UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PRODUTORES DE ÁGUA E FLORESTAS
Por: Carlos Alberto Penner Leitão
Orientador
Profa. Esther Araújo
Rio de Janeiro
2010
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PRODUTORES DE ÁGUA E FLORESTAS
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Gestão
Ambiental
Por: . Carlos Alberto Penner Leitão
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, pela fé no retorno
das coisas boas e ao meu
companheiro que sempre me motivou a
crescer como pessoa estudando
sempre.
4
DEDICATÓRIA
Dedico à minha querida mãe Laura e à
memória do meu saudoso pai Sylvio.
5
RESUMO
A Terra vista do espaço é azul, devido à presença da enorme porção de
água no planeta. Porém, existe uma aparente abundância de água doce, pois
apenas 3% da água do planeta está disponível.
Água doce que está sendo comprometida pela poluição dos rios e uso
inadequado do solo, o que ao longo de décadas, produziu uma série de
conseqüências, culminando com a chamada crise da água. Devido ao contínuo
crescimento, tanto econômico quanto demográfico, a demanda por este
recurso tende a crescer, e ante a sua escassez, torna-se um problema maior.
A eutrofização das águas e o assoreamento do solo são uns dos muitos
problemas do uso inadequado das áreas agrícolas.
Técnicas de manejo e programas de incentivo existem, e, necessitam
serem implantadas, o mais urgente possível. Uma delas é a remuneração de
produtores rurais, já que a maioria das nascentes dos rios está na área rural e
localizada em propriedades particulares. O objetivo seria incentivar estes
produtores rurais a protegerem as nascentes e as matas ciliares, inseridas nas
suas propriedades, porque são fundamentais para manter o equilíbrio deste
ecossistema tão frágil.
6
METODOLOGIA
Os procedimentos usados para a realização desta pesquisa foram
inicialmente o levantamento bibliográfico em livros e em ambiente virtual,
(material este que teve função basilar para o desenvolvimento do trabalho). Foi
solicitado à ANA (Agência Nacional de Águas), órgão gestor do Projeto:
“Produtores de Águas e Florestas”: Periódicos, de onde foram retiradas
informações fundamentais para compor esta pesquisa.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - A Água 09
CAPÍTULO II - A Crise da Água 23
CAPÍTULO III – O Solo 36
CAPÍTULO IV – Produtores de Água e Florestas 41 CONCLUSÃO 54
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 55
ÍNDICE 56
FOLHA DE AVALIAÇÃO 58
8
INTRODUÇÃO
A Terra é o planeta da água, e a água é essencial à vida. Através dos
séculos, a complexidade dos seus usos múltiplos pelo homem aumentou e
produziu enorme conjunto de degradação, poluição e a crise da água, uma
ameaça permanente à humanidade e à sobrevivência da biosfera como um
todo.
A Água vem sendo comprometida pela poluição dos rios e uso inadequado
do solo nas bacias hidrográficas. É falsa a aparente concepção de que a água
doce é abundante. As demandas para agricultura (irrigação) e para uso
doméstico em função da urbanização tendem a aumentar no Brasil.
Praticamente em todo o planeta, a deterioração de lagos, rios e represas pela
eutrofização, já representa grave problema ambiental.
O Solo é sem dúvida, o recurso natural mais importante de um país, pois é
dele que derivam os produtos para alimentar sua população. Como herança
colonial, adotamos o desmatamento de extensas áreas florestadas para
exploração de madeira, agricultura, pecuária, mineração, etc. Que leva à
exposição do Solo e conseqüentemente à sua perda. O desequilíbrio ecológico
se faz presente.
Entre diversas soluções existentes para estes problemas, aborda-se aqui o
“Programa Produtores de Águas e Florestas” da Agência Nacional de Águas,
devido aos bons resultados colhidos nos projetos pilotos implantados. O
Programa propõe através da adesão voluntária de produtores rurais a adoção
de práticas e manejos conservacionistas, com ações de recuperação e
proteção de nascentes, reflorestamento das áreas de proteção permanente.
Esta pesquisa tem como objetivo apresentar um quadro atual das nossas
matas ciliares e sua importância para os recursos hídricos e apresentar
alternativa para amenizar os efeitos da perda desta vegetação para os
ecossistemas incluindo o próprio homem.
9
CAPÍTULO I
A ÁGUA
O planeta Terra visto do espaço, como nos mostram as inúmeras fotos
de satélite, revela uma beleza impressionante. O “planeta é azul”, disse Yuri
Gagarin, o primeiro astronauta a ter essa visão. Qual a causa dessa beleza?
Seguramente é a água. Um padrão de oceanos, calotas polares, grandes rios
e lagos, nuvens, tudo isso nos remete à presença da água no planeta. Abaixo
da superfície, também há grandes reservatórios de águas subterrâneas. Sem
dúvida, a Terra é o planeta da água. Este é o único planeta do sistema solar
em que a água se encontra nos diferentes estados, sólido, líquido e gasoso.
A água é essencial à vida, portanto, todos os organismos vivos,
incluindo o homem, dependem da água para sua sobrevivência. As mudanças
de estado físico da água, sólido, líquido e gasoso, no ciclo hidrológico, são
essenciais e influenciam os processos que operam na superfície da Terra,
incluindo o desenvolvimento e a manutenção da vida.
10
Através dos séculos, a complexidade dos usos múltiplos da água pelo
homem aumentou e produziu enorme conjunto de degradação e poluição. Por
outro lado, os usos múltiplos excessivos e as retiradas permanentes para
diversas finalidades têm diminuído consideravelmente a disponibilidade de
água e produzido inúmeros problemas de escassez em muitas regiões e
países.
No limiar do século XXI, entre outras crises sérias, a crise da água é
uma ameaça permanente à humanidade e à sobrevivência da biosfera como
um todo. Esta crise tem grande importância e interesse geral: além de colocar
em perigo a sobrevivência do componente biológico, incluindo o Homo
sapiens, ela impõe dificuldades ao desenvolvimento, aumenta a tendência a
doenças de veiculação hídrica, produz estresses econômicos e sociais e
aumenta as desigualdades entre regiões e países. A água sempre foi recurso
estratégico à sociedade. O crescimento populacional e as demandas sobre os
recursos hídricos superficiais e subterrâneos são algumas das causas
fundamentais da crise.
A água é um recurso estratégico e um bem comum que deve ser
compartilhado por todos. “A água é muito mais do que um recurso natural. Ela
é uma parte integral do nosso planeta. Está presente há bilhões de anos, e é
parte da dinâmica funcional da natureza.” (E.C.Pielou, 1998).
É falsa a aparente concepção de que a água doce é abundante.
Somente 3% da água do planeta é disponível como água doce. Destes 3%
cerca de 75% estão congelados nas calotas polares e cerca de 10% estão
reservados em aquíferos. Portanto, somente 15% dos 3% de água doce do
planeta estão disponíveis. E o suprimento global de água tem-se reduzido com
o aumento da população e dos usos múltiplos e com a perda dos mecanismos
de retenção de água ( remoção de áreas alagadas, desmatamento, perda de
volume por sedimentação de lagos e represas).
A água doce é essencial para a vida na terra e representa um recurso
natural insubstituível para a economia humana – no abastecimento doméstico,
na indústria e na produção de alimentos para a sobrevivência dos seres vivos.
Mesmo sendo um recurso natural renovável, a quantidade de água doce
11
potencialmente disponível - renovada anualmente pelo funcionamento do ciclo
hidrológico - é limitada. Por outro lado, o consumo vem aumentando em escala
mundial a uma taxa maior que o crescimento da população e, além disso, a
disponibilidade de água doce vem sendo comprometida pela poluição dos rios
e uso inadequado do solo nas bacias hidrográficas. Há uma crise de água em
2050. Esta é a conclusão da Organização das Nações Unidas no “Informe
Mundial sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos”, preparado para o
Dia Mundial da água (22 de março) durante o Terceiro Fórum Mundial da
água, em Quioto, Japão, anunciado publicamente no dia 05 de março de 2003.
Embora o Brasil disponha de mais de 12% da água doce renovável do
Planeta, ele não está imune a esta crise, pois os nossos recursos hídricos são
muito abundantes na Amazônia, mas escassos no Semi-árido nordestino e
vêm sendo poluídos nos rios do Sudeste e do Sul. Por esta razão são enormes
os desafios para a implementação da Política Nacional de recursos Hídricos,
sob todos os aspectos, e particularmente quando considerado sob o ponto de
vista de produção de conhecimento.
A água é um dos componentes mais importantes do planeta Terra, e
sua importância na vida e nos processos geológicos é fundamental. É o líquido
vital e, sem sua ingestão, animais, vegetais e seres humanos padecem em
poucos dias ( o corpo humano possui 70% de água em sua composição). Para
a agricultura, em particular, a água é imprescindível, como também para a
continuidade das florestas ainda existentes. Além disso, a água é agente
fundamental na transformação da superfície do planeta. Rios, lagos, geleiras e
oceanos erodem as rochas, depositam sedimentos, e assim moldam, ao longo
do tempo geológico.
O acesso às imagens de ampla escala revela a magnificência da água na
superfície terrestre, onde cerca de dois terços são cobertos por ela. Um grave
problema porém, é que boa parte dessa água não é diretamente utilizável para
consumo humano. De toda a água da superfície apenas 3% não é salgada,
mas desse percentual 68,75% encontram-se indisponíveis, por estarem em
geleiras e capas e gelo. Acrescente-se que a maior parte da água doce
restante superficial (30,1%) está em reservatórios subterrâneos. Pode-se dizer,
12
portanto, que, de toda água doce líquida (ou seja, toda água que
potencialmente serviria para o consumo), 99.01% são subterrâneas e apenas
0,99% são superficiais. Esse número é impressionante se for considerada a
importância de corpos de água superficiais, como o rio Amazonas, por
exemplo. Mesmo essa água não está totalmente disponível pelas tecnologias
atuais, por estar localizada em áreas de difícil acesso ou em aquíferos muito
profundos. A água como recurso, ou seja, aquela que pode ser explorada
economicamente, é bem mais restrita e representa apenas uma ínfima parte
do total de água do planeta: 0,007%.
