ANO I - Nº 1 TOQUE DE SAÍDA
1
O Toque de Saída nasce de um desafio lança-
do pelo Director Pedagógico aos docentes do Ex-
ternato Cooperativo da Benedita: criar um projecto
que reconhece o meio como seu parceiro essen-
cial e que ganha corpo com a edição de um jornal
que possa crescer em qualidade e manter-se no
tempo, instituindo-se em garante de memória e
em legado – não só dessa memória, mas também
de anseios, de experiência e de métodos de tra-
balho – legado que desejamos transmitir a futuras
gerações de alunos. Para que germine.
A equipa que arranca com este primeiro núme-
ro do Toque de Saída – nome apurado por concur-
so, e da autoria do Fábio Fialho, do 12º J, tendo o
logótipo sido desenhado pela Patrícia Barros, do
12º G – é constituída por um grupo de professo-
res voluntários. Mas inclui colaborações de outros
professores (inclusive de uma professora de outra
escola), de alunos nossos e ainda de ex-alunos,
testemunhando assim a manutenção de vínculos
de que sempre nos orgulhámos. Pretende captar
mais membros da comunidade educativa, fazen-
do-os sentir o jornal como um empreendimento de
partilhas e de reforço dos laços de pertença. Pre-
tende sobretudo captar mais alunos – enquanto
colaboradores, mas também como membros per-
manentes da equipa do jornal, proporcionando-
lhes ocasião de ensaiar desta forma a sua autono-
mia e de experimentar meios de reflectir e actuar
sobre o mundo que os rodeia.
Convidamos assim alunos, professores, outros
profissionais do Externato, pais e encarregados
de educação, bem como entidades locais, a cola-
borar no Toque de Saída, de que prevemos, para o
futuro, uma periodicidade trimestral. As contribui-
ções poderão ser enviadas para o endereço elec-
trónico: [email protected].
Neste ano lectivo, o do seu lançamento, sai-
rão apenas dois números, apresentando notícias
relativas à vida da escola e ao meio, entrevistas,
artigos de opinião e crónicas, bem como informa-
ção sobre ciência, tecnologia, ambiente e despor-
to, apontamentos culturais, passatempos, e uma
rubrica de criação literária.
O Toque de Saída terá também uma versão
digital que poderá ser consultada na página do
ECB.
DESTAQUES
A NOSSA ESCOLACriada em 1964 como resultado
de uma parceria entre a sociedade
civil e a paróquia, veio preencher
uma lacuna na área da educação,
quer a nível de Cursos Técnicos
para ingresso na vida activa, quer
a nível do prosseguimento de estu-
dos, tendo-se constituído, assim, a
primeira Cooperativa de Ensino da
Península Ibérica.
Página 3
ALUNOS PREMIADOS Um grupo de alunos do Externa-
to Cooperativo da Benedita foi
galardoado com o prémio Alfredo
Bensaúde pelo Departamento de
Recursos e Minas do Instituto Su-
perior Técnico de Lisboa.
Página 4
SER PROFESSORUm testemunho de Amélia Pais.
Página 9
ENTREVISTAConversa com a Presidente da
Junta de Freguesia da Benedita,
Maria José Filipe.
Página 11
CIÊNCIAEratóstenes de Cirene conseguiu
determinar o raio da Terra, há mais
de 2000 anos.
Página 15
PRESIDENCIAISPela sétima vez, após o 25 de Abril,
os portugueses foram chamados
no dia 22 de Janeiro a escolher um
novo Presidente da República.
Página 20
Começando
TOQUE DE SAÍDA Trianual - Março 2006 Ano I - Número 1 - 0,50 €
DirectorAlfredo Lopes
Chefe de RedacçãoSoledade Santos
Externato Cooperativo da BeneditaRua Cooperativa de Ensino2475 [email protected].
externatobenedita.net
ANO I - Nº 1TOQUE DE SAÍDA
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Director do Jornal: Alfredo Lopes
Redacção:
Deolinda Castelhano
Luísa Couto
Soledade Santos (Chefe de redacção)
Teresa Agostinho
Marketing e vendas:
Laura Boavida
Margarida Vinagre
Maria José Jorge
Composição gráfica:
Nuno Rosa
Paulo Valentim
Samuel Branco
Equipa de Reportagem:
Acácio Castelhano
Ana Duarte
Clara Peralta
Fátima Feliciano
Graça Silva
Isabel Paixão
José Carlos Saramago
José Cavadas
Margarida Vinagre
Maria de Lurdes Goulão
Maria José Guerra
Maria José Jorge
Miguel Fonseca
Sérgio Teixeira
Teresa Salgueiro
Morada: Rua Cooperativa de Ensino
2475-999 Benedita
Email: [email protected]
Impressão: Relgráfica, Lda
Tiragem: 1000 exemplares
Data da publicação: Março 2006
Preço avulso: 0,50 €
EditorialO Projecto Educativo do Externato Coo-
perativo da Benedita aponta para uma Es-
cola de Projectos, muitos deles virados para
a Comunidade.
O sonho de um Jornal que se constitua
como uma referência e um corolário do mui-
to que de qualidade se produz na Escola
tem acompanhado a história deste Exter-
nato. Ao longo dos anos, foram aparecen-
do várias tentativas de produzir um Jornal
Escolar, experiências efémeras que, na sua
maior parte associadas a projectos de tur-
mas, não tiveram continuidade nem visibili-
dade para o exterior.
O Jornal Escolar que aqui se apresen-
ta tem como objectivos promover diferentes
formas de conhecimento, de expressão e
de comunicação; desenvolver capacidades
de trabalhar em equipa; e assumir a Esco-
la como um projecto colectivo e um espaço
para todos.
Desta forma, pretendemos contribuir
para a formação de todos aqueles que nele
participam, sendo uma janela aberta ao
trabalho realizado na Escola e procurando
aproximar cada vez mais a Escola da Co-
munidade.
A Direcção do Externato Cooperativo da
Benedita congratula-se por ter conseguido
pôr em marcha este projecto e agradece a
todos os elementos desta equipa a possibi-
lidade de tornar este sonho uma realidade.
Será a primeira de muitas edições.
Quero aproveitar este meio para desejar
a todos os professores, alunos, funcionários
e comunidade educativa um ano lectivo de
sucesso profissional e escolar.
O Director Pedagógico
Dr. Alfredo Lopes
ÍNDICE
Escola vivaFesta de Natal 4
Alunos do ECB premiados em Lisboa 4
Quadro de Mérito 5
Top 10 - livros mais lidos na biblioteca 5
Exposição de Arte 8
Os Gambuzinos 13
Olhar CircundanteMoita do Poço - capela restaurada 10
Entrevista a Bruno Dias, treinador de natação 10
Entrevista à Presidente da Junta de Freguesia 11
Alunos do ECB visitam Museu do Chiado 20
As eleições presidenciais 20
Ciência, Tecnologia e AmbienteAparecimento do Sol 15
Como foi determinado o Raio da Terra 15
Você sabia?... 15
Faça a diferença 16
Arte e CulturaA obra de arte na era das indústrias culturais 7
Crítica de filme (Saraband) 9
Ainda há Heróis? 9
Ser Professor – Um Testemunho 12
A experiência estética da arte lírica 12
O Jazz 12
Sugestão de Leitura 12
Crítica de filme (O Ninja das Caldas) 12
Crítica de filme (Anne Frank) 13
Morangos com Açúcar 13
Recriar o mundoContos, poemas e prosa 14
O Lugar da MemóriaNotícias antigas do ECB 6
Mente Sã em Corpo SãoNoite Estapafúrdia 17
Desporto Escolar 17
Xadrez no ECB 18
Passatempos e CuriosidadesO Mistério do Bilhete de Identidade 19
Sudoku 19
Enigmas 19
ACONTECENDO
Fevereiro
- Oficina de Observação da Natureza (en-
tre os dias 13 e 15), integrada na sema-
na da Biologia e Geologia;
- Torneio de Jogos Matemáticos;
- O Encontro Nacional de escolas, de
Xadrez;
- Dia do Francês;
- Representação de Frei Luís de Sousa,
no CCGS (no dia 22, expressamente
para os alunos do 11º ano);
- Sessões temáticas com pais, sobre Ado-
lescência;
Março
- Semana da Físico-Química, com pales-
tras e laboratórios abertos;
- Sessão sobre Portefólio Europeu de Lín-
guas (no dia 8);
- Encontros Nacionais de Escolas de
Xadrez;
- Exame nacional intermédio de Matemáti-
ca (no dia 17);
Abril
- Festteatro apresentará vários grupos de
teatro escolares;
- O 12º ano terá oportunidade de assistir
à encenação de Felizmente Há Luar!, no
CCJGS;
Maio
- Feira do Livro;
- Semana das Artes;
- Dia da Informática;
- O 8º ano assistirá à representação de
Falar Verdade a Mentir, no CCJGS;
ANO I - Nº 1 TOQUE DE SAÍDA
3
O INSTITUTO NOSSA SENHORA DA EN-
CARNAÇÃO foi criado em 1964 como resul-
tado de uma parceria entre a sociedade civil
e a paróquia, vindo preencher uma lacuna
na área da educação, quer a nível de Cursos
Técnicos para ingresso na vida activa, quer a
nível do prosseguimento de estudos, tendo-
se constituído, assim, a primeira Cooperativa
de Ensino da Península Ibérica.
O EXTERNATO COOPERATIVO DA BE-
NEDITA é o único departamento do Instituto,
tendo beneficiado, em 12 de Novembro de
2004, da inauguração e entrada em funcio-
namento de uma nova valência – o Centro
Cultural Gonçalves Sapinho – onde está ins-
talada a nova e bem apetrechada Biblioteca
do Externato, que serve igualmente toda a
população da Benedita.
O Externato conta, no ano lectivo 2005/06,
com 1408 alunos matriculados no Ensino Bá-
sico, Secundário e Recorrente, distribuídos
segundo o gráfico. Conta ainda com 116 pro-
fessores, 13 funcionários administrativos, 19
auxiliares de educação, 3 psicólogas (GPOE/
UNIVA/Estagiária) e 2 funcionários técnicos.
ALGUNS SERVIÇOS E ENTIDADES
LIGADAS AO ECB
Gabinete de Psicologia e Orientação
Escolar: o ECB dispõe, desde o ano lecti-
vo 1999/00, de um Gabinete de Psicologia e
Orientação Escolar, a funcionar nas suas ins-
talações.
Este Gabinete é dirigido a todos os alu-
nos do Externato e tem como objectivos con-
tribuir para o desenvolvimento psico-afectivo
dos alunos e colaborar com os intervenientes
educativos com vista ao sucesso da aprendi-
zagem. Assim, de entre as suas actividades,
destacam-se o acompanhamento individual a
alunos, a avaliação das áreas cognitivas da-
queles que evidenciam dificuldades de apren-
dizagem, a colaboração na tomada de deci-
sões acerca das estratégias a utilizar com
estes alunos, a coordenação de projectos,
nomeadamente dos projectos: Crescer-Ado-
lescência; DEA (Dificuldades Específicas de
Aprendizagem na leitura e escrita); Aprender
a Aprender (Método de Estudo); e Orientação
Vocacional para alunos do 7º ao 12º Ano.
Os alunos podem dirigir-se a este Gabi-
nete por iniciativa própria, por indicação do
Director de Turma ou por sugestão do Encar-
regado de Educação, apresentada ao primei-
ro ou directamente ao Gabinete.
Ao dispor de alunos, professores e pais,
encontram-se a psicóloga Margarida Ferreira
(GPOE), Sónia Silva (UNIVA) e Helga Batista
(psicóloga estagiária).
Associação Sorriso Amigo: o ECB de-
senvolve, desde há alguns anos, um projecto
de solidariedade designado “Sorriso Amigo”,
que tem por objectivo prestar apoio a alu-
nos particularmente carenciados em termos
económicos. Esta associação tem vindo a
distribuir às famílias desses alunos bens es-
senciais, como alimentos e vestuário, dando
ainda apoio diverso aos casos de maior ne-
cessidade. Na época natalícia, distribui tam-
bém brinquedos.
Associação de Pais e Encarregados de
Educação da Benedita – APEEB é constitu-
ída pelos Pais e Encarregados de Educação
dos alunos dos estabelecimentos de ensino
oficial e particular da Benedita. São objecti-
vos principais da APEEB defender o direito
inalienável dos pais à educação e ensino dos
seus filhos e possibilitar a participação dos
pais na orientação da vida escolar e na reso-
lução dos problemas educacionais, com vis-
ta a uma formação integral dos alunos. Cabe
igualmente à APEEB actuar em estreita co-
laboração com as escolas, no que respeita à
promoção de uma cada vez melhor qualidade
de ensino/aprendizagem, incentivando uma
participação mais activa dos pais e encarre-
gados de educação no acompanhamento dos
seus educandos.
A Associação de Estudantes do ECB
foi criada em 3 de Março de 1993, tem a sua
sede neste estabelecimento de ensino e é a
estrutura representativa dos estudantes do
Externato, visando essencialmente represen-
tar esta comunidade estudantil, no que diz
respeito aos seus direitos, anseios e preocu-
pações, junto da Direcção Pedagógica.
