UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
PRODUTORA DE MATÉRIAS-PRIMAS PARA
FERTILIZANTES: QUALIDADE SOCIOAMBIENTAL
Por: Luiza Carneiro Rodrigues
Orientador
Prof. Jorge Tadeu Vieira Lourenço
Rio de Janeiro
2012
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
PRODUTORA DE MATÉRIAS-PRIMAS PARA
FERTILIZANTES: QUALIDADE SOCIOAMBIENTAL
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Gestão de Sistemas
Integrados em QSMS/SGI.
Por: Luiza Carneiro Rodrigues
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pelas oportunidades. Aos meus
pais, por terem me fornecido condições para me
tornar a profissional e a Mulher que sou hoje.
4
DEDICATÓRIA
Dedico à toda minha família que, com
muito carinho e apoio, não mediram
esforços para que eu atingisse mais
esta etapa de minha vida.
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RESUMO
A fabricação de fertilizantes vem sendo discutida, principalmente por
causa do impacto ambiental causado por resíduos que acabam indo parar nas
águas dos rios, lagos e mares. Este trabalho tem como objetivo identificar
indicadores da qualidade que representem diferenciais competitivos a uma
organização produtora de matérias-primas para fertilizantes e que contribuam
para o alinhamento de produtos e processos com estratégias competitivas e
sustentáveis, a partir de uma análise dos procedimentos implantados. Os
resultados identificam indicadores da qualidade que favorecem o alinhamento
de produtos e processos a objetivos estratégicos da organização, e que são
capazes de integrar por meio de um plano de gestão, os elementos
econômicos aos elementos sócio-ambientais, sendo que a maior parte dos
investimentos ambientais é destinada a elevar a eficiência por meio da
maximização no uso de recursos e da minimização na geração de resíduos,
com implicações no redesenho de processos.
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METODOLOGIA
Para a elaboração do presente trabalho foi utilizada a pesquisa
bibliográfica embasada em autores diversos conceituando o meio ambiente. As
fontes de consulta utilizadas foram todas as que tornaram possível uma
pesquisa criteriosa e de qualidade, dentre elas a consulta em livros, artigos
científicos publicados em sites confiáveis da Internet pelo grande poder de
atualização.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Indústria de matérias-primas para fertilizantes 10
CAPÍTULO II - Impactos ambientais 19
CAPÍTULO III – Fertilizantes e matérias-primas 24
CONCLUSÃO 42
BIBLIOGRAFIA 44
ÍNDICE 48
FOLHA DE AVALIAÇÃO 50
8
INTRODUÇÃO
O modelo atual de crescimento econômico gerou enormes
desequilíbrios globais e implicações sócio-ambientais (crescimento
populacional, urbanização, degradação ambiental, poluição e falta de
infraestrutura). Em face desta constatação, o princípio do desenvolvimento
sustentável busca incessante a harmonização entre o progresso econômico e
a preservação ambiental, o que permitirá que não apenas as presentes, mas
também as futuras gerações possam viver e desfrutar de sadia qualidade de
vida.
Com a evolução da tecnologia, ocorreu o crescimento mundial e o
aumento da perspectiva de vida do homem. Logo, o conceito de
desenvolvimento industrial se ampliou, exigindo assim, que as empresas
aumentem a gestão sobre os seus negócios, proporcionando melhor condição
e qualidade de vida e um ambiente seguro.
O presente trabalho objetiva identificar os problemas causados pela
fabricação de fertilizantes, tais como perdas na qualidade do ar,
empobrecimento do solo, eliminação da cobertura vegetal e contaminação das
águas, além de problemas de saúde causados à sociedade de maneira geral e
a todos aqueles que convivem com essa atividade.
O Capítulo a seguir destaca à indústria de matérias-primas para
fertilizantes, onde são produzidos e utilizados, além das normas ISO que
incorporam conceito de gestão ambiental e de qualidade para, finalmente,
chegar à indústria brasileira de matérias-primas para fertilizantes.
O Capítulo II se reporta aos impactos ambientais, possíveis ameaças
em relação ao meio ambiente, competitividade no setor de matérias-primas e o
9
reconhecimento dessa competitividade como fator essencial à gestão de
qualidade.
Já o Capítulo III, tem como tema a sustentabilidade e o crescimento de
uma empresa de fertilizantes com responsabilidade social e ambiental, bem
como os impactos ambientais da produção de matérias-primas para
fertilizantes fosfatados, estudando-se a Fosfértil, indústria muito comentada
com os mil dias que foram decisivos.
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CAPÍTULO I
INDÚSTRIA DE MATÉRIAS-PRIMAS PARA
FERTILIZANTES
1.1 – Sobre fertilizantes: conceito, composição, benefícios em
sua utilização e produção
O setor industrial de fertilizantes, cujos produtos têm como objetivo
principal fornecer os nutrientes necessários para o crescimento da produção
agrícola, está associada a diversas variantes, tanto econômicas quanto sócio-
ambientais, que influenciam seus resultados em termos de qualidade sócio-
ambiental.
Os fertilizantes promovem o aumento da produtividade agrícola,
protegendo e preservando florestas, matas nativas, assim como a fauna e a
flora. Diante da relevante importância, o uso adequado de fertilizantes se
tornou ferramenta indispensável na luta mundial de combate à fome e
subnutrição.
A indústria de fertilizantes está mais consciente de suas
responsabilidades sociais e ambientais relacionadas à produção e ao uso
adequado de seus produtos, trabalhando continuamente na busca do
aprimoramento da eficiência do uso dos nutrientes das plantas com estudos
que indiquem as melhores práticas possíveis de adubação, a fim de beneficiar
os agricultores com o aumento de produtividade, a melhoria da qualidade de
alimentos, bem como a preservação do meio ambiente.
Os fertilizantes são utilizados para suplementar a disponibilidade
natural do solo melhorando suas condições e compensando a perda de
nutrientes.
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Os adubos apresentam elevados teores de elementos nutritivos, tais
como nitrogênio, fósforo e potássio. Atuam sobre as culturas de forma direta,
permitindo que as plantas melhor se desenvolvam. Enxofre, cálcio e magnésio
também são necessários em quantidades substanciais, sendo classificados
como macronutrientes secundários. Há também os micronutrientes, como
ferro, manganês, zinco, cobre, boro, molibdênio, cloro e outros elementos
benéficos.
Fertilizante pode ser definido como sendo substâncias que se aplicam
ao solo ou à parte aérea da planta com o objetivo de melhorar a sua nutrição e
obter maiores ou melhores produções. Suas ações sobre as plantas podem se
dar de forma direta, quando lhes fornecem os nutrientes, ou indireta,
melhorando as condições do meio em que elas se desenvolvem, permitindo a
correção do solo. Admite-se que 70% dos efeitos biológicos das radiações são
produzidos pelo mecanismo indireto, pois a água é o principal constituinte da
célula viva. (OKUNO, 1988).
Para José Luiz Loureiro (2005), fertilizante é definido como sendo toda
substância mineral ou orgânica, natural ou sintética, fornecedora de um ou
mais nutrientes para as plantas.
O Decreto n.º 4.954, de 14 de janeiro de 2004, lança as seguintes
definições:
• Fertilizante Mineral: produto de natureza fundamentalmente
mineral, natural ou sintético, obtido por processo físico, químico ou físico-
químico, fornecedor de um ou mais nutrientes de plantas;
• Fertilizante Orgânico: produto de natureza fundamentalmente
orgânica, obtido por processo físico, químico, físico-químico ou bioquímico,
natural ou controlado, a partir de matérias-primas de origem industrial, urbana
ou rural, vegetal ou animal, enriquecido ou não de nutrientes mineral;
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• Fertilizante Mineral Simples: produto formado, fundamentalmente,
por um composto químico, contendo um ou mais nutrientes de plantas;
• Fertilizante Mineral Misto: Produto resultante da mistura física de
dois ou mais fertilizantes simples, complexos ou ambos;
• Fertilizante Mineral Complexo: Produto formado de dois ou mais
compostos químicos, resultante da reação química de seus componentes,
contendo dois ou mais nutrientes.