1.1 O Ciclo Hidrológico
A água dos reservatórios superficiais, em especial a do oceano, que possui
maior superfície exposta, sofre a evaporação, saindo da hidrosfera e
agregando-se à atmosfera. Além disso, as plantas exercem transpiração que,
somados à evaporação, forma a evapotranspiração. Esse vapor de água é
transportado pelo vento, forma nuvens, cujas gotículas eventualmente se
agregam, transformando-se em gotas que podem atingir tamanhos e pesos
suficientes para se precipitar na forma de chuva granizo ou neve. Essa água
precipitada retorna à superfície (e à hidrosfera), onde pode seguir três
caminhos. O primeiro deles é a evaporação, retornando à atmosfera e
reiniciando este ciclo. Isto ocorre, por exemplo, quando a água atinge
reservatórios, como lagos, lagoas ou oceanos, ou então, quando água
precipitada é interceptada pelas copas das arvores e pelas construções, não
atingindo a superfície terrestre (este último caminho é denominado
interceptação). Outro caminho que a água segue é o escoamento superficial,
no qual se agrega aos riachos, rios e lagos, quando é escoada até chegar ao
oceano, podendo sofrer evaporação ao longo de todo este caminho,
reiniciando o ciclo. Outra possibilidade, após atingir a superfície, é a infiltração
ou a percolação no solo. A partir da infiltração, a água pode alcançar os
reservatórios subterrâneos, o que é denominado recarga de água subterrânea,
ou evaporar a partir do solo, antes mesmo de se incorporar a estes
13
reservatórios. A água infiltrada que não alcançar o aquífero pode ser
interceptada por camadas menos permeáveis e sofrer escoamento
subsuperficial, até atingirem a superfície do terreno novamente (encostas de
morros e escarpas, por exemplo). As águas do aquífero também se
movimentam lentamente, a razão de centímetros ou milímetros por dia, até
atingirem uma zona de onde retornam à superfície, quer em oceanos, rios,
lagos ou em outros aquíferos. Esse processo é conhecido como descarga. E
durante este processo há possibilidade de ocorrência de evaporação.
Mas nem toda a água do planeta é considerada recurso. Mesmo a água já
utilizada pode deixar de ser recurso, se tiver passado por processo de poluição
ou contaminação que inviabilizem sua reutilização; neste caso, a água deixa de
ser um recurso renovável. Assim, a educação para sustentabilidade deve
incluir esta questão.
O Brasil contem 40 % da água doce do mundo, distribuídas em grandes
bacias hidrográficas como a do Amazonas, do Tocantins, do Paraná e do São
Francisco e em aquíferos, como o Guarani, considerado o maior do mundo,
que extrapola as fronteiras nacionais.
14
O ciclo hidrológico é impulsionado pela energia da radiação solar, pela
ação dos ventos, pela interação dos oceanos com a atmosfera e pela
evaporação a partir das massas de águas continentais e oceânicas. As
reservas de águas superficiais estão distribuídas de forma desigual pela Terra,
e as águas subterrâneas são um potencial importante de suprimento explorado
em determinadas regiões. Como as águas doces constituem uma porção
ínfima (3%) do total de água no planeta, o suprimento de água líquida é
fundamental para os usos e para a economia de municípios, países e regiões.
Rios e lagos constituem importantes reservas de água, às quais se devem
adicionar as represas construídas pelo homem, com diversas finalidades e
localizadas em todos os continentes.
O ciclo global da água, por um lado, depende das fontes naturais de
energia e, por outro, tem considerável influência no balanço de energia da
atmosfera e na superfície dos continentes.
15
A circulação na atmosfera e na hidrosfera tem efeito relevante no ciclo
global da água, e as correntes marinhas alteram substancialmente a
temperatura da superfície do oceano, produzindo alterações em evaporação e
precipitação.
No Brasil, há desproporção entre os suprimentos de água doce, a
distribuição da população e as demandas per capita. O balanço hídrico global
do Brasil (relação descarga/precipitação) é de 36%. As demandas para
agricultura (irrigação) e para uso doméstico em função da urbanização tendem
a aumentar no País.
1.2 A Distribuição da Água no nosso Planeta
A água é um dos elementos mais importantes do nosso planeta. Ela é o
agente fundamental na transformação da sua superfície. Rios, lagos, geleiras e
oceanos erodem as rochas, depositam sedimentos e minerais, e assim a
moldam, ao longo do tempo geológico. Numa era em que a aparência do
nosso planeta não é mais mistério e há pleno acesso a fotos e imagens do
Google, percebe-se ainda mais a magnificência da água na superfície da
Terra.
Como vimos anteriormente, a água não permanece num mesmo
reservatório indefinidamente. Ao contrário, ela está em constante movimento e
renovação. Uma das maneiras de a água se transferir de um reservatório a
outro é pela transformação entre seus estados físicos (sólido, líquido e
gasoso), devido a variações de temperatura e pressão da que acontecem na
superfície. Desta forma, a água pode passar da hidrosfera para a atmosfera e
para a biosfera, e se mover indefinidamente entre essas esferas terrestres
levando a possuírem uma distribuição heterogênea na superfície. Esse
conjunto de processos de circulação de água nos reservatórios terrestres
incluindo a crosta, é então denominado como ciclo hidrológico.
16
1.3 Uso da Água
O uso da água aumenta de acordo com as necessidades da população no
mundo. Porém, diferentemente do que se possa imaginar, o aumento do
consumo da água superou em duas vezes o crescimento populacional durante
o século XX.
Até o momento, segundo o paradigma norte americano de
desenvolvimento, quanto maior a renda – e, portanto, o poder de consumo da
população – maior é o gasto de água. Além do consumo de água, o aumento
populacional também demanda um aumento na produção agrícola e industrial.
Esses dois setores, aliados ao suprimento de água para o consumo humano
direto, são os usos mais importantes da água na superfície terrestre.
È necessária uma mudança no padrão de consumo de água, seguindo um
panorama sustentável de utilização dos recursos. Desta forma, o uso racional
e a reutilização da água devem ser postos em prática, eliminando a relação de
maior desenvolvimento aliado a mais consumo. Novas práticas agrícolas que
incorporam tecnologias inovadoras de irrigação têm sido introduzidas para
reduzir as perdas por evaporação desnecessária. O mesmo tem acontecido
com a indústria. Paralelamente ao que ocorre com a energia, essas novas
técnicas de uso eficiente de água têm garantido também menores custos de
produção, quebrando outro paradigma de que o ambientalmente correto é
sempre mais caro.
17
Irrigação no campo
No mundo todo, cerca de 2.600 Km cúbicos/ano de água são utilizados
para abastecimento agrícola. Sem dúvida alguma, esse setor é o que mais
consome água e ele teve um crescimento significativo nos últimos 50 anos,
cerca de 60%. Estima-se que em 2007, pela primeira vez, a população que
vive em áreas urbanas ultrapassou aquela que vive em áreas rurais. Das 23
megacidades (cidades com populações maiores que 10 milhões de
habitantes), 12 são fortemente dependentes de água subterrânea. A água
subterrânea é um recurso extremamente democrático. Em países em
desenvolvimento, o que se tem observado é que as classes médias e altas
utilizam a água subterrânea como alternativa mais barata em relação aos
valores cobrados pelas companhias de abastecimento público. Por outro lado,
a única alternativa da população mais carente, muitas vezes desprovida de
água da rede pública, é a água subterrânea. Dessa forma, a água subterrânea
é um bem acessível a todos, sem restrição à posição ou à classe social,
embora, neste último caso, a qualidade do recurso esteja, freqüentemente,
abaixo dos padrões exigidos para a água potável, sobretudo pela péssima
qualidade das obras de captação e deposição de esgoto doméstico. Nesse
sentido, a água mineral tem sido cada vez mais utilizada nas grandes cidades
brasileiras.
A diversificação dos usos múltiplos com o desenvolvimento econômico e
social produziu inúmeras pressões sobre o ciclo hidrológico e sobre as
18
reservas de águas superficiais e subterrâneas. Os usos da água para a
agricultura intensificaram-se a partir da segunda metade do século XX,
tornando-se uma das principais utilizações. A diversificação dos usos múltiplos
tornou os impactos mais severos e complexos. Os benefícios dos usos dos
ecossistemas aquáticos ao homem são múltiplos e variados e, além de
apresentarem repercussão econômica, têm valores estéticos e culturais.
1.4 Água no Brasil e no Mundo
A divisão de toda a água existente pela população mundial resultaria em
cerca de 6.500 metros cúbicos/ano/pessoa, que é mais do que o mínimo
razoável para um bom nível de conforto para um indivíduo, estimado em 1.500
metros cúbicos/hab/ano. Nesse valor, estão incluídos todos os usos da água
pelo indivíduo, até mesmo a produção industrial e agrícola dos bens utilizados
por ele, e não somente o consumo próprio. Essa quantidade de água foi
estabelecida em 1995 pelas Nações Unidas, que classificou os países em
cinco níveis, segundo a abundância natural de água.
Entretanto, a simples divisão entre o volume de água doce do planeta e
sua população é irreal para definir o estresse hídrico que se vive, pois não
considera a heterogeneidade entre demanda e oferta ou mesmo sua
distribuição geográfica. Dessa forma, apenas seis países (Brasil, Rússia,
Canadá, Indonésia, China e Colômbia) possuem metade de toda a reserva
renovável de água doce. O Canadá está entre os países mais ricos em água,
com cerca de 94.000 metros cúbicos de água por habitante. Do lado pobre em
água, estão Jordânia, com reservas renováveis de 179 metros cúbicos de água
por habitante, e Kwait, com praticamente zero de água por habitante. Apesar
de a China ser um país relativamente rico em água (cerca de 7% do total), é
um dos mais populosos (21% da população mundial) e suas reservas estão
concentradas na porção sul, o que faz com que a disponibilidade do recurso
per capitã não seja significativa.