No passado dia 7 de Outubro de 2005 foi
eleita a nova direcção da Associação, à qual
se candidataram quatro listas. Após a vota-
ção de 856 alunos, a lista E foi proclamada
como vencedora, com 446 votos. O principal
objectivo da AE para este ano lectivo é a di-
namização cultural do espaço escolar e, para
o 1º período, decidiu apostar na arte cinema-
tográfica, através da passagem de filmes e
da realização de um concurso de curtas-me-
tragens, cuja entrega de prémios decorreu no
último dia de aulas do 1º Período.
A AE colocou ainda matraquilhos na Sala
do Aluno.
Nos projectos propostos para o primeiro
período incluiu-se ainda a Rádio Escola, pro-
jecto em estudo pela Direcção do ECB, a Fes-
ta da Luta Contra a Sida, realizada, no dia 30
de Novembro, em parceria com a Comissão
de Finalistas, e um campeonato de FutSal a
cargo da comissão desportiva da AE.
A NOSSA ESCOLABreve história e caracterização
200
150
100
50
0
220202
180
208
181
217
31
141
32
ESCOLA VIVA
ANO I - Nº 1TOQUE DE SAÍDA
4
Realizou-se no passado dia 15 de De-
zembro, às 20:30h, no auditório do Centro
Cultural Gonçalves Sapinho, a Festa de
Natal promovida pelos professores de Edu-
cação Moral e Religiosa Católica. À seme-
lhança do ano anterior, este convívio contou
com a colaboração de outros docentes, bem
como com a participação de alunos.
Do espectáculo fizeram parte: um musical
em flauta transversal, clarinete e viola (por
alunos do 10º ano); um recital de poesia (por
alunos do 12º ano); uma canção de Natal em
versão inglesa e francesa (por alunos do 7º
F); um presépio vivo, no âmbito da disciplina
de Francês (por alunos do 7ºG e 8ºC); um
musical em violino (por uma aluna do 7ºH);
a actuação do grupo de dança de Hip Hop
– “Hit Big” – e dos “Cartoons” (alunos do 7º
ano); e, por fim, a actuação do tenor Filipe
de Moura, ex-aluno do Externato e actual es-
tudante de Canto no Conservatório Nacional
de Lisboa.
O evento foi apresentado com muito
savoir-faire pelos alunos do 10ºB, Filipe e
Sara.
Após o espectáculo, realizou-se uma
quermesse, organizada pela Associação
Sorriso Amigo para angariação de fundos. E
a festa concluiu-se com um lanche para to-
dos os presentes, promovendo um saudável
convívio entre alunos, pais e professores,
e proporcionando agradáveis momentos de
descontracção.
FESTA DE NATAL
Promovida pelo Grupo de EMRC
No passado dia 26 de Dezembro, pelas
21horas, no Auditório do Centro Cultural
Gonçalves Sapinho, realizou-se um Concer-
to de Natal, por iniciativa do tenor Filipe de
Moura, antigo aluno do Externato, e tenor do
Conservatório Nacional de Lisboa. O jovem
tenor abrilhantou o evento com a sua partici-
pação, tendo actuado ainda a Banda Filarmó-
nica de Turquel, o Grupo Coral do Externato
Cooperativo da Benedita e os estudantes de
Guitarra Clássica do Conservatório de Leiria:
Miguel Luís e Gonçalo Lopes.
A este espectáculo assistiram várias en-
tidades eclesiásticas, civis e autárquicas do
concelho e da nossa região, bem como inú-
meros amigos, familiares e conterrâneos dos
artistas, numa noite de casa cheia.
CONCERTO DE NATAL
Tendo em vista a viagem à Comunidade
de Taizé, em França, a realizar entre 25 de
Fevereiro e 6 de Março pelos alunos de Edu-
cação Moral e Religiosa Católica do Ensino
Secundário, estes decidiram desenvolver al-
gumas actividades de angariação de fundos
para ajudar na comparticipação da visita.
Sendo Taizé uma comunidade ecuméni-
ca, surgiu a ideia, (por parte dos alunos que
realizaram esta viagem o ano passado), de
uma venda dos Crepes Ecuménicos. Sen-
do este prato uma especialidade da cozinha
francesa, adaptou-se o nome da cada con-
fissão cristã ao sabor de cada crepe. Deste
modo, o crepe de chocolate é o Católico, o
de doce de morango o Protestante, o de ca-
nela e açúcar o Ortodoxo. E assim se deli-
ciaram alunos, professores e funcionários da
nossa escola.
CREPES ECUMÉNICOS
Um grupo de alunos do Externato Coope-
rativo da Benedita, que frequentou no ano
lectivo anterior a disciplina de Geologia, foi
galardoado com o prémio Alfredo Bensaúde
pelo Departamento de Recursos e Minas do
Instituto Superior Técnico de Lisboa.
Habitualmente, este Instituto atribui ape-
nas um prémio, mas, excepcionalmente, e
dada a grande qualidade dos trabalhos apre-
sentados pelos nossos alunos, foi decidido
atribuir o primeiro lugar, exequo, às duas
equipas que concorriam pelo ECB, equipas
compostas pelos seguintes alunos: Daniela
Custódio, Cláudio Lourenço, Sofia Santos,
Daniel Maio, Daniel Matias, Filipa Couto, Vâ-
nia Ferreira e Sara Pedro, recebendo cada
equipa um cheque no valor de duzentos e
cinquenta euros.
A cerimónia de entrega dos prémios de-
correu no Salão Nobre daquele Instituto, no
dia 6 de Dezembro último, na presença dos
premiados, da professora de Geologia, Luísa
Fonseca, e das professoras Maria José Jor-
ge e Margarida Vinagre em representação
do Externato.
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO
1º PRÉMIO PARA ALUNOS DO ECB
ESCOLA VIVA
ANO I - Nº 1 TOQUE DE SAÍDA
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Quadro de Mérito
7º Ano
Beatriz Mateus Tiago
António Serrenho do Carmo
Sofia Ferreira Sebastião
Joana Teresa da Silva Bento
Ricardo Nazaré Serrazina
Rita Isabel Moreira Diniz
David Vieira Agostinho
Joana Maria dos Santos Boita
Nídia Quitério Ferreira
7º A
7ºC
7ºC
7ºF
7ºF
7ºF
7ºH
7ºH
7ºJ
8º Ano
Miguel Machado Lopes
Laura Catarino Gonçalves
Mónica Daniela Santos Fialho
Filipa Isabel Mendes M. Serrazina
Tatiana Marques Ladeira
Paulo Miguel Vicente Batista
Juliana Vieira Belo
Raquel Castelhano Dias
Beatriz Perista Serrazina
Catarina Fialho Perreira
Arlete Sofia Mendes Sineiro
8ºA
8ºC
8ºC
8ºD
8ºD
8ºE
8ºG
8ºG
8ºH
8ºI
8ºJ
9º Ano
Carla Colaço Serralheiro
Sofia Silva Lopes cavadas
9º E
9º E
10º Ano
Flávio Daniel Costa Monteiro
Inês Rodrigues Pereira
Marta Bispo Pimenta
Verónica dos Santos Silva
Ana Carolina Pimenta Pedroso
Catarina Alexandra M. Caetano
Élia Filipa Fialho do Carmo
João Gabriel da Cruz Fialho
João Pedro de Sousa P. O. Ribeiro
Luís Daniel Machado Crisóstomo
Sandra Margarida Natário Guerra
Sara Maria Pimenta Rebelo
Sara Marques Vicente
Solange Ramalho Pereira
Tiago Mateus Madaleno
Joana Isabel Silva Lopes Cavadas
Anfré Quitério Ferreira Gerardo
Hélder Ricardo Santos Correia
Marina Alves do Rosário
Fávia Catarina Marques Grilo
Vera Lúcia Delgado da Silva
10º A
10º A
10º A
10º A
10º B
10º B
10º B
10º B
10º B
10º B
10º B
10º B
10º B
10º B
10º B
10º C
10º D
10º E
10º F
10º G
10º I
11º Ano
Luís Manuel Ferreira da Silva
Mariana Belo da Cruz
Mauro Guilherme Augusto Luís
Rita Alexandra Silva Cristiano
Joana Cardoso Coelho
Luís António Santos Nazaré
Pedro Filipe Alexandre Rodrigues
Pedro Frazão Lopes Vieira Vaz
Ângela Susano Vicente
Carina Costa Borralho
Joana Marques Moreira
Margarida Isabel R. V. da Costa
Ana Isabel Lopes Mateus
Davide Delgado Nunes
11º A
11º A
11º A
11º A
11º B
11º B
11º B
11º B
11º C
11º C
11º C
11º E
11º F
11º G
12º Ano
Adriana Lopes Ferreira
Carlos Manuel Silva Lúcio
Filipa Serrenho do Carmo
Inês Correia Pinto de Matos
Rodrigo Daniel Feteira Santos
Sara Raquel Baptista Lourenço
Tânia Costa Mentes
Vítor Hugo Fialho Lopes
David Gabriel Fialho Penas
Tiago Loureiro Siopa
Tiago Marques Félix Castelhano
Henrique Ramalho Machado
Marcelo Almeida Luís
José Luís Matias Ramalho
Fábio Veríssimo Santos
Flávio Miguel Gens Ramos
Joana Passarinho Santos
João Santos Filipe
Juliana Costa Rufino
Miguel Jorge Fragulha Belo
12º A
12º A
12º A
12º A
12º A
12º A
12º A
12º A
12º B
12º B
12º C
12º D
12º D
12º F
12º G
12º H
12º J
12º J
12º J
12º J
RECORRENTE
Cátia Ferreira Grosa
Marcos José Ramos Paixão
Pedro Leonel Luís Fialho
Ricardo Filipe Costa Vicente
C.S.H.
C.S.H.
C.S.H.
C.T
1º Morte na Praia
Agatha Christie
2º Metamorfose
Franz Kafka
3º Crónica de uma Morte Anunciada
Gabriel Garcia Marquez
4º A Siciliana
Sveva Casati Modgnani
5º O Alquimista
Paulo Coelho
6º Os Homens são como Chocolate
Tina Grube
7º As Palavras que Nunca te Direi
Nicholas Sparks
8º O Crime do Padre Amaro
Eça de Queirós
9º A Praia Roubada
Joanne Harris
10º Uma Proposta de Casamento
Myke Gayle
Os livros mais requisitados na Biblioteca
TOP 10
ESCOLA VIVA
ANO I - Nº 1TOQUE DE SAÍDA
6
Dr. José Gonçalves Sapinho
O Ensino Particular e Coope-
rativo viveu, antes do 25 de Abril,
por mera tolerância dos poderes
públicos, que evitaram a sua ex-
pansão ao mesmo tempo que
aproveitaram os seus benefícios
em zonas onde o Estado não quis
assumir as suas responsabilida-
des.
Depois do 25 de Abril, apesar
de alguns benefícios atribuídos
— designadamente o estudo gra-
tuito até ao 9.° ano de escolarida-
de — o ensino particular e coope-
rativo tem vivido um período de
indefinição que em nada contribui
para uma correcta estruturação
do sector.
A lei do Ensino Particular e Co-
operativo vem definir, claramente,
o papel do ensino privado na so-
ciedade portuguesa e abrir novas
perspectivas.
Assim, os alunos de qualquer
nível ou ramo de ensino, diurno ou
nocturno, têm garantida a igualda-
de com os alunos do ensino oficial
no que se refere a despesas com
propinas e matrículas e outros be-
nefícios. Admitimos que no próxi-
mo ano lectivo, todos os alunos
do Externato possam estudar em
pé de igualdade com os alunos
das escolas oficiais.
Esta solução, sendo importan-
te, não é suficiente para que os
problemas do Externato fiquem
resolvidos. Um outro problema
importante reside na situação do
corpo docente que, até aqui, está
coloca do numa situação de total
desigualdade em relação aos pro-
fessores do ensino oficial. A nova
lei vem melhorar a situação dos
professores, no que se refere a
vencimentos, qualificação e clas-
sificação do serviço, liberdade de
transferência do ensino particular
para o oficial e vice-versa, está-
gios profissionais, etc..
Isto vai permitir acabar, a
curto prazo, com o regime de
acumulação de professores, re-
duzir-lhes o horário de trabalho
e estabilizar o corpo docente, o
que vai beneficiar a qualidade do
ensino.
Resolvidas estas questões,
dos alunos e professores, outros
problemas ficam de pé, como se-
jam a melhoria das instalações e
do mobiliário, a criação de uma
biblioteca, a construção de um
Pavilhão Gimnodesportivo e a
instalação de uma cantina.
Destes quatro problemas, dois
estão em vias de solução. O Se-
cretário de Estado da Cultura já
emitiu um despacho favorável à
sua participação no apetrecha-
mento da Biblioteca.
Ao Secretário de Estado dos
Desportos foi apresentada, em co-
laboração com a Junta de fregue-
sia, a necessidade da construção
urgente do Pavilhão que serviria
todas as escolas e a população.
Estamos esperançados no êxito
desta conjunta iniciativa.
Todos nós gostaríamos que
os problemas se resolvessem to-
dos de uma vez, mas as pessoas
realistas sabem que isso não é
possível. O que importa é que, de
ano para ano, se tente melhorar a
situação.
