OS CONSTRUTORES DE EMBARCAES DE MADEIRA DO
ESTADO DO PAR E AS TRANSFORMAES DO CAPITAL
NA AMAZNIA
RESUMO
Este trabalho um estudo de caso da construo naval artesanal no municpio de Igarap-Miri
regio do Baixo Tocantins. Atividade formada por estaleiros gerenciados por mestres trabalhadores detentores de um acervo intelectual tcito, passado de gerao em gerao.
Analisou-se suas principais caractersticas, estrutura de produo, custo, ocupao, mercado e
emprego nas pequenas empresas do APL da indstria naval, a dinmica e a potencialidade do
setor, os seus principais problemas e os entraves ao seu desenvolvimento. Dessa forma, a
pesquisa constatou a crescente produo por tonelagem da indstria naval e os atores
econmicos, polticos e sociais que dela tem se beneficiado; adotou o padro metodolgico
das experincias de estudos de sistema de aprendizagem e inovaes buscando entender
sistemas e APL fundamentado na viso evolucionista sobre inovao e mudana tecnolgica.
Palavras-chave: Construo Naval Artesanal. Arranjos Produtivos Locais. Desenvolvimento
Sustentvel. Igarap-Miri (PA).
ABSTRACT
This work is a case study of shipbuilding industry in craftsmanship Igarap-Miri region of the
Low - Tocantins. This activity consists of sites managed by teachers employed owners of a
body of tacit intellectual, passed from generation to generation. Therefore, we analyzed the
main characteristics, structure of production, cost, employment, market and employment in
small businesses of LPA in the shipping industry as well as the dynamics and potential of the
sector, its main problems and barriers to its development. Thus, the survey found the increase
in production tonnage of the shipping industry and the economic actors, political and social
changes that it has benefited. The research adopted the methodological study of the
experiences of learning system and seeking to understand innovation systems and local
productive systems based on the evolutionary view of innovation and technological change.
Keywords: Shipbuilding Craft. Local Production. Sustainable Development. Igarap-Miri
(PA).
2
INTRODUO
A Amaznia tem sido pautada mundialmente devido a sua natureza e sociedade. A
bacia continental hdrica amaznica se estende sobre vrios pases da Amrica do Sul e
formada pela bacia hidrogrfica do rio Amazonas situada no territrio nacional, pelas bacias
dos rios existentes na Ilha de Maraj, alm das bacias dos rios situados no Estado do Amap
que desguam no Atlntico Norte. A bacia do rio Amazonas constituda pela mais extensa
rede hidrogrfica do globo terrestre, desde suas nascentes nos Andes Peruanos at sua foz no
oceano Atlntico (na regio norte do Brasil), ocupando uma rea de 6.869.000 km, dividida
em: a) esturio amaznico, b) delta interno do esturio amaznico c) sistema Amazons-
Solimes-Ucayaly, d) sistema Madereira-Beni-Mamor, e e) sistema Araguaia-Tocantins. O
Brasil comporta 58,0% da bacia, vindo a seguir o Peru com 16,0%, Bolvia, 10,0%, e
Colmbia, Venezuela, Equador, Suriname, Guiana e Guiana Francesa, que detm os 16,0%
restantes. Em termos de recursos hdricos, sua contribuio mdia em territrio brasileiro,
da ordem de 132.145 m/s (73,6% do Pas). Em 2010 sua populao, era de 9.694.728
habitantes (5,1% da populao do Pas) e sua densidade demogrfica de apenas 2,51 hab/km
(BRASIL/ANA, 2013; SENA, 2006:67).
Dos aspectos que envolvem os povos das guas, duas questes merecem destaque para
a o entendimento desse universo: 1) a questo da pesca e 2) a questo do transporte fluvial na
Amaznia. Com todo o potencial hdrico e a existncia de enorme variedade de peixes em
torno de 1.300 espcies na Amaznia (SENA, 2006:67), a pesca passou cad vez mais ser
relevante para a nao brasileira quanto ao desafio da segurana alimentar do planeta, entre
outras questes, em virtude do contexto da crise mundial de alimentos da sociedade
contempornea. Por outro lado, ao possuir o Brasil 43 mil quilmetros de rios, dos quais 27
mil so navegveis e dispor de uma costa ocenica, estimada em 8.500 km de extenso e na
parte brasileira da Amaznia localizar-se a maior bacia hidrogrfica do mundo, com uma
extenso estimada de 18.000 Km de rios permanente navegveis, conformando uma rede
fluvial em termos de utilizao como sistema natural de transportes que assume enorme
significao regional, nacional e internacional, o pas ainda utiliza o modal aquavirio de
forma reduzida e insignificante em sua matriz de transportes (LINS, 2004:401).
Segundo o Boletim Estatstico da Pesca e Aquicultura do Brasil 2010, o Estado de
Santa Catarina continua sendo o maior plo produtor de pescado do pas, com 183.770 t,
seguido pelos estados, do Par com 143.078 t e Bahia com 114.530 t. Embora o Estado de
Santa Catarina, em relao ao total continua sendo o primeiro desde 2009, apresentou uma
queda de 7,8% em 2010. Os dados estatsticos de 2010 em comparao ao ano de 2009,
revelam que a produo do pescado no Brasil como um todo decresceu na modalidade pesca
extrativa em relao modalidade aquicultura, seja em gua de marinha ou em gua
continental. Em 2009 o Brasil capturou na modalidade pesca extrativa 825.164,1t para
785.366,3t em 2010, uma diferena a menor de 39.797,80t. J na modalidade aquicultura em
2009 o pas produziu 415.649,40t para 479.398,60t em 2010, uma diferena a maior de
63.749,20t, verificando-se uma inflexo crescente na produo da aquicultura no sistema
produtivo brasileiro. Esse decrscimo na modalidade pesca extrativa tambm visvel no
Par, que em 2009 capturou 134.130,30t para 138.534,00t em 2010 uma diferena a menor de
4.403,70t, e produziu na aquicultura 3.920,00t em 2009 para 4.544,20t em 2010, uma
diferena a maior de 624,20t (BRASIL/MPA, 2012:18-21).
Mesmo com a inflexo decrescente na pesca extrativa no Brasil, o Par destaca-se no
s por ser o segundo Estado mais importante na produo do pescado do pas, mas
principalmente por pertencer a Regio Amaznica e sua particular forma, tipo e relao scio-
organizacional da pescaria artesanal na captura da pesca extrativa e na produo da
aquicultura nas guas de marinha e continental. Essa particularidade est expressa na
3
perspectiva da historiografia amaznica desde a tradio indgena no processo de sua
ocupao. O pescado uma das fontes de alimentos mais utilizadas por suas populaes,
sejam aquelas que j habitavam o territrio ou as que por aqui vieram desbravar em suas
navegaes de descobrimento, assim foram desenvolvidas vrias tcnicas para sua captura.
As populaes tradicionais da Amaznia tm em sua formao socioeconmica de
forma mais intensa, o mestio de branco com ndio chamado de populao cabocla, essa
miscigenao proporcionou a formao do campesinato-cabloco que durante o perodo
colonial fez ascender a economia amaznica considerando que j existia na Amaznia o
extrativismo, em especial realizado pelos povos indgenas. A histria nos mostra, que durante
o perodo pombal cresceu de forma diferenciada a produo agrcola no Gro-Par. No
entanto, o extrativismo continuou em crescimento, e depois do perodo pombalino surge um
novo extrativismo formado pelo campesinato-caboclo, conhecedor das peculiaridades
amaznicas, (COSTA, 2010:200).
