UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL APLICADA
NAS ATIVIDADES ESCOLARES
Por: Geovane Santos Pinto
Orientadora: Profª. Mariana de Castro Moreira
Salvador
2010
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL APLICADA
NAS ATIVIDADES ESCOLARES
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do
Mestre – Universidade Candido Mendes como
requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Educação Ambiental
Por: Geovane Santos Pinto
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a minha esposa,
pela ajuda e paciência na realização
deste trabalho e por compreender a
necessidade extrema de preservarmos
o Meio Ambiente.
RESUMO
No primeiro capítulo, será mostrado como as atividades escolares
podem ajudar no processo de conscientização, formação social do homem
e a preservação do meio ambiente. É através das atividades
interdisciplinares, o engajamento de toda equipe escolar e a colaboração
dos alunos que será possível uma mudança de hábitos para preservarmos
o meio ambiente.
No segundo capítulo, enfoca como a educação ambiental é
importante no processo educativo, pois é através do ensino, seja ele formal
ou informal, que poderemos modificar e aprimorar as atitudes dos alunos,
tornando-os cidadãos críticos e capazes de exercer seus direitos e cumprir
com seus deveres.
No terceiro, mostra como surgiu o projeto, quais eram as
necessidades, como foi aplicado à atividade na Unidade Escolar e o
resultado após seis meses de sua aplicação.
METODOLOGIA
O método que levou ao problema proposto foi o levantamento do perfil
ambiental da Escola Professora Altair da Costa Lima, que mobilizou toda
a comunidade escolar para o desenvolvimento de atividades escolares, com
finalidade de conscientizar a população escolar sobre as questões
ambientais. Foram realizadas campanhas educativas utilizando a rádio
escolar, distribuição de panfletos, folder, cartazes, a fim de informar e
incentivar a população em relação à problemática ambiental de forma clara e
objetiva.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 07
CAPÍTULO I - Atividades Escolares e o Meio Ambiente 09
CAPÍTULO II - A Importância da EA no Processo Educativo 19
CAPÍTULO III – Atividades em Educação Ambiental 29
CONCLUSÃO 37
BIBLIOGRAFIA 38
WEBGRAFIA 40 ANEXOS 43
INTRODUÇÃO
Esta monografia tem como tema a Educação Ambiental aplicada nas
atividades escolares. As atividades feitas na escola e fora dela, têm
fundamental importância na conscientização para a preservação do meio
ambiente. A instituição escolar deve inserir de forma sistematizada, ações
ambientais em seus planos de unidade, pois quanto mais nos relacionamos
com o meio ambiente à nossa volta, mais melhoramos a qualidade de vida
que temos. Logo, é função da escola usar e abusar do tema “meio
ambiente” de forma transversal, com ações reflexivas, teóricas e praticas,
para que os alunos possam aprender a amar e respeitar tudo que esta a
sua volta, tendo responsabilidade e respeito com a natureza.
A Lei Federal nº 9.795, de 27 de abril de 1999, através de artigo 2°
diz:
"A Educação Ambiental é um componente
essencial e permanente da educação nacional,
devendo estar presente, de forma articulada, em
todos os níveis e modalidades do processo
educativo, em caráter formal e não-formal”.
O ponto chave deste trabalho é o modo como as atividades escolares
podem colaborar para a Educação Ambiental. É através da
conscientização dos alunos e da comunidade escolar, que poderemos criar
interesse em proteger o ambiente em que vive disseminando as questões
ambientais e fazer com que o aluno multiplique tudo que aprendeu no
ambiente escolar.
O tema sugerido é de extrema importância, pois as atividades
escolares devem buscar valores que conduzam a uma convivência
harmoniosa com o ambiente e as demais espécies que habitam o planeta,
auxiliando o aluno a analisar criticamente seus atos, que tem levado a
destruição inconseqüente dos recursos naturais e de várias espécies. Deste
modo o aluno perceberá que a natureza não é fonte inesgotável de
recursos. Suas reservas são finitas e devem ser utilizadas racionalmente,
evitando o desperdício e considerando a reciclagem como processo
fundamental para a nossa sobrevivência.
A escola tem papel fundamental quando se fala de Educação
Ambiental. É o espaço social e o local onde o aluno dará seqüência ao seu
processo de socialização. O que nela se faz se diz e se valoriza representa
um exemplo daquilo que a sociedade deseja e aprova. Comportamentos
ambientalmente correto, contribuindo para a formação de cidadãos
responsáveis, compreendendo os fenômenos naturais, as ações humanas
e sua conseqüência para consigo e para sua própria espécie.
CAPÍTULO I
ATIVIDADES ESCOLARES E O MEIO AMBIENTE
Consideremos que a Educação Ambiental, um processo contínuo de
aprendizagem, baseado no respeito de todas as formas de vida, colocando
em prática ações que contribuem para a formação social do homem e a
preservação do meio ambiente. Nesse processo, existe a necessidade de
uma ação pedagógica direcionada de forma a integrar com os docentes e
discentes, transformando-o para que ele entenda e transforme o meio em
que vive. Segundo VASCONCELOS:
“... a presença, em todas as práticas educativas, da
reflexão sobre as relações dos seres entre si, do ser
humano com ele mesmo e do ser humano com seus
semelhantes é condição imprescindível para que a
Educação Ambiental ocorra”. (VASCONCELOS,
1997).
É importante expor através deste trabalho à importância e
necessidade do tema “meio ambiente” está inserido permanentemente no
projeto pedagógico da escola. Influenciar de maneira interdisciplinar,
aproveitando o conteúdo específico de cada matéria de maneira que haja
um engajamento por parte de todos aqueles que estão comprometidos com
as atividades escolares.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, uma das questões
que levaram a inserir o meio ambiente como tema transversal foi à
contribuição, que, em termos de educação, essa perspectiva pode contribuir
para:
“...evidenciar a necessidade de um trabalho vinculado
aos princípios da dignidade do ser humano, da
participação, da co-responsabilidade e da eqüidade”.
(Parâmetros Curriculares Nacionais, 2000, p.19)
Assim, os professores e coordenadores podem criar propostas
pedagógicas interdisciplinares, visando o desenvolvimento da Educação
Ambiental como um todo. O trabalho em grupo é fundamental para o êxito
nas aplicações das atividades.
Segundo os PCNs:
“...mais do que informações e conceitos, a escola se
proponha a trabalhar com atitudes, com formação de
valores, com o ensino e a aprendizagem de
habilidades e procedimentos”. (Parâmetros
Curriculares Nacionais, 2000)
Com a necessidade da implementação de atividades que levassem os
alunos a compreenderem que é preciso colaborar com a preservação do
meio ambiente, principalmente no que tange a Educação Ambiental, foi feita
uma análise sobre a definição de Educação Ambiental utilizando a
abordagem metodológica oferecida pelas leituras e trocas de informações
entre o corpo docente da Unidade Escolar e principalmente na LDB - Lei de
Diretrizes e Bases da Educação (9394/96), os Parâmetros Curriculares
Nacionais (2000), e ainda artigos acerca da Educação Ambiental (Agenda
21, Carta da Terra).
Por esse motivo, foi necessário inserir atividades de Educação
Ambiental nas disciplinas de maneira interdisciplinar em todas as práticas
cotidianas da escola buscando a formação de uma sociedade consciente em
face de um desenvolvimento sustentável.
Uma das formas de levar a conscientização aos discentes é pela ação
direta da escola. Com aplicação de atividades nas quais o educando
participe, ativamente, através da leitura de textos, livros atuais, vídeos,
debates, pesquisas, produção de materiais, palestras, experiências e outras
mais, que desenvolvam nos educandos reflexões críticas, compreendendo
os problemas que afetam a comunidade onde vivem, refletindo e criticando
as ações que desrespeitam e, muitas vezes, destroem um patrimônio que é
de todos.
Algumas reflexões poderiam ser abordadas como: Para onde vai o
lixo que produzo na sala? Como poderia contribuir para a redução dos
problemas referentes ao excesso de resíduos orgânicos e inorgânicos
produzidos na escola? Tudo que tem na lixeira de minha escola é mesmo
lixo? O que a falta de um destinamento correto para os resíduos escolares
pode causar a minha comunidade? Porque não existe coleta seletiva na
minha escola? Porque destruo as carteiras que servem para sentar e
estudar? Porque as paredes das salas estão sempre riscadas? Porque as
salas estão sempre sujas?
A própria Constituição Federal de 1988 e a Lei de Educação
Ambiental (Lei nº 9795) incorporam esta evolução conceitual, como se vê no
art. 1º da Lei 9795:
“Entendem-se por educação ambiental os processos
por meio dos quais o indivíduo e a coletividade
constroem valores sociais, conhecimentos,
habilidades, atitudes e competências voltadas para a
conservação do meio ambiente, bem de uso comum
do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua
sustentabilidade”. (Lei de Educação Ambiental art. 1º
Lei nº 9795).
Após toda reflexão sobre estas questões levantadas, cabe aos
professores e coordenadores elaborarem atividades que levem os alunos a
entenderem que o Ambiente Escolar deve ser cuidado e preservado. Assim,
espera-se modificar de maneira significativa o modo de pensar,
comportamento individual e coletivo para se construir um ambiente melhor
para todos que nele vive. A Educação Ambiental não se encerra na escola.
Ela deve ser vista como um processo contínuo que sempre acompanhará o
indivíduo ao longo de sua vida.
Tomemos da Política Nacional de Educação Ambiental instituída pela
Lei no 9.795/99 uma definição bastante precisa de Educação Ambiental:
Art. 1º “Entende-se por educação ambiental os
processos por meio dos quais o indivíduo e a
coletividade constroem valores sociais,
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências
voltadas para a conservação do meio ambiente, bem
de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade
de vida e sua sustentabilidade” (Lei de Educação
Ambiental art. 1º Lei nº 9795)
A reflexão a respeito dos problemas ambientais exige e exigirá da
sociedade atitudes mais sérias e rápidas, para assegurar a sustentabilidade
dos recursos naturais e a qualidade de vida. Assim, a escola – com a
educação formal – pode e deve contribuir para com o desenvolvimento do
indivíduo, mudando seus hábitos, apurando seu senso crítico, suas atitudes
e valores. A escola possui um espaço político importante par promover a
mudança social.
Segundo Pedrini (2002)
“Nesta linha de pensamento, ela pode atuar como
agente do processo educativo, podendo capacitar e
potencializar os educandos para uma reflexão crítica
da sociedade, abrindo, portanto, o caminho de
mudanças”. (Pedrini, 2002 p.140)
Sem o envolvimento da escola, enquanto segmento organizado,
essas mudanças dificilmente irão acontecer. O processo de sensibilização
dos educandos ajudará na aquisição de conhecimento, de valores éticos e
morais, ampliando sua formação, melhorando a sua qualidade de vida e
preparando-o para o futuro. Logo os educandos estarão multiplicando o
conhecimento adquirido no Ambiente Escolar, ajudando na preservação para
as gerações atuais e futuras.
Com a interdisciplinaridade a aplicação das atividades relativas à
conscientização das questões ambientais, foi muito mais fácil. Quando se
trabalha em grupo em um único objetivo as ações se tornam mais
prazerosas, tanto para os professores, tanto para os educandos. O
conhecimento é repassado e assimilado com mais facilidade, de forma
descontraída e objetiva. As atividades e ações preparadas promoverão a
sensibilização da comunidade escolar sobre a importância e a necessidade
da preservação e da conservação da Unidade Escolar e também a casa
onde residem, bairro e cidade. Logo, é fundamental que essas atividades
perpetuem para que não só a escola seja abrangida pelas mudanças de
atitudes sócio-ambientais, de cidadania, saúde, higiene e segurança.
Logo os resultados são os melhores possíveis. Percebemos que a
escola exerce forte influência na transformação de comportamentos dos
alunos que quando estimulados, desenvolvem mais o seu lado criativo e
melhoram as notas.
“As crianças gostam de aprender quando os adultos
as conduzem por um longo tempo de forma
cuidadosa, mas com rigor”. (BUEB, 2008). E (WISKE,
2007) afirma que, “A tarefa dos professores deve ser
engajar, motivar, inspirar e apoiar seus alunos no
difícil processo de desenvolver, avaliar e refinar sua
compreensão”. (BUEB, 2008 p.28), (WISKE, 2007 p.
