Retidão
Título original: Uprightness
Extraído de: The Cristoians Reasonable Service
Por Wilhelmus à Brakel (1635-1711)
Traduzido, adaptado e editado
por Silvio Dutra
Nov/2016
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A474 à Brakel, Wilhelmus - 1635-1711 Retidão / Wilhelmus à Brake Tradução , adaptação e edição por Silvio Dutra – Rio de Janeiro, 2016. 37p.; 14,8 x 21cm Título original: Uprightness 1. Teologia. 2. Vida Cristã 2. Graça 3. Fé. 4. Alves,
Silvio Dutra I. Título CDD 230
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Sumário
Definição.....................................................................
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O Padrão da Retidão: Veracidade..................
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Deus: A Origem da Retidão................................
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Hipocrisia: o Pecado do Ímpio.........................
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Crentes Verdadeiros: Retos por Princípio..
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A Necessidade de Ser Exortado para Ser
Reto................................................................................
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Os Meios para a Retidão......................................
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Definição
A retidão é indicada por várias palavras
diferentes na língua hebraica, cada uma das
quais apresenta o seu significado a partir de uma perspectiva diferente. Há yashar, que
significa: estar certo, fazer bem, governar, suavizar.
A partir desta perspectiva, a retidão é como uma via uniforme e suave que é reta e sem curvas,
guiando o pedestre de uma maneira direta ao seu objetivo. Isto está de acordo com o
significado de nossa palavra em inglês “uprightness”, que significa retidão, acerto,
estar no caminho certo, proceder da maneira correta.
Há ainda em hebraico a palavra tom, que é derivada de tamam. Esta significa: completar,
cumprir, aperfeiçoar. Assim, a retidão torna tudo perfeito e aplica os últimos retoques a
todas as virtudes; sem ela tudo é imperfeito e inválido.
Há também nakoach, que é derivada de nokach. Esta significa: favor, acabamento. A retidão
assim proposta significa “objetivo”; tê-lo em vista, e não desviar-se do mesmo, nem para a
direita, nem para a esquerda.
Depois, há Emeth. Quando os hebreus falam retamente, dizem, beemeth - em verdade,
verdade, ou seja, amém.
Em grego temos gnesion , que significa “nascer
legalmente”, uma vez que apenas o que nasce e
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prossegue legalmente do homem, é o resultado da conduta correta.
Há aptharsia, que significa “incorruptibilidade’,
e é assim indicativa da retidão, da pureza de alguma coisa, de não ter o princípio da
corrupção nela, e que sempre permanece imutavelmente a mesma.
Depois, há Eilikrineia, que descreve o que pode
ser distinguido pela luz do sol, porque a retidão pode suportar a luz e ser observada na luz solar.
“Mas quem pratica a verdade vem para a luz, para que as suas obras sejam manifestas, porque
são feitas em Deus.” (João 3:21).
A retidão é uma virtude cristã que Deus, por
meio da Palavra, plantou no coração dos crentes, pela qual eles fazem a vontade de Deus em verdade.
Nós designamos a retidão como sendo uma virtude. Não é uma virtude específica que é
aplicável somente em determinadas situações. Pelo contrário, é uma virtude universal que
engloba todas as virtudes. Assim, tudo o que o homem faz, não é uma virtude, a menos que seja
acompanhado de retidão, por assim dizer, que esteja impregnado com ela. A perfeição diz
respeito à posse de todas as virtudes.
Onde quer que haja uma deficiência, não há perfeição. A retidão pertence à maneira pela
qual as virtudes são exercidas, no entanto, não pode ser retidão aquilo que é realizado de forma
deficiente.
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A retidão é uma virtude cristã. Em algumas pessoas não convertidas há uma retidão natural;
nem todas as suas ações são hipócritas. Assim como lidam e caminham entre as pessoas, há
muitas coisas também, tanto quanto a sua religião está em causa – aquilo que eles fazem
com o coração. O que eles fazem é apenas de natureza externa. Eles perdem a disposição do coração, e seu coração não é espiritual, nem
regenerado. Eles não têm em vista o objetivo espiritual que deveriam ter. Portanto, nas coisas
espirituais eles também não têm retidão espiritual, e isto é nada mais do que um trabalho
natural. Se o Senhor Jesus lhes ordenasse fazer algo em que não encontram prazer, então, como
o jovem rico eles partem com tristeza (Mateus 19: 16-22).
A retidão cristã é de uma natureza inteiramente
diferente, no entanto ela tem objetos diferentes, já que procede de um coração diferente, tendo
um objetivo diferente, diferindo também na forma. Ela procede da união com Cristo e é,
portanto, a conformidade com Cristo. É, por isso chamada de retidão cristã.
O assunto desta virtude é o coração do crente.
Antes da regeneração, os filhos de Deus são como todos os outros homens; : cegos, ímpios,
fracos espiritualmente, sem vontade, e mortos em pecados e ofensas. No entanto, o Senhor
concede-lhes o Seu Espírito, que ilumina, regenera e os vivifica unindo-os a Cristo, para
que Cristo viva neles e eles em Cristo.
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Por isso, em todas as circunstâncias, eles fazem tudo a partir de um princípio e maneira
totalmente diferentes.
O assento da retidão nunca é para ser
encontrado no rosto, na roupa, na boca, nem nas suas ações, mas em seu coração. Seu intelecto é
iluminado por uma luz maravilhosa, sua vontade abraça as coisas espirituais que lhes são
reveladas por essa luz, e suas paixões fluem dessas coisas, a fim de tê-los na posse e
execução de forma agradável ao Senhor. Têm, assim, uma propensão interna que brilha em
seus rostos, roupas, palavras e atos.
