Ordem dos Advogados do Brasil - Seção de Goiás
“Casa do Advogado Jorge Jungmann” _____________________________________________________________________________
Rua 1.121 nº 200 - Setor Marista - Goiânia-GO - CEP: 74175-120 - Caixa Postal 15 Fone:(62) 3238-2000 - Fax: (62) 3238-2053 - Home Page: www.oabgo.org.br
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ___ VARA DO TRABALHO DE
GOIÂNIA-GO.
A ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL, SEÇÃO DO ESTADO DE
GOIÁS, serviço público independente, dotada de personalidade jurídica e forma
federativa, inscrita no CNPJ sob o nº 02.656.759.0001-52, com sede, nesta cidade, na
Rua 1.121, nº 200, Setor Marista, vem, por seus procuradores abaixo assinados (doc.
04), com fundamento nos artigos 1º, inciso IV, 3º, 5º e 12 da Lei n.º 7.347/1985 e artigos
461, caput, §§ 3º e 4º c/c 273 do CPC, propor a presente
AÇÃO CIVIL PÚBLICA CUMULADA COM
ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA
em face do SINDICATO DOS BANCÁRIOS DO ESTADO DE GOIÁS, pessoa jurídica de
direito privado, inscrita no CNPJ n.º 01.640.796/0001-00, sediada na Rua 4, nº 987,
Setor Central, Goiânia-GO, pelos motivos de fato e de direito que passa a expor:
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I – DA LEGITIMIDADE ATIVA DA OAB-GO
A Constituição Federal de 1988 estabelece que o advogado é essencial
à função jurisdicional do Estado, tendo sido outorgado à Ordem dos Advogados do Brasil,
dentre outras, a incumbência de “defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado
democrático de direito, os direitos humanos, a justiça social, e pugnar pela boa aplicação
das leis, pela rápida administração da justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das
instituições jurídicas”, na forma do artigo 44, inciso I, da Lei n.º 8.906/1994.
Como relevante instrumento para a consecução de seus objetivos, a Lei
n.º 8.906/1994 conferiu à OAB legitimidade para propor ação civil pública, como se
observa do disposto em seu art. 54, inciso XIV, in verbis:
“Art. 54. Compete ao Conselho Federal:
(...)
XIV - ajuizar ação direta de inconstitucionalidade de normas legais e atos normativos,
ação civil pública, mandado de segurança coletivo, mandado de injunção e demais
ações cuja legitimação lhe seja outorgada por lei; (g.n.)
No âmbito dos Conselhos Seccionais da OAB, o Estatuto da Advocacia
cuidou em atribuir as mesmas funções do Conselho Federal, na medida de sua
competência material e territorial, vejamos:
“Art. 57 - O Conselho Seccional exerce e observa, no respectivo território, as
competências, vedações e funções atribuídas ao Conselho Federal, no que couber
e no âmbito de sua competência material e territorial, e as normas gerais
estabelecidas nesta lei, no regulamento geral, no Código de Ética e Disciplina, e nos
Provimentos.”
De igual modo, para que não paire dúvidas quanto à legitimidade dos
Conselhos Seccionais, o Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB que
dispõe em seu Capítulo IV intitulado do Conselho Seccional, artigo 105, inciso V, letra ‘b’
também a confere estes poderes:
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“Compete ao Conselho Seccional, além do previsto nos arts. 57 e 58 do Estatuto: b)
ação civil pública, para defesa de interesses difusos de caráter geral e coletivos e
individuais homogêneos”;
Assim, levando em consideração a clareza do texto não resta dúvida
que o Estatuto e o Regulamento Geral da OAB permitem que este Conselho Seccional
ajuíze por sua livre e espontânea vontade ação civil pública.
Complementando, a Lei n.º 7.347/1985, no artigo 5º, inciso IV dispõe
que as autarquias têm legitimidade para propor ação civil pública, in verbis:
“Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:
(...)
IV – a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista.”
Sobre a legitimidade da OAB para propor ação civil pública, o ilustre
professor Paulo Luiz Netto Lôbo1 se manifesta no seguinte sentido:
“A ação civil pública é um avançado instrumento processual introduzido no ordenamento
jurídico brasileiro pela Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985 (com as alterações
promovidas pelo Código de Defesa do Consumidor), para a defesa dos interesses
difusos, coletivos e individuais homogêneos (por exemplo, meio ambiente, consumidor,
patrimônio turístico, histórico, artístico). Os autores legitimados são sempre entres ou
entidades, públicos ou privados, inclusive associação civil existente há mais de um ano
e que inclua entre suas finalidades a defesa desses interesses. O elenco de
legitimados foi acrescido da OAB, que poderá ingressar com a ação não apenas
em prol os interesses coletivos de seus inscritos, mas também para tutela dos
interesses difusos, que não se identificam em classes ou grupos de pessoas
vinculadas por uma relação jurídica básica. Sendo de caráter legal a legitimidade
coletiva da OAB, não há necessidade de comprovar pertinência temática com
suas finalidades, quando ingressa em juízo. (LÔBO, Paulo Luiz Netto. Comentários
ao Estatuto da Advocacia. 2. ed. Brasília Jurídica, 1996, p. 203) (g.n.)
