SLOW MOVEMENT PORTUGAL
Guia de Projecto – Vive Bem ao ritmo certo 1
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SLOW MOVEMENT PORTUGAL
GUIA DE PROJECTO
Vive Bem no ritmo certo
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SLOW MOVEMENT PORTUGAL - GUIA DE
PROJECTO – Vive Bem no ritmo certo
O TEMPO É O QUE FAZEMOS COM ELE Tempo para dar a nós prÓpRios, tempo para dar aos outroS
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PROPOSTA DE ACÇÃO
O Presente guia pretende ser uma proposta para o desenvolvimento de um Projecto no
âmbito do movimento internacional ‘Slow
Movement’ o qual tem ainda uma incipiente
repercussão em Portugal.
Nesse sentido e na primeira parte, começamos
por apresentar e dar a conhecer a filosofia e
princípios do modelo, a sua história,
disseminação mundial e diferentes áreas de
influência.
Na segunda parte, apresentamos uma proposta concreta para o desenvolvimento
de uma ONG com o intuito de aplicar na prática os seus princípios e filosofia em
prol de um Desenvolvimento Sustentável e Integrado para as comunidades
ambiente e indivíduos, enquadrada pelo paradigma de valores do movimento slow,
mas também com o contributo de novas ideias e abordagens ao conceito.
BOA LEITURA!
“Welcome to a calmer world, a place to celebrate joy over pressure, quality over quantity, connectedness and fullfilment over mindlessness – The equivalent in life of a long deep breath.” (adapted from slow travel guide)
“there is more to life than increasing it’s speed” Mahatma Ghandi
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1. FILOSOFIA – Fundamentação Geral
O que é o Movimento Slow?
É inútil forçar os ritmos da vida, a arte de viver consiste em aprender a dar o devido tempo às coisas” Carlo Petrini – Fundador do Slow Food
Slow Movement - “it is a cultural revolution against the notion that faster is always better. The Slow philosophy is not about doing everything at a snail’s pace. it’s about seeking to do everything at the right speed. (…) Doing everything as well as possible, instead of as fast as possible. it’s about quality over quantity in everything from work to food to parenting.” Carl Honoré – Autor do Livro ‘In the praise of slowness’
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O Tempo, os Ritmos, o Oposto e o Semelhante Os homens começaram por
entender o mundo com base na
observação do funcionamento da
natureza e dos seus ritmos, há já
milhares de anos atrás as
sociedades concebiam a sua
compreensão da vida com base no
mundo natural e viam-se parte dele.
Quando nos apercebemos do
tempo, dos ritmos e dos ciclos no
mundo natural e em nós próprios,
descobrimos que eles existem em toda a parte, a toda a hora. Os ritmos do dia e da
noite, o avanço cíclico das estações do ano, a forma diária e mensal das marés e mesmo
os ciclos económicos e históricos incrivelmente lentos são exemplos que ilustram a
forma como tudo funciona. Sentir subitamente o bater do coração, tomar consciência do
ritmo respiratório, do compasso e do ritmo da música, perceber o caminhar como uma
repetição cíclica de movimentos, observar o bater repousante das ondas do mar na areia
da praia, etc., são apenas alguns exemplos da imensa gama de ritmos vivos que
podemos constactar e viver. Se o tempo e os seus ritmos são de facto, tão
importantes na orquestração do mundo e na forma
como a vida funciona, então conhecê-los e respeitá-los
deverá ser uma meta se queremos viver em harmonia.
Não podemos querer acelerar os ritmos naturais do
nosso corpo, do nosso funcionamento em sociedade e
do pulsar do planeta pois somos apenas uma mera
parte nessa orquestração e apenas uma atitude slow
pode estar em sintonia com um planeta slow.
Nesta perspectiva, poderá parecer que o mundo se
encontra numa encruzilhada, como se vivesse um estado
de doença bipolar, por um lado existe o Norte do Mundo
onde se vive uma situação muito rápida de euforia e mania com consumo desenfreado e
onde não se para no meio da agitação e num excesso de estímulos para os sentidos,
novidade e mudança constantes. Por outro, existem os outros contextos, rurais
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despovoados, ou o Sul do mundo que se encontra muitas vezes num estado que
poderíamos considerar depressivo com pobreza,
desertificação, isolamento ou escassez, fome, doença e
subdenvolvimento. Isto
num quadro a preto e
branco no qual não
estamos a contar com as
diferentes tonalidades de cinzento inevitáveis e implícitas
à realidade.
Assim, Movimento Slow, na nossa óptica corresponde a
um movimento de equilíbrio, um contrapeso ao excesso
de quantidade e velocidade. O objectivo não é criar um
padrão que possa cair no extremo oposto, mas sim a
procura de um paradigma que, com as suas inevitáveis
falhas, defeitos e imperfeições, mas também vantagens
e potencialidades, seja, tendencialmente, um modelo de
equilíbrio e complementaridade entre os opostos e os
extremos de uma vida demasiado acelerada ou demasiado lenta.
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O ritmo certo e o uso do nosso tempo em prol da qualidade, do equilíbrio, do bem estar… para o ambiente, as comunidades, o indivíduo
O Slow Movement é uma corrente mundial e contemporânea assente numa filosofia de
vida que desafia a cultura da velocidade, do excesso e da quantidade sobre a qualidade.
No mundo actual, frenético da pressa e da sobrecarga, essa filosofia defende que
tentemos viver no ritmo certo, privilegiando a qualidade, o equilíbrio e o bem estar nas
diferentes áreas da vida.
O Slow Movement luta por proteger um bem mais
precioso e escasso que o petróleo, ou uma
determinada espécie, porque é um bem que é
transversal a tudo – O Tempo. O tempo é o que de
mais frágil temos, cada hora que passa não a
recuperamos mais. O Slow Movement preconiza a
gestão equilibrada do tempo, da velocidade com que
o usamos e do que fazemos com ele. Não é objectivo do slow movement ir contra o que
tem sido conquistado até ao momento presente e existe um reconhecimento das
importantes virtudes do mundo ocidental nas conquistas e vitórias em batalhas
pelos direitos humanos, equidade e qualidade de vida. Contudo, existe uma
insatisfação de base com determinados valores e caminhos consequência do
modelo social ocidental pois, a par dessas conquistas, surgem em proporção,
enormes desequilíbrios com consequências para a saúde do planeta, das
sociedades, dos relacionamentos e do indivíduo.
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Características de um mundo demasiado acelerado
Aceleramos porque estamos inseridos num mundo que
se tornou demasiado rápido, onde é difícil viver noutro
ritmo, aceleramos por hábito e por vício do corpo e da
mente, por uma avidez por estímulos e novidades, para
evitar tomar consciência de certas questões mais
profundas e porque ser acelerado, fazer sempre muito,
estar sempre ocupado e ter cada vez mais é sinónimo
de prestígio e progresso na nossa cultura. Porém,
infelizmente, não se pode adoptar esse ritmo como norma, e ficar isento das
consequências. Quando há mudanças demasiado rápidas e constantes e estamos muito
acelerados, a alimentação ressente-se, descansamos e dormimos mal, erramos no
trabalho por causa da dispersão e sobrecarga, perdemos relacionamentos por os
negligenciarmos e nos tornarmos agressivos e irritáveis,
desumanizamos as nossas comunidades e cidades
tornando-as anónimas e stressadas, entramos em
ansiedade, depressão e compulsão, temos AVC e acidentes
rodoviários por conduzirmos em excesso de velocidade e
destruímos o planeta que nos suporta pela sofreguidão com
que o exploramos. Enfim, podemos correr o risco, se não
colocarmos um contrapeso, de tornar o nosso mundo
barulhento, hiperactivo, agitado, disperso, frenético,
poluído, violento e maníaco com consequências a nível
mental e físico no indivíduo, nas famílias, escolas, comunidades, vilas e cidades e no
mundo natural.
“Sem, dúvida, há horas para tudo, também para sermos rápidos! Há horas em que
devemos ser velozes. Na medicina, por exemplo, há momentos em que a velocidade
é crucial para salvar uma vida. Na maior parte das vezes, porém, até na medicina,
como diz o ditado popular, quem tem pressa come cru.”
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Abrandar sem parar o Movimento Slow trata acima de tudo de uma aproximação ao equilíbrio. Trata-se de
usufruir do que o mundo moderno nos proporciona, mas também ter a oportunidade de
parar para experimentar prazer em coisas simples e naquilo que os nossos sentidos nos
transmitem . É construir coisas para as
gerações futuras mas também preservar; é
gozar o conforto e a estimulação que temos ao
dispor mas também reflectir sobre as
consequências e estabelecer limites. A atitude
slow não nega as novas tecnologias, as
conquistas do bem-estar no mundo moderno, a
globalização nos seus aspectos positivos mas
considera que devem ser vividas de forma a se
tornarem aliadas no seu objectivo da
sustentabilidade.
Este movimento é um gesto simples mas muito
importante como forma de cidadania. Na prática trata-se de um contributo para
promover a sustentabilidade dos recursos da natureza, do equilíbrio do eu, dos grupos,
das comunidades e dos espaços. Trata-se de aprender com o passado, reinventar as
tradiçoes e os valores locais, perspectivar o futuro e inovar com equilíbrio, preservar as
diversidades culturais, naturais e individuais. É uma maneira
de estar na vida que faz sentido dentro de um conjunto de
atitudes que visam o actual conceito de sustentabilidade
global.
A gestão dos ritmos e do tempo tem, assim, como
consequência no movimento slow, um alargamento para uma
cadeia de valores éticos, sociais, ambientais e individuais. O
slow movement significa uma retoma dos valores essenciais
do ser humano, dos pequenos prazeres do quotidiano, da
simplicidade, da reflexão e ponderação, da convivialidade, da necessidade básica de
pertencer e criar laços seguros, o que só se consegue com um abrandamento das
relações humanas, da vivência das cidades, vilas e lugares e dos diferentes contextos
sociais como o local de trabalho, a casa, etc. Tem também a intenção de conciliar os
ritmos pessoais com os ritmos naturais e biológicos fundamentais para um bom estado
“Se se é sempre lento, então é-se estúpido – e isso nada tem a ver com o nosso propósito. Ser slow significa que uma pessoa consegue controlar os ritmos da sua vida. Decide a que velocidade pretende ir em cada contexto. Se hoje quero correr, corro, se amanhã quero abrandar, abrando. O que lutamos é pelo direito de determinarmos os nossos próprios tempos” Carlo Petrini, fundador do slow food
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de saúde global, o slow movement preconiza o auto-desenvolvimento integrado e a
possibilidade de realização do potencial de cada um, defende a biodiversidade, a
redução do impacto ambiental e do consumo energético, a justiça, a solidariedade a
equidade e a responsabilidade social. Assim, ao
invés de fazer a apologia do cansaço e da
lentidão apática o slow movement defende que
com o objectivo de nos sentirmos revigorados
e cheios de uma energia tranquila devemos
viver num ritmo brando e fazer justas pausas retemperadoras, para além disso, o
tempo brando e o vagar promovem uma maior doçura e suavidade que são por si
só atitudes aliadas da paz.
Viver num ritmo slow deve ser viver num ritmo
equilibrado que seja bom para o corpo e bom para a
mente, bom para os relacionamentos, para as sociedades
e para o planeta, é um modelo para viver melhor
sabendo quando é necessário abrandar ou acelerar
não deixando que o abrandamento se torne
estagnação, nem deixando que a aceleração se torne
maníaca.
“Foi o tempo que gastaste com a tua rosa que a fez ser tão importante.” Saint Exupery in o Principezinho
“A Globalização é incontornável. O importante é que seja pautada em termos éticos, que seja mais justa, mais humanizada, promovendo o desenvolvimento sustentável”
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Suprir as necessidades do seu tempo, sem comprometer a possibilidade das futuras gerações satisfazerem as necessidades do seu tempo. Brandtland, ONU, 1987
O Tempo é o que fazemos com ele. Tempo para dar a nós próprios. Tempo para dar aos outros
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2. História de um Movimento Internacional
aprender com o passado, reinventar as tradiçoes, perspectivar o futuro e inovar com equilíbrio, preservar as diversidades culturais, naturais e individuais. É uma maneira de estar na vida que faz sentido dentro de um conjunto de atitudes que visam o actual conceito de sustentabilidade global.
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Devagar… cada vez mais longe!
“O movimento Slow tem a sua origem na Praça da
Espanha Romana, no ano de 1986. O seu
nascimento é indissociável de certa atitude
contestatória em clara oposição à americanização
da Europa. Quando o jornalista Carlo Petrini se
deparou com a abertura de um conhecido
estabelecimento de comida rápida neste enclave
histórico da capital italiana, algo se removeu no
seu interior. Definitivamente, haviam
ultraspassado os limites do aceitável e entendeu,
de forma quase visionária, os perigos que
pairavam sobre os hábitos alimentares da população do velho continente, ofuscado em
imitar o tempo vital marcado do outro lado do Atlântico. A resposta não se fez esperar:
foi fundada a semente do movimento: o Slow Food. A idéia era simples: proteger os
produtos da época, frescos e autóctones do assédio da comida rápida e defender os
interesses dos produtos locais, sempre num regime sustentável, através do culto a
diversidade, alertando para os perigos evidentes da exploração intensiva da terra com
fins comerciais.
Depois do Slow Food, apareceram novas aplicações a outros âmbitos essenciais da nossa
existência como o sexo, a saúde, o trabalho, a educação e o lazer que acabariam por
moldar as áreas de influencia do Slow.
Foram necessários vinte anos para que a
comunidade Slow começasse a ganhar peso
específico à volta do mundo. Fiel à sua
bandeira, a propagação tem sido sem pressas,
mas sem pausas. A sua influência fez-se mais
notada na Europa do que em qualquer outro
lado, ainda que milhões de pessoas vivam sob
o manto do dinamismo Slow por todo o
planeta.
O Movimento Slow surgiu por uma necessidade de um contraponto à tendência do mundo actual para o excesso de velocidade e de quantidade e tem crescido informalmente, surgindo da associação de pessoas que partilham de valores e necessidades semelhantes.
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Uma expressão que constata a boa saúde do movimento é exemplificada nas
denominadas Slow Cities; com a sua luta contra a homogeneização e apostando forte
nos benefícios da diversidade, alguns autarcas de diferentes regiões adoptaram os
postulados de Petrini, criando espaços propícios a um desenvolvimento desacelerado.
(Ver Natura 2008 Movimento Slow).
O movimento slow está ainda a consolidar-se. Muitas
pessoas decidem abrandar sem nunca se
considerarem parte de uma tendência cultural ou
mesmo sem nunca terem ouvido falar dela, muito
menos o movimento slow pretende ser uma cruzada
global. As pessoas do slow movement não se
encaixam num único perfil, são de profissões
diferentes, de idades e origens sociais diferentes e a
sua diversidade é uma das suas maiores forças. Daí
não ser de estranhar que este movimento não
possua sede, site na internet, um líder ou
organização únicas. Trata-se de uma rede assente na diversidade e na cooperação,
assente nas iniciativas locais o que não impede que possam surgir algumas estruturas
mais formalizadas. O que importa, na realidade, é que uma crescente minoria se
identifica e partilha um conjunto de valores
semelhantes e esses estarão a escolher um
ritmo mais brando em vez da velocidade e da
quantidade como critérios de qualidade de
vida. Cada gesto, iniciativa e atitude, dentro
dos padrões que temos vindo a referir, significa um novo empurrão ao movimento
slow nas mais diversas áreas das nossas vidas.
A atitude e o movimento slow são abertos a todos e a diversidade dos seus membros é uma das suas maiores forças e riqueza.
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„In The praise of Slowness‟ - um livro para desafiar o Culto da Velocidade
com o Elogio do Vagar
Falar da atitude Slow como um todo, como um Movimento transversal às diferentes
áreas de vida
Em síntese, o movimento slow tem vindo a surgir de uma forma tendencialmente
diversificada e foi assim que iniciou a sua identidade mais reconhecida: slow cities, slow
food, slow design, slow travel, etc. Estes movimentos alertavam e alertam para a
necessidade de um abrandamento no mundo moderno mas direccionaram a sua
abordagem slow para uma área específica que lhes fosse mais próxima ou significativa.
As teorizações acerca do tempo e do ritmo foram sempre algo de transversal ao longo
da história e uma questão essencial na vida, com referências que vão desdo o Taoismo e
o seu conceito de wu wei, ao sexo tântrico, etc., passando por outras dissertações
literárias, poéticas e filosóficas mais actuais de vários autores ou livros que fazem a
apologia do ócio criativo e da necessidade do vagar ou mesmo dos inúmeros provérbios
que espelham a sabedoria popular.
Apesar disso, na actualidade, com o culto da velocidade,
a procura e a ideia de tempo justo era cada vez menos
relembrada, valorizada e acarinhada.
Uma nova chamada de atenção directa para a
necessidade de um Movimento Slow numa perspectiva
global e abrangente dessas diferentes manifestações
específicas teve um novo e forte impulso com o livro do
jornalista canadiano Carl Honoré: „In the praise of
slowness‟ que se tornou best seller e teve tradução em
inúmeras línguas.
“Honoré’s first book, In Praise of Slowness: How A Worldwide Movement Is Challenging the Cult of Speed, is an international bestseller in which he traces the history of our increasingly breathless relationship with time and tackles the consequences and conundrum of living in this accelerated culture of our own creation. Honoré details our perennial love affair with efficiency and speed in a perfect plend of anecdotal reportage, history, and intellectual inquiry. It is the first comprehensive look at the worldwide slow movements making their way into the mainstream – in offices, factories, neighborhoods, kitchens, hospitals, concert halls, bedrooms, gyms, and schools” in wikipedia
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Síntese Esquemática
Valores desenvolvidos em excesso num
mundo demasiado rápido
Valores promovidos pelo SLOW MOVEMENT
Uniformidade, homogeneidade Diversidade, individualidade
Pressão, stress Tranquilidade, suavidade, descontração
Quantidade, acumulação Qualidade, simplicidade
Velocidade Respeito pelos ritmos próprios
Especialização, segmentação Holístico, Integrado, Multidimensional,
sistémico
Sucessos quantificáveis Auto-realização, bem-estar
Superficialidade, dispersão Profundidade, concentração
Competição Complementaridade, Cooperação
Imediatismo Sustentabilidade
Movimento Slow
Atitude transversal e sistémica que abrange, relaciona e unifica as
diferentes especialidades dentro da atitude Slow
Slow Food
Slow Cities
Slow Travel
Slow Design
etc.
Slow Medicine
Slow Schools
Slow Parenting
Slow Family Living
etc.
Simplicidade Voluntária/Simple Living
- Downshifting/Desaceleração ou Decrescimento
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Mundo slow …You name it!
Cada gesto, iniciativa e atitude, dentro dos padrões que temos vindo a referir, significa um novo empurrão ao movimento slow o qual constitui um modo de estar transversal às diversas áreas da vida e fundado na ideia de um tempo bom e justo vivido com qualidade e num ritmo equilibrado.
www.slowfood.com
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3. A Organização Slow movement Portugal Movimento Slow- Movimento de Equilíbrio para um mundo sustentável
TEMPO DE QUALIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO PESSOAL, SOCIAL E AMBIENTAL
Meu canto se renova E recomeço a busca De um país liberto De uma vida limpa E de um tempo justo Sophia de Mello Breyner Andresen, in "Geografia"
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Tempo de qualidade, bom, justo, equilibrado
SlOW MOVEMENT PORTUGAL – MOVIMENTO DE EQUILÍBRIO
A Slow Movement é um projecto para uma organização não governamental, sem
fins lucrativos, laica e apartidária, ainda em fase de formação, tendo iniciado o
seu surgimento em finais
de 2009. Por esta razão
não possui histórico de
actividades nem currículo
sistematizado enquanto
organização. Não obstante,
a sua capacidade advém da
motivação e do acúmulo e
diversificação de experiências dos seus elementos, das parcerias a formar e da
constatação que existe em Portugal um amplo espaço para afirmação deste
movimento.
Somos pessoas motivadas e sensibilizadas para as temáticas abordadas, temos
formação, motivação e diversificação curricular e profissional, somos oriundos
de diferentes áreas profissionais e científicas. As experiências profissionais dos
nossos membros são desenvolvidas tanto a nível nacional como internacional,
em instituições públicas e privadas, associações de desenvolvimento local,
escolas, organizações não governamentais. Desenvolvemos trabalho técnico no
âmbito de projectos e programas ligados ao desenvolvimento sustentável e
comunidades locais, à luta contra a exclusão e contra a pobreza, formação
profissional, desenvolvimento local, certificação de competências, etc. Temos
forte motivação para a divulgação do slow movement em Portugal.
A Slow Movement Portugal procura passar a mensagem de que mais, maior, mais
forte e mais rápido, não são sempre a melhor forma de atingirmos os nossos
objectivos e metas - lembremo-nos da fábula da lebre e da tartaruga.
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A nossa missão é um compromisso com o desenvolvimento sustentável, a
qualidade de vida, a solidariedade e os direitos humanos através do uso do
tempo e do seu ritmo , em prol da qualidade para o indivíduo, famílias,
comunidades e ambiente. A nossa acção pretende desenvolver-se quer nos
contextos do mundo moderno e desenvolvido onde existe muitas vezes,
pobreza de tempo, utilização excessiva dos recursos e bolsas de exclusão,
quer nos contextos mais desfavorecidos, rurais e/ou no sul do mundo onde
impera uma enorme carência de recursos e a utilização laxativa do tempo (o
chamado African Time), quer também nos contextos sociais e locais mais
equilibrados que necessitam ver fortalecido e valorizado o seu modelo de
qualidade de vida.
Assim, o nosso intuíto é, fundamentalmente, restaurar e promover os
equilíbrios reduzindo o excesso onde ele existe, para suprir as carências
onde as há, minimizando as desigualdades.
O compromisso com os nossos valores estende-se tanto aos que beneficiam da
nossa acção, como àqueles que nos apoiam e como aos que na vida quotidiana,
eles próprios, são elementos activos, dão vida ao movimento e são a sua força e
voz.
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Missão – Slow Movement Por Um Mundo Sustentável, Qualidade de Vida e Equilíbrio para o Indivíduo, Grupos e Comunidades
A nossa Missão é a de Promover Tempo de Qualidade, Qualidade de Vida e
Equilíbrio para indivíduos, grupos, comunidades, territórios e ambiente em
diferentes contextos visando o desenvolvimento, auto- realização e bem-estar
integrados e sustentáveis
Tempo de Qualidade / Qualidade de vida
Viver num ritmo / velocidade equilibrados
Fazer “bom” uso do tempo e do que se faz com ele
Tempo para o auto-desenvolvimento, auto-realização e qualidade de vida
Tempo para ajudar os outros no seu auto-desenvolvimento, auto-realização e qualidade de vida
Bio – Psico Social
Tempo para ajudar a combater a pobreza de recursos em contextos desfavorecidos e que vivem a um ritmo mais lento, tal como as áreas rurais ou os países em desenvolvimento
Ajudar a criar tempo de qualidade e qualidade de vida em contextos com pobreza de tempo como as sociedades urbanas ocidentais
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OBJECTIVO – Abordagem Integrada e Sistémica do Conceito Slow
O nosso objectivo enquanto organização é conferir um carácter unificador e
sistémico às abordagens slow, ou seja, enquanto actualmente as acções mais
formais se especializam numa área delimitada como a comida ou as cidades ou
viagens. A Slow Movement interessa-se pela atitude slow como um todo
integrado e multidimensional que pode ser aplicado às diferentes áreas da vida.
Não se trata, pois, de escolher uma especialização e centrar a sua abordagem
nela, mas sim funcionar mais como ‘um clínico geral’ ou um ‘naturopata’ que
olham para a realidade enquanto sistema de interdependências mútuas em que
as partes se influenciam e influenciam o todo.
Em suma, se ‘agarrarmos’ nos conceitos já trabalhados - Slow Travel , Food,
Citties, Simplicidade Voluntária, etc.-, os reunirmos e e juntarmos outros,
podemos ter algo que contribui para respeitar o território, promover novos
negócios onde as populações são verdadeiros agentes económicos, zelar pela
existência futura dos recursos para outras gerações, defender a saúde e o bem-
estar, a educação e os relacionamentos e de uma forma geral promover a
qualidade de vida para o indivíduo, grupos, natureza e ambiente. Este conceito,
é, sem dúvida, uma forma de ajudar a construir uma vivência sustentável.Assim,
a área de actuação da organização não incide sobre uma questão específica
dentro do movimento slow, como as questões ambientais ou a família etc., mas
sim sobre todas elas trabalhando o ‘Slow’ enquanto movimento transversal,
enquanto atitude e forma de estar que tenta servir como ponto de encontro para
todos os que se reveem no conceito, nas suas práticas e valores.
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Crescer sem pressas mas de forma constante e sustentável
Fiel à sua bandeira e aos valores que preconiza, a ‘Slow Movement’ pretende
sonhar grande mas começar pequeno e crescer sem pressas, passo a passo
numa atitude branda mas determinada, sem ficar presa a objectivos impossíveis
mas ultrapassando fases sucessivamente, após atingir em cada uma o conforto,
de forma a melhor assegurar a sua sustentabilidade.
De seguida, apresentamos algumas linhas de acção que não se esgotam nem
estão ainda exploradas, pois as actividades concretas deverão ser desenhadas
com a contribuição das ideias de todos, à medida que o projecto avança e se
desenvolve de forma natural. O normal decorrer do projecto deve dar origem a
um caderno de actividades concretas, que podem ser lúdicas, pedagógicas,
formativas, culturais, artísticas, informativas ou de intervenção pessoal e social
diversa desde que se insiram dentro das linhas de actuação propostas e dentro
da missão e valores da entidade.
“Caminhante, não há caminho, faz-se caminho ao andar.”
António Machado, poeta andaluz
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EIXOS DE INTERVENÇÃO
TEMPO JUSTO/TEMPO DE QUALIDADE
Tempo para dar a Nós Próprios, tempo para dar aos Outros, tempo
para Partilhar
ELOGIO DO VAGAR
Eixo 1. Partilhar, Informar, Promover,
Desenvolver
Actividades para:
- Desenvolver, divulgar , valorizar e promover o Conceito e a Organização
- Articular pessoas
- Promover uma rede de entidades reforçadoras do Movimento Slow
- Desenvolver actividades, produtos e serviços com o objectivo da captação de recursos materiais, apoios e parcerias em favor da organização, seus projectos e actividades
- Desenvolver células locais a partir da organização principal
ETC.
TEMPO BOM E JUSTO PARA MIM
Eixo 2. Autorealização Pessoal-Bio Psico Social
Actividades para Promover:
- Auto – Desenvovlimento,
-Qualidade de vida, - Bem-estar e auto-realização
do potencial individual e familiar
- Saúde física e psicológica
- Relacionamentos
- Trabalho
- Cultura e Lazer
- Casa
- Educação/Formação
- Participação cívica
- Crianças
- Questões sobre o tempo e os ritmos
ETC.
TEMPO BOM E JUSTO PARA NÓS
Eixo 3. Intervenção Comunitária /Territorial
Actividades no âmbito de:
- Da Conciliação da vida Profissional com a vida Pessoal/familiar
- Desenvolvimento Local ,comunitário e territorial
- Actividades no âmbito do Slow Food, Cities, Travel, schools, etc.
- Desenvolvimento de competências psico sociais e de resolução de problemas
- Combater a pobreza de tempo e a pobreza de recursos.
- Prevenção e combate das situações de risco e a exclusão social
ETC.
TEMPO BOM E JUSTO PARA TODOS
Eixo 4. Cooperação Internacional
Actividades no âmbito de:
- Projectos Comunitários,
Integrados e de
Desenvolvimento Sustentável e territorial
- Acção Humanitária
- Combate à pobreza de tempo e a pobreza de recursos
- Actividades no âmbito do slow food, cities, turismo sustentável, etc.
- Prevenção e combate das situações de risco e exclusão social.
ETC.
INTERDEPENDENTES
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“O Tempo é a substância de que sou feito” Jorge Luis Borges
ÁREAS DE ACTUAÇÃO
Alguns Exemplos e Tópicos:
EDUCAÇÃO
- Aprendizagem ao longo da vida
- Educação e escola inclusivas e preventivas de situações de risco e exclusão
- Educação de Adultos
- Exploração de pedagogias(waldorf, montessori, etc.) e andragogia
- Histórias de Vida e métodos autobiográficos
- Reconhecimento e Certificação de Competências
- Aprendizagem pelo real e em contextos não formais e informais
- Educação integral e integrada (aprender a ser)
- Desenvolvimento de competências psicossociais
- Métodos pedagógicos flexiveis e individualizados com respeito pelos ritmos próprios
- Interculturalidade/fusionismo cultural
- Aprendizagem intergeracional
SAÚDE - O Tempo e os ritmos na saúde Física e psicológica
- Saúde Comunitária
- Saúde nas diferentes idades da vida
- Cronobiologia/relógios biológicos
- Medicina anti-envelhecimento
- Hiperactividade/Défice de atenção
- Stress/Ansiedade
- Hipertensão
- Sono/descanso/actividade
- Sistema nervoso simpático(estimulação), parasimpático (abrandamento)
- Doença bipolar ( mania/euforia -depressão)
- Terapias complementares
- Desporto e actividades físicas
- Alimentação/nutrição
- Cuidados paliativos (qualidade de vida versus quantidade de vida)
- Medicinas do mundo
- Medicina Integrada
TURISMO
- Respeito pelas questões ambientais e ritmos de regulação do planeta
- justiça social, pagamento e condições justas para todos os envolvidos nos processos, desde a produção até comercialização e consumo
- Valorização do desenvolvimento Local
- Valorização da identidade própria dos locais e dos seus produtos e produtores
- Nível de construção ajustada à escala humana
- Humanização dos locais e atendimento
- Desenvolvimento, bem-estar, sustentabilidade e qualidade de vida para as populações locais
- Economia solidária
- Bom acolhimento ao visitante
OUTRAS ÁREAS DE POSSIVEL ABORDAGEM
- Economia
- Trabalho
- Ocupação de tempos livres, lazer, arte e cultura
- Ambiente e ecologia
- Redes Sociais e Relacionamento
- Espiritualidade
- Liderança, democracia e paz
- Crianças
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Guia de Projecto – Vive Bem ao ritmo certo 26
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Formas de Financiamento
Recursos próprios, em cada um dos
eixos de intervenção com a criação de
produtos e serviços geradores de receita
Quotas de associadosApadrinhamento de
crianças e projectos à distância
Candidaturas a projectos e programas subsidiados
Doacções e patrocínios
Campanhas de angariação de fundos
De forma a garantir clareza e transparência no uso dos apoios, a organização disponibiliza-se
a ser auditorada, terá contabilidade organizada e publicará os seus relatórios de
contas anualmente estando estes on-line e ao dispor dos doadores
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“Sê a diferença que queres ver no Mundo” Ghandi
Formas de funcionamento da organização
Desenvolvimento de uma
pequena estrutura /
equipa base de trabalho e
gestão de projectos
Recurso a colaboradores esporádicos conforme os projectos e actividades
em vigor
Desenvolvimento de
células locais
Estabelacimento de parcerias de cooperação
locais, nacionais e
internacionais
Apadrinhamento de crianças e projectos à
distância
Voluntariado
Participação em projectos e programas
f
O compromisso com os nossos valores estendede-se tnto aos que beneficiam da nossa acção, como àqueles que nos aiam e como aos que constituem eles próprios
a organização e são a sua força e voz
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O Logótipo - uma tartaruga com a carapaça em espiral
Simbolismo da tartaruga – A tartaruga
mostra-nos que maior, mais forte e mais
rápido, não são sempre a melhor forma de
atingirmos os nossos objectivos e metas -
lembremo-nos da fábula da lebre e da
tartaruga. As tartarugas estão por cá desde o
tempo dos dinossauros, assistiram à extinção
de espécies e ao surgimento de outras e
mantiveram-se como sobreviventes no
percurso por vezes caótico da história da
terra. Simbolicamente ‘sabem’ que nada
permanece para sempre e há que aproveitar o
presente pois o que temos hoje poderá não existir depois.
“The turtle teach us the value of patiente and act only when they feel the time is
right, turtle knows that by moving slowly and calmly, we allow the doors of
wisdom to open. Turtle can teach us how to slow down and just allow people to
show their true colours over time. You will take one step here, another there and
as you complete one step, another will be presented.” (doorway of simbolism)
Simbolismo da espiral: A espiral representa uma compreensão do universo
como estando em constante mutação e progressão marcando a evolução da
humanidade tanto a um nível individual como numa escala colectiva.
Palavras-chave sobre o significado simbólico da espiral: equilíbrio, focalização,
expansão, ligação, jornada, desenvolvimento, evolução, progressão, direcção,
consciência das partes dentro do todo, sistema.
NOTA: Podem existir um conjunto de marcas registadas complementares/derivadas, ou seja,
marcas registadas baseadas no logotipo principal Slow Movement mas que identifiquem
projectos específicos do Movimento nas diferentes áreas, como por exemplo, a carapaça em
espiral ser substituída por um globo terrestre caso represente alguma actividade relacionada
com questões ambientais, etc.
O Logótipo deve funcionar como uma marca registada e a seu tempo como um selo de qualidade para produtos, serviços e actividades que representem os valores da atitude que ele representa.
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Qualquer coisa em excesso…
é a falta de qualquer coisa. Provérbio árabe
Fotos – Time Magazine