A habilidade e conhecimento indgena associado ao conhecimento dos portugueses
expostos acima, favoreceram desde sua origem a evoluo do transporte fluvial na Amaznia.
Seja de forma inicial a partir do saber tradicional de herana indgena uma vez que a tradio e riqueza do saber indgena, do mestre arteso na arte de navegar e na arquitetura naval, correspondem
a um conjunto de fatores econmicos e culturais (XIMENES,1992:02) ou em seguida com o
desenvolvimento da tcnica portuguesa a partir da Escola de Arte Nutica Escola de Sagres,
percussora do avano da navegao fluvial no mundo na poca das grandes descobertas.
Compartilhando do mesmo iderio sobre a funo socioeconmica das embarcaes
de madeira e ampliando o olhar para as particularidades de sua produo e viabilidade de
transporte Lins (2004) acrescenta que ao longo da histria dos transportes fluviais na
Amaznia a frota de embarcaes de madeira apresenta variadas solues tecnolgicas em
sua confeco adequando-se ao uso e necessidades de determinada regio (LINS, 2004:433).
Assim, desde o surgimento dos primeiros grupos sociais na terra, que os barcos so
identificadores dos meios de produo, utilizados em especial na pesca e no transporte de
passageiros. Na sociedade moderna contempornea que se globaliza pela mundializao da
economia capitalista coexistem inmeras e variadas formas e tipos de embarcaes. No Par a
construo naval artesanal origina-se no saber sociocultural da tradio indgena e cabocla,
constituindo-se para alm de usos e significados, imagens e inspirao da formao social das
populaes tradicionais ribeirinhas (FURTADO, 2004:54).
Para ter-se uma dimenso mais precisa da construo naval artesanal necessrio
reconstituir brevemente as caractersticas peculiares especficas dessa atividade de tradio
milenar amaznica. Em pesquisa concluda no ano de 2009 pelo autor, constatou-se que a
atividade uma prtica cultural secular que consolidou uma categoria de trabalhadores os construtores de embarcaes de madeira que conforme a estrutura funcional dessa ocupao econmica apresenta trs segmentos distintos, a saber, carpinteiros navais
1, calafates
2 e
pintores3. Os carpinteiros navais so responsveis pelo planejamento, controle,
beneficiamento da madeira e articulao de insumos para feitura das embarcaes; Os
calafates cuidam da vedao para que no entre gua nos barcos e os pintores realizam a
pintura interna e externa dos barcos que serve como revestimento, conservao,
embelezamento e identificao das embarcaes.
1 Trabalhador que utiliza a madeira beneficiando-a e moldando-a em peas de forma artesanal para construo de
barcos. 2 Trabalhador que atua aps o barco est montado e emparedado, necessitando de calafeto ou seja de uma
vedao que feita com algodo, leo de linhaa e zarco em toda a sua estrutura da embarcao, vedando e
obstruindo a entrada de gua. 3 Trabalhador responsvel pelo toque final da beleza do barco, onde o mesmo pintado com diversas cores e
identificado com um nome em sua maioria de origem regional, cunho religioso ou familiar.
4
Na estrutura hierarquia do ofcio so trs os nveis por eles identificados: mestre,
profissional e aprendiz: 1) Os mestres da carpintaria naval so profissionais j consagrados
e proprietrios de estaleiros da industria naval artesanal4, j os mestres da calafetaria e da
pintura naval, no possuem a estrutura do estaleiro para realizarem seus ofcios, pois circulam
de forma nmade percorrendo variados territrios atrs de frentes de trabalho; 2) os
profissionais so trabalhadores autnomos que j passaram pelo aprendizado de algum
mestre profissional durante alguns anos e j esto capacitados para exercer a profisso; e 3) os
aprendizes so trabalhadores que esto iniciando na atividade, em sua maioria so ainda
crianas e adolescentes pertencentes a famlia, a vizinhana ou parentes de amigos e
conhecidos dos mestres.
O ofcio da construo naval artesanal desenvolveu-se enquanto atividade produtiva a
partir da formao sociocultural das populaes de mesorregies mais antigas do processo de
ocupao amaznico, como os territrios do Baixo Amazonas e do nordeste paraense do qual
pertence o Baixo Tocantins, denominado pelo IBGE como microrregio Camet. uma das
reas mais antiga da ocupao europeia no Estado, zona de colonizao que data do sculo
XVII, ainda no perodo colonial, (a Vila de Santa Cruz de Camet a segunda cidade mais
antiga do Par, fundada em 1633 no sculo XVI), sendo formada por extensas reas de
vrzeas (arquiplago de mais de 100 ilhas interligadas pelas guas do Rio Tocantins) e por
reas de terra firme ocupadas ao longo das vias de acesso, que cortam todo o territrio
(SOUSA,2000:22;COSTA,2006:24; PAR/SEIR, 2009:8). So 7 os municpios que a
compe: Abaetetuba, Baio, Camet, Igarap-Miri, Limoeiro do Ajuru, Mocajuba e Oeiras do
Par. A regio composta de populaes tradicionais ribeirinhas, tendo em sua formao
socioeconmica de forma mais acentuada a presena do setor da agricultura e comrcio e de
forma bem menos acentuada o setor de explorao florestal e da indstria, apresenta forte
relao com o rio, em especial, quanto a sua interao funcional de circulao fluvial
(CARDOSO, 2005:05).
Um dos principais municpios do Baixo Tocantins Igarap-Miri que pela Lei
Municipal n 4948 de 06 de Outubro de 2006 que dispe sobre o Plano Diretor do Municpio
e da outras providencias, elencou onze Arranjos Produtivos Locais (APL) para o seu
desenvolvimento: aa, cacau, madeira, oleiro cermica, pecuria, pesca, pimenta, estaleiros,
moveleiro e palmito (IGARAP-MIRI, 2006). A pesquisa foi realizada no municpio de
Igarap-Miri (PA) pelos seguintes motivos: 1) a facilidade de conhecimento do lugar por ser
natural do municpio e de ter trabalhado como educador social junto categoria; 2) por ser um
dos municpios de maior concentrao de unidades produtivas (estaleiros) da regio; e 3) a
localizao geogrfica estratgica a duas horas e meia da capital Belm.
O procedimento metodolgico do estudo obedeceu aos seguintes passos: 1) ao se
definir a corrente terica, passou-se para adaptao de alguns campos do formulrio a ser
aplicado na pesquisa de campo, que adotou o padro metodolgico das experincias de
estudos de Sistema de Aprendizagem e Inovaes buscando entender Sistemas de Arranjos
Produtivos Locais (SAPL) fundamentados na viso evolucionista sobre inovao e mudana
tecnolgica, em especial os utilizados por Cassiolato e Lastres (2005) que desenvolveram
argumentos bsicos do enfoque conceitual e analtico adotado pela Rede de Pesquisa em
Sistema Produtivos e Inovativos Locais (RedeSist); 2) utilizou-se ainda bancos de dados de
informaes secundrias da economia regional e outros trabalhos sobre o setor, como a
utilizao do Banco de Dados Agregados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
(IBGE), Sistema IBGE de Recuperao Automtica (SIDRA), dos quais se estimou a
existncia de 90 trabalhadores construtores de embarcaes no municpio, o que serviu como
horizonte para se chegar ao universo e definio da amostra da pesquisa de campo que
4 Esta atividade econmica est dispersa em toda a regio atravs de inmeras unidades produtivas funcionando
como uma verdadeira indstria naval de fabricao de barcos madeira na Amaznia.