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Depreende-se que, se a OAB tem legitimação universal para propor as
ações elencadas no artigo 54, inciso XIV, da Lei n.º 8.906/1994, indiscutível é a sua
legitimidade quando a matéria versar sobre os direitos coletivos.
Sendo assim, da leitura dos indigitados dispositivos legais, do trecho
doutrinário e do julgado, extrai-se a ilação clara de que a OAB-GO possui legitimidade
para ajuizar ação civil pública e, consequentemente, que a mesma é cabível, tendo em
vista que a causa de pedir está correlacionada aos interesses coletivos de toda a classe
profissional (art. 1º, inciso IV, da Lei nº 7.347/1985).
II - DO OBJETO DA PRESENTE DEMANDA
A Ordem dos Advogados do Brasil-Seção Goiás tem recebido inúmeras
manifestações no sentido que o cumprimento dos mandados judiciais de pagamento e
liberação dos valores depositados em contas judiciais foi suspenso em todo o estado,
posto que a greve dos servidores bancários está inviabilizando o atendimento das
agências.
Em razão do movimento grevista deflagrado pela categoria por tempo
indeterminado, os servidores das agências e postos de atendimento de bancos
conveniados ao Judiciário Federal e Estadual, notadamente Caixa Econômica Federal e
Banco do Brasil, se recusam a atender os advogados e jurisdicionados e a cumprir os
mandados judiciais de pagamento e liberação dos valores depositados em contas
judiciais.
Ressalta-se, por oportuno, que a indisponibilidade do atendimento
bancário aos advogados e demais jurisdicionados é fato público, notório e incontroverso,
pois o próprio sindicato requerido propaga com ênfase em seu portal na internet que as
agências bancárias estão quase 100% (cem por cento) sem operar, vejamos:
Fonte: http://www.bancariosgo.org.br/noticias/sindicato-em-acao/greve-bancarios-completam-duas-semanas-
de-paralisacao/
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E:
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A negativa do atendimento além de impedir o livre exercício da
advocacia e afrontar prerrogativas profissionais previstas na legislação, tem o potencial
de causar prejuízos imensuráveis aos jurisdicionados e, sobretudo, aos advogados que
estão privados do recebimento de honorários decorrentes de sua atuação – verba de
natureza alimentar e imprescindível para subsistência própria e de sua família.
Diante deste cenário, evidenciado o cerceamento do livre exercício da
advocacia e prejuízos aos demais jurisdicionados, revela-se pertinente o ajuizamento da
presente demanda, para sanar as ilegalidades decorrentes do movimento grevista
deflagrado pela categoria dos bancários.
III – DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO
O artigo 114, inciso II, da Constituição Federal atribui à Justiça do
Trabalho a competência para processar e julgar todas as ações que envolvam o exercício
do direito de greve.
Acerca da abrangência de tal dispositivo convém trazer os
ensinamentos de Luciano de Athayde Chaves,
Envolver, nesse sentido, é ligar-se indiretamente às questões. Com efeito, o
litígio pode ser periférico, colateral, tangencial, bastando, para firmar-se a
competência trabalhista, que se relacione ao tronco principal: não propriamente
o direito de greve, mas o seu exercício, expressão que remete a uma ideia de
práxis, de conduta efetiva. Não se cuida de mera interpretação do direito de
greve, mas dos desdobramentos do seu exercício e dos conflitos
intersubjetivos dele decorrentes, pouco importando quais sejam os sujeitos da
relação jurídica de direito material. (CHAVES, Luciano Athayde (org.). Curso de
Processo do Trabalho. São Paulo, LTr, 2009. p. 211)
No mesmo sentido, Mauro Schiavi leciona que “tanto as ações coletivas
como as individuais que envolvem o exercício do direito de greve são da competência da
Justiça do Trabalho, seja entre as partes diretamente envolvidas, seja entre os que
sofrem os efeitos do movimento grevista, mas não participam da greve” (SCHIAVI,
Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho, 9. ed. São Paulo: LTr, 2015. p. 255).