Os crentes são retos. “Os justos te amam” (Ct 1:
4); “Nota o homem perfeito, e considera o reto” (Sl 37.37).
Eles são retos de coração: “... Deus, que salva os retos de coração” (Sl 7:10);
“a luz é semeada para o justo, e a alegria para os retos de coração” (Sl 97:11).
Eles são perfeitos em seus caminhos. “A retidão
guarda ao que é reto no seu caminho” (Pv 13: 6); “Abençoados são os retos em seus caminhos”
(Sl 119: 1).
O objeto da retidão é a vontade de Deus. Deus
revelou na Lei à sua igreja, o que ele ordena, o que lhe agrada, e o que proíbe.
A pessoa reta abraça essa vontade voluntariamente com alegria como sendo a
vontade de Deus, sem qualquer exceção, tanto quanto ao conteúdo, forma, tempo ou lugar. Tal
é a maneira pela qual a pessoa reta lida com a lei.
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Seu intelecto está envolvido em manter esta regra em foco, a vontade ama isto, e os afetos
fluem disto.
O objetivo singular da pessoa reta é fazer a vontade de Deus, e nisso persevera sem
qualquer motivo ulterior. “Seja perfeito o meu coração nos teus estatutos, para que eu não seja
envergonhado.” (Sl 119: 80). “Portar-me-ei sabiamente no caminho reto. Oh,
quando virás ter comigo? Andarei em minha casa com integridade de coração.” (Sl 101: 2)
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O Padrão da Retidão: Veracidade
O padrão de retidão consiste em fazer todas as
coisas, na verdade. Pilatos perguntou uma vez:
“O que é a verdade?“ Mas ele não esperava uma resposta. Você, no entanto, ouviu o que é a
verdade. Em primeiro lugar, Deus é a verdade (Dt 32: 4). Ele não é nada senão verdade,
essência, vida, eternidade, santidade e glória. Deus é a origem de toda a verdade. Sua obra é
verdade e suas palavras são verdade. Em segundo lugar, o Senhor Jesus é a verdade (João
14: 6), pois ele é o antítipo e a forma de cumprimento dos tipos e sombras. Em terceiro
lugar, a palavra de Deus é a verdade (João 17:17), e é o objeto e regra que devem ser cridos e
executados. Em quarto lugar, há também a verdade que pode ser encontrada dentro do
homem. “Eis que desejas que a verdade esteja no íntimo;” (Sl 51: 6). Isto é última coisa que vamos
discutir aqui. A isso pertence a verdade como ela se relaciona com a nossa mente, coração, boca,
obras e objetivos.
(1) Há a verdade que pertence ao intelecto. Assim, o intelecto, sendo iluminado pelo
Espírito Santo, percebe e compreende as coisas divinamente reveladas – que dizem respeito ao
caminho da salvação através de Cristo - em uma forma tal como é consistente com a sua própria
essência. Há harmonia entre a percepção e as próprias coisas em si mesmas. “...segundo a fé
dos eleitos de Deus, e o pleno conhecimento da
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verdade que é segundo a piedade” (Tito 1: 1). Isto é ter “a mente de Cristo” (1 Cor 2:16). ” se é que o
ouvistes, e nele fostes instruídos, conforme é a verdade em Jesus,” (Ef 4:21); “Como a verdade de
Cristo está em mim” (2 Cor 11:10).
(2) Há uma veracidade do coração, que é a
aquiescência da vontade com as verdades divinas para serem cridas e realizadas. O
coração está unido com essa vontade para que, com desejo e amor ele creia e faça essa vontade.
Assim, o que é verdade na Palavra de Deus, também é verdade dentro deles. ”Oh quanto
amo a Tua lei “ (Sl 119: 97); “Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus;”
(Rm 7:22).
(3) Há uma verdade verbal, que é a harmonia das palavras com o coração – o coração que, como
acabamos de afirmar, agora está iluminado e exerce amor. Isso transparece quando falamos
de coisas divinas, confessamos a verdade, e em nossa comunhão com as pessoas, expressamos
o assunto como ele é e como ele deve ser encontrado no coração. “Minha boca falará a
verdade” (Prov 8: 7); “para o que eu digo a verdade em Cristo, e não minto” (1 Tm 2. 7);
“Cada um fale a verdade com o seu próximo” (Ef 4:25).
(4) Há uma verdade de desempenho quando nosso semblante e conversação – revelando
regozijo independentemente de estarmos ocupados em assuntos espirituais ou temporais
- concordam com o coração que conhece e ama
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a vontade de Deus como revelada na sua Palavra. “Oh! quanto amo a tua lei! ela é a minha
meditação o dia todo.” (Sl 119: 97); “Mas sede cumpridores da Palavra” (Tiago 1:22); “Porque
eu, o Senhor, amo o juízo, odeio o que foi roubado oferecido em holocausto; portanto,
firmarei a sua obra em verdade” (Isaías 61: 8); “Tenho visto que alguns de teus filhos andam na verdade” (2 Jo 4).
Há uma verdade de objetivo quando o nosso objetivo está em harmonia com a vontade de
Deus, assim como o nosso coração, boca e atos. Em sendo reto isto é particularmente
necessário - que o objetivo que temos em vista esteja em harmonia com tudo o que dizemos, ou
então tudo o mais será corrompido. Um mau objetivo corrompe todos os bons meios e o mal
consiste em se corromper um bom objetivo. “Se eu tivesse guardado iniquidade no meu coração,
o Senhor não me teria ouvido” (Sl 66:18); “A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os
teus olhos forem bons, todo teu corpo terá luz; se, porém, os teus olhos forem maus, o teu
corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes são tais trevas!”
