PROPOSTA HISTÓRICO CRÍTICO PARA O ENSINO MÉDIO NOTURNO
Simone Pastorello
José Ronaldo Mendonça Fassheber
RESUMO: Este artigo propõe a aplicação da Pedagogia Histórico-Crítica nas aulas de Educação Física para o Ensino Médio Noturno, utilizando como material de apoio pedagógico o Livro Didático da Secretaria Estadual de Educação. Tal pedagogia traz a tona uma reflexão que busca ultrapassar a cultura escolar que restringe a função da Educação Física à prática esportiva, a melhoria da aptidão física e a recreação, oportunizando através da contextualização dos conteúdos da cultura corporal (dança, jogos, ginásticas, lutas e esportes) possibilitar a leitura social, cultural e histórica da sociedade.
Palavras-Chave: Cultura corporal, Ensino Médio noturno, Educação Física Escolar.
ABSTRACT: This article proposes the application of the Historical-Critical Pedagogy in Physical Education classes for High School Night, using as material support teaching the Textbook State Department of Education. This teaching brings up a discussion that seeks to go beyond the school culture that restricts the role of physical education to sports, improving physical fitness and recreation, providing opportunities through the contextualization of the content of body culture (dance, games, gymnastics, wrestling and sports) allow reading social, cultural and historical society
Key words: Body Culture, night school, physical education.
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho tem a finalidade de estabelecer possibilidades para a prática
pedagógica Histórico-Crítica no Ensino Médio noturno. Tal pedagogia ganhou
impulso com o processo de redemocratização da sociedade brasileira em
meados da década de 1980 após mais de duas décadas de ditadura militar.
Compreendendo que é direito de todos, não só de acesso à escola, mas de,
através da escola, ter acesso ao conhecimento histórico e cultural como
ferramenta da luta pelas bases de uma sociedade mais justa, digna e
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humanista, é necessário que cada educador estabeleça respostas aos
questionamentos:
Qual o projeto de homem e sociedade que persegue? Quais os
interesses de classe que defende? Quais os valores, a ética e a moral
que elege para consolidar através de sua prática? Como articula suas
aulas com este projeto maior de homem e sociedade? (COLETIVO
DE AUTORES, 1992, p.26).
Estas questões suscitam a ideia de que a Educação Física não pode
ficar alheia a “este projeto maior de homem e sociedade” e que a sua prática
somente recreativa, esportiva, visando aspectos biológicos, seja ela qual for
não atenderá a este conceito social se não incorporada na práxis educativa e
intencional, reconhecendo que ”a prática para desenvolver-se e produzir suas
consequências, precisa da teoria e ser por ela iluminada” (SAVIANI, 2003, p.
142).
Este artigo também busca compreender e superar o atual contexto
efetivando a proposta de “Educação Física Crítico Superadora”, prevista nas
DCE’S (2008) do Estado do Paraná, no Ensino Médio Noturno. Não por
entender que este quadro esteja unicamente relacionado a este nível de ensino
ou turno, mas pelo Ensino Médio Noturno acrescentar ao panorama da
Educação Física, agravantes relativos às características da clientela, às
condições estruturais e à Lei 9394/96, que a torna facultativa no período
noturno desconsiderando o valor da disciplina Educação Física para os alunos
deste turno.
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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 A PEDAGOGIA HISTÓRICO CRÍTICA
As tendências críticas da educação começam a influenciar o discurso da
Educação Física a partir dos anos 1980. O termo “cultura corporal” toma
espaço na produção literária, estabelecendo as danças, os jogos, às lutas, os
esportes e a ginástica como conteúdos a serem trabalhados em abordagens e
em aspectos múltiplos, possibilitando a visão abrangente e contextualizada
sobre a diversidade cultural e histórica do movimento humano. A cultura
corporal vai além da técnica e da tática, trazendo à cena os aspectos sociais,
filosóficos, biológicos e fisiológicos.
O movimento humano expressa, de forma subjetiva, significados e
símbolos da realidade social do individuo. Pode representar a ludicidade,
conceitos religiosos, artísticos, diferenças de classe ou gênero que são
reproduzidas e vivenciadas nas diversas manifestações corporais que
reproduzem, identificam e definem as características culturais e paradigmas da
sociedade a qual esta inserida.
A cultura corporal como área de conhecimento estabelece a possibilidade
de elaborar uma forma mais critica, elaborada sobre a crescente força apelativa
e comercial que a mídia explora a respeito das praticas corporais e esportes. A
um só tempo a mídia empobrece e globaliza o sentido subjetivo e humano do
movimento em desafios, recordes, competição e como meio para o “padrão de
corpo perfeito”. A Educação Física Escolar não pode estar alheia à realidade e
meramente reproduzir de forma alienada esta cultura de massa, que padroniza
e escraviza o consumo e descaracteriza o movimento humano pleno,
consciente, rico em significados, situado histórica e socialmente.
Ampliar e redimensionar o sentido dos jogos, das lutas, da dança, da
ginástica e dos esportes contribuindo para a leitura crítica da sociedade, das
formas de reprodução do poder, da exploração do trabalho, da desmistificação
de preconceitos e da visão do corpo como produção e consumo, inserem a
Educação Física no projeto educacional que pretende a transformação social.
3
O livro Metodologia do Ensino da Educação Física, Coletivo de Autores,
direciona as DCE’S do Estado do Paraná, estabelecendo a metodologia Crítico
Superadora para a disciplina. Essa teoria ganhou espaço, adeptos e tornou-se
comum a muitos currículos acadêmicos e escolares e a projetos Políticos
Pedagógicos, mas generalizando, não foram transferidos para a quadra, o
campo, para a prática. A práxis não se consolidou. O esporte, a recreação, a
aptidão física e a psicomotricidade diluem a prática a uma ecleticidade
pedagógica desvinculada de compromissos de sentido educacional, critico ou
reflexivo.
A Pedagogia Histórico-Crítica, que dá suporte a Educação Física Crítico
Superadora, estabelece a conexão entre o ponto de partida e de chegada no
processo educacional, amparando suas estratégias de ensino na prática social,
objetiva, conforme definido por Saviani, que a educação escolar, implique:
a) Identificação das formas mais desenvolvidas em que se expressa o saber objetivo produzido historicamente, reconhecendo as condições de sua produção e compreendendo as suas principais manifestações, bem como as tendências atuais de transformação.b) Conversão do saber escolar, de modo que se torne assimilável pelos alunos no espaço e tempo escolares.c) Provimento dos meios necessários para que os alunos não apenas assimilem o saber enquanto resultado, mas aprendam o processo de sua produção, bem como as tendências de sua transformação. (SAVIANI, 2004, p. 9)
A Educação Física nesta proposta pretende, de acordo com a DCE’S –
2008, garantir o acesso ao conhecimento e á reflexão crítica das manifestações
e práticas corporais produzidas na história da humanidade, contribuindo para a
formação de um ser humano crítico e reflexivo, agente do processo histórico,
político, social e cultural.
João Luiz Gasparim (2007), no livro “Uma Didática para a Pedagogia
Histórico-Crítica” expõe o método dialético de construção do conhecimento que
é composto de três fases: prática-teoria-prática. Gasparim, baseando-se na
Pedagogia Histórico-Crítica de Saviani, propõe cinco momentos para o
processo pedagógico: Prática Social Inicial, Problematização,
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Instrumentalização, Catarse e a Prática Social Final do Conteúdo. É o que
veremos brevemente a seguir.
2.1.2 PRÁTICA SOCIAL INICIAL
O ponto de partida da pedagogia Histórico-Crítica, conforme cita
Gasparim (2002), não será a escola, nem a sala de aula, mas sim a realidade
social ampla. Onde, segundo Saviani (1999) professor e aluno possuem níveis
diferenciados de posicionamento com relação a conteúdo. O aluno
fundamentado no senso comum que representa a sua visa de mundo e o
professor, com guia do processo, com uma percepção mais clara e sintetizada
devido a sua preparação e planejamento do conteúdo.
Nesta perspectiva pedagógica, para Gasparim (2002) o conhecimento
resulta do trabalho humano de transformação do mundo, como fato histórico e
social, deve ser contextualizado, possui continuidades, rupturas,
reincorporações, permanências e avanços.
2.1.3 PROBLEMATIZAÇÃO
Demerval Saviani (1996,p.14) nos dá uma explicação de problema
interessante:
Uma questão em si, não caracteriza o problema (...), mas uma questão cuja resposta se desconhece e se necessita conhecer, eis aí um problema. Algo que eu não sei não é um problema; mas quando eu ignoro uma coisa que eu preciso saber, eis-me então diante de um problema. Da mesma forma, um obstáculo que é necessário transpor, uma dificuldade que necessita ser superada, uma dúvida que não pode deixar de ser dissipada são situações que se nos configuram como verdadeiramente problemáticas.
5
A Problematização consiste na etapa em que serão levantados
questionamentos sobre o conteúdo trabalhado analisando e relacionando este
conteúdo a aspectos sociais, históricos, econômicos, religiosos e culturais
necessários a superação da visão fragmentada e unilateral do conhecimento
de senso comum.
2.1.4 INSTRUMENTALIZAÇÃO
Para Saviani (2006) a instrumentalização é o momento de apropriação
dos instrumentos teóricos e práticos produzidos pela humanidade, que fazem
parte da herança cultural (conceitos, informações, normas, conhecimentos),
necessários para facilitar a resolução dos problemas detectados na prática
social. Seria “o caminho pelo qual o conteúdo sistematizado é posto a
disposição dos alunos para que o assimilem e recriem e, ao incorporá-lo,
transformem-no em instrumento de construção pessoal e profissional.”
(Gasparim, 2007, p.53).
Enfim, é na instrumentalização, tendo o professor como mediador do
processo de transposição do conhecimento da prática social inicial, de senso
comum, para o conhecimento científico, sintetizado.
2.1.5 CATARSE
Saviani (1984, p. 75) conceitua a catarse utilizando a definição de
Gramsci, para quem a catarse significa a "elaboração superior da estrutura em
superestrutura na consciência dos homens”. Desta forma, através das
possibilidades trabalhadas nas fases anteriores é que o aluno vai re-elaborar a
sua forma de conhecimento do conteúdo, associando novos conceitos, ao que
conhecia superficialmente.
É um momento avaliativo, que pode ocorrer tanto formal quanto informalmente,
com a observação do professor de possíveis mudanças de atitudes,
procedimentos e reflexão durante as aulas.
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2.1.6 PRÁTICA SOCIAL FINAL
Como explica Saviani (1984, p. 76), "(...) a prática social referida no
ponto de partida (primeiro passo) e no ponto de chegada (quinto passo) é e
não é a mesma". É a mesma no sentido de que a transformação das formas de
pensar e agir em face dos conteúdos escolares (a partir de sua apropriação em
atividades universalizantes, conscientes e livres) não significa uma
transformação das condições sociais objetivas da escola e muito menos da
sociedade como um todo. Essa transformação precisa se dar em todas as
instâncias da prática social, especialmente no âmbito da produção da
existência material. Ao mesmo tempo, a prática social já não é a mesma uma
vez que professor e alunos transformaram-se nesse processo, o que se reflete
nas outras instâncias da sociedade.