28).
A participação dos alunos nas atividades demonstra o grau de
comprometimento e de interesse pela atividade realizada e pela preservação
do meio. O projeto exige que os alunos tenham pensamentos claros diante
das questões levantadas e consciência que deve se importar com os outros
e com o mundo em que vivem. A escola é a extensão da sociedade e talvez
a parte mais conservadora.
Segundo ARMSTRONG, (2008), uma sociedade que muda suas
estruturas educacionais muda a si mesma. Não permitindo as mudanças nas
escolas, ela está retardando o próprio desenvolvimento como sociedade. Na
verdade o processo é inverso. É a escola que pode mudar e melhorar a
sociedade através de cidadãos cônscios de seus direitos e deveres,
entendendo que uma sociedade se faz de pessoas engajadas com o bem
comum.
Assim, afirma REGO, (2006):
“A escola, espaço privilegiado para educar a
intersubjetividade, pode ser também espaço onde a
geografia supera a disciplinaridade coisificante para
se converter na produção de saberes que façam da
transformação do espaço vivido o objeto catalisador
de pensamentos e ações dos educandos”. (REGO,
2006, p. 38).
O conhecimento de preservação ambiental produzido na escola pode
ser observado no comportamento dos alunos dentro e fora da escola. O
processo multiplicador de conhecimento é natural. São as ações e os
exemplos que marcam o aprendizado, eles são melhores absorvidos do que
a teoria. Com o tempo esse comportamento passa a ser natural e cotidiano.
A escola deve manter em vista os comportamentos dos alunos e intervir
sempre que possível. O projeto deve ser reavaliado e adequado para todas
as inovações. Se o projeto for abandonado, aos poucos vão se perdendo o
sentido e o objetivo das atividades.
A escola deve orientar os pais sobre a importância do projeto que a
Escola esta desenvolvendo e de sua participação no processo de educação
de seus filhos. Tudo o que ensinamos deve ter significado para quem
aprende. Em casa, pais e filhos devem trocar informações e colocar na
prática tudo que o aluno aprendeu nas atividades. Precisamos dar exemplos,
precisamos ser a mudança que pregamos. O nosso exemplo é muito
importante. Pelas nossas ações, acrescentamos substância e vigor à busca
por uma vida sustentável. Os bons exemplos são fundamentais para a
formação de valores nas novas gerações.
Muitos ambientalistas acreditam que serão necessários os esforços
de todas as instituições sociais, trabalhando juntas, para minimizar o impacto
do homem no mundo nas próximas décadas. A educação exerce um papel
fundamental entre essas instituições sociais. É nela que a atual geração de
crianças, deverá tomar conhecimento da situação do planeta. Elas
provavelmente serão as mais atingidas pelas rápidas mudanças ambientais.
As crianças que freqüentam a escola de hoje, no futuro precisarão tomar
decisões políticas sociais referentes às questões ambientais, evitando assim
os efeitos mais drásticos no meio ambiente.
Segundo HUTCHISON (2008):
Os líderes escolares podem ajudar a mitigar as
práticas do, com insustentáveis das escolas,
instituindo com o apoio de alunos e funcionários, uma
auditória ambiental da escola que identifique o fluxo
de energia, recursos e resíduos que nela circulam.
(HUTCHISON, 2008, p. 54)
Com esse estudo pode-se detectar o fluxo de recursos e produtos
residuais que circulam na escola, incluindo papel, plásticos, sobras de
comida, suprimentos artísticos (trabalhos escolares produzidos por alunos
que após o uso são descartados), embalagens e outros materiais. Tudo
pode ser separado e reaproveitado. Os papéis, por exemplo, podem ser
reciclados e trabalhados nas aulas de Educação Artísticas, nas aulas de
Português ser usados como rascunho nas produções de texto, nas aulas de
Matemática ser usados como rascunho nos cálculos matemáticos.
É também importante salientar o uso racional da energia elétrica em
todo o ambiente escolar. É preciso criar o hábito de desligarmos todos os
aparelhos que consomem energia quando não estiver sendo usados. A
água, também é importante. Sua qualidade de ver sempre avaliada e
preservada para que os alunos tenham sempre água de qualidade para
fazer uso. É necessário fazer manutenções hidráulicas periodicamente para
evitar o desperdício com vazamento.
Assim destaca (LA TAILLE, 2008):
“...viver implica refletir sobre quem queremos ser, uma
educação que vise à conscientização dos alunos
sobre o seu papel como habitantes da Terra não pode
limitar-se aos aspectos técnicos da questão. Ela deve
levar os jovens a pensar os jovens sobre o que, afinal,
é ser humano”. (LA TAILLE, 2008, p. 19)
A escola esta sendo chamada para interagir com os demais
segmentos institucionais, na linha de frente na busca de soluções
sustentáveis para que o planeta possa continuar existindo e sendo um lugar
habitável para as futuras gerações. E que essas gerações entendam a
necessidade de preservar o planeta em que vive.
Os exemplos de sustentabilidade que levamos para sala de aula,
somente “funciona” se for significativo para os alunos. Uma maneira de
mostrar o significado do que ensinamos é apresentar algum tipo de
aplicação, mas esta não é a única forma de fazê-lo. As ações devem ter
significado para quem aprende. É preciso demonstrar de acordo com a sua
realidade, seus conhecimentos e vivências, para se obter êxito nas aulas
teóricas e práticas. O rendimento nas aulas é infinitamente melhor. Quando
enchemos de conteúdos que não condiz com a sua realidade, o aluno não
consegue encontrar aplicabilidade no que aprendeu e o resultado é um
desastre.
Assim diz BUEB, (2008):
“Como o aluno irá aprender a propósito do ambiente,
os conteúdos programáticos lecionados, tornar-se-ão
uma das formas de tomada de consciência, tornando-
se, mais agradáveis e de maior interesse para o
aluno”. (BUEB, 2008).
A prática de Educação Ambiental nesse enfoque enfrenta dois
grandes desafios: o primeiro exige que os educadores possuam um amplo
conhecimento sobre os problemas ambientais e o segundo é a capacidade
para desenvolver ações educativas com pessoas de culturas deferentes. No
entanto, o sistema educacional brasileiro não forma profissionais com esse
perfil.
Os professores são portadores de uma visão global de ambiente,
além da visão mais específica da realidade escolar. Este conhecimento
permite que eles sejam capazes de interpretar a realidade e conduzir-se
através de representações. Há, entretanto, alguns obstáculos que impedem
que eles adotem posturas mais críticas, o que nos impõe uma reflexão de
que a dimensão ambiental não pode estar restrita ao imaginário coletivo,
devendo sair do confinamento perceptivo e oferecer caminhos que possam
favorecer a participação ativa.
Nessas atividades, o forte é a utilização de determinados recursos
e/ou estratégias pedagógicas, como folders, cartazes, cartilhas, revistas em
quadrinhos, campanhas de esclarecimentos, vídeos, chamadas apelativas
na mídia, jingles, interpretação de “músicas ecológicas” por corais, bandas,
conjuntos etc. peças de teatro, minicursos, palestras, vivências, programas
de rádio, literatura de cordel, abordando temas ambientais geralmente
desvinculados de uma proposta educativa mais ampla.
Assim a Proposta de Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação Ambiental diz:
Existe uma grande demanda dos sistemas de ensino,
educadores, alunos e cidadãos a respeito da
Educação Ambiental no ensino formal, devido à
percepção da premência do enfrentamento dos
complexos desafios ambientais. Devem ser
consideradas as necessidades planetárias, as
discussões, avanços históricos e experiências
acumuladas quanto à temática no Brasil e no âmbito
internacional. Todo este contexto fortalece o
reconhecimento do papel transformador e
emancipatório da Educação Ambiental, exigindo a
revisão da referência superficial da transversalidade e
da interdisciplinaridade contida na sua normatização
para o ensino formal, que se apresenta desconexa,
reducionista, desarticulada e insuficiente. (Proposta
de Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Ambiental, 2001).
Para Sonia Maria Muhringer, para que seja possível desenvolver o
trabalho consciente de educação para a sustentabilidade, é preciso que as
escolas e os educadores percebam que se trata de um campo de muitos
conflitos, onde a questão econômica tem seu peso. Aliás, a complexa idéia
de sustentabilidade está alicerçada justamente na harmonização dos muitos
fatores envolvidos no uso racional dos recursos e um deles é a viabilidade
dos projetos.
“As decisões do cotidiano da escola refletem os
problemas macroambientais, são as mesmas
contradições da sociedade como o todo. Será
necessário investir, sobretudo energia, na implantação
de rotinas e estruturas que tornem possível até
mesmo ações relativamente simples como coleta
seletiva”. (MUHRINGER, 2008).
Alguns dos aspectos importantes é a nomeação de um coordenador
para acompanhar e articular as atividades desempenhadas na escola. A
direção, coordenação, professores e funcionários administrativos devem
trabalhar juntos. Todos são responsáveis pelo desenvolvimento do trabalha.
CAPÍTULO II
A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
NO PROCESSO EDUCATIVO
Entende-se por Educação Ambiental os processos por meio dos quais
o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio
ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida
e sua sustentabilidade.
Segundo Guerra (2002), no Fórum das ONGs, realizado
paralelamente à Conferência Rio 92 (o qual produziu a Agenda 21), Tratado
de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade
Global, "reconhece o papel central da educação na formação de valores e
na ação social e para criar sociedades sustentáveis e eqüitativas
(socialmente justas e ecologicamente equilibradas)", ele considera a
Educação Ambiental:
"...um processo de aprendizagem permanente
baseado no respeito a todas as formas de vida, o que
requer responsabilidade individual e coletiva em
níveis: local, nacional e planetário". (Guerra, 2002)
Com base na Agenda 21, documento de referência para a
implantação da Educação Ambiental e acordos de preservação do meio
ambiente em todo mundo, é possível ver que o ensino, inclusive o ensino
formal, a consciência pública e o treinamento devem ser reconhecidos como
um processo pelo qual os seres humanos e as sociedades podem
desenvolver plenamente suas potencialidades. Tanto o ensino formal como
o informal é indispensável para modificar e aprimorar as atitudes dos
estudantes, para que estas tenham capacidade de avaliar os problemas e
corrigi-los.
Diante da perspectiva de uma escola preparada para tratar das
questões ambientais e voltada para a formação de cidadãos críticos,
reflexivos e, plenamente, conscientes de seus direitos e deveres é que se
encontra o ambiente ideal para o desenvolvimento e formação de valores,
indo além dos conteúdos aplicados em sala de aula. Fornece mais que
informações e conceitos (por vezes errôneos trazidos em certos materiais
didáticos), contudo, valorizando comportamentos, experiências, habilidades
que possam favorecer o trabalho que o tema propõe dentro do currículo e
nas práticas cotidianas de todos.
Outro fator determinante na inserção da Educação Ambiental na escola de
maneira interdisciplinar, transversal e efetiva é, sem dúvida, a formação adequada
e o aperfeiçoamento do profissional docente (capacitação e oficinas), sobretudo, a
esse respeito, os Parâmetros Curriculares Nacionais ressaltam que:
“O educador ambiental na escola necessita, assim
como o educando, apreciar e valorizar o trabalho que
está se propondo realizar, buscando formação mais
especializada, informações atuais, publicações acerca
do assunto, sentindo-se parte integrante do processo,
contribuindo para a diminuição dos inúmeros
problemas que a ignorância sobre “as conseqüências
dos nossos atos de hoje podem causar ao planeta em
um futuro bem próximo”. (Parâmetros Curriculares
Nacionais, 2000, p.30)
As propostas metodológicas sugeridas para a efetivação e inserção
da Educação Ambiental no currículo e nas práticas escolares devem
considerar as dimensões cognitivas de valoração e de habilidades que, em
conjunto, possam contribuir para a diferenciação da qualidade do ensino-
aprendizagem e para que possamos de certa forma, garantir um futuro
melhor, mais civilizado e muito mais consciente dos males causados à
natureza ao longo de todos esses séculos.
(...) a EA tem o importante papel de fomentar a
percepção da necessária integração do ser humano
com o meio ambiente. Uma relação harmoniosa,
consciente do equilíbrio dinâmico da natureza,
possibilitando, por meio de novos conhecimentos,
valores e atitudes, a inserção do educando e do
educador como cidadãos no processo de
transformação do atual quadro ambiental do nosso
planeta. (Mauro Guimarães, 2000, p.15)
As práticas educativas devem ser fiscalizadas e praticadas por todos
no ambiente escolar. As mudanças são lentas, mas com um pouco de boa
vontade e a percepção de que todos estão se empenhando para manter o
ambiente escolar limpo e conservado é pouco provável que alguém venha a
cometer erros antes cometidos.
Segundo JACOBI (2005) a participação deve ser a base das práticas
de educação ambiental e considerando o quadro de agravamento cotidiano
da crise ambiental, esta representa um instrumento essencial para a
transformação das relações entre sociedade e ambiente.
Com este intuito, a participação dos alunos é fundamental para
melhorarmos não só o ambiente escolar, mas o ambiente em que ele vive:
casa, cidade e estado. O que ele aprende na escola, será multiplicado em
sua casa com seus familiares, amigos, vizinhos e em todo lugar por onde ele
passar. Daí a Educação Ambiental praticada nas atividades escolares é
extremamente importante. Segundo a citação de Pedrini:
“Educação Ambiental é um processo para propiciar às
pessoas uma compreensão crítica e global do
ambiente, para elucidar valores e desenvolver atitudes
que lhes permitam adotar uma posição consciente e
participativa a respeito das questões relacionadas
com a conservação e adequada utilização dos
recursos naturais, para a melhoria da qualidade de
vida e a eliminação da pobreza extrema e do
consumismo desenfreado”. (Pedrini, 2002 p.73).
Não resolveremos os problemas de insustentabilidade socioambiental
com as mesmas atitudes educacionais do passado. O processo de
Educação Ambiental exige práticas revolucionárias que envolvam as
pessoas, fazendo-as entender que seus atos e atitudes refletirão
diretamente nas novas gerações. As práticas escolares devem ser
repensadas, melhoradas e adaptadas para atender a demanda.
Com o crescimento tecnológico e a influências que eles exercem
sobre as pessoas, a escola pode utilizar desse meio de comunicação na
formação das crianças e dos adolescentes. É preciso reconhecer a função
da escola como local privilegiado para se praticar a Educação Ambiental.
Dessa forma a mídia trás informações em tempo real sobre problemas
ambientais do país e do mundo. Sem contar que a tecnologia associada à
internet fascina e encanta os adolescentes que passam grande parte do
tempo conectado. Todos esses recursos podem ser usados para ajudar na
disseminação de informação das questões ambientais.
Segundo BUCKINGHAM, (2008):
“Os meios digitais têm enorme potencial para o
ensino, mas é difícil realizar esse potencial se eles
são considerados apenas tecnologias, e não formas
de cultura e comunicação”. (BUCKINGHAM, 2008).
Essas informações podem ser usadas como material facilitador na
prática da Educação Ambiental. Os veículos de comunicação são capazes
de incentivar o pensamento crítico sobre as mudanças sofridas no planeta e
contribuir para as ações transformadoras da realidade. Logo, os meios de
comunicação oferecem uma possibilidade singular de inserir na realidade do
aluno os avanços na área tecnológica e científica nas salas de aula.
De acordo com CALDAS:
“A democratização do saber científico é essencial
para que, além da tomada de consciência, todos
sejam capazes de atuar de forma crítica nos
processos sociais que envolvem o meio ambiente. O
desenvolvimento e as pesquisas das áreas de ciência
e tecnologia oferecem instrumentos que podem
contribuir para amenizar ou até resolver diversos
problemas ambientais e a Educação Ambiental pode
criar os alicerces para que toda a sociedade se
empenhe e determine sua utilização”. (CALDAS,
1999)
Apesar de todo o esforço para inserir a Educação Ambiental nos
temas transversais, esse avanço foi tímido ao longo do tempo. Os
professores ainda encontram dificuldades para ter acesso a materiais
didáticos relativos ao tema, as informações disponíveis são pouco
divulgadas e de algumas vezes são imprecisas, incompletas ou
desatualizadas, facilitando assim a elaboração de conceitos errôneos
estabelecidos nos princípios da Educação Ambiental. Além disso, a
divulgação de esclarecimentos básicos no que tange à Educação Ambiental,
os mecanismos adotados para promover o desenvolvimento sustentado e
como fazê-los não é transmitido para os educadores. Tudo isso poderia ser
transmitido por meio de cursos, palestras e capacitações.
Os recursos destinados são mal aplicados – por falta de habilidade
nesta questão que é nova na escola – e às vezes nem chegam até a
Unidade Escolar, é desviado para outros setores que não é da educação e
usado em outras finalidades. A estrutura física da escola também contribui
para a possível degradação do meio ambiente. Não existe planejamento
ecológico na hora de se construir ou reformar a Unidade Escolar. A
manutenção das partes elétricas e hidráulicas quase não é feita.
Outro fator importante é a falta de estímulo do profissional de
Educação. A má condição de trabalho, a falta de compromisso dos alunos,
baixa remuneração e desinteresse do poder público, levam os educadores à
não terem estímulos em desempenhar suas atividades, pois não há
condição de fazê-las.
A omissão da família, também é fator importante. A ajuda da família
no processo de Educação Ambiental contribuiria na aquisição de novos
hábitos de preservação do meio onde vive, vivenciaria novas experiências e
mudaria de atitudes na realização de algumas atividades domésticas.
Sem essas contribuições, o professor se vê solitário, travando uma
luta desigual, tendo que fazer das “tripas coração”, exercer funções, que não
é sua e que muitas vezes não tem habilidades para desempenhar.
Para GADOTTI, (2008):
“O sistema formal de educação, em geral, baseia-se
em princípios predatórios e em uma racionalidade
instrumental, reproduzindo valores insustentáveis.
Para introduzir uma cultura de sustentabilidade nos
sistemas educacionais, é preciso reeducar o sistema.
Ele faz parte do problema, não é somente parte da
solução. Estou convencido de que a sustentabilidade
é um conceito poderoso, uma oportunidade para que
a educação renove seus velhos sistemas, fundados
em princípios e valores competitivos, e introduza uma
cultura da sustentabilidade e da paz nas comunidades
escolares a fim de que sejam mais cooperativas e
menos competitivas”. (GADOTTI, 2008, p. 13).
Com a participação da família, a Escola passa a ter ajuda também da
educação não-formal que não deixa de ser tão importante quanto a formal.
A Escola consegue ampliar os conhecimentos dos alunos e dos pais,
incentivando e conscientizando as mudanças de hábitos da família. É
evidente, portanto, a importância da participação dos pais na educação dos
filhos em todos os âmbitos da Educação. Os pais precisam estar atuando
junto com a escola no processo de aprendizagem dos alunos.
Educar para uma vida sustentável é o mais importante hoje. A
atividade escolar foi, é e será o método mais eficaz para contribuir para
desenvolvimento sustentável. É preciso reorientar os programas
educacionais existentes para promover conhecimentos, competências,
habilidades, princípios, valores e atitudes relacionados com a
sustentabilidade. As atividades precisam ser vivenciadas pelos educandos,
eles precisam entrar em contato e conhecer as necessidades de seu habitat,
pois a prática funciona melhor que o discurso.
Segundo GADOTTI, (2008), mais do que educar para o
desenvolvimento sustentável, devemos educar para a sustentabilidade ou,
simplesmente, educar para a vida sustentável. Nesse sentido, vida
sustentável é o estilo de vida que harmoniza a ecologia humana e a
ambiental mediante tecnologias apropriadas economias de cooperação e
empenho individual.
De acordo com LA TAILLE, (2006):
“As estratégias educacionais que visem a preparar os
alunos para o bom trato do meio ambiente, para o
chamado “desenvolvimento sustentável”, para a
convivência harmoniosa dos homens para o seu
planeta e para a própria sobrevivência da humanidade
devem imperativamente focar o grave problema do
consumo”. (LA TAILLE, 2006, p. 16).
Se por um lado às escolas começam a multiplicar os bons exemplos,
por outro lado existe um longo caminho a percorrer na visão dos
especialistas. Para o consultor Marcelo Freitas, da Corporate Gestão
Empresarial e da organização Escola Responsável, a visão das escolas
sobre a sustentabilidade ainda é muito restrita e:
“No campo pedagógico, elas têm um bom discurso,
política e educacionalmente corretos. Entretanto, nas
práticas gerenciais, ainda deixa muito a desejar.
Credito isso a um conservadorismo extremo, à
pequena permeabilidade dos seus gestores e a uma
falta de contato com seus pares de outros segmentos”
(FREITAS, 2008).
Se bons exemplos são fundamentais para a formação de valores nas
novas gerações, a Escola começa a desenvolver iniciativas cada vez mais
maduras que conseguem conciliar os projetos didáticos com propostas
realistas de responsabilidade ambiental, incorporadas ao cotidiano da
Unidade Escolar. A própria escola precisa dar exemplo de seus padrões de
uso de energia, reciclagem e projeto de construção sustentável. Assim a
implementação das atividades sobre sustentabilidade.
Segundo FREITAS, não é apenas a prática de uma coleta seletiva e
reutilização dos materiais que torna a escola sustentável.
“A sustentabilidade tem fortes raízes em valores como
ética, o respeito e o compromisso com as futuras
gerações. Todas as escolas têm compromisso de
formar cidadãos para uma sociedade melhor, mais
consciente e justa. É pela prática que demonstrarão
isso a seus alunos”. (FREITAS, 2008).
Contudo, se as escolas ainda não se deram conta do papel
estratégico que desempenham na construção de um mundo sustentável,
com desafios como o aquecimento global e o esgotamento dos recursos
naturais, isso não tardará acontecer. Esta será, certamente, uma das
próximas fronteiras do desenvolvimento pedagógico.
Todas as pessoas têm direito desfrutar do meio ambiente
ecologicamente equilibrado, assim como também, tem o dever de mantê-lo
em perfeita harmonia, para o uso da coletividade e para as futuras gerações
para a melhoria da qualidade de vida no planeta. Com as atividades de
Educação Ambiental proposta na Escola, o meio ambiente está propenso a
ser protegido, conservado e sustentável.
De acordo com Dias (1992):
“É inegável que a educação ambiental contribui
significativamente para a proteção do meio ambiente
e a melhoria da qualidade de vida. Por este motivo,
muitas pessoas que se dedicam à educação formal,
como também à informal, têm interesse em conhecer
o que é a educação ambiental e de que maneira
realizar sua prática”. (DIAS, 1992, p. 399).
A definição de sustentabilidade vai além da preservação dos recursos
naturais e da capacidade de desenvolvimento sem destruir o Meio Ambiente.
As atitudes humanas devem ser equilibradas consigo e com o planeta. Ser
sustentável é fazer uso do necessário e não impedir que outros o façam.
Pensando nisso, CAMARGO, (2008), criou os dez mandamentos de
uma escola sustentável:
1. “Coerência: é preciso lutar contra o fosso entre a
teoria do que se faz em sala de aula e o que se
realiza no cotidiano da instituição”.
2. “Informação: embora nas escolas ainda seja um
processo inicial, há muitas experiências que
podem ser compartilhadas, como, por exemplo,
ONGs e empresas de outros segmentos. Do
mesmo modo, é preciso investir em formação
continuada também na área ambiental”.
3. “Cultura: sustentabilidade não se constrói com
ações pontuais, mas com transformação da
cultura interna, o que inclui mobilizar diretores,
coordenadores, professores, funcionários
administrativos, alunos e pais”.
4. “Paciência: nada se faz do dia para a noite, nessa
área. Mudar procedimentos arraigados leva
tempo. É um processo constante e crescente, com
idas e vindas”.
5. “Realismo: assim como o restante da sociedade, a
implantação de políticas de sustentabilidade nos
confronta com inúmeras contradições,
principalmente no que se refere aos aspectos da
viabilização econômica ou tecnológica”.
6. “Democracia: para se construir uma escola
sustentável, é preciso saber que nada se faz de
cima para baixo. É preciso saber ouvir e dialogar
com vários setores e interesses envolvidos”.
7. “Compromisso socioambiental: a noção de
sustentabilidade ultrapassa em muitos os limites
da escola. É preciso estimular os alunos a atrair a
comunidade circunvizinha, tornando a escola um
pólo difusor dessa nova consciência”.
8. “Criatividade: estamos em plena transformação.
Não há soluções esquematizadas. Cada escola
encontrará o seu caminho. Mas não se contente
apenas com a implantação de ações como a
coleta seletiva, embora essa seja um começo”.
9. “Metas: estabeleça metas de curto, médio e longo
prazo. Um projeto de amplo espectro com esse
torna-se mais eficiente se trabalhar dentro e
objetivos preestabelecidos”.
10. “Transversalidade: por fim, é sempre bom lembrar.
Sustentabilidade rima, com educação. É
importante que haja coerência e articulação entre
os projetos ligados à sustentabilidade e o que é
trabalho em sala de aula nas diferentes
disciplinas”. (CAMARGO, 2008, p. 34)
CAPÍTULO III
ATIVIDADES EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Neste capítulo descreverei uma atividade relacionada com a questão
ambiental, realizada no ano de 2009. A atividade “A Educação Ambiental
nas atividades escolares” partiu da necessidade de conscientizar os alunos
da importância das questões ambientais, da higiene mental, pessoal, do
ambiente familiar e da escola, para melhorar suas condições de vida.
Primeiramente foi feita uma discussão para avaliarmos o quanto os
alunos entendiam sobre o tema. Pois, se vamos mudar o modo de sermos é
preciso que essa mudança venha de dentro, que a pessoa queira modificar
seu jeito de ser, se não for assim não haverá sucesso. Chegamos a um
consenso e os alunos entenderam a necessidade de adotarmos modos de
agir tais como:
• Jogar lixo no lixo;
• Organizar as carteiras na sala;
• Limpar a lousa;
• Manter as carteiras, o chão, e as paredes limpas;
• Preservar os trabalhos expostos pelos colegas.
De forma a preservar o ambiente e o patrimônio escolar como forma
de melhorar suas condições de vida, estendendo-se a comunidade.
ATIVIDADES A SEREM REALIZADAS
Todas as disciplinas
• Pesquisa diagnóstica referente à higiene e limpeza da escola;
• Montagem de um painel, destacando as reivindicações dos alunos,
para dirigir novas ações;
• Limpeza dirigida e contínua;
• Confecções de cartazes com frases significativas incentivando o
processo de valorização pessoal.
AVALIAÇÃO
A avaliação dos alunos será medida pela mudança comportamental dos
mesmos.
Onde:
• As serventes observarão as salas após cada período e pontuarão as
mesmas de acordo com o grau de limpeza e organização;
• Será feito um painel com as notas dadas, possibilitando os próprios
alunos a auto-avaliação;
• Observaremos a reação dos alunos da sala na distribuição das
tarefas.
Atividades a serem desenvolvidas por disciplina
HISTÓRIA
• Resgate da história da escola, buscando as mudanças ocorridas em
todos os aspectos (arquitetônico, estrutural e visual).
ESTRATÉGIAS
• Pesquisas sobre a escola, criação e funcionamento;
• Entrevistas com ex-alunos;
• Observações das alterações estruturais feitas na escola a partir da
planta original, fotos, documentos, etc.
GEOGRAFIA E MATEMÁTICA
• Localização da escola, da cidade, do município, do estado, da região
e do Brasil.
ESTRATÉGIAS
• Mapeamento e construção da Maquete do Rio Imbassay na Cidade
de Dias D’ávila - Bahia;
• Pesquisas sobre a localização da escola.
CIÊNCIAS
• As conseqüências da falta de higiene na saúde;
• Problemas causados pelo lixo, e pela falta de higiene;
• Problemas da decomposição e acúmulo dos diferentes tipos de lixo
na unidade escolar;
• Reciclagem;
• Meio ambiente.
ESTRATÉGIAS
• Pesquisas;
• Coleta de material;
• Reciclagem de papel e confecção de objetos.
LÍNGUA PORTUGUESA E ESTRANGEIRA
• Rimas com palavras relacionadas com a limpeza;
• Poesias;
• Cordel;
• Corais;
• Redações, textos e músicas;
• Reprodução de temas de linguagem escrita para o visual;
• Frases;
• Teatro.
ESTRATÉGIAS
• Montagens de pequenos diálogos relacionados com a limpeza
(português e inglês);
• Confecção de cartazes, com frase em inglês e português sobre a
limpeza da classe e da escola.
EDUCAÇÃO ARTÍSTICA
• Artes com papel reciclado;
• Teatro;
• Paródias;
• Cartazes.
ESTRATÉGIAS
• Desenvolvimento, em grupos, de paródias sobre o tema, a partir de
uma música conhecida;
• Montagem de uma peça teatral referente ao tema.
MATEMÁTICA
• Problemas sobre a produção de lixo;
• Elaborarão de estatísticas;
• Gráficos;
• Planificação de sólidos.
ESTRATÉGIAS
• Elaboração de problemas referentes a decomposição de materiais
orgânicos e inorgânicos;
• Montagem de gráficos sobre a pontuação das classes.
EDUCAÇÃO FÍSICA
• Gincana da preservação "O Meio Ambiente Sou Eu".
ESTRATÉGIAS
• Campanhas de material de limpeza;
• Campanhas de alimento não perecíveis;
• Campanhas de doação de roupas;
• Doação de livros;
• Provas competitivas (relativas ao tema ou não);
• Montagens de cartazes para anotação de pontuação.
SELEÇÃO E PREPARAÇÃO DE MATERIAIS/RECURSOS A SEREM
UTILIZADOS
• Questionários;
• Cartazes;
• Maquetes;
• Desenhos;
• Planta do Prédio;
• Exposição dos trabalhos feitos;
• Campanhas educativas;
• Campanhas preventivas;
• Uso da rádio escolar;
• Relatórios;
• Gráficos;
• Redações;
• Textos;
• Filmes;
• Atividades físicas específicas.
AVALIAÇÃO DO TRABALHO
Ao final do ano, após seis meses do início do projeto, percebemos
que as ações deram resultado positivo. Conseguimos mobilizar 80% dos
alunos e mantivemos a escola limpa e o que é melhor, os alunos estavam
conscientes da necessidade de preservarmos o meio ambiente, a escola e o
meio onde vive. Tudo só foi possível com a colaboração da direção,
coordenação, professores, funcionários e, juntamente com os alunos que
colaboraram bastante.
A atividade escolar desempenha um papel importante no processo de
formação do indivíduo, criando condições favoráveis para desenvolver o
papel de cada um e contribuir para a melhoria da vida no planeta. A
finalidade desta educação para o ambiente foi determinada pela UNESCO,
logo após a Conferência de Belgrado (1975) e são as seguintes:
"Formar uma população mundial consciente e
preocupada com o ambiente e com os problemas com
ele relacionados, uma população que tenha
conhecimento, competências, estado de espírito,
motivações e sentido de empenhamento que lhe
permitam trabalhar individualmente e coletivamente
para resolver os problemas atuais, e para impedir que
eles se repitam”. (Conferência de Belgrado 1975).
Para avançar na questão da Educação Ambiental, urge se pensar na
formação de professores e dos demais integrantes da escola capacitando-os
constantemente, para que não sejam esgotados os conteúdos das
respectivas disciplinas.
A política de educação ambiental, principalmente nas atividades
escolares, deve ser pensada de modo a garantir a continuidade das
atividades realizadas em prol do meio ambiente. Outro fator que impede a
continuidade das atividades é a rejeição por parte de alguns professores que
ao final do projeto, as ações já foram realizadas e por não possuir mais
conteúdos, desistem das atividades. Daí a importância da capacitação dos
educadores.
Tais resultados confirmar o que expõem Rosa; Silva; Leite (2009), ao
dizer que os professores “não estão recebendo formação suficiente para
romper as correntes que os amarram à perspectiva educacional
conservadora”. (p.256). A fim de sanar ou reverter esse quadro Azevedo;
Silva; Sales; et al. (2009, s/n) sugerem que:
“A escola ressignifique e reconsidere o seu processo
de planejamento, a fim de rever práticas de ensino e
aprendizagem, com a finalidade de possibilitar ao
aluno o envolvimento com atividades prazerosas e
significativas, que venham atender ao seu interesse.
Sugerimos também que ela reveja sua proposta
didática, possibilitando ao professor autonomia para
desenvolver um trabalho, junto ao aluno, pautado no
conhecimento e preservação integrando as demais
áreas do conhecimento, como recurso para uma
aprendizagem significativa e reflexiva”. (Azevedo;
Silva; Sales apud Zuquim, 2010).
Graça; Campos (2009) completa dizendo que:
“O trabalho pedagógico com a questão ambiental
requer empenho e, principalmente uma interação da
escola com os demais setores sociais. As atividades a
ser desenvolvidas demandam aspectos
interdisciplinares que contribuirão para que a
compreensão dos alunos ocorra de maneira mais
fácil, favorecendo o seu entrosamento e atuação junto
aos temas ambientais, passando assim, a fazer parte
importante de um processo de conhecimento e
cooperação com o seu bem estar, dos outros, do meio
ambiente e, é claro, do planeta, permitindo que as
próximas gerações também possam usufruir dos
enormes benefícios que a natureza é capaz de
proporcionar”. (Campos apud Zuquim, 2010).
As atividades em Educação Ambiental são fundamentais para
conscientizarmos os educandos de maneira mais descontraída sobre a
realidade em que se encontra o planeta. Essas atividades devem ir além das
fronteiras da escola, de sua casa, de sua cidade. O processo de
conscientização da comunidade escolar pode desencadear iniciativas na
escola e na comunidade. O que eles assimilam deve acompanhar o
indivíduo por toda sua vida, garantindo um futuro melhor para as próximas
gerações.
Assim Souza (2000), afirma que o estreitamento das relações intra-
escolar é fundamental na conservação do ambiente da escola. Quanto mais
se mantém a proximidade com os alunos, mais os compreendemos e
entendemos suas necessidades.
Nesse sentido, a experiência da Escola Professora Altair da Costa
Lima pode ser utilizada como incentivo a projetos similares de educação
científica envolvendo não só a questão do meio ambiente, mas em
qualquer atividade que vise promover crescimento e o desenvolvimento do
ser humano. .
CONCLUSÃO
Este projeto representou o início de várias atividades relacionadas
com a mudança de hábitos em relação às questões ambientais. Através dele
podemos observar a transformação de conceitos que antes eram
desprezados e hoje faz parte do processo de formação de consciência
ambiental dos educandos. Os seres humanos são naturalmente aversos a
mudanças. Mas as atividades desenvolvidas na Unidade Escolar criaram
condições favoráveis para mudar conceitos de valores, convicções, culturas
e comportamento.
Com a conclusão das atividades no fim do ano letivo, o balanço foi
positivo. As mudanças eram visíveis, o ambiente escolar era outro. Daí é
preciso repensar os pontos positivos e negativos do projeto. A partir dessa
experiência é possível realizar outros projetos na unidade, relacionados a
outros temas que envolvam as experiências que os alunos foram expostos,
mas não esquecendo que o anterior já faz parte do currículo da escola. Ele é
o carro chefe das modificações e melhorias que a escola recebeu através
das ações dos alunos.
Assim, para efetivação de um projeto com essa importância, é
necessária a participação de todos os envolvidos com a comunidade
escolar: professores, coordenadores, pais, diretores e todos os funcionários
de apoio da unidade escolar, para que as ações sejam cumpridas de modo a
satisfazer as necessidades do projeto. Ainda que a falta de estrutura dificulte
a realização de algumas atividades, não é fator decisivo para a não
realização do mesmo.
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ANEXO 1
Levantamento do perfil ambiental
Escola Professora Altair da Costa Lima Itens a serem observados e analisados na Unidade Escolar
1. Se possui área verde;
2. Lixo (separação de lixo, redução, reutilização e reciclagem);
3. Água (qual a qualidade da água que consumo? Existe desperdício,
poluição);
4. Árvores (que tipo e qual o seu estado);
5. Respeito aos animais silvestres que vivem no ambiente escolar;
6. Noções de saúde (higiene, prevenção de doenças);
7. Estado de conservação e limpeza da escola (salas de aulas,
banheiros, quadra de esporte, cantina, biblioteca, sala de multimeios
e áreas livres);
8. Observar se a escola possui lixeira suficiente para suprir as
necessidades (lixeira em locais estratégicos);
9. Profissionais de limpeza (a escola possui funcionários suficientes para
a função).