Até agora, os subsídios con-
cedidos pelo M.E.I.C., antes e de-
pois do 25 de Abril, de cerca de
mil contos, foram absorvidos pelo
ensino, acontecendo o mesmo
com as rendas, também cerca de
mil contos, que o Estado paga à
Cooperativa, pois permitiu a uti-
lização das sua instalações pelo
Ciclo Preparatório.
As perspectivas para futuro
são, fundamentalmente, melho-
res, em todos os aspectos, do que
no passado.
“Roma e Pavia não se fizeram
num dia”, mas fizeram-se.
Jornal da Benedita
1 de Novembro de 1980
HÁ 25 ANOS...
Externato Cooperativo da Benedita
ESPERANÇAS PARA O FUTURO
Todos os jornais diários, e até
a TV, têm dito cobras e lagartos
quanto ao funcionamento do 12.°
ano, antigo ano propedêutico para
a Universidade, em variadíssimas
escolas estatais. Por toda a parte
há queixas dos alunos, dos pais,
dos conselhos directivos. Há fal-
ta de instalações, de material, de
meios de apoio, de pessoal auxi-
liar, de docentes qualificados, de
horários decentes. Isto, evidente-
mente, nas escolas públicas, pom-
posamente (também) qualificadas
de «oficiais»! Mas os oficiais são
da tropa, e a tropa é... aquilo que
sabemos!
Neste aspecto, a Benedita
constitui um autêntico oásis. O
seu Externato Cooperativo, esta-
belecimento que prestigia e eno-
brece o ensino, competentemente
dirigido pelo Dr. José Gonçalves
Sapinho, um dos poucos homens
que conhece o ensino particular
de cima a baixo, além de variados
outros cursos diurnos e nocturnos,
tem também o 12.º ano.
Para os 45 alunos matricula-
dos no início do ano, as aulas têm
decorrido com a normalidade pró-
pria de tudo quanto é programado
a tempo e horas. Estes alunos es-
tão distribuídos em 3 cursos dife-
rentes, consoante a sua escolha e
aptidão. Para eles existem 5 pro-
fessores com habilitação própria e
com largos anos de experiência.
Estes são unânimes a reconhecer
o interesse e entusiasmo que os
alunos demonstram pelas aulas,
chegando ao ponto de estarem to-
dos, professores e alunos, ansio-
sos pelos exames só para se ver
que classificações vão aparecer.
As estruturas de apoio tam-
bém são de causar inveja a qual-
quer escola pública: uma belíssi-
ma e actualizada biblioteca onde
os alunos têm todo o material de
que os programas falam; um fo-
tocopiador do mais moderno que
existe destinado a reproduzir
sem perdas de tempo todos os
textos e exercícios necessários;
horários excelentes, sem tempos
mortos. Além disto, dentro de bre-
ves dias irão ser inaugurados dois
laboratórios que são apenas isto:
do melhor que existe no Pais, a
nível de escolas secundárias.
Por tudo isto, «a Benedita
continua a ser um exemplo para
o País».
Não haja a mínima dúvida!
Jornal “O Alcoa”
02 de Abril de 1981
O 12º Ano de Escolaridade no Externato Cooperativo da Benedita
O LUGAR DA MEMÓRIA
ANO I - Nº 1 TOQUE DE SAÍDA
7
A OBRA DE ARTE NA ERA DAS INDÚSTRIAS CULTURAIS
A expressão indústria cultural refere-se
a um assunto bastante polémico nos dias de
hoje, dado o progresso tecnológico alcançado
no final do século XX e inícios do XXI. Actu-
almente, numa época em que a industrializa-
ção está implantada em quase todo o mundo,
poderá a arte ser vista como um processo in-
dustrial? Pode a obra de arte ser considerada
fruto de uma cultura cada vez mais industria-
lizada?
A reprodução industrial da obra de arte foi
tornada possível graças aos avanços tecno-
lógicos, gerando-se assim novas formas de
encarar a arte, tanto do ponto de vista do es-
pectador, quanto do criador. Mas foi também
graças a esse desenvolvimento industrial que
assistimos à liberalização do conceito de arte,
com o surgimento de novas artes como o de-
sign industrial que ganha cada vez mais im-
portância, consistindo na tentativa de fazer
com que os objectos utilitários, embora pro-
duzidos industrialmente, sejam esteticamente
atraentes.
Esta interacção da arte com a indústria
leva ao lucro, tornando possível aos artistas
fazer da arte o seu único meio de subsistên-
cia, sem terem de recorrer a outra profissão,
como ocorre, por exemplo, na indústria cine-
matográfica que move grandes quantias de
dinheiro.
Mas esta visão da arte como negócio é
ponto de partida para uma grande polémica:
estará a arte a ser alvo de banalização? Cada
obra de arte surge de maneira única, através
de um determinado artista e em determinadas
circunstâncias que não se repetem. E a im-
portância da arte talvez resida nisso mesmo,
no seu valor de culto, na aura que envolve
a própria obra. O artista, ao pensar no lucro
que da sua obra reverterá, fá-la-á ao gosto do
público, e a obra perderá assim um pouco da
sua aura pessoal e singular, bem como a sua
autonomia artística. Se assim for, estamos pe-
rante um gerador de cultura de massas, em
que a quantidade é
superior à qualida-
de, pelo menos à
vista dos críticos.
Do ponto de
vista do consumi-
dor, podemos dizer
que este desenvol-
vimento industrial
é positivo, pois
permite-lhe aceder
mais facilmente a
meios culturais e
a obras de arte ou
reproduções. Mas,
tratando-se de uma
indústria, cujo ob-
jectivo principal é
gerar lucro, outros
problemas se le-
vantam – a cultura
que assim se insta-
la exige uma atitude
passiva do consu-
midor e enfraque-
ce o seu sentido
crítico. E, de facto,
pelo que observamos actualmente, os meios
de comunicação social, tendo um importante
papel em relação à arte, inibem a construção
de opiniões pessoais.
Será esta a educação estética que a cultu-
ra industrial nos oferece?
No meu entender, a cultura industrial as-
senta no facto de o materialismo ser uma ca-
racterística cada vez mais vincada da socieda-
de actual, quer queiramos quer não, pois gerar
dinheiro é um objectivo prioritário para a maior
parte das pessoas. Mas a arte distingue-se,
pois não é apenas um produto. Efectivamente,
é impossível criar arte tendo em conta apenas
o lucro. Mas é igualmente impossível julgar a
arte imune a todos os desenvolvimentos tec-
nológicos, económicos e sociais da nossa cul-
tura. A solução passaria, então, por um equilí-
brio, em que a liberalização causada por esta
reprodutibilidade das obras de arte e por esta
indústria fossem catalizadoras de uma educa-
ção cultural que não descurasse o sentido crí-
tico e individual do artista e do espectador.
Margarida Costa, 11º E
ARTE E CULTURA
ARTE E TECNOLOGIA
ANO I - Nº 1TOQUE DE SAÍDA
8
EDUCAÇÃO VISUAL E EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA
Anne Frank era uma rapariga judia de ape-
nas 13 anos que vivia na Alemanha e que pas-
sou pelo horror dos campos de concentração,
onde faleceu. O seu diário tornou-se conhecido
mundialmente e deu origem a um filme, para
que mais pessoas pudessem ter conhecimento
do sofrimento de Anne e de muitos outros que,
apenas por terem nascido judeus, morreram
nos campos de concentração.
O filme mostra-nos a vida de Anne. antes e
durante a guerra. Devo dizer que me comoveu
imenso e que ficou marcado no meu pensamen-
to, pelo facto de ser muito realista, pois carac-
teriza as atrocidades a que os judeus foram
submetidos. Na minha opinião, é um dos filmes
que melhor consegue retratar como estes pri-
sioneiros da sua herança cultural sobreviviam,
e transporta-nos para um ambiente doloroso,
mas ao mesmo tempo de esperança, e, princi-
palmente, faz-nos pensar acerca do mundo em
que vivemos. Caracteriza a guerra e alerta-nos
para a necessidade de a evitarmos.
Sem dúvida é um dos filmes que melhor
consegue mostrar como o homem é capaz de
chegar um ponto extremo de desumanidade.
Sara Barros, 10º E
O Filme
DIÁRIO DE ANNE FRANK
Exposição
Objectos feitos pelos alunos do 8º ano
HOLOCAUSTO
Holocausto refere-se ao extermínio, pelos
Nazis, de vários grupos que eles consideraram
indesejáveis, durante a Segunda Guerra Mun-
dial, principalmente os Judeus, mas também
comunistas, homossexuais, ciganos, deficien-
tes, prisioneiros de guerra soviéticos, membros
da elite intelectual polaca, russa e de outros
grupos eslavos, sacerdotes, sindicalistas, pa-
cientes psiquiátricos e criminosos de delito co-
mum. Todos eles pereceram lado a lado nos
campos de concentração e de extermínio, de
acordo com extensa documentação deixada pe-
los próprios nazis (textos e fotografias) e teste-
munhos de sobreviventes.
Adaptado de http://pt.wikipedia.org
O mundo da tecnologia está cheio de interrogações e situações controversas. De modo
a diminuí-las, este ano lectivo, na disciplina de Educação Tecnológica, realizaram-se tra-
balhos sob o tema “O Sol é fonte de vida”, dos quais se destacam: maquetes de centrais
eólicas, plataformas petrolíferas e barragens, entre outros trabalhos.
A experimentação foi utilizada como forma de ilustrar e mais facilmente compreender
os conceitos.
ARTE E CULTURA
ANO I - Nº 1 TOQUE DE SAÍDA
9
Saraband, o último trabalho do
realizador sueco Ingmar Bergman,
e um dos melhores filmes que vi
em 2005, retoma as personagens
de Cenas de um Casamento, ro-
dado em 1973, mostrando-nos,
trinta anos mais tarde, uma Ma-
rianne aparentemente serena, de
visita ao ex-marido, Johan, que
vive retirado.
No entanto, só marginalmente
poderá considerar-se uma conti-
nuação do primeiro filme, já que,
à excepção das duas personagens
que reaparecem em novas situa-
ções pessoais, Saraband não trata
o relacionamento do antigo casal,
mas centra-se no conflito entre
pais e filhos. De facto, durante a
sua visita a Johan, envelhecido e
doente, Marianne testemunha a
luta sem quartel entre Henrik,
o desprezado e carente filho de
Johan, e este. Henrik, além do
mais, num terrível processo de
transferência, combate a dor
causada pela morte da esposa
abusando da filha, Karin, de 19
anos, até ao incesto emocional.
Com este seu último filme,
Bergman, que fascinou gerações
de cinéfilos, despede-se do cine-
ma de maneira implacável, com
um retrato desapiedado das re-
lações familiares: um pai, Henrik,
que aprisiona a filha à falta de
sentido da própria vida; pai que,
por sua vez, é filho também – de
um homem incapaz de o amar,
senhor só de um desprezo olímpi-
co que incapacitou o filho para a
vida, e de uma inveja edipiana in-
vertida que ensombra ainda mais
a relação entre os dois homens.
Na floresta, na grande casa que
o tempo descasca, confrontam-se
a saudade idealizada de um anjo
redentor que passou breve sem
nada redimir (a esposa morta de
Henrik); e a crueldade, toda uma
herança de desafectos e de inca-
pacidades. A própria Marianne,
instauradora de algum equilíbrio
neste universo sombrio, é ela pró-
pria mãe de uma filha deficiente
que nunca conseguiu reconhecer.
E a única pista de esperança tal-
vez seja a ruptura da jovem Karin
que consegue enfim partir sozinha
em busca do seu destino, liber-
tando-se da dependência afectiva
do pai (mas levando-o assim ao
suicídio) e das garras solitárias do
avô, espécie de Zeus decadente
que teme a morte.
Todo o filme ressuma a soli-
dão essencial do ser humano sem
laços a nada nem a ninguém, em
especial aos da sua estirpe. Um
filme inquietante, como costuma
ser a grande arte, uma obra-prima
de realização, a fazer-nos reflectir
sobre os caminhos e descaminhos
do Humano, em especial os da fa-
mília, lugar dos primeiros afectos
e das primeiras construções rela-
cionais.
Soledade Santos, professora
O meu nome é Amélia Pais e fui professora durante
36 anos e meio. Vou falar-vos – liricamente dirão al-
guns – do ofício que escolhi desde criança.
Eu não sei bem o porquê da escolha – suponho que
a influência, primeiro, de uma velha tia que me ajudou
a criar (a importância das tias, não é, Alçada Baptista?)
e que, era eu pequenina, brincava comigo, contando-
me «histórias», não só de fadas ou de bruxas, mas, e
talvez sobretudo, de como se faz o pão, de como cres-
cem as plantas ou se faz a dança dos planetas em tor-
no do Rei Sol – ou de como, em tempos passados, Moi-
sés conduzira o seu povo de regresso ao lar, ou ainda
de como Viriato, quase meu conterrâneo, enfrentara os
Romanos... Me ensinava, também, os jogos possíveis
com os números – ou então com as letras que, juntas,
formavam palavras e frases com que os livros se nos
abriam para a fantasia.