Fertilizantes minerais são materiais, naturais ou manufaturados, que
contêm nutrientes essenciais para o crescimento normal e o desenvolvimento
das plantas. Já os nutrientes de plantas são os alimentos para as espécies
vegetais, algumas das quais são utilizadas diretamente por seres humanos
como alimentos, outras para alimentar animais, suprir fibras naturais e produzir
madeira. O homem e todos os animais dependem totalmente das plantas para
viver e reproduzir. A percepção pública sobre fertilizantes minerais geralmente
não leva em conta esses simples fatos (LARDEREL, 2011).
Como informa Guimarães (2000), na América Latina, houve um
aumento do uso de fertilizantes de 04 (quatro) vezes nos últimos 30 anos e
chegou-se a um total de 12 milhões de toneladas em 2000, sendo a
participação brasileira de 50% desse total.
Assim, o setor de fertilizantes ocupa um papel de fundamental
importância na produção e sustento alimentar. No Brasil, em virtude de sua
potencialidade agrícola, apresenta elevadas expectativas de crescimento. Os
desafios para a sua consolidação passam por um aumento substancial da
produção interna, uma vez que as importações ainda representam cerca de
50% do consumo total.
O papel positivo dos fertilizantes minerais tem sido comprovado
cientificamente por diversos centros de pesquisa, empresas e universidades. O
13
uso eficiente do fertilizante é o fator que mais contribui para o aumento da
produtividade agrícola.
1.2 – Normas ISO que incorporam o conceito de Gestão
Ambiental e de Qualidade
Durante muitos anos, a aplicação de normas ambientais remetia
a idéia de desperdício de dinheiro com medidas até então, consideradas
inúteis. Entretanto, o tratamento das problemáticas ambientais vem avançando
consideravelmente, e atualmente são vistas como oportunidades de melhoria e
competitividade. O setor privado, sobretudo o segmento industrial, vem
implantando a ISO 14001 em seus processos, e reconhecem os diversos
benefícios de produtividade, financeiros e de marketing.
Com a criação da ISO 14001, conjunto de normas ambientais
internacionais, possibilitou a obtenção da Certificação Ambiental, que ocorre
após a implantação de um Sistema de Gerenciamento Ambiental (SGA).
A adoção dessa política ambiental consiste em uma declaração da
empresa quanto às suas intenções e princípios em relação ao seu
desempenho ambiental. Deve prever, portanto, estrutura para agir e definir
seus objetivos e metas ambientais (MAIMON, 1999).
Os compradores de produtos intermediários estão exigindo, cada
vez mais, produtos que sejam produzidos em condições ambientais favoráveis.
A imagem de empresas ambientalmente saudáveis é mais bem aprovada por
acionistas, consumidores, fornecedores e autoridades públicas, na qual
acionistas conscientes da responsabilidade ambiental preferem investir.
(MAIMON, 1999).
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ISO – Internacional Organization for Standardization é uma
organização mundial para normatização fundada no ano de 1947 e se localiza
em Genebra, na Suíça. Sua finalidade é desenvolver e promover normas e
padrões mundiais que traduzam o consenso dos diferentes países do mundo
de forma a facilitar o comércio internacional. No Brasil é representada pela
ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas (VALLE, 1995).
Valle (1995) compreende que o desafio de ser competitivo é
proteger o meio ambiente e afirma que depois de implantada pelas empresas a
Série ISO 14000 irá beneficiar os produtores responsáveis, preocupados com
o meio ambiente, contra os concorrentes inconseqüentes e irresponsáveis que,
por não respeitarem o meio ambiente conseguem produzir a um menor custo,
repassando parte dos custos não internalizados para a sociedade, via
externalidades negativas.
A gestão ambiental nos dias de hoje, é muito mais valorizada,
principalmente nos países tidos como industrializados e em vias de
desenvolvimento, pois a demanda por produtos cultivados ou fabricados de
forma ambientalmente compatível cresce mundialmente. Cada vez mais,
compradores, e principalmente importadores, estão exigindo a certificação
ambiental, nos moldes da ISO 14001(2004), ou mesmo certificados ambientais
específicos, como por exemplo, para produtos têxteis, madeiras, cereais, frutas
etc. Tais exigências são voltadas para a concessão do “Selo Verde”, mediante
a rotulagem ambiental. Acordos internacionais, tratados de comércio e mesmo
tarifas alfandegárias incluem questões ambientais na pauta de negociações
culminando com exigências não tarifárias, que em geral, afetam produtores de
países exportadores (MAIMON, 1999, p.20).
Uma avaliação estratégica da qualidade numa empresa do ramo
de produção de matérias-primas para fertilizantes é mais que necessária,
porém, é preciso identificar indicadores da qualidade ambiental adequados e
15
que não podem deixar de integrar critérios de crescimento econômico,
associados a critérios de eqüidade social e equilíbrio ecológico.
Paladini (2008) observa que o mercado nacional de matérias-
primas para fertilizantes tem enfrentado grandes transformações nos últimos
anos. Inicialmente, a privatização das estatais do setor, ocorrida na década
iniciada em 1990, forçou as empresas a modernizarem sua gestão em nome
da sobrevivência. Segundo o autor, essa necessidade de reestruturação
ocorreu em conseqüência da entrada no mercado nacional de empresas
estrangeiras que vieram disputar e oferecer produtos e serviços em
atendimento às demandas dos consumidores. Como conseqüência, o setor
concentra-se em virtude de empresas entrantes que adquiriram organizações
nacionais, e por empresas nacionais que incorporaram outras menores,
fazendo com que o cenário competitivo se transformasse em uma forma antes
desconhecida pelas empresas nacionais.
As empresas que permaneceram ou surgiram no mercado, investiram
em atualizações tecnológicas, em processos gerenciais e administrativos mais
modernos e na qualificação de seus colaboradores.
Para Paladini (2008), de uma simples aplicação de Estatística Básica,
um simples modelo de controle ou um conjunto de mecanismos de inspeção, a
qualidade evoluiu para avançadas estratégias de produção, ganhando
dimensões mais amplas, envolvendo o mercado consumidor. “Foca-se a
sociedade como um todo, e de certa forma, há um consenso que a qualidade
significa a satisfação geral das necessidades do consumidor e da própria
sociedade” (PALADINI, 2008, p. 29).
16
1.3 - A indústria brasileira de matérias-primas para fertilizantes
Como explicam Rappel e Loiola (1993), a indústria brasileira de
matérias-primas para fertilizantes é, desde a década de 1990, heterogênea, e
constituída por poucas empresas de grande porte, intensivas em capital,
integradas ou semi-integradas, “com várias empresas de menor porte, atuando
de forma restrita nas formulações NPK. Apresenta uma estrutura de mercado
oligopolizada, tanto para a produção de matérias-primas e fertilizantes básicos,
como para as misturas” (RAPPEL: LOYOLA, 1993, p.47).
No caso das matérias-primas básicas e intermediárias e dos
fertilizantes simples, ocorre um oligopólio concentrado e, nesse caso, as
economias de escala e as condições de acesso à matéria-prima prevalecem
enquanto vantagem competitiva.
As estratégias das empresas produtoras de fertilizantes no Brasil são
baseadas na liderança de custos, em que a busca de economias de escala,
baixa capacidade ociosa e a logística eficiente são fatores determinantes do
desempenho. Embora a liderança em custos seja condição essencial para a
competitividade em commodities, mudanças no ambiente competitivo e
institucional, em que discussões a respeito de padrões de qualidade,
segurança alimentar e proteção ambiental são relevantes, têm determinado a
adoção de estratégias diferenciadas por algumas empresas (ZYLBERSZTAJN,
2002).
Zylbersztajn (2002) explica que no Brasil, o processo de fusões e
aquisições determina profundas mudanças na estrutura da indústria em seus
diferentes segmentos e no grau de integração vertical. Houve aumento do grau
de concentração na década de 90, assim como intensificação da
verticalização.
