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CARACARACARACARACTERIZAÇÃO CTERIZAÇÃO CTERIZAÇÃO CTERIZAÇÃO DOSDOSDOSDOS RIOS RIOS RIOS RIOS AFLUENTES AFLUENTES AFLUENTES AFLUENTES À LAGOA À LAGOA À LAGOA À LAGOA
DE ÓBIDOS DE ÓBIDOS DE ÓBIDOS DE ÓBIDOS
Novembro e Dezembro de 2007
VERSÃO FINAL
Coordenação: Ramiro Neves e Madalena Santos.
Equipa IST: Joana Beja, Susana Nunes.
Janeiro de 2008
R E L A T Ó R I O D E
C A M P A N H A
Índice
SUMÁRIO EXECUTIVO ............................................................................................................................6
1 ESTRATÉGIA DE AMOSTRAGEM .................................................................................................7
1.1 Pontos e condições de amostragem .......................................................................................7
1.2 Condições ambientais.................................................................................................................8
1.3 Execução da amostragem ..........................................................................................................8
2 MEDIÇÃO IN SITU E ANÁLISE LABORATORIAL .....................................................................9
2.1 Parâmetros físico-químicos .......................................................................................................9
2.2 Nutrientes e Clorofila-a.............................................................................................................9
2.3 Caudal.............................................................................................................................................9
3 RESULTADOS................................................................................................................................... 10
3.1 Caudais........................................................................................................................................ 10
3.2 Medições in situ: parâmetros físico-químicos e Clorofila-a ............................................ 11
3.3 Nutrientes e Sólidos suspensos totais................................................................................. 12
3.4 Classificação de acordo com o INAG ................................................................................. 16
4 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 19
Ficha de Documentação Título Title
Caracterização dos rios afluentes à Lagoa de Óbidos: Novembro e Dezembro.
Characterization of Óbidos lagoon river discharges: Monitoring campaign Report of November and December 2007.
Palavras Chave Keywords
Monitorização, rios afluentes, qualidade da água.
Monitoring, discharges, water quality.
Resumo Abstract
Este relatório tem como objectivo caracterizar
os afluentes à Lagoa de Óbidos, nas campanhas
de Novembro e Dezembro de 2007.
A nova estratégia de amostragem permitiu
concluir que existem descargas importantes
(que não a ETAR das Caldas da Rainha) entre
o troço Cal_Cidade e Cal_Montante,
responsáveis pelas elevadas cargas de amónia e
fosfato que continuam a afluir à entrada do
braço da Barrosa.
This report characterizes the Óbidos Lagoon
tributaries, in the campaigns of November and
December 2007.
The new strategy of sampling allowed to
conclude that important discharges exist (that
not caldas da Rainha WWTP) between the
chunk Cal_Cidade and Cal_Montante. This
discharge seems to be responsible for high
concentrations of ammonia and phosphate,
which continues to flow, at the entrance of
Barrosa arm.
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Instituto Superior Técnico - MARETEC Secção de Ambiente e Energia - Departamento de Engenharia Mecânica Av. Rovisco Pais 1049-001 Lisboa Tel: +351 21 841 9432 – Fax: +351 21 841 9423 Email: [email protected]
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Data de produção Nº de pág. Projecto
Janeiro 2008 19 Monitorização da zona de descarga do emissário submarino da Foz do Arelho e da Lagoa de Óbidos
Índice de Tabelas
Tabela 1. Coordenadas militares portuguesas e geográficas nos principais afluentes. .................7 Tabela 2. Estado do tempo nos dias das campanhas nos rios afluentes. .........................................8 Tabela 3. Métodos usados pelo laboratório do IST para determinação dos principais nutrientes nas amostras dos rios e valas de drenagem afluentes à Lagoa de Óbidos. ....................9 Tabela 4. Dados de caudal em m3/s nos rios e valas de drenagem afluentes à Lagoa de Óbidos em 27 de Novembro e 12 de Dezembro de 2007. .............................................................................. 10 Tabela 5. Dados de temperatura, salinidade, pH, turbidez, oxigénio dissolvido e Clorofila-a medidos in situ com a sonda nos rios e valas de drenagem afluentes à Lagoa de Óbidos em 27 de Novembro de 2007................................................................................................................................. 11 Tabela 6. Dados de temperatura, salinidade, pH, turbidez, oxigénio dissolvido e Clorofila-a medidos in situ com a sonda nos rios e valas de drenagem afluentes à Lagoa de Óbidos em 12 de Dezembro de 2007. ................................................................................................................................ 11 Tabela 7. Dados de nutrientes (amónia, nitrato, nitrito e fosfato), e sólidos suspensos totais (SST) determinados em laboratório nos rios e valas de drenagem afluentes à Lagoa de Óbidos em 27 de Novembro de 2007.................................................................................................................... 13 Tabela 8. Dados de nutrientes (amónia, nitrato, nitrito e fosfato), e sólidos suspensos totais (SST) determinados em laboratório nos rios e valas de drenagem afluentes à Lagoa de Óbidos em 12 de Dezembro de 2007. ................................................................................................................... 13 Tabela 9. Classes de Classificação da Qualidade da Água. ............................................................... 16 Tabela 10. Tabela de classificação por parâmetro. ............................................................................ 17 Tabela 11. Classificação da Qualidade da Água do Rio da Cal de acordo com a classificação do INAG.......................................................................................................................................................... 17 Tabela 12. Classificação da Qualidade da Água do Rio Arnóia/real e vala do Bom Sucesso de acordo com a classificação do INAG. ...................................................................................................... 18
Índice de Figuras
Figura 1. Localização das estações de amostragem nos rios e valas de drenagem afluentes à Lagoa de Óbidos...............................................................................................................................................8 Figura 2. Contribuição dos rios e valas de drenagem afluentes à Lagoa de Óbidos em 27 de Novembro e 12 de Dezembro de 2007. ................................................................................................. 10 Figura 3. Dados de saturação de O2 obtidos na campanha de Novembro e Dezembro no Rio da Cal. .............................................................................................................................................................. 12 Figura 4. Dados de Amónia obtidos na campanha de Novembro e Dezembro no Rio da Cal............................................................................................................................................................................ 14 Figura 5. Dados de Fosfato obtidos na campanha de Novembro e Dezembro no Rio da Cal............................................................................................................................................................................ 14 Figura 6. Dados de Nitrato obtidos na campanha de Novembro e Dezembro no Rio da Cal............................................................................................................................................................................ 15 Figura 7. Dados de Nitrito obtidos na campanha de Novembro e Dezembro no Rio da Cal.15
SUMÁRIO EXECUTIVO
O presente relatório refere-se às campanhas de amostragem realizadas em Novembro e
Dezembro de 2007, nos rios afluentes à Lagoa de Óbidos. Este relatório foi elaborado no
âmbito do protocolo de colaboração entre a empresa Águas do Oeste, S.A. e o IST e visa
monitorizar a situação ambiental dos afluentes à Lagoa de Óbidos.
O relatório encontra-se organizado em 4 capítulos:
No Capítulo 1 descreve-se a estratégia de amostragem, destacando os locais de estudo, as
condições climatéricas e os parâmetros analisados.
O Capítulo 2 descreve as metodologias de amostragem, referindo os métodos laboratoriais e
descrevendo o funcionamento dos sensores.
O Capítulo 3 apresenta e interpreta os resultados das determinações in situ com sensores e
das análises laboratoriais, avaliando a qualidade dos rios afluentes à Lagoa de Óbidos.
O Capítulo 4 refere as conclusões relevantes.
De um modo global, os resultados obtidos através da nova estratégia de amostragem no Rio
da Cal, mostram que existem descargas importantes no troço ente o ponto Cal_Cidade e
Cal_Montante, responsáveis pelas elevadas cargas de amónia e fosfato que continuam a afluir à
entrada do braço da Barrosa. Estas descargas não podem estar relacionadas com a ETAR das
Caldas da Rainha, porque esta fica situada a jusante do troço onde foram detectadas elevadas
concentrações, e também porque a ETAR se encontra ligada ao emissário submarino da Foz
do Arelho, desde Setembro de 2005.
