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O crescimento de plantas lenhosas ocorre através de extensão e ramificação. A forma completa e a aparência da planta dependem da freqüência, ritmo e posição da ramificação, e da disposição e longevidade das folhas nos ramos. Neste guia os padrões arquitetônicos são pouco explorados, principalmente porque no campo é difícil reconhecê-los. As características aqui apresentadas são gerais e nosso intuito é apresentar os conceitos básicos sobre ramificação e incentivar o leitor a observar esses caracteres no campo.
Durante as fases de crescimento são formadas unidades de extensão, porções de crescimento ininterrupto dos ramos, cujo reconhecimento no campo facilita a compreensão das diferentes formas de ramificação. Você pode reconhecer uma unidade de extensão pela presença de nós ou por uma textura diferenciada da casca em relação à unidade precedente ou posterior. Ramos jovens correspondem à unidade de extensão mais recente.
No nível da planta como um todo, o caule pode ter crescimento monopodial, quando o crescimento se dá pela extensão da gema terminal; ou simpodial, quando a extensão se forma a partir de uma gema axilar (lateral) da unidade precedente.
A orientação dos galhos maiores é uma importante característica em identificação. Algumas espécies se caracterizam por galhos horizontais, ou plagiotrópicos, geralmente associados a folhas dispostas no mesmo plano (dísticas), como em Annonaceae, Lecythidaceae e Myristicaceae. As folhas de algumas Meliaceae são muito grandes e podem parecer ramos horizontais. Myristicaceae é facilmente reconhecida no campo pelos ramos horizontais e verticilados e a presença de seiva vermelha na casca. Em contraposição, os ramos podem ser verticais, ou ortotrópicos, como na maioria das espécies, ou ainda pendentes, como em Couepia longipendula (Chrysobalanaceae).
O crescimento dos ramos pode ser rítmico, quando a unidade de extensão cresce inicialmente sem produzir ramos ou folhas (gemas), que ficam restritos à porção apical das mesmas; ou contínuo, quando gemas são produzidas regularmente. Neste último caso fica mais difícil o reconhecimento das unidades de crescimento.
Ramificação
Em Lauraceae, Combretaceae e Sapotaceae (Manilkara), algumas espécies apresentam ramos horizontais por
crescimento rítmico apositivo, ou seja, cada unidade de extensão cresce inicialmente na horizontal e logo assume a posição vertical, onde ocorre a produção de folhas. A próxima unidade se origina de uma gema axilar na "base" da porção vertical, que por isso parece um ramo curto.
As únicas árvores monopodiais na Reserva são palmeiras e algumas Rutaceae (Hortia e Spathelia). Spathelia também floresce apenas uma vez na vida (monocárpica).
Em Schefflera, Araliaceae, os ramos são sempre verticais e sempre se dividem em dois em cada módulo de crescimento, dando um aspecto único à copa.
Em Cordia (Boraginaceae), sempre há uma folha saindo na bifurcação dos ramos.
Na maioria das plantas as unidades de extensão nascem de gemas axilares na base de uma folha. Assim, os ramos terminais da copa, com folhas, são mais finos. Copas de árvores são, assim, geralmente esféricas ou cônicas.
A forma da copa pode ajudar em identificação. Árvores emergentes de Mimosoideae, por exemplo, especialmente Dinizia excelsa, Parkia multijuga e Pseudopiptadenia psilostachya, têm copas irregulares com folhagens isoladas.
Parkia pendula tem uma copa bem plana e pode ser facilmente reconhecida à distância por essa característica.
RA
MIF
ICA
ÇÃ
O
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Fenestrado
Geissospermum argenteum
Apocynaceae
Minquartia guianensis
Troncos fenestrados são mais raros que troncos acanalados, ocorrendo apenas em Apocynaceae, Olacaceae, Icacinaceae e Flacourtiaceae. Um tronco fenestrado é geralmente também acanalado. Os exemplos mais conhecidos de tronco fenestrado na Amazônia são as plantas conhecidas por acariquara, especialmente Minquartia guianensis (Olacaceae), que é muito utilizada nas cidades como postes de energia elétrica.
É o caule lenhoso de árvores, em geral a parte sem ramos ou galhos. Os caracteres de tronco e casca, descritos nesta e nas páginas seguintes, se aplicam principalmente às árvores com um
Troncos inteiramente acanalados ocorrem em várias famílias, mas são exceções dentro delas, o que facilita o reconhecimento das espécies. Principalmente Apocynaceae e Leguminosae (Swartzia) apresentam troncos assim, mas também Euphorbiaceae, Melastomataceae, Rubiaceae, Sapotaceae, Myrtaceae, Moraceae, Duckeodendraceae e Sapindaceae. A base do tronco acanalada é uma característica muito mais freqüente, mas menos importante em identificação.