Nota-se que neste contexto, o Brasil encontra-se em posição privilegiada,
com 53% da água doce da América do Sul e 12% da vazão total mundial dos
19
rios, o que equivale a 177.900 metros cúbicos por segundo. Isso se deve à
situação geográfica e climática privilegiadas do país, que apresenta índices
pluviométricos em mais de 90% do território na faixa de 1.000 a 3.000 mm/ano.
Por outro lado, há situações locais em que a disponibilidade hídrica não é
favorável, isso ocorre em três estados (Pernambuco, Paraíba e Sergipe) e no
Distrito Federal. Além disso, se uma análise mais detalhada for realizada,
encontram-se situações críticas, como é o caso das bacias do Alto Tietê (SP),
do Oriental Pernambuco (PE), do Leste Potiguar (RN) e de Fortaleza (CE). No
caso brasileiro, o estresse hídrico ocorre devido a condições climáticas ou
econômicas desfavoráveis, ao manejo inadequado do recurso hídrico e/ou à
grande concentração urbana. Um levantamento realizado entre a oferta de
recursos, a população considerada sustentável e a população real demonstra
que muitas das grandes cidades brasileiras se encontram em situação
preocupante quanto aos recursos hídricos.
Para se ter condições plenas de sobrevivência, com bons níveis de saúde e
higiene, estima-se que um volume de 80 l de água por dia, por indivíduo, seria
mais que suficiente. O que ocorre, porém, é que quanto maior a renda, maior o
consumo de água. Um cidadão de Madagascar consegue sobreviver com 5,4
L/dia, enquanto um cidadão americano consome 500 L/dia, principalmente em
função do grande desperdício. No Brasil, o consumo é de cerca de 140
L/hab/dia, segundo relatório do Sistema Nacional de Informações sobre
Saneamento de 2005, do Ministério das Cidades. Observam-se, dentro do
próprio Brasil, discrepâncias no consumo de água entre estados mais ricos e
pobres. O Rio de Janeiro é , destacadamente, o estado que mais consome
água, com 232L/hab/dia, e Pernambuco é o que menos consome, com 85
L/hab/dia.
As Nações Unidas definiram 2005-2015 como a década internacional para
ação: Água para Vida (Water for Life). Várias ações relacionadas à água,
internacionalmente acordadas, foram propostas na Declaração do Milênio da
ONU. A prioridade é atender ao problema de escassez de água, facilitando o
acesso a água potável, saneamento e higiene, e reduzindo o risco de
desastres e mortes, sobretudo para as populações pobres.
20
1.5 A Água Subterrânea
Além de representar 97% da água doce em todo o mundo, a água
subterrânea possui um papel fundamental no abastecimento público e privado
das cidades e das áreas agrícolas. A tendência é que cada vez mais pessoas
no mundo se beneficiem desse manancial, especialmente em países com
economias periféricas, devido à sua fácil obtenção e sua excelente qualidade
natural. Além disso, a água subterrânea é um reservatório estratégico, por
estar mais bem protegido, mesmo em períodos de guerra ou catástrofes
naturais, até mesmo as prenunciadas pelas mudanças climáticas, que podem
afetar diretamente os reservatórios superficiais.
O valor econômico desse recurso também é grande. O uso agrícola na
irrigação de pequenas e grandes propriedades tem aumentado, permitindo a
regularização no suprimento de água em épocas e em locais de seca
prolongadas. Ao mesmo tempo, em muitas regiões a radiestesia continua
sendo praticada na localização de poços.
Em pequenos e médios centros urbanos, a água subterrânea é o recurso
com os menores custos de obtenção. Em grandes centros, quando se exige
grandes vazões e os aquíferos não são muito produtivos, as águas
subterrâneas têm sido utilizadas extensivamente pela população, por meio de
poços privados, em razão dos e da perenidade do recurso, menos afetado por
estiagem.
Estatísticas sistemáticas, relacionadas ao uso de águas subterrâneas, são
raras no mundo. Estas devem representar cerca de 50% do suprimento atual
de água potável, abastecendo 1,5 bilhão de pessoas, 40% do consumo de
indústrias autosuficientes e 20% das águas utilizadas na agricultura (Zeckster;
Lorge, 2004). Essas proporções variam de acordo com as características
climáticas e com o tipo de economia que rege a região ou o país, bem como
com a disponibilidade de água superficial em relação à subterrânea.
A agricultura é o maior consumidor de água subterrânea no mundo. Uma
pesquisa realizada nos Estados Unidos demonstrou que o segundo maior
21
consumidor da água subterrânea é o abastecimento público, seguido pelo uso
industrial, pelo doméstico e comercial.
Na América latina, embora não existam valores oficiais seguros sobre o uso
do recurso hídrico subterrâneo para o abastecimento público e privado, ele é
fundamental para muitos países. Numa das maiores concentrações urbanas do
continente americano, a Cidade do México (México), os recursos hídricos
subterrâneos suprem a maior parte das necessidades municipais e domésticas
de água potável. No caso da Cidade do México, a impressionante cifra de 3,2
bilhões de litros de água por dia, representando 94% do total suprido, é
fornecida por 1330 poços tubulares. San José (Costa Rica), Lima (Peru) e
Santiago (Chile) também têm a maior parte de sua demanda de água potável
atendida pela água subterrânea.
Mesmo os locais úmidos, com excedente hídrico, beneficiam-se da boa
qualidade natural aliada ao baixo custo de produção, como é o caso da
América Central e do Brasil, onde a água subterrânea supre 35% da população
com água potável. No estado de São Paulo, cerca de 70% dos municípios são
abastecidos parcial ou exclusivamente por água subterrânea. A bacia do Alto
Tietê, cujo contorno corresponde aproximadamente ao da região metropolitana
de São Paulo, tem cerca de 8.000 poços tubulares em operação (de um total
de mais de 12.000 poços perfurados até o ano de 2004), extraindo um volume
estimado de 8 metros cúbicos por segundo dos sistemas aquíferos. Esse
volume representa 13% do total de água distribuída pelas companhias de
abastecimento público, o que poderia suprir cerca de 3,5 milhões de pessoas
(consumindo cerca de 200l/hab/dia). Embora a proporção do abastecimento
final seja pequena, a situação atual do abastecimento da bacia do Alto Tietê
não permite prescindir desse volume de água. Dessa forma, se por algum
problema a população abandonasse seus poços e passasse a consumir a
água da rede pública, o sistema público entraria em colapso.
Além disso, a importância da água subterrânea é confirmada pelo papel
que desempenha na descarga em cursos de água superficial (manutenção do
fluxo de base) tais como rios, lagos e pântanos, o que permite sua
conservação em épocas de seca. Em alguns locais, em épocas de seca, o
22
fluxo de base é o único responsável pela perenidade do rio, permitindo que
estes corpos de água superficial continuem a ser utilizados, até mesmo para a
diluição de esgoto lançado pelas cidades. O mesmo mecanismo garante a
manutenção de áreas alagadiças, como brejos, pântanos, manguezais e
restingas, essenciais para o equilíbrio ecológico e a manutenção de espécies
frágeis. Em áreas desérticas, os oásis são ótimos exemplos de sistemas
alimentados pela descarga subterrânea de aquíferos. Outro sistema ecológico
que necessita da descarga de aquíferos para existir são aqueles associados a
zonas costeiras. Aquíferos que descarregam nessas áreas reduzem a
salinidade das águas marinhas e permitem a sobrevivência de algumas
espécies.
Daí a importância de uma boa e elaborada Gestão Ambiental, onde cabe ao
gestor articular as ações e trâmites entre agentes envolvidos e o poder público
em conformidade com as leis e resoluções que visam à proteção de nossos
mananciais.
Oásis: Exemplo de sistema alimentado por descarga subterrânea de aqüíferos.
23
CAPÍTULO II
A CRISE DA ÁGUA
O conjunto de ações produzidas pelas atividades humanas ao explorar os
recursos hídricos para expandir o desenvolvimento econômico e fazer frente às
demandas industriais e agrícolas e à expansão e crescimento da população e
das áreas urbanas foi se tornando complexo ao longo da história da
humanidade.
O crescimento mundial da população humana e o grau de urbanização são
as duas causas fundamentais para os impactos nos ecossistemas aquáticos
continentais de superfície e subterrâneos.
A contaminação das águas subterrâneas é outra fonte importantíssima de
deterioração dos recursos hídricos e das reservas disponíveis. Contaminação
inclui percolação por resíduos de aterros sanitário, percolação a partir de
lagoas de estabilização, perdas por derrames, acidentes em tanques de
reservas de combustíveis e descargas a partir de fossas negras. O uso de
fertilizantes na irrigação (inclusive o restilo de cana-de-açúcar) pode
contaminar, por percolação, os aquíferos. Tanques que reservam resíduos
industriais, alguns tóxicos, também podem ser causa de contaminação dos
aquíferos. Outra fonte são tanques para reservas de resíduos de animais
(fezes) ou para reservas de ração; além disso, algumas disposições
inadequadas de resíduos industriais também podem ser fontes importantes de
deterioração das reservas de águas subterrâneas. Águas municipais com
esgotos não tratados também podem conter detritos de várias origens. No
Brasil, uma fonte muito significativa de contaminação é a mineração, assim
como a perda de material de tanques de reserva de álcool ou gasolina em
24
postos de gasolina e a grande concentração de fazendas de criação de gado
confinado ou suínos, ou granjas, em que o material sólido permanece no solo.
Chuva ácida e contaminações resultantes de algumas contribuições da
atmosfera também podem causar essa deterioração.
Lagoa de estabilização
Em regiões próximas à costa, algumas obras podem resultar no influxo de
águas salobras em aquíferos ou no lençol freático. A gravidade dos efeitos
dessa contaminação depende da concentração, da persistência e da
toxicidade das substâncias que se infiltram. Os tipos de substâncias químicas e
de elementos que contaminam os aquíferos são: nitratos, cloro, materiais
radioativos, substâncias orgânicas, metais pesados e hidrocarbonetos. A
degradação dessas substâncias e elementos por bactérias nos solos também
pode mudar a composição química, tornando mais difícil a identificação dos
contaminantes (Pye & Kelly, 1988). De grande complexidade é a contaminação
composta de várias substâncias ou elementos, o que torna mais cara
recuperação das águas subterrâneas. A contaminação das águas
subterrâneas pelo uso indiscriminado e inadequado de fossas negras é outra
fonte de degradação de recursos hídricos, agravada pelo fato de que águas de
25
poços subterrâneos podem ser ou são usadas sem qualquer tratamento.
Portanto, os problemas deterioração estão relacionados com o crescimento e a
diversificação das atividades agrícolas, o aumento da rbanização e o aumento
e a intensificação das atividades nas bacias hidrográficas.
A última avaliação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(PNUMA) identifica 80 países com sérias dificuldades para manter a
disponibilidade de água. Esses 80 países representam 40% da população
mundial.
• Cerca de 1/3 da população Mundial vive em países onde a falta de água
vai de moderada a altamente impactante e o consumo representa mais
de 10% dos recursos renováveis da água.
• Mais de 1 bilhão de pessoas têm problemas de acesso à água potável;
2,4 bilhões não têm acesso a saneamento básico.
• Falta de acesso à água de boa qualidade e ao saneamento resulta em
centenas de milhões de casos de doenças de veiculação hídrica e mais
de 5 milhões de mortes a cada ano. Estima-se que entre 10.000 e
20.000 crianças morrem todo dia vítimas de doenças de veiculação
hídrica.
• Em algumas regiões da China e da Índia, o lençol freático afunda de 2 a
3 metros anualmente e 80% dos rios são muito tóxicos para suportar
peixes.
• Mais de 20% de todas as espécies de água doce estão ameaçadas ou
em perigo em razão da construção de barragens.
• Cerca de 37% da população mundial vive próximo à costa, onde o
esgoto doméstico é a maior fonte de contaminação.
• Eutrofização marinha e costeira causada pelo impacto do nitrogênio é
uma das principais fontes de poluição, contaminação e degradação de
recursos costeiros e marinhos.
• Há preocupação adicional com as conseqüências das mudanças globais
no ciclo de água no planeta e na conservação dos recifes de coral nas
regiões tropicais.
26
• 30 a 60 milhões de pessoas foram deslocadas diretamente pela
construção de represas em todo o planeta.
• 120 mil km Cúbicos de água estão contaminados e para 2050 espera-se
uma contaminação de 180 mil km cúbicos caso persista a poluição.
(PNUMA,IETC,2001,UNESCO,2003)
A deterioração dos mananciais e do suprimento de água é resultado do
constante aumento no volume de água utilizado para diversas finalidades e
do aumento da poluição e da contaminação hídrica. Esses impactos, do
ponto de vista quali e quantitativo, têm custos econômicos elevados na
recuperação dos mananciais e fontes de abastecimento, lagos e represas.
Esses custos incidem sobre a sociedade nos diferentes continentes e
países. Um dos agravantes da deterioração dos recursos hídricos é a
repercussão na saúde humana e no aumento da mortalidade infantil e das
internações hospitalares. Outra causa das mudanças no ciclo hidrológico
são as alterações globais pelas quais passa e passará o planeta e que
deverão causar impactos na evaporação, no balanço hídrico e na
biodiversidade dos sistemas aquáticos. Invasões de espécies exóticas,
pesca excessiva e impactos nas bacias hidrográficas são causas da
diminuição da biodiversidade aquática, de difícil recuperação. Águas
superficiais e subterrâneas sofrem impactos cumulativos progressivos com
grandes danos ao funcionamento dos ecossistemas, ao balanço hídrico e à
disponibilidade de recursos hídricos para a espécie humana e outras
espécies de animais e plantas.
2.1 Eutrofização
A eutrofização dos ecossistemas aquáticos continentais, das águas
costeiras marinhas e das águas subterrâneas é resultado do
enrriquecimento com nutrientes de plantas, principalmente fósforo e
nitrogênio, que são despejados de forma dissolvida ou particulada em
lagos, represas e rios e são transformados em partículas orgânicas, matéria
27
viva vegetal, pelo metabolismo das plantas. Eutrofização natural é resultado
da descarga normal de nitrogênio e fósforo nos sistemas aquáticos. A
eutrofização “cultural” é proveniente dos despejos de esgotos domésticos e
industriais e da descarga de fertilizantes aplicados na agricultura.
Geralmente, a eutrofização cultural acelera o processo de enriquecimento
das águas superficiais e subterrâneas. No caso de lagos, represas e rios,
esses processo consiste no rápido desenvolvimento de plantas aquáticas,
inicialmente cianobactérias, ou “algas verde azuis”, as quais produzem
substâncias tóxicas que podem afetar a saúde do homem e podem causar
a mortalidade de animais e intoxicações. Além disso, a eutrofização, em
seus estágios mais avançados, resulta em crescimento excessivo de
aguapé (Eichhorrnia crassipes) ou alface-dágua (Pistia stratiotes) que são
plantas aquáticas superiores mais comuns nesse processo.
Alface-dágua (pistia stratiotes)
Muitas cianobactérias podem fixar nitrogênio do ar e, portanto, podem
crescer rapidamente, produzindo alterações na qualidade da água e
afetando a composição da biota, com alterações na qualidade da água e
afetando a composição da biota, com alterações significativas no
funcionamento do ecossistema aquático.
28
Com suprimento suficiente de fósforo para acelerar o crescimento e a
capacidade de fixar nitrogênio (o que lhes fornece vantagem competitiva
sobre outras algas ou plantas superiores), as cianobactérias crescem
rapidamente, formando extensas populações que se desenvolvem próximas
à superfície e aproveitam o máximo de radiação solar disponível. As
cianobactérias têm mecanismos de adapatação á profundidade para
maximizar o uso de radiação solar. As densas populações que cobrem a
superfície de lagos, represas e rios decompõem-se e liberam matéria
orgânica, além de substâncias tóxicas. À medida que essas populações de
algas perdem a capacidade de flutuação por morte, depositam-se no fundo
de lagos e represas, e sua decomposição utiliza oxigênio dissolvido na
água, produzindo variadas concentrações de oxigênio dissolvido na água, e
muitas vezes completa anoxia, causando mortalidade de outros organismos
aquáticos, especialmente peixes. Em muitos casos, há mortalidade em
massa de peixes associada à ausência de oxigênio dissolvido produzida
pelo extenso florescimento de cianobactérias e aumento de matéria
orgânica em decomposição.
Os principais efeitos da eutrofização são:
• Anoxia (ausência de oxigênio na água), que provoca mortalidade em
massa de peixes e invertebrados e também produz liberação de
gases com odor e muitas vezes tóxicos como por exemplo o Metano.
• Florescimento de algas e crescimento não controlado de plantas
aquáticas, especialmente macrófitas.
• Produção de toxinas por algumas espécies de algas tóxicas.
• Altas concentrações de matéria orgânica, as quais, se tratadas com
cloro, podem produzir substâncias carcinogênicas (substâncias
cancerígenas)
• Deterioração dos valores recreacionais dos lagos ou represas em
razão da diminuição da transparência.
29
• Acesso restrito à pesca e atividades recreacionais em razão do
acúmulo de plantas aquáticas que podem impedir a locomoção e o
transporte.
• Acentuada queda na biodiversidade e no número de espécies de
plantas e animais.
• Alterações na composição de espécies de peixes com diminuição de
seu valor comercial (mudanças nas espécies e perda do valor
comercial pela contaminação).
• Diminuição da concentração de oxigênio dissolvido, especialmente
nas camadas mais profundas de lagos de regiões temperadas,
durante o outono.
• Diminuição dos estoques de peixes causados pela depleção de
oxigênio dissolvido na água e nas regiões mais profundas de lagos e
represas.
• Efeitos na saúde humana (crônicos e agudos) ( Azevedo, 2001).
Em muitos países, e praticamente em todo o planeta, a deterioração de
lagos, rios e represas pela eutrofização, já representa grave problema
ambiental.
2.1.1 Causas da Eutrofização
Como já foi ressaltado, a eutrofização é resultante da descarga excessiva
de águas de esgotos ou de despejos agrícolas não tratados, que acelera o
processo de enriquecimento natural dos lagos, represas e rios. Os processos
que ocorrem nos lagos também aceleram a eutrofização, uma vez que, a carga
orgânica existente, após acelerar o crescimento de algas e plantas aquáticas,
pode depositar-se no sedimento sob forma de matéria orgânica em
decomposição. Assim, além da carga externa, proveniente dos esgotos
domésticos não tratados ou outras fontes, deve-se considerar a carga interna
30
resultante do acúmulo de matéria orgânica nos sedimentos e na água
intersticial. As fontes de eutrofização podem resultar de cargas pontuais
provenientes de canais ou rios, ou cargas não pontuais, que são despejos
difusos resultantes de ações dispersas na bacia hidrográfica, como, por
exemplo, drenagem agrícola de áreas com excesso de fertilizantes na camada
superficial do solo. A carga interna dos lagos e represas é originalmente difusa
a partir dos sedimentos e produz efeitos de eutrofização muito tempo após ter
cessado a contribuição externa. Lagos e represas que ocupam várias fases da
eutrofização recebem denominações diversas em função da concentração de
nitrogênio e fósforo que apresentam. Assim, as denominações oligotrófico,
mesotrófico, eutrófico e hipereutrófico referem-se a lagos, represas ou rios com
diferentes concentrações de nutrientes, principalmente nitrogênio(N) e fósforo
(P). lagos oligotróficos, têm baixa eutrofização e lagos eutróficos ou
hipereutróficos são altamente providos de N e P. As concentrações de N e P
para lagos oligotróficos e eutróficos de regiões temperadas e regiões tropicais
variam, e os níveis de concentração que definem o estado trófico não são
iguais para as regiões temperadas e tropicais. (UNEP/IETC, 2000;
PNUMA/CITA, 2001).
O crescimento de plantas aquáticas como o aguapé e o alface-d`água, é
um outro processo importante resultante da aceleração da eutrofização. Há
impedimento à navegação e bloqueio de canais de irrigação, alta
evapotranspiração e aumento da concentração de detritos orgânicos nas
raízes dessas plantas, além de constituírem um núcleo para o crescimento de
larvas de mosquitos e parasitas com efeitos na saúde humana.
2.1.2 Problemas econômicos resultantes da eutrofização
Como já foi ressaltado, a aceleração da eutrofização e a degradação dos
sistemas aquáticos e da qualidade da água produzem uma série de impactos
econômicos, como o aumento muito rápido dos custos de tratamento, a perda
do valor estético de lagos, represas e rios e o impedimento à navegação e à
31
recreação, o que diminui o valor turístico e os investimentos nas bacias
hidrográficas.
Por outro lado, a despoluição de lagos, represas e rios pode representar
oportunidade econômica de aumentar o número de empregos, estimular
companhias ambientais e de consultoria e apoiar inovações apropriadas com
novas soluções tecnológicas para o gerenciamento e a recuperação da
eutrofização. Os impactos econômicos resultantes da eutrofização também se
referem às perdas de horas de trabalho por afetar a saúde humana a às
internações que resultam de doenças de veiculação hídrica. Além das perdas
econômicas, a eutrofização causa direta ou indiretamente, impactos sociais,
pois, ao atingir a qualidade da água, as atividades econômicas relacionadas
aos lagos e às represas, reduz a capacidade de gerar emprego e renda,
provocando, em muitos casos, a migração de população para regiões com
melhores oportunidades de trabalho. A instalação de industrias também pode
ser prejudicada em razão dos efeitos da eutrofização. Para certos tipos de
indústria, o custo do tratamento de águas eutrofizadas pode impedir sua
instalação. Os impactos na saúde humana com efeitos tóxicos crônicos ou
agudos, também podem ser considerados perdas econômicas.
A eutrofização é um fenômeno mundial que afeta rios, lagos, represas,
tanques de abastecimento, na superfície, águas subterrâneas e águas
costeiras. A eutrofização tem provocado a deterioração dos ecossistemas
aquáticos produzindo impactos ecológicos, econômicos, sociais e na saúde
pública. Sua diminuição implica grandes gastos para a recuperação de rios,
lagos e represas, e seu controle depende de ações que se iniciam nas bacias
hidrográficas e fontes pontuais e não pontuais de descarga de nitrogênio e
fósforo. Para a maioria dos usos múltiplos, a eutrofização limitada pode ser útil,
mas para fins de abastecimento de água, recreação e turismo há
impedimentos. Eutrofização excessiva com crescimento de cianobactéiras
agrava a toxicidade das águas superficiais, subterrâneas e costeiras. O
desenvolvimento da eutrofização aumenta os custos do tratamento necessário
para produzir a potabilidade da água, agravando os custos de obtenção de
água adequada para consumo humano.
32
2.2 Usos Múltiplos dos Recursos Hídricos
A diversificação dos usos múltiplos dos recursos hídricos no Brasil
depende, evidentemente, do grau de concentração da população humana, do
estágio de desenvolvimento econômico regional e da intensidade das
atividades nas bacias hidrográficas. Aproximadamente 90% dos recursos
hídricos do Brasil são utilizados para produção agrícola, produção industrial e
consumo humano (Tucci et al.,2000). No entanto, o conjunto de atividades em
que se utilizam recursos hídricos superficiais e subterrâneos pode ser assim
descrito:
• Abastecimento público em áreas urbanas;
• Irrigação a partir de águas superficiais e subterrâneas;
• Uso industrial (várias finalidades)
• Navegação para transporte em larga escala; recreação;
• Pesca e piscicultura;
• Aqüicultura; Hidroeletricidade;
• Abastecimento em áreas rurais;
Uso Agrícola
O desenvolvimento agrícola depende da disponibilidade de água e de seu
uso adequado. Além da água para irrigação, o uso para abastecimento rural
representa desafio relevante, pois nessa área estão concentrados muitos
problemas de saúde pública relacionados ao abastecimento e ao saneamento.
As estimativas de áreas irrigadas e de demandas para irrigação em 2010 nas
várias regiões do Brasil são grandes. A zona rural nordestina depende da água
33
para o desenvolvimento econômico. Nas regiões sul e sudeste a intensificação
do uso do solo tem produzido perdas consideráveis, de até 20 toneladas por
hectare por ano de solo superficial. A erosão nessas regiões é um dos grandes
problemas a serem resolvidos.
Impactos nos Recursos Hídricos
As principais atividades humanas cujos impactos nos recursos hídricos, do
ponto de vista quanti e qualitativo, são relevantes, alterando, portanto, o ciclo
hidrológico e a qualidade da água, são:
• Urbanização e despejos de esgoto sem tratamento.
• Construção de estradas.
• Desvio de rios e construção de canais.
• Mineração.
• Hidrovias.
• Construção de represas.
• Atividades industriais.
• Agricultura.
• Aqüicultura.
• Introdução de espécies exóticas.
• Remoção de espécies críticas.
• Disposição de resíduos sólidos.
• Desmatamento nas bacias hidrográficas.
34
Desmatamento em bacias hidrográficas
Esse conjunto de ações tem por consequência os seguintes impactos:
• Eutrofização.
• Aumento do material em suspensão e assoreamento de rios, lagos e
represas.
• Perda da diversidade biológica.
• Alterações no ciclo hidrológico e no volume de reservatórios, rios e
lagos.
• Alterações na flutuação de nível dos rios e nas áreas de inundação.
• Contaminação dos aquíferos.
• Aumento da toxicidade das águas e sedimentos.
• Perda da capacidade tampão (pela remoção de áreas alagadas e
florestas ripárias).
• Expansão geográfica de doenças de veiculação hídrica.
• Degradação dos mananciais e das áreas de abastecimento.
Portanto, atualmente, os principais problemas resultantes dos usos dos
recursos hídricos estão relacionados à eutrofização, ao aumento da toxicidade
das águas superficiais e subterrâneas e às alterações no ciclo hidrológico e na
35
disponibilidade de água. Assim, os problemas agravam-se do ponto de vista
quali e quantitativo.
CAPÍTULO III
O SOLO
Com a evolução agrícola, as civilizações que povoaram a Europa, o
Mediterrâneo, a Ásia menor, a Índia e o Leste Asiático transformaram por
completo os territórios ocupados, explorando seus bosques e florestas e
transformando-os em campos agrícolas. De modo análogo, o modelo de
colonização adotado pelos europeus nas Américas e África, e particularmente
no Brasil a partir do século XVIII, tem se baseado no desmatamento de
extensas áreas florestadas para exploração da madeira. A área desmatada
pode ser abandonada ou, eventualmente, ocupada por pastos e por uma
pecuária extensiva que, à medida que são disponibilizados melhores meios de
comunicação, progride para agricultura intensiva. A substituição de florestas
por uma vegetação rasteira, freqüentemente manipulada de forma inadequada,
leva à maior exposição do solo. Este passa a ser mais suscetível aos agentes
erosivos, com sua conseqüente desestruturação e perda da capacidade de
absorção de água, o que provoca maior escoamento superficial que, por sua
vez, intensifica a erosão. A perda de solo causará , de modo complementar, o
36
assoreamento dos rios, dos lagos e, finalmente, a deposição de material
sedimentar nas plataformas continentais dos oceanos.
Com a exaustão do solo, as populações procurarão novas áreas que
sofrerão o mesmo processo de ocupação e degradação. Nas áreas em que a
agricultura intensiva é implantada, quase sempre em associação com técnicas
de irrigação, o desequilíbrio ecológico se faz presente, obrigando ao uso
exclusivo de fertilizantes e agrotóxicos. Tais práticas são agressivas ao solo,
podendo levar à sua salinização. Além disso, podem provocar a contaminação
tanto das águas superficiais quanto das subterrâneas, inviabilizando o
aproveitamento da região por longo período de tempo, ou mesmo
permanentemente, já que as águas subterrâneas deslocam-se a velocidades
extremamente baixas e não se renovam facilmente.
Desmatamento para exploração de Madeira
A necessidade de se conseguir mais produtividade da área cultivada tem
obrigado a modernização e a progressiva mecanização da agricultura. Isto cria
um grave problema social na medida em que alija os trabalhadores rurais do
seu mercado de trabalho tradicional, fazendo com que grandes contingentes
se mudem para as áreas urbanas à procura de novas oportunidades. Nos
países menos desenvolvidos, estes trabalhadores chegam às metrópoles sem
37
condições financeiras e instrução adequadas para competir no mercado de
trabalho. Em muitos casos, estabelecem-se em áreas periféricas, geralmente
inadequadas para ocupação, onde a vegetação é retirada e cortes e aterros
são construídos sem qualquer controle técnico. Tais alterações do meio físico
aumentam a vulnerabilidade das populações, como é o caso de construções
em áreas de risco sujeitas a escorregamentos.
3.1 A Importância do Solo e de sua Conservação
O solo é, sem dúvida, o recurso natural mais importante de um país, pois é
dele que derivam os produtos para alimentar sua população. Nas regiões
intertropicais essa importância é maior ainda por duas razões principais: Nessa
zona climática encontra-se a quase totalidade dos países em
desenvolvimento, cuja economia depende da utilização de seus recursos
naturais, especialmente agrícolas; os processos que levam à formação dos
solos podem, na zona intertropical, levar também à formação de importantes
recursos minerais.
Entretanto, os solos dessas regiões são em geral, desenvolvidos em área
tectonicamente estáveis e sobre superfícies de aplainamento esculpidas a
partir do final do Mesozóico. São, portanto solos antigos, frágeis,
empobrecidos quimicamente, e que se encontram em contínua evolução.
Existem em situação de equilíbrio precário, de tal forma que os impactos
provocados por causas naturais ou por atividades antrópicas podem
desestabilizar o sistema. Desmatamento, cultivo de terras, uso de produtos
agrotóxicos e explotação mineral são atividades que, se não forem bem
conduzidas, por meio de técnicas desenvolvidas com criteriosa base científica,
38
podem levar à erosão, à contaminação e poluição e, finalmente, à sua
degradação.
Solo Degradado
Por ser um recurso finito e não renovável, podendo levar milhares de anos
para tornar-se terra produtiva, o solo, uma vez degradado, desaparece para
sempre na escala de tempo de algumas gerações. De acordo com estimativas
recentes, as várias formas de degradação dos solos têm levado a perdas de 5
a 7 mihões de hectares de terras cultiváveis por ano. Para compensar essas
perdas, seria necessário a disponibilização dessa mesma superfície a cada
ano para fins de cultivo, o que é cada vez mais difícil.
A perda dos solos e o crescimento demográfico, que gera grandes pressões
para a produção de maior quantidade de alimentos, têm resultado no
desmatamento de áreas florestadas para expansão das áreas agriculturáveis.
Essa é uma solução ilusória, pois os solos das florestas tropicais representam
sistemas muito frágeis, que acabam sendo degradados com o desmatamento.
O uso adequado dos solos já existentes, prevenindo-se sua destruição,é a
melhor solução. Além disso, solos de outros ambientes, que não os florestais,
como os do cerrado, por exemplo, com a aplicação de formas adequadas de
irrigação e manejo, poderiam contribuir de forma mais concreta e permanente
para o aumento da produção de alimentos.
39
Para a proteção desse recurso essencial à vida humana existe hoje um
conjunto de técnicas de manejo que inclui a identificação e mapeamento dos
solos vulneráveis, a implementação de soluções alternativas à forte
dependência de agroquímicos e, finalmente, o reflorestamento.
3.2 Conservação e Gerenciamento de Solos Agrícolas
Solos aráveis, produto final da alteração intempérica das rochas, levam
muitos milhares de anos para serem formados. Os solos ideais apresentam
bom suprimento de nutrientes, estrutura e mineralogia adequadas para a
retenção de água e hospedagem de micro-organismos, bem como espessura
suficiente para suportar vários tipos de vida vegetal. Por outro lado, em
terrenos utilizados exaustivamente na agricultura, muito solo é perdido por
diversos fatores, entre os quais: a salinização, por causa da irrigação
imprópria; a toxificação, pelo uso incorreto e/ou intenso de fertilizantes e
pesticidas; e a erosão, em razão do manejo inadequado, com cultivo em
declives, desflorestamento e atividades extrativistas.
Segundo estudos recentes, áreas já degradadas perfazem cerca de 300
milhões de hectares na África, 440 milhões de hectares na Ásia e 140 milhões
de hectares na América latina. Além disso, cerca de cinco a sete milhões de
hectares de solos são perdidos, e impossíveis de serem repostos, anualmente
para os oceanos. Por exemplo, 40% da área originalmente apta à agricultura
na Índia encontram-se parcialmente ou totalmente degradada. Na bacia do Rio
Paraná (principalmente PR e SP), diversas e extensas áreas apresentam-se
improdutivas, ocupadas por grandes feições erosivas denominadas boçorocas,
formadas pela erosão intensa, ocasionada pelo desmatamento, uso
inadequado do solo e descuido no gerenciamento das águas superficiais. Em
áreas urbanas, apesar do alto grau de impermeabilização do solo promovido
pelas edificações e pavimentos, o problema de erosão também se faz presente
de forma intensa, devido à exposição de extensas áreas de solo sem qualquer
proteção. Em vista do exposto, a par dos depósitos minerais e combustíveis
fósseis, os solos devem ser também considerados como recursos naturais não
40
renováveis, sendo de importância vital a sua conservação e adequada
utilização.
Exemplo de Boçoroca
Observa-se uma diversidade muito grande entre as práticas de conservação
do solo utilizadas em diferentes regiões do planeta. Naquelas próximas dos
principais centros consumidores, que já sofreram certa degradação pelo
manejo impróprio dos solos, os agricultores têm sido uma crescente
preocupação com sua conservação, adotando práticas simples e eficientes, de
baixo custo. Aliam isto a diversas técnicas de monitoramento das condições
atmosféricas e da variação das propriedades do solo ao longo do tempo. Têm
também buscado o auxílio de sensoriamento remoto na avaliação da eficácia
dos processos produtivos adotados. No entanto, nas chamadas fronteiras
agrícolas, que vêm a ser as áreas recentemente desflorestadas, continuam a
se repetir os erros e descuidos de antigamente. Como por exemplo na região
de Carajás , o avanço da ocupação com intenso desmatamento, enquanto a
área sob responsabilidade da mineração permanece praticamente inalterada,
conservando a floresta natural. Neste aspecto, os geocientistas deverão atuar
junto aos agricultores na busca das soluções técnicas e economicamente
viáveis, para evitar ou mitigar a perda de áreas produtivas por manejo
inadequado e conseqüentemente erosão, contaminação dos recursos hídricos
e assoreamento dos reservatórios.
41
Região de Carajás
CAPITULO IV
PRODUTORES DE ÁGUA E FLORESTAS
As matas ciliares são as vegetações arbóreas que margeiam os rios, lagos
e lagoas, responsáveis pela qualidade da água. Elas controlam a erosão das
margens dos cursos d`água, seguram a terra, evitam o assoreamento.
Também atuam como filtros dos resíduos químicos, como agrotóxicos e
fertilizantes, fornecem estabilidade às várzeas, impedindo variações de volume
do curso d`água, diminuindo assim a ocorrência de enchentes, além de
contribuir para a manutanção da temperatura da água por intermédio do
sombreamento. Durante seu crescimento, absorvem e fixam dióxido de
carbono, um dos principais gases responsáveis pelas mudanças climáticas que
afetam o planeta.
42
As Matas Ciliares são responsáveis pela qualidade da água
As faixas de vegetação em torno dos rios são consideradas Áreas de
Preservação Permanente desde de 1965, quando foi criado o Código Florestal,
pela Lei Federal No 4.771. Apesar dos mecanismos de defesa criados, o grau
de devastação das áreas de mata ciliar é tão grande que, considerando os
números atuais, levaríamos 200 anos para recuperar a cobertura vegetal ao
longo de rios, lagos e represas.
No entanto, este sistema equilibrado se encontra seriamente comprometido.
È preciso investir em campanhas de conscientização, políticas públicas,
mobilização populacional e educação, envolvendo toda a sociedade na defesa
deste patrimônio natural.
4.1 Programa Produtores de Água
Desenvolvido pela Agência Nacional de Águas, o Programa produtor de
água tem como foco a redução da erosão e do assoreamento de mananciais
no meio rural. O intuito é propiciar a melhoria da qualidade da água e o
aumento das vazões médias dos rios em bacias hidrográficas de importância
estratégica para o País.
43
É um programa de adesão voluntária de produtores rurais que propõe a
adotar práticas e manejos conservacionistas. Como os benefícios advindos
dessas práticas ultrapassam as fronteiras das propriedades rurais e chegam
aos demais usuários da bacia. O Programa prevê a remuneração dos
produtores participantes que será proporcional ao serviço ambiental prestado e
dependerá de prévia inspeção na propriedade. O Programa oferece apoio
técnico e financeiro à execução de ações como construção de terraços e de
bacias de infiltração, readequação de estradas vicinais, recuperação e
proteção de nascentes, reflorestamento das áreas de proteção permanente e
reserva legal, saneamento ambiental entre outros.
Portanto, é um Programa de adesão voluntária de produtores rurais que se
proponham a adotar práticas e manejos conservacionistas em sua terras com
vistas à conservação de solo e água. Como os benefícios e advindos dessas
práticas ultrapassam as fronteiras das propriedades rurais e chegam aos
demais usuários da bacia, o Programa prevê a remuneração dos produtores
participantes.
O programa “Produtor de Água” da Agência Nacional de Águas – ANA, foi
desenvolvido dentro do conceito, mundialmente em evidência, do pagamento
por serviços ambientais. Está estabelecido com a premissa de redução da
erosão e do assoreamento no meio rural, como um meio de incentivo aos
produtores rurais a adotarem boas práticas de conservação de água e do solo.
Os especialistas da Agência consideram que o grande avanço do programa
está na colocação do produtor rural no centro do processo, desde a tomada de
decisão em participar voluntariamente até o acompanhamento das obras que
se fizerem necessárias, passando assim, a ser um ativista no processo. Os
projetos para o programa da Ana devem ser executados por sub-bacias. Estão
previstos apoios financeiros para projetos que prevejam a execução de
infraestrutura para a recuperação e conservação de solo, por exemplo: bacias
de infiltração, terraços, adequação de estradas, reflorestamento em áreas de
APP e em reserva legal. Prevê ainda, a compensação financeira àqueles
produtores que contribuírem para a recuperação de mananciais, desde que, as
ações implantadas efetivamente tenham contribuído pra a redução da poluição
44
difusa e aumento da infiltração de água no solo. A documentação do Programa
é vasta, e os projetos com foco no pagamento por produção de água podem
ser feitos com base nas sugestões da ANA.
È fato que devemos chamar os agricultores a participar da conservação e
da recuperação ambiental por meio do cumprimento da Lei e da adoção de
boas práticas de produção. Mas por outro lado, também é necessário levar às
cidades um pouco da dívida do campo, uma vez que a água servida á
população, é fruto, na maioria das vezes, do meio rural, onde existem pessoas
que se sacrificam para produzir os alimentos e ainda conservar o meio
ambiente. Uma das maneiras de fazer essa participação poderia ser a
remuneração dos agricultores, de acordo com um mercado de água, onde a lei
da oferta e da procura poderia prevalecer.
Entende-se que, remunerar em função do cumprimento da lei poderia ser
um dos meios de incentivo à conservação, cuidando sempre no
desenvolvimento do conceito, pra que o pagamento pela produção de água
seja feito rigorosamente dentro de um “menu” técnico, e que não se torne
paternalista ou mais um mecanismo de inclusão social. Deve auxiliar a garantir
que todos atuem dentro da legalidade com ou sem remuneração.
Enfim, Remunerar os produtores rurais pela correta conservação do solo,
manutenção da qualidade dos recursos hídricos, entre outros serviços
ambientais que beneficiam a sociedade em geral é o objetivo do Projeto
Produtor de Água.
4.2 Bacias Hidrográficas
A Lei 9.433, de 08 de janeiro de 1997, que institui a política nacional de
Recursos Hídricos, preconiza em seus fundamentos que “a bacia hidrográfica é
a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos
Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos”. A conservação de bacias hidrográficas é uma estratégia que visa
proteger e restaurar a qualidade ambiental e, conseqüentemente, os
ecossistemas aquáticos. Esta abordagem baseia-se na constatação de que
45
muitos dos problemas de qualidade de água são evitados ou resolvidos de
maneira eficaz por meio de ações que focalizem a bacia hidrográfica como um
todo, as atividades desenvolvidas em sua área de abrangência e os atores
envolvidos. Em razão da complementaridade hidrológica entre as águas
subterrâneas e superficiais, a gestão destes recursos deve se dar de forma
integrada, contemplando a utilização da água subterrânea numa perspectiva
de otimização de uso, no espaço e no tempo. A superintendência de
Conservação de Água e Solo – SAS possui como atribuição o desenvolvimento
de ações que preconizem a revitalização de bacias hidrográficas, a
conservação e racionalização de uso de água, além da implementação de
programas de suporte ao uso sustentável de aquíferos transfronteiriços e
interestaduais.
Concebido pela Agência Nacional de Águas – ANA – o “Programa Produtor
de Água” tem como foco a redução da erosão e do assoreamento de
mananciais no meio rural, propiciando a melhoria da qualidade da água e o
aumento das vazões médias dos rios em bacias hidrográficas de importâncias
estratégica para o País.
4.3 Pagamento por Serviços Ambientais
Pelo conceito do PSA (Pagamento por Serviços Ambientais), os
agricultores são produtores de água, já que suas práticas são determinantes
na manutenção das reservas de água, os produtores são incentivados a adotar
boas práticas de manejo, como plantio direto, terraceamento, recuperação de
pastos e integração lavoura-pecuária. A sociedade toda se beneficia. Ouso de
tecnologias apropriadas possibilitou a redução de 50% da erosão nos últimos
25 anos”. Prejuízos ambientais e econômicos são visíveis e sentidos por toda a
sociedade. A erosão e sedimentação do solo, por exemplo, causam impactos
no abastecimento de água das cidades e navegação fluvial. Os pesticidas são
outro grande problema. As estações de tratamento não têm tecnologia para
retirar os resíduos e o abastecimento acaba prejudicado ou a população pode
ter a saúde afetada.
46
Erosão causa impactos no abastecimento de água
O Programa produtor de Água foi lançado em 2004 pela Agência nacional
de Águas (ANA) com a finalidade de melhorar a qualidade e quantidade da
água em áreas rurais. É um programa voluntário, dirigido prioritariamente a
bacias hidrográficas de importância estratégica para o País. Pelo programa
pagamentos são feitos a produtores que comprovadamente, por meio de
práticas e manejos conservacionistas, contribuam para a melhoria dos
recursos hídricos, de acordo com o programa, os pagamentos são feitos após
a implantação de um projeto específico, previamente aprovado pela ANA ou
por entidade autorizada. Os produtores recebem de 50% a 100% dos custos
médios de referência da prática implantada, dependendo da sua eficiência. A
eficiência é um dos principais critérios, além da prioridade da bacia. Segundo o
técnico, os resultados na propriedade serão medidos de acordo com fichas
padrão, e o produtor terá direito a receber determinado valor por hectare ao
ano da área recuperada. Os valores a receber serão definidos por índices de
infiltração de água no solo e pela redução dos processos erosivos – dois dos
principais parâmetros da preservação de bacias hidrográficas. A implantação
de projetos, a administração de recursos e o pagamento dos serviços
ambientais são definidos por um comitê de bacia, condição imprescindível para
47
a existência do programa. Este comitê vai definir como será a remuneração, ao
mesmo tempo em que determina a cobrança pelo uso da água e pelas ações
que prejudicam a bacia. Aquele que preserva merece ganhar, mas os que
lançam efluentes no rio, por exemplo, têm que pagar. O comitê de bacias é o
organismo que permite a participação de todos os agentes envolvidos no
programa produtor de água. A sociedade civil tem representatividade por meio
de associações, ONGs, produtores, usuários de água e ocupa 50% dos
assentos. A outra metade é do poder público, federal ou estadual, dependendo
da localização do rio. È o empoderamento da sociedade que vai decidir os
rumos da preservação, de que forma os recursos serão utilizados. O Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), que consiste na
remuneração ou premiação daqueles que ajudam na manutenção dos serviços
ecossistêmicos, é uma modalidade nova que começou a ser aplicada em
projetos pilotos em vários estados brasileiros. Iniciativas pioneiras como o
projeto Conservador das águas de Extrema, em Mias Gerais, o Projeto
ProdutorES de Água, do Espírito Santo, e o Projeto produtor de água no PCJ,
na bacia dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, em São Paulo, servem como
exemplos de retornos ambientais dos programas. E outros em andamento
como o Projeto Oásis, nos mananciais da Região Metropolitana de São Paulo,
o Programa produtor de Água na bacia do Rio Guandu, no Rio de Janeiro, e o
Programa Ecocrédito de Montes Claros, em Minas Gerais.
O PSA é uma das saídas inovadoras e menos custosas para os governos
no objetivo da preservação ambiental, mas não a única. Já nos conceitos,
principalmente do que é serviço ambiental, por exemplo, há algumas
divergências. Cada projeto tem uma forma particular para remunerar o
produtor assim como a fonte de recursos da Fundação Mitsubish e utiliza a
premiação como forma de remuneração dos proprietários das áreas que estão
no programa. A prefeitura de Montes Claros é quem mantém o Ecocrédito e
ela fornece uma cédula para o produtor de água cadastrado no programa e
essa cédula pode ser usada para bater o imposto ou como uma espécie de
vale no comércio local. Já o programa do rio Guandu faz os pagamentos por
Recibo de Pagamento Autônomo (RPA), no qual incide o Imposto de Renda.
48
4.4 Projeto Piloto na Bacia do Rio Guandu
4.4.1 A Mata Atlântica
O histórico de uso e degradação ambiental, especialmente nos últimos dois
séculos, ocasionou sérios prejuízos socioambientais com efeitos em escala
global. Na Mata Atlântica, território responsável por cerca de 70% do PIB
brasileiro, repete-se esse modelo restando apenas cerca de 7% da vegetação
original. Mais de 350 espécies de plantas e animais do bioma estão
oficialmente ameaçadas, sendo que muitas dessas não são encontradas em
áreas protegidas. Cerca de 100 milhões de pessoas habitam os 1.300.000 km
quadrados do bioma e apesar do estado de perturbação de seus
ecossistemas, essa população demanda e depende crescentemente dos
atributos e serviços prestados, como a produção de água e a contenção de
produção de sedimentos. Soma-se a este contexto, o fato de que a maioria dos
fragmentos encontra-se sob domínio privado.
A Mata Atlântica
A busca da preservação, conservação e restauração da Mata Atlântica,
portanto, perpassa pela integração dos diversos instrumentos, políticas
49
públicas e mecanismos de incentivo, rumo a sustentabilidade socioambiental
do bioma.
A região do projeto se encontra dentro do chamado “Corredor de
Biodiversidade Tinguá-Bocaina”. Esse corredor conecta os maciços florestais
representados, de um lado, pela Reserva Biológica do Tinguá, na região
central fluminense, e de outro, o Parque estadual da Serra da Bocaina, no
litoral sul. Sua área total soma 195.000 hectares de florestas no estado do rio
de Janeiro. O Ministério do Meio Ambiente e a UNESCO reconheceram esse
corredor como sendo uma das áreas prioritárias mais importantes para a
conservação da biodiversidade na Mata Atlântica. A região Corredor Tinguá-
Bocaina é considerada também o ponto mais crítico de fragmentação do
cordão da Serra do Mar, que é a maior extensão contígua de Mata Atlântica
ainda existente, se estendendo do Paraná até o Rio de Janeiro. Vários animais
ameaçados de extinção habitam o local, como suçuarana, a jaguatirica, o
sagüi-de-serra-escuro e outros. É dentro deste corredor que correm os rios que
formam o sistema Guandu, que por sua vez abastece toda a região
metropolitana do rio de janeiro. A estratégia é fomentar diversas tecnologias de
conservação, restauração florestal e uso sustentável que permitam esta
reconexão tão importante para a biodiversidade e para o abastecimento da
população.
50
Reserva Biológica do Tinguá
Os “Corredores de Biodiversidade” são mosaicos de diferentes usos do solo
interligados por grandes blocos de florestas, contínuos ou não, que cobrem
milhares de hectares, em paisagens entremeadas por áreas de usos humanos,
como agricultura, cidades e rodovias, e grandes áreas verdes. Da perspectiva
da biodiversidade, os corredores são regiões críticas para a conservação, pois
visam conectar fragmentos florestais, garantindo assim as interações
ecológicas e a troca genética entre as espécies. Populações de grandes
mamíferos, como a onça pintada (Panthera onça), por exemplo, precisam de
no mínimo 20 mil hectares de floresta tropical para que sejam mantidas a
saúde e a estabilidade da espécie.
4.4.2 A Bacia do Rio Guandu
A bacia do Guandu, que também recebe água transposta do rio Paraíba do
Sul, é responsável por cerca de 80% do abastecimento de água e 25% da
geração de energia elétrica para a região metropolitana da cidade do Rio de
Janeiro, beneficiando aproximadamente 7 milhões de pessoas. A expectativa
dos parceiros do projeto é iniciar os estudos para ampliação do Programa para
mais duas microbacias.
A importância da iniciativa se dá não somente porque se fala de proteção
aos mananciais da cidade do rio de janeiro, mas também porque se assiste a
um processo de replicagem das experiências que já ocorrem no Sistema
Cantareira em São Paulo, sinalizando para uma nova tendência de
conservação e restauração dos ecossistemas florestais, a qual contempla e
reconhecimento econômico destes ecossistemas para o bem estar das
populações urbanas.
51
4.4.3 O Projeto Piloto
O Projeto Piloto PRODUTORES DE ÁGUAS E FLORESTAS se propõe a aplicar o modelo provedor-recebedor, através de um sistema de pagamentos
por serviços ambientais, incentivando os agentes que, comprovadamente,
contribuírem para a proteção e recuperação de remanescentes florestais,
auxiliando a reabilitação do potencial de geração de serviços ambientais.
A Bacia do Rio Guandú
Como mencionado anteriormente, a bacia do rio Guandu é responsável por
cerca de 80% do abastecimento de água, além de proporcionar geração de
energia elétrica, para a região metropolitana do Rio de Janeiro e tem como
instância deliberativa o Comitê de Bacia Hidrográfica (Decreto No 31.178, de
03/04/02). Sua porção alta é abrangida pelo Corredor de Biodiversidade
Tinguá-Bocaina que, visto o histórico positivo de interação institucional,
sensibilização e mobilização em prol de uma estratégia de ação regional,
favorece o desenvolvimento de iniciativas que requerem mecanismos de
parceria mais elaborados.
Por este contexto, iniciou-se a determinação da área piloto com base na
relevância e potencial de geração de serviços ambientais, na necessidade de
mecanismos que viabilizem a restauração e conservação do ambiente e no
contexto institucional operacional. A área determinada foi a microbacia do Rio
das Pedras, em Lídice, município de Rio Claro-RJ, que abrange uma área total
de 5.227Ha compreendendo as principais nascentes do Rio Piraí. Este
52
manacial é responsável por até 15% dos recursos hídricos disponíveis no
sistema guandu, destacando-se, igualmente, pela lata relevância para a
biodiversidade da Mata Atlântica, sendo zona núcleo da Reserva da Biosfera,
entorno do Parque Estadual Cunhambebe e território da Área de Proteção
Ambiental do Alto Piraí.
Foi constituído um grupo de trabalho entre membros da Secretaria estadual
do ambiente, Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Guandu, prefeitura
Municipal de Rio Claro a The Nature Conservancy e Instituto terra de
Preservação Ambiental, formalmente denominado de Unidade Gestora do
projeto – UGP, possibilitando uma gestão e implementação compartilhada
entre poder público, instância deliberativa e sociedade civil organizada. Por
meio de reuniões deste grupo foram definidas as participações da cada
instituição, viabilizando a construção e implementação do projeto, de forma a
executar as seguintes metas: I) Coordenação e Monitoramento; processo de
construção do projeto executivo, seus trâmites para aprovação e formalização
das parcerias, a formação e capacitação de uma equipe técnica, a
coordenação e implementação local e a periódica interação dos parceiros; II)
levantamento de Informações e replicação; provendo o projeto de informações
fundamentais a respeito do perfil socioagrícola, do ambiente físico, da
cobertura vegetal, do potencial e prioridade para a produção de água,
contenção de sedimentos e biodiversidade (serviços ambientais), assim como
a difusão e capacitação da iniciativa; III) Restauração Florestal; reconstituir a
cobertura florestal em áreas de preservação permanente e com alto potencial
de aporte de água no sistema; IV) Conservação de Florestas; mitigar a pressão
e o efeito de borda em fragmentos contíguos a pastagens e áreas de uso
antrópico; V) Saneamento ambiental; mitigar a contaminação e degradação
dos recursos hídricos da bacia por meio do incentivo e instalação de
biossistemas e contenções de sedimentos em estradas; VI) Pagamento por
Serviços Ambientais; compensação financeira pelo cumprimento de metas de
conservação e restauração ambiental; VIII) Sistematização da Experiência e
Comunicação; consolidar e possibilitar a utilização das experiências
vivenciadas para futuras iniciativas semelhantes.
53
A compensação devida por Hectare restaurado ou conservado (pagamento
por serviço ambiental) foi estabelecida com base no custo de oportunidade
local, no estágio de conservação da floresta, no contexto de proximidade ou
inclusão em unidade de conservação, com gradação de valores de acordo com
adesão do proprietário à restauração de áreas prioritárias. O projeto obteve
aprovação nas câmaras técnicas e plenária do Comitê Guandu, sendo,
posteriormente, aprovada a aplicação dos recursos referentes ao pagamento
por serviços ambientais no Conselho Estadual de Recursos Hídricos. Para sua
operacionalização optou-se pela formalização de um termo de Cooperação
Técnica, determinando procedimentos, regras e responsabilidades de cada
parceiro, ficando a implementação, com metas e prazos definidos no projeto
executivo, a ser implementada em sistema de complementariedade, ou seja,
cada parceiro executará as metas determinadas sob supervisão periódica da
UGP.
Rio Guandú
Enfim, o Projeto é uma iniciativa que atua no cerne da crise ambiental: o
desequilíbrio entre ecologia e economia. Pela primeira vez, a sociedade
moderna busca formas de valorizar o cuidado com a natureza, dando
oportunidade às comunidades que só viam no extrativismo, no uso intensivo do
54
solo, ou nas cidades uma chance de desenvolvimento. Por meio de um
sistema contínuo, cria-se agora uma espécie de cadeia produtiva com menos
externalidades e uma nova atividade econômica, a dos
produtores/conservadores de água e floresta.
CONCLUSÃO
A água é essencial à vida de todos os organismos vivos. A degradação e a
poluição dos corpos hídricos produz inúmeros problemas de escassez, isso
resulta em dificuldades ao desenvolvimento; aumenta a tendência a doenças
de veiculação hídrica; produz estresses econômicos e sociais; e aumenta as
desigualdades entre regiões e países. A eutrofização é um grave problema
ambiental. Portanto, a água é um recurso estratégico e um bem comum que
deve ser compartilhado por todos.
O solo é um recurso finito e não renovável. O desmatamento, cultivo de
terras, uso de produtos agrotóxicos e a explotação mineral são atividades que
quando bem conduzidas, por meio de técnicas desenvolvidas com criteriosa
base científica, podem evitar a erosão, a contaminação, a poluição e a
degradação dos solos. Portanto, o uso adequado do solo é a melhor solução
para evitar a sua degradação. Para a proteção desse recurso essencial à vida
humana, existe hoje um conjunto de técnicas de manejo. As faixas de
55
vegetação em torno dos rios são responsáveis pela qualidade da água, e, este
sistema equilibrado, se encontra seriamente comprometido.
Os geocientistas deverão atuar junto aos agricultores na busca de soluções
técnicas e economicamente viáveis, para evitar ou mitigar a perda de áreas
produtivas por manejo inadequado e conseqüentemente da erosão, da
contaminação dos recursos hídricos e do assoreamento dos reservatórios. É
fato que devemos chamar os agricultores a participar da conservação e da
recuperação ambiental por meio do cumprimento da lei e da adoção de boas
práticas de produção. Uma das maneiras de fazer essa participação poderia
ser a remuneração dos agricultores, de acordo com um mercado de água,
onde a lei da oferta e da procura poderia prevalecer. Além disso, é preciso
investir em campanhas de conscientização, políticas públicas, mobilização
populacional e educação, envolvendo toda a sociedade na defesa deste
patrimônio natural.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
AMARAL, N. D. Noções de Conservação do Solo. 2º ed São Paulo. Nobel, 1978. BERTONI, J. & LOMBARDI NETO, F. Conservação do Solo. 3º ed. Piracicaba, Livroceres, 1985. GUERRA, Antonio Teixeira, CUNHA, Sandra Baptista. Geomorfologia – Uma atualização de bases e conceitos. 6.ed. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2005.
TEIXEIRA, Guerra, A.S. et al. Erosão e Conservação do Solos: Conceitos e Aplicações. 2º ed. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1999. TEIXEIRA, Wilson, et al. Decifrando a Terra. 2º ed. São Paulo. Companhia Editora Nacional, 2009.
56
BAIXADA VERDE Número 1 – novembro de 2006 pág. 16. REVISTA DO PROGRAMA PRODUTOR DE ÁGUA. ANA – Agência Nacional de Águas. Brasília – DF: MMA, 2009. AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (BRASIL). Brasília-DF: ANA, SUM, 2009. Disponível em: http://www.ana.gov.br/produagua/iniciandoumprojeto/tabid/736/default.aspx Acesso em 8 de setembro de 2010 http://www.ana.gov.br/produagua/ Acesso em 10 de setembro de 2010 http://[email protected] Acesso em 30 de agosto de 2010
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMÁRIO 07
INTRODUÇÃO 08
CAPITULO I
A ÁGUA 09
1.1 O Ciclo Hidrológico 12
1.2 A distribuição da água no nosso
Planeta
13
1.3 O Uso da Água 16
57
1.4 Água no Brasil e no Mundo 18
1.5 A água Subterrânea 20
CAPÍTULO II
A CRISE DA ÁGUA 23
2.1 Eutrofização 26
2.1.1 Causas da Eutrofização 29
2.1.2 Problemas econômicos da
eutrofização
30
2.2 Usos múltiplos dos Recursos
Hídricos
32
CAPÍTULO III
O SOLO
35
3.1 A Importância do Solo e de sua
Conservação
36
3.2 Conservação e Gerenciamento de
solos Agrícolas
38
CAPÍTULO IV
PRODUTORES DE ÁGUA E
FLORESTAS
41
4.1 Programa Produtores de Água 42
4.2 Bacias hidrográficas 44
4.3 Pagamento por Serviços
Ambientais
45
4.4 Projeto Piloto na Bacia do Rio
Guandu
47
4.4.1 A Mata Atlântica 47
4.4.2 A Bacia do Rio Guandu 50
4.4.3 O Projeto Piloto 50
CONCLUSÃO
54
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 55
58
ÍNDICE 56
FOLHA DE AVALIAÇÃO 58
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Universidade Cãndido Mendes (Instituo a Vez do
Mestre)
Título da Monografia: “Produtores de Água e Florestas”
Autor: Carlos Alberto Penner Leitão
Data da entrega: 16 de setembro de 2010
Avaliado por: Esther Araújo Conceito: