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PERMACULTURA EM PAISAGENS RIDASpor Bill Mollison
Panfleto III da Srie Curso de Design em PermaculturaPUBLICADO PORYANKEE PERMACULTURE
Editor e Distribuidor de Publicaes em Permcultura.P.O. Box 69, Sparr FL 32192-0069 USA.
Yankee [email protected]
Editado a partir das transcries do Curso de Design em Permacultura
The Rural Education Center, Wilton NH USA 1981
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PERMACULTURA EM PAISAGENS RIDAS III
Este o terceiro de uma srie de 15 panfletos, baseados no Curso de Design em
Permacultura ministrado em 1981 por Bill Mollison no Centro Educacional Rural, NewHampshire, Estados Unidos. Elizabeth Beyor, sem compensao financeira, transcreveu
gravaes em fita do curso e subseqentemente editou o material em 15 panfletos.
Posteriormente, Thelma Snell datilografou todos os panfletos. Dawn Shiner produziu as
ilustraes para este panfleto, tambm sem compensao financeira. Lisa Barnes
organizou as edies originais e tambm produziu as ilustraes mantidas nesta edio.
Mais recentemente, Meara Culligan digitalizou todos os 15 panfletos. Ocasionalmente,
temos editado os panfletos levemente para melhorar sua legibilidade.
Em respeito tarefa monumental de amor representada pela organizao do
material do Curso de Design em Permacultura por Bill, e subsequentes esforosvoluntrios que produziram estes panfletos, Yankee Permaculture os colocou em
domnio pblico. Sua reproduo livre e altamente encorajada.
Temos alguns panfletos traduzidos para o espanhol, francs e alemo.
Precisamos de voluntrios para completar essas tradues e para traduzir estes panfletos
para outras lnguas. Yankee Permaculture continua a depender de voluntrios para todas
nossas publicaes. Para ajudar, contacte-nos pelos endereos na capa.
Pela Me Terra
Dan Hemenway, Dahlonega, Georgia, dezembro de 1994.
Traduzido para o portugus por Cssio P. Octaviani, um voluntrio. Correspondncia
com Barking Frogs Permaculture deve ser em ingls, porque no falamos portugus.
Terceira edio.
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Permacultura em Paisagens ridas III
Em paisagens ridas clssicas, h dois nveis de eroso. H escarpas, que vo
recuando geologicamente. A partir da escarpa, tem-se uma queda brusca de um lado, euma parte alta suavemente inclinada, e ento uma descida a partir dessa parte elevada. A
escarpa um local muito ngreme, agudo. No deserto, temos montes com encostas
muito ngremes e topo achatado, semelhantes a mesas, que so pedaos residuais de
escarpas deixados para trs conforme a escarpa retrocede. s vezes, essas mesas
conectam-se com o pedimento (reas planas de capeamentos de cascalho, arenoso ou
no, entre reas com extensos afloramentos de rocha nua ou levemente alterada). s
vezes, as mesas encontram-se isoladas, no meio da plancie. Elas podem levantar-se a
uma altura de 13 a 130 metros. O Grand Canyon, com 1,5 km de profundidade,
apresenta um grande perfil. Essas escarpas e remanescentes de escarpas ocorrem emseqncias atravs do deserto. o nico perfil que voc tem em grandes reas do
deserto.
H apenas um lugar para se viver no deserto, castigado pelo sol. Na base da
escarpa h sempre uma reentrncia cortada na rocha, justo antes da descida do
pedimento, criada pelo impacto da gua, refletida ao cair do topo da escarpa. Ao cair da
escarpa, a gua atinge o pedimento, sendo rebatida com fora contra a parede na base da
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escarpa, e assim vai escavando essa reentrncia na rocha. Escarpas no deserto
usualmente consistem de rochas no muito duras, geralmente compostas de xidos de
alumnio, xidos frricos, e conforme essas rochas se erodem, uma crosta de ferro forma
uma capa dura, vermelha, de laterite. Essa capa normalmente tem apenas uns 15 cm deespessura. Ela cobre o topo da escarpa atravs das partes altas do deserto, e das mesas.
O resto da escarpa de material relativamente mole. A maioria das rochas de desertos
so esculpidas facilmente. Em Anatlia, na Turquia, no sul do Ir e Egito, as pessoas
esculpiram seus caminhos pelas rochas do deserto. Trata-se de rocha relativamente mole,
que se endurece pela exposio ao ar. possvel, com ferramentas bem primitivas,
escavar um monte de habitaes nessas escarpas. Os ndios americanos das reas
desrticas do sudoeste tm feito suas casas nesses abrigos h muito tempo, naquelas
pequenas reentrncias no p da escarpa. Suas habitaes podem ficar bem protegidas do
sol no vero, mas o sol do inverno pode entrar. De qualquer forma, uma vez que vocest 5 metros dentro da rocha, sua variao de temperatura praticamente nula. Ento
l que voc vive.
A habitao no deserto fica apropriadamente debaixo do rochedo. Em desertos
quentes, a habitao ser sempre no lado sombreado. Em desertos frios, as habitaes se
situam onde o sol do vero no entra, mas o do inverno sim.
L embaixo muito seco, mesmo que chova. A nica chuva que entra aquela
que cai do alto da escarpa, rebatendo-se ao atingir o cho na parte da frente do abrigo.
Voc pode cortar sarjetas ao longo do topo do penhasco para redirecionar a gua,
evitando que ela continue a correr pela frente do rochedo.Quando chove no deserto, normalmente chove ces e gatos. Tambm chovem
peixes e rs, e os poos d'gua enchem-se de peixes e rs. Onde a gua da chuva
transborda sobre essas escarpas, pode haver cachoeiras, e a gua cai em um tipo de vala
que corre por trs da escarpa, e ento transborda para os crregos intermitentes,
carregando uma enorme quantidade de areia, especialmente nos leitos desses crregos.
E ento, essa gua espalha-se pelo cho do deserto. Obviamente, ela se dispersa muito
rapidamente. Mesmo assim, enquanto est correndo os crregos estreitos, ela
freqentemente chega a um a dois metros de altura.
Essa gua penetra no solo do crrego, enxarcando-o. Por um curto tempo, avegetao ao redor reflete isso. Esses locais freqentemente suportam uma vegetao
bem razovel, com rvores crescendo ali, pinheiros do deserto e accias mais resistentes.
So rvores bem verdes e grandes.
