PENSANDO A LEITURA In: Tipos de Textos, modos de leitura Graa
Paulino
Slide 2
A leitura um processo e o resultado a produo de sentido. Ler
vem do latim legere em sua raiz traz trs nveis de leitura: CONTAR
soletramos, repetimos os fonemas, agrupamos slabas, palavras,
frases. Ato primeiro da leitura alfabetizao. CONTAR soletramos,
repetimos os fonemas, agrupamos slabas, palavras, frases. Ato
primeiro da leitura alfabetizao. COLHER perceber um significado, um
sentido. Algo que est pronto. Detectar a inteno do autor. Como se
fssemos colher uma laranja do p. Interpretao de texto. COLHER
perceber um significado, um sentido. Algo que est pronto. Detectar
a inteno do autor. Como se fssemos colher uma laranja do p.
Interpretao de texto. ROUBAR busca no texto de outros sentidos,
mesmo o autor no tendo conscincia. No se rouba algo com o
conhecimento do dono, por isso dizemos que a leitura construda
revelia do autor. Produo de sentido do prprio leitor. ROUBAR busca
no texto de outros sentidos, mesmo o autor no tendo conscincia. No
se rouba algo com o conhecimento do dono, por isso dizemos que a
leitura construda revelia do autor. Produo de sentido do prprio
leitor. HISTRIA DE UM CONCEITO
Slide 3
Bem longe de serem escritores, fundadores de um lugar prprio,
herdeiros dos lavradores de antanho mas, sobre o solo linguagem,
cavadores de poos e construtores de casas -, os leitores so
viajantes; eles circulam sobre as terras de outrem, caam
furtivamente, como nmades atravs de campos que no escreveram,
arrebatam os bens do Egito para com eles se regalar. (DE CERTEAU,
1994. p. 11.)
Slide 4
Essa considerao nos permite dizer que as palavras embora tenham
um sentido fixo, carregam significaes que permite o leitor passar
por diversas e sucessivas sondagens. A capacidade de transgresso
dos sentidos do texto revela a eficincia e o poder do leitor.
Slide 5
Algumas teorias norteiam a questo da leitura, e ela passa,
necessria e simultaneamente, por: uma teoria do conhecimento
construo do sentido do texto autor/leitor. Antes o autor era
considerado dono absoluto do texto. Cabia ao leitor apenas detectar
a inteno do autor. uma teoria do conhecimento construo do sentido
do texto autor/leitor. Antes o autor era considerado dono absoluto
do texto. Cabia ao leitor apenas detectar a inteno do autor.
Slide 6
uma psicologia/psicanlise o ato de ler motivado pelo desejo, e
ao mesmo tempo pelo inconsciente. O leitor investe no texto suas
angstias, seus medos, suas fantasias e esperanas. uma sociologia
cada autor/leitor possui valores, poderes e expectativas
diferentes. Esto inseridos em culturas distintas, portanto agem de
maneira diferente dentro da sociedade.
Slide 7
uma pedagogia o desenvolvimento da leitura se d no somente na
escola, mas tambm no decorrer da vida do cidado. Processo
incessante de troca. uma teoria da comunicao ao pensar no texto e
no leitor, o processo envolve o processo de comunicao (emissor,
receptor, mensagem, cdigo, referente, canal). Para quem se escreve,
para que se escreve e como se escreve.
Slide 8
uma anlise do discurso a organizao interna do texto, sua relao
com outros textos, suas dimenses poltico-econmicas so elementos
essenciais no ato de ler. O sentido de uma palavra no existe em si
mesma, ela assume sentidos diferentes dependendo do contexto em que
est inserida ou at mesmo do autor.
Slide 9
uma teoria literria quando se constitui como experincia
esttica. Chamando de literria a leitura da linguagem potica, tanto
na escrita quanto na leitura. Esto definidas historicamente,
dependendo da poca e da sociedade em que so produzidas. Nesse
sentindo importante considerar a prtica da leitura em tempos e
espaos diferentes. uma teoria literria quando se constitui como
experincia esttica. Chamando de literria a leitura da linguagem
potica, tanto na escrita quanto na leitura. Esto definidas
historicamente, dependendo da poca e da sociedade em que so
produzidas. Nesse sentindo importante considerar a prtica da
leitura em tempos e espaos diferentes.
Slide 10
HISTRIA DE UMA PRTICA impossibilidade de acesso aos livros,
objetos raros e indecifrveis para muitos. Idade Mdia
impossibilidade de acesso aos livros, objetos raros e indecifrveis
para muitos. A leitura era feita em grupos por um lector ou ledor.
Tal prtica era restrita ao clero e nobreza. Havia necessidade de
controle da leitura e seu poder subversivo.
Slide 11
Controle da leitura da bblia e de outros textos, sobretudo pela
Igreja Catlica. Por divergncia de leitura que ocorreu a Reforma
proposta por Lutero.
