Realização:
IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas
• Unidade de Negócios Sustentáveis
• Projeto “Nascentes Verdes – Rios Vivos”
Coordenação:
Andrea Peçanha Travassos – Coordenadora da Unidade de Negócios Sustentáveis
Roberto de Lara Haddad – Coordenador do Projeto “Nascentes Verdes Rios Vivos”
Equipe:
Andrea Bartazini – Bióloga
Maria Carolina Las Casas e Novaes - Tecnóloga em Gestão Ambiental
Pedro Tadeu Gonçalves da Silva – Assistente de viveiro
Osmar Peixoto dos Santos – Assistente de Campo
Antônio Peixoto dos Santos – Assistente de Campo
Contato e Informações:
Email [email protected] ; [email protected]
Web site www.ipe.org.br
Telefone/Fax (11) 4597-1327
Parceiros e Apoios:
CATI – Coordenadoria de Assistência Técnica Integral do Estado de São Paulo – Nazaré Paulista
Prefeitura Municipal de Nazaré Paulista/SP
Sabesp – Companhia de Abastecimento do Estado de São Paulo
ÍNDICE GERAL
O PROJETO NASCENTES VERDES RIOS VIVOS ….....................................................................04
CAMPANHA VACINE O PLANETA............................................................................................07
ATIVIDADES DESENVOLVIDAS EM 2011.................................................................................07
REFERÊNCIAS.........................................................................................................................10
RELATÓRIO FOTOGRÁFICO....................................................................................................11
ANEXO....................................................................................................................................16
LISTA DE FIGURAS
Figura 01. Mapa de suporte as atividades de restauração em Nazaré Paulista, SP.
Figura 02. Modelo IPÊ de Conservação da Biodiversidade.
Figura 03. Área utilizada para restauração florestal.
LISTA DE FOTOGRAFIAS
Foto 01. Cerca para evitar a entrada de animais herbívoros domésticos.
Foto 02. Modelo de placa alocada nos acesso à área do projeto.
Foto 03. Vista parcial da área com a presença de indivíduos regenerantes.
Foto 04. Disposição do fertilizante no centro de cada coroa.
Foto 05. Abertura dos berços com perfurador de solo.
Foto 06. Muda plantada com bom desenvolvimento pós 90 dias de plantio.
Foto 07. Muda plantada com bom desenvolvimento pós 90 dias de plantio.
Foto 08. Muda plantada com bom desenvolvimento pós 90 dias de plantio.
Foto 09. Muda plantada com bom desenvolvimento pós 90 dias de plantio.
Foto 10. Muda plantada com bom desenvolvimento pós 90 dias de plantio.
PROJETO NASCENTES VERDES RIOS VIVOS
Em 2005, o IPÊ conduziu um estudo de ecologia da paisagem para caracterizar o uso do
solo do entorno do reservatório Atibainha, em Nazaré Paulista e identificou um grande passivo
florestal nas áreas legalmente protegidas por lei, como as Áreas de Preservação Permanente (APP).
As APPs exercem papel fundamental na proteção da água, influenciando sua quantidade e
qualidade e ainda são corredores naturais para a biodiversidade (Dudley & Stolton, 2003). A lei
que sustenta estas áreas determina uma faixa florestal ao longo dos corpos d'água e no entorno de
nascentes e reservatórios (Brasil, 1965 e 2006).
Na paisagem de Nazaré Paulista estas áreas foram consideradas prioritárias para atividades
de restauração florestal visando à conservação dos recursos hídricos (Figura 01). O reservatório
Atibainha é parte integrante do Sistema Cantareira, responsável pelo abastecimento de 60% da
Região Metropolitana de São Paulo e grandes centros urbanos como Campinas. São
aproximadamente 16 milhões de pessoas que representam quase 10% da população brasileira
(Whately &. Cunha, 2007)
Figura 01. Mapa de suporte as atividades de restauração em Nazaré Paulista, SP.
Dada a composição das terras no entorno do Atibainha, com 80% de propriedades
particulares e 20% de propriedade da Sabesp (Companhia de Abastecimento do Estado de São
Paulo), surge a necessidade de trabalhar a adequação legal com ambos os atores. As propriedades
particulares em geral de pequeno e médio porte têm como principal atividade econômica a
pecuária e a produção de eucalipto e ainda o turismo e o lazer de veraneios. Estas atividades são
em sua maioria conduzidas de forma não sustentável. A Sabesp detém, principalmente, as áreas
marginais ao reservatório, como resultado das desapropriações ocorridas durante seu enchimento
nas décadas de 70 e 80. Embora não haja exploração econômica em suas áreas uma grande parte
se encontra na forma de pastagens degradadas (Ditt, 2008).
