O TRABALHO METODOLÓGICO APLICADO A UM CONTEÚDO BÁSICO DE BIOLOGIA PELA ABORDAGEM DO MOVIMENTO CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE.
Maria de Fátima Domingues Frederico *
José Ricardo Penteado Falco
RESUMO
Este artigo apresenta uma pesquisa sobre células-tronco e elege, paralelo a
pedagogia histórico-crítica, o enfoque do movimento Ciência, Tecnologia e
Sociedade (CTS) como encaminhamento metodológico para o trabalho deste
conteúdo com alunos do ensino médio da rede pública estadual. A tecnologia é
hoje parte inerente ao ser humano e de algum modo condiciona a sociedade.
Segundo alguns autores, referenciados neste trabalho, não se trata de
prescindir da tecnologia ou enxergá-la de forma negativa, mas sim preparar-se
para investigar e compreender a sua validade, entender a não neutralidade da
tecnociência e o impacto da mesma na sociedade. Entendemos que o enfoque
CTS auxiliará na superação de metodologias que privilegiam a passividade dos
alunos por metodologias que dinamizam o processo ensino-aprendizagem e
situam fatos historicamente, oportunizando dessa forma, uma aprendizagem
mais significativa e vinculadas aos acontecimentos do mundo. Temos claro
que, por falta de informação e conhecimento, a população se exclui do
processo reflexão e interferência acerca dos avanços tecnológicos na
sociedade. Desejamos buscar a participação consciente e responsável dos
alunos do Ensino Médio aspirando um cidadão que argumente e faça parte do
processo de tomada de decisões com relação aos problemas levantados na
sociedade.
PALAVRAS-CHAVECélulas-tronco, Ciência, Tecnologia, Sociedade
* Professora de Biologia da Rede Publica do Estado do Paraná, participante do Programa de Desenvolvimento
Educacional-PDE, orientada pelo professor José Ricardo Penteado Falco, do Departamento de Biologia Celular e
Genética da Universidade Estadual de Maringá
SUMMARYThis article presents a research on stem cells and elect a parallel in the pedagogy historical-critical approach to the movement Science /Technology /Society (STS) as routing methodology for the work of this content with high school students in state public. The technology is now part of the human being and somehow affects the society. According to some authors, referenced in this work, it is not about dispense with the technology or see it negatively, but prepare to investigate and understand its validity to understand the non-neutrality of science and technology and its impact on society. We understand that the STS will assist in overcoming methodologies that emphasize the passivity of students through methodologies that streamline the teaching-learning process and historically situated events, thus giving opportunities for a more significant learning and linked to world events. We are clear that, for lack of information and knowledge the population is excluded from the process and interference reflection about technological advances in society. We seek the participation of the conscious and responsible high school students aspiring to a citizen who argue and be part of decision with respect to the problems in society.
KEYWORDS
Stem cells, Science, Technology, Society
INTRODUÇÃO
Com a intenção de estimular o interesse dos alunos em fazer relações
da ciência, suas aplicações tecnológicas e os fenômenos da vida cotidiana,
este artigo procura mostrar a implementação em uma escola da rede pública
estadual, de uma pesquisa desenvolvida a partir do Plano de Desenvolvimento
Educacional – PDE, direcionada a alunos do 3° ano do Ensino Médio, com o
objetivo de que eles compreendam a natureza da ciência e do trabalho
cientifico em meio a sua problemática associada a sua produção e às suas
implicações éticas e sociais.
O ensino das disciplinas científicas nas escolas, e mais especificamente
da biologia, tem acontecido, na maioria das vezes, de forma memorística,
isolado e isento de relações com as tecnologias e com os problemas sociais
vivenciados pelos alunos. Esta proposta de trabalho efetiva um
encaminhamento metodológico orientado pelo Movimento Ciência, Tecnologia
e Sociedade (CTS) de forma que a temática Células –tronco seja trabalhada
não só com o intuito de sistematizar conceitos e classificações mas de ampliar
esse conteúdo, alcançando diferentes discussões que evidenciem como a
produção do conhecimento científico acontece na sociedade e como as
tecnologias advindas desse conhecimento influenciam a vida em uma
sociedade em constante mudança.
Apresentamos inicialmente um recorte teórico sobre a temática Células-
tronco inserida no Conteúdo Estruturante: Implicações dos Avanços Biológicos
no Fenômeno Vida, conforme as Diretrizes Curriculares Estaduais de Biologia,
2008; em seguida algumas considerações sobre o Movimento Ciência,
Tecnologia e Sociedade e finalmente sobre a implementação do trabalho com
os alunos.
CÉLULAS-TRONCO E MOVIMENTO CTS
A definição de células-tronco (CT) se expressa de diversas formas, mas
se unifica na compreensão de diferentes pesquisadores.
Para MAYANA ZATZ (2004), “CT são células com capacidade de auto-
replicação, isto é, com capacidade de gerar uma cópia idêntica a si mesma e
com potencial de diferenciar-se em vários tecidos”.
A diferenciação em células especializadas nos diferentes tecidos,
segundo CARVALHO (2001), “é regulada, em cada caso, pela expressão de
genes específicos na célula-tronco, mas ainda não se sabe em detalhes como
isso ocorre e que outros fatores estão envolvidos”. A compreensão e a
capacidade de direcionar esse processo de diferenciação é o desafio das
pesquisas relacionadas ao estudo das CT.
De acordo com ALBERTS (2006), as CT são definidas por três
propriedades inerentes a elas: a capacidade de se dividirem por tempo
indefinido, ou ao menos, durante toda a vida de um animal; não estar
diferenciada definitivamente; e quando se divide, pode conservar-se como CT
ou sofrer diferenciação definitiva.
As CT podem ser chamadas de CT adultas (CTA) e CT embrionárias
(CTE), conforme suas origens. As CTA mais facilmente disponíveis e
comumente utilizadas nas clínicas de fertilização são as CT hematopoiéticas,
cujas principais fontes são a medula óssea e o sangue do cordão umbilical
(PRANKE, 2004).
Há muito já se conhece que as CTA se dividem indefinidamente em
tecidos que geram necessidade de reposição celular constante, por lesão ou
por apoptose, como no caso das células intestinais, epidérmicas e sanguíneas.
Recentemente constatou-se que, além das células acima citadas, outros
tecidos e órgãos humanos como fígado, pâncreas, tecido nervoso, tecido
adiposo e músculos esqueléticos também têm um estoque de CTA com
capacidade de regenerar, após lesões, as células dos tecidos e órgãos onde
estão situadas. A princípio estas células eram classificadas como multipotentes
por serem capazes de gerar as células específicas dos tecidos ou órgãos onde
estavam situadas; hoje se diz que essas células são pluripotentes, isto é,
podem gerar células de outros órgãos ou tecidos (CARVALHO, 2001).
ALBERTS (2006) nos mostra, por exemplo, que as células epidérmicas
são renovadas continuamente por CTA presentes na camada basal da
epiderme, devido a apoptose que ocorre nesse tecido, num ciclo em torno de
30 dias, e que esse processo ocorre através de sinais moleculares,
processados por substâncias sinalizadoras específicas, produzidas a partir de
informações genéticas presentes no gene e atuam ativando ou inibindo a
divisão da CT em células que herdam os fatores que a forçam entrar em
diferenciação ou formar células filhas que permanecem como CT. O autor
ressalta ainda que a produção de diferentes tipos de células sanguíneas pelas
CT hematopoiéticas (CTH) é um processo que ocorre individualmente e
também é controlado por moléculas sinalizadoras.
As células hematopoiéticas podem sobreviver, proliferar e diferenciar
em cultivo se, e somente se, elas estiverem providas com proteínas-
sinal específicas ou acompanhadas por células que produzem estas
proteínas. Se privadas de tais proteínas, as células morrem. Para
manutenção a longo prazo, também parece ser necessário o contato
com as células de suporte apropriadas: a hematopoiese pode
continuar funcionando in vitro por meses ou por anos, por meio do
cultivo de células hematopoiéticas de medula óssea distribuídas
sobre a superfície de uma camada de células do estroma da medula
óssea, que imitam o ambiente da medula óssea intacta.
Tais culturas podem originar todos os tipos de células mielóides, e
sua continuação por longo prazo implica que as células-tronco e a
progênie diferenciada estejam sendo produzidas continuamente.
Deve haver algum mecanismo nessas culturas, assim como in vivo,
para garantir que algumas células da progênie de células-tronco
comprometam-se com a diferenciação enquanto outras permaneçam
como células-tronco. O destino celular escolhido parece ser
controlado, pelo menos em parte, por sinais específicos produzidos
nos contatos com as células do estroma. As células-tronco
hematopoiéticas parecem necessitar destes sinais para manterem-se
em seu estado não comprometido, assim como sinais dos contatos
com a lâmina basal são necessários para manter as células- tronco
da epiderme. Em ambos os sistemas, normalmente, as células-
tronco são confinadas a um nicho especial, e quando perdem
contato com este nicho, elas tendem a perder seu potencial de
célula-tronco.
A natureza dos sinais críticos das células do estroma ainda é incerta,
embora vários mecanismos estejam implicados, envolvendo tantos
fatores secretados, como ligados à superfície celular...” (ALBERTS,
2006, p.1291).
Diversas pesquisas com CTA têm sido realizadas recentemente, muitas
das quais com resultados promissores na regeneração de alguns tecidos, mas
é preciso entender que o uso de células-tronco autólogas, assim chamadas
quando são do próprio indivíduo, não curam por não remover as causas das
doenças, apenas podem regenerar os órgãos afetados. É possível ainda o uso
de células-tronco heterólogas, provenientes de indivíduos diferentes do
receptor, mas ainda se discute as questões de rejeição com estas células
(CARVALHO, 2004).
A CTE tem a sua definição legal na Lei no 11.105/05, LEI DE
BIOSSEGURANÇA, em seu artigo 3º que considera como definição de células-
tronco embrionária: “Células do embrião que apresentam a capacidade de se
transformar em células de qualquer tecido de um organismo” (BRASIL, 2005, p.
2). Para melhor entender essa definição recorremos a MAYANA ZATZ:
Logo após a fecundação, ela começa a se dividir: uma célula em
duas, duas em quatro, quatro em oito e assim por diante. Pelo
menos até a fase de oito células, cada uma delas é capaz de se
desenvolver em um ser humano completo. São chamadas de
totipotentes. Na fase de 8 a 16 células, as células do embrião se
diferenciam em dois grupos: um grupo de células externas que vão
originar a placenta e os anexos embrionários, e uma massa de
células internas que vai originar o embrião propriamente dito. Após
72 horas, este embrião agora com cerca de 100 células é chamado
de blastocisto. É nesta fase que ocorre a implantação do embrião na
cavidade uterina. As células internas do blastocisto vão originar as
centenas de tecidos que compõem o corpo humano. São chamadas
de células-tronco embrionárias pluripotentes (ZATZ, 2004).
Embora conhecidas desde o século XIX as pesquisa com CTE
começaram a pouco mais de duas décadas, quando foram isoladas pela
primeira vez a partir da massa interna do blastocisto e cultivadas in vitro (ZAGO
& COVAS, 2004).
Estas células retiradas do blastocisto de camundongos são
pluripotentes, podem se proliferar in vitro, indefinidamente sem se diferenciar,
mas também podem se diferenciar se modificadas as condições de cultivo.
Desvendar essas condições foi um triunfo para os pesquisadores (CARVALHO,
2004).
Devido à sua grande plasticidade, isto é, a capacidade da célula em
originar diferentes tipos de células, as CTE têm sido vista como as que têm
maior potencial terapêutico, e já têm sido usadas na regeneração do tecido
cardíaco em pacientes que sofreram infarto do miocárdio.
Muitos experimentos têm sido realizados com animais usando essas
células para doenças de origem neurológica, como Alzheimer e Parkinson. São
também esperança no tratamento de diabetes, na reconstituição óssea e
dentária, na regeneração do tecido renal e hepático e na recuperação de
pacientes que sofreram lesão na medula espinhal (PRANKE, 2004).
Apesar de grande potencial terapêutico, o uso pela medicina deve
vencer algumas barreiras como o fato de que todos os métodos de
diferenciação usados até o momento não produzem populações com 100% de
pureza em termos de maturação, e isso impede o uso terapêutico dessas
células, pois sabe-se que células indiferenciadas ou comprometidas com mais
de uma linhagem celular podem provocar a formação de teratomas (ZAGO &
COVAS, 2004).
As primeiras CT de embriões humanos foram isoladas em 1998 pela
equipe do biólogo James Thomson, na Universidade de Wisconsin (E.U.A.).
Neste mesmo ano, o embriologista John Geahart, da Universidade Johns
Hopkins (E.U.A.) isolou células embrionárias germinativas humanas (EG),
derivada das células reprodutivas primordiais do feto; estas células, como as
CTE, também são pluripotentes. Ainda segundo (CARVALHO, 2004): “A
disponibilidade de CTE e EG humanas abriu horizontes impensáveis para a
medicina, mas também trouxe complexos problemas éticos-religiosos.”
Esses problemas originam-se do fato do embrião ser sacrificado com a
retirada de suas CT e, portanto, é a problemática central do debate e limita-se
apenas às pesquisas com CTE.
Antes de discutir essa problemática, vamos relembrar que em maio de
2005 foi aprovada no Brasil a Lei de Biossegurança, que dispõe de diretrizes
ligados ao avanço científico na área de biotecnologia e biossegurança,
procurando observar a proteção à vida, à saúde humana, animal e vegetal e a
precaução ao uso do meio-ambiente (BRASIL, 2005, p.1).
Os assuntos de que trata essa lei são polêmicos e mobilizam cientistas e
não-cientistas para grandes discussões, como foi o caso de organismos
geneticamente modificados, clonagem e neste momento, as células-tronco.
No caso das CTE, com a aprovação da Lei de Biossegurança, ficou
permitida as pesquisas com CT derivadas de embriões congelados há pelo
menos três anos, resultantes da fertilização in vitro, desde que haja
consentimento dos genitores (BRASIL, 2005, p.2).
Logo em seguida, o então Procurador-Geral da República – Cláudio
Fonteles – entrou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade contra o uso
de CTE, alegando que a prática viola dois princípios na Constituição: o que
garante a dignidade da pessoa e o que define que vida é inviolável (ZATZ,
revista VEJA, 2007).
A partir daí, instala-se o debate e pesquisadores contra e a favor de
pesquisas utilizando CTE expõem suas idéias mobilizando toda a população
leiga para discussão.
A princípio, fortemente influenciada pela religião, essa discussão passa
pela concepção do momento inicial da vida, isto é, quando a vida começa?
“A polêmica sugere também a preocupação de que a utilização dessas
técnicas possa levar, progressivamente a uma ‘desumanização’, com dano
irreparável ao respeito à vida, vigente em nossa cultura” (SEGRE, 2004).
A questão sobre o início da vida desencadeia uma fervorosa discussão
na sociedade mostrando a pluralidade de idéias existentes entre religiosos,
cientistas, políticos e o povo em geral, alcançado pela mídia. Durante os três
anos de embate, a disputa entre ciência e fé foi notória, e não se chegou a um
consenso visto que, nem a própria ciência tem uma palavra final sobre o
assunto (VEJA, junho 2008).
Os pesquisadores que defendem as pesquisas com CT provenientes do
embrião, dentre outras, enfatizam: a sua potencialidade em formar todos os
tipos celulares; a esperança no tratamento de doenças como Parkinson,
Alzheimer, diabetes, infarto do miocárdio e lesão na medula espinhal; a
possibilidade futura na produção de tecidos e órgãos para transplantes (ZATZ,
2004; CARVALHO, 2004; ZAGO & COVAS, 2004; PANKRE, 2004).
