O Projeto Político-Pedagógico: a saída para a escola.
SEVERINO, Antônio Joaquim. O Projeto Político-Pedagógico: a saída para a escola. Revista da AEC.
Brasília, v. 27, n.107, p.81-91, abr/jun/1998.
Marília Dalla Vecckia Kaczmarek
Pós-graduação Gestão e Organização do Trabalho Pedagógico – 2009.
Faculdades Guairacá.Guarapuava, Paraná.
Introdução:
Antes de iniciarmos a apresentação, é preciso compreendermos como SEVERINO define PROJETO:
Projeto é tomado aqui no sentido de um conjunto articulado de propostas e programas de ação, delimitados,
planejados, executados e avaliados em função de uma finalidade, que se pretende alcançar e que é previamente delineada mediante a representação
simbólica dos valores a serem efetivados. ( SEVERINO, 1998, p. 82)
O que você entende por PROJETO?
O ponto central de um PROJETO é sua intencionalidade. A intencionalidade evita a fragmentação e torna possível a integração das atividades
e a interdisciplinaridade dos componentes curriculares…
Educação =
Projeto Educacional+
Projeto Histórico e Social
Instituição Escolar
=Projeto Político da sociedade
+
Projeto Existencial e Pessoal de educadores e educandos.
Mesmo quando as condições histórico-sociais de uma determinada sociedade estão deterioradas, marcadas pela
degradação, pela opressão e pela alienação, como é o caso da sociedade brasileira, o projeto educacional se faz ainda mais necessário, devendo se construir então como
um projeto fundamentalmente contra-ideológico, ou seja, desmascarando, denunciando e criticando o projeto
político opressor e anunciando as exigências de um projeto político libertador. (SEVERINO, 1998, p.82)
Qual o lugar e o papel da escola na educação brasileira atual?????
A educação como mediação universal da existência
histórica:
A essência do homem ultrapassa a dimensão físico-biológica.
Ela é HUMANA e está em permenente construção através da sua prática, da sua ação histórica,
das suas relações.
O Ser Humano é um ser de relações. Sua existência acontece nessas relações, através de
atividades, de ações, de práticas, de mediações.
O homem estabelece
relações com:
Natureza Sociedade Consigo mesmo
Existência Humana Histórica
Prática Produtiva(trabalho transformador
da natureza física)
Prática Social(participação na vida política da sociedade)
Prática Simbolizadora
(produção da cultura simbólica)
Relações com a natureza:
Das relações com a natureza, o homem retira os elementos e recursos para a manutenção de sua existência material e de sua
sobrevivência, que envolve trabalho, produção técnica e economia.
Relações com a sociedade:
Das relações estabelecidas com a natureza decorrem as relações com os outros homens. A partir do processo de produção de bens, os
indivíduos estabelecem outras tramas de relações diferenciadas e deiferenciadoras, e consequentemente, instauram a estrutura social.
Relações consigo mesmo:
Em paralelo às relações de trabalho e às relações sociais, os homens desenvolvem relações consigo mesmo, ou seja, relações simbólicas, subjetivas. Através destas ele constrói a própria identidade, a própria
invividualidade. Ele se faz autônomo.
Com a natureza, através do Trabalho.
Com a sociedade, através da
prática social.
Consigo mesmo, através da
subjetividade.
Existência humana, através de relações…
Qual o papel da educação nesse
processo de existência, nessa trama de
relações?
Em relação à educação…
Estando assim colocadas as mediações através das quais a existência humana vai se constituindo
historicamente, é possível, então, compreender o lugar que ocupa a educação. Trata-se de um processo
social de trabalho que se constitui fundamentalmente de atividades que se situam no âmbito da prática
simbólica, ou seja, é um processo social cujas atividades de trabalho se dão efetivamente por mediações
simbólicas, mas com objetivos convergentes de iserir os indivíduos educandos no tríplice universo do trabalho, da sociabilidade e da cultura simbólica. (SEVERINO,
1998, p. 84)
A educação é fundamental na construção da cidadania. Através dela pode-se garantir, sem qualquer forma de discriminação,
condições para a integração dos homens no tríplice universo do trabalho, da sociabilidade e da cultura simbólica.
A escola necessária:
A educação precisa ser entendida como um grande projeto e a escola deve ser o ambiente deste, que deve englobar aspectos
políticos da sociedade e aspectos pessoais de todos os envolvidos. Que deve ter como ponto de partida as condições reais de existência, e que deve considerar os fatores objetivos
e subjetivos que o envolvem.
A educação é um processo tanto teórico como prático, que pressupõe mediações subjetivas já que trabalha
fundamentalmente com ferramentas simbólicas. É uma experiência de acertos e crescimento, de formação de
sujeitos autônomos. Mas pode ser também uma experiência de erro, de ilusões e falseamento da realidade. Neste sentido,
a prática educativa exige, por parte dos educadores, muito cuidado em relação aos riscos de ideologização e alienação.
A educação é espaço de exercício da consciência…
Quando a conciência subjetiva se projeta numa objetividade não-real temos como resultado…
Uma consciência alienada.
Alienação:E assim a consciência, alienando-se em relação à realidade objetiva, constrói conteúdos representativos com os quais pretende explicar e avaliar os vários aspectos da realidade e que apresenta como sendo
verdadeiros e válidos, aptos não só a explicá-los, mas também a legitimá-los. Alienada, a consciência não se dá conta de que tais
conteúdos nem sempre estão se referindo adequadamente ao objeto. Na verdade tais conteúdos – idéias, representações, conceitos, valores
– são ideológicos, ou seja, têm obviamente um sentido, um significado, mas que estão deslocados do real objetivo, pois referem-se de fato a um outro aspecto da realidade que, no entanto, fica oculto
e camuflado… (SEVERINO, 1998, p.87)
A possibilidade de ideologização e alienação é sem dúvida um dos maiores percalços da prática
educativa. Contudo, não é suficiente para invalidar a atuação da escola, pelo contrário, é um incentivo à
construção de um projeto educacional significativo. Por mais ambíguos e frágeis que sejam as ferramentas subjetivas, elas são passíveis ao trabalho e capazes de
intervir na realidade objetiva dos sujeitos. Neste sentido, a escola deve ser vista como um
“laboratório”, onde a exploração do conhecimento científico e filosófico torna-se uma estratégia social e
histórica.
Projeto político da sociedade
Projeto político do educandoProjeto político do educador
A escola é o lugar de entrecruzamento de diferentes projetos:
A sociedade precisa da ação dos educadores para a concretizaçãode seus planos…
Os educadores precisam do dimensionamento político do projeto para construírem uma prática significativa…
Os educandos precisam da escola para a efetivação dos seus projetos pessoais…
Para que exista um Projeto Educacional capaz de contemplar todos os envolvidos é preciso que estes estejam integrados e comprometidos en
torno de uma mesma intencionalidade…
Ao investir na constituição da cidadania dos indivíduos, a educação escolar está articulando o
projeto político da sociedade - que precisa ter seus membros como cidadãos - e os projetos pessoais
desses indivíduos que, por sua vez, precisam do espaço social para existir humanamente. (SEVERINO, 1998,
p.89)
Conclusão:Frente à todos os problemas da educação brasileira atual, fica
evidente o caminho a ser tomado: A universalização do sistema de ensino. Ou seja, a universalização de um Projeto Educacional, que contemple os interesses de toda a população e que se caracterize
pela qualidade. É preciso tomar como percurso o caminho da cidadania!