(Mat 6: 22-23). Agora, considere tudo isso coletivamente; tudo deve harmonizar-se.
Quando tudo isso se harmoniza, há verdade, e esta veracidade constitui a verdadeira essência
da retidão. Quando tal veracidade está faltando em alguma medida, a retidão não vai estar
funcionando.
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Deus: A Origem da Retidão
Deus é a causa da retidão, pois Deus concede
luz para se conhecer a verdade, dá amor à
verdade, e dá a verdade no coração. Assim, isso também é verdade para a retidão em todas as
ações que emitem luz do coração que está espiritualmente vivo. “Porque eu, o Senhor,
amo o juízo, odeio o que foi roubado oferecido em holocausto; portanto, firmarei em verdade a
sua obra.” (Isaías 61: 8). Davi reconheceu que isso procedia do Senhor e ele, portanto, orou por
isto. “Seja perfeito o meu coração nos teus estatutos, para que eu não seja envergonhado.”
(Sl 119: 80). Embora Deus toque e reforme diretamente o coração, ele, no entanto, usa a
Palavra como meio. “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (João 17:17).
A natureza desta virtude tendo sido apresentada - todo mundo é obrigado a exercê-la. Deus exigiu
isso de Abraão e de todos os que são seus filhos pela fé. “Anda na minha presença, e sê perfeito”
(Gn 17: 1); “Perfeito serás para com o Senhor teu Deus.” (Dt 18:13); “Sejam pois, prudentes como
as serpentes e simples como as pombas” (Mt 10:16).
Seu coração vai estar interiormente convencido da justeza desta exigência e da sua obrigação
para com a mesma.
Assim que você se volta para a verdade que
mencionamos – e olha para a mesma como para
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um espelho, que tipo de pessoa você se considera? Alguém que é reto?
É necessário trazer aqueles que não são retos sob convicção, por lhes mostrar o seu estado
miserável; e que isto possa ser o meio para a sua conversão. Também é necessário convencer os
retos de sua deficiência a este respeito.
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Hipocrisia: o Pecado do Ímpio
Em primeiro lugar, você realmente ainda
pertence ao número dos hipócritas se você ainda se encontra em um estado não convertido.
Como pode seu coração ser reto diante de Deus, se você não o conhece na face de Jesus Cristo, e
não ama e não pratica a Sua vontade conforme revelada na Sua Palavra? Como você vai andar
no caminho da retidão se o caminho certo para a salvação ainda está escondido para você; se
você não tem nem um desejo interior, nem amor para andar no caminho de Deus através de
Cristo, trilhando o caminho da santidade; e se você ainda nem sequer colocou o pé neste
caminho, mas ainda tem o seu entendimento obscurecido, o seu coração de pedra, e sua vida neste mundo?
Tudo dentro de você está corrompido em relação àquilo que Deus intentou para o
homem, em razão da corrupção da sua natureza pelo pecado original, e assim, vivendo de modo
totalmente contrário a Deus e à Sua vontade, não pode, portanto, haver retidão. Mesmo o seu
objetivo e algumas das suas obras, sejam elas temporais ou de natureza religiosa, encontram-
se em harmonia com o seu coração, e não com o de Deus - não há, portanto aquela retidão que
procede do Senhor. Mesmo se você não for um hipócrita, você não está, no entanto, em retidão
diante de Deus.
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(Nota do tradutor: Já em traduções anteriores relativas aos textos de Wilhelmus à Brakel, já
nos referimos que os capítulos reservados por ele aos não convertidos, visavam especialmente
à emulação para conduzir a uma possível conversão, àqueles que se encontrando
congregando nas igrejas cristãs, professando-se cristãos, e que ainda não tinham passado por uma experiência de novo nascimento do
Espírito Santo pela fé em Cristo, pudessem ser convencidos dessa condição, e saírem da
posição perigosa de engano em que se encontravam, por julgarem terem já obtido a
salvação de suas almas. Assim, não era com o intuito de ofender ou tripudiar, ou ainda se
comparar com os tais, que ele escrevia de forma exortativa tão vigorosa. O real motivo era o amor
pelas almas e o seu grande esforço de cooperar com o trabalho de convencimento do pecado
pelo Espirito Santo nos corações daqueles que ele tencionava livrar da condenação eterna por
meio da fé em Jesus Cristo e arrependimento do pecado, pelo reconhecimento que todos
possuímos uma natureza corrompida pelo pecado, sendo necessitados de justificação,
regeneração e santificação, para sermos aceitos como filhos de Deus.)
Em segundo lugar, você é um hipócrita declarado se você visar a si mesmo em tudo que
faz – e em todas as coisas em que está se esforçando por honra, amor, e ganho pessoal, e
para esse fim conduzindo-se de forma diferente
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do que realmente é. Você raramente examina a si mesmo e é acostumado a ser de duas caras
que nem sequer lhe ocorre quando faz isso. Vamos, pois, agora retratar sua vida e mostrar o
que você realmente é em sua vida social e caminhada religiosa.
