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Page 1: Pontocultura 10 5-27

BRUNO MORENO ECINTHYA OLIVEIRA

REPÓRTERES

Dois dos principais progra-mas culturais planejados paraserem executados em Minas Ge-rais neste ano estão travados pe-la Secretaria de Estado da Cultu-ra. Cem Pontos de Cultura conti-nuam no papel e o Música Minasfoi interrompido.Omotivo:areso-lução 23.089 do Tribunal Supe-rior Eleitoral (TSE) que impede atransferência de recursos públi-cos para entidades privadas em2010,porserum anoeleitoral.

A implementação doscem Pontos de Cultura, quedeveria ter sido realizada em2009, demanda R$ 18,1millhões, sendo R$ 12,1 mi-lhões do Ministério da Cultu-rae R$ 6 milhões como contra-partida do Governo do Esta-do. O Música Minas receberiarecursos estaduais que so-mam R$ 1,55 milhão.

Os Pontos de Cultura fa-zem parte do Programa MaisCultura, do Ministério da Cul-tura (Minc), em parceria comos Governos Estaduais de to-do país. Enquanto em Minashá um entrave para aimplementação do progra-ma, em todos os Estados daFederação, com exceção deParaná e Rio Grande do Sul,os pontos estão em pleno fun-cionamento. Os projetos fo-ram aprovados em julho de2009, mas até agora não fo-ram assinados. O argumentoda Secretaria Estadual de Cul-tura é que a legislação eleito-

ral (lei 9.784/99) não permite.A decisão está baseada na No-ta Jurídica número 2.264, de14 de abril de 2010, em que aAdvocacia-Geral do Estado(AGE) determinou que em to-do o ano de 2010 não seja cele-brado nenhum convênio en-tre órgão da administraçãopública estadual e entidadesprivadas sem fins lucrativos,prevendo o repasse de bens,valores e serviços para rever-ter para à população.

Entretanto, 20 dias de-pois, dia 4 de maio, o consul-tor jurídico do Minc CláudioPéret Dias emitiu despacho( p r o c e s s o01400.007052/2010-47) afir-mando categoricamente que alegislação eleitoral não se apli-ca a “convênio, assumindoobrigações e, eventualmen-te, prestando contrapartidafinanceira ou em bens e ser-viços economicamente men-suráveis, tal como ocorre noPrograma Mais Cultura/Pontos de Cultura”. Inclusi-ve, secretários do Minc já vie-ram a Belo Horizonte nego-ciar com o Governo de Mi-nas o repasse dos recursospara os Pontos de Culturado Estado.

O secretário de Estado deCultura, Washington Mello,afirmou que está buscandosoluções jurídicas para o im-passe com colegas de outraslocalidades. “Em vários Esta-dos foram assinados os convê-nios em 2009 e a liberaçãovem sendo feita ao longo de2010. O Governo de Minas,por orientação da AGE, está

consultando outros Estados,inclusive Bahia e Acre, sugeri-dos pelo MinC, para saber sefirmaram convênio em 2010para Pontos de Cultura e qualfoi o argumento jurídico queresguardou as atitudes das Se-cretarias de Estado”, expli-cou.

Segundo ele, a AGE só per-mitiria o repasse de verbas seos pontos fossem programassociais autorizados em lei eem execução orçamentáriadesde 2009 ou se fossemoriundos de convênios comcontrapartida financeira oude bens e serviços – o que nãoé o caso.

Mas a pergunta que ficapara os realizadores culturaisque conseguiram aprovar osPontos de Cultura no difícilprocesso seletivo, é por queos convênios não foram assi-nados no ano passado, quan-do não havia restrição em re-lação à legislação eleitoral? OMinc recomenda aos conve-niados que as assinaturas se-jam feitas logo após o proces-so seletivo, ou seja, isso pode-ria ter sido feito há 11 meses,quando o comando da Secre-taria de Cultura de Estado erade Paulo Brant. Procurado pe-la reportagem, o ex-secretá-rio não retornou às ligaçõesaté o meio da tarde de ontem.

De acordo com o atual se-cretário de Estado de Cultura,Washington Mello, os convê-nios poderiam realmente tersido assinados em 2009, masnão houve entendimento en-tre a secretaria e os proponen-tes, até o final do ano passa-

do, em relação à documenta-ção exigida. Os projetos nãoestariam de acordo com asnormas exigidas e isso teriaatrasado a implementaçãodos Pontos de Cultura.

Mas como a Resolução23.089 do TSE foi publicadaem 1˚ de julho de 2009, a Se-cretaria de Estado de Culturajá sabia do impedimento le-gal e teve um semestre paraavaliar e resolver os proble-mas da documentação dosproponentes, para que aimplementação dos PontosdeCulturapudesseseroficiali-zada antes de 1º de janeiro de2010. Somente em 25 de mar-ço deste ano que a procurado-rado Estado Juliana Schidt Fa-gundes comunicou à Consul-toria Jurídica da AGE do pro-blema do repasse de verbas.

De acordo com a assesso-ria de imprensa da Secretariade Cidadania Cultural do Mi-nistério da Cultura, a não assi-natura dos convênios não in-valida o processo de seleção,mas inviabiliza o cronogra-ma inicial, além de prejudi-car o atendimento nas comu-nidades em que os pontos es-tão inseridos. Os recursos blo-queados pela AGE devem fi-car aplicados, e os rendimen-tos deverão ser usados no ob-jeto do convênio após solici-tação formal ao Minc ou de-verão ser devolvidos para aUnião após o encerramentodo convênio.

Dentre os cem projetosdos Pontos de Cultura aprova-dos em Minas Gerais, um de-les é o “Favela é isso aí”, que

atua com produção de comu-nicação e informação com jo-vens de aglomerado de toda acapital. Para a produtora Cla-rice Libânio, é possível que te-nha havido no ano passadouma ingerência para que osconvênios pudessem ser assi-nados. Entretanto, em 2010,ela acredita que a Secretariaestá agindo de forma política.

O projeto “Favela é issoaí” consiste na transforma-ção da sede da entidade, noBairro da Serra, em um Cen-tro de Referência da CulturaPopular Urbana e toda a pro-dução será aberta à toda a co-munidade. “A justificativa doprojeto é o acesso público à in-formação. Nós produzimosmuita informação, mas publi-camos pouco na internet.Não chega a um décimo doque poderíamos”, afirmouLibânio.

O Querubins, ONG queatende 200 crianças da comu-nidade Acaba Mundo, noSion, é um dos cem Pontos deCultura prejudicados. Lá, háprojetos para oficinas de ví-deo,masnão háinfraestruturapara a realização, já que os re-cursos não foram repassados.“TenhoumdéficitdeR$10milpor mês e temos que fazer vá-rios eventos beneficentes du-rante o ano para tentar evitarum rombo. Somos aprovadosem projetos governamentais,mas essas verbas nunca che-gam”, desabafa Abelardo Cas-tro, gestor administrativo-fi-nanceirodoQuerubins.i

y Leia mais na página 3

Já está confirmada a estreia da terceira temporada de

“Ídolos” na Record. A edição brasileira do maior reality

show musical da televisão começará a partir do dia 10 de

junho. O programa será exibido a partir das 23 horas, às

terças e quintas, sob o comando do apresentador Rodrigo

Faro (ao lado) e os olhares críticos dos jurados Paula

Lima, Marco Camargo e Luiz Calainho. Página 7

.Cultura .Hoje EM DIA

PÁGINA 1- BELO HORIZONTE, QUINTA-FEIRA, 27/5/2010 - [email protected]

.Tv

VerbaemperradaRestrições do TSE e entrave burocrático local impedem criação de Pontos de Cultura e interrompem o Música Minas

RECORD DIVULGAÇÃO

gente

CARLOS ROBERTO

O projeto“Favela éIsso Aí” é

um dos cemPontos de

Cultura queaguardam

liberação derecursos

paraampliar oacesso à

informaçãona

comunidadeA perguntaque fica épor que osconvêniosnão foramassinados

no anopassado,

quando nãohavia

restriçãoem relaçãoà legislaçãoeleitoral?