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Desse modo, tendo como objeto a presente medida judicial a reparação
das repercussões ilegais do movimento paredista no exercício da advocacia e nos
direitos dos demais jurisdicionais, é notório que a competência para o seu julgamento é a
Justiça do Trabalho, por força do disposto no artigo 114, II, da Constituição Federal.
IV - DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS
A Constituição Federal ressalta a importância do advogado, ao positivar
em seu artigo 133 que a advocacia constitui função essencial a Justiça.
Em função de tal múnus público à advocacia dispõe de prerrogativas,
cuja finalidade precípua é assegurar à coletividade que a defesa de seus direitos seja
exercida de forma livre e plena pelo advogado.
Tais prerrogativas encontram-se positivadas precipuamente na Lei
8.906/94, que, de plano, impõe a Administração Pública – ou quem lhe faça às vezes – o
dever de assegurar ao advogado as condições adequadas para sua atuação profissional.
Permissa vênia, segue redação do parágrafo único do artigo. 6º.
Parágrafo único. As autoridades, os servidores públicos e os serventuários da
justiça devem dispensar ao advogado, no exercício da profissão, tratamento
compatível com a dignidade da advocacia e condições adequadas a seu
desempenho.
Em reforço a tal preceito, o artigo 7º, VI, “c”, da Lei nº 8.906/94,
taxativamente atribuiu ao advogado o direito de ser atendido em qualquer entidade
perante a qual deva praticar ato inerente ao exercício da profissão, independentemente
da ocorrência de expediente regular, conforme prescreve o artigo 7º, VI, c, da Lei nº
8.906/94:
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Art. 7º São direitos do advogado:
[...]
VI - ingressar livremente:
[...]
c) em qualquer edifício ou recinto em que funcione repartição judicial ou outro
serviço público onde o advogado deva praticar ato ou colher prova ou
informação útil ao exercício da atividade profissional, dentro do expediente ou
fora dele, e ser atendido, desde que se ache presente qualquer servidor ou
empregado;
No caso em questão, é evidente que a indisponibilidade por tempo
indeterminado de atendimento bancário para o cumprimento dos mandados judiciais de
pagamento e liberação dos valores depositados em contas judiciais, revela-se
manifestamente ilegal, porquanto, como acima pontuado, representa uma afronta direta
as prerrogativas profissionais previstas no artigo 6º, parágrafo único e no artigo 7º, VI, c,
ambos da Lei nº 8.906/94.
Ademais, não há dúvidas de que o movimento paredista da categoria
dos bancários, representada pelo sindicado requerido atinge serviço de caráter essencial,
indicado no rol do artigo 10º da Lei nº 7.783/1989:
Art. 10.São considerados serviços ou atividades essenciais:
[...]
XI- compensação bancária.
De fato, o movimento paredista interrompeu por prazo indeterminado o
cumprimento dos mandados judiciais de pagamento e liberação dos valores depositados
em contas judiciais, o que contrasta com a regra do art. 11 da Lei nº 7.783/1989 e a OJ nº
38 da SDC do C. TST:
Art. 11. Nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores
e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a
greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das
necessidades inadiáveis da comunidade.
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“GREVE. SERVIÇOS ESSENCIAIS. GARANTIA DAS NECESSIDADES
INADIÁVEIS DA POPULAÇÃO USUÁRIA. FATOR DETERMINANTE DA
QUALIFICAÇÃO JURÍDICA DO MOVIMENTO- É abusiva a greve que se
realiza em setores que a lei define como sendo essenciais à comunidade, se
não é assegurado o atendimento básico das necessidades inadiáveis dos
usuários do serviço, na forma prevista na Lei nº 7.783/89.”
Ante a todo o exposto, deve ser determinado que as agências e postos
de atendimento das instituições bancárias conveniadas ao Judiciário reestabeleçam de
imediato durante todo o expediente bancário o atendimento aos advogados e demais
jurisdicionados para cumprimento dos mandados judiciais de pagamento e liberação dos
valores depositados em contas judiciais.
IV.I – DA DECISÃO LIMINAR CONCEDIDA EM CASO IDÊNTICO AO
PRESENTE
Para fins de registro, é relevante assinalar que nos autos da Ação Civil
Pública nº 0131698-56.2015.5.13.0022, idêntica à presente, o juiz da 7ª Vara do Trabalho
de João Pessoa/PB, concedeu medida liminar para determinar o restabelecimento do
expediente bancário, no percentual de 30% dos funcionários lotados nas agências, de
modo a assegurar o atendimento aos advogados e seus constituídos o cumprimento dos
mandados, guias e alvarás judiciais de pagamento e liberação de valores expedidos.