(1) No que diz respeito à sua caminhada social é
como se o hipócrita tivesse sido educado por Caim. Ele fala amigavelmente ao seu próximo e chama-o, no entanto, para matá-lo. De Saul ele
aprendeu o truque de se envolver com os outros, para elogiar alguém, a fim de pegá-lo na
rede “Eu vou dar a minha filha a Davi, a fim de que ela possa ser uma armadilha para ele.” Ele
tem copiado de Joabe como se pode expressar alegria a alguém, perguntar sobre seu bem-
estar, e depois enfiar uma arma assassina em seu coração. Absalão lhe ensina como
providenciar uma refeição para matar Amon. Judas lhe instruiu como pode trair alguém com
beijos. Davi o descreve como segue: “... os ímpios ... falam de paz ao seu próximo, mas têm o mal no
seu coração” (Sl 28: 3). “Eles somente consultam como derrubá-lo da sua alta posição; deleitam-
se em mentiras; com a boca bendizem, mas no íntimo maldizem.” (Sl 62: 4); “A sua fala era
macia como manteiga, mas no seu coração havia guerra; as suas palavras eram mais
brandas do que o azeite, todavia eram espadas desembainhadas.” (Sl 55:21).
(2) Na medida em que a religião está em causa, a
igreja vai ser preenchida com hipócritas
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durante uma temporada, quando a piedade está sendo estimada. Quão desejável seria que o
hipócrita não assumisse o púlpito, e que ninguém se colocasse debaixo do seu poder!
Aquele que faz isso para adquirir a reputação de ser um estudioso, embora isso seja feito, no
entanto, não é o caso. Se ele tem uma consciência que aponta o motivo errado, ele a aplacará, insistindo que, após ter adquirido uma
reputação ele estará em melhores condições para edificar. Outros perseguem isto com o fim
de serem estimados como sendo eloquentes, e ainda outros para despertar a adoração
idolátrica pelo fato de terem uma voz e dons que são tais que eles trazem os homens em êxtase e
emoção a ponto de derramarem lágrimas de seus olhos.
Um quarto grupo, enquanto ora, parece ser arrastado para o céu, e prega como um anjo. No
entanto, tudo isso é apenas para ganhar a honra, estima e aclamação do povo. Após descerem do
púlpito, esses homens irão perguntar em que medida eles têm encantado o povo. É um
bálsamo para suas almas se muitas pessoas têm frequentado o templo, se a congregação foi
movida emocionalmente, e as pessoas dizem: este é um pastor notável. Eles preferem estar
nesse tipo de companhia onde eles são elogiados e as pessoas fazem um ídolo deles. O
diabo pode se transfigurar em anjo de luz, e assim também os seus servos podem realmente
colocar o manto de pelos de Elias e o manto de
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João Batista, a fim de enganar (Zc 13: 4). No entanto, a pessoa é capaz de colocar este
vestuário melhor do que outros. Não há coisa mais abominável e repugnante sob o sol do que
um ministro que é um hipócrita.
Vamos agora para os membros. O hipócrita observa como os piedosos se conduzem, e ele os
imita a fim de ser também estimado como uma pessoa piedosa. O mal não é, portanto, encontrado na manifestação externa, de modo
que todos os que se comportam como tal, são hipócritas, por isso então o hipócrita evitaria
isso. Pois ele não pretende ser conhecido como um hipócrita, senão como uma pessoa piedosa.
Assim, aqueles que difamam os piedosos refutam a si mesmos quando eles chamam os
santos de hipócritas, pois é evidente para toda consciência que aquele que deve ser piedoso
deve viver como santo. Quando os hipócritas procuram imitar isto e precisamente porque o
hipócrita procura parecer como tal, então, para aquele que possui a essência daquela aparência,
é realmente piedoso.
No entanto, o vício do hipócrita pode ser encontrado no seu coração e objetivo: ele não se
esforça para ser o que ele pretende parecer ser. Ele não é e nem se esforça para ser como tal,
mas só tem o nome em vista. Uma vez que ele tem o nome, ele fica satisfeito e vai saber como
usar esse nome para sua vantagem. A fim de obter esse nome, ele diligentemente frequenta
a igreja. Independentemente do que as
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circunstâncias possam ser, ele deve estar presente e não deve faltar aos cultos. Ele vai
ouvir o ministro com um deleite santo para ouvir mais, e então irá especificamente
encontrar um lugar onde possa ser visto por todos. Quando não está cantando, ele também
vai ter a Bíblia na mão, mesmo que ele não leia uma só letra nela. Ele também vai levantar a sua voz, e fará isso não para mover a si mesmo e os
demais a louvarem a Deus, mas para que outros ouçam a bela voz que ele tem, ou então quão
bem ele sabe a melodia. Na oração, ele vai levantar suspiros e depois da oração enxugará
seus olhos, como se tivesse chorado. Durante o sermão ele dá a impressão de estar muito
atento. Ele não vai tirar o seu olho do ministro, e parece como se ele desenhasse as palavras da
sua boca e, por assim dizer, as come. Ocasionalmente, ele vai abrir sua Bíblia e irá
dobrar uma das páginas, como se estivesse marcando um determinado texto, mesmo se ele
estiver longe do texto que o ministro menciona.
Quando o diácono vem para recolher esmolas,
ele finge que não vê, fingindo que o diácono está perturbando sua atenção. Se ele dá uma moeda,
ele seleciona a de menor valor. Se ele dá um pouco mais, ele gostaria que isso ressoasse pela
igreja inteira. Após o culto, o nossa hipócrita parte e visita a este e aquele com sua Bíblia na
mão a fim de mostrar que veio da igreja. Ele vai falar muito bem do sermão e dizer que tem sido
muito edificante para ele, mesmo que ele não
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possa dizer uma palavra sobre o assunto, e reclama sobre a sua falta de memória para se
justificar.
