UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS – INOVAÇÕES, BENEFÍCIOS,
DESBUROCRATIZAÇÃO E DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO À
JUSTIÇA
Por: Paulo Marcos da Silva Garcia
Turma K156, matrícula K212650
Orientador
Prof. Francis Rajzman
Rio de Janeiro
2010
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS – INOVAÇÕES, BENEFÍCIOS,
DESBUROCRATIZAÇÃO E DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO À
JUSTIÇA
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Direito e
Processo Penal.
Por: Paulo Marcos da Silva Garcia, Turma K156,
matrícula K212650
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AGRADECIMENTOS
À minha colega de trabalho Grace, pelo
convite e incentivo para participar deste
curso, e a meus colegas de turma, que
muito me ajudaram.
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DEDICATÓRIA
À Rogéria, minha esposa, e a meus filhos
Carlos, Letícia e Beatriz, destinatários dos
frutos que serão gerados pela conclusão
deste curso.
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RESUMO
Mudanças significativas no modo de relacionamento da sociedade – o
cidadão comum, os operadores do direito, servidores e magistrados – com o
Poder Judiciário vieram à tona com o advento dos Juizados Especiais Criminais
que, como uma lufada de ar fresco, trouxe um novo alento a esta tão
desgastada convivência.
Diante da impotência do homem simples – maioria em nossa sociedade -
que muitas vezes não consegue buscar seus direitos no Judiciário, intimidado
pela necessidade de contratar ou constituir um advogado para agir o tempo
todo em seu lugar, pelo excesso de formalismo e burocracia, pela morosidade
com que o processo tramita, pelo distanciamento existente entre ele e os
serventuários, bem como da incapacidade do aparelho estatal judiciário em dar
conta das demandas provenientes das infrações penais de menor poder
ofensivo, tiveram os legisladores constituintes e ordinários a sensibilidade de
erigir um arcabouço jurídico que viesse a minimizar parte considerável destes
obstáculos que dificultavam enormemente o oferecimento pelo Estado de uma
prestação jurisdicional mais acessível e de melhor qualidade.
A permissão constitucional para utilização dos procedimentos oral e
sumaríssimo quando possível (art. 98, I, CF), a busca preferencial pela
conciliação e transação, a orientação para que o processo se oriente pelos
critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e
celeridade (art. 2º da Lei 9.099/95), a suspensão condicional do processo, são
grandes passos dados em direção a uma Justiça mais acessível ao cidadão e
soam como música para aqueles que há muito ansiavam por mudanças que
viessem em socorro do combalido relacionamento sociedade/judiciário.
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Um novo tipo de jurisdição, baseada na conciliação, na composição, na
reparação do dano, na não aplicação de penas privativas de liberdade, substitui
a antiga, baseada no conflito, no contencioso, na lide.
A vítima da infração penal passa a ter um papel de extrema relevância
na persecução de seu direito, uma vez que participa de forma ativa nos
procedimentos judiciais, o que não ocorria anteriormente, quando somente seu
advogado podia se manifestar diretamente em juízo. O Ministério Público passou a ter mais flexibilidade na sua forma de
atuação, tendo a possibilidade de se pautar pelos princípios da conveniência e
oportunidade, de propor a suspensão condicional do processo.
Os Juizados Especiais Criminais vêm ao encontro do desejo da
sociedade, que tem o direito de ter um Poder Judiciário que esteja do seu lado,
ao alcance de suas mãos. Um Poder Judiciário democrático e acessível. Seus
instrumentais de informalidade, simplicidade, celeridade e desburocratização
são uma referência, apontam o caminho e dão a direção para os demais ramos
do direito e para o serviço público em geral.
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METODOLOGIA
Pretende-se realizar este estudo buscando definir, em primeiro lugar, os
motivos que levaram à necessidade da criação dos JECrims, o que passa,
necessariamente, pela identificação dos problemas que ocorriam na Justiça
Comum que demandavam uma mudança de cunho jurídico/institucional
direcionada ao encontro de uma solução para os problemas relacionados com a
precariedade da prestação jurisdicional oferecida à sociedade.
Após, faremos um breve histórico abordando o caminho percorrido pela
legislação nacional até chegarmos ao ponto em que nos encontramos hoje.
Esta visão histórico/evolutiva nos fará entender melhor o processo de
amadurecimento ocorrido com o passar dos anos no pensamento jurídico de
nossos legisladores, doutrinadores, advogados e magistrados, entre outros.
Em seguida serão analisadas as principais inovações trazidas pela
legislação específica dos JECrims, no sentido de dar resposta, pelo menos em
parte, às dificuldades que o Judiciário tinha em oferecer aos jurisdicionados um
serviço de melhor qualidade, no que tange às infrações penais de menor poder
ofensivo.
Passaremos então a identificar os resultados concretos que este novo
arcabouço jurídico trouxe à forma como se dá o relacionamento existente entre
aquela parcela da sociedade que necessita da atuação do Estado para resolver
as demandas criminais de menor poder ofensivo e o Poder Judiciário.
A resposta a estas questões serão buscadas em livros referentes ao
assunto, que são muitos - entre eles os de Ada Pellegrini Grinover, Fernando
da Costa Tourinho Filho, Damásio E. de Jesus, Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo
e Salo de Carvalho, Marisa Ferreira dos Santos e Ricardo Cunha Chimenti - no
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texto da Constituição e da legislação específica, em artigos, reportagens e
entrevistas publicadas em jornais, revistas e internet, em apontamentos feitos
em sala de aula. Será levada em conta também nossa experiência pessoal de
relacionamento com a Justiça.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 10
CAPÍTULO I - A crise no interior da Justiça Criminal 11
CAPÍTULO II - Reação e enfrentamento – o avanço da
Legislação ao longo do tempo 22
CAPÍTULO III – Lei 9.099/95 – novidades e eficácia 31
CONCLUSÃO 49
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 55
LEGISLAÇÃO CONSULTADA 56
PÁGINAS DA INTERNET CONSULTADAS 57
ANEXOS 58
ÍNDICE 76
FOLHA DE AVALIAÇÃO 77
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INTRODUÇÃO
Abordaremos neste trabalho um tema que representa o novo, a
modernidade, uma nova luz no universo jurídico-penal: os Juizados Especiais
Criminais, que chegaram trazendo expectativas e esperanças de um Judiciário
mais acessível, mais amigável, que facilite a vida daqueles que necessitam de
seus serviços, que custe menos aos cofres públicos, que seja mais ágil na
realização das tarefas que estão sob sua responsabilidade, que seja menos
burocratizado, menos formal, menos ritualista. Enfim, que faça o cidadão ter a
convicção de poder contar com a Justiça, de perceber que a Justiça funciona e
que o acesso a ela é um dever do Estado e um direito garantido pela
Constituição à sociedade.
O objetivo central deste estudo é verificar se a prestação jurisdicional
oferecida pelos Juizados Especiais Criminais contribuiu para aperfeiçoar e
facilitar o relacionamento da sociedade com o Poder Judiciário.
Para chegarmos ao nosso objetivo teremos que percorrer um bom
caminho, procurando entender o motivo da criação dos JECRIMs, seu
funcionamento, os efeitos que eles trouxeram na forma como a sociedade se
relaciona com o Poder Judiciário e sua influência no aparelho jurídico como um
todo; apresentar as inovações trazidas ao ordenamento jurídico criminal com
sua implantação; identificar os benefícios oferecidos à sociedade, entendida
aqui como as partes envolvidas nos conflitos jurídicos, os advogados, os juízes
e os servidores lotados nos JECRIMs; analisar as consequências que a criação
dos JECRIMs trouxeram à Justiça Criminal como um todo.
Queremos, enfim, verificar se, a criação dos Juizados Especiais
Criminais veio ao encontro da necessidade de simplificar e agilizar os litígios
jurídico-criminais de menor poder ofensivo, se foi facilitado o acesso da
sociedade à Justiça, se esta sociedade passou a contar com um Poder
Judiciário mais próximo, mais amigável, menos burocrático e formal, menos e
elitista.
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CAPÍTULO I
A CRISE NO INTERIOR DA JUSTIÇA CRIMINAL
1.1 - Breve panorama da prestação jurisdicional antes da Lei
9.099/95
Ao tomar para si o controle da resolução dos conflitos advindos na
nossa sociedade, o Estado correlatamente adquiriu o dever de prestar a
jurisdição, através da qual é possível se assegurar direitos e garantias e
resolver litígios. Contudo, para que ele cumpra realmente essa função é
necessário, antes de tudo, que se assegure o efetivo acesso à essa jurisdição,
que deve ser eficaz e justa. Mas, infelizmente, não era o que, até recentemente,
se observava no cenário brasileiro, onde grande parcela da população,
justamente aquela com baixas condições econômicas, encontrava-se à margem
da tutela jurisdicional.
O Poder Judiciário, distanciado da sociedade em virtude, entre outras,
de sua pompa e formalismo, pelo discurso especializado somente acessível aos
estudiosos do direito, pela fama de fazer justiça somente aos mais abastados
(colarinhos brancos, peixes graúdos, empresários, políticos, filhinhos-de-papai),
deixando os rigores da lei para os menos aquinhoados (ladrões de galinha,
peixes miúdos, pretos, pobres e favelados), permaneceu durante muito tempo
quase que totalmente hermético ao senso comum do cidadão mediano, além de
disputar espaço com métodos informais de resolução de conflitos, que vão
desde formas comunitárias de mediação até a atuação do próprio sistema
policial que, em muitas situações, criava a sua própria legalidade.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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No âmbito penal somente chegavam ao judiciário os inquéritos policiais
dos crimes dolosos contra a vida e contra a propriedade, ficando sob o arbítrio
policial os delitos relacionados com a conflitualidade interpessoal, das relações
domésticas e de vizinhança, das relações entre vendedor e consumidor, de
patrão e empregado.
Em todos esses contextos, a violência interpessoal emerge como um
mecanismo de excesso de poder, em que a parte mais forte impõe a sua
vontade através da humilhação do outro, em relacionamentos sociais
freqüentemente duradouros.
O quadro social existente antes da Lei n° 9.099/95 era de evidente falta
de assistência jurídica, gerando a descrença na Justiça e conduzindo os
cidadãos, diante da violação a um direito seu, a tomar uma das seguintes
atitudes: 1) fazer justiça com as próprias mãos; 2) contratar alguém para fazê-la
em seu nome; ou 3) se conformar e não tomar, naquele momento, qualquer
atitude, limitando-se a reter no coração a mágoa e a sensação de desamparo.
Qualquer dessas três atitudes descritas redunda em profundo
desequilíbrio na convivência em sociedade. As duas primeiras porque mantêm
fora do leito adequado a solução dos litígios e, a terceira, porque gera nos
cidadãos sentimentos de angústia, de insegurança e, principalmente, de
agressividade liberada, não raras vezes, através de atos de violência
desproporcional contra outrem, a exemplo das discussões de trânsito que
culminavam em homicídio.
O cidadão comum, até pouco tempo atrás, ao se dirigir a um fórum já
saía de casa com uma série de sentimentos negativos motivados por
experiências anteriores, vivenciadas por si mesmo ou relatadas por terceiros:
teria dificuldade em saber a qual setor se dirigir, enfrentaria enormes filas,
lidaria com funcionários indiferentes, pouco atenciosos, teria que se submeter a
exigências para as quais não estaria preparado (falta isso, falta aquilo). Enfim,
saía de casa preparado para enfrentar uma verdadeira via crucis, o que
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normalmente acontece no caso de prestação de serviços, sejam eles públicos
ou privados.
Os jurisdicionados dos setores mais simples da sociedade, que são a
maioria da população e, ao mesmo tempo, os que mais dependem do serviço
público, não estavam recebendo do Judiciário a devida atenção e eram
recebidos, muitas vezes, de forma desrespeitosa e submetidos à ambientes e
situações desconfortáveis e intimidadoras, o que é incompatível com a natureza
do serviço prestado pela Justiça Criminal, que lida com vítimas e autores de
crimes, com agressores e agredidos, com ofensores e ofendidos, com as duas
faces desta moeda chamada crime, com emoções, medos e expectativas, com
a liberdade.
Expectativa e nervosismo muitas vezes assolam o cidadão quando
deve comparecer a uma audiência. Lá chegando, deveria encontrar um
ambiente acolhedor, bem instalado, que lhe inspirasse ao mesmo tempo
conforto, segurança e respeito. As instalações improvisadas em pequenos
espaços, ambientes sombrios, pouco iluminados e arejados, a falta de
banheiros e bebedouros decentes, gambiarras nas instalações elétricas, a
quantidade enorme de mesas e processos dentro do mesmo espaço físico de
uma vara tradicional ferem a dignidade da Justiça, causam desânimo ao Juiz
que nela desempenha as funções e expõem o cidadão à humilhação,
implicando em agressão à imagem e desprestígio da Justiça. A improvisação
cria na mente do cidadão comum a dúvida quanto à força da própria instituição.
Não faz muito tempo que o cidadão, ao presenciar o trabalho realizado
dentro de uma vara criminal, tinha a impressão de ter feito uma viajem no
tempo, pois se deparava com móveis antigos, carimbos, arquivos com fichas de
papel, pilhas de processos no chão e até em cima de lixeiras que, na falta de
mesas e arquivos suficientes, faziam suas vezes. A informatização era
praticamente nenhuma e os procedimentos cartorários eram, com pouquíssimas
diferenças, os mesmos de 50 anos atrás. As antiquadas máquinas de escrever,
geralmente com problemas mecânicos, as deficiências pessoais dos
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datilógrafos, os incidentes que surgiam em face das divergências havidas entre
juiz e advogado na colheita da prova testemunhal, quanto à compreensão da
pergunta e, principalmente quanto à resposta e o seu correspondente registro.
Todos estes fatores faziam com que as audiências se prolongassem muito mais
do que o programado, impedindo que se cumprisse a pauta diária e
promovendo a morosidade da prestação jurisdicional.