17
Quanto à localização do parque produtor, concentrada no centro-sul,
tanto em termos de capacidade instalada e do grau de integração das
empresas quanto em número de fabricantes. Em 1992, essa região detinha
76% do total dos estabelecimentos produtores de fertilizantes do país.
Passados mais de dez anos, não houve mudança quanto à localização do
parque produtor, recebendo, inclusive, mais investimentos para aumento da
capacidade produtiva. A proximidade com o principal mercado consumidor de
fertilizantes, o Centro-Oeste, que expande sua produção de grãos ocupando
as áreas de cerrado, é considerada estratégica. (RAPPEL; LOIOLA, 1993, p.
53)
Esse formato apresentado pela indústria foi constituído a partir da
década de 1950. No período 1974/1979, é criado o Programa Nacional de
Fertilizantes e Calcário Agrícola (PNFCA), um plano setorial desenvolvido no
bojo do II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND) para desenvolver
setores de base, tais como indústrias de bens de capital, de eletrônica e de
insumos básicos. Para este último, pretende-se garantir o fornecimento dos
insumos básicos necessários às empresas nacionais, procurando reduzir a
dependência em relação aos insumos importados (KULAIF, 1997).
Kulaif (1997) também analisa a reestruturação da indústria brasileira de
fertilizantes fosfatados e afirma que ocorre “um padrão de mudanças mais
rápido e profundo do que os anteriores, sendo marcado por novos paradigmas
na condução das políticas econômica e industrial do país” (p.80).
Ainda segundo a autora, são dois os marcos que alteram
qualitativamente a indústria de fertilizantes, as medidas de liberalização
econômica e o processo de privatização que são referenciais da reestruturação
desta indústria.
Com as privatizações, o setor de fertilizantes passa por um intenso
processo de racionalização e reestruturação por meio de fusões, aquisições e
18
investimentos em modernização, procurando ajustar-se ao padrão de eficiência
exigido pelo mercado internacional. As reestruturações incluem a atualização
tecnológica, a capacitação empresarial, avanço do processo de integração
entre e intra cadeias produtivas, inclusive com a produção de matérias-primas
e o aumento das escalas empresariais. Faz parte também a recuperação e
reestruturação do parque de rocha fosfática para aumentar a competitividade,
adotando melhorias que permitam o melhor aproveitamento das reservas
geológicas e o aumento da produção nas minas, de forma geral (KULAIF,
1997, p.83).
A produção nacional de fertilizantes aumentou na década de 1990,
passando dos 2,2 milhões de toneladas (mi/t) em 1995 para 2,8 mi/t em 2003.
Quando consideradas as importações, o consumo aparente aumenta de 4,5
mi/t, em 1995, para 10,0 mi/t em 2003. Para atender o aumento da demanda,
as importações crescem (DIAS; FERNANDES, 2006).
O consumo tem crescido e está concentrado em algumas culturas,
principalmente a soja e o milho, as quais, juntas, representam mais da metade
da demanda interna de fertilizantes. A dependência em relação à agricultura
mostra a volatilidade da demanda de fertilizantes, visto que commodities
agrícolas sofrem variações bruscas em seus preços internacionais, além de
serem afetadas pela questão cambial (DIAS; FERNANDES, 2006).
O capítulo II, a seguir, se reporta aos impactos ambientais, possíveis
ameaças em relação ao meio ambiente, competitividade no setor de matérias-
primas e o reconhecimento dessa competitividade como fator essencial à
gestão de qualidade.
19
CAPÍTULO II
IMPACTOS AMBIENTAIS
2.1– Ameaças em relação ao meio ambiente nas empresas
produtoras de matérias-primas para fertilizantes
Marcelo Abelha Rodrigues (2005) compreende o meio ambiente como
o “conjunto de relações (físicas, químicas e biológicas) entre os fatores vivos
(bióticos) e não vivos (abióticos) ocorrentes nesse ambiente, responsáveis pela
manutenção de todas as formas de vida existentes”.
Conforme Campos (1998), as práticas empresariais devem ser
socialmente responsáveis e angariar o respeito ao meio ambiente para que
haja credibilidade de quem for negociar com a organização. Assim, com a
competitividade atual, onde o avanço da tecnologia se concentra nas nações
mais desenvolvidas, pode-se perceber também que há vultoso crescimento no
setor agrícola quando se aliam tecnologias de informação e engenharia
genética.
Como já explanado, defensivos agrícolas são substâncias ou misturas,
naturais ou sintéticas, usadas para destruir animais (principalmente insetos),
fungos, bactérias e vírus que prejudicam as plantações. Esses defensivos se
enquadram em várias categorias: germicidas, que destroem microrganismos
patogênicos e embriões; fungicidas, que eliminam fungos; herbicidas, que
combatem as ervas daninhas que brotam no meio de certas culturas e
prejudicam seu desenvolvimento; raticidas; formicidas; cupinicidas e demais
(RODRIGUES, 2005).
O consumo de fertilizantes no Brasil passou de 20,2 para 24,6 milhões
de toneladas entre os anos de 2005 e 2007, porém, grande parte ainda é
20
suprida por importações, pois a produção nacional passou de 8,5 para 9,8
milhões de toneladas no mesmo período (LOPES, 2008).
Ainda que o combate às pragas da lavoura seja necessário para
assegurar a integridade das colheitas, por outro lado, pode acarretar efeitos
negativos se for realizado com emprego inadequado de defensivos agrícolas.
Entre as piores consequências do uso desses produtos a agressão ao meio
ambiente é devastadora.
Ao se observar a importância do nutriente no solo para o
desenvolvimento da cultura pode-se verificar que os fertilizantes agrícolas são
aplicados no solo para aumentar a quantidade disponível de nutrientes para as
plantas (principalmente nitrogênio, fósforo e potássio) e assim aumentar a
produtividade da cultura. A uniformidade de distribuição e sua deposição
adequada se tornam cada vez mais importantes, no sentido de se obter uma
máxima resposta do cultivo a um custo mínimo, já que o custo do fertilizante
representa, no Brasil, uma grande parcela do custo total da produção (VILLAR,
et al, 2004).
Verificou-se também que a aplicação de fertilizante ocorre de maneira
imprecisa. Em seu estudo os autores utilizaram diversos tipos de fertilizantes,
com diferentes propriedades físicas. Neste estudo se observou que a taxa de
aplicação depende do tipo de fertilizante utilizado. Ainda, pôde-se notar que a
taxa de aplicação nominal do fabricante, que é a taxa de aplicação fornecida
pelo fabricante em função da regulagem pré-realizada e da velocidade de
deslocamento do equipamento, apresenta um valor discrepante da quantidade
de fertilizante aplicada na realidade (SILVEIRA, 1989, p.38).
A taxa de aplicação é influenciada pela diferença das propriedades
físicas do fertilizante utilizado, motivo pelo qual há necessidade de se regular o
sistema dosador de fertilizante conforme a formulação usada. Além disso, a
21
velocidade influência a dosagem de adubo, mostrando que o sistema de
controle da taxa de aplicação mecânica é pouco precisa.
2.2 – Conceito de avaliação de qualidade
Atualmente a questão ambiental é responsável pelas muitas mudanças
corporativas, fazendo com que as empresas se reposicionem diante da
realidade ambiental de seu negócio. O conceito de desenvolvimento
sustentável traz considerações até então desconhecidas do gerenciamento
vigente, cumprindo o papel que a qualidade total desempenhou nas questões
da qualidade.
As normas ISO 9000 foram criadas pelo Comitê Técnico 176,
responsável pelos trabalhos de garantia da qualidade e gestão da qualidade da
International Standardization Organization – ISO, uma entidade supranacional
com sede em Genebra, na Suíça, sendo formada por organismos nacionais de
normatização de vários países. Nesta organização o Brasil é representado pela
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. Em português significa
Organização Internacional para Normalização, é uma organização não
governamental formada por entidades de normalização de aproximadamente
120 países (JURAN. 1990).
