UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
CURSO DE MESTRADO
CARLOS EDUARDO CORREIA DA SILVA
ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL E ENSINO MÉDIO INTEGRADO - um estudo sobre as
relações entre o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer e a permanência escolar
RECIFE
2017
CARLOS EDUARDO CORREIA DA SILVA
ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL E ENSINO MÉDIO INTEGRADO - um estudo sobre as
relações entre o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer e a permanência escolar
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Educação da Universidade
Federal de Pernambuco como requisito parcial
para obtenção do título de Mestre.
Orientadora: Profª. Drª. Katharine Ninive Pinto
Silva
RECIFE
2017
Catalogação na fonte Bibliotecária Andréia Alcântara, CRB-4/1460
S586a Silva, Carlos Eduardo Correia.
Assistência estudantil e ensino médio integrado: um estudo sobre as
relações entre o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer e a
permanência escolar / Carlos Eduardo Correia Silva. – 2017.
215 f. : il. ; 30 cm.
Orientadora: Katharine Ninive Pinto Silva.
Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal de
Pernambuco, CE. Programa de Pós-graduação em Educação, 2017.
Inclui Referências, Apêndices e Anexos.
1. Educação e Estado. 2. Ensino médio. 3. Esporte e Lazer.
4. Instituto Federal de Pernambuco. 5. Programa Nacional de
Assistência Estudantil. 6. Estudantes - Auxílio financeiro - Política
governamental. 7. UFPE - Pós-graduação. I. Silva, Katharine Ninive
Pinto. II. Título.
379 CDD (23. ed.) UFPE (CE2017-48)
CARLOS EDUARDO CORREIA DA SILVA
ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL E ENSINO MÉDIO INTEGRADO - um estudo sobre as
relações entre o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer e a permanência escolar
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Educação da Universidade
Federal de Pernambuco como requisito parcial
para obtenção do título de Mestre.
Aprovada em: 16/03/2017.
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Katharine Ninive Pinto Silva (Orientadora)
Universidade Federal de Pernambuco
________________________________________________________________
Prof. Dr. Gaudêncio Frigotto (Examinador Externo)
Universidade Estadual do Rio de Janeiro
________________________________________________________________
Prof. Dr. Jamerson Antônio de Almeida da Silva (Examinador Interno)
Universidade Federal de Pernambuco
________________________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Ana Lúcia Félix dos Santos (Examinadora Interna)
Universidade Federal de Pernambuco
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, que me guiou, me deu forças, tranquilidade e
determinação para superar todas as dificuldades e tornar esse sonho possível.
À Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPE (PPGE - UFPE)
e aos professores do curso que me deram a oportunidade de ampliar e qualificar meus
conhecimentos, proporcionando, assim, grandes direcionamentos para a realização desta
produção científica.
À Profª Drª Katharine Ninive pela forma com que me conduziu e me orientou na
realização deste trabalho. Um agradecimento especial pela dedicação e disponibilidade durante
todo o período da pesquisa.
Aos professores Dr. Jamerson Almeida, Dr. Gaudêncio Frigotto e Drª Ana Lúcia Felix
pela aceitação do convite para compor a banca examinadora e pelas relevantes contribuições
durante a qualificação.
Aos professores e pesquisadores do Grupo GESTOR, pelo apoio, incentivo e
solidariedade e por compartilharem as reflexões que envolvem o tema deste trabalho. As
contribuições acadêmicas e políticas de vocês foram imprescindíveis para a concretização desta
dissertação.
Aos colegas do curso de Pós-Graduação em Educação pela ajuda e boas risadas nos
momentos de descontração. Aprendi muito com todos.
Ao Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) – campus Pesqueira por ter permitido a
realização desta pesquisa.
A Henrique Cândido e Rita Valões, servidores da Divisão de Assistência Estudantil do
campus Pesqueira, pela contribuição fundamental ao disponibilizar os documentos oficiais da
Política de Assistência Estudantil e os dados de atendimento desta política no campus.
Aos entrevistados, servidores e não servidores do campus Pesqueira, pela
disponibilidade e contribuição. A participação de vocês foi crucial para a produção deste
trabalho. Tive a sorte de desenvolver essa pesquisa numa cidade com um povo tão acolhedor e
solícito.
Aos alunos do Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer (Piel) que colaboraram de
forma atenciosa e prestativa, durante a coleta de dados.
A todos os meus amigos que torceram por mim e ficaram felizes com essa realização.
Ao meu amor Rosilene por toda ajuda domiciliar, acadêmica e motivacional. Obrigado
por toda compreensão, carinho e torcida. Sem você, com certeza, seria mais difícil concluir essa
caminhada.
A todos meus familiares, tios, primos, fonte de força e inspiração, a vocês devo um
agradecimento mais que especial.
A meu pai pela assistência em toda a minha caminhada acadêmica. À minha querida
mãe que sempre me apoiou e contribuiu com as minhas buscas pelo conhecimento. Sem ela, eu
não teria chegado até aqui. Aos meus filhos, minha fonte principal de amor e felicidade. A meu
irmão que está sempre pronto para me socorrer, me apoiando em todas as empreitadas. Aos
meus sobrinhos que tanto me orgulham. Agradeço por compreenderem a minha ausência, terem
paciência neste período e acompanharem meus progressos com alegria.
Sê.
Se não puderes ser um pinheiro, no topo de
uma colina
sê um arbusto no vale, mas sê o melhor arbusto
à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo, sê um pouco
de relva.
E dá alegria a algum caminho.
Se não puderes ser uma estrada,
sê apenas uma senda.
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas.