Slide 12
Assim, nem todos os poderes do leitor so iluminadores. O mesmo
ato que que pode dar vida ao texto, extrair suas revelaes,
multiplicar seus significados, espelhar nele o passado, o presente
e as possibilidades do futuro pode tambm destruir a pgina da viva.
Todo leitor inventa leituras, o que no a mesma coisa que mentir;
mas todo leitor tambm pode mentir, declarando obstinadamente que o
texto serve como doutrina, a uma lei arbitrria, a uma vantagem
particular, aos direitos donos de escravos ou autoridades de
tiranos. (MANGUEL, 1997. p. 322-323).
Slide 13
A Leitura pode ser utilizada em favor de uma causa, para
atender objetivos e interesses pessoais, atender uma ideologia.
Antes da reforma e tambm depois, no s a igreja, mas tambm o Estado
continuavam controlando a vida domstica, na escola e na sociedade.
Muitos autores foram vtimas de censuras dos seus escritos, fossem
por motivos religiosos, fossem por possuirem ideias contrrias ao
Estado.
Slide 14
Recentemente, na ditadura militar, livros considerados
subversivos ainda eram queimados. A figura do lector tambm est
presente em outros momentos e em outros pases, onde as pessoas
utilizavam dessa prtica no necessariamente para controlar ou
censurar. Recitao em praa pblica; Recitao em praa pblica; Sales de
leituras e academias aconteciam rituais coletivos de leituras;
Sales de leituras e academias aconteciam rituais coletivos de
leituras; Intelectuais se reuniam para discutir os textos em sales
organizados para isso. Intelectuais se reuniam para discutir os
textos em sales organizados para isso.
Slide 15
A democratizao da leitura ocorre com o advento da sociedade
burguesa (por volta de 1930). Grande parte da populao foi
alfabetizada e pde ter acesso a livros, jornais e outros impressos.
Havia necessidade de ampliao do mercado e para isso tinha que se
formar mais leitores. Mesmos nessa sociedade a figura do lector no
desapareceu. Ritual que perdurou ainda por muito tempo no Brasil. o
caso no sculo XIX, nos seres domsticos, em que uma pessoa da famlia
lia para as outras, sobretudo para as mulheres.
Slide 16
No Brasil o hbito de ler romance surge durante o romantismo,
com divulgao nos jornais de narrativas, publicadas em folhetins.
Foram divulgados os romances: O Guarani de Jos de Alencar, Mmorias
de um sargento de milcias de Manoel Antnio de Almeida. O pblico
feminino teve um destaque nas obras dessa poca.
Slide 17
Pouco a pouco, a leitura coletiva cede lugar leitura
individual, solitria. Essa solido do leitor acompanhado apenas do
seu livro, permite um desenvolvimento moderno no somente da
leitura, mas tambm da escrita. A leitura mesmo vista como ato
individual, mantm uma dimenso socializada/socializante, j que
constitui uma insero do sujeito numa prtica presidida pelas relaes
interativas. (ntimo para o coletivo)
Slide 18
Torna-se pblico o que aparentemente privado. Indiscreta era a
interferncia de algum na leitura do outro. A produo de sentido
imposta pelo outro. Um exemplo dessa interferncia indiscreta seria
a conduo da leitura por professores, que tornada hbito, inibe as
iniciativas de leituras dos alunos.
Slide 19
O carter de ler individualmente em nossa sociedade um processo
fundamental. Essa pessoalidade abrange objetivos pessoais e
psquicos. O trabalho mental, emocional e fsico da leitura. Ao ler o
indivduo ativa seu lugar social, suas vivncias, sua biblioteca
interna, suas relaes com o outro, os valores da sua
comunidade.
Slide 20
A leitura tornou-se, depois de trs sculos, um gesto do olho.
Ela no mais acompanhada como antes, pelo rumor de uma articulao
vocal, nem pelo movimento de manducao muscular. Ler sem pronunciar
em voz alta ou meia-voz uma experincia moderna, desconhecida
durante milnios. Antigamente, o leitor interiorizava o texto e
fazia de sua voz o corpo do outro; ele era, ao mesmo tempo, autor.
Hoje o texto no impe o seu ritmo ao indivduo, ele no manifesta mais
pela voz do leitor. Essa suspenso do emprego do corpo, condio de
sua autonomia, equivale a um distanciamento do texto. Ela o
habeas-corpus do leitor. (PAULINO, p.23)
Slide 21
Alm de prazer, a leitura envolve outras importantes questes,
que o status. Ler passa a ter relevante importncia dentro da
sociedade (posio social).
Slide 22
Magda Soares comenta sobre a diferena entre o sentido de
leitura para as classes economicamente desfavorecidas e aquelas
privilegiadas. Para os primeiros significava ascenso social.
Alcanar melhores condies de vida. J para os outros uma forma de
expresso, comunicao e nunca uma exigncia do e para o mundo do
trabalho.
Slide 23
Essa leitura feita como exigncia do e para o mundo do trabalho
denominada funcional. Objetivo de obter informaes bsicas na vida
cotidiana. Leitura prtica (cartazes, avisos, manuais, propagandas,
jornais). E no leitura intelectual. Quando se pensa em livro, no se
pensa em leitura funcional.