Pesquisadores contrários às pesquisas, por entenderem que os
embriões são considerados seres humanos, afirmam que a vida se inicia no
momento da concepção, que não existem resultados que comprovem maior
eficiência das CTE em relação a CTA, e que as pesquisas com CTA podem ser
promissoras tanto quanto com CTE (FERREIRA, 2007; EÇA, 2007;
PRAXEDES, 2007; RAMOS, 2007).
Nesse contexto, em maio de 2008, as pesquisas científicas com CT
utilizando embriões humanos foram liberadas pelo STF, e o Brasil é agora mais
um dos países que permitem legalmente a pesquisa com células-tronco
embrionárias humana (VEJA, junho 2008).
Os impactos trazidos pelas novas tecnologias demonstram e reforçam o
limite e a liberdade do fazer ciência, mostram a quebra e a construção de
novos conceitos e os interesses de diferentes grupos da sociedade na
pesquisa científica. Interesses políticos, religiosos, científicos e econômicos se
articulam e tornam evidente de que “a ciência não é neutra, nem objetiva, e que
as decisões em torno de suas aplicações e rumos certamente não poderão ser
puramente científicas” (KANASHIRO, 2004).
Na área de biologia, nos últimos anos, além da polêmica causada pela
permissão legal das pesquisas com CTE, outros temas vêm e prometem
continuar provocando discussões calorosas na sociedade, principalmente os
relacionados aos estudos do DNA, que contribuem para o avanço da
bioengenharia (PADUAN, 2008).
Mesmo sendo veiculado através dos meios de comunicação que
disseminam as situações preocupantes e/ou promissoras do desenvolvimento
científico-tecnológico, as pessoas, na sua maioria, têm dificuldade de
compreender o porquê de tais assuntos estarem sendo polemizados e em quê
eles poderiam causar problemas para a sociedade. Mais ainda, têm dificuldade
de perceber que atrás das boas perspectivas colocadas para a tecnologia em
questão, pode esconder-se ganhos e vantagens de grupos pertencentes à
classe dominante (PINHEIROS e colaboradores, 2007).
De acordo com COLOMBO E BAZZO (2007), a tecnologia hoje é parte
inerente ao ser humano, e de algum modo ela condiciona a sociedade. Se o
seu acesso não alcança a sociedade de forma geral, ela como instrumento de
poder e controle, pode promover a distinção e a exclusão social. Os autores
ressaltam que não se trata de prescindir da tecnologia ou vê-la só de forma
negativa, mas sim estar preparado para compreender e investigar a sua
validade e entender a não-neutralidade da tecnociência. A população por falta
de informação/conhecimento, exclui-se do processo de reflexão e interferências
acerca dos avanços tecnológicos na sociedade.
Emerge então a necessidade da participação consciente e responsável
para argumentar e fazer parte do processo de tomada de decisões com relação
aos problemas levantados na sociedade. A formação desse sujeito atuante
passa, em parte, pela discussão dos trabalhos escolares, mais especificamente
do Ensino Médio.
A LDB, em seu artigo 36, ressalta que o Ensino Médio:
“...destacará a educação tecnológica, a compreensão do significado
da ciência, das letras e das artes; o processo histórico de
transformação da sociedade, e da cultura; a língua portuguesa como
instrumento de comunicação, acesso ao conhecimento e exercício
da cidadania” (BRASIL, 1996).
E as Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação Básica do
Estado do Paraná de Biologia enfatizam:
“...propiciar a análise sobre as implicações dos avanços biológicos
para o desenvolvimento da sociedade. Uma possibilidade a ser
adotada é o princípio da provocação e mobilização do aluno na
busca por conhecimentos necessários para resolver problemas.
Estes problemas relacionam os conteúdos da biologia ao cotidiano
do aluno para que ele busque compreender e atuar na sociedade de
forma crítica” (PARANÁ, DCE Biologia, p. 41, 2006).
Embora as orientações acima sejam parte do Projeto Político-
Pedagógico das escolas, o ensino das disciplinas científicas “está
rigorosamente marcado pelo conteudismo, excessiva exigência de
memorização de algoritmos e terminologias, descontextualização e ausência
de articulação com as demais disciplinas do currículo” (TEIXEIRA,p. 178).
KRASILCHIK contempla essa questão com a análise de que isso
contribui “para reforçar o ensino teórico, enciclopédico que estimula a
passividade, o exame vestibular que exige conhecimentos fragmentários e
irrelevantes” (KRASILCHIK, 2008, p16).
É necessário mudar o rumo da ciência que é ensinada em nossas
escolas:
“No grupo de teorias educacionais que poderiam apoiar nossa
procura, encontramos a pedagogia histórico-crítica e o Movimento
Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS). A nosso ver, essas
correntes teóricas são excelentes instrumentos de reflexão para
apoiar a mudança de foco da educação científica abandonando
progressivamente o ensino canônico de ciências que hoje vem
sendo veiculado em nossas escolas, para constituir um projeto de
educação científica comprometido efetivamente com a
instrumentalização para a cidadania” (TEIXEIRA, 2003 p. 179).
O movimento CTS teve sua origem na década de 70 quando
movimentos populares prestam mais atenção ao desenvolvimento da ciência e
tecnologia (C&T) e percebem que não está articulado ao desenvolvimento do
bem-estar social, além de estar vinculado à degradação ambiental e à guerra
(bombas atômicas). Um olhar mais crítico orientou para a necessidade das
C&T ser objeto de debate político, éticos e culturais (AULER & BAZZO, 2001).
