UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE ENFERMAGEM DE RIBEIRÃO PRETO
DELAINE BORIN GIBELI VIANA
Ferramentas virtuais como recursos didático-pedagógicos
complementares na graduação presencial em enfermagem: uma
revisão sistemática da literatura (2006 a 2017)
Ribeirão Preto
2018
DELAINE BORIN GIBELI VIANA
Ferramentas virtuais como recursos didático-pedagógicos complementares
na graduação presencial em enfermagem: uma revisão sistemática da
literatura (2006 a 2017)
Versão Corrigida
(Versão original encontra-se na unidade que aloja o Programa de Pós-graduação)
Dissertação apresentada à Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Mestre em Ciências, pelo Programa de Enfermagem Psiquiátrica. Linha de Pesquisa: Educação em Saúde e Formação de Recursos Humanos Orientadora: Profa. Dra. Sonia Maria Villela Bueno Coorientadora: Profa. Dra. Marta Cristiane Alves Pereira
Ribeirão Preto 2018
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio
convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a
fonte.
Viana, Delaine Borin Gibeli Ferramentas virtuais como recursos didático-pedagógicos
complementares na graduação presencial em enfermagem: uma revisão sistemática da literatura (2006 a 2017). Ribeirão Preto, 2018.
90 p. : il. ; 30 cm Dissertação de Mestrado, apresentada à Escola de Enfermagem de
Ribeirão Preto/USP. Área de concentração: Enfermagem Psiquiátrica. Orientador: Sonia Maria Villela Bueno Coorientador: Marta Cristiane Alves Pereira
1. Graduação Presencial em Enfermagem. 2. Ferramentas Virtuais.
3.Tecnologia. 4.Educação. 5.Educação a Distância.
VIANA, Delaine Borin Gibeli Ferramentas virtuais como recursos didático-pedagógicos complementares na graduação presencial em enfermagem: uma revisão sistemática da literatura (2006 a 2017)
Dissertação apresentada à Escola de
Enfermagem de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo, para obtenção do
título de Mestre em Ciências, Programa de
Pós-Graduação Enfermagem Psiquiátrica.
Aprovado em _______/_______/_______.
Comissão Julgadora
Prof. Dr._____________________________________________________________
Instituição:___________________________________________________________
Prof. Dr._____________________________________________________________
Instituição:___________________________________________________________
Prof. Dr._____________________________________________________________
Instituição:___________________________________________________________
Dou graças ao bondoso e amado Deus por ter me permitido chegar até aqui, e digo Ebenézer, pois, até aqui, o Senhor me sustentou.
A minha amável e formidável Vó Nair que me ensinou e criou nos caminhos do Senhor.
Aos meus amados, verdadeiros e genuínos pais, Afonso e Silvia, vocês são grandes tesouros e
exemplos para mim, sempre me apoiando e me ajudando sem medir esforços, minha eterna gratidão e admiração.
Ao meu eterno namorado, meu esposo Fernando Viana, por quem tenho toda gratidão e
amor, obrigada por participar e me apoiar para este sonho.
Aos amores da minha vida, Fernando Leonardo, Lucas e Matheus, adoráveis filhos que Deus me presenteou com a graça de ser sua mãe. Vocês são a razão da minha vida, obrigada
pela paciência, pelo carinho e pela atenção.
AGRADECIMENTOS
“Somente crer, somente crer, tudo é possível, somente crer...”. William Marrion Branham
Primeiramente, a Deus, por seu infinito amor para conosco, por todas as bênçãos derramadas na minha vida, pelos meus avós, pais, esposo, filhos, irmãos, amigos e irmãos de fé.
À minha querida professora doutora Sonia Maria Villela Bueno, a qual tenho o prazer de
chamá-la de “Soninha”. Pessoa maravilhosa, boníssima, humana, agradeço pelas portas abertas à carreira acadêmico - científica. Como é bom ter a senhora por perto, ensinando,
orientando, permitindo construção de conhecimentos conjuntamente, muito além daqueles que achamos possíveis, tanto conhecimentos específicos quanto conhecimentos de vida e para
a vida, sempre nos dando forças com seu exemplo de vida.
À minha admirável coorientadora professora doutora Marta Cristiane Alves Pereira, que me acolheu de braços abertos, compartilhando comigo toda sua experiência e bagagem com o tema que tanto gosto “educação”, muito me ensinou, contribuindo para meu crescimento
científico e intelectual.
À minha amiga Helcimara Affonso de Souza, pelos ensinamentos construídos em nossa profissão, dotada de uma sabedoria inigualável, agradeço pela amizade, pela riqueza de seus
conhecimentos, pelo seu tempo disponível e apoio.
À minha amiga Érika Michela Carlos que me apoiou e me ajudou na revisão deste trabalho, sua ajuda e apoio foram muito importantes para mim. Com todo o carinho e de coração eu
agradeço.
À minha amiga Cristiana Bueno de Almeida com quem tive a oportunidade de trabalhar, obrigada por acreditar que eu poderia fazer este trabalho, empenhando da melhor forma
possível.
À Profa. Dra. Luciana Mara Monti Fonseca, pelo cuidadoso acompanhamento desde o meu exame de qualificação. Meu respeito e admiração.
À bibliotecária Márcia Santos, pelo acompanhamento minucioso no processo de busca nas
bases de dados, que por diversas vezes me orientou, ajudou e realizou juntamente comigo as buscas nas bases de dados.
Aos meus irmãos David e Daniel, e as minhas cunhadas Adriana e Alice, obrigada pelo
carinho e apoio e por torcerem tanto pelo meu sucesso.
À minha sogra Dona Ana Viana e cunhada Vania Viana, obrigada pela paciência, por compreenderem os momentos de ausência.
A todos os amigos que acompanharam a minha trajetória profissional na Estácio/Uniseb,
sou muito grata, e no momento escuso-me não citar nomes para não esquecer alguns. Todavia, carrego todos comigo em pleno deleite.
Às minhas amigas Ariane Matias, Carol Correa, Laís Amaro, Adriana Marques e Vânia Cláudia Spot Caran, por me apoiarem e torcerem pelo sucesso e conclusão desse trabalho.
Aos amigos Elton Carlos de Almeida e José Renato Gatto Júnior, pela amizade e pelo apoio
nesta pesquisa.
A todos meus amigos que conquistei ao longo deste ano da EERP-USP: Mara, Elton, José Renato, Emiliana, Débora, Elaine, Marília, Raquel, Clicie, Carlos, Sabrina, Valéria,
Fátima, e Juliana – o meu maior apreço.
Ao pessoal da Secretaria do DEPCH, a todas as pessoas da Secretaria de Pós-Graduação e, em especial, à Adriana Borela, agradeço, carinhosamente.
As minhas profundas congratulações a todas as pessoas que direta ou indiretamente
acreditaram e me ajudaram nesta trajetória tornando-a possível. Tudo é possível, somente crer e querer.
A vocês, muito obrigada!
RESUMO
VIANA, D. B. G. Ferramentas Virtuais como recurso didático-pedagógico complementar na graduação presencial em Enfermagem: uma revisão sistemática da literatura (2006 a 2017). 2018. 90f. Dissertação (Mestrado) Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, 2018.
A educação, assim como tantos outros setores, vem passando por mudanças significativas, atribuídas, sobretudo, às inovações tecnológicas surgidas nas últimas décadas. As Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s) vêm promovendo transformações na forma como se estuda, trabalha e relaciona. Junto a isso, o fato de uma geração, denominada geração z, de nativos tecnológicos, ou seja, indivíduos conectados em todas as esferas de seu cotidiano. Na educação, as TIC’s rompem com aspectos de tempo e espaço, facilitando as relações de comunicação no processo de ensino aprendizagem. Isso implica uma reflexão sobre o aprender e o ensinar dentro e fora da sala de aula. A internet possui algumas ferramentas utilizadas diariamente pela maioria dos internautas, as quais possibilitam a comunicação e interação. Dentre tais ferramentas, pode-se destacar o fórum de discussão, utilizado na interação professor – aluno e aluno – aluno. Assim, esse trabalho teve por objetivo investigar a utilização de ferramentas virtuais de aprendizagem como uso complementar e auxiliar no curso de graduação presencial em Enfermagem. Para tanto, a pesquisa adotou como estratégia metodológica a revisão sistemática da literatura, por meio da busca de dados no período de 2006 a 2017 e foi norteada pelo método PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses). A aplicação da estratégia PICo buscou responder os objetivos específicos. Incluiu-se como base de dados para a pesquisa: Lilacs, Web Of Science, BDENF e PubMed. A pesquisa, foi realizada em etapas de afunilamento com base nos descritores, identificadas como tal pelo título, logo após o abstract ou resumo e por último a leitura do artigo na íntegra, resultou em uma amostra de oito estudos dos quais foram possíveis identificar as ferramentas virtuais utilizadas pelos alunos e professores como complementariedade ao ensino no curso de graduação presencial em Enfermagem. De acordo com as reflexões a partir de análises dos usos e com base na literatura pesquisada, encontramos subsídios para compreender a relevância e importância dessas ferramentas virtuais. Trata-se, portanto, de uma estratégia eficaz na interação e na comunicação dos envolvidos na educação na atualidade.
Palavras-chave: Graduação Presencial em Enfermagem. Ferramentas Virtuais. Tecnologia. Educação. Educação à Distância.
ABSTRACT
VIANA, D. B. G. Virtual tools as complementary didactic-pedagogical resource in face-to-face graduation in Nursing: a systematic review of the literature (2006 to 2017). 2018. 90f. Dissertação (Mestrado) Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, 2018.
