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Será que o facto da EF não contar para a média
do ensino secundário é um problema ou uma
oportunidade? Porque motivo dividimos as
matérias em nucleares e alternativas? O atual
programa de EF, nos seus aspetos
operacionais, considera como referência
fundamental, 3 grandes áreas de avaliação
específica que representam as grandes áreas
de extensão da mesma e são nomeadamente:
A – Atividades Físicas (Matérias); B – Aptidão
Física; C – Conhecimentos. Eu proponho a
divisão em 3 Grandes Grupos: G1: Relação
Comunicação; G2: Mente-Corpo e Consciência
Corporal; G3: Método Natural, Primevo e
Tradicional
Proposta para o
Currículo para o
Século XXI: Organização Curricular de EF
João Manuel Jorge
João Manuel Ferreira Jorge www.joaomfjorge.com [email protected]
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Qual é a minha proposta para o Currículo para o Século XXI:
MATÉRIAS NUCLEARES E ALTERNATIVAS? Qual é a fundamentação científica e pedagógica que justifica
a separação entre matérias nucleares e matérias alternativas?
A minha proposta de organização curricular atribui a todas as matérias o mesmo
estatuto e são selecionadas em função dos objetivos que o aluno estabelece para si próprio,
seguindo alguns critérios definidos, para que ele possa experimentar vária possibilidades.
Todas as matérias possíveis de serem abordas serão organizadas segundo 3 Grupos ou
Categorias:
1) Grupo 1: Relação e Comunicação: INTELIGÊNCIA SOCIAL: a prioridade não é tanto o
domínio técnico (componentes críticas) e tático mas os jogos passam a ser um meio
para desenvolvimento da autonomia relacional, da comunicação com o outro, o objeto
e o meio, fundamentando sobretudo a exploração, a descoberta e a criatividade. As
atividades de relação com os outros (G1) – Os jogos cooperativos e competitivos
(Desportivos) são um meio para o desenvolvimento das competências relacionais, trabalho
em equipa e Inteligência Social podendo-se recorrer ao “Team-Building”.
2) Grupo 2: Mente-Corpo e Consciência Corporal: INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: para que o aluno
entre em contacto consigo próprio (“O corpo é a nossa mente subsconsciente”,
Candace Pert) e explore através dos estados hipometabólicos uma consciência
corporal eutónica e, recorrendo também a técnicas de visualização, aprender a regular
os seus estados interiores, criando calma, paz e tranquilidade interior. Estão
englobadas neste grupo as atividades de Fitness, Wellness e as atividades rítmicas e
expressivas. As atividades que privilegiam a consciência de si (G2) – estas atividades e jogos
têm como objetivo o desenvolvimento das capacidades condicionais, coordenativas,
consciência corporal cinestésica e atividades rítmicas e expressivas.
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3) Grupo 3: Método Natural, Primevo e Tradicional: INTELIGÊNCIA CORPORAL CINESTÉSICA: O
objetivo visa sobretudo explorar a relação do corpo no espaço, de forma natural e
também em contacto com a natureza (espaços urbanos e/ou naturais – educação
ambiental). Trata-se de uma procura das raízes filogenéticas da relação livre do
homem com o seu corpo e com a natureza através do autoconhecimento,
autodescoberta e autossuperação. Atividades que privilegiam o movimento livre no espaço
ou mobiliário urbano e/ou natural (G3) – neste grupo podemos incluir as atividades de
exploração da natureza e atividades de exploração do corpo na relação com o espaço.
O atual programa de EF, nos seus aspetos operacionais, considera como referência
fundamental, 3 grandes áreas de avaliação específica que representam as grandes áreas
de extensão da mesma e são nomeadamente:
A – Atividades Físicas.
B – Aptidão Física.
C – Conhecimentos.
Esta proposta diverge na medida em que a avaliação (Motivação extrínseca), não é
o grande objetivo da organização da disciplina de EF, a qual passa a organizar-se em
função dos ganhos de saúde e da satisfação dos alunos (Motivação Intrínseca), e a
avaliação é apenas um instrumento regulador formativo dos processos de evolução de
cada aluno no sentido da zona saudável. Ou seja, AAtividades Físicas + BConhecimentos passam a
estar relacionados e incluídos no próprio processo que o aluno irá utilizar para alcançar
consciente e autonomamente BAptidão Física (Saúde e Bem-estar – Zona Saudável) que se traduzirá em
satisfação pessoal, bem-estar alegria pessoal. Além disso, segundo esta metodologia,
deixa de fazer sentido dividir as matérias em Nucleares e Alternativas (Abandono desta
premissa ideológica), e agrupa as matérias em 3 Grande Grupos.