TEIXEIRA (2003), ainda ressaltando os pontos de convergência
visualizados entre a pedagogia histórico-crítica e o movimento CTS, destaca
essas convergências nos objetivos educacionais, na prática social, no
conteúdo, no papel dos professores e na metodologia.
Com relação aos dois últimos itens, o papel dos professores se firma no
propósito de buscar um novo perfil de docente mais politizado e com uma visão
mais ampla sobre o papel da escola na sociedade e com propostas definidas,
voltadas para construção de uma sociedade mais justa, mais humana e
democrática (PINHEIRO e colaboradores, 2007).
Para isso, sugere-se a superação de metodologias arcaicas que
privilegiam a passividade dos alunos por metodologias que situam fatos
historicamente e dinamizam o processo ensino- aprendizagem, de forma a
permitir uma aprendizagem significativa e vinculada aos acontecimentos do
mundo (TEIXEIRA, 2003).
Em vista do exposto até aqui, elegemos paralelo à pedagogia histórico-
crítica proposta na DCE de biologia, o movimento CTS como encaminhamento
metodológico para trabalhar o tema células-tronco que está inserido no
Conteúdo Estruturante: Implicações dos Avanços Biológicos no Fenômeno
Vida. Acreditamos que o enfoque CTS possa ser o começo de mudanças
estratégicas em busca de uma aprendizagem mais comprometida com a
formação do cidadão.
IMPLEMENTAÇÃO COM ALUNOS
Esta etapa foi desenvolvida utilizando-se de alguns materiais previamente
produzidos e organizados durante o primeiro ano do programa de
desenvolvimento educacional. Este material é composto de um questionário
inicial para levantamento dos conhecimentos prévios, uma reportagem
selecionada para introduzir o assunto e provocar a motivação dos alunos e
quatro textos que fundamentam o tema e compõem a Unidade Didática -
Células tronco, produzida durante o PDE para este fim. O trabalho foi
desenvolvido com alunos do 3º ano do ensino médio e envolveu pesquisa,
leituras, discussões em grupo, debate e uma pequena mostra.
Iniciamos a implementação socializando com os alunos a temática a ser
trabalhada, sua importância, os objetivos pretendidos, as estratégias a serem
utilizadas e em seguida solicitamos que respondessem o questionário (Anexo 1)
que apresentou resultados conforme descrito abaixo.
Perguntado se haviam acompanhado o desenrolar dos trabalhos sobre a
liberação dos estudos com CTE, apenas 42.5% responderam que
acompanharam; 53.7% não acompanharam e 3.7% não responderam a
questão. Na segunda questão, foi perguntado se eles sabiam o que era CT e
51.8% responderam que sim, 37.2% não e 11.1% não responderam; na questão
seguinte que solicitava para escrever ou exemplificar sobre CTA e CTE, apenas
3.7% tinham idéia correta sobre CT adulta e embrionária; 61.1% não souberam
e 35.5% não responderam. Na sequência, 59.2% não responderam; 37% não
souberam e apenas 1.8% responderam corretamente sobre qual a questão
central da discussão que desencadeou toda a polêmica nas discussões para
liberação das pesquisas com CTE, mas em contrapartida 74.4% sabiam que as
células alvo de discussão eram as CTE e não as CTA. A questão sobre estar a
favor ou contra a liberação das pesquisas com CTE pontuou 69.9% a favor;
12.9% contra e 24.1% não responderam e finalmente, a última questão que
perguntava sobre, como ficou a lei após a aprovação das pesquisas com CTE,
90% dos alunos não responderam e 10% sabiam que foi aprovada, mas não
sabiam como ficou a lei.
Analisando esses dados, apesar do um número expressivo de alunos que
afirmaram acompanhar o desenrolar dos trabalhos da liberação dos estudos
com CTE, poucos tinham idéia correta sobre CT adulta e embrionária e também
viam as células do cordão umbilical e da placenta como CTE. Ainda, os alunos
não tinham conhecimento de como ficou a lei após a liberação dos estudos com
CTE.
Diante disso, percebemos que esse acompanhamento pela imprensa
escrita e falada foi muito superficial, não deixando assegurado um conhecimento
ou informação mais concreta. Vimos aqui a importância de se trabalhar em sala
de aula o que está sendo discutido na mídia e que tem relação com temas
curriculares estimulando os alunos a acompanhar, relacionar conteúdos e se
interessar um pouco mais por assuntos polêmicos que se desenvolvem na
sociedade.
Conversando sobre dados levantados através do questionário, os alunos
justificaram que nem sempre lêem ou ouvem noticiários completos e que só
acompanham o desenrolar de fatos se eles chamarem muito à atenção. A
maioria dos alunos afirmou que não gosta muito de ler, só de vez em quando ou
se for necessário para fazer um trabalho, por exemplo. Isso mostra a dificuldade
que encontramos ao trabalhar com nossos alunos e que de certa forma nos
cobra estratégias e mecanismos mais eficientes para vencermos esse
desinteresse.
Após ter idéia dos conhecimentos prévios dos alunos, procuramos
problematizar o assunto através da reportagem da Agência Brasil- “Liberação da
pesquisa com células-tronco reforça esperança de menino que quer pilotar
avião”, que compõe a unidade didática. Foi feita a leitura e na sequência, a
discussão sobre a temática apresentada na reportagem, estimuladas por alguns
questionamentos previamente planejados (Anexo 2).