A prática social final do conteúdo é o ponto de chegada, onde o
conhecimento irá ultrapassar os muros escolares, abrangendo a sociedade
com uma forma sintetizada, elaborada possibilitando ao aluno cidadão uma
releitura do seu mundo por uma lente crítica.
2.1 A EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO NOTURNO
A Educação Física Escolar em fins biológicos e funcionais amplamente
esportivizada e reproduzindo o discurso da cultura de massas, em detrimento
da abordagem histórica e cultural sobre o conhecimento a respeito dos
significados, da evolução e da riqueza das manifestações do movimento
humano.
Portanto, pensar a Educação Física a partir de uma mudança, significa
analisar a insuficiência do atual modelo de ensino baseados na esportivização
e na aptidão física não contemplando a enorme riqueza das manifestações
corporais produzidas histórica e socialmente pelos diferentes grupos humanos.
Esta situação da disciplina apresenta-se em todos os níveis e
modalidades de ensino, sendo que para o ensino médio noturno onde a LDB
7
9394/96 prevê a Educação Física como facultativa: “A educação física,
integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular da
Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população
escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos.”(Da Educação Básica Seção I
Das Disposições Gerais c§ 3º.)
Compreendendo que tanto a Educação Física quanto os demais
componentes curriculares o Ensino Médio, precisam atender aos objetivos de
qualificação profissional, possibilidade de acesso ao nível superior e aos
princípios de formação para a cidadania, conforme prevê a lei 9394/96 as
finalidades do Ensino Médio estão assim explicitas:
Art. 35.
I – a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento dos estudos;
II – a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;
III – o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;
IV – a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina.
A Educação Física fundamentada na cultura corporal muito tem a
colaborar com estas finalidades do Ensino Médio, portanto, não pode se
conformar com a facultatividade para o período noturno. Como é citado na
DCE”S - 2008 do Estado do Paraná:
É função da escola, e neste caso também da Educação Física, garantir o acesso às variadas formas de conhecimento produzidos pela humanidade, levando os alunos a estabelecer nexos com a realidade, elevando-os a um grau de conhecimento sintético. (2008, p. 37)
8
Nas séries finais do 1o. grau e ao longo do 2o. grau, partindo da
capacidade cognitiva que os alunos possuem que permite a eles pensar de
forma abstrata, é possível ampliar os objetivos da Educação Física. Ao
contrário das séries anteriores, onde os alunos raciocinam ainda vinculados a
uma experiência real, os adolescentes, ao pensarem hipoteticamente, podem
trabalhar com a cultura corporal não só no sentido de vivenciá-la, mas também
compreendendo-a, criticando-a e transformando-a. Assim, pode-se pensar
numa Educação Física que, além da vivência de movimentos esportivos,
ginásticos ou de dança, assegure também um conhecimento a respeito dessas
expressões corporais. (Daolio,1996, p.42 Apud Pellegrinotti, 1993; Verenguer,
1995).
Portanto, pensar a Educação Física a partir de uma mudança, significa
analisar a insuficiência do atual modelo de ensino, que muitas vezes não
reconhece a enorme riqueza das manifestações corporais produzidas
socialmente pelos diferentes grupos humanos. Isto pressupõe reorganizar o
trabalho pedagógico, os objetivos, a forma de avaliação para que este
contemple a clientela da escola pública em toda a sua diversidade racial,
cultural, econômica e social, democratizando os saberes escolares e
oportunizando a todos o acesso ao conhecimento produzido historicamente
presente na cultura corporal.
Desta forma, tendo a educação intimamente relacionada com aspectos
sociais, pretende-se efetivar na prática a Concepção Crítico Superadora para a
Educação Física no Ensino Médio Noturno acreditando que desta forma serão
contempladas as finalidades da disciplina para o Ensino Médio, estando
ajustada a proposta pedagógica da escola e das DCE’S do Estado do Paraná e
principalmente, contribuindo efetivamente na transformação da prática social
contextualizando conhecimentos sobre a cultura corporal, ou seja, as danças,
os esportes, as lutas as ginásticas e os jogos.
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2.2 CULTURA CORPORAL E EDUCAÇÃO FÍSICA
Atualmente, presente em todas as séries escolares, da Educação infantil
ao final do Ensino Médio a Educação Física possui o mesmo valor das demais
disciplinas escolares, tendo inclusive a possibilidade de reprovação como nas
demais. A Educação Física Escolar não se justifica na escola somente pela
prática esportiva, recreativa ou pela promoção da aptidão física, a sua
presença no currículo escolar prevê a transmissão e contextualização dos
conhecimentos referentes à cultura corporal, construídos durante a história da
humanidade e que revelam a forma como o homem produziu e assimilou a
cultura no seu próprio corpo.
Como patrimônios da cultura corporal estão as danças, as lutas, os
jogos, a ginástica e o esporte que trazem expressos padrões sociais,
econômicos, religiosos que representam as construções sociais em diferentes
épocas e contextos. Estes aspectos devem ser explorados pela Educação
Física em aspectos múltiplos, possibilitando a visão abrangente e
contextualizada sobre a diversidade cultural e histórica do movimento humano,
vendo além da técnica e da tática, aspectos sociais, filosóficos, biológicos e
fisiológicos. Sintetizando, a “Educação Física deve estimular a reflexão sobre o
acervo de formas e representações do mundo que o ser humano tem
produzido, exteriorizadas pela expressão corporal em jogos, brinquedos e
brincadeiras, danças, lutas, ginásticas e esportes.” (COLETIVO DE AUTORES,
1992, p. 38).
Esse processo de conhecimento sobre o próprio corpo está sujeito aos
valores culturais estabelecidos no tempo histórico em que vivemos, e nas
influências da mídia e de outras culturas que estabeleçam sentido e significado
com a cultura local, mesmo que este sentido, muitas vezes, seja instalado pela
própria indústria do consumo através da mídia.
