ADRIANA LOURENCINI JEAN LUCAS ALMEIDA PINO
REVISTA BASTIDORES ONLINE
Trabalho apresentado como requisito para a conclusão do curso de Jornalismo, da Faculdade de Comunicação, Artes e Design do Ceunsp - Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio, sob a orientação da professora Ms. Roberta Steganha.
SALTO – 2013
ADRIANA LOURENCINI JEAN LUCAS ALMEIDA PINO
REVISTA BASTIDORES ONLINE
Trabalho apresentado como requisito para a conclusão do curso de Jornalismo da Faculdade de Comunicação, Artes e Design do Ceunsp - Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio, sob a orientação da professora Ms. Roberta Steganha.
Salto, 12 de dezembro de 2013
João José de Oliveira Negrão Professor Doutor
CEUNSP
Roberta Steganha Professora Mestre
CEUNSP
3
Aos nossos pais, pelo apoio incondicional,
e por sempre acreditarem em nossa vitória.
4
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a Deus, antes de tudo.
Aos nossos pais e familiares, pela paciência e compreensão nos momentos
mais tensos, além do apoio moral e, muitas vezes, financeiro, que nos prestaram.
Aos nossos mestres, que nos acompanharam, nas conquistas e aflições,
dividindo sentimentos mistos de amizade, coleguismo e profissionalismo. Em
especial, à Roberta Steganha, nossa orientadora, e o professor Edson Cortez,
diretor da Fcad; à Paula Piotto, Fernanda Cobo e Mônica Fernbach, que
contribuíram diretamente na produção da Revista Bastidores Online; à Renata
Becate, professora coordenadora de Rádio e TV, pelo carinho e amizade.
Agradecemos também aos professores que estão longe fisicamente, mas para
sempre em nossos corações: Pedro Courbassier, Agnelo Fedel e Fina Tranquilin.
Aos estudantes e profissionais que colaboraram com seus textos e entrevistas,
e aos que nos auxiliaram imensamente com as ferramentas tecnológicas, como
Danilo Lourencini e Jean Frèderic Pluvinage.
Aos membros da banca: o professor doutor João José de Oliveira Negrão e a
jornalista cultural Fernanda Ikedo, pelas considerações e apontamentos generosos e
pertinentes feitos ao nosso trabalho.
Aos nossos amigos e colegas de classe, que durante os quatro anos, riram,
ficaram tristes, trocaram impressões e, mais que tudo, se divertiram muito conosco.
Onde quer que estejam daqui para frente, seja próximos ou muito distantes de nós,
que trilhem o caminho do sucesso em suas escolhas. De nossa parte fica a saudade
de todos, da construção histórica da faculdade, especialmente o agitado ‘bloco K’,
que levaremos sempre, na mente e no coração, em nossa jornada pela vida.
5
RESUMO
O presente estudo analisa o conteúdo de jornalismo cultural em crítica
cinematográfica sobre o filme “Hitchcock”, nas revistas Bravo! e Veja, e no jornal
Folha de S. Paulo, no período de janeiro a abril de 2013.
A proposta inclui também uma comparação das capas das revistas Bravo!, de
março de 2013, e da publicação norte-americana Life, de fevereiro de 1963 – ambas
com imagens idênticas de Alfred Hitchcock. Aqui, realizamos uma reflexão sobre a
influência, tanto da obra quanto da pessoa do cineasta, nas mídias culturais da
atualidade.
Como complemento da pesquisa, produzimos a Revista Bastidores Online,
uma publicação virtual de cultura que abrange o município de Indaiatuba e cidades
próximas, no interior de São Paulo.
PALAVRAS CHAVE: cultura; jornalismo cultural; publicação; entretenimento.
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ABSTRACT
This study analyzes the content of cultural journalism in film criticism about the
film "Hitchcock", in magazines Bravo! and Veja, and in the newspaper Folha de S.
Paulo, in the period January-April 2013.
The proposal also includes a comparison of magazine covers Bravo!, March
2013, and the American publication Life, February 1963 - both with identical images
of Alfred Hitchcock. Here, we perform a reflection on the influence of both the novel
and the person of the filmmaker, cultural media today.
Complementing the research, make the ‘Bastidores Online Magazine’, a virtual
publication of culture that encompasses the city of Indaiatuba and nearby cities, in
the interior of São Paulo.
KEYWORDS: culture; journalism cultural; publication; entertainment.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................8
1 A EVOLUÇÃO DA CRÍTICA CINEMATOGRÁFICA NAS MÍDIAS ..............10
1.1 Alfred Hitchcock nas mãos da crítica .........................................................14
1.2 A notícia recria e fortalece o mito ...............................................................18
2 O JORNALISMO CULTURAL E OS PRODUTOS DA INDÚSTRIA DO
ENTRETENIMENTO ......................................................................................21
2.1 O poder do uso da imagem no jornalismo cultural .....................................21
3 REVISTA BASTIDORES ONLINE .................................................................24
3.1 Desenvolvendo o formato e o padrão gráfico da revista ............................24
3.2 Planejamento e execução das reportagens e pesquisa de imagens .........27
3.3 Participações especiais ..............................................................................40
3.4 Custos ........................................................................................................41
CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................42
REFERÊNCIAS .........................................................................................................44
ANEXO ......................................................................................................................48
8
INTRODUÇÃO
Ao se pensar em jornalismo cultural, hoje, devemos compreender sua
existência como um ponto onde se cruzam interesses e conhecimentos de diferentes
lugares sociais, afetados pelas transformações culturais. Em relação ao espaço da
crítica cinematográfica nas mídias jornalísticas, é necessário observarmos a relação
da própria crítica com o jornalismo, no qual se insere, e o cinema, de que trata.
“Pensamos a crítica jornalística como um espaço que permite que as reflexões e
conhecimentos circulem, ganhem visibilidade, atinjam um público amplo, que nem
sempre se confunde com o de cinema.” (BARRETO, 2005, p.10). Relacionando-se
igualmente ao consumo de cinema, a crítica exibe e chama a atenção para os
filmes, podendo (ou não) induzir o leitor a assisti-lo. “E o consumo, aqui, pode ser
pensado como espaço de diferenciação e reconhecimento entre seus consumidores,
ou até mesmo espaço de reflexão para os analistas da cultura” (BARRETO, 2005,
p.10).
A posição estratégica dos roteiros e guias culturais no jornalismo cultural diário
possibilita ao leitor um retrato da vida cultural da cidade, oferecendo-lhe a
possibilidade de escolha dos produtos culturais disponíveis. A crítica “continua a ser
a espinha dorsal do jornalismo cultural, não só das revistas. Ela pode ser encontrada
em várias publicações específicas mundo afora” (PIZA, 2003, p.28).
Como objeto de estudo e análise da crítica no jornalismo cultural, o cinema se
constitui um divisor de águas na construção da cultura na sociedade moderna,
sendo uma das mídias de maior alcance de massas. Na primeira metade do século
XX, como aponta Turner (1997), o cinema já se constituía uma prática social, e fazia
parte da vida e da cultura dos grupos sociais – o ato de ir ao cinema se tornou um
evento.
O pensamento do cinema como prática social já existia e, ainda de acordo com
Turner (1997), a cultura é um processo dinâmico produtor de comportamentos,
práticas, instituições e significados que compõem nossa existência social. Neste
sentido, os filmes atuam como agentes culturais, pois as representações do discurso
apresentadas contribuem para dar sentido ao modo de vida e pensamento de
determinada época. O cinema torna-se, então, um bem de consumo da indústria
9
cultural, onde a forma fílmica consegue se aproximar e até mesmo superar a vida
real por meio da ilusão, como aponta McLuhan:
O cinema não é apenas a suprema expressão do mecanismo; paradoxalmente, oferece como produto o mais mágico de todos os bens de consumo, a saber: sonhos. Não é por acaso que o cinema se caracterizou como o meio que oferece, aos pobres, papeis de riqueza e poder que superam os sonhos de avareza. (MCLUHAN, 1969, p.327).
A compreensão do sentido de cultura, completamente alterado em nossa
sociedade, é um dos vários desafios do jornalismo cultural contemporâneo. Novas
temáticas ganham status de cultura, e o jornalista cultural deve tratar os objetos
dessa indústria em profundidade e livre de preconceitos. Ao trazer o conhecimento
do que era distante, a indústria cultural revelou diferenças já existentes. Sob esse
aspecto, as diferenças tornam-se positivas, e a distinção entre as denominadas
“alta” e “baixa” cultura perde força, conforme coloca o jornalista Daniel Piza: “[...] a
música de um Pixinguinha – negro, pobre, com pouca educação formal – é elitista;
[...] é óbvio que um filme de Spielberg é cultura” (PIZA, 2004, p.46).
O jornalismo cultural, nesse contexto, vivencia um paradoxo: ao mesmo tempo
em que os temas pertinentes a ele cresceram, o seu nível vem caindo, “incapaz de
resistir à maquinaria dos entretenimentos e ao culto das celebridades” (PIZA,
Crônica Cultural, 22 mai.2011). As resenhas adquiriram um tom de resumo e o
artista ganha destaque como personagem, enquanto a obra fica em segundo plano,
gerando o personalismo e a superficialidade. Citando Werner Herzog, Daniel Piza
diz que o cineasta alemão “também não suporta esse mundo people que não para
de aumentar, onde aparência e sucesso valem mais que consistência e
originalidade, onde a tal “atitude” pesa mais que o talento” (PIZA, apud HERZOG,
Crônica Cultural, 22 mai.2011).
É necessário democratizar o conhecimento, seu caráter reflexivo, e o
jornalismo cultural torna-se uma prática única e significativa para a sociedade. A
principal característica que deu origem ao jornalismo cultural é a de mediar o
conhecimento e levá-lo ao maior número de pessoas. Sua função é revelar de forma
clara e acessível “que, em toda grande obra, de literatura, de poesia, de música, de
pintura, de escultura, há um pensamento profundo sobre a condição humana”
10
(MORIN, 2001, p.45), enquanto ferramenta que permite o acesso a muitos do que
estava restrito a poucos.
O jornalista cultural assume, então, o papel de mediador, responsável por
pesquisar, apurar, entrevistar e selecionar as informações, além de desenvolver a
capacidade de compreender a obra em questão. Cabe ao jornalista cultural
selecionar o que deve ser conhecido e como fazer essa divulgação, com base nos
critérios de valor notícia, equilibrando sensibilidade e habilidade reflexiva e crítica.
[...] todo jornalista cultural tem de conhecer bem a história e ter noções da técnica de cada arte. Não é preciso ser um grande artista para ser um grande crítico, mas é importante que se tenha pelo menos ensaiado praticar aquela arte de alguma forma. Indispensável mesmo é ter visto os melhores filmes, lido os melhores livros, escutado os melhores discos. E nada de monotonia: o crítico de cinema é ainda melhor quando conhece bastante a literatura e a pintura, e assim por diante. Como se nota, jornalista cultural precisa ser um estudioso, um autodidata. (PIZA, 2003, p.131).
