UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A IMPORTÂNCIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS NA EDUCAÇÃO
Por:
Nery Denise Bessa da Silveira Santos
Orientadora:
Fabiane Muniz
Rio de Janeiro Julho/2004
PROJETO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOMOTRICIDADE
UNIVERSIDADE CÃNDIDO MENDES
Trabalho apresentado em cumprimento as
exigências para obtenção do grau de especialista no
curso de Pós-graduação em psicomotricidade da
Universidade Cândido Mendes no projeto a vez do
mestre.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos os autores, amigos, colegas, mestres,
os quais fizeram que esta monografia pudesse existir. Em
especial: Ricardo, marido, amigo ,irmão sempre me apoiando
e me dando forças para continuar.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus filhos Rodolfo e Rosane,
minhas verdadeiras fontes de motivação para enfrentar esta
jornada aqui na terra, Jorgete minha mãe/amiga, sempre ao
meu lado, educou-me mostrando que o mundo pertence
àqueles que sabem lutar e José Amaro meu pai me ensinou
que para sobreviver é preciso ter “garra”.
RESUMO
É bastante estimulante para toda a humanidade a identificação de diversas
inteligências no ser humano, e as acentuadas diferenças entre o homem e a
mulher quanto uso deste ou daquele hemisfério cerebral. O ser humano seria
proprietário de oito pontos diferentes de seu cérebro onde se abrigariam diferentes
inteligências essas inteligências são chamadas inteligências múltiplas. Em seu
livro de 1983, Estrutura da Mente Gardner apresentou a Teoria das Inteligências
Múltiplas, que reforça sua perspectiva intercultural da cognição humana. As
inteligências são linguagens que todas as pessoas falam e são, em parte,
influenciadas pela cultura em que a pessoa nasceu. São ferramentas para
aprendizagem, resolução de problemas e criatividade que todos os seres
humanos podem usar, são elas a inteligência lingüística, a inteligência lógico-
matemática, a inteligência espacial, a inteligência cinestésico-corporal, a
inteligência musical, a inteligência interpessoal, a inteligência intrapessoal e a
inteligência naturalista. Cada inteligência das muitas que possuímos, tem sua
“janela de oportunidades” claramente definida e, embora essas janelas se abram e
se fechem ao mesmo tempo para todas pessoas, sua abertura e seu fechamento
dependem muito de cada inteligência em especial. Da mesma maneira, como
ninguém consegue efetivamente reduzir seu peso ou ganhar estruturas
musculares para uma grande competição esportiva sem um programa específico,
com metas definidas e procedimentos em ordem progressiva em busca dessas
metas, a implantação de um projeto de estimulação das inteligências múltiplas
necessita de um programa em que sejam definidos objetivos gerais, específicos e
imediatos, e em que se relacionem recursos disponíveis, pessoal, envolvido,
cronogramas, fontes de pesquisa e orientação bibliográfica, estratégias, políticas
de interação com os pais e a comunidade, noções temporais e sistêmicas, e
outros pressupostos em direção as metas propugnadas. Após ter lido livros de
autores como Howard Gardner e Celso Antunes este trabalho tenta justificar a
importância de nossos alunos receberem os diferentes estímulos para desenvolver
suas múltiplas inteligências, pois, se estes objetivos forem realmente
desenvolvidos de uma forma séria e consistente, com certeza colocarão os alunos
em face de constantes desafios, solicitando, a resolução de diferentes e múltiplas
situações e problemas. A cada desafio e problema resolvido, um passo no
caminho de desenvolvimento cognitivo foi dado para expandir-se também para as
áreas motora, afetiva, social, etc. Não podemos esquecer um sujeito integral é
também aquele que se desenvolve psicomotoramente, usa seu corpo na
aprendizagem, resolve problemas com o corpo, libera seus movimentos, assim
como possui emoções que podem e devem ser educadas, tudo isto em um
contexto social. Quero crer que a Teoria das Inteligências Múltiplas possa dar
conta deste todo, colocando a aprendizagem num plano mais amplo, privilegiando
todo o espectro, que o aluno possa colocar o cérebro, o corpo, o coração e a alma
na resolução de problemas. Só desta forma poderemos acreditar na formação de
um sujeito integral.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 7
CAPÍTULO I 9
O QUE É INTELIGÊNCIA? 9
CAPÍTULO II 16
O QUE SÃO INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS? 16
CAPÍTULO III 26
O PAPEL DA ESCOLA E DO PROFESSOR 26
CONCLUSÃO 35
BIBLIOGRAFIA 38
ÍNDICE 39
INTRODUÇÃO
Você tem alguns alunos que conseguem criar belos trabalhos de artes
visuais? Outros tem talento para o esporte, fazendo séries complexas de
movimentos físicos parecerem graciosas e fáceis? Alguns conseguem tocar tão
bem um instrumento musical, que ouvi-los desperta a sensibilidade. Outros podem
vibrar diante do desafio da precisão matemática. Outros podem adorar escrever e
já experimentam ver a emoção de suas próprias histórias ou poemas publicados.
Muitos podem ser líderes naturais, oferecendo exemplos positivos e orientação
confiavel a seus colegas. Outros ainda podem ter insights pessoais sobre quem
são e a que vieram, enquanto procuram atingir objetivos de vida importantes.
Entre os alunos mencionados qual seria o mais inteligente? A pergunta é
impossível de responder, porque cada um dos exemplos representa alunos que
desenvolveram inteligências diferentes. Cada aluno é único e todos, a seu modo,
oferecem contribuições valiosas para a cultura humana.
Este estudo pretende investigar a importância da teoria das inteligências
múltiplas de Howard Gardner , na educação. Nos anos 70 , surgiu a teoria das
inteligências , propondo uma visão mais abrangente sobre a natureza da
inteligência. Segundo ela alem das conhecidas inteligências lógicas e lingüísticas
era preciso considerar outras capacidades como inteligência , como as habilidades
musical , motora e intrapessoal . Dessa forma , a teoria pluraliza a inteligência em
diversas capacidades independentes e mostra que ela não é um problema
subjetivo na verdade , existem diferentes habilidades incomparáveis , ou seja ,
todos são inteligências , pois existem diferentes tipos de inteligências .
O trabalho procura entender a interpretação dada a essa teoria numa escola
da rede privada . Esta teoria não só contribui para expandir e valorizar uma maior
gama de habilidades e talentos do ser humano , mais também demonstra que
temos diferentes maneiras de aprender .
A principal questão tratada nesse trabalho é como a teoria das inteligências
múltiplas vem sendo interpretada numa escola da rede privada o interesse por
esse assunto surgiu das dificuldades enfrentadas pelos professores da escola em
que trabalho e que gostaria de adotar essa teoria como linha de trabalho para o
progresso de aprendizagem de seus alunos . Considerando essa questão , esse
trabalho pretende obter respostas para as seguintes hipóteses: se a escola
poderá fazer uso adequado da teoria das inteligências múltiplas e seus
professores utilizariam essa teoria durante o desenvolvimento das atividades em
sala de aula e de que forma poderá isso acontecer .
O referencial teórico de Antunes (1998) será tomado como base para
responder como a teoria das inteligências múltiplas poderá ser interpretada numa
escola da rede pública municipal. Para Antunes(1998:120) “O ser humano seria
proprietário de oito pontos diferentes de seu cérebro onde se abrigariam diferentes
tipos de inteligências”.
Este trabalho é um estudo de caso que procura entender as
dificuldades enfrentadas por uma escola da rede pública em relação ao uso das
inteligências múltiplas. Acreditando que o tema abordado seja de interesse de
professores, gestores e orientadores educacionais este trabalho pretende abordá-
lo se apropriando do método exploratório com enfoque fenomenológico . Sendo
assim, será feita uma pesquisa bibliográfica explorando livros que enfoquem essa
temática.
Este trabalho será dividido em três capítulos, o primeiro tratará da definição
de inteligência, o segundo dos tipos de inteligências múltiplas segundo Haward
Gardner (1995), o terceiro abordará qual o papel da escola e do professor diante
desse assunto procurando mostrar a importância de estimular o aluno e a escola
em geral, a desenvolverem ao múltiplas inteligências no seu dia a dia e em sua
vida e como deve ser encarada o sistema de avaliação nas escolas atuais.
CAPÍTULO I
O que é inteligência ?
A palavra “inteligência” tem sua origem na junção de duas palavras latinas:
inter = entre e eligere = escolher. Em seu sentido mais amplo, significa a
capacidade cerebral pela qual conseguimos penetrar na compreensão das coisas
escolhendo o melhor caminho. A formação de idéias, o juízo e o raciocínio são
freqüentemente apontados como atos essenciais à inteligência.
Analisando de maneira sucinta as raízes biológicas da inteligência,
descobre-se que ela é o produto de uma operação cerebral e permite ao sujeito
resolver problemas e até mesmo, criar produtos que tenham valor específico
dentro de uma cultura. Dessa maneira, a inteligência serve para nos tirar de
alguns “apertos” sugerindo opções que, em última análise, levam-nos a escolher a
melhor solução para um problema qualquer.
Segundo Nilbo Ribeiro Nogueira (1998), dois estudos merecem destaque
quando se pretende fazer um histórico da evolução das pesquisas relativas à
estrutura da mente e da inteligência.
O primeiro refere-se Franz Joseph Gall, criador da frenologia (teoria
fisiológica) no final do século XVIII que, segundo Damásio (1996, 35), “(...) era
uma curiosa mistura de psicologia primitiva, neurociência e filosofia prática”.
1.1 – Um pouco de história
Gall desenvolve um estudo em que uma de suas fases referi-se à
craniometria, ou seja, tamanho do crânio daria a noção do tamanho do cérebro
que, quanto maior, poderia relacionar-se à maior inteligência e vice-versa.
Embora a frenologia tenha conseguido vários adeptos e caminhado de vento em
popa pelo século XIX, não demora muito para ser contestada em face da
revolução dos estudos da psicologia e da neurologia.
Segundo estudo de grande importância histórica e de conseqüências
marcantes, data do início deste século, quando foi solicitado para Alfred Binet,
psicólogo francês, algum tipo de teste que pudesse medir a inteligência das
crianças francesas e, por conseqüência, seus destinos nos bancos escolares.
Binet, junto com seu colega Théodore Simon, preocupou-se em desenvolver
testes que relacionassem a idade cronológica com a mental, e não queria com
isto, pré determinar o destino destas crianças rotulando-as e determinando seis
caminhos para o resto da vida.
Alguns anos mais tarde, por volta de 1912 o alemão W. Stern resolve dividir
a idade mental (IM) pela cronológica (IC), multiplicando este coeficiente por 100,
donde tirou que: QI = IM/IC.100.
Desta forma, o teste de QI começa a ser desvirtuado de sua idéia inicial,
pois agora começa a mensurar, taxar e rotular o sujeito testado, com um índice.
Mais algum tempo, os americanos Goddard, Terman e Yerkes, deturparam
o trabalho inicial de Binet, chegando inclusive a encará-lo como farto material para
comercialização, como testagem classificatória.
Utilizado pelas Forças Armadas Americanas, ganha fama e começa a ser
difundido todo o mundo.
Aparentemente, seus resultados são visíveis e satisfatórios pois, por
exemplo, aplicado aos alunos candidatos ao ingleso nas universidades
americanas, indica quem possui alto QI, dando passe livre aos bancos
universitários e desclassificando nos de baixo QI.
Aqueles que apresentaram alto QI, cursam as melhores universidades se
saem muito bem nas avaliações propostas, demonstrando desta forma a
veracidade do teste de QI.
Mas, como ficavam aqueles que com baixo QI, não cursaram as
universidades ?
Se sairmos em busca desta resposta, lutaremos que estes provavelmente
podem possuir boas posições e/ou que são bons profissionais nas áreas
escolhidas, embora isto não seja uma regra e aqueles que cursaram as
universidades, mesmo possuindo esta variável, não necessariamente possui este
perfil.
No primeiro momento de análise fria, poderíamos concluir que o teste de QI
não determina um futuro de sucesso.
1.2 – Definição na visão de Antunes
Segundo Antunes (1998), o mundo sobre os mistérios da inteligência é
muito intrigante e desafiador. Desde a antigüidade, muitos filósofos gregos já se
questionavam e produziam textos sobre o tema deixando para as gerações
seguintes um ligado de perguntas referentes a sua natureza. Sócrates, em 400 a
C., procurou saber quem era a pessoa mais sábia do mundo e, para tanto, testou
o conhecimento das pessoas para responder a essa pergunta. Desde então, o
desafio de testar indivíduos e determinar sua classificação continua.
Em sua obra, Antunes (1998) revela que só no final do século XIX os
pesquisadores aprofundaram seus estudos de forma mais sistemática,
embasando-se na psicologia, educação, sociologia, medicina, etc. Nestes 100
anos, muitas pesquisas apresentaram explicações sobre o funcionamento do
pensamento na mente humana, em termos neurológicos e psicológicos. Os
estudos aprofundaram-se em diversas direções e propuseram explicações que
consideram a inteligência desde de um Dom divino, até um complexo sistema de
reações bioquímicas, com os milhões de neurônios do cérebro. Alguns abordaram
a capacidade de adaptação de comportamentos e as heranças biológicas e
sociais, baseando-se na teoria da evolução, outros concentram-se na
compreensão da linguagem na construção de símbolos e significados. Hoje
profissionais de várias áreas do conhecimento mostram-se interessados no
assunto, usando pesquisas neurológicas e equipamentos avançados. No entanto,
mesmo com muitos estudos e testes de laboratórios, as dúvidas continuam.
Como primeira tentativa para definir inteligência, buscou-se a definição de
dicionário: inteligente é a pessoa que tem a facilidade de aprender, aprender e
compreender facilmente (mini dicionário Aurélio, 1989:395).
Entretanto, essa generalização é bastante simples e imprópria, pois todo ser
humano, difere-se dos demais animais irracionais justamente devido a essa
capacidade.
Se a definição do dicionário não basta para conceituar e qualificar as
características de inteligência dos indivíduos, outra tentativa é relacionar a
inteligência com a presteza em acumular informações; a retenção das mesmas, e
a capacidade de buscar rapidamente essas informações na memória .
Issac Asinov (1992) questiona a tentativa de classificação de indivíduo
inteligente. Pois isso envolve muita subjetividade e cultura. Segundo ele, essa
noção popular de inteligência é equivocada. Uma pessoa pode apresentar as
mesmas características acima e dar mostras de ser bastante ignorante. Como
exemplo, uma demonstração de alta memorização de datas, fatos, nomes e
números, quando decorado, pode não ter serventia para o dia a dia e
desenvolvimento profissional.
É possível concluir que a definição de inteligência está ligado a uma
avaliação cultural subjetiva. Na escola, os alunos considerados mais inteligentes
são aqueles que obtém as melhores notas nas disciplinas do currículo tradicional
(matemática, física, química, português, história, etc.).
Para conseguir fazer uma análise científica e definir inteligência sem que o
argumento da subjetividade atrapalhe a conclusão, serão apresentadas muitas
teorias que enriquecem a discussão.
Antunes (1998) conta que no século XX, os psicólogos, após qualificar a
inteligência, iniciaram uma discussão e elaboração de testes de inteligência e de
personalidade com o objetivo de quantificá-la, chegando ao índice mais
universalmente divulgado (e mal entendido) quociente de inteligência o QI. Para
isso, usaram um estudo estatístico buscando definir um padrão médio de
performance em relação a certos testes, classificando um indivíduo ao comparar
seu desempenho em relação á média.
Já nos anos 70, surgiu a Teoria das Inteligências Múltiplas, propondo uma
visão mais abrangente sobre a natureza da inteligência lógica e lingüística , era
preciso considerar outras capacidades como inteligências, como as habilidades
musicais, motora e intrapessoal. Desta forma, a teoria pluraliza a inteligência em
diversas capacidades independentes e mostra que ela não é um problema
subjetivo, na verdade, existem diferentes habilidades incomparáveis, ou seja,
todos são inteligentes, pois existem diferentes tipos de inteligência.
Para nortear a discussão e o foco do trabalho, uma das concepções mais
aceitas nas diversas teorias, é a de que a inteligência envolve a capacidade de
solucionar problemas abstratos. Um indivíduo é mais inteligente, à medida que é
capaz de pensar em termos de idéias abstratas. Como aponta Howard Gardner
(1998), o pensamento abstrato pode ser considerado como a capacidade de
perceber relacionamento e padrões, especialmente aqueles não facilmente
detectados pelos sentidos.
A ciência, de maneira geral, vive um momento de euforia. Nunca como
agora mostra-se tão notável e espetacular o desenvolvimento da bioquímica, da
genética e da neurofisiologia. A possibilidade de “abrir” cérebros humanos, ligando
neles sensores que “traduzem” suas operações para um computador, e
tecnologias como o MRI (dispositivo de imagens de ressonância magnética), que
“acendem” áreas neurais quando o cérebro capta sinais exteriores, apontam
novos campos para um extraordinário avanço no estudo da inteligência humana e,
consequentemente, para a resposta à pergunta deste capítulo. Mas um fato é
incontestável: a revelação sobre a estrutura integral da mente e o estudo do
funcionamento da inteligência humana mal tiveram início.
Portanto, seja qual for a resposta que se dará a essa questão, ela é
extremamente limitada e passível de mudanças expressivas nos próximos anos.
Mesmo assim, é possível afirmar com segurança que a inteligência de um
indivíduo é produto de uma carga genética que vai muito além da de seus avós,
mas que alguns detalhes da estrutura da inteligência podem ser alterados, com
estímulos significativos aplicados em momentos cruciais do desenvolvimento
humano.
1.3 - Definição segundo Howard Gardner
A grande maioria das pessoas acredita saber o que é inteligência no
entanto, comete-se um erro comum, que é o de considerar diversos atributos
cognitivos como sendo inteligência.
A Teoria das inteligências múltiplas pluraliza o conceito tradicional.
Atualmente , o termo inteligência vem sendo definido por Gardner(1995) de uma
dessas quatro maneiras:
Ü Capacidade de manipulação interna, a sensibilidade ao
contexto externo, e o relacionamento integrativo entre estes
dois componentes do intelecto.
Ü Capacidade de resolver problemas ou criar produtos
que valorizados dentro de um ou mais cenários culturais.
Ü Capacidade de desenvolver estratégias para encontrar
soluções e lidar com novidades. (Gardner, 1995:2)
Para determinado grupo de pesquisadores, a inteligência é uma só. Na
verdade, ela é um fator único que permeia e modela todas as habilidades de um
indivíduo. Para outro grande grupo de estudiosos. A inteligência é composta de
múltiplos módulos de habilidades interdependentes, mas com relativa autonomia
entre elas. O principal defensor desde último conceito é Howard Gardner, o
propositor da Teoria das Inteligências Múltiplas. Sua insatisfação com a idéia de
QI (quociente de inteligência) e com visões unitárias de inteligência, que focalizem
sobre tudo habilidades importantes para o sucesso escolar, levou Gardner a
redefinir inteligência à luz das origens biológicas da habilidade de resolver
problemas. Segundo Gardner, a revisão de uma pesquisa recente em
neurobiologia novamente sugeriu a presença de áreas no cérebro que
correspondem, pelo menos aproximadamente, a determinadas formas de
cognição; e estes mesmos estudos implicam numa organização neural que prova
ser hospitaleira à noção de diferentes modos de processamento de informações.
Pelo menos nos campos da psicologia e da neurobiologia, o Espírito do Tempo
parece estar aparelhado para identificação das diversas competências intelectuais
humanas.
Mas a ciência jamais pode proceder de forma completamente intuitiva.
Poderíamos realizar todos os testes e experiências psicológicas concebíveis ou
esquadrinhar toda a instalação neuroanatômica que desejássemos e ainda assim
não teríamos identificado as procuradas inteligências humanas.
Nem a ciência jamais produz uma resposta completamente correta e final.
Há progresso e regresso, encaixe e desencaixe, mais jamais a descoberta de uma
pedra de Rosetta, uma única chave para um conjunto de questões interligadas.
Isto tem sido verdade dos mais sofisticados níveis da física e da química. Isto é
ainda mais verdadeiro – podería-se dizer verdadeiro demais – nas ciências sociais
e comportamentais. Então torna-se necessário dizer, de uma vez por todas, que não há e jamais
haverá uma lista única, irrefutável e universalmente aceita de inteligências
humanas. Jamais haverá um rol mestre de três, sete ou trezentas inteligências,
que possam ser endossadas por todos os investigadores. Poderemos nos
aproximar mais desta meta se nos mantivermos apenas em um nível de análise
(digamos, neurofisiológico) ou com uma meta (digamos, previsão de sucesso
numa universidade técnica); mas se buscamos uma teoria decisiva sobre o
alcance da inteligência humana, podemos esperar jamais concluir nossa busca.
Desenvolvida e caracterizada no início da década de 1980, por Howard
Gardner e muito claramente explicada em suas obras, a Teoria das Inteligências
Múltiplas possui atualmente milhares de adeptos e constitui prática pedagógica de
inúmeras escolas do mundo inteiro. (Antunes, 2001:2).
CAPÍTULO II
O que são inteligências múltiplas? Pesquisas recentes em neurobiologia sugerem a presença de áreas no
cérebro humano que correspondem, pelo menos de maneira aproximada, a
determinados espaços de cognição, mais ou menos como se um ponto do cérebro
representasse um setor que abrigasse uma forma específica de competência e de
processamento de informações. Embora seja uma tarefa difícil dizer claramente
quais são essas áreas, existe o consenso de que possam, cada uma delas,
expressar uma forma diferente de inteligência, isto é, de se responsabilizar pela
solução específica de problemas ou criação de “produtos” válidos para uma
cultura.
Essa áreas, segundo Howard Gardner (que publicou pela primeira vez suas
pesquisas em 1983), seriam oito e, portanto, o ser humano seria proprietário de
oito pontos diferentes de seu cérebro onde se abrigariam diferentes inteligências.
Ainda que esse cientista afirme que o número é relativamente subjetivo, são essas
as inteligências que caracterizam o que ele chama de inteligências múltiplas.
Seriam elas a inteligência linguística ou verbal, a lógico-matemática, a espacial, a
musical, cinestésica corporal, a naturalista e as inteligências pessoais, isto é a
interpessoal e a intrapessoal.
A esse número, o professor brasileiro Nilson Machado, doutor em educação
pela Universidade de São Paulo, onde leciona desde de 1972, ex-professor
visitante do Instituto de Estudos Avançados da USP, no programa “Educação para
a cidadania”, em uma de suas obras (1996) ainda acrescenta mais uma, no caso,
a nona, que seria a inteligência pictórica. Ao estabelecer uma linha de relação
entre as inteligências propostas por Gardner, identifica como elos de
complementaridade os pares linguístico-lógico-matemático, intra e interpessoal,
espacial-cinestésico corporal e competência musical-pictórica. Reforça essa
composição, desenvolvida antes que Gardner anunciasse a inteligência
naturalista, lembrando que os recursos pictóricos tornam-se elementos
fundamentais na comunicação e na expressão de sentimentos, manifestando
personalidades características ou revelando sintomas diversificados de
desequilíbrios psíquicos. (Antunes, 2001).
Ainda que não modifiquem os tradicionais conceitos sobre inteligência, essa
visão de Gardner, altera a compreensão sobre como aprendemos e não
aprendemos e não aprendemos. Derruba-se o mito de que a transmissão de
informações pode tornar pessoas receptoras, mais inteligentes e descobre-se que,
na realidade, abrigamos um elenco extremamente diversificado de diferentes
inteligências, cada uma das quais “se aplicado através de um projeto e nas idades
convenientes”, altera profundamente a concepção que o ser humano faz de si
mesmo e os limites de suas possibilidades. Segundo Gardner (1985:13):
Ü Esta é uma visão pluralista da mente, reconhecendo
muitas facetas diferentes e separadas da cognição,
reconhecendo que as pessoas tem formas cognitivas
diferenciadas e estilos cognitivos contrastantes.
Segundo Gardner (1985:14), “as inteligências são independentes em grau
significativo”. Por exemplo, a pesquisa sobre adultos com dano cerebral
demonstra repetidamente que determinadas faculdades podem ser perdidas,
enquanto outra são poupadas. Esta independência das inteligências significa que
um outro nível de capacidade em uma inteligência não requer um nível igualmente
alto em outra inteligência. 2.1 Tipos de Inteligências múltiplas
Segundo Gardner (1995), haveria oito tipos de inteligências múltiplas, a
saber: Inteligência Linguística ou verbal, Inteligência Lógico-matemática,
Inteligência espacial, Inteligência físico-cinestésica , Inteligência sonora ou
musical, Inteligência intrapessoal, Inteligência interpessoal e Inteligência
naturalista.
- Inteligência Linguística ou verbal
A primeira inteligência a que Gardner se refere é a Inteligência linguística ou
verbal. Essa inteligência, na visão de Gardner caracteriza-se por extrema
sensibilidade a estrutura, som significado e funções da palavra na linguagem. É a
habilidade para usar a linguagem para convencer, agradar, estimular ou transmitir
idéias. Em crianças, esta habilidade, se manifesta através da capacidade para
contar historias originais ou para relatar, com precisão experiência vivida. “É
extremamente marcantes em poetas, escritores, advogados, atores, oradores,
políticos, professores e outros que fazem da palavra e das sentenças verdadeiras
peças com as quais edificam a beleza do falar” (Gardner, 1985:15). A inteligência
linguística ou verbal se manifesta pela facilidade em organizar palavras em uma
sentença e pelo sentido de verdadeiro “arquitetura” com as palavras em uma
sentença. Segundo Gardner (1985:22):
Ü Os estímulos para essa inteligência, se desenvolvidos
enquanto um projeto que prevê continuidade e frequência,
levam as pessoa a se expressarem com maior lucidez e
clareza e dessa forma fazer do instrumento de sua fala um
meio de sua plena inserção na realidade de seus sonhos e
das relações interpessoais.
É evidente que a expressão dessa inteligência, quando se manifesta em
pessoas mais estimuladas pela educação, caracteriza genialidades como a de
Shekespeare, Dante Lighieri, Cervantes, Camões, Dostoievski, e muitos outros.
Na sua capacidade de arrumar palavras e emprestar sentido de verdadeira
arquitetura as mensagens, revela-se sua grande inteligência linguística-verbal.
- Inteligência Lógico - Matemática
Segundo Antunes (2001) é a inteligência dos engenheiros e projetistas.
Manifesta-se pela capacidade e sensibilidade para discernir padrões lógicos ou
numéricos e a capacidade de trabalhar com longas cadeias de raciocínio. Quando
estimulado seu desenvolvimento, estruturam na pessoa novas formas sobre o
pensar e uma percepção apurada dos elementos da grandeza, peso, distancia,
tempo e outros elementos que envolvem nossa ação sobre o ambiente. Podemos
citar como exemplo portadores dessa inteligência: Einstein, Bertrand, Russel,
Euclides e Pitágoras.
A competência que Gardner define como “Inteligência Lógico-matemática”
desenvolve-se no confronto do sujeito com o mundo dos objetos. Essa forma de
inteligência, portanto, manifesta-se na facilidade para o cálculo, na capacidade de
perceber a geometria dos espaços, na prazer específico que algumas pessoas
sentem ao “descansar” resolvendo um “quebra-cabeça” que requer pensamento
lógico.
Gardner acredita que certas áreas do cérebro são mais importantes que
outras no calculo matemático. “Há idiotas sábios que realizam grandes façanhas
de cálculos, mesmo que continuem sendo tragicamente deficientes na maioria das
outras áreas” (1985:25). Desenvolvimento desta inteligência nas crianças foi
cuidadosamente documentado, por Jean Piaget e outros psicólogos.
- Inteligência Espacial
Na visão de Gardner(1985:26), “a inteligência espacial é a capacidade de
formar um modelo mental de um mundo espacial e ser capaz de manobrar e
operar utilizando esses modelos”. Nessa inteligência destaca-se a capacidade de
perceber, com relativa exatidão, o mundo visual-espacial e de realizar
transformações nessas percepções. Esta muito ligada para criatividade e a
concepção, no plano espacial, de sólidos geométricos, marcantes em marinheiros,
cirurgiões, arquitetos, publicitários e inventores. Associa-se também a própria
compreensão do espaço como um todo e a orientação da pessoa em seus limites.
É a habilidade para manipular formas ou objetivos mentalmente e, a partir das
percepções iniciais, criar tensão, equilíbrio e composição, numa representação
visual ou espacial. Antunes(2001)diz que em crianças pequenas, potencial
espacial nessa inteligência é percebido através da habilidade para quebra-cabeça
e outros jogos espaciais e a atenção há detalhes visuais. Voltando a
Gardner(1985:26):
Ü O estímulo a esse sistema neuronial desperta a
pessoa para a compreensão mais ampla do espaço físico e
temporal onde vive e convive e sensibiliza para a
identificação de suas referências de belezas e fantasia. As
áreas cerebrais básicas de sua ação alcançariam regiões
posteriores do hemísfério direito. Um dano nas regiões
posteriores direitas provoca prejuízo na capacidade de
encontrar o próprio caminho em torno de um lugar, de
reconhecer rostos ou cenas, ou de observar pequenos
detalhes. - Inteligência físico-cinestésica
A Inteligência corporal-cinestésica inclui a capacidade de unir o corpo e a
mente para o desempenho físico perfeito. Começando com o controle de
movimentos automáticos e voluntários, a inteligência cinestésica progride para
usar nosso corpo de maneira extremamente diferenciadas e complexas. Todos os
desempenhos talentosos requerem um agudo senso rítmico e a transformação da
intenção em ação. A inteligência cinestésica extremamente desenvolvida é
percebida com facilidade, quando observamos atores, atletas ou dançarinos. È
também evidente em inventores, joalheiros, mecânicos e outros que trabalham
com habilidade das mãos ou com objetos. A inteligência cinestésico-corporal é a
base do conhecimento humano, pois é através de nossas experiências sensório-
motoras que experimentamos a vida.
As atividades físicas concentram a atenção do aluno na sala de aula e
auxiliam a memória, codificando a aprendizagem através da neuromusculatura do
corpo. Todos nós possuimos uma “memória muscular” que pode ser efetivamente
aplicada à aprendizagem de disciplinas escolares.
Robert Mckim, em seu livro Experiences in Visual Thinking, descreve da
seguinte maneira o poder do raciocínio cinestésico:
Ü Considere o escultor que pensa com a argila, o químico
que pensa manipulando modelos moleculares
tridimensionais, ou o projetista que pensa reunindo e
reorganizando composições de papelão. Cada um deles está
pensando pela visão, tato e manipulação de materiais,
externando seus processos mentais em um objeto físico.
O raciocínio exteriorizado tem várias vantagens sobre o raciocínio
internalizado. Primeiro, o envolvimento sensorial direto com os materiais
proporciona uma alimentação sensorial – literalmente “alimento para o raciocínio”.
Segundo pensar enquanto se manipula uma estrutura real possibilita a ocorrência
de descobertas agradáveis – o acidente feliz, a descoberta inesperada. Terceiro,
pensar no contexto direto da visão, do toque e do movimento envolve uma
sensação e imediatismo, de realidade e de ação.
Finalmente, a estrutura do raciocínio externado proporciona um objeto para
a contemplação crítica, assim como uma forma visível que pode ser compartilhada
com um colega ou até mesmo mutuamente formulada.
Segundo Gardner, aqueles que tem a capacidade para usar o seu corpo
inteiro ou partes dele, como as mãos, por exemplo, para resolver problemas tem
a inteligência cinestésica bem desenvolvida. Atletas, dançarinos, coreógrafos,
mímicos, atores, cirurgiões e artesãos exibem graus elevados de inteligência
corporal-cinestésica. É importante que ter habilidade em um domínio cinestésico
não indica necessariamente talento em outro. Por exemplo, um indivíduo pode ser
bem dotado na arte da mímica e possuir pouco ou nenhum talento para esportes
ou trabalhos manuais.
Antunes conta em sua obra(2001), que a característica essencial dessa
inteligência é a capacidade de usar o próprio corpo de maneira altamente
diferenciada e hábil para propósitos expressivos que, em última análise,
representam solução de problemas. Outro elemento marcante dessa forma de
inteligência é a capacidade de trabalhar habitualmente com objetos, tanto os que
envolvem a motricidade dos dedos quanto os que exploram o uso integral do
corpo. Presente em atletas de diferentes modalidades esportivas, é bastante
desenvolvida também em instrumentistas e muitos outros. Dessa maneira,
Garrincha, tão limitado em sua oralidade e em seu domínio conceitual concreto, é
exemplo extraordinário de portador dessa inteligência, como também Pelé, Zico,
Nureyev, Baryshnikov e inúmeros outros.
- Inteligência Sonora ou Musical
A inteligência sonora ou musical, associa-se a percepção do som não como
um componente do ambiente, mas por sua unidade e linguagem. Marcante em
pessoas como Mozart, Beethoven, Liszt e outros gênios musicais, alcança
também pessoas comuns que percebem o som através da singularidade
específica de suas muitas nuanças e linguagens. Destaca-se pela capacidade em
se produzir e apreciar ritmos, tons, timbres e identificar diferentes formas de
expressividade na música ou nos sons em geral. “As áreas cerebrais básicas de
sua ação alcançariam o lobo temporal direito”. (gardner;1985:23).
Considerando o elenco das inteligências de uma pessoa, a mais facilmente
identificado, mas também a mais rotulada é a inteligência musical. Ainda que não
se considere em geral essa competência, como inteligência, com freqüência , ela
é considerada um talento.
A inteligência musical e as demais inteligências, não podem ser confundidas
como um talento. Sua competência se manifesta desde muito cedo. Pela
facilidade em identificar sons diferentes e perceber as nuanças. Esta inteligência
percebe com clareza o tom ou a melodia, o ritmo ou a freqüência e o agrupamento
dos sons e suas características intrínsecas, geralmente denominadas de timbre.
Ao ver de Antunes(2001:58), “O desenvolvimento da inteligência musical envolve
os seguintes componentes: memória tonal, léxico musical, ritmo e timbre de cada
som”.
O estímulo a musicalidade pode, e deve ser feito desde os primeiros meses
de idade: Gardner(1983) cita Mechthild e Hanus Papusek e seus estudos, que
revelam que bebês de dois meses são capazes de igualar a altura, o volume e o
contorno melódico das canções de suas mães e que bebês de quatro meses
podem adequar-se à estrutura rítmica também. - Inteligência Intrapessoal
Segundo Gardner (1985), existe e percebe-se uma acentuada diferença
entre a inteligência intrapessoal e as outras formas de inteligências já
apresentadas. A primeira dessas diferenças é que os sistemas simbólicos de sua
representação constituem interpretações particulares de cada cultura. Outra
diferença ocorre no fato da estreita ligação entre a inteligência intrapessoal e
interpessoal. Para Antunes(2001), em outros casos, existe identificação e
similaridade, por exemplo, entre a lingüístico - matemática, a espacial e a
cinestésica corporal, a pictória e a musical, mas esses eixos de ligação são mais
tênues do que os existentes entre as duas inteligências pessoais. É evidente que
cada uma das inteligências pessoais apresenta características específicas, mas
essas duas formas de conhecimento encontram-se intimamente misturadas em
todas as culturas e o estímulo de uma se associa ao da outra. Outra diferença
entre essas inteligências, muito bem destacadas por Gardner(1995), é que
censuras em torno de patologias nesses campos costumam ser bem mais fortes
do que as que se aplicam em transtornos de outras formas de inteligências.
- Inteligência Interpessoal
Para Gardner(1985:15), “a inteligência interpessoal e a capacidade de
compreender outras pessoas: o que as motiva, como elas trabalham, como
trabalhar cooperativamente com elas”. Baseia-se na capacidade natural de
perceber distinções nos outros; particularmente, contrastes em seus estados de
ânimo, suas motivações, suas intenções e seu temperamento. As pessoas que se
preocupam bastante com a aparência, com a maneira de combinar as peças de
sua roupa, com seus desempenho social mesmo entre pessoas próximas, e com a
intensidade com que são positivamente lembradas pelos outros revelam essa
forma de inteligência “em alta”. Em níveis mais profundos, essa inteligência
permite que adultos e adolescentes identifiquem intenções, simulações e desejos
em outras pessoas, mesmo que elas não o tornem muito explícitos. Essa
competência é patente em líderes religiosos, em políticos carismáticos, em
professores, terapeutas e em certos tipos de escritores. Certamente Gandhi, é
uma expressão evidente da inteligência interpessoal.
Segundo Antunes(2001), a “morada” dessa forma de inteligência, sempre
associada a intrapessoal, são os lobos frontais, e traumas nessa área podem
acentuar mudanças atitudinais e reversão da personalidade, sem que alterem
outras formas de inteligência. O mal de alzheimer, ao atacar zonas cerebrais
posteriores, altera de forma quase irreversível a capacidade espacial, lógico-
matemática e lingüística, mas deixa seus pacientes extremamente sensíveis ao
“incômodo” que essas perturbações atingem as pessoas ao seu redor, sobre tudo
as que mais estimam.
- Inteligência Naturalista
A inteligência Naturalista ou Biológica, foi cronologicamente identificada por
Gardner. Essa inteligência não aparece descrita nas primeiras obras de Howard
Gardner. No Brasil, sua primeira revelação surgiu de uma entrevista concedida
por Garner para o jornal da tarde(1996). Nessa entrevista, o pesquisador norte-
americano afirma:
Ü Eu agora, na verdade, falo sobre oito tipos de
inteligências. A oitava inteligência tem a ver com o mundo
natural: ser capaz de entender diferenças entre tipos de
plantas, de animais. Todos nós as temos no nosso cérebro.
Antunes(1998:61).
A inteligência naturalista diz respeito à competência para perceber a
natureza de maneira integral e sentir processos de acentuada empatia com
animais e com plantas. Inteligência acentuada em pessoas como Burle Marx,
Darwin e outros naturalistas que vivem em relação intensa e apaixonante com a
natureza e que possuem extrema sensibilidade para identificar e entender a
paisagem nativa.
Segundo Antunes(1998), parece muito nítido o efeito dos estímulos no
desenvolvimento da inteligência naturalista. Uma criança que cresce no campo,
em contato com os animais e plantas e tem como companheiros pessoas ligadas
com a natureza, geralmente diferencia-se bastante de outras que, emparedadas
em construções.
CAPÍTULO III
O Papel da Escola e do Professor
Por muito tempo, acreditou-se que todo o processo de ensino fixava-se na
figura do professor. Essa visão fez com que o ensino ganhasse autonomia sobre
a aprendizagem e alguns métodos de ensino passassem a ser usados
indistintamente, como se sua eficiência garantisse a aprendizagem de todos.
Essa concepção, atualmente está superada.
Hoje, a visão é contrária: percebe-se a importância da associação da
eficiência do ensino com a compreensão de como se processa a aprendizagem, e
descobre-se que, sem aprendizagem o ensino não se consuma. Essa posição
ressalta o valor da perspectiva construtivista da aprendizagem e redefine o papel
do professor, não mais um informador que, detendo o conhecimento, transmite-o
ao aluno, que leva este último a tomar consciência das necessidades postas pelo
social na construção de sues conhecimentos com base no que já conhece. Em
sua obra, Antunes (1998:49) ressalta que:
Ü O papel do novo professor é o de usar a perspectiva de
como se dá a aprendizagem, para que, usando a ferramenta
dos conteúdos postos pelo ambiente e pelo meio social,
estimule as diferentes inteligências de seus alunos e os leve
a se tornarem aptos a resolver problemas ou, quem sabe,
criar “produtos” válidos para seu tempo e sua cultura.
Gardner (1995:16) propõe um novo conjunto de papéis para os educadores
numa escola que procura adequar os indivíduos aos vários tipos de vida e de
opções de trabalho existentes em sua cultura a saber:
“Especialistas em avaliação – a tarefa dessas pessoas seria a de tentar
entender as capacidades e interesses dos alunos de uma escola. A grande
missão dessas pessoas seria de usar, em avaliação “instrumentos justos para com
inteligência”.
“Agente escola-comunidade” – A tarefa dessa pessoa seria encontrar
situações na comunidades para crianças que apresentam “perfis cognitivos
incomuns”; ou seja, o agente da escola comunidade poderia identificar as
crianças, que não brilham nos testes padronizados pelas escolas encontrar
colocações na comunidade, que lhes dariam chance de brilhar.
“Professores-mestres” – Essa tarefas envolveria, antes de tudo,
supervisionar e orientar os professores inexperientes. Faria parte da missão do
professor-mestre também assegura um perfeito equilíbrio entre aluno, avaliação,
currículo e comunidade, interferindo e sugerindo maneiras de melhorar as coisas.
Menos importante do que o papel formal do professor, é a reflexão das
qualidades que devem buscar em si mesmos. Não existem professores “prontos”
para desenvolver estímulos das múltiplas inteligências, mas Antunes (1998:108),
faz uma listagem de elementos básicos para formação de professores que se
acreditam pessoas em formação:
Ü Mentalidade aberta para aceitar, com humildade mas
entusiasmo e ousadia, sua potencialidade para essa missão.
Ü Sensibilidade e prazer autêntico em se relacionar com
outras pessoas e em se acreditar disposto a ajudar o aluno a
se construir.
Ü Postura investigativa e estudiosa e a certeza de que
não existem limites para o aprender. Já reiteramos que o
oposto a essa presença aparece no professor prepotente,
proprietário irredutível da verdade e crente e fiel na
propriedade de seus “achismos”.
Ü Elevado censo crítico associado à segurança para
aceitar limitações, rever procedimentos e reformular-se com
base em novas descobertas.
Ü Desprendimento intelectual ou ausência de “ciúme” em
tornar pública suas descobertas e as estratégias dos bons
resultados que colhe em seu trabalho com o aluno.
Ü Organicidade científica que o leve a anotar
criteriosamente seus progressos e manter vivos e
atualizados seus “diários de pesquisa” nas atividades
desenvolvidas com as classes.
Ü Serenidade para aceitar as limitações materiais e até de
credibilidade do ambiente. Certamente, todos quantos
aceitam um novo desafio despertam inquietações e precisam
resistir ao desejo de uma identidade com os medíocres.
Essa redefinição do papel do educador traduz uma certeza e desperta uma
angústia. A certeza é de que sua função social, muito mais do que antes, é
primordial para a humanidade e que sua missão se identifica com a garantia da
construção de um homem melhor e, portanto, de um mundo mais digno.
As mudanças de paradigmas trazidas por essa nova visão da inteligência
interferem no tema educação e trazem novas linhas de procedimento para que a
escola convencional acrescente ás funções instrucional, socializadora e preparada
para o mundo do trabalho uma outra, voltada para o estímulo e educação cerebral
e assim, progressivamente, possa ir se transformando em um centro estimulador
de inteligências.
Não parece difícil associar as idéias de inteligência e de felicidade e seu
estímulo ao papel da escola neste nascer de um novo milênio. A escola, como
centro transmissor de informações, já não se justifica. Afinal de contas, esse
centro pode e deve ser substituído por outros, menos cansativos, menos onerosos
e, principalmente, mais eficientes. A figura da criança ou mesmo do adolescente
indo a, uma escola para colher informações é tão antiquada e patética quanto a do
indivíduo que precisa se levantar para mudar o canal da televisão. Os tempos
agora são outros. Não necessariamente melhores ou piores, mas diferentes. Não
basta acumular conhecimentos para depois usufruir deles. É essencial aproveitar
e explorar, pela vida inteira, todas as possibilidades do aprendizado. Segundo
Gardner (1995:16):
Ü O propósito da escola deveria ser o de desenvolver as
inteligências e ajudar as pessoas a atingirem objetivos de
ocupações e passatempos adequados ao seu espectro
particular de inteligência. As pessoas que são ajudadas a
fazer isso, se sentem mais engajadas e competentes, e
portanto prontas para servirem a sociedade de uma maneira
mais construtiva.
As escolas em sua estrutura curricular tradicional tendem a privilegiar as
inteligências lógico-matemática e verbal lingüística em detrimento das demais
inteligências. Segundo Gardner (1995:33): Um foco exclusivo nas capacidades
lingüísticas e lógica na instrução formal para prejudicar os indivíduos com
capacidade em outras inteligências.
Na teoria das inteligências múltiplas, uma inteligência serve tanto quanto
conteúdo da instrução quanto como meio para comunicar aquele conteúdo. Por
exemplo, suponha que uma criança está aprendendo algum princípio matemático
mas não é muito dotada na inteligência lógico-matemática. Essa criança
provavelmente terá certa dificuldade durante o processo de atividade pois o
princípio matemático a ser aprendido (conteúdo) existe apenas no mundo lógico-
matemático e deve ser comunicado através da matemática (meio). A linguagem
pode ser a alternativa mais obvia (podemos considerar também a inteligência
espacial e a cinestésico-corporal) como rota secundária para a solução da
dificuldade de aprendizagem.
O papel da escola renova-se com estudos e descobertas sobre o
comportamento cerebral e, nesse contexto, a nova escola é a que assume o papel
de “central estimuladora da inteligência”. Se a criança não precisa ir à escola para
simplesmente aprender, ela necessita da escolaridade para “aprender a aprender”
desenvolver suas habilidades e estimular suas inteligências. O professor não
perde espaço nesse novo conceito de escola. Ao contrário, transforma a sua na
mais importante das profissões, por sua missão de estimulador da inteligência e
agente orientador da felicidade. Perdeu seu espaço, isto sim, a escola e, portanto,
os professores, que são simples agentes transmissores de informações. É
importante que os educadores se conscientizem da importância de estimular o
aluno e a escola, em geral, a desenvolverem as múltiplas inteligências no seu dia
a dia e em sua vida.
Uma escola aberta aos estímulos das inteligências múltiplas não pode
negligenciar sessões de canto, culto a hinos, bandinhas rítmicas, aulas de teclado
ou de flauta doce, e muitas outras formas de estimulação. Associando a
inteligência musical a cinestésica corporal, parece-nos válido que a escola
proponha “aulas de dança” e, principalmente, leituras de como musicas e danças
expressam outras formas de cultura.
3.1 - Estimulando as Inteligências Múltiplas
A implantação de um programa em que sejam definidos objetivos gerais,
específicos e imediatos, em que se relacionem recursos disponíveis, pessoal
envolvido, cronogramas, fontes de pesquisa e orientação bibliográfica, estratégias,
políticas de interação com os pais e a comunidade, noções temporais e
sistêmicas, estratégias e outros pressupostos em direção a metas propugnadas.
Essa visão de estímulos liga-se naturalmente a idéia de uma educação das
inteligências em um ambiente institucional. Em casa, pais, avós, irmãos podem
assumir o papel de agentes estimuladores se também adotarem a idéia de um
programa associado às atividades do cotidiano da criança. Dessa maneira,
podem programar recreações estimulantes solicitando à criança a criação de
imagens verbais, desafios lógico-matemático intrigantes, como tangran, labirinto,
sete erros, programa de aprimoramento progressivo da audição, da concentração,
do olfato ou do paladar. A primeira grande sala de aula de uma criança deve ser o
seu berço, rico em múltiplos brinquedos desafiadores, como móbiles, jogos de
encaixe, instrumentos sonoros, figuras coloridas e outros.
Para Antunes(2001:21), “estimular e desenvolver inteligências de forma
alguma implica em deixar de ensinar conteúdos”. Nada pode ser ensinado,
desvinculando-se de um certo conhecimento que se estrutura no que chamamos
de “conteúdo”. A diferença que realmente existe em se trabalhar inteligências e
competências em sala de aula está na forma diferente com que as informações
são trabalhadas, atribuindo-lhes um significado, enchendo-as de uma
contextualização com a vida e com o espaço no qual o aluno se insere. Uma
coisa e ensinar a Revolução francesa como quem descreve um cenário preso a
uma época que passou, outra é descobri-la nas notícias de jornal ou nos
noticiários de televisão. Trabalhar inteligências não é ir passando de um capítulo
a outro, é antes, trabalhar internamente esses capítulos para perceber onde seus
temas se refletem no cotidiano, de forma que seus saberes permitam a geração
de situações-problema.
Reter informação não é tão importante quanto saber lidar com a mesma e
dela fazer um caminho para solucionar problemas, aprender não é estocar
informações, mas transformar-se reestruturando passo a passo o sistemas de
compreensão do mundo.
Segundo Antunes(1998:22):
Ü Embora os estímulos de diversas etapas das
inteligências não precisem de recursos específicos, a não ser
de uma descrição verbal simples ou de um diagrama
rabiscado no quadro, as maneiras formais de estimulação da
inteligência incluem desde sistemas simbólicos articulados,
como as disciplinas curriculares até a variedade crescente de
meios, incluindo manuais, livros didáticos, mapas, revistas e
jornais, vídeos e computadores e até salas ambientes.
3.2 – Avaliação Escolar em Escola que Trabalha com Inteligências
Múltiplas
O estímulo das inteligências múltiplas não deve estar limitado a uma
avaliação que toma como referências o valor máximo e que tem como polo de
referência a expressão de resultados em notas que funcionam como verdadeiras
“medidas” de aprendizagem, tornou-se prática habitual. Nas escolas atuais.
Criou-se falsa e perniciosa cultura de que o saber se conhece como peso de um
produto em uma balança, e que as inteligências, assim, possam ser medidas.
Essa mentalidade precisa ser substituída e novos estudos sobre a ação da mente
sobre a informação destacam que a aprendizagem se constrói não pôr acúmulo
inatista mas pôr flexibilidade na maneira de encarar um problema e pensar
soluções.
O único paradigma de uma avaliação consciente é o progresso que o aluno
revela no uso de conexões, no emprego de habilidades, no poder de construir
novas contextualizações, na sensibilidade para perceber linguagens diferentes.
Bem mais válida é a adoção de um sistema de avaliação que use como polo
de referência o desempenho do aluno e assim o mesmo seja percebido em
relação aos progressos que ele apresenta e não aos resultados que alcança.
Dessa forma, boletins que fixam resultados necessitam ser substituídos pôr
relatórios, gráficos de freqüência, e outros elementos da conquista dos alunos.
Antunes(1998:110) alegue que “os melhores resultados obtidos nesse campo
indicam claramente que devem, esses boletins serem substituídos pôr “portfólios”,
verdadeiras pastas individuais que contenham ampla e diversificada relação de
“produções” do aluno, enfatizando bem mais sua evolução no domínio de
habilidades e na capacidade de fazer delas “ferramentas” para a solução de
problemas do que a eventual e muitas vezes desnecessárias retenção de
informações.
Gardner(1995:34) cita um trecho de uma palestra realizada em 1980 por
Robert S. McNmara, então presente do Banco Mundial:
Ü desenvolvimento claramente, não é o progresso
econômico medido em termos de produto nacional Bruto.
Ele é algo muito mais básico: é essencialmente o
desenvolvimento humano ou seja, a realização do indivíduo e
de seu potencial inerente.
Essas palavras parecem dar a exata importância do uso das inteligências.
Esse uso pode nos levar a obter maior prestígio profissional, e definir com mais
clareza o sentido de nossa atividade humana, na comunidade mais seguramente,
não é essa a grande meta de um crescimento mais consistente das inteligências
múltiplas.
Essa meta é essencialmente o desenvolvimento humano, o crescimento da
pessoa para ela mesma e para suas relações, a consciência de que possui um
grande potencial genético, e que, portanto, tem grande potencial para usufruir de
todo o encanto do mundo. A descoberta de que o ser limitado, restrito e
pequenino em que a visão da inteligência geral nos fez acreditar sofre profundas
modificações com estudos neurológicos recentes. Surge a descoberta de uma
nova criatura, estimulável em múltiplas inteligências. O homem limitado e restrito do início do
século XX é gloriosamente substituído pela ciência do século XIX por um novo
homem, múltiplo, holístico, ilimitado na capacidade de expansão do seu cérebro.
Alguém que se quiser, tem muito pouco a perder e todo um futuro a ganhar
(Antunes 1998:134). O que se pretende com um programa de desenvolvimento das
inteligências múltiplas é resgatar uma imensa quantidade de estratégias e
métodos presentes em diferentes culturas, e levá-los aos convencionais, em
escolas institucionalizadas, por meio da aceitação do paradigma da construção da
aprendizagem.
3.3 – Análise dos Autores Enfocados na Temática
Segundo os autores pesquisados – Antunes (1998), Freire (1997), Nildo
(1998) e Gardner (1995) – um indivíduo é mais inteligente à medida em que é
capaz de pensar em termos de idéias abstratas. Como aponta Howard Gardner
(1998), o pensamento abstrato pode ser considerado como a capacidade de
perceber relacionamentos e padrões, especialmente aqueles não facilmente
detectados pelos sentidos.
Gardner (1998) é defensor da seguinte teoria: para determinado grupo de
pesquisadores, a inteligência é uma só. Na verdade, ela é um fator único que
permeia e modela todas as habilidades de um indivíduo. Para outro grande
grupos de estudiosos a inteligência é composta de múltiplos módulos de
habilidade interdependentes, mas com relativa autonomia entre elas. Este
conceito foi denominado por Gardner (1998) de Teoria das Inteligências Múltiplas.
Sua insatisfação com a idéia de QI (quociente de inteligência) e com visões
unitárias de inteligência, que focalizam sobretudo habilidades importantes para o
sucesso escolar levou Gardner a redefinir inteligência a luz das origens biológicas
da habilidade de resolver problemas.
Para Antunes (2001), estimular e desenvolver inteligência de forma alguma
implica em deixar de ensinar conteúdos. Nada pode ser ensinado, desvinculando-
se de um certo conhecimento que se instrutura o que chamamos de “conteúdo”.
Freire (1997) concorda com Antunes (2001), no que diz respeito a diferença que
realmente existe em se trabalhar inteligências e competências em sala de aula.
Segundo ambos, essa diferença está na forma diferente com que as informações
são trabalhadas, atribuindo-lhes um significado, enchendo-as de uma
contextualização com a vida e com espaço no qual o aluno se insere.
Todos os autores concorda que o objetivo de um programa de
desenvolvimento das inteligências múltiplas e resgatar uma imensa quantidade de
estratégias e métodos presentes em diferentes culturas, e levá-los aos
convencionais, em escolas institucionalizadas por meio da aceitação do
paradigma da construção da aprendizagem.
CONCLUSÃO
O tema abordado, “inteligência”, que decididamente são múltiplas,
classificando-as e diferenciando-as a fim de esclarecer e ampliar o conhecimento
neste assunto. Este estudo pretendeu analisar de maneira sucinta as raízes
biológicas da inteligências, descobre-se que ela é um produto de uma operação
cerebral e permite ao sujeito resolver problemas e, até mesmo, criar produto que
tenham valor específico dentro de uma cultura. Dessa maneira, a inteligência
serve para nos tirar de alguns “apertos” sugerindo opções que, em ultima análise,
levam-nos a escolher a melhor solução para um problema qualquer.
Segundo estudos, não nos parece difícil associar idéias de inteligência e de
felicidade e seu estímulo ao papel da escola neste nascer de um novo milênio. A
escola, como centro transmissor de informações, já não se justifica. Afinal de
contas, esse centro pode e deve ser substituídos por outros, menos cansativos,
menos onerosos e, principalmente mais eficientes. A figura da criança ou mesmo
do adolescente indo a uma escola para colher informações é tão antiquada e
patética quanto a do indivíduo que precisa se levantar para mudar o canal da
televisão.
O papel da escola, entretanto, renova-se com estudos e descobertas sobre
o comportamento cerebral e, nesse contexto, a nova escola é a que assume o
papel de “central estimuladora da inteligência”. Se a criança já não precisa ir a
escola para simplesmente aprender, ela necessita de escolaridade para “ aprender
a aprender”, desenvolver suas habilidades e estimular suas inteligências. As
atividades desenvolvidas em sala de aula devem ser muito dinâmicas e variadas.
Todos os conhecimentos devem ser construídos pelos alunos de forma bastante
lúcida e diversificadas em ambientes diferentes: pátios, sala de aula, sala de
multimeios, informática..., onde as crianças são desafiadas o tempo todo a
solucionar problemas. O professor não perde espaço nesse novo conceito de
escola. Ao contrário, transforma a sua na mais importantes das profissões, por
sua missão de estimulador da inteligência e agente orientador da felicidade.
Perdeu seu espaço, isto sim, a escola e, portanto, os professores, que são simples
agentes transmissores de informações. E a partir daí que ira se concentrar todo o
questionamento do livro; apresentando as múltiplas inteligências e procurando
mostrar a importância de estimular o aluno e a escola, em geral, a desenvolverem
essas mesma múltiplas inteligências no seu dia a dia em sua vida.
Uma escola aberta aos estímulos das inteligências múltiplas não pode
negligenciar sessões de canto, culto à hinos, bandinhas rítmicas, aulas de teclado
ou de flauta doce, e muitas outras formas de estimulação. Associando a
inteligência musical a cinestésica corporal, parece-nos válido que a escola
proponha “aulas de dança” e, principalmente, releituras de como músicas e
danças expressam outras formas de cultura. Os professores devem estar em
constante avaliação de sua prática pedagógica através de cursos de capacitação.
Nesses cursos os professores assistem palestras, trocam experiências e avaliam
o trabalho que esta sendo desenvolvido.
A teoria das inteligências múltiplas é uma opção em relação a forma de
encarar o potencial do aluno. A forma de trabalhar vai determinar em maior ou
menor grau o desenvolvimento desse aluno por inteiro. Essa é a grande
contribuição dessa teoria para a educação: buscar um cidadão desenvolvido em
suas potencialidades totais.
O estímulo a essas inteligências altera-se na família e na escola muito mais
do que em outras competências. A presença “inteira” do pai e da mãe em uma
relação com o filho vale mais do que uma presença de muitas horas. É
inquestionável que a intensidade dos momentos juntos deve prevalecer sobre o
tempo para esses momentos. A criança quer ser descoberta em cada instante e
partilhar dessa descoberta sem mimos elogiosos e predatórios, é imprescindível.
Ao mostrar o papel dos pais no estímulo do emocional, sugerem: que
percebam as emoções da criança e ajudem a identificá-las, que reconheçam a
emoção como uma oportunidade melhor de descoberta e transmissão de
experiências, que legitimem os sentimentos da criança com empatia; que ajudem
os filhos a nomear e verbalizar seus estados emocionais; e que mostrem os limites
e proponham caminhos para que a criança, por seus próprios meios, resolva seus
problemas emocionais.
Com base nos estudos feitos e nas análises aqui desenvolvidas fica aqui a
sugestão desde educador de se contemplar em futuros estudos, questões como
aceitação da teoria das inteligências múltiplas pelas escolas de rede pública, visto
que aqui não foram focalizadas e que podem ser aprofundadas num futuro estudo
ou pesquisa.
BIBLIOGRAFIA
LAROSA, Marco Antonio. Como Produzir uma Monografia Passo a Passo...Siga o
Mapa da Mina / Marco Antonio Larosa, Fernando Arduini Ayres. - Rio de Janeiro:
WAK, 2002.
ANTUNES, Celso. As Inteligências Múltiplas e seus Estímulos. SP: Papirus, 4ª
edição, 1998.
ANTUNES, Celso. Como Desenvolver Conteúdos Explorando as Inteligências
Múltiplas. Petrópoles, RJ: Vozes, 2001.
ANTUNES, Celso. Jogos para Estimulação das Inteligências Múltiplas. Petrópoles.
RJ: Vozes, 10ª edição, 1998.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia; Saberes Necessários à Prática
Educativa. São Paulo, Paz e Terra, 1997.
GARDNER, Howard. Estruturas da Mente – A Teoria das Inteligências Múltiplas.
Porto Alegre: Ed. Artes Médicas, 1995.
NOGUEIRA, Nilbo Ribeiro. Uma Prática para o Desenvolvimento das Múltiplas
Inteligências. São Paulo: Érica, 1998.
ÍNDICE
INTRODUÇÃO 7
CAPÍTULO I 9
O QUE É INTELIGÊNCIA? 9
1.1- Um pouco de História 9
1.2- Definição na visão de Antunes 11
1.3- Definição, segundo Howard Gardner 14
CAPÍTULO II 16
O QUE SÃO INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS? 16
2.1- Tipos de inteligências múltiplas 17
- Inteligência lingüística ou verbal 18
- Inteligência lógico-matemático 19
- Inteligência espacial 19
- Inteligência físico-cinestésica 20
- Inteligência sonora ou musical 22
- Inteligência intrapessoal 23
- Inteligência interpessoal 24
- Inteligência naturalista 25
CAPÍTULO III 26
O PAPEL DA ESCOLA E DO PROFESSOR 26
3.1- Estimulando as inteligências múltiplas 30
3.2- Avaliação escolar em escola que trabalha com inteligências múltiplas 31
3.3- Análise dos autores enfocados na temática 33
CONCLUSÃO 35
BIBLIOGRAFIA 38
ÍNDICE 39
Recommended