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MICHELE RODRIGUES DA ROSA
O TEXTO PUBLICITÁRIO NA SALA DE AULA: UMA PROPOSTA METODOLÓGICA PARA O ENSINO DAS LÍNGUAS PORTUGUESA E
INGLESA
CANOAS, 2009
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MICHELE RODRIGUES DA ROSA
O TEXTO PUBLICITÁRIO NA SALA DE AULA: UMA PROPOSTA METODOLÓGICA PARA O ENSINO DAS LÍNGUAS PORTUGUESA E
INGLESA
Trabalho de conclusão apresentado para a banca examinadora do curso de Letras do Centro Universitário La Salle - Unilasalle, como exigência parcial para a obtenção do grau de Licenciado em Letras, sob orientação da Prof. Ms. Lúcia Regina Lucas da Rosa.
CANOAS, 2009
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TERMO DE APROVAÇÃO
MICHELE RODRIGUES DA ROSA
O TEXTO PUBLICITÁRIO NA SALA DE AULA: UMA PROPOSTA METODOLÓGICA PARA O ENSINO DAS LÍNGUAS PORTUGUESA E
INGLESA
Trabalho de conclusão aprovado como requisito parcial para obtenção do grau de licenciatura do Curso de Letras do Centro Universitário La Salle – Unilasalle, pelo
avaliador:
Lúcia Regina Lucas da Rosa
Canoas, 29 de junho de 2009.
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DEDICATÓRIA
Eu dedico este trabalho aos professores das escolas públicas estaduais, que
muito se esforçam, porém são pouco reconhecidos profissionalmente. Em especial,
dedico aos professores que atuaram nos período de 1989 a 1996 e 1997 a 2000 nas
Escolas Estaduais Rafael Pinto Bandeira e Paraná, respectivamente, por terem sido
exemplos de dedicação e profissionalismo e, principalmente, por terem sido os
grandes exemplos para a minha vida e contribuído com a minha escolha
profissional.
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AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Nádia e Adão, por terem dado-me a vida e ensinado-me a
caminhar com minhas próprias pernas e nunca desistir dos meus objetivos. A minha
irmã, Lísia, pela paciência em suportar a luz do quarto acesa nas noites de estudo e
pela tolerância nos momentos de estresse. Aos meus amigos e familiares pelo
constante apoio. A minha companheira de aula (desde o primeiro dia em que entrei
no Unilasalle), Solange, por todos os momentos que dividimos ao longo desses sete
anos de convivência acadêmica. Às professoras Maria Luiza e Valéria por todas as
trocas de experiências. E, enfim, à Professora Lúcia Regina por ter sido a grande
mentora deste trabalho, por ter acreditado na minha proposta e pela grande amizade
e carinho dedicados a mim.
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RESUMO
O presente trabalho apresenta questões teóricas e metodológicas essenciais para o ensino das línguas materna e estrangeira. Tem como objetivo principal destacar a importância de elaborações de aulas com gêneros textuais que sejam acessíveis, que estejam ao alcance dos alunos. Sendo assim, lançamos dois projetos de aulas com textos publicitários, pois acreditamos que os alunos demonstram maior interesse por atividades diferentes e compreendem melhor os conteúdos dessas aulas quando veem a aplicação da língua no dia-a-dia. Palavras-chave: Texto. Metodologia. Persuasão. Publicidade/Marketing. Projetos de aulas.
ABSTRACT
This paper presents theoretical and methodological questions which are essential to the teaching of native and foreign languages. Its main purpose is to show the importance of elaboration of classes with textual genre which are accessible to the students. Being like this, we release two class projects where publicitary texts are used because we believe that the students demonstrate more interest for different activities and they are able to understand better the subjects of these classes when they see the use of the language in their everyday life. Key word: Text. Methodoly. Persuasion. Publicity/Marketing. Class projects.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Fôlder informativo........................................................................................19
Figura 2: Texto publicitário A......................................................................................24
Figura 3: Texto publicitário B......................................................................................25
Figura 4: Catálogo......................................................................................................30
Figura 5: Texto publicitário C......................................................................................35
Figura 6: Havaianas...................................................................................................37
Figura 7: Texto publicitário D......................................................................................38
Figura 8: Scotch-brite.................................................................................................40
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................9
2 O QUE É UM TEXTO?............................................................................................10
2.1 A leitura ...............................................................................................................11
2.2 Coesão e Coerência ...........................................................................................14
2.3 Persuasão ...........................................................................................................17
2.4 Gêneros textuais ................................................................................................20
3 O TEXTO PUBLICITÁRIO ......................................................................................23
3.1 Os elementos fundamentais do texto publicitário ..........................................23
3.2 A linguagem do texto publicitário .....................................................................26
3.3 O texto na sala de aula .......................................................................................28
4 PROJETOS DE AULAS COM TEXTOS PUBLICITÁRIOS ....................................34
4.1 Projeto de Aula de Língua Inglesa ....................................................................34
4.2 Projeto de Aula de Língua Portuguesa ............................................................37
5 CONCLUSÃO .........................................................................................................41
REFERÊNCIAS..........................................................................................................43
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1 INTRODUÇÃO
A área da educação está se expandindo cada vez mais e o resultado dessa
expansão é a busca de aprimoramento e qualificação do corpo docente e das
próprias aulas. Atualmente, fala-se muito em troca de experiências entre educadores
e educandos, interdisciplinaridade e, sobretudo, em aulas práticas. É diante desse
contexto que devemos focar os planejamentos de aula. Enquanto professores,
devemos dar suporte para o aprendizado do aluno e utilizar os diversos meios de
intermediação entre a teoria e a prática.
Como já dissemos, faz muito tempo que ouvimos falar em trabalhar com prática
na sala de aula, mas o que vem a ser a prática de uma aula de línguas? A aula de
línguas, seja de língua materna ou estrangeira, tem o dever de habilitar o aluno a
ouvir, falar, ler e compreender. Um dos recursos que temos à disposição de todos os
professores é o texto. Sabendo utilizá-lo adequadamente é possível produzir uma
aula divertida, descontraída, rica em vocabulário e, o que é melhor, sem deixar a
teoria de lado e formando leitores novos e capazes de se comunicar por meio da
escrita.
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2 O QUE É UM TEXTO?
Podemos chamar de texto todo e qualquer enunciado oral ou escrito que tenha
uma sequência de ideias e estabeleça uma comunicação. Para Houaiss (2004, p.
718), texto é um “conjunto de palavras, frases escritas, fragmentos da obra de um
autor”. Então, na verdade, texto é o entrelaçamento de palavras, frases e ideias na
qual utilizamos a imaginação para estabelecer a comunicação verbal ou escrita.
Por meio da palavra podemos defender uma ideia, expressar um sentimento,
fazer críticas ou mesmo algumas simples anotações. É por meio do texto que
deixamos registrados fatos importantes, contamos histórias e soltamos a criatividade
que existe dentro de nós. Cadore afirma que,
[...] em sentido amplo, texto não é apenas aquele de feição literária – o eterno modelo da norma culta, de inconfundível valor artístico -, mas, igualmente, qualquer representação viva do pensamento humano, codificada em linguagem verbal ou não-verbal. Ambos têm seu valor; sua real importância, tradutores que são da variegada1 gama de níveis ou registros da língua, bem como das formas expressionais mais ecléticas (2004, p. 40).