Pablo Neruda
RESUMO
Este trabalho aborda a temática da assistência estudantil através do Programa de Incentivo ao
Esporte e Lazer (Piel), com um enfoque particular na concepção de todos os sujeitos
participantes do programa. Em 2010, é criado o Programa Nacional de Assistência Estudantil
(Pnaes), que, mesmo fazendo referência apenas aos estudantes do nível superior, induziu o
incremento orçamentário, através de Lei Orçamentária, da ação 2994 - Assistência ao Estudante
da Educação Profissional e Tecnológica. Assim, foram disponibilizados recursos financeiros
para a implementação de uma política de assistência estudantil para os estudantes dos Institutos
Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, independentemente do nível de ensino. À vista
disso, o IFPE apresenta a sua proposta de Política de Assistência Estudantil voltada para os
estudantes dos cursos presenciais, inclusive os do nível médio integrado. O Piel faz parte dessa
proposta e visa contribuir para o êxito escolar e para o exercício da cidadania, através de práticas
esportivas e de lazer. Este estudo foi realizado com o objetivo de refletir sobre a relação entre
o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer, como uma Política de Assistência Estudantil, e a
garantia da permanência escolar dos alunos usuários com auxílio do ensino médio Integrado do
IFPE-Pesqueira. A metodologia utilizada teve uma abordagem qualitativa. Tratou-se de uma
pesquisa de campo, e os procedimentos técnicos utilizados neste estudo foram a pesquisa
bibliográfica, a análise documental e a análise de conteúdo temática (MINAYO, 1998) de
entrevistas semiestruturadas e de grupos focais. Os resultados obtidos pela pesquisa revelaram
que o Piel contribui para a permanência dos alunos na instituição, auxiliando, também, de certa
forma, na busca da melhoria do rendimento escolar do participante. O programa se torna
importante não só pelo pagamento de auxílio financeiro ao usuário, mas também pela promoção
do esporte e lazer, que são atividades com oferta limitada para os adolescentes e jovens da
região.
Palavras-chave: Ensino Médio. Assistência Estudantil. Esporte e Lazer. Instituto Federal de
Pernambuco.
ABSTRACT
This piece of work broaches the theme of the students’ assistance through the Programme of
Incentive to Sports and Recreation (Piel), with a specific approach in the conception of every
joining subject of the programme. In 2010, the National Programme of Students’ Assistance
(Pnaes) was created, which even only referring to the higher education students, prompted the
budget increase, through a budget law, the Act 2994 – Assistance to the Student of Professional
and Technological Education. Thus, financial resources were provided for the implementation
of a policy of assistance for students of the Federal Institutes of Education (IFPE), Science and
Technology, regardless of the educational level. In view of this, IFPE presents its proposal of
Student’s Assistance Policy directed to students of presential courses, including those of
integrated high school. Piel is part of this proposal and seeks to contribute to the school success
and to the exercise of citizenship through the practice of sports and recreation. This study was
produced with the goal to reflect on the relation between the Programme of Incentive to Sports
and Recreation, as a Policy of Students’ Assistance, and the warranty of permanence of the
participating students with the help of the integrated high school of IFPE-Pesqueira. The used
methodology had a qualitative approach. It is a field study, and its technical procedures were
the bibliographical research, documentary analysis, and the analysis of the thematic content
(MINAYO, 1998) of semi-structured interviews and focal groups. The research’s acquired
results revealed that Piel contributes to the permanence of the students in the institution, also
helping, in an certain way, in the pursuit of the improvement of the participants’ educational
efficiency. The programme becomes important not only for its financial support to the user, but
also for its promotion of sports and recreation, which are limited offer activities to teenagers
and young people in the region.
Keywords: High School. Students’ Assistance. Sport and Recreation. Federal Institute of
Pernambuco.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 1 Documentos Analisados 25
Quadro 2 Execução Orçamentária de Ação 2994 77
Gráfico 1 Residência dos estudantes 92
Quadro 3 Elaborado pelo autor 92
Figura 1 Mapa da região atendida pelo campus Pesqueira 160
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AFs Escolas Agrotécnicas Federais 66
Andifes Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino
Superior
13
BIA Bolsa de Iniciação Acadêmica 90
Cefet Centro Federal de Educação Tecnológica 64
Cefet-MG Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais 13
Cefet-PE Centro Federal de Educação Tecnológica de Pernambuco 16
Cefet-RJ Centros Federais de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca 13
CF Constituição Federal de 1988 85
CLT Consolidação das Leis do Trabalho 70
CNAS Conselho Nacional de Assistência Social 72
CNE Conselho Nacional de Educação 57
CNSS Conselho Nacional de Serviço Social 70
DAE Divisão de Assistência Estudantil 17
EaD Educação a Distância 16
EC Emenda Constitucional 56
EJA Educação de Jovens e Adultos 52
EPT Esporte para Todos 50
ETFPE Escola Técnica Federal de Pernambuco 66
FIC Formação Inicial e Continuada 23
Fonaprace Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis 13
Fundeb Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
Valorização dos Profissionais da Educação
1
IAPs Institutos de Aposentadorias e Pensões 69
IFEs Instituições Federais de Educação 13
IFPE Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco 15
IF-Sertão Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão de
Pernambuco
16
Inep/MEC Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira 18
LBA Legião Brasileira de Assistência 70
LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 40
LOA Lei Orçamentária Anual 15
LOAS Lei Orgânica da Assistência Social 71
MDS Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome 72
MP Medida Provisória 60
PBP Programa Bolsa Permanência 101
PDI Plano de Desenvolvimento Institucional 16
PEC/55 Proposta de Emenda Constitucional 55 61
Pibex Programa Institucional para Concessão de Bolsas de Extensão 15
Pibic Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica 15
Piel Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer 17
Pnaes Programa Nacional de Assistência Estudantil 13
Pnas Política Nacional de Assistência Social 72
PNE Plano Nacional da Educação 18
PROEJA
Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a
Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos
80
Reuni Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das
Universidades Federais
75
SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial 62
SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial 62
SESI Serviço Social da Indústria 71
SNAS Secretaria Nacional de Assistência Social 72
Suas Sistema Único de Assistência Social 73
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 24
Uneds Unidades de Ensino Descentralizadas 66
URSS União das Repúblicas Socialistas Soviéticas 47
UTFPR Universidade Tecnológica Federal do Paraná 13
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14
2 MARCO TEÓRICO-METODOLÓGICO ............................................................. 23
2.1 Campo de investigação e sujeitos da pesquisa ....................................................... 24
2.2 Procedimentos de coletas de dados ......................................................................... 25
2.3 Análises dos dados ................................................................................................... 30
