12 ilustra esse
periacuteodo
4 Zama Maciel foi um patense que exerceu as funccedilotildees de agrimensor professor inspetor de ensino vereador e redator dos jornais locais
Com relaccedilatildeo ao vetor de expansatildeo oeste
observa-se que o mesmo foi impulsionado
pela construccedilatildeo da nova ponte sobre o rio
Paranaiacuteba em aproximadamente 1926
retratada na Figura 11 Segundo
Dannemann (2013) a obra da ponte estava
sob os cuidados da Companhia Nacional de
Cimento Armado SA e ateacute 1970 serviu
como principal acesso agrave sede do municiacutepio
33 |
Avenida Municipal com o seu atual quilocircmetro de extensatildeo foi
destinada agrave habitaccedilatildeo particular devida a sua exagerada
largura e agrave perspectiva que podem oferecer casas pequenas e
de bom gosto fronteando os seus passeios gramados e jardins
floridos que a pequenada destroacutei Nela preacutedios comerciais de
dois trecircs andares tornam-se ridiacuteculos porque natildeo tecircm
magnitude para se imporem agrave largura (repisamos) exagerada
com que os antigos irrefletidamente a construiacuteram Somente
edifiacutecios semelhantes agrave igreja matriz em construccedilatildeo come
cinquenta metros podem nela sobreviverem Pequenos preacutedios
vivendas graciosas de cujas janelas caiam trepadeiras no
conjunto dos jardins e na imensa claridade de nossas tardes
faratildeo dela recanto cobiccedilado agrave moradia Enfeia-la com preacutedios
comerciais de pequeno porte e com casas de diversotildees
barulhentas seraacute obra de mau gosto que se torna necessaacuterio
evitar (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos Patos de
Minas junho de 1937)
Figura 12 Avenida Getuacutelio Vargas parte ao sul da Catedral de Santo Antocircnio deacutecada de 1930 Ao
centro da figura o Palacete Amadeu Maciel Fonte Acervo Documental e de Imagens de Patos de
Minas Local MuP ndash Museu da Cidade de Patos de Minas
A seguir o Mapa 1 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o
ano de 1930 retrata a localizaccedilatildeo da implantaccedilatildeo da cidade proacuteximo a recursos drsquoaacutegua No
mapa estaacute presente a delimitaccedilatildeo do periacutemetro urbano do ano de 2015 que seraacute mantido
como ponto de referecircncia espacial para a malha urbana atual
34 |
35 |
A Figura 13 datada da deacutecada de 1930 eacute uma vista aeacuterea da cidade no qual pode-se
perceber a implantaccedilatildeo e a forma urbana da cidade e os vetores de expansatildeo do iniacutecio do
seacuteculo XX aacuterea retratada pelo Mapa 1 apresentado anteriormente
Figura 13 Vista aeacuterea de Patos de Minas
Fonte Arquivo Daacutecio Pereira da Fonseca Fotografo desconhecido
Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=2650 Acesso em abril de 2014
Observa-se na Figura 13 a presenccedila de espaccedilos livres puacuteblicos dentre eles as Praccedilas da
Avenida Getuacutelio Vargas dos Boiadeiros Antoacutenio Dias Champagnat e Santana os espaccedilos
livres privados o Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo o Patos Tecircnis Clube (PTC) o campo de futebol
da Uniatildeo Recreativa dos Trabalhadores (URT) e o campo de futebol do Clube do Mamoreacute
Segundo Fonseca (1974) desde o final do seacuteculo XIX ateacute 1950 Patos de Minas tentou pleitear
a vinda da estrada de ferro para escoamento da produccedilatildeo agriacutecola da regiatildeo ateacute o Rio de
Janeiro e Satildeo Paulo Segundo Borges e Silva (2009) em 1934 o engenheiro carioca Neacutelson
Rodrigues efetuou o primeiro levantamento planialtimeacutetrico da cidade de Patos de Minas a
princiacutepio esse levantamento objetivava abrigar a estrada de ferro Patos-Catiara Em 1936
provavelmente o proacuteprio Neacutelson Rodrigues concluiu o primeiro Plano Urbano oficial da
cidade apresentado pela Figura 14
LEGENDA 1 ndashMajor Gote e Dr Marcolino 2 ndash Lagoa Grande 3 ndash Campo de Aviaccedilatildeo 4 ndash Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo 5 ndash Rua Dr Marcolino 6 ndash Rua Major Gote 7 ndash Coacuterrego do Monjolo 8 ndash PTC 9 ndash Campo da URT 10 ndash Cemiteacuterio Municipal 11 ndash Rio Paranaiacuteba 12 ndash Av Getuacutelio Vargas 13 ndash Matriz de Santo Antocircnio 14 ndash Rua Tiradentes 15 ndash Cadeia 16 ndash Praccedila dos Boiadeiros 17 ndash Praccedila Antocircnio Dias 18 ndash Av Paracatu 19 ndash Igreja do Rosaacuterio 20 ndash Praccedila Champagnat 21 ndash Rua Major Jerocircnimo 22 ndash Campo do Mamoreacute
23 ndash Praccedila Santana
36 |
Figura 14 Plano Urbano de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fonte Prefeitura
Municipal de Patos de Minas
Destaca-se no plano de crescimento urbano a Rua Major Gote na eacutepoca denominada Rua
Desembargador Frederico Zama Maciel escreve ao jornal local sobre o plano urbano as vias
de caraacuteter comercial da cidade e sobre as intenccedilotildees de um zoneamento de usos para o
crescimento da cidade inspirados no urbanismo norte-americano
37 |
A Prefeitura () mandou organizar a planta da cidade e
traccedilar-lhe as ruas futuras no objetivo de impedir o
crescimento desordenado() Neste trabalho foram
observadas tanto quanto possiacutevel as normas seguidas na
Ameacuterica do Norte onde geralmente as cidades satildeo
traccediladas em xadrez cortando-se as ruas em acircngulo reto
() As ruas comerciais estatildeo determinadas no referido
plano e dentre as atuais destacam-se Desembargador
Frederico e General Osoacuterio A primeira () deveraacute atravessar
a cidade de norte a sul e morreraacute na futura praccedila da
estaccedilatildeo ferroviaacuteria onde atualmente se ergue o barracatildeo
da Companhia do Trigo Seraacute futuramente a mais central da
cidade Eacute de uma boa norma localizar-se o comeacutercio em
determinadas zonas (zoneamento chamam a isto os
urbanistas) bem como as faacutebricas os edifiacutecios puacuteblicos as
escolas (natildeo as primaacuterias que devem ser espalhadas nos
bairros residenciais) devem tambeacutem ter as suas zonas
separadas () (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos
Patos de Minas junho de 1937)
A linha feacuterrea natildeo foi implantada na cidade e o crescimento urbano das deacutecadas seguintes
natildeo se ateve ao planejamento apresentado na deacutecada de 1930
132
DA DEacuteCADA DE 1940 ATEacute A DEacuteCADA DE 1960
AUMENTO POPULACIONAL
Comparando o plano urbaniacutestico apresentado para a cidade no final do seacuteculo XIX com a
expansatildeo da malha urbana observa-se que o crescimento urbano da cidade ocorreu de
forma mais dispersa do que o apresentado no plano O vetor de expansatildeo ao sul manteve
grande parte do planejamento embora apresentando quadras menores A aacuterea antes
ocupada pela Lagoa dos Patos e a aacuterea a nordeste da Lagoa foram as que mais se
distanciaram das ideias do plano urbaniacutestico apresentando uma malha urbana orgacircnica com
a presenccedila de muitas ruas sem saiacuteda
O Mapa 2 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1965 a seguir retrata o crescimento da malha urbana
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Segundo Magrini (2008) na deacutecada de 1950 houve um surto migratoacuterio e a instalaccedilatildeo de
diversas firmas comerciais Nesse periacuteodo construiu-se o primeiro Terminal Rodoviaacuterio com
verbas municipais e investimentos da iniciativa privada e teve iniacutecio tambeacutem a comemoraccedilatildeo
da Festa Nacional do Milho evento que ateacute hoje expressa as manifestaccedilotildees culturais da
regiatildeo
Figura 15 Patos de
Minas da deacutecada de
1960
Elaborado pela autora segundo fonte Arquivo de Marialda Coury Foto Joatildeo Lucas Ribeiro Borges
Observando o crescimento da malha urbana de Patos de Minas ateacute 1965 (ilustrado pela
Figura 15) pode-se constatar que houve uma grande expansatildeo da mesma entre a deacutecada de
1950 e 1960 Nesse periacuteodo o aumento populacional ocorreu predominantemente na aacuterea
urbana conforme mostra a Tabela 02 a seguir
Periacuteodo
Populaccedilatildeo Total do
Municiacutepio
Populaccedilatildeo Urbana do Municiacutepio
Populaccedilatildeo Rural do
Municiacutepio
1950 45399 12525 32874
1960 72839 32511 40328
1970 76211 44877 31334
1980 86121 63302 22819
1990 102946 87403 15543
2000 123881 111333 12548
2010 138710 127724 10986
2014 147614 - -
Tabela 2 Crescimento Populacional de Patos de Minas Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Magrini 2008 Populaccedilatildeo prevista segundo o IBGE
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Nas deacutecadas seguintes a 1960 como se pode antever pela Tabela 2 o crescimento da zona
rural foi diminuindo gradativamente e a populaccedilatildeo da aacuterea urbana aumentando
impulsionando o crescimento da malha urbana
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DA DEacuteCADA DE 1970 ATEacute A DEacuteCADA DE 1980
Incorporaccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua
Nas deacutecadas de 1960 e 1970 periacuteodo de ditadura Militar segundo Magrini (2010) Patos de
Minas passou por uma estagnaccedilatildeo econocircmica devido agrave emancipaccedilatildeo poliacutetica de dois
importantes Lagoa Formosa e Guimaracircnia no mesmo periacuteodo houve grande deslocamento
de patenses para a nova capital do paiacutes Brasiacutelia em busca de empregos
Justamente na eacutepoca da mudanccedila da capital do paiacutes para
Brasiacutelia Patos de Minas perde caracteriacutestica de centro
rodoviaacuterio e transforma-se no ldquopassa perto de Patosrdquo com
estradas asfaltadas em volta num eixo de 130 km Natildeo se
vinha aqui como antes ateacute que a BR 354 inaugurada em
1972 abolia este malfadado passa perto ressurgindo toda a
movimentaccedilatildeo comercial completada pela BR ndash 365 em
1974 (MELLO 1992 p54)
De 1965 ateacute os anos 1980 Patos de Minas praticamente dobrou a sua aacuterea de ocupaccedilatildeo
decorrente principalmente do processo de ecircxodo rural Segundo Oliveira (2010) os vetores
direcionavam para todos os sentidos sendo apenas o oeste limitado pelo Rio Paranaiacuteba os
cursos drsquoaacutegua menores natildeo foram uma barreira para esta expansatildeo
O Mapa 3 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1980 a seguir retrata o crescimento da malha urbana nesse periacuteodo
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Em 1982 foi iniciada a urbanizaccedilatildeo da Lagoa dos Japoneses a Lagoa Grande (Figura 16 e
Figura 17) com a reduccedilatildeo significativa da aacuterea alagada e a construccedilatildeo do Terminal
Rodoviaacuterio No entorno da lagoa foi criado o Parque Recreativo Dr Itagiba depois renomeado
como Parque Dr Itagiba Augusto Silva o primeiro parque urbano da cidade um dos principais
cartotildees postais da cidade espaccedilo de lazer e contemplaccedilatildeo
Figura 16 Projeto para o
Parque Recreativo Dr
Itagiba a construccedilatildeo ao
lado esquerdo da figura
representa o Terminal
Rodoviaacuterio Fonte Jornal
A Debulha O projeto do
parque Ano VIII nordm178
janeiro de 1988 paacuteg7
Figura 17 Planta do Parque Dr Itagiba Augusto Silva ndash Lagoa Grande Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2014
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Em 1986 foi iniciada a canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo inicialmente uma Avenida
Sanitaacuteria no Coacuterrego do Monjolo (Figura 18) atualmente conhecida como Avenida Faacutetima
Porto as obras terminaram em 1996 Segundo Caixeta amp Vlach (2009) a canalizaccedilatildeo
acarretou inicialmente na ocupaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo do entorno e devido agrave resoluccedilatildeo dos
problemas sanitaacuterios que aiacute existiam
Figura 18 Canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo deacutecada de 1990 Foto Arquivo de Donaldo Amaro Teixeira Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=7568 Acesso em maio de 2015
Com o decorrer dos anos e a instalaccedilatildeo dos bairros no entorno o Coacuterrego do Monjolo passou
a apresentar problemas com enchentes e um forte odor provavelmente a canalizaccedilatildeo do
coacuterrego jaacute natildeo suportava mais o volume de aacutegua pluvial dos bairros aleacutem da presenccedila de
esgotos clandestinos Tais problemas geraram novos projetos de canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do
Monjolo nas deacutecadas seguintes
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DA DEacuteCADA DE 1990 ATEacute OS DIAS ATUAIS
A FORMA URBANA ATUAL
No final da deacutecada de 1980 houve a descoberta da uma jazida de Fosfato Sedimentar na
localidade da Rocinha (aacuterea rural) o que impulsionou a instalaccedilatildeo de induacutestrias voltadas para
o agronegoacutecio iniciado pelas Sementes Agroceres SA (especialista tambeacutem em geneacutetica
suiacutena) Nesse periacuteodo ocorreu ainda um maior desenvolvimento teacutecnico da agricultura por
meio da irrigaccedilatildeo e do cultivo de novos cereais
Os reflexos do desenvolvimento comercial e industrial da regiatildeo foram notados na
implantaccedilatildeo de induacutestrias de confecccedilotildees agroinduacutestrias e na instalaccedilatildeo da multinacional Cica
que impulsionou o cultivo de milho ervilha e tomate5
A implementaccedilatildeo de induacutestrias somadas agraves pressotildees poliacuteticas acarretou na instalaccedilatildeo de um
distrito industrial na porsatildeo sul e oeste da cidade expandindo o periacutemetro urbano para aleacutem
das margens do Rio Paranaiacuteba A criaccedilatildeo do distrito industrial influenciou a ocupaccedilatildeo ao longo
da Avenida Presidente Juscelino Kubitschek construiacuteda nos anos 1970 para ligaccedilatildeo do nuacutecleo
urbano agraves rodovias BR-354 e BR-365 comportando-se entatildeo como principal acesso da
cidade
O Mapa 4 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o ano de
2015 a seguir apresenta a forma urbana atual da cidade
5 A multinacional Cica permaneceu na cidade ateacute 2001 depois se deslocou para o Estado de Goiaacutes quando perdeu parte dos incentivos fiscais oferecidos pela cidade
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Na deacutecada de 1990 a expansatildeo da malha urbana ultrapassou as aacutereas de algumas reservas
ambientais que se transformaram nos principais parques urbanos da cidade o Parque
Municipal do Mocambo (Figura 19) em 1990 e o Parque Municipal Joatildeo Luiz Redondo (Figura
20) em 1994 ambos localizados em aacutereas de lagoas
Figura 19 Parque Municipal do
Mocambo 1992 Fonte Arquivo
de Donaldo Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecadepatoscombr
p=8437 Acesso em marccedilo de
2015
Figura 20 Parque
Municipal Joatildeo Luiz
Redondo (Lagoinha)
deacutecada de 1990 Fonte
Arquivo de Donaldo
Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecade
patoscombrp=75
54 Acesso em marccedilo
de 2015
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Foi criado tambeacutem na deacutecada de 1990 na Lei Municipal nordm 2872 de 03 de outubro de 1991
o Parque Mirante do Alto da Colina (ainda natildeo implantado) e a Lei Municipal nordm 2871 de 03
de outubro de 1991 declara a aacuterea denominada Lagoa e Bosque do ldquoPATAtildeOrdquo de preservaccedilatildeo
permanente onde desde entatildeo se cogita a implantaccedilatildeo de um parque urbano
Figura 21 Rua Mirico Caixeta ao fundo a Mata do Catingeuiro Evidenciando a falta de conexatildeo da
mata com o entorno Foto Acervo pessoal 2015
Figura 22 Rua 0 e o desmatamento na Mata do Catingeiro Foto Acervo
pessoal 2015
Em 2014 foi aprovada a criaccedilatildeo do Parque
de Preservaccedilatildeo Mata do Catingueiro uma
tentativa de proteger os restigios da mata
localizado no setor leste aacuterea que
recentemente recebeu muitos loteamentos
que foram implantados sem se estabelecer
uma aacuterea de transiccedilatildeo ou de integraccedilatildeo da
mata com a malha urbana sem passeios
ciclovias praccedilas ou parques conforme
ilustrado na Figura 21 A mata do
Catingueiro tem sido um constante alvo de
queimadas e desmatamento a Figura 22
mostra os vestiacutegios da mata
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Figura 23 Programa MCMV- Jardim Quebec II com 437unidades localizado na porccedilatildeo noroeste da
cidade ao fundo da figura a mata ciliar do Rio Paranaiacuteba e plantaccedilotildees de cafeacute Foto Sacircmara C P Lima
2014
Na deacutecada de 2010 ocorreu a expansatildeo do periacutemetro urbano no sentindo norte pela primeira
vez para aleacutem do Coacuterrego do Limoeiro devido agrave instalaccedilatildeo de um campus da Universidade
Federal de Uberlacircndia na aacuterea Observa-se na Figura 23 que a aacuterea do extremo noroeste da
cidade estaacute em processo de expansatildeo da malha urbana e apresenta construccedilotildees habitacionais
do Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) na cidade
Notamos diversas transformaccedilotildees na malha urbana de Patos de Minas ao longo das deacutecadas
desde a implantaccedilatildeo do nuacutecleo urbano aos desdobramentos econocircmicos poliacuteticos e sociais
que direcionaram o crescimento da cidade e a transformaccedilatildeo da paisagem
O tecido urbano e o crescimento das cidades brasileiras como eacute o caso de Patos de Minas se
daacute pela conformaccedilatildeo do sistema viaacuterio pelos padrotildees de parcelamento do solo por
edificaccedilotildees e pelos espaccedilos livres Patos possui uma relaccedilatildeo cultural e econocircmica muito forte
com a zona rural A linha de transiccedilatildeo entre o urbano e o rural eacute muito tecircnue principalmente
nas aacutereas de borda urbana Nesses bairros de periferia ou de limite da mancha urbana a
cidade termina no outro lado da rua depois de uma cerca de arame sem nenhum espaccedilo de
transiccedilatildeo o outro lado da cerca se configura como um espaccedilo livre com muitas
potencialidades de uso e conflitos
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Figura 24 Paisagem urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora
Em Patos de Minas a paisagem urbana eacute emoldurada por serras cobertas por diferentes
plantaccedilotildees (Figura 24) a cidade termina onde o Rio Paranaiacuteba passa ou a cidade termina
onde comeccedilam os fundos de vale Ora cidade ora zona rural A paisagem tambeacutem eacute marcada
pela Catedral um contraste no meio do aglomerado urbano em uma zona em processo de
verticalizaccedilatildeo onde a Catedral se esconde e se revela A Catedral marca o iniacutecio da ocupaccedilatildeo
da regiatildeo em uma aacuterea de chapada na beira da lagoa hoje a chapada foi praticamente toda
ocupada e os bairros das bordas urbanas ocupam as aacutereas mais elevadas da cidade Do alto
desses bairros da borda eacute possiacutevel ver as lagoas e os coacuterregos pressentes na cidade espaccedilos
que se configuram como parques praccedilas e chaacutecaras espaccedilos livres de edificaccedilatildeo que
ressaltam a identidade da cidade e a paisagem urbana
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21 ESPACcedilOS LIVRES
ESPACcedilOS ABERTOS AacuteREAS VERDES
O conceito de espaccedilo livre de edificaccedilatildeo eacute amplo e complexo Para Nucci (2001) os espaccedilos
livres fazem parte de um grande grupo paisagiacutestico urbano que pode ser subdividido em
vaacuterias categorias dependendo do seu uso e funccedilatildeo sendo entatildeo um termo bastante
abrangente que agrega todos os outros conceitos similares como espaccedilos abertos aacutereas
verdes aacutereas livres sistemas de aacutereas de lazer cobertura vegetal entre outros
Segundo Queiroga (2006) Miranda Magnoli em sua tese de livre-docecircncia6 buscou afirmar o
espaccedilo livre como o objeto do paisagismo indo aleacutem do jardim do projeto com vegetaccedilatildeo
e da escala urbana Nesse sentido definiu espaccedilo livre como espaccedilo livre de edificaccedilotildees todo
espaccedilo descoberto urbano ou natildeo vegetado ou natildeo puacuteblico ou privado De acordo com a
autora para a anaacutelise de um dado recorte escalar propotildee-se que o estudo dos espaccedilos livres
deva ir aleacutem dos espaccedilos vegetados e dos espaccedilos puacuteblicos envolvendo todos os espaccedilos
livres do referido recorte Ou seja para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na cidade
eacute preciso ir aleacutem da anaacutelise dos espaccedilos puacuteblicos ou dos vegetados eacute preciso identificar todas
as aacutereas natildeo construiacutedas na cidade os espaccedilos privados intra-lote os lotes e glebas ociosas
as ruas os passeios etc
Os espaccedilos livres satildeo um dos principais estruturadores da forma urbana e um dos principais
elementos caracterizadores da paisagem urbana Segundo Magnoli (1982) os espaccedilos livres
satildeo os ambientes natildeo edificados da cidade as ruas avenidas praccedilas parques quintais
jardins rios matas mangues praias urbanas ou simples vazios urbanos
Quando adotamos o termo aacutereas verdes ou aacutereas verdes urbanas nos referimos a um
subsistema dentro do Sistema de Espaccedilos Livres que engloba principalmente as aacutereas de
preservaccedilatildeo permanente (APPrsquos) reservas legais (RL) e a arborizaccedilatildeo urbana Segundo
6 MAGNOLI Miranda Espaccedilos livres e urbanizaccedilatildeo uma introduccedilatildeo a aspectos da paisagem metropolitana 1982 116 p Tese (Livre-docecircncia em Arquitetura e Urbanismo) ndash Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1982
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Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilo livre eacute adotado se sobrepondo contendo e
ampliando o conceito usual de aacutereas verdes termo que tem como base a necessidade de
espaccedilos livres dotados de vegetaccedilatildeo De acordo com o autor o termo aacutereas verdes eacute
reducionista desconsidera as caracteriacutesticas fundamentais do espaccedilo urbano como a
complexidade e diversidade das formas de apropriaccedilatildeo e apreensatildeo social e o fato real da
impossibilidade fiacutesica e mesmo da inconveniecircncia da existecircncia de vegetaccedilatildeo em
determinados espaccedilos livres
De acordo com Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilos livres natildeo desconsidera o papel
da vegetaccedilatildeo nas cidades brasileiras como elemento facilitador da drenagem urbana criador
de microclimas mais agradaacuteveis contribuindo para a manutenccedilatildeo da diversidade animal e
vegetal e ainda como fator de embelezamento urbano mas natildeo desconsidera a importacircncia
dos espaccedilos natildeo vegetados para inuacutemeras praacuteticas de relevacircncia cultural das feiras agraves festas
populares das manifestaccedilotildees poliacuteticas agrave valorizaccedilatildeo de determinadas paisagens e
patrimocircnios culturais
Entretanto apesar dos crescentes avanccedilos nas discussotildees sobre os espaccedilos livres muitos
autores planos diretores planos de uso e ocupaccedilatildeo ainda natildeo compreenderam o termo
como em Patos de Minas onde adota-se o termo aacutereas verdes nas leis municipais e plano
diretor Na Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo de Patos de Minas (2008) as aacutereas verdes satildeo
descritas como porccedilotildees situadas na Macrozona Urbana destinadas a oferecer espaccedilos
puacuteblicos adequados e qualificados agraves atividades de recreaccedilatildeo lazer e turismo da populaccedilatildeo
de forma a conciliar a proteccedilatildeo dos bens naturais e culturais As cidades precisam de reservas
de aacutereas verdes e de espaccedilos livres de qualidade para praacutetica de atividades culturais de lazer
e contemplaccedilatildeo Observa-se que na lei municipal de Patos de Minas existe uma sobreposiccedilatildeo
entre a funccedilatildeo das reservas de aacutereas verdes e dos espaccedilos de praacuteticas socias sobreposiccedilatildeo
essa presente no conceito dos espaccedilos livres
A implantaccedilatildeo dos espaccedilos livres puacuteblicos depende de uma gestatildeo adequada e integrada dos
recursos com uma fiscalizaccedilatildeo efetiva o que implica no desenvolvimento de poliacuteticas
puacuteblicas permanentes que viabilizem as intervenccedilotildees e necessidades dos espaccedilos livres
Segundo Loboda amp Angelis (2012) o planejamento das aacutereas verdes (puacuteblicas) urbanas parte
de uma definiccedilatildeo de recursos que eacute residual as necessidades satildeo amenizados com recursos
que sobram de outras atividades consideradas como mais prioritaacuterias e que geralmente
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incluem-se nesse acircmbito aquelas de cunho estrateacutegico poliacutetico e econocircmico O autor cita um
problema frequente em diversas cidades brasileiras a falta de recursos destinados aos
espaccedilos puacuteblicos e dentre eles as aacutereas verdes urbanas um dos principais espaccedilos livres das
cidades
De acordo com Magnoli (1982) a localizaccedilatildeo acessibilidade e distribuiccedilatildeo dos espaccedilos livres
formam um complexo sistema de conexotildees com muacuteltiplos papeacuteis urbanos atividades do oacutecio
circulaccedilatildeo urbana conforto conservaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo ambiental drenagem urbana
imaginaacuterio e memoacuteria urbana lazer e recreaccedilatildeo dentre outros Todas essas funccedilotildees
exercidas no ambiente urbano pelos espaccedilos livres assim como a localizaccedilatildeo acessibilidade
distribuiccedilatildeo tipos de usos e configuraccedilatildeo espacial estatildeo organizadas de maneira sistecircmica na
cidade formando o Sistema de Espaccedilos Livres
22 O PENSAMENTO SISTEcircMICO
As cidades independentemente da sua localidade histoacuteria e configuraccedilatildeo satildeo formadas de
modo geral por espaccedilos livres e espaccedilos edificados duas categorias espaciais estruturantes
da forma urbana A configuraccedilatildeo dos espaccedilos livres eacute variaacutevel nas cidades brasileiras por
diversas questotildees como caracteriacutesticas territoriais bioma configuraccedilatildeo paisagiacutestica pela
existecircncia ou ausecircncia de planos urbanos e principalmente pelos processos de urbanizaccedilatildeo e
de transformaccedilatildeo da paisagem
A cidade eacute um conjunto de elementos sistemas e funccedilotildees e os espaccedilos livres formam um dos
principais sistemas capaz de estruturar toda a configuraccedilatildeo urbana De acordo com Tardin
(2010) e DrsquoAgostini amp Cunha (2007) sistema eacute um conjunto de elementos passiacutevel de
estabelecer inter-relaccedilotildees fiacutesicas funcionais estruturais morfoloacutegicas e relativas agrave vivecircncia
da paisagem abertas e intricadas entre si com seu entorno e com as pessoas que o
vivenciam
De acordo com Morin (2008) apud Queiroga (2014) o conceito de sistema implica natildeo
somente elementos inter-relacionaacuteveis mas tais relaccedilotildees constituem uma organizaccedilatildeo e uma
estrutura relativamente estaacutevel que caracteriza o sistema como um todo A organizaccedilatildeo
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sistecircmica por sua vez conteacutem as relaccedilotildees que definem o sistema e que o transformam
alterando sua estrutura possibilitando sua permanecircncia e contendo a possibilidade concreta
de sua dissoluccedilatildeo Para o autor o termo exprime multiplicidade totalidade diversidade
organizaccedilatildeo e complexidade
A noccedilatildeo de sistema auxilia o estudo dos espaccedilos livres urbanos e o entendimento das suas
relaccedilotildees de interdependecircncia complementaridade e hierarquia Segundo Schlee et al
(2009) considerando-se a paisagem como um macrossistema complexo formado de
subsistemas os espaccedilos livres urbanos constituem um dos seus subsistemas inter-
relacionados com outros subsistemas urbanos e rurais e que podem se justapor ao Sistema
de Espaccedilos Livres ou se sobrepor total ou parcialmente enquanto sistemas de accedilotildees
[] entende-se como sistemas de espaccedilos livres (SEL)
urbanos os elementos e as relaccedilotildees que organizam e
estruturam o conjunto de todos os espaccedilos livres de um
determinado recorte urbano independentemente de sua
dimensatildeo qualificaccedilatildeo esteacutetica funcional e de sua
localizaccedilatildeo e propriedade sejam eles puacuteblicos ou privados
[] toda cidade possui um sistema de espaccedilos livres que eacute
produzido durante seu processo de formaccedilatildeo tanto pelo
Poder Puacuteblico como pela iniciativa privada (MACEDO 2010
p 3 e 4)
O autor afirma que todas as cidades independente do seu porte de suas caracteriacutesticas
culturais e histoacutericas possuem um Sistema de Espaccedilos Livres Essa afirmaccedilatildeo incita diversas
questotildees que conduziram esta pesquisa pontos voltados ao objeto de estudo a cidade de
Patos de Minas uma cidade meacutedia
O SEL DE UMA MEGAacuteLOPOLE OU METROacutePOLE Eacute
DIFERENTE DO SEL DE UMA PEQUENA CIDADE OU DE
UMA CIDADE MEacuteDIA
O MESMO TIPO DE ANAacuteLISE QUE SE APLICA PARA O
ENTENDIMENTO DO SEL DE UMA CIDADE DE GRANDE
PORTE PODE SER APLICADO PARA UMA CIDADE DE
MEacuteDIO PORTE
EXISTEM TIPOS DE ESPACcedilOS LIVRES FUNCcedilOtildeES OU
RELACcedilOtildeES QUE CARACTERIZAM O SISTEMA DE ESPACcedilOS
LIVRES DE UMA CIDADE MEacuteDIA
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23 OS ESPACcedilOS LIVRES NAS
CIDADES MEacuteDIAS
O espaccedilo livre eacute parte estruturante da forma urbana ele se configura em diferentes
categorias tipologias e caracteriacutesticas no meio urbano principalmente pela introduccedilatildeo ao
longo da histoacuteria de diferentes padrotildees urbaniacutesticos nas cidades O processo de urbanizaccedilatildeo
das cidades eacute uma soma e por vezes ateacute uma sobreposiccedilatildeo de padrotildees morfoloacutegicos esses
traccedilados geram diferentes paisagens com diferentes tipos de espaccedilos livres Incorporando ao
sistema um rico mosaico espacial formado por diferentes porcentagens de espaccedilos livres
intra lote caracteriacutesticos de traccedilados distintos por diferentes tipos de praccedilas aacutereas de
preservaccedilatildeo parques ruas e avenidas Aacutereas essas que apresentam diversos conflitos e
possuem um intenso potencial de transformaccedilatildeo
Segundo Macedo et al (2012) as cidades brasileiras possuem padrotildees morfoloacutegicas
semelhantes isso fica evidente na repeticcedilatildeo dos tipos de traccedilado (ortogonais orgacircnicos
radiais) e nos padrotildees de mancha urbana (linear tentacular compacta mista) O que confere
a especifidade das diversas cidades eacute a forma como elas estatildeo inseridas em seu contexto
territorial os arranjos espaciais seus padrotildees culturais socioeconocircmicos a legislaccedilatildeo
municipal as tipologias e funccedilotildees dos espaccedilos livres e a paisagem urbana Nas cidades meacutedias
brasileiras a forma como os padrotildees morfoloacutegicos se adequam ao suporte fiacutesico
transformando paisagem a local confere ao Sistema de Espaccedilos Livres diferentes dinacircmicas
espaciais funcionais e tipoloacutegicas
Como dito anteriormente neste trabalho a proposta natildeo eacute discutir o que determina uma
cidade como de meacutedio porte ou natildeo mas entender essas cidades como centro urbanos em
crescimento onde novos traccedilados e dinacircmicas urbanas satildeo somadas agrave cidade existente
transformando a paisagem local Na atual conjuntura brasileira segundo Tacircngari et al(2009)
apoacutes a deacutecada de 1980 as cidades meacutedias passaram a crescer mais rapidamente em
comparaccedilatildeo com as metroacutepoles um processo de diminuiccedilatildeo do movimento migratoacuterio em
direccedilatildeo agraves megaloacutepoles e o seu direcionamento para as cidades meacutedias que apresentam
grande potencial de crescimento econocircmico e tecircm seus atributos esteacuteticos e econocircmicos
56 |
valorizados atraveacutes da propagaccedilatildeo da ideia de que cidades de meacutedio porte podem apresentar
mais qualidade de vida que as grandes metroacutepoles
As cidades meacutedias reproduzem os padrotildees morfoloacutegicos e culturais vindos do contexto das
grandes cidades e das pequenas cidades ou povoados de seu entorno Um exemplo dessa
influecircncia vinda das grandes cidades satildeo os condomiacutenios fechados propostos inicialmente
pelo mercado imobiliaacuterio como locais de seguranccedila e lazer proacuteximos aos grandes centros
urbanos esse mesmo padratildeo de condomiacutenio fechado eacute aplicado nas cidades meacutedias onde a
criminalidade eacute bem menor e as distacircncias a serem percorridas satildeo mais curtas Um exemplo
da influecircncia vinda das pequenas cidades e povoados proacuteximos satildeo as chaacutecaras pastos e
plantaccedilotildees presentes dentro malha urbana
Patos de Minas eacute um exemplo de cidade meacutedia em crescimento que recebe influecircncias
culturais e de padrotildees morfoloacutegicos uma cidade que possui caracteriacutesticas especiacuteficas de seu
suporte fiacutesico de seu processo histoacuterico e cultura que influenciam diretamente na malha
urbana as tipologias de espaccedilos livres e os tipos de apropriaccedilatildeo desses espaccedilos
Se observarmos em Patos de Minas as caracteriacutesticas da condiccedilatildeo de cidade meacutedia como por
exemplo a localizaccedilatildeo estrateacutegica entre cidades de maior e menor porte Percebemos que a
cidade atrai pessoas do entorno para desfrutar de suas potencialidades econocircmicas e de seus
aparatos de lazer (parques praccedilas locais de exposiccedilatildeo agropecuaacuteria) o que contribui
diretamente para geraccedilatildeo de renda e uso dos espaccedilos A cidade possui uma relaccedilatildeo direta
com cidades de maior porte que servem de escoamento da produccedilatildeo e suprimento de
mercadorias essa relaccedilatildeo de proximidade atrai para cidade eventos e exposiccedilotildees e pode
motivar influecircncias sobre as tipologias de espaccedilos livres gerados (assim como o processo de
globalizaccedilatildeo tambeacutem pode exercer esse papel)
Eacute nesse contexto de crescimento das cidades meacutedias e influecircncias morfoloacutegicas e culturais
que o Sistema de Espaccedilos Livres precisa ser pensado e entendido como uma infraestrutura
baacutesica para o desempenho da vida cotidiana urbana Segundo Souza amp Macedo (2014) o SEL
deve oferecer condiccedilotildees de habitabilidade urbana e para isso eacute necessaacuterio que se estabeleccedila
um diagnoacutestico baseado na existecircncia ou ausecircncia de uma seacuterie de atributos urbanos
necessaacuterios e qualitativos que deveriam orientar accedilotildees poliacuteticas e projetos de maneira a
formar um Sistema de Espaccedilos Livres integrado agrave paisagem local e a demanda da populaccedilatildeo
57 |
O autor afirma que eacute preciso fazer uma leitura da cidade de seus condicionantes conflitos e
potencialidades para entender como se estrutura o SEL suas funccedilotildees e seu potencial de
transformaccedilatildeo e organizaccedilatildeo na cidade
Partimos para anaacutelise da forma urbana patense buscando o entendimento de como as
caracteriacutesticas especiacuteficas do suporte fiacutesico da organizaccedilatildeo espacial da situaccedilatildeo fundiaacuteria e
dos tipos de usos e funccedilotildees exercidas pelos espaccedilos livres estruturam o Sistema de Espaccedilos
Livres de Patos de Minas
24 OS ESPACcedilOS LIVRES NA FORMA URBANA DE
PATOS DE MINAS
Para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na forma urbana de Patos de Minas a
anaacutelise foi dividida em trecircs principais enfoques RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA CONFIGURACcedilAtildeO
ESPACIAL e RELACcedilAtildeO DE USOS DO SOLO A leitura da cidade apresentada por esses trecircs
acircngulos somada ao entendimento de paisagem forma urbana e da formaccedilatildeo e
transformaccedilatildeo da malha urbana patense apresentados no capiacutetulo anterior nos possibilitam
o entendimento do Sistema Espaccedilos Livres de Patos de Minas como um todo com suas
categorias tipoloacutegias e relaccedilotildees sistecircmicas
Os trecircs principais enfoques foram determinados com base nas principais caracteriacutesticas da
cidade nas suas peculiaridades na sua condiccedilatildeo de cidade de meacutedio porte Provavelmente
um outro tipo de cidade com outras caracteriacutesticas de paisagem demandaria outro segmento
de anaacutelise
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241
RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA
ESPACcedilOS LIVRES x SUPORTE ambiental
O principal objetivo desse subcapiacutetulo eacute analisar as caracteriacutesticas do suporte ambiental sobre
o qual a cidade de Patos de Minas foi implantada buscando identificar quais espaccedilos livres
presentes na cidade incorporam esses elementos da paisagem O suporte ambiental eacute parte
da paisagem urbana ele eacute formado por elementos como corpos drsquoaacutegua vegetaccedilatildeo relevo
solos e clima
Estatildeo cada vez mais presentes nos planos diretores e na legislaccedilatildeo ambiental denominaccedilotildees
como reservas florestais puacuteblicas e privadas parques lineares parques ecoloacutegicos unidades
de conservaccedilatildeo aacutereas de proteccedilatildeo permanente (APPrsquos) aleacutem de referecircncias agrave
sustentabilidade e agrave ecologia Essas denominaccedilotildees muitas vezes geram espaccedilos livres
voltados agrave funccedilatildeo de conservaccedilatildeo e proteccedilatildeo ambiental Entretanto os espaccedilos livres
vinculados ao suporte fiacutesico natildeo possuem somente a funccedilatildeo de conservaccedilatildeo ambiental eles
possuem outros papeacuteis no meio urbano como recreaccedilatildeo infraestrutura urbana contribuir
com a drenagem pluvial possibilitar microclimas urbanos mais agradaacuteveis contribuir para
manutenccedilatildeo da biodiversidade e valores esteacuteticos Segundo Queiroga (2012) a
permeabilidade do solo e a cobertura arboacuterea permitem a conservaccedilatildeo de paisagens com
melhor desempenho ambiental mitigando problemas comuns nas aacutereas urbanas a qualidade
da aacutegua e do ar a manutenccedilatildeo da qualidade do solo controle de erosatildeo abastecimento dos
aquiacuteferos e regulaccedilatildeo das enchentes
Os espaccedilos livres vinculados ao suporte ambiental como os corpos drsquoaacutegua e a vegetaccedilatildeo
constantemente satildeo alvo de degradaccedilatildeo ambiental o que ressalta a sua funccedilatildeo ambiental
dentro do sistema Entretanto a mitigaccedilatildeo desses problemas natildeo eacute uma questatildeo pertinente
apenas ao planejamento ambiental das cidades De acordo com Jacobs (2001) as aacutereas livres
puacuteblicas estruturam o espaccedilo urbano satildeo o principal suporte espacial para o encontro e a
vivecircncia urbana Segundo a autora a degradaccedilatildeo do espaccedilo urbano observada pela reduccedilatildeo
de aacutereas puacuteblicas de lazer deficiecircncia na arborizaccedilatildeo urbana excessiva impermeabilizaccedilatildeo do
solo aumento da temperatura e criaccedilatildeo de ilhas de calor danos ambientais diversos
diminuiccedilatildeo da qualidade da ambiecircncia urbana e perda de qualidade de vida constitui um
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problema que extrapola a esfera fiacutesicaespacial constituindo um problema social visto que
desencoraja o uso da rua e dos espaccedilos livres como locais de encontro necessaacuterios para a
manutenccedilatildeo das praacuteticas sociais
Ao longo do processo de urbanizaccedilatildeo das cidades brasileira foram comuns situaccedilotildees em que
aacutereas de reserva natural foram desmatadas para dar lugar a loteamentos coacuterregos foram
canalizados e desapareceram da paisagem urbana ou foram canalizadas a ceacuteu aberto tiveram
sua APP desmatada e impermeabilizada para dar lugar a avenidas e aacutereas construiacutedas como
no caso da Figura 26
Figura 26 Coacuterrego do Monjolo em Patos de Minas canalizado a ceacuteu aberto na deacutecada de 1970 com APP desmatada e grande parte do seu entorno impermeabilizado Agraves margens do coacuterrego a Av Faacutetima Porto Foto Acervo pessoal 2014
Atualmente esse tipo de tratamento de supressatildeo da vegetaccedilatildeo das APPrsquos em aacutereas
urbanizadas eacute cada vez mais incomum7 o que contribui para a conservaccedilatildeo desses recursos
naturais Entretanto gradativamente mais a legislaccedilatildeo ambiental trata a funccedilatildeo ambiental dos
espaccedilos como algo isolado entendendo as APPrsquos como locais onde natildeo podem existir
intervenccedilotildees desconsiderando que esses espaccedilos podem estar vinculados a outras funccedilotildees
como por exemplo recreaccedilatildeo educaccedilatildeo ambiental valorizaccedilatildeo da paisagem De acordo com
7 Os casos excepcionais nos quais eacute permitido a supressatildeo da vegetaccedilatildeo em APP estatildeo definidos pela Resoluccedilatildeo CONAMA 36906
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Depois de introduzidos os conceitos-chave o capiacutetulo apresentaraacute o processo de urbanizaccedilatildeo
da aacuterea de estudo a transformaccedilatildeo do tecido urbano e a incorporaccedilatildeo dos principais espaccedilos
livres de edificaccedilatildeo e edificados ressaltando as caracteriacutesticas histoacutericas econocircmicas
poliacuteticas e culturais que contribuem para a formaccedilatildeo da imagem da cidade
O segundo capiacutetulo analisa o SISTEMA DE ESPACcedilOS LIVRES na forma urbana de Patos de Minas
a partir de trecircs principais enfoques a relaccedilatildeo ecoloacutegica que busca entender a interaccedilatildeo entre
a forma urbana e os condicionantes do suporte fiacutesico (hidrografia geologia relevo
vegetaccedilatildeo) a configuraccedilatildeo espacial que revela a organizaccedilatildeo da malha urbana e a interaccedilatildeo
dos espaccedilos livres na malha e a relaccedilatildeo de usos do solo que analisa a relaccedilatildeo dos espaccedilos
livres com a situaccedilatildeo fundiaacuteria e a distribuiccedilatildeo dos usos do solo na cidade
No capiacutetulo sobre o Sistema de Espaccedilos Livres as anaacutelises foram feitas na escala da cidade No
capiacutetulo seguinte que trata das Unidades de Paisagem as apreciaccedilotildees foram feitas na escala
das unidades ou seja a anaacutelise dos espaccedilos livres da cidade vai do macro ao micro A
aplicaccedilatildeo da metodologia das Unidades de Paisagem permite transitar entre as escalas de
anaacutelise e aprofundar nas caracteriacutesticas e peculiaridades do Sistema de Espaccedilos Livres
presentes em cada unidade
O terceiro capiacutetulo apresenta a metodologia das UNIDADES DE PAISAGEM a identificaccedilatildeo das
Unidades de Paisagem presentes em Patos de Minas e a anaacutelise cada uma delas O trabalho
entende as Unidades de Paisagem como porccedilotildees do Sistema de Espaccedilos Livres cujas relaccedilotildees
entre os espaccedilos livres os espaccedilos edificados possuem caracteriacutesticas especiacuteficas de
centralidade hierarquia distribuiccedilatildeo e organizaccedilatildeo que os distingue dos demais conjuntos de
relaccedilotildees
O fechamento do trabalho apresenta de maneira sinteacutetica uma apreciaccedilatildeo do que foi
apresentado em cada capiacutetulo apontando os questionamentos e resultados que surgiram no
decorrer da anaacutelise Depois satildeo enumerados os principais desafios a serem enfrentados pelo
o planejamento urbano e ambiental de Patos de Minas para a gestatildeo do SEL da cidade
Adiante satildeo apresentados os possiacuteveis desdobramentos da pesquisa evidenciando as
possibilidades de continuidade e aprofundamentos teoacutericos e praacuteticos sobre o objeto de
estudo
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11 PAISAGEM URBANA
CONCEITUACcedilAtildeO
A compreensatildeo do conceito de paisagem urbana eacute o principal enfoque no presente trabalho
para assimilaccedilatildeo da configuraccedilatildeo urbana da incorporaccedilatildeo dos elementos do suporte fiacutesico na
formaccedilatildeo e na transformaccedilatildeo da forma urbana e entendimento do papel do Sistema de
Espaccedilos Livres na cidade
O estudo da paisagem possibilita uma melhor percepccedilatildeo da estrutura da cidade a
compreensatildeo do siacutetio natural e da interferecircncia humana no mesmo esse conhecimento pode
direcionar o planejamento urbano para tanto a clareza do conceito de paisagem e seus
sombreamentos eacute de extrema importacircncia
Natildeo existe um consenso sobre o conceito de paisagem a discussatildeo sobre paisagem transita
por diversas aacutereas com diferentes definiccedilotildees ecircnfases e meacutetodo de abordagem Segundo o
geoacutegrafo Bertrand (2004) as diferenccedilas de abordagem no conceito de paisagem satildeo
influenciadas pela formaccedilatildeo e os objetivos do observador e pode enfatizar a vegetaccedilatildeo a
hidrografia o clima o relevo a economia a arquitetura ou o processo histoacuterico A
metodologia de anaacutelise poderaacute ser temporal baseada nos aspectos fiacutesicos e se referir agraves
relaccedilotildees e dinacircmicas internas ou ainda um conjunto de diversas anaacutelises Ou seja a
percepccedilatildeo individual somada aos objetivos e ao enfoque do observador interferem
diretamente na leitura da paisagem e no conceito da mesma
Segundo Rougerie e Beroutchatchvili (1991) apud Maximiano (2004) a Unesco (Organizaccedilatildeo
para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura das Naccedilotildees Unidas) declarou em 1971 considerar que a
paisagem eacute a ldquoestrutura do ecossistemardquo e o Conselho Europeu diz que ldquoo meio natural
moldado pelos fatores sociais e econocircmicos torna-se paisagem sob o olhar humanordquo Jaacute a
ldquopaysagerdquo francesa refere-se principalmente aos aspectos visuais O termo holandecircs com o
mesmo sentido eacute ldquovisueellandschaprdquo Para os alematildees ldquolandschaftrdquo envolve a noccedilatildeo de
territoacuterio semelhante ao ldquolandscape inglecircsrdquo Ambos tambeacutem se referem ao aspecto visual A
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geografia sovieacutetica tem seus proacuteprios termos ldquomesnost e ourotchitcherdquo que possuem valor
territorial aos quais os russos acrescentam ldquolandschaftrdquo emprestado dos alematildees
Segundo Maximiano (2004) para alguns socioacutelogos e economistas a paisagem eacute a base do
meio fiacutesico onde o homem a utiliza e a transforma ou natildeo para alguns botacircnicos e ecoacutelogos
a paisagem eacute um conjunto de organismos num meio fiacutesico cujas propriedades podem ser
explicadas segundo leis ou modelos com ajuda das ciecircncias fiacutesicas eou bioloacutegicas para
alguns geoacutegrafos ela resulta da relaccedilatildeo dinacircmica de elementos fiacutesicos bioloacutegicos e
antroacutepicos
ldquoA expressatildeo ldquopaisagemrdquo() passava a manifestar-se com
significados amplos complexos poreacutem bastante vagos
indistintos incompletos premissas comuns eram ldquoa naturezardquo e
a censura agrave accedilatildeo do homem A percepccedilatildeo das mudanccedilas
naturais ndash de tempos bioloacutegicos ndash e tambeacutem aquelas raacutepidas
extensas e difusas do trabalho do homem ndash de tempos
histoacutericos ndash levantava novamente a relaccedilatildeo homem-natureza
Seria esta relaccedilatildeo com todos os apelos e juiacutezos ndash imprecisos
indefinidos ndash que seria associada agrave palavra lsquopaisagemrsquordquo
(MAGNOLI e MACEDO 2000 p132-133)
O estudo da paisagem passou a ganhar relevacircncia entre os arquitetos a partir dos anos de
1960 Segundo Sandeville (2006) esse processo pode ser exemplificado inicialmente pelos
trabalhos de Kevin Lynch Cristopher Alexander Amos Rapoport Yi Fu Tuan e Vittorio
Gregotti1 De acordo com Gregotti (1983) o entendimento da paisagem eacute um instrumento
que o arquiteto tem que ter em matildeos para analisar o lugar e o espaccedilo sobre o qual se projeta
Entretanto a paisagem entendida soacute como o conjunto das caracteriacutesticas fiacutesicas e
geomorfoloacutegicas de cunho bioloacutegico e mineraloacutegico natildeo eacute suficiente para elaboraccedilatildeo do
1LYNCH K A imagem da cidade (1960) ALEXANDER C Unlenguage de patrones (1980) RAPOPORT A
Aspectos humanos de la forma urbana (1978) TUAN Y F Espaccedilo e lugar (1983) GREGOTTI V Nuevos
caminos de La arquitectura italiana (1969)
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projeto eacute preciso que a leitura da paisagem expresse as accedilotildees cotidianas os usos dos
espaccedilos e a cultura local
No Brasil Miranda Magnoli inicia seus estudos sobre a paisagem e o ambiente na deacutecada de
1970 baseada nas anaacutelises estadunidenses de planejamento da paisagem reconhecendo a
importacircncia das caracteriacutesticas socioespaciais mas sem reduzir a paisagem aos aspectos
formais O modo como Miranda discutiu a paisagem segundo Sandeville (2006) ultrapassou
as limitaccedilotildees da relaccedilatildeo figura-fundo a qual reforccedila a paisagem como cenaacuterio um entorno
transformado por uma arquitetura de edifiacutecio promovendo a cenarizaccedilatildeo da ideia de
paisagem Sua reflexatildeo estabeleceu bases para o conceito da arquitetura como o projeto do
ldquoambiente humanordquo a necessidade de compreensatildeo do contexto no qual se insere o objeto
projetado
A definiccedilatildeo do conceito de paisagem adotada para este trabalho eacute a desenvolvida por
Miranda Magnoli (1982) na qual a morfologia da paisagem eacute definida como resultante da
interaccedilatildeo entre a loacutegica proacutepria dos processos do suporte (geologia clima solo relevo
vegetaccedilatildeo e sol aacutegua e ventos) e a loacutegica proacutepria dos processos antroacutepicos sociais e culturais
(parcelamentos escavaccedilotildees plantaccedilotildees construccedilotildees edificaccedilotildees etc) Essa anaacutelise da
paisagem urbana considera os diversos atores que nela interferem seus aspectos fiacutesicos
socioeconocircmicos culturais e seu processo evolutivo natildeo eacute simplesmente bem organizada ou
normativa eacute tambeacutem uma anaacutelise poeacutetica e simboacutelica fala das pessoas e de suas histoacuterias de
suas aspiraccedilotildees tradiccedilotildees e conflitos do conjunto natural das funccedilotildees e da dinacircmica urbana
O estudo da paisagem possibilita um melhor entendimento da estrutura da cidade a
compreensatildeo do siacutetio natural e da interferecircncia humana no mesmo esse conhecimento pode
direcionar o planejamento urbano para tanto o entendimento do conceito de paisagem e
seus sombreamentos eacute de extrema importacircncia Segundo Oseki amp Pellegrino (2004) um
planejamento ecoloacutegico da paisagem pode fornecer as ferramentas necessaacuterias para
integraccedilatildeo entre sociedade e natureza incorporando diretrizes ambientalmente desejaacuteveis
para a melhoria da habitabilidade da cidade de sua sustentabilidade e de sua imagem
Para Oseki amp Pellegrino (2004) as paisagens satildeo ao mesmo tempo produzidas socialmente e
produtoras (indutoras) de praacuteticas sociais podem ser utilizadas no planejamento no projeto
e gestatildeo de espaccedilos livres (nas escalas espaciais local regional e continental) o que lhes
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confere importacircncia no planejamento urbano e regional o que tem sido ignorado pelos
oacutergatildeos responsaacuteveis pela gestatildeo do territoacuterio Segundo Macedo (1993) a paisagem eacute processo
e produto das accedilotildees humanas eacute processo na medida em que estaacute em constante mutaccedilatildeo e
compreende as diversas forccedilas que nela atuam ora em conflito ora em consonacircncia de
objetivos eacute produto pois a cada instante apresenta-se como objeto acabado dessas accedilotildees e
forccedilas aplicadas
Figura 2 Avenida Getuacutelio Vargas em Parto de Minas Vista parcial da paisagem urbana Fonte httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=1534357amppage=92 Foto Fotoacutegrafo desconhecido
O presente trabalho entende a paisagem como algo que caracteriza a cidade que lhe confere
identidade e a distingue das demais A paisagem retrata a forma urbana e a cultura da
populaccedilatildeo a maneira como as pessoas constroem suas casas e onde constroem se na beira
do rio no alto das serras ou nas chapadas Eacute a histoacuteria local contada por meio da mudanccedila do
cenaacuterio e da mudanccedila dos padrotildees arquitetocircnicos nas casas que permanecem do periacuteodo
neocolonial ou no estilo ecleacutetico nas casas que surgiram no estilo moderno nas reformas
nas construccedilotildees que satildeo tombadas e nas que satildeo derrubadas A paisagem eacute contada pelas
aacutervores pelas flores plantadas e replantadas nas calccediladas calccediladas por vezes remendadas A
paisagem eacute o reflexo do processo social dos bairros que se formam das pessoas que se
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mudam da economia que se desenvolve modificando o comercio instalando novas induacutestrias
e quem sabe ateacute bairros industriais gerando renda para urbanizaccedilatildeo de novas aacutereas ou a
verticalizaccedilatildeo de outras
O entendimento da paisagem enquanto elemento caracterizador da imagem das cidades eacute
um instrumento para a melhoria e manutenccedilatildeo dos valores da mesma Possui uma relaccedilatildeo
direta com histoacuteria da cidade com os valores culturais com o processo de formaccedilatildeo e de
transformaccedilatildeo da forma urbana e com os elementos que a constituem Partimos entatildeo para o
estudo da forma urbana com seus enfoques conceituais desdobramentos teoacutericos e
praacuteticos
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MORFOLOGIA E FORMA URBANA
FORMA URBANA MALHA URBANA TECIDO
URBANO
Figura 3 Forma Urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora 2014
Eacute constante a confusatildeo ao conceituar termos
como morfologia forma urbana malha
urbanatecido urbano elementos morfoloacutegicos
termos que ora se sobrepotildeem ora se englobam
ora se dividem
EXISTE UM CONSENSO SOBRE O CONCEITO
DE FORMA URBANA
A DEFINICcedilAtildeO DE FORMA URBANA ENGLOBA
O TRACcedilADO DAS RUAS OS CHEIOS E VAZIOS
OS USOS E AS TIPOLOGIAS CONSTRUIacuteDAS OU
SERIA SOacute O DESENHO QUE SE FORMA NO
ENCONTRO DAS BORDAS DA OCUPACcedilAtildeO
FORMA URBANA Eacute SINOcircNIMO DE TECIDO
URBANO OU O TECIDO Eacute PARTE DA FORMA
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A morfologia urbana eacute um campo disciplinar que abrange o estudo das cidades das formas
dos tecidos e da paisagem O estudo da morfologia contribui para o entendimento da
estrutura da cidade sua formaccedilatildeo e transformaccedilatildeo por meio de seus elementos
constituintes Segundo Lamas (2004) os elementos morfoloacutegicos constituintes satildeo o solo os
edifiacutecios o lote o quarteiratildeo a fachada o logradouro o traccediladorua a praccedila o monumento
a vegetaccedilatildeo e o mobiliaacuterio urbano O autor denomina como elementos morfoloacutegicos as partes
fiacutesicas que associadas ou estruturadas constituem a forma urbana Existem diversos
conceitos e definiccedilotildees que abordam a morfologia das cidades este trabalho apresentaraacute
algumas delas
Segundo Del Rio (1990) a anaacutelise da morfologia urbana estaacute em compreender a loacutegica da
formaccedilatildeo evoluccedilatildeo e transformaccedilatildeo da forma da cidade e de suas inter-relaccedilotildees a fim de
possibilitar a identificaccedilatildeo de accedilotildees mais apropriadas cultural e socialmente para a
intervenccedilatildeo urbana e o desenho de novos espaccedilos Segundo Rossi (2001) a cidade eacute uma
obra reconhecida pelo conjunto de sua forma mas tambeacutem pode ser identificada por
pequenas partes do conjunto em seus diversos momentos a forma urbana eacute a soma dos
diversos tecidos e padrotildees morfoloacutegicos que formam a cidade
O tecido urbano ou a malha urbana de acordo com Rego e Meneguetti (2011) satildeo
configurados pelo sistema viaacuterio pelo padratildeo do parcelamento do solo pela aglomeraccedilatildeo e
pelo isolamento das edificaccedilotildees assim como pelos espaccedilos livres Em outras palavras o
tecido de cidade eacute dado pelos edifiacutecios ruas quadras e lotes parques praccedilas e monumentos
nos seus mais variados arranjos Esses elementos morfoloacutegicos presentes no tecido urbano
segundo Moudon (1997) devem ser considerados como organismos ndash constantemente em
atividade e assim em transformaccedilatildeo ao longo do tempo eles existem em inter-relaccedilatildeo com
as estruturas edificadas conformando e sendo conformadas pelos espaccedilos livres O modo
como cada um desses elementos morfoloacutegicos se organizou e conforma o tecido da cidade
pode ser entendido como um objeto de estudo da morfologia urbana
A forma urbana reflete os processos de formaccedilatildeo da cidade os processos sociais que se
consolidam nos tecidos urbanos que levam a sociedade a construir de uma maneira
determinada e caracteriacutestica suas casas escolas comeacutercios induacutestrias etc Segundo
Carvalho (2011) os tecidos urbanos satildeo configurados a partir da homogeneidade dos
seguintes elementos traccedilado da malha viaacuteria padrotildees de uso (residencial comercial de
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serviccedilos e industrial) padratildeo edificado (padratildeo arquitetocircnico e do gabarito) e suporte fiacutesico
(topografia vegetaccedilatildeo e hidrografia
De acordo com Moudon (1997) os morfologistas atentam para os resultados tangiacuteveis de
questotildees sociais econocircmicas poliacuteticas ou seja estudam a manifestaccedilatildeo de ideias e
intenccedilotildees agrave medida que elas tomam forma no chatildeo e moldam as cidades O estudo
morfoloacutegico das cidades pode ser dividido em escolas de pensamento dentre elas a escola
italiana a escola francesa e a escola inglesa as quais analisaremos sinteticamente
observando suas principais caracteriacutesticas metodoloacutegicas bases bibliograacuteficas e formas de
pensamento
A escola italiana conforme Mondon (1997) tem seu iniacutecio nos estudos do arquiteto Saverio
Muratori (1910 ndash 1973) e de Gianfranco Caniggia (1933 ndash 1987) na deacutecada de 1940 Segundo
Rosaneli (2011) essa escola de pensamento possui como principal distintivo a preocupaccedilatildeo
com o destino das cidades histoacutericas italianas sobretudo devido aos efeitos das intervenccedilotildees
modernistas Essa escola apresenta uma maior preocupaccedilatildeo com o estudo tipoloacutegico das
edificaccedilotildees (fachadas estilos arquitetocircnicos gabarito) e de suas transformaccedilotildees ao longo do
tempo
A escola francesa apresenta ecircnfase na reflexatildeo geograacutefica e historiograacutefica sobre as cidades e
possui a contribuiccedilatildeo do socioacutelogo Henri Lefebvre (1901 ndash 1991) Assim como a escola italiana
a escola francesa se opotildee aos efeitos das intervenccedilotildees modernistas Rosaneli (2011) propotildee
uma reforma educacional no campo dos estudos urbanos e busca consolidar uma nova
ldquodisciplinardquo com duplo objetivo primeiro uma pesquisa descritiva multidisciplinar do espaccedilo
construiacutedo a fim de reconhecer ingredientes de um bom desenho e segundo a identificaccedilatildeo
e criacutetica de modelos teoacutericos de desenho urbano
A escola inglesa eacute fundamentada nos estudos do geoacutegrafo alematildeo Conzen (1907 ndash 2000) e
inicia-se na deacutecada de 1960 De acordo com Moudon (1994) a escola inglesa possui uma
anaacutelise morfoloacutegica descritiva analiacutetica e explanatoacuteria concentra-se no estudo da forma
urbana e apresenta o mais completo detalhado e sistemaacutetico meacutetodo tipo morfoloacutegico das
trecircs escolas
Conzen fundamenta-se na aplicabilidade da leitura dos planos urbanos (ldquotown-plansrdquo) para o
entendimento da formaccedilatildeo urbana De acordo com Conzen (1960) apud Rosaneli (2011) os
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trecircs fundamentais elementos que compotildee os planos satildeo as ruas que estatildeo arranjadas em um
traccedilado os lotes ou parcelas individuais de terra juntamente com as quadrasquarteirotildees e os
edifiacutecios com seus conjuntos construiacutedos As diversas combinaccedilotildees desses trecircs principais
elementos constituiriam unidades distintas com ldquohomogeneidade morfoloacutegicardquo o que o
autor denominou de tecido urbano (ldquoplan unitrdquo ldquourban fabricrdquo ou ldquotessuto urbanordquo para a
escola italiana)
A morfologia urbana e suas diferentes escolas de pensamento retratam o estudo da forma
urbana e de seus elementos estruturantes dos processos culturais sociais econocircmicos e
poliacuteticos Os estudos morfoloacutegicos que mais se aplicam agrave presente pesquisa satildeo os da escola
inglesa onde desenvolve-se uma anaacutelise descritiva e analiacutetica do processo de urbanizaccedilatildeo
estudando as unidades com ldquohomogeneidade morfoloacutegicasrdquo trabalhadas nessa pesquisa por
meio das Unidades de Paisagem (porccedilotildees territoriais com semelhanccedila de traccedilado e interaccedilatildeo
entre os espaccedilos livres e edificados) e atraveacutes da anaacutelise do Sistema de Espaccedilos Livres uma
organizaccedilatildeo sistecircmica dos espaccedilos livres das diversas Unidades de Paisagem presentes em
uma aacuterea definida
Para o entendimento da configuraccedilatildeo do Sistema de Espaccedilos Livres Patense e de suas
Unidades de Paisagem partimos do estudo do processo de urbanizaccedilatildeo de Patos de Minas
observando as caracteriacutesticas morfoloacutegicas histoacutericas culturais e da paisagem urbana
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13 FORMACcedilAtildeO E TRANSFORMACcedilAtildeO DA
MALHA URBANA PATENSE
Figura 4 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Patos de Minas e apresentaccedilatildeo da forma urbana da cidade Elaborado pela autora segundo fonte Mapas da Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2006 e 2015
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Patos de Minas eacute uma cidade meacutedia2 da regiatildeo intermediaacuteria agrave Mesorregiatildeo do Triacircngulo
Mineiro e Alto Paranaiacuteba Considerada poacutelo econocircmico regional a maior cidade da
microrregiatildeo do Alto Paranaiacuteba que eacute composta por 10 municiacutepios O municiacutepio de Patos de
Minas eacute formado por sete distritos o distrito sede eacute a cidade de Patos de Minas e os outros
satildeo Bom Sucesso Chumbo Major Porto Pilar Pindaiacutebas e Santana de Patos (identificados na
Figura 4)
Segundo o IBGE (2010) o municiacutepio de Patos de Minas possui aacuterea de 3189771Kmsup2
densidade demograacutefica de 4349 habkmsup2 e populaccedilatildeo de aproximadamente 147614
habitantes (populaccedilatildeo estimada em 2014)
Patos de Minas situa-se no Planalto Central Minas GeraisGoiaacutes com altitudes meacutedias de 800
a 900 metros Localiza-se entre duas grandes bacias hidrograacuteficas brasileiras a do Satildeo
Francisco e a do Paranaacute Sua localizaccedilatildeo estrateacutegica permite a ligaccedilatildeo da cidade a centros
comerciais como Uberlacircndia Belo Horizonte Brasiacutelia e Satildeo Paulo facilitando o intercacircmbio
comercial e o desenvolvimento econocircmico
De acordo com o IBGE (2012) o PIB (Produto Interno Bruto) do municiacutepio tem sua economia
baseada principalmente no setor de serviccedilos seguido do setor industrial e da agricultura
conforme Tabela 1
2 A dissertaccedilatildeo adota a conceituaccedilatildeo de cidades meacutedias desenvolvida por Amorim Filho e Serra (2001) cidade que ocupam uma posiccedilatildeo estrateacutegica na hierarquia urbana oferecendo suporte agraves cidades pequenas conforme a funccedilatildeo que desempenham e estabelecendo ligaccedilotildees com as cidades maiores intermediando as relaccedilotildees entre estes dois niacuteveis urbanos De acordo com os autores essas cidades satildeo espaccedilos de relaccedilotildees e natildeo de polarizaccedilatildeo ou dominaccedilatildeo satildeo cidades natildeo tatildeo pequenas a ponto de limitar as possibilidades de crescimento econocircmico e intelectual de seus habitantes e nem tatildeo grandes a ponto de onerar ndash e ateacute pocircr em risco ndash a vida da maioria de seus moradores
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Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas - 2012
Impostos sobre produtos liacutequidos de subsiacutedios a preccedilos correntes
248946 mil reais
PIB a preccedilos correntes 2495732 mil reais
PIB per capita a preccedilos correntes 1770650 mil reais
Valor adicionado bruto da agropecuaacuteria a preccedilos correntes 255908 mil reais
Valor adicionado bruto da induacutestria a preccedilos correntes 432152 mil reais
Valor adicionado bruto dos serviccedilos a preccedilos correntes 1558725 mil reais
Tabela 1 Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas-2012 Fonte IBGE 2012 em parceria com os Oacutergatildeos Estaduais de Estatiacutestica Secretarias Estaduais de
Governo e Superintendecircncia da Zona Franca de Manaus ndash SUFRAMA Disponiacutevel em
httpwwwcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=314800ampidtema=134ampsearch=mina
s-gerais|patos-de-minas|produto-interno-bruto-dos-municipios-2012 Acesso em dezembro de 2014
Entretanto observa-se que entre os setores o que mais exerce influecircncia cultural no
municiacutepio e na dinacircmica urbana eacute a agricultura somada a pecuaacuteria e ao agronegoacutecio
caracterizando as festas locais as manifestaccedilotildees culturais as formas de apropriaccedilatildeo da
paisagem as tipologias predominantes de espaccedilos livres e a histoacuteria de ocupaccedilatildeo do
municiacutepio Na agroinduacutestria destaca-se a produccedilatildeo de leite e derivados sementes e adubos
defensivos agriacutecolas carne suiacutena e derivados e alimentos enlatados A agricultura sempre
caracterizou a economia e a cultura local os produtos que se destacam satildeo o arroz soja
feijatildeo cafeacute maracujaacute tomate horticultura e o milho siacutembolo da festa regional a Festa
Nacional do Milho A pecuaacuteria possui significativa importacircncia econocircmica para o municiacutepio a
regiatildeo faz parte de uma das maiores bacias leiteiras do paiacutes Patos de Minas tambeacutem eacute
considerada poacutelo nacional de geneacutetica suiacutena detendo 70 da tecnologia nacional em
melhoramentos suiacutenos
Para analisarmos como se formou a cidade de Patos de Minas apresentaremos seus periacuteodos
urbanos em cinco partes a primeira retrata o iniacutecio do povoado ateacute 1930 depois de 1940 a
deacutecada de 1960 em seguida de 1970 ateacute a deacutecada 1980 e por fim o periacuteodo que vai de 1990
ateacute o ano de 2015 buscando assim retratar o crescimento urbano os principais
acontecimentos histoacutericos e a incorporaccedilatildeo dos elementos da paisagem
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131
DO INIacuteCIO DO POVOADO ATEacute A DEacuteCADA DE 1930
BORGES X MACIEacuteIS
O processo de colonizaccedilatildeo da
regiatildeo ocupada hoje pelo
municiacutepio de Patos de Minas
teve iniacutecio provavelmente na
segunda metade do seacuteculo XVIII
antes mesmo da descoberta do
ouro no estado de Minas Gerais
com as bandeiras rumo agraves terras
de Paracatu A cidade de Patos
de Minas surgiu na segunda
deacutecada do seacuteculo XIX em torno
da Lagoa dos Patos (delimitada
na Figura 5) onde segundo as
descriccedilotildees histoacutericas existia uma
enorme quantidade de patos
silvestres
Figura 5 Crescimento Urbano de Patos de Minas ateacute o iacutenicio do seacuteculo XIX Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas Disponiveacutel em
httpwwwpatosdeminasmggovbrgaleriahistoricaspagesimage16php Acesso em maio de
2014 Elaborado pela autora
Segundo Oliveira Mello (1971) o povoado que deu origem a cidade de Patos de Minas se
iniciou em 1826 com a doaccedilatildeo do terreno por Antocircnio Joaquim da Silva Guerra e sua esposa
Luzia Correcirca de Andrade para a construccedilatildeo da capela de Santo Antocircnio situada hoje na atual
Praccedila Dom Eduardo proacutexima agrave Lagoa dos Patos na Avenida Liberdade atualmente conhecida
como Avenida Getuacutelio Vargas A partir de entatildeo diversas famiacutelias se instalaram no entorno da
capela originando o Arraial de Santo Antocircnio da Beira do Paranaiacuteba Em 1866 foi criada a Vila
de Santo Antocircnio dos Patos e em 1892 o presidente do Estado de Minas Gerais elevou a vila
agrave categoria de cidade de Patos de Minas
29 |
Figura 6 Iniacutecio da ocupaccedilatildeo da cidade de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fontes
Prefeitura Municipal de Patos de Minas e MuP- Museu da Cidade de Patos de Minas
A Praccedila Dom Eduardo estaacute no centro do nuacutecleo original de povoamento ilustrado pela Figura
6 e representa a divisatildeo de influecircncia entre as duas famiacutelias da elite local que atuaram na
construccedilatildeo da paisagem urbana e na histoacuteria da cidade de Patos de Minas os Borges
catoacutelicos e monarquistas e os Dias Macieacuteis protestantes e republicanos
Ao norte da Praccedila Dom Eduardo encontam-se os Borges e seus parentes os Caixeta e os
Queiroz de acordo com Silva (2011) deste lado da cidade a paisagem se desenha por ruas
estreitas e curvas as quais conduzem a travessas e becos nitidamente ldquosemeadosrdquo agrave moda
lusitana de povoar Ao mesmo tempo os edifiacutecios mais antigos e caracteriacutesticos da aacuterea satildeo
todos em estilo colonial com altas janelas e portas retangulares Satildeo exemplos a antiga Casa
de Cacircmara e Cadeia localizada hoje na Praccedila Juquinha Caixeta (Figura 7) e os casarotildees do Dr
Joatildeo Borges e do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz a rua e a casa de Deiroacute Borges a Rua do
Tenente Bino o Beco da Zeacutelia a Praccedila da Dona Genoveva (Figura 8) a Rua do Alfredo Borges
a Praccedila Chiquinho Caixeta a Rua Dr Joseacute Oliacutempio Borges a Praccedila Dom Eduardo E ainda a
Travessa dos Queiroz onde se manteacutem de peacute a casa do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz
palco de criaccedilatildeo do partido de oposiccedilatildeo oficial aos ldquoMacieacuteisrdquo
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Figura 7 Casa de Cacircmara e Cadeia (o mais antigo edifiacutecio puacuteblico de Patos de Minas inaugurado em 1912 como Cacircmara Municipal Foacuterum e no reacutes-do-chatildeo a Cadeia Puacuteblica) e Praccedila Juquinha Caixeta Foto Acervo pessoal 2015 Figura 8 Rua Deiroacute Borges ao fundo Praccedila Dona Genoveva Foto Acervo pessoal 2015
Figura 9 Escola Estadual Marcolino de Barros Foto Fotoacutegrafo desconhecido 2008 Disponiacutevel em
httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=614809 Acesso em maio de 2014
Figura 10 Escola Estadual Antocircnio Dias Maciel Foto Acervo pessoal 2015
Ao sul da Praccedila Dom Eduardo em frente agrave Catedral de Santo Antocircnio estatildeo os Macieacuteis e seus
parentes os Santana Pacheco Barros Magalhatildees e Ferreira da Silva Segundo Silva (2011) os
Macieacuteis estatildeo ligados agrave modernizaccedilatildeo e agrave reordenaccedilatildeo urbana da cidade entre suas marcas
na paisagem estatildeo a Escola Estadual Marcolino de Barros(Figura 09) a Escola Estadual
Antocircnio Dias Maciel(Figura 10) a Rua Olegaacuterio Maciel a Casa de Olegaacuterio Maciel a Casa do
Dr Itagyba a Rua Farnese Maciel o Palacete de Amadeu Maciel a Rua Major Gote (apelido
de Sesoacutestris Dias Maciel) o Hospital Regional Antocircnio Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur
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Thomaz de Magalhatildees o Coreto Arthur Thomaz de Magalhatildees a Rua Joseacute de Santana a Praccedila
Antocircnio Dias a Rua Major Jerocircnimo [Dias Maciel] e a Praccedila Santana
Olegaacuterio Maciel figura poliacutetica representativa da regiatildeo alternou entre os cargos de
Deputado Federal e Agente Executivo de Municiacutepio no final do seacuteculo XIX ateacute chegar agrave
Presidecircncia do Estado de Minas Gerais nos anos de 1930 Segundo Borges (2008) esse
processo poliacutetico influenciou o desenvolvimento fiacutesico-territorial da cidade atraindo
investimentos do Governo do Estado para a construccedilatildeo das escolas do foacuterum e do Hospital
Regional
No fim do seacuteculo XIX em 1883 o entatildeo Agente do Executivo Olegaacuterio Dias Maciel3 ordenou
a criaccedilatildeo de um plano diretor para ordenar e reorientar o crescimento do povoado para o
sentido sul da Praccedila Dom Eduardo ldquona chapada ou chapadatildeordquo conforme segue na citaccedilatildeo
Seguiu‐se a risca o ldquoPlano Diretorrdquo indicado por Olegaacuterio
Maciel O vereador Eduardo Ferreira de Noronha em 21 de
setembro de 1906 indica que ()auxiliem a Cacircmara a
estudar o local mais conveniente em que se deve construir
o matadouro e respectivo curral oferecendo seu parecer
Hoje distanciados no tempo sabemos que a ldquoChapadardquo
paulatinamente abrigou aleacutem do Matadouro Municipal a
Casa do Coronel Farnese Dias Maciel a Casa de Amadeu
Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur Thomaz de
Magalhatildees o Passeio Puacuteblico a fonte luminosa o Coreto o
Cinema o Paccedilo Municipal o Hospital Antocircnio Dias Maciel o
Grupo Escolar o Foacuterum () Pari Passu tambeacutem foram
transladados outros elementos que se localizavam na
direccedilatildeo para a qual a cidade ia se deslocando a mudanccedila
do cemiteacuterio e da Igreja de Nossa Senhora do Rosaacuterio
(frequentada pelos negros) tambeacutem se constituiu como
marco simboacutelico da nova ordenaccedilatildeo urbana planeada por
Olegaacuterio Maciel (BORGES amp SILVA 2009 p13)
3 Olegaacuterio Dias Maciel era engenheiro formado na Escola Polyteacutecnica do Rio de Janeiro em 1878 compartilhava os ideais positivistas da Repuacuteblica e tambeacutem os ideais da Belle Eacutepoque de higienizaccedilatildeo e de racionalizaccedilatildeo do espaccedilo urbano Soma-se a isso a experiecircncia cultural de Olegaacuterio fora de Patos como deputado federal e senador vivenciou no Rio de Janeiro as reformas urbanas empreendidas por Pereira Passos inspiradas na reforma de Paris sob a batuta do Baratildeo de Haussman Como deputado estadual e depois como presidente do Estado de Minas Gerais vivenciou a experiecircncia de ldquofruirrdquo a cidade de Belo Horizonte construiacuteda racionalmente agrave moda da colonizaccedilatildeo espanhola na Ameacuterica (BORGES amp SILVA 2009)
32 |
Segundo Oliveira (2010) dentre as influecircncias na malha urbana decorrentes do periacuteodo
poliacutetico do iniacutecio do seacuteculo XX destacam-se as intervenccedilotildees na infraestrutura da Avenida
Getuacutelio Vargas definindo a mesma como eixo nobre na cidade o direcionamento o primeiro
vetor de expansatildeo urbana nas direccedilotildees sul e oeste da Av Getuacutelio Vargas
Figura 11 Inundaccedilatildeo ocorrida em 1941 na ponte sobre o Rio Paranaiacuteba Fonte Arquivo do Laboratoacuterio
de Histoacuteria do Unipam Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=3600 Acesso em
dezembro de 2014
Observa-se que a Avenida Getuacutelio Vargas anteriormente denominada como Avenida
Liberdade e depois Avenida Municipal representa o nuacutecleo inicial da cidade e o ponto de
partida dos vetores de ocupaccedilatildeo ateacute a deacutecada de 1930 observa-se que neste periacuteodo as
praccedilas da avenida apresentavam um paisagismo inspirado nos jardins franceses Zama
Maciel4 relata sobre o planejamento de usos e ocupaccedilatildeo dessa aacuterea e a Figura 12 ilustra esse
periacuteodo
4 Zama Maciel foi um patense que exerceu as funccedilotildees de agrimensor professor inspetor de ensino vereador e redator dos jornais locais
Com relaccedilatildeo ao vetor de expansatildeo oeste
observa-se que o mesmo foi impulsionado
pela construccedilatildeo da nova ponte sobre o rio
Paranaiacuteba em aproximadamente 1926
retratada na Figura 11 Segundo
Dannemann (2013) a obra da ponte estava
sob os cuidados da Companhia Nacional de
Cimento Armado SA e ateacute 1970 serviu
como principal acesso agrave sede do municiacutepio
33 |
Avenida Municipal com o seu atual quilocircmetro de extensatildeo foi
destinada agrave habitaccedilatildeo particular devida a sua exagerada
largura e agrave perspectiva que podem oferecer casas pequenas e
de bom gosto fronteando os seus passeios gramados e jardins
floridos que a pequenada destroacutei Nela preacutedios comerciais de
dois trecircs andares tornam-se ridiacuteculos porque natildeo tecircm
magnitude para se imporem agrave largura (repisamos) exagerada
com que os antigos irrefletidamente a construiacuteram Somente
edifiacutecios semelhantes agrave igreja matriz em construccedilatildeo come
cinquenta metros podem nela sobreviverem Pequenos preacutedios
vivendas graciosas de cujas janelas caiam trepadeiras no
conjunto dos jardins e na imensa claridade de nossas tardes
faratildeo dela recanto cobiccedilado agrave moradia Enfeia-la com preacutedios
comerciais de pequeno porte e com casas de diversotildees
barulhentas seraacute obra de mau gosto que se torna necessaacuterio
evitar (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos Patos de
Minas junho de 1937)
Figura 12 Avenida Getuacutelio Vargas parte ao sul da Catedral de Santo Antocircnio deacutecada de 1930 Ao
centro da figura o Palacete Amadeu Maciel Fonte Acervo Documental e de Imagens de Patos de
Minas Local MuP ndash Museu da Cidade de Patos de Minas
A seguir o Mapa 1 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o
ano de 1930 retrata a localizaccedilatildeo da implantaccedilatildeo da cidade proacuteximo a recursos drsquoaacutegua No
mapa estaacute presente a delimitaccedilatildeo do periacutemetro urbano do ano de 2015 que seraacute mantido
como ponto de referecircncia espacial para a malha urbana atual
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35 |
A Figura 13 datada da deacutecada de 1930 eacute uma vista aeacuterea da cidade no qual pode-se
perceber a implantaccedilatildeo e a forma urbana da cidade e os vetores de expansatildeo do iniacutecio do
seacuteculo XX aacuterea retratada pelo Mapa 1 apresentado anteriormente
Figura 13 Vista aeacuterea de Patos de Minas
Fonte Arquivo Daacutecio Pereira da Fonseca Fotografo desconhecido
Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=2650 Acesso em abril de 2014
Observa-se na Figura 13 a presenccedila de espaccedilos livres puacuteblicos dentre eles as Praccedilas da
Avenida Getuacutelio Vargas dos Boiadeiros Antoacutenio Dias Champagnat e Santana os espaccedilos
livres privados o Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo o Patos Tecircnis Clube (PTC) o campo de futebol
da Uniatildeo Recreativa dos Trabalhadores (URT) e o campo de futebol do Clube do Mamoreacute
Segundo Fonseca (1974) desde o final do seacuteculo XIX ateacute 1950 Patos de Minas tentou pleitear
a vinda da estrada de ferro para escoamento da produccedilatildeo agriacutecola da regiatildeo ateacute o Rio de
Janeiro e Satildeo Paulo Segundo Borges e Silva (2009) em 1934 o engenheiro carioca Neacutelson
Rodrigues efetuou o primeiro levantamento planialtimeacutetrico da cidade de Patos de Minas a
princiacutepio esse levantamento objetivava abrigar a estrada de ferro Patos-Catiara Em 1936
provavelmente o proacuteprio Neacutelson Rodrigues concluiu o primeiro Plano Urbano oficial da
cidade apresentado pela Figura 14
LEGENDA 1 ndashMajor Gote e Dr Marcolino 2 ndash Lagoa Grande 3 ndash Campo de Aviaccedilatildeo 4 ndash Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo 5 ndash Rua Dr Marcolino 6 ndash Rua Major Gote 7 ndash Coacuterrego do Monjolo 8 ndash PTC 9 ndash Campo da URT 10 ndash Cemiteacuterio Municipal 11 ndash Rio Paranaiacuteba 12 ndash Av Getuacutelio Vargas 13 ndash Matriz de Santo Antocircnio 14 ndash Rua Tiradentes 15 ndash Cadeia 16 ndash Praccedila dos Boiadeiros 17 ndash Praccedila Antocircnio Dias 18 ndash Av Paracatu 19 ndash Igreja do Rosaacuterio 20 ndash Praccedila Champagnat 21 ndash Rua Major Jerocircnimo 22 ndash Campo do Mamoreacute
23 ndash Praccedila Santana
36 |
Figura 14 Plano Urbano de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fonte Prefeitura
Municipal de Patos de Minas
Destaca-se no plano de crescimento urbano a Rua Major Gote na eacutepoca denominada Rua
Desembargador Frederico Zama Maciel escreve ao jornal local sobre o plano urbano as vias
de caraacuteter comercial da cidade e sobre as intenccedilotildees de um zoneamento de usos para o
crescimento da cidade inspirados no urbanismo norte-americano
37 |
A Prefeitura () mandou organizar a planta da cidade e
traccedilar-lhe as ruas futuras no objetivo de impedir o
crescimento desordenado() Neste trabalho foram
observadas tanto quanto possiacutevel as normas seguidas na
Ameacuterica do Norte onde geralmente as cidades satildeo
traccediladas em xadrez cortando-se as ruas em acircngulo reto
() As ruas comerciais estatildeo determinadas no referido
plano e dentre as atuais destacam-se Desembargador
Frederico e General Osoacuterio A primeira () deveraacute atravessar
a cidade de norte a sul e morreraacute na futura praccedila da
estaccedilatildeo ferroviaacuteria onde atualmente se ergue o barracatildeo
da Companhia do Trigo Seraacute futuramente a mais central da
cidade Eacute de uma boa norma localizar-se o comeacutercio em
determinadas zonas (zoneamento chamam a isto os
urbanistas) bem como as faacutebricas os edifiacutecios puacuteblicos as
escolas (natildeo as primaacuterias que devem ser espalhadas nos
bairros residenciais) devem tambeacutem ter as suas zonas
separadas () (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos
Patos de Minas junho de 1937)
A linha feacuterrea natildeo foi implantada na cidade e o crescimento urbano das deacutecadas seguintes
natildeo se ateve ao planejamento apresentado na deacutecada de 1930
132
DA DEacuteCADA DE 1940 ATEacute A DEacuteCADA DE 1960
AUMENTO POPULACIONAL
Comparando o plano urbaniacutestico apresentado para a cidade no final do seacuteculo XIX com a
expansatildeo da malha urbana observa-se que o crescimento urbano da cidade ocorreu de
forma mais dispersa do que o apresentado no plano O vetor de expansatildeo ao sul manteve
grande parte do planejamento embora apresentando quadras menores A aacuterea antes
ocupada pela Lagoa dos Patos e a aacuterea a nordeste da Lagoa foram as que mais se
distanciaram das ideias do plano urbaniacutestico apresentando uma malha urbana orgacircnica com
a presenccedila de muitas ruas sem saiacuteda
O Mapa 2 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1965 a seguir retrata o crescimento da malha urbana
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Segundo Magrini (2008) na deacutecada de 1950 houve um surto migratoacuterio e a instalaccedilatildeo de
diversas firmas comerciais Nesse periacuteodo construiu-se o primeiro Terminal Rodoviaacuterio com
verbas municipais e investimentos da iniciativa privada e teve iniacutecio tambeacutem a comemoraccedilatildeo
da Festa Nacional do Milho evento que ateacute hoje expressa as manifestaccedilotildees culturais da
regiatildeo
Figura 15 Patos de
Minas da deacutecada de
1960
Elaborado pela autora segundo fonte Arquivo de Marialda Coury Foto Joatildeo Lucas Ribeiro Borges
Observando o crescimento da malha urbana de Patos de Minas ateacute 1965 (ilustrado pela
Figura 15) pode-se constatar que houve uma grande expansatildeo da mesma entre a deacutecada de
1950 e 1960 Nesse periacuteodo o aumento populacional ocorreu predominantemente na aacuterea
urbana conforme mostra a Tabela 02 a seguir
Periacuteodo
Populaccedilatildeo Total do
Municiacutepio
Populaccedilatildeo Urbana do Municiacutepio
Populaccedilatildeo Rural do
Municiacutepio
1950 45399 12525 32874
1960 72839 32511 40328
1970 76211 44877 31334
1980 86121 63302 22819
1990 102946 87403 15543
2000 123881 111333 12548
2010 138710 127724 10986
2014 147614 - -
Tabela 2 Crescimento Populacional de Patos de Minas Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Magrini 2008 Populaccedilatildeo prevista segundo o IBGE
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Nas deacutecadas seguintes a 1960 como se pode antever pela Tabela 2 o crescimento da zona
rural foi diminuindo gradativamente e a populaccedilatildeo da aacuterea urbana aumentando
impulsionando o crescimento da malha urbana
133
DA DEacuteCADA DE 1970 ATEacute A DEacuteCADA DE 1980
Incorporaccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua
Nas deacutecadas de 1960 e 1970 periacuteodo de ditadura Militar segundo Magrini (2010) Patos de
Minas passou por uma estagnaccedilatildeo econocircmica devido agrave emancipaccedilatildeo poliacutetica de dois
importantes Lagoa Formosa e Guimaracircnia no mesmo periacuteodo houve grande deslocamento
de patenses para a nova capital do paiacutes Brasiacutelia em busca de empregos
Justamente na eacutepoca da mudanccedila da capital do paiacutes para
Brasiacutelia Patos de Minas perde caracteriacutestica de centro
rodoviaacuterio e transforma-se no ldquopassa perto de Patosrdquo com
estradas asfaltadas em volta num eixo de 130 km Natildeo se
vinha aqui como antes ateacute que a BR 354 inaugurada em
1972 abolia este malfadado passa perto ressurgindo toda a
movimentaccedilatildeo comercial completada pela BR ndash 365 em
1974 (MELLO 1992 p54)
De 1965 ateacute os anos 1980 Patos de Minas praticamente dobrou a sua aacuterea de ocupaccedilatildeo
decorrente principalmente do processo de ecircxodo rural Segundo Oliveira (2010) os vetores
direcionavam para todos os sentidos sendo apenas o oeste limitado pelo Rio Paranaiacuteba os
cursos drsquoaacutegua menores natildeo foram uma barreira para esta expansatildeo
O Mapa 3 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1980 a seguir retrata o crescimento da malha urbana nesse periacuteodo
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Em 1982 foi iniciada a urbanizaccedilatildeo da Lagoa dos Japoneses a Lagoa Grande (Figura 16 e
Figura 17) com a reduccedilatildeo significativa da aacuterea alagada e a construccedilatildeo do Terminal
Rodoviaacuterio No entorno da lagoa foi criado o Parque Recreativo Dr Itagiba depois renomeado
como Parque Dr Itagiba Augusto Silva o primeiro parque urbano da cidade um dos principais
cartotildees postais da cidade espaccedilo de lazer e contemplaccedilatildeo
Figura 16 Projeto para o
Parque Recreativo Dr
Itagiba a construccedilatildeo ao
lado esquerdo da figura
representa o Terminal
Rodoviaacuterio Fonte Jornal
A Debulha O projeto do
parque Ano VIII nordm178
janeiro de 1988 paacuteg7
Figura 17 Planta do Parque Dr Itagiba Augusto Silva ndash Lagoa Grande Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2014
43 |
Em 1986 foi iniciada a canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo inicialmente uma Avenida
Sanitaacuteria no Coacuterrego do Monjolo (Figura 18) atualmente conhecida como Avenida Faacutetima
Porto as obras terminaram em 1996 Segundo Caixeta amp Vlach (2009) a canalizaccedilatildeo
acarretou inicialmente na ocupaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo do entorno e devido agrave resoluccedilatildeo dos
problemas sanitaacuterios que aiacute existiam
Figura 18 Canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo deacutecada de 1990 Foto Arquivo de Donaldo Amaro Teixeira Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=7568 Acesso em maio de 2015
Com o decorrer dos anos e a instalaccedilatildeo dos bairros no entorno o Coacuterrego do Monjolo passou
a apresentar problemas com enchentes e um forte odor provavelmente a canalizaccedilatildeo do
coacuterrego jaacute natildeo suportava mais o volume de aacutegua pluvial dos bairros aleacutem da presenccedila de
esgotos clandestinos Tais problemas geraram novos projetos de canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do
Monjolo nas deacutecadas seguintes
44 |
134
DA DEacuteCADA DE 1990 ATEacute OS DIAS ATUAIS
A FORMA URBANA ATUAL
No final da deacutecada de 1980 houve a descoberta da uma jazida de Fosfato Sedimentar na
localidade da Rocinha (aacuterea rural) o que impulsionou a instalaccedilatildeo de induacutestrias voltadas para
o agronegoacutecio iniciado pelas Sementes Agroceres SA (especialista tambeacutem em geneacutetica
suiacutena) Nesse periacuteodo ocorreu ainda um maior desenvolvimento teacutecnico da agricultura por
meio da irrigaccedilatildeo e do cultivo de novos cereais
Os reflexos do desenvolvimento comercial e industrial da regiatildeo foram notados na
implantaccedilatildeo de induacutestrias de confecccedilotildees agroinduacutestrias e na instalaccedilatildeo da multinacional Cica
que impulsionou o cultivo de milho ervilha e tomate5
A implementaccedilatildeo de induacutestrias somadas agraves pressotildees poliacuteticas acarretou na instalaccedilatildeo de um
distrito industrial na porsatildeo sul e oeste da cidade expandindo o periacutemetro urbano para aleacutem
das margens do Rio Paranaiacuteba A criaccedilatildeo do distrito industrial influenciou a ocupaccedilatildeo ao longo
da Avenida Presidente Juscelino Kubitschek construiacuteda nos anos 1970 para ligaccedilatildeo do nuacutecleo
urbano agraves rodovias BR-354 e BR-365 comportando-se entatildeo como principal acesso da
cidade
O Mapa 4 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o ano de
2015 a seguir apresenta a forma urbana atual da cidade
5 A multinacional Cica permaneceu na cidade ateacute 2001 depois se deslocou para o Estado de Goiaacutes quando perdeu parte dos incentivos fiscais oferecidos pela cidade
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46 |
Na deacutecada de 1990 a expansatildeo da malha urbana ultrapassou as aacutereas de algumas reservas
ambientais que se transformaram nos principais parques urbanos da cidade o Parque
Municipal do Mocambo (Figura 19) em 1990 e o Parque Municipal Joatildeo Luiz Redondo (Figura
20) em 1994 ambos localizados em aacutereas de lagoas
Figura 19 Parque Municipal do
Mocambo 1992 Fonte Arquivo
de Donaldo Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecadepatoscombr
p=8437 Acesso em marccedilo de
2015
Figura 20 Parque
Municipal Joatildeo Luiz
Redondo (Lagoinha)
deacutecada de 1990 Fonte
Arquivo de Donaldo
Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecade
patoscombrp=75
54 Acesso em marccedilo
de 2015
47 |
Foi criado tambeacutem na deacutecada de 1990 na Lei Municipal nordm 2872 de 03 de outubro de 1991
o Parque Mirante do Alto da Colina (ainda natildeo implantado) e a Lei Municipal nordm 2871 de 03
de outubro de 1991 declara a aacuterea denominada Lagoa e Bosque do ldquoPATAtildeOrdquo de preservaccedilatildeo
permanente onde desde entatildeo se cogita a implantaccedilatildeo de um parque urbano
Figura 21 Rua Mirico Caixeta ao fundo a Mata do Catingeuiro Evidenciando a falta de conexatildeo da
mata com o entorno Foto Acervo pessoal 2015
Figura 22 Rua 0 e o desmatamento na Mata do Catingeiro Foto Acervo
pessoal 2015
Em 2014 foi aprovada a criaccedilatildeo do Parque
de Preservaccedilatildeo Mata do Catingueiro uma
tentativa de proteger os restigios da mata
localizado no setor leste aacuterea que
recentemente recebeu muitos loteamentos
que foram implantados sem se estabelecer
uma aacuterea de transiccedilatildeo ou de integraccedilatildeo da
mata com a malha urbana sem passeios
ciclovias praccedilas ou parques conforme
ilustrado na Figura 21 A mata do
Catingueiro tem sido um constante alvo de
queimadas e desmatamento a Figura 22
mostra os vestiacutegios da mata
48 |
Figura 23 Programa MCMV- Jardim Quebec II com 437unidades localizado na porccedilatildeo noroeste da
cidade ao fundo da figura a mata ciliar do Rio Paranaiacuteba e plantaccedilotildees de cafeacute Foto Sacircmara C P Lima
2014
Na deacutecada de 2010 ocorreu a expansatildeo do periacutemetro urbano no sentindo norte pela primeira
vez para aleacutem do Coacuterrego do Limoeiro devido agrave instalaccedilatildeo de um campus da Universidade
Federal de Uberlacircndia na aacuterea Observa-se na Figura 23 que a aacuterea do extremo noroeste da
cidade estaacute em processo de expansatildeo da malha urbana e apresenta construccedilotildees habitacionais
do Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) na cidade
Notamos diversas transformaccedilotildees na malha urbana de Patos de Minas ao longo das deacutecadas
desde a implantaccedilatildeo do nuacutecleo urbano aos desdobramentos econocircmicos poliacuteticos e sociais
que direcionaram o crescimento da cidade e a transformaccedilatildeo da paisagem
O tecido urbano e o crescimento das cidades brasileiras como eacute o caso de Patos de Minas se
daacute pela conformaccedilatildeo do sistema viaacuterio pelos padrotildees de parcelamento do solo por
edificaccedilotildees e pelos espaccedilos livres Patos possui uma relaccedilatildeo cultural e econocircmica muito forte
com a zona rural A linha de transiccedilatildeo entre o urbano e o rural eacute muito tecircnue principalmente
nas aacutereas de borda urbana Nesses bairros de periferia ou de limite da mancha urbana a
cidade termina no outro lado da rua depois de uma cerca de arame sem nenhum espaccedilo de
transiccedilatildeo o outro lado da cerca se configura como um espaccedilo livre com muitas
potencialidades de uso e conflitos
49 |
Figura 24 Paisagem urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora
Em Patos de Minas a paisagem urbana eacute emoldurada por serras cobertas por diferentes
plantaccedilotildees (Figura 24) a cidade termina onde o Rio Paranaiacuteba passa ou a cidade termina
onde comeccedilam os fundos de vale Ora cidade ora zona rural A paisagem tambeacutem eacute marcada
pela Catedral um contraste no meio do aglomerado urbano em uma zona em processo de
verticalizaccedilatildeo onde a Catedral se esconde e se revela A Catedral marca o iniacutecio da ocupaccedilatildeo
da regiatildeo em uma aacuterea de chapada na beira da lagoa hoje a chapada foi praticamente toda
ocupada e os bairros das bordas urbanas ocupam as aacutereas mais elevadas da cidade Do alto
desses bairros da borda eacute possiacutevel ver as lagoas e os coacuterregos pressentes na cidade espaccedilos
que se configuram como parques praccedilas e chaacutecaras espaccedilos livres de edificaccedilatildeo que
ressaltam a identidade da cidade e a paisagem urbana
50 |
51 |
21 ESPACcedilOS LIVRES
ESPACcedilOS ABERTOS AacuteREAS VERDES
O conceito de espaccedilo livre de edificaccedilatildeo eacute amplo e complexo Para Nucci (2001) os espaccedilos
livres fazem parte de um grande grupo paisagiacutestico urbano que pode ser subdividido em
vaacuterias categorias dependendo do seu uso e funccedilatildeo sendo entatildeo um termo bastante
abrangente que agrega todos os outros conceitos similares como espaccedilos abertos aacutereas
verdes aacutereas livres sistemas de aacutereas de lazer cobertura vegetal entre outros
Segundo Queiroga (2006) Miranda Magnoli em sua tese de livre-docecircncia6 buscou afirmar o
espaccedilo livre como o objeto do paisagismo indo aleacutem do jardim do projeto com vegetaccedilatildeo
e da escala urbana Nesse sentido definiu espaccedilo livre como espaccedilo livre de edificaccedilotildees todo
espaccedilo descoberto urbano ou natildeo vegetado ou natildeo puacuteblico ou privado De acordo com a
autora para a anaacutelise de um dado recorte escalar propotildee-se que o estudo dos espaccedilos livres
deva ir aleacutem dos espaccedilos vegetados e dos espaccedilos puacuteblicos envolvendo todos os espaccedilos
livres do referido recorte Ou seja para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na cidade
eacute preciso ir aleacutem da anaacutelise dos espaccedilos puacuteblicos ou dos vegetados eacute preciso identificar todas
as aacutereas natildeo construiacutedas na cidade os espaccedilos privados intra-lote os lotes e glebas ociosas
as ruas os passeios etc
Os espaccedilos livres satildeo um dos principais estruturadores da forma urbana e um dos principais
elementos caracterizadores da paisagem urbana Segundo Magnoli (1982) os espaccedilos livres
satildeo os ambientes natildeo edificados da cidade as ruas avenidas praccedilas parques quintais
jardins rios matas mangues praias urbanas ou simples vazios urbanos
Quando adotamos o termo aacutereas verdes ou aacutereas verdes urbanas nos referimos a um
subsistema dentro do Sistema de Espaccedilos Livres que engloba principalmente as aacutereas de
preservaccedilatildeo permanente (APPrsquos) reservas legais (RL) e a arborizaccedilatildeo urbana Segundo
6 MAGNOLI Miranda Espaccedilos livres e urbanizaccedilatildeo uma introduccedilatildeo a aspectos da paisagem metropolitana 1982 116 p Tese (Livre-docecircncia em Arquitetura e Urbanismo) ndash Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1982
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Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilo livre eacute adotado se sobrepondo contendo e
ampliando o conceito usual de aacutereas verdes termo que tem como base a necessidade de
espaccedilos livres dotados de vegetaccedilatildeo De acordo com o autor o termo aacutereas verdes eacute
reducionista desconsidera as caracteriacutesticas fundamentais do espaccedilo urbano como a
complexidade e diversidade das formas de apropriaccedilatildeo e apreensatildeo social e o fato real da
impossibilidade fiacutesica e mesmo da inconveniecircncia da existecircncia de vegetaccedilatildeo em
determinados espaccedilos livres
De acordo com Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilos livres natildeo desconsidera o papel
da vegetaccedilatildeo nas cidades brasileiras como elemento facilitador da drenagem urbana criador
de microclimas mais agradaacuteveis contribuindo para a manutenccedilatildeo da diversidade animal e
vegetal e ainda como fator de embelezamento urbano mas natildeo desconsidera a importacircncia
dos espaccedilos natildeo vegetados para inuacutemeras praacuteticas de relevacircncia cultural das feiras agraves festas
populares das manifestaccedilotildees poliacuteticas agrave valorizaccedilatildeo de determinadas paisagens e
patrimocircnios culturais
Entretanto apesar dos crescentes avanccedilos nas discussotildees sobre os espaccedilos livres muitos
autores planos diretores planos de uso e ocupaccedilatildeo ainda natildeo compreenderam o termo
como em Patos de Minas onde adota-se o termo aacutereas verdes nas leis municipais e plano
diretor Na Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo de Patos de Minas (2008) as aacutereas verdes satildeo
descritas como porccedilotildees situadas na Macrozona Urbana destinadas a oferecer espaccedilos
puacuteblicos adequados e qualificados agraves atividades de recreaccedilatildeo lazer e turismo da populaccedilatildeo
de forma a conciliar a proteccedilatildeo dos bens naturais e culturais As cidades precisam de reservas
de aacutereas verdes e de espaccedilos livres de qualidade para praacutetica de atividades culturais de lazer
e contemplaccedilatildeo Observa-se que na lei municipal de Patos de Minas existe uma sobreposiccedilatildeo
entre a funccedilatildeo das reservas de aacutereas verdes e dos espaccedilos de praacuteticas socias sobreposiccedilatildeo
essa presente no conceito dos espaccedilos livres
A implantaccedilatildeo dos espaccedilos livres puacuteblicos depende de uma gestatildeo adequada e integrada dos
recursos com uma fiscalizaccedilatildeo efetiva o que implica no desenvolvimento de poliacuteticas
puacuteblicas permanentes que viabilizem as intervenccedilotildees e necessidades dos espaccedilos livres
Segundo Loboda amp Angelis (2012) o planejamento das aacutereas verdes (puacuteblicas) urbanas parte
de uma definiccedilatildeo de recursos que eacute residual as necessidades satildeo amenizados com recursos
que sobram de outras atividades consideradas como mais prioritaacuterias e que geralmente
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incluem-se nesse acircmbito aquelas de cunho estrateacutegico poliacutetico e econocircmico O autor cita um
problema frequente em diversas cidades brasileiras a falta de recursos destinados aos
espaccedilos puacuteblicos e dentre eles as aacutereas verdes urbanas um dos principais espaccedilos livres das
cidades
De acordo com Magnoli (1982) a localizaccedilatildeo acessibilidade e distribuiccedilatildeo dos espaccedilos livres
formam um complexo sistema de conexotildees com muacuteltiplos papeacuteis urbanos atividades do oacutecio
circulaccedilatildeo urbana conforto conservaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo ambiental drenagem urbana
imaginaacuterio e memoacuteria urbana lazer e recreaccedilatildeo dentre outros Todas essas funccedilotildees
exercidas no ambiente urbano pelos espaccedilos livres assim como a localizaccedilatildeo acessibilidade
distribuiccedilatildeo tipos de usos e configuraccedilatildeo espacial estatildeo organizadas de maneira sistecircmica na
cidade formando o Sistema de Espaccedilos Livres
22 O PENSAMENTO SISTEcircMICO
As cidades independentemente da sua localidade histoacuteria e configuraccedilatildeo satildeo formadas de
modo geral por espaccedilos livres e espaccedilos edificados duas categorias espaciais estruturantes
da forma urbana A configuraccedilatildeo dos espaccedilos livres eacute variaacutevel nas cidades brasileiras por
diversas questotildees como caracteriacutesticas territoriais bioma configuraccedilatildeo paisagiacutestica pela
existecircncia ou ausecircncia de planos urbanos e principalmente pelos processos de urbanizaccedilatildeo e
de transformaccedilatildeo da paisagem
A cidade eacute um conjunto de elementos sistemas e funccedilotildees e os espaccedilos livres formam um dos
principais sistemas capaz de estruturar toda a configuraccedilatildeo urbana De acordo com Tardin
(2010) e DrsquoAgostini amp Cunha (2007) sistema eacute um conjunto de elementos passiacutevel de
estabelecer inter-relaccedilotildees fiacutesicas funcionais estruturais morfoloacutegicas e relativas agrave vivecircncia
da paisagem abertas e intricadas entre si com seu entorno e com as pessoas que o
vivenciam
De acordo com Morin (2008) apud Queiroga (2014) o conceito de sistema implica natildeo
somente elementos inter-relacionaacuteveis mas tais relaccedilotildees constituem uma organizaccedilatildeo e uma
estrutura relativamente estaacutevel que caracteriza o sistema como um todo A organizaccedilatildeo
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sistecircmica por sua vez conteacutem as relaccedilotildees que definem o sistema e que o transformam
alterando sua estrutura possibilitando sua permanecircncia e contendo a possibilidade concreta
de sua dissoluccedilatildeo Para o autor o termo exprime multiplicidade totalidade diversidade
organizaccedilatildeo e complexidade
A noccedilatildeo de sistema auxilia o estudo dos espaccedilos livres urbanos e o entendimento das suas
relaccedilotildees de interdependecircncia complementaridade e hierarquia Segundo Schlee et al
(2009) considerando-se a paisagem como um macrossistema complexo formado de
subsistemas os espaccedilos livres urbanos constituem um dos seus subsistemas inter-
relacionados com outros subsistemas urbanos e rurais e que podem se justapor ao Sistema
de Espaccedilos Livres ou se sobrepor total ou parcialmente enquanto sistemas de accedilotildees
[] entende-se como sistemas de espaccedilos livres (SEL)
urbanos os elementos e as relaccedilotildees que organizam e
estruturam o conjunto de todos os espaccedilos livres de um
determinado recorte urbano independentemente de sua
dimensatildeo qualificaccedilatildeo esteacutetica funcional e de sua
localizaccedilatildeo e propriedade sejam eles puacuteblicos ou privados
[] toda cidade possui um sistema de espaccedilos livres que eacute
produzido durante seu processo de formaccedilatildeo tanto pelo
Poder Puacuteblico como pela iniciativa privada (MACEDO 2010
p 3 e 4)
O autor afirma que todas as cidades independente do seu porte de suas caracteriacutesticas
culturais e histoacutericas possuem um Sistema de Espaccedilos Livres Essa afirmaccedilatildeo incita diversas
questotildees que conduziram esta pesquisa pontos voltados ao objeto de estudo a cidade de
Patos de Minas uma cidade meacutedia
O SEL DE UMA MEGAacuteLOPOLE OU METROacutePOLE Eacute
DIFERENTE DO SEL DE UMA PEQUENA CIDADE OU DE
UMA CIDADE MEacuteDIA
O MESMO TIPO DE ANAacuteLISE QUE SE APLICA PARA O
ENTENDIMENTO DO SEL DE UMA CIDADE DE GRANDE
PORTE PODE SER APLICADO PARA UMA CIDADE DE
MEacuteDIO PORTE
EXISTEM TIPOS DE ESPACcedilOS LIVRES FUNCcedilOtildeES OU
RELACcedilOtildeES QUE CARACTERIZAM O SISTEMA DE ESPACcedilOS
LIVRES DE UMA CIDADE MEacuteDIA
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23 OS ESPACcedilOS LIVRES NAS
CIDADES MEacuteDIAS
O espaccedilo livre eacute parte estruturante da forma urbana ele se configura em diferentes
categorias tipologias e caracteriacutesticas no meio urbano principalmente pela introduccedilatildeo ao
longo da histoacuteria de diferentes padrotildees urbaniacutesticos nas cidades O processo de urbanizaccedilatildeo
das cidades eacute uma soma e por vezes ateacute uma sobreposiccedilatildeo de padrotildees morfoloacutegicos esses
traccedilados geram diferentes paisagens com diferentes tipos de espaccedilos livres Incorporando ao
sistema um rico mosaico espacial formado por diferentes porcentagens de espaccedilos livres
intra lote caracteriacutesticos de traccedilados distintos por diferentes tipos de praccedilas aacutereas de
preservaccedilatildeo parques ruas e avenidas Aacutereas essas que apresentam diversos conflitos e
possuem um intenso potencial de transformaccedilatildeo
Segundo Macedo et al (2012) as cidades brasileiras possuem padrotildees morfoloacutegicas
semelhantes isso fica evidente na repeticcedilatildeo dos tipos de traccedilado (ortogonais orgacircnicos
radiais) e nos padrotildees de mancha urbana (linear tentacular compacta mista) O que confere
a especifidade das diversas cidades eacute a forma como elas estatildeo inseridas em seu contexto
territorial os arranjos espaciais seus padrotildees culturais socioeconocircmicos a legislaccedilatildeo
municipal as tipologias e funccedilotildees dos espaccedilos livres e a paisagem urbana Nas cidades meacutedias
brasileiras a forma como os padrotildees morfoloacutegicos se adequam ao suporte fiacutesico
transformando paisagem a local confere ao Sistema de Espaccedilos Livres diferentes dinacircmicas
espaciais funcionais e tipoloacutegicas
Como dito anteriormente neste trabalho a proposta natildeo eacute discutir o que determina uma
cidade como de meacutedio porte ou natildeo mas entender essas cidades como centro urbanos em
crescimento onde novos traccedilados e dinacircmicas urbanas satildeo somadas agrave cidade existente
transformando a paisagem local Na atual conjuntura brasileira segundo Tacircngari et al(2009)
apoacutes a deacutecada de 1980 as cidades meacutedias passaram a crescer mais rapidamente em
comparaccedilatildeo com as metroacutepoles um processo de diminuiccedilatildeo do movimento migratoacuterio em
direccedilatildeo agraves megaloacutepoles e o seu direcionamento para as cidades meacutedias que apresentam
grande potencial de crescimento econocircmico e tecircm seus atributos esteacuteticos e econocircmicos
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valorizados atraveacutes da propagaccedilatildeo da ideia de que cidades de meacutedio porte podem apresentar
mais qualidade de vida que as grandes metroacutepoles
As cidades meacutedias reproduzem os padrotildees morfoloacutegicos e culturais vindos do contexto das
grandes cidades e das pequenas cidades ou povoados de seu entorno Um exemplo dessa
influecircncia vinda das grandes cidades satildeo os condomiacutenios fechados propostos inicialmente
pelo mercado imobiliaacuterio como locais de seguranccedila e lazer proacuteximos aos grandes centros
urbanos esse mesmo padratildeo de condomiacutenio fechado eacute aplicado nas cidades meacutedias onde a
criminalidade eacute bem menor e as distacircncias a serem percorridas satildeo mais curtas Um exemplo
da influecircncia vinda das pequenas cidades e povoados proacuteximos satildeo as chaacutecaras pastos e
plantaccedilotildees presentes dentro malha urbana
Patos de Minas eacute um exemplo de cidade meacutedia em crescimento que recebe influecircncias
culturais e de padrotildees morfoloacutegicos uma cidade que possui caracteriacutesticas especiacuteficas de seu
suporte fiacutesico de seu processo histoacuterico e cultura que influenciam diretamente na malha
urbana as tipologias de espaccedilos livres e os tipos de apropriaccedilatildeo desses espaccedilos
Se observarmos em Patos de Minas as caracteriacutesticas da condiccedilatildeo de cidade meacutedia como por
exemplo a localizaccedilatildeo estrateacutegica entre cidades de maior e menor porte Percebemos que a
cidade atrai pessoas do entorno para desfrutar de suas potencialidades econocircmicas e de seus
aparatos de lazer (parques praccedilas locais de exposiccedilatildeo agropecuaacuteria) o que contribui
diretamente para geraccedilatildeo de renda e uso dos espaccedilos A cidade possui uma relaccedilatildeo direta
com cidades de maior porte que servem de escoamento da produccedilatildeo e suprimento de
mercadorias essa relaccedilatildeo de proximidade atrai para cidade eventos e exposiccedilotildees e pode
motivar influecircncias sobre as tipologias de espaccedilos livres gerados (assim como o processo de
globalizaccedilatildeo tambeacutem pode exercer esse papel)
Eacute nesse contexto de crescimento das cidades meacutedias e influecircncias morfoloacutegicas e culturais
que o Sistema de Espaccedilos Livres precisa ser pensado e entendido como uma infraestrutura
baacutesica para o desempenho da vida cotidiana urbana Segundo Souza amp Macedo (2014) o SEL
deve oferecer condiccedilotildees de habitabilidade urbana e para isso eacute necessaacuterio que se estabeleccedila
um diagnoacutestico baseado na existecircncia ou ausecircncia de uma seacuterie de atributos urbanos
necessaacuterios e qualitativos que deveriam orientar accedilotildees poliacuteticas e projetos de maneira a
formar um Sistema de Espaccedilos Livres integrado agrave paisagem local e a demanda da populaccedilatildeo
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O autor afirma que eacute preciso fazer uma leitura da cidade de seus condicionantes conflitos e
potencialidades para entender como se estrutura o SEL suas funccedilotildees e seu potencial de
transformaccedilatildeo e organizaccedilatildeo na cidade
Partimos para anaacutelise da forma urbana patense buscando o entendimento de como as
caracteriacutesticas especiacuteficas do suporte fiacutesico da organizaccedilatildeo espacial da situaccedilatildeo fundiaacuteria e
dos tipos de usos e funccedilotildees exercidas pelos espaccedilos livres estruturam o Sistema de Espaccedilos
Livres de Patos de Minas
24 OS ESPACcedilOS LIVRES NA FORMA URBANA DE
PATOS DE MINAS
Para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na forma urbana de Patos de Minas a
anaacutelise foi dividida em trecircs principais enfoques RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA CONFIGURACcedilAtildeO
ESPACIAL e RELACcedilAtildeO DE USOS DO SOLO A leitura da cidade apresentada por esses trecircs
acircngulos somada ao entendimento de paisagem forma urbana e da formaccedilatildeo e
transformaccedilatildeo da malha urbana patense apresentados no capiacutetulo anterior nos possibilitam
o entendimento do Sistema Espaccedilos Livres de Patos de Minas como um todo com suas
categorias tipoloacutegias e relaccedilotildees sistecircmicas
Os trecircs principais enfoques foram determinados com base nas principais caracteriacutesticas da
cidade nas suas peculiaridades na sua condiccedilatildeo de cidade de meacutedio porte Provavelmente
um outro tipo de cidade com outras caracteriacutesticas de paisagem demandaria outro segmento
de anaacutelise
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241
RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA
ESPACcedilOS LIVRES x SUPORTE ambiental
O principal objetivo desse subcapiacutetulo eacute analisar as caracteriacutesticas do suporte ambiental sobre
o qual a cidade de Patos de Minas foi implantada buscando identificar quais espaccedilos livres
presentes na cidade incorporam esses elementos da paisagem O suporte ambiental eacute parte
da paisagem urbana ele eacute formado por elementos como corpos drsquoaacutegua vegetaccedilatildeo relevo
solos e clima
Estatildeo cada vez mais presentes nos planos diretores e na legislaccedilatildeo ambiental denominaccedilotildees
como reservas florestais puacuteblicas e privadas parques lineares parques ecoloacutegicos unidades
de conservaccedilatildeo aacutereas de proteccedilatildeo permanente (APPrsquos) aleacutem de referecircncias agrave
sustentabilidade e agrave ecologia Essas denominaccedilotildees muitas vezes geram espaccedilos livres
voltados agrave funccedilatildeo de conservaccedilatildeo e proteccedilatildeo ambiental Entretanto os espaccedilos livres
vinculados ao suporte fiacutesico natildeo possuem somente a funccedilatildeo de conservaccedilatildeo ambiental eles
possuem outros papeacuteis no meio urbano como recreaccedilatildeo infraestrutura urbana contribuir
com a drenagem pluvial possibilitar microclimas urbanos mais agradaacuteveis contribuir para
manutenccedilatildeo da biodiversidade e valores esteacuteticos Segundo Queiroga (2012) a
permeabilidade do solo e a cobertura arboacuterea permitem a conservaccedilatildeo de paisagens com
melhor desempenho ambiental mitigando problemas comuns nas aacutereas urbanas a qualidade
da aacutegua e do ar a manutenccedilatildeo da qualidade do solo controle de erosatildeo abastecimento dos
aquiacuteferos e regulaccedilatildeo das enchentes
Os espaccedilos livres vinculados ao suporte ambiental como os corpos drsquoaacutegua e a vegetaccedilatildeo
constantemente satildeo alvo de degradaccedilatildeo ambiental o que ressalta a sua funccedilatildeo ambiental
dentro do sistema Entretanto a mitigaccedilatildeo desses problemas natildeo eacute uma questatildeo pertinente
apenas ao planejamento ambiental das cidades De acordo com Jacobs (2001) as aacutereas livres
puacuteblicas estruturam o espaccedilo urbano satildeo o principal suporte espacial para o encontro e a
vivecircncia urbana Segundo a autora a degradaccedilatildeo do espaccedilo urbano observada pela reduccedilatildeo
de aacutereas puacuteblicas de lazer deficiecircncia na arborizaccedilatildeo urbana excessiva impermeabilizaccedilatildeo do
solo aumento da temperatura e criaccedilatildeo de ilhas de calor danos ambientais diversos
diminuiccedilatildeo da qualidade da ambiecircncia urbana e perda de qualidade de vida constitui um
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problema que extrapola a esfera fiacutesicaespacial constituindo um problema social visto que
desencoraja o uso da rua e dos espaccedilos livres como locais de encontro necessaacuterios para a
manutenccedilatildeo das praacuteticas sociais
Ao longo do processo de urbanizaccedilatildeo das cidades brasileira foram comuns situaccedilotildees em que
aacutereas de reserva natural foram desmatadas para dar lugar a loteamentos coacuterregos foram
canalizados e desapareceram da paisagem urbana ou foram canalizadas a ceacuteu aberto tiveram
sua APP desmatada e impermeabilizada para dar lugar a avenidas e aacutereas construiacutedas como
no caso da Figura 26
Figura 26 Coacuterrego do Monjolo em Patos de Minas canalizado a ceacuteu aberto na deacutecada de 1970 com APP desmatada e grande parte do seu entorno impermeabilizado Agraves margens do coacuterrego a Av Faacutetima Porto Foto Acervo pessoal 2014
Atualmente esse tipo de tratamento de supressatildeo da vegetaccedilatildeo das APPrsquos em aacutereas
urbanizadas eacute cada vez mais incomum7 o que contribui para a conservaccedilatildeo desses recursos
naturais Entretanto gradativamente mais a legislaccedilatildeo ambiental trata a funccedilatildeo ambiental dos
espaccedilos como algo isolado entendendo as APPrsquos como locais onde natildeo podem existir
intervenccedilotildees desconsiderando que esses espaccedilos podem estar vinculados a outras funccedilotildees
como por exemplo recreaccedilatildeo educaccedilatildeo ambiental valorizaccedilatildeo da paisagem De acordo com
7 Os casos excepcionais nos quais eacute permitido a supressatildeo da vegetaccedilatildeo em APP estatildeo definidos pela Resoluccedilatildeo CONAMA 36906
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11 PAISAGEM URBANA
CONCEITUACcedilAtildeO
A compreensatildeo do conceito de paisagem urbana eacute o principal enfoque no presente trabalho
para assimilaccedilatildeo da configuraccedilatildeo urbana da incorporaccedilatildeo dos elementos do suporte fiacutesico na
formaccedilatildeo e na transformaccedilatildeo da forma urbana e entendimento do papel do Sistema de
Espaccedilos Livres na cidade
O estudo da paisagem possibilita uma melhor percepccedilatildeo da estrutura da cidade a
compreensatildeo do siacutetio natural e da interferecircncia humana no mesmo esse conhecimento pode
direcionar o planejamento urbano para tanto a clareza do conceito de paisagem e seus
sombreamentos eacute de extrema importacircncia
Natildeo existe um consenso sobre o conceito de paisagem a discussatildeo sobre paisagem transita
por diversas aacutereas com diferentes definiccedilotildees ecircnfases e meacutetodo de abordagem Segundo o
geoacutegrafo Bertrand (2004) as diferenccedilas de abordagem no conceito de paisagem satildeo
influenciadas pela formaccedilatildeo e os objetivos do observador e pode enfatizar a vegetaccedilatildeo a
hidrografia o clima o relevo a economia a arquitetura ou o processo histoacuterico A
metodologia de anaacutelise poderaacute ser temporal baseada nos aspectos fiacutesicos e se referir agraves
relaccedilotildees e dinacircmicas internas ou ainda um conjunto de diversas anaacutelises Ou seja a
percepccedilatildeo individual somada aos objetivos e ao enfoque do observador interferem
diretamente na leitura da paisagem e no conceito da mesma
Segundo Rougerie e Beroutchatchvili (1991) apud Maximiano (2004) a Unesco (Organizaccedilatildeo
para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura das Naccedilotildees Unidas) declarou em 1971 considerar que a
paisagem eacute a ldquoestrutura do ecossistemardquo e o Conselho Europeu diz que ldquoo meio natural
moldado pelos fatores sociais e econocircmicos torna-se paisagem sob o olhar humanordquo Jaacute a
ldquopaysagerdquo francesa refere-se principalmente aos aspectos visuais O termo holandecircs com o
mesmo sentido eacute ldquovisueellandschaprdquo Para os alematildees ldquolandschaftrdquo envolve a noccedilatildeo de
territoacuterio semelhante ao ldquolandscape inglecircsrdquo Ambos tambeacutem se referem ao aspecto visual A
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geografia sovieacutetica tem seus proacuteprios termos ldquomesnost e ourotchitcherdquo que possuem valor
territorial aos quais os russos acrescentam ldquolandschaftrdquo emprestado dos alematildees
Segundo Maximiano (2004) para alguns socioacutelogos e economistas a paisagem eacute a base do
meio fiacutesico onde o homem a utiliza e a transforma ou natildeo para alguns botacircnicos e ecoacutelogos
a paisagem eacute um conjunto de organismos num meio fiacutesico cujas propriedades podem ser
explicadas segundo leis ou modelos com ajuda das ciecircncias fiacutesicas eou bioloacutegicas para
alguns geoacutegrafos ela resulta da relaccedilatildeo dinacircmica de elementos fiacutesicos bioloacutegicos e
antroacutepicos
ldquoA expressatildeo ldquopaisagemrdquo() passava a manifestar-se com
significados amplos complexos poreacutem bastante vagos
indistintos incompletos premissas comuns eram ldquoa naturezardquo e
a censura agrave accedilatildeo do homem A percepccedilatildeo das mudanccedilas
naturais ndash de tempos bioloacutegicos ndash e tambeacutem aquelas raacutepidas
extensas e difusas do trabalho do homem ndash de tempos
histoacutericos ndash levantava novamente a relaccedilatildeo homem-natureza
Seria esta relaccedilatildeo com todos os apelos e juiacutezos ndash imprecisos
indefinidos ndash que seria associada agrave palavra lsquopaisagemrsquordquo
(MAGNOLI e MACEDO 2000 p132-133)
O estudo da paisagem passou a ganhar relevacircncia entre os arquitetos a partir dos anos de
1960 Segundo Sandeville (2006) esse processo pode ser exemplificado inicialmente pelos
trabalhos de Kevin Lynch Cristopher Alexander Amos Rapoport Yi Fu Tuan e Vittorio
Gregotti1 De acordo com Gregotti (1983) o entendimento da paisagem eacute um instrumento
que o arquiteto tem que ter em matildeos para analisar o lugar e o espaccedilo sobre o qual se projeta
Entretanto a paisagem entendida soacute como o conjunto das caracteriacutesticas fiacutesicas e
geomorfoloacutegicas de cunho bioloacutegico e mineraloacutegico natildeo eacute suficiente para elaboraccedilatildeo do
1LYNCH K A imagem da cidade (1960) ALEXANDER C Unlenguage de patrones (1980) RAPOPORT A
Aspectos humanos de la forma urbana (1978) TUAN Y F Espaccedilo e lugar (1983) GREGOTTI V Nuevos
caminos de La arquitectura italiana (1969)
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projeto eacute preciso que a leitura da paisagem expresse as accedilotildees cotidianas os usos dos
espaccedilos e a cultura local
No Brasil Miranda Magnoli inicia seus estudos sobre a paisagem e o ambiente na deacutecada de
1970 baseada nas anaacutelises estadunidenses de planejamento da paisagem reconhecendo a
importacircncia das caracteriacutesticas socioespaciais mas sem reduzir a paisagem aos aspectos
formais O modo como Miranda discutiu a paisagem segundo Sandeville (2006) ultrapassou
as limitaccedilotildees da relaccedilatildeo figura-fundo a qual reforccedila a paisagem como cenaacuterio um entorno
transformado por uma arquitetura de edifiacutecio promovendo a cenarizaccedilatildeo da ideia de
paisagem Sua reflexatildeo estabeleceu bases para o conceito da arquitetura como o projeto do
ldquoambiente humanordquo a necessidade de compreensatildeo do contexto no qual se insere o objeto
projetado
A definiccedilatildeo do conceito de paisagem adotada para este trabalho eacute a desenvolvida por
Miranda Magnoli (1982) na qual a morfologia da paisagem eacute definida como resultante da
interaccedilatildeo entre a loacutegica proacutepria dos processos do suporte (geologia clima solo relevo
vegetaccedilatildeo e sol aacutegua e ventos) e a loacutegica proacutepria dos processos antroacutepicos sociais e culturais
(parcelamentos escavaccedilotildees plantaccedilotildees construccedilotildees edificaccedilotildees etc) Essa anaacutelise da
paisagem urbana considera os diversos atores que nela interferem seus aspectos fiacutesicos
socioeconocircmicos culturais e seu processo evolutivo natildeo eacute simplesmente bem organizada ou
normativa eacute tambeacutem uma anaacutelise poeacutetica e simboacutelica fala das pessoas e de suas histoacuterias de
suas aspiraccedilotildees tradiccedilotildees e conflitos do conjunto natural das funccedilotildees e da dinacircmica urbana
O estudo da paisagem possibilita um melhor entendimento da estrutura da cidade a
compreensatildeo do siacutetio natural e da interferecircncia humana no mesmo esse conhecimento pode
direcionar o planejamento urbano para tanto o entendimento do conceito de paisagem e
seus sombreamentos eacute de extrema importacircncia Segundo Oseki amp Pellegrino (2004) um
planejamento ecoloacutegico da paisagem pode fornecer as ferramentas necessaacuterias para
integraccedilatildeo entre sociedade e natureza incorporando diretrizes ambientalmente desejaacuteveis
para a melhoria da habitabilidade da cidade de sua sustentabilidade e de sua imagem
Para Oseki amp Pellegrino (2004) as paisagens satildeo ao mesmo tempo produzidas socialmente e
produtoras (indutoras) de praacuteticas sociais podem ser utilizadas no planejamento no projeto
e gestatildeo de espaccedilos livres (nas escalas espaciais local regional e continental) o que lhes
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confere importacircncia no planejamento urbano e regional o que tem sido ignorado pelos
oacutergatildeos responsaacuteveis pela gestatildeo do territoacuterio Segundo Macedo (1993) a paisagem eacute processo
e produto das accedilotildees humanas eacute processo na medida em que estaacute em constante mutaccedilatildeo e
compreende as diversas forccedilas que nela atuam ora em conflito ora em consonacircncia de
objetivos eacute produto pois a cada instante apresenta-se como objeto acabado dessas accedilotildees e
forccedilas aplicadas
Figura 2 Avenida Getuacutelio Vargas em Parto de Minas Vista parcial da paisagem urbana Fonte httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=1534357amppage=92 Foto Fotoacutegrafo desconhecido
O presente trabalho entende a paisagem como algo que caracteriza a cidade que lhe confere
identidade e a distingue das demais A paisagem retrata a forma urbana e a cultura da
populaccedilatildeo a maneira como as pessoas constroem suas casas e onde constroem se na beira
do rio no alto das serras ou nas chapadas Eacute a histoacuteria local contada por meio da mudanccedila do
cenaacuterio e da mudanccedila dos padrotildees arquitetocircnicos nas casas que permanecem do periacuteodo
neocolonial ou no estilo ecleacutetico nas casas que surgiram no estilo moderno nas reformas
nas construccedilotildees que satildeo tombadas e nas que satildeo derrubadas A paisagem eacute contada pelas
aacutervores pelas flores plantadas e replantadas nas calccediladas calccediladas por vezes remendadas A
paisagem eacute o reflexo do processo social dos bairros que se formam das pessoas que se
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mudam da economia que se desenvolve modificando o comercio instalando novas induacutestrias
e quem sabe ateacute bairros industriais gerando renda para urbanizaccedilatildeo de novas aacutereas ou a
verticalizaccedilatildeo de outras
O entendimento da paisagem enquanto elemento caracterizador da imagem das cidades eacute
um instrumento para a melhoria e manutenccedilatildeo dos valores da mesma Possui uma relaccedilatildeo
direta com histoacuteria da cidade com os valores culturais com o processo de formaccedilatildeo e de
transformaccedilatildeo da forma urbana e com os elementos que a constituem Partimos entatildeo para o
estudo da forma urbana com seus enfoques conceituais desdobramentos teoacutericos e
praacuteticos
12
MORFOLOGIA E FORMA URBANA
FORMA URBANA MALHA URBANA TECIDO
URBANO
Figura 3 Forma Urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora 2014
Eacute constante a confusatildeo ao conceituar termos
como morfologia forma urbana malha
urbanatecido urbano elementos morfoloacutegicos
termos que ora se sobrepotildeem ora se englobam
ora se dividem
EXISTE UM CONSENSO SOBRE O CONCEITO
DE FORMA URBANA
A DEFINICcedilAtildeO DE FORMA URBANA ENGLOBA
O TRACcedilADO DAS RUAS OS CHEIOS E VAZIOS
OS USOS E AS TIPOLOGIAS CONSTRUIacuteDAS OU
SERIA SOacute O DESENHO QUE SE FORMA NO
ENCONTRO DAS BORDAS DA OCUPACcedilAtildeO
FORMA URBANA Eacute SINOcircNIMO DE TECIDO
URBANO OU O TECIDO Eacute PARTE DA FORMA
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A morfologia urbana eacute um campo disciplinar que abrange o estudo das cidades das formas
dos tecidos e da paisagem O estudo da morfologia contribui para o entendimento da
estrutura da cidade sua formaccedilatildeo e transformaccedilatildeo por meio de seus elementos
constituintes Segundo Lamas (2004) os elementos morfoloacutegicos constituintes satildeo o solo os
edifiacutecios o lote o quarteiratildeo a fachada o logradouro o traccediladorua a praccedila o monumento
a vegetaccedilatildeo e o mobiliaacuterio urbano O autor denomina como elementos morfoloacutegicos as partes
fiacutesicas que associadas ou estruturadas constituem a forma urbana Existem diversos
conceitos e definiccedilotildees que abordam a morfologia das cidades este trabalho apresentaraacute
algumas delas
Segundo Del Rio (1990) a anaacutelise da morfologia urbana estaacute em compreender a loacutegica da
formaccedilatildeo evoluccedilatildeo e transformaccedilatildeo da forma da cidade e de suas inter-relaccedilotildees a fim de
possibilitar a identificaccedilatildeo de accedilotildees mais apropriadas cultural e socialmente para a
intervenccedilatildeo urbana e o desenho de novos espaccedilos Segundo Rossi (2001) a cidade eacute uma
obra reconhecida pelo conjunto de sua forma mas tambeacutem pode ser identificada por
pequenas partes do conjunto em seus diversos momentos a forma urbana eacute a soma dos
diversos tecidos e padrotildees morfoloacutegicos que formam a cidade
O tecido urbano ou a malha urbana de acordo com Rego e Meneguetti (2011) satildeo
configurados pelo sistema viaacuterio pelo padratildeo do parcelamento do solo pela aglomeraccedilatildeo e
pelo isolamento das edificaccedilotildees assim como pelos espaccedilos livres Em outras palavras o
tecido de cidade eacute dado pelos edifiacutecios ruas quadras e lotes parques praccedilas e monumentos
nos seus mais variados arranjos Esses elementos morfoloacutegicos presentes no tecido urbano
segundo Moudon (1997) devem ser considerados como organismos ndash constantemente em
atividade e assim em transformaccedilatildeo ao longo do tempo eles existem em inter-relaccedilatildeo com
as estruturas edificadas conformando e sendo conformadas pelos espaccedilos livres O modo
como cada um desses elementos morfoloacutegicos se organizou e conforma o tecido da cidade
pode ser entendido como um objeto de estudo da morfologia urbana
A forma urbana reflete os processos de formaccedilatildeo da cidade os processos sociais que se
consolidam nos tecidos urbanos que levam a sociedade a construir de uma maneira
determinada e caracteriacutestica suas casas escolas comeacutercios induacutestrias etc Segundo
Carvalho (2011) os tecidos urbanos satildeo configurados a partir da homogeneidade dos
seguintes elementos traccedilado da malha viaacuteria padrotildees de uso (residencial comercial de
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serviccedilos e industrial) padratildeo edificado (padratildeo arquitetocircnico e do gabarito) e suporte fiacutesico
(topografia vegetaccedilatildeo e hidrografia
De acordo com Moudon (1997) os morfologistas atentam para os resultados tangiacuteveis de
questotildees sociais econocircmicas poliacuteticas ou seja estudam a manifestaccedilatildeo de ideias e
intenccedilotildees agrave medida que elas tomam forma no chatildeo e moldam as cidades O estudo
morfoloacutegico das cidades pode ser dividido em escolas de pensamento dentre elas a escola
italiana a escola francesa e a escola inglesa as quais analisaremos sinteticamente
observando suas principais caracteriacutesticas metodoloacutegicas bases bibliograacuteficas e formas de
pensamento
A escola italiana conforme Mondon (1997) tem seu iniacutecio nos estudos do arquiteto Saverio
Muratori (1910 ndash 1973) e de Gianfranco Caniggia (1933 ndash 1987) na deacutecada de 1940 Segundo
Rosaneli (2011) essa escola de pensamento possui como principal distintivo a preocupaccedilatildeo
com o destino das cidades histoacutericas italianas sobretudo devido aos efeitos das intervenccedilotildees
modernistas Essa escola apresenta uma maior preocupaccedilatildeo com o estudo tipoloacutegico das
edificaccedilotildees (fachadas estilos arquitetocircnicos gabarito) e de suas transformaccedilotildees ao longo do
tempo
A escola francesa apresenta ecircnfase na reflexatildeo geograacutefica e historiograacutefica sobre as cidades e
possui a contribuiccedilatildeo do socioacutelogo Henri Lefebvre (1901 ndash 1991) Assim como a escola italiana
a escola francesa se opotildee aos efeitos das intervenccedilotildees modernistas Rosaneli (2011) propotildee
uma reforma educacional no campo dos estudos urbanos e busca consolidar uma nova
ldquodisciplinardquo com duplo objetivo primeiro uma pesquisa descritiva multidisciplinar do espaccedilo
construiacutedo a fim de reconhecer ingredientes de um bom desenho e segundo a identificaccedilatildeo
e criacutetica de modelos teoacutericos de desenho urbano
A escola inglesa eacute fundamentada nos estudos do geoacutegrafo alematildeo Conzen (1907 ndash 2000) e
inicia-se na deacutecada de 1960 De acordo com Moudon (1994) a escola inglesa possui uma
anaacutelise morfoloacutegica descritiva analiacutetica e explanatoacuteria concentra-se no estudo da forma
urbana e apresenta o mais completo detalhado e sistemaacutetico meacutetodo tipo morfoloacutegico das
trecircs escolas
Conzen fundamenta-se na aplicabilidade da leitura dos planos urbanos (ldquotown-plansrdquo) para o
entendimento da formaccedilatildeo urbana De acordo com Conzen (1960) apud Rosaneli (2011) os
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trecircs fundamentais elementos que compotildee os planos satildeo as ruas que estatildeo arranjadas em um
traccedilado os lotes ou parcelas individuais de terra juntamente com as quadrasquarteirotildees e os
edifiacutecios com seus conjuntos construiacutedos As diversas combinaccedilotildees desses trecircs principais
elementos constituiriam unidades distintas com ldquohomogeneidade morfoloacutegicardquo o que o
autor denominou de tecido urbano (ldquoplan unitrdquo ldquourban fabricrdquo ou ldquotessuto urbanordquo para a
escola italiana)
A morfologia urbana e suas diferentes escolas de pensamento retratam o estudo da forma
urbana e de seus elementos estruturantes dos processos culturais sociais econocircmicos e
poliacuteticos Os estudos morfoloacutegicos que mais se aplicam agrave presente pesquisa satildeo os da escola
inglesa onde desenvolve-se uma anaacutelise descritiva e analiacutetica do processo de urbanizaccedilatildeo
estudando as unidades com ldquohomogeneidade morfoloacutegicasrdquo trabalhadas nessa pesquisa por
meio das Unidades de Paisagem (porccedilotildees territoriais com semelhanccedila de traccedilado e interaccedilatildeo
entre os espaccedilos livres e edificados) e atraveacutes da anaacutelise do Sistema de Espaccedilos Livres uma
organizaccedilatildeo sistecircmica dos espaccedilos livres das diversas Unidades de Paisagem presentes em
uma aacuterea definida
Para o entendimento da configuraccedilatildeo do Sistema de Espaccedilos Livres Patense e de suas
Unidades de Paisagem partimos do estudo do processo de urbanizaccedilatildeo de Patos de Minas
observando as caracteriacutesticas morfoloacutegicas histoacutericas culturais e da paisagem urbana
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13 FORMACcedilAtildeO E TRANSFORMACcedilAtildeO DA
MALHA URBANA PATENSE
Figura 4 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Patos de Minas e apresentaccedilatildeo da forma urbana da cidade Elaborado pela autora segundo fonte Mapas da Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2006 e 2015
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Patos de Minas eacute uma cidade meacutedia2 da regiatildeo intermediaacuteria agrave Mesorregiatildeo do Triacircngulo
Mineiro e Alto Paranaiacuteba Considerada poacutelo econocircmico regional a maior cidade da
microrregiatildeo do Alto Paranaiacuteba que eacute composta por 10 municiacutepios O municiacutepio de Patos de
Minas eacute formado por sete distritos o distrito sede eacute a cidade de Patos de Minas e os outros
satildeo Bom Sucesso Chumbo Major Porto Pilar Pindaiacutebas e Santana de Patos (identificados na
Figura 4)
Segundo o IBGE (2010) o municiacutepio de Patos de Minas possui aacuterea de 3189771Kmsup2
densidade demograacutefica de 4349 habkmsup2 e populaccedilatildeo de aproximadamente 147614
habitantes (populaccedilatildeo estimada em 2014)
Patos de Minas situa-se no Planalto Central Minas GeraisGoiaacutes com altitudes meacutedias de 800
a 900 metros Localiza-se entre duas grandes bacias hidrograacuteficas brasileiras a do Satildeo
Francisco e a do Paranaacute Sua localizaccedilatildeo estrateacutegica permite a ligaccedilatildeo da cidade a centros
comerciais como Uberlacircndia Belo Horizonte Brasiacutelia e Satildeo Paulo facilitando o intercacircmbio
comercial e o desenvolvimento econocircmico
De acordo com o IBGE (2012) o PIB (Produto Interno Bruto) do municiacutepio tem sua economia
baseada principalmente no setor de serviccedilos seguido do setor industrial e da agricultura
conforme Tabela 1
2 A dissertaccedilatildeo adota a conceituaccedilatildeo de cidades meacutedias desenvolvida por Amorim Filho e Serra (2001) cidade que ocupam uma posiccedilatildeo estrateacutegica na hierarquia urbana oferecendo suporte agraves cidades pequenas conforme a funccedilatildeo que desempenham e estabelecendo ligaccedilotildees com as cidades maiores intermediando as relaccedilotildees entre estes dois niacuteveis urbanos De acordo com os autores essas cidades satildeo espaccedilos de relaccedilotildees e natildeo de polarizaccedilatildeo ou dominaccedilatildeo satildeo cidades natildeo tatildeo pequenas a ponto de limitar as possibilidades de crescimento econocircmico e intelectual de seus habitantes e nem tatildeo grandes a ponto de onerar ndash e ateacute pocircr em risco ndash a vida da maioria de seus moradores
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Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas - 2012
Impostos sobre produtos liacutequidos de subsiacutedios a preccedilos correntes
248946 mil reais
PIB a preccedilos correntes 2495732 mil reais
PIB per capita a preccedilos correntes 1770650 mil reais
Valor adicionado bruto da agropecuaacuteria a preccedilos correntes 255908 mil reais
Valor adicionado bruto da induacutestria a preccedilos correntes 432152 mil reais
Valor adicionado bruto dos serviccedilos a preccedilos correntes 1558725 mil reais
Tabela 1 Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas-2012 Fonte IBGE 2012 em parceria com os Oacutergatildeos Estaduais de Estatiacutestica Secretarias Estaduais de
Governo e Superintendecircncia da Zona Franca de Manaus ndash SUFRAMA Disponiacutevel em
httpwwwcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=314800ampidtema=134ampsearch=mina
s-gerais|patos-de-minas|produto-interno-bruto-dos-municipios-2012 Acesso em dezembro de 2014
Entretanto observa-se que entre os setores o que mais exerce influecircncia cultural no
municiacutepio e na dinacircmica urbana eacute a agricultura somada a pecuaacuteria e ao agronegoacutecio
caracterizando as festas locais as manifestaccedilotildees culturais as formas de apropriaccedilatildeo da
paisagem as tipologias predominantes de espaccedilos livres e a histoacuteria de ocupaccedilatildeo do
municiacutepio Na agroinduacutestria destaca-se a produccedilatildeo de leite e derivados sementes e adubos
defensivos agriacutecolas carne suiacutena e derivados e alimentos enlatados A agricultura sempre
caracterizou a economia e a cultura local os produtos que se destacam satildeo o arroz soja
feijatildeo cafeacute maracujaacute tomate horticultura e o milho siacutembolo da festa regional a Festa
Nacional do Milho A pecuaacuteria possui significativa importacircncia econocircmica para o municiacutepio a
regiatildeo faz parte de uma das maiores bacias leiteiras do paiacutes Patos de Minas tambeacutem eacute
considerada poacutelo nacional de geneacutetica suiacutena detendo 70 da tecnologia nacional em
melhoramentos suiacutenos
Para analisarmos como se formou a cidade de Patos de Minas apresentaremos seus periacuteodos
urbanos em cinco partes a primeira retrata o iniacutecio do povoado ateacute 1930 depois de 1940 a
deacutecada de 1960 em seguida de 1970 ateacute a deacutecada 1980 e por fim o periacuteodo que vai de 1990
ateacute o ano de 2015 buscando assim retratar o crescimento urbano os principais
acontecimentos histoacutericos e a incorporaccedilatildeo dos elementos da paisagem
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DO INIacuteCIO DO POVOADO ATEacute A DEacuteCADA DE 1930
BORGES X MACIEacuteIS
O processo de colonizaccedilatildeo da
regiatildeo ocupada hoje pelo
municiacutepio de Patos de Minas
teve iniacutecio provavelmente na
segunda metade do seacuteculo XVIII
antes mesmo da descoberta do
ouro no estado de Minas Gerais
com as bandeiras rumo agraves terras
de Paracatu A cidade de Patos
de Minas surgiu na segunda
deacutecada do seacuteculo XIX em torno
da Lagoa dos Patos (delimitada
na Figura 5) onde segundo as
descriccedilotildees histoacutericas existia uma
enorme quantidade de patos
silvestres
Figura 5 Crescimento Urbano de Patos de Minas ateacute o iacutenicio do seacuteculo XIX Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas Disponiveacutel em
httpwwwpatosdeminasmggovbrgaleriahistoricaspagesimage16php Acesso em maio de
2014 Elaborado pela autora
Segundo Oliveira Mello (1971) o povoado que deu origem a cidade de Patos de Minas se
iniciou em 1826 com a doaccedilatildeo do terreno por Antocircnio Joaquim da Silva Guerra e sua esposa
Luzia Correcirca de Andrade para a construccedilatildeo da capela de Santo Antocircnio situada hoje na atual
Praccedila Dom Eduardo proacutexima agrave Lagoa dos Patos na Avenida Liberdade atualmente conhecida
como Avenida Getuacutelio Vargas A partir de entatildeo diversas famiacutelias se instalaram no entorno da
capela originando o Arraial de Santo Antocircnio da Beira do Paranaiacuteba Em 1866 foi criada a Vila
de Santo Antocircnio dos Patos e em 1892 o presidente do Estado de Minas Gerais elevou a vila
agrave categoria de cidade de Patos de Minas
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Figura 6 Iniacutecio da ocupaccedilatildeo da cidade de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fontes
Prefeitura Municipal de Patos de Minas e MuP- Museu da Cidade de Patos de Minas
A Praccedila Dom Eduardo estaacute no centro do nuacutecleo original de povoamento ilustrado pela Figura
6 e representa a divisatildeo de influecircncia entre as duas famiacutelias da elite local que atuaram na
construccedilatildeo da paisagem urbana e na histoacuteria da cidade de Patos de Minas os Borges
catoacutelicos e monarquistas e os Dias Macieacuteis protestantes e republicanos
Ao norte da Praccedila Dom Eduardo encontam-se os Borges e seus parentes os Caixeta e os
Queiroz de acordo com Silva (2011) deste lado da cidade a paisagem se desenha por ruas
estreitas e curvas as quais conduzem a travessas e becos nitidamente ldquosemeadosrdquo agrave moda
lusitana de povoar Ao mesmo tempo os edifiacutecios mais antigos e caracteriacutesticos da aacuterea satildeo
todos em estilo colonial com altas janelas e portas retangulares Satildeo exemplos a antiga Casa
de Cacircmara e Cadeia localizada hoje na Praccedila Juquinha Caixeta (Figura 7) e os casarotildees do Dr
Joatildeo Borges e do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz a rua e a casa de Deiroacute Borges a Rua do
Tenente Bino o Beco da Zeacutelia a Praccedila da Dona Genoveva (Figura 8) a Rua do Alfredo Borges
a Praccedila Chiquinho Caixeta a Rua Dr Joseacute Oliacutempio Borges a Praccedila Dom Eduardo E ainda a
Travessa dos Queiroz onde se manteacutem de peacute a casa do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz
palco de criaccedilatildeo do partido de oposiccedilatildeo oficial aos ldquoMacieacuteisrdquo
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Figura 7 Casa de Cacircmara e Cadeia (o mais antigo edifiacutecio puacuteblico de Patos de Minas inaugurado em 1912 como Cacircmara Municipal Foacuterum e no reacutes-do-chatildeo a Cadeia Puacuteblica) e Praccedila Juquinha Caixeta Foto Acervo pessoal 2015 Figura 8 Rua Deiroacute Borges ao fundo Praccedila Dona Genoveva Foto Acervo pessoal 2015
Figura 9 Escola Estadual Marcolino de Barros Foto Fotoacutegrafo desconhecido 2008 Disponiacutevel em
httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=614809 Acesso em maio de 2014
Figura 10 Escola Estadual Antocircnio Dias Maciel Foto Acervo pessoal 2015
Ao sul da Praccedila Dom Eduardo em frente agrave Catedral de Santo Antocircnio estatildeo os Macieacuteis e seus
parentes os Santana Pacheco Barros Magalhatildees e Ferreira da Silva Segundo Silva (2011) os
Macieacuteis estatildeo ligados agrave modernizaccedilatildeo e agrave reordenaccedilatildeo urbana da cidade entre suas marcas
na paisagem estatildeo a Escola Estadual Marcolino de Barros(Figura 09) a Escola Estadual
Antocircnio Dias Maciel(Figura 10) a Rua Olegaacuterio Maciel a Casa de Olegaacuterio Maciel a Casa do
Dr Itagyba a Rua Farnese Maciel o Palacete de Amadeu Maciel a Rua Major Gote (apelido
de Sesoacutestris Dias Maciel) o Hospital Regional Antocircnio Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur
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Thomaz de Magalhatildees o Coreto Arthur Thomaz de Magalhatildees a Rua Joseacute de Santana a Praccedila
Antocircnio Dias a Rua Major Jerocircnimo [Dias Maciel] e a Praccedila Santana
Olegaacuterio Maciel figura poliacutetica representativa da regiatildeo alternou entre os cargos de
Deputado Federal e Agente Executivo de Municiacutepio no final do seacuteculo XIX ateacute chegar agrave
Presidecircncia do Estado de Minas Gerais nos anos de 1930 Segundo Borges (2008) esse
processo poliacutetico influenciou o desenvolvimento fiacutesico-territorial da cidade atraindo
investimentos do Governo do Estado para a construccedilatildeo das escolas do foacuterum e do Hospital
Regional
No fim do seacuteculo XIX em 1883 o entatildeo Agente do Executivo Olegaacuterio Dias Maciel3 ordenou
a criaccedilatildeo de um plano diretor para ordenar e reorientar o crescimento do povoado para o
sentido sul da Praccedila Dom Eduardo ldquona chapada ou chapadatildeordquo conforme segue na citaccedilatildeo
Seguiu‐se a risca o ldquoPlano Diretorrdquo indicado por Olegaacuterio
Maciel O vereador Eduardo Ferreira de Noronha em 21 de
setembro de 1906 indica que ()auxiliem a Cacircmara a
estudar o local mais conveniente em que se deve construir
o matadouro e respectivo curral oferecendo seu parecer
Hoje distanciados no tempo sabemos que a ldquoChapadardquo
paulatinamente abrigou aleacutem do Matadouro Municipal a
Casa do Coronel Farnese Dias Maciel a Casa de Amadeu
Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur Thomaz de
Magalhatildees o Passeio Puacuteblico a fonte luminosa o Coreto o
Cinema o Paccedilo Municipal o Hospital Antocircnio Dias Maciel o
Grupo Escolar o Foacuterum () Pari Passu tambeacutem foram
transladados outros elementos que se localizavam na
direccedilatildeo para a qual a cidade ia se deslocando a mudanccedila
do cemiteacuterio e da Igreja de Nossa Senhora do Rosaacuterio
(frequentada pelos negros) tambeacutem se constituiu como
marco simboacutelico da nova ordenaccedilatildeo urbana planeada por
Olegaacuterio Maciel (BORGES amp SILVA 2009 p13)
3 Olegaacuterio Dias Maciel era engenheiro formado na Escola Polyteacutecnica do Rio de Janeiro em 1878 compartilhava os ideais positivistas da Repuacuteblica e tambeacutem os ideais da Belle Eacutepoque de higienizaccedilatildeo e de racionalizaccedilatildeo do espaccedilo urbano Soma-se a isso a experiecircncia cultural de Olegaacuterio fora de Patos como deputado federal e senador vivenciou no Rio de Janeiro as reformas urbanas empreendidas por Pereira Passos inspiradas na reforma de Paris sob a batuta do Baratildeo de Haussman Como deputado estadual e depois como presidente do Estado de Minas Gerais vivenciou a experiecircncia de ldquofruirrdquo a cidade de Belo Horizonte construiacuteda racionalmente agrave moda da colonizaccedilatildeo espanhola na Ameacuterica (BORGES amp SILVA 2009)
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Segundo Oliveira (2010) dentre as influecircncias na malha urbana decorrentes do periacuteodo
poliacutetico do iniacutecio do seacuteculo XX destacam-se as intervenccedilotildees na infraestrutura da Avenida
Getuacutelio Vargas definindo a mesma como eixo nobre na cidade o direcionamento o primeiro
vetor de expansatildeo urbana nas direccedilotildees sul e oeste da Av Getuacutelio Vargas
Figura 11 Inundaccedilatildeo ocorrida em 1941 na ponte sobre o Rio Paranaiacuteba Fonte Arquivo do Laboratoacuterio
de Histoacuteria do Unipam Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=3600 Acesso em
dezembro de 2014
Observa-se que a Avenida Getuacutelio Vargas anteriormente denominada como Avenida
Liberdade e depois Avenida Municipal representa o nuacutecleo inicial da cidade e o ponto de
partida dos vetores de ocupaccedilatildeo ateacute a deacutecada de 1930 observa-se que neste periacuteodo as
praccedilas da avenida apresentavam um paisagismo inspirado nos jardins franceses Zama
Maciel4 relata sobre o planejamento de usos e ocupaccedilatildeo dessa aacuterea e a Figura 12 ilustra esse
periacuteodo
4 Zama Maciel foi um patense que exerceu as funccedilotildees de agrimensor professor inspetor de ensino vereador e redator dos jornais locais
Com relaccedilatildeo ao vetor de expansatildeo oeste
observa-se que o mesmo foi impulsionado
pela construccedilatildeo da nova ponte sobre o rio
Paranaiacuteba em aproximadamente 1926
retratada na Figura 11 Segundo
Dannemann (2013) a obra da ponte estava
sob os cuidados da Companhia Nacional de
Cimento Armado SA e ateacute 1970 serviu
como principal acesso agrave sede do municiacutepio
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Avenida Municipal com o seu atual quilocircmetro de extensatildeo foi
destinada agrave habitaccedilatildeo particular devida a sua exagerada
largura e agrave perspectiva que podem oferecer casas pequenas e
de bom gosto fronteando os seus passeios gramados e jardins
floridos que a pequenada destroacutei Nela preacutedios comerciais de
dois trecircs andares tornam-se ridiacuteculos porque natildeo tecircm
magnitude para se imporem agrave largura (repisamos) exagerada
com que os antigos irrefletidamente a construiacuteram Somente
edifiacutecios semelhantes agrave igreja matriz em construccedilatildeo come
cinquenta metros podem nela sobreviverem Pequenos preacutedios
vivendas graciosas de cujas janelas caiam trepadeiras no
conjunto dos jardins e na imensa claridade de nossas tardes
faratildeo dela recanto cobiccedilado agrave moradia Enfeia-la com preacutedios
comerciais de pequeno porte e com casas de diversotildees
barulhentas seraacute obra de mau gosto que se torna necessaacuterio
evitar (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos Patos de
Minas junho de 1937)
Figura 12 Avenida Getuacutelio Vargas parte ao sul da Catedral de Santo Antocircnio deacutecada de 1930 Ao
centro da figura o Palacete Amadeu Maciel Fonte Acervo Documental e de Imagens de Patos de
Minas Local MuP ndash Museu da Cidade de Patos de Minas
A seguir o Mapa 1 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o
ano de 1930 retrata a localizaccedilatildeo da implantaccedilatildeo da cidade proacuteximo a recursos drsquoaacutegua No
mapa estaacute presente a delimitaccedilatildeo do periacutemetro urbano do ano de 2015 que seraacute mantido
como ponto de referecircncia espacial para a malha urbana atual
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A Figura 13 datada da deacutecada de 1930 eacute uma vista aeacuterea da cidade no qual pode-se
perceber a implantaccedilatildeo e a forma urbana da cidade e os vetores de expansatildeo do iniacutecio do
seacuteculo XX aacuterea retratada pelo Mapa 1 apresentado anteriormente
Figura 13 Vista aeacuterea de Patos de Minas
Fonte Arquivo Daacutecio Pereira da Fonseca Fotografo desconhecido
Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=2650 Acesso em abril de 2014
Observa-se na Figura 13 a presenccedila de espaccedilos livres puacuteblicos dentre eles as Praccedilas da
Avenida Getuacutelio Vargas dos Boiadeiros Antoacutenio Dias Champagnat e Santana os espaccedilos
livres privados o Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo o Patos Tecircnis Clube (PTC) o campo de futebol
da Uniatildeo Recreativa dos Trabalhadores (URT) e o campo de futebol do Clube do Mamoreacute
Segundo Fonseca (1974) desde o final do seacuteculo XIX ateacute 1950 Patos de Minas tentou pleitear
a vinda da estrada de ferro para escoamento da produccedilatildeo agriacutecola da regiatildeo ateacute o Rio de
Janeiro e Satildeo Paulo Segundo Borges e Silva (2009) em 1934 o engenheiro carioca Neacutelson
Rodrigues efetuou o primeiro levantamento planialtimeacutetrico da cidade de Patos de Minas a
princiacutepio esse levantamento objetivava abrigar a estrada de ferro Patos-Catiara Em 1936
provavelmente o proacuteprio Neacutelson Rodrigues concluiu o primeiro Plano Urbano oficial da
cidade apresentado pela Figura 14
LEGENDA 1 ndashMajor Gote e Dr Marcolino 2 ndash Lagoa Grande 3 ndash Campo de Aviaccedilatildeo 4 ndash Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo 5 ndash Rua Dr Marcolino 6 ndash Rua Major Gote 7 ndash Coacuterrego do Monjolo 8 ndash PTC 9 ndash Campo da URT 10 ndash Cemiteacuterio Municipal 11 ndash Rio Paranaiacuteba 12 ndash Av Getuacutelio Vargas 13 ndash Matriz de Santo Antocircnio 14 ndash Rua Tiradentes 15 ndash Cadeia 16 ndash Praccedila dos Boiadeiros 17 ndash Praccedila Antocircnio Dias 18 ndash Av Paracatu 19 ndash Igreja do Rosaacuterio 20 ndash Praccedila Champagnat 21 ndash Rua Major Jerocircnimo 22 ndash Campo do Mamoreacute
23 ndash Praccedila Santana
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Figura 14 Plano Urbano de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fonte Prefeitura
Municipal de Patos de Minas
Destaca-se no plano de crescimento urbano a Rua Major Gote na eacutepoca denominada Rua
Desembargador Frederico Zama Maciel escreve ao jornal local sobre o plano urbano as vias
de caraacuteter comercial da cidade e sobre as intenccedilotildees de um zoneamento de usos para o
crescimento da cidade inspirados no urbanismo norte-americano
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A Prefeitura () mandou organizar a planta da cidade e
traccedilar-lhe as ruas futuras no objetivo de impedir o
crescimento desordenado() Neste trabalho foram
observadas tanto quanto possiacutevel as normas seguidas na
Ameacuterica do Norte onde geralmente as cidades satildeo
traccediladas em xadrez cortando-se as ruas em acircngulo reto
() As ruas comerciais estatildeo determinadas no referido
plano e dentre as atuais destacam-se Desembargador
Frederico e General Osoacuterio A primeira () deveraacute atravessar
a cidade de norte a sul e morreraacute na futura praccedila da
estaccedilatildeo ferroviaacuteria onde atualmente se ergue o barracatildeo
da Companhia do Trigo Seraacute futuramente a mais central da
cidade Eacute de uma boa norma localizar-se o comeacutercio em
determinadas zonas (zoneamento chamam a isto os
urbanistas) bem como as faacutebricas os edifiacutecios puacuteblicos as
escolas (natildeo as primaacuterias que devem ser espalhadas nos
bairros residenciais) devem tambeacutem ter as suas zonas
separadas () (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos
Patos de Minas junho de 1937)
A linha feacuterrea natildeo foi implantada na cidade e o crescimento urbano das deacutecadas seguintes
natildeo se ateve ao planejamento apresentado na deacutecada de 1930
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DA DEacuteCADA DE 1940 ATEacute A DEacuteCADA DE 1960
AUMENTO POPULACIONAL
Comparando o plano urbaniacutestico apresentado para a cidade no final do seacuteculo XIX com a
expansatildeo da malha urbana observa-se que o crescimento urbano da cidade ocorreu de
forma mais dispersa do que o apresentado no plano O vetor de expansatildeo ao sul manteve
grande parte do planejamento embora apresentando quadras menores A aacuterea antes
ocupada pela Lagoa dos Patos e a aacuterea a nordeste da Lagoa foram as que mais se
distanciaram das ideias do plano urbaniacutestico apresentando uma malha urbana orgacircnica com
a presenccedila de muitas ruas sem saiacuteda
O Mapa 2 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1965 a seguir retrata o crescimento da malha urbana
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Segundo Magrini (2008) na deacutecada de 1950 houve um surto migratoacuterio e a instalaccedilatildeo de
diversas firmas comerciais Nesse periacuteodo construiu-se o primeiro Terminal Rodoviaacuterio com
verbas municipais e investimentos da iniciativa privada e teve iniacutecio tambeacutem a comemoraccedilatildeo
da Festa Nacional do Milho evento que ateacute hoje expressa as manifestaccedilotildees culturais da
regiatildeo
Figura 15 Patos de
Minas da deacutecada de
1960
Elaborado pela autora segundo fonte Arquivo de Marialda Coury Foto Joatildeo Lucas Ribeiro Borges
Observando o crescimento da malha urbana de Patos de Minas ateacute 1965 (ilustrado pela
Figura 15) pode-se constatar que houve uma grande expansatildeo da mesma entre a deacutecada de
1950 e 1960 Nesse periacuteodo o aumento populacional ocorreu predominantemente na aacuterea
urbana conforme mostra a Tabela 02 a seguir
Periacuteodo
Populaccedilatildeo Total do
Municiacutepio
Populaccedilatildeo Urbana do Municiacutepio
Populaccedilatildeo Rural do
Municiacutepio
1950 45399 12525 32874
1960 72839 32511 40328
1970 76211 44877 31334
1980 86121 63302 22819
1990 102946 87403 15543
2000 123881 111333 12548
2010 138710 127724 10986
2014 147614 - -
Tabela 2 Crescimento Populacional de Patos de Minas Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Magrini 2008 Populaccedilatildeo prevista segundo o IBGE
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Nas deacutecadas seguintes a 1960 como se pode antever pela Tabela 2 o crescimento da zona
rural foi diminuindo gradativamente e a populaccedilatildeo da aacuterea urbana aumentando
impulsionando o crescimento da malha urbana
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DA DEacuteCADA DE 1970 ATEacute A DEacuteCADA DE 1980
Incorporaccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua
Nas deacutecadas de 1960 e 1970 periacuteodo de ditadura Militar segundo Magrini (2010) Patos de
Minas passou por uma estagnaccedilatildeo econocircmica devido agrave emancipaccedilatildeo poliacutetica de dois
importantes Lagoa Formosa e Guimaracircnia no mesmo periacuteodo houve grande deslocamento
de patenses para a nova capital do paiacutes Brasiacutelia em busca de empregos
Justamente na eacutepoca da mudanccedila da capital do paiacutes para
Brasiacutelia Patos de Minas perde caracteriacutestica de centro
rodoviaacuterio e transforma-se no ldquopassa perto de Patosrdquo com
estradas asfaltadas em volta num eixo de 130 km Natildeo se
vinha aqui como antes ateacute que a BR 354 inaugurada em
1972 abolia este malfadado passa perto ressurgindo toda a
movimentaccedilatildeo comercial completada pela BR ndash 365 em
1974 (MELLO 1992 p54)
De 1965 ateacute os anos 1980 Patos de Minas praticamente dobrou a sua aacuterea de ocupaccedilatildeo
decorrente principalmente do processo de ecircxodo rural Segundo Oliveira (2010) os vetores
direcionavam para todos os sentidos sendo apenas o oeste limitado pelo Rio Paranaiacuteba os
cursos drsquoaacutegua menores natildeo foram uma barreira para esta expansatildeo
O Mapa 3 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1980 a seguir retrata o crescimento da malha urbana nesse periacuteodo
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Em 1982 foi iniciada a urbanizaccedilatildeo da Lagoa dos Japoneses a Lagoa Grande (Figura 16 e
Figura 17) com a reduccedilatildeo significativa da aacuterea alagada e a construccedilatildeo do Terminal
Rodoviaacuterio No entorno da lagoa foi criado o Parque Recreativo Dr Itagiba depois renomeado
como Parque Dr Itagiba Augusto Silva o primeiro parque urbano da cidade um dos principais
cartotildees postais da cidade espaccedilo de lazer e contemplaccedilatildeo
Figura 16 Projeto para o
Parque Recreativo Dr
Itagiba a construccedilatildeo ao
lado esquerdo da figura
representa o Terminal
Rodoviaacuterio Fonte Jornal
A Debulha O projeto do
parque Ano VIII nordm178
janeiro de 1988 paacuteg7
Figura 17 Planta do Parque Dr Itagiba Augusto Silva ndash Lagoa Grande Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2014
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Em 1986 foi iniciada a canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo inicialmente uma Avenida
Sanitaacuteria no Coacuterrego do Monjolo (Figura 18) atualmente conhecida como Avenida Faacutetima
Porto as obras terminaram em 1996 Segundo Caixeta amp Vlach (2009) a canalizaccedilatildeo
acarretou inicialmente na ocupaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo do entorno e devido agrave resoluccedilatildeo dos
problemas sanitaacuterios que aiacute existiam
Figura 18 Canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo deacutecada de 1990 Foto Arquivo de Donaldo Amaro Teixeira Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=7568 Acesso em maio de 2015
Com o decorrer dos anos e a instalaccedilatildeo dos bairros no entorno o Coacuterrego do Monjolo passou
a apresentar problemas com enchentes e um forte odor provavelmente a canalizaccedilatildeo do
coacuterrego jaacute natildeo suportava mais o volume de aacutegua pluvial dos bairros aleacutem da presenccedila de
esgotos clandestinos Tais problemas geraram novos projetos de canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do
Monjolo nas deacutecadas seguintes
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DA DEacuteCADA DE 1990 ATEacute OS DIAS ATUAIS
A FORMA URBANA ATUAL
No final da deacutecada de 1980 houve a descoberta da uma jazida de Fosfato Sedimentar na
localidade da Rocinha (aacuterea rural) o que impulsionou a instalaccedilatildeo de induacutestrias voltadas para
o agronegoacutecio iniciado pelas Sementes Agroceres SA (especialista tambeacutem em geneacutetica
suiacutena) Nesse periacuteodo ocorreu ainda um maior desenvolvimento teacutecnico da agricultura por
meio da irrigaccedilatildeo e do cultivo de novos cereais
Os reflexos do desenvolvimento comercial e industrial da regiatildeo foram notados na
implantaccedilatildeo de induacutestrias de confecccedilotildees agroinduacutestrias e na instalaccedilatildeo da multinacional Cica
que impulsionou o cultivo de milho ervilha e tomate5
A implementaccedilatildeo de induacutestrias somadas agraves pressotildees poliacuteticas acarretou na instalaccedilatildeo de um
distrito industrial na porsatildeo sul e oeste da cidade expandindo o periacutemetro urbano para aleacutem
das margens do Rio Paranaiacuteba A criaccedilatildeo do distrito industrial influenciou a ocupaccedilatildeo ao longo
da Avenida Presidente Juscelino Kubitschek construiacuteda nos anos 1970 para ligaccedilatildeo do nuacutecleo
urbano agraves rodovias BR-354 e BR-365 comportando-se entatildeo como principal acesso da
cidade
O Mapa 4 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o ano de
2015 a seguir apresenta a forma urbana atual da cidade
5 A multinacional Cica permaneceu na cidade ateacute 2001 depois se deslocou para o Estado de Goiaacutes quando perdeu parte dos incentivos fiscais oferecidos pela cidade
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Na deacutecada de 1990 a expansatildeo da malha urbana ultrapassou as aacutereas de algumas reservas
ambientais que se transformaram nos principais parques urbanos da cidade o Parque
Municipal do Mocambo (Figura 19) em 1990 e o Parque Municipal Joatildeo Luiz Redondo (Figura
20) em 1994 ambos localizados em aacutereas de lagoas
Figura 19 Parque Municipal do
Mocambo 1992 Fonte Arquivo
de Donaldo Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecadepatoscombr
p=8437 Acesso em marccedilo de
2015
Figura 20 Parque
Municipal Joatildeo Luiz
Redondo (Lagoinha)
deacutecada de 1990 Fonte
Arquivo de Donaldo
Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecade
patoscombrp=75
54 Acesso em marccedilo
de 2015
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Foi criado tambeacutem na deacutecada de 1990 na Lei Municipal nordm 2872 de 03 de outubro de 1991
o Parque Mirante do Alto da Colina (ainda natildeo implantado) e a Lei Municipal nordm 2871 de 03
de outubro de 1991 declara a aacuterea denominada Lagoa e Bosque do ldquoPATAtildeOrdquo de preservaccedilatildeo
permanente onde desde entatildeo se cogita a implantaccedilatildeo de um parque urbano
Figura 21 Rua Mirico Caixeta ao fundo a Mata do Catingeuiro Evidenciando a falta de conexatildeo da
mata com o entorno Foto Acervo pessoal 2015
Figura 22 Rua 0 e o desmatamento na Mata do Catingeiro Foto Acervo
pessoal 2015
Em 2014 foi aprovada a criaccedilatildeo do Parque
de Preservaccedilatildeo Mata do Catingueiro uma
tentativa de proteger os restigios da mata
localizado no setor leste aacuterea que
recentemente recebeu muitos loteamentos
que foram implantados sem se estabelecer
uma aacuterea de transiccedilatildeo ou de integraccedilatildeo da
mata com a malha urbana sem passeios
ciclovias praccedilas ou parques conforme
ilustrado na Figura 21 A mata do
Catingueiro tem sido um constante alvo de
queimadas e desmatamento a Figura 22
mostra os vestiacutegios da mata
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Figura 23 Programa MCMV- Jardim Quebec II com 437unidades localizado na porccedilatildeo noroeste da
cidade ao fundo da figura a mata ciliar do Rio Paranaiacuteba e plantaccedilotildees de cafeacute Foto Sacircmara C P Lima
2014
Na deacutecada de 2010 ocorreu a expansatildeo do periacutemetro urbano no sentindo norte pela primeira
vez para aleacutem do Coacuterrego do Limoeiro devido agrave instalaccedilatildeo de um campus da Universidade
Federal de Uberlacircndia na aacuterea Observa-se na Figura 23 que a aacuterea do extremo noroeste da
cidade estaacute em processo de expansatildeo da malha urbana e apresenta construccedilotildees habitacionais
do Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) na cidade
Notamos diversas transformaccedilotildees na malha urbana de Patos de Minas ao longo das deacutecadas
desde a implantaccedilatildeo do nuacutecleo urbano aos desdobramentos econocircmicos poliacuteticos e sociais
que direcionaram o crescimento da cidade e a transformaccedilatildeo da paisagem
O tecido urbano e o crescimento das cidades brasileiras como eacute o caso de Patos de Minas se
daacute pela conformaccedilatildeo do sistema viaacuterio pelos padrotildees de parcelamento do solo por
edificaccedilotildees e pelos espaccedilos livres Patos possui uma relaccedilatildeo cultural e econocircmica muito forte
com a zona rural A linha de transiccedilatildeo entre o urbano e o rural eacute muito tecircnue principalmente
nas aacutereas de borda urbana Nesses bairros de periferia ou de limite da mancha urbana a
cidade termina no outro lado da rua depois de uma cerca de arame sem nenhum espaccedilo de
transiccedilatildeo o outro lado da cerca se configura como um espaccedilo livre com muitas
potencialidades de uso e conflitos
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Figura 24 Paisagem urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora
Em Patos de Minas a paisagem urbana eacute emoldurada por serras cobertas por diferentes
plantaccedilotildees (Figura 24) a cidade termina onde o Rio Paranaiacuteba passa ou a cidade termina
onde comeccedilam os fundos de vale Ora cidade ora zona rural A paisagem tambeacutem eacute marcada
pela Catedral um contraste no meio do aglomerado urbano em uma zona em processo de
verticalizaccedilatildeo onde a Catedral se esconde e se revela A Catedral marca o iniacutecio da ocupaccedilatildeo
da regiatildeo em uma aacuterea de chapada na beira da lagoa hoje a chapada foi praticamente toda
ocupada e os bairros das bordas urbanas ocupam as aacutereas mais elevadas da cidade Do alto
desses bairros da borda eacute possiacutevel ver as lagoas e os coacuterregos pressentes na cidade espaccedilos
que se configuram como parques praccedilas e chaacutecaras espaccedilos livres de edificaccedilatildeo que
ressaltam a identidade da cidade e a paisagem urbana
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21 ESPACcedilOS LIVRES
ESPACcedilOS ABERTOS AacuteREAS VERDES
O conceito de espaccedilo livre de edificaccedilatildeo eacute amplo e complexo Para Nucci (2001) os espaccedilos
livres fazem parte de um grande grupo paisagiacutestico urbano que pode ser subdividido em
vaacuterias categorias dependendo do seu uso e funccedilatildeo sendo entatildeo um termo bastante
abrangente que agrega todos os outros conceitos similares como espaccedilos abertos aacutereas
verdes aacutereas livres sistemas de aacutereas de lazer cobertura vegetal entre outros
Segundo Queiroga (2006) Miranda Magnoli em sua tese de livre-docecircncia6 buscou afirmar o
espaccedilo livre como o objeto do paisagismo indo aleacutem do jardim do projeto com vegetaccedilatildeo
e da escala urbana Nesse sentido definiu espaccedilo livre como espaccedilo livre de edificaccedilotildees todo
espaccedilo descoberto urbano ou natildeo vegetado ou natildeo puacuteblico ou privado De acordo com a
autora para a anaacutelise de um dado recorte escalar propotildee-se que o estudo dos espaccedilos livres
deva ir aleacutem dos espaccedilos vegetados e dos espaccedilos puacuteblicos envolvendo todos os espaccedilos
livres do referido recorte Ou seja para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na cidade
eacute preciso ir aleacutem da anaacutelise dos espaccedilos puacuteblicos ou dos vegetados eacute preciso identificar todas
as aacutereas natildeo construiacutedas na cidade os espaccedilos privados intra-lote os lotes e glebas ociosas
as ruas os passeios etc
Os espaccedilos livres satildeo um dos principais estruturadores da forma urbana e um dos principais
elementos caracterizadores da paisagem urbana Segundo Magnoli (1982) os espaccedilos livres
satildeo os ambientes natildeo edificados da cidade as ruas avenidas praccedilas parques quintais
jardins rios matas mangues praias urbanas ou simples vazios urbanos
Quando adotamos o termo aacutereas verdes ou aacutereas verdes urbanas nos referimos a um
subsistema dentro do Sistema de Espaccedilos Livres que engloba principalmente as aacutereas de
preservaccedilatildeo permanente (APPrsquos) reservas legais (RL) e a arborizaccedilatildeo urbana Segundo
6 MAGNOLI Miranda Espaccedilos livres e urbanizaccedilatildeo uma introduccedilatildeo a aspectos da paisagem metropolitana 1982 116 p Tese (Livre-docecircncia em Arquitetura e Urbanismo) ndash Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1982
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Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilo livre eacute adotado se sobrepondo contendo e
ampliando o conceito usual de aacutereas verdes termo que tem como base a necessidade de
espaccedilos livres dotados de vegetaccedilatildeo De acordo com o autor o termo aacutereas verdes eacute
reducionista desconsidera as caracteriacutesticas fundamentais do espaccedilo urbano como a
complexidade e diversidade das formas de apropriaccedilatildeo e apreensatildeo social e o fato real da
impossibilidade fiacutesica e mesmo da inconveniecircncia da existecircncia de vegetaccedilatildeo em
determinados espaccedilos livres
De acordo com Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilos livres natildeo desconsidera o papel
da vegetaccedilatildeo nas cidades brasileiras como elemento facilitador da drenagem urbana criador
de microclimas mais agradaacuteveis contribuindo para a manutenccedilatildeo da diversidade animal e
vegetal e ainda como fator de embelezamento urbano mas natildeo desconsidera a importacircncia
dos espaccedilos natildeo vegetados para inuacutemeras praacuteticas de relevacircncia cultural das feiras agraves festas
populares das manifestaccedilotildees poliacuteticas agrave valorizaccedilatildeo de determinadas paisagens e
patrimocircnios culturais
Entretanto apesar dos crescentes avanccedilos nas discussotildees sobre os espaccedilos livres muitos
autores planos diretores planos de uso e ocupaccedilatildeo ainda natildeo compreenderam o termo
como em Patos de Minas onde adota-se o termo aacutereas verdes nas leis municipais e plano
diretor Na Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo de Patos de Minas (2008) as aacutereas verdes satildeo
descritas como porccedilotildees situadas na Macrozona Urbana destinadas a oferecer espaccedilos
puacuteblicos adequados e qualificados agraves atividades de recreaccedilatildeo lazer e turismo da populaccedilatildeo
de forma a conciliar a proteccedilatildeo dos bens naturais e culturais As cidades precisam de reservas
de aacutereas verdes e de espaccedilos livres de qualidade para praacutetica de atividades culturais de lazer
e contemplaccedilatildeo Observa-se que na lei municipal de Patos de Minas existe uma sobreposiccedilatildeo
entre a funccedilatildeo das reservas de aacutereas verdes e dos espaccedilos de praacuteticas socias sobreposiccedilatildeo
essa presente no conceito dos espaccedilos livres
A implantaccedilatildeo dos espaccedilos livres puacuteblicos depende de uma gestatildeo adequada e integrada dos
recursos com uma fiscalizaccedilatildeo efetiva o que implica no desenvolvimento de poliacuteticas
puacuteblicas permanentes que viabilizem as intervenccedilotildees e necessidades dos espaccedilos livres
Segundo Loboda amp Angelis (2012) o planejamento das aacutereas verdes (puacuteblicas) urbanas parte
de uma definiccedilatildeo de recursos que eacute residual as necessidades satildeo amenizados com recursos
que sobram de outras atividades consideradas como mais prioritaacuterias e que geralmente
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incluem-se nesse acircmbito aquelas de cunho estrateacutegico poliacutetico e econocircmico O autor cita um
problema frequente em diversas cidades brasileiras a falta de recursos destinados aos
espaccedilos puacuteblicos e dentre eles as aacutereas verdes urbanas um dos principais espaccedilos livres das
cidades
De acordo com Magnoli (1982) a localizaccedilatildeo acessibilidade e distribuiccedilatildeo dos espaccedilos livres
formam um complexo sistema de conexotildees com muacuteltiplos papeacuteis urbanos atividades do oacutecio
circulaccedilatildeo urbana conforto conservaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo ambiental drenagem urbana
imaginaacuterio e memoacuteria urbana lazer e recreaccedilatildeo dentre outros Todas essas funccedilotildees
exercidas no ambiente urbano pelos espaccedilos livres assim como a localizaccedilatildeo acessibilidade
distribuiccedilatildeo tipos de usos e configuraccedilatildeo espacial estatildeo organizadas de maneira sistecircmica na
cidade formando o Sistema de Espaccedilos Livres
22 O PENSAMENTO SISTEcircMICO
As cidades independentemente da sua localidade histoacuteria e configuraccedilatildeo satildeo formadas de
modo geral por espaccedilos livres e espaccedilos edificados duas categorias espaciais estruturantes
da forma urbana A configuraccedilatildeo dos espaccedilos livres eacute variaacutevel nas cidades brasileiras por
diversas questotildees como caracteriacutesticas territoriais bioma configuraccedilatildeo paisagiacutestica pela
existecircncia ou ausecircncia de planos urbanos e principalmente pelos processos de urbanizaccedilatildeo e
de transformaccedilatildeo da paisagem
A cidade eacute um conjunto de elementos sistemas e funccedilotildees e os espaccedilos livres formam um dos
principais sistemas capaz de estruturar toda a configuraccedilatildeo urbana De acordo com Tardin
(2010) e DrsquoAgostini amp Cunha (2007) sistema eacute um conjunto de elementos passiacutevel de
estabelecer inter-relaccedilotildees fiacutesicas funcionais estruturais morfoloacutegicas e relativas agrave vivecircncia
da paisagem abertas e intricadas entre si com seu entorno e com as pessoas que o
vivenciam
De acordo com Morin (2008) apud Queiroga (2014) o conceito de sistema implica natildeo
somente elementos inter-relacionaacuteveis mas tais relaccedilotildees constituem uma organizaccedilatildeo e uma
estrutura relativamente estaacutevel que caracteriza o sistema como um todo A organizaccedilatildeo
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sistecircmica por sua vez conteacutem as relaccedilotildees que definem o sistema e que o transformam
alterando sua estrutura possibilitando sua permanecircncia e contendo a possibilidade concreta
de sua dissoluccedilatildeo Para o autor o termo exprime multiplicidade totalidade diversidade
organizaccedilatildeo e complexidade
A noccedilatildeo de sistema auxilia o estudo dos espaccedilos livres urbanos e o entendimento das suas
relaccedilotildees de interdependecircncia complementaridade e hierarquia Segundo Schlee et al
(2009) considerando-se a paisagem como um macrossistema complexo formado de
subsistemas os espaccedilos livres urbanos constituem um dos seus subsistemas inter-
relacionados com outros subsistemas urbanos e rurais e que podem se justapor ao Sistema
de Espaccedilos Livres ou se sobrepor total ou parcialmente enquanto sistemas de accedilotildees
[] entende-se como sistemas de espaccedilos livres (SEL)
urbanos os elementos e as relaccedilotildees que organizam e
estruturam o conjunto de todos os espaccedilos livres de um
determinado recorte urbano independentemente de sua
dimensatildeo qualificaccedilatildeo esteacutetica funcional e de sua
localizaccedilatildeo e propriedade sejam eles puacuteblicos ou privados
[] toda cidade possui um sistema de espaccedilos livres que eacute
produzido durante seu processo de formaccedilatildeo tanto pelo
Poder Puacuteblico como pela iniciativa privada (MACEDO 2010