Segundo Carvalho (2000), quando a série ISO 9000, voltou-se
especificamente para a qualidade, estruturou as recomendações para a
simplificação das relações organizacionais ao longo da cadeia de produção
baseadas em certificações e auditorias credenciadoras. Mais tarde revisões às
normas ISO fizeram parte do conceito Gestão Ambiental e Gestão Ambiental
de Qualidade Total para que houvesse melhoria contínua.
O sistema ISO 9000 de gestão de qualidade está em uso desde os
anos 80, o que permite torná-los como referência para as discussões sobre os
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sistemas ISO 14000 de gestão ambiental. Ainda mais, assumida a similaridade
operacional entre os dois conjuntos de normas, aproveita-se a base instalada
de sistemas de qualidade. Em certos casos é possível atender aos requisitos
das normas da série ISO 14000 apenas por meio de adequações pertinentes
do sistema de gestão da série ISO 9000 (JURAN, 1990).
2.3 - Radiação
Existem vários tipos de fertilizantes disponíveis no mercado: em pó,
líquido, na forma de cristais solúveis, em bastões ou em pastilhas. Os
fertilizantes em pó, cristais solúveis e líquidos são bem práticos - é só diluir em
água. Já os fertilizantes em forma de bastões ou pastilhas são colocados
diretamente na terra e têm a vantagem de apresentar uma ação lenta e
gradativa, pois vão liberando os nutrientes aos poucos. Por outro lado, eles
tendem a concentrar os sais minerais na área de terra em que foram fixados,
podendo queimar as raízes mais próximas (MEDEIROS, 2003).
A radiação ionizante pode estar presente em várias atividades
humanas e, devido ao possível dano sobre os seres vivos, a avaliação da dose
na população exposta assume papel preponderante no gerenciamento deste
problema de Saúde Pública. Os efeitos de doses altas são bem conhecidos e
estão relacionados com a capacidade de células realizarem mitoses e com a
quantidade de células mortas, podendo levar à morte do indivíduo exposto à
radiação. Por outro lado, os efeitos de doses baixas são motivos de
controvérsias e a insuficiência de dados dificulta a elaboração de modelos que
descrevem as respostas dos organismos vivos a doses por exemplo de
radiação natural inferiores às médias internacionais (MEDEIROS, 2003, p.25)
Ainda conforme Medeiros (2003), principalmente nos países
desenvolvidos, onde o fertilizante nitrogenado mineral é uma das fontes
principais de poluição de água, isto ocorre, normalmente, em áreas de
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produção de hortaliças ou em solos arenosos sob irrigação, ou onde as doses
ótimas são excedidas. Uma distinção deve ser feita entre uma adubação
correta com nitrogênio e uma aplicação excessiva de excremento animal. Por
causa das grandes quantidades envolvidas, quando o uso de fertilizantes é
ineficiente representa uma perda econômica bastante vultosa.
Os males que a radiação pode causar à saúde humana justificam as
rigorosas normas de segurança adotadas nas atividades que utilizam a energia
nuclear. Muitas pessoas podem estar sendo expostas, sem saber, a níveis
elevados de radiação, por causa do acúmulo de elementos radioativos
existentes em processos industriais.
Okuno (2008) observa que estudos recentes mostram que as células
exibem alguma resposta deletéria mesmo quando não são atingidas
diretamente pela radiação ionizante, bastando estar próxima de uma célula
atingida. O autor faz uma revisão dessas novas descobertas que podem
elucidar como as baixas doses induzem o câncer em uma célula viva.
Quando se aplicam fertilizantes em grandes extensões de terra por um
longo período isso culmina em aumento de dose de radiação ionizante na
população como um todo. Isso ocorre porque os adubos contêm, além de
traços de metais pesados, o potássio e seu isótopo radioativo e os
radionuclídeos naturais que são membros da série de decaimento do urânio e
do tório. Concentrações relativamente altas de urânio são encontradas na
matéria prima de produção dos fertilizantes provenientes das minas de fosfato
de formações sedimentares (RIBEIRO, 2004).
O Capítulo III tem como tema a sustentabilidade e o crescimento de
uma empresa de fertilizantes com responsabilidade social e ambiental, bem
como os impactos ambientais da produção de matérias-primas para
fertilizantes fosfatados, estudando-se a Fosfértil, indústria muito comentada
com os mil dias que foram decisivos.
24
CAPÍTULO III
FERTILIZANTES E MATÉRIAS-PRIMAS
3.1 – SUSTENTABILIDADE E CRESCIMENTO DO USO DE
FERTILIZANTES COM RESPONSABILIDADE SOCIAL E
AMBIENTAL
O ápice do desenvolvimento tecnológico ocorreu a partir do final da
década de 80 provocando muitas modificações políticas, sociais e econômicas
em escala mundial. Dentro dessas modificações, a globalização da economia
com a queda das barreiras comerciais entre as nações ao mesmo tempo em
que permitiu o fácil acesso das empresas aos mercados internacionais,
provocou um grande aumento do nível de competição nesses mercados
levando à reestruturação dos processos produtivos (PALADINI, 2008).
A grande ameaça global em relação ao meio ambiente, derivada da
ação humana e dos efeitos negativos e irreversíveis dos impactos ambientais
de médio e longo prazo, assim como a escassez de recursos naturais, tem
significante impacto no comportamento e na percepção do mercado
consumidor e, consequentemente na forma como a qualidade necessita ser
gerenciada.
Ainda segundo o autor, devido ao rápido processo de industrialização,
grandes quantidades de efluentes têm sido descartadas pela indústria química,
classificada como altamente poluente em relação a outros tipos de indústrias.
A produção de fertilizantes ocupa lugar de destaque.
Parte dos processos de fabricação dos fertilizantes são descartadas por
efluentes gasosos, líquidos e resíduos sólidos. Há que se considerar que a
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indústria de fertilizantes fosfatados possui características de uma indústria
química, e também ramificações com a indústria de mineração.
Tais impactos se tornam maiores nos setores que envolvem manejo do
solo, águas fluviais e produtos alimentícios tal como é o caso do setor de
fertilizantes, cujos consumidores possuem perfil dos mais diferentes portes,
que vão desde os pequenos produtores de agricultura familiar até grandes
conglomerados exportadores.
As ameaças em relação ao meio ambiente e os efeitos negativos dos
impactos ambientais a médio e longo prazo nas empresas produtoras de
matérias-primas para fertilizantes requerem uma avaliação estratégica da
qualidade dos produtos empregados levando-se em conta todo o processo
produtivo e os problemas dali oriundos (PALADINI, 2008).
Ainda que os insumos sejam modernos podem apresentar efeitos
ambientais prejudiciais na dependência de fatores como o emprego ou não das
boas práticas agrícolas; a dose e a frequência de exposição, absorção e taxa
de eliminação do composto pelo organismo não alvo. Um dos problemas
apontados para conhecer a extensão da carga química de exposição
ocupacional e a dimensão dos danos à saúde é a falta de informações sobre o
consumo de agrotóxicos e a insuficiência dos dados sobre intoxicações por
estes produtos. Em alguns casos, há ainda a falta de conhecimento dos
processos por meio dos quais os agroquímicos possam afetar os organismos
alvo e não alvo. Devido à complexidade, interações e variabilidade dos
ecossistemas e seus organismos.
Os fertilizantes estão definidos na legislação brasileira, conforme
Decreto n° 86.955, de 18 de fevereiro de 1982, como "substâncias minerais ou
orgânicas, naturais ou sintéticas, fornecedoras de um ou mais nutrientes das
plantas". Eles têm como função repor ao solo os elementos retirados em cada
colheita, com a finalidade de manter ou mesmo ampliar o seu potencial
26
produtivo. Seu uso é fundamental para o aumento da produtividade (LIMA,
2007).
A indústria de fertilizantes tem desempenhado, por muitos anos, um
papel fundamental no desenvolvimento da agricultura e no atendimento das
necessidades nutricionais de uma população continuamente crescente. De
fato, basta mencionar que, em geral, os fertilizantes são responsáveis por
cerca de um terço da produção agrícola, sendo que em alguns países os
fertilizantes chegam a ser responsáveis por até cinquenta por cento das
respectivas produções nacionais (PALADINI, 2008).