3 TRABALHO E EDUCAÇÃO NO CONTEXTO DO NEOLIBERALISMO ....... 33
3.1 As categorias do trabalho ........................................................................................ 33
3.2 O trabalho no modo de produção capitalista e sua relação com a Educação........ 35
3.3 A organização do ensino face ao modo de organização do trabalho: a qualificação
e a noção de competência ................................................................................................... 39
3.4 A Relação entre a Educação e vagas no Mercado de Trabalho ............................. 43
3.5 O uso político do Esporte e Lazer .......................................................................... 46
3.5.1 O uso político do Esporte e Lazer no Brasil ............................................................... 49
4 ENSINO MÉDIO INTEGRADO ............................................................................ 52
4.1 As reformas educacionais para o ensino médio no Brasil ..................................... 52
4.2 As reformas educacionais para a educação profissional ........................................ 61
4.2.1 Rede Federal de Ensino e a construção do IFPE ....................................................... 63
4.3 Ensino médio integrado e a superação da dualidade ............................................. 66
5 A ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL PARA OS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO
INTEGRADO .................................................................................................................... 69
5.1 As políticas de assistência social .............................................................................. 69
5.2 A Política de Assistência Estudantil ........................................................................ 73
5.3 A assistência estudantil do IFPE ............................................................................. 78
5.4 O Instituto Federal de Pernambuco na cidade de Pesqueira ................................. 80
5.5 Conhecendo o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer .................................... 81
5.6 Análise do regulamento do Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer do campus
Pesqueira ........................................................................................................................... 82
6 PROGRAMA DE INCENTIVO AO ESPORTE E LAZER NO INSTITUTO
FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE PERNAMBUCO –
CAMPUS PESQUEIRA COMO UMA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL
............................................................................................................................................ 85
6.1 Política de Assistência Estudantil do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia de Pernambuco ................................................................................................ 85
6.2 De onde são e quem são os estudantes do ensino médio integrado que participam
do Piel ................................................................................................................................. 91
6.3 Questões sobre a organização político-administrativa do Piel ............................... 97
6.3.1 Assistência ao estudante: ajuda em questões pessoais, administrativas e pedagógicas no
campus Pesqueira .................................................................................................. 104
6.3.2 Como os estudantes escolheram participar do ensino médio integrado do IFPE -
Campus Pesqueira .............................................................................................................. 106
6.4 Como os estudantes escolheram participar do Piel .............................................. 111
7 O PROGRAMA DE INCENTIVO AO ESPORTE E LAZER E A MELHORIA
DA QUALIDADE DA EDUCAÇÃO DO ENSINO MÉDIO INTEGRADO ................ 116
7.1 Diferenças e semelhanças entre os bolsistas e os não bolsistas em relação ao Piel
.......................................................................................................................................... 124
7.2 Como os docentes e coordenadores do Piel relacionam a prática esportiva e o
rendimento escolar .......................................................................................................... 130
7.3 Sobre os docentes que atuam no Piel .................................................................... 131
7.3.1 Experiência esportiva dos docentes ligados ao Piel .................................................. 132
7.4 Concepções dos docentes, gestores, técnicos-administrativos, acadêmico e
colaborador externo sobre a utilização do esporte e lazer como instrumento pedagógico
.......................................................................................................................................... 133
7.5 Concepções dos sujeitos entrevistados sobre o Piel ............................................. 134
7.6 Concepções dos sujeitos entrevistados sobre políticas sociais e assistência
estudantil .......................................................................................................................... 140
7.7 Concepções dos sujeitos entrevistados sobre a relação entre o Piel e a
permanência na escola .................................................................................................... 145
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 159
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 167
APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO:
Grupo Focal (estudante menor de idade) ..........................................................................183
APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO:
Grupo Focal ..........................................................................................................................184
APÊNDICE C – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO:
Entrevista ..............................................................................................................................185
APÊNDICE D – ROTEIRO – GRUPO FOCAL (USUÁRIOS COM AUXÍLIO)
.................................................................................................................................................186
APÊNDICE E – ROTEIRO – GRUPO FOCAL (USUÁRIOS SEM AUXÍLIO)
.................................................................................................................................................187
APÊNDICE F – ROTEIRO DE ENTREVISTA – ENTREVISTADO 06 ............189
APÊNDICE G – ROTEIRO DE ENTREVISTA – ENTREVISTADO 01 ...........190
APÊNDICE H – ROTEIRO DE ENTREVISTA – ENTREVISTADO 05 ...........191
APÊNDICE I – ROTEIRO DE ENTREVISTA – ENTREVISTADOS 02, 03, 04, 07
E 08 ........................................................................................................................................192
ANEXO A – Edital nº 02/2015 ..................................................................................194
ANEXO B – Edital nº 02/2016 ..................................................................................206
14
1 INTRODUÇÃO
Durante as décadas de 1990 e 2000, o Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos
Comunitários e Estudantis (Fonaprace) – órgão assessor da Associação Nacional dos Dirigentes
das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) – realizou pesquisas sobre o perfil
socioeconômico e cultural dos estudantes das Instituições Federais de Educação (IFEs). Os
resultados destas pesquisas indicaram parâmetros para definir melhor as diretrizes para a
elaboração de programas e projetos a serem realizados nestas instituições (FONAPRACE,
2012).
