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I – INTRODUÇÃO O Brasil vivenciou desde o século XVI até a década de 30 do século XX, um modelo agroexportador caracterizado por uma geografia marcada pela fragmentação do território, formando um conjunto de manchas no território onde se realizava a produção especializada de um determinado produto, tal modelo é intitulado de Padrão Arquipélago. O desenvolvimento das atividades exportadoras produziu fisionomias peculiares a cada região do território, desde a sua forma de organização social até a diferenciada circulação de capital e reprodução do trabalho, ou seja, cada macha do território exibiu características estruturais e funcionais próprias. Cada complexo produtivo teve em comum, elites conservadoras que resistem as transformações sociais. A evolução das atividades, destes complexos produtivos, é condicionada pelo comportamento do mercado exportador a qual esse atende, assim, o comercio internacional funciona como centro de gravidade desta economia. A partir desta temática, procuro analisar como é abordado no livro didático de ensino médio - Geografia do Brasil - o conteúdo referente à formação econômica do Brasil, destacando a economia agro-exportadora, caracterizada pelo padrão arquipélago. Para tanto, se faz necessário a realização de um embasamento teórico permitindo elucidar os principais pontos a serem analisados no livro didático. Por conseguinte, articular uma apreciação crítica a cerca das abordagens encontradas no

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I – INTRODUÇÃO

O Brasil vivenciou desde o século XVI até a década de 30 do século XX, um modelo

agroexportador caracterizado por uma geografia marcada pela fragmentação do território,

formando um conjunto de manchas no território onde se realizava a produção especializada de

um determinado produto, tal modelo é intitulado de Padrão Arquipélago.

O desenvolvimento das atividades exportadoras produziu fisionomias peculiares a

cada região do território, desde a sua forma de organização social até a diferenciada

circulação de capital e reprodução do trabalho, ou seja, cada macha do território exibiu

características estruturais e funcionais próprias.

Cada complexo produtivo teve em comum, elites conservadoras que resistem as

transformações sociais. A evolução das atividades, destes complexos produtivos, é

condicionada pelo comportamento do mercado exportador a qual esse atende, assim, o

comercio internacional funciona como centro de gravidade desta economia.

A partir desta temática, procuro analisar como é abordado no livro didático de ensino

médio - Geografia do Brasil - o conteúdo referente à formação econômica do Brasil,

destacando a economia agro-exportadora, caracterizada pelo padrão arquipélago. Para tanto,

se faz necessário a realização de um embasamento teórico permitindo elucidar os principais

pontos a serem analisados no livro didático. Por conseguinte, articular uma apreciação crítica

a cerca das abordagens encontradas no material didático, referentes ao processo de

organização da economia brasileiro. Portanto, o presente trabalho proporciona uma

articulação entre os conteúdos abordados na disciplina de Organização do Espaço Geográfico

Brasileiro junto às temáticas abordadas na disciplina de Geografia no ensino médio.

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II - O PADRÃO ARQUIPÉLAGO

O Padrão Arquipélago caracterizou-se por formação de ilhas no território brasileiro

responsáveis pela produção agro-exportadora especializada, através de extensas áreas de

monoculturas. Segundo Santos (2005), estas estavam relacionadas com a demanda do

exterior, formam-se zonas econômicas e criam-se verdadeiras famílias e gerações de cidades,

testemunhando uma sucessão de divisões territoriais do trabalho fundada em graus diversos

de tecnificação. Desta forma, a evolução da atividade agro-exportadora estava condicionada

pelo comportamento do respectivo mercado externo ao qual estaria vinculada a produção.

Segundo CASTRO:

“O comercio internacional foi, durante séculos, o centro de gravidade não apenas de nossa economia, como também de nossas atenções. A deteriorização das condições enfrentadas por uma região não levava, contudo, á busca de maior produtividade que permitisse a recuperação ou consolidação das posições ameaçadas. A resposta mais condizente com a nossa conformação interna e condicionamento externo seria a busca de novos produtos. Na falta deste, tinham inícios acomodações que retiravam parcial ou totalmente os produtos do cenário das relações externas”. (1975, p. 12)

A marca da fragmentação do território está na diversificação das relações sociais, ou

seja, cada ilha tem a constituição de formas de organização sócias distintas, como também

diferenciadas formas de reprodução do capital e reprodução do trabalho. As regiões se

interconectam, porém não se não regula uma a outra. Segundo Castro (1975), as regiões,

mesmo quando pouco articuladas em seu funcionamento corrente, contavam com as demais

para crescer, transformar-se, ou mesmo involuir. As transferências de mão-de-obra são

exemplos deste processo, desta maneira, todo surto decadente servia de fonte para o

movimento ascendente, como salienta Castro (1975).

As aglomerações urbanas referentes a este período resultam da instalação de serviços

ligados ao governo, como determinados serviços vinculados a fiscalização das atividades

econômicas. Nesta concepção, Santos (2005) salienta que, o desenvolvimento urbano era uma

conseqüência imediata da combinação de dois fatores principais: a localização do poder

político-administrativo e a centralização correspondente dos agentes e das atividades

econômicas.

2.1 – Complexos Produtivos da Região Nordeste

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Fragmentada no seu próprio interior, marcado pelo litoral úmido canavieiro-açucareiro

e pelo agreste, região sertaneja algodoeira-pecuarista e, conseqüentemente, por relações

sociais distintas. As relações sociais inerentes a atividade canavieira são reguladas pelo valor

do produto no mercado exterior; a pecuária é marcada sobretudo, pela estruturação de

relações sociais, caracterizada pela alternância entre o trabalho escravo e o livre, este último

que se dava inclusive, com uma forma de pagamento bastante peculiar denominada de sistema

de quarteação, responsável pelo processo de expansão da pecuária.

2.1.1 – Complexo Produtivo Canavieiro-Açucareiro

Este tem seu quadro social marcado pela hierarquia entre classes, o Senhor de

Engenho, cidadão responsável pela constituição e administração de unidade agro-industrial

açucareira, unidades essas que dispunham de instalações onde se beneficiava a cana-de-

açúcar, e contavam com grande número de escravos; o Lavrador de Partido, senhores que tem

terras onde cultivas a cana-de-açúcar, porém não possuem engenhos, estes contavam com

emprego de trabalho escravo em suas lavouras e animais de tração exigidos pela cultura

canavieira; e o Escravo, responsável pelo emprego do trabalho braçal na lavoura, a este eram

destinadas pequenas parcelas de terra para o cultivo de policulturas para seu sustento.

Nesta organização social, observa-se a diferenciação da classe senhoril, permitindo o

que se chama de cadeia de expropriação entre expropriadores, gerando, com isso, uma disputa

entre os expropriadores sobre as fatias de mais-valia. Estes são explorados pelo comerciante

ultramarino, por sua vez explorado pelo comerciante europeu, dando contornos à disputa

inter-capitalista, marcada pela apropriação da mais-valia sobre o trabalho escravo, ,

intensificada quanto maior for o valor do produto (açúcar) no mercado, em contraposição a

sua desvalorização apontava para períodos, na relação senhor de engenho-escravo, mais

brandos, quando havia inclusive, o direcionamento da força de trabalho para culturas de

subsistência.

Os pequenos roçados de policultura permitiam a retenção de grandes reservas de

trabalhadores, sem maiores despesas correntes. Estes trabalhadores contemplados com

pequenas fatias de terra não ocupadas pela cana, sua convocação ao trabalho na lavoura ficava

ligada as necessidades do proprietário rural e do calendário agrícola, com a amenização da

produção há uma liberação de trabalhadores que passariam a ser dedicar predominantemente

ao cultivo de policulturas de subsistência. Segundo Castro:

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“É interessante observar, a propósito, que a alternância lavoura de subsistência versus cana se refere essencialmente, ao uso da mão-de-obra. Dificilmente, o proprietário cederia aos trabalhadores terras anteriormente dedicadas à cana. Seu interesse consiste em dispor de um mecanismo que permita “jogar” com a fração do custo de subsistência diretamente coberta pelo próprio trabalhador (e sua família). Este mecanismo só desapareceria modernamente, com o esgotamento das terras disponíveis na região litorânea”. (1975, p. 23)

Desta forma, no litoral, local de concentração da economia canavieira, se intensificam

a relação entre senhor-escravo e, em menor número homens livres da ordem escravocrata,

neste quadro, o senhor visava o aumento da taxa de lucro, via exploração da força de trabalho

do escravo, que lutava apenas para a sua sobrevivência, de interesse também do primeiro, já

que se trata da reprodução da força de trabalho. Essa relação entre capital-trabalho é

extremamente oscilante, na medida em que se submete ao valor do produto regulado pelo

exterior e, logo, a taxa de lucro, cujos reflexos se dão de modo direto sobre o tempo de

trabalho socialmente necessário e sobre a intensidade da exploração da força de trabalho.

A unidade agro-industrial açucareira requeria elevados custos para a sua implantação,

porém um reduzido custo para operar (em grande escala), o que, de certo modo, impedia que

os senhores de engenho enfrentassem graves crises com a queda da safra ou das cotações, por

exemplo. Destaca-se aqui o apego a terra que estes senhores possuíam, visto que esta em uma

sociedade agrária era fonte de poder essencialmente, político. Daí a manutenção da estrutura

agrária no nordeste brasileiro até os dias atuais, que constitui o bastião do poder e da

violência.

2.1.2 – Complexo Produtivo Algodoeiro- Pecuarista

A economia algodoeira é marcada por não requerer importantes investimentos,

significativa de força física, permitindo o uso de mão-de-obra infantil e familiar no trato e na

colheita do algodão, que apresenta um ciclo vegetativo rápido, possibilitando várias colheitas

no mesmo ano. Acrescenta-se ainda que, o processo de colheita do algodão origina, através da

limpeza e separação de tufos, um restolho, que servia matéria-prima para a elaboração caseira

de fibra, cujo permite a obtenção do tecido grosso de uso diário dos trabalhadores e produção

de saco. Assim, este tipo de produção tem menor rentabilidade, pois atende a serviços de

menos valor agregado, ligados as demandas internas. Segundo Castro (1975), o algodão

nordestino nunca conseguiu se impor no mercado externo, sua participação no mercado

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internacional só se tornava significativa por ocasião de grandes crises nas demais fontes

supridoras.

Ressalva-se que a economia algodoeira é marcada pela pouca remuneração e renda,

pelo baixo grau de monetarização e circulação de monetária, que colaboram para o processo

de internalizarão da policultura de subsistência (o plantio de milho, feijão ou mandioca

permite a auto-sustentação da força de trabalho), a divisão intra-familiar do trabalho,

regulada, em contrapartida pela economia agro-exportadora baseada no trabalho escravo.

Segundo Castro:

“A exigüidade dos gastos fixos, a possibilidade de aproveitamento da mão-de-obra feminina e infantil e a ampla gama de solos utilizáveis lhe permitiram facilmente ocupar terras em função das condições oferecidas pelo mercado. (...) Dado o amplo potencial produtivo da região e a instabilidade ditada pelo comércio externo, o algodão em alguns períodos, penetrava fundo no Sertão e chegava à zonas úmida litorânea, voltando posteriormente, a concentrar-se em áreas tradicionais produtoras.” (1975, p. 20)

Destaca-se que a atividade algodoeira permite a complementaridade entre campo, local

em que há basicamente a produção, e o núcleo urbano, onde prevalece o beneficiamento do

produto, contribuindo, ao contrário da cana, para o desenvolvimento da vida urbana. Ainda

em contraposição a cana - que apresenta gastos fixos e rigidez (que inclusive impedem a

penetração das demais culturas no litoral), tendo como barreira ainda as terras semi-áridas do

interior, a pecuária e o algodão apresentam grande mobilidade, a dispersão se dá de forma

combinada com as dificuldades de transporte, distância do litoral e estímulo as artes, não

tendo necessidade de gastos fixos e correntes, se desenvolvendo em regiões onde a terra

praticamente não possuía valor econômico.

O surgimento da pecuária sertaneja na região nordeste, remonta à necessidade de

gado de tração e corte, fonte de matéria-prima (couro) para manufaturas e artesanatos, assim

como de alimentos para os engenhos litorâneos, somados a economia de subsistência. Assim

sendo, sua gênese se dá em concomitância com a economia agro-exportadora, em combinação

com a economia algodoeira, de modo em que haja entre elas complementaridade. Segundo

Castro:

“Esta atividade cujas origens remontam às necessidades de animais de tração e corte por parte dos engenhos litorâneos, vai ganhando autonomia à medida em que se reproduzem os rebanhos – e, conseqüentemente, se distancia do litoral a atividade criatória – frente a uma demanda contida

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pela crise crônica da economia açucareira. O gado, reproduzindo-se numa região de pastos pobres e clima sujeito a graves secas, necessita grande mobilidade para sobreviver. A constante andança do rebanho determinariam, a longo prazo, extremada dispersão da vida econômica interiorana”. (1975, p. 24)

Em relação à regulação da atividade pecuária, sobressalta-se que sua expansão ou

retração vai ser determinada pelo sistema de quarteação, isto é, pelo sistema de pagamento

em cabeças de gado, que é independente do mercado consumidor e, agora sim, regulado pela

relações sociais internas. O sistema de quarteação favorece a ascensão econômica, fato que

resulta na criação de novos proprietários de rebanho, criando igualmente, novas fazendas e

acentuando o processo de interiorização. Sendo a caracterização do regime fundiário marcada

pelo indiviso e pela existência de áreas de uso coletivo.

Vale ainda citar que a venda de produtos oriundos da pecuária ocorre nos novos

núcleos urbanos (construídos a partir de tal demanda), localizados no entorno das feiras,

adquirem contornos de nós e pontos de articulação da economia pecuária, apresentando

importância econômica e cultural fundamental.

Contudo, a proximidade do núcleo urbano, somada a proximidade do núcleo

escravocrata (saída de produtos), favorece a formação e consolidação (com raros momentos

de expressividade externa) do núcleo algodoeiro. Por outro lado, a distância do núcleo urbano

não regula a atividade pecuária que, atrelada a uma economia de subsistência apresenta algum

grau de mobilidade espacial, se configurando em um importante mecanismo de expansão do

território (usado) na economia colonial, de interiorização das atividades econômicas no país.

2.2 – Complexo Produtivo da Mineração

O chamado ciclo do ouro se estendeu do último quartel do século XVII a meados do

século XVIII, tendo como característica dois fatores de regulação da produção:

disponibilidade de ouro, produto mais valioso na economia mundo; e o controle sobre a

extração exercido pela Coroa Portuguesa. Desta forma, para a exploração estava condicionada

a obtenção de autorização da Coroa, obtido esta o cidadão requerente recebia uma porção de

terra, denominado de sesmarias. Após descoberta do recurso mineral, era chamada uma

autoridade pertencente a Coroa Portuguesa , o Intendente, cujo estabeleceria um zoneamento ,

dividindo o território em várias Datas de exploração. Neste sistema, o responsável pela

descoberta tem prioridade de escolha sobre uma dada área do território, porém sua exploração

só era permitida com a apresentação, por parte do mesmo, de condições que lhe permitissem

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explorar esta, ou seja, deve-se apresentar um número de escravos proporcional a aérea de

exploração. Estabelece assim, um ritmo de exploração coordenado pelos interesses da Coroa

Portuguesa.

Esta regulação proporcionou dois tipos de unidades produtivas mineradoras: a lavra,

estabelecimento de grande escala, que possuíam grandes quantidades de trabalhadores

escravos e, por conseguinte maior produção; e Faiscação, pequenas unidades mineradoras,

com presença de trabalhadores escravos e livres. Com o tempo, e a diminuição da produção

mineralógica de algumas lavras, estas são transformadas em faiscação repartida a alguns

trabalhadores e escravos, desta forma, tal atividade possibilita a ascensão social, pois a

distribuição das datas minerais, o que menos se requeria do candidato era a posse de bens

primários. Nesta concepção, Castro salienta que:

“A civilização que ali se gerou, ao contrario da que se consolidou no litoral do nordestino, compreendia pequenos, médios e grandes proprietários, cuja posição relativa estaria sujeita a bruscas mudanças provocadas pelos imprevisíveis sucessos e insucesso do garimpo”. (1975, p. 28)

Fazendas de policulturas, responsáveis pelo abastecimento da região, que se

concentravam próximas aos núcleos urbanos e entre áreas de mineração. Tal processo deixa

como marca no território, núcleos urbanos ricos (servindo as atividades terciárias e não

tradando a servir de base ás atividades artesanais e industriais, que despontavam), população

despesa – provocada pela quebra das lavras - e fazendas de policulturas, que passam a ser

transformar em importantes áreas produtoras de laticínios.

Ao contrário dos demais complexos produtivos brasileiros, como salienta Castro

(1975), a crise e decadência da economia do ouro teve origem na incapacidade de sustentação

da oferta. Assim, com a pouca introdução de técnicas melhores para a exploração, ou seja, o

avanço desta em direção a superação do trabalho escravo, e a atitude da Metrópole em

multiplicar impostos e taxas, permitiram para o agravamento da crise da economia

mineradora.

O café que se expandiu impetuosamente pelo vale do Paraíba e criou uma alternativa

para o reaproveitamento da mão-de-obra que refluíra em direção ao litoral, a expansão desta

cultura resultou no intenso movimento de derrubada da floresta tropical, dando lugar a uma

nova atividade de cunho agro-exportador.

2.3 – Complexo Produtivo Regional Cafeeiro

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Tal complexo produtivo é marcado pela variação da forma de relação capital-trabalho,

se estabelecendo através das bases de trabalho escravocrata e livre, isto é, pela transição, que

varia no espaço e no tempo, caracterizada igualmente, pelas simultaneidades, onde há o uso

simultâneo do trabalho assalariado, livre e escravocrata, elemento fundamental para a

compreensão de todas as outras transformações essenciais na economia cafeeira.

A diferenciação da atividade cafeeira em relação à variação da forma de relação

capital-trabalho se verifica na diferenciação entre a atividade no Rio de Janeiro e, em São

Paulo. No primeiro, a economia do café se assenta no uso do trabalho escravo, enquanto em

São Paulo, tal economia se estabelece através da superação do uso do trabalho escravo,

fundamentando-se no emprego de mão-de-obra “livre”.

No que diz respeito à organização produtiva desta atividade verificou-se o grande

predomínio da grande unidade rural. Dirigida por homens com vasta experiência comercial,

esses formaram uma frente que objetivava a aquisição de terras, recrutamento de mão-de-

obra, organização e direção da produção, transporte interno, comercialização e interferência

na política financeira e econômica, como salienta Castro (1975)

Contudo, um grande fator se coloca como condicionante da atividade cafeeira, ao lado

da questão do trabalho, este fator é a natureza. A economia cafeeira paulista ascendente se dá

em solo espesso e fértil (Terra Roxa), em relevo de cuestas, geomorfologia de planalto, que

favorece menores taxas de erosão e, logo, um maior tempo de vida útil. Enquanto, a economia

cafeeira fluminense se torna, em um curto período de tempo, decadente, devido às áreas de

plantio assumirem contornos distintos das constatadas em São Paulo, apesar da técnica

utilizada em ambos os estados serem as mesmas. Nesse sentido, ressalva-se que a distinção

fica a cargo da natureza, nos pacotes de solos pouco espessos e nas altas declividades, que

favorecem a erosão (acentuada pela própria técnica de plantio em áreas de encostas, onde se

fixavam fileiras de café, perpendiculares as curvas de nível).

Segundo Castro:

“As delicadas exigências pedológicas do café, a fácil erosão provocada pelo desconhecimento das mais simples técnicas de preservação do solo e a ampla disponibilidade de novas (por vezes superiores) terras – dado o avanço dos meios de transporte – são alguns dos fatores explicativos das constantes da história do café: a permanente existência de áreas decadentes.” (1975, p. 55)

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Assim sendo, em função das variedades naturais e do tempo de vida útil das áreas de

plantio, o processo de mobilidade/deslocamento espacial, nas duas regiões analisadas,

também se deu de modo diferenciado. No estado do Rio de Janeiro houve o avanço para

novas áreas de expansão com o abandono das velhas, enquanto em São Paulo, o avanço se

somava as áreas de ocupação anteriores, significando plena expansão da atividade cafeeira.

Sobressalta-se que o principal fator de diferenciação está na forma de trabalho. Como

já foi citado, a afirmação da atividade cafeeira em São Paulo se deu com trabalho livre e no

Rio de Janeiro, com a mão-de-obra escrava, questão que leva a decadência completa da

atividade, na medida em que, a escravidão se enfraquece (processo este lento e corriqueiro nas

demais economias baseadas no trabalho escravo).

Entretanto, a opção dos cafeicultores paulistas pela mão-de-obra livre se deu de forma

extremamente lenta, tanto na sua acepção, quanto na implementação, em função dos séculos

de cultura do trabalho escravo, marcado fortemente pela elevada flexibilidade em relação ao

valor (quando o produto estava em alta a exploração da força de trabalho dos escravos se

acentuava, em condições contrárias se verificava o oposto, movimento este similar ao que

acontecia na economia canavieira-açucareira com a variação do preço do produto no mercado

externo), além do fato da classe senhorial estar acostumada exatamente a explorar de modo

acentuado a mão-de-obra escrava. Essas foram às causas da resistência dos senhores do café,

que no RJ se manteve, porém em SP foi lentamente sendo superada.

A preocupação era: como manter as taxas de exploração tão altas quanto na ordem

escravocrata? A solução estava na criação de formas de controle, ou seja, na criação de

relações sociais, afinal as taxas de excedentes (os senhores do café não estavam preocupados

com a reprodução ampliada do capital, mas sim com sua reprodução simples) dependem da

hiper-exploração dos escravos, questão que se verifica quando observamos a oscilação do

valor do produto no mercado.

Como já referido, a transição do uso de mão-de-obra escrava para a livre levou

algumas décadas para se efetivar, acumulando uma série de experiências fracassadas e se

consolidando no cenário cafeeiro apenas entre as décadas de 1870 e 1880.

Vale apena acrescentar que, para tanto, duas condições foram essenciais: a adesão do

Estado e a criação de formas de relações sociais entre proprietários e trabalhadores que

permitissem a reprodução tanto do capital quanto da (super-explorada) força de trabalho.

Segundo Castro:

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“O setor cafeeiro – especialmente após a descentralização promovida pela República – havia penetrado a fundo na maquina estatal. A política migratória, a captação de empréstimos externos, e o manejo do câmbio eram áreas em que os interesses do café e a orientação governamental praticamente se confundiam.” (1975, p. 63)

A adesão do Estado é, nesse sentido, fundamental, na medida em que, na ordem

escravocrata o fornecimento de mão-de-obra se dava através da compra direta pelo

proprietário. Desse modo, o fornecimento da força de trabalho envolvia custos elevados, mas

com a adesão do Estado ao uso do trabalho livre, através da política de branqueamento da

população, cujo principal instrumento era a migração, daí o fato de estarmos falando, em

termos de periodização no período Agrarista-Exportador-Imingrantista inserida no projeto de

nação e, logo, se tornando política pública, por sua vez, de obrigação, leia-se financeira, do

Estado, que agora (1880) socializa os custos, que antes ficavam a cargo dos senhores. Em

suma, a força de trabalho chega de graça nas fazendas, levando a taxas de excedentes de renda

elevadíssimas.

Nesse contexto, dois problemas se colocam na relação proprietário e trabalhador. O

primeiro, diz respeito à garantia de fluxo e reprodução da força de trabalho, um tanto

dificultada pelas acentuadas taxas de exploração e pelos maus tratos a que os trabalhadores

eram submetidos (a situação era tão grave que alguns países europeus, como a Alemanha,

Áustria e Polônia, chegaram a proibir que sua população imigrasse para o Brasil). O segundo

problema constatado na relação, se referia a usurpação significativa da força de trabalho, este

superado apenas com a criação do campesinato, entendido aqui a partir de três tipos: morador

ou agregado não remunerado; campesinato remunerado, nas formas assalariada ou de

parceria; por fim, posseiro.

Outro elemento criado são os chamados barracões, lugar de comércio, onde o

proprietário/senhor manipula de forma absurda os produtos que deverão obrigatoriamente ser

consumidos pelos trabalhadores, os preços elevados levam ao endividamento do trabalhador

e, logo, a “escravidão por dívida”. Sendo assim, o sistema de barracão e a escravidão por

dívida resolvem o problema da permanência/reprodução da força de trabalho e da taxa de

exploração.

O que era classe senhorial passa com a exploração da força de trabalho “livre”, a ser

denominado de oligarquia rural. Ressalta-se que a oligarquia rural exigia um comprovante de

origem e um certificado de quitação de dívida daqueles trabalhadores rurais que chegavam às

fazendas.

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A disputa inter-capitalista pelos elevados excedentes de renda, ocasiona duas

transformações no território: a crescente mecanização do território, com a implantação da rede

ferroviária, com a criação de linhas de transporte urbano/bonde, da eletrificação e do sistema

telefônico. A outra transformação, diz respeito ao aumento e a expansão de núcleos urbanos

em torno das estações ferroviárias.

A implantação da malha ferroviária (séc. XIX-XX), se dá com capitais ingleses, que se

instala junto a economia cafeeira buscando se apropriar dos excedentes de renda dela

oriundos. Dessa forma, a disputa inter-capitalista, motivada pelos excedentes da economia

cafeeira, envolve ainda a instalação: de armazéns nas proximidades das estações, a produção

de sacos para a exportação do café, da mercearia para o abastecimento do barracão, de

hospedagem para os fazendeiros, assim como de locais para a própria produção, visando

igualmente, o abastecimento do barracão. A partir do que foi exposto, entende-se que as

estações ferroviárias exercem um papel de centralidade.

2.4 – Complexo produtivo da borracha

Assim como a economia cafeeira, esta opera com o trabalho livre e o sistema de

barracão. O primeiro elemento, se manifesta na forma de sistema de parceria, “trabalho-livre”,

porém não assalariado, onde o pagamento se dá na forma de produtos ou ainda não se efetiva,

em função do endividamento do trabalhador/seringueiro obtido através do sistema de

barracão, onde o proprietário/seringalista fixa o preço de monopólio, dessa forma, o consumo

do trabalhador se torna um meio de controle.

No espaço extrativista não há a mecanização do território ou o que Milton Santos

denomina de “densidade técnica do território”, em função da própria configuração espacial da

área, do circuito da economia da borracha, ocorrendo uma baixa incorporação de técnica

transformando o território.

Sobressalta-se que a concentração da riqueza gerada pela economia extrativista ocorre

em dois pontos/pólos fundamentais: Belém e Manaus. O que acarreta em um impacto social

igualmente concentrado, favorecendo ainda a viabilidade do pacto federativo brasileiro no

século XIX-XX.

O pacto federativo pode ser apreendido como o pacto entre grupos de poder em torno

da unidade nacional e, principalmente territorial, responsável pela então coesão social. Grupos

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de poder marcados pela fragmentação nas diferentes escalas, inseridos no conjuntura do

padrão-arquipélago. Nesse contexto, ressalva-se que o excedente de renda oriundo da

economia extrativista tem um papel extremamente relevante no que diz respeito à questão,

pois a partir da descentralizadora Constituição de 1891, há a concessão aos governos

estaduais para a criação de bancos e emissão de moedas, direito de arbitrar sobre a terra e,

fundamentalmente, na descentralização da cobrança fiscal, este sim um elemento central na

definição do pacto federativo. Já que permite ao RJ –em crescente decadência econômica,

visto que a situação se acentuava com a ausência da convergência da carga tributária,

enfraquecendo inclusive o poder central- a apropriação dos excedentes oriundos da borracha,

com a anexação do Acre ao Estado brasileiro como território federal, em 1903. Excedentes

esses elevados, em função da demanda externa.

A formação da cadeia de expropriação entre expropriadores se estrutura através de

uma hierarquia social e espacial e se pauta na relação entre casas de aviação (economia

marcada por um elevado grau de monetarização), seringalista e seringueiro.

A relação entre o seringalista e o proprietário das casas de aviação é contraditoriamente

marcada pela disputa e solidariedade intra-classe. Disputa, na medida em que o seringalista é

apropriador de grandes excedentes de renda, por sua vez apropriados pelo dono das casas de

aviação, através do comércio que alimenta o barracão. Destaca-se que os produtos comprados

nas casas de aviação podem ser pagos com borracha. Outro fato relevante nessa relação é que,

além de abocanhar parte do excedente da produção com o abastecimento do barracão, os

donos das casas de aviação eram responsáveis pelo fornecimento de mão-de-obra para os

seringais, o que fazia com que o seringalista fosse extremamente fiel na compra de produtos

para o barracão.

2.5 - Região Sul – desenvolvimento voltado para dentro

Se estrutura no padrão-arquipélago a partir de duas configurações econômicas, ditadas

pela pecuária e pela policultura de subsistência das pequenas propriedades nos chamados

núcleos de colonização. Ambas são de desenvolvimento “voltado para dentro”, ou seja, suas

configurações não estruturam são voltadas para o comércio externo do Brasil, sobressalta-se

que a pecuária possuía um baixo grau de monetarização, sendo voltada basicamente para a

subsistência. Apesar da pecuária contrariar, em parte, essa afirmação, visto que se volta para o

exterior em três momentos, são eles: no período do ciclo da mineração, no século XVIII, com

o comércio de muar; a produção de couro e exportação da carne, a partir do final do século

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XIX, impulsionadas pela disseminação de técnicas, como o charqueamento, trazidas pelos

retirantes nordestinos após a grande seca de 1877; acrescenta-se o fato da pecuária se integrar

a produção de cereais, visando atender a demanda do imigrante europeu.

Sua implementação é também geopolítica, tendo relação direta com o controle de

fronteiras externas ameaçadas pelos demais estados e, internas, daí a necessidade da formação

de núcleos de colonização, na medida em que não se considera a existência de indivíduos na

região, isto é, de povos indígenas e escravos, assim como a considera pouco vinculada ao

projeto de país (característica de outros períodos da história mais recente do Brasil, como na

expansão da modernização agrícola, na região Centro-Oeste).

Nesse sentido, os núcleos de colonização, constituídos a partir de políticas

imigrantistas, apresentava igualmente, um viés ideológico, visando o branqueamento da

população.

Tais núcleos se estruturavam em famílias, voltadas para a produção econômica de

subsistência, vilas e, por fim, em pequenas propriedades. Ocorrendo dentro desta uma

singular cultura de subsistência, pecuária, produção artesanal e uma reduzida atividade

manufatureira de subsistência, possuidoras de valores de uso, contudo permitindo a troca

comercial em caso de excedente, troca de produto por produto ou, até mesmo, de produto por

trabalho, através da coletivização de esforços, via um conjunto de relações sociais. Castro

destaca que:

“A consolidação da pecuária (inclusive preparo de carnes) e da agricultura diversificada dos colonos alemães e italianos atribuía ao Rio Grande do Sul crescente importância na economia brasileira. O Brasil Meridional conseguia progressivamente inserir-se num nascente esquema nacional de divisão do trabalho. E no próprio extremo-sul se insinuava promissora divisão do trabalho, para reforço de uma estrutura econômica cujo grau de diversificação não tinha paralelo no País.” (1975, p. 46)

Por fim, destaca-se que a difusão da cultura de produção artesanal se coloca como

fundamental no processo de industrialização da região Sul, na medida em que é um dos

elementos definidores da baixa resistência que a região vai oferecer a modernização

conservadora do campo, em função da fragilidade das pequenas propriedades.

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III- ABORDAGENS DO LIVRO DIDÁTICO

O livro analisado, GEOGRAFIA DO BRASIL, busca apresentar “um estudo

abrangente, renovado, crítico e integrado do espaço geográfico brasileiro”. Tal abordagem

fundamenta-se, segundo autor, uma concepção do espaço geográfico como um espaço

socialmente produzido, fruto da dinâmica social, que cria e recria esse espaço.

A estrutura dos conteúdos esta baseada em cinco unidades temáticas, são elas:

Unidade I – Brasil: uma potência regional marcada por contrastes e desigualdades – onde o

autor, busca discuti o processo de crescimento econômico que transforma o país em uma

potencia regional e grande economia mundial, contrastando essa condição e a situação de

pobreza e miséria do brasileiros excluídos de tal processo; Unidade II – O espaço brasileiro –

o autor, decorre sobre o espaço físico brasileiro e suas condicionantes ambientais; Unidade III

– A expansão territorial e a organização político-administrativa e regional do Brasil -

estabelece o que o autor denomina de “ importantes elos de ligação entre a Geografia e a

História”, para analisar a expansão e organização do território brasileiro; Unidade IV – A

economia brasileira no tempo e espaço – o autor busca a aborda a formação econômica do

Brasil, destacando o processo de industrialização na integração do território; Unidade V –

População, urbanização e meio ambiente – aborda de modo amplo, os diferentes aspectos da

população, de urbanização e de meio ambiente, para tanto o autor aborda vários temas ligados

a essas temáticas, como: migração nas áreas de fronteiras, emigração brasileira,

desenvolvimento sustentável e biodiversidade.

A unidade em destaque neste trabalho refere-se à Unidade IV – A Economia

Brasileira no Tempo e no Espaço – destacando o capítulo 10, desta unidade, intitulada – A

formação econômica do Brasil e a integração nacional – onde busco analisa as abordagens

envolvendo o sistema de agro-exportação, caracterizado pelo padrão arquipélago.

No início deste capítulo o autor apresenta os dois modelos de organização econômica

ou político-econômica, cujo nortearam sua abordagem, são ele: o modelo agro-exportador e o

modelo industrial dependente ou periférico. Destaco nesta, o modelo agro-exportador, que se

estendeu desde o século XVI, com a implantação da monocultura canavieira, até o inicio da

década de 20 do século XX.

Assim logo é abordado o item 2 ,intitulado, A economia colonial e a agroindústria

açucareira, trabalha a estrutura da economia colonial que teve como base a monocultura

latifundiária de açúcar para a exportação, apresentando algumas razões que, segundo o autor,

leva a Portugal a optar pela agroindústria açucareira, tais como: a necessidade de ocupar de

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forma permanente o território a vim de evitar invasões estrangeiras; domínio pó parte dos

portugueses das técnicas de produção de açúcar; e, por o açúcar constitui-se naquela época um

produto raro e muito apreciado no mercado europeu. Nesta destaca-se a organização social

desta produção, baseada na “aliança da metrópole portuguesa (a nobreza) com a burguesia

mercantil (comerciantes portugueses e holandeses) e movida pelo trabalho escravo”.

Outro ponto abordado neste item é o papel do engenho açucareiro na vida econômica

e social, do Nordeste no período colonial, pois nesta concepção, “além de ser uma unidade de

produção o engenho era, também, local onde se estabeleciam as relações entre senhores,

escravos e trabalhadores livres”. Posteriormente, o autor, faz uma breve apresentação sobre

outras atividades que se distribuíam na região nordeste, assim, destaca a criação de gado e o

cultivo de fumo. Em relação ao cultivo do fumo, o autor, faz uma breve apreciação do

desenvolvimento deste cultivo, no recôncavo Baiano, a partir do século XVII, destinando sua

produção à exportação e ao escambo. No que diz respeito à criação de gado, é abordado à

questão da expansão da atividade pecuarista para o interior da região, e a importância da

atividade no fornecimento de alimentação, couro, meio de transporte e de força de trabalho.

Ressaltando também, o impulsionamento da pecuária nordestina para novos mercados

consumidores, principalmente com o desenvolvimento da mineração no interior do país, no

século XVIII.

O item 3 – A mineração e o deslocamento do eixo econômico do Nordeste para o

Centro-Sul do país – aborda o ciclo da mineração, ocorrido no fim do século XVII até meados

do século XVII. Apresenta-se neste, as modificações ocorridas no quadro político, social,

econômico e geográfico da colônia, como: a transferência da capital colonial em 1763, de

Salvador para o Rio de Janeiro; a transformação do Porto do Rio de Janeiro no principal porto

da colônia; formação de fluxo migratório, interno e externos, em direção ao interior do país;

criação de um significativo mercado consumidor, devido ao crescimento populacional e

econômico da região mineradora; e o alargamento das fronteiras territoriais do Brasil através

da busca de metais preciosos. Em seguida, o autor aborda o papel exercido pela Inglaterra,

como maior beneficiaria da produção mineradora no Brasil. E no final, deste, faz-se uma curta

explanação sobre as atividades conhecidas como Drogas do Sertão, ou seja, a extração de

vários produtos extraídos da Amazônia e exportados para a Europa.

O item 4 – A cafeicultura – destaca tal atividade como marca de um Brasil

independente (1822) cujo inaugura um novo regime político, o regime imperial. Ressaltando

que esta ainda trazia com sigo características básicas e originarias da estrutura econômica

colonial, ou seja, a agroexportação baseada na monocultura latifundiária. Em seguida, o autor,

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levanta algumas das transformações que afetam o setor cafeeiro e também a sociedade, na

metade do século XIX, como: a substituição da mão-de-obra escava pela assalariada do

imigrante europeu, a expansão das ferrovias, a modernização da produção cafeeira, e o

surgimento da indústria.

Neste itens, o autor, destaca a origem e as condições favoráveis a expansão desta

cultura no Brasil,destacando com isso algumas condições de ordem externa, tais como:

elevação do preso do café no cenário internacional, desenvolvimento da navegação e o

crescimento do comercio internacional resultante da penetração do capital mundial

diretamente em áreas produtoras de alimentos e matérias-primas; e interna, como: abertura

dos Portos, emprego do trabalho assalariado, criação de infra-estrutura de transporte e

escoamento da produção, e condições naturais do interior de São Paulo altamente favoráveis a

expansão cafeeira; que possibilitaram a implementação de tal cultivo. Em seguida, discorre-se

sobre a “produção e a geografia do café”, ressaltando as diversas transformações econômicas

que tal cultura provoca sobre o território brasileiro, destaca-se as expansões comerciais do

café sobre o Estado do Rio de Janeiro em direção ao Estado de São Paulo.

Destro deste o autor, faz uma breve narrativa a cerca da superprodução cafeeira e a

crise de 1929-1930, destacando a crise mundial de 1929 e suas conseqüências nas exportações

do café.

Por fim, a analise, tem o item 5 – A cafeicultura e a Industrialização – o autor, aponta

os principais fatores que possibilitam a ocorrência de um “surto industrial”, a partir de 1880.

Dentre os quais, estão: a elevação das tarifas alfandegárias a partir de 1844, encarecendo os

produtos industrializados estrangeiros; disponibilidade de capitais oriundos da expansão

cafeeira; extinção do tráfico negreiro e entrada dos imigrantes no Brasil.

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IV – CONCLUSÃO

O presente trabalho elucidou que a abordagem trabalhada no livro didático estudado

referente à temática do modelo econômico agroexportador vivenciado no país, o Padrão

Arquipélago, é trabalhada no decorre da unidade, pertencente, de forma muito simplória,

deixando de se abordar determinados fatores de cada unidade econômica produtiva. Não

favorecendo a percepção crítica do educando a cerca da relação capital-trabalho, assim, o

texto analisado não permite a compreensão da organização social até a diferenciada circulação

de capital e reprodução do trabalho, que cada ilha do território exibiu fato que originou

características estruturais e funcionais próprias.

Desta forma, cabe ao professor um exercício de constante aprimoramento a cerca dos

conteúdos abordador no ensino médio, uma vez que os matérias didático fornecidos aos

educando não permitem uma ampla compreensão sobre determinados processos referentes à

organização do espaço geográfico brasileiro. Tendo em mente que este mesmo conteúdo

analisado é brevemente trabalhado no segundo segmento do ensino fundamental, a abordagem

do livro em questão deveria fomentar uma maior dissertação sobre o conteúdo referente ao

modelo agro-exportador, abordando com maior ênfase os complexos produtivos regionais,

como o algodoeiro-pecuarista, o complexo produtivo da borracha, e o desenvolvimento da

região sul, através da pecuária e atividades de policultura voltadas ao mercado interno, cujos

não são abordados no decorrer do texto analisado.

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V - BIBLIOGRAFIA

CASTRO, Antônio Barros de. 7 ENSAIOS SOBRE A ECONOMIA BRASILEIRA. 2a. edição, Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1975, volume II.

COELHO, Marcos de Amorim. Geografia do Brasil. 4ª edição, São Paulo: Ed. Moderna, 1998.

SANTOS, Milton. Brasil: território e sociedade no início do século XXI. Rio de Janeiro:Record, 2005.

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ANEXOS