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O local mais satisfatrio para se colocar uma vila ...no alto de rochedos dentro dessas gargantas
O local mais satisfatrio para se colocar uma vila nesses desfiladeiros
fechados, no alto de rochedos dentro dessas gargantas. A vantagem dessa localizao
que uma nica cerca na entrada do vale freqentemente vai manter animais selvagens
grandes para fora.
No deserto Australiano h camelos, que foram trazidos por um grupo de
pessoas que ns chamvamos de afegos; eles no eram realmente afegos, vieram do
lado paquistans da passagem de Khyber. Essas pessoas trouxeram camelos para usarno transporte de produtos para os mineiros que operavam no interior do pas. No final,
instalaram uma ferrovia, que foi chamada de O Afego. Ela vai at Alice Springs. Esse
trem acabou com o negcio dos afegos, ento eles se assentaram e casaram-se com
mulheres aborgenes. Agora, voc pode encontrar esses mestios de aborgenes com
afegos por todo o deserto. Eles ficaram selvagens, tambm. E, da mesma forma, os
camelos ficaram selvagens. H milhares desses camelos, e os malvados so os machos
grandes. So animais perigosos. H muitos animais perigosos no deserto, mas os
camelos - e h milhares deles por ali - tm um pavio realmente curto.
Ento, voc pe uma cerca fechando a entrada do rio intermitente. As pessoasvivem para o lado de dentro, dentro da zona de segurana. Por todos os lados do leito do
rio sobem esses penhascos muito abruptos. Esses desfiladeiros so geralmente bem
estreitos, com cerca de 270 a 360 metros de largura. Os pedimentos saem do cho e
sobem at encontrar os penhascos. Um desfiladeiro freqentemente se ramifica em
outros pequenos desfiladeiros. No fundo h um pequeno fio de gua, e os pedimentos
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encontrando-se quase como um "V". A drenagem original teria vindo da frente, onde
encontrou linhas de fraqueza, cortando a partir da frente e puxando a drenagem para
dentro dessas linhas de fraqueza. So freqentemente assim, fraturas quase que em
ngulos retos umas s outras. O processo comea a cortar o pedimento e eventualmenterecorta esses remanescentes fora; eles se destacam e comeam a ficar cada vez mais
baixos, at que se fragmentam em pedaos. A maior parte das rochas vai se soltando
durante os ciclos de congelamento e aquecimento que ocorrem no deserto. Ento, chove,
e um monte dessa coisa solta simplesmente levada pela enxurrada e se distribi pela
plancie. A gua no deserto desloca imensas quantidades de terra, porque ela cai
repentinamente e em grande quantidade.
Certa vez, 12 hippies me convenceram a ir com eles para uma rea no oeste da
Austrlia. Fomos at l em uma perua velha, enorme. Estvamos a 1100 km do povoado
mais prximo, o que no era muito, de qualquer forma. Era um moinho de vento. Elesacharam que iriam se estabelecer ali. Estavam comprando 1800 quilmetros quadrados
por 30.000 dlares, e achavam que era uma boa barganha. E ali estvamos, percorrendo
aquela imensido deserta sem estrada nem nada naquela perua velha. Ns acampamos e
comeamos a sondar o local procura de gua.
As pombas e passarinhos comedores de sementes do deserto tm que beber
gua, e se voc os seguir, pode ser que voc a encontre. Eles estavam voando a partir
desse rio intermitente um dia, e ns fomos at l. Ao invs de encontrarmos gua no rio,
passamos um dia ou dois procurando, e fomos encontrar a gua quando ns subimos na
escarpa, no local logo antes do ponto onde, durante uma chuva, os fios dgua caem daborda da escarpa. Quando a gua cai, forma uma turbulncia, e isso faz aqueles buracos
dgua no alto da escarpa. Essa a regra para esse tipo de deserto, e caracterstico do
deserto americano tambm. A gua fica aqui em cima, logo antes da queda. s vezes
voc encontra buracos cheios de areia l em cima, que voc pode escavar, e haver gua
dentro deles. A areia armazena gua equivalente metade de seu volume. Na areia,
possvel armazenar gua sem evaporar. Voc pode fazer um tanque e ench-lo com
areia, e a gua entre os gros de areia bem boa. Ela no vai evaporar, e outros animais
no podem beb-la, ento esse um jeito bom e seguro de armazenar gua.
Encontramos gua livre naquela escarpa. Passamos a maior parte do diasentados dentro dgua. Aps as 11 da manh, o deserto um ambiente muito hostil
para o homem.
Porm, a vegetao do deserto cresce muito rapidamente se for possvel obter
gua para as plantas. Os solos no foram explorados; esto repletos de minerais frescos
de todo tipo. Quando voc consegue obter gua, a resposta no crescimento das plantas
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possvel aqui.
Todos os povos dos desertos secam sua comida. Na escarpa em frente,
colhendo o sol quente, podem-se cortar salas de desidratao, onde as coisas secam
muito rapidamente. Tmaras, damascos secos e outros items de longa conservaocomo nozes do deserto so muito importantes para os povos do deserto.
H ecologias muito simples nos desertos. No deserto do norte da frica, toda a
ecologia baseada na tmara, o melo, cabras e caf, com as cabras comendo o melo, a
tmara e arbustos. Este um sistema de vida completo, um tipo de ecologia de seis
espcies, e permanece por milhares de anos. Tudo o que voc precisa est ali. Voc tem
que fermentar algumas coisas, fazer queijo de cabra.
Outra coisa abundante no deserto um grupo de aves que se alimentam de
sementes, principalmente rolinhas e pombos, mas tambm um grupo interessante de
codornas. H uma grande produo de sementes.H uma outra forma de armazenamento nos desertos, que so enormes
tubrculos. O deserto produz enormes tubrculos, freqentemente de leguminosas. H
um rgo de armazenamento enorme em uma leguminosa chamada yala nem sei se ela
tem um nome botnico que pesa de 135 a 180 kilos. Ela vive nas dunas. Podem se
passar sete anos sem nada acontecer; ento, chove, e a yala emerge e se espalha talvez
uns 200 metros no deserto, uma grande planta verde. um legume verde com uma flor
de ervilha. Tem sementes abundantes. Ela ento morre, seca e desaparece cerca de 1,8
m abaixo da areia. Os aborgenes a encontram por meio de bruxaria. S pode ser por
bruxaria. De qualquer forma, eu posso contar com eles para encontrar a yala para mim:eles saem procurando ao redor da duna, e cantam, e tateiam, tateiam, tateiam. Ento eles
cavam um buraco e encontram a yala. Se a memria de onde a planta estava, ou se h
algum trao dela na superfcie da duna, eu no consigo entender, porque eu no posso
conversar com eles, a no ser com um ingls precrio. Eles comem esses tubrculos,
mas no o fazem muito freqentemente. No h muitos, e eles tendem a reserv-los para
tempos de escassez. Fora isso, eles comem muitas outras coisas, incluindo insetos. H
um monte de comida no deserto. Voc nunca fica sem comida. O ingrediente crucial a
gua.