Education, like so many other sectors, has undergone significant changes, attributed, above all, to the technological innovations that have emerged in recent decades. The Information and Communication Technologies (ICTs) have been promoting transformations in the way one studies, works and relates. Along with this, the fact of a generation, called generation z, of technological natives, that is, individuals connected in all spheres of their daily life. In education, ICTs break with aspects of time and space, facilitating communication relations in the process of teaching learning. This implies a reflection on learning and teaching in and out of the classroom. The internet has some tools used daily by most Internet users, which enable communication and interaction. Among such tools, it is possible to highlight the discussion forum, used in the interaction teacher-student and student-student. Thus, this study aimed to investigate the use of virtual learning tools as complementary and auxiliary use in the undergraduate nursing course. To do so, the research adopted as a methodological strategy the systematic review of the literature, through the search of data from 2006 to 2017 and was guided by the PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyzes) method. The implementation of the PICo strategy sought to respond to the specific objectives. It was included as a database for the research: Lilacs, Web Of Science, BDENF and PubMed. The research was carried out in phases of bottleneck based on the descriptors, identified as such by the title, after the abstract and lastly the reading of the article in its entirety, resulted in a sample of eight studies of which it was possible to identify the virtual tools used by students and teachers as complementary to face-to-face teaching. According to the reflections based on the analysis of the uses and based on the researched literature, we found subsidies to understand the relevance and importance of these virtual tools. It is, therefore, an effective strategy in the interaction and communication of those involved in education today. Keywords: Undergraduate Nursing. Virtual Tools. Technology. Education. Distance Education.
RESUMEN
VIANA, D. B. G. Herramientas Virtuales como recurso didáctico-pedagógico complementario en la graduación presencial en Enfermería: una revisión sistemática de la literatura (2006 a 2017). 2018. 90f. Dissertação (Mestrado) Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, 2018.
La educación, así como tantos otros sectores, pasa por cambios significativos, debido, principalmente, a las innovaciones tecnológicas surgidas en las últimas décadas. Las Tecnologías de la Información y la Comunicación (TIC) promueven transformaciones en la forma como se estudia, trabaja y se relaciona, aparte der surgimiento de una generación, denominada generación z, de nativos tecnológicos, o sea, individuos conectados en todas las esferas de su cotidiano. En la educación, las TIC's rompen los aspectos de tiempo y espacio y facilita, así, las relaciones de comunicación en el proceso de enseñanza aprendizaje. Esto implica una reflexión sobre aprender y enseñar dentro y fuera del aula. La Internet posee algunas herramientas utilizadas diariamente por la mayoría de los internautas, las cuales posibilitan la comunicación e interacción. Entre esas herramientas, se puede destacar el foro de discusión, utilizado en la interacción profesor - alumno y alumno - alumno. Así, ese trabajo tuvo por objetivo investigar la utilización de herramientas virtuales de aprendizaje como uso complementario y auxiliar en el curso de graduación presencial en Enfermería. Para ello, la investigación adoptó como estrategia metodológica la revisión sistemática de la literatura, a través de la búsqueda de datos en el período de 2006 a 2017 y fue guiada por el método PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews y Meta-Analyses). La aplicación de la estrategia PICo buscó responder a los objetivos específicos. Se incluyó como base de datos para la investigación: Lilacs, Web of Science, BDENF y PubMed. La investigación, realizada en estrechamiento con base en los descriptores, identificados como tal por el título, luego del abstract o resumen y por último la lectura del artículo en su totalidad, resultó una muestra de ocho estudios de los cuales fue posible identificar las herramientas virtuales utilizadas por los alumnos y profesores como complementariedad a la enseñanza presencial. De acuerdo con las reflexiones a partir de análisis de los usos y con base en la literatura investigada, se encontraron subsidios para comprender la relevancia e importancia de esas herramientas virtuales. Se trata, por lo tanto, de una estrategia eficaz en la interacción y la comunicación de los involucrados en la educación en la actualidad. Palabras clave: Graduación Presencial en Enfermería. Herramientas Virtuales. Tecnología. Educación. Educación a distancia.
LISTA DE FIGURA
Figura 1 As cinco gerações da EaD......................................................
37
Figura 2 Fluxograma de Identificação dos artigos para revisão sistemática...............................................................................
60
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 8 Artigos selecionados para a amostra final...........................
70
Quadro 2
Síntese das ideias centrais referente a análise de uso das ferramentas virtuais.................................................................
72
LISTA DE TABELA S
Tabela 1 Descrição da Estratégia PICo segundo componentes existentes................................................................................
54
Tabela 2 DeCS, MeSH e Palavras-chave utilizados nas estratégias de busca..................................................................................
58
Tabela 3 Número de estudos encontrados no portal elencados por base de dados.........................................................................
61
Tabela 4 Seleção dos artigos para a leitura do título.............................
63
Tabela 5 Quantidade de artigos selecionados para a amostra final.....
65
LISTA DE SIGLAS
BDENF Base de Dados em Enfermagem
BIREME Biblioteca Regional de Medicina
BVS Biblioteca Virtual em Saúde
CAESOS Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual,
Educação Preventiva em Sexualidade, DST, Drogas, AIDS e
Violência
DeCS Descritores em Ciências da Saúde
EaD Educação a Distância
IES Instituição de Ensino Superior
LDB Lei das Diretrizes e Bases
LDBEN Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional
LILACS Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
MEC Ministério da Educação e Cultura
MEDLINE Medical Literature Analysis and Retrieval System Online
MeSH Medical Subject Headings
PRISMA Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-
Analyses
QUOROM QUality of Reporting of Meta-analyses
RS Revisão Sistemática
SciELO Scientific Electronic Library on line
TIC’s Tecnologias da Informação e Comunicação
WoS Web of Science
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
1. INTRODUÇÃO..............................................................................
18
2. 2.1 2.2 2.2.1 2.3 2.4 2.5 2.6
REVISÃO DA LITERATURA........................................................ Educação: Recorte Histórico......................................................... Ensino e Aprendizagem e as Tecnologias Midiáticas................... Ferramentas Tecnológicas e Midiáticas........................................ O papel do professor e do aluno neste contexto........................... Novas Tecnologias ....................................................................... Contextualizando a EaD na realidade brasileira: seu papel enquanto recurso didático-pedagógico no processo de ensino aprendizagem................................................................................ A importância da utilização de ferramentas virtuais no ensino e aprendizagem no curso de graduação presencial de enfermagem..................................................................................
21 22 24 27 32 36
41
45
3. 3.1 3.2
OBJETIVOS.................................................................................. Objetivo Geral................................................................................ Objetivos Específicos....................................................................
47 48 48
4. 4.1 4.1.1 4.2 4.2.1 4.2.2 4.2.3 4.2.4 4.2.5 4.2.6 4.2.7 4.2.8 4.2.9 4.2.10 4.2.11 4.2.12
METODOLOGIA............................................................................ Tipo de estudo............................................................................... Breve explicação do Método da Revisão Sistemática (RS) ......... Etapas do Processo de Revisão Sistemática................................ Definição da Questão Norteadora................................................. Definição dos Locais de Busca .................................................... Escolha dos Descritores................................................................ Estratégia de busca....................................................................... Critérios de Inclusão ..................................................................... Critérios de Exclusão..................................................................... Seleção dos artigos....................................................................... Seleção pela leitura do Título........................................................ Seleção pela leitura do Abstract/Resumo..................................... Seleção pela leitura do artigo na íntegra....................................... Extração dos dados....................................................................... Organização do material coletado.................................................
49 50 50 52 53 54 56 57 59 60 61 62 64 65 65 66
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................
67
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................
81
REFERÊNCIAS.............................................................................
83
APÊNDICE....................................................................................
89
APRESENTAÇÃO
O presente estudo originou-se da necessidade de buscar compreender e
fundamentar a existência do uso de ferramentas pedagógicas virtuais como recursos
complementares no processo de ensino-aprendizagem, em curso de graduação
presencial em Enfermagem.
Enquanto pesquisadora, sempre alimentei o desejo de entender melhor
sobre o processo de ensinar e como se dá a relação educador – educando, a
possível troca de experiências e o crescimento humano destas relações, pois como
afirma Paulo Freire (2002), ao ensinar, aprendemos um pouco e esse processo gera
crescimento humano e intelectual de todos os envolvidos no processo educacional.
Desse modo, minhas expectativas profissionais na educação tomou forma
quando pude fazer parte de um projeto em uma instituição de ensino superior que
desenvolvia um modelo de educação midiática, ensino por meio das tecnologias,
também conhecido como Educação a Distância, doravante EaD.
Quando nos identificamos com uma forma de trabalho, dedicamo-nos
ainda mais e, passada uma década, vejo o modelo de EaD não como um modismo
casual como a ótica com a qual me deparei no início, mas como uma nova
metodologia de ensinar e aprender, voltada para as minorias e para aqueles que,
geograficamente, estariam impossibilitados de adquirir conhecimento e projeção
profissional, além de crescimento intelectual. Participar desse processo, ou seja,
favorecer esse crescimento social e humano nos faz, a cada dia, mais cidadãos e
conscientes do nosso papel na sociedade.
Eu idealizava o que hoje chamamos de papel do mediador, que vislumbra
o papel do binômio professor – aluno, bem como a busca de novos conhecimentos a
fim de contribuir para a formação docente. Assim, minha primeira experiência na
docência em uma universidade foi no cargo de Tutora Especialista Pedagógica, no
qual pude aprofundar meus conhecimentos nessa área e conhecer esse universo
extremamente rico.
Tive a oportunidade de, por 04 anos, trabalhar como Assessora de
Coordenação do Curso Superior Tecnológico (CST) em Gestão da Tecnologia da
Informação, do qual solicitei a redução de carga horária com o propósito de finalizar
o mestrado e, possivelmente, iniciar o doutorado, em plena aprovação da minha
instituição, visando empenhar e contribuir nesse processo.
