O Líder O Líder e a Gestãoe a GestãoEspiritualEspiritualUma visão revolucionária sobre a Espiritualidade vista como um
fenômeno fundamentalmente humano e o diferencial competitivo para o indivíduo e a gestão empresarial
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O Líder O Líder e a Gestãoe a GestãoEspiritualEspiritual
LUIZ CARLOS G. VIEIRA
MARCOS OLIVEIRA
2ª ediçãoSão Paulo - SP
Revisada e atualizada
“Vai-te para o isolamentocom as minhas lágrimas,
meu irmão.Eu amo aqueleque quer criar
qualquer coisa superiora si mesmo
e dessa arte sucumbe.” (Nietzsche).
A primeira edição de 2005 serviu para nós, os au-tores, expormos e testarmos nossas teses. Particular-mente, a visão de uma espiritualidade laica, como um construto possível e consciente de indivíduos, grupos e instituições. E sua aplicação positiva na formação de liderança em gestão de pessoas.
Poderíamos aplicar essa noção da espiritualida-de em outras áreas, como família, relacionamento amoroso, saúde, governança internacional, etc.
Escolhemos liderança e gestão empresarial por estarmos, na época, em 2004, e, ainda agora, envolvidos em aulas, cursos e palestras sobre estes temas.
Daí surgiu o termo “Gestão Espiritual”, que é a Gestão que compreende, encarna e administra a produção de Bens, os materiais e espirituais.
Nada melhor do que aproveitar o espaço que temos para dialogar e discutir as teses e seus mo-dos de aplicação nas respectivas áreas. E foi o que fi zemos nestes sete anos que se passaram entre a primeira e a segunda edição.
Se nos encorajamos a lançar uma segunda edição atualizada e ampliada, é por que nos sa-tisfi zemos com o embate de ideias e continuamos convictos, certamente mais experientes.
Acreditamos que uma espiritualidade humana e laica pode substituir o velho humanismo que sofre de cansaço, as utopias que recrudescem, a sede de consumo que nos seca, o individualismo que
meira edição de 2005 serviu para nós os au
PrefácioPrefácioà segunda ediçãoà segunda edição
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oprime e as religiões que se radicalizam, fanatizam e massifi cam por temerem enfrentar seus sérios pro-blemas de fundamento.
A nossa experiência também sugere que a aplicação da gestão espiritual na formação de líderes atende à demanda de pessoas criativas e evoluídas: - Aquelas aptas para interpretar cenários, tomar decisões e contribuir para a ampliação dos espectros evolutivos nas empresas, em oposição aos involutivos que também vêm sendo lançados no mundo.
Boa leitura!Os autores,08/2012
“O que eu sei é que existem infi nitas e incomensuráveis coisas que eu não sei”Napoleão Bonaparte, antes de escolher os generais
para uma missão, avaliava suas características, conhe-cimento, caráter, liderança e, além disto, quais os que davam mais “sorte”.
Se é verdade que “a sorte ajuda quem cedo madru-ga”, é também verdade que alguns de nós parecemos contar com forças especiais, pois onde colocam a mão tudo se harmoniza e dá certo. Outros trabalham duro, competentemente, mas nunca obtêm o mesmo brilho.
Tem explicação?Sim, cada vez mais vamos descobrindo novas realida-
des, foco e concentração de energias. A arte de liderar é a de dar sentido, encorajamento, poder e signifi cado es-pecial à vida das pessoas, ao trabalho dos profi ssionais.
EXISTE o CERTO. Existe o ERRADO. Quando atuamos em harmonia com o ciclo evolutivo do mundo, compac-tuamos com a ajuda do desconhecido, do secreto! O segredo é saber discernir entre esses movimentos.
Também não podemos nos iludir. A sensação de que por estarmos agindo corretamente, eticamente, bastaria para obter o sucesso não é verdadeira.
Admirada, uma amiga minha dizia conhecer uma série de pessoas que não agem pelo bem e são ricas, outras
“O que eu sei
PrefácioPrefácio
fazem tudo certinho e nada conseguem. O que você diria disto? Existem essas situações?
Sim, existem, porém, preste atenção: Você verá que a força de trabalho, o foco e a dedicação para a vitória são exigidos tanto no ambiente ético e evolutivo quanto na atividade ilegal e oportunista. Não é por que você atua em consonância com as leis humanistas que pode ser mais fraco ou menos intenso no jogo competitivo da realidade. A diferença, sem dúvida, irá aparecer em longo prazo.