1. A evolução da crítica cinematográfica nas mídias
O bom jornalismo informa sem perder a força do acontecimento, conciliando a
sensibilidade e a capacidade reflexiva e crítica. Ao se pensar em crítica
cinematográfica, hoje, devemos compreender sua existência como um ponto onde
se cruzam interesses e conhecimentos de diferentes lugares sociais, afetados pelas
transformações culturais. É necessário observarmos a relação da crítica com o
jornalismo, no qual se insere, e o cinema, de que trata.
Em seus primórdios, o cinema era apenas de predominância das imagens, sem
um código próprio e misturado a outras formas de cultura, como o teatro, as revistas
ilustradas e cartões postais. Esse período coincide com a fase de profissionalização
e modernização do jornalismo que faz surgir a crítica cinematográfica na imprensa.
A supremacia econômica hollywoodiana consolida-se com o sistema dos
grandes estúdios (Studio system), que se baseava na sedimentação dos gêneros
narrativos e um método de organização do trabalho voltado à maximização dos
lucros. Havia ainda as vanguardas, que influenciaram tanto o jornalismo cultural
quanto o cinema nos primeiros anos do século XX. Isso levou a uma visão do
11
cinema como instrumento de comunicação inovador e revolucionário, que se
impunha sobre os valores estéticos tradicionais.
Firmando-se como arte e aliado às novas tendências culturais, o cinema deixa
de pertencer ao âmbito apenas popular e chama a atenção do erudito, conquistando
o status de ‘sétima arte’. A crítica de cinema passa a ocupar o espaço cultural de
jornais e revistas, ainda que de forma pouco expressiva, prendendo-se apenas ao
noticiário e à publicidade. O texto passa de nota informativa a uma avaliação e breve
análise dos filmes.
O crítico que surge na efervescência dos inícios do século XX, na profusão de revistas e de jornais, é mais incisivo e informativo, menos moralista e meditativo (que os críticos europeus do século XIX). No entanto, continua a exercer uma influência determinante, a servir de referência não apenas para leitores, mas também para artistas e intelectuais de outras áreas. (PIZA, 2003, p.20).
As primeiras revistas especializadas surgiram somente nos anos 1920, como a
francesa Ciné-Club. Nessa época também foram criadas as associações, os
cineclubes e as cinematecas. Era o auge do cinema mudo (1918-1929), em seu
desenvolvimento técnico, linguístico e industrial. A Europa se firmava como centro
artístico e cultural, funcionando como local de pesquisas e experiências. A
supremacia econômica hollywoodiana consolida-se com o sistema dos grandes
estúdios (Studio system), que se baseava na sedimentação dos gêneros narrativos e
um método de organização do trabalho voltado à maximização dos lucros. (COSTA,
1987, p.65).
Havia ainda as vanguardas, que influenciaram tanto o jornalismo cultural
quanto a sétima arte nos primeiros anos do século XX. Isso levou a uma visão do
cinema como instrumento de comunicação inovador e revolucionário, que se
impunha sobre os valores estéticos tradicionais. Neste contexto, a crítica de cinema
passa a ocupar o espaço cultural de jornais e revistas, ainda que de forma pouco
expressiva, prendendo-se apenas ao noticiário e à publicidade. Também nos anos
1920, o Brasil contava com duas publicações especializadas, como ‘Tela’ e ‘Palcos e
telas’. O texto passa de nota informativa a uma avaliação e breve análise dos filmes.
No final da década, são lançadas outras duas publicações: ‘Cinearte’ e ‘Fan’, com
discussões de teor estético. (COSTA, 1987, p.65).
12
A década de 1930 é assinalada pela introdução do som nos filmes, e marca o
início da era de ouro do cinema de Hollywood, que se estende até os anos 1950. Na
década de 1940 as críticas de cinema apresentavam um formato distinto, constituído
por crônicas ou pequenos ensaios poéticos. Após a guerra, surge um cenário de
riqueza na produção da crítica cinematográfica.
[...] a grande época da crítica em jornal no Brasil começaria também nos anos 40 e se estenderia até o final dos anos 60. (PIZA, 2003, p. 34).
Em 1951, André Bazin e Jacques Doniol-Valcroze lançam, na França, a revista
Cahiers du Cinema, desenvolvendo as bases para uma nova corrente crítica do
cinema: a política dos autores, que tinha o objetivo de superar o impressionismo
dominante entre os críticos e analisar a composição visual e plástica do cinema.
A crítica cinematográfica ganhou corpo no Brasil apenas nos anos 1950,
momento de modernização da sociedade, com intensa atividade cultural. Os
cadernos de cultura ganham mais espaço nos grandes jornais diários, e surgem
novos suplementos literários. Neste período jornalistas especializados começaram a
ocupar as redações. No entanto, os suplementos e publicações nessa fase não
eram dirigidos ao grande público, e sim aos seus pares, os que pertenciam à ”roda”.
Os temas abordados não eram abrangentes e a forma de tratá-los não era acessível
ao leitor médio.
A crítica começou a ocupar mais e mais espaço nos grandes jornais diários e revistas de notícia semanais, na chamada ‘grande imprensa’. Embora não pudesse ter a extensão dos textos de uma revista segmentada e fosse obrigada a evitar excesso de jargões e citações, essa crítica logo ganhou poder, justamente por ser rápida e provocativa. (PIZA, 2003, p.28).
Além do espaço garantido pela mídia impressa, os cineclubes eram locais que
propiciavam contato próximo com o cinema. Lá eram exibidos os filmes em cartaz,
além da realização de retrospectivas, cursos e debates.
Ao longo da década de 1950, o “cinema moderno” foi marcado por inovações
tecnológicas. Há uma transformação na crítica, por meio de autores que buscavam
refletir o seu papel, estabelecendo novos conceitos. “Desenvolve-se um vocabulário
mais especializado para tratar dos filmes, o escopo das análises se amplia,
abrangendo técnica e estética cinematográficas, e os críticos passam a especializar-
13
se na função” (BARRETO, 2005, p.32). Nessa época, as publicações especializadas
geralmente possuíam a característica de serem dirigidas apenas aos que pertenciam
ao grupo, e não ao grande público. “[...] os temas abordados não eram abrangentes
e a forma de tratá-los não era acessível ao leitor médio” (BARRETO, 2005, p.28).
O cinema moderno, em contraponto com a produção de entretenimento, foi
considerado como parâmetro por muitos críticos brasileiros, tanto para filmes
estrangeiros como nacionais. A produção nacional da época não era reconhecida
como legítima. O cinema industrial americano ainda tinha a preferência do grande
público; no âmbito nacional, a chanchada ocupava esse espaço no gosto das
massas. A crítica passou a ter outra função: a de inculcar na mente dos
espectadores a consciência cinematográfica nacional, propondo à ‘educação’ do
público. Afinal, as massas precisam adquirir a noção de valor das obras artísticas. O
crítico, então, não negava o entretenimento, mas mostrava ao leitor a outra face do
cinema. Aqui, a crítica se transforma, tentando estabelecer novos conceitos,
pensando sobre os diferentes contatos com o cinema e sua relação com o
espectador.
As novas técnicas de produção e os avanços tecnológicos fizeram de 1950 até
1970, um dos períodos mais ricos na história do cinema. Houve uma explosão de
críticas em publicações não especializadas, e estas continham um teor didático,
destinadas ao público leigo. A imprensa ampliava as discussões dos intelectuais
sobre cinema, tornando-as mais populares, aumentando a visibilidade do cinema em
si e da forma de pensá-lo. A crítica, por sua vez, exercia o papel social de informar e
incorporar o público.
Em relação ao cinema, a crítica assume a postura analítica, para assim
interpretar e entender as novas formas cinematográficas. “Vemos embutida em
todas elas a ideia de ação e não apenas de reflexão, dando à crítica, e a seus
produtores, um papel ativo nas modificações do cinema nacional e da consciência
do público” (BARRETO, 2005, p.34).
A ‘Revista de cinema’, publicação mineira lançada em 1954, nasceu da
preocupação com uma discussão aprofundada e reflexiva sobre a arte
cinematográfica. A inserção de artigos em jornais diários, submetidos à urgência de
14
fechamento de edições, tornava o texto superficial, pouco abrangente, aumentando
a carência de revistas especializadas sérias.
A trajetória da crítica cinematográfica passou por quatro mudanças essenciais:
primeira, a aceitação do cinema como obra de arte; segunda, o desenvolvimento do
próprio cinema, sua consolidação, transformação histórica e os diversos gêneros;
terceira, a progressão dos pensamentos teórico e analítico sobre cinema, com a
utilização de termos específicos e a preocupação com a técnica / linguagem
cinematográfica; quarta, as transformações no jornalismo, por meio da
especialização dos críticos e sua dedicação integral ao cinema. A crítica de cinema
fala sobre a “paixão de ver cinema, de pensar, de debater, de escrever sobre
cinema. Dar sentido ao mundo e à vida através do cinema” (LUNARDELLI, 2008,
p.11). Dessa forma, a crítica se posiciona como um mediador entre o filme e a
plateia, ou entre o filme e seus realizadores.
O trabalho do crítico é, primordialmente, o de conselheiro ou assessor do espectador. Sem entrar a fundo no conteúdo do filme, porque isso acabaria com o elemento surpresa ou pelo menos de novidade que constitui um de seus atrativos, dirige a atenção do futuro espectador para determinados aspectos do filme, tanto positivos como negativos, a fim de proporcionar uma vivência cinematográfica mais completa. (DEL POZO, 1970, p.16).
A análise da trajetória da crítica de cinema deve ser relacionada à evolução
dos espectadores e sua relação tanto com o universo cinematográfico quanto com o
jornalismo. O formato da crítica mostra como se estabelecem as relações com os
leitores, o que eles buscam e desejam no consumo dessa crítica e a qualidade /
quantidade de informações sobre cinema que esperam encontrar nas publicações.
O jornalismo também passou por transformações significativas, a começar com
a especialização dos críticos. Houve progresso do pensamento teórico, crítico e
analítico sobre cinema, lançando mão de termos específicos e maior preocupação
com a técnica e a linguagem cinematográfica.
1.1 Alfred Hitchcock nas mãos da crítica
A prática jornalística possui um duplo papel no jornalismo cultural: informação
da atualidade e prestação de serviços. Os textos mais analíticos, escritos, em sua
maioria, por especialistas, revelam uma postura mais reflexiva, que pendem mais
15
para o autoral do que para o informativo. Para José Salvador Faro, reflexão e
informação se juntam no jornalismo cultural para estruturar a produção
especializada. “[...] situado fora do âmbito da factualidade do jornalismo
convencional presente em outras editorias [...] tendo como foco principal a
construção de um sentido organizador da crítica conceitual que se desdobra,
invariavelmente, numa estrutura analítica que a coloca como veiculadora de
percepções que extrapolam o objeto sobre o qual se debruça” (FARO, 2003, p.1-3).
O jornalista, como peça importante na criação da reportagem jornalística deve
dar credibilidade à matéria sobre determinado filme ou festival de cinema.