1.2 - As principais barreiras que dificultam o acesso da
sociedade ao poder judiciário
Os motivos para o distanciamento entre o judiciário e os setores
majoritários da sociedade são vários, mas cabe destacar, primordialmente, a
falta de informação, a qual representa um real obstáculo à chegada ao
judiciário, já que as vítimas da exclusão social, diante de uma situação concreta
de violação de seus direitos, na maioria da vezes nem sabem que tem direitos
ou, quando o sabem, não têm conhecimento que podem pleiteá-los em juízo e,
se o sabem, as dificuldades financeiras para ingressar em juízo são imensas e,
mesmo quando conseguem transpassar todos esses entraves e ajuízam a
ação, em grande parte dos caso, a solução dada é ineficiente, seja por não
estar de acordo com o seu cotidiano, seja por não lhe ser acessível, seja até
mesmo pelo fato de pleitearem contra os chamados litigantes habituais ou
litigantes organizacionais, como as grandes corporações e o próprio Estado,
que, por essa condição gozam de ponderável vantagem para atuar em juízo.
Contudo, a temática que envolve os óbices ao acesso a justiça, nem
sempre foi tratada de acordo com a sua importância e dimensão pelos membros
dos três poderes brasileiros uma vez que, apesar de atingir a maior parte da
população brasileira, não atinge as classes dominantes. Ela ganhou destaque
apenas no final dos anos 1980, quando já havia sido amplamente discutida em
vários países.
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1.2.1 - Barreiras de ordem econômica
Causas que envolvem somas relativamente pequenas são as mais
prejudicadas pela barreira dos custos. Se o litígio tiver de ser decidido por
processos judiciários formais, os custos podem exceder o montante da
controvérsia, ou se isso não acontecer, podem consumir o conteúdo do pedido
a ponto de tornar insignificante a demanda.
No Brasil, em decorrência da má distribuição de renda e a existência de
altos níveis de desemprego, de conhecimento de todos e amplamente
divulgado pela imprensa, não há dificuldade em se visualizar como a
desigualdade econômica limita o efetivo acesso à justiça: custas na distribuição
e quaisquer atos realizados a requerimento da parte, instrução do processo
com a produção de provas, preparo de recursos eventualmente interpostos,
honorários advocatícios e, para aquele que teve suas alegações improvidas, o
ônus da sucumbência e, ainda, a longa duração dos processos.
Para os que buscam assistência judicial gratuita nas Defensorias
Públicas e Núcleos de Práticas Jurídicas existentes nas universidades do país,
não é raro a falta de compromisso com o cliente e o desinteresse pela causa,
quando o objeto do litígio é, muitas vezes, o que há de mais importante para
quem procura. Na verdade, o Estado não oferece o patrocínio técnico gratuito
como deveria e prometeu. Os profissionais liberais não se consideram
obrigados a prestar serviço gratuito, ou a preço vil, ainda que isso seja de
grande relevância social.
O sistema jurídico-processual brasileiro, estruturado em grande parte
sobre o princípio da igualdade, em muitos momentos esquece que sem a
igualdade material há poucas possibilidades de uma decisão verdadeiramente
justa. No entanto, essa espécie de igualdade é apenas formal, pois as
diferenças entre as partes não poderão jamais ser completamente suprimidas.
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Assim, a desigualdade sócio-econômica gera, em termos de acesso à
justiça, dois problemas: dificulta o acesso ao direito e ao judiciário, tendo em
vista a falta de condições materiais de grande parte da população para fazer
frente aos gastos que impõem uma demanda judicial e, mesmo quando há esse
acesso, a desigualdade material em contraste com a igualdade formal, prevista
no ordenamento jurídico, acaba colocando o mais pobre em situação de
desvantagem dentro do processo.
O pagamento do exercício da jurisdição, dever do Estado que deveria
ser prestado sem qualquer ônus para o cidadão, nega o princípio democrático
da igualdade e constitui embaraço intransponível ao exercício daquele direito. A
chamada justiça gratuita, conferida àqueles que comprovem ausência de
recursos para sustentar os custos de uma demanda, tem sido conferida como
uma "ajuda", e não um direito. o que acaba rotulando aqueles que dela se
utilizam de cidadãos de menor poder econômico, evidenciando assim uma
desigualdade de ordem econômico-financeira. A necessidade da presença de
advogado para a prática dos mais simples e comezinhos atos processuais,
muitas vezes é apenas mais uma barreira para o acesso aos órgãos
prestadores da jurisdição. Muitos são aqueles que não se enquadram entre os
que têm direito á justiça gratuita mas que não podem ingressar em Juízo por
não terem como contratar um advogado.
A lentidão dos processos, outro obstáculo investigado, também se
converte num custo econômico adicional que atinge, sobretudo, os cidadãos de
menores recursos. Muitas causas levam anos para serem concluídas, o que
acaba por elevar consideravelmente as despesas das partes, além de
desvalorizar o montante a ser percebido. Que tal demora é também fonte de
injustiça social, não se pode negar. A notória morosidade do aparelho judiciário,
principalmente quando adotadas as vias processuais ordinárias, causa
completa desesperança a quem o procura, normalmente em uma atitude
extrema e desesperada, já que esgotadas todas as tentativas de resolução
extrajudicial do litígio.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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Tais fatores pressionam aqueles menos abastados a aceitar acordos
em valores inferiores a que teriam direito ou até mesmo a abandonar a causa
antes de seu final, em virtude da completa inversão do papel da função estatal,
que nesse momento extremo deveria rapidamente apresentar a solução aos
demandantes, mas na verdade, impõe a eles uma angustiante e longa espera
para que haja uma resposta final.
A questão financeira do acesso à justiça sempre é considerada em
estudos acerca do tema. Por muito tempo pensou-se que a assistência jurídica
gratuita e os custos das defesas fosse a solução para o problema, contudo,
sabe-se, atualmente, com base em resultados práticos, que não o é.
Através da assistência jurídica gratuita garante-se apenas uma
igualdade formal entre as parte, já que continuam gritantes as desigualdades
econômicas, sociais, culturais, regionais.
A simples extinção das custas não garante o acesso à justiça, faz- se
necessário um advogado para defender a parte em juízo. Têm-se a Defensoria
Pública, contudo ela não é capaz de suprir todos os deslindes, vez que não
está presente ainda em todas as comarcas, e sua concentração é maior nos
Estados menos pobres, logo os que menos precisam. Ademais, é válido
considerar que um defensor público não defende um pobre da mesma maneira
que um advogado defende seu cliente. A defasagem é imensa, perpetuando as
diferenças. Cabe, então, ao juiz, no caso concreto, agir com razoabilidade e
bom senso, para amenizar o máximo essas desigualdades, colocando, em
prática, portanto, o princípio da isonomia, trantando os desiguais
desigualmente.
Diante, de tantos obstáculos, a população carente geralmente resolve
seus problemas na polícia, na Igreja que freqüenta, ou através de grupos
organizados de poderes paralelos como PCC ou o Comando Vermelho, que se
aproveitam da situação de miséria para instituir sua própria “jurisdição”.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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1.2.2 - Barreiras de ordem sócio-cultural
Quanto aos fatores sociais e culturais, a distância dos cidadãos em
relação à administração da justiça é tanto maior quanto mais baixo é o estrato
social a que pertencem. Isto tem como causa não somente os fatores
econômicos, mas também os sociais e culturais. Os cidadãos de menores
recursos tendem a reconhecer pior os seus direitos, podendo ignorar os direitos
em jogo ou as possibilidades de reparação jurídica. É notório que as pessoas
têm conhecimentos limitados a respeito da maneira de ajuizar uma demanda,
mesmo aqueles que sabem como encontrar aconselhamento jurídico qualificado
podem não buscá-lo. E, se os indivíduos não crêem na jurisdição como um
direito, o seu exercício torna-se um agravo de quem o exerce e uma afronta
contra quem é exercido, estabelecendo-se um conflito que ultrapassa as folhas
dos autos do processo.
Essa desconfiança ou resignação que as pessoas possuem com
relação à justiça pode ser explicada por dois fatores: experiências anteriores
com a justiça de que resultou uma alienação em relação ao mundo jurídico; e
uma situação geral de dependência e de insegurança que produz o temor de
represálias de se recorrer aos tribunais.
No senso comum do brasileiro, o Poder Judiciário, assim como a
maioria das instituições, é visto como um objeto distante, que não pertence a
sua realidade; é inacessível, não confiável e não faz justiça. O magistrado é tido
como um ser superior, diferente do restante dos mortais, que se encontra acima
do próprio Estado quando, na verdade, ele apenas é investido pelo Estado para
exercer a função jurídico-política.
A informação institucional a respeito do serviço público da justiça
praticamente inexiste no Brasil. Não se procura informar ao destinatário da
prestação jurisdicional de que forma ele pode ingressar em juízo, que tipos de
demanda podem ser levadas à Justiça, onde, como e quando ir ao Judiciário.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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Neste ponto, entra a questão, já sucitada acima, de que as pessoas só
poderão pleitear seus direitos perantes os tribunais se souberem da existência
deles, de seus limites e suas violações. De outro modo, ficarão eternamente na
ignorância e não cogitarão nem da possibilidade de recorrer ao judiciário para
resolver conflitos e exigir direitos. Diante dessa situação é que se advoga que
o conhecimento do Direito deve ser generalizado, como forma de torná-lo
acessível.
Essa difusão do conhecimento do Direito deve ser feita primeiramente
pelos próprios operadores do direito, em especial, que deveriam usar uma
linguagem clara e acessível em suas peças, fazendo o uso do vernáculo, sem
excessivos rebuscamentos, que servem apenas para positivar um direito de
elite, e que deixa à margem aqueles incapazes de entender os vocabulários
técnicos e prolixos, acentuado assim o caráter excludente da Justiça como um
todo.
1.2.3 - Barreiras de ordem jurídica
A efetividade do acesso à justiça passa também, necessariamente, pela
existência de instrumentos processuais acessíveis e céleres na resolução dos
conflitos de interesses que são levados ao judiciário. A burocracia no Poder
Judiciário afasta da justiça muitas causas, agravando a problemática do acesso
à justiça. Procedimentos complicados, formalismo, ambientes que intimidam,
como o dos tribunais, juízes e advogados, figuras tidas como opressoras, fazem
com que o litigante se sinta perdido, um prisioneiro num mundo estranho.
Outro aspecto limitante é o hermetismo do discurso jurídico e a
profusão de normas que entulham a sociedade e atualmente contam com a
contribuição nada sutil dos juristas/legisladores descompromissados com a
justiça. Assim, mesmo as pessoas dotadas de maiores recursos têm dificuldade
em entender normas jurídicas, além do que a rapidez com que se sucedem as
legislações, confundem até mesmo o próprio operador profissional do direito.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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Por outro lado, essas mesmas normas, ao invés de tornarem os
comandos legais mais acessíveis e eficazes, utilizando-se de uma linguagem
coloquial, tornam-se cada vez mais rebuscadas e enigmáticas.
1.2.4 - A lentidão do processo
A demora no julgamento da lide é também uma forma de tornar a
justiça mais inacessível, além de poder trazer graves prejuízos às partes.
Primeiramente, porque acesso a justiça significa muito mais do que
simples chegada às instituições jurídicas. É preciso que se tenham soluções
eficazes, justas, adequadas e efetivas, para poder se falar em judiciário
acessível. Desse modo, de nada adianta dar início a um processo que tramitará
por tempo indefinido, não atendendo aos desígnios imediatos da parte
prejudicada. Por outro lado, pode-se dizer ainda que a lentidão favorecerá
aqueles que não tem interesse no cumprimento da lei, que, por saberem estar
erradas, preferem um processo demorado, que muitas vezes, com o passar do
tempo, acaba até mesmo perdendo seu objeto.
A lentidão no julgamento do processo acaba gerando na sociedade um
sentimento de desapreço pelo Poder Judiciário, que fica com sua credibilidade
seriamente comprometida, inibindo os cidadãos à procurá-lo para resolver seus
problemas ou reclamar seus direitos, vez que, com base em casos próprios ou
de conhecidos, criam a imagem de um Poder Judiciário lento e demorado, e
acabam, então, por preferir recorrer à outras formas de solução de litígio à ter
que esperar vários anos para ver a resolução do seu problema pela via judicial.
O reduzido número de juízes é um fator que contribui para a
morosidade do trabalho do Judiciário, fato este agravado pelo sistema de
recrutamento dos magistrados, que se mostra absolutamente ineficiente e
ultrapassado, por não ser hábil a selecionar o candidato vocacionado, haja vista
que o modelo das provas aprova, em um significativo número, candidatos cuja
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
21
vocação é ser estudante profissional ou que, acidentalmente, estudaram
exatamente o que foi questionado.
Outro aspecto que contribui para a lentidão do Judiciário é o aumento
da população e, conseqüentemente, dos litígios, este provocado pelo
alvissareiro despertar para a cidadania que incentiva o cidadão a solucionar
adequadamente os seus problemas, evitando o fenômeno da litigiosidade
contida, que representa um risco social, quer pelo exercício da justiça de mão
própria, quer pela contratação de justiceiros. Do tamanho que está o aparelho
judicial não consegue dar conta da demanda suscitada pela sociedade. Gera-se
uma situação de descontentamento generalizada. Por um lado magistrados e
servidores assoberbados, sem condições objetivas de dar conta da enorme
quantidade de serviço, sendo pressionados pela sociedade. De outro, os que
buscam a Justiça, descontentes com a demora na tramitação dos processos.
Eis a visão de Tourinho Filho sobre o colápso do aparelho judiciário:
“Era preciso abrir espaço para que os órgãos que integram a
Justiça Penal pudessem dedicar-se mais aos graves
problemas criados pelos crimes de elevado ou
elevadíssimo potencial ofensivo, como o homicídio, o
estupro, o tráfico de drogas, o sequestro, o crime orga-
nizado etc. Com as Varas Criminais enfrentando
extraordinária sobrecarga de processos atinentes a
infrações de menor e médio potencial ofensivo, pouco tempo
era destinado aos Juizes Criminais, membros do Ministério
Público e Autoridades Policiais para se dedicarem aos
processos de maiores complexidades, tanto mais quanto
a pequena criminalidade não devia levar seus autores ao
cárcere, verdadeira “universidade do crime””(TOURINHO
FILHO, 2002, p. 4).
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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CAPÍTULO II
REAÇÃO E ENFRENTAMENTO – O AVANÇO DA
LEGISLAÇÃO AO LONGO DO TEMPO
2.1 - Origem dos Juizados Especiais de Pequenas Causas - Lei
7.244/84
A origem dos Juizados Especiais de Pequenas Causas remonta ao ano
de 1982, quando magistrados gaúchos, paranaenses e baianos criaram, a partir
de uma iniciativa extralegal, os Conselhos de Conciliação e Arbitramento, que
eram compostos por pessoas idôneas da comunidade, de preferência
escolhidos entre advogados, juizes e promotores aposentados, juiz de paz,
professores, etc.