A pessoa que escolhe uma luta competitiva, igno-rando os fundamentos espiritualistas, crescendo através do engano, das trapaças, do jogo sujo e até do crime, depara-se com um momento em que não consegue mais administrar tantos fatores externos incontroláveis e irá cansar.
Para chegar aonde chegou, se foi bem-sucedida, até então, precisou estar unida a outras pessoas ou organi-zações também ilícitas, contar com astutos advogados especializados nas suas contravenções, subornos, etc.
O golpe fatal sobre ela virá infalivelmente do próprio seio do seu ambiente. Alguém com a mesma ambição pelo dinheiro e poder procurará superar seu chefe e, inevitavelmente, um dia conseguirá.
Por outro lado, na organização competitiva, orquestra-da em consonância com a evolução humanista, a cada dia, novas legiões de pessoas com sentimentos similares são incorporadas. Uma depuração automática e natural conspira a favor do líder engajado.
A recompensa será um programa de sucessão no qual a obra é sempre premiada e não esta ou aquela personalidade. A causa e os meios para sua construção fazem toda a diferença numa liderança e gestão espiri-tual, comparada às demais.
Porém, é preciso manter os “pés no chão”, com tra-balho intenso, árduo e inteligente, pois na vida real a opção pela gestão espiritual não anula a necessidade do acordar cedo, trabalhar mais, fi nais de semana, noites adentro, dedicação e foco.
Esta obra do Luiz Carlos e do Marcos Oliveira tem a grande contribuição de reunir fundamentos verdadeiros da fi losofi a humana. Além disto, eles são dois profi ssionais realistas, realizadores e que sabem “botar a mão na massa” para fazer o pão.
Sei que nada sei, mas, pelo pouquinho que já pude saber, não abro mão da gestão humanista e espiritua-lizada. As outras opções não fazem por merecer tanto sacrifício!
Li e recomendo.
José Luiz Tejon MegidoJosé Luiz Tejon é publicitário, jornalista, autor e coautor
de 28 livros, como “O voo do cisne”, “A grande virada - 50 regras de ouro para dar a volta por cima” e “Luxo for all”. É também presidente da TCA Internacional, com parcerias na Europa, Estados Unidos, China e Israel.
Introdução 25
Um novo sentido para a noção do trabalho; O trabalho e a cultura; o trabalho e a espiritualidade humana; a realidade material e espiritual como produto do trabalho; as origens da espiritualidade; o trabalho prático de produzir Bens espirituais; a distinção entre bens materiais e Bens espirituais. 29
A felicidade que os bens materiais produzem; os impulsos de posse; os impulsos construtivos; o compartilhar; a melhor vida; os alicerces de uma felicidade mais completa 33
A efetividade e a afetividade; o saber prático/efetivo e o saber afetivo; as diferenças entre o saber produtivo e o saber afetivo; os Bens espirituais e a beleza humana; inclusão e exclusão; os bens materiais e a exclusão; os Bens espirituais e a inclusão; a espiritualidade negativa; a espiritualidade positiva 41
SumárioSumário
1 - Trabalho, espiritualidade e cultura
2 - Bens materiais e Bens espirituais: A primeira diferença
3 - Bens materiais e Bens espirituais: A segunda e terceira diferenças
P A R T E IP A R T E IO que é a espiritualidade humana
A vida como gratuidade; o compartilhar gratuito; a felicidade e a esperança; uma ideia de ser humano evoluído e espiritualizado; o fi lme “A festa de Babette”: uma festa de espiritualidade 47
O fenômeno da tirania e o “Espírito do Tirano”; os quatro elementos que formam o “Espírito do Tirano”; como a espiritualidade pode ser negativa; exemplos históricos de tiranias e a espiritualidade que as envolveu; a palavra aladim, o fi m do poder 53
O olhar do outro na formação da imagem que temos de nós mesmos; a saga de um tombo; o nosso próprio olhar 69
A palavra diz e o olhar revela; a palavra como produtora de realidades; o choque entre realidade e ilusão; comunicação, incomunicabilidade e solidão 77
4 - O que Bens espirituais produzem nas pessoas: a Festa de Babette
5 - Os quatro elementos que formam a espiritualidade humana
6 - A espiritualidade e o olhar
7 - A espiritualidade e a palavra
Parte II
A liderança empresarial e o fenômeno da tirania; o trabalho em equipe; afeto e inclusão na formação do ambiente empresarial; a espiritualidade e as crenças que fundamentam a empresa; o rico universo da liberdade, da diferença e da diversidade; o líder, a produção dos Bens espirituais e a formação da espiritualidade positiva; um novo perfi l de líder 87
