Oswald de Andrade
Pau-Brasil
Obra Completa
Sumário
Por ocasião da descoberta do Brasil 3História do Brasil 7
Pero Vaz de Caminha 8Gandavo 9O capuchinho Claude d'Abbeville 11Frei Vicente do Salvador 13Fernão Dias Paes 14Frei Manuel Calado 15J.M.P.S. 16Príncipe Dom Pedro 17
Poemas da Colonização 18São Martinho 23r p 1 29Carnaval 35Secretário dos amantes 37Postes da Light 41Roteiro das Minas 51Lóide Brasileiro 61
por ocasião da descoberta do brasil
ESCAPULÁRIO
No Pão de AçúcarDe Cada DiaDai-nos SenhorA PoesiaDe Cada Dia
FALAÇÃO
O Cabralismo. A civilização dos donatários. A Querência e a Exportação.
O Carnaval. O Sertão e a Favela. Pau-Brasil. Bárbaro e nosso.
A formação étnica rica. A riqueza vegetal. O minério. A cozinha. O vatapá, o ouro e a dança.
Toda a história da Penetração e a história comercial da América. Pau-Brasil.
Conta a fatalidade do primeiro branco aportado e dominando diplomaticamente as selvas selvagens. Citando Virgílio para tupiniquins. O bacharel.
País de dores anônimas. De doutores anônimos. Sociedade de náufragos eruditos.
Donde a nunca exportação de poesia. A poesia emaranhada na cultura. Nos sipós das metrificações.
Século XX. Um estouro nos aprendimentos. Os homens que sabiam tudo se deformaram como babéis de borracha. Rebentaram de anciclopedismo.
A poesia para os poetas. Alegria da ignorância que descobre. Pedr'Álvares.
Uma sugestão de Blaise Cendrars: - Tendes as locomotivas cheias, ides partir. Um negro gira a manivela do desvio rotativo em que estais. O menor descuido vos fará partir na direção oposta ao vosso destino.
Contra o gabinetismo, a palmilhação dos climas.
A língua sem arcaísmo. Sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros.
Passara-se do naturalismo à pirogravura doméstica e à kodak excursionista.
Todas as meninas prendadas. Virtuoses de piano de manivela.
As procissões saíram do bojo das fábricas.Foi preciso desmanchar. A deformação através do
impressionismo e do símbolo. O lirismo em folha. A apresentação dos materiais.
A coincidência da primeira construção brasileira no movimento de reconstrução geral. Poesia Pau-Brasil.
Contra a argúcia naturalista, a síntase. Contra a cópia, a invenção e a surpresa.
Uma perspectiva de outra ordem que a visual. O correspondente ao milagre físico em arte. Estrelas fechadas nos negativos fotográficos.
E a sábia preguiça solar. A reza. A energia silenciosa. A hospitalidade.
Bárbaros, pitorescos e crédulos. Pau-Brasil. A floresta e a escola. A cozinha, o minério e a dança. A vegetação. Pau-Brasil.
História do Brasil
PERO VAZ CAMINHA
A DESCOBERTA
Seguimos nosso caminho por este mar de longoAté a oitava da PáscoaTopamos avesE houvemos vista de terra
OS SELVAGENS
Mostraram-lhes uma galinhaQuase haviam medo delaE não queriam por a mãoE depois a tomaram como espantados
PRIMEIRO CHÁ
Depois de dançarem Diogo DiasFez o salto real
AS MENINAS DA GARE
Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentisCom cabelos mui pretos pelas espáduasE suas vergonhas tão altas e tão saradinhasQue de nós as muito bem olharmosNão tínhamos nenhuma vergonha
GANDAVO
HOSPEDAGEM
Porque a mesma terra he talE tam favorável aos que vam buscarQue a todos agazalha e convida
COROGRAFIA
Tem a forma de hua harpaConfina com as altíssimas terras dos AndesE faldas do PeruAs quais são tão soberbas em cima da terraQue se diz terem as aves trabalho em as passar
SALUBRIDADE
O ser ella tam salutífera e livre de emfermidadesProcede dos ventos que cruzam nellaE como todos procedem da parte do marVem tam puros e coadosQue nam somente nam danamMas recream e accrescentam a vida do homem
SISTEMA HIDROGRÁFICO
As fontes que há na terra sam infinitasCujas águas fazem crescer a muytos e muy grandes riosQue por esta costa Assi da danda do Norte como do Oriente
Entram no mar oceano
PAÍS DO OURO
Todos têm remédio de vidaE nenhum pobre anda pelas portasA mendigar como nestes Reinos
NATUREZA MORTA
A esta fruita chamam AnanazesDepois que sam maduras têm un cheiro muy suaveE come-se aparados feitos em talhadaE assi fazem os moradores por elle maisE os têm em mayor estimaQue outro nenhum pomo que aja na terra
RIQUEZAS NATURAIS
Muitos mataes pepinos romans e figosDe muitas castasCidras limões e laranjasUm infinidadeMuitas cannas daçucreInfinito algodamTambém há muito paobrasilNestas capitanias