Vejamos trecho da decisão (doc. anexo):
[...]Trata-se de ação trabalhista com pedido de liminar, inaudita altera pars, tendo
por objeto o restabelecimento do expediente bancário, no percentual de 30%, das
agências e postos de atendimento bancários conveniados aos órgãos do Poder
Judiciário estadual e federal do Estado da Paraíba, de modo assegurar o
atendimento aos advogados e demais jurisdicionados, bem como no cumprimento
dos mandados judiciais de pagamento e liberação de valores (alvarás) em contas
judiciais, sob pena de multa diária.
A legislação aplicável confere ao Juiz a possibilidade de antecipar os efeitos da
decisão final, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da
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verossimilhança da alegação e haja fundado receio de dano irreparável ou de
difícil reparação (art. 273, caput e inciso I, do CPC).
É bem verdade que a greve é uma garantia constitucional assegurada a qualquer
categoria de empregados e desse salutar direito não há possibilidade de se opor.
Todavia, a legislação pátria estabeleceu determinados parâmetros que precisam
ser observados no exercício desse direito, através da regulamentação
estabelecida na Lei nº 7.783/89.
Não obstante, nenhum direito é absoluto. Também não pode ser exercido em
desconformidade com o razoabilidade, muitas vezes positivada em sistemas
legais. Os eventuais abusos ocorridos não podem interferir na órbita do direito de
terceiros.
Da narrativa, percebe-se que gravidade dos fatos relatados é inquestionável. O
movimento paredista bancário não pode interromper ou criar qualquer obstáculo,
por prazo indeterminado, ao cumprimento dos mandados judiciais de pagamento
e de liberação de valores depositados em contas judiciais, em clara violação a
diversos dispositivos legais, dentre eles a regra do art. 11 da Lei nº 7.783/1989 e
a OJ nº 38 da SDC do c. TST, e da ordem jurídica, sob pena de responder
penalmente.
Sendo certo que a tutela jurisdicional busca a satisfação do crédito de natureza
alimentar, do qual se utiliza o empregado no exercício de sua sobrevivência diária
e na manutenção de sua família, assim como, conforme dito alhures, que o direito
de greve é essencial, mas, a pretexto de exercê-lo, não pode a parte ferir direito
de alheio, deve ser deferido o pleito.
Ante o exposto, na presença dos requisitos da verossimilhança das alegações
fáticas e da prova inequívoca (arts. 273 e 461 do CPC), e em virtude da natureza
alimentar que revestem os créditos trabalhistas, resolve este Juízo ACOLHER EM
PARTE o pedido liminar formulado pelo autor para determinar o restabelecimento
do expediente bancário, no percentual de 30% dos funcionários lotados na
agência, a contar da intimação, das agências e postos de atendimento bancários
e conveniados da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil S/A. ao Tribunal
Regional do Trabalho da 13ª Região, de modo assegurar o atendimento aos
advogados e seus constituídos no cumprimento, EXCLUSIVAMENTE, dos
mandados, guias e alvarás judiciais de pagamento e liberação de valores
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expedidos. Como medida de eficácia da ordem judicial, fica cominada pena diária
de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) em caso de descumprimento, limitadas a 30 dias,
aplicável ao Sindicato e seus integrantes, bem como ressalvada a sua
prorrogação e aplicação de outras medidas legais. [...]
V – DA NECESSIDADE DE DEFERIMENTO DA MEDIDA LIMINAR
O artigo 12, da Lei nº 7.347/85, que dispõe sobre a Ação Civil Pública,
prevê o deferimento de mandado liminar, mesmo sem a justificação prévia, medida que
se revela imprescindível no caso tela.
É despicienda a justificação prévia do Réu e dilação probatória,
porquanto o contexto fático que embasa a presente medida judicial revela-se público,
notório e incontroverso, na medida em que o próprio sindicato requerido propagou com
ênfase em seu portal na internet que a categoria refutou a possibilidade de manutenção
do serviço de recebimento dos depósitos.
A fumaça do bom direito, portanto, está mais do que clara, pois não há
dúvidas de que a indisponibilidade por tempo indeterminado do atendimento bancário
para o cumprimento dos mandados judiciais de pagamento e liberação dos valores
depositados em contas judiciais revela-se manifestamente ilegal, porquanto, como acima
pontuado, representa uma afronta direta as prerrogativas profissionais previstas no artigo
6º, paragrafo único e no artigo 7º, VI, c, ambos da Lei nº 8.906/94, bem com o disposto
na Lei nº 7.783/1989, que dispõe da continuidade do serviço essencial, notadamente por
não haver sido respeitado o percentual mínimo de trabalhadores em atividade.