Inicialmente, a reunião dessas pessoas acontecia à noite, no curso da
semana e buscava-se solucionar, através da conciliação, desentendimentos
entre vizinhos. Eram as pequenas causas que nunca chegavam ao Judiciário: a
litigiosidade contida. O grande problema residia na falta de recursos para
resolver as demandas não conciliadas.
Mas as dificuldades não impediram que a experiência fosse adiante. A
necessidade de um instrumento formal para traçar o procedimento a ser
seguido pelos conciliadores provocou a edição de um documento – o
Regulamento - composto de 18 artigos.
A reclamação nos Conselhos tinha a seguinte movimentação: o cidadão
prestava queixa a um funcionário que anotava em uma ficha os tópicos do
pedido; no mesmo instante era designada audiência com chamamento das
duas partes e testemunhas, se tivessem, para serem ouvidas. O próprio
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reclamante ou terceiro de sua confiança, fazia chegar ao reclamado a citação.
Muito raramente se servia de outros meios: correio, oficial de justiça, etc.
Grande era o volume de causas relativas à família solucionadas pelos
Conselhos, a exemplo de pensão alimentícia, desentendimentos entre marido e
esposa, etc. Aliás, mesmo depois da criação dos Juizados Especiais de
Pequenas Causas a pensão alimentícia era o tipo de causa mais comum.
Obtido êxito com a conciliação, expedia-se um documento com as
cláusulas do acordo celebrado entre as partes. Se não houvesse acordo, o
Regulamento previa outra solução para a demanda: as partes indicavam um
árbitro e este solucionava o desentendimento.
O STF chegou a ser solicitado para dirimir desentendimentos sobre o
funcionamento destes Juizados Informais, outra denominação dos Conselhos:
“O chamado Juizado Informal de Conciliação, constituído à margem da Lei n.
7.244/84, não tem natureza pública. Os acordos aí concluídos valem como
títulos extrajudiciais, só podendo ter força executiva nos casos previstos em lei,
como na hipótese de corresponderem ao disposto no art. 585, inc. II, do CPC.
Poderão adquirir natureza de título judicial, se homologados pelo juiz
competente (Lei n. 7.244, art. 55), o que não se verificou na hipótese em
julgamento”. STF. 3ª. Turma. RE n. 6.019, Rel. ministro Eduardo Ribeiro.
O juiz, como no futebol o árbitro, nunca foi o personagem mais
importante dos Conselhos, dos Juizados Informais ou dos Juizados Especiais
de Pequenas Causas. Sua interferência dava-se em apenas dois momentos:
antes da instalação da audiência, quando convocava todos os presentes para
explicar sobre o funcionamento e objetivos do Juizado Informal e num outro
momento para homologar a vontade das partes e tornar título extrajudicial o
acordo celebrado.
A imprensa acompanhava a movimentação imprimida pela “justiça
paralela”, resolvendo os desentendimentos com rapidez, sem solenidade e sem
despesa alguma para as partes.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
24
O funcionamento dos Conselhos despertou a atenção do Programa
Nacional de Desburocratização, através do ministro Hélio Beltrão e seu fiel
secretário, João Geraldo Piquet Carneiro. As observações e estudos
promovidos geraram o Projeto de Lei n. 1.950/83, mais tarde Lei 7.244/84 – a
lei dos Juizados Especiais de Pequenas Causas . O Programa buscou
subsídios em Nova Iorque, onde funcionava a Small Claim Court desde o ano
de 1934.
A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados
aprovou referido Projeto, e rejeitou emenda que exigia advogado para
acompanhar as partes, tomando esta proposta como afronta à essência do
sistema.
Juristas e importantes processualistas insurgiram-se contra a Lei
7.244/84, publicada no dia 18.10.1984: Edgard Silveira Bueno Filho taxou-a de
inconstitucional; Alir Ratacheski clamou pelo procedimento sumaríssimo ao
invés dos Juizados; a Associação dos Advogados de São Paulo considerou o
“anteprojeto dos Juizados Especiais sinal vivo de decadência do direito e da
abolição da Justiça”.
2.2 - Origem dos Juizados Especiais Civeis e Criminais - Lei
9.099/95
“Os constituintes de 1988, impressionados com o número
astronómico de infrações de pouca monta a emperrar a
máquina judiciária sem nenhum resultado prático, uma
vez que, regra geral, quando da prolação da sentença, ou
os réus eram beneficiados pela prescrição retroativa, ou
absolvidos em virtude da dificuldade de se fazer a
prova, e principalmente considerando a tendência do
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
25
mundo moderno de se adotar um Direito Penal mínimo,
procuraram medidas alternativas que pudessem agilizar o
processo, possibilitando uma resposta rápida do Estado à
pequena criminalidade, sem o estigma do processo, à
semelhança do que ocorria com a legislação de outros
países” (TOURINHO FILHO, 2002, p.1).
Foi na Associação dos Magistrados de São Paulo que desenvolveram-
se as primeiras idéias a respeito da Lei nº 9.099/95, por volta de 1985/86,
enquanto ainda se desenvolvia o processo constituinte. Durante a constituinte
de 1988, havia uma grande preocupação com a chamada morosidade do Poder
Judiciário. O que era buscado naquela oportunidade era a experiência dos
Juizados de Pequenas Causas, paralelamente com os Juizados Informais de
Conciliação.
Marco Antônio Marques da Silva, juntamente com Pedro Gagliardi,
elaboraram um esboço quanto à aplicação dos Juizados Especiais Criminais e
apresentaram essa minuta de anteprojeto à Associação de Juizes e ao Tribunal
de Alçada Criminal de São Paulo. Após, o juiz Manoel Veiga de Carvalho
constituiu um grupo de trabalho para examinar a minuta do anteprojeto. Dentre
os componentes do grupo, destacam-se Antônio Magalhães e Scarance
Fernandes que auxiliaram Ada Pellegrini Grinover a elaborar um projeto mais
complementado, que foi discutido e aperfeiçoado na seccional da OAB em São
Paulo e apresentado ao então Deputado Federal Michel Temer.
A Constituição Federal de 1988, no seu art. 98, inciso I, estabeleceu a
necessidade de criação, na Justiça Estadual, Distrital e nos Territórios, dos
Juizados Especiais, providos por juizes togados ou togados e leigos,
competentes para a conciliação, julgamento e a execução de infrações penais
de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo,
permitidos nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de
recursos por turmas de juizes de primeiro grau. Seguindo esta disposição
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
26
constitucional, Michel Temer , apresentou ao Congresso Nacional o Projeto de
Lei nº 1480-A, de 1989, que definia as chamadas "infrações de menor potencial
ofensivo" e disciplinava o Juizado Especial Criminal. Ao mesmo tempo, o então
Deputado Federal Nelson Jobim apresentou frutos de reuniões com juizes e
ministros do STJ sobre a regulamentação do preceito constitucional do Juizado
Especial Cível, que resultou no projeto 3.698/89(82).
Diante dos dois projetos, a Comissão de Constituição e Justiça da
Câmara dos Deputados, com a finalidade de aproveitar ambos os trabalhos,
opinou pela apresentação do Projeto Substituto, que englobou o Projeto Jobim,
na parte alusiva aos Juizados Cíveis, bem como o Projeto Temer, relativo aos
Juizados Criminais e, desta fusão, portanto, originou-se a Lei dos Juizados
Especiais Cíveis e Criminais (Lei nº 9.099/95).
2.3 - Fundamentos político-criminais da Lei 9.099/95
O direito penal brasileiro se pautou, na maior parte de sua história, por
ser um direito tutelar, fragmentário e de intervenção mínima. Porém, nos últimos
anos verificamos desvios destes traços fundamentais do direito penal. Isso se
deve basicamente à tentativa de implantação do modelo americano
denominado "Movimento de Lei e Ordem", que acredita ser o direito penal um
direito de máxima intervenção, um direito capaz de resolver todo e qualquer
problema social através da imposição de leis. Porém, esse modelo
extremamente repressor não resolve, de modo algum, o problema da violência
e da falta de segurança.
O seguimento aos princípios do “Movimento de Lei e Ordem” gerou
uma desordenada produção de leis, quase sempre mal-elaboradas, de cunho
demagógico e oportunista, ferindo direitos, como as garantias do acusado
durante o processo, e princípios, como o da proporcionalidade.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
27
E é justamente neste cenário adverso que surge a Lei nº 9.099/95, para
resgatar e garantir a característica clássica do direito penal brasileiro, que hoje,
busca ser um direito penal mais civilizado, um direito penal pouco radical nas
suas diretrizes político-criminais, que seja capaz de equilibrar e harmonizar as
diversas perspectivas que envolvem uma abordagem séria ao problema da
criminalidade.
Mas, infelizmente, ainda encontramos incoerências: num curto período
de tempo foram editadas leis completamente contraditórias do ponto de vista
político-criminal como, por exemplo, a Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº
8.072/90), que adota um caráter de máxima intervenção penal, maior
severidade e repressão a direitos e garantias, e a Lei dos Juizados Especiais
Cíveis e Criminais (Lei nº 9.099/95,), orientada por postulados político-criminais
de reforço às garantias fundamentais.
Estas oscilações ainda existem, porém são meros desvios, pois a
política criminal brasileira, nas ultimas décadas, vem tentando manter essa
consistência, esse ponto de equilíbrio, isto é, um direito penal baseado na
mínima intervenção, um direito penal que garanta os direitos fundamentais e
individuais, um direito penal mais liberal, mas que, ao mesmo tempo, traga à
sociedade a devida segurança. Isto se verifica, principalmente, após a edição
da Lei nº 7.209/84 (que reformulou a parte geral do CP de 1940), onde houve
uma humanização das sanções penais, uma adoção a penas alternativas de
prisão, etc. e, também, após a promulgação da própria Constituição Federal de
1988 a qual se fundamenta nos direitos e garantias individuais. Seguindo esta
linha, veio a lume em 1995 - para confirmar essa posição clássica - a Lei nº
9.099/95 com o intuito de agilizar e desburocratizar a prestação jurisdicional,
atuando, não só como um novo procedimento, mas sim como um novo sistema
penal baseado no consenso e no direito penal mínimo.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
28
2.4 – O papel da Lei 9.099/95 na construção de um Judiciário
mais eficiente e democrático
A crise do Judiciário está relacionada ao grande desenvolvimento e às
grandes transformações sociais, econômicas e políticas, ou seja, o Judiciário
não conseguiu acompanhar as novas demandas trazidas pelas modificações na
sociedade.
Em conseqüência disso, a sociedade vive insatisfeita com a Justiça,
como um todo, pois esta não evoluiu para lhe dar um resultado significativo. Os
problemas do Judiciário só poderão ser enfrentados com uma dotação
orçamentária mais adequada, que lhe possibilite uma melhor infra-estrutura
material e pessoal.
Nesse sentido, a Lei dos Juizados Especiais não visa resolver a crise
do Judiciário, mas simplesmente atenuá-la, oferecendo uma alternativa ao
Poder Judiciário, com o escopo de torná-lo mais rápido e eficiente, a fim de que
se possa desburocratizar este lento e sobrecarregado Poder da Justiça.
O direito deverá realizar a justiça como uma ordem que possa garantir a
cada indivíduo o que é seu, isto é, o direito deve dar a cada um as
possibilidades de realização pessoal em convivência.
O acesso à justiça é um direito fundamental de um sistema jurídico
moderno e igualitário que pretenda garantir, e não apenas proclamar, os direitos
de todos. Assim, tratando-se de um Estado Democrático de Direito (como
explicita nossa Carta Maior em seu artigo 1º: "A República Federativa do Brasil,
formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito..."), o acesso à justiça é um
direito de todos (CF, art. 5º, XXXV: "a lei não excluirá da apreciação do Poder
Judiciário lesão ou ameaça a direito" e LXXIV: "o Estado prestará assistência
jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos") e é
um dever deste Estado assegurá-la para todos, não para uns poucos.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
29
Nessa linha, a Lei nº 9.099/95 surge como um novo modelo, como o
marco de um novo tempo, é uma esperança que, dentre outras, deverá lograr
sucesso para o bem da sociedade, trazendo uma justiça mais acessível, digna
e mais perto de quem precisa: o povo.
2.5 - A decadência da pena privativa de liberdade
A pena privativa de liberdade encontra-se em descrédito, pois ela não
consegue cumprir com suas finalidades, ou seja, não consegue ser eficaz na
defesa da sociedade, como também, não garante aos presos seus direitos
fundamentais (por exemplo, a dignidade - CF, art. 1º, III - e o respeito a
integridade física e moral - CF, art. 5º, XLIX), visto que o sistema prisional
brasileiro encontra-se, atualmente, em precárias condições para garantir tais
direitos. A organização penitenciária brasileira é um instrumento de degradante
ofensa às pessoas sentenciadas. O condenado é exposto a penas que não
estão no CP, geradas pela promiscuidade e pela violência.
Em conseqüência disto, verifica-se que a pena, em alguns casos, é
desproporcional à gravidade do crime, como também legitima o desrespeito aos
direitos humanos estigmatizando o ser humano. Enfim, a prisão ultimamente só
funciona como uma máquina de reprodução do crime.
A pena de prisão, então, encontra-se falida, já que não consegue
reduzir a criminalidade. Sua imposição também acarreta a superpopulação
carcerária (porque não há um sistema penitenciário adequado) e sua aplicação
não consegue recuperar ninguém, uma vez que a maioria esmagadora
daqueles que passaram pelo sistema prisional voltam a delinqüir. No Brasil, por
exemplo, a reincidência é altíssimo. Por isso podemos dizer que a prisão, além
de não recuperar ninguém, é a "faculdade do crime").
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
30
Assim, faz-se necessário que a pena privativa de liberdade seja
imposta somente em último caso (ultima ratio), ou seja, só em relação aos
crimes mais graves e aos delinqüentes de intensa periculosidade. Nos outros
casos, deve ser substituída pelas medidas de penas alternativas se não forem
solucionadas por outros ramos do direito.