5
tabulou 78 trabalhadores na atividade, ou seja, (86,67%) do universo encontrado pelo IBGE,
constatando-se que a amostra cobriu praticamente todo o universo.
O estudo investigou doze proprietrios (mestres) de onze estaleiros no perodo de
novembro de 2008 a maro de 2009, tendo como local de campo os estaleiros de Artesania
Naval que so distribudos nos bairro do Jatuira5 e bairro do Tucum
6, que devido ao
dinamismo do tempo dos construtores, foi necessrio muitas vezes se estender at o turno da
noite na obteno de informaes junto aos mesmos. O nmero de estaleiros no bairro do
Jatuira era seis: Levindo Nonato dos mestres Sandoval e Carrapeta, estaleiro do Jlio do
mestre Jlio, So Gabriel do mestre Carlinhos, Dom Manuel do mestre Tio D, So Jorge do
mestre Bebeto e o estaleiro do La do mestre La. E no bairro do Tucum era cinco: F em
Deus do mestre Piroca, estaleiro do Socorro do mestre Socorro, Thenave do mestre Theco,
estaleiro do Maraco do mestre Agenor e estaleiro do Melo do mestre Juraci. Em seguida a
obteno das informaes, criou-se um banco de dados utilizando-se do aplicativo Excel, por
meio do qual se fez toda a tabulao para e descrio das anlises, numa srie histrica de 15
anos (1994 a 2008).
Esse fenmeno se apresenta pelo aumento da produo e menor renumerao do
trabalho em que os construtores de embarcaes de madeira so levados a produzir, mediante
uma assimetria de poder do comprador, patro7, que impe s condies de preo aos
produtos dos trabalhadores. E ainda a realidade dos atores econmicos, polticos e sociais que
compem este ofcio, a necessidade do fortalecimento do ambiente institucional e
reconhecimento da relevncia econmica e social dessa atividade produtiva no sentido de
contribuir para a compreenso do universo dos povos das guas, pela anlise de um de seus
fundamentos: os construtores de embarcaes de madeira.
2 O TRABALHO DOS CONSTRUTORES DE BARCOS DE MADEIRA FACE O
PODER DO CAPITAL
O novo e amplo processo de reestruturao do capital global contemporneo,
financeirizado e cognitivo cada vez mais excludente, destrutivo e de barbrie incontrolvel.
Para Costa (2005), na Amaznia o processo de desenvolvimento se apresenta em duas etapas,
a primeira fase vai da ditadura militar a dcada de 80 e tem como principais atores de
explorao da regio s outras regies, chamada de brasilianizao; a segunda fase chamada de reoligarquizao do agrrio da regio, vai de 80 at 2001 com o fim da SUDAM atrelada elite local, devido essa instituio pblica de promoo do desenvolvimento servir para o
enriquecimento das oligarquias locais. No atual contexto, a regio vive um intenso processo
de globalizao de sua economia e sociedade, globalizam-se os mercados, integram-se as
economias e as culturas, e por outro lado amplia-se a excluso social, a misria, a pobreza, a
proletarizao, precarizao e precariedade do trabalho.
Na nova diviso internacional do trabalho, so crescentes os pases excludos desse
movimento de reposio dos capitais produtivos e financeiros e do padro tecnolgico
necessrio, o que acarreta repercusses profundas no interior desses pases, particularmente
no que diz respeito ao desemprego e precarizao da fora humana de trabalho (ANTUNES,
2009:35). Por outro lado, no processo de expanso da acumulao capitalista, a jornada de
trabalho composta por um tempo de trabalho necessrio a reproduo para sobrevivncia de
todos os trabalhadores e da sua famlia que o tempo correspondente ao salrio do
5 Localidade a beira di rio onde h campo de futebol que com a chuva fica enlameado causando nos brincantes
sinais tuira. 6 Fruta tradicional da Amaznia.
7 Termo utilizado pelos trabalhadores da construo naval artesanal aos seus demandantes da fabricao do barco
que compram as suas produes de embarcaes sempre em forma de encomenda.
6
trabalhador que, por definio, aquele que pode garantir o trabalhador e sua famlia de se
alimentar, se vestir, morar, estudar locomover, etc. Mas parte da jornada de trabalho um
tempo de trabalho que excede necessrio, como tempo no pago pelo capitalista.
exatamente esse tempo excedente no pago pelo capitalista que est valorizando a mercadoria,
que transforma o dinheiro investido pelos capitalistas em capital.
O capital sem dvida um dos fatores principais da acumulao capitalista, com a
dominao do capital centralizada na mo do patro, este impe as condies de preo real
aos construtores de embarcaes de madeira, levando a menor renumerao do trabalho, se
apropriando dos rendimentos gerados no processo produtivo e causando incapacidade de
incorporar capital na atividade. Assim, a utilizao do diferencial de capital, tem levado h
uma assimetria de poder do patro, que submete cada vez mais os trabalhadores do ofcio da
construo naval artesanal na Amaznia a precariedade e precarizao do trabalho, no
sentido, da perda de direitos conquistados ao longo da histria e das condies do trabalho.
2.1 CARACTERSTICAS DA PRODUO DE EMBARCAES DE MADEIRA DO
ESTADO DO PAR
Como j se trouxe a baila, uma das principais caractersticas do ofcio dos construtores
de embarcao de madeira do Estado do Par o fato de se ter na herana do saber tradicional
indgena e lusitano da populao cabocla (peculiaridade da sociedade amaznica) a
constituio e transmisso desta forma de conhecimento tcito, que passado de gerao em
gerao por mestres profissionais, criam estaleiros (aqui tambm chamados de unidades
produtivas ou empresa familiar) como uma verdadeira indstria de artesania naval espalhada
em todo o territrio da Amaznia. A criao de estaleiros, unidades produtivas, empresa de
carter familiar no municpio de Igarap-Miri, teve incio na dcada de 50 do sculo XX. Dos
11 estaleiros identificados at 2008, inicialmente 4 (36,36%) foram instalados no perodo de
50 80, a maior parte 46 (54,55%) foram criados nos anos 90; j em relao a idade no ano
de fundao, os mestres em 5 (45,45%) empresas, tinham entre 17-29 anos e a maior parte 6
(54,55%) empresas, tinham entre 30-40 anos o que demonstra um certo equilbrio entre
geraes e o ano de criao das empresas de faixa-etria dos scios fundadores, explicando a
multiplicao de empresa familiar pela continuidade da transmisso desta forma de
conhecimento pelos mestres construtores s novas geraes.
As empresas familiares so instaladas nos bairros do Jatura e Tucum, onde as
famlias dos construtores residem e que seus antecessores j residiam e lhes deixaram o
legado da artesania naval. Os construtores fazem parte da historicidade do prprio bairro, do
local onde vivem, nasceram e cresceram e hoje so integrantes das prprias relaes sociais
que ali se estabelecem entre todos os aspectos tangveis e intangveis do territrio, herdam os
estaleiros, terrenos localizados nas margens dos rios do municpio ou em frente cidade
ribeirinha e casa de moradia de seus antepassados; assim convivem diariamente com seus
familiares (pai, me, irmos, filhos, tios, primos, sobrinhos, netos) e seus vizinhos, cunhados,
amigos e demais moradores do bairro.
