UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL
LUIZA VENTURA BEDIN
AS RELAÇÕES PÚBLICAS COMO FACILITADORA DA COMUNICAÇÃO ENTRE A IGREJA CATÓLICA E O PÚBLICO JOVEM: UM ESTUDO DE CASO DO PROGRAMA
FÉ E CAFÉ DA PARÓQUIA SANTA TERESA DE CAXIAS DO SUL- RS.
CAXIAS DO SUL 2014
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LUIZA VENTURA BEDIN
AS RELAÇÕES PÚBLICAS COMO FACILITADORA DA COMUNICAÇÃO ENTRE A IGREJA CATÓLICA E O PÚBLICO JOVEM: UM ESTUDO DE CASO DO PROGRAMA
FÉ E CAFÉ DA PARÓQUIA SANTA TERESA DE CAXIAS DO SUL- RS.
Monografia apresentada ao Curso de Comunicação Social Habilitação em Relações Públicas da Universidade de Caxias do Sul para obtenção de grau de Bacharel em Comunicação Social Habilitação em Relações Públicas. Orientador: Prof. Zildomar Oliveira de Souza
CAXIAS DO SUL
2014
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LUIZA VENTURA BEDIN
AS RELAÇÕES PÚBLICAS COMO FACILITADORAS DA COMUNICAÇÃO DA
IGREJA CATÓLICA COM O PÚBLICO JOVEM: UM ESTUDO DE CASO DO PROGRAMA FÉ E CAFÉ DA PARÓQUIA SANTA TERESA DE CAXIAS DO SUL
Monografia apresentada ao Curso de Comunicação Social – Habilitação em Relações Públicas, da Universidade de Caxias do Sul, para obtenção do grau de Bacharel.
Aprovado(a) em: ___/___/2014 Banca Examinadora _____________________________________ Prof. Me. Zildomar Oliveira de Souza - Orientador Universidade de Caxias do Sul – UCS _____________________________________ Prof.ª. Ma. Lirian Maria Meneguel Universidade de Caxias do Sul – UCS _____________________________________ Prof. Me. Jacob Raul Hoffmann Universidade de Caxias do Sul – UCS
4
Dedico esse trabalho ao meu pai, Paulo Luiz Bedin, por acreditar no meu potencial e ter permitido a realização desse sonho.
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar a Deus, fonte de toda a vida e criador de todas as
coisas, pela força concedida a mim durante toda a elaboração desse trabalho e pela fé,
que me motivou e me permitiu acreditar na realização desse sonho.
Ao meu pai, Paulo Luiz Bedin, por acreditar nas minhas escolhas, apoiando-me e
esforçando-se para que eu pudesse chegar até aqui.
A minha mãe, Verônica Ventura Bedin, que hoje não pode compartilhar esse
momento comigo, mas de onde quer que ela esteja me apoiou e me motivou para que
eu pudesse chegar até aqui.
Ao meu noivo e Relações Públicas, Vinicius Dieter, por estar ao meu lado em
cada momento da minha graduação, em especial na elaboração desse trabalho. Por ter
sido meu consolo nos momentos de angustia, motivação nos momentos de desânimo e
por me auxiliar através dos seus conhecimentos na área.
Ao Padre Leomar Brustolin, pároco da Paróquia Santa Teresa, de Caxias do Sul,
por permitir que o meu estudo fosse realizado com o programa Fé e Café, dando-me a
liberdade para desenvolver as pesquisas.
Ao professor Zildomar Oliveira de Souza, pela dedicação em suas orientações
prestadas na elaboração desse trabalho, me incentivando e colaborando para o
desenvolvimento das minhas ideias.
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RESUMO
Este trabalho tem por objetivo principal verificar de que forma as Relações Públicas podem contribuir para facilitar a comunicação da Igreja Católica com o público jovem, e com isso, identificar as principais atividades exercidas pelo profissional, que podem ser executadas na comunicação eclesial. As metodologias utilizadas no decorrer do trabalho foram: pesquisa bibliográfica, pesquisa documental junto aos principais documentos da Igreja em relação à comunicação, e para complementar, o estudo de caso do Programa Fé e Café, da Paróquia Santa Teresa, de Caxias do Sul, com coleta de dados junto aos participantes do Programa, através das técnicas de entrevistas em profundidade e pesquisa de opinião. Foi realizada uma análise entre as teorias estudadas na área das Relações Públicas e na área da comunicação na Igreja Católica, respondendo a questão norteadora dessa pesquisa. As conclusões alcançadas tornam esse trabalho científico, fonte de pesquisa para interessados no tema, além de proporcionar aos acadêmicos dos cursos de Comunicação Social, assim como aos profissionais da área, conhecimento sobre o assunto.
Palavras-chaves: Comunicação Social. Igreja Católica. Relações Públicas. Fé e Café.
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ABSTRACT
This work has for objective to verify how public relations can contribute to facilitate communication of the Catholic Church with the young audience, and with it, identify the main activities carried out by the professional, that can be performed on Church communication. The methodologies used in the course of the study were: bibliographical research, desk research along the main documents of the Church in relation to communication, and to complement, the case study of Faith and coffee Program, Santa Teresa parish, Caxias do Sul, with data collection among the participants of the program, through the techniques of in-depth interviews and opinion survey. An analysis was carried out between the theories studied in the area of public relations and in the area of communication in the Catholic Church, responding to the question of this research guiding. The findings make this scientific work, research source for interested in the subject, in addition to providing scholars of Media, as well as to professionals, knowledge about the subject. Keywords: Media. The Roman Catholic Church. Public Relations. Faith and Coffee.
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LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: Logomarca Fé e Café...................................................................................73
FIGURA 2: Canecas Personalizadas..............................................................................74
FIGURA 3: Almofadas Personalizadas...........................................................................74
FIGURA 4: Puffs..............................................................................................................75
FIGURA 5: Tatames........................................................................................................75
FIGURA 6: Apresentadores.............................................................................................76
FIGURA 7: Banda............................................................................................................80
FIGURA 8: Vídeo.............................................................................................................81
FIGURA 9: Fan Page do Fé e Café.................................................................................83
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LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1: Número de edições participantes...............................................................60
GRÁFICO 2: Sexo...........................................................................................................64
GRÁFICO 3: Faixa Etária................................................................................................65
GRÁFICO 4: Estado Civil................................................................................................65
GRÁFICO 5: Escolaridade..............................................................................................66
GRÁFICO 6: Religião......................................................................................................67
GRÁFICO 7: Participa de Paróquia ou Comunidade......................................................67
GRÁFICO 8: Outras Paróquias ou Comunidades...........................................................68
GRÁFICO 9: Eficácia da Comunicação do Fé e Café.....................................................70
GRÁFICO 10: Outros Motivos da Eficácia da Comunicação do Fé e Café.....................71
GRÁFICO 11: Estrutura Física........................................................................................73
GRÁFICO 12: Conteúdos Abordados.............................................................................77
GRÁFICO 13: Periodicidade...........................................................................................77
GRÁFICO 14: Música Ao Vivo........................................................................................78
GRÁFICO 15: Vídeo.......................................................................................................79
GRÁFICO 16: Espaço para Perguntas............................................................................79
GRÁFICO 17: Abordagem dos Temas............................................................................80
GRÁFICO 18: Divulgação do Programa..........................................................................82
GRÁFICO 19: Temática que mais gostou.......................................................................84
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LISTA DE SIGLAS
ABRP Associação Brasileira de Relações Públicas
CNBB Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
JAC Juventude Agrária Católica
JEC Juventude Estudantil Católica
JIC Juventude Independente Católica
JOC Juventude Operária Católica
JUC Juventude Universitária Católica
PASCOM Pastoral da Comunicação
PJ Pastoral Orgânica da Juventude
PJMP Pastoral da Juventude do Meio Popular
PJR Pastoral da Juventude Rural
RP Relações Públicas
UCS Universidade de Caxias do Sul
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................13
2 RELAÇÕES PÚBLICAS..............................................................................................17
2.1 CONCEITO................................................................................................................17
2.1.1 Breve Histórico.....................................................................................................18
2.2 OBJETIVOS/ FUNÇÕES...........................................................................................20
2.2.1 Função Administrativa ........................................................................................21
2.2.2 Função Estratégica .............................................................................................22
2.2.3 Função Mediadora ...............................................................................................23
2.2.4 Função Política ....................................................................................................24
2.3 PÚBLICOS................................................................................................................25
2.3.1 Tipologia de públicos .........................................................................................25
2.3.2 Público Jovem religioso ....................................................................................28
2.4 INSTRUMENTOS DE COMUNICAÇÃO DIRIGIDA E MASSIVA..............................29
2.4.1 Eventos.................................................................................................................30
3 COMUNICAÇÃO SOCIAL NA IGREJA.......................................................................32
3.1 IGREJA CATÓLICA...................................................................................................32
3.1.1 A comunicação na Igreja ....................................................................................34
3.1.2 Evolução da comunicação eclesial....................................................................35
3.1.3 A comunicação na Igreja hoje.............................................................................40
3.1.4 A comunicação paroquial....................................................................................43
3.2 DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES....................................................................45
3.2.1 O processo de instituição do Dia........................................................................45
3.3 A IGREJA E O JOVEM..............................................................................................46
3.3.1 Um panorama geral da juventude na Igreja ......................................................47
3.3.2 A comunicação da Igreja com o jovem..............................................................49
4 METODOLOGIA..........................................................................................................53
4.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA....................................................................................54
12
4.2 PESQUISA DOCUMENTAL......................................................................................54
4.3 ESTUDO DE CASO..................................................................................................55
4.3.1 Entrevista em profundidade................................................................................56
4.3.2 Pesquisa de opinião.............................................................................................56
4.3.3 Estudo de caso.....................................................................................................57
4.3.3.1 Paróquia Santa Teresa: Breve Histórico.............................................................58
4.4 OBJETO DE ESTUDO: PROGRAMA FÉ E CAFÉ....................................................59
4.4.1 Pesquisa de campo..............................................................................................59
4.4.1.1 Pesquisa de Opinião...........................................................................................59
4.4.1.2 Entrevista em Profundidade................................................................................60
4.5 ANÁLISE DOS RESULTADOS.................................................................................62
4.5.1 Dados básicos......................................................................................................62
4.5.2 Surgimento da ideia.............................................................................................63
4.5.3 Público alvo..........................................................................................................63
4.5.4 Objetivo do programa..........................................................................................69
4.5.5 Formatação...........................................................................................................71
4.5.6 Comunicação........................................................................................................81
4.5.7 Temas já abordados.............................................................................................83
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................86
REFERÊNCIAS...............................................................................................................90
APÊNDICE A..................................................................................................................93
APÊNCIDE B..................................................................................................................95
APÊNDICE C..................................................................................................................96
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1 INTRODUÇÃO
O campo de atuação do profissional de Relações Públicas já foi mais estreito.
Tradicionalmente, a área era centralizada no âmbito empresarial e governamental,
sendo restrita a esses segmentos, entretanto nas últimas décadas o panorama mudou.
(KUNSCH 2003). Diante disso, pode-se dizer que as Relações Públicas tem capacidade
para trabalhar e exercer o seu papel em qualquer tipo de instituição, inclusive na Igreja
Católica, e que todas as organizações, de uma forma ou outra, necessitam de um
profissional que gerencie e que administre sua comunicação organizacional, cuidando
do relacionamento da empresa ou instituição com o seu público-alvo.
Falar das Relações Públicas na Igreja Católica é propor um novo olhar da
comunicação da Igreja com os seus fiéis. Kater Filho (1999, p. 12) destaca “[...] que a
prática da religião católica está se reduzindo a mero ritualismo sacramental simbólico,
ou seja, não há uma busca pelo relacionamento entre clero e leigos, mas simplesmente
há prática de rituais cotidianos”. O resgate do princípio fundamental do cristianismo,
que é o relacionamento humano e a comunhão entre a Igreja, está relacionado
diretamente com a comunicação. A instrução pastoral Communio et progressio, escrito
pelo magistério da Igreja afirma que o termo ideal para toda a comunicação é a
comunhão e exemplifica isso através da vida de Jesus Cristo (DARIVA, 2003). Segundo
a mesma autora (2003, p. 141),
Jesus Cristo, o “comunicador perfeito”, no qual o Verbo encarnado fez-se semelhante àqueles que haviam de receber a sua mensagem, mensagem que comunicava com as palavras e com a vida. Não falava como que “de fora”, mas “de dentro”, a partir do seu povo. [...] adaptava-se à sua linguagem e mentalidade, encarnado, como estava.
Assim, pelas afirmações de Dariva (2003), é possível relacionar a figura de Jesus
Cristo com as Relações Públicas. Complementando, Kunsch (2003, p. 95) afirma que
“os profissionais identificam os públicos, suas reações, percepções e pensam em
estratégias comunicacionais de relacionamentos de acordo com as demandas sociais e
o ambiente organizacional.”
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A comunicação da Igreja Católica necessita de um profissional que pense,
estude e desenvolva a interação entre ela e os públicos. Tornar a mensagem, o anúncio
do evangelho compreensível a todas as pessoas é papel da comunicação e desejo da
Igreja. O decreto Inter Mirífica – documento conciliar publicado em 4 de dezembro de
1963, que se ocupa dos meios de comunicação social, sua importância na vida
moderna e dos direitos perante eles, dos fiéis e pastores afirma que, “[...] se a Igreja
deve comunicar sempre a sua mensagem, de um modo adaptado a cada época, às
culturas das nações e aos vários povos, ela deve fazê-lo especialmente, hoje, na e pela
cultura dos novos mass media” (DARIVA, 2009, p. 192).
Dentro dessa perspectiva, as Relações Públicas possuem todas as ferramentas
necessárias para promover a aproximação da Igreja com seus fiéis, em vista que, de
acordo com Kunsch (2003), uma das atividades dos profissionais de Relações Públicas
é a de identificar os públicos podendo mapear as necessidades e as buscas específicas
de cada realidade, criando estratégias que facilitem essa comunicação. Além disso,
com o avanço tecnológico, a Igreja deve-se utilizar dos meios mais atuais para
promover o que deseja e para engajar-se à comunidade. Estar presente nos mass
media é de suma importância para que ocorra a aproximação da Palavra de Deus com
o público jovem em todos os cantos do mundo. O alerta de João Paulo II confirma:
Portanto, no nosso tempo é necessário que a Igreja se empenhe de maneira ativa e criativa nos mass media. Os católicos não deveriam ter medo de abrir as portas da comunicação social a Cristo, de tal forma que a sua Boa-Nova possa ser ouvida sobre os telhados do mundo. (PUNTEL, 2012, p.19)
No entanto, o grande desafio não está em saber como usar bem as tecnologias,
mas sim como viver bem no meio delas (SPADARO, 2012). Num contexto de
modernidade líquida, em que todos os relacionamentos têm se tornados passageiros e
fácies de romper, esta é a missão da Igreja. Por regra, ainda há fiéis que acreditam que
as redes e a religião católica estejam em caminhos opostos, não sendo possível uni-los.
Em contraponto, onde o homem está, ali a Igreja deve estar, pois antes de tudo, a fé é
chamada a se exprimir não somente por vontade de presença, mas por uma busca
natural do cristianismo com a vida de todo o ser humano (SPADARO, 2012).
Tanto pelas observações que a convivência dessa autora tem permitido, quanto
pelas observações de autores que escrevem sobre a igreja católica, chegar até o
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público jovem é um grande desafio para a Igreja, visto que a sua imagem perante eles
foi construída ao longo dos anos como sendo algo para pessoas idosas, e não para a
sua geração. Dessa forma, parece ficar evidente que se faz necessário uma
ressignificação da imagem da Igreja Católica para que se rompa a antiga concepção.
Ora, se gerenciar a imagem das organizações é papel das Relações Públicas, visto que
eles são os profissionais academicamente preparados para lidar com a construção da
boa imagem (GRUNIG, FERRARI, FRANÇA, 2011), conclui-se que esse profissional de
comunicação certamente saberá trabalhar a imagem da Igreja.
Percebe-se, porém, que a Igreja tem buscado aproximar-se desse público através
das novas tecnologias, bem como da produção de eventos como a Jornada Mundial da
Juventude, que desde 1986 é vivida pelos jovens católicos de todo o mundo. Mas,
acredita-se que é possível evoluir na comunicação com esse público, ultrapassando as
barreiras geradas pela história e buscando novas formas de comunicar e engajar a
juventude na Igreja, em especial, trabalhar com mais ênfase a comunicação regional e
local.
A partir das argumentações apresentadas, esse trabalho busca responder a
seguinte questão: de que forma as Relações Públicas podem contribuir para facilitar a
comunicação da Igreja Católica com o público jovem? Para essa questão foram
desenvolvidas duas hipóteses:
H1 – As Relações Públicas possuem habilidades e competências para gerenciar
a comunicação entre a Igreja Católica – Paróquia Santa Teresa – e o público jovem;
H2 – A comunicação social na Igreja Católica tem se tornado fator fundamental
para a sua aproximação com o público jovem;
A presente pesquisa tem como objetivo geral: verificar de que forma as Relações
Públicas podem ser facilitadoras da comunicação da Igreja Católica e o público jovem.
Para alcançar esse objetivo, propõem-se três objetivos específicos: conceituar as
Relações Públicas e o público jovem; Levantar o histórico da comunicação social na
Igreja Católica; Apresentar o estudo de caso do programa Fé e Café, desenvolvido pela
Paróquia Santa Teresa, de Caxias do Sul.
Para responder a questão norteadora desta pesquisa, buscou-se no capítulo 2
apresentar o embasamento teórico das Relações Públicas, conceituando-a e
16
destacando as funções pertinentes a ela, os públicos e identificando os instrumentos de
comunicação utilizados pelas Relações Públicas para atingir seus objetivos.
O capítulo 3 aborda exclusivamente a comunicação social na Igreja Católica,
apresentando, também de forma breve, o histórico da comunicação na Igreja através do
estudo dos documentos fundamentais relacionados à comunicação. Ainda nesse
capítulo é apresentada a forma com que a Igreja tem utilizado a comunicação hoje e
quais estratégias tem aplicado para se relacionar com o público jovem.
O capítulo 4 apresenta a metodologia e as técnicas utilizadas para o
desenvolvimento desse trabalho, descreve o estudo de caso do Programa Fé e Café,
da Paróquia Santa Teresa, de Caxias do Sul, mostrando o resultado das pesquisas
quantitativa e qualitativa, aplicadas com os participantes do programa e as relaciona
com as teorias já estudadas através dos capítulos anteriores.