Nesse sentido, a Lei dos Juizados Especiais Criminais traz como
objetivo a evitabilidade da pena privativa de liberdade (art. 62, in verbis: "o
processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da oralidade,
informalidade, economia processual e celeridade, objetivando, sempre que
possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não
privativa de liberdade"). Então, esta somente será aplicada quando não houver
outro meio para reparar o dano. Logo, busca-se, antes de mais nada, a
conciliação e a solução para o conflito e não apenas a decisão (formalista) do
caso, levando-se em conta, portanto, os princípios fundamentais do direito
penal (fragmentariedade, subsidiariedade e da intervenção mínima), assim
como a garantia aos direitos fundamentais.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
31
CAPÍTULO III
LEI 9.099/95 – NOVIDADES E EFICÁCIA
3.1 - Considerações preliminares
Os Juizados Especiais surgiram como uma tentativa de levar a Justiça
ao alcance dos seus verdadeiros objetivos, buscando atingir os objetivos
maiores da jurisdição e dar efetividade ao processo.
E isto vem se processando como decorrência do surgimento de um
novo modo de pensar o Direito Processual, baseado no estudo dos direitos e
garantias processuais que ao longo do tempo passaram a constituir normas
basilares do Estado. É o Direito Processual Constitucional, que observa o
processo à luz da constituição e dos seus princípios específicos, em face do
que podemos até dizer que o nosso atual modelo de processo deita suas bases
na Constituição Federal, que garante o direito de acesso ao judiciário, do
devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa, entre outros.
O nosso atual Código de Processo Penal, vigente desde 1941, tornou-
se obsoleto, como uma roupa infantil que não mais cabe no adulto amadurecido
que um dia a vestiu. Em verdade, o nosso instrumental processual não se
amoldou de forma perfeita às revoluções constitucionais e legais acontecidas
nos últimos anos, ou seja, ao novo direito material que surgiu no decorrer dos
anos. O procedimento comum, previsto no nosso Código Processual Penal, já
era, sem dúvida alguma, totalmente anacrônico e obsoleto, não mais tendo
espaço numa sociedade onde as demandas exigem respostas ágeis e seguras.
Muitas vítimas que jamais conseguiram qualquer reparação no
processo de conhecimento clássico, saem agora dos Juizados Criminais com
indenização. Permitiu-se a aproximação entre o infrator e a vítima. O sistema
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
32
de Administração de Justiça está gastando menos para a resolução desses
conflitos menores. E atua com certa rapidez. Reduziu-se a freqüente prescrição
nas infrações menores. As primeiras vantagens do novo sistema são facilmente
constatáveis.
Assim, os Juizados Especiais Criminais são uma clara resposta a este
anseio, ou necessidade, de reestruturar as categorias do processo criminal
clássico para a efetividade da tutela dos conflitos, visando dar celeridade aos
feitos criminais e possibilitar a reparação dos danos causados às vítimas. A
existência dos JECrims pressupõe a moderna conceituação de institutos da
ação e do processo penais, necessária para compatibilizar-se à atividade
policial, ministerial e judicial, com o bem jurídico violado.
A tutela constitucional do processo tem o significado e escopo de
assegurar a conformação dos institutos do direito processual e o seu
funcionamento aos princípios que descendem da própria ordem constitucional.
No campo do processo civil, vê-se a garantia da inafastabilidade da tutela
jurisdicional; no do penal, o da ampla defesa, sendo rigorosamente
indispensável a celebração do processo, como condição para a imposição da
pena (nulla poena sine judicio); todo processo há de ser feito em contraditório,
respeitada a igualdade entre as partes perante o juiz natural e observadas as
garantias inerentes à cláusula due process of law. O processualista moderno
adquiriu a consciência de que, como instrumento a serviço da ordem
constitucional, o processo precisa refletir as bases do regime democrático, nela
proclamados; ele é, por assim dizer, o microcosmos democrático do Estado-de-
Direito, com as conotações da liberdade, igualdade e participação
(contraditório), em clima de legalidade e responsabilidade. A evolução do
sistema de garantias constitucionais dos princípios e da organização judiciária,
a partir do conhecido art. 39 da Magna Charta Libertatum (João Sem-Terra,
1215) e através dos aprimoramentos creditados às Constituições, bills of rights,
tribunais e doutrinadores, vai caminhando nos tempos atuais para a
conscientização generalizada entre os usuários dos mecanismos processuais.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
33
Vê-se, pois, de onde surgiram os Juizados Especiais. São rebentos
dessa nova era, desse novo pensamento em torno do processo, como uma
alternativa à atual sistemática do direito processual penal brasileiro.
E é sob essa ótica, da instrumentalidade, das garantias constitucionais
do devido processo legal e seus consectários, do acesso à justiça, que
devemos encarar o estudo dos Juizados Especiais Criminais, sempre tentando
otimizar as normas processuais contidas na Lei 9.099/95, buscando
constantemente interpretá-las, buscando o alcance dos seus fins últimos, a sua
utilidade, os seus resultados práticos.
Mantendo-se fiel aos princípios e à filosofia da Lei 9.099/95, o
legislador, na regulamentação dos Juizados Especiais Criminais, orientou-se
também pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia
processual e celeridade, dando grande ênfase à conciliação, priorizando
interesses como a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de
pena não-privativa de liberdade.
3.2 - Competência dos juizados especiais criminais.
A regra de definição da competência dos Juizados Especiais Criminais,
embora expressamente veiculada no texto da lei 9.099/95, já constava do artigo
98, caput, I, da nossa Constituição, onde se prevê que "a União, no Distrito
Federal e nos Territórios, e os Estados criarão juizados especiais, providos por
juízes togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a
execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de
menor potencial ofensivo,..."
Com efeito, a norma constitucional define qual é a matéria que é da
competência destes Juizados: as infrações penais de menor potencial ofensivo,
que vêm a ser aquelas de menor gravidade, resultando em danos de pouca
monta para a vítima. O artigo 61 da lei 9.099/95 restringiu tais infrações às
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
34
contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena inferior a um ano,
exceto os casos em que a lei preveja procedimento especial.
O primeiro problema que surge é: serão da competência dos JECrims
as contravenções cujas penas sejam superiores a um ano? Achamos que sim,
e a doutrina que analisou o assunto é praticamente unânime neste sentido.
Conforme aduzem Grinover, Gomes Filho, Scarance e Luiz Flávio Gomes:
"... as restrições quanto à pena máxima não superior a um
ano e ao procedimento especial só atingem os crimes, não
se aplicando a esta espécie de infração que, pela sua
própria natureza, deve ser sempre considerada de menor
potencial ofensivo” (GRINOVER et al., 2005, p. 97).
Estariam excluídos dos JECrims, além dos crimes cujas penas sejam
superiores a um ano, os crimes cuja persecução se faz mediante procedimento
especial, como, por exemplo, os crimes falimentares, os praticados por
funcionários públicos e os de injúria, calúnia e difamação.
Polêmica que surgiu nesta seara é se em razão do artigo 2º da Lei n.
10.259/2001, que define as infrações de menor potencial ofensivo no âmbito
dos Juizados Especiais Federais, fazendo incluir em sua órbita de competência
os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a "dois anos", se
estaria revogado o art. 61 da Lei 9.099/95, tendo em vista que a aplicação
deste dispositivo nos moldes atuais estaria a configurar flagrante violação ao
princípio constitucional da isonomia.
A violação ao princípio da isonomia estaria em que crimes de mesmo
potencial ofensivo, no âmbito da Justiça Federal, seriam processados e
apenados na forma da Lei que regula os Juizados Especiais, com todos os
benefícios que o seu procedimento propicia em favor do processado, enquanto
que nos Juizados Especiais dos Estados seriam da competência da Justiça
Criminal comum, cujo procedimento é mais prejudicial ao acusado.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
35
A alteração do art. 61 da Lei 9.099/95 torna-se inevitável e, até mesmo,
obrigatória, em homenagem ao princípio da igualdade. Se não fosse alterado o
conceito de infração penal de menor potencial ofensivo e prevalecesse a
expressão „para os efeitos desta lei‟ contida no art. 2º, parágrafo único da Lei
10.259/2001, teríamos situações como a do art. 351 do CP, onde a promoção
de fuga de preso de um estabelecimento federal, seria infração penal de menor
potencial ofensivo, tendo o réu direito a medidas despenalizadoras e ao
processo e julgamento pelo Juizado Especial Criminal Federal, enquanto que,
no âmbito estadual, o crime seria da competência da Vara Criminal comum,
com a aplicação de suspensão condicional do processo, se cabível. A respeito,
Tourinhi Neto se manifesta da seguinte forma:
“Agora, com a lei que instituiu o Juizado Especial Federal
Criminal, podemos afirmar que o art. 61 sob comentário, em
face do princípio da proporcionalidade, deve ser rido assim:
"consideram-se infrações de menor potencial ofensivo as
contravenções penais e os crimes cuja pena máxima não
supere dois anos, estejam ou não sujeitos a procedimento
especial". Cometeria erro inominável, a nosso juízo, quem
pretendesse criar duas espécies de infrações de menor
potencial ofensivo: uma na esfera federal e outra, na
estadual. Nas questões de liberdade, na inteligência das
garantias constitucionais, dizia Rui, não cabe a hermenêutica
restritiva. Favorabilia ampliando, (Comentários à
Constituição Federal brasileira, v. 5. p. 516). Ademais,
interpretação contrária serviria, apenas, para demonstrar
(o que sabe a disparate) que o Estado estaria permitindo
tratamento diferente quanto à mesma infração, conforme
seja da competência federal ou da estadual. Um desacato
praticado por Procurador de Justiça ensejaria a perda de
sua primariedade. Mas, se cometido por Procurador da
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
36
República, a Justiça se contentaria com simples
transação...”(TOURINHO NETO. 2002, p. 25).
Com efeito, em se entendendo que continua em pleno vigor o texto do
artigo 61 da Lei n. 9.099/95, teríamos uma situação no mínimo estranha, onde
as mesmas figuras penais, pelo fato de serem aplicadas por juízos diferentes,
teriam tratamento diferenciado, sendo que o indivíduo processado na Justiça
Comum estaria sujeito a um rito a um processo com bem menos benefícios do
que o Processado na Justiça Federal.
3.3 - Os atos processuais nos JECrims
A Lei n. 9.099/95 possibilitou que os atos processuais no âmbito dos
Juizados Especiais Criminais possam ser praticados em qualquer dia da
semana, podendo ser realizados, inclusive, em horário noturno.
De fato, tal norma é medida preponderantemente de ordem prática,
tendo em vista a necessidade de dar celeridade ao feito, assim como
possibilitar que o termo circunstanciado, assim como autor e vítima, possam
ser enviados com a maior brevidade possível à autoridade judiciária.
Permite ainda que se possam implantar os Juizados itinerantes a
qualquer hora do dia, evitando-se, assim, possíveis prejuízos à prova e ao
ressarcimento da vítima.
O art. 65, § 1º, faz referência ao princípio da instrumentalidade das
formas, de modo a coibir anulações indiscriminadas de atos processuais, que
serão válidos sempre que alcançarem as suas finalidades.
Institui ainda duas novidades: a primeira, ao permitir que os atos
processuais praticados em outras comarcas possam ser solicitados por
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
37
qualquer meio hábil de comunicação, como fax, telex, e, quem sabe, telefone e
internet, que entendemos perfeitamente utilizáveis neste campo, desde que, é
claro, alcance a finalidade essencial do ato. Evita-se, assim, o custoso
procedimento das cartas precatórias, que na maioria das vezes, em face da
burocracia que lhe é peculiar, serve somente para postergar mais ainda a
entrega da prestação jurisdicional, o que de nenhuma maneira se conformaria
ao espírito dos JECrims.
A lei diz ainda que somente haverá a documentação ou registro dos
atos considerados essenciais ao processo, o que dispensa a redução a termo
dos depoimentos de testemunhas, bem como o relatório da sentença. A
oralidade e informalidade são a marca destes juizados, o que não implica que
não haja a documentação de alguns atos essenciais, como a transação, a
representação verbal e a sentença homologatória da conciliação ou transação
penal.
Observação importante que se deve fazer é em relação aos atos de
comunicação processual, principalmente intimações e citações. Visando dar
maior celeridade ao procedimento, a lei determina que a citação somente se
dará na forma "pessoal", não cabendo a sua realização por edital, podendo ser
feita até mesmo no próprio recinto do Juizado.
Ora, não vislumbramos como seria possível a realização de citação no
próprio juizado, tendo em vista que é precisamente neste ato que o réu toma
conhecimento da ação penal existente contra si. Exceto, é claro, na situação
em que as partes são encaminhadas de imediato pela autoridade policial à
autoridade judiciária para tomada de depoimentos, onde realmente seria cabível
a citação do réu naquele ato.
A tônica, pois, é de evitar-se sempre que possível a expedição do
mandado citatório, realizando-se a intimação do réu sempre que encontrado
nas dependências dos Juizados. A citação no próprio Juizado deverá ocorrer na
maioria das vezes logo após a acusação (art. 78, caput). Em outros momentos,
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
38
a secretaria deverá dar ao réu ciência da acusação quando, por qualquer
motivo, compareça ao Juizado.
Em relação às intimações, estas se darão, sempre que possível,
mediante correspondência com aviso de recebimento pessoal, de modo que as
intimações por oficial de justiça ou por outro meio idôneo são formas
secundárias de praticar o ato.
A lei, entretanto, não esclarece em que situações caberiam as
intimações por oficial de Justiça, e por outros meios idôneos, nem tampouco
que "meios idôneos" seriam esses.
Quanto a intimação por oficial, esta, logicamente, só tem sentido nas
hipóteses em resta frustrada a intimação via-postal, ou seja, quando o
funcionário dos correios não consegue localizar o endereço do intimando, ou
quando, embora se tenha localizado o endereço da pessoa, esta não se
encontra no local, impossibilitando que se faça a sua intimação pessoal.
Com efeito, não poderá ser feita a intimação mediante oficial de justiça
antes que se tenha feito a tentativa da prática do ato pela via-postal, sob pena
de impingir ao procedimento um caráter ordinário, tornando-o, possivelmente,
mais vagaroso e arrastado.
No que toca aos outros meios idôneos à prática da intimação, embora
não discriminados na lei, são aqueles meios eletrônicos que comumente já
estão sendo utilizados pelas autoridades judiciárias, e até pela população em
geral, como telegrama, fax, etc. O telefone, inclusive, pode ser meio idôneo
para a realização da intimação, conforme nos informa Ada Pellegrini, Gomes
Filho, Scarance e Luiz Flávio Gomes, na obra Juizados Especiais Criminais (8).