As relaes sociais prevalecentes na indstria naval so as relaes familiares e
interpessoais, caracterstica da prpria constituio do setor, pois o mesmo formado por
mestres, profissionais e aprendizes, que so oriundos ou do segmento de carpinteiros navais,
calafates ou pintores componentes da mesma categoria. No centro do ofcio da artesania naval
encontram-se os mestres profissionais, que detentores de um acervo de conhecimento tcito e
habilidade para socializao de processos de aprendizagem so os responsveis pela
disseminao da arte naval realizada em estaleiros de suas propriedades, localizados
predominantemente as margens de cidades ribeirinhas, onde trabalham dezenas de
7
profissionais autnomos e aprendizes que ainda esto iniciando na atividade, em sua maioria
so tambm membros de suas famlias ou pertencentes ao mesmo territrio.
Todos os mestres proprietrios dos estaleiros iniciaram sua atividade profissional na
construo naval artesanal. Do total de 12 mestres o que representa (15,38%) do pessoal
ocupado no setor, 8 (66,67%) dos mestres proprietrios, aprenderam sua profisso na empresa
da famlia e 4 (33,33%) em outra empresas com os mestres scios proprietrios. Os mestres
alm de coordenar toda a gesto das unidades produtivas trabalham diariamente em conjunto
com os outros profissionais e aprendizes na construo dos barcos, prevalecendo nas relaes
de trabalho presena de relaes familiares o que dimensiona ainda mais a importncia na
estrutura hierrquica da figura do mestre scio-proprietrio da empresa, ou seja, do total de
(78) pessoas ocupadas 28 (35,90%) aprenderam a profisso na famlia; 46 (58,97%)
aprenderam com o scio-proprietrio, portanto o mestre dono da empresa e ainda 4 (33,33%)
com o scio-proprietrio de outra empresa. Verifica-se no setor a completa inexistncia de
contratos formais de trabalho e de servios tercerizados. Foram encontrados 24 servios
temporrios que representa (30,77%) do total de ocupaes na atividade, sendo que estes
trabalhadores tambm no possuem nenhum tipo de contrato formal de trabalho.
Os trabalhadores profissionais so a maioria dos trabalhadores da construo naval,
trabalham de forma autnoma e s vezes nmade, percorrendo vrias frentes de trabalho seja
na capital Belm ou em outras regies do Estado, como: Maraj, Baixo Amazonas, Salgado.
Para tornarem-se profissionais passaram pelo aprendizado de algum mestre, seja por
pertencerem famlia ou morarem na circunvizinhana do territrio onde se localiza os
complexos de estaleiros. Trabalham ligados sempre a um estaleiro atravs de contrato
informal de trabalho ou trabalhando em outros locais que oferea oportunidade, recebem
sempre por empreita ou semanalmente em regime de diria no qual o pagamento de dirias
aos trabalhadores ainda a modalidade mais utilizada recebendo-se sempre no sbado o valor
total correspondente semana.
Constatou-se que se somado o nmero de aprendizes (21) com o nmero de familiares
sem contrato formal (21) e o nmero de mestres (12) estes chegam a (54), ou seja, (69,23%)
do total de pessoal ocupado no setor, portanto em sua maioria os trabalhadores da atividade
so membros das famlias dos mestres proprietrios como: irmos, primos, cunhados, filhos,
netos; ou pessoas muito prximas a eles como: vizinhos, amigos, colegas, cunhados ou
irmos, primos, filhos e netos destes. Todos sempre residem no mesmo bairro e vivem a
mesma realidade social. Dos 78 trabalhadores identificados no setor 12 (15,38%), so mestres
donos dos estaleiros o que corresponde aos scios proprietrios; 21 (26,92%) so aprendizes
(estagirios); 24 (30,77%) so do tipo servio temporrio (profissionais) e 21 (26,92%) so
profissionais familiares sem contrato formal. Portanto, do total de trabalhadores ocupados, 45
so profissionais o que representa (57,69%) do quadro de pessoal, distribudos em dois tipos
de relao de trabalho: o primeiro tipo o servio temporrio, sendo que 100% dos 24 (30,
77%) profissionais identificados aprenderam sua profisso com o mestre scio-proprietrio; o
segundo tipo so os familiares sem contrato formal, sendo que dos 21 (26,92%) profissionais,
20 (95,24%) tambm aprenderam a atividade na famlia e 1 (4,76%) com o mestre scio-
proprietrio da empresa.
J os aprendizes so o segundo maior nmero de trabalhadores da artesania naval, os
21 membros identificados, representa (26,92%) do pessoal ocupado, sendo que 100%
aprenderam a atividade com o mestre scio-proprietrio de uma empresa familiar. Em sua
maioria so adolescentes ou jovens e costumam no s adquirir no processo de aprendizagem
passado de gerao em gerao pelos mestres, o saber tcito da construo naval artesanal,
mas os valores e princpios de respeito, obedincia, disciplina e criatividade para suas vidas
pessoais. Por outro lado, a atividade totalmente realizada por homens, das 11 empresas
entrevistadas 6 (54,55%), os mestres receberam as empresas de seus pais que eram mestres
8
proprietrios e 5 (45,45%) os pais no eram empresrios; prevalece portanto na atividade as
relaes de trabalho informal sem nenhum vnculo empregatcio.
As constataes do grau de instruo quanto escolaridade formal, nota-se que do
total de trabalhadores ocupados nas unidades produtivas, 65 (83,33%) no concluram o
ensino fundamental e que tanto os mestres como os artesos e os prprios aprendizes (que
pela nova gerao deveria ser diferente) apresentaram baixo nvel de escolaridade. Por outro
lado, a posio do nmero de trabalhadores do ensino mdio - que embora a faixa etria da
maioria dos trabalhadores da artesania naval seja entre (17-29) anos - devido a considervel
quantidade de jovens aprendizes na atividade apenas 4 (5,12%) destes 2 (2,56%)
incompletos e 2 (2,56%) completos.
No existe contrato formal no mercado de trabalho da construo naval artesanal e a
formao do mercado de trabalho limitada e especfica, percebendo-se uma tendncia de
renovao na atividade, os aprendizes formados no setor seja como carpinteiro naval, calafate
ou pintor do continuidade atividade sendo paulatinamente absorvidos nas empresas de sua
famlia ou ligados a ela. Esses trabalhadores esto dispersos nas unidades produtivas do
municpio localizadas nos bairros do Jatura e Tucum, ou ainda prestando servio nos barcos
localizados na orla da cidade de Belm na capital do Estado. Quando da necessidade de
contratao de servio temporrio devido o aumento eventual da produo, os profissionais
so convidados a trabalhar nas unidades produtivas do municpio sem nenhum contrato
formal por um determinado perodo, o que demarca um tipo de trabalho informal, sem vinculo
empregatcio e rigor exigido pela estrutura do mercado formal de trabalho.
Em relao as vantagens das caractersticas da mo de obra local, com mais frequncia
aparece o item conhecimento prtico na produo com o ndice (2,73) em seguida o item
criatividade com (1,09), capacidade para aprender novas qualificaes (0,82), disciplina
(0,82), flexibilidade (0,82). E com menos frequncia mais no menos importante escolaridade
formal de 1 e 2 graus (0,27) e escolaridade em nvel superior e tcnico (0,27).
mister que relaes de parentesco, vizinhas e de territorialidade so as relaes
prevalecentes na categoria e que indicam a continuidade da atividade ao longo do tempo
mesmo com grandes dificuldades. A explicao para a manuteno da atividade a
composio da renda dos trabalhadores, em especial dos mestres proprietrios, uma vez que
todos trabalham juntos no mesmo estaleiro pertencente mesma famlia sobre a tutela do
chefe da famlia que nesse caso tambm o mestre proprietrio da empresa, este se mantm e
mantm seus familiares em situaes mais adversas devido remunerao da atividade
pertencer famlia e este ter o compromisso social de mant-los.