Atualmente, sou docente dessa mesma instituição, ministrando aulas nos
cursos de graduação: Gestão da Tecnologia da Informação, Administração,
Logística, Marketing e Gestão Comercial.
Nos últimos 10 anos, mais precisamente iniciada em 2008, meu percurso
profissional e pessoal caminharam norteadas por dois conceitos: Educação e
Tecnologia. Em 2012, incluí a Enfermagem/Saúde, área em que busquei me
aprofundar nesses conceitos.
Por gostar muito dessa temática que, para mim é desafiadora e, por
trabalhar na área da Educação, percebi a necessidade de trabalhar na área da
Saúde, mais especificamente na graduação presencial em Enfermagem.
Penso sempre em quão importante é implementar programas, situações e
fenômenos que podem ajudar o aprendizado na modalidade presencial pelo valor
que agregam à educação. Assim, acredito que a EaD veio para ajudar e contribuir
com a modalidade de ensino presencial.
Nesse sentido, tenho acompanhado, na literatura, essa valorização da
EaD para complementar o presencial em cursos de graduação, principalmente na
modalidade presencial em Enfermagem.
Dessa forma, buscando ampliar os referenciais teóricos e práticos, a
respeito das questões didático-pedagógicas, iniciamos nosso trabalho junto ao grupo
de pesquisa Centro Avançado de Educação para a Saúde e Orientação Sexual –
Educação Preventiva em Sexualidade, DST, AIDS, Drogas e Violência (CAESOS),
presidiado pela Profa. Dra. Sonia Maria Villela Bueno, na Escola de Enfermagem de
Ribeirão Preto (EERP-USP), atuando na linha de pesquisa Educação em Saúde e
Formação em Recursos Humanos.
A participação nesse grupo nos possibilitou compreender, de forma
bastante expressiva, a articulação da saúde com a educação, fazendo com que nos
despertasse ainda mais o interesse em investigar o uso de ferramentas virtuais
como complementariedade no ensino-aprendizagem no curso de graduação
presencial em Enfermagem.
Durante nossos estudos nesse grupo de pesquisa, muitas discussões
foram fomentadas através da experiência de cada um dentro desse contexto. A
participação nesse grupo e o contato com a Universidade contribuíram para a
compreensão, o amadurecimento e o entendimento quanto ao uso de ferramentas
virtuais didático-pedagógicas e como estas complementam o ensino presencial
como, por exemplo, a plataforma Moodle.
Dentro desse contexto, idealizamos uma pesquisa que buscasse a
percepção de alunos e professores em relação à utilização dessa plataforma
tecnológica. Porém, ao ingressar como aluno regular e cursar algumas disciplinas da
pós-graduação, notamos que essa plataforma é utilizada com frequência, tanto pelos
docentes quanto pelos discentes, fator que nos motivou a pesquisar mais sobre essa
utilização e funcionalidade.
As literaturas lidas e listadas nas referências bibliográficas nos remetem a
essa reflexão: o uso de ferramentas virtuais didático-pedagógico como auxílio no
processo de ensino aprendizagem em cursos de graduação presencial. Essas
ferramentas estão dentro do universo da educação a distância a partir do momento
em que se ensina e se aprende com mídias digitais, ou seja, nós estamos falando de
EaD.
Vivo o lado educar da EaD, tutoriando minhas turmas, mediando o
processo de ensino-aprendizagem, acompanhando a sua evolução, e estou convicta
de que qualquer área e segmento tem espaço para ferramentas virtuais de
aprendizagem, inclusive a área da Saúde.
Não estamos dizendo que uma graduação na área da saúde seja
realizada com êxito em uma plataforma virtual, na modalidade EaD, mas que
podemos complementar os estudos, como por exemplo utilizando o fórum e grupos
de discussão, a disseminação do conhecimento entre esses grupos.
Tais indagações vieram ao encontro do desenvolvimento desta
dissertação de mestrado, cujo tema escolhido para a presente pesquisa relaciona-se
com a investigação na base de dados sobre a existência de ferramentas virtuais
como estratégias alternativas e complementares no processo de ensino-
aprendizagem, em curso de graduação presencial em Enfermagem.
18
1 INTRODUÇÃO
Introdução 19
“É paradoxal. Nós lutamos para reduzir a duração do trabalho e, ao mesmo tempo, aceitamos obrigações mais numerosas que devoram muito mais do que o tempo livre anteriormente conquistado” (GROSSIN, 1996, p. 221).
De acordo com a história, o mundo, a sociedade, vêm sofrendo
alterações. Com isso, percebemos a evolução das diferentes áreas do
conhecimento, as quais se encontram inseridas no contexto da própria evolução da
sociedade, considerando as mudanças que foram impactadas por eventos, como,
por exemplo, nas esferas educacional, política, econômica e cultural.
Essas constantes transformações nas mais diversas áreas que o mundo
vem passando, podendo citar a economia, a política e o social onde essas se tornam
grandes desafios à humanidade, vivenciar o conhecimento e a globalização. Junto
disso, as Tecnologias da Informação e Comunicação, termo conhecido por TIC’s,
estão em diversos âmbitos da sociedade. Na educação não é diferente, gerando
mudanças no processo de ensino e aprendizagem (WEBER; BEHRENS, 2010).
As TIC’s são ferramentas de apoio onde contribui para superar as
desigualdades e a inclusão social. Os espaços digitais / virtuais oferecem
possibilidades onde afeta a vida das pessoas, sejam no âmbito familiar, profissional
ou educacional, afinal a sociedade atual, tem vivenciado a revolução dos recursos
tecnológicos em todos os seus campos, entre eles o da educação (MORAN, 2013).
Essa revolução, ainda segundo Moran (2013), afeta diretamente tanto as
atividades ligadas ao trabalho quanto a educação e a formação. Assim, as
ferramentas tecnológicas, podem criar um ambiente cultural e educativo, afim de
proporcionar diversas formas de adquirir o conhecimento e o saber.
A educação também se transformou, principalmente pelo avanço das
novas TIC’s, cujo uso foi inserido no cotidiano da nossa sociedade para atender às
novas demandas. Foram várias mudanças que a tecnologia trouxe para a
comunicação, para a interação, acesso a informação e à virtualização, e estas são
as protagonistas de mudanças no comportamento das pessoas e das suas relações
sociais.
Como resultado, as instituições educacionais se adaptaram as novas
demandas, desenvolvendo processos educativos com o apoio e uso das tecnologias
educacionais. A sociedade, e mais precisamente os educadores, estão se
adaptando ou tem se adaptado com essas novas linguagens educacionais providas
pelos meios de comunicação, onde trazem informações diferentes e a velocidade
Introdução 20
que ocorrem são constantes (MORAN, 2013).
Na educação, tais mudanças implicam em repensar currículo e técnicas
de ensinar voltadas ao aprender, desconstruindo métodos para construir novas
formas de aprendizagem, tendo o foco no aluno e em sua projeção de autonomia.
Esse processo visa, também, fazer com que o aprendiz contribua com seu próprio
processo de crescimento e formação intelectual, adquirindo conhecimentos básicos,
conhecimentos científicos e condições de utilizar as diferentes tecnologias
educacionais.
Com isso, o impacto das novas TIC’s tem contribuído para a criação de
novas formas de trabalho (trabalho remoto), novos estilos de vida (Second Life1),
novos hábitos de compras (compras online), novos modelos de ensino (educação a
distância e ambiente virtual de aprendizagem) e, por conseguinte, novas
ferramentas didático-pedagógicas.
Com a globalização, vimos que os profissionais envolvidos na educação
conjecturam em todos os processos da sociedade, como instrumentos
transformadores que a impactam, sejam estes econômicos, financeiros, políticos,
sociais e até educacionais. Ser um educador, hodiernamente, demanda uma postura
e uma visão ampla de todo o mundo, e de todas as mudanças que ocorrem
(WEBER; BEHRENS, 2010).
1Second Life ou como refere Gomes (2008, p. 198) “mundos virtuais imersivos” O “Second Life” usufrui da internet e da possibilidade de digitalização da realidade para criar no ciberespaço uma simulação da vida social.
21
2 REVISÃO DA LITERATURA
Revisão da Literatura 22
Para Freire (1996, p. 49)
“O progresso científico e tecnológico que não responde fundamentalmente aos interesses humanos, às necessidades de nossa existência, perdem, para mim, sua significação. A todo avanço tecnológico haveria de corresponder o empenho real de resposta imediata a qualquer desafio que pusesse em risco a alegria de viver de homens e das mulheres”.
2.1 Educação: Recorte Histórico
Conceituar a educação, apresentar algumas metodologias pedagógicas e
outros fenômenos educacionais, torna-se importante para oferecer minimamente um
panorama, contextualizado e sintetizado, do processo de surgimento das escolas e
metodologias educacionais.
No entanto, faz-necessário também, esclarecer, que este trabalho não
tem a pretensão de esgotar o assunto sobre metodologias educacionais e sim,
apresentar de forma sintetizada, algumas passagens consideradas importantes
neste processo de evolução da educação.
Segundo Saviani (2005), esse processo de evolução da educação
remonta épocas antigas, iniciadas com a pedagogia de Platão, pedagogia cristã,
logo após a pedagogia dos humanistas e a pedagogia da natureza. Com o Comênio,
e Kant o idealista, ocorreu o humanismo racionalista, que se difundiu na Revolução
Francesa, a teoria da evolução e a sistematização de Herbart-Ziller, todos resultaram
num ensinamento (SAVIANI, 2005).