O último capítulo contém as considerações finais, apresentando a resposta da
questão norteadora, bem como a confirmação ou não das hipóteses desenvolvidas.
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2 RELAÇÕES PÚBLICAS
Neste capítulo serão abordadas algumas questões básicas da área de Relações
Públicas, como por exemplo, o seu conceito, um breve relato do histórico, bem como
instrumentos necessários para a atuação desse profissional nas organizações.
Entende-se que esse capítulo é de suma importância para o desenvolvimento dessa
pesquisa, pois embasa o trabalho do profissional de Relações Públicas, auxiliando na
resposta da questão norteadora deste trabalho. Serão utilizados autores conceituados
na área como Margarida Kunsch, Waldyr Gutierrez Fortes, James Grunig, Maria
Aparecida Ferrari, Fábio França e os autores norte-americanos Dan Lattimore, Otis
Baskin, Suzette T. Heiman e Elizabeth. L Toth.
2.1 CONCEITO
A definição que descreve hoje o que são as Relações Públicas foi construída ao
longo do tempo e é readaptada pela própria natureza da profissão, que necessita estar
em constante adaptação às necessidades da sociedade. Sendo assim, é um alvo
móvel para definições. (LATTIMORE, BASKIN, HEIMAN, TOTH, 2012).
A partir do que os autores acima descrevem, é difícil descrever uma única
definição para as Relações Públicas, já que a ela são dados inúmeros conceitos.
Segundo a Associação Brasileira de Relações Públicas (ABRP), a profissão de
Relações Públicas é definida como:
[...] o esforço deliberado, planificado, coeso e contínuo da alta administração, para estabelecer e manter uma compreensão mútua entre uma organização, pública ou privada, e seu pessoal, assim como entre essa organização e todos os grupos aos quais está ligada, direta ou indiretamente. (PINHO apud LACERDA, 2013, p. 27).
Lattimore, Baskin, Heiman e Toth (2012) destacam ainda que as Relações
Públicas “[...] são uma função de liderança e gestão que ajuda a atingir os objetivos,
definir a filosofia e facilitar a transformação da organização”.
Para Grunig, Ferrari e França (2011), as definições empregadas à atividade de
Relações Públicas são, normalmente, longas e complexas. Dessa forma, os autores
conceituam Relações Públicas de forma simples e objetiva dizendo que elas são “[...] a
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administração da comunicação entre uma organização e seus públicos” (GRUNIG e
HUNT, 1984, p. 6 apud GRUNIG, FERRARI E FRANÇA, 2011, p. 34).
Não há dúvidas de que os profissionais de Relações Públicas são responsáveis
por planejar e executar a comunicação das organizações para com seus públicos. Eles
são importantes negociadores por estarem envolvidos com os mais diversos públicos,
nas mais variadas situações. Eles devem trabalhar pelos interesses das organizações,
por isso se fala que a comunicação e a negociação são de fato a essência das
Relações Públicas (GRUNIG, FERRARI e FRANÇA, 2011).
Em suma, a definição do termo Relações Públicas demonstra que essa profissão
possui um papel estratégico nas organizações, auxiliando-as no alcance de seus
objetivos.
2.1.1 Breve Histórico
Um pouco antes do surgimento efetivo das Relações Públicas, por volta de
1885, a comunicação era utilizada para manipular a opinião pública ou apenas informar,
não havia conhecimento e nem interesse em criar relacionamentos com os públicos.
Era uma época em que os Sindicatos trabalhavam fortemente para combater longas
jornadas de trabalho e aumentar os salários dos trabalhadores. Sendo assim,
sindicalistas e patrões trabalhavam exaustivamente a opinião pública, para que esta
aderisse a suas causas, e, para isso, utilizavam diferentes fontes ideológicas ainda que
uma fosse contra a outra. (MOURA, 2008).
As Relações Públicas surgiram em uma época em que a opinião pública não
tinha relevância para os grandes empresários. Exemplo disso foi a declaração The
public be damned (O público que se dane) que Willian Vanderbilt, grande empresário
das estradas de ferro da época, fez para jornalistas de Chicago, quando questionado
sobre o interesse público na construção de um novo trem expresso de Nova Iorque e
Chicago (MOURA, 2008). A partir disso, em um processo quase natural, desencadeou-
se a necessidade de um profissional que soubesse trabalhar com a opinião pública e
que representasse as empresas diante dos públicos.
19
Há autores, como Azevedo (1971), que acreditam que as Relações Públicas
surgiram muito antes do que se imagina. De acordo com a autora, na própria Bíblia, é
possível encontrar passagens em que grandes líderes, como Moisés, por exemplo,
conduziam grupos humanos, com técnicas que se aproximam de um moderno trabalho
de Relações Públicas. Moisés, que tem sua história relatada durante todo o livro do
Êxodo, conduziu o povo hebreu para a terra prometida, e foi porta-voz da comunicação
de Deus com o povo, sendo mediador dessa relação. A antiguidade da área de
Relações Públicas se confirma ao destacar-se a criação da Congregatio de Propaganda
– congregação para a propagação da fé - pela Igreja Católica, no século XVII, que
costuma ser apontada como um marco no desenvolvimento das Relações Públicas
(LATTIMORE, BASKIN, HEIMAN, TOTH, 2012).
Evidentemente, o termo Relações Públicas foi empregado pioneiramente pelo
jornalista americano Ivy Ledbetter Lee, por volta de 1906. Considerado o pai das
Relações Públicas, Lee abriu a terceira agência de publicidade dos Estados Unidos, e
foi ele que restituiu a imagem do empresário John Rockfeller, proprietário de grandes
empresas de carvão, após os maus tratos dado aos grevistas em uma de suas
empresas (LATTIMORE, BASKIN, HEIMAN, TOTH, 2012). A estratégia do jornalista foi
trabalhar a imagem do empresário através de ações de filantropia e benemerência, o
que notabilizou Rockefeller como grande filantropo diante da opinião pública. Foi Lee
que declarou a frase O público deve ser informado, e começou a disseminar o termo
Relações Públicas (MOURA, 2008).
A declaração de Lee não soou muito bem para os empresários da época, em
vista que ele pregava a transparência nas informações:
Esta não é uma agência secreta. Todo o nosso trabalho é feito as claras. Nosso objetivo é fornecer notícias. Esta não é uma agência de propaganda; se você achar que qualquer material nosso é seu por direito, não use. (...) Resumindo, nosso plano é, franca e abertamente, em nome de empresas e instituições públicas, fornecer à imprensa e ao público dos Estados Unidos informações imediatas e precisas sobre temas que tenha valor de interesse para ele. (MORSE, 1906, p.460 apud LATIMMORE, BASKIN, HEIMAN e TOTH, 2012, p. 41).
Marta D’Azevedo confirma ainda que (1971, p. 19) “[...] a prática das Relações
Públicas é quase tão velha quanto o próprio mundo [...]”, mas, em contraponto, afirma
que a descoberta de sua relevância para as organizações foi decorrente da
20
industrialização, da agitação da vida moderna, e da concorrência cada vez mais
acirrada no mundo dos negócios, além do grande desenvolvimento dos meios de
comunicação.
Lattimore, Baskin, Heiman e Toth (2012) também acreditam que o processo
de criação das Relações Públicas se deu através da industrialização, porém os autores
relatam que esse processo iniciou ainda nos anos 1900, quando inúmeras empresas
americanas foram forçadas a se submeter a regras e regulamentações governamentais
cada vez mais rígidas, e com isso, recebiam críticas cada vez mais hostis por parte da
imprensa. Segundo os mesmos autores, a partir dessa situação as Relações Públicas
se tornaram amplamente aceitas em grandes empresas, com o intuito de se contrapor à
hostilidade e conquistando a simpatia do público.
No Brasil, segundo D’Azevedo (1971), as Relações Públicas surgiram por volta
de 1914, com a criação de um departamento de Relações Públicas na companhia de
energia elétrica The São Paulo Tramway Light and Power Co. Limited. O primeiro a
assumir o cargo foi o engenheiro Eduardo Pinheiro Lobo.
O desenvolvimento da profissão Relações Públicas cresceu verdadeiramente
após a Segunda Guerra Mundial. Nesse período pós-guerra surgiram inúmeras
agências de comunicação importantes nos Estados Unidos. Acredita-se que os 40 anos
entre 1960 e 2000 tenham sido a era da construção do desenvolvimento profissional
das Relações Públicas (LATTIMORE, BASKIN, HEIMAN, TOTH, 2012).
2.2 OBJETIVOS/ FUNÇÕES
As Relações Públicas surgiram com o objetivo de trabalhar a comunicação das
organizações através do relacionamento com os públicos de interesse dessas
organizações, para que consigam atingir seus propósitos. Inicialmente a profissão era
mais direcionada para o âmbito empresarial e governamental. Porém, percebe-se
atualmente que ela está ganhando espaço no mercado em decorrência de sua
transformação em uma profissão embasada em conhecimentos científicos, assumindo
funções gerenciais dentro das organizações e abandonando as funções meramente
técnicas da comunicação. Hoje elas podem atuar em uma ou várias empresas, sendo
21
elas agências governamentais, associações profissionais e sindicatos, organizações
não governamentais, escolas, hotéis, universidades, etc. (GRUNIG, FERRARI,
FRANÇA, 2011). Kunsch (2003, p. 91) confirma essa afirmação ao observar que:
[...] com o fortalecimento da sociedade civil, a valorização do terceiro setor, o crescimento do número de organizações não-governamentais (ONGs), além da existência de inúmeras outras entidades com ou sem fins lucrativos, as possibilidades aumentaram muito.
Tomando por base as pontuações dos autores acima citados, podemos concluir
que as Relações Públicas podem atuar em qualquer campo, inclusive numa instituição
religiosa como a Igreja Católica.
Para estabelecer esse relacionamento da organização com seus públicos, as
Relações Públicas promovem e administram relacionamentos, mediam conflitos e
gerenciam a comunicação das organizações (KUNSCH, 2003). Segundo a autora
(2003, p. 95), as Relações Públicas enfatizam o lado institucional e corporativo das
organizações e:
- Identificam os públicos, suas reações, percepções e pensam em estratégicas comunicacionais de relacionamentos de acordo com as demandas sociais e o ambiente organizacional. - Supervisionam e coordenam programas de comunicação com públicos – grupos de pessoas que se auto organizam quando uma organização os afeta ou vice-versa. - Preveem e gerenciam conflitos e crises que porventura passam as organizações e podem despontar dentro de muitas categorias: empregados, consumidores, governos, sindicatos, grupos de pressão, etc.
Para atingir seus objetivos, as Relações Públicas se utilizam de técnicas
relacionadas às suas múltiplas funções, que se complementam para a realização de um
perfeito trabalho de Relações Públicas. Kunsch (2003) detecta as quatro funções
básicas da área, sendo elas a função administrativa, estratégica, mediadora e política.
2.2.1 Função Administrativa
Em sua função administrativa, as Relações Públicas buscam atingir toda a
organização, fazendo articulações necessárias para uma maior interação entre setores,
22
grupos, subgrupos, etc. (KUNSCH, 2003). A mesma autora ainda define a função
administrativa da área com base nos estudos de Raymond Simon:
As relações públicas constituem a função administrativa que avalia as atitudes do público, identifica as políticas e os procedimentos de uma organização com o interesse público e executa um programa de ação e comunicação para obter a compreensão e aceitação do público (SIMON, 1994, p.18, apud KUNSCH, 2003, p. 101).
Através da afirmação acima se pode concluir que a partir da função
administrativa as Relações Públicas conseguem visualizar todo o processo de
comunicação.
2.2.2 Função Estratégica
Trabalhar as Relações Públicas de forma estratégica consiste em auxiliar as
organizações no seu posicionamento perante a sociedade, identificando quais são os
seus valores, qual é a sua missão e definindo uma identidade própria. Os profissionais
buscam desenvolver ações de comunicação entre a organização e seus públicos com o
objetivo de conquistar confiança, credibilidade e a valorização da dimensão social da
organização (KUNSCH, 2003).
Grunig, Ferrari e França (2011) reforçam a afirmação acima ao dizerem que a
forma das Relações Públicas contribuírem para a gestão estratégica se dá ao
construírem relacionamentos com públicos que influenciam ou que podem ser
influenciados pela organização.
Os estrategistas de Relações Públicas trabalham diretamente com a alta gestão,
identificando problemas e oportunidades de melhorar a comunicação e a imagem da
organização. Para encontrar as melhores estratégias de comunicação, prever e lidar
com a reação dos públicos e da opinião pública, os profissionais de Relações Públicas
devem trabalhar com pesquisa e planejamento (KUNSCH, 2003).
A questão da função estratégica de relações públicas está intrinsicamente ligada ao planejamento e à gestão estratégica da comunicação organizacional. O setor deve atuar em conjunto com outras áreas da comunicação, numa capitalização sinérgica dos objetivos e esforços globais da organização (KUNSCH, 2003, p. 104).
23
De acordo com Lattimore, Baskin, Heiman e Toth (2012, p.122), “[...] o
planejamento faz as Relações Públicas passarem de uma atividade reativa a um
processo proativo”. Assim “[...] a contribuição das relações públicas, portanto, é
identificar o conjunto de problemas e soluções possíveis e trazê-lo para a arena da
gestão estratégica” (GRUNIG, FERRARI, FRANÇA, 2011, p. 80).
2.2.3 Função Mediadora
Essa função exercida pelas Relações Públicas está relacionada à promoção de
um diálogo com os diversos públicos de acordo com suas realidades. Ela ultrapassa os
limites da informação, atingindo o âmago da comunicação que é o comunicar,
estabelecer comunhão (KUNSCH, 2003). É aquela função exercida por Moises,
relatada por Azevedo (1971), descrita nesse trabalho no item 2.1.1, em que o profeta
bíblico foi porta-voz da comunicação entre Deus e o povo, mediando esse
relacionamento e criando comunhão entre eles.
O papel de mediadora da comunicação é uma atividade essencial para que as
Relações Públicas consigam mais do que informar seus públicos, possam interagir com
eles e estabelecer uma comunhão de ideias e de atitudes (ANDRADE, 1993, p.104
apud KUNSCH, 2003, p. 106). Este é o proposito da comunicação da Igreja Católica,
estabelecer comunhão: “A comunicação-comunhão tem sido o conceito mais aceito e
propagado pela Igreja Católica, sobretudo após o Concílio Vaticano II” (ZOLIN, 2010, p.
25).
Portanto, estabelecer uma comunicação que gere comunhão é possível através
da comunicação bidirecional, ou seja, o processo pelo qual a organização passa,
primeiramente pesquisando a respeito dos seus públicos e posteriormente se
manifestando a eles (KUNSCH, 2003). Grunig, Ferrari e França (2011) apresentam
quatro modelos de mediação da comunicação, são eles: modelo agência de
imprensa/divulgação, modelo de informação pública, modelo assimétrico de duas mãos
e modelo simétrico de duas mãos.
O primeiro modelo, imprensa/divulgação é baseado no proposito de obter
publicidade favorável para uma organização ou para indivíduos em uma mídia de
24
massa. Aqui a ênfase está na divulgação propagandística da organização, dos produtos
e serviços oferecidos por ela. Nesse modelo, somente a organização sai ganhando
(GRUNING, FERRARI, FRANÇA, 2011).
O segundo modelo, de informação pública, é um modelo de mão única, que vê
as Relações Públicas como forma de disseminar informações através das mídias de
massa como a internet, ou meios dirigidos como informativos e folhetos. A comunicação
é feita de mão única (GRUNIG, FERRARI, FRANÇA, 2011).
O modelo assimétrico de duas mãos utiliza pesquisas e métodos científicos para
desenvolver as mediações. A organização conhece o perfil dos seus públicos e as
informações obtidas através da pesquisa são utilizadas para persuadi-los. Esse modelo,
por envolver a pesquisa, torna-se mais eficaz que os já mencionados (GRUNIG,
FERRARI, FRANÇA, 2011).
O último modelo de mediação listado por Grunig (2011) é o Simétrico de duas
mãos, considerado o modelo mais ético e justo. Aqui as Relações Públicas buscam um
equilíbrio entre os interesses organizacionais e dos públicos. Os conflitos são mediados
através da negociação. Kunsch (2003, p. 107) afirma que esse modelo “[...] é capaz de
propiciar a excelência da comunicação nas organizações, mas é o mais difícil de ser
praticado na sua essência”.
2.2.4 Função Política
O gerenciamento das crises e conflitos sociais presentes nas organizações está
relacionado à Função Política das Relações Públicas. O profissional lida com as
relações de poder dentro das organizações, gerencia os problemas de relacionamentos
externos e internos, provocados pelo comportamento de determinados públicos
(KUNSCH, 2003).
Para Porto Simões (1995, p. 84-85, apud KUNSCH 2003, p. 111), a função
política da organização é “[...] a essência das relações públicas, enquanto administrar a
comunicação é a aparência e administrar o conflito é a circunstância”. Dessa forma,
pode-se afirmar que saber gerenciar crises e lidar com conflitos são o carro chefe das
funções das Relações Públicas.
25
2.3 PÚBLICOS
Uma das atividades atribuídas aos profissionais de RP (Relações Públicas) é a
comunicação dirigida. Ela é caracterizada por ser direta e segmentada com os públicos
específicos que deseja atingir (KUNSCH, 2003). A partir disso, pode-se afirmar que as
Relações Públicas devem conhecer os públicos prioritários de uma organização para
que consiga desenvolver uma comunicação eficaz. Kunsch (2003, p. 329) afirma ainda
que “[...] as organizações e os públicos constituem nosso objeto de estudo e trabalho”.
Assim, pode-se dizer que os públicos são a matéria-prima para o desenvolvimento das
Relações Públicas.
Para Lattimore, Baskin, Heiman e Toth (2012), públicos são grupos de pessoas que
possuem um problema ou um objetivo semelhante e reconhecem esse interesse em
comum. Os autores afirmam que “[...] os públicos devem ser a primeira consideração
em qualquer esforço de Relações Públicas”. (2012, p. 149).
Para Simões (1987), públicos são todas aquelas pessoas envolvidas direta ou
indiretamente com as Relações Públicas, podendo ser classificadas pela questão
geográfica ou relacionadas às organizações. Cada organização possui públicos
diferentes, alguns chamados de stakeholders por possuírem um interesse específico
naquela organização (LATTIMORE, BASKIN, HEIMAN, TOTH, 2012).