Portanto, as relaes familiares entre mestres profissionais, profissionais autnomos e
aprendizes durante sculos sempre se deu e ainda hoje continua sendo realizada de forma
dominante no setor, o que referenda a prpria continuidade, permanncia e reproduo da
atividade mesmo frente aos problemas e entraves encontrados.
2.2 EVOLUO DA ATIVIDADE DA ARTESANIA NAVAL EM IGARAP-MIRI
Neste item mostra-se a evoluo das empresas enquanto economia no municpio. Para
tanto, sero demonstradas as variveis de receita (e seus componentes, produo e preo de
mercado), de custo (do trabalho e da principal matria-prima, a madeira) e de eficincia das
unidades produtivas (rentabilidade lquida das unidades produtivas), todas as variveis para
um perodo que se estende de 1994 a 2008.
9
2.2.1 Produo, receita e preo de venda
A respeito da produo e receita da construo naval artesanal em Igarap Miri, a
pesquisa constatou um crescimento na tonelagem total produzida de 1994 a 2008 a uma taxa
de 6,2% a.a., ou seja, em 1994 a produo total medida em tonelagem de carga dos barcos
construdos foi de 175 toneladas no ano, passando a se situar em torno de 450 toneladas no
final do perodo (grfico 01); e um crescimento de 0,6% a.a no valor bruto da produo
(VBP) em reais para a srie de 1994 a 2008, pois em termos absolutos o VBP do APL era no
ano de 1994 de R$ 508.015,35, em valores corrigidos para 2008, chegando a R$ 710.500,00
reais no ltimo ano do perodo (grfico 02). O preo de venda mdio do APL aqui tratado o
preo implcito da tonelada, resultante da diviso entre o VBP (venda total, apresentado no
grfico 1) pela tonelagem total produzida (grfico 2). O resultado encontra-se no grfico 3. O
que se demonstra que os preos por tonelada vm caindo a -5,3% a.a ao longo da srie: o
valor auferido por tonelada de R$ 2.902,94 no ano de 1994 passou a ser de R$ 1.614,77 em
2008.
2.2.2 Emprego, rendimento e custo do trabalho
O nmero de trabalhadores no APL cresceu a 7,2% a.a. saindo de 26 trabalhadores em
1994 para 77 no ano de 2008 (ver grfico 4). A quantidade total de dias operados pelos
trabalhadores ocupados no APL, por sua vez, cresceu a 4,7% a.a., passando de
aproximadamente 8,5 mil dias no incio para se situar em torno de 16 mil dias nos ltimos
anos da srie (ver Grfico 5). Resultado dos diferentes ritmos de crescimento, a ocupao
mdia de cada trabalhador medida pelo nmero de dirias por trabalhador, por ano caiu no
perodo a -2,3% a.a. O mesmo se dando para a produtividade fsica por trabalhador medida
pela tonelagem construda por trabalhador, que cai a -0,90%a.a. Considerando, entretanto, que
o nmero de dirias por trabalhador cai mais rapidamente que a produtividade fsica por
trabalhador, a produtividade (tonelagem total por dias trabalhados total) por dia efetivamente
ocupado cresceu a 5,60% a.a. (grfico 06).
Para as unidades produtivas, se considerou custo total do trabalho direto aplicado a
remunerao pelo valor real mdio da diria de todos os trabalhadores envolvidos, inclusive
os mestres. Nesse sentido, o custo do trabalho igual a rendimento total dos trabalhadores
diretos. Essa varivel cresceu a 2,9% a.a ao longo da srie de 15 anos, ou seja, no ano de 1994
o custo foi de R$ 367.700,12 reais e em 2008 foi de R$ 652.681,82 reais, conforme ilustra o
grfico 07. Dado o crescimento mais acelerado dos trabalhadores (7,2% a.a.) e do nmero de
dirias (4,7% a.a.) aplicados, caem tanto a renda mdia por trabalhador a
-4,0% a.a., de R$ 14.142,31 para R$ 8.587,92 ao longo do perodo reais (grfico 08) quanto
o valor mdio da diria a a -1.7 % a.a, de R$ 43,64 para R$ 37,73 a.a. (grfico 09).
2.2.3 Custo da madeira
Observou-se em relao ao custo total da madeira aplicada um decrscimo a -0,6% a.a.
ao longo da srie de 15 anos no setor (grfico 10). Considerando o j comentado crescimento
da produo ( grfico 01), verifica-se uma considervel reduo no custo da madeira por
tonelada construda a -6,4% a.a. de aproximadamente R$ 140,00/tonelada para algo em torno
de R$ 60,00/tonelada. Observe que tal variao ocorreu entre 1994 e 1998, mantendo-se
relativamente estvel desde ento (grfico 11).
2.2.4 Renda Lquida das unidades produtivas
10
Considerou-se a Renda Lquida (RL) como sendo igual ao Valor Bruto da Produo
(VBP) menos Renda do Trabalho (RT) menos ainda Custo da Madeira (CM): RL = VBP (RT+CM). A Renda Lquida total poderia ser entendida a soma dos lucros dos estaleiros do
APL ou como a remunerao total pelo trabalho de gesto dos mestres proprietrios. Pois
bem, a varivel RL decresceu acentuadamente ao longo do perodo, de R$ 116.296,53 no ano
de 1994 para R$ 31.180,51 em 2008, isso aps um longo perodo de renda lquida negativa isto , se todos os trabalhadores fossem remunerados pelo valor mdio da diria e isso fosse
imputado como custo, se teria verificado prejuzos sistemticos por aproximadamente 10 anos
no APL (grfico 12).
2.2.5 Evoluo das empresas
O APL de artesania naval de Igarap-Miri cresceu de 6 para 11 estaleiros no perodo
estudado. Consideradas a produo total e o emprego j comentados, observa-se que as
empresas cresceram em tamanho: a tonelagem construda total por empresa cresceu a 1,9%
a.a., o pessoal ocupado a 2,9% a.a. (de 4,33 para para 6,91) e o nmero de barcos a 0,3% a.a.,
em torno de 5 barcos no incio para prximo de 6 no final. Note-se, ademais, que essas
embarcaes cresceram tambm em tamanho a 1,6% a.a., de 5,5 para acima de 7 toneladas. O
faturamento mdio, entretanto, vem caindo a -3,4%a.a., de R$ 84.669,23 em 1994 para R$
64.590,91 em 2008 (grficos 13 e 14).
CONSIDERAES FINAIS
Ao longo de sua histria como atividade econmica, a construo naval artesanal
sempre esteve associada poltica pblica da pesca na Amaznia. Inmeros programas de
promoo, fortalecimento, incentivo e financiamento foram constantemente direcionados a
pescadores e no aos construtores de embarcaes de madeira. Essa atividade produtiva tem
grande potencial de crescimento no municpio de Igarap-Miri e regio a partir da constatao
da existncia de crescimento da produo e da receita no setor. No entanto, embora se perceba
o constante crescimento na produo e receita bem como na produtividade do trabalho, houve
um considervel decrscimo na renda dos trabalhadores no APL. Em vista que a renda lquida
das unidades produtivas vem caindo no tempo. As tendncias de queda dessas variveis
correlacionam com a tendncia de queda do preo mdio da tonelada produzida no APL o preo pago pelos produtos dos estaleiros no tem sido suficiente para incrementar os ganhos
no nvel da elevao da produtividade do trabalho, nem sequer para garantir os mesmos nveis
de ganhos verificados h mais de uma dcada, seja para o trabalho direto de aprendizes,
profissionais e mestres, seja para o trabalho de gesto dos mestres.