Estudo de caso: uma empresa com espiritualidade negativa; a urgente necessidade de mudanças para positivar sua espiritualidade; a relação entre espiritualidade e cultura empresarial; a sintonia entre os Bens espirituais, a cultura empresarial e a espiritualidade organizacional positiva 93
As sete competências necessárias para produzir Bens espirituais e construir uma espiritualidade positiva para que as oito mudanças no case do capítulo 9 sejam viabilizadas 101
8 - A gestão espiritual nas organizações empresariais
9 - Um estudo de caso empresarial
10 - As sete competências para implantar a gestão espiritual
Parte IIParte IIA gestão espiritual
Riscos, necessidades pessoais e profi ssionais que os líderes enfrentam no poder; meta, lema e benefícios da gestão espiritual; as ações evolutivas que a gestão espiritual desencadeia na empresa, líderes e pessoas 113
As tentações que o poder gera; questões norteadoras para aferir a espiritualidade/valores dos líderes; um parâmetro de sustentabilidade; os problemas que a má-liderança provoca na empresa, pessoas e equipe; ressentimentos e mágoas 117
A afetividade no atendimento ao cliente; a inclusão dos diferentes; diferenças e confl itos no relacionamento; um novo conceito de diferencial competitivo para atender bem; a integração dos departamentos da empresa para um bom atendimento; atendendo bem um cliente difícil; a construção do “Nós” para um bom atendimento; o impacto das opiniões infl exíveis no relacionamento com o cliente 125
11 - A gestão espiritual e seus benefícios
12 - Um balanço espiritual-existencial dos líderes
13 - A gestão espiritual e o relacionamento com os clientes
14 - Um passo a mais no relacionamento com o cliente: a indiferença à diferença
O campo do reconhecimento das diferenças; o lado traiçoeiro do discurso da tolerância; até onde podemos suportar uma diferença; a indiferença à diferença; um mundo pós-identitário é melhor; a universalidade da pessoa humana; a procura pelo espectro de convergência nas relações; as relações frutíferas se dão dentro deste espectro de convergência 133
Respeitar, enaltecer, compreender, enxergar e usufruir 141
O olhar na confi guração do clima organizacional; os olhares positivos; a tolerância, o trabalho em equipe e a transparência; como lidar com os erros; os olhares negativos; olhos invisíveis para vigiar e punir; o impacto da exclusão e da discriminação no clima organizacional; o olhar que contamina e destrói o grupo 147
15 - Cinco atitudes para um bom atendimento ao cliente
16 - A função do olhar na formação do clima organizacional
18 - Reconhecendo a polaridade da espiritualidade de uma empresa
19 - A formação do campo espectral nos departamentos da empresa
Quando e como devemos excluir um funcionário; o espírito de grupo; as metástases na organização: o funcionário fascista, o vampiro e o parasita; objeções às teses do livro. 1ª Objeção: A gestão espiritual e a produção de Bens espirituais são incompatíveis com as fi nalidades de uma empresa capitalista. 2ª Objeção: O afeto compromete a objetividade e as decisões na gestão do líder. 3ª Objeção: A afetividade é incompatível com a decisão dura de demitir e exigir resultados 151
Sócrates e o fi losofar; três blocos de perguntas investigativas para detectar a espiritualidade de um lugar; a empresa e a sua espiritualidade matriz 163
A relação espectral entre os departamentos; o choque entre realidade e ilusão na empresa; o perigo de fraturar a crença primordial; a espiritualidade matriz da empresa e a produção dos Bens espirituais; as desilusões no trânsito dos porões do poder 167
17 - Inclusão, demissões e rigor empresarial na gestão espiritual
Bens espirituais: Utopia ou realidade; verifi ca-se na realidade a produção de Bens espirituais? ; os espectros positivos coexistem com os negativos; nosso projeto: Identifi car os espectros negativos e positivá-los; evitar o grande negativo 175
As instituições humanas e suas responsabilidades; um novo contrato empresarial entre os povos; o direito da natureza; proposta de oito desafi os para as organizações empresariais e instituições 179
21 - Os desafi os do século para as organizações empresariais
20 - Seriam os bens espirituais outra utopia?