Slide 24
Mas nos livros que esto a filosofia, a literatura e as cincias.
Dessa forma, a maioria dos cidados estatisticamente considerados
alfabetizados no levada ao universo, dado como mais nobre, o dos
livros. Controle ainda exercido pela sociedade sobre o ato de
ler.
Slide 25
Espao de circulao dos livros; Espao de circulao dos livros;
Altos preos; Altos preos; Forma como o texto escrito prev um tipo
de leitor e exclui outros (vocabulrio, sintaxe, conhecimentos
veiculados); Forma como o texto escrito prev um tipo de leitor e
exclui outros (vocabulrio, sintaxe, conhecimentos veiculados); Os
textos mais valorizados socialmente exigem um maior conhecimento
prvio dos leitores. Muitos no tm acesso devido educao precria. Os
textos mais valorizados socialmente exigem um maior conhecimento
prvio dos leitores. Muitos no tm acesso devido educao precria.
Slide 26
UMA ABORDAGEM PEDAGGICA Qual o papel da escola na formao do
leitor? A Escola que se pretende democrtica tambm exclui. Controla
e dirige o leitor. Este coloca sua leitura aos outros e obrigado a
corrigir de acordo com o consenso. Conhecimento construdo sem
imaginao e sem investimento pessoal do leitor.
Slide 27
A escola, aparentemente, espao de incentivo para a leitura de
livros ao impedir que os objetivos, as iniciativas e as estratgias
sejam dos prprios leitores/alunos, pode afast-los do processo de
produo de sentindo e assim dos livros. Livros que so escolhidos
aleatoriamente, sem objetivos, com testes automatizados como forma
de controle, empobrece a interao Livro/Leitor.
Slide 28
No a escola que mata a leitura, mas o excesso de didatismo e a
burocracia do ensino, as normas rgidas e castradoras. A Escola
contribui para este tipo de leitor? Aquele leitor que interage,
dialoga, produz sentido, dentro de um contexto, e no um leitor
obediente que responde s fichas de livros.
Slide 29
Apesar disso no podemos descartar que na escola descobrimos
outros caminhos e alimentamos o gosto pela leitura. Em nossa formao
de leitores ouvimos estrias lidas pelos professores, declamamos
poemas, apresentamos pequenas peas, lemos textos sem se quer fazer
uma prova de verificao, nas primeiras sries do ensino fundamental.
Havia mtodos, mas circulava a paixo pelo ato de ler. Muitas vezes a
escola o nico espao de oportunidade de acesso aos livros e aos
textos literrios para as crianas.
Slide 30
DE TEXTOS E LEITURAS PACTOS DE LEITURA No basta apenas circular
na escola os diversos tipos de gneros textuais existentes na
sociedade, mas preciso preparar os alunos para a recepo destes
textos. Apresentar como se d a composio dos diversos gneros
textuais. necessrio saber que ler um poema no demanda as mesmas
habilidades, os mesmo procedimentos quando se l uma crnica ou um
texto cientfico, um problema matemtico.
Slide 31
Trata-se de mito dizer que s leitor quem l livros. Mas no
podemos esquecer que, em livros, esto os textos filosficos,
literrios, cientficos e religiosos. A interao com texto/livro muda
pelo seu contato proximal, ntimo com o leitor. Portanto, no a mesma
coisa a leitura feita na tela de um computador. No causa o mesmo
efeito, devido a postura corporal.
Slide 32
Ao aprendermos a ler entramos no mundo da escrita e acabamos
por fazer um pacto com a leitura e somos cobrados por ela. Somos
cobrados pelas leituras pertinentes. Eco (1994) em seu estudo sobre
o leitor-modelo diz que: Todo texto uma mquina preguiosa pedindo ao
leitor que faa uma parte de seu trabalho. O texto exige do leitor
vrias competncias como a ligadas ao conhecimento prvio (da lngua e
do mundo).
Slide 33
(...) um bosque um jardim de caminhos que se bifurcam. Mesmo
quando no existem trilhas bem definidas, todos podem traar sua
prpria trilha, decidindo ir para a esquerda ou para a direita de
determinada rvore e, a cada rvore que encontrar, optando por esta
ou aquela direo. (BORGES apud ECO, 1994)
Slide 34
Devemos criar nossa prpria trilha, mas isso no quer dizer
deixar as marcas geogrficas de lado. No podemos e nem devemos
deixar as pistas textuais que o texto nos apresenta. Em um texto
temos possibilidades diversas de leituras, porm no qualquer
leitura.
Slide 35
Assim como escrevemos com objetivo e para um certo pblico,
tambm lemos com algum objetivo. H pactos de leitura que respeita o
que o texto prope, outros utilizam da trangresso para produzir o
sentido de acordo com a sua inteno. O conhecimento dessas variantes
amplia as possibilidades do processo ensino/aprendizagem da
leitura.