Quando os hipócritas fazem uma oração ou leem um capítulo, isso deve ser feito tão alto que
outros sejam capazes de ouvi-lo - mesmo se eles estivessem na rua. Se eles esperam o ministro
para visitação da sua família, a Bíblia, especialmente, deve ser aberta e por vezes, dois ou três livros devocionais vão ser adicionados a
ela. Eles vão estar lendo com tanta atenção que eles nem notam o ministro quando ele entrou
na sala, e, então, agem como se tivessem sido surpreendidos. Eles falam de forma piedosa e da
familiaridade que têm com outras pessoas piedosas. Suas bocas estão sempre cheias de
queixas sobre a corrupção e decadência da igreja. Eles presumem instruir os ministros
quanto ao que eles devem pregar.
Alguns hipócritas são tão rudes na sua hipocrisia que todos podem detectá-lo, mas
outros são tão sofisticados que enganariam o melhor entre os santos. Alguns aprenderam a
arte tão bem que eles enganam a si mesmos, e no fracasso de dar atenção ao seu coração,
imaginam que eles são sinceros. Se fosse possível, eles teriam até mesmo enganado o
próprio Deus. Tenha vergonha, hipócrita! Com grande aversão tenho me ocupado com a
descoberta de você por você mesmo, de maneira, se possível, lhe traga ao
arrependimento. Para esse efeito considere:
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(1) Que monstro abominável você está sendo para si mesmo, pois você não está sendo
humano no verdadeiro sentido da palavra!
Tudo sobre você é complicado, abominável, e do
mal. Você não tem medo de si mesmo por parecer mais com um demônio do que com um
homem?
(2) Quão abominável e detestável você é para as
pessoas honestas e piedosas. Não imagine que você permanecerá desconhecido. Por um
tempo, você pode ser capaz de criar a impressão de que você é reto, mas isto não vai durar muito
tempo antes que as pessoas detectem a sua real condição, então você será o homem mais
desprezado, por sua falsidade. Mesmo se você não for detectado, o que mais você tem, senão
um punhado de moscas?
(3) Deus, com o qual você tem que tratar, não o
conhece. Ele está completamente familiarizado com você e toma nota de seus objetivos perversos e de todos os seus subterfúgios
hipócritas. Quão abominável então você deve ser aos olhos de Deus! Ouça o que Davi diz sobre
isso: “Destróis aqueles que proferem a mentira; ao sanguinário e ao fraudulento o Senhor
abomina.” (Salmo 5: 6)
(4) Jó pergunta: “Pois qual é a esperança do
ímpio, quando Deus o cortar, quando Deus lhe arrebatar a alma?” (Jó 27: 8). Leia a resposta:
“Assim são as veredas de todos quantos se
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esquecem de Deus; a esperança do ímpio perecerá,” (Jó 8:13); “Os pecadores de Sião se
assombraram; o tremor apoderou-se dos ímpios.” (Is 33:14). Em Mat 23 Jesus pronuncia
ais sobre hipócritas oito vezes. Um hipócrita não será salvo, mas no inferno estará sob as
circunstâncias mais insuportáveis, pois quando os ímpios são ameaçados com o inferno, diz-se que eles vão estar com os hipócritas. “e cortá-lo-
á pelo meio, e lhe dará a sua parte com os hipócritas; ali haverá choro e ranger de dentes.”
(Mt 24:51).
Impressionem com isto o seu coração – os que
não são retos, senão hipócritas - e arrependam-se antes que seja tarde demais.
“Chegai-vos para Deus, e ele se chegará para vós. Limpai as mãos, pecadores; e, vós de
espírito vacilante, purificai os corações.” (Tiago 4: 8).
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Crentes Verdadeiros: Retos por Princípio
Os verdadeiros crentes fiéis são,
principalmente, retos, porque:
(1) Eles têm luz espiritual e de vida, são
participantes da natureza divina, e Jesus foi formado dentro deles.
(2) Eles percebem seus erros, se afligem por
eles, os confessam, pela fé buscam o perdão no sangue de Cristo e fazem uma batalha contra
eles.
(3) Eles estão preocupados com isso, uma vez
que não confiam em seus corações e tornam-se conscientes de seus impulsos corruptos.
Eles trazem o seu coração diante do Senhor e
oram, “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus
pensamentos; vê se há em mim algum caminho perverso, e guia-me pelo caminho eterno.”
(Salmo 139: 23-24).
(4) Isto é verdade em um sentido geral e
universal da palavra, tanto quanto coisas, hora e local estão em causa; eles não fazem qualquer
exceção. Independentemente de saber se eles caem mais facilmente num pecado do que em
outro, são, no entanto, contrários à sua intenção e desejos do seu coração; isto lhes entristece.
Sim, em oculto eles são muito mais retos do que quando estão na presença dos homens, e o seu
coração é ainda mais reto, em princípio, do que
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é na sua manifestação. Eles podem ousar dizer ao Senhor: “De todo o meu coração tenho te
buscado; não me deixes desviar dos teus mandamentos... Por isso dirijo os meus passos
por todos os teus preceitos, e aborreço toda vereda de falsidade.” (Sl 119: 10, 128).
Todas estas coisas são verdadeiras evidências de retidão. Com isso, os crentes podem se firmar e
se confortar, quando, devido à detecção de tanta deficiência dentro de si mesmos, estão
preocupados quanto a saber se são ou não retos. No entanto, eles devem se humilhar por suas
deficiências e transgressões.
(1) Reflita sobre o que temos dito sobre a
hipocrisia e, portanto, examine-se quanto a saber se você ainda não se fez culpado em um
aspecto ou outro.
(2) Considere se a intenção que de repente vem à superfície e batalha contra a consciência e
prevalece. Ou você pode tentar pacificar a sua consciência com argumentos espúrios de que
há algo de bom nisto. No entanto, o objetivo não é puro, mas é entrelaçado com uma busca de si
mesmo, de modo que há uma discrepância na medida em que o coração, semblante, palavras
ou atos estão em causa.