Tronco
A forma do tronco pode variar entre a base, junto ao solo, e a primeira ramificação da copa. As características da base, que são importantes em identificação, são exemplificadas separadamente. O aspecto do tronco como um todo pode ser circular, quando a secção horizontal tem forma aproximada ao círculo; acanalado, quando a secção é irregular, com depressões e elevações longitudinais, formando canais; fenestrado, do latim "o que tem janelas", quando apresenta cavidades profundas formando buracos no tronco; arestado ou cristado, quando tem projeções longitudinais em geral agudas na forma de cristas ou arestas; nodoso, quando com nós salientes, em geral arredondados e resultantes de caulifloria; tortuoso, quando apresenta sinuosidades longitudinais; e torcido, quando se desenvolve de maneira espiralada sobre o mesmo eixo.
Em geral as plantas têm um tronco único e solitário, mas algumas espécies têm a capacidade de produzir diversos troncos e, neste caso, a planta é denominada cespitosa. O hábito cespitoso é freqüente em palmeiras e arbustos, principalmente em áreas abertas ou alagadiças.
O caule de lianas, que também pode ser fenestrado, acanalado, torcido etc., apresenta outras formas (p. 73).
diâmetro de 10 cm ou mais, pois é difícil observar isso nos troncos finos de arvoretas e arbustos.
FORMA DO TRONCO
Acanalado
Aspidosperma nitidum
Apocynaceae
Duckeodendron cestroides
Duckeodendraceae
Pausandra macropetala
Euphorbiaceae
Miconia splendens
Melastomataceae
Amaioua guianensis
Rubiaceae
A única árvore na Reserva com tronco cristado é Ocotea olivacea (Lauraceae). Esta característica é mais freqüente em caule de lianas, especialmente de Leguminosae Mimosoideae.
Cristado
TR
ON
CO
Eugenia subterminalis, Myrtaceae, é um arbusto cespitoso freqüente em áreas abertas de solo arenoso.
Olacaceae
28 29
A base do tronco pode apresentar características que ajudam no reconhecimento de espécies ou até mesmo famílias. Pode ser reta, dilatada, digitada, acanalada ou apresentar raízes modificadas como sapopemas e raízes escoras.
Digitada: apresenta pequenas projeções em forma de "dedo" onde as raízes superficiais se juntam ao tronco.
Sapopemas ou raízes tabulares são extensões achatadas (tabulares) da parte superior das raízes superficiais, que funcionam como estruturas de sustentação das árvores. Sapopemas ajudam as árvores a resistir ao vento etc. O termo é de origem tupi-guarani e significa "raiz chata". Sapopemas grandes são mais comuns em Elaeocarpaceae, as três subfamílias de Leguminosae, Anacardiaceae, Vochysiaceae, Humiriaceae, Sapotaceae, Lecythidaceae. Em Chrysobalanaceae as sapopemas são em geral pequenas ou a base é apenas dilatada. As famílias maiores que raramente têm sapopemas incluem Apocynaceae, Clusiaceae, Olacaceae, Rubiaceae, Moraceae, Flacourtiaceae e Annonaceae. Sapopemas podem ser caracterizadas quanto à forma da aresta, simetria, dimensões, diluição e presença de lenticelas. Quanto às arestas, na maioria das espécies, são retas ou côncavas, sem um padrão óbvio caracterizando famílias. Sapopemas com arestas convexas são menos freqüentes, ocorrendo principalmente em Elaeocarpaceae, Lauraceae e Chrysobalanaceae, e raramente em outras famílias.
Acanalada: com depressões longitudinais formando canais, acompanhando o diâmetro do tronco, sem expandir-se. Às vezes todo o tronco é acanalado, não apenas na base, como ilustrado na página anterior.
Sapopemas
BASE DO TRONCO
D i l a t a d a : o tronco é mais grosso rente ao solo.
Reta: com a mesma forma do tronco, sem expansão na base.
Características das sapopemas
Assimétricas: sapopemas com formas ou tamanhos diferentes a cada lado do tronco.
Simétricas: sapopemas mais ou menos da mesma forma e tamanho a cada lado do tronco.
Ramificadas: as sapopemas se dividem.
Convexa: a crista apresenta uma linha convexa.
Reta: a crista apresenta uma linha reta.
Côncava: a crista apresenta uma linha côncava. É a forma mais comum.
Annonaceae
Xylopia nitida Xylopia emarginata var. duckei
Protium decandrum
Burseraceae Chrysobalanaceae
Licania gracilipes
Couepia longipendula
Elaeocarpaceae
Sloanea schomburgkii
Sloanea rufaSloanea nitida Licaria martiniana
Lauraceae
Vantanea micrantha
Humiriaceae
Sclerolobium setiferum
Caesalpinioideae
BA
SE D
O T
RO
NC
O
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Raízes superficiais
Raízes adventícias
Raízes escoras
São raízes grossas que ficam visíveis sobre o solo a uma longa distância do tronco. Ocorrem principalmente em Lecythidaceae (Cariniana), Moraceae (Clarisia), Leguminosae e Caryocaraceae. Em floresta de baixio muitas plantas apresentam raízes superficiais densamente lenticeladas, às vezes formando pequenos "joelhos".
Raízes escoras ou suportes são raízes que saem do tronco e alcançam o solo, deixando um vão. Raízes escoras altas são encontradas em Arecaceae (Iriartella e Socratea exorrhiza), Clusiaceae (Tovomita) e Cecropiaceae. Além desses grupos, essas raízes também ocorrem em várias outras famílias, especialmente Annonaceae (Xylopia), Chrysobalanaceae (Licania), Myristicaceae, Moraceae, Sapotaceae e Euphorbiaceae.
Sloanea synandra (sapopemas e raízes escoras)
Elaeocarpaceae
Micrandra spruceana
Euphorbiaceae
Virola pavonis
Myristicaceae
Blepharocalyx eggersii
Myrtaceae
Pleurothyrium vasquezii
Lauraceae
Xylopia spruceana
Annonaceae
Socratea exorrhiza
Arecaceae
Licania latifolia
Chrysobalanaceae Clusiaceae
Tovomita sp. 1Tovomita caloneura
São raízes finas que saem a certa altura do tronco e não alcançam o solo, e são muito frágeis para dar sustentação. Ocorrem em algumas palmeiras (Mauritia) e às vezes em Myrtaceae, Sapotaceae, Euphorbiaceae, Melastomataceae, Moraceae, Malpighiaceae, Caryocaraceae e Annonaceae. Também ocorrem perto da base em cipós, especialmente Bignoniaceae.
Mauritia flexuosa
Arecaceae
Amanoa guianensis
Euphorbiaceae
Clarisia racemosa apresenta raízes superficiais alaranjadas muito características.
BA
SE D
O T
RO
NC
O
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A identificação de muitas plantas é facilitada pelas características das várias camadas do caule. O caule de uma planta ereta tem duas funções: propicia suporte às partes aéreas e nos seus vasos são transportados nutrientes e água entre as raízes e a copa. Em uma secção transversal de um caule de qualquer dicotiledônea, pode-
Anatomia do caulese reconhecer três camadas principais de dentro para fora: madeira, casca viva e casca morta. Entre estas, existem duas finas camadas de células meristemáticas (ativas), que produzem as novas células das camadas mais externas, providenciando o crescimento em diâmetro do tronco (crescimento secundário).
Ritidoma, neste livro, é usado somente para a superfície da casca. Este termo é aplicado também para toda a casca morta.
Casca morta é constituída por células produzidas pelo câmbio cortical, ou de partes mortas da casca viva, dependendo do desenvolvimento do câmbio.
Câmbio cortical (felogênio) são células meristemáticas que produzem novas células, que imediatamente morrem e formam a casca morta. Estas podem formar uma única ou várias camadas de diferentes idades.
Casca viva velha é formada por células velhas do floema, geralmente inativo.
Casca viva jovem é formada por células vivas de floema, que funcionam na condução de açúcares e outros metabólitos produzidos nas folhas, ou como depósito de nutrientes.
AN
AT
OM
IA D
O C
AU
LE
Câmbio vascular é uma única camada de células ativas que produzem células de xilema internamente e de floema externamente.
Cerne é a parte central do caule, formado por células mortas do xilema, preenchidas por substâncias como lignina, que provi-denciam sustentação ao caule, ou substâncias para proteção contra o ataque de cupins e microorganismos.
Medula é um cilíndro de tecido mole no centro do tronco. Ocorre sempre em ramos jovens, e, às vezes, também no tronco de árvores velhas, mas em árvores de florestas tropicais pode ser tão pequena que é imperceptível.
Fissuras ocorrem quando a casca velha não se desprende. Com o aumento da circunferência e devido a ausência de elasticidade da casca morta, aparecem essas rachaduras.
Alburno é madeira formada por células vivas do xilema com função de transporte de água das raízes para a parte aérea.
Tecido de dilação é um tecido parênquimático depositado pelos raios nos espaços criados pelo crescimento em diâmetro do tronco. Ocorre principalmente em árvores com casca grossa, e está situado imediatamente abaixo dos sulcos das fissuras.
Raios são celulas parenquimáticas, com paredes finas. Transportam nutrientes entre o centro do tronco ao tecido de dilatação.
Marcas de chamas são áreas de tecido da casca viva que não funcionam mais para transporte. São freqüentemente coloridas em razão do depósito de substâncias de proteção.
30 31
A forma de desprendimento do ritidoma depende principalmente do comportamento do câmbio cortical. Ao contrário do câmbio vascular que é sempre vivo, o câmbio cortical morre à medida que novas camadas são formadas em direção ao centro do tronco. O esquema abaixo mostra o que acontece nos principais padrões. A linha verde representa o câmbio cortical, que produz o periderme.
Se os novos câmbios se formam menos freqüentemente e são mais ou menos contínuos, a casca se desprende em placas grandes, cuja regularidade e forma dependerão do comportamento do câmbio.
DESENVOLVIMENTO DO CÂMBIO CORTICAL
Peridermes velhas são representadas por linhas vermelhas. Quando o câmbio cortical morre, as camadas externas isoladas e com o tempo se desprendem. Em plantas com ritidoma liso, o novo câmbio é formado imediatamente adjacentes ao anterior e a casca desprende em placas finas. Se forem um pouco maiores, esse desprendimento pode dar um aspecto rugoso ao ritidoma.