A lei 10.259, de 12 de julho de 2001, que instituiu os Juizados Especiais
Criminais, vai ainda mais além, possibilitando a prática de intimação e o
recebimento de petições por meio eletrônico. A iniciativa pioneira se deu pela
introdução da lei 9.800/1999, que dispôs sobre o uso de fac-símile, e, depois,
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
39
pela legislação projetada que continha duas propostas assemelhadas, a
primeira no Anteprojeto n. 14, de elaboração da Comissão Reformadora do
CPC, e a segunda no Projeto de Lei dos Juizados Especiais Federais, agora
transformado na Lei 10.259/2001.
Desta forma, a nova lei abriga o uso da internet no meio judiciário, seja
no envio de intimações às partes, seja no recebimento de petições pelos
cartórios, o que entendemos, superados os desafios e dificuldades de ordem
técnica, perfeitamente aplicáveis aos JECrims.
A nova norma tem aplicação ampla, indo além do espaço de
competência e dos procedimentos dos juizados especiais federais, embora
possa neles ter maior utilidade, diante dos seus princípios norteadores, nos
quais se inclui a simplicidade. Assim, uma vez regulamentada pelos tribunais
locais, com a essencial instrumentação das varas e seções judiciárias, poderá
alcançar outros procedimentos, excluindo-se apenas os atos que tenham
prescrita forma diversa e incompatível.
Vê-se, pois, que a adoção de tais medidas no âmbito dos Juizados
estaduais será de grande valia à efetividade e celeridade processuais no seu
âmbito.
3.4 - A fase preliminar
3.4.1 - Instauração do Processo
Dentro do espírito inovador que norteia o procedimento nos JECrims, a
lei 9.099/95, buscando ao máximo a eliminação de fases processuais e o
registro de atos inúteis, aboliu, como regra, o inquérito policial como
procedimento prévio a ação penal, bastando que a autoridade policial envie aos
juizados termo circunstanciado sobre a ocorrência.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
40
E buscando dar celeridade ainda maior, se possível, o termo
circunstanciado deve ser enviado juntamente com as partes envolvidas à
autoridade judiciária, juntando-se documentos e outras informações
necessárias ao esclarecimento dos fatos.
Nessa hipótese, dúvidas surgem quanto a que tipo de autoridade
policial tem competência para lavrar o termo circunstanciado e enviá-lo ao
juizado. Somente as Polícias Civis de âmbito estadual ou federal poderiam
fazê-lo, ou outras polícias, como a rodoviária e a militar, também poderiam se
incumbir da tarefa? O entendimento que é sufragado pela maioria da doutrina é
o de que a expressão "autoridade policial", prevista no caput do artigo 69 da lei
9.099/95, diz respeito não só às polícias civis dos estados e federal, mas
engloba também as outras polícias previstas na constituição federal de 88.
A lei, ao determinar que a autoridade policial que tomar conhecimento
da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao
juizado, com o autor do fato e a vítima, refere-se a todos os órgãos
encarregados pela Constituição Federal da defesa da segurança pública,
respeitando os princípios da lei, principalmente em relação à celeridade.
Existe um entendimento diverso segundo o qual a autoridade policial a
que se refere o art. 69 só pode ser o Delegado de Polícia, a quem cabe presidir
inquéritos policiais e, como tal, também elaborar o termo circunstanciado.
Achamos que tal entendimento é o acertado, tendo em vista algumas
dificuldades de ordem prática que surgiriam na hipótese de remessa do termo
circunstanciado por outras polícias que não a civil. Por exemplo: em sendo
enviado o termo circunstanciado pela Polícia Federal, ou pela Militar, a quem
caberia a investigação dos fatos, caso houvesse pedido de novas diligências
pelo Promotor de Justiça? Logicamente que tal tarefa não é da alçada destas
polícias, e sim da polícia civil, que possui a atribuição constitucional de atuar
enquanto polícia judiciária, investigando as ocorrências criminosas para fins de
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
41
apuração criminal. Neste diapasão, vejamos o que habilmente coloca Fernando
da Costa Tourinho Filho no que pertine ao ponto em comento:
“Se pudesse ser, também, função integrante da Polícia
Militar, surgiriam dois inconvenientes: no caso de o
Promotor desejar maiores esclarecimentos, obviamente,
seriam estes requisitados daquele que tomou
conhecimento da ocorrência, ou seja, o policial militar, o
que não parece lógico. Ademais, ainda que fosse, poderia
o Ministério Público exercer o controle externo da
atividade policial militar, indo ao quartel para saber, por
exemplo, se as ocorrências atendidas foram ou não objeto
de Termos Circunstanciados, tal como permitido pelo art.
129, VII, da Carta Política. Os Juízes, também, passariam
a exercer as funções de corregedores da Polícia Militar, o
que seria um disparate.” (TOURINHO FILHO, 2002, p.
69).
Portanto, é majoritário no universo jurídico o entendimento que a
apuração de possíveis crimes da competência dos JECrims, bem como a
lavratura do termo circunstanciado, e posterior envio ao juizado, são da
competência da Polícia Civil, através dos Delegados de Polícia.
O parágrafo único do artigo 69 da lei 9.099/95 não descarta a
possibilidade de prisão em flagrante e pagamento de fiança nos JECrims, o que
só se dará na hipótese de não haver recusa do autor do fato em comparecer ao
juizado. Negando-se este a comparecer ao juizado, haver-se-á que lavrar o
competente auto de prisão em flagrante.
3.4.2 - A Audiência Preliminar
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
42
É nesta fase que o Juiz tentará compor a lide, propondo às partes
envolvidas a possibilidade de reparação dos danos, a aceitação imediata do
cumprimento de pena não privativa de liberdade.
Destina-se, portanto, à conciliação das partes.
Nesta audiência poderão ocorrer três situações: a aceitação da
proposta de composição dos danos civis pelo autor; a transação penal; e o
oferecimento oral de denúncia.
A composição dos danos civis pode alcançar não só os danos materiais
como também os danos morais, e terá eficácia de título a ser executado no
juízo civil competente, que poderá, dependendo do valor, até ser o Juizado
Especial Cível da comarca. Neste caso, em havendo a composição, e sendo a
ação penal privada ou condicionada à representação do ofendido, a
homologação da avença ensejará a extinção da punibilidade do autor,
acarretada em razão da renúncia do direito de queixa ou representação. Caso a
ação seja incondicionada, a existência do acordo servirá apenas como critério
para ser considerado pelo Promotor de Justiça no momento do oferecimento da
proposta de transação penal, assim como pelo juiz quando for aplicar a pena.
Veja-se que a lei tenta concentrar todos os atos em audiência, com um
mínimo de burocracia, visando dar maior celeridade aos feitos. Nesse mesmo
ato poderá haver, em caso de oferecimento de representação pelo ofendido, ou
quando se tratar de crime cuja ação é incondicionada, da denúncia pelo
membro do parquet, este poderá fazer de imediato a proposta de transação
penal, que consistirá na aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou
multa.
Importa asseverar que a aceitação da proposta de transação penal pelo
autor não significa, necessariamente, que o acordo deve ser acolhido pelo Juiz,
que deve analisar a situação e verificar se a pena aplicada está de acordo com
os fins do processo criminal, se ela realmente alcança os escopos para os quais
a transação penal foi instituída, ou seja, o atendimento dos fins sociais da pena.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
43
A opção entre a pena restritiva de direitos e a multa deve atender às finalidades
sociais da pena, aos fatores referentes à infração praticada (tais como: motivo,
circunstâncias e conseqüências) e o seu autor (antecedentes, conduta social,
personalidade, reparação do dando à vitima).
Neste caso, em não estando a proposta de acordo com tais
parâmetros, pode o ofendido rejeitar a proposta, ou o Juiz, em verificando a
ausência dos requisitos legais, não acolhê-la, dando ensejo à continuidade do
feito com o oferecimento de queixa ou denúncia.
A verificação feita pelo Magistrado vai além dos requisitos meramente
legais, e poderá alcançar também o próprio conteúdo da proposta, da pena
aplicada, embora disso discordem alguns autores. Ora, cabe ao Juiz velar pela
correta aplicação da lei e, tendo o mesmo verificado que a transação importa
em pena ridícula, que nada aproveita ao autor e ofendido, pode o Magistrado
deixar de acolher a proposta, encaminhando ao Promotor para, se for o caso, o
oferecimento de outra.
Não pode o Juiz, de ofício, apresentar proposta de transação penal,
tendo em vista que o único titular do jus puniendi estatal é o Ministério Público,
não podendo o Magistrado, exorbitando de suas atribuições, usurpar função
que é própria do parquet. Segundo o entendimento consubstanciado na Súmula
nº 01/96, da 2ª Procuradoria da Justiça do Ministério Público do Estado de São
Paulo, que transcrevemos em seguida:
"As propostas de aplicação de pena restritiva de direitos
ou de multa (art. 76 da Lei nº 9.099/95), bem como de
suspensão condicional do processo (art. 89 da mesma lei),
são de iniciativa exclusiva do Ministério Público, em face
da sua condição de titular do ius puniendi, não podendo o
Juiz agir ex offício."
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
44
Conclui-se, pois, que a instituição da transação penal nos JECrims trará
muitos benefícios à persecução penal, evitando processos demorados e
custosos. No entanto, muito cuidado devem ter os operadores jurídicos na sua
aplicação, evitando que se transforme em palco de injustiça e impunidade,
velando para que possa realmente cumprir sua missão de efetividade e
pacificação social.
3.5 - O procedimento sumaríssimo
Não tendo havido a transação penal, o Ministério Público oferecerá
incontinenti denúncia oral, desde que, é claro, não existam novas diligências ou
esclarecimentos a serem requisitados.
Portanto, neste momento se inicia a ação penal nos JECrims, que
poderá também se dar através de queixa do ofendido, dispensando-se para
tanto o inquérito policial e exame de corpo de delito.
Cabe ao Juiz, nesta oportunidade, verifica a complexidade probatória
do caso, tendo em vista que algumas situações exigiram a prática de atos
probatórios mais complexos, como perícias ou laudos técnicos, o que
certamente não se coaduna com o espírito de simplicidade e informalidade
existente nos juizados. Neste caso, cabe ao Magistrado, em verificado que o
caso demanda tais providências, enviar os autos ao Juiz comum, cuja estrutura
procedimental estaria mais preparada para abrigar a apuração de fatos de
maior complexidade.
Oferecida a denúncia ou queixa, ficará o acusado cientificado do dia e
hora da audiência de instrução e julgamento, momento em que haverá mais
uma tentativa de conciliação, ou, até mesmo, de proposta de transação penal,
desde que não tenha havido a possibilidade do seu oferecimento na fase
preliminar. São perfeitamente cabíveis as propostas de transação penal e
conciliação no início da audiência de instrução e julgamento, configurando
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
45
rigidez forma desnecessária e que contraria frontalmente espírito da lei a sua
negativa.
Com vistas à celeridade, e para evitar transtornos que só atrasam o
processo, a lei determinou que "nenhum ato será adiado, determinado o juiz,
quando imprescindível, a condução coercitiva de quem deva comparecer" (art.
180). Logicamente que tal dispositivo deve ter temperamentos, pois inúmeras
serão as situações em que não se poderá dar continuidade à audiência, como,
por exemplo, falecimento de alguma das partes, viagens, doença, etc. Não se
deve, pois, interpretar de forma rígida tal dispositivo, que deverá ser aplicado
de acordo com o caso concreto.
O procedimento é basicamente oral, iniciando-se a audiência com a
apresentação da defesa pelo réu, seguindo-se a oitiva de testemunhas de
acusação e defesa, interrogatório do acusado, e debates orais, quando então o
processo estará concluso para decisão.
A sentença, dispensado o relatório, mencionará os elementos de
convicção do Juiz (art. 81, § 3º). Na sentença devem constar somente os
elementos de convicção do Juiz, como, por exemplo, os depoimentos ou
trechos mais importantes dos depoimentos prestados na audiência, a fim de
que a sentença esteja devidamente motivada, sob pena de nulidade.
Nos debates orais não existirão os "memoriais", em face do princípio da
oralidade.
Desta forma, como mencionado na Exposição de motivos do
anteprojeto apresentado pelo Deputado Michel Temer, o procedimento oral tem
demonstrado todas as vantagens onde aplicado em sua verdadeira essência. A
concentração, a imediação, a identidade física do Juiz conduzem à melhor
apreciação das provas e à formação de um convencimento que realmente leve
em conta todo o material probatório e argumentativo produzido pelas partes. A
celeridade acompanha a oralidade, pela desburocratização e simplificação da
justiça.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
46
3.6 - Suspensão condicional do processo nos JECrims
Para concluir, resta comentar a inovação prevista no artigo 89 da lei
9.099/95, que traz à baila o importante instituto da suspensão condicional do
processo. Diz o dispositivo que nos crimes em que a pena mínima cominada for
igual ou inferior a um ano, abrangidos ou não por esta lei, o Ministério Público,
ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a
quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha
sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizam
a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal). Segundo Tourinho
Filho:
“A suspensão do processo, ou "sursis antecipado", na
apropriada denominação dada pelo Professor Weber
Martins Batista a esse instituto, constitui uma das
maiores novidades para o nosso sistema processual
penal. A transação para as infrações de menor potencial
ofensivo como resposta ao desafio específico da
pequena criminalidade, aliada à suspensão condicional do
processo, admissível não só para essas infrações como
também para toda e qualquer outra cuja pena cominada no
seu grau mínimo não supere um ano, traduzem-se em
verdadeira revolução dentro do nosso processo, já afeito
ao seu obsoletismo. E tão afeito que, assim que se
promulgou a Lei n. 9.0997 95, não faltaram vozes de
acerbas críticas aos dois institutos. Em parte esses
"dissidentes" têm razão: acostumados, durante décadas e
décadas, a parâmetros conceituais e sistemáticos
decorrentes de uma obsoleta ordenação processual
penal, não lhes é fácil aceitar uma inovação consistente
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
47
num acordo entre o órgão acusador e o suposto autor do
fato criminoso, como se se tratasse de um negócio civil”
(TOURINHO FILHO, 2002, p.89).