À distância, vejo agora essa minha tia, que era
professora primária aposentada, como alguém que tor-
nava o aprender algo que dava alegria e vontade de
saber mais – e creio que com ela aprendi o gosto de
proporcionar a outros essa troca de experiências, de
saberes e, talvez, principalmente de afectos, que é o
acto de ensinar.
Mais tarde, um outro professor, este de Português,
o Dr. Luís Simões Gomes (pai), ensinou-me, com a
descoberta dos textos, o sabor e a cor da liberdade
– e nesta segunda aprendizagem importante na minha
formação, a vontade reforçada de, como ele, ajudar os
outros a crescer livres e dignos, como seres que pen-
sam e se pensam.
Assim me fiz oficial do mesmo ofício, há mais de
36 anos para cá. Não lamento a escolha feita – é ofício
que exige muito amor, muita abertura ao outro, muita
vontade de partilhar, muito entusiasmo (à letra: «deus
em nós»). Mas que ofício melhor para crescermos e
nos enriquecermos durante uma vida inteira?
Sim, eu também sei que economicamente não com-
pensa lá muito (mas, como dizia outro Professor, Agos-
tinho da Silva, faço o que me dá gosto e ainda por cima
me pagam para fazer o que gosto...); sei também que
muitas vezes – demasiadas até – vêm desencantos, in-
compreensões, frustrações – porque o quotidiano fica
por vezes bem aquém do sonho. Mas que melhor do
que ver brilhar os olhos de um aluno quando, connos-
co, descobre um universo novo? Ou quando encontra-
mos antigos alunos (por vezes pais de actuais alunos,
como me vai acontecendo mais) - que nos recordam
como alguém que os marcou positivamente e os ajudou
a entrar melhor na vida? (Bem certo é que só recorda-
mos os professores que nos marcaram positivamente
ou negativamente, não aqueles que se ficaram por um
certo cinzentismo...). Ou antigos alunos que nos asso-
ciam à descoberta da beleza de um ou mais versos d’
Os Lusíadas ou da Tabacaria de Álvaro de Campos?
Que satisfação maior do que esta de ver-se reconheci-
do e de nos sentirmos assim ligados à descoberta da
beleza e da vida?
E depois é bem verdade que bom professor não
envelhece nunca... e não morre – porque fica a sua
imagem bem viva na memória e no coração daqueles
com quem e para quem viveu.
Amélia Pais , professora
Amélia Pinto Pais foi professora na Escola Secun-
dária Rodrigues Lobo, em Leiria. Está presentemente
aposentada. Foi formadora de professores e é autora
de manuais escolares, de uma versão em prosa de Os
Lusíadas, de uma História da Literatura Portuguesa e
de várias obras didácticas.
SUGESTÃO DE LEITURA
Numa época de grande prolife-
ração de best-sellers com uma
forte componente histórica,
umas vezes verídica, outras ve-
zes fantasiosa e até delirante,
Rosa Brava, ou a vida de Leo-
nor Teles, de José Manuel Sa-
raiva, é uma agradável surpre-
sa. A capa salienta a história de
“uma mulher emancipada, numa
corte de luxúria e sedução”, o
que, só por si, é entusiasmante.
Rapidamente o leitor se embre-
nha nos meandros das intrigas
palacianas e percorre, com avi-
dez, as quatrocentas e quaren-
ta e quatro páginas do romance
que, com uma extrema desen-
voltura narrativa, lhe mostra
uma sociedade masculina que,
subitamente, é surpreendida
pela mulher, Leonor Teles, que
um dia confessou à sua fiel con-
selheira, Briolanja Mendes, que
queria casar com um homem
que amasse e que a quisesse
amar, desafiando todos os có-
digos de conduta da sua épo-
ca. É, afinal, a história de uma
mulher, assumidamente seduto-
ra, que usa a sua feminilidade
para conquistar aqueles que a
rodeiam, granjeando o ódio de
uns e a devoção de outros.
A história que se conta neste
livro tem intriga, traição, assas-
sínio e, acima de tudo, um ritmo
narrativo que prende a atenção
do leitor, da primeira à última
página.
Rosa Brava, ou a vida de Leo-
nor Teles
Autor: José Manuel Saraiva
Editora: Oficina do Livro
444 Página
Luisa Couto, professora
SARABAND, UM FILME DE INGMAR BERGMAN
SER PROFESSOR – UM TESTEMUNHO
Saraband, 2003,
nomeado para o César do me-
lhor filme europeu; vencedor do
Prémio da Crítica Argentina.
Direcção de Ingmar Bergman
Com: Liv Ulmann, Erland Jose-
phson, Börje Ahlstedt, Julia Du-
fvenius - M/12 anos
ARTE E CULTURA
ANO I - Nº 1TOQUE DE SAÍDA
10
Bruno Dias começou a praticar natação
com apenas cinco anos de idade. Com o
avançar dos anos, foi conquistando mais e
mais títulos na natação. Nasceu em Lisboa,
hoje tem 27 anos, frequenta o Mestrado em
Gestão Desportiva e treina a secção de na-
tação do A.B.C.D., na Benedita. Bruno quer
ir muito mais longe na área de gestão des-
portiva.
Como iniciou a natação?
Iniciei a aprendizagem da natação aos 5
anos, rapidamente fui passando de nível e,
ano e meio depois, fui convidado para a com-
petição, o que imediatamente aceitei.
O que o levou a fazer natação de com-
petição?
Basicamente, já passava todos os dias
na piscina, influenciado pelo facto de a mi-
nha irmã fazer parte do grupo
de competição e pelo acompa-
nhamento que fazia dos treinos
dela. Foi apenas passar para
outro nível.
Teve o apoio dos seus
pais?
Inicialmente, e fruto da mi-
nha idade, os meus pais es-
tiveram sempre presentes, o
apoio era total. Com o passar
dos anos foi desaparecendo,
chegando ao ponto de, aos 16
anos, estar na natação contra
a vontade deles. Penso que o
que se passou comigo se passa com todos, ou
quase todos, os atletas.
Com que idade abandonou a natação de
competição? Porquê?
Abandonei a natação de competição com
22 anos. Muito se deveu ao cansaço acumu-
lado de 15 anos seguidos, mas foi o momento
em que estava quase a terminar a minha li-
cenciatura e tinha mais vontade de ser treina-
dor. Logo, ficando ligado à natação, optei por
trocar de lugar e aplicar-me como treinador.
Quais os sentimentos que surgiam cada
vez que ganhava uma prova ou batia um
novo recorde?
Os sentimentos que surgiam baseavam-se
na alegria, numa grande satisfação e na sen-
sação de dever comprido.
UMA VIDA E UM FUTURO REFLECTIDOSEM ÁGUA
Entrevista a Bruno Dias
A capela de Nossa Senhora da Assunção, devido ao es-
forço e união dos populares, foi restaurada, e a sua inaugu-
ração teve lugar no dia 18 de Dezembro, com toda a pompa
e circunstância.
A capela de Nossa Senhora da Assunção, contruída em
1971, apresentava vários sinais de degradação, tendo a po-
pulação e o pároco chegado a acordo no que dizia respeito
à necessidade de obras para restauração e melhorias do es-
paço, para melhor servir a comunidade.
As verbas necessárias para tal foram angariadas maiori-
tariamente através de almoços de convívio promovidos pela
direcção do Centro Cultural e Recreativo da Moita do Poço.
A capela dispunha também de um fundo de manutenção que
assegurou o arranque e o seguimento das obras durante os
primeiros tempos.
Inês Santos Agostinho, 10ºE
Moita do Poço
CAPELA RESTAURADA
Porquê ser treinador de natação?
Para além de ser um desporto que pra-
tiquei toda a minha vida, quero estar ligado
à modalidade que mais ensinamentos me
deu para a vida que me fez homem. Espe-
ro poder transmitir todos os conhecimen-
tos e toda a experiência que adquiri como
atleta de alto nível, bem como os mais mo-
dernos métodos de treino que estudei na
Faculdade, de modo a que os mais jovens
possam também viver os momentos exce-
lentes que passei com a natação.
Como sentiu a grande mudança de
atleta para treinador?
A mudança senti-a normal, mas enca-
ro-a como uma grande expectativa para o
futuro.
Actualmente, está a completar a sua
formação. Em que área?
É verdade, estou naturalmente a com-
pletar a minha formação académica, na
área de desporto, mais propriamente, es-
tou a concluir um Mestrado em Gestão de
Organização Desportiva.
O que deseja para o futuro?
Desejo ser treinador de competição e
director de piscinas. Dar a conhecer às
pessoas as maravilhas da natação e de
outras actividades aquáticas. Se for pos-
sível, levar a cabo um trabalho de trans-
formação da natação como modalidade
rainha de desporto, transformar atletas em
campeões, colocando a natação como mo-
dalidade preferida e praticada pela maio-
ria da população. Gostaria, se possível, de
realizar isto tudo na Benedita.
Joana Policarpo, 10º E
OLHAR CIRCUNDANTE
ANO I - Nº 1 TOQUE DE SAÍDA
11
Na primeira edição do nosso jornal,
não quisemos perder a oportunidade de
conversar com a Presidente da Junta de
Freguesia da Benedita, Maria José Filipe,
para conhecer um pouco do seu trabalho
político – que, em grande parte, esteve
ligado, nos dois anteriores mandatos, à
Educação – e de conhecer as suas pro-
postas para o futuro.
Há quanto tempo trabalha na Junta de
Freguesia?
Estou ligada à Junta, como Secretária,
há oito anos – dois mandatos, portanto. Foi
um trabalho que envolveu grande esforço e
grande empenho da minha parte, pois co-
mecei na área de Educação, trabalhei nas
nossas escolas, sobretudo melhorando con-
dições a nível de infra-estruturas, e conse-
guindo-o, nalguns casos. Primeiro fizeram-
se obras na escola de Frei Domingos, e mais
tarde no ATL dos Candeeiros. Ainda se criou
a componente de apoio à família, seguindo-
se depois todo o processo relacionado com
as Piscinas, às quais ainda estou a dar apoio
até ao final do ano. Ou seja, estive envolvida
em tudo quanto se relacionava com o ensi-
no, o seu desenvolvimento e a resolução de
problemas, sendo também o elo de ligação
entre a Junta e a Câmara.
Também me envolvi nos trabalhos da feira
do gado, que é mensal, tratando de assuntos
relacionados com o controlo sanitário, entre
outros. Como vêem, estive sempre rodeada
de muito trabalho.
Como surgiu a ideia de se candidatar à
Junta de Freguesia?
Foi-me feito um convite por parte dos
representantes do meu partido. Inicialmen-
te mostrei-me renitente, mas depois a ideia
foi-se consolidando, ao perceber que tinha
o apoio de muitas pessoas, nomeadamente
dos que trabalharam comigo ao longo dos
dois mandatos anteriores.
Quais são os projectos que tem para
o futuro?
O futuro não é risonho. Não podem exis-
tir muitos projectos. Para já, até ao final do
ano, vou manter o que já estava planeado.
Mas está prevista a criação de um circuito de
manutenção na Fonte da Senhora e de ciclo-
vias na Lagoa do Ferro. Com vista a melho-
rar o trânsito local, existirão mais rotundas
na Avenida principal, e já está em estudo a
criação de parques de estacionamento.
Como pensa concretizar as promessas
feitas durante a campanha eleitoral?
Nunca quis prometer mais do que o que
já sabia que podia concretizar. Vou tentando
corresponder às solicitações da população
na medida das nossas possibilidades.
Quantas horas passa na Junta?
Muitas, acreditem. Das 17h às 18h, ex-
cepto à quarta-feira, recebo as pessoas na
Junta, para exporem os seus problemas e se
conversar acerca da resolução dos mesmos.
Todos os dias, por volta das 8h, estou no
armazém, com vista a controlar a saída do
pessoal. Depois saio, quando é necessário,
para visitar sítios onde há problemas a resol-
ver. Geralmente, à tarde, estou nas instala-
ções da Junta.
A Junta desenvolve, ainda, bastante tra-
balho a nível social, de ajuda às famílias
mais carenciadas. Também estamos a de-
senvolver um projecto que inclui a ocupação
dos idosos. Todavia, diariamente deparo-me
com situações problemáticas de pedidos
que as pessoas da comunidade fazem e que
são difíceis de resolver. Mas vou tentando
satisfazer o maior número de solicitações.
Reparem, mesmo com toda a boa vontade,
nem sempre conseguimos corresponder da
melhor maneira a todas as solicitações dos
particulares, mas tentamos sempre ouvir,
para agir. Às vezes temos dificuldade em
levar avante os trabalhos de campo, como
no caso dos cantoneiros, porque temos pou-
cos funcionários para o trabalho existente.
Quando o trabalho é mais exigente, temos
de pedir pessoal à Câmara, o que nem sem-
pre é possível.
Outubro 2005
PRIMEIRA MULHER ELEITA PARA A PRESIDÊNCIA DA JUNTA DE FREGUESIA DA BENEDITA
Centro Cultural Gonçalves Sapinho
TEATRONós te Adoramos
A peça Nós te Adoramos, produ-zida pelo Grupo de Teatro Os Gam-
buzinos, tem a estreia prevista para o sábado, dia 11 de Março, pelas 22 horas, e será também apresen-tada nos dias 12, 18, 19, e 26, aos sábados às 22 horas, e aos domin-gos às 17 horas.