Todas as atividades da motricidade são um meio para o desenvolvimento do
indivíduo rumo “à transcendência” (Manuel Sérgio, 1989): “ouvir a voz do corpo
significa estar atento a um ser-no-mundo, a um ser-que-sente, a um ser-que-joga, a um
ser que se movimenta para transcender e transcender-se”. Ou seja, o “ser” aluno), deixa
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de se movimentar pela nota, pela avaliação, pela matéria (Motivação extrínseca), mas
para a sua satisfação e realização pessoal, pela sua saúde e bem-estar e alegria.
A + B C (A e B são um meio para se atingir C e não um fim em si mesmos)
(Personal Training) G1 + G2 + G3 Saúde, Bem-estar, alegria e realização pessoal.
QUADRO 19: PROPOSTA DE ORGANIZAÇÃO CURRICULAR DO PROGRAMA (Deixa de haver as matérias nucleares e alternativas)
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1 JOGOS COOPERATIVOS e TEAM BUILDING Jogos Cooperativos
Team-Building (Jogos Aventura)
2 JOGOS COMPETITIVOS (ATIVIDADE FÍSICAS E
DESPORTIVAS)
Jogos Desportivos Coletivos
Ginástica
Atletismo
Raquetas
Combate
Patinagem
Natação
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3 ATIVIDADES FITNESS/WELLNESS
Aula de Grupo
Unidade Mente-Corpo (Yoga; Tai-Chi-Chuan;
Meditação & Relaxamento Muscular
Progressivo; etc)
Musculação (Softcore)
CrossFIT
Outras
4 ATIVIDADES RITMICAS E EXPRESSIVAS
Danças
Expressão Corporal
Eutonia
Euritmia
Psicodrama
5 Ritmos
Biodança
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5 ATIVIDADES DE MÉTODO NATURAL Parkour
Outras
6 ATIVIDADES DE EXPLORAÇÃO DA NATUREZA
Passeios Pedestre
Escalada
Montanhismo
Pioneirismo
Atividades Aquáticas
Orientação
Ori-BTT
Kayak
BTT
Golf
Outras
7 JOGOS TRADICIONAIS E POPULARES Vários
Esta é a minha proposta para um Currículo para o Século XXI:
sexta-feira, 24 de junho de 2016
Professor de Educação Física
João Jorge
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Como operacionalizar este modelo?
1. Flip Educação Física
2. Estilos de Enino além da Barreira da Descoberta
3. Personal Training (Metodologia de Trabalho de Projeto)
4. Maior Ênfase nas Tarefas Heurísticas
5. Pedagogia Não Linear (Jogos Desportivos): TGfU
6. Desenvolver a autonomia
Como valorizar a disciplina de Educação Física?
1. Primeiro: tornando-a apelativa, adequando-a aos interesses dos alunos.
2. Segundo: Divulgar o facto da prática do exercício físico regular melhorar a
performance académica.
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Paul Zientarski é um dos fundadores do Programa Learning Readiness no Distrito
Escolar de Naperville nos EUA. O programa Learning Readiness Physical Education
(LRPE) foi concebido com base na investigação que mostra que os estudantes fisicamente
ativos e em forma estão mais atentos e predisposto, em termos académicos, resultando no
crescimento de células nervosas e no desenvolvimento dos seus cérebros. Os alunos que
participam neste projeto libertam-se literalmente dos constrangimentos habituais
inerentes ao modelo da tradicional aula de Educação Física e envolvem-se em atividades
intelectualmente desafiadoras enquanto se mantêm em movimento físico utilizando os
recursos que os ginásios habitualmente utilizam mais os da EF tradicional. Paul Zientarski
aplicou os atuais conhecimentos científicos no seu programa de Educação Física. As
neurociências demonstraram que quanto melhor for a forma física de um aluno, tanto
melhor é a sua performance académica. Como tal, cada aluno que participa no programa
de EF possui o seu monitor de frequência cardíaca para que cada aluno esteja na sua zona
alvo de treino em função dos seus parâmetros fisiológicos individuais. Normalmente,
numa aula de EF tradicional, quando o professor pede aos alunos que efetuem uma corrida
inicial de aquecimento, estes tendem a correr ao mesmo ritmo o que implica discrepâncias
em termos da sua zona alvo para o desenvolvimento da aptidão cardiorrespiratória. Uns
alunos estão abaixo, outros na zona e outros acima dessa zona alvo. Ou seja, prescrever a
atividade física para o “aluno médio” (Pedagogia Coletiva), não considera as variações
em termos de intensidade que cada aluno está a ser submetido acabando por não
desenvolver a aptidão física de forma adequada e refletindo-se em poucos ganhos. Mesmo
que introduza a escala subjetiva de esforço de Borg determine zonas de FCT específicas
nas quais os alunos procuram situar o seu esforço, nem todos os alunos desenvolvem a
experiência e sensibilidade para conhecer com exatidão a sua resposta fisiológica e
adequar o ritmo de corrida. Por tentativa erro isso é possível, mas consome tempo
precioso que pode ser utilizado de forma rentável se houver forma de ter essa informação
disponível de imediato, enquanto corre. O mesmo se pode dizer em relação á força
superior, média e inferior.
O programa LRPE mudou o seu objetivo relativamente aos atuais programas de
Educação Física cujos objetivos e conteúdos estão total ou instrumentalmente vinculados
ao desporto e, em vez disso, orientou o seu objetivo para a saúde e condição física de
forma a melhorar a função cerebral que se repercute em melhores resultados escolares.
Os jogos desportivos fazem parte do programa, mas foram secundarizados e acontecem
na sua fórmula reduzida para aumentar a intensidade da carga (4 * 4).
Os monitores de frequência cardíaca foram o seu primeiro investimento que a escola
fez. O coordenador de EF apercebeu-se que quando os alunos jogavam os desportos
habituais como o futebol (americano), eles não atingiam a sua zona de frequência cardíaca
alvo. Os monitores de FC permitiram recolher provas que mostraram que a forma como
se devia prescrever a atividade física na aula deveria mudar. Adotaram jogos como o Pass
Ball, uma forma de ultimate Frisbee misturado com o football (americano), que exige
dos alunos um maior envolvimento físico (mais tempo em corrida). Estas mudanças não
aconteceram sem resistência. Os alunos que eram habitualmente vistos como atléticos
aperceberam-se que também eles tinham que aumentar o seu investimento em termos de
intensidade na aula de EF para manterem as suas zonas de F.C.Alvo, a qual varia de aluno
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para aluno em função da sua condição física pessoal. Este exemplo mostra como é que o
formalismo da modalidade desportiva é desconstruído, associando vários tipos de jogo
para criar novas formas, criativas e que permitam alcançar os objetivos pretendidos. É
nesta flexibilidade que o programa de EF deve ser abordado em vez da tradicional rigidez.
O programa LRPE recorreu não só aos monitores de FC como ao software TriFIT
da Polar©, uma ferramenta fácil de usar que permite aos PEF avaliar os alunos e/ou
classes inteiras de alunos com uma muito maior precisão. O projeto também utiliza o
Fitnessgram© que permite tanto aos professores como alunos acompanhar os seus
progressos.
Os neurocientistas descobriram que o cérebro, envolvido na maior parte da aprendizagem,
opera na sua mais elevada capacidade em períodos de movimento. Um estudo canadiano
apurou que numa amostra de 500 alunos, os que passavam mais de uma hora por dia numa
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sala de aula de educação física tiravam notas mais altas nos exames do que aqueles que
não incrementaram o movimento físico. Os resultados também demonstraram que com
participação frequente em exercícios aeróbios, os estudantes aumentavam o tempo de
reação, a criatividade e a memória de curta duração, Sylwester (1995) cit. Laura Elrauder
(2003). Outros estudos demonstraram que indivíduos que praticam exercício físico
regularmente (cerca de 45 minutos, três vezes por semana ou mais), parecem desenvolver
mais conexões de dendrites entre células nervosas e recordam com mais rapidez, assim
como têm tempos de reação mais rápidos. As pessoas que não se exercitam, ou que o
fazem muito rara e esporadicamente, têm uma percentagem maior de depressões do que
aqueles que praticam regularmente exercícios aeróbios, Howard (2000) cit. Laura
Elrauder (2003).