Os fertilizantes minerais que são classificados em nitrogenados,
fosfatados e potássicos são produzidos a partir de poucas matérias primas e
produtos intermediários, alguns dos quais também utilizados como nutrientes
dos solos.
As matérias primas básicas da indústria de fertilizantes são os
hidrocarbonetos, como fonte energética e na produção de amônia, enxofre,
rocha fosfática e sais de potássio. As matérias-primas podem ser obtidas por
meio da indústria petrolífera (nitrogenados) ou de atividades de extração
mineral (fosfatados e potássicos). As fontes destes elementos químicos são
obtidas na natureza, para a posterior extração dos ácidos, com os quais pode-
se gerar uma ampla variedade de produtos, dentre eles, produtos que
contenham nitrogênio, fósforo e potássio, que fornecem as quantidades
necessárias de cada elemento para compor diferentes formulações de
fertilizantes (LIMA, 2007).
A amônia é obtida por processos químicos e requer uma fonte de
hidrocarbonetos, oriunda do gás natural e também pode ser utilizada a nafta,
óleos pesados ou carvão. A obtenção da rocha fosfática e do potássio se faz
via mineração e subsequente remoção e redução das impurezas contidas no
material minerado. Ainda que a maior parte do enxofre seja obtida via
27
recuperação de seu conteúdo em subprodutos de refinarias de petróleo e em
minérios sulfetados, sua fonte principal é oriunda as lavra de enxofre
elementar.
O Brasil convive com quatro necessidades básicas: manter o nível de
desenvolvimento a taxas compatíveis com as características regionais; reduzir
a dependência externa, acentuadamente crescente a partir do aumento dos
combustíveis derivados do petróleo; diminuir o nível de inflação e distribuir
melhor a renda (CADERNOS DA PETROBRAS, 2008).
A estratégia colocada em prática pelo Governo conta com a poupança e
com um conjunto de instrumentos que visam a reorientar os investimentos
públicos e privados, dentro da realidade nacional, baseada na agropecuária,
diretamente vinculada às prioridades de exportação, de produção de fontes de
energia renováveis e na alimentação de sua própria população.
A expansão da fronteira agrícola no Brasil, um dos poucos países a
dispor de terras agricultáveis em abundância, permite absorver mais mão de
obra, criando condições para melhor distribuição da renda através dos salários;
gerar excedentes a preços competitivos no mercado externo e reduzir a
inflação pelo aumento da oferta interna de aumentos e utilidades criadas no
setor primário (CADERNOS DA PETROBRAS, 2008).
Após a aprovação do Programa Nacional de Fertilizantes e Calcário
Agrícola (PNFCA), a participação nacional na produção desses nutrientes
começou a melhorar, com a conscientização de que é necessária uma ação
conjunta entre governo e iniciativa privada para permitir o uso eficiente de seus
recursos naturais na exploração de todo potencial da agricultura como setor
prioritário.
Pela importância estratégica que representa a menor dependência de
matérias-primas necessárias para a indústria de fertilizantes, o Governo
28
determinou que a PETROBRÁS desse velocidade compatível no trabalho
realizado para viabilizar o PNFCA, possibilitando atingir as metas fixadas, já
que muitas matérias-primas derivam do petróleo e do gás natural, enquanto
outras necessitam do trabalho de prospecção mineral, onde a empresa estatal
possui experiência de mais de 30 anos.
Atualmente, a colaboração do Sistema PETROBRAS na produção de
matérias-primas para a indústria de fertilizantes está consolidada por duas
subsidiárias: PETROBRÁS FERTILIZANTES S.A. na área de nitrogenados e
fosfatados - e PETROBRÁS MINERAÇÃO S.A. - com trabalho de pesquisa e
lavra de jazidas minerais, que atingirão a produção da metade do potássio que
o País importa.
A missão da Petrobras é atuar de forma segura e rentável com
responsabilidade social e ambiental nas atividades de mercado, tanto nacional
como internacional fornecendo produtos adequados às necessidades dos
clientes e contribuindo assim para o desenvolvimento do país.
3.2 – O VALOR DOS FERTILIZANTES
A alta internacional do petróleo antecipou o despertar de questões
básicas relacionadas com os conceitos de desenvolvimento econômico e pro-
moção social dos países do Terceiro Mundo. O Brasil optou por fazer um
exame do mercado interno de fertilizantes, mostrando em dimensões
potenciais a produção e o consumo, tendo em vista o aumento da
produtividade do solo na lavoura e na pecuária como um recurso para a
fixação do homem na terra e ocupação do vasto território nacional.
Dentro da conjuntura internacional, a agricultura aparece como vocação
brasileira, pois, além de suprir a demanda crescente de alimentos, é encarada
29
como polarizadora de mão de obra e pretende reativar a economia de base e
atuar para reduzir a inflação, sem contar a responsabilidade de gerar
excedentes para a exportação, fornecendo recursos para a formação dos
demais segmentos econômicos.
A agricultura sempre gerou para o País capacidade de importar, com
sua cota de exportação ficando em torno de 63% nos últimos anos, índice que
se eleva para 75% com a inclusão de produtos semimanufaturados e
manufaturados, enquanto as importações de itens agrícolas são cerca de 10%
do total, o que torna a contribuição líquida do setor altamente positiva.
O desenvolvimento do setor primário é prioritário já que, ao gerar
empregos, provoca a demanda industrial, ampliando o mercado interno, pois o
crescimento da procura de bens depende do aumento da renda e da melhoria
de sua distribuição para elevar o número de consumidores. Estes aspectos
demonstram a importância da agricultura e do aumento de sua produtividade,
que precisa atingir os níveis compatíveis com as taxas de crescimento
econômico e social desejadas pela sociedade.
A estratégia para o desenvolvimento agropecuário prevê a
modernização do setor, que já vem acontecendo com a intensificação da
absorção da tecnologia.
Apesar dos fatores restritivos nas características do comércio
internacional de produtos primários, a regularização da oferta, devido aos
ganhos de produtividade, poderá determinar a ampliação crescente das
exportações, principalmente de produtos não tradicionais, fazendo o
alargamento do mercado e o crescimento setorial.
Para alcançar estes objetivos, a atuação do governo no setor primário
visa à organização dos mercados agrícolas e à efetivação de incentivos ao
aprimoramento tecnológico do produtor rural, para o aumento da produtividade.
30
A modernização da agricultura vem sendo realizada com medidas
específicas, que determinam ganhos reais, onde aparece com destaque a
política de produção e difusão de fertilizantes e corretivos, incluindo as fases
de pesquisa, experimentação, demonstração e aplicação, no trabalho de trans-
formação da agricultura tradicional.
O aumento puro e simples da produção não basta; se a quantidade de
alimentos dobrasse a cada quatro ou cinco anos, pelos esquemas de geração
e distribuição de renda, a maioria da população mundial seria mantida em seu
estado de subnutrição.
Os fertilizantes ganham importância a partir de recente estudo da
Academia Norte Americana de Ciências que enfoca os problemas de
desenvolvimento rural, particularmente nos países do Terceiro Mundo,
assinalando que os aumentos da produção agrícola devem fazer a correlação
entre pobreza e fome. A fertilização se situa entre as técnicas que exigem
práticas agrícolas com o uso intensivo de mão de obra (CADERNOS DA
PETROBRAS, 2008).
A deficiência na produção de enxofre é um sério entrave ao
desenvolvimento da indústria de fertilizantes, pois é necessária uma tonelada
desta matéria-prima para cada tonelada de fósforo contida na rocha, sob a
forma de ácido sulfúrico, que também serve para a produção de superfosfato
simples. Recentemente, foi registrada a ocorrência de enxofre, sob a forma
elementar, na região do Castanhal, em Sergipe e nos domos salinos da
plataforma continental espírito-santense, além de ser encontrado associado ao
xisto, ao carvão (pirita carbonosa), ao cobre e ao gesso natural.
Em busca da redução da dependência externa, as atividades de
produção e comércio de fertilizantes pelas indústrias brasileiras são feitas em
três fases distintas: a) produção de matérias-primas: depende dos recursos
naturais do País, de grande volume de capital, de tecnologia e organização
31
empresarial para exploração do gás natural para os nitrogenados; da rocha
fosfática e enxofre para os fosfatados e da silvinita para os potássicos; b)
transformação da matéria-prima: o fosfato concentrado, o enxofre ou o ácido
fosfórico já fabricado e a amônia para a produção de monoamônio (MAP),
fosfato de diamônio (DAP), superfosfato triplo (TSP) e outros fertilizantes
mistos de fósforo e nitrogênio; c) distribuição de fertilizantes: envolve a
preparação das misturas com ou sem granulação, venda e entrega do produto
ao agricultor. A experiência e o capital acumulados na venda constituem
fatores importantes para a aceleração do consumo.
3.3 – PETROBRÁS: PETROFÉRTIL
Em 1976, foi criada a Petrofértil, subsidiária da Petrobrás, com o
objetivo de estimular o desenvolvimento da indústria brasileira de fertilizantes.
Um ano depois, surgia a Petromisa - também subsidiária da Petrobrás — para
empreender o aproveitamento de minerais outros que não o petróleo, a partir
de dados coletados pelos trabalhos petrolíferos nas áreas sedimentares
brasileiras. A criação da Petrofértil, que agrupava várias unidades produtoras
da Petrobrás e da Petroquisa, obedecia aos imperativos da Política Nacional
de Fertilizantes. A Petromisa, criada em 1978 para explorar jazidas de potássio
em Sergipe, também se devia mais aos projetos governamentais para a
produção mineral do que às estratégias empresariais da Petrobrás.
Atualmente, a colaboração da Petrobrás no setor de fertilizantes pode
ser avaliada pela atuação da Petrofêrtil no suprimento de amônia, uréia,
fosfatos e enxofre — matérias-primas básicas para a indústria de fertilizantes
— assim como pela Petromisa na produção do potássio. O Brasil é o maior
importador desse produto e, em 1984, o País produziu mais da metade do
potássio que antes importava (CADERNOS DA PETROBRAS 2008).
32
A criação da Petrofértil, que agrupava várias unidades produtoras da
Petrobrás e da Petroquisa, obedecia aos imperativos da Política Nacional de
Fertilizantes. A Petromisa, criada em 1978 para explorar jazidas de potássio
em Sergipe, também se devia mais aos projetos governamentais para a
produção mineral do que às estratégias empresariais da Petrobrás.
3.4 - FOSFÉRTIL A Fosfértil foi constituída em 14/02/77, pela Companhia Vale do Rio
Doce, com a incorporação de uma pequena usina da CPRM — Companhia de
Pesquisa de Recursos Minerais, e tinha por objetivo básico a exploração e
comercialização das jazidas de fosfato natural de Patos de Minas/ MG, sendo
que, em sua origem, a empresa deveria atender primordialmente à demanda
por fertilizantes do Centro-Oeste do país, os Cerrados, que estavam sendo
abertos para a agricultura naqueles anos (GRACIOSO, 1996).
Até o fim da década de 70, a Petrobrás, através da Petrofértil, assumiu o
controle da Fosfértil, e de todas as outras companhias de fertilizantes, em
decorrência de determinações do Governo Federal no sentido de que, devido à
necessidade de experiência na área química toda a produção de fertilizantes
deveria se concentrar nas mãos desta última.
Em 31/12/80, houve a incorporação da Mineração Vale do Paraíba S/A
— Valep, que atuava na exploração da mina de Tapira, e da Fertilizante Vale
do Rio Grande S/A — Valefértil, com o complexo industrial de Uberaba. Para
todos os efeitos, porém, considera-se como o início da Fosfértil a incorporação
das duas empresas citadas acima; a operação de Patos de Minas pro-
priamente dita tem um porte bastante reduzido.
A Valep e a Valefértil também pertenciam à Companhia Vale do Rio
Doce e houve algumas dificuldades nessa incorporação, pois ela precisava do
aval do Banco Mundial, que havia, ao menos em parte, financiado os projetos.
33
E o Banco Mundial não conseguia entender como uma pequena empresa
como a Fosfértil, na época, iria incorporar outras duas que somavam um
capital várias vezes superior ao dela (GRACIOSO, 1886).
O patrimônio fosfático dos estados de Minas Gerais, São Paulo e Goiás
é controlado pelas empresas Fosfértil e outras. A Fosfértil é a maior produtora
de matérias-primas para fertilizantes fosfatados do Brasil. São abordados a
sua forma de atuação a partir de privatização e o rearranjo acionário sob o
controle de empresas multinacionais.
Destaca-se a identificação e análise do perfil dos investimentos
ambientais. São consideradas duas unidades da Fosfértil, o Complexo Mineral
de Tapira (CMT) e o Complexo Industrial de Uberaba (CIU), as duas
localizadas no estado de Minas Gerais (FERREIRA, 2006).
A decisão da Fosfértil de produzir matéria-prima para fertilizantes
envolveu altos investimentos, escolha dos processos produtivos e seus
licenciamentos para a produção de ácido sulfúrico, ácido fosfórico, TSP e
MAP. Para a produção do ácido sulfúrico foi escolhido o processo Bayer,
detalhamento da Burgi (alemã). Para o ácido fosfórico foi adotado o processo
Rhône-Poulenc (francês), desenvolvido pela Krebs & Co. E para o TSP e o
MAP foi adotado o processo da Gulf Design Division (americana) desenvolvido
pela Badger da América (LOPES, 1988, p.47).
Essas decisões tomadas sobre a estruturação do processo produtivo
constituem o eixo de referência para a identificação e entendimento das
estratégias da empresa em termos da introdução de alterações e melhorias
ambientais, mantendo-se a planta produtiva em operação e realizando novos
investimentos em busca de mudanças para melhor incremento.
Algumas empresas estatais de fertilizantes foram vendidas entre 1992 e
1994. Com as privatizações, o setor de fertilizantes passou por um intenso
34
processo de racionalização e reestruturação por meio de fusões, aquisições e
investimentos em modernização, procurando ajustar-se ao padrão de eficiência
exigido pelo mercado internacional.
Como já citado, a Fosfértil é a maior empresa produtora de matérias-
primas para fertilizantes fosfatados da América Latina. Inicialmente estatal, foi
privatizada na década de 90, e tem como principais controladoras duas
multinacionais, Bunge e Mosaic.
Foram então reestruturadas e as reestruturações incluem a atualização
tecnológica, a capacitação empresarial, avanço do processo de integração
entre e intra cadeias produtivas, inclusive com a produção de matérias-primas
e o aumento das escalas empresariais. Faz parte também a recuperação e
reestruturação do parque de rocha fosfática para aumentar a competitividade,
adotando melhorias que permitam o melhor aproveitamento das reservas
geológicas e o aumento da produção nas minas, de forma geral (FERREIRA,
2006).
Segundo Souza (2001), o patrimônio fosfático dos estados de Minas
Gerais, São Paulo e Goiás é controlado pelas empresas Fosfértil, COPEBRÁS,
BUNGE Fertilizantes e Ultrafértil, que representam 95% do total da rocha
produzida no país. Em 2000, cinco empresas movimentaram 29,5 milhões de
toneladas/ano de minério, operando com 96% da capacidade instalada no
setor de rocha. A Fosfértil produz, em relação ao total, 33,1%, a Ultrafértil,
17,2%, a Copebrás, 11,9%, Arafértil, 11,4%, e a Serrana Fertilizantes 11,3%.
No ano de 2004, três empresas foram responsáveis por 89,7% da oferta
doméstica total de matérias-primas fosfatadas. A empresa Fosfértil participa
com 44,8% do total, seguida da BUNGE Fertilizantes, com 24,7% e da
COPEBRÁS com 20,2% do total, operando próximo da capacidade instalada
atual (SOUZA, 2001).
35
3.5 - DIAS DE DECISÃO
A Fosfértil foi escolhida para dar início ao tema "pós-privatização" por
ser um exemplo típico do que vem ocorrendo neste setor. Trata-se, como já
visto, de uma grande empresa do ramo de fertilizantes, dedicada à produção
de fosfato, um dos três insumos básicos que entram na composição dos
adubos químicos (os outros dois são o azoto e o potássio). Antes de sua
privatização, a Fosfértil fazia parte do grupo de empresas controladas pela
Petrofértil, uma subsidiária da Petrobrás. A cultura, crenças e valores que
caracterizavam a Fosfértil, enquanto empresa estatal eram, portanto, os
mesmos que predominam na empresa-holding, com todas as suas virtudes e
defeitos. De um lado, quadros técnicos de nível internacional. De outro,
corporativismo e desprezo pelo lucro (GRACIOSO 1996).
Os magníficos resultados obtidos pelos novos proprietários
dependeram, basicamente, da superior qualidade da nova administração e da
capacidade que demonstrou para otimizar a utilização dos recursos humanos e
materiais que já existiam na empresa e que foram mantidos praticamente
inalterados. Poucos executivos foram trazidos de fora e pouco foi investido em
novos equipamentos e processos (GRACIOSO, 1996, p.3).
Gracioso (1996) explica que ao assumir a Fosfértil, a nova
administração privada encontrou uma cultura impregnada de valores positivos,
que poderíamos definir como a cultura da tecnologia pela tecnologia. Num
ambiente dominado por engenheiros, os conhecimentos técnicos eram
valorizados e não cessavam de ser acumulados, através de cursos e estágios,
inclusive no exterior. A velha Fosfértil investia fortunas nesses programas de
treinamento, mas nunca obteve qualquer retorno prático, porque não havia
condições para que as novas idéias trazidas de fora fossem colocadas em
prática dentro da empresa. Em outras palavras, as inovações que deveriam
desencadear as mudanças nunca saíram do papel.
36
Outro fator que contribuiu decisivamente para a rápida recuperação da
Fosfértil foi a alta qualidade da planta industrial encontrada e o bom estado das
instalações e equipamentos, apesar das dificuldades financeiras que
praticamente impediram investimentos em novas tecnologias e processos, nos
anos que precederam a privatização.
O fato é que os engenheiros da Fosfértil, quando ainda estatal, tiravam
"leite de pedras", por assim dizer, e conseguiam verdadeiros milagres, com os
parcos recursos à sua disposição. Fizeram isso porque eram técnicos
competentes, orgulhosos de seu trabalho, e porque tinham uma ligação
profunda com a empresa, que consideravam como sua. Conservar esse
espírito, no novo ambiente criado pela nova "cultura capitalista" da empresa, é
certamente um dos desafios enfrentados pela nova administração da Fosfértil.
Sob este ângulo, conclui-se que a qualidade dos quadros técnicos já
existentes à época da privatização foi o ativo mais importante adquirido pelo
novo grupo controlador da Fosfértil. Ao passo que sua mais valiosa
contribuição, para o sucesso da nova empresa, foi certamente o espírito de
orientação para o mercado e de respeito aos compradores e consumidores de
seus produtos. Serve de lição para os homens que irão comandar as futuras
privatizações de estatais (GRACIOSO, 1996).
Estes dois fatores — o respeito à tecnologia e o respeito ao consumidor,
combinados aos outros elementos que refletem a filosofia empresarial do novo
grupo controlador criaram a cultura empresarial da Fosfértil. Esta nova cultura
criou as primeiras raízes a partir da ruptura da cultura anterior. Foi o primeiro e
principal pré-requisito para o êxito, em qualquer processo de privatização de
empresas estatais (GRACIOSO, 1996, p.5).
Naturalmente, a ruptura é sempre traumática, provoca dramas humanos
e impõe uma pesada carga emocional aos personagens envolvidos no
processo, a começar pelo homem que comanda. Segundo Gracioso (1996) o
37
ano de 1992 foi atípico, pois foi quando ocorreu a privatização e o ambiente da
empresa esteve bastante conturbado. Nesse ano, as plantas chegaram a ficar
paradas por dois ou três meses no primeiro semestre, com prejuízos óbvios
para a produção.
Mesmo assim, no entanto, pode ser notada uma tendência de queda na
participação da Fosfértil no mercado nacional de nutrientes P205. A principal
razão dessa queda, a nosso ver, é a redução da alíquota de importação desse
produto, de 10% para 6% no período. Essa redução podia parecer pequena,
porém, para um produto commodity, esses 4% de diferença podem significar a
margem de lucro do importador.
Para a Fosfértil poder voltar à posição que ocupava antes da redução de
alíquotas, uma filosofia de reduções constantes de custo foi adotada. Somente
dessa forma a empresa pôde reduzir seus preços ao nível internacional e
manter a sua lucratividade (GRACIOSO 1996).
Gracioso (1996) informa que o grupo comprador não substituiu ninguém
na gerência da empresa quando da posse. Na verdade, somente o atual
diretor-presidente, veio de fora dos quadros da firma. Assim, se as pessoas
permaneceram as mesmas, o que mudou foi a atitude delas em relação à
empresa, ao trabalho e aos clientes. Em outras palavras, a cultura da empresa
mudou.
A Fosfértil, enquanto estatal, não tinha orientação para lucro. O
resultado prático disso foi visto na situação econômico-financeira em que a
empresa estava quando da sua privatização: a firma obteve resultados
positivos em somente seis períodos e apresentou perdas acumuladas de US$
150 milhões.
A Fosfértil, após sua privatização, investiu em melhorias
organizacionais, administrativas e produtivas, o que permitiu aumento da
38
produção, redução de custos e enxugamento do quadro de funcionários. Três
fases foram marcantes em sua reestruturação: reorganização estrutural e
administrativa; investimentos na melhoria dos processos e foco em resultados,
efetuados por meio da atualização tecnológica; e, ênfase nos recursos
humanos, saúde, segurança, qualidade e meio ambiente, certificações de
qualidade e Sistema Integrado de Gestão (GRACIOSO, 1996).
O início do programa integrado de qualidade se deu com a difusão da
importância da qualidade para a empresa, processo que conduziu à adoção do
programa do 5S, a implantação do SGQ e a certificação ISO 9000. Em 2000
iniciam a preparação para a certificação ISO 14000. Em 2002, implantam o
SIG como uma estratégia guarda-chuva para a gestão da qualidade, do meio
ambiente, da saúde e da segurança do trabalho (FERREIRA, 2006).
Segundo Ferreira (2009), O Sistema Integrado de Gestão (SIG) –
Qualidade, Segurança, Saúde e Meio Ambiente – reflete a modernidade em
termos de pensamento estratégico voltado à atuação conjunta e simultânea
nessas quatro áreas. Sua política foca o aprimoramento do processo produtivo
e otimização do uso dos recursos naturais, buscando assim, manter a
qualidade dos processos, produtos, serviços e atividades e a prevenção da
poluição, se valendo para isso de indicadores de desempenho ambiental que
estejam alinhados com a política de gestão do meio ambiente da empresa e à
visão estratégica da mesma.
A Fosfértil é uma empresa atualmente maior produtora de matérias-
primas para fertilizantes fosfatados da América Latina. A organização assim se
posicionou após passar pelas fases de privatização em 1992, reestruturação e
crescimento que lhe possibilitaram o fortalecimento para o novo ambiente
competitivo. O estudo foi realizado na unidade produtiva da Fosfértil em
Uberaba, estado de Minas Gerais, Brasil. O Complexo Industrial de Uberaba
(CIU), uma das oito unidades da Fosfértil, produz ácidos sulfúrico, fosfórico e
fluossílico; fosfato de monoamônio; superfosfato simples (SSP); superfosfato
39
triplo (TSP) e TSP granulado. Como matéria-prima, utiliza a rocha fosfática que
recebe via mineroduto, sendo a amônia e enxofre importados (FERREIRA,
2006).