Se o direito está evidente, mais claro ainda está o perigo da demora, o
qual decorre do fato de que a suspensão total do cumprimento dos mandados judiciais de
liberação dos valores depositados em contas judicias, vem ocasionando prejuízos
imensuráveis não apenas aos jurisdicionados, mas, sobretudo, aos advogados que estão
privados dos seus honorários – verba de caráter alimentar – em razão da impossibilidade
de processamento do alvará judicial expedido em seu favor ou de seu constituinte.
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Daí a necessidade de que este juízo assegure, inclusive por meio de
ordem liminar, na linha do art. 12 da Lei nº 7.783/1989, para que os empregados
grevistas reestabeleçam de imediato cumprimento dos mandados judiciais de liberação
dos valores depositados em contas judicias:
Art. 12. No caso de inobservância do disposto no artigo anterior, o Poder
Público assegurará a prestação dos serviços indispensáveis.
Nesse contexto, a suscitante requer, com o devido acatamento, em
cumprimento às regras dos artigos 11 e 12 da Lei nº 7.783/1989, que seja determinado
que a categoria dos bancários, representada pela entidade sindical (aqui Reclamada),
assegure de o efetivo de no mínimo 30% (trinta por cento) de trabalhadores nas agências
e pontos de atendimentos bancários estabelecidos nas dependências dos órgãos do
poder judiciário.
VI – DA NECESSIDADE DE FIXAÇÃO DE ASTREINTES
A multa diária é, por certo, o fator coercitivo que impõe ao obrigado o
cumprimento de determinação judicial.
Verifica-se que o assunto em questão é de absoluta relevância jurídica,
eis que, o(a) advogado(a) é indispensável à administração da justiça, e, são seus
interesses que estão em jogo, impactam no recebimento de verba (através de alvará
judicial, por exemplo), que possui caráter alimentar.
Diante disto, constatamos ser de suma importância, a fixação de
Astreintes, para que a Decisão Liminar não se torne letra morta, e não perca o seu
sentido de celeridade, o que de certa forma obrigará o sindicato requerido a cumprir o
esperado Decisum.
A multa diária não deverá servir de fonte de riquezas, mas também não
poderá ser de valor insignificante, a ponto de ser irrelevante o seu pagamento.
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Neste contexto, sugerimos a V.Exa. que a multa diária seja fixada no
valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), a serem revertidos em benefício da própria
categoria, administrados pela Ordem dos Advogados do Brasil Seção Goiás.
“Em todas as nações livres, os advogados se constituem na categoria de cidadãos que
mais poder e autoridade exercem perante a sua sociedade” (RUY BARBOSA)"
VII - DOS PEDIDOS
Diante todo o exposto, requer:
a) o deferimento, de ordem liminar para que seja reestabelecido de
imediato, durante todo o expediente bancário, o efetivo de no mínimo 30 % (trinta por
cento) de trabalhadores nas agências e postos de atendimento das instituições bancárias
conveniadas e estabelecidas aos órgãos do poder judiciário estadual e federal, em todo o
estado da Goiás, de modo a assegurar o atendimento aos advogados e demais
jurisdicionados bem como o cumprimento dos mandados judiciais de pagamento e
liberação dos valores depositados em contas judiciais, sob pena de multa diária de
R$50.000,00 (cinquenta mil reais);
b) a citação do réu, por intermédio do seu representante legal, para
apresentar resposta no prazo legal;
c) a notificação do Ministério Público, para os fins do artigo 5º, parágrafo
primeiro, da Lei nº 7.347/85;
d) no mérito, a confirmação da medida requerida no item “a”, tornando-
as definitivas mediante o julgamento de procedência da presente ação;
e) a condenação do réu ao pagamento das despesas processuais,
honorários advocatícios e demais cominações legais;
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Provará a requerente o alegado por todos os meios de prova em direito
admitidos, sem exclusão de nenhum deles, em especial depoimentos pessoais, inquirição
de testemunhas, juntada de documentos, exames e vistorias.
Dá a esta causa, o valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais).
Pede deferimento.
Goiânia, 22 de outubro de 2015.
Enil Henrique de Souza Filho
Presidente da OAB-GO
Milene Batista Rodrigues Arthur Henrique de Sousa Braga
OAB/GO 23.400 OAB/GO 37.240
Milton Carlos Fonseca Araújo Filho
OAB/GO 28.533