I – INTRODUÇÃO
O Brasil vivenciou desde o século XVI até a década de 30 do século XX, um modelo
agroexportador caracterizado por uma geografia marcada pela fragmentação do território,
formando um conjunto de manchas no território onde se realizava a produção especializada de
um determinado produto, tal modelo é intitulado de Padrão Arquipélago.
O desenvolvimento das atividades exportadoras produziu fisionomias peculiares a
cada região do território, desde a sua forma de organização social até a diferenciada
circulação de capital e reprodução do trabalho, ou seja, cada macha do território exibiu
características estruturais e funcionais próprias.
Cada complexo produtivo teve em comum, elites conservadoras que resistem as
transformações sociais. A evolução das atividades, destes complexos produtivos, é
condicionada pelo comportamento do mercado exportador a qual esse atende, assim, o
comercio internacional funciona como centro de gravidade desta economia.
A partir desta temática, procuro analisar como é abordado no livro didático de ensino
médio - Geografia do Brasil - o conteúdo referente à formação econômica do Brasil,
destacando a economia agro-exportadora, caracterizada pelo padrão arquipélago. Para tanto,
se faz necessário a realização de um embasamento teórico permitindo elucidar os principais
pontos a serem analisados no livro didático. Por conseguinte, articular uma apreciação crítica
a cerca das abordagens encontradas no material didático, referentes ao processo de
organização da economia brasileiro. Portanto, o presente trabalho proporciona uma
articulação entre os conteúdos abordados na disciplina de Organização do Espaço Geográfico
Brasileiro junto às temáticas abordadas na disciplina de Geografia no ensino médio.
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II - O PADRÃO ARQUIPÉLAGO
O Padrão Arquipélago caracterizou-se por formação de ilhas no território brasileiro
responsáveis pela produção agro-exportadora especializada, através de extensas áreas de
monoculturas. Segundo Santos (2005), estas estavam relacionadas com a demanda do
exterior, formam-se zonas econômicas e criam-se verdadeiras famílias e gerações de cidades,
testemunhando uma sucessão de divisões territoriais do trabalho fundada em graus diversos
de tecnificação. Desta forma, a evolução da atividade agro-exportadora estava condicionada
pelo comportamento do respectivo mercado externo ao qual estaria vinculada a produção.
Segundo CASTRO:
“O comercio internacional foi, durante séculos, o centro de gravidade não apenas de nossa economia, como também de nossas atenções. A deteriorização das condições enfrentadas por uma região não levava, contudo, á busca de maior produtividade que permitisse a recuperação ou consolidação das posições ameaçadas. A resposta mais condizente com a nossa conformação interna e condicionamento externo seria a busca de novos produtos. Na falta deste, tinham inícios acomodações que retiravam parcial ou totalmente os produtos do cenário das relações externas”. (1975, p. 12)
A marca da fragmentação do território está na diversificação das relações sociais, ou
seja, cada ilha tem a constituição de formas de organização sócias distintas, como também
diferenciadas formas de reprodução do capital e reprodução do trabalho. As regiões se
interconectam, porém não se não regula uma a outra. Segundo Castro (1975), as regiões,
mesmo quando pouco articuladas em seu funcionamento corrente, contavam com as demais
para crescer, transformar-se, ou mesmo involuir. As transferências de mão-de-obra são
exemplos deste processo, desta maneira, todo surto decadente servia de fonte para o
movimento ascendente, como salienta Castro (1975).
As aglomerações urbanas referentes a este período resultam da instalação de serviços
ligados ao governo, como determinados serviços vinculados a fiscalização das atividades
econômicas. Nesta concepção, Santos (2005) salienta que, o desenvolvimento urbano era uma
conseqüência imediata da combinação de dois fatores principais: a localização do poder
político-administrativo e a centralização correspondente dos agentes e das atividades
econômicas.
2.1 – Complexos Produtivos da Região Nordeste
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Fragmentada no seu próprio interior, marcado pelo litoral úmido canavieiro-açucareiro
e pelo agreste, região sertaneja algodoeira-pecuarista e, conseqüentemente, por relações
sociais distintas. As relações sociais inerentes a atividade canavieira são reguladas pelo valor
do produto no mercado exterior; a pecuária é marcada sobretudo, pela estruturação de
relações sociais, caracterizada pela alternância entre o trabalho escravo e o livre, este último
que se dava inclusive, com uma forma de pagamento bastante peculiar denominada de sistema
de quarteação, responsável pelo processo de expansão da pecuária.
2.1.1 – Complexo Produtivo Canavieiro-Açucareiro
Este tem seu quadro social marcado pela hierarquia entre classes, o Senhor de
Engenho, cidadão responsável pela constituição e administração de unidade agro-industrial
açucareira, unidades essas que dispunham de instalações onde se beneficiava a cana-de-
açúcar, e contavam com grande número de escravos; o Lavrador de Partido, senhores que tem
terras onde cultivas a cana-de-açúcar, porém não possuem engenhos, estes contavam com
emprego de trabalho escravo em suas lavouras e animais de tração exigidos pela cultura
canavieira; e o Escravo, responsável pelo emprego do trabalho braçal na lavoura, a este eram
destinadas pequenas parcelas de terra para o cultivo de policulturas para seu sustento.