Por outro lado, elevada burocracia para promoo e financiamento do setor so
manifestaes da ausncia de polticas pblicas por parte do Estado na abertura de linhas de
crdito; a implantao de programas de acesso informao (produo, tecnologia, mercados,
etc.) e outras polticas de incentivos fiscais que auxilie no custo ou no capital de giro, para
compra de mquinas e equipamentos ou aquisio de instalaes para o fortalecimento do
setor corroborado com a falta de estruturas institucionais, a desarticulao, cooperao ou
manifestaes locais de apoio atividade. Constatou-se ainda que tanto os ganhos de
produtividade quanto as perdas no rendimento do trabalho esto sendo transferidos para quem
compra os produtos do APL. Indica-se, dessa forma, claramente, que o APL funciona
mediante uma assimetria de poder do comprador (patro), que impe as condies de preo
real. Achatados os ganhos das empresas, torna-se cada vez mais difcil incorporar capital na
atividade, criando um ciclo vicioso. A baixa escolaridade no setor demonstra a dificuldade de
aquisio de novos conhecimentos j que a capacidade de inovao um dos elementos
11
decisivo para resolver as limitaes da atividade. Por conseguinte, a compra da madeira
cada vez mais difcil, rara, de se encontrar, devido os rgos de fiscalizao do meio ambiente
terem reforado suas aes na regio e os fornecedores no terem se preparado para as
exigncias legais bem como a cobrana dos rgos financiadores ou de setores do mercado,
pode dificultar ainda mais a comercializao do produto.
Por fim, os construtores de barcos so reconhecidos e respeitados no dia-a-dia pelas
suas habilidades produtivas expostas na frente das cidades ribeirinhas da regio, pois
trabalham com a arte de transformar a matria prima madeira em embarcaes utilitrias que
ditam o acesso, o tempo e espao dos povos da Amaznia. Todavia as possibilidades para
rentabilidade dos estaleiros dos produtores de embarcao de madeira e de socializao das
riquezas geradas ainda so limitadas pela baixa capacidade de investimentos em instalaes
fixas (prdios, maquinas e equipamentos) e em capital humano, como tambm por prticas de
articulao da produo por capitais mercantis que, aparentemente, na relao da estrutura da
formao do preo, se apropriam de uma parcela substancial da renda gerada, inviabilizando a
expanso do setor produtivo, limitando as condies de ampliao da capacidade produtiva e
inovativa dos produtores artesanais.
12
REFERNCIAS
ANTUNES, Ricardo. Os Sentidos do Trabalho. Ensaio sobre a afirmao e a negao do
trabalho. 10 Ed. So Paulo: Biotempo Editorial, 2009.
BRASIL. Agncia Nacional de guas. Regies Hidrogrficas. Disponvel em: <
http://www2.ana.gov.br/Paginas/default.aspx>. Acesso em 01 maio 2013.
________. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica. Disponvel em: Acesso em: 1 set. 2009.
_______. Ministrio da Pesca e Aquicultura. Boletim Estatstico da Pesca e Aquicultura.
Disponvel em: < http://www.mpa.gov.br/index.php/informacoes-e-estatisticas/estatistica-da-
pesca-e-aquicultura>. Acesso em 01 de maio 2013.
CARDOSO, Ana Claudia Duarte. et alt. Concepo integrada de Planos Diretores
Municipais e Plano de Desenvolvimento Regional: o caso do baixo Tocantins. Anais do XI
Encontro Nacional da Associao Nacional de Ps-Graduao e Pesquisa em Planejamento
Urbano e Regional, Sesso 1, Mesa 4, Salvador, 2005. Disponvel em: <
http://www.xienanpur.ufba.br/141.pdf> Acesso em 12 de maro 2012.
CORREA, Edson de Jesus Antunes. O arranjo produtivo dos construtores de barcos
artesanais: fundamentos para o desenvolvimento endgeno do Baixo Tocantins (PA).
Dissertao mestrado. Ncleo de Altos Estudos Amaznicos, 2010, Universidade Federal do
Par.
COSTA, Francisco de Assis. Questo agrria e macropolticas para a Amaznia. Revista
Estudos Avanados, 19 (53). USP/IEA. So Paulo, jan./abril 2005.p.131-156.
________________________. Lugar e significado da gesto pombalina na economia colonial
do Gro-Par. Nova Economia. Belo Horizonte, jan./abril 2010. p.167-206.
COSTA, Gilson da Silva. Desenvolvimento Rural Sustentvel com Base no Paradigma da
Agroecologia. Belm: NAEA/UFPA, 2006.
FURTADO, Lourdes Gonalves et alt. Cadernos da Pesca: informes de pesquia. V.2. Belm:
Museu Paraense Emilio Goeldi, 2004.
IGARAP-MIRI. Lei Municipal n 4.948/2006 (Plano Diretor Participativo). Dispe sobre o
Plano Diretor do Municpio e da outras providencias. Igarap-Miri, PA, 10 maro, 2009.
LASTRES, H. M. M. et al. Sistemas de Inovao e Desenvolvimento: Mitos e Realidade da
Economia do Conhecimento Global. In: Conhecimento, Sistemas de Inovao e
Desenvolvimento. (Orgs.) Helena M. M. Lastres, Jos E. Cassiolato e Ana Arroio. Rio de
Janeiro: Contraponto, 2005.
LINS NETO, Joo Tertuliano. Nevegar (ainda) no preciso. Aspectos relevantes do setor de
transporte da Amaznia. In: Amaznia, terra & civilizao: uma trajetria de 60 anos. V. 1.
(Org.) Armando Dias Mendes. Belm: Banco da Amaznia, 2004.
13
SENA, Laura Ana. Trabalho e trabalhadores da pesca industrial face metamorfose do
capital. Belm: NAEA/UFPA, 2005.
SOUSA, Raimundo Valdomiro. Modalidade do crdito, organizaes coletivas e reproduo
camponesa na histria de Camet. Dissertao de Mestrado. Ncleo de Altos Estudos
Amaznicos, 2000. Universidade Federal do Par.
XIMENES, Tereza. Embarcaes, homens e rios na Amaznia. Belm: UFPA, 1992.
Grfico 01 Produo total do APL da construo naval artesanal de Igarap-Miri, 1994 a 2008. Em tonelagem capacidade de carga dos barcos construdos.
14
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Tonelagem Total: 6,2% a.a.
Fonte: Pesquisa de Campo, 2008/2009. Tabela A -1.
Grfico 02 Valor Bruto da Produo (VBP) total do APL da construo naval artesanal de Igarap-Miri, 1994 a 2008. Em R$ constantes de 2008, corrigidos pelo IGP-FGV.
0,00
100.000,00
200.000,00
300.000,00
400.000,00
500.000,00
600.000,00
700.000,00
800.000,00
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Venda Total = Valor Bruto da Produo : 0,6% a.a.
Fonte: Pesquisa de Campo, 2008/2009. Tabela A -1.
Grfico 03 Evoluo dos preos por tonelada construda no APL da construo naval artesanal de Igarap-Miri, 1994 a 2008. Em R$ constantes de 2008, corrigidos pelo IGP-FGV.
15
0,00
500,00
1.000,00
1.500,00
2.000,00
2.500,00
3.000,00
3.500,00
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Venda Total/Tonelagem Total: -5,3% a.a.
