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Ordem dos Advogados do Brasil - Seção de Goiás “Casa do Advogado Jorge Jungmann” _____________________________________________________________________________ Rua 1.121 nº 200 - Setor Marista - Goiânia-GO - CEP: 74175-120 - Caixa Postal 15 Fone:(62) 3238-2000 - Fax: (62) 3238-2053 - Home Page: www.oabgo.org.br EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ___ VARA DO TRABALHO DE GOIÂNIA-GO. A ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL, SEÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS, serviço público independente, dotada de personalidade jurídica e forma federativa, inscrita no CNPJ sob o nº 02.656.759.0001-52, com sede, nesta cidade, na Rua 1.121, nº 200, Setor Marista, vem, por seus procuradores abaixo assinados (doc. 04), com fundamento nos artigos 1º, inciso IV, 3º, 5º e 12 da Lei n.º 7.347/1985 e artigos 461, caput, §§ 3º e 4º c/c 273 do CPC, propor a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA CUMULADA COM ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA em face do SINDICATO DOS BANCÁRIOS DO ESTADO DE GOIÁS, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ n.º 01.640.796/0001-00, sediada na Rua 4, nº 987, Setor Central, Goiânia-GO, pelos motivos de fato e de direito que passa a expor:

Ordem dos Advogados do Brasil Seção de Goiás “Casa do ... · No mesmo sentido, Mauro Schiavi leciona que “tanto as ações coletivas como as individuais que envolvem o exercício

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Ordem dos Advogados do Brasil - Seção de Goiás

“Casa do Advogado Jorge Jungmann” _____________________________________________________________________________

Rua 1.121 nº 200 - Setor Marista - Goiânia-GO - CEP: 74175-120 - Caixa Postal 15 Fone:(62) 3238-2000 - Fax: (62) 3238-2053 - Home Page: www.oabgo.org.br

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ___ VARA DO TRABALHO DE

GOIÂNIA-GO.

A ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL, SEÇÃO DO ESTADO DE

GOIÁS, serviço público independente, dotada de personalidade jurídica e forma

federativa, inscrita no CNPJ sob o nº 02.656.759.0001-52, com sede, nesta cidade, na

Rua 1.121, nº 200, Setor Marista, vem, por seus procuradores abaixo assinados (doc.

04), com fundamento nos artigos 1º, inciso IV, 3º, 5º e 12 da Lei n.º 7.347/1985 e artigos

461, caput, §§ 3º e 4º c/c 273 do CPC, propor a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA CUMULADA COM

ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA

em face do SINDICATO DOS BANCÁRIOS DO ESTADO DE GOIÁS, pessoa jurídica de

direito privado, inscrita no CNPJ n.º 01.640.796/0001-00, sediada na Rua 4, nº 987,

Setor Central, Goiânia-GO, pelos motivos de fato e de direito que passa a expor:

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I – DA LEGITIMIDADE ATIVA DA OAB-GO

A Constituição Federal de 1988 estabelece que o advogado é essencial

à função jurisdicional do Estado, tendo sido outorgado à Ordem dos Advogados do Brasil,

dentre outras, a incumbência de “defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado

democrático de direito, os direitos humanos, a justiça social, e pugnar pela boa aplicação

das leis, pela rápida administração da justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das

instituições jurídicas”, na forma do artigo 44, inciso I, da Lei n.º 8.906/1994.

Como relevante instrumento para a consecução de seus objetivos, a Lei

n.º 8.906/1994 conferiu à OAB legitimidade para propor ação civil pública, como se

observa do disposto em seu art. 54, inciso XIV, in verbis:

“Art. 54. Compete ao Conselho Federal:

(...)

XIV - ajuizar ação direta de inconstitucionalidade de normas legais e atos normativos,

ação civil pública, mandado de segurança coletivo, mandado de injunção e demais

ações cuja legitimação lhe seja outorgada por lei; (g.n.)