O texto vai além dos conceitos gerais já mencionados, é por esse motivo que
Kleiman (1999, p. 45) diz que “o texto é considerado por alguns especialistas como
uma unidade semântica onde os vários elementos de significação são
materializados através de categorias lexicais, sintáticas, semânticas, estruturais”. O
texto, independentemente de sua tipologia ou de seu gênero, está inserido
diariamente na vida das pessoas, uma vez que é parte fundamental do processo de
comunicação, seja verbal ou escrita. Sendo assim, é necessário que tenhamos
capacidade de decodificar e interpretar o que está escrito a fim de estabelecer
relações entre o texto e o mundo, também são importantes algumas noções de
1 Variegada é uma flexão do verbo variegar que, segundo Houaiss, significa tornar diverso, variado, diversificar, variar; oposto a uniformizar.
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coerência e coesão e o conhecimento de alguns gêneros textuais para que seja
possível uma fluidez no processo de leitura.
2.1 A Leitura
A leitura deve ser incentivada desde os primeiros passos da criança, a partir do
momento em que ela está em contato com livros é despertada à decodificação
daquele objeto, o texto. Quando muito pequenas, os livros são menores e cheios de
gravuras. Conforme o tempo passa e a criança cresce, a leitura deve ser enriquecida
com textos mais complexos, ou seja, após a alfabetização, devem ser inseridos
textos com gravuras e pequenas frases; posteriormente menos gravuras e
parágrafos mais longos e assim sucessivamente. A imersão no mundo das letras
deve ser feita gradativamente pelos pais e professores a fim de explorar a
decodificação e a interpretação, a esse processo damos o nome de leitura.
A leitura é um processo de interação entre o leitor, o texto e o mundo. Por isso
é importante que o leitor tenha um mínimo de conhecimento acerca do assunto a ser
abordado no texto – a essa etapa damos o nome de conhecimento prévio – é o
conhecimento de mundo que o leitor possui, adquirido ao longo de sua vida e é
agregado na leitura, segundo Kleiman (1999, p. 13). A interpretação é resultado da
decodificação daquilo que realmente está escrito no texto mais o conhecimento que
o leitor já tem sobre o assunto, fazendo com que se chegue a uma conclusão.
Podemos dizer que a prática de leitura em grupo carrega um nome
inadequado, porque, na verdade, é um momento de socialização de um determinado
texto. O processo de leitura é muito mais abrangente, o leitor faz relações entre os
textos e outras experiências vividas e por tal situação afirmamos que “[...] em cada
leitura, o leitor mobiliza sua biblioteca interna, ou seja, todos os livros lidos/vividos
anteriormente, dialogando com eles e com o contexto de sua produção e circulação
[...]” (PAULINO, 2001, p. 24), é uma ação individual e por esse motivo é que o leitor
desenvolve a habilidade da interpretação.
As perguntas, dúvidas e conclusões que o leitor faz a respeito do texto são
partes constituintes do processo de interpretação, pois completam o sentindo de
algo que possa estar apenas sugerido; nesse sentido, podemos dizer que existe
uma relação entre o leitor e o contexto, isso quer dizer que
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[...] sem os elementos que unificam o processo de leitura, que a configuram, não há distanciamento necessário para a leitura, e o leitor perde o acesso ao sentido. É isso que se dá quando o leitor lê palavra por palavra, sentença por sentença, e não apreende o sentido global do texto, ou se pergunta, no final da leitura: “o que devo entender disso?” (ORLANDI, 1987, p. 185).
A leitura é parte fundamental no aprendizado do aluno, independentemente da
disciplina a ser trabalhada; é através de artigos, revistas, jornais e livros que os
estudantes têm acesso aos mais diversificados conteúdos de história, geografia,
cultura, línguas, etc. Por esse motivo é importante que o aluno tenha capacidade de
interpretar para que ele possa selecionar os textos mais adequados ao seu
conhecimento e partindo desse ponto de vista, Brasil menciona que
[...] um leitor competente sabe selecionar, dentre os textos que circulam socialmente, aqueles que podem atender a suas necessidades, conseguindo estabelecer as estratégias adequadas para abordar tais textos. O leitor competente é capaz de ler as entrelinhas, identificando, a partir do que está escrito, elementos implícitos, estabelecendo relações entre o texto e seus conhecimentos prévios ou entre o texto e outros textos já lidos (1998, p.70).
A faixa-etária, a maturidade e o interesse por determinado assunto também são
elementos que contribuem para a compreensão global de um texto. Pois, segundo
Orlandi (1987, p. 185-186), faz parte da identificação que o interlocutor faz de si
próprio, ou seja, ele percebe que faz parte do processo da leitura vendo-se como
interlocutor - na medida em que lê, se constitui, se representa, se identifica e então
desencadeia o processo de significação do texto.
Além de se identificar como parte do processo de leitura, o leitor cria uma
expectativa e dessa forma, afirma Paulino (2001, p. 14), não controla suas ações em
relação ao texto: ele joga seus medos, angústias e fantasias na obra em que lê, vive
a história em questão, uma vez que os textos também apresentam marcas sociais.
Na sua grande maioria, essas marcas retratam um grupo social, um período
histórico, e cabe ao leitor interagir com elas.
A leitura tem um valor incontável porque é considerada, para muitos, um
sinônimo de poder. Estudiosos da Literatura Norte-americana afirmam que, no
período da colonização dos Estados Unidos, em meados de 1600, época em que o
país ainda era chamado de Nova Inglaterra (New England), os homens tinham o
poder por serem alfabetizados e poderem ler o livro sagrado – a Bíblia. Cabia às
mulheres, analfabetas, acreditarem na palavra de seus esposos. Os tempos já não
são mais os mesmos, mas a leitura ainda é sinônimo de poder em qualquer parte do
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mundo. Pesquisas desenvolvidas por órgãos como IBGE, por exemplo, revelam que
ainda há um índice elevadíssimo de analfabetismo no Brasil – o que é muito
preocupante. Além disso, podemos observar o grande problema que a falta de
leitura proporciona aos estudantes; muitos alunos são considerados analfabetos
funcionais, ou seja, alunos que sabem ler e escrever, porém não têm capacidade de
interpretar e absorver as informações contidas no texto.
As pessoas que praticam o ato de ler vão em busca de respostas, existe uma
intenção nessa ação; nesse sentido podemos afirmar, segundo Geraldi (1996, p. 120
– 121), que o leitor pode apresentar mais de um propósito em relação ao texto, tais
como: buscar informações, estudar, usá-lo, ler gratuitamente. Esses propósitos
podem parecer muito simples, mas fazem com que as pessoas busquem a leitura.
Isso reflete diretamente no fato de os alunos não mostrarem interesse nos textos
estudados em sala de aula. Os textos são escolhidos pelos professores e, muitas
vezes, não apresentam um atrativo para o aluno ou simplesmente não fazem parte
do contexto social em que os alunos estão inseridos.
A leitura também é muito importante nas aulas de língua estrangeira. Através
dela, o aluno reconhece a importância de uma segunda língua e percebe que,
mesmo que essa segunda língua não tenha a mesma origem da língua materna,
existem estruturas e vocabulários similares. A essa semelhança de vocabulário,
damos o nome de cognatos, que podem ser verdadeiros – quando têm os mesmos
significados nas duas línguas–, ou falsos – quando tem significados diferentes. O
mesmo ocorre com as estruturas, que podem ser parecidas ou totalmente opostas
às estruturas da língua materna. Essa percepção faz com que o aluno passe a
compreender melhor sua própria língua por meio da comparação.