FESTA DA RAÇA
Hu certo animal se acha também nestas partesA que chamam PreguiçaTem hua guedelha grande no toutiçoE se move com passos tam vagarososQue ainda que ande quinze dias aturadoNão vencerá a distância de hu tiro de pedra
O CAPUCHINHO CLAUDE D'ABBEVILLE
A MODA
Les fammes n'ont point la lèvre percéeMais em récompenseElles ont les oreilles trouéesEt elles s'estiment aussi bravesAvec des rouleaux de bois dedans les trousQue font les dames de perdeçaAvec leurs grosses et riches diamants
CÁ E LÁ
Cette coustume de marcher nudest merveilleusement difforme et deshonnesteN'estant peut estre si dangereuse Ni si attrayanteQue les nouvelles inventionsDes dames de perdeçaQui ruinent plus d'âmesQue ne le font les filles indiennes
O PAÍS
Il y a une fontaineAu beau milieuParticuluère en beautéEt en bonté Des eaux vives et très clairesRejillissent dicelle
Et ruissellent dedans la merEstant environnéeDe palmiers guyacs myrtesSur lesquelsOn voit souventDes monnes et guenons
FREI VICENTE DO SALVADOR
PAISAGEM
Cultivam-se palmares de cocos grandesPrincipalmente à vista do mar
AS AVES
Há águias de sertãoE emas tão grandes como as de ÁfricaUmas brancas e outras malhadas de negroQue com uma asa levantada ao altoAo modo de vela latinaCorrem com o vento
AMOR DE INIMIGA
Posto que alguma Pelo amor que lhe temSolta também o presoE se vae com elle para suas terras
PROSPERIDADE DE SÃO PAULO
Ao redor desta vila Estão quatro aldeias de gentio amigoQue os padres da Companhia doutrinamFora outro muitoQue cada dia desce do sertão
FERNÃO DIAS PAES
CARTA
Partireicom quarente homens brancos afora euE meu filhoE quatro tropas de mossos meusGente escoteyra com pólvora e chumbo
Vossa SenhoriaDeve considerar que este descobrimentoÉ o de maior consideraçãoEm rasam do muyto rendimentoE também esmeraldas
FREI MANOEL CALADO
CIVILIZAÇÃO PERNAMBUCANA
As mulheres andam tão louçãsE tão custosasQue não se contentam com os tafetásSão tantas as jóias com que se adornamQue parecem chovidas em suas cabeças e gargantasAs pérolas rubis e diamantesTudo são delíciasNão parece esta terra senão um retratoDo terreal paraíso
J.M.P.S.(da cidade do porto)
VÍCIO NA FALA
Para dizerem milho dizem mioPara melhor dizem mióPara pior pióPara telha dizem teiaPara telhado dizem teiadoE vão fazendo telhados
PRÍNCIPE DOM PEDRO
CARTA AO PATRIARCA
Tendo pensamenteado toda a noiteAssentei passar revista aos GranadeirosAssim se os enxergar esta tarde no RossioNão assente ver Bernarda
Encumbi ao MiquilinaE ao Major do Regimento dos PardosPara virem me dar parteDe tudo que se disser pelos Botequins
Estimarei queapprove esta medidaE assento que melhores E mais fiéis e adherentes à causa do BrasilDo que os Pardos meus amigosNinguém
Poemas da Colonização
A TRANSAÇÃO
O fazendeiro criara filhosEscravos escravasNos terreiros de pitangas e jabuticabasMas um dia trocouO ouro da carne preta e musculosaAs gabirobas e os coqueirosOs monjolos e os boisPor terras imagináriasOnde nasceria a lavoura verde do café
FAZENDA ANTIGA
O narciso marceneiroQue sabia fazer moinhos e mesasE mais o Casimiro da cozinhaQue aprendera no RioE o Ambrósio que atacou Seu Juca de facaE suicidou-seAs dezenove pretinhas grávidas
NEGRO FUGIDO
O Jerônimo estava numa outra fazenda Socando pilão na cozinhaEntraramGrudaram neleO pilão tombouEle tropeçouE caiu
montaram nele
O RECRUTA
O noivo da moçaFoi para a guerraE prometeu se morresseVir escutar ela tocar pianoMas ficou para sempre no Paraguai
CASO
A mulatinha morreu E apareceuBerrando no moinhoSocando pilão
O GRAMÁTICO
Os negros discutiam Que o cavalo sipantouMas o que mais sabia Disse que eraSipantorrou
O MEDROSO
A assombração apagou a candeiaDepois no escuro veio com a mãoPertinho deleVer se o coração ainda batia
CENA
O canivete voou
E o negro comprado na cadeiaEstatelou de costasE bateu coa cabeça na pedra
O CAPOEIRA
- Qué apanhá sordado?- O quê?- Qué apanhá?Pernas e cabeça na calçada
MEDO DA SENHORA
A escrava pegou a filhinha nascidaNas costasE se atirou no ParaíbaPara que a criança não fosse judiada
LEVANTE
Contam que houve uma porção de enforcadosE as caveiras espetadas nos postesDa fazenda desabitadaMiavam da noiteNo vento do mato
A ROÇA
Os cem negros da fezendacomiam feijãoAbóbara chicória e cambuquiraPegavam uma roda de carroNos braçosazorrague
- Chega! Perdoa!