(3) Dê cuidadosamente atenção para saber se a
sua natureza corrupta está continuamente empenhada em sugerir segundas intenções, por
exemplo, que não é uma tarefa animadora e forte ter o próprio objetivo em vista; que a
corrupção não é suficientemente mortificada e
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subjugada; que somos descuidados e não damos atenção ao nosso coração; que há circunstâncias
em que abrimos espaço para as tentações do diabo, não lutando e orando sinceramente
contra elas. As corrupções ganham, assim, força para mover os motivos egoístas.
Às vezes o diabo vai nos acusar enganosamente - que com uma dada tarefa que temos o nosso
ego em vista e, assim, impedirá o desempenho daquilo que é bom. Um crente, não estando
familiarizado com os seus vícios, é de opinião de que ele realmente busca o ego neste esforço e
fica assim perturbado e acusado em quase todas as coisas. Ele continuamente diz: “Esta é a razão
pela qual eu estou fazendo isso“, e numa situação diferente, diz, “Eu estou fazendo isso
por tal e tal razão.” Se, no entanto, um crente está familiarizado com tais assaltos, ele não será
perturbado por isso, mas vai continuar com o desempenho da sua tarefa, mesmo se ele fizer
isso como um homem que prossegue em seu caminho durante uma tempestade de granizo.
No entanto, a corrupção da natureza e de motivos ocultos frequentemente vêm à
superfície.
(4) É igualmente contrário de ser reto, se
fizermos uma tarefa parcialmente. Isto não é sugerir que essas deficiências que devem ser
detectadas nas melhores obras fazem com que um homem não seja reto. Tal é o caso, no
entanto, se o coração está não em nosso
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trabalho e se o fizermos com indiferença e de uma maneira morna e lenta, a tarefa é
executada, mas não com toda mente, vontade, e força, e com todo esforço para atender a um
santo propósito. O nosso próprio intelecto, vontade, atividade, e busca do ego vão se
misturar, de modo que a tarefa é executada, senão de uma forma de coração dividido. Considere se você também não se percebe
como sendo culpado por isso. Se assim for, então saiba que:
- mesmo que você esteja agradando a Cristo,
tanto quanto sua pessoa está em causa, o Senhor, no entanto, está descontente com a sua
falta de retidão.
- sua falta de retidão em breve deve ser
detectada por outros, particularmente por parte dos santos. Eles irão lamentar se eles forem
cristãos fortes e isto vai despertar a aversão e antipatia contra você, se eles estiverem na
graça.
- isto irá levantar uma suspeita em relação à
piedade por parte daqueles que são do mundo, e por sua causa, haverá uma ampla difamação dos
piedosos. Eles vão dizer entre outras coisas: “vejam o que são essas pessoas; eles são um
grupo de hipócritas.”
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- você mesmo vai ter uma consciência perturbada e não terá a liberdade em todas as
coisas.
Portanto se humilhe muito perante o Senhor, se entristeça por isto, e remova a maldade do seu
coração e atos e odeie a si mesmo, e que você possa, assim, ter medo do pecado de não ser
reto. Que isso possa levá-lo a batalhar contra tudo mais intensamente e lutar por retidão.
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A Necessidade de Ser Exortado para Ser Reto
Determine-se a ser reto e se comporte como
tal, porque a retidão é, em primeiro lugar, uma
característica absolutamente essencial do cristão, porque um cristão é de fato reto. “... Os
retos te amam” (Ct 1: 4). De Jó lemos: “Era homem íntegro e reto, que temia a Deus e se desviava do mal.” (Jó 1: 1); de Davi: “Também fui
irrepreensível diante dele, e me guardei da iniquidade.” (Sl 18:23); de Ezequias: “Lembra-te
agora, ó Senhor, peço-te, de que modo tenho andado diante de ti em verdade, e com coração
perfeito, e tenho feito o que era reto aos teus olhos.” (Is 38: 3); e de Noé: “Noé era um homem
justo e perfeito em sua geração” (Gn 6: 9). A retidão é também um atributo inseparável de
todas as virtudes. A retidão é um requisito da oração: “Deus é Espírito, e é necessário que os
que o adoram o adorem em espírito e em verdade.” (João 4:24); da fé: “Mas o fim desta
admoestação é o amor que procede de um coração puro, de uma boa consciência, e de uma
fé não fingida;” (1 Tm 1: 5); do amor: “o amor seja não fingido” (Rm 12: 9); de toda a disposição do
coração: “E o próprio Deus de paz vos santifique completamente; e o vosso espírito, e alma e
corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor
Jesus Cristo.” (1 Ts 5:23); e de toda a nossa
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conversação: “Portanto, vamos manter a festa ... com os ázimos da sinceridade e da verdade” (1
Cor 5: 8).
Desde que a retidão é, portanto, uma
característica tão essencial e inseparável do cristão, bem como do seu trabalho, como
deveríamos, então viver senão com retidão?
Em segundo lugar, a retidão é desejável e condizente para um cristão, porque o Deus com
quem temos que tratar é pura luz, é o único pesquisador dos corações que não podemos
enganar, que percebe o menor desvio, deseja a verdade nas partes internas, cujos olhos estão
sobre a verdade (Jr 5: 3), e que se deleita naqueles que são perfeitos em seu caminho
(Prov 11:20). Será que teríamos comunhão com tal Deus sem ter retidão? O Senhor Jesus em
quem colocamos nossa confiança é perfeitamente reto e não há engano na sua boca.
O Espírito Santo, que habita em você como em um templo, é o Espírito da verdade (João 14:17),
que lidera Seus filhos na verdade (João 16:13). Ele ficaria triste se você corrompesse seu caminho
e se desviasse em direção à injustiça. A Palavra de Deus pela qual você foi regenerado, que é o
seu alimento e a regra da sua vida, é a verdade (João 17:17); é a palavra da verdade (Sl 119: 43).
Isso não deveria motivá-lo a ser verdadeiro em todos os seus negócios? A vida espiritual que
está em você, e a imagem de Deus, que você
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carrega, “é criada em verdadeira justiça e santidade” (Ef 4:24). Persiga, portanto, o
princípio da retidão da vida espiritual, siga a liderança do Espírito Santo, e com toda retidão
caminhe perante o olho que tudo vê do seu Deus. Cuide para que os seus atos estejam em
harmonia com o seu nome.
Em terceiro lugar, a retidão é um ornamento muito precioso, e a insinceridade torna todas as
virtudes que alguém possa possuir, desprezíveis. No entanto, a retidão torna todas
as outras virtudes gloriosas, acrescenta brilho à piedade, e faz com que a pessoa reta seja amada
por homens naturais, pelos santos, e pelo próprio Deus.
(1) Eles vão ser amados por homens naturais. Tanto quanto eles podem zombar dos santos,
todavia eles têm estima pelos retos. As palavras do reto acham entrada neles, e os retos são capazes de vencer os outros também sem
palavras. Se a retidão estivesse brilhando em todos os piedosos, que brilho a piedade teria no
mundo!
(2) A retidão dos outros é preciosa para os
piedosos; eles não desejam ter comunhão com um povo de duas caras (Sl 26: 4). Em vez disso,
seus olhos estão sobre os fiéis e retos (Salmo 101: 6). Mesmo que alguém tenha sido regenerado,
em essência, mas sua retidão, no entanto, é
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penetrada com uma busca de si mesmo, o piedoso não pode ter qualquer comunhão com
ele. É seu desejo amá-los, caminhar docemente com eles, e se aconselharem com eles; contudo,
há uma resistência interior, produzida neles pelo Espírito Santo. Eles não podem unir seu
coração com eles. Contudo, o coração está ao mesmo tempo unido com os retos, e os justos encontram o prazer e são edificados pela sua
companhia. Lídia demonstrou retidão numa ocasião com Paulo, dizendo: “Se haveis julgado
que eu sou fiel ao Senhor, entrai em minha casa, e ficai ali. E nos constrangeu a isso.” (Atos 16:15).
(3) No entanto, tudo isso é substituído pelo fato de que o próprio Deus encontra prazer nos que
sã retos. “Abominação para o Senhor são os perversos de coração; mas os que são perfeitos
em seu caminho são o seu deleite.” (Pv 11:20). Assim como temos prazer em observar aqueles
a quem amamos, por isso está escrito do Senhor, porque “o Senhor é justo; ele ama a justiça; os
retos, pois, verão o seu rosto.” (Sl 11: 7). Os retos são inofensivos e não pretendem utilizar meios
malignos para ajudar a si mesmos. Pelo contrário, é o Senhor que “salva os retos de
coração” (Sl 7:10). Deus adota a retidão para ser sua companheira íntima sobre quem Ele
concede uma medida especial de Sua bondade. “Quem, Senhor, habitará na tua tenda? quem
morará no teu santo monte? Aquele que anda irrepreensivelmente e pratica a justiça, e do
coração fala a verdade;” (Sl 15: 1-2). O Senhor faz
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com que o coração do reto se alegre.” A luz é semeada para o justo, e a alegria para os retos de
coração.” (Sl 97:11). Se existe alguma coisa que deve motivá-lo, esta deve ser isto. Seja, portanto,
reto, porque os retos são amados por todos, ao passo que os hipócritas são odiados.
Em quarto lugar, Deus avalia seus filhos de acordo com sua retidão. Agrada ao Senhor não
fazer seus filhos perfeitos nesta vida. Tudo é apenas em parte aqui, e diariamente eles ainda pecam em muitas coisas. No entanto, eles são
chamados de retos de acordo com sua retidão inerente. Por meio dessa retidão todos os seus
pontos fracos são, por assim dizer, cobertos em Cristo. Davi tinha cometido grandes pecados,
pois ao mesmo tempo que ele se comportava mal, no entanto, devido à sua retidão, está
escrito dele, “porque Davi fez o que era reto aos olhos do Senhor, e não se desviou de tudo o que
lhe ordenou em todos os dias da sua vida, a não ser no caso de Urias, o heteu.” (1 Reis 15: 5) –
porque nesse caso, ele havia se comportado hipocritamente. Isso também é verdade em
relação aos pecados de Asa. “Os altos, porém, não foram tirados; todavia o coração de Asa foi
reto para com o Senhor todos os seus dias.” (1 Reis 15:14). A conclusão da chamada de atenção
dirigida a Josafá foi, “Contudo, alguma virtude se acha em ti, porque tiraste para fora da terra as
aserotes, e dispuseste o teu coração para buscar a Deus.” (2 Crônicas 19: 3). Ezequias orou,
“Porque uma multidão do povo, muitos de
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Efraím e Manassés, Issacar e Zebulom, não se tinham purificado, contudo comeram a páscoa,
ainda que não segundo o que está escrito; pois Ezequias tinha orado por eles, dizendo: O
Senhor, que é bom, perdoe todo aquele que dispõe o seu coração para buscar a Deus, o
Senhor, o Deus de seus pais, ainda que não esteja purificado segundo a purificação do santuário.” (2 Cr 30: 18-19). Em Cristo, Deus vai
ignorar seus defeitos se você andar diante do rosto do Senhor com um coração
verdadeiramente reto. Portanto, seja reto.