Quando ns perfuramos o cho do deserto, podemos encontrar boa gua seperfuramos prximo ao pedimento. L ainda h atividade, embora talvez muito lenta, e
no h muita salinidade. Quanto mais longe se entra na plancie, mais a salinidade
aumenta. Tipicamente, voc pode ir de cerca de 200 a 300 partes por milho de sal, o
que bem baixo, at 1.100 partes por milho, entrando somente 1,5 km na plancie.
Voc no pode usar essa gua. Ento, com equipamentos modernos, podemos instalar
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cataventos em algum lugar prximo escarpa, de forma que o risco de falta absoluta de
gua facilmente eliminado dessas reas locais. Porm, voc no deve se preocupar
muito com cataventos a no ser que os sistemas naturais de gua estejam exaustos. No
algo que possamos utilizar continuamente. No se deve usar cataventos para fazergramados ou para a descarga do banheiro.
Voc tem que conservar gua. Voc pode fazer cercas de arbustos, levemente
reforadas, e plantar bancos de desvio baixos atravs do rio intermitente levando deserto
adentro, estabelecendo reas de absoro.
No livro Permaculture IIns mostramos uma forma diferente de deserto, com
sifes indo de uma dessas reas de absoro at a outra. Na chuva, quando uma dessas
reas se enche, a gua sifonada para a outra e assim por diante, e assim ns
carregamos as reas de represamento de gua. Com chuvas leves, talvez s d para
saturar trs desses represamentos. Quando eu fui l numa viagem em particular, tivemos700 mm de chuva, dos quais 100 mm foram em um s dia. Aquele deserto tem uma
precipitao anual mdia de 250 mm. Portanto, precipitao anual mdia no significa
nada no deserto. No chovia havia trs anos, e ento, 700 mm. assim que voc tem
uma mdia anual de 250 mm.
Voc pode levar esses sistemas to longe quanto quiser, de forma que alguns
deles so irrigados apenas eventualmente. Voc colocaria ento suas plantas mais
resistentes nas reas mais distantes, e as menos resistentes falta de gua mais prximo
fonte de gua. O grande segredo para cultivar plantas no deserto alguma forma de
irrigao por gotejamento, que pode ser bem primitivo, ou muito sofisticado. A formaprimitiva pode ser algo como um ovo de avestruz com um nico furo, bem prximo
planta; a gua vaza pelo fundo em pequenas gotas. Tambm pode ser to primitivo
como um galo velho daqueles que tem aos montes jogados por a. Voc enche o galo
de gua e o pe invertido, a gua goteja atravs de um pequeno furo na tampa. E pode
ser to sofisticado como uma linha de irrigao por gotejamento israelense.
Se voc escutar cuidadosamente St. Barbe Baker, vai ouv-lo dizer que no
deserto, at mesmo trs ou quatro pedras ao redor de uma rvore fazem a diferena entre
sobrevivncia e morte. Ningum sabe ao certo porque a cobertura com pedras funciona.
H duas escolas de pensamento, e eu concordo com ambas. Se voc puser uma pilha depedras no deserto, freqentemente fica mido em baixo delas. Os aborgenes usam
pedras em buracos para coletar umidade. Eles colocam pequenas bacias de barro em
baixo delas. Os aborgenes normalmente no revelam suas fontes do deserto,
particularmente gua emergencial. Voc tem que saber exatamente onde as fontes esto,
e enfiar um canudo l para beber a gua. Essa gua nunca armazenada como gua
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visvel. Dentro desses buracos, em baixo de pedras, normalmente mido. Duas razes
foram dadas. Uma que as pedras se aquecem rapidamente durante o dia, ficando
relativamente mais quentes que o cho. Elas puxam gua do solo ao redor, criando uma
evaporao mais rpida do solo naquele lugar. noite, elas esfriam-se maisrapidamente que a terra ao redor. Elas so sensivelmente mais frias. s vezes nas noites
do deserto h uma umidade positiva, e qualquer umidade condensa entre essas rochas e
escorre para dentro da areia. Ento, provavelmente ambos os fatores esto operando.
possvel plantar uma figueira ou outra rvore e fazer uma cobertura do solo ao redor
com pedras, e as rvores parecem ficar muito bem. As figueiras do deserto, no seu
habitat natural, esto sempre nessas pilhas de pedras soltas. Citrus tambm vai muito
bem em pilhas de rochas. Ento, cobrir o solo com pedras uma estratgia valiosa.
H uma abundncia de materiais para cobrir o solo no deserto. Os aborgines
cobrem os buracos dgua com uma cobertura bem grossa de gramneas do deserto, bemrente superfcie da gua. Tambm cobrem seus abrigos diurnos com essas gramneas.
H uma enorme quantidade de cobertura em todos os desertos, exceto os desertos de
dunas, que de qualquer forma so raros. A maioria dos desertos tm bastante vegetao.
A maior parte dessa vegetao quebra-se e deixa-se carregar pelo vento. Voc pode
capturar esse material facilmente com cercas. Muitas plantas do deserto se distribuem
liberando grandes emaranhados de sementes que rolam pelo deserto. Esse material pra
nas cercas. Voc pode facilmente acumular grandes quantidades de material para
cobertura dessa forma. Todas as plantas do deserto, especialmente as casuarinas e
muitos dos pinheiros, tambm depositam grandes quantidades de matria vegetal. Nose fica sem matria para cobertura nos desertos. Se voc no cobrir o solo, o pH onde
voc irriga por gotejamento rapidamente aumenta e se torna txico para plantas. Se voc
goteja gua sobre a cobertura vegetal morta, h um tamponamento por cidos hmicos
que previne esse aumento no pH.