Amarrados na escadaA chibata preparava os cortesPara a salmoura
RELICÁRIO
No baile da CorteFoi o Conde d'Eu quem dissePra Dona BenvindaQue farinha da SuruíPinga de ParatiFumo de BaependiÊ comê bebê pitá e caí
SENHOR FEUDAL
Se Pedro SegundoVier aquiCom história Eu boto ele na cadeia
São Martinho
NOTURNO
Lá fora o luar continuaE o trem divide o BrasilComo um meridiano
PROSPERIDADE
O café é o ouro silenciosoDe que a geada orvalhadaArma torrefações ao solPassarinhos assoviam de calorEis-nos chegados à grande terraDos cruzados agrícolasQue no tempo de Fernão DiasE da escravidãoPlantaram fazendas como sementesE fizeram filhos nas senhoras e nas escravasEis-nos diante dos campos atávicoscheios de galos e de resesCom porteiras e trilhosUsinas e igrejasCaçadas e frigoríficosEleições tribunais e colônias
PAISAGEM
O cafezal é um mar alinhavadoNa aflição humorística dos passarinhosNuvens constroem cidades nos horizontes dos carreadoresE o fazendeiro olha os seus 800 000 pés coroados
BUCÓLICA
Agora vamos correr o pomar antigo Bicos aéreos de patos selvagensTetas verdes entre folhas E uma passarinhada nos vaiaNum tamarindoQue decola para o anilÁrvores sentadasQuitandas vivas de laranjas madurasVespas
ESCOLA RURAL
As carteiras são feitas para anõezinhosDe pé no chãoHá uma pedra negraCom sílabas escritas a gizA professora está de licença E monta guarda a um canto numa varaA bandeira alvi-negra de São PauloEnrolada no Brasil
PAI NEGRO
Cheio de rótulas Na cara nas muletasPedindo duas vezes a mesma esmolaPorque só enxerga uma nuvem de mosquitos
ASSOMBRAÇÃO
6 horasO Domingos PapudoE a besta preta
Nadando no vento
LEI
Depois da criação do município novoPlantado depressa nas ruas de poeiraOs bebês inumeráveis da colôniaSerão registrados em Pradópolis
TRAGÉDIA PASSIONAL
Hoje acendem velasNa cruz no matoE há uma inscriçãoDizendo que o cadáver da moçaFoi achado nel Rio del'Onza
MORRO AZUL
PassarinhosNa casa que ainda espera o ImperadorAs antenas palmeiras escutam Buenos-AiresPelo telefone sem fiosPedaços do céu nos camposLadrilhos no céuO ar sem venenoO fazendeiro na redeE a Torra Eiffel noturna e sideral
O VIOLEIRO
Vi a saída da luaTive um gosto singuláEm frente da casa tuaSão vortas que o mundo dá
MATE CHIMARRÃO
Depois da churrascadaAo fogo e ao ventoO cavaleiro do gadoTrouxe ouro em póE uma cuia festivaPara sorvermos a digestão
A LAÇADA
O Bento caiu como um touroNo terreiro E o médico veio de ChevroléTrazendo um prognósticoE toda a minha infância nos olhos
VERSOS DE DONA CARRIE
A neblina nos segue como um convidadoMas há um clarão para as bandas de LoretoCafezaisCidadesQue a Paulista recortaCoroa colhe e esparrama em safrasA nova poesia anda em GofredoQue nos espera da FordeNuma roupa de fazendaÉ ele quem cuida da plantação E organiza a sarraria como um poemaO time feminino nos bateMas Cendrars faz a última carambolaSoldado de todas as guerrasFoi ele quem salvou a França na ChampagneE os homens na partida de bilhar daquela noiteTerraço Rede
Paineiras pelo céuAs estrelas de Gonçalves Dias
METALÚRGICA
1 300° à sombra dos telheiros retos12 000 cavalos invisíveis pensando40 000 toneladas de níquel amareloPara sair o nível das águas esponjosas E uma estrada de ferro nascendo do soloOs fornos estroncadosDão o gusa e a escóriaA refinação planta barrasE lá embaixo os operáriosForjam as primeiras lascas de aço
r p 1
3 DE MAIO
Aprendi com meu filho de dez anos Que a poesia é a descobertaDas coisas que eu nunca vi
POEMA DO SANTUÁRIO
Já estive diversas vezes na AparecidaOnde há uma velha lutaQue é uma antiga disputaEntre duas casas comerciaisQue querem ao mesmo tempo serNa ladeira se solA Verdadeira Casa Verde
DITIRAMBO
Meu amor me ensinou a ser simplesComo um largo de igrejaOnde não há nem um sinoNem um lápisNem uma sensualidade
SOL
Uma vez fui a GuaráA GuaratinguetáE agora
Nesta hora de minha vidaTenho uma vontade vadiaComo um fotógrafo
GUARARAPES
JaponesesTurcosMiguéisOs hotéis parecem roupas alugadasNegros como num compêndio de história pátriaMas que sujeito loiro
WALZERTRAUM
Aqui dá arrozFeijão batataLeitão e patarataPassam 18 trens por diaFora os extraordinários E o trem leiteiroQue leva leite para todos os bebês do Rio de JaneiroApitos antigos apitamSentimentalmenteEu gosto dos santuáriosDas viagensE de alguns hotéisO Bertolini's em NápolesO d'Angleterre em CaenOnde Brummel morreuO hotél da Viúva Fernanda na AparecidaE um hotel sem nomeNa fronteira de PortugalOnde uma mulher bonitaQuis fazer pipiPela primeira vez
FIM E COMEÇO
A noite caiu com licença da CâmaraSe a noite não caíseQue seriam dos lampiões?
