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TERÇA-FEIRA, 7 de setembro de 1999 ECONOMIA CORREIO DO POVO

BUG DO MILÊNIO — O projeto RS On-Line, do Sindilojas, prossegue, nestaquinta-feira, às 19h15min, na Rua dos Andradas, 1234 – 9º andar, com du-as palestras: “Ferramentas para Produtividade e Colaboração” e “Bug do Mi-lênio – Soluções e Aspectos Gerais”. Mais informações: 228-8300.

Brasília — O senador Pedro Simon, doPMDB gaúcho, criticou ontem a iniciativado presidente do Senado, Antonio CarlosMagalhães, do PFL baiano, de fixar umprazo de três meses para que aeconomia, conduzida pelo minis-tro da Fazenda, Pedro Malan, co-mece a reagir. Simon entendeque ACM marcou a data parauma nova crise no governo, por-que não acredita que 90 dias se-jam suficientes para o país voltara crescer. “Como aliado, ele deve-ria ter ligado para o presidenteFernando Henrique e ter dito o

que pensa, e não anunciar publicamen-te”, advertiu o senador Simon.

É consenso entre os aliados governis-tas que a situação econômica atual, so-

bretudo o desemprego, não podedurar muito tempo. Segundo olíder do PMDB na Câmara, de-putado Geddel Vieira Lima, daBahia, mesmo os que priorizama estabilidade econômica estãoimpacientes. “Tem que haver al-guém se empenhando tambémpor uma política de desenvolvi-mento, sem comprometer a es-tabilidade”, afirmou.

Simon diz que ACM prejudica governo

Pedro Simon

ESTRELA — A população de Estrela vai abraçaro prédio da Cervejaria Polar, hoje, às 11h. Como gesto, o povo pretende sensibilizar empresá-rios e autoridades para evitar o fim da fábrica,responsável pelo emprego de 200 pessoas e pe-la geração do maior retorno de ICMS ao muni-cípio. O ato, que ocorrerá após o desfile cívico, épromovido pela Prefeitura e apoiado pela Asso-ciação Comercial e Industrial e CDL, entre ou-tras entidades. O fim da Polar é resultado da fu-são da Brahma com a Antarctica.

Buenos Aires — A maior parte dos executivos das maiores companhiasargentinas, cerca de 80%, acredita que o real deverá continuar caindo em re-lação ao dólar, conforme revelou uma pesquisa realizada pelo Instituto deAltos Estudios Empresariales da Universidade de Austral. Conforme esse re-latório, 7% não esperam por mudança violenta na moeda brasileira e outros13% não souberam responder. Sobre as relações comerciais entre o Brasil ea Argentina, 21% acreditam que a Argentina deveria adotar medidas de pro-teção comercial contra o Brasil. Já 74% dos executivos entrevistados acre-ditam que seu país precisa ser firme em tais questões.

Argentina não acredita no real

BM — Já está funcionando, naTravessa Francisco LeonardoTruda, 40 (2º andar), a Sicredi-Mil, a cooperativa de economia ecrédito mútuo dos integrantesda Brigada Militar. A SicrediMilatende em horário bancário. In-formações pelo fone 221-9768. AJE — A Associação de Jovens eEmpresários de Porto Alegre rea-liza, amanhã, Reunião Sem Al-moço sobre “Licenciamento deMarcas”, com o economista Pau-lo Afonso Pereira, especialistaem Estratégias para Proteção daPropriedade Industrial. Informa-ções pelo fone 226-8456.AVIPAL — O Grupo Avipal obte-ve, em 1998, uma Receita Brutade Vendas de R$ 973 milhões.Os investimentos realizados emalimentos - proteína animal so-maram R$ 66 milhões. FEDERASUL — Amanhã, nareunião-almoço da Federasul,Abraham Kasinski, ex-presiden-te da maior indústria de autope-ças do país, a Cofap, e atual pre-sidente da Companhia Fabrica-dora de Veículos (Cofave), farápalestra sobre “A Arte de empre-ender no Brasil”. CRA/RS — Dia 10 próximo, oConselho Regional de Adminis-tração do RS entregará o PrêmioMérito em Administração 1999,no Salão Jacuí do Ritter Hotel. BANCOS — A partir desta quar-ta, os bancos que não cumpriremo horário das 9h às 17h serão au-tuados pela Smic. Amanhã termi-na o prazo de contestação para asinstituições notificadas no pri-meiro dia da execução da lei.

Econômicas

Brasília — A missão do FMI chefiada pela técnica Teresa Ter-Minassianchega ao Brasil na próxima quinta-feira. O grupo irá fazer o trabalho preli-minar de levantamento dos indicadores da economia para o acompanha-mento das metas acertadas pelo governo brasileiro com o fundo para o ter-ceiro trimestre. A missão, que fica no país até o dia 17, não deverá fazer ne-nhuma revisão das metas. Até agora, o Brasil está cumprindo todas as me-tas de déficit público e das contas externas acordadas com o FMI. Porém, équase certo que o paísterá que rever a previ-são de um superávitde 1,5 bilhão de dóla-res na balança comer-cial para 99. Até agos-to, o déficit acumula-do é de 716 milhõesde dólares. Outrapreocupação do gover-no é com o câmbio, jáque a média deveriaser de R$ 1,75 desdejulho, mas a cotaçãoestá em R$ 1,90.

FMI vem inspecionar as contas

CP MEMÓRIA

Teresa, do FMI, analisará os números da economia

Indicadores

Poupança 07/09.........................0,7598%08/09..........................0,7598%

TBF 03/09.........................1,3460%INPC (IBGE) julho/99..................0,74%IGPM (FGV) agosto/99 ...............1,56%IPC (Fipe) julho/99 ......................1,09%Salário mínimo ............................R$ 136,00Ufir/UFM-POA/1999 ...................R$ 0,9770CUB/RS setembro.......................R$ 471,72UPF/RS .... ..................................R$ 5,5782TR 07/08 a 07/09 ........................0,2585%TJLP ...........................................14,05%Fator para contratosaté 30/06/94 (antigo idtr)

07/09 .....................................0,00962503Fator para contratos a partir de 01/07/94 - 07/09.........2,14832756

Dólar turismo (compra).........R$ 1,87 (venda) .........R$ 1,97

Dólar comercial *(compra)....R$ 1,9020(venda).....R$ 1,9040

Dólar comercial **(compra)...R$ 1,9051(venda).....R$ 1,9059

Dólar paralelo (compra)........R$ 1,953(venda) .......R$ 1,980

Ouro BM&F (grama).............R$ 15,85 Bovespa (fechamento).........0,26% (11.185)IBV Rio (fechamento)...........0,16% (39.098)*Taxa média no fechamento (mercado)**Taxa média das cotações (Ptax-BC)

PANORAMA ECONÔMICO / Denise Nunes

Fazenda conta com soluções em setembro Setembro é considerado um mês decisivo pelo secretário da Fazenda, Arno

Augustin. Até porque em outubro entra em vigor o dispositivo do contrato de re-negociação da dívida que aumenta em 3% o comprometimento da receita emfunção da manutenção do Banrisul como banco público. Augustin conta com de-finições em relação a todos os pontos pendentes, desde o projeto em tramitaçãono Senado, que prevê novas condições para o pagamento da dívida, até o ajus-te de contas com o governo federal, o que inclui o repasse dos R$ 150 milhões àAgência de Desenvolvimento, a devolução de R$ 95 milhões perdidos com a LeiKandir, os R$ 24 milhões devidos pelo Fundef e a autorização do Banco Centralpara o fechamento do contrato com o japonês Eximbank, que viabilizará 75 mi-lhões de dólares para as estradas gaúchas. “São pontos indiscutíveis, que de-pendem apenas de vontade política”, argumenta o secretário. Segundo ele, abancada do PT no Congresso passará a trabalhar esses pontos, em apoio aogoverno gaúcho.

Hacker invade Pólo Quem abriu ontem a Revista Di-

gital da Pólo-RS, a fim de dar suaopinião sobre os textos distribuídosna rede estadual de ensino, se depa-rou com a seguinte explicação: “Aenquete dessa semana foi alvo de sa-botagem, que pretendia a alteraçãodo resultado. Por isso está suspensaaté que se investigue o fato”.

Pólo invade hacker A investigação foi feita por dois

especialistas que identificaram a re-de à qual pertence o sabotador, que“atacou” a revista por duas vezes nodomingo, votando por 462 e 856 vo-tos, respectivamente. Em algunsmomentos, com mais de dez votospor segundo. Não é a primeira vezque hackers invadem a enquete.

Por que o ataque, afinal?José Cesar Martins não sabe. Embora a posição contrária aos textos dis-

tribuídos pelo governo – “um salto mortal ao passado”, para o articulista ErikCamarano –, a revista garantiu o direito de resposta à secretária Lucia Cami-ni na próxima edição. Além disso, propõe o confronto de idéias: reproduz ostextos do governo e os vários artigos sobre educação publicados pela Pólo.

PatrocínioTelefônica Celular e Smic – por

solicitação da primeira – estudam aadoção de um ponto da cidade. O in-teresse inicial – Bom Fim – pode serdeslocado para as margens do Guaí-ba. Consulta e proposta foram infor-mais. Smic aguarda resposta.

Reforma em debateO deputado Germano Rigotto es-

tará na Assembléia Legislativa, sex-ta-feira, discutindo a reforma tribu-tária com o Conselho Parlamentardo Sul, que reúne deputados esta-duais dos três estados da região,mais Mato Grosso do Sul.

PrecauçãoÉ de ver como se comportam as

oposições de cada Estado. O naturalé que se manifestem contra a federa-lização do ICMS. Até porque podemvir a ser governo em 2003 e, comotal, padecer da falta de autonomiatributária. Principalmente quemgosta de dar incentivos.

Aridez econômica Para a FEE, apesar do crescimen-

to de 2,5% na atividade econômicado RS no 2º trimestre é prematurofalar em aquecimento. Indústria me-talúrgica, por exemplo, cresceu5,7%, mas não gerou empregos.

Ponto finalSugestão do titular da Smic,

Milton Pantaleão, aos clientes doPraia de Belas Shopping: guar-dem os tíquetes do estaciona-mento. A Smic não desistiu debarrar a cobrança, certa de quehá espaço jurídico para tanto.

Em caso de vitória, os tíque-tes serviriam para pedidos fu-turos de indenizações.

A Movelsul Brasil 2000, queacontece em março, em BentoGonçalves, está 95% comerciali-zada. É certa a presença de 336indústrias. Feira de negócios,mesmo: menores de 16 anos nãoentram no evento.

Contestado o argumento dopresidente da Fiergs, RenanProença, de que a União Em-presarial não possui represen-tantes da indústria e comércio.

Segundo a Federasul, alémdas 45 mil empresas de todos ossetores da economia representa-das pelas 205 associadas à fede-ração, há 20 mil lojas vinculadasà FCDL. sem falar nos 700 super-mercados, que respondem por7% do PIB gaúcho.

Outra da globalização: Em-braer contratará 500 engenhei-ros estrangeiros, alegando queo país não conta com mão-de-obra especializada.

E-mail: [email protected]

Brasília — Preocupados com a demora dos resultados positivos na economia, diri-gentes do PSDB marcaram, para daqui a 60 dias, uma reunião com o ministro da Fa-zenda, Pedro Malan, para avaliar o quadro econômico. O encontro foi agendado na úl-tima quarta-feira, durante o jantar com o ministro e a executiva do partido, na casa dopresidente do PSDB, senador Teotônio Vilela Filho, de Alagoas.

Para os tucanos, a grande incógnita são as eleições municipais do ano que vem: elesquerem uma reversão dos indicadores econômicos e sociais, o mais rápido possível, etemem que isso não coincida com o prazo eleitoral. Apreensivos com a crescente insa-tisfação nos estados e a queda contínua da popularidade do governo, os líderes doPSDB disseram a Malan que estão perdendo quadros, potenciais candidatos, e que,com o fim do prazo de filiação partidária, no próximo dia 30, quem sair não poderá vol-tar mais. Tentando acalmar os ânimos, o ministro estimou que, dentro de seis a setemeses, o governo poderá mostrar indicadores favoráveis sobre suas contas externas, ocrescimento econômico, a oferta de emprego e o controle da inflação.

PSDB dá prazo de 60 dias para Malan

ão Paulo — O executivo Alcides Tápias, escolhidoo novo ministro do Desenvolvimento, Indústria e

Comércio Exterior, é considerado nos meios empre-sariais um “desenvolvimentista”, pois está semprepensando em crescer. Quando foi vice-presidente doBradesco, Tápias era um dos nomes mais cotados pa-ra ocupar o posto de presidente da instituição, suce-dendo Lázaro Brandão. No entanto, o nome escolhi-do por Brandão foi o de Márcio Cypriano. No Brades-co, onde permaneceu por 40 anos,Tápias também passou pela presi-dência da Federação Brasileira dasAssociações de Bancos (Febraban).Deixou o Bradesco em 96 e, logo emseguida, assumiu a presidência doGrupo Camargo Corrêa. Tápias jáhavia sido indicado para ocupar ocargo de ministro do Desenvolvimen-to no mês de julho, durante a refor-ma ministerial, mas, na época, agra-deceu o convite.

O presidente do Conselho Federalde Economia, Antônio de Corrêa deLacerda, considera positiva a escolhade Tápias para o ministério. “Ele éum executivo que tem experiênciaacumulada não só no setor financei-ro como no setor produtivo.” Por con-ta desse passado, Lacerda acreditaque o novo ministro tenha uma visãosistêmica da economia brasileira e

possa contribuir muito para a implementação deuma política de desenvolvimento. Quanto à possívelincompatibilidade entre quem vai ocupar a pasta doDesenvolvimento e o titular da Fazenda, Pedro Ma-lan, na visão de Lacerda, não existe contraposiçãoentre a estabilidade e o desenvolvimento. “Precisa-mos garantir a estabilidade e criar as condições parao desenvolvimento”, ressalta.

Para o deputado Delfim Netto (PPB-SP), a indica-

ção foi boa. “Ele tem grande experiência empresarial.Vai enriquecer o governo com sua experiência. Traba-lhou na área financeira durante anos, no tempo emque banco ainda emprestava dinheiro, e, agora, esta-va à frente de um grande grupo empresarial do país.”Segundo Delfim, Tápias “tem muito a dar ao Brasil”.

A escolha não agradou a oposição. O presidentenacional do PT, deputado José Dirceu (SP), avalia quea solução foi apenas uma forma de o governo “resol-

ver o problema” e encerrar logo a po-lêmica, a fim de evitar mais desgas-te. Dirceu acredita que o ministérioperdeu a razão de ser, uma vez quea economia brasileira ficará “trava-da”, sem possibilidade de estimulara produção, enquanto a dívida bra-sileira não for renegociada. “O Mi-nistério do Desenvolvimento teráuma função apenas decorativa.”

O presidente da CUT, VicentePaulo da Silva, o Vicentinho, con-corda com Dirceu. “Ele vai entrarpara fazer o que o governo quer. Ooutro (Clóvis Carvalho) saiu porquefalou a verdade. O governo não iriafazer a burrice de colocar alguémque não fizesse o que ele quer”, ana-lisa Vicentinho. “Não mudou quan-do trocou o ministério; não é trocan-do um ministro que vai mudar algu-ma coisa no Brasil”, afirmou.

Escolha de Tápias recebe apoioNovo ministro é considerado ‘desenvolvimentista’ nos meios empresariais e deve harmonizar com Malan

S

AE / CP

Filosofia do novo ministro é crescer sempre, mas todos acham que ele vai se dar bem com Malan

Brasília — O ministro da Fazen-da, Pedro Malan, conseguiu removerClóvis Carvalho do Ministério do De-senvolvimento, Indústria e ComércioExterior, mas não fez o su-cessor. O escolhido, Alci-des Tápias, é da cota pes-soal do presidente Fernan-do Henrique Cardoso, querejeitou sugestões de Ma-lan e do presidente do Ban-co Central, Armínio Fraga.

Segundo assessores doPlanalto, a opção de Fer-nando Henrique deixa cla-ro que ele quer um ministro que nãocause desgastes a Malan, mas quemantenha autonomia em relação àequipe econômica. “A expectativa é

de que Tápias brigue pelo desenvol-vimento, com sua experiência naárea privada, mas não seja partidá-rio de nenhum grupo de dentro do

governo”, disse um asses-sor do presidente.

Malan, o intermediáriodo convite a Tápias, foi ou-vido previamente por Fer-nando Henrique sobre aopção. “O Malan aceitou,mas não foi ele quem suge-riu o nome”, afirmou outrocolaborador do Planalto. Oministro da Fazenda de-

fendia uma opção acadêmica para ocargo, tendo indicado os professoresda PUC do Rio de Janeiro, DionísioCarneiro e Marcelo Paiva Abreu.

FHC decide e rejeita sugestões

Pedro Malan

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