Para Saviani (2005, p. 02)
“Pautando-se pela centralidade na instrução (formação intelectual) pensavam a escola como uma agência centrada no professor, cuja tarefa é transmitir os conhecimentos acumulados pela humanidade segundo uma gradação lógica, cabendo aos alunos assimilar os conteúdos que lhes são transmitidos”.
Diante do exposto, a prática da transmissão do conteúdo era feita
exclusivamente pelo professor, ocorrendo a assimilação desse conteúdo pelo aluno.
Esse processo de educação na história, persistiu no auge até segunda metade do
século XIX com o método de ensino intuitivo (SAVIANI, 2005).
No Brasil, porém, ainda pautada na centralidade de instrução, a
concepção pedagógica tradicional religiosa (1549 – 1759), inicia-se com os jesuítas,
onde implantaram os primeiros colégios contando com incentivo e subsídio da coroa
Revisão da Literatura 23
portuguesa, mediante a qual um décimo da receita obtida era destinado à
manutenção dos colégios jesuítas. Com condições favoráveis, a pedagogia católica
se instalou no país com o nome de pedagogia brasílica. De 1549 até 1759 data
marcada pela expulsão dos jesuítas, onde a pedagogia cristã sob orientação
católica, teve o domínio do ensino brasileiro (SAVIANI, 2005).
Para Saviani (2005), as correntes renovadoras, até o “movimento da
Escola Nova, às pedagogias não diretivas, a pedagogia institucional e ao
construtivismo” culminam, no que tange aprendizagem e “de como aprender, isto é,
em teorias da aprendizagem”.
Tem-se assim, uma relação de aluno e professor mais dialógica, onde
ambos são transformadores no processo de ensino aprendizagem, ambos aprendem
ao mesmo tempo que ensinam, onde esse diálogo traz uma educação
emancipadora (FREIRE, 2009).
Nessa questão, Saviani (2005, p. 2), menciona que
“O eixo do trabalho pedagógico se desloca, portanto, da compreensão intelectual para a atividade prática, do aspecto lógico para o psicológico, dos conteúdos cognitivos para os métodos ou processos de aprendizagem, do professor para o aluno, do esforço para o interesse, da disciplina para a espontaneidade, da quantidade para a qualidade”.
Saviani (2005), menciona que esta mudança de foco para o aprendizado
de ambos, permite que a escola seja “um espaço aberto à iniciativa dos alunos que,
interagindo entre si e com o professor, realizam a própria aprendizagem, construindo
seus próprios conhecimentos”. Cabe ao professor acompanhar os alunos,
auxiliando-os em seu processo de aprendizagem.
Segundo Saviani (2005, p. 3)
Se nos séculos XVII, XVIII e XIX a ênfase das proposições educacionais se dirigia aos métodos de ensino formulados a partir de fundamentos filosóficos e didáticos, no século XX a ênfase se desloca para os métodos de aprendizagem, estabelecendo o primado dos fundamentos psicológicos da educação.
Na concepção freireana, a atuação do professor deve ser de forma
problematizadora, com questionamentos acerca dos assuntos tratados, sendo com
respeito e gentileza, não tendo qualquer forma de discriminação e respeitando um
ao outro, inclusive a diversidade entre os alunos, sendo pautado na centralidade do
Revisão da Literatura 24
educando. A escola deve ser um espaço aberto à iniciativa dos alunos onde
realizam a aprendizagem interagindo com o professor, onde o professor tem um
papel importante no acompanhamento dos alunos, auxiliando-os e mediando em seu
próprio processo de aprendizagem (FREIRE, 2009).
Não se pode ensinar sem teoria assim como não se pode aprender sem a
prática, portanto, são complementares no processo de educação. A educação é
entendida como mediação da prática social, que se põe como o ponto de partida e o
ponto de chegada da prática educativa (SAVIANI, 2007).
Por parte da prática social ocorre o método pedagógico, em que o
professor e o aluno estão inseridos com diferentes posições no processo de ensino
aprendizagem, “condição para que travem uma relação fecunda na compreensão e
encaminhamento da solução dos problemas postos pela prática social” (SAVIANI,
2007).
2.2 Ensino e Aprendizagem e as Tecnologias Midiáticas
Vivenciamos todos os dias que “a sociedade está mudando nas suas
formas de organizar-se, de produzir bens, de comercializá-los, de divertir-se, de
ensinar e de aprender” (MORAN, 2013, p. 11).
Deste modo, percebemos as mais variadas mudanças em diversos
setores que a sociedade vem passando, principalmente no político, econômico e
social. Com isso, vivenciamos o desenvolvimento tecnológico também das áreas de
informática e telecomunicação, onde o acesso às informações são mais rápidas e
precisa, podendo se ter acesso na busca e na produção de conhecimentos.
Para muitos, a forma de ensinar hoje não se justifica mais, levando a
escola a repensar as suas práticas pedagógicas. Tanto professores como alunos
buscam um novo modelo de ensino que atenda aos desafios do presente.
Para Moran (2013, p. 63)
“Ensinar com as novas mídias será uma revolução, se mudarmos simultaneamente os paradigmas convencionais do ensino, que mantêm distantes professores e alunos. Caso contrário conseguiremos dar um verniz de modernidade, sem mexer no essencial”.
As TIC’s permitem transcender o conceito de sala de aula, amplia o
Revisão da Literatura 25
espaço e o tempo com os alunos, podendo estabelecer novas pontes entre o
presencial e o virtual, onde ambos estão conectados pela educação a distância
(MORAN, 2013).
Ensinar e aprender é sempre um desafio que enfrentamos em todas as
eras e épocas. Depois de muito tempo passamos pelo trajeto do modelo de gestão
industrial para o da informação e do conhecimento. O ensinar não depende apenas
das tecnologias, são um conjunto de fatores, onde alunos e professores utilizam as
novas tecnologias que possibilitam complementar o ensino (MORAN, 2013).
Para Gadotti (2000, p. 7)
“Isso está sendo possível graças às novas tecnologias que estocam o conhecimento, de forma prática e acessível, em gigantescos volumes de informações, que são armazenadas inteligentemente, permitindo a pesquisa e o acesso de maneira muito simples, amigável e flexível. Pela Internet, a partir de qualquer sala de aula do planeta, pode-se acessar inúmeras bibliotecas em muitas partes do mundo. As novas tecnologias permitem acessar conhecimentos transmitidos não apenas por palavras, mas também por imagens, sons, fotos, vídeos (hipermídia), etc.”
A educação parte do princípio de colaboração, educar é colaborar para
que os indivíduos em diversos contextos inseridos, seja nas organizações ou nas
escolas, possam construir seu caminho profissional e pessoal. “Na educação o foco,
além de ensinar, é ajudar a integrar ensino e vida, conhecimento e ética, reflexão e
ação, a ter uma visão de totalidade” (MORAN, 2000, p.12).
Para Moran, Masetto e Behrens (2000, p. 14), a qualidade no ensino é
embasada em variáveis, sendo elas:
“Uma organização inovadora, aberta, dinâmica, com um projeto pedagógico coerente, aberto, participativo; com infraestrutura adequada, atualizada, confortável; tecnologias acessíveis, rápidas e renovadas. Uma organização que congregue docentes bem preparados intelectual, emocional, comunicacional e eticamente; bem remunerados, motivados e com boas condições profissionais, e onde haja circunstâncias favoráveis a uma relação efetiva com os alunos que facilite conhecê-los, acompanhá-los, orientá-los. Uma organização que tenha alunos motivados, preparados intelectual e emocionalmente, com capacidade de gerenciamento pessoal e grupal”.
Estamos vivendo em meios de muitas informações, e essas são rápidas
com buscas e respostas instantâneas. Os seres humanos, principalmente as
crianças e os jovens, não convivem com a espera da informação, pois obtém
resultados imediatos praticamente em tempo real e instantâneas.
Revisão da Literatura 26
A tecnologia trouxe o auxílio para o desenvolvimento da educação, onde
em um ambiente virtual alunos e professores tem papeis ativos, o professor por
exemplo tem um papel provocador, questionador e formulador de problemas (DIAS;
ALVES; FERNANDES; GEMELLI, 2011).
Para o docente no ambiente virtual depreende-se de mais tempo, pois a
flexibilidade permitida é eficaz para o aluno, mas as vezes por falta de apoio
institucional não é para o professor (DIAS; ALVES; FERNANDES; GEMELLI, 2011).
Comenta Moran, Masetto e Behrens (2000 p. 23) sobre os desafios do
professor:
Um dos grandes desafios para o educador, portanto, é ajudar a tornar a informação significativa, a escolher as informações verdadeiramente importantes entre tantas possibilidades, a compreendê-las de forma cada mais abrangente e profunda e a torná-las parte do nosso referencial. Aprendemos melhor quando vivenciamos, experimentamos, sentimos. Aprendemos quando relacionamos, estabelecemos vínculos, laços, entre o que estava solto, caótico, disperso, integrando-o em um novo contexto, dando-lhe significado, encontrando um novo sentido.
Ainda para esses autores, Moran, Masetto e Behrens (2000, p. 29), a
informação está disponível para todos e cada vez menos depende do professor,
esse como sendo o papel fundamental para o aprendizado. “As tecnologias podem
trazer, hoje, dados, imagens, resumos de forma rápida e atraente. O papel do
professor – o papel principal – é ajudar o aluno a interpretar esses dados, a
relacioná-los, a contextualizá-los”.
Hoje vivenciamos o ensinar e aprender, onde não demanda muito mais de
flexibilidade do espaço-temporal, onde temos os mais diversos conteúdos. Um dos
problemas atuais é o discernimento da informação, onde têm a mais variada fonte
de acesso. As informações são amplas e surge a importante ação em escolher quão
significativas são para nós e quão importantes são na nossa vida.