CIDADE
Foguetes pipocam o céu quando em quandoHá uma moça magra que entrou no cinemaVestida pela última fitaConversas no jardim onde crescem bancosSapos OlhaA iluminação é de hulha brancaMamães estão chamandoA orquestra rabecoa na mata
BONDE
O transatlântico mescladoDlendlena e esguisha luzPostretutas e famias sacolejam
VADIAGEM MÍSTICA
Passei quase toda a manhã na BasílicaRezando e olhandoVi dois casamentosBentos De fraqueO Sacristão chama-se Seu BentinhoE a gente logo que sai da igrejaCai no rio espraiadoO hoteleiro de meu hotelTem cor de medalha de pescoçoE conta-me que houve cafezaisNos pastos
Nos BambuzaisSe eu me casasseQueria uma orquestraBem besta
POEMA DA CACHOEIRA
É a mesma estação rente do tremToda de pedra furadinhaMau pai morou alguns anos aquiTrabalhandoUm dia liquidouAtivo passivoCinco galinhasE deram-lhe uma passagem de presentePara que eu nascesse em São PauloComo não houvesse entrada de rodagemEle foi na de ferroComprando frutas pelo caminho
CARRO RESTAURANTE
Portugal ao longo do tejoPara dentro de PortugalCasas amontoadas no dia azulUm queijo da EstrelaFigos e estrelasCreme BrasilIndústria VassourenseDoce de leiteÁgua de CaxambuA naturezaSobre a mesa
NOVA IGUAÇU
Confeitaria Três NaçõesImportação e Exportação
Açougue IdealLeiteria Modernacafé do PapagaioArmarinho UniãoNo país sem pecados
AGENTE
Quartos para famílias e cavalheirosPrédio de 3 andaresConstruído para esse fimTodos de frenteMobiliados a estilo modernoModern StyleÁgua telefone elevadoresGrande terraço sistema yankeeDonde se descortina o belo panoramaDe Guanabara
CAPITAL DA REPÚBLICA
Temperatura de bolinaO orgulho de ser brancoNa terra morena e conquistadaE a saída para as praias calçadasArborizadasA Avenida se abana com as folhas miúdasDo Pau-BrasilPolíticos dormem ao calor do NorteMulheres se desconjuntamBocas lindasSujeitos de olheiras brancasO Pão de Açúcar artificial
Carnaval
NOSSA SENHORA DOS CORDÕES
EvoéProtetora do Carnaval em BotafogoMãe do rancho vitoriosoNas pugnas de MomoAuxiliadora dos artísticos trabalhosDo barracãoPatrona do livro de ouroProteje nosso querido artista PedrinhoComo o chamamos na intimidadePara que o brilhante cortejo Que vamos sobremeter à apreciaçãoDo culto povo cariocaE da Imprensa BrasileiraAcérrima defensora da Verdade e da RazãoSejo o mais luxuoso novo e originalE tenha o veredictum unânimeNo grande prélioQue dentro de poucas horasSe travará entre as hostes aguerridasDo Riso e da Loucura
NA AVENIDA
A banda de clarinsAnuncia com os seus clangorosos sonsA aproximação do impetuoso cortejoA comissão de frenteCompostaDe distintos cavaleiros de boa sociedadeRigorosamente trajadosE montando fogosos corcéis
Pede licença de chapéu na mão20 crianças representando de vespasConstituem a guarda de honraDa Porta-EstandarteQue é precedida de 20 damasFantasiadas de pavãoQuando 40 homens do coroConduzindo palmasE artisticamente fantasiados de papoulasAbrem a AlegoriaDo Palácio FloralEntre luzes elétricas
Secretário dos Amantes
I
Acabei de jantar um excelente jantar116 francosQuarto 120 francos com água encantadaCheuffage centralVês que estou bem de finançasBeijos e coices de amor
II
Bastão querido Estou sofrendoSabia que ia sofrerQue tristeza este apartamento de hotel
III
Granada é triste sem tiApesar do sol de ouroE das rosas vermelhas
IV
Mi pensamiento hucia Medina del CampoAhora Sevilla envuelta em oro pulverizadoLos naranjos salpicados de frutosComo uma dádiva a mis ojos enamoradosSin embargo que tarde la mía
V
Que alegria teu rádioFiquei tão contenteQue fui à missaNa igreja toda gente me olhavaAndo desperdiçando belezaLonge de ti
VI
Que distância!Não choroPorque meus olhos ficam feios
Postes da Light
POBRE ALIMÁRIA
O cavalo e a carroçaEstavam atravancados no trilhoE como o motorneiro se impacientassePorque levava os advogados para os escritóriosDesatravancaram o veículoE o animal disparouMas o lesto carroceiroTrepou na boléiaE castigou o fugitivo atreladoCom um grandioso chicote