p 3 e 4)
O autor afirma que todas as cidades independente do seu porte de suas caracteriacutesticas
culturais e histoacutericas possuem um Sistema de Espaccedilos Livres Essa afirmaccedilatildeo incita diversas
questotildees que conduziram esta pesquisa pontos voltados ao objeto de estudo a cidade de
Patos de Minas uma cidade meacutedia
O SEL DE UMA MEGAacuteLOPOLE OU METROacutePOLE Eacute
DIFERENTE DO SEL DE UMA PEQUENA CIDADE OU DE
UMA CIDADE MEacuteDIA
O MESMO TIPO DE ANAacuteLISE QUE SE APLICA PARA O
ENTENDIMENTO DO SEL DE UMA CIDADE DE GRANDE
PORTE PODE SER APLICADO PARA UMA CIDADE DE
MEacuteDIO PORTE
EXISTEM TIPOS DE ESPACcedilOS LIVRES FUNCcedilOtildeES OU
RELACcedilOtildeES QUE CARACTERIZAM O SISTEMA DE ESPACcedilOS
LIVRES DE UMA CIDADE MEacuteDIA
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23 OS ESPACcedilOS LIVRES NAS
CIDADES MEacuteDIAS
O espaccedilo livre eacute parte estruturante da forma urbana ele se configura em diferentes
categorias tipologias e caracteriacutesticas no meio urbano principalmente pela introduccedilatildeo ao
longo da histoacuteria de diferentes padrotildees urbaniacutesticos nas cidades O processo de urbanizaccedilatildeo
das cidades eacute uma soma e por vezes ateacute uma sobreposiccedilatildeo de padrotildees morfoloacutegicos esses
traccedilados geram diferentes paisagens com diferentes tipos de espaccedilos livres Incorporando ao
sistema um rico mosaico espacial formado por diferentes porcentagens de espaccedilos livres
intra lote caracteriacutesticos de traccedilados distintos por diferentes tipos de praccedilas aacutereas de
preservaccedilatildeo parques ruas e avenidas Aacutereas essas que apresentam diversos conflitos e
possuem um intenso potencial de transformaccedilatildeo
Segundo Macedo et al (2012) as cidades brasileiras possuem padrotildees morfoloacutegicas
semelhantes isso fica evidente na repeticcedilatildeo dos tipos de traccedilado (ortogonais orgacircnicos
radiais) e nos padrotildees de mancha urbana (linear tentacular compacta mista) O que confere
a especifidade das diversas cidades eacute a forma como elas estatildeo inseridas em seu contexto
territorial os arranjos espaciais seus padrotildees culturais socioeconocircmicos a legislaccedilatildeo
municipal as tipologias e funccedilotildees dos espaccedilos livres e a paisagem urbana Nas cidades meacutedias
brasileiras a forma como os padrotildees morfoloacutegicos se adequam ao suporte fiacutesico
transformando paisagem a local confere ao Sistema de Espaccedilos Livres diferentes dinacircmicas
espaciais funcionais e tipoloacutegicas
Como dito anteriormente neste trabalho a proposta natildeo eacute discutir o que determina uma
cidade como de meacutedio porte ou natildeo mas entender essas cidades como centro urbanos em
crescimento onde novos traccedilados e dinacircmicas urbanas satildeo somadas agrave cidade existente
transformando a paisagem local Na atual conjuntura brasileira segundo Tacircngari et al(2009)
apoacutes a deacutecada de 1980 as cidades meacutedias passaram a crescer mais rapidamente em
comparaccedilatildeo com as metroacutepoles um processo de diminuiccedilatildeo do movimento migratoacuterio em
direccedilatildeo agraves megaloacutepoles e o seu direcionamento para as cidades meacutedias que apresentam
grande potencial de crescimento econocircmico e tecircm seus atributos esteacuteticos e econocircmicos
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valorizados atraveacutes da propagaccedilatildeo da ideia de que cidades de meacutedio porte podem apresentar
mais qualidade de vida que as grandes metroacutepoles
As cidades meacutedias reproduzem os padrotildees morfoloacutegicos e culturais vindos do contexto das
grandes cidades e das pequenas cidades ou povoados de seu entorno Um exemplo dessa
influecircncia vinda das grandes cidades satildeo os condomiacutenios fechados propostos inicialmente
pelo mercado imobiliaacuterio como locais de seguranccedila e lazer proacuteximos aos grandes centros
urbanos esse mesmo padratildeo de condomiacutenio fechado eacute aplicado nas cidades meacutedias onde a
criminalidade eacute bem menor e as distacircncias a serem percorridas satildeo mais curtas Um exemplo
da influecircncia vinda das pequenas cidades e povoados proacuteximos satildeo as chaacutecaras pastos e
plantaccedilotildees presentes dentro malha urbana
Patos de Minas eacute um exemplo de cidade meacutedia em crescimento que recebe influecircncias
culturais e de padrotildees morfoloacutegicos uma cidade que possui caracteriacutesticas especiacuteficas de seu
suporte fiacutesico de seu processo histoacuterico e cultura que influenciam diretamente na malha
urbana as tipologias de espaccedilos livres e os tipos de apropriaccedilatildeo desses espaccedilos
Se observarmos em Patos de Minas as caracteriacutesticas da condiccedilatildeo de cidade meacutedia como por
exemplo a localizaccedilatildeo estrateacutegica entre cidades de maior e menor porte Percebemos que a
cidade atrai pessoas do entorno para desfrutar de suas potencialidades econocircmicas e de seus
aparatos de lazer (parques praccedilas locais de exposiccedilatildeo agropecuaacuteria) o que contribui
diretamente para geraccedilatildeo de renda e uso dos espaccedilos A cidade possui uma relaccedilatildeo direta
com cidades de maior porte que servem de escoamento da produccedilatildeo e suprimento de
mercadorias essa relaccedilatildeo de proximidade atrai para cidade eventos e exposiccedilotildees e pode
motivar influecircncias sobre as tipologias de espaccedilos livres gerados (assim como o processo de
globalizaccedilatildeo tambeacutem pode exercer esse papel)
Eacute nesse contexto de crescimento das cidades meacutedias e influecircncias morfoloacutegicas e culturais
que o Sistema de Espaccedilos Livres precisa ser pensado e entendido como uma infraestrutura
baacutesica para o desempenho da vida cotidiana urbana Segundo Souza amp Macedo (2014) o SEL
deve oferecer condiccedilotildees de habitabilidade urbana e para isso eacute necessaacuterio que se estabeleccedila
um diagnoacutestico baseado na existecircncia ou ausecircncia de uma seacuterie de atributos urbanos
necessaacuterios e qualitativos que deveriam orientar accedilotildees poliacuteticas e projetos de maneira a
formar um Sistema de Espaccedilos Livres integrado agrave paisagem local e a demanda da populaccedilatildeo
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O autor afirma que eacute preciso fazer uma leitura da cidade de seus condicionantes conflitos e
potencialidades para entender como se estrutura o SEL suas funccedilotildees e seu potencial de
transformaccedilatildeo e organizaccedilatildeo na cidade
Partimos para anaacutelise da forma urbana patense buscando o entendimento de como as
caracteriacutesticas especiacuteficas do suporte fiacutesico da organizaccedilatildeo espacial da situaccedilatildeo fundiaacuteria e
dos tipos de usos e funccedilotildees exercidas pelos espaccedilos livres estruturam o Sistema de Espaccedilos
Livres de Patos de Minas
24 OS ESPACcedilOS LIVRES NA FORMA URBANA DE
PATOS DE MINAS
Para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na forma urbana de Patos de Minas a
anaacutelise foi dividida em trecircs principais enfoques RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA CONFIGURACcedilAtildeO
ESPACIAL e RELACcedilAtildeO DE USOS DO SOLO A leitura da cidade apresentada por esses trecircs
acircngulos somada ao entendimento de paisagem forma urbana e da formaccedilatildeo e
transformaccedilatildeo da malha urbana patense apresentados no capiacutetulo anterior nos possibilitam
o entendimento do Sistema Espaccedilos Livres de Patos de Minas como um todo com suas
categorias tipoloacutegias e relaccedilotildees sistecircmicas
Os trecircs principais enfoques foram determinados com base nas principais caracteriacutesticas da
cidade nas suas peculiaridades na sua condiccedilatildeo de cidade de meacutedio porte Provavelmente
um outro tipo de cidade com outras caracteriacutesticas de paisagem demandaria outro segmento
de anaacutelise
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241
RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA
ESPACcedilOS LIVRES x SUPORTE ambiental
O principal objetivo desse subcapiacutetulo eacute analisar as caracteriacutesticas do suporte ambiental sobre
o qual a cidade de Patos de Minas foi implantada buscando identificar quais espaccedilos livres
presentes na cidade incorporam esses elementos da paisagem O suporte ambiental eacute parte
da paisagem urbana ele eacute formado por elementos como corpos drsquoaacutegua vegetaccedilatildeo relevo
solos e clima
Estatildeo cada vez mais presentes nos planos diretores e na legislaccedilatildeo ambiental denominaccedilotildees
como reservas florestais puacuteblicas e privadas parques lineares parques ecoloacutegicos unidades
de conservaccedilatildeo aacutereas de proteccedilatildeo permanente (APPrsquos) aleacutem de referecircncias agrave
sustentabilidade e agrave ecologia Essas denominaccedilotildees muitas vezes geram espaccedilos livres
voltados agrave funccedilatildeo de conservaccedilatildeo e proteccedilatildeo ambiental Entretanto os espaccedilos livres
vinculados ao suporte fiacutesico natildeo possuem somente a funccedilatildeo de conservaccedilatildeo ambiental eles
possuem outros papeacuteis no meio urbano como recreaccedilatildeo infraestrutura urbana contribuir
com a drenagem pluvial possibilitar microclimas urbanos mais agradaacuteveis contribuir para
manutenccedilatildeo da biodiversidade e valores esteacuteticos Segundo Queiroga (2012) a
permeabilidade do solo e a cobertura arboacuterea permitem a conservaccedilatildeo de paisagens com
melhor desempenho ambiental mitigando problemas comuns nas aacutereas urbanas a qualidade
da aacutegua e do ar a manutenccedilatildeo da qualidade do solo controle de erosatildeo abastecimento dos
aquiacuteferos e regulaccedilatildeo das enchentes
Os espaccedilos livres vinculados ao suporte ambiental como os corpos drsquoaacutegua e a vegetaccedilatildeo
constantemente satildeo alvo de degradaccedilatildeo ambiental o que ressalta a sua funccedilatildeo ambiental
dentro do sistema Entretanto a mitigaccedilatildeo desses problemas natildeo eacute uma questatildeo pertinente
apenas ao planejamento ambiental das cidades De acordo com Jacobs (2001) as aacutereas livres
puacuteblicas estruturam o espaccedilo urbano satildeo o principal suporte espacial para o encontro e a
vivecircncia urbana Segundo a autora a degradaccedilatildeo do espaccedilo urbano observada pela reduccedilatildeo
de aacutereas puacuteblicas de lazer deficiecircncia na arborizaccedilatildeo urbana excessiva impermeabilizaccedilatildeo do
solo aumento da temperatura e criaccedilatildeo de ilhas de calor danos ambientais diversos
diminuiccedilatildeo da qualidade da ambiecircncia urbana e perda de qualidade de vida constitui um
59 |
problema que extrapola a esfera fiacutesicaespacial constituindo um problema social visto que
desencoraja o uso da rua e dos espaccedilos livres como locais de encontro necessaacuterios para a
manutenccedilatildeo das praacuteticas sociais
Ao longo do processo de urbanizaccedilatildeo das cidades brasileira foram comuns situaccedilotildees em que
aacutereas de reserva natural foram desmatadas para dar lugar a loteamentos coacuterregos foram
canalizados e desapareceram da paisagem urbana ou foram canalizadas a ceacuteu aberto tiveram
sua APP desmatada e impermeabilizada para dar lugar a avenidas e aacutereas construiacutedas como
no caso da Figura 26
Figura 26 Coacuterrego do Monjolo em Patos de Minas canalizado a ceacuteu aberto na deacutecada de 1970 com APP desmatada e grande parte do seu entorno impermeabilizado Agraves margens do coacuterrego a Av Faacutetima Porto Foto Acervo pessoal 2014
Atualmente esse tipo de tratamento de supressatildeo da vegetaccedilatildeo das APPrsquos em aacutereas
urbanizadas eacute cada vez mais incomum7 o que contribui para a conservaccedilatildeo desses recursos
naturais Entretanto gradativamente mais a legislaccedilatildeo ambiental trata a funccedilatildeo ambiental dos
espaccedilos como algo isolado entendendo as APPrsquos como locais onde natildeo podem existir
intervenccedilotildees desconsiderando que esses espaccedilos podem estar vinculados a outras funccedilotildees
como por exemplo recreaccedilatildeo educaccedilatildeo ambiental valorizaccedilatildeo da paisagem De acordo com
7 Os casos excepcionais nos quais eacute permitido a supressatildeo da vegetaccedilatildeo em APP estatildeo definidos pela Resoluccedilatildeo CONAMA 36906
17 |
11 PAISAGEM URBANA
CONCEITUACcedilAtildeO
A compreensatildeo do conceito de paisagem urbana eacute o principal enfoque no presente trabalho
para assimilaccedilatildeo da configuraccedilatildeo urbana da incorporaccedilatildeo dos elementos do suporte fiacutesico na
formaccedilatildeo e na transformaccedilatildeo da forma urbana e entendimento do papel do Sistema de
Espaccedilos Livres na cidade
O estudo da paisagem possibilita uma melhor percepccedilatildeo da estrutura da cidade a
compreensatildeo do siacutetio natural e da interferecircncia humana no mesmo esse conhecimento pode
direcionar o planejamento urbano para tanto a clareza do conceito de paisagem e seus
sombreamentos eacute de extrema importacircncia
Natildeo existe um consenso sobre o conceito de paisagem a discussatildeo sobre paisagem transita
por diversas aacutereas com diferentes definiccedilotildees ecircnfases e meacutetodo de abordagem Segundo o
geoacutegrafo Bertrand (2004) as diferenccedilas de abordagem no conceito de paisagem satildeo
influenciadas pela formaccedilatildeo e os objetivos do observador e pode enfatizar a vegetaccedilatildeo a
hidrografia o clima o relevo a economia a arquitetura ou o processo histoacuterico A
metodologia de anaacutelise poderaacute ser temporal baseada nos aspectos fiacutesicos e se referir agraves
relaccedilotildees e dinacircmicas internas ou ainda um conjunto de diversas anaacutelises Ou seja a
percepccedilatildeo individual somada aos objetivos e ao enfoque do observador interferem
diretamente na leitura da paisagem e no conceito da mesma
Segundo Rougerie e Beroutchatchvili (1991) apud Maximiano (2004) a Unesco (Organizaccedilatildeo
para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura das Naccedilotildees Unidas) declarou em 1971 considerar que a
paisagem eacute a ldquoestrutura do ecossistemardquo e o Conselho Europeu diz que ldquoo meio natural
moldado pelos fatores sociais e econocircmicos torna-se paisagem sob o olhar humanordquo Jaacute a
ldquopaysagerdquo francesa refere-se principalmente aos aspectos visuais O termo holandecircs com o
mesmo sentido eacute ldquovisueellandschaprdquo Para os alematildees ldquolandschaftrdquo envolve a noccedilatildeo de
territoacuterio semelhante ao ldquolandscape inglecircsrdquo Ambos tambeacutem se referem ao aspecto visual A
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geografia sovieacutetica tem seus proacuteprios termos ldquomesnost e ourotchitcherdquo que possuem valor
territorial aos quais os russos acrescentam ldquolandschaftrdquo emprestado dos alematildees
Segundo Maximiano (2004) para alguns socioacutelogos e economistas a paisagem eacute a base do
meio fiacutesico onde o homem a utiliza e a transforma ou natildeo para alguns botacircnicos e ecoacutelogos
a paisagem eacute um conjunto de organismos num meio fiacutesico cujas propriedades podem ser
explicadas segundo leis ou modelos com ajuda das ciecircncias fiacutesicas eou bioloacutegicas para
alguns geoacutegrafos ela resulta da relaccedilatildeo dinacircmica de elementos fiacutesicos bioloacutegicos e
antroacutepicos
ldquoA expressatildeo ldquopaisagemrdquo() passava a manifestar-se com
significados amplos complexos poreacutem bastante vagos
indistintos incompletos premissas comuns eram ldquoa naturezardquo e
a censura agrave accedilatildeo do homem A percepccedilatildeo das mudanccedilas
naturais ndash de tempos bioloacutegicos ndash e tambeacutem aquelas raacutepidas
extensas e difusas do trabalho do homem ndash de tempos
histoacutericos ndash levantava novamente a relaccedilatildeo homem-natureza
Seria esta relaccedilatildeo com todos os apelos e juiacutezos ndash imprecisos
indefinidos ndash que seria associada agrave palavra lsquopaisagemrsquordquo
(MAGNOLI e MACEDO 2000 p132-133)
O estudo da paisagem passou a ganhar relevacircncia entre os arquitetos a partir dos anos de
1960 Segundo Sandeville (2006) esse processo pode ser exemplificado inicialmente pelos
trabalhos de Kevin Lynch Cristopher Alexander Amos Rapoport Yi Fu Tuan e Vittorio
Gregotti1 De acordo com Gregotti (1983) o entendimento da paisagem eacute um instrumento
que o arquiteto tem que ter em matildeos para analisar o lugar e o espaccedilo sobre o qual se projeta
Entretanto a paisagem entendida soacute como o conjunto das caracteriacutesticas fiacutesicas e
geomorfoloacutegicas de cunho bioloacutegico e mineraloacutegico natildeo eacute suficiente para elaboraccedilatildeo do
1LYNCH K A imagem da cidade (1960) ALEXANDER C Unlenguage de patrones (1980) RAPOPORT A
Aspectos humanos de la forma urbana (1978) TUAN Y F Espaccedilo e lugar (1983) GREGOTTI V Nuevos
caminos de La arquitectura italiana (1969)
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projeto eacute preciso que a leitura da paisagem expresse as accedilotildees cotidianas os usos dos
espaccedilos e a cultura local
No Brasil Miranda Magnoli inicia seus estudos sobre a paisagem e o ambiente na deacutecada de
1970 baseada nas anaacutelises estadunidenses de planejamento da paisagem reconhecendo a
importacircncia das caracteriacutesticas socioespaciais mas sem reduzir a paisagem aos aspectos
formais O modo como Miranda discutiu a paisagem segundo Sandeville (2006) ultrapassou
as limitaccedilotildees da relaccedilatildeo figura-fundo a qual reforccedila a paisagem como cenaacuterio um entorno
transformado por uma arquitetura de edifiacutecio promovendo a cenarizaccedilatildeo da ideia de
paisagem Sua reflexatildeo estabeleceu bases para o conceito da arquitetura como o projeto do
ldquoambiente humanordquo a necessidade de compreensatildeo do contexto no qual se insere o objeto
projetado
A definiccedilatildeo do conceito de paisagem adotada para este trabalho eacute a desenvolvida por
Miranda Magnoli (1982) na qual a morfologia da paisagem eacute definida como resultante da
interaccedilatildeo entre a loacutegica proacutepria dos processos do suporte (geologia clima solo relevo
vegetaccedilatildeo e sol aacutegua e ventos) e a loacutegica proacutepria dos processos antroacutepicos sociais e culturais
(parcelamentos escavaccedilotildees plantaccedilotildees construccedilotildees edificaccedilotildees etc) Essa anaacutelise da
paisagem urbana considera os diversos atores que nela interferem seus aspectos fiacutesicos
socioeconocircmicos culturais e seu processo evolutivo natildeo eacute simplesmente bem organizada ou
normativa eacute tambeacutem uma anaacutelise poeacutetica e simboacutelica fala das pessoas e de suas histoacuterias de
suas aspiraccedilotildees tradiccedilotildees e conflitos do conjunto natural das funccedilotildees e da dinacircmica urbana
O estudo da paisagem possibilita um melhor entendimento da estrutura da cidade a
compreensatildeo do siacutetio natural e da interferecircncia humana no mesmo esse conhecimento pode
direcionar o planejamento urbano para tanto o entendimento do conceito de paisagem e
seus sombreamentos eacute de extrema importacircncia Segundo Oseki amp Pellegrino (2004) um
planejamento ecoloacutegico da paisagem pode fornecer as ferramentas necessaacuterias para
integraccedilatildeo entre sociedade e natureza incorporando diretrizes ambientalmente desejaacuteveis
para a melhoria da habitabilidade da cidade de sua sustentabilidade e de sua imagem
Para Oseki amp Pellegrino (2004) as paisagens satildeo ao mesmo tempo produzidas socialmente e
produtoras (indutoras) de praacuteticas sociais podem ser utilizadas no planejamento no projeto
e gestatildeo de espaccedilos livres (nas escalas espaciais local regional e continental) o que lhes
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confere importacircncia no planejamento urbano e regional o que tem sido ignorado pelos
oacutergatildeos responsaacuteveis pela gestatildeo do territoacuterio Segundo Macedo (1993) a paisagem eacute processo
e produto das accedilotildees humanas eacute processo na medida em que estaacute em constante mutaccedilatildeo e
compreende as diversas forccedilas que nela atuam ora em conflito ora em consonacircncia de
objetivos eacute produto pois a cada instante apresenta-se como objeto acabado dessas accedilotildees e
forccedilas aplicadas
Figura 2 Avenida Getuacutelio Vargas em Parto de Minas Vista parcial da paisagem urbana Fonte httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=1534357amppage=92 Foto Fotoacutegrafo desconhecido
O presente trabalho entende a paisagem como algo que caracteriza a cidade que lhe confere
identidade e a distingue das demais A paisagem retrata a forma urbana e a cultura da
populaccedilatildeo a maneira como as pessoas constroem suas casas e onde constroem se na beira
do rio no alto das serras ou nas chapadas Eacute a histoacuteria local contada por meio da mudanccedila do
cenaacuterio e da mudanccedila dos padrotildees arquitetocircnicos nas casas que permanecem do periacuteodo
neocolonial ou no estilo ecleacutetico nas casas que surgiram no estilo moderno nas reformas
nas construccedilotildees que satildeo tombadas e nas que satildeo derrubadas A paisagem eacute contada pelas
aacutervores pelas flores plantadas e replantadas nas calccediladas calccediladas por vezes remendadas A
paisagem eacute o reflexo do processo social dos bairros que se formam das pessoas que se
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mudam da economia que se desenvolve modificando o comercio instalando novas induacutestrias
e quem sabe ateacute bairros industriais gerando renda para urbanizaccedilatildeo de novas aacutereas ou a
verticalizaccedilatildeo de outras
O entendimento da paisagem enquanto elemento caracterizador da imagem das cidades eacute
um instrumento para a melhoria e manutenccedilatildeo dos valores da mesma Possui uma relaccedilatildeo
direta com histoacuteria da cidade com os valores culturais com o processo de formaccedilatildeo e de
transformaccedilatildeo da forma urbana e com os elementos que a constituem Partimos entatildeo para o
estudo da forma urbana com seus enfoques conceituais desdobramentos teoacutericos e
praacuteticos
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MORFOLOGIA E FORMA URBANA
FORMA URBANA MALHA URBANA TECIDO
URBANO
Figura 3 Forma Urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora 2014
Eacute constante a confusatildeo ao conceituar termos
como morfologia forma urbana malha
urbanatecido urbano elementos morfoloacutegicos
termos que ora se sobrepotildeem ora se englobam
ora se dividem
EXISTE UM CONSENSO SOBRE O CONCEITO
DE FORMA URBANA
A DEFINICcedilAtildeO DE FORMA URBANA ENGLOBA
O TRACcedilADO DAS RUAS OS CHEIOS E VAZIOS
OS USOS E AS TIPOLOGIAS CONSTRUIacuteDAS OU
SERIA SOacute O DESENHO QUE SE FORMA NO
ENCONTRO DAS BORDAS DA OCUPACcedilAtildeO
FORMA URBANA Eacute SINOcircNIMO DE TECIDO
URBANO OU O TECIDO Eacute PARTE DA FORMA
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A morfologia urbana eacute um campo disciplinar que abrange o estudo das cidades das formas
dos tecidos e da paisagem O estudo da morfologia contribui para o entendimento da
estrutura da cidade sua formaccedilatildeo e transformaccedilatildeo por meio de seus elementos
constituintes Segundo Lamas (2004) os elementos morfoloacutegicos constituintes satildeo o solo os
edifiacutecios o lote o quarteiratildeo a fachada o logradouro o traccediladorua a praccedila o monumento
a vegetaccedilatildeo e o mobiliaacuterio urbano O autor denomina como elementos morfoloacutegicos as partes
fiacutesicas que associadas ou estruturadas constituem a forma urbana Existem diversos
conceitos e definiccedilotildees que abordam a morfologia das cidades este trabalho apresentaraacute
algumas delas
Segundo Del Rio (1990) a anaacutelise da morfologia urbana estaacute em compreender a loacutegica da
formaccedilatildeo evoluccedilatildeo e transformaccedilatildeo da forma da cidade e de suas inter-relaccedilotildees a fim de
possibilitar a identificaccedilatildeo de accedilotildees mais apropriadas cultural e socialmente para a
intervenccedilatildeo urbana e o desenho de novos espaccedilos Segundo Rossi (2001) a cidade eacute uma
obra reconhecida pelo conjunto de sua forma mas tambeacutem pode ser identificada por
pequenas partes do conjunto em seus diversos momentos a forma urbana eacute a soma dos
diversos tecidos e padrotildees morfoloacutegicos que formam a cidade
O tecido urbano ou a malha urbana de acordo com Rego e Meneguetti (2011) satildeo
configurados pelo sistema viaacuterio pelo padratildeo do parcelamento do solo pela aglomeraccedilatildeo e
pelo isolamento das edificaccedilotildees assim como pelos espaccedilos livres Em outras palavras o
tecido de cidade eacute dado pelos edifiacutecios ruas quadras e lotes parques praccedilas e monumentos
nos seus mais variados arranjos Esses elementos morfoloacutegicos presentes no tecido urbano
segundo Moudon (1997) devem ser considerados como organismos ndash constantemente em
atividade e assim em transformaccedilatildeo ao longo do tempo eles existem em inter-relaccedilatildeo com
as estruturas edificadas conformando e sendo conformadas pelos espaccedilos livres O modo
como cada um desses elementos morfoloacutegicos se organizou e conforma o tecido da cidade
pode ser entendido como um objeto de estudo da morfologia urbana
A forma urbana reflete os processos de formaccedilatildeo da cidade os processos sociais que se
consolidam nos tecidos urbanos que levam a sociedade a construir de uma maneira
determinada e caracteriacutestica suas casas escolas comeacutercios induacutestrias etc Segundo
Carvalho (2011) os tecidos urbanos satildeo configurados a partir da homogeneidade dos
seguintes elementos traccedilado da malha viaacuteria padrotildees de uso (residencial comercial de
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serviccedilos e industrial) padratildeo edificado (padratildeo arquitetocircnico e do gabarito) e suporte fiacutesico
(topografia vegetaccedilatildeo e hidrografia
De acordo com Moudon (1997) os morfologistas atentam para os resultados tangiacuteveis de
questotildees sociais econocircmicas poliacuteticas ou seja estudam a manifestaccedilatildeo de ideias e
intenccedilotildees agrave medida que elas tomam forma no chatildeo e moldam as cidades O estudo
morfoloacutegico das cidades pode ser dividido em escolas de pensamento dentre elas a escola
italiana a escola francesa e a escola inglesa as quais analisaremos sinteticamente
observando suas principais caracteriacutesticas metodoloacutegicas bases bibliograacuteficas e formas de
pensamento
A escola italiana conforme Mondon (1997) tem seu iniacutecio nos estudos do arquiteto Saverio
Muratori (1910 ndash 1973) e de Gianfranco Caniggia (1933 ndash 1987) na deacutecada de 1940 Segundo
Rosaneli (2011) essa escola de pensamento possui como principal distintivo a preocupaccedilatildeo
com o destino das cidades histoacutericas italianas sobretudo devido aos efeitos das intervenccedilotildees
modernistas Essa escola apresenta uma maior preocupaccedilatildeo com o estudo tipoloacutegico das
edificaccedilotildees (fachadas estilos arquitetocircnicos gabarito) e de suas transformaccedilotildees ao longo do
tempo
A escola francesa apresenta ecircnfase na reflexatildeo geograacutefica e historiograacutefica sobre as cidades e
possui a contribuiccedilatildeo do socioacutelogo Henri Lefebvre (1901 ndash 1991) Assim como a escola italiana
a escola francesa se opotildee aos efeitos das intervenccedilotildees modernistas Rosaneli (2011) propotildee
uma reforma educacional no campo dos estudos urbanos e busca consolidar uma nova
ldquodisciplinardquo com duplo objetivo primeiro uma pesquisa descritiva multidisciplinar do espaccedilo
construiacutedo a fim de reconhecer ingredientes de um bom desenho e segundo a identificaccedilatildeo
e criacutetica de modelos teoacutericos de desenho urbano
A escola inglesa eacute fundamentada nos estudos do geoacutegrafo alematildeo Conzen (1907 ndash 2000) e
inicia-se na deacutecada de 1960 De acordo com Moudon (1994) a escola inglesa possui uma
anaacutelise morfoloacutegica descritiva analiacutetica e explanatoacuteria concentra-se no estudo da forma
urbana e apresenta o mais completo detalhado e sistemaacutetico meacutetodo tipo morfoloacutegico das
trecircs escolas
Conzen fundamenta-se na aplicabilidade da leitura dos planos urbanos (ldquotown-plansrdquo) para o
entendimento da formaccedilatildeo urbana De acordo com Conzen (1960) apud Rosaneli (2011) os
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trecircs fundamentais elementos que compotildee os planos satildeo as ruas que estatildeo arranjadas em um
traccedilado os lotes ou parcelas individuais de terra juntamente com as quadrasquarteirotildees e os
edifiacutecios com seus conjuntos construiacutedos As diversas combinaccedilotildees desses trecircs principais
elementos constituiriam unidades distintas com ldquohomogeneidade morfoloacutegicardquo o que o
autor denominou de tecido urbano (ldquoplan unitrdquo ldquourban fabricrdquo ou ldquotessuto urbanordquo para a
escola italiana)
A morfologia urbana e suas diferentes escolas de pensamento retratam o estudo da forma
urbana e de seus elementos estruturantes dos processos culturais sociais econocircmicos e
poliacuteticos Os estudos morfoloacutegicos que mais se aplicam agrave presente pesquisa satildeo os da escola
inglesa onde desenvolve-se uma anaacutelise descritiva e analiacutetica do processo de urbanizaccedilatildeo
estudando as unidades com ldquohomogeneidade morfoloacutegicasrdquo trabalhadas nessa pesquisa por
meio das Unidades de Paisagem (porccedilotildees territoriais com semelhanccedila de traccedilado e interaccedilatildeo
entre os espaccedilos livres e edificados) e atraveacutes da anaacutelise do Sistema de Espaccedilos Livres uma
organizaccedilatildeo sistecircmica dos espaccedilos livres das diversas Unidades de Paisagem presentes em
uma aacuterea definida
Para o entendimento da configuraccedilatildeo do Sistema de Espaccedilos Livres Patense e de suas
Unidades de Paisagem partimos do estudo do processo de urbanizaccedilatildeo de Patos de Minas
observando as caracteriacutesticas morfoloacutegicas histoacutericas culturais e da paisagem urbana
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13 FORMACcedilAtildeO E TRANSFORMACcedilAtildeO DA
MALHA URBANA PATENSE
Figura 4 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Patos de Minas e apresentaccedilatildeo da forma urbana da cidade Elaborado pela autora segundo fonte Mapas da Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2006 e 2015
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Patos de Minas eacute uma cidade meacutedia2 da regiatildeo intermediaacuteria agrave Mesorregiatildeo do Triacircngulo
Mineiro e Alto Paranaiacuteba Considerada poacutelo econocircmico regional a maior cidade da
microrregiatildeo do Alto Paranaiacuteba que eacute composta por 10 municiacutepios O municiacutepio de Patos de
Minas eacute formado por sete distritos o distrito sede eacute a cidade de Patos de Minas e os outros
satildeo Bom Sucesso Chumbo Major Porto Pilar Pindaiacutebas e Santana de Patos (identificados na
Figura 4)
Segundo o IBGE (2010) o municiacutepio de Patos de Minas possui aacuterea de 3189771Kmsup2
densidade demograacutefica de 4349 habkmsup2 e populaccedilatildeo de aproximadamente 147614
habitantes (populaccedilatildeo estimada em 2014)
Patos de Minas situa-se no Planalto Central Minas GeraisGoiaacutes com altitudes meacutedias de 800
a 900 metros Localiza-se entre duas grandes bacias hidrograacuteficas brasileiras a do Satildeo
Francisco e a do Paranaacute Sua localizaccedilatildeo estrateacutegica permite a ligaccedilatildeo da cidade a centros
comerciais como Uberlacircndia Belo Horizonte Brasiacutelia e Satildeo Paulo facilitando o intercacircmbio
comercial e o desenvolvimento econocircmico
De acordo com o IBGE (2012) o PIB (Produto Interno Bruto) do municiacutepio tem sua economia
baseada principalmente no setor de serviccedilos seguido do setor industrial e da agricultura
conforme Tabela 1
2 A dissertaccedilatildeo adota a conceituaccedilatildeo de cidades meacutedias desenvolvida por Amorim Filho e Serra (2001) cidade que ocupam uma posiccedilatildeo estrateacutegica na hierarquia urbana oferecendo suporte agraves cidades pequenas conforme a funccedilatildeo que desempenham e estabelecendo ligaccedilotildees com as cidades maiores intermediando as relaccedilotildees entre estes dois niacuteveis urbanos De acordo com os autores essas cidades satildeo espaccedilos de relaccedilotildees e natildeo de polarizaccedilatildeo ou dominaccedilatildeo satildeo cidades natildeo tatildeo pequenas a ponto de limitar as possibilidades de crescimento econocircmico e intelectual de seus habitantes e nem tatildeo grandes a ponto de onerar ndash e ateacute pocircr em risco ndash a vida da maioria de seus moradores
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Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas - 2012
Impostos sobre produtos liacutequidos de subsiacutedios a preccedilos correntes
248946 mil reais
PIB a preccedilos correntes 2495732 mil reais
PIB per capita a preccedilos correntes 1770650 mil reais
Valor adicionado bruto da agropecuaacuteria a preccedilos correntes 255908 mil reais
Valor adicionado bruto da induacutestria a preccedilos correntes 432152 mil reais
Valor adicionado bruto dos serviccedilos a preccedilos correntes 1558725 mil reais
Tabela 1 Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas-2012 Fonte IBGE 2012 em parceria com os Oacutergatildeos Estaduais de Estatiacutestica Secretarias Estaduais de
Governo e Superintendecircncia da Zona Franca de Manaus ndash SUFRAMA Disponiacutevel em
httpwwwcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=314800ampidtema=134ampsearch=mina
s-gerais|patos-de-minas|produto-interno-bruto-dos-municipios-2012 Acesso em dezembro de 2014
Entretanto observa-se que entre os setores o que mais exerce influecircncia cultural no
municiacutepio e na dinacircmica urbana eacute a agricultura somada a pecuaacuteria e ao agronegoacutecio
caracterizando as festas locais as manifestaccedilotildees culturais as formas de apropriaccedilatildeo da
paisagem as tipologias predominantes de espaccedilos livres e a histoacuteria de ocupaccedilatildeo do
municiacutepio Na agroinduacutestria destaca-se a produccedilatildeo de leite e derivados sementes e adubos
defensivos agriacutecolas carne suiacutena e derivados e alimentos enlatados A agricultura sempre
caracterizou a economia e a cultura local os produtos que se destacam satildeo o arroz soja
feijatildeo cafeacute maracujaacute tomate horticultura e o milho siacutembolo da festa regional a Festa
Nacional do Milho A pecuaacuteria possui significativa importacircncia econocircmica para o municiacutepio a
regiatildeo faz parte de uma das maiores bacias leiteiras do paiacutes Patos de Minas tambeacutem eacute
considerada poacutelo nacional de geneacutetica suiacutena detendo 70 da tecnologia nacional em
melhoramentos suiacutenos
Para analisarmos como se formou a cidade de Patos de Minas apresentaremos seus periacuteodos
urbanos em cinco partes a primeira retrata o iniacutecio do povoado ateacute 1930 depois de 1940 a
deacutecada de 1960 em seguida de 1970 ateacute a deacutecada 1980 e por fim o periacuteodo que vai de 1990
ateacute o ano de 2015 buscando assim retratar o crescimento urbano os principais
acontecimentos histoacutericos e a incorporaccedilatildeo dos elementos da paisagem
28 |
131
DO INIacuteCIO DO POVOADO ATEacute A DEacuteCADA DE 1930
BORGES X MACIEacuteIS
O processo de colonizaccedilatildeo da
regiatildeo ocupada hoje pelo
municiacutepio de Patos de Minas
teve iniacutecio provavelmente na
segunda metade do seacuteculo XVIII
antes mesmo da descoberta do
ouro no estado de Minas Gerais
com as bandeiras rumo agraves terras
de Paracatu A cidade de Patos
de Minas surgiu na segunda
deacutecada do seacuteculo XIX em torno
da Lagoa dos Patos (delimitada
na Figura 5) onde segundo as
descriccedilotildees histoacutericas existia uma
enorme quantidade de patos
silvestres
Figura 5 Crescimento Urbano de Patos de Minas ateacute o iacutenicio do seacuteculo XIX Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas Disponiveacutel em
httpwwwpatosdeminasmggovbrgaleriahistoricaspagesimage16php Acesso em maio de
2014 Elaborado pela autora
Segundo Oliveira Mello (1971) o povoado que deu origem a cidade de Patos de Minas se
iniciou em 1826 com a doaccedilatildeo do terreno por Antocircnio Joaquim da Silva Guerra e sua esposa
Luzia Correcirca de Andrade para a construccedilatildeo da capela de Santo Antocircnio situada hoje na atual
Praccedila Dom Eduardo proacutexima agrave Lagoa dos Patos na Avenida Liberdade atualmente conhecida
como Avenida Getuacutelio Vargas A partir de entatildeo diversas famiacutelias se instalaram no entorno da
capela originando o Arraial de Santo Antocircnio da Beira do Paranaiacuteba Em 1866 foi criada a Vila
de Santo Antocircnio dos Patos e em 1892 o presidente do Estado de Minas Gerais elevou a vila
agrave categoria de cidade de Patos de Minas
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Figura 6 Iniacutecio da ocupaccedilatildeo da cidade de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fontes
Prefeitura Municipal de Patos de Minas e MuP- Museu da Cidade de Patos de Minas
A Praccedila Dom Eduardo estaacute no centro do nuacutecleo original de povoamento ilustrado pela Figura
6 e representa a divisatildeo de influecircncia entre as duas famiacutelias da elite local que atuaram na
construccedilatildeo da paisagem urbana e na histoacuteria da cidade de Patos de Minas os Borges
catoacutelicos e monarquistas e os Dias Macieacuteis protestantes e republicanos
Ao norte da Praccedila Dom Eduardo encontam-se os Borges e seus parentes os Caixeta e os
Queiroz de acordo com Silva (2011) deste lado da cidade a paisagem se desenha por ruas
estreitas e curvas as quais conduzem a travessas e becos nitidamente ldquosemeadosrdquo agrave moda
lusitana de povoar Ao mesmo tempo os edifiacutecios mais antigos e caracteriacutesticos da aacuterea satildeo
todos em estilo colonial com altas janelas e portas retangulares Satildeo exemplos a antiga Casa
de Cacircmara e Cadeia localizada hoje na Praccedila Juquinha Caixeta (Figura 7) e os casarotildees do Dr
Joatildeo Borges e do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz a rua e a casa de Deiroacute Borges a Rua do
Tenente Bino o Beco da Zeacutelia a Praccedila da Dona Genoveva (Figura 8) a Rua do Alfredo Borges
a Praccedila Chiquinho Caixeta a Rua Dr Joseacute Oliacutempio Borges a Praccedila Dom Eduardo E ainda a
Travessa dos Queiroz onde se manteacutem de peacute a casa do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz
palco de criaccedilatildeo do partido de oposiccedilatildeo oficial aos ldquoMacieacuteisrdquo
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Figura 7 Casa de Cacircmara e Cadeia (o mais antigo edifiacutecio puacuteblico de Patos de Minas inaugurado em 1912 como Cacircmara Municipal Foacuterum e no reacutes-do-chatildeo a Cadeia Puacuteblica) e Praccedila Juquinha Caixeta Foto Acervo pessoal 2015 Figura 8 Rua Deiroacute Borges ao fundo Praccedila Dona Genoveva Foto Acervo pessoal 2015
Figura 9 Escola Estadual Marcolino de Barros Foto Fotoacutegrafo desconhecido 2008 Disponiacutevel em
httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=614809 Acesso em maio de 2014
Figura 10 Escola Estadual Antocircnio Dias Maciel Foto Acervo pessoal 2015
Ao sul da Praccedila Dom Eduardo em frente agrave Catedral de Santo Antocircnio estatildeo os Macieacuteis e seus
parentes os Santana Pacheco Barros Magalhatildees e Ferreira da Silva Segundo Silva (2011) os
Macieacuteis estatildeo ligados agrave modernizaccedilatildeo e agrave reordenaccedilatildeo urbana da cidade entre suas marcas
na paisagem estatildeo a Escola Estadual Marcolino de Barros(Figura 09) a Escola Estadual
Antocircnio Dias Maciel(Figura 10) a Rua Olegaacuterio Maciel a Casa de Olegaacuterio Maciel a Casa do
Dr Itagyba a Rua Farnese Maciel o Palacete de Amadeu Maciel a Rua Major Gote (apelido
de Sesoacutestris Dias Maciel) o Hospital Regional Antocircnio Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur
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Thomaz de Magalhatildees o Coreto Arthur Thomaz de Magalhatildees a Rua Joseacute de Santana a Praccedila
Antocircnio Dias a Rua Major Jerocircnimo [Dias Maciel] e a Praccedila Santana
Olegaacuterio Maciel figura poliacutetica representativa da regiatildeo alternou entre os cargos de
Deputado Federal e Agente Executivo de Municiacutepio no final do seacuteculo XIX ateacute chegar agrave
Presidecircncia do Estado de Minas Gerais nos anos de 1930 Segundo Borges (2008) esse
processo poliacutetico influenciou o desenvolvimento fiacutesico-territorial da cidade atraindo
investimentos do Governo do Estado para a construccedilatildeo das escolas do foacuterum e do Hospital
Regional
No fim do seacuteculo XIX em 1883 o entatildeo Agente do Executivo Olegaacuterio Dias Maciel3 ordenou
a criaccedilatildeo de um plano diretor para ordenar e reorientar o crescimento do povoado para o
sentido sul da Praccedila Dom Eduardo ldquona chapada ou chapadatildeordquo conforme segue na citaccedilatildeo
Seguiu‐se a risca o ldquoPlano Diretorrdquo indicado por Olegaacuterio
Maciel O vereador Eduardo Ferreira de Noronha em 21 de
setembro de 1906 indica que ()auxiliem a Cacircmara a
estudar o local mais conveniente em que se deve construir
o matadouro e respectivo curral oferecendo seu parecer
Hoje distanciados no tempo sabemos que a ldquoChapadardquo
paulatinamente abrigou aleacutem do Matadouro Municipal a
Casa do Coronel Farnese Dias Maciel a Casa de Amadeu
Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur Thomaz de
Magalhatildees o Passeio Puacuteblico a fonte luminosa o Coreto o
Cinema o Paccedilo Municipal o Hospital Antocircnio Dias Maciel o
Grupo Escolar o Foacuterum () Pari Passu tambeacutem foram
transladados outros elementos que se localizavam na
direccedilatildeo para a qual a cidade ia se deslocando a mudanccedila
do cemiteacuterio e da Igreja de Nossa Senhora do Rosaacuterio
(frequentada pelos negros) tambeacutem se constituiu como
marco simboacutelico da nova ordenaccedilatildeo urbana planeada por
Olegaacuterio Maciel (BORGES amp SILVA 2009 p13)
3 Olegaacuterio Dias Maciel era engenheiro formado na Escola Polyteacutecnica do Rio de Janeiro em 1878 compartilhava os ideais positivistas da Repuacuteblica e tambeacutem os ideais da Belle Eacutepoque de higienizaccedilatildeo e de racionalizaccedilatildeo do espaccedilo urbano Soma-se a isso a experiecircncia cultural de Olegaacuterio fora de Patos como deputado federal e senador vivenciou no Rio de Janeiro as reformas urbanas empreendidas por Pereira Passos inspiradas na reforma de Paris sob a batuta do Baratildeo de Haussman Como deputado estadual e depois como presidente do Estado de Minas Gerais vivenciou a experiecircncia de ldquofruirrdquo a cidade de Belo Horizonte construiacuteda racionalmente agrave moda da colonizaccedilatildeo espanhola na Ameacuterica (BORGES amp SILVA 2009)
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Segundo Oliveira (2010) dentre as influecircncias na malha urbana decorrentes do periacuteodo
poliacutetico do iniacutecio do seacuteculo XX destacam-se as intervenccedilotildees na infraestrutura da Avenida
Getuacutelio Vargas definindo a mesma como eixo nobre na cidade o direcionamento o primeiro
vetor de expansatildeo urbana nas direccedilotildees sul e oeste da Av Getuacutelio Vargas
Figura 11 Inundaccedilatildeo ocorrida em 1941 na ponte sobre o Rio Paranaiacuteba Fonte Arquivo do Laboratoacuterio
de Histoacuteria do Unipam Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=3600 Acesso em
dezembro de 2014
Observa-se que a Avenida Getuacutelio Vargas anteriormente denominada como Avenida
Liberdade e depois Avenida Municipal representa o nuacutecleo inicial da cidade e o ponto de
partida dos vetores de ocupaccedilatildeo ateacute a deacutecada de 1930 observa-se que neste periacuteodo as
praccedilas da avenida apresentavam um paisagismo inspirado nos jardins franceses Zama
Maciel4 relata sobre o planejamento de usos e ocupaccedilatildeo dessa aacuterea e a Figura 12 ilustra esse
periacuteodo
4 Zama Maciel foi um patense que exerceu as funccedilotildees de agrimensor professor inspetor de ensino vereador e redator dos jornais locais
Com relaccedilatildeo ao vetor de expansatildeo oeste
observa-se que o mesmo foi impulsionado
pela construccedilatildeo da nova ponte sobre o rio
Paranaiacuteba em aproximadamente 1926
retratada na Figura 11 Segundo
Dannemann (2013) a obra da ponte estava
sob os cuidados da Companhia Nacional de
Cimento Armado SA e ateacute 1970 serviu
como principal acesso agrave sede do municiacutepio
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Avenida Municipal com o seu atual quilocircmetro de extensatildeo foi
destinada agrave habitaccedilatildeo particular devida a sua exagerada
largura e agrave perspectiva que podem oferecer casas pequenas e
de bom gosto fronteando os seus passeios gramados e jardins
floridos que a pequenada destroacutei Nela preacutedios comerciais de
dois trecircs andares tornam-se ridiacuteculos porque natildeo tecircm
magnitude para se imporem agrave largura (repisamos) exagerada
com que os antigos irrefletidamente a construiacuteram Somente
edifiacutecios semelhantes agrave igreja matriz em construccedilatildeo come
cinquenta metros podem nela sobreviverem Pequenos preacutedios
vivendas graciosas de cujas janelas caiam trepadeiras no
conjunto dos jardins e na imensa claridade de nossas tardes
faratildeo dela recanto cobiccedilado agrave moradia Enfeia-la com preacutedios
comerciais de pequeno porte e com casas de diversotildees
barulhentas seraacute obra de mau gosto que se torna necessaacuterio
evitar (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos Patos de
Minas junho de 1937)
Figura 12 Avenida Getuacutelio Vargas parte ao sul da Catedral de Santo Antocircnio deacutecada de 1930 Ao
centro da figura o Palacete Amadeu Maciel Fonte Acervo Documental e de Imagens de Patos de
Minas Local MuP ndash Museu da Cidade de Patos de Minas
A seguir o Mapa 1 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o
ano de 1930 retrata a localizaccedilatildeo da implantaccedilatildeo da cidade proacuteximo a recursos drsquoaacutegua No
mapa estaacute presente a delimitaccedilatildeo do periacutemetro urbano do ano de 2015 que seraacute mantido
como ponto de referecircncia espacial para a malha urbana atual
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A Figura 13 datada da deacutecada de 1930 eacute uma vista aeacuterea da cidade no qual pode-se
perceber a implantaccedilatildeo e a forma urbana da cidade e os vetores de expansatildeo do iniacutecio do
seacuteculo XX aacuterea retratada pelo Mapa 1 apresentado anteriormente
Figura 13 Vista aeacuterea de Patos de Minas
Fonte Arquivo Daacutecio Pereira da Fonseca Fotografo desconhecido
Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=2650 Acesso em abril de 2014
Observa-se na Figura 13 a presenccedila de espaccedilos livres puacuteblicos dentre eles as Praccedilas da
Avenida Getuacutelio Vargas dos Boiadeiros Antoacutenio Dias Champagnat e Santana os espaccedilos
livres privados o Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo o Patos Tecircnis Clube (PTC) o campo de futebol
da Uniatildeo Recreativa dos Trabalhadores (URT) e o campo de futebol do Clube do Mamoreacute
Segundo Fonseca (1974) desde o final do seacuteculo XIX ateacute 1950 Patos de Minas tentou pleitear
a vinda da estrada de ferro para escoamento da produccedilatildeo agriacutecola da regiatildeo ateacute o Rio de
Janeiro e Satildeo Paulo Segundo Borges e Silva (2009) em 1934 o engenheiro carioca Neacutelson
Rodrigues efetuou o primeiro levantamento planialtimeacutetrico da cidade de Patos de Minas a
princiacutepio esse levantamento objetivava abrigar a estrada de ferro Patos-Catiara Em 1936
provavelmente o proacuteprio Neacutelson Rodrigues concluiu o primeiro Plano Urbano oficial da
cidade apresentado pela Figura 14
LEGENDA 1 ndashMajor Gote e Dr Marcolino 2 ndash Lagoa Grande 3 ndash Campo de Aviaccedilatildeo 4 ndash Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo 5 ndash Rua Dr Marcolino 6 ndash Rua Major Gote 7 ndash Coacuterrego do Monjolo 8 ndash PTC 9 ndash Campo da URT 10 ndash Cemiteacuterio Municipal 11 ndash Rio Paranaiacuteba 12 ndash Av Getuacutelio Vargas 13 ndash Matriz de Santo Antocircnio 14 ndash Rua Tiradentes 15 ndash Cadeia 16 ndash Praccedila dos Boiadeiros 17 ndash Praccedila Antocircnio Dias 18 ndash Av Paracatu 19 ndash Igreja do Rosaacuterio 20 ndash Praccedila Champagnat 21 ndash Rua Major Jerocircnimo 22 ndash Campo do Mamoreacute
23 ndash Praccedila Santana
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Figura 14 Plano Urbano de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fonte Prefeitura
Municipal de Patos de Minas
Destaca-se no plano de crescimento urbano a Rua Major Gote na eacutepoca denominada Rua
Desembargador Frederico Zama Maciel escreve ao jornal local sobre o plano urbano as vias
de caraacuteter comercial da cidade e sobre as intenccedilotildees de um zoneamento de usos para o
crescimento da cidade inspirados no urbanismo norte-americano
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A Prefeitura () mandou organizar a planta da cidade e
traccedilar-lhe as ruas futuras no objetivo de impedir o
crescimento desordenado() Neste trabalho foram
observadas tanto quanto possiacutevel as normas seguidas na
Ameacuterica do Norte onde geralmente as cidades satildeo
traccediladas em xadrez cortando-se as ruas em acircngulo reto
() As ruas comerciais estatildeo determinadas no referido
plano e dentre as atuais destacam-se Desembargador
Frederico e General Osoacuterio A primeira () deveraacute atravessar
a cidade de norte a sul e morreraacute na futura praccedila da
estaccedilatildeo ferroviaacuteria onde atualmente se ergue o barracatildeo
da Companhia do Trigo Seraacute futuramente a mais central da
cidade Eacute de uma boa norma localizar-se o comeacutercio em
determinadas zonas (zoneamento chamam a isto os
urbanistas) bem como as faacutebricas os edifiacutecios puacuteblicos as
escolas (natildeo as primaacuterias que devem ser espalhadas nos
bairros residenciais) devem tambeacutem ter as suas zonas
separadas () (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos
Patos de Minas junho de 1937)
A linha feacuterrea natildeo foi implantada na cidade e o crescimento urbano das deacutecadas seguintes
natildeo se ateve ao planejamento apresentado na deacutecada de 1930
132
DA DEacuteCADA DE 1940 ATEacute A DEacuteCADA DE 1960
AUMENTO POPULACIONAL
Comparando o plano urbaniacutestico apresentado para a cidade no final do seacuteculo XIX com a
expansatildeo da malha urbana observa-se que o crescimento urbano da cidade ocorreu de
forma mais dispersa do que o apresentado no plano O vetor de expansatildeo ao sul manteve
grande parte do planejamento embora apresentando quadras menores A aacuterea antes
ocupada pela Lagoa dos Patos e a aacuterea a nordeste da Lagoa foram as que mais se
distanciaram das ideias do plano urbaniacutestico apresentando uma malha urbana orgacircnica com
a presenccedila de muitas ruas sem saiacuteda
O Mapa 2 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1965 a seguir retrata o crescimento da malha urbana
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Segundo Magrini (2008) na deacutecada de 1950 houve um surto migratoacuterio e a instalaccedilatildeo de
diversas firmas comerciais Nesse periacuteodo construiu-se o primeiro Terminal Rodoviaacuterio com
verbas municipais e investimentos da iniciativa privada e teve iniacutecio tambeacutem a comemoraccedilatildeo
da Festa Nacional do Milho evento que ateacute hoje expressa as manifestaccedilotildees culturais da
regiatildeo
Figura 15 Patos de
Minas da deacutecada de
1960
Elaborado pela autora segundo fonte Arquivo de Marialda Coury Foto Joatildeo Lucas Ribeiro Borges
Observando o crescimento da malha urbana de Patos de Minas ateacute 1965 (ilustrado pela
Figura 15) pode-se constatar que houve uma grande expansatildeo da mesma entre a deacutecada de
1950 e 1960 Nesse periacuteodo o aumento populacional ocorreu predominantemente na aacuterea
urbana conforme mostra a Tabela 02 a seguir
Periacuteodo
Populaccedilatildeo Total do
Municiacutepio
Populaccedilatildeo Urbana do Municiacutepio
Populaccedilatildeo Rural do
Municiacutepio
1950 45399 12525 32874
1960 72839 32511 40328
1970 76211 44877 31334
1980 86121 63302 22819
1990 102946 87403 15543
2000 123881 111333 12548
2010 138710 127724 10986
2014 147614 - -
Tabela 2 Crescimento Populacional de Patos de Minas Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Magrini 2008 Populaccedilatildeo prevista segundo o IBGE
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Nas deacutecadas seguintes a 1960 como se pode antever pela Tabela 2 o crescimento da zona
rural foi diminuindo gradativamente e a populaccedilatildeo da aacuterea urbana aumentando
impulsionando o crescimento da malha urbana
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DA DEacuteCADA DE 1970 ATEacute A DEacuteCADA DE 1980
Incorporaccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua
Nas deacutecadas de 1960 e 1970 periacuteodo de ditadura Militar segundo Magrini (2010) Patos de
Minas passou por uma estagnaccedilatildeo econocircmica devido agrave emancipaccedilatildeo poliacutetica de dois
importantes Lagoa Formosa e Guimaracircnia no mesmo periacuteodo houve grande deslocamento
de patenses para a nova capital do paiacutes Brasiacutelia em busca de empregos
Justamente na eacutepoca da mudanccedila da capital do paiacutes para
Brasiacutelia Patos de Minas perde caracteriacutestica de centro
rodoviaacuterio e transforma-se no ldquopassa perto de Patosrdquo com
estradas asfaltadas em volta num eixo de 130 km Natildeo se
vinha aqui como antes ateacute que a BR 354 inaugurada em
1972 abolia este malfadado passa perto ressurgindo toda a
movimentaccedilatildeo comercial completada pela BR ndash 365 em
1974 (MELLO 1992 p54)
De 1965 ateacute os anos 1980 Patos de Minas praticamente dobrou a sua aacuterea de ocupaccedilatildeo
decorrente principalmente do processo de ecircxodo rural Segundo Oliveira (2010) os vetores
direcionavam para todos os sentidos sendo apenas o oeste limitado pelo Rio Paranaiacuteba os
cursos drsquoaacutegua menores natildeo foram uma barreira para esta expansatildeo
O Mapa 3 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1980 a seguir retrata o crescimento da malha urbana nesse periacuteodo
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Em 1982 foi iniciada a urbanizaccedilatildeo da Lagoa dos Japoneses a Lagoa Grande (Figura 16 e
Figura 17) com a reduccedilatildeo significativa da aacuterea alagada e a construccedilatildeo do Terminal
Rodoviaacuterio No entorno da lagoa foi criado o Parque Recreativo Dr Itagiba depois renomeado
como Parque Dr Itagiba Augusto Silva o primeiro parque urbano da cidade um dos principais
cartotildees postais da cidade espaccedilo de lazer e contemplaccedilatildeo
Figura 16 Projeto para o
Parque Recreativo Dr
Itagiba a construccedilatildeo ao
lado esquerdo da figura
representa o Terminal
Rodoviaacuterio Fonte Jornal
A Debulha O projeto do
parque Ano VIII nordm178
janeiro de 1988 paacuteg7
Figura 17 Planta do Parque Dr Itagiba Augusto Silva ndash Lagoa Grande Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2014
43 |
Em 1986 foi iniciada a canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo inicialmente uma Avenida
Sanitaacuteria no Coacuterrego do Monjolo (Figura 18) atualmente conhecida como Avenida Faacutetima
Porto as obras terminaram em 1996 Segundo Caixeta amp Vlach (2009) a canalizaccedilatildeo
acarretou inicialmente na ocupaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo do entorno e devido agrave resoluccedilatildeo dos
problemas sanitaacuterios que aiacute existiam
Figura 18 Canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo deacutecada de 1990 Foto Arquivo de Donaldo Amaro Teixeira Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=7568 Acesso em maio de 2015
Com o decorrer dos anos e a instalaccedilatildeo dos bairros no entorno o Coacuterrego do Monjolo passou
a apresentar problemas com enchentes e um forte odor provavelmente a canalizaccedilatildeo do
coacuterrego jaacute natildeo suportava mais o volume de aacutegua pluvial dos bairros aleacutem da presenccedila de
esgotos clandestinos Tais problemas geraram novos projetos de canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do
Monjolo nas deacutecadas seguintes
44 |
134
DA DEacuteCADA DE 1990 ATEacute OS DIAS ATUAIS
A FORMA URBANA ATUAL
No final da deacutecada de 1980 houve a descoberta da uma jazida de Fosfato Sedimentar na
localidade da Rocinha (aacuterea rural) o que impulsionou a instalaccedilatildeo de induacutestrias voltadas para
o agronegoacutecio iniciado pelas Sementes Agroceres SA (especialista tambeacutem em geneacutetica
suiacutena) Nesse periacuteodo ocorreu ainda um maior desenvolvimento teacutecnico da agricultura por
meio da irrigaccedilatildeo e do cultivo de novos cereais
Os reflexos do desenvolvimento comercial e industrial da regiatildeo foram notados na
implantaccedilatildeo de induacutestrias de confecccedilotildees agroinduacutestrias e na instalaccedilatildeo da multinacional Cica
que impulsionou o cultivo de milho ervilha e tomate5
A implementaccedilatildeo de induacutestrias somadas agraves pressotildees poliacuteticas acarretou na instalaccedilatildeo de um
distrito industrial na porsatildeo sul e oeste da cidade expandindo o periacutemetro urbano para aleacutem
das margens do Rio Paranaiacuteba A criaccedilatildeo do distrito industrial influenciou a ocupaccedilatildeo ao longo
da Avenida Presidente Juscelino Kubitschek construiacuteda nos anos 1970 para ligaccedilatildeo do nuacutecleo
urbano agraves rodovias BR-354 e BR-365 comportando-se entatildeo como principal acesso da
cidade
O Mapa 4 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o ano de
2015 a seguir apresenta a forma urbana atual da cidade
5 A multinacional Cica permaneceu na cidade ateacute 2001 depois se deslocou para o Estado de Goiaacutes quando perdeu parte dos incentivos fiscais oferecidos pela cidade
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Na deacutecada de 1990 a expansatildeo da malha urbana ultrapassou as aacutereas de algumas reservas
ambientais que se transformaram nos principais parques urbanos da cidade o Parque
Municipal do Mocambo (Figura 19) em 1990 e o Parque Municipal Joatildeo Luiz Redondo (Figura
20) em 1994 ambos localizados em aacutereas de lagoas
Figura 19 Parque Municipal do
Mocambo 1992 Fonte Arquivo
de Donaldo Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecadepatoscombr
p=8437 Acesso em marccedilo de
2015
Figura 20 Parque
Municipal Joatildeo Luiz
Redondo (Lagoinha)
deacutecada de 1990 Fonte
Arquivo de Donaldo
Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecade
patoscombrp=75
54 Acesso em marccedilo
de 2015
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Foi criado tambeacutem na deacutecada de 1990 na Lei Municipal nordm 2872 de 03 de outubro de 1991
o Parque Mirante do Alto da Colina (ainda natildeo implantado) e a Lei Municipal nordm 2871 de 03
de outubro de 1991 declara a aacuterea denominada Lagoa e Bosque do ldquoPATAtildeOrdquo de preservaccedilatildeo
permanente onde desde entatildeo se cogita a implantaccedilatildeo de um parque urbano
Figura 21 Rua Mirico Caixeta ao fundo a Mata do Catingeuiro Evidenciando a falta de conexatildeo da
mata com o entorno Foto Acervo pessoal 2015
Figura 22 Rua 0 e o desmatamento na Mata do Catingeiro Foto Acervo
pessoal 2015
Em 2014 foi aprovada a criaccedilatildeo do Parque
de Preservaccedilatildeo Mata do Catingueiro uma
tentativa de proteger os restigios da mata
localizado no setor leste aacuterea que
recentemente recebeu muitos loteamentos
que foram implantados sem se estabelecer
uma aacuterea de transiccedilatildeo ou de integraccedilatildeo da
mata com a malha urbana sem passeios
ciclovias praccedilas ou parques conforme
ilustrado na Figura 21 A mata do
Catingueiro tem sido um constante alvo de
queimadas e desmatamento a Figura 22
mostra os vestiacutegios da mata
48 |
Figura 23 Programa MCMV- Jardim Quebec II com 437unidades localizado na porccedilatildeo noroeste da
cidade ao fundo da figura a mata ciliar do Rio Paranaiacuteba e plantaccedilotildees de cafeacute Foto Sacircmara C P Lima
2014
Na deacutecada de 2010 ocorreu a expansatildeo do periacutemetro urbano no sentindo norte pela primeira
vez para aleacutem do Coacuterrego do Limoeiro devido agrave instalaccedilatildeo de um campus da Universidade
Federal de Uberlacircndia na aacuterea Observa-se na Figura 23 que a aacuterea do extremo noroeste da
cidade estaacute em processo de expansatildeo da malha urbana e apresenta construccedilotildees habitacionais
do Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) na cidade
Notamos diversas transformaccedilotildees na malha urbana de Patos de Minas ao longo das deacutecadas
desde a implantaccedilatildeo do nuacutecleo urbano aos desdobramentos econocircmicos poliacuteticos e sociais
que direcionaram o crescimento da cidade e a transformaccedilatildeo da paisagem
O tecido urbano e o crescimento das cidades brasileiras como eacute o caso de Patos de Minas se
daacute pela conformaccedilatildeo do sistema viaacuterio pelos padrotildees de parcelamento do solo por
edificaccedilotildees e pelos espaccedilos livres Patos possui uma relaccedilatildeo cultural e econocircmica muito forte
com a zona rural A linha de transiccedilatildeo entre o urbano e o rural eacute muito tecircnue principalmente
nas aacutereas de borda urbana Nesses bairros de periferia ou de limite da mancha urbana a
cidade termina no outro lado da rua depois de uma cerca de arame sem nenhum espaccedilo de
transiccedilatildeo o outro lado da cerca se configura como um espaccedilo livre com muitas
potencialidades de uso e conflitos
49 |
Figura 24 Paisagem urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora
Em Patos de Minas a paisagem urbana eacute emoldurada por serras cobertas por diferentes
plantaccedilotildees (Figura 24) a cidade termina onde o Rio Paranaiacuteba passa ou a cidade termina
onde comeccedilam os fundos de vale Ora cidade ora zona rural A paisagem tambeacutem eacute marcada
pela Catedral um contraste no meio do aglomerado urbano em uma zona em processo de
verticalizaccedilatildeo onde a Catedral se esconde e se revela A Catedral marca o iniacutecio da ocupaccedilatildeo
da regiatildeo em uma aacuterea de chapada na beira da lagoa hoje a chapada foi praticamente toda
ocupada e os bairros das bordas urbanas ocupam as aacutereas mais elevadas da cidade Do alto
desses bairros da borda eacute possiacutevel ver as lagoas e os coacuterregos pressentes na cidade espaccedilos
que se configuram como parques praccedilas e chaacutecaras espaccedilos livres de edificaccedilatildeo que
ressaltam a identidade da cidade e a paisagem urbana
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21 ESPACcedilOS LIVRES
ESPACcedilOS ABERTOS AacuteREAS VERDES
O conceito de espaccedilo livre de edificaccedilatildeo eacute amplo e complexo Para Nucci (2001) os espaccedilos
livres fazem parte de um grande grupo paisagiacutestico urbano que pode ser subdividido em
vaacuterias categorias dependendo do seu uso e funccedilatildeo sendo entatildeo um termo bastante
abrangente que agrega todos os outros conceitos similares como espaccedilos abertos aacutereas
verdes aacutereas livres sistemas de aacutereas de lazer cobertura vegetal entre outros
Segundo Queiroga (2006) Miranda Magnoli em sua tese de livre-docecircncia6 buscou afirmar o
espaccedilo livre como o objeto do paisagismo indo aleacutem do jardim do projeto com vegetaccedilatildeo
e da escala urbana Nesse sentido definiu espaccedilo livre como espaccedilo livre de edificaccedilotildees todo
espaccedilo descoberto urbano ou natildeo vegetado ou natildeo puacuteblico ou privado De acordo com a
autora para a anaacutelise de um dado recorte escalar propotildee-se que o estudo dos espaccedilos livres
deva ir aleacutem dos espaccedilos vegetados e dos espaccedilos puacuteblicos envolvendo todos os espaccedilos
livres do referido recorte Ou seja para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na cidade
eacute preciso ir aleacutem da anaacutelise dos espaccedilos puacuteblicos ou dos vegetados eacute preciso identificar todas
as aacutereas natildeo construiacutedas na cidade os espaccedilos privados intra-lote os lotes e glebas ociosas
as ruas os passeios etc
Os espaccedilos livres satildeo um dos principais estruturadores da forma urbana e um dos principais
elementos caracterizadores da paisagem urbana Segundo Magnoli (1982) os espaccedilos livres
satildeo os ambientes natildeo edificados da cidade as ruas avenidas praccedilas parques quintais
jardins rios matas mangues praias urbanas ou simples vazios urbanos
Quando adotamos o termo aacutereas verdes ou aacutereas verdes urbanas nos referimos a um
subsistema dentro do Sistema de Espaccedilos Livres que engloba principalmente as aacutereas de
preservaccedilatildeo permanente (APPrsquos) reservas legais (RL) e a arborizaccedilatildeo urbana Segundo
6 MAGNOLI Miranda Espaccedilos livres e urbanizaccedilatildeo uma introduccedilatildeo a aspectos da paisagem metropolitana 1982 116 p Tese (Livre-docecircncia em Arquitetura e Urbanismo) ndash Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1982
52 |
Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilo livre eacute adotado se sobrepondo contendo e
ampliando o conceito usual de aacutereas verdes termo que tem como base a necessidade de
espaccedilos livres dotados de vegetaccedilatildeo De acordo com o autor o termo aacutereas verdes eacute
reducionista desconsidera as caracteriacutesticas fundamentais do espaccedilo urbano como a
complexidade e diversidade das formas de apropriaccedilatildeo e apreensatildeo social e o fato real da
impossibilidade fiacutesica e mesmo da inconveniecircncia da existecircncia de vegetaccedilatildeo em
determinados espaccedilos livres
De acordo com Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilos livres natildeo desconsidera o papel
da vegetaccedilatildeo nas cidades brasileiras como elemento facilitador da drenagem urbana criador
de microclimas mais agradaacuteveis contribuindo para a manutenccedilatildeo da diversidade animal e
vegetal e ainda como fator de embelezamento urbano mas natildeo desconsidera a importacircncia
dos espaccedilos natildeo vegetados para inuacutemeras praacuteticas de relevacircncia cultural das feiras agraves festas
populares das manifestaccedilotildees poliacuteticas agrave valorizaccedilatildeo de determinadas paisagens e
patrimocircnios culturais
Entretanto apesar dos crescentes avanccedilos nas discussotildees sobre os espaccedilos livres muitos
autores planos diretores planos de uso e ocupaccedilatildeo ainda natildeo compreenderam o termo
como em Patos de Minas onde adota-se o termo aacutereas verdes nas leis municipais e plano
diretor Na Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo de Patos de Minas (2008) as aacutereas verdes satildeo
descritas como porccedilotildees situadas na Macrozona Urbana destinadas a oferecer espaccedilos
puacuteblicos adequados e qualificados agraves atividades de recreaccedilatildeo lazer e turismo da populaccedilatildeo
de forma a conciliar a proteccedilatildeo dos bens naturais e culturais As cidades precisam de reservas
de aacutereas verdes e de espaccedilos livres de qualidade para praacutetica de atividades culturais de lazer
e contemplaccedilatildeo Observa-se que na lei municipal de Patos de Minas existe uma sobreposiccedilatildeo
entre a funccedilatildeo das reservas de aacutereas verdes e dos espaccedilos de praacuteticas socias sobreposiccedilatildeo
essa presente no conceito dos espaccedilos livres
A implantaccedilatildeo dos espaccedilos livres puacuteblicos depende de uma gestatildeo adequada e integrada dos
recursos com uma fiscalizaccedilatildeo efetiva o que implica no desenvolvimento de poliacuteticas
puacuteblicas permanentes que viabilizem as intervenccedilotildees e necessidades dos espaccedilos livres
Segundo Loboda amp Angelis (2012) o planejamento das aacutereas verdes (puacuteblicas) urbanas parte
de uma definiccedilatildeo de recursos que eacute residual as necessidades satildeo amenizados com recursos
que sobram de outras atividades consideradas como mais prioritaacuterias e que geralmente
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incluem-se nesse acircmbito aquelas de cunho estrateacutegico poliacutetico e econocircmico O autor cita um
problema frequente em diversas cidades brasileiras a falta de recursos destinados aos
espaccedilos puacuteblicos e dentre eles as aacutereas verdes urbanas um dos principais espaccedilos livres das
cidades
De acordo com Magnoli (1982) a localizaccedilatildeo acessibilidade e distribuiccedilatildeo dos espaccedilos livres
formam um complexo sistema de conexotildees com muacuteltiplos papeacuteis urbanos atividades do oacutecio
circulaccedilatildeo urbana conforto conservaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo ambiental drenagem urbana
imaginaacuterio e memoacuteria urbana lazer e recreaccedilatildeo dentre outros Todas essas funccedilotildees
exercidas no ambiente urbano pelos espaccedilos livres assim como a localizaccedilatildeo acessibilidade
distribuiccedilatildeo tipos de usos e configuraccedilatildeo espacial estatildeo organizadas de maneira sistecircmica na
cidade formando o Sistema de Espaccedilos Livres
22 O PENSAMENTO SISTEcircMICO
As cidades independentemente da sua localidade histoacuteria e configuraccedilatildeo satildeo formadas de
modo geral por espaccedilos livres e espaccedilos edificados duas categorias espaciais estruturantes
da forma urbana A configuraccedilatildeo dos espaccedilos livres eacute variaacutevel nas cidades brasileiras por
diversas questotildees como caracteriacutesticas territoriais bioma configuraccedilatildeo paisagiacutestica pela
existecircncia ou ausecircncia de planos urbanos e principalmente pelos processos de urbanizaccedilatildeo e
de transformaccedilatildeo da paisagem
A cidade eacute um conjunto de elementos sistemas e funccedilotildees e os espaccedilos livres formam um dos
principais sistemas capaz de estruturar toda a configuraccedilatildeo urbana De acordo com Tardin
(2010) e DrsquoAgostini amp Cunha (2007) sistema eacute um conjunto de elementos passiacutevel de
estabelecer inter-relaccedilotildees fiacutesicas funcionais estruturais morfoloacutegicas e relativas agrave vivecircncia
da paisagem abertas e intricadas entre si com seu entorno e com as pessoas que o
vivenciam
De acordo com Morin (2008) apud Queiroga (2014) o conceito de sistema implica natildeo
somente elementos inter-relacionaacuteveis mas tais relaccedilotildees constituem uma organizaccedilatildeo e uma
estrutura relativamente estaacutevel que caracteriza o sistema como um todo A organizaccedilatildeo
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sistecircmica por sua vez conteacutem as relaccedilotildees que definem o sistema e que o transformam
alterando sua estrutura possibilitando sua permanecircncia e contendo a possibilidade concreta
de sua dissoluccedilatildeo Para o autor o termo exprime multiplicidade totalidade diversidade
organizaccedilatildeo e complexidade
A noccedilatildeo de sistema auxilia o estudo dos espaccedilos livres urbanos e o entendimento das suas
relaccedilotildees de interdependecircncia complementaridade e hierarquia Segundo Schlee et al
(2009) considerando-se a paisagem como um macrossistema complexo formado de
subsistemas os espaccedilos livres urbanos constituem um dos seus subsistemas inter-
relacionados com outros subsistemas urbanos e rurais e que podem se justapor ao Sistema
de Espaccedilos Livres ou se sobrepor total ou parcialmente enquanto sistemas de accedilotildees
[] entende-se como sistemas de espaccedilos livres (SEL)
urbanos os elementos e as relaccedilotildees que organizam e
estruturam o conjunto de todos os espaccedilos livres de um
determinado recorte urbano independentemente de sua
dimensatildeo qualificaccedilatildeo esteacutetica funcional e de sua
localizaccedilatildeo e propriedade sejam eles puacuteblicos ou privados
[] toda cidade possui um sistema de espaccedilos livres que eacute
produzido durante seu processo de formaccedilatildeo tanto pelo
Poder Puacuteblico como pela iniciativa privada (MACEDO 2010
p 3 e 4)
O autor afirma que todas as cidades independente do seu porte de suas caracteriacutesticas
culturais e histoacutericas possuem um Sistema de Espaccedilos Livres Essa afirmaccedilatildeo incita diversas
questotildees que conduziram esta pesquisa pontos voltados ao objeto de estudo a cidade de
Patos de Minas uma cidade meacutedia
O SEL DE UMA MEGAacuteLOPOLE OU METROacutePOLE Eacute
DIFERENTE DO SEL DE UMA PEQUENA CIDADE OU DE
UMA CIDADE MEacuteDIA
O MESMO TIPO DE ANAacuteLISE QUE SE APLICA PARA O
ENTENDIMENTO DO SEL DE UMA CIDADE DE GRANDE
PORTE PODE SER APLICADO PARA UMA CIDADE DE
MEacuteDIO PORTE
EXISTEM TIPOS DE ESPACcedilOS LIVRES FUNCcedilOtildeES OU
RELACcedilOtildeES QUE CARACTERIZAM O SISTEMA DE ESPACcedilOS
LIVRES DE UMA CIDADE MEacuteDIA
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23 OS ESPACcedilOS LIVRES NAS
CIDADES MEacuteDIAS
O espaccedilo livre eacute parte estruturante da forma urbana ele se configura em diferentes
categorias tipologias e caracteriacutesticas no meio urbano principalmente pela introduccedilatildeo ao
longo da histoacuteria de diferentes padrotildees urbaniacutesticos nas cidades O processo de urbanizaccedilatildeo
das cidades eacute uma soma e por vezes ateacute uma sobreposiccedilatildeo de padrotildees morfoloacutegicos esses
traccedilados geram diferentes paisagens com diferentes tipos de espaccedilos livres Incorporando ao
sistema um rico mosaico espacial formado por diferentes porcentagens de espaccedilos livres
intra lote caracteriacutesticos de traccedilados distintos por diferentes tipos de praccedilas aacutereas de
preservaccedilatildeo parques ruas e avenidas Aacutereas essas que apresentam diversos conflitos e
possuem um intenso potencial de transformaccedilatildeo
Segundo Macedo et al (2012) as cidades brasileiras possuem padrotildees morfoloacutegicas
semelhantes isso fica evidente na repeticcedilatildeo dos tipos de traccedilado (ortogonais orgacircnicos
radiais) e nos padrotildees de mancha urbana (linear tentacular compacta mista) O que confere
a especifidade das diversas cidades eacute a forma como elas estatildeo inseridas em seu contexto
territorial os arranjos espaciais seus padrotildees culturais socioeconocircmicos a legislaccedilatildeo
municipal as tipologias e funccedilotildees dos espaccedilos livres e a paisagem urbana Nas cidades meacutedias
brasileiras a forma como os padrotildees morfoloacutegicos se adequam ao suporte fiacutesico
transformando paisagem a local confere ao Sistema de Espaccedilos Livres diferentes dinacircmicas
espaciais funcionais e tipoloacutegicas
Como dito anteriormente neste trabalho a proposta natildeo eacute discutir o que determina uma
cidade como de meacutedio porte ou natildeo mas entender essas cidades como centro urbanos em
crescimento onde novos traccedilados e dinacircmicas urbanas satildeo somadas agrave cidade existente
transformando a paisagem local Na atual conjuntura brasileira segundo Tacircngari et al(2009)
apoacutes a deacutecada de 1980 as cidades meacutedias passaram a crescer mais rapidamente em
comparaccedilatildeo com as metroacutepoles um processo de diminuiccedilatildeo do movimento migratoacuterio em
direccedilatildeo agraves megaloacutepoles e o seu direcionamento para as cidades meacutedias que apresentam
grande potencial de crescimento econocircmico e tecircm seus atributos esteacuteticos e econocircmicos
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valorizados atraveacutes da propagaccedilatildeo da ideia de que cidades de meacutedio porte podem apresentar
mais qualidade de vida que as grandes metroacutepoles
As cidades meacutedias reproduzem os padrotildees morfoloacutegicos e culturais vindos do contexto das
grandes cidades e das pequenas cidades ou povoados de seu entorno Um exemplo dessa
influecircncia vinda das grandes cidades satildeo os condomiacutenios fechados propostos inicialmente
pelo mercado imobiliaacuterio como locais de seguranccedila e lazer proacuteximos aos grandes centros
urbanos esse mesmo padratildeo de condomiacutenio fechado eacute aplicado nas cidades meacutedias onde a
criminalidade eacute bem menor e as distacircncias a serem percorridas satildeo mais curtas Um exemplo
da influecircncia vinda das pequenas cidades e povoados proacuteximos satildeo as chaacutecaras pastos e
plantaccedilotildees presentes dentro malha urbana
Patos de Minas eacute um exemplo de cidade meacutedia em crescimento que recebe influecircncias
culturais e de padrotildees morfoloacutegicos uma cidade que possui caracteriacutesticas especiacuteficas de seu
suporte fiacutesico de seu processo histoacuterico e cultura que influenciam diretamente na malha
urbana as tipologias de espaccedilos livres e os tipos de apropriaccedilatildeo desses espaccedilos
Se observarmos em Patos de Minas as caracteriacutesticas da condiccedilatildeo de cidade meacutedia como por
exemplo a localizaccedilatildeo estrateacutegica entre cidades de maior e menor porte Percebemos que a
cidade atrai pessoas do entorno para desfrutar de suas potencialidades econocircmicas e de seus
aparatos de lazer (parques praccedilas locais de exposiccedilatildeo agropecuaacuteria) o que contribui
diretamente para geraccedilatildeo de renda e uso dos espaccedilos A cidade possui uma relaccedilatildeo direta
com cidades de maior porte que servem de escoamento da produccedilatildeo e suprimento de
mercadorias essa relaccedilatildeo de proximidade atrai para cidade eventos e exposiccedilotildees e pode
motivar influecircncias sobre as tipologias de espaccedilos livres gerados (assim como o processo de
globalizaccedilatildeo tambeacutem pode exercer esse papel)
Eacute nesse contexto de crescimento das cidades meacutedias e influecircncias morfoloacutegicas e culturais
que o Sistema de Espaccedilos Livres precisa ser pensado e entendido como uma infraestrutura
baacutesica para o desempenho da vida cotidiana urbana Segundo Souza amp Macedo (2014) o SEL
deve oferecer condiccedilotildees de habitabilidade urbana e para isso eacute necessaacuterio que se estabeleccedila
um diagnoacutestico baseado na existecircncia ou ausecircncia de uma seacuterie de atributos urbanos
necessaacuterios e qualitativos que deveriam orientar accedilotildees poliacuteticas e projetos de maneira a
formar um Sistema de Espaccedilos Livres integrado agrave paisagem local e a demanda da populaccedilatildeo
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O autor afirma que eacute preciso fazer uma leitura da cidade de seus condicionantes conflitos e
potencialidades para entender como se estrutura o SEL suas funccedilotildees e seu potencial de
transformaccedilatildeo e organizaccedilatildeo na cidade
Partimos para anaacutelise da forma urbana patense buscando o entendimento de como as
caracteriacutesticas especiacuteficas do suporte fiacutesico da organizaccedilatildeo espacial da situaccedilatildeo fundiaacuteria e
dos tipos de usos e funccedilotildees exercidas pelos espaccedilos livres estruturam o Sistema de Espaccedilos
Livres de Patos de Minas
24 OS ESPACcedilOS LIVRES NA FORMA URBANA DE
PATOS DE MINAS
Para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na forma urbana de Patos de Minas a
anaacutelise foi dividida em trecircs principais enfoques RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA CONFIGURACcedilAtildeO
ESPACIAL e RELACcedilAtildeO DE USOS DO SOLO A leitura da cidade apresentada por esses trecircs
acircngulos somada ao entendimento de paisagem forma urbana e da formaccedilatildeo e
transformaccedilatildeo da malha urbana patense apresentados no capiacutetulo anterior nos possibilitam
o entendimento do Sistema Espaccedilos Livres de Patos de Minas como um todo com suas
categorias tipoloacutegias e relaccedilotildees sistecircmicas
Os trecircs principais enfoques foram determinados com base nas principais caracteriacutesticas da
cidade nas suas peculiaridades na sua condiccedilatildeo de cidade de meacutedio porte Provavelmente
um outro tipo de cidade com outras caracteriacutesticas de paisagem demandaria outro segmento
de anaacutelise
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241
RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA
ESPACcedilOS LIVRES x SUPORTE ambiental
O principal objetivo desse subcapiacutetulo eacute analisar as caracteriacutesticas do suporte ambiental sobre
o qual a cidade de Patos de Minas foi implantada buscando identificar quais espaccedilos livres
presentes na cidade incorporam esses elementos da paisagem O suporte ambiental eacute parte
da paisagem urbana ele eacute formado por elementos como corpos drsquoaacutegua vegetaccedilatildeo relevo
solos e clima
Estatildeo cada vez mais presentes nos planos diretores e na legislaccedilatildeo ambiental denominaccedilotildees
como reservas florestais puacuteblicas e privadas parques lineares parques ecoloacutegicos unidades
de conservaccedilatildeo aacutereas de proteccedilatildeo permanente (APPrsquos) aleacutem de referecircncias agrave
sustentabilidade e agrave ecologia Essas denominaccedilotildees muitas vezes geram espaccedilos livres
voltados agrave funccedilatildeo de conservaccedilatildeo e proteccedilatildeo ambiental Entretanto os espaccedilos livres
vinculados ao suporte fiacutesico natildeo possuem somente a funccedilatildeo de conservaccedilatildeo ambiental eles
possuem outros papeacuteis no meio urbano como recreaccedilatildeo infraestrutura urbana contribuir
com a drenagem pluvial possibilitar microclimas urbanos mais agradaacuteveis contribuir para
manutenccedilatildeo da biodiversidade e valores esteacuteticos Segundo Queiroga (2012) a
permeabilidade do solo e a cobertura arboacuterea permitem a conservaccedilatildeo de paisagens com
melhor desempenho ambiental mitigando problemas comuns nas aacutereas urbanas a qualidade
da aacutegua e do ar a manutenccedilatildeo da qualidade do solo controle de erosatildeo abastecimento dos
aquiacuteferos e regulaccedilatildeo das enchentes
Os espaccedilos livres vinculados ao suporte ambiental como os corpos drsquoaacutegua e a vegetaccedilatildeo
constantemente satildeo alvo de degradaccedilatildeo ambiental o que ressalta a sua funccedilatildeo ambiental
dentro do sistema Entretanto a mitigaccedilatildeo desses problemas natildeo eacute uma questatildeo pertinente
apenas ao planejamento ambiental das cidades De acordo com Jacobs (2001) as aacutereas livres
puacuteblicas estruturam o espaccedilo urbano satildeo o principal suporte espacial para o encontro e a
vivecircncia urbana Segundo a autora a degradaccedilatildeo do espaccedilo urbano observada pela reduccedilatildeo
de aacutereas puacuteblicas de lazer deficiecircncia na arborizaccedilatildeo urbana excessiva impermeabilizaccedilatildeo do
solo aumento da temperatura e criaccedilatildeo de ilhas de calor danos ambientais diversos
diminuiccedilatildeo da qualidade da ambiecircncia urbana e perda de qualidade de vida constitui um
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problema que extrapola a esfera fiacutesicaespacial constituindo um problema social visto que
desencoraja o uso da rua e dos espaccedilos livres como locais de encontro necessaacuterios para a
manutenccedilatildeo das praacuteticas sociais
Ao longo do processo de urbanizaccedilatildeo das cidades brasileira foram comuns situaccedilotildees em que
aacutereas de reserva natural foram desmatadas para dar lugar a loteamentos coacuterregos foram
canalizados e desapareceram da paisagem urbana ou foram canalizadas a ceacuteu aberto tiveram
sua APP desmatada e impermeabilizada para dar lugar a avenidas e aacutereas construiacutedas como
no caso da Figura 26
Figura 26 Coacuterrego do Monjolo em Patos de Minas canalizado a ceacuteu aberto na deacutecada de 1970 com APP desmatada e grande parte do seu entorno impermeabilizado Agraves margens do coacuterrego a Av Faacutetima Porto Foto Acervo pessoal 2014
Atualmente esse tipo de tratamento de supressatildeo da vegetaccedilatildeo das APPrsquos em aacutereas
urbanizadas eacute cada vez mais incomum7 o que contribui para a conservaccedilatildeo desses recursos
naturais Entretanto gradativamente mais a legislaccedilatildeo ambiental trata a funccedilatildeo ambiental dos
espaccedilos como algo isolado entendendo as APPrsquos como locais onde natildeo podem existir
intervenccedilotildees desconsiderando que esses espaccedilos podem estar vinculados a outras funccedilotildees
como por exemplo recreaccedilatildeo educaccedilatildeo ambiental valorizaccedilatildeo da paisagem De acordo com
7 Os casos excepcionais nos quais eacute permitido a supressatildeo da vegetaccedilatildeo em APP estatildeo definidos pela Resoluccedilatildeo CONAMA 36906
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geografia sovieacutetica tem seus proacuteprios termos ldquomesnost e ourotchitcherdquo que possuem valor
territorial aos quais os russos acrescentam ldquolandschaftrdquo emprestado dos alematildees
Segundo Maximiano (2004) para alguns socioacutelogos e economistas a paisagem eacute a base do
meio fiacutesico onde o homem a utiliza e a transforma ou natildeo para alguns botacircnicos e ecoacutelogos
a paisagem eacute um conjunto de organismos num meio fiacutesico cujas propriedades podem ser
explicadas segundo leis ou modelos com ajuda das ciecircncias fiacutesicas eou bioloacutegicas para
alguns geoacutegrafos ela resulta da relaccedilatildeo dinacircmica de elementos fiacutesicos bioloacutegicos e
antroacutepicos
ldquoA expressatildeo ldquopaisagemrdquo() passava a manifestar-se com
significados amplos complexos poreacutem bastante vagos
indistintos incompletos premissas comuns eram ldquoa naturezardquo e
a censura agrave accedilatildeo do homem A percepccedilatildeo das mudanccedilas
naturais ndash de tempos bioloacutegicos ndash e tambeacutem aquelas raacutepidas
extensas e difusas do trabalho do homem ndash de tempos
histoacutericos ndash levantava novamente a relaccedilatildeo homem-natureza
Seria esta relaccedilatildeo com todos os apelos e juiacutezos ndash imprecisos
indefinidos ndash que seria associada agrave palavra lsquopaisagemrsquordquo
(MAGNOLI e MACEDO 2000 p132-133)
O estudo da paisagem passou a ganhar relevacircncia entre os arquitetos a partir dos anos de
1960 Segundo Sandeville (2006) esse processo pode ser exemplificado inicialmente pelos
trabalhos de Kevin Lynch Cristopher Alexander Amos Rapoport Yi Fu Tuan e Vittorio
Gregotti1 De acordo com Gregotti (1983) o entendimento da paisagem eacute um instrumento
que o arquiteto tem que ter em matildeos para analisar o lugar e o espaccedilo sobre o qual se projeta
Entretanto a paisagem entendida soacute como o conjunto das caracteriacutesticas fiacutesicas e
geomorfoloacutegicas de cunho bioloacutegico e mineraloacutegico natildeo eacute suficiente para elaboraccedilatildeo do
1LYNCH K A imagem da cidade (1960) ALEXANDER C Unlenguage de patrones (1980) RAPOPORT A
Aspectos humanos de la forma urbana (1978) TUAN Y F Espaccedilo e lugar (1983) GREGOTTI V Nuevos
caminos de La arquitectura italiana (1969)
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projeto eacute preciso que a leitura da paisagem expresse as accedilotildees cotidianas os usos dos
espaccedilos e a cultura local
No Brasil Miranda Magnoli inicia seus estudos sobre a paisagem e o ambiente na deacutecada de
1970 baseada nas anaacutelises estadunidenses de planejamento da paisagem reconhecendo a
importacircncia das caracteriacutesticas socioespaciais mas sem reduzir a paisagem aos aspectos
formais O modo como Miranda discutiu a paisagem segundo Sandeville (2006) ultrapassou
as limitaccedilotildees da relaccedilatildeo figura-fundo a qual reforccedila a paisagem como cenaacuterio um entorno
