PROPOSTA DE ESTUDO DE PROCESSOS
CONSTRUTIVOS INDUSTRIALIZADOS DO PONTO DE
VISTA AMBIENTAL
Luiza Reis Carvalho
Projeto de Graduação apresentado ao curso de
Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade
Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de Engenheiro.
Orientador: Jorge Santos
Rio de Janeiro
Agosto, 2017
2
PROPOSTA DE ESTUDO DE PROCESSOS CONSTRUTIVOS INDUSTRIALIZADOS DO
PONTO DE VISTA AMBIENTAL
Luiza Reis Carvalho
PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE
ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO
DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO
DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.
Examinada por:
__________________________________________________
Prof. Jorge dos Santos. (Orientador)
__________________________________________________
Prof.ª Alessandra Conde Freitas
__________________________________________________
Prof. Luís Antônio Greno Barbosa
__________________________________________________
Prof. Wilson Wanderley da Silva
__________________________________________________
Prof. Willy Weisshuhn
3
Reis Carvalho, Luiza
Proposta de estudo de processos construtivos industrializados do
ponto de vista ambiental / Luiza Reis Carvalho – Rio de Janeiro:
UFRJ/ Escola Politécnica, 2017.
XVI , 131 p.: il.; 29,7 cm.
Orientador: Jorge dos Santos.
Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica / Curso de
Engenharia Civil, 2017.
Referências Bibliográficas: p.118-131.
1. Introdução. 2. Processos construtivos industrializados:
contextualização. 3. A gestão ambiental e a construção civil. 4.
Processos construtivos convencionais e a questão ambiental. 5.
Processos construtivos industrializados e a questão ambiental. 6.
Análise comparativa dos aspectos ambientais dos processos
construtivos convencionais e industrializado. 7. Conclusões. I. Jorge
dos Santos. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ,
Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III. Projeto.
4
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL.
AGOSTO de 2017
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que estiveram presente na minha jornada acadêmica, de muito
esforço, dedicação e realizações.
Em especial, agradeço aos meus pais, que sempre estiveram presentes por trás
de cada conquista minha. Minha mãe, Maria Helena, sempre com sábios conselhos e um
amor imensurável. Meu pai, Fernando, agradeço por todo o esforço e confiança em mim
depositado. Essa caminhada não seria possível sem a ajuda de vocês!
Às minhas irmãs, Renata e Fernanda, agradeço pelo incentivo, carinho e bom
humor. Espero ser tão boa quanto vocês dizem que sou.
Ao meu namorado, Augusto pela cumplicidade e apoio em todos os momentos e
aos meus amigos, pela paciência e descontrações nos momentos mais cruciais.
Agradeço também pela companhia dos caninos, Nego e do Bartô, que viraram
noites comigo durante a faculdade e sempre me receberam com muito amor, tornando
meus dias mais leves.
Aos mestres da UFRJ, sou muito grata por todo o conhecimento técnico transmitido
e a dedicação para a formação de profissionais sérios e responsáveis. Em especial,
agradeço ao professor Jorge Santos pela dedicação e seriedade em suas aulas e
orientação durante o presente trabalho.
À todos que torceram por mim, meu muito obrigada.
5
“Você deve ser a mudança que deseja ver no mundo”
Mahatma Gandhi
6
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica / UFRJ como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil
Proposta de estudo de processos construtivos industrializados do ponto de vista
ambiental
Luiza Reis Carvalho
Agosto/2017
Orientador: Jorge dos Santos
Curso: Engenharia Civil
A indústria da construção civil é um importante segmento da economia, representando uma
parcela significativa do PIB, porém é uma das maiores causadores dos impactos negativos
causados ao ambiente. Os sistemas construtivos convencionais brasileiros são
demasiadamente artesanais e responsáveis por problemas ambientais como geração
excessiva de resíduos, desperdício de materiais, contaminação do solo, água e ar, grande
uso de energia, entre outros. Na busca de alternativas que minimizem impactos ambientais,
o presente trabalho apresenta uma revisão bibliográfica comparativa dos processos
construtivos convencionais e os processos construtivos industrializados. Para tal, foram
analisadas as etapas construtivas de cada método e o ciclo de vida, mostrando os
benefícios do ponto de vista ambiental na adoção de processos construtivos
industrializados.
PALAVRAS-CHAVE: Processos construtivos industrializados, aspecto ambiental, impacto
ambiental, ciclo de vida.
7
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Engineer.
Study proposal of industrialized constructive processes from the environment point of view
Luiza Reis Carvalho
August/2017
Advisor: Jorge dos Santos
Course: Civil Engineering
A construction industry is an important segment of the economy, accounting for a significant share of GDP (Gross Domestic Product), but it is one of the major causes of the negative impacts on the environment. The Brazilian conventional constructive systems are overly handicraft and responsible for issues, such as excessive generation of waste, waste of materials, ground, air and water contamination, among others. In the search for alternatives that minimize environmental impacts, the present work shows a comparative bibliographical review of the conventional construction processes and the industrialized construction processes. The constructive steps of each method and life cycle were analyzed, showing the benefits from the environmental point of view in the adoption of industrialized construction processes.
KEY WORDS: Industrialized construction processes, environmental aspect, environmental impact, life cycle.
8
Lista de Sigas
ACV Avaliação do Ciclo de Vida
ANA Agencia Nacional das Águas
CFC’s Clorofluorcarboneto
CIB Conselho Internacional da Construção
CIDB Construction Industry Development Board
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IEA International Energy Agency
Epia Estudo prévio de impacto ambiental
EIA Estudo de Impacto Ambienta
LI Licença de Instalação
LP Licença Prévia
LO Licença de Operação
LSF Light Steel Framing
OSB Oriented Strand Board
PIB Produto Interno Bruto
PVC Policloreto de polivinila, cloreto de vinila ou policloreto de
vinil
RBS Royal Building Systems
RCA Relatório de Controle Ambiental
RCC Resíduos da Construção Civil
RIMA Relatório de Impacto Ambiental
SINAT Sistema Nacional de Avaliação Técnica
9
SINDICER Sindicato da Indústria da Cerâmica Vermelha
SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente
SGA Sistema de gestão ambiental
10
Lista de Gráficos
Gráfico 1- PIB total e PIB da construção civil de 2007 a 2014 (fonte: IBGE).
11
Lista de Tabelas
Tabela 1: Impactos da construção civil Fonte: Beltrame (2013).
Tabela 2 - classificação dos resíduos quanto à origem. Fonte: Adaptado de BIDONE e
POVINELLI (1999).
Tabela 3 – Taxas de desperdício de materiais de construção no Brasil. Fonte: Espinelli
(2005).
Tabela 4 - Geração de RCD nas principais capitais brasileiras. Fonte: PINTO, adaptado
(1987).
Tabela 5: Emissões dos componentes de construções em alvenaria. Fonte: DEEKE, 2009*,
DEEKE, 2009 apud RODEL, 2005**.
Tabela 6 – Emissão de CO2 para um bloco de concreto. Fonte: ALBANO (2011).
Tabela 7 – Analise comparativa (%) do consumo de agua da construção convencional x
construção com Concreto-PVC. Fonte: Royal do Brasil (2011).
Tabela 8 – Matérias primas da indústria da construção e a avaliação de sua abundancia.
Fonte: modificado – Petrucci (1982), Dasmaceno e Storolli (1994), Lippiat (1998) e Sperb
(2000).
Tabela 9 – Comparativo da sustentabilidade aplicada a fontes renováveis e não renováveis
Fonte: modificado – Bermann (2003).
Tabela 10 – Impactos ambientais da alvenaria de bloco cerâmico. Fonte: a autora (2017).
Tabela 11 – Impactos ambientais da alvenaria de bloco de concreto. Fonte: a autora (2017).
Tabela 12 – Impactos ambientais da estrutura de concreto armado. Fonte: a autora (2017).
Tabela 13 – Impactos ambientais da estrutura de concreto armado. Fonte: a autora (2017).
Tabela 14 – Impactos ambientais concreto-PVC. Fonte: a autora (2017).
Tabela 15 – Escala avaliação do impacto ambiental. Fonte: a autora (2017).
12
Lista de Figuras
Figura 1 – Modelo de parede externa em Light Steel Framing. Fonte: Construtora Fastcon,
(2016) - Esqueleto metálico
Figura 2 – Modelo de parede interna em Light Steel Framing. Fonte: Construtora Fastcon, (2016)
- Esqueleto metálico
Figura 3 – Modelo de laje em Light Steel Framing. Fonte: Construtora Fastcon, (2016) -
Esqueleto metálico
Figura 4 - Representação da estrutura e espessuras dos painéis de Concreto-PVC Royal do
Brasil. Fonte: Technologies S.A. (2011).
Figura 5 - Desenho estrutura do sistema construtivo Wood Frame. Fonte: Grupo Kurten (2014).
Figura 6 – Composição do setor da construção civil Brasileira. Fonte: Tatiana Freitas Spadeto
(2011).
Figura 7 – Representação do esquema de aspectos e impactos ambientais e componentes do
ecossistema. Fonte: adaptado de ARAÚJO (2009).
Figura 8 – Cadeia da construção civil. Fonte: PUT apud SCHNEIDER, p.46 (2003).
Figura 9 - Sistema Nacional do meio Ambiente. Fonte: MMA (2017).
Figura 10 – Imagem aérea da barragem de Cataguases e do ribeirão do Cágado, após a ruptura.
Fonte: Vianna (2012).
Figura 11 – Foto do deslizamento que atingiu a comunidade do Morro do Bumba e seu entorno.
Fonte: Reuter.
FIGURA 12: Fluxograma sintetizado do processo de fabricação de tijolos furados, blocos,
lajes, elementos vazados, tubos (manilhas) e alguns tipos de telhas. Fonte: Sindicato da
Indústria da Cerâmica Vermelha – SINDICER, adaptado pela autora (2017).
FIGURA 13: Fluxograma diagrama de fluxo típico do processo de fabricação de blocos de
concreto. Fonte: Construction Industry Development Board – CIDB (2004).
Figura 14 - Avaliação do ciclo de vida. Fonte: Braskem (2017).
13
Figura 15 – Fases do ciclo de vida. Fonte: Adaptado de Graedel (1998).
Figura 16 – Fluxograma do sistema de produto de concreto armado. Fonte: BENTO, R. C.,
CARDOSO, P. F., KOMESU, A., OMETTO, A.R., ROSSI, E., ROSSIGNOLO, J.A.
Figura 17 – Emissões diretas de CO2 no setor da indústria em 2004. Fonte: IEA, 2007 apud
GERVÁSIO, 2008b. (International Energy Agency (IEA)). Tracking Industrial Energy
Efficiency and CO2 Emissions. 2007. Paris, 2007.
Figura 18 – Utilização da energia final na indústria em 2004. Fonte: IEA, 2007 apud
GERVÁSIO, 2008b.
Figura 19 – Extração e beneficiamento do minério de aço. Fonte: Karina de Macedo Soares
Pires Condeixa- baseado em dados da Infomet (2013).
Figura 20 – Inventario do aço portão a portão. Fonte: Ugaya (2010) -traduzido por: Karina de
Macedo Soares Pires Condeixa.
Figura 21 – Esquema do ciclo de vida do plástico verde – “I’m green.”. Fonte: SANTOS
(2015).
Figura 22 – Comparação de etapas entre os sistemas convencional e RSB. Fonte:
FERRARI (2011).
14
Sumário
1- Introdução ..................................................................................................................................... 17
1.1- A importância do tema .......................................................................................................... 17
1.2- Objetivos ................................................................................................................................ 19
1.3- Justificativa da escolha do tema ............................................................................................ 19
1.4- Metodologia ........................................................................................................................... 20
1.5- Estrutura da monografia ........................................................................................................ 21
2- Processos construtivos industrializados: contextualização .......................................................... 22
2.1- Conceituação .......................................................................................................................... 22
2.2- Aspectos históricos ................................................................................................................ 23
2.3- Sistemas construtivos industrializados .................................................................................. 24
2.3.1- Sistemas construtivos em paredes de concreto armado moldadas no local ................. 25
2.3.2- Sistemas construtivos integrados por painéis estruturais pré-moldados, para emprego
em casas térreas, sobrados e edifícios habitacionais de múltiplos pavimentos ....................... 27
2.3.3- Light Steel Framing .......................................................................................................... 29
2.3.4- Concreto PVC - Royal Building Systems (RBS) ................................................................. 32
2.3.5- Light Wood Framing ........................................................................................................ 35
3- A gestão ambiental e a construção civil ........................................................................................ 38
3.1- A construção civil ................................................................................................................... 38
3.2- Aspectos históricos da construção civil e da gestão ambiental ............................................. 40
3.3- A gestão ambiental ................................................................................................................ 42
3.4- Conceituação .......................................................................................................................... 43
3.4.1- Poluição ........................................................................................................................... 43
3.5- Impactos ambientais da construção civil ............................................................................... 48
3.6- Cultura da construção civil brasileira e aspectos ambientais relacionados........................... 50
3.7- Legislação ambiental para a construção civil ......................................................................... 52
3.7.1- Licença Prévia .................................................................................................................. 54
3.7.2- Licença de Instalação ...................................................................................................... 54
3.7.2- Licença de Operação ....................................................................................................... 54
3.8- Principais acidentes ambientais causados pela construção civil ........................................... 55
3.8.1- Rompimento da barragem em Mariana ......................................................................... 55
3.8.2- Rompimento da barragem de Cataguases ...................................................................... 56
15
3.8.3- Deslizamento do “Morro do Bumba” ............................................................................. 58
3.9- Aspectos que dificultam ou facilitam a gestão ambiental na construção civil ...................... 59
4- Processos construtivos convencionais e a questão ambiental ..................................................... 62
4.1- Processos construtivos mais utilizados no Brasil ................................................................... 62
4.1.1- Bloco cerâmico ................................................................................................................ 62
4.1.2- Bloco de concreto ........................................................................................................... 65
4.1.2- Argamassa ....................................................................................................................... 69
4.1.3- Estruturas de concreto armado ...................................................................................... 70
4.2- Aspectos e impactos ambientais gerados pelos processos convencionais ........................... 71
4.2.1- Bloco cerâmico ................................................................................................................ 72
4.2.2- Bloco de concreto ........................................................................................................... 74
4.2.3- Estruturas de concreto armado ...................................................................................... 76
4.3- Ciclo de vida dos materiais e da construção propriamente dita ........................................... 77
4.3.1- Alvenaria de tijolos cerâmicos maciços .......................................................................... 79
4.3.2- Bloco de concreto ........................................................................................................... 80
4.3.3- Estruturas de concreto armado ...................................................................................... 81
4.4- A força de trabalho e sua consciência ambiental .................................................................. 84
4.5- Impacto da legislação ............................................................................................................. 84
4.5.1- Lei Estadual do Rio de Janeiro ......................................................................................... 86
4.6- Vantagens e desvantagens dos processos construtivos convencionais ................................ 87
4.6.1- Bloco cerâmico ................................................................................................................ 87
4.6.2- Bloco de concreto ........................................................................................................... 88
4.6.3- Estruturas de concreto armado ...................................................................................... 90
5- Processos construtivos industrializados e a questão ambiental .................................................. 92
5.1- Processos construtivos industrializados mais utilizados no Brasil ............................................. 92
5.2- Aspectos e impactos ambientais gerados pelos processos industrializados ......................... 92
5.2.1- Sistemas construtivos estruturados em perfis leves de aço conformados a frio, com
fechamentos em chapas delgadas ............................................................................................ 92
5.2.2- Paredes Estruturais Constituídas de Painéis de PVC preenchidos com concreto........... 95
5.3- Ciclo de vida dos materiais e da industrialização................................................................... 97
5.3.1- Sistemas construtivos estruturados em perfis leves de aço conformados a frio, com
fechamentos em chapas delgadas ............................................................................................ 97
16
5.3.2- Paredes Estruturais Constituídas de Painéis de PVC preenchidos com concreto........... 99
5.4- Vantagens e desvantagens dos processos industrializados ................................................. 101
5.4.1- Sistemas construtivos estruturados em perfis leves de aço conformados a frio, com
fechamentos em chapas delgadas .......................................................................................... 101
5.4.2- Paredes Estruturais Constituídas de Painéis de PVC preenchidos com concreto......... 102
6- Analise comparativa dos aspectos ambientais dos processos construtivos convencionais e
industrializados ............................................................................................................................... 105
6.1- Generalidades ...................................................................................................................... 105
6.2- Emissões para o ar ............................................................................................................... 105
6.3- Uso de matérias-primas e recursos naturais ....................................................................... 105
6.4- Consumo de recursos hídricos ............................................................................................. 106
6.5- Emissão de ruídos ................................................................................................................ 106
6.6- Geração de rejeito e/ou subprodutos ................................................................................. 107
6.7- Uso de energia ..................................................................................................................... 107
6.8- Aspectos ambientais por tipo de construção ...................................................................... 108
6.8.1- Bloco cerâmico .............................................................................................................. 108
6.8.2- Bloco de Concreto ......................................................................................................... 109
6.8.3- Concreto Armado .......................................................................................................... 110
6.8.4- Light Steel Frame........................................................................................................... 111
6.8.5- Concreto- PVC ............................................................................................................... 112
6.8- Matriz comparativa para avaliação dos impactos ambientais ............................................. 113
7- Considerações finais .................................................................................................................... 117
Referências bibliográficas: .............................................................................................................. 119
17
1- Introdução
1.1- A importância do tema
A construção civil é um importante segmento da indústria brasileira e importante
indicativo econômico e social. Tem uma significativa participação no PIB do país, e devido
a sua influência, o setor da construção ganha destaque e importância. O PIB da construção
civil e do Brasil estão positivamente correlacionados, tendo um caráter pró-cíclico. Pode-se
observar pelo gráfico 1, fornecido pelo IBGE, a participação do PIB Brasileiro e o PIB da
construção civil durante o período de 2007 a 2014.
A partir de 2009 até final de 2012 houve um crescimento intenso do PIB do Brasil e
uma considerável expansão da construção. O setor cresceu significativamente, o que
propiciou a geração de empregos. Junto a esse aumento, fez-se necessário o aumento da
fabricação e comercialização de materiais, tornando necessária também a extração de
matéria prima.
Gráfico 1: PIB total e PIB da construção civil de 2007 a 2014. Fonte: IBGE.
A preocupação com impactos ambientais na indústria da construção civil vem desde
a extração de recursos até a geração de resíduos. O Conselho Internacional da Construção
– CIB aponta a indústria da construção como o setor de atividades humanas que mais
18
consome recursos naturais e utiliza energia de forma intensiva, gerando consideráveis
impactos ambientais. Alguns resultados dos impactos causados pela construção civil
podem ser exemplificados pela tabela 1 a seguir representado.
Tabela 1: Impactos da construção civil. Fonte: Beltrame (2013).
O impacto negativo gerado pela Construção Civil ao meio ambiente é um dos maiores
causados pela atividade humana ao planeta, principalmente nas fases de construção, operação,
manutenção e demolição dos edifícios.
Tem-se percebido a crescente demanda por uma construção sustentável em âmbito
mundial, o que implica na necessidade de mudança da tradicional construção. De acordo com
Aharwal, Chandrasekaran e Sridhar (2016); por alguns engenheiros terem a visão de que cada
projeto é único, muitos acabam por não enxergar a possibilidade de aplicar grandes ideias e
novas tecnologias e optam por melhorias incrementais em cada projeto. Porém, soluções e
estratégias para minimizar os desperdícios e geração de resíduos da construção implica no
estudo e uso de novas tecnologias, técnicas e procedimentos como um todo.
19
Entende-se racionalização de um processo produtivo, como sendo um conjunto de
ações que visam substituir as práticas convencionais por tecnologias baseadas em sistemas
que visam eliminar o empirismo das decisões.
A racionalização é uma companheira da industrialização. Na industrialização os métodos
artesanais que utilizam as mãos e os utensílios manuais animados pelo empirismo do
artesanato, devem ser substituídos por máquinas automáticas e operadores especializados,
chega-se a um produto muito diferente. A essência e utilidade do produto produzido
artesanalmente ou industrialmente deve ser a mesma, porém a matéria e execução devem ser
alteradas; o método de produção certamente deve ser modificado.
No presente trabalho, serão abordados processos industrializados que minimizem os
impactos ambientais causados na fase de construção de uma edificação. Será avaliado,
analisado e comparado o ciclo de vida de processos construtivos industrializados e tradicionais.
1.2- Objetivos
O presente trabalho apresenta como alternativa à construção convencional,
processo construtivo industrializado, que visam minimizar os impactos ambientais na
construção civil. Para isso, foi feita uma análise comparativa dos aspectos e impactos
ambientais gerados ao longo de todo o ciclo de vida dos processos construtivos,
industrializados e convencionais. Como resultado, pode-se observar que a industrialização
permite maior exatidão na produção, reduzindo entulho e desperdícios, além de apresentar
materiais com maior potencial de reaproveitamento e reciclagem.
Como a indústria da construção civil é muito ampla, com obras de construção civil e
obras de construção pesada, o foco dado ao trabalho será obras as obras de edificações.
1.3- Justificativa da escolha do tema
De acordo com a revista “Business Week”, em 6 de novembro de 2006, 89% das
pessoas preferem escolher marcas associadas a sustentabilidade; e 74% prestam mais
atenção em propagandas de marcas associadas a sustentabilidade. Essa pesquisa apontou
20
a visão da próxima geração, interessada em produtos e serviços que minimizem a
problemática dos impactos ambientais.
Em 2017, um estudo da empresa Smithers Pira apontou a importância da
sustentabilidade das embalagens de seus produtos. 96% dos entrevistados disseram que
o uso de embalagens sustentáveis era importante para seus negócios, com pouco mais da
metade (52%) dizendo que isso era "muito importante" ou "crítico".
Uma característica da construção civil brasileira é o desperdício, ora definido como
sendo a utilização de todo e qualquer material além do necessário. Uma pesquisa
desenvolvida por diversas universidades do país revelou que o índice médio de desperdício
de materiais nas obras brasileiras está entre 7% e 8%, dados esses, aliás, maqueados, pois
não levam em consideração o desperdício relativo à mão-de-obra. Alguns materiais, como
é o caso da argamassa, apresentaram perdas de até 50%, índice bastante elevado. Já as
perdas financeiras em uma obra podem chegar a 30% (AGOPYAN, 2001)
A mentalidade e nova visão da próxima geração estimula o estudo e aplicação de
soluções racionais, que reduzam os impactos ambientais negativos. Empresas tem
procurado desenvolver sistemas que as diferenciem em busca de maior destaque no
mercado e de uma evolução tecnológica. Por isso, investir em processos industrializados
na construção civil, que promovam a redução de resíduos, elimina desperdícios e aumenta
qualidade e produtividade torna-se um tema elementar para discutir e analisar.
1.4- Metodologia
Para permitir a revisão bibliográfica e obter o estado da arte do tema em estudo
foram pesquisados livros, revistas técnicas especializadas e jornais, artigos técnicos,
monografias, dissertações de mestrado e teses de doutorado. Buscou-se prioritariamente
o acesso e consulta a literatura técnica cuja edição tenha sido efetuada nos últimos dez
anos. Dessa forma foi possível a familiarização com processos produtivos industrializados
na construção civil e entendimento de seus benefícios do ponto de vista ambiental e sua
importância para a construção brasileira no cenário atual.
21
1.5- Estrutura da monografia
A partir da metodologia adotada, passou-se a estruturar o trabalho em sete
capítulos, visando analisar processos construtivos industrializados a serem aplicados no
Brasil, que contribuam para a racionalização e evolução da construção civil.
No capítulo 1 é feita a Introdução do trabalho, uma breve apresentação ao tema,
destacando a importância do tema considerando o cenário atual da indústria da construção
com a descrição do objetivo a ser atingido e da metodologia observada para a elaboração
do mesmo.
No capítulo 2, através de um embasamento teórico, foi relatado aspectos históricos
da industrialização na construção civil; introduzido conceitos relacionados ao tema, os
principais processos industrializados na construção civil e sua evolução. Levantar
vantagens e desvantagens dos processos e possíveis dificuldades de implantação.
O capítulo 3 analisa a gestão ambiental na construção civil. São introduzidos
conceitos da construção civil e da gestão ambiental, além de levantar sua importância. O
capitulo 3 aborda também questões da legislação ambiental, principais acidentes
ambientais causados pela construção civil e aspectos da gestão e gerenciamento ambiental
na construção.
O capítulo 4 destaca processos construtivos convencionais na construção civil e a
questão ambiental, descrevendo o ciclo de vida dos materiais usados e impacto ambiental.
O capítulo 5 levanta processos construtivos industrializados mais utilizados na
construção, descrevendo o ciclo de vida dos materiais usados e impacto ambiental.
O capítulo 6 faz uma análise comparativa dos processos estudados nos dois
capítulos anteriores, mostrando os ganhos do ponto de vista ambiental.
Por fim, a conclusão no capítulo 7, com comentários breves, críticas e sugestões
dos temas tratados durante a pesquisa.
22
2- Processos construtivos industrializados: contextualização
2.1- Conceituação
Pode-se definir método industrial como sendo aquele que, entre as várias
modalidades de produção, é baseado essencialmente em processos de natureza repetitiva
e nos quais a variabilidade incontrolável e casual de cada fase de trabalho, que caracteriza
as ações artesanais, é substituída por graus pré-determinados de uniformidade e
continuidade executiva, característica das modalidades operacionais parcial ou totalmente
mecanizadas. (Blachere, 1977).
A industrialização pode ser explicada como sendo a mecanização e a automação
da produção de produtos, caracterizando-se pela velocidade de execução e qualidade final
do artefato, já que quando este é fabricado na indústria, em geral o seu controle de
qualidade é maior.
A pré-fabricação é uma forma de buscar a industrialização da construção civil, sendo
definida pela norma NBR 9062 como elemento pré-moldado executado industrialmente.
Sua execução pode ocorrer em ambientes fabris, com mão de obra especializada e alta
tecnologia, onde as peças são confeccionadas e montadas na indústria e enviadas à obra;
ou no próprio canteiro de obra, em instalações temporárias.
Além disso, quando se trata de construção industrializada associa-se a ela a
coordenação modular. Nesse sentido, todos os itens da obra devem “conversar entre si”
permitindo que se possa montar a obra com menores perdas ou necessidade de quebras
de materiais ou componentes. Todas as medidas da obra, no caso da Industrialização, são
múltiplas desse Módulo, segundo Baptista (2009).
Os processos industrializados e a pré-fabricação podem contribuir para a
racionalização da construção civil, com menor consumo de matéria-prima e perdas; permite
um canteiro de obra mais limpo e com menos produção de resíduos; pode reduzir o prazo
de execução e aumentar o controle de qualidade e precisão. Além dessas vantagens,
existem os benefícios relacionados a esfera social, pois o desenvolvimento do sistema
construtivo no interior de uma indústria possibilita que a mão-de-obra seja amparada, com
local apropriado e inspecionado para o trabalho, melhorando, assim, as condições de
trabalho, e diminuindo os riscos de acidentes laborais.
Vale ressaltar que as contribuições oriundas de processos construtivos
industrializados, apenas tornam-se efetivadas, caso o processo proporcionem viabilidade
econômica. Sendo este atingido, a oferta oferecida representa uma evolução da construção
civil e colabora para um mercado cada vez mais competitivo.
23
2.2- Aspectos históricos
Os condicionantes físicos e climáticos de cada região geográfica impulsionavam uso
e desenvolvimento das primeiras tecnologias. Materiais abundantes em determinados
locais impulsionavam o desenvolvimento de técnicas construtivas. Ainda hoje, a vasta
quantidade de certo material influencia o desenvolvimento tecnológico.
Neste item são abordadas as técnicas construtivas em ordem cronológica, a partir
do século XVIII, período marcado fortemente pela revolução industrial.
A Revolução Industrial modificou a técnica de construir. Segundo BREGATTO
(2005), com o advento da revolução industrial, o desenvolvimento de novos equipamentos
e técnicas de processamento de materiais permitiu uma utilização diferente e mais
sistematizada de materiais como o aço e o vidro. O aparecimento da indústria permitiu
também a produção em série de elementos construtivos maiores, mais rápidos e
padronizados – os pré-fabricados.
A partir do século XVIII, período marcado pela Idade Contemporânea, o homem
passou a usar vidros nas janelas e telhas na cobertura. De 1796 a 1845 foram
desenvolvendo e aperfeiçoando técnicas para a produção do cimento e em 1850 ocorrem
as primeiras experiencias com o concreto armado.
A aplicação da técnica da construção modular nos processos produtivos passa a ser
aplicada durante a segunda metade do século XIX. Foi aplicada a diversos tipos de
estruturas para além das habitações, nomeadamente hospitais e estações de trem.
Acontece que depois desta época de expansão, verificou-se um declínio da construção
modular, resumindo-se ao mercado de casas pré-fabricadas (SAUD FILHO, 2007).
A difusão de casas pré-fabricadas começou no século XIX, nos Estados Unidos. A
técnica construtiva utilizava a madeira, matéria prima local. Apesar do seu sucesso, estes
tipos de habitação eram conhecidos por serem construções de fraca qualidade e de estética
duvidosa (RAMOS, 2007).
Com a tecnologia dos aços galvanizados, o aço começa gradualmente a substituir
a madeira nos painéis autoportantes, por volta da metade do século XX, quando as
siderúrgicas americanas começaram a disponibilizar aços com menores espessuras e
maior resistência à corrosão.
Segundo Bender (1976), a partir da 2 Guerra Mundial os pré-fabricados ganham
bastante força, para tentar suprir o déficit habitacional. Vários métodos construtivos são
usados e desenvolvidos nessa época como resposta à escassez de moradias, mão-de-obra
especializada e materiais. O emprego massivo do Steel Frame ocorre somente a partir da
década de 1990, impulsionado pelo aumento no preço das construções em madeira.
Somente após o final da Segunda Guerra Mundial, que foi registrada a primeira
aplicação significativa do entulho reciclado, na reconstrução das cidades Europeias. “Elas
24
tiveram seus edifícios totalmente demolidos, e o escombro ou entulho resultante foi britado
para produção de agregados visando atender à demanda na época.” (Wedler e Hummel,
1946 apud Levy, 2007, p.1629).
2.3- Sistemas construtivos industrializados
Segundo Greven & Baldauf (2007) os sistemas construtivos industrializados têm se
tornado cada vez mais necessários para a Construção Civil moderna, devido a necessidade
de menor tempo na construção, de menores despesas e de elevada produtividade da
Construção Civil. Assim, os canteiros de obra estão se tornando locais de montagem dos
sistemas e isso traz a vantagem de se acabar com os improvisos e com o desperdício.
A escolha das técnicas construtivas foi feita devido ao rumo que a construção civil
está tomando no país, práticas e ações que reduzam os impactos ambientais e racionalizam
o processo construtivo, além de trazer melhorias na gestão de cronogramas e custos, estão
sendo cobradas pela sociedade. A identificação dos novos sistemas construtivos foi
realizada a partir das diretrizes do SINAT (Sistema Nacional de Avaliação Técnica) da
Secretaria da Habitação do Ministério das Cidades.