ANHANGABAÚ
Sentados num banco da América folhudaO cow-boy e a meninaMas um sujeito de meias brancasPassa depressaNo Viaduto de ferro
JARDIM DA LUZ
Engaiolaram o resto dos macacosDo BrasilOs repuxos desfalecem como velhos Nos lagosAlmofadinhas e soldadosGerações cor-de-rosaPássaros que ninguém vê nas árvoresInstantâneos e cervejas geladas
Famílias
O FERA
Ei-lo sentado num banco de pedraPálido e polidoComo a Cleópatra dos sonetosEspera as pequenas ingênuasQue passam de braçosDe bruçosJá se esqueceu do retrato na PolíciaTem a consciência tranqüila Dum legislador
FOTÓGRAFO AMBULANTE
Fixador de coraçõesDebaixo de blusasÁlbum de dedicatórias Marquereau
Tua objetiva pisca-piscaNamoraOs sorrisos contidosÉs a glória
Oferenda de poesias às dúzias Tripeça dos Logradouros públicosBicho debaixo da árvoreCanhão silencioso do sol
A PROCISSÃO
Os chofers ficam zangadosPorque precisam estacar diante da pequena procissãoMas tiram os bonés e rezam Procissão tão pequenina tão bonitinhaPerdida num bolso da cidade
BandeirolasOpas verdesCrianças detentoras de primeiros prêmiosDe bobiceVão passo a passoBandeirolasOpas VerdesUm andor nos ombros mulatosDe quatro filhas alvíssimas de MariaNossa Senhora vai atrásUm milagre de equilíbrio Mas que o mais eu gostoNesta procissãoÉ o Espírito SantoDouradoPara inspirar os homensDe minha terra BandeirolasOpas verdesO padre satisfeitoDe ter parado o trânsito Com Nosso Senhor nas mãosE um dobrado atrás
ESCOLA BERLITES
Todos os alunos têm a cara ávidaMas a professora sufrageteMaltrata as pobres datilógrafas bonitasE detesta
The springDer Frühling
La primavera scapigliataHá uma porção de livros para ser compradosA gente fica meio esperandoAs campainhas avisarem As portas se fechamÉ formoso o pavão?De que cor é Senhor Seixas?Senhor Lázaro traga-me tintaQual é a primeira letra do alfabeto?Ah!
ATELIER
Caipirinha vestida por PoiretA preguiça paulista reside nos teus olhosQue não viram Paris nem PiccadillyNem as exclamações do homensEm SevilhaÀ tua passagem entra brincos
Locomotivas e bichos nacionaisGeometrizam as atmosferas nítidasCongonhas descora sob o pálioDas procissões de Minas
A verdura no azul klaxonCortadaSobre a poeira vermelha
Arranha-céusFordesViadutosUm cheiro de caféNo silêncio emoldurado
MÚSICA DE MANIVELA
Sente-se diante da vitrolaE esqueça-se das vicissitudes da vidaNa dura labuta de todos os diasNão deve ninguém que se prezeDescuidar dos prazeres da alma
Discos a todos os preços
A EUROPA CURVOU-SE ANTE O BRASIL
7 a 2
3 a 1A injustiça de Cette4 a 02 a 12 a 03 a 1E meia dúzia na cabeça dos portugueses
LINHA NO ESCURO
É fita de risadaA criançada hurla como o ventoMas os cotovelos se encontram
Mãos descem na calada da lua quadrângulaEnquanto a orquestra cavalos e letreiros galopam
Entre saias uma lixa humana se arredendaMas quando amanheceA mulher qualquerDesaparece
PRONOMINAIS
Dê-me um cigarroDiz a gramáticaDo professor e do alunoE do mulato sabidoMas do bom negro e o bom brancoDa Nação BrasileiraDizem todos os dias Deixa disso camaradaMe dá um cigarro
BIBLIOTECA NACIONAL
A Criança AbandonadaO Doutor Coppelius
Vamos com EleSenhorita PrimaveraCódigo Civil BrasileiroA arte de ganhar no bichoO Orador PopularO Pólo em Chamas
O COMBATE
O altofalante parece um palhaçoMexem toalhasNo ringue verde e amareloBenedito ataca e colocaDiretos direitosA rádio bandeirantes cinematiza a cem léguasVamos gritarLevou às cordas o brancoEspatifemos as palhetas no arMais umQue bichoDesfaleceuSob o céu que é uma bandeira azul
Grandes cágados elétricos processionamA noite caiComo um swing
APERITIVO
A felicidade anda a péNa praça Antônio PradoSão 10 horas azuisO café vai alto como a manhã de arranha-céus
Cigarros TietêAutomóveisA cidade sem mitos
IDEAL BANDEIRANTE