Traz o novo instituto a idéia de desnecessidade da pena, uma vez que
o magistrado se limitará a impor condições ao réu, que, se aceitas, ensejarão a
suspensão do processo. A medida busca também a reabilitação da vocação de
reeducação do processo penal, possibilitando que o próprio acusado, de acordo
com a sua conveniência, opte pelo cumprimento das condições ou pelo
prosseguimento do processo.
Não se trata de mero ato discricionário, sendo direito do réu a proposta
de suspensão do processo. Além disso, estando presentes os requisitos legais,
o acusado tem direito a deferimento da medida, como forma de preservar os
princípios informativos da Lei 9.099/95.
Com efeito, é medida da máxima importância para o desafogamento
dos processos criminais, visando uma célere prestação jurisdicional, e, evitando
que a apuração de crimes de pouca repercussão venha a se arrastar por vários
anos no judiciário, evitando a efetividade do processo.
3.7 – Breve resumo
A boa utilização do procedimento dos juizados especiais criminais
depende, sem dúvida alguma, de uma atuação efetiva e criteriosa dos
operadores jurídicos, buscando sempre dar celeridade ao processo, recompor
os danos causados à vítima e reeducar o infrator.
Não há dúvida que os JECrims têm vital importância nos dias de hoje,
onde é corrente a sensação de impunidade, e de desprestígio do aparato
judiciário. A organização dos órgãos jurisdicionais, e o aperfeiçoamento
constante, com a adoção de novas tecnologias, como a comunicação
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
48
processual através da internet, por exemplo, são fundamentais para que o ideal
de justiça trazido por este sistema continue presente, dando uma efetiva
resposta às demandas que a sociedade envia ao Judiciário.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
49
CONCLUSÃO
O panorama do direito penal brasileiro (material e processual) sofreu
uma profunda renovação com o advento da Lei nº 9.099, de 26.09.1995, que
instituiu a criação dos Juizados Especiais Criminais no âmbito das justiças
estaduais.
A questão do novo tratamento dado aos delitos de menor lesividade,
começando pela sua delimitação (conceituação) e ultimando com o
procedimento, trouxe modernas tendências e críticas à concepção de justiça.
Assim é que parte da doutrina pugna pelo fracasso]da lei supracitada, e outra
pelo sucesso. Uma última corrente prefere elencar novos preceitos visando
uma melhoria dos JECrims.
Ora, crimes diferentes devem ser tratados de maneiras diferentes. Para
os delitos hediondos, a Lei nº 8.072/90; para os delitos "comuns", o Código
Penal, o Código de Processo Penal etc.; para os crimes de ínfimo potencial
lesivo, a Lei 9.099/95.
Com as novidades introduzidas pela lei em comento (termo
circunstanciado de ocorrência, audiência de tentativa de composição dos
danos, transação penal, etc.), pode-se afirmar que o legislador preocupou-se
não só com a vítima, mas também com o infrator (autor do fato), uma vez que
possibilitou a aceitação de um acordo (audiências preliminares) a fim de que
não se submeta ao desgaste de um processo, evitando assim a reincidência e
outras conseqüências.
Atualmente, questão muito interessante de se assinalar é a que se
refere sobre a forma como cada concepção doutrinária aborda os JECrims,
levando-se em conta sua adoção por um determinado modelo político-criminal.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
50
Assim, por um mesmo ângulo é possível destacar aspectos diferentes
sobre a temática. Sob o enfoque do direito penal mínimo poder-se-ia afirmar
que a Lei 9.099/95 trouxe medidas despenalizadoras e buscou a resolução do
conflito entre as partes dando preferência ao ressarcimento do dano ou
aplicação de medida não privativa de liberdade (preferência por penas
restritivas de direito) ou, ainda sob o mesmo enfoque, poder-se-ia aduzir que,
com o advento da mencionada Lei, elevou-se a intervenção estatal nos delitos
de menor lesividade já que, antes da Lei, a suposta vítima não procurava tanto
as delegacias (que agora, de imediato, ou quase, aciona o judiciário) para
noticiar tais ínfimos eventos, buscando até mesmo uma resolução extrajudicial
ou, no máximo, judicialmente em ação reparatória na órbita civil.
Os Juizados Especiais Criminais passaram a dar conta de um tipo de
delituosidade que não chegava até às Varas Judiciais, sendo resolvido através
de processos informais de „mediação‟ (ou „intimidação‟) nas Delegacias de
Polícia.
Mas, questiona-se: será que os conflitos surgidos em conseqüência dos
aludidos delitos eram mesmo resolvidos através de processos informais de
mediação? Ou ainda: Seria correto adotar um sistema de „intimidação‟ nas
delegacias visando a mencionada resolução?
As respostas são simples: se nas delegacias obtinham-se resoluções
por mediação, estes órgãos estavam realizando o que se faz hoje através dos
Juizados. Então se justifica a criação destes, até por que são especializados em
mediações. Quanto à intimidação, tudo bem que ocorra (como ocorre) nas
delegacias, mas não com o objetivo de solucionar a questão resolvendo o
conflito de interesses (essa é a função do judiciário), pois neste caso
configuraria verdadeiro impedimento ao acesso do judiciário (resposta estatal)
onde nem mesmo a lei poderia promover tal exclusão (art. 5º, inciso XXXV, da
CF/88).
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
51
Para nós, o nascimento dos JECrims fez com que o direito pátrio desse
"dois passos à frente": um para o direito material, outro para o processual. Além
do mais, temas como a morosidade da justiça, a participação da vítima no
processo penal, a ressocialização do infrator, dentre outros pontos que sempre
foram objeto de discussões pelos operadores do direito, receberam, com a nova
Lei, uma resposta afirmativa no sentido de buscar soluções concretas para o
enfrentamento dos problemas que comprometem o bom funcionamento do
Poder Judiciário.
Ora, configura-se real avanço a Lei 9.099/95. É evidente que não
pregamos aqui a celeridade procedimental em detrimento da preservação de
garantias, principalmente do acusado, e de uma justa apreciação da lide (seja
na etapa da composição dos danos, da aceitação da proposta ofertada pelo MP
ou na fase de julgamento).
Sobre o modelo consensual de justiça, assim se manifesta Ada
Pellegrini Grinover:
“É indiscutivelmente a via mais promissora da tão
esperada desburocratização da Justiça criminal (grande
parte do movimento forense criminal já foi reduzido), ao
mesmo tempo em que permite a pronta resposta estatal
ao delito, a imediata (se bem que na medida do possível)
reparação dos danos à vítima, o fim das prescrições (essa
não corre durante a suspensão), a ressocialização do
autor dos fatos, sua não-reincidência, uma fenomenal
economia de papéis, horas de trabalho etc.” (GRINOVER
et al., 2005, p. 49).
O modelo consensual de Justiça penal no Brasil – e, diga-se de
passagem, não há outro igual no mundo (GRINOVER, 2005) – é símbolo de
uma real preocupação dos juristas por um adequado tratamento aos delitos de
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
52
menor grau lesivo. Assim, em consonância com os critérios dispostos no art. 2º
da Lei 9.099/95 e os novos institutos, como por exemplo, a tentativa de
composição dos danos, pode-se afirmar que o interesse das partes pela
resolução do conflito (agora sob a égide de um procedimento sumaríssimo) foi
resguardado e até mesmo elevado, principalmente quando comparamos com o
que vinha ocorrendo diante dos procedimentos comuns ordinário e sumário.
Consoante à proposta inicial deste trabalho, pode-se asseverar que o
Estado, como poder soberano, deve, de fato, inclinar-se para a
descriminalização, despenalização e a descarcerização, atendendo, assim, a
orientação/clamor de muitos operadores do Direito e as tendências mundiais.
Como marco histórico nesse sentido (avanço do sistema penal alternativo
brasileiro), teve-se a edição da Lei Nº 9099/95, que nos delegou vários
institutos (várias medidas alternativas à prisão) até então inexistentes:
composição civil extintiva da punibilidade (art. 74), a transação na órbita penal
(art. 76), a exigência de representação nas lesões corporais culposas e dolosas
leves (art. 88) e a suspensão condicional do processo (art. 89). Revolucionando
o ordenamento jurídico penal pátrio, esse diploma legal representou um avanço
em matéria penal. Mesmo não descriminalizando nenhuma conduta, teve
reflexos despenalizadores, propiciando a recuperação de infratores de menor
potencial ofensivo.
A Lei mostrou-se como mais uma porta de acesso ao Poder Judiciário,
trazendo inúmeras inovações no nosso ordenamento jurídico, passando o
processo a pautar-se pela oralidade, simplicidade, economia processual e
celeridade, sendo modernizadora e representando uma resposta política (dos
Poderes Legislativo e Executivo) aos reclamos sociais de que a Justiça é lerda
e o processo de alto custo. Trouxe novos conceitos e inaugurou novos
princípios que demandaram uma nova visão e uma nova exegese, que
escapam à análise da doutrina e jurisprudência tradicionais. Insculpida no
Princípio do Direito Penal Mínimo a referida Lei realizou enormes avanços,
agilizando a Justiça Criminal e contribuindo para solucionar a sua crise de
sobrecarga, propiciando que a própria sociedade distribua e aplique justiça,
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
53
sem perder de vista a ressocialização do infrator (que foi beneficiado, não
sendo estigmatizado e tendo preservada a sua dignidade perante a sociedade)
e a valorização da vítima (que será reparada).
Implantados os Juizados Especiais, este quadro desolador de falta de
acesso, temos certeza, está revertido, porque se abriu mais uma porta de
acesso ao Poder Judiciário não para o pobre, porque esta não é a Justiça do
pobre como se tem propalado, mas a do cidadão, pessoa física, de todas as
classes sociais, que sofra violação de um direito de pequena monta ou de
menor complexidade. Este é o papel precípuo da Lei n° 9.099/95, repito: ser
mais uma porta de acesso ao Poder Judiciário com o fim de resolver os
conflitos que, pela sua dimensão, não comportam a submissão ao processo da
Justiça Tradicional, complexo, de alto custo e, por via de conseqüência, moroso
Os Juizados Especiais Criminais, tendo surgido sob a ideologia da
conciliação e da dispersão para desafogar o judiciário, acabaram abrindo as
portas da justiça penal a uma conflitualidade antes abafada nas delegacias, e
para a qual o Estado é chamado a exercer um papel de mediador, mais do que
punitivo. Com a promessa de resolver disputas por meio da comunicação do
entendimento, e permitindo uma intervenção menos coercitiva e mais dialógica,
em um espaço estrutural (a domesticidade, os relacionamentos interpessoais)
que antes ficava à margem da prestação estatal de justiça, a informalização da
justiça penal pode ser um caminho para o restabelecimento do diálogo,
contribuindo para reverter a tendência de dissolução dos laços de sociabilidade
no mundo contemporâneo.
Muitas vítimas, que jamais conseguiram qualquer reparação no
processo de conhecimento clássico, saem agora dos Juizados Criminais com
indenização. Permitiu-se a aproximação entre o infrator e a vítima. O sistema
de Administração de Justiça está gastando menos para a resolução desses
conflitos menores. E atua com certa rapidez. Reduziu-se a freqüente prescrição
nas infrações menores. As primeiras vantagens do novo sistema são facilmente
constatáveis.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
54
Assim, os Juizados Especiais Criminais são uma clara resposta a este
anseio, ou necessidade, de reestruturar as categorias do processo criminal
clássico para a efetividade da tutela dos conflitos, visando dar celeridade aos
feitos criminais e possibilitar a reparação dos danos causados às vítimas.
Com o advento da Lei 9099/99 e, posteriormente, da Lei 10259/01, o
legislador ordinário equipou a Justiça Criminal com instrumentos jurídicos
capazes de promover sua descentralização, priorizando a defesa individual de
pessoas menos favorecidas, de forma gratuita, simples e rápida, com o intuito
de assegurar o princípio da igualdade e o exercício da cidadania, conforme
garantido na Carta Magna vigente
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
55
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ABREU, Pedro Manoel. Acesso a Justica e Juizados Especiais. 2ª Edição. São
Paulo: Editora Conceito, 2009.
CUNHA, Luciana Gross. Juizado Especial - Criação, Instalação, Funcionamento e a
Democratização do Acesso à Justiça. São Paulo: Editora Saraiva, 2008.
DEMERCIAN, Pedro Henrique; MALULY, Jorge Assaf. Teoria e Prática dos
Juizados Especiais Criminais. 4ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2008.
FIGUEIRA JUNIOR, Joel Dias; LOPES, Maurício Antônio Ribeiro. Juizados
Especiais Estaduais Cíveis e Criminais - Comentários à Lei 9.099/1995. 6ª
Edição. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009.
GRINOVER, Ada Pellegrini; FERNANDES, Antônio Scarance; GOMES FILHO,
Antônio Magalhães; GOMES, Luiz Flávio. Juizados Especiais Criminais -
Comentários À Lei 9099. 5ª Edição. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
2005.
JESUS, Damásio E. de. Lei dos Juizados Especiais Criminais Anotada. 10ª
Edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2007.
SANTOS, Maria Ferreira dos & CHIMENTI, Ricardo Cunha. Juizados Especias
Cíveis e Criminais Federais e Estaduais. 5ª Edição. São Paulo: Editora Saraiva,
2007.
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Comentários à Lei dos Juizados
Especiais Criminais. 6ª edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2008.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
56
LEGISLAÇÃO CONSULTADA
Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988.
Código Penal – Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940.
Código de Processo Penal – Decreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941.
Lei das Contravenções Penais - Decreto-lei nº 3.688, de 3 de outubro de 1941.
Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995 – Juizados Especiais Cíveis e
Criminais.
Lei nº 10.259, de 12 de julho de 2001 - Juizados Especiais Cíveis e Criminais
Federais.
Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 – Lei Maria da Penha.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
57
PÁGINAS DA INTERNET CONSULTADAS
www.conteudojuridico.com.br
www.forumjuridico.org
www.direitonet.com.br
www.odireito.com.br
www.direitovivo.com.br
www.jurisway.org.br
www.direito2.com.br
www.dominiopublico.gov.br
www.folha.com.br
www.tjrj.jus.br
www.stj.jus.br
www.stf.jus.br
jus.uol.com.br
www.fonaje.org.br
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
58
ANEXOS
Índice de anexos
Anexo 1 Organograma do procedimento sumaríssimo;
Anexo 2 Relação de alguns crimes definidos no Código Penal que,
dependendo das circunstâncias com que foram praticados, se enquadram na
definição de infrações penais de menor poder ofensivo dada pelo art. 61 da Lei
9.099/95;
Anexo 3 Relação de alguns crimes definidos no Código Penal que,
dependendo das circunstâncias com que foram praticados, poderão estar
sujeitos à suspensão condicional do processo (sursis processual), conforme
definido no art. 89 da Lei 9.099/95;
Anexo 4 Relação de algumas contravenções penais definidas pelo Decreto-
lei 3.688/41;
Anexo 5 Enunciados criminais do Fórum Nacional de Juizados Especias -
FONAJE;
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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ANEXO 1
ORGANOGRAMA DO PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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ANEXO 2
RELAÇÃO DE ALGUNS CRIMES DEFINIDOS NO CÓDIGO PENAL QUE,
DEPENDENDO DAS CIRCUNSTÂNCIAS COM QUE FORAM PRATICADOS,
SE ENQUADRAM NA DEFINIÇÃO DE INFRAÇÕES PENAIS DE MENOR
PODER OFENSIVO DADA PELO ART. 61 DA LEI 9.099/95
Art. 129 – Lesão corporal leve;
Art. 130 – Perigo de contágio venéreo;
Art. 132 – Perigo para a vida ou saúde de outrem;
Art. 134 – Exposição ou abandono de recém-nascido;
Art. 135 – Omissão de socorro;
Art. 136 – Maus-tratos;
Art. 137 – Rixa;
Art. 138 – Calúnia;
Art. 139 – Difamação;
Art. 140 – Injúria;
Art. 146 – Constrangimento ilegal;
Art. 147 – Ameaça;
Art. 150 – Violação de domicílio;
Art. 151 – Violação de correspondência;
Art. 152 – Violação de correspondência comercial por sócio ou empregado;
Art. 153 – Divulgação de segredo;
Art. 154 – Violação de segredo profissional;
Art. 156 – Furto de coisa comum;
Art. 161 – Alteração de limites;
Art. 164 – Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia;
Art. 175 – Fraude no comércio;
Art. 184 – Violação de direito autoral;
Art. 199 – Atentado contra a liberdade de associação;
Art. 201 – Paralisação de trabalho de interesse coletivo;
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Art. 208 – Ultraje a culto e impedimento ou pertubação de ato a ele relativo;
Art. 233 – Ato obsceno;
Art. 282 – Exercício illegal da medicina, arte dentária ou farmacêutica;
Art. 283 – Charlatanismo;
Art. 284 – Curandeirismo;
Art. 286 – Incitação ao crime;
Art. 287 – Apologia de crime ou criminoso;
Art. 302 – Falso atestado médico;
Art. 307 – Falsa identidade;
Art. 319 – Prevaricação;
Art. 331 – Desacato;
Art. 344 – Coação no curso do processo;
Art. 345 – Exercício arbitrário das próprias razões;
Art. 347 – Fraude processual;
Art. 348 – Favorecimento pessoal.
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ANEXO 3
RELAÇÃO DE ALGUNS CRIMES DEFINIDOS NO CÓDIGO PENAL QUE,
DEPENDENDO DAS CIRCUNSTÂNCIAS COM QUE FORAM PRATICADOS,
PODERÃO ESTAR SUJEITOS À SUSPENSÃO CONDICIONAL DO
PROCESSO (SURSIS PROCESSUAL), CONFORME DEFINIDO NO ART. 89
DA LEI 9.099/95
Art. 124 – Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento;
Art. 126 – Provocar aborto com o consentimento da gestante;
Art. 133 – Abandono de incapaz;
Art. 148 – Seqüestro e cárcere privado;
Art. 155 – Furto;
Art. 160 – Extorsão indireta;
Art. 162 – Supressão ou alteração de marca em animais;
Art. 163 – Dano;
Art. 168 – Apropriação indébita;
Art. 171 – Estelionato;
Art. 174 – Induzimento à especulação;
Art. 180 – Receptação ;
Art. 206 – Aliciamento para o fim de emigração;
Art. 210 – Violação de sepultuta;
Art. 211 – Destruição, subtração ou ocultação de cadáver;
Art. 212 – Vilipêndio a cadáver;
Art. 215 – Posse sexual mediante fraude;
Art. 216 – Atentado ao pudor mediante fraude;
Art. 227 – Mediação para servir a lascívia de outrem;
Art. 230 – Rufianismo;
Art. 239 – Simulação de casamento;
Art. 244 – Abandono material;
Art. 252 – Uso de gás tóxico ou asfixiante;
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Art. 255 – Perigo de inundação;
Art. 256 – Desabamento ou desmoronamento;
Art. 265 – Atentado contra a segurança de serviço de utilidade pública;
Art. 266 – Interrupção ou perturbação de serviço telegráfico ou telefônico;
Art. 275 – Invólucro ou recipiente com falsa indicação;
Art. 280 – Medicamento em desarcodo com receita médica;
Art. 288 – Quadrilha ou bando;
Art. 298 – Falsificação de documento particular;
Art. 299 – Falsidade ideológica;
Art. 303 – Falsificação ou adulteração de selo ou peça filatélica;
Art. 313 – Peculato mediante erro de outrem;
Art. 314 – Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento oficial;
Art. 322 – Violência arbitrária ;
Art. 334 – Contrabando ou descaminho;
Art. 338 – Reingresso de estrangeiro expulso.
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ANEXO 4
RELAÇÃO DE ALGUMAS CONTRAVENÇÕES
PENAIS DEFINIDAS PELO DECRETO-LEI 3.688/41
Art. 20 – Anúncio de meio abortivo;
Art. 21 – Vias de fato;
Art. 22 – Internação irregular em estabelecimento psiquiátrico;
Art. 23 – Indevida custódia de doente mental;
Art. 24 – Instrumento de emprego usual na prática de furto
Art. 26 – Violação de lugar ou objeto;
Art. 28 – Disparo de arma de fogo;
Art. 29 – Desabamento de construção;
Art. 30 – Perigo de desabamento;
Art. 31 – Omissão de cautela na guarda ou condução de animais perigosos;
Art. 32 – Falta de habilidade para dirigir veículo;
Art. 33 – Direção não licenciada de aeronave;
Art. 34 – Direção perigosa de veículo em via pública;
Art. 35 – Abuso na prática da aviação;
Art. 38 – Emissão de fumaça, vapor ou gás;
Art. 39 – Associação secreta;
Art. 40 – Provocação de tumulto. Conduta inconveniente;
Art. 41 – Falso alarma;
Art. 42 – Perturbação do trabalho ou do sossego alheios;
Art. 43 – Recusa de moeda de curso legal;
Art. 44 – Imitação de moeda para propaganda;
Art. 45 – Simulação da qualidade de funcionário público;
Art. 46 – Uso indevido de uniforme ou distintivo;
Art. 47 – Exercício ilegal de profissão ou atividade;
Art. 48 – Exercício ilegal do comércio de coisas antigas e obras de arte;
Art. 50 – Jogos de azar;
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Art. 51 – Loteria não autorizada;
Art. 54 – Exibição ou guarda de lista de sorteio;
Art. 55 – Impressão de bilhetes, lista ou anúncios;
Art. 56 – Distribuição ou transporte de listas ou avisos;
Art. 57 – Publicidade de sorteio;
Art. 58 – Jogo do bicho;
Art. 59 – Vadiagem;
Art. 60 – Mendicância;
Art. 61 – Importunação ofensiva ao pudor;
Art. 62 – Embriaguez;
Art. 64 – Crueldade contra animais;
Art. 65 – Perturbação da tranqüilidade de alguém;
Art. 66 – Omissão de comunicação de crime;
Art. 68 – Recusa de dados sobre a própria identidade ou qualificação;
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ANEXO 5
ENUNCIADOS CRIMINAIS DO FÓRUM NACIONAL DE JUIZADOS
ESPECIAS - FONAJE
Enunciado 1 - A ausência injustificada do autor do fato à audiência preliminar
implicará em vista dos autos ao Ministério Público para o procedimento cabível.
Enunciado 2 - O Ministério Público, oferecida a representação em Juízo, poderá
propor diretamente a transação penal, independentemente do comparecimento
da vítima à audiência preliminar (Nova redação aprovada no XXI Encontro,
Vitória/ES).
Enunciado 8 - A multa deve ser fixada em dias-multa, tendo em vista o art. 92
da Lei 9.099/95, que determina a aplicação subsidiária dos Códigos Penal e de
Processo Penal.
Enunciado 9 - A intimação do autor do fato para a audiência preliminar deve
conter a advertência da necessidade de acompanhamento de advogado e de
que, na sua falta, ser-lhe-á nomeado Defensor Público.
Enunciado 10 - Havendo conexão entre crimes da competência do Juizado
Especial e do Juízo Penal Comum, prevalece a competência deste.
Enunciado 13 - É cabível o encaminhamento de proposta de transação por
carta precatória (Nova redação aprovada no XXI Encontro, Vitória/ES).
Enunciado 16 - Nas hipóteses em que a condenação anterior não gera
reincidência, é cabível a suspensão condicional do processo.
Enunciado 17 - É cabível, quando necessário, interrogatório por carta
precatória, por não ferir os princípios que regem a Lei 9.099/95 (Nova redação
aprovada no XXI Encontro - Vitória/ES).
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Enunciado 18 - Na hipótese de fato complexo, as peças de informação deverão
ser encaminhadas à Delegacia Policial para as diligências necessárias.
Retornando ao Juizado e sendo o caso do artigo 77, parágrafo 2.º, da Lei n.
9.099/95, as peças serão encaminhadas ao Juízo Comum.
Enunciado 20 - A proposta de transação de pena restritiva de direitos é cabível,
mesmo quando o tipo em abstrato só comporta pena de multa.
Enunciado 22 - Na vigência do sursis, decorrente de condenação por
contravenção penal, não perderá o autor do fato o direito à suspensão
condicional do processo por prática de crime posterior.
Enunciado 25 - O início do prazo para o exercício da representação do ofendido
começa a contar do dia do conhecimento da autoria do fato, observado o
disposto no Código de Processo Penal ou legislação específica. Qualquer
manifestação da vítima que denote intenção de representar vale como tal para
os fins do art. 88 da Lei 9.099/95.
Enunciado 27 - Em regra não devem ser expedidos ofícios para órgãos
públicos, objetivando a localização de partes e testemunhas nos Juizados
Criminais.
Enunciado 31 - O conciliador ou juiz leigo não está incompatibilizado nem
impedido de exercer a advocacia, exceto perante o próprio Juizado Especial em
que atue ou se pertencer aos quadros do Poder Judiciário.
Enunciado 32 - O Juiz ordenará a intimação da vítima para a audiência de
suspensão do processo como forma de facilitar a reparação do dano, nos
termos do art. 89, parágrafo 1º, da Lei 9.099/95.
Enunciado 33 - Aplica-se, por analogia, o artigo 49 do Código de Processo
Penal no caso da vítima não representar contra um dos autores do fato.
Enunciado 34 - Atendidas as peculiaridades locais, o termo circunstanciado
poderá ser lavrado pela Polícia Civil ou Militar.
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Enunciado 35 - Até o recebimento da denúncia é possível declarar a extinção
da punibilidade do autor do fato pela renúncia expressa da vítima ao direito de
representação.
Enunciado 37 - O acordo civil de que trata o art. 74 da Lei nº 9.099/1995 poderá
versar sobre qualquer valor ou matéria (Nova Redação aprovada no XXI
Encontro – Vitória/ES).
Enunciado 38 (Substitui o Enunciado 4) - A Renúncia ou retratação colhida em
sede policial será encaminhada ao Juizado Especial Criminal e, nos casos de
violência doméstica, deve ser designada audiência para sua ratificação.
Enunciado 39 - Nos casos de retratação ou renúncia do direito de
representação que envolvam violência doméstica, o Juiz ou o conciliador
deverá ouvir os envolvidos separadamente.
Enunciado 40 - Nos casos de violência doméstica, recomenda-se que as partes
sejam encaminhadas a atendimento por grupo de trabalho habilitado, inclusive
como medida preparatória preliminar, visando a solução do conflito subjacente
à questão penal e à eficácia da solução pactuada.
Enunciado 42 - A oitiva informal dos envolvidos e de testemunhas, colhida no
âmbito do Juizado Especial Criminal, poderá ser utilizada como peça de
informação para o procedimento.
Enunciado 43 - O acordo em que o objeto for obrigação de fazer ou não fazer
deverá conter cláusula penal em valor certo, para facilitar a execução cível.
Enunciado 44 - No caso de transação penal homologada e não cumprida, o
decurso do prazo prescricional provoca a declaração de extinção de
punibilidade pela prescrição da pretensão executória.
Enunciado 48 - O recurso em sentido estrito é incabível em sede de Juizados
Especiais Criminais.
Enunciado 51 - A remessa dos autos ao juízo comum, na hipótese do art. 66,
parágrafo único, da Lei 9.099/95 (Enunciado 64), exaure a competência do
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Juizado Especial Criminal, que não se restabelecerá com localização do
acusado (Nova Redação aprovada no XXI Encontro - Vitória/ES).
Enunciado 52 - A remessa dos autos ao juízo comum, na hipótese do art. 77,
parágrafo 2º, da Lei 9099/95 (Enunciado 18), exaure a competência do Juizado
Especial Criminal, que não se restabelecerá ainda que afastada a
complexidade.
Enunciado 53 - No Juizado Especial Criminal, o recebimento da denúncia, na
hipótese de suspensão condicional do processo, deve ser precedido da
resposta prevista no art. 81 da Lei 9099/95.
Enunciado 54 (Substitui o Enunciado 24) - O processamento de medidas
despenalizadoras, aplicáveis ao crime previsto no art. 306 da Lei nº 9503/97,
por força do parágrafo único do art. 291 da mesma Lei, não compete ao Juizado
Especial Criminal.
Enunciado 56 - Os Juizados Especiais Criminais não são competentes para
conhecer, processar e julgar feitos criminais que versem sobre delitos com
penas superiores a um ano ajuizados até a data em vigor da Lei n. 10.259/01
(Aprovado no XI Encontro – Brasília-DF).
Enunciado 58 - A transação penal poderá conter cláusula de renúncia á
propriedade do objeto apreendido. (Aprovado no XIII Encontro – Campo
Grande/MS).
Enunciado 59 - O juiz decidirá sobre a destinação dos objetos apreendidos e
não reclamados no prazo do art. 123 do CPP. (Aprovado no XIII Encontro –
Campo Grande/MS).