Em quinto lugar, a retidão dará muita liberdade
no desempenho do nosso dever. Deixe o hipócrita temer a luz, deixe a escuridão ser seu
refúgio, deixe-o ter medo de fazer qualquer coisa onde a oposição seja esperada, e que ele
seja aterrorizado e trema devido a cada praga que Deus envia para o mundo, mas o homem
reto será destemido, terá a coragem para se levantar pela causa de Deus, irá manifestar-se
como um leão novo, e irá realizar o seu dever. Ele vai ficar firme contra todas as calúnias e
perigos, pois ele tem liberdade dentro de si e antecipa a ajuda de Deus. “Longe de mim que eu
vos justifique; até que eu expire, nunca apartarei de mim a minha integridade. À minha justiça
me apegarei e não a largarei; não me reprovará o meu coração em toda a minha vida.
Seja como o ímpio o meu inimigo, e como o perverso o que se levantar contra mim.
Porque qual será a esperança do hipócrita,
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havendo sido avaro, quando Deus lhe arrancar a sua alma? Porventura Deus ouvirá o seu clamor,
sobrevindo-lhe a tribulação?” (Jó 27: 5-9); “Se, como Adão, encobri as minhas transgressões,
ocultando o meu delito no meu seio; Porque eu temia a grande multidão, e o desprezo
das famílias me apavorava, e eu me calei, e não saí da porta; Ah! quem me dera um que me ouvisse! Eis que o meu desejo é que o Todo-
Poderoso me responda, e que o meu adversário escreva um livro. Por certo que o levaria sobre o
meu ombro, sobre mim o ataria por coroa. O número dos meus passos lhe mostraria; como
príncipe me chegaria a ele. (Jó 31:33-37).
A retidão irá fazer com que uma pessoa seja corajosa. Mesmo se ele encontrar oposição
violenta, ele, no entanto, não teme, pois o Senhor ajuda o reto, de acordo com essa
promessa: “Porque, quanto ao Senhor, seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se
forte para com aqueles cujo coração é perfeito para com ele;” (2 Crônicas 16: 9). Uma pessoa
correta não precisa de outra arma, senão da sua retidão.
Em sexto lugar, a retidão produz uma vida
pacífica e uma morte em conforto. Um hipócrita vive continuamente em inquietação e temores
que ele seja descoberto. Muita artimanha é necessária para cobrir um ato hipócrita com
outro. Uma pessoa reta, no entanto, tem uma consciência tranquila, e está firme e segura de
si. “Porque a nossa glória é esta: o testemunho
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da nossa consciência, de que com simplicidade e sinceridade de Deus, não com sabedoria
carnal, mas na graça de Deus, temos vivido no mundo, e de modo particular convosco.” (2 Cor
1:12). E, se a hora da morte chega, e pecados vêm à mente, isto será um conforto - saber que o
nosso coração, no entanto, tem sido reto para com o Senhor. “E disse: Ah! Senhor, peço-te, lembra-te agora, de que andei diante de ti em
verdade, e com coração perfeito, e fiz o que era reto aos teus olhos. E chorou Ezequias
muitíssimo.” (Is 38: 3).
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Os Meios para a Retidão
Portanto, por meio de exercício contínuo, seja
muito zeloso para adquirir uma inclinação para a retidão e ter tal disposição para ser
inteiramente reto – assim a retidão será, por assim dizer, espontaneamente emitida por
você, manifestando-se em todos os seus atos.
(1) Reconheça diante do Senhor a corrupção de seu coração e mostre ao mesmo tempo, o ódio e
aversão que você tem por ela, e o seu desejo de retidão e verdade.
(2) Reconheça sua impotência, e que é
impossível para você trazer e manter seu coração em tal disposição reta. No entanto,
também reconheça que o Senhor tem tanto o poder e a bondade para conceder isso a você.
Portanto, venha diante do Senhor com esse desejo e sua condição de indigência. Ore ao
Senhor por isso, faça-o sinceramente, humildemente, e persistentemente, dizendo:
“Seja reto o meu coração nos teus estatutos, para que não seja confundido.” (Sl 119: 80). Ao
orar, portanto, olhe para o Senhor Jesus, que tem vida e espírito meritório para você se
apropriar destes méritos para você. Venha perante o Senhor, com isso, mantendo diante
dele a promessa que ele tem feito, ou seja, que
ele faria com que nosso trabalho seja firmado
em verdade (Is 61: 8).
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(3) Preste atenção ao seu coração, que se inclina para a insinceridade, e resista a esta falta de
sinceridade de uma só vez. Não importa quanta vergonha ou lesão possam vir sobre você -
permaneça firme em sua retidão.
(4) Se você tiver feito algo insincero, reflita
sobre isso por algum tempo, para que isso o entristeça profundamente e o torne mais
cuidadoso no futuro.
(5) Permaneça continuamente na presença do
Senhor. A percepção da presença e da onisciência de Deus é um meio poderosos para
a retidão. Estes dois estão, portanto, unidos: “anda na minha presença e sê perfeito” (Gn 17:
1).
(6) Assim que você tenha assim procedido,
foque continuamente sobre a Palavra da verdade. Esforce-se para compreender o seu
significado espiritual, e a verdade lhe libertará. Você irá progredir em caminhar na verdade; e
assim, andará no reino do céu, que é conquistado por esforço. “Bem-aventurados os
retos em seus caminhos, que andam na lei do Senhor.” (Sl 119: 1).