Grupo de Teatro Os Gambuzinos
Entrevista a Maria José Filipe
OLHAR CIRCUNDANTE
“Nunca quis prometer mais do que o que sabia que podia concretizar”
ANO I - Nº 1TOQUE DE SAÍDA
12
A EXPERIÊNCIA ESTÉTICA DA ARTE LÍRICA
A arte como fonte de prazer
A arte é uma fonte de prazer sensível, pro-
duz fruição estética, satisfação e orgulho, tan-
to a quem a cria como a quem a contempla. É
também manifestação da cultura de um povo.
Mas precisa de um investidor para que seja
reconhecida socialmente, independentemente
do seu valor intrínseco.
Anteriormente havia o mecenato. Hoje, a
economia de mercado e a tecnologia apode-
raram-se da arte, não só desenvolvendo-a,
mas também banalizando-a: valorizamos al-
guns artistas famosos, mas serão eles famo-
sos pela sua capacidade de criar e inovar, ou
por terem sido promovidos, ganhando assim a
notoriedade?
O artista não pode reger-se apenas pelo
aspecto financeiro da arte, tem de sofrer uma
causa exterior que lhe dê força e inspiração
para criar e, para isso, é necessário um gosto
aprofundado pelo que exerce. Para criar uma
obra original e bela, o artista tem de possuir
sensibilidade; pelo seu imaginário, o artista
afasta-se dos objectos reais.
Cada artista segue a sua forma de expres-
são: a pintura, a escultura, a dança, a música,
a arquitectura, a literatura, o cinema, a poe-
sia... E, de acordo com ela, cada um exprime
as suas ideias, vivências, emoções. Vejamos,
por exemplo, como se manifesta a experiência
estética na poesia.
A poesia surge da reflexão e da sensibili-
dade do homem face a si e ao que o rodeia.
Essa reflexão parte do conhecimento e induz
à questionação, por isso a poesia indaga tan-
tas vezes, filosoficamente, a realidade:
Poema das coisas belas
As coisas belas,
As que deixam cicatrizes na memória dos
homens,
Porque motivo são belas?
E belas, para quê?
Põe-se o Sol porque o seu movimento é
relativo.
Derrama cores porque os meus olhos vêem.
Mas porque será belo o pôr-do-sol?
E belo, para quê?
Se acaso as coisas não são coisas em si
mesmas,
Mas só são coisas quando coisas percebi-
das,
Porque direi das coisas que são belas?
E belas, para quê?
Se acaso as coisas forem coisas em si mes-
mas
Sem precisarem de ser coisas percebidas,
Para quem serão belas essas coisas?
E belas, para quê?
António Gedeão
Em suma, a poesia não deve ser conside-
rada uma tradução extravagante do que nos
rodeia, mas algo que nos faça reflectir sobre
um mundo diferente, de uma maneira diferen-
te. Devemos, através das palavras, procurar
compreender o artista que se dá a conhecer a
si, aos outros e ao mundo, combinando artis-
ticamente o material linguístico e contribuindo
para o desenvolvimento de cada ser humano.
Patrícia Silva, 11º E
Ter feito rá-
dio, na Rádio
Universidade
de Coimbra
– RUC –, du-
rante cinco
anos, mar-
cou-me mui-
to, no bom
sentido. Fui
responsável,
entre 1982 e
1987, por um programa de 60 mi-
nutos chamado “Jazzisticamente
– A Presença do Jazz”. Isto quer
dizer que passei pelas três fases
da RUC: rádio para as cantinas,
rádio pirata e estação de rádio já
legalizada.
O “Jazzisticamente” tinha
um objectivo pedagógico e de
divulgação do Jazz. Dava a co-
nhecer um pouco da sua história
e, em cada programa, havia um
instrumento ou voz privilegiados,
por exemplo o piano (Chick Co-
rea, Herbie Hancock, Bill Evans),
a voz (Maria João, Anita O’Day,
Sarah Vaughan, Bilie Holliday),
o saxofone (Charlie Parker, Rao
Kyao). E muitos outros.
Iniciei-me no gosto pelo
Jazz bastante cedo, com 18 anos.
Em 1978, comecei a ir à catedral
do Jazz em Portugal, os Festivais
de Jazz de Cascais que, mais tar-
de, passaram para o Pavilhão dos
Salesianos no Estoril, onde assisti
a excelentes concertos dos maio-
res intérpretes e compositores de
todo o mundo.
Para se apreciar Jazz é
importante tê-lo ouvido
ao vivo, porque é uma
música que requer, por
parte de quem toca,
uma grande imagina-
ção, uma vez que inclui
muito improviso. Uma
peça de Jazz tem três
partes: a primeira sem
improvisação, a segunda, de im-
provisação – na improvisação
todos os instrumentos fazem um
solo – e termina como começou,
com todos os instrumentos jun-
tos.
No Jazz há vários tipos
de formações: trios, normalmen-
te constituídos por piano, bateria
e contrabaixo, ou por guitarra,
bateria e contrabaixo; quartetos
(piano, bateria, contrabaixo e voz
ou trompete); e quintetos, até se
chegar às Big Bands. Existe uma
Big Band na Nazaré, por exem-
plo.
Há muitos beneditenses a
gostar de Jazz e que vão a con-
certos e compram CDs. Porque
não fazer um Festival de Jazz na
Benedita?
Acho que seria uma boa aposta!
José Cavadas, professor
O Ninja das Caldas
«ELE JUROU VINGANÇA CONTRA AS
FORÇAS DO DRAGÃO»
O “Ninja das Caldas” é o primeiro fil-
me de ninjas português. Realizado pelo
caldense Hugo Guerra (licenciado em
Artes plásticas, na ESTGAD), foi inicial-
mente um projecto anual da cadeira de
Pintura, no ano de 1999, mas ninguém
imaginava a projecção que iria ter três
anos mais tarde.
Octávio Lourenço, Ricardo Guerreiro,
Sónia Matos e José Serpa são os nomes
que fazem parte do elenco. Os trabalhos
de filmagem duraram quatro meses, com
o reduzido orçamento de 40 a 50 €, e de-
correram em Caldas da Rainha, Óbidos
e Bombarral. O filme conta a história de
Toni Canelas, ninja caldense, que tenta
vingar a morte de sua amada, lutando
contra Evil Dragon pelo poder do Búzio
dourado.
O filme está cheio de erros técnicos e
narrativos, de cenas mal feitas e de ga-
ffes: pessoas e carros a passar por de-
trás das personagens, chuva a cair em
cima de uma única personagem, pernas
cortadas com a força da mente, e muito,
muito sangue a jorrar às golfadas. Cheio
de coreografias e de exercícios marciais,
“Ninja das Caldas” tornou-se uma comé-
dia que convenceu a SIC, passando-a na
SIC radical, e tornando-a assim bastante
conhecida.
Para além do filme ser um desastre
em termos de técnica, tornando-se có-
mico por isso mesmo, também a banda
sonora, criada pelo realizador, é, não só
ridícula, como totalmente desafinada.
Assim, pela sua originalidade, este
filme foi editado em
DVD, em 2003, e
Hugo Guerra já está a
preparar “O Ninja das
Caldas 2”.
Se é um amante
de filmes totalmente
cómicos, veja “O Ninja
das Caldas”. Espero
que o segundo tenha
muito mais rigor técni-
co, mas que não perca
a piada.
HC, aluno do 10º Ano
Uma das minhas paixões
JAZZ
ARTE E CULTURA
ANO I - Nº 1 TOQUE DE SAÍDA
13
Morangos com Açúcar
O QUE OS TORNA TÃO DOCES?
A primeira grande aposta de ficção nacio-
nal na TVI, virada para a juventude, tem vindo
a revelar-se um enorme sucesso, interrogan-
do-se muitos de onde virão tais níveis de au-
diência.
A novela busca, no seio de um vasto grupo
de estudantes de um colégio de Cascais, as-
semelhar-se à vida real, mostrando-nos o seu
dia-a-dia, tanto na escola, como em casa com
a família.
Os pares românticos caracterizam cada sé-
rie. Caras bonitas e a boys bands de momento,
os D´zrt, fazem sensação de Inverno, na esco-
la, e de Verão, na praia.
O que parece uma bela história de encan-
tar, acessível a toda a criança e jovem adoles-
cente, é, na realidade, uma das piores influ-
ências transmitidas pela televisão dos nossos
dias.
Destruição da escola com graffiti, falta de
educação nas aulas e desrespeito para com
os pais são alguns dos exemplos transmitidos
que, juntamente com cenas ousadas e o uso
frequente de linguagem imprópria, actuam so-
bre o comportamento dos mais influenciáveis,
levando-os a agir de igual modo, pois, “com-
portamento gera comportamento”.
Como se não bastasse, uma enorme falta
de lógica marca a série. Seria então possível
a um adolescente de dezoito anos, proprietá-
rio de um bar de praia, ter rendimentos sufi-
cientes para se sustentar a si e aos seus três
irmãos, pagando, ainda, o colégio dos quatro?
Ou alguém extremamente arrogante e cruel,
detestado por todos, ganhar uma nova perso-
nalidade, completamente diferente da anterior,
de um momento para o outro? Ou ainda dois
professores minimamente prestigiados dispu-
tarem imoralmente uma bibliotecária?
Por trás de toda esta fantasia pura, encon-
tra-se um canal de televisão de baixo nível,
que tem como único intuito ganhar audiências
sem apostar na qualidade, recorrendo, neste
caso, a um elenco jovem, sem experiência,
que vai para a televisão a qualquer preço.
O melhor dos jogos de interesse: sucesso
garantido ao preço da chuva.
Ana Sofia Neto Pestana
Carina Costa Borralho
Igor Cernenchi
Alunos do 11º Ano
AINDA HÁ HERÓIS?
O Grupo de Teatro Os
Gambuzinos, do ECB, nas-
ceu em 1999 e, desde então,
levou à cena as seguintes
peças:
- Estranhas Dicotomias,
de José Carlos Saramago.
- O amor de D. Perlimplim
com Belisa no seu Jardim, de
Federico Garcia Lorca.
- O Segredo da Abelha,
de Ricardo Alberty.
- A Escola de Maridos, de
Molière.
- Auto dos Nojentos, de
José Carlos Saramago.
- O Homem ou é tonto ou
é mulher, de Gonçalo M. Ta-
vares.
- Por que comi o meu pai,
adaptação de José Carlos
Saramago.
- À beira do Lago dos En-
cantos, de Maria Alberta Me-
neres.
Estes trabalhos têm sido
recebidos com agrado por
parte do público, e é esse re-
conhecimento que vai dando
força ao grupo para continu-
ar a fazer teatro.
A peça À Beira do lago
dos Encantos foi filmada em
Dezembro, pela editora ASA,
com o objectivo de integrar o
seu manual de Língua Portu-
guesa no próximo ano lecti-
vo. Com o mesmo objectivo,
a peça O Segredo da Abelha
vai ser filmada, em Feverei-
ro, pela editora Folha Cultu-
ral.
Está a ser preparada,
desde Setembro último, a dé-
cima peça do grupo intitulada
Nós te adoramos, escrita por
José Carlos Saramago, di-
rector e encenador do grupo.
Nesta peça, constrói-se um
mundo futuro onde o siste-
ma de governo é totalitário.
O Estado Único impera e o
Mestre, qual entidade quase
divina, controla toda a vida
dos cidadãos, transforman-
do-os em ínfimas parcelas
de um todo e fazendo-os
perder a individualidade.
Neste mundo, todas as ne-
cessidades básicas estão
satisfeitas, mas o preço a
pagar foi a morte do amor e o
definhar da alma. Será este
o mundo que queremos?
Esta peça pretende agitar
as consciências e agudizar o
espírito crítico, factores es-
senciais para evitar que este
mundo tenebroso se instale
e o Mestre aconteça.
www.gambuzinos.com
J. C. Saramago, professor
OS GAMBUZINOS – GRUPO DE TEATRO DO ECB
N’ Os Lusíadas, o Homem, “bicho da
terra” tão pequeno, cantado por Camões,
conquistou, apesar da sua fraqueza, a terra
e os mares, realizando feitos heróicos ini-
gualáveis. E assim transcendeu os limites
da sua condição, ultrapassando os próprios
deuses. Esses tempos mudaram. Existirá
ainda algum “bicho da terra” sonhador entre
nós? Alguém que deseje a transcendência
pessoal e sonhe e lute por aparentes impos-
síveis?
«Herói, s. m., indivíduo que se destaca
por um acto de extraordinária coragem, va-
lentia, força de carácter ou outra qualidade
considerada notável».
Nos tempos que correm, a definição de
herói teria muito mais sentido se fosse al-
terada, designando simplesmente alguém
que procura a fama e a notoriedade a qual-
quer custo, alguém que causa impacto jun-
to das pessoas. Com efeito, para se ser
considerado herói, hoje, já não é neces-
sário realizar feitos inigualáveis nem, no
sentido metafórico que lhe dá Camões, ter
poderes mais que divinais; basta ser vis-
to por todos, e, mais importante ainda, ser
comentado por boas ou más razões.