Essa reportagem apresenta uma problemática sobre distrofia muscular e
isto desenvolveu uma discussão interessante pois, em uma das salas do
terceiro ano temos uma aluna cadeirante que sofre de distrofia muscular. A
aluna foi bastante solícita e fez comentários aos colegas sobre sua doença,
tratamentos já realizados durante sua vida, progressos feitos e esperanças nos
futuros tratamentos incluindo aí os que poderão acontecer pelos estudos com
CTE. Esse fato deixou os alunos bastante interessados, fizeram perguntas e
participaram das discussões que encaminhamos sobre a reportagem.
Quando questionados sobre a esperança de cura futura a partir dos
estudos com CTE, citadas na reportagem, e sobre a posição do repórter em
incentivar essa esperança, os alunos discutiram com empenho, alguns
defendendo a idéia de que a esperança é necessária e válida, outros achando
que não, pois os estudos podem ser demorados e o acesso a tratamentos
advindos das pesquisas com CTE inicialmente não atenderá todos os doentes
que precisam e portanto, as esperanças podem ser para um futuro muito
distante.
Discutiu-se sobre a intenção do repórter ao escrever a reportagem e
ampliaram a discussão sobre repórteres, sentindo a importância destes ao
informar com responsabilidade fundamentando o cidadão para participar de
situações que exigem participação pública. Discutiu-se também a questão da
imprensa, que através de alguns profissionais, fazem uso da mesma em favor
de grupos com interesses particulares que não atendem o coletivo, tomam
partido, defendem situações que não são de interesse público não defendendo
dessa forma, o bem estar social, a informação e a formação do cidadão. Foi
uma discussão calorosa e quase todos os alunos quiseram opinar.
Foi um trabalho rico pois, não ficou apenas no óbvio exposto na
reportagem. A discussão foi para além do texto, discutiu-se sentimentos,
esperança na produção de conhecimentos, acessibilidade às tecnologias
produzidas, à imprensa, profissionais da imprensa e outros.
Na sequência, cientes da importância da aprendizagem do conhecimento
científico, nesta abordagem pedagógica, foi encaminhada a leitura do primeiro
texto da unidade didática: “Das células-tronco à fecundação”e em seguida, foi
feito a exibição de slides e a exposição pelo professor dos acontecimentos
sobre o desenvolvimento embrionário de animais e humano, necessário para a
compreensão de CT. Terminado esse passo solicitamos que individualmente
respondessem a questão proposta na unidade para reflexão: “Revendo os
acontecimentos do desenvolvimento embrionário humano em que momento
você entende o início da vida?”
Foi muito interessante observar, nos grupos, as diferentes formas de
pensar sobre quando se inicia a vida. Tiveram alunos seguros de suas
respostas e alguns alunos inseguros, pois embora fosse uma questão individual,
alguns queriam saber a minha opinião e de outros colegas para dar a sua
resposta. Outros alunos não responderam, pois disseram que não sabiam o que
responder ainda. Demos tempo para estar refletindo, podendo cada um mudar
sua resposta no decorrer dos estudos e deixamos a discussão da questão para
o debate proposto no final da unidade.
Demos continuidade orientando a leitura e discussão em pequenos
grupos, dos próximos textos:“Células-tronco embrionárias”e “Células-tronco
adultas”. Os dois texto informam sobre CTA e CTE, diferenciando uma e outra,
conhecendo sobre a origem e potencialidade das mesmas e sobre experiências
realizadas com estas células por diferentes cientistas e em diferentes
momentos. Evidenciamos que o objetivo deste trabalho foi alcançado, pois
durante as discussões nos grupos, percebia-se que os alunos tinham claro os
conceitos e origem de CTA e CTE. Nestes textos os alunos também tinham
algumas reflexões a fazer por escrito, no caderno:
• Imagine-se trabalhando com CTE e reflita como deve ser a vida
de um cientista elencando alguns adjetivos que certamente ajudam a qualificar
para você , esse profissional.
• Você acha que as pesquisas com células-tronco poderiam ser
realizadas só com CTA, sem prejuízos na produção de conhecimentos que
podem encaminhar procedimentos médicos capazes de salvar vidas?
• Se você fosse um dos votantes no congresso na liberação das
pesquisas com CTE, qual seria a justificativa para seu voto?
Após esse trabalho, os alunos passaram a discutir em grupos o texto 4 da
unidade didática:“Entendendo a polêmica sobre células-tronco” e aconteceram
aqui discussões interessantes. Este texto discorre a cerca das polêmicas que
surgiram diante do impasse da liberação dos estudos com CTE e mostra a
opinião de cientistas, estudiosos, juristas, religiosos e outros. Os alunos
conheceram as diferentes idéias sobre esse assunto e foi muito importante
observarem que os diferentes profissionais defendem suas idéias, mostrando
que a compreensão de cada um sobre quando acontece o inicio da vida leva a
posições diferentes, que o conhecimento é passível de diferentes
compreensões, que pode ser revisto, mudado, e até mesmo rejeitado por grupos
que defendem outras idéias. Foi interessante sentir a discussão nos grupos e
perceber como a religião e a ética influenciam em decisões como esta.
Paralelo a este trabalho, a sala foi organizada em grupos para
desenvolver uma pesquisa e produzir materiais capazes de mostrar e informar
este tema aos demais alunos e profissionais da escola, em data a ser
confirmada posteriormente.