Analisando as questões sociais da população de Nazaré Paulista, a qual mantém baixos
índices de alfabetização e desenvolvimento humano evidencia-se a necessidade de um amplo
trabalho de educação ambiental como parte fundamental no processo de reversão das áreas
degradadas.
Considerando a o valor intrínseco da biodiversidade da Mata Atlântica, com representantes
da fauna ameaçada de extinção, como o macaco sauá, a onça parda, a paca, a jaguatirica e a
lontra; se faz necessário alinhar medidas de restauração que beneficiem a conservação destas
espécies (Myers et. al, 2006)
A presença de floresta em áreas de preservação permanente é fundamental para a
manutenção das reservas de água que abastecem São Paulo e a biodiversidade local (Lima & Zakia,
2006). Florestas em crescimento exercem o papel de “sumidouros”, sequestrando o dióxido de
carbono atmosférico, por meio do acumulo de biomassa ao longo dos anos. Paisagens florestadas
são de extrema beleza e atrativas para o turismo de contemplação. Estes e outros serviços
prestados a humanidade são nominados serviços ecossistêmicos e sua manutenção em longo
prazo é fundamental a vida e o bem estar, portanto medidas de restauração florestal se fazem
necessárias em ambientes degradados (Pires, 2004).
Neste contexto, desde 2007 o Projeto Nascentes Verdes Rios Vivos vem atuando em três
componentes integrados: Restauração Florestal, Educação Ambiental e Pesquisa com fauna
silvestre.
Em 2008, um convenio firmado entre IPE e Sabesp facilita as atividades de restauração
florestal em áreas pertencentes a estatal. Ainda neste ano, concluímos um estudo de levantamento
de mamíferos de médio e grande porte, subsidiando a escolha das áreas a serem restauradas com
ênfase na conectividade dos fragmentos florestais, fundamentais a conservação dos animais. Até
janeiro de 2009, após um cadastramento, um total de oito produtores recebeu mudas e assistência
técnica para a adequação ambiental de suas propriedades e para tanto um viveiro de mudas foi
criado em parceria com a Prefeitura Municipal de Nazaré Paulista. Atividades de educação
ambiental vêm ocorrendo no viveiro e em todas as escolas rurais e urbanas do município. O viveiro
também contribuiu para a capacitação de três estudantes como “viveiristas”. Em 2009 iniciamos a
restauração florestal de 35 hectares em área da Sabesp e o IPÊ concede bolsas de estudo em
educação ambiental, para a formação de 10 jovens, que passam a integrar o projeto Sementes
Jovens. Todas as atividades planejadas e realizadas têm como base o modelo IPE de Conservação,
ilustrado na Figura 02.
Figura 02: Modelo IPÊ de Conservação da Biodiversidade. Baseado em Valladares-Padua,
Cullen Jr., Padua, Martins e Lima (2002).
CAMPANHA VACINE O PLANETA
Em Março de 2010 teve inicio a Campanha que conta com a participação de três clínicas de
saúde que oferecem serviço de vacinação: Mar Saúde de Santos/PS, Clínica Dr. Paulo Rosa de
Taubaté/SP e Clínica de Medicina Preventiva do Pará/PA.
O código de barra de cada caixa de vacina utilizada nas dependências das clínicas parceiras
receberá um carimbo específico da campanha e será depositado em uma urna. A cada cinquenta
códigos validados, uma árvore nativa da Mata Atlântica será plantada e monitorada por vinte e
quatro meses pelo IPÊ.
Os recursos estão sendo investidos no projeto Nascentes Verdes Rios Vivos, possibilitando
ampliar os trabalhos de restauração florestal de áreas de Mata Atlântica, com resultados diretos na
recuperação e conservação da água e da biodiversidade do município de Nazaré Paulista.
No período entre 13/5/2010 e 4/5/2011 foi arrecadado o equivalente a 362 mudas de árvores.
ATIVIDADES DESENVOLVIDAS EM 2011
A atividade de restauração florestal com o plantio de 362 mudas foi realizada em
propriedade particular localizada no Bairro do Moinho, município de Nazaré Paulista (Figura 1).
