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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

ESCOLA DE MINAS

DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA DA ÁGUA E SEDIMENTOS DE FUNDO DO RIBEIRÃO

MAZARGÃO, OURO PRETO - MINAS GERAIS.

Hélio Moreira de Almeida

MONOGRAFIA no 262

Ouro Preto, janeiro de 2018

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CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA DA ÁGUA E

SEDIMENTOS DE FUNDO DO RIBEIRÃO MARZAGÃO,

OURO PRETO - MINAS GERAIS.

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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

Reitora

Prof.ª Dr.ª Cláudia Aparecida Marliére de Lima

Vice-Reitor

Prof. Dr. Hermínio Arias Nalini Júnior

Pró-Reitora de Graduação

Prof.ª Dr.ª Tânia Rossi Garbin

ESCOLA DE MINAS

Diretor

Prof. Dr. Issamu Endo

Vice-Diretor

Prof. Dr. José Geraldo Arantes de Azevedo Brito

DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA

Chefe

Prof. Dr. Luís Antônio Rosa Seixas

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MONOGRAFIA

Nº 262

CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA DA ÁGUA E SEDIMENTOS

DE FUNDO DO RIBEIRÃO MARZAGÃO, OURO PRETO - MINAS

GERAIS.

Hélio Moreira de Almeida

Orientadora

Prof.ª Dr.ª Adivane Terezinha Costa

Co-Orientador

Prof. Dr. Hermínio Arias Nalini Jr.

Monografia do Trabalho de Conclusão de curso apresentado ao Departamento de Geologia da Escola

de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto como requisito parcial para avaliação da disciplina

Trabalho de Conclusão de Curso – TCC 402, ano 2017/2.

OURO PRETO

2017

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Universidade Federal de Ouro Preto – http://www.ufop.br

Escola de Minas - http://www.em.ufop.br

Departamento de Geologia - http://www.degeo.ufop.br/

Campus Morro do Cruzeiro s/n - Bauxita

35.400-000 Ouro Preto, Minas Gerais

Tel. (31) 3559-1600, Fax: (31) 3559-1606

Direitos de tradução e reprodução reservados.

Nenhuma parte desta publicação poderá ser gravada, armazenada em sistemas eletrônicos, fotocopiada ou

reproduzida por meios mecânicos ou eletrônicos ou utilizada sem a observância das normas de direito autoral.

Revisão geral: Hélio Moreira de Almeida

Catalogação elaborada pela Biblioteca Prof. Luciano Jacques de Moraes do

Sistema de Bibliotecas e Informação - SISBIN - Universidade Federal de Ouro Preto

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Agradecimentos

Agradeço à minha mãe Marcionília e todos os tios em especial tia Eliza e tio Vitor, por não

medirem esforços para que isso fosse possível. As meus irmãos Bruno e Marciele pelo apoio

incondicional.

A geologia e a geogalera pelos campos e corriolas e amizade, a SEE, pelas amizades,

oportunidades e experiências.

À professora Adivane, pelos ensinamentos extracurriculares, orientação e amizade sincera em

toda a graduação.

A cidade histórica de Ouro Preto pelos encantos naturais e os amigos que ali fiz. A todas as

repúblicas amigas, principalmente Tanto Faz, Cravo e Canela, Patotinha, Querubim, Vaticano, Bangalô

e Jardim de Alah, que compartilharam comigo os melhores momentos nessa cidade linda. À grandiosa

República Pureza, seus atuais moradores, ex-alunos e homenageados. “Desci do Céu...”

Por fim, agradeço ao Departamento de Geologia em especial a equipe do laboratório de

Geoquímica ambiental e Difração de raios X, à Escola de Minas, à Universidade Federal de Ouro Preto

e à Fundação Gorceix, por terem me proporcionado um ensino público superior de qualidade durante

toda a minha graduação.

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SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS .......................................................................................................................... ix

SUMÁRIO ............................................................................................................................................ xi

LISTA DE FIGURAS ......................................................................................................................... xiv

LISTA DE TABELAS ..................................................................................................................... xviii

RESUMO ............................................................................................................................................. xix

ABSTRACT ...................................................................................................................................... xvii

1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ............................................................................................................ 1

1.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 1

1.2 OBJETIVO ....................................................................................................................................... 1

1.2.1 Objetivo geral ............................................................................................................................... 1

1.2.2 Objetivos Específicos ...................................................................................................................... 1

1.3 ÁREA DE ESTUDO E VIAS DE ACESSO .................................................................................... 2

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................................................ 3

2.1 TRABALHOS ANTERIORES ........................................................................................................ 3

2.2 O ALUMÍNIO .................................................................................................................................. 4

2.3 PROCESSO DE PRODUÇÃO DA ALUMINA .............................................................................. 5

2.3.1 Moagem da bauxita ......................................................................................................................... 6

2.3.2 Digestão ............................................................................................................................... 6

2.3.3 Clarificação ............................................................................................................................... 6

2.3.4 Precipitação ............................................................................................................................... 7

2.3.5 Calcinação ............................................................................................................................... 8

2.4 RESÍDUO GERADO NA PRODUÇÃO DE ALUMINA ............................................................... 9

2.5 SISTEMAS DE DISPOSIÇÃO DE REJEITOS/RESÍDUOS FINOS ............................................ 11

2.6 NOVELIS BARRAGEM DE REJEITOS MARZAGÃO .............................................................. 12

2.7 CONCEITO DE MICROBACIA ................................................................................................... 13

2.8 MOBILIDADE, ESPECIAÇÃO E PROCESSOS DE SORÇÃO .................................................. 14

2.9 TOXIDADE DOS ELEMENTOS .................................................................................................. 16

2.10 ELEMENTOS ABORDADOS NO TRABALHO ......................................................................... 17

2.10.1 Elementos maiores ............................................................................................... 18

2.10.2 Elementos traço pesados e/ou potencialmente tóxicos ........................................ 20

2.11 GEOQUÍMICA DAS ÁGUAS ....................................................................................................... 24

2.12 GEOQUÍMICA DE SEDIMENTOS FLUVIAIS ........................................................................... 25

2.12.1 Valores guia de qualidade de sedimentos (VGQS) .............................................. 25

3 ATIVIDADES E MÉTODOS ........................................................................................................... 27

3.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA E CARTOGRÁFICA .................................................................. 27

3.2 MÉTODOS E AMOSTRAGEM EM CAMPO .............................................................................. 27

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3.2.1 Análise de parâmetros da água in situ via multiparâmetro ........................................................... 28

3.2.2 Amostragem de água .................................................................................................................... 28

3.2.3 Amostragem dos sedimentos ........................................................................................................ 29

3.3 ANÁLISES EM LABORATÓRIO ............................................................................................... 29

3.3.1 Preparação das amostras de sedimento ......................................................................................... 29

3.3.2 Análise granulométrica dos sedimentos ........................................................................................ 30

3.3.3 Análise mineralógica .................................................................................................................... 31

3.3.4 Digestão parcial das amostras de sedimentos ............................................................................... 31

3.3.5 Análise geoquímica de sedimento ................................................................................................ 33

3.3.6 Alcalinidade da água ..................................................................................................................... 34

3.3.7 Análise hidroquímica .................................................................................................................... 34

3.4 INTERPRETAÇÃO DOS DADOS OBTIDOS............................................................................. 34

3.4.1 Confecção de gráficos ................................................................................................................... 34

4 ASPECTOS GEOLÓGICOS E FISIOGRÁFICOS ......................................................................... 35

4.1 GEOLOGIA REGIONAL ............................................................................................................. 35

4.1.1 Trabalhos Anteriores ..................................................................................................................... 35

4.1.2 Estratigrafia ............................................................................................................................. 37

4.1.3 Geologia Estrutural e Metamorfismo ............................................................................................ 38

4.2 GEOLOGIA LOCAL .................................................................................................................... 38

4.3 HIDROGRAFIA ............................................................................................................................ 40

4.4 CLIMA .......................................................................................................................................... 41

4.5 VEGETAÇÃO ............................................................................................................................... 42

4.6 GEOMORFOLOGIA .................................................................................................................... 42

4.7 PEDOLOGIA ................................................................................................................................ 43

4.8 ATIVIDADES ECONÔMICAS DESENVOLVIDAS NA ÁREA ............................................... 44

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................................... 45

5.1 PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS DAS ÁGUAS .................................................................. 46

5.1.1 Condutividade Elétrica (CE), Sólidos Totais Dissolvidos (STD) e Alcalinidade ......................... 46

5.1.2 Potencial de Óxi-Redução (Eh) .................................................................................................... 48

5.1.3 Potencial Hidrogeniônico (pH) ..................................................................................................... 48

5.1.4 Resistividade ............................................................................................................................. 49

5.2 GEOQUÍMICA DAS ÁGUAS: ELEMENTOS MAIORES E TRAÇO ....................................... 49

5.2.1 Elementos maiores: cátions .......................................................................................................... 49

5.2.2 Elementos traço............................................................................................................................. 52

5.3 CARACTERIZAÇÃO MINERALÓGICA DOS SEDIMENTOS ................................................ 57

5.4 GEOQUÍMICA DOS SEDIMENTOS .......................................................................................... 59

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5.4.1 Elementos Maiores ........................................................................................................................ 59

5.4.2 Elementos Traço ............................................................................................................................ 60

5.5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .............................................................................................. 63

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................ 65 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................... 67 ANEXOS................................................................................................................................................ 73

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INDÍCE DE FIGURAS

Figura 1.1: Localização da área de estudo ................................................................................. 2

Figura 2.1: Disponibilidade do alumínio na crosta terrestre (Modificado: European Aluminium

Association, 2017) ................................................................................................................................... 5

Figura 2.2: Diagrama simplificado do sistema Bayer para produção de alumina a partir da

bauxita (Fonte: Silva Filho et al., 2007). ................................................................................................. 6

Figura 2.3: Digestores (Fonte: Souza, 2010). ............................................................................ 6

Figura 2.4: Filtros para separação da lama vermelha (Fonte: Souza, 2010).............................. 7

Figura 2.5: Precipitadores de hidrato de alumínio (Fonte: Souza, 2010). ................................. 8

Figura 2.6: Calcinadores de alumina alfa (Fonte: Souza, 2010) ............................................... 8

Figura 2.7: Bauxita, alumina e alumínio (Fonte: IAI - International Aluminium Institute, 2017).

................................................................................................................................................................. 9

Figura 2.8: Produção de alumina no mundo (Fonte: IAI, 2017). .............................................. 9

Figura 2.9: Difratograma da lama vermelha da região sudeste do Brasil (Fonte: Villar, 2002).

............................................................................................................................................................... 11

Figura 2.10: Barragem do Marzagão – Aditya Birla Hindalco em Ouro Preto / MG. Lançamento

contínuo de polpa. ................................................................................................................................. 12

Figura 2.11: Diagrama esquemático de qualidade de sedimento segundo critérios TEL e PEL

(modificado de CETESB, 2012). ........................................................................................................... 26

Figura 3.1: Mapa de localização dos pontos de amostragem de água e sedimentos na micro-

bacia do ribeirão Marzagão. Fonte: Google Earth Pro. ......................................................................... 28

Figura 3.2: Sedimento quarteado em laboratório. ................................................................... 30

Figura 3.3: Peneiras para análise granulométrica em agitador de peneiras. ............................ 30

Figura 3.4: Mistura para obtenção de água régia, do lado esquerdo o HCL e no direito HNO3.

............................................................................................................................................................... 32

Figura 3.5: Amostras sob chapa de aquecimento com temperatura controlada em 100± 5 °C.

............................................................................................................................................................... 33

Figura 3.6: Filtragem de amostras. .......................................................................................... 33

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Figura 4.1: Coluna estratigráfica do Quadrilátero Ferrífero. Modificada de Alkmim & Marshak

(1998). ................................................................................................................................................... 37

Figura 4.2: Mapa geológico da microbacia do ribeirão Marzagão, com a localização dos pontos

de amostragem. Fonte: Portal da geologia (2017). ................................................................................ 39

Figura 4.3: Mapa de drenagens da microbacia do ribeirão Marzagão. Fonte: Google. .......... 41

Figura 4.4: Gráfico de temperatura e regime pluviométrico anual, de 2007 a 2015. Fonte:

INMET. ................................................................................................................................................. 42

Figura 4.5: Mapa hipsométrico da microbacia do ribeirão Marzagão. Fonte: Portal da Geologia

2017. ...................................................................................................................................................... 43

Figura 4.6: Mapa de classes de solo da microbacia do ribeirão Marzagão. Fonte: Fundação

Estadual do Meio Ambiente de Minas Gerais. ...................................................................................... 43

Figura 5.1: Variação do conteúdo de condutividade elétrica, sólidos totais dissolvidos (STD) e

alcalinidade. .......................................................................................................................................... 47

Figura 5.2: Potencial de oxirredução (Eh) .............................................................................. 48

Figura 5.3: Gráfico do potencial hidrogeniônico (pH) ............................................................ 49

Figura 5.4: Concentração de sódio e cálcio, nos pontos de amostragem de montante para

jusante. .................................................................................................................................................. 51

Figura 5.5: Concentração de magnésio e potássio nos pontos de amostragem de montante para

jusante. .................................................................................................................................................. 52

Figura 5.6: Concentração de ferro e manganês nos pontos de amostragem de montante para

jusante. .................................................................................................................................................. 53

Figura 5.7: Concentração de alumínio nos pontos de amostragem de montante para jusante. 54

Figura 5.8: Concentração de enxofre nos pontos de amostragem de montante para jusante. . 55

Figura 5.9: Concentração de molibdênio, arsênio, bismuto, rubídio, selênio e vanádio nos

pontos de amostragem de montante para jusante. ................................................................................. 56

Figura 5.10: Concentração de estrôncio nos pontos de amostragem de montante para jusante.

............................................................................................................................................................... 57

Figura 5.11: Difratograma representativo dos sedimentos das nascentes a montante da

barragem de rejeitos Marzagão, referente ao ponto A1. ....................................................................... 58

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Figura 5.12: Concentração de alumínio nos sedimentos dos cursos d’água de montante para

jusante. ................................................................................................................................................... 60

Figura 5.13: Concentração de sódio, cálcio e magnésio nos sedimentos dos cursos d’água de

montante para jusante. ........................................................................................................................... 61

Figura 5.14: Concentração de enxofre nos sedimentos dos cursos d’água de montante para

jusante. ................................................................................................................................................... 61

Figura 5.15: Concentração de arsênio, cádmio e estrôncio nos sedimentos dos cursos d’água de

montante para jusante. ........................................................................................................................... 62

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 2.1: Composição da lama vermelha para diversos tipos de bauxita (Fonte: Silva Filho et

al., 2007)................................................................................................................................................ 10

Tabela 2.2: Mobilidade de alguns elementos químicos no ambiente superficial (Garrett 2005).

............................................................................................................................................................... 15

Tabela 2.3: Compostos que acumulam metais pesados e algumas de suas propriedades

(Modificado de ...................................................................................................................................... 16

Tabela 2.4: Tabela periódica, mostrando elementos químicos e seus efeitos biológicos

conhecidos e prováveis (Plant et al 1998). ............................................................................................ 16

Tabela 2.5: Elementos químicos, e suas principais implicações no organismo humano. (cf.

Fergusson 1990, Santos 1997,ATSDR 2003). ...................................................................................... 23

Tabela 2.6: Parâmetros inorgânicos. ....................................................................................... 24

Tabela 2.7: Valores orientadores de qualidade de sedimentos segundo critérios TEL e PEL, em

mg/kg. (CETESB, 2012). ...................................................................................................................... 26

Tabela 2.8: Valores de referência para o Quadrilátero ............................................................ 26

Tabela 3.1: Classificação granulométrica sugerida por Wentworth (1922) e seu equivalente na

abertura em mesh das peneiras usadas no trabalho. .............................................................................. 31

Tabela 5.1: Medidas dos parâmetros físico-químicos coletados na microbacia do ribeirão

Marzagão. .............................................................................................................................................. 46

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Resumo

A micro-bacia do ribeirão Marzagão está inserida na a sub-bacia do ribeirão do Carmo, contribuinte da

Bacia do Rio do Carmo. Localiza-se nas proximidades do bairro Saramenha no município de Ouro Preto,

Minas Gerais. Destaca-se nesta micro-bacia a barragem de rejeitos de lama vermelha da mineração de

bauxita, pertencente a empresa Hindalco S.A., e a mineração de topázio imperial Vermelhão. O objetivo

principal do trabalho foi caracterizar a geoquímica da água e sedimentos de fundo do ribeirão Marzagão.

Sendo esse formado por uma nascente e o sumidouro da barragem e três nascentes das cinco existentes

a montante da barragem já mencionada, e correlacionar esses dados com as fontes geogênicas e possíveis

interferências antropogênicas. O trabalho consistiu na coleta de amostras de água e sedimentos de fundo

de canal a montante e a jusante da barragem Marzagão. Os sedimentos passaram por secagem e

quarteamento das amostras de sedimentos para posterior a realização da análise da composição

mineralógica e geoquímica parcial de elementos como: Na, Fe, Al, Ca, K, Mg, Mn, As, Ba, Cd, Co, Cr,

Cu, V, Zn, Pb e Ti. Os resultados apresentaram valores anômalos para os elementos Al, Na, Ca, K, Mg,

S, As e Sr mostrando a contaminação causada pela barragem uma vez que a composição da lama

vermelha tem como principais elementos o Al, Na, Ca. A difratometria de raios X na amostra coletada

no ribeirão Marzagão, apresentou ocorrência de um hidróxido de alumínio evidenciando a contaminação

ocasionada pela barragem.

Palavras chave: geoquímica, geologia ambiental, espectrometria.

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CAPITULO 1

1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

1.1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho registra o estudo de uma área inserida na sub-bacia do ribeirão funil, porção

oeste da bacia do rio do Carmo, localizada no bairro Saramenha no município de Ouro Preto, em Minas

Gerais. Para realização do trabalho foram abordados temas como mineralogia e geoquímica dos

sedimentos e águas.

Realizou-se um diagnóstico ambiental através do estudo da qualidade geoquímica de

águas fluviais e sedimentos do leito de três nascentes, à montante, sendo um total 5 nascentes, e no

ribeirão Marzagão, à jusante da barragem rejeitos de alumínio Marzagão, visando determinar a

interferência da barragem de rejeito no ribeirão Marzagão. Uma vez que o ribeirão é formado deflúvio

da barragem, essa por sua vez recebe o desaguamento das 5 nascentes. Nas barragens encontram-se em

solução ou já consolidados, materiais com alta concentração elementos tóxicos e metais pesados que

podem vim a ser um risco a saúde humana e toda a biota presente no entorno. As motivações para a

execução do presente projeto se devem a trabalhos como: Costa (2001) e Rodrigues (2009) utilizando a

geoquímica como ferramenta para a investigação ambiental de áreas com potencialidade de

contaminação por atividades antrópicas. Além disso, a cabeceira do ribeirão Marzagão está inserida

próximo ao aterro controlado do município de Ouro Preto e da barragem de rejeitos do processo de

transformação da bauxita em alumina, onde se utiliza principalmente soda caustica e cal, sendo parte do

processo de extração de alumínio da antiga Alcan, atualmente pertencente a empresa Hindalco, tendo

sua construção iniciada no ano de 1974 e passado por 5 fases de alteamento.

1.2 OBJETIVO

1.2.1 Objetivo geral

Analisar a interferência química da barragem de rejeitos Marzagão no ribeirão denominado pelo

mesmo nome, através da análise química de águas e sedimentos de fundo de três nascentes à montante

da barragem e à jusante, no ribeirão Marzagão.

1.2.2 Objetivos Específicos

a) Realizar análises geoquímicas em amostras de água e sedimentos de fundo de canal coletadas

em 4 pontos, 3 à montante e 1 à jusante da barragem de rejeitos Marzagão;

b) Realizar análise de composição a mineralógica dos sedimentos de fundo de canal coletadas

na amostragem via difratometria de raio x e correlacionar com os dados geoquímicos;

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M. Almeida, H., 2016 Caracterização geoquímica da água e sedimentos de fundo do ribeirão Marzagão...

2

c) Quantificar os elementos maiores e elementos traço das amostras de sedimentos e relacionar

com os possíveis efeitos gerados ao ribeirão pela barragem de rejeitos;

d) Determinar a origem dos elementos químicos presentes no depósito sedimentar investigado,

se geogênica ou antropogênica;

1.3 ÁREA DE ESTUDO E VIAS DE ACESSO

O presente trabalho foi realizado nas proximidades do bairro Saramenha, município de Ouro

Preto – MG, na região próxima ao aterro controlado do município abrangendo a montante e a jusante de

Marzagão, barragem de rejeitos da transformação de bauxita em alumina(Al2O3). Vide figura 1.1.

Figura 1.1: Localização da área de estudo

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CAPÍTULO 2

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste trabalho os principais conceitos utilizados referem-se a dinâmica de sedimentos, além da

geoquímica da água.

2.1 TRABALHOS ANTERIORES

Entre os trabalhos realizados nos cursos d’água da região do Quadrilátero Ferrífero (QF),

podem-se mencionar o trabalho de Eleutério (1997), que fez uma análise dos níveis de contaminação

por metais traço em sedimentos da calha do rio do Carmo, localizado na região sudeste do QF, na borda

do Parque Estadual de Itacolomi. Através do uso de Espectrometria de Absorção Atômica, obtiveram

concentrações de mercúrio acima do limite máximo aceito para sedimentos (0,1 µg/g), mostrando assim

a contaminação deste rio por mercúrio. De acordo com o autor, o contaminação desse metal estaria

associado ao processo de extração de ouro nos garimpos, que seriam responsáveis também pela

contaminação de outros metais, são eles As, Pb, Zn, Cu, Cd, Co, Cr, Ni e Li.

De acordo com Oliveira (1999) os valores de contaminação por metais traço na água e nos

sedimentos de corrente dos córregos do Parque Estadual do Itacolomi e rios e córregos situados na

redondezas do parque, é produto da atividade garimpeira na região. Foram observados nos sedimentos

concentrações de mercúrio acima do limite máximo recomendado (0,1 mg/kg). Foram determinadas

também altas concentrações de cádmio em valores que variam de 1,0 ppm a 22 ppm, caracterizando

algumas regiões como altamente poluídos. Os resultados das análises de água mostraram que todas as

concentrações de metais são inferiores ao limite estabelecido pela resolução CONAMA 357 (2005),

com exclusão do ferro, que apresentou valores elevados em algumas regiões, que segundo a autora, pode

estar relacionado a ocorrência de hematita, goethita e clorita nos locais onde ocorreram as anomalias.

Estudos desenvolvidos no rio Gualaxo de Norte, situado na região sudeste do Quadrilátero

Ferrífero, o qual recebe os afluentes das minas Timbopeba, Samarco, Capanema, Samitri e dos garimpos

de ouro, apontaram altos valores de bicarbonato, sulfato, sódio, condutividade elétrica, sólidos totais

dissolvidos e salinidade na água. Estes afluentes são considerados como sendo a fonte dos contaminantes

relacionados com o processo de beneficiamento do minério de ferro. Também foram caracterizados

teores acima do limite estabelecido pela resolução do CONAMA 357 (2005) para cádmio, chumbo,

ferro, manganês, alumínio e zinco. Os elevados teores de ferro e manganês foram atribuídos a fontes

litogenéticas, associadas às atividades garimpeiras e ao enriquecimento desses elementos em lateritas,

também exploradas em garimpos. As análises determinaram que o garimpo de Antônio Pereira é a

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principal fonte antropogênica dos elementos tóxicos arsênio, manganês, antimônio, bário e mercúrio

determinados em sedimentos do rio Gualaxo do Norte, gerando valores acima do limite estabelecido

pela legislação (Costa 2001).

Processos geológicos a exemplo o intemperismo e lixiviação, disponibilizam para o meio

ambiente os elementos, sendo esses transportados para os cursos d’água, influenciando na elevação das

concentrações desses elementos. Uma ocorrência deste processo foi registrado na Estação do Tripuí,

que encontra-se parcialmente preservada da influência antrópica e está localizada próxima à cidade de

Ouro Preto. Segundo Cruz (2002), as concentrações de cálcio, magnésio, cromo, vanádio e alumínio,

são resultados exclusivamente dos processos naturais que agiram sobre a litologia da região, liberando

e transportando esses elementos para a água e os sedimentos da Estação Ecológica. Os teores de cálcio

e o magnésio são oriundos dos mármores; o cromo, vanádio e alumínio são originários das rochas

máficas.

Para Borba (2002) no Quadrilátero Ferrífero há uma anomalia natural de arsênio, essa anomalia

está ligada a gênese dos depósitos auríferos do greenstone belt Rio das Velhas, onde o fluido originário

de zonas profundas carreia o arsênio do manto até as rochas supracrustais. A atuação do intemperismo

sobre os corpos de minério e suas hospedeiras em superfície, promove oxidação dos sulfetos e a

liberação do arsênio para o ambiente. Além da liberação natural, as altas concentrações de arsênio

encontradas nos sedimentos e águas, que ocorrem próximas às minas, é devido aos rejeitos despejados

nas drenagens durante os 300 anos de mineração. Nas lavras de beneficiamento das minas em operação

atualmente, funcionam de acordo com os regulamentos ambientais.

Em continuação aos estudos geoquímicos e ambientais do Quadrilátero Ferrífero, Martins

(2005), realizou um trabalho com amostras de rochas, águas, sedimentos, solos e plantas, na área

próxima das minas de Pirita Piquete e Santa Efigênia, no Município de Ouro Preto. Os resultados das

análises apresentaram valores tóxicos de: alumínio na água; arsênio, cromo, cádmio, cobre, chumbo e

zinco nos sedimentos de corrente; arsênio, cádmio, cobre, chumbo, níquel e cromo nos solos; zinco,

manganês, níquel, cobre e chumbo nas plantas. Os níveis de concentrações desses elementos possuem

relação direta com a litologia local, porém são influenciados por outros fatores, tais como: condições

físico-químicas do ambiente, sazonalidade, disponibilidade e biodisponibilidade de elementos químicos.

2.2 O ALUMÍNIO

Entre os materiais originários da exploração mineral mais utilizados pelo homem e consequente

geradores de resíduo, está o alumínio e suas ligas. Dados da Associação Brasileira do Alumínio (ABAL)

indicam que o consumo doméstico de alumínio em 2015 recuou. Segundo a entidade, a demanda interna

por produtos transformados de alumínio atingiu 1.308,5 mil toneladas, volume 8,5 % inferior ao

consumido de 2014, de 1.429,7 mil toneladas. O estudo mostra ainda, que o consumo de alumínio no

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país deverá crescer ainda mais. De acordo com projeções, em 2020, o Brasil poderá consumir entre 2,4

e 2,8 milhões de toneladas do material por ano.

O alumínio é o terceiro elemento mais abundante na crosta terrestre, como mostrado na Figura

2.1. A disponibilidade de bauxita, o minério bruto do qual é obtido o alumínio, é suficiente para

suprir a demanda de alumínio por vários séculos. A bauxita tem em sua composição,

principalmente de óxido de alumínio, além de sílica, óxidos de ferro e titânio.

Figura 2.1: Disponibilidade do alumínio na crosta terrestre (Modificado: European Aluminium Association, 2017)

Mais de 160 milhões de toneladas de bauxita são mineradas a cada ano. Os principais depósitos

são encontrados em áreas tropicais e sub-tropicais. A bauxita é extraída na Austrália, América Central

e América do Sul (Jamaica, Brasil, Suriname, Venezuela, Guiana), África (Guiné), Ásia (China e Índia),

Rússia (Cazaquistão) e Europa (Grécia) (IAI, 2017).

2.3 PROCESSO DE PRODUÇÃO DA ALUMINA

O sistema Bayer é atualmente o mais usado em quase todas as plantas de beneficiamento da

bauxita, mesmo com o elevado consumo de energia que ele demanda. Este sistema foi desenvolvido em

1888, na Alemanha, e suas principais fases de produção, desde a entrada do minério (bauxita) até a saída

do produto final (alumina), são: digestão, clarificação, precipitação e calcinação. Essas fases tem um

fluxograma de certa complexidade, mas que pode ser resumido em um circuito básico (Silva, 2016),

apresentado na Figura 2.2 e descrito a seguir.

Silica28%

Oxigênio47%

Alumínio 8%

Ferro5%

Cálcio, Sódio, Potássio e

outros12%

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Figura 2.2: Diagrama simplificado do sistema Bayer para produção de alumina a partir da bauxita (Fonte: Silva

Filho et al., 2007).

2.3.1 Moagem da bauxita

A fase inicial do processo envolve a moagem da bauxita com o objetivo de reduzir a dimensão

das partículas minerais e tornar o mineral apropriado para a digestão. A bauxita é moída em moinhos de

bola (diâmetros entre 0,08 mm e 0,06 mm) (IAI, 2017). A moagem da bauxita é seguida da digestão.

2.3.2 Digestão

A digestão (Figura 2.3) tem o objetivo de extrair a alumina contida na bauxita. Nesse processo

a alumina é dissolvida pelo licor pobre (solução de soda cáustica e cal), enquanto as impurezas que

constituem a lama permanecem insolúveis. (Souza, 2010)

Figura 2.3: Digestores (Fonte: Souza, 2010).

2.3.3 Clarificação

Através da decantação acelerada por floculantes sintéticos, ocorre a separação da solução de

licor rico das impurezas sólidas (lama). Uma vez decantada, a lama é removida e bombeada para uma

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série de cinco lavadores, em contra corrente com água adicionada no quinto estágio de lavagem, com o

objetivo de retirar a soda cáustica presente na lama. A separação da lama da solução do licor rico é

obtida através dos controles: da temperatura, da adição de floculantes e em função dos sólidos para o

controle da vazão na descarga e monitoramento do nível da lama dentro do decantador (Souza, 2010)

A filtração consiste na separação de partículas sólidas de uma suspensão líquida mediante o

escoamento desta suspensão em um meio poroso estacionário, denominado de meio filtrante, no qual o

sólido permanece retido sobre este meio, forma um depósito que se denomina torta de filtração, cuja

espessura cresce e se deforma continuamente e passa a desempenhar um papel fundamental no decorrer

da operação de separação (Figura 2.4). A fase fluida que atravessa o meio poroso é denominado de

filtrado. A filtração tem como objetivo reter estas partículas de lama de aluminato de sódio. O licor rico,

produto da divisão vermelha, sai com cerca de 10 mg/L de lama em suspensão para área de divisão

branca. (Souza, 2010).

Figura 2.4: Filtros para separação da lama vermelha (Fonte: Souza, 2010).

2.3.4 Precipitação

A alumina hidratada, dissolvida da bauxita na etapa de digestão, deixa a solução, para formar o

produto do processo Bayer, na etapa da precipitação (Figura 2.5). Dois requisitos básicos devem ser

atendidos nesta fase: primeiro, o licor rico filtrado deve ter o seu grau de supersaturação acentuado,

através de resfriamento; segundo, certa quantidade de alumina hidratada, previamente obtida, deve ser

usada como semente.

Os precipitadores cementadores recebem semente grossa e a outra parte (70%) de licor rico, que

foi resfriado em trocador de placas (responsável pela redução da temperatura através da troca de calor

com a água industrial). Nos cementadores, a uma dada temperatura, agitação e tempo de residência, é

promovido um aumento da resistência das partículas do hidrato, que serão enviados aos precipitadores

de leito denso, que através de agitação, resfriamento forçado, promovem um aumento do rendimento de

precipitação (Souza, 2010).

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Figura 2.5: Precipitadores de hidrato de alumínio (Fonte: Souza, 2010).

2.3.5 Calcinação

É o processo que controla a eliminação da água de cristalização da partícula de alumina tri-

hidratada e obtenção de uma superfície específica pré-determinada. Este processo ocorre a temperaturas

em torno de 960°C (Figura 2.6) (Souza, 2010).

Figura 2.6: Calcinadores de alumina alfa (Fonte: Souza, 2010)

São necessárias cerca de cinco toneladas de bauxita para se produzir duas toneladas de alumina

e duas toneladas de alumina para produzir uma tonelada de alumínio pelo processo de redução. A

quantidade de lama vermelha gerada pode chegar ao dobro da quantidade de alumina produzida. Dados

da literatura mostram que uma variação entre 0,3 e 2,5 toneladas de lama vermelha são geradas a cada

tonelada de alumina produzida (Wang et al., 2008). A Figura 2.7 mostra a bauxita, o minério bruto no

qual é extraída a alumina e, a última fase do processo que é o alumínio.

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Figura 2.7: Bauxita, alumina e alumínio (Fonte: IAI - International Aluminium Institute, 2017).

A Figura 2.8, obtida pelo Instituto Internacional do Alumínio (2017) mostra a produção total de

alumínio primário entre os anos de 1973 e 2017, distribuída pelo mundo. Em destaque, aparece a China

que iniciou sua produção em 1999 e hoje é líder absoluta no mercado.

Figura 2.8: Produção de alumina no mundo (Fonte: IAI, 2017).

Em 2017 de acordo com a Associação Brasileira do Alumínio, a produção de alumínio primário

no país foi de 792,7 mil toneladas, e quando comparado os meses de 2016 com os meses de que se tem

registro de 2017, há uma média de aumento no valor de 2,3% ao mês.

2.4 RESÍDUO GERADO NA PRODUÇÃO DE ALUMINA

Ribeiro (2011) propõe que, a lama vermelha é o principal resíduo gerado na etapa de

beneficiamento da bauxita. A alta concentração de compostos ferrosos na lama resulta na sua cor

vermelha típica e, consequentemente, seu nome (lama vermelha).

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O elevado volume de lama vermelha resultante do processo de extração da bauxita e seu caráter

alcalino (pH~13) representa sério problema ambiental de alto risco, nas regiões onde as indústrias

transformação estão instaladas.

A composição química da lama vermelha é identificada pela análise de difração de raios X. De

acordo com Villar (2002), neste método um feixe destes raios atinge a superfície da amostra analisada

e é difratado, sendo detectado por um contador Geiger que se movimenta a uma velocidade constante

em um arco de círculo, cujo centro é o centro da amostra. O contador registra graficamente em posição

e intensidade, os ângulos θ das difrações correspondentes, que estão relacionados com a inclinação e

posição do raio emitido. O resultado consiste de um gráfico onde são apresentados vários picos de

comprimentos diferentes ao longo do arco de varredura utilizado, denominado difratograma. A posição

deste pico em função do ângulo θ da emissão permite determinar o comprimento de onda emitida, que

é característica do elemento presente na amostra e função das distâncias interplanares de sua estrutura

cristalina. Uma vez este comprimento calculado, ele é comparado com uma série de arquivos

preexistentes de minerais conhecidos e desta maneira, é obtida a classificação mais provável do

composto presente no material analisado.

A composição química das mais importantes fontes de geração de lama vermelha encontra-se

na Tabela 2.1.

Tabela 2.1: Composição da lama vermelha para diversos tipos de bauxita (Fonte: Silva Filho et al., 2007).

Villar (2002), também através da análise por difração de raios-X, verificou a presença de

hematita (Fe2O3), quartzo (SiO2), gibbsita (Al(OH)3) e anatásio (TiO2) na lama vermelha da região do

sudeste do Brasil (Poços de Caldas-MG), com predominância dos picos de hematita, como apresentado

na Figura 2.11. Compostos como óxido de potássio (KaO2), óxido de cálcio (CaO), tridymita (SiO2),

ulvospinel (Fe2TiO4) também foram encontrados na lama vermelha.

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Figura 2.9: Difratograma da lama vermelha da região sudeste do Brasil (Fonte: Villar, 2002).

2.5 SISTEMAS DE DISPOSIÇÃO DE REJEITOS/RESÍDUOS FINOS

No Brasil, os rejeitos de beneficiamento são normalmente dispostos em forma de polpa em

estruturas de contenção denominadas barragens. Em outros países, existe uma tendência para o

adensamento desse material, pois sua disposição na forma de polpa de alta densidade, pastas minerais

ou tortas apresenta vantagens consideráveis e representa alternativas às práticas convencionais

(Guimarães, 2011).

Os métodos convencionais de disposição de lamas são também denominados de métodos

úmidos, devido à grande quantidade de água de processo que segue com o material sólido para

disposição. Os métodos úmidos aplicáveis à lama vermelha consistem em grandes diques ou barragens

onde a lama vermelha é disposta com baixo teor de sólidos. Neste caso, a separação de fases ocorre no

local de disposição, onde o material sólido sedimenta e surge um sobrenadante alcalino. A operação é

simples e barata, consistindo na sedimentação natural da fase sólida e na recirculação do sobrenadante

para a fábrica (Silva Filho et al, 2007).

No entanto, o potencial de impacto dos métodos úmidos sobre o meio ambiente é alto, podendo-

se destacar: necessidade de grandes áreas de disposição do rejeito; risco de contaminação do solo e do

lençol freático; no caso de ruptura, propagação da mancha de inundação dos rejeitos na área a jusante,

podendo causar sérios danos ambientais, econômicos, sociais, perda de vidas humanas, entre outros.

Os custos associados de construção das estruturas de estocagem dos resíduos são altos, devido

à necessidade de impermeabilização da área antes da disposição, feita normalmente por meio de

membranas plásticas ou da aplicação de camada de material impermeável, devido aos riscos de

contaminação do solo e do lençol freático, entre outros componentes.

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Deve-se destacar também que a vida útil da área de disposição é curta, normalmente entre 4 e 7

anos, e a reabilitação da área é um processo lento. Os riscos com relação ao rompimento dos diques

também estão presentes, e representam um motivo de preocupação para a população a jusante (Silva

Filho et al, 2007). A Figura 2.12 mostra a barragem de lama vermelha Marzagão.

Figura 2.10: Barragem do Marzagão – Aditya Birla Hindalco em Ouro Preto / MG. Lançamento contínuo de

polpa.

2.6 NOVELIS BARRAGEM DE REJEITOS MARZAGÃO

A história da mineração de alumínio em Ouro Preto começou em 1934 com a empresa Elquisa

(Eletro Quimica Brasileira S.A.), e a mineração funcionou até o ano de 1945, quando a superprodução

diminuiu devido ao final da Segunda Guerra Mundial. Em 1950, a Alcan (canadense), adquiriu as ações

da fábrica e, apesar das variações da demanda mundial pelo minério de alumínio, a empresa se

consolidou como uma das mais importantes mineradoras de alumínio (Alcan 2000).

A fábrica de alumínio está instalada em Ouro Preto desde 1934, conforme destacado, com

controle acionário assumido pela Alcan Inc. em 1950. Em 2005, o controle acionário passou para a

empresa Novelis Inc. sendo que a razão social da empresa foi mudada para Novelis do Brasil Ltda.

Destaca-se que a Novelis Inc. surgiu no mercado pela cisão dos ativos do negócio de laminados da Alcan

Inc., devido a um processo de reestruturação patrimonial exigido pelas autoridades antitrustes da Europa

e Estados Unidos, como condição para aprovar a aquisição da francesa Pchiney pela Alcan (DIEESE,

2005).

A planta industrial de Ouro Preto, antes começar a produzir alumínio, se destinou à fabricação

de outros produtos: em 1935, iniciou a produção de ácido sulfúrico; em 1936, de sulfato de cobre e, em

1940, após e entrada em funcionamento da Usina do Salto, foi produzido cimento aluminoso, em dois

fornos elétricos monofásicos, que, logo depois, foram destinados à produção de ferro ligas. Em 1944,

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com a inauguração da Usina Hidrelétrica do Caboclo, a segunda no rio Maynart, foi inaugurada,

também, a fábrica de óxido de alumínio, com capacidade nominal para produzir dez mil toneladas de

alumina ao ano (ALCAN, 2000).

Em maio de 2007, a Novelis Inc. foi adquirida pela Hindalco Industries Limited, empresa líder

do AdityaBirlaGroup, um conglomerado multinacional com sede em Mumbai, na Índia; a partir de então

a Novelis se tornou uma subsidiária integral do AdityaBirlaGroup (NOVELIS, 2017).

A barragem de rejeitos de lama vermelha fábrica de alumínio Hindalco (antiga Alcan), teve o

início da sua construção no ano de 1974, tendo passado por 5 fases de alteamento, proposta para

deposição do rejeito gerado na transformação da bauxita em alumina, sendo destinados a esse lago os

seguintes itens de acordo com o relatório SUPRAM, (2012): resíduos da estação de tratamento de água,

resíduos do tratamento de água das caldeiras e resíduos (lama vermelha) da fábrica de alumina, sendo

esses atualmente com pouca incidência devido ao baixo nível de operação da fábrica no processamento

de bauxita, são destinados também os seguintes resíduos sólidos: areia do filtro de areia, crosta da lama

vermelha, entulho da construção civil contaminado e resto de varrição de fábrica.

2.7 CONCEITO DE MICROBACIA

Entre as subdivisões da bacia, existe na literatura o termo microbacia. Uma diversidade de

conceitos são aplicados na definição de microbacias, podendo ser adotados critérios como unidades de

medida, hidrológicos e ecológicos. Segundo Faustino (1996), a microbacia possui toda sua área com

drenagem direta ao curso principal de uma sub-bacia. Várias microbacias formam uma sub-bacia, sendo

que a área de uma microbacia é inferior a 100 km2. Porém, Cecílio e Reis (2006) definem microbacia

como sendo uma sub-bacia hidrográfica de área reduzida, não havendo consenso de qual é a área máxima

(máximo varia entre 10 a 20.000 ha ou 0,1 km2 a 200 km2).

Do ponto de vista da hidrologia, a classificação de bacias hidrográficas em grandes e pequenas

não é vista somente na sua superfície total, mas considerando os efeitos de certos fatores dominantes na

geração do deflúvio. Tendo as microbacias como características distintas uma grande sensibilidade tanto

às chuvas de alta intensidade (curta duração), como também ao fator uso do solo (cobertura vegetal),

sendo assim, as alterações na quantidade e qualidade da água do deflúvio, em função de chuvas intensas

e ou em função de mudanças no solo, são detectadas com mais sensibilidade nas microbacias do que nas

grandes bacias. Portanto, essa explicação contribui na distinção, definição e delimitação espacial de

microbacias e bacias hidrográficas, sendo sua compreensão, crucial para a estruturação de programas de

monitoramento ambiental, por meio de medições de variáveis hidrológicas, liminológicas, da topografia

e cartografia e com o auxílio de sistemas de informações geográficas. Dessa forma, pode-se chegar a

uma adequação espacial de microbacias e bacias hidrográficas (Lima; Zakia, 2000).

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Outro conceito importante atribuído a microbacias é o ecológico, que considera a menor unidade

do ecossistema onde pode ser observada a delicada relação de interdependência entre os fatores bióticos

e abióticos, sendo que perturbações podem comprometer a dinâmica de seu funcionamento. Esse

conceito visa à identificação e o monitoramento de forma orientada dos impactos ambientais (Mosca,

2003; Leonardo, 2003).

Calijuri e Bubel (2006) utilizam dados hidrológicos e ecológicos para conceituar o termo

microbacia hidrográfica. Segundo os autores, são áreas formadas por drenagens de 1ª e 2ª ordem e, em

alguns casos, de 3ª ordem, necessitando ser definida como base na dinâmica dos processos hidrológicos,

geomorfológicos e biológicos. As microbacias são áreas com certa fragilidade sendo frequentemente

ameaçadas por perturbações, nas quais as escalas espacial, temporal e observacional são fundamentais.

Neste trabalho considerou-se a região estudada como sendo uma microbacia devido a sua

constituição ser preferencialmente por drenagens de 1a e 2a ordem, com uma área de influência com

aproximadamente 5 km2.

2.8 MOBILIDADE, ESPECIAÇÃO E PROCESSOS DE SORÇÃO

A mobilidade dos elementos químicos é controlada principalmente pelas condições do potencial

hidrogeniônico (pH) e do potencial de oxi-redução (Eh) do meio. Então, quando a água ácida da mina

entra em contato com diversas rochas, ela é capaz de dissolver minerais e mobilizar determinados

elementos químicos, considerados pouco móveis em outras condições. A solubilidade dos minerais é a

principal condicionante para que os elementos neles contidos possam ser liberados. Uma vez que tal

fato acontece, a mobilidade dos elementos é controlada pela estabilidade das espécies nas condições

geoquímicas existentes (pH, Eh) e pela carga de superfície dos adsorventes, que também é dependente

do pH (Dold 1999).

A especiação química de um elemento fornece dados sobre sua mobilidade, frente a diferentes

condições ambientais, e, consequentemente, sobre o seu potencial de toxicidade. São vários os

diagramas de Eh x pH que auxiliam a predizer quais espécies dominam em condições químicas

específicas. Uma vantagem de se conhecer a especiação química de metais pesados relaciona-se à sua

química ambiental, pois podem ser adicionados reagentes químicos que extraem elementos de certas

fases de maneira seletiva. Na tabela 2.2 podemos observar a mobilidade dos elementos de acordo com

o pH do meio.

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Tabela 2.2: Mobilidade de alguns elementos químicos no ambiente superficial (Garrett 2005).

Diversos autores já mencionaram a capacidade de alguns materiais (óxidos e hidróxidos de Fe

e Mn, argilas e matéria orgânica) em adsorverem metais. Essa propriedade os torna muito importantes,

pois possui uma grande implicação na imobilização de metais pesados em áreas contaminadas. Em

sistemas aquáticos, quando o pH da solução se eleva, os elementos são adsorvidos por esses materiais,

e assim, transferidos da água, tornando-se, então, pouco biodisponíveis (Karlsson et al.1988).

Nas argilas, a capacidade de adsorção se deve à grande área superficial dessas partículas e à

existência de uma carga elétrica negativa nas superfícies das mesmas. Essa carga elétrica é resultante da

substituição de cátions de valências mais baixas em camadas tetraédricas e octaédricas desses minerais

(Evangelou 1995), o que faz com que possuam uma boa capacidade de troca iônica, principalmente em

climas tropicais.

O fato das substâncias húmicas serem capazes de formar complexos com metais é atribuído ao

elevado conteúdo de oxigênio de grupos funcionais como carboxil (COOH), hidroxil (OH) e carbonil

(C=O).

Outras importantes formas de incorporação de metais em materiais como sedimentos e solos

são feitas por meio de substituições iônicas, bem como por processos de sorção e co-precipitação de

metais com óxidos/hidróxidos de ferro e manganês (e.g. Fe(OH)3; MnO2). Tanto o ferro quanto o

manganês sofrem reações de oxidação e redução. O estado de oxidação desses elementos se reflete em

uma maior ou menor mobilidade: ambos elementos são móveis no estado reduzido, mas formam

espécies pouco solúveis nos estados oxidados (Fergusson 1990). A Tabela 2.3 abaixo discrimina os

materiais supracitados (óxidos /hidróxidos de Fe e Mn, matéria orgânica e argila) e algumas

propriedades vinculadas a eles. Quanto à cristalização desses materiais, ressalta-se que, em regiões de

climas tropicais, os óxidos de ferro podem ser bem cristalizados.

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Tabela 2.3: Compostos que acumulam metais pesados e algumas de suas propriedades (Modificado de

Fergusson 1990).

2.9 TOXIDADE DOS ELEMENTOS

É bem conhecido que a distribuição de substâncias químicas no ambiente pode

influenciar a saúde de homens, animais e plantas. Apesar de muitos elementos químicos serem benéficos

para a saúde humana, vários deles podem se tornar tóxicos se ingeridos ou inalados em altos níveis e/ou

por longos períodos de tempo. Como exemplos, podem ser citados o Cu e o Zn, que são micronutrientes

essenciais, mas que, em concentrações altas, podem ser tóxico para plantas e animais (Plant et al. 1998).

Alguns metais apresentam características toxicológicas bem mais acentuadas que outros (Tabela 2.4).

Tabela 2.4: Tabela periódica, mostrando elementos químicos e seus efeitos biológicos conhecidos e prováveis

(Plant et al 1998).

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Os metais pesados são particularmente conhecidos por possuírem um caráter nocivo sobre os

organismos. Devido a esse motivo, vários países têm estudado aspectos sobre a ocorrência, distribuição

e efeitos adversos dos metais pesados sobre a biota. Os resultados das investigações têm sido divulgados

por revistas e órgãos, como a Organização Mundial de Saúde - OMS (ou World Healthy Organization -

WHO), a Environmental Protection Agency (EPA), e a Agency for Toxic Substances and Desease

Registry (ATSDR).

Os metais ocorrem naturalmente no ambiente, de onde podem ser solubilizados e liberados dos

depósitos minerais por meio de processos intempéricos. Os metais podem constituir elementos traço na

rede cristalina de minerais primários ou na estrutura de minerais secundários; eles também podem estar

presentes como resultado dos processos de sorção em argilominerais, óxidróxidos de ferro e manganês

e compostos orgânicos (Förstner & Wittmann 1983, Fergusson 1990, Evangelou 1995). Algumas

regiões particularmente apresentam grandes acumulações, ou mesmo, deficiências de elementos-traço.

Essas regiões podem exercer um caráter nocivo sobre a biota. A concentração natural de elementos

químicos de uma região está principalmente condicionada pela geologia e clima locais. Essas

características irão reger os processos de solubilização, a liberação de metais e as reações com os

materiais presentes, sob as condições físico-químicas do ambiente. Porém, a concentração local pode

ser significativamente aumentada devido às fontes antropogênicas, que envolvem processos de uso da

terra, urbanização, industrialização e atividades mineiras e metalúrgicas (Plant et al. 1998, Williams et

al. 2000).

Os metais podem entrar no organismo humano por meio da inalação, ingestão e transferência

através da pele. Alguns metais pesados (e.g. As) podem ser removidos do corpo humano em algumas

horas; outros metais, como Cd e Pb, levam anos para serem eliminados. A remoção do elemento varia

com o tipo de tecido do organismo, e é dependente da sua mobilidade, que é influenciado pela espécie

química.

2.10 ELEMENTOS ABORDADOS NO TRABALHO

Os metais podem ser classificados como elementos maiores e elementos traço. Os elementos

maiores são aqueles mais comuns de serem encontrados no ambiente, tais como: Ca, Mg, Na, K, Fe,

Mn, Al. São denominados de elementos traço os diversos elementos que comumente ocorrem em teores

muito baixos (<0,1%) na crosta terrestre, como é o caso de: Ba, Sr, Rb, Zr, Cd, V, As, Sb, dentre outros.

Recebem a denominação de metais pesados os metais ou metalóides que possuem densidade

maior que 6 g/cm3 (Fe, Mn, Hg, Cd, Cr, Cu, Zn, Pb, Sb, Co, V, Mo). Apesar de não serem propriamente

metais pesados, alguns elementos químicos, tais como As e Li, são adicionados a esse grupo por muitos

autores, devido às suas características toxicológicas. A questão dos metais pesados ocorrerem como

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traço ou como elemento principal dependerá da litogeoquímica local. Porém, esses metais geralmente

ocorrem ao nível de traço, e se associam a alguns tipos de minérios e a depósitos sulfetados.

Na tabela 2.5 a seguir, será possível observar alguns elementos químicos e suas implicações no

organismo humano.

2.10.1 Elementos maiores

Cálcio (Ca)

O cálcio é um metal alcalino que pode ter sua fonte derivada de uma extensa gama de minerais,

tais como: carbonatos (calcita e aragonita - CaCO3, dolomita - CaMg(CO3)2); sulfatos (gipsita -

CaSO4.2H2O, anidrita - CaSO4); fosfatos (apatita - Ca5(PO4)3(OH,F,Cl) ); fluoretos (fluorita - CaF2);

plagioclásios (anortita - CaAl2Si2O8); anfibólios (hornblenda - Ca2(Mg, Fe2+)4(Al, Fe3+)(Si7Al)O22(OH)2

); piroxênios (diopsídio - CaMgSi2O6), dentre outros (Turekian & Wedepohl 1961, Wedepohl 1978,

Hounslow 1995). O cálcio é essencial para o crescimento dos vegetais. No corpo humano, o cálcio atua

na saúde dos ossos, no mecanismo de coagulação do sangue, no controle dos impulsos nervosos e das

contrações musculares (Santos 1997).

Magnésio (Mg)

O magnésio ocorre principalmente em rochas carbonatadas, onde é constituinte da dolomita -

CaMg(CO3)2 e da magnesita - MgCO3. Outros principais minerais fontes de magnésio são: silicatos -

olivina (forsterita - Mg2SiO4); talco - Mg3Si4O10(OH)2; granada (piropo - Mg3Al2(SiO4)3); micas

(flogopita - KMg3(Si3Al)O10(F,OH)2, clorita - (Mg, Fe2+, Al)6(Si, Al)4O10(OH)8, biotita -

K(Mg,Fe2+)3(AlSi3O10(OH,F)2 ); piroxênios (enstatita - Mg2Si2O6, diopsídio - CaMgSi2O6); cloretos -

carnalita - KMgCl3.6H2O e sais como o sulfato epsomita - MgSO4.7H2O (Wedepohl 1978, Santos 1997).

O magnésio é benéfico às plantas, pois é um dos componentes essenciais da clorofila. No corpo

humano, além de ser necessário ao bom funcionamento de nervos e músculos, participa do processo de

conversão do açúcar em energia (Santos 1997).

Sódio (Na)

Os principais minerais-fontes de sódio na crosta terrestre são: a halita - NaCl, os plagioclásios

(albita - NaAlSi3O8), os feldspatóides (nefelina - (Na,K)AlSiO4; sodalita - Na8Al6Si6O24Cl2), os

anfibólios (glaucofana-riebeckita - Na2[(Mg,Fe2+)3(Al, Fe3+)2]Si8O22(OH)2) e os piroxênios (jadeíta -

Na(Al, Fe3+)Si2O6 ).

O sódio é um elemento essencial para o ser humano, mas pode ser tóxico em grandes

quantidades. Concentrações elevadas de sódio em águas são nocivas às plantas por que reduzem a

permeabilidade do solo (Hounslow 1995, Santos 1997).

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Potássio (K)

O potássio ocorre principalmente em: feldspatos potássicos (ortoclásio - KAlSi3O8); micas

(moscovita - KAl2(AlSi3O10)(OH)2, biotita - K(Mg,Fe2+)3Si3AlO10(OH,F)2) e feldspatóides (leucitas -

KAlSi2O6). Altas concentrações desse elemento também estão associadas a ocorrências de evaporitos,

tais como a carnalita - KMgCl3.6H2O e a silvita - KCl. O potássio possui intensa participação em

processos de troca iônica, devido à facilidade de ser adsorvido pelos minerais de argila.

O potássio é muito importante para o desenvolvimento dos vegetais, sendo comumente

adicionado aos solos como fertilizante. No corpo humano, o potássio regula os batimentos cardíacos,

controla os impulsos nervosos e as contrações musculares (Santos 1997).

Ferro (Fe)

Dentre os principais minerais constituídos de ferro, podem ser citados: os óxidos (hematita -

Fe2O3; goethita - FeO(OH); magnetita - Fe2+Fe3+2O4; ilmenita - Fe2+TiO3), os sulfetos (pirita e

marcassita - FeS2; arsenopirita - FeAsS; pirrotita - Fe(1-x)S), os carbonatos (ankerita - Ca(Fe2+, Mg,

Mn)(CO3)2; siderita - Fe2+CO3; os silicatos (fayalita - Fe2+2SiO4; ferrossilita - Fe2+SiO3) e os

aluminossilicatos (biotita - K(Mg,Fe2+)3(AlSi3O10(OH,F)2).

No corpo humano, o ferro atua na formação da hemoglobina. A carência desse elemento pode

causar anemia e seu excesso pode aumentar a incidência de problemas cardíacos e diabetes (Santos

1997).

Manganês (Mn)

O manganês compõe uma série de minerais, dentre os quais se encontram: óxidos e hidróxidos

(pirolusita - MnO2, manganita - γ-MnO(OH)), carbonatos (rodocrosita - MnCO3, rodonita - (Mn2+, Fe2+,

Mg, Ca)SiO3) e minerais aluminossilicáticos (espessartita - Mn2+3Al2(SiO4)3, cloritóide (Fe2+,Mg,

Mn)2Al4Si2O10(OH)4), dentre outros (Wedepohl 1978, Santos 1997).

O manganês é um elemento essencial ao organismo humano. A incorporação de Mn pelo

organismo comumente é feita pela ingestão de água e de alimentos (grãos, cereais, chá); porém, a

ingestão excessiva de Mn pode causar danos ao cérebro, em uma parte que ajuda a controlar os

movimentos. Segundo a ATSDR (2003), alguns indivíduos que ficaram expostos a altos níveis de Mn,

por um largo tempo, sofreram perturbações mentais/emocionais e falta de coordenação motora, o que

representa uma enfermidade denominada “manganismo”. Outro efeito negativo do Mn sobre os

organismos é a disfunção reprodutiva. A ingestão excessiva de Mn geralmente se dá ao aspirar ar em

ambientes onde se manufatura produtos contendo esse elemento (e.g. baterias, pesticidas, fundições).

Alumínio (Al)

O alumínio é um elemento que compõe uma extensa gama de minerais aluminossilicáticos,

dentre os quais podem ser citados como exemplos: a pirofilita - Al2Si4O10(OH)2, a caolinita -

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Al2Si2O5(OH)4, o epidoto - Ca2(Fe3+Al)3(SiO4)3(OH), os feldspatos (ortoclásio - KAlSi3O8), as micas

(moscovita - KAl2(AlSi3O10) (OH)2), além de óxidos (córindon - Al2O3, polimorfos do Al2SiO5: cianita,

sillimanita e andaluzita) e hidróxidos (gibbsita - Al(OH)3).

O alumínio é utilizado em diversos materiais, tais como equipamentos industriais e utensílios

de cozinha. Esse elemento também é utilizado na fabricação de tintas, fogos de artifício, vidros,

borrachas, cerâmicas, aditivos de alimentos e medicamentos (antiácido, aspirina). O alumínio não

constitui um elemento necessário ao organismo humano, onde uma alta concentração pode ser perigosa.

As pessoas estão expostas ao Al pela ingestão de alimentos, água e ar. Pesquisas demonstraram que

muito pouco Al entra no organismo humano a partir de utensílios de cozinha. Porém, ambientes com

altos níveis de Al, em suspensão, podem provocar o surgimento de problemas respiratórios. Existem

suspeitas de que o alumínio pode causar problemas na estrutura óssea e Mal de Alzheimer (ATSDR,

2003).

Silício (Si)

O silício é o segundo elemento mais abundante na crosta terrestre, ocorrendo em grande

variedade de minerais, principalmente os silicatos. Alguns exemplos da extremamente vasta gama de

minerais contendo esse elemento são: quartzo - SiO2 - e suas variedades (quartzo rosa, ametista, citrino,

prásio, etc); topázio - Al2SiO4(F,OH)2; ortoclásio (KAlSi3O8); leucita - KAl(SiO3)2; enstatita MgSiO3;

os polimorfos do Al2SiO5 (andaluzita, sillimanita e cianita); a serpentina Mg3Si2O5(OH)4; a caulinita

(Al2Si2O5(OH)4), moscovita - KAl2(AlSi3O10(OH)2), o piropo - Mg3Al2(SiO4)3. Vários compostos de

silício estão presentes também na água, na atmosfera, em muitas plantas e nos ossos, tecidos e fluidos

internos de alguns animais. Em certas profissões, onde as pessoas estão mais expostas a poeiras ricas

em silício, esse elemento pode provocar doenças pulmonares graves, como a silicose.

O silício pode ser aplicado na usina metalúrgica, na construção de semicondutores, na confecção

de transistores e chips. O silício é também usado em dispositivos fotoelétricos. As areias e argilas, que

contêm grandes proporções de sílica, são usadas na fabricação de concretos e tijolos, materiais

refratários, e na fabricação de cerâmica e vidro. Os silicones, polímeros sintéticos parcialmente

orgânicos, constituídos por silício, oxigênio, carbono e hidrogênio, são empregados como lubrificantes,

vernizes e, devido a sua consistência e inércia química, em próteses cirúrgicas.

2.10.2 Elementos traço pesados e/ou potencialmente tóxicos

Arsênio (As)

O arsênio normalmente vincula-se a diversos minérios sulfetados, tais como: arsenopirita

(FeAsS), cobaltita (CoAsS), tenantita ((Cu, Fe)12As4S13), enargita (Cu3AsS4), loellingita (FeAs2),

rammelsbergita (NiAs2), ouropigmento (As2S3), realgar (AsS) (Wedepohl 1978). Além dos vários

sulfetos que contêm quantidades variáveis de As (e.g. pirita - FeS2), esse elemento pode constituir a

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impureza de certos minerais, como a galena (PbS). As fontes antropogênicas se relacionam ao uso do

arsênio em tubos fluorescentes, pinturas, cerâmica, vidros, raticidas, praguicidas e inseticidas

(Fergusson 1990).

O arsênio é moderadamente tóxico para plantas e altamente tóxico para mamíferos. A

toxicologia desse elemento encontra-se condicionada pelo seu estado de oxidação: o As3+ é

potencialmente tóxico. Devido a sua similaridade química com o fósforo, o As interfere em algumas

reações bioquímicas envolvendo tal elemento. No homem, o As interfere na produção da substância

adenosina trifosfato (ATP), ou seja, na geração bioquímica da energia. A absorção dos compostos de

arsênio se dá pela ingestão de alimentos, água, ou pela inalação de ar contaminado. A exposição de

organismos ao As é geralmente feita pelo contato de processos industriais ou ambientes contendo teores

naturais elevados desse elemento. O As+5 não se acumula e é rapidamente excretado pelos rins, enquanto

o As+3 concentra-se nos leucócitos; acumula-se no fígado, rins, trato gastrintestinal, baço e pulmões e se

deposita no cabelo, ossos e unhas. Os efeitos generalizados são: irritações de pele e pulmões, podendo

se estender a câncer; redução da produção de glóbulos vermelhos e brancos, alteração nos batimentos

cardíacos, danificação nos vasos sanguíneos; disfunção no sistema nervoso, causando neuropatia

periférica e defeitos de audição; disfunções renais e gastrintestinais; amnésia. O limite de aceitação para

a ingestão de arsênio no organismo humano é de 0,05 mg/L; a ingestão de 100 mg pode envenenar

seriamente (ATSDR 2003).

Existem muitos relatos sobre a contaminação de solos, vegetais, água, peixes e homem.

Atualmente, alguns governos estão investindo na pesquisa da geoquímica do As com enfoque

epidemiológico, principalmente quando vinculada a atividades mineiras (Thornton 1996, Dissanayake

& Chandrajith 1999).

Cádmio (Cd)

O cádmio possui um comportamento similar ao zinco, estando presente em alguns sulfetos como

a esfalerita (ZnS), e no carbonato smithsonita (ZnCO3). São encontrados altos níveis de cádmio

associados ao carvão (0.01-22ppm) e ao óleo. Os minerais de cádmio são muito raros; alguns exemplos

são a greenoquita - β-CdS e a otavita - CdCO3. As fontes antropogênicas para o cádmio se relacionam

ao seu uso na galvanoplastia, na fabricação de baterias Ni-Cd, na fabricação de pigmentos e em

fundições; o cádmio também é encontrado no tabaco (Wedepohl 1978, Fergusson 1990, Thornton 1996).

O cádmio é altamente tóxico para a saúde humana. Sua absorção se dá por via respiratória e por

via digestiva. A exposição por um longo período de tempo pode fazer com que o cádmio seja acumulado

nos rins, produzindo enfermidades. Aspirar altos níveis de cádmio (originários de processos industriais,

do tabaco, da queima de lixo e combustíveis fósseis) pode causar lesões nos pulmões. Outros efeitos

causados por intoxicação crônica incluem descalcificação óssea, hipertensão arterial, anemia, irritações

no estômago e retardamento no crescimento (Santos 1997, ATSDR 2003). Foram também relatadas

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contaminações devido a altas concentrações de cádmio em solos de plantio, e intoxicações pela ingestão

de peixes e águas, nas proximidades de áreas de mineração (Förstner & Wittmann 1983, Thornton 1996).

Vanádio (V)

O vanádio ocorre em vários depósitos, inclusive os sulfetados, onde se associa ao Pb, Zn, Cu e

Mn (Wedepohl 1978). Tal elemento pode substituir o Fe. Alguns minerais contendo vanádio são a

carnotita - K2(UO2)2V2O8·3(H2O) e a vanadinita - Pb5(VO4)3Cl. O vanádio, quando combinado com

outros elementos, pode formar ligas metálicas; o óxido de vanádio compõe um tipo especial de aço

usado em algumas partes de automóveis. O vanádio também é utilizado em outros compostos na

manufatura de partes de motores de aviões, plásticos, cerâmicas, e outros produtos químicos.

O vanádio é considerado um elemento que pode ser essencial para algumas espécies, e tóxico

para outras (Plant et al. 1996). O corpo não absorve facilmente o vanádio através do estômago, intestino

ou pele. Esse elemento é absorvido principalmente via inalação. Os principais efeitos negativos causados

pela aspiração do vanádio ocorrem nos pulmões, garganta e olhos. Segundo a ATSDR (2003),

indivíduos que trabalharam com vanádio por um largo tempo (≥ 1 ano) ocasionalmente sofreram

irritação nos pulmões, tosse, dificuldades respiratórias, dor no peito, secreção nasal e dor de garganta,

que cessaram após a interrupção na exposição ao ar contaminado.

Molibdênio (Mo)

O molibdênio ocorre em poucos minerais, sendo os mais comuns a molibdenita - MoS2 e a

wulfenita - Pb(MoO4). Alguns relatos sobre as fontes antropogênicas para esse elemento advêm do seu

uso em ligas metálicas, fertilizantes, lubrificantes, catalisadores e pigmentos para vidros e tubos de

vácuo (Wedepohl 1978).

O molibdênio é considerado essencial para a maioria dos organismos, podendo ser tóxico em

excesso (Plant et al 1996). Existem alguns estudos realizados envolvendo o nível de molibdênio na dieta

de gado. O molibdênio pode exercer um efeito negativo no organismo quando, associado ao enxofre,

interage com o cobre na dieta animal, reduzindo a utilização desse último pelo organismo. O excesso de

molibdênio na dieta animal pode causar problemas nas juntas e a doença conhecida como molibdenose.

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Tabela 2.5: Elementos químicos, e suas principais implicações no organismo humano. (cf. Fergusson 1990, Santos

1997,ATSDR 2003).

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2.11 GEOQUÍMICA DAS ÁGUAS

A água é uma substância quimicamente muito ativa e abundante, podendo dissolver e reagir

com outras substâncias orgânicas e inorgânicas. Os elementos químicos podem estar presentes na água

na fase sólida (partículas em suspensão) ou dissolvida, o que é condicionado por vários fatores, dentre

eles: especiação, pH, Eh e presença de ligantes orgânicos (Fergusson 1990, Santos 1997).

Diferentes materiais podem entrar naturalmente na hidrosfera a partir da água de escoamento

superficial, que carreia partículas provenientes do intemperismo de materiais geológicos, bem como

pela atmosfera (poeira, combustão emissões vulcânicas e biológicas). As fontes antropogênicas

relacionam-se principalmente a operações de mineração e metalurgia, queima de combustível fóssil,

lixiviação de resíduos do lixo, escoamento superficial urbano, efluentes de esgotos e resíduos de

agricultura. A concentração de elementos pesados torna-se geralmente mais elevada nas proximidades

de áreas mineralizadas, devido aos processos de acidificação e solubilização das espécies metálicas

(Fergusson 1990). Na Tabela 2.6 é apresentado os parâmetros inorgânicos permitidos segundo o

CONAMA 357 (2005) e COPAM/CERH-MG (2008) para cursos d’água superficiais enquadrados na

classe III. Além dos elementos é apresentado o limite de Sólidos Totais Dissolvidos (STD) que tem o

valor de 500 mg/L e o pH que deve estar entre 6 e 9.

Tabela 2.6: Parâmetros inorgânicos.

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2.12 GEOQUÍMICA DE SEDIMENTOS FLUVIAIS

A composição química dos sedimentos fluviais reflete principalmente os litotipos aflorantes e o

grau de intemperismo decorrente na região (McBride 1994). A liberação dos constituintes das rochas

está intimamente relacionada com a abundância dos minerais presentes nas mesmas e com a

sensibilidade dos minerais ao intemperismo (Meybeck 2004). Os sedimentos constituem um fator muito

importante do sistema aquático, por sua participação no equilíbrio dos poluentes solúveis/insolúveis e

por sua maior permanência no corpo d’água, sendo em geral, integradores das cargas poluentes recebidas

pelas águas a partir de alterações nas condições físico-químicas dessas águas (temperatura, pH,

alcalinidade, níveis de oxidação/redução) (Agudo 1987). A caracterização geoquímica dos sedimentos

é, de acordo com Nizoli e Silva (2009) um método importante para a avaliar o impacto gerado por

industriais e urbanas em áreas estuarinas, marcadas pela ocupação urbana desordenada. Com a

disposição de acumular ao longo do tempo elementos traço presentes na água, faz dos sedimentos

importantes bioindicadores toxicológicos. Não o bastante, os sedimentos uma vez contaminados podem

representar uma fonte enorme de elementos traço para o ambiente aquático, mesmo com a eliminação

das fontes antrópicas de emissão.

2.12.1 Valores guia de qualidade de sedimentos (VGQS)

Existem na literatura diversos valores de referência denominados como Valores Guia de

Qualidade de Sedimentos (VGQS) estabelecidos a partir de extensos bancos de dados que envolveram,

de uma maneira geral, níveis de contaminação de sedimentos, valores de background de metais em

sedimentos, testes de toxicidade, índices de qualidade em águas e matéria orgânica e avaliação de

comunidades bentônicas (Basílio 2005). Na tabela 2.7 e na figura 2.13 é apresentado os valores

orientadores de qualidade dos sedimentos segundo CETESB, (2012) e na Tabela 2.8 é apresentado os

valores de referência para o Quadrilátero Ferrífero de acordo com Vicq (2015).

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Tabela 2.7: Valores orientadores de qualidade de sedimentos segundo critérios TEL e PEL, em mg/kg. (CETESB,

2012).

Figura 2.11: Diagrama esquemático de qualidade de sedimento segundo critérios TEL e PEL (modificado de

CETESB, 2012).

Tabela 2.8: Valores de referência para o Quadrilátero

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CAPÍTULO 3

3 ATIVIDADES E MÉTODOS

Este trabalho foi desenvoltido em três etapas:

Levantamento e análise de dados cartográficos e bibliográficos sobre as regiões de estudo e os

métodos a serem utilizados;

Determinação dos pontos de amostragem nas nascentes do ribeirão Marzagão e no próprio

ribeirão a partir de uma imagem de satélite;

Trabalho de campo para amostragem de água e sedimentos do canal nos pontos selecionados,

preparação de amostras;

Análise mineralógica e análise geoquímica de elementos maiores e traço;

3.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA E CARTOGRÁFICA

A etapa inicial consistiu no levantamento bibliográfico sobre aspectos como: fisiografia,

geologia, além do histórico da exploração mineral na região.

Os seguintes materiais cartográficos foram utilizados para a definição do local de estudo:

Cartas geológicas 1:50.000 da CODEMIG/UFMG: folha Ouro Preto SF 23 – X-A-III-

4, Lobato et al. (2005)

Software Google Earth Pro

3.2 MÉTODOS E AMOSTRAGEM EM CAMPO

Os trabalhos de campo foram executados nos meses de janeiro (sedimento) e fevereiro (água)

do ano de 2017, não havendo ocorrência de chuva no dia que antecedeu a coleta. A primeira etapa

compreendeu a seleção dos pontos e locais de amostragem de sedimentos de fundo do canal. Ao todo

foram descritas e coletadas amostras em 4 pontos: A1, A2, A3 e A4 mostrados na figura (3.1).

. A determinação da localização dos pontos de amostragem e seu georreferenciamento foram

obtidos através de um GPS (Global Positioning System) modelo Garmim GPSmap 78 e os dados foram

processados utilizando o software QGIS 2.18.

Na segunda etapa foi realizada a análise de parâmetros utilizando multiparâmetro modelo

ULTRAMETER II 6Psi e a coleta de amostras de água e sedimentos de fundo do canal das nascentes

do ribeirão Marzagão e do próprio ribeirão a jusante da barragem de rejeitos.

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Figura 3.1: Mapa de localização dos pontos de amostragem de água e sedimentos na micro-bacia do ribeirão

Marzagão. Fonte: Google Earth Pro.

3.2.1 Análise de parâmetros da água in situ via multiparâmetro

Nesta etapa foram analisados parâmetros da água via multiparâmetro modelo ULTRAMETER

II 6Psi ocorreu juntamente com a etapa de coleta das amostras de água, durante o período chuvoso.

Primeiramente foi feita a calibragem do aparelho utilizando uma solução ácida e uma solução alcalina

com os parâmetros a serem avaliados conhecidos: condutividade, resistência, sólidos totais dissolvidos,

OPR, pH e temperatura.

Para efetuar as leituras dos parâmetros apresentados, o aparelho foi calibrado e ambientado com

a água que se desejou fazer a avaliação e posteriormente com novas amostras de água.

3.2.2 Amostragem de água

As coletas das amostras de água foram feitas juntamente com a coleta de sedimentos havendo

cuidado para não contaminá-las no ato da amostragem. As amostras foram coletadas contra a corrente,

expondo os frascos e a seringa três vezes com a água que será coletada (Agudo, 1987; Derisio 1992).

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Foram coletadas duas amostras de água em cada ponto de interesse, sendo a primeira coleta em

frascos de um litro, usada posteriormente para análise da alcalinidade. A segunda amostra foi utilizada

para determinação de elementos maiores e metais traço, onde a água foi coletada em frascos de 50 ml

empregando uma seringa acoplada a um filtro com membranas de 0,45µm. Após cada coleta foram

adicionadas nos frascos três gotas de ácido nítrico ultrapuro (HNO3 65% p/p) com o intuito de evitar a

precipitação de hidróxidos e troca de íons. Logo após a coleta das amostras, essas foram identificadas e

condicionadas em uma caixa de isopor com gelo.

3.2.3 Amostragem dos sedimentos

Os sedimentos de canal foram coletados como uma amostra composta formada por 3 amostras

de sedimentos de fundo num transecto perpendicular ao fluxo em pontos em cada margem e no centro

da seção transversal do leito do ribeirão e suas nascentes, com cerca de 3kg cada amostra.

3.3 ANÁLISES EM LABORATÓRIO

3.3.1 Preparação das amostras de sedimento

As amostras de sedimentos foram coletadas segundo as normas da EPA (USEPA, 2001) e USGS

(Shelton & Capel, 1994), sendo colocadas em sacos plásticos identificados e posteriormente lacrados.

Em seguida as amostras foram acondicionadas em estufas com temperatura de,

aproximadamente, 40°C durante 8 dias e, assim, evitando a perda de voláteis (Förstner, 2004),

realizando assim a secagem.

As amostras secas foram levadas para o laboratório de Sedimentologia do DEGEO-UFOP, onde

foram macetadas e quarteadas (Figura 3.2), seguido de peneiramento (Figura 3.3), baseando-se na

metodologia proposta por Brisola & Fernandes (2008):

a) Colocar a amostra seca em papel, isento de contaminação por outro sedimento, para

facilitar a homogeneização;

b) Dividir a amostra em quatro partes iguais, utilizando um quarteador;

c) Separar uma alíquota de 1/4 da amostra para o peneiramento.

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Figura 3.2: Sedimento quarteado em laboratório.

Figura 3.3: Peneiras para análise granulométrica em agitador de peneiras.

3.3.2 Análise granulométrica dos sedimentos

Na análise granulométrica, as amostras foram passadas em um jogo de peneiras de padrão

internacional com aberturas com unidade de medida em mesh (# = número de aberturas por polegada

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linear). A tabela 3.1 exibe a escala granulométrica sugerida por Wentworth em analogia a abertura em

mesh das peneiras.

Tabela 3.1: Classificação granulométrica sugerida por Wentworth (1922) e seu equivalente na abertura em mesh

das peneiras usadas no trabalho.

O processo abrangeu o peneiramento de todas as amostras de fundo de canal coletados. As

porção de granulometria mais fina < 0,063 mm (fração silte/argila), foram enviadas para análise via

Drifração de Raios X e análise geoquímica via ICP-OES.

3.3.3 Análise mineralógica

A Difração de Raios X foi feito no Laboratório do Departamento de Geologia da Universidade

Federal de Ouro Preto usando o difratômetro Panalytical modelo Empyereananálise (ANEXO I). Com

resultado da análise permite a identificação e caracterização de minerais. Foram analisadas 4 amostras

de sedimentos, contendo 1g da fração granulométrica silte-argila (<0,063mm).

O método consiste em incidir um feixe de Raios-X (de comprimento de onda conhecido) em

uma camada fina de pó, que gira no centro de uma câmara circular (goniômetro) onde situa-se a amostra,

consequentemente o feixe se difrata e é refletida com ângulos característicos do seu retículo cristalino,

obtendo-se o correspondente difratograma.

3.3.4 Digestão parcial das amostras de sedimentos

A digestão parcial das amostras foi feita no Laboratório de Geoquímica Ambiental do

Departamento de Geologia da Universidade Federal de Ouro Preto (LGqA – DEGEO/UFOP), adotando

as normas ISO 11466.

A análise geoquímica dos sedimentos foi realizada na fração silte/argila (<0,063 mm), sendo

esta a fração a que contém a maior concentração de metais. O procedimento de extração foi realizada

segundo o seguinte método:

a) Reservaram-se as amostras em um béquer no forno a 50°C durante 24 horas, para a

evaporação do restante da água presente nas amostras de sedimento.

b) Pesou-se cerca de (1,0000 ± 0,0001) g dos sedimentos e adicionou-os a um béquer de

100 ml;

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c) Adicionou-se a água régia, combinada por 7 ml de HCl com concentração de 12,0 mol/L

e 2,3 ml de HNO3 com concentração de 15,8 mol/L (Figura 3.4). Tampou-se o béquer

com vidros de relógio;

d) Conservou-se a mistura por 16 horas em temperatura ambiente com o intuito de

proporcionar uma oxidação lenta do material orgânico presente nos sedimentos;

e) A temperatura foi acrescida e sustentada em (100± 5) °C por 2 horas, empregando uma

chapa de aquecimento (Figura 3.5);

f) Aguardou-se que a mistura resfriasse até a temperatura ambiente;

g) A mistura foi filtrada valendo-se de papel de filtro quantitativo Quanty JP41, para

remover fragmentos como silicatos e outros materiais insolúveis, em balões

volumétricos de 50 ml;

h) Por último, as soluções foram transferidas e armazenadas em frascos, sob refrigeração

a 4°C até o momento da análise.

Figura 3.4: Mistura para obtenção de água régia, do lado esquerdo o HCL e no direito HNO3.

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Figura 3.5: Amostras sob chapa de aquecimento com temperatura controlada em 100± 5 °C.

Figura 3.6: Filtragem de amostras.

3.3.5 Análise geoquímica de sedimento

As análises geoquímicas dos sedimentos foram realizadas no (LGqA – DEGEO/UFOP)

utilizando o Espectrômetro de Emissão Óptica com Plasma Acoplado Indutivamente (ICP-OES) da

marca Agilent, modelo 725 (ANEXO III).

A espectrometria de emissão óptica com plasma é um método analítico para identificação de

íons metálicos, em concentrações maiores (mg/L) e traço (µg/L), fundamentando-se na detecção da

radiação eletromagnética irradiada por átomos neutros ou íons excitados na faixa do espectro

eletromagnético visível e ultravioleta.

No processo as soluções analisadas passam por um aparelho de nebulização que introduz as

amostras, em forma de aerossol, ao plasma de alta frequência com temperatura de 10.000°C, onde

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acontece a atomização e ionização parcial dos elementos a serem analisados. A linha característica de

emissão dos átomos e íons são dissipadas por grades de difração para armazenar a intensidade das linhas.

As intensidades do sinal de emissão estão linearmente associadas a concentração do determinado

elemento.

Um total de 4 amostras foram analisadas, sendo feito a leitura dos seguintes elementos: Al, As,

Ba, Be, Bi, Ca, Cd, Co, Cr, Fe, K, Li, Mg, Mn, Mo, Na, Ni, Pb, P, S, Sc, Ti, Th, V, Y, Zn e Zr.

3.3.6 Alcalinidade da água

Para determinar a alcalinidade foi empregado o método titulométrico (Greenberg et al. 1995),

no qual pipetou-se 100 ml das amostras em erlenmeyeres de 250 mL nos quais foram adicionadas três

gotas de fenoftaleína e três gotas de metilorange. Titulou-se a solução com ácido sulfúrico com

concentração de 0,01 mol/L. Considera-se o ponto “limite ou de viragem” a transição do incolor para

vermelho-laranja. Calculou-se a concentração da alcalinidade através da equação 3.3:

CHCO3 = C H2SO4 * Vmo * 1220 (3.3)

Onde:

Vmo = volume utilizado de ácido sulfúrico no processo de titulação com alaranjado de metila

1220 = valor constante

3.3.7 Análise hidroquímica

As análises química das amostras de água foram realizadas no (LGqA – DEGEO/UFOP)

utilizando o Espectrômetro de Emissão Óptica com Plasma Acoplado Indutivamente (ICP-OES) da

marca Agilent, modelo 725 para os elementos Al, Ca, Cu, Fe, K, Li, Mg, Mn, Mo, Na, P, S, Sc, Ti e Y.

E a análise dos elementos As, Ag, Ba, Bi, Be, Ce, Cd, Co, Cr, Er, Eu, Gd, Dy, Ho, In, La, Lu, Nd, Ni,

Pb, Pr, Rb, Se, Sm, Sr, Tb, Tm, V, Yb, Zn, foi analizada via espectrômetro de massa (ICP-MS) de marca

Agilent/modelo 7700x (ANEXO II).

3.4 INTERPRETAÇÃO DOS DADOS OBTIDOS

3.4.1 Confecção de gráficos

Para melhor apresentação dos resultados das análises químicas dos sedimentos e da água, com

o intuito de mostrar a influência da barragem de rejeitos Marzagão sobre o ribeirão Marzagão, foram

confeccionados gráficos combinados (linhas/histogramas), sendo as linhas representando a

concentração limite de referência, e os histogramas representando as concentrações de um mesmo

elemento em cada ponto amostrado. Foi usado nessa etapa o software Excel 2013.

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CAPÍTULO 4

4 ASPECTOS GEOLÓGICOS E FISIOGRÁFICOS

4.1 GEOLOGIA REGIONAL

O Quadrilátero Ferrífero situa-se no extremo sul da Província de São Francisco (Almeida 1977),

ocupando uma área de aproximadamente 7.000 km2 na porção central do estado de Minas Gerais.

O Quadrilátero Ferrífero é uma região Pré-Cambriana conhecida, com terrenos com

geomorfologia de domos e quilhas, sendo retrabalhado no Neoproterozóico, sendo objeto de estudos

geológicos há mais de 200 anos. O interesse pela região se deve as suas diversas riquezas minerais,

sendo as principais: ouro, ferro, alumínio, manganês e minerais gema a exemplo o topázio imperial.

A microbacia do rio Marzagão, está localizada na porção sudeste do Quadrilátero Ferrífero,

inserida próximo a zona de charneira de uma estrutura regional denominada sinclinal Dom Bosco de

eixo WNW-ESE, sendo o embasamento Arqueano ocorrendo em domos, como o Bação, cercados por

quilhas contendo os supergrupos Rio das Velhas e Minas. Zonas de cisalhamento ocorrem no contato

entre as rochas supracrustais e o embasamento, ao redor dos domos.

Marshak e Alkmim (1998) propuseram um complexo histórico múltiplos eventos tectônicos que

esclarecem as estruturas do Quadrilátero Ferrífero. São caracterizados três sets de estruturas

contracionais, sendo um trending norte-leste-sudoeste, um leste-oeste e um norte-sul que são,

respectivamente, correlatos aos eventos orogenéticos Transamazônico, Uruaçuano e Brasiliano.

Chemale et al. (1991, 1994) propuseram que a evolução pós-Supergrupo Minas do Quadrilátero

Ferrífero foi caracterizada por dois eventos deformacionais. Sendo primeiro um evento extensional

Paleoproterozóico (2.06-2.00 Ga) imposto pela orogenia Transamazônica. Já o segundo deve-se a um

evento contracional Neoproterozóico (0.6-0.5 Ga) imposto pela orogenia Brasiliana. Ademais, os

autores propuseram que a formação das quilhas no Quadrilátero Ferrífero são resultados da extensão

Paleoproterozóica.

4.1.1 Trabalhos Anteriores

Apesar da significativa contribuição de trabalhos anteriores, as obras de Eschwege, entre elas

Jornal do Brasil (1818), Quadro geognóstico do Brasil (1822), Brasil Novo Mundo (1824),

Contribuições para a Geognóstica do Brasil (1832) e Pluto Brasiliensis (1833), destacam-se pelo

volume de contribuição para o compreensão da geologia da região. Registra-se em seu trabalho a

primeira identificação de dezesseis unidades litológicas, descrevendo composição mineralógica, fácies

metamórficas, textura, posicionamento estratigráfico, ocorrência, localidade tipo e outras características,

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correlacionando-as as feições geomorfológicas da região. Entre as rochas descritas estão: granito,

gnaisse e mica xisto, correspondendo ao embasamento cristalino; quartzito, xisto argiloso, talco (xisto),

formação ferrífera e calcário, correspondendo às supracrustais dos Supergrupos Rio das Velhas e Minas

(Machado, 2009).

O desenvolvimento do nível de conhecimento regional, do Quadrilátero Ferrífero se deu pelo

acordo entre o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e o U.S. Geological Survey

(USGS), que apresentava como finalidade analisar os depósitos minerais e o descobrimento de novas

jazidas no Brasil. O projeto baseou-se no mapeamento geológico da região central de Minas Gerais com

40 quadrículas na escala de 1:25000. Ficou designado para compilação dos resultados o geólogo

americano John Van Dorr produzindo o trabalho Phyisiographic, Stratigraphic and Structural

Development of the Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais, Brazil, no qual sugere a coluna estratigráfica,

um modelo da evolução geológica e estrutural e gera um mapa geológico regional, que são referências

até os dias atuais.

Na obra, Dorr (1969) sugere a Série Rio das Velhas, contendo na sua composição as formações

sedimentares e vulcânicas mais antigas do Quadrilátero, desmembrando-a da Série Minas observado por

uma discordância angular e erosiva. Sugere também sua subdivisão em dois Grupos, Nova Lima e

Maquiné. O primeiro se manteve indiviso, enquanto que o segundo é constituído pelas Formações

Palmital e Casa Forte.

Para a Série Minas, que ocorre acima da Serie Rio das Velhas, Dorr (1969) define os seguintes

grupos suas formações e seus ambientes deposicionais: e grupo Caraça, composto por sedimentos

clásticos de granulação muito fina a grosseira depositados durante uma transgressão marinha,

particionado nas formações Batatal (superior) e Moeda (inferior); o Grupo Itabira, sobrejacente ao

Caraça, subdividido nas formações Cauê (itabirito-dolomítico e itabirito-anfibolítico) depositado em

ambiente oxidante de mar raso, e Gandarela, com predominância de rochas dolomíticas mantendo a

continuidade da sedimentação química da anterior. Ascendendo na coluna estratigráfica, temos o Grupo

Piracicaba desmembrado do Itabira por desconformidade e fracionado, da base para o topo, nas

formações a seguir: Cercadinho que é composta de quartzito ferruginoso e filito; Fecho do Funil

essencialmente formada por filito dolomítico; Tabões formada por quartzitos; Barreiro formada por

filito cinzento grafitoso intercalado com filitos de coloração marrom clara a vermelho roxeada e raros

conglomerados na base. E o topo do Grupo é formado pela Formação Sabará, constituído por filito,

xisto, grauvaca, metatufo e raramente formação ferrífera.

O Grupo Itacolomi, não houve alteração, tendo sua definição feita anteriormente como rochas

metamórficas cobrindo a Série Minas e separado desta por discordância. Em trabalhos posteriores

considerou-se o Grupo Itacolomi como formado por duas fácies, uma composta por quartzito e outro

por filito.

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A coluna estratigráfica proposta por Dorr (1969) continua, basicamente, a mesma atualmente,

as modificações mais expressivas foram a exclusão do Grupo Tamanduá e, a inclusão do embasamento

aflorante, o oposto do que foi discorrido pelo autor.

4.1.2 Estratigrafia

A estratigrafia do Quadrilátero Ferrífero está apresentada na coluna estratigráfica (Figura 4.1)

proposta na obra de Alkmim & Marshak (1998), na qual fornece a datação radiométrica, além de

demonstrar as relações litológicas nas porções leste (lado direito da coluna) e oeste (lado esquerdo da

coluna) da região. As principais unidades litoestratigráficas são os Complexos Metamórficos, o

Supergrupo Rio das Velhas, ambos do Arqueano, o Supergrupo Minas e o Grupo Itacolomi, do

Paleoproterozóico.

Figura 4.1: Coluna estratigráfica do Quadrilátero Ferrífero. Modificada de Alkmim & Marshak (1998).

Entre as rochas mencionadas, são encontradas na área de estudo os metapelitos e metarenito do

Grupo Sabará.

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4.1.3 Geologia Estrutural e Metamorfismo

O Quadrilátero Ferrífero é definido pela distribuição de rochas metassedimentares do

Paleoproterozoico aflorantes na porção sudeste do Cráton São Francisco.

O estudos de Marshak e Alkmim (1989) relatam que no Quadrilátero Ferrífero o embasamento

ocorre em domos (Bação, Bonfim, Caeté, Santa Rita, Belo Horizonte, Florestal e Itaúna) cercados por

quilhas contendo os Supergrupos Rio das Velhas e Minas. As quilhas contém grandes sinclinais de

primeira ordem (sinclinais Moeda, Dom Bosco, Pitangui-Peti, Mateus Leme e Souzas) e um grande

homoclinal (homoclinal da Serra do Curral). Zonas de cisalhamento ocorrem zona de contato das rochas

supracrustais e o embasamento em volta dos domos. As supracrustais adjacentes aos domos possuem

uma aureola metamórfica de alta temperatura e baixa pressão.

Além das estruturas em Domo e Quilhas há a presença de dois outros sets de estruturas no

Quadrilátero Ferrífero. Um set inclui dobras regionais mergulhando para nordeste (sinclinais Gandarela,

Ouro Fino, Itabira e Monlevade e o anticlinal de Conceição). O outro set, atribuído à Orogenia Brasiliana

Neoproterozóica, inclui uma série de dobras e falhas mergulhando para oeste. Tramas tectônicas

penetrativas (xistosidade, foliação milonítica, clivagem de crenulação e lineações de estiramento),

relacionadas ao evento Brasiliano, sobrepõem estruturas preexistentes na região leste de uma linha que

segue o limite oeste do sinclinal Moeda e corta em direção ao norte através da Serra do Curral. Esta

linha refere-se ao limite oeste da reativação penetrativa do Brasiliano no Quadrilátero. Já no limite leste,

as estruturas com vergência para oeste incluem uma xistosidade com mergulho leste-sudeste, dobras

mergulhando para norte e lineação de crenulação com trend norte-sul e lineações de estiramento

paralelos ao dominante set de dobras mesoscópicas, ambos mergulhando preferencialmente para S80°E

a 30°. O tectonismo no limite oeste do Brasiliano manifesta-se dominantemente por um trend nordeste

de uma zona de cisalhamento transcorrente dextral.

4.2 GEOLOGIA LOCAL

A microbacia do Ribeirão Marzagão, localizada na porção centro sul do Quadrilátero Ferrífero,

possui um complexo contexto geológico (Figura 4.2) e em seu arcabouço geológico encontram-se

predominantemente rochas meta-vulcano sedimentares, do grupo Sabará.

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Figura 4.2: Mapa geológico da microbacia do ribeirão Marzagão, com a localização dos pontos de amostragem.

Fonte: Portal da geologia (2017).

O Grupo Piracicaba representa uma sequência espessa de estratos deltaicos e marinhos rasos

que recobrem as rochas do Grupo Itabira por uma discordância erosiva (Alckmin & Noce 2006). As

unidades estratigráficas correlacionadas com o Grupo Piracicaba acham-se reunidas na Formação

Elefante Reeves, (1965), que é constituída de quartzito, xisto e gnaisses. A Formação Elefante contém

os membros Pantame (quartzito e quartzo-mica xisto), correlacionado com a Formação Cercadinho, e

gnaisse Bicas (biotita-quartzo gnaisse) que é possivelmente equivalente da Formação Barreiro ou Fêcho

do Funil, ou ambas (Dorr 1969), ocorrendo na região próxima a sub-bacia Marzagão as Formações

Cercadinho, Fêcho do Funil, Barreiro.

A Formação Cercadinho é composta por filito, quartzito e quartzito ferruginoso. Parte do Grupo

Superior de Guild et al. (s.d.) está incluído nesta formação e esta foi individualizada com o auxílio de

imagem de satélite e fotografias aéreas, considerando a associação litológica de filitos com abundantes

intercalações de quartzitos, o que é uma característica desta formação.

A Formação Fêcho do Funil é constituída na localidade-tipo por filito dolomítico, dolomito

argiloso, dolomito silicoso e filito; siltito e lentes de dolomito impuro também ocorrem. Transiciona

para a Formação Cercadinho sotoposta e para o quartzito Taboões sobrejacente.

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Formação Barreiro predomina filito róseo a cinza claro e filito carbonoso. Ocorre ao longo da

serra do Curral, no Sinclinal Moeda e no extremo este-sudeste do QF (Sinclinal Dom Bosco, Anticlinal

Mariana e ao sul da serra do Caraça). É estruturalmente concordante com o Grupo Sabará e, em algumas

áreas, o contato é gradacional enquanto em outras é marcado por uma discordância erosiva (Dorr 1969).

O Grupo Sabará era originalmente conhecido como Formação Sabará, topo do Grupo Piracicaba

(Dorr 1969), tendo sido redefinido como Grupo Sabará por Renger et al. (1994). É uma seqüência

metavulcanossedimentar, constituída de mica xisto e clorita xisto com intercalações de metagrauvaca,

quartzito, quartzito feldspático, quartzito ferruginoso, formação ferrífera e metaconglomerado. Ocorre

na porção central do mapa. Seu limite superior é uma superfície de erosão e o inferior sobrepõe-se

diretamente às formações Barreiro e Fêcho do Funil em lugares distintos. Estruturalmente o grupo é

concordante com estas formações; não é certo se suas relações se devem a não-deposição ou erosão pré-

Sabará. Este contato parece ser transicional em algumas partes, mas brusco e com significativa erosão

pré-Sabará em outras (Dorr 1969).

O Grupo Sabará na região de Ouro Preto que passa a ser constituído por duas formações: a

unidade inferior, designada de Formação Saramenha e a superior, de Formação Estrada Real. Nas

demais regiões do Quadrilátero Ferrífero, este grupo passa a ser considerado indiviso, permanecendo as

descrições originais apresentadas nos trabalhos de cartografia geológica da equipe do DNPM/USGS

(Dorr II 1969, Gair 1958, 1962, Pomerene 1964, Simmons 1968, Maxwell 1972, Barbosa 1969b, Moore

1969, Wallace 1965). A Formação Saramenha na localidade-tipo, representada no perfil estratigráfico

da figura 4, é caracterizada por intercalações de metadiamictitos, metapelitos, metarritmitos,

metarenitos, xistos e filitos negros. As maiores espessuras são alcançadas pelos xistos, metadiamictitos

e metapelitos respectivamente. Os filitos negros são os termos menos abundantes, e, assim como os

metarritmitos, apresentam clastos esporádicos de granitóides e quartzitos ferruginosos (Reis 2001,

Gomes Jr. 2002). Fora da localidade tipo, região Rodrigo Silva, a oeste, lentes de rochas carbonáticas

ocorrem intercaladas aos xistos (Cerceau et al. 1996). Formação Estrada Real é composta

predominantemente por metarenitos sericíticos que gradam para metaconglomerados polimíticos,

ambos intercalados com camadas métricas a decamétricas de metadiamictitos. (Almeida et. al. 2005)

Ocorrência de coberturas Cenozoicos, depósitos Eluvio-coluvionares de areia, argila e cascalho

ao longo do ribeirão funil, havendo o ocorrência de topázio imperial.

4.3 HIDROGRAFIA

A microbacia hidrográfica do Ribeirão Marzagão, localiza-se na porção sudeste do município

de Ouro Preto, Minas Gerais, e está inserida na porção sudeste da bacia Hidrográfica do ribeirão do

Carmo, importante contribuinte da bacia do Rio do Carmo e este juntamente com o rio Piranga são os

formadores do rio Doce que nasce em Minas Gerais e desagua no Espírito Santo.

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A microbacia do ribeirão Marzagão possui uma área de 5 km², seu escoamento é feito de oeste

para leste e, segundo os padrões de drenagem básico (Howard, 1967), possui um padrão de drenagens

dendríticas, com sinuosidade mista, angulosidade média, assimetria fraca e formas anômalas em arco e

cotovelo (Figura 4.3). A bacia conta com 3 nascentes e 1 drenagem seca a montante da barragem de

rejeitos Marzagão e uma drenagem seca a jusante.

Figura 4.3: Mapa de drenagens da microbacia do ribeirão Marzagão. Fonte: Google.

4.4 CLIMA

Para a análise das temperaturas da região em estudo foram analisados os dados da estação

automática do INMET em Ouro Branco entre o período de 2007 a 2015. A estação está localizada a

menos de 150 km da área estudada, portanto dentro do limite considerado como raio de influência de

toda estação. Dessa forma, a temperatura na bacia do ribeirão Marzagão apresenta média anual de

19,6°C e mínima e máximo respectivamente 17ºC a 30ºC entre os anos analisados (Figura 4.4).

Segundo Santos et al. (2002) as estações climáticas da região são bem definidas, com verão

chuvoso (novembro a maio) e inverno seco (junho a outubro). A região é caracterizada pela alta taxa

pluviométrica anual (Figura 4.4), com média de 1445mm por ano, porém o tipo de chuva é conhecido

como chuva de relevo, devido às características intermitente e fina.

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Figura 4.4: Gráfico de temperatura e regime pluviométrico anual, de 2007 a 2015. Fonte: INMET.

4.5 VEGETAÇÃO

O Quadrilátero Ferrífero situa-se em região de ecótone entre os biomas do cerrado e da mata

atlântica. As tipologias vegetacionais predominantes na região da bacia do Ribeirão Marzagão são a

floresta estacional semidecidual, o cerrado e suas diversas fitofisionomias, além das áreas de transição

entre estas.

4.6 GEOMORFOLOGIA

A geomorfologia da região é caracterizada por serra com uma orientação preferencial

Nordeste/Sudoeste, com drenagens drendriticas Leste/Sudeste.

Segundo a interpretação do mapa hipsométrico da microbacia (Figura 4.6), observa-se uma

variação de altitude de 1300 m nas nascentes do ribeirão Marzagão para 1116 m na confluência com o

ribeirão Tripuí, demonstrando o desnível entre o contato das litologias da Formação Saramenha com as

Formação Barreiro.

18,5

19

19,5

20

20,5

0

500

1000

1500

2000

2500

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Tem

per

atu

ra °

C

Plu

vio

sid

ade

(mm

)

Ano

Pluviosidade Temperatura

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43

Figura 4.5: Mapa hipsométrico da microbacia do ribeirão Marzagão. Fonte: Portal da Geologia 2017.

A cabeceira do ribeirão Marzagão posiciona-se próximo a zona de charneira do Sinclinal Dom

Bosco. Os padrões de drenagem da microbacia afetam diretamente a geomorfologia da região,

escavando as serras e formando um curso cataclinal seguindo em direção leste.

4.7 PEDOLOGIA

De uma maneira geral, segundo análise do mapa de classes de solos (Figura 4.6) fornecido pela

Fundação Estadual do Meio Ambiente de Minas Gerais, a área é composta por cambissolo háplico.

Figura 4.6: Mapa de classes de solo da microbacia do ribeirão Marzagão. Fonte: Fundação Estadual do Meio

Ambiente de Minas Gerais.

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44

Os cambissolos háplico são solos embrionários típico de relevo acidentado, como na porção

central da área, com presença de minerais primários e fragmentos de rocha. São relacionados a relevo

acidentado e à pedogênese inicial em sedimentos fluviais, estão associados às rochas do grupo Sabará.

Já os neossolos litólicos são pouco desenvolvidos, possuem pouca ou nenhuma evidência de

horizontes subsuperficiais, são delgados devido a curta exposição ao intemperismo e são típicos de

declives fortes, como as cristas de serras presentes na porção oeste e sul próxima da sub-bacia do ribeirão

Marzagão, associados principalmente às rochas supracrustais, como as do grupo Piracicaba.

4.8 ATIVIDADES ECONÔMICAS DESENVOLVIDAS NA ÁREA

Com a observação de campo foram identificadas as seguintes atividades, e ocupação antrópica,

cultivo do solo, criação de gado, mineração e garimpo de topázio imperial.

O cultivo do solo e a ocupação antrópica ocorrem a montante da sub-bacia, no ribeirão funil,

sendo esse formado na confluência do ribeirão Marzagão e Tripuí.

O garimpo de topázio imperial e criação de gado ocorre na margem dos dois ribeirões, devido a

disponibilidade de água. A prática do garimpo gera assoreamento dos ribeirões e erosão das encostas e

a criação de gado causa compactação do solo, reduzindo a taxa de recuperação do lençol, configurando

como potenciais pressões para os cursos de água da bacia, modificando características físicas, químicas

e biológicas e, por conseguinte, alterando a qualidade e quantidade de água.

A Mineração Vermelhão localiza-se a Sul na última drenagem onde é ligado por um dique de

drenagem seco, onde foi o local de coleta da amostra A4. É uma mineração com baixo desmonte, diante

do alto valor agregado no topázio imperial.

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45

CAPÍTULO 5

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capitulo serão tratados alguns parâmetros de qualidade da água e sedimentos, que

traduzem as suas principais características físicas e químicas.

A água é uma substância quimicamente muito ativa e abundante, podendo dissolver e reagir

com outras substâncias orgânicas e inorgânicas. Os elementos químicos podem estar presentes na água

na fase sólida (partículas em suspensão) ou dissolvida, o que é condicionado por vários fatores, dentre

eles: especiação, pH, Eh e presença de ligantes orgânicos (Fergusson 1990, Santos 1997).

Nesse trabalho foram realizadas coletas em quatros pontos distintos a montante e a jusante da

barragem de rejeitos de alumínio Marzagão. Sendo as amostras de sedimentos de fundo denominadas

(A1, A2, A3) a montante e (A4) a jusante e para as águas fluviais, (A1a, A2a, A3a) a montante (A4a) a

jusante da barragem. As coletas foram realizadas durante o período de chuva, com o propósito de definir

a interferência causada pela barragem de rejeitos Marzagão.

Para tanto, os resultados coletados nas análises físico-químicas e geoquímicas das águas serão

comparados com valores máximos para os elementos de maior relevância estabelecidos pela resolução

do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA 2005), na Deliberação normativa conjunta que

envolveu o Conselho Estadual de Políticas Ambientais e o Conselho Estadual de Recursos Hídricos do

Estado de Minas Gerais (COPAM/CERH-MG 2008) e em trabalhos anteriores. Os valores máximos

permitidos pelo CONAMA e pelo COPAM/CERH-MG para os elementos abordados nesse trabalho,

são estabelecidos de acordo com cada classe de corpos d’água, sendo definidos os corpos estudados

como classe III, podendo esses ser observados na Tabela 2.6.

O monitoramento geoquímico das águas envolveu análises dos parâmetros: condutividade

elétrica (CE), temperatura, resistividade, sólidos totais dissolvidos (STD), potencial de oxi-redução

(Eh), pH e alcalinidade e também a análise química dos seguintes elementos Cu, Li, Mo, Se, Ti, Y, Al,

Fe, Mn, Ca, K, Mg, Na, P, S, Be, V, Cr, Co, Ni, Zn, As, Se, Rb, Sr, Ag, Cd, In, Ba, La, Ce, Pr, Nd, Sm,

Eu, Gd, Tb, Dy, Ho, Er, Tm, Yb, Lu, Pb, Bi. O ANEXO II apresenta todos as resultados da análise

geoquímica das águas via ICP-OES e ICP-MS.

Os sedimentos constituem um fator muito importante do sistema aquático, por sua participação

no equilíbrio dos poluentes solúveis/insolúveis e por sua maior permanência no corpo d’água, sendo,

em geral, integradores das cargas poluentes recebidas pelas águas a partir de alterações nas condições

físico-químicas dessas águas (temperatura, pH, alcalinidade, níveis de oxidação/redução) (Agudo 1987).

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46

O estudo de sedimentos de canal nas nascentes e no ribeirão Marzagão determinou possíveis

alterações das concentrações mineralógicas e de elementos maiores e menores no sistema deposicional

da micro-bacia, devido às influencias antropogênicas gerada pela barragem de rejeitos Marzagão.

O ANEXO I apresenta os resultados da análise mineralógica dos sedimentos via Difratometria

de Raios X. O ANEXO III, apresenta os resultados obtidos pela análise geoquímica por ICP-OES, dos

sedimentos do ribeirão Marzagão.

5.1 PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS DAS ÁGUAS

Diversos fatores controlam a mobilidade dos elementos, dessa forma é fundamental que se tenha

conhecimento das características físico-químicas de cada amostra, uma vez que as mesmas auxiliam na

interpretação das espécies dos elementos ali presentes. A exemplo o aumento do conteúdo dos sólidos

totais dissolvidos (STD), além de favorecer a condutividade elétrica, disponibiliza maior quantidade de

substâncias disponíveis a complexação (CETESB 2009). Outro exemplo são os parâmetros de pH e Eh

que condicionam as dissoluções e precipitações dos íons metálicos.

Os valores referentes aos parâmetros físico-químicos analisados encontram-se na tabela 5.1 a

seguir.

Tabela 5.1: Medidas dos parâmetros físico-químicos coletados na microbacia do ribeirão Marzagão.

Parâmetros físico-químicos Pontos de Amostragem

A1a A2a A3a A4a

Condutividade (µS/cm) 9,32 3,88 13,41 4435

Temperatura (°C) 19,8 20,4 21,6 19,6

Resistividade (KΩ) 105 224,3 72,88 -

STD (mg/L) 5,93 2,49 8,48 3464

Eh (mV) 123 224 89 128

pH 6,17 7,15 6,83 9,03

Alcalinidade (HCO3)(ml/L) 8,05932 6,04449 9,40254 166,5593

5.1.1 Condutividade Elétrica (CE), Sólidos Totais Dissolvidos (STD) e Alcalinidade

A condutividade elétrica (CE) é a capacidade da água para conduzir eletricidade. Esta aumenta

com a temperatura e está relacionada com os sólidos totais dissolvidos (Santos 1997).

Os sólidos totais dissolvidos (STD) são constituídos principalmente por carbonatos,

bicarbonatos, cloretos, sulfatos, fosfatos e possivelmente nitratos de cálcio, magnésio e potássio, além

de pequenas quantidades de ferro, magnésio e outras substâncias. A quantidade de STD contidos nas

águas pode diminuir por diluição (água de chuva) ou aumentar pela adição de dejetos industriais

(CETESB 1993).

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Os valores aferidos dos STD e de CE nas nascentes a montante da barragem apresentaram pouca

variação, com valores entre 2,49 mg/L e 8,48 mg/L para os STD e 3,88 µS/cm e 13,41 µS/cm para a

CE. Já no ribeirão Marzagão localizado a jusante da barragem os valores dos STD e CE aumentaram

drasticamente, sendo eles 3464 mg/L e 4435 µS/cm, respectivamente, sendo 500mg/L o limite

determinado pela CONAMA(2005) de STD. Como já era esperado, a curva de condutividade

acompanhou a variação dos STD, como pode ser observado na tabela 5.1 e na figura 5.1.

Esse aumento drástico é causado devido a influência do material da barragem de rejeitos,

podendo observar a composição da lama vermelha nos diversos tipos de bauxita (Tabela 2.1). A lama

vermelha disponibiliza partículas finas que ficam em suspensão, juntamente com íons que se dissolvem

na água, aumentando assim os parâmetros de condutividade e STD. Provavelmente o valor elevados de

STD e condutividade esteja relacionada ao aumento da alcalinidade que se deve a adição de soda

cáustica no processamento da bauxita e se encontra em altas concentrações na barragem e

consequentemente à jusante da mesma.

A alcalinidade é a capacidade da água para receber íons H+. Águas alcalinas frequentemente

apresentam elevado pH e níveis elevados de sólidos dissolvidos (Mahanan 1994). De acordo com

Batalha (1993), a alcalinidade tem sua causa principalmente por sais de sódio e cálcio.

O excesso de alcalinidade da água pode ser oriundo do substrato geológico (solos e rochas

alcalinas) ou de efluentes de indústrias. O excesso de alcalinidade na água pode se manifestar por uma

característica de franja de sais brancos nas margens ou em bancos do leito (Mahanan 1994). Na área

estudada, tal aspecto é observado nas margens do ribeirão Marzagão (a jusante da barragem de rejeitos).

A alcalinidade de todas as amostras de água analisadas neste trabalho, é devido a presença de

íons alcalinos como o Na e Ca, principalmente o Na que tem a soda cáustica como fonte antropogênica.

Figura 5.1: Variação do conteúdo de condutividade elétrica, sólidos totais dissolvidos (STD) e alcalinidade.

A1a A2a A3a A4a

Condutividade (µS) 9,32 3,88 13,41 4435

STD (mg/L) 5,93 2,49 8,48 3464

Alcalinidade (HCO3)(ml/L) 8,31552 6,23664 9,70144 171,85408

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

5000

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48

5.1.2 Potencial de Óxi-Redução (Eh)

O Eh indica a medida da transferência de elétrons (potencial elétrico) em uma reação de oxi-

redução: Eh = potencial redox (milivolt). O valor do potencial de oxi-redução informa se um meio é

oxidante ou redutor. Valores mais baixos de Eh traduzem uma maior disponibilidade de elétrons,

revelando um meio mais redutor. Valores elevados de Eh indicam que existem poucos elétrons

disponíveis para a redução, ou seja, o meio é oxidante. A reação de oxidação geralmente libera prótons,

ou gera um meio mais ácido. A redução geralmente consome prótons, e o pH do meio se eleva (Dold

1999).

Em todos os pontos de coleta o Eh apresentou valores positivos remetendo a um ambiente

oxidante, sendo seu maior valor no ponto A2a com o valor de 224 mV e o menor valor no ponto A3a de

89 mV, como apresentado na tabela 5.1 e na figura 5.2.

Figura 5.2: Potencial de oxirredução (Eh)

5.1.3 Potencial Hidrogeniônico (pH)

O pH representa a medida da concentração hidrogeniônica da água ou solução. É calculado a

partir da concentração de íons H+, por meio da fórmula: pH = - log [H+]. O pH representa um número

adimensional, que varia de 0 a 14. Valores abaixo de 7 representam um pH ácido; um valor igual a 7 é

considerado como neutro, enquanto que, valores acima de 7 são considerados básicos ou alcalinos. O

pH é controlado pelas reações químicas e pelo equilíbrio entre os íons presentes, e depende,

principalmente, da quantidade de gás carbônico e da alcalinidade da água (Evangelou 1995, Santos

1997). Para que uma água seja considerada adequada ao abastecimento doméstico, são esperados valores

de pH que variem entre 6 e 9 (CONAMA, Resolução 20/86).

O pH se mostrou levemente ácido a neutro nos pontos a montante da barragem, variando de

6,17 a 7,15. Já no ponto a jusante da barragem, o pH apresentou-se alcalino com o valor de 9,03,

possivelmente devido a influência do rejeito da barragem que possui alta alcalinidade devido ao uso de

soda caustica no processo de beneficiamento da bauxita. Nos resultados apresentados a influência

A1a A2a A3a A4a

Eh (mv) 123 224 89 128

50

100

150

200

250

PONTECIAL DE OXIRREDUÇÃO (Eh)

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litológica é a mesma, pois todos os pontos estão localizados em uma mesma litologia, os xistos do Grupo

Sabará. Os dados podem ser melhor observados na tabela 5.1 e na figura 5.3.

Figura 5.3: Gráfico do potencial hidrogeniônico (pH)

5.1.4 Resistividade

A resistividade é um parâmetro que se relaciona inversamente com a condutividade elétrica.

Nas amostragens realizadas ela pode ser aferida nos pontos A1a, A2a e A3a, já no ponto A04a não houve

resistência passível de medição pelo instrumento, devido à alta condutividade elétrica. Os dados seguem

apresentados na tabela 5.1.

5.2 GEOQUÍMICA DAS ÁGUAS: ELEMENTOS MAIORES E TRAÇO

Foram analisadas as concentrações de 46 elementos químicos nas amostras de água. Neste

capítulo, serão apresentados os dados daqueles elementos que apresentaram anomalias ou variações

significativas entre os pontos. Os dados foram comparados com os valores de referência apresentados

pela Resolução CONAMA (2005) e COPAM/CERH (2008). Os elementos são: Na, Ca, Mg, K, Fe, Mn,

Al, S, Mo, As, Bi, Rb, Se, Sr e V considerados essenciais para a saúde humana, mas o seu excesso

também pode causar danos à mesma como pode ser observado na tabela 2.5.

5.2.1 Elementos maiores: cátions

São considerados íons principais ou elementos maiores, aqueles que estão quase sempre

presentes nas águas, e cuja soma representa a quase totalidade de íons dissolvidos. Entre estes, pode-se

citar os cátions de sódio, potássio, cálcio e magnésio e os ânions cloreto, sulfato e bicarbonato (IGM

2005).

Sódio (Na+) e Cálcio (Ca2+)

O sódio é um metal alcalino e é um dos elementos mais abundantes nas águas devido as suas

características como ampla distribuição na crosta terrestre e assim, nos minerais fonte. A baixa

estabilidade química de tais minerais causa frequentemente uma elevada solubilidade de sódio, que

A1a A2a A3a A4a

pH 6,17 7,15 6,83 9,03

6

6,5

7

7,5

8

8,5

9

9,5

POTENCIAL HIDROGENIÔNICO (pH)

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mostra também uma difícil precipitação da maioria dos seus compostos químicos em solução (Santos

1997). Costuma estar associado ao íon cloreto (Custodio & Llamas 1976). As concentrações de sódio

em águas naturais doces variam entre 1mg/L e 150mg/L (Greenberd et. al.1992). O sódio é o principal

responsável pelo aumento da salinidade das águas naturais e em concentrações elevadas é prejudicial às

plantas por reduzir a permeabilidade do solo (Costa 2001).

Nas nascentes, o sódio apresentou concentrações menores do que no ribeirão Marzagão, com

valores em torno de 0,193 mg/L a 0,6 mg/L. No ribeirão Marzagão, a concentração de sódio foi de 941

mg/L (Fig.5.4). Segundo os valores naturais apresentados por Greenberd et al. (1992), a concentração

de Na está 6 vezes acima dos valores considerados normais. O aumento do teor pode estar relacionado

com fluxo de água do exaustor da barragem de lama vermelha, pois no processo de digestão da bauxita

usa-se soda caustica. Uma vez que todos os pontos de amostragem estão situados em uma mesma

formação litológica (Gr. Sabará) segundo o mapa geológico da CODEMIG (2005) e as nascentes

apresentaram valores baixos, é certo que a anomalia de Na se deve à essa fonte antropogênica relatada.

O cálcio é um dos principais constituintes da água sendo muitas vezes o elemento mais

abundante na maior parte das águas naturais (Santos 2008). Tendo seu valor permitido de acordo com

Chapman & Kimstach (1992) de 15 mg/L. A principal fonte de cálcio na crosta terrestre são os

plagioclásios que compõem 39% dela e principalmente os minerais calcita (CaCO3, trigonal), aragonita

(CaCO3 ortorrômbico) e dolomita [CaMg(CO3)2] presentes em rochas calcárias (Custodio & Lamas,

1976, Santos 1997).

Nas amostragens a montante da barragem os valores não ultrapassaram 0,282 mg/L (amostra

A3a). Já no ribeirão Marzagão (A4a) a concentração foi de 80,05 mg/L. Valor este, 5x maior que o

considerado normal, e pode ser devido a barragem de lama vermelha, uma vez que é no processo de

beneficiamento é utilizado juntamente com a soda caustica o cal. Além disso aflora a Formação Fecho

que funil (metapelito carbonático) que faz um contato próximo ao ponto A4a, segundo o mapa da

CODEMIG, podendo haver bloco pelo curso do ribeirão que pode influenciar a concentração natural de

Ca mais elevada neste ponto. Na figura 5.4 é apresentado as concentrações de Na e Ca nos pontos

amostrados.

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51

Figura 5.4: Concentração de sódio e cálcio, nos pontos de amostragem de montante para jusante.

Magnésio (Mg2+) e Potássio (K+).

De acordo com Parra (2006), o íon de magnésio se assemelha ao de cálcio, todavia possui maior

solubilidade e menor taxa de precipitação. Sendo principalmente os minerais fonte: olivina, piroxênio,

hornblenda, e biotitas em rochas ígneas e metamórficas. Em rochas sedimentares o magnésio ocorre em

dolomitos. As concentrações de magnésio a montante da barragem foram abaixo do limite de

quantificação do ICP-OES, e a amostragem a jusante foi de 0,232 mg/L, como pode ser visto na figura

5.5, estando abaixo do máximo aceitável (100 mg/L) de acordo com Chapman & Kimstach (1992).

O potássio é o sexto maior elemento em ordem de abundância na crosta terrestre. Em águas

naturais, ocorre em quantidades menores do que o sódio, devido à sua participação intensa em processos

de troca iônica, além da facilidade de ser absorvido pelos minerais de argila. Além disso os sais são

muito utilizados pelos vegetais, sendo o potássio ao lado do sódio e fósforo, um dos elementos nutritivos

principais da flora (Greenberg 1992, Santos 1997).

O potássio ocorre principalmente em feldspatos potássicos, micas e leucitas, em rochas ígneas

e metamórficas. Na área sedimentar, altas concentrações de potássio podem ser encontradas nos

minerais de carnalita (KMgCl36H2O) e silvita (KCl), em evaporitos (Custodio & Llamas 1976, Santos

1997). Nas amostras das nascentes à montante da barragem, as concentrações não alcançaram valores

mínimos de detecção do ICP-OES e na amostra a jusante o valor foi de 3,26 mg/L, que pode ser

considerada baixa, uma vez que o valor máximo aceitável segundo Chapman & Kimstach (1992) e de

10mg/L. Na figura 5.5 é apresentado as concentrações de Mg e K dos pontos amostrados.

A1a A2a A3a A4a

Na 0,603 0,210 0,193 941,281

Ca 0,271 0,000 0,282 80,052

0,000100,000200,000300,000400,000500,000600,000700,000800,000900,000

1000,000

Co

nce

ntr

ação

mg/

L

Amostras

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52

Figura 5.5: Concentração de magnésio e potássio nos pontos de amostragem de montante para jusante.

5.2.2 Elementos traço

Neste grupo foram inclusos os elementos Fe, Mn, Al, S, Mo, As, Rb, Se, Sr e V os demais

elementos apresentaram concentrações menores do que o limite de quantificação (<LQ) do ICP-MS ou

obtiveram concentração muito abaixo do limite permitido pelo CONAMA (2005) e COPAM/CERH-

MG (2008).

Ferro (Fe) e Manganês (Mn)

O ferro ocorre principalmente na superfície da Terra, como o cátion Fe3+, sob a forma de

hidróxido férrico, podendo também ocorrer como Fe2+, que se apresenta como hidróxido ferroso. O ferro

no estado ferroso é instável na presença do oxigênio do ar, sofrendo oxidação para o estado férrico. Os

minerais ferromagnesianos, componentes das diversas rochas ígneas e metamórficas, tais como

piroxênios, olivinas e biotita são os principais minerais portadores de ferro na crosta terrestre (Santos

1997). Em rochas sedimentares o ferro apresenta-se basicamente na forma de Fe3+, sendo os óxidos e

hidróxidos de ferro como a hematita e a goethita os principais minerais representantes nos solos. Os

minérios de ferro e os itabiritos desempenham um papel importante especialmente na região do

Quadrilátero Ferrífero, pois são constituídos, majoritariamente de hematita, magnetita e goethita (Roeser

2004).

Os principais minerais fontes de Mn são: pirolusita (MnO2), braunita (Mn2O3), manganita

(MnO(OH), ausmanita (Mn3O4), rodocrosita (MnCO3) e rodonita (Mn,Ca,Fe)SiO3). A forma mais

comum de ocorrência deste elemento é Mn2+, podendo ocorrer também na forma Mn3+, entretanto,

quando a primeira espécie entra em contato com a presença do ar ocorre oxidação, alterando assim seu

estado para MnO2 (Santos 1997).

O Fe e o Mn podem se apresentar dissolvidos sob diferentes formas em função do pH do meio.

Complexos podem ser formados com compostos de hidroxila, bicarbonato, sulfato ou fosfato. Também

podem ser formados complexos orgânicos com Fe2+ associados à ácidos húmicos e fúlvicos ou de Fe3+

A1a A2a A3a A4a

Mg 0,000 0,000 0,000 0,232

K 0,000 0,000 0,000 3,256

0,000

0,500

1,000

1,500

2,000

2,500

3,000

3,500

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Trabalho de Conclusão de Curso, n. 262, 79p. 2017.

53

favorecendo a formação de quelatos. Os compostos orgânicos também podem reduzir o Fe3+ para o Fe2+

causando assim o retardamento da oxidação ou a formação de complexos orgânicos de Fe2+. Os

complexos orgânicos e quelatos aumentam a solubilidade de Fe e Mn dificultando assim a remoção dos

mesmos. O processo mais usual para excluir esses metais da água é via oxidação que provoca a formação

de precipitados para posterior filtração dos mesmos. De acordo com a variação do pH, diversos

precipitados de Fe e Mn também podem ser formados, conferindo desta forma, cor (que induz a

formação de manchas em tecidos e utensílios sanitários) e sabor metálico à agua. Além disso, os

precipitados podem causar depósitos e incrustações que favorecem a proliferação de bactérias

ferruginosas nocivas (Moruzzi & Reali 2012).

Nas amostras de águas coletadas, as concentrações de Fe e Mn obtiveram maior valor na amostra

A3a, sendo que nesta amostra a concentração de manganês ultrapassou em 56µg/L o valor permitido

para potabilidade, de acordo com o CONAMA (2005) e o COMPAM/CERH-MG (2008), em que a

concentração para o Mn deve ser inferior a 0,5mg/L (500 µg/L) e para o Fe dissolvido inferior à 5 mg/L

(5000 µg/L). As concentrações obtidas nos pontos de amostragem, podem ser observados na figura 5.6.

Figura 5.6: Concentração de ferro e manganês nos pontos de amostragem de montante para jusante.

Aluminio (Al)

O alumínio está presente em todas as águas superficiais, entretanto, em grandes quantidades

pode acarretar vários danos à biota e inclusive doenças neurológicas (Rosalino 2011).

O alumínio é encontrado no mineral gibbsita (Al(OH)3) e no hidróxido anfótero, na forma de

Al(OH)3 que é forma predominante nas águas doces de superfície e possui solubilidade extremamente

baixa. O alumínio se torna solúvel para condições de pH menor do que 4,2 e maior que 8, sendo esses

valores geralmente, não usuais, nas drenagens superficiais (Carvalho 1995).

Nas amostras de água deste estudo, apenas as amostras A3a e A4a apresentaram concentrações

acima do limite de quantificação, sendo que a amostra A4a possui uma concentração 38 vezes maior

A1a A2a A3a A4a

Fe 428,937 0,000 1557,618 0,000

Mn 186,922 22,547 555,588 319,785

0,000

200,000

400,000

600,000

800,000

1000,000

1200,000

1400,000

1600,000

1800,000

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que a permitida pelo CONAMA (2005) e o COPAM/CERH-MG (2008) que é de 200 µg/L, como pode

ser observado na figura 5.7. A alta concentração de Al é consequência da dissolução do material da

barragem de rejeitos, pois esse possui alto teor de Al

Figura 5.7: Concentração de alumínio nos pontos de amostragem de montante para jusante.

Enxofre (S)

O enxofre desempenha papel importante no metabolismo e, por conseguinte no ciclo vital de

plantas e animais. Moléculas contendo enxofre participam da estrutura de aminoácidos essenciais, da

clorofila, enzimas e coenzimas, além de participar de diversos processos metabólicos como ativador

enzimático em plantas e animais (Coleman, 1966; Marschner, 1995).

Nas rochas está presente em minerais sulfetados (anidrita (CaSO4), barita (BaSO4), gipsita

(Ca(SO4) 2H2O), kieserita (MgSO4 H2O) e sulfatados (calcopirita (CuFeS2), pirrotita (FeS), esfalerita

(ZnS), galena (PbS), arsenopirita (FeAsS), pirita (FeS2), onde seus excessos no solo origina drenagem

ácida e na atmosfera em forma de dióxido de enxofre ocasionado pela queima de combustíveis fósseis

e erupções vulcânicas, que em contato com moléculas (H2O2, NOX e o próprio vapor d’água) resulta na

chuva ácida. Nas amostras realizadas neste trabalho, apenas a A4a apresentou anomalia de enxofre,

sendo resultado obtido 810 mg/L. Segundo o CONAMA (2005) e o COPAM/CERH-MG (2008), a

concentração da molécula de sulfato (SO42-) é de 250 mg/L, e pela proporção de massa elementar sugere

uma concentração de S de 89 mg/L, estando o valor obtido 9 vezes acima. Os resultados podem ser

melhor observado no gráfico abaixo.

0,000

1000,000

2000,000

3000,000

4000,000

5000,000

6000,000

7000,000

8000,000

9000,000

1 2 3 4

Al

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Figura 5.8: Concentração de enxofre nos pontos de amostragem de montante para jusante.

Molibdênio (Mo), Arsênio (As), Bismuto (Bi), Rubídio (Rb), Selênio (Se) e Vanádio (V)

Nas amostras de água analisadas neste trabalho, apenas a A4a apresentou anomalias nas

concentrações de molibdênio, arsênio, bismuto, rubídio, selênio e vanádio onde os resultados obtidos

foram apresentados na figura 5.9 a seguir.

O molibdênio é considerado essencial para a maioria dos organismos, podendo ser tóxico em

excesso (Plant et al 1996). O excesso de molibdênio na dieta animal pode causar problemas nas juntas

e a doença conhecida como molibdenose (Martins 2005). Segundo Grrenberg (2012) as concentrações

de molibdênio ocorre em níveis traço (<10,0 µg/L) em águas naturais. Nas amostras analisadas, apenas

a A4a apresentou concentração quantificável no valor de 37,619 µg/L.

O arsênio normalmente vincula-se a diversos minérios sulfetados, tais como: arsenopirita

(FeAsS), cobaltita (CoAsS), tenantita ((Cu, Fe)12As4S13), enargita (Cu3AsS4), loellingita (FeAs2),

rammelsbergita (NiAs2), ouropigmento (As2S3), realgar (AsS) (Wedepohl 1978). Em condições de pH

ácido a neutro pode apresentar mobilidade moderada e imóvel em um ambiente redutor como pode ser

observado na tabela 2.2. Segundo ATSDR (2003), o As em altas concentrações no organismo humano

causa irritações de pele e pulmões; disfunções cardíacas, nervosas, renais, gastrintestinais e atua como

agente cancerígeno.

Na amostragem de águas realizada no trabalho, o ponto A4a obteve maior concentração (12,96

µg/L) como pode ser observado na figura 5.9, estando abaixo do valor máximo estabelecido pelo

COMANA (2005) e COPAM/CERH-MG (2008) de 33µg/L. Essa concentração mais alta pode estar

relacionada a complexação do As por óxidos de Fe e Al (McBride 1994).

A1a A2a A3a A4a

S 0,255 0,141 0,722 810,000

0,000

200,000

400,000

600,000

800,000

1000,000

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56

O bismuto como apresentado nos capítulos anteriores, é imóvel em condições oxidantes com

pH entre 5 e 8 e em condições redutoras.

Nas amostras dos pontos A1a, A2a e A4a, foi obtido valores acima do limite de quantificação,

sendo no ponto A4a o maior valor de concentração (0,02679 µg/L), valor este 2,5 vezes maior que o

ponto A1a segundo maior valor encontrado.

Rubídio é um elemento que se associa-se principalmente ao potássio (feldspatos). As

características dos processos de intemperismo controladores da distribuição de rubídio é similar aos

álcalis (Wedepohl 1978). Possui mobilidade fraca independente do ambiente analisado como pode ser

visto na Tabela 2.2. Não possui concentração máxima estabelecida na literatura, porém observa-se a

discrepância na concentração da amostra A4a em relação às concentrações das demais amostras,

fazendo-se necessário sua exposição.

O selênio possui mobilidade alta em condições oxidantes com pH entre 5 e 8 e imóvel em

ambientes com pH <4 e em ambientes redutores, de acordo com a Tabela 2.2. Nas análises de água

realizadas nesse trabalho, o selênio ultrapassou o limite de quantificação (1,24 µg/L) apenas no ponto

A4a, onde a concentração foi de 11,55 µg/L.

O vanádio em condições de pH entre 5 e 8, tende a apresentar mobilidade moderada como pode

ser visto na tabela 2.2. E em excesso no organismo humano gera irritações nos pulmões, garganta e

olhos (Tabela 2.5). Apenas a amostra de água do ponto A4a obteve concentração acima do limite de

quantificação de (0,025 µg/L), atingindo o valor de 30,25 µg/L, estando esse abaixo da concentração

limite recomendado pelo CONAMA (2005) e COPAM/CERH-MG (2008) para o V que é de 100 µg/L,

estando assim, os valores da micro bacia do ribeirão Marzagão abaixo do limite recomendável.

Figura 5.9: Concentração de molibdênio, arsênio, bismuto, rubídio, selênio e vanádio nos pontos de amostragem

de montante para jusante.

A1a A2a A3a A4a

Mo 0,000 0,000 0,000 37,619

As 0,10329 0,03736 0,33283 12,96122

Bi 0,01083 0,00505 0,00000 0,02679

Rb 0,40205 0,14655 0,44407 5,66055

Se 0,00000 0,00000 0,00000 11,55024

V 0,00000 0,00000 0,00000 30,24939

0,000

10,000

20,000

30,000

40,000

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Estrôncio (Sr)

O estrôncio é um elemento associado aos feldspatos e, secundariamente, aos minerais ferro-

magnesianos. É parcialmente substituído por Ba e Ca, tendo relativa abundância em minerais contendo

Ca. Pode participar da estrutura de sulfetos e carbonatos, principalmente em depósitos hidrotermais. O

Sr é bastante móvel durante o intemperismo, especialmente devido a decomposição de feldspatos

(Wedepohl 1978). O estrôncio de acordo com a tabela 2.2 possui mobilidade moderada independente

das condições de pH do ambiente.

Nas amostragens realizadas, apenas os pontos A3a e A4a, obtiveram valores acima do limite de

quantificação (0,36 µg/L) como pode ser observado na figura 5.7, sendo que no ponto A4a ouve um

valor anômalo muito alto (275,70 µg/L).

Figura 5.10: Concentração de estrôncio nos pontos de amostragem de montante para jusante.

Foi observado no ponto A2a concentrações superiores que os demais pontos para os elementos,

Tb, Ho, Er, Tm, Yb, Lu e Pb. E no ponto A3a, ouve uma concentração muito superior dos elementos,

Fe, Co, Ni, Ba, La, Ce, Pr e Nd. As concentrações podem ser melhor observadas no ANEXO II.

5.3 CARACTERIZAÇÃO MINERALÓGICA DOS SEDIMENTOS

Por meio da difratometria de raios-X determinou-se a composição mineralógica da fração

granulométrica < 0,063 mm das 4 amostras de sedimentos, sendo 3 das nascentes a montante e uma no

ribeirão Marzagão a jusante, que podem ser melhor observados no ANEXO I.

Nas nascentes a montante da barragem foram detectados os seguintes minerais:

Quartzo (SiO2): constituinte em todas as amostras, ocorrendo maior porcentagem na

amostra A1;

Hematita (Fe2O3): constituinte em todas as amostras, em uma proporção de até 5%, com

maior proporção na amostra A1

A1a A2a A3a A4a

Sr 2,39079 0,00000 4,44315 275,70191

0,00000

50,00000

100,00000

150,00000

200,00000

250,00000

300,00000

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Moscovita (KAl2[(OH)2AlSi3O10]): constituinte em todas as amostras e é o mineral de

maior porcentagem composicional, sendo a amostra A3 a que apresentou maior

proporção.

Caulinita (Al2Si2O5(OH)4): constituinte em todas as amostras, ocorrendo maior

porcentagem na amostra A3;

Na figura 6.1 a seguir é apresentado um difratograma de raios-X correspondente a uma das

nascentes a montante (A1), o qual representa a mineralogia dos sedimentos das nascentes a montante.

Registraram-se picos de quartzo, moscovita, caulinita e hematita.

Figura 5.11: Difratograma representativo dos sedimentos das nascentes a montante da barragem de rejeitos

Marzagão, referente ao ponto A1.

Na amostragem no ribeirão Marzagão ponto A4 (jusante da barragem) foram detectados os

seguintes minerais:

Quartzo (SiO2): constitui 16,8% da amostra;

Hematita (Fe2O3): constituinte minoritário, 1%;

Moscovita (KAl2[(OH)2AlSi3O10]): constituinte predominante com proporção acima de

50%;

Caulinita (Al2Si2O5(OH)4): constitui 20,8% da amostra;

Nordstrandita (Al(OH)3): constitui 5,9% da amostra;

A formação da Nordstrandita indica a alta concentração do íon de Al dissolvido na água do

ribeirão, que pôde ser observado na hidrogeoquímica. Possivelmente é resultado da contaminação

gerada pela lama vermelha da barragem de rejeitos de bauxita que possui em sua composição um teor

de Al entre 25 e 37%.

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5.4 GEOQUÍMICA DOS SEDIMENTOS

A extração dos elementos da fração granulométrica < 0,063 mm das 4 amostras de sedimentos

foi efetuada através da digestão ácida parcial, utilizando o método de água régia. E a análise foi

realizada via Espectrometria de Emissão Atômica com Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-OES)

foram obtidas as concentrações dos elementos As, Ba, Bi, Cd, Co, Cr, Cu, Li, Mo, Ni, Sc, Sr, Th, V, Y,

Zn, Be, Mn, Sb, Al, Fe, Ca, K, Mg, Na, Zr, Pb, P, S, Si e Ti. Sendo relevantes para este trabalho os

elementos As, Al, Ca, Cd, Li, Mg, Na, S e Sr.

5.4.1 Elementos Maiores

Ferro (Fe) e Manganês (Mn)

O ferro ocorre em minerais de rochas ígneas nos quais o conteúdo de ferro é relativamente alto,

incluem piroxênios, anfibólios, biotita, magnetita e principalmente olivina (Wedepohl 1978). O ferro é

absorvido em quantidades pequenas devido à baixa solubilidade da maioria de seus compostos em estado

trivalente. Os principais minerais de ferro no solo são as biotitas, a magnetita, os óxidos e hidróxidos de

ferro, a hematita e goethita (Bornemisza 1982). Na área estudada o elemento pode ter como prováveis

fontes os xistos e filitos do Grupo Sabará, e diques máficos que cortam o Grupo Sabará.

As concentrações de Fe nas amostras coletadas apresentou valores entre 51.906,23 mg/kg (A4)

e 117.142,70 mg/kg (A1), sendo o background da região 2.500.000 mg/kg segundo Vicq (2005).

O manganês é um constituinte significativo das rochas basálticas, ricas em olivinas, piroxênios

e anfibólios. Pequenas quantidades de manganês estão comumente presentes na dolomita e no calcário,

substituindo o cálcio. O principal mineral de manganês é a pirolusita (MnO2). No intemperismo o

manganês forma óxidos de manganês como a pirolusita e outros (Wedepohl 1978). O manganês é

encontrado naturalmente ocorrendo em minerais na forma de íons Mn2+, Mn3+ ou Mn4+, mas o estado

mais comum em que ele ocorre é o Mn+ (Wedepohl 1978).

O manganês apresentou concentrações nas amostras coletadas entre 765,48 mg/kg (A1) e

3852,89 mg/kg (A4), sendo o valor de background da região estabelecido por Vicq (2015) de 3875,00

mg/kg.

Alumínio (Al)

O alumínio está presente na composição química de minerais como a moscovita, feldspatos,

caulinita, gibbsita. Ocorrendo pouca ou nenhuma solubilidade do elemento em água, o que ocasiona alta

concentração desse elemento em solos residuais.

Os valores das concentrações de Al nas amostras montante apresentaram concentrações abaixo

do background apresentado por Vicq (2015), já a amostra a jusante apresentou valor acima como pode

ser melhor observado na figura 5.12. Esse aumento elevado deve-se possivelmente a contaminação

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gerada pela barragem de rejeitos de lama vermelha que possui em sua composição alto teor de Al, como

pode ser observado na Tabela 2.1.

Figura 5.12: Concentração de alumínio nos sedimentos dos cursos d’água de montante para jusante.

5.4.2 Elementos Traço

Sódio (Na), Cálcio e Magnésio

O sódio apesar de possuir alta solubilidade em água, registrou-se anomalia do elemento também

nos sedimentos no ponto A4 com a concentração de 1734,90 mg/kg. Isso possivelmente é devido a alta

disponibilidade do elemento no sistema causado pela barragem de rejeitos, uma vez que é usado soda

caustica no processo de digestão da bauxita. As concentrações podem ser melhor observadas na figura

5.13.

Minerais de cálcio ocorre predominantemente como silicatos, carbonatos, fosfatos, sulfatos e

boratos. O cálcio está presente nos carbonatos, mais comumente na calcita e na dolomita e nos minerais

acessórios apatita e fluorita (Wedepohl 1978).

A montante da barragem de rejeitos, a concentração de Ca nos pontos amostrados ficou muito

abaixo do valor de referência apresentado por Vicq (2015) que é de 2700 mg/kg, enquanto que no ponto

A4 a jusante da barragem o teor de Ca foi 3,8 vezes maior que o valor referência. O elevado valor deve-

se possivelmente a contaminação gerada pela lama vermelha da barragem de rejeitos que possui em sua

composição uma porcentagem de Ca devido ao acréscimo de Cal no processo de digestão da bauxita. A

Formação Fecho do Funil ocorre próximo, podendo haver ocorrência de blocos rolados dessa formação

no canal do ribeirão.

O magnésio participa da composição de minerais de vários grupos: óxidos e hidróxidos,

silicatos, carbonatos, sulfatos, fosfatos, arseniatos, boratos, haloides e outros minerais. Nos sedimentos,

além dos minerais evaporitos, que é um caso especial, está presente principalmente na dolomita e nos

filossilicatos (Wedepohl 1978).

A1 A2 A3 A4

Al 9235,21 4615,60 13995,68 60566,57

VR (Vicq, 2015) 50800,00 50800,00 50800,00 50800,00

0,00

10000,00

20000,00

30000,00

40000,00

50000,00

60000,00

70000,00

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O magnésio apresentou concentrações 120,10 mg/kg a até 823,85 mg/kg sendo o maior valor

no ponto a jusante. Provavelmente este aumento seja devido a contaminação causada pela barragem de

rejeitos de lama vermelha e ocorrência de diques máficos que cortam o Grupo Sabará. As concentrações

de magnésio podem ser melhor observadas na figura 6.4.

Figura 5.13: Concentração de sódio, cálcio e magnésio nos sedimentos dos cursos d’água de montante para

jusante.

Enxofre (S)

As concentrações de enxofre nos pontos levantados a montante da barragem ficaram

entre 48,33 mg/kg e 266,51 mg/kg, já no ponto a jusante da barragem o valor foi de 2268,74 mg/kg. O

alto valor no ponto a jusante deve-se possivelmente a contaminação causada pela barragem de rejeitos

de lama vermelha, uma vez que é utilizado ácido sulfúrico no processo de redução do pH da mesma. Os

valores podem ser melhor observado na figura 5.14.

Figura 5.14: Concentração de enxofre nos sedimentos dos cursos d’água de montante para jusante.

Arsênio (As), Cádmio (Cd) e Estrôncio (Sr)

O excesso arsênio no organismo humano pode causar segundo ATSR (2003) irritações de pele

e pulmões, disfunções cardíacas, nervosas, renais e gastrintestinais e é agente cancerígeno.

As concentrações de As nos pontos de amostragem oscilaram entre 10,18 mg/kg e 153,30

mg/kg. Todas as amostras ultrapassam o limite crítico TEL (concentração máxima que não causa danos

A1 A2 A3 A4

Na 23,29 0,00 49,65 1734,90

Ca 96,77 73,98 279,49 10288,48

Mg 120,10 178,88 257,90 823,85

0,00

2000,00

4000,00

6000,00

8000,00

10000,00

12000,00

A1 A2 A3 A4

S 162,77 48,33 266,51 2268,74

0,00

500,00

1000,00

1500,00

2000,00

2500,00

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à organismos) e a amostra A4 também ultrapassa o limite PEL (concentração onde se espera danos à

organismos), que possuem os seguintes valores respectivamente, 5,9 mg/kg e 17,0 mg/kg. E o

background para o elemento na região segundo Vicq (2005) é de 12,75 mg/kg.

A alta concentração de elemento no ponto A3 possivelmente foi causada pela maior

disponibilidade de minerais sulfetados na zona de drenagem dessa nascente. No ponto A4, deve-se

possivelmente a contaminação causada pela barragens de rejeito da lama vermelha, onde o elemento

que já possui um background alto na região, é concentrado no processo de formação da bauxita e no

beneficiamento uma vez que é retirado o Al da mesma.

Para o cádmio, nos pontos amostrados, apenas o ponto A4 superou o limite de quantificação

(0,49 mg/kg). O valor atingido foi de 0,63 mg/kg, superando o limite TEL apresentado pelo CETESB

(2012) e pode ser melhor observado na Tabela 2.7. A concentração do ponto A4, ficou abaixo do

background geoquímico da região apresentado por Vicq (2015).

O estrôncio apresentou concentrações entre 1,45 mg/kg e 6,13 mg/kg nos pontos a montante da

barragem de rejeitos de lama vermelha. No ponto a jusante da barragem o valor da concentração do

elemento apresentou um aumento elevado obtendo o valor de 60,22 mg/kg, valor 10 vezes maior que a

maior concentração a montante. Possivelmente esse aumento é resultado da contaminação gerada pela

barragem.

Figura 5.15: Concentração de arsênio, cádmio e estrôncio nos sedimentos dos cursos d’água de montante para

jusante.

Cromo (Cr), Cobre (Cu) e Níquel (Ni)

O cromo apresentou concentrações entre 47,96 mg/kg (A2) e 79,94 mg/kg (A1). Todas as

amostras ficaram acima do limite (TEL), estabelecido pela CETESB (2012). Mas abaixo do background

geoquímico regional que é 269,20 mg/kg.

A1 A2 A3 A4

Cd 0,00 0,00 0,00 0,63

As 10,18 10,66 23,28 153,30

Sr 1,45 1,73 6,13 60,22

0,0020,0040,0060,0080,00

100,00120,00140,00160,00180,00

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O cobre apresentou valores entre 39,23 mg/kg (A4) e 78,43 mg/kg (A3). Todas as amostras

ficaram acima do limite (TEL), estabelecido pela CETESB (2012). As amostras A2 e A3 ficaram acima

do background regional que é 68,36 mg/kg.

As concentrações de níquel apresentou valores entre 23,06 mg/kg (A4) e 37,20 mg/kg (A1).

Todos os pontos amostrados obtiveram valores acima do limite (TEL), estabelecido pela CETESB

(2012). Porém ficaram abaixo do background geoquímico regional que é 95,83 mg/kg

Os valores elevados nas nascentes a montante, deve-se possivelmente a ocorrência de diques

máficos na zona de drenagem das nascentes.

5.5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Após análise dos resultados dos parâmetros físico-químicos coletados nas amostras de água e o

expressivo aumento nos valores dos STD, pH e da condutividade elétrica no ponto A4a (jusante) em

relação aos pontos a montante, é condizente de inferir a expressiva interferência que a barragem de

rejeitos de bauxita, causa no ribeirão Marzagão. Conhecendo o processo de beneficiamento, sabe-se que

o pH é elevado até próximo a 13 e quando a Lama é direcionada para barragem o mesmo é reduzido

para 9 com uso de ácido sulfúrico, aumentando também com o processo, a disponibilidade de íons em

solução e de particulados finos, o que resulta no aumento do STD e da condutividade elétrica.

Na difratometria de raios X, metodologia que analisa a mineralogia dos sedimentos, observou-

se a formação de um mineral pouco comum a Nordstrandita, hidróxido alumínio. Possivelmente sua

formação é devido a alta disponibilidade de alumínio no sistema ocasionando a formação e precipitação

desse mineral.

Em relação as análise geoquímicas da água e sedimentos, todos os elementos que são

apresentados como parte composicional da lama vermelha (Al), (Na) e (Ca), apresentaram

concentrações elevadíssimas no ponto A4a e A4, com exceção do Fe pela sua alta taxa de oxidação e

precipitação e do Ti. Houve também uma concentração anômala no ponto A4a dos elementos Mg, K,

Mo, S e para os elementos traço As, Bi, Rb, Se, Sr e V. Sendo Mg devido aos diques máficos presentes

no Grupo Sabará, o S devido ao uso do ácido sulfúrico para neutralizar a lama vermelha, e os demais

elementos possivelmente associam-se a bauxita que por se tratar de um solo residual ocorre já uma

concentração de elementos de forma natural, e após passar por um processo de beneficiamento em que

uma porção do seu principal constituinte o Al é retirado, aumenta mais a concentração desses elementos.

No ponto A3a houve concentração dos elementos Fe, Co, Ni, Mn, Ba, La, Ce, Pr e Nd o que pode indicar

alguma rocha ígnea máfica sofrendo intemperismo e disponibilizando esses elementos para o curso

d’água. No ponto A2a houve concentração dos elementos Tb, Ho, Er, Tm, Yb, Lu e Pb o que pode

indicar um corpo hidrotermal ou ígneo mais diferenciado.

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Já nos sedimentos ocorreu também uma concentração anômala no ponto A4 dos elementos

maiores Mg e S, e para os elementos traço As e Sr. Sendo Mg devido aos diques como já mencionado e

o S devido ao uso do ácido sulfúrico no processo de neutralização da lama, e os demais elementos

possivelmente por a bauxita se tratar de um solo residual como foi explicado anteriormente. Nos

sedimentos das nascentes a montante observou-se uma concentração anômala do elementos Cu, Cr, e

Ni, possivelmente devido a ocorrência de diques máficos aflorando nas zonas de drenagens dessas

nascentes.

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CAPITULO 7

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O ribeirão Marzagão possui seis nascentes, sendo uma a jusante da barragem e as demais a

montante desaguando na barragem. Recentemente foi feito uma visita técnica na barragem quando foi

informado da quinta nascente e pode ver a nascente a jusante, logo abaixo do dique.

Os cursos d’água analisadas pelo trabalho se encontram no Grupo Sabará, conjunto de rochas

metassedimentares que teve como material fonte o produto do intemperismo das rochas do Supergrupo

Minas (Itabiritos, dolomitos, filitos e quartzitos) e ocorrência de intrusões de diques máficos. O que

explica as concentrações de Cr, Cu, Fe, Ni nos sedimentos das nascentes a montante.

Com relação aos resultados aferidos dos parâmetros físico-químicos nas nascentes a montante,

como o pH (potencial Hidrogeniônico), STD (sólidos totais dissolvidos) e CE (condutividade elétrica),

obtiveram valores inferiores aos limites determinados pelo CONAMA 347(2005) e COPAM/CERH-

MG (2008). Já no ponto a jusante da barragem de rejeitos de lama vermelha todos os valores dos

parâmetros analisados ficaram acima dos limites determinados pelos órgãos citados anteriormente.

Mostrando a má qualidade da água do ribeirão Marzagão.

Com relação as análises hidrogeoquímicas dos elementos maiores, na amostra A4a localizada a

jusante da barragem de rejeitos de lama vermelha, foram detectadas concentrações anômalas de Na, Ca,

Mg, K, Al, S e Mo. Sendo a concentração dos elementos Na, Ca gerada no processo de digestão da

bauxita onde é acrescentado soda caustica e cal. O enxofre deve-se ao acréscimo de ácido sulfúrico na

lama vermelha para redução do pH da mesma. A alta concentração do alumínio deve-se a lama vermelha

que possui o elemento como principal componente, o valor aferido extrapola o permitido pelo

CONAMA (2005) e COPAM/CERH-MG (2008). Os elementos traço não apresentaram concentrações

alarmantes, porém os elementos As, Rb, Se, Sr e V apresentaram concentrações muito mais elevadas no

ponto A4a.

Com relação a análise mineralógica dos sedimentos de corrente, todos os pontos amostrados

apresentaram os seguintes minerais: quartzo, hematita, moscovita e caulinita. Já o ponto A4 além dos

minerais apresentados, houve ocorrência de nordstrandita - um hidróxido de alumínio. A formação desse

mineral deve-se a hidratação do óxido de alumínio pela água, ocorrendo a precipitação e formação do

mineral. O que mostra a alta disponibilidade de alumínio na água do ribeirão, sendo esse em altas

concentrações toxico a saúde humana.

Com relação a geoquímica dos sedimentos de corrente, foram detectadas concentrações

anômalas no ponto A4 para os elementos maiores Na, Ca, Mg, Al e S, onde os elementos Ca e Al ficaram

acima do background regional apresentado por Vicq (2015). Os valores anômalos de Na, Ca, Al e S,

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deve-se a contaminação causada pela barragem de lama vermelha como foi apresentado anteriormente

na hidrogeoquímica, onde esses mesmos elementos também apresentaram valores anômalos. Em relação

aos elementos menores apresentaram concentrações elevadas o As e Sr no ponto A4 e Cr, Co, Ni nos

pontos a montante, onde todos os valores ficaram acima do limite (TEL) e apenas o arsênio ficou acima

do background regional.

Considerando os resultados apresentados pelas análises realizadas nos sedimentos de corrente e

na água dos cursos d’água indicam a interferência na qualidade da água causada pela barragem rejeitos

de lama vermelha, mostrando a necessidade de intervenção. Dessa forma recomenda-se a construção de

canais captando as nascentes que se encontram a montante da barragem, impedindo que as mesmas

desaguem na barragem. Dessa forma as água das nascentes que formam o ribeirão Marzagão não serão

contaminadas pelo material da barragem e o sistema barragem de rejeitos Marzagão pare de receber

água proporcionando assim sua secagem, tornando-a mais segura para população que mora a jusante. E

assim águas do ribeirão Marzagão passem a ter boa qualidade. Enquanto essas medidas não forem

tomadas, não é recomendado o uso da água do ribeirão Marzagão para nenhum fim.

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M. Almeida, H., 2016 Caracterização geoquímica da água e sedimentos de fundo do ribeirão Marzagão...

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ANEXOS

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ANEXO I: DIFRATOGRAMAS

Ponto A1

Nascente à montante da barragem de rejeitos Marzagão

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Ponto A2

Nascente à montante da barragem de rejeitos Marzagão

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Ponto A3

Nascente à montante da barragem de rejeitos Marzagão

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Ponto A4

Ribeirão Marzagão a jusante da barragem de rejeitos de mesmo nome

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ANEXO II: RESULTADOS DAS ANÁLISES QUÍMICAS DAS AMOSTRAS DE ÁGUA

Equipamento: Espectrômetro de emissão óptica com plasma acoplado indutivamente (ICP OES)

Amostra Cu Li Mo Sc Ti Y Al Fe Mn Ca K Mg Na P S

ug/L ug/L ug/L ug/L ug/L ug/L ug/L ug/L ug/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L

A1a <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ 428,937 186,922 0,271 <LQ <LQ 0,603 0,093 0,255

A2a <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ 22,547 <LQ <LQ <LQ 0,210 <LQ 0,141

A3a <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ 53,054 1557,61

8

555,588 0,282 <LQ <LQ 0,193 <LQ 0,722

A4a <LQ <LQ 37,619 <LQ <LQ <LQ 7730,000 <LQ 319,785 80,052 3,256 0,232 941,281 <LQ 810,000

LQ 5,37 3,66 13,50 1,02 5,64 2,74 10,90 7,04 2,28 0,02 0,17 0,02 0,05 0,09 0,12

LQ= Limite de Quantificação

Equipamento: Espectrômetro de massa com fonte de plasma acoplado indutivamente (ICP MS)

Amostra Be V Cr Co Ni Zn As Se Rb Sr Cd Bi

ug/l ] µg/l µg/l µg/l µg/l µg/l µg/l µg/l µg/l µg/l µg/l µg/l

A1a 0,00768 <LQ <LQ 0,69812 1,27894 5,02397 0,10329 <LQ 0,40205 2,39079 0,03014 0,01083

A2a 0,01223 <LQ <LQ 0,54777 0,76216 <LQ 0,03736 <LQ 0,14655 <LQ <LQ 0,00505

A3a 0,01178 <LQ <LQ 1,59443 2,68250 <LQ 0,33283 <LQ 0,44407 4,44315 <LQ <LQ

A4a <LQ 30,24939 <LQ 0,76662 1,34037 3,34830 12,96122 11,55024 5,66055 275,70191 0,06336 0,02679

LQ 0,00536 0,02572 0,09576 0,00314 0,03084 1,93300 0,02587 1,24000 0,00981 0,36480 0,02200 0,00132

LQ= Limite de quantificação

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ANEXO III: RESULTADOS DAS ANÁLISES QUÍMICAS DAS AMOSTRAS DE SEDIMENTO

Equipamento: Espectrômetro de emissão óptica com plasma acoplado indutivamente (ICP OES)

Amostra As Ba Cd Co Cr Cu Mo Ni Sc Sr Th V Zn Mn Al Fe Ca K Mg Na Zr Pb P S Si Ti

mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg

Branco <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ 1,5027 <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ 1,484 <LQ <LQ 10,596 34,292 22,869 <LQ <LQ 3,2639 <LQ <LQ <LQ 18,575 <LQ

A1 10,184 31,36 <LQ 17,723 79,941 65,486 <LQ 37,198 11,28 1,4506 <LQ 132,54 69,735 765,48 9235,2119 117143 96,766 357,74 120,1 23,286 6,4627 <LQ 442,11 162,77 368,27 2015,3

A2 10,663 101,75 <LQ 18,793 47,961 73,683 <LQ 36,869 5,156 1,7346 6,9265 51,058 76,284 3114,8 4615,6011 98064 73,979 134,73 178,88 <LQ 4,8171 <LQ 1099,8 48,331 78,555 278,64

A3 23,279 79,066 <LQ 10,823 68,393 78,433 2,3022 25,62 8,6929 6,1279 13,382 87,414 53,114 1434,8 13995,684 120273 279,49 699,86 257,9 49,65 12,302 9,9734 531,61 266,51 278,12 1049,7

A4 153,3 99,13 0,6317 10,103 56,639 39,23 1,5803 23,062 3,7124 60,216 10,447 97,34 32,894 3852,9 60566,566 51906 10288 442,04 823,85 1734,9 14,183 <LQ 390,93 2268,7 104,02 301,08

LQ 7,58 0,55 0,49 1,56 1,08 1,23 1,22 3,02 0,25 0,30 4,44 0,63 0,31 5,55 24,50 7,24 4,28 12,24 3,04 3,49 0,40 7,08 6,93 8,21 8,37 10,75

LQ = Limite de Quantificação

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