Após o desenvolvimento das leituras, reflexões e fundamentação do
conhecimento cientifico, promovemos o debate que estava planejado e que foi
orientado por questões (Anexo 3) que inicialmente encaminham para uma
retomada do conteúdo, relacionando-o a temas paralelos como:
desenvolvimento embrionário, gametas, reprodução, fertilização in vitro,
fecundação e criopreservação que incentivam maior compreensão dos temas
relacionados. Essas questões orientaram também a discussão para outros
temas, como as tecnologias e o acesso das mesmas pela sociedade, audiências
públicas e sua importância para decisões políticas e administrativas, impactos
causados na sociedade pela implementação de algumas biotecnologias, a
produção da ciência, dos conceitos científicos e outros.
Como os primeiros questionamentos eram sobre o início da vida, muitos
alunos participaram segundo a reflexão que tinham feito no primeiro texto e
observa-se aqui que grande parte dos alunos defende sua posição inicial
reforçada pela religião. Muitos alunos defenderam o início da vida no momento
da fecundação, poucos defenderam o inicio da vida no momento da formação
do encéfalo e dois, no momento da nidação, alguns com muita segurança outros
não muito seguros.
Esses questionamentos foram muito ricos para mostrar o quanto a ciência
pode ser questionada, repensada e mudada além de mostrar que em alguns
assuntos não se chega a uma compreensão comum. Foi muito interessante
essa discussão pois foi um momento de evidenciar como se dá a construção do
conhecimento pelo homem, que nem sempre a ciência consegue explicar as
situações a que se propõe e que muitos conhecimentos já postulados, por muito
tempo indiscutíveis, podem voltar a ser questionados em um novo contexto, com
outros interesses que não o da sua produção e sobre o ponto de vista da
religião, ética e moral do momento histórico em que ocorre a sua retomada.
Desta forma encaminhamos também discussões sobre a intencionalidade da
produção cientifica com o objetivo de desmistificar a neutralidade da ciência.
Vejo o debate uma estratégia muito rica porque, além de reforçar
aprendizagens ele extrapola o tema e informa outros assuntos relacionados. A
participação do aluno falando, defendendo ou criticando idéias, dinamiza e
enriquece o trabalho. Podemos pensar que debater um assunto já estudado,
lido e discutido é perder tempo mas, o crescimento do aluno vai além de
aprender apenas o tema inicial e a aprendizagem é mais significativa. Os
alunos fizeram uma avaliação positiva do debate, afirmaram que foi muito bom
para compreensão de muitas situações ali contextualizadas e que deveria ser
organizado mais debates cobrindo outros temas da biologia e também de
outras disciplinas.
Como ponto negativo do debate, ressalto a dificuldade de alguns alunos
participarem contribuindo com suas idéias. Mesmo assim vejo que para eles o
debate foi importante por participarem, mesmo como ouvintes da socialização
de várias idéias sobre assuntos interessantes e contemporâneos oportunizando
para todos as discussões, reforçando e enriquecendo a aprendizagem com
diferentes formas de enxergar um mesmo tema.
Após o debate, na semana seguinte, foi realizada uma pequena mostra
da pesquisa sobre CT para socialização da pesquisa com os demais alunos e
profissionais da escola. Esta é uma estratégia comum, normalmente usada por
professores no trabalho com alguns temas da disciplina. As duas turmas,
fazendo uso de diferentes materiais como slides, transparências, vídeos,
cartazes, murais e outros, apresentaram sobre CTA e CTE, alguns
experimentos já realizados, e algumas polêmicas.
Os alunos estavam seguros ao explicar sobre o tema para colegas de
outras classes, falando com maior compreensão e menos inibidos. Os materiais
utilizados foram explicados espontaneamente sem leituras ou falas decoradas.
Para as turmas do ensino médio que visitaram a mostra foi pedido um
relatório que constasse de forma geral o assunto explicado pelos alunos
apresentadores e os recursos utilizados pelos mesmos. Esses relatórios
serviram de instrumento de avaliação para ver se a socialização do conteúdo
tinha atingido o objetivo. Esse procedimento é interessante porque organiza e
encaminha a atividade dos alunos visitantes para que não fiquem apenas na
observação descompromissada. Muitos alunos, através do relatório
apresentado, mostraram uma idéia inicial sobre células-tronco e se
posicionaram de forma consciente e responsável ao avaliarem os colegas e os
materiais utilizados pelos mesmos para explicarem o trabalho. Os professores
que acompanharam as turmas e os demais integrantes da escola que visitaram
a mostra também fizeram uma avaliação positiva do trabalho apresentado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A abordagem de determinadas temáticas pelo enfoque do movimento
CTS implica em contextualizar a mesma nos seus aspectos históricos, políticos
e sociais percebendo o que está em jogo nos discursos apresentados pela
diferentes mídias, discutir suas inter-relações, suas necessidades e os impactos
produzidos na sociedade na perspectiva de formar cidadãos comprometidos em
busca de decisões políticas que priorizem o interesse coletivo, primando pelo
desenvolvimento de valores que efetivem o respeito ao próximo, a solidariedade
e a fraternidade.
Algumas estratégias de ensino podem enriquecer o processo ensino
aprendizagem de forma a não limitar a apresentação dos conteúdos com um fim
em si mesmos, mas oportunizando reflexões e questionamentos que levem os
alunos a fazer relações do conhecimento científico e da tecnologia estudada em
um determinado momento, com as suas experiências do dia a dia.
As estratégias utilizadas nesta implementação propiciou momentos de
leitura, pesquisa, discussões em grupo, reflexões, confecção de materiais,
debate e socialização de conhecimentos de modo que o processo ensino-
aprendizagem se desenvolveu exigindo uma postura mais ativa dos alunos que
puderam expor, opinar e defender suas idéias interagindo com os demais alunos
da sala de aula e do colégio.
O debate foi uma das estratégias que estimulou e ampliou o processo
ensino aprendizagem promovendo um momento rico para perceber diferentes
posições sobre um tema específico, o impacto que uma tecnologia pode
promover na sociedade, de conhecer as diferentes idéias dos colegas, reforçar
suas compreensões sobre determinados assuntos ou retomar algumas teorias
mostrando a possível flexibilidade de conceitos pré concebidas.
Outra estratégia rica e produtiva foi a pequena mostra da pesquisa aos
demais componentes da escola. Esta estratégia, além de reforçar a
aprendizagem de conhecimentos específicos, orientou a pesquisa e promoveu
situações importantes para desenvolver efetivamente a oralidade no momento
em que os alunos socializaram conhecimentos científicos aos participantes da
mostra. Também provocou interesse por alguns conhecimentos dos visitantes
pelo tema, iniciando de alguma forma a alfabetização cientifica dos cidadãos,
uma necessidade do mundo contemporâneo.
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.
ANEXO 1
QUESTIONÁRIO
1-Você acompanhou as discussões sobre a liberação dos estudos com células-
tronco (CT)
( ) Sim ( ) Não
2- Você sabe o que são CT?
( ) Sim ( ) Não
3- Escreva ou exemplifique o que é para você:
CTadultas:..............................................................................................................
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
CTembrionárias:....................................................................................................
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
4- Quais células eram alvo da discussão para a liberação dos estudos com
CT?
( ) CT adultas ( ) CT embrionárias
5-Qual a questão central que foi alvo das discussões e desencadeou toda a
polêmica na liberação das pesquisas com CT?
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
......................................................................................................
6- Você era a favor ou contra a liberação das pesquisas com essas células?
( ) A favor ( ) Contra
7- E agora como ficou a lei com relação as pesquisas com CT?
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
ANEXO 2
QUESTIONAMENTOS SUGERIDOS PARA TRABALHAR A REPORTAGEM
1. Você já leu outras reportagens similares à reportagem apresentada?
2. Você já leu ou ouviu sobre o julgamento de que fala a reportagem?
3. Você conhece alguém que sofra de distrofia muscular? O que você sabe
sobre esta doença?
4. O que você sabe sobre células-tronco (CT)?
5. O julgamento citado na reportagem se referia a qual tipo de CT?
6. Você na época também torceu pela liberação das pesquisas com CTE ou
conheceu alguém que estava torcendo por isso?
7. Qual a sua opinião sobre a liberação das pesquisas com CTE?
8. O garoto da reportagem diz querer ser piloto de avião, caso os estudos lhe
permita a cura da doença degenerativa. O que o garoto quis dizer com isso?
9. Você acha válida a esperança do garoto?
10. Pedro Freire, o avô do menino, disse que os ministros tomaram uma
decisão favorável ao povo brasileiro. Você concorda com isso? Justifique.
11. Pela reportagem você acha que o autor era contra ou a favor da liberação
das pesquisas com CTE? Justifique.
12. Que intenção você acha que o repórter Marco Antônio Soalheiro teve ao
escrever essa reportagem?
13. Qual a sua posição frente a profissionais que usa a imprensa para outros
fins que não a informação?
14. Como você vê o papel da imprensa frente a assuntos polêmicos como
esse?
ANEXO 3
QUESTÕES SUGERIDAS PARA ORIENTAR O DEBATE FINAL
1. O blastocisto é um ser humano?
2. Qual o número de células que define um ser humano?
3. A partir de que momento se considera que o ser humano existe?
4. O sacrifício do embrião viola o direito à vida?
5. O óvulo fecundado in vitro é considerado como vida ou essa só ocorre com o
implante no útero?
6. O que diferencia o espermatozóide separado do óvulo e o óvulo fecundado?
7. Se o óvulo fecundado é inviolável, por que o óvulo e o espermatozóide
também não são?
8. Se considerarmos que o homem pode dispor de seu esperma e a mulher de
seu óvulo, por que ambos não podem dispor do zigoto que produziram?
9. Se podem impedir a concepção, por que não poderiam destruir o que foi
produzido?
10. O fato de produzir embriões excedentes em clínicas de fertilização mesmo
que criopreservados não seria anti-ético para nós?
11. Será que a resposta sobre o que seria a vida poderia ser simplesmente
decisão da maioria?
12. A vontade da maioria valeria para qualquer tipo de questão?
13. Bastaria a vontade da maioria para impor qualquer regra ao grupo?
14. Você acha que a ciência pode promover a discriminação social? Justifique.
15. Na nossa sociedade a ciência está a serviço de quem?
16. Todas as tecnologias oriundas de pesquisas científicas alcançam toda
população? Quais alcançam? Quais não alcançam?
17. Como você acha que deveria ser o acesso das tecnologias que promovem
a saúde e bem estar social a toda sociedade?
18. Você tem conhecimento de outras audiências públicas que aconteceram a
pedido do STF. Elas são importantes? Justifique.
19. Que outros conhecimentos e/ou técnicas tem levantado polêmicas
calorosas nos últimos anos, fruto do desenvolvimento da biotecnologia?