Voc tem que ter uma rea relativamente grande no deserto talvez um hectare
ou um hectare e meio para prover uma quantidade suficiente de matria vegetal para
uma rea de 400 a 1000 metros quadrados. Uma das tticas empregadas no deserto
plantar espcies com alta produo de matria vegetal como barreiras em quebra-ventos
ou bancos de terra. necessrio plantar nesses bancos para segurar essa matria decobertura. Uma das melhores plantas para isso o tamarix. Ele produz uma grande
quantidade de matria vegetal. Outras plantas de alta produo so as casuarinas e, claro,
os pinheiros do deserto. Voc pode plantar tamarix no deserto apenas enfiando os
pauzinhos na terra, aps enxarcar o solo com gua por trs dias. Voc s enfia as plantas
e elas crescem. Muitas das casuarinas se propagam assim. Elas tm sistemas radiculares
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bem profundos. Um grupo de plantas teis so as mesquitas. Suas razes podem penetrar
mais de 30 metros, o que, prximo a rios intermitentes, realmente abaixo do nvel do
lenol fretico. Ento muitas das plantas do deserto com razes realmente profundas no
sofrem com falta dgua, e poderiam provavelmente transpirar sem problemas. Asmesquitas tm uma alta produo de vagens.
Um grupo de plantas que tem sido altamente negligenciado so os cactos.
Alguns dos cactos tm sido cultivados h muito tempo, e tm produtos de alta qualidade.
Alguns deles provavelmente tm sido continuamente selecionados por pelo menos
quatro ou cinco mil anos. Esse o caso dos cactos que produzem frutos. H outro grupo
de cactos que produz pequenos frutos em abundncia, semelhantes a morangos. H um
cactus que produz pequenos botes comestveis. H as opuntias (figueiras-da-ndia).
Elas foram introduzidas no sul da Europa pelos espanhis, e agora so elementos
comuns em jardins italianos e gregos, sendo freqentemente usadas como cercas vivas.Elas variam em qualidade, mas se voc procurar em comunidades italianas na Austrlia,
como temos em Adelaide e nos subrbios de Melbourne, voc encontrar toda uma
variedade de opuntias que crescem de sementes e produzem um grande fruto semelhante
ao figo, s centenas. As palmas da opuntia so vegetais muito bons, que se propagam
rapidamente. Essas plantas tambm podem ser usadas como barreiras. Essa uma das
plantas recomendadas como barreiras no deserto. Tanto a opuntia como as mesquitas
vo barrar animais ungulados grandes.
Ns j usamos plantas espinhosas do deserto, das quais h muitos tipos. Toda
vez que voc sai do deserto, voc tem que jogar seus chinelos fora. Eles ficam todoscarregados de espinhos, que acabam atravessando a sola. Essas plantas espinhosas
podem ser usadas ao redor de plantaes isoladas, para evitar que animais como lebres
cheguem at as rvores. Voc pode plantar defesas no deserto no que eu chamo de
estratgias de guerrilha, uma fissura na rocha defendida por plantas espinhosas.
Ns temos uma srie de plantas e animais adaptados, e pessoas que se do bem
nessas condies. Todos os povos do deserto desenvolveram vegetais bem especficos.
No h falta de vida animal e vegetal para um assentamento restrito. Mas h uma
escassez absoluta de gua, e voc tem que planejar reservas para trs anos frente.
Como em outros ambientes, muito fcil aumentar rapidamente os recursosanimais no deserto. Para cada uma dessas cavernas que ns construmos artificialmente,
ns arrumaremos um ocupante. Pombos selvagens e domsticos so originrios do
deserto. Voc os ver bem vontade nas regies scas da ndia e Ir, vivendo naqueles
pequenos buracos nas rochas. Voc os ver nas costas martimas e em qualquer local
onde haja buracos em rochas erodidas. Tudo o que voc tem que fazer talhar mais
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buracos para obter mais pombos, porque h sementes mais que o suficiente no deserto, e
tambm gua para animais que bebem to pouco. Portanto, os pombos so os animais
domsticos nmero um no deserto.
Alguns de vocs podem j ter visto figuras de habitats para pombos construdosno Egito. Eles so coisas grandiosas, como pequenos castelos, todos perfurados com
milhares de buracos, e enormes quantidades de pombos vivem nesses castelos de
pombos. O esterco dos pombos o melhor fertilizante do deserto. o esterco de maior
valor de mercado que conhecemos. Os egpcios fazem os buracos para ninhos grandes o
suficiente para comportarem dois ovos, mas apenas um filhote, de forma que, conforme
eles crescem, um empurrado para fora e cai. Ento, o outro cresce. Portanto os ninhos
tambm so sistemas auto-limpantes. Todos os resduos e filhotes extras caem para fora.
H tambm ovos que podem ser apanhados. Uma grande vantagem de se criar pombos
no deserto que, devido aos seus hbitos em relao aos ninhos, eles so quase livres depredadores, exceto por alguns gavies, dos quais no h muitos. Portanto, pombos so
um recurso bom e til.
Outra fonte de comida no deserto so os rpteis. Eles esto para o deserto assim
como os peixes esto para as comunidades praianas. Muitos nomes no deserto refletem
isso. Temos coisas chamadas tainhas da areia, que na verdade so rpteis. Rpteis so
grandes e abundantes porque a segunda coisa que enormemente comum e disseminada
nos desertos so insetos, alguns deles noturnos, mas muitos so diurnos. Portanto voc
tem um monte de animais insetvoros. De novo, o nmero de rpteis por unidade de rea
determinado pela escassa sombra oferecida por rochas empilhadas por acaso, oufendas, e no pela disponibilidade de comida. Portanto, apenas aumentando a
quantidade de abrigos na rocha, voc pode aumentar o nmero de rpteis. Em alguns
desertos a sombra to restrita, e fendas so to restritas, que milhares de rpteis podem
se juntar para passar o inverno em uma nica pilha de rochas. Por exemplo, as pilhas de
rochas so locais notrios para cascavis hibernarem, talvez centenas delas em uma
nica fenda na rocha.
Na Austrlia, ns temos lagartos muito grandes. Eles vo sentar e olhar para
voc por um longo tempo, e se voc faz um movimento, eles saem correndo a 60
kilmetros por hora nas suas pernas trazeiras. No perdem nada para o ppa-lguas,simplesmente desaparacem, no d para acreditar. Tudo o que voc v uma pequena
trilha de areia subindo e caindo, entrando no deserto.
Os problemas do deserto so bvios. Um desses problemas o transporte de
cargas. Camelos so animais de carga bvios, mas ningum com algum conhecimento
desses animais quer fazer muita coisa com eles. Eles babam em voc, te mordem, fogem,
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do coice, ajoelham em voc, te agarram pela sua roupa ou sua tralha, e te chacoalham.
Os machos adultos so animais muito selvagens, raramente mansos; e embora as fmeas
sejam bem boas, os machos podem ficar interessados nelas, e justo na hora que voc
est saindo na sua fmea, o macho vem com tudo e voc l metido na confuso. Notem escapatria fcil, isso eu te digo.