Três princípios básicos para um projeto educacional evolutivo na infância; as seis atitudes essenciais a serem desenvolvidas nas crianças; os dois impulsos fundamentais necessários para a produção dos Bens espirituais; a grande síntese e os Bens espirituais 189
A perigosa separação entre o material e o espiritual; a diferença entre progresso e evolução; uma fratura perigosa na ideia do que é o “Belo” e o “Bem”; a fratura no ideal de felicidade na modernidade; a corrosão do caráter no capitalismo moderno; o ‘gene-partitura-padrão’ do “espírito” de nossa época; uma viagem de solidão; as nascentes criativas de novas ‘gerações-genes’; o desafi o e a aposta; a síntese evolutiva do novo ‘gene-padrão’; contornos que irmanam progresso e evolução; educação, futebol e escola; uma síntese aberta e inacabada 197
22 - Espiritualidade e Educaçãoiritualidade e Educação
Parte IIIParte III
23 - A espiritualidade e a beleza humana
Espiritualidade de princípiose resultados
24 - A espiritualidade e o corpo
25 - Conclusão: o “Bem” e o “Mal”
A visão de algumas tradições fi losófi cas, religiosas e científi cas acerca do corpo; corpo culpado e fonte de ilusão; a ‘corpodolatria’; a fratura na ideia do que é o “Belo”; um projeto de conexão corpo/espírito; a beleza humana como emanação de uma espiritualidade corpórea; a felicidade como fruto da proliferação de uma “Beleza” mais inteira 217
A espiritualidade não é um caminho para a perfeição; os arquétipos orientais Yin e Yang; o pensamento do fi lósofo grego Heráclito de Éfeso; o pensamento do cientista Fritjof Capra; a ‘natureza-máquina’ e a consciência ecológica; parâmetros para a sustentabilidade; o equilíbrio entre autoafi rmação e integração; o “Bem” e o “Mal” e a geração de outro ‘gene-padrão’; a nova ética; cada ato humano implica acúmulo ou débito nos espectros do “Bem” e do “Mal”; “Bem” e “Mal” se transformam um no outro 223
Apêndice 1A História de Espiritualidade de um Executivo: Um Amigo Chamado Tejon 241
Apêndice 2A Declaração Universal dos Direitos Humanos 259 Referências Bibliográfi cas 273
êndice 1
ApêndicesApêndices
IntroduçãoIntroduçãoP A R T E IP A R T E I
O que é a espiritualidade humana
O impacto do universo empresarial, caracterizado pela sintonia entre a produção de bens e serviços, ge-rando e acumulando riquezas, e o desenvolvimento da alta tecnologia são tão contundentes que encontra-mos seu eco em todos os aspectos da vida humana:
- Na família, religião, projetos individuais e coletivos de vida, organização dos Estados nacionais, padrões de felicidade e infelicidade, novas doenças (tais como o estresse e a síndrome do pânico), igrejas e seus discursos, ONGs, sindicatos em geral, educação e instrução, na ordem jurídica e na inclusão e exclusão de coisas e pessoas.
A produção de bens e serviços em processos padro-nizados de controle da qualidade com alta tecnologia se universalizou, criando a hipercompetitividade na esfera da tecnociência em um contexto de mercado global e mundial.
Esta recente realidade solicita um novo tipo de ser humano, aquele que interprete as trajetórias desse movimento e as possíveis novas sínteses para tomar decisões, ou seja:
- Mais aberto e fl exível; menos padronizado e me-canizado; mais crítico e criativo; com iniciativa e uma dose equilibrada de rebeldia responsável; atento para detectar problemas e encontrar soluções estratégicas; que saiba relacionar-se com o outro e seja ambientado com a diferença; resistente à pressão e focado em me-tas e resultados; construtor de um clima organizacional estimulante; e, sobretudo, aberto para a compreensão
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de que, ao construir a si mesmo, constrói o outro e o futuro: seu, dos seus fi lhos e do planeta.