Enunciado 60 - Exceção da verdade e questões incidentais não afastam a
competência dos Juizados Especiais, se a hipótese não for complexa.
(Aprovado no XIII Encontro – Campo Grande/MS).
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Enunciado 61 - O processamento de medida despenalizadora prevista no artigo
94 da Lei 10.741/03, não compete ao Juizado Especial Criminal. (Aprovado no
XIV Encontro – São Luis/MA)
Enunciado 62 - O Conselho da Comunidade poderá ser beneficiário da
prestação pecuniária e deverá aplicá-la em prol da execução penal e de
programas sociais, em especial daqueles que visem a prevenção da
criminalidade. (Aprovado no XIV Encontro – São Luis/MA)
Enunciado 63 - As entidades beneficiárias de prestação pecuniária, em
contrapartida, deverão dar suporte à execução de penas e medidas
alternativas. (Aprovado no XIV Encontro – São Luis/MA).
Enunciado 64 - Verificada a impossibilidade de citação pessoal, ainda que a
certidão do Oficial de Justiça seja anterior à denúncia, os autos serão remetidos
ao juízo comum após o oferecimento desta (Nova redação aprovada no XXI
Encontro, Vitória/ES).
Enunciado 66 - É direito do réu assistir à inquirição das testemunhas, antes de
seu interrogatório, ressalvado o disposto no artigo 217 do Código de Processo
Penal. No caso excepcional de o interrogatório ser realizado por precatória, ela
deverá ser instruída com cópia de todos os depoimentos, de que terá ciência o
réu (Aprovado no XV Encontro – Florianópolis/SC).
Enunciado 67 – A possibilidade de aplicação de suspensão ou proibição de se
obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículos automotores por até
cinco anos (art. 293 da Lei nº 9.503/97), perda do cargo, inabilitação para
exercício de cargo, função pública ou mandato eletivo ou outra sanção diversa
da privação da liberdade, não afasta a competência do Juizado Especial
Criminal (Aprovado no XV Encontro – Florianópolis/SC).
Enunciado 68 - É cabível a substituição de uma modalidade de pena restritiva
de direitos por outra, aplicada em sede de transação penal, pelo juízo do
conhecimento, a requerimento do interessado, ouvido o Ministério Público
(Aprovado no XV Encontro – Florianópolis/SC).
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Enunciado 70 - O conciliador ou o juiz leigo podem presidir audiências
preliminares nos Juizados Especiais Criminais, propondo conciliação e
encaminhamento da proposta de transação (Aprovado no XV Encontro –
Florianópolis/SC).
Enunciado 71 - A expressão conciliação prevista no artigo 73 da Lei 9099/95
abrange o acordo civil e a transação penal, podendo a proposta do Ministério
Público ser encaminhada pelo conciliador ou pelo juiz leigo, nos termos do
artigo 76, § 3º, da mesma Lei (nova redação do Enunciado 47 - Aprovado no
XV Encontro – Florianópolis/SC).
Enunciado 72 - A proposta de transação penal e a sentença homologatória
devem conter obrigatoriamente o tipo infracional imputado ao autor do fato,
independentemente da capitulação ofertada no termo circunstanciado
(Aprovado no XVI Encontro – Rio de Janeiro/RJ)
Enunciado 73 - O juiz pode deixar de homologar transação penal em razão de
atipicidade, ocorrência de prescrição ou falta de justa causa para a ação penal,
equivalendo tal decisão à rejeição da denúncia ou queixa (Aprovado no XVI
Encontro – Rio de Janeiro/RJ).
Enunciado 74 (substitui o Enunciado 69) - A prescrição e a decadência não
impedem a homologação da composição civil (Aprovado no XVI Encontro – Rio
de Janeiro/RJ).
Enunciado 75 - É possível o reconhecimento da prescrição da pretensão
punitiva do Estado pela projeção da pena a ser aplicada ao caso concreto
(Aprovado no XVII Encontro – Curitiba/PR).
Enunciado 76 - A ação penal relativa à contravenção de vias de fato dependerá
de representação (Aprovado no XVII Encontro – Curitiba/PR).
Enunciado 77 - O juiz pode alterar a destinação das medidas penais indicadas
na proposta de transação penal (Aprovado no XVIII Encontro – Goiânia/GO).
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Enunciado 79 (Substitui o Enunciado 14) - É incabível o oferecimento de
denúncia após sentença homologatória de transação penal em que não haja
cláusula resolutiva expressa, podendo constar da proposta que a sua
homologação fica condicionada ao prévio cumprimento do avençado. O
descumprimento, no caso de não homologação, poderá ensejar o
prosseguimento do feito (Aprovado no XIX Encontro – Aracaju/SE)
Enunciado 81 - O relator, nas Turmas Recursais Criminais, em decisão
monocrática, poderá negar seguimento a recurso manifestamente inadmissível,
prejudicado, ou julgar extinta a punibilidade, cabendo recurso interno para a
Turma Recursal, no prazo de cinco dias (Aprovado no XIX Encontro –
Aracaju/SE)
Enunciado 82 - O autor do fato previsto no art. 28 da Lei nº 11.343/06 deverá
ser encaminhado à autoridade policial para as providências do art. 48, §2º da
mesma Lei (Aprovado no XX Encontro – São Paulo/SP)
Enunciado 83 - Ao ser aplicada a pena de advertência, prevista no art. 28, I, da
Lei nº 11.343/06, sempre que possível deverá o juiz se fazer acompanhar de
profissional habilitado na questão sobre drogas (Aprovado no XX Encontro –
São Paulo/SP)
Enunciado 84 - Em caso de ausência injustificada do usuário de drogas à
audiência de aplicação da pena de advertência, cabe sua condução coercitiva
(Aprovado no XX Encontro – São Paulo/SP)
Enunciado 85 - Aceita a transação penal, o autor do fato previsto no art. 28 da
Lei nº 11.343/06 deve ser advertido expressamente para os efeitos previstos no
parágrafo 6º do referido dispositivo legal (Aprovado no XX Encontro – São
Paulo/SP)
Enunciado 86 (Substitui o Enunciado 6) - Em caso de não oferecimento de
proposta de transação penal ou de suspensão condicional do processo pelo
Ministério Público, aplica-se, por analogia, o disposto no art. 28 do CPP
(Aprovado no XXI Encontro - Vitória/ES).
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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Enunciado 87 (Substitui o Enunciado 15) - O Juizado Especial Criminal é
competente para a execução das penas ou medidas aplicadas em transação
penal, salvo quando houver central ou vara de penas e medidas alternativas
com competência específica (Aprovado - no XXI Encontro - Vitória/ES).
Enunciado 88 (Substitui o Enunciado 29) - Nos casos de violência doméstica,
cuja competência seja do Juizado Especial Criminal, a transação penal e a
suspensão do processo deverão conter, preferencialmente, medidas sócio-
educativas, entre elas acompanhamento psicossocial e palestras, visando à
reeducação do infrator, evitando-se a aplicação de pena de multa e prestação
pecuniária (Aprovado no XXI Encontro - Vitória/ES).
Enunciado 89 (Substitui o Enunciado 36) - Havendo possibilidade de solução de
litígio de qualquer valor ou matéria subjacente à questão penal, o acordo
poderá ser reduzido a termo no Juizado Especial Criminal e encaminhado ao
juízo competente (Aprovado no XXI Encontro - Vitória/ES).
Enunciado 90 (Substitui o Enunciado 49) - Na ação penal de iniciativa privada,
cabem a transação penal e a suspensão condicional do processo (Aprovado no
XXI Encontro - Vitória/ES).
Enunciado 91 - É possível a redução da medida proposta, autorizada no art. 76,
§ 1º da Lei nº 9099/1995, pelo juiz deprecado (Aprovado no XXI Encontro -
Vitória/ES).
Enunciado 92 - É possível a adequação da proposta de transação penal ou das
condições da suspensão do processo no juízo deprecado ou no juízo da
execução, observadas as circunstâncias pessoais do beneficiário. (Nova
redação, aprovada no XXII Encontro - Manaus/AM)
Enunciado 93 - É cabível a expedição de precatória para citação, apresentação
de defesa preliminar e proposta de suspensão do processo no juízo deprecado.
Aceitas as condições, o juízo deprecado comunicará ao deprecante o qual,
recebendo a denúncia, deferirá a suspensão, a ser cumprida no juízo
deprecado (Aprovado no XXI Encontro - Vitória/ES).
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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Enunciado 94 - A Lei nº 11.343/2006 não descriminalizou a conduta de posse
ilegal de drogas para uso próprio (Aprovado no XXI Encontro - Vitória/ES).
Enunciado 95 - A abordagem individualizada multidisciplinar deve orientar a
escolha da pena ou medida dentre as previstas no art. 28 da Lei nº
11.343/2006, não havendo gradação no rol (Aprovado no XXI Encontro -
Vitória/ES).
Enunciado 96 - O prazo prescricional previsto no art. 30 da Lei nº 11.343/2006
aplica-se retroativamente aos crimes praticados na vigência da lei anterior
(Aprovado no XXI Encontro - Vitória/ES).
Enunciado 97 - É possível a decretação, como efeito secundário da sentença
condenatória, da perda dos veículos utilizados na prática de crime ambiental da
competência dos Juizados Especiais Criminais (Aprovado no XXI Encontro -
Vitória/ES).
Enunciado 98 - Os crimes previstos nos artigos 309 e 310 da Lei nº 9503/1997
são de perigo concreto (Aprovado no XXI Encontro - Vitória/ES).
Enunciado 99 - Nas infrações penais em que haja vítima determinada, em caso
de desinteresse desta ou de composição civil, deixa de existir justa causa para
ação penal (Nova redação, aprovada no XXIII Encontro – Boa Vista/RR).
Enunciado 100 - A procuração que instrui a ação penal privada, no Juizado
Especial Criminal, deve atender aos requisitos do art. 44 do CPP (Aprovado no
XXII Encontro - Manaus/AM).
Enunciado 101 - É irrecorrível a decisão que defere o arquivamento de termo
circunstanciado a requerimento do Ministério Público, devendo o relator
proceder na forma do Enunciado 81 (Aprovado no XXII Encontro - Manaus/AM).
Enunciado 102 – As penas restritivas de direito aplicadas em transação penal
são fungíveis entre si (Aprovado no XXIII Encontro – Boa Vista/RR).
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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Enunciado 103 – A execução administrativa da pena de multa aplicada na
sentença condenatória poderá ser feita de ofício pela Secretaria do Juizado ou
Central de Penas. (Aprovado Fonaje Florianópolis/SC)
Enunciado 104 – A intimação da vítima é dispensável quando a sentença de
extinção da punibilidade se embasar na declaração prévia de desinteresse na
persecução penal. (Aprovado Fonaje Florianópolis/SC)
Enunciado 105 – É dispensável a intimação do autor do fato ou do réu das
sentenças que extinguem sua punibilidade. (Aprovado Fonaje Florianópolis/SC)
Enunciado 106 – A audiência preliminar será sempre individual (Aprovado
Fonaje Florianópolis/SC)
Enunciado 107 – A advertência de que trata o art. 28, I da Lei n.º 11.343/06,
uma vez aceita em transação penal pode ser ministrada a mais de um autor do
fato ao mesmo tempo, por profissional habilitado, em ato designado para data
posterior à audiência preliminar. (Aprovado Fonaje Florianópolis/SC)
Enunciado 108 (novo) – O Art. 396 do CPP não se aplica no Juizado Especial
Criminal regido por lei especial (Lei nº 9.099/95) que estabelece regra própria.
(Aprovado no XXV FONAJE – São Luis, 17 a 29 de maio de 2009).
Enunciado 109 (novo) – Altera o Enunciado 65 – Nas hipóteses do artigo 363, §
1º e § 4º do Código de Processo Penal, aplica-se o parágrafo único do artigo 66
da Lei nº 9.099/95. (Aprovado no XXV FONAJE – São Luís, 27 a 29 de maio de
2009).
Enunciado 110 (novo) – No Juizado Especial Criminal é cabível a citação com
hora certa. (Aprovado no XXV FONAJE – São Luís, 27 a 29 de maio de 2009).
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 7
SUMÁRIO 9
INTRODUÇÃO 10
CAPÍTULO I
A CRISE NO INTERIOR DA JUSTIÇA CRIMINAL 11
1.1 – Breve panorama da prestação jurisdicional antes
da Lei 9.099/95 11
1.2 – As principais barreiras que dificultam o acesso da
sociedade ao poder judiciário 14
1.2.1 – Barreiras de ordem econômica 15
1.2.2 – Barreiras de ordem sócio-cultural 18
1.2.3 – Barreiras de ordem jurídica 19
1.2.4 – A lentidão do processo 20
CAPÍTULO II
REAÇÃO E ENFRENTAMENTO – O AVANÇO DA LEGISLAÇÃO AO LONGO DO TEMPO 22 2.1 – Origem dos Juizados Especiais de Pequenas
Causas – Lei 7.244/84 22
2.2 – Origem dos Juizados Especiais Civeis e Criminais –
Lei 9.099/95 24
2.3 – O papel da Lei 9.099/95 na construção de um
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
77
Judiciário mais eficiente e democrático 28
2.4 – A cadência da pena privativa de liberdade 29
CAPÍTULO III
LEI 9.099/95 – NOVIDADES E EFICÁCIA 31
3.1 – Considerações preliminares 31
3.2 – Competência dos juizados especiais criminais 33
3.3 – Os atos processuais nos JECrims 36
3.4 – A fase preliminar 39
3.4.1 – Instauração do Processo 39
3.4.2 – A Audiência Preliminar 41
3.5 – O procedimento sumaríssimo 44
3.6 – Suspensão condicional do processo nos JECrims 46
3.7 – Breve resumo 47
CONCLUSÃO 49
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 55
LEGISLAÇÃO CONSULTADA 56
PÁGINAS DA INTERNET CONSULTADAS 57
ANEXOS 58
ÍNDICE 76
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
78
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Instituto A Vez do Mestre
Título da Monografia: Juizados Especiais Criminais – inovações,
benefícios, desburocratização e democratização do acesso à Justiça
Autor: Paulo Marcos da Silva Garcia, turma K156, matr. K212650
Data da entrega: 28 de fevereiro de 2010
Avaliado por: Prof. Francis Rajzman Conceito: