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Page 1: Samba do Sindicatis - Letras: 1º de Maio

PELAS BRASAS DO MUNDO, UNI-VOS!

SAMBA DO DIA DO TRABALHADOR

CURITIBA-PR1º DE MAIO DE 2013

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Pesquisa de repertório: Bruno Santos de LimaSeleção: Jonas LopesOrganização das letras: Larissa Vuitika e Téo Souto Maior

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FESTA DO DIA DO TRABALHADOR1° DE MAIO DE 2013

1- O que será de mim (Ismael Silva, Nilton Bastos e Francisco Alves) | pág.042- Abrigo de vagabundos (Adoniran Barbosa) | pág.043-Que trabalho é esse (Micau e Zorba Devagar) | pág.054- Falta um zero no meu ordenado (Ary Barroso e Benedito Lacerda) | pág.055- Salário mínimo (Alvarenga) | pág.066- Samba do operário (Cartola) | pág.067- Ministério da economia (Geraldo Pereira e Arnaldo Passos) | pág.068- Saco de feijão (Chico Santana) | pág.079-Conversa de malandro (Paulinho da Viola) | pág.0710-Cinderela no morro (Dewett Cardoso e Jonas Garret) | pág.0811-Lata D’agua (Jota Júnior e Luiz Antônio) | pág.0812- Ai mãezinha (Ari Monteiro e Geraldo Pereira) | pág.0813- Garota dos discos (Wilson Baptista e Jorge de Castro) | pág.0814-Golpe errado (Geraldo Pereira) | pág.0915- Oh seu Oscar! (Wilsob Baptista) | pág.0916-Bonde são Januário (Ataulfo Alves e Wilson Baptista) | pág.0917- Hildebrando (Wilson Baptista e Haroldo Lobo) | pág.1018- Samba do trabalhador (Darcy da Mangueira)| pág.1019-Cocorocó (Paulo da Portela) | pág.1120-Meu dinheiro não dá (Candeia) | pág.1121-Ganha-se pouco, mais é divertido (Wilson Baptista) | pág.1222-Opinião (Zé Keti) | pág.1223-De sol a sol (Alvaiade e Ary Monteiro) | pág.1324-Favela (Padeirinho e Jorginho Pessanha) | pág.1325-Pedreiro Waldemar (Wilson Baptista) | pág.1326-1º de Maio (Ricardo Salmazo) | pág.13

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01O QuE SERá DE MIM (Ismael Silva, Nilton Bastos e Francisco Alves)

Se eu precisar algum diaDe ir pro batenteNão sei o que seráPois vivo na malandragemE vida melhor não háMinha malandragem é finaNão desfazendo ninguémDeus é quem nos dá a sinaE o valor dá-se a quem temTambém dou a minha bolaGolpe errado ainda não deiEu vou chamar Chico ViolaQue no samba ele é reiDá licença seu Mário!Se eu precisar algum diaDe ir pro batenteNão sei o que seráPois vivo na malandragemE vida melhor não há(se eu precisar) 2xOi, não há vida melhorQue vida melhor não háDeixa falar quem quiserDeixa quem quiser falarO trabalho não é bomNinguém pode duvidarOi, trabalhar só obrigadoPor gosto ninguém vai lá

Se eu precisar algum diaDe ir pro batenteNão sei o que seráPois vivo na malandragemE vida melhor não háQue será de mim?

02ABRIGO DE VAGABuNDOS (Adoniran Barbosa)

Eu arranjei o meu dinheiroTrabalhando o ano inteiroNuma cerâmicaFabricando potes e lá no alto da MoócaEu comprei um lindo lote dez de frente e dez de fundosConstruí minha malocaMe disseram que sem plantaNão se pode construirMas quem trabalha tudo pode conseguirJoão Saracura que é fiscal da PrefeituraFoi um grande amigo, arranjou tudo pra mimPor onde andará Joca e MatogrossoAqueles dois amigosQue não quis me acompanharAndarão jogados na avenida São JoãoOu vendo o sol quadrado na detençãoMinha maloca, a mais linda que eu já viHoje está legalizada ninguém

Pode demolirMinha maloca a mais deste mundoOfereço aos vagabundosQue não têm onde dormir

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03QuE TRABALHO é ESSE? (Micau e Zorba Devagar)

Que trabalho é esseQue mandaram me chamarSe for pra carregar pedraNão adianta, eu não vou lá

Quando chego no trabalhoO patrão vem com aquela históriaQue o serviço não está rendendoEu peço minhas contas e vou--m’emboraQuando falo no aumentoEle sempre diz que não é hora

Veja só meu companheiroA vida de um trabalhadorTrabalhar por tão pouco dinheiroNão é mole, não senhorPra viver dessa maneiraEu prefiro ficar como estou

Todo dia tudo aumentaNinguém pode viver de ilusãoAssim eu não posso ficar, meu compadreEsperando meu patrãoE a família lá casa sem arroz e sem feijãoComo é que fica!

é mestre(?) Madeira(???)Só ficou faltando vocêE aquele AdolfoE aquele sapateadoE aquele sorriso, né?Mas não tem nada, não.

04FALTA uM ZERO NO MEu ORDENADO (Ary Barroso e Benedito Lacerda)

Trabalho como loucoMas ganho muito poucoPor isso eu vivo sempre atrapalhadoFazendo faxinaComendo no “China”Tá faltando um zero no meu ordenadoTrabalho como loucoMas ganho muito poucoPor isso eu vivo sempre atrapalhadoFazendo faxinaComendo no China”Tá faltando um zeroNo meu ordenadoTá faltando um zero no meu ordenadoTá faltando sola no meu sapatoSomente o retratoDa rainha do meu sambaé que me consolaNesta corda bamba

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05SALáRIO MíNIMO (Alvarenga)

Cansei de tanto trabalharNa ilusão de melhorarCinco filhos, mulher e sogra pra sustentarSetecentos e cinqüenta cruzeiros, não dáNão dá, não dá, não, não dáTrabalhei demais por causa delesOs trajes deles são os de Adão e EvaSe acostumaram a passar malMas isto não é legalA vida que a gente leva

06O SAMBA DO OPERáRIO (Cartola)

Se o operário soubesseReconhecer o valor que tem seu diaPor certo que valeriaDuas vezes mais o seu salárioMas como não quer reconheceré ele escravo sem serDe qualquer usurárioAbafa-se a voz do oprimidoCom a dor e o gemidoNão se pode desabafarTrabalho feito por minha mãoSó encontrei exploraçãoEm todo lugar

07 MINISTéRIO DA ECONOMIA (Geraldo Pereira e Arnaldo Passos)

Seu Presidente, Sua Excelência mostrou que é de fato Agora tudo vai ficar barato Agora o pobre já pode comer

Seu Presidente, Pois era isso que o povo queria O Ministério da Economia Parece que vai resolver

Seu Presidente Graças a Deus não vou comer mais gato Carne de vaca no açougue é mato Com meu amor eu já posso viver

Eu vou buscar A minha nega pra morar comigo Porque já vi que não há mais perigo Ela de fome já não vai morrer

A vida estava tão difícil que eu mandei A minha nega bacana meter os peitos Na cozinha da madame em Copacabana Agora vou buscar a nega Porque gosto dela pra cachorro Os gatos é que vão dar gargalhada De alegria lá no morro

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08SACO DE FEIJãO (Chico Traidor)

Meu Deus mas para que tanto dinheiroDinheiro só pra gastarQue saudade tenho do tempo de outroraQue vida que eu levo agoraJá me sinto esgotadoE cansado de penar, meu DeusSem haver soluçãoDe que me serve um saco cheio de dinheiroPra comprar um quilo de feijãoMe diga genteDe que me serve um saco cheio de dinheiroPra comprar um quilo de feijãoNo tempo dos “derréis” e do vintémSe vivia muito bem, sem haver reclamaçãoEu ia no armazém do seu Manoel com um tostãoTrazia um quilo de feijãoDepois que inventaram o tal cruzeiroEu trago um embrulhinho na mãoE deixo um saco de dinheiroAi, ai, meu Deus

09CONVERSA DE MALANDRO (Paulinho da Viola)

Não é conversa de malandroEu sempre fui malandroMas agora nãoGostei de ver o seu sapateadoE quero conquistar seu coraçãoEstá crescente esta amizade no meu peitoEstou contenteE já mandei construirPara nós um caixoteJá encontrei batenteE lá no morroQuando o sol chegarE eu descer sorrindoPara trabalharE alguém perguntar espantadoO que foi que aconteceuEu vou dizerQue abandonei de fatoA vida de orgiaE que vivendo assimSou mais felizNa verdade o malandro sou eu

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10CINDERELA NO MORRO (Dewett Cardoso e Jonas Garret)

Chuá chuá chuá...Cinderela no morro é preta lavadeira sim senhor Não tem sapato pra perder na escadaria Mas tem samba pra cantar pro seu amor E quando os tamborins repicam no terreiro A nega vira princesa Do carnaval brasileiroChuá chuá chuá...Quanto esplendor naquele vestido de prataMaria é de estar que na noite no vigor Mas quanta água doutor já carregou na Lapa

Chuá chuá chuá...um morro pra sonhar tem quatro diasChuá chuá chuá...E a cinderela volta a ser Maria...

