PROGRAMA ESTRATÉGICO DE REABILITAÇÃO URBANA
ESTRATÉGIA TERRITORIAL E OPERACIONAL E DEFINIÇÃO DA ORU
PR-02891 | ABRIL 2016
BOTICAS
PROGRAMA ESTRATÉGICO DE REABILITAÇÃO URBANA
Estratégia Territorial e Operacional e Definição da ORU
PROGRAMA ESTRATÉGICO DE REABILITAÇÃO URBANA
ESTRATÉGIA TERRITORIAL E OPERACIONAL E DEFINIÇÃO DA ORU
i
BOTICAS
PROGRAMA ESTRATÉGICO DE
REABILITAÇÃO URBANA
Estratégia Territorial e Operacional e Definição da
ORU
Este documento é parte integrante dos trabalhos de
“Delimitação da Área de Reabilitação Urbana de Boticas e
elaboração do Programa Estratégico de Reabilitação Urbana”
correspondendo ao Relatório de Estratégia Territorial e
Operacional e Definição da ORU.
Sociedade Portuguesa de Inovação
PR-02891
Abril 2016
Foto da capa: http://portugalfotografiaaerea.blogspot.pt
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Principais siglas utilizadas
ARU – Área de Reabilitação Urbana
EBF – Estatuto de Benefícios Fiscais
EN – Estrada Nacional
FEEI – Fundos Europeus Estruturais e de Investimento
IMI – Imposto Municipal sobre Imóveis
IMT – Imposto Municipal sobre as Transmissões onerosas de imóveis
IRC – Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Coletivas
IRS – Imposto sobre o Rendimento Singular
IVA – Imposto sobre o Valor Acrescentado
NORTE 2020 - Programa Operacional Regional do Norte 2014-2020
NRAU - Novo Regime de Arrendamento Urbano
ORU – Operação de Reabilitação Urbana
PARU – Plano de Ação para a Regeneração Urbana
PERU – Programa Estratégico de Reabilitação Urbana
PO SEUR – Programa Operacional de Sustentabilidade e Eficiência no uso dos Recursos
PROT-N – Plano Regional de Ordenamento do Território da Região Norte
RJRU – Regime Jurídico da Reabilitação Urbana
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Índice
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 3
1.1 Objetivos do trabalho ....................................................................................................... 3
1.2 Síntese da metodologia adotada ..................................................................................... 5
1.3 Definições e procedimentos ............................................................................................. 6
2 ESTRATÉGIA TERRITORIAL ............................................................................................... 10
2.1 Visão................................................................................................................................ 10
2.2 Linhas de Orientação Estratégica .................................................................................. 12
2.3 Modelo territorial ............................................................................................................. 18
3 PROJETOS ESTRUTURANTES .......................................................................................... 24
3.1 Identificação dos projetos .............................................................................................. 24
3.2 Reabilitação e qualificação do espaço público ............................................................. 28
3.3 Reabilitação e refuncionalização de edifícios ................................................................ 33
3.4 Ações imateriais e ações inovadoras de desenvolvimento urbano sustentável ........... 40
3.5 Síntese ............................................................................................................................ 46
4 MODELO INSTITUCIONAL ................................................................................................. 48
4.1 Modelo de gestão e de execução .................................................................................. 48
4.2 Gabinete de reabilitação urbana .................................................................................... 48
4.3 Envolvimento e mobilização de parceiros ..................................................................... 50
5 PRAZO, INVESTIMENTO E FINANCIAMENTO.................................................................... 52
5.1 Prazo de execução ......................................................................................................... 52
5.2 Estimativa de investimento ............................................................................................. 52
5.3 Financiamento ................................................................................................................ 54
6 QUADRO DE APOIOS E INCENTIVOS ............................................................................... 60
6.1 Incentivos relativos aos impostos municipais sobre o património ................................ 60
6.2 Outros incentivos decorrentes do Estatuto dos Benefícios Fiscais .............................. 61
6.3 Critérios de aceso aos benefícios fiscais para as ações de reabilitação ..................... 62
6.4 Outros benefícios e incentivos ....................................................................................... 63
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Índice de figuras
Figura 1. Níveis de definição estratégica ........................................................................................... 10
Figura 2. Linhas de orientação estratégica ........................................................................................ 12
Figura 3. Representação esquemática do modelo territorial da ARU de Boticas ............................ 20
Figura 4. Modelo territorial da ARU de Boticas ................................................................................. 21
Figura 5. Localização dos projetos relativos a intervenções físicas. ................................................ 27
Índice de tabelas
Tabela 1. Etapas e Tarefas da Metodologia proposta ........................................................................ 5
Tabela 2. Estratégia Territorial da vila de Boticas .............................................................................. 17
Tabela 3. Identificação dos Projetos Estruturantes Propostos ......................................................... 25
Tabela 4. Síntese dos impactos dos diferentes projetos propostos nas Linhas de Orientação
Estratégica .......................................................................................................................................... 46
Tabela 5. Estimativa orçamental dos projetos estruturantes por eixo estratégico. .......................... 53
Tabela 6. Síntese da Prioridade de Investimento 6e) do Eixo Prioritário 5 ....................................... 56
Tabela 7. Síntese dos Eixos do PO SEUR ......................................................................................... 58
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INTRODUÇÃO
1.
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3
1 INTRODUÇÃO
1.1 Objetivos do trabalho
O objetivo geral do presente trabalho é a elaboração do Programa Estratégico de Reabilitação
Urbana (PERU) focado na Área de Reabilitação Urbana (ARU) da vila de Boticas. Este documento
tem em consideração o disposto no Regime Jurídico da Reabilitação Urbana (RJRU)1 por forma a
poder constituir-se como o instrumento legal de suporte à respetiva Operação de Reabilitação
Urbana (ORU).
Pretende-se definir uma estratégia integrada de reabilitação para a vila de Boticas, que promova
melhores condições urbanísticas e ambientais e que permita gerar um território com uma
identidade reforçada, mais coeso e apto a atrair as oportunidades que dinamizem o seu tecido
económico, social e cultural.
Partindo da referência que constitui o esforço até aqui desenvolvido pelo Município, o trabalho
procede à identificação da área de intervenção, à sua caracterização e diagnóstico e à sua relação
funcional com toda a freguesia sede de concelho. São assim desenvolvidas as condições para a
realização da operação de reabilitação urbana, considerando as tendências de desenvolvimento e
potenciando as oportunidades conferidas pela aplicação dos instrumentos associados ao período
de programação do financiamento comunitário 2014-2020.
O trabalho tem por base um processo partilhado, mobilizador e inspirado nas melhores práticas
disponíveis (nacionais e internacionais), tendo envolvido os agentes locais e identificado as
oportunidades de investimento na conceção de apostas estratégicas, indicadores de sucesso e
uma carteira de projetos estruturantes.
Sinteticamente, este trabalho deverá permitir ao município de Boticas dotar-se de um novo
instrumento de natureza estratégica e operacional, que:
: Identifica e aproveita as oportunidades políticas, económicas e territoriais para o
desenvolvimento sustentável e integrado do território de intervenção;
: Define uma estratégia territorial e operacional para a área de intervenção, focada no
período 2014-2020, assente numa visão de futuro e centrada na regeneração urbana,
destinada a estimular a melhoria das condições socioeconómicas, urbanísticas e
ambientais, produzir a revitalização do território de intervenção e contribuir para uma maior
afirmação de Boticas no contexto regional;
1 Regime Jurídico da Reabilitação Urbana (RJRU), estabelecido pelo Decreto-Lei n.º 307/2009, de 23 de outubro, alterado
pela Lei n.º 32/2012, de 14 de agosto.
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: Valoriza o caráter integrado das intervenções (materiais e imateriais), procurando soluções
coerentes que atuem articuladamente nos diferentes planos de intervenção;
: Envolve uma estratégia integrada de reabilitação urbana focada no edificado, espaço
público, infraestruturas urbanas, equipamentos coletivos, espaços verdes, atividades
económicas, eficiência energética e mobilidade, bem como na valorização do património
fundiário e imobiliário existente e disponível;
: Desenvolve uma estratégia concreta de valorização do património histórico, focada no
aproveitamento do património civil e religioso (reabilitação, acesso e abertura), de modo a
responder à procura turística especializada, nacional e internacional;
: Desenvolve uma estratégia concreta de valorização do património natural e paisagístico
que visa assegurar a qualidade ambiental no território de intervenção e o seu usufruto pela
população e visitantes;
: Integra uma estratégia de localização, instalação e desenvolvimento das atividades
económicas que explora as articulações e complementaridades e compatibiliza o equilíbrio
urbano e ambiental com a criação de oportunidades de emprego e a correta distribuição
de usos e funções no território;
: Estimula a partilha de recursos públicos e otimiza a sua aplicação, tendo por base uma
estratégia comum;
: Define, com clareza, um modelo de cooperação e as condições de articulação e de
mobilização dos agentes públicos e privados;
: Estabelece um enquadramento prévio das condições de aplicação dos instrumentos
regulamentares e fontes de financiamento do Portugal 2020.
A conceção deste instrumento compreende o desenvolvimento dos seguintes aspetos
fundamentais:
: Identificação dos objetivos e linhas estratégicas para a condução do processo;
: Delimitação e fundamentação dos limites territoriais da ARU;
: Caracterização do território e do seu enquadramento histórico, cultural, socioeconómico,
ambiental e urbanístico;
: Enquadramento do território de intervenção no contexto das políticas, programas, planos
e projetos, locais, metropolitanos/regionais, nacionais e europeus;
: Diagnóstico com identificação das oportunidades e riscos para o desenvolvimento do
território de intervenção;
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: Conceção do programa estratégico de reabilitação urbana para a ARU, com a identificação
dos projetos/ações, a sua caracterização detalhada, a sua territorialização, a estimativa de
investimento, o planeamento físico previsional, o quadro de fontes de financiamento e a
indicação dos agentes envolvidos;
: Fundamentação do enquadramento dos projetos/ações no contexto das prioridades
estratégicas do Portugal 2020, bem como noutros instrumentos relevantes;
: Proposta de modelos de implementação de projetos/ações, articulados com os novos
instrumentos regulamentares para aplicação do financiamento comunitário;
: Apoio ao município no processo de aprovação da ARU e ORU e publicação em Diário da
República.
1.2 Síntese da metodologia adotada
O enquadramento legal assumido como base para a abordagem metodológica proposta neste
projeto encontra-se apresentado no RJRU. Deste modo, a metodologia adotada organiza-se nas
seguintes 4 etapas:
Tabela 1. Etapas e Tarefas da Metodologia proposta
Etapas Tarefas
ETAPA 1
Formalização da ARU
1.1. Preparação fina dos trabalhos e definição do modelo de
interação com os diferentes interlocutores
1.2. Descrição do território
1.3. Identificação dos critérios de delimitação e objetivos
1.4. Delimitação territorial da ARU
1.5. Definição do quadro de benefícios fiscais
ETAPA 2
Caracterização e Diagnóstico
2.1. Reconhecimento do território
2.2. Caracterização do território
2.3. Diagnóstico do território
ETAPA 3
Estratégia Territorial e Operacional
3.1. Visão de futuro
3.2. Identificação das opções estratégicas
3.3. Elaboração do Masterplan
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ETAPA 4
Definição da ORU e elaboração de
candidatura
4.1. Definição de âmbito da ORU
4.2. Identificação e descrição dos projetos
4.3. Estimativa de investimento
4.4. Planeamento físico previsional
4.5. Definição do modelo institucional
4.6. Elaboração de elementos para a candidatura
O presente Relatório, Estratégia Territorial e Operacional e Definição da ORU, apresenta a
componente de conceção da estratégia territorial e operacional do PERU, complementada com a
apresentação e justificação de uma carteira de projetos estruturantes e respetivas ações que, em
conjunto, definem a operação de reabilitação urbana (ORU).
1.3 Definições e procedimentos
De acordo com o RJRU, uma Área de Reabilitação Urbana (ARU) é definida como sendo “uma área
territorialmente delimitada que, em virtude da insuficiência, degradação ou obsolescência dos
edifícios, das infraestruturas, dos equipamentos de utilização coletiva e dos espaços urbanos e
verdes de utilização coletiva, designadamente no que se refere às suas condições de uso, solidez,
segurança, estética ou salubridade, justifique uma intervenção integrada, através de uma operação
de reabilitação urbana aprovada em instrumento próprio ou em plano de pormenor de reabilitação
urbana” (Art.2.º).
Designadamente, uma ARU pode abranger “áreas e centros históricos, património cultural imóvel
classificado ou em vias de classificação e respetivas zonas de proteção, áreas urbanas degradadas
ou zonas urbanas consolidadas” (Art.12.º).
Nos termos deste diploma, as razões que determinam a delimitação de uma ARU prendem-se
primordialmente com o estado de conservação e de funcionamento das suas componentes
urbanas básicas. Assim, é lícito concluir que qualquer área urbana, central ou mais periférica, com
valor patrimonial ou sem ele, mais ou menos consolidada, pode ser objeto de integração em ARU
para efeitos de desenvolvimento de uma operação integrada de reabilitação urbana, desde que
apresente sinais de insuficiência, degradação ou de desqualificação urbana.
A definição da ARU foi seguida da correspondente elaboração de uma Operação de Reabilitação
Urbana (ORU). Segundo o RJRU, uma ORU é “o conjunto articulado de intervenções visando, de
forma integrada, a reabilitação urbana de uma determinada área” (Art.8.º).
No caso da vila de Boticas, atendendo à complexidade das questões abrangidas e à perspetiva
integrada que será necessário obter, a ORU que se propõe é de natureza sistemática. Uma ORU
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Sistemática é uma “intervenção integrada de reabilitação urbana de uma área, dirigida à
reabilitação do edificado e à qualificação das infraestruturas, dos equipamentos e dos espaços
verdes e urbanos de utilização coletiva, visando a requalificação e revitalização do tecido urbano,
associada a um programa de investimento público”, que articule e alavanque o investimento
privado associado (RJRU, Art.8.º).
A delimitação de uma ARU acarreta responsabilidades e poderes para o Município, que são
acrescidas quando se trata de uma ORU Sistemática, como a que se preconiza para vila de Boticas.
Após aprovada, uma ORU Sistemática passa a constituir “uma causa de utilidade pública para
efeitos de expropriação, venda e arrendamento forçados e constituição de servidão” (Art.32.º).
Além disso, obriga que o Município defina os apoios e benefícios fiscais associados aos impostos
municipais sobre o património, a conceder aos proprietários e detentores de direitos sobre o
património edificado, objeto das ações de reabilitação urbana.
De acordo com o RJRU, o Programa Estratégico de Reabilitação Urbana, que serve de base à
definição de uma ORU Sistemática, deverá contemplar os seguintes elementos orientadores
(Art.33.º), sem prejuízo do tratamento de outras matérias que sejam tidas como relevantes:
: Apresentar as opções estratégicas de reabilitação e de revitalização da área de reabilitação
urbana, compatíveis com as opções de desenvolvimento do município;
: Estabelecer o prazo de execução da operação de reabilitação urbana;
: Definir as prioridades e especificar os objetivos a prosseguir na execução da operação de
reabilitação urbana;
: Estabelecer o programa da operação de reabilitação urbana, identificando as ações
estruturantes de reabilitação urbana a adotar, distinguindo, nomeadamente, as que têm
por objeto os edifícios, as infraestruturas urbanas, os equipamentos, os espaços urbanos
e verdes de utilização coletiva, e as atividades económicas;
: Determinar o modelo de gestão da área de reabilitação urbana e de execução da respetiva
operação de reabilitação urbana;
: Apresentar um quadro de apoios e incentivos às ações de reabilitação executadas pelos
proprietários e demais titulares de direitos e propor soluções de financiamento das ações
de reabilitação;
: Descrever um programa de investimento público onde se discriminem as ações de
iniciativa pública que são necessárias ao desenvolvimento da operação;
: Definir o programa de financiamento da operação de reabilitação urbana, o qual deve
incluir uma estimativa dos custos totais da execução da operação e a identificação das
fontes de financiamento;
: Identificar, caso não seja o município a assumir diretamente as funções de entidade
gestora da área de reabilitação urbana, quais os poderes que são delegados na entidade
gestora, juntando cópia do ato de delegação praticado pelo respetivo órgão delegante,
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bem como, quando as funções de entidade gestora sejam assumidas por uma sociedade
de reabilitação urbana, quais os poderes que não se presumem delegados;
: Mencionar, se for o caso, a necessidade de elaboração, revisão ou alteração de plano de
pormenor de reabilitação urbana e definir os objetivos específicos a prosseguir através do
mesmo.
Sem prejuízo dos deveres de reabilitação de edifícios que impendem sobre os particulares e da
iniciativa particular na promoção da reabilitação urbana, as intervenções tendentes à execução de
uma ORU Sistemática devem ser ativamente promovidas pela respetiva entidade gestora, neste
caso, o Município de Boticas.
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ESTRATÉGIA TERRITORIAL
2.
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2 ESTRATÉGIA TERRITORIAL
2.1 Visão
A elaboração da estratégia territorial para a ARU da vila de Boticas assume como base a definição
de uma Visão de futuro, entendida como o cenário prospetivo que se pretende alcançar. De uma
forma simplificada, a Visão corresponde ao fio condutor de toda a estratégia de desenvolvimento
proposta para a área de intervenção.
Da Visão decorrem diferentes Linhas de Orientação Estratégica que sustentam as principais
opções realizadas. Por sua vez, estas linhas subdividem-se em diferentes objetivos específicos que
enquadram os projetos estruturantes.
Figura 1. Níveis de definição estratégica
Como principal elemento de enquadramento, deu-se destaque às orientações de desenvolvimento
urbano mencionadas no Plano Regional de Ordenamento do Território da Região do Norte (PROT-
N), onde se estabelece que, no âmbito do sistema urbano policêntrico da Região Norte, Boticas
deve assumir o seu papel de centro estruturante municipal, prestador de um “leque das funções
urbanas fundamentais para a sustentação da coesão territorial e para a consolidação de redes de
proximidade”. A estratégia definida teve ainda em consideração as orientações de outros
documentos de âmbito nacional, regional e municipal, destacando-se o documento “Cidades
Sustentáveis 2020”, a Estratégia Integrada de Desenvolvimento Territorial do Alto Tâmega e o Plano
Diretor Municipal de Boticas.
A Boticas é atribuída a responsabilidade de dinamizar uma polaridade urbana qualificada, que
garanta condições favoráveis para a atração de atividades económicas produtoras de emprego,
para a fixação de residentes e para o desempenho de funções urbanas inovadoras e diferenciadas,
Visão
Linhas de Orientação
Objetivos Específicos
Projetos estruturantes
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com base em parâmetros de qualidade urbana e ambiental, que lhe permitam contribuir ativamente
para a estruturação do sistema urbano regional.
Pretende-se por isso contribuir para a consolidação e valorização da vila de Boticas, procurando
promover melhores condições urbanas e ambientais e gerar um território qualificado, com uma
identidade reforçada, socialmente mais coeso e apto a atrair as oportunidades que dinamizem o
seu tecido económico e social.
Deste modo, no quadro da definição da estratégia territorial, propõe-se como Visão que sintetiza a
materialização da estratégia, a seguinte:
Boticas: um centro urbano qualificado, polarizador de um território alargado
Nesta curta expressão pretende-se condensar o objetivo supremo de consolidar o papel da vila de
Boticas no sistema urbano policêntrico proposto para a Região Norte, e em particular na sub-região
Alto Tâmega, com capacidade para atrair vivências urbanas qualificadas numa escala territorial
alargada.
A visão proposta estimula, deste modo, a implementação de uma Operação de Reabilitação que
(i) desenvolve as funções urbanas existentes dentro dos limites da ARU, (ii) promove as condições
necessárias para polarizar outras funções urbanas (nomeadamente a residencial e a comercial) e
(iii) cria as infraestruturas de integração e de articulação das diferentes funções.
A definição da Visão, bem como o seu desdobramento em Linhas de Orientação Estratégica e
objetivos específicos respetivos estão em linha com a direção política preconizada no documento
“Cidades Sustentáveis 2020”, no que respeita à necessidade de providenciar à vila de Boticas
instrumentos que aumentem a competitividade e o crescimento económico, a inclusão e a coesão
social, as transformações demográficas, a regeneração urbana e a sustentabilidade, eficiência e
resiliência do território.
Importa ainda salientar a importância da compreensão, aceitação e partilha desta Visão por todos
os agentes e organizações que, para além da Câmara Municipal de Boticas, estejam envolvidos no
processo de regeneração urbana. É expectável que, ao longo do processo de implementação do
programa estratégico de reabilitação urbana da vila de Boticas, a Câmara Municipal, enquanto
promotora das intervenções de regeneração, estabeleça parcerias com outros agentes ou
organizações. Não obstante a desejabilidade das parcerias, que acrescentam ao processo maior
especialização, abrangência e melhores condições de sucesso e concretização, é importante que
as mesmas tenham subjacente uma orientação de acordo com a Visão definida. Tal é favorável a
um alinhamento entre objetivos delineados e resultados obtidos, como também a melhores
condições para a concretização da Visão para Boticas.
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2.2 Linhas de Orientação Estratégica
A Visão apresentada encontra-se assente num conjunto de quatro linhas de orientação estratégica,
relacionadas com as múltiplas vivências que se pretendem conciliar na vila de Boticas, tornando-o
um território atrativo para viver, trabalhar, visitar e investir, a saber:
: Atrair e dinamizar funções urbanas e atividades económicas e diferenciadas (ECO);
: Reforçar a articulação entre os diferentes espaços da vila (ART);
: Promover a reabilitação e qualificação dos espaços urbanos, públicos e edificados (URB);
: Consolidar as atividades de turismo e lazer, tirando partido do património cultural e natural
envolvente (TUR).
Figura 2. Linhas de orientação estratégica
Atendendo aos desafios expostos, os processos de reabilitação e de regeneração urbana a
despoletar em Boticas revestem-se de um elevado grau de complexidade e heterogeneidade. É
fundamental que à reabilitação física do edificado se possam aliar, de forma integrada, objetivos
de caráter ambiental, social e económico que garantam a sustentabilidade dos processos lançados
e a concretização dos objetivos delineados.
Boticas: um centro
urbano qualificado,
polarizador de um
território alargado
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2.2.1 Atrair e dinamizar funções urbanas e atividades económicas e diferenciadas
A vila de Boticas assume-se, no âmbito concelhio, enquanto principal polo aglutinador de
atividades económicas e funções urbanas. Em particular na zona central da ARU, verifica-se um
predomínio de equipamentos públicos, sociais e culturais e também de estabelecimentos
comerciais, denotando-se a prevalência de atividades económicas do setor terciário com uma área
de influência significativa.
Tirando partido deste dinamismo, mas também da sua centralidade e proximidade com um
conjunto alargado de equipamentos e serviços, entende-se que deverão ser criadas condições
para fixar e dinamizar atividades e funções urbanas que contribuam para a atração de população
e para a geração de emprego.
Num contexto de forte competitividade entre territórios, será fundamental adotar medidas e
iniciativas pró-ativas que permitam a afirmação e consolidação de Boticas, na sua componente
económica e urbana. A dinamização económica local de Boticas deve assentar na potencialização
dos recursos endógenos, nas particularidades inerentes ao seu posicionamento territorial e, ao
mesmo tempo, fixar atividades diferenciadas, num contexto de competitividade e concorrência
territorial. Simultaneamente, Boticas deve criar condições para atrair um maior número de funções
urbanas, e mais especializadas, consolidando desta maneira a sua polaridade e área de influência.
Considera-se, assim, a capacidade da vila de Boticas para ser palco desta estratégia, tendo para
isso de criar condições de acomodação e estímulo ao aparecimento de atividades e iniciativas
empreendedoras, fortemente articuladas com as realidades e potencialidades locais. Neste
contexto, deverão ser implementadas ações complementares e interdependentes que, a título de
exemplo, dinamizem o comércio tradicional, promovam e consolidem as atividades de lazer e
turismo, projetem a visibilidade externa do território e/ou que conjuguem os pontos fortes do
ambiente urbano com a riqueza e potencialidade da envolvente rural.
Em suma, no que diz respeito à fixação e dinamização de atividades económicas e funções urbanas
diferenciadoras, pretende-se a concretização dos seguintes objetivos específicos:
: Reabilitar e valorizar os equipamentos de suporte da atividade económica;
: Valorizar e requalificar os equipamentos coletivos e o espaço público, promovendo a sua
multifuncionalidade e a sua utilização regular;
: Realizar a promoção integrada das atividades económicas instaladas no concelho;
: Fomentar o empreendedorismo no concelho, enquanto motor do desenvolvimento
económico;
: Fixar na vila serviços públicos geradores de dinamismo urbano.
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2.2.2 Reforçar a articulação entre os diferentes espaços da vila
A vila de Boticas apresenta margem para melhorar a integração e articulação dos diversos espaços
que a constituem. Apesar de ser possível na ARU identificar um conjunto de equipamentos
relevantes para o funcionamento da vila, tais como a Câmara Municipal e outros edifícios públicos
presentes (o Pavilhão Multiusos, as Escolas, as Piscinas Municipais, o Centro de Artes Nadir
Afonso), não foi ainda possível estruturar o desenvolvimento urbano de forma organizada e
estabilizadora do desenho e da forma do espaço urbano, de maneira a contribuir na sua plenitude
para o funcionamento equilibrado da vila.
O próprio modelo de desenvolvimento urbano da vila de Boticas, que passou pela expansão da
malha urbana e pela aglutinação de povoações de natureza rural dentro do perímetro, originou
fenómenos de desarticulação urbana que se constituem enquanto assimetrias ao nível da
qualificação entre diversos espaços da vila. Esta organização funcional, acoplada com a
prevalência de fenómenos de crescimento desordenado em alguns dos pontos mais periféricos da
ARU (e.g. núcleo da Granja), originou, nalguns casos, problemas de ligação e articulação entre as
diferentes componentes urbanas no seu interior.
Neste ponto, é de salientar o papel agregador e centralizador do Ribeiro do Fontão, principal
componente da estrutura ecológica em espaço urbano da vila de Boticas. A estrutura verde criada
em torno do curso de água articula diversas áreas funcionais da vila que de outra forma estariam
desconexas. A própria constituição do parque, com pontes pedonais sobre o curso de água, é
facilitadora da mobilidade pedonal ou ciclável. Como tal, o reforço do corredor ecológico do Ribeiro
do Fontão poderá servir enquanto catalisador de novas dinâmicas que poderão desempenhar um
papel de relevo no processo necessário de desfragmentação entre os diversos espaços
constituintes da vila.
Os projetos de reabilitação urbana a dinamizar na vila de Boticas, mais do que estimular a
ocupação de solo urbanizável ou dotar a vila de elementos de infraestruturação, deverão procurar
esbater a fragmentação atual entre os diversos espaços urbanos. Deste modo, incluem-se aqui
propostas de eliminação de barreiras arquitetónicas e visuais ou criação de ligações contínuas,
tendo como objetivo aumentar o conforto e a segurança para os vários utilizadores da via, mas
também uma integração mais fluida entre os diversos espaços constituintes da vila.
Por conseguinte, propõe-se que a linha de orientação relacionada com o reforço da articulação
entre os diferentes espaços da vila enquadre os seguintes objetivos específicos:
: Fomentar a mobilidade pedonal e os meios suaves de circulação, diminuindo o impacto
ambiental inerente à utilização do transporte rodoviário;
: Eliminar barreiras arquitetónicas e visuais que prejudiquem as vivências da vila;
: Facilitar a ligação e a integração entre os diferentes espaços que constituem a vila;
: Estimular a articulação de Boticas com a sua envolvente rural, explorando as
complementaridades económicas e socioculturais resultantes dessa proximidade.
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2.2.3 Promover a reabilitação e qualificação dos espaços urbanos, públicos e edificados
Finda a fase de expansão do perímetro urbano importa densificar e qualificar a área urbana da vila
de Boticas, tornando-a mais coesa, coerente e propícia à provisão de melhores padrões de
qualidade de vida. Este processo implica essencialmente a reabilitação física de alguns pontos da
malha urbana. Na verdade, os trabalhos de caracterização e diagnóstico permitiram concluir a
existência de áreas prioritárias de intervenção, face aos sinais de degradação de edificado e, em
casos muito específicos, do espaço público.
A Câmara Municipal de Boticas promoveu já um conjunto de ações integradas para a regeneração
do espaço público urbano. Estas ações resultaram numa melhoria assinalável da qualidade física
dos espaços urbanos, o que se traduziu na atração de novos equipamentos e funções urbanas
para a vila, de iniciativa pública e privada.
Por outro lado, salvaguardando algumas exceções, a execução das operações de reabilitação do
espaço público não foram seguidas de operações equivalentes de reabilitação do edificado e da
propriedade privada, gerando descontinuidades e desequilíbrios num cenário de regeneração
urbana idealizado.
Neste contexto, importa agora dar continuidade às intervenções realizadas, não só prosseguindo
com a requalificação de espaços adjacentes ainda não reabilitados, mas também, e sobretudo,
estimulando a regeneração dos edifícios privados, segundo uma lógica de articulação entre
edificado e espaço público, para a concretização de um ambiente urbano harmonioso e
equilibrado.
Entende-se, por conseguinte, que será através da qualidade urbana que se poderá contribuir
globalmente para a fixação de população e para a instalação de atividades económicas
diferenciadas, contribuindo desta forma para a materialização da visão proposta.
Neste sentido, a intervenção definida preconiza uma linha de orientação particularmente
direcionada para a qualificação urbanística de toda a ARU, que contempla os seguintes objetivos
específicos:
: Acelerar o processo de reabilitação do parque edificado, particularmente nas áreas mais
degradadas, disponibilizando um sistema de apoios e incentivos aos particulares;
: Desenvolver a função residencial e os equipamentos e serviços de proximidade,
aproveitando, sempre que possível, o património reabilitado;
: Qualificar os espaços públicos, como elemento catalisador do comércio tradicional e dos
serviços de proximidade;
: Assegurar a adequada cobertura da rede de infraestruturas urbanas e de equipamentos e
serviços sociais, com particular enfoque em zonas urbanas críticas;
: Conter a expansão dos perímetros urbanos, estruturando e qualificando as frentes
urbanas.
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ESTRATÉGIA TERRITORIAL E OPERACIONAL E DEFINIÇÃO DA ORU
16
2.2.4 Consolidar as atividades de turismo e lazer, tirando partido do património cultural e
natural envolvente
Também na área do turismo e lazer, Boticas apresenta um conjunto de elementos a valorizar num
processo de regeneração e revitalização urbana. Do ponto de vista da infraestruturação, Boticas
tem investido adequadamente no que diz respeito à dotação do concelho e da vila, não só de
estruturas de acolhimento de turistas (captação de investimentos na área da hotelaria) mas também
na criação de pontos de interesse e potencialização da atratividade do concelho e da vila. A riqueza
e a diversidade do património cultural e natural relacionam-se diretamente com os segmentos de
turismo que mais têm crescido nos últimos anos (turismo cultural, turismo de natureza). Este facto,
aliado ao número crescente de turistas captados pelo país e pela Região Norte e às novas
condições de acessibilidade que nos últimos anos têm vindo a encurtar significativamente as
distâncias temporais para os centros urbanos do país, abre perspetivas significativas na área do
fomento da atividade turística em Boticas.
Assim sendo, a componente de Lazer e Turismo é assumida como fundamental para o
desenvolvimento estruturado de Boticas, implicando a definição de uma Linha de Orientação
específica. Merece aqui destaque a interação desta Linha de Orientação com as restantes linhas
propostas, tendo em conta as intervenções preconizadas que irão ter impacto significativo na
melhoria da imagem do centro da vila e no reforço da sua identidade.
Importa por isso que a estratégia territorial proposta para a vila de Boticas contribua para a definição
de uma oferta turística estruturada, e potencie o proveito socioeconómico das mais-valias daí
decorrentes, tendo naturalmente em consideração a conciliação com as vivências diárias e as
memórias dos cidadãos botiquenses
Assim sendo, propõe-se que a linha de orientação “Consolidar as atividades de turismo e lazer,
tirando partido do património cultural e natural envolvente” enquadre os seguintes objetivos
específicos:
: Reforçar a identidade, através da reabilitação e valorização do património edificado;
: Estruturar a visitação da vila e do território envolvente;
: Aumentar a atratividade e a visibilidade externa do território, em articulação com o
património e riqueza natural e, em particular, com o Boticas Parque, Natureza &
Biodiversidade;
: Maximizar o aproveitamento das mais-valias económicas, socias e culturais daí
decorrentes.
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ESTRATÉGIA TERRITORIAL E OPERACIONAL E DEFINIÇÃO DA ORU
17
2.2.5 Síntese
Tabela 2. Estratégia Territorial da vila de Boticas
Visão Boticas: um centro urbano qualificado, polarizador de um território alargado
Linhas de
Orientação
Estratégica
ECO: Atrair e dinamizar funções urbanas
e atividades económicas e diferenciadas
ART: Reforçar a articulação entre os
diferentes espaços da vila
URB: Promover a reabilitação e
qualificação dos espaços urbanos,
públicos e edificados
TUR: Consolidar as atividades de turismo
e lazer, tirando partido do património
cultural e natural envolvente
Objetivos
Específicos
: Reabilitar e valorizar os equipamentos
de suporte da atividade económica;
: Valorizar e requalificar os
equipamentos coletivos e o espaço
público, promovendo a sua
multifuncionalidade e a sua utilização
regular;
: Realizar a promoção integrada das
atividades económicas instaladas no
concelho;
: Fomentar o empreendedorismo no
concelho, enquanto motor do
desenvolvimento económico;
: Fixar na vila serviços públicos
geradores de dinamismo urbano
: Fomentar a mobilidade pedonal e os
meios suaves de circulação e diminuir
o impacto ambiental inerente à
utilização do transporte rodoviário;
: Eliminar barreiras arquitetónicas e
visuais que prejudiquem as vivências
da vila;
: Facilitar a ligação e a integração entre
os diferentes espaços que constituem
a vila;
: Estimular a articulação de Boticas
com a sua envolvente rural,
explorando as complementaridades
económicas e socioculturais
resultantes dessa proximidade.
: Acelerar o processo de reabilitação
do parque edificado, particularmente
nas áreas mais degradadas,
disponibilizando um sistema de
apoios e incentivos aos particulares;
: Desenvolver a função residencial e
os equipamentos e serviços de
proximidade, aproveitando, sempre
que possível, o património
reabilitado;
: Qualificar os espaços públicos,
como elemento catalisador do
comércio tradicional e dos serviços
de proximidade;
: Assegurar a adequada cobertura da
rede de infraestruturas urbanas e de
equipamentos e serviços sociais,
com particular enfoque em zonas
urbanas críticas;
: Conter a expansão dos perímetros
urbanos, estruturando e qualificando
as frentes urbanas
: Reforçar a identidade, através da
reabilitação e valorização do património
edificado;
: Estruturar a visitação da vila e do
território envolvente;
: Aumentar a atratividade e a visibilidade
externo do território, em articulação
com o património e riqueza natural e,
em particular, com o Boticas Parque,
Natureza & Biodiversidade;
: Maximizar o aproveitamento das mais-
valias económicas, sociais e culturais
daí decorrentes;
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ESTRATÉGIA TERRITORIAL E OPERACIONAL E DEFINIÇÃO DA ORU
18
2.3 Modelo territorial
Os conceitos e ideias apresentados encontram-se refletidos no modelo territorial, que representa
de forma esquemática as opções fundamentais adotadas na ARU de Boticas, tendo em vista a
materialização da estratégia preconizada.
As figuras das páginas seguintes apresentam graficamente as opções apresentadas anteriormente,
representando o Modelo Territorial para a reabilitação urbana de Boticas.
O modelo territorial procura traduzir e materializar os desígnios subjacentes à visão – “Boticas: um
centro urbano qualificado, polarizador de um território alargado” – identificando e alavancando os
valores que constituem a identidade do território, de modo a direcionar o seu desenvolvimento
sustentável.
Articulação, coesão e integração urbana: Como anteriormente referido, o tecido urbano de Boticas
apresenta descontinuidades e carências às quais urge dar resposta. Neste sentido, o presente
modelo territorial desdobra-se em intervenções chave que visam promover o equilíbrio ambiental,
funcional e social do território. Na sua aplicação ao território, a estratégia definida assenta
particularmente na consolidação e reforço dos eixos de ligação do seu núcleo urbano central aos
aglomerados envolventes de origem rural e menor dimensão, colmatando a atual desarticulação
urbana. A definição destas áreas estruturantes de ligação traduzem-se na inversão lógica do
crescimento urbano disperso, possibilitando a qualificação e o fortalecimento da vila de Boticas, e
constituem deste modo o foco para o qual irá ser conduzido grande parte do investimento.
Refuncionalização de espaços e equipamentos: No modelo são também identificados os polos
que apresentam grande potencial de refuncionalização, onde se inclui o edifício da antiga
Cooperativa da Batata, que se encontra devoluto; a estação terminal de camionagem, o mercado
municipal, ou mesmo o edifício do tribunal, caso se venha a confirmar o seu encerramento, mesmo
que parcial.
Com esta abordagem pretende-se igualmente dinamizar a rede de equipamentos existentes e
melhorar a oferta de serviços de nível superior, dinamizar o núcleo urbano e esbater os limites
físicos e funcionais de zonas de transição.
Reabilitação do edificado: No que concerne ao edificado, considerando a presença de núcleos que
concentram edifícios em mau estado de conservação, importa desincentivar a edificação nova e
definir medidas necessárias à proteção, conservação e reabilitação do edificado existente,
incidindo, em particular, nos imóveis que se encontram atualmente em mau estado de
conservação, em ruína ou devolutos.
Para potenciar a intervenção no parque edificado é determinante promover e reforçar a qualidade
do espaço público e equacionar e estabelecer uma rede de percursos que articule e amarre os
diferentes pontos constituintes da vila criando condições para a sua integração e reabilitação.
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19
Reforço da estrutura verde: Em termos ambientais a área delimitada é sustentada pelo ribeiro do
Fontão e respetiva envolvente e pelo solo afeto à estrutura ecológica urbana de Boticas, que
compreende espaços verdes de valor ambiental, espaços urbanos arborizados e áreas verdes de
utilização coletiva. Estes elementos, para além de influenciar o ambiente e a paisagem urbana de
Boticas, pela sua presença física podem contribuir fortemente para a dinamização e valorização do
seu território.
Considerando como essencial para o equilíbrio ambiental do território a salvaguarda e o reforço da
atual estrutura ecológica urbana, o presente modelo considera essencial a valorização e reforço
das áreas verdes marginais ao ribeiro do Fontão. Por outro lado, o mesmo procura a densificação
arbórea dos principais eixos viários existentes e a criação de novos espaços verdes, de lazer e de
enquadramento, que se constituam como espaços de permeabilidade da malha edificada e
contribuam, em articulação com os já existentes, para a constituição de corredores verdes
contínuos de ligação aos aglomerados de menor dimensão que importam valorizar e integrar.
A continuação da qualificação das margens do ribeiro do Fontão revela-se importante para a
consolidação e afirmação de uma estrutura ecológica, elemento aglutinador das diferentes
existências do território. Esta intervenção facilitará a articulação do núcleo central de Boticas com
os aglomerados de Sangunhedo e Eiró.
Fomento da mobilidade suave: No âmbito da mobilidade, o modelo territorial preconiza uma
abordagem integrada dos eixos estruturantes, melhorando a sua condição de espaço público e
potenciando uma rede de mobilidade suave. O modelo equaciona circuitos pedonais e ciclovias,
quer em espaço natural quer no interior da malha urbana, que criem uma maior permeabilidade,
encurtem distâncias e sejam geradoras de conforto. Esta rede contribuirá para interligar os vários
pontos da vila e ainda polarizar funções urbanas qualificadas e diferenciadas. Salienta-se a
intenção de interligar pontos de interesse cultural e paisagístico, no sentido de potencial a utilização
destes circuitos para fins turísticos.
Salienta-se a intervenção prevista para a Estrada Nacional 312 com o reperfilamento da mesma
privilegiando os modos suaves de circulação e com a implementação de infraestruturas de apoio,
tais como, mobiliário urbano e sinalética.
A valorização e consolidação da estrutura e corredores verdes e a promoção de modos suaves são
intenções, que articuladas, têm a capacidade de reforçar as condições de atratividade e uso dos
espaços urbanos.
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Figura 3. Representação esquemática do modelo territorial da ARU de Boticas
Fonte: SPI
PROGRAMA ESTRATÉGICO DE REABILITAÇÃO URBANA
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Figura 4. Modelo territorial da ARU de Boticas
Fonte: SPI
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3.
PROJETOS ESTRUTURANTES
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3 PROJETOS ESTRUTURANTES
3.1 Identificação dos projetos
A materialização da Estratégia Territorial preconizada irá assentar na implementação de uma
carteira de projetos estruturantes, que se assumem como iniciativas fundamentais para a geração
de novas dinâmicas de regeneração urbana.
A identificação destes projetos teve em consideração as definições explícitas no RJRU relativas à
ORU Sistemática, que os define como ações destinadas à “reabilitação do edificado e à qualificação
das infraestruturas, dos equipamentos e dos espaços verdes e urbanos de utilização coletiva,
visando a requalificação e revitalização do tecido urbano, associadas a um programa de investimento
público” 2, que articule e alavanque o investimento privado associado.
É, assim, proposto um programa que contempla um conjunto articulado de intervenções visando,
de forma integrada, a reabilitação urbana da vila de Boticas, tendo em consideração os seus
contributos para os diferentes níveis estratégicos e linhas de orientação definidas.
Propõe-se, assim, um conjunto de projetos estruturantes, que incidem de forma abrangente em
diferentes pontos do território da ARU, abarcando elementos físicos ou imateriais, e envolvendo
componentes também elas diversificadas: culturais, ambientais, sociais, económicas, de lazer, etc.
Para facilitar a sua leitura, os projetos encontram-se organizados em 3 tipologias de intervenção, a
saber:
: EP: Reabilitação e qualificação do espaço público;
: ED: Reabilitação e refuncionalização de edifícios;
: IM: Ações imateriais e ações inovadoras de desenvolvimento urbano sustentável.
2 Regime Jurídico da Reabilitação Urbana, Artigo 8.º
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Tabela 3. Identificação dos Projetos Estruturantes Propostos
NOME OBJETIVO
EP: REABILITAÇÃO E QUALIFICAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO
EP 1.
ESTRADA NACIONAL
EN312
Qualificar e infraestruturar o segmento urbano da EN312 que
atravessa a vila de Boticas e que estabelece a ligação entre o núcleo
central e o aglomerado da Granja, assegurando melhores condições
de segurança e fruição para os diversos utilizadores da via.
EP 2.
CIRCUITO PEDONAL
DE BOTICAS
Qualificar e promover o circuito pedonal da vila de Boticas, que
garanta a comodidade e segurança dos peões e que facilite a fruição
da população residente e o usufruto de experiências turísticas por
visitantes.
EP 3. REDE DE CICLOVIAS
Dotar Boticas de uma rede urbana de ciclovias, estruturante da
circulação, e implementar um serviço público de bicicletas, a fim de
estimular a mobilidade suave em Boticas e promover a articulação
entre os diferentes espaços da vila.
EP 4. RIBEIRO DO FONTÃO
Concluir o corredor verde em torno do Ribeiro do Fontão,
consolidando a estrutura ecológica da vila e estabelecendo ligações
e permeabilidades com a sua envolvente.
ED: REABILITAÇÃO E REFUNCIONALIZAÇÃO DE EDIFÍCIOS
ED 1.
ESPAÇO
INTERGERAÇÕES E
CASA DAS
ASSOCIAÇÕES/
COOPERATIVA DA
BATATA
Reabilitar a antiga sede da Cooperativa da Batata e refuncionalizar o
edifício de modo a acolher o Espaço Integerações e a Casa das
Associações, equipamentos sociais de grande valor para as
comunidades locais.
ED 2.
LOJA DO
CIDADÃO/TRIBUNAL
Reabilitar e refuncionalizar o edifício do antigo Tribunal para
instalação da Loja do Cidadão de Boticas, prestando um serviço de
proximidade num centro urbano de menor densidade.
ED 3. MERCADO MUNICIPAL
Reabilitar e dinamizar o Mercado Municipal da vila de Boticas, tendo
em vista a modernização dos equipamentos existentes, a adaptação
às necessidades atuais e o reforço da atividade comercial na vila.
ED 4.
PARQUE DE
CAMPISMO
Expandir o Parque de Campismo de Boticas e a respetiva área
destinada ao acampamento, assegurando a provisão de um serviço
de turismo mais qualificado e atrativo.
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NOME OBJETIVO
ED 5.
CENTRO DE
ACOLHIMENTO
EMPRESARIAL/
CENTRAL DE
CAMIONAGEM
Reabilitar e refuncionalizar o edifício da Central de Camionagem para
a criação do Centro de Acolhimento Empresarial de Boticas,
prestando um serviço de proximidade num centro urbano de menor
densidade, para a promoção do empreendedorismo e do espírito
empresarial.
IM: AÇÕES IMATERIAIS E AÇÕES INOVADORAS DE DESENVOLVIMENTO URBANO SUSTENTÁVEL
IM 1.
PROGRAMA DE
REABILITAÇÃO DO
EDIFICADO
Lançar um programa municipal de promoção à reabilitação do
edificado situado dentro da ARU de Boticas, com vista à atração e
fixação de residentes, à adequação do edificado aos modelos
habitacionais contemporâneos e à eficiência e harmonia na
articulação com as estruturas de espaço públicos e polos dinâmicos
da vila.
IM 2.
ESTRUTURA DE
APOIO À
REABILITAÇÃO
URBANA
Criar uma estrutura municipal integrada de apoio à reabilitação
urbana com competência para a promoção de intervenções de
regeneração e para o acompanhamento dos processos de
reabilitação urbana, de natureza pública ou privada, que decorrem na
vila de Boticas.
IM 3.
PROGRAMA DE
EMPREENDEDORISM
O URBANO
Criar e implementar um programa direcionado para facilitar e
promover a atração, criação e fixação de empresas no centro da vila
de Boticas.
IM 4.
PROGRAMA DE APOIO
AO COMÉRCIO
TRADICIONAL
Criar e implementar um programa de dinamização do comércio
tradicional, focado na elaboração de ações concertadas e em rede,
que permitam propiciar aos clientes e visitantes do núcleo urbano de
Boticas uma experiência completa, numa lógica de verdadeiro centro
de comercial sem paredes.
IM 5.
PROGRAMA DE
MARKETING
TERRITORIAL
Criar e implementar um programa de marketing territorial, capaz de
promover externamente o território, aumentando a sua atratividade e
consolidando a vila de Boticas como polo central de visitação do
espaços envolvente.
Os projetos propostos têm neste momento diferentes níveis de maturação. Enquanto alguns se
encontram numa fase muito próxima da sua implementação, outros corresponderão a propostas
de consolidação de um conjunto de intenções identificadas no decorrer dos trabalhos.
Para cada um dos projetos apresenta-se, neste documento, uma ficha-síntese que inclui a sua
identificação, descrição e impacto nas linhas de orientação estratégica definidas.
A figura seguinte apresenta a localização dos projetos relativos a intervenções físicas (edificado e
espaço público).
PROGRAMA ESTRATÉGICO DE REABILITAÇÃO URBANA
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Figura 5. Localização dos projetos relativos a intervenções físicas.
Fonte: SPI
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3.2 Reabilitação e qualificação do espaço público
EP 1. ESTRADA NACIONAL EN312
OBJETIVO
Qualificar e infraestruturar o segmento urbano da EN312 que atravessa a vila de Boticas e que estabelece
a ligação entre o núcleo central e o aglomerado da Granja, assegurando melhores condições de segurança
e fruição para os diversos utilizadores da via.
DESCRIÇÃO
Fruto do crescimento e expansão da vila de Boticas, foram aglutinadas povoações de génese rural na
malha urbana. Um dos maiores exemplos desta realidade foi a agregação do núcleo da Granja ao perímetro
urbano, bem como os seus acessos, designadamente o troço da EN312. Se num período recente este
segmento da EN312 cumpria adequadamente o seu papel de estrada nacional, hoje em dia, denota clara
desarticulação com a envolvente urbana onde se localiza. Inclusivamente, verifica-se que a própria
morfologia da estrada é indutora do excesso de velocidade rodoviária em ambiente urbano, colocando em
risco a segurança dos moradores e outros utilizadores da via e espaço envolvente.
Neste contexto, o projeto visa infraestruturar e qualificar o troço da EN312 de elementos mais adequados
à vivência urbana. Deverão, pois, ser implementadas medidas de acalmia de tráfego, que incentivem a
redução da velocidade de circulação, como é o caso de alterações físicas à geometria das vias, que
deverão ser complementadas com intervenções ao nível regulamentar e de desenho urbano (alteração de
pavimentos, inserção de mobiliário urbano, elementos de vegetação e iluminação). No fundo, pretende-se
que a EN312 adquira formas urbanas que garantam padrões de utilização da via adaptados ao quotidiano
das vivências diárias da vila.
Em particular, são exemplos de ações de melhoria as seguintes:
: Delimitação de espaço de estacionamento automóvel: ao longo da EN312, verifica-se já o
estacionamento de viaturas automóveis de forma informal ou indevida na berma. Atendendo à
largura da via, torna-se pertinente a explicitação do espaço destinado ao estacionamento, não só
para uma melhor organização, mas também para o estreitamento da faixa de rodagem, aspeto
que condiciona a aceleração;
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: Qualificação dos passeios/faixas pedonais: Apesar da via ser utilizada regularmente por peões e
estarem definidos passeios, estes encontram-se num estado obsoleto e apresentam margem para
melhorias. Deverão ser levadas a cabo intervenções que se traduzam na delimitação, alargamento
ou pavimentação dos passeios, de forma a melhorar as condições de utilização da via.
: Construção de ciclovia: Tendo em conta a largura atual da via e a necessidade de providenciar
condições favoráveis à adoção de meios suaves de mobilidade, considera-se pertinente a
construção de um segmento de ciclovia, em pelo menos um dos lados da via, que assegure a
ligação ciclável entre Boticas e Granja. Este segmento deverá estar articulado com a rede de
ciclovias a implementar ao longo da vila.
IMPACTO NAS LINHAS DE ORIENTAÇÃO ESTRATÉGICA
ECO
ART
URB
TUR
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EP 2. CIRCUITO PEDONAL DE BOTICAS
OBJETIVO
Qualificar e promover o circuito pedonal da vila de Boticas, que garanta a comodidade e segurança dos
peões e que facilite a fruição da população residente e o usufruto de experiências turísticas por visitantes.
DESCRIÇÃO
As recentes operações de reabilitação conferiram a Boticas espaços públicos de excelência para residentes
e visitantes. Inclusivamente há vias, rodoviárias e pedonais, dispostas como que em “circuito”, que
garantem o acesso e interligação entre os vários espaços, seja numa perspetiva de uso quotidiano ou de
visita e contemplação. Apesar disso, este circuito urbano não se encontra definido nem realçado, o que se
constitui como um entrave à fruição da população residente e à valorização das experiências vivenciadas
pelos turistas e visitantes da vila, bem como uma barreira à fluidez e ligação harmoniosa dos vários espaços
constituintes da ARU.
O presente projeto pretende assim definir e dar destaque a este circuito pedonal que circunda o núcleo
central da vila, muito dele estruturado pelo Ribeiro do Fontão. A intervenção passará assim pela qualificação
do espaço público pertencente a este circuito, dotando-o de elementos e estruturas semelhantes e, ao
mesmo tempo, indutoras do ambiente urbano em envolvente rural que Boticas pode providenciar, como
seja o mobiliário urbano, postes de iluminação, pavimento, etc.
IMPACTO NAS LINHAS DE ORIENTAÇÃO ESTRATÉGICA
ECO
ART
URB
TUR
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EP 3. REDE DE CICLOVIAS
OBJETIVO
Dotar Boticas de uma rede urbana de ciclovias, estruturante da circulação, e implementar um serviço
público de bicicletas, a fim de estimular a mobilidade suave em Boticas e promover a articulação entre os
diferentes espaços da vila.
DESCRIÇÃO
A presença de uma rede eficaz de ciclovias é fator não só para a promoção da mobilidade suave, como
também para a ordenação e diminuição do impacto do tráfego rodoviário. Tendo em consideração este
pressuposto, é importante dotar Boticas de uma rede de ciclovias estruturante da circulação diária, que não
sirva apenas fins de natureza turística ou ambiental.
Com a implementação do presente projeto, a rede de ciclovias fará não só a ligação direta entre os
principais pontos da vila, como servirá para unir os diversos aglomerados outrora rurais que foram sendo
aglutinados na malha urbana (e.g. Eiró, Ventuzelos, Sangunhedo etc.). É de salientar que, atendendo a
aspetos como os declives ou os sentidos de circulação, nem sempre estas ligações serão asseguradas
por via dedicada a bicicletas, devendo existir um uso partilhado da via.
Esta ação permitirá a criação de uma rede de mobilidade suave contínua e segura no interior da ARU de
Boticas, composta por percursos mais acessíveis a toda a população, que contribua para uma melhor
articulação das diferentes áreas e equipamentos urbanos, desincentivando a utilização do automóvel. O
projeto envolverá a implementação de medidas ao nível da supressão das barreiras arquitetónicas no
espaço público, de forma a promover a mobilidade condicionada, bem como a eliminação de pontos de
acumulação de acidentes que envolvam peões e ciclistas, através de soluções seguras.
Esta intervenção no espaço público poderá ser acompanhada por um programa de disponibilização de
bicicletas com principal ponto de acesso na Central de Camionagem de Boticas. O modelo de
financiamento deste sistema deverá ser analisado com detalhe, podendo envolver pagamentos parciais
pelos utilizadores (dependentes do nível de utilização), publicidade e outros, no sentido de não onerar
demasiado o orçamento da autarquia. Será, desta forma, facilitada a circulação ciclável, estando acessível
para residentes e também para visitantes.
IMPACTO NAS LINHAS DE ORIENTAÇÃO ESTRATÉGICA
ECO
ART
URB
TUR
PROGRAMA ESTRATÉGICO DE REABILITAÇÃO URBANA
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EP 4. RIBEIRO DO FONTÃO
OBJETIVO
Concluir o corredor verde em torno do Ribeiro do Fontão, consolidando a estrutura ecológica da vila e
estabelecendo ligações e permeabilidades com a sua envolvente.
DESCRIÇÃO
O Ribeiro do Fontão, que atravessa o centro da vila de Boticas, encerra um grande potencial para se
assumir enquanto o principal corredor ecológico da vila. Este projeto tem em vista o reforço e concretização
dessa potencialidade.
Nos períodos mais recentes, o Ribeiro do Fontão tem sido alvo de intervenções bem-sucedidas no que
concerne à sua qualificação. Os espaços públicos atravessados pelo Ribeiro foram enriquecidos por
espaços verdes estrategicamente concebidos e as margens foram naturalizadas, tendo em vista a
concretização de um espaço de equilíbrio ambiental e paisagístico. Na verdade, a rede verde construída
em torno da Ribeira do Fontão é um exemplo paradigmático da constituição de corredores ecológicos em
estreita articulação com as zonas urbanas envolventes.
Apesar da qualidade das intervenções já efetuadas, o espaço envolvente do Ribeiro do Fontão apresenta
ainda zonas descaracterizadas, sobretudo na zona norte, ainda dentro do perímetro urbano. O canal
atravessa terrenos privados que não se encontram convenientemente adequados à sua passagem,
provocando situações de conflito e fragmentação com a rede verde qualificada da parte sul da vila e de
subaproveitamento do potencial ecológico do Ribeiro do Fontão.
Neste sentido, pretende-se a expansão da renaturalização das margens do Ribeiro para norte, com a
criação de um parque verde marginal que complete o corredor ecológico. De assinalar também que a
expansão do parque do Ribeiro do Fontão neste sentido permitirá melhorias consideráveis para a
articulação de vários espaços urbanos, atualmente desconexos. Especificamente, a partir do corredor
verde, articular-se-á uma ligação mais eficaz entre o núcleo central da vila com os aglomerados de génese
rural, com especial destaque a Sangunhedo, pela sua proximidade. A intervenção proposta pretende dar
continuidade a um projeto anterior que imprimiu a necessária dinâmica ecológica na vila de Boticas.
IMPACTO NAS LINHAS DE ORIENTAÇÃO ESTRATÉGICA
ECO
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TUR
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3.3 Reabilitação e refuncionalização de edifícios
D 1. ESPAÇO INTERGERAÇÕES E CASA DAS ASSOCIAÇÕES/ COOPERATIVA DA BATATA
OBJETIVO
Reabilitar a antiga sede da Cooperativa da Batata e refuncionalizar o edifício de modo a acolher o Espaço
Integerações e a Casa das Associações, equipamentos sociais de grande valor para as comunidades
locais.
DESCRIÇÃO
O presente projeto pretende requalificar o antigo edifício sede da Cooperativa da Batata para desempenhar
funções de cariz social e associativo. Atualmente, o edifício da Cooperativa da Batata, situado no segmento
da EN312 que liga o núcleo central da vila com o aglomerado da Granja, encontra-se abandonado, sem
qualquer uso funcional. Acresce a esta situação o facto de o edifício se localizar numa zona que oferece
uma vista panorâmica agradável para a envolvente natural de Boticas e bastante próximo de equipamentos
importantes da vila (e.g. Pavilhão Multiusos, Piscinas Municipais, etc.).
Tendo em consideração o valor subaproveitado deste edifício e o potencial que encerra, quer pela sua
dimensão estrutural, quer pela posição geográfica que detém, pretende-se refuncionalizar a Cooperativa
da Batata para acolher as seguintes valências:
: Espaço interagerações: Adaptando o interior do edifício, será possível dinamizar um conjunto de
atividades programadas para o público sénior e para o público jovem. Poderão ser
disponibilizadas uma multiplicidade de programas de atividades lúdicas e educativas (sessões de
inglês, yoga, pintura, teatro, música, dança, workshops científicos, etc.);
: Casa das associações: Considerando o papel determinante das associações locais para a
dinamização social e cultural das comunidades, pretende-se dotar o edifício das condições
adequadas para servir de espaço de acolhimento das diversas associações culturais, juvenis,
recreativas e etnográficas do concelho. O espaço será segmentado em diversas salas que
servirão de sede para os corpos dirigentes das associações se reunirem, depositarem os seus
recursos e materiais e dinamizarem atividades vocacionadas para a comunidade, assegurando a
execução de uma agenda cultural municipal densa, ativa e articulada com a sociedade civil.
Importa referir que, perante o estado atual do edifício, serão necessárias intervenções profundas de
reabilitação, que assegurem condições de segurança e salubridade adequadas às exigências
contemporâneas. O espaço exterior adjacente ao edifício deve também ser incluído no projeto de
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ESTRATÉGIA TERRITORIAL E OPERACIONAL E DEFINIÇÃO DA ORU
34
reabilitação, atendendo à sua dimensão e potencial para se constituir enquanto um espaço verde para
acolher eventos culturais e recreativos ao ar livre ou mero espaço de contemplação para a paisagem de
montanha.
IMPACTO NAS LINHAS DE ORIENTAÇÃO ESTRATÉGICA
ECO
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ESTRATÉGIA TERRITORIAL E OPERACIONAL E DEFINIÇÃO DA ORU
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ED 2. LOJA DO CIDADÃO/TRIBUNAL
OBJETIVO
Reabilitar e refuncionalizar o edifício do antigo Tribunal para instalação da Loja do Cidadão de Boticas,
prestando um serviço de proximidade num centro urbano de menor densidade.
DESCRIÇÃO
O conceito de Loja do Cidadão consiste na agregação de balcões de atendimento presencial de vários
serviços, públicos e privados, num só espaço, tendo subjacente uma lógica de one-stop-shop. As
experiências de Loja do Cidadão realizadas em grandes centros urbanos de Portugal traduziram-se em
resultados muito positivos, tanto do ponto de vista da gestão eficiente de recursos a partir do princípio de
economias de aglomeração, como do ponto de vista da satisfação e comodidade dos utentes, que num
só lugar podem resolver muitos assuntos com as várias instituições presentes.
No período atual, são já entendidas as vantagens do modelo de Loja do Cidadão para territórios de baixa
densidade, sobretudo os que mais distantes se encontram dos centros de decisão e dos aglomerados
urbanos de maior especialização. Além disso, perante uma estrutura populacional mais envelhecida, que
se caracteriza por uma maior dependência de serviços públicos e, em muitos casos, por uma iliteracia
institucional e digital, a Loja do Cidadão encerra um conjunto de oportunidades para a prestação de um
serviço que se paute pela qualidade do atendimento de mínima onerosidade para o utente.
O presente projeto prevê assim a instalação de uma Loja do Cidadão no centro da vila de Boticas.
Especificamente, a Loja do Cidadão de Boticas funcionará nas antigas instalações do Tribunal de Boticas
(onde se localizam outros serviços públicos e administrativos da vila) em plena praça do Município, centro
cívico e identitário da vila. A instalação da loja do Cidadão de Boticas vem refuncionalizar um edifício com
a provisão de um serviço publicamente valorizado pela população e organizações de Boticas.
O projeto prevê as seguintes linhas de orientação para a sua concretização:
: Reabilitação física do edifício: A Loja do Cidadão será instalada no antigo edifício do Tribunal de
Boticas. Muito embora não esteja previsto um redesenho do edifício, é certamente necessário
proceder a intervenções físicas que dotem o edifício de condições para acolher as novas
funcionalidades. Inserem-se neste campo ações como reconstrução interna, reboco de paredes,
adequação das coberturas, etc.;
: Infraestruturação do edifício: Dada a antiguidade do edifício, é certamente necessário dotá-lo de
infraestruturadas adequadas aos padrões atuais de vivência urbana, bem como de condições de
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ESTRATÉGIA TERRITORIAL E OPERACIONAL E DEFINIÇÃO DA ORU
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segurança e comodidade em estabelecimentos públicos que obedeçam aos parâmetros de
higiene e segurança (canalização, eletricidade, sistemas de climatização e refrigeração, espaços
sanitários, saídas de emergência, etc.);
: Aquisição de mobiliário e equipamentos: De modo a providenciar a prestação do melhor serviço
ao utente, a aquisição de mobiliário e equipamentos para o acolhimento dos vários serviços é
etapa essencial. Incluem-se neste campo os elementos constituintes dos balcões de atendimento,
salas de espera, gabinetes administrativos e de atendimento individual, sistemas de gestão de
filas de espera, etc.;
: Promoção do novo serviço: Numa fase inicial, os promotores da iniciativa deverão investir em
esforços na disseminação do novo serviço, promovendo-o não só através dos meios institucionais
de comunicação, mas também nas redes sociais e outros serviços públicos associados.
No contexto da regeneração urbana de Boticas, este projeto apresenta vantagens em diversas vertentes.
Em primeiro lugar, reconverterá um edifício no centro da vila, aproveitando as dinâmicas urbanas já
existentes no espaço. Em segundo lugar, é expectável que a Loja do Cidadão gere um número considerável
de deslocações diárias, que se traduz num maior dinamismo para vila. Por fim, a Loja do Cidadão é um
modo a partir do qual se pode estabelecer uma aproximação entre os serviços públicos centrais e as
populações residentes em espaços de menor densidade.
IMPACTO NAS LINHAS DE ORIENTAÇÃO ESTRATÉGICA
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ED 3. MERCADO MUNICIPAL
OBJETIVO
Reabilitar e dinamizar o Mercado Municipal da vila de Boticas, tendo em vista a modernização dos
equipamentos existentes, a adaptação às necessidades atuais e o reforço da atividade comercial na vila.
DESCRIÇÃO
O Mercado Municipal é um equipamento público da vila de Boticas que, pela sua posição central e potencial
para o desempenho de funções urbanas e económicas de valor, assume um papel de relevo para a
estruturação da dinâmica urbana. Constata-se porém que o esmorecimento da atividade económica e a
falta de dinamismo demográfico tem levado a um progressivo abandono e falta de modernização das
estruturas. Neste contexto, o presente projeto pretende a revitalização do Mercado Municipal de Boticas. A
requalificação terá em vista a otimização dos espaços existentes, a melhoria da atratividade com vista ao
aumento da procura, e a beneficiação das suas condições de suporte à atividade comercial. Ao nível dos
aspetos operacionais e de logística deverão ser analisados e reformulados/requalificados, por exemplo, o
sistema de acesso logístico, de cargas e descarga, os sistemas de recolha e depósito de resíduos, os
sistemas de refrigeração, ou mesmo os serviços de fiscalização e veterinário.
O projeto de requalificação do mercado deverá integrar um novo conceito para o comércio local tradicional,
de modo a adaptar-se às necessidades e tendências atuais, procurando aproximar os produtores e os
produtos de qualidade dos consumidores finais. Esta intervenção não deverá ser entendida de uma forma
isolada, mas em articulação com o comércio localizado nas ruas adjacentes.
Por essa razão, associada à reabilitação física deverá constar a dinamização de um conjunto de ações de
dinamização dentro do mercado, que poderão passar pela disponibilização e abertura de espaços
temáticos para o desenvolvimento de atividades de cariz inovador, que funcionem numa lógica de montra
de atividades artesanais e de cultura do Concelho. Concretamente, poderão ser desenvolvidas ações de
redecoração temática do espaço comercial, exposições e troca de saberes sobre artes locais ou ações de
animação, por forma a criar experiências sensoriais, culturais e de lazer.
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ED 4. PARQUE DE CAMPISMO
OBJETIVO
Expandir o Parque de Campismo de Boticas e a respetiva área destinada ao acampamento, assegurando
a provisão de um serviço de turismo mais qualificado e atrativo.
DESCRIÇÃO
A aposta de Boticas para se assumir como um território turisticamente atrativo, envolve necessariamente a
dotação e qualificação do território com equipamentos estruturantes de suporte à atividade turística,
designadamente, aqueles que facilitem a estada no território. Tendo em consideração o turismo de natureza
e o turismo de aventura como segmentos-chave para o desenvolvimento de uma economia assente no
turismo em Boticas, o Parque de Campismo de Boticas situado dentro dos limites urbanos da vila assume-
se como infraestrutura de apoio e promoção da atratividade e visibilidade turística do território.
Neste contexto, a expansão do Parque de Campismo de Boticas tanto responde convenientemente à
problemática de sobrelotação com que se tem deparado nos últimos anos, como se traduz também na
provisão de um serviço de turismo mais qualificado e atrativo. Tendo em consideração o solo e morfologia
da envolvente, constata-se que a expansão deverá ser feita para norte por ser o local que apresenta
melhores condições para a vivência de experiências de natureza e que oferece uma vista panorâmica de
exceção para toda a vila de Boticas.
O processo de expansão deverá obedecer a todos os critérios normativos inerentes e observar todas as
condicionantes associadas, designadamente, a aquisição dos terrenos (se aplicável). Por outro lado, a
ampliação do Parque de Campismo constitui-se como uma estratégia de conservação e valorização da
riqueza natural do município, estimulando nos seus utilizadores comportamentos favoráveis à lógica de
preservação e sustentabilidade ambiental.
À expansão do Parque deverá estar associado o reforço da qualificação dos equipamentos e serviços
turísticos que disponibiliza aos utilizadores, uma intervenção que é certamente mais ambiciosa e de maior
valor acrescentado do que a simples ampliação da área física reservada ao campismo.
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ED 5. CENTRO DE ACOLHIMENTO EMPRESARIAL/ CENTRAL DE CAMIONAGEM
OBJETIVO
Reabilitar e refuncionalizar o edifício da Central de Camionagem para a criação do Centro de Acolhimento
Empresarial de Boticas, prestando um serviço de proximidade num centro urbano de menor densidade,
para a promoção do empreendedorismo e do espírito empresarial.
DESCRIÇÃO
Com vista à promoção do empreendedorismo e do espírito empreendedor na vila, o presente projeto visa
a dotação de Boticas de um espaço de co-working, enquanto estrutura diferenciadora de apoio à criação
e consolidação de iniciativas empresariais. Concretamente, o espaço a criar será um lugar facilitador da
instalação de empresas que intervenham diretamente na promoção do dinamismo económico de Boticas,
gerando riqueza e emprego.
A Central de Camionagem de Boticas é o espaço da vila que detém as características mais favoráveis para
acolher o Centro de Acolhimento Empresarial, na medida em que se localiza no núcleo central da vila,
encontra-se próxima de organizações e serviços de suporte à atividade empresariais (ex.: Bancos, serviço
de Finanças, equipamentos hoteleiros, etc.), dispõe de boas acessibilidades e possui espaços
desocupados aptos para se constituírem enquanto sedes das entidades a apoiar.
Atendendo ao estado atual do edifício, a criação deste espaço de co-working deverá ser precedida da
necessária reabilitação dos espaços interiores, cobertura e caixilharia, a fim de criar um espaço confortável
e adequado para a instalação de iniciativas empresariais.
Note-se que a criação deste espaço constitui-se como um complemento à política de promoção económica
de Boticas, disponibilizando estruturas para a atração de startups e pequenas empresas, em contraste com
a oferta de espaços para a instalação de grandes unidades industriais, gerando condições mais
competitivas no território para a fixação de empresas geradoras de valor.
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ESTRATÉGIA TERRITORIAL E OPERACIONAL E DEFINIÇÃO DA ORU
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3.4 Ações imateriais e ações inovadoras de desenvolvimento
urbano sustentável
IM 1. PROGRAMA DE REABILITAÇÃO DO EDIFICADO
OBJETIVO
Lançar um programa municipal de promoção à reabilitação do edificado situado dentro da ARU de Boticas,
com vista à atração e fixação de residentes, à adequação do edificado aos modelos habitacionais
contemporâneos e à eficiência e harmonia na articulação com as estruturas de espaço públicos e polos
dinâmicos da vila.
DESCRIÇÃO
Nos territórios de baixa densidade, a atração e fixação de população adquire um papel estruturante na
manutenção e renovação do sistema urbano que, acoplado com a manutenção de funções económicas e
urbanas tradicionais (habitação, comércio e serviços) e a fixação de funções diferenciadas, possibilitam a
valorização dos seus centros tradicionais como elementos de identidade urbana. Para além dos projetos
propostos de carácter material, importa desenvolver um conjunto de medidas que desincentivem a
edificação nova e definam as medidas necessárias para a proteção e conservação do edificado existente.
O presente projeto visa a criação e dinamização de um conjunto inovador de iniciativas, incentivos e
instrumentos financeiros adequados ao fomento da reabilitação urbana, sob a forma de um programa
integrado, que contribua para a facilitação e aceleração de ações de reabilitação de edificado degradado
na vila de Boticas, que poderá incluir, entre outras, a promoção de medidas específicas de apoio ao
arrendamento, nomeadamente iniciativas “reabilitar para arrendar” que preveem a atribuição de incentivos
à recuperação de edifícios para habitação; incentivos à colocação de fogos devolutos no mercado de
arrendamento; e a criação e apoio à implementação de instrumentos financeiros direcionados para a
reabilitação. O programa deverá incidir prioritariamente em áreas onde se concentrem os principais
problemas de degradação, ruína e abandono, face à idade avançada do edificado.
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IM 2. ESTRUTURA DE APOIO À REABILITAÇÃO URBANA
OBJETIVO
Criar uma estrutura municipal integrada de apoio à reabilitação urbana com competência para a promoção
de intervenções de regeneração e para o acompanhamento dos processos de reabilitação urbana, de
natureza pública ou privada, que decorrem na vila de Boticas.
DESCRIÇÃO
Em Boticas, cabe à estrutura interna da Câmara Municipal gerir matérias associadas à reabilitação urbana
do centro da vila. Tendo em consideração a relevância e complexidade dos processos de regeneração
urbana, pretende-se criar uma estrutura de apoio dedicada a acompanhar privados e outras organizações
em ações de regeneração urbana em Boticas.
A ideia é criar, no quadro da orgânica municipal, uma unidade multidisciplinar responsável por definir, gerir
e monitorizar as ações de intervenção preconizadas em Boticas, garantindo o seu regular progresso,
segundo uma lógica coerente e articulada, com objetivos, orçamentos e calendários claramente definidos.
A estrutura de apoio será também a entidade responsável por interagir com todos os stakeholders
relevantes para a reabilitação urbana. Do ponto de vista operacional, deverá ainda ser incluída a prestação
de apoio técnico para a auto-reabilitação, dando resposta a necessidades que possam surgir por parte de
residentes e investidores.
A estrutura terá, assim, um papel fundamental na criação de uma dinâmica própria no processo de
recuperação do património edificado e na qualificação da vida urbana da vila. Do mesmo modo, contribuirá
para transformar e melhorar não só o perfil urbanístico e arquitetónico da vila, mas também para estimular
o desenvolvimento sustentável e energeticamente eficiente, atuando no sentido de melhorar a qualidade
de vida dos residentes e vivências experienciadas por visitantes.
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PROGRAMA ESTRATÉGICO DE REABILITAÇÃO URBANA
ESTRATÉGIA TERRITORIAL E OPERACIONAL E DEFINIÇÃO DA ORU
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IM 3. PROGRAMA DE EMPREENDEDORISMO URBANO
OBJETIVO
Criar e implementar um programa direcionado para facilitar e promover a atração, criação e fixação de
empresas no centro da vila de Boticas.
DESCRIÇÃO
É condição para o desenvolvimento da vila de Boticas a sua capacidade para atrair e fixar atividades
económicas. A produção de riqueza e a criação de emprego são, sem margem de dúvida, aspetos
essenciais para um centro urbano que pretenda atrair população e assumir um papel polarizador no
contexto territorial em que se insere. Deste modo, o estímulo de iniciativas empreendedoras, que dinamizem
a economia local, deve ser assumido enquanto prioridade estratégica para o desenvolvimento urbano.
Importa, por isso, criar condições que facilitem a atração, criação e fixação de empresas no centro antigo
da vila, contribuindo para a geração de novas dinâmicas neste território.
Pretende-se com este projeto criar um serviço de apoio ao empreendedorismo em Boticas, que envolverá
a disponibilização de aconselhamento às empresas que se instalem em Boticas, de modo a que sejam
apoiadas na fase crucial do seu lançamento. Será dada preferência a unidades que se instalem no centro
antigo da vila, nomeadamente na estrutura criada no âmbito do projeto “ED 5. Centro de Acolhimento
Empresarial”.
O serviço de apoio ao empreendedorismo permitirá contribuir efetivamente para o sucesso das novas
empresas, ajudando na elaboração de planos de negócios e estratégias, na definição de políticas de
marketing e em outros aspetos necessários.
IMPACTO NAS LINHAS DE ORIENTAÇÃO ESTRATÉGICA
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IM 4. PROGRAMA DE APOIO AO COMÉRCIO TRADICIONAL
OBJETIVO
Criar e implementar um programa de dinamização do comércio tradicional, focado na elaboração de ações
concertadas e em rede, que permitam propiciar aos clientes e visitantes do núcleo urbano de Boticas uma
experiência completa, numa lógica de verdadeiro centro de comercial sem paredes.
DESCRIÇÃO
A vila de Boticas assume um papel polarizador e aglutinador no contexto concelhio, sendo que é em
particular na sua zona central que se destaca a presença mais forte de estabelecimentos comerciais.
Contudo, acompanhando as tendências verificadas nos territórios de baixa densidade e na generalidade
dos centros urbanos portugueses, tem-se vindo a denotar um abrandamento da atividade e dinamismo
comercial no núcleo central da vila.
Considerando esta realidade, os projetos previstos no presente programa estratégico pretendem contribuir
para reverter esta situação através de intervenções ao nível da qualificação do espaço público, da
dinamização de equipamentos e da criação de percursos confortáveis e seguros, concorrendo para dotar
Boticas de uma imagem comercial atrativa e renovada. A criação destas condições contribuirá para
aproximar um conjunto alargado de equipamentos e serviços geradores de fluxos e viagens, e, por
conseguinte, estimulará a fixação e dinamização de atividades que contribuam para a atração de população
e para a geração de emprego.
Complementando as intervenções infraestruturais, o projeto aqui proposto contempla a elaboração e
implementação de um programa integrado de promoção e dinamização das zonas comerciais de Boticas,
incidindo especialmente no Mercado Municipal e zona comercial envolvente. Deste modo, prevê-se a
realização de ações concertadas e em rede, envolvendo os comerciantes, proprietários e associações,
tendentes à dinamização do comércio tradicional, numa lógica de “centro de comercial urbano”.
Por consequência, o setor privado desempenha um papel-chave na execução deste projeto, cabendo à
Câmara Municipal o papel de agente facilitador e coordenador das iniciativas propostas. As sinergias a
criar entre comerciantes e o município poderão ter como resultado desejável a implementação do conceito
de “centro comercial urbano” que extravasa a mera vertente comercial, integrando também atividades de
cariz cultural e social.
PROGRAMA ESTRATÉGICO DE REABILITAÇÃO URBANA
ESTRATÉGIA TERRITORIAL E OPERACIONAL E DEFINIÇÃO DA ORU
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Nesta medida, em estreita colaboração com os comerciantes locais, as iniciativas a desenvolver poderão
assumir a forma de:
: Pacotes promocionais: Entre estabelecimentos que comercializem produtos e serviços
diferenciados e/ou complementares, será determinado um pacote promocional que permitirá ao
cliente obter um desconto na aquisição dos vários produtos ou serviços. Esta atividade poderá
ser dinamizada com apoio da Câmara Municipal e/ou da Associação Empresarial do Alto Tâmega;
: Concurso de vitrinismo: Com um regime periódico a definir, a Câmara Municipal dinamizará um
concurso de vitrinismo dirigido aos estabelecimentos comerciais localizados no núcleo central.
Esta ação visa um maior dinamismo comercial e um aumento da afluência de visitantes,
estimulados pelas montras a concurso;
: Dinamização cultural em espaço público: Periodicamente, a Câmara Municipal promoverá eventos
culturais em espaço público, patrocinados pelos empresários locais, com o objetivo de atrair
visitantes que, uma vez na zona, estarão mais propensos ao consumo.
Em suma, é de esperar que o programa de apoio ao comércio tradicional que se propõe: (a) assegure o
bem-estar dos clientes, adequando estruturas e equipamentos no sentido de proporcionar a necessária
comodidade e fruição, (b) fidelize os consumidores locais, por via da qualidade da oferta e do serviço
prestado e (c) atraia consumidores externos, essencialmente através da criação de uma proposta de valor
agregada que integre elementos diferenciados.
IMPACTO NAS LINHAS DE ORIENTAÇÃO ESTRATÉGICA
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PROGRAMA ESTRATÉGICO DE REABILITAÇÃO URBANA
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IM 5. PLANO DE MARKETING TERRITORIAL
OBJETIVO
Criar e implementar um programa de marketing territorial, capaz de promover externamente o território,
aumentando a sua atratividade e consolidando a vila de Boticas como polo central de visitação do espaços
envolvente.
DESCRIÇÃO
A diversidade natural e especificidades paisagísticas existentes em Boticas são, por si só, elementos de
grande potencial no aumento da notoriedade externa do concelho que devem, contudo, ser
complementados com um Plano de Marketing estruturante. Este plano, focado nos elementos
diferenciadores de potencial turístico e económico, deverá ser capaz de, por um lado, imprimir o dinamismo
socioeconómico desejado e, por outro, dotar o concelho de uma atratividade renovada, capaz de atrair e
incentivar a visitação e permanência de turistas nacionais e internacionais, com recurso a uma programação
atrativa, organizada e associada a um conjunto de equipamentos de relevo para esse fim.
O Plano de Marketing Territorial deverá, numa primeira instância, ser capaz de criar uma imagem de marca
do território, que traduza visualmente aqueles que são os elementos e valores caraterísticos e intrínsecos
de Boticas. Esta imagem deverá estar presente em todos os elementos de comunicação e promoção do
concelho. Tal contribuirá, desde logo, para a formulação de uma identidade territorial, amplamente
compreendida e diferenciadora de Boticas dos territórios concorrentes.
Importa destacar que Boticas tem demonstrado um desempenho acima da média no que diz respeito à
presença em novos canais de comunicação. Com atualização frequente, a Câmara Municipal de Boticas
tem uma presença ativa no Twitter, Facebook e YouTube e possui ainda um serviço de newsletter eletrónica
(enviada por e-mail). Atendendo à utilização já institucionalizada deste tipo de ferramentas pela Câmara
Municipal, considera-se que tal pode ser ainda mais rentabilizado, se alinhado segundo uma estratégia de
marketing e de promoção da visibilidade do território para públicos específicos.
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PROGRAMA ESTRATÉGICO DE REABILITAÇÃO URBANA
ESTRATÉGIA TERRITORIAL E OPERACIONAL E DEFINIÇÃO DA ORU
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3.5 Síntese
Não obstante os projetos poderem ser mais identificados com uma Linha de Orientação
Estratégica, apresentam transversalidade em relação à concretização da estratégia de
desenvolvimento. Neste sentido, é possível estruturar uma matriz onde se identificam os diferentes
níveis de correlação entre os projetos estruturantes e as Linhas de Orientação Estratégicas (ver
Tabela 4).
Tabela 4. Síntese dos impactos dos diferentes projetos propostos nas Linhas de Orientação Estratégica
# IDENTIFICAÇÃO ECO ART URB TUR
EP 1. ESTRADA NACIONAL EN312
EP 2. CIRCUITO PEDONAL DE BOTICAS
EP 3. REDE DE CICLOVIAS
EP 4. RIBEIRO DO FONTÃO
ED 1.
ESPAÇO INTERGERAÇÕES E CASA DAS
ASSOCIAÇÕES/ COOPERATIVA DA
BATATA
ED 2. LOJA DO CIDADÃO/TRIBUNAL
ED 3. MERCADO MUNICIPAL
ED 4. PARQUE DE CAMPISMO
ED 5.
CENTRO DE ACOLHIMENTO
EMPRESARIAL/
CENTRAL DE CAMIONAGEM
IM 1. PROGRAMA DE REABILITAÇÃO DO
EDIFICADO
IM 2. ESTRUTURA DE APOIO À REABILITAÇÃO
URBANA
IM 3. PROGRAMA DE EMPREENDEDORISMO
URBANO
IM 5. PROGRAMA DE APOIO AO COMÉRCIO
LOCAL
IM 5. PROGRAMA DE MARKETING
TERRITORIAL
PROGRAMA ESTRATÉGICO DE REABILITAÇÃO URBANA
ESTRATÉGIA TERRITORIAL E OPERACIONAL E DEFINIÇÃO DA ORU
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4.
MODELO INSTITUCIONAL
PROGRAMA ESTRATÉGICO DE REABILITAÇÃO URBANA
ESTRATÉGIA TERRITORIAL E OPERACIONAL E DEFINIÇÃO DA ORU
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4 MODELO INSTITUCIONAL
4.1 Modelo de gestão e de execução
De acordo com o Regime Jurídico da Reabilitação Urbana, as Operações de Reabilitação Urbana
devem ser coordenadas e geridas por uma entidade gestora3. Esta entidade gestora poderá
assumir dois tipos distintos: uma empresa do setor empresarial local ou o próprio Município4.
Neste caso, será o Município de Boticas a assumir diretamente as funções de entidade gestora da
presente Operação de Reabilitação Urbana. Note-se que, apesar de ser de iniciativa da Câmara
Municipal, o sucesso da ORU implicará uma forte articulação e corresponsabilização com
proprietários, demais titulares de direitos sobre edifícios e atores relevantes no interior da ARU.
Será por isso importante desenvolver esforços de coordenação e procurar complementaridades
entre diferentes intervenientes, tendo por objetivo uma confluência de interesses entre as várias
ações de iniciativa pública e entre estas e as ações de iniciativa privada, permitindo, em diversos
projetos, a concretização de parcerias de diverso tipo, cuja possibilidade está consignada no
regime jurídico já referido.
4.2 Gabinete de reabilitação urbana
Atendendo às exigências da implementação de uma Operação de Reabilitação Urbana Sistemática
e ao facto de o Município assumir diretamente as funções de entidade gestora da Operação de
Reabilitação Urbana do centro urbano de Boticas, propõe-se que a Câmara Municipal possa
organizar os seus serviços relacionados com a reabilitação urbana de forma a poder apresentar
um Gabinete de Reabilitação Urbana.
A este propósito importa referir que, de acordo com o RJRU, “quando a entidade gestora da
operação de reabilitação urbana for o município, pode ser criada uma unidade orgânica flexível,
interna ao município e constituída especialmente para apreciar o procedimento simplificado de
controlo prévio, nos termos da alínea a) do artigo 7º e dos artigos 8º e 10º do Decreto-Lei no
305/2009, de 23 de outubro”.
O RJRU refere ainda que “a unidade orgânica flexível deve integrar técnicos com as competências
funcionais necessárias à apreciação de todo o procedimento de comunicação prévia,
nomeadamente as necessárias para a análise da conformidade das operações urbanísticas com as
normas legais e regulamentares aplicáveis”.
3 RJRU, Artigo 9. º
4 RJRU, Artigo 10. º
PROGRAMA ESTRATÉGICO DE REABILITAÇÃO URBANA
ESTRATÉGIA TERRITORIAL E OPERACIONAL E DEFINIÇÃO DA ORU
49
Neste caso, “o presidente da câmara municipal ou os vereadores, se houver delegação de
competências nestes, podem delegar ou subdelegar, consoante os casos, no dirigente responsável
pela unidade orgânica flexível a competência para admitir ou rejeitar a comunicação prévia”.
O desenvolvimento dos projetos propostos no âmbito da ORU beneficiará da existência de uma
estrutura multidisciplinar que permita definir e acompanhar as intervenções, numa lógica coerente
e articulada, assegurando a coordenação de diferentes aspetos e especialidades com elevada
complexidade técnica.
Procurando otimizar os recursos existentes, o Gabinete de Reabilitação Urbana estará integrado na
autarquia, podendo articular-se com as estruturas já existentes no município numa lógica matricial,
acomodando-se, por exemplo, na Divisão de Gestão e Administração do Território.
Este Gabinete de Reabilitação Urbana terá como responsabilidade assegurar a implementação dos
benefícios associados à ARU, assim como a agilização dos processos de reabilitação,
nomeadamente no que se relaciona com os procedimentos internos da autarquia.
De salientar que será fundamental que o Gabinete de Reabilitação Urbana assuma uma postura
ativa na promoção da intervenção dos residentes e de outros atores privados, no sentido da
promoção da reabilitação, mantendo a coerência prevista na intervenção. São, desde já, questões
a destacar:
: Identificação e captação de possíveis investidores;
: Criação de uma “bolsa de imóveis” no centro urbano, identificando edifícios de intervenção
prioritária;
: Estabelecimento de acordos com fornecedores de materiais no sentido de os conseguir a
preços reduzidos;
: Montagem de uma bolsa de projetistas e de empresas construtoras na área da reabilitação;
: Estabelecimento de protocolos com instituições bancárias de referência;
: Desenvolvimento de programas específicos de apoio à reabilitação e ao arrendamento;
: Envolvimento e auscultação dos proprietários e atores locais;
: Divulgação e disseminação de apoios e oportunidades de financiamento, entre outros.
Importa referir que será da responsabilidade deste Gabinete a realização do acompanhamento e
avaliação da Operação de Reabilitação Urbana. Deste modo deverá elaborar anualmente um
relatório de monitorização de operação de reabilitação em curso, o qual deve ser submetido à
apreciação da Câmara Municipal e da Assembleia Municipal.
Será obrigatório que, a cada cinco anos de vigência da operação de reabilitação urbana, a Câmara
Municipal submeta à apreciação da Assembleia Municipal não só um relatório de avaliação da
execução da operação, como também, se for caso disso, uma proposta de alteração do respetivo
instrumento de programação.
PROGRAMA ESTRATÉGICO DE REABILITAÇÃO URBANA
ESTRATÉGIA TERRITORIAL E OPERACIONAL E DEFINIÇÃO DA ORU
50
4.3 Envolvimento e mobilização de parceiros
No quadro de uma ORU de natureza sistemática, o envolvimento, mobilização e efetiva participação
de diferentes atores deverá tornar-se charneira dos investimentos previstos e de outros que
poderão ser propostos durante a execução da operação de reabilitação.
Dentro deste enquadramento, caberá ao Município a ponderação sobre as entidades que terão um
papel fundamental na operação de reabilitação, assim como dos diferentes atores que nela
deverão ser envolvidos para a materialização dos vários projetos estruturantes. Neste processo de
ponderação, é fundamental uma postura de negociação ativa com as entidades e atores a envolver,
no sentido de clarificar as vantagens de uma operação de reabilitação com a natureza daquela que
é proposta.
Desde já, considerando os projetos estruturantes propostos, podem ser identificados algumas
entidades privadas relativas a atores sociais com uma presença fundamental na vila e Município de
Boticas, de entre outros, os seguintes:
: Infraestruturas de Portugal, S.A.;
: Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, I.P.;
: Agrupamento de Escolas de Gomes Monteiro;
: Santa Casa da Misericórdia de Boticas;
: Instituições bancárias;
: Empresários notáveis;
: Empresas prestadoras de serviços de transporte (ex.: Auto Viação do Tâmega);
: Associações sediadas no município.
Ainda se deverão destacar todos os proprietários ou detentores de direitos sobre o edificado ou
áreas não edificadas, que são, desde logo, potenciais interessados na participação da presente
ORU.
Neste contexto, o modelo de governação coerente com a ORU sistemática de Boticas é aquele
que, por um lado, é competente para operacionalizar a estratégia territorial e, por outro lado, capaz
de envolver vinculativamente todos as organizações e agentes interessados no processo de
formulação e implementação da intervenção.
PROGRAMA ESTRATÉGICO DE REABILITAÇÃO URBANA
ESTRATÉGIA TERRITORIAL E OPERACIONAL E DEFINIÇÃO DA ORU
51
PRAZO, INVESTIMENTO E FINANCIAMENTO
5.
PROGRAMA ESTRATÉGICO DE REABILITAÇÃO URBANA
ESTRATÉGIA TERRITORIAL E OPERACIONAL E DEFINIÇÃO DA ORU
52
5 PRAZO, INVESTIMENTO E FINANCIAMENTO
5.1 Prazo de execução
A ORU proposta foi definida como tendo um prazo de execução de 10 anos, estimando-se que as
intervenções propostas ocorram entre 2016 e 2026.
Este prazo poderá ser prorrogado até um máximo de 15 anos a contar da data da respetiva
aprovação.
Tendo em conta o prazo alargado para a execução integral da ORU, deverá ser promovida a
monitorização e o acompanhamento da execução da operação, designadamente no que concerne
à prossecução dos objetivos estratégicos. Esta monitorização deverá estar a cargo do Gabinete de
Reabilitação Urbana anteriormente proposto.
5.2 Estimativa de investimento
Nesta secção são apresentados os principais aspetos orçamentais relativos à implementação dos
Projetos Estruturantes. Estes aspetos serão relevantes na subsequente análise das possíveis fontes
de financiamento, a partir do seu provável enquadramento nas diretrizes estratégicas regionais para
o próximo quadro comunitário.
A elaboração das estimativas orçamentais foi realizada de forma diferenciada de acordo com a
informação disponível e o estado de maturação dos projetos.
Assim, se nos projetos com um estado de maturação mais avançado, foi possível à Câmara
Municipal fazer uma estimativa orçamental mais detalhada (por vezes baseada em projetos de
execução disponíveis), noutros casos foi necessário estabelecer um conjunto de pressupostos com
base em elementos indicativos e apoiados em informação financeira disponível em projetos
semelhantes, considerando os custos unitários ou por adição das várias componentes dos
projetos. As estimativas apresentadas são meramente indicativas.
Atendendo à prevalência de alguns elementos de incerteza associada à maturidade dos projetos e
aos pressupostos assumidos, a estimativa orçamental encontra-se apresentada em intervalos de
valores que permitem classificar os projetos da seguinte forma:
: Tipo A: inferior a 250.000 Euros;
: Tipo B: de 250.000 a 500.000 de Euros;
: Tipo C: superior a 500.000 de Euros.
PROGRAMA ESTRATÉGICO DE REABILITAÇÃO URBANA
ESTRATÉGIA TERRITORIAL E OPERACIONAL E DEFINIÇÃO DA ORU
53
Tabela 5. Estimativa orçamental dos projetos estruturantes por eixo estratégico.
# IDENTIFICAÇÃO ESTIMATIVA ORÇAMENTAL
EP 1. ESTRADA NACIONAL EN312 TIPO C
EP 2. CIRCUITO PEDONAL DE BOTICAS TIPO A
EP 3. REDE DE CICLOVIAS TIPO B
EP 4. RIBEIRO DO FONTÃO TIPO C
ED 1.
ESPAÇO INTERGERAÇÕES E CASA DAS ASSOCIAÇÕES/
COOPERATIVA DA BATATA
TIPO C
ED 2. LOJA DO CIDADÃO TIPO A
ED 3. MERCADO MUNICIPAL TIPO A
ED 4. PARQUE DE CAMPISMO VIRGÍLIO ANTÓNIO MIRANDA TIPO A
ED 5. CENTRO DE ACOLHIMENTO EMPRESARIAL TIPO B
IM.1. PROGRAMA DE REABILITAÇÃO DO PARQUE EDIFICADO TIPO A
IM.2. ESTRUTURA DE APOIO À REABILITAÇÃO URBANA TIPO A
IM 3. PROGRAMA DE EMPREENDEDORISMO URBANO TIPO A
IM 4. PROGRAMA DE APOIO AO COMÉRCIO LOCAL TIPO A
IM 5. PROGRAMA DE MARKETING TERRITORIAL TIPO A
De uma forma sumária, verifica-se que o conjunto projetos proposto envolverá, nos 10 anos de
execução da ORU, um investimento total superior a 6 milhões de Euros.
Este é o investimento associado ao programa de investimento público proposto no âmbito desta
ORU, que se pretende tenha um efeito multiplicador, articulando e alavancando o investimento
privado associado
PROGRAMA ESTRATÉGICO DE REABILITAÇÃO URBANA
ESTRATÉGIA TERRITORIAL E OPERACIONAL E DEFINIÇÃO DA ORU
54
5.3 Financiamento
O novo ciclo de programação dos Fundos Europeus Estruturais e de Investimento (FEEI) para o
período 2014-2020 estabeleceu diretrizes estratégicas e operacionais que poderão traduzir-se em
oportunidades de financiamento do Programa Estratégico de Reabilitação Urbana da vila de
Boticas. Assim, importa analisar, a um nível mais operacional, as possíveis oportunidades de
financiamento para as operações a executar.
5.3.1 Programa Operacional Regional do Norte (NORTE 2020)
O Programa Operacional Regional do Norte 2014-2020 (NORTE 2020) é um documento estratégico
que, partindo da tradução das orientações dos FEEI para toda a Região Norte em alinhamento com
o Portugal 2020, pretende contribuir para o crescimento inteligente, sustentável e inclusivo, bem
como para a coesão económica, social e territorial de toda a região.
Com efeito, a sua Visão tem como projeto estratégico, por um lado, a importância de atribuir às
cidades o papel significativo em processos de mudança do comportamento humano relativo aos
usos e apropriação do território. Por outro lado, usar este novo papel para responder aos desafios
e exigências associadas ao desenvolvimento sustentável das cidades.
As opções de desenvolvimento e ordenamento do território da Região Norte que decorrem desta
perspetiva, a montante, deverão estar orientadas para promover o equilíbrio e a coesão regional.
Assim, qualquer norma de natureza estratégica e diretriz de carácter eminentemente operativa terá
de adotar as seguintes componentes:
: Consolidação e qualificação do sistema urbano;
: Conformação e execução das redes e dos sistemas fundamentais de conectividade;
: Conservação e valorização do suporte territorial;
: Gestão sustentada dos recursos produtivos.
Já a jusante, as mesmas opções de desenvolvimento terão de se articular com um conjunto de
princípios e linhas de orientação, fundamentais para conceber um modelo territorial para a Região
Norte, que permita o equilíbrio e a harmonização de todas as operações de reabilitação. São eles:
: Promoção do policentrismo assente nas vocações específicas e na intensificação das
interações entre centros urbanos;
: Promoção da organização dos centros urbanos em redes de geometria variável;
: Afirmação do papel das cidades e dos territórios no contexto da cooperação com as
regiões vizinhas;
: Reforço das sinergias urbano-rurais, no contexto das mutações dos padrões culturais e
dos quadros de vida nesses espaços;
PROGRAMA ESTRATÉGICO DE REABILITAÇÃO URBANA
ESTRATÉGIA TERRITORIAL E OPERACIONAL E DEFINIÇÃO DA ORU
55
: Garantia de equidade territorial na provisão de equipamentos coletivos e no acesso de
todos os cidadãos aos serviços de interesse geral;
: Intensificação da competitividade e da especialização no quadro de contextos territoriais
alargados.
Para responder a estes desafios, o NORTE 2020 é constituído por Eixos temáticos e Prioridades de
Investimento onde se inserem diversas tipologias de ação a financiar. No caso da reabilitação
urbana, o NORTE 2020 criou um Eixo prioritário que visa a promoção do desenvolvimento urbano
sustentável, entendido como um elemento chave da consolidação e qualificação do sistema urbano
e da estratégia regional de desenvolvimento e ordenamento do território.
Neste sentido, destaca-se o Eixo prioritário 5 do PO Norte: “Sistema Urbano” e, dentro deste, a
Prioridade de investimento 6.5: “Adoção de medidas destinadas a melhorar o ambiente urbano, a
revitalizar as cidades, a recuperar e descontaminar zonas industriais abandonadas, incluindo zonas
de reconversão, a reduzir a poluição do ar e a promover medidas de redução de ruído”.
Na Tabela 6 são apresentadas as principais características da Prioridade de Investimento 6e).
Alguns dos projetos anteriormente previstos poderão ter enquadramento num Plano de Acão para
a Regeneração Urbana (PARU), que poderá ser apresentado a concurso no âmbito do Norte 2020.
PROGRAMA ESTRATÉGICO DE REABILITAÇÃO URBANA
ESTRATÉGIA TERRITORIAL E OPERACIONAL E DEFINIÇÃO DA ORU
56
Tabela 6. Síntese da Prioridade de Investimento 6e) do Eixo Prioritário 5
Prioridade de
Investimento Objetivo Específico Tipologias de ação
Adoção de medidas
destinadas a melhorar o
ambiente urbano, a
revitalizar as cidades,
recuperar e
descontaminar zonas
industriais abandonadas,
incluindo zonas de
reconversão,), a reduzir a
poluição do ar e a
promover medidas de
redução de ruído (6 (e))
Promover a qualidade
ambiental, urbanística e
paisagística dos centros
urbanos de nível
hierárquico superior
enquanto fator de
estruturação territorial, de
bem-estar social e de
competitividade regional
: Reabilitação integral de edifícios (com prioridade para os
edifícios com idade igual ou superior a 30 anos),
nomeadamente destinados à habitação, aos equipamentos
de uso público, ao comércio e/ou aos serviços;
: Reabilitação e reconversão de unidades industriais
abandonadas, designadamente destinadas à habitação,
aos equipamentos de uso público, ao comércio e/ou aos
serviços;
: Recuperação, expansão e valorização de sistemas e
estruturas ecológicas urbanas e de infraestruturas verdes;
: Reabilitação de espaço público, desde que integrada na
reabilitação do conjunto edificado envolvente;
: Qualificação do espaço público;
: Demolição de edifícios visando a criação de espaços
públicos, desde que integrada na reabilitação do conjunto
edificado envolvente;
: Desenvolvimento de experiências inovadoras e de ações-
piloto no âmbito do desenvolvimento urbano sustentável;
: Elaboração de estudos e planos de qualidade do ar e de
redução do ruído à escala urbana;
: Sistemas de monitorização da qualidade do ar e do ruído,
(apoio à aquisição de equipamentos, com integração e
disponibilização no sistema nacional de informação
(QualAr)).