Desta forma, a Educação Física tendo seus conteúdos focados na
cultura corporal, deve considerar múltiplas abordagens ao tratar os conteúdos,
extrapolando os limites dos campos e quadras desenvolvendo uma reflexão
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pedagógica sobre valores como a solidariedade, cooperação, liberdade de
movimentos, emancipação, desmistificação de preconceitos, historicidade e
contextualização dos conteúdos, direitos e deveres individuais e coletivos,
modismos e exploração das práticas corporais em função do interesse
econômico. Possibilitando uma leitura da realidade e a formulação de conceitos
baseados no conhecimento crítico e reflexivo tornando-se sujeito das suas
escolhas e ações.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES SOBRE O PROCESSO DE INTERVENÇÃO NO ÂMBITO ESCOLAR
O processo de intervenção da “Proposta Histórico-Crítica para o Ensino
Médio Noturno” foi aplicado no Colégio Estadual La Salle de Pato Branco, com
o objetivo de oportunizar aos alunos do ensino médio noturno buscando definir
as funções, finalidades e objetivos da Educação Física, utilizar de forma efetiva
e proveitosa o livro Didático Público como material de apoio às aulas, promover
a elaboração do conhecimento sintético a respeito dos elementos da cultura
corporal e servir de suporte e analise para a reformulação da prática
pedagógica na Escola a partir de minha própria autocrítica.
As ações desenvolvidas foram organizadas em duas etapas. A primeira
consiste de um questionário diagnóstico para os alunos relativo à sua visão de
Educação Física e como foi à disciplina no decorrer de sua vida escolar
(modelo no ANEXO I). A segunda foi o trabalho pedagógico dos conteúdos da
cultura corporal orientados pelos capítulos do Livro Didático Público da
Secretaria de Educação do Estado do Paraná: Dança (Hip Hop – movimento de
resistência ou de consumo?), Esportes (A relação entre a televisão e o Voleibol
no estabelecimento de suas regras.), Lutas (Capoeira: jogo, luta ou dança?),
Ginástica (Saúde é o que Interessa? O resto não tem pressa!) e Jogos
(Competir ou cooperar: eis a questão?). Os capítulos dos livros foram usados
parcialmente devido ao curto espaço de tempo para a aplicação do projeto.
Cada conteúdo foi trabalhado num bloco de três aulas, seguindo os passos da
Pedagogia Histórico-Crítica, conforme proposto por Gasparim: Prática Social
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Inicial, Problematização, Instrumentalização, Catarse e a Prática Social Final
do Conteúdo.
3.1 PRIMEIRA ETAPA: QUESTIONÁRIO DIAGNÓSTICO
O questionário diagnóstico pretende estabelecer parâmetros sobre a vida
escolar dos alunos com relação à Educação Física, tipos de aulas e atividades
desenvolvidas, visão dos alunos sobre a disciplina, vivências, preferências, o
que eles acreditavam ser a função e o papel da Educação Física escolar.
As perguntas foram respondidas de forma superficial e bem objetivas.
Houve quase que consenso que a Educação Física era importante na escola
para “desestressar” da rotina da sala de aula, para recrear e para praticar
esportes. As atividades desenvolvidas ao longo da vida escolar foram: futsal,
voleibol, brincadeiras, pela maioria, poucos citaram basquetebol e handebol. A
dança como ensaios de festas juninas e apresentações em noite cultural,
outros conteúdos não foram mencionados.
Foi consenso que a Educação Física é diferente das demais disciplinas
escolares, que é quase que exclusivamente “prática”, os conteúdos geralmente
estão limitados as modalidades coletivas mais conhecidas, e o que é
importante aprender sobre os esportes seriam as regras e fundamentos, ou
seja, “como jogar”.
Após a entrega do questionário, houve um debate sobre as questões e ali
surgiram colocações interessantes, o aluno A citou que o que aprendeu com
relação a esportes “foi numa escolinha desportiva”, pois, segundo ele “o
professor nunca ensinou muita coisa, era vagabundo”. A aluna B discordou do
aluno A e comentou que o professor “fazia sempre a mesma coisa porque os
alunos se negavam a fazer outra atividade”, os alunos concordaram sobre esta
afirmação.
A aluna C comentou que nunca gostou de Educação Física, “de jogar”,
“mas acho bom sair um pouco da sala de aula”. O aluno D comentou que
nunca foi muito bom em esportes, que preferia jogar xadrez.
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Quando questionados a respeito de como poderiam e quais conteúdos
poderiam enriquecer as aulas, os alunos responderam: “conhecer outras
modalidades esportivas”, “conhecimentos sobre o corpo humano”, maior
conhecimento de regras esportivas e fundamentos, em especial de futsal e
voleibol.
3.2 SEGUNDA ETAPA: CONTEÚDOS DA CULTURA CORPORAL
3.2.1 O ESPORTE
Nas aulas de Educação Física o conteúdo esporte possibilita
variadas abordagens, ultrapassando a prática, o jogo visando à técnica e a
tática, a melhoria das capacidades e habilidades físicas e o conhecimento de
suas regras. O esporte é um fenômeno social de múltiplos sentidos,
significados e funções, onde, aspectos como a competitividade, o
individualismo, a profissionalização esportiva, o alto rendimento, a
espetacularização e a exploração comercial precisam tratados de maneira
abrangente e contextualizada proporcionando uma releitura critica das
manifestações esportivas considerando as suas dimensões sociais, históricas e
políticas.