11LAtA D’águA (Jota Júnior e Luiz Antônio)

Lata d’água na cabeça,Lá vai Maria. Lá vai Maria:Sobe o morro e não se cansa.Pela mão leva a criança.Lá vai Maria.Maria, lava roupa lá no altoLutando pelo pão de cada dia,Sonhando com a vida do asfaltoQue acaba onde o morro principia.

12AI, MãEZINHA(Ari Monteiro e Geraldo Pereira)

Ai, mãezinhaDeixa paizinho dormir sossegadoAi, mãezinhaTenha paciência, papai está cansadoEu preciso dormirPra logo poder trabalharDeixa a briga mãezinhaPra quando papai acordarO sol está quase de foraPapai sempre cedo chegouPapai hoje chega a essa horaMamãe não gostouMãezinha você tem razãoMas logo vou tudo explicarE você tem bastante compreensãoPara me perdoar

13GAROTA DOS DISCOS (Wilson Baptista e Jorge de Castro)

Garota que vende meu discoPor trás do balcão toda prosaAdora ChopinConhece de cor Noel Rosa

A freguesia da lojaLhe tem admiraçãoEu também faço parteFaço parte dessa multidão

Garota, garotaDiga pra essa madameEsta é a nossa cançãoGarota, garotaAh, eu queria ser discoPra viver na sua mãoE no seu coração

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14GOLPE ERRADO(Geraldo Pereira)

Lá vem eleCom seu terno branco engomadoTrazendo outra morena ao seu ladoE a negra deleNa tábua da banca se acabandoE ainda leva o jantar embrulhadoé um golpe erradoTodo mundo diz que éum golpe errado (bis)

A hora que ele vai pra batucadaé a hora que ela chega do trabalhoE tem que fazer de madrugadaBife mal passado pra eleNão ficar contrariadoTodo mundo diz que éum golpe errado (bis)

15OH! SEu OSCAR (Wilson Batista)

Cheguei cansado do trabalhoLogo a vizinha me falou:- Oh! seu OscarTá fazendo meia horaQue sua mulher foi-se emboraE um bilhete deixouO bilhete assim dizia:“Não posso maisEu quero é viver na orgia”Fiz tudo para ter seu bem-estarAté no cais do porto eu fui pararMartirizando o meu corpo noite e diaMas tudo em vãoEla é, é da orgiaé... parei!

16O BONDE SãO JANuáRIO(Ataulfo Alves e Wilson Batista)

Quem trabalhaé quem tem razãoEu digoE não tenho medoDe errarQuem trabalha...O Bon de São JanuárioLeva mais um operárioSou euQue vou trabalharO Bonde São Januário...AntigamenteEu não tinha juízoMas hojeEu penso melhorNo futuroGraças a DeusSou felizVivo muito bemA boemiaNão dá camisaA ninguémPasse bem!

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17HILDEBRANDO (Wilson Baptista e Haroldo Lobo

Sempre descansando o HildebrandoIsso assim não pode serVocê leva o dia inteiroperambulando na ruanão quer procurar o que fazer

Vai trabalhar! Vai trabalhar!Você precisa trabalhar pra se defender

Na casa do Hildebrandoa sopa está se acabandoe as criancinhas coitadassó vivem chorandoe ele sempre esperando que o dinheiro em casa jorrediz que a esperançaé a última que morre

18SAMBA DO TRABALHADOR(Darcy da Mangueira)

Na segunda-feira eu não vou trabalharé, é, é aNa terça-feira não vou pra poder des-cansaré, é, é aNa quarta preciso me recuperaré, é, é aNa quinta eu acordo meio-dia, não dáé, é, é aNa sexta viajo pra veranearé, é, é aNo sábado vou pra mangueira sambaré, é, é aDomingo é descanso e eu não vou mes-mo lá

é, é, é aMas todo fim de mês chego devagaré, é, é aPorque é pagamento eu não posso faltaré, é, é aE quando chega o fim do anoVou minhas férias buscarE quero o décimo-terceiroPro natal incrementarNa segunda-feira não vou

Trabalharé, é, é aé, é, é aEu não sei por quê tenho que trabalharSe tem gente ganhando de papo pro arEu não vou, eu não vouEu não vou trabalharEu só vou, eu só vouSe o salário aumentaré, é, é aé, é, é aA minha formação não é de marajáMinha mãe me ensinou foi colher e plan-tarEu não vou, eu não vouEu não vou trabalharEu só vou, eu só vouSe o salário aumentaré, é, é aé, é, é atô cansado...

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19COCOROCó (Paulo da Portela)

Cocorocó, o galo já cantouLevanta nego, tá na hora de ir pro bate-dorOh nega me deixa dormir mais um bo-cadoNão pode serPorque o senhorio está zangado com vocêAinda não pagaste a casa esse mêsLevanta nego que só faltam dez pra seisNega me deixa dormirEu hoje me sinto cansadoO relógio da parede talvez esteja enga-nadoNega me deixa dormirEu hoje me sinto doenteDeixa de fita malandroVocê não quer ir pro batente

20MEu DINHEIRO NãO Dá (Candeia)

Meu dinheiro não dá Meu dinheiro não dá Eu trabalho como um louco Mas eu ganho muito pouco

Meu dinheiro não dá Meu dinheiro não dá De tanto pedir aumento Já estou ficando louco

Meu dinheiro não dá Meu dinheiro não dá O menino foi à escola O diretor mandou voltar (porque)

Meu dinheiro não dá Meu dinheiro não dá Tinha o sapato furado E tinha taxas a pagar

Meu dinheiro não dá Meu dinheiro não dá

Eu já fiz tanta promessa Segui procissão Rezei oração Acendi uma vela a São Jorge Guerreiro Mas não consegui esse tal de dinheiro

Eu trabalho comoum louco Mas eu ganho muito pouco

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21GANHA-SE POuCO, MAS é DIVERTIDO (Wilson Baptista)

Ele trabalha de segunda a sábado Com muito gosto sem reclamarMas no domingo ele tira o macacão, E manda no barracão, põe a família pra sambarLá no morro ele pinta o seteCom ele ninguém se meteAli ninguém é fingidoGanha-se pouco, mas é divertidoEle nasceu sambista, Tem a tal veia de artista,Carteira de reservistaEstá legal com o senhorio...Não pode ouvir pandeiro, nãoFica cheio de dengoé torcida do FlamengoNasceu no Rio de Janeiro

22OPINIãO (Zé Keti)

Podem me prender, podem me baterPodem até deixar-me sem comerQue eu não mudo de opinião.Daqui do morro eu não saio não, daqui do morro eu não saio não.

Se não tem àgua, eu furo um poçoSe não tem carne, eu compro um osso e ponho na sopaE deixo andar, deixo andar

Fale de mim quem quiser falarAqui eu não pago aluguelSe eu morrer amanhã, seu doutorEstou pertinho do céu

Podem me prender, podem me baterPodem até deixar-me sem comerQue eu não mudo de opinião

Daqui do morro eu não saio não, daqui do morro eu não saio não...

Podem me prender , podem me bater, que eu não mudo de opinião, que eu não mudo de opinião...

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23DE SOL A SOL (Alvaiade / Ary Monteiro)

Não há razão em dizerQue eu trabalho poucoSe você visse meu trabalhoAté ficava loucoA minha vida é outraNão sou nenhum rouxinolTrabalho muito de sol a sol

Você não tem razãoSó conhece a boemiaVocê nunca enfrentouO sol de janeiro ao meio dia

Dinheiro consigo é matoEis aí grande verdadeLevanto às 6 da manhãE você, às 4 da tarde

24FAVELA (Padeirinho e Jorginho Pessanha)

Numa vasta extensãoOnde não há plantaçãoNem ninguém morando láCada pobre que passa por aliSó pensa em construir seu larE quando o primeiro começaOs outros depressa procuram marcarSeu pedacinho de terra pra morar E assim a regiãosofre modificaçãoFica sendo chamada de a nova aquarelaE é aí que o lugarEntão passa a se chamar favela

25PEDREIRO WALDEMAR (Wilson Baptista)

Voce conhece o pedreiro Waldemar?Não conhece?Mas eu vou lhe apresentarDe madrugada toma o trem da CircularFaz tanta casa e não tem casa pra morarLeva marmita embrulhada no jornalSe tem almoço, nem sempre tem jantarO Waldemar que é mestre no oficioConstroi um edificioE depois não pode entrarVoce conhece o pedreiro Waldemar?Não conhece mas eu vou lhe apresentarDe madrugada toma o trem da CircularFaz tanta casa e não tem casa pra morar

261º DE MAIO(Ricardo Salmazo)

Ah, meu Deus do céuTo trabalhando de achar dinheiroOntem achei 3 mil réisPor isso amanhã eu vou folgar o ano inteiro