Relatório: Novembro e Dezembro de 2007
IST/IPIMAR 7
1 ESTRATÉGIA DE AMOSTRAGEM
1.1 Pontos e condições de amostragem
As recolhas de água nos rios afluentes à Lagoa de Óbidos tiveram lugar a 27 de Novembro e
12 de Dezembro de 2007. Os afluentes monitorizados foram o Rio da Cal, confluência do Rio
Arnóia/Real, vala de drenagem do Braço do Bom Sucesso e vala de drenagem das Ferrarias,
com recolhas à superfície e em baixa-mar nos pontos influenciados pela maré. O Rio da Cal foi
monitorizado em três pontos, um próximo do braço da Barrosa e a jusante da ETAR das
Caldas da Rainha (Cal_Jusante), outro a montante da ETAR (Cal_Montante) e outro nas
imediações da cidade das Caldas da Rainha (Cal_Cidade).
A monitorização “cercada” no Rio da Cal tem com o objectivo de (i) caracterizar a variação
das cargas de nutrientes ao longo do rio e (ii) explicar as elevadas cargas que continuam a
afluir à Lagoa de Óbidos na zona do braço da barrosa, mesmo após a ligação da ETAR das
Caldas da Rainha ao emissário submarino da Foz do Arelho. Convém no entanto referir que
embora elevadas, as cargas afluentes são menores do que antes da entrada em funcionamento
do emissário submarino da Foz do Arelho.
A Tabela 1 apresenta as coordenadas (militares portuguesas e geográficas) das estações acima
referidas e na Figura 1 a sua localização.
Tabela 1. Coordenadas militares portuguesas e geográficas nos principais afluentes.
Militares Portuguesas1 (m) Geográficas2 (º) Estação
x Y Longitude Latitude
Rio da Cal (Cal_Jusante) 110146 270911 -9.1750 39.4000
Rio da Cal (Cal_Montante) 111589 271316 -9.1583 39.4038
Rio da Cal (Cal_Cidade) 113725 270493 -9.1334 39.3966
Rio Arnóia/Real 107977 269604 -9.200 39.388
Bom Sucesso 105731 269187 -9.226 39.384
Ferrarias 105652 269743 -9.227 39.389
1 Datum Hayford-Gauss Lisboa Militar 2 Datum WGS84
Relatório: Novembro e Dezembro de 2007
IST/IPIMAR 8
Figura 1. Localização das estações de amostragem nos rios e valas de drenagem afluentes à Lagoa de Óbidos.
1.2 Condições ambientais
As condições ambientais nos dias das campanhas são apresentadas na Tabela 2.
Tabela 2. Estado do tempo nos dias das campanhas nos rios afluentes.
27/11/2007 12/12/2007 Estado do Tempo
9h 15h 9h 15h
Céu
Temperatura (ºC) 11 14 9 14 Precipitação (mm/3h) 0 0 0 0
Condições Atmosféricas
Nebulosidade (%) 0 1 76 39 Rumo Nordeste Nordeste Este Este Vento Intensidade (m/s) 5 3.5 4 3 Preia-Mar 16h 38m; 3.27 m 16h 12m; 2.96 m Maré
(Porto de Peniche) Baixa-Mar 10h 25m; 0.58 m 10h 04m; 0.91 m
1.3 Execução da amostragem
A campanha de amostragem nos rios afluentes à Lagoa de Óbidos, incluiu a medição in situ de
parâmetros físico-químicos com a sonda multiparamétrica YSI 6600 EDS. Foram ainda
recolhidas amostras à superfície para analisar os principais nutrientes no laboratório do IST.
Nos Rios Arnóia/Real e Rio da Cal, o caudal foi quantificado com recurso ao ADCP Stream Pró
e nas valas de drenagem com o FlowTracker ADV.
ETAR das Caldas da
Rainha
Relatório: Novembro e Dezembro de 2007
IST/IPIMAR 9
2 MEDIÇÃO IN SITU E ANÁLISE LABORATORIAL
As metodologias analíticas usadas para determinação em laboratório e sensores são descritas
nesta secção.
2.1 Parâmetros físico-químicos
Temperatura, Salinidade, pH e turbidez. A temperatura, salinidade, pH e turbidez foram
medidos in situ com uma sonda devidamente calibrada, sendo todas as especificações e registos
objecto de um documento que foi facultado à Aguas do Oeste, S.A.
Sólidos em suspensão. Os sólidos suspensos totais foram determinados segundo o método
SMEWW 2540- D.
2.2 Nutrientes e Clorofila-a
Nutrientes. Os nutrientes foram determinados de acordo com os métodos laboratoriais
apresentados na Tabela 3.
Tabela 3. Métodos usados pelo laboratório do IST para determinação dos principais nutrientes nas amostras dos rios e valas de drenagem afluentes à Lagoa de Óbidos.
Parâmetro Método
Fosfato SMEWW 4500 P-E Fósforo Total SMEWW 4500 P-E
Azoto Amoniacal M.M. 4.1 (COL)
Azoto Kjeldhal SMEWW 4500 Norg-A e B Nitrato SMEWW 4110 B Nitrito SMEWW 4500 NO2-A e B
Clorofila-a. A Clorofila-a foi medida in situ com a sonda multiparamétrica YSI 6600 EDS.
2.3 Caudal
O caudal no Rio Arnóia/Real e Rio da Cal foi medido usando o ADCP Stream Pro. Para tal foi
necessário fazer o atravessamento da secção dos rios com o equipamento, fornecendo em
cada instante a distribuição vertical de velocidades e a topografia do fundo. No final da secção,
o equipamento calcula directamente o caudal. Para garantir a fiabilidade das medições foram
feitas três medições, devendo estas ser consistentes entre elas. Além disso os valores medidos
são também analisados em conjunto com dados históricos de outros anos, para ter noção da
gama de valores que se pode obter.
Nas valas de drenagem, o caudal foi medido usando o FlowTracker ADV. Este equipamento tem
um funcionamento semelhante ao ADCP Stream Pró, sendo no entanto mais indicado para as
valas de drenagem uma vez que a profundidade destas é menor que as dos rios.
Relatório: Novembro e Dezembro de 2007
IST/IPIMAR 10
3 RESULTADOS
Os resultados da qualidade da água nos afluentes à Lagoa de Óbidos nas campanhas de
Novembro e Dezembro de 2007 são apresentados e discutidos nesta secção.
3.1 Caudais
A Figura 2 mostra a contribuição dos rios afluentes à Lagoa de Óbidos em 27 de Novembro
de 2007 e 12 de Dezembro de 2007. Os dados de caudal obtidos nas campanhas são
apresentados na Tabela 4.
A contribuição da vala de drenagem das Ferrarias para a Lagoa continua a ser nula. Apesar de
terem ocorrido algumas chuvas, estas não foram suficientes para aumentar o caudal de modo
significativo nesta vala de drenagem.
Os resultados mostram que o Rio Arnóia/Real tem a maior contribuição de caudal (acima dos
75%) em termos de afluências de água doce na Lagoa.
Contribuição dos Rios Alfuentes à Lagoa de Óbidos: 27 de Novembro de 2007
5%
78%
17%
Cal Confluência Arnóia/Real Bom Sucesso
Contribuição dos Rios Alfuentes à Lagoa de Óbidos: 12 de Dezembro de 2007
18%
78%
4%
Cal Confluência Arnóia/Real Bom Sucesso
Figura 2. Contribuição dos rios e valas de drenagem afluentes à Lagoa de Óbidos em 27 de Novembro e 12 de Dezembro de 2007.
Tabela 4. Dados de caudal em m3/s nos rios e valas de drenagem afluentes à Lagoa de Óbidos em 27 de Novembro e 12 de Dezembro de 2007.
Caudal (m3/s) Estações
27 de Novembro de 2007 12 Dezembro de 2007
Rio da Cal 0.07 0.08
Rio Arnóia/Real 0.33 0.35
Bom Sucesso 0.02 0.02
Ferrarias 0 0
Relatório: Novembro e Dezembro de 2007
IST/IPIMAR 11
3.2 Medições in situ: parâmetros físico-químicos e Clorofila-a
Os dados obtidos in situ com a sonda para a campanha de 27 de Novembro de 2007 e 12 de
Dezembro de 2007 são apresentados na Tabela 5 e Tabela 6, respectivamente. Nas tabelas são
apresentados os parâmetros físico-químicos (temperatura, salinidade, pH, turbidez, oxigénio
dissolvido e % de saturação de OD) e a Clorofila-a. Como tem vindo a ser referido, é
importante medir a salinidade, porque através deste parâmetro pode-se garantir que a
amostragem no Rio Arnóia/Real é feita sem influência da maré (em baixa-mar).
Os resultados medidos in situ mostram que o ponto do Bom Sucesso exibiu, como
habitualmente, os valores mais elevados de turbidez. Como tem vindo a ser referido, estes
valores são consequência das obras na área circundante.
Do ponto de cal_cidade para cal_Montante a percentagem de saturação é reduzida, em ambas
as campanhas. Esta diminuição, pode ser explicada pelo facto de existir consumo por parte das
bactérias aquando da tentativa de oxidação da amónia proveniente de descargas importantes
que ocorrem no troço ente o ponto Cal_Cidade e Cal_Montante (ver secção 3.3.)
Tabela 5. Dados de temperatura, salinidade, pH, turbidez, oxigénio dissolvido e Clorofila-a medidos in situ com a sonda nos rios e valas de drenagem afluentes à Lagoa de Óbidos em 27 de Novembro de 2007.
Estações Hora Temp (ºC)
Sal pH Turb (NTU)
O2 (mg/L)
O2 (% de sat)
Chl-a (u/L)
Rio da Cal (Cal_Jusante)
15:30 10.0 2.0 7.5 17.3 11 100 30
Rio da Cal (Cal_Montante)
15:00 20.3 1.3 7.6 27.4 3.2 35 6.8
Rio da Cal (Cal_Cidade)
16:00 10.6 0.53 8.3 2.3 11 100 13
Bom Sucesso 14:00 10.2 0.27 7.8 69 12 109 26
Ferrarias Não medido3
Rio Arnóia/Real 13:00 11.2 1.5 8.2 19.7 12 113 16
Tabela 6. Dados de temperatura, salinidade, pH, turbidez, oxigénio dissolvido e Clorofila-a medidos in situ com a sonda nos rios e valas de drenagem afluentes à Lagoa de Óbidos em 12 de Dezembro de 2007.
Estações Hora Temp (ºC)
Sal pH Turb (NTU)
O2 (mg/L)
O2 (% de sat)
Chl-a (u/L)
Rio da Cal (Cal_Jusante)
12:20 17 2 7.8 14 -4 - -
Rio da Cal (Cal_Montante)
12.45 19.5 1.3 7.7 14 4 40 1
Rio da Cal (Cal_Cidade)
13:05 12.1 0.51 8.0 6 13.1 113 3.3
Bom Sucesso 14:30 12.8 0.28 7.9 68 12.9 122 2.8
Ferrarias Não medido
Rio Arnóia/Real 13:30 12.7 0.86 8.2 15 12.6 120 1.4
3 Não foram medidas as propriedades físico-químicas na vala de drenagem das Ferrarias em ambas as campanhas, porque a água estava parada. 4 Não ficaram registados.
Relatório: Novembro e Dezembro de 2007
IST/IPIMAR 12
Figura 3. Dados de saturação de O2 obtidos na campanha de Novembro e Dezembro no Rio da Cal.
3.3 Nutrientes e Sólidos suspensos totais
Os dados determinados em laboratório (nutrientes fosfatados e azotados e sólidos suspensos
totais) para a campanha de 27 de Novembro e 12 de Dezembro, são apresentados na Tabela 7
e Tabela 8, respectivamente. Da Figura 4 à Figura 7 são ilustrados os resultados de amónia,
fosfato, nitrato e nitrito obtidos nos pontos de monitorização no Rio da Cal.
Pelo facto de os cursos de água monitorizados terem vindo a ser discutidos habitualmente nos
relatórios entregues às Águas do Oeste, S.A., neste relatório será dado especial enfoque à
monitorização efectuada no Rio da Cal, uma vez que os dados obtidos através da nova
estratégia de amostragem foram determinantes para esclarecer as elevadas concentrações de
amónia e fosfato à entrada do braço da Barrosa.
Os resultados mostram que existe um aumento da concentração de amónia e fosfato, visível
nas duas campanhas, entre o ponto Cal_Cidade e Cal_Montante. O ponto monitorizado nas
imediações da cidade das Caldas da Rainha (Cal_Cidade) apresenta valores baixos de amónia e
fosfato, reflectindo o estado natural do rio com ausência de fontes de poluição. Pelo contrário,
valores elevados foram registados no ponto Cal_Montante, e só podem ser explicados pela
existência de uma descarga na sua proximidade no troço entre o ponto Cal_Cidade e
Cal_Montante. Este incremento nos teores de amónia e fosfato, não pode ser associado à
ETAR das Caldas da Rainha, mas sim à existência de outra fonte de poluição, porque a ETAR
fica localizada a jusante deste troço e desde Setembro de 2005 que se encontra ligada ao
emissário submarino da Foz do Arelho.
Os resultados obtidos mostram ainda que as cargas à entrada do braço da Barrosa continuam
a ser elevadas porque existem outras fontes de poluição (que não só a ETAR quando
Relatório: Novembro e Dezembro de 2007
IST/IPIMAR 13
descarregava para o rio), geradoras de elevadas cargas de amónia e fosfato para o Rio da Cal.
Os resultados sugerem que as descargas importantes ocorrem no troço ente o ponto
Cal_Cidade e Cal_Montante.
Entre o ponto Cal_Montante e Cal_Jusante, pelo contrário, foram registados valores mais
elevados de nitrato e nitrito, estando associados ao processo de nitrificação, levado a cabo
pelas bactérias (bactérias nitrificantes). Numa primeira fase a amónia é convertida em nitritos
(NO2) e numa segunda fase (através de outro tipo de bactérias nitrificantes) os nitritos são
convertidos em nitratos (NO3). A diferença dos valores de nitrato entre campanhas só poderá
ser explicada através de resultados de outras campanhas, uma vez que com os dados obtidos
até à data não é possível justificar esta diferença.
Quanto ao Rio Arnóia/Real, exibiu como habitualmente valores elevados de nitrato e fosfato,
reflexo dos campos agrícolas na sua envolvente.
A vala de drenagem do Bom sucesso, é um bom exemplo de um curso de água sem problemas
de poluição, uma vez que apresenta concentrações baixas dos principais nutrientes azotados e
fosfatados.
Tabela 7. Dados de nutrientes (amónia, nitrato, nitrito e fosfato), e sólidos suspensos totais (SST) determinados em laboratório nos rios e valas de drenagem afluentes à Lagoa de Óbidos em 27 de Novembro de 2007.
27 de Novembro de 2007
Hora Fosfato
(mgP2O5/L) Pt
(mgP/L) NH4
(mgNH4/L) NO3
(mgNO3/L) NO2
(mgNO2/L) Nt
(mgN/L) SST
(mg/L) Rio da Cal
(Cal_Jusante) 15:30 1.4 0.3 5.5 1 0.36 5.3 16
Rio da Cal (Cal_Montante)
15:00 9.1 2.1 15 <0.3 0.02 19 -5
Rio da Cal (Cal_Cidade)
16:00 0.53 0.4 0.14 5.4 0.04 1.8 -
Bom Sucesso 14:00 0.12 <0.08 0.28 7.6 0.19 2.5 47
Rio Arnóia/Real 13:00 1.6 0.28 2.4 18 0.35 6.2 23
Tabela 8. Dados de nutrientes (amónia, nitrato, nitrito e fosfato), e sólidos suspensos totais (SST) determinados em laboratório nos rios e valas de drenagem afluentes à Lagoa de Óbidos em 12 de Dezembro de 2007.
12 de Dezembro de 2007
Hora Fosfato
(mgP2O5/L) Pt
(mgP/L) NH4
(mgNH4/L) NO3
(mgNO3/L) NO2
(mgNO2/L) Nt
(mgN/L) SST
(mg/L) Rio da Cal
(Cal_Jusante) 12:20 2.6 0.42 2.9 6.2 0.74 9.6 55
Rio da Cal (Cal_Montante)
12.45 7.1 1.1 15 <0.3 0.03 16 -
Rio da Cal (Cal_Cidade)
13:05 0.1 0.02 0.39 5.6 0.06 2 -
Bom Sucesso 14:30 <0.03 <0.08 0.26 9.7 0.10 5.1 34
Rio Arnóia/Real 13:30 2.1 0.33 2 18 0.46 6.3 19
5 Os sólidos suspensos totais (SST) só são medidos à entrada do braço da Barrosa (Cal_Jusante).
Relatório: Novembro e Dezembro de 2007
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Figura 4. Dados de Amónia obtidos na campanha de Novembro e Dezembro no Rio da Cal.
Figura 5. Dados de Fosfato obtidos na campanha de Novembro e Dezembro no Rio da Cal.
Relatório: Novembro e Dezembro de 2007
IST/IPIMAR 15
Figura 6. Dados de Nitrato obtidos na campanha de Novembro e Dezembro no Rio da Cal. No caso do ponto Cal_Montante os valores encontravam-se abaixo do limite de detecção (L.D<0.3).
Figura 7. Dados de Nitrito obtidos na campanha de Novembro e Dezembro no Rio da Cal.
Relatório: Novembro e Dezembro de 2007
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3.4 Classificação de acordo com o INAG
Os resultados obtidos foram comparados com a classificação adoptada pelo Instituto Nacional
da Água (INAG). Esta classificação, visa avaliar a qualidade da água para usos múltiplos (Tabela
9). As classes são atribuídas de acordo com uma gama de valores, com limites mínimos e
máximos de um vasto conjunto de parâmetros (Tabela 10).
Os resultados obtidos são apresentados na Tabela 11e na Tabela 12. Os resultados mostram
que o Rio da Cal apresenta contaminação por amónia e fosfato, no ponto Cal_Montante e
Cal_Jusante em ambas as campanhas (classe D e E). Tal como foi referido anteriormente, as
cargas à entrada do braço do Bom Sucesso continuam a ser elevadas porque existem outras
fontes de poluição, que não só a ETAR das Caldas da Rainha quando descarregava para o Rio
da Cal. Pelo contrário o ponto Cal_Cidade apresenta-se fracamente poluído em relação a
estes dois parâmetros.
O Rio Arnóia/Real apresenta alguma contaminação por amónia (classe D) e fosfato (classe E).
No caso da vala do Bom Sucesso, apresenta-se como “sem poluição” ou “fracamente poluída”
em relação à maior parte dos parâmetros.
Tabela 9. Classes de Classificação da Qualidade da Água.
Classe Nível de Qualidade
A – Excelente Águas com qualidade equivalente às condições naturais, aptas a satisfazer potencialmente as utilizações mais exigentes em termos de qualidade.
B – Boa Águas com qualidade ligeiramente inferior à classe A, mas podendo também satisfazer potencialmente todas as utilizações.
C – Razoável
Águas com qualidade "aceitável", suficiente para irrigação, para usos industriais e produção de água potável após tratamento rigoroso. Permite a existência de vida piscícola (espécies menos exigentes) mas com reprodução aleatória; apta para recreio sem contacto directo.
D – Má Águas com qualidade "medíocre", apenas potencialmente aptas para irrigação, arrefecimento e navegação. A vida piscícola pode subsistir, mas de forma aleatória.
E – Muito Má Águas extremamente poluídas e inadequadas para a maioria dos usos.
Relatório: Novembro e Dezembro de 2007
IST/IPIMAR 17
Tabela 10. Tabela de classificação por parâmetro.
A B C D E
Excelente Boa Razoável Má Muito Má Parâmetro
Min Max Min Max Min Max Min Max
Arsénio (mgAs/l) - 0.01 - 0.05 - - - 0.1 0.1
Azoto Amoniacal (mgNH4/l) - 0.5 - 1.5 - 2.5 - 4 > 4
Azoto Kjeldahl (mgN/l) - 0.5 - 1.0 - 2 - 3 >3
Cádmio (mgCd/l) - 0.001 - 0.005 - 0.005 - >0.005
Carência Bioquímica de Oxigénio (mgO2/l) - 3 - 5 - 8 - 20 >20
Carência Química de Oxigénio (mgO2/l) - 10 - 20 - 40 - 80 >80
Chumbo (mgPb/l) - 0.05 - - - 0.1 - 0.1 >0.1
Cianetos (mgCN/l) - 0.05 - - - 0.08 - 0.08 >0.08
Cobre (mgCu/l) - 0.05 - 0.2 - 0.5 - 1 >1
Coliformes fecais (/100ml) - 20 - 2000 - 20000 - >20000
Coliformes totais (/100ml) - 50 - 5000 - 50000 - >50000