transformado por uma arquitetura de edifiacutecio promovendo a cenarizaccedilatildeo da ideia de
paisagem Sua reflexatildeo estabeleceu bases para o conceito da arquitetura como o projeto do
ldquoambiente humanordquo a necessidade de compreensatildeo do contexto no qual se insere o objeto
projetado
A definiccedilatildeo do conceito de paisagem adotada para este trabalho eacute a desenvolvida por
Miranda Magnoli (1982) na qual a morfologia da paisagem eacute definida como resultante da
interaccedilatildeo entre a loacutegica proacutepria dos processos do suporte (geologia clima solo relevo
vegetaccedilatildeo e sol aacutegua e ventos) e a loacutegica proacutepria dos processos antroacutepicos sociais e culturais
(parcelamentos escavaccedilotildees plantaccedilotildees construccedilotildees edificaccedilotildees etc) Essa anaacutelise da
paisagem urbana considera os diversos atores que nela interferem seus aspectos fiacutesicos
socioeconocircmicos culturais e seu processo evolutivo natildeo eacute simplesmente bem organizada ou
normativa eacute tambeacutem uma anaacutelise poeacutetica e simboacutelica fala das pessoas e de suas histoacuterias de
suas aspiraccedilotildees tradiccedilotildees e conflitos do conjunto natural das funccedilotildees e da dinacircmica urbana
O estudo da paisagem possibilita um melhor entendimento da estrutura da cidade a
compreensatildeo do siacutetio natural e da interferecircncia humana no mesmo esse conhecimento pode
direcionar o planejamento urbano para tanto o entendimento do conceito de paisagem e
seus sombreamentos eacute de extrema importacircncia Segundo Oseki amp Pellegrino (2004) um
planejamento ecoloacutegico da paisagem pode fornecer as ferramentas necessaacuterias para
integraccedilatildeo entre sociedade e natureza incorporando diretrizes ambientalmente desejaacuteveis
para a melhoria da habitabilidade da cidade de sua sustentabilidade e de sua imagem
Para Oseki amp Pellegrino (2004) as paisagens satildeo ao mesmo tempo produzidas socialmente e
produtoras (indutoras) de praacuteticas sociais podem ser utilizadas no planejamento no projeto
e gestatildeo de espaccedilos livres (nas escalas espaciais local regional e continental) o que lhes
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confere importacircncia no planejamento urbano e regional o que tem sido ignorado pelos
oacutergatildeos responsaacuteveis pela gestatildeo do territoacuterio Segundo Macedo (1993) a paisagem eacute processo
e produto das accedilotildees humanas eacute processo na medida em que estaacute em constante mutaccedilatildeo e
compreende as diversas forccedilas que nela atuam ora em conflito ora em consonacircncia de
objetivos eacute produto pois a cada instante apresenta-se como objeto acabado dessas accedilotildees e
forccedilas aplicadas
Figura 2 Avenida Getuacutelio Vargas em Parto de Minas Vista parcial da paisagem urbana Fonte httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=1534357amppage=92 Foto Fotoacutegrafo desconhecido
O presente trabalho entende a paisagem como algo que caracteriza a cidade que lhe confere
identidade e a distingue das demais A paisagem retrata a forma urbana e a cultura da
populaccedilatildeo a maneira como as pessoas constroem suas casas e onde constroem se na beira
do rio no alto das serras ou nas chapadas Eacute a histoacuteria local contada por meio da mudanccedila do
cenaacuterio e da mudanccedila dos padrotildees arquitetocircnicos nas casas que permanecem do periacuteodo
neocolonial ou no estilo ecleacutetico nas casas que surgiram no estilo moderno nas reformas
nas construccedilotildees que satildeo tombadas e nas que satildeo derrubadas A paisagem eacute contada pelas
aacutervores pelas flores plantadas e replantadas nas calccediladas calccediladas por vezes remendadas A
paisagem eacute o reflexo do processo social dos bairros que se formam das pessoas que se
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mudam da economia que se desenvolve modificando o comercio instalando novas induacutestrias
e quem sabe ateacute bairros industriais gerando renda para urbanizaccedilatildeo de novas aacutereas ou a
verticalizaccedilatildeo de outras
O entendimento da paisagem enquanto elemento caracterizador da imagem das cidades eacute
um instrumento para a melhoria e manutenccedilatildeo dos valores da mesma Possui uma relaccedilatildeo
direta com histoacuteria da cidade com os valores culturais com o processo de formaccedilatildeo e de
transformaccedilatildeo da forma urbana e com os elementos que a constituem Partimos entatildeo para o
estudo da forma urbana com seus enfoques conceituais desdobramentos teoacutericos e
praacuteticos
12
MORFOLOGIA E FORMA URBANA
FORMA URBANA MALHA URBANA TECIDO
URBANO
Figura 3 Forma Urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora 2014
Eacute constante a confusatildeo ao conceituar termos
como morfologia forma urbana malha
urbanatecido urbano elementos morfoloacutegicos
termos que ora se sobrepotildeem ora se englobam
ora se dividem
EXISTE UM CONSENSO SOBRE O CONCEITO
DE FORMA URBANA
A DEFINICcedilAtildeO DE FORMA URBANA ENGLOBA
O TRACcedilADO DAS RUAS OS CHEIOS E VAZIOS
OS USOS E AS TIPOLOGIAS CONSTRUIacuteDAS OU
SERIA SOacute O DESENHO QUE SE FORMA NO
ENCONTRO DAS BORDAS DA OCUPACcedilAtildeO
FORMA URBANA Eacute SINOcircNIMO DE TECIDO
URBANO OU O TECIDO Eacute PARTE DA FORMA
22 |
A morfologia urbana eacute um campo disciplinar que abrange o estudo das cidades das formas
dos tecidos e da paisagem O estudo da morfologia contribui para o entendimento da
estrutura da cidade sua formaccedilatildeo e transformaccedilatildeo por meio de seus elementos
constituintes Segundo Lamas (2004) os elementos morfoloacutegicos constituintes satildeo o solo os
edifiacutecios o lote o quarteiratildeo a fachada o logradouro o traccediladorua a praccedila o monumento
a vegetaccedilatildeo e o mobiliaacuterio urbano O autor denomina como elementos morfoloacutegicos as partes
fiacutesicas que associadas ou estruturadas constituem a forma urbana Existem diversos
conceitos e definiccedilotildees que abordam a morfologia das cidades este trabalho apresentaraacute
algumas delas
Segundo Del Rio (1990) a anaacutelise da morfologia urbana estaacute em compreender a loacutegica da
formaccedilatildeo evoluccedilatildeo e transformaccedilatildeo da forma da cidade e de suas inter-relaccedilotildees a fim de
possibilitar a identificaccedilatildeo de accedilotildees mais apropriadas cultural e socialmente para a
intervenccedilatildeo urbana e o desenho de novos espaccedilos Segundo Rossi (2001) a cidade eacute uma
obra reconhecida pelo conjunto de sua forma mas tambeacutem pode ser identificada por
pequenas partes do conjunto em seus diversos momentos a forma urbana eacute a soma dos
diversos tecidos e padrotildees morfoloacutegicos que formam a cidade
O tecido urbano ou a malha urbana de acordo com Rego e Meneguetti (2011) satildeo
configurados pelo sistema viaacuterio pelo padratildeo do parcelamento do solo pela aglomeraccedilatildeo e
pelo isolamento das edificaccedilotildees assim como pelos espaccedilos livres Em outras palavras o
tecido de cidade eacute dado pelos edifiacutecios ruas quadras e lotes parques praccedilas e monumentos
nos seus mais variados arranjos Esses elementos morfoloacutegicos presentes no tecido urbano
segundo Moudon (1997) devem ser considerados como organismos ndash constantemente em
atividade e assim em transformaccedilatildeo ao longo do tempo eles existem em inter-relaccedilatildeo com
as estruturas edificadas conformando e sendo conformadas pelos espaccedilos livres O modo
como cada um desses elementos morfoloacutegicos se organizou e conforma o tecido da cidade
pode ser entendido como um objeto de estudo da morfologia urbana
A forma urbana reflete os processos de formaccedilatildeo da cidade os processos sociais que se
consolidam nos tecidos urbanos que levam a sociedade a construir de uma maneira
determinada e caracteriacutestica suas casas escolas comeacutercios induacutestrias etc Segundo
Carvalho (2011) os tecidos urbanos satildeo configurados a partir da homogeneidade dos
seguintes elementos traccedilado da malha viaacuteria padrotildees de uso (residencial comercial de
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serviccedilos e industrial) padratildeo edificado (padratildeo arquitetocircnico e do gabarito) e suporte fiacutesico
(topografia vegetaccedilatildeo e hidrografia
De acordo com Moudon (1997) os morfologistas atentam para os resultados tangiacuteveis de
questotildees sociais econocircmicas poliacuteticas ou seja estudam a manifestaccedilatildeo de ideias e
intenccedilotildees agrave medida que elas tomam forma no chatildeo e moldam as cidades O estudo
morfoloacutegico das cidades pode ser dividido em escolas de pensamento dentre elas a escola
italiana a escola francesa e a escola inglesa as quais analisaremos sinteticamente
observando suas principais caracteriacutesticas metodoloacutegicas bases bibliograacuteficas e formas de
pensamento
A escola italiana conforme Mondon (1997) tem seu iniacutecio nos estudos do arquiteto Saverio
Muratori (1910 ndash 1973) e de Gianfranco Caniggia (1933 ndash 1987) na deacutecada de 1940 Segundo
Rosaneli (2011) essa escola de pensamento possui como principal distintivo a preocupaccedilatildeo
com o destino das cidades histoacutericas italianas sobretudo devido aos efeitos das intervenccedilotildees
modernistas Essa escola apresenta uma maior preocupaccedilatildeo com o estudo tipoloacutegico das
edificaccedilotildees (fachadas estilos arquitetocircnicos gabarito) e de suas transformaccedilotildees ao longo do
tempo
A escola francesa apresenta ecircnfase na reflexatildeo geograacutefica e historiograacutefica sobre as cidades e
possui a contribuiccedilatildeo do socioacutelogo Henri Lefebvre (1901 ndash 1991) Assim como a escola italiana
a escola francesa se opotildee aos efeitos das intervenccedilotildees modernistas Rosaneli (2011) propotildee
uma reforma educacional no campo dos estudos urbanos e busca consolidar uma nova
ldquodisciplinardquo com duplo objetivo primeiro uma pesquisa descritiva multidisciplinar do espaccedilo
construiacutedo a fim de reconhecer ingredientes de um bom desenho e segundo a identificaccedilatildeo
e criacutetica de modelos teoacutericos de desenho urbano
A escola inglesa eacute fundamentada nos estudos do geoacutegrafo alematildeo Conzen (1907 ndash 2000) e
inicia-se na deacutecada de 1960 De acordo com Moudon (1994) a escola inglesa possui uma
anaacutelise morfoloacutegica descritiva analiacutetica e explanatoacuteria concentra-se no estudo da forma
urbana e apresenta o mais completo detalhado e sistemaacutetico meacutetodo tipo morfoloacutegico das
trecircs escolas
Conzen fundamenta-se na aplicabilidade da leitura dos planos urbanos (ldquotown-plansrdquo) para o
entendimento da formaccedilatildeo urbana De acordo com Conzen (1960) apud Rosaneli (2011) os
24 |
trecircs fundamentais elementos que compotildee os planos satildeo as ruas que estatildeo arranjadas em um
traccedilado os lotes ou parcelas individuais de terra juntamente com as quadrasquarteirotildees e os
edifiacutecios com seus conjuntos construiacutedos As diversas combinaccedilotildees desses trecircs principais
elementos constituiriam unidades distintas com ldquohomogeneidade morfoloacutegicardquo o que o
autor denominou de tecido urbano (ldquoplan unitrdquo ldquourban fabricrdquo ou ldquotessuto urbanordquo para a
escola italiana)
A morfologia urbana e suas diferentes escolas de pensamento retratam o estudo da forma
urbana e de seus elementos estruturantes dos processos culturais sociais econocircmicos e
poliacuteticos Os estudos morfoloacutegicos que mais se aplicam agrave presente pesquisa satildeo os da escola
inglesa onde desenvolve-se uma anaacutelise descritiva e analiacutetica do processo de urbanizaccedilatildeo
estudando as unidades com ldquohomogeneidade morfoloacutegicasrdquo trabalhadas nessa pesquisa por
meio das Unidades de Paisagem (porccedilotildees territoriais com semelhanccedila de traccedilado e interaccedilatildeo
entre os espaccedilos livres e edificados) e atraveacutes da anaacutelise do Sistema de Espaccedilos Livres uma
organizaccedilatildeo sistecircmica dos espaccedilos livres das diversas Unidades de Paisagem presentes em
uma aacuterea definida
Para o entendimento da configuraccedilatildeo do Sistema de Espaccedilos Livres Patense e de suas
Unidades de Paisagem partimos do estudo do processo de urbanizaccedilatildeo de Patos de Minas
observando as caracteriacutesticas morfoloacutegicas histoacutericas culturais e da paisagem urbana
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13 FORMACcedilAtildeO E TRANSFORMACcedilAtildeO DA
MALHA URBANA PATENSE
Figura 4 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Patos de Minas e apresentaccedilatildeo da forma urbana da cidade Elaborado pela autora segundo fonte Mapas da Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2006 e 2015
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Patos de Minas eacute uma cidade meacutedia2 da regiatildeo intermediaacuteria agrave Mesorregiatildeo do Triacircngulo
Mineiro e Alto Paranaiacuteba Considerada poacutelo econocircmico regional a maior cidade da
microrregiatildeo do Alto Paranaiacuteba que eacute composta por 10 municiacutepios O municiacutepio de Patos de
Minas eacute formado por sete distritos o distrito sede eacute a cidade de Patos de Minas e os outros
satildeo Bom Sucesso Chumbo Major Porto Pilar Pindaiacutebas e Santana de Patos (identificados na
Figura 4)
Segundo o IBGE (2010) o municiacutepio de Patos de Minas possui aacuterea de 3189771Kmsup2
densidade demograacutefica de 4349 habkmsup2 e populaccedilatildeo de aproximadamente 147614
habitantes (populaccedilatildeo estimada em 2014)
Patos de Minas situa-se no Planalto Central Minas GeraisGoiaacutes com altitudes meacutedias de 800
a 900 metros Localiza-se entre duas grandes bacias hidrograacuteficas brasileiras a do Satildeo
Francisco e a do Paranaacute Sua localizaccedilatildeo estrateacutegica permite a ligaccedilatildeo da cidade a centros
comerciais como Uberlacircndia Belo Horizonte Brasiacutelia e Satildeo Paulo facilitando o intercacircmbio
comercial e o desenvolvimento econocircmico
De acordo com o IBGE (2012) o PIB (Produto Interno Bruto) do municiacutepio tem sua economia
baseada principalmente no setor de serviccedilos seguido do setor industrial e da agricultura
conforme Tabela 1
2 A dissertaccedilatildeo adota a conceituaccedilatildeo de cidades meacutedias desenvolvida por Amorim Filho e Serra (2001) cidade que ocupam uma posiccedilatildeo estrateacutegica na hierarquia urbana oferecendo suporte agraves cidades pequenas conforme a funccedilatildeo que desempenham e estabelecendo ligaccedilotildees com as cidades maiores intermediando as relaccedilotildees entre estes dois niacuteveis urbanos De acordo com os autores essas cidades satildeo espaccedilos de relaccedilotildees e natildeo de polarizaccedilatildeo ou dominaccedilatildeo satildeo cidades natildeo tatildeo pequenas a ponto de limitar as possibilidades de crescimento econocircmico e intelectual de seus habitantes e nem tatildeo grandes a ponto de onerar ndash e ateacute pocircr em risco ndash a vida da maioria de seus moradores
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Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas - 2012
Impostos sobre produtos liacutequidos de subsiacutedios a preccedilos correntes
248946 mil reais
PIB a preccedilos correntes 2495732 mil reais
PIB per capita a preccedilos correntes 1770650 mil reais
Valor adicionado bruto da agropecuaacuteria a preccedilos correntes 255908 mil reais
Valor adicionado bruto da induacutestria a preccedilos correntes 432152 mil reais
Valor adicionado bruto dos serviccedilos a preccedilos correntes 1558725 mil reais
Tabela 1 Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas-2012 Fonte IBGE 2012 em parceria com os Oacutergatildeos Estaduais de Estatiacutestica Secretarias Estaduais de
Governo e Superintendecircncia da Zona Franca de Manaus ndash SUFRAMA Disponiacutevel em
httpwwwcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=314800ampidtema=134ampsearch=mina
s-gerais|patos-de-minas|produto-interno-bruto-dos-municipios-2012 Acesso em dezembro de 2014
Entretanto observa-se que entre os setores o que mais exerce influecircncia cultural no
municiacutepio e na dinacircmica urbana eacute a agricultura somada a pecuaacuteria e ao agronegoacutecio
caracterizando as festas locais as manifestaccedilotildees culturais as formas de apropriaccedilatildeo da
paisagem as tipologias predominantes de espaccedilos livres e a histoacuteria de ocupaccedilatildeo do
municiacutepio Na agroinduacutestria destaca-se a produccedilatildeo de leite e derivados sementes e adubos
defensivos agriacutecolas carne suiacutena e derivados e alimentos enlatados A agricultura sempre
caracterizou a economia e a cultura local os produtos que se destacam satildeo o arroz soja
feijatildeo cafeacute maracujaacute tomate horticultura e o milho siacutembolo da festa regional a Festa
Nacional do Milho A pecuaacuteria possui significativa importacircncia econocircmica para o municiacutepio a
regiatildeo faz parte de uma das maiores bacias leiteiras do paiacutes Patos de Minas tambeacutem eacute
considerada poacutelo nacional de geneacutetica suiacutena detendo 70 da tecnologia nacional em
melhoramentos suiacutenos
Para analisarmos como se formou a cidade de Patos de Minas apresentaremos seus periacuteodos
urbanos em cinco partes a primeira retrata o iniacutecio do povoado ateacute 1930 depois de 1940 a
deacutecada de 1960 em seguida de 1970 ateacute a deacutecada 1980 e por fim o periacuteodo que vai de 1990
ateacute o ano de 2015 buscando assim retratar o crescimento urbano os principais
acontecimentos histoacutericos e a incorporaccedilatildeo dos elementos da paisagem
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131
DO INIacuteCIO DO POVOADO ATEacute A DEacuteCADA DE 1930
BORGES X MACIEacuteIS
O processo de colonizaccedilatildeo da
regiatildeo ocupada hoje pelo
municiacutepio de Patos de Minas
teve iniacutecio provavelmente na
segunda metade do seacuteculo XVIII
antes mesmo da descoberta do
ouro no estado de Minas Gerais
com as bandeiras rumo agraves terras
de Paracatu A cidade de Patos
de Minas surgiu na segunda
deacutecada do seacuteculo XIX em torno
da Lagoa dos Patos (delimitada
na Figura 5) onde segundo as
descriccedilotildees histoacutericas existia uma
enorme quantidade de patos
silvestres
Figura 5 Crescimento Urbano de Patos de Minas ateacute o iacutenicio do seacuteculo XIX Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas Disponiveacutel em
httpwwwpatosdeminasmggovbrgaleriahistoricaspagesimage16php Acesso em maio de
2014 Elaborado pela autora
Segundo Oliveira Mello (1971) o povoado que deu origem a cidade de Patos de Minas se
iniciou em 1826 com a doaccedilatildeo do terreno por Antocircnio Joaquim da Silva Guerra e sua esposa
Luzia Correcirca de Andrade para a construccedilatildeo da capela de Santo Antocircnio situada hoje na atual
Praccedila Dom Eduardo proacutexima agrave Lagoa dos Patos na Avenida Liberdade atualmente conhecida
como Avenida Getuacutelio Vargas A partir de entatildeo diversas famiacutelias se instalaram no entorno da
capela originando o Arraial de Santo Antocircnio da Beira do Paranaiacuteba Em 1866 foi criada a Vila
de Santo Antocircnio dos Patos e em 1892 o presidente do Estado de Minas Gerais elevou a vila
agrave categoria de cidade de Patos de Minas
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Figura 6 Iniacutecio da ocupaccedilatildeo da cidade de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fontes
Prefeitura Municipal de Patos de Minas e MuP- Museu da Cidade de Patos de Minas
A Praccedila Dom Eduardo estaacute no centro do nuacutecleo original de povoamento ilustrado pela Figura
6 e representa a divisatildeo de influecircncia entre as duas famiacutelias da elite local que atuaram na
construccedilatildeo da paisagem urbana e na histoacuteria da cidade de Patos de Minas os Borges
catoacutelicos e monarquistas e os Dias Macieacuteis protestantes e republicanos
Ao norte da Praccedila Dom Eduardo encontam-se os Borges e seus parentes os Caixeta e os
Queiroz de acordo com Silva (2011) deste lado da cidade a paisagem se desenha por ruas
estreitas e curvas as quais conduzem a travessas e becos nitidamente ldquosemeadosrdquo agrave moda
lusitana de povoar Ao mesmo tempo os edifiacutecios mais antigos e caracteriacutesticos da aacuterea satildeo
todos em estilo colonial com altas janelas e portas retangulares Satildeo exemplos a antiga Casa
de Cacircmara e Cadeia localizada hoje na Praccedila Juquinha Caixeta (Figura 7) e os casarotildees do Dr
Joatildeo Borges e do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz a rua e a casa de Deiroacute Borges a Rua do
Tenente Bino o Beco da Zeacutelia a Praccedila da Dona Genoveva (Figura 8) a Rua do Alfredo Borges
a Praccedila Chiquinho Caixeta a Rua Dr Joseacute Oliacutempio Borges a Praccedila Dom Eduardo E ainda a
Travessa dos Queiroz onde se manteacutem de peacute a casa do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz
palco de criaccedilatildeo do partido de oposiccedilatildeo oficial aos ldquoMacieacuteisrdquo
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Figura 7 Casa de Cacircmara e Cadeia (o mais antigo edifiacutecio puacuteblico de Patos de Minas inaugurado em 1912 como Cacircmara Municipal Foacuterum e no reacutes-do-chatildeo a Cadeia Puacuteblica) e Praccedila Juquinha Caixeta Foto Acervo pessoal 2015 Figura 8 Rua Deiroacute Borges ao fundo Praccedila Dona Genoveva Foto Acervo pessoal 2015
Figura 9 Escola Estadual Marcolino de Barros Foto Fotoacutegrafo desconhecido 2008 Disponiacutevel em
httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=614809 Acesso em maio de 2014
Figura 10 Escola Estadual Antocircnio Dias Maciel Foto Acervo pessoal 2015
Ao sul da Praccedila Dom Eduardo em frente agrave Catedral de Santo Antocircnio estatildeo os Macieacuteis e seus
parentes os Santana Pacheco Barros Magalhatildees e Ferreira da Silva Segundo Silva (2011) os
Macieacuteis estatildeo ligados agrave modernizaccedilatildeo e agrave reordenaccedilatildeo urbana da cidade entre suas marcas
na paisagem estatildeo a Escola Estadual Marcolino de Barros(Figura 09) a Escola Estadual
Antocircnio Dias Maciel(Figura 10) a Rua Olegaacuterio Maciel a Casa de Olegaacuterio Maciel a Casa do
Dr Itagyba a Rua Farnese Maciel o Palacete de Amadeu Maciel a Rua Major Gote (apelido
de Sesoacutestris Dias Maciel) o Hospital Regional Antocircnio Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur
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Thomaz de Magalhatildees o Coreto Arthur Thomaz de Magalhatildees a Rua Joseacute de Santana a Praccedila
Antocircnio Dias a Rua Major Jerocircnimo [Dias Maciel] e a Praccedila Santana
Olegaacuterio Maciel figura poliacutetica representativa da regiatildeo alternou entre os cargos de
Deputado Federal e Agente Executivo de Municiacutepio no final do seacuteculo XIX ateacute chegar agrave
Presidecircncia do Estado de Minas Gerais nos anos de 1930 Segundo Borges (2008) esse
processo poliacutetico influenciou o desenvolvimento fiacutesico-territorial da cidade atraindo
investimentos do Governo do Estado para a construccedilatildeo das escolas do foacuterum e do Hospital
Regional
No fim do seacuteculo XIX em 1883 o entatildeo Agente do Executivo Olegaacuterio Dias Maciel3 ordenou
a criaccedilatildeo de um plano diretor para ordenar e reorientar o crescimento do povoado para o
sentido sul da Praccedila Dom Eduardo ldquona chapada ou chapadatildeordquo conforme segue na citaccedilatildeo
Seguiu‐se a risca o ldquoPlano Diretorrdquo indicado por Olegaacuterio
Maciel O vereador Eduardo Ferreira de Noronha em 21 de
setembro de 1906 indica que ()auxiliem a Cacircmara a
estudar o local mais conveniente em que se deve construir
o matadouro e respectivo curral oferecendo seu parecer
Hoje distanciados no tempo sabemos que a ldquoChapadardquo
paulatinamente abrigou aleacutem do Matadouro Municipal a
Casa do Coronel Farnese Dias Maciel a Casa de Amadeu
Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur Thomaz de
Magalhatildees o Passeio Puacuteblico a fonte luminosa o Coreto o
Cinema o Paccedilo Municipal o Hospital Antocircnio Dias Maciel o
Grupo Escolar o Foacuterum () Pari Passu tambeacutem foram
transladados outros elementos que se localizavam na
direccedilatildeo para a qual a cidade ia se deslocando a mudanccedila
do cemiteacuterio e da Igreja de Nossa Senhora do Rosaacuterio
(frequentada pelos negros) tambeacutem se constituiu como
marco simboacutelico da nova ordenaccedilatildeo urbana planeada por
Olegaacuterio Maciel (BORGES amp SILVA 2009 p13)
3 Olegaacuterio Dias Maciel era engenheiro formado na Escola Polyteacutecnica do Rio de Janeiro em 1878 compartilhava os ideais positivistas da Repuacuteblica e tambeacutem os ideais da Belle Eacutepoque de higienizaccedilatildeo e de racionalizaccedilatildeo do espaccedilo urbano Soma-se a isso a experiecircncia cultural de Olegaacuterio fora de Patos como deputado federal e senador vivenciou no Rio de Janeiro as reformas urbanas empreendidas por Pereira Passos inspiradas na reforma de Paris sob a batuta do Baratildeo de Haussman Como deputado estadual e depois como presidente do Estado de Minas Gerais vivenciou a experiecircncia de ldquofruirrdquo a cidade de Belo Horizonte construiacuteda racionalmente agrave moda da colonizaccedilatildeo espanhola na Ameacuterica (BORGES amp SILVA 2009)
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Segundo Oliveira (2010) dentre as influecircncias na malha urbana decorrentes do periacuteodo
poliacutetico do iniacutecio do seacuteculo XX destacam-se as intervenccedilotildees na infraestrutura da Avenida
Getuacutelio Vargas definindo a mesma como eixo nobre na cidade o direcionamento o primeiro
vetor de expansatildeo urbana nas direccedilotildees sul e oeste da Av Getuacutelio Vargas
Figura 11 Inundaccedilatildeo ocorrida em 1941 na ponte sobre o Rio Paranaiacuteba Fonte Arquivo do Laboratoacuterio
de Histoacuteria do Unipam Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=3600 Acesso em
dezembro de 2014
Observa-se que a Avenida Getuacutelio Vargas anteriormente denominada como Avenida
Liberdade e depois Avenida Municipal representa o nuacutecleo inicial da cidade e o ponto de
partida dos vetores de ocupaccedilatildeo ateacute a deacutecada de 1930 observa-se que neste periacuteodo as
praccedilas da avenida apresentavam um paisagismo inspirado nos jardins franceses Zama
Maciel4 relata sobre o planejamento de usos e ocupaccedilatildeo dessa aacuterea e a Figura 12 ilustra esse
periacuteodo
4 Zama Maciel foi um patense que exerceu as funccedilotildees de agrimensor professor inspetor de ensino vereador e redator dos jornais locais
Com relaccedilatildeo ao vetor de expansatildeo oeste
observa-se que o mesmo foi impulsionado
pela construccedilatildeo da nova ponte sobre o rio
Paranaiacuteba em aproximadamente 1926
retratada na Figura 11 Segundo
Dannemann (2013) a obra da ponte estava
sob os cuidados da Companhia Nacional de
Cimento Armado SA e ateacute 1970 serviu
como principal acesso agrave sede do municiacutepio
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Avenida Municipal com o seu atual quilocircmetro de extensatildeo foi
destinada agrave habitaccedilatildeo particular devida a sua exagerada
largura e agrave perspectiva que podem oferecer casas pequenas e
de bom gosto fronteando os seus passeios gramados e jardins
floridos que a pequenada destroacutei Nela preacutedios comerciais de
dois trecircs andares tornam-se ridiacuteculos porque natildeo tecircm
magnitude para se imporem agrave largura (repisamos) exagerada
com que os antigos irrefletidamente a construiacuteram Somente
edifiacutecios semelhantes agrave igreja matriz em construccedilatildeo come
cinquenta metros podem nela sobreviverem Pequenos preacutedios
vivendas graciosas de cujas janelas caiam trepadeiras no
conjunto dos jardins e na imensa claridade de nossas tardes
faratildeo dela recanto cobiccedilado agrave moradia Enfeia-la com preacutedios
comerciais de pequeno porte e com casas de diversotildees
barulhentas seraacute obra de mau gosto que se torna necessaacuterio
evitar (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos Patos de
Minas junho de 1937)
Figura 12 Avenida Getuacutelio Vargas parte ao sul da Catedral de Santo Antocircnio deacutecada de 1930 Ao
centro da figura o Palacete Amadeu Maciel Fonte Acervo Documental e de Imagens de Patos de
Minas Local MuP ndash Museu da Cidade de Patos de Minas
A seguir o Mapa 1 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o
ano de 1930 retrata a localizaccedilatildeo da implantaccedilatildeo da cidade proacuteximo a recursos drsquoaacutegua No
mapa estaacute presente a delimitaccedilatildeo do periacutemetro urbano do ano de 2015 que seraacute mantido
como ponto de referecircncia espacial para a malha urbana atual
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A Figura 13 datada da deacutecada de 1930 eacute uma vista aeacuterea da cidade no qual pode-se
perceber a implantaccedilatildeo e a forma urbana da cidade e os vetores de expansatildeo do iniacutecio do
seacuteculo XX aacuterea retratada pelo Mapa 1 apresentado anteriormente
Figura 13 Vista aeacuterea de Patos de Minas
Fonte Arquivo Daacutecio Pereira da Fonseca Fotografo desconhecido
Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=2650 Acesso em abril de 2014
Observa-se na Figura 13 a presenccedila de espaccedilos livres puacuteblicos dentre eles as Praccedilas da
Avenida Getuacutelio Vargas dos Boiadeiros Antoacutenio Dias Champagnat e Santana os espaccedilos
livres privados o Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo o Patos Tecircnis Clube (PTC) o campo de futebol
da Uniatildeo Recreativa dos Trabalhadores (URT) e o campo de futebol do Clube do Mamoreacute
Segundo Fonseca (1974) desde o final do seacuteculo XIX ateacute 1950 Patos de Minas tentou pleitear
a vinda da estrada de ferro para escoamento da produccedilatildeo agriacutecola da regiatildeo ateacute o Rio de
Janeiro e Satildeo Paulo Segundo Borges e Silva (2009) em 1934 o engenheiro carioca Neacutelson
Rodrigues efetuou o primeiro levantamento planialtimeacutetrico da cidade de Patos de Minas a
princiacutepio esse levantamento objetivava abrigar a estrada de ferro Patos-Catiara Em 1936
provavelmente o proacuteprio Neacutelson Rodrigues concluiu o primeiro Plano Urbano oficial da
cidade apresentado pela Figura 14
LEGENDA 1 ndashMajor Gote e Dr Marcolino 2 ndash Lagoa Grande 3 ndash Campo de Aviaccedilatildeo 4 ndash Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo 5 ndash Rua Dr Marcolino 6 ndash Rua Major Gote 7 ndash Coacuterrego do Monjolo 8 ndash PTC 9 ndash Campo da URT 10 ndash Cemiteacuterio Municipal 11 ndash Rio Paranaiacuteba 12 ndash Av Getuacutelio Vargas 13 ndash Matriz de Santo Antocircnio 14 ndash Rua Tiradentes 15 ndash Cadeia 16 ndash Praccedila dos Boiadeiros 17 ndash Praccedila Antocircnio Dias 18 ndash Av Paracatu 19 ndash Igreja do Rosaacuterio 20 ndash Praccedila Champagnat 21 ndash Rua Major Jerocircnimo 22 ndash Campo do Mamoreacute
23 ndash Praccedila Santana
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Figura 14 Plano Urbano de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fonte Prefeitura
Municipal de Patos de Minas
Destaca-se no plano de crescimento urbano a Rua Major Gote na eacutepoca denominada Rua
Desembargador Frederico Zama Maciel escreve ao jornal local sobre o plano urbano as vias
de caraacuteter comercial da cidade e sobre as intenccedilotildees de um zoneamento de usos para o
crescimento da cidade inspirados no urbanismo norte-americano
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A Prefeitura () mandou organizar a planta da cidade e
traccedilar-lhe as ruas futuras no objetivo de impedir o
crescimento desordenado() Neste trabalho foram
observadas tanto quanto possiacutevel as normas seguidas na
Ameacuterica do Norte onde geralmente as cidades satildeo
traccediladas em xadrez cortando-se as ruas em acircngulo reto
() As ruas comerciais estatildeo determinadas no referido
plano e dentre as atuais destacam-se Desembargador
Frederico e General Osoacuterio A primeira () deveraacute atravessar
a cidade de norte a sul e morreraacute na futura praccedila da
estaccedilatildeo ferroviaacuteria onde atualmente se ergue o barracatildeo
da Companhia do Trigo Seraacute futuramente a mais central da
cidade Eacute de uma boa norma localizar-se o comeacutercio em
determinadas zonas (zoneamento chamam a isto os
urbanistas) bem como as faacutebricas os edifiacutecios puacuteblicos as
escolas (natildeo as primaacuterias que devem ser espalhadas nos
bairros residenciais) devem tambeacutem ter as suas zonas
separadas () (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos
Patos de Minas junho de 1937)
A linha feacuterrea natildeo foi implantada na cidade e o crescimento urbano das deacutecadas seguintes
natildeo se ateve ao planejamento apresentado na deacutecada de 1930
132
DA DEacuteCADA DE 1940 ATEacute A DEacuteCADA DE 1960
AUMENTO POPULACIONAL
Comparando o plano urbaniacutestico apresentado para a cidade no final do seacuteculo XIX com a
expansatildeo da malha urbana observa-se que o crescimento urbano da cidade ocorreu de
forma mais dispersa do que o apresentado no plano O vetor de expansatildeo ao sul manteve
grande parte do planejamento embora apresentando quadras menores A aacuterea antes
ocupada pela Lagoa dos Patos e a aacuterea a nordeste da Lagoa foram as que mais se
distanciaram das ideias do plano urbaniacutestico apresentando uma malha urbana orgacircnica com
a presenccedila de muitas ruas sem saiacuteda
O Mapa 2 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1965 a seguir retrata o crescimento da malha urbana
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Segundo Magrini (2008) na deacutecada de 1950 houve um surto migratoacuterio e a instalaccedilatildeo de
diversas firmas comerciais Nesse periacuteodo construiu-se o primeiro Terminal Rodoviaacuterio com
verbas municipais e investimentos da iniciativa privada e teve iniacutecio tambeacutem a comemoraccedilatildeo
da Festa Nacional do Milho evento que ateacute hoje expressa as manifestaccedilotildees culturais da
regiatildeo
Figura 15 Patos de
Minas da deacutecada de
1960
Elaborado pela autora segundo fonte Arquivo de Marialda Coury Foto Joatildeo Lucas Ribeiro Borges
Observando o crescimento da malha urbana de Patos de Minas ateacute 1965 (ilustrado pela
Figura 15) pode-se constatar que houve uma grande expansatildeo da mesma entre a deacutecada de
1950 e 1960 Nesse periacuteodo o aumento populacional ocorreu predominantemente na aacuterea
urbana conforme mostra a Tabela 02 a seguir
Periacuteodo
Populaccedilatildeo Total do
Municiacutepio
Populaccedilatildeo Urbana do Municiacutepio
Populaccedilatildeo Rural do
Municiacutepio
1950 45399 12525 32874
1960 72839 32511 40328
1970 76211 44877 31334
1980 86121 63302 22819
1990 102946 87403 15543
2000 123881 111333 12548
2010 138710 127724 10986
2014 147614 - -
Tabela 2 Crescimento Populacional de Patos de Minas Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Magrini 2008 Populaccedilatildeo prevista segundo o IBGE
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Nas deacutecadas seguintes a 1960 como se pode antever pela Tabela 2 o crescimento da zona
rural foi diminuindo gradativamente e a populaccedilatildeo da aacuterea urbana aumentando
impulsionando o crescimento da malha urbana
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DA DEacuteCADA DE 1970 ATEacute A DEacuteCADA DE 1980
Incorporaccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua
Nas deacutecadas de 1960 e 1970 periacuteodo de ditadura Militar segundo Magrini (2010) Patos de
Minas passou por uma estagnaccedilatildeo econocircmica devido agrave emancipaccedilatildeo poliacutetica de dois
importantes Lagoa Formosa e Guimaracircnia no mesmo periacuteodo houve grande deslocamento
de patenses para a nova capital do paiacutes Brasiacutelia em busca de empregos
Justamente na eacutepoca da mudanccedila da capital do paiacutes para
Brasiacutelia Patos de Minas perde caracteriacutestica de centro
rodoviaacuterio e transforma-se no ldquopassa perto de Patosrdquo com
estradas asfaltadas em volta num eixo de 130 km Natildeo se
vinha aqui como antes ateacute que a BR 354 inaugurada em
1972 abolia este malfadado passa perto ressurgindo toda a
movimentaccedilatildeo comercial completada pela BR ndash 365 em
1974 (MELLO 1992 p54)
De 1965 ateacute os anos 1980 Patos de Minas praticamente dobrou a sua aacuterea de ocupaccedilatildeo
decorrente principalmente do processo de ecircxodo rural Segundo Oliveira (2010) os vetores
direcionavam para todos os sentidos sendo apenas o oeste limitado pelo Rio Paranaiacuteba os
cursos drsquoaacutegua menores natildeo foram uma barreira para esta expansatildeo
O Mapa 3 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1980 a seguir retrata o crescimento da malha urbana nesse periacuteodo
41 |
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Em 1982 foi iniciada a urbanizaccedilatildeo da Lagoa dos Japoneses a Lagoa Grande (Figura 16 e
Figura 17) com a reduccedilatildeo significativa da aacuterea alagada e a construccedilatildeo do Terminal
Rodoviaacuterio No entorno da lagoa foi criado o Parque Recreativo Dr Itagiba depois renomeado
como Parque Dr Itagiba Augusto Silva o primeiro parque urbano da cidade um dos principais
cartotildees postais da cidade espaccedilo de lazer e contemplaccedilatildeo
Figura 16 Projeto para o
Parque Recreativo Dr
Itagiba a construccedilatildeo ao
lado esquerdo da figura
representa o Terminal
Rodoviaacuterio Fonte Jornal
A Debulha O projeto do
parque Ano VIII nordm178
janeiro de 1988 paacuteg7
Figura 17 Planta do Parque Dr Itagiba Augusto Silva ndash Lagoa Grande Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2014
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Em 1986 foi iniciada a canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo inicialmente uma Avenida
Sanitaacuteria no Coacuterrego do Monjolo (Figura 18) atualmente conhecida como Avenida Faacutetima
Porto as obras terminaram em 1996 Segundo Caixeta amp Vlach (2009) a canalizaccedilatildeo
acarretou inicialmente na ocupaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo do entorno e devido agrave resoluccedilatildeo dos
problemas sanitaacuterios que aiacute existiam
Figura 18 Canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo deacutecada de 1990 Foto Arquivo de Donaldo Amaro Teixeira Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=7568 Acesso em maio de 2015
Com o decorrer dos anos e a instalaccedilatildeo dos bairros no entorno o Coacuterrego do Monjolo passou
a apresentar problemas com enchentes e um forte odor provavelmente a canalizaccedilatildeo do
coacuterrego jaacute natildeo suportava mais o volume de aacutegua pluvial dos bairros aleacutem da presenccedila de
esgotos clandestinos Tais problemas geraram novos projetos de canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do
Monjolo nas deacutecadas seguintes
44 |
134
DA DEacuteCADA DE 1990 ATEacute OS DIAS ATUAIS
A FORMA URBANA ATUAL
No final da deacutecada de 1980 houve a descoberta da uma jazida de Fosfato Sedimentar na
localidade da Rocinha (aacuterea rural) o que impulsionou a instalaccedilatildeo de induacutestrias voltadas para
o agronegoacutecio iniciado pelas Sementes Agroceres SA (especialista tambeacutem em geneacutetica
suiacutena) Nesse periacuteodo ocorreu ainda um maior desenvolvimento teacutecnico da agricultura por
meio da irrigaccedilatildeo e do cultivo de novos cereais
Os reflexos do desenvolvimento comercial e industrial da regiatildeo foram notados na
implantaccedilatildeo de induacutestrias de confecccedilotildees agroinduacutestrias e na instalaccedilatildeo da multinacional Cica
que impulsionou o cultivo de milho ervilha e tomate5
A implementaccedilatildeo de induacutestrias somadas agraves pressotildees poliacuteticas acarretou na instalaccedilatildeo de um
distrito industrial na porsatildeo sul e oeste da cidade expandindo o periacutemetro urbano para aleacutem
das margens do Rio Paranaiacuteba A criaccedilatildeo do distrito industrial influenciou a ocupaccedilatildeo ao longo
da Avenida Presidente Juscelino Kubitschek construiacuteda nos anos 1970 para ligaccedilatildeo do nuacutecleo
urbano agraves rodovias BR-354 e BR-365 comportando-se entatildeo como principal acesso da
cidade
O Mapa 4 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o ano de
2015 a seguir apresenta a forma urbana atual da cidade
5 A multinacional Cica permaneceu na cidade ateacute 2001 depois se deslocou para o Estado de Goiaacutes quando perdeu parte dos incentivos fiscais oferecidos pela cidade
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Na deacutecada de 1990 a expansatildeo da malha urbana ultrapassou as aacutereas de algumas reservas
ambientais que se transformaram nos principais parques urbanos da cidade o Parque
Municipal do Mocambo (Figura 19) em 1990 e o Parque Municipal Joatildeo Luiz Redondo (Figura
20) em 1994 ambos localizados em aacutereas de lagoas
Figura 19 Parque Municipal do
Mocambo 1992 Fonte Arquivo
de Donaldo Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecadepatoscombr
p=8437 Acesso em marccedilo de
2015
Figura 20 Parque
Municipal Joatildeo Luiz
Redondo (Lagoinha)
deacutecada de 1990 Fonte
Arquivo de Donaldo
Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecade
patoscombrp=75
54 Acesso em marccedilo
de 2015
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Foi criado tambeacutem na deacutecada de 1990 na Lei Municipal nordm 2872 de 03 de outubro de 1991
o Parque Mirante do Alto da Colina (ainda natildeo implantado) e a Lei Municipal nordm 2871 de 03
de outubro de 1991 declara a aacuterea denominada Lagoa e Bosque do ldquoPATAtildeOrdquo de preservaccedilatildeo
permanente onde desde entatildeo se cogita a implantaccedilatildeo de um parque urbano
Figura 21 Rua Mirico Caixeta ao fundo a Mata do Catingeuiro Evidenciando a falta de conexatildeo da
mata com o entorno Foto Acervo pessoal 2015
Figura 22 Rua 0 e o desmatamento na Mata do Catingeiro Foto Acervo
pessoal 2015
Em 2014 foi aprovada a criaccedilatildeo do Parque
de Preservaccedilatildeo Mata do Catingueiro uma
tentativa de proteger os restigios da mata
localizado no setor leste aacuterea que
recentemente recebeu muitos loteamentos
que foram implantados sem se estabelecer
uma aacuterea de transiccedilatildeo ou de integraccedilatildeo da
mata com a malha urbana sem passeios
ciclovias praccedilas ou parques conforme
ilustrado na Figura 21 A mata do
Catingueiro tem sido um constante alvo de
queimadas e desmatamento a Figura 22
mostra os vestiacutegios da mata
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Figura 23 Programa MCMV- Jardim Quebec II com 437unidades localizado na porccedilatildeo noroeste da
cidade ao fundo da figura a mata ciliar do Rio Paranaiacuteba e plantaccedilotildees de cafeacute Foto Sacircmara C P Lima
2014
Na deacutecada de 2010 ocorreu a expansatildeo do periacutemetro urbano no sentindo norte pela primeira
vez para aleacutem do Coacuterrego do Limoeiro devido agrave instalaccedilatildeo de um campus da Universidade
Federal de Uberlacircndia na aacuterea Observa-se na Figura 23 que a aacuterea do extremo noroeste da
cidade estaacute em processo de expansatildeo da malha urbana e apresenta construccedilotildees habitacionais
do Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) na cidade
Notamos diversas transformaccedilotildees na malha urbana de Patos de Minas ao longo das deacutecadas
desde a implantaccedilatildeo do nuacutecleo urbano aos desdobramentos econocircmicos poliacuteticos e sociais
que direcionaram o crescimento da cidade e a transformaccedilatildeo da paisagem
O tecido urbano e o crescimento das cidades brasileiras como eacute o caso de Patos de Minas se
daacute pela conformaccedilatildeo do sistema viaacuterio pelos padrotildees de parcelamento do solo por
edificaccedilotildees e pelos espaccedilos livres Patos possui uma relaccedilatildeo cultural e econocircmica muito forte
com a zona rural A linha de transiccedilatildeo entre o urbano e o rural eacute muito tecircnue principalmente
nas aacutereas de borda urbana Nesses bairros de periferia ou de limite da mancha urbana a
cidade termina no outro lado da rua depois de uma cerca de arame sem nenhum espaccedilo de
transiccedilatildeo o outro lado da cerca se configura como um espaccedilo livre com muitas
potencialidades de uso e conflitos
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Figura 24 Paisagem urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora
Em Patos de Minas a paisagem urbana eacute emoldurada por serras cobertas por diferentes
plantaccedilotildees (Figura 24) a cidade termina onde o Rio Paranaiacuteba passa ou a cidade termina
onde comeccedilam os fundos de vale Ora cidade ora zona rural A paisagem tambeacutem eacute marcada
pela Catedral um contraste no meio do aglomerado urbano em uma zona em processo de
verticalizaccedilatildeo onde a Catedral se esconde e se revela A Catedral marca o iniacutecio da ocupaccedilatildeo
da regiatildeo em uma aacuterea de chapada na beira da lagoa hoje a chapada foi praticamente toda
ocupada e os bairros das bordas urbanas ocupam as aacutereas mais elevadas da cidade Do alto
desses bairros da borda eacute possiacutevel ver as lagoas e os coacuterregos pressentes na cidade espaccedilos
que se configuram como parques praccedilas e chaacutecaras espaccedilos livres de edificaccedilatildeo que
ressaltam a identidade da cidade e a paisagem urbana
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21 ESPACcedilOS LIVRES
ESPACcedilOS ABERTOS AacuteREAS VERDES
O conceito de espaccedilo livre de edificaccedilatildeo eacute amplo e complexo Para Nucci (2001) os espaccedilos
livres fazem parte de um grande grupo paisagiacutestico urbano que pode ser subdividido em
vaacuterias categorias dependendo do seu uso e funccedilatildeo sendo entatildeo um termo bastante
abrangente que agrega todos os outros conceitos similares como espaccedilos abertos aacutereas
verdes aacutereas livres sistemas de aacutereas de lazer cobertura vegetal entre outros
Segundo Queiroga (2006) Miranda Magnoli em sua tese de livre-docecircncia6 buscou afirmar o
espaccedilo livre como o objeto do paisagismo indo aleacutem do jardim do projeto com vegetaccedilatildeo
e da escala urbana Nesse sentido definiu espaccedilo livre como espaccedilo livre de edificaccedilotildees todo
espaccedilo descoberto urbano ou natildeo vegetado ou natildeo puacuteblico ou privado De acordo com a
autora para a anaacutelise de um dado recorte escalar propotildee-se que o estudo dos espaccedilos livres
deva ir aleacutem dos espaccedilos vegetados e dos espaccedilos puacuteblicos envolvendo todos os espaccedilos
livres do referido recorte Ou seja para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na cidade
eacute preciso ir aleacutem da anaacutelise dos espaccedilos puacuteblicos ou dos vegetados eacute preciso identificar todas
as aacutereas natildeo construiacutedas na cidade os espaccedilos privados intra-lote os lotes e glebas ociosas
as ruas os passeios etc
Os espaccedilos livres satildeo um dos principais estruturadores da forma urbana e um dos principais
elementos caracterizadores da paisagem urbana Segundo Magnoli (1982) os espaccedilos livres
satildeo os ambientes natildeo edificados da cidade as ruas avenidas praccedilas parques quintais
jardins rios matas mangues praias urbanas ou simples vazios urbanos
Quando adotamos o termo aacutereas verdes ou aacutereas verdes urbanas nos referimos a um
subsistema dentro do Sistema de Espaccedilos Livres que engloba principalmente as aacutereas de
preservaccedilatildeo permanente (APPrsquos) reservas legais (RL) e a arborizaccedilatildeo urbana Segundo
6 MAGNOLI Miranda Espaccedilos livres e urbanizaccedilatildeo uma introduccedilatildeo a aspectos da paisagem metropolitana 1982 116 p Tese (Livre-docecircncia em Arquitetura e Urbanismo) ndash Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1982
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Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilo livre eacute adotado se sobrepondo contendo e
ampliando o conceito usual de aacutereas verdes termo que tem como base a necessidade de
espaccedilos livres dotados de vegetaccedilatildeo De acordo com o autor o termo aacutereas verdes eacute
reducionista desconsidera as caracteriacutesticas fundamentais do espaccedilo urbano como a
complexidade e diversidade das formas de apropriaccedilatildeo e apreensatildeo social e o fato real da
impossibilidade fiacutesica e mesmo da inconveniecircncia da existecircncia de vegetaccedilatildeo em
determinados espaccedilos livres
De acordo com Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilos livres natildeo desconsidera o papel
da vegetaccedilatildeo nas cidades brasileiras como elemento facilitador da drenagem urbana criador
de microclimas mais agradaacuteveis contribuindo para a manutenccedilatildeo da diversidade animal e
vegetal e ainda como fator de embelezamento urbano mas natildeo desconsidera a importacircncia
dos espaccedilos natildeo vegetados para inuacutemeras praacuteticas de relevacircncia cultural das feiras agraves festas
populares das manifestaccedilotildees poliacuteticas agrave valorizaccedilatildeo de determinadas paisagens e
patrimocircnios culturais
Entretanto apesar dos crescentes avanccedilos nas discussotildees sobre os espaccedilos livres muitos
autores planos diretores planos de uso e ocupaccedilatildeo ainda natildeo compreenderam o termo
como em Patos de Minas onde adota-se o termo aacutereas verdes nas leis municipais e plano
diretor Na Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo de Patos de Minas (2008) as aacutereas verdes satildeo
descritas como porccedilotildees situadas na Macrozona Urbana destinadas a oferecer espaccedilos
puacuteblicos adequados e qualificados agraves atividades de recreaccedilatildeo lazer e turismo da populaccedilatildeo
de forma a conciliar a proteccedilatildeo dos bens naturais e culturais As cidades precisam de reservas
de aacutereas verdes e de espaccedilos livres de qualidade para praacutetica de atividades culturais de lazer
e contemplaccedilatildeo Observa-se que na lei municipal de Patos de Minas existe uma sobreposiccedilatildeo
entre a funccedilatildeo das reservas de aacutereas verdes e dos espaccedilos de praacuteticas socias sobreposiccedilatildeo
essa presente no conceito dos espaccedilos livres
A implantaccedilatildeo dos espaccedilos livres puacuteblicos depende de uma gestatildeo adequada e integrada dos
recursos com uma fiscalizaccedilatildeo efetiva o que implica no desenvolvimento de poliacuteticas
puacuteblicas permanentes que viabilizem as intervenccedilotildees e necessidades dos espaccedilos livres
Segundo Loboda amp Angelis (2012) o planejamento das aacutereas verdes (puacuteblicas) urbanas parte
de uma definiccedilatildeo de recursos que eacute residual as necessidades satildeo amenizados com recursos
que sobram de outras atividades consideradas como mais prioritaacuterias e que geralmente
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incluem-se nesse acircmbito aquelas de cunho estrateacutegico poliacutetico e econocircmico O autor cita um
problema frequente em diversas cidades brasileiras a falta de recursos destinados aos
espaccedilos puacuteblicos e dentre eles as aacutereas verdes urbanas um dos principais espaccedilos livres das
cidades
De acordo com Magnoli (1982) a localizaccedilatildeo acessibilidade e distribuiccedilatildeo dos espaccedilos livres
formam um complexo sistema de conexotildees com muacuteltiplos papeacuteis urbanos atividades do oacutecio
circulaccedilatildeo urbana conforto conservaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo ambiental drenagem urbana
imaginaacuterio e memoacuteria urbana lazer e recreaccedilatildeo dentre outros Todas essas funccedilotildees
exercidas no ambiente urbano pelos espaccedilos livres assim como a localizaccedilatildeo acessibilidade
distribuiccedilatildeo tipos de usos e configuraccedilatildeo espacial estatildeo organizadas de maneira sistecircmica na
cidade formando o Sistema de Espaccedilos Livres
22 O PENSAMENTO SISTEcircMICO
As cidades independentemente da sua localidade histoacuteria e configuraccedilatildeo satildeo formadas de
modo geral por espaccedilos livres e espaccedilos edificados duas categorias espaciais estruturantes
da forma urbana A configuraccedilatildeo dos espaccedilos livres eacute variaacutevel nas cidades brasileiras por
diversas questotildees como caracteriacutesticas territoriais bioma configuraccedilatildeo paisagiacutestica pela
existecircncia ou ausecircncia de planos urbanos e principalmente pelos processos de urbanizaccedilatildeo e
de transformaccedilatildeo da paisagem
A cidade eacute um conjunto de elementos sistemas e funccedilotildees e os espaccedilos livres formam um dos
principais sistemas capaz de estruturar toda a configuraccedilatildeo urbana De acordo com Tardin
(2010) e DrsquoAgostini amp Cunha (2007) sistema eacute um conjunto de elementos passiacutevel de
estabelecer inter-relaccedilotildees fiacutesicas funcionais estruturais morfoloacutegicas e relativas agrave vivecircncia
da paisagem abertas e intricadas entre si com seu entorno e com as pessoas que o
vivenciam
De acordo com Morin (2008) apud Queiroga (2014) o conceito de sistema implica natildeo
somente elementos inter-relacionaacuteveis mas tais relaccedilotildees constituem uma organizaccedilatildeo e uma
estrutura relativamente estaacutevel que caracteriza o sistema como um todo A organizaccedilatildeo
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sistecircmica por sua vez conteacutem as relaccedilotildees que definem o sistema e que o transformam
alterando sua estrutura possibilitando sua permanecircncia e contendo a possibilidade concreta
de sua dissoluccedilatildeo Para o autor o termo exprime multiplicidade totalidade diversidade
organizaccedilatildeo e complexidade
A noccedilatildeo de sistema auxilia o estudo dos espaccedilos livres urbanos e o entendimento das suas
relaccedilotildees de interdependecircncia complementaridade e hierarquia Segundo Schlee et al
(2009) considerando-se a paisagem como um macrossistema complexo formado de
subsistemas os espaccedilos livres urbanos constituem um dos seus subsistemas inter-
relacionados com outros subsistemas urbanos e rurais e que podem se justapor ao Sistema
de Espaccedilos Livres ou se sobrepor total ou parcialmente enquanto sistemas de accedilotildees
[] entende-se como sistemas de espaccedilos livres (SEL)
urbanos os elementos e as relaccedilotildees que organizam e
estruturam o conjunto de todos os espaccedilos livres de um
determinado recorte urbano independentemente de sua
dimensatildeo qualificaccedilatildeo esteacutetica funcional e de sua
localizaccedilatildeo e propriedade sejam eles puacuteblicos ou privados
[] toda cidade possui um sistema de espaccedilos livres que eacute
produzido durante seu processo de formaccedilatildeo tanto pelo
Poder Puacuteblico como pela iniciativa privada (MACEDO 2010
p 3 e 4)
O autor afirma que todas as cidades independente do seu porte de suas caracteriacutesticas
culturais e histoacutericas possuem um Sistema de Espaccedilos Livres Essa afirmaccedilatildeo incita diversas
questotildees que conduziram esta pesquisa pontos voltados ao objeto de estudo a cidade de
Patos de Minas uma cidade meacutedia
O SEL DE UMA MEGAacuteLOPOLE OU METROacutePOLE Eacute
DIFERENTE DO SEL DE UMA PEQUENA CIDADE OU DE
UMA CIDADE MEacuteDIA
O MESMO TIPO DE ANAacuteLISE QUE SE APLICA PARA O
ENTENDIMENTO DO SEL DE UMA CIDADE DE GRANDE
PORTE PODE SER APLICADO PARA UMA CIDADE DE
MEacuteDIO PORTE
EXISTEM TIPOS DE ESPACcedilOS LIVRES FUNCcedilOtildeES OU
RELACcedilOtildeES QUE CARACTERIZAM O SISTEMA DE ESPACcedilOS
LIVRES DE UMA CIDADE MEacuteDIA
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23 OS ESPACcedilOS LIVRES NAS
CIDADES MEacuteDIAS
O espaccedilo livre eacute parte estruturante da forma urbana ele se configura em diferentes
categorias tipologias e caracteriacutesticas no meio urbano principalmente pela introduccedilatildeo ao
longo da histoacuteria de diferentes padrotildees urbaniacutesticos nas cidades O processo de urbanizaccedilatildeo
das cidades eacute uma soma e por vezes ateacute uma sobreposiccedilatildeo de padrotildees morfoloacutegicos esses
traccedilados geram diferentes paisagens com diferentes tipos de espaccedilos livres Incorporando ao
sistema um rico mosaico espacial formado por diferentes porcentagens de espaccedilos livres
intra lote caracteriacutesticos de traccedilados distintos por diferentes tipos de praccedilas aacutereas de
preservaccedilatildeo parques ruas e avenidas Aacutereas essas que apresentam diversos conflitos e
possuem um intenso potencial de transformaccedilatildeo
Segundo Macedo et al (2012) as cidades brasileiras possuem padrotildees morfoloacutegicas
semelhantes isso fica evidente na repeticcedilatildeo dos tipos de traccedilado (ortogonais orgacircnicos
radiais) e nos padrotildees de mancha urbana (linear tentacular compacta mista) O que confere
a especifidade das diversas cidades eacute a forma como elas estatildeo inseridas em seu contexto
territorial os arranjos espaciais seus padrotildees culturais socioeconocircmicos a legislaccedilatildeo
municipal as tipologias e funccedilotildees dos espaccedilos livres e a paisagem urbana Nas cidades meacutedias
brasileiras a forma como os padrotildees morfoloacutegicos se adequam ao suporte fiacutesico
transformando paisagem a local confere ao Sistema de Espaccedilos Livres diferentes dinacircmicas
espaciais funcionais e tipoloacutegicas
Como dito anteriormente neste trabalho a proposta natildeo eacute discutir o que determina uma
cidade como de meacutedio porte ou natildeo mas entender essas cidades como centro urbanos em
crescimento onde novos traccedilados e dinacircmicas urbanas satildeo somadas agrave cidade existente
transformando a paisagem local Na atual conjuntura brasileira segundo Tacircngari et al(2009)
apoacutes a deacutecada de 1980 as cidades meacutedias passaram a crescer mais rapidamente em
comparaccedilatildeo com as metroacutepoles um processo de diminuiccedilatildeo do movimento migratoacuterio em
direccedilatildeo agraves megaloacutepoles e o seu direcionamento para as cidades meacutedias que apresentam
grande potencial de crescimento econocircmico e tecircm seus atributos esteacuteticos e econocircmicos
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valorizados atraveacutes da propagaccedilatildeo da ideia de que cidades de meacutedio porte podem apresentar
mais qualidade de vida que as grandes metroacutepoles
As cidades meacutedias reproduzem os padrotildees morfoloacutegicos e culturais vindos do contexto das
grandes cidades e das pequenas cidades ou povoados de seu entorno Um exemplo dessa
influecircncia vinda das grandes cidades satildeo os condomiacutenios fechados propostos inicialmente
pelo mercado imobiliaacuterio como locais de seguranccedila e lazer proacuteximos aos grandes centros
urbanos esse mesmo padratildeo de condomiacutenio fechado eacute aplicado nas cidades meacutedias onde a
criminalidade eacute bem menor e as distacircncias a serem percorridas satildeo mais curtas Um exemplo
da influecircncia vinda das pequenas cidades e povoados proacuteximos satildeo as chaacutecaras pastos e
plantaccedilotildees presentes dentro malha urbana
Patos de Minas eacute um exemplo de cidade meacutedia em crescimento que recebe influecircncias
culturais e de padrotildees morfoloacutegicos uma cidade que possui caracteriacutesticas especiacuteficas de seu
suporte fiacutesico de seu processo histoacuterico e cultura que influenciam diretamente na malha
urbana as tipologias de espaccedilos livres e os tipos de apropriaccedilatildeo desses espaccedilos
Se observarmos em Patos de Minas as caracteriacutesticas da condiccedilatildeo de cidade meacutedia como por
exemplo a localizaccedilatildeo estrateacutegica entre cidades de maior e menor porte Percebemos que a
cidade atrai pessoas do entorno para desfrutar de suas potencialidades econocircmicas e de seus
aparatos de lazer (parques praccedilas locais de exposiccedilatildeo agropecuaacuteria) o que contribui
diretamente para geraccedilatildeo de renda e uso dos espaccedilos A cidade possui uma relaccedilatildeo direta
com cidades de maior porte que servem de escoamento da produccedilatildeo e suprimento de
mercadorias essa relaccedilatildeo de proximidade atrai para cidade eventos e exposiccedilotildees e pode
motivar influecircncias sobre as tipologias de espaccedilos livres gerados (assim como o processo de
globalizaccedilatildeo tambeacutem pode exercer esse papel)
Eacute nesse contexto de crescimento das cidades meacutedias e influecircncias morfoloacutegicas e culturais
que o Sistema de Espaccedilos Livres precisa ser pensado e entendido como uma infraestrutura
baacutesica para o desempenho da vida cotidiana urbana Segundo Souza amp Macedo (2014) o SEL
deve oferecer condiccedilotildees de habitabilidade urbana e para isso eacute necessaacuterio que se estabeleccedila
um diagnoacutestico baseado na existecircncia ou ausecircncia de uma seacuterie de atributos urbanos
necessaacuterios e qualitativos que deveriam orientar accedilotildees poliacuteticas e projetos de maneira a
formar um Sistema de Espaccedilos Livres integrado agrave paisagem local e a demanda da populaccedilatildeo
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O autor afirma que eacute preciso fazer uma leitura da cidade de seus condicionantes conflitos e
potencialidades para entender como se estrutura o SEL suas funccedilotildees e seu potencial de
transformaccedilatildeo e organizaccedilatildeo na cidade
Partimos para anaacutelise da forma urbana patense buscando o entendimento de como as
caracteriacutesticas especiacuteficas do suporte fiacutesico da organizaccedilatildeo espacial da situaccedilatildeo fundiaacuteria e
dos tipos de usos e funccedilotildees exercidas pelos espaccedilos livres estruturam o Sistema de Espaccedilos
Livres de Patos de Minas
24 OS ESPACcedilOS LIVRES NA FORMA URBANA DE
PATOS DE MINAS
Para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na forma urbana de Patos de Minas a
anaacutelise foi dividida em trecircs principais enfoques RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA CONFIGURACcedilAtildeO
ESPACIAL e RELACcedilAtildeO DE USOS DO SOLO A leitura da cidade apresentada por esses trecircs
acircngulos somada ao entendimento de paisagem forma urbana e da formaccedilatildeo e
transformaccedilatildeo da malha urbana patense apresentados no capiacutetulo anterior nos possibilitam
o entendimento do Sistema Espaccedilos Livres de Patos de Minas como um todo com suas
categorias tipoloacutegias e relaccedilotildees sistecircmicas
Os trecircs principais enfoques foram determinados com base nas principais caracteriacutesticas da
cidade nas suas peculiaridades na sua condiccedilatildeo de cidade de meacutedio porte Provavelmente
um outro tipo de cidade com outras caracteriacutesticas de paisagem demandaria outro segmento
de anaacutelise
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241
RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA
ESPACcedilOS LIVRES x SUPORTE ambiental
O principal objetivo desse subcapiacutetulo eacute analisar as caracteriacutesticas do suporte ambiental sobre
o qual a cidade de Patos de Minas foi implantada buscando identificar quais espaccedilos livres
presentes na cidade incorporam esses elementos da paisagem O suporte ambiental eacute parte
da paisagem urbana ele eacute formado por elementos como corpos drsquoaacutegua vegetaccedilatildeo relevo
solos e clima
Estatildeo cada vez mais presentes nos planos diretores e na legislaccedilatildeo ambiental denominaccedilotildees
como reservas florestais puacuteblicas e privadas parques lineares parques ecoloacutegicos unidades
de conservaccedilatildeo aacutereas de proteccedilatildeo permanente (APPrsquos) aleacutem de referecircncias agrave
sustentabilidade e agrave ecologia Essas denominaccedilotildees muitas vezes geram espaccedilos livres
voltados agrave funccedilatildeo de conservaccedilatildeo e proteccedilatildeo ambiental Entretanto os espaccedilos livres
vinculados ao suporte fiacutesico natildeo possuem somente a funccedilatildeo de conservaccedilatildeo ambiental eles
possuem outros papeacuteis no meio urbano como recreaccedilatildeo infraestrutura urbana contribuir
com a drenagem pluvial possibilitar microclimas urbanos mais agradaacuteveis contribuir para
manutenccedilatildeo da biodiversidade e valores esteacuteticos Segundo Queiroga (2012) a
permeabilidade do solo e a cobertura arboacuterea permitem a conservaccedilatildeo de paisagens com
melhor desempenho ambiental mitigando problemas comuns nas aacutereas urbanas a qualidade
da aacutegua e do ar a manutenccedilatildeo da qualidade do solo controle de erosatildeo abastecimento dos
aquiacuteferos e regulaccedilatildeo das enchentes
Os espaccedilos livres vinculados ao suporte ambiental como os corpos drsquoaacutegua e a vegetaccedilatildeo
constantemente satildeo alvo de degradaccedilatildeo ambiental o que ressalta a sua funccedilatildeo ambiental
dentro do sistema Entretanto a mitigaccedilatildeo desses problemas natildeo eacute uma questatildeo pertinente
apenas ao planejamento ambiental das cidades De acordo com Jacobs (2001) as aacutereas livres
puacuteblicas estruturam o espaccedilo urbano satildeo o principal suporte espacial para o encontro e a
vivecircncia urbana Segundo a autora a degradaccedilatildeo do espaccedilo urbano observada pela reduccedilatildeo
de aacutereas puacuteblicas de lazer deficiecircncia na arborizaccedilatildeo urbana excessiva impermeabilizaccedilatildeo do
solo aumento da temperatura e criaccedilatildeo de ilhas de calor danos ambientais diversos
diminuiccedilatildeo da qualidade da ambiecircncia urbana e perda de qualidade de vida constitui um
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problema que extrapola a esfera fiacutesicaespacial constituindo um problema social visto que
desencoraja o uso da rua e dos espaccedilos livres como locais de encontro necessaacuterios para a
manutenccedilatildeo das praacuteticas sociais
Ao longo do processo de urbanizaccedilatildeo das cidades brasileira foram comuns situaccedilotildees em que
aacutereas de reserva natural foram desmatadas para dar lugar a loteamentos coacuterregos foram
canalizados e desapareceram da paisagem urbana ou foram canalizadas a ceacuteu aberto tiveram
sua APP desmatada e impermeabilizada para dar lugar a avenidas e aacutereas construiacutedas como
no caso da Figura 26
Figura 26 Coacuterrego do Monjolo em Patos de Minas canalizado a ceacuteu aberto na deacutecada de 1970 com APP desmatada e grande parte do seu entorno impermeabilizado Agraves margens do coacuterrego a Av Faacutetima Porto Foto Acervo pessoal 2014
Atualmente esse tipo de tratamento de supressatildeo da vegetaccedilatildeo das APPrsquos em aacutereas
urbanizadas eacute cada vez mais incomum7 o que contribui para a conservaccedilatildeo desses recursos
naturais Entretanto gradativamente mais a legislaccedilatildeo ambiental trata a funccedilatildeo ambiental dos
espaccedilos como algo isolado entendendo as APPrsquos como locais onde natildeo podem existir
intervenccedilotildees desconsiderando que esses espaccedilos podem estar vinculados a outras funccedilotildees
como por exemplo recreaccedilatildeo educaccedilatildeo ambiental valorizaccedilatildeo da paisagem De acordo com
7 Os casos excepcionais nos quais eacute permitido a supressatildeo da vegetaccedilatildeo em APP estatildeo definidos pela Resoluccedilatildeo CONAMA 36906
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projeto eacute preciso que a leitura da paisagem expresse as accedilotildees cotidianas os usos dos
espaccedilos e a cultura local
No Brasil Miranda Magnoli inicia seus estudos sobre a paisagem e o ambiente na deacutecada de
1970 baseada nas anaacutelises estadunidenses de planejamento da paisagem reconhecendo a
importacircncia das caracteriacutesticas socioespaciais mas sem reduzir a paisagem aos aspectos
formais O modo como Miranda discutiu a paisagem segundo Sandeville (2006) ultrapassou
as limitaccedilotildees da relaccedilatildeo figura-fundo a qual reforccedila a paisagem como cenaacuterio um entorno
transformado por uma arquitetura de edifiacutecio promovendo a cenarizaccedilatildeo da ideia de
paisagem Sua reflexatildeo estabeleceu bases para o conceito da arquitetura como o projeto do
ldquoambiente humanordquo a necessidade de compreensatildeo do contexto no qual se insere o objeto
projetado
A definiccedilatildeo do conceito de paisagem adotada para este trabalho eacute a desenvolvida por
Miranda Magnoli (1982) na qual a morfologia da paisagem eacute definida como resultante da
interaccedilatildeo entre a loacutegica proacutepria dos processos do suporte (geologia clima solo relevo
vegetaccedilatildeo e sol aacutegua e ventos) e a loacutegica proacutepria dos processos antroacutepicos sociais e culturais
(parcelamentos escavaccedilotildees plantaccedilotildees construccedilotildees edificaccedilotildees etc) Essa anaacutelise da
paisagem urbana considera os diversos atores que nela interferem seus aspectos fiacutesicos
socioeconocircmicos culturais e seu processo evolutivo natildeo eacute simplesmente bem organizada ou
normativa eacute tambeacutem uma anaacutelise poeacutetica e simboacutelica fala das pessoas e de suas histoacuterias de
suas aspiraccedilotildees tradiccedilotildees e conflitos do conjunto natural das funccedilotildees e da dinacircmica urbana
O estudo da paisagem possibilita um melhor entendimento da estrutura da cidade a
compreensatildeo do siacutetio natural e da interferecircncia humana no mesmo esse conhecimento pode
direcionar o planejamento urbano para tanto o entendimento do conceito de paisagem e
seus sombreamentos eacute de extrema importacircncia Segundo Oseki amp Pellegrino (2004) um
planejamento ecoloacutegico da paisagem pode fornecer as ferramentas necessaacuterias para
integraccedilatildeo entre sociedade e natureza incorporando diretrizes ambientalmente desejaacuteveis
para a melhoria da habitabilidade da cidade de sua sustentabilidade e de sua imagem
Para Oseki amp Pellegrino (2004) as paisagens satildeo ao mesmo tempo produzidas socialmente e
produtoras (indutoras) de praacuteticas sociais podem ser utilizadas no planejamento no projeto
e gestatildeo de espaccedilos livres (nas escalas espaciais local regional e continental) o que lhes
20 |
confere importacircncia no planejamento urbano e regional o que tem sido ignorado pelos
oacutergatildeos responsaacuteveis pela gestatildeo do territoacuterio Segundo Macedo (1993) a paisagem eacute processo
e produto das accedilotildees humanas eacute processo na medida em que estaacute em constante mutaccedilatildeo e
compreende as diversas forccedilas que nela atuam ora em conflito ora em consonacircncia de
objetivos eacute produto pois a cada instante apresenta-se como objeto acabado dessas accedilotildees e
forccedilas aplicadas
Figura 2 Avenida Getuacutelio Vargas em Parto de Minas Vista parcial da paisagem urbana Fonte httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=1534357amppage=92 Foto Fotoacutegrafo desconhecido
O presente trabalho entende a paisagem como algo que caracteriza a cidade que lhe confere
identidade e a distingue das demais A paisagem retrata a forma urbana e a cultura da
populaccedilatildeo a maneira como as pessoas constroem suas casas e onde constroem se na beira
do rio no alto das serras ou nas chapadas Eacute a histoacuteria local contada por meio da mudanccedila do
cenaacuterio e da mudanccedila dos padrotildees arquitetocircnicos nas casas que permanecem do periacuteodo
neocolonial ou no estilo ecleacutetico nas casas que surgiram no estilo moderno nas reformas
nas construccedilotildees que satildeo tombadas e nas que satildeo derrubadas A paisagem eacute contada pelas
aacutervores pelas flores plantadas e replantadas nas calccediladas calccediladas por vezes remendadas A
paisagem eacute o reflexo do processo social dos bairros que se formam das pessoas que se
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mudam da economia que se desenvolve modificando o comercio instalando novas induacutestrias
e quem sabe ateacute bairros industriais gerando renda para urbanizaccedilatildeo de novas aacutereas ou a
verticalizaccedilatildeo de outras
O entendimento da paisagem enquanto elemento caracterizador da imagem das cidades eacute
um instrumento para a melhoria e manutenccedilatildeo dos valores da mesma Possui uma relaccedilatildeo
direta com histoacuteria da cidade com os valores culturais com o processo de formaccedilatildeo e de
transformaccedilatildeo da forma urbana e com os elementos que a constituem Partimos entatildeo para o
estudo da forma urbana com seus enfoques conceituais desdobramentos teoacutericos e
praacuteticos
12
MORFOLOGIA E FORMA URBANA
FORMA URBANA MALHA URBANA TECIDO
URBANO
Figura 3 Forma Urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora 2014
Eacute constante a confusatildeo ao conceituar termos
como morfologia forma urbana malha
urbanatecido urbano elementos morfoloacutegicos
termos que ora se sobrepotildeem ora se englobam
ora se dividem
EXISTE UM CONSENSO SOBRE O CONCEITO
DE FORMA URBANA
A DEFINICcedilAtildeO DE FORMA URBANA ENGLOBA
O TRACcedilADO DAS RUAS OS CHEIOS E VAZIOS
OS USOS E AS TIPOLOGIAS CONSTRUIacuteDAS OU
SERIA SOacute O DESENHO QUE SE FORMA NO
ENCONTRO DAS BORDAS DA OCUPACcedilAtildeO
FORMA URBANA Eacute SINOcircNIMO DE TECIDO
URBANO OU O TECIDO Eacute PARTE DA FORMA
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A morfologia urbana eacute um campo disciplinar que abrange o estudo das cidades das formas
dos tecidos e da paisagem O estudo da morfologia contribui para o entendimento da
estrutura da cidade sua formaccedilatildeo e transformaccedilatildeo por meio de seus elementos
constituintes Segundo Lamas (2004) os elementos morfoloacutegicos constituintes satildeo o solo os
edifiacutecios o lote o quarteiratildeo a fachada o logradouro o traccediladorua a praccedila o monumento
a vegetaccedilatildeo e o mobiliaacuterio urbano O autor denomina como elementos morfoloacutegicos as partes
fiacutesicas que associadas ou estruturadas constituem a forma urbana Existem diversos
conceitos e definiccedilotildees que abordam a morfologia das cidades este trabalho apresentaraacute
algumas delas
Segundo Del Rio (1990) a anaacutelise da morfologia urbana estaacute em compreender a loacutegica da
formaccedilatildeo evoluccedilatildeo e transformaccedilatildeo da forma da cidade e de suas inter-relaccedilotildees a fim de
possibilitar a identificaccedilatildeo de accedilotildees mais apropriadas cultural e socialmente para a
intervenccedilatildeo urbana e o desenho de novos espaccedilos Segundo Rossi (2001) a cidade eacute uma
obra reconhecida pelo conjunto de sua forma mas tambeacutem pode ser identificada por
pequenas partes do conjunto em seus diversos momentos a forma urbana eacute a soma dos
diversos tecidos e padrotildees morfoloacutegicos que formam a cidade
O tecido urbano ou a malha urbana de acordo com Rego e Meneguetti (2011) satildeo
configurados pelo sistema viaacuterio pelo padratildeo do parcelamento do solo pela aglomeraccedilatildeo e
pelo isolamento das edificaccedilotildees assim como pelos espaccedilos livres Em outras palavras o
tecido de cidade eacute dado pelos edifiacutecios ruas quadras e lotes parques praccedilas e monumentos
nos seus mais variados arranjos Esses elementos morfoloacutegicos presentes no tecido urbano
segundo Moudon (1997) devem ser considerados como organismos ndash constantemente em
atividade e assim em transformaccedilatildeo ao longo do tempo eles existem em inter-relaccedilatildeo com
as estruturas edificadas conformando e sendo conformadas pelos espaccedilos livres O modo
como cada um desses elementos morfoloacutegicos se organizou e conforma o tecido da cidade
pode ser entendido como um objeto de estudo da morfologia urbana
A forma urbana reflete os processos de formaccedilatildeo da cidade os processos sociais que se
consolidam nos tecidos urbanos que levam a sociedade a construir de uma maneira
determinada e caracteriacutestica suas casas escolas comeacutercios induacutestrias etc Segundo
Carvalho (2011) os tecidos urbanos satildeo configurados a partir da homogeneidade dos
seguintes elementos traccedilado da malha viaacuteria padrotildees de uso (residencial comercial de
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serviccedilos e industrial) padratildeo edificado (padratildeo arquitetocircnico e do gabarito) e suporte fiacutesico
(topografia vegetaccedilatildeo e hidrografia
De acordo com Moudon (1997) os morfologistas atentam para os resultados tangiacuteveis de
questotildees sociais econocircmicas poliacuteticas ou seja estudam a manifestaccedilatildeo de ideias e
intenccedilotildees agrave medida que elas tomam forma no chatildeo e moldam as cidades O estudo
morfoloacutegico das cidades pode ser dividido em escolas de pensamento dentre elas a escola
italiana a escola francesa e a escola inglesa as quais analisaremos sinteticamente
observando suas principais caracteriacutesticas metodoloacutegicas bases bibliograacuteficas e formas de
pensamento
A escola italiana conforme Mondon (1997) tem seu iniacutecio nos estudos do arquiteto Saverio
Muratori (1910 ndash 1973) e de Gianfranco Caniggia (1933 ndash 1987) na deacutecada de 1940 Segundo
Rosaneli (2011) essa escola de pensamento possui como principal distintivo a preocupaccedilatildeo
com o destino das cidades histoacutericas italianas sobretudo devido aos efeitos das intervenccedilotildees
modernistas Essa escola apresenta uma maior preocupaccedilatildeo com o estudo tipoloacutegico das
edificaccedilotildees (fachadas estilos arquitetocircnicos gabarito) e de suas transformaccedilotildees ao longo do
tempo
A escola francesa apresenta ecircnfase na reflexatildeo geograacutefica e historiograacutefica sobre as cidades e
possui a contribuiccedilatildeo do socioacutelogo Henri Lefebvre (1901 ndash 1991) Assim como a escola italiana
a escola francesa se opotildee aos efeitos das intervenccedilotildees modernistas Rosaneli (2011) propotildee
uma reforma educacional no campo dos estudos urbanos e busca consolidar uma nova
ldquodisciplinardquo com duplo objetivo primeiro uma pesquisa descritiva multidisciplinar do espaccedilo
construiacutedo a fim de reconhecer ingredientes de um bom desenho e segundo a identificaccedilatildeo
e criacutetica de modelos teoacutericos de desenho urbano
A escola inglesa eacute fundamentada nos estudos do geoacutegrafo alematildeo Conzen (1907 ndash 2000) e
inicia-se na deacutecada de 1960 De acordo com Moudon (1994) a escola inglesa possui uma
anaacutelise morfoloacutegica descritiva analiacutetica e explanatoacuteria concentra-se no estudo da forma
urbana e apresenta o mais completo detalhado e sistemaacutetico meacutetodo tipo morfoloacutegico das
trecircs escolas
Conzen fundamenta-se na aplicabilidade da leitura dos planos urbanos (ldquotown-plansrdquo) para o
entendimento da formaccedilatildeo urbana De acordo com Conzen (1960) apud Rosaneli (2011) os
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trecircs fundamentais elementos que compotildee os planos satildeo as ruas que estatildeo arranjadas em um
traccedilado os lotes ou parcelas individuais de terra juntamente com as quadrasquarteirotildees e os
edifiacutecios com seus conjuntos construiacutedos As diversas combinaccedilotildees desses trecircs principais
elementos constituiriam unidades distintas com ldquohomogeneidade morfoloacutegicardquo o que o
autor denominou de tecido urbano (ldquoplan unitrdquo ldquourban fabricrdquo ou ldquotessuto urbanordquo para a
escola italiana)
A morfologia urbana e suas diferentes escolas de pensamento retratam o estudo da forma
urbana e de seus elementos estruturantes dos processos culturais sociais econocircmicos e
poliacuteticos Os estudos morfoloacutegicos que mais se aplicam agrave presente pesquisa satildeo os da escola
inglesa onde desenvolve-se uma anaacutelise descritiva e analiacutetica do processo de urbanizaccedilatildeo
estudando as unidades com ldquohomogeneidade morfoloacutegicasrdquo trabalhadas nessa pesquisa por
meio das Unidades de Paisagem (porccedilotildees territoriais com semelhanccedila de traccedilado e interaccedilatildeo
entre os espaccedilos livres e edificados) e atraveacutes da anaacutelise do Sistema de Espaccedilos Livres uma
organizaccedilatildeo sistecircmica dos espaccedilos livres das diversas Unidades de Paisagem presentes em
uma aacuterea definida
Para o entendimento da configuraccedilatildeo do Sistema de Espaccedilos Livres Patense e de suas
Unidades de Paisagem partimos do estudo do processo de urbanizaccedilatildeo de Patos de Minas
observando as caracteriacutesticas morfoloacutegicas histoacutericas culturais e da paisagem urbana
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13 FORMACcedilAtildeO E TRANSFORMACcedilAtildeO DA
MALHA URBANA PATENSE
Figura 4 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Patos de Minas e apresentaccedilatildeo da forma urbana da cidade Elaborado pela autora segundo fonte Mapas da Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2006 e 2015
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Patos de Minas eacute uma cidade meacutedia2 da regiatildeo intermediaacuteria agrave Mesorregiatildeo do Triacircngulo
Mineiro e Alto Paranaiacuteba Considerada poacutelo econocircmico regional a maior cidade da
microrregiatildeo do Alto Paranaiacuteba que eacute composta por 10 municiacutepios O municiacutepio de Patos de
Minas eacute formado por sete distritos o distrito sede eacute a cidade de Patos de Minas e os outros
satildeo Bom Sucesso Chumbo Major Porto Pilar Pindaiacutebas e Santana de Patos (identificados na
Figura 4)
Segundo o IBGE (2010) o municiacutepio de Patos de Minas possui aacuterea de 3189771Kmsup2
densidade demograacutefica de 4349 habkmsup2 e populaccedilatildeo de aproximadamente 147614
habitantes (populaccedilatildeo estimada em 2014)
Patos de Minas situa-se no Planalto Central Minas GeraisGoiaacutes com altitudes meacutedias de 800
a 900 metros Localiza-se entre duas grandes bacias hidrograacuteficas brasileiras a do Satildeo
Francisco e a do Paranaacute Sua localizaccedilatildeo estrateacutegica permite a ligaccedilatildeo da cidade a centros
comerciais como Uberlacircndia Belo Horizonte Brasiacutelia e Satildeo Paulo facilitando o intercacircmbio
comercial e o desenvolvimento econocircmico
De acordo com o IBGE (2012) o PIB (Produto Interno Bruto) do municiacutepio tem sua economia
baseada principalmente no setor de serviccedilos seguido do setor industrial e da agricultura
conforme Tabela 1
2 A dissertaccedilatildeo adota a conceituaccedilatildeo de cidades meacutedias desenvolvida por Amorim Filho e Serra (2001) cidade que ocupam uma posiccedilatildeo estrateacutegica na hierarquia urbana oferecendo suporte agraves cidades pequenas conforme a funccedilatildeo que desempenham e estabelecendo ligaccedilotildees com as cidades maiores intermediando as relaccedilotildees entre estes dois niacuteveis urbanos De acordo com os autores essas cidades satildeo espaccedilos de relaccedilotildees e natildeo de polarizaccedilatildeo ou dominaccedilatildeo satildeo cidades natildeo tatildeo pequenas a ponto de limitar as possibilidades de crescimento econocircmico e intelectual de seus habitantes e nem tatildeo grandes a ponto de onerar ndash e ateacute pocircr em risco ndash a vida da maioria de seus moradores
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Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas - 2012
Impostos sobre produtos liacutequidos de subsiacutedios a preccedilos correntes
248946 mil reais
PIB a preccedilos correntes 2495732 mil reais
PIB per capita a preccedilos correntes 1770650 mil reais
Valor adicionado bruto da agropecuaacuteria a preccedilos correntes 255908 mil reais
Valor adicionado bruto da induacutestria a preccedilos correntes 432152 mil reais
Valor adicionado bruto dos serviccedilos a preccedilos correntes 1558725 mil reais
Tabela 1 Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas-2012 Fonte IBGE 2012 em parceria com os Oacutergatildeos Estaduais de Estatiacutestica Secretarias Estaduais de
Governo e Superintendecircncia da Zona Franca de Manaus ndash SUFRAMA Disponiacutevel em
httpwwwcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=314800ampidtema=134ampsearch=mina
s-gerais|patos-de-minas|produto-interno-bruto-dos-municipios-2012 Acesso em dezembro de 2014
Entretanto observa-se que entre os setores o que mais exerce influecircncia cultural no
municiacutepio e na dinacircmica urbana eacute a agricultura somada a pecuaacuteria e ao agronegoacutecio
caracterizando as festas locais as manifestaccedilotildees culturais as formas de apropriaccedilatildeo da
paisagem as tipologias predominantes de espaccedilos livres e a histoacuteria de ocupaccedilatildeo do
municiacutepio Na agroinduacutestria destaca-se a produccedilatildeo de leite e derivados sementes e adubos
defensivos agriacutecolas carne suiacutena e derivados e alimentos enlatados A agricultura sempre
caracterizou a economia e a cultura local os produtos que se destacam satildeo o arroz soja
feijatildeo cafeacute maracujaacute tomate horticultura e o milho siacutembolo da festa regional a Festa
Nacional do Milho A pecuaacuteria possui significativa importacircncia econocircmica para o municiacutepio a
regiatildeo faz parte de uma das maiores bacias leiteiras do paiacutes Patos de Minas tambeacutem eacute
considerada poacutelo nacional de geneacutetica suiacutena detendo 70 da tecnologia nacional em
melhoramentos suiacutenos
Para analisarmos como se formou a cidade de Patos de Minas apresentaremos seus periacuteodos
urbanos em cinco partes a primeira retrata o iniacutecio do povoado ateacute 1930 depois de 1940 a
deacutecada de 1960 em seguida de 1970 ateacute a deacutecada 1980 e por fim o periacuteodo que vai de 1990
ateacute o ano de 2015 buscando assim retratar o crescimento urbano os principais
acontecimentos histoacutericos e a incorporaccedilatildeo dos elementos da paisagem
28 |
131
DO INIacuteCIO DO POVOADO ATEacute A DEacuteCADA DE 1930
BORGES X MACIEacuteIS
O processo de colonizaccedilatildeo da
regiatildeo ocupada hoje pelo
municiacutepio de Patos de Minas
teve iniacutecio provavelmente na
segunda metade do seacuteculo XVIII
antes mesmo da descoberta do
ouro no estado de Minas Gerais
com as bandeiras rumo agraves terras
de Paracatu A cidade de Patos
de Minas surgiu na segunda
deacutecada do seacuteculo XIX em torno
da Lagoa dos Patos (delimitada
na Figura 5) onde segundo as
descriccedilotildees histoacutericas existia uma
enorme quantidade de patos
silvestres
Figura 5 Crescimento Urbano de Patos de Minas ateacute o iacutenicio do seacuteculo XIX Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas Disponiveacutel em
httpwwwpatosdeminasmggovbrgaleriahistoricaspagesimage16php Acesso em maio de
2014 Elaborado pela autora
Segundo Oliveira Mello (1971) o povoado que deu origem a cidade de Patos de Minas se
iniciou em 1826 com a doaccedilatildeo do terreno por Antocircnio Joaquim da Silva Guerra e sua esposa
Luzia Correcirca de Andrade para a construccedilatildeo da capela de Santo Antocircnio situada hoje na atual
Praccedila Dom Eduardo proacutexima agrave Lagoa dos Patos na Avenida Liberdade atualmente conhecida
como Avenida Getuacutelio Vargas A partir de entatildeo diversas famiacutelias se instalaram no entorno da
capela originando o Arraial de Santo Antocircnio da Beira do Paranaiacuteba Em 1866 foi criada a Vila
de Santo Antocircnio dos Patos e em 1892 o presidente do Estado de Minas Gerais elevou a vila
agrave categoria de cidade de Patos de Minas
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Figura 6 Iniacutecio da ocupaccedilatildeo da cidade de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fontes
Prefeitura Municipal de Patos de Minas e MuP- Museu da Cidade de Patos de Minas
A Praccedila Dom Eduardo estaacute no centro do nuacutecleo original de povoamento ilustrado pela Figura
6 e representa a divisatildeo de influecircncia entre as duas famiacutelias da elite local que atuaram na
construccedilatildeo da paisagem urbana e na histoacuteria da cidade de Patos de Minas os Borges
catoacutelicos e monarquistas e os Dias Macieacuteis protestantes e republicanos
Ao norte da Praccedila Dom Eduardo encontam-se os Borges e seus parentes os Caixeta e os
Queiroz de acordo com Silva (2011) deste lado da cidade a paisagem se desenha por ruas
estreitas e curvas as quais conduzem a travessas e becos nitidamente ldquosemeadosrdquo agrave moda
lusitana de povoar Ao mesmo tempo os edifiacutecios mais antigos e caracteriacutesticos da aacuterea satildeo
todos em estilo colonial com altas janelas e portas retangulares Satildeo exemplos a antiga Casa
de Cacircmara e Cadeia localizada hoje na Praccedila Juquinha Caixeta (Figura 7) e os casarotildees do Dr
Joatildeo Borges e do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz a rua e a casa de Deiroacute Borges a Rua do
Tenente Bino o Beco da Zeacutelia a Praccedila da Dona Genoveva (Figura 8) a Rua do Alfredo Borges
a Praccedila Chiquinho Caixeta a Rua Dr Joseacute Oliacutempio Borges a Praccedila Dom Eduardo E ainda a
Travessa dos Queiroz onde se manteacutem de peacute a casa do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz
palco de criaccedilatildeo do partido de oposiccedilatildeo oficial aos ldquoMacieacuteisrdquo
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Figura 7 Casa de Cacircmara e Cadeia (o mais antigo edifiacutecio puacuteblico de Patos de Minas inaugurado em 1912 como Cacircmara Municipal Foacuterum e no reacutes-do-chatildeo a Cadeia Puacuteblica) e Praccedila Juquinha Caixeta Foto Acervo pessoal 2015 Figura 8 Rua Deiroacute Borges ao fundo Praccedila Dona Genoveva Foto Acervo pessoal 2015
Figura 9 Escola Estadual Marcolino de Barros Foto Fotoacutegrafo desconhecido 2008 Disponiacutevel em
httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=614809 Acesso em maio de 2014
Figura 10 Escola Estadual Antocircnio Dias Maciel Foto Acervo pessoal 2015
Ao sul da Praccedila Dom Eduardo em frente agrave Catedral de Santo Antocircnio estatildeo os Macieacuteis e seus
parentes os Santana Pacheco Barros Magalhatildees e Ferreira da Silva Segundo Silva (2011) os
Macieacuteis estatildeo ligados agrave modernizaccedilatildeo e agrave reordenaccedilatildeo urbana da cidade entre suas marcas
na paisagem estatildeo a Escola Estadual Marcolino de Barros(Figura 09) a Escola Estadual
Antocircnio Dias Maciel(Figura 10) a Rua Olegaacuterio Maciel a Casa de Olegaacuterio Maciel a Casa do
Dr Itagyba a Rua Farnese Maciel o Palacete de Amadeu Maciel a Rua Major Gote (apelido
de Sesoacutestris Dias Maciel) o Hospital Regional Antocircnio Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur
31 |
Thomaz de Magalhatildees o Coreto Arthur Thomaz de Magalhatildees a Rua Joseacute de Santana a Praccedila
Antocircnio Dias a Rua Major Jerocircnimo [Dias Maciel] e a Praccedila Santana
Olegaacuterio Maciel figura poliacutetica representativa da regiatildeo alternou entre os cargos de
Deputado Federal e Agente Executivo de Municiacutepio no final do seacuteculo XIX ateacute chegar agrave
Presidecircncia do Estado de Minas Gerais nos anos de 1930 Segundo Borges (2008) esse
processo poliacutetico influenciou o desenvolvimento fiacutesico-territorial da cidade atraindo
investimentos do Governo do Estado para a construccedilatildeo das escolas do foacuterum e do Hospital
Regional
No fim do seacuteculo XIX em 1883 o entatildeo Agente do Executivo Olegaacuterio Dias Maciel3 ordenou
a criaccedilatildeo de um plano diretor para ordenar e reorientar o crescimento do povoado para o
sentido sul da Praccedila Dom Eduardo ldquona chapada ou chapadatildeordquo conforme segue na citaccedilatildeo
Seguiu‐se a risca o ldquoPlano Diretorrdquo indicado por Olegaacuterio
Maciel O vereador Eduardo Ferreira de Noronha em 21 de
setembro de 1906 indica que ()auxiliem a Cacircmara a
estudar o local mais conveniente em que se deve construir
o matadouro e respectivo curral oferecendo seu parecer
Hoje distanciados no tempo sabemos que a ldquoChapadardquo
paulatinamente abrigou aleacutem do Matadouro Municipal a
Casa do Coronel Farnese Dias Maciel a Casa de Amadeu
Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur Thomaz de
Magalhatildees o Passeio Puacuteblico a fonte luminosa o Coreto o
Cinema o Paccedilo Municipal o Hospital Antocircnio Dias Maciel o
Grupo Escolar o Foacuterum () Pari Passu tambeacutem foram
transladados outros elementos que se localizavam na
direccedilatildeo para a qual a cidade ia se deslocando a mudanccedila
do cemiteacuterio e da Igreja de Nossa Senhora do Rosaacuterio
(frequentada pelos negros) tambeacutem se constituiu como
marco simboacutelico da nova ordenaccedilatildeo urbana planeada por
Olegaacuterio Maciel (BORGES amp SILVA 2009 p13)
3 Olegaacuterio Dias Maciel era engenheiro formado na Escola Polyteacutecnica do Rio de Janeiro em 1878 compartilhava os ideais positivistas da Repuacuteblica e tambeacutem os ideais da Belle Eacutepoque de higienizaccedilatildeo e de racionalizaccedilatildeo do espaccedilo urbano Soma-se a isso a experiecircncia cultural de Olegaacuterio fora de Patos como deputado federal e senador vivenciou no Rio de Janeiro as reformas urbanas empreendidas por Pereira Passos inspiradas na reforma de Paris sob a batuta do Baratildeo de Haussman Como deputado estadual e depois como presidente do Estado de Minas Gerais vivenciou a experiecircncia de ldquofruirrdquo a cidade de Belo Horizonte construiacuteda racionalmente agrave moda da colonizaccedilatildeo espanhola na Ameacuterica (BORGES amp SILVA 2009)
32 |
Segundo Oliveira (2010) dentre as influecircncias na malha urbana decorrentes do periacuteodo
poliacutetico do iniacutecio do seacuteculo XX destacam-se as intervenccedilotildees na infraestrutura da Avenida
Getuacutelio Vargas definindo a mesma como eixo nobre na cidade o direcionamento o primeiro
vetor de expansatildeo urbana nas direccedilotildees sul e oeste da Av Getuacutelio Vargas
Figura 11 Inundaccedilatildeo ocorrida em 1941 na ponte sobre o Rio Paranaiacuteba Fonte Arquivo do Laboratoacuterio
de Histoacuteria do Unipam Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=3600 Acesso em
dezembro de 2014
Observa-se que a Avenida Getuacutelio Vargas anteriormente denominada como Avenida
Liberdade e depois Avenida Municipal representa o nuacutecleo inicial da cidade e o ponto de
partida dos vetores de ocupaccedilatildeo ateacute a deacutecada de 1930 observa-se que neste periacuteodo as
praccedilas da avenida apresentavam um paisagismo inspirado nos jardins franceses Zama
Maciel4 relata sobre o planejamento de usos e ocupaccedilatildeo dessa aacuterea e a Figura 12 ilustra esse
periacuteodo
4 Zama Maciel foi um patense que exerceu as funccedilotildees de agrimensor professor inspetor de ensino vereador e redator dos jornais locais
Com relaccedilatildeo ao vetor de expansatildeo oeste
observa-se que o mesmo foi impulsionado
pela construccedilatildeo da nova ponte sobre o rio
Paranaiacuteba em aproximadamente 1926
retratada na Figura 11 Segundo
Dannemann (2013) a obra da ponte estava
sob os cuidados da Companhia Nacional de
Cimento Armado SA e ateacute 1970 serviu
como principal acesso agrave sede do municiacutepio
33 |
Avenida Municipal com o seu atual quilocircmetro de extensatildeo foi
destinada agrave habitaccedilatildeo particular devida a sua exagerada
largura e agrave perspectiva que podem oferecer casas pequenas e
de bom gosto fronteando os seus passeios gramados e jardins
floridos que a pequenada destroacutei Nela preacutedios comerciais de
dois trecircs andares tornam-se ridiacuteculos porque natildeo tecircm
magnitude para se imporem agrave largura (repisamos) exagerada
com que os antigos irrefletidamente a construiacuteram Somente
edifiacutecios semelhantes agrave igreja matriz em construccedilatildeo come
cinquenta metros podem nela sobreviverem Pequenos preacutedios
vivendas graciosas de cujas janelas caiam trepadeiras no
conjunto dos jardins e na imensa claridade de nossas tardes
faratildeo dela recanto cobiccedilado agrave moradia Enfeia-la com preacutedios
comerciais de pequeno porte e com casas de diversotildees
barulhentas seraacute obra de mau gosto que se torna necessaacuterio
evitar (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos Patos de
Minas junho de 1937)
Figura 12 Avenida Getuacutelio Vargas parte ao sul da Catedral de Santo Antocircnio deacutecada de 1930 Ao
centro da figura o Palacete Amadeu Maciel Fonte Acervo Documental e de Imagens de Patos de
Minas Local MuP ndash Museu da Cidade de Patos de Minas
A seguir o Mapa 1 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o
ano de 1930 retrata a localizaccedilatildeo da implantaccedilatildeo da cidade proacuteximo a recursos drsquoaacutegua No
mapa estaacute presente a delimitaccedilatildeo do periacutemetro urbano do ano de 2015 que seraacute mantido
como ponto de referecircncia espacial para a malha urbana atual
34 |
35 |
A Figura 13 datada da deacutecada de 1930 eacute uma vista aeacuterea da cidade no qual pode-se
perceber a implantaccedilatildeo e a forma urbana da cidade e os vetores de expansatildeo do iniacutecio do
seacuteculo XX aacuterea retratada pelo Mapa 1 apresentado anteriormente
Figura 13 Vista aeacuterea de Patos de Minas
Fonte Arquivo Daacutecio Pereira da Fonseca Fotografo desconhecido
Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=2650 Acesso em abril de 2014
Observa-se na Figura 13 a presenccedila de espaccedilos livres puacuteblicos dentre eles as Praccedilas da
Avenida Getuacutelio Vargas dos Boiadeiros Antoacutenio Dias Champagnat e Santana os espaccedilos
livres privados o Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo o Patos Tecircnis Clube (PTC) o campo de futebol
da Uniatildeo Recreativa dos Trabalhadores (URT) e o campo de futebol do Clube do Mamoreacute
Segundo Fonseca (1974) desde o final do seacuteculo XIX ateacute 1950 Patos de Minas tentou pleitear
a vinda da estrada de ferro para escoamento da produccedilatildeo agriacutecola da regiatildeo ateacute o Rio de
Janeiro e Satildeo Paulo Segundo Borges e Silva (2009) em 1934 o engenheiro carioca Neacutelson
Rodrigues efetuou o primeiro levantamento planialtimeacutetrico da cidade de Patos de Minas a
princiacutepio esse levantamento objetivava abrigar a estrada de ferro Patos-Catiara Em 1936
provavelmente o proacuteprio Neacutelson Rodrigues concluiu o primeiro Plano Urbano oficial da
cidade apresentado pela Figura 14
LEGENDA 1 ndashMajor Gote e Dr Marcolino 2 ndash Lagoa Grande 3 ndash Campo de Aviaccedilatildeo 4 ndash Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo 5 ndash Rua Dr Marcolino 6 ndash Rua Major Gote 7 ndash Coacuterrego do Monjolo 8 ndash PTC 9 ndash Campo da URT 10 ndash Cemiteacuterio Municipal 11 ndash Rio Paranaiacuteba 12 ndash Av Getuacutelio Vargas 13 ndash Matriz de Santo Antocircnio 14 ndash Rua Tiradentes 15 ndash Cadeia 16 ndash Praccedila dos Boiadeiros 17 ndash Praccedila Antocircnio Dias 18 ndash Av Paracatu 19 ndash Igreja do Rosaacuterio 20 ndash Praccedila Champagnat 21 ndash Rua Major Jerocircnimo 22 ndash Campo do Mamoreacute
23 ndash Praccedila Santana
36 |
Figura 14 Plano Urbano de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fonte Prefeitura
Municipal de Patos de Minas
Destaca-se no plano de crescimento urbano a Rua Major Gote na eacutepoca denominada Rua
Desembargador Frederico Zama Maciel escreve ao jornal local sobre o plano urbano as vias
de caraacuteter comercial da cidade e sobre as intenccedilotildees de um zoneamento de usos para o
crescimento da cidade inspirados no urbanismo norte-americano
37 |
A Prefeitura () mandou organizar a planta da cidade e
traccedilar-lhe as ruas futuras no objetivo de impedir o
crescimento desordenado() Neste trabalho foram
observadas tanto quanto possiacutevel as normas seguidas na
Ameacuterica do Norte onde geralmente as cidades satildeo
traccediladas em xadrez cortando-se as ruas em acircngulo reto
() As ruas comerciais estatildeo determinadas no referido
plano e dentre as atuais destacam-se Desembargador
Frederico e General Osoacuterio A primeira () deveraacute atravessar
a cidade de norte a sul e morreraacute na futura praccedila da
estaccedilatildeo ferroviaacuteria onde atualmente se ergue o barracatildeo
da Companhia do Trigo Seraacute futuramente a mais central da
cidade Eacute de uma boa norma localizar-se o comeacutercio em
determinadas zonas (zoneamento chamam a isto os
urbanistas) bem como as faacutebricas os edifiacutecios puacuteblicos as
escolas (natildeo as primaacuterias que devem ser espalhadas nos
bairros residenciais) devem tambeacutem ter as suas zonas
separadas () (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos
Patos de Minas junho de 1937)
A linha feacuterrea natildeo foi implantada na cidade e o crescimento urbano das deacutecadas seguintes
natildeo se ateve ao planejamento apresentado na deacutecada de 1930
132
DA DEacuteCADA DE 1940 ATEacute A DEacuteCADA DE 1960
AUMENTO POPULACIONAL
Comparando o plano urbaniacutestico apresentado para a cidade no final do seacuteculo XIX com a
expansatildeo da malha urbana observa-se que o crescimento urbano da cidade ocorreu de
forma mais dispersa do que o apresentado no plano O vetor de expansatildeo ao sul manteve
grande parte do planejamento embora apresentando quadras menores A aacuterea antes
ocupada pela Lagoa dos Patos e a aacuterea a nordeste da Lagoa foram as que mais se
distanciaram das ideias do plano urbaniacutestico apresentando uma malha urbana orgacircnica com
a presenccedila de muitas ruas sem saiacuteda
O Mapa 2 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1965 a seguir retrata o crescimento da malha urbana
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Segundo Magrini (2008) na deacutecada de 1950 houve um surto migratoacuterio e a instalaccedilatildeo de
diversas firmas comerciais Nesse periacuteodo construiu-se o primeiro Terminal Rodoviaacuterio com
verbas municipais e investimentos da iniciativa privada e teve iniacutecio tambeacutem a comemoraccedilatildeo
da Festa Nacional do Milho evento que ateacute hoje expressa as manifestaccedilotildees culturais da
regiatildeo
Figura 15 Patos de
Minas da deacutecada de
1960
Elaborado pela autora segundo fonte Arquivo de Marialda Coury Foto Joatildeo Lucas Ribeiro Borges
Observando o crescimento da malha urbana de Patos de Minas ateacute 1965 (ilustrado pela
Figura 15) pode-se constatar que houve uma grande expansatildeo da mesma entre a deacutecada de
1950 e 1960 Nesse periacuteodo o aumento populacional ocorreu predominantemente na aacuterea
urbana conforme mostra a Tabela 02 a seguir
Periacuteodo
Populaccedilatildeo Total do
Municiacutepio
Populaccedilatildeo Urbana do Municiacutepio
Populaccedilatildeo Rural do
Municiacutepio
1950 45399 12525 32874
1960 72839 32511 40328
1970 76211 44877 31334
1980 86121 63302 22819
1990 102946 87403 15543
2000 123881 111333 12548
2010 138710 127724 10986
2014 147614 - -
Tabela 2 Crescimento Populacional de Patos de Minas Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Magrini 2008 Populaccedilatildeo prevista segundo o IBGE
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Nas deacutecadas seguintes a 1960 como se pode antever pela Tabela 2 o crescimento da zona
rural foi diminuindo gradativamente e a populaccedilatildeo da aacuterea urbana aumentando
impulsionando o crescimento da malha urbana
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DA DEacuteCADA DE 1970 ATEacute A DEacuteCADA DE 1980
Incorporaccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua
Nas deacutecadas de 1960 e 1970 periacuteodo de ditadura Militar segundo Magrini (2010) Patos de
Minas passou por uma estagnaccedilatildeo econocircmica devido agrave emancipaccedilatildeo poliacutetica de dois
importantes Lagoa Formosa e Guimaracircnia no mesmo periacuteodo houve grande deslocamento
de patenses para a nova capital do paiacutes Brasiacutelia em busca de empregos
Justamente na eacutepoca da mudanccedila da capital do paiacutes para
Brasiacutelia Patos de Minas perde caracteriacutestica de centro
rodoviaacuterio e transforma-se no ldquopassa perto de Patosrdquo com
estradas asfaltadas em volta num eixo de 130 km Natildeo se
vinha aqui como antes ateacute que a BR 354 inaugurada em
1972 abolia este malfadado passa perto ressurgindo toda a
movimentaccedilatildeo comercial completada pela BR ndash 365 em
1974 (MELLO 1992 p54)
De 1965 ateacute os anos 1980 Patos de Minas praticamente dobrou a sua aacuterea de ocupaccedilatildeo
decorrente principalmente do processo de ecircxodo rural Segundo Oliveira (2010) os vetores
direcionavam para todos os sentidos sendo apenas o oeste limitado pelo Rio Paranaiacuteba os
cursos drsquoaacutegua menores natildeo foram uma barreira para esta expansatildeo
O Mapa 3 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1980 a seguir retrata o crescimento da malha urbana nesse periacuteodo
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Em 1982 foi iniciada a urbanizaccedilatildeo da Lagoa dos Japoneses a Lagoa Grande (Figura 16 e
Figura 17) com a reduccedilatildeo significativa da aacuterea alagada e a construccedilatildeo do Terminal
Rodoviaacuterio No entorno da lagoa foi criado o Parque Recreativo Dr Itagiba depois renomeado
como Parque Dr Itagiba Augusto Silva o primeiro parque urbano da cidade um dos principais
cartotildees postais da cidade espaccedilo de lazer e contemplaccedilatildeo
Figura 16 Projeto para o
Parque Recreativo Dr
Itagiba a construccedilatildeo ao
lado esquerdo da figura
representa o Terminal
Rodoviaacuterio Fonte Jornal
A Debulha O projeto do
parque Ano VIII nordm178
janeiro de 1988 paacuteg7
Figura 17 Planta do Parque Dr Itagiba Augusto Silva ndash Lagoa Grande Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2014
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Em 1986 foi iniciada a canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo inicialmente uma Avenida
Sanitaacuteria no Coacuterrego do Monjolo (Figura 18) atualmente conhecida como Avenida Faacutetima
Porto as obras terminaram em 1996 Segundo Caixeta amp Vlach (2009) a canalizaccedilatildeo
acarretou inicialmente na ocupaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo do entorno e devido agrave resoluccedilatildeo dos
problemas sanitaacuterios que aiacute existiam
Figura 18 Canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo deacutecada de 1990 Foto Arquivo de Donaldo Amaro Teixeira Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=7568 Acesso em maio de 2015
Com o decorrer dos anos e a instalaccedilatildeo dos bairros no entorno o Coacuterrego do Monjolo passou
a apresentar problemas com enchentes e um forte odor provavelmente a canalizaccedilatildeo do
coacuterrego jaacute natildeo suportava mais o volume de aacutegua pluvial dos bairros aleacutem da presenccedila de
esgotos clandestinos Tais problemas geraram novos projetos de canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do
Monjolo nas deacutecadas seguintes
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DA DEacuteCADA DE 1990 ATEacute OS DIAS ATUAIS
A FORMA URBANA ATUAL
No final da deacutecada de 1980 houve a descoberta da uma jazida de Fosfato Sedimentar na
localidade da Rocinha (aacuterea rural) o que impulsionou a instalaccedilatildeo de induacutestrias voltadas para
o agronegoacutecio iniciado pelas Sementes Agroceres SA (especialista tambeacutem em geneacutetica
suiacutena) Nesse periacuteodo ocorreu ainda um maior desenvolvimento teacutecnico da agricultura por
meio da irrigaccedilatildeo e do cultivo de novos cereais
Os reflexos do desenvolvimento comercial e industrial da regiatildeo foram notados na
implantaccedilatildeo de induacutestrias de confecccedilotildees agroinduacutestrias e na instalaccedilatildeo da multinacional Cica
que impulsionou o cultivo de milho ervilha e tomate5
A implementaccedilatildeo de induacutestrias somadas agraves pressotildees poliacuteticas acarretou na instalaccedilatildeo de um
distrito industrial na porsatildeo sul e oeste da cidade expandindo o periacutemetro urbano para aleacutem
das margens do Rio Paranaiacuteba A criaccedilatildeo do distrito industrial influenciou a ocupaccedilatildeo ao longo
da Avenida Presidente Juscelino Kubitschek construiacuteda nos anos 1970 para ligaccedilatildeo do nuacutecleo
urbano agraves rodovias BR-354 e BR-365 comportando-se entatildeo como principal acesso da
cidade
O Mapa 4 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o ano de
2015 a seguir apresenta a forma urbana atual da cidade
5 A multinacional Cica permaneceu na cidade ateacute 2001 depois se deslocou para o Estado de Goiaacutes quando perdeu parte dos incentivos fiscais oferecidos pela cidade
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Na deacutecada de 1990 a expansatildeo da malha urbana ultrapassou as aacutereas de algumas reservas
ambientais que se transformaram nos principais parques urbanos da cidade o Parque
Municipal do Mocambo (Figura 19) em 1990 e o Parque Municipal Joatildeo Luiz Redondo (Figura
20) em 1994 ambos localizados em aacutereas de lagoas
Figura 19 Parque Municipal do
Mocambo 1992 Fonte Arquivo
de Donaldo Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecadepatoscombr
p=8437 Acesso em marccedilo de
2015
Figura 20 Parque
Municipal Joatildeo Luiz
Redondo (Lagoinha)
deacutecada de 1990 Fonte
Arquivo de Donaldo
Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecade
patoscombrp=75
54 Acesso em marccedilo
de 2015
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Foi criado tambeacutem na deacutecada de 1990 na Lei Municipal nordm 2872 de 03 de outubro de 1991
o Parque Mirante do Alto da Colina (ainda natildeo implantado) e a Lei Municipal nordm 2871 de 03
de outubro de 1991 declara a aacuterea denominada Lagoa e Bosque do ldquoPATAtildeOrdquo de preservaccedilatildeo
permanente onde desde entatildeo se cogita a implantaccedilatildeo de um parque urbano
Figura 21 Rua Mirico Caixeta ao fundo a Mata do Catingeuiro Evidenciando a falta de conexatildeo da
mata com o entorno Foto Acervo pessoal 2015
Figura 22 Rua 0 e o desmatamento na Mata do Catingeiro Foto Acervo
pessoal 2015
Em 2014 foi aprovada a criaccedilatildeo do Parque
de Preservaccedilatildeo Mata do Catingueiro uma
tentativa de proteger os restigios da mata
localizado no setor leste aacuterea que
recentemente recebeu muitos loteamentos
que foram implantados sem se estabelecer
uma aacuterea de transiccedilatildeo ou de integraccedilatildeo da
mata com a malha urbana sem passeios
ciclovias praccedilas ou parques conforme
ilustrado na Figura 21 A mata do
Catingueiro tem sido um constante alvo de
queimadas e desmatamento a Figura 22
mostra os vestiacutegios da mata
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Figura 23 Programa MCMV- Jardim Quebec II com 437unidades localizado na porccedilatildeo noroeste da
cidade ao fundo da figura a mata ciliar do Rio Paranaiacuteba e plantaccedilotildees de cafeacute Foto Sacircmara C P Lima
2014
Na deacutecada de 2010 ocorreu a expansatildeo do periacutemetro urbano no sentindo norte pela primeira
vez para aleacutem do Coacuterrego do Limoeiro devido agrave instalaccedilatildeo de um campus da Universidade
Federal de Uberlacircndia na aacuterea Observa-se na Figura 23 que a aacuterea do extremo noroeste da
cidade estaacute em processo de expansatildeo da malha urbana e apresenta construccedilotildees habitacionais
do Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) na cidade
Notamos diversas transformaccedilotildees na malha urbana de Patos de Minas ao longo das deacutecadas
desde a implantaccedilatildeo do nuacutecleo urbano aos desdobramentos econocircmicos poliacuteticos e sociais
que direcionaram o crescimento da cidade e a transformaccedilatildeo da paisagem
O tecido urbano e o crescimento das cidades brasileiras como eacute o caso de Patos de Minas se
daacute pela conformaccedilatildeo do sistema viaacuterio pelos padrotildees de parcelamento do solo por
edificaccedilotildees e pelos espaccedilos livres Patos possui uma relaccedilatildeo cultural e econocircmica muito forte
com a zona rural A linha de transiccedilatildeo entre o urbano e o rural eacute muito tecircnue principalmente
nas aacutereas de borda urbana Nesses bairros de periferia ou de limite da mancha urbana a
cidade termina no outro lado da rua depois de uma cerca de arame sem nenhum espaccedilo de
transiccedilatildeo o outro lado da cerca se configura como um espaccedilo livre com muitas
potencialidades de uso e conflitos
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Figura 24 Paisagem urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora
Em Patos de Minas a paisagem urbana eacute emoldurada por serras cobertas por diferentes
plantaccedilotildees (Figura 24) a cidade termina onde o Rio Paranaiacuteba passa ou a cidade termina
onde comeccedilam os fundos de vale Ora cidade ora zona rural A paisagem tambeacutem eacute marcada
pela Catedral um contraste no meio do aglomerado urbano em uma zona em processo de
verticalizaccedilatildeo onde a Catedral se esconde e se revela A Catedral marca o iniacutecio da ocupaccedilatildeo
da regiatildeo em uma aacuterea de chapada na beira da lagoa hoje a chapada foi praticamente toda
ocupada e os bairros das bordas urbanas ocupam as aacutereas mais elevadas da cidade Do alto
desses bairros da borda eacute possiacutevel ver as lagoas e os coacuterregos pressentes na cidade espaccedilos
que se configuram como parques praccedilas e chaacutecaras espaccedilos livres de edificaccedilatildeo que
ressaltam a identidade da cidade e a paisagem urbana
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21 ESPACcedilOS LIVRES
ESPACcedilOS ABERTOS AacuteREAS VERDES
O conceito de espaccedilo livre de edificaccedilatildeo eacute amplo e complexo Para Nucci (2001) os espaccedilos
livres fazem parte de um grande grupo paisagiacutestico urbano que pode ser subdividido em
vaacuterias categorias dependendo do seu uso e funccedilatildeo sendo entatildeo um termo bastante
abrangente que agrega todos os outros conceitos similares como espaccedilos abertos aacutereas
verdes aacutereas livres sistemas de aacutereas de lazer cobertura vegetal entre outros
Segundo Queiroga (2006) Miranda Magnoli em sua tese de livre-docecircncia6 buscou afirmar o
espaccedilo livre como o objeto do paisagismo indo aleacutem do jardim do projeto com vegetaccedilatildeo
e da escala urbana Nesse sentido definiu espaccedilo livre como espaccedilo livre de edificaccedilotildees todo
espaccedilo descoberto urbano ou natildeo vegetado ou natildeo puacuteblico ou privado De acordo com a
autora para a anaacutelise de um dado recorte escalar propotildee-se que o estudo dos espaccedilos livres
deva ir aleacutem dos espaccedilos vegetados e dos espaccedilos puacuteblicos envolvendo todos os espaccedilos
livres do referido recorte Ou seja para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na cidade
eacute preciso ir aleacutem da anaacutelise dos espaccedilos puacuteblicos ou dos vegetados eacute preciso identificar todas
as aacutereas natildeo construiacutedas na cidade os espaccedilos privados intra-lote os lotes e glebas ociosas
as ruas os passeios etc
Os espaccedilos livres satildeo um dos principais estruturadores da forma urbana e um dos principais
elementos caracterizadores da paisagem urbana Segundo Magnoli (1982) os espaccedilos livres
satildeo os ambientes natildeo edificados da cidade as ruas avenidas praccedilas parques quintais
jardins rios matas mangues praias urbanas ou simples vazios urbanos
Quando adotamos o termo aacutereas verdes ou aacutereas verdes urbanas nos referimos a um
subsistema dentro do Sistema de Espaccedilos Livres que engloba principalmente as aacutereas de
preservaccedilatildeo permanente (APPrsquos) reservas legais (RL) e a arborizaccedilatildeo urbana Segundo
6 MAGNOLI Miranda Espaccedilos livres e urbanizaccedilatildeo uma introduccedilatildeo a aspectos da paisagem metropolitana 1982 116 p Tese (Livre-docecircncia em Arquitetura e Urbanismo) ndash Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1982
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Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilo livre eacute adotado se sobrepondo contendo e
ampliando o conceito usual de aacutereas verdes termo que tem como base a necessidade de
espaccedilos livres dotados de vegetaccedilatildeo De acordo com o autor o termo aacutereas verdes eacute
reducionista desconsidera as caracteriacutesticas fundamentais do espaccedilo urbano como a
complexidade e diversidade das formas de apropriaccedilatildeo e apreensatildeo social e o fato real da
impossibilidade fiacutesica e mesmo da inconveniecircncia da existecircncia de vegetaccedilatildeo em
determinados espaccedilos livres
De acordo com Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilos livres natildeo desconsidera o papel
da vegetaccedilatildeo nas cidades brasileiras como elemento facilitador da drenagem urbana criador
de microclimas mais agradaacuteveis contribuindo para a manutenccedilatildeo da diversidade animal e
vegetal e ainda como fator de embelezamento urbano mas natildeo desconsidera a importacircncia
dos espaccedilos natildeo vegetados para inuacutemeras praacuteticas de relevacircncia cultural das feiras agraves festas
populares das manifestaccedilotildees poliacuteticas agrave valorizaccedilatildeo de determinadas paisagens e
patrimocircnios culturais
Entretanto apesar dos crescentes avanccedilos nas discussotildees sobre os espaccedilos livres muitos
autores planos diretores planos de uso e ocupaccedilatildeo ainda natildeo compreenderam o termo
como em Patos de Minas onde adota-se o termo aacutereas verdes nas leis municipais e plano
diretor Na Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo de Patos de Minas (2008) as aacutereas verdes satildeo
descritas como porccedilotildees situadas na Macrozona Urbana destinadas a oferecer espaccedilos
puacuteblicos adequados e qualificados agraves atividades de recreaccedilatildeo lazer e turismo da populaccedilatildeo
de forma a conciliar a proteccedilatildeo dos bens naturais e culturais As cidades precisam de reservas
de aacutereas verdes e de espaccedilos livres de qualidade para praacutetica de atividades culturais de lazer
e contemplaccedilatildeo Observa-se que na lei municipal de Patos de Minas existe uma sobreposiccedilatildeo
entre a funccedilatildeo das reservas de aacutereas verdes e dos espaccedilos de praacuteticas socias sobreposiccedilatildeo
essa presente no conceito dos espaccedilos livres
A implantaccedilatildeo dos espaccedilos livres puacuteblicos depende de uma gestatildeo adequada e integrada dos
recursos com uma fiscalizaccedilatildeo efetiva o que implica no desenvolvimento de poliacuteticas
puacuteblicas permanentes que viabilizem as intervenccedilotildees e necessidades dos espaccedilos livres
Segundo Loboda amp Angelis (2012) o planejamento das aacutereas verdes (puacuteblicas) urbanas parte
de uma definiccedilatildeo de recursos que eacute residual as necessidades satildeo amenizados com recursos
que sobram de outras atividades consideradas como mais prioritaacuterias e que geralmente
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incluem-se nesse acircmbito aquelas de cunho estrateacutegico poliacutetico e econocircmico O autor cita um
problema frequente em diversas cidades brasileiras a falta de recursos destinados aos
espaccedilos puacuteblicos e dentre eles as aacutereas verdes urbanas um dos principais espaccedilos livres das
cidades
De acordo com Magnoli (1982) a localizaccedilatildeo acessibilidade e distribuiccedilatildeo dos espaccedilos livres
formam um complexo sistema de conexotildees com muacuteltiplos papeacuteis urbanos atividades do oacutecio
circulaccedilatildeo urbana conforto conservaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo ambiental drenagem urbana
imaginaacuterio e memoacuteria urbana lazer e recreaccedilatildeo dentre outros Todas essas funccedilotildees
exercidas no ambiente urbano pelos espaccedilos livres assim como a localizaccedilatildeo acessibilidade
distribuiccedilatildeo tipos de usos e configuraccedilatildeo espacial estatildeo organizadas de maneira sistecircmica na
cidade formando o Sistema de Espaccedilos Livres
22 O PENSAMENTO SISTEcircMICO
As cidades independentemente da sua localidade histoacuteria e configuraccedilatildeo satildeo formadas de
modo geral por espaccedilos livres e espaccedilos edificados duas categorias espaciais estruturantes
da forma urbana A configuraccedilatildeo dos espaccedilos livres eacute variaacutevel nas cidades brasileiras por
diversas questotildees como caracteriacutesticas territoriais bioma configuraccedilatildeo paisagiacutestica pela
existecircncia ou ausecircncia de planos urbanos e principalmente pelos processos de urbanizaccedilatildeo e
de transformaccedilatildeo da paisagem
A cidade eacute um conjunto de elementos sistemas e funccedilotildees e os espaccedilos livres formam um dos
principais sistemas capaz de estruturar toda a configuraccedilatildeo urbana De acordo com Tardin
(2010) e DrsquoAgostini amp Cunha (2007) sistema eacute um conjunto de elementos passiacutevel de
estabelecer inter-relaccedilotildees fiacutesicas funcionais estruturais morfoloacutegicas e relativas agrave vivecircncia
da paisagem abertas e intricadas entre si com seu entorno e com as pessoas que o
vivenciam
De acordo com Morin (2008) apud Queiroga (2014) o conceito de sistema implica natildeo
somente elementos inter-relacionaacuteveis mas tais relaccedilotildees constituem uma organizaccedilatildeo e uma
estrutura relativamente estaacutevel que caracteriza o sistema como um todo A organizaccedilatildeo
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sistecircmica por sua vez conteacutem as relaccedilotildees que definem o sistema e que o transformam
alterando sua estrutura possibilitando sua permanecircncia e contendo a possibilidade concreta
de sua dissoluccedilatildeo Para o autor o termo exprime multiplicidade totalidade diversidade
organizaccedilatildeo e complexidade
A noccedilatildeo de sistema auxilia o estudo dos espaccedilos livres urbanos e o entendimento das suas
relaccedilotildees de interdependecircncia complementaridade e hierarquia Segundo Schlee et al
(2009) considerando-se a paisagem como um macrossistema complexo formado de
subsistemas os espaccedilos livres urbanos constituem um dos seus subsistemas inter-
relacionados com outros subsistemas urbanos e rurais e que podem se justapor ao Sistema
de Espaccedilos Livres ou se sobrepor total ou parcialmente enquanto sistemas de accedilotildees
[] entende-se como sistemas de espaccedilos livres (SEL)
urbanos os elementos e as relaccedilotildees que organizam e
estruturam o conjunto de todos os espaccedilos livres de um
determinado recorte urbano independentemente de sua
dimensatildeo qualificaccedilatildeo esteacutetica funcional e de sua
localizaccedilatildeo e propriedade sejam eles puacuteblicos ou privados
[] toda cidade possui um sistema de espaccedilos livres que eacute
produzido durante seu processo de formaccedilatildeo tanto pelo
Poder Puacuteblico como pela iniciativa privada (MACEDO 2010
p 3 e 4)
O autor afirma que todas as cidades independente do seu porte de suas caracteriacutesticas
culturais e histoacutericas possuem um Sistema de Espaccedilos Livres Essa afirmaccedilatildeo incita diversas
questotildees que conduziram esta pesquisa pontos voltados ao objeto de estudo a cidade de
Patos de Minas uma cidade meacutedia
O SEL DE UMA MEGAacuteLOPOLE OU METROacutePOLE Eacute
DIFERENTE DO SEL DE UMA PEQUENA CIDADE OU DE
UMA CIDADE MEacuteDIA
O MESMO TIPO DE ANAacuteLISE QUE SE APLICA PARA O
ENTENDIMENTO DO SEL DE UMA CIDADE DE GRANDE
PORTE PODE SER APLICADO PARA UMA CIDADE DE
MEacuteDIO PORTE
EXISTEM TIPOS DE ESPACcedilOS LIVRES FUNCcedilOtildeES OU
RELACcedilOtildeES QUE CARACTERIZAM O SISTEMA DE ESPACcedilOS
LIVRES DE UMA CIDADE MEacuteDIA
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23 OS ESPACcedilOS LIVRES NAS
CIDADES MEacuteDIAS
O espaccedilo livre eacute parte estruturante da forma urbana ele se configura em diferentes
categorias tipologias e caracteriacutesticas no meio urbano principalmente pela introduccedilatildeo ao
longo da histoacuteria de diferentes padrotildees urbaniacutesticos nas cidades O processo de urbanizaccedilatildeo
das cidades eacute uma soma e por vezes ateacute uma sobreposiccedilatildeo de padrotildees morfoloacutegicos esses
traccedilados geram diferentes paisagens com diferentes tipos de espaccedilos livres Incorporando ao
sistema um rico mosaico espacial formado por diferentes porcentagens de espaccedilos livres
intra lote caracteriacutesticos de traccedilados distintos por diferentes tipos de praccedilas aacutereas de
preservaccedilatildeo parques ruas e avenidas Aacutereas essas que apresentam diversos conflitos e
possuem um intenso potencial de transformaccedilatildeo
Segundo Macedo et al (2012) as cidades brasileiras possuem padrotildees morfoloacutegicas
semelhantes isso fica evidente na repeticcedilatildeo dos tipos de traccedilado (ortogonais orgacircnicos
radiais) e nos padrotildees de mancha urbana (linear tentacular compacta mista) O que confere
a especifidade das diversas cidades eacute a forma como elas estatildeo inseridas em seu contexto
territorial os arranjos espaciais seus padrotildees culturais socioeconocircmicos a legislaccedilatildeo
municipal as tipologias e funccedilotildees dos espaccedilos livres e a paisagem urbana Nas cidades meacutedias
brasileiras a forma como os padrotildees morfoloacutegicos se adequam ao suporte fiacutesico
transformando paisagem a local confere ao Sistema de Espaccedilos Livres diferentes dinacircmicas
espaciais funcionais e tipoloacutegicas
Como dito anteriormente neste trabalho a proposta natildeo eacute discutir o que determina uma
cidade como de meacutedio porte ou natildeo mas entender essas cidades como centro urbanos em
crescimento onde novos traccedilados e dinacircmicas urbanas satildeo somadas agrave cidade existente
transformando a paisagem local Na atual conjuntura brasileira segundo Tacircngari et al(2009)
apoacutes a deacutecada de 1980 as cidades meacutedias passaram a crescer mais rapidamente em
comparaccedilatildeo com as metroacutepoles um processo de diminuiccedilatildeo do movimento migratoacuterio em
direccedilatildeo agraves megaloacutepoles e o seu direcionamento para as cidades meacutedias que apresentam
grande potencial de crescimento econocircmico e tecircm seus atributos esteacuteticos e econocircmicos
56 |
valorizados atraveacutes da propagaccedilatildeo da ideia de que cidades de meacutedio porte podem apresentar
mais qualidade de vida que as grandes metroacutepoles
As cidades meacutedias reproduzem os padrotildees morfoloacutegicos e culturais vindos do contexto das
grandes cidades e das pequenas cidades ou povoados de seu entorno Um exemplo dessa
influecircncia vinda das grandes cidades satildeo os condomiacutenios fechados propostos inicialmente
pelo mercado imobiliaacuterio como locais de seguranccedila e lazer proacuteximos aos grandes centros
urbanos esse mesmo padratildeo de condomiacutenio fechado eacute aplicado nas cidades meacutedias onde a
criminalidade eacute bem menor e as distacircncias a serem percorridas satildeo mais curtas Um exemplo
da influecircncia vinda das pequenas cidades e povoados proacuteximos satildeo as chaacutecaras pastos e
plantaccedilotildees presentes dentro malha urbana
Patos de Minas eacute um exemplo de cidade meacutedia em crescimento que recebe influecircncias
culturais e de padrotildees morfoloacutegicos uma cidade que possui caracteriacutesticas especiacuteficas de seu
suporte fiacutesico de seu processo histoacuterico e cultura que influenciam diretamente na malha
urbana as tipologias de espaccedilos livres e os tipos de apropriaccedilatildeo desses espaccedilos
Se observarmos em Patos de Minas as caracteriacutesticas da condiccedilatildeo de cidade meacutedia como por
exemplo a localizaccedilatildeo estrateacutegica entre cidades de maior e menor porte Percebemos que a
cidade atrai pessoas do entorno para desfrutar de suas potencialidades econocircmicas e de seus
aparatos de lazer (parques praccedilas locais de exposiccedilatildeo agropecuaacuteria) o que contribui
diretamente para geraccedilatildeo de renda e uso dos espaccedilos A cidade possui uma relaccedilatildeo direta
com cidades de maior porte que servem de escoamento da produccedilatildeo e suprimento de
mercadorias essa relaccedilatildeo de proximidade atrai para cidade eventos e exposiccedilotildees e pode
motivar influecircncias sobre as tipologias de espaccedilos livres gerados (assim como o processo de
globalizaccedilatildeo tambeacutem pode exercer esse papel)
Eacute nesse contexto de crescimento das cidades meacutedias e influecircncias morfoloacutegicas e culturais
que o Sistema de Espaccedilos Livres precisa ser pensado e entendido como uma infraestrutura
baacutesica para o desempenho da vida cotidiana urbana Segundo Souza amp Macedo (2014) o SEL
deve oferecer condiccedilotildees de habitabilidade urbana e para isso eacute necessaacuterio que se estabeleccedila
um diagnoacutestico baseado na existecircncia ou ausecircncia de uma seacuterie de atributos urbanos
necessaacuterios e qualitativos que deveriam orientar accedilotildees poliacuteticas e projetos de maneira a
formar um Sistema de Espaccedilos Livres integrado agrave paisagem local e a demanda da populaccedilatildeo
57 |
O autor afirma que eacute preciso fazer uma leitura da cidade de seus condicionantes conflitos e
potencialidades para entender como se estrutura o SEL suas funccedilotildees e seu potencial de
transformaccedilatildeo e organizaccedilatildeo na cidade
Partimos para anaacutelise da forma urbana patense buscando o entendimento de como as
caracteriacutesticas especiacuteficas do suporte fiacutesico da organizaccedilatildeo espacial da situaccedilatildeo fundiaacuteria e
dos tipos de usos e funccedilotildees exercidas pelos espaccedilos livres estruturam o Sistema de Espaccedilos
Livres de Patos de Minas
24 OS ESPACcedilOS LIVRES NA FORMA URBANA DE
PATOS DE MINAS
Para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na forma urbana de Patos de Minas a
anaacutelise foi dividida em trecircs principais enfoques RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA CONFIGURACcedilAtildeO
ESPACIAL e RELACcedilAtildeO DE USOS DO SOLO A leitura da cidade apresentada por esses trecircs
acircngulos somada ao entendimento de paisagem forma urbana e da formaccedilatildeo e
transformaccedilatildeo da malha urbana patense apresentados no capiacutetulo anterior nos possibilitam
o entendimento do Sistema Espaccedilos Livres de Patos de Minas como um todo com suas
categorias tipoloacutegias e relaccedilotildees sistecircmicas
Os trecircs principais enfoques foram determinados com base nas principais caracteriacutesticas da
cidade nas suas peculiaridades na sua condiccedilatildeo de cidade de meacutedio porte Provavelmente
um outro tipo de cidade com outras caracteriacutesticas de paisagem demandaria outro segmento
de anaacutelise
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241
RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA
ESPACcedilOS LIVRES x SUPORTE ambiental
O principal objetivo desse subcapiacutetulo eacute analisar as caracteriacutesticas do suporte ambiental sobre
o qual a cidade de Patos de Minas foi implantada buscando identificar quais espaccedilos livres
presentes na cidade incorporam esses elementos da paisagem O suporte ambiental eacute parte
da paisagem urbana ele eacute formado por elementos como corpos drsquoaacutegua vegetaccedilatildeo relevo
solos e clima
Estatildeo cada vez mais presentes nos planos diretores e na legislaccedilatildeo ambiental denominaccedilotildees
como reservas florestais puacuteblicas e privadas parques lineares parques ecoloacutegicos unidades
de conservaccedilatildeo aacutereas de proteccedilatildeo permanente (APPrsquos) aleacutem de referecircncias agrave
sustentabilidade e agrave ecologia Essas denominaccedilotildees muitas vezes geram espaccedilos livres
voltados agrave funccedilatildeo de conservaccedilatildeo e proteccedilatildeo ambiental Entretanto os espaccedilos livres
vinculados ao suporte fiacutesico natildeo possuem somente a funccedilatildeo de conservaccedilatildeo ambiental eles
possuem outros papeacuteis no meio urbano como recreaccedilatildeo infraestrutura urbana contribuir
com a drenagem pluvial possibilitar microclimas urbanos mais agradaacuteveis contribuir para
manutenccedilatildeo da biodiversidade e valores esteacuteticos Segundo Queiroga (2012) a
permeabilidade do solo e a cobertura arboacuterea permitem a conservaccedilatildeo de paisagens com
melhor desempenho ambiental mitigando problemas comuns nas aacutereas urbanas a qualidade
da aacutegua e do ar a manutenccedilatildeo da qualidade do solo controle de erosatildeo abastecimento dos
aquiacuteferos e regulaccedilatildeo das enchentes
Os espaccedilos livres vinculados ao suporte ambiental como os corpos drsquoaacutegua e a vegetaccedilatildeo
constantemente satildeo alvo de degradaccedilatildeo ambiental o que ressalta a sua funccedilatildeo ambiental
dentro do sistema Entretanto a mitigaccedilatildeo desses problemas natildeo eacute uma questatildeo pertinente
apenas ao planejamento ambiental das cidades De acordo com Jacobs (2001) as aacutereas livres
puacuteblicas estruturam o espaccedilo urbano satildeo o principal suporte espacial para o encontro e a
vivecircncia urbana Segundo a autora a degradaccedilatildeo do espaccedilo urbano observada pela reduccedilatildeo
de aacutereas puacuteblicas de lazer deficiecircncia na arborizaccedilatildeo urbana excessiva impermeabilizaccedilatildeo do
solo aumento da temperatura e criaccedilatildeo de ilhas de calor danos ambientais diversos
diminuiccedilatildeo da qualidade da ambiecircncia urbana e perda de qualidade de vida constitui um
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problema que extrapola a esfera fiacutesicaespacial constituindo um problema social visto que
desencoraja o uso da rua e dos espaccedilos livres como locais de encontro necessaacuterios para a
manutenccedilatildeo das praacuteticas sociais
Ao longo do processo de urbanizaccedilatildeo das cidades brasileira foram comuns situaccedilotildees em que
aacutereas de reserva natural foram desmatadas para dar lugar a loteamentos coacuterregos foram
canalizados e desapareceram da paisagem urbana ou foram canalizadas a ceacuteu aberto tiveram
sua APP desmatada e impermeabilizada para dar lugar a avenidas e aacutereas construiacutedas como
no caso da Figura 26
Figura 26 Coacuterrego do Monjolo em Patos de Minas canalizado a ceacuteu aberto na deacutecada de 1970 com APP desmatada e grande parte do seu entorno impermeabilizado Agraves margens do coacuterrego a Av Faacutetima Porto Foto Acervo pessoal 2014
Atualmente esse tipo de tratamento de supressatildeo da vegetaccedilatildeo das APPrsquos em aacutereas
urbanizadas eacute cada vez mais incomum7 o que contribui para a conservaccedilatildeo desses recursos
naturais Entretanto gradativamente mais a legislaccedilatildeo ambiental trata a funccedilatildeo ambiental dos
espaccedilos como algo isolado entendendo as APPrsquos como locais onde natildeo podem existir
intervenccedilotildees desconsiderando que esses espaccedilos podem estar vinculados a outras funccedilotildees
como por exemplo recreaccedilatildeo educaccedilatildeo ambiental valorizaccedilatildeo da paisagem De acordo com
7 Os casos excepcionais nos quais eacute permitido a supressatildeo da vegetaccedilatildeo em APP estatildeo definidos pela Resoluccedilatildeo CONAMA 36906
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confere importacircncia no planejamento urbano e regional o que tem sido ignorado pelos
oacutergatildeos responsaacuteveis pela gestatildeo do territoacuterio Segundo Macedo (1993) a paisagem eacute processo
e produto das accedilotildees humanas eacute processo na medida em que estaacute em constante mutaccedilatildeo e
compreende as diversas forccedilas que nela atuam ora em conflito ora em consonacircncia de
objetivos eacute produto pois a cada instante apresenta-se como objeto acabado dessas accedilotildees e
forccedilas aplicadas
Figura 2 Avenida Getuacutelio Vargas em Parto de Minas Vista parcial da paisagem urbana Fonte httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=1534357amppage=92 Foto Fotoacutegrafo desconhecido
O presente trabalho entende a paisagem como algo que caracteriza a cidade que lhe confere
identidade e a distingue das demais A paisagem retrata a forma urbana e a cultura da
populaccedilatildeo a maneira como as pessoas constroem suas casas e onde constroem se na beira
do rio no alto das serras ou nas chapadas Eacute a histoacuteria local contada por meio da mudanccedila do
cenaacuterio e da mudanccedila dos padrotildees arquitetocircnicos nas casas que permanecem do periacuteodo
neocolonial ou no estilo ecleacutetico nas casas que surgiram no estilo moderno nas reformas
nas construccedilotildees que satildeo tombadas e nas que satildeo derrubadas A paisagem eacute contada pelas
aacutervores pelas flores plantadas e replantadas nas calccediladas calccediladas por vezes remendadas A
paisagem eacute o reflexo do processo social dos bairros que se formam das pessoas que se
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mudam da economia que se desenvolve modificando o comercio instalando novas induacutestrias
e quem sabe ateacute bairros industriais gerando renda para urbanizaccedilatildeo de novas aacutereas ou a
verticalizaccedilatildeo de outras
O entendimento da paisagem enquanto elemento caracterizador da imagem das cidades eacute
um instrumento para a melhoria e manutenccedilatildeo dos valores da mesma Possui uma relaccedilatildeo
direta com histoacuteria da cidade com os valores culturais com o processo de formaccedilatildeo e de
transformaccedilatildeo da forma urbana e com os elementos que a constituem Partimos entatildeo para o
estudo da forma urbana com seus enfoques conceituais desdobramentos teoacutericos e
praacuteticos
12
MORFOLOGIA E FORMA URBANA
FORMA URBANA MALHA URBANA TECIDO
URBANO
Figura 3 Forma Urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora 2014
Eacute constante a confusatildeo ao conceituar termos
como morfologia forma urbana malha
urbanatecido urbano elementos morfoloacutegicos
termos que ora se sobrepotildeem ora se englobam
ora se dividem
EXISTE UM CONSENSO SOBRE O CONCEITO
DE FORMA URBANA
A DEFINICcedilAtildeO DE FORMA URBANA ENGLOBA
O TRACcedilADO DAS RUAS OS CHEIOS E VAZIOS
OS USOS E AS TIPOLOGIAS CONSTRUIacuteDAS OU
SERIA SOacute O DESENHO QUE SE FORMA NO
ENCONTRO DAS BORDAS DA OCUPACcedilAtildeO
FORMA URBANA Eacute SINOcircNIMO DE TECIDO
URBANO OU O TECIDO Eacute PARTE DA FORMA
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A morfologia urbana eacute um campo disciplinar que abrange o estudo das cidades das formas
dos tecidos e da paisagem O estudo da morfologia contribui para o entendimento da
estrutura da cidade sua formaccedilatildeo e transformaccedilatildeo por meio de seus elementos
constituintes Segundo Lamas (2004) os elementos morfoloacutegicos constituintes satildeo o solo os
edifiacutecios o lote o quarteiratildeo a fachada o logradouro o traccediladorua a praccedila o monumento
a vegetaccedilatildeo e o mobiliaacuterio urbano O autor denomina como elementos morfoloacutegicos as partes
fiacutesicas que associadas ou estruturadas constituem a forma urbana Existem diversos
conceitos e definiccedilotildees que abordam a morfologia das cidades este trabalho apresentaraacute
algumas delas
Segundo Del Rio (1990) a anaacutelise da morfologia urbana estaacute em compreender a loacutegica da
formaccedilatildeo evoluccedilatildeo e transformaccedilatildeo da forma da cidade e de suas inter-relaccedilotildees a fim de
possibilitar a identificaccedilatildeo de accedilotildees mais apropriadas cultural e socialmente para a
intervenccedilatildeo urbana e o desenho de novos espaccedilos Segundo Rossi (2001) a cidade eacute uma
obra reconhecida pelo conjunto de sua forma mas tambeacutem pode ser identificada por
pequenas partes do conjunto em seus diversos momentos a forma urbana eacute a soma dos
diversos tecidos e padrotildees morfoloacutegicos que formam a cidade
O tecido urbano ou a malha urbana de acordo com Rego e Meneguetti (2011) satildeo
configurados pelo sistema viaacuterio pelo padratildeo do parcelamento do solo pela aglomeraccedilatildeo e
pelo isolamento das edificaccedilotildees assim como pelos espaccedilos livres Em outras palavras o
tecido de cidade eacute dado pelos edifiacutecios ruas quadras e lotes parques praccedilas e monumentos
nos seus mais variados arranjos Esses elementos morfoloacutegicos presentes no tecido urbano
segundo Moudon (1997) devem ser considerados como organismos ndash constantemente em
atividade e assim em transformaccedilatildeo ao longo do tempo eles existem em inter-relaccedilatildeo com
as estruturas edificadas conformando e sendo conformadas pelos espaccedilos livres O modo
como cada um desses elementos morfoloacutegicos se organizou e conforma o tecido da cidade
pode ser entendido como um objeto de estudo da morfologia urbana
A forma urbana reflete os processos de formaccedilatildeo da cidade os processos sociais que se
consolidam nos tecidos urbanos que levam a sociedade a construir de uma maneira
determinada e caracteriacutestica suas casas escolas comeacutercios induacutestrias etc Segundo
Carvalho (2011) os tecidos urbanos satildeo configurados a partir da homogeneidade dos
seguintes elementos traccedilado da malha viaacuteria padrotildees de uso (residencial comercial de
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serviccedilos e industrial) padratildeo edificado (padratildeo arquitetocircnico e do gabarito) e suporte fiacutesico
(topografia vegetaccedilatildeo e hidrografia
De acordo com Moudon (1997) os morfologistas atentam para os resultados tangiacuteveis de
questotildees sociais econocircmicas poliacuteticas ou seja estudam a manifestaccedilatildeo de ideias e
intenccedilotildees agrave medida que elas tomam forma no chatildeo e moldam as cidades O estudo
morfoloacutegico das cidades pode ser dividido em escolas de pensamento dentre elas a escola
italiana a escola francesa e a escola inglesa as quais analisaremos sinteticamente
observando suas principais caracteriacutesticas metodoloacutegicas bases bibliograacuteficas e formas de
pensamento
A escola italiana conforme Mondon (1997) tem seu iniacutecio nos estudos do arquiteto Saverio
Muratori (1910 ndash 1973) e de Gianfranco Caniggia (1933 ndash 1987) na deacutecada de 1940 Segundo
Rosaneli (2011) essa escola de pensamento possui como principal distintivo a preocupaccedilatildeo
com o destino das cidades histoacutericas italianas sobretudo devido aos efeitos das intervenccedilotildees
modernistas Essa escola apresenta uma maior preocupaccedilatildeo com o estudo tipoloacutegico das
edificaccedilotildees (fachadas estilos arquitetocircnicos gabarito) e de suas transformaccedilotildees ao longo do
tempo
A escola francesa apresenta ecircnfase na reflexatildeo geograacutefica e historiograacutefica sobre as cidades e
possui a contribuiccedilatildeo do socioacutelogo Henri Lefebvre (1901 ndash 1991) Assim como a escola italiana
a escola francesa se opotildee aos efeitos das intervenccedilotildees modernistas Rosaneli (2011) propotildee
uma reforma educacional no campo dos estudos urbanos e busca consolidar uma nova
ldquodisciplinardquo com duplo objetivo primeiro uma pesquisa descritiva multidisciplinar do espaccedilo
construiacutedo a fim de reconhecer ingredientes de um bom desenho e segundo a identificaccedilatildeo
e criacutetica de modelos teoacutericos de desenho urbano
A escola inglesa eacute fundamentada nos estudos do geoacutegrafo alematildeo Conzen (1907 ndash 2000) e
inicia-se na deacutecada de 1960 De acordo com Moudon (1994) a escola inglesa possui uma
anaacutelise morfoloacutegica descritiva analiacutetica e explanatoacuteria concentra-se no estudo da forma
urbana e apresenta o mais completo detalhado e sistemaacutetico meacutetodo tipo morfoloacutegico das
trecircs escolas
Conzen fundamenta-se na aplicabilidade da leitura dos planos urbanos (ldquotown-plansrdquo) para o
entendimento da formaccedilatildeo urbana De acordo com Conzen (1960) apud Rosaneli (2011) os
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trecircs fundamentais elementos que compotildee os planos satildeo as ruas que estatildeo arranjadas em um
traccedilado os lotes ou parcelas individuais de terra juntamente com as quadrasquarteirotildees e os
edifiacutecios com seus conjuntos construiacutedos As diversas combinaccedilotildees desses trecircs principais
elementos constituiriam unidades distintas com ldquohomogeneidade morfoloacutegicardquo o que o
autor denominou de tecido urbano (ldquoplan unitrdquo ldquourban fabricrdquo ou ldquotessuto urbanordquo para a
escola italiana)
A morfologia urbana e suas diferentes escolas de pensamento retratam o estudo da forma
urbana e de seus elementos estruturantes dos processos culturais sociais econocircmicos e
poliacuteticos Os estudos morfoloacutegicos que mais se aplicam agrave presente pesquisa satildeo os da escola
inglesa onde desenvolve-se uma anaacutelise descritiva e analiacutetica do processo de urbanizaccedilatildeo
estudando as unidades com ldquohomogeneidade morfoloacutegicasrdquo trabalhadas nessa pesquisa por
meio das Unidades de Paisagem (porccedilotildees territoriais com semelhanccedila de traccedilado e interaccedilatildeo
entre os espaccedilos livres e edificados) e atraveacutes da anaacutelise do Sistema de Espaccedilos Livres uma
organizaccedilatildeo sistecircmica dos espaccedilos livres das diversas Unidades de Paisagem presentes em
uma aacuterea definida
Para o entendimento da configuraccedilatildeo do Sistema de Espaccedilos Livres Patense e de suas
Unidades de Paisagem partimos do estudo do processo de urbanizaccedilatildeo de Patos de Minas
observando as caracteriacutesticas morfoloacutegicas histoacutericas culturais e da paisagem urbana
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13 FORMACcedilAtildeO E TRANSFORMACcedilAtildeO DA
MALHA URBANA PATENSE
Figura 4 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Patos de Minas e apresentaccedilatildeo da forma urbana da cidade Elaborado pela autora segundo fonte Mapas da Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2006 e 2015
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Patos de Minas eacute uma cidade meacutedia2 da regiatildeo intermediaacuteria agrave Mesorregiatildeo do Triacircngulo
Mineiro e Alto Paranaiacuteba Considerada poacutelo econocircmico regional a maior cidade da
microrregiatildeo do Alto Paranaiacuteba que eacute composta por 10 municiacutepios O municiacutepio de Patos de
Minas eacute formado por sete distritos o distrito sede eacute a cidade de Patos de Minas e os outros
satildeo Bom Sucesso Chumbo Major Porto Pilar Pindaiacutebas e Santana de Patos (identificados na
Figura 4)
Segundo o IBGE (2010) o municiacutepio de Patos de Minas possui aacuterea de 3189771Kmsup2
densidade demograacutefica de 4349 habkmsup2 e populaccedilatildeo de aproximadamente 147614
habitantes (populaccedilatildeo estimada em 2014)
Patos de Minas situa-se no Planalto Central Minas GeraisGoiaacutes com altitudes meacutedias de 800
a 900 metros Localiza-se entre duas grandes bacias hidrograacuteficas brasileiras a do Satildeo
Francisco e a do Paranaacute Sua localizaccedilatildeo estrateacutegica permite a ligaccedilatildeo da cidade a centros
comerciais como Uberlacircndia Belo Horizonte Brasiacutelia e Satildeo Paulo facilitando o intercacircmbio
comercial e o desenvolvimento econocircmico
De acordo com o IBGE (2012) o PIB (Produto Interno Bruto) do municiacutepio tem sua economia
baseada principalmente no setor de serviccedilos seguido do setor industrial e da agricultura
conforme Tabela 1
2 A dissertaccedilatildeo adota a conceituaccedilatildeo de cidades meacutedias desenvolvida por Amorim Filho e Serra (2001) cidade que ocupam uma posiccedilatildeo estrateacutegica na hierarquia urbana oferecendo suporte agraves cidades pequenas conforme a funccedilatildeo que desempenham e estabelecendo ligaccedilotildees com as cidades maiores intermediando as relaccedilotildees entre estes dois niacuteveis urbanos De acordo com os autores essas cidades satildeo espaccedilos de relaccedilotildees e natildeo de polarizaccedilatildeo ou dominaccedilatildeo satildeo cidades natildeo tatildeo pequenas a ponto de limitar as possibilidades de crescimento econocircmico e intelectual de seus habitantes e nem tatildeo grandes a ponto de onerar ndash e ateacute pocircr em risco ndash a vida da maioria de seus moradores
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Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas - 2012
Impostos sobre produtos liacutequidos de subsiacutedios a preccedilos correntes
248946 mil reais
PIB a preccedilos correntes 2495732 mil reais
PIB per capita a preccedilos correntes 1770650 mil reais
Valor adicionado bruto da agropecuaacuteria a preccedilos correntes 255908 mil reais
Valor adicionado bruto da induacutestria a preccedilos correntes 432152 mil reais
Valor adicionado bruto dos serviccedilos a preccedilos correntes 1558725 mil reais
Tabela 1 Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas-2012 Fonte IBGE 2012 em parceria com os Oacutergatildeos Estaduais de Estatiacutestica Secretarias Estaduais de
Governo e Superintendecircncia da Zona Franca de Manaus ndash SUFRAMA Disponiacutevel em
httpwwwcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=314800ampidtema=134ampsearch=mina
s-gerais|patos-de-minas|produto-interno-bruto-dos-municipios-2012 Acesso em dezembro de 2014
Entretanto observa-se que entre os setores o que mais exerce influecircncia cultural no
municiacutepio e na dinacircmica urbana eacute a agricultura somada a pecuaacuteria e ao agronegoacutecio
caracterizando as festas locais as manifestaccedilotildees culturais as formas de apropriaccedilatildeo da
paisagem as tipologias predominantes de espaccedilos livres e a histoacuteria de ocupaccedilatildeo do
municiacutepio Na agroinduacutestria destaca-se a produccedilatildeo de leite e derivados sementes e adubos
defensivos agriacutecolas carne suiacutena e derivados e alimentos enlatados A agricultura sempre
caracterizou a economia e a cultura local os produtos que se destacam satildeo o arroz soja
feijatildeo cafeacute maracujaacute tomate horticultura e o milho siacutembolo da festa regional a Festa
Nacional do Milho A pecuaacuteria possui significativa importacircncia econocircmica para o municiacutepio a
regiatildeo faz parte de uma das maiores bacias leiteiras do paiacutes Patos de Minas tambeacutem eacute
considerada poacutelo nacional de geneacutetica suiacutena detendo 70 da tecnologia nacional em
melhoramentos suiacutenos
Para analisarmos como se formou a cidade de Patos de Minas apresentaremos seus periacuteodos
urbanos em cinco partes a primeira retrata o iniacutecio do povoado ateacute 1930 depois de 1940 a
deacutecada de 1960 em seguida de 1970 ateacute a deacutecada 1980 e por fim o periacuteodo que vai de 1990
ateacute o ano de 2015 buscando assim retratar o crescimento urbano os principais
acontecimentos histoacutericos e a incorporaccedilatildeo dos elementos da paisagem
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131
DO INIacuteCIO DO POVOADO ATEacute A DEacuteCADA DE 1930
BORGES X MACIEacuteIS
O processo de colonizaccedilatildeo da
regiatildeo ocupada hoje pelo
municiacutepio de Patos de Minas
teve iniacutecio provavelmente na
segunda metade do seacuteculo XVIII
antes mesmo da descoberta do
ouro no estado de Minas Gerais
com as bandeiras rumo agraves terras
de Paracatu A cidade de Patos
de Minas surgiu na segunda
deacutecada do seacuteculo XIX em torno
da Lagoa dos Patos (delimitada
na Figura 5) onde segundo as
descriccedilotildees histoacutericas existia uma
enorme quantidade de patos
silvestres
Figura 5 Crescimento Urbano de Patos de Minas ateacute o iacutenicio do seacuteculo XIX Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas Disponiveacutel em
httpwwwpatosdeminasmggovbrgaleriahistoricaspagesimage16php Acesso em maio de
2014 Elaborado pela autora
Segundo Oliveira Mello (1971) o povoado que deu origem a cidade de Patos de Minas se
iniciou em 1826 com a doaccedilatildeo do terreno por Antocircnio Joaquim da Silva Guerra e sua esposa
Luzia Correcirca de Andrade para a construccedilatildeo da capela de Santo Antocircnio situada hoje na atual
Praccedila Dom Eduardo proacutexima agrave Lagoa dos Patos na Avenida Liberdade atualmente conhecida
como Avenida Getuacutelio Vargas A partir de entatildeo diversas famiacutelias se instalaram no entorno da
capela originando o Arraial de Santo Antocircnio da Beira do Paranaiacuteba Em 1866 foi criada a Vila
de Santo Antocircnio dos Patos e em 1892 o presidente do Estado de Minas Gerais elevou a vila
agrave categoria de cidade de Patos de Minas
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Figura 6 Iniacutecio da ocupaccedilatildeo da cidade de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fontes
Prefeitura Municipal de Patos de Minas e MuP- Museu da Cidade de Patos de Minas
A Praccedila Dom Eduardo estaacute no centro do nuacutecleo original de povoamento ilustrado pela Figura
6 e representa a divisatildeo de influecircncia entre as duas famiacutelias da elite local que atuaram na
construccedilatildeo da paisagem urbana e na histoacuteria da cidade de Patos de Minas os Borges
catoacutelicos e monarquistas e os Dias Macieacuteis protestantes e republicanos
Ao norte da Praccedila Dom Eduardo encontam-se os Borges e seus parentes os Caixeta e os
Queiroz de acordo com Silva (2011) deste lado da cidade a paisagem se desenha por ruas
estreitas e curvas as quais conduzem a travessas e becos nitidamente ldquosemeadosrdquo agrave moda
lusitana de povoar Ao mesmo tempo os edifiacutecios mais antigos e caracteriacutesticos da aacuterea satildeo
todos em estilo colonial com altas janelas e portas retangulares Satildeo exemplos a antiga Casa
de Cacircmara e Cadeia localizada hoje na Praccedila Juquinha Caixeta (Figura 7) e os casarotildees do Dr
Joatildeo Borges e do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz a rua e a casa de Deiroacute Borges a Rua do
Tenente Bino o Beco da Zeacutelia a Praccedila da Dona Genoveva (Figura 8) a Rua do Alfredo Borges
a Praccedila Chiquinho Caixeta a Rua Dr Joseacute Oliacutempio Borges a Praccedila Dom Eduardo E ainda a
Travessa dos Queiroz onde se manteacutem de peacute a casa do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz
palco de criaccedilatildeo do partido de oposiccedilatildeo oficial aos ldquoMacieacuteisrdquo
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Figura 7 Casa de Cacircmara e Cadeia (o mais antigo edifiacutecio puacuteblico de Patos de Minas inaugurado em 1912 como Cacircmara Municipal Foacuterum e no reacutes-do-chatildeo a Cadeia Puacuteblica) e Praccedila Juquinha Caixeta Foto Acervo pessoal 2015 Figura 8 Rua Deiroacute Borges ao fundo Praccedila Dona Genoveva Foto Acervo pessoal 2015
Figura 9 Escola Estadual Marcolino de Barros Foto Fotoacutegrafo desconhecido 2008 Disponiacutevel em
httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=614809 Acesso em maio de 2014
Figura 10 Escola Estadual Antocircnio Dias Maciel Foto Acervo pessoal 2015
Ao sul da Praccedila Dom Eduardo em frente agrave Catedral de Santo Antocircnio estatildeo os Macieacuteis e seus
parentes os Santana Pacheco Barros Magalhatildees e Ferreira da Silva Segundo Silva (2011) os
Macieacuteis estatildeo ligados agrave modernizaccedilatildeo e agrave reordenaccedilatildeo urbana da cidade entre suas marcas
na paisagem estatildeo a Escola Estadual Marcolino de Barros(Figura 09) a Escola Estadual
Antocircnio Dias Maciel(Figura 10) a Rua Olegaacuterio Maciel a Casa de Olegaacuterio Maciel a Casa do
Dr Itagyba a Rua Farnese Maciel o Palacete de Amadeu Maciel a Rua Major Gote (apelido
de Sesoacutestris Dias Maciel) o Hospital Regional Antocircnio Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur
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Thomaz de Magalhatildees o Coreto Arthur Thomaz de Magalhatildees a Rua Joseacute de Santana a Praccedila
Antocircnio Dias a Rua Major Jerocircnimo [Dias Maciel] e a Praccedila Santana
Olegaacuterio Maciel figura poliacutetica representativa da regiatildeo alternou entre os cargos de
Deputado Federal e Agente Executivo de Municiacutepio no final do seacuteculo XIX ateacute chegar agrave
Presidecircncia do Estado de Minas Gerais nos anos de 1930 Segundo Borges (2008) esse
processo poliacutetico influenciou o desenvolvimento fiacutesico-territorial da cidade atraindo
investimentos do Governo do Estado para a construccedilatildeo das escolas do foacuterum e do Hospital
Regional
No fim do seacuteculo XIX em 1883 o entatildeo Agente do Executivo Olegaacuterio Dias Maciel3 ordenou
a criaccedilatildeo de um plano diretor para ordenar e reorientar o crescimento do povoado para o
sentido sul da Praccedila Dom Eduardo ldquona chapada ou chapadatildeordquo conforme segue na citaccedilatildeo
Seguiu‐se a risca o ldquoPlano Diretorrdquo indicado por Olegaacuterio
Maciel O vereador Eduardo Ferreira de Noronha em 21 de
setembro de 1906 indica que ()auxiliem a Cacircmara a
estudar o local mais conveniente em que se deve construir
o matadouro e respectivo curral oferecendo seu parecer
Hoje distanciados no tempo sabemos que a ldquoChapadardquo
paulatinamente abrigou aleacutem do Matadouro Municipal a
Casa do Coronel Farnese Dias Maciel a Casa de Amadeu
Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur Thomaz de
Magalhatildees o Passeio Puacuteblico a fonte luminosa o Coreto o
Cinema o Paccedilo Municipal o Hospital Antocircnio Dias Maciel o
Grupo Escolar o Foacuterum () Pari Passu tambeacutem foram
transladados outros elementos que se localizavam na
direccedilatildeo para a qual a cidade ia se deslocando a mudanccedila
do cemiteacuterio e da Igreja de Nossa Senhora do Rosaacuterio
(frequentada pelos negros) tambeacutem se constituiu como
marco simboacutelico da nova ordenaccedilatildeo urbana planeada por
Olegaacuterio Maciel (BORGES amp SILVA 2009 p13)
3 Olegaacuterio Dias Maciel era engenheiro formado na Escola Polyteacutecnica do Rio de Janeiro em 1878 compartilhava os ideais positivistas da Repuacuteblica e tambeacutem os ideais da Belle Eacutepoque de higienizaccedilatildeo e de racionalizaccedilatildeo do espaccedilo urbano Soma-se a isso a experiecircncia cultural de Olegaacuterio fora de Patos como deputado federal e senador vivenciou no Rio de Janeiro as reformas urbanas empreendidas por Pereira Passos inspiradas na reforma de Paris sob a batuta do Baratildeo de Haussman Como deputado estadual e depois como presidente do Estado de Minas Gerais vivenciou a experiecircncia de ldquofruirrdquo a cidade de Belo Horizonte construiacuteda racionalmente agrave moda da colonizaccedilatildeo espanhola na Ameacuterica (BORGES amp SILVA 2009)
32 |
Segundo Oliveira (2010) dentre as influecircncias na malha urbana decorrentes do periacuteodo
poliacutetico do iniacutecio do seacuteculo XX destacam-se as intervenccedilotildees na infraestrutura da Avenida
Getuacutelio Vargas definindo a mesma como eixo nobre na cidade o direcionamento o primeiro
vetor de expansatildeo urbana nas direccedilotildees sul e oeste da Av Getuacutelio Vargas
Figura 11 Inundaccedilatildeo ocorrida em 1941 na ponte sobre o Rio Paranaiacuteba Fonte Arquivo do Laboratoacuterio
de Histoacuteria do Unipam Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=3600 Acesso em
dezembro de 2014
Observa-se que a Avenida Getuacutelio Vargas anteriormente denominada como Avenida
Liberdade e depois Avenida Municipal representa o nuacutecleo inicial da cidade e o ponto de
partida dos vetores de ocupaccedilatildeo ateacute a deacutecada de 1930 observa-se que neste periacuteodo as
praccedilas da avenida apresentavam um paisagismo inspirado nos jardins franceses Zama
Maciel4 relata sobre o planejamento de usos e ocupaccedilatildeo dessa aacuterea e a Figura 12 ilustra esse
periacuteodo
4 Zama Maciel foi um patense que exerceu as funccedilotildees de agrimensor professor inspetor de ensino vereador e redator dos jornais locais
Com relaccedilatildeo ao vetor de expansatildeo oeste
observa-se que o mesmo foi impulsionado
pela construccedilatildeo da nova ponte sobre o rio
Paranaiacuteba em aproximadamente 1926
retratada na Figura 11 Segundo
Dannemann (2013) a obra da ponte estava
sob os cuidados da Companhia Nacional de
Cimento Armado SA e ateacute 1970 serviu
como principal acesso agrave sede do municiacutepio
33 |
Avenida Municipal com o seu atual quilocircmetro de extensatildeo foi
destinada agrave habitaccedilatildeo particular devida a sua exagerada
largura e agrave perspectiva que podem oferecer casas pequenas e
de bom gosto fronteando os seus passeios gramados e jardins
floridos que a pequenada destroacutei Nela preacutedios comerciais de
dois trecircs andares tornam-se ridiacuteculos porque natildeo tecircm
magnitude para se imporem agrave largura (repisamos) exagerada
com que os antigos irrefletidamente a construiacuteram Somente
edifiacutecios semelhantes agrave igreja matriz em construccedilatildeo come
cinquenta metros podem nela sobreviverem Pequenos preacutedios
vivendas graciosas de cujas janelas caiam trepadeiras no
conjunto dos jardins e na imensa claridade de nossas tardes
faratildeo dela recanto cobiccedilado agrave moradia Enfeia-la com preacutedios
comerciais de pequeno porte e com casas de diversotildees
barulhentas seraacute obra de mau gosto que se torna necessaacuterio
evitar (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos Patos de
Minas junho de 1937)
Figura 12 Avenida Getuacutelio Vargas parte ao sul da Catedral de Santo Antocircnio deacutecada de 1930 Ao
centro da figura o Palacete Amadeu Maciel Fonte Acervo Documental e de Imagens de Patos de
Minas Local MuP ndash Museu da Cidade de Patos de Minas
A seguir o Mapa 1 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o
ano de 1930 retrata a localizaccedilatildeo da implantaccedilatildeo da cidade proacuteximo a recursos drsquoaacutegua No
mapa estaacute presente a delimitaccedilatildeo do periacutemetro urbano do ano de 2015 que seraacute mantido
como ponto de referecircncia espacial para a malha urbana atual
34 |
35 |
A Figura 13 datada da deacutecada de 1930 eacute uma vista aeacuterea da cidade no qual pode-se
perceber a implantaccedilatildeo e a forma urbana da cidade e os vetores de expansatildeo do iniacutecio do
seacuteculo XX aacuterea retratada pelo Mapa 1 apresentado anteriormente
Figura 13 Vista aeacuterea de Patos de Minas
Fonte Arquivo Daacutecio Pereira da Fonseca Fotografo desconhecido
Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=2650 Acesso em abril de 2014
Observa-se na Figura 13 a presenccedila de espaccedilos livres puacuteblicos dentre eles as Praccedilas da
Avenida Getuacutelio Vargas dos Boiadeiros Antoacutenio Dias Champagnat e Santana os espaccedilos
livres privados o Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo o Patos Tecircnis Clube (PTC) o campo de futebol
da Uniatildeo Recreativa dos Trabalhadores (URT) e o campo de futebol do Clube do Mamoreacute
Segundo Fonseca (1974) desde o final do seacuteculo XIX ateacute 1950 Patos de Minas tentou pleitear
a vinda da estrada de ferro para escoamento da produccedilatildeo agriacutecola da regiatildeo ateacute o Rio de
Janeiro e Satildeo Paulo Segundo Borges e Silva (2009) em 1934 o engenheiro carioca Neacutelson
Rodrigues efetuou o primeiro levantamento planialtimeacutetrico da cidade de Patos de Minas a
princiacutepio esse levantamento objetivava abrigar a estrada de ferro Patos-Catiara Em 1936
provavelmente o proacuteprio Neacutelson Rodrigues concluiu o primeiro Plano Urbano oficial da
cidade apresentado pela Figura 14
LEGENDA 1 ndashMajor Gote e Dr Marcolino 2 ndash Lagoa Grande 3 ndash Campo de Aviaccedilatildeo 4 ndash Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo 5 ndash Rua Dr Marcolino 6 ndash Rua Major Gote 7 ndash Coacuterrego do Monjolo 8 ndash PTC 9 ndash Campo da URT 10 ndash Cemiteacuterio Municipal 11 ndash Rio Paranaiacuteba 12 ndash Av Getuacutelio Vargas 13 ndash Matriz de Santo Antocircnio 14 ndash Rua Tiradentes 15 ndash Cadeia 16 ndash Praccedila dos Boiadeiros 17 ndash Praccedila Antocircnio Dias 18 ndash Av Paracatu 19 ndash Igreja do Rosaacuterio 20 ndash Praccedila Champagnat 21 ndash Rua Major Jerocircnimo 22 ndash Campo do Mamoreacute
23 ndash Praccedila Santana
36 |
Figura 14 Plano Urbano de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fonte Prefeitura
Municipal de Patos de Minas
Destaca-se no plano de crescimento urbano a Rua Major Gote na eacutepoca denominada Rua
Desembargador Frederico Zama Maciel escreve ao jornal local sobre o plano urbano as vias
de caraacuteter comercial da cidade e sobre as intenccedilotildees de um zoneamento de usos para o
crescimento da cidade inspirados no urbanismo norte-americano
37 |
A Prefeitura () mandou organizar a planta da cidade e
traccedilar-lhe as ruas futuras no objetivo de impedir o
crescimento desordenado() Neste trabalho foram
observadas tanto quanto possiacutevel as normas seguidas na
Ameacuterica do Norte onde geralmente as cidades satildeo
traccediladas em xadrez cortando-se as ruas em acircngulo reto
() As ruas comerciais estatildeo determinadas no referido
plano e dentre as atuais destacam-se Desembargador
Frederico e General Osoacuterio A primeira () deveraacute atravessar
a cidade de norte a sul e morreraacute na futura praccedila da
estaccedilatildeo ferroviaacuteria onde atualmente se ergue o barracatildeo
da Companhia do Trigo Seraacute futuramente a mais central da
cidade Eacute de uma boa norma localizar-se o comeacutercio em
determinadas zonas (zoneamento chamam a isto os
urbanistas) bem como as faacutebricas os edifiacutecios puacuteblicos as
escolas (natildeo as primaacuterias que devem ser espalhadas nos
bairros residenciais) devem tambeacutem ter as suas zonas
separadas () (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos
Patos de Minas junho de 1937)
A linha feacuterrea natildeo foi implantada na cidade e o crescimento urbano das deacutecadas seguintes
natildeo se ateve ao planejamento apresentado na deacutecada de 1930
132
DA DEacuteCADA DE 1940 ATEacute A DEacuteCADA DE 1960
AUMENTO POPULACIONAL
Comparando o plano urbaniacutestico apresentado para a cidade no final do seacuteculo XIX com a
expansatildeo da malha urbana observa-se que o crescimento urbano da cidade ocorreu de
forma mais dispersa do que o apresentado no plano O vetor de expansatildeo ao sul manteve
grande parte do planejamento embora apresentando quadras menores A aacuterea antes
ocupada pela Lagoa dos Patos e a aacuterea a nordeste da Lagoa foram as que mais se
distanciaram das ideias do plano urbaniacutestico apresentando uma malha urbana orgacircnica com
a presenccedila de muitas ruas sem saiacuteda
O Mapa 2 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1965 a seguir retrata o crescimento da malha urbana
38 |
39 |
Segundo Magrini (2008) na deacutecada de 1950 houve um surto migratoacuterio e a instalaccedilatildeo de
diversas firmas comerciais Nesse periacuteodo construiu-se o primeiro Terminal Rodoviaacuterio com
verbas municipais e investimentos da iniciativa privada e teve iniacutecio tambeacutem a comemoraccedilatildeo
da Festa Nacional do Milho evento que ateacute hoje expressa as manifestaccedilotildees culturais da
regiatildeo
Figura 15 Patos de
Minas da deacutecada de
1960
Elaborado pela autora segundo fonte Arquivo de Marialda Coury Foto Joatildeo Lucas Ribeiro Borges
Observando o crescimento da malha urbana de Patos de Minas ateacute 1965 (ilustrado pela
Figura 15) pode-se constatar que houve uma grande expansatildeo da mesma entre a deacutecada de
1950 e 1960 Nesse periacuteodo o aumento populacional ocorreu predominantemente na aacuterea
urbana conforme mostra a Tabela 02 a seguir
Periacuteodo
Populaccedilatildeo Total do
Municiacutepio
Populaccedilatildeo Urbana do Municiacutepio
Populaccedilatildeo Rural do
Municiacutepio
1950 45399 12525 32874
1960 72839 32511 40328
1970 76211 44877 31334
1980 86121 63302 22819
1990 102946 87403 15543
2000 123881 111333 12548
2010 138710 127724 10986
2014 147614 - -
Tabela 2 Crescimento Populacional de Patos de Minas Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Magrini 2008 Populaccedilatildeo prevista segundo o IBGE
40 |
Nas deacutecadas seguintes a 1960 como se pode antever pela Tabela 2 o crescimento da zona
rural foi diminuindo gradativamente e a populaccedilatildeo da aacuterea urbana aumentando
impulsionando o crescimento da malha urbana
133
DA DEacuteCADA DE 1970 ATEacute A DEacuteCADA DE 1980
Incorporaccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua
Nas deacutecadas de 1960 e 1970 periacuteodo de ditadura Militar segundo Magrini (2010) Patos de
Minas passou por uma estagnaccedilatildeo econocircmica devido agrave emancipaccedilatildeo poliacutetica de dois
importantes Lagoa Formosa e Guimaracircnia no mesmo periacuteodo houve grande deslocamento
de patenses para a nova capital do paiacutes Brasiacutelia em busca de empregos
Justamente na eacutepoca da mudanccedila da capital do paiacutes para
Brasiacutelia Patos de Minas perde caracteriacutestica de centro
rodoviaacuterio e transforma-se no ldquopassa perto de Patosrdquo com
estradas asfaltadas em volta num eixo de 130 km Natildeo se
vinha aqui como antes ateacute que a BR 354 inaugurada em
1972 abolia este malfadado passa perto ressurgindo toda a
movimentaccedilatildeo comercial completada pela BR ndash 365 em
1974 (MELLO 1992 p54)
De 1965 ateacute os anos 1980 Patos de Minas praticamente dobrou a sua aacuterea de ocupaccedilatildeo
decorrente principalmente do processo de ecircxodo rural Segundo Oliveira (2010) os vetores
direcionavam para todos os sentidos sendo apenas o oeste limitado pelo Rio Paranaiacuteba os
cursos drsquoaacutegua menores natildeo foram uma barreira para esta expansatildeo
O Mapa 3 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1980 a seguir retrata o crescimento da malha urbana nesse periacuteodo
41 |
42 |
Em 1982 foi iniciada a urbanizaccedilatildeo da Lagoa dos Japoneses a Lagoa Grande (Figura 16 e
Figura 17) com a reduccedilatildeo significativa da aacuterea alagada e a construccedilatildeo do Terminal
Rodoviaacuterio No entorno da lagoa foi criado o Parque Recreativo Dr Itagiba depois renomeado
como Parque Dr Itagiba Augusto Silva o primeiro parque urbano da cidade um dos principais
cartotildees postais da cidade espaccedilo de lazer e contemplaccedilatildeo
Figura 16 Projeto para o
Parque Recreativo Dr
Itagiba a construccedilatildeo ao
lado esquerdo da figura
representa o Terminal
Rodoviaacuterio Fonte Jornal
A Debulha O projeto do
parque Ano VIII nordm178
janeiro de 1988 paacuteg7
Figura 17 Planta do Parque Dr Itagiba Augusto Silva ndash Lagoa Grande Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2014
43 |
Em 1986 foi iniciada a canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo inicialmente uma Avenida
Sanitaacuteria no Coacuterrego do Monjolo (Figura 18) atualmente conhecida como Avenida Faacutetima
Porto as obras terminaram em 1996 Segundo Caixeta amp Vlach (2009) a canalizaccedilatildeo
acarretou inicialmente na ocupaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo do entorno e devido agrave resoluccedilatildeo dos
problemas sanitaacuterios que aiacute existiam
Figura 18 Canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo deacutecada de 1990 Foto Arquivo de Donaldo Amaro Teixeira Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=7568 Acesso em maio de 2015
Com o decorrer dos anos e a instalaccedilatildeo dos bairros no entorno o Coacuterrego do Monjolo passou
a apresentar problemas com enchentes e um forte odor provavelmente a canalizaccedilatildeo do
coacuterrego jaacute natildeo suportava mais o volume de aacutegua pluvial dos bairros aleacutem da presenccedila de
esgotos clandestinos Tais problemas geraram novos projetos de canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do
Monjolo nas deacutecadas seguintes
44 |
134
DA DEacuteCADA DE 1990 ATEacute OS DIAS ATUAIS
A FORMA URBANA ATUAL
No final da deacutecada de 1980 houve a descoberta da uma jazida de Fosfato Sedimentar na
localidade da Rocinha (aacuterea rural) o que impulsionou a instalaccedilatildeo de induacutestrias voltadas para
o agronegoacutecio iniciado pelas Sementes Agroceres SA (especialista tambeacutem em geneacutetica
suiacutena) Nesse periacuteodo ocorreu ainda um maior desenvolvimento teacutecnico da agricultura por
meio da irrigaccedilatildeo e do cultivo de novos cereais
Os reflexos do desenvolvimento comercial e industrial da regiatildeo foram notados na
implantaccedilatildeo de induacutestrias de confecccedilotildees agroinduacutestrias e na instalaccedilatildeo da multinacional Cica
que impulsionou o cultivo de milho ervilha e tomate5
A implementaccedilatildeo de induacutestrias somadas agraves pressotildees poliacuteticas acarretou na instalaccedilatildeo de um
distrito industrial na porsatildeo sul e oeste da cidade expandindo o periacutemetro urbano para aleacutem
das margens do Rio Paranaiacuteba A criaccedilatildeo do distrito industrial influenciou a ocupaccedilatildeo ao longo
da Avenida Presidente Juscelino Kubitschek construiacuteda nos anos 1970 para ligaccedilatildeo do nuacutecleo
urbano agraves rodovias BR-354 e BR-365 comportando-se entatildeo como principal acesso da
cidade
O Mapa 4 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o ano de
2015 a seguir apresenta a forma urbana atual da cidade
5 A multinacional Cica permaneceu na cidade ateacute 2001 depois se deslocou para o Estado de Goiaacutes quando perdeu parte dos incentivos fiscais oferecidos pela cidade
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46 |
Na deacutecada de 1990 a expansatildeo da malha urbana ultrapassou as aacutereas de algumas reservas
ambientais que se transformaram nos principais parques urbanos da cidade o Parque
Municipal do Mocambo (Figura 19) em 1990 e o Parque Municipal Joatildeo Luiz Redondo (Figura
20) em 1994 ambos localizados em aacutereas de lagoas
Figura 19 Parque Municipal do
Mocambo 1992 Fonte Arquivo
de Donaldo Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecadepatoscombr
p=8437 Acesso em marccedilo de
2015
Figura 20 Parque
Municipal Joatildeo Luiz
Redondo (Lagoinha)
deacutecada de 1990 Fonte
Arquivo de Donaldo
Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecade
patoscombrp=75
54 Acesso em marccedilo
de 2015
47 |
Foi criado tambeacutem na deacutecada de 1990 na Lei Municipal nordm 2872 de 03 de outubro de 1991
o Parque Mirante do Alto da Colina (ainda natildeo implantado) e a Lei Municipal nordm 2871 de 03
de outubro de 1991 declara a aacuterea denominada Lagoa e Bosque do ldquoPATAtildeOrdquo de preservaccedilatildeo
permanente onde desde entatildeo se cogita a implantaccedilatildeo de um parque urbano
Figura 21 Rua Mirico Caixeta ao fundo a Mata do Catingeuiro Evidenciando a falta de conexatildeo da
mata com o entorno Foto Acervo pessoal 2015
Figura 22 Rua 0 e o desmatamento na Mata do Catingeiro Foto Acervo
pessoal 2015
Em 2014 foi aprovada a criaccedilatildeo do Parque
de Preservaccedilatildeo Mata do Catingueiro uma
tentativa de proteger os restigios da mata
localizado no setor leste aacuterea que
recentemente recebeu muitos loteamentos
que foram implantados sem se estabelecer
uma aacuterea de transiccedilatildeo ou de integraccedilatildeo da
mata com a malha urbana sem passeios
ciclovias praccedilas ou parques conforme
ilustrado na Figura 21 A mata do
Catingueiro tem sido um constante alvo de
queimadas e desmatamento a Figura 22
mostra os vestiacutegios da mata
48 |
Figura 23 Programa MCMV- Jardim Quebec II com 437unidades localizado na porccedilatildeo noroeste da
cidade ao fundo da figura a mata ciliar do Rio Paranaiacuteba e plantaccedilotildees de cafeacute Foto Sacircmara C P Lima
2014
Na deacutecada de 2010 ocorreu a expansatildeo do periacutemetro urbano no sentindo norte pela primeira
vez para aleacutem do Coacuterrego do Limoeiro devido agrave instalaccedilatildeo de um campus da Universidade
Federal de Uberlacircndia na aacuterea Observa-se na Figura 23 que a aacuterea do extremo noroeste da
cidade estaacute em processo de expansatildeo da malha urbana e apresenta construccedilotildees habitacionais
do Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) na cidade
Notamos diversas transformaccedilotildees na malha urbana de Patos de Minas ao longo das deacutecadas
desde a implantaccedilatildeo do nuacutecleo urbano aos desdobramentos econocircmicos poliacuteticos e sociais
que direcionaram o crescimento da cidade e a transformaccedilatildeo da paisagem
O tecido urbano e o crescimento das cidades brasileiras como eacute o caso de Patos de Minas se
daacute pela conformaccedilatildeo do sistema viaacuterio pelos padrotildees de parcelamento do solo por
edificaccedilotildees e pelos espaccedilos livres Patos possui uma relaccedilatildeo cultural e econocircmica muito forte
com a zona rural A linha de transiccedilatildeo entre o urbano e o rural eacute muito tecircnue principalmente
nas aacutereas de borda urbana Nesses bairros de periferia ou de limite da mancha urbana a
cidade termina no outro lado da rua depois de uma cerca de arame sem nenhum espaccedilo de
transiccedilatildeo o outro lado da cerca se configura como um espaccedilo livre com muitas
potencialidades de uso e conflitos
49 |
Figura 24 Paisagem urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora
Em Patos de Minas a paisagem urbana eacute emoldurada por serras cobertas por diferentes
plantaccedilotildees (Figura 24) a cidade termina onde o Rio Paranaiacuteba passa ou a cidade termina
onde comeccedilam os fundos de vale Ora cidade ora zona rural A paisagem tambeacutem eacute marcada
pela Catedral um contraste no meio do aglomerado urbano em uma zona em processo de
verticalizaccedilatildeo onde a Catedral se esconde e se revela A Catedral marca o iniacutecio da ocupaccedilatildeo
da regiatildeo em uma aacuterea de chapada na beira da lagoa hoje a chapada foi praticamente toda
ocupada e os bairros das bordas urbanas ocupam as aacutereas mais elevadas da cidade Do alto
desses bairros da borda eacute possiacutevel ver as lagoas e os coacuterregos pressentes na cidade espaccedilos
que se configuram como parques praccedilas e chaacutecaras espaccedilos livres de edificaccedilatildeo que
ressaltam a identidade da cidade e a paisagem urbana
50 |
51 |
21 ESPACcedilOS LIVRES
ESPACcedilOS ABERTOS AacuteREAS VERDES
O conceito de espaccedilo livre de edificaccedilatildeo eacute amplo e complexo Para Nucci (2001) os espaccedilos
livres fazem parte de um grande grupo paisagiacutestico urbano que pode ser subdividido em
vaacuterias categorias dependendo do seu uso e funccedilatildeo sendo entatildeo um termo bastante
abrangente que agrega todos os outros conceitos similares como espaccedilos abertos aacutereas
verdes aacutereas livres sistemas de aacutereas de lazer cobertura vegetal entre outros
Segundo Queiroga (2006) Miranda Magnoli em sua tese de livre-docecircncia6 buscou afirmar o
espaccedilo livre como o objeto do paisagismo indo aleacutem do jardim do projeto com vegetaccedilatildeo
e da escala urbana Nesse sentido definiu espaccedilo livre como espaccedilo livre de edificaccedilotildees todo
espaccedilo descoberto urbano ou natildeo vegetado ou natildeo puacuteblico ou privado De acordo com a
autora para a anaacutelise de um dado recorte escalar propotildee-se que o estudo dos espaccedilos livres
deva ir aleacutem dos espaccedilos vegetados e dos espaccedilos puacuteblicos envolvendo todos os espaccedilos
livres do referido recorte Ou seja para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na cidade
eacute preciso ir aleacutem da anaacutelise dos espaccedilos puacuteblicos ou dos vegetados eacute preciso identificar todas
as aacutereas natildeo construiacutedas na cidade os espaccedilos privados intra-lote os lotes e glebas ociosas
as ruas os passeios etc
Os espaccedilos livres satildeo um dos principais estruturadores da forma urbana e um dos principais
elementos caracterizadores da paisagem urbana Segundo Magnoli (1982) os espaccedilos livres
satildeo os ambientes natildeo edificados da cidade as ruas avenidas praccedilas parques quintais
jardins rios matas mangues praias urbanas ou simples vazios urbanos
Quando adotamos o termo aacutereas verdes ou aacutereas verdes urbanas nos referimos a um
subsistema dentro do Sistema de Espaccedilos Livres que engloba principalmente as aacutereas de
preservaccedilatildeo permanente (APPrsquos) reservas legais (RL) e a arborizaccedilatildeo urbana Segundo
6 MAGNOLI Miranda Espaccedilos livres e urbanizaccedilatildeo uma introduccedilatildeo a aspectos da paisagem metropolitana 1982 116 p Tese (Livre-docecircncia em Arquitetura e Urbanismo) ndash Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1982
52 |
Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilo livre eacute adotado se sobrepondo contendo e
ampliando o conceito usual de aacutereas verdes termo que tem como base a necessidade de
espaccedilos livres dotados de vegetaccedilatildeo De acordo com o autor o termo aacutereas verdes eacute
reducionista desconsidera as caracteriacutesticas fundamentais do espaccedilo urbano como a
complexidade e diversidade das formas de apropriaccedilatildeo e apreensatildeo social e o fato real da
impossibilidade fiacutesica e mesmo da inconveniecircncia da existecircncia de vegetaccedilatildeo em
determinados espaccedilos livres
De acordo com Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilos livres natildeo desconsidera o papel
da vegetaccedilatildeo nas cidades brasileiras como elemento facilitador da drenagem urbana criador
de microclimas mais agradaacuteveis contribuindo para a manutenccedilatildeo da diversidade animal e
vegetal e ainda como fator de embelezamento urbano mas natildeo desconsidera a importacircncia
dos espaccedilos natildeo vegetados para inuacutemeras praacuteticas de relevacircncia cultural das feiras agraves festas
populares das manifestaccedilotildees poliacuteticas agrave valorizaccedilatildeo de determinadas paisagens e
patrimocircnios culturais
Entretanto apesar dos crescentes avanccedilos nas discussotildees sobre os espaccedilos livres muitos
autores planos diretores planos de uso e ocupaccedilatildeo ainda natildeo compreenderam o termo
como em Patos de Minas onde adota-se o termo aacutereas verdes nas leis municipais e plano
diretor Na Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo de Patos de Minas (2008) as aacutereas verdes satildeo
descritas como porccedilotildees situadas na Macrozona Urbana destinadas a oferecer espaccedilos
puacuteblicos adequados e qualificados agraves atividades de recreaccedilatildeo lazer e turismo da populaccedilatildeo
de forma a conciliar a proteccedilatildeo dos bens naturais e culturais As cidades precisam de reservas
de aacutereas verdes e de espaccedilos livres de qualidade para praacutetica de atividades culturais de lazer
e contemplaccedilatildeo Observa-se que na lei municipal de Patos de Minas existe uma sobreposiccedilatildeo
entre a funccedilatildeo das reservas de aacutereas verdes e dos espaccedilos de praacuteticas socias sobreposiccedilatildeo
essa presente no conceito dos espaccedilos livres
A implantaccedilatildeo dos espaccedilos livres puacuteblicos depende de uma gestatildeo adequada e integrada dos
recursos com uma fiscalizaccedilatildeo efetiva o que implica no desenvolvimento de poliacuteticas
puacuteblicas permanentes que viabilizem as intervenccedilotildees e necessidades dos espaccedilos livres
Segundo Loboda amp Angelis (2012) o planejamento das aacutereas verdes (puacuteblicas) urbanas parte
de uma definiccedilatildeo de recursos que eacute residual as necessidades satildeo amenizados com recursos
que sobram de outras atividades consideradas como mais prioritaacuterias e que geralmente
53 |
incluem-se nesse acircmbito aquelas de cunho estrateacutegico poliacutetico e econocircmico O autor cita um
problema frequente em diversas cidades brasileiras a falta de recursos destinados aos
espaccedilos puacuteblicos e dentre eles as aacutereas verdes urbanas um dos principais espaccedilos livres das
cidades
De acordo com Magnoli (1982) a localizaccedilatildeo acessibilidade e distribuiccedilatildeo dos espaccedilos livres
formam um complexo sistema de conexotildees com muacuteltiplos papeacuteis urbanos atividades do oacutecio
circulaccedilatildeo urbana conforto conservaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo ambiental drenagem urbana
imaginaacuterio e memoacuteria urbana lazer e recreaccedilatildeo dentre outros Todas essas funccedilotildees
exercidas no ambiente urbano pelos espaccedilos livres assim como a localizaccedilatildeo acessibilidade
distribuiccedilatildeo tipos de usos e configuraccedilatildeo espacial estatildeo organizadas de maneira sistecircmica na
cidade formando o Sistema de Espaccedilos Livres
22 O PENSAMENTO SISTEcircMICO
As cidades independentemente da sua localidade histoacuteria e configuraccedilatildeo satildeo formadas de
modo geral por espaccedilos livres e espaccedilos edificados duas categorias espaciais estruturantes
da forma urbana A configuraccedilatildeo dos espaccedilos livres eacute variaacutevel nas cidades brasileiras por
diversas questotildees como caracteriacutesticas territoriais bioma configuraccedilatildeo paisagiacutestica pela
existecircncia ou ausecircncia de planos urbanos e principalmente pelos processos de urbanizaccedilatildeo e
de transformaccedilatildeo da paisagem
A cidade eacute um conjunto de elementos sistemas e funccedilotildees e os espaccedilos livres formam um dos
principais sistemas capaz de estruturar toda a configuraccedilatildeo urbana De acordo com Tardin
(2010) e DrsquoAgostini amp Cunha (2007) sistema eacute um conjunto de elementos passiacutevel de
estabelecer inter-relaccedilotildees fiacutesicas funcionais estruturais morfoloacutegicas e relativas agrave vivecircncia
da paisagem abertas e intricadas entre si com seu entorno e com as pessoas que o
vivenciam
De acordo com Morin (2008) apud Queiroga (2014) o conceito de sistema implica natildeo
somente elementos inter-relacionaacuteveis mas tais relaccedilotildees constituem uma organizaccedilatildeo e uma
estrutura relativamente estaacutevel que caracteriza o sistema como um todo A organizaccedilatildeo
54 |
sistecircmica por sua vez conteacutem as relaccedilotildees que definem o sistema e que o transformam
alterando sua estrutura possibilitando sua permanecircncia e contendo a possibilidade concreta
de sua dissoluccedilatildeo Para o autor o termo exprime multiplicidade totalidade diversidade
organizaccedilatildeo e complexidade
A noccedilatildeo de sistema auxilia o estudo dos espaccedilos livres urbanos e o entendimento das suas
relaccedilotildees de interdependecircncia complementaridade e hierarquia Segundo Schlee et al
(2009) considerando-se a paisagem como um macrossistema complexo formado de
subsistemas os espaccedilos livres urbanos constituem um dos seus subsistemas inter-
relacionados com outros subsistemas urbanos e rurais e que podem se justapor ao Sistema
de Espaccedilos Livres ou se sobrepor total ou parcialmente enquanto sistemas de accedilotildees
[] entende-se como sistemas de espaccedilos livres (SEL)
urbanos os elementos e as relaccedilotildees que organizam e
estruturam o conjunto de todos os espaccedilos livres de um
determinado recorte urbano independentemente de sua
dimensatildeo qualificaccedilatildeo esteacutetica funcional e de sua
localizaccedilatildeo e propriedade sejam eles puacuteblicos ou privados
[] toda cidade possui um sistema de espaccedilos livres que eacute
produzido durante seu processo de formaccedilatildeo tanto pelo
Poder Puacuteblico como pela iniciativa privada (MACEDO 2010
p 3 e 4)
O autor afirma que todas as cidades independente do seu porte de suas caracteriacutesticas
culturais e histoacutericas possuem um Sistema de Espaccedilos Livres Essa afirmaccedilatildeo incita diversas
questotildees que conduziram esta pesquisa pontos voltados ao objeto de estudo a cidade de
Patos de Minas uma cidade meacutedia
O SEL DE UMA MEGAacuteLOPOLE OU METROacutePOLE Eacute
DIFERENTE DO SEL DE UMA PEQUENA CIDADE OU DE
UMA CIDADE MEacuteDIA
O MESMO TIPO DE ANAacuteLISE QUE SE APLICA PARA O
ENTENDIMENTO DO SEL DE UMA CIDADE DE GRANDE
PORTE PODE SER APLICADO PARA UMA CIDADE DE
MEacuteDIO PORTE
EXISTEM TIPOS DE ESPACcedilOS LIVRES FUNCcedilOtildeES OU
RELACcedilOtildeES QUE CARACTERIZAM O SISTEMA DE ESPACcedilOS
LIVRES DE UMA CIDADE MEacuteDIA
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23 OS ESPACcedilOS LIVRES NAS
CIDADES MEacuteDIAS
O espaccedilo livre eacute parte estruturante da forma urbana ele se configura em diferentes
categorias tipologias e caracteriacutesticas no meio urbano principalmente pela introduccedilatildeo ao
longo da histoacuteria de diferentes padrotildees urbaniacutesticos nas cidades O processo de urbanizaccedilatildeo
das cidades eacute uma soma e por vezes ateacute uma sobreposiccedilatildeo de padrotildees morfoloacutegicos esses
traccedilados geram diferentes paisagens com diferentes tipos de espaccedilos livres Incorporando ao
sistema um rico mosaico espacial formado por diferentes porcentagens de espaccedilos livres
intra lote caracteriacutesticos de traccedilados distintos por diferentes tipos de praccedilas aacutereas de
preservaccedilatildeo parques ruas e avenidas Aacutereas essas que apresentam diversos conflitos e
possuem um intenso potencial de transformaccedilatildeo
Segundo Macedo et al (2012) as cidades brasileiras possuem padrotildees morfoloacutegicas
semelhantes isso fica evidente na repeticcedilatildeo dos tipos de traccedilado (ortogonais orgacircnicos
radiais) e nos padrotildees de mancha urbana (linear tentacular compacta mista) O que confere
a especifidade das diversas cidades eacute a forma como elas estatildeo inseridas em seu contexto
territorial os arranjos espaciais seus padrotildees culturais socioeconocircmicos a legislaccedilatildeo
municipal as tipologias e funccedilotildees dos espaccedilos livres e a paisagem urbana Nas cidades meacutedias
brasileiras a forma como os padrotildees morfoloacutegicos se adequam ao suporte fiacutesico
transformando paisagem a local confere ao Sistema de Espaccedilos Livres diferentes dinacircmicas
espaciais funcionais e tipoloacutegicas
Como dito anteriormente neste trabalho a proposta natildeo eacute discutir o que determina uma
cidade como de meacutedio porte ou natildeo mas entender essas cidades como centro urbanos em
crescimento onde novos traccedilados e dinacircmicas urbanas satildeo somadas agrave cidade existente
transformando a paisagem local Na atual conjuntura brasileira segundo Tacircngari et al(2009)
apoacutes a deacutecada de 1980 as cidades meacutedias passaram a crescer mais rapidamente em
comparaccedilatildeo com as metroacutepoles um processo de diminuiccedilatildeo do movimento migratoacuterio em
direccedilatildeo agraves megaloacutepoles e o seu direcionamento para as cidades meacutedias que apresentam
grande potencial de crescimento econocircmico e tecircm seus atributos esteacuteticos e econocircmicos
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valorizados atraveacutes da propagaccedilatildeo da ideia de que cidades de meacutedio porte podem apresentar
mais qualidade de vida que as grandes metroacutepoles
As cidades meacutedias reproduzem os padrotildees morfoloacutegicos e culturais vindos do contexto das
grandes cidades e das pequenas cidades ou povoados de seu entorno Um exemplo dessa
influecircncia vinda das grandes cidades satildeo os condomiacutenios fechados propostos inicialmente
pelo mercado imobiliaacuterio como locais de seguranccedila e lazer proacuteximos aos grandes centros
urbanos esse mesmo padratildeo de condomiacutenio fechado eacute aplicado nas cidades meacutedias onde a
criminalidade eacute bem menor e as distacircncias a serem percorridas satildeo mais curtas Um exemplo
da influecircncia vinda das pequenas cidades e povoados proacuteximos satildeo as chaacutecaras pastos e
plantaccedilotildees presentes dentro malha urbana
Patos de Minas eacute um exemplo de cidade meacutedia em crescimento que recebe influecircncias
culturais e de padrotildees morfoloacutegicos uma cidade que possui caracteriacutesticas especiacuteficas de seu
suporte fiacutesico de seu processo histoacuterico e cultura que influenciam diretamente na malha
urbana as tipologias de espaccedilos livres e os tipos de apropriaccedilatildeo desses espaccedilos
Se observarmos em Patos de Minas as caracteriacutesticas da condiccedilatildeo de cidade meacutedia como por
exemplo a localizaccedilatildeo estrateacutegica entre cidades de maior e menor porte Percebemos que a
cidade atrai pessoas do entorno para desfrutar de suas potencialidades econocircmicas e de seus
aparatos de lazer (parques praccedilas locais de exposiccedilatildeo agropecuaacuteria) o que contribui
diretamente para geraccedilatildeo de renda e uso dos espaccedilos A cidade possui uma relaccedilatildeo direta
com cidades de maior porte que servem de escoamento da produccedilatildeo e suprimento de
mercadorias essa relaccedilatildeo de proximidade atrai para cidade eventos e exposiccedilotildees e pode
motivar influecircncias sobre as tipologias de espaccedilos livres gerados (assim como o processo de
globalizaccedilatildeo tambeacutem pode exercer esse papel)
Eacute nesse contexto de crescimento das cidades meacutedias e influecircncias morfoloacutegicas e culturais
que o Sistema de Espaccedilos Livres precisa ser pensado e entendido como uma infraestrutura
baacutesica para o desempenho da vida cotidiana urbana Segundo Souza amp Macedo (2014) o SEL
deve oferecer condiccedilotildees de habitabilidade urbana e para isso eacute necessaacuterio que se estabeleccedila
um diagnoacutestico baseado na existecircncia ou ausecircncia de uma seacuterie de atributos urbanos
necessaacuterios e qualitativos que deveriam orientar accedilotildees poliacuteticas e projetos de maneira a
formar um Sistema de Espaccedilos Livres integrado agrave paisagem local e a demanda da populaccedilatildeo
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O autor afirma que eacute preciso fazer uma leitura da cidade de seus condicionantes conflitos e
potencialidades para entender como se estrutura o SEL suas funccedilotildees e seu potencial de
transformaccedilatildeo e organizaccedilatildeo na cidade
Partimos para anaacutelise da forma urbana patense buscando o entendimento de como as
caracteriacutesticas especiacuteficas do suporte fiacutesico da organizaccedilatildeo espacial da situaccedilatildeo fundiaacuteria e
dos tipos de usos e funccedilotildees exercidas pelos espaccedilos livres estruturam o Sistema de Espaccedilos
Livres de Patos de Minas
24 OS ESPACcedilOS LIVRES NA FORMA URBANA DE
PATOS DE MINAS
Para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na forma urbana de Patos de Minas a
anaacutelise foi dividida em trecircs principais enfoques RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA CONFIGURACcedilAtildeO
ESPACIAL e RELACcedilAtildeO DE USOS DO SOLO A leitura da cidade apresentada por esses trecircs
acircngulos somada ao entendimento de paisagem forma urbana e da formaccedilatildeo e
transformaccedilatildeo da malha urbana patense apresentados no capiacutetulo anterior nos possibilitam
o entendimento do Sistema Espaccedilos Livres de Patos de Minas como um todo com suas
categorias tipoloacutegias e relaccedilotildees sistecircmicas
Os trecircs principais enfoques foram determinados com base nas principais caracteriacutesticas da
cidade nas suas peculiaridades na sua condiccedilatildeo de cidade de meacutedio porte Provavelmente
um outro tipo de cidade com outras caracteriacutesticas de paisagem demandaria outro segmento
de anaacutelise
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241
RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA
ESPACcedilOS LIVRES x SUPORTE ambiental
O principal objetivo desse subcapiacutetulo eacute analisar as caracteriacutesticas do suporte ambiental sobre
o qual a cidade de Patos de Minas foi implantada buscando identificar quais espaccedilos livres
presentes na cidade incorporam esses elementos da paisagem O suporte ambiental eacute parte
da paisagem urbana ele eacute formado por elementos como corpos drsquoaacutegua vegetaccedilatildeo relevo
solos e clima
Estatildeo cada vez mais presentes nos planos diretores e na legislaccedilatildeo ambiental denominaccedilotildees
como reservas florestais puacuteblicas e privadas parques lineares parques ecoloacutegicos unidades
de conservaccedilatildeo aacutereas de proteccedilatildeo permanente (APPrsquos) aleacutem de referecircncias agrave
sustentabilidade e agrave ecologia Essas denominaccedilotildees muitas vezes geram espaccedilos livres
voltados agrave funccedilatildeo de conservaccedilatildeo e proteccedilatildeo ambiental Entretanto os espaccedilos livres
vinculados ao suporte fiacutesico natildeo possuem somente a funccedilatildeo de conservaccedilatildeo ambiental eles
possuem outros papeacuteis no meio urbano como recreaccedilatildeo infraestrutura urbana contribuir
com a drenagem pluvial possibilitar microclimas urbanos mais agradaacuteveis contribuir para
manutenccedilatildeo da biodiversidade e valores esteacuteticos Segundo Queiroga (2012) a
permeabilidade do solo e a cobertura arboacuterea permitem a conservaccedilatildeo de paisagens com
melhor desempenho ambiental mitigando problemas comuns nas aacutereas urbanas a qualidade
da aacutegua e do ar a manutenccedilatildeo da qualidade do solo controle de erosatildeo abastecimento dos
aquiacuteferos e regulaccedilatildeo das enchentes
Os espaccedilos livres vinculados ao suporte ambiental como os corpos drsquoaacutegua e a vegetaccedilatildeo
constantemente satildeo alvo de degradaccedilatildeo ambiental o que ressalta a sua funccedilatildeo ambiental
dentro do sistema Entretanto a mitigaccedilatildeo desses problemas natildeo eacute uma questatildeo pertinente
apenas ao planejamento ambiental das cidades De acordo com Jacobs (2001) as aacutereas livres
puacuteblicas estruturam o espaccedilo urbano satildeo o principal suporte espacial para o encontro e a
vivecircncia urbana Segundo a autora a degradaccedilatildeo do espaccedilo urbano observada pela reduccedilatildeo
de aacutereas puacuteblicas de lazer deficiecircncia na arborizaccedilatildeo urbana excessiva impermeabilizaccedilatildeo do
solo aumento da temperatura e criaccedilatildeo de ilhas de calor danos ambientais diversos
diminuiccedilatildeo da qualidade da ambiecircncia urbana e perda de qualidade de vida constitui um
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problema que extrapola a esfera fiacutesicaespacial constituindo um problema social visto que
desencoraja o uso da rua e dos espaccedilos livres como locais de encontro necessaacuterios para a
manutenccedilatildeo das praacuteticas sociais
Ao longo do processo de urbanizaccedilatildeo das cidades brasileira foram comuns situaccedilotildees em que
aacutereas de reserva natural foram desmatadas para dar lugar a loteamentos coacuterregos foram
canalizados e desapareceram da paisagem urbana ou foram canalizadas a ceacuteu aberto tiveram
sua APP desmatada e impermeabilizada para dar lugar a avenidas e aacutereas construiacutedas como
no caso da Figura 26
Figura 26 Coacuterrego do Monjolo em Patos de Minas canalizado a ceacuteu aberto na deacutecada de 1970 com APP desmatada e grande parte do seu entorno impermeabilizado Agraves margens do coacuterrego a Av Faacutetima Porto Foto Acervo pessoal 2014
Atualmente esse tipo de tratamento de supressatildeo da vegetaccedilatildeo das APPrsquos em aacutereas
urbanizadas eacute cada vez mais incomum7 o que contribui para a conservaccedilatildeo desses recursos
naturais Entretanto gradativamente mais a legislaccedilatildeo ambiental trata a funccedilatildeo ambiental dos
espaccedilos como algo isolado entendendo as APPrsquos como locais onde natildeo podem existir
intervenccedilotildees desconsiderando que esses espaccedilos podem estar vinculados a outras funccedilotildees
como por exemplo recreaccedilatildeo educaccedilatildeo ambiental valorizaccedilatildeo da paisagem De acordo com
7 Os casos excepcionais nos quais eacute permitido a supressatildeo da vegetaccedilatildeo em APP estatildeo definidos pela Resoluccedilatildeo CONAMA 36906
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mudam da economia que se desenvolve modificando o comercio instalando novas induacutestrias
e quem sabe ateacute bairros industriais gerando renda para urbanizaccedilatildeo de novas aacutereas ou a
verticalizaccedilatildeo de outras
O entendimento da paisagem enquanto elemento caracterizador da imagem das cidades eacute
um instrumento para a melhoria e manutenccedilatildeo dos valores da mesma Possui uma relaccedilatildeo
direta com histoacuteria da cidade com os valores culturais com o processo de formaccedilatildeo e de
transformaccedilatildeo da forma urbana e com os elementos que a constituem Partimos entatildeo para o
estudo da forma urbana com seus enfoques conceituais desdobramentos teoacutericos e
praacuteticos
12
MORFOLOGIA E FORMA URBANA
FORMA URBANA MALHA URBANA TECIDO
URBANO
Figura 3 Forma Urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora 2014
Eacute constante a confusatildeo ao conceituar termos
como morfologia forma urbana malha
urbanatecido urbano elementos morfoloacutegicos
termos que ora se sobrepotildeem ora se englobam
ora se dividem
EXISTE UM CONSENSO SOBRE O CONCEITO
DE FORMA URBANA
A DEFINICcedilAtildeO DE FORMA URBANA ENGLOBA
O TRACcedilADO DAS RUAS OS CHEIOS E VAZIOS
OS USOS E AS TIPOLOGIAS CONSTRUIacuteDAS OU
SERIA SOacute O DESENHO QUE SE FORMA NO
ENCONTRO DAS BORDAS DA OCUPACcedilAtildeO
FORMA URBANA Eacute SINOcircNIMO DE TECIDO
URBANO OU O TECIDO Eacute PARTE DA FORMA
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A morfologia urbana eacute um campo disciplinar que abrange o estudo das cidades das formas
dos tecidos e da paisagem O estudo da morfologia contribui para o entendimento da
estrutura da cidade sua formaccedilatildeo e transformaccedilatildeo por meio de seus elementos
constituintes Segundo Lamas (2004) os elementos morfoloacutegicos constituintes satildeo o solo os
edifiacutecios o lote o quarteiratildeo a fachada o logradouro o traccediladorua a praccedila o monumento
a vegetaccedilatildeo e o mobiliaacuterio urbano O autor denomina como elementos morfoloacutegicos as partes
fiacutesicas que associadas ou estruturadas constituem a forma urbana Existem diversos
conceitos e definiccedilotildees que abordam a morfologia das cidades este trabalho apresentaraacute
algumas delas
Segundo Del Rio (1990) a anaacutelise da morfologia urbana estaacute em compreender a loacutegica da
formaccedilatildeo evoluccedilatildeo e transformaccedilatildeo da forma da cidade e de suas inter-relaccedilotildees a fim de
possibilitar a identificaccedilatildeo de accedilotildees mais apropriadas cultural e socialmente para a
intervenccedilatildeo urbana e o desenho de novos espaccedilos Segundo Rossi (2001) a cidade eacute uma
obra reconhecida pelo conjunto de sua forma mas tambeacutem pode ser identificada por
pequenas partes do conjunto em seus diversos momentos a forma urbana eacute a soma dos
diversos tecidos e padrotildees morfoloacutegicos que formam a cidade
O tecido urbano ou a malha urbana de acordo com Rego e Meneguetti (2011) satildeo
configurados pelo sistema viaacuterio pelo padratildeo do parcelamento do solo pela aglomeraccedilatildeo e
pelo isolamento das edificaccedilotildees assim como pelos espaccedilos livres Em outras palavras o
tecido de cidade eacute dado pelos edifiacutecios ruas quadras e lotes parques praccedilas e monumentos
nos seus mais variados arranjos Esses elementos morfoloacutegicos presentes no tecido urbano
segundo Moudon (1997) devem ser considerados como organismos ndash constantemente em
atividade e assim em transformaccedilatildeo ao longo do tempo eles existem em inter-relaccedilatildeo com
as estruturas edificadas conformando e sendo conformadas pelos espaccedilos livres O modo
como cada um desses elementos morfoloacutegicos se organizou e conforma o tecido da cidade
pode ser entendido como um objeto de estudo da morfologia urbana
A forma urbana reflete os processos de formaccedilatildeo da cidade os processos sociais que se
consolidam nos tecidos urbanos que levam a sociedade a construir de uma maneira
determinada e caracteriacutestica suas casas escolas comeacutercios induacutestrias etc Segundo
Carvalho (2011) os tecidos urbanos satildeo configurados a partir da homogeneidade dos
seguintes elementos traccedilado da malha viaacuteria padrotildees de uso (residencial comercial de
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serviccedilos e industrial) padratildeo edificado (padratildeo arquitetocircnico e do gabarito) e suporte fiacutesico
(topografia vegetaccedilatildeo e hidrografia
De acordo com Moudon (1997) os morfologistas atentam para os resultados tangiacuteveis de
questotildees sociais econocircmicas poliacuteticas ou seja estudam a manifestaccedilatildeo de ideias e
intenccedilotildees agrave medida que elas tomam forma no chatildeo e moldam as cidades O estudo
morfoloacutegico das cidades pode ser dividido em escolas de pensamento dentre elas a escola
italiana a escola francesa e a escola inglesa as quais analisaremos sinteticamente
observando suas principais caracteriacutesticas metodoloacutegicas bases bibliograacuteficas e formas de
pensamento
A escola italiana conforme Mondon (1997) tem seu iniacutecio nos estudos do arquiteto Saverio
Muratori (1910 ndash 1973) e de Gianfranco Caniggia (1933 ndash 1987) na deacutecada de 1940 Segundo
Rosaneli (2011) essa escola de pensamento possui como principal distintivo a preocupaccedilatildeo
com o destino das cidades histoacutericas italianas sobretudo devido aos efeitos das intervenccedilotildees
modernistas Essa escola apresenta uma maior preocupaccedilatildeo com o estudo tipoloacutegico das
edificaccedilotildees (fachadas estilos arquitetocircnicos gabarito) e de suas transformaccedilotildees ao longo do
tempo
A escola francesa apresenta ecircnfase na reflexatildeo geograacutefica e historiograacutefica sobre as cidades e
possui a contribuiccedilatildeo do socioacutelogo Henri Lefebvre (1901 ndash 1991) Assim como a escola italiana
a escola francesa se opotildee aos efeitos das intervenccedilotildees modernistas Rosaneli (2011) propotildee
uma reforma educacional no campo dos estudos urbanos e busca consolidar uma nova
ldquodisciplinardquo com duplo objetivo primeiro uma pesquisa descritiva multidisciplinar do espaccedilo
construiacutedo a fim de reconhecer ingredientes de um bom desenho e segundo a identificaccedilatildeo
e criacutetica de modelos teoacutericos de desenho urbano
A escola inglesa eacute fundamentada nos estudos do geoacutegrafo alematildeo Conzen (1907 ndash 2000) e
inicia-se na deacutecada de 1960 De acordo com Moudon (1994) a escola inglesa possui uma
anaacutelise morfoloacutegica descritiva analiacutetica e explanatoacuteria concentra-se no estudo da forma
urbana e apresenta o mais completo detalhado e sistemaacutetico meacutetodo tipo morfoloacutegico das
trecircs escolas
Conzen fundamenta-se na aplicabilidade da leitura dos planos urbanos (ldquotown-plansrdquo) para o
entendimento da formaccedilatildeo urbana De acordo com Conzen (1960) apud Rosaneli (2011) os
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trecircs fundamentais elementos que compotildee os planos satildeo as ruas que estatildeo arranjadas em um
traccedilado os lotes ou parcelas individuais de terra juntamente com as quadrasquarteirotildees e os
edifiacutecios com seus conjuntos construiacutedos As diversas combinaccedilotildees desses trecircs principais
elementos constituiriam unidades distintas com ldquohomogeneidade morfoloacutegicardquo o que o
autor denominou de tecido urbano (ldquoplan unitrdquo ldquourban fabricrdquo ou ldquotessuto urbanordquo para a
escola italiana)
A morfologia urbana e suas diferentes escolas de pensamento retratam o estudo da forma
urbana e de seus elementos estruturantes dos processos culturais sociais econocircmicos e
poliacuteticos Os estudos morfoloacutegicos que mais se aplicam agrave presente pesquisa satildeo os da escola
inglesa onde desenvolve-se uma anaacutelise descritiva e analiacutetica do processo de urbanizaccedilatildeo
estudando as unidades com ldquohomogeneidade morfoloacutegicasrdquo trabalhadas nessa pesquisa por
meio das Unidades de Paisagem (porccedilotildees territoriais com semelhanccedila de traccedilado e interaccedilatildeo
entre os espaccedilos livres e edificados) e atraveacutes da anaacutelise do Sistema de Espaccedilos Livres uma
organizaccedilatildeo sistecircmica dos espaccedilos livres das diversas Unidades de Paisagem presentes em
uma aacuterea definida
Para o entendimento da configuraccedilatildeo do Sistema de Espaccedilos Livres Patense e de suas
Unidades de Paisagem partimos do estudo do processo de urbanizaccedilatildeo de Patos de Minas
observando as caracteriacutesticas morfoloacutegicas histoacutericas culturais e da paisagem urbana
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13 FORMACcedilAtildeO E TRANSFORMACcedilAtildeO DA
MALHA URBANA PATENSE
Figura 4 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Patos de Minas e apresentaccedilatildeo da forma urbana da cidade Elaborado pela autora segundo fonte Mapas da Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2006 e 2015
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Patos de Minas eacute uma cidade meacutedia2 da regiatildeo intermediaacuteria agrave Mesorregiatildeo do Triacircngulo
Mineiro e Alto Paranaiacuteba Considerada poacutelo econocircmico regional a maior cidade da
microrregiatildeo do Alto Paranaiacuteba que eacute composta por 10 municiacutepios O municiacutepio de Patos de
Minas eacute formado por sete distritos o distrito sede eacute a cidade de Patos de Minas e os outros
satildeo Bom Sucesso Chumbo Major Porto Pilar Pindaiacutebas e Santana de Patos (identificados na
Figura 4)
Segundo o IBGE (2010) o municiacutepio de Patos de Minas possui aacuterea de 3189771Kmsup2
densidade demograacutefica de 4349 habkmsup2 e populaccedilatildeo de aproximadamente 147614
habitantes (populaccedilatildeo estimada em 2014)
Patos de Minas situa-se no Planalto Central Minas GeraisGoiaacutes com altitudes meacutedias de 800
a 900 metros Localiza-se entre duas grandes bacias hidrograacuteficas brasileiras a do Satildeo
Francisco e a do Paranaacute Sua localizaccedilatildeo estrateacutegica permite a ligaccedilatildeo da cidade a centros
comerciais como Uberlacircndia Belo Horizonte Brasiacutelia e Satildeo Paulo facilitando o intercacircmbio
comercial e o desenvolvimento econocircmico
De acordo com o IBGE (2012) o PIB (Produto Interno Bruto) do municiacutepio tem sua economia
baseada principalmente no setor de serviccedilos seguido do setor industrial e da agricultura
conforme Tabela 1
2 A dissertaccedilatildeo adota a conceituaccedilatildeo de cidades meacutedias desenvolvida por Amorim Filho e Serra (2001) cidade que ocupam uma posiccedilatildeo estrateacutegica na hierarquia urbana oferecendo suporte agraves cidades pequenas conforme a funccedilatildeo que desempenham e estabelecendo ligaccedilotildees com as cidades maiores intermediando as relaccedilotildees entre estes dois niacuteveis urbanos De acordo com os autores essas cidades satildeo espaccedilos de relaccedilotildees e natildeo de polarizaccedilatildeo ou dominaccedilatildeo satildeo cidades natildeo tatildeo pequenas a ponto de limitar as possibilidades de crescimento econocircmico e intelectual de seus habitantes e nem tatildeo grandes a ponto de onerar ndash e ateacute pocircr em risco ndash a vida da maioria de seus moradores
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Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas - 2012
Impostos sobre produtos liacutequidos de subsiacutedios a preccedilos correntes
248946 mil reais
PIB a preccedilos correntes 2495732 mil reais
PIB per capita a preccedilos correntes 1770650 mil reais
Valor adicionado bruto da agropecuaacuteria a preccedilos correntes 255908 mil reais
Valor adicionado bruto da induacutestria a preccedilos correntes 432152 mil reais
Valor adicionado bruto dos serviccedilos a preccedilos correntes 1558725 mil reais
Tabela 1 Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas-2012 Fonte IBGE 2012 em parceria com os Oacutergatildeos Estaduais de Estatiacutestica Secretarias Estaduais de
Governo e Superintendecircncia da Zona Franca de Manaus ndash SUFRAMA Disponiacutevel em
httpwwwcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=314800ampidtema=134ampsearch=mina
s-gerais|patos-de-minas|produto-interno-bruto-dos-municipios-2012 Acesso em dezembro de 2014
Entretanto observa-se que entre os setores o que mais exerce influecircncia cultural no
municiacutepio e na dinacircmica urbana eacute a agricultura somada a pecuaacuteria e ao agronegoacutecio
caracterizando as festas locais as manifestaccedilotildees culturais as formas de apropriaccedilatildeo da
paisagem as tipologias predominantes de espaccedilos livres e a histoacuteria de ocupaccedilatildeo do
municiacutepio Na agroinduacutestria destaca-se a produccedilatildeo de leite e derivados sementes e adubos
defensivos agriacutecolas carne suiacutena e derivados e alimentos enlatados A agricultura sempre
caracterizou a economia e a cultura local os produtos que se destacam satildeo o arroz soja
feijatildeo cafeacute maracujaacute tomate horticultura e o milho siacutembolo da festa regional a Festa
Nacional do Milho A pecuaacuteria possui significativa importacircncia econocircmica para o municiacutepio a
regiatildeo faz parte de uma das maiores bacias leiteiras do paiacutes Patos de Minas tambeacutem eacute
considerada poacutelo nacional de geneacutetica suiacutena detendo 70 da tecnologia nacional em
melhoramentos suiacutenos
Para analisarmos como se formou a cidade de Patos de Minas apresentaremos seus periacuteodos
urbanos em cinco partes a primeira retrata o iniacutecio do povoado ateacute 1930 depois de 1940 a
deacutecada de 1960 em seguida de 1970 ateacute a deacutecada 1980 e por fim o periacuteodo que vai de 1990
ateacute o ano de 2015 buscando assim retratar o crescimento urbano os principais
acontecimentos histoacutericos e a incorporaccedilatildeo dos elementos da paisagem
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131
DO INIacuteCIO DO POVOADO ATEacute A DEacuteCADA DE 1930
BORGES X MACIEacuteIS
O processo de colonizaccedilatildeo da
regiatildeo ocupada hoje pelo
municiacutepio de Patos de Minas
teve iniacutecio provavelmente na
segunda metade do seacuteculo XVIII
antes mesmo da descoberta do
ouro no estado de Minas Gerais
com as bandeiras rumo agraves terras
de Paracatu A cidade de Patos
de Minas surgiu na segunda
deacutecada do seacuteculo XIX em torno
da Lagoa dos Patos (delimitada
na Figura 5) onde segundo as
descriccedilotildees histoacutericas existia uma
enorme quantidade de patos
silvestres
Figura 5 Crescimento Urbano de Patos de Minas ateacute o iacutenicio do seacuteculo XIX Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas Disponiveacutel em
httpwwwpatosdeminasmggovbrgaleriahistoricaspagesimage16php Acesso em maio de
2014 Elaborado pela autora
Segundo Oliveira Mello (1971) o povoado que deu origem a cidade de Patos de Minas se
iniciou em 1826 com a doaccedilatildeo do terreno por Antocircnio Joaquim da Silva Guerra e sua esposa
Luzia Correcirca de Andrade para a construccedilatildeo da capela de Santo Antocircnio situada hoje na atual
Praccedila Dom Eduardo proacutexima agrave Lagoa dos Patos na Avenida Liberdade atualmente conhecida
como Avenida Getuacutelio Vargas A partir de entatildeo diversas famiacutelias se instalaram no entorno da
capela originando o Arraial de Santo Antocircnio da Beira do Paranaiacuteba Em 1866 foi criada a Vila
de Santo Antocircnio dos Patos e em 1892 o presidente do Estado de Minas Gerais elevou a vila
agrave categoria de cidade de Patos de Minas
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Figura 6 Iniacutecio da ocupaccedilatildeo da cidade de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fontes
Prefeitura Municipal de Patos de Minas e MuP- Museu da Cidade de Patos de Minas
A Praccedila Dom Eduardo estaacute no centro do nuacutecleo original de povoamento ilustrado pela Figura
6 e representa a divisatildeo de influecircncia entre as duas famiacutelias da elite local que atuaram na
construccedilatildeo da paisagem urbana e na histoacuteria da cidade de Patos de Minas os Borges
catoacutelicos e monarquistas e os Dias Macieacuteis protestantes e republicanos
Ao norte da Praccedila Dom Eduardo encontam-se os Borges e seus parentes os Caixeta e os
Queiroz de acordo com Silva (2011) deste lado da cidade a paisagem se desenha por ruas
estreitas e curvas as quais conduzem a travessas e becos nitidamente ldquosemeadosrdquo agrave moda
lusitana de povoar Ao mesmo tempo os edifiacutecios mais antigos e caracteriacutesticos da aacuterea satildeo
todos em estilo colonial com altas janelas e portas retangulares Satildeo exemplos a antiga Casa
de Cacircmara e Cadeia localizada hoje na Praccedila Juquinha Caixeta (Figura 7) e os casarotildees do Dr
Joatildeo Borges e do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz a rua e a casa de Deiroacute Borges a Rua do
Tenente Bino o Beco da Zeacutelia a Praccedila da Dona Genoveva (Figura 8) a Rua do Alfredo Borges
a Praccedila Chiquinho Caixeta a Rua Dr Joseacute Oliacutempio Borges a Praccedila Dom Eduardo E ainda a
Travessa dos Queiroz onde se manteacutem de peacute a casa do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz
palco de criaccedilatildeo do partido de oposiccedilatildeo oficial aos ldquoMacieacuteisrdquo
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Figura 7 Casa de Cacircmara e Cadeia (o mais antigo edifiacutecio puacuteblico de Patos de Minas inaugurado em 1912 como Cacircmara Municipal Foacuterum e no reacutes-do-chatildeo a Cadeia Puacuteblica) e Praccedila Juquinha Caixeta Foto Acervo pessoal 2015 Figura 8 Rua Deiroacute Borges ao fundo Praccedila Dona Genoveva Foto Acervo pessoal 2015
Figura 9 Escola Estadual Marcolino de Barros Foto Fotoacutegrafo desconhecido 2008 Disponiacutevel em
httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=614809 Acesso em maio de 2014
Figura 10 Escola Estadual Antocircnio Dias Maciel Foto Acervo pessoal 2015
Ao sul da Praccedila Dom Eduardo em frente agrave Catedral de Santo Antocircnio estatildeo os Macieacuteis e seus
parentes os Santana Pacheco Barros Magalhatildees e Ferreira da Silva Segundo Silva (2011) os
Macieacuteis estatildeo ligados agrave modernizaccedilatildeo e agrave reordenaccedilatildeo urbana da cidade entre suas marcas
na paisagem estatildeo a Escola Estadual Marcolino de Barros(Figura 09) a Escola Estadual
Antocircnio Dias Maciel(Figura 10) a Rua Olegaacuterio Maciel a Casa de Olegaacuterio Maciel a Casa do
Dr Itagyba a Rua Farnese Maciel o Palacete de Amadeu Maciel a Rua Major Gote (apelido
de Sesoacutestris Dias Maciel) o Hospital Regional Antocircnio Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur
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Thomaz de Magalhatildees o Coreto Arthur Thomaz de Magalhatildees a Rua Joseacute de Santana a Praccedila
Antocircnio Dias a Rua Major Jerocircnimo [Dias Maciel] e a Praccedila Santana
Olegaacuterio Maciel figura poliacutetica representativa da regiatildeo alternou entre os cargos de
Deputado Federal e Agente Executivo de Municiacutepio no final do seacuteculo XIX ateacute chegar agrave
Presidecircncia do Estado de Minas Gerais nos anos de 1930 Segundo Borges (2008) esse
processo poliacutetico influenciou o desenvolvimento fiacutesico-territorial da cidade atraindo
investimentos do Governo do Estado para a construccedilatildeo das escolas do foacuterum e do Hospital
Regional
No fim do seacuteculo XIX em 1883 o entatildeo Agente do Executivo Olegaacuterio Dias Maciel3 ordenou
a criaccedilatildeo de um plano diretor para ordenar e reorientar o crescimento do povoado para o
sentido sul da Praccedila Dom Eduardo ldquona chapada ou chapadatildeordquo conforme segue na citaccedilatildeo
Seguiu‐se a risca o ldquoPlano Diretorrdquo indicado por Olegaacuterio
Maciel O vereador Eduardo Ferreira de Noronha em 21 de
setembro de 1906 indica que ()auxiliem a Cacircmara a
estudar o local mais conveniente em que se deve construir
o matadouro e respectivo curral oferecendo seu parecer
Hoje distanciados no tempo sabemos que a ldquoChapadardquo
paulatinamente abrigou aleacutem do Matadouro Municipal a
Casa do Coronel Farnese Dias Maciel a Casa de Amadeu
Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur Thomaz de
Magalhatildees o Passeio Puacuteblico a fonte luminosa o Coreto o
Cinema o Paccedilo Municipal o Hospital Antocircnio Dias Maciel o
Grupo Escolar o Foacuterum () Pari Passu tambeacutem foram
transladados outros elementos que se localizavam na
direccedilatildeo para a qual a cidade ia se deslocando a mudanccedila
do cemiteacuterio e da Igreja de Nossa Senhora do Rosaacuterio
(frequentada pelos negros) tambeacutem se constituiu como
marco simboacutelico da nova ordenaccedilatildeo urbana planeada por
Olegaacuterio Maciel (BORGES amp SILVA 2009 p13)
3 Olegaacuterio Dias Maciel era engenheiro formado na Escola Polyteacutecnica do Rio de Janeiro em 1878 compartilhava os ideais positivistas da Repuacuteblica e tambeacutem os ideais da Belle Eacutepoque de higienizaccedilatildeo e de racionalizaccedilatildeo do espaccedilo urbano Soma-se a isso a experiecircncia cultural de Olegaacuterio fora de Patos como deputado federal e senador vivenciou no Rio de Janeiro as reformas urbanas empreendidas por Pereira Passos inspiradas na reforma de Paris sob a batuta do Baratildeo de Haussman Como deputado estadual e depois como presidente do Estado de Minas Gerais vivenciou a experiecircncia de ldquofruirrdquo a cidade de Belo Horizonte construiacuteda racionalmente agrave moda da colonizaccedilatildeo espanhola na Ameacuterica (BORGES amp SILVA 2009)
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Segundo Oliveira (2010) dentre as influecircncias na malha urbana decorrentes do periacuteodo
poliacutetico do iniacutecio do seacuteculo XX destacam-se as intervenccedilotildees na infraestrutura da Avenida
Getuacutelio Vargas definindo a mesma como eixo nobre na cidade o direcionamento o primeiro
vetor de expansatildeo urbana nas direccedilotildees sul e oeste da Av Getuacutelio Vargas
Figura 11 Inundaccedilatildeo ocorrida em 1941 na ponte sobre o Rio Paranaiacuteba Fonte Arquivo do Laboratoacuterio
de Histoacuteria do Unipam Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=3600 Acesso em
dezembro de 2014
Observa-se que a Avenida Getuacutelio Vargas anteriormente denominada como Avenida
Liberdade e depois Avenida Municipal representa o nuacutecleo inicial da cidade e o ponto de
partida dos vetores de ocupaccedilatildeo ateacute a deacutecada de 1930 observa-se que neste periacuteodo as
praccedilas da avenida apresentavam um paisagismo inspirado nos jardins franceses Zama
Maciel4 relata sobre o planejamento de usos e ocupaccedilatildeo dessa aacuterea e a Figura 12 ilustra esse
periacuteodo
4 Zama Maciel foi um patense que exerceu as funccedilotildees de agrimensor professor inspetor de ensino vereador e redator dos jornais locais
Com relaccedilatildeo ao vetor de expansatildeo oeste
observa-se que o mesmo foi impulsionado
pela construccedilatildeo da nova ponte sobre o rio
Paranaiacuteba em aproximadamente 1926
retratada na Figura 11 Segundo
Dannemann (2013) a obra da ponte estava
sob os cuidados da Companhia Nacional de
Cimento Armado SA e ateacute 1970 serviu
como principal acesso agrave sede do municiacutepio
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Avenida Municipal com o seu atual quilocircmetro de extensatildeo foi
destinada agrave habitaccedilatildeo particular devida a sua exagerada
largura e agrave perspectiva que podem oferecer casas pequenas e
de bom gosto fronteando os seus passeios gramados e jardins
floridos que a pequenada destroacutei Nela preacutedios comerciais de
dois trecircs andares tornam-se ridiacuteculos porque natildeo tecircm
magnitude para se imporem agrave largura (repisamos) exagerada
com que os antigos irrefletidamente a construiacuteram Somente
edifiacutecios semelhantes agrave igreja matriz em construccedilatildeo come
cinquenta metros podem nela sobreviverem Pequenos preacutedios
vivendas graciosas de cujas janelas caiam trepadeiras no
conjunto dos jardins e na imensa claridade de nossas tardes
faratildeo dela recanto cobiccedilado agrave moradia Enfeia-la com preacutedios
comerciais de pequeno porte e com casas de diversotildees
barulhentas seraacute obra de mau gosto que se torna necessaacuterio
evitar (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos Patos de
Minas junho de 1937)
Figura 12 Avenida Getuacutelio Vargas parte ao sul da Catedral de Santo Antocircnio deacutecada de 1930 Ao
centro da figura o Palacete Amadeu Maciel Fonte Acervo Documental e de Imagens de Patos de
Minas Local MuP ndash Museu da Cidade de Patos de Minas
A seguir o Mapa 1 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o
ano de 1930 retrata a localizaccedilatildeo da implantaccedilatildeo da cidade proacuteximo a recursos drsquoaacutegua No
mapa estaacute presente a delimitaccedilatildeo do periacutemetro urbano do ano de 2015 que seraacute mantido
como ponto de referecircncia espacial para a malha urbana atual
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A Figura 13 datada da deacutecada de 1930 eacute uma vista aeacuterea da cidade no qual pode-se
perceber a implantaccedilatildeo e a forma urbana da cidade e os vetores de expansatildeo do iniacutecio do
seacuteculo XX aacuterea retratada pelo Mapa 1 apresentado anteriormente
Figura 13 Vista aeacuterea de Patos de Minas
Fonte Arquivo Daacutecio Pereira da Fonseca Fotografo desconhecido
Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=2650 Acesso em abril de 2014
Observa-se na Figura 13 a presenccedila de espaccedilos livres puacuteblicos dentre eles as Praccedilas da
Avenida Getuacutelio Vargas dos Boiadeiros Antoacutenio Dias Champagnat e Santana os espaccedilos
livres privados o Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo o Patos Tecircnis Clube (PTC) o campo de futebol
da Uniatildeo Recreativa dos Trabalhadores (URT) e o campo de futebol do Clube do Mamoreacute
Segundo Fonseca (1974) desde o final do seacuteculo XIX ateacute 1950 Patos de Minas tentou pleitear
a vinda da estrada de ferro para escoamento da produccedilatildeo agriacutecola da regiatildeo ateacute o Rio de
Janeiro e Satildeo Paulo Segundo Borges e Silva (2009) em 1934 o engenheiro carioca Neacutelson
Rodrigues efetuou o primeiro levantamento planialtimeacutetrico da cidade de Patos de Minas a
princiacutepio esse levantamento objetivava abrigar a estrada de ferro Patos-Catiara Em 1936
provavelmente o proacuteprio Neacutelson Rodrigues concluiu o primeiro Plano Urbano oficial da
cidade apresentado pela Figura 14
LEGENDA 1 ndashMajor Gote e Dr Marcolino 2 ndash Lagoa Grande 3 ndash Campo de Aviaccedilatildeo 4 ndash Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo 5 ndash Rua Dr Marcolino 6 ndash Rua Major Gote 7 ndash Coacuterrego do Monjolo 8 ndash PTC 9 ndash Campo da URT 10 ndash Cemiteacuterio Municipal 11 ndash Rio Paranaiacuteba 12 ndash Av Getuacutelio Vargas 13 ndash Matriz de Santo Antocircnio 14 ndash Rua Tiradentes 15 ndash Cadeia 16 ndash Praccedila dos Boiadeiros 17 ndash Praccedila Antocircnio Dias 18 ndash Av Paracatu 19 ndash Igreja do Rosaacuterio 20 ndash Praccedila Champagnat 21 ndash Rua Major Jerocircnimo 22 ndash Campo do Mamoreacute
23 ndash Praccedila Santana
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Figura 14 Plano Urbano de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fonte Prefeitura
Municipal de Patos de Minas
Destaca-se no plano de crescimento urbano a Rua Major Gote na eacutepoca denominada Rua
Desembargador Frederico Zama Maciel escreve ao jornal local sobre o plano urbano as vias
de caraacuteter comercial da cidade e sobre as intenccedilotildees de um zoneamento de usos para o
crescimento da cidade inspirados no urbanismo norte-americano
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A Prefeitura () mandou organizar a planta da cidade e
traccedilar-lhe as ruas futuras no objetivo de impedir o
crescimento desordenado() Neste trabalho foram
observadas tanto quanto possiacutevel as normas seguidas na
Ameacuterica do Norte onde geralmente as cidades satildeo
traccediladas em xadrez cortando-se as ruas em acircngulo reto
() As ruas comerciais estatildeo determinadas no referido
plano e dentre as atuais destacam-se Desembargador
Frederico e General Osoacuterio A primeira () deveraacute atravessar
a cidade de norte a sul e morreraacute na futura praccedila da
estaccedilatildeo ferroviaacuteria onde atualmente se ergue o barracatildeo
da Companhia do Trigo Seraacute futuramente a mais central da
cidade Eacute de uma boa norma localizar-se o comeacutercio em
determinadas zonas (zoneamento chamam a isto os
urbanistas) bem como as faacutebricas os edifiacutecios puacuteblicos as
escolas (natildeo as primaacuterias que devem ser espalhadas nos
bairros residenciais) devem tambeacutem ter as suas zonas
separadas () (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos
Patos de Minas junho de 1937)
A linha feacuterrea natildeo foi implantada na cidade e o crescimento urbano das deacutecadas seguintes
natildeo se ateve ao planejamento apresentado na deacutecada de 1930
132
DA DEacuteCADA DE 1940 ATEacute A DEacuteCADA DE 1960
AUMENTO POPULACIONAL
Comparando o plano urbaniacutestico apresentado para a cidade no final do seacuteculo XIX com a
expansatildeo da malha urbana observa-se que o crescimento urbano da cidade ocorreu de
forma mais dispersa do que o apresentado no plano O vetor de expansatildeo ao sul manteve
grande parte do planejamento embora apresentando quadras menores A aacuterea antes
ocupada pela Lagoa dos Patos e a aacuterea a nordeste da Lagoa foram as que mais se
distanciaram das ideias do plano urbaniacutestico apresentando uma malha urbana orgacircnica com
a presenccedila de muitas ruas sem saiacuteda
O Mapa 2 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1965 a seguir retrata o crescimento da malha urbana
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Segundo Magrini (2008) na deacutecada de 1950 houve um surto migratoacuterio e a instalaccedilatildeo de
diversas firmas comerciais Nesse periacuteodo construiu-se o primeiro Terminal Rodoviaacuterio com
verbas municipais e investimentos da iniciativa privada e teve iniacutecio tambeacutem a comemoraccedilatildeo
da Festa Nacional do Milho evento que ateacute hoje expressa as manifestaccedilotildees culturais da
regiatildeo
Figura 15 Patos de
Minas da deacutecada de
1960
Elaborado pela autora segundo fonte Arquivo de Marialda Coury Foto Joatildeo Lucas Ribeiro Borges
Observando o crescimento da malha urbana de Patos de Minas ateacute 1965 (ilustrado pela
Figura 15) pode-se constatar que houve uma grande expansatildeo da mesma entre a deacutecada de
1950 e 1960 Nesse periacuteodo o aumento populacional ocorreu predominantemente na aacuterea
urbana conforme mostra a Tabela 02 a seguir
Periacuteodo
Populaccedilatildeo Total do
Municiacutepio
Populaccedilatildeo Urbana do Municiacutepio
Populaccedilatildeo Rural do
Municiacutepio
1950 45399 12525 32874
1960 72839 32511 40328
1970 76211 44877 31334
1980 86121 63302 22819
1990 102946 87403 15543
2000 123881 111333 12548
2010 138710 127724 10986
2014 147614 - -
Tabela 2 Crescimento Populacional de Patos de Minas Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Magrini 2008 Populaccedilatildeo prevista segundo o IBGE
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Nas deacutecadas seguintes a 1960 como se pode antever pela Tabela 2 o crescimento da zona
rural foi diminuindo gradativamente e a populaccedilatildeo da aacuterea urbana aumentando
impulsionando o crescimento da malha urbana
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DA DEacuteCADA DE 1970 ATEacute A DEacuteCADA DE 1980
Incorporaccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua
Nas deacutecadas de 1960 e 1970 periacuteodo de ditadura Militar segundo Magrini (2010) Patos de
Minas passou por uma estagnaccedilatildeo econocircmica devido agrave emancipaccedilatildeo poliacutetica de dois
importantes Lagoa Formosa e Guimaracircnia no mesmo periacuteodo houve grande deslocamento
de patenses para a nova capital do paiacutes Brasiacutelia em busca de empregos
Justamente na eacutepoca da mudanccedila da capital do paiacutes para
Brasiacutelia Patos de Minas perde caracteriacutestica de centro
rodoviaacuterio e transforma-se no ldquopassa perto de Patosrdquo com
estradas asfaltadas em volta num eixo de 130 km Natildeo se
vinha aqui como antes ateacute que a BR 354 inaugurada em
1972 abolia este malfadado passa perto ressurgindo toda a
movimentaccedilatildeo comercial completada pela BR ndash 365 em
1974 (MELLO 1992 p54)
De 1965 ateacute os anos 1980 Patos de Minas praticamente dobrou a sua aacuterea de ocupaccedilatildeo
decorrente principalmente do processo de ecircxodo rural Segundo Oliveira (2010) os vetores
direcionavam para todos os sentidos sendo apenas o oeste limitado pelo Rio Paranaiacuteba os
cursos drsquoaacutegua menores natildeo foram uma barreira para esta expansatildeo
O Mapa 3 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1980 a seguir retrata o crescimento da malha urbana nesse periacuteodo
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Em 1982 foi iniciada a urbanizaccedilatildeo da Lagoa dos Japoneses a Lagoa Grande (Figura 16 e
Figura 17) com a reduccedilatildeo significativa da aacuterea alagada e a construccedilatildeo do Terminal
Rodoviaacuterio No entorno da lagoa foi criado o Parque Recreativo Dr Itagiba depois renomeado
como Parque Dr Itagiba Augusto Silva o primeiro parque urbano da cidade um dos principais
cartotildees postais da cidade espaccedilo de lazer e contemplaccedilatildeo
Figura 16 Projeto para o
Parque Recreativo Dr
Itagiba a construccedilatildeo ao
lado esquerdo da figura
representa o Terminal
Rodoviaacuterio Fonte Jornal
A Debulha O projeto do
parque Ano VIII nordm178
janeiro de 1988 paacuteg7
Figura 17 Planta do Parque Dr Itagiba Augusto Silva ndash Lagoa Grande Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2014
43 |
Em 1986 foi iniciada a canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo inicialmente uma Avenida
Sanitaacuteria no Coacuterrego do Monjolo (Figura 18) atualmente conhecida como Avenida Faacutetima
Porto as obras terminaram em 1996 Segundo Caixeta amp Vlach (2009) a canalizaccedilatildeo
acarretou inicialmente na ocupaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo do entorno e devido agrave resoluccedilatildeo dos
problemas sanitaacuterios que aiacute existiam
Figura 18 Canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo deacutecada de 1990 Foto Arquivo de Donaldo Amaro Teixeira Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=7568 Acesso em maio de 2015
Com o decorrer dos anos e a instalaccedilatildeo dos bairros no entorno o Coacuterrego do Monjolo passou
a apresentar problemas com enchentes e um forte odor provavelmente a canalizaccedilatildeo do
coacuterrego jaacute natildeo suportava mais o volume de aacutegua pluvial dos bairros aleacutem da presenccedila de
esgotos clandestinos Tais problemas geraram novos projetos de canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do
Monjolo nas deacutecadas seguintes
44 |
134
DA DEacuteCADA DE 1990 ATEacute OS DIAS ATUAIS
A FORMA URBANA ATUAL
No final da deacutecada de 1980 houve a descoberta da uma jazida de Fosfato Sedimentar na
localidade da Rocinha (aacuterea rural) o que impulsionou a instalaccedilatildeo de induacutestrias voltadas para
o agronegoacutecio iniciado pelas Sementes Agroceres SA (especialista tambeacutem em geneacutetica
suiacutena) Nesse periacuteodo ocorreu ainda um maior desenvolvimento teacutecnico da agricultura por
meio da irrigaccedilatildeo e do cultivo de novos cereais
Os reflexos do desenvolvimento comercial e industrial da regiatildeo foram notados na
implantaccedilatildeo de induacutestrias de confecccedilotildees agroinduacutestrias e na instalaccedilatildeo da multinacional Cica
que impulsionou o cultivo de milho ervilha e tomate5
A implementaccedilatildeo de induacutestrias somadas agraves pressotildees poliacuteticas acarretou na instalaccedilatildeo de um
distrito industrial na porsatildeo sul e oeste da cidade expandindo o periacutemetro urbano para aleacutem
das margens do Rio Paranaiacuteba A criaccedilatildeo do distrito industrial influenciou a ocupaccedilatildeo ao longo
da Avenida Presidente Juscelino Kubitschek construiacuteda nos anos 1970 para ligaccedilatildeo do nuacutecleo
urbano agraves rodovias BR-354 e BR-365 comportando-se entatildeo como principal acesso da
cidade
O Mapa 4 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o ano de
2015 a seguir apresenta a forma urbana atual da cidade
5 A multinacional Cica permaneceu na cidade ateacute 2001 depois se deslocou para o Estado de Goiaacutes quando perdeu parte dos incentivos fiscais oferecidos pela cidade
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Na deacutecada de 1990 a expansatildeo da malha urbana ultrapassou as aacutereas de algumas reservas
ambientais que se transformaram nos principais parques urbanos da cidade o Parque
Municipal do Mocambo (Figura 19) em 1990 e o Parque Municipal Joatildeo Luiz Redondo (Figura
20) em 1994 ambos localizados em aacutereas de lagoas
Figura 19 Parque Municipal do
Mocambo 1992 Fonte Arquivo
de Donaldo Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecadepatoscombr
p=8437 Acesso em marccedilo de
2015
Figura 20 Parque
Municipal Joatildeo Luiz
Redondo (Lagoinha)
deacutecada de 1990 Fonte
Arquivo de Donaldo
Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecade
patoscombrp=75
54 Acesso em marccedilo
de 2015
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Foi criado tambeacutem na deacutecada de 1990 na Lei Municipal nordm 2872 de 03 de outubro de 1991
o Parque Mirante do Alto da Colina (ainda natildeo implantado) e a Lei Municipal nordm 2871 de 03
de outubro de 1991 declara a aacuterea denominada Lagoa e Bosque do ldquoPATAtildeOrdquo de preservaccedilatildeo
permanente onde desde entatildeo se cogita a implantaccedilatildeo de um parque urbano
Figura 21 Rua Mirico Caixeta ao fundo a Mata do Catingeuiro Evidenciando a falta de conexatildeo da
mata com o entorno Foto Acervo pessoal 2015
Figura 22 Rua 0 e o desmatamento na Mata do Catingeiro Foto Acervo
pessoal 2015
Em 2014 foi aprovada a criaccedilatildeo do Parque
de Preservaccedilatildeo Mata do Catingueiro uma
tentativa de proteger os restigios da mata
localizado no setor leste aacuterea que
recentemente recebeu muitos loteamentos
que foram implantados sem se estabelecer
uma aacuterea de transiccedilatildeo ou de integraccedilatildeo da
mata com a malha urbana sem passeios
ciclovias praccedilas ou parques conforme
ilustrado na Figura 21 A mata do
Catingueiro tem sido um constante alvo de
queimadas e desmatamento a Figura 22
mostra os vestiacutegios da mata
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Figura 23 Programa MCMV- Jardim Quebec II com 437unidades localizado na porccedilatildeo noroeste da
cidade ao fundo da figura a mata ciliar do Rio Paranaiacuteba e plantaccedilotildees de cafeacute Foto Sacircmara C P Lima
2014
Na deacutecada de 2010 ocorreu a expansatildeo do periacutemetro urbano no sentindo norte pela primeira
vez para aleacutem do Coacuterrego do Limoeiro devido agrave instalaccedilatildeo de um campus da Universidade
Federal de Uberlacircndia na aacuterea Observa-se na Figura 23 que a aacuterea do extremo noroeste da
cidade estaacute em processo de expansatildeo da malha urbana e apresenta construccedilotildees habitacionais
do Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) na cidade
Notamos diversas transformaccedilotildees na malha urbana de Patos de Minas ao longo das deacutecadas
desde a implantaccedilatildeo do nuacutecleo urbano aos desdobramentos econocircmicos poliacuteticos e sociais
que direcionaram o crescimento da cidade e a transformaccedilatildeo da paisagem
O tecido urbano e o crescimento das cidades brasileiras como eacute o caso de Patos de Minas se
daacute pela conformaccedilatildeo do sistema viaacuterio pelos padrotildees de parcelamento do solo por
edificaccedilotildees e pelos espaccedilos livres Patos possui uma relaccedilatildeo cultural e econocircmica muito forte
com a zona rural A linha de transiccedilatildeo entre o urbano e o rural eacute muito tecircnue principalmente
nas aacutereas de borda urbana Nesses bairros de periferia ou de limite da mancha urbana a
cidade termina no outro lado da rua depois de uma cerca de arame sem nenhum espaccedilo de
transiccedilatildeo o outro lado da cerca se configura como um espaccedilo livre com muitas
potencialidades de uso e conflitos
49 |
Figura 24 Paisagem urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora
Em Patos de Minas a paisagem urbana eacute emoldurada por serras cobertas por diferentes
plantaccedilotildees (Figura 24) a cidade termina onde o Rio Paranaiacuteba passa ou a cidade termina
onde comeccedilam os fundos de vale Ora cidade ora zona rural A paisagem tambeacutem eacute marcada
pela Catedral um contraste no meio do aglomerado urbano em uma zona em processo de
verticalizaccedilatildeo onde a Catedral se esconde e se revela A Catedral marca o iniacutecio da ocupaccedilatildeo
da regiatildeo em uma aacuterea de chapada na beira da lagoa hoje a chapada foi praticamente toda
ocupada e os bairros das bordas urbanas ocupam as aacutereas mais elevadas da cidade Do alto
desses bairros da borda eacute possiacutevel ver as lagoas e os coacuterregos pressentes na cidade espaccedilos
que se configuram como parques praccedilas e chaacutecaras espaccedilos livres de edificaccedilatildeo que
ressaltam a identidade da cidade e a paisagem urbana
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21 ESPACcedilOS LIVRES
ESPACcedilOS ABERTOS AacuteREAS VERDES
O conceito de espaccedilo livre de edificaccedilatildeo eacute amplo e complexo Para Nucci (2001) os espaccedilos
livres fazem parte de um grande grupo paisagiacutestico urbano que pode ser subdividido em
vaacuterias categorias dependendo do seu uso e funccedilatildeo sendo entatildeo um termo bastante
abrangente que agrega todos os outros conceitos similares como espaccedilos abertos aacutereas
verdes aacutereas livres sistemas de aacutereas de lazer cobertura vegetal entre outros
Segundo Queiroga (2006) Miranda Magnoli em sua tese de livre-docecircncia6 buscou afirmar o
espaccedilo livre como o objeto do paisagismo indo aleacutem do jardim do projeto com vegetaccedilatildeo
e da escala urbana Nesse sentido definiu espaccedilo livre como espaccedilo livre de edificaccedilotildees todo
espaccedilo descoberto urbano ou natildeo vegetado ou natildeo puacuteblico ou privado De acordo com a
autora para a anaacutelise de um dado recorte escalar propotildee-se que o estudo dos espaccedilos livres
deva ir aleacutem dos espaccedilos vegetados e dos espaccedilos puacuteblicos envolvendo todos os espaccedilos
livres do referido recorte Ou seja para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na cidade
eacute preciso ir aleacutem da anaacutelise dos espaccedilos puacuteblicos ou dos vegetados eacute preciso identificar todas
as aacutereas natildeo construiacutedas na cidade os espaccedilos privados intra-lote os lotes e glebas ociosas
as ruas os passeios etc
Os espaccedilos livres satildeo um dos principais estruturadores da forma urbana e um dos principais
elementos caracterizadores da paisagem urbana Segundo Magnoli (1982) os espaccedilos livres
satildeo os ambientes natildeo edificados da cidade as ruas avenidas praccedilas parques quintais
jardins rios matas mangues praias urbanas ou simples vazios urbanos
Quando adotamos o termo aacutereas verdes ou aacutereas verdes urbanas nos referimos a um
subsistema dentro do Sistema de Espaccedilos Livres que engloba principalmente as aacutereas de
preservaccedilatildeo permanente (APPrsquos) reservas legais (RL) e a arborizaccedilatildeo urbana Segundo
6 MAGNOLI Miranda Espaccedilos livres e urbanizaccedilatildeo uma introduccedilatildeo a aspectos da paisagem metropolitana 1982 116 p Tese (Livre-docecircncia em Arquitetura e Urbanismo) ndash Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1982
52 |
Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilo livre eacute adotado se sobrepondo contendo e
ampliando o conceito usual de aacutereas verdes termo que tem como base a necessidade de
espaccedilos livres dotados de vegetaccedilatildeo De acordo com o autor o termo aacutereas verdes eacute
reducionista desconsidera as caracteriacutesticas fundamentais do espaccedilo urbano como a
complexidade e diversidade das formas de apropriaccedilatildeo e apreensatildeo social e o fato real da
impossibilidade fiacutesica e mesmo da inconveniecircncia da existecircncia de vegetaccedilatildeo em
determinados espaccedilos livres
De acordo com Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilos livres natildeo desconsidera o papel
da vegetaccedilatildeo nas cidades brasileiras como elemento facilitador da drenagem urbana criador
de microclimas mais agradaacuteveis contribuindo para a manutenccedilatildeo da diversidade animal e
vegetal e ainda como fator de embelezamento urbano mas natildeo desconsidera a importacircncia
dos espaccedilos natildeo vegetados para inuacutemeras praacuteticas de relevacircncia cultural das feiras agraves festas
populares das manifestaccedilotildees poliacuteticas agrave valorizaccedilatildeo de determinadas paisagens e
patrimocircnios culturais
Entretanto apesar dos crescentes avanccedilos nas discussotildees sobre os espaccedilos livres muitos
autores planos diretores planos de uso e ocupaccedilatildeo ainda natildeo compreenderam o termo
como em Patos de Minas onde adota-se o termo aacutereas verdes nas leis municipais e plano
diretor Na Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo de Patos de Minas (2008) as aacutereas verdes satildeo
descritas como porccedilotildees situadas na Macrozona Urbana destinadas a oferecer espaccedilos
puacuteblicos adequados e qualificados agraves atividades de recreaccedilatildeo lazer e turismo da populaccedilatildeo
de forma a conciliar a proteccedilatildeo dos bens naturais e culturais As cidades precisam de reservas
de aacutereas verdes e de espaccedilos livres de qualidade para praacutetica de atividades culturais de lazer
e contemplaccedilatildeo Observa-se que na lei municipal de Patos de Minas existe uma sobreposiccedilatildeo
entre a funccedilatildeo das reservas de aacutereas verdes e dos espaccedilos de praacuteticas socias sobreposiccedilatildeo
essa presente no conceito dos espaccedilos livres
A implantaccedilatildeo dos espaccedilos livres puacuteblicos depende de uma gestatildeo adequada e integrada dos
recursos com uma fiscalizaccedilatildeo efetiva o que implica no desenvolvimento de poliacuteticas
puacuteblicas permanentes que viabilizem as intervenccedilotildees e necessidades dos espaccedilos livres
Segundo Loboda amp Angelis (2012) o planejamento das aacutereas verdes (puacuteblicas) urbanas parte
de uma definiccedilatildeo de recursos que eacute residual as necessidades satildeo amenizados com recursos
que sobram de outras atividades consideradas como mais prioritaacuterias e que geralmente
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incluem-se nesse acircmbito aquelas de cunho estrateacutegico poliacutetico e econocircmico O autor cita um
problema frequente em diversas cidades brasileiras a falta de recursos destinados aos
espaccedilos puacuteblicos e dentre eles as aacutereas verdes urbanas um dos principais espaccedilos livres das
cidades
De acordo com Magnoli (1982) a localizaccedilatildeo acessibilidade e distribuiccedilatildeo dos espaccedilos livres
formam um complexo sistema de conexotildees com muacuteltiplos papeacuteis urbanos atividades do oacutecio
circulaccedilatildeo urbana conforto conservaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo ambiental drenagem urbana
imaginaacuterio e memoacuteria urbana lazer e recreaccedilatildeo dentre outros Todas essas funccedilotildees
exercidas no ambiente urbano pelos espaccedilos livres assim como a localizaccedilatildeo acessibilidade
distribuiccedilatildeo tipos de usos e configuraccedilatildeo espacial estatildeo organizadas de maneira sistecircmica na
cidade formando o Sistema de Espaccedilos Livres
22 O PENSAMENTO SISTEcircMICO
As cidades independentemente da sua localidade histoacuteria e configuraccedilatildeo satildeo formadas de
modo geral por espaccedilos livres e espaccedilos edificados duas categorias espaciais estruturantes
da forma urbana A configuraccedilatildeo dos espaccedilos livres eacute variaacutevel nas cidades brasileiras por
diversas questotildees como caracteriacutesticas territoriais bioma configuraccedilatildeo paisagiacutestica pela
existecircncia ou ausecircncia de planos urbanos e principalmente pelos processos de urbanizaccedilatildeo e
de transformaccedilatildeo da paisagem
A cidade eacute um conjunto de elementos sistemas e funccedilotildees e os espaccedilos livres formam um dos
principais sistemas capaz de estruturar toda a configuraccedilatildeo urbana De acordo com Tardin
(2010) e DrsquoAgostini amp Cunha (2007) sistema eacute um conjunto de elementos passiacutevel de
estabelecer inter-relaccedilotildees fiacutesicas funcionais estruturais morfoloacutegicas e relativas agrave vivecircncia
da paisagem abertas e intricadas entre si com seu entorno e com as pessoas que o
vivenciam
De acordo com Morin (2008) apud Queiroga (2014) o conceito de sistema implica natildeo
somente elementos inter-relacionaacuteveis mas tais relaccedilotildees constituem uma organizaccedilatildeo e uma
estrutura relativamente estaacutevel que caracteriza o sistema como um todo A organizaccedilatildeo
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sistecircmica por sua vez conteacutem as relaccedilotildees que definem o sistema e que o transformam
alterando sua estrutura possibilitando sua permanecircncia e contendo a possibilidade concreta
de sua dissoluccedilatildeo Para o autor o termo exprime multiplicidade totalidade diversidade
organizaccedilatildeo e complexidade
A noccedilatildeo de sistema auxilia o estudo dos espaccedilos livres urbanos e o entendimento das suas
relaccedilotildees de interdependecircncia complementaridade e hierarquia Segundo Schlee et al
(2009) considerando-se a paisagem como um macrossistema complexo formado de
subsistemas os espaccedilos livres urbanos constituem um dos seus subsistemas inter-
relacionados com outros subsistemas urbanos e rurais e que podem se justapor ao Sistema
de Espaccedilos Livres ou se sobrepor total ou parcialmente enquanto sistemas de accedilotildees
[] entende-se como sistemas de espaccedilos livres (SEL)
urbanos os elementos e as relaccedilotildees que organizam e
estruturam o conjunto de todos os espaccedilos livres de um
determinado recorte urbano independentemente de sua
dimensatildeo qualificaccedilatildeo esteacutetica funcional e de sua
localizaccedilatildeo e propriedade sejam eles puacuteblicos ou privados
[] toda cidade possui um sistema de espaccedilos livres que eacute
produzido durante seu processo de formaccedilatildeo tanto pelo
Poder Puacuteblico como pela iniciativa privada (MACEDO 2010
p 3 e 4)
O autor afirma que todas as cidades independente do seu porte de suas caracteriacutesticas
culturais e histoacutericas possuem um Sistema de Espaccedilos Livres Essa afirmaccedilatildeo incita diversas
questotildees que conduziram esta pesquisa pontos voltados ao objeto de estudo a cidade de
Patos de Minas uma cidade meacutedia
O SEL DE UMA MEGAacuteLOPOLE OU METROacutePOLE Eacute
DIFERENTE DO SEL DE UMA PEQUENA CIDADE OU DE
UMA CIDADE MEacuteDIA
O MESMO TIPO DE ANAacuteLISE QUE SE APLICA PARA O
ENTENDIMENTO DO SEL DE UMA CIDADE DE GRANDE
PORTE PODE SER APLICADO PARA UMA CIDADE DE
MEacuteDIO PORTE
EXISTEM TIPOS DE ESPACcedilOS LIVRES FUNCcedilOtildeES OU
RELACcedilOtildeES QUE CARACTERIZAM O SISTEMA DE ESPACcedilOS
LIVRES DE UMA CIDADE MEacuteDIA
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23 OS ESPACcedilOS LIVRES NAS
CIDADES MEacuteDIAS
O espaccedilo livre eacute parte estruturante da forma urbana ele se configura em diferentes
categorias tipologias e caracteriacutesticas no meio urbano principalmente pela introduccedilatildeo ao
longo da histoacuteria de diferentes padrotildees urbaniacutesticos nas cidades O processo de urbanizaccedilatildeo
das cidades eacute uma soma e por vezes ateacute uma sobreposiccedilatildeo de padrotildees morfoloacutegicos esses
traccedilados geram diferentes paisagens com diferentes tipos de espaccedilos livres Incorporando ao
sistema um rico mosaico espacial formado por diferentes porcentagens de espaccedilos livres
intra lote caracteriacutesticos de traccedilados distintos por diferentes tipos de praccedilas aacutereas de
preservaccedilatildeo parques ruas e avenidas Aacutereas essas que apresentam diversos conflitos e
possuem um intenso potencial de transformaccedilatildeo
Segundo Macedo et al (2012) as cidades brasileiras possuem padrotildees morfoloacutegicas
semelhantes isso fica evidente na repeticcedilatildeo dos tipos de traccedilado (ortogonais orgacircnicos
radiais) e nos padrotildees de mancha urbana (linear tentacular compacta mista) O que confere
a especifidade das diversas cidades eacute a forma como elas estatildeo inseridas em seu contexto
territorial os arranjos espaciais seus padrotildees culturais socioeconocircmicos a legislaccedilatildeo
municipal as tipologias e funccedilotildees dos espaccedilos livres e a paisagem urbana Nas cidades meacutedias
brasileiras a forma como os padrotildees morfoloacutegicos se adequam ao suporte fiacutesico
transformando paisagem a local confere ao Sistema de Espaccedilos Livres diferentes dinacircmicas
espaciais funcionais e tipoloacutegicas
Como dito anteriormente neste trabalho a proposta natildeo eacute discutir o que determina uma
cidade como de meacutedio porte ou natildeo mas entender essas cidades como centro urbanos em
crescimento onde novos traccedilados e dinacircmicas urbanas satildeo somadas agrave cidade existente
transformando a paisagem local Na atual conjuntura brasileira segundo Tacircngari et al(2009)
apoacutes a deacutecada de 1980 as cidades meacutedias passaram a crescer mais rapidamente em
comparaccedilatildeo com as metroacutepoles um processo de diminuiccedilatildeo do movimento migratoacuterio em
direccedilatildeo agraves megaloacutepoles e o seu direcionamento para as cidades meacutedias que apresentam
grande potencial de crescimento econocircmico e tecircm seus atributos esteacuteticos e econocircmicos
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valorizados atraveacutes da propagaccedilatildeo da ideia de que cidades de meacutedio porte podem apresentar
mais qualidade de vida que as grandes metroacutepoles
As cidades meacutedias reproduzem os padrotildees morfoloacutegicos e culturais vindos do contexto das
grandes cidades e das pequenas cidades ou povoados de seu entorno Um exemplo dessa
influecircncia vinda das grandes cidades satildeo os condomiacutenios fechados propostos inicialmente
pelo mercado imobiliaacuterio como locais de seguranccedila e lazer proacuteximos aos grandes centros
urbanos esse mesmo padratildeo de condomiacutenio fechado eacute aplicado nas cidades meacutedias onde a
criminalidade eacute bem menor e as distacircncias a serem percorridas satildeo mais curtas Um exemplo
da influecircncia vinda das pequenas cidades e povoados proacuteximos satildeo as chaacutecaras pastos e
plantaccedilotildees presentes dentro malha urbana
Patos de Minas eacute um exemplo de cidade meacutedia em crescimento que recebe influecircncias
culturais e de padrotildees morfoloacutegicos uma cidade que possui caracteriacutesticas especiacuteficas de seu
suporte fiacutesico de seu processo histoacuterico e cultura que influenciam diretamente na malha
urbana as tipologias de espaccedilos livres e os tipos de apropriaccedilatildeo desses espaccedilos
Se observarmos em Patos de Minas as caracteriacutesticas da condiccedilatildeo de cidade meacutedia como por
exemplo a localizaccedilatildeo estrateacutegica entre cidades de maior e menor porte Percebemos que a
cidade atrai pessoas do entorno para desfrutar de suas potencialidades econocircmicas e de seus
aparatos de lazer (parques praccedilas locais de exposiccedilatildeo agropecuaacuteria) o que contribui
diretamente para geraccedilatildeo de renda e uso dos espaccedilos A cidade possui uma relaccedilatildeo direta
com cidades de maior porte que servem de escoamento da produccedilatildeo e suprimento de
mercadorias essa relaccedilatildeo de proximidade atrai para cidade eventos e exposiccedilotildees e pode
motivar influecircncias sobre as tipologias de espaccedilos livres gerados (assim como o processo de
globalizaccedilatildeo tambeacutem pode exercer esse papel)
Eacute nesse contexto de crescimento das cidades meacutedias e influecircncias morfoloacutegicas e culturais
que o Sistema de Espaccedilos Livres precisa ser pensado e entendido como uma infraestrutura
baacutesica para o desempenho da vida cotidiana urbana Segundo Souza amp Macedo (2014) o SEL
deve oferecer condiccedilotildees de habitabilidade urbana e para isso eacute necessaacuterio que se estabeleccedila
um diagnoacutestico baseado na existecircncia ou ausecircncia de uma seacuterie de atributos urbanos
necessaacuterios e qualitativos que deveriam orientar accedilotildees poliacuteticas e projetos de maneira a
formar um Sistema de Espaccedilos Livres integrado agrave paisagem local e a demanda da populaccedilatildeo
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O autor afirma que eacute preciso fazer uma leitura da cidade de seus condicionantes conflitos e
potencialidades para entender como se estrutura o SEL suas funccedilotildees e seu potencial de
transformaccedilatildeo e organizaccedilatildeo na cidade
Partimos para anaacutelise da forma urbana patense buscando o entendimento de como as
caracteriacutesticas especiacuteficas do suporte fiacutesico da organizaccedilatildeo espacial da situaccedilatildeo fundiaacuteria e
dos tipos de usos e funccedilotildees exercidas pelos espaccedilos livres estruturam o Sistema de Espaccedilos
Livres de Patos de Minas
24 OS ESPACcedilOS LIVRES NA FORMA URBANA DE
PATOS DE MINAS
Para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na forma urbana de Patos de Minas a
anaacutelise foi dividida em trecircs principais enfoques RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA CONFIGURACcedilAtildeO
ESPACIAL e RELACcedilAtildeO DE USOS DO SOLO A leitura da cidade apresentada por esses trecircs
acircngulos somada ao entendimento de paisagem forma urbana e da formaccedilatildeo e
transformaccedilatildeo da malha urbana patense apresentados no capiacutetulo anterior nos possibilitam
o entendimento do Sistema Espaccedilos Livres de Patos de Minas como um todo com suas
categorias tipoloacutegias e relaccedilotildees sistecircmicas
Os trecircs principais enfoques foram determinados com base nas principais caracteriacutesticas da
cidade nas suas peculiaridades na sua condiccedilatildeo de cidade de meacutedio porte Provavelmente
um outro tipo de cidade com outras caracteriacutesticas de paisagem demandaria outro segmento
de anaacutelise
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241
RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA
ESPACcedilOS LIVRES x SUPORTE ambiental
O principal objetivo desse subcapiacutetulo eacute analisar as caracteriacutesticas do suporte ambiental sobre
o qual a cidade de Patos de Minas foi implantada buscando identificar quais espaccedilos livres
presentes na cidade incorporam esses elementos da paisagem O suporte ambiental eacute parte
da paisagem urbana ele eacute formado por elementos como corpos drsquoaacutegua vegetaccedilatildeo relevo
solos e clima
Estatildeo cada vez mais presentes nos planos diretores e na legislaccedilatildeo ambiental denominaccedilotildees
como reservas florestais puacuteblicas e privadas parques lineares parques ecoloacutegicos unidades
de conservaccedilatildeo aacutereas de proteccedilatildeo permanente (APPrsquos) aleacutem de referecircncias agrave
sustentabilidade e agrave ecologia Essas denominaccedilotildees muitas vezes geram espaccedilos livres
voltados agrave funccedilatildeo de conservaccedilatildeo e proteccedilatildeo ambiental Entretanto os espaccedilos livres
vinculados ao suporte fiacutesico natildeo possuem somente a funccedilatildeo de conservaccedilatildeo ambiental eles
possuem outros papeacuteis no meio urbano como recreaccedilatildeo infraestrutura urbana contribuir
com a drenagem pluvial possibilitar microclimas urbanos mais agradaacuteveis contribuir para
manutenccedilatildeo da biodiversidade e valores esteacuteticos Segundo Queiroga (2012) a
permeabilidade do solo e a cobertura arboacuterea permitem a conservaccedilatildeo de paisagens com
melhor desempenho ambiental mitigando problemas comuns nas aacutereas urbanas a qualidade
da aacutegua e do ar a manutenccedilatildeo da qualidade do solo controle de erosatildeo abastecimento dos
aquiacuteferos e regulaccedilatildeo das enchentes
Os espaccedilos livres vinculados ao suporte ambiental como os corpos drsquoaacutegua e a vegetaccedilatildeo
constantemente satildeo alvo de degradaccedilatildeo ambiental o que ressalta a sua funccedilatildeo ambiental
dentro do sistema Entretanto a mitigaccedilatildeo desses problemas natildeo eacute uma questatildeo pertinente
apenas ao planejamento ambiental das cidades De acordo com Jacobs (2001) as aacutereas livres
puacuteblicas estruturam o espaccedilo urbano satildeo o principal suporte espacial para o encontro e a
vivecircncia urbana Segundo a autora a degradaccedilatildeo do espaccedilo urbano observada pela reduccedilatildeo
de aacutereas puacuteblicas de lazer deficiecircncia na arborizaccedilatildeo urbana excessiva impermeabilizaccedilatildeo do
solo aumento da temperatura e criaccedilatildeo de ilhas de calor danos ambientais diversos
diminuiccedilatildeo da qualidade da ambiecircncia urbana e perda de qualidade de vida constitui um
59 |
problema que extrapola a esfera fiacutesicaespacial constituindo um problema social visto que
desencoraja o uso da rua e dos espaccedilos livres como locais de encontro necessaacuterios para a
manutenccedilatildeo das praacuteticas sociais
Ao longo do processo de urbanizaccedilatildeo das cidades brasileira foram comuns situaccedilotildees em que
aacutereas de reserva natural foram desmatadas para dar lugar a loteamentos coacuterregos foram
canalizados e desapareceram da paisagem urbana ou foram canalizadas a ceacuteu aberto tiveram
sua APP desmatada e impermeabilizada para dar lugar a avenidas e aacutereas construiacutedas como
no caso da Figura 26
Figura 26 Coacuterrego do Monjolo em Patos de Minas canalizado a ceacuteu aberto na deacutecada de 1970 com APP desmatada e grande parte do seu entorno impermeabilizado Agraves margens do coacuterrego a Av Faacutetima Porto Foto Acervo pessoal 2014
Atualmente esse tipo de tratamento de supressatildeo da vegetaccedilatildeo das APPrsquos em aacutereas
urbanizadas eacute cada vez mais incomum7 o que contribui para a conservaccedilatildeo desses recursos
naturais Entretanto gradativamente mais a legislaccedilatildeo ambiental trata a funccedilatildeo ambiental dos
espaccedilos como algo isolado entendendo as APPrsquos como locais onde natildeo podem existir
intervenccedilotildees desconsiderando que esses espaccedilos podem estar vinculados a outras funccedilotildees
como por exemplo recreaccedilatildeo educaccedilatildeo ambiental valorizaccedilatildeo da paisagem De acordo com
7 Os casos excepcionais nos quais eacute permitido a supressatildeo da vegetaccedilatildeo em APP estatildeo definidos pela Resoluccedilatildeo CONAMA 36906
22 |
A morfologia urbana eacute um campo disciplinar que abrange o estudo das cidades das formas
dos tecidos e da paisagem O estudo da morfologia contribui para o entendimento da
estrutura da cidade sua formaccedilatildeo e transformaccedilatildeo por meio de seus elementos
constituintes Segundo Lamas (2004) os elementos morfoloacutegicos constituintes satildeo o solo os
edifiacutecios o lote o quarteiratildeo a fachada o logradouro o traccediladorua a praccedila o monumento
a vegetaccedilatildeo e o mobiliaacuterio urbano O autor denomina como elementos morfoloacutegicos as partes
fiacutesicas que associadas ou estruturadas constituem a forma urbana Existem diversos
conceitos e definiccedilotildees que abordam a morfologia das cidades este trabalho apresentaraacute
algumas delas
Segundo Del Rio (1990) a anaacutelise da morfologia urbana estaacute em compreender a loacutegica da
formaccedilatildeo evoluccedilatildeo e transformaccedilatildeo da forma da cidade e de suas inter-relaccedilotildees a fim de
possibilitar a identificaccedilatildeo de accedilotildees mais apropriadas cultural e socialmente para a