No âmbito dos Conselhos Seccionais da OAB, o Estatuto da Advocacia

cuidou em atribuir as mesmas funções do Conselho Federal, na medida de sua

competência material e territorial, vejamos:

“Art. 57 - O Conselho Seccional exerce e observa, no respectivo território, as

competências, vedações e funções atribuídas ao Conselho Federal, no que couber

e no âmbito de sua competência material e territorial, e as normas gerais

estabelecidas nesta lei, no regulamento geral, no Código de Ética e Disciplina, e nos

Provimentos.”

De igual modo, para que não paire dúvidas quanto à legitimidade dos

Conselhos Seccionais, o Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB que

dispõe em seu Capítulo IV intitulado do Conselho Seccional, artigo 105, inciso V, letra ‘b’

também a confere estes poderes:

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“Compete ao Conselho Seccional, além do previsto nos arts. 57 e 58 do Estatuto: b)

ação civil pública, para defesa de interesses difusos de caráter geral e coletivos e

individuais homogêneos”;

Assim, levando em consideração a clareza do texto não resta dúvida

que o Estatuto e o Regulamento Geral da OAB permitem que este Conselho Seccional

ajuíze por sua livre e espontânea vontade ação civil pública.

Complementando, a Lei n.º 7.347/1985, no artigo 5º, inciso IV dispõe

que as autarquias têm legitimidade para propor ação civil pública, in verbis:

“Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:

(...)

IV – a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista.”

Sobre a legitimidade da OAB para propor ação civil pública, o ilustre

professor Paulo Luiz Netto Lôbo1 se manifesta no seguinte sentido:

“A ação civil pública é um avançado instrumento processual introduzido no ordenamento

jurídico brasileiro pela Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985 (com as alterações

promovidas pelo Código de Defesa do Consumidor), para a defesa dos interesses

difusos, coletivos e individuais homogêneos (por exemplo, meio ambiente, consumidor,

patrimônio turístico, histórico, artístico). Os autores legitimados são sempre entres ou

entidades, públicos ou privados, inclusive associação civil existente há mais de um ano

e que inclua entre suas finalidades a defesa desses interesses. O elenco de

legitimados foi acrescido da OAB, que poderá ingressar com a ação não apenas

em prol os interesses coletivos de seus inscritos, mas também para tutela dos

interesses difusos, que não se identificam em classes ou grupos de pessoas

vinculadas por uma relação jurídica básica. Sendo de caráter legal a legitimidade

coletiva da OAB, não há necessidade de comprovar pertinência temática com

suas finalidades, quando ingressa em juízo. (LÔBO, Paulo Luiz Netto. Comentários

ao Estatuto da Advocacia. 2. ed. Brasília Jurídica, 1996, p. 203) (g.n.)

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Depreende-se que, se a OAB tem legitimação universal para propor as

ações elencadas no artigo 54, inciso XIV, da Lei n.º 8.906/1994, indiscutível é a sua

legitimidade quando a matéria versar sobre os direitos coletivos.

Sendo assim, da leitura dos indigitados dispositivos legais, do trecho

doutrinário e do julgado, extrai-se a ilação clara de que a OAB-GO possui legitimidade

para ajuizar ação civil pública e, consequentemente, que a mesma é cabível, tendo em

vista que a causa de pedir está correlacionada aos interesses coletivos de toda a classe

profissional (art. 1º, inciso IV, da Lei nº 7.347/1985).

II - DO OBJETO DA PRESENTE DEMANDA

A Ordem dos Advogados do Brasil-Seção Goiás tem recebido inúmeras

manifestações no sentido que o cumprimento dos mandados judiciais de pagamento e

liberação dos valores depositados em contas judiciais foi suspenso em todo o estado,

posto que a greve dos servidores bancários está inviabilizando o atendimento das

agências.

Em razão do movimento grevista deflagrado pela categoria por tempo

indeterminado, os servidores das agências e postos de atendimento de bancos

conveniados ao Judiciário Federal e Estadual, notadamente Caixa Econômica Federal e

Banco do Brasil, se recusam a atender os advogados e jurisdicionados e a cumprir os

mandados judiciais de pagamento e liberação dos valores depositados em contas

judiciais.