O fato de o leitor ter um bom domínio de leitura na sua língua nativa implica um plus quando esse mesmo leitor se depara com um texto estrangeiro, apesar de sua competência linguística em relação à língua estrangeira ser muito menos do que em sua língua nativa, o leitor mais experiente e maduro consegue adaptar as técnicas utilizadas na leitura da língua nativa ao texto estrangeiro (BRODBECK, 2004, p. 238).
O professor pode criar algumas técnicas de leitura de língua estrangeira e
trabalhar em sala de aula. Podemos citar algumas, tais como criar um glossário com
as palavras mais difíceis ou expressões idiomáticas e colocá-lo no rodapé do texto,
induzir o aluno a identificar as palavras cognatas, sublinhar algumas palavras para
os alunos procurarem no dicionário, etc. Porém, é necessário tomar muito cuidado
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para não repetir técnicas ultrapassadas que privilegiam apenas os modelos de aulas
já existentes como, por exemplo, sequência de cartilhas, diálogos sem fins
comunicativos, etc. Segundo Brodback (2004, p. 240), a escolha dos temas é
fundamental, pois assuntos mais próximos da realidade dos alunos e informações de
utilidade para a vida dos adolescentes em sociedade facilitam a compreensão e
tornam o momento mais agradável.
Sabemos que é muito difícil trabalhar a leitura em sala de aula, em língua
estrangeira é mais complicado ainda. Mas, para muitos adolescentes, esse ainda é o
único momento de leitura e informação. As escolas públicas tendem a adotar livros
didáticos, porém esse não deve ser o único recurso de metodologia. Os textos
podem ser extraídos de revistas e jornais importados, sites e até mesmo de fôlderes
distribuídos gratuitamente em setores de informações turísticas e embaixadas de
outros países.
É importante dizermos que as aulas de línguas têm um papel importantíssimo
na formação de alunos críticos e capazes de ler e interpretar, porém, não está
restrito somente a essas aulas, é um compromisso de todas as áreas. Como
intermediadores do sucesso, cabe aos professores observar qual tipo de público
estão atendendo e então buscar atrativos para a prática da leitura.
2.2 Coesão e coerência
Poucos são os recursos de pesquisa que os alunos têm sobre coesão e
coerência de um texto. Geralmente esse assunto é pouco debatido em sala de aula,
é tratado como mais um conteúdo a ser cumprido até o final do ano letivo. Enquanto
isso, as aulas fragmentadas, cheias de frases soltas e materiais descontextualizados
sobressaem-se às aulas que deveriam ser de alta relevância. A maioria dos
professores não atentou que coesão e coerência são conteúdos a serem
trabalhados diariamente com alunos de todos os níveis dos ensinos fundamental e
médio.
Uma aula de línguas prevê que os alunos devem desenvolver habilidades de
fala, leitura, compreensão e escrita. Enquanto falantes de uma língua, não
pensamos primeiramente em uma palavra e posteriormente formulamos uma frase.
Um texto, seja oral ou escrito, é produzido por meio de uma ideia principal que está
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associada a uma temática anterior e projetada em uma temática posterior, ou seja, é
um entrelaçamento de ideias. Portanto, é incoerente trabalhar conteúdos soltos e
descontextualizados, pois as relações entre as pessoas e a língua são interligadas,
há um propósito em dizer ou escrever algo.
É fundamental que um texto seja coeso, caso contrário, não será possível que
o leitor tenha uma interpretação eficaz, neste sentido podemos afirmar que a coesão
exerce uma função primordial dentro de um texto, trata-se de
[...] criar, estabelecer e sinalizar os laços que deixam os vários segmentos do texto ligados, articulados, encadeados. Reconhecer, então, que um texto está coeso é reconhecer que suas partes – como disse, as palavras aos parágrafos – não estão soltas, fragmentadas, mas estão ligadas, unidas entre si. Daí a função da coesão é exatamente a de promover a continuidade do texto, a seqüência interligada de suas partes, para que não se perca o fio de unidade que se garante a sua interpretabilidade (ANTUNES, 2005, p. 47 – 48).
Por esse motivo, podemos afirmar que a coesão exige que o aluno desenvolva
as habilidades de escrita utilizando os conhecimentos de uso e estrutura da língua
em questão, ou seja, não trata apenas de ligar as ideias, mas de colocar em prática
os conteúdos gramaticais estudados em aula. De nada adianta saber nomes de
conjunções, colocações pronominais, classes de palavras etc. se não soubermos
onde utilizar.
Ainda que o aluno tenha tais conhecimentos, nem sempre ele percebe que está
desenvolvendo a coesão ou não no processo de escritura do texto, para isso é
necessário que o professor torne mais evidente que “a coesão, por estabelecer
relações de sentido, diz respeito ao conjunto de recursos semânticos por meio dos
quais uma sentença se liga com a que veio antes, aos recursos mobilizados com o
propósito de criar textos” (KOCH, 1992, p. 17).
Ser coeso é ser claro, é seguir uma sequência de ideias; porém, não se trata
de um simples jogo de palavras. Conforme Antunes (2005, p. 48 - 55), as conexões
não acontecem somente na superfície do texto, as ligações atingem níveis
conceituais, chegando assim, aos níveis semânticos. Esses níveis semânticos
correspondem, principalmente, às relações textuais responsáveis pela coesão;
utilizamos os recursos da reiteração (retomada de segmentos prévios ou segmentos
seguintes do texto e substituição), da associação (seleção lexical) e da conexão
(ligações sintático-semânticas entre termos, orações, períodos, etc.) para fazermos
16
as ligações necessárias para que haja a continuidade de ideias e sentido do texto no
todo.
Por sua vez, a coerência está ligada diretamente à coesão. Trata do segmento
lógico de um texto. Houaiss (2004, p.166) afirma que “coerência é uma ligação
lógica ou harmonia entre dois fatos ou ideias; é a harmonia de algo com o fim a que
se destina”, portanto um texto sem coerência é um texto sem sequência lógica.
Podemos afirmar, então, que a coerência é uma sequência de fatos relatados
no texto e está vinculada à coesão; a coerência “é uma propriedade que tem a ver
com as possibilidades de o texto funcionar como uma peça comunicativa, como um
meio de interação verbal” (ANTUNES, 2005, p. 176). Em alguns casos, é
praticamente impossível dizer que um texto é coerente se ele não apresentar a
coesão e vice-versa.
Mas há trabalhos que afirmam a existência da coerência separadamente da
coesão, porém, são casos específicos. A coerência é um processo que depende do
autor do texto e, em muitos casos, da interação do texto e leitor, pois a sequência de
ideias pode ser estabelecida por mecanismos de leitura e por meio do conhecimento
do leitor. Aquele texto que parece ser incoerente para um leitor, para outro, pode
parecer coerente dependendo de seu ponto de vista. Koch e Treavaglia (1992, p. 48)
afirmam que “fatores definidores da coerência podem ser violados sem,
necessariamente criar incoerência, dependendo da situação, dos usuários
(produtor/receptor) do texto, da intenção comunicativa, de normas sociais etc”.
Podemos citar como exemplos desse caso uma lista de compras, lista de
convidados, uma relação de livros etc. Esses modelos de textos só serão coerentes
para a pessoa que o produziu ou para outras pessoas que sabem do que se trata.
Para Koch e Treavaglia (1992, p. 45), “é a coerência que faz com que uma
sequência linguística qualquer seja vista como um texto”, por esse motivo é que,
quando escrevemos um texto, temos de pensar se o leitor vai conseguir entender
esse texto. Conhecimento de mundo, contextualização, informatividade,
intertextualidade e aceitação são elementos de grande importância, pois são eles,
entre outros, que tornam um texto coerente.
Em sala de aula, há muitas maneiras de trabalhar esse tópico com os alunos
de forma prática. O professor pode fornecer um texto sem um parágrafo no meio ou
17
no final e deixar para que os alunos completem a história da maneira mais
adequada, por exemplo. Ou ainda, como sugere Viana e Silva,
Os baloons das histórias em quadrinhos, com supressão do texto escrito para preenchimento pelo aluno, consiste também num excelente exercício de coerência textual pois a escrita, no caso, deve acompanhar as ações que se sucedem nos desenhos (2000, p. 83).
Em suma, a coesão é a ligação de ideias e sentidos, enquanto a coerência
corresponde à ligação de fatos e ideias do texto; juntas proporcionam ao leitor uma
compreensão mais clara do texto.
2.3 Persuasão
É muito difícil falar de texto sem falar sobre persuasão. Todo texto diz algo para
alguém e o autor é quem seleciona o público-alvo por meio do assunto contido
nesse texto. O que queremos dizer aqui é que, se um autor escreve um artigo sobre
economia hospitalar, por exemplo, o público-alvo desse artigo serão pessoas que
trabalham na administração de hospitais, certamente. Além disso, todo texto tem
uma posição sobre o tema abordado, por mais sutil que seja. Essa posição ou
opinião pode convencer o leitor a favor ou contra. Esse convencimento é o que
chamamos de persuasão.
A persuasão nada mais é que a capacidade de convencimento sobre
determinado assunto, Citelli (1995, p. 13) diz que “persuadir, antes de mais nada, é
sinônimo de submeter, daí sua vertente autoritária. Quem persuade leva o outro à
aceitação de uma dada idéia”. Por esse motivo dizem que os advogados devem ter
uma capacidade de persuasão muito forte, pois seus argumentos devem convencer
o juiz e levá-lo a acreditar que seu discurso é uma verdade.
Quando escrevemos um texto, estamos fazendo um discurso. Os discursos
podem assumir uma classificação dependendo do seu foco, tais como discurso
autoritário, científico etc. Mas o discurso responsável pela argumentação é o
discurso persuasivo, nele “o enunciador pretende fazer o enunciatário crer”
(GUIMARÃES, 1993, p. 69).
A linguagem está totalmente associada à persuasão, é através dela que
atingimos o alvo – o leitor. Segundo Citelli (1995, p.23), existe uma relação interna
entre os signos linguísticos e a partir deles são produzidos a frase, o período e o
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texto. Sendo assim, torna-se mais fácil fazer a construção de um discurso
persuasivo se o autor tem conhecimentos prévios acerca dos signos linguísticos,
pois
[...] é comum afirmar-se, segundo a orientação dada por Ferdinand de Saussure, que todo signo possui dupla face: o significante e o significado. O significante é o aspecto concreto do signo, é a sua realidade material, ou a imagem acústica. O que constitui o significante é o conjunto sonoro, fônico, que torna o signo audível ou legível. O significado é o aspecto imaterial, conceitual do signo e que nos remete a determinada representação mental evocada pelo significante (CITELLI, 1995, p. 23).
Além disso, só é possível atingir o leitor se o repertório vocabular for bom o
suficiente para convencê-lo; argumentar, ser incisivo no discurso e ter conhecimento
do que será dito são elementos fundamentais de persuasão. Para Citelli (1994, p.
18), a argumentação por meio da persuasão visa “alcançar os efeitos pragmáticos
da linguagem, esta capacidade que os signos verbais possuem de influenciar as
pessoas, de definir ou redefinir posições, de confirmar preconceitos, de formar ou
reformar atitudes”. São esses elementos que formam o ponto de vista sobre
determinado assunto.
Porém, não cabe ao professor enumerar uma série de características acerca
dos discursos persuasivos e expor aos alunos apenas, mas sim, trabalhar de forma
que o aluno possa enxergar e compreender as funções desses recursos
argumentativos. Para ficar mais evidente, lançamos como uma proposta de
metodologia a análise da seguinte figura:
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Trata-se de um fôlder distribuído pela Secretaria de Turismo da cidade de
Caxias do Sul. Na capa, o primeiro ponto a ser destacado é o título, Conheça
Caxias do Sul Serra Gaúcha , logo imaginamos todas as possibilidades que a
geografia local pode oferecer para os turistas. O segundo ponto de destaque é o
próprio texto; apresentado em formato de poesia, pode-se notar que as palavras
foram estrategicamente escolhidas para chamar o turista à cidade. Termos como
descubra o turismo em sua alma, viver conosco essa emoção despertam
sentimentos de curiosidade, afeto, mexe com aspectos subjetivos do leitor – visto
como um possível consumidor. Por último, destacamos as palavras com mapa
grifadas em amarelo que, inicialmente parecem vagas, fazem uma conexão com o
conteúdo interno do fôlder, pois trata-se de uma rota turística. Esse conteúdo
apresenta locais de entretenimento, tais como pousadas, hotel fazenda, vinícolas,
trilhas etc. Já a contracapa traz as informações essenciais aos visitantes: telefones
de contato, e-mail, entre outros. Para fechar a análise, utilizamos nosso
conhecimento prévio para justificar as gravuras da uva e da taça de vinho como
plano de fundo, uma vez que a cidade é uma das grandes produtoras de uvas e
vinhos do Estado, e também os tons de roxo utilizados no material, lembrando da
uva e dos produtos derivados dela.
Com isso, temos um exemplo muito forte de persuasão e argumentação, pois o
material apresentado não é apenas um fôlder informativo, ele funciona como um
convite, convence o turista de que a cidade é um verdadeiro paraíso, uma vez que o
turismo gera capital para a economia local. A pragmática entra como uma peça-
chave, pois é responsável pela interpretação e análise do material em estudo.
2.4 Gêneros Textuais
A aula de língua deve, necessariamente, utilizar o texto como objeto de
estudos e nesse âmbito, temos diversos textos a nossa disposição. Esses textos
pertencem, certamente, a uma tipologia textual e a um gênero textual. Mas a dúvida
que cerca muitos professores de línguas é qual nomenclatura utilizar diante dos
alunos. Cabe dizer que são coisas distintas, apesar de serem muito próximas.
Segundo a Wikipedia (2008), o gênero textual é a produção de qualquer texto,
seja oral ou escrito, produzido por um usuário de uma língua em um momento
21
histórico e estão associados às práticas sociais; enquanto os tipos textuais referem-
se à estrutura de sua composição. Marcuschi defende a mesma ideia e conceitua
dizendo que
Usamos a expressão tipo textual para designar uma espécie de sequência teoricamente definida pela natureza linguística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas). Em geral, os tipos textuais abrangem cerca de meia dúzia de categorias conhecidas como: narração, argumentação, exposição, descrição, injunção. Usamos a expressão gêneros textuais como uma noção propositalmente vaga para referir os textos materializados que encontramos em nossa vida diária e que apresentam características sócio-comunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica. Se os tipos textuais são apenas meia dúzia, os gêneros são inúmeros. Alguns exemplos de gêneros textuais seriam: telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete, reportagem jornalística, aula expositiva, reunião de condomínio, notícia jornalística, horóscopo, receita culinária, bula de remédio, lista de compras, cardápio de restaurante, instruções de uso, outdoor, inquérito policial, resenha, edital de concurso, piada, conversação espontânea, conferência, carta eletrônica, bate-papo por computador, aulas virtuais e assim por diante (2005, p. 22-23).
Como estamos falando de estudo de línguas, devemos dizer que, logicamente,
os gêneros e tipos textuais não se apresentam separadamente, podemos ter um
gênero textual e dentro dele aparecer mais de um tipo textual e vice e versa. A
exemplo disso podemos citar uma crônica, que é um gênero textual, e em seu
desenvolvimento notamos que em uma parte o autor utilizou recursos de descrição e
em outra parte utilizou recursos de argumentação, que são tipos textuais.
A proposta de trabalhar com textos publicitários não exclui o trabalho com
outros gêneros, até porque “uma publicidade pode ter o formato de um poema ou
de uma lista de produtos em oferta; o que conta é que divulgue os produtos e
estimule a compra por parte dos clientes ou usuários daquele produto”
(MARCUSCHI, 2005 p. 30).
Sendo assim, é necessário que o professor tenha esses conceitos muito claros
para que não haja confusão, pois a falta de conhecimento do professor pode
acarretar uma sequência de dúvidas nos alunos. Esses acontecimentos são muito
presentes em aulas de produção textual cujas ordens de exercícios são mal
elaboradas. É evidente que devemos trabalhar a leitura e escrita em sala de aula e,
como está previsto nos Parâmetros Curriculares Nacionais, devemos trabalhar
diversos gêneros e tipos textuais, mas para isso devemos, também, estar seguros
do conteúdo a ser desenvolvido com os alunos de maneira que não ocorram
22
problemas futuros. Afinal, a função do texto na sala de aula é de ajudar a
compreensão e o estudo de uma língua.
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3 O TEXTO PUBLICITÁRIO
O texto publicitário está presente diariamente em nossas vidas; oral e
visualmente durante os telejornais e as propagandas televisivas, no caminho para o
trabalho em outdoors, fôlderes, banners, nas revistas, jornais etc. Formam uma
composição de informações e apresentam um rico material para as aulas de línguas.
O texto publicitário caracteriza-se por participar dos acontecimentos sociais,
reportam os eventos social, histórico, econômico e ainda fazem marketing para
muitos produtos. Talvez, por esse motivo eles sejam tão atraentes. Apresentando
uma linguagem peculiar, exige uma cumplicidade entre emissor e receptor
[...] de maneira que, muitas vezes, a referência ou a informação mais importante fica apenas sugerida, encontra-se nas entrelinhas do pensamento exposto. É necessário recuperar os dados implícitos para montar a mensagem completa; o emissor partilha as informações com o seu interlocutor e negocia com ele o papel de completá-las, revelando, de modo cada vez mais acentuado, a interação na publicidade (GONÇALVES, 2006, p. 27).
Nesse sentido, impõe ao leitor a habilidade linguística, pois ele será a peça
principal desse texto, cabe a ele interpretar e completar o sentido desse texto. Essa
é a essência da publicidade, o autor deve conhecer as necessidades do público-
alvo, o que as pessoas almejam de um certo produto para que, então, o resultado
seja o esperado.
3.1 Os elementos fundamentais do texto publicitário
O texto publicitário carrega algumas características próprias ao gênero a que
pertence. Sempre há a predominância de uma determinada característica, mas é
evidente que a maioria dos textos publicitários apresentam título – que nem sempre
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vem em destaque e geralmente é o próprio nome do produto ou local de venda –,
fotografias, palavras em destaque, entre outras.
Esses elementos são de extrema relevância, uma vez que compõem o visual
da propaganda. São os responsáveis por chamar a atenção do leitor e torná-lo um
possível cliente. Vejamos a figura abaixo:
Figura 2 – Texto publicitário A Fonte: FIGURINO NOIVAS, 2009.
Trata-se de uma propaganda de loja. O anúncio traz como título o nome da loja
em destaque na parte superior esquerda. Como subtítulo, apresenta uma frase
persuasiva e com uma expressão positiva: tudo para animar sua festa . Além disso,
tem fotos demonstrando os produtos vendidos na loja e enfatiza os descontos e
vantagens na aquisição desses produtos. Por último, informações essenciais para
contatos, tais como endereço, telefone, site e e-mail. Finaliza citando mais uma
informação de grande vantagem aos visitantes: com estacionamento e Lan House
para nossos clientes .
Com certeza, esse anúncio é voltado para quem pretende organizar uma festa
animada e descontraída. A sensibilidade do produtor do anúncio deve estar focada
nos elementos que conquistam o cliente. Técnicas de vendas favorecem a produção
desse gênero de texto; uma delas é a construção de ideias com palavras positivas,
pois essas palavras “geram imagens construtivas na mente de seu interlocutor. Dito
25
de outra forma: ajudam a sintonizar a sua proposta com os desejos dele. Se bem
utilizadas, são fantásticas para gerar empatia e confiança” (NASAJON, 2000, p. 34).
Essas características são comuns ao gênero publicitário e, considerando que a
publicidade está presente no dia-a-dia das pessoas de diferentes nacionalidades,
facilmente podem ser encontradas em anúncios e propaganda de revistas e jornais
importados e, dessa forma, o professor pode buscar recursos para favorecer uma
aula de língua estrangeira. Vejamos o anúncio abaixo:
Figu ra 3 – Texto publicitário B Fonte: LUCKY, 2009.
26
Trata-se de uma propaganda de maquiagem. O anúncio traz como título o
nome do produto em grande destaque centralizado na parte superior. Logo após,
temos a imagem do produto, também centralizado, e nas laterais temos a imagem
de um fotógrafo e os materiais de trabalho. A disposição dessas imagens induz o
interlocutor a entender que o produto está ocupando o lugar de uma modelo, ou
seja, pode-se interpretar que, as pessoas que usam essa maquiagem, ficam tão
bonitas quanto uma top model. Mais abaixo segue um breve texto com argumentos
persuasivos indicando os benefícios do produto. Em uma determinada parte desse
texto aparece mais uma expressão em destaque salientando o maior benefício da
maquiagem, Covergirl Exact Eyelights Mascara helps you get 4x brighter eyes (A
máscara Covergirl Exact Eyelights ajuda você a ficar com os olhos 4x mais
radiantes2), ou seja, o texto tenta convencer o leitor a adquirir o produto.
Análises desse tipo podem ser realizadas em sala de aula com alunos de
diversas idades. Esse gênero textual oferece vários tópicos de análise que podem
partir de como está estruturado determinado anúncio e qual a leitura que se pode
fazer dele. A partir desse ponto, o aluno pode mencionar possíveis alterações que
poderiam ser feitas para melhorar o marketing do produto ou, até mesmo, criar um
anúncio utilizando as técnicas analisadas em aula.
Essa metodologia, quando aplicada nas aulas de língua materna e estrangeira,
possibilita a comparação entre as línguas e a cultura dos países envolvidos. Pois as
necessidades das pessoas são diferentes, tanto de clientes brasileiros com outros
clientes brasileiros, quanto de clientes brasileiros com clientes estrangeiros.
3.2 A linguagem do texto publicitário
A linguagem do texto publicitário, assim como a linguagem de outros gêneros
textuais, tem suas características próprias. A língua por si só já sofre os efeitos da
evolução; a linguagem, por sua vez, evolui com o intuito do aperfeiçoamento.
Conforme Gonçalves (2006, p. 29), “a forma de fazer propaganda sempre esteve
vinculada à linguagem predominante na sociedade, determinada pelos meios de
comunicação que se desenvolviam com a técnica cada vez mais elaborada”, afinal o
texto publicitário tem a intenção de atingir um público em específico. 2 Tradução livre do autor.
27
Inicialmente as propagandas eram feitas com textos escritos, posteriormente
entraram os textos orais com a finalidade de serem expandidos pelas televisões e
rádios e então chegou a era digital. Hoje, utilizamos poderosos sistemas de
informática que, realmente, facilitaram muito o desenvolvimento de todos os meios
de comunicação. Mas no passado, as propagandas eram muito diferentes, a
comunicação se dava por meio de textos escritos e exageradamente longos,
enquanto atualmente, os textos são cada vez menores, cheios de gravuras ou sub-
intenções.
Nos anos 1950 e 1960 a publicidade apresentava uma avalanche de anúncios com textos extremamente longos e adjetivados, com uma retórica eficaz para a época, pois retratava a velocidade do pensamento e o perfil social do homem daquela sociedade. Em meados da década de 1960, entretanto, a televisão propagava a oralidade, o texto publicitário impresso perdia parte de seu glamour, e o estilo redacional passava a evidenciar a forma televisiva de ver o mundo (GONÇALVES, 2006, p. 29).
A palavra-chave, no momento, é criatividade. O redator do texto publicitário
precisa de muita criatividade e percepção; pois o texto tem de ser atrativo
suficientemente para cativar o comprador. Dizemos comprador porque, nesse
sentido, o leitor compra a ideia sugerida no texto, daí a importância de ser um texto
atrativo.
Atualmente, os textos publicitários são menores e dão espaço para fotos,
imagens e expressões em destaque. Esses recursos fazem com que o leitor
complete, muitas vezes, as lacunas criadas pelos redatores. Além desse recurso, os
redatores de textos publicitários utilizam uma linguagem comunicativa carregada de
expressões persuasivas. É muito óbvia a intenção dessa forma de linguagem, pois o
texto publicitário, como já dissemos anteriormente, tem de convencer o leitor a
respeito das vantagens na aquisição de seu produto. Com isso, o redator expõe sua
opinião ao leitor, pois
Quando se considera o ato da comunicação, a ação sobre o outro, direta ou indiretamente, existe posicionamento – o discurso não é neutro, ou seja, de forma mais aberta ou mais velada, em menor ou maior grau, a persuasão sempre conduz o discurso. Porém, é na sociedade capitalista e sobretudo após a evolução industrial, que a necessidade de agir mais diretamente sobre o outro, oferecendo produtos e serviços, se faz mais presente (GONÇALVES, 2006, p. 61).
A descrição também está presente na linguagem publicitária, mas de forma
mais sutil e com a finalidade de informar determinadas características do produto ou
serviço em questão. Uma vez que a publicidade tem a função de fazer propaganda
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de certos produtos ou serviços, é necessário que se faça uma breve descrição, pois
essa descrição apresenta o produto. Aí, então, entra novamente a persuasão. A
linguagem persuasiva se alia à descrição para, juntas, produzirem o marketing e
atingirem o público.
3.3 O texto na sala de aula
Estamos na era da comunicação, contudo, a juventude de hoje não consegue
elaborar um enunciado comunicativo, suas opiniões ficam presas e é quase
impossível externá-las; a pobreza vocabular no uso da linguagem oral ou escrita é
muito presente e acreditamos que a falta de leitura também contribui para esse
quadro alarmante. Os alunos, em geral, não têm o hábito da leitura e a linguagem
mais usual é rica em gírias, também é muito presente o ‘internetês’ – uma linguagem
própria dos usuários da internet.
Trabalhar com textos na sala de aula não deve ser considerado como um
momento de descontração, apesar de proporcionar um imenso prazer, a leitura é a
maneira mais completa de enriquecimento vocabular. Além disso, o texto é um
excelente objeto de pesquisa para as aulas de língua, como já dissemos
anteriormente.
Os textos orais e escritos proporcionam ao leitor sua inserção no
funcionamento da língua, ou seja, estamos nos referindo ao termo ‘língua’ em suas
três dimensões: estrutura, significado e uso, segundo Celce-Murcia (1999, p.4).
Geraldi (2006, p. 60) acredita que a prática de leitura deve começar no ensino
fundamental e ocorrer de maneira gradativa, com textos mais curtos como, por
exemplo, crônicas, reportagens, notícias de jornais, contos etc. Posteriormente
devemos acrescentar textos maiores, como narrativas, novelas, pequenos romances
e assim aumentar o nível de leitura dos alunos. Essas aulas devem ocorrer dentro
do horário letivo, porém deve-se ter uma atenção especial às leituras maiores, essas
deverão ter um momento de ‘tema’ e um momento em sala de aula, sugere-se um
período por semana.
Esse tipo de prática pode começar durante a quinta série do ensino
fundamental e faz com que os alunos tenham um momento de leitura e estudo da
29
língua em sala de aula, funciona como um preparo para o ensino de literatura
durante o ensino médio.
Sobre esse tipo de atividade, restam ainda algumas considerações. Em primeiro lugar, é preciso ter em mente que obras destinadas a alunos de quinta série do noturno não podem ser idênticas àquelas destinadas a crianças. Em segundo lugar, cada professor notará quando o aluno não está lendo: nesses casos, se torne necessário um bate-papo com o aluno (GERLADI, 2006, p. 63).
É muito importante frisar a relevância dos temas transversais, tão discutidos
nos Parâmetros Curriculares Nacionais. Quando trabalhamos com textos devemos
nos atentar ao tema que está sendo discutido neles. Além dos assuntos
comentados, ainda ficam subentendidos outros assuntos, geralmente não tratam
apenas do tópico principal. Aqui convém dizer que a escolha do texto deve ser feita
de acordo com a idade e maturidade do aluno, por esse motivo existe a distinção
entre as aulas de alunos diurnos e noturnos.
Essa prática de leitura é apenas uma das sugestões do autor, certamente
existem muitas outras práticas de leitura que podem ser desenvolvidas em sala de
aula. Entretanto, é necessário dizermos que as aulas de leitura devem privilegiar o
ato de ler por si só e não privilegiar a leitura com o intuito de cumprir uma lista de
leituras obrigatórias estipuladas pelas universidades federais e estaduais.
Buscar textos atraentes e desenvolver uma aula diferente é um grande ponto
positivo para o professor. Lançar uma proposta de metodologia de ensino com
textos publicitários é buscar a inovação e, com certeza, arriscar-se diante da
linguagem e do mundo, visto que
A inovação exige uma certa inocência, o aventurar-se ao desconhecido, prontidão para novas percepções e emoções. É contrário ao livro didático que trabalha a previsibilidade, sancionado pelas instituições, palmilhando pela certeza da autoridade (BOHN, 2006, p. 129).
A leitura de um texto publicitário faz com que o aluno desenvolva suas
habilidades de percepção, pois as figuras e os slogans fazem parte do texto, são
complementos para a compreensão. E essas habilidades devem ser reforçadas em
momentos de produção textual.
Obviamente, as aulas de leitura induzem os alunos à produção textual, é uma
consequência prevista pelo docente. Porém, a produção textual em sala de aula faz
com que o aluno escreva para o professor, essa perspectiva tem de ser mudada
30
urgentemente. Os professores têm de criar a possibilidade de os alunos escreverem
para um público que não seja somente ele.
Uma sugestão que cabe para todos os níveis é a de criar um encarte onde toda
a classe de estudantes participe da produção desse material. Dessa forma, os
alunos desenvolverão textos publicitários divulgando o comércio local e eventos
culturais do bairro, assim estará aberto um momento de interdisciplinaridade na
escola. O exemplo citado pode seguir o formato da figura abaixo, veja:
É claro que para essa atividade dar certo, é necessário que todos os
professores estejam envolvidos e as práticas devem ser supervisionadas. Ou seja,
os alunos deverão ser divididos em grupos; cada grupo receberá uma proposta de
tema e terão um professor orientador. Assim, cada grupo ficará responsável por uma
página do encarte, por exemplo, eventos esportivos com o professor de educação
física; página de cultura com o professor de educação artística etc. Os professores
de línguas realizam as tarefas juntamente com os demais professores.
Figura 4 – Catálogo Fonte: TUDO PERTO, 2009.
31
Essa proposta de produção textual também exige e cria um momento de re-
escritura. Os alunos escrevem um texto inicial e, após uma leitura do professor
coordenador da atividade, deverão re-escrever conforme adequações e correções
da linguagem. Essa rescrita parece a forma mais adequada de efetuar a correção
dos trabalhos, uma vez que não dita o que é certo e errado, mas mostra que há um
caminho melhor para estruturar um pensamento.
Desde o ciclo básico já nos parece possível um trabalho com reescrita de texto que leve o aluno a perceber e exercitar as diferentes estruturas das variadas construções lingüísticas. Uma propaganda pode se transformar linguisticamente numa notícia e vice-versa (VIANA; SILVA, 2000, p. 83).
A introdução de materiais com textos reais em língua estrangeira faz com que
os alunos percebam a importância de aprender uma segunda língua. Esse tipo de
material possibilita a comparação entre a língua materna e a língua estrangeira e,
dessa forma, oportuniza que o aluno elabore hipóteses sobre ela, uma vez que a
visão cognitivista está “fundamentada no fato de que o ser humano está apto a
aprender línguas e baseado no que sabe da sua língua materna [...] utilizando
estratégias de transferência da língua materna para a língua-alvo” (KELLER, 2004,
p. 23), trata-se do que chamamos de transferência linguística. Além disso, essa
proposta de metodologia também privilegia uma visão sociointeracionista, já que os
alunos têm de trabalhar em grupos e com textos originais, eles entram em maior
contato com a cultura de outras pessoas e socializam seus conhecimentos.
Pode-se entender a interação social, então, como capaz de produzir desenvolvimento cognitivo através de ações partilhadas, ou seja, como processos cognitivos realizados por muitos sujeitos, não por um único. A noção de ensino-aprendizagem de LE e os conflitos sociocognitivos, desencadeados através do confronto de respostas, não por simples imitação dos que cercam o aprendiz, podem provocar a elaboração cognitiva (KELLER, 2004, p. 38).
Ainda que não seja a única e melhor maneira de aprender língua estrangeira,
essa é uma das possíveis maneiras de integrar os alunos a uma nova realidade, em
especial, os alunos de escolas públicas. Fazer intercâmbios e aprender língua
estrangeira em ambiente natural obriga o aprendiz a falar de fato. Keller (2004, p.
25) afirma que “no ambiente natural, por exemplo, o aprendiz está exposto mais
tempo ao contato da língua, com falantes nativos e a uma ampla variedade de
discurso, sem se deter no estudo de um conteúdo específico”, Por esse motivo,
aprende a fazer a entonação correta, conhece novas expressões idiomáticas etc.
32
Mas é na sala de aula que o aluno aprende as especificidades e estrutura dos
conteúdos da língua estrangeira e também aprende como usar seu aparelho
fonador; diante de tal motivo, Finocchiaro e Bonomo (1973, p. 16) acreditam que
“ensinar uma segunda língua implica ajudar os aprendizes a adquirir novos hábitos
ou caminhos para usar o aparelho fonador e aprende as formas e a combinação das
formas exigidas pelo sistema3”.
Os alunos de escolas públicas, em sua grande maioria, não têm a oportunidade
de estudar uma língua estrangeira em cursos livres, muito menos de realizar
intercâmbios. Daí vem a necessidade de os professores criarem um meio alternativo
e mais atraente de ensinar a língua estrangeira e, também, a língua materna.
Os estudantes entendem e retém melhor o significado de uma palavra quando já lhes foi mostrado ou quando eles já tocaram algum objeto associado com a palavra. Por essa razão, todos os professores poderiam fazer uma coleção de objetos todos os dias, incluindo assim, coisas como jornais, tickets, cardápios, emblemas, frascos, latas, recipientes, brinquedos (para crianças), revistas, pratos, pedaços de tecido etc. Uma coleção desse tipo facilitará a apresentação e a prática de muitos pontos da língua. Ilustrar – no início dos níveis, os nomes dos artigos que podem ser praticados primeiro dentro de cada categoria e, depois, fazer ao acaso (FINOCCHIARO; BONOMO, 1973, p. 163)4.
Cabe dizermos que essas propostas são admissíveis para os alunos enquanto
estudantes de uma língua estrangeira, em particular – a língua inglesa. E, para isso,
não lhes é exigido um conhecimento pleno de articulações de falantes fluentes
tampouco estruturas complexas. Pois “não há razões para supor que os brasileiros
devam falar inglês como falantes nativos [...] e uma das condições para que o inglês
seja uma língua multinacional é aceitar a diversidade da própria língua” (LEFFA,
2006 p. 371).
O texto publicitário é um recurso que atende parte dos objetivos de uma aula
de língua e é facilmente encontrado em revistas, jornais e fôlderes. Em suma, são
inúmeras oportunidades que podem ser criadas. Cabe ao professor observar as
3 Tradução livre do autor. Citação original: second language teaching implies helping learners acquire new habits or ways of using the speech organs, and learning the forms and the arrangements of forms required by the system. 4 Tradução livre do autor. Citação original: students undertand and retain the meaning of a word better when they have been shown or have touched some object associates with it. For this reason, all teachers should make a collection of everyday objects, including such things as nwspaper, tickets, menus, flags, bottles, cans, containers, toys (for children), magazines, dishes, bits of cloth, etc. a collection of this sort Will facilitate the presentation and practice of many language items. To illustrate – at beginning levels, the names of articles may be practiced first within categories and later at random.
33
possibilidades de trabalho em sala de aula. É necessário muito empenho, dedicação
e vontade de ensinar, porque realmente não é impossível.
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4 SUGESTÕES DE PROJETOS DE AULAS
Neste capítulo, apresentaremos alguns projetos de aulas com textos
publicitários extraídos de revistas. Essas aulas estão direcionadas aos alunos do
ensino médio, tendo em vista que, para a melhor realização das atividades práticas,
é necessário que os alunos possuam uma certa maturidade e um mínimo
conhecimento acerca dos assuntos a serem abordados.
4.1 Projeto de Aula de Língua Inglesa
a) Tempo para realização: 1 mês
Obs.: Considerando que as aulas de língua estrangeira são ministradas em
dois períodos semanais de 50 minutos cada, totalizando uma média de 8 a 10
períodos.
b) objetivos:
• ler de forma silenciosa;
• interpretar textos;
• refletir sobre assuntos socioeducativos com a finalidade de auxiliar na sua
própria formação;
• desenvolver habilidades de argumentação;
• ampliar o vocabulário em língua estrangeira;
• estudar do Simple Present Tense.
c) descrição da aula:
• 1ª etapa: cada aluno receberá uma fotocópia do texto;
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• 2ª etapa: fazer uma leitura silenciosa tentando abstrair as informações
mais relevantes;
• 3ª etapa: discutir as ideias principais do texto. O professor deverá ter
formulado anteriormente algumas questões norteadoras. Essa atividade
poderá ser realizada em língua materna ou estrangeira e, para aplicação,
dependerá do nível de oralidade e conversação dos alunos. Exemplos:
What is the principal idea of the text?