Tome este automóvelE vá ver o Jardim New-GardenDepois volta à Rua da Boa VistaCompre o seu loteRegiste a escrituraBoa firme e valiosaE more nesse bairro românticoEquivalente ao célebreBois de BoulognePrestações mensaisSem juros
O GINÁSIO
Escutai o tenor boxeur Romão GonçalvesDesafiador sem medo de Spalla e BeneditoTreinador de Jack Jahnson e do bravo CarpentierConforme a fotografiaVinde todos à Rua Padre João ManuelNa PenhaTreinar ao ar livreAs senhoritas encontrarãoA Exma. Sra. Carlota Argentina boxistaE os marmanjos verão RomãoDetentor do record do mundoDe cantar e nadar vestido ao mesmo tempoAcompanhado por uma banda de músicaComo se pode ver no cinema E diante dos Reis da BélgicaE outros reis
DIGESTÃO
A couve mineira tem gosto de bife inglêsDepois do café e da pingaO gozo de acender a palhaEnrolando o fumo
De Barbacena ou de GoiásCigarro cavado Conversa sentada
RECLAME
Fala a graciosa atrizMargarida Perna Grossa
Linda cor – que admirável loçãoConsidero lindacor o complementoDa toalete feminina da mulherPelo seu perfume agradávelE como tônico do cabelo garçoneSe entendam todas com Seu FagundesÚnico depositárioNos E. U. Do Brasil
BENGALÓ
Bicos elásticos sob o jérseiUm maxixe escorrega dos dedos morenosDe GilbertaJanelaSotas e azes desertaram o céu das estrelas de rodagemO piano fox-trotaDomingalizaUm galo conta no território do terreiroA campainha telefonaCretonesO cinema dos negócios Planos de comprar uma fordO piano fox-trotaJanelaBondes
PASSIONÁRIA
Meu amigo Foi-me impossível vir hojePorque Armando veio comigoComo se foras tuNecessito muito de algum dinheiroArranja-moDeixo-te um beijo na portaDe garçonnièreE sou a sinceridade
HÍPICA
Saltos recordsCavalos da PenhaCorrem jóqueis de HigienópolisOs magnatasAs meninasE a orquestra tocaCháNa sala de cocktails
Roteiro das Minas
CONVITE
São João del ReiA fachada do CarmoA igreja branca de São FranciscoOs morrosO córrego do Lenheiro
Ide a São João del ReiDe tremComo os paulistas foramA pé de ferro
IMUTABILIDADE
Moça bonita em pencaSete-lagoasSabaráCaetésO córrego que ainda tem ouroEntre a estação e a cidadeE o mequetrefeVai tocar viola nas vendasPorque a bateia está ali mesmo
TRAITUBA
O sobrado parecia uma igrejaCurraisE uma e outra árvorePara amarrar os bois
O pomar de toda frutaE a passarinhadaJoá na roça de milhoCarros de fumo puxados por 12 boisCodorna tucano perdiz arapongaJacu nhambu juriti
SEMANA SANTA
A matraca alegreDebaixo do céu de comemoraçãoDiz que a Tragédia passou longeO Brasil é onde o sangue corre E o ouro se encaixaNo coração da muralha negraRecortadaLaminadaVerde
PROCISSÃO DO ENTERRO
A Verônica estende os braçosE cantaO pálio parouTodos escutamA voz na noiteCheia de ladeiras acesas
SIMBOLOGIA
Abraão tem bigodes pretosA sabia que Deus colocava o Anjo atrás deleIsaac é inocente e pequeno e nuzinhoOs homens que carregam o caixãoEstão todos de brancoE descalços
O soldado romano
É zangadíssimoE tem cabelo na cara
O padre saiu para a ruaDe dentro de um quadro antigo
SÃO JOSÉ DEL REI
BananeirasO SolO cansaço da ilusãoIgrejasO ouro na serra de pedraA decadência
SÁBADO DE ALELUIA
Serpentes de fogo procuram morder o céuE estouramA praça pública está cheiaE a execução espera o arcebispoSair da história colonial
Longe vai tempo soltaram a luaComo um balão de dentro da serra
Judas balança caído numa árvoreDo céu doirado e altíssimo
JardinsPalmeirasNegros
BUMBA MEU BOI
DescolocadoArrebentadoVai saí
A companhia do arraiáDa Boa Sorte
Sob o estandarteA tourada dançaNa música noturna
RESSURREIÇÃO
Um atropelo de sinos processionaisNo silêncioLá fora tudo voltaÀ especulosa tranqüilidade de Minas
MENINA E MOÇA
Gostei de todas as festasPorque esse negócio de missaE procissãoÉ só para os olharesVou agora triste no tremCom aquela paixãoNo coraçãoVou emagracerJunto às palmeirasMalditas Da fazenda
CASA DE TIRADENTES