AN
AT
OM
IA D
O C
AU
LE
Se o câmbio forma camadas mais ou menos contínuas e a distância entre os câmbios sucessivos é pequena (são freqüentemente produzidos), o desprendimento resultante será em placas papiráceas grandes (como é característico em Myrtaceae). Se os câmbios forem menos contínuos, as placas serão menores ou mais finas.
Se a casca morre e não se desprende logo depois que o novo câmbio é formado, o ritidoma aumenta em espessura e a casca morta fica composta de camadas superpostas. Isso pode resultar num desprendimento em placas grossas laminadas, às vezes formando fendas, como em Lecythidaceae. As camadas superpostas ficam unidas em função da presença de fibras radiais entre elas.
Se os novos câmbios são curtos e descontínuos, o desprendimento será em placas pequenas. A espessura dessa placas depende da profundidade em que o novo câmbio se forma.
Se o câmbio cortical tem tendência a ser côncavo, as placas de desprendimento são também côncavas, deixando cavidades ou depressões como cicatrizes no tronco. Normalmente o centro dessas depressões são mais claros logo depois que as placas caem.
32 33
A classificação dos padrões de casca externa, ou ritidoma, é difícil. Embora alguns sejam claros e facilmente identificáveis, a variação existente entre indivíduos da mesma espécie pode ser muito grande, especialmente quando comparando indivíduos de diferentes idades ou em diferentes ambientes. Além disso, o ritidoma de muitas espécies apresenta características intermediárias de difícil classificação.
O aspecto do ritidoma pode ser liso, rugoso, escamoso, fissurado, reticulado, lenticelado etc., dependendo do tipo de desprendimento ou de suas cicatrizes, ou ainda de estruturas como lenticelas, acúleos, espinhos e anéis transversais proeminentes.
Quando da elaboração deste guia pretendia-se usar ao máximo os caracteres da casca para identificação, mas isso não foi possível para todas as famílias devido à grande
A grande maioria das árvores apresenta o ritidoma em tons de cinza ou marrom. A cor cinza é muitas vezes definida pelos liquens que recobrem o tronco. Algumas espécies apresentam o tronco branco, em Myrtaceae e Bombacaceae pode ser verde. Definir cores é, no entanto, muito subjetivo. Depende do observador, da idade da planta e também da umidade. Em dias chuvosos os troncos ficam em geral mais escuros. A casca de algumas poucas espécies, no entanto, apresenta uma coloração de destaque na fisionomia interna da floresta, e em função disso podem ser facilmente reconhecidas. Cores em combinação com as outras características do tronco e da casca ajudam em identificação. Assim, por exemplo, Pradosia cochlearia (Sapotaceae) é facilmente reconhecida pela casca alaranjada com manchas (depressões) mais claras. Ritidoma avermelhado e liso é comum em Leguminosae. Peltogyne paniculata, conhecida como escorrega-macaco, é uma das espécies mais marcantes na floresta por apresentar o ritidoma liso e completamente avermelhado.
Ritidomavariação existente. Os mateiros reconhecem espécies ou famílias a distância apenas pelos caracteres do tronco, mesmo para aqueles cujos padrões não podem ser classificados como os apresentados aqui. Utilizando fotografias é difícil mostrar alguns padrões que com a experiência passa-se a reconhecer facilmente no campo. Nas páginas seguintes são exemplificados os padrões mais óbvios e comuns entre as espécies da Reserva. A intenção destas páginas é também estimular o uso da terminologia existente e a observação dos caracteres da casca, pouco utilizados até mesmo por botânicos experientes.
Ao observar a casca das árvores, procure as características principais que definem o aspecto geral e não se atenha a detalhes que engordam as descrições e não ajudam na identificação.
COR DO RITIDOMA
Swartzia longistipitata
Inga alba Vouacapoua pallidior
Leguminosae
Myrcia aliena Calyptranthes aff. macrophylla
Myrtaceae
Chrysophyllum sanguinolentum ssp. spurium
Sapotaceae
Peltogyne paniculata
Leguminosae Caesalpinoideae
RIT
IDO
MA
32 33
Quando o aspecto é definido pela presença de muitas dobras (anéis horizontais proeminentes, ou "hoop-marks") que tornam a superfície acidentada. Essas linhas horizontais aparecem com freqüência na casca de muitas espécies e em alguns casos podem ajudar em identificação. Em Lauraceae, por exemplo, muitas espécies apresentam esses anéis, mas raramente definem o ritidoma como rugoso, por serem espaçados e irregulares. Algumas espécies podem apresentar esses anéis regularmente espaçados, definindo internós, como em Cecropiaceae.
RUGOSO
LISO
Marcas de olho são cicatrizes de quedas de galhos ou folhas, que podem ser características da casca de algumas espécies. Muito evidente no tronco de Cecropiaceae.
LecythidaceaeMimosoideae
Licaria pachycarpa
Endlicheria pyriformis
Lauraceae
Eschweilera romeu-cardosoi
Abarema adenophora
Em muitas espécies não se pode definir o tipo de ritidoma, pois embora apresentem estruturas como lenticelas, fendas ou alguma forma de desprendimento, essas não definem o aspecto da casca. Neste caso
SUJO E ÁSPERO
optamos por denominar de áspero ou sujo, este último termo aplicado especificamente àqueles casos em que o ritidoma apresenta fendas profundas e irregulares que dão um aspecto de desorganização à casca.
Áspero Sujo
Aspidosperma spruceanum
Apocynaceae
Licania impressa
Chrysobalanaceae
Enterolobium schomburgkii
Mimosoideae
Diplotropis triloba
Platymiscium duckei
Vatairea sericea
Leguminosae Papilionoideae
Protium altisonii
Burseraceae
Parinari parvifolia
Chrysobalanaceae
Diospyros vestita
Ebenaceae
Aldina heterophylla
PapilionoideaeLauraceae
Aniba hostmanniana
Euphorbiaceae
Conceveiba martiana R
ITID
OM
A
O ritidoma é liso quando não apresenta nenhuma forma de desprendimento, fissuras, lenticelas, rugosidades, cicatrizes ou outras características que definem os padrões apresentados nas páginas seguintes. Em espécies de Myrtaceae, por exemplo, o ritidoma pode ser completamente liso, embora apresente-se
assim em geral sob as lâminas de desprendimento (veja laminado). Cascas completamente lisas são, no entanto, exceções na floresta. Exemplos de casca lisa e avermelhada são mostrados na página anterior.
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COM DEPRESSÕES
Quando o ritidoma fica marcado por depressões irregulares, em geral de bordas arredondadas, que são cicatrizes deixadas pelas placas de desprendimento. Essas cicatrizes, geralmente lisas, apresentam uma coloração distinta e mais viva que a casca envelhecida. É uma característica
Poucas espécies têm o desprendimento do ritidoma em placas muito grandes, grossas e lenhosas, que em algumas espécies atingem até 1 m de comprimento. Em alguns casos essas placas deixam cicatrizes impressas em sua inserção, mas o ritidoma não fica manchado como nos casos apresentados abaixo
COM PLACAS LENHOSAS GRANDES
(depressões). Exemplos extremos desse tipo de casca ocorrem em Dinizia excelsa (Leguminosae) e Sextonia rubra (Lauraceae), cujas placas desprendidas ficam acumuladas ao redor da base do tronco, em plantas de grande porte, formando um amontoado.
Caraipa odorata
Clusiaceae
Caryocar villosum
Caryocaraceae
Parkia pendula
Dinizia excelsa
Leguminosae
Aspidosperma schultesii
Apocynaceae Lauraceae
Sextonia rubra
Rubiaceae
Henriquezia verticillata
Botryarrhena pendula
Pouteria maxima Pouteria vernicosa
Sapotaceae
marcante de algumas espécies, ocorrendo espe cialmente em Lecythidaceae e Sapotaceae. Placas grandes (ver acima) podem deixar depressões como cicatrizes, mas estas são em geral muito grandes e menos importantes que as placas na definição do aspecto do tronco.
Pradosia cochlearia
Sapotaceae Meliaceae
Guarea cf. cinnammomea
Myrtaceae
Eugenia sp. 2 Ocotea rhynchophylla
Licaria guianensis
Lauraceae Lecythidaceae
Eschweilera carinata
Zygia racemosa
Leguminosae
Talisia vera-luciana
SapindaceaeOlacaceae
Ptychopetalum olacoides
Pradosia decipiens
Pradosia decipiens
Sapotaceae
RIT
IDO
MA
DEP
RESSÕ
ES
34 35
papiráceas, ou rígidas e coriáceas, mas em ambos os casos facilmente distinguíveis das placas de ritidoma escamoso, por enrolarem ou pelo menos apresentarem as bordas fortemente recurvadas.
Em geral são lâminas grandes que ao desprender deixam uma superfície lisa exposta. Ocorrem principalmente em Myrtaceae.
LAMINADO
Lâminas papiráceas
Lâminas coriáceas
Myrcia gigas Myrciaria floribunda
Myrtaceae
Pouteria peruviensis
Pouteria erythrochrysa
Sapotaceae
Calycolpus goetheanus
Myrtaceae
RIT
IDO
MA
LA
MIN
AD
O
Eugenia omissa Calyptranthes cuspidata
Myrtaceae
Miconia dispar
Miconia ampla
Melastomataceae
Miconia traillii
Dichapetalum spruceanum
Dichapetalaceae
Alibertia myrciifolia
Rubiaceae
Pouteria hispida (forma B)
Chrysophyllum colombianum
Sapotaceae
Parecem pedaços de papel-velho quebradiço, em geral sob as lâminas finas formando camadas sobrepostas. Ocorrem em poucas famílias, sendo muito evidentes em Melastomataceae.
Quando o aspecto geral do ritidoma é marcado por lâminas de desprendimento. Lâminas são placas, em geral irregulares na forma, mas muito finas. Podem ser maleáveis e por isso chamadas de
Calycolpus revolutus
Eugenia cf. longiracemosa
Eugenia sp. 3 Marlierea umbraticola
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Quando o ritidoma é coberto por placas de desprendimento (veja também depressões e lâminas nas páginas anteriores). É comum estarem associadas a fendas verticais, mas as placas têm mais importância no aspecto geral da casca. Existe grande variação na forma, consistência, espessura, disposição, densidade e aderência dessas placas. Em algumas espécies as placas são rígidas e lenhosas, em outras finas e esfarelam na mão. Quando começam a se desprender do
RIT
IDO
MA
ESC
AM
OSO
ESCAMOSO
tronco, as placas ficam aderidas ao tronco num ponto, que pode ser lateral, central ou apical, e isso ajuda em identificação. Em alguns casos as placas podem ser quadradas, retangulares ou irregulares. Placas podem se constituir de cristas, ou seja, da porção entre fendas longitudinais, e, por isso, às vezes apresentam as bordas laterais retilíneas, mas o ápice e a base são irregulares. Nesta página são apresentados apenas exemplos desse tipo de casca, que pode ser encontrado em muitas famílias.
Mezilaurus duckei
Mezilaurus synandra
Aniba santalodora
Lauraceae
Richeria dressleri
Phyllanthus manausensis
Alchornea discolor
Euphorbiaceae
Couratari stellata
Lecythidaceae
Iryanthera macrophylla
Myristicaceae
Myrcia sp. 1
Myrtaceae
Aptandra tubicina
Olacaceae
Swartzia corrugata
Swartzia panacoco
Leguminosae
Annona amazonica
Xylopia amazonica
Xylopia nitida
AnnonaceaeAnacardiaceae
Campnosperma gummiferum
Licania adolphoduckei
Licania oblongifolia
Chrysobalanaceae
Caryocar glabrum ssp. glabrum
Caryocaraceae
Tabernaemontana muricata
Apocynaceae
Myristicaceae
Iryanthera lancifolia
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Quando o aspecto do tronco é definido por pequenos retículos, geralmente mais ou menos quadrados, formados por fendilhamento fino vertical e horizontal. Em geral os retículos são fortemente
RETICULADO
aderidos e o desprendimento não é evidente. Ocorre em diversas famílias, mas é freqüente em Leguminosae e Chrysobalanaceae.
Pouteria freitasii Pouteria pallens Pouteria reticulata
Pouteria retinervis
Sapotaceae
Allophyllus sp. 1
Sapindaceae
Maytenus guyanensis
Celastraceae
Leguminosae
Hymenolobium heterocarpum
Dimorphandra ignea
Bocoa viridiflora Hymenolobium pulcherrimum
Stryphnodendron guianense
Swartzia recurva
RIT
IDO
MA
RET
ICU
LA
DO
Licania sothersae
Licania prismatocarpa
Couepia magnoliifolia
Couepia guianensis
Chrysobalanaceae
Sloanea pubescens
Elaeocarpaceae
Simaba sp. nov.
Simaroubaceae
Himatanthus stenophyllus
ApocynaceaeAnnonaceae
Duguetia trunciflora
Euphorbiaceae
Pera bicolor
Andira parviflora
Leguminosae
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Ritidoma com estrias ou sulcos rasos, sem desprendimento evidente
Tapirira guianensis
Anacardiaceae
Xylopia calophylla
Annonaceae
Jacaranda copaia
Bignoniaceae
Croton lanjouwensis
Euphorbiaceae
Eschweilera amazoniciformis
Lecythidaceae
Licania sandwithii
Chrysobalana-
Quando a casca apresenta sulcos longitudinais que definem o aspecto geral do tronco, é denominada de fissurada ou fendida. A casca é estriada quando apresenta apenas linhas superficiais de coloração distinta. Fissuras são sulcos longitudinais em forma de "V", no corte transversal, enquanto fendas correspondem a sulcos mais ou menos retos. Apesar desses diferentes termos, às vezes é difícil diferenciar uma fenda de uma fissura, e árvores jovens de casca tipicamente fissurada ou fendida podem apenas apresentar estrias. Estrias podem também ser formadas por lenticelas agrupadas verticalmente (p. 41). Fendas e fissuras variam não só na forma, mas na profundidade, no tipo da crista e na distância entre si. Ao descrever e observar fendas e fissuras, observe a forma e a largura da crista (côncava, convexa, plana e aguda) e a profundidade do sulco.
Bocageopsis multiflora (Annonaceae) apresenta ritidoma com fissuras de crista aguda.
FISSURADO, FENDIDO E ESTRIADO
Cortes transversais esquemáticos de casca sulcada
CristaProfundidade
Fissuras com crista aguda
Fendas com crista plana
Fissuras com crista plana
Fissuras com crista convexa
Fissuras com crista côncava
Em Lecythis parvifructa (Lecythidaceae) a forma dos sulcos se aproxima à definição de fenda.
Scleronema micranthum (Bombacaceae). Quando adulto o ritidoma apresenta fissuras de crista plana, quando jovem é claramente estriado.
Em muitas espécies como Calophyllum aff. brasiliense
(Clusiaceae), as fissuras são longitudinalmente
descontínuas, formando alvéolos.
RIT
IDO
MA
FIS
SU
RA
DO
38 39
Ritidomas com sulcos profundos e sem desprendimento evidente
Loreya riparia Miconia pyrifolia
Henriettea ramiflora
Miconia affinis
Melastomataceae
Siparuna decipiens
Siparunaceae
Pouteria laevigata
Sapotaceae
Virola venosa
Myristicaceae
Guarea silvatica
Meliaceae
Pterandra arborea
Malpighiaceae
Vouarana cf. guianensis
Leguminosae
Licaria chrysophylla
Ocotea floribunda
Lauraceae
Pouteria minima Pouteria aff. gardneri
Chrysophyllum manaosense
Pouteria caimito (forma
Manilkara bidentata
Pouteria virescens
Sapotaceae
Lecythis pisonis Corythophora rimosa
Cariniana micrantha
Lecythidaceae
Miconia elaeagnoides
Bellucia grossularioides
Melastomataceae
Dulacia guianensis
Olacaceae
Unonopsis stipitata
Annonaceae
Licania unguiculata
Chrysobalanaceae
Calophyllum aff. brasiliense
Clusiaceae
Virola multinervia
Myristicaceae
Buchenavia guianensis
Combretaceae
RIT
IDO
MA
FIS
SU
RA
DO
40 41
Lenticelas são estruturas usadas para respirar. Ritidoma densamente lenticelado é denominado verrucoso, pois as lenticelas parecem "verrugas" na superfície. Lenticelas podem ser elípticas, circulares ou menos freqüentemente lineares, apresentam uma abertura (fenda ou espocação), mas esta abertura pode não ser muito evidente. Podem, ainda, ser dispersas ou agrupadas, em linhas horizontais ou verticais. Em muitas espécies podem caracterizar o aspecto do tronco, em outras são esparsas ou escondidas pelo desprendimento. Variam também em quantidade, tamanho, proeminência e cor (principalmente pretas, brancas ou vermelhas). Ocorrem principalmente nos troncos e ramos, raramente na raque de folhas compostas (p.e. em Mimosoideae e Meliaceae) ou no pecíolo (e.g. Passifloraceae: Dilkea, Araceae). Algumas vezes um tronco pode parecer verrucoso em função da presença de lenticelas, mas isso pode variar muito entre indivíduos da mesma espécie e até mesmo em função de fatores ambientais.
RIT
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MA
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TIC
ELA
DO
Muito comuns em Lauraceae. Freqüentes em Leguminosae e Chrysobalanaceae e ajudam a diferenciar Meliaceae das demais Sapindales, mas ocorrem também em muitas outras famílias. Indivíduos da mesma espécie podem apresentar lenticelas ora dispersas ora agrupadas vertical ou horizontalmente. Essa variação pode ocorrer no mesmo tronco, e é importante notar qual disposição caracteriza o aspecto geral do tronco.
Lenticelas dispersas ou não nitidamente agrupadas
RITIDOMA LENTICELADO
Hymenolobium modestum
Leguminosae
Parkia velutina Monopteryx inpae
Inga obidensis Ormosia grandiflora
Dicorynia paraensis
Goupia glabra
Celastraceae
Diospyros carbonaria
Ebenaceae
Caraipa grandifolia
Clusiaceae
Ruizterania albiflora
Vochysiaceae
Licania pallida Licania micrantha
Chrysobalanaceae
Ocotea aciphylla
Lauraceae
Lauraceae
Aniba williamsii Ocotea cujumari Ocotea guianensis
Rhodostemonodaphne peneia
Elípticas verticais e
fendidas (Odontadenia puncticulosa)
Circulares (Sextonia rubra)
Lineares verticais (Mezilaurus itauba)
Lineares horizontais (Inga lateriflora)
Elípticas horizontais(Inga grandiflora)
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Ocorrem principalmente em Leguminosae, especialmente no gênero Inga, e menos freqüentemente em outras famílias como Moraceae e Lauraceae. Em alguns casos as lenticelas formam um anel contínuo ao redor do tronco e podem ser confundidas com dobras ("hoop-marks") que caracterizam troncos rugosos, mas que ao contrário das primeiras não apresentam fendas ou espocações.
RIT
IDO
MA
LEN
TIC
ELA
DO
Ocorrem em várias famílias. A casca de algumas espécies com esses ritidomas, pode ser chamada de estriada quando as lenticelas são muito pequenas e formam linhas de coloração distinta. Em outros casos as lenticelas podem aparecer associadas a fissuras ou fendas.
Lenticelas em linhas verticais
Lenticelas em linhas horizontais
Brosimum rubescens
Moraceae
Anisophyllea manausensis
Anisophyllaceae
Licania canescens
Chrysobalana-Moraceae
Clarisia racemosa
Brosimum potabile
Inga capitata Inga thibaudiana Inga lateriflora
Leguminosae Mimosoideae
Ocotea tabacifolia
Ocotea ceanothifolia
Endlicheria citriodora
Lauraceae
Sloanea rufa
Elaeocarpaceae
Guatteria sp. 3
Annonaceae
Ocotea immersa
Lauraceae
Eschweilera pseudodecolorans
Allantoma lineata
Lecythidaceae
Sarcaulus brasiliensis
Sapotaceae
Schoenobiblus daphnoides
Thymelaeaceae
Cassia rubriflora Dimorphandra pennigera
Pterocarpus rohrii
Sclerolobium sp. 6
Leguminosae
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Espinhos
São estruturas externas pontiagudas. Espinhos são modificações de folhas, raque de folhas ou estípulas, e por isso apresentam um sistema vascular. Não podem ser destacados do órgão onde são encontrados sem desprender parte de tecido do mesmo. Acúleos são projeções da epiderme, em geral cônicos, sem sistema vascular, que por serem de origem superficial podem ser facilmente destacados. Além disso, pêlos (ou tricomas, ver p. 66) podem ter a forma de espinhos. Estas estruturas têm duas funções principais: proteção contra herbivoria ou, no caso de plantas escandentes, como estruturas para subir em outras plantas. A presença de espinhos ou acúleos pode ajudar em identificação, e neste sentido a terminologia não importa muito. O exemplo mais óbvio disso são palmeiras (Arecaceae), pois a presença de espinhos permite diferenciar os gêneros Bactris, Astrocaryum e Desmoncus dos demais. Dentre as famílias de dicotiledôneas ocorrentes na Reserva, espinhos e acúleos são encontrados apenas em Rutaceae e Solanaceae, e em Chomelia (Rubiaceae), após a queda da folha, parte do pecíolo persiste e torna-se rígido como um espinho. Acúleos aparecem freqüentemente na casca de espécies de Bombacaceae e Anacardiaceae,
COM ESPINHOS OU ACÚLEOS
Astrocaryum aculeatum Astrocaryum gynacanthum
Bactris elegans Bactris maraja
Arecaceae (Palmae)
Solanum fulvidum
Solanaceae
Chomelia malaneoides
Rubiaceae
Zanthoxylum djalma-batistae
Zanthoxylum rhoifolium
Rutaceae (acúleos)
RIT
IDO
MA
CO
M E
SP
INH
OS
como por exemplo a samaúma (Ceiba pentandra) e o taperebá (Spondias mombin), respectivamente, mas não foram observados nas espécies nativas dessas famílias na Reserva.
Solanum crinitum
Solanaceae
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Casca suberosa
Casca interna
CASCA MORTA
As fotografias do corte da casca, utilizadas na ilustração de cada espécie neste guia, foram feitas de um corte tangencial ao eixo longitudinal do tronco. Elas procuram mostrar o aspecto interno da casca (floema) e do alburno (xilema) (p. 30).
Em algumas espécies a espessura total da casca, incluindo tecidos mortos e vivos, é muito fina e de difícil visualização. Outras têm a casca espessa e apresentam fibras de cores e disposição diferentes, formando padrões que ajudam em identificação.
A casca morta é constituída de células mortas com função de proteção, que recobre a casca viva. A superfície externa da casca morta constitui o ritidoma. Independentemente da origem das células que a compõe, as camadas mais externas da casca morta são constituídas de tecidos mais velhos. O aspecto do ritidoma depende do tipo de formação da casca morta. Se essas células mortas são continuamente desprendidas, o aspecto do ritidoma será liso, e no corte transversal a casca
morta será muito fina ou até mesmo imperceptível. Em, geral, quando a casca morta é espessa, dependendo de como se desprende, produz os vários padrões de desprendimento apresentados nas páginas anteriores. Na casca morta, padrões da casca viva podem ser mais evidentes, como, por exemplo, quando é composta de anéis de fibras discolores. A regularidade ou continuidade desses anéis também podem apresentar padrões distintos.
Chrysophyllum amazonicum
Manilkara bidentata Pouteria filipes Pouteria freitasii Pouteria guianensis
Sapotaceae
Platymiscium duckei
Leguminosae
Guarea scabra
Meliaceae
Mouriri collocarpa
Memecylaceae
Pouteria reticulata Pouteria rostrata
Sapotaceae
Clusiaceae
Lorostemon coelhoi Aniba ferrea
Lauraceae
Lecythis pisonis Lecythis zabucajo Lecythis gracieana
Lecythidaceae
CA
SC
A M
OR
TA
Quando a casca morta (e conseqüentemente o ritidoma) tem textura de cortiça ou súber (rolha), ela é denominada de suberosa. Este tipo de casca, comum em plantas do cerrado (à qual se atribui função de proteção contra fogo), é raro entre as espécies da Reserva, tendo sido observado nas famílias exemplificadas abaixo. Em geral, o ritidoma dessas espécies é fissurado e a casca morta suberosa apresenta-se espessa, com textura compacta e coloração bege.
Inga suberosa
Leguminosae
Guarea pubescens
Meliaceae
Miconia affinis
Melastomataceae Myrtaceae
Myrcia paivae Passiflora aff. riparia
Passifloraceae