What is the principal intention this text?
List some persusive sentence.
Do you think a kind of tennis can help you to get a beautiful body?
Do you practice some exercise? What?
• 4ª etapa: o professor convida os alunos a analisarem as seguintes frases:
Easy Tone works while you walk the dog.
What is the difference between the underline verbs?
When doesn´t easy tone work?
What is the difference between first sentece and second sentece?
A partir dessa etapa, o professor começa a introduzir explanações sobre o
Simple Present Tense. Sugerimos que exponha as regras gramaticais de maneira
reflexiva. Se os alunos apresentarem condições, podem auxiliá-lo em possíveis
elaborações de conceitos, por exemplo.
• 5ª etapa: atividade prática;
Os alunos deverão desenvolver um texto publicitário a partir de uma
imagem fotocopiada fornecida pelo professor, conforme segue abaixo.
Poderão utilizar o primeiro texto como exemplo.
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A atividade pode ser realizada em duplas ou pequenos grupos e permitirá o
processo de elaboração e re-escritura. Para finalização, as duplas/grupos deverão
apresentar seus trabalhos aos demais colegas.
d) avaliação: o objetivo será alcançado se os alunos apresentarem uma
progressão na capacidade de leitura, compreensão e comunicação e
também, se apresentarem conhecimentos de uso adequado do Simple
Present Tense.
4.2 Projeto de Aula de Língua Portuguesa
a) Tempo para realização: 1 mês
Obs.: Considerando que as aulas de língua materna são ministradas em três
períodos semanais de 50 minutos cada, totalizando uma média de 10 a 12 períodos.
b) objetivos: • ler de forma silenciosa;
• interpretar textos;
Figura 6 – Foto das havaianas Fonte: LUCKY, 2009.
38
• debater em sala de aula com a finalidade de auxiliar as relações sociais
entre os colegas;
• desenvolver habilidades de argumentação e persuasão;
• estudar os Tempos Verbais.
c) descrição da aula:
• 1ª etapa: cada aluno receberá uma fotocópia do texto;
Figura 7 – Texto publicitário D Fonte: CONTIGO, 2009.
39
• 2ª etapa: fazer uma leitura silenciosa tentando abstrair as informações
mais relevantes.
• 3ª etapa: discutir as ideias principais do texto. O professor deverá ter
formulado anteriormente algumas questões norteadoras. Exemplos:
Quais são as informações mais relevantes desse texto?
O que é a imagem de fundo desse texto? E o que pode significar?
Por que existem desenhos de alvos?
• 4ª etapa: o professor convida os alunos a analisarem algumas frases:
O novo Vanish Poder O 2 Inteligente encontra as manchas mais
difíceis por você.
Fórmula exclusiva que procura e remove até as manchas mais
difíceis de achar .
Use em toda lavagem.
Confie no rosa.
Esqueça as manchas.
Para ajudar na análise, podemos utilizar algumas perguntas, tais como:
As palavras sublinhadas pertencem a qual classe gramatical?
Elas indicam alguma noção de tempo (presente, passado, futuro)?
Estabelecem alguma ideia de ordem/determinação?
A partir desse passo, o professor começa a introduzir explanações sobre os
Tempos Verbais e seus usos. O ideal é que os alunos não recebam uma lista de
regras, mas que reflitam a respeito de como se faz a aplicação adequada de tal
conhecimento.
• 5ª etapa: atividade prática.
Os alunos deverão desenvolver um texto publicitário a partir de uma
imagem fotocopiada fornecida pelo professor, conforme segue abaixo,
aplicando as teorias estudadas em aula. Poderão utilizar o primeiro texto
como exemplo.
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Esse tipo de atividade permite o processo de elaboração e re-escritura, e
exercita a autonomia de criação dos alunos.
d) avaliação: o objetivo será alcançado se os alunos apresentarem uma
progressão na capacidade de leitura, compreensão e comunicação e
também, se apresentarem domínio acerca dos conteúdos estudados em
aula.
Figura 8 – Scotch -brite Fonte: Autoria própria, 2009.
41
5 CONCLUSÃO
Ao longo dos anos, surgem novas pesquisas voltadas à qualidade da educação
e do ensino. Os cursos de formação de professores passam por constantes
adequações com a finalidade de formar profissionais preocupados e comprometidos
com a qualidade do ensino, mas ainda é possível encontrar professores que utilizam
métodos ultrapassados.
Enquanto isso, outros professores têm se esforçado para criar aulas
agradáveis, que sejam relevantes para a vida dos estudantes. É evidente que há
muitas dificuldades no dia-a-dia, mas é necessário que tenhamos forças para
encontrar alternativas capazes de ultrapassar os obstáculos impostos pelo cotidiano.
O curso de Letras é visto, por muitas pessoas, como um curso que oferece
habilitação para o ensino de algum idioma ou literatura. Enquanto acadêmicos desse
curso, o que pudemos observar é que esse pensamento pôde ser sustentado
somente até o momento de cursar os estágios curriculares. Esse foi o grande
momento de ver a prática por outro ângulo e, a partir daí, assumimos a licenciatura
em sua plenitude. Realizamos diversas atividades: umas deram certo, outras não.
Porém, fizemos do erro um degrau para o acerto e começamos a caminhar rumo ao
novo, ao diferente.
Essas atitudes fizeram com que visualizássemos novas perspectivas, e por que
não transformar essas experiências em uma pesquisa?
Após muito estudo e muitos estágios, a conclusão a que chegamos é que
estamos diante de constantes mudanças. Consequentemente, o ensino de língua
materna e estrangeira deve acompanhar a evolução do mundo. A comunicação é
prioridade em nossas vidas. É através das línguas que trocamos ideias e chegamos
a pontos comuns ou não.
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Os alunos têm a grande tarefa de concluírem o ensino básico com capacidade
plena de comunicação por meio da fala e da escrita e, em contrapartida,
compreender as demais pessoas. Para isso, é necessário que o professor use os
livros didáticos como instrumento de apoio e não como cartilha oficial da classe.
Não podemos esperar que a mudança parta dos alunos, nós temos a tarefa de
tentar, de arriscar. Por esse motivo lançamos a proposta de trabalhar com o texto
publicitário em sala de aula. Usar textos do cotidiano faz com que o aluno veja onde
podemos aplicar o que é ensinado nas aulas, principalmente no caso da língua
estrangeira. A persuasão proporciona a capacidade de argumentação e é facilmente
encontrada nesse gênero textual. Aliamos teorias, exercícios de redação, textos e
metodologias à vontade de ensinar e propomos uma aula diferente.
Acreditamos fielmente que a sala de aula é um grande laboratório com diversas
oportunidades onde é possível tentar. Nesse ambiente, não cabe a desistência, mas
sim insistência. Não podemos desistir dos alunos. Eles precisam de professores com
vontade e capacidade de ensinar e, sobretudo, de acreditar. Eles precisam de
novidades. Nesse sentido, o professor não é só o intermediador de conhecimento; é
um parceiro de experiências.
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REFERÊNCIAS
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