O SINAT possui diretrizes para cinco tecnologias construtivas:
DIRETRIZ SINAT Nº 001 - Revisão 02 Diretriz para Avaliação Técnica de sistemas
construtivos em paredes de concreto armado moldadas no local;
DIRETRIZ SINAT Nº 002 Sistemas construtivos integrados por painéis estruturais
pré-moldados, para emprego em casas térreas, sobrados e edifícios habitacionais de
múltiplos pavimentos;
DIRETRIZ SINAT Nº 003 Sistemas construtivos estruturados em perfis leves de aço
conformados a frio, com fechamentos em chapas delgadas (Sistemas leves tipo Light Steel
Framing);
DIRETRIZ SINAT Nº 004 Sistemas construtivos formados por paredes estruturais
constituídas de painéis de PVC preenchidos com concreto (Sistemas de paredes com
formas de PVC incorporadas);
DIRETRIZ SINAT Nº 005 Sistemas construtivos estruturados em peças de madeira
maciça serrada, com fechamentos em chapas delgadas (Sistemas leves tipo Light Wood
Framing).
Os processos estudados e analisados nos capítulos seguintes foram baseados nas
diretrizes SINAT.
25
2.3.1- Sistemas construtivos em paredes de concreto armado moldadas no
local
2.3.1.1- Conceituação
Parede de concreto é, por definição da NBR 16055 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE NORMAS TECNICAS, 2012, p. 3), “Elemento estrutural autoportante, moldado no local,
com comprimento maior que dez vezes sua espessura e capaz de suportar carga no mesmo
plano da parede.”. A Norma também considera as paredes como sendo concretadas com
os elementos de fachada e armaduras.
O sistema construtivo parede de concreto moldada no local apresenta algumas
características peculiares, a parede tem função de vedação e estrutural, as instalações
elétricas, hidráulicas são preliminarmente montadas e embutidas na parede. É um método
construtivo racionalizado, que oferece economia, produtividade e qualidade.
O sistema consiste na moldagem de paredes e lajes maciças de concreto armado
com telas metálicas centralizadas. A estrutura é dimensionada para cada projeto específico
de arquitetura do edifício. A espessura das paredes e das lajes é de 10 cm. Ambas são
armadas com telas de aço eletrossoldadas de malha quadrada de 10 cm e fios com
diâmetro de 0,42 cm.
Em 1966 foi criado o Banco Nacional de Habitação – BNH, o que possibilitou, na
década seguinte, o surgimento dos programas habitacionais. De acordo com LORDSLEEN
JÚNIOR et al., (1998), nos anos 80 sinais de queda da construção civil foram notados e as
empresas iniciaram uma busca pela racionalização da produção de edifícios, por meio da
otimização das atividades da obra, diminuição de prazos e custos, sem implicar na ruptura
da base produtiva que caracteriza esse subsetor. Dentre os sistemas desenvolvidos nesse
período temos o sistema paredes de concreto. Sacht (2008) afirma que as paredes de
concreto foram utilizadas pela primeira vez no Brasil em 1979, na cidade de Santa Luzia,
em Minas Gerais, onde a Companhia de Habitação, COHAB – MG, construiu 46 unidades
habitacionais no Conjunto Habitacional Carreira Comprida. Como vantagens da utilização
deste sistema construtivo observou-se o fato de ter havido pouco desperdício de materiais,
a pintura ter sido aplicada diretamente nas paredes e as instalações elétricas e hidráulicas
terem sido embutidas. Em contrapartida, as habitações apresentaram fissuras. Apesar dos
problemas apresentados em Santa Luzia, a COHAB – MG construiu em 1980 o Conjunto
Habitacional Dr. Pedro Afonso Junqueira, em Poços de Caldas, utilizando o mesmo método
(SACHT, 2008).
2.3.1.2- Peculiaridades executivas
26
O concreto é o principal componente do sistema parede de concreto, pois é ele que
responde pela durabilidade e qualidade do sistema estrutural juntamente com a armadura.
Para que o concreto tenha o desempenho previsto no projeto a concreteira e a construtora
devem conhecer as características e a logística do processo.
De acordo com Massuda e Missurelli (2009) no Brasil são recomendados quatro
tipos de concreto: Concreto celular; Concreto com elevado teor de ar incorporado; Concreto
com agregados leves e com baixa massa especifica; Concreto convencional ou concreto
autoadensável. Geralmente utiliza-se o concreto tradicional para edifícios de múltiplos
andares e o concreto leve celular para edificações térreas.
Para o aço algumas recomendações são feitas para que não haja futuras patologias
devido à perda de resistência ou aplicação incorreta das barras. Os autores afirmam que
os cuidados devem ser observados a partir do recebimento. É necessária uma checagem
criteriosa, verificando se as peças recebidas estão de acordo com o pedido. As barras,
treliças e as telas devem ser transportadas, armazenadas e posicionadas nos locais de tal
forma que não haja danificação do material.
2.3.1.3- Aplicações
A Norma NBR 16055 contempla apenas edifícios de até cinco pavimentos. Um
produto promissor seria para o mercado de habitação popular. Apesar dessa norma ser
especifica para até cinco pavimentos, há edificações no Brasil, com mais andares utilizando
esse sistema.
2.3.1.4- Vantagens e Desvantagens
Além da velocidade e da economia de custos, o sistema parede de concreto também
reduz o desperdício e as etapas construtivas de uma obra. No sistema de alvenaria
convencional, depois de erguida a casa, as paredes têm de ser quebradas para as
instalações hidráulicas e elétricas serem colocadas, como no sistema parede de concreto
as instalações já vêm embutidas, os desperdícios de mão de obra com estes retrabalhos
são eliminados. Esta quebra nas paredes no sistema de alvenaria convencional para serem
colocadas as instalações gera desperdício, e esse desperdício se transforma em resíduos
(JUSTUS, 2009). No sistema Parede de Concreto o desperdício é mínimo, em relação à
alvenaria convencional, gera 80% menos resíduos (D'AMBROSIO, 2009).
As fôrmas são reutilizáveis e cada conjunto produz os painéis de vedação de uma
habitação em 24 horas, podendo incluir a laje na cobertura. O processo de produção do
sistema construtivo permite utilização de revestimento de pequena espessura, sem
27
necessidade de regularização, ou mesmo a eliminação de revestimento de regularização,
como argamassas e pastas, antes da aplicação da pintura.
Da mesma forma, Casas e Projetos (2012) expõe algumas desvantagens: o
conjunto de fôrmas é pré-determinado de acordo com o projeto arquitetônico, não
possibilitando eventuais modificações. Além disso, a sua reutilização depende de uma
demanda constante, uma produção repetitiva e em grande escala; Dificuldade na realização
de ampliação e reformas. O principal empecilho na aplicação desta tecnologia construtiva
está ligado diretamente à cultura construtiva do nosso país que está raizada na utilização
de alvenaria com tijolos cerâmicos além das patologias decorrentes do inadequado
emprego no passado, contribuindo para a pouca utilização no presente.
2.3.2- Sistemas construtivos integrados por painéis estruturais pré-moldados,
para emprego em casas térreas, sobrados e edifícios habitacionais de múltiplos
pavimentos
2.3.2.1- Conceituação
De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (1985), NBR 9062, os
elementos pré-moldados podem ser industrializados ou produzidos no próprio canteiro. O
pré-moldado de canteiro é executado em instalações temporárias nas proximidades da
obra, mas fora do local de utilização definitivo na estrutura. Essas instalações podem ser
mais ou menos sofisticadas, dependendo da produção e da produtividade que se deseja.
Seu controle de qualidade é especificado nesta mesma norma.
É constituído de painéis estruturais pré-moldados maciços de concreto armado e
pelas ligações entre eles. A moldagem dos painéis é feita na posição vertical, com fôrmas
de aço do tipo bateria apoiadas sobre quadro metálico. As fôrmas são constituídas por
chapas e perfis de aço, parafusos e ganchos de travamento.
Para a movimentação dos painéis na unidade de produção podem ser utilizados:
caminhão com guindaste, ponte rolante ou guincho motorizado. Para o transporte e a
montagem dos painéis em obra utiliza-se caminhão e guindaste.
De acordo com Vasconcelos (2002), a primeira grande obra que se tem registro no
Brasil com o uso de peças pré-moldadas é o Hipódromo da Gávea, localizado no Rio de
Janeiro. Foi construída em 1926 pela construtora dinamarquesa Christiani-Nielsen e foram
aplicadas diversas soluções com o concreto pré-moldado, como as estacas e as cercas no
perímetro da área reservada ao hipódromo. O hipódromo da Gávea, também conhecido
como Jockey Clube Brasileiro, é usado até hoje.
Na década de 50, em São Paulo a Construtora Mauá realizou diversas construções
de galpões utilizando peças pré-moldadas. O processo utilizado consistia em colocar as
28
peças deitadas uma em cima da outra, em uma sequência vertical, separadas por papel
parafinado. Isso economizava tempo e espaço no canteiro de obras (VASCONCELOS,
2002).
Em 1963 foi construído o conjunto CRUSP (Conjunto Residencial da Universidade
de São Paulo) na Cidade Universitária Armando Salles de Oliveira, o conjunto residencial
da USP. Foi a primeira obra registrada de edifícios de vários pavimentos com estrutura
reticulada em concreto pré-moldado.
2.3.2.2- Peculiaridades executivas
Antes da instalação dos elementos pré-moldados, é importante levar em
consideração a acessibilidade e estocagem dos materiais no canteiro de obras, a lista de
material a ser entregue na obra para se obter seus tipos, quantidade e identificam corretos
e a capacidade de carga e espaço das gruas a serem usadas. Também devem ser feitos
medições para se apurar as dimensões das peças entregues e inspeção visual para se
identificar possíveis defeitos. As peças devem ser estocadas de maneira que as primeiras
peças a serem usadas sejam acessadas antes das outras (First in First Out).
O primeiro passo é fazer a locação dos posicionamentos das peças que serão
marcados com linhas de referência. Antes de içar as peças pré-moldadas, posiciona-se
placas de calço com argamassa sem retração para estabelecer os níveis dos painéis. A
próxima atividade a ser feita é o içamento das peças, no caso, os painéis. Para tal, faz-se
uso de equipamentos como gruas e guindastes com cabos de aço. Após a colocação dos
painéis pré-moldados, inicia-se a fase de aplicação de argamassa nas juntas horizontais da
estrutura que devem ter espessura e traço conforme especificado no projeto. Também é
feita a aplicação de graute, para garantir compacidade nas juntas e minimizar riscos de
fissuras. Nas juntas externas, usa-se selante elastomérico para impermeabilização da
estrutura.
2.3.2.3- Aplicações
O sistema construtivo destina-se à construção de paredes para edifícios
habitacionais, casas e sobrados.
2.3.2.4- Vantagens e Desvantagens
A utilização de pré-moldados na obra facilita bastante na organização das etapas
da construção gera uma grande velocidade de execução, diminuição na quantidade de
29
pessoal e material estocado e nas perdas geradas pelo desperdício de material no canteiro
de obras. Do ponto de vista ambiental, redução de entulhos pode ser citada; o sistema não
gera entulhos, pois as peças já vêm prontas e não há necessidade de formas ou escoras.
Apesar das vantagens citadas, o processo de concretagem ainda é artesanal,
influenciando diretamente na qualidade do produto final; necessita equipamentos
especializados, como equipamento de içamento; e mão de obra especializada durante todo
o processo. Em geral é mais caro que a estrutura tradicional e os custos ainda não se
justificam para pequenas obras.
As dificuldades de manuseio das peças também influenciam negativamente para a
utilização do sistema. A logística das peças gerar diversas complicações, pois o transporte
das grandes e pesadas peças é um dificultador
2.3.3- Light Steel Framing
2.3.3.1- Conceituação
O sistema Steel Framing, também conhecido por Light Steel Framing é uma
evolução do “Wood Framing”, sistema construtivo auto-portante utilizado principalmente na
América do Norte (Canadá e Estados Unidos) e surgido nos Estados Unidos.
Em meados de 1980 as indústrias madeireiras foram vetadas do desmatamento,
passaram a fornecer madeira de qualidade inferior, também houve um grande
desenvolvimento da indústria do aço. Esse cenário provocou a substituição da madeira pelo
aço, que apresenta maior resistência e eficiência estrutural. Porém, apenas com o final da
Segunda Guerra Mundial a produção do Light Steel Framing (LSF) obteve grande avanços.
O Light Steel Framing é um sistema construtivo que utiliza perfis de aço galvanizado
dobrados a frio como estrutura, que trabalha em conjunto com os subsistemas
racionalizados, proporcionando uma construção industrializada e a seco. O sistema é
caracterizado pela concepção de racionalização e modulação, que é, cada vez mais,
utilizado no Brasil (RODRIGUES, 2006).
Sua base estrutural que formula o projeto em LSF é fundamentada em um grande
número de elementos estruturais resistindo a uma pequena parcela da carga total aplicada,
assim é possível elementos mais esbeltos e painéis mais leves e com facilidade de
manipulação (RODRIGUES, 2006).
2.3.3.2- Peculiaridades executivas
30
Segundo Manual da construção, o LSF é um sistema construtivo industrializado
caracterizado por um esqueleto estrutural leve composto por perfis de aço galvanizado.
Seus componentes são: os perfis de aço, sistema de vedação externa e interna, isolante
térmico e acústico, barreira impermeável, impermeabilizantes, subcoberturas e telhas.
Os perfis de aço, trabalham em conjunto para sustentação da construção. Possuem
espessura da chapa que variam entre 0,80 e 3,0 mm. As seções, espessuras usuais e
propriedades geométricas de perfis para steel frame são definidas pelas normas NBR
15253 - Perfis de Aço Formados a Frio, com Revestimento Metálico, para Painéis
Reticulados em Edificações: Requisitos Gerais e NBR 6355 - Perfis Estruturais de Aço
Formados a Frio: Padronização.
O fechamento vertical é um sistema composto por paredes internas e externas.
Quando se trata de Light Steel Framing, o sistema deve ser constituído por elementos leves,
compatíveis com a sua estrutura em aço galvanizado. As vedações ou fechamentos, quase
sempre são racionalizadas, o que permite maior grau de industrialização e otimização de
materiais. (RODRIGUES, 2006).
As vedações externas mais usuais são fornecidas em placas ou chapas, com várias
espessuras, sendo os mais utilizados a placa cimentícia, o OSB (Oriented Strand Board).
A placa de OSB é um painel constituído de tiras prensadas de madeira reflorestada, o que
aumenta sua resistência mecânica em relação a uma chapa de madeira comum. É usada
como contraventamento da estrutura de aço. Para a vedação interior usam-se, via de regra,
chapas de gesso acartonado para drywall. Ambas as vedações devem ter tratamentos e
isolantes adequados, para garantir a sua funcionalidade e conforto dos ocupantes, além de
obedecer às normas estabelecidas.
Conforme Santiago, Freitas e Crasto (2012), o objetivo principal do isolamento
térmico em um edifício é controlar as perdas de calor no inverno e os ganhos de calor no
verão. De acordo com Santiago, Freitas e Crasto (2012), o isolamento acústico ocorre
quando se amortiza a transmissão de som de um ambiente para outro ou do exterior para
dentro do ambiente e vice-versa. A lã de vidro ou a lã de PET é um dos isolamentos termo
acústico mais tradicionais utilizados no Brasil e no mundo. Vale ressaltar que nem todo
isolante térmico tem boas propriedades acústicas e vice-versa.
As barreiras impermeáveis São elementos usados para auxiliar a estanqueidade ao
ar e água da edificação e eventualmente proteger outros elementos de umidade e
intempéries. Os impermeabilizantes devem garantir a proteção e longevidade dos materiais
empregados na edificação.
Para a construção das lajes, seguimos o mesmo princípio das paredes: uma
estrutura metálica leve, revestida com placas de OSB, que recebe um contrapiso armado e
o respectivo acabamento.
Nas figuras 01, 02 e 03 são representados alguns desses acabamentos.
31
Figura 1 – Modelo de parede externa em Light Steel Framing. Fonte: Construtora Fastcon (2016) -
Esqueleto metálico
Figura 2 – Modelo de parede interna em Light Steel Framing. Fonte: Construtora Fastcon (2016) - Esqueleto
metálico
Figura 3 – Modelo de laje em Light Steel Framing. Fonte: Construtora Fastcon (2016) - Esqueleto metálico
Conforme o que foi levantado por Santiago, Freitas e Castro (2012), a cobertura ou
telhado é a parte da construção que tem a função de proteger o edifício da ação das
intempéries, podendo simultaneamente, desempenhar uma função estética.
As subcoberturas tradicionais são aplicáveis no sistema construtivo LSF,
funcionando como barreiras adicionais de estanqueidade.
32
Pode-se utilizar no sistema todos os tipos de telhas existentes e disponíveis no
mercado– aço, cerâmica, fibrocimento, shingle, concreto, plásticas, etc. Deve-se dar
preferência aos sistemas de coberturas de maior desempenho de estanqueidade e a
durabilidade da edificação, assegurando sua correta amarração e fixação, para se evitar
infiltrações ao longo da vida da edificação, usualmente causadas por deslocamentos dos
elementos de cobertura em razão de fortes ventos, chuvas etc.
2.3.3.3- Aplicações
O sistema construtivo light steel framing – LSF – é indicado para uso em residências
unifamiliares térreas ou sobrados, edifícios de até 8 pavimentos, hotéis, edifícios da área
de saúde, clínicas, hospitais, comércio em geral, creches, edifícios para educação e ensino,
fachadas de edifícios em geral incluindo os de grande altura, retrofit e ampliações de
edifícios existentes.
2.3.3.4- Vantagens e Desvantagens
O fato do Brasil ser um dos maiores produtores de aço, implica diretamente na
facilidade de matéria prima, o que facilita a implantação do sistema. Além disso, os autores
acrescentam que o sistema LSF permite controle rígido de gastos na fase do projeto,
aumento de qualidade, rapidez de execução e facilidade de montagem.
Do ponto de vista ambiental, as seguintes vantagens são apresentadas: o aço pode
ser reciclado e reaproveitado, sem perder suas características básicas de qualidade e
resistência; o processo de galvanização dos perfis, atendem especificações da NBR 15253
(2005), proporcionando durabilidade e proteção aos perfis, garantindo a longevidade da
estrutura; o sistema evita desperdícios de energia e material.
No entanto, a mão de obra não especializada pode tornar o processo mais oneroso
e menos vantajoso, além de não obter o máximo de eficiência que o processo poderia
oferecer. Além disso, o LSF é aplicado apenas para construção comercial ou residencial,
de até 4 pavimentos e galpões.
2.3.4- Concreto PVC - Royal Building Systems (RBS)
2.3.4.1- Conceituação
33
O concreto PVC surgiu no Canadá aproximadamente na década de 80 devido a
necessidade de velocidade na construção de habitação em períodos de pós-desastres,
como inundações e tempestades. O sistema construtivo é amplamente difundido no país
canadense.
O “Concreto-PVC” é um sistema modular constituído por painéis verticais,
encaixados por sistema de guias. Os painéis em PVC têm 3 diferentes espessuras - 64mm,
100mm e 150mm, e podem ser usados tanto para paredes externas quanto para internas.
A figura 04 ilustra as espessuras disponíveis e a representação do sistema de concreto.
Tais painéis são utilizados como fôrmas para as paredes, são ocos, e após montadas todas
as peças, é realizada a concretagem dos perfis de PVC, o que, de acordo com Chahrour et
al (2005), cria uma parede monolítica de concreto com capacidade de cura melhorada
devido ao aprisionamento de água do concreto, o que evita a secagem prematura do
concreto.
Figura 4 - Representação da estrutura e espessuras dos painéis de Concreto-PVC. Fonte: Royal do Brasil
Technologies S.A. (2011).
Os principais materiais que constituem este Sistema são o concreto e o PVC. Em
alguns casos, barras de aço também são utilizadas, além daquelas que fazem a ancoragem
da estrutura à fundação. A alta performance do sistema, segundo Ferrari (2011) se deve as
características do PVC- estanqueidade, fácil limpeza, resistência mecânica e química e
elevada durabilidade, junto à eficiência comprovada do concreto e suas constantes
melhorias técnicas.
34
2.3.4.2- Peculiaridades executivas
Ferrari (2011) enfatiza que, para que a construção das casas ocorra como em uma
linha de produção, deve-se trabalhar com a utilização de kits sistêmicos. Assim, antes do
início da montagem, os perfis de PVC são entregues na obra em kits já cortados na medida
das paredes e etiquetados com a paginação da montagem descrita em planta. Em alguns
casos podem ser entregues paredes pré-montadas. Como os perfis são leves, é fácil
manuseá-los e estoca-los na obra.
De maneira geral, a execução do sistema começa com a fundação (tipo radier) e a
correta previsão dos pontos e tubulações hidráulicas e elétricas; são demarcadas as
paredes no piso do radier e furação para as esperas de aço, segundo o projeto;
posteriormente, a fixação e ancoragem das barras de aço; para então iniciar a montagem
dos painéis. Todas as tubulações elétricas e hidráulicas, de telefonia e gás também são
colocadas no perfil oco, conforme desenho do projeto. Após a montagem completa do kit
de PVC faz-se o escoramento das paredes e alinhamento dos painéis para a concretagem.
Pode-se utilizar qualquer tipo de laje, moldada in loco, ou pré-moldada. Na
cobertura, apoiada sobre a laje ou parede, são aceitos qualquer tipo de sistema: madeira,
alumínio, etc. Assim como portas e janelas que são aceitas de qualquer material: madeira,
ferro, alumínio, vidro temperado ou PVC.
2.3.4.3- Aplicações
De acordo com Ferrari (2011), o sistema RBS pode ser utilizado para construção de
residências e prédios de até 5 pavimentos em diversos padrões, podendo ser utilizado na
construção de casas e edifícios residenciais, industriais, comerciais, escolas, hospitais, etc.
Corsini (2011) afirma ainda que a quantidade de pavimentos pode variar bastante, mesmo
em casas populares, pois o que determina a quantidade de pavimentos é a resistência do
concreto.
2.3.4.4- Vantagens e Desvantagens
Exercem função estrutural da edificação além de já possuírem acabamento final,
podendo receber pintura, revestimentos, texturizados e cerâmicos.
Do viés ambiental, o sistema faz uso mais eficiente dos recursos e minimiza a
geração de resíduos. Além disso, os perfis de PVC são 100% recicláveis. Os
poucos resíduos gerados com sua fabricação são reaproveitados e também podem ser
reciclados ao final do seu ciclo de vida. O sistema construtivo reduz 97% de desperdícios
35
e entulho se comparado com o sistema construtivo convencional, soma-se a essa redução,
a limpeza e organização da obra.
Ferrari (2011) destaca a economia de até 73% no consumo de água e de até 75%
no consumo de energia na obra.
O sistema de concreto-PVC dispensa mão de obra especializada e o uso de
equipamentos pesados como guindastes; gera ganho de produtividade e agilidade de
execução, entre outros benefícios.
Entretanto, ainda possui um preço elevado - em geral, superior ao custo da parede
de alvenaria estrutural; poucos fornecedores - já que no Brasil a produção é em pequena
escala; e apresenta um bloqueio cultural, referente a segurança de seu uso, já que o
sistema ainda não é muito difundido e poucas construtoras tem domínio do sistema. Além
disso, pode ser utilizado em obras de até quatro pavimentos.
2.3.5- Light Wood Framing
2.3.5.1- Conceituação
A história principal do sistema construtivo Wood Frame, tem seu início no
desenvolvimento do oeste norte-americano, devido ao processo de construção desse
sistema ser ágil e utilizavam da coletividade (SACCO e STAMATO, 2010).
É comum a prática dessa construção em países desenvolvidos como Estados
Unidos e Canadá, isso se dá devido à rentabilidade, a diminuição do tempo de execução,
a economia de energia e o alto grau de industrialização desse sistema. No Brasil ainda é
pouco conhecida, mas vem tentando ganhar seu espaço na construção civil (SACCO e
STAMATO, 2010).
Segundo a LP BRASIL (2012), os sistemas construtivos leves de madeira de floresta
plantada – light wood frame- se caracterizam por perfis leves de madeira de floresta
plantada com a estrutura composta por um conjunto com painéis de tira de madeira,
denominados OSB, formando painéis estruturais com capacidade de resistir a cargas
verticais (telhados e pavimentos), perpendiculares (vento) e de diagonais (corte)
transmitindo as cargas até a fundação. A figura 5 representa a estrutura do sistema
construtivo.
O wood frame para edificações é um sistema construtivo industrializado, durável,
estruturado em perfis de madeira reflorestada e tratada, formando painéis de pisos, paredes
e telhados combinados e/ou revestidos com outros materiais. Esses têm a finalidade de
aumentar o conforto térmico e acústico, além de proteger a edificação das intempéries e
contra o fogo. (MOLINA; JUNIOR, 2010).
36
Figura 5 - Desenho estrutura do sistema construtivo Wood Frame. Fonte: Grupo Kurten (2014).
2.3.5.2- Peculiaridades executivas
O sistema permite a utilização de qualquer tipo de fundação, mas por sua estrutura
leve e distribuição uniforme de cargas, os dois tipos mais utilizados são radier e sapata
corrida. Nos pisos superiores, consideram-se os painéis de OSB como contrapiso. Para
garantir o revestimento acústico, utilizam-se sobre os painéis revestimentos de carpetes ou
pisos com manta intermediaria. As ligações entre os elementos estruturais do painel são
efetuadas pela utilização de pregos, sendo que estes elementos metálicos de fixação
devem ser galvanizados, necessariamente, uma vez que deverão ter longa vida de serviço
(SANTOS, 2012).
2.3.5.3- Aplicações
O sistema Wood Frame permite a construção de casas de até cinco pavimentos com
total controle dos gastos já na fase de projeto devido à possibilidade de industrialização do
sistema. A madeira é utilizada, neste caso, principalmente como estrutura interna de
paredes e pisos, proporcionando uma estrutura leve e de rápida execução, pois os sistemas
e subsistemas são industrializados e montados por equipes especializadas, em momentos
definidos da obra, e de forma independente.
De acordo com Stricklin, Schiff e Rosowsky (1996) construções residenciais de até
dois pavimentos que utilizam o sistema wood frame são mais econômicas.
37
2.3.5.4- Vantagens e Desvantagens
A madeira é um recurso com uma série de vantagens de ordem ambiental, social e
econômica. É um material reciclável onde a serragem vira carvão prensado e outras partes
das sobras serão transformadas em cercas, caixotes, escoramentos, embalagens e móveis
(ESTUQUI FILHO, 2006). A madeira é único material de construção renovável, que
demanda baixo consumo energético para produção, e absorve carbono da atmosfera
durante o crescimento da árvore.
Apresenta ainda fácil trabalhabilidade, excelente desempenho térmico (absorve 40
vezes menos calor que a alvenaria de tijolos) e acústico, além de elevada relação
resistência/peso, o que faz da madeira um material adequado para a industrialização de
elementos no sentido de facilitar o transporte das peças e posterior montagem na obra.
Somadas a todas essas vantagens, no Brasil, os projetos com estruturas baseadas em
wood frame têm utilizado como matéria prima o pinus e, em menor quantidade o eucalipto,
ambas espécies de reflorestamento, e que apresentam crescimento rápido.
Entretanto, é necessária mão de obra especializada para a construção, o que é raro
no Brasil. Além disso, ainda existe preconceito da sociedade em relação a casas de madeira
e uma limitação de construção de até 5 pavimentos no Brasil.
38
3- A gestão ambiental e a construção civil
3.1- A construção civil
A Indústria da construção civil é composta por uma complexa cadeia produtiva que
abrange setores industriais diversos, tais como: mineração, siderurgia do aço, metalurgia
do alumínio e do cobre, vidro, cerâmica, madeira, plásticos, equipamentos elétricos e
mecânicos, fios e cabos e diversos prestadores de serviços, como escritórios de projetos
arquitetônicos, serviços de engenharia, empreiteiros etc. (AMORIM, 1995; MELLO, 2007).
A construção civil é integrada por uma série de atividades com diferentes graus de
complexidade, ligadas entre si por uma vasta diversificação de produtos, com processos
tecnológicos variados, vinculando-se a diferentes tipos de demanda. Ela abriga desde
indústrias de tecnologia de ponta e capital intensivo, como cimento, siderurgia, química, até
milhares de microempresas de serviços, a maior parte com baixo conteúdo tecnológico.
Pode-se afirmar que uma das características marcantes do setor da Construção Civil é a
sua heterogeneidade.
A construção civil brasileira atual é caracterizada por improvisação, adaptações,
atrasos, descoordenação e desperdícios, alta rotatividade de mão-de-obra nas
subempreitadas, baixa qualificação e pouca especialização da força de trabalho,
compensados pela baixa remuneração e pelo uso intensivo do trabalho. Acrescente-se a
este quadro a frágil organização sindical e o baixo nível de reivindicação dos operários do
setor (BAPTISTA, 2009).
A construção civil está dividida em atividades quanto ao seu produto final em três
grandes subsetores: Construção Pesada, Montagem Industrial e Edificações. A Construção
pesada envolve obras de infra-estrutura, como vias, obras de saneamento, usinas e
hidrelétricas. O subsetor de montagem industrial corresponde às obras de montagem de
estruturas de instalações industriais, de sistemas de geração, transmissão de energia
elétrica e telecomunicações. Neste setor estão presentes empresas de médio a grande
porte. Por fim, tem-se o subsetor de edificações que é responsável pela construção de
edifícios e execução de serviços complementares. Este subsetor apresenta uma
quantidade razoável de empresas de grande e médio porte e um número enorme de
empresas de pequeno porte, em obras de diversos graus de complexidade, fornecendo um
quadro bastante heterogêneo (MELLO, 1997). A figura 06 ilustra essa composição.
39
Figura 6 – Composição do setor da construção civil Brasileira. Fonte: Spadeto (2011).
O Macro Setor da Construção não envolve apenas as atividades de construção em
si, mas também as parcelas ligadas à distribuição de matéria-prima e equipamentos, assim
como as parcelas ligadas ao setor de serviços e distribuição na construção. Ele é de
fundamental importância no desenvolvimento econômico, gerando efeitos multiplicadores
setoriais da indústria da construção civil sobre o processo produtivo.
O setor da construção civil tem importante relevância no desenvolvimento sócio-
economico. Na economia nacional, atendendo a diversos outros setores chave, como o
setor de transporte com obras de estradas e ferrovias, portos, aeroportos, setor de energia
(hidroelétricas, usinas nucleares, etc.), setor de edificações comerciais e residenciais
contribuindo para a redução do déficit habitacional e trazendo infraestrutura para as
cidades. É o setor com maior poder de elevar o crescimento da economia em um curto e
médio prazo, por absorver tanto mão-de-obra qualificada, quanto desqualificada, gerando
empregos em larga escala. (BONFIM, 2011).
Destaca-se sua importância social por ser um dos setores da economia que mais
empregam trabalhadores; respondendo por cerca de 5% do emprego formal nacional e
6,5% do total de ocupados no país (formal ou informalmente). Ainda em termos sociais, tem
maior relevância devido ao alto índice do déficit habitacional, que chegou, em 2009, a quase
8 milhões de moradias, fazendo com que este setor seja o responsável por suprir esta
carência.
Em relação a sua importância econômica, a indústria da construção civil atua de
forma significativa no PIB de qualquer país, sendo de 3% a 5% nos países desenvolvidos,
e de 5% a 10% nos em desenvolvimento, e, ainda, absorve um número elevado de mão-
de-obra, independentemente do nível de desenvolvimento econômico (BARREIRO
JÚNIOR, 2003 apud CARVALHO, 2003). De acordo com Dias (2012), o estudo “Compete
Brasil” apresentado pela FIESP no 10 Congresso Brasileiro da Construção em 2012, a
indústria da construção é responsável por 8% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, é
dos grandes expoentes da economia brasileira.