Fonte: Pesquisa de Campo, 2008/2009. Tabela A -1.
Grfico 4 Evoluo do nmero de trabalhadores, no APL da construo naval artesanal de Igarap-Miri, 1994 a 2008. Todas as categorias de trabalhadores, inclusive os mestres
proprietrios dos estaleiros.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Trabalhadores: 7,2% a.a.
Fonte: Pesquisa de Campo, 2008/2009. Tabela A -1.
Grfico 05 Total de dirias trabalhadas no APL da construo naval artesanal de Igarap-Miri, 1994 a 2008.
16
0,00
2.000,00
4.000,00
6.000,00
8.000,00
10.000,00
12.000,00
14.000,00
16.000,00
18.000,00
20.000,00
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Dirias Total (D/H) : 4,7% a.a.
Fonte: Pesquisa de Campo, 2008/2009. Tabela A -1.
Grfico 06 Evoluo da produtividade fsica do trabalho no APL da construo naval artesanal de Igarap-Miri, 1994 a 2008.
Produtividade por trabalhador
0
50
100
150
200
250
300
350
1994 1995 19961997 19981999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 20062007 2008
No
. D
ias T
rab
alh
ad
os p
or
Tra
balh
ad
or
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
ProdutividadeFsica Por Trabalhador (Tonelagem total por trabalhador): -0,9 % a.a.
Dirias/Trabalhador: -2,3% a.a.
Tonelagem total/Dia Trabalhado: 5,6 % a.a.
Fonte: Pesquisa de Campo, 2008/2009. Tabela A -1.
Grfico 07 Evoluo do rendimento e custo total do trabalho no APL da construo naval artesanal de Igarap-Miri, 1994 a 2008. Em R$ constantes de 2008, corrigidos pelo IGP-FGV.
17
0,00
100.000,00
200.000,00
300.000,00
400.000,00
500.000,00
600.000,00
700.000,00
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Custo do trabalho total : 2,9% a.a.
Fonte: Pesquisa de Campo, 2008/2009. Tabela A -1.
Grfico 08 Evoluo da renda mdia por trabalhador no APL da construo naval artesanal de Igarap-Miri, 1994 a 2008. Em R$ constantes de 2008, corrigidos pelo IGP-FGV.
Renda Mdia por Trabalhador (R$ constante de 2008)
0,00
2.000,00
4.000,00
6.000,00
8.000,00
10.000,00
12.000,00
14.000,00
16.000,00
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Renda Mdia por Trabalho = Custo do Trabalho Total/Trabalhadores (-4,0a.a.
Fonte: Pesquisa de Campo, 2008/2009. Tabela A -1.
18
Grfico 09 Evoluo do valor mdio da diria paga aos trabalhadores diretos no APL da construo naval artesanal de Igarap-Miri, 1994 a 2008. Em R$ constantes de 2008,
corrigidos pelo IGP-FGV.
Valor mdio da diria (R$ constante de 2008)
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Valor da Diria : -1,7%a.a.
Fonte: Pesquisa de Campo, 2008/2009. Tabela A -1.
Grfico 10 Evoluo do custo total da madeira no APL da construo naval artesanal de Igarap-Miri, 1994 a 2008. Em R$ constantes de 2008, corrigidos pelo IGP-FGV.
0,00
5.000,00
10.000,00
15.000,00
20.000,00
25.000,00
30.000,00
35.000,00
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Custo total da madeira -0,6%a.a
Fonte: Pesquisa de Campo, 2008/2009. Tabela A -1.
19
Grfico 11 Evoluo do custo da madeira por tonelada construda no APL da construo naval artesanal de Igarap-Miri, 1994 a 2008. Em R$ constantes de 2008, corrigidos pelo
IGP-FGV.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Custo da madeira por tonelada -6,4%a.a
Fonte: Pesquisa de Campo, 2008/2009. Tabela A -1.
Grfico 12 Evoluo da Renda Lquida do APL da construo naval artesanal de Igarap-Miri, 1994 a 2008. Em R$ constantes de 2008, corrigidos pelo IGP-FGV.
Renda Lquida = Valor Bruto da Produo - (Renda do Trabalho+ Custo de
Madeira)
-100.000,00
-50.000,00
0,00
50.000,00
100.000,00
150.000,00
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Renda Lquida Total:
Fonte: Pesquisa de Campo, 2008/2009. Tabela A -1.
20
Grfico 13 Evoluo do tamanho mdio dos estaleiros do APL da construo naval artesanal de Igarap-Miri, 1994 a 2008. Em em tonelagem e barcos construdos e pessoa
ocupado mdios.
05
101520253035404550
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
To
nela
gem
co
nstr
ud
a/E
sta
leir
o
0
2
4
6
8
10
12
Barc
os/E
mp
reg
ad
os
Tonelagem Mdia por Empresa: 1,9% a.a.
PessoalEmpregado por Empresa: 2,9% a.a.
BarcosConstrudos por Empresa: 0,3% a.a.
Nmero de empresas
Tonelagem mdia das embarcaes: 1,60% a.a.
Fonte: Pesquisa de Campo, 2008/2009. Tabela A -1.
Grfico 14 Evoluo do faturamento mdio dos estaleiros do APL da construo naval artesanal de Igarap-Miri, 1994 a 2008. Em R$ constantes de 2008, corrigidos pelo IGP-FGV.
Faturamento mdio por empresa (R$ constantes de 2008)
0,00
10.000,00
20.000,00
30.000,00
40.000,00
50.000,00
60.000,00
70.000,00
80.000,00
90.000,00
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Faturamento Mdio por Empres: -3,4% a.a.
Fonte: Pesquisa de Campo, 2008/2009. Tabela A -1.