Basicamente, a função do crítico de cinema é assistir aos filmes e produzir resenhas
críticas sobre eles. Entre as principais características de um bom crítico estão: a
imparcialidade, conhecer teoria cinematográfica, avaliar, e principalmente, estudar
(com foco no processo de criação da película) o filme pelo qual se propôs analisar.
A rigor, a função da crítica de cinema é ajudar o espectador a percorrer o itinerário do filme com um mínimo de conhecimento da sua linguagem, de modo a permitir que se reconheça, durante o trajeto, aquilo que é importante e o que não é. Uma função, portanto, que, mesmo antes de se reportar à apreciação estética da obra considerada no seu conjunto, incide sobre a sua sucessiva "racionalização", quer dizer, a tradução em termos lógico-discursivos do sentido poético que ela exprime através dos procedimentos de significação que lhe são próprios. É necessário que o aspirante a crítico construa primeiro um repertório para depois se aventurar na análise fílmica. A crítica é a arte da paciência. (SETARO, 2010).
Neste contexto, a revista especializada Bravo!, publicação da Editora Abril, em
sua editoria de cinema, apresenta temas variados, entre os quais entrevistas com
diretores, estreia de filmes e tendências de gêneros. A matéria de capa da edição do
mês de março (187) traz catorze páginas sobre o filme ‘Hitchcock’. O texto de Inácio
Araújo revela o perfil da revista Bravo!, enquadrado no intermediário entre a
produção noticiosa e analítica, repartindo os espaços entre função informativa e
opinião crítica. Para o crítico da revista, o filme Hitchcock retrata um momento-chave
na vida do diretor – a produção do longa Psicose, em 1960. Entre imagens de
Psicose e do novo filme do britânico Sacha Gervasi, a revista traça um paralelo do
perfil do mestre do suspense (como ficou conhecido Hitchcock) na vida real e o
exibido no longa de Gervasi. Segundo Inácio Araújo, “a boa acolhida de Psicose fez
com que Hitch se afirmasse de vez diante da indústria [...]” (ARAÚJO, revista Bravo!,
16
mar.2013, p.22). O crítico finaliza a reportagem com uma definição da personalidade
do célebre diretor:
[...], o público, que foi inteiramente subjugado. O cineasta conseguiu dirigir as emoções dos espectadores como se rege uma orquestra. Hitchcock seria um monstro caso não provasse, filme após filme, crise após crise, que seus sentimentos e intuições, por mais malévolos e perversos que fossem, coincidiam com o que o público experimentava. [...] Só mesmo o torturado Hitch, com seu terror e seu humor, era capaz de mostrar as belezas e as feiuras, as grandezas e os horrores de que somos feitos. [...] nunca foi tão incisivo quanto em Psicose. (ARAÚJO, revista Bravo!, mar.2013, p.22-23).
Além da reportagem de Araújo, a edição 187 da Bravo! contém ainda o texto do
crítico André de Leones, que aborda o comportamento ameaçador de Hitchcock em
relação à atriz Janet Leigh, protagonista de Psicose, e conta com a contribuição da
jornalista e mestre em cinema, Lúcia Monteiro, que elenca as obras de artistas
mundiais influenciados pelo mestre do suspense e seu legado.
A função textual aqui é primordialmente referencial, informando o leitor sobre
determinado fato. O texto jornalístico, como qualquer outro, tem muitas funções
textuais, mas, neste caso, se sobressai a função referencial. Os elementos não
verbais presentes na reportagem auxiliam o leitor a compreender melhor o texto e
oferecem informações extras, como a imagem do artista Zed Nesti (fig.1), que abre a
reportagem e é complementada pelo título composto de elementos emblemáticos de
Psicose.
A revista Veja, também da Editora Abril, em sua edição online da primeira
semana de março de 2013, traz uma reportagem sobre o lançamento do filme
Hitchcock e o título se refere ao diretor como o “Cézanne do cinema”. A comparação
é do jornalista e roteirista Stephen Rebello, em entrevista a Meire Kusumoto. Rebello
é autor do livro Alfred Hitchcock e os bastidores de Psicose, que deu origem ao
longa, e foi o último jornalista a entrevistar o cineasta, em 1980. Para Rebello, “o
estilo de Hitchcock se destaca daqueles que abordam os mesmos temas que ele.
[...] um chamado tema “mundano” pode inspirar algo transcendente” (KUSUMOTO,
apud REBELLO, Hitchcock, o Cézanne do cinema, 2013).
Dois meses antes, na edição 2303 (impressa),
matéria intitulada “Janela indiscreta”, de Marcelo Marthe, que faz uma crítica do
telefilme britânico The Girl
coprodução com a rede inglesa BBC). Para Marthe, o telefilme expõe o lado
do diretor, mostrando “como os componentes perversos de filmes como
indiscreta (1954) e Psicose
de seu criador” (MARTHE,
sobre o perfil obsessivo do mestre do suspense, especialmente em relação às
atrizes loiras, protagonistas de seus filmes:
Saindo do âmbito das revistas,
Paulo, publicação do Grupo Folha, também traz em seu conteúdo referências sobre
a célebre figura de Alfred Hitchcock. Na matéria de 5 de fevereiro de 2013, Rodrigo
Salem assina a reportagem sobre o filme
base de seu texto a entrevista com o jornalista Stephen Rebello
mestre”, a crítica de Salem é linear, abordando mais a relação de Rebello com o
mestre do suspense e o desenvolvimento de sua obra literá
bastidores de Psicose, do que a película cinematográfica em si. É digna de nota a
imagem que acompanha a reportagem da Folha
Fonte: http://bravonline.abril.com.br/materia/bravo
Fig.1 – Reprodução da imagem de Zed Nesti para a reportagem da revista Bravo!, mar.2013,
Dois meses antes, na edição 2303 (impressa), Veja traz Hitchcock à cena na
matéria intitulada “Janela indiscreta”, de Marcelo Marthe, que faz uma crítica do
The Girl, que estreou no Brasil pela HBO americana (em
coprodução com a rede inglesa BBC). Para Marthe, o telefilme expõe o lado
do diretor, mostrando “como os componentes perversos de filmes como
Psicose (1960) se entrelaçam com os desvãos da personalidade
de seu criador” (MARTHE, revista Veja, janeiro 2013, p.96). O crítico também fala
erfil obsessivo do mestre do suspense, especialmente em relação às
atrizes loiras, protagonistas de seus filmes:
“Hitchcock (1899-1980), é verdade, era um obsessivo em relação a tudo o que se referia a seus filmes, dos planos de câmera cirúrgicos à simbologia dos figurinos. Mas as estrelas femininas eram sua maior fixação. Sempre as platinadas, por sinal – de Madeleine Carroll a Kim Novak, passando por Grace Kelly e Doris Day” (MARTHE, revista Veja, janeiro 2013, p.97).
Saindo do âmbito das revistas, o caderno Ilustrada, do jornal
, publicação do Grupo Folha, também traz em seu conteúdo referências sobre
a célebre figura de Alfred Hitchcock. Na matéria de 5 de fevereiro de 2013, Rodrigo
Salem assina a reportagem sobre o filme Hitchcock, de Sacha Gervasi, tomando por
base de seu texto a entrevista com o jornalista Stephen Rebello.
mestre”, a crítica de Salem é linear, abordando mais a relação de Rebello com o
mestre do suspense e o desenvolvimento de sua obra literária Alfred Hitchcock e os
, do que a película cinematográfica em si. É digna de nota a
imagem que acompanha a reportagem da Folha (fig.2): o ator Antony Hopkins
http://bravonline.abril.com.br/materia/bravo-entrevista-zed
Reprodução da imagem de Zed Nesti para a reportagem da revista Bravo!, mar.2013,
17
traz Hitchcock à cena na
matéria intitulada “Janela indiscreta”, de Marcelo Marthe, que faz uma crítica do
, que estreou no Brasil pela HBO americana (em
coprodução com a rede inglesa BBC). Para Marthe, o telefilme expõe o lado sombrio
do diretor, mostrando “como os componentes perversos de filmes como Janela
(1960) se entrelaçam com os desvãos da personalidade
96). O crítico também fala
erfil obsessivo do mestre do suspense, especialmente em relação às
1980), é verdade, era um obsessivo em relação a tudo o que se referia a seus filmes, dos planos de
ogia dos figurinos. Mas as estrelas femininas eram sua maior fixação. Sempre as platinadas, por
de Madeleine Carroll a Kim Novak, passando por Grace Kelly e Doris Day” (MARTHE, revista Veja, janeiro 2013, p.97).
, do jornal Folha de São
, publicação do Grupo Folha, também traz em seu conteúdo referências sobre
a célebre figura de Alfred Hitchcock. Na matéria de 5 de fevereiro de 2013, Rodrigo
, de Sacha Gervasi, tomando por
. Sob o título “Siga o
mestre”, a crítica de Salem é linear, abordando mais a relação de Rebello com o
Alfred Hitchcock e os
, do que a película cinematográfica em si. É digna de nota a
: o ator Antony Hopkins
zed-nesti
Reprodução da imagem de Zed Nesti para a reportagem da revista Bravo!, mar.2013, p.13.
(intérprete de Hitchcock no filme), é retratado de perfil, ocupando a prim
inteira do carderno Ilustrada
como se fosse um quebra
apresenta em seus filmes.
com o tema “Hitchcock”. Em torno do nome
sobrevoam vários pássaros negros,
Pássaros, de 1963.
A Folha também traz
Cássio Starling Carlos. O crítico demonstra de forma explícita, já no título, seu
desagrado em relação ao longa, quando diz que “Hitchcock reduz
caricatura”. Mais adiante, no quarto parágrafo, Cássio dispara: “é o típico filme que
não serve para nada”, e fin
diretor, que o procure direto na fonte,
apresenta tipos, sem nunca revelar algum aspecto revelador da pessoa atrás da
persona” (CARLOS, Hitchcock reduz cineasta à
1.2 A notícia recria e fortalece o mito
A notícia é concebida como sendo uma construção social, ou seja, é o
resultado de um processo desenvolvido por vários agentes. Assim, na seleção das
notícias, os jornalistas podem agir sob a influência de uma cultura e id
próprias, ou de acordo com interesses externos ao campo de poder. Esse processo
Fonte:
Fig.2 – Detalhe da reportagem “Siga o mestre”, caderno “Ilustrada”,
(intérprete de Hitchcock no filme), é retratado de perfil, ocupando a prim
Ilustrada. A figura foi toda recortada em formas geométricas,
fosse um quebra-cabeça representando as peças que Hitchcock nos
apresenta em seus filmes. Nessas peças soltas, estão inseridos
“Hitchcock”. Em torno do nome Ilustrada e do título da matéria,
sobrevoam vários pássaros negros, uma referência à emblemática produção
também traz outra crítica do filme Hitchcock, dessa vez assinada por
Carlos. O crítico demonstra de forma explícita, já no título, seu
desagrado em relação ao longa, quando diz que “Hitchcock reduz
caricatura”. Mais adiante, no quarto parágrafo, Cássio dispara: “é o típico filme que
não serve para nada”, e finaliza orientando o leitor que deseja conhecer melhor o
diretor, que o procure direto na fonte, Psicose, já que o filme de Gervasi “só
apresenta tipos, sem nunca revelar algum aspecto revelador da pessoa atrás da
Hitchcock reduz cineasta à caricatura, mar.2013).
notícia recria e fortalece o mito
A notícia é concebida como sendo uma construção social, ou seja, é o
resultado de um processo desenvolvido por vários agentes. Assim, na seleção das
notícias, os jornalistas podem agir sob a influência de uma cultura e id
próprias, ou de acordo com interesses externos ao campo de poder. Esse processo
Fonte: http://acervo.folha.com.br/fsp/2013/02/05/21/
Detalhe da reportagem “Siga o mestre”, caderno “Ilustrada”, Folha de SP, 5 fev.2013, p.E1.
