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Fevereiro/Março 2012 • Página 17

MINAS

JORNAL DAassociação

médica

Desde agosto de 2010, a Associação Mé-dica de Patos de Minas conta com um Centrode Memória que abriga diferentes objetos li-gados à história da medicina. Nominado Dr.Adélio Maciel, nome do primeiro patense a setornar médico, o espaço funciona no mesmoprédio da filiada e tem entrada independentepara visitantes.

O acervo é composto por documentos mé-dicos de Patos de Minas e região. Há um livrode radioterapia do início do século XX, receitasdo século XIX, diplomas originais da primeirametade do século XX, além de fotografias doHospital Regional Antônio Dias, datadas de1930, ano da inauguração, e da visita do mé-dico Carlos Chagas ao município, em 1923.

Chamou a atenção do presidente da Asso-ciação Médica de Minas Gerais (AMMG), o ci-rurgião geral e gastroenterologista Lincoln Lo-pes Ferreira, a imagem de uma autocirurgia deapêndice, realizada em 1941. De acordo como coordenador do Centro de Memória, Gio-vanni Roncalli Caixeta Ribeiro, mudou-se paraPatos de Minas um médico baiano chamadoUbaldino Gusmão Figueira, que abriu o pri-meiro hospital privado na cidade, naquele mes-mo ano. Pouco tempo depois, teve uma apen-dicite e se auto-operou, auxiliado por outro co-lega médico e por espelhos colocados na salade cirurgia. “Essas fotos foram divulgadas emmídia nacional na época”, conta Ribeiro.

Segundo o presidente da AMMG, a autoci-rurgia, além de ser algo inusitado, pode apre-sentar maior chance de complicações e inter-corrências. “Os riscos do colega, sem dúvida,foram grandes. Podem ter acontecido dores,tonturas, náuseas, tremores e outros incidentesque tornam o ato arriscado. Creio eu que o pro-cedimento seria proibido nos dias atuais. Ca-sos semelhantes são raros e acredito que nãopassam de duas dezenas em todo o mundo.”De acordo com o Conselho Federal de Medi-cina, não há resoluções e/ou pareceres que dis-cutam o tema no Brasil.

Ribeiro explica que todo o material do Cen-tro de Memória foi doado por antigos médi-cos da região: “Alguns colegas, inclusive, já fa-leceram e as próprias famílias fizeram as doa-ções de objetos da área médica”. Um historia-dor da cidade, professor Antônio de OliveiraMello, doou uma cadeira de parto e Ribeirodoou sua coleção de selos que conta a históriada medicina.

Ele afirma que o auditório da filiada, Dr. JoãoBorges, também faz parte do Centro de Me-mória, pois nele existem mais de 30 telas pin-tadas por artistas da cidade, inclusive por pro-fissionais da medicina, retratando médicos e lo-cais antigos referentes à saúde (consultórios,farmácias, hospitais). “O conjunto de telas ge-rou uma exposição intitulada ‘Cenas Médicas’.”

Outras raridades fazem parte do acervo, co-mo um aparelho portátil de Raio X, semelhan-

te ao utilizado pela forças armadas norte-ame-ricanas nos acampamentos de guerra; uma ba-lança de precisão; livros do século XIX, como odicionário de medicina francês Littrè. No Cen-tro de Memória também podem ser encontra-dos o Livro do Chernoviz, formulário e guia mé-dico, um clássico da medicina do século XIX, eo primeiro número do volume da Revista daAssociação Médica Brasileira, datada de mar-ço de 1954.

De acordo com o coordenador do Centrode Memória, Patos de Minas é a quinta cidadea ter arquivos e equipamentos da área médicaem uma espécie de museu. Os outros municí-pios que preservam a memória da medicinasão Barbacena, Belo Horizonte, Juiz de Fora eUberlândia. Ele diz que os alunos de medicinado Centro Universitário de Patos de Minas jáutilizam o acervo para apresentarem trabalhosno Congresso de História de Medicina. “Paraaproveitar o acervo, há na filiada um projetochamado ‘Arte no Museu’. Nos reunimos pe-riodicamente e apresentamos aulas com temasrelativos à história da medicina. Há ainda umasessão comentada de cinema, com a projeçãode filmes ligados à área médica.” Ribeiro con-clui que preservar a memória é importantíssi-mo para não repetir os erros do passado e pla-nejar melhor o futuro.

O acervo está aberto para pesquisas e visi-tação no período de 8h a 11h e de 13h a 17h,de segunda à sexta-feira. Todo o material po-de ser fotografado e copiado, com prévia au-torização. Visitas guiadas podem ser marcadasna própria filiada. Mais informações pelo tele-fone (34) 3821 3756.

CataguasesNo último dia três de fevereiro, a

Associação Médica de Cataguases rea-lizou o seu II Fórum de Defesa Profis-sional. Além do presidente da AMMG,Lincoln Lopes Ferreira, participaram opresidente do Conselho Regional deMedicina, João Batista Gomes Soares,o conselheiro do CRM-MG José Nalonde Queiróz, e o diretor de Defesa Pro-fissional da Associação dos Ginecolo-gistas e Obstetras de Minas Gerais (So-gimig), Carlos Henrique MascarenhasSilva. Outras informações pelo telefo-ne (32) 3421 8004.

UrezomaA 414ª Reunião da União das Re-

gionais da Zona da Mata (Urezoma)foi realizada pela Associação Médicade Leopoldina em quatro de fevereiropassado. Estiveram presentes o atualpresidente da Urezoma, Manoel Tor-res Neves Neto, os presidentes daAMMG, do CRM-MG e do Sindicatodos Médicos, respectivamente, LincolnLopes Ferreira, José Batista Gomes Soa-res e Cristiano da Matta Machado.Também participou o diretor adjuntode Assuntos do Interior da AMMG eúltimo presidente da Urezoma, Dela-no Carlos Carneiro. Ele foi elogiado pe-los colegas pela brilhante contribuiçãoà frente do grupo.

Autocirurgia é destaque em Centro de MemóriaReprodução

Fotografia exposta no Centro de Memória Dr. Adélio Maciel, na Associação Médica de Patos de Minas,mostra o médico Ubaldino Gusmão Figueira retirando seu próprio apêndice, em 1941

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