Condutividade (µS/cm, 20ºC) - 750 - 1000 - 1500 - 3000 >3000
Crómio (mgCr/l) - 0.05 - - - 0.08 - 0.08 >0.08
Estreptococos fecais (/100 ml) - 20 - 2000 - 20000 - >20000
Fenóis (mgC6H5OH) - 0.001 - 0.005 - 0.01 - 0.1 >0.1
Ferro (mgFe/l) - 0.5 - 1 - 1.5 - 2 >2
Fosfatos (mgP2O5/l) - 0.4 - 0.54 - 0.94 - 1 >1
Fósforo P (mgP/l) - 0.2 - 0.25 - 0.4 - 0.5 >0.5
Manganês (mgMn/l) - 0.1 - 0.25 - 0.5 - 1 >1
Mercúrio (mgHg/l) - 0.0005 - - - 0.001 - 0.001 >0.001
Nitratos (mgNO3/l) - 5 - 25 - 50 - 80 >80
Oxidabilidade - 3 - 5 - 10 - 25 >25
Oxigénio Dissolvido (sat.) (% sat. O2) 90 - 70 - 50 - 30 - <30
pH (Escala Sorensen) 6.5 8.5 5.5 9 5 10 4.5 11 >11
Selénio (mgSe/l) - 0.01 - - - 0.05 - 0.05 >0.05
Sólidos Suspensos Totais (mg/l) - 25 - 30 - 40 - 80 >80
Substâncias Tensioactivas (mg/l) (sulfato de lauril e sódio)
- 0.2 - - - 0.5 - 0.5 >0.5
Zinco (mgZn/l) - 0.3 - 1 - 3 - 5 >5
Tabela 11. Classificação da Qualidade da Água do Rio da Cal de acordo com a classificação do INAG.
Rio da Cal Novembro Dezembro Parâmetro
Cal_Jusante Cal_Montante Cal_Cidade Cal_Jusante Cal_Montante Cal_Cidade
Amónia (mgNH4/L) 5.5 15 0.14 2.9 15 0.39
Nitrato (mgNO3/L) 1.0 - 5.4 6.2 - 5.6
Fosfatos (mgP2O5/L) 1.4 9.1 0.53 2.6 7.1 0.1
Fósforo P (mgP/l) 0.3 2.1 0.4 0.42 1.1 0.02
pH 7.5 7.6 8.3 7.8 7.7 8.0
Sat. OD (%) 100 35 100 - 40 113
SST (mg/L) 16 - 55 -
Relatório: Novembro e Dezembro de 2007
IST/IPIMAR 18
Tabela 12. Classificação da Qualidade da Água do Rio Arnóia/real e vala do Bom Sucesso de acordo com a classificação do INAG.
Rio Arnóia/Real Bom Sucesso Parâmetro
Novembro Dezembro Novembro Dezembro
Amónia (mgNH4/L) 2.4 2.0 0.28 0.26
Nitrato (mgNO3/L) 18 18 7.6 9.7
Fosfatos (mgP2O5/L) 1.6 2.1 0.12 -
Fósforo P (mgP/l) 0.28 - 0.33 -
pH 8.2 8.2 7.8 7.9
Sat. OD (%) 113 120 109 122
SST (mg/L) 23 19 47 34
Relatório: Novembro e Dezembro de 2007
IST/IPIMAR 19
4 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sobre os Rios Afluentes
A nova estratégia de amostragem adoptada para monitorizar o Rio da Cal, foi bastante
importante um vez que permitiu tirar conclusões relevantes relativamente às elevadas
concentrações em termos de amónia e fosfato, que continuam a afluir à entrada do braço da
Barrosa. Os resultados mostram que existe um incremento nos teores de amónia e fosfato,
visível nas duas campanhas, entre o ponto Cal_Cidade e Cal_Montante, sugerindo que
descargas importantes ocorrem neste troço. Estas descargas não podem estar relacionadas
com a ETAR das Caldas da Rainha, porque esta fica a jusante do troço monitorizado e também
porque se encontra ligada ao emissário submarino da Foz do Arelho, desde Setembro de
2005. Deste modo, as elevadas concentrações de amónia e fosfato que continuam a ser
medidas à entrada do braço da Barrosa, podem estar relacionadas com as descargas que
ocorrem entre o ponto Cal_Cidade e Cal_Montante.
Os Rios Arnóia/Real, são a principal fonte de nitrato na Lagoa, evidenciando a influência da
actividade agrícola nestas bacias de drenagem.
A vala de drenagem do Bom sucesso, é um bom exemplo de um curso de água sem problemas
de poluição, uma vez que apresenta concentrações baixas dos principais nutrientes azotados e
fosfatados.