Sabemos que o aprendizado depende do aluno, ele tem que estar pronto,
tem que querer, é necessário o amadurecimento, para que esse processo de ensino
e aprendizagem faça sentido para ele. É esperado que faça parte do contexto
pessoal, intelectual e emocional, tornando significativa a aprendizagem.
Moran, Masetto e Behrens (2000, p. 19)
Atualmente, cada vez mais processamos também a informação de forma multimídica, juntando pedaços de textos de várias linguagens superpostas simultaneamente, que compõem um mosaico impressionista, na mesma tela, e que se conectam com outras telas multimídia. A leitura é cada vez
Revisão da Literatura 27
menos sequencial. As conexões são tantas que o mais importante é a visão ou leitura em flash, no conjunto, uma leitura rápida, que cria significações provisórias, dando uma interpretação rápida para o todo, e que vai se completando com as próximas telas, através do fio condutor da narrativa subjetiva: dos interesses de cada um, das suas formas de perceber, sentir e relacionar-se.
Ainda para o autor Moran (2000, p. 148-152)
A construção do conhecimento, a partir do processamento multimídico, é mais "livre", menos rígida, com conexões mais abertas, que passam pelo sensorial, pelo emocional e pela organização do racional; uma organização provisória, que se modifica com facilidade, que cria convergências e divergências instantâneas, que precisa de processamento múltiplo instantâneo e de resposta imediata.
Sabemos que estamos em meio a diferentes formas de processamento
da informação, as quais influenciam até na cultura e na idade, por exemplo. De
acordo com Moran (2000, p. 19)
Dependendo da bagagem cultural, da idade e dos objetivos pretendidos predominará o processamento sequencial, o hipertextual ou o multimídico. Se estivermos concentrados em objetivos específicos muito determinados, predominará provavelmente o processamento sequencial. Se trabalharmos com pesquisa, projetos de médio prazo, interessar-nos-a o processamento hipertextual, com muitas conexões, divergências e convergências. Se temos de dar respostas imediatas e situar-nos rapidamente, precisaremos do processamento multimídico.
2.2.1 Ferramentas Tecnológicas e Midiáticas
As tecnologias representadas pelo computador pessoal ou personal
computer (PC), tablete ou smartphone se tornaram recursos de comunicação, com
vastas possibilidades que permite fazermos pesquisas e fazermos simulações como
se fossem na prática, estando sozinho ou em grupo.
Temos o computador como um meio de comunicação, onde processa e
armazena o conteúdo que quiser, e que se torna corriqueiro no meio social, como
uma ferramenta de trabalho e no processo de ensino e aprendizagem, o computador
permite introduzir interação e atuação entre as pessoas.
Em 1997, a Internet se consolidou na sociedade e chegou à marca de 80
milhões de usuários no mundo inteiro (PINHO, 2000, p. 34), a Internet evoluiu e ficou
conhecida como “a maior invenção tecnológica, depois da televisão, revolucionando
Revisão da Literatura 28
o mundo das comunicações de tal forma, como nenhuma outra invenção foi capaz
de fazer”.
O surgimento de programas que possibilitaram a transferência de
arquivos, execução de comandos e correio eletrônico resultou na consolidou na
Internet. Com o tempo, outras companhias se conectaram à Internet (CAPRON;
JOHNSON, 2004).
De acordo com Santaella (2004, p. 23)
Crescentemente processos de comunicação são criados e distribuídos em forma digital legível no computador. Forma digital significa que quaisquer fontes de informação podem ser homogeneizadas em cadeias de 0 e 1. Isso quer dizer que a mesma tecnologia básica pode ser usada para transmitir todas as formas de comunicação – seja na forma de textos, áudio ou vídeo – em um sistema de comunicação integrado, tal como aparece na internet.
A Internet é um meio de comunicação social que facilita a motivação dos
alunos, onde se pode ignorar o espaço físico, favorece a construção cooperativa,
permite tanto a execução de uma pesquisa individual ou coletiva, permite que cada
aluno desenvolve no seu próprio ritmo, e que desenvolva a aprendizagem
colaborativa. Ademais, facilita o processo de ensino-aprendizagem, tornando
possível conversar com pessoas sem sair de casa, assim como, permite o trabalho
conjunto entre professores e alunos, facilitando o processo de ensinar e aprender ao
criar possibilidades inesgotáveis de pesquisa em tempo real, usando a tecnologia a
favor de uma educação mais ativa.
Para Moran, Masetto e Behrens (2000 p. 45)
Hoje, começamos a ter acesso a programas que facilitam a criação de ambientes virtuais, que colocam alunos e professores juntos na Internet. Programas como o Eureka da PUC de Curitiba, o Learning Space da Lotus-IBM, o WEBCT, o Aulanet da PUC do Rio de Janeiro, o Firstclass o Universite, o Blackboard e outros semelhantes, permitem que o professor disponibilize o seu curso, oriente as atividades dos alunos, e que estes criem suas páginas, participem de pesquisas em grupo, discutam assuntos em fóruns ou chats. O curso pode ser construído aos poucos, as interações ficam registradas, as entradas e saídas dos alunos monitoradas. O papel do professor amplia-se significativamente. Do informador, que dita conteúdo, transforma-se em orientador de aprendizagem, em gerenciador de pesquisa e comunicação, dentro e fora da sala de aula, de um processo que caminha para ser semipresencial, aproveitando o melhor do que podemos fazer na sala de aula e no ambiente virtual.
O professor pode utilizar desses recursos colocados à sua disposição,
ocorrendo mudanças em relação a espaço, em relação ao tempo, pois permite
Revisão da Literatura 29
acesso a qualquer dia e hora, em relação a comunicação entre alunos e
professores, permite a ampliação para trocas não ocorrendo apenas na sala de aula
e também para o virtual (MORAN, 2007).
Para Saldanha (2012), as ferramentas virtuais como os chats e os fóruns
são exemplos de interação por meio da escrita digital, são espaços destinados para
discussões que permanecem registrados, podendo a qualquer momento serem
retomados, revistos, recuperados e, até certo ponto, “suplantam a efemeridade dos
argumentos expostos oralmente numa sala de aula presencial” (SALDANHA, 2012,
p.8).
Para Moran, Masetto e Behrens (2000 p. 50)
“É um papel que combina alguns momentos do professor convencional - às vezes é importante dar uma bela aula expositiva - com mais momentos do gerente de pesquisa, do estimulador de busca, do coordenador dos resultados. É um papel de animação e coordenação muito mais flexível e constante, que exige muita atenção, sensibilidade, intuição (radar ligado) e domínio tecnológico”.
Não obstante, vale destacar que o ensino mediado por tecnologias,
utiliza-se da Internet que pode ser por meio de um computador, onde obtém
informações e armazenamento delas, onde é possível acompanhar todo processo
educativo de trabalhos e tarefas aplicadas aos alunos, possibilitando assim, “maior
flexibilidade, criatividade, dinamicidade, interação e comunicação no processo
educacional e consequentemente, no processo de ensino-aprendizagem” (PERES;
KURCGANT, 2004, p.103).
Isto tem culminado com a aproximação de grandes áreas afins,
particularmente, a Educação e a Saúde, sugerindo a adoção de novos paradigmas
educacionais e das políticas no Sistema de Saúde, instigando-nos a refletir sobre as
práticas educativas e suas diversas maneiras de formação, de conceber e favorecer
a relação professor - aluno em qualquer área do saber humano; articulação entre
teoria e prática; envolvendo ensino e pesquisa; organização do trabalho didático-
pedagógico; interdisciplinaridade e possibilidades de inovação em ambientes
acadêmicos específicos, entre tantas outras situações, dilemas e circunstâncias.
Sendo assim, os educadores estão assumindo novos paradigmas,
responsáveis pelo processo de ensino-aprendizagem, assumindo práticas
libertadoras e conscientizadoras, em que o educando possa assumir o papel de
Revisão da Literatura 30
sujeito ativo, crítico e criador.
Nessa vertente deste ensino, há a possibilidade da inclusão da educação
a distância e suas decorrentes ferramentas virtuais, essas que estabelecem a
comunicação, a interação e a disseminação da informação. A sigla EaD é
empregada tanto para Educação a Distância quanto para Ensino a Distância
(BELLONI, 2009).
A EaD é uma metodologia de ensino, na qual o processo de ensino-
aprendizagem não se dá pela presença física tanto do professor quanto do aluno,
eles necessariamente não precisam estar no mesmo espaço geográfico. A EaD
utiliza-se de várias mídias digitais, essas evoluídas ao passar dos anos, da mídia
impressa3 até a Internet.
Os fatores de tempo e espaço, principalmente, no processo de ensino-
aprendizagem, são fundamentais para a compreensão do processo pedagógico.
Isso remete à reflexão sobre a conexão espaço-temporal que se torna um eixo
norteador na organização do trabalho escolar, “sendo os espaços e os tempos da
educação tão relevantes” (PERES; KURCGANT, 2004, p.103).
Há muito a ser pensado entre o momento da sala de aula (historicamente,
compreendida como lugar privilegiado para o ensino-aprendizagem e para a atuação
docente) e os ambientes virtuais de aprendizagem (AVA)4, que são plataformas
complementares elaboradas para o ensino, são também ambientes apropriados para
o estímulo da EaD, por meio de ferramentas virtuais.
Percebemos que a EaD não necessariamente tem os encontros
presenciais, onde esses encontros entre professores e alunos, acontecem em um
espaço físico separado, mas podendo estar juntos através das tecnologias de
comunicação e informação. Estão juntos virtualmente e separados na questão de
espaço geográfico, com a possibilidade desse encontro ser na mesma hora.
Segundo Maia e Mattar (2007, p. 84), “o essencial, hoje, não é se encher
3 A EaD está presente no Brasil desde 1904 quando teve início o oferecimento de cursos por correspondência, sendo posteriormente praticada através do rádio (1923) e da televisão (1961). Nesta época o principal enfoque desta modalidade de ensino era a veiculação de cursos de alfabetização e profissionalizantes (VIANNEY; TORRES; SILVA, 2003).
4 Com a evolução da EaD, levou-se a criação dos ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) ou Learning Management Systems (LMS – sistemas de gerenciamento de aprendizagem), que são plataformas e ou ambientes propícios ao desenvolvimento de atividades pedagógicas. Estes ambientes disponibilizam ao usuário, professor e aluno, vários recursos que podem ser utilizados como estratégias de ensino (BELLONI, 2009).
Revisão da Literatura 31
de conhecimentos, mas sim, a capacidade de pesquisar e avaliar fontes de
informação, transformando-as em conhecimentos”.
Esses autores ainda argumentam que “a utilização das ferramentas
virtuais sobre uma plataforma, ou seja, sobre um AVA, torna possível uma educação
em que os professores e alunos estão separados fisicamente, de forma planejada
pelas instituições e que utilizam diversas TICs”, aprimorando o processo de ensino-
aprendizagem (MAIA; MATTAR, 2007, p.6).
O AVA tem como principal função, servir de depósito de conteúdo e meio
de comunicação e interação entre os autores envolvidos no processo de ensino-
aprendizagem. Esse ambiente possui várias ferramentas com funções específicas e
maneiras distintas para interagir os usuários (PERES; KURCGANT, 2004).
A plataforma AVA é um ambiente na Internet que possui diversas
ferramentas e recursos tecnológicos para elaboração e implementação de
conteúdos e cursos. Com essa evolução é possível a interação entre alunos/alunos
e professores/alunos, isso possibilita o diálogo em momentos síncronos, ou seja, em
tempo real. Esses recursos tecnológicos permitem que no AVA a troca de
informações, compartilhamento do conhecimento e o processo de ensino
aprendizagem mais dinâmico.
De acordo com Moran, Masetto e Behrens (2000 p. 57-58)
Podemos tentar a síntese dos dois modos de comunicação: o presencial e o virtual, valorizando o melhor de cada um deles. Estar juntos fisicamente é importante em determinados momentos fortes; conhecer-nos, criar elos, confiança, afeto. Conectados, podemos realizar trocas mais rápidas, cômodas e práticas. Realizar atividades que fazemos melhor no presencial: comunidades, criar grupos afins (por algum critério específico). Definir objetivos, conteúdos, formas de pesquisa de temas novos, de cursos novos. Traçar cenários, passar as informações iniciais necessárias para nos situarmos diante de um novo assunto ou questão a ser pesquisada.
À medida que avança as tecnologias de comunicação virtual, acontece
interações espaço-temporais mais livres, cada vez mais flexíveis, permite aos alunos
ritmos diferentes, contato entre si pelo virtual e ao mesmo tempo estando
fisicamente separados e possibilita a liberdade de expressão. Os professores têm
possibilidade de compartilhar determinadas aulas, e um professor pode ser
convidado a dar aula por videoconferência por outro professor.
Revisão da Literatura 32
2.3 O papel do professor e do aluno neste contexto
Ensinar não é só falar, mas se comunicar com credibilidade. É falar de algo que conhecemos intelectual e vivencialmente e que, pela interação autêntica, contribua para que os outros e nós mesmos avancemos no grau de compreensão do que existe (MORAN, 2000, p. 62).
Neste contexto, o papel do professor é o de mediar a busca do
conhecimento pelo aluno, no intuito de estimular sua curiosidade e aprimorar suas
habilidades na elaboração de soluções criativas para transformar a realidade social,
da qual, faz parte (BUENO, 2009).
Para Moran, Masetto e Behrens (2000 p. 17)
“Educadores entusiasmados atraem, contagiam, estimulam, tornam-se próximos da maior parte dos alunos. As primeiras reações que o bom professor/educador desperta no aluno são confiança, credibilidade, admiração e entusiasmo. Isso facilita enormemente o processo de ensino-aprendizagem. É importante sermos professores/educadores com um amadurecimento intelectual, emocional e comunicacional que facilite todo o processo de organização da aprendizagem. Pessoas abertas, sensíveis, humanas, que valorizem mais a busca que o resultado pronto, o estímulo que a repreensão, o apoio que a crítica, capazes de estabelecer formas democráticas de pesquisa e de comunicação, que desenvolvam formas de comunicação autênticas, abertas, confiantes”.
Faz-se necessário, então, que o professor se entenda como um ser
inacabado, que vive em constante processo de construção, que aprende e ensina,
devendo conduzir sua prática docente, por meio de reflexões e autocríticas, que
possibilitem a aceitação do novo e a compreensão de que a educação é um
processo importante de intervenção no mundo e com o mundo (FREIRE, 2002).
Por vez, quando falamos acerca da esfera educacional – sendo essa
caracterizada por uma instituição social e, portanto, inserida em nossa realidade,
que sofre e exerce intervenções - esse paradigma desempenha, ainda, maior
influência, sugerindo a adoção de novos arranjos e rearranjos educacionais,
levando-nos a refletir sobre a prática educativa e suas diversas formas de conceber
a aprendizagem, as relações de sujeitos, a teoria e a prática educacionais e as
possibilidades de inovação em ambiente acadêmico específico, entre tantos outros
desafios.
Na presente pesquisa, competiu enfrentar o desafio de levantar dados da
literatura científica sobre o assunto em questão, analisando o panorama técnico-
científico e didático-pedagógico na esfera educacional, com foco em ferramentas
Revisão da Literatura 33
virtuais de aprendizagem, que possam auxiliar o docente/aluno na disseminação e
construção do conhecimento em questão.
A sociedade ainda trabalha com recursos tradicionais, ainda vemos a
cultura do papel, lápis, lousa e giz. Atualmente, nessa era moderna digital, os jovens
já nascem nessa era, com tendência a ter mais facilidade no manuseio do
computador, por meio de pesquisas por exemplo, estão sendo incluídos na cultura
digital (GADOTTI, 2000).
A utilização de recursos tecnológicos, podemos citar em especial as redes
de comunicação, permite uma ampliação progressiva na educação universitária em
diversos setores educacionais.
A inserção das novas e/ou alternativas tecnológicas apontam
possibilidades para a melhoria da Educação e da Saúde, além da sua
democratização.
Com essas tecnologias, nos remete há uma reflexão sobre novos
desafios e indagações pelos atores envolvidos no processo de ensino
aprendizagem, tanto pelos professores, alunos e demais profissionais. Nesse
sentido, segundo Luzzi (2007, p. 19)
A realidade, é que estamos em pleno processo de construção de uma sociedade tecnológica digital global, que se configura como uma sociedade, profundamente, dinâmica e comunicativa (comunicacional/midiática), com novas linguagens, novos códigos, novas condutas, novos costumes e novos valores.
As ferramentas virtuais de aprendizagem contribuem para mediar as
relações efetivas que ocorrem dentro do processo de ensinar e aprender,
possibilitando assim, a geração de dados e reflexões na prática de integração do
uso de tecnologias de comunicação e informação às práticas didático-pedagógicas
da enfermagem, como estratégias inovadoras para o desenvolvimento e para o
avanço da educação, que perpassa por rupturas profundas com as tecnologias
midiatizadas, tornando a educação, nesse processo, um recurso a mais,
inquestionavelmente, importante para a sociedade, sobretudo aos participantes do
processo de ensino-aprendizagem, favorecendo-os e preparando-os para lidarem
com os desafios conjunturais – econômicos, tecnológicos e socioambientais, na
atualidade.
Para Moran (2000, p.11), “todos estamos experimentando
Revisão da Literatura 34
conscientemente, que a sociedade está mudando nas suas formas de organizar-se,
produzir bens [...], de dividir-se, de ensinar e de aprender [...]”. Assim, como todas as
organizações, o campo da educação também vem sofrendo mudanças. No entanto,
essas mudanças devem ser de transformação. “A educação é o caminho
fundamental para transformar a sociedade”, com isso, há favorecimento da saúde e
da qualidade de vida das pessoas em geral (FREIRE, 2009, p.12).
Desta forma, a construção do conhecimento e a desmistificação de
preconceitos, tabus, mitos e crendices populares, tornam-se atos necessários para
que o professor enquanto executa o papel de mediador na aprendizagem, esteja
aberto às novas experiências, que seja estabelecida uma relação de empatia com os
alunos, buscando de diversas formas a concretização do conhecimento.
Para Freire (1996, p. 13), “o educador democrático não pode negar-se o
dever de, na sua prática docente, reforçar a capacidade crítica do educando, sua
curiosidade e sua insubmissão”. Portanto, cabe ao educador, junto ao educando,
criar as mais variadas formas para favorecer o ensino-aprendizagem, a tal ponto em
que ambas as partes cresçam nesse processo.
Nesta conjuntura, o professor deve ter uma postura centrada no diálogo,
pois não é somente o detentor do saber. Sendo assim, o professor passa também a
aprender, ocorre uma troca entre aluno e professor, ele não somente é o detentor do
saber como ele aprende juntamente com o aluno no processo de ensino
aprendizagem (FREIRE, 1996).
O professor possibilita a construção de uma base consolidada com os
alunos, com o conhecimento e com a realidade. A segurança do professor não se
constrói em suas próprias certezas, ele questiona e desafia o aluno sempre, executa
um papel desafiador, onde o ensino não é centrado apenas na exposição do
professor (FREIRE, 2009).
[...] ajudar o aprendiz a coletar informações, organizá-las [...], discuti-las e debatê-las com seus colegas, com o professor e com outras pessoas (interaprendizagem), até chegar a produzir um conhecimento que seja significativo para ele, conhecimento que se incorpore ao seu mundo intelectual e vivencial, e que o ajude a compreender sua realidade humana e social, e mesmo a interferir nela (MASETTO, 2000, p. 145).
O caminho é percorrido estabelecendo conexões entre seus saberes
empíricos, adquiridos por meio de experiências e observações pessoais e um
conhecimento novo, mais refinado, ainda em construção, e que realmente, lhe faça
Revisão da Literatura 35
sentido. É durante esse processo que a mediação pedagógica se faz presente,
como uma ponte entre o que o aluno já sabe e o que virá a construir, responsável
pelas novas aprendizagens.
O aluno passa pelo processo de construção do conhecimento, esse
processo ele está acompanhado do professor, não é uma atividade isolada, mas em
conjunto com o professor, com o intuito de efetivar a produção do conhecimento,
onde o professor não é o detentor do saber e sim parte do processo construtivo do
aluno. Freire (2009) dizia em sua obra que tanto os alunos quanto os professores
precisam de liberdade e autonomia, “toda vez que se suprime a liberdade, fica ele
um ser meramente ajustado ou acomodado” (FREIRE, 2009. p.42).
O professor em seu campo do saber e aprendizagem, realiza
questionamentos e dúvidas, contribuindo para a construção do conhecimento pelo
aluno. O papel que o professor exerce, auxilia o aluno na teoria e na prática,
estreitando as diferenças individuais.
Assim, a EaD permite que haja uma relação tanto síncrona como
assíncrona entre o professor e o aluno, no qual, mesmo separados geograficamente
os alunos e professores, é possível que ocorra de forma eficaz as interações
estabelecidas entre professores/alunos e alunos/alunos, de forma continua e
consistente.
Portanto, a EaD definida como uma modalidade educacional, considerada
como curso ou ferramentas virtuais, como uma forma alternativa e/ou complementar,
mas que não é, necessariamente, substitutiva, “para a formação do cidadão
(brasileiro e do mundo), evidencia possibilidades pedagógicas e grande potencial
para a democratização do conhecimento, decorrentes de seu princípio de
flexibilidade temporal, espacial e pedagógico” (MILL, 2006, p. 21).
Em termos gerais, a modalidade de ensino EaD é uma educação na qual
professores/alunos e alunos/alunos estão em lugares diferentes (MOORE;
KEARSLEY, 2008).
Portanto, através da revisão da literatura, procuramos nesta investigação
estudar a existência de ferramentas virtuais, enquanto recursos didático-pedagógico
no auxílio do ensino de graduação presencial em Enfermagem, identificando o seu
aspecto complementar no processo de ensino aprendizagem, na visão de aluno e
professor.
Revisão da Literatura 36
Para Moran, Masetto e Behrens (2000 p. 63)
Ensinar com as novas mídias será uma revolução se mudarmos simultaneamente os paradigmas convencionais do ensino, que mantêm distantes professores e alunos. Caso contrário, conseguiremos dar um verniz de modernidade, sem mexer no essencial. A Internet é um novo meio de comunicação, ainda incipiente, mas que pode nos ajudar a rever, a
ampliar e a modificar muitas das formas atuais de ensinar e de aprender.
2.4 Novas Tecnologias
A evolução das tecnologias, centradas na difusão do conhecimento de
uma comunicação em massa, tem sido novidade educacional desde o início desse
milênio.
A educação opera com a linguagem escrita e a nossa cultura atual dominante vive impregnada por uma nova linguagem, a da televisão e a da informática, particularmente a linguagem da Internet. A cultura do papel representa talvez o maior obstáculo ao uso intensivo da Internet, em particular da educação a distância com base na internet (GADOTTI, 2000).
Para compreensão de como se estruturou a EaD, primeiro faz-se
necessário demonstrar como esta modalidade educacional se deu aqui no Brasil e
no mundo.
A evolução da EaD e suas respectivas tecnologias, como recursos
didático-pedagógicos, foram, fortemente, influenciadas e impactadas pela introdução
dos novos meios de comunicação de massa, dentre podemos citar o rádio, depois a
televisão, o telefone, o telégrafo e, enfim, todos as outras formas de comunicação
até o advento da internet.
Moore e Kearsley (2008), abordam o contexto histórico da EaD dividindo-
o em cinco gerações da EaD, conforme Figura 1.
Revisão da Literatura 37
Figura 1 – As cinco gerações da EaD
Fonte: Elaboração da autora, fundamentado em Moore e Kearsley (2008).
Primeira geração em 1880, o início de EaD, foi por correspondência e
correios, quando o serviço de correio era confiável e acessivo a população. A
denominação aprendizagem por correspondência se deve ao fato de ser o “processo
de mediação entre aluno e tutor ou professor ou instrutor ser realizado por meio de
cartas” (PALHARES, 2009, p. 48).
A história da EaD iniciou nos Estados Unidos, onde teve o primeiro
registro da introdução dessa nova modalidade de ensino à distância, foi a oferta das
aulas por correspondência, ministradas por Caleb Philips, em 20 de março de 1728,
quando o jornal Gazette, de Boston, EUA, ofereceu o material por meio de
correspondência, via correio (RIBEIRO; HIRANO, 2013).
Após o surgimento da EaD, diversos países iniciaram essa modalidade de
ensino. No país da Grã-Bretanha, em 1840, Isaac Pitman ofereceu um curso por
correspondência de taquigrafia. No ano de 1880, o Skerry´s Colege ofereceu cursos
preparatórios para concursos públicos. Em 1884, o Foulkes Lynch Correspondence
Tuition Service ministrou cursos na área de contabilidade, já, em 1891, Thomas J.
Foster proporcionou cursos de segurança de minas, nos Estados Unidos (NUNES,
1992 apud LITTO; FORMIGA, 2009).
A EaD no Brasil tem como data provável com a implantação das Escolas
Internacionais, em 1904. Para o autor Alves (1996), ele diz que o Jornal do Brasil,
Revisão da Literatura 38
iniciou suas atividades em 1891, registrando a primeira edição da seção de
classificados, anúncio oferecendo profissionalização por correspondência
(datilógrafo), e coloca dúvidas sobre o verdadeiro momento inicial da EAD.
Os cursos oferecidos pelo Jornal do Brasil eram voltados àqueles que
estavam procurando emprego, principalmente, na área de comércio e serviços. O
ensino por correspondência e os materiais eram enviados pelo correio (ALVES,
2009).
Segunda geração em 1921, teve a difusão da rádio e TV, o rádio era a
tecnologia do século passado. Então, teve pouca ou nenhuma interação de
professores com alunos, exceto quando relacionada a um curso por
correspondência, “mas foi a geração que adicionou as dimensões oral e visual ao
conteúdo repassado aos estudantes” (MOORE; KEARSLEY, 2008, p. 47).
A Fundação do Instituto Universal, fundada em 1941, foi considerada
como uma das primeiras experiências em EaD, no Brasil, utilizando materiais
impressos (GUAREZI; MATTOS, 2009).
Um dos primeiros cursos de EaD no Brasil era de datilografia que, depois,
teve aulas que passaram para o rádio.
No final de 1960, além das rádios e correios, a televisão foi importante na
ampliação e comunicação da EaD, as universidades brasileiras iniciaram a oferta de
cursos superiores a distância. Com a expansão da Internet a partir de 1994, as
Universidades de Ensino Superior (IES) adotaram as novas tecnologias para o
processe de ensino aprendizagem nessa modalidade, e com a publicação da Lei de
Diretrizes e Bases para a Educação Nacional (LDBEN) (MUGNOL, 2009).
Terceira geração surge em 1969 com o início da abordagem da EaD na
British Open University na Inglaterra, esta geração teve como propósito oferecer
ensino de qualidade. Utilizava guias impressos e transmissão via rádio e tv, entre
outros foi uma revolução em EaD em nível mundial, sobretudo na educação superior
(MOORE; KEARSLEY, 2008).
Quarta geração foi com um propósito de educação a distância por
teleconferência, surgiu nos Estados Unidos a partir de 1980 para um grupo de
pessoas. A primeira forma de teleconferência foi a audioconferência2, a qual
“permitia ao aluno dar uma resposta, e aos instrutores, interagir com os alunos em
2 A audioconferência é uma reunião realizada através de telefone que conecta diversas pessoas, de qualquer lugar do mundo, com redução de custo e tempo.
Revisão da Literatura 39
tempo real e em locais diferentes” (MOORE; KEARSLEY, 2008, p. 40).
Quinta geração é da web, ou seja, a geração atual de acordo com o
posicionamento de Moore e Kearsley (2008). Com o surgimento dos computadores,
onde houve a expansão da EaD, pois as aulas são virtuais, utilizando o computador
e a internet como ferramentas de apoio. Entretanto, esta geração com modalidade
EaD, tendo suas classes virtuais baseadas na internet, resultou em “interesse e
atividade em escala mundial pela educação à distância, com métodos construtivistas
de aprendizado em colaboração, e na convergência entre texto, áudio e vídeo em
uma única plataforma de comunicação” (MOORE; KEARSLEY, 2008, p. 48).
Essa modalidade de ensino EaD se difundiu principalmente, à França,
Espanha e à Inglaterra, pois os centros educacionais desses países, serviram de
modelos a serem adotados por outros, e com o passar dos anos, a EaD ganhou
mais espaço em diferentes países (NISKIER, 2000).
Litto (2009), menciona que em outros países, nações, a estratégia de
ensino ocorreu rapidamente, ao contrário do que aconteceu no Brasil, onde há um
histórico de controle governamental centralizador sobre a educação superior. Na
Inglaterra teve a abertura da primeira universidade baseada, totalmente, no conceito
de EaD, foi a Open University (OU) (www.open.ac.uk). Ela surgiu no final de 1960 e
iniciou seus cursos em 1970, e em 1980 já tinha 70.000 alunos, com 6.000 pessoas
se graduando a cada ano (LITTO, 2009).