A indústria da construção civil é considerada como grande propulsor da economia
de um país, isso pode ser por ser explicado por ser um dos setores industriais mais
sensíveis às mudanças econômicas (BRASIL, 2005). De acordo Morais e Souza Junior
40
(2011) a sua participação oscila de acordo com certos períodos, decresce nos períodos
recessivos, enquanto que seu crescimento é maior que a média nacional, em épocas de
expansão.
Além disso, a construção civil é considerada um setor-chave para a economia
nacional, pois é grande consumidora de produtos de outros segmentos industriais,
formando uma ampla cadeia produtiva, que se estende desde a indústria extrativista mineral
até a comercialização dos imóveis. Daí ser conhecida como uma atividade essencial para
alavancar o crescimento econômico de um país (KURESKI et al., 2008).
3.2- Aspectos históricos da construção civil e da gestão ambiental
A preocupação com os efeitos dos impactos ambientais, decorrentes da ação
humana na natureza, passou a receber maior atenção a partir da década de 1950 motivada
pela queda da qualidade de vida em algumas regiões do planeta. Nessa época, surgiram
movimentos ambientalistas, entidades governamentais sem fins lucrativos e agências
governamentais voltadas para a proteção ambiental.
A década de 1970 ficou conhecida como a da regulamentação e do controle
ambiental. Após a conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, em Estocolmo,
Suécia, as nações começaram a estruturar seus órgãos ambientais e estabelecer suas
legislações. Poluir passou a ser considerado crime em diversos países.
A crise energética, causada pelo aumento do preço do petróleo levou a discussão
sobre a racionalização do seu uso e à busca por combustíveis mais limpos, oriundos de
fontes renováveis. Surgiram as primeiras tentativas de valorização energética dos resíduos,
unindo meio ambiente e conservação da energia, resultando em um esboço do conceito de
desenvolvimento sustentável. O conceito de “desenvolvimento sustentável” busca alcançar
a utilização dos recursos naturais de que temos necessidade hoje, para permitir uma boa
qualidade de vida, porém sem comprometermos a utilização desses mesmos recursos
pelas gerações futuras (MOURA 2008).
Também na década de 70, passou a ser exigida, nos Estados Unidos a realização
de Estudos de Impacto Ambiental (EIA), como um pré-requisito à aprovação de
empreendimentos potencialmente poluidores. Trata-se de uma medida preventiva que pode
impedir a aprovação da construção desses empreendimentos.
Na década de 80 segundo Moura (2008) foi marcado como sendo aquela que
surgiram em grande parte dos países leis regulamentadoras de atividades industriais
concernentes à poluição. Também nesta década teve o formalismo de Estudos de Impacto
Ambiental e Relatórios de Impacto sobre o Meio Ambiente (EIA-RIMA), com audiências
públicas e aprovação de licenciamentos ambientais. No Brasil a Lei nº 6.938, de 31 de
agosto de 1981 que estabeleceu a Política Nacional para o Meio Ambiente, entre as
medidas adotadas está à exigência do estudo de impacto ambiental e o respectivo relatório
41
(EIA/RIMA) para a obtenção de licenciamento em qualquer atividade modificadora do meio
ambiente.
Nesta década de 80 ocorreram muitos acidentes que impactaram
representativamente o meio ambiente. Podem ser mencionados e historicamente descritos:
Acidente de Chernobyl, na União Soviética, hoje Ucrânia em 29 de abril de 1986, ocorreu
uma enorme explosão do reator quatro da Usina Nuclear de Chernobyl. Outro acidente
radioativo que ocorreu no Brasil, em setembro de 1987, em Goiânia, uma fonte radioativa
utilizada em uma clínica de tratamento de câncer (desativada), teve destino um ferro-velho,
onde o dono do ferro-velho expôs o material radioativo, Césio- 5 137. Ocorreu um
vazamento de 11 milhões de petróleo cru do navio-petroleiro Exxon Baldez no Alasca, em
24 de março de 1989.
Esses foram exemplos significantes para mostrar que de fato o mundo necessitava
de um modelo diferenciado de se trabalhar na indústria e de se ter cuidado com resíduos
sólidos sendo estes muitas vezes infectantes, indústrias sem a utilização de medidas
preventivas e resíduos descartados de formas inadequadas facilitam a contaminação de
nossos recursos naturais e a contaminação direta ou indireta dos seres vivos como um
todo.
Na década de 1990, já havia uma consciência coletiva sobre a importância da
preservação e o equilíbrio ambiental. A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento, conhecida também como Cúpula da Terra ou Rio 92,
realizada na cidade do Rio de Janeiro, resultou em importantes documentos como a Carta
da Terra (conhecida como Declaração do Rio) e a Agenda 21. Segundo Junior (1998) a Rio
92 trouxe o compromisso com o desenvolvimento sustentável, o tratado da Biodiversidade
e o acordo para a eliminação gradual do CFC’s.
Em 1997, no Japão, na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas, foi anunciado um tratado internacional chamado Protocolo de Kyoto que
estipulava metas para redução de emissões de gases do efeito estufa, no período
estipulado entre 2008 e 2012, considerados como a principal causa do aquecimento global,
FREITAS (2011).
A Rio +10, em 2002, não trouxe nenhum novo conceito ou caminho futuro a ser
discutido, apenas foram aprovadas metas relacionadas a saneamento, biodiversidade,
pesca e químicos.
Rio+20 é o nome da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável, que ocorreu na cidade do Rio de Janeiro em 2012. Participaram líderes dos
193 países que fazem parte da ONU. O principal objetivo da Rio+20 foi renovar e reafirmar
a participação dos líderes dos países com relação ao desenvolvimento sustentável no
planeta Terra. Foi, portanto, uma segunda etapa da Cúpula da Terra (ECO-92) que ocorreu
há 20 anos na cidade do Rio de Janeiro. A Rio+20 teve dois temas principais: A economia
verde no contexto do desenvolvimento sustentável e a erradicação da pobreza e a estrutura
institucional para o desenvolvimento sustentável.
42
O resultado foi a geração de um documento chamado “O Futuro que Queremos”,
que aponta a pobreza como o maior desafio para que os países atinjam a excelência nos
pilares econômico, social e ambiental. Porém, essa conferência não teve tanta força quanto
a Rio 92, pois, segundo analistas ouvidos pela BBC Brasil (FELLET, 2012), a crise
econômica mundial e a opção do país por políticas que consideram danosas à natureza,
como a construção de hidrelétricas na Amazônia e a concessão de estímulos ao setor
automobilístico, podem ter prejudicado as negociações e tomadas de decisões práticas.
3.3- A gestão ambiental
O sistema de gestão ambiental é um conjunto de procedimentos que visa a ajudar
a organização empresarial a gerenciar seus aspectos ambientais e a entender, controlar e
diminuir os impactos ambientais de suas atividades, produtos ou serviços. Está baseado no
cumprimento da legislação ambiental vigente e na melhoria contínua do desempenho
ambiental da organização.
O sistema de gestão ambiental da ênfase na otimização da sustentabilidade por
parte da empresa e de seus parceiros, mediante a adoção de métodos e práticas que
mitiguem o impacto ambiental de suas atividades, seja no consumo das matérias primas
que promovem a redução dos recursos do meio ambiente, seja na geração da poluição por
emissões, geração de resíduos sólidos e efluentes contaminados.
O sistema de gestão ambiental tem abrangência, não se limitando, aos seguintes aspectos (SEIFFERT, 2016):
a) Uso de recursos naturais de forma racional.
b) Aplicação de métodos que visem a manutenção da biodiversidade.
c) Adoção de sistemas de reciclagem de resíduos sólidos.
d) Utilização sustentável de recursos naturais.
e) Tratamento e reutilização da água e outros recursos naturais dentro do processo produtivo.
f) Criação de produtos que provoquem o mínimo possível de impacto ambiental.
g) Uso de sistemas que garantam a não poluição ambiental. Exemplo: sistema carbono zero.
h) Treinamento de funcionários para que conheçam o sistema de sustentabilidade da empresa, sua importância e formas de colaboração.
i) Criação de programas de pós-consumo para retirar do meio ambiente
os produtos, ou partes deles, que possam contaminar o solo, rios, etc. Exemplo:
recolhimento e tratamento de pneus usados, pilhas, baterias de telefones celulares,
peças de computador, etc.
43
3.4- Conceituação
3.4.1- Poluição
Conforme Santos et Martins (2002) a degradação ambiental do planeta terra vem se intensificando e uma das principais causas é a poluição.
Não está ainda definido com exatidão o conceito de poluição, nem há divulgação correta do mesmo na esfera da população. Para uns, poluição é modificação prejudicial em um ambiente onde se encontra instalada uma forma de vida qualquer; para outros, essa forma de vida tem de ser o homem, e outros mais a entendem como alteração ecológica nociva, direta ou indiretamente, à higidez humana (Branco & Rocha, 1987; Margulis, 1990).
Segundo o Aurélio (2017) poluição significa:
a) Contaminar ou deteriorar o ambiente com substâncias químicas, lixo industrial ou ruídos sonoros.
b) Manchar(-se) a honra ou a dignidade de alguém. c) Contaminar ou deteriorar o ambiente com substâncias químicas, lixo industrial ou ruídos sonoros.
No artigo 3° da Lei 6.938/81a poluição está definida como “a degradação da qualidade ambiental resultante de atividade que direta ou indiretamente: prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; afetem desfavoravelmente a biota; afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos”.
3.4.1.1- Poluição Sonora
O som é devido a uma variação da pressão existente na atmosfera. O ruído é um conjunto de sons indesejáveis ou provocando uma sensação desagradável. Som e ruído são caracterizados por grandezas físicas mensuráveis às quais são associadas grandezas ditas “fisiológicas”, que correspondem à sensação auditiva (MACHADO, 2012, p. 778).
Na percepção de Fiorillo (2006, p. 147) "o ruído é o som ou o conjunto de sons indesejáveis, desagradáveis, perturbadores. O critério de distinção é o agente perturbador, que pode ser variável, envolvendo o fator psicológico de tolerância de cada indivíduo.”
Poluição sonora refere-se ao efeito danoso provocado por sons em determinado volume que supera os níveis tolerados para os seres humanos. Dependendo da sua intensidade, causa danos irreversíveis nos seres humanos. A audição é um dos principais canais da informação do ser humano. É o sentido através do qual a linguagem verbal é adquirida num processo que envolve pensamento, memória e raciocínio.
3.4.1.2- Poluição atmosférica
44
A poluição atmosférica inclui todo tipo de atividade, fenômeno e substância que
contribua para a deterioração da qualidade natural da atmosfera, causando males aos seres
humanos e ao meio ambiente (ALMEIDA, 1999; US EPA, 2006).
Os poluentes podem ser líquidos, gasosos ou sólidos e serem provenientes de
fontes naturais ou da atividade humana.
A atividade humana é a principal fonte geradora. O crescimento populacional,
industrial e econômico; a concentração populacional e industrial; hábitos da população e o
grau de controle exercido nas atividades, contribuem para isso (ASSUNÇÃO, 1998).
3.4.1.3- Poluição do solo
De acordo com o estabelecido no artigo 72 do Decreto 28.687 (1982, apud Santos
et Martins, 2002), poluição do solo e do subsolo consiste na deposição, disposição,
descarga, infiltração, acumulação, injeção ou enterramento no solo ou no subsolo de
substâncias ou produtos poluentes, em estado sólido, líquido ou gasoso.
Com a poluição do solo podem surgir efeitos como a erosão (remoção de material
da superfície do solo) e aumento da desertificação (aceleração da evaporação) além de
doenças como a ancilostomose (amarelão), a teníase e verminoses (ascaris ou lombrigas)
e a oxiurose (oxiúro).
3.4.1.4- Poluição da água
Entende-se por poluição da água a alteração de suas características por quaisquer
ações ou interferências, sejam elas naturais ou provocadas pelo homem. Essas alterações
podem produzir impactos estéticos, fisiológicos ou ecológicos. Já a contaminação refere-se
à transmissão de substâncias ou microrganismos nocivos à saúde pela água. A ocorrência
da contaminação não implica necessariamente em desequilíbrio ecológico (BRAGA et al.,
2005).
Ainda segundo BRAGA et al. (2005), os poluentes podem ser introduzidos na água
de forma pontual ou difusa. As cargas pontuais mais facilmente identificadas e de mais fácil
controle. Já as cargas difusas, que ganham o nome por serem lançadas em vários pontos
não específicos, são mais difíceis de serem controladas e identificadas, como as
substâncias provenientes de campos agrícolas.
3.4.1.5- Poluição visual
45
A poluição visual ocorrida na degradação do ambiente "é fruto da violação estética
de um padrão paisagístico médio a ser aferido em cada caso, seja afetando uma paisagem
naturalmente bela, ou portadora de outro predicado relevante, ou alterando uma paisagem
urbana de maneira desarmônica e agressiva" (CASTANHEIRO, 2009)
A poluição visual “gera desarmonia ou desequilíbrio no meio ambiente artificial [...],
prejudicando o bem estar da população, comprometendo a saúde das pessoas, através de
efeitos psicológicos difíceis de serem diagnosticados, enquadrando-se no conceito jurídico
de poluição (art. 3º, III, da Lei n. 6.938/81)” (CASTANHEIRO, 2009).
3.4.1.6- Poluição térmica
A poluição térmica é pouco conhecida por não ser facilmente observável (ela não é
visível ou audível), mas seu impacto é considerável. Ela ocorre quando a temperatura de
um meio de suporte de algum ecossistema aquático (como um rio, por exemplo) é
aumentada ou diminuída, causando um impacto direto na população desse ecossistema. A
poluição térmica do ar, embora menos comum, também pode provocar danos ambientais.
A liberação de vapor de água por uma indústria em uma área com pouca dispersão do ar
pode ocasionar a morte de pássaros, insetos e plantas.
3.4.1.7- Poluição radiativa
É provocada pela emissão da radiação na forma de raios alfa, raios beta e raios
gama. Os raios alfa e beta têm absorção mais facilitada e os raios gama que são mais
penetrantes em função de suas ondas eletromagnéticas. A poluição radioativa é promovida
por substâncias radioativas naturais ou artificiais. As naturais são oriundas de substâncias
que são encontradas no subsolo junto a alguns materiais, tais como, petróleo e carvão, e
que são disponibilizados por empresas mineradoras nas superfícies e no meio ambiente
em geral. As artificiais são produzidas por reatores e aceleradores de partículas que não
recebem o tratamento devido após o ciclo de vida.
3.4.2- Resíduos
Resíduo compreende tudo aquilo que sobra de uma atividade qualquer. Ou seja,
aquilo que popularmente é chamado de “lixo”. No entanto, há que se compreender que nas
atividades humanas são gerados resíduos e não lixo. Como resíduos tais materiais
possuem valores sociais, econômicos e ambientais que podem ser preservados, a partir do
descarte e coleta seletivos e consequente envio para reciclagem, ou até mesmo para a
46
geração de energia. Mas, se descartado de forma comum os resíduos podem virar lixo.
(LOGAREZZI, 2006 p. 95)
Conforme Bidone e Povinelli (1999), os resíduos sólidos se classificam quanto a sua
origem e solubilidade conforme mostra a Tabela 2 abaixo, o autor classifica como sendo
lixo o que não pode ser transportado por agua e foi rejeitado para outro uso. Tabela 02,
classificação dos resíduos quanto à origem.
Origem Característica
Urbana Resíduos residenciais, comerciais, de varrição, de freiras
livres, de capinação e poda.
Industrial
Nessa categoria se inclui o lodo produzido no tratamento de efluentes líquidos industriais, bem como resíduos resultantes dos processos de transformação. Ex. cinzas, fibras, metais, escorias, geralmente tóxicos
Serviços de saúde
Resíduos gerados em hospitais; clinicas medicas; odontológicas e veterinárias; postos de saúde e farmácias.
Radioativa Resíduos de origem atômica. Esse tipo tem legislação
própria e é controlado pelo conselho nacional de energia Nuclear (CNEN)
Agrícola Resíduos de fabricação de defensivos agrícolas e suas
embalagens.
Entulhos Resíduos da construção civil, como: vidros, tijolos, pedras,
tintas, solventes e outros.
Tabela 2 - Classificação dos resíduos quanto à origem. Fonte: Adaptado de BIDONE e POVINELLI
(1999)
De acordo com a Resolução CONAMA nº 307, de 5 de julho de 2002, Art. 2o,
Resíduos da construção civil: são os provenientes de construções, reformas, reparos e
demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação
de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais,
resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas,
pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente
chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha.
Essa resolução nº 307, de 2002 divide os resíduos da construção civil em quatro
categorias distintas, sendo as classes A e B recicláveis. No ano de 2004, essa resolução
foi alterada pela CONAMA 348/04 a qual passou a incluir o amianto na classe de resíduos
perigosos. Posteriormente, em 2011, o gesso foi realocado para a classe de resíduos
recicláveis 22 através da Resolução n° 431/11. A última atualização da Resolução ocorreu
em 2012 através da CONAMA 448/12, porém, no tocante à classificação dos resíduos, não
houve modificação. Abaixo, são descritas as classes de enquadramento dos tipos de RCC.
I - Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como:
a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de
infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem; b) de construção, demolição,
reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas
47
de revestimento etc.), argamassa e concreto; c) de processo de fabricação e/ou demolição
de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos
canteiros de obras;
II - Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como:
plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras e gesso; (redação dada pela Resolução
n° 431/11).
III - Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias
ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação;
(redação dada pela Resolução n° 431/11).
IV - Classe D: são resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais
como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde
oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais
e outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros
produtos nocivos à saúde (redação dada pela Resolução n° 348/04).
3.4.3- Efluentes
O crescimento do setor da construção civil, bem como, o aumento populacional,
aliado a despreocupação ambiental, levam a um elevado consumo de água, na maioria das
vezes, sem preocupar-se de que forma esta água está sendo usada e ainda, ao aumento
da geração de efluentes líquidos e/ou gasosos e resíduos sólidos.
Quanto a classificação de efluentes, Hoag, (2008, p.25) indica que as águas
residuárias podem ser de três tipos:
a) Rejeições de origem doméstica (as águas que provêm das cozinhas,
as rejeições que resultam das atividades de lavanderia e para higiene dos
pacientes e funcionários);
b) Rejeições industriais (as águas que provêm das garagens e locais de
manutenção, que contêm geralmente um volume importante de óleos e de
detergentes);
c) Efluentes gerados pelas atividades hospitalares, de análise e de
investigação, que são muito específicas aos hospitais. Estas rejeições podem
conter produtos químicos e radioativos, líquidos biológicos, excreções
contagiosas de resíduos de medicamentos eliminados nos excrementos dos
pacientes.
A geração de efluentes deve ser controlada, porém se a mesma não pode ser
evitada, tem-se que proporcionar um tratamento adequado dos mesmos.
48
O despejo de efluentes, principalmente industriais e domésticos, em recursos
hídricos, está diretamente ligado à definição de sustentabilidade. Dentre os principais
fatores de degradação da qualidade da água fluvial, pode-se destacar a poluição
ocasionada pelo lançamento de esgotos oriundos dos mais diversos meios em corpos
receptores.
A disposição inadequada de efluente no meio ambiente pode propiciar a
contaminação do solo e dos recursos hídricos, vinculado a isso, algumas culturas agrícolas,
animais e a biota podem vir a ser afetados. Para que os efluentes sejam lançados no meio
ambiente ou reutilizados, os mesmos devem atender a padrões estipulados por normas,
legislações, resoluções, entre outros. Em nível nacional há a Resolução CONAMA nº
357/2005, que dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para
o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de
efluentes. Esta resolução segue o procedimento reportado em Métodos Padrão para Exame
de Águas e Rejeitos (Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater) e
estabelece limites máximos para os diferentes poluentes nos corpos d´água.
3.5- Impactos ambientais da construção civil
De acordo com a NBR ISO 14001 (ABNT, 2015) aspecto ambiental é o elemento
das atividades, produtos ou serviços de uma organização, que interage ou pode interagir
com o meio ambiente.
Impacto ambiental pode ser definido como “qualquer modificação do meio ambiente,
adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, dos aspectos ambientais da
organização. ” (ABNT NBR ISO 14001, 2004)
Segundo a Resolução n° 001 do Conselho Nacional do Meio Ambiente, de 23 de
setembro de 1986 (CONAMA), a expressão impacto ambiental é definida como: “Qualquer
alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por
qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou
indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem estar da população, as atividades
sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; e a
qualidade dos recursos ambientais.“ (CONAMA, 1986)
Por fim, é observado através da figura 7, que as atividades de construção civil geram
aspectos ambientais, que por sua vez podem causar impacto(s) ambiental(is). Conforme
Kaskantzis (2010) a ocorrência do impacto ambiental seja por um evento normal ou
acidental podem afetar o ecossistema cuja abrangência se dá aos meios: físico; biológico
e antrópico. A ocorrência de um impacto ambiental pode acarretar um resultado positivo,
beneficiando a sociedade, ou um resultado negativo, prejudicando de forma total ou parcial
a mesma sociedade. A figura 7 representa a esquemática dos aspectos e impactos
ambientais aos componentes do ecossistema.
49
Figura 7 – Representação do esquema de aspectos e impactos ambientais e componentes do ecossistema.
Fonte: adaptado de ARAÚJO (2009).
A construção civil é responsável por uma parte significativa dos impactos negativos
causados ao ambiente. O canteiro de obra responde por uma grande parcela dos mesmos,
podendo causar interferências ao meio. Essas interferências ocorrem devido às perdas em
canteiro, à geração excessiva de resíduos, aos lançamentos não monitorados e outros
aspectos ambientais como ruídos, poeiras, contaminações do solo, do ar e da água,
vibrações, etc., podendo resultar em impactos ao meio ambiente, causando malefícios à
população e ao meio ambiente.
Segundo Ângulo (2005), no Brasil, estima-se um montante de 68,5 milhões de
resíduos de construção civil são produzidos por ano. Ademais, a indústria da construção
civil destaca-se por ser responsável por números entre 20 e 50% do total de recursos
naturais consumidos pela sociedade segundo SANTOS (2007).
A cadeia de ações da construção civil, que gera os impactos ambientais, está
representada na Figura 8. A extração de matéria prima do solo para uso da indústria da
construção civil dentre outros, é a atividade que causa o impacto negativo de maior
relevância. Os resíduos de construção e demolição (RCD) brasileiros não representam
grandes riscos ambientais em razão de suas características químicas e minerais serem
semelhantes aos agregados naturais e solos. Entretanto, podem apresentar outros tipos
de resíduos como óleos de maquinários utilizados na construção, pinturas e asbestos de
telhas de cimento amianto (ANGULO 2000).
50
Figura 8 – Cadeia da construção civil. Fonte: PUT apud SCHNEIDER, p.46 (2003).
3.6- Cultura da construção civil brasileira e aspectos ambientais
relacionados
A Cadeia Produtiva da Construção Civil engloba a indústria da construção, indústria
de materiais, serviços, comércio de materiais de construção, outros fornecedores,
máquinas e equipamentos para construção. Dentro do setor industrial, a cadeia produtiva
da construção civil representa 8% das emissões do Brasil, valor estimado gerado pelos
fornecedores de materiais utilizados na construção, tais como na produção de cimento e de
aço, no transporte, e, por último, na extração madeireira (MCKINSEY apud CAMPOS,
2012).
A indústria de materiais de construção é igualmente responsável por outra gama de
impactos negativos. A indústria cimentícia no Brasil, por exemplo, é responsável pela
geração de mais de 6% do total de CO2 gerado no país (JOHN 2000).
No Brasil, estima-se que a construção habitacional utilize uma tonelada de material
por metro quadrado. Por ano, o consumo de recursos pode passar de 200 milhões de
toneladas (SOUZA; DEANA, 2007). De acordo com John; Oliveira e Lima (2007), “a
construção de edificações consome até 75% dos recursos extraídos da natureza, com o
agravante que a maior parte destes recursos não é renovável. ”
Quanto à perda de materiais de construção, Pinto (2000) relata que pesquisas
brasileiras sobre a perda de materiais em processos construtivos apontaram números
significativos de cimento, cal, areia, concreto, argamassa, ferro, componentes de vedação
e madeira. Dessa forma, é possível estimar que, a cada metro quadrado construído, 150 kg
51
de resíduos sejam gerados, levando à remoção de dez caçambas de resíduos em qualquer
construção de 250 m². As taxas de desperdício no Brasil, em termos de valores médios,
mínimos e máximos, são explicitados na tabela 3.
No canteiro de obra, no caso da execução, são várias as fontes de perdas de
materiais possíveis: no transporte inadequado, no recebimento e no processo de
estocagem, por exemplo, blocos estocados inadequadamente estão sujeitos a serem
quebrados mais facilmente, gerando desperdício de materiais. Além disso, pode haver
perda por excesso de materiais, muitas vezes devido ao sobre consumo em dosagem e
misturas geradas no próprio canteiro de obras (SOUZA et al., 1998).
Tabela 3 – Taxas de desperdício de materiais de construção no Brasil. Fonte: Espinelli (2005).
A composição dos resíduos de construção e demolição (RCD) é variável,
dependendo do estágio de desenvolvimento da indústria local, da qualidade da mão de
obra disponível, das técnicas construtivas utilizadas, da adoção de programas de qualidade,
da fase da obra, etc. Existe uma grande variação dos dados existentes.
Segundo ÂNGULO (2005) os RCDs são compostos por diversos materiais, tais
como: diferentes tipos de plásticos, isolantes, papel, materiais betuminosos, madeiras,
metais, concretos, argamassas, blocos, tijolos, telhas, solos e gessos, dos resíduos de
construção e demolição são de origem mineral e representam, aproximadamente, 90% dos
RCD.
Pinto (1987) estimou a geração de resíduos nas principais capitais brasileiras. A
Tabela 4 apresenta os dados referentes a este estudo, onde a cidade de São Paulo ocupa
o primeiro lugar.
52
Tabela 4 - Geração de RCD nas principais capitais brasileiras. Fonte: PINTO, adaptado (1987).
3.7- Legislação ambiental para a construção civil
No Brasil a legislação ambiental é estabelecida nos âmbitos federal, estadual e
municipal. Do ponto de vista da hierarquia, a legislação federal deve ser respeitada de forma
geral e nenhuma legislação estadual ou municipal poderá se sobrepor ou estabelecer
regras que entrem em confronto com as regras federais.
O Conselho de Governo do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) tem
por competência assessorar o Presidente da República na formulação de diretrizes da ação
governamental e é composto pelos ministros de Estado e titulares de outros órgãos
governamentais. Sua estrutura é descrita pela figura 9.
53
Figura 9 - Sistema Nacional do meio Ambiente. Fonte: MMA (2017).
Desde 1981, de acordo com a Lei Federal 6.938/81, o Licenciamento Ambiental
tornou-se obrigatório em todo o território nacional e as atividades efetiva ou potencialmente
poluidoras não podem funcionar sem o devido licenciamento. (Manual de Licenciamento
Ambiental).
O Sistema de Licenciamento Ambiental federal é da competência do IBAMA -
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis.
O licenciamento ambiental é uma obrigação legal prévia à instalação de qualquer
empreendimento ou atividade potencialmente poluidora ou degradadora do meio ambiente
e possui como uma de suas mais expressivas características a participação social na
tomada de decisão, por meio da realização de Audiências Públicas como parte do processo.
Essa obrigação é compartilhada pelos Órgãos Estaduais de Meio Ambiente e pelo Ibama,
como partes integrantes do SISNAMA.
Segundo a Resolução CONAMA 237/1997, licenciamento ambiental consiste no
procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização,
instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de
recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que,
sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições
legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.
O processo de licenciamento ambiental é constituído de três tipos de licenças. Cada
uma é exigida em uma etapa específica do licenciamento. Assim, temos: Licença Prévia
(LP) Licença de Instalação (LI) e Licença de Operação (LO).
54
3.7.1- Licença Prévia
É concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade
aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo
os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua
implementação;
Nesta fase pode ser pedido um estudo prévio de impacto ambiental (Epia) –
conforme estabelecido pela Constituição da República Federativa do Brasil, reforçando o
previsto pela Lei 6.938/81 e também exigido pelo CONAMA. Conforme a resolução
CONAMA n 237 o Epia pode corresponder ao Estudo de Impacto Ambiental (EIA) ou a outro
estudo técnico. A sequência desse processo leva a elaboração do Relatório de Impacto
Ambiental (RIMA). O RIMA é um relatório conclusivo que traduz os termos técnicos para
esclarecimento, analisando o Impacto Ambiental. Este relatório é responsável pelos
levantamentos e conclusões, devendo o órgão público licenciador analisar o relatório
observando as condições de empreendimento (http://lfg.jusbrasil.com.br/).
Pode ser também pedido um Relatório de Controle Ambiental (RCA), Documento
que fornece informações de caracterização do empreendimento a ser licenciado. Deverá
conter: descrição do empreendimento; do processo de produção; caracterização das
emissões geradas nos diversos setores do empreendimento (ruídos, efluentes líquidos,
efluentes atmosféricos e resíduos sólidos). O órgão ambiental, de acordo com a Resolução
CONAMA 10/90, pode requerer o RCA sempre que houver a dispensa do EIA/RIMA.
3.7.2- Licença de Instalação
Licença de Instalação autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de
acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados,
incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem
motivo determinante;
A LI pode autorizar a pré-operação, por prazo especificado na licença, visando a obtenção de dados e elementos de desempenho necessários para subsidiar a concessão da Licença de Operação (MACHADO, 2010).
3.7.2- Licença de Operação
A Licença de Operação autoriza a operação da atividade ou empreendimento. Essa
deve ser requerida quando a empresa estiver edificada e após a verificação da eficácia das
medidas de controle ambiental estabelecidas nas condicionantes das licenças anteriores.
55
Nas restrições da LO, estão determinados os métodos de controle e as condições de
operação.
3.8- Principais acidentes ambientais causados pela construção civil
Como visto anteriormente, a indústria da construção é um importante setor para o
desenvolvimento do país, e também uma das principais interventoras e modificadoras da
dinâmica do meio ambiente. Os grandes acidentes ambientais da história tiveram a
importância de despertar a humanidade para a urgência e relevância da questão ambiental,
acendendo os questionamentos relacionados aos controles e a prevenção desses
episódios nas obras civis e suas áreas de influência.
Neste item são descritos 3 acidentes ambientais ocorridos nos últimos 10 anos. Para
a seleção destes acidentes específicos foi levado em consideração:
a) ter dentre as causas que originaram o acidente a construção civil, seja na fase
construtiva ou na pós entrega em decorrência de falhas na etapa construtiva, na ausência
de inspeção e fiscalização do funcionamento ou ainda falha na manutenção;
b) ter entre as consequências, danos causados diretamente aos seres humanos na
forma de perda da vida humana ou no maior quantitativo de pessoas afetadas pelo acidente
ambiental.
3.8.1- Rompimento da barragem em Mariana
O rompimento da barragem de rejeitos minerais de Fundão, no município de
Mariana, Estado de Minas Gerais, e o galgamento da barragem de Santarém, em uma
região de cabeceira da bacia hidrográfica do rio Doce, resultou em um desastre ambiental
de grande magnitude e repercussão. No dia 5 de novembro de 2015, o rompimento da
barragem, de responsabilidade da mineradora Samarco S.A., liberou um volume estimado
de 34 milhões de m³ de rejeitos de mineração, água e materiais utilizados em sua
construção, causando diversos impactos socioeconômicos e ambientais na bacia do rio
Doce, de acordo com a Agencia Nacional das Aguas (ANA), 2015.
De acordo com o laudo técnico preliminar do IBAMA (2015), o rompimento liberou
uma onda de lama de mais de 2,5 metros de altura com rejeitos de mineração, atingindo o
distrito de Bento Rodrigues, subdistrito do distrito de Santa Rita Durão, município de
Mariana, e as redondezas próximas às barragens. Foram encontradas 18 vítimas fatais do
acidente e, até a elaboração deste documento, um corpo permanecia desaparecido. No
subdistrito viviam cerca de 600 habitantes. O IBAMA estima que 207 dos 251 imóveis
tenham sido destruídos naquela localidade.
56
Além disso, destacam-se os impactos na qualidade da água, os quais levaram à
interrupção do abastecimento público de algumas cidades e de diversos outros usuários de
água. Comprovaram-se interrupções na geração de energia elétrica, indústria, pesca e
lazer. Também ocorreram destruição de áreas de preservação, mortandade de
biodiversidade aquática e fauna terrestre, entre outras consequências. O rompimento da
barragem de Fundão impactou e continuará impactando, por tempo ainda indefinido, os rios
Gualaxo do Norte, do Carmo e Doce.
No caso do rompimento da barragem de Mariana/MG os especialistas são
uníssonos em afirmar que a utilização de técnicas mais modernas de filtragem dos resíduos,
a manutenção correta das barragens, a utilização de instrumentos de monitoramento
eletrônico, a implementação de sistemas de alerta, a adoção de planos emergenciais e,
sobretudo, uma fiscalização séria e eficiente pelos órgãos competentes são medidas que,
se estivessem em pleno funcionamento, certamente teriam evitado o desastre ou
minimizariam seus impactos socioambientais.
Em que pese as investigações oficiais estarem longe de um fim, peritos do setor
afirmam que as possíveis causas para o rompimento da barragem devem estar
relacionadas ao processo de liquefação; aos abalos sísmicos que antecederam o desastre;
a falhas na construção/manutenção das barragens; a uma fiscalização deficitária pelos
órgãos competentes e à utilização do reservatório acima de sua capacidade de
armazenamento
Nesse sentido, os graves impactos sociais e ambientais provocados pelo acidente
servem como um aviso para os órgãos públicos responsáveis para a concretização de
medidas eficazes de segurança e fiscalização para as mineradoras instaladas no país.
Considera-se que a Samarco seja responsável por reparar os danos causados,
entretanto, o Estado permanece o principal garantidor do respeito aos direitos humanos das
comunidades afetadas
3.8.2- Rompimento da barragem de Cataguases
Indústria de Papel Matarazzo, do Grupo Matarazo, foi responsável pela construção
de duas barragens na década de 70, cujas dimensões alcançavam 400 metros de
comprimento, 200 metros de largura e 15 de profundidade. Todo o resíduo formado da
fabricação de papel era armazenado nessas barragens.
Em 1993 o Grupo Matarazzo entrou em processo de falência e as duas barragens
foram abandonadas. No ano seguinte, uma nova empresa denominada Indústria
Cataguases de Papel adquiriu a planta industrial e iniciou a fabricação de papelão reciclado.
O reservatório continha principalmente lixívia — uma solução à base de carbonato
de sódio, usada no cozimento da madeira para extração da celulose, composta
57
basicamente de hidróxido de sódio e material orgânico, além de chumbo, enxofre,
hipoclorito de cálcio, sulfeto de sódio, antraquinona e outros metais utilizados na fabricação
de papel.
Em 2003 uma das barragens rompeu pelo excesso de peso em sua estrutura, a falta
de manutenção do barramento e a e pela ineficácia das fiscalizações do órgão ambiental
responsável (FEAM).
O rompimento gerou rejeitos industriais que espalharam 1,4 bilhão de litros de lixivia
negra. Assim, o vazamento do referido efluente, caracterizado pela mancha de coloração
negra, atingiu o córrego Cágado e o rio Pomba (ambos localizados no estado de Minas
Gerais). A figura 10 ilustra a barragem rompida e um trecho afetado do ribeirão do Cágado. Já
no estado do Rio de Janeiro, o vazamento atingiu o rio Paraíba do Sul que corta o município
de Campos dos Goytacazes, chegando até o município São João da Barra, no litoral
fluminense, onde a colônia de pescadores foi afetada, tendo o percurso da espuma tóxica
atingido sete municípios, desde o local do acidente até o seu deságue no mar.
O acidente também gerou mortandade de espécies animais e vegetais, a interrupção do
abastecimento de água em vários municípios dos estados de Minas Gerais e do Rio de Janeiro
prejudicando mais de 700.000 pessoas, prejuízos com a contaminação do solo e destruição de
plantações, qualidade e regime de vazão do sistema hídrico alterados, Queda na arrecadação
tributária nos municípios afetados uma vez que as indústrias deixaram de produzir num período
de 10 a 20 dias, Queda na demanda por pescado oriundo das áreas afetadas, suspensão
temporária das atividades da pesca e extração de areia para a construção civil, entre outros
danos.
Figura 10 – Imagem aérea da barragem de Cataguases e do ribeirão do Cágado, após a ruptura.
Fonte: Vianna, 2012.
Engenheiros especialistas em barragens da Companhia Energética de Minas Gerais
(Cemig) fizeram laudo técnico que aponta que o rompimento da barragem foi causado por
erosão. Segundo o relatório, o acidente foi consequência de um processo gradual, que
poderia ter sido controlado com fiscalização. As chuvas, segundo o laudo, contribuíram para
o acidente.
58
Após o acidente foi constatado que a outra barragem, que permaneceu intacta,
estava igualmente sobrecarregada e que o excesso de carga foi ocasionado pela
construção irregular e criminosa de um muro de concreto no vertedouro da barragem, obra
esta, que nem foi detectada pelos órgãos de fiscalização.
A Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), órgão responsável por fiscalizar a
barragem, sequer sabia o número exato de barragens de rejeitos industriais existentes em
Minas Gerais na época.
3.8.3- Deslizamento do “Morro do Bumba”
A contaminação de solos em áreas urbanizadas tem sido motivo de diversos
acidentes dos quais resultaram perdas de vida e grandes prejuízos materiais. Durante o
período das chuvas, relativo a abril de 2010, o município de Niterói foi seriamente afetado
por deslizamentos de terra e eventos dramáticos, revelando sérias consequências de nossa
estrutura urbana (SOUZA, P. et al, 2009), a partir da ocupação desordenada e falta de
interesse da administração pública local sobre os impactos da política de expansão
imobiliária adotada pelo poder local. Em relação à administração do município de Niterói, o
governo local autorizou a construção de residências em áreas de risco e insalubres, como
o caso do Morro do Bumba.
Em abril de 2010, o bairro Viçoso Jardim, periferia de Niterói/RJ, assistiu a um
desastre, quando todo um bairro, construído sobre um lixão abandonado numa área de
encosta na periferia da cidade, deslizou morro abaixo. A tragédia teve um saldo de quase
cinquenta mortos e muitas famílias desabrigadas. Na figura 11 é possível observar a área
atingida pelo deslizamento. As construções tiveram a autorização da prefeitura de Niterói,
muito embora o local tenha sido o local de um antigo depósito de lixo (HERCULANO, 2013).
Quando o morro do Bumba deslizou, moradores da comunidade disseram ter ouvido
explosões, o que despertou a suspeita de que a tragédia tenha sido causada por mais
fatores que apenas a força da chuva. Para o biólogo Eduardo Sodré, da UERJ
(Universidade Estadual do Rio de Janeiro), o acúmulo de gás metano pode explicar o
barulho ouvido na região.
Como o lixo doméstico de populações de baixa renda costuma conter grande parte
de matéria orgânica, a formação de gás é mais intensa em lixões de periferia, resultando
maior risco de incêndio e explosões (CYRO EYER DO VALLE, 2009).
A não existência de uma política de gestão de resíduos que estabeleceu (e ainda
estabelece) a presença de lixões, como forma de destinação final dos resíduos, em todos
as partes do país e que determinou a existência de um sem número de locais abandonados
com todas as implicações que isto possa significar: riscos de impactos ambientais, à saúde
pública, de desmoronamentos e mortes onde a população pobre, sem opções e sem
controle e cuidados, encontra possibilidades de morar.
59
Figura 11 – Foto do deslizamento que atingiu a comunidade do Morro do Bumba e seu entorno.
Fonte: Reuter.
3.9- Aspectos que dificultam ou facilitam a gestão ambiental na
construção civil
O Sistema de gestão ambiental é a parte de um sistema de gestão de uma
organização utilizada para desenvolver e implementar sua política ambiental e para
gerenciar seus aspectos ambientais.
Um sistema de gestão ambiental com base nas Normas ISO 14000 permite a uma
empresa de qualquer tamanho ou tipo controlar os impactos de seus produtos no ambiente,
segundo Chen et al. (2000). Sejam esses impactos no consumo das matérias primas que
promovem a redução dos recursos do meio ambiente, seja na geração da poluição por
emissões, geração de resíduos sólidos e efluentes contaminados.
Considerando os impactos ambientais associados a um empreendimento, um bom
sistema de gestão ambiental (SGA) implantado já não é apenas “um diferencial a mais” da
60
organização, mas entre outros atributos é também um fundamental elemento de
contribuição para a sua segurança de manutenção no mercado.
Um sistema de gestão ambiental pode ser descrito como uma metodologia pela qual
as organizações atuam de maneira estruturada sobre suas operações para assegurar a
proteção do meio ambiente. Elas definem os impactos de suas atividades e, então, propõem
ações para reduzi-los. Um SGA tem, portanto, o objetivo de controlar e reduzir
continuamente estes impactos (ROWLANDJONES; CRESSER, 2005).
A implantação de um SGA faz com que o processo produtivo seja reavaliado
continuamente, se refletindo na busca por procedimentos, mecanismos e padrões
comportamentais menos nocivos ao meio ambiente (CAMPOS; MELO, 2008).
Um SGA pode ser definido como parte do sistema de gestão organizacional utilizado
para projetar, implementar e gerenciar a política ambiental. Ele inclui elementos
interdependentes, tais como a estrutura organizacional, a divisão de responsabilidades e o
planejamento de práticas, procedimentos, processos e recursos necessários para a
determinação da referida política e seus objetivos (FORTUNSKI, 2008; MELNYK et al.,
2002). Perotto et al. (2008) acrescentam que os SGAs são importantes ferramentas de
identificação de problemas e soluções ambientais baseadas no conceito de melhoria
contínua.
No Brasil, o número de empresas que desenvolveram a gestão ambiental com base
na norma NBR ISO 14001 vem aumentando a cada ano. A NBR ISO 14001 fornece
diretrizes e exigências para que se viabilize a certificação ambiental junto a uma entidade
certificadora, apresentando de forma genérica, instruções necessárias para o
funcionamento de um SGA. (TIBOR e FELDMAN apud HEUSER, 2007). Porém a norma
não estabelece um método de avaliação de impactos ambientais. A determinação da
significância pode ser feita de várias maneiras, que variam de simples filtragens de grandes
questões até diferentes tipos de avaliação de impacto, e de avaliações de risco até análises
de ciclos de vida em larga escala (Harrington & Knight, 2001).
Vários são os benefícios de se implantar um SGA ISO 14001 encontrados na
literatura científica. Os principais são: acesso a novos mercados, aumento do share, gestão
obediente à legislação, incentivos reguladores, redução de riscos, melhor acesso a seguro,
acesso a mais capital, melhoria do processo produtivo, melhoria do desempenho ambiental,
melhoria na gestão geral da empresa, melhoria na relação com colaboradores, melhoria da
imagem pública, vantagem competitiva dentro de segmentos específicos, atendimento das
exigências de clientes, aumento da qualidade de vida, realização de operações limpas
(verdes), aumento da competitividade do produto ou serviço e conscientização pública
(POKSINSKA et al., 2003; SILVA; MEDEIROS, 2004; FRYXELL et al., 2004; TAN, 2005;
CHAN; WONG, 2006; CASTRO; OLIVEIRA, 2007; FORTUNSKI, 2008; GAVRONSKI et al.
2008; GONZÁLEZ et al., 2008; POMBO; MAGRINI, 2008; OLIVEIRA; PINHEIRO, 2009).
Contudo, ainda há um longo caminho a ser percorrido em direção ao verdadeiro
conhecimento sobre as dificuldades e consequências da adoção da NBR ISO 14001. Os
61
principais estudos realizados estão, em grande medida, muito mais voltados para a
fundamentação da certificação que para as suas consequências (RADONJIC; TOMINC,
2006).
Além disso, embora passamos nos espelhar em soluções análogas exitosas de
outras indústrias, o estabelecimento de um modelo de SGA que seja bem adequado às
especificidades do setor da construção civil dentro da realidade brasileira ainda é um
desafio.
62
4- Processos construtivos convencionais e a questão ambiental
Neste capítulo são descritos alguns dos processos construtivos mais utilizados na
construção civil, bem como falhas inerentes a esses processos do ponto de vista ambiental.
4.1- Processos construtivos mais utilizados no Brasil
O Brasil possui uma cultura construtiva, caracterizada pelo uso do concreto armado
como sistema estrutural e da alvenaria tradicional como fechamento vertical, que facilita a
acumulação de resíduos na construção e desperdícios no canteiro de obras (RIBAS, 2006;
KRÜGER; SOUZA; FREITAS, 2001).
O processo construtivo denominado aqui como convencional, se caracteriza como
estrutura de concreto armado fundida in loco e fechamentos em alvenaria de blocos
cerâmicos ou de concreto.
4.1.1- Bloco cerâmico
No Brasil, por volta do final da segunda década do século XX, até meados da década
de sessenta, houve uma evolução do uso de concreto e a alvenaria de tijolos passou a ter
apenas a função de vedação. Essa técnica ainda é largamente utilizada até a atualidade.
Segundo Barros; Franco (2002) e Sabbatini (2002), as paredes de alvenaria podem ser
classificadas: [...] Vedação: não tem qualquer função estrutural no edifício, sendo
dimensionada (por cálculo racional ou não) apenas para suportar o seu próprio peso e para
resistir às ações atuantes sobre ela.
No que diz respeito aos blocos cerâmicos vazados ou tijolos furados
especificamente, de acordo com Sabbatini (2002) estes componentes correspondem a
cerca de 85% a 95% do volume da alvenaria e determinam as principais características de
desempenho, projeto e produção.
A fabricação dos tijolos comuns é feita pelos processos mais econômicos possíveis,
a saber, moldagem com pasta plástica consistente, em máquinas de fieira (pequena
compressão) ou podem ser tijolos com moldagem manual, utilizando moldes de madeira e
pasta plástica; a secagem é feita em grandes telheiros e a queima em temperatura da
ordem de 1000º C (VERÇOSA, 1994).
Os produtos de cerâmica vermelha são fabricados pelos processos de extrusão e
prensagem, utilizando-se matérias-primas compostas de 25 a 70% de argilas e teor variável
de 3,5 a 8% de óxido de ferro (Wittwer e Faria, 1997 apud Santos, 2001), elemento que lhe
63
confere a sua coloração mais comum após a queima, originando-se daí o nome cerâmica
vermelha.
De maneira geral, a preparação dos materiais cerâmicos obedece às seguintes
fases:
a) Extração
De um modo geral, a maioria das massas para extrusão de cerâmicas vermelhas é
constituída fundamentalmente por duas argilas, uma muito plástica e por outra pouco
plástica, que são transportadas das jazidas para os galpões de estocagem, onde são
dosadas em função das características cerâmicas desejadas para o produto. (Medeiros,
2006)
No Brasil a extração é realizada a céu aberto e geralmente as empresas possuem
suas próprias jazidas. Em algumas regiões são formadas cooperativas entre as empresas
para realizar a extração, o que geralmente traz uma diminuição no custo da matéria-prima.
(Bastos, 2003)
A extração é feita através de retroescavadeiras e escavadeiras e o transporte da
jazida para a fábrica é realizado através de caminhões basculantes. O plano de extração
normalmente prevê a remoção de estéreis, isto é, a vegetação, o solo arável e outros 10
materiais maléficos ao processo, além disso a argila é separada em montes em função das
diferentes camadas encontradas no solo. (Bastos, 2003)
b) Estocagem
Extraída, a argila deve ser preparada para a industrialização. É levada para deposito
ao ar livre, onde é revolvida sumariamente e parra por um período de descanso (não inferior
a seis meses), objetivando principalmente a melhoria da plasticidade das argilas, lavagem
dos sais solúveis, decomposição da matéria orgânica e diminuição das tensões causadas
pelas quebras das ligações químicas (SENAI, 2006).
c) Preparação da matéria prima e da massa
O objetivo da preparação da argila e da massa é obter, sempre, uma mistura
homogênea, com características constantes e umidade adequada para o determinado
método de conformação utilizado (GOODSON, 1962).
d) Extrusão
A extrusão é o método de conformação, onde a matéria prima, ou melhor, a massa
ou a mistura, assume a forma ou formato bem definido.
Esse método emprega a massa na forma de uma pasta plástica e rígida, que é
forçada através de um molde para formar uma coluna continua, que pode ser cortada em
comprimentos apropriados (NORTHON, 1973).
64
A máquina usual de extrusão é conhecida como Maromba ou Extrusora e tem a
função de homogeneizar, desagregar e compactar as massas cerâmicas, dando forma ao
produto desejado. A movimentação é fornecida através do acionamento do motor elétrico
em conjunto com um sistema de engrenagens ou polias (ABC, 2007).
e) Secagem
O processo de secagem é uma operação importante na fabricação dos produtos
cerâmicos. Enquanto os ditames da economia requerem a secagem mais rápida possível,
uma programação de secagem demasiadamente rápida causa retração diferencial,
causando a formação de trincas (NORTON, 1973).
Existem basicamente dois tipos de secagem; a natural, onde as peças são deixadas
ao ar livre ou em pátios cobertos; e a artificial, em que as peças são colocadas dentro de
secadores, onde recebem ventilação forçada e ar quente para auxiliar a extração da
umidade (BASTOS, 2003).
Independentemente do tipo, o aquecimento dos secadores pode ser feito através de
fornalhas ou aproveitando a sobra de calor dos fornos. Esta última opção resulta na maior
eficiência no processo, gerando assim redução nos custos (BASTOS, 2003).
f) Queima
De todos os estágios no processo de produção de peças cerâmicas, a queima é
mais importante (NORTON, 1973). Nesta fase o produto cerâmico sofre as reações e
transformações químicas e físicas necessárias para conceder ao produto as propriedades
requeridas.
Após a queima, o produto permanece no interior do forno para que possa resfriar, já
que não pode sofrer um abaixamento brusco de temperatura, sob pena de ocorrer
deformações e fissuras. Por isso, é necessário um resfriamento controlado, com diminuição
constante da temperatura.
O fluxograma mostrado na figura 12, sintetiza o processo de fabricação de cerâmica
vermelha.
65
FIGURA 12: Fluxograma sintetizado do processo de fabricação de tijolos furados, blocos, lajes,
elementos vazados, tubos (manilhas) e alguns tipos de telhas. Fonte: Sindicato da Indústria da Cerâmica
Vermelha – SINDICER, adaptado pela autora (2017).
4.1.2- Bloco de concreto
Denominados pela NBR 6136 (ABNT, 2006) como blocos vazados de concreto
simples para alvenaria os blocos de concreto são elementos prismáticos, com dois ou três
furos dispostos ao longo de sua maior dimensão, cuja área vazada deve ser igual ou
superior a 25% da área do plano normal aos furos da peça. Caso esta condição não seja
satisfeita o bloco será considerado maciço.
O bloco normatizado é produzido nas categorias estrutural e de vedação, de acordo
com a aplicação, para fins estruturais ou apenas de fechamento. Possuem formatos e
dimensões padronizadas que, quando aplicados dentro da boa técnica, proporcionam um
sistema construtivo limpo, prático, rápido, econômico e eficiente. (FERNANDES, 2013).
66
Os principais componentes empregados na fabricação de blocos de concreto são:
pó de brita, areia, cimento e água. Sendo que, em alguns casos são utilizados redutores de
água. O processo de fabricação de blocos de concreto consiste em: dosagem, mistura
úmida e “farofada” dos materiais, moldagem do material com as dimensões pré-
estabelecidas, vibração, prensagem e cura. (BARBOSA, 2004). A dosagem é o
estabelecimento do traço do concreto, com a especificação das quantidades de cimento,
agregados, água, adições e eventualmente aditivos.
A fabricação dos blocos de concreto ocorre basicamente por duas formas: manual
e mecanizada por meio de vibro-prensas.
No processo manual utiliza-se fôrmas plásticas, metálicas ou de madeira
preenchidas com concreto, na maioria das vezes rodado em betoneira. Em seguida é feita
a compactação com um equipamento concebido para tal, que pode ser uma prancha lisa
de madeira com pega (GREGORIO, 2012).
Os blocos de concreto produzidos manualmente possuem um padrão de qualidade
significativamente inferior aos blocos prensados por máquinas hidráulicas ou pneumáticas,
o que faz com que seja recomendada sua utilização como alvenaria de vedação, e não
como alvenaria estrutural (GREGORIO, 2012).
Em uma indústria de blocos de concreto mecanizada, os equipamentos para a
produção são fundamentais para o sucesso de sua implantação. As instalações industriais,
adequadas às necessidades atuais, como galpões para acomodar os equipamentos de
fabricação, câmeras de cura para tratamento dos produtos, laboratórios de controle etc.,
devem ter como complemento uma boa equipe técnica e comercial (SANDES, 2008).
O preparo do concreto consiste em uma série de operações ou serviços executados
e controlados de forma a obter, a partir dos materiais componentes, um concreto
endurecido com as propriedades especificadas, de acordo com as exigências do projeto.
Para se obter um processo de fabricação de qualidade é necessário ter um controle
desde a entrega dos materiais, até a prensagem e cura dos blocos, conforme ilustrado na
figura 13, mostrando o passo a passo deste processo.
67
FIGURA 13: Fluxograma diagrama de fluxo típico do processo de fabricação de blocos de concreto.
Fonte: Construction Industry Development Board – CIDB (2004).
a) Extração
Segundo Brunaurer e Copeland (1964 apud MEHTA; MONTEIRO, 2008), o material
de construção mais utilizado no mundo é o concreto, comumente composto de cimento
Portland, areia, brita e água.
Segundo Falcão Bauer (2000), o cimento Portland é o produto obtido pela
pulverização do clínquer constituído essencialmente de silicatos hidráulicos de cálcio com
certa proporção de sulfato de cálcio natural, contendo, eventualmente, adições de certas
substâncias que modificam suas propriedades ou facilitam ser emprego.
68
Quanto a classificação dos agregados, estes são classificados quanto ao tamanho
de partícula em agregados miúdos e graúdos. Os agregados miúdos são aqueles cujos
grãos passam pela peneira de malha 4,75 mm. Já os agregados graúdos são constituídos
por grãos compreendidos entre as peneiras de malha 75mm e 4,75mm (NBR7211:2009).
Alguns agregados são obtidos por extração direta do leito do rio, por meio de dragas
(areias, seixos), e, às vezes, de minas (areia). Devem sofrer beneficiamento, que consiste
em lavagem e classificação. A pedra britada é obtida por redução de pedras maiores por
trituração em britadores (ROMANO, 2004).
No entorno da região, em geral, há acervo de conhecimentos do solo que conduzem
facilmente o tecnólogo a encontrar jazidas dos melhores materiais da região.
b) Estocagem
O material recebido é levado para as baias de armazenagem. O cimento deve ser
armazenado em local seguro e livre de umidade, preferencialmente em silos. Os demais
componentes, aditivos, adições, pigmentos, etc., devem ser armazenados de acordo com
as especificações dos fabricantes, em geral, feitos em caixas (MARTINS, 2005).
d) Preparação da matéria prima e da massa
Depois da entrega e estocagem dos materiais, vem a etapa de mistura atendendo
o traço desejado. A dosagem ou proporcionamento é o estabelecimento do traço do
concreto, com a especificação das quantidades de cimento, agregados, água, adições e
eventualmente aditivos (SANDES, 2008).
e) Vibro-prensagem
A vibro-prensa é o elemento central de uma fábrica de blocos. As vibro-prensas
vibram o concreto e moldam o bloco, além de comprimir o concreto, por meio de prensas
acionadas por pistões, garantindo as características especificadas para o bloco
(FERNANDES, 2013).
A vibração tem por objetivo o preenchimento do molde e eliminação de vazios,
enquanto a prensagem influencia no adensamento e acabamento do bloco (MICHEVIZ,
2011).
A produção de blocos de concreto para alvenaria estrutural ou de vedação é
caracterizada pelo “concreto seco”, levemente umedecido para que haja fácil desmolde das
fôrmas, o que necessita de máquinas vibro-prensa para que submetam os blocos a
compressão e vibração que eliminam os espaços vazios. Estes concretos empregam uma
umidade entre 6% e 8% (CADERNO TÉCNICO ALVENARIA ESTRUTURAL, 2010)
O concreto fresco é levado ao molde, onde é vibrado e prensado pelos extratores
na direção verticais. A seguir, o molde é suspenso enquanto os pentes permanecem
imóveis mantendo os blocos sobre o palete. Em seguida, os extratores são levados e o
palete retirado com as unidades recém-formadas. Outro palete é colocado no local e o ciclo
69
se repete. A quantidade de blocos produzidos em cada ciclo varia de acordo com as
dimensões dos equipamentos. (SALVADOR FILHO, 2007).
f) Cura
A cura é um procedimento utilizado com o objetivo de evitar a perda de água do
concreto enquanto jovem. Esse processo evita a perda de água para o ambiente, reduzindo
a formação de capilares no concreto, a retração por secagem e a variação da umidade,
tornando o concreto menos poroso e conseqüentemente mais resistente (MEHTA, 1994).
A cura ao ar livre é a mais utilizada em fabricação manual. Ela consiste na aspersão
de água para manter os blocos úmidos. Nela deve-se ter o cuidado de manter os blocos
protegidos do vento e da ação direta do sol pelo menos na primeira semana. Isso ajudará
no controle da evaporação da água e conseqüentemente na hidratação do cimento. A
vantagem desse método está relacionada ao baixo custo devido ao processo não demandar
de consumo de energia, manutenção, aquisição e operação de máquinas. Em contrapartida
esse método necessita de espaço protegido para o estoque dos blocos em cura, transporte
para levá-los ao local de cura e possibilidade de perda de blocos no transporte (MEDEIROS,
1994).
Quanto à cura a vapor, mais usada em indústrias, é um processo rápido durando
cerca de 16 horas, sendo apenas duas horas de aplicação direta do vapor. Os blocos são
armazenados em câmeras a temperaturas de 65 a 82°C. Esse processo mantém o
ambiente saturado de vapor, evitando perda de água do concreto durante a reação do
cimento e a cura. Após essa etapa, as peças permanecem em repouso até o dia seguinte.
Essas câmaras são alimentadas por caldeiras que devem usar água desmineralizada a fim
de evitar a obstrução da tubulação por sedimentação de materiais. Possui a vantagem de
menor quantidade de estoque na cura já que é mais rápida e a desvantagem de
manutenção nas caldeiras que pode interromper a cura (MEDEIROS, 1994).
4.1.2- Argamassa
A argamassa utilizada para compor as paredes juntamente com os blocos é
geralmente composta de areia, cimento, cal e água. A quantidade de cada um destes
componentes é chamada de traço e varia de acordo com a aplicação, e deve apresentar
boas características para uso e durabilidade, sendo importante a resistência e a
plasticidade (ZAGONEL, 2010).
As juntas de argamassa assumem funções primordiais ao desempenho dos painéis
de alvenaria no sentido de dar-lhes monolicidade, unindo solidamente os blocos e
ajudando-os a resistir a esforços laterais, distribuindo uniformemente as cargas atuantes
por toda a área resistente dos blocos, absorvendo as deformações naturais a que estejam
sujeitos e contribuindo, nas paredes externas, para a sua resistência à penetração das
aguas de chuva e de outros agentes deletérios.
70
Conforme a ABRECON (2014), praticamente todas as atividades desenvolvidas no
setor da construção civil são geradoras de entulho. Embora nem toda perda se transforme
em resíduo, a quantidade de entulho gerado corresponde, em média, a 50% do material
desperdiçado. Dentre os materiais que mais contribuem com a geração de entulho na
construção civil estão a argamassa, o concreto e a cerâmica. Como estes materiais
pertencem a classe A, conforme descrito no item 3.4.2 dessa monografia, podem ser
reutilizados ou reciclados, colaborando significativamente para com a gestão do
desperdício.
Segundo Barros (1998), a argamassa de revestimento, que cai da parede e se torna
entulho, atinge 10% das perdas em uma obra com excelente controle de desperdício.
Entretanto, este número pode ser maior: a argamassa caída da parede que se torna entulho
atinge 50% das perdas em uma obra sem qualquer controle de desperdício.
No canteiro da obra, a poluição ocorre, principalmente, devido ao mal
gerenciamento dos resíduos (ARAUJO, 2002). No caso da argamassa, em sua produção
podem ser citadas a areia e o cimento Portland como matéria-prima (Degani, 2003).
Segundo John (2000), o consumo de recursos naturais em uma determinada região
depende da taxa de resíduos gerada, da vida útil ou taxa de reposição das estruturas
construídas, das necessidades de manutenção, inclusive as manutenções que visem
corrigir falhas construtivas; das perdas incorporadas aos edifícios e da tecnologia
empregada.
Além das matérias-primas utilizadas, de acordo com TOZZI (2006), o relatório
desenvolvido pela Comissão Europeia, “Construction and Demolition Waste Management
Practices, and their Economic Impacts”, no ano de 1999, há outros impactos ao meio
ambiente causados pela extração de recursos naturais, como:
a) Poluição sonora, atmosférica e visual;
b) Possibilidade de poluição do solo e das águas subterrâneas através dos
combustíveis e lubrificantes utilizados nas máquinas de extração;
c) Alteração da fauna e da flora do entorno;
d) Escassez e extinção das fontes de jazidas de recursos naturais.
4.1.3- Estruturas de concreto armado
A partir da década de 30 do século XX, se iniciou o intenso desenvolvimento e a
propagação do concreto armado no país, impulsionado pelo crescimento e a verticalização
das grandes cidades, além do desenvolvimento da indústria pesada (cimentícia,
siderurgia...). Soma-se ainda outro fator que contribuiu para a consolidação do concreto
armado no Brasil: a eclosão da Segunda Guerra Mundial, que trouxe como consequência
71
a interrupção de informação e da importação de materiais entre o país e os Estados Unidos,
propiciando um acelerado desenvolvimento nacional da tecnologia do concreto armado
(HERMSDORFF, 2005).
Ainda hoje, no cenário nacional, o concreto armado ainda é o principal modelo
estrutural adotado na maioria das construções.
O concreto estrutural é um material de construção composto de concreto simples e
armaduras de aço- o concreto armado. (FUSCO, 2008) O concreto utiliza em média 42%
de agregado graúdo (brita), 40% de agregado miúdo (areia), 10% de cimento, 7% de agua
e 1% de aditivos químicos (VALVERDE, 2001).
O Concreto Armado alia as qualidades do concreto (baixo custo, durabilidade, boa
resistência à compressão, ao fogo e à água) com as do aço (ductilidade e excelente
resistência à tração e à compressão), o que permite construir elementos com as mais
variadas formas e volumes, com relativa rapidez e facilidade, para os mais variados tipos
de obra.
No item 4.1.2, são descritos os materiais e o processo de extração e estocagem
dos componentes do concreto.
As operações necessárias à obtenção de um concreto podem ser definidas como
sendo:
a) Dosagem ou quantificação dos materiais;
b) Mistura dos materiais, de forma a obter homogeneidade e uniformidade;
c) Transporte para obra, operação somente efetuada quando o concreto é
dosado em central;
d) Transporte dentro da obra, que consiste em transportar o concreto de
betoneira ou do ponto de descarga até o local de aplicação;
e) Lançamento, ou seja, colocação do concreto no local onde vai ser aplicado;
f) Adensamento, que consiste em tornar a massa do concreto a mais densa
possível, eliminando os vazios;
g) Cura ou cuidados a serem tomados para evitar a perda de água pelo concreto
nos primeiros dias.
4.2- Aspectos e impactos ambientais gerados pelos processos
convencionais
Na determinação de seus aspectos ambientais, a empresa pode considerar:
a) emissões para o ar;
b) lançamentos em água;
72
c) lançamentos em terra;
d) uso de matérias-primas e recursos naturais;
e) uso de energia;
f) emissão de energia (por exemplo calor, radiação, vibração (ruído) e luz);
g) geração de rejeito e/ou subprodutos;
h) uso do espaço.
Nos itens 4.2.1 a 4.2.3 são apontados os principais aspectos ambientais que geram
impactos ambientais que podem resultar do processo produtivo da indústria cerâmica e do
concreto armado.
4.2.1- Bloco cerâmico
a) Uso de energia
Em função da necessidade de queima de seus produtos, a indústria cerâmica é um
grande consumidor de energia, com uso principalmente centrado nos processos de
secagem e queima, tendo o gás natural e o gás liquefeito de petróleo (GLP) empregados
na maioria das empresas. (OLIVEIRA; MAGANHA, 2006).
O transporte de materiais em todo o ciclo de vida da construção em alvenaria
também provoca a queima de combustíveis.
b) Emissões atmosféricas e ruídos
As emissões de gases na atmosfera ocorrem pela liberação de substâncias retidas
durante a mineração das matérias primas, em decorrência de processos industriais, pela
queima de combustíveis para transporte e apoio às etapas e durante o tratamento ou
decomposição dos materiais residuais.
Para a extração de argila a céu aberto, a emissão de poluentes gerados pelas
atividades extrativas é principalmente metano e pela queima do óleo diesel são os materiais
particulados, o CO2, o CO, o NOx e o SOx.
Na tabela 5 pode-se observar valores de emissão de dióxido de carbono (CO2)
inerentes aos componentes da alvenaria estrutural. Pode-se observar que a geração no
caso da madeira fica negativa pois existe o sequestro de carbono durante o cultivo da
matéria prima (DEEKE, 2009).
73
Material Emissões
de CO2
(kg/unidade)*
Geração de
CO2 (kg/m³)**
Energia
incoporrada
(MJ/m³)
Madeira - (-) 735 11200
Tijolo
(blocos
cerâmicos)
0,95/unidade 304 5700
Areia 6,34/m³ - -
Cimento 28,25/saco –
50 kg
- -
Tabela 5: Emissões dos componentes de construções em alvenaria. Fonte: DEEKE, 2009*, DEEKE, 2009
apud RODEL, 2005**.
Na extração, os ruídos são gerados pelo processo de mineração, na fabricação pelo
funcionamento de maquinário e movimentação interna de materiais e na construção pelo
assentamento (alvenaria). Há significativa poluição sonora também em razão do transporte
de materiais durante todo o ciclo de vida. Durante o uso das construções, o impacto de
ruídos não é significativo.
c) Consumo de recursos hídricos
O consumo de água do sistema convencional de alvenaria ocorre na extração da
matéria-prima (processo de mineração dos componentes de alvenaria), no processo de
mistura entre a areia, o cimento e a cal (argamassa para a conexão dos tijolos) e no
processo produtivo do bloco cerâmico. (SANTOS, 2012).
Além de seu uso como parte integrante do processo, a água é utilizada nas
operações de limpeza de pisos e de lavagem de máquinas, equipamentos e demais
instalações industriais (OLIVEIRA; MAGANHA, 2006).
d) Geração de rejeito e/ou subprodutos
Os principais resíduos gerados por este setor industrial são decorrentes das perdas
de produto acabado. Embora nas fases de moldagem e secagem haja perdas significativas,
os resíduos podem ser incorporados ao processo, não causando impactos ao meio
ambiente. No entanto, o produto após a queima não pode ser aproveitado como matéria-
prima sem antes sofrer um processo prolongado de decomposição, portanto deve ser
encaminhado corretamente. (GRICOLETTI, 2001).
Mesmo quando o projeto é elaborado de maneira a garantir bom desempenho
energético, com iluminação e ventilação naturais adequados, qualquer reconfiguração do
74
espaço edificado leva à demolição de partes da edificação, com a geração de nova massa
de resíduos e baixo potencial de reciclabilidade.
Na fase de descarte final da edificação, o processo convencional inviabiliza a
desmontagem e o reaproveitamento da grande maioria dos componentes construtivos
utilizados. A separação dos componentes recicláveis da alvenaria embutida torna-se
inviável, por questões econômicas.
e) Recursos
Extração de argila: a extração de argila ocorre através de mineração a céu aberto
onde há uso de máquinas para escavação e transporte até a indústria (ZAGONEL, 2010).
São amplas áreas de exploração, em que ocorre a alteração da paisagem,
biodiversidade e microclima. Podendo haver uma instabilidade de margens e taludes,
erosão e assoreamento dos rios, entre outros impactos.
Já na indústria da argamassa, sobre os impactos significativos identificados,
destacam-se na produção: queima de diesel e outros combustíveis no consumo energético;
na extração: emissões atmosféricas pela liberação de gases retidos e gases da queima; em
todo o ciclo de vida (extração, produção, construção, demolição): ruídos dos maquinários,
consumo de recursos hídricos para lavagem, matéria prima no processo produtivo e
composição dos produtos finais, geração de resíduos pelo desperdício e perdas nos
processos.
4.2.2- Bloco de concreto
a) Uso de energia
O uso de energia está descrito no item 4.2.3 item a.
b) Emissões atmosféricas e ruídos
Os materiais utilizados para a fabricação de blocos são: cimento Portland, água,
agregados graúdos e miúdos e aditivos e/ou adições minerais (NBR 6136:2006).
Considerando-se o consumo de Cimento CP II Z, chegam-se as quantidades de
emissão de CO2 apresentadas na Tabela 6 (ALBANO, 2011):
75
Tabela 6 – Emissão de CO2 para um bloco de concreto. Fonte: ALBANO (2011).
O equipamento utilizado no processo de produção dos blocos depende,
principalmente, da energia elétrica, reduzindo com isto os impactos ao meio ambiente.
b) Consumo de recursos hídricos
A indústria do concreto também utiliza água fresca em grande quantidade. A agua
utilizada na mistura, sozinha, é responsável pelo consumo de 1 trilhão de litros a cada ano
(MEHTA, 2001).
d) Geração de rejeito e/ou subprodutos
A reutilização do entulho como agregado na confecção de blocos de concreto para
vedação é uma alternativa adequada e promissora, sendo já adotadas por prefeituras de
cidades brasileiras. Os blocos de concreto reciclado possuem maior porosidade e
permeabilidade, mas não afeta o seu comportamento mecânico e durabilidade, devido à
ausência do aço, que permite carbonatações sem a deterioração do bloco (BATISTA,
2009).
SOUSA (1999) fez avaliações em vários estudos onde substituía agregados naturais
por agregados de entulhos, e os resultados obtidos mostraram favorável a utilização de
agregados reciclados na produção de blocos de concreto.
76
O bloco produzido com agregados reciclados proporciona ao meio ambiente e a
população um produto de qualidade que não tem uma exploração de minério do meio
ambiente e que reaproveita grande quantidade de resíduos da construção civil (BATISTA,
2009).
A reciclagem de entulho pode ser realizada com instalações e equipamentos de
baixo custo, apesar de existirem opções mais sofisticadas tecnologicamente. Havendo
condições, pode ser realizado na própria obra que gera o resíduo, eliminando os custos de
transporte. É possível contar com diversas opções tecnológicas, mas todas elas exigem
áreas e equipamentos destinados à seleção, trituração e classificação de materiais. As
opções mais sofisticadas permitem produzir a um custo mais baixo, empregando menos
mão de obra e com qualidade superior (RÖDEL, 2005).
e) Recursos
Como já mencionado anteriormente, alguns agregados são obtidos por extração
direta do leito do rio, por meio de dragas (areias, seixos), e, às vezes, de minas (areia).
Devem sofrer beneficiamento, que consiste em lavagem e classificação. A pedra britada é
obtida por redução de pedras maiores por trituração em britadores (ROMANO, 2004).
Mais detalhes da extração dos materiais utilizados para a fabricação do bloco de
concreto (areia, cimento e pedra brita) estão descritos no item 4.2.3 item e.
4.2.3- Estruturas de concreto armado
a) Uso de energia
A indústria cimenteira é caracterizada por um alto consumo energético, tanto de
energia térmica demandada na fabricação do clínquer quanto de energia elétrica utilizada
por outros equipamentos, como, por exemplo, os moinhos de cimento. O consumo de
energia térmica pode chegar a 3.300 MJ/t de clínquer produzido (SANTI, 1997¹ apud
PAULA, 2009), enquanto o consumo de energia elétrica é estimado entre 90 e 120 kWh/t
de cimento produzido (CEMBUREAU, 1999² apud PAULA, 2009).
a) Emissões atmosféricas e ruídos
O grande consumo de cimento Portland tem gerado preocupações relacionadas a
seu processo produtivo, dado que uma das etapas mais importantes, a clinquerização,
requer a queima de matérias-primas (calcário e argilas) a uma temperatura de
aproximadamente 1.500 C, com alta liberação de CO2. Pouco mais da metade das
emissões de CO2 na indústria do cimento ocorre durante a transformação físico-química
que dá origem ao clínquer. A outra parcela é resultante predominantemente da queima de
combustíveis no forno de clinquerização, onde a chama atinge uma temperatura de até
2.000 ºC (SINDICATO, 2011).
77
b) Consumo de recursos hídricos
A indústria do concreto também utiliza água fresca em grande quantidade. A agua
utilizada na mistura, sozinha, é responsável pelo consumo de 1 trilhão de litros a cada ano
(MEHTA, 2001). Além do consumo durante a cura do concreto e na limpeza.
c) Geração de rejeito e/ou subprodutos
O concreto usado nas edificações é considerado resíduo de classe A, definido como
“resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados”.
d) Recursos
A extração indiscriminada dos principais insumos, como areia e cimento (em seu
processo de fabricação), acarreta altos níveis de contaminação de lençóis freáticos e
assoreamento de cursos d’água.
A areia natural pode ser extraída tanto do solo, em jazidas de rochas, quanto nos rios, através de técnicas de lavra a seco ou drenagem. É comercializada da forma que foi extraída, não recebe maiores tratamentos para ser utilizada na construção civil.
Pode ocasionar contaminação nos cursos d’água causado pelos resíduos e
depreciação da qualidade do ar devido ao lançamento de gases provenientes das máquinas. Alteram a paisagem e possuem interferência sobre a área de atividade, assim como de sua fauna, pois a remoção da vegetação e a modificação da estrutura do solo alteram a qualidade ambiental do ecossistema, influenciando nos habitats dos animais.
A pedra brita é um material proveniente das rochas, principalmente basalto e granito.
A extração da brita se dá através da retirada de grandes blocos de pedra das pedreiras,
que após são processados, moídos e classificados conforme seu tamanho. Os impactos
ambientais causados pela extração da brita se relacionam com as consequências do
processo de extração da areia natural.
Contudo, também podem ser relacionados diretamente a cada etapa do processo: 1. Abertura da cava - retirada da vegetação, escavações, movimentação de terra e modificação da paisagem local. 2. Uso de explosivos no desmonte de rocha – sobre pressão atmosférica, vibração do terreno, ultra lançamento de fragmentos, fumos, gases, poeira, ruído 3. Transporte e beneficiamento do minério - geração de poeira e ruído, afetando os meios como água, solo e ar, além da população local.
4.3- Ciclo de vida dos materiais e da construção propriamente dita
A Análise do Ciclo de Vida (ACV) do Produto é uma forma de avaliação de impactos
ambientais gerados durante extração/ manufatura de matérias-primas, processo produtivo,
utilização e disposição final; resumidamente conhecida como “análise do berço ao túmulo”
(CHEHEBE, 1998). É considerada ainda uma importante ferramenta de gerenciamento
ambiental e, ao longo do tempo, pode “prover as mudanças tecnológicas fundamentais na
78
produção e nos produtos (...), inclusive no uso otimizado de energia e de materiais, através
do uso de processos de reciclagem e reuso” (Junior et al., 2007, p.3). Na figura 14 está
representado o ciclo de vida de um produto.
Figura 14 - Avaliação do ciclo de vida. Fonte: Braskem (2017).
Rodrigues et al (2006, p. 13) defende que num contexto conceitual da ACV, pode-
se “avaliar os efeitos ambientais oriundos da cadeia produtiva inteira e das ações
operacionais executadas, enquanto quantificam as repercussões tanto para trás como para
frente na cadeia produtiva”.
O CBCS (2009) aponta a ferramenta de “Avaliação do Ciclo de Vida” (ACV) como a
melhor estratégia objetiva para a seleção de produtos com maior eficiência ambiental. A
ACV consiste na contabilização de todas as emissões e de todo o consumo de matérias
primas e energia ao longo de todas as fases do ciclo de vida do produto, desde sua
produção até seu descarte final
Em cada etapa da ACV é importante considerar informações sobre todas as fases
do ciclo de vida, resumidas por Graedel (1998) conforme a Figura 15. É através de
avaliação em mesmo nível de detalhes em cada uma destas fases que é possível fornecer
uma informação não tendenciosa para a tomada de decisão do consumidor. Para isso,
deve-se realizar um levantamento dos fluxos que envolvem cada uma das etapas de
produção, inclusive a obtenção da matéria-prima, transporte, produção, resíduos pos-uso,
entre outros.
79
Figura 15 – Fases do ciclo de vida. Fonte: Adaptado de Graedel, 1998.
4.3.1- Alvenaria de tijolos cerâmicos maciços
a) Extração da matéria prima
Os blocos cerâmicos são feitos de argila com adição de água. A extração de argila
ocorre através de mineração a céu aberto onde há uso de máquinas para escavação como
retroescavadeiras, pás carregadeiras e escavadeiras (ZAGONEL, 2010). A argila
endurecida, chamada no Brasil de “argilito", por ser de mais qualidade, pode ser escavada
por meio de jateamento.
Argamassa é feita de uma mistura de cimento, cal e areia com adição de água (no
local da construção). A cal é produzida pela calcinação do calcário. A areia, o calcário e o
cimento são produzidos da mesma maneira que o concreto.
b) Produção
O preparo é realizado com uma pá mecânica de carregamento e de mistura. Os
blocos são moldados usando uma variedade de equipamentos (tais como moldes) e
trabalho manual. A fase de secagem permite a redução do conteúdo de 25% para 30% em
massa. É usado o calor recuperado da etapa de queima. Os blocos são cozidos na etapa
da queima para transformar o material em resultado sólido. É processado nos altos fornos
por queima de lascas de madeira (ou outro material residual orgânico) fornecidas como
resíduos de produtos da indústria de móvel. Há uma perda de 1,5% que é reprocessada e
incorporada na massa (mais de 5%) ou vendida para terrenos de quadra de tênis (avaliado
em menos de 1% do peso total, excluído) (QUANTIS, 2012).
c) Distribuição
John (2010) destaca ainda que materiais abundantes como areia e argila para
cerâmica já estão escassos em locais próximos das grandes ou médias cidades. Em
consequência, há um aumento da distância de transporte e dos impactos ambientais
associados.
Consiste no envio do produto final até o mercado consumidor, esse transporte é feito
essencialmente por rodovias através de caminhões, utilizando veículos próprios ou
fretados, onde os tijolos são transportados até o armazenamento no cliente.
80
d) Uso e consumo
Para Sabbatini (2006), a durabilidade da alvenaria de vedação de blocos cerâmicos
se extingue quando deixar de se cumprir as funções que lhe foram atribuídas, quer seja
pela degradação que a conduz a um estado insatisfatório de desempenho, quer seja pela
obsolescência funcional.
Como referência, para edifícios habitacionais de até cinco pavimentos, tem-se uma
estimativa para a vida útil de projeto de paredes de vedação recomendada pela norma NBR
15575 para as paredes internas, mínimo de 20 anos e para as externas, mínimo de 40 anos.
Para outros tipos de edifícios, podem ser exigidos valores distintos de vida útil de projeto,
segundo estimativas do projetista e exigências do empreendedor, variando de acordo com
cada projeto.
e) Disposição final
De acordo com FERROLI, P. C. M., v.1, p.240 – 258, 2014 a reciclagem das
cerâmicas é limitada devido às características do material e suas propriedades. A
diversidade da composição química das cerâmicas, por exemplo, diminui sua
reciclabilidade. Outro fator que dificulta a reciclagem de materiais cerâmicos é modo como
os resíduos são coletados: em forma de entulho, a separação torna-se mais complicada.
No entanto, os resíduos cerâmicos na construção civil podem ser reciclados para
confeccção de agregados que poderão ser utilizados no canteiro, ou não para enchimento
de valas, reforço de bases de pavimentação, cascalhamento de estradas, aterro,
contrapisos, argamassas, artefatos de concreto (blocos de vedação, meio fios, blocos
intertravados, manilhas e esgoto).
4.3.2- Bloco de concreto
Poucos são os estudos que tratam dos impactos ambientais relacionados ao ciclo
de vida de blocos de concreto para alvenaria, embora algumas empresas estrangeiras já
publiquem suas declarações ambientais (AGGREGATE INDUSTRIES, 2015; ANGELUS
BLOCK CO., 2015; EPD, 2009; EPD-NORGE, 201; YTONG, 2015).
a) Extração da matéria prima
Os blocos de concreto são feitos de areia, cimento, pedra britada e água. A areia é
extraída dos poços de areia dos leitos dos rios. A areia artificial também pode ser produzida
por esmagamento de rochas. A principal matéria‐prima para a produção de cimento é a
81
extração de calcário, que normalmente é retirado de pedreiras abertas, no Brasil, com o
uso de explosivos. A argila, o outro ingrediente usado na produção de cimento, é extraída
da mesma forma que a argila usada na fabricação de blocos cerâmicos (QUANTIS
SUSTAINABILITY COUNTS, 2012).
Os blocos de concretos, têm, como principal matéria-prima, o cimento, o qual, na
sua fabricação, gera um alto índice de gases tóxicos (CO2) que variam em torno de uma
tonelada, para cada tonelada de cimento produzido, (CONPET, 2005).
b) Produção
Os blocos de concreto exigem calcário e argila para serem calcinados com o cimento
a altas temperaturas, alcançando 1450°C (SNIC, 2011), produzindo um material
intermediário que será posto no produto final usando somente areia e água, seco ao ar livre
na temperatura ambiente. Além disso, as altas temperaturas do processo de clinquerização
exigem uma combustão mais intensa, utilizando‐se, na maior parte das vezes, de
combustíveis fósseis (Bauman, 2004). Como o cimento constitui 20% dos blocos de
concreto (ANICER, 2012), a energia necessária para cada m² de parede é muito maior para
paredes feitas de concreto. Como resultado do uso de energia de combustíveis fósseis para
a produção, o processo de fabricação do concreto tem grande impacto na mudança
climática e esgotamento de recursos.
c) Distribuição
Durante a distribuição, normalmente por caminhão, há consumo de combustível
devido ao transporte, que varia com a distância do cliente a fábrica, bem como da fábrica a
matéria-prima.
d) Uso e consumo
Os blocos são assentados manualmente. É acrescentado 8% de água à pré‐mistura
da argamassa seca (92%) e a mistura é feita manualmente. A argamassa é assentada
manualmente (QUANTIS SUSTAINABILITY COUNTS, 2012).
e) Disposição final
De acordo com o Instituto Centro Cape, o bloco de concreto pode ser reutilizado,
com outra finalidade: para bloco de entulho ou piso. Ou a parede é destruída e os resíduos
são enviados para aterros.
4.3.3- Estruturas de concreto armado
As fronteiras do estudo serão divididas em seis processos elementares, descritos a
seguir e ilustrados no fluxograma do sistema de produto da figura 13. Consistem na
82
extração de materiais para a produção de insumos, consumo de água, energia e transporte
e as emissões decorrentes de cada processo.
Figura 16 – Fluxograma do sistema de produto de concreto armado. Fonte: BENTO, R. C.,
CARDOSO, P. F., KOMESU, A., OMETTO, A.R., ROSSI, E., ROSSIGNOLO, J.A.
a) Extração da matéria prima
O concreto armado é feito de areia, cimento e agua, derramado entre as varas de
aço.
O cimento Portland, que atua como material ligante na confecção do concreto, está
associado a elevados impactos ambientais devido à extração de matérias primas não
renováveis (como calcários e argilas), utilizadas na sua produção. Podemos relacionar os
impactos ambientais da produção de cimento nas seguintes categorias (KARSTENSEN,
2006):
1. Emissões de material particulado de chaminés e poeiras fugitivas.
2. Emissoes atmosféricas dos gases NOx, SO2, CO2, compostos orgânicos
voláteis (VOCs) e outros.
3. Outras emissões como: ruído e vibrações, odores, agua de processo,
geração de resíduos, etc.
4. Consumo de recursos naturais como energia e matérias-primas
b) Produção
A produção do concreto acontece com a mistura dos elementos. O concreto
ordinário contém 80% agregados em massa. Globalmente para a confecção de concreto
são consumidos areia e brita à taxa de 10 a 11 bilhões e toneladas a cada ano. A extração,
processamento e operações de transporte envolvendo estas quantidades de agregados
83
consomem consideráveis quantidades de energia e efeitos desfavoráveis ao ambiente de
áreas florestais e leitos de rios são uma consequência imediata (MEHTA, 2001).
A indústria do concreto também utiliza água fresca em grande quantidade. A agua
utilizada na mistura, sozinha, é responsável pelo consumo de 1 trilhão de litros a cada ano
(MEHTA, 2001). Além do consumo durante a cura do concreto e na limpeza.
A indústria do aço apresenta grande impacto para economia e sobre a sociedade
como um todo. Enquanto em países europeus, a média de consumo per capta passa de
400 kg/habitante, no Brasil se manteve em torno de 100 kg nos últimos 30 anos, indicador
que mostra a possibilidade de crescimento do mercado interno de aço para o
desenvolvimento econômico do país (IAB, 2013).
As usinas integradas produzem aço a partir da fabricação de ferro-gusa liquido em
seus altos fornos. A energia utilizada na produção siderúrgica, mais precisamente na
produção de ferro-gusa, vem da queima de carvão vegetal.
De acordo com Prado Filho (2014), as siderúrgicas emitem CO2 (dióxido de
carbono) e CH4 (metano) na atmosfera, contribuindo para agravar o efeito estufa. Óxidos
de enxofre (SOx) e óxidos de nitrogênio (NOx) também são emitidos.
O aço pode ser reciclado inúmeras vezes sem perder qualquer uma das suas
qualidades, contribuindo assim para a minimização do consumo de recursos naturais e para
a maximização da reutilização desses mesmos recursos (Lippi, Ivan Rodrigues,1979).
c) Distribuição
O concreto é transportado até o consumidor final em um caminhão betoneira e as
hastes de aço transportadas por caminhões. Durante o transporte, há consumo de
combustível e a emissão do caminhão. Entretanto, o transporte tem pequena influencia,
exceto quando as distancias são significativamente grandes (LAMBERTI, 2015).
d) Uso e consumo
Um fator importante durante o uso da estrutura é a absorção de CO2 com o passar
dos anos pelas estruturas de concreto. Algumas pesquisas estimam que os valores de
absorção seriam de 5% a 16%, dependendo das condições de umidade, agregados
utilizados, alcalinidade, etc., nas estruturas de concreto com contato direto com o ar,
enterradas e também submersas (HASELBACH, 2009) e (YIXIN et al, 2006).
e) Disposição final
Quanto a própria alvenaria e o concreto fundido in loco, a reciclagem possível é a
trituração, em que o pó gerado torna-se agregante inerte usado na produção de novos
componentes de concreto. Vale ressaltar que esse processo tem capacidade limitada de
absorção, e não resolveria as milhares de toneladas geradas diariamente (LIMA, 2006).
84
4.4- A força de trabalho e sua consciência ambiental
A educação ambiental tem um papel bastante importante nas empresas na área de
construção civil, devido a áreas ambientais, margens de rios e desequilíbrio ecológico de
certa localidade no qual ocorrem as construções. Sabemos que uma pequena área pode
concentrar um grande ecossistema que se não for estudado e analisado, poderemos
destruir algo grandiosos que poderá vir afugentar os seres que constituem este ambiente
(LEAL, 2015).
O setor da construção civil é conhecido como um dos grandes responsáveis pelos
impactos ambientais. Estes começam pela grande quantidade de recursos naturais e
energias utilizadas na produção e transporte de matérias primas, passam pela concepção
do projeto e terminam em um grande volume de resíduos resultantes de técnicas de
construção muitas vezes artesanais, empregadas por uma mão de obra desqualificada.
Segundo CARNEIRO et al (2003, p.4), os profissionais que atuam de maneira direta
ou indireta no setor construtivo, vêm tratando a questão ambiental com certo descaso.
Muitos não têm sequer uma opinião formada a respeito do assunto, demonstrando total
desinteresse.
Para que este pensamento se modifique é necessário primeiramente um processo
de alteração cultural, considerando a educação ambiental como base para um pensamento
crítico em qualquer tempo ou lugar, seja de modo formal, não formal ou informal, onde
promova a transformação e a construção de uma sociedade mais consciente (PELICIONI
1998).
De acordo com FRIGO, v(9), nº 9, p. 1938 – 1952, 2012. (e-ISSN: 2236-1308), é
desta forma a educação contribui para a sensibilização de um indivíduo, a fim da
transformação de suas práticas, onde a informação tem um papel fundamental. Porém cabe
destacar que essas informações não podem ser passadas como simplesmente
transferência de conhecimento é necessário que se estabeleça um diálogo, uma
comunicação.
O processo de mudança de mentalidade, de um modo geral, leva certo tempo para
atingir parcela significativa da sociedade. Deste modo, mostra-se de fundamental
importância a imposição de certos dispositivos regulatórios, que estimulem a adoção de
novas práticas (JESUS, 2014).
4.5- Impacto da legislação
O trabalho de conscientização sobre a adoção de práticas que protejam o ambiente
não seria o suficiente para que o modelo de desenvolvimento sustentável fosse difundido
na sociedade da forma necessária. Dessa forma, torna-se preciso adotar uma
85
regulamentação legal, com penas previstas, de modo a induzir a atividade econômica a
respeitar alguns aspectos ambientais em seus processos (JESUS, 2014).
Como instrumento de regulação das atividades, algumas legislações, nos âmbitos
federal, estadual e municipal, foram formatadas, obrigando que as mesmas respeitem
aspectos ambientais durante sua execução (JESUS, 2014).
A auditoria ambiental de conformidade legal é um instrumento valioso que auxilia a
empresa a conhecer seu desempenho ambiental e adequar-se ao exigido pela legislação
aplicável. Neste tipo de auditoria ambiental é realizada uma avaliação sistemática das
atividades da empresa, conduzida a identificar os riscos existentes, potenciais e a
conformidade legal.
No Brasil a auditoria ambiental vem ganhando caráter obrigatório, passando a ser
legalmente exigida por órgãos governamentais de controle ambiental de diversos estados.
No Rio de Janeiro, as responsabilidades, os procedimentos e os critérios técnicos para a
realização de auditorias ambientais são definidos pela DZ-56 R-03 (Diretriz para realização
de auditoria ambiental) (DE MARTINI AMBIENTAL, 2013).
Com relação aos resíduos da obra, o Plano de Qualidade da obra, o PBQP-H prevê
a definição dos destinos adequados dados aos resíduos sólidos e líquidos produzidos pela
obra (entulhos, esgotos, águas servidas), que respeitem o meio ambiente, estejam em
consonância com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010) e com as
legislações estaduais e municipais aplicáveis (PBQP-H, 2012).
A lei federal nº 6.938 (Brasil, 1981), denominada de Política Nacional do Meio
Ambiente, em seu artigo 2º, ela fala que esta política “tem por objetivo a preservação,
melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País,
condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à
proteção da dignidade da vida humana”.
Para esse fim, ela instituiu o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), que
representa o conjunto de órgãos, entidades e normas de todos os entes federativos da
União, estados, Distrito Federal e municípios, responsáveis pela gestão ambiental. O
Sisnama estabelece princípios e conceitos fundamentais para a proteção ambiental, bem
como objetivos e instrumentos até então inexistentes na legislação pátria.
Em termos de políticas públicas, a publicação da Resolução nº307 (Brasil, 2002) do
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), em vigor desde 2003, que estabelece
diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos RCC foi uma importante ação
efetivada em termos legais no que diz respeito aos RCC, buscando impulsionar as
empresas a tomarem uma nova postura gerencial e implementar medidas que visem à
redução da quantidade de resíduos produzidos. De acordo com esta Resolução podem ser
classificados como RCC os resíduos oriundos da construção, reformas e demolição de
edifícios ou obras de infraestrutura. Desta forma, os entulhos podem ser constituídos por
telhas, forros, tijolos e blocos cerâmicos, concreto em geral, madeira, argamassa, gesso,
86
tubulações e vidros, entre outros. A referida Resolução estabelece ainda obrigações para
os geradores e para os municípios.
Segundo a Resolução, os responsáveis pela geração de resíduos devem ter como
objetivo prioritário a não geração dos mesmos e, secundariamente, a redução, a
reutilização, a reciclagem e a destinação final. Além disso, o documento afirma que os
resíduos da construção civil não podem ser dispostos em aterros de resíduos 34
domiciliares, em áreas de “bota-fora”, em encostas, corpos d’água, lotes vagos e em áreas
protegidas por Lei. (CONAMA, 2002)
A implementação da gestão dos resíduos da construção civil deve ser realizada por
meio do Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, que deve ser
elaborado pelos Municípios e pelo distrito Federal, devendo incorporar o Programa
Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil e Projetos de Gerenciamento
de Resíduos da Construção Civil. (CONAMA, 2002)
4.5.1- Lei Estadual do Rio de Janeiro
O estado do Rio de Janeiro possui a lei °4.191 de 30 de setembro de 2003 que trata
da Política Estadual de Resíduos Sólidos onde são reforçados algumas definições,
princípios e objetivos da Resolução n° 307 da CONAMA e, também, avançam no que se
refere a fiscalização, educação ambiental e licenciamento.
O Estado reforça que as atividades (ou agentes) geradoras são responsáveis por
seus resíduos e destinação correta, assim como pela recuperação de áreas degradadas e
as obrigam a se cadastrarem junto ao órgão responsável para obter seu licenciamento
ambiental. Dentro do pedido de licenciamento deve constar o Plano Integrado de
Gerenciamento de Resíduos Sólidos onde a geradora descreve o empreendimento e suas
atividades, caracteriza e quantifica seus resíduos, e suas ações de segregação,
acondicionamento, transporte, reutilização/reciclagem e destinação.
Em nenhum momento a Lei n°4.191 descrimina os resíduos da construção civil, ou
menciona de forma específica a indústria da construção. Porém reconhecendo toda e
qualquer obra como “atividade geradora”, deve-se obedecer todas as obrigatoriedades
contidas na legislação. Caso contrário, as responsáveis estão sujeitas a penalidades
previstas que vão desde multas simples, perda de crédito, embargo de obras e cassação
de licença ambiental.