Trata-se de uma Área de Preservação Permanente, às margens do ribeirão Moinho. O uso do solo é
composto predominantemente de gramíneas exóticas com a presença de alguns indivíduos da flora
nativa em processo de regeneração.
Figura 03: Área utilizada para restauração florestal.
As mudas foram plantadas entre Janeiro e Fevereiro de 2010. A área foi previamente
cercada para evitar a entrada de animais herbívoros como bovinos e equinos. Uma placa de
sinalização do projeto foi alocada no acesso a área de restauração.
O preparo do solo consistiu de roçada semi-mecanizada com objetivo de rebaixar as
gramíneas, principais competidoras das plantas nativas por água, luz e nutrientes do solo e facilitar
o deslocamento da equipe em campo e os tratos culturais. Plantas dicotiledôneas espontâneas
presentes na área foram poupadas da roçada e serão manejadas para o desenvolvimento.
Em seguida foi realizado o coroamento dos locais que mais tarde receberam os berços e as
mudas. Com o uso da enxada, cada coroa foi realizada de forma circular, em raio de
aproximadamente 30 cm, eliminando por completo o sistema radicular das gramíneas naquele
local. O coroamento tem por objetivo prolongar o efeito da roçada, reduzindo a frequência de
intervenções durante a fase de manutenção das mudas plantadas.
A abertura dos berços foi realizada através de perfurador de solo semi-mecanizado. As
brocas utilizadas são próprias para plantio, compostas de uma haste com 1 metro de comprimento
e lâminas cortantes da extremidade inferior. O diâmetro de ação das brocas, bem como a
profundidade dos berços foi padronizado em 30 cm.
Cada berço recebeu uma quantia de 200 gramas do fertilizante Flex HP, formulado com
macro (N-P-K +Ca) e micro (B- Zn- Mn) nutrientes fundamentais ao desenvolvimento dos vegetais.
A análise de solo realizada anteriormente demonstrou uma baixa fertilidade para a área e a
necessidade de adubação para garantir o “pegamento” e o rápido crescimento das mudas em
campo. O adubo foi disposto nos locais de plantio e posteriormente misturado ao solo com o
perfurador de solo, durante a operação de abertura dos berços.
As mudas foram produzidas pelo Viveiro-Escola do Projeto em parceria com a Prefeitura de
Nazaré Paulista e financiamento do Fundo Nacional do Meio Ambiente – FINMA e foram expedidas
com porte de aproximadamente 1 metro, em recipiente de saquinho.
A escolha das espécies e sua implantação no campo seguiram as recomendações legais
vigentes no Estado de São Paulo (São Paulo, 2008). Ao todo foram utilizadas 20 espécies nativas da
Mata Atlântica, com distribuição regional reconhecida (ANEXO).
A disposição das mudas e espécies no campo foi feita de forma padronizada, alternando nas
linhas de plantio os grupos ecológicos classificados como Pioneiras e Não Pioneiras. As espécies
nativas são classificadas entre estes grupos, conforme seu comportamento fisiológico de
crescimento e tolerância ao sol pleno. As pioneiras são representadas por espécies de crescimento
rápido e com média a alta tolerância ao sol que por estas características criam maiores condições
para a sobrevivência das não pioneiras, de crescimento mais lento e com diferentes necessidades
de sombreamento.
Espécies com maior formação de copa, que compõem o grupo das Pioneiras promovem o
rápido recobrimento do terreno, de forma a sombreá-lo e assim favorecer o desenvolvimento das
espécies intolerantes. Outro aspecto importante a ser destacado, é a utilização de espécies no
processo de restauração que atraiam a fauna, seja por meio de frutos zoocóricos (que são
dispersados por animais), ou pela florada que atrai os polinizadores ou mesmo para as espécies
ameaçadas de extinção (São Paulo, 2008).
Foi adotado o espaçamento de 3 metros entre fileiras de plantas e de 2 metros entre
plantas na mesma fileira (1667 mudas/há). O plantio foi realizado manualmente pelos assistentes
de campo do projeto.
Após 45 dias de plantio, foi realizada a aplicação do fertilizante de cobertura (Flex Organ),
rico em nitrogênio, nutriente com alta demanda entre os vegetais e presente em diversos
processos metabólicos na fisiologia das plantas. Cada muda recebeu 100 gramas do produto, em
forma circular, na superfície do solo e a cerca de 10 cm do colo da planta.