O esporte educacional, tal qual deve se concebido no terreno escolar,
deve primar por princípios morais, valores e atitudes que privilegiem a
participação de todos, o espírito de equipe, o companheirismo, a inclusão a
inserção social, a compreensão do esporte como produto cultural e histórico, a
correlação entre o consumo e o esporte e a adaptação e recriação do próprio
esporte adequado ao nível e interesses do grupo agregando o prazer e o lúdico
na vivência esportiva, fazendo com que o esporte na escola deixe de ser, para
muitos, excludente e discriminatório.
É imprescindível a discussão sobre o esporte e os conteúdos que dele
emergem. O racismo, o individualismo, a espetacularização, a ética, a
passividade, a inércia, a violência, a agressividade e tantos outros fatores que
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surgem na sua prática. Segundo Carmo diante da situação do professor
perante o esporte relata que:
...cabe ao professor engajado na luta mais ampla, que excede o âmbito da escola e do sistema de ensino, escolher entre fazer de sua ação pedagógica um instrumento que apenas reproduz as violências educacionais (desigualdades, discriminação, preconceitos, etc.) ou torná-la uma poderosa arma de negação desta caótica situação. (1985, p. 39).
A aula de Educação Física não deve se limitar a transmissão de
técnicas, táticas, regras e estilos de ensino do esporte aos alunos, mas fazer
com que eles aprendam com o esporte, em uma abordagem educativa, onde
ganhe sentido e significado no cotidiano escolar.
O desenvolvimento do conteúdo “Esporte” encontra-se no Anexo II,
página 21.
3.2.1 A DANÇA
Podemos dizer que as Danças são formas de comunicação que através
da linguagem corporal expressam ideias, sentimentos e emoções. A dança faz
parte da história da humanidade, acompanhando a história da civilização desde
a antiguidade até os dias atuais. Era por meio da expressividade que o homem
primitivo demonstrava sua relação consigo próprio, com o outro e com a
natureza. A dança tinha características lúdicas e ritualísticas, nas quais
ocorriam manifestações de alegria pela caça e pesca ou dramatizações pelos
nascimentos e funerais. Essa foi sua forma de manifestação social e que serviu
para auxiliá-lo a afirmar-se como membro da sua sociedade.
A dança sempre visou acontecimentos importantes da própria vida, da
saúde, da religião, da morte, da fertilidade, do vigor físico e sexual, também
permeando os caminhos terapêuticos, artísticos e educacionais, estabelecendo
assim, uma diversidade interessante para essa manifestação. Dessa forma, a
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dança se insere no universo cultural, expressando significados, simbolizando a
existência humana.
As diversas faces da dança, atreladas com suas origens, significados e
intenções possibilitam uma leitura da história homem e de como se
estabelecem no corpo crenças, padrões morais e comportamentais de cada
sociedade. A dança, como conteúdo da Educação Física, contribui para
desenvolver a criatividade, a sensibilidade, a expressão corporal, o ritmo, entre
outros aspectos. Ela é de fundamental importância para refletirmos criticamente
sobre a realidade que nos cerca, a super-exploração pela mídia da dança como
erotismo extremo, desvalorização e preconceito contra a mulher, violência,
consumo, estética.
O conteúdo específico para o conteúdo estruturante dança foi o hip hop,
Capítulo do Livro Didático: Hip Hop – movimento de resistência ou de
consumo? O trabalho foi desenvolvido seguindo os passos propostos por
Gasparim para a Pedagogia Histórico-crítica, exposto no quadro contido no
Anexo III, página 22.
3.2.2 OS JOGOS E/OU BRINCADEIRAS
Os jogos e a brincadeiras são parte fundamental da cultura corporal. Por
seu intermédio nos apropriamos das diferentes manifestações culturais de
forma lúdica da nossa cultura de origem, assim eles são parte integrante da
nossa personalidade e identidade nacional como também, nos possibilitam o
contato e a compreensão de culturas distintas.
A maneira como nos apropriamos de conceitos, normas e práticas da
nossa sociedade esta fortemente relacionada à forma de brincar ou jogar. O
jogo é uma forma de representação da realidade onde brincando ou jogando se
estabelecem vínculos sociais, o princípio de participação sob os mesmos
direitos, valores como a solidariedade, a cooperação e o espírito de equipe,
respeito às regras, como também a possibilidade de adequação destas regras
as necessidades do jogo. Aprende-se a ganhar, e também a perder e é na
fantasia, de formas lúdicas que conceitos fundamentais para o processo
15
educativo e de aprendizagem, passam a incorporar e compor a forma como se
estabelecem as sensações e emoções na realidade.
Para o conteúdo Jogos, foi trabalhado Os Jogos Cooperativos, orientado
pelo capítulo: “Competir ou cooperar: eis a questão?”. O Quadro referente ao
conteúdo “Jogos” encontra-se no Anexo IV, página 23.
3.2.3 AS LUTAS
As lutas representam simbolicamente a forma de preparação e
enfrentamento em disputas, combates e guerras que fazem parte da cultura e
da história da humanidade, sempre repletas de rituais, significados e tradições
compõem com os demais conteúdos a Educação Física Escolar.
O conteúdo Lutas, geralmente é pouco trabalhado no ambiente escolar
mas faz parte do cotidiano de todos nós, está presente em filmes, em
brincadeiras infantis, desenhos, é assunto na mídia, enche as salas das
academias, mas infelizmente em diversas situações esta relacionada a
aspectos negativos como a violência, a injustiça ao desrespeito com o ser
humano. O conteúdo lutas deve oportunizar a vivência como prática corporal,
o conhecimento histórico, cultural e a contextualização dos temas em que as
lutas estão relacionadas a injustiça, violência, dominação e exploração. Enfim,
considerando todos os seus aspectos: motor-físico, intelectual, sócio-afetivo,
filosófico, cultural,e histórico.