A Resolução SMAC nº 519, criada em 2012, tem como objetivo a regulamentação
de critérios e procedimentos destinados ao Licenciamento Ambiental Municipal.
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAC) define, através da Resolução, a
necessidade da apresentação do Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil
87
– PGRCC por parte do requerente do Licenciamento Ambiental Municipal para atividades
de construção, reforma, ampliação, demolição e movimentação de terra. (SMAC, 2012)
É neste Plano que estão determinadas as diretrizes técnicas e procedimentos das
responsabilidades dos geradores, o cadastro de áreas aptas para o recebimento, triagem
e armazenamento do RCC, o incentivo a reutilização e reciclagem no ciclo produtivo, o
transporte e a fiscalização dos agentes envolvidos (SANTOS,2015).
Segundo o Art. 8º, “Os Planos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil
serão elaborados e implementados pelos grandes geradores e terão como objetivo
estabelecer os procedimentos necessários para o manejo e destinação ambientalmente
adequados dos resíduos”.
O Plano de Gestão de Resíduos da Construção Civil, mais do que um mero requisito
formal a ser cumprido perante os órgãos públicos para a obtenção das licenças ambientais
é, na verdade, um importante instrumento da gestão ambiental, uma vez que com sua
apresentação os órgãos públicos podem prever qual volume e tipo de resíduo que será
gerado e assim planejar suas ações (LEITE, 2014).
4.6- Vantagens e desvantagens dos processos construtivos
convencionais
4.6.1- Bloco cerâmico
Como desvantagem ambiental destaca-se a utilização de produtos que degradam o
meio ambiente: areia, tijolo, brita, etc., além do uso de agua no processo construtivo como
já citado.
A execução da parede de alvenaria gera uma quantidade de entulho e
consequentemente desperdícios de material e mão de obra para a obra, pois para a
execução das instalações elétricas e hidráulicas é necessário fazer “rasgos” nas paredes
para embutir as tubulações. Com grande quantidade de RCC, o canteiro de obra torna-se
sujo ou com grande dificuldade para manutenção de limpeza (BARBOSA 2015). Outro fator
preponderante é a questão do retrabalho, que se faz necessário quando o serviço não está
conforme planejado. Existe ainda a questão do desperdício dos materiais constituintes de
serviços subsequentes à alvenaria, como por exemplo: a argamassa de assentamento e de
reboco, que é usado para corrigir falhas da alvenaria (RODRIGUES, 2013).
O desperdício da mão de obra está intimamente relacionado à questão do
retrabalho. Quando o profissional necessita corrigir ou modificar um serviço já executado,
o custo gerado pelo serviço anteriormente realizado é perdido, tornando o processo pouco
produtivo (RODRIGUES, 2013).
88
Ainda segundo RODRIGUES, 2013, apresenta como desvantagem a falta de
controle na execução: eventuais problemas na execução são detectados somente por
ocasião da conferência de prumo do revestimento externo, gerando elevados consumos de
argamassa e aumento das ações permanentes atuantes na estrutura.
A alvenaria de tijolos cerâmicos apresenta destaque com relação a sua duração,
que pode chegar a 300 anos, mas em geral são demolidas antes de apresentar motivos
suficientes para descontinuar o uso. Portanto, há desperdício dos materiais incorporados
na medida em que não são aproveitados em sua totalidade e não podem ser reutilizados
(SANTOS, 2012).
Segundo SABBATINI (2001), a alvenaria de vedação tradicional tem como principal
vantagem a boa relação custo-benefício dentre os outros materiais para vedação
existentes, é um material de construção econômico considerando-se os investimentos
iniciais e de manutenção.
Baseado na avaliação 43 da “Comunidade da Construção”, o sistema construtivo
apresenta vantagens como a grande disponibilidade de mão de obra para execução: os
serviços de argamassa são de fácil aprendizado, de forma que a ausência de mão de obra
pode ser rapidamente suprida pelo treinamento de novos operários.
Além dessa característica fundamental, esta alvenaria se caracteriza também por
outros benefícios como (RODRIGUES, 2013):
a) Excelente comportamento frente à ação do fogo (resistência, efeito barreira,
incombustabilidade);
b) Bom desempenho térmico;
c) Estabilidade, indeformabilidade;
d) Boa estanqueidade à água (quando revestida);
e) Facilidade de composição de elementos de qualquer forma e dimensão;
f) Não tem limitações de uso em relação às condições ambientais;
g) Maior aceitação pelo usuário e pela sociedade.
O tijolo é um material passível de reutilização em canteiros de obra. Segundo
WAMBUCO (2002), os tijolos que eventualmente forem quebrados durante o processo
construtivo, devem ser britados para que, posteriormente, venham a ser reutilizados como
base e sub-base de aterros e pavimentos.
Por fim, a argamassa é outro material que pode ser reutilizado. Quando o resíduo
coletado da obra puder ser peneirado, obtêm-se uma mistura de argamassa e areia. Esse
material pode ser utilizado no processo de fabricação de argamassa de assentamento,
argamassa de revestimento e outros, substituindo os agregados naturais.
4.6.2- Bloco de concreto
89
Este sistema vem sendo bastante empregado principalmente em construções
habitacionais, graças às suas vantagens técnicas e econômicas, que garantem a
racionalização da construção através da otimização do uso de recursos temporais,
materiais e humanos e à expansão das indústrias de blocos de concreto no país (FRANCO,
1988)
BUTTLER (2007) afirma que em fábricas de blocos de concreto, o resíduo gerado é
proveniente de elementos não conforme pelo controle de qualidade, final de linhas de
produção e sobras de concreto ao final do processo.
No Brasil, informações obtidas em fábricas de blocos de concreto de pequeno porte
indicam um volume de resíduo em torno de 0,2m³/dia, representando 2% da produção total.
Em uma fábrica de grande porte do interior paulista, o volume de resíduos gerados pode
chegar a 7m³/dia, contabilizando 160 m³/mês de resíduo de bloco de concreto,
representando 1% da produção total. Desse total, aproximadamente 30m³ seriam
representados por blocos de concreto rejeitados pelo controle de qualidade (BUTTLER,
2007).
As fabricas de pequeno porte são a maioria na indústria, onde os equipamentos para
a fabricação geralmente são antigos e ultrapassados, o que favorece a geração de
resíduos, diferentemente da minoria das fábricas modernas que produzem blocos em alta
escala, automatizados e com alto controle de qualidade (MARTINS, 2012).
O fato dos blocos serem produzidos em dimensões previstas em norma permite com
que se aplique a técnica de coordenação modular, que consiste no ajuste de todas as
dimensões da obra, horizontais e verticais, como múltiplo da dimensão básica da unidade.
Seu objetivo principal é evitar cortes e desperdícios na fase de execução (FERNANDES,
2013).
Os desperdícios são também minimizados em relação ao bloco cerâmico, já que as paredes permitem a passagem de tubulações destinadas às instalações elétricas, telefônicas e sanitárias, eliminado o trabalho posterior de cortar as paredes para o embutimento das canalizações. INMETRO, 2002.
A velocidade de execução é a mais notável vantagem da alvenaria estrutural. O
sistema permite um grande ganho nesse sentido quando se tem uma mão-de-obra treinada
e um adequado planejamento das etapas de construção (BASTOS, 1993).
A rapidez do levantamento de paredes também está relacionada ao tamanho das
peças, que por serem maior, quando comparadas aos tijolos convencionais, permite que as
paredes sejam erguidas com maior velocidade. Permite também alinhamento mais definido.
INMETRO, 2002.
A redução de custos é evidenciada na economia da mão-de-obra especializada de
armadores e carpinteiros e nos materiais gastos nas etapas de forma e armação, uma vez
que as alvenarias dispensam fôrmas e as lajes podem ser pré-moldadas. Outro diferencial
deste sistema é o fato de quando se tem blocos de boa qualidade e um controle rigoroso
90
na execução, há uma grande economia ou até eliminação de camadas de revestimento
(JUNIOR, 1992).
É preciso menos argamassa de assentamento e camadas mais finas de reboco,
principalmente nas paredes internas. No entanto, oferece menor conforto térmico (INDI,
2005).
Segundo Camacho (2006), as desvantagens deste sistema são a limitação do
projeto arquitetônico pela concepção estrutural, que não permite a construção de obras
arrojadas. Outra desvantagem é a impossibilidade de adaptação da arquitetura para um
novo uso.
4.6.3- Estruturas de concreto armado
O êxito do concreto armado no Brasil explica-se por várias razões. Até o final da
década de 70 a Construção Civil teve grande parte dos investimentos financiados pelo
Estado, que não possuía programas de qualidade para o Setor e desestimulava o interesse
de investimentos em tecnologia. O fato de que grande parte da mão de obra era composta
por profissionais despreparados e desqualificados também dificultava o processo de
transformação e inovação da construção. Além disso, a preparação do concreto no próprio
canteiro de obras e a construção de paredes em alvenaria não exigia operários qualificados,
fato importante num país onde eles são escassos, mas que em compensação, conta com
abundante mão de obra não qualificada (CAMPARI, 2006).
A construção da estrutura de concreto (moldado no local) requer fôrmas e
escoramentos que necessitam ser montados e posteriormente desmontados, acarretando
custos elevados de material e de mão de obra (BASTOS, 2014).
Para a execução de concreto, usamos matéria-prima não renovável, com alta
emissão de poluentes na fabricação do cimento, - a desmontagem e reutilização geralmente
são inviáveis (depende do porte da obra) (SALUM, 2009; SANTOS; HÁSTENREITER,
2009).
Souza (2005) afirma ainda que os materiais utilizados na estrutura de concreto
armado sofrem baixas perdas, mas que por apresentarem imperfeições na execução
acabam demandando maiores quantidades de regularização nos revestimentos
argamassados.
Apesar de seus impactos ambientais, como o uso de matéria prima não renovável;
alta emissão de poluentes na fabricação do cimento; falta de padrão e desperdício de
fôrmas, o concreto possui diversos benefícios.
91
Sua estrutura pode durar séculos. O valor usualmente adotado para a vida útil nas
estruturas de edificação de concreto armado é de 50 anos. Possui custos de manutenção
e reparos muito pequenos.
São três as razões expostas por Mehta e Monteiro (1994) para o concreto ser o
material mais utilizado na engenharia: o concreto possui uma exelente impermeabilidade,
a facilidade de execução, em diferentes formas e tamanhos, e normalmente é o mais barato
e mais facilmente disponível no canteiro de obras.
Os concretos com agregados reciclados possuem vários tipos de usos, mas os
principais são (BATISTA, 2009):
a) Contra pisos, calçadas externas e similares;
b) Regularização de pisos sem função impermeabilizante;
c) Reforço não armados em edificações;
d) Reforço armado em elementos sem presença de umidade (cintas, vergasse);
e) Execução de peças de reforço não armadas em muros de vedação;
f) Regularização de pisos para revestimento cerâmico, preferencialmente em
pavimentos não apoiados diretamente sobre o solo;
g) Lastro para fundação em edificações térreas;
h) Fabricação de componentes de alvenaria de vedação (tijolos maciços,
blocos e canaletas, outros);
i) Lajotas de concreto para lajes mistas;
j) Tubos e canaletas para drenagem;
k) Briquetes e lajotas de pavimentação (estacionamento, vias de trafego de
pedestre, ciclistas e motociclistas);
l) Meios-fios, sargetas e similares para serviços auxiliares de pavimentação;
m) Fixação de mourões e portões em cercamentos.
Apesar de muitas utilizações do agregado reciclado, algumas são restritas como
(BATISTA, 2009):
a) Concreto com função estrutural: em vigas, lajes e pilares;
b) Concreto em peças estruturais em fundações de edificações, como blocos,
sapatas, brocas e estacas;
c) Concreto para fabricação de peças pré-moldadas com função estrutural:
componentes para alvenaria estrutural, vigotas para lajes, etc;
d) Concreto com função impermeabilizante;
e) Concretos armados em serviços com presença de umidade.
92
5- Processos construtivos industrializados e a questão ambiental
Nesse capitulo, serão apontados os aspectos ambientais, que geram impactos
ambientais negativos, ao longo de todo ciclo de vida dos materiais. Dessa forma será
possível detectar e avaliar os benefícios ambientais dos processos construtivos
industrializados.
5.1- Processos construtivos industrializados mais utilizados no Brasil
Como visto no capítulo 2, foram destacadas cinco tecnologias construtivas, baseada
na diretriz SINAT:
a) Sistemas construtivos em paredes de concreto armado moldadas no local;
b) Sistemas construtivos integrados por painéis estruturais pré-moldados, para
emprego em casas térreas, sobrados e edifícios habitacionais de múltiplos pavimentos;
c) Sistemas construtivos estruturados em perfis leves de aço conformados a
frio, com fechamentos em chapas delgadas (Sistemas leves tipo “Light Steel Framing”);
d) Sistemas construtivos formados por paredes estruturais constituídas de
painéis de PVC preenchidos com concreto (Sistemas de paredes com formas de PVC
incorporadas);
e) Sistemas construtivos estruturados em peças de madeira maciça serrada,
com fechamentos em chapas delgadas (Sistemas leves tipo “Light Wood Framing”).
O estudo, no presente trabalho, está focado nos processos construtivos
estruturados em perfis leves de aço conformados a frio, com fechamentos em chapas
delgadas e paredes estruturais constituídas de painéis de PVC preenchidos com concreto.
5.2- Aspectos e impactos ambientais gerados pelos processos
industrializados
5.2.1- Sistemas construtivos estruturados em perfis leves de aço
conformados a frio, com fechamentos em chapas delgadas
a) Emissões para o ar
De acordo com Gervásio (2008a) a indústria do ferro e do aço contribui para: 27%
de emissões diretas de CO2; aproximadamente de 3 a 4% das emissões globais de gases
com efeito de estufa (GEEs) e 1.7 ton. de CO2 é emitida por cada tonelada de aço
produzido, conforme apresentado na figura 13 a porcentagem das emissões diretas de CO2
na indústria de ferro e aço.
93
Figura 17 – Emissões diretas de CO2 no setor da indústria em 2004. Fonte: IEA, 2007 apud
GERVÁSIO, 2008b. (International Energy Agency (IEA). Tracking Industrial Energy Efficiency and CO2
Emissions. 2007. Paris, 2007.
b) Uso de matérias-primas e recursos naturais
O aço pode ser indefinidamente reciclado em sua totalidade sem perder nenhuma
de suas propriedades estruturais e qualidades. Mais da metade do aço produzido na França
e na União Européia e 40% da produção mundial de aço é obtida do aço reciclado. Este
índice vem aumentando ano após ano, preservando recursos e o meio-ambiente
(LEMOINE, 2002). Na maior parte dos setores, incluindo o da construção, as taxas de
reciclagem variam entre 80 e 100%. A produção de aço a partir de aço reciclado reduz as
emissões de CO2. Em 2006 foram poupadas aproximadamente 894 milhões de ton. de
CO2. Os resíduos gerados durante a construção são reduzidos e em sua maior parte são
recicláveis (GERVÁSIO, 2008b).
De acordo com Barbosa, Toscan, Ubel, Comunello e Marchioro (2016), a lã de PET ISOSOFT, da TRISOFT foi desenvolvida especialmente para isolamento térmico e isolamento acústico em sistemas Drywall de paredes com placas de gesso/ cimentícia e construções a seco em Steel Frame (sistema de construções em quadros de aço leve).
Isolamento térmico e isolamento acústico: Esta lã é 100% reciclável, não absorve água, nem umidade, por esse motivo não mofa. Devido a sua matéria-prima tecnológica, mantém suas características originais por muito mais tempo. É um excelente isolante térmico, pois estabelece uma barreira para passagem do calor e pode ser utilizado na construção civil em paredes, telhados e forros, assim como em dutos de refrigeração, de aquecimento e cabines de máquinas
Mais um exemplo são as placas OSB, painéis de madeira produzidos com lascas pensadamente direcionadas, prensadas umas às outras e tratadas com química anti-cupim e anti-mofo. Os painéis OSB são feitos a partir de madeiras de reflorestamento.
c) Consumo de recursos hídricos
94
Utilização mínima de água no processo construtivo (somente utilizada nas
fundações). O processo é conhecido no Brasil, também, por sistema construtivo "a seco"
(LIMA, 2014).
d) Emissão de ruídos
A pré-fabricação minimiza os níveis de poluição e de ruído no canteiro de obras por
diminuir a emissão de material particulado e a poluição sonora geradas por serras e outros
equipamentos. GERVÁSIO, 2008b.
Os problemas com demolição após a vida útil de um edifício, tais como ruídos, poeira
e poluição são evitados com a utilização de edificações em aço por serem facilmente
desmontáveis, de maneira segura e limpa, permitindo despojo seletivo. O baixo peso das
estruturas previne a deterioração do solo (LEMOINE, 2002).
e) Geração de rejeito e/ou subprodutos
Devido à ausência de entulhos, como escoramento e fôrmas, a pré-fabricação das
estruturas contribui para um ambiente de trabalho mais limpo e com maior segurança,
contribuindo para uma melhor organização do canteiro, evitando depósito de materiais e
reduzindo o desperdício de materiais. As componentes das estruturas metálicas são
entregues na obra na altura da sua montagem, minimizando a área de armazenamento
(CONTRUÇÕES...,2009).
f) Uso de energia
O isolamento térmico e acústico pode ser adaptado a qualquer local ou requisito
funcional contribuindo para um comportamento energético mais eficiente (GERVÁSIO,
2008b).
O consumo de energia, cuja porcentagem consumida de energia pela indústria do
aço está apresentada na figura 14 é altíssimo e um forte causador de impactos ambientais,
Gervásio (2008a).
95
Figura 18 – Utilização da energia final na indústria em 2004. Fonte: IEA, 2007 apud GERVÁSIO,
2008b.
5.2.2- Paredes Estruturais Constituídas de Painéis de PVC preenchidos com
concreto
a) Emissões para o ar
O PVC tem em sua composição 57% de cloro, sua fabricação requer de grandes
quantidades de energia (10000 kw/h/m3) e o processo libera à atmosfera sustâncias
organocloradas altamente tóxicas. Os painéis são formas ocas de PVC preenchidas na obra
com concreto. O concreto confere estabilidade e resistência mecânica ao painel e a forma
de PVC permanece como revestimento exterior e interior das paredes da vivenda. O
consumo energético e os graves inconvenientes ambientais que produz a fabricação do
concreto já foram analisados com LSF (FUENTES, 2014).
b) Uso de matérias-primas e recursos naturais
Como o próprio nome já diz, os principais materiais que constituem este sistema são
concreto e o PVC. Em alguns casos, barras de aço também são utilizadas, além daquelas
que fazem a ancoragem da estrutura à fundação.
O PCV ou policloreto de polivinila (também conhecido como cloreto de vinila ou
policloreto de vinil) é um plástico não 100% originário do petróleo. Segundo a empresa
Royal Technologies (2006b); o material usado no sistema RBS de paredes é o Royalloy B,
que é uma composição complexa de resina de cloreto polivinilico, modificadores acrílicos,
ceras, lubrificantes, estabilizadores de estanho, protetor de raios ultravioleta e supressores
de chama. Ainda segundo a empresa, esse material desenvolvido e testado, visa a
resistência às intemperes e desempenho do sistema.
96
Segundo Santos (2015), um dos aspectos ambientais mais importantes e benéficos
do PVC está na origem de suas principais matérias-primas e insumos. De acordo com o
autor, estudos promovidos pela BRASKEM para a substituição dos derivados de petróleo e
gás pelo de álcool vegetal (cana de açúcar e outros) mostrou que o polietileno verde captura
2,15 quilos de CO2 a cada quilo produzido. E para sua produção, 80% da energia
consumida, é proveniente de fontes renováveis.
O concreto compreende 90% (em massa e volume) das paredes construídas no
sistema RBS e cabe ao engenheiro ou projetista especificar o traço necessário em cada
projeto (ROYAL TECHNOLOGIES, 2006b).
c) Consumo de recursos hídricos e uso de energia
Devido à rapidez, sua montagem gera uma economia no consumo de energia
elétrica e água durante a obra, o que a torna a metodologia sustentável do ponto de vista
de preservação do meio ambiente (SANTOS, 2015).
Ferrari (2011) destaca a economia de até 73% no consumo de água, como visto na
figura 15 e de até 75% no consumo de energia na obra.
Tabela7 – Analise comparativa (%) do consumo de agua da construção convencional x construção
com Concreto-PVC. Fonte: Royal do Brasil (2011)
d) Geração de rejeito e/ou subprodutos
Trata-se de uma construção limpa, que gera pouco entulho e desperdício, além do
PVC ser reciclável e ecologicamente correto (SANTOS, 2015)
. Os perfis de PVC também têm um apelo sustentável por serem 100%
recicláveis e porque os poucos resíduos gerados com sua fabricação são
reaproveitados. Eles também podem ser reciclados ao final do seu ciclo de vida.
97
5.3- Ciclo de vida dos materiais e da industrialização
5.3.1- Sistemas construtivos estruturados em perfis leves de aço
conformados a frio, com fechamentos em chapas delgadas
a) Extração da matéria prima
Segundo Corbioli (2008), o aço usado na fabricação dos perfis é fornecido somente
pela Usiminas ou pela CSN e já vem galvanizado. O aço galvanizado, fornecido em bobinas
pelas siderúrgicas, é a matéria-prima com que as perfiladoras (beneficiadoras do aço)
produzem os perfis, no comprimento exigido pelo projeto e já perfurado para permitir a
passagem das instalações.
Exploração das matérias-primas, principalmente dos minérios de ferro, que são
extraídos por meio de mineração a céu aberto. Quando o minério de ferro bruto é
encontrado de forma compacta e dura, perfurações e explosões podem ser necessárias.
Em seguida, as rochas brutas são submetidas a sucessivos estágios de peneiramento e de
britagem até serem reduzidas à faixa de granularidade e composição especificada.
A mineração a céu aberto pode causar danos à vegetação, ao ar, águas superficiais
e subterrâneas, à fauna, solo e às populações (Dias at al, 1999, p. 212.).
O fluxograma da Figura 19 ilustra dos fluxos da extração do minério de ferro, em
que parte deste vai para exportação, parte vai para siderúrgicas nacionais e do
beneficiamento.
Figura 19 – Extração e beneficiamento do minério de aço. Fonte: Karina de Macedo Soares Pires
Condeixa (baseado em dados da Infomet, 2013).
98
b) Produção
Segundo o Instituto do Aço do Brasil (IAB), o aço é produzido, basicamente, a partir
das matérias-primas: minério de ferro, carvão e cal. A fabricação do aço pode ser dividida
em quatro etapas, a saber: preparação da carga, redução, refino e laminação. O fluxograma
ilustra dos fluxos da extração do minério de ferro, em que parte deste vai para exportação,
parte vai para siderúrgicas nacionais e do beneficiamento, apresentado na Figura 20.
Neste mesmo inventário pode-se observar que o Brasil utiliza carvão mineral junto
ao coque para redução em alto-forno (como uma forma de reduzir emissões de GEE) e
utiliza sucata na produção (reciclando grande parte de resíduos).
No Brasil, a estrutura produtiva da siderurgia predominante é a rota tecnológica
integrada à base de carvão mineral, representando cerca de 72% da produção total de aço
do País. O relatório de sustentabilidade 2009 do IAB destaca que cerca de 10% do aço
produzido no Brasil usa o carvão vegetal em substituição ao mineral no seu processo de
produção. O uso de biomassa, um recurso natural renovável, proveniente de florestas
plantadas, representa uma alternativa ao equacionamento do problema de emissão de
gases de efeito estufa pelo setor. Além disso, a implantação de centrais termoelétricas e de
sistemas de recuperação energética que aproveitam gases gerados no processo produtivo
proporciona um aumento da capacidade de geração própria de energia elétrica pelas
empresas (MACHADO, 2010).
Figura 20 – Inventario do aço portão a portão. Fonte: Ugaya, 2010 (traduzido por: Karina de Macedo
Soares Pires Condeixa).
O processo de produção de aço demanda grandes volumes de água, principalmente
nos sistemas de refrigeração, para resfriamento de máquinas, equipamentos e produtos.
Várias medidas já foram adotadas pelas associadas para otimizar a recirculação ou reuso
99
das águas de processo, reduzindo-se, ao máximo, o seu descarte e diminuindo a demanda
por captação da água dos rios (MACHADO, 2010).
c) Distribuição
Consiste no envio do produto final até o mercado consumidor, esse transporte é feito
principalmente por rodovias através de caminhões, utilizando veículos próprios ou fretados,
onde os perfis de aço são transportados até o cliente. Entretanto, o transporte tem pequena
influencia, exceto quando as distancias são significativamente grandes.
d) Uso e consumo
Os materiais utilizados são secos e inorgânicos prevenindo problemas de umidade
e contribuindo para a minimização da manutenção dos edifícios (GERVÁSIO, 2008b).
Quando submetido à manutenção, o aço dura por muito tempo. Esse fator permite
amortizar facilmente os impactos ambientais devidos à sua fase de produção (GERVÁSIO,
2008b).
Na etapa de uso, o sistema estrutural de aço não demanda energia, água ou
qualquer outro processo para manter o seu funcionamento. Assim, as atenções se voltam
para a manutenção do sistema construtivo
e) Disposição final
Os perfis metálicos podem ser reaproveitados ou o aço reciclado para outros fins
(Mascarenhas, 2006). O aço além de reciclável; as estruturas podem facilmente ser
desmontadas e reutilizadas de novo (FERREIRA, 2014).
5.3.2- Paredes Estruturais Constituídas de Painéis de PVC preenchidos com
concreto
a) Extração da matéria prima
Como já mencionado, o PVC, policloreto de polivinila, também conhecido como
cloreto de vinila ou policloreto de vinil; nome IUPAC2 policloroeteno mais conhecido pelo
acrónimo PVC (da sua designação em inglês Polyvinyl chloride) é um plástico não 100%
originário do petróleo. O PVC é obtido a partir de 57% de insumos provenientes do sal
marinho ou sal-gema, e somente 43% de insumos provenientes de fontes não renováveis
como o petróleo e o gás natural. Vale ressaltar que existe tecnologia disponível para a
substituição dos derivados de petróleo e gás pelos de álcool vegetal (cana de açúcar e
outros) (SANTOS, 2015).
b) Produção
100
Como já citado no item 5.2.2, Segundo Santos (2015), um dos aspectos ambientais
mais importantes e benéficos do PVC está na origem de suas principais matérias-primas e
insumos. De acordo com o autor, estudos promovidos pela BRASKEM, em parceria com
importantes consultorias globais, concluiu o estudo de Avaliação do Ciclo de Vida do
Plástico Verde - I’m green, a substituição dos derivados de petróleo e gás pelo de álcool
vegetal (cana de açúcar e outros) mostrou que o polietileno verde captura 2,15 quilos de
CO2 a cada quilo produzido. E para sua produção, 80% da energia consumida, é
proveniente de fontes renováveis. A figura 21 mostra a avaliação do Ciclo de Vida do
plástico verde.
Figura 21 – Esquema do ciclo de vida do plástico verde – “I’m green.”. Fonte: SANTOS (2015).
c) Distribuição
Os painéis que compõem o sistema, quando ainda não preenchidos, são muito leves
(de 8 kg a 14 kg/m2), facilitando o processo de transporte e montagem.
Os painéis (formas) de PVC pré-fabricados são resistentes e não necessitam de
embalagens especiais para sua movimentação e transporte (SANTOS, 2015).
d) Uso e consumo
Brandão (2010, p. 35) enfatiza que o PVC tem uma durabilidade grande e custos
reduzidos de operação e manutenção.
e) Disposição final
O PVC é reciclável e caracterizado como um material de aplicações de longo ciclo
de vida, ou seja, aplicações nas quais o tempo de vida útil do produto antes de seu descarte
para o meio ambiente é bastante longo, por exemplo, mais de 20 anos (SANTOS, 2015).
101
O PVC como resíduo, segundo o inciso IV, Art.20, da Resolução CONAMA n°
307/2002 alterada pela redação dada pela Resolução n° 431/11, reciclagem: é o processo
de reaproveitamento de um resíduo, após ter sido submetido à transformação. Portanto o
PVC segundo inciso II, Art. 3º, é classificado como resíduos da construção civil (RCC)
Classe B, que são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos,
papel, papelão, metais, vidros, madeiras e gesso (SANTOS, 2015).
5.4- Vantagens e desvantagens dos processos industrializados
5.4.1- Sistemas construtivos estruturados em perfis leves de aço
conformados a frio, com fechamentos em chapas delgadas
Gorgolewski (2006) e NASFA (2011) afirmam que ao se utilizar o sistema LSF uma
série de vantagens são comprovadas, como: alta resistência, baixo peso (tanto da estrutura
como dos demais componentes), grande precisão dimensional, resistência ao ataque de
insetos, além do que os materiais utilizados são quase que totalmente recicláveis,
contribuindo para a sustentabilidade da edificação.
É um sistema ecologicamente correto. O aço, por exemplo, parte integrante do
sistema em steel frame, é um dos produtos mais reciclados em todo o mundo. Possui
durabilidade acima de 300 anos. Existem construções nos EUA com mais de 250 anos
ainda em funcionamento.
Permite um canteiro de obra limpo e organizado, devido a pré-fabricação. A pré-
fabricação da estrutura permite que seja feita em paralelo com a execução das fundações,
ou seja há possibilidade de se trabalhar em diversas frentes de serviços simultaneamente,
permitindo um cronograma acelerado. A diminuição de fôrmas e escoramentos e o fato da
montagem da estrutura não ser afetada pela ocorrência de chuvas, também podem levar a
uma redução no tempo de execução (em até 40%) quando comparado com os processos
convencionais. Fonte: CONTRUÇÕES...,2009. Em função da maior velocidade de
execução da obra, pode haver um ganho adicional pela ocupação antecipada do imóvel e
pela rapidez no retorno do capital investido.
As seções dos pilares e vigas de aço são mais esbeltas do que as equivalentes em
concreto, resultando em melhor aproveitamento do espaço interno e aumento da área útil
(CONTRUÇÕES...,2009). Oferece maiores espaços e confere flexibilidade na concepção e
execução de projetos, CBCA (2003).
Consegue um adequado desempenho acústico e isolamento térmico máximo,
através da instalação da lã de rocha e lã de vidro entre as paredes e forro, CBCA (2003).
Outra característica que torna interessante o estudo com o aço é que o Brasil é um
grande produtor em aço. Em 2010, a produção no Brasil de aço bruto, chegou a 32,8
102
milhões de tonelada, isso nos coloca na nona posição do ranking mundial, e o setor faturou
R$64 bilhões e exportou US$5,8 bilhões (ABREU, 2011).
Como pode-se observar, são diversas vantagens que este sistema oferece, porém,
segundo Vivian (2010), devido ao uso deste sistema ainda ser recente no Brasil, não há
estudos aprofundados sobre a gestão da produção de obras que o utilizam. Por outro lado,
a busca pelo custo x benefício e sustentabilidade é um ponto importante para estimular as
pesquisas e o uso cada vez mais frequente deste sistema.
Outro ponto é que a fabricação de uma estrutura em aço ocorre dentro de uma
indústria e necessita mão de obra altamente qualificada, pois a grande maioria dos
profissionais ligados ao setor é acostumada com os processos tradicionais de construção.
Apesar disso, essa mão de obra qualificada dá ao cliente a garantia de uma obra com
qualidade superior devido ao rígido controle existente durante todo o processo industrial
(Centro Brasileiro da Construção em Aço, 2015).
5.4.2- Paredes Estruturais Constituídas de Painéis de PVC preenchidos com
concreto
Corsini (2011) destaca que o PVC é resistente às intempéries e à maresia, oferece
fácil limpeza e manutenção e promove adequando isolamento térmico e acústico por conta
do tipo de preenchimento dos painéis e espessura das paredes.
Quanto à facilidade de manuseio das peças pré-fabricadas: as peças pré-fabricadas,
painéis e conectores são de fácil manipulação. Operários sem conhecimento da tecnologia
nem experiência prévia com sistemas pré-fabricados incorporam rapidamente o conceito já
que todos os painéis chegam à obra com um código alfanumérico que facilita a montagem.
Ferrari (2011) destaca outra vantagem no sistema; a alta produtividade com equipes
reduzidas, que pode gerar ganhos de produtividade de até 40% no tempo total da obra.
Também já destacado pelo autor e analisado no item 2.3.4 a redução de etapas de
construção é outra vantagem, representado na figura 19. Somam-se a esses benefícios, a
limpeza e organização da obra, redução significativa de entulho e do desperdício, além do
melhor controle dos materiais e custos.
103
Figura 22 – Comparação de etapas entre os sistemas convencional e RSB. Fonte: FERRARI (2011).
Segundo o Instituto do PVC3, esse material é:
1. Leve (1,4 g/cm³), o que facilita seu manuseio e aplicação;
2. Resistente à ação de fungos, bactérias, insetos e roedores;
3. Resistente à maioria dos reagentes químicos;
4. Bom isolante térmico, elétrico e acústico;
5. Sólido e resistente a choques;
6. Impermeável a gases e líquidos;
7. Resistente às intempéries (sol, chuva, vento e maresia);
8. Durável: sua vida útil em construções é superior a 50 anos;
9. Não propaga chamas: é auto extinguível;
10. Versátil e ambientalmente correto;
11. Reciclável e reciclado;
12. Fabricado com baixo consumo de energia.
Apesar das inúmeras vantagens, ainda é um sistema inovador, pouco utilizado no
país, motivo pelo qual se considera interessante e importante o seu estudo, sobretudo em
relação a ocupação e pós uso.
Como desvantagem, devemos destacar o fato de ainda existirem poucos
fornecedores no Brasil e o preço que ainda é superior ao da alvenaria convencional.
GUILMARÃES (2014) cita como desvantagens:
1. A necessidade de mão de obra especializada para concepção do projeto
arquitetônico
104
2. A falta de resistência do material para a construção de edificações com mais
de 4 andares de altura
3. A indisponibilidade do material em certas regiões mais afastadas das áreas
indústrias
4. A impossibilidade de se construir formas arquitetônicas mais arrojadas como
arcos e elementos curvos
5. A toxicidade do PVC - caso o mesmo não possua em sua formulação
elementos anti-toxicidade - em caso de um incêndio na edificação.
105
6- Analise comparativa dos aspectos ambientais dos processos
construtivos convencionais e industrializados
6.1- Generalidades
Para a avaliação comparativa deveria ser utilizada a ACV de acordo com a NBR ISO
14040, entretanto em decorrência da ausência de dados que permitissem uma análise
quantitativa detalhada do "berço ao túmulo", nesse trabalho foi desenvolvido uma
sistemática comparativa entre os processos de forma qualitativa e para permitir uma
comparação quantitativa foi utilizada escala de cotejo para avaliação dos impactos
ambientais com base nas metodologias de avaliação de aspectos e impactos ambientais
utilizadas por construtoras certificadas em sistemas de gestão ambiental (NBR ISO 14001).
6.2- Emissões para o ar
Resende (2007) aponta que particularmente no caso de edifícios pode-se observar
que a poluição atmosférica é proveniente principalmente da emissão de material particulado
nas fases de construção e demolição; da emissão de CO2 e CFC que pode ocorrer em
incêndios, na extração, fabricação e transporte dos materiais, na utilização de
equipamentos, a partir de utensílios domésticos, entre outros, nas fases de construção,
manutenção e demolição.
6.3- Uso de matérias-primas e recursos naturais
Com relação à abundância das matérias primas, apresenta-se na Tabela 8 a relação
de algumas matérias primas, suas composições básicas e a durabilidade global estimada
de cada material. Ressalta-se que não foram considerados novos pontos de mineração ou
extração dos materiais apresentados.
106
Tabela 8 – Matérias primas da indústria da construção e a avaliação de sua abundancia. Fonte:
modificado – Petrucci (1982), Dasmaceno e Storolli (1994), Lippiat (1998) e Sperb (2000).
6.4- Consumo de recursos hídricos
É comum encontrar um grande consumo de água em obras de construção civil, bem
como na fabricação de seus materiais. Esse grande consumo é devido ao fato de a água
possuir duas principais funções: a de dissolução e a do transporte de vários tipos de
materiais, por se tratar de um bem natural com renovação apenas com a precipitação,
dependente de vários fatores climáticos, cuidados com esse recurso é de extrema
importância (SILVA; VIOLIN, 2011).
A utilização de água na construção civil é fundamental não apenas como ingrediente
para fabricação de argamassas, concreto e facilidade na mistura e na cura de
determinados materiais, mas também para a limpeza pessoal, das ferramentas e para o
consumo dos colaboradores do empreendimento (CBIC, 2013).
6.5- Emissão de ruídos
Resende (2007) aponta que particularmente no caso de edifícios pode-se observar
que a poluição sonora é gerada nas fases de construção, manutenção e demolição,
proveniente principalmente da utilização de equipamentos, veículos e ferramentas diversas.
107
6.6- Geração de rejeito e/ou subprodutos
Segundo John, citado por Santos (2008), a geração de RCD é anterior ao início de
qualquer obra ou serviço, se observarmos que a produção de insumos para a construção
civil, além de consumir recursos naturais também produz resíduos. O RCD pode ser oriundo
de obras viárias, material de escavação, demolição de edificações, construções, renovação
de edifícios, limpeza de terrenos e até mesmo de catástrofes naturais (tsunamis, tornados,
terremotos, etc.) ou artificiais (incêndios, desabamentos, bombardeios, etc.).
Segundo as Resoluções CONAMA nº 307 e nº 348 os resíduos da construção civil
são classificados em quatro classes, já descritos no item 3.4.2.
6.7- Uso de energia
Bermann (2003) afirma que as fontes energéticas podem ser classificadas em
função da renovabilidade. Enquanto os combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão
mineral) são considerados não-renováveis, pois levam milhões de anos para se formarem
e sua disponibilidade é limitada em função do esgotamento das reservas, a
hidroeletricidade e a biomassa (lenha, carvão vegetal, cana de açúcar, entre outros) obtida
através do plantio e reflorestamento que são consideradas como fontes renováveis, e se
bem manejadas, podem assumir caráter sustentável. Na tabela 9 são comparadas as duas
fontes energéticas do ponto de vista ambiental.
Fonte de Energia Exemplos Avaliação da sustentabilidade
Renovável Solar, eólica, álcool retirado da cana de açúcar (biomassa)
Quando o combustível é queimado, libera CO2; porém a cana de açúcar, por exemplo, absorve uma quantidade proporcional de carbono da atmosfera durante seu crescimento fechando-se assim um ciclo de emissão e absorção de CO2. Portanto, fontes de energia renováveis podem ser mais sustentáveis que fontes de energia não renováveis.
Não renovável Petróleo, carvão mineral, gás natural
Tendo como referência o ciclo do carbono, pode-se afirmar que a queima de combustíveis fósseis é insustentável já que as reservas são finitas e a capacidade do planeta de absorver os resíduos desse processo é limitada.
Tabela 9 – Comparativo da sustentabilidade aplicada a fontes renováveis e não renováveis (modificado –
Bermann, 2003).
108
6.8- Aspectos ambientais por tipo de construção
Foram elaboradas tabelas, para resumir os aspectos ambientais mais relevantes
acima citados, considerando os processos construtivos estudados nos estudos dos
capítulos 4 e 5.
6.8.1- Bloco cerâmico
Etapas Emissões atmosféricas
Uso de matérias primas e recursos naturais
Emissão de ruídos
Consumo de recursos hídricos
Geração de resíduos
Consumo energético
Extração de matéria prima
Liberação de gases durante a mineração de matérias primas antes retidos nas jazidas - significativa
Extração de argila em jazida natural, abundante na natureza - moderada
Ruídos do maquinário - significativo
Sempre que o veículo deixa o parque de extração o veículo é lavado - significativo
Material inservível disponível na jazida sobre a camada de argila a ser extraída - moderado
As argilas encontradas de várzeas necessitam de retroescavadeiras ou outro equipamento semelhante para extração, com uso de energia a diesel - significativa
Produção e execução
Emissões geradas nas caldeiras - significativo
- Ruído do maquinário - significativo
Água utilizada para compor a massa antes da cura – significativo Água utilizada para dar o traço da argamassa - significativo
Perdas por quebras (“rasgos” nas paredes para embutir as tubulações) - significativo
Nos processos de Moldagem, secagem e queima o gás natural e o gás liquefeito de petróleo são empregado na maioria das empresas - significativa
Distribuição
Transporte via rodoviário com emissão de gases atmosféricos - significativo
- Ruído do motor - significativo
- -
Transporte via rodoviário, em geral a diesel ou gasolina - significativo
Uso e consumo
- - (+) Bom desempenho acústico
-
Reconfiguração do espaço modificado leva a quebra de blocos e desperdícios - moderado
(+) Bom desempenho térmico
Disposição final
Grande geração de poeira durante a demolição - significativa
-
Provoca ruído para demolição- significativa
-
O reaproveitamento da grande maioria dos componentes construtivos é inviável tornando a opção o descarte em
Uso de equipamentos mecânicos para demolição - significativo
109
aterros - significativo
Tabela 10 – Impactos ambientais da alvenaria de bloco cerâmico. Fonte: a autora (2017).
6.8.2- Bloco de Concreto
Etapas Emissões atmosféricas
Uso de matérias primas e recursos naturais
Emissão de ruídos
Consumo de recursos hídricos
Geração de resíduos
Consumo energético
Extração de matéria prima
A extração da areia e brita provoca o
lançamento de gases
provenientes das máquinas -
significativa
Extração de calcário em
jazida natural abundante na
natureza – moderada
(+) utilização de agregados reciclados na produção de
blocos de concreto
Para a extração da de brita há
uso de explosivos
no desmonte de rocha – significativa
A extração de insumos
como areia e cimento
acarreta em altos níveis
de contaminação
de lençóis freáticos e
assoreamento de cursos d’água -
significativa
Mineração a céu aberto- moderada
A extração do calcário pode ser feita por explosivos e por processo
mecânico (escavadeiras)
e que a energia
incorporada de extração
dos materiais dependerá da metodologia utilizada na
extração dessas
matérias primas -
significativa
Produção e execução
Durante a produção do concreto, a
clinquerização libera altas
concentrações de CO2 –
significativa
- -
Alto consumo de agua pela indústria do concreto -
significativa
(+) Reduzidos desperdícios e entulhos por
ser uma construção planejada e
pré-fabricada – nenhuma
Apresentam baixíssima variação de dimensões,
evitando desperdícios
por quebras em obra e não
precisando de rasgos para
passagem de tubulação
Uso de energia
térmica na fabricação do
clínquer e energia elétrica
utilizada por outros
equipamentos - significativa
Distribuição
Transporte via rodoviário com
emissão de gases
atmosféricos - significativa
-
Ruído do motor -
significativo
- -
Transporte via rodoviário, em geral a diesel ou gasolina - significativa
Uso e consumo
- - (+) Bom
desempenho acústico
-
Reconfiguração do espaço
modificado leva a quebra de
blocos e
(+) Bom desempenho
térmico
110
desperdícios (pouco
frequente) – baixa
Disposição final
Grande geração de poeira durante a
demolição - significativa
-
Provoca ruído para demolição- significativa
- -
Uso de equipamentos
mecânicos para
demolição - significativa
Tabela 11 – Impactos ambientais da alvenaria de bloco de concreto. Fonte: a autora (2017).
6.8.3- Concreto Armado
Etapas Emissões atmosféricas
Uso de matérias primas e recursos naturais
Emissão de ruidos
Consumo de recursos hídricos
Geração de resíduos
Consumo energético
Extração de matéria prima
A extração da areia e brita provoca o
lançamento de gases
provenientes das máquinas –
significativa
Extração de cálcario em
jazida natural abundante na
natureza – moderada
Extração de
minério de ferro em jazida
natural, não abundante na
natureza – significativa
Para a extração da de brita há
uso de explosivos
no desmonte de rocha -
significativa
A extração de insumos
como areia e cimento
acarreta em altos níveis
de contaminação
de lençóis freáticos e
assoreamento de cursos d’água –
significativa
A indústria do concreto
utiliza água fresca em
grande quantidade – significativo
Mineração a céu aberto- moderada
A extração do calcário pode ser feita por explosivos e por processo
mecânico (escavadeiras)
e que a energia
incorporada de extração
dos materiais dependerá da metodologia utilizada na
extração dessas
matérias primas -
significativo
Produção e execução
A clinquerização libera altas
concentrações de CO2 –
significativa
-
Ruído do maquinário
- significativo
Alto consumo durante a cura do
concreto e limpeza –
significativo
Por ser um processo não mecanizado,
apresenta imperfeições na execução que acabam
sendo regularizadas
nos revestimentos argamassados
– moderada
Desperdício das fôrmas e escoramento – significativo
A energia para a produção do
ferro-gusa vem da
queima de carvão vegetal
- baixa
Distribuição
Transporte via rodoviário com
emissão de gases
atmosféricos - significativo
- Ruído do motor -
significativo - -
Transporte via rodoviário, em geral a diesel ou gasolina - significativo
111
Uso e consumo
(+) Absorção de CO2 com o
passar dos anos - - - - -
Disposição final
Grande geração de poeira durante a
demolição - significativa
-
Provoca ruído para demolição- significativa
-
Dificuldade de separação do
aço e concreto. Além da
dificuldade de transportar e desmontar
pois as peças são grandes e
pesadas, tornando inviável a
reciclagem. As peças em
geral vão para aterros -
significativa
Uso de equipamentos
mecânicos para
demolição - significativo
Tabela 12 – Impactos ambientais da estrutura de concreto armado. Fonte: a autora (2017).
6.8.4- Light Steel Frame
Etapas Emissões atmosféricas
Uso de matérias primas e recursos naturais
Emissão de ruídos
Consumo de recursos hídricos
Geração de resíduos
Consumo energético
Extração de matéria prima
Mineração a céu aberto pode
causar danos atmosféricos -
moderado
Minério de ferro e
carbono não
abundante na
natureza – significativa
Aço
reciclado- nenhuma
Quando o minério de
ferro bruto é encontrado de
forma compacta e
dura, perfurações e
explosões podem ser
necessárias - significativo
Danos a águas superficiais e
subterrâneas – significatico
Mineração a céu aberto- moderada
Possibilidade de uso de
explosivos e equipamentos
mecânicos para extração -
significativo
Produção e execução
(+) A construção em aço apresenta
baixos níveis de emissões – nenhuma
-
Pré-fabricação minimiza os
níveis de ruído na montagem no canteiro -
trivial
O processo de fabricação de aço demanda
grandes volumes de
água, principalmente nos sistemas
de refrigeração, para
resfriamento de máquinas,
equipamentos e produtos - significativa
Sistema
construtivo "a seco" –
nenhuma
(+) Os resíduos
gerados são reduzidos e
em sua maior parte são
recicláveis – nenhuma
(+) Ausência de entulhos,
sem necessidade
de escoramento e fôrmas – nenhuma
Alto consumo de energia durante a fabricação –
altíssimo
112
Distribuição
Transporte via rodoviário com
emissão de gases
atmosféricos - significativo
-
Ruído do motor -
significativo
- -
Em relação a estrutura de
concreto, utiliza-se menos
caminhões, diminuindo
detritos inertes -moderado
Uso e consumo
- - (+) Conforto
acústico - -
(+) Isolamento térmico
contribuindo para um
comportamento energético mais
eficiente
Disposição final
(+) Facilmente desmontáveis e leves evitando
poluição e poeira -
nenhuma
-
(+) Facilmente desmontáveis
e leves evitando ruídos –
nenhuma
-
(+) Aço pode ser 100% reciclado- nenhuma
-
Tabela 13 – Impactos ambientais da estrutura de concreto armado. Fonte: a autora (2017).
6.8.5- Concreto- PVC
Etapas Emissões atmosféricas
Uso de matérias primas e recursos naturais
Emissão de ruidos
Consumo de recursos hídricos
Geração de resíduos
Consumo energético
Extração de matéria prima
(+) O polietileno verde captura
CO2
A extração da areia e brita provoca o
lançamento de gases
provenientes das máquinas –
significativa
Extração de cálcario em
jazida natural abundante na
natureza – moderada
Extração de
minério de ferro em jazida
natural, não abundante na
natureza – significativa
Extração de
petróleo, matéria prima
em processo de esgotamento
em plataforma marítima –
significativa, apesar de
pouco PVC usado
Se produzido através de
álcool vegetal (cana de açúcar e
outros) - trivial
Para a extração da de brita há
uso de explosivos
no desmonte de rocha – significativa
A extração de insumos
como areia e cimento
acarreta em altos níveis
de contaminação
de lençóis freáticos e
assoreamento de cursos d’água –
significativa
A indústria do concreto
utiliza água fresca em
grande quantidade – significativo
Mineração a céu aberto- moderada
A extração do calcário pode ser feita por explosivos e por processo
mecânico (escavadeiras)
e que a energia
incorporada de extração
dos materiais dependerá da metodologia utilizada na
extração dessas
matérias primas -
significativo
Produção e execução
A clinquerização na produção de
- - Devido à
rapidez, sua (+) Os
resíduos
113
concreto libera altas
concentrações de CO2 –
significativa
montagem gera uma
economia no consumo de água durante a obra - trivial
gerados são reaproveitados; pouco entulho e desperdícios
(+) Dispensa acabamento
Para a produção do polietileno,
80% da energia
consumida é de fontes
renováveis – trivial
(+)Devido à rapidez, sua montagem gera uma
economia no consumo de
energia elétrica
durante a obra
A energia para a produção do
ferro-gusa vem da
queima de carvão vegetal
- trivial
Distribuição
Transporte via rodoviário com
emissão de gases
atmosféricos - significativo
-
Ruído do motor -
significativo
- -
Transporte via rodoviário, em geral a diesel ou gasolina - significativo
Uso e consumo
- -
(+) Promove adequado isolamento
acústico
- -
(+) Promove adequado isolamento
térmico
Disposição final
- - - -
(+) Os perfis de PVC são
reciclados ao final de seu
ciclo de vida.
-
Tabela 14 – Impactos ambientais concreto-PVC. Fonte: a autora (2017).
6.8- Matriz comparativa para avaliação dos impactos ambientais
Considerando a ACV e os impactos ambientais dos processos construtivos sob as
perspectivas das emissões atmosféricas, uso de matérias-primas, consumo de recursos
hídricos, emissão de ruídos, geração de resíduos e consumo de energia, são obtidos dados
para a realização de uma análise comparativa considerando a significância de cada impacto
ambiental.
114
Escala para avaliação quantitativa de impacto ambiental
Ocorrência Incidência Peso
Não nenhuma 0
Sim
Baixa (trivial) 1
Média (moderada) 2
Alta (significativa) 3
Tabela 15 – Escala avaliação do impacto ambiental. Fonte: a autora, 2017.
Baseado na matriz dissertativa, tabelas 10,11, 12, 13 e 14, e na escala de cotejo
utilizada, tabela 15, foi possível realizar a matriz comparativa dos métodos construtivos
apresentada na tabela 16.
Analisamos 6 impactos ambientais durante 5 etapas do ciclo de vida dos processos
(extração de matéria-prima; produção e execução; distribuição; uso e consumo e disposição
final). Para o cálculo da matriz comparativa, somou-se os valores durante as 5 etapas do
ciclo de vida para cada impacto ambiental analisado. Posteriormente, foi feita a soma de
todos os impactos, para cada processo, chegando a uma pontuação final.
Na análise dos blocos cerâmicos, para o impacto ambiental “Emissões
atmosféricas”, temos:
a) Durante a extração de matéria-prima: Incidência significativa = 3
b) Produção e execução: Incidência significativa = 3
c) Distribuição: Incidência significativa = 3
d) Uso e consumo: Incidência nenhuma = 0
e) Disposição final: Incidência significativa = 3
Considerando o aspecto emissões atmosféricas, a soma dos valores durante as
etapas do ciclo de vida dos blocos cerâmicos é (3+3+3+0+3) =12.
Para o aspecto “Uso de matérias primas e recursos naturais”, temos:
a) Durante a extração de matéria-prima: Incidência moderada = 2
b) Produção e execução: Incidência nenhuma = 0
c) Distribuição: Incidência nenhuma = 0
d) Uso e consumo: Incidência nenhuma = 0
e) Disposição final: Incidência nenhuma = 0
Considerando o aspecto Uso de matérias primas e recursos naturais, a soma dos
valores durante as etapas do ciclo de vida dos blocos cerâmicos é (2+0+0+0+0) =2.
Para o aspecto “Emissões de ruídos”, temos:
a) Durante a extração de matéria-prima: Incidência significativa = 3
b) Produção e execução: Incidência significativa = 3
c) Distribuição: Incidência significativa = 3
d) Uso e consumo: Incidência nenhuma = 0
115
e) Disposição final: Incidência significativa = 3
Considerando o aspecto emissões de ruídos, a soma dos valores durante as etapas
do ciclo de vida dos blocos cerâmicos é (3+3+3+0+3) =12.
Para o aspecto “Consumo de recursos hídricos”, temos:
a) Durante a extração de matéria-prima: Incidência significativa = 3
b) Produção e execução: Duas incidências significativas = (3+3)÷2 = 3
c) Distribuição: Incidência nenhuma = 0
d) Uso e consumo: Incidência nenhuma = 0
e) Disposição final: Incidência nenhuma = 0
Considerando o aspecto consumo de recursos hídricos, a soma dos valores durante
as etapas do ciclo de vida dos blocos cerâmicos é (3+3+0+0+0) =6.
Para o aspecto “Geração de resíduos”, temos:
a) Durante a extração de matéria-prima: Incidência moderada = 2
b) Produção e execução: Incidência significativa = 3
c) Distribuição: Incidência nenhuma = 0
d) Uso e consumo: Incidência moderada = 2
e) Disposição final: Incidência significativa = 3
Considerando o aspecto Geração de resíduos, a soma dos valores durante as
etapas do ciclo de vida dos blocos cerâmicos é (2+3+0+2+3) =10.
Para o aspecto “Consumo energético”, temos:
a) Durante a extração de matéria-prima: Incidência significativa = 3
a) Produção e execução: Incidência significativa = 3
b) Distribuição: Incidência significativa = 3
c) Uso e consumo: Incidência nenhuma = 0
d) Disposição final: Incidência significativa = 3
Considerando o aspecto Geração de resíduos, a soma dos valores durante as
etapas do ciclo de vida dos blocos cerâmicos é (3+3+3+0+3) =12.
Foi feito esse cálculo para os 6 aspectos ambientais e por fim, somou todos os
valores. Dessa forma, foi obtida a pontuação final:
(Emissões atmosféricas) 12 + (Uso de matérias primas e recursos naturais) 2 + (Emissões
de ruídos) 12 + (Consumo de recursos hídricos) 6 + (Geração de resíduos) 10 +
(Consumo energético) 12 = 54.
116
Esse cálculo foi feito para todos os processos construtivos. Por fim, obtivemos a
pontuação final de cada processo, permitindo uma comparação entre eles, onde a maior
pontuação corresponde ao maior impacto ambiental. Na tabela 16, é apresentado os
cálculos e a pontuação final de cada um dos processos construtivos.
Aspectos/ Análise quantitativa
Emissões atmosféricas
Uso de matéria prima e recursos naturais
Emissão de ruídos
Consumo de recursos hídricos
Geração de rejeito ou subproduto
Uso de energia TOTAL
Bloco cerâmico
(3+3+3+0+3) =12
(2+0+0+0+0) =2
(3+3+3+0+3) =12
(3+3+0+0+0) =6
(2+3+0+2+3) =10
(3+3+3+0+3) =12
54
Bloco de concreto
(3+3+3+0+3) =12
(2+0+0+0+0) =2
(3+0+3+0+3) =9
(3+3+0+0+0) =6
(2+0+0+0+1) =3
(3+3+3+0+3) =12
44
Concreto armado
(3+3+3+0+3) =12
(2,5+0+0+0+0) =2,5
(3+3+3+0+3) =12
(3+3+0+0+0) =6
(2+2,5+0+0+3) =7,5
(3+1+3+0+3) =10
50
Light Steel Frame
(2+0+3+0+0) =5
(1,5+0+0+0+0) =1,5
(3+1+3+0+0) =7
(3+1,5+0+0+0) =4,5
(2+0+0+0+0) =2
(3+3+2+0+0) =8
28
Concreto PVC
(1,5+3+3+0+0) =7,5
(1,67+0+0+0+0) =1,67
(3+0+3+0+0) =6
(3+1+0+0+0) =4
(2+0+0+0+0) =2
(3+0,67+3+0+0) =6,67
27,8
Tabela 16 –. Fonte: a autora, 2017.
117
7- Considerações finais
O setor de construção é responsável por uma parte considerável da degradação
ambiental do planeta, em particular devido aos impactos relativos as emissões atmosféricas
e de ruídos, uso de matéria prima e recursos naturais não abundantes, consumo de água
e energia e geração de resíduos.
No presente trabalho, foram estudados cinco processos construtivos do ponto de
vista ambiental e através da tabela 16, pode-se obter a sequência dos processos de maior
impacto ambiental negativo, considerando as fases já citadas: 1- bloco cerâmico, 2-
concreto armado, 3- bloco de concreto, 4- light steel frame e 5- concreto PVC.
É importante ressaltar que o critério de pontuação é subjetivo e para a análise não
foi considerado o pré-ciclo. É sugerido que profissionais especializados sejam convidados
para debater e pontuar os impactos dos processos construtivos, de forma que seja possível
trabalhar com a média da pontuação, considerando uma variância determinada.
Com o ranking apresentado, pode-se observar que os processos construtivos
convencionais possuem a maior pontuação, ocupam os primeiros lugares da classificação
com relação aos impactos ambientais e os processos industrializados os últimos. As etapas
de execução e disposição final são as maiores variações entre os processos.
A rapidez de execução e facilidade de montagem para os produtos pré-fabricados
diminuem entulho, desperdícios e resíduos da construção civil; reduzem a poluição no
canteiro de obra, permitindo maior organização e limpeza. Além disso, diminui os
revestimentos para regularização.
Com relação a disposição final, os materiais presentes nos processos
industrializados podem ser reaproveitados, reciclados. Já nos processos convencionais, a
reciclagem é limitada, os resíduos são coletados como entulho e são de difícil separação.
O Brasil ainda persiste com técnicas construtivas muito arcaicas e manuais,
prejudicando a produtividade e agravando os impactos negativos causados ao meio
ambiente. Os empreendimentos que apresentam as técnicas construtivas tradicionais são
considerados preocupantes do ponto de vista ambiental.
Ao mesmo tempo, os processos construtivos industrializados precisam ser
estudados, pois podem permitir soluções construtivas mais ecológicas e eficientes.
A busca incessante por uma construção menos agressiva do ponto de vista
ambiental levou a escolha de um tema que permitisse a visão holística dos principais
processos, convencionais e industrializados, para que eles pudessem ser comparados e
analisados.
118
O estudo possibilitou o conhecimento dos impactos gerados em cada processo
construtivo, o que permite a priorização dos impactos que devem ser tratados e a
intensidade necessária para seu tratamento.
Para uma maior contribuição, motivada a sustentabilidade de sistemas construtivos,
recomenda-se alguns trabalhos futuros, como:
a) Aprofundar a análise de impactos ambientais, com pesquisas junto
às fabricas no Brasil
b) Estudar viabilidade econômica dos processos
c) Utilizar ferramentas, ou elaborar softwares que permitam quantificar
os impactos ambientais
d) Elucidar melhores técnicas construtivas estrangeiras, buscando sua
aplicação ao Brasil.
119
Referências bibliográficas:
ABNT: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6136: Blocos vazados
de concreto simples para alvenaria – requisitos. 2008.
ABNT: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6355: Perfis
estruturais de aço formados a frio.
ABNT: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9062: Projeto e
execução de estruturas de concreto pré-moldado
ABNT: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7211: Agregados para
concreto
ABNT: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15.253: Perfis de aço
formados a frio, com revestimento metálico, para painéis estruturais reticulados em
edificações
ABNT: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575: Norma
brasileira de desempenho de edifícios
ABNT: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16.055: Parede de
Concreto Moldada no Local para a Construção de Edificações - Requisitos e
Procedimentos.
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 14001: Sistemas de gestão
ambiental- Especificação e diretrizes para uso.
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14040:2009:
Gestão Ambiental – Avaliação do ciclo de vida – Princípios e estrutura.
AGARWAL, Rajat, Shankar Chandrasekaran e Mukund Sridhar. Junho de 2016. Imagining
construction’s digital future. Disponível em http://www.mckinsey.com/industries/capital-
projects-and-infrastructure/our-insights/imagining-constructions-digital-future, acesso em
junho de 2017.
ALBANO, Luiza Thomé; Mariana Gabriela Kirst; Priscila Frigotto Diz. Estimativa de
geração de dióxido de carbono por uma obra de alvenaria estrutural em blocos de
concreto. 2011. Trabalho de conclusão de curso de Construção Civil. Universidade Federal
do Paraná.
ALMEIDA Luiz Carlos de. Fundamentos do concreto armado. 2002. Notas de aula da
disciplina AU414 - Estruturas IV– Concreto armado. Universidade Estadual de Campinas.
AMORIM, Felipe Ribeiro. Estudo de processos construtivos modulares do ponto de
vista da sustentabilidade. 2016. Trabalho de conclusão de curso em Engenharia Civil.
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
120
ARAÚJO, Viviane Miranda. Práticas recomendadas para a gestão mais sustentável de
canteiro de obras. 2009. Dissertação de mestrado. Universidade de São Paulo.
BACELLAR, Marina do Rêgo Monteiro Ferreira. LEVANTAMENTO DE PRÁTICAS NO
PROCESSO CONSTRUTIVO PARA A OTIMIZAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE EM
OBRAS DE EDIFICAÇÕES. 2014. Trabalho de conclusão de curso em Engenharia Civil.
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
BAVARESCO, Alexander Filipe; Amanda Copatti; Beatriz Portilho; Gabriela Deminski. Impactos ambientais causados pela fabricação e uso do concreto na construção civil. 2015. Universidade Federal da Fronteira Sul. Artigo cientifico.
BARBOZA, Daniele Rezende, Fabiana Toscan, Milena Ubel, Morgana Comunello, Taís
Marchioro. Isolamento térmico. 2016. Artigo publicado no quinto Seminário Internacional
de Construções Sustentáveis. Segundo Fórum desempenho das edificações.
BARBOSA, Elcivone Maria de Lima. Analise comparativa entre alvenaria em bloco
cerâmico de vedação e drywall. Dezembro 2015. Revista on-line Especialize.
BARRA, Bruna Neri; Luis Carlos Paschoarelli e Adílson Renófio. O ecodesign como
ferramenta de auxílio na gestão de resíduos de construção e demolição (RCD). 2006.
UNESP, São Paulo
BARROS, Mercia Maria Semensato Bottura. Tecnologias construtivas para produção de
edifícios no Brasil: perspectivas e desafios. 2013. Relatório Final da Pesquisa
“Subsídios para a Definição de Estratégias de Apoio à Indústria da Construção Civil”.
Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Instituto Euvaldo Lodi (IEL). Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo.
BASTOS, Frederico Assis. Avaliação do processo de fabricação de telhas e blocos
cerâmicos visando a certificação do produto. Dissertação de mestrado em Engenharia
Civil. Universidade Federal de Santa Catarina
BASTOS, Paulo Sérgio dos Santos. Estruturas de Concreto I, notas de aula do curso de
Engenharia Civil. 2014. Universidade Estadual Paulista – UNESP.
BATISTA, Cristiano Gonçalves. Influência na resistência à compressão de concretos
com agregados reciclados de concreto em substituição ao agregado natural. 2009.
Trabalho de conclusão de curso de Engenheiro civil. Universidade do Extremo Sul
Catarinense.
BRASKEM. POLIETILENO VERDE I'M GREEN. Disponível em:
http://www.braskem.com/site.aspx/plasticoverde. Acessado agosto 2017.
BRASILEIRO, L. L.; J. M. E. Matos / Cerâmica 61 (2015) 178-189. Revisão bibliográfica:
reutilização de resíduos da construção e demolição na indústria da construção civil. 2015.
121
Universidade Federal do Piauí. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/ce/v61n358/0366-
6913-ce-61-358-00178.pdf- acessado julho 2017.
BELTRAME, Thiago Favarini, Andressa Rocha Lhamby e Alex Beltrame. Efluentes,
resíduos sólidos e educação ambiental: Uma discussão sobre o tema. 2016. Artigo
Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental.
file:///C:/Users/elo/Downloads/20052-101467-1-PB.pdf
BENTO, Ricardo Couceiro. Análise do desempenho ambiental de estruturas de
concreto armado: Uso da Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) no processo decisório do
dimensionamento. 2016. Dissertação de doutorado. Universidade de São Paulo.
BENTO, R. C., CARDOSO, P. F., KOMESU, A., OMETTO, A.R., ROSSI, E., ROSSIGNOLO,
J.A.. Análise do desempenho ambiental de estruturas de concreto armado: uso da
Avaliação do Ciclo de Vida (ACV). 2013. Artigo cientifico. Anais do 55 Congresso
Brasileiro do Concreto CBC2013. IBRACON.
BERTOL, Alessandra Cardoso, Andréia Raffler, Jaqueline Pimentel dos Santos. Análise da
correlação entre a geração de resíduos da construção civil e as características das
obras. 2013. Trabalho de Conclusão de Curso de graduação de Engenharia de Produção
Civil. Universidade Tecnológica Federal do Paraná.
BORTOLOTTO, Ana Larissa Koren. Análise de viabilidade econômica do método light
steel framing para construção de habitações no município de Santa Maria -RS. 2015.
Trabalho de conclusão de curso. Universidade Federal de Santa Maria.
BRONDANI, Raquel Petry. Avaliação do ciclo de vida e do custo de uma edificação de
concreto estrutural com diferentes traços: Estudo de berço ao portão. 2015.
Dissertação de mestrado. Universidade de Santa Maria.
BORGES, Paulo Henrique Ribeiro; Thuany Marra de Figueiredo Lourenço; Ana Flávia
Souza Foureaux; Luiza Soares Pacheco. Estudo comparativo da análise de ciclo de vida
de concretos geopoliméricos e de concretos à base de cimento Portland composto
(CP II). Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 14, n. 2, p. 153-168, abr./jun. 2014.
CAMPOS, Patricia Farrielo. SISTEMAS CONSTRUTIVOS ALTERNATIVOS PARA
HABITAÇÕES POPULARES. 2012. Artigo Cientifico. Universidade de São Paulo.
CARVALHO, Jéssyca Corrêa. Estudo comparativo entre fachadas em alvenaria de
bloco cerâmico revestidas com argamassa e fachadas executadas com placas
cimentícias. Trabalho de conclusão de curso em Engenharia Civil. Universidade Federal
do Rio de Janeiro.
122
Centro Brasileiro da Construção em Aço. Centro Empresarial DNA do Aço. 2015. Notícia
disponível em http://www.cbca-acobrasil.org.br/site/construcao-em-aco-vantagens.php na
Revista Panorama do Aço (AARS).
CHUEKE, Daniel Arruda. Estudo dos impactos em edificações gerados por ações de
sustentabilidade implantadas por ocasião da construção. 2016. Projeto de Graduação
apresentado ao Curso de Engenharia Civil. Universidade Federal do Rio de Janeiro.
CLEMENTINO, Filipe de Castro; Guilherme Rezende Barros; Pedro Guilherme Dias e
Santos. Processo produtivo em uma indústria de artefatos de concreto. 2013.
Monografia do Curso de Engenharia Civil. Universidade Federal de Goiás.
CONCEIÇÃO, Aldeano da; Leonardo Vogado Torres Coelho; Ronaldo Pereira Torres;
Samio Pereira de Sousa. A importância do sistema de gestão ambiental (SGA) - estudo
de caso na empresa grande rio Honda em Palmas – Tocantins. 2011. Graduando do
Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental Palmas, Tocantins.
CONDEIXA, Karina de Macedo Soares Pires. Comparação entre materiais da
construção civil através da avaliação do ciclo de vida: sistema drywall e alvenaria de
vedação. 2013. Dissertação de mestrado em Engenharia Civil. Universidade Federal
Fluminense.
CÔRTES, Rogério Gomes; Sérgio Luiz Braga França; Osvaldo Luiz Gonçalves Quelhas;
Marcos Muniz Moreira; Marcelo Jasmim Meirino. Contribuições para a sustentabilidade
na construção civil. 2011. Revista Eletrônica Sistenas & Gestão Volume 6, Número 3, pp.
384-397.
DIAS, Flávia. Setor da construção é o 4ª maior gerador de empregos do país, diz
consultora da LCA. Dezembro 2012. Acessado em junho de 2017:
http://www.fiesp.com.br/mobile/noticia/?id=41831
DUARTE, Anaxsandra da Costa Lima. Incorporação de lodo de esgoto na massa
cerâmica para a fabricação de tijolos maciços: uma alternativa para a disposição final
do resíduo. 2008. Dissertação de Pós-graduação em Engenharia Sanitária. Universidade
Federal do Rio Grande do Norte.
Encarte Especial sobre a Bacia do Rio Doce Rompimento da Barragem em Mariana/MG.
Conjuntura recursos hídricos no Brasil dos informe 2015. Acesso junho de 2017. Disponível
em: http://www.sigrh.sp.gov.br/public/uploads/ckfinder/files/EncarteRioDoce_2016.pdf
FERNANDES, Bruna Cristina Mirandola. A utilização de resíduos da construção civil e
demolição – RCD – como agregado para o concreto. 2015. Trabalho de conclusão de
curso em engenharia civil. Centro Universitário de Formiga – UNIFOR – MG.
FERREIRA, Augusto Sendtko. Estudo comparativo de sistemas construtivos
industrializados: paredes de concreto, steel frame e wood frame. 2014. Trabalho de
123
Conclusão de Curso de Graduação em Engenharia Civil. Universidade Federal de Santa
Maria.
FERREIRA, Aline Ribeiro Lessa e Hélinah Cardoso Moreira. Análise Crítica da Gestão de
Resíduos de Construção Civil: Estudo de caso do Município do Rio de Janeiro. 2013.
Trabalho de conclusão de curso em Engenharia Civil. Universidade Federal do Rio de
Janeiro.
FERREIRA, Alice de Cassia. REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM DE RESÍDUOS DA
CONSTRUÇÃO CIVIL. Disponível em
http://www.centrocape.org.br/arquivos/41a3307aa6853f2054ff37d758e3e69d.pdf julho,
2017. Instituto Centro de Capacitação e Apoio ao Empreendedor
FERREIRA, João Alberto. O vazadouro de Viçoso Jardim (Niterói/rj) antecedentes de
uma tragédia. Trabalho publicado no 26º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e
Ambiental.
FERREIRA, Marta Sofia Martinho. O sistema construtivo com estrutura leve em aço.
2014. Dissertação de mestrado. Faculdade de ciências e tecnologia- Universidade de
Coimbra.
FERROLI, P. C. M., LIBRELOTTO, L. I.Materioteca com Enfoque em Sustenta- bilidade no
Projeto de Novos Produtos. DAPesquisa. , v.1, p.240 – 258, 2014. Portal Virtuhab.
Avaliação do ciclo de vida: Cerâmica Vermelha. UFSC. Acesso em julho de 2017.
http://portalvirtuhab.paginas.ufsc.br/ceramica-vermelha/
FREITAS, Isabela Mauricio. Os resíduos de construção civil no município de
Araraquara/SP. 2009. Dissertação de mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio
Ambiente. Centro Universitário de Araraquara- UNIARA.
FRIGO, Juliana Pires. Educação ambiental e construção civil: práticas de gestāo de
resíduos em Foz do Iguaçu-PR. 2012. Monografia Ambiental v(9), nº 9, p. 1938 – 1952.
FORTES, Bernardo Antônio Couto. Estudo do planejamento para a implementação de
construção industrializada em aço. 2009. Dissertação de Pós-Graduação em Engenharia
Civil. Universidade Federal de Ouro Preto.
FLORES-COLEN, Inês e João Ramôa Correia. Processo construtivo de construtivo de
paredes de paredes de alvenaria. Notas de aula Mestrado Integrado em Engenharia Civil
Instituto superior técnico. Acesso julho 2017.
GARCIA, Danielly Borges; Silvio Romero Fonseca Mota; Francisco Carlos Rodrigues; Maria
Teresa Paulino de Aguilar. Seleção de sistemas de vedação a partir da avaliação de
ciclo de vida: comparativo entre blocos vazados cerâmico e bloco de concreto. 2010.
Artigo. XIII Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construido.
124
GERVÁSIO, Helena. A sustentabilidade do aço e das estruturas metálicas. Trabalho
apresentado no Congresso Latino-Americano da Construção Metálica, São Paulo, 2008b.
Disponível em: http://www.cbca-acobrasil.org.br/ Acesso em: julho, 2017.
GERVÁSIO, Helena Maria. A sustentabilidade do aço e das estruturas. Conferência
Europeia sobre o Aço com Estruturas Compostas,4., 2005, Holanda. Anais da IV
conferência Europeia do aço. Holanda: ABCEM, 2005. p. 1-10.
GONDIM, Ivo Almino e Marchom, Paulo Henrique Araujo. Análise da economia nacional
e a participação da indústria da construção civil. 2004. Artigo publicado na I conferência
Latino-Americana de construção sustentável. São Paulo.
GOUVÊA, Lucas. Tudo que ainda não te contaram sobre o Steel Frame. Disponível em:
http://fastcon.com.br/blog/steel-frame/ , acesso em maio de 2017.
GUIMARÃES, Andrei Hammes. Análise da viabilidade técnica e econômica de
diferentes sistemas construtivos aplicados às habitações de interesse social de
Florianópolis. 2014. Trabalho de Conclusão de curso. Universidade Federal de Santa
Catarina.
INFOMET. Siderurgia. Extração do minério de ferro. Disponível em:
http://www.infomet.com.br/siderurgia-1a.php . Acesso em: julho, 2017.
INMETRO. Blocos de Concreto para Alvenaria sem Função Estrutural. 2002.
DISPONIVEL EM
http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/blocoConcreto.asp?iacao=imprimir
Acessado julho de 2017
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama;
Diretoria de Proteção Ambiental – DIPRO; Coordenação Geral de Emergências Ambientais
– CGEMA. Laudo Técnico Preliminar. Impactos ambientais decorrentes do desastre
envolvendo o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, Minas Gerais. Novembro
de 2015. Acesso junho de 2017. Disponivel em:
http://www.ibama.gov.br/phocadownload/barragemdefundao/laudos/laudo_tecnico_prelimi
nar_Ibama.pdf
JACOBI, Pedro Roberto; Gina Rizpah Besen. Gestão de resíduos sólidos em São Paulo:
desafios da sustentabilidade. 2011. Estudos avançados, vol.25 no.71 São
Paulo Jan./Apr. 2011
JESUS, Vitor Dutra de. Medidas adotadas em projetos de edificações que otimizam a
sustentabilidade na construção. 2014. Projeto de Graduação de Engenharia.
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
JUNIOR, Joel Vieira Baptista e Celso Romanel. Sustentabilidade na indústria da
construção: uma logística para reciclagem dos resíduos de pequenas obras. 2013.
Artigo publicado na Revista Brasileira de Gestão Urbana.
125
KARPINSK, Luisete Andreis. Livro: Gestão diferenciada de resíduos na construção
civil: Uma abordagem ambiental. 2009. Editora PUC RS.
KOCH, Marciano Ricardo. Gestão de resíduos sólidos de uma indústria de
aglomerados e moveleira – Um olhar para sustentabilidade. 2012. Dissertação de
mestrado em Ambiente e Desenvolvimento. UNIVATES.
LACERDA, Juliana Ferreira Santos Bastos. Avaliação da da sustentabilidade na
construção civil dos sistemas construtivos convencional e industrializado no Brasil.
2014. Dissertação de Mestrado profissional. Instituto Tecnológico de Aeronáutica.
LAMBERTI, Lucas Alves. Analise do ciclo de vida e de custo de pilar com diferentes
traços de concreto frente a carbonatação: do berço ao tumulo. 2015. Dissertação de
mestrado. Universidade Federal de Santa Maria.
LEITE, Liz Boaretto Teixeira. PANORAMA DA LOGÍSTICA DE RESÍDUOS DA
CONSTRUÇÃO CIVIL NO RIO DE JANEIRO. 2014. Projeto de Graduação de Engenharia.
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
LIMA, Mariana Metello. As vantagens dos novos métodos construtivos utilizados no
Brasil para obras de padrão popular. 2014. Artigo de MBA em Gestão de Projetos em
Engenharia e Arquitetura.
LEAL; Lívia Maria Carvalho; Cinthia Raquel de Souza. Educação ambiental na
construção civil: construir sem destruir. 2015. Artigo cientifico.
LOGUERCIO, João Francisco Canto e Vanessa Zamboni. Estudo de Caso do Bairro
Viçoso Jardim em Niterói-RJ. 2012. Artigo apresentado no VI Encontro Nacional da
Anppas, 18 a 21 de setembro de 2012 Belém - PA – Brasil.
LOTTI, Marcella Guaraná Mascheroni. Processo de desenvolvimento e implantação de
sistemas, medidas e práticas sustentáveis com vista a certificação ambiental de
empreendimentos imobiliários – estudo de caso: empreendimento bairro Ilha Pura –
Vila dos Atletas 2016. 2015. Projeto de Graduação de Engenharia. Universidade Federal
do Rio de Janeiro.
MACEDO, Danielly Borges Garcia. Metodologia de avaliação do ciclo de vida de
sistemas construtivos – aplicação em um sistema estruturado em aço. 2011.
Dissertação de pós-graduação em engenharia de estruturas. Universidade Federal de
Minas Gerais.
MACHADO, Roberta Carvalho. Aspectos da sustentabilidade ambiental nos edifícios
estruturados em aço. 2010. Dissertação Pós-graduação do Departamento de Engenharia
Civil. Universidade Federal de Ouro Preto.
126
MACHADO, Roberta Carvalho; Henor Artur de Souza; Cláudia Barroso-Krause.
Fechamentos verticais industrializados e estrutura metálica como materiais
alternativos para uma construção. Artigo publicado no XIII Encontro Nacional de
Tecnologia do Ambiente Construído.
MANUAL DA CONSTRUÇÃO INDUSTRIALIZADA. Conceitos e etapas. Volume 1.
Disponível em: http://www.abramat.org.br/datafiles/publicacoes/manual-construcao.pdf,
acesso março 2017.
Manual de Licenciamento Ambiental, guia de procedimentos passo a passo. Sebrae. Rio
de Janeiro, GMA. 2004.noções de legislação ambiental aplicável a obras de engenharia.
MARTINS, Derival das Graças. UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS GERADOS NA
FABRICAÇÃO DE BLOCOS DE CONCRETO, NO MOMENTO DA PRENSAGEM, PARA
CONFECÇÃO DE MICRO CONCRETO. 2012. Dissertação de mestrado em Construção
Civil. Universidade Federal de Minas Gerais.
MATTOS, Bernardo Bandeira de Mello. Estudo do reuso, reciclagem e destinação final
dos resíduos da construção civil na cidade do Rio de Janeiro. 2013. Projeto de
Graduação apresentado ao curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade
Federal do Rio de Janeiro.
MICHEVIZ, Juliana; Juliane da Costa Santos e Roger Alexandre Nonato da Luz Teixeira.
Análise experimental de blocos de concreto com função estrutural produzidos com
agregados leves. 2011. Projeto de Graduação apresentado ao curso de Engenharia de
Produção Civil. Universidade Tecnológica Federal do Paraná.
MEDEIROS, Elisandra Nazaré Maia de. Sistema de gestão da qualidade na indústria
cerâmica vermelha. Estudo de caso de uma indústria que abastece o mercado de
Brasília. Dissertação de engenharia civil e ambiental. Universidade de Brasília
MELLO, Luiz Carlos Brasil de Brito e AMORIM, Sérgio Roberto Leusin de. O subsetor de
edificações da construção civil no Brasil: uma análise comparativa em relação à
União Europeia e aos Estados Unidos. 2009. Artigo. Universidade Federal Fluminense.
MENEZES, José Roberto Rezende de; Jose Jéferson Rego Silva; Oscar Machado Bandeira
Filho; Maria Carolina Bandeira Sales Valente; Marcos Lacerda de Almeida. Contribuição
para a identificação de aspectos ambientais e impactos significativos na gestão da
construção de edificações urbanas. 2006. Artigo XIII SIMPEP- Bauru SP.
MICHEVIZ, Juliana; Juliane da Costa Santos; Roger Alexandre Nonato da Luz Teixeira.
Análise experimental de blocos de concreto com função estrutural produzidos com
agregados leves. 2011. Trabalho de Conclusão de Curso de graduação de Engenharia de
Produção Civil. Universidade Tecnológica Federal do Paraná.
127
MIQUELITO, Alair do Carmo e Osvaldo Luiz Gonçalves Quelhas. Ações relacionadas aos acidentes ambientais: estudo de caso do acidente da Indústria Cataguases de Papel e Celulose/MG em 2003. 2014. Livro v.8 n.1, p. 119-133,
MONICH, Carla Rabelo. Avaliação ambiental de uma habitação de interesse social pré-
fabricada em madeira no sistema wood frame no estado do Paraná. 2012. Dissertação
apresentada ao Programa de PósGraduação em Engenharia da Construção Civil.
Universidade Federal do Paraná.
MORAIS, Paulo Thiago Araujo; LIMA, Maryangela Geimba. Levantamento e análise de
processos construtivos industrializados sob a ótica da sustentabilidade e
desempenho. Anais do XV ENCITA. São José dos Campos (SP): Instituto Tecnológico de
Aeronáutica. 2009.
MORAES, Fernanda Ramos. Sistema de vedação vertical externo composto por
concreto e PVC frente ao ensaio de ação de calor e choque térmico – Norma de
desempenho NBR 15575/2013. 2015. Dissertação de graduação. Universidade Federal do
Rio Grande do Sul.
NABUT NETO, Abdala Carim. Energia incorporada e emissões de CO2 de fachadas.
Estudo de caso do Steel Frame para utilização em Brasília. 2011. Dissertação de
mestrado em estruturas e construção civil. Faculdade de Tecnologia Universidade de
Brasília.
NORONHA, Marcos Paulo Pereira. Métodos utilizados para inspeção final visando a
obtenção da conformidade de unidades habitacionais na entrega ao cliente. 2013.
Trabalho de conclusão de curso engenharia civil. Universidade Federal do Rio de Janeiro.
NUNES, Mônica Belo. Impactos ambientais na indústria da cerâmica vermelha. 2012.
Dossiê técnico de serviços brasileiros de Respostas Tecnicas- Rede de Tecnologia e
Inovação do Rio de Janeiro – REDETEC.
OLIVEIRA, Ana Beatriz F.. Sistemas construtivos industrializados nos cursos de
graduação em arquitetura e engenharia civil do Brasil. Artigo cientifico. Universidade
Federal de Ouro Preto.
OLIVEIRA, Bárbara Tannus de. Uso de resíduos de construção e demolição em
argamassas para revestimento de alvenaria. 2015. Projeto de Graduação apresentado
ao Curso de Engenharia Civil. Universidade Federal do Rio de Janeiro.
OLIVEIRA, Brunna Stefanny Sangel de. Qualidade da água associada à vulnerabilidade
climática e riscos sanitários no baixo rio Jarí – AP. 2013. Trabalho de conclusão de
curso em ciências ambientais. Universidade Federal do Amapá.
128
OLIVEIRA, Daniel Freitas Caputo. Concreto pré-moldado: processos executivos e
análise de mercado. 2015. Trabalho de conclusão de curso engenharia civil. Universidade
Federal de Minas Gerais.
OLIVEIRA, Lidiane Santana. Avaliação do ciclo de vida de blocos de concreto do
mercado brasileiro: alvenaria e pavimentação. 2015. Dissertação de mestrado em
Engenharia Civil. Universidade de São Paulo.
OLIVEIRA, Otávio José de, José Roberto Serra. Benefícios e dificuldades da gestão
ambiental com base na ISO 14001 em empresas industriais de São Paulo. 2010.
Produção, V. 20, n. 3.
PACHECO, Tathiana Cardoso. Diagnóstico da gestão de resíduos na construção civil
– comparação de obras no Rio de Janeiro visando a certificação LEED e obras sem
certificação. 2011. Dissertação de mestrado em Engenharia Ambiental. Universidade do
Estado do Rio de Janeiro.
PALACIO, Cristian David Uribe. Analise térmica e energia incorporada de vedações
para habitações de interesse social. Estudo de caso com utilização do Steel Frame
no entorno do DF. 2013. Dissertação de mestrado de Engenharia Civil e Ambiental.
Faculdade de Tecnologia da Universidade de Brasília.
PALIARI, José Carlos. Comparação entre Aspectos Produtivos de Edificações em
Light Steel Framing e Alvenaria Estrutural. 2015. Artigo disponível em:
https://www.aea.com.br/blog/comparacao-entre-aspectos-produtivos-de-edificacoes-em-
light-steel-framing-e-alvenaria-estrutural/ acessado em julho de 2017.
PARENTE, Ricardo Alves. Elementos estruturais de plástico reciclado. 2006.
Dissertação de mestrado de Engenharia de Estruturas. Universidade de São Paulo.
PEDROSO, Sharon Passini; FRANCO, Guilherme Augusto; BASSO, Guilherme Luiz;
BOMBONATO, Fabiele Aparecida. Steel frame na construção civil. Anais do 12º Encontro
Científico Cultural Interinstitucional – 2014.
PINHO, Dino de Tarso Pinheiro. Sistema construtivo parede de concreto – um estudo
de caso. 2010. Trabalho de conclusão de curso. Universidade Federal do Ceará.
PORTO, Maria Edelma Henrique de Carvalho; Simone Vasconcelos Silva.
REAPROVEITAMENTO DOS ENTULHOS DE CONCRETO NA CONSTRUÇÃO DE CASAS POPULARES. 2008. XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável.
POSTAY, Renata. Correlação entre compacidade, energia incorporada e emissões de CO2, em projetos de habitação de interesse social. 2015. Dissertação de mestrado em engenharia civil. Universidade do Vale do Rio dos Sinos.
129
PRADO FILHO, Hayrton Rodrigues do. CSN: os impactos ambientais que nunca serão recuperados. 2014. Artigo disponível em: https://www.banasqualidade.com.br/artigos/?codigo=17765 Acessado junho 2017
PRUDÊNCIO, Marcus Vinícius Martins Vargas. Projeto e análise comparativa de custo
de uma residência unifamiliar utilizando os sistemas construtivos convencional e
light steel framing. 2013. Trabalho de conclusão de curso. Universidade Tecnológica
Federal do Paraná.
Quantis Sustainability counts, revisado por Anicer. Analise comparativa do ciclo de vida de
paredes construídas com blocos cerâmicos, blocos de concreto e concreto armado moldado
in loco. Maio de 2012. Relatório final.
RÊGO, Vilson Ribamar. Avaliação da conformidade de blocos cerâmicos para
alvenaria de vedação produzidos na região integrada de desenvolvimento da grande
Teresina. 2008. Dissertação de mestrado em Ciências e Engenharia dos Materiais.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Relatório: Avaliação dos efeitos e desdobramentos do rompimento da Barragem de
Fundão em Mariana-MG. Governo do estado de minas gerais secretaria de estado de
desenvolvimento regional, política urbana e gestão metropolitana. Fevereiro de 2016.
Acesso junho de 2017. Disponivel em:
http://www.agenciaminas.mg.gov.br/ckeditor_assets/attachments/770/relatorio_final_ft_03
_02_2016_15h5min.pdf
RESENDE, Fernando. Poluição atmosférica por emissão de material particulado:
avaliação e controle nos canteiros de obras de edifícios. 2007. Dissertação de
mestrado. Universidade de São Paulo.
RIOS, Mariana Barreira Campos. Estudo de aspectos e impactos ambientais nas obras
de construção do bairro Ilha Pura - Vila dos Atletas 2016. 2014. Projeto de Graduação
de Engenharia Civil. Universidade Federal do Rio de Janeiro.
ROMANO, Cesar Augusto. Apostila do manual de tecnologia do concreto- disciplina
Tecnologia do Concreto. 2004. Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná.
RÖDEL, Norma Mercedes Caballero. Contribuição ao estudo do Ecodesign na Seleção
de Materiais para Construção de Residências Unifamiliares em Ambientes Urbanos.
2005. Trabalho de Conclusão do título de mestre em engenharia. Universidade Federal do
Rio Grande do Sul.
Rodrigues Caroline Vergara e Ariane Ferreira Porto Rosa. Avaliação da capacidade do
processo produtivo de blocos de concreto por meio de análise estatísticas em uma
empresa na cidade de Pelotas/ RS. 2015. Artigo científico apresentado no XXII SIMPEP
em novembro 2015. Universidade Federal de Pelotas.
130
RODRIGUES, Matheus de Luna. Ganhos na construção com a adoção da alvenaria
com blocos cerâmicos modulares. 2013. Projeto de Graduação de Engenharia Civil.
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
SACHT, Helenice Maria. Paineis de vedação de concreto moldados in loco: avaliação
de desempenho térmico e desenvolvimento de concretos. 2008. Dissertação de
mestrado. Universidade de São Paulo.
SALVADOR FILHO, José Américo Alves. Blocos de concreto para alvenaria em
construções industrializadas. 2007. Dissertação de doutorado de Engenharia de
Estruturas. Universidade de São Paulo.
SANDES, VALMARA DE SOUZA. Estudo sobre a qualidade dos blocos de concreto
em fábricas de Feira de Santana. 2008 Trabalho monográfico de Engenharia Civil.
Universidade Estadual de Feira de Santana.
SANTOS, Isabela da Rocha. Medidas para a Redução de Impactos Ambientais Gerados
pela Construção Civil. 2015. Projeto de Graduação de Engenharia Civil. Universidade
Federal do Rio de Janeiro.
SANTOS, Jorge, Apostila: Gestão Ambiental - conceitos gerais. Disciplina Gestão
ambiental na construção civil. UFRJ.
SANTOS, Jorge, Apostila: Gestão Ambiental – impactos ambientais. Disciplina Gestão
ambiental na construção civil. UFRJ.
SANTOS, Jorge, Apostila: Gestão Ambiental – legislação ambiental. Disciplina Gestão
ambiental na construção civil. UFRJ.
SANTOS, Larissa Carrera Fernandes dos. Avaliação de impactos ambientais da
construção: comparação entre sistemas construtivos em alvenaria e em wood light
frame. 2012. Monografia de especialização de pós-graduação em engenharia civil.
Universidade Tecnológica Federal do Paraná.
SANTOS, Mauro Cesar Delarue dos. Análise do sistema construtivo concreto - PVC em
relação à logística de transporte para construção da Estação Científica da Ilha da
Trindade (ECIT). 2015. Dissertação de mestrado em engenharia civil. Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro
SEDEN, Henry Osório Teixeira. Sistemas construtivos em concreto pré-moldado.
2015.Projeto de Graduação. Universidade Federal do Rio de Janeiro.
SEIBERT, Aline Laura. A importância da gestão de resíduos sólidos urbanos e a
conscientização sobre a sustentabilidade para a população em geral. 2014. Título de
Especialista na Pós-Graduação em Gestão Ambiental em Municípios. Universidade
Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR.
131
SILVA, Margarete Bernal de Lima. Novos materiais à base de resíduos de construção e
demolição (RCD) e resíduos de produção de cal (RPC) para uso na construção civil.
2014. Dissertação de mestrado Engenharia e Ciências dos materiais. Universidade Federal
do Paraná.
SILVA, Paula Juliana Silva. Alvenaria estrutural e painéis pré-moldados estudo
comparativo dos sistemas construtivos. 2011. Trabalho de conclusão de curso
engenharia civil. Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
SILVA, Wilson Ricardo Leal da. Concreto dosado em central: proposta de metodologia
de controle de qualidade e identificação das causas de variabilidade no processo de
produção de concreto. 2010. Dissertação de mestrado em engenharia civil. Universidade
Federal de Santa Catarina.
SILVESTRE, Michelli Garrido. Influência dos Sistemas construtivos nas modificações
promovidas pelo usuário em unidade de HIS: Estudo de caso na região do Valo do
Paraíba/SP. Dissertação de mestrado. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
Smithers Pira. New Study: The Importance of Sustainability in Packaging. 2017.
Disponível em: http://www.packagingeurope.com/Packaging-Europe-News/71529/New-
Study-The-Importance-of-Sustainability-in-Packaging-.html , acesso em abril de 2017.
SOUZA, Fernando Abreu Rocha de. Aspectos metodológicos do levantamento de
materiais sustentáveis para a especificação em obras de edificações. 2016. Projeto de
Graduação. Universidade Federal do Rio de Janeiro.
SOUZA, Patricia Carla de A.. Reflexões sobre os desastres ambientais no estado do
Rio de Janeiro: questões socioambientais e psicossociais. 2014. Artigo publicado na
Revista VITAS – Visões Transdisciplinares sobre Ambiente e Sociedade.
SOMBRIO, CATARINA MORAES DE OLIVEIRA. ACV de Painéis de Blocos Cerâmicos
e Concreto Armado: Um Exercício de Aplicação do Manual do ILCD. 2015. Dissertação
de mestrado em Arquitetura e Urbanismo. Universidade de Brasília
TAVARES, Ingrid. Especialistas divergem sobre motivo de suposta explosão no morro
do Bumba, em Niterói. Publicado em 11/04/2010. Acesso 08/07/2017 em:
http://noticias.r7.com/cidades/noticias/especialistas-divergem-sobre-motivo-de-suposta-
explosao-no-morro-do-bumba-em-niteroi-20100411.html
TOZZI, Rafael Fernando. ESTUDO DA INFLUÊNCIA DO GERENCIAMENTO NA
GERAÇÃO DOSRESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL (RCC) – ESTUDO DE CASO DE
DUASOBRAS EM CURITIBA/PR. 2006. Tese de Mestrado. Universidade Federal do
Paraná.
132
TROMBINI NETO, Italo Fernando. Estudo e mapeamento de processos de uma
indústria de sistemas construtivos modulares. Dissertação de graduação. Universidade
Tecnológica Federal do Paraná.
VIEIRA, Luara Batalha. Projeto de paredes de concreto armado: apresentação das
recomendações normativas e avaliação da influência das aberturas. 2014. Dissertação
de pós-graduação. Universidade Federal da Bahia.