Ento uma sada para esse problema, em minha opinio, seria velejar pelos
desertos. Eu propuz aos meus amigos hippies que ns construssemos um grande veleiro,
com rodas bem grandes, e viajssemos pelo deserto aproveitando a fora do vento. A
maioria dos desertos tm ventos constantes, fracos mas constantes. Ns trabalhamos em
cima dessa proposta, mas nunca arrumamos os 30.000 dlares, seno talvez tivssemos
realmente ido parar l. Azar. Ns at bolamos uma rota que poderamos usar para
velejar pelo deserto, cruzando o vento, e eu at sonhava em atravessar o deserto sob
uma grande lua, com uma gangue de hippies e aborgenes, bebendo suco de cactos. Masnunca aconteceu. Talvez ainda role um dia. Poderamos reativar a idia quando ficarmos
ricos.
Eu no sei de nenhum deserto que no tenha problemas com cupins. O cupim
est para o deserto assim como os vermes esto para as terras midas. O cupim o seu
decompositor principal. Eles podem representar um problema srio nos desertos. H
alguns problemas maiores. Falta dgua e cupins seriam seus dois principais problemas.
Cupins necessitam de cobertura para viver. Galinhas podem ser teis, permitindo-nos
plantar algumas coisas, porque elas ciscam, descobrem e perseguem os cupins
vorazmente. Os cupins usualmente andam cobertos por pequenos tneis de terra que asgalinhas destrem facilmente. Ns tambm pensamos que esse sistema de inundao,
no importa o quo infreqente, far muito para combater os cupins na rea cultivada.
Ns temos observado que no h muitos cupins nas reas onde temos algumas
inundaes. Achamos que as inundaes podem ter destrudo os seus pequenos tneis
de terra e afogado alguns deles. Porm, eles reinfestam, porque os adultos tm asas. H
certas rvores que no podemos plantar, porque os cupins as destrem. Isso meio triste,
j que algumas boas rvores, como a alfarrobeira, so preferidas pelos cupins. Eles a
adoram, e atacam a rvore viva. Ento, resistncia aos cupins no deserto um fator
primrio a ser trabalhado.Se voc reparar em jardins secos, ver que plantas do gnero Tagetes (ex.
cravo-de-defunto) so muito comums ali. At mesmo em situaes semi-ridas por todo
o sudoeste da sia e o planalto Decanim na ndia, voc ver cravos em jardins nativos,
onde servem de proteo contra vermes do solo.
Essas coisas usadas desde tempos muito remotos s vezes se tornam costumes,
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incorporados nas religies dos povos. A vaca na ndia tratada como um animal
sagrado, porque somente ela pode converter as gramas das mones em combustvel
para cozinhar. As pessoas na ndia simplesmente no podem se dar ao luxo de comer a
vaca. Cerca de 90% do combustvel domstico na ndia rural esterco de vaca seco. Emnvel nacional, talvez tanto quanto 70% do combustvel usado para cozinhar estrume
de vaca. Ento a vaca tem que ser mantida viva, at morrer de velha. Na ndia, voc tem
que ser bonzinho com as vacas.
Ns podemos depender de cupins para uma reciclagem geral no sistema do
qual estamos extraindo matria vegetal e sementes, mas temos que mant-los fora da
nossa horta, e longe de nossas laranjeiras. Ento, podemos criar galinhas em volta dos
cravos. Todas essas estratgias so muito simples. Cobrimos o solo com matria vegetal
morta e pedras, economizamos gua, e no extendemos nosso sistema alm da
capacidade do nosso suprimento de gua de agentar uma seca de trs anos.Ao redor da nossa apertada cpsula de vida, nosso rio intermitente, ns tambm
temos um conjunto de suprimento de comida mais largamente distribudo e facilmente
disponvel, como nossos pinheiros da areia e tmaras. s vezes, as tmaras podem
extender-se por trs a cinco kilmetros de distncia.
Em reas muito secas, devemos dar muita ateno a sombras altas. Podemos
construir trelias altas com madeira resistente a cupins, e cobr-las com videiras, meles,
etc., usando bastante cobertura vegetal morta na base das plantas. Em baixo da trelia
podemos produzir hortalias normais que no agentam o calor do vero, e elas tero
luz suficiente passando atravs da trelia.No cho, podemos pr uma barreira de umidade, folhas de plstico verticais
postas em trincheiras que so escavadas e preenchidas novamente com terra. Essas
barreiras devem ir at cerca de um metro de profundidade, ou mais at. Tambm podem
ser feitas de argila socada, se voc no tem plstico. Assim, a gua do nosso sistema de
irrigao por gotejamento no tem transferncia lateral para fora desse nosso pequeno
sistema. Isto crtico. Ponha essa barreira bem em volta do jardim. Assim, a gua que
ns pusermos aqui permanece dentro do nosso jardim e viaja para cima e para baixo.
Barreira de umidade ao redor, cobertura vegetal morta sobre o solo e uma
trelia por cima isso uma horta do deserto.Os aborgenes fazem pequenos abrigos cobertos com muito sap, abrigos
sombreados sob os quais eles podem sentar-se. Quando eles renovam esse sap, o sap
velho usado como cobertura para o solo. Eles tambm varrem o cho do deserto com
vassouras, e fazem pequenas linhas com esse material da varredura amontoado. Ao
redor de todo campo de aborgenes h essa lombada, uma linha de matria vegetal
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morta amontoada. Sementes descartadas ficam por debaixo desse material. Ento,
quando chove, cresce comida nessas lombadas. Eles tambm varrem em baixo de suas
rvores favoritas, trazendo esse material da varredura para as linhas de irrigao por
gotejamento. Eles fazem coberturas de sap, e cobrem o solo com matria vegetal mortaonde h gua; cobrem a areia mida para reter essa umidade.
H apenas dois tipos de desertos onde as pessoas vivem. Somente nas chuvas
as pessoas atravessam grandes extenses desrticas at os osis. Os osis so
principalmente um produto da ao dos ventos. As pessoas no vivem muito pelo
deserto em si. Elas vivem nesses osis, assim como praticamente todas as outras formas
de vida do deserto. Esses locais podem extender-se por 1000 a 1200 kilmetros atravs
do deserto. H bastantes deles.
A segunda forma de deserto o deserto com formaes residuais. Grandes
rochas subindo do cho do deserto, grandes cpulas, muito duras, geralmente granticas,muito resistentes eroso. Placas rochosas tambm aparecem, saindo de dentro da terra.