Temos bons exemplos na política: os
nossos governantes, aqueles que deveriam
comandar o país de uma forma competen-
te e justa, e cumprir com a sua palavra e
colocar o bem comum à frente dos seus
interesses. E assim não fazem.
Até poderá haver um herói, um ver-
dadeiro herói por aí, alguém com espírito
de sacrifício e bravura, alguém que realize
actos extraordinários, mas ninguém lhe dá
valor e, se lho derem, não será mais que
uma breve e quase insignificante notícia no
telejornal da noite, enquanto que aqueles
que quebram as leis têm direito a meses de
notícias, e, pelos vistos, esses são os verda-
deiros heróis dos nossos tempos.
Homens, pequenos “bichos” capazes de
sonhar a transcendência e de a perseguir,
onde andais há tanto tempo, que tanta falta
nos fazeis? Será que ainda existis?
Pedro Passarinho, 12º C
ARTE E CULTURA
ANO I - Nº 1TOQUE DE SAÍDA
14
MUNDO NORMAL
Mundo normal
Que me aflige.
Mundo que me angustia
com a calma de sempre.
Sou redondo-
Cíclico -
Num mundo redondo.
Normal.
Coisas que olho
Sempre
Com os olhos de sempre
Que me parecem bem-
Normais.
Vivo uma vida normal
De gente normal
E sei-o.
Só isso me torna diferente.
Vieira McNeal, 12º Ano
Numa tarde de domingo, pró-
ximo do Natal, decidi ir a um mu-
seu ver a exposição de quadros
de uma pintora de origem portu-
guesa, Martha Telles. Lá fora a
chuva batia com força nos carros
e nos chapéus-de-chuva, mas o
meu fascínio pela pintura falou
mais alto e lá fui eu a correr até
ao autocarro que parava junto ao
museu.
Quando cheguei, fiquei encan-
tada com aquelas gravuras que
pareciam reais. Gostei de todas as
obras, mas fiquei particularmente
encantada com um quadro que se
intitulava “Memórias de Infância
– Casa de Campo”, pintado em
1975. Estive durante alguns minu-
tos imobilizada a olhar para aque-
le quadro que me fazia lembrar o
jogo do labirinto que eu inventara
e construíra com o meu avô.
Penetrámos os dois no bosque
e construímos um labirinto que li-
gava a nossa casa de campo à
pequena cabana na árvore, lugar
de refúgio para ler lindas histórias
de encantar nas tardes de Verão.
Mas o tempo passou, o meu
avô morreu e as ervas invadiram
os caminhos. Tenho saudades do
meu avô e de brincar nas veredas
confusas e misteriosas do labirin-
to.
Já os olhos me estavam a doer
quando uma das crianças que ha-
bitava o quadro me puxou para
dentro daquela pintura. Eu não
queria acreditar! Estava dentro do
quadro! O labirinto era o mesmo,
a cabana também existia. Ajudei
as crianças a sair daqueles corre-
dores emaranhados e elas recom-
pensaram-me com um delicioso
lanche.
Terminada a aventura, saí do
quadro e voltei para casa. Como o
Natal estava a aproximar-se, pedi
à minha mãe que comprasse o
quadro, que nem era assim muito
caro! Ela estranhou o pedido, mas
ficou contente com o meu recente
fascínio pela arte.
Na noite da consoada, recebi o
presente e pendurei-o na parede
do quarto para me lembrar do meu
avô e daquele dia tão especial.
Também esperei que as crianças
voltassem a chamar-me, mas isso
nunca mais voltou a acontecer.
Porém, nas tardes de Verão,
vejo duas delas a atravessar o la-
birinto.
Raquel Dias, 8º G
fui sugado por um Mar revolto em Espécies Más!
fui Rasgado defronte das Dunas que me Torturam!
gostava de Sorrir às paredes fechadas do meu Caixão,
quando morresse...
e que os que me amam chorassem por mim...
Sofrer custa até aos piores,
Sofrer rasga-me a Pele como se Mergulhasse num Mar ensanguentado de Ti!
se Te pudesses ver ao Espelho,
a Tua Imagem catalizadora de Desgraças sem fim,
fecharia o ciclo de Lágrimas nesta Era duma triste história por contar.
Gonçalo Britto, 2005
(ex-aluno do ECB)
LARGO DA FEIRA
Acreditem-me:
Era só um espaço sem nada
Além de terra e algumas pedras
O antigo largo da feira
Alimentava de pó e às vezes de profundos arranhões
Os miúdos da rua do largo da feira
O espaço era grande, mas ao meu pequeno
Ser parecia infinito,
Eu corria atrás da bola e dos outros,
Éramos um grande grupo de rapazes,
Não me lembro se havia raparigas
E de novo da bola, atravessando
Os limites do esforço e das pedras
Que saltavam abrindo caminho
Ao suor alegre mas já preocupado
Com a imensidão das coisas
Luís Lucas, 2005
(ex-aluno do ECB)
SOL, A FONTE DA VIDA
Se um dia o Sol deixasse de nascer, os
olhos não veriam mais que a solidão, o
coração não sentiria mais que a tristeza,
os pés não pisariam mais que o vazio,
as mãos não tocariam mais que o frio, a
boca não saborearia mais que a amargu-
ra e os ouvidos não escutariam mais que
o silêncio.
Sem Sol, o que seria do perfume das flo-
res, da frescura das águas, da alegria
dos animais, da imensidão dos oceanos,
do verde das montanhas? Sem Sol, o
que seria de nós?
O Sol é um dom único, há que saber res-
peitá-lo, desfrutá-lo, vivê-lo.
Sol: Passado, a origem da vida; Presen-
te, a luz que aquece e ilumina; Futuro,
astro guia dos nossos sonhos.
Filipa Isabel Serrazina
8º D
Setembro/2005
ENTREI NUM QUADRO
ENTRE PISOS
não sabia que há
um instituto oriental
na minha faculdade
no sexto piso
como havia de saber?
não olho para os papéis,
quando muito para as paredes
em que os colam
como se também eu
tivesse ânimo para colar papéis
onde se fala e informa
sobre o instituto oriental.
poderia aprender japonês,
talvez um dia ler mishima no original.
talvez quando esses papéis
me permitirem
reconciliar com as paredes
sem o frio a dobrar-me perante
a sua espessura.
Luís Lucas, 2005
(ex-aluno do ECB)
OH GOTA
Oh gota
Como me fascinas.
Vens de lá,
Só tu.
Tu mesma.
Cá em baixo
Espera-te tudo...
O mar...
Os rios...
Como deves estar feliz...
Chegaste...
Caíste no mar...
Mas agora,
Não és gota...
És mar.
Não és tu...
És tudo.
Morreste...
Vieira McNeal, 12º Ano
ARTE E CULTURA
ANO I - Nº 1 TOQUE DE SAÍDA
15
O Sol é essencial à vida. Ele é a principal
fonte de luz e calor do nosso planeta. Sem
ele, as plantas não poderiam realizar a fotos-
síntese. Mas como se terá formado o Sol?
Pensa-se que o Sol, juntamente com os
restantes planetas do Sistema Solar, se terá
formado aproximadamente há 4,6 milhões de
anos. Os cientistas acreditam que até essa
data existiria apenas uma nuvem de gás (hi-
drogénio) e poeiras que vagueavam no Uni-
verso. Esta nuvem terá começado a compri-
mir-se, ficando mais pequena. As partículas
que a formavam, devido à compressão, co-
meçaram a atrair-se formando aglomerados
de partículas.
Consequentemente, a nuvem começou
a rodar sobre si própria e, quanto mais se
comprimia, maior a sua velocidade, como
uma patinadora sobre o gelo que roda mais
rapidamente quando recolhe os braços para
junto do seu corpo.
Na parte central desta nuvem começou a
juntar-se cada vez mais matéria, formando
uma espécie de bola. Essa bola era o SOL,
a nossa estrela, constituído essencialmen-
te por hidrogénio. Os átomos de hidrogénio
colidiam entre si, produzindo calor. Devido
às colisões entre os átomos e ao aumento
da temperatura, os hidrogénios começaram
a juntar-se, formando outro átomo, o hélio.
É desta transformação de hidrogénio em hé-
lio (designada fusão nuclear) que é libertada
energia na forma de calor e luz.
No Sol actual, em cada segundo, 4 mi-
lhões de toneladas de hidrogénio são trans-
formadas em hélio. A luz que provém do Sol
equivale a 4 biliões de lâmpadas.
Contudo, tal como as pessoas, o Sol e
todas as estrelas nascem, envelhecem e
morrem. O Sol é uma estrela de meia-idade,
pensando-se que daqui a aproximadamente
5 milhões de anos morrerá. Todo o hidrogé-
nio, o combustível do Sol, se consumirá, res-
tando apenas hélio; já não haverá libertação
de energia, nem sob a forma de calor nem
sob a forma de luz.
O Sol, segundo se pensa, está 20 vezes
mais pequeno e 100 vezes menos brilhante
do que na altura em que se formou. Quando
o Sol deixar de produzir energia, nós certa-
mente já não assistiremos a esse fenómeno,
não saberemos o que acontecerá ao plane-
ta Terra, mas a vida tal como a conhecemos
não poderá existir.
Adaptado de:
Sabes porquê? O grande circo da ciên-
cia – Júnior, Kathy Wollard e Debra Solomon,
Gradiva
O SOLA Humanidade não ficará na Terra para sempre, mas na sua bus-
ca de luz e espaço irá primeiro timidamente penetrar para lá dos
confins da atmosfera, e mais tarde conquistar para si própria todo
o espaço perto do Sol.
Konstantin E. Tsiolkovsky
Caminhos da Ciência
COMO FOI DETERMINADO O RAIO DA TERRA
Eratóstenes de Cirene – astrónomo, geó-
grafo, matemático e poeta grego (276 a. C.-
194 a. C.), proveniente da região de Cirene
no Norte de África – conseguiu determinar o
raio da Terra, há mais de 2000 anos.
A consulta de escritos em papiro, existen-
tes na Biblioteca de Alexandria, permitiu-lhe
ter conhecimento de que próximo de Siena
(hoje Assuão), no dia mais longo do ano
(solstício de Verão), havia um poço cujo fun-
do ficava totalmente iluminado, não se pro-
duzindo por isso qualquer sombra. Por outro
lado, em Alexandria, à mesma hora desse
dia de solstício, uma vara colocada vertical-
mente no solo produzia sombra. Eratóstenes,
sabendo que a superfície da Terra era curva,
estabeleceu o seguinte raciocínio:
Se uma vara na vertical, em Alexandria,
produzia uma sombra com o comprimento
BC, então era possível determinar o ângulo
a. Se na construção geométrica, marcásse-
mos um ponto que correspondesse ao centro
da Terra e o uníssemos com um segmento de
recta que passasse pela vara, definiríamos
a vertical do lugar, ou seja, o zénite, ponto
exactamente situado sobre a cabeça do ob-
servador colocado nesse lugar.
Esta observação permitiu calcular que
o Sol se encontrava afastado do seu zénite
cerca de 7,2°, ou seja, 1/50 de uma circunfe-
rência (o perímetro da Terra). Fazendo idênti-
ca observação em Siena, confirmou que não
havia desvio do Sol, por este se encontrar no
zénite. Assim, Eratóstenes concluiu que o
arco de circunferência entre Alexandria e As-
suão era de 7,2° e correspondia à diferença
de latitude entre esses dois lugares.
A Eratóstenes faltava apenas saber a dis-
tância entre Alexandria e Assuão. Para isso,
contratou um homem para medir essa distân-
cia, tendo este obtido 5000 stadia, ou seja,
cerca de 800 km.
Com base nestes dados, pode agora o
leitor calcular os valores do raio e perímetro
terrestre.
Envie os seus cálculos para o seguinte
endereço: [email protected]
Galileu Galilei (1564-1642) foi um cientista, filósofo e
matemático italiano que contribuiu para o desenvolvimen-
to do método científico. Descobriu a lei da inércia, que foi
usada pelo cientista Isaac Newton na formulação das suas
teorias.
Em astronomia, Galileu Galilei usou o telescópio para
observar os céus e fez descobertas importantes, como a
de que quatro luas giram em torno do planeta Júpiter. Foi
julgado pela Inquisição por defender a teoria heliocêntrica
de Copérnico, segundo a qual os planetas giram em torno
do Sol. Galileu foi forçado a repudiar a teoria heliocêntri-
ca e recebeu uma leve sentença, sofrendo prisão domi-
ciliar. No entanto, conta a lenda que, ao abjurar, Galileu
terá murmurado: «Et per si mueve» («E no entanto move-
se»).
SABIA… QUEM FOI GALILEU?
CIÊNCIA TECNOLOGIA E AMBIENTE
ANO I - Nº 1TOQUE DE SAÍDA
16
Certamente já ouviu dizer que “deve fe-
char a torneira enquanto lava os dentes”,
que “o ambiente agradece se andar a pé em
vez de se deslocar de carro”, ou que “é mui-
to importante separar o lixo que produz para
que possa ser reciclado”...