Posteriormente a adubação, foi realizada uma segunda roçada na área de plantio, em
função do crescimento das gramíneas.
Aos 90 dias após o plantio foi realizada a avaliação de sobrevivência das mudas. O
resultado mostrou-se muito satisfatório, com apenas 2% de mudas que não sobreviveram às
condições de campo. As mudas mortas (N=7) foram respostas por espécies do mesmo grupo
ecológico, de forma a não comprometer a configuração original na disposição das espécies.
Para os meses que antecedem o inverno iniciaremos as atividades de prevenção a
incêndios. Estas consistem principalmente em roçar e aceirar todo o perímetro da área do projeto,
evitando dessa forma que eventuais focos de fogo alcancem as mudas.
REFERÊNCIAS
Brasil, 1965. Código Florestal Brasileiro: lei 4.771 de 15 de setembro de 1965. Câmara
dos Deputados, Brasília.
Brasil, 2006. Lei da Mata Atlântica: lei Federal 11428 de 22 de dezembro de 2006.
Câmara dos Deputados, Brasília.
Ditt E.H., 2008. Integration of Ecosystem Services and Policy to Manage Forest and Water
Resources around the Atibainha Reservoir in Brazil. A thesis submitted for the degree of Doctor of
Philosophy , University of London Centre of Environmental Policy, Imperial College London.
Dudley N., Stolton S., 2003. Running Pure: The importance of forest protected areas to
drinking water. World Bank/WWF Alliance for Forest Conservation and Sustainable Use,
Washington.
Lima W.P., Zakia M.J.B, 2006. O papel do ecossistema ripário. In: Lima W.P., Zakia
M.J.B., As Florestas Plantadas e a Água. Rima Editora, São Paulo.
Myers N., Mittermeier R.A., Mittermeier C.G., Da Fonseca G.A.B., Kent J. 2000. Biodiversity
hotspots for conservation priorities. Nature, 403(6772):853-858.
Pires M., 2004. Watershed protection for a world city: the case of New York. Land Use
Policy, 21: 161-175.
Valladares-padua, et al, in Seria melhor mandar ladrilhar? Biodiversidade, como, para que
por quê. Bensusan, N., (ed.), 67-76. Brasília, DF: Instituto Socioambiental e UnB
Whately M., Cunha P., 2007. Cantareira 2006: um olhar sobre o maior manancial de
água da Região Metropolitana de São Paulo. Instituto Socioambiental, São Paulo.
RELATÓRIO FOTOGRÁFICO
Foto 01. Cerca para evitar a entrada de animais herbívoros domésticos.
Foto 02. Modelo de placa alocada no acesso a área.
Foto 03. Vista parcial da área com a presença de indivíduos regenerantes.
Foto 04. Disposição do fertilizante no centro de cada coroa (Ilustrativa).
Foto 05. Abertura dos berços com perfurador de solo (Ilustrativa).
Foto 06. Muda plantada com bom desenvolvimento pós 90 dias de plantio.
Foto 07. Muda plantada com bom desenvolvimento após 90 dias de plantio.
Foto 08. Muda plantada com bom desenvolvimento após 90 dias de plantio.
Foto 09. Muda plantada com bom desenvolvimento após 90 dias de plantio.
Foto 10. Muda plantada com bom desenvolvimento após 90 dias de plantio.
ANEXO
Nome Popular Nome Científico Nome Popular Nome Científico
Capororoca Rapanea ferrugenea Mutambo Guazuma ulmifolia
Cedro rosa Cedrela fissilis Aroeira pimenteira Schinus terebinthifolia
Angico Anadenanthera macrocarpa Jatobá Hymenaea courbaril
Embira de sapo Lonchocarpus guilleminianus Louveiro Cyclolobium vecchii
Vassorão Piptocarpha augustofolia Pau viola Citharexylum myrianthum
Ingá do brejo Inga uruguensis Dedaleiro Lafoensia pacari
Imbiruçu Pseudobombax grandiflorum Ipê amarelo Handroanthus albus
Pau cigarra Senna multifurga Paineira rosa Chorisia speciosa
Embaúba Cecropia sp. Eritrina candelabro Erithrina speciosa
Araçá Psidium catteyanum Pau jacaré Piptadenia gonoacantha