Seguindo a tendência mundial, a indústria brasileira de matérias-primas
para fertilizantes tornou-se heterogênea e constituída por poucas empresas de
grande porte, intensivas em capital, integradas ou semi-integradas, com várias
empresas de menor porte, formando um oligopólio em que as economias de
escala e as condições de acesso à matéria-prima prevalecem como vantagem
competitiva.
Por essas razões, as estratégias das produtoras de fertilizantes buscam
economia de escala, baixa ociosidade e logística eficiente. No entanto,
mudanças no ambiente competitivo, institucional e, sobretudo, demanda do
mercado consumidor têm determinado a adoção de estratégias diferenciadas,
principalmente quanto a padrões de qualidade, segurança alimentar e proteção
ambiental (FERREIRA, 2006).
A indústria de fertilizantes integra o complexo químico no bloco das
commodities, possuindo características tecnológicas e mercadológicas de
produção complexa e tecnologicamente interdependente, grande escala de
produção, alta intensidade de investimento, segmento tecnologicamente
maduro e importância estratégica do acesso à matéria-prima.
A estrutura da indústria mundial de fertilizantes é composta por poucas
e grandes empresas, bastante integradas e diversificadas, que convivem com
um número bem maior de empresas menores, especializadas na formulação e
distribuição de fertilizantes compostos para uso final.
Em junho de 2008, Vital Jorge Lopes, Presidente da Fosfértil disse que
a empresa está caminhando junto com o seu crescimento, rumo à excelência
40
em todos os sentidos: qualidade, segurança, compromisso com o meio
ambiente e valorização de seus empregados.
Já em 2012 o Governador Antonio Anastásia anunciou em Patrocínio,
no Alto Paranaíba, investimentos de R$ 2 bilhões da Fosfértil no município,
com geração de 1.500 empregos diretos. O aporte será destinado à construção
de um complexo industrial químico para beneficiar, por ano, 1,6 milhões de
toneladas de rocha fosfática - insumo utilizado na produção de fertilizantes
(IMPRENSA OFICIAL, 2012).
Com a entrada em operação, em 2013, o novo projeto da Fosfértil
ampliará em 34% a oferta de rocha fosfática no Brasil. Está confirmada a
instalação da Fosfértil no município de Patrocínio, com investimento no valor
de R$ 2 bilhões que vão gerar 1.500 empregos diretos. Será assinado em Belo
Horizonte o protocolo, uma aspiração, que era um desejo, um projeto que se
confirmou após as negociações do Governo do Estado com a Fosfértil. “Uma
grande unidade que, certamente, modificará para melhor o perfil econômico
não só de Patrocínio como da região", afirmou o Governador, que esteve na
cidade para assinar convênios com a Prefeitura. Segundo Anastásia, o
empreendimento vai favorecer o agronegócio, uma das principais atividades
econômicas da região do Alto Paranaíba. "É um dos maiores investimentos da
história de Minas Gerais e que vai favorecer muito a questão da agricultura no
Alto Paranaíba, no Triângulo Mineiro, e em todo o Estado. Isso porque 60% do
maior insumo dos fertilizantes serão produzidos aqui em Patrocínio. Isso vai
significar não só muitos empregos, mas uma riqueza extraordinária para a
região e também para o Estado.”
Denominado Projeto Salitre, o novo aporte da Fosfértil terá ainda um
mineroduto. O Complexo Industrial Químico terá capacidade para a produção
de 560 mil toneladas/ano de ácido fosfórico, insumo intermediário para a
produção de 1,2 milhões de toneladas/ano de fertilizantes fosfatados de alta
41
concentração. Com a implantação deste projeto, a oferta brasileira de ácido
fosfórico será ampliada em 60%.
Discorrer sobre o caso Fosfértil permitiu avaliar que processos
implantados de gestão da qualidade podem ser aperfeiçoados e necessitam
alinhamento para serem mais estratégicos e diferenciados no atendimento das
demandas socioambientais.
42
CONCLUSÃO
Ao final deste trabalho conclui-se que existem problemas associados às
indústrias de fertilizantes, sendo necessária a cooperação e a participação de
todos os componentes da cadeia de produção visando o desenvolvimento
sustentável.
Foi observado um acelerado desenvolvimento tecnológico no final da
década de 1980, o que culminou em grandes modificações políticas, sociais e
econômicas em nível mundial o que provocou também aumento do nível de
competição nesses mercados levando à reestruturação dos processos
produtivos.
O presente trabalho objetivou identificar os problemas causados pela
atividade das indústrias de fertilizantes, tais como perdas na qualidade do ar e
devido ao rápido processo de industrialização grandes quantidades de
efluentes têm sido descartadas pelas indústrias classificadas como altamente
poluentes, uma vez que grande parte dos processos de fabricação de
fertilizantes descarta efluentes gasosos, líquidos e sólidos considerando-se
que a indústria de fertilizantes fosfatados possui características de uma
indústria química e ramificações com a indústria de mineração. A geração de
efluentes pode poluir e contaminar o solo e a água, porém, é preciso observar
que nem todas as indústrias geram efluentes com poder impactante nos
ambientes.
Foi constatado que o uso de fertilizantes minerais tem custos
ambientais, isto é, em toda atividade agrícola, como a maioria das atividades
humanas, existe um impacto ambiental.
O desenvolvimento social e ambiental teve grande relevância na
sociedade atual, principalmente a partir de meados da década de 90.
Atualmente esse desenvolvimento é discutido tendo a sustentabilidade como
43
item principal. Nessa perspectiva, os aspectos ambientais passaram a
constituir importantes elementos, mas, ainda que a mudança de perspectiva
exista, ainda há a necessidade de ampliar a consciência e a responsabilidade
sobre o assunto.
A utilização dos indicadores da qualidade construída capacita a empresa
a promover o alinhamento entre seus objetivos estratégicos e os fatores
socioambientais, integrando os sistemas de gestão e certificação já adotados.
O trabalho analisou o processo de reestruturação da Fosfértil, maior
produtora de matérias-primas para fertilizantes fosfatados da América Latina. A
análise do perfil dos investimentos ambientais da Fosfértil teve como objetivo
auxiliar na busca do entendimento das condições, dos resultados e dos
problemas do estabelecimento de um padrão ambiental corporativo global,
tendo em conta a necessidade de avanços na obtenção de melhorias
ambientais.
Assim, a Fosfértil depois que foi privatizada, investiu em melhorias
organizacionais, administrativas e produtivas, o que permitiu aumento da
produção, redução de custos e enxugamento do quadro de funcionários e
realizou diversos investimentos para ampliação de sua capacidade produtiva. A
partir do ano 2000 as novas unidades receberam atenção especial quanto à
questão ambiental, pois são máquinas e processos otimizadores da produção,
menos poluidores e com menor gasto de recursos produtivos, como água e
energia.
44
BIBLIOGRAFIA
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processos. Rio de Janeiro: LTC, 2005.
Barcellos, F. C. 2001. A indústria nacional e o seu potencial poluidor. In: IV
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48
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
INDÚSTRIA DE MATÉRIAS-PRIMAS PARA FERTILIZANTES 10
1.1 - Sobre fertilizantes: conceito, composição, benefícios em sua utilização e
produção 10
1.2 - Normas ISO que incorporam o conceito de Gestão Ambiental e de
Qualidade 13
1.3 - A indústria brasileira de matérias-primas para fertilizantes 16
CAPÍTULO II
IMPACTOS AMBIENTAIS 19
2.1 - Ameaças em relação ao meio ambiente nas empresas produtoras de
matérias-primas para fertilizantes 19
2.2 - Conceito de avaliação de qualidade 21
2.3 – Radiação 22
CAPÍTULO III
FERTILIZANTES E MATÉRIAS-PRIMAS 24
3.1- Sustentabilidade e crescimento do uso de fertilizantes com
responsabilidade social e ambiental 24
3.2 - O valor dos fertilizantes 28
49
3.3 – Petrobrás: Petrofértil 31
3.4 - Fosfértil 32 3.5 – Dias de Decisão 35
CONCLUSÃO 42
BIBLIOGRAFIA 44
ÍNDICE 48