...mas será que cada um de nós pode
fazer assim tanta diferen-
ça?
Não seria óptimo po-
der saber exactamente
qual o impacto que cada
acção isolada tem no am-
biente?
1. Cada pessoa pro-
duz cerca de 1,5 kg de
lixo por dia. Ao fim de 1
ano terá produzido uma
quantidade de lixo equi-
valente a 10 vezes o seu
peso em adulto!
Se colocar todo o pa-
pel sem utilidade no papelão, ao fim de 1
ano terá produzido uma quantidade de lixo
equivalente a apenas 6 vezes o seu peso em
adulto. Se separar todo o lixo reciclável (pa-
pel, vidro, embalagens, pilhas e orgânicos),
ao .fim de 1 ano terá produzido uma quanti-
dade de lixo equivalente a apenas um pouco
mais que o seu peso em adulto!
Sabia que se se colocasse todo o lixo pro-
duzido no país, durante um ano, num campo
de futebol, teríamos um “monumento” com
uma altura equivalente a 2,5 vezes a altura
da Serra de Sintra?
2. Se uma família de 4 pessoas tomar,
todos os dias, duches de 5 minutos, gastará
mais de 2600 Iitros de água por semana: o
equivalente à água que uma pessoa bebe ao
longo de 3 anos.
Sabia que de toda a água que existe no
mundo, apenas 0,06% é potável e está dis-
ponível para uso humano?
3. Para produzir 1 kg de carne é neces-
sário 100 vezes mais água doce do que para
produzir 1 kg de trigo. Se 1000 pessoas subs-
tituírem uma refeição de carne por um prato
vegetariano uma vez por mês, ao fim de um
ano teremos poupado mais de 100 000 m3
de água doce. Esta quantidade de água é su-
ficiente para 5500 pessoas tomarem duche,
todos os dias, durante um ano!
4. Sabia que a água doce é apenas 3%
de toda a água existente na Terra?
Em cada descarga do autoclismo en-
viamos 10 a 15 litros de água potável direc-
tamente para o esgoto. Pode diminuir-se o
volume de água que se gasta nestas des-
cargas colocando uma garrafa cheia de água
ou areia no depósito do autoclismo. Em sua
casa passará a poupar até 800 Iitros de água
por mês.
Se 1000 pessoas tomarem esta atitude,
ao fim de 9 meses terão poupado quantida-
de de água suficiente para encher completa-
mente o aquário central do Oceanário.
Sabia que cerca de
40% da água potável
que gastamos em nos-
sa casa é enviada di-
rectamente pela sanita
abaixo?
5. Um automóvel
emite cerca de 2760 kg
de dióxido de carbono
(CO2) e outros gases
causadores do efeito de
estufa por ano. Se redu-
zirmos a velocidade de
condução, de 120 para
100 km/h, poupamos
20% de gasolina. Se
1000 pessoas assumirem este compromisso,
estaremos a evitar o envio de 5,5 toneladas
de dióxido de carbono para a atmosfera, por
ano: o equivalente a menos dois carros a cir-
cularem nas estradas.
Sabia que o fabrico de cada automóvel
gera 25 toneladas de resíduos (lixo)?
6. Os objectos de plástico são os prin-
cipais responsáveis pela morte de animais
marinhos. Um conjunto de 6 argolas de plás-
tico “porta-latas” demora cerca de 400 anos
até se degradar completamente no mar. Este
tempo é suficiente para que pelo menos 1
animal marinho seja apanhado por esta “ar-
madilha” e acabe por morrer preso ou asfi-
xiado. Basta dar um corte em cada uma das
argolas antes de as colocar no lixo para sal-
var um grande número de animais.
Sabia que cerca de 1 000 000 de aves
marinhas e mais de 100 000 mamíferos ma-
rinhos morrem todos os anos devido à polui-
ção por plásticos?
7. Envolva-se! Participe na limpeza das
praias, denuncie os locais de despejo e acu-
mulação de lixo, inscreva-se numa associa-
ção de protecção ambiental, procure saber
mais sobre as espécies da fauna e flora da
zona onde vive.
Se convencer 3 pessoas a juntarem-se
a si nestas acções, estará a triplicar o seu
efeito.
Quando estas atitudes forem tomadas
por milhares de pessoas o nosso impacto
será enorme e teremos a certeza de que es-
tamos a contribuir para um verdadeiro Pla-
neta Azul!
Informações fornecidas pelo
Oceanário de Lisboa
FAÇA A DIFERENÇAConservação do Planeta Azul
Leia e descubra
a enorme importância
da sua
mudança de atitude
para a
conservação
do nosso planeta azul
CIÊNCIA TECNOLOGIA E AMBIENTE
ANO I - Nº 1 TOQUE DE SAÍDA
17
Este ano, o Desporto
Escolar conta com as mo-
dalidades de Voleibol, Râ-
guebi e Multi-Actividades de
Aventura (desportos alterna-
tivos). No Voleibol estão a
funcionar três escalões: in-
fantis masculinos, iniciados
masculinos e femininos, a
cargo dos professores Joel
Machado, Estela Santana e
Miguel Fonseca. O Râguebi
funciona para todos os es-
calões, sendo a professora
Rita Pedrosa a responsável
pela actividade. Relativa-
mente às Multi-Actividades
de Aventura, estas não se
dividem por escalões, sendo
o professor Tobias Marques
o responsável por esta acti-
vidade.
Este ano já decorreram alguns
encontros entre escolas, nomea-
damente no Voleibol e no Râguebi,
sendo de salientar as excelentes
prestações dos alunos do Externato
Cooperativo da Benedita. No esca-
lão de infantis masculinos, na mo-
dalidade de voleibol, as equipas do
Externato obtiveram dois primeiros
lugares e dois segundos lugares,
num total de quatro equipas que se
deslocaram à Atouguia da Baleia,
no dia 6 de Dezembro de 2005. Re-
lativamente ao Râguebi, decorreu
um encontro em Torres Vedras, re-
velando-se bastante positivo para
os nossos alunos. Esteve presente,
neste encontro, a RTP 2, que fa-
zia as habituais reportagens sobre
Desporto Escolar, exibidas no pro-
grama Desporto 2, aos fins-de-se-
mana. Saliente-se que um dos nos-
sos alunos foi entrevistado
NOITE ESTAPAFÚRDIA
Após um ano de intervalo, o grupo de Educação Física volta a
realizar a Noite Estapafúrdia, este ano no dia 1 de Abril de 2006,
a partir das 21h30m, no pavilhão do Externato Cooperativo da
Benedita. Conta com actividades como Ginástica Rítmica e Acro-
bática, bem como os sempre presentes Trampolins. Para além
destas, haverá também actividades ligadas à dança, e entrega de
prémios.
CLUBES
Estão em funcionamento os CLUBES DE GINÁSTICA, de HIP HOP e
de MULTI-ACTIVIDADES DE AVENTURA. Para participar, aparece nos
treinos que se realizam às 4ª feiras entre as 14:30 e as 16 horas, ou fala
com um dos professores de Educação Física. São responsáveis por esta
actividade os professores: Rita Pedrosa, Estela Santana, Ângela Gens,
Liliana Gens, Miguel Fonseca, José Vinagre, Joel Machado e Tobias Mar-
ques.
OUTRAS NOTÍCIAS
Realizou-se no dia 23 de Novembro de 2005 mais uma edição
do Corta Mato Escolar, que voltou a ser um sucesso, contando
com a participação de mais de uma centena de alunos distribuídos
pelos diferentes escalões (infantis, iniciados, juvenis e juniores).
As classificações ficaram ordenadas da seguinte forma:
Quadro 1 – Resultados por Escalões
InfantisMasculinos Femininos
1º David Machado 7º C2º Ivo Santos 7º D3º Diogo Pires 7º B
1ª Patrícia Ramalho 7º G2ª Alexandra Fialho 7º I3ª Catarina Isabel 7º D
IniciadosMasculinos Femininos
1º Nuno Pina 9º C2º Guilherme Sousa 9º D3º Romeu Silva 9º D
1ª Rita Luíz 9º E2ª Mariana Fialho 8º D3ª Catarina Silvério 8º J
JuvenisMasculinos Femininos
1º André Lourenço 9º F2º Daniel Lopes 9º B3º Luís Crisóstomo 10º B
1ª Flávia Grilo 10º G2ª Inês Martins 10º I3ª Carla Santos 9º C
JunioresMasculinos Femininos
1º Carlos Fernandes 12º C2º André Marques 10º G3º Joel Simplício 12º C
1ª Andreia Silva 12º C2ª Filipa Marques 12º C3ª Diana Bernardes 11º F
O grupo de Edu-
cação Física aderiu
aos projectos Com-
pal Air 3x3 (Basque-
tebol) e Gira Volei
(iniciação ao Volei-
bol). Inicialmente,
apuram-se as me-
lhores equipas den-
tro de cada uma das
turmas da escola.
Posteriormente, ha-
verá uma segunda fase, que envolve as escolas da região, onde
ficará apurado o campeão regional que, no caso de a organização
decidir realizar a fase nacional, aí irá representar a nossa região.
Nesta primeira edição do jornal da escola, não poderíamos
deixar de fazer uma breve referência à excelente prestação que
João Pedro Silva, antigo aluno do ECB, tem tido na selecção na-
cional de Triatlo. O Grupo de Educação Física em particular, e
toda a comunidade escolar torce pelo seu sucesso e exprime o
seu regozijo pelo que o João tem conseguido até agora.
DESPORTO ESCOLAR
Modalidades/ escalão
Dias e horas de Treino Professor Responsável
Voleibol - Infantis Masculinos
3ª Feiras 13:30 – 14:30h Miguel Fonseca
Voleibol - Iniciados Masculinos
3ª Feiras 13:30 – 14:45h5ª Feiras 13:30 – 14:45h
Joel Machado
Voleibol – Iniciados Femininos
4ª Feiras 13:30 – 15 h5ª Feiras 16 – 17:30 h
Estela Santana
Râguebi - Vários2ª Feiras 17:30 – 18:30 h5ª Feiras 13 – 14:30 h
Rita Pedrosa
Multi-Actividades2ª Feiras 14 – 15 h4ª Feiras 14:30 – 16:30 h5ª Feiras 14:20 – 15:50 h
Tobias Marques
NOTÍCIAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA
MENTE SÃ EM CORPO SÃO
ANO I - Nº 1TOQUE DE SAÍDA
18
Xadrez
Sabia que:
- O Núcleo de Xadrez do Externato Cooperativo da
Benedita se manteve na III Divisão?
- Pedro Filipe Rodrigues; Vladimir Melnik; Mariana
Silva e Tiago Ferreira estão na Selecção Distrital de
Xadrez?
- Vladimir Melnik é Vice Campeão Distrital Absoluto
(séniores, mais jovens) da época 2005?
- Pedro Filipe Rodrigues é Vice Campeão distrital de
Rápidas e Vice Campeão distrital Sub16?
- Mariana Silva é Campeã Nacional Feminina Sub14
em ritmo Semi-rápido, Campeã Distrital Feminina
Sub14 e está na Selecção Nacional?
- Tiago Ferreira é Campeão Distrital Sub 14 e con-
seguiu o seu primeiro bloco FIDE no I Torneio FIDE
da Academia de Xadrez da Benedita?
- Raquel Inácio, do 3º Ciclo, é Vice -Campeã Regio-
nal Feminina?
- Carina Santos, do 3º Ciclo, é 3ª Classificada no
Regional Feminino?
- Lídia Ferreira é Vice Campeã Distrital Feminina?
- Dimitri Scoropad fez o seu primeiro bloco FIDE no I
Torneio FIDE da Academia de Xadrez da Benedita?
Esta e outras notícias no site Xadrez na Benedita:
http://xadrezbenedita.no.sapo.pt
ANATOLIY VENCETORNEIO
Natal de 2005 de Évora de Alcobaça
O ucraniano Anatoliy Ladyka, membro da Acade-
mia Xadrez Benedita – o mais novo clube federado
da Associação de Xadrez de Leiria – venceu o Tor-
neio de Natal 2005 de Évora de Alcobaça.
O Torneio, organizado pelo Centro de Formação
de Xadrez da Benedita, Externato Cooperativo da
Benedita, com o apoio da Associação de Pais de
Évora de Alcobaça, disputou-se no sistema de To-
dos contra Todos, em partidas de 15 minutos por
jogador.
Só o Anatoliy pertence à Academia Xadrez Be-
nedita. Os restantes participantes pertencem à sec-
ção de xadrez da Associação de Pais de Évora de
Alcobaça, são alunos da Escola Frei Estevão Mar-
tins, e têm treinos semanais com José Cavadas, nas
instalações da Associação de Pais de Évora de Al-
cobaça.
ALUNO DO ECB VICE-CAMPEÃO
Pedro Rodrigues,
do Núcleo de Xadrez
do Externato Coope-
rativo da Benedita,
obtém o 2º lugar no I
ENCONTRO DE JO-
VENS DA ZONA CEN-
TRO.
Na passado dia
19 de Dezembro de
2005, realizou-se, na
Secção de Xadrez do
Clube dos Galitos, um
encontro final entre os
melhores jovens dos
estágios dos distritos
de Aveiro, Coimbra, Leiria e Castelo Branco.
