UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
A utilização das Novas Tecnologias no Ensino de Geografia, através do uso do Google Earth, auxiliando na análise de áreas urbanizadas da cidade do Rio de
Janeiro.
Por: Rodrigo Saymo Pires Milhomem
Orientador Prof. MS. Mary Sue C. Pereira
Rio de Janeiro 2011
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
A utilização das Novas Tecnologias no Ensino de Geografia, através do uso do Google Earth, auxiliando na análise de áreas urbanizadas da cidade do Rio de
Janeiro.
Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Tecnologia Educacional. Por: Rodrigo Saymo Pires Milhomem
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AGRADECIMENTOS
Quero agradecer a minha família -
Edvanda (mãe), Nonato(pai) e
irmã(Ana) – que sempre me apoiou
muito nas minhas escolhas, a minha
noiva Andrea, ao amigo e às amigas
de pós-graduação Igor, Ana Lúcia,
Edith, Chayana e Fernanda , sempre
coesos em todos os momentos bons e
ruins desta nossa trajetória acadêmica.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a meus queridos pais, a minha irmã Ana e a minha noiva Andrea, por toda paciência comigo pela minha ausência ao longo deste longos
sábados de pós-graduação.
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RESUMO
Este trabalho visa apresentar a aplicação de novas tecnologias no
ensino de geografia para alunos do ensino médio, com ênfase na aplicação do
software Google Earth, através de imagens de satélite . Ele tem como objeto de
estudo as áreas urbanizadas da cidade do Rio de Janeiro, em especial 3
regiões da cidade: Zona Norte, Zona Sul e Centro da Cidade.
Houve também a preocupação de mostrar a diferença de ocupação do
solo urbano dentro da capital fluminense, com o precioso auxílio das imagens
de satélite provenientes das técnicas de sensoriamento remoto.
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METODOLOGIA
Esta pesquisa tem como fontes de informações livros que contam o
histórico da cidade do Rio de Janeiro e sua situação atual, falam sobre a
história e o conceito do sensoriamento remoto, além do site do projeto Porto
Maravilha, destinada à revitalização da zona portuária da capital fluminense.
Outro recurso utilizado neste trabalho, relaciona-se às imagens de satélite
originárias de técnicas do sensoriamento remoto do software Google Earth,
fundamentais nos dias atuais para atrair a atenção dos educandos do Ensino
Médio nas aulas de Geografia.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I - A importância do Sensoriamento Remoto na sociedade. 10
CAPÍTULO II - Levantamento de áreas urbanizadas da cidade do Rio de
Janeiro. 17
CAPÍTULO III – A aplicação das imagens de satélite de alta resolução na
análise de áreas urbanizadas da cidade do Rio de Janeiro, como auxílio ao
ensino de Geografia. 26
CONCLUSÃO 33
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 34
ÍNDICE 35
8
INTRODUÇÃO Considera-se de extrema importância, nos dias atuais, a utilização de
novas tecnologias no ensino de Geografia. O Google Earth, que é um software
composto por imagens de satélites do mundo inteiro, tem sido muito utilizado
por diversos ramos profissionais, como o jornalismo, a meteorologia e as
Forças Armadas Brasileiras, por exemplo. No ensino de Geografia, é de
extrema importância a utilização destas novas tecnologias, especialmente a do
software Google Earth, como uma forma de atrair a atenção dos novos
educandos, tão inseridos neste mundo globalizado atual, mundo este movido
pela revolução técno-científico informacional. A tecnologia do Google Earth traz
uma grande eficiência no processo de ensino-aprendizagem em Geografia, por
trazer maior realismo ao estudo devido às imagens de satélite do mundo inteiro
armazenadas no software.
Este trabalho tem como objetivo mostrar a importância e eficiência da
aplicação das novas tecnologias no ensino de Geografia, focado nos alunos do
ensino médio, tendo como meta analisar as áreas urbanizadas da cidade do
Rio de Janeiro, através do software Google Earth. O Google Earth é uma
tecnologia originária do sensoriamento remoto, que consiste na técnica de
obter imagens e outros tipos de dados, da superfície terrestre, através da
captação e do registro da energia refletida ou emitida pela superfície.
O primeiro capítulo deste trabalho abordará a importância do
sensoriamento remoto na educação. O sensoriamento remoto é a tecnologia
que permite obter imagens e outros tipos de dados, da superfície terrestre,
através da captação e do registro da energia refletida ou emitida pela superfície
(Florenzano, 2002, p.1).
No segundo capítulo, será feito um levantamento de áreas urbanizadas
da cidade do Rio de Janeiro. Nele, serão escolhidas áreas de três regiões da
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cidade: Zona Norte, Centro e Zona Sul. Serão abordados temas como a
funcionalidade das áreas, o poder aquisitivo da população de cada região e o
padrão de construção dessas regiões.
Por fim, no terceiro capítulo, ocorrerá a aplicação das imagens do
software Google Earth nas áreas urbanizadas da capital fluminense. Serão
coletadas imagens de bairros de cada zona apresentada.
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CAPÍTULO I
A IMPORTÂNCIA DO SENSORIAMENTO REMOTO NA
SOCIEDADE
Sensoriamento remoto é a tecnologia que permite obter imagens e
outros tipos de dados, da superfície terrestre, através da captação e do registro
da energia refletida ou emitida pela superfície. O termo sensoriamento refere-
se à obtenção dos dados, e remoto, que significa distante, é utilizado porque a
obtenção é feita a distancia, ou seja, sem o contato físico entre o sensor e a
superfície terrestre.
A energia proveniente do sol, refletida pela superfície em direção ao sensor, é
captada e registrada por este.
A energia refletida ou emitida pela superfície terrestre e captada por
sensores eletrônicos, instalados em satélites artificiais, é transformada em
sinais elétricos, que são registrados e transmitidos para estações de recepção
na Terra, equipadas com enormes antenas parabólicas. Os sinais enviados
para essas estações são transformados em dados em forma de gráficos,
tabelas ou imagens. A partir da interpretação desses dados, é possível obter
informações a respeito da superfície terrestre. (Florenzano, 2002, p. 1-2).
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Figura 1. Obtenção de imagens por sensoriamento remoto. Fonte: Teresa Gallotti Florenzano
Qualquer atividade requer o uso de energia, assim como para a
obtenção de dados por sensoriamento remoto. A energia com a qual operam
os sensores remotos pode ser proveniente de uma fonte natural, como a luz do
sol e o calor emitido pela superfície da Terra, e pode ser de uma fonte artificial
como, por exemplo, a do flash utilizado em uma máquina fotográfica e o sinal
produzido por um radar.
A energia utilizada em sensoriamento remoto é a radiação
eletromagnética, que propaga em forma de ondas eletromagnéticas com a
velocidade da luz (300.000km/s). Ela é medida em freqüência (em unidades
de herts – Hz), e comprimento de onda (em unidades de metro). A freqüência
de onda é o número de vezes que uma onda se repete por unidade de tempo.
Dessa maneira, quanto maior for o número, maior será a freqüência e, quanto
menor, menor será a freqüência de onda. O comprimento de onda é a distancia
entre dois picos de ondas sucessivos: quanto mais distantes, maior é o
comprimento e, quanto menos distantes, menor será o comprimento de onda. A
freqüência de onda é diretamente proporcional à velocidade de propagação e
inversamente proporcional ao comprimento de onda.
O Espectro Eletromagnético representa a distribuição da radiação
eletromagnética, por regiões, segundo o comprimento de onda e a freqüência.
Observe que o espectro eletromagnético abrange desde curtos comprimentos
de onda, como os raios cósmicos e os raios gama (M), de alta freqüência, até
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longos comprimentos de onda como as ondas de rádio e TV, de baixa
freqüência. Na região do espectro visível, o olho humano enxerga a energia
(luz) eletromagnética, sendo capaz de distinguir as cores do violeta ao
vermelho. A radiação do infravermelho (aquela do calor) é subdividida em três
regiões: infravermelho próximo (0,7-1,3Mm), médio (1,3-6,0Mm) e distante ou
termal (6,0-1000Mm).