A InconfidênciaNo Brasil do ouroA história morta Sem sentidoVazia como a casa imensaMaravilhas coloniais nos tetosA igreja abandonadaE o sol sobre muros de laranja
Na paz do capim
CHAGAS DÓRIA
Picassos na parede brancaE mais nadaSob o teto de caixõesMas na sacristiaUma imagem barbudaArregalada de santidadeMas espera como uma criança de colo
MAPA
IbitirunaCampos sertanejosCarmo da MataTartáriaE a máquina de brincadeiraQue corre dois diasAtrás da barra do Paraopeba
CAPELA NOVA
Salão MocidadeHotel do ChicoUma igreja velha e cor-de-rosaNa decoração dos bananaisDos coqueirais
DOCUMENTAL
É o Oeste no sentido cinematográficoUm pássaro caçoa do tremMaior do que eleA estação próxima chama-se Bom Sucesso
Floresta colinas cortesE súbito a fazenda nos coqueirosEm grupo de meninas entra no filme
PAISAGEM
Na atmosfera violeta A madrugada desbotaUma pirâmide quebra o horizonteTorres espirram do chão ainda escuroPontes trazem nos pulsos rios bramindoEntre fogosTudo novo se desencapotando
LONGO DA LINHA
CoqueirosAos doisAos trêsAos grupos Altos Baixos
SANTA QUITÉRIA
Palmas imensasSobem dos caules ocultosCercas e cavalosa raça que se apruma
APROXIMAÇÃO DA CAPITAL
Trazem-nos poemas no tremAzuis e vermelhosComo a terra e o horizonte É um hotel rigorosamente familiar
Que oferece vantagens reaisAos dignos forasteirosHavendo o máximo escrúpulo na direção da cozinha
Casas defendem o vosso próprio interesseProporcionando-vos uma economiaDe 2$000, de 3$000ImpermeáveisBorzeguinsPijamas
BARREIRO
Estradas de rodagemE o canto dos meninos azuis da GameleiraA paisagem nos abraçaPontesAlvenariaNinhosPassarinhosA escola e a fazenda de duzentos anos
CANÇÃO DO VIRA
Coa comade podePodeQuá o quêAfincaAfinca
LAGOA SANTA
Águas azuis no milagre dos matosUm cemitério negroRuas de casas despencando a piqueNo céu refletido
VIVEIRO
Bananeiras monumentaisMas no primeiro plano O cachorro é maior que a meninaCor de ouro fosco
As casas do vale São habitadas pela passarada matinalQue grita de longeJunto à CapelaHá um pintorMarcolino de Santa Luzia
SABARÁ
Este córrego há trezentos anosQue atrai os faiscadoresDebaixo das serrasNo fundo da bateia lavadaO sol brilha como ouroOutrora havia negros a cada metro de margemPara virar o rio metálicoQue ia no dorso dos burrosE das caravelasBorda GatoOs paulistas traídos SacrilégiosO vento
OURO PRETO
Vamos visitar São Francisco de AssisIgreja feita pela gente de MinasO sacristão que é vizinho de Maria Cana-VerdeAbre e mostra o abandonoOs púlpitos do AleijadinhoO teto do Ataíde
Mas a dramatização finalizouLadeiras do passadoEsquartejamentos e conjuraçõesSob o ItacolomiNos poços mecânicos policiadosDa PassagemE em alguns maus alexandrinos
Só o Morro da QueimadaFala do Conde de Assumar
CONGONHAS DO CAMPO
Há um hotel novo que se chama YorkE lá em cima na palma da mão da montanhaA igreja no círculo arquitetônico dos PassosPainéis quadros imagensA religiosidade no sossego do solTudo puro como o Aleijadinho
Um carro de boi canta como um órgão
OCASO
No anfiteatro de montanhasOs profetas do AleijadinhoMonumentalizam a paisagemAs cúpulas brancas dos PassosE os cocares revirados das palmeirasSão degraus da arte do meu paísOnde ninguém mais subiu
Bíblia de pedra sabãoBanhada de ouro das minas
Lóide Brasileiro
CANTO DO REGRESSO À PÁTRIA
Minha terra tem palmaresOnde gorjeia o mar Os passarinhos daquiNão cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosasE quase que mais amoresMinha terra tem mais ouroMinha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosasEu quero tudo de láNão permita Deus que eu morraSem que volte para lá
Não permita Deus que eu morraSem que volte para São PauloSem que veja a Rua 15E o progresso de São Paulo
TARDE DE PARTIDA
Casas embandeiradasDe janelasDe LisboaTerremoto azulFixadoNos nevoeiros históricosO teu velho verdeCrepita de verduraE de faróis
Para o adeus da pátria quinhentistaE o acaso dos Brasis
CIELO E MARE