Nesta organização social, observa-se a diferenciação da classe senhoril, permitindo o
que se chama de cadeia de expropriação entre expropriadores, gerando, com isso, uma disputa
entre os expropriadores sobre as fatias de mais-valia. Estes são explorados pelo comerciante
ultramarino, por sua vez explorado pelo comerciante europeu, dando contornos à disputa
inter-capitalista, marcada pela apropriação da mais-valia sobre o trabalho escravo, ,
intensificada quanto maior for o valor do produto (açúcar) no mercado, em contraposição a
sua desvalorização apontava para períodos, na relação senhor de engenho-escravo, mais
brandos, quando havia inclusive, o direcionamento da força de trabalho para culturas de
subsistência.
Os pequenos roçados de policultura permitiam a retenção de grandes reservas de
trabalhadores, sem maiores despesas correntes. Estes trabalhadores contemplados com
pequenas fatias de terra não ocupadas pela cana, sua convocação ao trabalho na lavoura ficava
ligada as necessidades do proprietário rural e do calendário agrícola, com a amenização da
produção há uma liberação de trabalhadores que passariam a ser dedicar predominantemente
ao cultivo de policulturas de subsistência. Segundo Castro:
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“É interessante observar, a propósito, que a alternância lavoura de subsistência versus cana se refere essencialmente, ao uso da mão-de-obra. Dificilmente, o proprietário cederia aos trabalhadores terras anteriormente dedicadas à cana. Seu interesse consiste em dispor de um mecanismo que permita “jogar” com a fração do custo de subsistência diretamente coberta pelo próprio trabalhador (e sua família). Este mecanismo só desapareceria modernamente, com o esgotamento das terras disponíveis na região litorânea”. (1975, p. 23)
Desta forma, no litoral, local de concentração da economia canavieira, se intensificam
a relação entre senhor-escravo e, em menor número homens livres da ordem escravocrata,
neste quadro, o senhor visava o aumento da taxa de lucro, via exploração da força de trabalho
do escravo, que lutava apenas para a sua sobrevivência, de interesse também do primeiro, já
que se trata da reprodução da força de trabalho. Essa relação entre capital-trabalho é
extremamente oscilante, na medida em que se submete ao valor do produto regulado pelo
exterior e, logo, a taxa de lucro, cujos reflexos se dão de modo direto sobre o tempo de
trabalho socialmente necessário e sobre a intensidade da exploração da força de trabalho.
A unidade agro-industrial açucareira requeria elevados custos para a sua implantação,
porém um reduzido custo para operar (em grande escala), o que, de certo modo, impedia que
os senhores de engenho enfrentassem graves crises com a queda da safra ou das cotações, por
exemplo. Destaca-se aqui o apego a terra que estes senhores possuíam, visto que esta em uma
sociedade agrária era fonte de poder essencialmente, político. Daí a manutenção da estrutura
agrária no nordeste brasileiro até os dias atuais, que constitui o bastião do poder e da
violência.
2.1.2 – Complexo Produtivo Algodoeiro- Pecuarista
A economia algodoeira é marcada por não requerer importantes investimentos,
significativa de força física, permitindo o uso de mão-de-obra infantil e familiar no trato e na
colheita do algodão, que apresenta um ciclo vegetativo rápido, possibilitando várias colheitas
no mesmo ano. Acrescenta-se ainda que, o processo de colheita do algodão origina, através da
limpeza e separação de tufos, um restolho, que servia matéria-prima para a elaboração caseira
de fibra, cujo permite a obtenção do tecido grosso de uso diário dos trabalhadores e produção
de saco. Assim, este tipo de produção tem menor rentabilidade, pois atende a serviços de
menos valor agregado, ligados as demandas internas. Segundo Castro (1975), o algodão
nordestino nunca conseguiu se impor no mercado externo, sua participação no mercado
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internacional só se tornava significativa por ocasião de grandes crises nas demais fontes
supridoras.
Ressalva-se que a economia algodoeira é marcada pela pouca remuneração e renda,
pelo baixo grau de monetarização e circulação de monetária, que colaboram para o processo
de internalizarão da policultura de subsistência (o plantio de milho, feijão ou mandioca
permite a auto-sustentação da força de trabalho), a divisão intra-familiar do trabalho,
regulada, em contrapartida pela economia agro-exportadora baseada no trabalho escravo.
Segundo Castro:
“A exigüidade dos gastos fixos, a possibilidade de aproveitamento da mão-de-obra feminina e infantil e a ampla gama de solos utilizáveis lhe permitiram facilmente ocupar terras em função das condições oferecidas pelo mercado. (...) Dado o amplo potencial produtivo da região e a instabilidade ditada pelo comércio externo, o algodão em alguns períodos, penetrava fundo no Sertão e chegava à zonas úmida litorânea, voltando posteriormente, a concentrar-se em áreas tradicionais produtoras.” (1975, p. 20)
Destaca-se que a atividade algodoeira permite a complementaridade entre campo, local
em que há basicamente a produção, e o núcleo urbano, onde prevalece o beneficiamento do
produto, contribuindo, ao contrário da cana, para o desenvolvimento da vida urbana. Ainda
em contraposição a cana - que apresenta gastos fixos e rigidez (que inclusive impedem a
penetração das demais culturas no litoral), tendo como barreira ainda as terras semi-áridas do
interior, a pecuária e o algodão apresentam grande mobilidade, a dispersão se dá de forma
combinada com as dificuldades de transporte, distância do litoral e estímulo as artes, não
tendo necessidade de gastos fixos e correntes, se desenvolvendo em regiões onde a terra
praticamente não possuía valor econômico.
O surgimento da pecuária sertaneja na região nordeste, remonta à necessidade de
gado de tração e corte, fonte de matéria-prima (couro) para manufaturas e artesanatos, assim
como de alimentos para os engenhos litorâneos, somados a economia de subsistência. Assim
sendo, sua gênese se dá em concomitância com a economia agro-exportadora, em combinação
com a economia algodoeira, de modo em que haja entre elas complementaridade. Segundo
Castro:
“Esta atividade cujas origens remontam às necessidades de animais de tração e corte por parte dos engenhos litorâneos, vai ganhando autonomia à medida em que se reproduzem os rebanhos – e, conseqüentemente, se distancia do litoral a atividade criatória – frente a uma demanda contida
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pela crise crônica da economia açucareira. O gado, reproduzindo-se numa região de pastos pobres e clima sujeito a graves secas, necessita grande mobilidade para sobreviver. A constante andança do rebanho determinariam, a longo prazo, extremada dispersão da vida econômica interiorana”. (1975, p. 24)
Em relação à regulação da atividade pecuária, sobressalta-se que sua expansão ou
retração vai ser determinada pelo sistema de quarteação, isto é, pelo sistema de pagamento
em cabeças de gado, que é independente do mercado consumidor e, agora sim, regulado pela
relações sociais internas. O sistema de quarteação favorece a ascensão econômica, fato que
resulta na criação de novos proprietários de rebanho, criando igualmente, novas fazendas e
acentuando o processo de interiorização. Sendo a caracterização do regime fundiário marcada
pelo indiviso e pela existência de áreas de uso coletivo.
Vale ainda citar que a venda de produtos oriundos da pecuária ocorre nos novos
núcleos urbanos (construídos a partir de tal demanda), localizados no entorno das feiras,
adquirem contornos de nós e pontos de articulação da economia pecuária, apresentando
importância econômica e cultural fundamental.
Contudo, a proximidade do núcleo urbano, somada a proximidade do núcleo
escravocrata (saída de produtos), favorece a formação e consolidação (com raros momentos
de expressividade externa) do núcleo algodoeiro. Por outro lado, a distância do núcleo urbano
não regula a atividade pecuária que, atrelada a uma economia de subsistência apresenta algum
grau de mobilidade espacial, se configurando em um importante mecanismo de expansão do
território (usado) na economia colonial, de interiorização das atividades econômicas no país.
2.2 – Complexo Produtivo da Mineração
O chamado ciclo do ouro se estendeu do último quartel do século XVII a meados do
século XVIII, tendo como característica dois fatores de regulação da produção:
disponibilidade de ouro, produto mais valioso na economia mundo; e o controle sobre a
extração exercido pela Coroa Portuguesa. Desta forma, para a exploração estava condicionada
a obtenção de autorização da Coroa, obtido esta o cidadão requerente recebia uma porção de
terra, denominado de sesmarias. Após descoberta do recurso mineral, era chamada uma
autoridade pertencente a Coroa Portuguesa , o Intendente, cujo estabeleceria um zoneamento ,
dividindo o território em várias Datas de exploração. Neste sistema, o responsável pela
descoberta tem prioridade de escolha sobre uma dada área do território, porém sua exploração
só era permitida com a apresentação, por parte do mesmo, de condições que lhe permitissem
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explorar esta, ou seja, deve-se apresentar um número de escravos proporcional a aérea de
exploração. Estabelece assim, um ritmo de exploração coordenado pelos interesses da Coroa
Portuguesa.
Esta regulação proporcionou dois tipos de unidades produtivas mineradoras: a lavra,
estabelecimento de grande escala, que possuíam grandes quantidades de trabalhadores
escravos e, por conseguinte maior produção; e Faiscação, pequenas unidades mineradoras,
com presença de trabalhadores escravos e livres. Com o tempo, e a diminuição da produção
mineralógica de algumas lavras, estas são transformadas em faiscação repartida a alguns
trabalhadores e escravos, desta forma, tal atividade possibilita a ascensão social, pois a
distribuição das datas minerais, o que menos se requeria do candidato era a posse de bens
primários. Nesta concepção, Castro salienta que:
“A civilização que ali se gerou, ao contrario da que se consolidou no litoral do nordestino, compreendia pequenos, médios e grandes proprietários, cuja posição relativa estaria sujeita a bruscas mudanças provocadas pelos imprevisíveis sucessos e insucesso do garimpo”. (1975, p. 28)
Fazendas de policulturas, responsáveis pelo abastecimento da região, que se
concentravam próximas aos núcleos urbanos e entre áreas de mineração. Tal processo deixa
como marca no território, núcleos urbanos ricos (servindo as atividades terciárias e não
tradando a servir de base ás atividades artesanais e industriais, que despontavam), população
despesa – provocada pela quebra das lavras - e fazendas de policulturas, que passam a ser
transformar em importantes áreas produtoras de laticínios.
Ao contrário dos demais complexos produtivos brasileiros, como salienta Castro
(1975), a crise e decadência da economia do ouro teve origem na incapacidade de sustentação
da oferta. Assim, com a pouca introdução de técnicas melhores para a exploração, ou seja, o
avanço desta em direção a superação do trabalho escravo, e a atitude da Metrópole em
multiplicar impostos e taxas, permitiram para o agravamento da crise da economia
mineradora.
O café que se expandiu impetuosamente pelo vale do Paraíba e criou uma alternativa
para o reaproveitamento da mão-de-obra que refluíra em direção ao litoral, a expansão desta
cultura resultou no intenso movimento de derrubada da floresta tropical, dando lugar a uma
nova atividade de cunho agro-exportador.
2.3 – Complexo Produtivo Regional Cafeeiro
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Tal complexo produtivo é marcado pela variação da forma de relação capital-trabalho,
se estabelecendo através das bases de trabalho escravocrata e livre, isto é, pela transição, que
varia no espaço e no tempo, caracterizada igualmente, pelas simultaneidades, onde há o uso
simultâneo do trabalho assalariado, livre e escravocrata, elemento fundamental para a
compreensão de todas as outras transformações essenciais na economia cafeeira.
A diferenciação da atividade cafeeira em relação à variação da forma de relação
capital-trabalho se verifica na diferenciação entre a atividade no Rio de Janeiro e, em São
Paulo. No primeiro, a economia do café se assenta no uso do trabalho escravo, enquanto em
São Paulo, tal economia se estabelece através da superação do uso do trabalho escravo,
fundamentando-se no emprego de mão-de-obra “livre”.
No que diz respeito à organização produtiva desta atividade verificou-se o grande
predomínio da grande unidade rural. Dirigida por homens com vasta experiência comercial,
esses formaram uma frente que objetivava a aquisição de terras, recrutamento de mão-de-
obra, organização e direção da produção, transporte interno, comercialização e interferência
na política financeira e econômica, como salienta Castro (1975)
Contudo, um grande fator se coloca como condicionante da atividade cafeeira, ao lado
da questão do trabalho, este fator é a natureza. A economia cafeeira paulista ascendente se dá
em solo espesso e fértil (Terra Roxa), em relevo de cuestas, geomorfologia de planalto, que
favorece menores taxas de erosão e, logo, um maior tempo de vida útil. Enquanto, a economia
cafeeira fluminense se torna, em um curto período de tempo, decadente, devido às áreas de
plantio assumirem contornos distintos das constatadas em São Paulo, apesar da técnica
utilizada em ambos os estados serem as mesmas. Nesse sentido, ressalva-se que a distinção
fica a cargo da natureza, nos pacotes de solos pouco espessos e nas altas declividades, que
favorecem a erosão (acentuada pela própria técnica de plantio em áreas de encostas, onde se
fixavam fileiras de café, perpendiculares as curvas de nível).
Segundo Castro:
“As delicadas exigências pedológicas do café, a fácil erosão provocada pelo desconhecimento das mais simples técnicas de preservação do solo e a ampla disponibilidade de novas (por vezes superiores) terras – dado o avanço dos meios de transporte – são alguns dos fatores explicativos das constantes da história do café: a permanente existência de áreas decadentes.” (1975, p. 55)
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Assim sendo, em função das variedades naturais e do tempo de vida útil das áreas de
plantio, o processo de mobilidade/deslocamento espacial, nas duas regiões analisadas,
também se deu de modo diferenciado. No estado do Rio de Janeiro houve o avanço para
novas áreas de expansão com o abandono das velhas, enquanto em São Paulo, o avanço se
somava as áreas de ocupação anteriores, significando plena expansão da atividade cafeeira.
Sobressalta-se que o principal fator de diferenciação está na forma de trabalho. Como
já foi citado, a afirmação da atividade cafeeira em São Paulo se deu com trabalho livre e no
Rio de Janeiro, com a mão-de-obra escrava, questão que leva a decadência completa da
atividade, na medida em que, a escravidão se enfraquece (processo este lento e corriqueiro nas
demais economias baseadas no trabalho escravo).
Entretanto, a opção dos cafeicultores paulistas pela mão-de-obra livre se deu de forma
extremamente lenta, tanto na sua acepção, quanto na implementação, em função dos séculos
de cultura do trabalho escravo, marcado fortemente pela elevada flexibilidade em relação ao
valor (quando o produto estava em alta a exploração da força de trabalho dos escravos se
acentuava, em condições contrárias se verificava o oposto, movimento este similar ao que
acontecia na economia canavieira-açucareira com a variação do preço do produto no mercado
externo), além do fato da classe senhorial estar acostumada exatamente a explorar de modo
acentuado a mão-de-obra escrava. Essas foram às causas da resistência dos senhores do café,
que no RJ se manteve, porém em SP foi lentamente sendo superada.
A preocupação era: como manter as taxas de exploração tão altas quanto na ordem
escravocrata? A solução estava na criação de formas de controle, ou seja, na criação de
relações sociais, afinal as taxas de excedentes (os senhores do café não estavam preocupados
com a reprodução ampliada do capital, mas sim com sua reprodução simples) dependem da
hiper-exploração dos escravos, questão que se verifica quando observamos a oscilação do
valor do produto no mercado.
Como já referido, a transição do uso de mão-de-obra escrava para a livre levou
algumas décadas para se efetivar, acumulando uma série de experiências fracassadas e se
consolidando no cenário cafeeiro apenas entre as décadas de 1870 e 1880.
Vale apena acrescentar que, para tanto, duas condições foram essenciais: a adesão do
Estado e a criação de formas de relações sociais entre proprietários e trabalhadores que
permitissem a reprodução tanto do capital quanto da (super-explorada) força de trabalho.
Segundo Castro:
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“O setor cafeeiro – especialmente após a descentralização promovida pela República – havia penetrado a fundo na maquina estatal. A política migratória, a captação de empréstimos externos, e o manejo do câmbio eram áreas em que os interesses do café e a orientação governamental praticamente se confundiam.” (1975, p. 63)
A adesão do Estado é, nesse sentido, fundamental, na medida em que, na ordem
escravocrata o fornecimento de mão-de-obra se dava através da compra direta pelo
proprietário. Desse modo, o fornecimento da força de trabalho envolvia custos elevados, mas
com a adesão do Estado ao uso do trabalho livre, através da política de branqueamento da
população, cujo principal instrumento era a migração, daí o fato de estarmos falando, em
termos de periodização no período Agrarista-Exportador-Imingrantista inserida no projeto de
nação e, logo, se tornando política pública, por sua vez, de obrigação, leia-se financeira, do
Estado, que agora (1880) socializa os custos, que antes ficavam a cargo dos senhores. Em
suma, a força de trabalho chega de graça nas fazendas, levando a taxas de excedentes de renda
elevadíssimas.
Nesse contexto, dois problemas se colocam na relação proprietário e trabalhador. O
primeiro, diz respeito à garantia de fluxo e reprodução da força de trabalho, um tanto
dificultada pelas acentuadas taxas de exploração e pelos maus tratos a que os trabalhadores
eram submetidos (a situação era tão grave que alguns países europeus, como a Alemanha,
Áustria e Polônia, chegaram a proibir que sua população imigrasse para o Brasil). O segundo
problema constatado na relação, se referia a usurpação significativa da força de trabalho, este
superado apenas com a criação do campesinato, entendido aqui a partir de três tipos: morador
ou agregado não remunerado; campesinato remunerado, nas formas assalariada ou de
parceria; por fim, posseiro.
Outro elemento criado são os chamados barracões, lugar de comércio, onde o
proprietário/senhor manipula de forma absurda os produtos que deverão obrigatoriamente ser
consumidos pelos trabalhadores, os preços elevados levam ao endividamento do trabalhador
e, logo, a “escravidão por dívida”. Sendo assim, o sistema de barracão e a escravidão por
dívida resolvem o problema da permanência/reprodução da força de trabalho e da taxa de
exploração.
O que era classe senhorial passa com a exploração da força de trabalho “livre”, a ser
denominado de oligarquia rural. Ressalta-se que a oligarquia rural exigia um comprovante de
origem e um certificado de quitação de dívida daqueles trabalhadores rurais que chegavam às
fazendas.
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A disputa inter-capitalista pelos elevados excedentes de renda, ocasiona duas
transformações no território: a crescente mecanização do território, com a implantação da rede
ferroviária, com a criação de linhas de transporte urbano/bonde, da eletrificação e do sistema
telefônico. A outra transformação, diz respeito ao aumento e a expansão de núcleos urbanos
em torno das estações ferroviárias.
A implantação da malha ferroviária (séc. XIX-XX), se dá com capitais ingleses, que se
instala junto a economia cafeeira buscando se apropriar dos excedentes de renda dela
oriundos. Dessa forma, a disputa inter-capitalista, motivada pelos excedentes da economia
cafeeira, envolve ainda a instalação: de armazéns nas proximidades das estações, a produção
de sacos para a exportação do café, da mercearia para o abastecimento do barracão, de
hospedagem para os fazendeiros, assim como de locais para a própria produção, visando
igualmente, o abastecimento do barracão. A partir do que foi exposto, entende-se que as
estações ferroviárias exercem um papel de centralidade.
2.4 – Complexo produtivo da borracha
Assim como a economia cafeeira, esta opera com o trabalho livre e o sistema de
barracão. O primeiro elemento, se manifesta na forma de sistema de parceria, “trabalho-livre”,
porém não assalariado, onde o pagamento se dá na forma de produtos ou ainda não se efetiva,
em função do endividamento do trabalhador/seringueiro obtido através do sistema de
barracão, onde o proprietário/seringalista fixa o preço de monopólio, dessa forma, o consumo
do trabalhador se torna um meio de controle.
No espaço extrativista não há a mecanização do território ou o que Milton Santos
denomina de “densidade técnica do território”, em função da própria configuração espacial da
área, do circuito da economia da borracha, ocorrendo uma baixa incorporação de técnica
transformando o território.
Sobressalta-se que a concentração da riqueza gerada pela economia extrativista ocorre
em dois pontos/pólos fundamentais: Belém e Manaus. O que acarreta em um impacto social
igualmente concentrado, favorecendo ainda a viabilidade do pacto federativo brasileiro no
século XIX-XX.
O pacto federativo pode ser apreendido como o pacto entre grupos de poder em torno
da unidade nacional e, principalmente territorial, responsável pela então coesão social. Grupos
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de poder marcados pela fragmentação nas diferentes escalas, inseridos no conjuntura do
padrão-arquipélago. Nesse contexto, ressalva-se que o excedente de renda oriundo da
economia extrativista tem um papel extremamente relevante no que diz respeito à questão,
pois a partir da descentralizadora Constituição de 1891, há a concessão aos governos
estaduais para a criação de bancos e emissão de moedas, direito de arbitrar sobre a terra e,
fundamentalmente, na descentralização da cobrança fiscal, este sim um elemento central na
definição do pacto federativo. Já que permite ao RJ –em crescente decadência econômica,
visto que a situação se acentuava com a ausência da convergência da carga tributária,
enfraquecendo inclusive o poder central- a apropriação dos excedentes oriundos da borracha,
com a anexação do Acre ao Estado brasileiro como território federal, em 1903. Excedentes
esses elevados, em função da demanda externa.
A formação da cadeia de expropriação entre expropriadores se estrutura através de
uma hierarquia social e espacial e se pauta na relação entre casas de aviação (economia
marcada por um elevado grau de monetarização), seringalista e seringueiro.
A relação entre o seringalista e o proprietário das casas de aviação é contraditoriamente
marcada pela disputa e solidariedade intra-classe. Disputa, na medida em que o seringalista é
apropriador de grandes excedentes de renda, por sua vez apropriados pelo dono das casas de
aviação, através do comércio que alimenta o barracão. Destaca-se que os produtos comprados
nas casas de aviação podem ser pagos com borracha. Outro fato relevante nessa relação é que,
além de abocanhar parte do excedente da produção com o abastecimento do barracão, os
donos das casas de aviação eram responsáveis pelo fornecimento de mão-de-obra para os
seringais, o que fazia com que o seringalista fosse extremamente fiel na compra de produtos
para o barracão.
2.5 - Região Sul – desenvolvimento voltado para dentro
Se estrutura no padrão-arquipélago a partir de duas configurações econômicas, ditadas
pela pecuária e pela policultura de subsistência das pequenas propriedades nos chamados
núcleos de colonização. Ambas são de desenvolvimento “voltado para dentro”, ou seja, suas
configurações não estruturam são voltadas para o comércio externo do Brasil, sobressalta-se
que a pecuária possuía um baixo grau de monetarização, sendo voltada basicamente para a
subsistência. Apesar da pecuária contrariar, em parte, essa afirmação, visto que se volta para o
exterior em três momentos, são eles: no período do ciclo da mineração, no século XVIII, com
o comércio de muar; a produção de couro e exportação da carne, a partir do final do século
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XIX, impulsionadas pela disseminação de técnicas, como o charqueamento, trazidas pelos
retirantes nordestinos após a grande seca de 1877; acrescenta-se o fato da pecuária se integrar
a produção de cereais, visando atender a demanda do imigrante europeu.
Sua implementação é também geopolítica, tendo relação direta com o controle de
fronteiras externas ameaçadas pelos demais estados e, internas, daí a necessidade da formação
de núcleos de colonização, na medida em que não se considera a existência de indivíduos na
região, isto é, de povos indígenas e escravos, assim como a considera pouco vinculada ao
projeto de país (característica de outros períodos da história mais recente do Brasil, como na
expansão da modernização agrícola, na região Centro-Oeste).
Nesse sentido, os núcleos de colonização, constituídos a partir de políticas
imigrantistas, apresentava igualmente, um viés ideológico, visando o branqueamento da
população.
Tais núcleos se estruturavam em famílias, voltadas para a produção econômica de
subsistência, vilas e, por fim, em pequenas propriedades. Ocorrendo dentro desta uma
singular cultura de subsistência, pecuária, produção artesanal e uma reduzida atividade
manufatureira de subsistência, possuidoras de valores de uso, contudo permitindo a troca
comercial em caso de excedente, troca de produto por produto ou, até mesmo, de produto por
trabalho, através da coletivização de esforços, via um conjunto de relações sociais. Castro
destaca que:
“A consolidação da pecuária (inclusive preparo de carnes) e da agricultura diversificada dos colonos alemães e italianos atribuía ao Rio Grande do Sul crescente importância na economia brasileira. O Brasil Meridional conseguia progressivamente inserir-se num nascente esquema nacional de divisão do trabalho. E no próprio extremo-sul se insinuava promissora divisão do trabalho, para reforço de uma estrutura econômica cujo grau de diversificação não tinha paralelo no País.” (1975, p. 46)
Por fim, destaca-se que a difusão da cultura de produção artesanal se coloca como
fundamental no processo de industrialização da região Sul, na medida em que é um dos
elementos definidores da baixa resistência que a região vai oferecer a modernização
conservadora do campo, em função da fragilidade das pequenas propriedades.
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III- ABORDAGENS DO LIVRO DIDÁTICO
O livro analisado, GEOGRAFIA DO BRASIL, busca apresentar “um estudo
abrangente, renovado, crítico e integrado do espaço geográfico brasileiro”. Tal abordagem
fundamenta-se, segundo autor, uma concepção do espaço geográfico como um espaço
socialmente produzido, fruto da dinâmica social, que cria e recria esse espaço.
A estrutura dos conteúdos esta baseada em cinco unidades temáticas, são elas:
Unidade I – Brasil: uma potência regional marcada por contrastes e desigualdades – onde o
autor, busca discuti o processo de crescimento econômico que transforma o país em uma
potencia regional e grande economia mundial, contrastando essa condição e a situação de
pobreza e miséria do brasileiros excluídos de tal processo; Unidade II – O espaço brasileiro –
o autor, decorre sobre o espaço físico brasileiro e suas condicionantes ambientais; Unidade III
– A expansão territorial e a organização político-administrativa e regional do Brasil -
estabelece o que o autor denomina de “ importantes elos de ligação entre a Geografia e a
História”, para analisar a expansão e organização do território brasileiro; Unidade IV – A
economia brasileira no tempo e espaço – o autor busca a aborda a formação econômica do
Brasil, destacando o processo de industrialização na integração do território; Unidade V –
População, urbanização e meio ambiente – aborda de modo amplo, os diferentes aspectos da
população, de urbanização e de meio ambiente, para tanto o autor aborda vários temas ligados
a essas temáticas, como: migração nas áreas de fronteiras, emigração brasileira,
desenvolvimento sustentável e biodiversidade.
A unidade em destaque neste trabalho refere-se à Unidade IV – A Economia
Brasileira no Tempo e no Espaço – destacando o capítulo 10, desta unidade, intitulada – A
formação econômica do Brasil e a integração nacional – onde busco analisa as abordagens
envolvendo o sistema de agro-exportação, caracterizado pelo padrão arquipélago.
No início deste capítulo o autor apresenta os dois modelos de organização econômica
ou político-econômica, cujo nortearam sua abordagem, são ele: o modelo agro-exportador e o
modelo industrial dependente ou periférico. Destaco nesta, o modelo agro-exportador, que se
estendeu desde o século XVI, com a implantação da monocultura canavieira, até o inicio da
década de 20 do século XX.
Assim logo é abordado o item 2 ,intitulado, A economia colonial e a agroindústria
açucareira, trabalha a estrutura da economia colonial que teve como base a monocultura
latifundiária de açúcar para a exportação, apresentando algumas razões que, segundo o autor,
leva a Portugal a optar pela agroindústria açucareira, tais como: a necessidade de ocupar de
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forma permanente o território a vim de evitar invasões estrangeiras; domínio pó parte dos
portugueses das técnicas de produção de açúcar; e, por o açúcar constitui-se naquela época um
produto raro e muito apreciado no mercado europeu. Nesta destaca-se a organização social
desta produção, baseada na “aliança da metrópole portuguesa (a nobreza) com a burguesia
mercantil (comerciantes portugueses e holandeses) e movida pelo trabalho escravo”.
Outro ponto abordado neste item é o papel do engenho açucareiro na vida econômica
e social, do Nordeste no período colonial, pois nesta concepção, “além de ser uma unidade de
produção o engenho era, também, local onde se estabeleciam as relações entre senhores,
escravos e trabalhadores livres”. Posteriormente, o autor, faz uma breve apresentação sobre
outras atividades que se distribuíam na região nordeste, assim, destaca a criação de gado e o
cultivo de fumo. Em relação ao cultivo do fumo, o autor, faz uma breve apreciação do
desenvolvimento deste cultivo, no recôncavo Baiano, a partir do século XVII, destinando sua
produção à exportação e ao escambo. No que diz respeito à criação de gado, é abordado à
questão da expansão da atividade pecuarista para o interior da região, e a importância da
atividade no fornecimento de alimentação, couro, meio de transporte e de força de trabalho.
Ressaltando também, o impulsionamento da pecuária nordestina para novos mercados
consumidores, principalmente com o desenvolvimento da mineração no interior do país, no
século XVIII.
O item 3 – A mineração e o deslocamento do eixo econômico do Nordeste para o
Centro-Sul do país – aborda o ciclo da mineração, ocorrido no fim do século XVII até meados
do século XVII. Apresenta-se neste, as modificações ocorridas no quadro político, social,
econômico e geográfico da colônia, como: a transferência da capital colonial em 1763, de
Salvador para o Rio de Janeiro; a transformação do Porto do Rio de Janeiro no principal porto
da colônia; formação de fluxo migratório, interno e externos, em direção ao interior do país;
criação de um significativo mercado consumidor, devido ao crescimento populacional e
econômico da região mineradora; e o alargamento das fronteiras territoriais do Brasil através
da busca de metais preciosos. Em seguida, o autor aborda o papel exercido pela Inglaterra,
como maior beneficiaria da produção mineradora no Brasil. E no final, deste, faz-se uma curta
explanação sobre as atividades conhecidas como Drogas do Sertão, ou seja, a extração de
vários produtos extraídos da Amazônia e exportados para a Europa.
O item 4 – A cafeicultura – destaca tal atividade como marca de um Brasil
independente (1822) cujo inaugura um novo regime político, o regime imperial. Ressaltando
que esta ainda trazia com sigo características básicas e originarias da estrutura econômica
colonial, ou seja, a agroexportação baseada na monocultura latifundiária. Em seguida, o autor,
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levanta algumas das transformações que afetam o setor cafeeiro e também a sociedade, na
metade do século XIX, como: a substituição da mão-de-obra escava pela assalariada do
imigrante europeu, a expansão das ferrovias, a modernização da produção cafeeira, e o
surgimento da indústria.
Neste itens, o autor, destaca a origem e as condições favoráveis a expansão desta
cultura no Brasil,destacando com isso algumas condições de ordem externa, tais como:
elevação do preso do café no cenário internacional, desenvolvimento da navegação e o
crescimento do comercio internacional resultante da penetração do capital mundial
diretamente em áreas produtoras de alimentos e matérias-primas; e interna, como: abertura
dos Portos, emprego do trabalho assalariado, criação de infra-estrutura de transporte e
escoamento da produção, e condições naturais do interior de São Paulo altamente favoráveis a
expansão cafeeira; que possibilitaram a implementação de tal cultivo. Em seguida, discorre-se
sobre a “produção e a geografia do café”, ressaltando as diversas transformações econômicas
que tal cultura provoca sobre o território brasileiro, destaca-se as expansões comerciais do
café sobre o Estado do Rio de Janeiro em direção ao Estado de São Paulo.
Destro deste o autor, faz uma breve narrativa a cerca da superprodução cafeeira e a
crise de 1929-1930, destacando a crise mundial de 1929 e suas conseqüências nas exportações
do café.
Por fim, a analise, tem o item 5 – A cafeicultura e a Industrialização – o autor, aponta
os principais fatores que possibilitam a ocorrência de um “surto industrial”, a partir de 1880.
Dentre os quais, estão: a elevação das tarifas alfandegárias a partir de 1844, encarecendo os
produtos industrializados estrangeiros; disponibilidade de capitais oriundos da expansão
cafeeira; extinção do tráfico negreiro e entrada dos imigrantes no Brasil.
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IV – CONCLUSÃO
O presente trabalho elucidou que a abordagem trabalhada no livro didático estudado
referente à temática do modelo econômico agroexportador vivenciado no país, o Padrão
Arquipélago, é trabalhada no decorre da unidade, pertencente, de forma muito simplória,
deixando de se abordar determinados fatores de cada unidade econômica produtiva. Não
favorecendo a percepção crítica do educando a cerca da relação capital-trabalho, assim, o
texto analisado não permite a compreensão da organização social até a diferenciada circulação
de capital e reprodução do trabalho, que cada ilha do território exibiu fato que originou
características estruturais e funcionais próprias.
Desta forma, cabe ao professor um exercício de constante aprimoramento a cerca dos
conteúdos abordador no ensino médio, uma vez que os matérias didático fornecidos aos
educando não permitem uma ampla compreensão sobre determinados processos referentes à
organização do espaço geográfico brasileiro. Tendo em mente que este mesmo conteúdo
analisado é brevemente trabalhado no segundo segmento do ensino fundamental, a abordagem
do livro em questão deveria fomentar uma maior dissertação sobre o conteúdo referente ao
modelo agro-exportador, abordando com maior ênfase os complexos produtivos regionais,
como o algodoeiro-pecuarista, o complexo produtivo da borracha, e o desenvolvimento da
região sul, através da pecuária e atividades de policultura voltadas ao mercado interno, cujos
não são abordados no decorrer do texto analisado.
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V - BIBLIOGRAFIA
CASTRO, Antônio Barros de. 7 ENSAIOS SOBRE A ECONOMIA BRASILEIRA. 2a. edição, Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1975, volume II.
COELHO, Marcos de Amorim. Geografia do Brasil. 4ª edição, São Paulo: Ed. Moderna, 1998.
SANTOS, Milton. Brasil: território e sociedade no início do século XXI. Rio de Janeiro:Record, 2005.
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ANEXOS