H muitos desses desertos ao redor do mundo.
Num deserto com uma precipitao irregular com mdia em torno de 250 mm,
se voc tem uma placa de granito cobrindo 150 hectares, os 15 hectares imediatamente
ao redor dessa placa tero o equivalente a 2500 mm de chuva, porque nada daquela
chuva consegue penetrar no granito; essa gua vai apenas escorrer para fora, o que vai
continuar por horas aps uma chuva. Muitas vezes h depresses nessas placas nas
quais se podem criar pequenas represas na rocha, que podem armazenar gua muito
limpa.Nas margens das sees montanhosas desses desertos, as montanhas de rocha
slida, h inmeras oportunidades de se construir pequenas represas. Represas no
deserto so feitas de rocha e cimento. No construmos com paredes de terra no deserto.
Voc tambm pode fazer buracos na rocha. Essas pequenas represas de rocha tiram voc
de apuros. No difcil armazenar 500.000 litros nelas. Voc pode construir pequenos
drenos de desvio na rocha com apenas alguns centmetros de concreto moldado, ou
pequenas paredes de pedra baixas, e trazer dois ou trs desses canais para dentro de um
s canal.
Voc precisa de uma rea de captao equivalente a vinte vezes a reacultivada. Ento, se voc quer viver em meio hectare, voc vai precisar de uma rea de
captao de 10 hectares. possvel tambm criar essa captao impermeabilizando-se a
superfcie com concreto ou asfalto.
O deserto um ambiente agradvel, porm restrito. Os requerimentos bsicos
so realmente muito simples, os resultados muito recompensadores, e a produo de
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plantas excelente.
Como designer, voc est envolvido em planejamento estratgico. Voc vai
ficar sentado em casa por talvez oito semanas e calcular uma nica carga de caminho
de provises para trs hippies, para durar por cerca de 18 meses. Esses hippies semudaro para o deserto com um rdio. Eles so um pequeno grupo de pioneiros hippies.
Eles comero suas tmaras e plantaro suas hortas, e em bem menos de 15 meses eles
tero uma base slida de uma horta. Ento, estaro prontos para trazer mais pessoas em
carter permanente, e trabalhar os sistemas mais pesados. Voc, como designer,
contribui com a estratgia e a administrao, o que to importante quanto o resultado
final.
Hoje em dia, cada vez mais voc vai projetar para clientes em grupos. A
maioria das pessoas no quer aquela existncia solitria no campo, apenas duas pessoas
ali, no meio do nada, talvez matando-se um ao outro. Muitas pessoas desejam umrelacionamento social com outras pessoas. Ento, quando algum arranja uma rea de
80 hectares, ele procura por maneiras de compartilhar essa terra. nisso que ns
freqentemente nos envolvemos, em fazer o projeto do local aonde outras pessoas iro,
que funes eles assumiro, e como vo se relacionar como um grupo. H muitas
estratgias sem sentido, como vamos todos nos juntar e viver nessa casa e compartilhar
tudo.... uma receita de desastre para a maioria de ns.
Observao essencial para bom planejamento. Olhe ao redor no deserto,
procurando por rvores que produzem bastantes folhas mortas. Ento use esse tipo de
rvore como sua barreira para o vento, e fornecedor de matria vegetal morta. Vejacomo a prpria gua armazenada na natureza. Se voc encontrar uma lagoa de trs
quilmetros, pergunte o que fez aquela lagoa. Se voc se esforar, pode descobrir que
foi uma nica rocha obstruindo o leito arenoso de um rio. O rio tem que escorrer em
volta da pedra e carregar uma carga mais pesada. possvel copiar aquela estratgia
muito simples para construir represas, de forma que a gua ao correr escave poos.
Quando voc tem um lenol fretico carregado, isso representa gua
permanente. Nas margens de terras ridas, algumas dessas estratgias simples
encorajam foras naturais a fazer escavaes. Os ndios Papagos, ao invs de usar
paredes bloqueando os rios intermitentes, usaram barreiras de terra e arbustos paramanter as guas de enxentes na plancie inundvel at que essa gua seja absorvida, ao
invs de apenas deix-la correr sobre a plancie e ir embora. Os egpcios tambm faziam
isso, permitindo que as guas de enxentes depositassem silte em seus campos. A
construo da represa de Assu foi um desastre para o Egito. um evento temporrio.
Ela vai se entupir e se transformar em pntano, e a gua vai transbordar de novo. Mas
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enquanto ela est l, um transtorno. Barragens no deserto sempre vo se entupir, se
forem feitas longe da origem das guas. As barragens normais de vales simplesmente se
enchem de silte, porque no h vegetao para segurar a terra. A prpria definio de
terra rida que h solo n entre as plantas. Ento voc pode usar paredes de desvio,barragens leves que fazem a gua escavar um poo pela turbulncia. Observe o que
acontece na natureza e ento imite, adapte estratgias que j foram desenvolvidas
acidentalmente.
Com seu cata-vento, voc devolve gua para o sistema. Os ventos no deserto
tendem a ser razoavelmente constantes, raramente virando tempestades, devido
imensa capacidade estabilizadora do continente. Um cata-vento com um dimetro de 7 a
8 metros trar 100.000 litros de gua por dia. O suficiente para abastecer um
assentamento de umas 500 pessoas.
Em escarpas ou em qualquer colina residual voc tem uma linha muito abruptadelimitando a ocorrncia de geadas, e esta linha no flutua mais do que dois metros. Vai
congelar at aquela linha, e a partir de l no congela. Ento, ponha um pequeno tanque
l em cima e faa irrigao por gotejamento ao redor da rea abaixo. Dentro de uma
distncia vertical de 7 metros voc pode ir de plantas aquticas a nozes. O
sombreamento pode ajustar a intensidade das geadas. Voc pode ter todo tipo de
pequenos sistemas, de sistemas que so resistentes e at se beneficiam com a geada, at
sistemas que no toleram geadas, tudo na mesma colina. Em algumas das colinas ao
redor da Austrlia central onde ns fizemos isso deliberadamente, tivemos nossos
tomates perenes estabelecidos acima da linha da geada, e as plantas normais anuais, aspimentas e meles, l em baixo.
As estratgias em larga escala para plantar no deserto nos interessam, porque
um de nossos maiores servios no mundo comear a replantar os desertos. A maior
rea de degradao global que ocorre cada ano o aumento dos desertos. Portanto, a
meu ver o maior trabalho que ns temos como um grupo de designers ambientais
comear a diminuir esse efeito. At mesmo pequenos cintures de rvores tm um
incrvel efeito, pela ao do vento, nos desertos, e voc no tem que pensar
grandiosamente. Quinhentos metros ou mil metros de cinturo de rvores, se
conseguirmos estabelecer, vo umidificar o ar por uma boa distncia, pela ao do vento.Acho que isso se deve em parte ao carreamento da transpirao pelo vento, e em parte
porque estamos obtendo melhor retorno atmosfera de parte da gua contida na terra.
Certamente, os efeitos tornam-se manifestos to logo voc tem o sistema funcionando.
Obviamente, temos que considerar a direo do vento. Ns avaliamos a
constncia do vento, e plantamos as rvores na rea que primeiro recebe o vento, de
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forma que o vento carrega a umidade para dentro do deserto. Isso o que est
acontecendo no Marrocos e outras reas. Essa a estratgia.
Outra estratgia conter as guas prximo sua fonte, evitando que boa parte
da gua corra e desaparea em panelas de evaporao, lagoas secas de sal. Nscomeamos no alto das colinas com nosso sistema, prximo origem da gua. Voc
pode seguir os riachos do deserto at sua fonte, e encontrar um ambiente extico,
semi-mido. l que voc comea a reflorestar, de l para baixo. Isso rapidamente leva
a gua at o deserto, gua limpa, fluente. Isso pode acontecer bem rapidamente.
Refloreste os mananciais e siga a gua que gerada at o deserto.
Uma terceira e bvia estratgia usar seu osis e esses numerosos
assentamentos espalhados ao longo das escarpas como reas nucleadas das quais ns
comeamos a zonear. Aqui, o problema principal controlar animais selvagens. Assente
alguns hippies ao redor de buracos dgua. Mantenha grandes animais longe dasplantaes. O nmero excessivo de cabras, camelos, jegues, porcos e vacas contribui
para o aumento de desertos. Vinte mil cavalos uma carga enorme para o ambiente.
S o fato de ser criar um assentamento freqentemente cria uma floresta quase
fechada ao redor do assentamento. Ns vemos esses locais com ces que afujentam
animais selvagens, e ao redor deles h uma rea verde.
Ento aqui esto seus trs sistemas de ataque que voc pode usar como
estratgias gerais.
H mais uma estratgia. Papanek fez algo que era uma imitao de uma planta
do deserto em plstico. Ele inventou uma espiral plstica com uma semente encapsulada,junto com alguns nutrientes. Isso foi projetado para ser lanado de avies, e imita a
semente do deserto quando atinge a areia. Conforme o vento sopra, essa semente entra
no cho. Papanek fez milhares dessas engenhocas, e prope que sejam lanadas sobre o
deserto por avies, de forma que todas essas sementes enterrem-se na areia e os animais
no tenham acesso a elas. Ento, quando chover, elas germinam. A maioria das
sementes do deserto tm uma coisinha como um pedacinho de papel mata-borro nelas,
que murcha. Quando voc pe gua naquilo, aquilo se enche. Este um pequeno
reservatrio de gua para a semente, e suficiente para a raiz da semente comear a
crescer. Apesar de ser uma grande idia, o sucesso da engenhoca de Papanek dependeriade haver um modo de controlar animais que viriam comer as plantas recm germinadas.
Ento voc usa cachorros, uma abordagem em larga escala, faz seu trabalho
posicionado corretamente em relao ao vento, e usa adequadamente as fontes de gua.
Todas so abordagens muito vlidas. Todas podem gerar gua e vegetao localmente, o
que tambm parece gerar gua morro abaixo. H bastante espao por a no deserto, para
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todos ns.
Conforme o deserto aumenta, o fazendeiro comea a ter problemas. Voc pode
ver isso bem em frente aos seus olhos, por toda a rea da Iugoslvia at a Tailndia,
extendendo-se ao sul atravs da frica. O agricultor est em uma batalha que ele nopode vencer. Conforme a gua comea a secar, e os animais passam a invadir as
plantaes, as pessoas mais pobres que no tm condies de cercar comeam a perder
terreno para a criao. a que os pastores aumentam. Quando o pastoreio se torna a
principal atividade econmica, j se est no fim da linha. Depois disso, no h mais
nada a no ser longas migraes, extines e animais magros, e pastores moribundos
migrando em direo ao nascer do sol. Isso est acontecendo a olhos vistos na frica.
Rebanhos no so apropriados para regies semi-ridas. Ungulados em particular, so
totalmente imprprios.
Vamos olhar para outro aspecto do deserto, as dunas. Dunas tm lenisfreticos. As bases das dunas e as partes altas das dunas so bons lugares para se
comear vegetao. O problema que as dunas se movem. Pelo padro que voc usa na
vegetao, voc pode aumentar ou diminuir o movimento da areia. A abordagem
chinesa bem tpica. Eles trazem tapetes de arroz para o deserto. L atrs, nos campos
de arroz, h milhares de pessoas tecendo esses tapetes de arroz. Eles enrolam esses
tapetes formando rolos enormes, e transportam por trem at o deserto. L, eles cobrem o
deserto com esses tapetes de arroz. Atravs desses tapetes, eles plantam rvores grandes,
como tamarix e algumas accias australianas. Eles tm essas rvores crescendo em
cestas cheia de hmus grandes cestas de quatro homens. Eles cortam buracos nostapetes e metem essas cestas enormes dentro do buraco floresta instantnea no deserto.
Essas so rvores do deserto, e tudo o que elas querem esse bom comeo. Ento elas
passam a gerar gua. bonito de se ver. Eles provavelmente tm todas essas rvores
prontas s esperando, e ento quando h uma forte chuva, eles as levam, enfiam no
deserto e as rvores seguem o lenol fretico abaixo.
Cercas e barreiras tranadas so essenciais para parar o movimento da areia,
particularmente no osis. No precisam ser cercas grandes. O essencial que os espaos
cercados sejam pequenos. Mantenha-os em cerca de 30 metros de lado. Voc no pode
ter reas cercadas muito grandes, porque seno a areia vai comear a se mover. Pegue ascrianas depois da escola e os ponha para enfiar essas pequenas cercas, fazendo espaos
cercados de 15 metros de lado, e voc rapidamente consegue estabilizar a areia por
centenas de metros ao redor do assentamento, e comear a trabalhar em floresta, que
ser totalmente estvel. Essas pequenas cercas de enfiar devem ser cerca de 60%
penetrveis. Elas podem ser feitas de galhos espinhosos simplesmente enfiados em
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pequenos quadrados. Elas pararo o avano da areia. Voc no dever faz-las muito
apertadas; devem ser vazadas em 40% ou mais.
Desertos podem ser particularmente apropriados para aquacultura. Um
assentamento no deserto basicamente uma ilha. O continente australiano basicamente um atol. As pessoas vivem no seu permetro. Sua parte central deserta, e
os osis dentro do deserto so ilhas. Ento possvel fazer coisas bem ousadas no
deserto, experimentar com espcies de plantas e animais numa aquacultura em modos
que voc provavelmente no ousaria tentar dentro de sistemas comuns de rios. Se voc
tem uma lagoa de 7 quilmetros dentro de uma paisagem desrtica, esta
provavelmente uma das reas de mais rico potencial para aquacultura, desde que se
tenha um volume suficiente de gua.
H um tipo de mesquita toda cheia de espinhos que os australianos do oeste
resolveram considerar uma erva daninha. A razo para isso que ela se d muito bemno deserto. Ela comeou a cobrir partes do oeste da Austrlia. Agora, ns no devamos
consider-la prejudicial. Ela foi declarada prejudicial porque l as criaes de gado so
to grandes que os animais no so nem domesticados. Nem cercas h. Voc pode
perguntar para um pecuarista: quantas vacas voc tem? e ele responder: bom, sei l;
tivemos alguns anos bons recentemente, talvez tenhamos umas 27.000 cabeas por a.
Eles tentam tocar o gado com helicpteros. Mas o gado nunca se acostumou
com os helicpteros, e fica parado sob as rvores. Ento eles tentam juntar o gado
usando ces bravos. O gado se acostumou com os ces e cavalos. Eles so difceis de
mover. Quando eles entram no meio dessas mesquitas espinhosas, no tem jeito detir-los de l. Voc no consegue pr cavalos l, e os ces no conseguem trazer o gado,
e os helicpteros no do certo. Ento a razo porque essa planta que cresceu bem no
deserto nociva que voc no consegue tirar o gado do meio dela. Tudo isso ridculo.
A planta produz uma boa quantidade de folhas, e tm uma influncia estabilizadora no
deserto. Se voc s prestar ateno no gado, a planta pode ser prejudicial. Mas ela
realmente boa para o ambiente, enquanto o gado no bom para o ambiente. De
qualquer forma, os pecuaristas esto se extinguindo, porque eles no conseguem bancar
a gasolina para os helicpteros.
Podemos introduzir coisas no deserto que iro crescer desenfreadamente.Inicialmente, o que queremos no deserto um estado de crescimento vegetal
desenfreado, e o que devemos procurar introduzir plantas que tm esse potencial.
Tivemos uma invaso de figueiras-da-ndia na parte norte de Queensland, na rea de
veres secos, e toda a parte baixa foi tomada por figueiras-da-ndia. O gado ficou
encurralado pela planta, ento uma segunda boa floresta foi iniciada pela
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figueira-da-ndia. Mas as pessoas combateram a figueira-da-ndia para que o gado
pudesse voltar. Eles so incapazes de pensar nos efeitos a longo prazo desse
crescimento vegetal acentuado, e esses efeitos a longo prazo so benficos.
Bem, poderamos experimentar com bastante aquacultura l. O deserto pobreem espcies aquticas. Todas as espcies aquticas do deserto so altamente adaptadas.
Os peixes e as rs permanecem em estado de quiescncia durante o perodo sco;
enchem-se de gua, afundam-se na lama, fazem uma pequena bacia de lama e
sobrevivem ali. Voc pode cavar, retir-los e lev-los por a. H muitas dessas bacias de
lama. Os aborgenes enfiam um canudo com a ponta afiada ali e bebem essa gua. Voc
pode cortar um pequeno tijolo vermelho do fundo de um lago sco, lev-lo para casa
num saco plstico e colocar num aqurio, e tudo se desmancha. Grandes lagos
enchem-se, temporariamente. Pode ser um lago de cinco anos. O lago se enche de
peixes, tambm. Em buracos dgua haver girinos gigantes, porque quando eles setransformam em sapos, eles tm que ser sapos bem grandes. Um sapo pequeno poderia
morrer seco. Nesses buracos dgua h todo tipo de pssaros. Pssaros martimos
chegam e ficam olhando para voc e esperando, antes de comearem a descer at a gua
e beb-la.
Ento, voc pode trazer juncos, aguaps e outras plantas aquticas. Pode trazer
peixes, moluscos, pitus, e voc pode tentar todo tipo de experimentos e misturas e se dar
bem ali. Ento quando chegarmos na nossa seo sobre aquacultura, tudo o que
dissermos ali realmente se aplicar aos buracos dgua permanentes do deserto.
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The International Permaculture Solutions Journal (Jornal Internacional de Solues em
Permacultura)
P.O. Box 52, Sparr FL32192-0052 USA
Dan Hemenway, EditorCynthia Hemenway, sub-editor
Um jornal lder empermacultura, fornecendo idias prticas e ferramentas para viver em
harmonia com a Terra.
Muitos de ns estamos dolorosamente cientes da severidade do catastrfico declnio
ecolgico global. O Jornal Internacional de Solues em Permacultura traz informao,idias e disscusses para prover e desenvolver ferramentas para curar a Terra. Informao
prtica, detalhada e difcil de achar em qualquer outro lugar, freqentemente aparece nas
pginas do TIPS.
Quem escreve para TIPS?
Muitos dos autores de TIPS so lderes do movimento: Bill Mollison, Jim Duke, BillMcLarney, e nosso editor Dan Hemenway, por exemplo. Outros so pessoas que tm
trabalhado quietamente consigo mesmas. Todos tm algo importante a dizer.
Quais so os assuntos abordados em TIPS?
O TIPS freqentemente segue um tema especfico. Atualmente, temos uma srie de
fascculos sobre o desenvolvimento de sistemas alimentares sustentveis. Em seguida teremos
uma srie sobre Design em Permacultura: O Processo e o Produto, e uma srie sobre
tecnologia adequada permacultura. E, claro, cada fascculo contm tambm artigos fora dos
temas assuntos importantes demais para esperar. Revises eclticas de livros, fascinantes
cartas ao editor, ilustraes informativas, e um formato fcil de usar so marcas registradas da
nossa revista.
Quanto custa TIPS?Assinaturas custam US$ 27,50 para os Estados Unidos e US$ 30,00 para outros pases.
Cada volume inclui cerca de 100 pginas, tipicamente divididos em quatro fascculos.
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