O marCanta como um canárioUm compatriota de boa famíliaEmpanturra-se de uísqueNo barFamílias tristesAlguns gigolôs sem efeitoEu jogoEla jogaO navio joga
O CRUZEIRO
Primeiro farol de minha terraTão alto que parece construído no céuCruz imperfeitaQue marcas o calor das florestasE os discursos de 22 câmaras de deputadosSilêncio sobre o mar do EquadorPerto de Alfa e de BetaPerdão dos analfabetos que contam casosAcaso
ROCHEDOS SÃO PAULO
Everest da AtlânticaVanguarda calcinada do Brasil Ponto geocêntrico eriçadoContra as escarpas das ondasDo AmazonasPoleiro de Gago Coutinho
FERNANDO DE NORONHA
De longe pareces uma catedralGravando a latitudeTerra habitada do marPela minha genteEntre contrafortes e penedos vulcânicosUma ladeira coberta de matoIndica muro branco de cemitérioA igrejaQuatro antenasLevantadas entra a Europa e a AméricaUm farol e um cruzeiro
RECIFE
DesenvolturaAtração sinuosaDe terra pernambucanaTudo se enlaçaE absorve em tiRetilíneaCana de açúcarDobradaPara deixar mais altaOlinda PlantadaSobre uma onda lindaDo mar pernambucano
Mas os guindastesSão canhões que ficaramEm memóriaDa defesa da PátriaContra os holandeses
ChaminésPalmares do caisPerpendiculares aos hangarsE às boas negras d'óleoBaluarte do progresso
Pare renderOs velhos fortesCarcomidosPelos institutos históricos
Na paisagem guerreira Os coqueiros se empenachamComo guerreiros em festa
Ruas imperiais Palmeiras imperiaisPontes imperiaisAs tuas moradiasVestidas de azul e de amareloNão contradizemOs prazeres civilizadosDa Rua NovaNos teus paralelepípedosOs melhores do mundoOs automóveisDo Novo MundoCortam as pontes ancestraisDo Capiberibe
DesenvolturaConcreto sinuosoQue liga o arranha-céuÀ bênção das tuas igrejasVelhasDe abençoar
A gente corajosaDe Pernambuco
ESCALA
Sob um solzinho progressistaHá gente parada no caisVendo um guindasteDar tiro no céu
VERSOS BAIANOS
Tua orla BahiaNo benefício destas águas profundasE o mato encrespado do Brasil
Uma jangada leva os teus homens morenosDe chapéu de palhaPelos campos de batalhaDa Renascença
Este mesmo mar azulfeito para as descidasDos hidroplanos de meu séculoFreqüentado rendez-vousDe Holandeses de Condes e de PadresQue Amaralina atualizaPostes das saudades transatlânticasRiscando o ocre fotográficoEntre Itapoã e o farol tropical
A bandeira nacional agita-se sobre o Brasil A cidade alteia cúpulasTorres coqueirosÁrvores transbordando em mangas rosasAté os navios encoradosForte de São MarceloPanela de pedra na história colonialCozinhando palmas
E as tuas ruas entreposto de Mundoe os teus sertanejos asfaltadosE o teu ano de igrejas diferentesCom um grande dia santoCatedral da BahiaGenuflexório dos primeiros potentadosConfessionário dos inquisidoresCatedral
Es o fim do roteiro de Robério Dias Romance de AlencarEncadernado em ouroPor dentro
Mais grandiosa que São PedroCatedral do Novo Mundo
Passa uma ioleCom remadores brancosNo ocaso indigesto De Itaparica
NOITE NO RIO
O Pão de AçúcarÉ Nossa Senhora da AparecidaCoroada de luzesUma mulata passa nas AvenidasComo uma rainha de palcoTalcoFácilÁrvores sem empregoDormem de péHá um milhão de maxixesNa preguiçaQuem vem do fundo da colôniaDo marDa beleza de Dona GuanabaraPaixões de féerieO Minas Gerais pisca para o Cruzeiro
ANÚNCIO DE SÃO PAULO
Antes da chegadaAfixam nos offices de bordoUm convite impresso em inglêsOnde se contam maravilhas de minha cidadeSometimes called the Chicago of South America
Situada num planalto2 700 pés acima do marE distando 79 quilômetros do porto de SantosEla é uma glória da América contemporâneaA sua sanidade é perfeita
O clima brando E se tornou notávelPela beleza fora do comumDa sua construção e da sua flora
A Secretaria da Agricultura fornece dadosPara os negócios que aí se queiram realizar
CONTRABANDO
Os alfandegueiros de SantosExaminaram minhas malasMinhas roupasMas se esqueceram de verQue eu trazia no coraçãoUma saudade feliz De Paris
Laus Deo