D’Azevedo (1971) afirma que uma ação de RP sem o conhecimento e a análise
aprofundada do comportamento, dos hábitos e características específicas do público
que se deseja atingir é um trabalho ineficiente. A autora ressalta que as Relações
Públicas devem manter atualizadas as análises dos públicos pertinentes à organização
em virtude das mudanças geradas pelo tempo.
2.3.1 Tipologia de Públicos
Os públicos podem ser classificados de inúmeras formas, neste subitem serão
descritos diversas tipologias adotadas por alguns autores.
26
Ao analisar os públicos de uma organização deve-se classifica-los pela ordem de
prioridade, observando qual público interessa mais para a empresa (D’AZEVEDO,
1971). Kunsch (2003, p. 328) afirma que “[...] no contexto do planejamento, faz-se
inicialmente um mapeamento de todos os públicos existentes, levando em
consideração também o nível e o grau maior ou menor de relacionamento com a
organização”.
D’Azevedo (1971) subdivide os públicos em três tipologias: interno, misto e externo.
O público interno se refere a todas as pessoas que trabalham na empresa, funcionários
e direção. O público misto são aqueles grupos que exercem influência econômica,
jurídica ou social com a organização, podendo ter longa duração ou ser provisória. Já o
público externo, segundo a autora, é classificado como àqueles grupos que interessam
para a empresa. Em contrapartida Kunsch (2003) acredita que essa seja uma visão
antiga da subdivisão dos públicos e afirma que essas classificações “[...] são
insuficientes pra caracterizar o tipo de poder na relação público-organização” (SIMÕES,
1995, p.131 apud KUNSCH, 2003, p. 330).
Kunsch (2003) destaca que a tipologia de públicos apresentada por Lucien
Matrat contribui para um diagnóstico mais preciso. Segundo ela, para Matrat existem
quatro tipos de públicos: de decisão, de consulta, de comportamento e de opinião.
O primeiro faz referencia àqueles que são diretamente influentes na vida da
organização. Sua autorização influencia no exercício da atividade da empresa. A
diretoria e o governo são exemplos dessa tipologia.
A segunda classificação, o público de consulta, consiste naquelas pessoas pelas
quais a empresa consulta antes de tomar alguma decisão. Acionistas e sindicatos são
exemplos típicos.
A terceira tipologia proposta é o público de comportamento, que se caracteriza
por aquelas pessoas que podem prejudicar ou favorecer as atividades da organização,
de acordo com o seu comportamento. Funcionários e clientes representam esse
público. A quarta e última classificação proposta é público de opinião, que faz referência
aos grupos que influenciam positivamente ou negativamente a organização pelo seu
julgamento e ponto de vista. Líderes de opinião, multiplicadores de opinião, jornalistas,
27
comentaristas de rádio e tv formam o quadro dessa tipologia (SIMÕES, 1995, p. 131-2
apud KUNSCH, 2003, p. 331).
Grunig, Ferrari e França (2011), por outro lado, segmentam os públicos como
ativos e passivos. Segundo eles, públicos ativos são aqueles que influenciam a
organização em maior proporção aos passivos, apoiando-a em campanhas ou
buscando informações a respeito da organização. Em contrapartida, o público ativo “[...]
não são fáceis de persuadir e tomam suas próprias decisões”. (2011, p. 91). Já o
público passivo é aquele que, apesar de influenciar a organização, não se envolve nos
problemas dela, são chamados de público latente, ou seja, um público passivo que
possui potencial para se tornar ativo (2011).
Lattimore, Baskin, Heiman e Toth (2012, p. 113) segmentam os públicos em três
definições baseados nos estudos de Dewey (1927):
Público Latente – o grupo enfrenta uma situação indeterminada, mas não reconhece como problema;
Público consciente – o grupo reconhece o problema, isto é, o que falta na situação, e se torna consciente;
Público ativo – o grupo se organiza para discutir e fazer algo acerca do problema.
De acordo com os autores, essas categorias unem pessoas que possuem a
probabilidade de se comportarem de forma semelhante, facilitando o trabalho das
Relações Públicas.
As segmentações de públicos apresentadas pelos autores são bastante
específicas, e podem se encaixar de uma forma mais abrangente no público chamado
stakeholders. Segundo Grunig, Ferrari e França (2011, p. 89), são “[...] categorias
gerais de pessoas que são afetadas por consequências reais ou potenciais das
decisões organizacionais estratégicas”. Para definir stakeholders, França (2004, p. 61)
utiliza a definição de Carroll (1998, p. 38):
Do ponto de vista de negócios, os mais legítimos “stakeholders” são os “shareholders” (acionistas), os consumidores e funcionários. Do ponto de vista de uma sociedade altamente pluralista (diversificada) os “stakeholders” podem incluir outros grupos, assim como: a comunidade, os grupos com interesses especiais, o governo, a mídia e o público em geral.
28
Em suma, pode-se dizer que stakeholders são os públicos que possuem vínculos
com a organização, influenciam e são influenciadas pelas suas decisões.
Uma das múltiplas classificações existentes são aquelas por faixa etária. Idosos,
adultos, jovens e crianças contemplam essa tipologia. Ao longo do trabalho
apresentado será abordado o relacionamento comunicacional da Igreja Católica, mais
especificadamente da Catedral de Caxias dos Sul, com o público jovem.
2.3.2 Público Jovem Religioso
Sabe-se que a juventude é um período da vida em que começam a surgir
inúmeros questionamentos, seja na área profissional, familiar ou a respeito de
relacionamento1. Esse público, que há algum tempo atrás era visto como uma parcela
excluída da sociedade, hoje é protagonista de inúmeras ações mundiais e tornou-se um
público-alvo para a Igreja. De acordo com pesquisa realizada pelo Censo de 2010, há
no Brasil cerca de 51,3 milhões de jovens, o equivalente a ¼ da população do país, e
este dado deve ser valorizado e pensado estrategicamente em virtude deste público ter
demandas de consumo e buscar um sentido para a vida. Segundo a mesma pesquisa,
47% dos jovens brasileiros possuem entre 18 e 24 anos, 33% entre 25 a 29 anos e 20%
possuem entre 15 a 17 anos. Quando questionados a respeito da religião, constata-se
que a maioria dos jovens brasileiros são católicos, o equivalente a 56% deles, sendo
29% praticantes e 26% não praticantes. Em segundo lugar, a pesquisa mostra os
jovens evangélicos que somam 27%. Outro dado relevante é o número de jovens sem
religião, mas que acreditam em Deus, estes somam 15% dos jovens brasileiros.2
Em seus estudos sobre a juventude, a CNBB3 afirma que o campo religioso se
intensifica quando se fala do público jovem em virtude destes buscarem continuamente
uma fé que dê sentido a suas vidas. Além disso, os jovens religiosos são sensíveis a
manifestações culturais e aderem facilmente a eventos dessa característica no âmbito
1 CNBB, Evangelização da Juventude – Desafios e Perspectivas Pastorais, 2007.
2 Pesquisa Nacional Sobre o Perfil e Opinião dos Jovens Brasileiros 2013, disponível em
http://www.juventude.gov.br/noticias/arquivos/pesquisa_juventude, acesso em 26 de abril de 2013. 3 CNBB, Evangelização da Juventude – Desafios e Perspectivas Pastorais, 2007.
29
religioso, sendo estratégica a adesão a eventos dessa magnitude por parte da Igreja
com o intuito de atrair os jovens.
2.4 INSTRUMENTOS DE COMUNICAÇÃO DIRIGIDA E MASSIVA
Como já abordado em outros itens da presente pesquisa, as Relações Públicas
buscam se comunicar com os mais diversos públicos de uma organização. Grunig,
Ferrari e França (2011) afirmam que as Relações Públicas administram a comunicação
entre uma organização e os seus públicos, sendo responsável em gerenciar o seu
comportamento. Kunsch (2003) confirma ao dizer que para o gerenciamento da
comunicação efetivamente acontecer, as Relações Públicas usam dois tipos básicos de
comunicação, a dirigida e a massiva.
A comunicação de massa, ou massiva, é utilizada para que a organização atinja
um grande número de pessoas ao mesmo tempo, sem focar em determinado público
(KUNSCH, 2003). Para Fortes (2003), a comunicação de massa garante uma
importante influência nas programações das Relações Públicas, em vista que os meios
de comunicação de massa, como jornais, revistas, televisão e rádio são formadores de
opinião. Dessa forma, pode-se dizer que a comunicação de massa é necessária, mas
deve ser utilizada de acordo com a necessidade da organização em relacionar-se com
seus públicos.
Em contraponto, a comunicação dirigida é aquela que busca atingir um
determinado público, e para isso se faz necessário adaptação da linguagem e dos
meios que serão utilizados para atingir aquele público (KUNSCH, 2003). Nessa forma
de comunicação pode-se visualizar resultados com maior facilidade, sendo também de
maior nitidez o feedback por parte do público receptor (FORTES, 2003). O mesmo autor
(2003, p. 241) complementa, afirmando que “[...] a comunicação dirigida é
perfeitamente determinada, selecionada e controlada pelo emissor das informações, o
que dá segurança ao promotor do relacionamento”.
Kunsch (2003) ainda segmenta a comunicação dirigida em escrita, oral, auxiliar e
aproximativa. A autora afirma que a comunicação dirigida escrita está presente nas
correspondências, cartas ou e-mails, já a oral é realizada através de alto-falantes,
30
telefones ou até mesmo conversas face a face, como reuniões, por exemplo. A
comunicação dirigida auxiliar vem ao encontro aos recursos audiovisuais como os
vídeos, filmes e telejornais, sendo hoje os meios digitais de comunicação inclusos nesta
classificação. E, por fim, a comunicação dirigida aproximativa é aquela que faz jus a
sua palavra, aproxima os públicos da organização. Essa interação relacional pode
acontecer através de visitas às instalações da empresa ou eventos que sejam
relevantes para aquele segmento de público.
2.4.1 Eventos
Como já citados no item acima, os eventos são instrumentos utilizados pelos
profissionais de Relações Públicas através da comunicação dirigida aproximativa. São
muitos os conceitos dado a eventos pelos autores da área de comunicação. Alguns
dizem que são reuniões, outros ainda que são acontecimentos. Kunsch (2003) defende
que o evento é um acontecimento que deve ser pensado, coordenado e planejado com
o intuito de atingir os objetivos das organizações. Para a autora (2003, p. 385), os
eventos constituem “[...] um excelente meio de comunicação dirigida aproximativa entre
a organização que os promove e o público que deles participa”. Para Cesca (1997, p.
14), o evento além de ser um fato que desperta a atenção da mídia e do público, é “[...]
a execução do projeto devidamente planejado de um acontecimento, com o objetivo de
manter, elevar ou recuperar o conceito de uma organização com seu público de
interesse”.
Dessa forma, pode-se afirmar que os eventos são importantes aliados quando se
deseja melhorar a imagem de uma organização ou reposicioná-la no mercado, pois,
além de transmitir suas mensagens aos públicos de interesse e fortalecer a sua
imagem, cria possibilidades de negociação. Giácomo (2007, p. 33 apud FARIAS, 2011,
p. 139) complementa a visão de Kunsch e Cesca ao dizer que “[...] o evento tem por
objetivo minimizar esforços, fazendo uso da capacidade sinérgica da qual dispõe o
poder expressivo no intuito de engajar pessoas numa ideia ou ação”. Dentro desta
perspectiva, os eventos tornam-se instrumentos estratégicos de comunicação,
auxiliando a organização a estreitar os laços com seus públicos de interesse.
31
A observação de Oliveira (2003 apud FORTES, 2011) conclui a ideia anterior ao
ressaltar que a dimensão estratégica da comunicação acontece somente quando se
abre espaços para mediação, negociação, integração e diálogo entre a organização e
seus públicos, deixando para traz o caráter mecanizado e instrumental da
comunicação.
Fortes (2011, p. 146) descreve claramente o que as organizações devem fazer
para alcançar sucesso com seus eventos:
Os eventos são atividades que precisam despertar o interesse de seu público-alvo para garantir adesão e atingir seus objetivos – apresentam uma dinâmica de funcionamento diferente das demais ferramentas comunicacionais e estão em permanente evolução. O uso da criatividade é uma exigência, pois, a cada edição, um evento deve, de acordo com a lógica da sociedade de consumo, trazer novidades ao público, visando garantir sua participação [...]. Para atingir seus objetivos, fazem uso de outras ferramentas comunicacionais, sejam as tradicionais ou as mais recentes mídias desenvolvidas por meio de um suporte tecnológico cada vez mais avançado e utilizado para apoiar o funcionamento da atividade.
O autor (2011) conclui que o profissional de RP é o mais adequado e preparado
para planejar o processo de comunicação de um evento, dando ao profissional um
diferencial em relação aos demais profissionais que atuam neste setor.
Em suma, eventos são instrumentos estratégicos da comunicação dirigida, que
devem ser planejados adequadamente para que alcancem os resultados esperados
pela organização.
32
3 COMUNICAÇÃO SOCIAL NA IGREJA
Nesse capítulo serão abordados os principais aspectos da comunicação na
Igreja, que serão relevantes para a construção desse estudo. Assim, serão descritos o
histórico da comunicação eclesial, pontuando aspectos da comunicação na Igreja hoje,
bem como, ações desenvolvidas por ela junto ao público jovem.
3.1 IGREJA CATÓLICA
De acordo com o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (2005, p. 56), o
termo igreja significa “o povo que Deus convoca e reúne de todos os recantos da terra,
para construir a assembleia dos que, pela fé e pelo batismo, se tornam filhos de Deus,
membros de Cristo e templo do Espírito Santo.” Nabeto (2005, p. 20) afirma que a Igreja
“[...] é o Povo que Deus reúne no mundo inteiro”. O Compêndio do Catecismo da Igreja
Católica (2005, p. 80) afirma que a denominação católica significa dizer que a Igreja é
universal, visto que ela: “[...] anuncia a totalidade e a integridade da fé, contém e
administra a plenitude dos meios da salvação; é enviada em missão a todos os povos,
em qualquer tempo e a qualquer que seja a cultura a que pertençam”.
Da mesma forma, Nabeto (2005) afirma que a Igreja é católica porque Cristo está
presente nela e a confiou à universalidade do gênero humano, onde todo o homem é
chamado a fazer parte do Povo de Deus.
A Igreja Católica Apostólica Romana tem aproximadamente dois mil anos de
existência e tem como fundador, Jesus Cristo. (NABETO, 2005) Possui a missão de
evangelizar através do anúncio da Palavra de Deus, inaugurada por Jesus Cristo, e
busca iniciar na terra o Reino da salvação (CNBB, Compêndio do Catecismo da Igreja
Católica, 2005). Ela dá continuidade aos ensinamentos passados pelos apóstolos,
através dos bispos, sucessores de São Pedro, os quais dirigirão a Igreja até a volta de
33
Cristo. Por isso é chamada de Apostólica. (CNBB, Compêndio do Catecismo da Igreja
Católica, 2005).
A Igreja Católica é uma Instituição cuja sede fica localizada na Cidade Estado do
Vaticano, regida pela Lei Fundamental da Cidade do Vaticano e possui o Papa como o
Chefe de Estado. É uma organização global com centenas de milhões de fiéis e mais
de um milhão de servidores, contando, entre estes, padres e freiras. (SERBIN apud
ANDRETTA, 2011, p. 2). Pertence a Igreja Católica todos àqueles que estão unidos a
ela por vínculos da profissão de fé, dos sacramentos, do governo eclesiástico e da
comunhão. (CNBB, Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, 2005).
Assim como as organizações comuns possuem uma gestão, comandada por
diretores, superintendentes, ou presidentes, a Igreja Católica possui o Papa como
autoridade máxima. Segundo o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (2005, p.
63), o Papa “[...] é o perpétuo e visível princípio e fundamento da unidade da Igreja. É o
vigário de Cristo, chefe do colégio dos bispos e pastor de toda a Igreja, sobre a qual
tem divina instituição, poder pleno, supremo, imediato e universal”.
Diante das afirmações citadas, pode-se dizer que a Igreja Católica está inserida
em todos os cantos do mundo, se fazendo presente em cada cidade através das
paróquias, consideradas a face da Igreja na base. Segundo a CNBB - Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil Paróquia significa4:
[...] o conceito de “comunidade missionária dos fiéis em Cristo” no meio do mundo. Ela é comunidade de comunidades, pessoas, grupos, organizações e instituições, que estão a serviço da missão recebida de Cristo; esta mesma missão se expressa na diocese, confiada ao bispo, sucessor dos Apóstolos, e na sua universalidade da Igreja, confiada ao pastoreio do Sucessor de Pedro, comunidade de comunidades de discípulos missionários de Jesus Cristo no meio do mundo. A paróquia é o ícone visível daquilo que a Igreja de Jesus Cristo é na sua totalidade.
O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (2005) declara, ainda, que a
Diocese e a Paróquia são igrejas particulares, formadas por uma comunidade de
cristãos que buscam a comunhão na fé e pelos sacramentos. Para melhor
entendimento, neste presente trabalho monográfico será mencionada a Paróquia Santa
Teresa, a Catedral Diocesana de Caxias do Sul.
4 Disponível em: <http://www.cnbb.org.br/articulistas/cardeal-odilo-pedro-scherer/5109-paroquia-torna-te-
o-que-tu-es>. Acesso em: 27 novembro de 2013.
34
Da mesma forma que as organizações formais possuem uma missão, visão e
valores, a Igreja Católica também. A missão da Igreja é evangelizar levando a Palavra
de Deus de todas as formas, utilizando-se de todos os meios (DARIVA, 2003). A partir
disso, confirma-se a importância da comunicação na Igreja para que a mensagem do
Evangelho possa ser anunciada de tal forma que todos os públicos a compreendam.
Segundo o Catecismo da Igreja Católica, pode-se dizer que a visão da Igreja é a
vida eterna, a salvação, e para alcançar o que deseja, ela utiliza-se de inúmeros
instrumentos, sendo o principal deles a Palavra e a Eucaristia. Os valores da Igreja
foram instituídos pela moral cristã, a qual é obra da Sabedoria Divina. (CNBB,
Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, 2005).