Figura 2. O espectro eletromagnético Fonte: Teresa Gallotti Florenzano
Os objetos da superfície terrestre como a vegetação, a água e o solo
refletem, absorvem e transmitem radiação eletromagnética em proporções que
variam com o comprimento de onda, de acordo com as suas características
bio-físico-químicas. A variação da energia refletida pelos objetos pode ser
representada através de curvas. Devido a essas variações, é possível distinguir
os objetos da superfície terrestre nas imagens de sensores remotos. A
representação dos objetos nessas imagens vai variar do branco (quando
refletem muita energia) ao preto (quando refletem pouca energia).
A resolução refere-se à capacidade de um sensor “enxergar” ou
distinguir objetos da superfície terrestre. Mais especificamente, a resolução
espacial pode ser definida como o menor elemento ou superfície distinguível
por um sensor. Dessa forma, um sensor como o ETM+, cuja resolução espacial
é de 30 metros, têm a capacidade de distinguir objetos que medem, no terreno,
30 metros ou mais. Isto equivale dizer que 30 por 30 metros (900m2) é a menor
área que o sensor TM consegue “ver ou enxergar”. Em uma fotografia aérea ou
imagem de satélite, com uma resolução espacial em torno de 1 metro, podem-
se identificar as árvores de um pomar, as casa e edifícios de uma cidade ou os
aviões estacionados em um aeroporto, enquanto em uma imagem de satélite,
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com uma resolução espacial de 30 metros, provavelmente será identificado o
pomar, a mancha urbana correspondente á área ocupada pela cidade e apenas
a pista do aeroporto.
A partir do satélite americano IKONOS-2, lançado em setembro de 1999
(a primeira missão, o IKONOS-1, não foi bem sucedida), é possível obter
imagens pancromáticas (região do visível) de alta resolução espacial, cerca de
um metro, como a da Figura 1.7c, e de quatro metros para as imagens
multiespectrais (região do visível e do infravermelho).
A tonalidade ou a cor das fotografias obtidas por meio de um sensor
fotográfico (câmara fotográfica) vai depender da sensibilidade do filme e dos
filtros utilizados no processo de formação das cores. Dessa maneira, com um
filme preto e branco pancromático, que é sensível à faixa do visível, é possível
obter fotografias aéreas em preto e branco, também denominadas de
pancromáticas, com um filme infravermelho preto e branco, são obtidas
fotografias em preto e branco infravermelhas.
Com um filme colorido, sensível à faixa do visível, são obtidas fotografias
coloridas, também denominadas normais ou naturais, nelas os objetos são
representados com as mesmas cores vistas pelo olho humano. Com um filme
infravermelho colorido, sensível à faixa do infravermelho próximo, são obtidas
fotografias coloridas infravermelhas, também denominadas falsa-cor.
Os filmes infravermelhos coloridos forma denominados falsa-cor porque
a cena, registrada por este tipo de filme, não é reproduzida nas suas cores
verdadeiras, isto é, como vistas pelo olho humano. Esses filmes foram
desenvolvidos durante a II Guerra Mundial, com o objetivo de detectar
camuflagens de alvos pintados de verde que imitavam vegetação. Essa
detecção é possível, porque a vegetação reflete mais intensamente energia na
região do infravermelho. Desta forma, enquanto nas fotografias falsa-cor a
vegetação aparece em vermelho, objetos verdes ou vegetação artificial
geralmente aparecem em azul/verde.
Como a vegetação absorve muita energia no visível e reflete muita
energia no infravermelho próximo, aparece escura em (a) e clara em (b). A
escolha do tipo de filme para um determinado estudo vai depender do seu
objetivo e da disponibilidade de recursos, pois os filmes coloridos são mais
caros que os em preto e branco. As fotografias obtidas com filmes
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infravermelhos são as que fornecem mais informações sobre vegetação,
fitossanidade das culturas (permitem diferenciar plantas sadias de plantas
doentes) e umidade do solo.
As imagens obtidas por sensores eletrônicos, em diferentes canais, são
individualmente produzidas em preto e branco. A quantidade de energia
refletida pelos objetos vai determinar a sua representação nessas imagens em
diferentes tons de cinza, entre o branco (quando refletem toda a energia) e o
preto (quando absorvem toda a energia). Ao projetar e sobrepor essas
imagens, através de filtros coloridos, azul, verde e vermelho (cores primárias),
é possível gerar imagens coloridas. Nas imagens coloridas, a cor de um objeto
vai depender da quantidade de energia por ele refletida, da mistura das cores
(segundo o processo aditivo) e da associação de cores com as imagens.
O termo radar (radio detection and ranging) significa detecção de alvos
e avaliação de distâncias por ondas de rádio. Os radares operam em
comprimentos de onda bem maiores do que aqueles da região espectral do
visível e infravermelho. Eles operam na região de microondas entre as bandas
K-alfa (10cm ou 40GHz) e P (1m ou 300MHz). O território brasileiro foi
imageado, na escala original de 1:400.000, pelo sistema de radar da GEMS
(Goodyear Environmental Monitoring System), transportado a bordo do avião a
11.000m de altura. Este imageamento foi realizado em dois períodos:
1971/1972 e 1975/1976. O primeiro período cobriu a Amazônia Legal, parte
leste dos Estados da Bahia e Minas Gerais e norte do Espírito Santo; o
segundo período cobriu o restante do Brasil. A partir da análise dessas
imagens foi feito um mapeamento dos recursos naturais de todo o País pelo
projeto RADAMBRASIL no período de 1971 a 1986. Os mapas resultantes
desse projeto encontram-se publicados a escala de 1:1.000.000.
No nível orbital, ou seja, a bordo de satélites artificiais, as missões civis
com radar iniciaram-se em 1978 com o programa SEASAT, desenvolvido pela
NASA. Atualmente, destacam-se o programa ERS da Agência Espacial
Européia (ESA) e o RADARSAT, desenvolvido pelo Canadá, em parceria com
a NASA e NOAA, dos EUA. A ESA já lançou três satélites de observação da
Terra, o ERS-1, o ERS-2 e o ENVISAT. Os satélites ERS, a uma altitude média
de 780km, levam a bordo um radar que opera na banda C (comprimento de
onde de 5,7cm) da região do microondas. A resolução espacial desse sensor é
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de 25 metros (tamanho do menor objeto distinguido pelo sensor). O ENVISAT,
lançado recentemente (01/03/2002), leva a bordo dez sensores que visam
monitorar o uso e a cobertura da terá, os oceanos, o gelo polar e a atmosfera.
Um desses sensores é um sistema avançado de radar, o ASAR (Advanced
Syntetic Aperture Radar). O programa RADARSAT visa fornecer dados de
áreas sensíveis do planeta do ponto de vista ambiental, como florestas
tropicais, desertos em expansão, etc. e para estudos nas áreas de geologia,
geomorfologia, oceanografia, vegetação, uso da terra e agricultura, entre
outras. Deste programa foi lançado o RADARSAT-1 que está a uma altitude de
798km. O radar, a bordo desse satélite, opera na banda C da região de
microondas, com uma resolução espacial que pode variar de 10 a 100m.
A origem do sensoriamento remoto vincula-se ao surgimento da
fotografia aérea. Assim, a história do Sensoriamento Remoto pode ser dividida
em dois períodos: um, de 1860 a 1960, baseado no uso de fotografias aéreas,
e outro, de 1960 aos dias de hoje, caracterizado por uma variedade de tipos de
fotografias e imagens. O Sensoriamento Remoto é fruto de um esforço
multidisciplinar que integra os avanços da Matemática, Física, Química,
Biologia e das Ciências da Terra e da Computação. A evolução das técnicas de
sensoriamento remoto e a sua aplicação envolvem um número cada vez maior
de pessoas de diferentes áreas do conhecimento.
A história do Sensoriamento Remoto está estreitamente vinculada ao
uso militar dessa tecnologia. A primeira fotografia aérea data de 1856 e foi
tirada de um balão. Em 1862, durante a guerra civil americana, o corpo de
balonistas de um exército fazia o reconhecimento das tropas confederadas
através de fotografias aéreas. A partir de 1909, inicia-se a fotografia tomada de
aviões e na primeira Grande Guerra Mundial seu uso intensificou-se. Durante a
II Guerra Mundial houve um grande desenvolvimento do sensoriamento
remoto. Nesse período, foi desenvolvido o filme infravermelho, com o objetivo
de detectar camuflagem (principalmente para diferenciar vegetação de alvos
pintados de verde), e introduzidos novos sensores, como o radar, além de
ocorrerem avanços nos sistemas de comunicação. Posteriormente, durante o
período de Guerra Fria, vários sensores de alta resolução foram desenvolvidos
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para fins de espionagem. Recentemente, com o fim da Guerra Fria, muitos
dados considerados de segredo militar foram liberados para o uso civil.
Na década de 1960, as primeiras fotografias orbitais (tiradas de satélites)
da superfície da Terra foram obtidas dos satélites tripulados Mercury, Gemini e
Apolo. A contribuição mais importante dessas missões foi demonstrar o
potencial e as vantagens da aquisição de imagens orbitais, o que incentivou a
construção dos demais satélites de coleta de dados meteorológicos e de
recursos terrestres. Com o lançamento do primeiro satélite meteorológico da
série TIROS, em abril de 1960, começaram os primeiros registros sistemáticos
de imagens da Terra. Em julho de 1972, foi lançado o primeiro satélite de
recursos terrestres, o ERTS-1, mais tarde denominado de Landsat-1.
Atualmente, além dos satélites americanos de recursos terrestres da serie
Landsat, existem outros como, por exemplo, os da série SPOT, desenvolvidos
pela França. No Brasil, as primeiras imagens do Landsat foram recebidas em
1973. Hoje, o Brasil recebe, entre outras, as imagens do satélite CBERS,
produto de um programa de cooperação entre Brasil e China.
Nos dias atuais, as imagens de satélite de alta resolução provenientes
do sensoriamento remoto possuem diversas aplicações na sociedade, como a
produção de mapas, como também a de registrar a sequência de eventos ao
longo do tempo. Imagens de uma mesma região podem ser registradas em
intervalos regulares de tempo, o que permite observar e prever a ocorrência de
muitos fenômenos. O exemplo mais conhecido é a previsão do tempo. Satélites
meteorológicos captam imagens das massas de ar, visíveis por meio das
formações de nuvens, em intervalos de horas. Com essas imagens são feitas
animações que auxiliam os meteorologistas a prever chuvas, períodos de seca
ou furacões. Alguns dados obtidos em estações e balões meteorológicos
também ajudam os especialistas na previsão do tempo.
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CAPÍTULO II
LEVANTAMENTO DE ÁREAS URBANIZADAS DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
Só a partir do século XIX é que a cidade do Rio de Janeiro começa a
transformar radicalmente a sua forma urbana e a apresentar verdadeiramente
uma estrutura espacial estratificada em termos de classes sociais. Até então, o
Rio era uma cidade apertada, limitada pelos Morros do Castelo, de São Bento,
de Santo Antônio e da Conceição. Ocupava um chão duramente conquistado à
natureza, através de um processo de dissecamento de brejos e mangues que
já durava mais de três séculos.
Era também uma população em que a maioria da população era
escrava. Poucos eram os trabalhadores livres, e reduzidíssima a elite
administradora/militar/mercantil que lhe dirigia política e economicamente. A
falta de meios de transporte coletivo e as necessidades de defesa faziam com
que todos morassem relativamente próximos uns aos outros, a elite local
diferenciando-se do restante da população mais pela forma – aparência de
suas residências do que pela localização das mesmas.
No decorrer do século XIX assiste-se a modificações substanciais tanto
na aparência como no conteúdo da cidade. A vinda da família real impõe aos
Rio uma classe social até então praticamente inexistente. Impõe também novas
necessidades materiais que atendam também não só aos anseios dessa
classe, como facilitem o desempenho das atividades econômicas, políticas e
ideológicas que a cidade passa a exercer. A independância política e o início
do reinado do café geram uma nova fase de expansão econômica, resultando
daí a atração de grande número de trabalhadores livres, nacionais e
estrangeiros. A partir de meados do século a cidade passa a atrair também
numerosos capitais internacionais, cada vez mais disponíveis e à procura de
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novas fontes de reprodução. Grande parte deles é utilizada no setor de
serviços públicos (transporte, esgoto, gás, etc.), via concessões obtidas pelo
Estado.
Baseada em relações de produção arcaicas, de base escravista, a
formação social brasileira ainda conviveria algum tempo com esses novos
elementos, essencialmente capitalistas, que aqui se introduziam. As
contradições daí decorrentes não tardaram, entretanto, a aparecer. Com efeito,
pouco a pouco, a cidade passa a ser movida por duas lógicas distintas
(escravista e capitalista), e os conflitos gerados por esse movimento irão se
refletir claramente no seu espaço urbano.
As contradições da cidade só serão resolvidas no início do século XX.
Tal resolução, entretanto, só será possível porque, no decorrer do século XIX,
são lançados no espaço os elementos que a possibilitam, dentre eles a
separação, gradual a princípio, e acelerada depois, dos usos e classes sociais
que se amontoavam no antigo espaço colonial. Essa separação só foi possível
devido à introdução do bonde de burro e do trem a vapor que, a partir de 1870,
constituíram-se nos grandes impulsionadores do crescimento físico da cidade.
A primeira década do século XX representa, para a cidade do Rio de
Janeiro, uma época de grandes transformações, motivadas, sobretudo, pela
necessidade de adequar a forma urbana às necessidades reais de criação,
concentração e acumulação do capital. Com efeito, o rápido crescimento da
economia brasileira, a intensificação das atividades exportadoras e a
integração cada vez maior do país no contexto capitalista internacional, exigiam
uma nova organização do espaço condizente com esse novo momento de
organização social.
Este momento, que se iniciara em 1894, quando a oligarquia cafeeira
retomou o poder político, cristalizou-se durante a administração Rodrigues
Alves, que indicou para o cargo de Prefeito do Distrito Federal um dos
responsáveis pelo antigo (1875) plano da Comissão de Melhoramentos da
Cidade do Rio de Janeiro, jamais implementado, Francisco Pereira Passos. O
prefeito Passos comandou no curto período de quatro anos, a maior
transformação já verificada no espaço carioca até então, um verdadeiro
programa de reforma urbana.
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A transformação da forma urbana visava resolver as contradições que
ela apresentava. Era necessário agilizar todo o processo de
importação/exportação de mercadorias, que ainda apresentava características
coloniais devido à ausência de um moderno porto. Era preciso, também, criar
uma nova capital, um espaço que simbolizasse concretamente a importância
do país como principal produtor de café do mundo, que expressasse os valores
e o modos de vida cosmopolitas e modernos das elites econômica e política
nacionais. Nesse sentido, o rápido crescimento da cidade em direção à zona
sul, o aparecimento de um novo e elitista meio de transporte (o automóvel), a
sofisticação tecnológica do transporte de massa que servia às áreas urbanas (o
bonde elétrico), e a importância cada vez maior da cidade no contexto
internacional não condiziam com a existência de uma área central ainda com
características coloniais, com ruas estreitas e sombrias, e onde se misturavam
as sedes dos poderes político e econômico com carroças, animais e cortiços.
Não condiziam, também, com a ausência de obras suntuosas, que
proporcionavam “status” às rivais platinas. Era preciso acabar com a noção de
que o Rio era sinônimo de febre amarela e de condições anti-higiênicas, e
transformá-lo num verdadeiro símbolo do “novo Brasil”.
Para empreender seu programa de reformas, Passos determinou, logo
após ser nomeado, a reorganização da antiga Comissão da Carta Cadastral,
que deveria fornecer o apoio logístico necessário às obras que pretendia
realizar, as quais foram discriminadas na mensagem encaminhada à Câmara
em 01/09/1903 sob o título “Embelezamento e Saneamento da cidade”. Três
meses antes, entretanto, o prefeito já havia inaugurado sua primeira obra, ou
seja, o alargamento da rua do Sacramento, a qual, a partir de 1910, levaria o
seu nome.
No decorrer do século XX, o Rio de Janeiro sofreu diversas modificações
no seu espaço urbano e no seu poder econômico e político. Houve uma grande
perda política com a transferência da Capital Federal para Brasília, na região
centro-oeste brasileira. Outra perda importantíssima para a cidade do Rio de
Janeiro como para todo o estado fluminense foi o esvaziamento industrial, com
a transferência de muitas indústrias antes localizadas em território carioca para
outras regiões do Brasil, acompanhando o processo de desconcentração
industrial nacional.
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Por fim, outro grande problema enfrentado pela cidade do Rio de Janeiro foi a
intensificação da favelização. Ela surgiu através do processo de concentração
da renda ocorrido dentro da cidade ao longo das décadas, promovida pelo
poder público aliado aos interesses do grande capital, nacional e estrangeiro.
Nos dias atuais, a cidade enfrenta graves problemas relacionados à violência
urbana, provocada pela falta de emprego, falta de habitações adequadas a
grande parte da população, que promove o desmatamento sobre as encostas
dos morros por parte das camadas mais pobres, a fim de construir habitações
para poderem residir. Outros problemas de infra-estrutura urbana enfrentados
pela cidade do Rio de Janeiro são a falta de transportes públicos de qualidade,
os grandes congestionamentos no trânsito, promovidos pelo excesso de carros
nas ruas, além de um sistema de saúde ineficiente que nãos consegue dar
conta das demandas da população carioca.
Neste capítulo, será feito um levantamento de áreas urbanizadas da cidade do
Rio de Janeiro. Nele, foram escolhidas áreas de três regiões da cidade: Zona
Norte, Centro e Zona Sul. Serão abordados temas como a funcionalidade das
áreas, o poder aquisitivo da população de cada região e o padrão de
construção dessas regiões.
Na Zona Norte, há a presença variada de padrões de poder aquisitivo da
população, indo das camadas mais populares até a classe média. O padrão de
construção varia de gabarito, indo de edifícios elevados, como nos bairros de
Tijuca, Vila Isabel, Méier, até construções de gabaritos menores, como casas
em bairros como o de Madureira, Oswaldo Cruz, Inhaúma, entre outros.
A Zona Sul carioca é a região mais nobre da cidade, na qual estão
localizados os imóveis mais valorizados. É também a região mais bem servida
de oferta de transporte público, com um número considerável de ônibus e o
metrô. Atualmente, a empresa Metrô Rio disponibiliza um sistema multimodal,
na qual faz a integração de seus trens com ônibus que atingem os bairros da
Zona Sul que não são servidos pela linha 1 do metrô, como os bairros do
Humaitá e da Gávea.
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A Zona Central da cidade ou Centro, é a região na qual estão situadas
as sedes de empresas estatais e privadas importantes, como a da
PETROBRÁS S/A, do BNDES, da COMPANHIA VALE , além de a presença
maciça de instituições bancárias importantes, escritórios de advocacia, sedes
de tribunais estaduais e federais. O centro da cidade do Rio de Janeiro tem se
apresentado como um importante pólo cultural. Existem museus, teatros,
centros culturais, como também diversas casas noturnas, que fazem parte do
roteiro turístico da cidade.
Existe, também, um projeto de grande dimensão a fim de revitalizar a zona
portuária da cidade, chamado Porto Maravilha.
O Projeto Porto Maravilha é uma Operação Urbana Consorciada, nos termos
do Estatuto das Cidades e da Lei Complementar 101 de Novembro de 2009, e
envolve um conjunto de ações urbanísticas e financeiras que visam promover a
requalificação urbana e o desenvolvimento social, ambiental e econômico da
região portuária.
Para coordenar o processo de implantação do projeto Porto Maravilha, a
Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro criou, através da Lei complementar 102,
a Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do rio de
Janeiro – CDURP. A CDURP é uma empresa de economia mista, controlada
pela Prefeitura e tem como funções principais implementar e gerir a concessão
das obras e dos serviços públicos na Região Portuária e gerir os recursos
patrimoniais e financeiros referentes ao Projeto Porto Maravilha.
Um dos alvos do Projeto Porto Maravilha é a Igreja de São Francisco da
Prainha.
Cenário de grande importância histórica para a cidade do Rio de Janeiro, o
Morro da Conceição será um dos primeiros alvos de atuação do projeto Porto
Maravilha, que está revitalizando a Região Portuária do Rio de Janeiro, para
transformá-la em pólo turístico. Dentro do panorama de reformulação
urbanística desta localidade, com a recuperação de casarios, pavimentação e
calçamento, está a restauração da igreja São Francisco da Prainha, que
representa um verdadeiro tesouro histórico nacional. Erguida em 1696 sob o
comando do Padre Doutor Francisco Motta, a capela ficou totalmente pronta
em 1704, sendo entregue aos cuidados da Ordem Terceira de São Francisco
da Penitência.
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Devido à invasão francesa de 1710, foi destruída por ordem do governo
português como medida estratégica para evitar que invasores franceses se
instalassem no lugar. Sua reconstrução aconteceu em 1738 e houve ainda uma
reforma em 1910. A inclusão de "Prainha" no nome da igreja está relacionada
à antiga proximidade com uma prainha que formava uma espécie de canal
entre os morros de São Bento e Conceição. Representando um símbolo do
período colonial, sua arquitetura externa é do estilo barroco e a ornamentação
interna é do final do século XIX, com grades e escadas em caracol de ferro
fundido. Na reforma de 1910 o templo ganhou características góticas. A
imagem do altar principal da igreja é de Bom Jesus dos Navegantes e a capela
possui ainda duas telas de São Francisco de Assis, de autoria desconhecida.
Tombada pelo Iphan (Instituto de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural),
atualmente a igreja da Prainha, como também é conhecida, está praticamente
abandonada, não sendo possível a visitação de turistas ou moradores. Em
fevereiro deste ano foi atingida por um incêndio, que afetou principalmente o
teto, piorando ainda mais o estado de degradação no qual a capela já se
encontrava.
No processo de recuperação deste patrimônio histórico, localizado na área da
Região Portuária, haverá a preocupação de não descaracterização do imóvel,
valorizando um símbolo importante da herança histórica da cidade do Rio de
Janeiro e do país.
Outro projeto destinado à revitalização da zona portuária é o Museu do
Amanhã. Debruçado sobre as águas da Baía de Guanabara, no Píer Mauá, o
Museu do Amanhã tem como principal objetivo discutir questões ligadas à
sustentabilidade da civilização. Seu projeto arquitetônico terá a assinatura do
arquiteto espanhol Santiago Calatrava, autor de projetos como o Museu de Arte
de Milwaukee, nos Estados Unidos, o Complexo Olímpico de Atenas, na
Grécia, e a Cidade das Artes e das Ciências em Valência, na Espanha. O
museu promete ser um dos maiores legados do Porto Maravilha e é fruto de
uma parceria entre a Prefeitura do Rio e Fundação Roberto Marinho,
responsável pela concepção do Museu da Língua Portuguesa e do Museu do
Futebol. A proposta é que o Museu do Amanhã finalize uma espécie de circuito
de museus que, em linha reta, começará no MAM, passará pelo Museus de
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Belas Artes, CCBB e Museu de Arte do Rio (MAR) conferindo ao Rio status
internacional.
Dentro do projeto Porto Maravilha, será construído um novo edifício do
Banco Central do Brasil, que vai ocupar um terreno na altura do armazém 8,
próximo à Cidade do Samba, na Gamboa. Na construção, será empregada
tecnologia de ponta, para que as obras tenham o mínimo de impacto sobre o
meio ambiente.
O projeto será construído numa área de 30 mil m2, com apenas dois andares e
reaproveitamento de água da chuva, além de solos drenantes, reutilização de
ar condicionado refrigerado a ar (e não a água), cobertura verde, que reduz a
temperatura e impermeabiliza o teto, além de criar áreas verdes extras e
esgoto a vácuo, que diminui o uso inadequado da água. Terá ainda tratamento
paisagístico feito com plantas nativas do Rio, garantindo, assim, uma lógica de
sustentabilidade moderna (os chamados green building), nos moldes do prédio
da Petrobras construído na Cidade Nova. No prédio vão funcionar o
Departamento de Meio Circulante, que controla a logística de produção e
distribuição da moeda, áreas para eventos culturais, auditório, salas de aula,
onde serão ministrados cursos para os funcionários, além de áreas de
alimentação, agências bancárias e comércio.
O primeiro investimento totalmente privado na Região Portuária, dentro
do Projeto Porto Maravilha, é o AquaRio, com previsão de inauguração prevista
para agosto de 2012. O maior e mais moderno aquário da América Latina será
uma grande representação do ecossistema marinho do planeta, além de ter a
proposta de interação com o público de forma efetiva e inovadora. Instalado em
25 mil m2, o espaço vai contar com um aquário com 5 milhões de litros d’agua,
onde estarão 12 mil animais, de 400 espécies. Os visitantes vão poder cruzar o
local através de túneis, que cortam dois ambientes diferentes: o Recinto
Oceânico e o Recinto Mergulho. No primeiro, o público poderá conferir uma
grande quantidade de espécies, dentro de uma impressionante massa de água.
Já no Recinto Mergulho, de acordo com o site oficial do projeto, os
visitantes vão ter a chance de participar de um nadar ao lado de peixes, arraias
24
e até tubarões. As crianças também terão a chance de interagir com alguns
animais. O público também vai poder vivenciar o AquaRio de forma interativa,
deixando de ser apenas um observador. Por isso, no Aquário Marinho Virtual
será possível interagir com seres virtuais, muitos deles já extintos, ou que não
podem ser tocados por questões de segurança.
A expectativa é que o AquaRio, que ficará situado em frente aos armazéns de
embarque e desembarque do Pier Mauá, receba cerca de 1,5 milhão de
visitantes/ano. O AquaRio fará uso de energia solar para cobrir parte de sua
demanda, além de fazer uso de águas das chuvas. Projetos de reciclagem de
lixo, coleta seletiva e de educação ambiental também serão implementados no
espaço.
Por fim, o Projeto Porto Maravilha irá resgatar o brilho da imagem de um
antigo prédio que teve grande importância para a cidade nas décadas de 30 e
40: o edifício “A noite”. Construído em 1930, a atual sede do INPI (Instituto
Nacional de Propriedade Industrial) representou uma ruptura com os modelos
arquitetônicos já existentes no Centro do Rio de Janeiro. O edifício destoava
das construções à sua volta e mudou o perfil europeu dos prédios da cidade.
Foi uma das primeiras edificações do Rio a adotar a tendência verticalista da
arquitetura urbana, os arranha-céus, seguindo o modelo de grandes
metrópoles dos Estados Unidos. O edifício, que tem este nome por ter abrigado
as instalações do jornal "A Noite", possui 22 andares, o equivalente a 30 de um
prédio moderno, devido ao seu pé-direito muito alto. Suas áreas externa e
interna, de uso comum, possuem referências art-déco, sendo que essa última
está descaracterizada, tendo em vista algumas reformas que não levaram em
consideração seu formato original. A fachada principal, voltada para a Praça
Mauá, é caracterizada por elementos da década de 20, que se tornaram únicos
no conjunto de edificações do Rio de Janeiro.
Tendo como responsável pelo projeto arquitetônico o francês Joseph Gire, que
projetou o Copacabana Palace, o prédio "A Noite" desfrutou de muito prestígio
nas décadas de 30 e 40 porque unia num mesmo espaço importantes
empresas e o glamour da Rádio Nacional, poderoso meio de comunicação da
época. Os badalados restaurantes no andar térreo e no terraço, que propiciava
25
uma vista especial para a Baía de Guanabara, completavam o cenário de
sofisticação.
Entretanto, a presença deste prédio sofisticado na região do Porto não
incentivou novas construções comerciais de peso no entorno da Praça Mauá.
O local e, consequentemente, o edifício, passaram a sofrer uma degradação
constante, retomando a atenção merecida somente agora com o projeto de
revitalização da Região Portuária. É dentro deste contexto de transformação,
em busca de uma cidade mais bonita e eficiente, que o projeto Porto Maravilha
trará uma nova imagem à Praça Mauá, resgatando os 70 anos de história deste
edifício que é um marco da vida cotidiana da cidade do Rio de Janeiro.
Ocupando uma quadra da Praça Mauá, ele está numa posição de destaque na
área urbana daquela localidade.
26
CAPÍTULO III
A APLICAÇÃO DAS IMAGENS DE ALTA RESOLUÇÃO
DO GOOGLE EARTH NA ANÁLISE DE ÁREAS
URBANIZADAS DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
Nos dias atuais, as imagens de satélite têm se mostrado como um
precioso recurso no ensino de Geografia para os alunos do ensino médio.
Através delas, o educando pode ter uma visão mais real dos conteúdos
ensinados na Geografia. Neste contexto, resgata-se o valor do professor, não
como aquele que se preocupa com a simples transmissão do conteúdo, mas
como um mediador dos processos de aprendizagem, cuja atuação será
pautada pelo trabalho de estimular o aluno a ter consciência de seu próprio ato
de pensar e a reconhecer a forma como aprende. (Carvalho et al, 2004).
Para Feuerstein (1994), o processo de aprendizagem mediado por um
educador está no cerne de toda a questão que envolve o desenvolvimento da
inteligência, “o mais importante é a figura do mediador, aquele que intervirá,
que induzirá a análise, a dedução e a percepção. O educador é peça-chave.
Ele transmitirá valores, motivações e estratégias. Ajudará a interpretar a vida.
Nós, educadores, estamos mais em jogo do que as crianças e os jovens. Se
não formos capazes de ensinar, será impossível aprender”.
Através das imagens de satélite de alta resolução com o software
Google Earth, o aluno é capaz de visualizar as áreas urbanizadas da cidade do
Rio de Janeiro de várias maneiras. Trabalhar com o conceito de escala
cartográfica é uma delas. Neste conceito, a noção de maior ou menor escala é
trabalhada pela existência da diferença entre a maior e a menor riqueza de
detalhes entre distintas imagens de satélites.
Além do trabalho com o conceito de escala cartográfica, o professor de
Geografia pode trabalhar com seus alunos do ensino médio o
27
acompanhamento das transformações de ocupação do solo urbano carioca. Há
a possibilidade de visualização do avanço de comunidades carentes nas áreas
de mata atlântica da cidade, dos tipos habitações existentes, como casas,
prédios residenciais ou residências feitas sem planejamento.
Também pode ser trabalhado pelo professor com seus alunos funções
no Google Earth como a de poder, dentro da cidade do Rio de Janeiro, se
deslocar rapidamente de um bairro para o outro, observar as coordenadas
geográficas do lugar escolhido, além de observar patrimônios culturais,
religiosos e históricos. Outro aspectos importantes são a distinção que pode
ser feita entre zona rural e zona urbana, a percepção por parte dos alunos do
ensino médio sobre a existência de rios, lagoas, praias, da Baía de Guanabara
e do Oceano Atlântico, que banha o litoral carioca. Os alunos podem fazer um
trabalho de mapeamento através das imagens de satélite dos principais rios
que desembocam nas águas da Baía de Guanabara, elaborar maquetes
baseadas nessas imagens citadas anteriormente, como também pesquisar
sobre as condições atuais de potabilidade da água desses rios, tudo sob a
orientação do professor. Os alunos podem, dentro de seus estudos, apresentar
soluções para a despoluição de possíveis rios contaminados por esgoto
lançado in natura em suas águas.
Uma função muito interessante presente no programa do Google Earth a
ser trabalhada pelo professor nas aulas de Geografia é a de comparar imagens
de satélite antigas e atuais.
Segundo Moran(2000), o professor, com acesso a tecnologias
telemáticas, pode se tornar um orientador/gestor setorial do processo de
aprendizagem, integrando de forma equilibrada a orientação intelectual, a
emocional e a gerencial. O professor é um pesquisador em serviço. Aprende
com a prática e a pesquisa e ensina a partir do que aprende. Realiza-se
aprendendo-pesquisando-ensinando-aprendendo. O seu papel é
fundamentalmente o de um orientador/mediador.
O professor como orientador/mediador intelectual informa, ajuda a escolher as
informações mais importantes, trabalha para que elas se tornem significativas
para os alunos, permitindo que eles as compreendam, avaliem – conceitual e
eticamente – reelaborem-nas e adaptem-nas aos seus contextos pessoais.
28
Ajuda a ampliar o grau de compreensão de tudo, a integrá-lo em novas
sínteses provisórias.
Como orientador ético, ensina a assumir e vivenciar valores construtivos,
individual e socialmente. Cada um dos professores colabora com um pequeno
espaço, uma pedra na construção dinâmica do “mosaico” sensorial-intelectual-
emocional-ético de cada aluno. Este vai organizando continuamente seu
quadro referencial de valores, ideias, atitudes, tendo por base alguns eixos
fundamentais comuns como a liberdade, a cooperação, a integração pessoal.
Um bom educador faz a diferença.
A cidade do Rio de Janeiro pode ser muito bem explorada pelos alunos,
através de um recurso de grande valia do Google Earth chamado Vôo Virtual.
O vôo virtual consiste numa simulação de deslocamento aéreo, ocorrendo
mudanças sequenciais de direção e de altitude. Ele ocorre sobre
representações cartográficas tridimensionais, reproduzindo um conjunto
sistemático de fenômenos, via computador, por abstração. O vôo virtual é uma
realidade abstrata e seletiva do terreno, não sendo uma imitação do real, mas
algo construído.
O vôo virtual possui pontos muito positivos como facilidade de
manipulação e acesso, resolução boa em algumas áreas urbanas, atualização
constante das imagens, além de ser um bom instrumento para auxiliar a
classificação de imagens. Seus aspectos negativos estão ligados às resoluções
variáveis de imagens tanto de áreas urbanas quanto de áreas rurais, à pobreza
espectral das imagens e à qualidade das imagens e dos mosaicos.
Alguns aspectos a serem explorados pelos alunos e pelo professor estão
relacionados ao ambiente físico da cidade do Rio de Janeiro. A cidade é
coberta pela mata atlântica. Essa vegetação originalmente cobria uma área de
1 milhão de quilômetros quadrados, estendendo-se ao longo do litoral desde o
Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul e alargando-se significativamente
para o interior em Minas Gerais e São Paulo. É um dos biomas mais
importantes para a preservação da biodiversidade brasileira e mundial, mas é
também o mais ameaçado. Restam apenas 7% da área original da Mata
Atlântica. Desses 7% remanescentes, quatro quintos estão localizados em
propriedades privadas. As Unidades de Conservação abrangendo esse bioma
constituem apenas 2% da Mata Atlântica original.
29
A história da devastação da Mata Atlântica começou com a chegada dos
portugueses: somente no século XVI, estima-se que o comércio de pau-brasil
tenha provocado a derrubada de pelo menos 2 milhões de árvores. Mais tarde,
com o início efetivo da colonização, grandes extensões da Zona da Mata
nordestina cederam lugar às plantations canavieiras. No século XIX, foi a vez
das fazendas de café se espalharem pelo vale do rio Paraíba do Sul e pelos
planaltos recobertos pelas férteis terras-roxas do oeste paulista, expulsando a
floresta. Os mais importantes núcleos urbanos e industriais do país também se
ergueram sobre os despojos dos ecossistemas florestados originais.
Através da função de imagens históricas podem ser abordados temas sobre
desmatamento dentro das aulas de geografia física do Rio de Janeiro,
comparando imagens de satélite de décadas passadas com as imagens atuais.
Como também, podem ser discutidos dentro de sala de aula as consequências
que este desmatamento pode ocasionar ao ecossistema da cidade.
Outro aspecto físico importante da cidade a ser explorado através das imagens
de satélite é o relevo carioca. É um relevo no qual seu substrato rochoso é
originário de dobramentos cristalinos da Era Pré-Cambriana. Devido à atuação
dos agentes intempéricos (ação dos ventos, ação das águas e a variação de
temperatura), esse substrato rochoso sofreu sucessivos desgastes até se
transformar no formato atual de meias laranjas.
Dentro do conjunto histórico e cultural da cidade, pode ser feito um
mapeamento das principais áreas a serem visitadas por turistas brasileiros e
estrangeiros. Os alunos do ensino médio podem planejar um roteiro do centro
histórico do Rio de Janeiro, passando por prédios importantes como o da
Biblioteca Nacional, o Museu Nacional de Belas Artes, o cinema Odeon, O
Teatro Municipal. Além destes equipamentos históricos, os alunos podem
realizar um trajeto através de marcações feitas nas imagens do Google Earth,
com o percurso das casas noturnas da Lapa. Esta localidade do centro da
cidade, é considerada o berço da boemia carioca, também sendo famosa por
sua arquitetura, a começar por seus arcos, conhecidos como Arcos da Lapa,
construídos para funcionarem como aqueduto nos tempos do Brasil Colonial e
que agora servem como via para os bondinhos que sobem o morro do bairro de
Santa Teresa.
30
O Aqueduto da Carioca é considerado a obra arquitetônica de maior
importância do Rio Antigo e um dos principais símbolos da cidade. A imponente
construção em estilo romano tem 17,6 metros de altura, 270 metros de
extensão e 42 arcos que ligam o bairro de Santa Teresa ao Morro de Santo
Antônio. O Aqueduto da Carioca foi construído em 1723, no período do Brasil
Colonial, e tinha como objetivo conduzir a água do rio Carioca da altura do
Morro do Desterro, atual bairro de Santa Teresa, para o Morro de Santo
Antônio. A obra ajudaria a resolver o problema da falta de água na cidade.
Problema este que já era antigo. Os estudos para trazer as águas do rio
Carioca para a cidade começaram nos primeiros anos do século XVII, mas as
obras de instalação de canos de água no Rio de Janeiro só tiveram início um
século depois.
Residiram na Lapa: Machado de Assis e diversos de seus personagens,
Carmem Miranda, Manuel Bandeira, Jorge Amado, Lamartine Babo, entre
outros.
Nos últimos tempos o paisagismo da Lapa sofreu significativas alterações.
Onde era o Largo das Pracinhas (praça anexa aos arcos) hoje existe o Circo
Voador (espaço cultural carioca). A rua dos Arcos, que atravessa o aqueduto,
era uma via ocupada por edificações centenárias, entre elas a Fundição
Progresso, que hoje é uma casa de shows. O bairro nasce no final da zona sul,
quando a rua da Glória torna-se rua da Lapa. Também faz limite com o bairro
de Santa Teresa, subindo suas ladeiras e o pequeno Bairro de Fátima.
Na tentativa de resgatar a vocação residencial do bairro foi criado o movimento
Eu sou da Lapa. Inspirado na famosa campanha I Love NY, que ajudou a
revitalizar a cidade americana que estava em decadência na década de 1970,
o movimento busca resgatar o orgulho de dizer “Eu sou da Lapa”. Com o apoio
do poder público e a adesão da maioria dos estabelecimentos comerciais da
Lapa, o Eu sou da Lapa foi espalhado pela cidade, mas com poucas conquistas
efetivas na área de segurança, reinserção da população de rua e combate ao
crime, antigas reclamações dos moradores aos poderes públicos.
Outrora famosa por inspirar tipos como Madame Satã, e é claro, os malandros
cariocas que tanto habitaram as páginas literárias dos nossos autores, a Lapa
é hoje um ponto de referência absoluta para os amantes da vida noturna. Uma
das características marcantes do bairro é a absoluta harmonia com quem
31
convivem as mais diversas tribos musicais. Desde os anos 1950, quando
começou a ser chamada de “Montmartre Carioca”, a Lapa é palco de encontros
intelectuais, artistas, políticos e, principalmente, do povo carioca, que ali se
reúne para celebrar o samba, o forró, a MPB, o choro e mais recentemente, a
música eletrônica e o rock.
Por suas principais vias, rua Mem de Sá, rua do Riachuelo(antiga rua
Matacavalos, frequentemente mencionada na obra de Machado de Assis),
avenida Chile, rua Gomes Freire e rua do Lavradio, espalham-se atrações
como a Sala Cecília Meireles, que é considerada a melhor casa para concertos
de música de câmara existente no Rio. O Passeio Público, a Escola Nacional
de Música e a Igreja Nossa Senhora da Lapa do Desterro são referências para
o turista que quer ver uma boa amostra da arquitetura do Rio Antigo. A
Catedral Metropolitana (na moderna Avenida Chile), adorada por uns, criticada
por outros, é outro ponto de referência do bairro.
A Zona Portuária é uma região de riquíssimos recursos de pesquisa para
os alunos do ensino médio da disciplina de Geografia. Atualmente, é uma
região que está recebendo vultosos recursos do poder público para a sua
revitalização, através do Projeto Porto Maravilha. Esse é outro trabalho de
mapeamento que pode ser feito através de imagens de satélite extraídas do
Google Earth.
A ocupação da Zona Portuária no século XVII foi muito lenta e o único
trecho integrado à malha urbana, ainda que de forma precária, era uma parte
da prainha (Prala Mauá) e o lado do Morro da Conceição, voltado para o Morro
de São Bento. Já no século XVIII, devido à presença de chacareiros nas
encostas dos morros que acompanhavam a linha costeira e no interior em
algumas partes planas, deu-se início à ocupação mais efetiva. Na linha
costeira, que ia da Prainha ao Saco do Alferes e à praia Formosa, com forte
presença de pescadores e da atividade de escravos nos serviços de estiva,
começaram a ser ocupados o Valongo e a Gamboa.
A partir da segunda metade do século XVIII, devido às condições mais
favoráveis do que na parte sul da Baía de Guanabara, inúmeros trapiches
surgiram nas enseadas, produzindo um aumento nas transações comerciais
marítimas. Facilitado pela existência de encostas menos íngremes nos morros
da linha costeira, deu-se a expansão das construções urbanas. A forte
32
presença, na cidade, das riquezas vindas de Minas Gerais, e com a cidade
transformada em capital do Vice Reinado em 1763, o desenvolvimento urbano
começou a se acelerar. Inúmeras obras de melhoramentos foram realizadas,
pelo governador Gomes Freire (1735-1762) e pelo vice-rei Marquês do
Lavradio (1769-1779). Os brejos praianos do Valongo e adjacências foram
aterrados, abertas as ruas e o litoral entre a Prainha e a Saúde houve
acentuado desenvolvimento com edificações residenciais, armazéns e depósito
de produtos agrícolas e industriais.
A partir da chegada da Corte Portuguesa em 1808, esse panorama mudou.
Baseado no comércio de importação e exportação, as áreas portuárias foram
privilegiadas. Toda a região que acompanhava a linha costeira da Prainha ao
Saco de Alferes sofreu uma enorme expansão, marcando e delimitando o que
seria a atual Zona Portuária de Hoje. Ruas e travessas foram surgindo entre os
caminhos principais e mais aterros foram efetuados entre o mangal de São
Diogo até São Cristóvão, residência da Família Real na Quinta da Boa Vista.
A primeira década do século XX foi marcada pela ampla renovação urbana e a
Zona Portuária não ficou atrás dessa onda. O conjunto das obras do porto foi
decisivo para a modernização da região. O aterro da linha costeira para a
construção do porto, a aberturas das grandes avenidas de circulação de carros
(Rodrigues Alves e Francisco Bicalho) e de ruas internas fizeram com que os
bairros da Saúde, Gamboa e Santo Cristo se afastassem do mar e, com isso,
mudaram suas configurações urbanas originais. O setor industrial passou a ser
um marco na região, devido à proximidade com o porto. A população se
adensou e os morros foram ocupados por favelas. E tudo isso, ocorrendo
quase ao mesmo tempo.
Na medida que a cidade crescia e se verticalizava, novos espaços foram
privilegiados, como o Centro e Zona Sul. Ao se aproximar dos meados do
século XX, a Zona Portuária estava isolada e sem atrativos. As indústrias foram
saindo gradativamente da região e seus bairros adensados e cercados por
favelas, tornaram-se mais residenciais e pobres. E para aumentar o nível de
isolamento da região com relação ao Centro e outros bairros, foi aberta a
avenida Presidente Vargas, espremendo a região, entre a linha portuária, em
início de saturação, e o espaço aberto formado pela avenida. Para completar o
quadro de isolamento e de degradação urbana, na década de 1970 construiu-
33
se, por cima da avenida Rodrigues Alves, o grande viaduto da perimetral. A
partir daí, se acelerou esse processo de degradação, com perda de população
e de prédios vazios. Embora lembrada nos últimos anos por meio de planos e
projetos em diferentes gestões do poder municipal, de ter recebido
equipamentos importantes, como a Vila Olímpica e a Cidade do Samba e de
ser contemplada com espaços ligados à culturas (galpões recuperados, casas
de shows e restaurantes) tentativa particular de reverter a situação de
abandono,a região está estagnada. No entanto, vale lembrar, algumas ações
de preservação de locais históricos pelas quais a região tem passado, como as
efetuadas nos morros da Conceição, Providência (célula urbana) e o Jardim do
Valongo. A Zona Portuária é a região da cidade com mais forte presença na
evolução histórica do meio urbano carioca, a de maior tradição em muitos
aspectos culturais e históricos, a que possui o maior acervo de prédios, ruas e
espaços históricos e a de maior potencialidade para recuperação, preservação
patrimonial e de futuras ações nas áreas culturais e turísticas, de interesse
para a cidade como um todo. Há um pouco de tudo na linha portuária: ruas
largas, píer Mauá, praças e prédios históricos, grandes edificações, centros de
pesquisa e uma arquitetura eclética.
No ano de 2009, a cidade do Rio de Janeiro foi escolhida para ser sede
dos Jogos Olímpicos de Verão de 2016. Essa escolha está exigindo das três
esferas do poder público brasileiro (federal, estadual e municipal) uma atenção
especial com as áreas nas quais estarão instalados os complexos esportivos.
Uma destas áreas é a região que compreende os bairros de Tijuca e
Maracanã, no qual está localizado o Complexo Esportivo do Maracanã. Uma
tarefa a ser elaborada pelo professor de Geografia é a de traçar caminhos
alternativos que trânsito, usando imagens do Google Earth. Esta tarefa justifica-
se pelo gargalo que ocorre no trânsito todos os dias nesta região. Outra ideia a
ser desenvolvida com os alunos é a de criar novas rotas de linhas de metrô.
Este é um meio de transporte que pode proporcionar uma grande mobilidade a
milhões cariocas, além de diminuir o tempo de percurso do público que visitará
as instalações do complexo esportivo do Maracanã, durante as Olimpíadas de
de 2016.
O bairro do Maracanã apresenta aspecto peculiar, uma vez que seu
adensamento populacional, desenvolvimento urbano e processo de
34
verticalização foram condicionados pelo leito do rio que dá origem ao seu nome
(significando “rio dos papagaios” em indígena), o bairro que hoje tem como
marco arquitetônico o maior estádio de futebol do mundo, o Estádio do
Maracanã, construído em 1950 para a Copa do Mundo, na área do antigo
Derby Clube.
No local da antiga favela do “esqueleto”, removida na década de 1960, foi
construído o campus da atual Universidade do Estado do Rio de Janeiro –
UERJ. Nele ficam as estações Maracanã da linha 2 do Metrô e Maracanã da
Supervia. Como vias principais destacam-se as avenidas Presidente Castelo
Branco, Maracanã e a rua São Francisco Xavier.
Outro aparelho esportivo que deve receber atenção por parte do
professor de Geografia é o Estádio Olímpico João Havelange, mais conhecido
como Engenhão. Atualmente, ele está sob a administração do Botafogo de
Futebol e Regatas. Este estádio sediará as provas de atletismo dos Jogos
Olímpicos Rio 2016. O Engenhão está localizado no bairro do Engenho de
Dentro, Zona Norte do Rio de Janeiro. A apresentação de imagens de satélite
do estádio olímpico e do bairro, serão úteis nas aulas de geografia urbana,
mostrando as diversas formas de uso do solo urbano, e seus respectivos
impactos para a população local.
O bairro do Engenho de Dentro data do período colonial. No século
XVIII, o Engenho de Dentro pertenceu ao mestre de campo João Árias de
Aguirre. Com o desmembramento de suas terras, destacou-se a Chácara Dr.
Francisco Fernandes Padilha, que se estendia até o sopé da Serra dos Pretos
Forros, onde mais tarde foram abertas as ruas Dr. Peçanha, hoje Adolfo
Bergamini, Dr. Leal, Dr. Bulhões, entre outras.
Em 1908, uma fábrica de vidro existente na atual Gustavo Riedel foi
transformada em hospital de emergência e, mais tarde, tornou-se o Hospital
Dom Pedro II, destinado aos doentes do antigo Hospício da Praia Vermelha.
Atualmente, o antigo “Hospital dos Alienados” abriga o Instituto Municipal Nise
da Silveira.
O que deu impulso à ocupação do bairro foi a abertura da Estrada de
Ferro Dom Pedro II, depois Central do Brasil, que trouxe para o bairro as
grandes oficinas ferroviárias do Engenho de Dentro que, em 1881, eram
consideradas as mais importantes da América Latina. A estação do Engenho
35
de Dentro foi inaugurada em 1873 e, mais tarde, foi demolida. Em 1937, foi
construída a atual estação.
Com a construção da “Linha Amarela”(via expressa da cidade do Rio de
Janeiro), entre 1994 e 1997, a nova acessibilidade ao bairro da Barra da Tijuca
valorizou o Engenho de Dentro e os bairros próximos. Com a realização dos
jogos Pan-Americanos, em 2007, o Engenho de Dentro foi escolhido para
abrigar uma das mais importantes instalações do evento, o Estádio Olímpico
João Havelange, construído no terreno das antigas oficinas ferroviárias, com
capacidade para 45 mil pessoas.
36
CONCLUSÃO
Portanto, pode-se entender que a utilização de novas tecnologias no
ensino de geografia, com ênfase no uso do Google Earth, tem sido um
instrumento de grande importância para atrair a atenção dos educandos desta
disciplina. Neste trabalho, focado na utilização de imagens de satélite do
Google Earth, percebeu-se a importância da aplicação destas imagens de
áreas urbanizadas da cidade do Rio de Janeiro, como uma forma de trazer a
realidade para a sala de aula dos alunos cariocas.
Foram pesquisadas informações sobre a história da capital fluminense,
além de informações sobre três regiões da cidade: Norte, Centro da Cidade e
Sul. Como também, foram utilizadas imagens de satélites dessas 3 regiões da
cidade e de suas respectivas áreas urbanizadas.
Alguns bairros citados neste trabalho possuem grande importância no
planejamento do setor público para os próximos anos, devido às Olimpíadas de
2016, que serão realizadas na cidade do Rio de Janeiro. Os bairros do
Engenho de Dentro e do Maracanã serão fundamentais neste evento esportivo,
pelo fato de eles sediarem as competições de atletismo e de futebol,
respectivamente.
Outros pontos da cidade estão recebendo grandes incentivos por parte do
poder público, como a localidade da Lapa e a Zona Portuária do Rio. Estes dois
locais estão sofrendo um grande processo de revitalização. A Zona Portuária
está sofrendo melhorias através do Projeto Porto Maravilha, uma parceria entre
o poder público e a iniciativa privada a fim de retomar a vida econômica e
cultural deste lugar, perdida a muitos anos. A localidade da Lapa, vem sendo
revitalizada pelo fato de existir em seu território uma efervescente vida cultural,
com inúmeras casas noturnas, monumentos históricos, casas de cultura, como
o espaço de música Cecília Meireles.
O processo de ocupação do solo urbano foi um tema que teve sua
merecida importância neste trabalho, a fim de mostrar ao aluno o processo de
ocupação desordenada dentro da cidade do Rio de Janeiro. Foi apresentado o
processo de ocupação de áreas de alto poder aquisitivo, como também a
37
ocupação sem nenhum tipo de planejamento de comunidades carentes nas
encostas de morros que promoveu e intensificam até os dias atuais os
desmatamento da Mata Atlântica. Isso mostra que o poder público precisa dar
uma atenção especial à questão do meio ambiente, fundamental para a
qualidade de vida dos cariocas, como também para o equilíbrio ambiental.
As técnicas de sensoriamento remoto mostram-se fundamentais para o
auxílio das aulas de Geografia do ensino médio. Suas imagens de satélite
proporcionam um grande realismo às aulas. O sensoriamento remoto consiste
em obter imagens e outros tipos de dados, da superfície terrestre, através da
captação e do registro da energia refletida ou emitida pela superfície. Muitos
ramos profissionais têm se utilizado dessas técnicas para suas atividades como
as forças armadas, a meteorologia e o jornalismo.
Este trabalho teve como grande importância a apresentação de
conceitos inerentes à Geografia como escala cartográfica, temas ligados à
Geografia Urbana como urbanização, uso do solo urbano, à Geografia Física
através do ecossistema da Mata Atlântica e desmatamento de encostas.
As técnicas de sensoriamento remoto e as imagens de satélite do
Google Earth estão diretamente ligadas à Cartografia, uma ciência de extrema
importância no ensino de Geografia.
A cartografia torna-se recurso fundamental para o ensino e a pesquisa. Ela
possibilita ter em mãos representações dos diferentes recortes desse espaço e
na escala que interessa para o ensino e pesquisa. Para a Geografia, além das
informações e análises que se podem obter por meio dos textos em que se usa
a linguagem verbal, escrita ou oral, torna-se necessário, também, que essas
informações se apresentem espacializadas com localizações e extensões
precisas e que possam ser feitas por meio da linguagem gráfica/cartográfica. É
fundamental, sob o prisma metodológico, que se estabeleçam as relações
entre os fenômenos, sejam eles naturais ou sociais, com suas espacialidades
definidas.
O nível de aprofundamento pretendido nos estudos, ou no ensino desses
fenômenos que caracterizam os lugares, exigirá o trabalho com as diferentes
escalas de representações cartográficas, com a linguagem gráfica por meio da
produção e leitura de mapas.
38
Tanto para a pesquisa como para o ensino em Geografia é preciso ter clareza
sobre a escolha do recorte e da escala com que se irá trabalhar. Vale lembrar
que, no estudo dos lugares, para que o aluno possa se situar melhor, a
cartografia estará neste ciclo priorizando a grande escala, garantindo-lhe maior
detalhamento dos fatores que caracterizam o espaço de vivência no seu
cotidiano.
A cartografia no ensino de Geografia obteve grandes avanços teóricos e
metodológicos. Dentro da perspectiva de uma Geografia tradicional e
positivista, a cartografia significava muito mais uma técnica da representação
voltada para a leitura e a explicação do espaço geográfico onde o leitor
comportava-se como sujeito. Atualmente, comprometida com as novacorrentes
do pensamento de uma Geografia da percepção e fenomenológica, o aluno
passou a ser orientado a desenvolver uma consciência crítica em relação ao
mapeamento que estará realizando em sala de aula. Isso significa dizer que
existe sempre uma perspectiva subjetiva na escolha do fato a ser cartografado,
marcado por um juízo de valor. O aluno deixou de ser visto como um mapeador
mecânico para ser um mapeador consciente, de um leitor passivo para um
leitor crítico dos mapas.
39
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
Abreu, Mauricio de Almeida. A Evolução Urbana do Rio de Janeiro. 2ª. ed.
Rio de Janeiro: IPLANRIO/ZAHAR, 1988.
Moreira, João Carlos; Sene, Eustáquio de. Geografia : volume único. São
Paulo: Scipione, 2005.
Florenzano, Teresa Galloti. Imagens de Satélite para Estudos Ambientais.
São Paulo: Oficina de Textos, 2002.
Carvalho, V.M.S. Guaycuru de, Cruz, C.B.M.F. Rocha. Sensoriamento
Remoto e o Ensino da Geografia – Novos Desafios e Metas. IV Jornada de
Educação em Sensoriamento Remoto no âmbito do Mercosul. São Leopoldo –
RS. CD-ROM.
Feuerstein, R.,(1994). Inteligência se aprende. Revista Isto É, n° 1297, p.5-7,
10 ago. Entrevista concedida à Gisele Vitória.
Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares
Nacionais: geografia/ Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília:
MEC/SEF, 1998. 156p.
Site consultado:
http://www.portomaravilha.com.br/
http://www.armazemdedados.rio.rj.gov.br/
40
ANEXO
IMAGENS DE SATÉLITE DO GOOGLE EARTH DE
ÁREAS URBANIZADAS DA CIDADE DO RIO DE
JANEIRO
Figura 1 – Imagem do Tijuca Tênis Clube, Tijuca.
Fonte: Google Earth
Figura 2 – Imagem do Estádio Olímpico João Havelange.
Fonte: Google Earth
41
Figura 3 – Complexo Esportivo do Maracanã, Maracanã. Fonte: Google Earth
Figura 4 – Praia de Ipanema, Ipanema. Fonte: Google Earth
42
Figura 5 – Zona Portuária do Rio de Janeiro. Fonte: Google Earth
Figura 6 – Comunidade Pavão – Pavãozinho, Ipanema. Fonte: Google Earth
43
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
A importância do Sensoriamento Remoto na sociedade 10
CAPÍTULO II
Levantamento de áreas urbanizadas da cidade do Rio de Janeiro 17
CAPÍTULO III
A aplicação das imagens de alta resolução do Google Earth na análise de
áreas urbanizadas da cidade do Rio de Janeiro 26
CONCLUSÃO 36
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39
ANEXO 40
ÍNDICE 43
FOLHA DE AVALIAÇÃO 44
44
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição:
Título da Monografia:
Autor:
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito:
45