18
(intérprete de Hitchcock no filme), é retratado de perfil, ocupando a primeira página
em formas geométricas,
representando as peças que Hitchcock nos
inseridos textos e imagens
e do título da matéria,
emblemática produção: Os
essa vez assinada por
Carlos. O crítico demonstra de forma explícita, já no título, seu
desagrado em relação ao longa, quando diz que “Hitchcock reduz o cineasta à
caricatura”. Mais adiante, no quarto parágrafo, Cássio dispara: “é o típico filme que
aliza orientando o leitor que deseja conhecer melhor o
, já que o filme de Gervasi “só
apresenta tipos, sem nunca revelar algum aspecto revelador da pessoa atrás da
2013).
A notícia é concebida como sendo uma construção social, ou seja, é o
resultado de um processo desenvolvido por vários agentes. Assim, na seleção das
notícias, os jornalistas podem agir sob a influência de uma cultura e identidade
próprias, ou de acordo com interesses externos ao campo de poder. Esse processo
Folha de SP, 5 fev.2013, p.E1.
19
carrega em si várias etapas de decisão (gatekeeping), normalmente sujeitas a uma
pressão fundamental: o tempo – ali atuam os valores-notícia. Para Traquina (2005),
os valores-notícia se constituem no elemento central da cultura jornalística. Mas o
que é notícia, como estabelecer critérios de noticiabilidade? Traquina esclarece:
[...] é simultaneamente simplista e minimalista: a) simplista porque, segundo a ideologia jornalística, o jornalista relata, capta, reproduz ou retransmite o acontecimento. Segundo a metáfora dominante no campo jornalístico, o jornalista é um espelho que reflete a realidade. O jornalista é simplesmente um mediador; e b) minimalista porque, segundo a ideologia dominante, o papel do jornalista como mediador é um papel reduzido. (TRAQUINA, 2005, p.62).
Existe uma diferença entre valores que determinam o que é notícia e os valores
do jornalismo em épocas distintas. De acordo com Traquina (2005), os maiores
valores atuais do jornalismo se dividem em dois polos: o ideológico (serviço público)
e o econômico (negócio). Dessa forma, o jornalismo, ao valorizar as notícias de
importância social, oferece o que o leitor precisa saber. As notícias com alta dose de
interesse têm a função de satisfazer a curiosidade e preenchem as necessidades de
entretenimento e diversão do público – é aquilo que o leitor está ávido em saber,
mas que não irá representar qualquer utilidade para sua vida na sociedade. No
segundo polo se encaixa o mito de Alfred Hitchcock.
A própria notoriedade de Hitchcock no cenário cultural já o configura como
valor-notícia, no impacto que seus filmes causam no imaginário humano. As
produções hitchcockianas para o cinema trabalham com elementos como: morte,
assassinato, mistério, suspense, horror. Para Traquina, a morte é um valor notícia
fundamental “e uma razão que explica o negativismo do mundo jornalístico que é
apresentado diariamente nas páginas do jornal ou nos écrans da televisão”
(TRAQUINA, 2005, p.79).
Em suma, as pessoas sentem prazer em experimentar o medo – vivenciar,
através da tela, emoções que não seriam agradáveis ou desejadas na vida real,
muitas vezes tão maçante e monótona. Para Howard Philips Lovecraft, escritor
norte-americano do gênero terror, “a emoção mais forte e mais antiga do homem é o
medo, e a espécie mais forte e mais antiga de medo é o medo do
desconhecido”. Sobre a recepção do público em relação aos filmes do mestre do
suspense, o autor Stephen Rebello afirma:
20
Os noticiários de TV e os filmes europeus, mais adultos e francos, estavam levando as expectativas do público rumo a uma apreensão mais corajosa da realidade na tela. Que bom para Psicose, que expunha o esqueleto de boca arreganhada por baixo dos ritmos e rotinas do cotidiano — o trabalho diário, as relações que exigem esforço, os sonhos adiados, os locais ermos. Psicose acontecia num mundo muito mais próximo daquele em que a maioria dos frequentadores de cinema vivia. Hitchcock, que nasceu filho de um quitandeiro do East End no sobrado sobre a loja do pai, se sentia ao mesmo tempo fascinado e horrorizado por esse mundo. (REBELLO, 2013, p.42).
Em se tratando da obra de Hitchcock, ou qualquer outra produção cultural que
se refira a ele, o fator tempo se configura como valor-notícia. De acordo com
Traquina (2005, p.82), “um assunto ganha noticiabilidade e permanece como
assunto com valor-notícia por um tempo mais dilatado”. Assim, Hitchcock, o diretor e
a obra cinematográfica, que ganharam notoriedade há décadas, continuam
despertando a curiosidade, se transformando em notícia e se recriando
continuamente.
A notabilidade também possui valor-notícia para a comunidade jornalística, já
que Alfred Hitchcock é detentor da “qualidade de ser visível, de ser tangível”
(TRAQUINA, 2005, p.82). Na visão de Stephen Rebello, ele (Hitchcock) “era um
visionário, um feiticeiro na técnica, um mestre em enquadramento e composição. Ele
era capaz de suscitar emoções raras e complexas” (KUSUMOTO, apud REBELLO,
Hitchcock, o Cézanne do cinema, 2013) – ingredientes suficientes para elevar o
cineasta à categoria de “notável”.
Outra característica que confere valor-notícia a Hitchcock e sua extensa obra
na senda do suspense é a contextualidade. Os leitores da Bravo!, da Veja e da
Folha possuem uma bagagem cultural suficiente para saber quem é Alfred Hitchcock
e o perfil psicológico do diretor e de sua obra. Mas, então, por que este público ainda
se interessa por notícias sobre Hitchcock? O que eles ainda desejam saber? A
resposta está na definição sucinta do admirador e seguidor, Rebello:
Então, tantos anos depois do lançamento de Psicose, o filme continua a ser o parâmetro a partir do qual muitos outros são avaliados. Em 1960, durante a turnê promocional, quando Alfred Hitchcock falou sobre Psicose para um dos numerosos repórteres que o assediavam, comentou: ‘É um filme muito bom, mas o mais importante é que é o primeiro filme chocante que eu já fiz. Meus filmes anteriores eram de suspense. Esse vai,
21
literalmente, chocar o público.’ O fato é que o mais famoso e um dos mais imitados de todos os filmes de Hitchcock, por todo o seu poder instantâneo sobre o público e seu impacto de longo alcance no cinema internacional, não desnorteou e afetou ninguém de forma mais irrevogável do que a seu próprio diretor. (REBELLO, 2013, p.206).
2. O jornalismo cultural e os produtos da indústria do entretenimento
Tanto a crítica (jornalismo cultural) quanto o cinema propriamente dito estão
sob o contexto da indústria cultural, ou seja, um processo que impõe regras e
limites. Na época da comunicação de massa e da intensa comercialização da arte, a
ânsia por notoriedade e publicidade, faz com que o produtor trabalhe mais pela
repercussão de seu trabalho do que pela obra em si. Assim, o circuito de produção,
difusão e consumo da arte converge com o circuito de produção, difusão e consumo
de notícias. Por isso é importante o jornalista entender a lógica e os procedimentos
que norteiam a atuação da indústria cultural. No entanto, se o jornalismo cultural não
questiona ou dialoga de forma crítica, não seleciona ou cria espaço para propostas
alternativas, ele abre uma brecha para que a indústria cultural se sinta à vontade
para reproduzir incessantemente os mesmos padrões estéticos e temáticos,
transformando obras culturais em produtos distribuídos em série. Ao simplificar tudo,
o jornalismo acaba tornando seu espaço cultural em mero entretenimento.
O jornalismo cultural possui grande importância na ampliação da cidadania
cultural, realizando uma abordagem não apenas determinada pelo agente produtor,
mas com foco também no receptor. Faz-se necessário compreender e trabalhar o
olhar de quem recebe (consome) a cultura, como o receptor decodifica as
mensagens. Dessa forma, será cumprida a missão de um jornalismo que amplia o
conceito e as manifestações de cidadania nos locais onde atua, privilegiando o
espectro local sem detrimento do global.
2.1 O poder do uso da imagem no jornalismo cultural
A imagem é um poderoso instrumento de comunicação que pode ser utilizado
com os mais variados objetivos. Para o professor norte-americano John B.
Thompson (2011), o uso de símbolos é um traço distintivo da vida humana. Uma
imagem carrega em si diversos símbolos – que lhe conferem sentido e mostram o
que o emissor quis transmitir ao receptor. Para uma correta análise dos padrões de
22
significado de uma imagem, é importante que se faça a análise cultural, conforme
aponta Thompson:
[...] concepção simbólica [...] cultura é o padrão de significados incorporados nas formas simbólicas, que inclui ações, manifestações verbais e objetos significativos de vários tipos, em virtude dos quais os indivíduos comunicam-se entre si e partilham suas experiências, concepções e crenças. (THOMPSON, 2011, p.176).
A proposta apresentada é a análise da capa da edição 187, março de 2013, da
revista Bravo! (que encerrou as atividades em agosto de 2013). A mesma imagem
foi divulgada pela primeira vez em fevereiro de 1963, na capa da publicação norte-
americana ‘Life’, de autoria do fotógrafo Philippe Halsman. A análise da imagem se
apoia na teoria semiótica do filósofo norte-americano Charles Sanders Peirce (1983)
e, de acordo com sua dinâmica, os signos presentes são icônicos, ou seja, a relação
entre as coisas em que eles aparecem e as coisas que eles representam possui
caráter imitativo. Dessa forma, percebendo-se “isto” lembra-se imediatamente
“daquilo”.
A escolha da fotografia feita pelas revistas (figs. 3 e 4), com Hitchcock rodeado
por corvos, remete ao lado sombrio e ao comportamento sádico, muitas vezes
identificados nas produções e no perfil do cineasta. De acordo com Rebello (2013),
Os Pássaros é a obra na qual o diretor atinge o ápice do sadismo. As formas
simbólicas presentes nas aves remetem ao terror, ao sobrenatural, e o mestre do
suspense apreciava jogar com esses elementos. O próprio Hitchcock declarou à
imprensa na época de lançamento de Os pássaros:
Já produzi vários filmes cujo maior objetivo era enfeitiçar e assombrar o espectador. Como tais histórias traziam muito entretenimento, elas cumpriam sua função. Desta vez, porém, introduzi um tema sério sob a diversão. Existe um terrível significado espreitando logo abaixo da superfície de choque e suspense de Os pássaros. E, quando vocês descobrirem, seu prazer será mais do que dobrado. (REBELLO, 2013, p.197).
O termo “formas simbólicas” foi utilizado por Thompson para “se referir a uma
ampla variedade de fenômenos significativos, desde ações, gestos e rituais até
manifestações verbais, textos, programas de televisão e obras de arte”
(THOMPSON, 2011, p.183). Os corvos estão diretamente ligados à imagem de
Hitchcock, e levam nosso pensamento diretamente ao gênero que o consagrou no
23
cinema: o horror – esta é a mensagem subliminar na imagem que estampa as capas
da Life e da Bravo!.
Fonte: http://bravonline.abril.com.br/revista#edicao-0187
Fonte: http://www.2neatmagazines.com/life/1963.html
Fig.3 – Capa da revista ‘Bravo!’, edição 187, mar.2013.
Fig.4 – Capa da revista americana ‘Life, edição de fev.1963.
24
3. Revista Bastidores Online
A Revista Bastidores Online nasceu da necessidade de uma publicação cultural
na região do interior de São Paulo, especificamente em Indaiatuba e cidades
próximas, pois observamos que havia dados insuficientes sobre os eventos culturais.
O leitor de cultura quer saber qual o enredo e as peculiaridades do filme que
está com vontade de assistir, e deseja conhecer as curiosidades e detalhes que
estão por trás dos espetáculos. O consumidor cultural não se contenta com meras
sinopses, que falam em meia dúzia de palavras sobre seu filme ou CD favorito. Ele
quer saborear os lançamentos, e isso vai muito além da compra de um ingresso ou
da aquisição de uma mídia de áudio ou vídeo.
É nesse contexto que vemos a cultura, e foi pensando nisso que
desenvolvemos a Revista Bastidores Online, afinal, a diversão de nossos leitores
começa assim que eles visualizam a primeira página.
3.1 Desenvolvendo o formato e o padrão gráfico da revista
Iniciamos a confecção de nosso produto no mês de agosto de 2013. Decidimos
por uma publicação mensal, sendo a primeira edição no mês de novembro. Em
período anterior, especificamente no mês de fevereiro, criamos o grupo ‘Jornalismo
Cultural’, no Facebook, a fim de facilitar a comunicação entre os membros do grupo
e agilizar as atividades. Por meio do grupo, trocamos impressões, arquivos de texto
e imagem, informações, novidades etc. No caso de envio de arquivos maiores,
impossibilitados de serem enviados por este canal, disponibilizamos também pastas
no site ‘Dropbox’, que permite armazenamento de arquivos mais pesados, que
podem ser compartilhados.
Após a entrega do artigo científico e da primeira parte de nosso projeto de
pesquisa, a providência imediata foi criar um e-mail para recebermos os informes
das Assessorias de Imprensa, assim como reservar um domínio no site ‘Issuu.com’
para a divulgação de nosso produto, ou seja, a revista virtual. Assim, no dia 10 de
agosto abrimos a conta de e-mail ‘[email protected]’. Nessa época ainda não
havíamos definido o nome de nossa revista. As propostas iniciais foram: ‘Rotas de
Cultura’, ‘Rota Cultural’ e ‘Clap’. A dúvida permaneceu por um tempo e, por fim, no
25
mês de setembro foi feita a escolha definitiva do nome: ‘Revista Bastidores’. Ao
mesmo tempo, inserimos o slogan da revista, que era: ‘A sua revista de cultura’.
Ao apresentarmos o título à professora Roberta Steganha, esta sugeriu
efetuarmos um pequeno acréscimo, para que o nome não ficasse tão comum.
Então, resolvemos acrescentar a palavra ‘online’, já que a publicação é virtual. Ainda
em setembro, desenvolvemos o logotipo da revista, utilizando o programa ‘Corel
Draw’. A fonte utilizada para o nome foi a ‘Freehand575 BT’, devido a seu formato
despojado, divertido, ligado ao objetivo principal da publicação, que é a proposta de
oferecer ao leitor a diversão e o lazer a partir da leitura das reportagens culturais.
Quanto a cor, a princípio era prata (fig. 5). Mais tarde, ao ver o logotipo
posicionado na capa da revista, percebemos que o mesmo ficou muito apagado,
sem expressão. Foi então que o colega Jean Lucas sugeriu utilizarmos a cor laranja
(fig. 6), por ser mais chamativa e alegre. Fizemos uma rápida pesquisa na internet, e
encontramos informações sobre a tonalidade que nos deu a certeza de termos feito
a escolha certa: A cor laranja significa alegria, vitalidade, prosperidade e sucesso.
[...] Está associada à criatividade, pois o seu uso desperta a mente e auxilia no
processo de assimilação de novas ideias. Energia, entusiasmo, comunicação e
espontaneidade são palavras chave associadas ao laranja. [...] é uma das
tonalidades que lembra verão, calor, diversão, liberdade e atitudes positivas. (Site
Significados).
Para as palavras ‘Revista’, ‘Online’ e o slogan, optamos pela fonte ‘Eras Demi
ITC’, na cor preta (exceto para a capa da primeira edição, que possui fundo escuro,
e tivemos de manter a cor laranja para as palavras também). Esta fonte foi escolhida
também por seu formato que, em nossa opinião, inspira diversão, movimento.
A sua revista de cultura
Arte: Adriana B. Lourencini
Fig.5 – Ideia inicial do logotipo, nas cores prata e preto, com o slogan.
26
A etapa seguinte foi reservar o domínio do espaço no site de publicações
‘Issuu.com’. O site é gratuito e permite que o usuário armazene determinada
quantidade de publicações, seja jornal, revista etc. O ‘upload’ é feito com o arquivo
em PDF. Como Adriana já possui um perfil no Issuu, a primeira edição da Bastidores
Online foi hospedada no endereço:
http://issuu.com/adrianabrumerlourencini/docs/bastidores_1___edi____o_issuu.
Mais tarde, após a criação do site, disponibilizamos o link para a revista.
Dando continuidade ao projeto, iniciava-se a fase de escolha das editorias.
Nossa intenção era realizar a cobertura de todas as formas de eventos culturais,
destinados ao público a partir de 20 anos até aproximadamente os 50 anos, homens
e mulheres da região. As coberturas abrangeriam as cidades de Indaiatuba, Salto,
Itu, Sorocaba, Campinas e, eventualmente, Jundiaí e demais municípios próximos.
Nosso público é consumidor de cultura, mas não possui conhecimentos
aprofundados. Seu perfil é intermediário – não participantes de eventos de periferia
(como bailes funk, por exemplo), nem de espetáculos especificamente ‘Cult’ –
compreendendo pessoas que frequentam eventos do circuito comercial. Então,
tomando por base as necessidades do público com perfil acima, dividimos a revista
da seguinte forma:
• Artes – com reportagens sobre trabalhos artísticos em destaque;
• Audiovisual – matérias referentes a programas de televisão;
• Cinema – trajetória do horror e do suspense nas produções
cinematográficas;
• Dança – espetáculo que obteve destaque e repercussão;
Fig.6 – Logotipo final, com acréscimo da palavra ‘Revista’ e alteração do slogan.
Arte: Adriana B. Lourencini
27
• Em Foco – pessoas e eventos que se sobressaíram no período.
Escolhemos abordar a presença de atores brasileiros no filme ‘Elysium’,
lançado em setembro no Brasil;
• Fotografia – texto da professora Ms. Paula Piotto e reportagem sobre
concurso fotográfico ‘Olhares da Cidade’;
• Games – principais lançamentos do gênero em 2013 (texto do aluno de
Cinema Victor Lopes Queiroz);
• Literatura – reportagem com o jornalista e escritor Laurentino Gomes,
principais lançamentos literários e novos autores da região;
• Música – cobertura do Festival de Rock 2013, destaque para bandas e
eventos musicais do período;
• Teatro – destaque para os espetáculos ‘O Pequeno Príncipe’, ‘Irmã Selma e
seu Terço Insano’;
• Programação – principais eventos de cinema, música, exposições;
• Vídeo – lançamentos recentes em DVD e Blu-Ray, resenha sobre vídeo,
eventos sobre o tema.
Em seguida, desenvolvemos o formato da revista, que seria confeccionada
utilizando-se o programa ‘InDesign’. O modelo escolhido foi o padrão – 20 x 26,5 cm
– duas colunas. O número de páginas ainda não havia sido definido (apenas a
quantidade mínima de 32 páginas). A fonte escolhida para os textos e linhas finas foi
a ‘Garamond’, tamanho 11, regular; para os títulos das reportagens, a ‘Lithos Pro’,
com variações no tamanho, de acordo com a diagramação; para o editorial, optamos
pela ‘Eras Demi’; e para as editorias, a fonte escolhida foi a ‘Nightclub’. A fonte
‘Garamond’ oferece sofisticação, além de ser de fácil visualização e leitura,
enquanto a ‘Lithos Pro’ e a ‘Nightclub’ proporcionam uma estética mais livre, não
sóbria, mais apropriada a uma publicação de cultura.
3.2 Planejamento e execução das reportagens e pesquisa de imagens
Agosto
28
Como a primeira edição da revista ficou definida para novembro, pensamos
que deveríamos priorizar as notícias de cultura do mês de outubro (eventos
realizados) e as que estavam por vir, nos dois meses seguintes. No entanto, em
agosto identificamos alguns eventos relevantes, com valor notícia agregado, e que
seria interessante mencioná-los. Dessa forma, no dia 24 de agosto (sábado) foi
realizada a entrevista com a escritora iniciante Adelisa Maria Albergária P. Silva, que
lançou seu livro ‘O que Realmente Importa’, em tarde de autógrafos no Centro
Integrado de Apoio à Educação de Indaiatuba (Ciaei), em Indaiatuba. A entrevista foi
realizada por Adriana, que se dirigiu ao local com seu veículo, por volta das 15h30, e
lá permaneceu até às 17h, captando informações e imagens. O custo dessa
reportagem foi baixo, já que o mesmo foi realizado na cidade em que Adriana reside,
sendo o Ciaei localizado a cerca de 5 quilômetros (10 minutos) de sua casa.
Ainda no mês de agosto, o ator Octávio Mendes apresentou em Indaiatuba (no
Ciaei) seu espetáculo ‘Irmã Selma e seu Terço Insano’, em temporada pelo Brasil. O
artista esteve na cidade na noite do dia 31 (sábado). No dia, não foi possível uma
entrevista diretamente com Octávio, mas conseguimos declarações do ator por meio
de sua assessoria, em e-mail enviado anteriormente por Antônio Bento, da Supercult
Produções, no dia 20 de agosto. O espetáculo teve início às 21h, e nós chegamos lá
por volta das 19h30. Gastamos com os dois ingressos, e o Jean Lucas teve o custo
adicional de locomoção de Itu a Indaiatuba. A reportagem foi inserida na editoria
‘Teatro’.