Os jogadores foram divididos em dois grupos: no Grupo A, os xadrezistas dos 14
aos 18 anos; no Grupo B, dos 9 aos 13 anos. Aveiro fez-se representar por 10 jovens
jogadores, Leiria por 2 (Pedro Rodrigues e David Rashidi, ambos do concelho de Al-
cobaça) e Coimbra por 4. Este torneio teve a particularidade de ter sido temático: o
Mestre Internacional António Fróis (treinador da Federação Portuguesa de Xadrez), co-
locava uma abertura no tabuleiro mural com cerca de 10 lances, e os jovens jogadores
começariam a partir desse lance a partida, após três minutos de análise da posição.
Pedro Rodrigues não perdeu nenhum jogo – cedendo apenas 2 empates, um frente
a Rashidi e outro ao vencedor do torneio, Jorge Cruz, de Montemor-O-Velho – obtendo
assim o 2º lugar e o título de vice-campeão.
CALENDÁRIO DO DESPORTO ESCOLAR 2006
CAE-Oeste - Xadrez
Data Torneio/Actividade Local
25 Jan 1º Torneio do V Circuito da CAE-OESTE Escola Amadeu Gaudêncio
Nazaré
17 Fev 2º Torneio do V Circuito da CAE OESTE VI
Encontro Nacional Escolas Individual
Externato Cooperativo
Benedita
10 Março VI Encontro Nacional Escolas Equipas Externato Cooperativo
Benedita
28 Março 3º Torneio do V Circuito da CAE-OESTE Escola 2,3 Secundária
S. Martinho Porto
3 Maio 4º Torneio do V Circuito da CAE-OESTE III
Memorial Professor Arnaldo Olivença
Escola Frei Estevão
Martins - Alcobaça
18 Maio Torneio de Pares Escola Profissional
Armando Lucena
Veja o site da Academia Xadrez da Benedita
Estamos na página da Federação Portuguesa de Xadrez
http://www.fpx.pt/form_desev/benedita/benedita.htm
Xadrez no ECB
UM PERCURSO DE SUCESSO
MENTE SÃ EM CORPO SÃO
ANO I - Nº 1 TOQUE DE SAÍDA
19
OS BALDES
Imagine que tem dois baldes vazios, um com a capaci-
dade de 6 litros, o outro, de 11 litros. O desafio consis-
te em ir a um lago buscar exactamente 8 litros de água.
Como se consegue fazer isso?
10 SACOS
Temos 10 sacos de moedas, cada saco tem 10 moedas
de ouro e cada moeda pesa 10 gramas. Há no entanto
um saco que só tem moedas falsas e sabemos que
cada moeda falsa pesa menos um grama que cada mo-
eda verdadeira.
Para descobrir qual dos sacos tem moedas falsas te-
mos uma balança convencional de um prato que permi-
te ver com rigor o peso em gramas. Só pode fazer-se
uma única pesagem para descobrir o saco de moedas
falsas.
Qual a estratégia para descobrir qual dos sacos tem
moedas falsas?
NO MURO DE BERLIM
Certo dia ouvi contar a seguinte história:
Um dia, F. Nietzsche escreveu no Muro de Berlim a
seguinte frase:
«Deus Morreu.» E assinou por baixo – Nietzsche.
Quando Nietzsche morreu apareceu no muro uma ou-
tra frase:
«Nietzsche morreu.» E por baixo, assinado – Deus.
Só mais tarde percebi o absurdo que a história conti-
nha; descubra-o também.
AS IDADES
Dois amigos, o Arnesto e o Bicente, não se viam há
muito tempo, comunicando apenas por carta. Certo dia
encontram-se e travam o seguinte diálogo:
Arnesto: Quantos filhos tens?
Bicente: Tenho 3.
Arnesto: Quais as suas idades?
Bicente: O produto das suas idades é 36. A soma das
suas idades é igual ao número da minha porta, mas
isto não chega para tu resolveres. O mais velho já toca
piano.
Quais as idades dos filhos do Bicente?
A CORDA
Uma corda com 100 metros de comprimento tem cada
uma das suas extremidades presa nos topos de dois
postes.
Os postes têm alturas diferentes: um mede 90 metros,
o outro 70 metros e encontram-se ambos perpendicu-
lares ao plano do solo.
O ponto da corda que está mais próximo do solo en-
contra-se a 30 metros deste.
Sabendo que a corda não está esticada, a que distân-
cia se encontram os postes um do outro?
Certamente, o leitor terá já assistido,
no meio de uma conversa com amigos,
à seguinte discussão: a certa altura al-
guém se pronuncia, mais ou menos nos
termos que se seguem, sobre o algaris-
mo suplementar que os bilhetes de iden-
tidade passaram a ter de há uns anos
para cá: “O algarismo suplementar que
se segue ao número do B. I. indica o nú-
mero de pessoas em Portugal que têm
um nome exactamente igual ao portador
do B. I.”.
Esta é uma afirmação disparatada,
mas com imensos defensores que a pro-
pagam de forma acrítica, transforman-
do-a numa espécie de lenda urbana por-
tuguesa.
Afinal de contas, o que representa o
misterioso algarismo suplementar que
se segue ao nosso B. I.?
Não representa o número de pesso-
as com o mesmo nome, nem o núme-
ro de multas de estacionamento que o
portador apanhou (versão que também
circula) ou qualquer outra disparatada
hipótese deste tipo. O algarismo suple-
mentar é (ou seria, se as autoridades
portuguesas não tivessem cometido um
ridículo erro matemático!) apenas um al-
garismo de controlo que detecta se o nú-
mero de B.I. está correctamente escrito
ou não, e que permitiria detectar bilhe-
tes de identidade falsos.
Esse algarismo de controlo calcula-
se da seguinte forma:
Admitindo que os números do bilhe-
te de identidade têm a seguinte forma
x1x
2x
3x
4 x
5 x
6 x
7 x
8 x
9 em que x
i repre-
senta o algarismo colocado na posição
i, começa por fazer-se a seguinte ope-
ração:
1xx1+2xx
2+3xx
3+4xx
4+5xx
5+6xx
6+7xx
7+8xx
8+9xx
9
Depois, divide-se o resultado por 11* e o resto dessa divisão inteira é o fami-
gerado algarismo suplementar.
Os restos possíveis são então os
números inteiros de 0 a 10, mas no B.
I. só há espaço para um algarismo de
controlo, decidindo os nossos respon-
sáveis substituir o número 10 por 0, in-
troduzindo assim um erro que impede o
uso deste método para detectar bilhetes
de identidade falsos, pois sempre que o
algarismo de controlo é 0, este tanto po-
derá ser oriundo de um resto 0, como de
um resto 10. Estima-se que em Portugal
cerca de 9% dos B. I. tenham um núme-
ro de controlo errado.
Como curiosidade, adiantamos que
este é também o método usado nos có-
digos ISBN que são uma espécie de B. I.
dos livros, e que, nesse código, o alga-
rismo de controlo referente ao resto 10 é
substituído por X, que representa 10 em
numeração romana.
* A escolha do 11 envolve propriedades mate-
máticas que não nos parecem relevantes para o
comum dos leitores.
É um puzzle lógico, num quadrado
de nove linhas por nove colunas, orga-
nizado em regiões de 3x3.
Use algarismos de 1 a 9, de modo a
que cada algarismo apareça uma única
vez em cada linha, coluna, ou região de
3x3.
Não é necessária qualquer operação
aritmética.
Aqui ficam três exemplares, de graus
de dificuldade diversificados.
Divirta-se!
8 7 9
8 4 7
4 7 2 6 3 8
5 8 6
9 6 5 2
4 9 1
2 3 5 7 4 8
4 6 1
6 5 8
Fácil
94 8 9 3
7 8 98 2 6
4 18 7 3
7 2 48 9 5 2
7Difícil
2 5 1 38 5
3 1 5 95 9 23 1 6 2
5 4 62 8 9 4
1 87 4 6 1Médio
DESAFIOS O MISTÉRIO DO BILHETE DE IDENTIDADE
SUDOKU
As propostas de solução devem ser enviadas para o
endereço electrónico do Toque de Saída:
PASSATEMPOS E CURIOSIDADES
ANO I - Nº 1TOQUE DE SAÍDA
20
Pela sétima vez, após o 25
de Abril, os portugueses foram
chamados no dia 22 de Janeiro
a escolher um novo Presidente
da República.
Apesar de ser a sétima vez
que houve eleições para a Pre-
sidência da República, nunca
em nenhuma outra eleição fo-
ram tão discutidas as competên-
cias do Presidente da República
e os poderes que ele tem.
Essas competências e esses
poderes resultam do modelo que
foi escolhido pelos portugueses
para o seu Presidente. De entre
os modelos conhecidos, - como
o modelo parlamentar, que é
aquele em que o Presidente é
uma figura meramente repre-
sentativa, do tipo corta fitas,
como é exemplo o modelo ale-
mão; o modelo presidencialista,
onde o Presidente é também o
detentor do poder executivo
e, por isso mesmo, o
chefe do Governo,
como é exemplo
o regime ameri-
cano; ou ainda
os modelos se-
mipresidencia-
listas, onde o
presidente é um
árbitro, embora
com capacidade de
intervenção efectiva
dentro de um parlamenta-
rismo racionalizado; ou aque-
le outro em que o Presidente é
mais forte, sendo o regulador
do sistema político -, os portu-
gueses optaram por esta última
solução.
Assim, ao Presidente da Re-
pública foram atribuídos pode-
res relativos ao Estado,
- representa a Re-
pública, garante
a independência
nacional e a uni-
dade do Estado
-, à Constituição
e ao funciona-
mento dos outros
órgãos do Esta-
do – o Presidente
da República garante
o normal funcionamento das
instituições democráticas, pode
dissolver a Assembleia da Re-
pública, nomeia o Primeiro Mi-
nistro e o Governo e pode de-
mitir o Primeiro Ministro, declara
o estado de sítio e o estado de
emergência e promulga ou veta
as leis.
São estes, de modo genéri-
co, os poderes do Presidente.
Afinal, o Presidente tem mui-
tos poderes ou tem poucos po-
deres ?
O Presidente tem os poderes
que os portugueses querem que
ele tenha.
E o que os portugueses es-
peram do Presidente é que ele
use os poderes que tem, com
rigor, com firmeza, mas acima
de tudo com bom senso demo-
crático.
Luís Castelhano, professor
Integrados nos objectivos da
disciplina de Educação Visual,
os alunos do 9º ano visitaram o
Museu do Chiado, com especial
destaque para a exposição, “Pri-
meiros Modernismos em Portu-
gal”.
A visita iniciou-se com uma
abordagem à arte portuguesa
do séc. XIX. Os exemplos do
naturalismo apresentados foram
diversos, com o objectivo de
despertar os alunos para as di-
ferenças entre esta geração e a
geração modernista portuguesa,
e de os levar a entender o fac-
to de os modernismos nas artes
plásticas portuguesas, iniciados
com grande esforço na primeira
década do séc. XX, mostrarem
momentos de euforia.
De facto, não existiram mui-
tas rupturas com a pintura do
séc. XIX. O que tivemos foi um
surto futurista. Desse surto são
exemplo, na primeira sala dedi-
cada ao modernismo, Cabeças
(1913), de Amadeo de Souza
Cardoso e Cabeça (1910-1912)
de Santa Rita.
A Revolta das Bonecas, de
Eduardo Viana, talvez tenha sido
a obra à qual os alunos dedica-
ram mais atenção.
Ao analisarmos esta obra,
reconhecemos formas geométri-
cas, numa via abstractizante, e
outras numa via mais figurativa.
Assim, encontramos ao centro a
representação de bonecas que
descobrimos a partir de 3 pares
de pés. Em toda a obra são uti-
lizados círculos, nomeadamente
à esquerda, em formas que nos
sugerem maçãs, e à direita, nas
copas das árvores. No canto su-
perior direito é-nos ainda possí-
vel compreender como que uma
esplanada, através dos seus
chapéus-de-sol.
Já na segunda sala, encon-
trámos trabalhos de Almada Ne-
greiros, nomeadamente estudos
para os frescos das Gares Ma-
rítimas de Alcântara e da Rocha
do Conde D’Óbidos, e alguns de-
senhos de grande expressivida-
de, como Sesta de 1939.
Numa análise mais demo-
rada seria possível encontrar
outras formas modernistas de
representar, mas o que nos mo-
veu foi propiciar o encontro dos
alunos com a arte portuguesa,
contribuindo para o seu enrique-
cimento cultural, e levando-os a
valorizar o património artístico
português.
É de referir ainda o percurso
Pessoano - Modernista, realiza-
do nos arredores do museu com
algumas turmas, tendo como lo-
cal de paragem obrigatória o café
A Brasileira do Chiado, ponto de
tertúlia e reunião de Fernando
Pessoa com alguns pintores mo-
dernistas que aqui expuseram
obras.
Professoras de Educação Visual
O ECB VISITA O MUSEU DO CHIADO
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA E AS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS
Eleições Presidenciais
Cabeças, Amadeo de Sousa Cardoso
A revolta das bonecas, Eduardo Viana