intervenccedilatildeo urbana e o desenho de novos espaccedilos Segundo Rossi (2001) a cidade eacute uma
obra reconhecida pelo conjunto de sua forma mas tambeacutem pode ser identificada por
pequenas partes do conjunto em seus diversos momentos a forma urbana eacute a soma dos
diversos tecidos e padrotildees morfoloacutegicos que formam a cidade
O tecido urbano ou a malha urbana de acordo com Rego e Meneguetti (2011) satildeo
configurados pelo sistema viaacuterio pelo padratildeo do parcelamento do solo pela aglomeraccedilatildeo e
pelo isolamento das edificaccedilotildees assim como pelos espaccedilos livres Em outras palavras o
tecido de cidade eacute dado pelos edifiacutecios ruas quadras e lotes parques praccedilas e monumentos
nos seus mais variados arranjos Esses elementos morfoloacutegicos presentes no tecido urbano
segundo Moudon (1997) devem ser considerados como organismos ndash constantemente em
atividade e assim em transformaccedilatildeo ao longo do tempo eles existem em inter-relaccedilatildeo com
as estruturas edificadas conformando e sendo conformadas pelos espaccedilos livres O modo
como cada um desses elementos morfoloacutegicos se organizou e conforma o tecido da cidade
pode ser entendido como um objeto de estudo da morfologia urbana
A forma urbana reflete os processos de formaccedilatildeo da cidade os processos sociais que se
consolidam nos tecidos urbanos que levam a sociedade a construir de uma maneira
determinada e caracteriacutestica suas casas escolas comeacutercios induacutestrias etc Segundo
Carvalho (2011) os tecidos urbanos satildeo configurados a partir da homogeneidade dos
seguintes elementos traccedilado da malha viaacuteria padrotildees de uso (residencial comercial de
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serviccedilos e industrial) padratildeo edificado (padratildeo arquitetocircnico e do gabarito) e suporte fiacutesico
(topografia vegetaccedilatildeo e hidrografia
De acordo com Moudon (1997) os morfologistas atentam para os resultados tangiacuteveis de
questotildees sociais econocircmicas poliacuteticas ou seja estudam a manifestaccedilatildeo de ideias e
intenccedilotildees agrave medida que elas tomam forma no chatildeo e moldam as cidades O estudo
morfoloacutegico das cidades pode ser dividido em escolas de pensamento dentre elas a escola
italiana a escola francesa e a escola inglesa as quais analisaremos sinteticamente
observando suas principais caracteriacutesticas metodoloacutegicas bases bibliograacuteficas e formas de
pensamento
A escola italiana conforme Mondon (1997) tem seu iniacutecio nos estudos do arquiteto Saverio
Muratori (1910 ndash 1973) e de Gianfranco Caniggia (1933 ndash 1987) na deacutecada de 1940 Segundo
Rosaneli (2011) essa escola de pensamento possui como principal distintivo a preocupaccedilatildeo
com o destino das cidades histoacutericas italianas sobretudo devido aos efeitos das intervenccedilotildees
modernistas Essa escola apresenta uma maior preocupaccedilatildeo com o estudo tipoloacutegico das
edificaccedilotildees (fachadas estilos arquitetocircnicos gabarito) e de suas transformaccedilotildees ao longo do
tempo
A escola francesa apresenta ecircnfase na reflexatildeo geograacutefica e historiograacutefica sobre as cidades e
possui a contribuiccedilatildeo do socioacutelogo Henri Lefebvre (1901 ndash 1991) Assim como a escola italiana
a escola francesa se opotildee aos efeitos das intervenccedilotildees modernistas Rosaneli (2011) propotildee
uma reforma educacional no campo dos estudos urbanos e busca consolidar uma nova
ldquodisciplinardquo com duplo objetivo primeiro uma pesquisa descritiva multidisciplinar do espaccedilo
construiacutedo a fim de reconhecer ingredientes de um bom desenho e segundo a identificaccedilatildeo
e criacutetica de modelos teoacutericos de desenho urbano
A escola inglesa eacute fundamentada nos estudos do geoacutegrafo alematildeo Conzen (1907 ndash 2000) e
inicia-se na deacutecada de 1960 De acordo com Moudon (1994) a escola inglesa possui uma
anaacutelise morfoloacutegica descritiva analiacutetica e explanatoacuteria concentra-se no estudo da forma
urbana e apresenta o mais completo detalhado e sistemaacutetico meacutetodo tipo morfoloacutegico das
trecircs escolas
Conzen fundamenta-se na aplicabilidade da leitura dos planos urbanos (ldquotown-plansrdquo) para o
entendimento da formaccedilatildeo urbana De acordo com Conzen (1960) apud Rosaneli (2011) os
24 |
trecircs fundamentais elementos que compotildee os planos satildeo as ruas que estatildeo arranjadas em um
traccedilado os lotes ou parcelas individuais de terra juntamente com as quadrasquarteirotildees e os
edifiacutecios com seus conjuntos construiacutedos As diversas combinaccedilotildees desses trecircs principais
elementos constituiriam unidades distintas com ldquohomogeneidade morfoloacutegicardquo o que o
autor denominou de tecido urbano (ldquoplan unitrdquo ldquourban fabricrdquo ou ldquotessuto urbanordquo para a
escola italiana)
A morfologia urbana e suas diferentes escolas de pensamento retratam o estudo da forma
urbana e de seus elementos estruturantes dos processos culturais sociais econocircmicos e
poliacuteticos Os estudos morfoloacutegicos que mais se aplicam agrave presente pesquisa satildeo os da escola
inglesa onde desenvolve-se uma anaacutelise descritiva e analiacutetica do processo de urbanizaccedilatildeo
estudando as unidades com ldquohomogeneidade morfoloacutegicasrdquo trabalhadas nessa pesquisa por
meio das Unidades de Paisagem (porccedilotildees territoriais com semelhanccedila de traccedilado e interaccedilatildeo
entre os espaccedilos livres e edificados) e atraveacutes da anaacutelise do Sistema de Espaccedilos Livres uma
organizaccedilatildeo sistecircmica dos espaccedilos livres das diversas Unidades de Paisagem presentes em
uma aacuterea definida
Para o entendimento da configuraccedilatildeo do Sistema de Espaccedilos Livres Patense e de suas
Unidades de Paisagem partimos do estudo do processo de urbanizaccedilatildeo de Patos de Minas
observando as caracteriacutesticas morfoloacutegicas histoacutericas culturais e da paisagem urbana
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13 FORMACcedilAtildeO E TRANSFORMACcedilAtildeO DA
MALHA URBANA PATENSE
Figura 4 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Patos de Minas e apresentaccedilatildeo da forma urbana da cidade Elaborado pela autora segundo fonte Mapas da Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2006 e 2015
26 |
Patos de Minas eacute uma cidade meacutedia2 da regiatildeo intermediaacuteria agrave Mesorregiatildeo do Triacircngulo
Mineiro e Alto Paranaiacuteba Considerada poacutelo econocircmico regional a maior cidade da
microrregiatildeo do Alto Paranaiacuteba que eacute composta por 10 municiacutepios O municiacutepio de Patos de
Minas eacute formado por sete distritos o distrito sede eacute a cidade de Patos de Minas e os outros
satildeo Bom Sucesso Chumbo Major Porto Pilar Pindaiacutebas e Santana de Patos (identificados na
Figura 4)
Segundo o IBGE (2010) o municiacutepio de Patos de Minas possui aacuterea de 3189771Kmsup2
densidade demograacutefica de 4349 habkmsup2 e populaccedilatildeo de aproximadamente 147614
habitantes (populaccedilatildeo estimada em 2014)
Patos de Minas situa-se no Planalto Central Minas GeraisGoiaacutes com altitudes meacutedias de 800
a 900 metros Localiza-se entre duas grandes bacias hidrograacuteficas brasileiras a do Satildeo
Francisco e a do Paranaacute Sua localizaccedilatildeo estrateacutegica permite a ligaccedilatildeo da cidade a centros
comerciais como Uberlacircndia Belo Horizonte Brasiacutelia e Satildeo Paulo facilitando o intercacircmbio
comercial e o desenvolvimento econocircmico
De acordo com o IBGE (2012) o PIB (Produto Interno Bruto) do municiacutepio tem sua economia
baseada principalmente no setor de serviccedilos seguido do setor industrial e da agricultura
conforme Tabela 1
2 A dissertaccedilatildeo adota a conceituaccedilatildeo de cidades meacutedias desenvolvida por Amorim Filho e Serra (2001) cidade que ocupam uma posiccedilatildeo estrateacutegica na hierarquia urbana oferecendo suporte agraves cidades pequenas conforme a funccedilatildeo que desempenham e estabelecendo ligaccedilotildees com as cidades maiores intermediando as relaccedilotildees entre estes dois niacuteveis urbanos De acordo com os autores essas cidades satildeo espaccedilos de relaccedilotildees e natildeo de polarizaccedilatildeo ou dominaccedilatildeo satildeo cidades natildeo tatildeo pequenas a ponto de limitar as possibilidades de crescimento econocircmico e intelectual de seus habitantes e nem tatildeo grandes a ponto de onerar ndash e ateacute pocircr em risco ndash a vida da maioria de seus moradores
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Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas - 2012
Impostos sobre produtos liacutequidos de subsiacutedios a preccedilos correntes
248946 mil reais
PIB a preccedilos correntes 2495732 mil reais
PIB per capita a preccedilos correntes 1770650 mil reais
Valor adicionado bruto da agropecuaacuteria a preccedilos correntes 255908 mil reais
Valor adicionado bruto da induacutestria a preccedilos correntes 432152 mil reais
Valor adicionado bruto dos serviccedilos a preccedilos correntes 1558725 mil reais
Tabela 1 Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas-2012 Fonte IBGE 2012 em parceria com os Oacutergatildeos Estaduais de Estatiacutestica Secretarias Estaduais de
Governo e Superintendecircncia da Zona Franca de Manaus ndash SUFRAMA Disponiacutevel em
httpwwwcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=314800ampidtema=134ampsearch=mina
s-gerais|patos-de-minas|produto-interno-bruto-dos-municipios-2012 Acesso em dezembro de 2014
Entretanto observa-se que entre os setores o que mais exerce influecircncia cultural no
municiacutepio e na dinacircmica urbana eacute a agricultura somada a pecuaacuteria e ao agronegoacutecio
caracterizando as festas locais as manifestaccedilotildees culturais as formas de apropriaccedilatildeo da
paisagem as tipologias predominantes de espaccedilos livres e a histoacuteria de ocupaccedilatildeo do
municiacutepio Na agroinduacutestria destaca-se a produccedilatildeo de leite e derivados sementes e adubos
defensivos agriacutecolas carne suiacutena e derivados e alimentos enlatados A agricultura sempre
caracterizou a economia e a cultura local os produtos que se destacam satildeo o arroz soja
feijatildeo cafeacute maracujaacute tomate horticultura e o milho siacutembolo da festa regional a Festa
Nacional do Milho A pecuaacuteria possui significativa importacircncia econocircmica para o municiacutepio a
regiatildeo faz parte de uma das maiores bacias leiteiras do paiacutes Patos de Minas tambeacutem eacute
considerada poacutelo nacional de geneacutetica suiacutena detendo 70 da tecnologia nacional em
melhoramentos suiacutenos
Para analisarmos como se formou a cidade de Patos de Minas apresentaremos seus periacuteodos
urbanos em cinco partes a primeira retrata o iniacutecio do povoado ateacute 1930 depois de 1940 a
deacutecada de 1960 em seguida de 1970 ateacute a deacutecada 1980 e por fim o periacuteodo que vai de 1990
ateacute o ano de 2015 buscando assim retratar o crescimento urbano os principais
acontecimentos histoacutericos e a incorporaccedilatildeo dos elementos da paisagem
28 |
131
DO INIacuteCIO DO POVOADO ATEacute A DEacuteCADA DE 1930
BORGES X MACIEacuteIS
O processo de colonizaccedilatildeo da
regiatildeo ocupada hoje pelo
municiacutepio de Patos de Minas
teve iniacutecio provavelmente na
segunda metade do seacuteculo XVIII
antes mesmo da descoberta do
ouro no estado de Minas Gerais
com as bandeiras rumo agraves terras
de Paracatu A cidade de Patos
de Minas surgiu na segunda
deacutecada do seacuteculo XIX em torno
da Lagoa dos Patos (delimitada
na Figura 5) onde segundo as
descriccedilotildees histoacutericas existia uma
enorme quantidade de patos
silvestres
Figura 5 Crescimento Urbano de Patos de Minas ateacute o iacutenicio do seacuteculo XIX Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas Disponiveacutel em
httpwwwpatosdeminasmggovbrgaleriahistoricaspagesimage16php Acesso em maio de
2014 Elaborado pela autora
Segundo Oliveira Mello (1971) o povoado que deu origem a cidade de Patos de Minas se
iniciou em 1826 com a doaccedilatildeo do terreno por Antocircnio Joaquim da Silva Guerra e sua esposa
Luzia Correcirca de Andrade para a construccedilatildeo da capela de Santo Antocircnio situada hoje na atual
Praccedila Dom Eduardo proacutexima agrave Lagoa dos Patos na Avenida Liberdade atualmente conhecida
como Avenida Getuacutelio Vargas A partir de entatildeo diversas famiacutelias se instalaram no entorno da
capela originando o Arraial de Santo Antocircnio da Beira do Paranaiacuteba Em 1866 foi criada a Vila
de Santo Antocircnio dos Patos e em 1892 o presidente do Estado de Minas Gerais elevou a vila
agrave categoria de cidade de Patos de Minas
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Figura 6 Iniacutecio da ocupaccedilatildeo da cidade de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fontes
Prefeitura Municipal de Patos de Minas e MuP- Museu da Cidade de Patos de Minas
A Praccedila Dom Eduardo estaacute no centro do nuacutecleo original de povoamento ilustrado pela Figura
6 e representa a divisatildeo de influecircncia entre as duas famiacutelias da elite local que atuaram na
construccedilatildeo da paisagem urbana e na histoacuteria da cidade de Patos de Minas os Borges
catoacutelicos e monarquistas e os Dias Macieacuteis protestantes e republicanos
Ao norte da Praccedila Dom Eduardo encontam-se os Borges e seus parentes os Caixeta e os
Queiroz de acordo com Silva (2011) deste lado da cidade a paisagem se desenha por ruas
estreitas e curvas as quais conduzem a travessas e becos nitidamente ldquosemeadosrdquo agrave moda
lusitana de povoar Ao mesmo tempo os edifiacutecios mais antigos e caracteriacutesticos da aacuterea satildeo
todos em estilo colonial com altas janelas e portas retangulares Satildeo exemplos a antiga Casa
de Cacircmara e Cadeia localizada hoje na Praccedila Juquinha Caixeta (Figura 7) e os casarotildees do Dr
Joatildeo Borges e do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz a rua e a casa de Deiroacute Borges a Rua do
Tenente Bino o Beco da Zeacutelia a Praccedila da Dona Genoveva (Figura 8) a Rua do Alfredo Borges
a Praccedila Chiquinho Caixeta a Rua Dr Joseacute Oliacutempio Borges a Praccedila Dom Eduardo E ainda a
Travessa dos Queiroz onde se manteacutem de peacute a casa do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz
palco de criaccedilatildeo do partido de oposiccedilatildeo oficial aos ldquoMacieacuteisrdquo
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Figura 7 Casa de Cacircmara e Cadeia (o mais antigo edifiacutecio puacuteblico de Patos de Minas inaugurado em 1912 como Cacircmara Municipal Foacuterum e no reacutes-do-chatildeo a Cadeia Puacuteblica) e Praccedila Juquinha Caixeta Foto Acervo pessoal 2015 Figura 8 Rua Deiroacute Borges ao fundo Praccedila Dona Genoveva Foto Acervo pessoal 2015
Figura 9 Escola Estadual Marcolino de Barros Foto Fotoacutegrafo desconhecido 2008 Disponiacutevel em
httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=614809 Acesso em maio de 2014
Figura 10 Escola Estadual Antocircnio Dias Maciel Foto Acervo pessoal 2015
Ao sul da Praccedila Dom Eduardo em frente agrave Catedral de Santo Antocircnio estatildeo os Macieacuteis e seus
parentes os Santana Pacheco Barros Magalhatildees e Ferreira da Silva Segundo Silva (2011) os
Macieacuteis estatildeo ligados agrave modernizaccedilatildeo e agrave reordenaccedilatildeo urbana da cidade entre suas marcas
na paisagem estatildeo a Escola Estadual Marcolino de Barros(Figura 09) a Escola Estadual
Antocircnio Dias Maciel(Figura 10) a Rua Olegaacuterio Maciel a Casa de Olegaacuterio Maciel a Casa do
Dr Itagyba a Rua Farnese Maciel o Palacete de Amadeu Maciel a Rua Major Gote (apelido
de Sesoacutestris Dias Maciel) o Hospital Regional Antocircnio Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur
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Thomaz de Magalhatildees o Coreto Arthur Thomaz de Magalhatildees a Rua Joseacute de Santana a Praccedila
Antocircnio Dias a Rua Major Jerocircnimo [Dias Maciel] e a Praccedila Santana
Olegaacuterio Maciel figura poliacutetica representativa da regiatildeo alternou entre os cargos de
Deputado Federal e Agente Executivo de Municiacutepio no final do seacuteculo XIX ateacute chegar agrave
Presidecircncia do Estado de Minas Gerais nos anos de 1930 Segundo Borges (2008) esse
processo poliacutetico influenciou o desenvolvimento fiacutesico-territorial da cidade atraindo
investimentos do Governo do Estado para a construccedilatildeo das escolas do foacuterum e do Hospital
Regional
No fim do seacuteculo XIX em 1883 o entatildeo Agente do Executivo Olegaacuterio Dias Maciel3 ordenou
a criaccedilatildeo de um plano diretor para ordenar e reorientar o crescimento do povoado para o
sentido sul da Praccedila Dom Eduardo ldquona chapada ou chapadatildeordquo conforme segue na citaccedilatildeo
Seguiu‐se a risca o ldquoPlano Diretorrdquo indicado por Olegaacuterio
Maciel O vereador Eduardo Ferreira de Noronha em 21 de
setembro de 1906 indica que ()auxiliem a Cacircmara a
estudar o local mais conveniente em que se deve construir
o matadouro e respectivo curral oferecendo seu parecer
Hoje distanciados no tempo sabemos que a ldquoChapadardquo
paulatinamente abrigou aleacutem do Matadouro Municipal a
Casa do Coronel Farnese Dias Maciel a Casa de Amadeu
Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur Thomaz de
Magalhatildees o Passeio Puacuteblico a fonte luminosa o Coreto o
Cinema o Paccedilo Municipal o Hospital Antocircnio Dias Maciel o
Grupo Escolar o Foacuterum () Pari Passu tambeacutem foram
transladados outros elementos que se localizavam na
direccedilatildeo para a qual a cidade ia se deslocando a mudanccedila
do cemiteacuterio e da Igreja de Nossa Senhora do Rosaacuterio
(frequentada pelos negros) tambeacutem se constituiu como
marco simboacutelico da nova ordenaccedilatildeo urbana planeada por
Olegaacuterio Maciel (BORGES amp SILVA 2009 p13)
3 Olegaacuterio Dias Maciel era engenheiro formado na Escola Polyteacutecnica do Rio de Janeiro em 1878 compartilhava os ideais positivistas da Repuacuteblica e tambeacutem os ideais da Belle Eacutepoque de higienizaccedilatildeo e de racionalizaccedilatildeo do espaccedilo urbano Soma-se a isso a experiecircncia cultural de Olegaacuterio fora de Patos como deputado federal e senador vivenciou no Rio de Janeiro as reformas urbanas empreendidas por Pereira Passos inspiradas na reforma de Paris sob a batuta do Baratildeo de Haussman Como deputado estadual e depois como presidente do Estado de Minas Gerais vivenciou a experiecircncia de ldquofruirrdquo a cidade de Belo Horizonte construiacuteda racionalmente agrave moda da colonizaccedilatildeo espanhola na Ameacuterica (BORGES amp SILVA 2009)
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Segundo Oliveira (2010) dentre as influecircncias na malha urbana decorrentes do periacuteodo
poliacutetico do iniacutecio do seacuteculo XX destacam-se as intervenccedilotildees na infraestrutura da Avenida
Getuacutelio Vargas definindo a mesma como eixo nobre na cidade o direcionamento o primeiro
vetor de expansatildeo urbana nas direccedilotildees sul e oeste da Av Getuacutelio Vargas
Figura 11 Inundaccedilatildeo ocorrida em 1941 na ponte sobre o Rio Paranaiacuteba Fonte Arquivo do Laboratoacuterio
de Histoacuteria do Unipam Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=3600 Acesso em
dezembro de 2014
Observa-se que a Avenida Getuacutelio Vargas anteriormente denominada como Avenida
Liberdade e depois Avenida Municipal representa o nuacutecleo inicial da cidade e o ponto de
partida dos vetores de ocupaccedilatildeo ateacute a deacutecada de 1930 observa-se que neste periacuteodo as
praccedilas da avenida apresentavam um paisagismo inspirado nos jardins franceses Zama
Maciel4 relata sobre o planejamento de usos e ocupaccedilatildeo dessa aacuterea e a Figura 12 ilustra esse
periacuteodo
4 Zama Maciel foi um patense que exerceu as funccedilotildees de agrimensor professor inspetor de ensino vereador e redator dos jornais locais
Com relaccedilatildeo ao vetor de expansatildeo oeste
observa-se que o mesmo foi impulsionado
pela construccedilatildeo da nova ponte sobre o rio
Paranaiacuteba em aproximadamente 1926
retratada na Figura 11 Segundo
Dannemann (2013) a obra da ponte estava
sob os cuidados da Companhia Nacional de
Cimento Armado SA e ateacute 1970 serviu
como principal acesso agrave sede do municiacutepio
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Avenida Municipal com o seu atual quilocircmetro de extensatildeo foi
destinada agrave habitaccedilatildeo particular devida a sua exagerada
largura e agrave perspectiva que podem oferecer casas pequenas e
de bom gosto fronteando os seus passeios gramados e jardins
floridos que a pequenada destroacutei Nela preacutedios comerciais de
dois trecircs andares tornam-se ridiacuteculos porque natildeo tecircm
magnitude para se imporem agrave largura (repisamos) exagerada
com que os antigos irrefletidamente a construiacuteram Somente
edifiacutecios semelhantes agrave igreja matriz em construccedilatildeo come
cinquenta metros podem nela sobreviverem Pequenos preacutedios
vivendas graciosas de cujas janelas caiam trepadeiras no
conjunto dos jardins e na imensa claridade de nossas tardes
faratildeo dela recanto cobiccedilado agrave moradia Enfeia-la com preacutedios
comerciais de pequeno porte e com casas de diversotildees
barulhentas seraacute obra de mau gosto que se torna necessaacuterio
evitar (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos Patos de
Minas junho de 1937)
Figura 12 Avenida Getuacutelio Vargas parte ao sul da Catedral de Santo Antocircnio deacutecada de 1930 Ao
centro da figura o Palacete Amadeu Maciel Fonte Acervo Documental e de Imagens de Patos de
Minas Local MuP ndash Museu da Cidade de Patos de Minas
A seguir o Mapa 1 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o
ano de 1930 retrata a localizaccedilatildeo da implantaccedilatildeo da cidade proacuteximo a recursos drsquoaacutegua No
mapa estaacute presente a delimitaccedilatildeo do periacutemetro urbano do ano de 2015 que seraacute mantido
como ponto de referecircncia espacial para a malha urbana atual
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A Figura 13 datada da deacutecada de 1930 eacute uma vista aeacuterea da cidade no qual pode-se
perceber a implantaccedilatildeo e a forma urbana da cidade e os vetores de expansatildeo do iniacutecio do
seacuteculo XX aacuterea retratada pelo Mapa 1 apresentado anteriormente
Figura 13 Vista aeacuterea de Patos de Minas
Fonte Arquivo Daacutecio Pereira da Fonseca Fotografo desconhecido
Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=2650 Acesso em abril de 2014
Observa-se na Figura 13 a presenccedila de espaccedilos livres puacuteblicos dentre eles as Praccedilas da
Avenida Getuacutelio Vargas dos Boiadeiros Antoacutenio Dias Champagnat e Santana os espaccedilos
livres privados o Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo o Patos Tecircnis Clube (PTC) o campo de futebol
da Uniatildeo Recreativa dos Trabalhadores (URT) e o campo de futebol do Clube do Mamoreacute
Segundo Fonseca (1974) desde o final do seacuteculo XIX ateacute 1950 Patos de Minas tentou pleitear
a vinda da estrada de ferro para escoamento da produccedilatildeo agriacutecola da regiatildeo ateacute o Rio de
Janeiro e Satildeo Paulo Segundo Borges e Silva (2009) em 1934 o engenheiro carioca Neacutelson
Rodrigues efetuou o primeiro levantamento planialtimeacutetrico da cidade de Patos de Minas a
princiacutepio esse levantamento objetivava abrigar a estrada de ferro Patos-Catiara Em 1936
provavelmente o proacuteprio Neacutelson Rodrigues concluiu o primeiro Plano Urbano oficial da
cidade apresentado pela Figura 14
LEGENDA 1 ndashMajor Gote e Dr Marcolino 2 ndash Lagoa Grande 3 ndash Campo de Aviaccedilatildeo 4 ndash Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo 5 ndash Rua Dr Marcolino 6 ndash Rua Major Gote 7 ndash Coacuterrego do Monjolo 8 ndash PTC 9 ndash Campo da URT 10 ndash Cemiteacuterio Municipal 11 ndash Rio Paranaiacuteba 12 ndash Av Getuacutelio Vargas 13 ndash Matriz de Santo Antocircnio 14 ndash Rua Tiradentes 15 ndash Cadeia 16 ndash Praccedila dos Boiadeiros 17 ndash Praccedila Antocircnio Dias 18 ndash Av Paracatu 19 ndash Igreja do Rosaacuterio 20 ndash Praccedila Champagnat 21 ndash Rua Major Jerocircnimo 22 ndash Campo do Mamoreacute
23 ndash Praccedila Santana
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Figura 14 Plano Urbano de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fonte Prefeitura
Municipal de Patos de Minas
Destaca-se no plano de crescimento urbano a Rua Major Gote na eacutepoca denominada Rua
Desembargador Frederico Zama Maciel escreve ao jornal local sobre o plano urbano as vias
de caraacuteter comercial da cidade e sobre as intenccedilotildees de um zoneamento de usos para o
crescimento da cidade inspirados no urbanismo norte-americano
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A Prefeitura () mandou organizar a planta da cidade e
traccedilar-lhe as ruas futuras no objetivo de impedir o
crescimento desordenado() Neste trabalho foram
observadas tanto quanto possiacutevel as normas seguidas na
Ameacuterica do Norte onde geralmente as cidades satildeo
traccediladas em xadrez cortando-se as ruas em acircngulo reto
() As ruas comerciais estatildeo determinadas no referido
plano e dentre as atuais destacam-se Desembargador
Frederico e General Osoacuterio A primeira () deveraacute atravessar
a cidade de norte a sul e morreraacute na futura praccedila da
estaccedilatildeo ferroviaacuteria onde atualmente se ergue o barracatildeo
da Companhia do Trigo Seraacute futuramente a mais central da
cidade Eacute de uma boa norma localizar-se o comeacutercio em
determinadas zonas (zoneamento chamam a isto os
urbanistas) bem como as faacutebricas os edifiacutecios puacuteblicos as
escolas (natildeo as primaacuterias que devem ser espalhadas nos
bairros residenciais) devem tambeacutem ter as suas zonas
separadas () (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos
Patos de Minas junho de 1937)
A linha feacuterrea natildeo foi implantada na cidade e o crescimento urbano das deacutecadas seguintes
natildeo se ateve ao planejamento apresentado na deacutecada de 1930
132
DA DEacuteCADA DE 1940 ATEacute A DEacuteCADA DE 1960
AUMENTO POPULACIONAL
Comparando o plano urbaniacutestico apresentado para a cidade no final do seacuteculo XIX com a
expansatildeo da malha urbana observa-se que o crescimento urbano da cidade ocorreu de
forma mais dispersa do que o apresentado no plano O vetor de expansatildeo ao sul manteve
grande parte do planejamento embora apresentando quadras menores A aacuterea antes
ocupada pela Lagoa dos Patos e a aacuterea a nordeste da Lagoa foram as que mais se
distanciaram das ideias do plano urbaniacutestico apresentando uma malha urbana orgacircnica com
a presenccedila de muitas ruas sem saiacuteda
O Mapa 2 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1965 a seguir retrata o crescimento da malha urbana
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Segundo Magrini (2008) na deacutecada de 1950 houve um surto migratoacuterio e a instalaccedilatildeo de
diversas firmas comerciais Nesse periacuteodo construiu-se o primeiro Terminal Rodoviaacuterio com
verbas municipais e investimentos da iniciativa privada e teve iniacutecio tambeacutem a comemoraccedilatildeo
da Festa Nacional do Milho evento que ateacute hoje expressa as manifestaccedilotildees culturais da
regiatildeo
Figura 15 Patos de
Minas da deacutecada de
1960
Elaborado pela autora segundo fonte Arquivo de Marialda Coury Foto Joatildeo Lucas Ribeiro Borges
Observando o crescimento da malha urbana de Patos de Minas ateacute 1965 (ilustrado pela
Figura 15) pode-se constatar que houve uma grande expansatildeo da mesma entre a deacutecada de
1950 e 1960 Nesse periacuteodo o aumento populacional ocorreu predominantemente na aacuterea
urbana conforme mostra a Tabela 02 a seguir
Periacuteodo
Populaccedilatildeo Total do
Municiacutepio
Populaccedilatildeo Urbana do Municiacutepio
Populaccedilatildeo Rural do
Municiacutepio
1950 45399 12525 32874
1960 72839 32511 40328
1970 76211 44877 31334
1980 86121 63302 22819
1990 102946 87403 15543
2000 123881 111333 12548
2010 138710 127724 10986
2014 147614 - -
Tabela 2 Crescimento Populacional de Patos de Minas Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Magrini 2008 Populaccedilatildeo prevista segundo o IBGE
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Nas deacutecadas seguintes a 1960 como se pode antever pela Tabela 2 o crescimento da zona
rural foi diminuindo gradativamente e a populaccedilatildeo da aacuterea urbana aumentando
impulsionando o crescimento da malha urbana
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DA DEacuteCADA DE 1970 ATEacute A DEacuteCADA DE 1980
Incorporaccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua
Nas deacutecadas de 1960 e 1970 periacuteodo de ditadura Militar segundo Magrini (2010) Patos de
Minas passou por uma estagnaccedilatildeo econocircmica devido agrave emancipaccedilatildeo poliacutetica de dois
importantes Lagoa Formosa e Guimaracircnia no mesmo periacuteodo houve grande deslocamento
de patenses para a nova capital do paiacutes Brasiacutelia em busca de empregos
Justamente na eacutepoca da mudanccedila da capital do paiacutes para
Brasiacutelia Patos de Minas perde caracteriacutestica de centro
rodoviaacuterio e transforma-se no ldquopassa perto de Patosrdquo com
estradas asfaltadas em volta num eixo de 130 km Natildeo se
vinha aqui como antes ateacute que a BR 354 inaugurada em
1972 abolia este malfadado passa perto ressurgindo toda a
movimentaccedilatildeo comercial completada pela BR ndash 365 em
1974 (MELLO 1992 p54)
De 1965 ateacute os anos 1980 Patos de Minas praticamente dobrou a sua aacuterea de ocupaccedilatildeo
decorrente principalmente do processo de ecircxodo rural Segundo Oliveira (2010) os vetores
direcionavam para todos os sentidos sendo apenas o oeste limitado pelo Rio Paranaiacuteba os
cursos drsquoaacutegua menores natildeo foram uma barreira para esta expansatildeo
O Mapa 3 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1980 a seguir retrata o crescimento da malha urbana nesse periacuteodo
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Em 1982 foi iniciada a urbanizaccedilatildeo da Lagoa dos Japoneses a Lagoa Grande (Figura 16 e
Figura 17) com a reduccedilatildeo significativa da aacuterea alagada e a construccedilatildeo do Terminal
Rodoviaacuterio No entorno da lagoa foi criado o Parque Recreativo Dr Itagiba depois renomeado
como Parque Dr Itagiba Augusto Silva o primeiro parque urbano da cidade um dos principais
cartotildees postais da cidade espaccedilo de lazer e contemplaccedilatildeo
Figura 16 Projeto para o
Parque Recreativo Dr
Itagiba a construccedilatildeo ao
lado esquerdo da figura
representa o Terminal
Rodoviaacuterio Fonte Jornal
A Debulha O projeto do
parque Ano VIII nordm178
janeiro de 1988 paacuteg7
Figura 17 Planta do Parque Dr Itagiba Augusto Silva ndash Lagoa Grande Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2014
43 |
Em 1986 foi iniciada a canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo inicialmente uma Avenida
Sanitaacuteria no Coacuterrego do Monjolo (Figura 18) atualmente conhecida como Avenida Faacutetima
Porto as obras terminaram em 1996 Segundo Caixeta amp Vlach (2009) a canalizaccedilatildeo
acarretou inicialmente na ocupaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo do entorno e devido agrave resoluccedilatildeo dos
problemas sanitaacuterios que aiacute existiam
Figura 18 Canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo deacutecada de 1990 Foto Arquivo de Donaldo Amaro Teixeira Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=7568 Acesso em maio de 2015
Com o decorrer dos anos e a instalaccedilatildeo dos bairros no entorno o Coacuterrego do Monjolo passou
a apresentar problemas com enchentes e um forte odor provavelmente a canalizaccedilatildeo do
coacuterrego jaacute natildeo suportava mais o volume de aacutegua pluvial dos bairros aleacutem da presenccedila de
esgotos clandestinos Tais problemas geraram novos projetos de canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do
Monjolo nas deacutecadas seguintes
44 |
134
DA DEacuteCADA DE 1990 ATEacute OS DIAS ATUAIS
A FORMA URBANA ATUAL
No final da deacutecada de 1980 houve a descoberta da uma jazida de Fosfato Sedimentar na
localidade da Rocinha (aacuterea rural) o que impulsionou a instalaccedilatildeo de induacutestrias voltadas para
o agronegoacutecio iniciado pelas Sementes Agroceres SA (especialista tambeacutem em geneacutetica
suiacutena) Nesse periacuteodo ocorreu ainda um maior desenvolvimento teacutecnico da agricultura por
meio da irrigaccedilatildeo e do cultivo de novos cereais
Os reflexos do desenvolvimento comercial e industrial da regiatildeo foram notados na
implantaccedilatildeo de induacutestrias de confecccedilotildees agroinduacutestrias e na instalaccedilatildeo da multinacional Cica
que impulsionou o cultivo de milho ervilha e tomate5
A implementaccedilatildeo de induacutestrias somadas agraves pressotildees poliacuteticas acarretou na instalaccedilatildeo de um
distrito industrial na porsatildeo sul e oeste da cidade expandindo o periacutemetro urbano para aleacutem
das margens do Rio Paranaiacuteba A criaccedilatildeo do distrito industrial influenciou a ocupaccedilatildeo ao longo
da Avenida Presidente Juscelino Kubitschek construiacuteda nos anos 1970 para ligaccedilatildeo do nuacutecleo
urbano agraves rodovias BR-354 e BR-365 comportando-se entatildeo como principal acesso da
cidade
O Mapa 4 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o ano de
2015 a seguir apresenta a forma urbana atual da cidade
5 A multinacional Cica permaneceu na cidade ateacute 2001 depois se deslocou para o Estado de Goiaacutes quando perdeu parte dos incentivos fiscais oferecidos pela cidade
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Na deacutecada de 1990 a expansatildeo da malha urbana ultrapassou as aacutereas de algumas reservas
ambientais que se transformaram nos principais parques urbanos da cidade o Parque
Municipal do Mocambo (Figura 19) em 1990 e o Parque Municipal Joatildeo Luiz Redondo (Figura
20) em 1994 ambos localizados em aacutereas de lagoas
Figura 19 Parque Municipal do
Mocambo 1992 Fonte Arquivo
de Donaldo Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecadepatoscombr
p=8437 Acesso em marccedilo de
2015
Figura 20 Parque
Municipal Joatildeo Luiz
Redondo (Lagoinha)
deacutecada de 1990 Fonte
Arquivo de Donaldo
Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecade
patoscombrp=75
54 Acesso em marccedilo
de 2015
47 |
Foi criado tambeacutem na deacutecada de 1990 na Lei Municipal nordm 2872 de 03 de outubro de 1991
o Parque Mirante do Alto da Colina (ainda natildeo implantado) e a Lei Municipal nordm 2871 de 03
de outubro de 1991 declara a aacuterea denominada Lagoa e Bosque do ldquoPATAtildeOrdquo de preservaccedilatildeo
permanente onde desde entatildeo se cogita a implantaccedilatildeo de um parque urbano
Figura 21 Rua Mirico Caixeta ao fundo a Mata do Catingeuiro Evidenciando a falta de conexatildeo da
mata com o entorno Foto Acervo pessoal 2015
Figura 22 Rua 0 e o desmatamento na Mata do Catingeiro Foto Acervo
pessoal 2015
Em 2014 foi aprovada a criaccedilatildeo do Parque
de Preservaccedilatildeo Mata do Catingueiro uma
tentativa de proteger os restigios da mata
localizado no setor leste aacuterea que
recentemente recebeu muitos loteamentos
que foram implantados sem se estabelecer
uma aacuterea de transiccedilatildeo ou de integraccedilatildeo da
mata com a malha urbana sem passeios
ciclovias praccedilas ou parques conforme
ilustrado na Figura 21 A mata do
Catingueiro tem sido um constante alvo de
queimadas e desmatamento a Figura 22
mostra os vestiacutegios da mata
48 |
Figura 23 Programa MCMV- Jardim Quebec II com 437unidades localizado na porccedilatildeo noroeste da
cidade ao fundo da figura a mata ciliar do Rio Paranaiacuteba e plantaccedilotildees de cafeacute Foto Sacircmara C P Lima
2014
Na deacutecada de 2010 ocorreu a expansatildeo do periacutemetro urbano no sentindo norte pela primeira
vez para aleacutem do Coacuterrego do Limoeiro devido agrave instalaccedilatildeo de um campus da Universidade
Federal de Uberlacircndia na aacuterea Observa-se na Figura 23 que a aacuterea do extremo noroeste da
cidade estaacute em processo de expansatildeo da malha urbana e apresenta construccedilotildees habitacionais
do Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) na cidade
Notamos diversas transformaccedilotildees na malha urbana de Patos de Minas ao longo das deacutecadas
desde a implantaccedilatildeo do nuacutecleo urbano aos desdobramentos econocircmicos poliacuteticos e sociais
que direcionaram o crescimento da cidade e a transformaccedilatildeo da paisagem
O tecido urbano e o crescimento das cidades brasileiras como eacute o caso de Patos de Minas se
daacute pela conformaccedilatildeo do sistema viaacuterio pelos padrotildees de parcelamento do solo por
edificaccedilotildees e pelos espaccedilos livres Patos possui uma relaccedilatildeo cultural e econocircmica muito forte
com a zona rural A linha de transiccedilatildeo entre o urbano e o rural eacute muito tecircnue principalmente
nas aacutereas de borda urbana Nesses bairros de periferia ou de limite da mancha urbana a
cidade termina no outro lado da rua depois de uma cerca de arame sem nenhum espaccedilo de
transiccedilatildeo o outro lado da cerca se configura como um espaccedilo livre com muitas
potencialidades de uso e conflitos
49 |
Figura 24 Paisagem urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora
Em Patos de Minas a paisagem urbana eacute emoldurada por serras cobertas por diferentes
plantaccedilotildees (Figura 24) a cidade termina onde o Rio Paranaiacuteba passa ou a cidade termina
onde comeccedilam os fundos de vale Ora cidade ora zona rural A paisagem tambeacutem eacute marcada
pela Catedral um contraste no meio do aglomerado urbano em uma zona em processo de
verticalizaccedilatildeo onde a Catedral se esconde e se revela A Catedral marca o iniacutecio da ocupaccedilatildeo
da regiatildeo em uma aacuterea de chapada na beira da lagoa hoje a chapada foi praticamente toda
ocupada e os bairros das bordas urbanas ocupam as aacutereas mais elevadas da cidade Do alto
desses bairros da borda eacute possiacutevel ver as lagoas e os coacuterregos pressentes na cidade espaccedilos
que se configuram como parques praccedilas e chaacutecaras espaccedilos livres de edificaccedilatildeo que
ressaltam a identidade da cidade e a paisagem urbana
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51 |
21 ESPACcedilOS LIVRES
ESPACcedilOS ABERTOS AacuteREAS VERDES
O conceito de espaccedilo livre de edificaccedilatildeo eacute amplo e complexo Para Nucci (2001) os espaccedilos
livres fazem parte de um grande grupo paisagiacutestico urbano que pode ser subdividido em
vaacuterias categorias dependendo do seu uso e funccedilatildeo sendo entatildeo um termo bastante
abrangente que agrega todos os outros conceitos similares como espaccedilos abertos aacutereas
verdes aacutereas livres sistemas de aacutereas de lazer cobertura vegetal entre outros
Segundo Queiroga (2006) Miranda Magnoli em sua tese de livre-docecircncia6 buscou afirmar o
espaccedilo livre como o objeto do paisagismo indo aleacutem do jardim do projeto com vegetaccedilatildeo
e da escala urbana Nesse sentido definiu espaccedilo livre como espaccedilo livre de edificaccedilotildees todo
espaccedilo descoberto urbano ou natildeo vegetado ou natildeo puacuteblico ou privado De acordo com a
autora para a anaacutelise de um dado recorte escalar propotildee-se que o estudo dos espaccedilos livres
deva ir aleacutem dos espaccedilos vegetados e dos espaccedilos puacuteblicos envolvendo todos os espaccedilos
livres do referido recorte Ou seja para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na cidade
eacute preciso ir aleacutem da anaacutelise dos espaccedilos puacuteblicos ou dos vegetados eacute preciso identificar todas
as aacutereas natildeo construiacutedas na cidade os espaccedilos privados intra-lote os lotes e glebas ociosas
as ruas os passeios etc
Os espaccedilos livres satildeo um dos principais estruturadores da forma urbana e um dos principais
elementos caracterizadores da paisagem urbana Segundo Magnoli (1982) os espaccedilos livres
satildeo os ambientes natildeo edificados da cidade as ruas avenidas praccedilas parques quintais
jardins rios matas mangues praias urbanas ou simples vazios urbanos
Quando adotamos o termo aacutereas verdes ou aacutereas verdes urbanas nos referimos a um
subsistema dentro do Sistema de Espaccedilos Livres que engloba principalmente as aacutereas de
preservaccedilatildeo permanente (APPrsquos) reservas legais (RL) e a arborizaccedilatildeo urbana Segundo
6 MAGNOLI Miranda Espaccedilos livres e urbanizaccedilatildeo uma introduccedilatildeo a aspectos da paisagem metropolitana 1982 116 p Tese (Livre-docecircncia em Arquitetura e Urbanismo) ndash Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1982
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Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilo livre eacute adotado se sobrepondo contendo e
ampliando o conceito usual de aacutereas verdes termo que tem como base a necessidade de
espaccedilos livres dotados de vegetaccedilatildeo De acordo com o autor o termo aacutereas verdes eacute
reducionista desconsidera as caracteriacutesticas fundamentais do espaccedilo urbano como a
complexidade e diversidade das formas de apropriaccedilatildeo e apreensatildeo social e o fato real da
impossibilidade fiacutesica e mesmo da inconveniecircncia da existecircncia de vegetaccedilatildeo em
determinados espaccedilos livres
De acordo com Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilos livres natildeo desconsidera o papel
da vegetaccedilatildeo nas cidades brasileiras como elemento facilitador da drenagem urbana criador
de microclimas mais agradaacuteveis contribuindo para a manutenccedilatildeo da diversidade animal e
vegetal e ainda como fator de embelezamento urbano mas natildeo desconsidera a importacircncia
dos espaccedilos natildeo vegetados para inuacutemeras praacuteticas de relevacircncia cultural das feiras agraves festas
populares das manifestaccedilotildees poliacuteticas agrave valorizaccedilatildeo de determinadas paisagens e
patrimocircnios culturais
Entretanto apesar dos crescentes avanccedilos nas discussotildees sobre os espaccedilos livres muitos
autores planos diretores planos de uso e ocupaccedilatildeo ainda natildeo compreenderam o termo
como em Patos de Minas onde adota-se o termo aacutereas verdes nas leis municipais e plano
diretor Na Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo de Patos de Minas (2008) as aacutereas verdes satildeo
descritas como porccedilotildees situadas na Macrozona Urbana destinadas a oferecer espaccedilos
puacuteblicos adequados e qualificados agraves atividades de recreaccedilatildeo lazer e turismo da populaccedilatildeo
de forma a conciliar a proteccedilatildeo dos bens naturais e culturais As cidades precisam de reservas
de aacutereas verdes e de espaccedilos livres de qualidade para praacutetica de atividades culturais de lazer
e contemplaccedilatildeo Observa-se que na lei municipal de Patos de Minas existe uma sobreposiccedilatildeo
entre a funccedilatildeo das reservas de aacutereas verdes e dos espaccedilos de praacuteticas socias sobreposiccedilatildeo
essa presente no conceito dos espaccedilos livres
A implantaccedilatildeo dos espaccedilos livres puacuteblicos depende de uma gestatildeo adequada e integrada dos
recursos com uma fiscalizaccedilatildeo efetiva o que implica no desenvolvimento de poliacuteticas
puacuteblicas permanentes que viabilizem as intervenccedilotildees e necessidades dos espaccedilos livres
Segundo Loboda amp Angelis (2012) o planejamento das aacutereas verdes (puacuteblicas) urbanas parte
de uma definiccedilatildeo de recursos que eacute residual as necessidades satildeo amenizados com recursos
que sobram de outras atividades consideradas como mais prioritaacuterias e que geralmente
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incluem-se nesse acircmbito aquelas de cunho estrateacutegico poliacutetico e econocircmico O autor cita um
problema frequente em diversas cidades brasileiras a falta de recursos destinados aos
espaccedilos puacuteblicos e dentre eles as aacutereas verdes urbanas um dos principais espaccedilos livres das
cidades
De acordo com Magnoli (1982) a localizaccedilatildeo acessibilidade e distribuiccedilatildeo dos espaccedilos livres
formam um complexo sistema de conexotildees com muacuteltiplos papeacuteis urbanos atividades do oacutecio
circulaccedilatildeo urbana conforto conservaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo ambiental drenagem urbana
imaginaacuterio e memoacuteria urbana lazer e recreaccedilatildeo dentre outros Todas essas funccedilotildees
exercidas no ambiente urbano pelos espaccedilos livres assim como a localizaccedilatildeo acessibilidade
distribuiccedilatildeo tipos de usos e configuraccedilatildeo espacial estatildeo organizadas de maneira sistecircmica na
cidade formando o Sistema de Espaccedilos Livres
22 O PENSAMENTO SISTEcircMICO
As cidades independentemente da sua localidade histoacuteria e configuraccedilatildeo satildeo formadas de
modo geral por espaccedilos livres e espaccedilos edificados duas categorias espaciais estruturantes
da forma urbana A configuraccedilatildeo dos espaccedilos livres eacute variaacutevel nas cidades brasileiras por
diversas questotildees como caracteriacutesticas territoriais bioma configuraccedilatildeo paisagiacutestica pela
existecircncia ou ausecircncia de planos urbanos e principalmente pelos processos de urbanizaccedilatildeo e
de transformaccedilatildeo da paisagem
A cidade eacute um conjunto de elementos sistemas e funccedilotildees e os espaccedilos livres formam um dos
principais sistemas capaz de estruturar toda a configuraccedilatildeo urbana De acordo com Tardin
(2010) e DrsquoAgostini amp Cunha (2007) sistema eacute um conjunto de elementos passiacutevel de
estabelecer inter-relaccedilotildees fiacutesicas funcionais estruturais morfoloacutegicas e relativas agrave vivecircncia
da paisagem abertas e intricadas entre si com seu entorno e com as pessoas que o
vivenciam
De acordo com Morin (2008) apud Queiroga (2014) o conceito de sistema implica natildeo
somente elementos inter-relacionaacuteveis mas tais relaccedilotildees constituem uma organizaccedilatildeo e uma
estrutura relativamente estaacutevel que caracteriza o sistema como um todo A organizaccedilatildeo
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sistecircmica por sua vez conteacutem as relaccedilotildees que definem o sistema e que o transformam
alterando sua estrutura possibilitando sua permanecircncia e contendo a possibilidade concreta
de sua dissoluccedilatildeo Para o autor o termo exprime multiplicidade totalidade diversidade
organizaccedilatildeo e complexidade
A noccedilatildeo de sistema auxilia o estudo dos espaccedilos livres urbanos e o entendimento das suas
relaccedilotildees de interdependecircncia complementaridade e hierarquia Segundo Schlee et al
(2009) considerando-se a paisagem como um macrossistema complexo formado de
subsistemas os espaccedilos livres urbanos constituem um dos seus subsistemas inter-
relacionados com outros subsistemas urbanos e rurais e que podem se justapor ao Sistema
de Espaccedilos Livres ou se sobrepor total ou parcialmente enquanto sistemas de accedilotildees
[] entende-se como sistemas de espaccedilos livres (SEL)
urbanos os elementos e as relaccedilotildees que organizam e
estruturam o conjunto de todos os espaccedilos livres de um
determinado recorte urbano independentemente de sua
dimensatildeo qualificaccedilatildeo esteacutetica funcional e de sua
localizaccedilatildeo e propriedade sejam eles puacuteblicos ou privados
[] toda cidade possui um sistema de espaccedilos livres que eacute
produzido durante seu processo de formaccedilatildeo tanto pelo
Poder Puacuteblico como pela iniciativa privada (MACEDO 2010
p 3 e 4)
O autor afirma que todas as cidades independente do seu porte de suas caracteriacutesticas
culturais e histoacutericas possuem um Sistema de Espaccedilos Livres Essa afirmaccedilatildeo incita diversas
questotildees que conduziram esta pesquisa pontos voltados ao objeto de estudo a cidade de
Patos de Minas uma cidade meacutedia
O SEL DE UMA MEGAacuteLOPOLE OU METROacutePOLE Eacute
DIFERENTE DO SEL DE UMA PEQUENA CIDADE OU DE
UMA CIDADE MEacuteDIA
O MESMO TIPO DE ANAacuteLISE QUE SE APLICA PARA O
ENTENDIMENTO DO SEL DE UMA CIDADE DE GRANDE
PORTE PODE SER APLICADO PARA UMA CIDADE DE
MEacuteDIO PORTE
EXISTEM TIPOS DE ESPACcedilOS LIVRES FUNCcedilOtildeES OU
RELACcedilOtildeES QUE CARACTERIZAM O SISTEMA DE ESPACcedilOS
LIVRES DE UMA CIDADE MEacuteDIA
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23 OS ESPACcedilOS LIVRES NAS
CIDADES MEacuteDIAS
O espaccedilo livre eacute parte estruturante da forma urbana ele se configura em diferentes
categorias tipologias e caracteriacutesticas no meio urbano principalmente pela introduccedilatildeo ao
longo da histoacuteria de diferentes padrotildees urbaniacutesticos nas cidades O processo de urbanizaccedilatildeo
das cidades eacute uma soma e por vezes ateacute uma sobreposiccedilatildeo de padrotildees morfoloacutegicos esses
traccedilados geram diferentes paisagens com diferentes tipos de espaccedilos livres Incorporando ao
sistema um rico mosaico espacial formado por diferentes porcentagens de espaccedilos livres
intra lote caracteriacutesticos de traccedilados distintos por diferentes tipos de praccedilas aacutereas de
preservaccedilatildeo parques ruas e avenidas Aacutereas essas que apresentam diversos conflitos e
possuem um intenso potencial de transformaccedilatildeo
Segundo Macedo et al (2012) as cidades brasileiras possuem padrotildees morfoloacutegicas
semelhantes isso fica evidente na repeticcedilatildeo dos tipos de traccedilado (ortogonais orgacircnicos
radiais) e nos padrotildees de mancha urbana (linear tentacular compacta mista) O que confere
a especifidade das diversas cidades eacute a forma como elas estatildeo inseridas em seu contexto
territorial os arranjos espaciais seus padrotildees culturais socioeconocircmicos a legislaccedilatildeo
municipal as tipologias e funccedilotildees dos espaccedilos livres e a paisagem urbana Nas cidades meacutedias
brasileiras a forma como os padrotildees morfoloacutegicos se adequam ao suporte fiacutesico
transformando paisagem a local confere ao Sistema de Espaccedilos Livres diferentes dinacircmicas
espaciais funcionais e tipoloacutegicas
Como dito anteriormente neste trabalho a proposta natildeo eacute discutir o que determina uma
cidade como de meacutedio porte ou natildeo mas entender essas cidades como centro urbanos em
crescimento onde novos traccedilados e dinacircmicas urbanas satildeo somadas agrave cidade existente
transformando a paisagem local Na atual conjuntura brasileira segundo Tacircngari et al(2009)
apoacutes a deacutecada de 1980 as cidades meacutedias passaram a crescer mais rapidamente em
comparaccedilatildeo com as metroacutepoles um processo de diminuiccedilatildeo do movimento migratoacuterio em
direccedilatildeo agraves megaloacutepoles e o seu direcionamento para as cidades meacutedias que apresentam
grande potencial de crescimento econocircmico e tecircm seus atributos esteacuteticos e econocircmicos
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valorizados atraveacutes da propagaccedilatildeo da ideia de que cidades de meacutedio porte podem apresentar
mais qualidade de vida que as grandes metroacutepoles
As cidades meacutedias reproduzem os padrotildees morfoloacutegicos e culturais vindos do contexto das
grandes cidades e das pequenas cidades ou povoados de seu entorno Um exemplo dessa
influecircncia vinda das grandes cidades satildeo os condomiacutenios fechados propostos inicialmente
pelo mercado imobiliaacuterio como locais de seguranccedila e lazer proacuteximos aos grandes centros
urbanos esse mesmo padratildeo de condomiacutenio fechado eacute aplicado nas cidades meacutedias onde a
criminalidade eacute bem menor e as distacircncias a serem percorridas satildeo mais curtas Um exemplo
da influecircncia vinda das pequenas cidades e povoados proacuteximos satildeo as chaacutecaras pastos e
plantaccedilotildees presentes dentro malha urbana
Patos de Minas eacute um exemplo de cidade meacutedia em crescimento que recebe influecircncias
culturais e de padrotildees morfoloacutegicos uma cidade que possui caracteriacutesticas especiacuteficas de seu
suporte fiacutesico de seu processo histoacuterico e cultura que influenciam diretamente na malha
urbana as tipologias de espaccedilos livres e os tipos de apropriaccedilatildeo desses espaccedilos
Se observarmos em Patos de Minas as caracteriacutesticas da condiccedilatildeo de cidade meacutedia como por
exemplo a localizaccedilatildeo estrateacutegica entre cidades de maior e menor porte Percebemos que a
cidade atrai pessoas do entorno para desfrutar de suas potencialidades econocircmicas e de seus
aparatos de lazer (parques praccedilas locais de exposiccedilatildeo agropecuaacuteria) o que contribui
diretamente para geraccedilatildeo de renda e uso dos espaccedilos A cidade possui uma relaccedilatildeo direta
com cidades de maior porte que servem de escoamento da produccedilatildeo e suprimento de
mercadorias essa relaccedilatildeo de proximidade atrai para cidade eventos e exposiccedilotildees e pode
motivar influecircncias sobre as tipologias de espaccedilos livres gerados (assim como o processo de
globalizaccedilatildeo tambeacutem pode exercer esse papel)
Eacute nesse contexto de crescimento das cidades meacutedias e influecircncias morfoloacutegicas e culturais
que o Sistema de Espaccedilos Livres precisa ser pensado e entendido como uma infraestrutura
baacutesica para o desempenho da vida cotidiana urbana Segundo Souza amp Macedo (2014) o SEL
deve oferecer condiccedilotildees de habitabilidade urbana e para isso eacute necessaacuterio que se estabeleccedila
um diagnoacutestico baseado na existecircncia ou ausecircncia de uma seacuterie de atributos urbanos
necessaacuterios e qualitativos que deveriam orientar accedilotildees poliacuteticas e projetos de maneira a
formar um Sistema de Espaccedilos Livres integrado agrave paisagem local e a demanda da populaccedilatildeo
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O autor afirma que eacute preciso fazer uma leitura da cidade de seus condicionantes conflitos e
potencialidades para entender como se estrutura o SEL suas funccedilotildees e seu potencial de
transformaccedilatildeo e organizaccedilatildeo na cidade
Partimos para anaacutelise da forma urbana patense buscando o entendimento de como as
caracteriacutesticas especiacuteficas do suporte fiacutesico da organizaccedilatildeo espacial da situaccedilatildeo fundiaacuteria e
dos tipos de usos e funccedilotildees exercidas pelos espaccedilos livres estruturam o Sistema de Espaccedilos
Livres de Patos de Minas
24 OS ESPACcedilOS LIVRES NA FORMA URBANA DE
PATOS DE MINAS
Para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na forma urbana de Patos de Minas a
anaacutelise foi dividida em trecircs principais enfoques RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA CONFIGURACcedilAtildeO
ESPACIAL e RELACcedilAtildeO DE USOS DO SOLO A leitura da cidade apresentada por esses trecircs
acircngulos somada ao entendimento de paisagem forma urbana e da formaccedilatildeo e
transformaccedilatildeo da malha urbana patense apresentados no capiacutetulo anterior nos possibilitam
o entendimento do Sistema Espaccedilos Livres de Patos de Minas como um todo com suas
categorias tipoloacutegias e relaccedilotildees sistecircmicas
Os trecircs principais enfoques foram determinados com base nas principais caracteriacutesticas da
cidade nas suas peculiaridades na sua condiccedilatildeo de cidade de meacutedio porte Provavelmente
um outro tipo de cidade com outras caracteriacutesticas de paisagem demandaria outro segmento
de anaacutelise
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241
RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA
ESPACcedilOS LIVRES x SUPORTE ambiental
O principal objetivo desse subcapiacutetulo eacute analisar as caracteriacutesticas do suporte ambiental sobre
o qual a cidade de Patos de Minas foi implantada buscando identificar quais espaccedilos livres
presentes na cidade incorporam esses elementos da paisagem O suporte ambiental eacute parte
da paisagem urbana ele eacute formado por elementos como corpos drsquoaacutegua vegetaccedilatildeo relevo
solos e clima
Estatildeo cada vez mais presentes nos planos diretores e na legislaccedilatildeo ambiental denominaccedilotildees
como reservas florestais puacuteblicas e privadas parques lineares parques ecoloacutegicos unidades
de conservaccedilatildeo aacutereas de proteccedilatildeo permanente (APPrsquos) aleacutem de referecircncias agrave
sustentabilidade e agrave ecologia Essas denominaccedilotildees muitas vezes geram espaccedilos livres
voltados agrave funccedilatildeo de conservaccedilatildeo e proteccedilatildeo ambiental Entretanto os espaccedilos livres
vinculados ao suporte fiacutesico natildeo possuem somente a funccedilatildeo de conservaccedilatildeo ambiental eles
possuem outros papeacuteis no meio urbano como recreaccedilatildeo infraestrutura urbana contribuir
com a drenagem pluvial possibilitar microclimas urbanos mais agradaacuteveis contribuir para
manutenccedilatildeo da biodiversidade e valores esteacuteticos Segundo Queiroga (2012) a
permeabilidade do solo e a cobertura arboacuterea permitem a conservaccedilatildeo de paisagens com
melhor desempenho ambiental mitigando problemas comuns nas aacutereas urbanas a qualidade
da aacutegua e do ar a manutenccedilatildeo da qualidade do solo controle de erosatildeo abastecimento dos
aquiacuteferos e regulaccedilatildeo das enchentes
Os espaccedilos livres vinculados ao suporte ambiental como os corpos drsquoaacutegua e a vegetaccedilatildeo
constantemente satildeo alvo de degradaccedilatildeo ambiental o que ressalta a sua funccedilatildeo ambiental
dentro do sistema Entretanto a mitigaccedilatildeo desses problemas natildeo eacute uma questatildeo pertinente
apenas ao planejamento ambiental das cidades De acordo com Jacobs (2001) as aacutereas livres
puacuteblicas estruturam o espaccedilo urbano satildeo o principal suporte espacial para o encontro e a
vivecircncia urbana Segundo a autora a degradaccedilatildeo do espaccedilo urbano observada pela reduccedilatildeo
de aacutereas puacuteblicas de lazer deficiecircncia na arborizaccedilatildeo urbana excessiva impermeabilizaccedilatildeo do
solo aumento da temperatura e criaccedilatildeo de ilhas de calor danos ambientais diversos
diminuiccedilatildeo da qualidade da ambiecircncia urbana e perda de qualidade de vida constitui um
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problema que extrapola a esfera fiacutesicaespacial constituindo um problema social visto que
desencoraja o uso da rua e dos espaccedilos livres como locais de encontro necessaacuterios para a
manutenccedilatildeo das praacuteticas sociais
Ao longo do processo de urbanizaccedilatildeo das cidades brasileira foram comuns situaccedilotildees em que
aacutereas de reserva natural foram desmatadas para dar lugar a loteamentos coacuterregos foram
canalizados e desapareceram da paisagem urbana ou foram canalizadas a ceacuteu aberto tiveram
sua APP desmatada e impermeabilizada para dar lugar a avenidas e aacutereas construiacutedas como
no caso da Figura 26
Figura 26 Coacuterrego do Monjolo em Patos de Minas canalizado a ceacuteu aberto na deacutecada de 1970 com APP desmatada e grande parte do seu entorno impermeabilizado Agraves margens do coacuterrego a Av Faacutetima Porto Foto Acervo pessoal 2014
Atualmente esse tipo de tratamento de supressatildeo da vegetaccedilatildeo das APPrsquos em aacutereas
urbanizadas eacute cada vez mais incomum7 o que contribui para a conservaccedilatildeo desses recursos
naturais Entretanto gradativamente mais a legislaccedilatildeo ambiental trata a funccedilatildeo ambiental dos
espaccedilos como algo isolado entendendo as APPrsquos como locais onde natildeo podem existir
intervenccedilotildees desconsiderando que esses espaccedilos podem estar vinculados a outras funccedilotildees
como por exemplo recreaccedilatildeo educaccedilatildeo ambiental valorizaccedilatildeo da paisagem De acordo com
7 Os casos excepcionais nos quais eacute permitido a supressatildeo da vegetaccedilatildeo em APP estatildeo definidos pela Resoluccedilatildeo CONAMA 36906
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serviccedilos e industrial) padratildeo edificado (padratildeo arquitetocircnico e do gabarito) e suporte fiacutesico
(topografia vegetaccedilatildeo e hidrografia
De acordo com Moudon (1997) os morfologistas atentam para os resultados tangiacuteveis de
questotildees sociais econocircmicas poliacuteticas ou seja estudam a manifestaccedilatildeo de ideias e
intenccedilotildees agrave medida que elas tomam forma no chatildeo e moldam as cidades O estudo
morfoloacutegico das cidades pode ser dividido em escolas de pensamento dentre elas a escola
italiana a escola francesa e a escola inglesa as quais analisaremos sinteticamente
observando suas principais caracteriacutesticas metodoloacutegicas bases bibliograacuteficas e formas de
pensamento
A escola italiana conforme Mondon (1997) tem seu iniacutecio nos estudos do arquiteto Saverio
Muratori (1910 ndash 1973) e de Gianfranco Caniggia (1933 ndash 1987) na deacutecada de 1940 Segundo
Rosaneli (2011) essa escola de pensamento possui como principal distintivo a preocupaccedilatildeo
com o destino das cidades histoacutericas italianas sobretudo devido aos efeitos das intervenccedilotildees
modernistas Essa escola apresenta uma maior preocupaccedilatildeo com o estudo tipoloacutegico das
edificaccedilotildees (fachadas estilos arquitetocircnicos gabarito) e de suas transformaccedilotildees ao longo do
tempo
A escola francesa apresenta ecircnfase na reflexatildeo geograacutefica e historiograacutefica sobre as cidades e
possui a contribuiccedilatildeo do socioacutelogo Henri Lefebvre (1901 ndash 1991) Assim como a escola italiana
a escola francesa se opotildee aos efeitos das intervenccedilotildees modernistas Rosaneli (2011) propotildee
uma reforma educacional no campo dos estudos urbanos e busca consolidar uma nova
ldquodisciplinardquo com duplo objetivo primeiro uma pesquisa descritiva multidisciplinar do espaccedilo
construiacutedo a fim de reconhecer ingredientes de um bom desenho e segundo a identificaccedilatildeo
e criacutetica de modelos teoacutericos de desenho urbano
A escola inglesa eacute fundamentada nos estudos do geoacutegrafo alematildeo Conzen (1907 ndash 2000) e
inicia-se na deacutecada de 1960 De acordo com Moudon (1994) a escola inglesa possui uma
anaacutelise morfoloacutegica descritiva analiacutetica e explanatoacuteria concentra-se no estudo da forma
urbana e apresenta o mais completo detalhado e sistemaacutetico meacutetodo tipo morfoloacutegico das
trecircs escolas
Conzen fundamenta-se na aplicabilidade da leitura dos planos urbanos (ldquotown-plansrdquo) para o
entendimento da formaccedilatildeo urbana De acordo com Conzen (1960) apud Rosaneli (2011) os
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trecircs fundamentais elementos que compotildee os planos satildeo as ruas que estatildeo arranjadas em um
traccedilado os lotes ou parcelas individuais de terra juntamente com as quadrasquarteirotildees e os
edifiacutecios com seus conjuntos construiacutedos As diversas combinaccedilotildees desses trecircs principais
elementos constituiriam unidades distintas com ldquohomogeneidade morfoloacutegicardquo o que o
autor denominou de tecido urbano (ldquoplan unitrdquo ldquourban fabricrdquo ou ldquotessuto urbanordquo para a
escola italiana)
A morfologia urbana e suas diferentes escolas de pensamento retratam o estudo da forma
urbana e de seus elementos estruturantes dos processos culturais sociais econocircmicos e
poliacuteticos Os estudos morfoloacutegicos que mais se aplicam agrave presente pesquisa satildeo os da escola
inglesa onde desenvolve-se uma anaacutelise descritiva e analiacutetica do processo de urbanizaccedilatildeo
estudando as unidades com ldquohomogeneidade morfoloacutegicasrdquo trabalhadas nessa pesquisa por
meio das Unidades de Paisagem (porccedilotildees territoriais com semelhanccedila de traccedilado e interaccedilatildeo
entre os espaccedilos livres e edificados) e atraveacutes da anaacutelise do Sistema de Espaccedilos Livres uma
organizaccedilatildeo sistecircmica dos espaccedilos livres das diversas Unidades de Paisagem presentes em
uma aacuterea definida
Para o entendimento da configuraccedilatildeo do Sistema de Espaccedilos Livres Patense e de suas
Unidades de Paisagem partimos do estudo do processo de urbanizaccedilatildeo de Patos de Minas
observando as caracteriacutesticas morfoloacutegicas histoacutericas culturais e da paisagem urbana
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13 FORMACcedilAtildeO E TRANSFORMACcedilAtildeO DA
MALHA URBANA PATENSE
Figura 4 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Patos de Minas e apresentaccedilatildeo da forma urbana da cidade Elaborado pela autora segundo fonte Mapas da Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2006 e 2015
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Patos de Minas eacute uma cidade meacutedia2 da regiatildeo intermediaacuteria agrave Mesorregiatildeo do Triacircngulo
Mineiro e Alto Paranaiacuteba Considerada poacutelo econocircmico regional a maior cidade da
microrregiatildeo do Alto Paranaiacuteba que eacute composta por 10 municiacutepios O municiacutepio de Patos de
Minas eacute formado por sete distritos o distrito sede eacute a cidade de Patos de Minas e os outros
satildeo Bom Sucesso Chumbo Major Porto Pilar Pindaiacutebas e Santana de Patos (identificados na
Figura 4)
Segundo o IBGE (2010) o municiacutepio de Patos de Minas possui aacuterea de 3189771Kmsup2
densidade demograacutefica de 4349 habkmsup2 e populaccedilatildeo de aproximadamente 147614
habitantes (populaccedilatildeo estimada em 2014)
Patos de Minas situa-se no Planalto Central Minas GeraisGoiaacutes com altitudes meacutedias de 800
a 900 metros Localiza-se entre duas grandes bacias hidrograacuteficas brasileiras a do Satildeo
Francisco e a do Paranaacute Sua localizaccedilatildeo estrateacutegica permite a ligaccedilatildeo da cidade a centros
comerciais como Uberlacircndia Belo Horizonte Brasiacutelia e Satildeo Paulo facilitando o intercacircmbio
comercial e o desenvolvimento econocircmico
De acordo com o IBGE (2012) o PIB (Produto Interno Bruto) do municiacutepio tem sua economia
baseada principalmente no setor de serviccedilos seguido do setor industrial e da agricultura
conforme Tabela 1
2 A dissertaccedilatildeo adota a conceituaccedilatildeo de cidades meacutedias desenvolvida por Amorim Filho e Serra (2001) cidade que ocupam uma posiccedilatildeo estrateacutegica na hierarquia urbana oferecendo suporte agraves cidades pequenas conforme a funccedilatildeo que desempenham e estabelecendo ligaccedilotildees com as cidades maiores intermediando as relaccedilotildees entre estes dois niacuteveis urbanos De acordo com os autores essas cidades satildeo espaccedilos de relaccedilotildees e natildeo de polarizaccedilatildeo ou dominaccedilatildeo satildeo cidades natildeo tatildeo pequenas a ponto de limitar as possibilidades de crescimento econocircmico e intelectual de seus habitantes e nem tatildeo grandes a ponto de onerar ndash e ateacute pocircr em risco ndash a vida da maioria de seus moradores
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Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas - 2012
Impostos sobre produtos liacutequidos de subsiacutedios a preccedilos correntes
248946 mil reais
PIB a preccedilos correntes 2495732 mil reais
PIB per capita a preccedilos correntes 1770650 mil reais
Valor adicionado bruto da agropecuaacuteria a preccedilos correntes 255908 mil reais
Valor adicionado bruto da induacutestria a preccedilos correntes 432152 mil reais
Valor adicionado bruto dos serviccedilos a preccedilos correntes 1558725 mil reais
Tabela 1 Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas-2012 Fonte IBGE 2012 em parceria com os Oacutergatildeos Estaduais de Estatiacutestica Secretarias Estaduais de
Governo e Superintendecircncia da Zona Franca de Manaus ndash SUFRAMA Disponiacutevel em
httpwwwcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=314800ampidtema=134ampsearch=mina
s-gerais|patos-de-minas|produto-interno-bruto-dos-municipios-2012 Acesso em dezembro de 2014
Entretanto observa-se que entre os setores o que mais exerce influecircncia cultural no
municiacutepio e na dinacircmica urbana eacute a agricultura somada a pecuaacuteria e ao agronegoacutecio
caracterizando as festas locais as manifestaccedilotildees culturais as formas de apropriaccedilatildeo da
paisagem as tipologias predominantes de espaccedilos livres e a histoacuteria de ocupaccedilatildeo do
municiacutepio Na agroinduacutestria destaca-se a produccedilatildeo de leite e derivados sementes e adubos
defensivos agriacutecolas carne suiacutena e derivados e alimentos enlatados A agricultura sempre
caracterizou a economia e a cultura local os produtos que se destacam satildeo o arroz soja
feijatildeo cafeacute maracujaacute tomate horticultura e o milho siacutembolo da festa regional a Festa
Nacional do Milho A pecuaacuteria possui significativa importacircncia econocircmica para o municiacutepio a
regiatildeo faz parte de uma das maiores bacias leiteiras do paiacutes Patos de Minas tambeacutem eacute
considerada poacutelo nacional de geneacutetica suiacutena detendo 70 da tecnologia nacional em
melhoramentos suiacutenos
Para analisarmos como se formou a cidade de Patos de Minas apresentaremos seus periacuteodos
urbanos em cinco partes a primeira retrata o iniacutecio do povoado ateacute 1930 depois de 1940 a
deacutecada de 1960 em seguida de 1970 ateacute a deacutecada 1980 e por fim o periacuteodo que vai de 1990
ateacute o ano de 2015 buscando assim retratar o crescimento urbano os principais
acontecimentos histoacutericos e a incorporaccedilatildeo dos elementos da paisagem
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131
DO INIacuteCIO DO POVOADO ATEacute A DEacuteCADA DE 1930
BORGES X MACIEacuteIS
O processo de colonizaccedilatildeo da
regiatildeo ocupada hoje pelo
municiacutepio de Patos de Minas
teve iniacutecio provavelmente na
segunda metade do seacuteculo XVIII
antes mesmo da descoberta do
ouro no estado de Minas Gerais
com as bandeiras rumo agraves terras
de Paracatu A cidade de Patos
de Minas surgiu na segunda
deacutecada do seacuteculo XIX em torno
da Lagoa dos Patos (delimitada
na Figura 5) onde segundo as
descriccedilotildees histoacutericas existia uma
enorme quantidade de patos
silvestres
Figura 5 Crescimento Urbano de Patos de Minas ateacute o iacutenicio do seacuteculo XIX Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas Disponiveacutel em
httpwwwpatosdeminasmggovbrgaleriahistoricaspagesimage16php Acesso em maio de
2014 Elaborado pela autora
Segundo Oliveira Mello (1971) o povoado que deu origem a cidade de Patos de Minas se
iniciou em 1826 com a doaccedilatildeo do terreno por Antocircnio Joaquim da Silva Guerra e sua esposa
Luzia Correcirca de Andrade para a construccedilatildeo da capela de Santo Antocircnio situada hoje na atual
Praccedila Dom Eduardo proacutexima agrave Lagoa dos Patos na Avenida Liberdade atualmente conhecida
como Avenida Getuacutelio Vargas A partir de entatildeo diversas famiacutelias se instalaram no entorno da
capela originando o Arraial de Santo Antocircnio da Beira do Paranaiacuteba Em 1866 foi criada a Vila
de Santo Antocircnio dos Patos e em 1892 o presidente do Estado de Minas Gerais elevou a vila
agrave categoria de cidade de Patos de Minas
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Figura 6 Iniacutecio da ocupaccedilatildeo da cidade de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fontes
Prefeitura Municipal de Patos de Minas e MuP- Museu da Cidade de Patos de Minas
A Praccedila Dom Eduardo estaacute no centro do nuacutecleo original de povoamento ilustrado pela Figura
6 e representa a divisatildeo de influecircncia entre as duas famiacutelias da elite local que atuaram na
construccedilatildeo da paisagem urbana e na histoacuteria da cidade de Patos de Minas os Borges
catoacutelicos e monarquistas e os Dias Macieacuteis protestantes e republicanos
Ao norte da Praccedila Dom Eduardo encontam-se os Borges e seus parentes os Caixeta e os
Queiroz de acordo com Silva (2011) deste lado da cidade a paisagem se desenha por ruas
estreitas e curvas as quais conduzem a travessas e becos nitidamente ldquosemeadosrdquo agrave moda
lusitana de povoar Ao mesmo tempo os edifiacutecios mais antigos e caracteriacutesticos da aacuterea satildeo
todos em estilo colonial com altas janelas e portas retangulares Satildeo exemplos a antiga Casa
de Cacircmara e Cadeia localizada hoje na Praccedila Juquinha Caixeta (Figura 7) e os casarotildees do Dr
Joatildeo Borges e do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz a rua e a casa de Deiroacute Borges a Rua do
Tenente Bino o Beco da Zeacutelia a Praccedila da Dona Genoveva (Figura 8) a Rua do Alfredo Borges
a Praccedila Chiquinho Caixeta a Rua Dr Joseacute Oliacutempio Borges a Praccedila Dom Eduardo E ainda a
Travessa dos Queiroz onde se manteacutem de peacute a casa do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz
palco de criaccedilatildeo do partido de oposiccedilatildeo oficial aos ldquoMacieacuteisrdquo
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Figura 7 Casa de Cacircmara e Cadeia (o mais antigo edifiacutecio puacuteblico de Patos de Minas inaugurado em 1912 como Cacircmara Municipal Foacuterum e no reacutes-do-chatildeo a Cadeia Puacuteblica) e Praccedila Juquinha Caixeta Foto Acervo pessoal 2015 Figura 8 Rua Deiroacute Borges ao fundo Praccedila Dona Genoveva Foto Acervo pessoal 2015
Figura 9 Escola Estadual Marcolino de Barros Foto Fotoacutegrafo desconhecido 2008 Disponiacutevel em
httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=614809 Acesso em maio de 2014
Figura 10 Escola Estadual Antocircnio Dias Maciel Foto Acervo pessoal 2015
Ao sul da Praccedila Dom Eduardo em frente agrave Catedral de Santo Antocircnio estatildeo os Macieacuteis e seus
parentes os Santana Pacheco Barros Magalhatildees e Ferreira da Silva Segundo Silva (2011) os
Macieacuteis estatildeo ligados agrave modernizaccedilatildeo e agrave reordenaccedilatildeo urbana da cidade entre suas marcas
na paisagem estatildeo a Escola Estadual Marcolino de Barros(Figura 09) a Escola Estadual
Antocircnio Dias Maciel(Figura 10) a Rua Olegaacuterio Maciel a Casa de Olegaacuterio Maciel a Casa do
Dr Itagyba a Rua Farnese Maciel o Palacete de Amadeu Maciel a Rua Major Gote (apelido
de Sesoacutestris Dias Maciel) o Hospital Regional Antocircnio Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur
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Thomaz de Magalhatildees o Coreto Arthur Thomaz de Magalhatildees a Rua Joseacute de Santana a Praccedila
Antocircnio Dias a Rua Major Jerocircnimo [Dias Maciel] e a Praccedila Santana
Olegaacuterio Maciel figura poliacutetica representativa da regiatildeo alternou entre os cargos de
Deputado Federal e Agente Executivo de Municiacutepio no final do seacuteculo XIX ateacute chegar agrave
Presidecircncia do Estado de Minas Gerais nos anos de 1930 Segundo Borges (2008) esse
processo poliacutetico influenciou o desenvolvimento fiacutesico-territorial da cidade atraindo
investimentos do Governo do Estado para a construccedilatildeo das escolas do foacuterum e do Hospital
Regional
No fim do seacuteculo XIX em 1883 o entatildeo Agente do Executivo Olegaacuterio Dias Maciel3 ordenou
a criaccedilatildeo de um plano diretor para ordenar e reorientar o crescimento do povoado para o
sentido sul da Praccedila Dom Eduardo ldquona chapada ou chapadatildeordquo conforme segue na citaccedilatildeo
Seguiu‐se a risca o ldquoPlano Diretorrdquo indicado por Olegaacuterio
Maciel O vereador Eduardo Ferreira de Noronha em 21 de
setembro de 1906 indica que ()auxiliem a Cacircmara a
estudar o local mais conveniente em que se deve construir
o matadouro e respectivo curral oferecendo seu parecer
Hoje distanciados no tempo sabemos que a ldquoChapadardquo
paulatinamente abrigou aleacutem do Matadouro Municipal a
Casa do Coronel Farnese Dias Maciel a Casa de Amadeu
Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur Thomaz de
Magalhatildees o Passeio Puacuteblico a fonte luminosa o Coreto o
Cinema o Paccedilo Municipal o Hospital Antocircnio Dias Maciel o
Grupo Escolar o Foacuterum () Pari Passu tambeacutem foram
transladados outros elementos que se localizavam na
direccedilatildeo para a qual a cidade ia se deslocando a mudanccedila
do cemiteacuterio e da Igreja de Nossa Senhora do Rosaacuterio
(frequentada pelos negros) tambeacutem se constituiu como
marco simboacutelico da nova ordenaccedilatildeo urbana planeada por
Olegaacuterio Maciel (BORGES amp SILVA 2009 p13)
3 Olegaacuterio Dias Maciel era engenheiro formado na Escola Polyteacutecnica do Rio de Janeiro em 1878 compartilhava os ideais positivistas da Repuacuteblica e tambeacutem os ideais da Belle Eacutepoque de higienizaccedilatildeo e de racionalizaccedilatildeo do espaccedilo urbano Soma-se a isso a experiecircncia cultural de Olegaacuterio fora de Patos como deputado federal e senador vivenciou no Rio de Janeiro as reformas urbanas empreendidas por Pereira Passos inspiradas na reforma de Paris sob a batuta do Baratildeo de Haussman Como deputado estadual e depois como presidente do Estado de Minas Gerais vivenciou a experiecircncia de ldquofruirrdquo a cidade de Belo Horizonte construiacuteda racionalmente agrave moda da colonizaccedilatildeo espanhola na Ameacuterica (BORGES amp SILVA 2009)
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Segundo Oliveira (2010) dentre as influecircncias na malha urbana decorrentes do periacuteodo
poliacutetico do iniacutecio do seacuteculo XX destacam-se as intervenccedilotildees na infraestrutura da Avenida
Getuacutelio Vargas definindo a mesma como eixo nobre na cidade o direcionamento o primeiro
vetor de expansatildeo urbana nas direccedilotildees sul e oeste da Av Getuacutelio Vargas
Figura 11 Inundaccedilatildeo ocorrida em 1941 na ponte sobre o Rio Paranaiacuteba Fonte Arquivo do Laboratoacuterio
de Histoacuteria do Unipam Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=3600 Acesso em
dezembro de 2014
Observa-se que a Avenida Getuacutelio Vargas anteriormente denominada como Avenida
Liberdade e depois Avenida Municipal representa o nuacutecleo inicial da cidade e o ponto de
partida dos vetores de ocupaccedilatildeo ateacute a deacutecada de 1930 observa-se que neste periacuteodo as
praccedilas da avenida apresentavam um paisagismo inspirado nos jardins franceses Zama
Maciel4 relata sobre o planejamento de usos e ocupaccedilatildeo dessa aacuterea e a Figura 12 ilustra esse
periacuteodo
4 Zama Maciel foi um patense que exerceu as funccedilotildees de agrimensor professor inspetor de ensino vereador e redator dos jornais locais
Com relaccedilatildeo ao vetor de expansatildeo oeste
observa-se que o mesmo foi impulsionado
pela construccedilatildeo da nova ponte sobre o rio
Paranaiacuteba em aproximadamente 1926
retratada na Figura 11 Segundo
Dannemann (2013) a obra da ponte estava
sob os cuidados da Companhia Nacional de
Cimento Armado SA e ateacute 1970 serviu
como principal acesso agrave sede do municiacutepio
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Avenida Municipal com o seu atual quilocircmetro de extensatildeo foi
destinada agrave habitaccedilatildeo particular devida a sua exagerada
largura e agrave perspectiva que podem oferecer casas pequenas e
de bom gosto fronteando os seus passeios gramados e jardins
floridos que a pequenada destroacutei Nela preacutedios comerciais de
dois trecircs andares tornam-se ridiacuteculos porque natildeo tecircm
magnitude para se imporem agrave largura (repisamos) exagerada
com que os antigos irrefletidamente a construiacuteram Somente
edifiacutecios semelhantes agrave igreja matriz em construccedilatildeo come
cinquenta metros podem nela sobreviverem Pequenos preacutedios
vivendas graciosas de cujas janelas caiam trepadeiras no
conjunto dos jardins e na imensa claridade de nossas tardes
faratildeo dela recanto cobiccedilado agrave moradia Enfeia-la com preacutedios
comerciais de pequeno porte e com casas de diversotildees
barulhentas seraacute obra de mau gosto que se torna necessaacuterio
evitar (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos Patos de
Minas junho de 1937)
Figura 12 Avenida Getuacutelio Vargas parte ao sul da Catedral de Santo Antocircnio deacutecada de 1930 Ao
centro da figura o Palacete Amadeu Maciel Fonte Acervo Documental e de Imagens de Patos de
Minas Local MuP ndash Museu da Cidade de Patos de Minas
A seguir o Mapa 1 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o
ano de 1930 retrata a localizaccedilatildeo da implantaccedilatildeo da cidade proacuteximo a recursos drsquoaacutegua No
mapa estaacute presente a delimitaccedilatildeo do periacutemetro urbano do ano de 2015 que seraacute mantido
como ponto de referecircncia espacial para a malha urbana atual
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A Figura 13 datada da deacutecada de 1930 eacute uma vista aeacuterea da cidade no qual pode-se
perceber a implantaccedilatildeo e a forma urbana da cidade e os vetores de expansatildeo do iniacutecio do
seacuteculo XX aacuterea retratada pelo Mapa 1 apresentado anteriormente
Figura 13 Vista aeacuterea de Patos de Minas
Fonte Arquivo Daacutecio Pereira da Fonseca Fotografo desconhecido
Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=2650 Acesso em abril de 2014
Observa-se na Figura 13 a presenccedila de espaccedilos livres puacuteblicos dentre eles as Praccedilas da
Avenida Getuacutelio Vargas dos Boiadeiros Antoacutenio Dias Champagnat e Santana os espaccedilos
livres privados o Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo o Patos Tecircnis Clube (PTC) o campo de futebol
da Uniatildeo Recreativa dos Trabalhadores (URT) e o campo de futebol do Clube do Mamoreacute
Segundo Fonseca (1974) desde o final do seacuteculo XIX ateacute 1950 Patos de Minas tentou pleitear
a vinda da estrada de ferro para escoamento da produccedilatildeo agriacutecola da regiatildeo ateacute o Rio de
Janeiro e Satildeo Paulo Segundo Borges e Silva (2009) em 1934 o engenheiro carioca Neacutelson
Rodrigues efetuou o primeiro levantamento planialtimeacutetrico da cidade de Patos de Minas a
princiacutepio esse levantamento objetivava abrigar a estrada de ferro Patos-Catiara Em 1936
provavelmente o proacuteprio Neacutelson Rodrigues concluiu o primeiro Plano Urbano oficial da
cidade apresentado pela Figura 14
LEGENDA 1 ndashMajor Gote e Dr Marcolino 2 ndash Lagoa Grande 3 ndash Campo de Aviaccedilatildeo 4 ndash Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo 5 ndash Rua Dr Marcolino 6 ndash Rua Major Gote 7 ndash Coacuterrego do Monjolo 8 ndash PTC 9 ndash Campo da URT 10 ndash Cemiteacuterio Municipal 11 ndash Rio Paranaiacuteba 12 ndash Av Getuacutelio Vargas 13 ndash Matriz de Santo Antocircnio 14 ndash Rua Tiradentes 15 ndash Cadeia 16 ndash Praccedila dos Boiadeiros 17 ndash Praccedila Antocircnio Dias 18 ndash Av Paracatu 19 ndash Igreja do Rosaacuterio 20 ndash Praccedila Champagnat 21 ndash Rua Major Jerocircnimo 22 ndash Campo do Mamoreacute
23 ndash Praccedila Santana
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Figura 14 Plano Urbano de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fonte Prefeitura
Municipal de Patos de Minas
Destaca-se no plano de crescimento urbano a Rua Major Gote na eacutepoca denominada Rua
Desembargador Frederico Zama Maciel escreve ao jornal local sobre o plano urbano as vias
de caraacuteter comercial da cidade e sobre as intenccedilotildees de um zoneamento de usos para o
crescimento da cidade inspirados no urbanismo norte-americano
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A Prefeitura () mandou organizar a planta da cidade e
traccedilar-lhe as ruas futuras no objetivo de impedir o
crescimento desordenado() Neste trabalho foram
observadas tanto quanto possiacutevel as normas seguidas na
Ameacuterica do Norte onde geralmente as cidades satildeo
traccediladas em xadrez cortando-se as ruas em acircngulo reto
() As ruas comerciais estatildeo determinadas no referido
plano e dentre as atuais destacam-se Desembargador
Frederico e General Osoacuterio A primeira () deveraacute atravessar
a cidade de norte a sul e morreraacute na futura praccedila da
estaccedilatildeo ferroviaacuteria onde atualmente se ergue o barracatildeo
da Companhia do Trigo Seraacute futuramente a mais central da
cidade Eacute de uma boa norma localizar-se o comeacutercio em
determinadas zonas (zoneamento chamam a isto os
urbanistas) bem como as faacutebricas os edifiacutecios puacuteblicos as
escolas (natildeo as primaacuterias que devem ser espalhadas nos
bairros residenciais) devem tambeacutem ter as suas zonas
separadas () (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos
Patos de Minas junho de 1937)
A linha feacuterrea natildeo foi implantada na cidade e o crescimento urbano das deacutecadas seguintes
natildeo se ateve ao planejamento apresentado na deacutecada de 1930
132
DA DEacuteCADA DE 1940 ATEacute A DEacuteCADA DE 1960
AUMENTO POPULACIONAL
Comparando o plano urbaniacutestico apresentado para a cidade no final do seacuteculo XIX com a
expansatildeo da malha urbana observa-se que o crescimento urbano da cidade ocorreu de
forma mais dispersa do que o apresentado no plano O vetor de expansatildeo ao sul manteve
grande parte do planejamento embora apresentando quadras menores A aacuterea antes
ocupada pela Lagoa dos Patos e a aacuterea a nordeste da Lagoa foram as que mais se
distanciaram das ideias do plano urbaniacutestico apresentando uma malha urbana orgacircnica com
a presenccedila de muitas ruas sem saiacuteda
O Mapa 2 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1965 a seguir retrata o crescimento da malha urbana
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Segundo Magrini (2008) na deacutecada de 1950 houve um surto migratoacuterio e a instalaccedilatildeo de
diversas firmas comerciais Nesse periacuteodo construiu-se o primeiro Terminal Rodoviaacuterio com
verbas municipais e investimentos da iniciativa privada e teve iniacutecio tambeacutem a comemoraccedilatildeo
da Festa Nacional do Milho evento que ateacute hoje expressa as manifestaccedilotildees culturais da
regiatildeo
Figura 15 Patos de
Minas da deacutecada de
1960
Elaborado pela autora segundo fonte Arquivo de Marialda Coury Foto Joatildeo Lucas Ribeiro Borges
Observando o crescimento da malha urbana de Patos de Minas ateacute 1965 (ilustrado pela
Figura 15) pode-se constatar que houve uma grande expansatildeo da mesma entre a deacutecada de
1950 e 1960 Nesse periacuteodo o aumento populacional ocorreu predominantemente na aacuterea
urbana conforme mostra a Tabela 02 a seguir
Periacuteodo
Populaccedilatildeo Total do
Municiacutepio
Populaccedilatildeo Urbana do Municiacutepio
Populaccedilatildeo Rural do
Municiacutepio
1950 45399 12525 32874
1960 72839 32511 40328
1970 76211 44877 31334
1980 86121 63302 22819
1990 102946 87403 15543
2000 123881 111333 12548
2010 138710 127724 10986
2014 147614 - -
Tabela 2 Crescimento Populacional de Patos de Minas Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Magrini 2008 Populaccedilatildeo prevista segundo o IBGE
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Nas deacutecadas seguintes a 1960 como se pode antever pela Tabela 2 o crescimento da zona
rural foi diminuindo gradativamente e a populaccedilatildeo da aacuterea urbana aumentando
impulsionando o crescimento da malha urbana
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DA DEacuteCADA DE 1970 ATEacute A DEacuteCADA DE 1980
Incorporaccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua
Nas deacutecadas de 1960 e 1970 periacuteodo de ditadura Militar segundo Magrini (2010) Patos de
Minas passou por uma estagnaccedilatildeo econocircmica devido agrave emancipaccedilatildeo poliacutetica de dois
importantes Lagoa Formosa e Guimaracircnia no mesmo periacuteodo houve grande deslocamento
de patenses para a nova capital do paiacutes Brasiacutelia em busca de empregos
Justamente na eacutepoca da mudanccedila da capital do paiacutes para
Brasiacutelia Patos de Minas perde caracteriacutestica de centro
rodoviaacuterio e transforma-se no ldquopassa perto de Patosrdquo com
estradas asfaltadas em volta num eixo de 130 km Natildeo se
vinha aqui como antes ateacute que a BR 354 inaugurada em
1972 abolia este malfadado passa perto ressurgindo toda a
movimentaccedilatildeo comercial completada pela BR ndash 365 em
1974 (MELLO 1992 p54)
De 1965 ateacute os anos 1980 Patos de Minas praticamente dobrou a sua aacuterea de ocupaccedilatildeo
decorrente principalmente do processo de ecircxodo rural Segundo Oliveira (2010) os vetores
direcionavam para todos os sentidos sendo apenas o oeste limitado pelo Rio Paranaiacuteba os
cursos drsquoaacutegua menores natildeo foram uma barreira para esta expansatildeo
O Mapa 3 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1980 a seguir retrata o crescimento da malha urbana nesse periacuteodo
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Em 1982 foi iniciada a urbanizaccedilatildeo da Lagoa dos Japoneses a Lagoa Grande (Figura 16 e
Figura 17) com a reduccedilatildeo significativa da aacuterea alagada e a construccedilatildeo do Terminal
Rodoviaacuterio No entorno da lagoa foi criado o Parque Recreativo Dr Itagiba depois renomeado
como Parque Dr Itagiba Augusto Silva o primeiro parque urbano da cidade um dos principais
cartotildees postais da cidade espaccedilo de lazer e contemplaccedilatildeo
Figura 16 Projeto para o
Parque Recreativo Dr
Itagiba a construccedilatildeo ao
lado esquerdo da figura
representa o Terminal
Rodoviaacuterio Fonte Jornal
A Debulha O projeto do
parque Ano VIII nordm178
janeiro de 1988 paacuteg7
Figura 17 Planta do Parque Dr Itagiba Augusto Silva ndash Lagoa Grande Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2014
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Em 1986 foi iniciada a canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo inicialmente uma Avenida
Sanitaacuteria no Coacuterrego do Monjolo (Figura 18) atualmente conhecida como Avenida Faacutetima
Porto as obras terminaram em 1996 Segundo Caixeta amp Vlach (2009) a canalizaccedilatildeo
acarretou inicialmente na ocupaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo do entorno e devido agrave resoluccedilatildeo dos
problemas sanitaacuterios que aiacute existiam
Figura 18 Canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo deacutecada de 1990 Foto Arquivo de Donaldo Amaro Teixeira Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=7568 Acesso em maio de 2015
Com o decorrer dos anos e a instalaccedilatildeo dos bairros no entorno o Coacuterrego do Monjolo passou
a apresentar problemas com enchentes e um forte odor provavelmente a canalizaccedilatildeo do
coacuterrego jaacute natildeo suportava mais o volume de aacutegua pluvial dos bairros aleacutem da presenccedila de
esgotos clandestinos Tais problemas geraram novos projetos de canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do
Monjolo nas deacutecadas seguintes
44 |
134
DA DEacuteCADA DE 1990 ATEacute OS DIAS ATUAIS
A FORMA URBANA ATUAL
No final da deacutecada de 1980 houve a descoberta da uma jazida de Fosfato Sedimentar na
localidade da Rocinha (aacuterea rural) o que impulsionou a instalaccedilatildeo de induacutestrias voltadas para
o agronegoacutecio iniciado pelas Sementes Agroceres SA (especialista tambeacutem em geneacutetica
suiacutena) Nesse periacuteodo ocorreu ainda um maior desenvolvimento teacutecnico da agricultura por
meio da irrigaccedilatildeo e do cultivo de novos cereais
Os reflexos do desenvolvimento comercial e industrial da regiatildeo foram notados na
implantaccedilatildeo de induacutestrias de confecccedilotildees agroinduacutestrias e na instalaccedilatildeo da multinacional Cica
que impulsionou o cultivo de milho ervilha e tomate5
A implementaccedilatildeo de induacutestrias somadas agraves pressotildees poliacuteticas acarretou na instalaccedilatildeo de um
distrito industrial na porsatildeo sul e oeste da cidade expandindo o periacutemetro urbano para aleacutem
das margens do Rio Paranaiacuteba A criaccedilatildeo do distrito industrial influenciou a ocupaccedilatildeo ao longo
da Avenida Presidente Juscelino Kubitschek construiacuteda nos anos 1970 para ligaccedilatildeo do nuacutecleo
urbano agraves rodovias BR-354 e BR-365 comportando-se entatildeo como principal acesso da
cidade
O Mapa 4 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o ano de
2015 a seguir apresenta a forma urbana atual da cidade
5 A multinacional Cica permaneceu na cidade ateacute 2001 depois se deslocou para o Estado de Goiaacutes quando perdeu parte dos incentivos fiscais oferecidos pela cidade
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Na deacutecada de 1990 a expansatildeo da malha urbana ultrapassou as aacutereas de algumas reservas
ambientais que se transformaram nos principais parques urbanos da cidade o Parque
Municipal do Mocambo (Figura 19) em 1990 e o Parque Municipal Joatildeo Luiz Redondo (Figura
20) em 1994 ambos localizados em aacutereas de lagoas
Figura 19 Parque Municipal do
Mocambo 1992 Fonte Arquivo
de Donaldo Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecadepatoscombr
p=8437 Acesso em marccedilo de
2015
Figura 20 Parque
Municipal Joatildeo Luiz
Redondo (Lagoinha)
deacutecada de 1990 Fonte
Arquivo de Donaldo
Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecade
patoscombrp=75
54 Acesso em marccedilo
de 2015
47 |
Foi criado tambeacutem na deacutecada de 1990 na Lei Municipal nordm 2872 de 03 de outubro de 1991
o Parque Mirante do Alto da Colina (ainda natildeo implantado) e a Lei Municipal nordm 2871 de 03
de outubro de 1991 declara a aacuterea denominada Lagoa e Bosque do ldquoPATAtildeOrdquo de preservaccedilatildeo
permanente onde desde entatildeo se cogita a implantaccedilatildeo de um parque urbano
Figura 21 Rua Mirico Caixeta ao fundo a Mata do Catingeuiro Evidenciando a falta de conexatildeo da
mata com o entorno Foto Acervo pessoal 2015
Figura 22 Rua 0 e o desmatamento na Mata do Catingeiro Foto Acervo
pessoal 2015
Em 2014 foi aprovada a criaccedilatildeo do Parque
de Preservaccedilatildeo Mata do Catingueiro uma
tentativa de proteger os restigios da mata
localizado no setor leste aacuterea que
recentemente recebeu muitos loteamentos
que foram implantados sem se estabelecer
uma aacuterea de transiccedilatildeo ou de integraccedilatildeo da
mata com a malha urbana sem passeios
ciclovias praccedilas ou parques conforme
ilustrado na Figura 21 A mata do
Catingueiro tem sido um constante alvo de
queimadas e desmatamento a Figura 22
mostra os vestiacutegios da mata
48 |
Figura 23 Programa MCMV- Jardim Quebec II com 437unidades localizado na porccedilatildeo noroeste da
cidade ao fundo da figura a mata ciliar do Rio Paranaiacuteba e plantaccedilotildees de cafeacute Foto Sacircmara C P Lima
2014
Na deacutecada de 2010 ocorreu a expansatildeo do periacutemetro urbano no sentindo norte pela primeira
vez para aleacutem do Coacuterrego do Limoeiro devido agrave instalaccedilatildeo de um campus da Universidade
Federal de Uberlacircndia na aacuterea Observa-se na Figura 23 que a aacuterea do extremo noroeste da
cidade estaacute em processo de expansatildeo da malha urbana e apresenta construccedilotildees habitacionais
do Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) na cidade
Notamos diversas transformaccedilotildees na malha urbana de Patos de Minas ao longo das deacutecadas
desde a implantaccedilatildeo do nuacutecleo urbano aos desdobramentos econocircmicos poliacuteticos e sociais
que direcionaram o crescimento da cidade e a transformaccedilatildeo da paisagem
O tecido urbano e o crescimento das cidades brasileiras como eacute o caso de Patos de Minas se
daacute pela conformaccedilatildeo do sistema viaacuterio pelos padrotildees de parcelamento do solo por
edificaccedilotildees e pelos espaccedilos livres Patos possui uma relaccedilatildeo cultural e econocircmica muito forte
com a zona rural A linha de transiccedilatildeo entre o urbano e o rural eacute muito tecircnue principalmente
nas aacutereas de borda urbana Nesses bairros de periferia ou de limite da mancha urbana a
cidade termina no outro lado da rua depois de uma cerca de arame sem nenhum espaccedilo de
transiccedilatildeo o outro lado da cerca se configura como um espaccedilo livre com muitas
potencialidades de uso e conflitos
49 |
Figura 24 Paisagem urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora
Em Patos de Minas a paisagem urbana eacute emoldurada por serras cobertas por diferentes
plantaccedilotildees (Figura 24) a cidade termina onde o Rio Paranaiacuteba passa ou a cidade termina
onde comeccedilam os fundos de vale Ora cidade ora zona rural A paisagem tambeacutem eacute marcada
pela Catedral um contraste no meio do aglomerado urbano em uma zona em processo de
verticalizaccedilatildeo onde a Catedral se esconde e se revela A Catedral marca o iniacutecio da ocupaccedilatildeo
da regiatildeo em uma aacuterea de chapada na beira da lagoa hoje a chapada foi praticamente toda
ocupada e os bairros das bordas urbanas ocupam as aacutereas mais elevadas da cidade Do alto
desses bairros da borda eacute possiacutevel ver as lagoas e os coacuterregos pressentes na cidade espaccedilos
que se configuram como parques praccedilas e chaacutecaras espaccedilos livres de edificaccedilatildeo que
ressaltam a identidade da cidade e a paisagem urbana
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51 |
21 ESPACcedilOS LIVRES
ESPACcedilOS ABERTOS AacuteREAS VERDES
O conceito de espaccedilo livre de edificaccedilatildeo eacute amplo e complexo Para Nucci (2001) os espaccedilos
livres fazem parte de um grande grupo paisagiacutestico urbano que pode ser subdividido em
vaacuterias categorias dependendo do seu uso e funccedilatildeo sendo entatildeo um termo bastante
abrangente que agrega todos os outros conceitos similares como espaccedilos abertos aacutereas
verdes aacutereas livres sistemas de aacutereas de lazer cobertura vegetal entre outros
Segundo Queiroga (2006) Miranda Magnoli em sua tese de livre-docecircncia6 buscou afirmar o
espaccedilo livre como o objeto do paisagismo indo aleacutem do jardim do projeto com vegetaccedilatildeo
e da escala urbana Nesse sentido definiu espaccedilo livre como espaccedilo livre de edificaccedilotildees todo
espaccedilo descoberto urbano ou natildeo vegetado ou natildeo puacuteblico ou privado De acordo com a
autora para a anaacutelise de um dado recorte escalar propotildee-se que o estudo dos espaccedilos livres
deva ir aleacutem dos espaccedilos vegetados e dos espaccedilos puacuteblicos envolvendo todos os espaccedilos
livres do referido recorte Ou seja para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na cidade
eacute preciso ir aleacutem da anaacutelise dos espaccedilos puacuteblicos ou dos vegetados eacute preciso identificar todas
as aacutereas natildeo construiacutedas na cidade os espaccedilos privados intra-lote os lotes e glebas ociosas
as ruas os passeios etc
Os espaccedilos livres satildeo um dos principais estruturadores da forma urbana e um dos principais
elementos caracterizadores da paisagem urbana Segundo Magnoli (1982) os espaccedilos livres
satildeo os ambientes natildeo edificados da cidade as ruas avenidas praccedilas parques quintais
jardins rios matas mangues praias urbanas ou simples vazios urbanos
Quando adotamos o termo aacutereas verdes ou aacutereas verdes urbanas nos referimos a um
subsistema dentro do Sistema de Espaccedilos Livres que engloba principalmente as aacutereas de
preservaccedilatildeo permanente (APPrsquos) reservas legais (RL) e a arborizaccedilatildeo urbana Segundo
6 MAGNOLI Miranda Espaccedilos livres e urbanizaccedilatildeo uma introduccedilatildeo a aspectos da paisagem metropolitana 1982 116 p Tese (Livre-docecircncia em Arquitetura e Urbanismo) ndash Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1982
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Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilo livre eacute adotado se sobrepondo contendo e
ampliando o conceito usual de aacutereas verdes termo que tem como base a necessidade de
espaccedilos livres dotados de vegetaccedilatildeo De acordo com o autor o termo aacutereas verdes eacute
reducionista desconsidera as caracteriacutesticas fundamentais do espaccedilo urbano como a
complexidade e diversidade das formas de apropriaccedilatildeo e apreensatildeo social e o fato real da
impossibilidade fiacutesica e mesmo da inconveniecircncia da existecircncia de vegetaccedilatildeo em
determinados espaccedilos livres
De acordo com Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilos livres natildeo desconsidera o papel
da vegetaccedilatildeo nas cidades brasileiras como elemento facilitador da drenagem urbana criador
de microclimas mais agradaacuteveis contribuindo para a manutenccedilatildeo da diversidade animal e
vegetal e ainda como fator de embelezamento urbano mas natildeo desconsidera a importacircncia
dos espaccedilos natildeo vegetados para inuacutemeras praacuteticas de relevacircncia cultural das feiras agraves festas
populares das manifestaccedilotildees poliacuteticas agrave valorizaccedilatildeo de determinadas paisagens e
patrimocircnios culturais
Entretanto apesar dos crescentes avanccedilos nas discussotildees sobre os espaccedilos livres muitos
autores planos diretores planos de uso e ocupaccedilatildeo ainda natildeo compreenderam o termo
como em Patos de Minas onde adota-se o termo aacutereas verdes nas leis municipais e plano
diretor Na Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo de Patos de Minas (2008) as aacutereas verdes satildeo
descritas como porccedilotildees situadas na Macrozona Urbana destinadas a oferecer espaccedilos
puacuteblicos adequados e qualificados agraves atividades de recreaccedilatildeo lazer e turismo da populaccedilatildeo
de forma a conciliar a proteccedilatildeo dos bens naturais e culturais As cidades precisam de reservas
de aacutereas verdes e de espaccedilos livres de qualidade para praacutetica de atividades culturais de lazer
e contemplaccedilatildeo Observa-se que na lei municipal de Patos de Minas existe uma sobreposiccedilatildeo
entre a funccedilatildeo das reservas de aacutereas verdes e dos espaccedilos de praacuteticas socias sobreposiccedilatildeo
essa presente no conceito dos espaccedilos livres
A implantaccedilatildeo dos espaccedilos livres puacuteblicos depende de uma gestatildeo adequada e integrada dos
recursos com uma fiscalizaccedilatildeo efetiva o que implica no desenvolvimento de poliacuteticas
puacuteblicas permanentes que viabilizem as intervenccedilotildees e necessidades dos espaccedilos livres
Segundo Loboda amp Angelis (2012) o planejamento das aacutereas verdes (puacuteblicas) urbanas parte
de uma definiccedilatildeo de recursos que eacute residual as necessidades satildeo amenizados com recursos
que sobram de outras atividades consideradas como mais prioritaacuterias e que geralmente
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incluem-se nesse acircmbito aquelas de cunho estrateacutegico poliacutetico e econocircmico O autor cita um
problema frequente em diversas cidades brasileiras a falta de recursos destinados aos
espaccedilos puacuteblicos e dentre eles as aacutereas verdes urbanas um dos principais espaccedilos livres das
cidades
De acordo com Magnoli (1982) a localizaccedilatildeo acessibilidade e distribuiccedilatildeo dos espaccedilos livres
formam um complexo sistema de conexotildees com muacuteltiplos papeacuteis urbanos atividades do oacutecio
circulaccedilatildeo urbana conforto conservaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo ambiental drenagem urbana
imaginaacuterio e memoacuteria urbana lazer e recreaccedilatildeo dentre outros Todas essas funccedilotildees
exercidas no ambiente urbano pelos espaccedilos livres assim como a localizaccedilatildeo acessibilidade
distribuiccedilatildeo tipos de usos e configuraccedilatildeo espacial estatildeo organizadas de maneira sistecircmica na
cidade formando o Sistema de Espaccedilos Livres
22 O PENSAMENTO SISTEcircMICO
As cidades independentemente da sua localidade histoacuteria e configuraccedilatildeo satildeo formadas de
modo geral por espaccedilos livres e espaccedilos edificados duas categorias espaciais estruturantes
da forma urbana A configuraccedilatildeo dos espaccedilos livres eacute variaacutevel nas cidades brasileiras por
diversas questotildees como caracteriacutesticas territoriais bioma configuraccedilatildeo paisagiacutestica pela
existecircncia ou ausecircncia de planos urbanos e principalmente pelos processos de urbanizaccedilatildeo e
de transformaccedilatildeo da paisagem
A cidade eacute um conjunto de elementos sistemas e funccedilotildees e os espaccedilos livres formam um dos
principais sistemas capaz de estruturar toda a configuraccedilatildeo urbana De acordo com Tardin
(2010) e DrsquoAgostini amp Cunha (2007) sistema eacute um conjunto de elementos passiacutevel de
estabelecer inter-relaccedilotildees fiacutesicas funcionais estruturais morfoloacutegicas e relativas agrave vivecircncia
da paisagem abertas e intricadas entre si com seu entorno e com as pessoas que o
vivenciam
De acordo com Morin (2008) apud Queiroga (2014) o conceito de sistema implica natildeo
somente elementos inter-relacionaacuteveis mas tais relaccedilotildees constituem uma organizaccedilatildeo e uma
estrutura relativamente estaacutevel que caracteriza o sistema como um todo A organizaccedilatildeo
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sistecircmica por sua vez conteacutem as relaccedilotildees que definem o sistema e que o transformam
alterando sua estrutura possibilitando sua permanecircncia e contendo a possibilidade concreta
de sua dissoluccedilatildeo Para o autor o termo exprime multiplicidade totalidade diversidade
organizaccedilatildeo e complexidade
A noccedilatildeo de sistema auxilia o estudo dos espaccedilos livres urbanos e o entendimento das suas
relaccedilotildees de interdependecircncia complementaridade e hierarquia Segundo Schlee et al
(2009) considerando-se a paisagem como um macrossistema complexo formado de
subsistemas os espaccedilos livres urbanos constituem um dos seus subsistemas inter-
relacionados com outros subsistemas urbanos e rurais e que podem se justapor ao Sistema
de Espaccedilos Livres ou se sobrepor total ou parcialmente enquanto sistemas de accedilotildees
[] entende-se como sistemas de espaccedilos livres (SEL)
urbanos os elementos e as relaccedilotildees que organizam e
estruturam o conjunto de todos os espaccedilos livres de um
determinado recorte urbano independentemente de sua
dimensatildeo qualificaccedilatildeo esteacutetica funcional e de sua
localizaccedilatildeo e propriedade sejam eles puacuteblicos ou privados
[] toda cidade possui um sistema de espaccedilos livres que eacute
produzido durante seu processo de formaccedilatildeo tanto pelo
Poder Puacuteblico como pela iniciativa privada (MACEDO 2010
p 3 e 4)
O autor afirma que todas as cidades independente do seu porte de suas caracteriacutesticas
culturais e histoacutericas possuem um Sistema de Espaccedilos Livres Essa afirmaccedilatildeo incita diversas
questotildees que conduziram esta pesquisa pontos voltados ao objeto de estudo a cidade de
Patos de Minas uma cidade meacutedia
O SEL DE UMA MEGAacuteLOPOLE OU METROacutePOLE Eacute
DIFERENTE DO SEL DE UMA PEQUENA CIDADE OU DE
UMA CIDADE MEacuteDIA
O MESMO TIPO DE ANAacuteLISE QUE SE APLICA PARA O
ENTENDIMENTO DO SEL DE UMA CIDADE DE GRANDE
PORTE PODE SER APLICADO PARA UMA CIDADE DE
MEacuteDIO PORTE
EXISTEM TIPOS DE ESPACcedilOS LIVRES FUNCcedilOtildeES OU
RELACcedilOtildeES QUE CARACTERIZAM O SISTEMA DE ESPACcedilOS
LIVRES DE UMA CIDADE MEacuteDIA
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23 OS ESPACcedilOS LIVRES NAS
CIDADES MEacuteDIAS
O espaccedilo livre eacute parte estruturante da forma urbana ele se configura em diferentes
categorias tipologias e caracteriacutesticas no meio urbano principalmente pela introduccedilatildeo ao
longo da histoacuteria de diferentes padrotildees urbaniacutesticos nas cidades O processo de urbanizaccedilatildeo
das cidades eacute uma soma e por vezes ateacute uma sobreposiccedilatildeo de padrotildees morfoloacutegicos esses
traccedilados geram diferentes paisagens com diferentes tipos de espaccedilos livres Incorporando ao
sistema um rico mosaico espacial formado por diferentes porcentagens de espaccedilos livres
intra lote caracteriacutesticos de traccedilados distintos por diferentes tipos de praccedilas aacutereas de
preservaccedilatildeo parques ruas e avenidas Aacutereas essas que apresentam diversos conflitos e
possuem um intenso potencial de transformaccedilatildeo
Segundo Macedo et al (2012) as cidades brasileiras possuem padrotildees morfoloacutegicas
semelhantes isso fica evidente na repeticcedilatildeo dos tipos de traccedilado (ortogonais orgacircnicos
radiais) e nos padrotildees de mancha urbana (linear tentacular compacta mista) O que confere
a especifidade das diversas cidades eacute a forma como elas estatildeo inseridas em seu contexto
territorial os arranjos espaciais seus padrotildees culturais socioeconocircmicos a legislaccedilatildeo
municipal as tipologias e funccedilotildees dos espaccedilos livres e a paisagem urbana Nas cidades meacutedias
brasileiras a forma como os padrotildees morfoloacutegicos se adequam ao suporte fiacutesico
transformando paisagem a local confere ao Sistema de Espaccedilos Livres diferentes dinacircmicas
espaciais funcionais e tipoloacutegicas
Como dito anteriormente neste trabalho a proposta natildeo eacute discutir o que determina uma
cidade como de meacutedio porte ou natildeo mas entender essas cidades como centro urbanos em
crescimento onde novos traccedilados e dinacircmicas urbanas satildeo somadas agrave cidade existente
transformando a paisagem local Na atual conjuntura brasileira segundo Tacircngari et al(2009)
apoacutes a deacutecada de 1980 as cidades meacutedias passaram a crescer mais rapidamente em
comparaccedilatildeo com as metroacutepoles um processo de diminuiccedilatildeo do movimento migratoacuterio em
direccedilatildeo agraves megaloacutepoles e o seu direcionamento para as cidades meacutedias que apresentam
grande potencial de crescimento econocircmico e tecircm seus atributos esteacuteticos e econocircmicos
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valorizados atraveacutes da propagaccedilatildeo da ideia de que cidades de meacutedio porte podem apresentar
mais qualidade de vida que as grandes metroacutepoles
As cidades meacutedias reproduzem os padrotildees morfoloacutegicos e culturais vindos do contexto das
grandes cidades e das pequenas cidades ou povoados de seu entorno Um exemplo dessa
influecircncia vinda das grandes cidades satildeo os condomiacutenios fechados propostos inicialmente
pelo mercado imobiliaacuterio como locais de seguranccedila e lazer proacuteximos aos grandes centros
urbanos esse mesmo padratildeo de condomiacutenio fechado eacute aplicado nas cidades meacutedias onde a
criminalidade eacute bem menor e as distacircncias a serem percorridas satildeo mais curtas Um exemplo
da influecircncia vinda das pequenas cidades e povoados proacuteximos satildeo as chaacutecaras pastos e
plantaccedilotildees presentes dentro malha urbana
Patos de Minas eacute um exemplo de cidade meacutedia em crescimento que recebe influecircncias
culturais e de padrotildees morfoloacutegicos uma cidade que possui caracteriacutesticas especiacuteficas de seu
suporte fiacutesico de seu processo histoacuterico e cultura que influenciam diretamente na malha
urbana as tipologias de espaccedilos livres e os tipos de apropriaccedilatildeo desses espaccedilos
Se observarmos em Patos de Minas as caracteriacutesticas da condiccedilatildeo de cidade meacutedia como por
exemplo a localizaccedilatildeo estrateacutegica entre cidades de maior e menor porte Percebemos que a
cidade atrai pessoas do entorno para desfrutar de suas potencialidades econocircmicas e de seus
aparatos de lazer (parques praccedilas locais de exposiccedilatildeo agropecuaacuteria) o que contribui
diretamente para geraccedilatildeo de renda e uso dos espaccedilos A cidade possui uma relaccedilatildeo direta
com cidades de maior porte que servem de escoamento da produccedilatildeo e suprimento de
mercadorias essa relaccedilatildeo de proximidade atrai para cidade eventos e exposiccedilotildees e pode
motivar influecircncias sobre as tipologias de espaccedilos livres gerados (assim como o processo de
globalizaccedilatildeo tambeacutem pode exercer esse papel)
Eacute nesse contexto de crescimento das cidades meacutedias e influecircncias morfoloacutegicas e culturais
que o Sistema de Espaccedilos Livres precisa ser pensado e entendido como uma infraestrutura
baacutesica para o desempenho da vida cotidiana urbana Segundo Souza amp Macedo (2014) o SEL
deve oferecer condiccedilotildees de habitabilidade urbana e para isso eacute necessaacuterio que se estabeleccedila
um diagnoacutestico baseado na existecircncia ou ausecircncia de uma seacuterie de atributos urbanos
necessaacuterios e qualitativos que deveriam orientar accedilotildees poliacuteticas e projetos de maneira a
formar um Sistema de Espaccedilos Livres integrado agrave paisagem local e a demanda da populaccedilatildeo
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O autor afirma que eacute preciso fazer uma leitura da cidade de seus condicionantes conflitos e
potencialidades para entender como se estrutura o SEL suas funccedilotildees e seu potencial de
transformaccedilatildeo e organizaccedilatildeo na cidade
Partimos para anaacutelise da forma urbana patense buscando o entendimento de como as
caracteriacutesticas especiacuteficas do suporte fiacutesico da organizaccedilatildeo espacial da situaccedilatildeo fundiaacuteria e
dos tipos de usos e funccedilotildees exercidas pelos espaccedilos livres estruturam o Sistema de Espaccedilos
Livres de Patos de Minas
24 OS ESPACcedilOS LIVRES NA FORMA URBANA DE
PATOS DE MINAS
Para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na forma urbana de Patos de Minas a
anaacutelise foi dividida em trecircs principais enfoques RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA CONFIGURACcedilAtildeO
ESPACIAL e RELACcedilAtildeO DE USOS DO SOLO A leitura da cidade apresentada por esses trecircs
acircngulos somada ao entendimento de paisagem forma urbana e da formaccedilatildeo e
transformaccedilatildeo da malha urbana patense apresentados no capiacutetulo anterior nos possibilitam
o entendimento do Sistema Espaccedilos Livres de Patos de Minas como um todo com suas
categorias tipoloacutegias e relaccedilotildees sistecircmicas
Os trecircs principais enfoques foram determinados com base nas principais caracteriacutesticas da
cidade nas suas peculiaridades na sua condiccedilatildeo de cidade de meacutedio porte Provavelmente
um outro tipo de cidade com outras caracteriacutesticas de paisagem demandaria outro segmento
de anaacutelise
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241
RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA
ESPACcedilOS LIVRES x SUPORTE ambiental
O principal objetivo desse subcapiacutetulo eacute analisar as caracteriacutesticas do suporte ambiental sobre
o qual a cidade de Patos de Minas foi implantada buscando identificar quais espaccedilos livres
presentes na cidade incorporam esses elementos da paisagem O suporte ambiental eacute parte
da paisagem urbana ele eacute formado por elementos como corpos drsquoaacutegua vegetaccedilatildeo relevo
solos e clima
Estatildeo cada vez mais presentes nos planos diretores e na legislaccedilatildeo ambiental denominaccedilotildees
como reservas florestais puacuteblicas e privadas parques lineares parques ecoloacutegicos unidades
de conservaccedilatildeo aacutereas de proteccedilatildeo permanente (APPrsquos) aleacutem de referecircncias agrave
sustentabilidade e agrave ecologia Essas denominaccedilotildees muitas vezes geram espaccedilos livres
voltados agrave funccedilatildeo de conservaccedilatildeo e proteccedilatildeo ambiental Entretanto os espaccedilos livres
vinculados ao suporte fiacutesico natildeo possuem somente a funccedilatildeo de conservaccedilatildeo ambiental eles
possuem outros papeacuteis no meio urbano como recreaccedilatildeo infraestrutura urbana contribuir
com a drenagem pluvial possibilitar microclimas urbanos mais agradaacuteveis contribuir para
manutenccedilatildeo da biodiversidade e valores esteacuteticos Segundo Queiroga (2012) a
permeabilidade do solo e a cobertura arboacuterea permitem a conservaccedilatildeo de paisagens com
melhor desempenho ambiental mitigando problemas comuns nas aacutereas urbanas a qualidade
da aacutegua e do ar a manutenccedilatildeo da qualidade do solo controle de erosatildeo abastecimento dos
aquiacuteferos e regulaccedilatildeo das enchentes
Os espaccedilos livres vinculados ao suporte ambiental como os corpos drsquoaacutegua e a vegetaccedilatildeo
constantemente satildeo alvo de degradaccedilatildeo ambiental o que ressalta a sua funccedilatildeo ambiental
dentro do sistema Entretanto a mitigaccedilatildeo desses problemas natildeo eacute uma questatildeo pertinente
apenas ao planejamento ambiental das cidades De acordo com Jacobs (2001) as aacutereas livres
puacuteblicas estruturam o espaccedilo urbano satildeo o principal suporte espacial para o encontro e a
vivecircncia urbana Segundo a autora a degradaccedilatildeo do espaccedilo urbano observada pela reduccedilatildeo
de aacutereas puacuteblicas de lazer deficiecircncia na arborizaccedilatildeo urbana excessiva impermeabilizaccedilatildeo do
solo aumento da temperatura e criaccedilatildeo de ilhas de calor danos ambientais diversos
diminuiccedilatildeo da qualidade da ambiecircncia urbana e perda de qualidade de vida constitui um
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problema que extrapola a esfera fiacutesicaespacial constituindo um problema social visto que
desencoraja o uso da rua e dos espaccedilos livres como locais de encontro necessaacuterios para a
manutenccedilatildeo das praacuteticas sociais
Ao longo do processo de urbanizaccedilatildeo das cidades brasileira foram comuns situaccedilotildees em que
aacutereas de reserva natural foram desmatadas para dar lugar a loteamentos coacuterregos foram
canalizados e desapareceram da paisagem urbana ou foram canalizadas a ceacuteu aberto tiveram
sua APP desmatada e impermeabilizada para dar lugar a avenidas e aacutereas construiacutedas como
no caso da Figura 26
Figura 26 Coacuterrego do Monjolo em Patos de Minas canalizado a ceacuteu aberto na deacutecada de 1970 com APP desmatada e grande parte do seu entorno impermeabilizado Agraves margens do coacuterrego a Av Faacutetima Porto Foto Acervo pessoal 2014
Atualmente esse tipo de tratamento de supressatildeo da vegetaccedilatildeo das APPrsquos em aacutereas
urbanizadas eacute cada vez mais incomum7 o que contribui para a conservaccedilatildeo desses recursos
naturais Entretanto gradativamente mais a legislaccedilatildeo ambiental trata a funccedilatildeo ambiental dos
espaccedilos como algo isolado entendendo as APPrsquos como locais onde natildeo podem existir
intervenccedilotildees desconsiderando que esses espaccedilos podem estar vinculados a outras funccedilotildees
como por exemplo recreaccedilatildeo educaccedilatildeo ambiental valorizaccedilatildeo da paisagem De acordo com
7 Os casos excepcionais nos quais eacute permitido a supressatildeo da vegetaccedilatildeo em APP estatildeo definidos pela Resoluccedilatildeo CONAMA 36906
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trecircs fundamentais elementos que compotildee os planos satildeo as ruas que estatildeo arranjadas em um
traccedilado os lotes ou parcelas individuais de terra juntamente com as quadrasquarteirotildees e os
edifiacutecios com seus conjuntos construiacutedos As diversas combinaccedilotildees desses trecircs principais
elementos constituiriam unidades distintas com ldquohomogeneidade morfoloacutegicardquo o que o
autor denominou de tecido urbano (ldquoplan unitrdquo ldquourban fabricrdquo ou ldquotessuto urbanordquo para a
escola italiana)
A morfologia urbana e suas diferentes escolas de pensamento retratam o estudo da forma
urbana e de seus elementos estruturantes dos processos culturais sociais econocircmicos e
poliacuteticos Os estudos morfoloacutegicos que mais se aplicam agrave presente pesquisa satildeo os da escola
inglesa onde desenvolve-se uma anaacutelise descritiva e analiacutetica do processo de urbanizaccedilatildeo
estudando as unidades com ldquohomogeneidade morfoloacutegicasrdquo trabalhadas nessa pesquisa por
meio das Unidades de Paisagem (porccedilotildees territoriais com semelhanccedila de traccedilado e interaccedilatildeo
entre os espaccedilos livres e edificados) e atraveacutes da anaacutelise do Sistema de Espaccedilos Livres uma
organizaccedilatildeo sistecircmica dos espaccedilos livres das diversas Unidades de Paisagem presentes em
uma aacuterea definida
Para o entendimento da configuraccedilatildeo do Sistema de Espaccedilos Livres Patense e de suas
Unidades de Paisagem partimos do estudo do processo de urbanizaccedilatildeo de Patos de Minas
observando as caracteriacutesticas morfoloacutegicas histoacutericas culturais e da paisagem urbana
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13 FORMACcedilAtildeO E TRANSFORMACcedilAtildeO DA
MALHA URBANA PATENSE
Figura 4 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Patos de Minas e apresentaccedilatildeo da forma urbana da cidade Elaborado pela autora segundo fonte Mapas da Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2006 e 2015
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Patos de Minas eacute uma cidade meacutedia2 da regiatildeo intermediaacuteria agrave Mesorregiatildeo do Triacircngulo
Mineiro e Alto Paranaiacuteba Considerada poacutelo econocircmico regional a maior cidade da
microrregiatildeo do Alto Paranaiacuteba que eacute composta por 10 municiacutepios O municiacutepio de Patos de
Minas eacute formado por sete distritos o distrito sede eacute a cidade de Patos de Minas e os outros
satildeo Bom Sucesso Chumbo Major Porto Pilar Pindaiacutebas e Santana de Patos (identificados na
Figura 4)
Segundo o IBGE (2010) o municiacutepio de Patos de Minas possui aacuterea de 3189771Kmsup2
densidade demograacutefica de 4349 habkmsup2 e populaccedilatildeo de aproximadamente 147614
habitantes (populaccedilatildeo estimada em 2014)
Patos de Minas situa-se no Planalto Central Minas GeraisGoiaacutes com altitudes meacutedias de 800
a 900 metros Localiza-se entre duas grandes bacias hidrograacuteficas brasileiras a do Satildeo
Francisco e a do Paranaacute Sua localizaccedilatildeo estrateacutegica permite a ligaccedilatildeo da cidade a centros
comerciais como Uberlacircndia Belo Horizonte Brasiacutelia e Satildeo Paulo facilitando o intercacircmbio
comercial e o desenvolvimento econocircmico
De acordo com o IBGE (2012) o PIB (Produto Interno Bruto) do municiacutepio tem sua economia
baseada principalmente no setor de serviccedilos seguido do setor industrial e da agricultura
conforme Tabela 1
2 A dissertaccedilatildeo adota a conceituaccedilatildeo de cidades meacutedias desenvolvida por Amorim Filho e Serra (2001) cidade que ocupam uma posiccedilatildeo estrateacutegica na hierarquia urbana oferecendo suporte agraves cidades pequenas conforme a funccedilatildeo que desempenham e estabelecendo ligaccedilotildees com as cidades maiores intermediando as relaccedilotildees entre estes dois niacuteveis urbanos De acordo com os autores essas cidades satildeo espaccedilos de relaccedilotildees e natildeo de polarizaccedilatildeo ou dominaccedilatildeo satildeo cidades natildeo tatildeo pequenas a ponto de limitar as possibilidades de crescimento econocircmico e intelectual de seus habitantes e nem tatildeo grandes a ponto de onerar ndash e ateacute pocircr em risco ndash a vida da maioria de seus moradores
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Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas - 2012
Impostos sobre produtos liacutequidos de subsiacutedios a preccedilos correntes
248946 mil reais
PIB a preccedilos correntes 2495732 mil reais
PIB per capita a preccedilos correntes 1770650 mil reais
Valor adicionado bruto da agropecuaacuteria a preccedilos correntes 255908 mil reais
Valor adicionado bruto da induacutestria a preccedilos correntes 432152 mil reais
Valor adicionado bruto dos serviccedilos a preccedilos correntes 1558725 mil reais
Tabela 1 Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Patos de Minas-2012 Fonte IBGE 2012 em parceria com os Oacutergatildeos Estaduais de Estatiacutestica Secretarias Estaduais de
Governo e Superintendecircncia da Zona Franca de Manaus ndash SUFRAMA Disponiacutevel em
httpwwwcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=314800ampidtema=134ampsearch=mina
s-gerais|patos-de-minas|produto-interno-bruto-dos-municipios-2012 Acesso em dezembro de 2014
Entretanto observa-se que entre os setores o que mais exerce influecircncia cultural no
municiacutepio e na dinacircmica urbana eacute a agricultura somada a pecuaacuteria e ao agronegoacutecio
caracterizando as festas locais as manifestaccedilotildees culturais as formas de apropriaccedilatildeo da
paisagem as tipologias predominantes de espaccedilos livres e a histoacuteria de ocupaccedilatildeo do
municiacutepio Na agroinduacutestria destaca-se a produccedilatildeo de leite e derivados sementes e adubos
defensivos agriacutecolas carne suiacutena e derivados e alimentos enlatados A agricultura sempre
caracterizou a economia e a cultura local os produtos que se destacam satildeo o arroz soja
feijatildeo cafeacute maracujaacute tomate horticultura e o milho siacutembolo da festa regional a Festa
Nacional do Milho A pecuaacuteria possui significativa importacircncia econocircmica para o municiacutepio a
regiatildeo faz parte de uma das maiores bacias leiteiras do paiacutes Patos de Minas tambeacutem eacute
considerada poacutelo nacional de geneacutetica suiacutena detendo 70 da tecnologia nacional em
melhoramentos suiacutenos
Para analisarmos como se formou a cidade de Patos de Minas apresentaremos seus periacuteodos
urbanos em cinco partes a primeira retrata o iniacutecio do povoado ateacute 1930 depois de 1940 a
deacutecada de 1960 em seguida de 1970 ateacute a deacutecada 1980 e por fim o periacuteodo que vai de 1990
ateacute o ano de 2015 buscando assim retratar o crescimento urbano os principais
acontecimentos histoacutericos e a incorporaccedilatildeo dos elementos da paisagem
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131
DO INIacuteCIO DO POVOADO ATEacute A DEacuteCADA DE 1930
BORGES X MACIEacuteIS
O processo de colonizaccedilatildeo da
regiatildeo ocupada hoje pelo
municiacutepio de Patos de Minas
teve iniacutecio provavelmente na
segunda metade do seacuteculo XVIII
antes mesmo da descoberta do
ouro no estado de Minas Gerais
com as bandeiras rumo agraves terras
de Paracatu A cidade de Patos
de Minas surgiu na segunda
deacutecada do seacuteculo XIX em torno
da Lagoa dos Patos (delimitada
na Figura 5) onde segundo as
descriccedilotildees histoacutericas existia uma
enorme quantidade de patos
silvestres
Figura 5 Crescimento Urbano de Patos de Minas ateacute o iacutenicio do seacuteculo XIX Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas Disponiveacutel em
httpwwwpatosdeminasmggovbrgaleriahistoricaspagesimage16php Acesso em maio de
2014 Elaborado pela autora
Segundo Oliveira Mello (1971) o povoado que deu origem a cidade de Patos de Minas se
iniciou em 1826 com a doaccedilatildeo do terreno por Antocircnio Joaquim da Silva Guerra e sua esposa
Luzia Correcirca de Andrade para a construccedilatildeo da capela de Santo Antocircnio situada hoje na atual
Praccedila Dom Eduardo proacutexima agrave Lagoa dos Patos na Avenida Liberdade atualmente conhecida
como Avenida Getuacutelio Vargas A partir de entatildeo diversas famiacutelias se instalaram no entorno da
capela originando o Arraial de Santo Antocircnio da Beira do Paranaiacuteba Em 1866 foi criada a Vila
de Santo Antocircnio dos Patos e em 1892 o presidente do Estado de Minas Gerais elevou a vila
agrave categoria de cidade de Patos de Minas
29 |
Figura 6 Iniacutecio da ocupaccedilatildeo da cidade de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fontes
Prefeitura Municipal de Patos de Minas e MuP- Museu da Cidade de Patos de Minas
A Praccedila Dom Eduardo estaacute no centro do nuacutecleo original de povoamento ilustrado pela Figura
6 e representa a divisatildeo de influecircncia entre as duas famiacutelias da elite local que atuaram na
construccedilatildeo da paisagem urbana e na histoacuteria da cidade de Patos de Minas os Borges
catoacutelicos e monarquistas e os Dias Macieacuteis protestantes e republicanos
Ao norte da Praccedila Dom Eduardo encontam-se os Borges e seus parentes os Caixeta e os
Queiroz de acordo com Silva (2011) deste lado da cidade a paisagem se desenha por ruas
estreitas e curvas as quais conduzem a travessas e becos nitidamente ldquosemeadosrdquo agrave moda
lusitana de povoar Ao mesmo tempo os edifiacutecios mais antigos e caracteriacutesticos da aacuterea satildeo
todos em estilo colonial com altas janelas e portas retangulares Satildeo exemplos a antiga Casa
de Cacircmara e Cadeia localizada hoje na Praccedila Juquinha Caixeta (Figura 7) e os casarotildees do Dr
Joatildeo Borges e do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz a rua e a casa de Deiroacute Borges a Rua do
Tenente Bino o Beco da Zeacutelia a Praccedila da Dona Genoveva (Figura 8) a Rua do Alfredo Borges
a Praccedila Chiquinho Caixeta a Rua Dr Joseacute Oliacutempio Borges a Praccedila Dom Eduardo E ainda a
Travessa dos Queiroz onde se manteacutem de peacute a casa do Capitatildeo Virgiacutelio Caixeta de Queiroz
palco de criaccedilatildeo do partido de oposiccedilatildeo oficial aos ldquoMacieacuteisrdquo
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Figura 7 Casa de Cacircmara e Cadeia (o mais antigo edifiacutecio puacuteblico de Patos de Minas inaugurado em 1912 como Cacircmara Municipal Foacuterum e no reacutes-do-chatildeo a Cadeia Puacuteblica) e Praccedila Juquinha Caixeta Foto Acervo pessoal 2015 Figura 8 Rua Deiroacute Borges ao fundo Praccedila Dona Genoveva Foto Acervo pessoal 2015
Figura 9 Escola Estadual Marcolino de Barros Foto Fotoacutegrafo desconhecido 2008 Disponiacutevel em
httpwwwskyscrapercitycomshowthreadphpt=614809 Acesso em maio de 2014
Figura 10 Escola Estadual Antocircnio Dias Maciel Foto Acervo pessoal 2015
Ao sul da Praccedila Dom Eduardo em frente agrave Catedral de Santo Antocircnio estatildeo os Macieacuteis e seus
parentes os Santana Pacheco Barros Magalhatildees e Ferreira da Silva Segundo Silva (2011) os
Macieacuteis estatildeo ligados agrave modernizaccedilatildeo e agrave reordenaccedilatildeo urbana da cidade entre suas marcas
na paisagem estatildeo a Escola Estadual Marcolino de Barros(Figura 09) a Escola Estadual
Antocircnio Dias Maciel(Figura 10) a Rua Olegaacuterio Maciel a Casa de Olegaacuterio Maciel a Casa do
Dr Itagyba a Rua Farnese Maciel o Palacete de Amadeu Maciel a Rua Major Gote (apelido
de Sesoacutestris Dias Maciel) o Hospital Regional Antocircnio Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur
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Thomaz de Magalhatildees o Coreto Arthur Thomaz de Magalhatildees a Rua Joseacute de Santana a Praccedila
Antocircnio Dias a Rua Major Jerocircnimo [Dias Maciel] e a Praccedila Santana
Olegaacuterio Maciel figura poliacutetica representativa da regiatildeo alternou entre os cargos de
Deputado Federal e Agente Executivo de Municiacutepio no final do seacuteculo XIX ateacute chegar agrave
Presidecircncia do Estado de Minas Gerais nos anos de 1930 Segundo Borges (2008) esse
processo poliacutetico influenciou o desenvolvimento fiacutesico-territorial da cidade atraindo
investimentos do Governo do Estado para a construccedilatildeo das escolas do foacuterum e do Hospital
Regional
No fim do seacuteculo XIX em 1883 o entatildeo Agente do Executivo Olegaacuterio Dias Maciel3 ordenou
a criaccedilatildeo de um plano diretor para ordenar e reorientar o crescimento do povoado para o
sentido sul da Praccedila Dom Eduardo ldquona chapada ou chapadatildeordquo conforme segue na citaccedilatildeo
Seguiu‐se a risca o ldquoPlano Diretorrdquo indicado por Olegaacuterio
Maciel O vereador Eduardo Ferreira de Noronha em 21 de
setembro de 1906 indica que ()auxiliem a Cacircmara a
estudar o local mais conveniente em que se deve construir
o matadouro e respectivo curral oferecendo seu parecer
Hoje distanciados no tempo sabemos que a ldquoChapadardquo
paulatinamente abrigou aleacutem do Matadouro Municipal a
Casa do Coronel Farnese Dias Maciel a Casa de Amadeu
Dias Maciel a Casa do Coronel Arthur Thomaz de
Magalhatildees o Passeio Puacuteblico a fonte luminosa o Coreto o
Cinema o Paccedilo Municipal o Hospital Antocircnio Dias Maciel o
Grupo Escolar o Foacuterum () Pari Passu tambeacutem foram
transladados outros elementos que se localizavam na
direccedilatildeo para a qual a cidade ia se deslocando a mudanccedila
do cemiteacuterio e da Igreja de Nossa Senhora do Rosaacuterio
(frequentada pelos negros) tambeacutem se constituiu como
marco simboacutelico da nova ordenaccedilatildeo urbana planeada por
Olegaacuterio Maciel (BORGES amp SILVA 2009 p13)
3 Olegaacuterio Dias Maciel era engenheiro formado na Escola Polyteacutecnica do Rio de Janeiro em 1878 compartilhava os ideais positivistas da Repuacuteblica e tambeacutem os ideais da Belle Eacutepoque de higienizaccedilatildeo e de racionalizaccedilatildeo do espaccedilo urbano Soma-se a isso a experiecircncia cultural de Olegaacuterio fora de Patos como deputado federal e senador vivenciou no Rio de Janeiro as reformas urbanas empreendidas por Pereira Passos inspiradas na reforma de Paris sob a batuta do Baratildeo de Haussman Como deputado estadual e depois como presidente do Estado de Minas Gerais vivenciou a experiecircncia de ldquofruirrdquo a cidade de Belo Horizonte construiacuteda racionalmente agrave moda da colonizaccedilatildeo espanhola na Ameacuterica (BORGES amp SILVA 2009)
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Segundo Oliveira (2010) dentre as influecircncias na malha urbana decorrentes do periacuteodo
poliacutetico do iniacutecio do seacuteculo XX destacam-se as intervenccedilotildees na infraestrutura da Avenida
Getuacutelio Vargas definindo a mesma como eixo nobre na cidade o direcionamento o primeiro
vetor de expansatildeo urbana nas direccedilotildees sul e oeste da Av Getuacutelio Vargas
Figura 11 Inundaccedilatildeo ocorrida em 1941 na ponte sobre o Rio Paranaiacuteba Fonte Arquivo do Laboratoacuterio
de Histoacuteria do Unipam Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=3600 Acesso em
dezembro de 2014
Observa-se que a Avenida Getuacutelio Vargas anteriormente denominada como Avenida
Liberdade e depois Avenida Municipal representa o nuacutecleo inicial da cidade e o ponto de
partida dos vetores de ocupaccedilatildeo ateacute a deacutecada de 1930 observa-se que neste periacuteodo as
praccedilas da avenida apresentavam um paisagismo inspirado nos jardins franceses Zama
Maciel4 relata sobre o planejamento de usos e ocupaccedilatildeo dessa aacuterea e a Figura 12 ilustra esse
periacuteodo
4 Zama Maciel foi um patense que exerceu as funccedilotildees de agrimensor professor inspetor de ensino vereador e redator dos jornais locais
Com relaccedilatildeo ao vetor de expansatildeo oeste
observa-se que o mesmo foi impulsionado
pela construccedilatildeo da nova ponte sobre o rio
Paranaiacuteba em aproximadamente 1926
retratada na Figura 11 Segundo
Dannemann (2013) a obra da ponte estava
sob os cuidados da Companhia Nacional de
Cimento Armado SA e ateacute 1970 serviu
como principal acesso agrave sede do municiacutepio
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Avenida Municipal com o seu atual quilocircmetro de extensatildeo foi
destinada agrave habitaccedilatildeo particular devida a sua exagerada
largura e agrave perspectiva que podem oferecer casas pequenas e
de bom gosto fronteando os seus passeios gramados e jardins
floridos que a pequenada destroacutei Nela preacutedios comerciais de
dois trecircs andares tornam-se ridiacuteculos porque natildeo tecircm
magnitude para se imporem agrave largura (repisamos) exagerada
com que os antigos irrefletidamente a construiacuteram Somente
edifiacutecios semelhantes agrave igreja matriz em construccedilatildeo come
cinquenta metros podem nela sobreviverem Pequenos preacutedios
vivendas graciosas de cujas janelas caiam trepadeiras no
conjunto dos jardins e na imensa claridade de nossas tardes
faratildeo dela recanto cobiccedilado agrave moradia Enfeia-la com preacutedios
comerciais de pequeno porte e com casas de diversotildees
barulhentas seraacute obra de mau gosto que se torna necessaacuterio
evitar (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos Patos de
Minas junho de 1937)
Figura 12 Avenida Getuacutelio Vargas parte ao sul da Catedral de Santo Antocircnio deacutecada de 1930 Ao
centro da figura o Palacete Amadeu Maciel Fonte Acervo Documental e de Imagens de Patos de
Minas Local MuP ndash Museu da Cidade de Patos de Minas
A seguir o Mapa 1 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o
ano de 1930 retrata a localizaccedilatildeo da implantaccedilatildeo da cidade proacuteximo a recursos drsquoaacutegua No
mapa estaacute presente a delimitaccedilatildeo do periacutemetro urbano do ano de 2015 que seraacute mantido
como ponto de referecircncia espacial para a malha urbana atual
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A Figura 13 datada da deacutecada de 1930 eacute uma vista aeacuterea da cidade no qual pode-se
perceber a implantaccedilatildeo e a forma urbana da cidade e os vetores de expansatildeo do iniacutecio do
seacuteculo XX aacuterea retratada pelo Mapa 1 apresentado anteriormente
Figura 13 Vista aeacuterea de Patos de Minas
Fonte Arquivo Daacutecio Pereira da Fonseca Fotografo desconhecido
Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=2650 Acesso em abril de 2014
Observa-se na Figura 13 a presenccedila de espaccedilos livres puacuteblicos dentre eles as Praccedilas da
Avenida Getuacutelio Vargas dos Boiadeiros Antoacutenio Dias Champagnat e Santana os espaccedilos
livres privados o Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo o Patos Tecircnis Clube (PTC) o campo de futebol
da Uniatildeo Recreativa dos Trabalhadores (URT) e o campo de futebol do Clube do Mamoreacute
Segundo Fonseca (1974) desde o final do seacuteculo XIX ateacute 1950 Patos de Minas tentou pleitear
a vinda da estrada de ferro para escoamento da produccedilatildeo agriacutecola da regiatildeo ateacute o Rio de
Janeiro e Satildeo Paulo Segundo Borges e Silva (2009) em 1934 o engenheiro carioca Neacutelson
Rodrigues efetuou o primeiro levantamento planialtimeacutetrico da cidade de Patos de Minas a
princiacutepio esse levantamento objetivava abrigar a estrada de ferro Patos-Catiara Em 1936
provavelmente o proacuteprio Neacutelson Rodrigues concluiu o primeiro Plano Urbano oficial da
cidade apresentado pela Figura 14
LEGENDA 1 ndashMajor Gote e Dr Marcolino 2 ndash Lagoa Grande 3 ndash Campo de Aviaccedilatildeo 4 ndash Hangar do Campo de Aviaccedilatildeo 5 ndash Rua Dr Marcolino 6 ndash Rua Major Gote 7 ndash Coacuterrego do Monjolo 8 ndash PTC 9 ndash Campo da URT 10 ndash Cemiteacuterio Municipal 11 ndash Rio Paranaiacuteba 12 ndash Av Getuacutelio Vargas 13 ndash Matriz de Santo Antocircnio 14 ndash Rua Tiradentes 15 ndash Cadeia 16 ndash Praccedila dos Boiadeiros 17 ndash Praccedila Antocircnio Dias 18 ndash Av Paracatu 19 ndash Igreja do Rosaacuterio 20 ndash Praccedila Champagnat 21 ndash Rua Major Jerocircnimo 22 ndash Campo do Mamoreacute
23 ndash Praccedila Santana
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Figura 14 Plano Urbano de Patos de Minas Elaborado pela autora segundo fonte Prefeitura
Municipal de Patos de Minas
Destaca-se no plano de crescimento urbano a Rua Major Gote na eacutepoca denominada Rua
Desembargador Frederico Zama Maciel escreve ao jornal local sobre o plano urbano as vias
de caraacuteter comercial da cidade e sobre as intenccedilotildees de um zoneamento de usos para o
crescimento da cidade inspirados no urbanismo norte-americano
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A Prefeitura () mandou organizar a planta da cidade e
traccedilar-lhe as ruas futuras no objetivo de impedir o
crescimento desordenado() Neste trabalho foram
observadas tanto quanto possiacutevel as normas seguidas na
Ameacuterica do Norte onde geralmente as cidades satildeo
traccediladas em xadrez cortando-se as ruas em acircngulo reto
() As ruas comerciais estatildeo determinadas no referido
plano e dentre as atuais destacam-se Desembargador
Frederico e General Osoacuterio A primeira () deveraacute atravessar
a cidade de norte a sul e morreraacute na futura praccedila da
estaccedilatildeo ferroviaacuteria onde atualmente se ergue o barracatildeo
da Companhia do Trigo Seraacute futuramente a mais central da
cidade Eacute de uma boa norma localizar-se o comeacutercio em
determinadas zonas (zoneamento chamam a isto os
urbanistas) bem como as faacutebricas os edifiacutecios puacuteblicos as
escolas (natildeo as primaacuterias que devem ser espalhadas nos
bairros residenciais) devem tambeacutem ter as suas zonas
separadas () (Zama Maciel Eacute necessaacuterio Folha de Patos
Patos de Minas junho de 1937)
A linha feacuterrea natildeo foi implantada na cidade e o crescimento urbano das deacutecadas seguintes
natildeo se ateve ao planejamento apresentado na deacutecada de 1930
132
DA DEacuteCADA DE 1940 ATEacute A DEacuteCADA DE 1960
AUMENTO POPULACIONAL
Comparando o plano urbaniacutestico apresentado para a cidade no final do seacuteculo XIX com a
expansatildeo da malha urbana observa-se que o crescimento urbano da cidade ocorreu de
forma mais dispersa do que o apresentado no plano O vetor de expansatildeo ao sul manteve
grande parte do planejamento embora apresentando quadras menores A aacuterea antes
ocupada pela Lagoa dos Patos e a aacuterea a nordeste da Lagoa foram as que mais se
distanciaram das ideias do plano urbaniacutestico apresentando uma malha urbana orgacircnica com
a presenccedila de muitas ruas sem saiacuteda
O Mapa 2 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1965 a seguir retrata o crescimento da malha urbana
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Segundo Magrini (2008) na deacutecada de 1950 houve um surto migratoacuterio e a instalaccedilatildeo de
diversas firmas comerciais Nesse periacuteodo construiu-se o primeiro Terminal Rodoviaacuterio com
verbas municipais e investimentos da iniciativa privada e teve iniacutecio tambeacutem a comemoraccedilatildeo
da Festa Nacional do Milho evento que ateacute hoje expressa as manifestaccedilotildees culturais da
regiatildeo
Figura 15 Patos de
Minas da deacutecada de
1960
Elaborado pela autora segundo fonte Arquivo de Marialda Coury Foto Joatildeo Lucas Ribeiro Borges
Observando o crescimento da malha urbana de Patos de Minas ateacute 1965 (ilustrado pela
Figura 15) pode-se constatar que houve uma grande expansatildeo da mesma entre a deacutecada de
1950 e 1960 Nesse periacuteodo o aumento populacional ocorreu predominantemente na aacuterea
urbana conforme mostra a Tabela 02 a seguir
Periacuteodo
Populaccedilatildeo Total do
Municiacutepio
Populaccedilatildeo Urbana do Municiacutepio
Populaccedilatildeo Rural do
Municiacutepio
1950 45399 12525 32874
1960 72839 32511 40328
1970 76211 44877 31334
1980 86121 63302 22819
1990 102946 87403 15543
2000 123881 111333 12548
2010 138710 127724 10986
2014 147614 - -
Tabela 2 Crescimento Populacional de Patos de Minas Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e Magrini 2008 Populaccedilatildeo prevista segundo o IBGE
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Nas deacutecadas seguintes a 1960 como se pode antever pela Tabela 2 o crescimento da zona
rural foi diminuindo gradativamente e a populaccedilatildeo da aacuterea urbana aumentando
impulsionando o crescimento da malha urbana
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DA DEacuteCADA DE 1970 ATEacute A DEacuteCADA DE 1980
Incorporaccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua
Nas deacutecadas de 1960 e 1970 periacuteodo de ditadura Militar segundo Magrini (2010) Patos de
Minas passou por uma estagnaccedilatildeo econocircmica devido agrave emancipaccedilatildeo poliacutetica de dois
importantes Lagoa Formosa e Guimaracircnia no mesmo periacuteodo houve grande deslocamento
de patenses para a nova capital do paiacutes Brasiacutelia em busca de empregos
Justamente na eacutepoca da mudanccedila da capital do paiacutes para
Brasiacutelia Patos de Minas perde caracteriacutestica de centro
rodoviaacuterio e transforma-se no ldquopassa perto de Patosrdquo com
estradas asfaltadas em volta num eixo de 130 km Natildeo se
vinha aqui como antes ateacute que a BR 354 inaugurada em
1972 abolia este malfadado passa perto ressurgindo toda a
movimentaccedilatildeo comercial completada pela BR ndash 365 em
1974 (MELLO 1992 p54)
De 1965 ateacute os anos 1980 Patos de Minas praticamente dobrou a sua aacuterea de ocupaccedilatildeo
decorrente principalmente do processo de ecircxodo rural Segundo Oliveira (2010) os vetores
direcionavam para todos os sentidos sendo apenas o oeste limitado pelo Rio Paranaiacuteba os
cursos drsquoaacutegua menores natildeo foram uma barreira para esta expansatildeo
O Mapa 3 Evoluccedilatildeo do Traccedilado urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute a deacutecada
de 1980 a seguir retrata o crescimento da malha urbana nesse periacuteodo
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Em 1982 foi iniciada a urbanizaccedilatildeo da Lagoa dos Japoneses a Lagoa Grande (Figura 16 e
Figura 17) com a reduccedilatildeo significativa da aacuterea alagada e a construccedilatildeo do Terminal
Rodoviaacuterio No entorno da lagoa foi criado o Parque Recreativo Dr Itagiba depois renomeado
como Parque Dr Itagiba Augusto Silva o primeiro parque urbano da cidade um dos principais
cartotildees postais da cidade espaccedilo de lazer e contemplaccedilatildeo
Figura 16 Projeto para o
Parque Recreativo Dr
Itagiba a construccedilatildeo ao
lado esquerdo da figura
representa o Terminal
Rodoviaacuterio Fonte Jornal
A Debulha O projeto do
parque Ano VIII nordm178
janeiro de 1988 paacuteg7
Figura 17 Planta do Parque Dr Itagiba Augusto Silva ndash Lagoa Grande Fonte Prefeitura Municipal de Patos de Minas 2014
43 |
Em 1986 foi iniciada a canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo inicialmente uma Avenida
Sanitaacuteria no Coacuterrego do Monjolo (Figura 18) atualmente conhecida como Avenida Faacutetima
Porto as obras terminaram em 1996 Segundo Caixeta amp Vlach (2009) a canalizaccedilatildeo
acarretou inicialmente na ocupaccedilatildeo e valorizaccedilatildeo do entorno e devido agrave resoluccedilatildeo dos
problemas sanitaacuterios que aiacute existiam
Figura 18 Canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do Monjolo deacutecada de 1990 Foto Arquivo de Donaldo Amaro Teixeira Disponiacutevel em httpwwwefecadepatoscombrp=7568 Acesso em maio de 2015
Com o decorrer dos anos e a instalaccedilatildeo dos bairros no entorno o Coacuterrego do Monjolo passou
a apresentar problemas com enchentes e um forte odor provavelmente a canalizaccedilatildeo do
coacuterrego jaacute natildeo suportava mais o volume de aacutegua pluvial dos bairros aleacutem da presenccedila de
esgotos clandestinos Tais problemas geraram novos projetos de canalizaccedilatildeo do Coacuterrego do
Monjolo nas deacutecadas seguintes
44 |
134
DA DEacuteCADA DE 1990 ATEacute OS DIAS ATUAIS
A FORMA URBANA ATUAL
No final da deacutecada de 1980 houve a descoberta da uma jazida de Fosfato Sedimentar na
localidade da Rocinha (aacuterea rural) o que impulsionou a instalaccedilatildeo de induacutestrias voltadas para
o agronegoacutecio iniciado pelas Sementes Agroceres SA (especialista tambeacutem em geneacutetica
suiacutena) Nesse periacuteodo ocorreu ainda um maior desenvolvimento teacutecnico da agricultura por
meio da irrigaccedilatildeo e do cultivo de novos cereais
Os reflexos do desenvolvimento comercial e industrial da regiatildeo foram notados na
implantaccedilatildeo de induacutestrias de confecccedilotildees agroinduacutestrias e na instalaccedilatildeo da multinacional Cica
que impulsionou o cultivo de milho ervilha e tomate5
A implementaccedilatildeo de induacutestrias somadas agraves pressotildees poliacuteticas acarretou na instalaccedilatildeo de um
distrito industrial na porsatildeo sul e oeste da cidade expandindo o periacutemetro urbano para aleacutem
das margens do Rio Paranaiacuteba A criaccedilatildeo do distrito industrial influenciou a ocupaccedilatildeo ao longo
da Avenida Presidente Juscelino Kubitschek construiacuteda nos anos 1970 para ligaccedilatildeo do nuacutecleo
urbano agraves rodovias BR-354 e BR-365 comportando-se entatildeo como principal acesso da
cidade
O Mapa 4 Evoluccedilatildeo do Traccedilado Urbano de Patos de Minas do iniacutecio do povoado ateacute o ano de
2015 a seguir apresenta a forma urbana atual da cidade
5 A multinacional Cica permaneceu na cidade ateacute 2001 depois se deslocou para o Estado de Goiaacutes quando perdeu parte dos incentivos fiscais oferecidos pela cidade
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Na deacutecada de 1990 a expansatildeo da malha urbana ultrapassou as aacutereas de algumas reservas
ambientais que se transformaram nos principais parques urbanos da cidade o Parque
Municipal do Mocambo (Figura 19) em 1990 e o Parque Municipal Joatildeo Luiz Redondo (Figura
20) em 1994 ambos localizados em aacutereas de lagoas
Figura 19 Parque Municipal do
Mocambo 1992 Fonte Arquivo
de Donaldo Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecadepatoscombr
p=8437 Acesso em marccedilo de
2015
Figura 20 Parque
Municipal Joatildeo Luiz
Redondo (Lagoinha)
deacutecada de 1990 Fonte
Arquivo de Donaldo
Amaro Teixeira
Disponiacutevel em
httpwwwefecade
patoscombrp=75
54 Acesso em marccedilo
de 2015
47 |
Foi criado tambeacutem na deacutecada de 1990 na Lei Municipal nordm 2872 de 03 de outubro de 1991
o Parque Mirante do Alto da Colina (ainda natildeo implantado) e a Lei Municipal nordm 2871 de 03
de outubro de 1991 declara a aacuterea denominada Lagoa e Bosque do ldquoPATAtildeOrdquo de preservaccedilatildeo
permanente onde desde entatildeo se cogita a implantaccedilatildeo de um parque urbano
Figura 21 Rua Mirico Caixeta ao fundo a Mata do Catingeuiro Evidenciando a falta de conexatildeo da
mata com o entorno Foto Acervo pessoal 2015
Figura 22 Rua 0 e o desmatamento na Mata do Catingeiro Foto Acervo
pessoal 2015
Em 2014 foi aprovada a criaccedilatildeo do Parque
de Preservaccedilatildeo Mata do Catingueiro uma
tentativa de proteger os restigios da mata
localizado no setor leste aacuterea que
recentemente recebeu muitos loteamentos
que foram implantados sem se estabelecer
uma aacuterea de transiccedilatildeo ou de integraccedilatildeo da
mata com a malha urbana sem passeios
ciclovias praccedilas ou parques conforme
ilustrado na Figura 21 A mata do
Catingueiro tem sido um constante alvo de
queimadas e desmatamento a Figura 22
mostra os vestiacutegios da mata
48 |
Figura 23 Programa MCMV- Jardim Quebec II com 437unidades localizado na porccedilatildeo noroeste da
cidade ao fundo da figura a mata ciliar do Rio Paranaiacuteba e plantaccedilotildees de cafeacute Foto Sacircmara C P Lima
2014
Na deacutecada de 2010 ocorreu a expansatildeo do periacutemetro urbano no sentindo norte pela primeira
vez para aleacutem do Coacuterrego do Limoeiro devido agrave instalaccedilatildeo de um campus da Universidade
Federal de Uberlacircndia na aacuterea Observa-se na Figura 23 que a aacuterea do extremo noroeste da
cidade estaacute em processo de expansatildeo da malha urbana e apresenta construccedilotildees habitacionais
do Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) na cidade
Notamos diversas transformaccedilotildees na malha urbana de Patos de Minas ao longo das deacutecadas
desde a implantaccedilatildeo do nuacutecleo urbano aos desdobramentos econocircmicos poliacuteticos e sociais
que direcionaram o crescimento da cidade e a transformaccedilatildeo da paisagem
O tecido urbano e o crescimento das cidades brasileiras como eacute o caso de Patos de Minas se
daacute pela conformaccedilatildeo do sistema viaacuterio pelos padrotildees de parcelamento do solo por
edificaccedilotildees e pelos espaccedilos livres Patos possui uma relaccedilatildeo cultural e econocircmica muito forte
com a zona rural A linha de transiccedilatildeo entre o urbano e o rural eacute muito tecircnue principalmente
nas aacutereas de borda urbana Nesses bairros de periferia ou de limite da mancha urbana a
cidade termina no outro lado da rua depois de uma cerca de arame sem nenhum espaccedilo de
transiccedilatildeo o outro lado da cerca se configura como um espaccedilo livre com muitas
potencialidades de uso e conflitos
49 |
Figura 24 Paisagem urbana de Patos de Minas Fonte Elaborado pela autora
Em Patos de Minas a paisagem urbana eacute emoldurada por serras cobertas por diferentes
plantaccedilotildees (Figura 24) a cidade termina onde o Rio Paranaiacuteba passa ou a cidade termina
onde comeccedilam os fundos de vale Ora cidade ora zona rural A paisagem tambeacutem eacute marcada
pela Catedral um contraste no meio do aglomerado urbano em uma zona em processo de
verticalizaccedilatildeo onde a Catedral se esconde e se revela A Catedral marca o iniacutecio da ocupaccedilatildeo
da regiatildeo em uma aacuterea de chapada na beira da lagoa hoje a chapada foi praticamente toda
ocupada e os bairros das bordas urbanas ocupam as aacutereas mais elevadas da cidade Do alto
desses bairros da borda eacute possiacutevel ver as lagoas e os coacuterregos pressentes na cidade espaccedilos
que se configuram como parques praccedilas e chaacutecaras espaccedilos livres de edificaccedilatildeo que
ressaltam a identidade da cidade e a paisagem urbana
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51 |
21 ESPACcedilOS LIVRES
ESPACcedilOS ABERTOS AacuteREAS VERDES
O conceito de espaccedilo livre de edificaccedilatildeo eacute amplo e complexo Para Nucci (2001) os espaccedilos
livres fazem parte de um grande grupo paisagiacutestico urbano que pode ser subdividido em
vaacuterias categorias dependendo do seu uso e funccedilatildeo sendo entatildeo um termo bastante
abrangente que agrega todos os outros conceitos similares como espaccedilos abertos aacutereas
verdes aacutereas livres sistemas de aacutereas de lazer cobertura vegetal entre outros
Segundo Queiroga (2006) Miranda Magnoli em sua tese de livre-docecircncia6 buscou afirmar o
espaccedilo livre como o objeto do paisagismo indo aleacutem do jardim do projeto com vegetaccedilatildeo
e da escala urbana Nesse sentido definiu espaccedilo livre como espaccedilo livre de edificaccedilotildees todo
espaccedilo descoberto urbano ou natildeo vegetado ou natildeo puacuteblico ou privado De acordo com a
autora para a anaacutelise de um dado recorte escalar propotildee-se que o estudo dos espaccedilos livres
deva ir aleacutem dos espaccedilos vegetados e dos espaccedilos puacuteblicos envolvendo todos os espaccedilos
livres do referido recorte Ou seja para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na cidade
eacute preciso ir aleacutem da anaacutelise dos espaccedilos puacuteblicos ou dos vegetados eacute preciso identificar todas
as aacutereas natildeo construiacutedas na cidade os espaccedilos privados intra-lote os lotes e glebas ociosas
as ruas os passeios etc
Os espaccedilos livres satildeo um dos principais estruturadores da forma urbana e um dos principais
elementos caracterizadores da paisagem urbana Segundo Magnoli (1982) os espaccedilos livres
satildeo os ambientes natildeo edificados da cidade as ruas avenidas praccedilas parques quintais
jardins rios matas mangues praias urbanas ou simples vazios urbanos
Quando adotamos o termo aacutereas verdes ou aacutereas verdes urbanas nos referimos a um
subsistema dentro do Sistema de Espaccedilos Livres que engloba principalmente as aacutereas de
preservaccedilatildeo permanente (APPrsquos) reservas legais (RL) e a arborizaccedilatildeo urbana Segundo
6 MAGNOLI Miranda Espaccedilos livres e urbanizaccedilatildeo uma introduccedilatildeo a aspectos da paisagem metropolitana 1982 116 p Tese (Livre-docecircncia em Arquitetura e Urbanismo) ndash Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 1982
52 |
Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilo livre eacute adotado se sobrepondo contendo e
ampliando o conceito usual de aacutereas verdes termo que tem como base a necessidade de
espaccedilos livres dotados de vegetaccedilatildeo De acordo com o autor o termo aacutereas verdes eacute
reducionista desconsidera as caracteriacutesticas fundamentais do espaccedilo urbano como a
complexidade e diversidade das formas de apropriaccedilatildeo e apreensatildeo social e o fato real da
impossibilidade fiacutesica e mesmo da inconveniecircncia da existecircncia de vegetaccedilatildeo em
determinados espaccedilos livres
De acordo com Queiroga et al (2011) o conceito de espaccedilos livres natildeo desconsidera o papel
da vegetaccedilatildeo nas cidades brasileiras como elemento facilitador da drenagem urbana criador
de microclimas mais agradaacuteveis contribuindo para a manutenccedilatildeo da diversidade animal e
vegetal e ainda como fator de embelezamento urbano mas natildeo desconsidera a importacircncia
dos espaccedilos natildeo vegetados para inuacutemeras praacuteticas de relevacircncia cultural das feiras agraves festas
populares das manifestaccedilotildees poliacuteticas agrave valorizaccedilatildeo de determinadas paisagens e
patrimocircnios culturais
Entretanto apesar dos crescentes avanccedilos nas discussotildees sobre os espaccedilos livres muitos
autores planos diretores planos de uso e ocupaccedilatildeo ainda natildeo compreenderam o termo
como em Patos de Minas onde adota-se o termo aacutereas verdes nas leis municipais e plano
diretor Na Lei de Uso e Ocupaccedilatildeo do Solo de Patos de Minas (2008) as aacutereas verdes satildeo
descritas como porccedilotildees situadas na Macrozona Urbana destinadas a oferecer espaccedilos
puacuteblicos adequados e qualificados agraves atividades de recreaccedilatildeo lazer e turismo da populaccedilatildeo
de forma a conciliar a proteccedilatildeo dos bens naturais e culturais As cidades precisam de reservas
de aacutereas verdes e de espaccedilos livres de qualidade para praacutetica de atividades culturais de lazer
e contemplaccedilatildeo Observa-se que na lei municipal de Patos de Minas existe uma sobreposiccedilatildeo
entre a funccedilatildeo das reservas de aacutereas verdes e dos espaccedilos de praacuteticas socias sobreposiccedilatildeo
essa presente no conceito dos espaccedilos livres
A implantaccedilatildeo dos espaccedilos livres puacuteblicos depende de uma gestatildeo adequada e integrada dos
recursos com uma fiscalizaccedilatildeo efetiva o que implica no desenvolvimento de poliacuteticas
puacuteblicas permanentes que viabilizem as intervenccedilotildees e necessidades dos espaccedilos livres
Segundo Loboda amp Angelis (2012) o planejamento das aacutereas verdes (puacuteblicas) urbanas parte
de uma definiccedilatildeo de recursos que eacute residual as necessidades satildeo amenizados com recursos
que sobram de outras atividades consideradas como mais prioritaacuterias e que geralmente
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incluem-se nesse acircmbito aquelas de cunho estrateacutegico poliacutetico e econocircmico O autor cita um
problema frequente em diversas cidades brasileiras a falta de recursos destinados aos
espaccedilos puacuteblicos e dentre eles as aacutereas verdes urbanas um dos principais espaccedilos livres das
cidades
De acordo com Magnoli (1982) a localizaccedilatildeo acessibilidade e distribuiccedilatildeo dos espaccedilos livres
formam um complexo sistema de conexotildees com muacuteltiplos papeacuteis urbanos atividades do oacutecio
circulaccedilatildeo urbana conforto conservaccedilatildeo e requalificaccedilatildeo ambiental drenagem urbana
imaginaacuterio e memoacuteria urbana lazer e recreaccedilatildeo dentre outros Todas essas funccedilotildees
exercidas no ambiente urbano pelos espaccedilos livres assim como a localizaccedilatildeo acessibilidade
distribuiccedilatildeo tipos de usos e configuraccedilatildeo espacial estatildeo organizadas de maneira sistecircmica na
cidade formando o Sistema de Espaccedilos Livres
22 O PENSAMENTO SISTEcircMICO
As cidades independentemente da sua localidade histoacuteria e configuraccedilatildeo satildeo formadas de
modo geral por espaccedilos livres e espaccedilos edificados duas categorias espaciais estruturantes
da forma urbana A configuraccedilatildeo dos espaccedilos livres eacute variaacutevel nas cidades brasileiras por
diversas questotildees como caracteriacutesticas territoriais bioma configuraccedilatildeo paisagiacutestica pela
existecircncia ou ausecircncia de planos urbanos e principalmente pelos processos de urbanizaccedilatildeo e
de transformaccedilatildeo da paisagem
A cidade eacute um conjunto de elementos sistemas e funccedilotildees e os espaccedilos livres formam um dos
principais sistemas capaz de estruturar toda a configuraccedilatildeo urbana De acordo com Tardin
(2010) e DrsquoAgostini amp Cunha (2007) sistema eacute um conjunto de elementos passiacutevel de
estabelecer inter-relaccedilotildees fiacutesicas funcionais estruturais morfoloacutegicas e relativas agrave vivecircncia
da paisagem abertas e intricadas entre si com seu entorno e com as pessoas que o
vivenciam
De acordo com Morin (2008) apud Queiroga (2014) o conceito de sistema implica natildeo
somente elementos inter-relacionaacuteveis mas tais relaccedilotildees constituem uma organizaccedilatildeo e uma
estrutura relativamente estaacutevel que caracteriza o sistema como um todo A organizaccedilatildeo
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sistecircmica por sua vez conteacutem as relaccedilotildees que definem o sistema e que o transformam
alterando sua estrutura possibilitando sua permanecircncia e contendo a possibilidade concreta
de sua dissoluccedilatildeo Para o autor o termo exprime multiplicidade totalidade diversidade
organizaccedilatildeo e complexidade
A noccedilatildeo de sistema auxilia o estudo dos espaccedilos livres urbanos e o entendimento das suas
relaccedilotildees de interdependecircncia complementaridade e hierarquia Segundo Schlee et al
(2009) considerando-se a paisagem como um macrossistema complexo formado de
subsistemas os espaccedilos livres urbanos constituem um dos seus subsistemas inter-
relacionados com outros subsistemas urbanos e rurais e que podem se justapor ao Sistema
de Espaccedilos Livres ou se sobrepor total ou parcialmente enquanto sistemas de accedilotildees
[] entende-se como sistemas de espaccedilos livres (SEL)
urbanos os elementos e as relaccedilotildees que organizam e
estruturam o conjunto de todos os espaccedilos livres de um
determinado recorte urbano independentemente de sua
dimensatildeo qualificaccedilatildeo esteacutetica funcional e de sua
localizaccedilatildeo e propriedade sejam eles puacuteblicos ou privados
[] toda cidade possui um sistema de espaccedilos livres que eacute
produzido durante seu processo de formaccedilatildeo tanto pelo
Poder Puacuteblico como pela iniciativa privada (MACEDO 2010
p 3 e 4)
O autor afirma que todas as cidades independente do seu porte de suas caracteriacutesticas
culturais e histoacutericas possuem um Sistema de Espaccedilos Livres Essa afirmaccedilatildeo incita diversas
questotildees que conduziram esta pesquisa pontos voltados ao objeto de estudo a cidade de
Patos de Minas uma cidade meacutedia
O SEL DE UMA MEGAacuteLOPOLE OU METROacutePOLE Eacute
DIFERENTE DO SEL DE UMA PEQUENA CIDADE OU DE
UMA CIDADE MEacuteDIA
O MESMO TIPO DE ANAacuteLISE QUE SE APLICA PARA O
ENTENDIMENTO DO SEL DE UMA CIDADE DE GRANDE
PORTE PODE SER APLICADO PARA UMA CIDADE DE
MEacuteDIO PORTE
EXISTEM TIPOS DE ESPACcedilOS LIVRES FUNCcedilOtildeES OU
RELACcedilOtildeES QUE CARACTERIZAM O SISTEMA DE ESPACcedilOS
LIVRES DE UMA CIDADE MEacuteDIA
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23 OS ESPACcedilOS LIVRES NAS
CIDADES MEacuteDIAS
O espaccedilo livre eacute parte estruturante da forma urbana ele se configura em diferentes
categorias tipologias e caracteriacutesticas no meio urbano principalmente pela introduccedilatildeo ao
longo da histoacuteria de diferentes padrotildees urbaniacutesticos nas cidades O processo de urbanizaccedilatildeo
das cidades eacute uma soma e por vezes ateacute uma sobreposiccedilatildeo de padrotildees morfoloacutegicos esses
traccedilados geram diferentes paisagens com diferentes tipos de espaccedilos livres Incorporando ao
sistema um rico mosaico espacial formado por diferentes porcentagens de espaccedilos livres
intra lote caracteriacutesticos de traccedilados distintos por diferentes tipos de praccedilas aacutereas de
preservaccedilatildeo parques ruas e avenidas Aacutereas essas que apresentam diversos conflitos e
possuem um intenso potencial de transformaccedilatildeo
Segundo Macedo et al (2012) as cidades brasileiras possuem padrotildees morfoloacutegicas
semelhantes isso fica evidente na repeticcedilatildeo dos tipos de traccedilado (ortogonais orgacircnicos
radiais) e nos padrotildees de mancha urbana (linear tentacular compacta mista) O que confere
a especifidade das diversas cidades eacute a forma como elas estatildeo inseridas em seu contexto
territorial os arranjos espaciais seus padrotildees culturais socioeconocircmicos a legislaccedilatildeo
municipal as tipologias e funccedilotildees dos espaccedilos livres e a paisagem urbana Nas cidades meacutedias
brasileiras a forma como os padrotildees morfoloacutegicos se adequam ao suporte fiacutesico
transformando paisagem a local confere ao Sistema de Espaccedilos Livres diferentes dinacircmicas
espaciais funcionais e tipoloacutegicas
Como dito anteriormente neste trabalho a proposta natildeo eacute discutir o que determina uma
cidade como de meacutedio porte ou natildeo mas entender essas cidades como centro urbanos em
crescimento onde novos traccedilados e dinacircmicas urbanas satildeo somadas agrave cidade existente
transformando a paisagem local Na atual conjuntura brasileira segundo Tacircngari et al(2009)
apoacutes a deacutecada de 1980 as cidades meacutedias passaram a crescer mais rapidamente em
comparaccedilatildeo com as metroacutepoles um processo de diminuiccedilatildeo do movimento migratoacuterio em
direccedilatildeo agraves megaloacutepoles e o seu direcionamento para as cidades meacutedias que apresentam
grande potencial de crescimento econocircmico e tecircm seus atributos esteacuteticos e econocircmicos
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valorizados atraveacutes da propagaccedilatildeo da ideia de que cidades de meacutedio porte podem apresentar
mais qualidade de vida que as grandes metroacutepoles
As cidades meacutedias reproduzem os padrotildees morfoloacutegicos e culturais vindos do contexto das
grandes cidades e das pequenas cidades ou povoados de seu entorno Um exemplo dessa
influecircncia vinda das grandes cidades satildeo os condomiacutenios fechados propostos inicialmente
pelo mercado imobiliaacuterio como locais de seguranccedila e lazer proacuteximos aos grandes centros
urbanos esse mesmo padratildeo de condomiacutenio fechado eacute aplicado nas cidades meacutedias onde a
criminalidade eacute bem menor e as distacircncias a serem percorridas satildeo mais curtas Um exemplo
da influecircncia vinda das pequenas cidades e povoados proacuteximos satildeo as chaacutecaras pastos e
plantaccedilotildees presentes dentro malha urbana
Patos de Minas eacute um exemplo de cidade meacutedia em crescimento que recebe influecircncias
culturais e de padrotildees morfoloacutegicos uma cidade que possui caracteriacutesticas especiacuteficas de seu
suporte fiacutesico de seu processo histoacuterico e cultura que influenciam diretamente na malha
urbana as tipologias de espaccedilos livres e os tipos de apropriaccedilatildeo desses espaccedilos
Se observarmos em Patos de Minas as caracteriacutesticas da condiccedilatildeo de cidade meacutedia como por
exemplo a localizaccedilatildeo estrateacutegica entre cidades de maior e menor porte Percebemos que a
cidade atrai pessoas do entorno para desfrutar de suas potencialidades econocircmicas e de seus
aparatos de lazer (parques praccedilas locais de exposiccedilatildeo agropecuaacuteria) o que contribui
diretamente para geraccedilatildeo de renda e uso dos espaccedilos A cidade possui uma relaccedilatildeo direta
com cidades de maior porte que servem de escoamento da produccedilatildeo e suprimento de
mercadorias essa relaccedilatildeo de proximidade atrai para cidade eventos e exposiccedilotildees e pode
motivar influecircncias sobre as tipologias de espaccedilos livres gerados (assim como o processo de
globalizaccedilatildeo tambeacutem pode exercer esse papel)
Eacute nesse contexto de crescimento das cidades meacutedias e influecircncias morfoloacutegicas e culturais
que o Sistema de Espaccedilos Livres precisa ser pensado e entendido como uma infraestrutura
baacutesica para o desempenho da vida cotidiana urbana Segundo Souza amp Macedo (2014) o SEL
deve oferecer condiccedilotildees de habitabilidade urbana e para isso eacute necessaacuterio que se estabeleccedila
um diagnoacutestico baseado na existecircncia ou ausecircncia de uma seacuterie de atributos urbanos
necessaacuterios e qualitativos que deveriam orientar accedilotildees poliacuteticas e projetos de maneira a
formar um Sistema de Espaccedilos Livres integrado agrave paisagem local e a demanda da populaccedilatildeo
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O autor afirma que eacute preciso fazer uma leitura da cidade de seus condicionantes conflitos e
potencialidades para entender como se estrutura o SEL suas funccedilotildees e seu potencial de
transformaccedilatildeo e organizaccedilatildeo na cidade
Partimos para anaacutelise da forma urbana patense buscando o entendimento de como as
caracteriacutesticas especiacuteficas do suporte fiacutesico da organizaccedilatildeo espacial da situaccedilatildeo fundiaacuteria e
dos tipos de usos e funccedilotildees exercidas pelos espaccedilos livres estruturam o Sistema de Espaccedilos
Livres de Patos de Minas
24 OS ESPACcedilOS LIVRES NA FORMA URBANA DE
PATOS DE MINAS
Para o entendimento do papel dos espaccedilos livres na forma urbana de Patos de Minas a
anaacutelise foi dividida em trecircs principais enfoques RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA CONFIGURACcedilAtildeO
ESPACIAL e RELACcedilAtildeO DE USOS DO SOLO A leitura da cidade apresentada por esses trecircs
acircngulos somada ao entendimento de paisagem forma urbana e da formaccedilatildeo e
transformaccedilatildeo da malha urbana patense apresentados no capiacutetulo anterior nos possibilitam
o entendimento do Sistema Espaccedilos Livres de Patos de Minas como um todo com suas
categorias tipoloacutegias e relaccedilotildees sistecircmicas
Os trecircs principais enfoques foram determinados com base nas principais caracteriacutesticas da
cidade nas suas peculiaridades na sua condiccedilatildeo de cidade de meacutedio porte Provavelmente
um outro tipo de cidade com outras caracteriacutesticas de paisagem demandaria outro segmento
de anaacutelise
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241
RELACcedilAtildeO ECOLOacuteGICA
ESPACcedilOS LIVRES x SUPORTE ambiental
O principal objetivo desse subcapiacutetulo eacute analisar as caracteriacutesticas do suporte ambiental sobre
o qual a cidade de Patos de Minas foi implantada buscando identificar quais espaccedilos livres
presentes na cidade incorporam esses elementos da paisagem O suporte ambiental eacute parte
da paisagem urbana ele eacute formado por elementos como corpos drsquoaacutegua vegetaccedilatildeo relevo
solos e clima
Estatildeo cada vez mais presentes nos planos diretores e na legislaccedilatildeo ambiental denominaccedilotildees
como reservas florestais puacuteblicas e privadas parques lineares parques ecoloacutegicos unidades
de conservaccedilatildeo aacutereas de proteccedilatildeo permanente (APPrsquos) aleacutem de referecircncias agrave
sustentabilidade e agrave ecologia Essas denominaccedilotildees muitas vezes geram espaccedilos livres
voltados agrave funccedilatildeo de conservaccedilatildeo e proteccedilatildeo ambiental Entretanto os espaccedilos livres
vinculados ao suporte fiacutesico natildeo possuem somente a funccedilatildeo de conservaccedilatildeo ambiental eles
possuem outros papeacuteis no meio urbano como recreaccedilatildeo infraestrutura urbana contribuir
com a drenagem pluvial possibilitar microclimas urbanos mais agradaacuteveis contribuir para
manutenccedilatildeo da biodiversidade e valores esteacuteticos Segundo Queiroga (2012) a
permeabilidade do solo e a cobertura arboacuterea permitem a conservaccedilatildeo de paisagens com
melhor desempenho ambiental mitigando problemas comuns nas aacutereas urbanas a qualidade
da aacutegua e do ar a manutenccedilatildeo da qualidade do solo controle de erosatildeo abastecimento dos
aquiacuteferos e regulaccedilatildeo das enchentes
Os espaccedilos livres vinculados ao suporte ambiental como os corpos drsquoaacutegua e a vegetaccedilatildeo
constantemente satildeo alvo de degradaccedilatildeo ambiental o que ressalta a sua funccedilatildeo ambiental
dentro do sistema Entretanto a mitigaccedilatildeo desses problemas natildeo eacute uma questatildeo pertinente
apenas ao planejamento ambiental das cidades De acordo com Jacobs (2001) as aacutereas livres
puacuteblicas estruturam o espaccedilo urbano satildeo o principal suporte espacial para o encontro e a
vivecircncia urbana Segundo a autora a degradaccedilatildeo do espaccedilo urbano observada pela reduccedilatildeo
de aacutereas puacuteblicas de lazer deficiecircncia na arborizaccedilatildeo urbana excessiva impermeabilizaccedilatildeo do
solo aumento da temperatura e criaccedilatildeo de ilhas de calor danos ambientais diversos
diminuiccedilatildeo da qualidade da ambiecircncia urbana e perda de qualidade de vida constitui um
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problema que extrapola a esfera fiacutesicaespacial constituindo um problema social visto que
desencoraja o uso da rua e dos espaccedilos livres como locais de encontro necessaacuterios para a
manutenccedilatildeo das praacuteticas sociais
Ao longo do processo de urbanizaccedilatildeo das cidades brasileira foram comuns situaccedilotildees em que
aacutereas de reserva natural foram desmatadas para dar lugar a loteamentos coacuterregos foram
canalizados e desapareceram da paisagem urbana ou foram canalizadas a ceacuteu aberto tiveram
sua APP desmatada e impermeabilizada para dar lugar a avenidas e aacutereas construiacutedas como
no caso da Figura 26
Figura 26 Coacuterrego do Monjolo em Patos de Minas canalizado a ceacuteu aberto na deacutecada de 1970 com APP desmatada e grande parte do seu entorno impermeabilizado Agraves margens do coacuterrego a Av Faacutetima Porto Foto Acervo pessoal 2014
Atualmente esse tipo de tratamento de supressatildeo da vegetaccedilatildeo das APPrsquos em aacutereas
urbanizadas eacute cada vez mais incomum7 o que contribui para a conservaccedilatildeo desses recursos
naturais Entretanto gradativamente mais a legislaccedilatildeo ambiental trata a funccedilatildeo ambiental dos
espaccedilos como algo isolado entendendo as APPrsquos como locais onde natildeo podem existir
intervenccedilotildees desconsiderando que esses espaccedilos podem estar vinculados a outras funccedilotildees
como por exemplo recreaccedilatildeo educaccedilatildeo ambiental valorizaccedilatildeo da paisagem De acordo com
7 Os casos excepcionais nos quais eacute permitido a supressatildeo da vegetaccedilatildeo em APP estatildeo definidos pela Resoluccedilatildeo CONAMA 36906