Setembro
No início do mês, identificamos pelo Facebook um escritor, residente em
Indaiatuba, que havia lançado recentemente o livro ‘O Artista, o Executivo e o
Sorveteiro’. Tratava-se de Roque Ávila Júnior, que nos concedeu entrevista por
telefone, no dia 3 (terça-feira). Ele contou à Adriana sobre o desenvolvimento da
obra, assim como as razões que o levaram a produzir o livro. A conversa durou
aproximadamente 30 minutos, e a matéria foi produzida no dia 6 de setembro (sexta-
feira). O autor também nos enviou por e-mail duas imagens para ilustrar a
reportagem. Assim como a entrevista com Adelisa Maria, esta também entrou para a
editoria ‘Literatura’.
29
Outro evento que repercutiu em Indaiatuba chamou nossa atenção – foi a
oitava edição do ‘Meeting Hip Hop School Festival’, durante os dias 6, 7 e 8. No dia
3 (terça-feira), Adriana conversou por telefone com Ralph William Ferreira, professor
de hip hop e organizador do evento, que explicou sobre o movimento e a
importância do evento na cidade. Além da entrevista, Ralph disponibilizou a imagem
que ilustra a matéria, na editoria ‘Dança’.
Nesta época, Jean Lucas conseguiu o contato da assessoria do jornalista e
escritor Laurentino Gomes. Então, às 16h20 do dia 6 (sexta-feira) enviamos um e-
mail para Fernanda Pereira, da Mop3 Comunicação, nos apresentando e informando
o motivo de nosso contato. O retorno foi no dia 9 (segunda-feira), data em que
enviamos as perguntas da entrevista com Laurentino, que estava realizando viagens
para o lançamento do livro ‘1889’. Mantivemos contato com Fernanda até a data da
visita de Laurentino em Indaiatuba – no dia 27 de outubro (domingo) – quando,
então, conseguimos realizar a entrevista pessoalmente. Falaremos sobre isso mais
adiante.
No dia 10 (terça-feira), conseguimos localizar o cineasta paulista Marco Dutra
no Twitter. A razão da entrevista é o fato de Marco produzir filmes do gênero horror
– título de nossa matéria na editoria ‘Cinema’. Como o cineasta estava em fase de
produção de um novo longa-metragem, conseguimos apenas uma entrevista rápida,
com poucas declarações, realizada por e-mail, dia 13 (sexta-feira). Marco Dutra falou
sobre sua preferência pelo gênero e sobre o último filme, que conta com o ator
Antônio Fagundes no elenco.
Entre os dias 11 e 13, enviamos e-mails às assessorias das prefeituras das
cidades de Salto, Itu e Sorocaba, solicitando a inclusão na lista de mailings. No
entanto, não obtivemos resposta de nenhuma delas. Dessa forma, tomamos
conhecimento de alguns eventos culturais nesses municípios por meio de
assessorias de imprensa particulares que retornaram nosso contato, como a Sigma
Six de Itu, por exemplo. Contamos também com o envio das assessorias: Super Cult
Produções Artísticas, por Antônio Bento, em Indaiatuba; Teatros Amil (Luciana
Cassas) e GT (Bruno Ferian), de Campinas; Shopping Jaraguá (Gabriela Rodrigues)
e Polo Shopping (Roberta Pelaquim), em Indaiatuba; Prefeitura Municipal de
Indaiatuba, na pessoa de Lincoln Franco; Ralcoh Comunicação, por Laura Storni;
30
Cinnamon Comunicação, por Adriana Miranda; Tacla Comunicação, por Henrique
Malveis e Acenbi (Associação Cultural, Esportiva Nipo Brasileira de Indaiatuba), por
Mário Takeshi Alexandre.
Nessa mesma época, contatamos o cineasta José Mojica Marins, o ‘Zé do
Caixão’, e a jornalista e pesquisadora de cinema, Laura Cánepa. Marins falou sobre
características do personagem criado por ele, e Laura explanou sobre os aspectos
do horror no cinema brasileiro. O texto desenvolvido após as entrevistas foi apenas
parte complementar da reportagem sobre a trajetória do horror e do suspense no
cinema mundial, que seria finalizada apenas em novembro.
Na terça-feira, dia 17, Adriana foi ao cine Topázio, no Shopping Jaraguá
Indaiatuba, assistir ao filme ‘Invocação do Mal’, na sessão das 21h. Posteriormente,
foi realizada a resenha do longa para a editoria ‘Cinema’, na reportagem sobre a
história do horror no cinema mundial.
No dia 26 (quinta-feira), tomamos conhecimento, por Samanta de Martino,
jornalista de Indaiatuba, do baile do Hawaii do Clube 9 de Julho. A festa é um evento
cultural tradicional, importante na cidade, que chega este ano a sua 28ª edição. Ela
nos informou sobre detalhes do evento, intermediou a entrevista com membros da
diretoria e forneceu diversas imagens do baile realizado no ano passado. A matéria
foi produzida no mesmo dia, e a diagramação foi feita na segunda semana de
outubro.
Ao criarmos a editoria ‘Em Foco’, pensamos em buscar algum evento ou
personagem em destaque na ocasião. Foi então que decidimos falar sobre a
presença dos atores brasileiros, Wagner Moura e Alice Braga, em ‘Elysium’,
produção cinematográfica norte-americana. O filme foi lançado no Brasil no dia 20
(sexta-feira), e foi um longa bastante aguardado pelos fãs de ficção científica.
Adriana foi assistir ‘Elysium’ no dia 24 (terça-feira), na sala do Cine Topázio, no
Shopping Jaraguá, Indaiatuba, e a matéria foi produzida alguns dias mais tarde. As
declarações de Wagner Moura e Alice Braga foram feitas na coletiva de pré-estreia
do filme, em São Paulo, e divulgadas no site ‘g1.globo.com’. A pesquisa da imagem
foi feita no site: ‘sonypictures.com’.
Outubro
31
Entre os dias 1º e 2 (terça e quarta-feira), Adriana entrou em contato com
Sidney, empresário da banda ‘Abba on Stage’, por e-mail, e com o líder da banda de
rock ‘Vírus’, Moacir Rocha, por telefone. O grupo ‘Abba on Stage’ havia realizado
recentemente uma apresentação em Indaiatuba, e obteve grande aceitação do
público na cidade. O vocalista da ‘Vírus’ ficou sabendo de nossa revista através de
um amigo em comum no Facebook, e entrou em contato com Adriana para solicitar
a divulgação do trabalho dos músicos e conceder a entrevista. Moacir informou seus
dados de contato, e Adriana realizou a chamada ao telefone na tarde do dia 2. A
entrevista durou 15 minutos. Foram realizadas duas matérias curtas, que entraram
para a editoria ‘Música’.
A partir do dia 5 (sábado), começamos a trabalhar a diagramação da revista. O
boneco já havia sido criado, logo após o desenvolvimento do logotipo. As matérias
que já estavam prontas começaram a ser diagramadas – dividimos este trabalho
meio a meio, escolhendo aleatoriamente as reportagens que cada um iria diagramar.
Entre as editorias, conseguimos alguns anúncios. Salientamos que não recebemos
qualquer patrocínio ou pagamento pela publicação das propagandas. Para a
primeira edição, decidimos publicá-los gratuitamente.
Na segunda semana do mês, escolhemos a capa. A princípio, planejamos
escolher uma imagem que tivesse relação com o nome da revista, mas, logo depois
desistimos da ideia e resolvemos inserir uma fotografia relacionada a matéria de
cinema, sobre filmes de horror. A melhor opção foi uma cena do filme ‘Nosferatu’
(fig.7), de Friedrich Mürnau, ícone do expressionismo alemão de 1922 – o tom e o
clima expressos na imagem transmitem a real dimensão da atmosfera das
produções desse gênero. Inclusive, mostramos a pessoas próximas e a aprovação
foi praticamente unânime. Pesquisamos a imagem em diversos sites e encontramos
a de melhor resolução no blog ‘Wide World Images’. Quanto às contracapas, todas
contêm anúncios.
32
Na mesma semana, recebemos o e-mail de Henrique Malveis, da Tacla
Comunicações, assessoria da Editora Universo dos Livros. Escolhemos três títulos
recém-lançados e fizemos as resenhas dois deles para a editoria ‘Literatura’. O
terceiro livro escolhido é a biografia da banda metal ‘Black Sabath’ e, por esta razão,
entrou na editoria ‘Música’. As imagens das capas do livro que ilustram os textos
foram conseguidas no site da própria editora.
Para complementar a editoria ‘Música’, acrescentamos uma breve resenha
sobre o filme ‘Metallica, Through the Never’, recém lançado no Brasil. Adriana foi
assistir ao filme no dia 5 (sábado), no Cine Topázio do Shopping Jaraguá,
Indaiatuba. Buscamos a imagem no site oficial do filme.
No dia 12 de outubro (sábado), a peça teatral ‘O Pequeno Príncipe’ se
apresentou no Ciaei, em Indaiatuba. Alguns dias antes (quarta-feira), conseguimos
uma breve entrevista pelo Facebook com Nilson Cardoso, diretor de produção do
espetáculo. Ainda nessa semana, conversamos com a professora Mônica Araújo
sobre o livro ‘O Pequeno Príncipe’ e solicitamos a ela que escrevesse algumas
Fonte: www.wideworldimages.blogspot.com
Fig.7 – Capa da 1ª edição da Revista Bastidores
33
impressões sobre a obra de Saint-Exupéry. A matéria foi escrita no dia 13, e entrou
para a editoria de ‘Teatro’.
Em 16 de outubro (quarta-feira) decidimos criar o domínio do site, além da
revista virtual. Por ser uma ferramenta que permite a edição e a inclusão de dados
em tempo real, portanto, mais rapidamente, desenvolvemos o site para a postagem
de eventos e notícias culturais, além da inserção das imagens que complementam
as matérias. Nosso objetivo é que as próximas edições da revista tenham menor
número de páginas, apenas com os fatos e produtos culturais atuais. No site, as
postagens são breves, com conteúdo maior de imagens. O link para o site é:
http://culturaimpr.wix.com/bastidores-online (fig.8).
No dia 19 de outubro (sábado), a prefeitura de Indaiatuba realizou a sétima
edição da Feira Literária, no Pavilhão da Viber. O evento fez parte do projeto
‘Outubro Literário’, que incluiu também o Concurso Literário Acrísio de Carmargo.
Jean esteve presente na Feira, no período da manhã, e realizou a cobertura para
elaboração do texto. Lá, ele conversou com o prefeito Reinaldo Nogueira, que
confirmou a importância do evento. A fotografia utilizada foi cedida pela Assessoria
da prefeitura de Indaiatuba. A reportagem foi para a editoria ‘Literatura’. Na ocasião,
os vencedores do concurso fotográfico ‘Olhares da Cidade’ receberam os prêmios.
Adriana conversou com uma das vencedoras, Fabiana Limeira, que narrou sua
experiência e sobre a sensação de conquistar o primeiro lugar em sua categoria. A
imagem que ilustra a matéria foi enviada pela própria fotógrafa ao e-mail da revista,
e o texto foi publicado em ‘Fotografia’.