Ora, na medida em que as pessoas são o que são, também por causa do meio no qual se formam, esta-mos diante de um impasse, qual seja:
- Precisamos de um novo perfi l de pessoas para este mundo que se abre com o novo milênio, porém os ecos que encontramos nas várias partes que sofrem o impacto do mundo empresarial mostram, ainda, modelos de gestão antigos e ultrapassados.
Modelos antigos, porque ainda se baseiam na pa-dronização comportamental, cumprimento de tarefas e rotinas, centralização hierárquica de poder, menos inspiração e mais silêncio, enfi m, a mecanização de tudo que é humano.
Nem sempre as empresas e a sociedade em geral estão preparadas para serem o ventre fértil para nascer esse novo ser humano que a gestão de pessoas e a modernidade empresarial tanto solicitam.
Nossa tese é que a espiritualidade humana aplicada à gestão tem um papel fundamental para esse parto. Entretanto, as questões que, obviamente, se impõem antes são:
- O que é a espiritualidade humana?- Quais os seus fundamentos e contornos?- Como ela se estrutura na vida de cada um de nós e nas organizações empresariais?- E, fi nalmente, o que é e como a Gestão Espi ritual pode trazer resultados materiais e de valor para as empresas?
Neste livro, abordaremos a espiritualidade como um fenômeno fundamentalmente humano, sendo possível
O LÍDER E A GESTÃO ESPIRITUAL
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caracterizar sua origem e fundamentos, isto é, o seu jeito de “ser” e de acontecer na vida das pessoas e das organizações.
A espiritualidade é um fenômeno que aconteceu na espécie humana e estrutura a relação “Eu” x “Outro”, seja para o bem, seja para o mal.
Portanto, o exercício individual da espiritualidade vincula-nos necessariamente ao outro, constituindo-se como um elo espiritual que funda a coletividade.
Uma vez caracterizados os contornos da espiritua-lidade humana, poderemos aplicá-la como bússola na gestão de pessoas, em organizações empresariais e instituições.
Nossa esperança é contribuir para estabelecer nesses ambientes uma espiritualidade positiva e trans-formadora, vinculada às trajetórias evolutivas da vida, auxiliando empresas, líderes e educadores a compre-enderem e exercerem a Gestão Espiritual.
Operacionalizando a Gestão Espiritual, as empresas tornar-se-ão mais preparadas, tanto para os desafi os do milênio quanto para a ampliação do seu eco e campo de infl uência positivamente na sociedade.
Pois o “Espírito”, como algo construído por nós mes-mos, é anterior ao sonho, ao negócio, à marca, ao estilo de liderança e, consequentemente, ao formato da gestão empresarial.
Compreender como a espiritualidade se forma numa empresa é entender os elementos constitutivos da realidade fundamentadora e gestora do negócio. E, assim, detectar se as trajetórias reais nas quais a gestão se dirige é evolutiva e, porventura, os novos rumos que deve tomar.
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Sem esse balanço espiritual e valorativo, difi cilmen-te a empresa entenderá quem é, onde está indo ou pode ir.
Este livro está subdividido em três partes. Na primeira, constituída de sete capítulos, iremos defi nir a espiri-tualidade como um fenômeno fundamentalmente humano, passível de ser detectada, compreendida e aplicada.
Na segunda, com dez capítulos, iremos aplicar a es-piritualidade nas organizações empresariais no sentido de entendermos o que é a Gestão Espiritual e qual a sua aplicabilidade em vários temas concernentes ao universo empresarial.
E na terceira, composta de três capítulos, mostrare-mos quais princípios básicos e impulsos fundamentais devem ser plantados e ensinados na Educação Infantil, formando desde cedo pessoas e líderes prontos a exer-citarem, quando adultos, a Gestão Espiritual.
Finalizaremos com dois apêndices ilustrativos. O primeiro, sobre a vida de um amigo, José Luiz Tejon Megido, ex-diretor-geral da empresa OESP Mídia Direta, do Grupo O Estado de S. Paulo, professor de pós-graduação e MBA da ESPM – Escola Superior de Propaganda e Marketing e da Fundação Getúlio Var-gas, escritor, conferencista e palestrante.
E o segundo apêndice sobre a Declaração Univer-sal dos Direitos Humanos, a maior conquista espiritual escrita da humanidade até aqui.