Ressalta-se, por oportuno, que a indisponibilidade do atendimento

bancário aos advogados e demais jurisdicionados é fato público, notório e incontroverso,

pois o próprio sindicato requerido propaga com ênfase em seu portal na internet que as

agências bancárias estão quase 100% (cem por cento) sem operar, vejamos:

Fonte: http://www.bancariosgo.org.br/noticias/sindicato-em-acao/greve-bancarios-completam-duas-semanas-

de-paralisacao/

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E:

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A negativa do atendimento além de impedir o livre exercício da

advocacia e afrontar prerrogativas profissionais previstas na legislação, tem o potencial

de causar prejuízos imensuráveis aos jurisdicionados e, sobretudo, aos advogados que

estão privados do recebimento de honorários decorrentes de sua atuação – verba de

natureza alimentar e imprescindível para subsistência própria e de sua família.

Diante deste cenário, evidenciado o cerceamento do livre exercício da

advocacia e prejuízos aos demais jurisdicionados, revela-se pertinente o ajuizamento da

presente demanda, para sanar as ilegalidades decorrentes do movimento grevista

deflagrado pela categoria dos bancários.

III – DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO

O artigo 114, inciso II, da Constituição Federal atribui à Justiça do

Trabalho a competência para processar e julgar todas as ações que envolvam o exercício

do direito de greve.

Acerca da abrangência de tal dispositivo convém trazer os

ensinamentos de Luciano de Athayde Chaves,

Envolver, nesse sentido, é ligar-se indiretamente às questões. Com efeito, o

litígio pode ser periférico, colateral, tangencial, bastando, para firmar-se a

competência trabalhista, que se relacione ao tronco principal: não propriamente

o direito de greve, mas o seu exercício, expressão que remete a uma ideia de

práxis, de conduta efetiva. Não se cuida de mera interpretação do direito de

greve, mas dos desdobramentos do seu exercício e dos conflitos

intersubjetivos dele decorrentes, pouco importando quais sejam os sujeitos da

relação jurídica de direito material. (CHAVES, Luciano Athayde (org.). Curso de

Processo do Trabalho. São Paulo, LTr, 2009. p. 211)

No mesmo sentido, Mauro Schiavi leciona que “tanto as ações coletivas

como as individuais que envolvem o exercício do direito de greve são da competência da

Justiça do Trabalho, seja entre as partes diretamente envolvidas, seja entre os que

sofrem os efeitos do movimento grevista, mas não participam da greve” (SCHIAVI,

Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho, 9. ed. São Paulo: LTr, 2015. p. 255).

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Desse modo, tendo como objeto a presente medida judicial a reparação

das repercussões ilegais do movimento paredista no exercício da advocacia e nos

direitos dos demais jurisdicionais, é notório que a competência para o seu julgamento é a

Justiça do Trabalho, por força do disposto no artigo 114, II, da Constituição Federal.

IV - DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

A Constituição Federal ressalta a importância do advogado, ao positivar

em seu artigo 133 que a advocacia constitui função essencial a Justiça.

Em função de tal múnus público à advocacia dispõe de prerrogativas,

cuja finalidade precípua é assegurar à coletividade que a defesa de seus direitos seja

exercida de forma livre e plena pelo advogado.

Tais prerrogativas encontram-se positivadas precipuamente na Lei

8.906/94, que, de plano, impõe a Administração Pública – ou quem lhe faça às vezes – o

dever de assegurar ao advogado as condições adequadas para sua atuação profissional.

Permissa vênia, segue redação do parágrafo único do artigo. 6º.

Parágrafo único. As autoridades, os servidores públicos e os serventuários da

justiça devem dispensar ao advogado, no exercício da profissão, tratamento

compatível com a dignidade da advocacia e condições adequadas a seu

desempenho.

Em reforço a tal preceito, o artigo 7º, VI, “c”, da Lei nº 8.906/94,

taxativamente atribuiu ao advogado o direito de ser atendido em qualquer entidade

perante a qual deva praticar ato inerente ao exercício da profissão, independentemente

da ocorrência de expediente regular, conforme prescreve o artigo 7º, VI, c, da Lei nº

8.906/94:

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Art. 7º São direitos do advogado:

[...]

VI - ingressar livremente:

[...]

c) em qualquer edifício ou recinto em que funcione repartição judicial ou outro

serviço público onde o advogado deva praticar ato ou colher prova ou

informação útil ao exercício da atividade profissional, dentro do expediente ou

fora dele, e ser atendido, desde que se ache presente qualquer servidor ou

empregado;

No caso em questão, é evidente que a indisponibilidade por tempo

indeterminado de atendimento bancário para o cumprimento dos mandados judiciais de

pagamento e liberação dos valores depositados em contas judiciais, revela-se

manifestamente ilegal, porquanto, como acima pontuado, representa uma afronta direta

as prerrogativas profissionais previstas no artigo 6º, parágrafo único e no artigo 7º, VI, c,

ambos da Lei nº 8.906/94.

Ademais, não há dúvidas de que o movimento paredista da categoria

dos bancários, representada pelo sindicado requerido atinge serviço de caráter essencial,

indicado no rol do artigo 10º da Lei nº 7.783/1989:

Art. 10.São considerados serviços ou atividades essenciais:

[...]

XI- compensação bancária.

De fato, o movimento paredista interrompeu por prazo indeterminado o

cumprimento dos mandados judiciais de pagamento e liberação dos valores depositados

em contas judiciais, o que contrasta com a regra do art. 11 da Lei nº 7.783/1989 e a OJ nº

38 da SDC do C. TST:

Art. 11. Nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores

e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a

greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das

necessidades inadiáveis da comunidade.

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“GREVE. SERVIÇOS ESSENCIAIS. GARANTIA DAS NECESSIDADES

INADIÁVEIS DA POPULAÇÃO USUÁRIA. FATOR DETERMINANTE DA

QUALIFICAÇÃO JURÍDICA DO MOVIMENTO- É abusiva a greve que se

realiza em setores que a lei define como sendo essenciais à comunidade, se

não é assegurado o atendimento básico das necessidades inadiáveis dos

usuários do serviço, na forma prevista na Lei nº 7.783/89.”

Ante a todo o exposto, deve ser determinado que as agências e postos

de atendimento das instituições bancárias conveniadas ao Judiciário reestabeleçam de

imediato durante todo o expediente bancário o atendimento aos advogados e demais

jurisdicionados para cumprimento dos mandados judiciais de pagamento e liberação dos

valores depositados em contas judiciais.

IV.I – DA DECISÃO LIMINAR CONCEDIDA EM CASO IDÊNTICO AO

PRESENTE

Para fins de registro, é relevante assinalar que nos autos da Ação Civil

Pública nº 0131698-56.2015.5.13.0022, idêntica à presente, o juiz da 7ª Vara do Trabalho

de João Pessoa/PB, concedeu medida liminar para determinar o restabelecimento do

expediente bancário, no percentual de 30% dos funcionários lotados nas agências, de

modo a assegurar o atendimento aos advogados e seus constituídos o cumprimento dos

mandados, guias e alvarás judiciais de pagamento e liberação de valores expedidos.

Vejamos trecho da decisão (doc. anexo):

[...]Trata-se de ação trabalhista com pedido de liminar, inaudita altera pars, tendo

por objeto o restabelecimento do expediente bancário, no percentual de 30%, das

agências e postos de atendimento bancários conveniados aos órgãos do Poder

Judiciário estadual e federal do Estado da Paraíba, de modo assegurar o

atendimento aos advogados e demais jurisdicionados, bem como no cumprimento

dos mandados judiciais de pagamento e liberação de valores (alvarás) em contas

judiciais, sob pena de multa diária.

A legislação aplicável confere ao Juiz a possibilidade de antecipar os efeitos da

decisão final, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da

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verossimilhança da alegação e haja fundado receio de dano irreparável ou de

difícil reparação (art. 273, caput e inciso I, do CPC).

É bem verdade que a greve é uma garantia constitucional assegurada a qualquer

categoria de empregados e desse salutar direito não há possibilidade de se opor.

Todavia, a legislação pátria estabeleceu determinados parâmetros que precisam

ser observados no exercício desse direito, através da regulamentação

estabelecida na Lei nº 7.783/89.

Não obstante, nenhum direito é absoluto. Também não pode ser exercido em

desconformidade com o razoabilidade, muitas vezes positivada em sistemas

legais. Os eventuais abusos ocorridos não podem interferir na órbita do direito de

terceiros.

Da narrativa, percebe-se que gravidade dos fatos relatados é inquestionável. O

movimento paredista bancário não pode interromper ou criar qualquer obstáculo,

por prazo indeterminado, ao cumprimento dos mandados judiciais de pagamento

e de liberação de valores depositados em contas judiciais, em clara violação a

diversos dispositivos legais, dentre eles a regra do art. 11 da Lei nº 7.783/1989 e

a OJ nº 38 da SDC do c. TST, e da ordem jurídica, sob pena de responder

penalmente.

Sendo certo que a tutela jurisdicional busca a satisfação do crédito de natureza

alimentar, do qual se utiliza o empregado no exercício de sua sobrevivência diária

e na manutenção de sua família, assim como, conforme dito alhures, que o direito

de greve é essencial, mas, a pretexto de exercê-lo, não pode a parte ferir direito

de alheio, deve ser deferido o pleito.

Ante o exposto, na presença dos requisitos da verossimilhança das alegações

fáticas e da prova inequívoca (arts. 273 e 461 do CPC), e em virtude da natureza

alimentar que revestem os créditos trabalhistas, resolve este Juízo ACOLHER EM

PARTE o pedido liminar formulado pelo autor para determinar o restabelecimento

do expediente bancário, no percentual de 30% dos funcionários lotados na

agência, a contar da intimação, das agências e postos de atendimento bancários

e conveniados da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil S/A. ao Tribunal

Regional do Trabalho da 13ª Região, de modo assegurar o atendimento aos

advogados e seus constituídos no cumprimento, EXCLUSIVAMENTE, dos

mandados, guias e alvarás judiciais de pagamento e liberação de valores

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expedidos. Como medida de eficácia da ordem judicial, fica cominada pena diária

de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) em caso de descumprimento, limitadas a 30 dias,

aplicável ao Sindicato e seus integrantes, bem como ressalvada a sua

prorrogação e aplicação de outras medidas legais. [...]

V – DA NECESSIDADE DE DEFERIMENTO DA MEDIDA LIMINAR

O artigo 12, da Lei nº 7.347/85, que dispõe sobre a Ação Civil Pública,

prevê o deferimento de mandado liminar, mesmo sem a justificação prévia, medida que

se revela imprescindível no caso tela.

É despicienda a justificação prévia do Réu e dilação probatória,

porquanto o contexto fático que embasa a presente medida judicial revela-se público,

notório e incontroverso, na medida em que o próprio sindicato requerido propagou com

ênfase em seu portal na internet que a categoria refutou a possibilidade de manutenção

do serviço de recebimento dos depósitos.

A fumaça do bom direito, portanto, está mais do que clara, pois não há

dúvidas de que a indisponibilidade por tempo indeterminado do atendimento bancário

para o cumprimento dos mandados judiciais de pagamento e liberação dos valores

depositados em contas judiciais revela-se manifestamente ilegal, porquanto, como acima

pontuado, representa uma afronta direta as prerrogativas profissionais previstas no artigo

6º, paragrafo único e no artigo 7º, VI, c, ambos da Lei nº 8.906/94, bem com o disposto

na Lei nº 7.783/1989, que dispõe da continuidade do serviço essencial, notadamente por

não haver sido respeitado o percentual mínimo de trabalhadores em atividade.

Se o direito está evidente, mais claro ainda está o perigo da demora, o

qual decorre do fato de que a suspensão total do cumprimento dos mandados judiciais de

liberação dos valores depositados em contas judicias, vem ocasionando prejuízos

imensuráveis não apenas aos jurisdicionados, mas, sobretudo, aos advogados que estão

privados dos seus honorários – verba de caráter alimentar – em razão da impossibilidade

de processamento do alvará judicial expedido em seu favor ou de seu constituinte.

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Daí a necessidade de que este juízo assegure, inclusive por meio de

ordem liminar, na linha do art. 12 da Lei nº 7.783/1989, para que os empregados

grevistas reestabeleçam de imediato cumprimento dos mandados judiciais de liberação

dos valores depositados em contas judicias:

Art. 12. No caso de inobservância do disposto no artigo anterior, o Poder

Público assegurará a prestação dos serviços indispensáveis.

Nesse contexto, a suscitante requer, com o devido acatamento, em

cumprimento às regras dos artigos 11 e 12 da Lei nº 7.783/1989, que seja determinado

que a categoria dos bancários, representada pela entidade sindical (aqui Reclamada),

assegure de o efetivo de no mínimo 30% (trinta por cento) de trabalhadores nas agências

e pontos de atendimentos bancários estabelecidos nas dependências dos órgãos do

poder judiciário.

VI – DA NECESSIDADE DE FIXAÇÃO DE ASTREINTES

A multa diária é, por certo, o fator coercitivo que impõe ao obrigado o

cumprimento de determinação judicial.

Verifica-se que o assunto em questão é de absoluta relevância jurídica,

eis que, o(a) advogado(a) é indispensável à administração da justiça, e, são seus

interesses que estão em jogo, impactam no recebimento de verba (através de alvará

judicial, por exemplo), que possui caráter alimentar.

Diante disto, constatamos ser de suma importância, a fixação de

Astreintes, para que a Decisão Liminar não se torne letra morta, e não perca o seu

sentido de celeridade, o que de certa forma obrigará o sindicato requerido a cumprir o

esperado Decisum.

A multa diária não deverá servir de fonte de riquezas, mas também não

poderá ser de valor insignificante, a ponto de ser irrelevante o seu pagamento.

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“Casa do Advogado Jorge Jungmann” _____________________________________________________________________________

Rua 1.121 nº 200 - Setor Marista - Goiânia-GO - CEP: 74175-120 - Caixa Postal 15 Fone:(62) 3238-2000 - Fax: (62) 3238-2053 - Home Page: www.oabgo.org.br

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Neste contexto, sugerimos a V.Exa. que a multa diária seja fixada no

valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), a serem revertidos em benefício da própria

categoria, administrados pela Ordem dos Advogados do Brasil Seção Goiás.

“Em todas as nações livres, os advogados se constituem na categoria de cidadãos que

mais poder e autoridade exercem perante a sua sociedade” (RUY BARBOSA)"

VII - DOS PEDIDOS

Diante todo o exposto, requer:

a) o deferimento, de ordem liminar para que seja reestabelecido de

imediato, durante todo o expediente bancário, o efetivo de no mínimo 30 % (trinta por

cento) de trabalhadores nas agências e postos de atendimento das instituições bancárias

conveniadas e estabelecidas aos órgãos do poder judiciário estadual e federal, em todo o

estado da Goiás, de modo a assegurar o atendimento aos advogados e demais

jurisdicionados bem como o cumprimento dos mandados judiciais de pagamento e

liberação dos valores depositados em contas judiciais, sob pena de multa diária de

R$50.000,00 (cinquenta mil reais);

b) a citação do réu, por intermédio do seu representante legal, para

apresentar resposta no prazo legal;

c) a notificação do Ministério Público, para os fins do artigo 5º, parágrafo

primeiro, da Lei nº 7.347/85;

d) no mérito, a confirmação da medida requerida no item “a”, tornando-

as definitivas mediante o julgamento de procedência da presente ação;

e) a condenação do réu ao pagamento das despesas processuais,

honorários advocatícios e demais cominações legais;

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Provará a requerente o alegado por todos os meios de prova em direito

admitidos, sem exclusão de nenhum deles, em especial depoimentos pessoais, inquirição

de testemunhas, juntada de documentos, exames e vistorias.

Dá a esta causa, o valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais).

Pede deferimento.

Goiânia, 22 de outubro de 2015.

Enil Henrique de Souza Filho

Presidente da OAB-GO

Milene Batista Rodrigues Arthur Henrique de Sousa Braga

OAB/GO 23.400 OAB/GO 37.240

Milton Carlos Fonseca Araújo Filho

OAB/GO 28.533