No dia 22 de outubro (terça-feira), Adriana realizou uma entrevista com o artista
Koringa Bobo da Corte, em Indaiatuba, para complementar a matéria sobre o circo.
O artista nos concedeu imagem de seu álbum no Facebook. Além da história da arte
Arte: Adriana B. Lourencini
Fig.8 – Imagem de cabeçalho do site
34
circense e do palhaço Koringa, inserimos uma pequena crítica do filme ‘Os Pobres
Diabos’, lançado este ano pelo cineasta cearense Rosemberg Cariry. As
informações e imagem sobre o longa foram adquiridas na página de Cariry no
Facebook, no período de 25 a 27 de setembro. Na última semana de outubro,
entramos em contato com Ermínia Silva, professora e descendente da quarta
geração de circenses no Brasil. Nós a encontramos no Facebook e ela conversou
com Adriana sobre alguns aspectos históricos da arte circense. A reportagem entrou
em ‘Artes’.
Também neste dia (22), Jean Lucas realizou entrevista, por e-mail, com Juliano
Mazurchi, produtor do espetáculo ‘Pano Verde’, e um dos fundadores da Cia.
Nósmesmos Produções Artísticas. Durante este período, a companhia realizou a
exibição do média-metragem produzido após a peça teatral. O primeiro filme da
‘Nósmesmos’ ficou em exibição na Sala Vermelha do Unicine, em Itu, de 4 a 27 de
outubro. A jornalista e assessora Fernanda Oliva foi quem intermediou o contato de
Jean com Mazurchi.
Em 23 de outubro (quarta-feira) Jean realizou a cobertura do projeto “Re-
Virada Cultural”, em Indaiatuba, nos dias 19 e 20 de outubro, com expressões
culturais em diversos pontos da cidade. Foi feita entrevista com a Assessoria da
prefeitura, por e-mail, no dia 21 de outubro, que também nos enviou a imagem. A
matéria foi para a editoria ‘Música’. Na mesma semana, no dia 26 (sábado), o
espetáculo ‘Chiquinha Gonzaga’ se apresentou no Círculo Italiano, em Itu. Jean
esteve presente, em torno das 20h, e conversou com Yara Napoli, diretora da peça,
e com a atriz protagonista, Regina Rebello. Jean captou algumas imagens, porém,
as mesmas não apresentaram boa qualidade para publicação. Então, no dia 27
(domingo), Adriana acessou o blog ‘Na MídiaCom’ para retirar a imagem da
compositora Chiquinha Gonzaga que ilustra a matéria, inclusa na sessão ‘Música’.
Ainda no dia 27 de outubro, vários eventos ocorreram quase simultaneamente
em Indaiatuba. Entre 15h e 18h o Lar de Velhos Emmanuel realizou a ‘Tarde de
Artes’, com exposição de telas doadas para a entidade, assim como a venda de
cartelas de bingo para concorrer a prêmios. Adriana esteve presente no local das
15h às 15h30, e conversou com Dinha Lopes, presidente do Centro Espírita
Apóstolos do Bem, mantenedor do Lar Emmanuel. O Lar é uma entidade relevante
35
na cidade, muito conhecido pela qualidade no tratamento de idosos, e realiza
frequentes atividades culturais a fim de angariar fundos para sua manutenção.
Logo em seguida, por volta das 15h40, Adriana se dirigiu à livraria Nobel, no
Polo Shopping, para cobrir a tarde de autógrafos do escritor Laurentino Gomes. O
trajeto demorou dez minutos. Adriana permaneceu na livraria até às 16h40, onde
registrou diversas imagens e realizou uma entrevista com Laurentino. Ele falou
sobre os volumes da trilogia, especialmente o último, ‘1889’; explicou rapidamente o
período da História do Brasil tratado no livro, e contou sobre sua trajetória como
escritor. Aproximadamente um mês antes entramos em contato, por e-mail, com a
assessora de Laurentino, Fernanda Pereira, da Mop3 Comunicação, a fim de
conseguirmos uma entrevista mais extensa com o jornalista. Porém, ele não chegou
a responder a mensagem devido à falta de tempo, pois estava no período de
viagens para divulgação de seu livro. As imagens que compõem a reportagem foram
produzidas por Adriana, e uma delas foi enviada por Fernanda Pereira.
Também no domingo, à tarde, foi realizada a final da 11ª edição do Festival de
Rock, no Parque Ecológico, em Indaiatuba. Assim que Adriana chegou ao local, a
banda indaiatubana ‘Darksmile’ se preparava para se apresentar. Ali, foram
registradas várias imagens, além de entrevistas com algumas pessoas do público,
que concordaram em conceder entrevista e posar para fotos. A matéria foi feita no
dia 29 de outubro (terça-feira), no mesmo dia em que recebemos da Assessoria da
prefeitura, por e-mail, a imagem da banda vencedora do Festival, a ‘Silverado’.
Neste mesmo dia, levamos os textos impressos para a professora
coordenadora Roberta Steganha fazer a última revisão. Ela nos indicou algumas
correções e sugeriu pequenas modificações nas editorias. Os textos corrigidos foram
devolvidos pela professora no dia 5 de novembro.
Novembro
No dia 1º iniciamos a pesquisa para a reportagem de capa e a mais extensa da
revista: a trajetória dos filmes de horror e suspense no cinema. Começamos fazendo
uma visita em diversos sites e, ao encontrarmos fontes que poderiam nos auxiliar na
reportagem, procuramos pelas mesmas nas redes sociais. Assim, o primeiro que
localizamos foi o pesquisador baiano Ulisses Azeredo, colaborador do site
36
‘Nostalgias do Terror’. Azeredo também é aficionado em histórias em quadrinhos de
horror, e contribuiu bastante com nossa pesquisa. Adriana entrou em contato com
ele através do Facebook no dia 5 de novembro (terça-feira), e recebeu a resposta
logo em seguida.
Nosso foco foi a abordagem das maiores produções cinematográficas para o
gênero horror. Para isso, pesquisamos sites especializados, como o ‘Omelete’, da
UOL, e ‘Cinema em Cena’, de Pablo Villaça. Como não há espaço na revista para
todas as imagens, disponibilizamos muitas delas em nosso blog (informamos isso
aos leitores no final da reportagem).
A matéria conta também com uma resenha especial sobre o mais recente filme
de horror ‘Invocação do Mal’ (fig.9). Adriana foi ao cinema para assisti-lo no dia 17
de setembro, e logo em seguida produziu o texto, que foi inserido na reportagem da
editoria ‘Cinema’. A escolha deste filme foi por ser recente e, principalmente, pelo
resgate do terror clássico feito pelo diretor James Wan, em posições de câmeras e
enredo que recriam o gênero cinematográfico. Além disso, ‘Invocação do Mal’ teve
grande repercussão de público na primeira semana de lançamento, conforme
observamos em conversas informais. Na primeira semana de novembro, Adriana
também reviu o documentário da Discovery Channel: ‘Vampiros, a Sede Pela
Verdade’, produzido em 1996. Trata-se de um especial com duas horas de duração,
abordando o horror clássico e a persistente atração exercida pelos vampiros, seres
mitológicos presentes fortemente no imaginário das pessoas. Através de trechos de
filmes, de material histórico e entrevistas com especialistas, os produtores exploram
este subgênero do tema. Adriana já possuía em seu acervo o DVD do documentário,
adquirido há alguns anos, e o mesmo serviu de material de apoio na produção do
texto.
37
Além do texto sobre os filmes de horror, há também uma reportagem sobre
Alfred Hitchcock, o ‘mestre do suspense’. Inclusive, o cineasta foi tema para
desenvolvimento de nosso artigo científico, onde realizamos um estudo sobre como
Hitchcock é visto pelo Jornalismo Cultural da atualidade. Para a produção da
matéria, entre os dias 1º e 3 de novembro, foi feita a releitura dos capítulos 3 e 11 do
livro ‘Alfred Hitchcock e os Bastidores de Psicose’, de autoria de Stephen Rebello,
editora Intrínseca, RJ, 2013, edição digital. Também contamos com a participação
da professora de História do Cinema, Fernanda Cobo, que nos forneceu detalhes
importantes sobre a obra do cineasta, especialmente sobre o filme ‘Psicose’ (fig.10),
em breve entrevista concedida à Adriana no dia 7 de novembro. Alguns dados
também foram coletados durante as aulas da professora Cobo, das quais Adriana
participou em eletiva nos semestres anteriores.
Fonte: www. adorocinema.com
Fig.9 – Cena do filme ‘Invocação do Mal’ (2013)
38
Juntamos a esse material as entrevistas realizadas no início de setembro, com
Marco Dutra, José Mojica Marins, Laura Cánepa e Ulisses Azeredo. Esta foi a
reportagem mais difícil e complexa, devido ao grande volume de informação. O texto
inicial havia ficado muito extenso, e Adriana foi eliminando aos poucos até se ajustar
ao espaço já reservado antecipadamente na revista. A finalização da reportagem se
deu somente no dia 10 de novembro, contando com a diagramação.
Optamos por esta reportagem por dois motivos: primeiro, porque abordamos o
trabalho de Hitchcock no artigo científico, através do olhar do Jornalismo Cultural;
segundo, percebemos a forte atração das pessoas por este gênero, não apenas no
tocante à produções cinematográficas, mas também em publicações literárias.
Concluímos que o público da Revista Bastidores se interessaria em ler uma matéria
sobre filmes de horror, e também sobre livros com a mesma temática. Tanto é assim
que, na editoria ‘Literatura’, escolhemos dois títulos da editora Universo dos Livros
que abordam histórias de vampiros.
Como estávamos na semana em que era realizado o ‘Tele Tom’, no SBT,
decidimos entrevistar pessoas com deficiência física e intelectual que produzem
Fonte: www. genericmovieandtv.com
Fig.10 – ‘Cena do chuveiro’ no filme ‘Psicose’, de Hitchcock
39
arte, de qualquer tipo. Então, no dia 1º de novembro, Adriana foi até o Núcleo de
Assistência Social e Educação de Jovens e Adultos (Naseja), em Indaiatuba. A
entidade é mantida pela prefeitura municipal e coordenada por Alzira Ribeiro da
Silva. Adriana visitou as instalações, conversou com alunos com todos os tipos de
deficiência, assim como com os professores orientadores das oficinas de arte.
Durante as duas horas em que permaneceu no local, Adriana obteve autorização da
coordenação para realizar as entrevistas e registrar imagens. A reportagem foi para
a editoria ‘Artes’.
As últimas matérias produzidas foram sobre lançamentos em DVD e Blu-Ray, e
a seleção de eventos a se realizarem em novembro. Para a pesquisa de filmes que
saíram em DVD/Blu-Ray, visitamos os sites da Warner Bros., Paramount, entre
outros, e fizemos breves comentários sobre os mesmos.