Fonte: SPI com base no Norte 2020
PROGRAMA ESTRATÉGICO DE REABILITAÇÃO URBANA
ESTRATÉGIA TERRITORIAL E OPERACIONAL E DEFINIÇÃO DA ORU
57
5.3.2 PO-SEUR – Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no uso dos Recursos
O Programa Operacional de Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos (PO SEUR)
“assume-se como tributário de parte da Agenda Valorização do Território, prosseguida no período
2007-2013 e a qual foi em parte financiada pelos Fundos Estruturais e de Coesão, ganhando uma
maior abrangência com a integração da dimensão energética, nas vertentes eficiência, renováveis e
segurança de abastecimento, enquanto mecanismo privilegiado para o cumprimento das políticas
públicas do setor”.
A sua estratégia operacional baseia-se numa perspetiva multidimensional da sustentabilidade
ancorada em três pilares estratégicos que estão na origem dos 3 Eixos de Investimento do
Programa, nomeadamente:
: Eixo I - Apoiar a transição para uma economia com baixas emissões de carbono em todos
os sectores;
: Eixo II - Promover a adaptação às alterações climáticas e a prevenção e gestão de riscos;
: Eixo III - Proteger o ambiente e promover a eficiência dos recursos.
Por sua vez, estes 3 grandes Eixos desdobram-se em prioridades de investimento e objetivos
específicos. Além destes, o programa operacional poderá estabelecer sinergias com outros
objetivos temáticos, dos quais se destaca o Objetivo Temático 11, porque visa o reforço da
“capacidade institucional das autoridades públicas e das partes interessadas e a eficiência da
administração pública, com vista a melhorar a capacitação das agências públicas por via da
promoção da eficiência energética nos edifícios públicos” (Portugal 2020).
De acordo com este Programa Operacional, em termos de financiamento das políticas públicas, é
particularmente relevante a existência de investimentos que considerem a “transição para uma
economia de baixo carbono, assente numa utilização mais eficiente de recursos e na promoção de
maior resiliência face aos riscos climáticos e às catástrofes”.
O PO SEUR prevê, também, instrumentos de financiamento com foco na regeneração urbana, em
particular “na adaptação às grandes mudanças globais no domínio da energia, alterações climáticas
e uso eficiente dos recursos numa perspetiva dinâmica que relaciona competitividade e
sustentabilidade”, que poderão ser relevantes para a ORU da vila de Boticas.
Na Tabela 7 são apresentados os três objetivos temáticos ou eixos, assim como as respetivas
prioridades de investimento, objetivos específicos, tipologias de operação e entidades
beneficiadoras.
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ESTRATÉGIA TERRITORIAL E OPERACIONAL E DEFINIÇÃO DA ORU
58
Tabela 7. Síntese dos Eixos do PO SEUR
Eixo Estratégico I
Objetivo Temático 4
Apoiar a transição para uma economia com baixas
emissões de carbono em todos os setores
Eixo Estratégico II
Objetivo Temático 5
Promover a adaptação às alterações climáticas e a
prevenção e gestão de riscos
Eixo Estratégico III
Objetivo Temático 6
Proteger o ambiente e promover a eficiência dos recursos
Prioridades de
Investimento
: Fomento da produção e distribuição de energia
provenientes de fontes renováveis
: Apoio à eficiência energética, à gestão inteligente da
energia e à utilização das energias renováveis nas
infraestruturas públicas, nomeadamente nos edifícios
públicos e no setor da habitação
: Desenvolvimento e implementação de sistemas de
distribuição inteligente que operam a níveis de baixa e
média tensão
: Promoção de estratégias com baixo teor de carbono
para todos os tipos de territórios, nomeadamente zonas
urbanas, incluindo a promoção da mobilidade urbana
multimodal sustentável de medidas de adaptação
relevantes para a atenuação
: Apoio ao investimento para a adaptação às alterações
climáticas, incluindo abordagens baseadas nos
ecossistemas
: Promoção de investimentos para abordar riscos
específicos, assegurar a capacidade de resistência às
catástrofes e desenvolver sistemas de gestão de
catástrofes
: Investimento no setor dos resíduos para satisfazer os
requisitos do acervo da União em matéria de ambiente e
para satisfazer as necessidades de investimento que
excedam esses requisitos, identificadas pelos Estados-
Membros
: Investimento no setor da água para satisfazer os
requisitos do acervo da União em matéria de ambiente e
para satisfazer as necessidades de investimento que
excedam esses requisitos, identificadas pelos Estados-
Membros
: Proteção e reabilitação da biodiversidade e dos solos e
promoção de sistemas de serviços ecológicos,
nomeadamente através da rede Natura 2000 e de
infraestruturas verdes
: Adoção de medidas destinadas a melhorar o ambiente
urbano, a revitalizar as cidades, recuperar e
descontaminar zonas industriais abandonadas, incluindo
zonas de reconversão, a reduzir a poluição do ar e a
promover medidas de redução de ruído
Disponibilidade
financeira
757 Milhões de Euros 401 Milhões de Euros 1.045 Milhões de Euros
Fonte: Portugal 2020
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ESTRATÉGIA TERRITORIAL E OPERACIONAL E DEFINIÇÃO DA ORU
59
QUADRO DE APOIOS E INCENTIVOS
6.
PROGRAMA ESTRATÉGICO DE REABILITAÇÃO URBANA
ESTRATÉGIA TERRITORIAL E OPERACIONAL E DEFINIÇÃO DA ORU
60
6 QUADRO DE APOIOS E INCENTIVOS
6.1 Incentivos relativos aos impostos municipais sobre o património
A reabilitação urbana beneficia de um conjunto de benefícios fiscais estabelecidos no artº. 71 do
Estatuto de Benefícios Fiscais (EBF) . Este quadro de benefícios fiscais, que seguidamente se
descreve, configura um importante instrumento de política para a dinamização da reabilitação urbana.
De acordo com o RJRU, a delimitação de uma Área de Reabilitação Urbana obriga à definição, pelo
Município, dos benefícios fiscais associados aos impostos municipais sobre o património,
designadamente o Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) e o imposto Municipal sobre as
Transmissões onerosas de imóveis (IMT), nos termos da legislação aplicável.
Sem prejuízo de outros benefícios e incentivos, serão conferidos aos proprietários e titulares de outros
direitos, ónus e encargos sobre os edifícios ou frações compreendidos na delimitação da ARU, de
acordo com o Estatuto de Benefícios Fiscais, os seguintes benefícios fiscais:
IMI - IMPOSTO MUNICIPAL SOBRE IMÓVEIS
Isenção por um período de 5 anos, prorrogável por mais 5 anos, a contar da data de conclusão da
ação de reabilitação:
Os prédios urbanos objeto de ações de reabilitação são passíveis de isenção de imposto municipal
sobre imóveis, por um período de cinco anos, a contar do ano, inclusive, da conclusão da mesma
reabilitação, podendo ser renovada por um período adicional de cinco anos.
IMT - IMPOSTO MUNICIPAL SOBRE AS TRANSMISSÕES ONEROSAS DE IMÓVEIS
Isenção na 1ª transmissão do imóvel reabilitado, quando destinado exclusivamente a habitação
própria e permanente.
São isentas do IMT as aquisições de prédio urbano ou de fração autónoma de prédio urbano
destinado exclusivamente a habitação própria e permanente, na primeira transmissão onerosa do
prédio reabilitado, quando localizado na 'área de reabilitação urbana5.
Sendo de responsabilidade municipal, a aprovação destes benefícios está dependente de deliberação
da Assembleia Municipal, que define o seu âmbito e alcance, nos termos do n.º 2 do artigo 16.º do
Regime Financeiro das Autarquias Locais e Entidades Intermunicipais.
5 Decreto-Lei n.º 215/89, de 1 de Julho, na sua atual redação:
info.portaldasfinancas.gov.pt/pt/informacao_fiscal/codigos_tributarios/bf_rep/bf71.htm
PROGRAMA ESTRATÉGICO DE REABILITAÇÃO URBANA
ESTRATÉGIA TERRITORIAL E OPERACIONAL E DEFINIÇÃO DA ORU
61
6.2 Outros incentivos decorrentes do Estatuto dos Benefícios Fiscais
Além destes benefícios, de cariz municipal, a delimitação da ARU confere aos proprietários e titulares
de outros direitos, ónus e encargos sobre os edifícios ou frações nela compreendidos o direito de
acesso a outros incentivos fiscais e financeiros à reabilitação urbana, nos termos estabelecidos na
legislação aplicável.
Neste caso, merece referência o conjunto de outros incentivos à reabilitação urbana consagrado no
Estatuto dos Benefícios Fiscais, que visam, em conjunto com os incentivos relativos aos impostos
municipais sobre o património, incentivando uma intervenção mais ativa dos proprietários dos imóveis
no processo de reabilitação urbana. Seguidamente identificam-se esses outros incentivos:
IMPOSTO SOBRE O VALOR ACRESCENTADO (IVA)
Aplicação de taxa reduzida de 6% nos seguintes casos:
: Empreitadas de reabilitação urbana, tal como definida em diploma específico, realizadas
em imóveis ou em espaços públicos localizados em áreas de reabilitação urbana (áreas
críticas de recuperação e reconversão urbanística, zonas de intervenção das sociedades
de reabilitação urbana e outras) delimitadas, nos termos legais, ou no âmbito de
requalificação e reabilitação de reconhecido interesse público nacional;
: Empreitadas de reabilitação de imóveis que, independentemente da localização, sejam
contratadas diretamente pelo Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), bem
como as que sejam realizadas no âmbito de regimes especiais de apoio financeiro ou fiscal
à reabilitação de edifícios ou ao abrigo de programas apoiados financeiramente pelo IHRU.
Informação adicional: Código do IVA
IMPOSTO SOBRE O RENDIMENTO SINGULAR (IRS)
São dedutíveis à coleta, até ao limite de 500€, 30% dos encargos suportados pelo proprietário
relacionados com a reabilitação de imóveis localizados em “área de reabilitação urbana” e
recuperados nos termos das respetivas estratégias de reabilitação ou imóveis arrendados passíveis
de atualização faseada das rendas nos termos dos artigos 27.º e seguintes do Novo Regime de
Arrendamento Urbano (NRAU) que sejam objeto de ações de reabilitação.
As mais-valias auferidas por sujeitos passivos de IRS residentes em território português são
tributadas à taxa autónoma de 5%, sem prejuízo da opção pelo englobamento, quando sejam
inteiramente decorrentes da alienação de imóveis situados em “área de reabilitação urbana”,
recuperados nos termos das respetivas estratégias de reabilitação.
Os rendimentos prediais auferidos por sujeitos passivos de IRS residentes em território português
são tributadas à taxa de 5%, sem prejuízo da opção pelo englobamento, quando sejam inteiramente
decorrentes do arrendamento de imóveis situados em “área de reabilitação urbana”, recuperados
nos termos das respetivas estratégias de reabilitação ou imóveis arrendados passíveis de
atualização faseada das rendas nos termos dos artigos 27.º e seguintes do NRAU, que sejam objeto
de ações de reabilitação.
Informação adicional: Números 4, 5 e 6 do artigo 71º do EBF
PROGRAMA ESTRATÉGICO DE REABILITAÇÃO URBANA
ESTRATÉGIA TERRITORIAL E OPERACIONAL E DEFINIÇÃO DA ORU
62
FUNDOS DE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO (IRS E IRC)
Ficam isentos de IRC os rendimentos de qualquer natureza obtidos por fundos de investimento
imobiliário que operem de acordo com a legislação nacional, desde que se constituam entre 1 de
janeiro de 2008 e 31 de dezembro de 2013 e pelo menos 75% dos seus ativos sejam bens imóveis
sujeitos a ações de reabilitação realizadas nas áreas de reabilitação urbana.
Os rendimentos respeitantes a unidades de participação nos fundos de investimento referidos,
pagos ou colocados à disposição dos respetivos titulares, quer seja por distribuição ou Benefícios
Fiscais 2014 mediante operação de resgate, são sujeitos a retenção na fonte de IRS ou de IRC
(Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Coletivas), à taxa de 10%, excetuando as situações
referidas no EBF.
O saldo positivo entre as mais-valias e as menos-valias resultantes da alienação de unidades de
participação nos fundos de investimento referidos é tributado à taxa de 10% quando os titulares
sejam sujeitos passivos de IRS residentes em território português que obtenham os rendimentos
fora do âmbito de uma atividade comercial, industrial ou agrícola e não optem pelo respetivo
englobamento.
Informação adicional: Números 1, 2 e 3 do artigo 71º do EBF
6.3 Critérios de aceso aos benefícios fiscais para as ações de
reabilitação
Segundo o Estatuto dos Benefícios Fiscais, no ponto 22 do seu Artigo 71º, as “ações de reabilitação”
são definidas como sendo as “intervenções destinadas a conferir adequadas características de
desempenho e de segurança funcional, estrutural e construtiva a um ou vários edifícios, ou às
construções funcionalmente adjacentes incorporadas no seu logradouro, bem como às suas frações,
ou a conceder-lhe novas aptidões funcionais, com vista a permitir novos usos ou o mesmo uso com
padrões de desempenho mais elevados, das quais resulte um estado de conservação do imóvel, pelo
menos, dois níveis acima do atribuído antes da intervenção”.
Os referidos níveis associados ao estado de conservação do imóvel são os seguintes:
: 5 Excelente;
: 4 Bom;
: 3 Médio;
: 2 Mau;
: 1 Péssimo.
Esta classificação, assim como o quadro de responsabilidades e procedimentos, encontra-se
devidamente explicitada no Decreto-Lei n.º 266-B/2012, de 31 de dezembro que estabelece o regime
de determinação do nível de conservação dos prédios urbanos ou frações autónomas, arrendados ou
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63
não, para os efeitos previstos em matéria de arrendamento urbano, de reabilitação urbana e de
conservação do edificado.
A comprovação do início e da conclusão das ações de reabilitação é da competência da Câmara
Municipal, incumbindo-lhes certificar o estado dos imóveis, antes e após as obras compreendidas na
ação de reabilitação. A Câmara Municipal de Boticas é a responsável pelo procedimento de vistorias
e aprovação da concessão dos benefícios fiscais, após a boa conclusão das obras, atestada pelos
serviços municipais competentes.
Assim, para efeitos de atribuição dos benefícios fiscais identificados e quando os mesmos forem
solicitados por motivos de realização de obras de reabilitação, os interessados devem facultar à
Câmara Municipal prova de titularidade do imóvel (registo predial e matriz) e limites cadastrais do
mesmo, bem como todos os documentos necessários, comprovativos da ação de reabilitação
realizada.
6.4 Outros benefícios e incentivos
Além do quadro de benefícios fiscais apresentado, será opção do Município disponibilizar um conjunto
adicional de estímulos associados à redução (ou isenção) das taxas cobradas pela Câmara Municipal
no âmbito dos processos relativos a obras de reabilitação.