ANEXO II Tabela A-1 Variveis econmicas do Arranjo Produtivo Local de Artesania Naval de Igara-Miri (1994-2008)
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
1994
a
2008
1999
a
2008
1. Valor da Diria (R$/D/H) 43,64 42,92 42,62 40,11 39,76 39,02 38,35 37,11 35,92 34,78 33,81 32,67 34,09 35,67 37,73 -1,7% -1,6%
2. Total de Dirias (D/H) 8.425,00 8.887,90 10.513,29 11.662,52 13.355,13 14.177,53 15.073,15 15.337,74 15.678,47 16.098,08 15.638,23 15.903,97 16.016,54 16.329,45 17.300,00 4,7% 3,9%
3. Trabalhadores 26,00 27,93 32,20 37,08 43,75 48,44 54,03 54,50 55,33 56,51 57,57 59,96 63,47 68,65 76,00 7,2% 6,4%
4. Valor da Venda (4.1+4.2) 508.015,35 499.877,96 515.618,11 520.685,89 543.309,13 546.005,76 551.825,09 538.336,26 527.104,58 518.135,88 477.598,93 461.543,62 491.370,42 546.489,20 710.500,00 0,6% 0,6%
4.1.Vendas Locais 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 4.183,49 55.004,38 70.207,87 118.800,00 - -
4.2.Vendas Estaduais 508.015,35 483.959,72 497.370,43 499.719,36 519.822,51 520.180,96 523.828,76 509.714,30 497.917,03 488.437,81 447.441,01 387.145,61 408.347,81 454.583,99 591.700,00 -0,7% -0,7%
5. Tonelagem Total Construda 175,00 185,68 272,41 298,85 335,75 359,55 386,48 399,63 415,88 435,70 443,50 466,22 432,33 420,10 440,00 6,2% 5,0%
6. Custo Total (6.1+6.2) 391.718,83 406.019,16 476.937,39 494.496,62 553.045,12 576.057,43 601.735,39 592.735,22 586.742,15 583.603,88 552.258,07 541.572,93 567.773,86 605.112,47 679.319,49 2,7% 2,1%
6.1. Custo do trabalho (1.*2.) 367.700,12 381.494,65 448.094,28 467.813,87 531.024,91 553.267,04 578.023,27 569.171,84 563.155,08 559.812,21 528.712,88 519.504,75 545.983,21 582.517,11 652.681,82 2,9% 2,3%
6.2. Custo da Madeira Total 24.018,71 24.524,51 28.843,11 26.682,75 22.020,21 22.790,40 23.712,12 23.563,38 23.587,07 23.791,68 23.545,19 22.068,17 21.790,65 22.595,36 26.637,67 -0,6% -0,7%
7. Renda Lquida Total (4.-6.) 116.296,53 93.858,80 38.680,72 26.189,27 -9.735,99 -30.051,68 -49.910,31 -54.398,96 -59.637,57 -65.468,00 -74.659,14 -80.029,31 -76.403,44 -58.623,27 31.180,51 - -
8. Nmero de empresas 6,00 6,00 7,00 8,00 10,00 10,00 10,00 10,00 10,00 10,00 10,00 11,00 11,00 11,00 11,00 4,2% 3,5%
9. Barcos Construdos 32,00 33,53 40,18 43,96 50,14 52,91 55,95 57,11 58,60 60,42 58,76 60,11 59,69 60,17 62,00 4,4% 3,7%
10. Custo Madeira/Tonelagem (6.2/5.) 823,50 792,48 741,18 714,28 655,86 633,85 613,55 589,63 567,16 546,06 530,90 520,68 554,43 591,65 665,94 -2,5% -2,1%
11. Trabalhadores/ Empresa (3./8.) 4,33 4,66 4,60 4,64 4,38 4,84 5,40 5,45 5,53 5,65 5,76 5,45 5,77 6,24 6,91 2,9% 2,8%
12. Barcos/Empresa (9/8) 5,33 5,59 5,74 5,50 5,01 5,29 5,59 5,71 5,86 6,04 5,88 5,46 5,43 5,47 5,64 0,3% 0,2%
13. Tonelagem por Empresa (5/10) 29,17 30,95 38,92 37,36 33,57 35,96 38,65 39,96 41,59 43,57 44,35 42,38 39,30 38,19 40,00 1,9% 1,4%
14. Vendas por Empresa (4/10) 84.669,23 83.312,99 73.659,73 65.085,74 54.330,91 54.600,58 55.182,51 53.833,63 52.710,46 51.813,59 47.759,89 41.958,51 44.670,04 49.680,84 64.590,91 -3,4% -2,8%
15. Vendas Locais/empresa (4.1/10) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 4.183,49 5.000,40 6.382,53 10.800,00 - -
16. Vendas Estaduais/Empresa (4.2/10) 75.316,95 71.665,77 63.638,80 56.225,95 47.182,18 47.401,82 47.943,35 46.701,89 45.685,63 44.894,93 40.946,44 35.195,06 37.122,53 41.325,82 53.790,91 -3,8% -3,2%
17. Dirias /Empresa (2/10) 1.404,17 1.481,32 1.501,90 1.457,81 1.335,51 1.417,75 1.507,31 1.533,77 1.567,85 1.609,81 1.563,82 1.445,82 1.456,05 1.484,50 1.572,73 0,5% 0,4%
18. Tonelagem Mdia (5/9) 5,47 5,54 6,78 6,80 6,70 6,80 6,91 7,00 7,10 7,21 7,55 7,76 7,24 6,98 7,10 1,6% 1,2%
19. Prdv. Fsica/Trabalhador (5./3.) 6,73 6,65 8,46 8,06 7,67 7,42 7,15 7,33 7,52 7,71 7,70 7,78 6,81 6,12 5,79 -0,9% -1,4%
20. Tonelagem Total/Dirias (5/2) 0,12 0,13 0,18 0,20 0,25 0,25 0,26 0,26 0,27 0,27 0,28 0,32 0,30 0,28 0,28 5,7% 4,5%
21. Diria/Trabalhador (2/3) 324,04 318,17 326,53 314,48 305,25 292,71 278,98 281,41 283,37 284,88 271,66 265,26 252,33 237,88 227,63 -2,3% -2,3%
22. Prdv. Monetria/Trabalhador (4/3) 19.539,05 17.894,88 16.014,28 14.040,38 12.418,17 11.272,75 10.213,25 9.876,99 9.526,77 9.169,34 8.296,54 7.697,99 7.741,17 7.960,86 9.348,68 -6,1% -5,5%
23. Preo venda por tonelada (4/5) 2.902,94 2.692,17 1.892,83 1.742,30 1.618,21 1.518,56 1.427,84 1.347,09 1.267,45 1.189,21 1.076,89 989,98 1.136,56 1.300,86 1.614,77 -5,3% -4,2%
24. RendaLquida/Custo (7/6) 0,30 0,23 0,08 0,05 -0,02 -0,05 -0,08 -0,09 -0,10 -0,11 -0,14 -0,15 -0,13 -0,10 0,05 - -
25. Renda Lquida/Vendas (7/4) 0,23 0,19 0,08 0,05 -0,02 -0,06 -0,09 -0,10 -0,11 -0,13 -0,16 -0,17 -0,16 -0,11 0,04 - -
26. Custo do Trabalho/Custo Total (6.1/6) 0,94 0,94 0,94 0,95 0,96 0,96 0,96 0,96 0,96 0,96 0,96 0,96 0,96 0,96 0,96 0,2% 0,1%
27. Custo da Madeira/Custo Total (6.1/6) 0,06 0,06 0,06 0,05 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 -2,9% -2,4%
28. Renda Mdia/Trabalhador (6.1/3) 14.142,31 13.656,94 13.917,09 12.614,67 12.137,40 11.422,67 10.698,13 10.442,74 10.178,34 9.906,88 9.184,46 8.664,71 8.601,55 8.485,69 8.587,92 -4,0% -3,9%
29. Custo tonelada de madeira (7/5) 137,25 132,08 105,88 89,28 65,59 63,39 61,35 58,96 56,72 54,61 53,09 47,33 50,40 53,79 60,54 -6,4% -5,4%
30. Custo do trabalho/ Tonelada (6/5) 2.101,14 2.054,59 1.644,95 1.565,38 1.581,62 1.538,76 1.495,63 1.424,25 1.354,13 1.284,87 1.192,14 1.114,30 1.262,88 1.386,62 1.483,37 -3,1% -2,5%
Fonte: Pesquisa de campo.
2
Notas metodolgicas da Tabela A-1: 1 - As variveis de 1 a 6 foram levantadas para trs anos de cada empresa: o ano da fundao, o ano da pesquisa e um ano intermedirio que variou de acordo com a
disponibilidade da informao. 2 Todos os valores monetrios foram corrigidos para 2008 pelo IGP-FGV. 3 - Os valores dos anos intermedirios foram encontrados para cada empresa por interpolao pela frmula Valor Final = Valor Incicial . (1+i)
n, para i sendo a taxa de incremento e n o nmero de anos a cobrir. 4 O somatrio dos valores anuais das empresas encontrados o valor da varivel para
o total APL. 5 As expresses entre parntese na primeira coluna indicam as operaes que levaram varivel da linha em questo, considerando os nmeros das linhas das variveis operadas e o operador correspondente (/ diviso e * multiplicao).