A capoeira, como herança da cultura afro-brasileira representou o
conteúdo Lutas, orientado pelo capítulo: “Capoeira: jogo, luta ou dança?”. O
desenvolvimento do conteúdo encontra-se no Anexo V, página 24.
3.2.5 A GINÁSTICA
Nas aulas de Educação Física, a ginástica constitui-se num importante
conteúdo onde podem ser exploradas as possibilidades do corpo, as variadas
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formas de ginástica de academia, seus benefícios fisiológicos, a ginástica como
manifestação esportiva e o questionamento com relação à influência exercida
pela mídia com relação aos modismos estabelecidos em busca do padrão
corporal idealizado imposto pela sociedade capitalista.
Conforme o Coletivo de Autores (1992) nos apresenta a ginástica como
um dos conteúdos a serem tratados pela Educação Física devendo, no
entanto, ser re-significada e re-apropriada na escola. A obra defende o resgate
dos modelos ginásticos tradicionais (métodos ginásticos) visando confrontá-los
às novas formas gímnicas, possibilitando, assim, aos alunos uma prática
corporal que lhes permita atribuir "sentido próprio às suas exercitações
ginásticas" (p. 77).
A ginástica deve ser vista como parte integrante do conjunto dos
conteúdos que compõem a disciplina Educação Física. Para que ocorra uma
boa aprendizagem, o aluno pode e deve vivenciar diferentes possibilidades de
movimentos propiciados pela ginástica, desde os mais simples, relacionados às
habilidades motoras básicas ou as suas experiências nos jogos infantis até os
mais complexos, relacionados aos movimentos próprios das modalidades
gímnicas competitivas
A ginástica possui um conhecimento de importância indiscutível e que
não pode ser descartada das aulas de Educação Física, devendo possibilitar a
vivência das diversificadas experiências corporais dos diferentes temas da
cultura corporal e possibilitando contextualização e a discussão de assuntos
que permeiam os conteúdos da disciplina.
O processo metodológico do conteúdo Ginástica encontra-se no Anexo
VI, página 25.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento dessa pesquisa oportunizou o desenvolvimento nas
aulas de Educação Física, com as peculiaridades da clientela do Ensino Médio
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noturno, a aplicação da Pedagogia Histórico-Crítica utilizando como material de
suporte o Livro Didático Público da Secretaria de estado de Educação.
A metodologia utilizada, seguindo os cinco passos para a Pedagogia
Histórico-Crítica propostos por Gasparim: Prática Social Inicial,
Problematização, Instrumentalização, Catarse e a Prática Social Final do
Conteúdo, possibilitaram o conhecimento da realidade do aluno, da sua forma
de compreender o contexto social, cultural e histórico e ao desenrolar do
processo estabelecer uma forma mais elaborada de leitura, estruturando
conceitos, desmistificando preconceitos, estabelecendo vínculos entre o
conteúdo escolar e o cotidiano, percebendo-se como sujeito social e histórico e
reconhecendo a forte influência da indústria cultural nos modismos referentes
ao corpo sintetizando e organizando o conhecimento. Além disso, os conteúdos
trabalhados puderam esclarecer dúvidas e enganos, sobre assuntos que os
alunos acreditavam conhecer, relacionados a fundamentos técnicos, regras
esportivas, mitos com relação à atividade física, saúde e aptidão física.
Apesar de se enfrentar situações difíceis durante a intervenção, tais
como: resistência dos alunos ao novo modelo de aula, impaciência inicial com
relação a permanência em sala de aula e leitura dos textos, poucos
efetivamente traziam o Livro Didático, falta de conhecimentos básicos para o
desenvolvimento de algumas atividades e dificuldades em se trabalhar em
grupo. A proposta aplicada revelou uma nova condição para a Educação Física
como componente curricular. Cada conteúdo trabalhado gerou situações que
despertou a curiosidade e interesse dos alunos, superando a aversão ou
descontentamento inicial por estarmos modificando o padrão de aulas que eles
conheciam e estavam habituados, garantindo a participação e bom andamento
dos debates e atividades desenvolvidas.
Buscar a superação da cultura escolar, fortemente constituída e
enraizada, que basicamente restringe as aulas de Educação Física a uma
perspectiva tecnicista, voltada ao desenvolvimento da aptidão física, ou as
aulas recreativas para compensar a “seriedade” das demais disciplinas
escolares não é uma tarefa fácil ou simplista. Ainda mais numa sociedade que
reforça o individualismo, a competição exacerbada e que supervaloriza a
estética, estes conceitos refletem na escola, que reproduz essa realidade
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social, em muitos casos não intencionalmente, reforçando estes padrões
morais e de comportamento na formação do aluno.
A Educação Física, como componente curricular, dentro da escola
pública, como as demais disciplinas escolares, não pode estar alheia a
necessidade de crítica e reflexão ao mundo do capital, e somente através da
socialização do conhecimento é que se democratizam as ferramentas para o
enfrentamento em prol de uma sociedade mais justa e igualitária formada por
cidadãos críticos e conscientes, com uma visão multifocal para a realidade
social. Onde ele compreenda que o esporte, as danças, os jogos, enfim os
conteúdos da cultura corporal estão diretamente e amplamente relacionados a
interesses e fatores econômicos, sociais, políticos e culturais, não reconhecer
esta interferência nos faz reprodutores de padrões e não sujeitos históricos.
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ANEXOS
ANEXO I
Questionário diagnóstico da vida escolar dos alunos com relação à
disciplina de Educação Física:
1) Para você o que é Educação Física e qual a função desta disciplina
na escola?
2) Descreva como foram as aulas de Educação Física na sua vida
escolar. O que você apreendeu, quais foram as atividades?
3) Quais conteúdos você acredita que devem ser trabalhados nas
aulas?
4) O que você aprendeu nas aulas foi utilizado no seu dia a dia?
5) “As lutas, os jogos, as danças, a ginástica e os esportes devem ser
conteúdos da educação Física”. Você concorda com esta afirmação?
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ANEXO II ESPORTES/VOLEIBOL
Prática Social Inicial
Inicialmente, os alunos acreditavam que já sabiam tudo de Voleibol, que as aulas de Educação Física e em alguns casos, as escolinhas desportivas, já haviam esgotado o assunto. O que eles queriam era somente “jogar”.
Problematização
- O que influencia a constante a alteração de regras do voleibol?- As alterações das regras realmente deixaram o Voleibol mais dinâmico?
- Qual é a influência da mídia para que haja alterações?
- Até onde fatores econômicos influenciam o meio esportivo?
Instrumentalização
Capítulo do Livro Didático Público: A Relação entre a Televisão e o Voleibol no Estabelecimento das suas Regras.Apresentação dos vídeos: Um trecho do jogo Brasil x Cuba (1992).E do vídeo Brasil x Servia (2008). Fazer uma analise dos dois vídeos, quais as mudanças ocorridas, o que eles já conheciam relacionar, as regras que foram alteradas e quais os fatores que levaram a esta alteração.Jogar dois sets de Voleibol, um seria apitado com a regra de 1992 e o outro com a regra atual. No final fazer a comparação entre os sets.
CatarseA possibilidade de avaliação aconteceu em vários momentos da aula, onde pode se perceber o interesse pelas questões debatidas, a seriedade com que os alunos no decorrer do tempo foram adquirindo. O Voleibol, como os demais esportes foi percebido além de suas regras e fundamentos, para um fenômeno social de grande movimentação financeira.
Prática Social FinalDo Conteúdo.
Pretende-se que diante das informações, do conhecimento contextualizado e das discussões sobre o conteúdo e reformulações feitas sobre o Voleibol, e no geral do esporte, o aluno possa analisar de forma crítica e consciente toda a interferência da mídia, enfim do capitalismo no mundo esportivo. Que ele seja capaz de fazer uma leitura além dos fundamentos e regras e perceber o esporte como fenômeno social e econômico.
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ANEXO III DANÇA/HIP HOPPrática Social
InicialDurante uma sondagem inicial feita de maneira informal sobre o que os alunos conheciam sobre movimento o Hip Hop, surgiram várias colocações tais como: “É um tipo de dança”, “Hip Hop é coisa de preto, de favelado”, “É um jeito de se vestir.”
Problematização
- O que é Hip Hop?
- Onde e como surgiu? E no Brasil, quando chegou?
- O que ele representa?
- Quais são os elementos do Hip Hop?
- O Hip Hop pode ser considerado um movimento social?
Instrumentalização
Capítulo do Livro Didático Público: Hip Hop Movimento de Resistência ou de Consumo?Leitura, discussão e analise dos textos. Divisão dos assuntos em seis grupos, apresentação de seminário. Assistiram e analisaram um vídeo de Break. Alguns passos foram repassados pela professora depois cada aluno contribuiu com um movimento para formar uma coreografia. Em grupo foi sugerido que fosse produzido um Rap, abordando problemas sociais, o resultado foi muito bom e os assuntos abordados foram: educação, violência e desemprego.
Catarse
O momento da catarse se identificou na evolução e no final do desenvolvimento de cada atividade onde os alunos puderam perceber que o Hip Hop surgiu como um movimento social que envolve basicamente o Rap, o Break e o graffiti. Atualmente, apesar da influência da “indústria cultural”, o Hip Hop continua mantendo um inter-relacionamento com questões sociais, pensamento de grupos e ideologias. O trabalho desenvolvido desmistificou o preconceito inicial que havia sido demonstrado pela turma e foi uma oportunidade para se tratar de problemas sociais, econômicos e políticos.
Prática Social FinalDo Conteúdo.
Pretende-se que através do conteúdo trabalhado os alunos possam analisar com maior criticidade e consciência os movimentos sociais, os modismos, tão frequentes e com um campo fértil no público jovem, até onde eles são uma resistência ao modelo social e quando são explorados pelos modelos de consumo e do mercado vigente.
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ANEXO IV JOGOS E BRINCADEIRAS/JOGOS COOPERATIVOS
Prática Social Inicial
Pela fala dos alunos a respeito do assunto: Jogos Cooperativos, pode-se perceber que a visão do jogo é única e principalmente aquela relacionada a competição, vitórias e derrotas. “Jogar se não é pra ganhar não tem graça”, esta frase de um dos alunos, basicamente expressa o pensamento da turma.
A ideia de cooperar não faz parte
Problematização
- O ser humano é naturalmente competitivo ou o meio social é o que o torna assim?
-Porque gostamos tanto de competir? O que nos faz sermos assim?
-È possível jogar de forma cooperativa? Quais as diferenças entre esporte e jogo?
- A forma como jogamos identifica-se com o nosso modo de vida?
- Vivendo em uma sociedade capitalista, altamente competitiva, pode-se encontrar espaço para cooperar?
Instrumentalização
Capítulo do Livro Didático: Competir ou Cooperar eis a Questão. Leitura e discussão sobre os textos. Foram repassadas algumas brincadeiras cooperativas como o salve-se com um abraço e a dança das cadeiras onde quem sai da brincadeira é a cadeira e não o participante. Separados em grupos, cada grupo escolheu um jogo tradicional, para reformular as regras tornando o jogo mais cooperativo do que competitivo.
Os jogos escolhidos foram: caçador - quem morria, passava para o time adversário e continuava no jogo. Futebol de pares – mãos dadas menino com menina, quem toca na bola é a menina. Os jogos foram bem interessantes, os alunos puderam se divertir sem preocupações com a vitória ou derrota.
Catarse Durante as atividades pode se perceber a mudança de foco. A turma, em geral, buscou a satisfação, o lúdico e demonstrou atitudes respeitosas e cordiais, que geralmente eram esquecidas ao se tratar de competição. Todos puderam participar igualmente dos jogos, sem preocupação com a vitória, derrota ou exclusão.
Prática Social FinalDo Conteúdo.
Que os alunos percebam, não somente nos jogos, mas também na vida que além dos resultados, é imprescindível o respeito ao próximo, a solidariedade, a cooperação, a união do grupo, a possibilidade e o direito de inclusão.
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ANEXO V LUTAS/CAPOEIRA
Prática Social Inicial
Em uma conversa inicial sobre o conteúdo Capoeira, com exceção de um aluno que já havia freqüentado uma academia, os demais pouco conheciam de Capoeira, nunca tinham trabalhado isto na escola, e o que conheciam era o que viam nas apresentações de capoeiristas nas praças.
O que eles conheciam era bem superficial, e a maioria comentou que não gostava de Capoeira
Problematização
- Capoeira é um jogo, luta ou dança?
- Onde e como surgiu a Capoeira?
- A sua história tem semelhança com outras lutas?
- Ela é ou não uma arte marcial? Qual a diferença entre luta e arte marcial?
- A Capoeira faz parte da cultura corporal do povo brasileiro? Por quê?
Instrumentalização
Capítulo do Livro Didático Público: Capoeira: Jogo, Luta ou Dança?
Leitura, análise e discussão dos textos. Dramatização da história da Capoeira. Visita de um professor de Capoeira para organização de uma roda, com demonstração da ginga e movimentos básicos para melhor compreensão dos movimentos e significados. A atividade contou com a participação dos alunos.
CatarsePercebeu-se uma mudança de postura diante do conteúdo Capoeira, em especial após a vinda do Professor capoeirista que pode contribuir com sua experiência para que os alunos vissem a capoeira com orgulho, como história e cultura genuinamente brasileira.
Todos os alunos participaram da roda e demonstraram interesse em conhecer os passos.
Prática Social FinalDo Conteúdo.
Acredito que o trabalho desenvolvido com a capoeira possibilitou uma mudança de postura não somente com relação a própria capoeira, mas como também serviu como um resgate da cultura afro-brasileira. O maior conhecimento que os alunos puderam ter sobre o assunto servirá para a valorização da nossa cultura, maior compreensão da história, desmistificação de preconceitos.
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ANEXO IV GINÁSTICA
Prática Social Inicial
O termo Ginástica foi facilmente associado à ideia de academias, estética, emagrecimento, “malhação”. A princípio pouco se comentou a respeito do termo saúde. Os alunos que frequentam a academia, ou fazem outro tipo de exercício físico tem dois objetivos em especial que é o emagrecimento e hipertrofia muscular. Não houve relação entre o termo ginástica e consumo. Todos concordaram que a saúde depende do exercício físico. Os termos “atividade física”, “exercício físico”, “esporte”, “ginástica” foram citados como sinônimos.
Problematização
- O que é ser saudável? Até que ponto a ginástica pode colaborar na promoção da saúde?
- Quais são os fatores que influenciam as nossas condições de saúde?
- Quais os interesses de se promover padrões estéticos “sarados”?
- Quais são os benefícios da pratica regular de exercícios físicos, como dosar essa prática?
- Qual as relações entre os modismos da ginástica e o consumo?
Instrumentalização
Capítulo do Livro Didático Público: Saúde é o que interessa? O resto não tem pressa!
Leitura, análise e discussão dos textos do livro.
Visita a uma academia de ginástica, conversa com o professor da academia sobre: Por que as pessoas procuram o local, quais são os objetivos, como é a frequência dos alunos, quais os benefícios da prática regular, quais os riscos do uso de anabolizantes, quais são as aulas mais procuradas.
Após a conversa inicial os alunos participaram de uma aula de Ginástica Localizada.
Catarse Durante a leitura e analise dos textos houve um produtivo debate onde se superou os conceitos iniciais sobre o assunto. A visita á academia contribuiu para que os alunos sanassem dúvidas e curiosidades.
Prática Social FinalDo Conteúdo.
Espera-se que após todo o debate e discussão a respeito da atividade física e saúde, modismos, estética, o consumo e a exploração que atingem o campo da ginástica os alunos possam escolher uma atividade física conscientemente de seus benefícios para a saúde, riscos e sem ser influenciado por modismos que cultuam um padrão de corpo perfeito.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRACHT, Valter. Educação Física e Aprendizagem Social. Porto Alegre:
Magister, 1992.
CAPARROZ, Francisco. Entre a Educação Física da Escola e a Educação
Física na Escola: a Educação Física como Componente Curricular. Vitória:
UFES, 1997.
COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino da Educação Física.
São Paulo: Cortez, 1992.
DAOLIO, Jocimar. Da Cultura do Corpo. Campinas: Papirus, 1995.
DAOLIO, Jocimar. Em Busca da Pluralidade Cultural. Rev. paul. Educ. Fís.,
São Paulo, supl.2, p.40-42, 1996.
GASPARIN, João Luiz. Uma Didática para a Pedagogia Histórico-Crítica.
4.ed. rev. e ampl. Campinas: Autores Associados, 2007.
GOVERNO FEDERAL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Brasília,
1996.
SAVIANI, Demerval. Pedagogia Histórico-Crítica. Campinas: Autores
Associados, 2003.
SAVIANI, Dermeval. Educação: do Senso Comum à Consciência Filosófica.
12.ed. Londrina: Cortez, 1996.
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