A escolha dos eventos mencionados na sessão ‘Programação’ foi feita com
base no interesse do público e na popularidade dos artistas. Em cinema, indicamos
o filme nacional ‘Crô’, estrelado por Marcelo Serrado, com previsão de estreia para
29 de novembro. Para aproveitar a temática sobre Consciência Negra (dia 20),
incluímos o filme ‘Dia de Preto’, exibido no Cine Topázio, Polo Shopping Indaiatuba,
entre os dias 20 e 23. Indicamos também as apresentações do ‘Menu Musical’, do
Shopping Jaraguá de Indaiatuba, com os artistas Jarbas Clareto e Alessandro
Reiner, no dia 17, e Kika Baldaseeirine, no dia 24. Por fim, citamos a exposição
‘Obras Inacabadas’, do artista plástico Antônio A. Deco, na Biblioteca Municipal de
Salto, de 4 a 22 de novembro.
Após a revista pronta, com tratamento de imagens e diagramação realizados,
observamos que o slogan ‘A sua revista de cultura’ estava muito comum, e não
chamava a atenção. Foi então que, no dia 3 de novembro, Adriana teve a ideia de
alterar para ‘Aqui começa a sua diversão’. Após conversar com Jean no mesmo dia,
ele concordou com a alteração, considerando o novo slogan mais interessante.
Assim que finalizamos a confecção da revista, desenvolvemos uma página no
Facebook com as principais notícias culturais da região. A página também atua
como ferramenta de divulgação do site Bastidores Online. Link:
https://www.facebook.com/RevistaBastidoresOnline.
40
3.3 Participações especiais
Entre as matérias divulgadas na Revista Bastidores Online, contamos também
com a participação de colaboradores, conforme segue:
• A professora Ms. Paula Piotto nos enviou, em 21 de outubro, o texto ‘Mãos
à Dobra’, que faz uma análise semiótica das imagens dos presidentes da
República do Brasil. Julgamos o material bastante interessante, pois trata-
se da linguagem das imagens, assunto pertinente em uma publicação de
cultura. As imagens dos presidentes foram extraídas do Wikipédia, além da
foto do jornalista Wilson Junior, da Agência Estado. O texto foi para a
editoria ‘Fotografia’;
• O jornalista Maurício Stycer, que escreve para o site UOL, nos deu
autorização, no dia 23 de outubro, para publicar seu texto sobre televisão. O
autor fala sobre o comunicador Silvio Santos e as alterações que promove
constantemente na programação se sua emissora de TV, o SBT. A matéria
entrou em ‘Audiovisual’;
• Caio Felipe Fré, colega do quarto semestre de Jornalismo do Ceunsp,
aceitou participar de nossa revista, com uma breve análise do seriado ‘Pé
na Cova’, exibido atualmente às terças feiras na Rede Globo. O programa
possui temas atuais, de interesse aos leitores de cultura geral. A matéria
entrou também em ‘Audiovisual’;
• O estudante de Cinema, Victor Lopes Queiroz, que escreve atualmente
para a coluna ‘Games’ do site ‘Plano Sequência’, desenvolvido por alunos
do Ceunsp, nos enviou três textos sobre lançamentos em jogos. Adriana fez
uma compilação do material e acrescentou a informação sobre a Feira
‘Brasil Game Show’, realizada em São Paulo no final de outubro. As
imagens que ilustram a matéria foram retiradas dos sites de divulgação e da
BSG 2013 (boneco mascote da Feira). O texto foi recebido na noite de 4 de
novembro e ocupa duas páginas da editoria ‘Games’;
• Em 30 de outubro (terça-feira), o jornalista André Roedel, do portal
Itu.com.br, nos cedeu seu texto sobre o ‘Dia Internacional da Animação’,
realizado em Itu. O evento expôs curtas-metragens nacionais e
41
internacionais, e a reportagem de Roedel entrou em ‘Vídeo’. As imagens
foram cedidas por Paulo Aranha, organizador do evento;
• No início de novembro recebemos o ensaio da aluna de Cinema, Silvia
Andreotti, que fala sobre o filme ‘Oz, Mágico e Poderoso’, já lançado em
DVD e Blu-Ray. As imagens foram retiradas do site ‘Cinema em Cena’.
3.4 Custos
Relacionamos abaixo os gastos que tivemos com o trabalho, desde as
pesquisas das pautas, contatos com as fontes, participação em espetáculos,
eventos e cinema, até custos de transporte, tempo de uso da internet e impressão
do material.
CinemaR$ 20
Combustível/TransporteR$ 60
DiversosR$ 200
Internet/TelefoneR$ 120
Shows/EspetáculosR$ 60
TotalR$ 460
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao final deste ano de intensa atividade, constatamos resultados positivos de
nosso trabalho. Foram muitos dias complicados e noites mal dormidas, tensão,
angústia, mas, também muitas alegrias. A cada entrevista realizada, em cada texto
produzido, a certeza da paixão pela linguagem e olhar jornalísticos, especialmente
na editoria de Cultura, que têm como objetivo universal de entreter e informar e,
acima de tudo, informar bem.
A pesquisa nos possibilitou uma análise mais aprofundada da forma como o
jornalismo cultural, por meio da crítica cinematográfica, divulga e trata o filme
‘Hitchcock’. Optamos por mídias que são destinadas a um público consumidor de
cultura, que vai a espetáculos, ao teatro e, claro, ao cinema. Além da abordagem
das críticas, observamos também a forma como Hitchcock é retratado no jornalismo
cultural. A capa reproduzida pela revista Bravo!, na edição 187, constitui-se um
símbolo por conter tantos signos referentes ao cineasta, e por estampar, pela
segunda vez, a capa de uma importante publicação. A imagem original saiu na
revista Life, que se notabilizou por suas imagens, e em suas páginas desfilaram
nomes proeminentes do cenário cultural. Hitchcock e sua obra sempre ilustraram
muitas delas. Utilizando-nos da semiótica de Peirce, traçamos um paralelo entre a
estrutura montada na fotografia de Hitchcock como que ‘brincando’ com os corvos e
seu perfil tido como ‘sádico’, pois “se divertia ao produzir seus filmes” (REBELLO,
2013, p.114).
No segundo semestre nos dedicamos à Revista Bastidores Online. Após
observarmos que o mercado regional carecia de uma publicação que tratasse o
jornalismo cultural com mais atenção e profundidade, começamos a pensar uma
revista que englobasse todas as formas de cultura existentes na região.
A revista abrange todas as formas de cultura, tais como: artes, cinema,
literatura, música etc. A proposta foi explorar o público consumidor de cultura, leigo,
mas que se interessa em conhecer os bastidores dos filmes, livros, discos,
espetáculos e eventos culturais. As reportagens são curtas, pois se trata de uma
publicação virtual, e as mais longas foram divididas em subtítulos, para não cansar
os leitores. O conteúdo está voltado mais para aspectos positivos, e a pauta
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privilegia eventos culturais da atualidade, realizados em Indaiatuba e municípios
vizinhos.
Nossa meta é darmos continuidade ao trabalho, nos tornando referência em
publicação cultural na região. As reportagens seguirão a mesma linha, tanto nas
edições mensais quanto no site, trazendo análises e reflexões oportunas sobre as
diversas produções culturais.
44
REFERÊNCIAS
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2. BARRETO, RACHEL C. – Crítica ordinária. A crítica de cinema na imprensa brasileira – Temática 4-Cinema, BOCC (Biblioteca Online de Ciências da Comunicação), 2009.
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4. COSTA, ANTONIO – Compreender o Cinema. Globo, Rio de Janeiro, 1987.
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6. FARO, J.S. Jornalismo cultural: espaço público da produção intelectual. Disponível em: <http://www.jsfaro.net>. Acesso em 4 mai.2013.
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9. LOVECRAFT, Howard P. – Literatura de horror. Wikipedia. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura_de_horror>. Acesso em: 27 abr.2013.
10. LUNARDELLI, Fatimarlei. A crítica de cinema em Porto Alegre na década de 1960. Porto Alegre, RS, UFRGS, 2008.
11. MARTHE, Marcelo. Janela indiscreta. Revista Veja, seção Cinema, edição 2303, 9 de janeiro de 2013.
12. MCLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação como extensões do homem. Cultrix, 15ª edição, São Paulo, 1969.
13. MORIN, EDGAR – Cultura de massas no século XX – Vol.1 – Neurose – Forense, 2ª edição, Rio de Janeiro, 1969 – Cap. 2, A indústria cultural, p. 25-36.
45
14. PEIRCE, Charles S. Semiótica e filosofia. Introdução, seleção e tradução de Octanny Silveira da Mota e Leônidas Hegenberg, Cultrix, São Paulo, 2ª edição, 1983.
15. PIZA, Daniel. Crônica cultural. Disponível em: <http://blogs.estadao.com.br/daniel-piza/cronica-cultural/>. Acesso em 1 mar.2013.
16. PIZA, DANIEL – Jornalismo Cultural – Contexto, 1ª edição, São Paulo, 2003.
17. REBELLO, Stephen. Alfred Hitchcock e os bastidores de Psicose. Intrínseca, Rio de Janeiro, edição digital, 2013.
18. SALEM, Rodrigo. Siga o mestre. Folha de S. Paulo, Ilustrada, 5 de fevereiro de 2013.
19. SETARO, André. Ilustríssima – André Setaro fala sobre a crítica de cinema. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/771655-andre-setaro-fala-sobre-a-critica-de-cinema.shtml>. Acesso em: 27 abr.2013.
20. THOMPSON, John B. Ideologia e cultura moderna. Vozes, Rio de Janeiro, 9ª edição, 2011. TRAQUINA, Nelson. Teorias do jornalismo – porque as notícias são como são – vol.1. Insular, Florianópolis, 2ª edição, 2005.
21. TRAQUINA, Nelson. Teorias do jornalismo – A tribo jornalística: uma comunidade interpretativa transnacional – vol.2. Insular, Florianópolis, 2005.
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48. ______Site: http://sessaodomedo.blogspot.com.br/2013/07/assista-morte-do-demonio-completo-em-hd.html - Imagem cena do filme ‘A Morte do Demônio’ – Acesso em 10 de novembro.
49. ______Site: http://portaldad.blogspot.com.br/2011/06/big-bang-theory-2-temporada-dvd-rip.html - Imagem da série ‘The Big Bang Theory’ – Acesso em 10 de novembro.
48
ANEXO
Termo de Integridade em Pesquisa de TCC
Declaro estar ciente de que o plágio é uma violação acadêmica, constituí um
crime e caracteriza-se pelo uso de transcrição de partes de texto, bem como ideias e
sugestões de outro autor sem a menção das referências devidas.
Afirmo também conhecer as normas estabelecidas pelo Manual de TCC-
FCAD-2013 que preveem a reprovação do TCC nos casos em que seja confirmado
o plágio através de registro feito pelo professor orientador ou por qualquer membro
da Banca Avaliadora.
Salto, 12 de dezembro, 2013.
Estudante(s): ADRIANA LOURENCINI; JEAN LUCAS ALMEIDA PINO.
Professor Orientador: PROFª. MS. ROBERTA STEGANHA.