Em suma, a Igreja Católica é uma Organização com estrutura verticalizada,
classificada, segundo Kunsch (2003), como uma organização de manutenção que, por
vezes, acaba dificultando a comunicação interna e externa. Diante dessa realidade é
urgente a necessidade de introduzir e disseminar a comunicação entre as paróquias,
atingindo todos os fiéis, e para que eles sejam, da mesma forma, proclamadores da
Palavra de Deus.
3.1.1 A comunicação na Igreja
A Igreja Católica foi a pioneira na utilização do primeiro veículo de comunicação,
a partir de Gutenberg e a impressão da Bíblia, por volta do século XV. Porém, sabe-se
que o relacionamento dela com os meios de comunicação de massa, durante muitos
anos, foi repressivo e desconfiado (SOUZA, 2013). De acordo com o mesmo autor
(2013), o cenário atual da comunicação eclesial é muito positivo, se comparado com
tempos antigos.
Em contraponto, Zolin (2010) destaca a visão de Martínez a respeito da
intolerância da Igreja em relação à comunicação em determinadas épocas:
Em primeiro lugar, para explicar a cautela da Igreja conta o fator novidade, pois a Igreja tenta mais à prudência institucional que à ‘prudência carismática’. Em segundo lugar, a origem de tais meios, especialmente da imprensa, esteve envolta num ambiente especialmente atribulado e conflituoso. Foram épocas de intenso debate político, ideológico, religioso etc., em que a imprensa recém-nascida entrou de cara. Em terceiro lugar, a própria religião, a Igreja e suas Instituições foram objeto de uma crítica inflamada e às vezes caluniosa por
35
parte de determinados setores da imprensa e outros meios. Estas circunstâncias devem ser levadas em conta para um juízo ponderado das primeiras reações da Igreja (MARTÍNEZ, 1997, p. 80 apud ZOLIN, 2010, p. 57).
Em suma, pode-se afirmar que a Igreja Católica sempre zelou pela sacralidade
de sua Doutrina, ainda que pudesse equivocar-se em relação aos meios de
comunicação de massa.
Melo (2005) afirma que as práticas de comunicação da Igreja Católica têm
variado ao longo dos anos em virtude de suas mudanças estruturais e o seu
relacionamento com a sociedade global. Para o autor (2005, p. 23), é perceptível as
mudanças geradas na Igreja pela comunicação, identificando um divisor de águas entre
o Cristianismo primitivo e o Cristianismo moderno.
A comunicação primitiva da Igreja articulava-se através de fluxos horizontais
promovendo a interpretação do Evangelho e o anúncio da Palavra com a participação
dos cristãos. Isso em virtude da Igreja não ser institucionalizada. Já o Cristianismo
Moderno, conta com uma comunicação verticalizada, decorrente da institucionalização
da Igreja, que se estabelece como uma organização comunicadora, determinando a
interpretação do Evangelho e a forma de exercitar o cristianismo (MELO, 2005).
3.1.2 Evolução da comunicação eclesial
Zolin (2010), Souza (2013) e Melo (2005) descrevem a história da comunicação
na Igreja em fases, que darão auxílio a esse estudo, juntamente com os documentos
sobre a comunicação, escritos pelos Papas em cada época.
Para Souza (2013), o primeiro período que inicia o relacionamento da
comunicação da Igreja ocorre entre 1450 e 1879 com a invenção de Gutenberg e a
difusão dos livros. Nesse período a Igreja adotou um posicionamento defensivo em
virtude de enxergar apenas as ameaças e malefícios que a imprensa poderia gerar
através da má utilização do meio.
Melo (2005, p. 25) confirma o pensamento acima ao declarar: “A primeira fase é
aquela em que o comportamento da Igreja está orientado para o exercício da censura e
da repressão. [...] Um período muito longo. E também muito doloroso”.
36
Outra perspectiva sobre esse período é trazido por Zolin (2010). A autora relata
que a partir da análise de documentos pontifícios dessa época, é imperceptível o
posicionamento contrário da Igreja em relação aos meios de comunicação. A
repreensão e a censura não tinham como objeto os instrumentos de comunicação como
os livros e os jornais, mas sim o conteúdo publicado nesses veículos que poderiam
disseminar ideologias contrárias a fé cristã. Zolin (2010) aborda os escritos do primeiro
documento pontifício sobre a imprensa, a Constituição Inter Multíplices, promulgada em
17 de novembro de 1487, escrita, segundo as pesquisas, pelo Papa Inocêncio VIII.
Ao passar dos anos, a Igreja foi percebendo as transformações que aconteciam
na sociedade e foi se sentindo impelida de atualizar-se aos novos tempos (MELO,
2005). De acordo com Souza (2013), a segunda fase da comunicação da Igreja
acontece entre 1879 e 1957. O autor afirma que esse período é marcado pelo
pontificado do papa Leão XIII, autor da Encíclica Rerum Novarum, a pioneira no quesito
de doutrina social da Igreja e pelo papa Pio XI, que em 29 de junho de 1936 emitiu a
Carta Encíclica Vigilanti Cura, a primeira Carta do século XX sobre os meios de
comunicação que aborda as questões do cinema.
Fazendo a leitura da Carta Vigilanti Cura, percebe-se que o papa faz um alerta
aos cristãos a respeito do conteúdo veiculado às produções cinematográficas. Ele pede
para que todo o povo cristão, bispos, padres e leigos vigiem os filmes de seus países a
fim de combater a escola da corrupção gerada por filmes influentes para o mal e torne-
se um instrumento de educação e progresso da humanidade. “Visto que o cinema é
verdadeiramente uma lição de coisas, que se ensinam para o bem ou para o mal, mais
eficazmente importa que ela seja elevada aos fins duma consciência cristã e libertada
dos efeitos depravados e desmoralizados”. (PIO XI, Vigilanti Cura, n.12 apud DARIVA,
2003, p. 25)
Zolin (2010) acredita que o papa Pio XI foi quem percebeu a potencialidade do
rádio como um veículo necessário para a Igreja. A partir disso, em 12 de fevereiro de
1931, foi inaugurada a Rádio Vaticana. A autora (2010) ainda afirma que o papa não via
o cinema somente por uma ótica negativa, mas depositava sobre esse veículo a
esperança de grandes benefícios para a humanidade:
Por outro lado, os bons filmes podem, ao contrário, exercer uma influência profundamente moralizadora sobre aqueles que os assistem. Além de divertir,
37
podem suscitar novos ideais de vida, difundir lições preciosas, fornecer maiores conhecimentos da história e das belezas do próprio e dos outros países, criar, ou pelo menos, fornecer uma justa compreensão entre as nações, as classes sociais e as raças, promover a causa da justiça, realçar o fulgor da virtude e contribuir, como forte auxílio, para o melhoramento moral e social do mundo. (PIO XI, Vigilanti Cura, n.12 apud ZOLIN, 2010, p. 87)
Nessa fase, percebem-se as mudanças no pensamento da Igreja em relação aos
meios de comunicação, pois, além da Vigilanti Cura, no final desse período, em 1957, o
Papa Pio XII, atual pontífice na época, produziu a Encíclica Miranda Prorsus, a qual a
Igreja fala sobre o cinema, o rádio e a televisão (SOUZA, 2013).
Em Miranda Prorsus, a Igreja afirma que os meios tecnológicos, mais do que
invenções humanas, são dons de Deus:
Os maravilhosos progressos técnicos, de que se gloriam os nossos tempos, sem dúvida são fruto do engenho e do trabalho humano, mas são primeiro de tudo, dons de Deus, criador do homem e inspirador de todas as obras: “Não se produziu as criaturas, mas, uma vez produzidas, defende-as e as faz crescer” (DARIVA, 2003, p. 34).
Zolin (2010) ressalta que o papa Pio XII aconselha os católicos a dominarem as
técnicas das novas tecnologias, a fim de produzirem programas cristãos, convincentes
aos seus valores, e também faz um alerta às famílias, para que vigiem o acesso dos
seus filhos à TV.
Em suma, pode-se dizer que essa fase foi de extrema importância para a Igreja.
Ela marcou o início da aceitação, ainda que um pouco desconfiada, e da utilização dos
meios de comunicação para a proclamação de sua mensagem.
A terceira fase é um marco para a história da Igreja Católica. Souza (2013)
define esse período, que vai de 1957 a 1980, como uma fase fértil. É em meio as
grandes mudanças tecnológicas que o papa João XXIII, eleito em 1958, convoca o
Concílio Vaticano II. Era necessário mudar, atualizar-se e utilizar os meios de
comunicação bravamente em favor da evangelização. Na encíclica Ad Petri Cathedram,
de 29 de junho de 1959, encontra-se o anúncio oficial do Concílio, cujas principais
metas seriam (SANTOS, 2005, p. 7, apud ZOLIN, 2010, p. 102):
O desenvolvimento da fé católica, a renovação da vida cristã dos fiéis, a adaptação da disciplina eclesiástica às exigências da época presente. O Vaticano II foi concebido inicialmente como uma assembleia de marcada orientação pastoral com a finalidade de estabelecer um aggiornamento, uma adequação da vida estrutural e apostólica da Igreja às necessidades do mundo contemporâneo.
38
De acordo com as cartas encíclicas e os autores citados, percebe-se que o cerne
do Concílio Vaticano II foi o aggiornamento e o diálogo. Zolin (2010) diz que no
Vaticano II a doutrina não foi alterada, mas sim a forma pela qual ela estava sendo
mostrada para o mundo. Isso explica o sentido das duas palavras chaves
aggiornamento e diálogo. A primeira palavra significa atualização, renovação,
rejuvenescimento da Igreja, a busca de um diálogo, de uma comunhão. Já a palavra
diálogo é definida como um despojar-se para ouvir o testemunho de fé da outra pessoa,
é o anúncio do Evangelho, trata-se de descobrir junto aos cristãos o entendimento do
Evangelho nos dias de hoje (LORSCHEIDER, 2005, p. 17 apud ZOLIN, 2010, p. 106).
De acordo com Melo (2005), todo esse processo proveniente do Vaticano II é
traduzido por um deslumbramento ingênuo no que se refere à comunicação. Para o
autor, esse deslumbramento significa uma brusca mudança no caminho trilhado até o
momento, um desvio no comportamento levado até então. O autor explica que durante
muitos anos a Igreja recusou a universalidade e dialogicidade da comunicação, e a
partir do Concílio Vaticano II assumiu uma postura de que é necessário utilizar os mais
modernos veículos de comunicação para proclamar o Evangelho.
Fruto do Concílio Vaticano II é o Decreto Inter Mirifica, de 4 de dezembro de
1963, a respeito dos meios de comunicação social. Zolin (2010) afirma que, antes de
ser divulgado, o decreto gerou polêmica e críticas, pois, muitos diziam que o decreto
estava carente de “conteúdo teológico, de profundidade filosófica e de fundamento
sociológico”. Em contraponto, Zolin (2010) ainda traz a opinião de Frei Boaventura
Kloppenburg que afirma não poder ser diferente o conteúdo do Inter Mirifica em virtude
de ser a primeira vez que o Magistério da Igreja abordava um acontecimento que até
então não havia passado de ideias.
Por outro lado, Souza (2013) alega que apesar do documento possuir limitações
em sua compreensão, ele trouxe muitas mudanças para a Igreja. Para o autor, as
primeiras palavras do decreto resume o pensamento da Igreja quando diz (Inter Mirifica
n.1, apud SOUZA, 2013, p. 81):
Entre as maravilhosas invenções da técnica que, principalmente nos nossos dias, o engenho humano extraiu, com a ajuda de Deus, das coisas criadas, a santa Igreja acolhe e fomenta aquelas que dizem respeito, antes de mais, ao espírito humano e abriram novos caminhos para comunicar facilmente notícias,
39
ideias e ordens. Entre estes meios, salientaram-se aqueles que, por sua natureza, podem atingir e mover não só cada um dos homens, mas também as multidões e toda a sociedade humana, por isso mesmo, podem chamar-se, com toda a razão, meios de comunicação social.
A partir das citações acima, é perceptível o interesse da Igreja em utilizar os
meios de comunicação para a propagação do Evangelho, e mais do que isso, utilizá-los
para o progresso humano.
Como uma extensão do Inter Mirifica e solicitação do Vaticano II, foi nessa fase
que a Instrução Pastoral Communio et Progressio foi promulgada, em 27 de maio de
1971, pela Comissão Pontifícia para as Comunicações Sociais (DARIVA, 2003, p. 81).
O grande objetivo dessa Instrução pastoral foi desenvolver princípios de doutrina e
orientações pastorais em virtude da contínua evolução e progresso dos meios de
comunicação social (DARIVA, 2003).
Analisando os documentos da Igreja nesta fase, pode-se concluir que se inicia o
que Souza (2013, p. 81) chama de “comunicação eletrônica da fé”.
A quarta fase, que vai de 1980 a 1990 é considerada por Souza (2013) o período
da Igreja Eletrônica, em que o anúncio do Evangelho passa a ser feito através dos
meios eletrônicos. Em contraponto, Melo (2005) afirma que nesta fase a Igreja supera
o “deslumbramento ingênuo” e percebe que a tecnologia não pode resolver os
problemas da evangelização. Souza (2013) considera que nesse período a Igreja,
comandada na época pelo pontífice João Paulo II, reflete sobre a cultura midiática. O
autor comprova seu pensamento através de um trecho da Encíclica Redemptoris
Missio, promulgada por João Paulo II em 1990, a respeito da comunicação
(Redemptoris Missio, n. 37, apud SOUZA, 2013, p. 82):
O primeiro areópago dos tempos modernos é o mundo das comunicações, [...]. Os meios de comunicação social alcançaram tamanha importância que são para muitos o principal instrumento de informação e formação, de guia a inspiração dos comportamentos individuais, familiares e sociais. Principalmente as novas gerações crescem num mundo condicionado pelos mass-media. [...] O uso dos mass-média, no entanto, não tem somente a finalidade de multiplicar o anúncio do evangelho: trata-se de um fato muito mais profundo porque a própria evangelização da cultura moderna depende, em grande parte, da sua influência. Não é suficiente, portanto, usá-los para difundir a mensagem cristã e o Magistério da Igreja, mas é necessário integrar a mensagem nesta “nova cultura”, criada pelas modernas comunicações.
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Diante dessa realidade, pode-se dizer que na quarta fase a Igreja toma
consciência da necessidade de utilizar os meios de comunicação social para o anúncio
do Evangelho, mas também percebe que somente o anúncio pelos meios não é o
suficiente para difundir a mensagem cristã. Dessa forma, em 1992, vinte e um anos
após a promulgação da Communio et Progressio, a Igreja divulga a segunda Instrução
Pastoral sobre os meios de comunicação, a Aetatis Novae.
Zolin (2010) ressalta que a Instrução Aetatis Novae é analisada sobre novas
perspectivas e contextos, e não dita regras para a utilização dos meios, mas fornece
uma verdadeira ajuda, indicando caminhos para a atuação ética e moral com valores
humanos e cristãos. Nesta Instrução, a Igreja indica que os proclamadores da Palavra
de Deus tem o dever de compreender as palavras de todos os povos e culturas, e
devem “comunicar sempre a sua mensagem, de um modo adaptado a cada época, às
culturas das nações e aos vários povos [...]” (DARIVA, 2003, p. 192).
A quinta fase descrita por Souza (2013), compreende o ano de 1990 até os dias
atuais. Para o autor, esse período é de grande reviravolta na reflexão por parte da
Igreja a respeito do mundo da comunicação. O surgimento das novas mídias, como a
internet e as redes sociais, fazem a Igreja refletir a respeito da comunicação para a
evangelização. Segundo o autor, a Igreja não enxerga mais a comunicação como meios
ou instrumentos, mas entende que há um ambiente midiático a qual toda humanidade
está imersa.
Nesse novo contexto, a Igreja tem buscado adaptar-se às novas mídias, bem
como tem se preocupado em planejar suas ações de comunicação. Ela indica que cada
diocese organize seu planejamento da área da comunicação, a partir da própria
realidade (ZOLIN, 2010).
3.1.3 A comunicação na Igreja hoje
É importante iniciar essa etapa da pesquisa discorrendo a respeito da
preocupação da Igreja Católica com a formação dos fiéis, sejam eles religiosos, padres,
freiras ou leigos, sobre a importância da comunicação. A Igreja demonstra esse
interesse desde o Decreto Inter Mirifica, de 1963, quando afirma ser necessário
41
pessoas especializadas para a utilização dos meios de comunicação no campo da
evangelização (PUNTEL, CORAZZA, 2007). Esse interesse tem sido cada vez mais
disseminado entre os fiéis, pois a Igreja aborda, em grande parte de seus documentos,
sobre a importância da comunicação, a necessidade cada vez maior de profissionais
leigos, qualificados, capazes de aplicar suas competências específicas ao pensamento
cristão junto a suas comunidades. Os estudos da CNBB sobre a comunicação na vida e
missão da igreja no Brasil (CNBB, A comunicação na vida e missão da Igreja no Brasil,
n.120) atenta para esse aspecto:
Uma vez considerado o quanto as comunicações sociais incidem na vida das pessoas, é indispensável à presença de católicos profissionalmente qualificados, capazes de unir competências específicas a uma autêntica inspiração cristã. Dever-se-ão encontrar e promover jovens dotados e sensíveis, para que se preparem a agir no âmbito da comunicação social.
Com essa afirmação, pode-se concluir que a Igreja tem o interesse cada vez
maior de incluir-se na cultura midiática, não somente para informar, mas para
proporcionar aos fiéis uma experiência de Cristo através da comunicação. Além disso,
assim como toda Instituição, a Igreja também necessita de um porta-voz capaz de
cuidar da imagem da instituição e de seus relacionamentos com a sociedade (CNBB, A
comunicação na vida e missão da Igreja no Brasil, 2011). Cabe destacar aqui que o
profissional de Relações Públicas, em suas funções, apresenta competências para
gerenciar a imagem das organizações, gerenciando crises e contribuindo para a
construção de sua identidade corporativa (KUNSCH, 2003).
A Igreja Católica tem enxergado, principalmente nos últimos anos, a
comunicação como uma experiência de vida e acredita que somente com essa visão é
possível compreender o que são as relações de comunicação na perspectiva
evangélica (CNBB, A comunicação na vida e missão da Igreja no Brasil, 2011). O
mesmo documento (2011, p. 9) afirma que a comunicação deve ser um “[...]
acontecimento centrado no relacionamento pessoal, antes de pensá-lo como conjunto
de meios de informação”. Aqui se entende que a Igreja está preocupada com o
receptor, com aquele que receberá a mensagem, que terá contato com a informação
transmitida pelos meios de comunicação. Ela entende que a comunicação nessa
perspectiva “substitui o deslumbramento perante as tecnologias pela reafirmação do ser
42
humano como um ser de comunicação” (CNBB, A comunicação na vida e missão da
Igreja no Brasil, 2011, p. 9).
Assim, acredita-se que a Igreja, ao longo dos anos, identificou novos horizontes
para a comunicação, descobrindo um novo sentido para a utilização dos veículos na
divulgação da palavra de Deus. Diferentemente do que se viu no início de sua
utilização, agora ela utiliza os meios para propor uma nova forma de viver a religião.
Gasparetto (2011) afirma que a relação entre os campos da religião e da mídia são
complexos, tanto na forma de interação com as novas tecnologias, como nos efeitos de
sentido gerados por esses meios na maneira de viver a religião. O autor (2011, p. 115)
ressalta ainda que o ambiente técnomidiático tem se tornado um espaço para uma
ressignificação da religião.
O novo “ambiente” tecnomidiático tem configurado um espaço privilegiado para uma ressignificação da religião, graças à organização de novas “estratégias e táticas” das Igrejas na cultura Pós-Moderna. A religião deixa de ser um fenômeno institucional específico e passa a ser praticada pela “mediação” dos media, assumindo uma dimensão autorizada.
Dentro dessa perspectiva, afirma-se que a religião passa a estar no cotidiano das
pessoas, não somente dentro da sua instituição Igreja, mas no seu convívio virtual
através dos novos meios de relacionamentos. Tal constatação confirma a necessidade
da Igreja em estar inserida nos mais modernos veículos de comunicação.
Em contraponto, estudos da CNBB sobre a comunicação (A comunicação na
vida e missão da Igreja no Brasil, 2011) alertam para o uso consciente das mídias por
parte dos agentes pastorais da comunicação. Ele fala que não basta melhorar e
dominar os instrumentos de comunicação, que não é suficiente participar das mais
novas tecnologias, mas afirma ser indispensável à compreensão dos desafios lançados
para a Igreja a partir deste novo horizonte comunicativo.
Hoje, a Igreja está presente nos mais diversos meios de comunicação social:
televisão, internet, rádios e jornais, e tem avançado cada vez mais no campo da
comunicação. Por estar inserida nesses meios, é necessária a correta utilização da
linguagem, adaptada aos diferentes públicos de acordo com cada meio. O mesmo
documento ressalta ainda que Jesus era dinâmico em sua linguagem, utilizando
parábolas para que a multidão entendesse a sua mensagem, e atenta também para
43
que a Igreja permita ser estimulada pela direção do Espírito Santo, utilizando as
linguagens e atitudes mais corretas em todos os tempos e situações para fazer chegar
o anúncio do Evangelho a todos.
3.1.4 A comunicação Paroquial
Como descrito no item 3.1, a Paróquia é a face da Igreja em cada canto do
mundo. É através dela que as comunidades recebem informações sobre a Igreja e se
relacionam com outros membros dela. A partir disso é necessário que as paróquias
atualizem-se e estejam inseridas nos meios de comunicação. É isso que afirma os
estudos da CNBB (A vida e missão da Igreja no Brasil, 2011, n.53):
Na era da mídia a paróquia também é obrigada a redefinir sua fisionomia. Certamente continua a ser a comunidade dos vínculos pessoais, da caridade tangível, dos encontros formativos diretos e sacramentados, mas encaminham-se para comunicar também pela Internet e suas inúmeras possibilidades de relacionamento e informação, dando aos fiéis a possibilidade de alcançar um discernimento crítico sobre as mensagens da mídia.
Dessa forma, além de introduzirem-se na era digital, as Paróquias devem manter
uma linguagem litúrgica adequada à compreensão da Palavra pelos fiéis. Essa
linguagem compreende desde a simbologia litúrgica - as velas, as luzes, os momentos
de silêncio, os cantos - até a homilia do sacerdote, a qual deve ser sempre atual,
trazendo situações concretas da vida, de modo a facilitar a compreensão espiritual e
cultural da qual o homem tem necessidade, adaptando a linguagem, o ritmo e o som,
de acordo com a mentalidade difusa na assembleia (CNBB, A comunicação na vida e
missão da Igreja no Brasil, 2011).
Por ser de tal importância a comunicação paroquial, a Igreja propõe a criação de
uma Pastoral da Comunicação nas dioceses e paróquias, a fim de fazer fluir a
informação, e mais do que isso, fazer acontecer a verdadeira comunicação-comunhão.
Puntel e Corazza (2011) afirmam que o objetivo da pastoral da comunicação é
promover o diálogo entre fé e cultura, sendo esta a cultura midiática. As autoras
ressaltam que “[...] a mídia, hoje, constitui muito mais do que um simples instrumento de
comunicação, e requer, portanto, uma pastoral midiática, que leve em conta a
44
modificação de comportamentos e relações das pessoas, sobretudo dos usuários das
novas mídias (new media)”.
Bombonatto (2009) traz o sentido etimológico das palavras pastoral e
comunicação e reflete que os dois termos juntos representam uma dinamicidade.
Enquanto a comunicação significa tornar comum, partilhar, interagir, a palavra pastoral
deriva de pastor, aquele que cuida, guia e ensina. Em suma, a Pastoral da
Comunicação pode ser definida como aquela que direciona a comunicação de forma a
interagir e partilhar com a sociedade as questões relacionadas à vida e missão da
Igreja.
Diante dessa definição, Bombanatto (2009) ressalta que não se pode limitar a
Pastoral da Comunicação ao simples uso de seus instrumentos, isolada de um plano
pastoral sério, mas precisa ser alicerçado em uma reflexão sobre as consequências da
utilização dos meios no processo de comunicação da comunidade eclesial. Assim, a
Igreja indica que essa pastoral precisa ser planejada de acordo com a realidade de
cada diocese, paróquia ou comunidade (BOMBANATTO, 2009)
Puntel e Corazza (2007) colocam que o objetivo principal do plano pastoral é
mudar a mentalidade dos membros da comunidade, principalmente das lideranças, a
fim de assumirem a cultura midiática. As autoras entendem que a pastoral da
comunicação é essencial para proporcionar as demais pastorais, a formação e o
conhecimento sobre as novas linguagens da mídia e seus reflexos na vida das
pessoas, bem como para estimular o espírito de colaboração entre todas as pastorais,
movimentos e ministérios eclesiais.
A PASCOM (Pastoral da Comunicação) necessita de um planejamento
integrado, que envolva a participação de todas as pastorais da paróquia ou diocese, em
ações conjuntas. Para isso, é necessário promover a integração entre as pessoas, o
que facilitará o estabelecimento de objetivos comuns. (PUNTEL e CORAZZA, 2007)
A partir do que as autoras trazem a respeito da PASCOM, e analisando o que
Kunsch (2003) fala sobre o planejamento da comunicação, pode-se afirmar que os
profissionais de Relações Públicas são capazes de pensar estrategicamente o
planejamento da Pastoral da Comunicação nas paróquias e dioceses, contribuindo para
um plano pastoral sério e eficaz.
45
3.2 DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS
“O Concílio Ecumênico Vaticano II (1962-1965) foi um novo sopro do Espírito
sobre a Igreja e, consequentemente, sobre o mundo” (VEGA, 2005, p. 9). Foi neste
período de renovação da Igreja que o olhar sobre a comunicação passou a ter outra
perspectiva, uma delas foi a instituição de um dia dedicado à reflexão sobre a
comunicação: o Dia Mundial das Comunicações.
3.2.1 O processo de instituição do Dia
Instituído pelo Concílio Vaticano II e declarado no pontificado do papa Paulo VI
no dia 6 de maio de 1967, o Dia Mundial das Comunicações foi criado com o objetivo
de promover a educação dos cristãos no mundo inteiro, para que utilizem os
instrumentos de comunicação com responsabilidade (VEGA, 2005).
A Pontifícia Comissão para as Comunicações Sociais relata em sua carta sobre
a instituição do Dia Mundial das Comunicações, que o fato da imprensa e os
espetáculos midiáticos atingirem um profundo grau de desenvolvimento, somente
aqueles que possuírem uma sólida formação estarão protegidos de sua influência.
Dessa forma, foi necessário estabelecer um dia especial para a conscientização dos
fiéis a respeito dos seus deveres no assunto, motivando-os a rezar e dar suas ofertas
em prol da comunicação (VEGA, 2005).
A data escolhida para a comemoração desse dia foi o domingo após a ascensão
de Jesus, que caracteriza um dia de festa, mas também de preceito. Além disso, o fato
de anteceder Pentecostes, festa que se comemora “[...] a comunicação da verdade e da
caridade pelo Espírito Santo”, favoreceu a escolha desta data (VEGA, 2005, p. 17).
Todos os anos o papa publica uma mensagem a respeito de um tema que deseja
alertar à sociedade, sempre levando em consideração à comunicação. Dariva (2003, p.
287) afirma que “[...] graças a essas mensagens, o Papa tem a oportunidade de, em
cada ano, sublinhar a exigência de uma comunicação adequada e eficaz sobre
questões cruciais como a família, os jovens, os idosos, a paz, a justiça, a liberdade
46
humana, a evangelização e a reconciliação”. Assim, é necessária a celebração deste
dia por parte das paróquias.
As mensagens transmitidas através do Dia Mundial das Comunicações
influenciaram e ainda influenciam os católicos a viverem autenticamente o mundo das
comunicações. Porém, percebe-se ainda que em muitas dioceses, paróquias ou
comunidades, a comunicação está em segundo, terceiro ou quarto plano, provocando a
falta de relacionamento entre os fiéis. Entende-se que a celebração do Dia Mundial das
Comunicações possa ser um pretexto para iniciar a educação dos agentes pastorais
para a comunicação na Igreja.
De acordo com o estudo n.101 da CNBB (A comunicação na vida e missão da
Igreja no Brasil, 2011, n.105), as comunicações sociais têm papel fundamental no
desenvolvimento da missão da Igreja e se faz cada vez mais necessário a criação de
“[...] um plano integrado para as comunicações sociais, a partir do qual se deve efetivar
uma programação pastoral, não limitada apenas ao setor diocesano para a
comunicação social ou à mídia, mas apto a envolver todas as dimensões pastorais”.
Por fim, a Igreja clama pelo desenvolvimento de um planejamento de
comunicação em cada diocese, que não se limite a pastoral da comunicação, mas um
plano que consiga abranger todas as pastorais. Assim, incluir a celebração do Dia
Mundial das Comunicações nesse planejamento torna a comunidade atenta para o que
se refere ao campo das comunicações.
3.3 A IGREJA E O JOVEM
Neste item serão abordados os principais estudos da Igreja em relação aos
jovens, trazendo uma perspectiva da comunicação da Igreja Católica com a juventude.
Serão utilizados os estudos n. 101, sobre a Comunicação na vida e missão da Igreja no
Brasil, n. 103 sobre a Pastoral Juvenil no Brasil e o documento n. 3 sobre a
Evangelização da Juventude. Além das fontes publicadas e redigidas pela CNBB, serão
utilizados autores que estudam a comunicação atual na Igreja.
47
3.3.1 Um panorama geral da juventude na Igreja
“A juventude mora no coração da Igreja e é fonte de renovação da sociedade. Os
jovens de todos os tempos e lugares buscam a felicidade. A Igreja continua olhando
com amor para os jovens, mostrando-lhes o verdadeiro Mestre – Caminho, Verdade e
Vida – que os convida a viver com ele” (CNBB, Evangelização da Juventude – Desafios
e Perspectivas Pastorais, 2007, n. 1).
Com essa declaração feita pela CNBB em seu documento sobre a evangelização
da juventude, pode-se perceber que a Igreja tem um grande apreço pelos jovens, e tem
grande desejo de levá-los a experimentar uma vida de fé, juntamente com o Cristo.
Sabe-se que ao longo da história construiu-se a imagem de que Igreja é local de
pessoas idosas, que buscam no final da vida criar um relacionamento com Deus para
morrerem em paz. Não é isso que os estudos da CNBB apontam. O estudo n.103 da
CNBB (Pastoral Juvenil no Brasil – Identidade e Horizontes, 2013) trás um retrospecto
da presença juvenil na Igreja do Brasil e aponta que após a década de 60 surgiram
inúmeros Movimentos e Congregações que acolheram os jovens e que hoje é a face
jovem dentro da Igreja.
Com esse estudo, percebe-se que antes desse período o espaço do jovem
dentro da Igreja era muito mais voltado para a questão vocacional e coordenado por
adultos, o que de certa forma não tornava os espaços atrativos aos jovens. Exemplos
desses Movimentos são: Congregação Mariana; Jovens Vicentinos; Legião de Maria;
Filhas de Maria; Apostolado da Oração; Cruzada Eucarística, etc. (CNBB, Pastoral
Juvenil no Brasil – Identidade e Horizontes, 2013). De acordo com o mesmo estudo, a
década de 60 foi um período em que chegou ao Brasil uma Ação Católica que visava
contribuir com a construção de uma sociedade justa e “recristianizar” o mundo através
dos leigos. Assim criaram-se grupos juvenis especializados, com uma nova metodologia
que se apoiava na vida concreta dos jovens, desenvolvendo a espiritualidade em vista
do engajamento eclesial e social. Exemplos disso são os grupos: JAC (Juventude
Agrária Católica), JEC (Juventude Estudantil Católica), JIC (Juventude Independente
Católica), JOC (Juventude Operária Católica), JUC (Juventude Universitária Católica).
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A partir da década de 70 começaram a surgir novas formas de trabalhar com a
juventude, e após a Conferência de Puebla, em 1979, a Igreja passou a ter uma
atenção especial à evangelização das novas gerações. Esse momento favoreceu o
aparecimento de movimentos internacionais no Brasil, que possuíam carismas próprios
e um jeito específico de evangelizar os jovens. Como exemplo destes movimentos,
pode-se citar o Movimento Gen, a Renovação Carismática, Juventude Vicentina e as
Congregações Marianas. De origem nacional e apoiados pelas dioceses e paróquias,
os Movimentos de Encontro como o CLJ, Amigos de Cristo, Onda, Vigília, Nazaré,
Catecumenato, Cenáculo, Shalom, Emaús, etc.
Todos esses Movimentos possuem características peculiares, evangelizando os
jovens de uma forma diferente aos antigos movimentos. “[...] Importância dos
testemunhos; impacto emocional e conversão frente aos problemas pessoais;
experiências fortes de oração e amizade; ênfase na Bíblia e nos sacramentos;
celebrações animadas e alegres; participação em uma Igreja mais atraente”, são
algumas características desses Movimentos de Encontro (CNBB, Pastoral Juvenil no
Brasil – Identidade e Horizontes, 2013, p. 29). Isso aproximou os jovens dos padres e
se criou a consciência de que a Igreja somos nós. Os Movimentos de Encontro também
provocaram o surgimento de grupos de jovens nas paróquias e despertaram muitas
vocações para o ministério sacerdotal (CNBB, Evangelização da Juventude – Desafios
e Perspectivas Pastorais, 2007).
No final da década de 70 e durante a década de 80, os brasileiros passaram,
novamente, por manifestações civis pela democracia que acabaram afetando a maneira
de evangelizar os jovens. Foi a época em que inúmeros setores da sociedade foram as
ruas manifestar-se pelas diretas já. Entre os grupos estavam estudantes e jovens.
Neste período, surgiram inúmeros grupos de jovens nas paróquias que até então não
tinham um plano pastoral, estavam isolados e sem objetivos claros. “Uma geração de
jovens católicos que eram protagonistas do seu próprio processo de educação na fé e
que podiam dialogar com a nova realidade que surgia” (CNBB, Evangelização da
Juventude – Desafios e Perspectivas Pastorais, 2007, n.279). Esses grupos de jovens
paroquiais estabeleceram uma rede entre eles, e após a convocação do setor juventude
da CNBB para um encontro nacional de delegados regionais, surge a Pastoral Orgânica
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da Juventude (PJ) e a partir dela faz nascer pastorais específicas no meio em que se
sentem chamadas a evangelizar, como exemplo, a Pastoral da Juventude Estudantil
(PJE), Pastoral da Juventude Rural (PJR) e Pastoral da Juventude do Meio Popular
(PJMP). Diferente dos Movimentos de Encontro, as Pastorais da Juventude possuíam
características próprias por serem coordenadas por jovens, buscarem o protagonismo
juvenil, terem a opção pelos pobres e pela transformação social, entre outros (CNBB,
Pastoral Juvenil no Brasil – Identidade e Horizontes, 2013).
A partir da década de 90, houve um enfraquecimento das Pastorais da
Juventude e começam a crescer os Movimentos Eclesiais e as Novas Comunidades.
Aparecem dificuldades relacionadas à evangelização da juventude como a carência de
assessoria adulta e diminuição do investimento para o trabalho junto aos jovens. Dessa
forma, em 1995, o Setor Juventude da CNBB começa a organizar encontros anuais
com as Pastorais da Juventude, Movimentos e Congregações Religiosas, com o intuito
de estimulá-las para a evangelização das novas gerações. Em 1996, a Campanha da
fraternidade foi voltada para os jovens com a temática “Juventude, Caminho aberto”
(CNBB, Pastoral Juvenil no Brasil – Identidade e Horizontes, 2013).
O ano de 2007 traz um grande marco para a CNBB em relação à evangelização
da juventude. Após dois anos de trabalho, a CNBB lançou o documento 85 sobre a
evangelização dos jovens, documento também utilizado para esta pesquisa. Com esse
documento, renovou-se a atenção pela evangelização dos jovens e a partir dai abriu-se
um grande leque para ações com a juventude no Brasil (CNBB, Pastoral Juvenil no
Brasil – Identidade e Horizontes, 2013). Um exemplo disso foi a Jornada Mundial da
Juventude de 2013, sediada no Rio de Janeiro.
3.3.2 A comunicação da Igreja com o jovem
A Igreja Católica no Brasil e no mundo todo tem buscado os mais modernos
meios de comunicação para comunicar-se com os jovens. A Igreja entende e sabe a
importância desse público e por isso tem investido fortemente na comunicação dirigida.
O que comprova essa afirmação é a presença de inúmeros portais católicos para jovens
na internet, criados recentemente com o intuito de proporcionar ao jovem um contato
50
mais próximo com a Igreja e introduzir a Igreja para mais próxima do jovem, através de
uma linguagem apropriada e assuntos de seus interesses.
O portal <www.jovensconectados.com.br>, por exemplo, é hoje o maior portal
católico voltado para a juventude brasileira. Ele foi criado em 2011 pela Comissão
Episcopal Pastoral para a Juventude, da CNBB e traz inúmeras notícias relacionadas à
Igreja e ao jovem, bem como informações sobre todas pastorais, movimentos e
congregações religiosas que trabalham a evangelização dos jovens. Outro portal
católico, este a nível mundial, dirigido à juventude, é o <www.pope2you.net>, criado em
2009 pelo Vaticano, com o intuito de aproximar o papa Bento XVI dos jovens. “Estas
aplicações abrem a Igreja ao mundo das redes sociais, uma espécie de continente,
onde os jovens podem ajudar a levar a fé católica”, disse o coordenador do projeto,
Padre Paolo Padrini. (GASPARETTO, 2011, p. 113)
Contudo, percebe-se que a Igreja Católica tem se interessado em organizar
espaços para que o jovem possa participar ativamente da Igreja, e ajudar a construí-la
dentro do espaço midiático. Em seus estudos sobre a Comunicação na Vida e Missão
na Igreja do Brasil (2011, n.84), a CNBB afirma que “[...] junto com os jovens é possível
recuperar positivamente os notáveis recursos midiáticos do nosso tempo, enfatizando a
rede de internet”. Em suma, pode-se dizer que cada vez mais a Igreja tem buscado
aproximar-se dos jovens.
Em 2012 a grande notícia que se espalhou foi a abertura da conta do papa Bento
XVI no twitter. Com o objetivo de estar ainda mais próximo dos fiéis, em particular dos
jovens, em virtude de ser o maior público conectado, o pontífice atingiu mais de 120 mil
seguidores em poucas horas no ar. Hoje, utilizado pelo papa Francisco, o pontífice
possui mais de um milhão de seguidores e diariamente posta mensagens que são
compartilhadas e difundidas nas redes.5
Outro instrumento de comunicação que comprova o interesse da Igreja em estar
cada vez mais próxima do público jovem foi o lançamento do Catecismo Jovem da
Igreja Católica – YOUCAT, em 2011. A Igreja possui um catecismo que contém toda a
fundamentação da sua doutrina e dogmas, um livro com mais de 1000 páginas e uma
5Disponível em <http://oglobo.globo.com/mundo/vaticano-lanca-conta-oficial-do-papa-no-twitter-
6908157>. Acesso em: 04 de maio de 2014.
51
linguagem um pouco difícil. Dessa forma, com o desejo de que os jovens estudassem o
catecismo, e pudessem conhecer mais profundamente a Igreja, o papa Bento XVI,
juntamente com os bispos de todo o mundo, teve a ideia de lançar um catecismo com a
linguagem jovem, para que eles pudessem conhecer mais a Cristo e a Igreja. Em sua
carta introdutória do YOUCAT (2011, p. 9), Bento XVI relata como foi o processo de
criação dessa ferramenta e diz:
Muitas pessoas me dizem: os jovens de hoje não se interessam por isso. Duvido que isto seja verdade e estou certo do que digo. Os jovens de hoje não são tão superficiais como se diz deles. Eles querem saber realmente o que é a vida. Um romance policial é excitante porque nos insere no destino de outras pessoas, que também poderia ser o nosso. Este livro é cativante porque fala do nosso próprio destino, pelo que está profundamente próximo de cada um de nós.
E continua a carta convidando os jovens a estudar o catecismo (YOUCAT, 2011,
p. 10):
Assim vos convido: estudai o catecismo! Este é o desejo do meu coração. Este catecismo não fala ao vosso gosto, nem vai pelo facilitismo. Na verdade, ele exige de vós uma vida nova. Ele apresenta-vos a mensagem do Evangelho como uma pérola preciosa (MT 13,46), pela qual se tem de dar tudo. Peço-vos, portanto: estudai o catecismo com paixão e perseverança! Para isso, sacrificai tempo! Estudai-o no silêncio do vosso quarto, lede-o enquanto casal se estiverdes a namorar, formai grupos de estudo e redes sociais, partilhai-o entre vós na Internet! Permanecei deste modo num diálogo sobre a vossa fé!”
A partir da carta de Bento XVI percebe-se que a Igreja se introduz na realidade
do jovem, utilizando a linguagem mais adequada para atraí-lo ao seio da mãe Igreja.
Assim como pediu o papa, hoje existe o portal <www.youcat.org> que contém todo o
conteúdo do catecismo jovem, como também notícias sobre a Igreja e a juventude
católica.
Movido pelo desejo de que Jesus Cristo fosse o centro da fé de cada jovem, o
papa João Paulo II, em 1985, instituiu o maior evento da juventude católica, a Jornada
Mundial da Juventude (GASQUES, 2012). Confiou aos jovens a Cruz e o ícone de
Nossa Senhora, que se tornaram os símbolos desse evento. Foi com essas palavras
que João Paulo II entregou a Cruz para os jovens em 1984 (GASQUES, 2012, p.11):
Meus queridos jovens, na conclusão do Ano Santo, eu confio a vocês o sinal deste Ano Jubilar: a Cruz de Cristo! Carreguem-na pelo mundo como um
52
símbolo do amor de Cristo pela humanidade, e anunciem a todos que somente na morte e ressurreição de Cristo podemos encontrar a salvação e a redenção.
Sabe-se que na década de 80, muitos jovens estavam se afastando da Igreja,
assim, acredita-se que por esse motivo, também, o papa João Paulo II pensou em
realizar um evento internacional que pudesse proporcionar ao jovem a vivência com
diferentes culturas e modos de viver a fé católica. A Jornada Mundial da Juventude já
está indo para a 14º edição que acontecerá em 2016 na Cracóvia – Polônia.6
Além de levar o jovem a vivenciar diferentes culturas, a JMJ leva-o a
experimentar o sentimento de pertença pela Igreja. Percebe-se isso quando, na
Jornada Mundial que aconteceu no Brasil, em 2013, os jovens de todo o mundo
gritavam a Igreja é viva, a Igreja é jovem ou ainda esta é a juventude do papa.
Em suma, pode-se dizer que a Jornada Mundial da Juventude tornou-se um meio
estratégico de comunicação dirigida aproximativo da Igreja com os jovens, pois, além
de abranger uma média relevante de público, cerca de um milhão de fiéis por JMJ, leva
a juventude católica a enxergar a face jovem da Igreja.
6 Disponível em < http://g1.globo.com/jornada-mundial-da-juventude-2013/historia/platb/>. Acesso em 04
de maio de 2014.
53
4 METODOLOGIA
Para se realizar uma pesquisa científica é necessário fazer algumas escolhas
que irão direcionar o caminho a ser seguido durante todo o trabalho desenvolvido. O
primeiro passo a ser tomado é a escolha de um problema, pois a pesquisa é necessária
justamente para responder a uma ou várias perguntas que surgem a partir de uma
situação. Segundo Gil (2010) a pesquisa pode ser definida como um procedimento
racional e sistemático que busca encontrar respostas às questões propostas. O
problema de pesquisa gerador desse projeto é: de que forma as Relações Públicas
podem facilitar a comunicação da Igreja Católica com o público jovem?
Após a escolha do problema de pesquisa, define-se por qual caminho se irá
responder a pergunta proposta, ou seja, decide-se qual/quais metodologias serão
utilizadas. Segundo Duarte e Barros (2005), as técnicas de pesquisa podem ser
comparadas com ferramentas, é preciso fazer a escolha da ferramenta certa para se
obter êxito no trabalho. Para este projeto monográfico é utilizada a pesquisa qualitativa,
que busca subjetivamente a resposta para o problema, evitando números, mas lidando
com realidades sociais (BAUER e GASKELL, 2008), bem como, a pesquisa
exploratória, buscando levantamento bibliográfico e entrevista com pessoas que já
tiveram experiência prática com o assunto. É utilizada também a pesquisa quantitativa,
através da pesquisa de opinião aplicada aos jovens do programa Fé e Café.
Para responder o problema dessa pesquisa, são utilizadas quatro técnicas
metodológicas que se complementam: a Pesquisa Documental, que nos permitirá
analisar documentos da Igreja a respeito da Comunicação; a Pesquisa Bibliográfica,
que dará base para o desenvolvimento a respeito das Relações Públicas e da
Comunicação aplicada à Igreja Católica. Para complementar, é apresentado um Estudo
de Caso do Programa Fé e Café, da Paróquia Santa Teresa, de Caxias do Sul,
exemplificando uma atividade voltada ao público jovem, idealizada pela Igreja, e
Entrevistas em Profundidade que nos possibilitará compreender mais esmiuçadamente
o programa Fé e Café – uma das atividades da paróquia com os jovens e a Pesquisa
de Opinião.
54
4.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
A pesquisa bibliográfica consiste na escolha e análise de bibliografias pertinentes
ao assunto abordado no trabalho. Segundo Stumpf (apud DUARTE e BARROS 2005),
a pesquisa bibliográfica é definida como “[...] um conjunto de procedimentos para
identificar, selecionar, localizar e obter documentos de interesse para a realização de
trabalhos acadêmicos e de pesquisa”.
A consulta bibliográfica além de ser uma atividade que acompanhará o
pesquisador durante todo o seu trabalho de pesquisa, será indicadora dos próximos
passos a serem seguidos (STUMPF apud DUARTE e BARROS, 2005). Esse tipo de
pesquisa não se restringe a livros, mas em virtude da disseminação de novos formatos
de informação, pesquisas realizadas em discos, fitas magnéticas, CDs, e material
disponibilizado na internet também são considerados pesquisas bibliográficas (GIL,
2010). Para esse estudo procurou-se utilizar bibliografias atuais e confiáveis, que
dessem credibilidade ao estudo apresentado.
4.2 PESQUISA DOCUMENTAL
A pesquisa documental é utilizada com frequência em diversas áreas do
conhecimento, desde História até a Medicina, visto que ela pode ser utilizada como
base ou apoio para a pesquisa científica. Porém, quando falamos do campo da
Comunicação, não é comum estudos desse tipo (MOREIRA apud DUARTE e BARROS,
2005).
Segundo a autora, a Pesquisa Documental ou Análise Documental consiste na
identificação, verificação e apreciação de documentos para um fim determinado. Em
sua maioria é qualitativa, verificando o conteúdo do material selecionado, e suas fontes
são, normalmente, de origem secundária, constituindo dados já organizados, como por
exemplo, jornais, revistas, catálogos, gravações de áudio ou vídeo. Nesse trabalho
faremos a análise de documentos, decretos e instruções pastorais emitidos pela Igreja
Católica a respeito da Comunicação Social. Esses documentos estão unificados em
livros cujo assunto é a Comunicação Social na Igreja Católica.
55
A análise documental permite a construção histórica da comunicação dentro da
Igreja Católica, verificando por qual finalidade ela se fez necessária, e pontuando a
evolução dos meios de comunicação de massa no uso em prol a Igreja. Além disso,
essa metodologia é utilizada para entender o histórico da Paróquia Santa Teresa, de
Caxias do Sul, campo de estudo dessa pesquisa.
4.3 ESTUDO DE CASO
O Estudo de Caso é uma metodologia de pesquisa utilizada para contribuir com
o conhecimento dos fenômenos individuais, grupais, organizacional, sociais, políticos e
relacionados (YIN, 2010). Segundo Yin (2010), o desejo de incluir o Estudo de Caso
como um método de pesquisa se dá a partir do desejo de entender os fenômenos
sociais mais complexos, permitindo que os investigadores analisem e retenham as
características significativas dos eventos da vida real.
Esse método de pesquisa consiste em um estudo aprofundado de um objeto, a
fim de verificar detalhes que aparentemente não são vistos e analisados. O Estudo de
Caso não se trata simplesmente de um relato, pois vai estudar o fator motivador
daquele objeto (LACERDA, 2013).
O Estudo de Caso realizado nesta pesquisa, virá complementar e exemplificar a
teoria tratada. O objeto de estudo é o Programa Fé e Café, trabalho desenvolvido
dentro da Paróquia Santa Teresa, de Caxias do Sul, apresentando a maneira pela qual
a Paróquia tem se envolvido com o público jovem.
4.3.1 Entrevista em Profundidade
Para desenvolver o Estudo de Caso será utilizada uma das fontes mais
importantes para essa metodologia de pesquisa, a entrevista em profundidade.
Segundo Yin (2010, p. 133), na entrevista em profundidade:
Você pode perguntar aos respondentes-chave sobre os fatos de um assunto, assim como suas opiniões sobre o evento. [...] A entrevista pode ocorrer durante um longo período de tempo e não em uma ocasião.
56
Essa metodologia complementa o Estudo de Caso ajudando na obtenção de
informações importantes para que o estudo aconteça. Para YIN (2010), os informantes-
chave são fundamentais para o sucesso de um Estudo de Caso. A escolha dos
entrevistados se dará de acordo com o envolvimento no caso estudado.
De fato, pelo que se percebe, as entrevistas em profundidade não buscam
quantificar dados, mas descobrir informações subjetivas baseadas nas experiências
vividas pelos entrevistados. Para Bauer e Gaskell (2008, p. 68), “[...] a finalidade real da
pesquisa qualitativa não é contar a opinião ou pessoas, mas ao contrário, explorar o
espectro de opiniões, as diferentes representações do assunto em questão”.
No Estudo de Caso do programa Fé e Café, da Paróquia Santa Teresa, foram
realizadas nove entrevistas gravadas em áudio, com os seguintes informantes: o
Pároco da Catedral e idealizador do programa Fé e Café, Padre Leomar Brustolin, dois
jovens atuantes na Paróquia e membros da equipe do Fé e Café, e seis jovens
participantes do programa.
4.3.2 Pesquisa de Opinião
Em virtude do programa Fé e Café não possuir dados estatísticos que pudessem
dar suporte a essa pesquisa, decidiu-se aplicar um questionário (Apêndice A), com o
objetivo de identificar o perfil dos jovens participantes, bem como, as suas opiniões
referentes a alguns quesitos do programa. De acordo com Kunsch (2003) a pesquisa
de opinião é um dos tipos de pesquisas mais relevantes para as relações públicas, isso
porque as organizações se relacionam com diversos públicos que precisam ser
conhecidos por ela.
Para Philip Lesly (1995, p. 80 apud Kunsch, 2003, p. 279), através da pesquisa
de opinião é possível confirmar suposições sobre um determinado assunto. Assim,
entende-se que a pesquisa aplicada aos jovens participantes do programa Fé e Café,
seja importante para identificar a eficácia desse instrumento enquanto canal de
comunicação da Igreja com os jovens. Para Raymond Simon (1994, pp 195-8, apud
KUNSCH, 2003, p. 279) a pesquisa possui seis benefícios:
57
1. Propicia informações acerca das atitudes e opiniões do público; 2. Propicia informação objetiva para elaboração de planos; 3. Atua de forma a prevenir problemas; 4 Assegura apoio interno para a função de relações públicas; 5. Possibilita ou acrescenta a eficácia da comunicação; 6. Impulsiona as atividades de relações públicas.
Em suma, fica evidente que a pesquisa de opinião pode revelar dados
estratégicos para desenvolvimento institucional das organizações. No caso do Fé e
Café, os dados contribuíram para a identificação do perfil dos jovens participantes e o
contentamento deles em relação aos aspectos do programa abordados na pesquisa.
4.3.3 O Estudo de Caso
O Estudo de Caso apresentado nesta pesquisa virá complementar e exemplificar
um trabalho de comunicação dirigida desenvolvido pela Paróquia Santa Teresa, de
Caxias do Sul, apresentando a maneira pela qual a Paróquia tem se envolvido com o
público jovem. Nesse estudo será abordado, o programa Fé e Café, desenvolvido pela
paróquia e idealizado pelo Pároco Pe. Leomar Brustolin. A partir disso, com base na
teoria apresentada até aqui, será possível identificar os elementos de comunicação,
desenvolvidos pela paróquia, a fim de atrair os jovens e tornar a Igreja mais próxima
deles. Esse estudo complementará a resposta da questão norteadora desse trabalho.
4.3.3.1 Paróquia Santa Teresa: Breve Histórico
A Paróquia estudada é a Catedral Diocesana de Caxias do Sul, que foi
inaugurada em 14 de outubro de 1899, um dia antes da festa de sua padroeira, Santa
Teresa D’Ávila. Ela foi construída a partir da chegada dos imigrantes italianos na Serra
Gaúcha, que logo sentiram a necessidade de construir um templo de oração.
Inicialmente, os imigrantes fizeram uma cabana de taquaras que era situada na Rua
Bento Gonçalves. Posteriormente, os pioneiros passaram a se reunir na casa de Luigi
Del Canale, localizada na Avenida Júlio de Castilhos, onde hoje é o Edifício Estrela.
Mais tarde, os imigrantes alugaram a casa de Carlos Gatti, localizada na Rua Sinimbu
que fora destruída em um incêndio em 1896.
58
Após quatro anos de muito trabalho, em 14 de outubro de 1899, foi inaugurada e
abençoada pelo Padre Antônio Pértile a Igreja Matriz de Santa Teresa, localizada no
coração de Caxias, em frente à Praça Dante Alighieri, na Rua Sinimbu. No ano de
1934, foi criada a Diocese de Caxias do Sul e a Igreja de Santa Teresa foi elevada à
Catedral Diocesana dos caxienses.
A Catedral Diocesana leva o nome de Santa Teresa pelo fato dos colonos
desejarem homenagear a Imperatriz do Brasil, Dona Teresa Cristina, esposa de Dom
Pedro II. Assim, eles escolheram o nome da santa, por ser o mesmo nome da
soberana, como forma de expressar a gratidão pelas terras recebidas.
A Basílica de Santo Antônio de Bolonha foi à inspiradora da arquitetura da
Catedral de Caxias, que em 1999, quando completou 100 anos, recebeu uma nova
decoração, sendo adaptada ao novo estilo litúrgico proposto pelo Concílio Vaticano II.
A Catedral celebra quatro missas diárias, sendo às 6h45min, às 12horas, às 16horas e
às 19horas.7
Há 20 anos o Pároco da Catedral de Caxias é o Padre Leomar Brustolin, Doutor
em teologia pela PUC e idealizados do programa Fé e Café, estudado nessa pesquisa.
Atualmente o Vigário Paroquial é o Padre Oscar Chemello.
4.4 OBJETO DE ESTUDO: PROGRAMA FÉ E CAFÉ
Neste item serão abordadas características do programa Fé e Café como: dados
básicos, objetivos, o surgimento da ideia, público-alvo, temas já abordados,
comunicação e a contribuição para o relacionamento da igreja com os jovens. A análise
dos dados será feita de forma cruzada, mesclando a pesquisa de opinião com as
entrevistas em profundidade, uma complementando a outra.
7 Dados retirados do site oficial da Paróquia. Disponível em
<http://www.catedraldecaxias.org.br/a_catedral_historico.php>. Acesso em 18 nov, 2013.
59
4.4.1 Pesquisa de Campo
A ideia inicial desse estudo não contemplava a Pesquisa de Opinião, porém, ao
longo do processo, identificou-se a necessidade de aplicar a pesquisa, em virtude do
Programa não possuir nenhum dado quantitativo que pudesse auxiliar nessa pesquisa,
nem mesmo uma documentação do histórico e dos objetivos, que relatassem o
surgimento da ideia, número de edições já desenvolvidas, etc. Dessa forma, a
descrição do programa apresentada nos próximos itens, foi construída através da coleta
de dados fruto das técnicas de pesquisa utilizadas: Pesquisa de Opinião e Entrevista
em Profundidade.
4.4.1.1 Pesquisa de Opinião
Com o intuito de descobrir o perfil do jovem participante do Programa Fé e Café,
bem como identificar os aspectos comunicacionais do Programa em relação à Igreja e o
público jovem, foram aplicados 77 questionários aos participantes da edição 22 do
programa, no dia 27 de abril de 2014, ás 20h, no Espaço Mater Dei, na Catedral
Diocesana de Caxias do Sul. Os questionários (Apêndice A) continham 15 questões
objetivas e uma questão dissertativa foram entregues no inicio do programa, e
devolvidos ao final da edição. Esporadicamente, em virtude da temática, o programa,
que é direcionado ao público jovem, faz edições abertas ao público de maior idade. A
edição abordada contemplava participantes com idade superior à estipulada pelo
programa, dessa forma, seis questionários da amostra foram descartados, por terem
sido respondidos por participantes acima de 35 anos, que não contemplam o perfil de
participantes estudados nessa pesquisa. Assim, os resultados serão apresentados, com
base na tabulação de 71 questionários.
60
4.4.1.2 Entrevistas em Profundidade
Com o intuito de compreender melhor o processo de construção do Programa Fé
e Café, bem como, identificar a eficácia dele enquanto meio de comunicação da Igreja
Católica com o público jovem, foram realizadas nove (9) entrevistas em profundidade
(Apêndice B) com respondentes estratégicos. As entrevistas que possibilitaram
compreender o processo de criação do Fé e Café foram realizadas com o Padre
Leomar Brustolin, Pároco da Catedral Diocesana de Caxias do Sul e idealizador do
programa e com os jovens Patrícia Macedo e Vinicius de Vargas Bacichetto, que fazem
parte da equipe organizadora e estiveram desde o inicio do programa, auxiliando na
sua formatação. As demais entrevistas foram realizadas com jovens visivelmente
atuantes do programa, ou seja, que interagem e possuem uma frequência considerável.
Foi escolhida uma amostra de seis (6) entrevistados, por representarem
aproximadamente 20% dos jovens que possuem participação superior a seis (6)
edições conforme gráfico abaixo:
Gráfico1: Número de edições participantes Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa
Os dados foram retirados da pesquisa de opinião aplicada durante o trabalho. A
partir do gráfico, é notório que dos 71 respondentes da pesquisa quantitativa, 35
possuem uma frequência superior a seis edições, o correspondente a 49,3%. Uma
amostra de seis (6) entrevistados corresponde a aproximadamente 17,02% dos
participantes que frequentaram mais de seis edições do programa. As entrevistas foram
marcadas previamente, de acordo com a disponibilidade de cada entrevistado.
61
Foram desenvolvidas perguntas específicas para cada grupo, dessa forma, o
idealizador do programa respondeu perguntas diferentes às demais perguntas feitas
aos entrevistados participantes. Segue abaixo, a listagem das perguntas feitas para
cada grupo de entrevistados:
Ao idealizador do programa:
1. Como surgiu a ideia de criar um programa estilo o Fé e Café?
2. Porque o programa é direcionado somente ao público jovem?
3. Com que objetivo o programa foi criado?
4. Qual a sua percepção sobre o alcance desses objetivos até então?
5. Em sua opinião, qual é a contribuição do Fé e Café para a Igreja, enquanto
ferramenta de comunicação e interação com os jovens?
6. Percebemos que o programa teve uma grande aceitação e adesão por parte dos
jovens. Em sua opinião, qual o fator determinante para esse resultado?
Aos jovens da Equipe Fé e Café:
1. Qual é a sua percepção do programa Fé e Café?
2. Porque você decidiu fazer parte da equipe do programa?
3. De que forma você ajudou na formatação do Fé e Café?
4. Qual a contribuição do programa para o seu relacionamento com a Igreja?
5. Você vê o programa como uma ferramenta de comunicação eficaz da Igreja com
o jovem? Por quê?
6. O que você mudaria no programa?
Aos jovens participantes:
1. Qual é a sua percepção do programa Fé e Café?
2. O que levou você a participar do programa?
3. Qual a contribuição do programa para o seu relacionamento com a Igreja?
62
4. Você vê o programa como uma ferramenta de comunicação eficaz da Igreja com
o jovem? Por quê?
5. O que você mudaria no programa?
Todos os entrevistados foram bastante receptivos em participar da pesquisa, e
colaboraram para que fosse possível chegar a um resultado preciso e verdadeiro. Os
áudios das gravações estão disponíveis em cd anexo ao trabalho.
4.5 ANÁLISES DOS RESULTADOS
As técnicas utilizadas durante a pesquisa foram essenciais para o bom
desenvolvimento do estudo. Conforme já foi mencionado, o Fé e Café não possuía
nenhuma base de pesquisa e registros que pudessem auxiliar. A partir das técnicas
metodológicas apresentadas, juntamente com uma análise cruzada entre a pesquisa de
opinião e as entrevistas em profundidade, foi possível descrever o processo de criação
do programa, público-alvo, e outros itens que serão mencionados abaixo:
4.5.1 Dados básicos
- Nome do programa: Fé e Café;
- Slogan do programa: Café com Gosto de resposta;
- Número de participantes: média de 100 pessoas por edição;
- Periodicidade: mensal – último domingo de cada mês;
- Horário de inicio: 20 horas
- Tempo de duração de cada edição: média de 01h30min;
- Local de realização: Espaço Mater Dei – Rua os 18 do Forte, Centro;
- Tempo de existência do programa: 2 anos e 3 meses.
63
4.5.2 Surgimento da ideia
O programa Fé e Café: café com gosto de resposta, teve sua primeira edição em
25 de março de 2012 e foi idealizado pelo Pároco da Catedral Diocesana de Caxias do
Sul, o Padre Leomar Brustolin, juntamente com alguns jovens da paróquia. De acordo
com o Padre, há muito tempo ele desejava desenvolver uma instância na paróquia para
dialogar com os jovens temas relacionados à fé, razão, ciência e religião, em virtude de
cotidianamente aparecerem desafios relacionados à fé e as pessoas não saberem se
posicionar ou responder a essas questões. Esperava que fosse algo profundo, mas
simples, que pudesse ter uma linguagem acessível a todos. Assim, surgiu a ideia de
criar o Fé e Café.
4.5.3 Público-alvo
O público escolhido para participar do Fé e Café foram os jovens entre 15 e 35
anos. De acordo com o Padre Leomar, foi escolhido esse público por duas razões. A
primeira por acreditar que os jovens são os mais bombardeados com temas
relacionados à fé, religião, ciência e razão, sendo pressionados a se posicionarem
diante de uma sociedade que se diz livre ao afirmar que a melhor opção é viver longe
de dogmas ou crenças. E a segunda razão, por afirmar que os jovens são mais abertos
para a compreensão do diálogo entre a fé e a ciência. De acordo com Brustolin, os
adultos são mais extremistas, acreditando que é tudo fé ou tudo razão. Para ele, os
jovens possuem um melhor entendimento do diálogo entre a instância da fé e da razão.
Kunsch (2003, p. 329) afirma que “as organizações e os públicos constituem
nosso objeto de estudo e trabalho”. Assim, pode-se dizer que os públicos são a
matéria-prima para o desenvolvimento das Relações Públicas. Entendendo que
conhecer os públicos a quem se está comunicando é de suma importância, a pesquisa
quantitativa aplicada aos jovens do programa Fé e Café, buscou descobrir o perfil do
jovem participante.
64
De acordo com a pesquisa quantitativa, há um equilíbrio entre o sexo dos jovens
participantes do programa. Entre os respondentes da pesquisa, 50% (34) eram homens
e 50% (34) mulheres, conforme gráfico a seguir:
Gráfico 2: Sexo Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa
Percebe-se com a pesquisa que a grande maioria dos participantes 49,30% (35)
possui entre 18 e 25 anos, conforme gráfico abaixo:
65
Gráfico 3: Faixa Etária Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa
Dentre os entrevistados 74,65% (53) são solteiros, e apenas 21,3% (15) são
casados ou estão em união estável. 4,22% (3) não responderam essa questão. Dessa
forma, pode-se dizer que esse dado é reflexo da faixa etária do público-alvo.
Gráfico 4: Estado Civil Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa
66
Conforme o Padre Leomar Brustolin, o Fé e Café é um programa que busca o
diálogo entre a fé, a razão, ciência e religião, assuntos que auxiliam o jovem a formar a
sua concepção sobre essas instâncias. A partir do gráfico abaixo, que questiona a
respeito da escolaridade, percebe-se que o jovem do Fé e Café possui um bom nível de
instrução, ou seja, está em busca de desenvolver o pensamento crítico sobre os
assuntos. 60,56% (43) dos entrevistados possuem nível superior completo ou em
andamento, 11,27% (8) possuem Pós-Graduação, 21,13% (15) então cursando ou já
terminaram o Ensino Médio e apenas 4,22% (3) estão no Ensino Fundamental. Nessa
questão, 2,82% (2) não responderam.
Gráfico 5: Escolaridade Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa
Apesar de o programa ser aberto a todas as religiões, a grande parte dos jovens
participantes que responderam a pesquisa é da religião católica 95,77% (69) e apenas
2,82% (2) disse não ter religião e 1,41% (1) se declarou evangélico.
67
Gráfico 6: Religião Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa
Sabe-se que há uma parcela dos católicos que se dizem não praticantes ou
praticantes. Entre os jovens participantes que responderam a pesquisa, conforme
gráfico abaixo 87,32% (62) são praticantes e participam de alguma Paróquia ou
Comunidade. Apenas 5,63% (4) se declararam não praticantes e 7,05% (5) não
responderam essa questão.
Gráfico 7: Participa de Paróquia ou Comunidade Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa
68
Dentre os entrevistados que participam de alguma paróquia ou comunidade, a
grande maioria 50% (31) participa da Catedral Diocesana de Caxias do Sul. Diante
desse dado, fica evidente que isso acontece pelo fato do programa acontecer na
Catedral e ter maior divulgação nessa paróquia. Outras paróquias e comunidades
também foram citadas, conforme gráfico abaixo:
Gráfico 8: Outras Paróquias ou Comunidades Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa
Com os dados coletados, foi possível identificar o perfil do jovem participante do
programa Fé e Café, permitindo uma análise posterior a respeito da formatação e das
estratégias utilizadas para atrair e dialogar com esses jovens.
69
4.5.4 Objetivo do programa
Para o idealizador do programa, o Fé e Café foi criado para responder os
questionamentos dos jovens, relacionados a fé, razão, ciência e religião, de modo a
oferecer dados que permitam ao jovem ver que a fé cristã, mais especificamente a fé
católica, não é uma fé irracional, que ela tem sentido, tem fundamento e que é possível
crer e pensar sem nenhum problema. Assim, apesar do encontro ser aberto a todas as
religiões, as respostas são dadas à luz da fé católica.
Ao longo das entrevistas em profundidade, percebe-se que a maioria dos
entrevistados veem o Fé e Café como um esclarecedor de dúvidas, porém, alguns
deles, observam que o programa também contribuiu e contribui de outras formas para
suas vidas, superando o objetivo. O participante do programa Jhonatan Macedo, por
exemplo, acrescenta que o programa apresenta mistérios relacionados com a Igreja,
que em outro local talvez não houvesse possibilidade de conhecer. O entrevistado
relata que, apesar de ser católico, antes de participar não tinha um relacionamento
próximo com a Igreja, e aponta o Fé e Café como um instrumento de aproximação da
Igreja com a juventude.
Assim também pensa a entrevistada Mônica Scariot, que afirma ter se
aproximado mais da Igreja ao participar do programa. Segundo ela, o Fé e Café é bem
eficiente no esclarecimento das dúvidas e ajuda o jovem a ter mais confiança na Igreja.
Já a jovem Patrícia Macedo, que faz parte da equipe organizadora, ressalta que o
programa também objetiva estimular o jovem, seja qual for a sua religião ou filosofia de
vida, a pensar de forma mais crítica, não aceitando simplesmente o que é dito pelas
mídias, mas observando e ajudando a construir a sua opinião.
Diante dessas opiniões, percebe-se que o Fé e Café foi criado com um objetivo,
o qual vem sendo alcançando, e superando as expectativas, proporcionando uma
aproximação do jovem católico da igreja.
Essa conclusão pode ser evidenciada pelo gráfico abaixo, que aponta o Fé e
Café como um meio eficaz de comunicação da Igreja com o jovem. 92,95% (66) dos
entrevistados avaliam o programa como um meio eficaz de comunicação bom ou muito
bom e apenas 4,23% (3) apontam como um meio regular.
70
Gráfico 9: Eficácia da Comunicação do Fé e Café Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa
Fica evidente que o programa está conseguindo alcançar e superar os seus
objetivos através do gráfico abaixo, que aponta que 73,24% (52) dos entrevistados,
entende o Fé e Café como um meio eficaz de comunicação por transmitir informações
relacionadas a fé, razão, ciência e religião. Além disso, 66,19% (47), acreditam que o
programa é um facilitador da comunicação da Igreja com o jovem e 43,66% (31)
afirmam que o programa é um meio eficaz de comunicação por ser divertido e ter
dinâmica atrativa.
O entrevistado Fernando Josué Ferreira afirma que através do programa, pôde
conhecer melhor a Igreja, suas ideias e convicções. Ele conclui, afirmando que o Fé e
Café contribui para o jovem ter uma ideia melhor sobre o todo da Igreja, mas acredita
que é preciso uma busca extra por conhecimento da parte dos católicos, algo que vá
além do programa.
A jovem Patrícia Macedo, afirma em sua entrevista, que o Fé e Café propõe um
jeito novo da Igreja se comunicar com o jovem e que isso o torna ainda mais eficaz
enquanto meio de comunicação. Ela ressalta que o programa foge dos meios
71
convencionais de convidar o jovem para ir à Igreja, na missa ou no grupo de oração,
com os assuntos tratados ele instiga a pessoa, que é atraida a ir na Igreja.
Gráfico 10: Outros motivos da eficácia da comunicação do Fé e Café Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa
Dentre os outros motivos apontados, que tornam o Fé e Café um meio eficaz de
comunicação da Igreja com os jovens, estão a música e o ambiente, com 33,33% (1),
ter uma cara jovem, com 33,33% (1) e por trazer a opinião da Igreja sem deixar de
considerar a opinião do jovem, com 33,33% (1).
4.5.5 Formatação
Conforme os gráficos acima citaram, o Fé e Café está conseguindo alcançar os
seus objetivos por ter um ambiente atrativo e uma linguagem adaptada ao público alvo,
que são os jovens. A formatação do programa foi pensada estrategicamente, para ter
um feedback positivo. Assim, através das entrevistas em profundidade com o
72
idealizador do programa, e com os dois (2) jovens membros da equipe, foi possível
identificar o processo de criação do ambiente e da dinâmica apresentada.
Ambiente descontraído, com almofadas, tatames, puffs e canecas
personalizadas com a marca do programa, o Fé e Café foi pensado para ser atrativo ao
seu público de interesse, os jovens. Em sua entrevista, o Padre Leomar afirmou que a
ideia do programa foi dele, mas quem a colocou em prática, pensou e formatou o
ambiente foram os jovens da paróquia. A entrevistada Patrícia Macedo, foi uma das
primeiras jovens paroquianas a ser chamada para auxiliar na formatação do Fé e Café.
Assim, ela relata que no momento em que o Padre Leomar apresentou a proposta do
programa para ela e a questionou se aceitaria ajudar na formatação, não houve outra
resposta a não ser sim. A partir disso, ela, juntamente com outros jovens que
participavam da paroquia, iniciou o processo de identidade visual. A parte gráfica do Fé
e Café foi desenvolvida pela jovem Mariana Carrer, estudante de Publicidade e
Propaganda, na época, que, porém, não faz mais parte da equipe. Segundo a Patrícia,
a primeira peça gráfica desenvolvida foi a logomarca do programa Figura 1, que
necessitava ser jovem, atraente e representar o nome Fé e Café. Após a logomarca,
foram surgindo outras ideias para compor o conjunto estético, como as xícaras Figura 2
e almofadas Figura 3, os puffs Figura 4 e os tatames Figura 5. Logo depois veio a ideia
de confeccionar camisetas com a logomarca para a utilização dos apresentadores
Figuras 6, e a equipe de vídeo, que é responsável em ir às ruas falar com as pessoas.
Outros itens como luzes coloridas, foram pensados para deixar o ambiente ainda mais
estilizado.
Para o Padre Leomar, a identidade visual do programa é um fator determinante
para o sucesso obtido, pois o ambiente é direcionado totalmente ao jovem, deixando-o
a vontade para perguntar. A percepção de Brustolin pode ser confirmada pela pesquisa
quantitativa, que aponta mais de 90,55% (65) dos entrevistados satisfeitos com a
estrutura física do programam, conforme gráfico abaixo:
73
Gráfico 11: Estrutura Física Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa
Figura 1: Logomarca Fé e Café Fonte: Arquivo Fé e Café
74
Figura 2: Canecas personalizadas Fonte: A autora
Figura 3: Almofadas personalizadas Fonte: Arquivo Fé e Café
75
Figura 4: Puffs Fonte: A autora
Figura 5: Tatames Fonte: A autora
76
Figura 6: Apresentadores Fonte: Arquivo Fé e Café
Após a produção da identidade visual, a equipe organizadora pensou a
cronologia do programa, e o que mais poderia ser acrescentado para atrair o jovem.
Assim, além da conversa sobre os assuntos propostos, o Fé e Café possui música ao
vivo, com bandas jovens Figura 7, um vídeo introdutório ao assunto Figura 8, em que
jovens da equipe organizadora vão as ruas questionar a população a respeito do tema
que será abordado nas edições, numa linguagem simples e acessível a todos. Durante
o programa todos são livres para expor suas opiniões, através do microfone, ou papéis
que ficam disponíveis para os mais tímidos.
Na pesquisa quantitativa, fica evidente a satisfação dos jovens em relação a
dinâmica do programa. 47,89% (34) dos entrevistados apontam os conteúdos
abordados como bons e 40,85% (29) julgam os conteúdos muito bons, conforme gráfico
abaixo:
77
Gráfico 12: Conteúdos abordados Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa
O programa acontece mensalmente, no último domingo de cada mês. Percebe-
se a simpatia dos jovens pelo Fé e Café através do gráfico a seguir, que demonstra
uma considerável parcela dos entrevistados, insatisfeita com somente uma edição
mensal, 16,9% (12).
Gráfico 13: Periodicidade Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa
78
Em todas as edições do programa se apresentam bandas com músicos jovens,
que tornam o ambiente mais agradável e atrativo. Isso pode ser confirmado pelo gráfico
abaixo, indicando que 90,14% (64) dos jovens entrevistados consideram a música ao
vivo no programa algo bom ou muito bom.
Gráfico 14: Música ao vivo Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa
Com o intuito de tornar o ambiente dinâmico, para iniciar o diálogo a respeito dos
assuntos determinados, é apresentado um vídeo que busca entrevistar pessoas nas
ruas ou profissionais da área relacionada ao tema, para darem sua opinião. O vídeo
geralmente é interativo e possui um cunho humorístico. A maioria dos entrevistados,
57,75% (41) avalia o vídeo apresentado como muito bom e apenas 4,23% (3) apontam
como regular.
79
Gráfico 15: Vídeo Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa
Em relação ao espaço para fazer as perguntas, a grande parte dos entrevistados
81,69% (58), consideram bom ou muito bom. Porém, há uma parcela considerável,
16,9% (12) que aponta esse aspecto como regular.
Gráfico 16: Espaço para perguntas Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa
80
Em relação à abordagem dos temas discutidos nas edições, a maioria dos
entrevistados, 46,48% (33) aponta como muito bom, 38,03% (27) como bom e apenas
14,08% (10) consideram a abordagem regular. A partir desse resultado, pode-se afirmar
que o programa adota uma linguagem compreensível a todos e interage com as
opiniões expostas.
Gráfico 17: Abordagem dos temas Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa
Figura 7: Banda Fonte: Arquivo Fé e Café
81
Figura 8: Vídeo Fonte: Arquivo Fé e Café
Dentre tantos aspectos, pode-se dizer que o programa Fé e Café é um meio de
comunicação dirigida, e pode ser classificado como aproximativo, pois, como já foi
relatada no capítulo primeiro dessa pesquisa, de acordo com Kunsch (2003), a
comunicação dirigida aproximativa é aquela que busca aproximar o público da
organização, podendo ser praticada através de visitas às instalações da empresa, ou
eventos que sejam relevantes ao público de interesse. No caso do Fé e Café, a
paróquia buscou um evento para proporcionar essa interação relacional com a
juventude. Kunsch (2003) também ressalta que a comunicação dirigida, por ser
direcionada a um público específico, deve ter adaptação da linguagem e dos meios
utilizados para atingir o público que se deseja. A partir disso, é possível entender o
porquê do sucesso do programa.
4.5.6 Comunicação
Em relação à divulgação do Fé e Café, os meios utilizados são as missas na
Catedral, como também em outras paróquias, no grupo de jovens, eventualmente na
82
rádio São Francisco, que proporciona espaços para falar a respeito dos assuntos
abordados em determinadas edições e nas redes sociais, através da fan page do
programa, Figura 9. Outra forma bastante eficaz de divulgação do programa é através
do boca a boca.
Na pesquisa quantitativa foram avaliados esses veículos de divulgação, e os dois
mais utilizados pelos participantes são a missa e o convite de amigos, empatados com
43,66% (31). A partir disso, pode-se explicar o fato de 95,77% (69) dos entrevistados
serem católicos.
Gráfico 18: Divulgação do programa Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa
A Catedral possui um portal na internet que abrange também a divulgação do Fé
e Café. Nessa plataforma é possível ter acesso às gravações dos programas, os vídeos
sobre as temáticas, a síntese do debate, fotos e acesso às edições mais antigas8. Em
virtude de o canal ser algo recente, não entrou na pesquisa quantitativa. Além disso, o
programa é transmitido ao vivo através da webtv, acessada pelo portal da Catedral. De
acordo com Vinicius Bacichetto, em sua entrevista em profundidade, o jovem afirma que
o programa ganhou abrangência regional a partir do momento que se iniciou a
transmissão ao vivo.
8 Disponível em <http://catedraldecaxias.org.br/catedral-mais-jovem/fe-e-cafe->. Acesso em 25 de maio
de 2014.
83
Antigamente, o programa possuía um blog que, por falta de manutenção, acabou
sendo migrado para a fan page e o portal da Catedral.
Figura 9: Fan Page do Fé e Café Fonte: A autora
4.5.7 Temas já abordados
Os assuntos que já foram abordados no programa são: A Igreja e a Mulher;
Aborto, eutanásia e pena de morte; Apocalipse; Criação ou evolução?; Cruzadas e
Inquisição; A renúncia do Papa; Jesus Cristo e os evangelhos apócrifos;
Homossexualismo e homofobia; Há vida após a morte?; Contexto atual da
Igreja; Milagres existem?; A fé pode curar?; Fé e ateísmo; Exorcismo e
possessão; Para onde vai o dinheiro da Igreja?; Ressurreição ou reencarnação?; Se
Deus existe por que o mal?; Sexualidade e Cristianismo; Muitas religiões e um só
Deus?; A visita do Papa Francisco ao Brasil; Como ocorreu o nascimento de Jesus? Fé
pode mesmo curar? House: O que há por trás do desencantamento religioso, em
House? Fé, razão, Ciência e Religião: Teólogos e Cientistas em debate.
84
Dentre tantos temas já abordados os mais citados na pesquisa quantitativa
foram: A fé pode mesmo curar, com 9,86% (7) e Para onde vai o dinheiro da Igreja, com
7,04%(5).
Gráfico 19: Temática que mais gostou Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa
A partir de todos os dados coletados e analisados, pode-se dizer que o Fé e Café
traz uma nova visão da Igreja para o público jovem. Uma Igreja que até então era vista
como antiga, atrasada, a partir do programa, pode ser percebida com outra ótica.
Ocorre uma ressignificação da sua imagem perante os jovens.
85
Em todas as etapas do processo de construção do programa, percebe-se que o
profissional de Relações Públicas poderia e deveria estar presente em todas elas,
atuando de forma a planejar a comunicação e identificar os melhores meios para falar
com o público-alvo.
86
5 CONSIDERAÇOES FINAIS As Relações Públicas na Igreja parece ser algo novo. Trabalhar a imagem dela
perante seus públicos, planejar e gerenciar a sua comunicação organizacional, também
é algo pouco exercido atualmente. Porém, a partir do estudo apresentado, fica evidente
que o profissional de Relações Públicas pode exercer suas funções dentro de uma
organização como a Igreja Católica. Além disso, percebe-se que a Igreja pode melhorar
ainda mais a sua comunicação e que isso é um desejo dela.
O proposito de Lee, em fazer uma comunicação transparente, aberta e livre de
propagandas, vem ao encontro da forma que as Relações Públicas devem atuar dentro
das organizações, sobretudo, na Igreja Católica, instituição objeto de investigação neste
estudo. Há muitas riquezas da Igreja que o mundo não conhece, e ao tratar aqui do
termo “riquezas”, não está se levando em conta o sentido capitalista, mas sim o sentido
social. O profissional de Relações Públicas deve tratar com transparência todas as
ações executadas por parte da Igreja, sejam os momentos de crise, ou até mesmo, e
principalmente, suas ações caritativas. Deve tornar conhecido àquilo que para muitos é
desconhecido. Com base nisso, pode-se dizer que o Papa Francisco, é um verdadeiro
profissional de Relações Públicas. É notória a forma que ele tem conseguido
estabelecer uma comunicação eficaz, se utilizando de uma linguagem mais próxima da
realidade dos fieis, principalmente os mais pobres. O atual Papa também tem tratado
assuntos polêmicos abertamente atraindo o povo a cada vez mais voltar à vivência da
fé.
Percebe-se que o profissional de Relações Públicas tem todas as competências
para pensar a comunicação eclesial de forma estratégica, de forma a contribuir para o
anúncio do Evangelho. Para a Igreja, é necessário pensar a comunicação em uma
perspectiva que a entenda “não como um mero conjunto de tecnologias e de produtos,
mas como um verdadeiro ecossistema de relações, onde toda ação do cristão se
converte numa partilha”9. Esse desejo apresentado pela Igreja pode ser exemplificado
através do programa Fé e Café, apresentado nesse estudo, que vem mostrar
9 CNBB, A comunicação na vida e missão da Igreja do Brasil, 2011, n. 25.
87
concretamente, uma das formas que a Igreja pode se comunicar com seus públicos. O
Fé e Café, por promover o envolvimento e a interação entre as pessoas, é uma
ferramenta estratégica de comunicação entre a Igreja Católica e o público jovem, pois,
ele propicia momentos para dialogar com os fiéis e escutar seus pontos de vista, da
mesma forma que expõe os seus.
Diante da realidade da comunicação da Igreja Católica com os jovens, acredita-
se que este trabalho foi de grande relevância, tanto para os estudos da comunicação
social, como para a Igreja Católica, e, mais especificadamente, para a Paróquia Santa
Teresa, de Caxias do Sul. Assim, através deste estudo monográfico, respaldado por um
estudo de caso local, foi possível mostrar as estratégias que a paróquia em questão
vem estabelecendo para constituir uma comunicação assertiva com os jovens da
Diocese de Caixas do Sul.
Como foi visto no capítulo 3, nem sempre a Igreja Católica se posicionou de forma
favorável em relação aos meios de comunicação social, obviamente que não pelo fato
dos meios serem ruins, mas pela cautela de anunciar somente o que era vontade de
Deus. Percebe-se que hoje se está vivendo um tempo propício para a comunicação
eclesial, e que a Igreja nunca esteve tão aberta para os meios de comunicação. Através
dos portais na internet, dos grandes eventos com a juventude e com a presença do
papa Francisco, fica possível visualizar o interesse da Igreja pela comunicação. Por
isso, é preciso aproveitar esse momento para alavancar a comunicação paroquial,
aquela que é base para toda a comunicação da Igreja.
O programa Fé e Café trouxe outra perspectiva para a comunicação paroquial.
Demonstra uma iniciativa de sucesso para o relacionamento da Igreja, enquanto
paróquia, com o público jovem, aquele que ajudará a construir a Igreja de amanhã. São
iniciativas como essas, que promovem o vínculo dos fiéis com a paróquia que devem
ser investidas. Assim, afirma-se que o profissional de Relações Públicas pode contribuir
fortemente para a comunicação eclesial, através do planejamento, do estudo dos
públicos, da promoção e organização dos eventos, do gerenciamento das redes sociais,
entre outras funções designadas a esse profissional.
Ao final dessa pesquisa pode-se dizer que o objetivo proposto de verificar a
forma que as Relações Públicas podem facilitar a comunicação da Igreja Católica com o
88
público jovem, foi atingido. As hipóteses elaboradas para responder a questão
norteadora foram confirmadas. A primeira hipótese afirma que As Relações Públicas
possuem habilidades e competências para gerenciar a comunicação entre a Igreja
Católica – Paróquia Santa Teresa – e o público jovem. Isso pode ser evidenciado
através das funções do profissional, relatadas no capítulo 2, e das necessidades da
Igreja em relação à comunicação, descritos no capítulo 3. Assim, o profissional de RP,
pode auxiliar a Igreja Católica, através da comunicação paroquial, a desenvolver
estratégias de comunicação com seus públicos, inclusive auxiliando no
desenvolvimento de programas como o Fé e Café.
A segunda hipótese afirma que A comunicação social na Igreja Católica tem se
tornado fator fundamental para a sua aproximação com o público jovem. Através desse
estudo, é notória a confirmação dessa hipótese. Conforme foi abordado ao longo da
fundamentação teórica, a Igreja deve se fazer presente nos atuais meios de
comunicação, em virtude dos jovens serem os usuários mais assíduos deles. Além
disso, através das entrevistas em profundidade realizadas com os jovens participantes
do programa Fé e Café, fica clara a aproximação da Igreja para com eles através desse
instrumento de comunicação. Assim, é de fundamental importância que a Igreja, através
das paróquias, possa investir na comunicação com a juventude, pois eles são
formadores de opinião e constituirão a Igreja de amanhã.
Através do estudo de caso pode-se perceber o avanço relacional que a Igreja
desenvolveu com os jovens. Todos os entrevistados na pesquisa, afirmaram que se
aproximaram mais da Igreja, em nível de conhecimento e vivência, através do programa
Fé e Café. Isso demonstra que eventos como esse contribuem para o relacionamento
da Igreja com seus públicos. O case apresentado aqui tem como público alvo os jovens,
porém, poderiam ser pensados programas desse estilo para os demais públicos. Assim,
o papel do RP seria fundamental para adaptar e desenvolver programas como o Fé e
Café direcionado para outros públicos.
Em suma, o campo da comunicação na Igreja é grande, e deve ser explorado e
aproveitado de forma ética para melhor contribuir com o anúncio do evangelho. A
seguinte citação finaliza esse estudo “[...] Olhar com os olhos da fé a mídia, significa
reconhecer por certo, os seus limites, porém, ainda mais, a sua potencialidade e agir de
89
maneira que se torne um recurso concreto para a missão da Igreja” (CNBB, A
comunicação na vida e missão da Igreja no Brasil, n. 23).
O profissional de Relações Públicas que pretende se dedicar à comunicação na
Igreja deve olhá-la com os olhos da fé, capaz de reconhecer suas ameaças e fraquezas
e potencializar suas forças e oportunidades.
90
REFERÊNCIAS
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93
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO APLICADO NA PESQUISA DE OPINIÃO
Prezado(a) Senhor(a),o questionário apresentado servirá de fonte de informações para o trabalho de conclusão de curso, graduação em "Comunicação Social – Habilitação em Relações Públicas". Assim, o preenchimento dos dados será muito importante para que sejam respondidas questões relevantes sobre o programa Fé e Café.
Obrigado pela sua colaboração!
PESQUISA DE OPINIÃO PÚBLICA
1. Sexo: Masculino ( ) Feminino ( )
2. Idade: Menos de 18 anos ( ) De 18 a 25 anos ( ) De 26 a 35 anos ( ) 3. Estado Civil: Casado/União Estável ( ) Solteiro ( ) Viúvo ( ) Divorciado ( ) 4. Qual é o seu nível de instrução? Ensino Fundamental (completo ou em andamento) ( ) Ensino Médio (completo ou em andamento) ( )
Ensino Superior (completo ou em andamento) ( )
Pós-graduação – Especialização, Mestrado, Doutorado, outros. (completo ou em andamento) ( )
5. Como você ficou sabendo do Fé e Café? Convite de amigo(s) ( ) Divulgação na missa ( ) Rádio ( ) Internet ( )
Outro(s). Qual?_________________________________________
6. Qual é a sua religião?
( ) Católico ( ) Evangélico ( ) Espírita ( ) Não possuo religião
Outro(s). Qual?_________________________________________
7. Caso sua resposta seja católico na questão anterior, responda, você participa de alguma
paróquia (comunidade)?
Sim ( ) Qual?___________________________________________
Não sou praticante ( )
Universidade de Caxias do Sul Comunicação Social – Habilitação em Relações Públicas
Monografia II
94
8. De quantas edições do programa Fé e Café você já participou?
É a primeira vez que participo ( ) 2 a 5 ( ) 6 a 10 ( ) 11 ou mais ( )
9. Em que grau você avalia o programa Fé e Café como um meio eficaz de comunicação entre a
Igreja e o jovem?
Muito Ruim ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Muito Bom ( )
Caso você tenha respondido “bom” ou “muito bom” na questão anterior, responda a questão 10, caso
contrário, passe para a questão 11.
10. Em sua opinião, porque o Fé e Café pode ser considerado um meio eficaz de comunicação
entre a Igreja e o jovem? (Nesta questão pode se marcar mais de uma alternativa)
Por facilitar a aproximação da Igreja com o público jovem ( )
Por transmitir informações sobre a relação entre fé, religião e ciência e outros assuntos pertinentes ( )
Por ser divertido e possuir dinâmica atrativa ( )
Outro ( ) Qual? ___________________________________________
11. Como você avalia os conteúdos abordados pelo Fé e Café? Muito Ruim ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Muito Bom ( )
12. Como você avalia a periodicidade do programa Fé e Café? Muito Ruim ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Muito Bom ( )
13. Como você avalia a estrutura física (tatames, puffs, café, canecas etc.) do programa? Muito Ruim ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Muito Bom ( )
14. Como você avalia as dinâmicas de interação utilizadas pelo programa? Julgue os itens abaixo: Música ao vivo - Muito Ruim ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Muito Bom ( )
Vídeo - Muito Ruim ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Muito Bom ( )
Espaço para perguntas - Muito Ruim ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Muito Bom ( )
Forma de abordagem das temáticas - Muito Ruim ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Muito Bom ( )
15. Qual a temática apresentada que você mais gostou?_____________________________________________ Não lembro ou não tenho opinião ( ) 16. Deixe aqui seus comentários, críticas ou sugestões para o programa. ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Obrigada pela sua colaboração!
95
APÊNDICE B – CD COM OS ÁUDIOS DAS ENTREVISTAS
96
APÊNDICE C – CD COM O PROJETO DE MONOGRAFIA I