Sabemos que existe em alguns países a resistência e conservadorismo
sobre a EaD, outros por sua vez, exigem por obrigatoriedade, dentro da grade do
ensino médio, a participação em pelo menos uma disciplina online, como forma de
adquirir experiência e se familiarizar com a Ead, como é o caso dos Estados Unidos
da América (LITTO, 2009).
Hoje em dia, os números trazem mais de 80 países que adotam a EaD
em todos os níveis de aprendizado, por meio de sistemas formais e informais
(NUNES, 2009).
Desta forma, surgem a cada dia novas tecnologias na EaD, onde novas
experiências são adotadas. Essa modalidade de educação passou a ser como um
modelo promissor na educação.
Para Niskier (2000), alguns países desenvolveram a modalidade de
ensino da EaD, com a finalidade de lidar com condições específicas de seu país ou
região, onde esses apresentam ser um desafio a educação daquela população.
Revisão da Literatura 40
O Canadá é um exemplo, possui várias regiões geladas durante um
determinado período do ano, onde o acesso é praticamente impossível por terra, foi
o primeiro país do mundo a utilizar satélites de telecomunicações para a educação.
Com o surgimento do sistema Schoolnet no Canadá, onde esse sistema utilizou
cabos, Internet e Intranet, foi possível investir na capacitação e treinamento de
professores e especialistas com esse propósito (NISKIER, 2000).
Na Espanha, iniciou a EaD com a criação da UNED (Universidade
Nacional de Educação a Distância), em 1973. Tal projeto "visou romper com a
uniformidade dos centros educativos, aceitando a pluralidade e diversificação das
instituições" (NISKIER, 2000, p. 227).
Portugal e Inglaterra, teve a Universidade Aberta, criada em 1988. Além
do Brasil, outros países da América Latina, como Bolívia e Argentina, têm realizado
constantes experiências com essa modalidade de ensino EaD.
A EaD teve seu início no século XX com apoio dos meios de
comunicação, esse permitiu condições para a ampliação dos projetos existentes e
para o surgimento de novos projetos. Atualmente, com a utilização de satélites
juntamente com a Internet, possibilitou a ampliação e o alcance da EaD, onde as
barreiras geográficas não são fatores que impeçam de ocorrer a educação
(NISKIER, 2000).
De acordo com Litto (2014, p. 60-61)
A aprendizagem a distância no ensino superior começou há mais de um século e meio, no Reino Unido, quando a Universidade de Londres (fundada como “a universidade do povo”) criou, em 1858, o seu Sistema Externo, ou cursos por correspondência. Mahatma Gandhi (1869-1948), morando na colônia britânica da África do Sul, fez todo o curso de direito numa época na qual um navio transportando o correio levava dois meses para transitar entre Londres e seu país. Nelson Mandela, prisioneiro na Cidade do Cabo por suas atividades contra o apartheid, também cursou direito a distância a partir de Londres, mas foi impedido de obter o diploma, não conseguindo autorização para deixar a prisão a fim de realizar o exame final do curso que o habilitaria profissionalmente.
No início do século XX até a Segunda Guerra Mundial, várias
experiências e métodos de ensino foram implantadas e implementadas para ampliar
o ensino-aprendizagem na EaD, até então, mantidas por correspondência (NUNES,
2009).
Deveras, com o surgimento das ferramentas virtuais isso veio favorecer
consideravelmente, tanto o ensino a distância quanto o ensino presencial.
Revisão da Literatura 41
Baseando, portanto, em referenciais teóricos e práticos sobre essas
questões, é que nos propusemos ao desenvolver o presente estudo.
2.5 Contextualizando a EaD na realidade brasileira: seu papel
enquanto recurso didático-pedagógico no processo de ensino
aprendizagem
A evolução da EaD e suas respectivas tecnologias, como recursos
didático-pedagógicos, foram, fortemente, influenciadas e impactadas pelo
surgimento dos meios de comunicação de massa, podendo citar o ensino por
correspondência, o ensino via rádio, via televisão, por telefone e, enfim, todos as
outras formas de comunicação até o advento da internet.
Em dezembro de 1996, a EaD passou a ser uma modalidade válida e
equivalente para todos os níveis de ensino, considerada uma forma de ensino
mediada por tecnologias, onde possibilita a aprendizagem. A cada dia da EaD, é
possível perceber as transformações, mediante o surgimento de novas teorias,
mídias e métodos de ensino.
A EaD no Brasil é amparada pela LDB - Lei de Diretrizes e Bases (Lei n. º
9.394, de 20 de dezembro de 1996). O governo nacional criou leis e estabeleceu
normas para esse tipo de modalidade de Educação. No artigo 80 traz que o “Poder
Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a
distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada”
(BRASIL, 2017).
O estudo sobre a educação não é tarefa tão fácil quanto possa parecer.
No mínimo, é preciso conhecer um pouco dos determinantes históricos, ideológicos,
políticos e socioculturais por que passa a sociedade, em geral. O papel que a
educação ocupa na sociedade enfrenta muitos desafios.
O avanço científico e tecnológico alterou a forma de muitos setores,
dentre eles, e de forma substancial, a Educação da contemporaneidade. Isso
possibilitou novas formas de ensinar e aprender, com a utilização de várias
ferramentas de aprendizagem. Temos aqui a EaD, uma educação mediatizada por
tecnologias.
Fato é que a EaD é um dos setores educacionais que mais cresce
Revisão da Literatura 42
atualmente, independente dos questionamentos existentes. A EaD se consolidou a
partir dos anos 90, com a popularização da Internet.
Hoje em dia no Brasil, a EaD respaldada pela LDB destina-se, “à
formação de adultos em nível de graduação, pós-graduação, extensão, cursos
sequenciais e educação continuada” (RODRIGUES; PERES, 2008).
Essa modalidade de ensino não significa redução de tempo,
integralização de currículos, cursos e programas, nessa modalidade EaD é possível
a promoção do aluno para competências, habilidades e atitudes capazes de
promover o seu desenvolvimento. Várias ferramentas são disponibilizadas nos
cursos EaD, por meio de recursos educacionais e tecnológicos, como
complementariedade do ensino (NEVES, 2003).
Nessa modalidade (EaD), os participantes sujeitos da ação,
professores/alunos e alunos/alunos estão conectados, interligados por tecnologias,
como a internet e, em especial, a hipermídia. Esta é definida por Ferrari (2007) como
“os métodos de transmissão de informações baseadas em computadores, incluindo
textos, imagens, vídeos, animações e sons”. Mas, também, podem ser utilizados
outros recursos de comunicação: vídeo, telefone, celular, tablete, notebook, entre
outros.
Nesse processo de aprendizagem, assim como no ensino presencial, o
professor atua no papel de mediador, ele media a comunicação e aprendizagem
junto ao aluno, podendo ser por meios e recursos da tecnologia da comunicação.
Dentro desse contexto temos o papel da Instituição de Ensino que é o sistema
educacional com funções pedagógicas, e extremamente importante para a
construção do ambiente de aprendizagem.
Para que ocorra a mediação, não existe a distância física entre educador
e o educando, sendo esse autodisciplinado e auto motivado para o aprendizado, e o
mediador um facilitador onde auxilia na superação dos desafios e dificuldades,
durante o processo de ensino-aprendizagem.
Nessa lógica, percebemos que a EaD também passa a ser considerada
como um recurso a mais, alternativo e complementar, capaz de suprir as
necessidades de desenvolvimento da autonomia do aluno.
O desenvolvimento dessa autonomia por parte do aluno é considerado
por teóricos, tais como: Jean Piaget, Paulo Freire e Constance Kamii, como parte do
processo de aprendizagem, onde o aluno é o centro, com o apoio do professor que
Revisão da Literatura 43
orienta e auxilia como facilitador e mediador, favorecendo ao aluno a melhor opção
de estudo, tendo em vista que cada um desenvolve seu ritmo e sua a maneira de
como quer estudar e aprender.
Sendo, portanto, uma ação juntamente com o aluno e a instituição de
ensino, onde a instituição oportuniza um aprendizado independente e flexível,
ficando a critério o tempo e ambiente de estudo do aluno.
O debate que permeia a EaD é a distância que nela se coloca. “Em
perspectiva futura, as formas virtuais de educação serão, sem dúvida, tão comuns,
ou talvez, mais comuns, possivelmente, que as formas presenciais” (GADOTTI,
2000).
Portanto, a EaD, como processo de autoaprendizagem, que permite ao
aluno ser autônomo de sua própria aprendizagem, bem como a utilização de
ferramentas alternativas para complementar o presencial, onde o professor/aluno e o
aluno/aluno estão separados fisicamente.
Essa separação não pode ser confundida com isolamento, ou
distanciamento de práticas pedagógicas, pois a presença do orientador, professor ou
facilitador, no processo de ensino-aprendizagem do educando, faz substancial
diferença na condução de seu aprendizado. Isso porque não importa somente o que
se está estudando, mas a forma como as informações são processadas e
construídas, com que as ideias são criadas e o processo de amadurecimento que
permeia a criação de conhecimento. Tal processo envolve, prioritariamente, a
qualidade do aprendizado e não a quantidade de informação passada.
A dificuldade da EaD, não está apenas na dimensão quantitativa, mas
também na qualitativa, ou seja, não se trata apenas de aprender muitas coisas, mas
de estudar, criar, problematizar e tentar buscar soluções inovadoras e criativas,
frente aquilo que se precisa processar, tendo em vista, a velocidade das m