Na segunda Pesquisa do Perfil Socioeconômico e Cultural dos Estudantes de Graduação
das IFEs brasileiras, que foi realizada no período de novembro/2003 a março/2004, o
quantitativo de estudantes das classes C, D, E encontrava-se em 42,8%, cuja renda média
familiar mensal atingia, no máximo, R$ 927,00 e apresentavam uma situação de vulnerabilidade
social. De acordo com a publicação o Fonaprace (2012), esses resultados confirmam os dados
da primeira pesquisa, validando a importância de financiamento para a Assistência Estudantil
nas IFEs que pudessem dar garantia de continuidade nos cursos desses estudantes mais carentes.
Em 2010, com o Decreto nº 7.234, de 19 de julho, foi criado o Programa Nacional de
Assistência Estudantil (Pnaes), com o objetivo de ampliar as condições de permanência dos
estudantes. No entanto, o texto do decreto diz respeito apenas aos alunos da educação superior.
Surge, a partir desse decreto, a dúvida de como funcionaria a assistência estudantil nos
Institutos Federais – instituição que oferece, além do ensino superior, o ensino médio integrado
ao ensino profissional. Os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia surgem com
a Lei nº 11.892 que cria a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica,
vinculada ao Ministério da Educação. Além dos Institutos, a rede é formada pela Universidade
Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), pelos Centros Federal de Educação Tecnológica
Celso Suckow da Fonseca (CEFET-RJ), pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de
Minas Gerais (CEFET-MG) e pelas Escolas Técnicas Vinculadas às Universidades Federais
(BRASIL, 2008).
Esta lei, em seu Art. 2º, define os Institutos Federais como
Instituições de educação superior, básica e profissional, pluricurriculares e
multicampi, especializados na oferta de educação profissional e tecnológica
nas diferentes modalidades de ensino, com base na conjugação de
conhecimentos técnicos e tecnológicos com as suas práticas pedagógicas, nos termos desta Lei. (BRASIL, 2008, art. 2).
15
A Lei nº 11.892 trata, em seu Art. 6º, sobre as finalidades e características dos Institutos
Federais:
I - ofertar educação profissional e tecnológica, em todos os seus níveis e
modalidades, formando e qualificando cidadãos com vistas na atuação profissional nos diversos setores da economia, com ênfase no
desenvolvimento socioeconômico local, regional e nacional;
II - desenvolver a educação profissional e tecnológica como processo educativo e investigativo de geração e adaptação de soluções técnicas e
tecnológicas às demandas sociais e peculiaridades regionais;
III - promover a integração e a verticalização da educação básica à educação profissional e educação superior, otimizando a infra-estrutura física, os
quadros de pessoal e os recursos de gestão;
IV - orientar sua oferta formativa em benefício da consolidação e
fortalecimento dos arranjos produtivos, sociais e culturais locais, identificados com base no mapeamento das potencialidades de desenvolvimento
socioeconômico e cultural no âmbito de atuação do Instituto Federal;
V - constituir-se em centro de excelência na oferta do ensino de ciências, em geral, e de ciências aplicadas, em particular, estimulando o desenvolvimento
de espírito crítico, voltado à investigação empírica;
VI - qualificar-se como centro de referência no apoio à oferta do ensino de
ciências nas instituições públicas de ensino, oferecendo capacitação técnica e atualização pedagógica aos docentes das redes públicas de ensino;
VII - desenvolver programas de extensão e de divulgação científica e
tecnológica; VIII - realizar e estimular a pesquisa aplicada, a produção cultural, o
empreendedorismo, o cooperativismo e o desenvolvimento científico e
tecnológico; IX - promover a produção, o desenvolvimento e a transferência de tecnologias
sociais, notadamente as voltadas à preservação do meio ambiente. (BRASIL,
2008, art. 6).
Percebe-se a singularidade dos Institutos Federais, pois são Instituições que abrangem
diferentes níveis de ensino, indo do nível médio até a pós-graduação, além do estímulo à
pesquisa e à extensão em todos estes níveis. Os Institutos Federais têm como finalidade
desenvolver a educação profissional, mas sem deixar de lado a formação geral.
Os Institutos Federais são organizados em estrutura multicampi, com proposta
orçamentária anual identificada para cada campus e reitoria, com algumas exceções, tipo
benefícios aos servidores. Os campi são dirigidos por Diretores-Gerais. Com a criação do
campus, o Diretor é nomeado pelo Reitor para mandato de 04 (quatro) anos, e caso seja de
interesse do atual Diretor, é permitido uma recondução, após processo eleitoral no determinado
campus. No processo de consulta à comunidade, atribui-se o peso de 1/3 (um terço) para a
manifestação do corpo docente, de 1/3 (um terço) para os servidores técnico-administrativos e
de 1/3 (um terço) para o corpo discente (BRASIL, 2008).
De acordo com Taufick (2014), apesar do questionamento sobre a funcionalidade do
Pnaes para os estudantes de outro nível de ensino que não seja o superior, a criação deste
16
Programa conduziu a maioria dos Institutos Federais a um movimento de criação de sua política
de assistência estudantil. O mesmo autor chama atenção para o fato de que, apesar do Pnaes se
referir aos alunos da educação superior, houve o incremento orçamentário, via Lei
Orçamentária Anual (LOA), da ação intitulada “2994 - Assistência ao Educando da Educação
Profissional”, que disponibilizou recursos para que os Institutos pudessem iniciar a sua política
de assistência ao estudante. Diante disso, o Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) apresenta
a sua proposta de Política da Assistência Estudantil (Pnaes IFPE) (BRASIL, 2012), como
[...] um instrumento que visa contribuir com o processo de criação, ampliação
e consolidação de programas, projetos e ações que propiciem a permanência do estudante na Instituição, ou seja, é uma política que tem como finalidade
prover os recursos necessários para o estudante superar os entraves do seu
desempenho acadêmico, sendo, ainda, um instrumento de fortalecimento de
uma formação voltada para o exercício da cidadania. (BRASIL, 2012, p. 9).
Costa (2010) ressalta que apesar desta política direcionar a maior parte das ações para
as questões econômicas, voltadas para o estudante de baixa renda, percebe-se um crescimento
de ações que envolvem as áreas culturais, esportivas e psicológicas, promovendo, assim, a
equidade dentro desse universo, tornando a política de assistência mais ampla. Sendo assim, a
assistência estudantil passa a atender tipos diferentes de pessoas com suas diferentes funções
(social, pedagógica, psicológica).
A Política de Assistência Estudantil do IFPE desenvolve Programas Técnico-
Científicos, Específicos e Universais. Os Programas Técnico-Científicos, como o Pibic
[Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica], Pibex [Programa Institucional para
Concessão de Bolsas de Extensão], Monitoria e outros, “[...] contribuem para a formação
intelectual, acadêmica e profissional dos estudantes” (BRASIL, 2012, p. 15). De acordo com a
Proposta da Política de Assistência Estudantil do IFPE (BRASIL, 2012), o acompanhamento
dos bolsistas é de responsabilidade das Pró-Reitorias de Ensino, Pesquisa e Extensão e de suas
respectivas Diretorias nos campi.
De acordo com a proposta de Política da Assistência Estudantil (BRASIL, 2012), os
Programas Específicos, como o Manutenção Acadêmica, Auxílio Financeiro, Apoio a Visitas
Técnicas e Assistência ao estudante do PROEJA, atendem, prioritariamente, estudantes em
situação de vulnerabilidade social e estudantes com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento, altas habilidades e superdotação. Existem também os Programas Universais,
como o Acompanhamento Biopsicossocial, Incentivo à Cultura e Arte, Incentivo ao Esporte e
Lazer que abrangem todos os estudantes matriculados regulamente em cursos presenciais do
campus. No entanto, de acordo com o documento (BRASIL, 2012), para à concessão de
17
benefício em qualquer um dos Programas relacionados acima, são considerados os critérios de
vulnerabilidade social e de necessidades educacionais específicas, identificados por meio de
análise socioeconômica.
Como já descrito acima, um dos programas da Política de Assistência Estudantil do
IFPE é o de Incentivo ao Esporte e Lazer, que oferece um auxílio financeiro para os alunos que
são escolhidos para fazerem parte da equipe de determinado esporte, após avaliação técnica-
tática esportiva e socioeconômica. É possível, também, a participação nas equipes de alunos
que não foram contemplados com o auxílio financeiro. O estudante, atendendo a critérios
técnicos de uma determinada modalidade, poderá participar dos treinamentos esportivos e das
competições.
Mas esses programas voltados para o esporte e lazer existem em todos Institutos
Federais (IF´s)? Ao fazer uma busca por programas similares ao Programa de Incentivo ao
Esporte e Lazer nos diferentes Institutos Federais na Região Nordeste, percebe-se que são
poucos os Institutos que desenvolvem programas nesta área, e os que existem são bem recentes.
Em 2014, surgiu no Instituto Federal do Piauí (IFPI) o Benefício Atleta, programa de auxílio
voltado para o esporte e lazer, similar ao desenvolvido no IFPE. Em 2015 foi aprovada no IF-
Sertão [Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão de Pernambuco] a
política de assistência estudantil e um dos programas presentes no documento é o de incentivo
à atividade física e lazer, ação que se propõe a contribuir para a formação física e intelectual,
além de promover a inclusão social, colaborando na formação cidadã dos estudantes.
Em Pernambuco, a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica é
representada pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE).
O IFPE é composto por 16 (dezesseis) campi, sendo 03 (três) oriundos do CEFET-PE [Centro
Federal de Educação Tecnológica de Pernambuco] (Ipojuca, Pesqueira e Recife), 03 (três)
provenientes das Escolas Agrotécnicas Federais (Barreiros, Belo Jardim e Vitória de Santo
Antão), 03 (três) resultantes da segunda fase da política de Expansão da Rede Federal
(Afogados da Ingazeira, Caruaru e Garanhuns) e 07 (sete) da terceira expansão, em 2014 (Cabo
de Santo Agostinho, Palmares, Jaboatão, Olinda, Paulista, Abreu e Lima e Igarassu), além do
campus Virtual da Educação a Distância (EaD).
De acordo com o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) (2015, p. 28), o IFPE
tem como missão
Promover a educação profissional, científica e tecnológica, em todos os seus
níveis e modalidades, com base no princípio da indissociabilidade das ações de Ensino, Pesquisa e Extensão, comprometida com uma pratica cidadã e
18
inclusiva, de modo a contribuir para a formação integral do ser humano e para
o desenvolvimento sustentável da sociedade.
Em Pesqueira, município do Agreste Pernambucano, 215 km distante da capital Recife,
como foi citado acima, existe um campus do IFPE. Obedecendo ao Art. 7º da Lei nº 11.892, o
campus Pesqueira ministra educação profissional técnica de nível médio, prioritariamente na
forma de cursos integrados (Edificações e Eletrotécnica), para os concluintes do ensino
fundamental e para o público da educação de jovens e adultos e cursos de formação inicial e
continuada de trabalhadores. Ainda seguindo o Art. 7º, são ofertados cursos de nível superior
(cursos de licenciatura em matemática, licenciatura em física e bacharelado em enfermagem).
De acordo com a Lei nº 11.892, o IFPE deverá garantir o mínimo de 50% (cinquenta
por cento) de suas vagas para atender à educação profissional técnica de nível médio,
prioritariamente na forma de cursos integrados. Essa diretriz deixa bem claro qual o “carro-
chefe” desta Instituição.
No organograma do campus Pesqueira, existe a Divisão de Assistência Estudantil
(DAE), que desenvolve vários programas voltados para o corpo discente do campus, visando
contribuir para a igualdade de oportunidades e formação integral. Este setor é o responsável
pelas ações da assistência estudantil e uma dessas ações é o Programa de Incentivo ao Esporte
e Lazer (Piel).
O acesso ao ensino, como política educacional, não pode vir isolado. Tem que estar
atrelado a uma política contra a evasão e a repetência, mas que não seja uma política preocupada
apenas com números, mas sim, uma política que além de propiciar a permanência dos alunos
na escola, busque elevar a qualidade da educação, pois manter o aluno no sistema de ensino
nem sempre é o bastante para assegurar que o aprendizado aconteça. A Política de Assistência
Estudantil do IFPE procura resolver parte desse problema, buscando reduzir os índices de
evasão e retenção decorrentes de dificuldades de ordem socioeconômica.
Dados do censo escolar, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (Inep), mostram que, em 2015, dos alunos matriculados no ensino
médio, 6,8% evadiram. Nos anos anteriores esse percentual era ainda maior. Em 2012 9,1%
deixaram de frequentar as turmas do ensino médio; em 2013 a taxa de evasão foi de 8,1%; e,
em 2014, de 7,6%. De acordo com o mesmo estudo, no ano de 2015, dos matriculados no ensino
médio, 11,5% reprovaram de ano. No ano anterior, esse percentual foi mais alto, 12,1% estavam
nesta situação. Percebe-se uma diminuição no número de repetência e evasão no ensino médio
comparando o período entre os anos de 2012 a 2015.
19
Na Rede Federal, o percentual de reprovação diminuiu nesse mesmo intervalo de tempo.
Em 2012, a rede apresentava 13,4% de reprovações, e, em 2015 esse número caiu para 12,4%.
A taxa de abandono na rede federal não apresentou alterações nos últimos três anos: em 2013
era de 2,7%, caindo para 2,4% em 2014 e voltando para 2,7% em 2015. Apesar de não ter
alterações nos índices de evasão, nota-se que essa taxa se encontra bem abaixo quando
comparada com o percentual de abandono total no Brasil (incluídas as redes municipais,
estaduais, federais e particulares) e com o percentual de abandono das redes públicas, na qual
a rede federal faz parte. Nos últimos dois anos, a média geral de abandono no Brasil foi de 7,6%
em 2014 e 6,8% em 2015. A rede pública teve uma taxa de abandono ainda maior, pois em
2014 apresentou uma taxa de 8,6% e 7,8% em 2015. Com base nesses números surge a
inquietação em saber se essa diminuição tem alguma relação com as políticas adotadas pelo
governo, sendo uma dessas políticas a de assistência estudantil, desenvolvida na rede federal
de ensino.
Já os dados sobre o acesso ao ensino médio não são tão animadores. De uma forma
geral, de acordo com Moraes e Alavarse (2011), o período de expansão do ensino médio foi de
1991 a 2010. Apesar dessa expansão, o percentual de matrícula entre 2007 e 2014 apresentou
pouca diferença no número de matrículas, mostra até uma queda, podendo ser considerada uma
certa estabilização nas matrículas.
Em levantamento feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Anísio Teixeira
(Inep/MEC) em 2014, o número de matrículas no ensino médio no ano de 2007 era maior do
que no ano de 2013. Em 2007 foram realizadas 8.369.369 matrículas na última etapa da
educação básica, enquanto que em 2014 foram 8.300.189 matrículas; em 2015 esse número
continuou caindo, ficando em 8.074,881 matrículas (BRASIL, 2015). Porém a Lei nº 13.005
que trata do Plano Nacional da Educação (PNE) 2014-2024 tem como a meta 3: “universalizar,
até 2016, o atendimento escolar para toda a população de quinze a dezessete anos e elevar, até
o final do período de vigência deste PNE, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para
oitenta e cinco por cento” (BRASIL, 2014, p.53). Em 2014 essa taxa líquida se encontrava em
61,4% (IBGE/PNAD, 2015).
Levando em consideração os dados do censo escolar, as matrículas da educação
profissional – concomitante, as subsequente e as integradas ao ensino médio – vêm crescendo
bastante (BRASIL, 2015). A expansão da rede federal contribuiu significativamente com o
aumento da oferta de matrículas.
Fazendo uma revisão sobre o tema “a Política de Assistência Estudantil no Instituto
Federal de Pernambuco – IFPE”, foram encontrados três estudos. O primeiro, um artigo
20
publicado por Albuquerque, Andrade, Falcão e Lima em 2012, que tem como tema: análise do
perfil socioeconômico de alunos participantes da assistência estudantil do IFPE – campus
Recife. Este estudo apresenta uma análise do perfil socioeconômico dos estudantes
beneficiários por Programas de Assistência Estudantil do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de Pernambuco – campus Recife no ano de 2011, com o objetivo de
investigar se os mesmos vivem em condições de vulnerabilidade social. Os sujeitos da pesquisa
eram alunos do ensino médio integrado que receberam algum auxílio da assistência estudantil
em 2011.
Este estudo vem comprovar a importância de o perfil socioeconômico dos estudantes
ser traçado, para que as decisões das políticas de Assistência Estudantil sejam construídas e
tomadas em concordância com a demanda da população que será beneficiada.
O segundo foi um estudo realizado por Menezes et al. em 2013, sobre o programa Aluno
Colaborador, um dos programas ofertados pela Política de Assistência Estudantil no IFPE, sob
o tema: o programa aluno/a colaborador/a na política de assistência estudantil do IFPE e sua
contribuição para o êxito escolar e a permanência dos/as beneficiados/as. Esta pesquisa teve
como objetivo analisar a efetividade do programa aluno/a colaborador/a, e sua possível
contribuição para a frequência regular e permanência – com êxito – dos/as beneficiados/as.
Logo, buscou fazer uma análise da efetividade de um programa específico da assistência ao
estudante.
O terceiro foi uma publicação feita por Queiroz, Santos, Brandão e Silva (2015) com o
tema: o impacto do programa bolsa permanência na trajetória acadêmica dos estudantes do
IFPE. Este estudo foi realizado com estudantes do ensino médio subsequente e buscava coletar
informações com vistas a desenvolver processos de monitoramento do Programa Bolsa
Permanência, verificando a sua importância para a permanência dos estudantes no Instituto
Federal de Pernambuco.
Sobre o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer não foi encontrada nenhuma
pesquisa. A quantidade de estudos voltados para os programas da Política de Assistência
Estudantil é pequena, sobretudo no IFPE, pois essa política, formalmente, ainda é recente nesta
instituição. Faz-se necessário mais exploração nesta área, com o intuito de esclarecer os
resultados obtidos na aplicação dos diferentes programas da política de assistência ao estudante
e conhecer o programa pela visão dos beneficiados, assim, pode-se saber se o programa está
atendendo aos objetivos propostos.
Minayo (2000) afirma que toda investigação se inicia com um problema. Segundo
Laville e Dionne (1999, p. 87), “um problema de pesquisa é um problema que se pode ‘resolver’
21
com conhecimentos e dados já disponíveis ou com aqueles factíveis de serem produzidos”. A
partir desta problematização, a pesquisa se propôs a responder a seguinte pergunta: será que a
participação dos alunos do Ensino Médio Integrado nas atividades do Programa de Incentivo
ao Esporte e Lazer, especialmente na condição de beneficiário de bolsa de Assistência
Estudantil, vem influenciando na permanência escolar nesta modalidade de ensino?
Logo, pode-se dizer que o presente estudo contribuiu de forma a elucidar algumas
informações da Política de Assistência ao Estudante, em especial o Programa de Incentivo ao
Esporte e Lazer, investigando se o mesmo contribui com a permanência escolar na Instituição,
diminuindo a evasão e auxiliando na melhora do rendimento escolar dos estudantes
participantes.
Desta forma, seguem abaixo os objetivos da pesquisa:
GERAL
Refletir sobre a relação entre o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer, como uma Política
de Assistência Estudantil, e a garantia da permanência escolar dos alunos usuários com auxílio.
ESPECÍFICOS
Relacionar os tipos de programas oferecidos, as regras de concessão e o nível de
abrangência da política de assistência estudantil, em especial o Programa de Incentivo
ao Esporte e Lazer, para os alunos do ensino médio integrado do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco – campus Pesqueira;
Analisar as regras de atendimento e acompanhamento da Política de Assistência
Estudantil, considerando o perfil socioeconômico dos alunos do IFPE – Campus
Pesqueira;
Identificar a(s) concepção(ões) da relação entre Política de Assistência Estudantil (em
especial do Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer) e melhoria da qualidade da
educação de gestores, docentes, discentes, acadêmico, colaborador externo e técnico-
administrativos relacionados;
Comparar a relação entre a Política de Assistência Estudantil, a participação no
Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer e a melhoria da qualidade da educação entre
22
bolsistas e não bolsistas, a partir da avaliação de gestores, docentes, discentes,
acadêmico, colaborador externo e técnico-administrativos relacionados.
Além da introdução, a presente dissertação inclui 6 (seis) capítulos que visam
aprofundar o debate sobre alguns temas. Antes, no segundo capítulo, o estudo apresenta, a partir
da problematização e dos objetivos da pesquisa, toda a sua estrutura teórica-metodológica.
No terceiro capítulo procura-se desenvolver uma reflexão sobre o neoliberalismo, que
ao redefinir os padrões de acumulação, os processos produtivos e as dimensões no campo
científico e tecnológico, passa a colocar novas exigências para a educação e para o trabalho.
No quarto capítulo é feito um resgate histórico acerca do ensino médio e do ensino
profissional, pontuando as principais reformas ao longo do tempo, não se esquecendo de debater
as contradições deste nível de ensino na busca da superação da dualidade do sistema
educacional brasileiro.
O quinto capítulo apresenta a evolução histórica da Assistência Social no Brasil, assim
como o resgate histórico da Assistência Estudantil até a criação da Programa Nacional de
Assistência Estudantil (Pnaes), que é um marco na busca de mecanismos visando viabilizar a
permanência e o êxito de estudantes provenientes das camadas menos favorecidas. Neste
capítulo, é esclarecido o início da relação entre o Pnaes, que apenas faz referência à assistência
aos estudantes do nível superior, e os Institutos Federais, que em sua maioria atendem
estudantes do nível médio integrado. É apresentado, também, um breve histórico do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE) e sua proposta da política
de assistência estudantil. Ainda neste capítulo, o Piel, objeto de pesquisa deste estudo, é
apresentado e destrinchado.
Por fim, nos capítulos seis e sete, é feita uma análise dos documentos pertinentes ao
objeto de estudo e dos dados coletados em entrevistas com os sujeitos participantes do Piel.
23
2 MARCO TEÓRICO-METODOLÓGICO
O campo teórico-metodológico da pesquisa torna-se importantíssimo para a qualidade
do estudo científico e isso envolve a sua confiabilidade. A partir do problema e dos objetivos
da pesquisa, este capítulo apresentará os procedimentos metodológicos do estudo tomando
como referências os caminhos apontados por Minayo (2000).
Minayo (2000, p. 16) entende que “a metodologia inclui as concepções teóricas de
abordagem, o conjunto de técnicas que possibilitam a construção da realidade e o sopro divino
do potencial criativo do investigador”. É o caminho trilhado pelo pensamento e pela ação na
busca da construção do conhecimento.
Este estudo optou em desenvolver uma pesquisa qualitativa, se propondo a realizar uma
compreensão própria e extensa do fenômeno social em questão. Para Minayo (2000, p. 21), a
pesquisa qualitativa “trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças,
valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e
dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis”. Portanto, o
objeto de estudo foi tratado num nível de realidade que não houve uma preocupação em
quantificá-lo. Sobre a pesquisa qualitativa, Chizzotti (2003, p. 221) afirma que
O termo qualitativo implica uma partilha densa com as pessoas, fatos e locais que constituem objetos de pesquisa, para extrair desse convívio os
significados visíveis e latentes que somente são perceptíveis a uma atenção
sensível e, após este tirocínio, o autor interpreta e traduz em um texto, zelosamente escrito, com perspicácia e competência científicas, os
significados patentes ou ocultos do seu objeto de pesquisa.
De acordo com Flick (2009), há uma diferença entre as ideias centrais que orientam a
pesquisa qualitativa e a pesquisa quantitativa. De acordo com este autor, os principais aspectos
da pesquisa qualitativa consistem na escolha adequada de métodos e teorias. No presente
estudo, lançando mão do método qualitativo, buscou-se analisar até que ponto as atividades de
esporte e lazer vinculadas à assistência estudantil influenciam na permanência escolar.
A pesquisa utilizou o método de pesquisa de campo, que, de acordo com Vergara
(1998), pode ser entendida como uma investigação empírica realizada no local onde acontece
ou aconteceu o fenômeno, podendo incluir questionários, entrevistas e observações. Segundo
Gil (2002), o estudo de campo constitui o modelo clássico de investigação no campo da
Antropologia, onde se originou. Nos dias atuais, no entanto, sua utilização se dá em muitos
outros domínios, como no da Sociologia, da Educação, da Saúde Pública e da Administração.
24
Através do fenômeno discutido neste trabalho, buscou-se avaliar a política de assistência
estudantil, por meio do Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer, se este contribui para a
permanência dos alunos beneficiados do ensino médio integrado do IFPE-Pesqueira.
Com o intuito de realizar um estudo que fizesse uma reflexão-ação do caso estudado,
utilizou-se a abordagem do materialismo histórico dialético nesta pesquisa. Desejou-se, com
essa abordagem, verificar com mais rigor o objeto estudado, visando colocá-lo frente às
diversas contradições possíveis. De acordo com Cunha, Souza e Silva (2014, p. 137), “O
materialismo histórico dialético tem por objetivo de estudo a compreensão e a transformação
da sociedade na qual o homem vive”.
A pesquisa se orientou dentro das diretrizes apontadas. Na próxima seção, será
apresentado o campo da pesquisa e os sujeitos participantes da investigação.
2.1 Campo de investigação e sujeitos da pesquisa
A pesquisa aconteceu num dos campi do IFPE, uma instituição pública federal
localizada no estado de Pernambuco que oferece Educação Profissional gratuita, na forma de
cursos e programas de Formação Inicial e Continuada de trabalhadores (FIC), Educação
Profissional Técnica de nível médio e Graduação e Pós-graduação, articulados a projetos de
pesquisa e extensão.
Dentre os diversos campi em Pernambuco, foi no campus Pesqueira, cidade do Agreste
pernambucano, que a pesquisa empírica foi realizada. Isso se deu pelo fato de que foi no IFPE
– Pesqueira que surgiu, em 2009, o Piel, expandindo-se em seguida para os demais campi do
Instituto. Portanto, surgiu a inquietação em explorá-lo a partir do local onde ele foi germinado.
Além disso, buscou-se contribuir de forma a entender como a política de assistência estudantil
acontece fora das grandes metrópoles e conhecer as diferentes situações vivenciadas pelos
alunos do interior do estado.
Para Minayo (1998, p. 105), o campo de pesquisa, na pesquisa qualitativa, é “[...] o
recorte espacial que corresponde à abrangência, em termos empíricos, do recorte teórico
correspondente ao objeto da investigação”.
A pesquisa teve a participação de 25 (vinte e cinco) sujeitos. Foram entrevistados
gestores (Direção Geral e Chefe da diretoria de assistência estudantil), docentes, técnicos
administrativos (assistente social e chefe de manutenção), estagiário do campus Pesqueira,
voluntário (colaborador externo) e os estudantes do ensino médio integrado, ou seja,
contemplando todos os segmentos que participam diretamente do Piel.
25
Com relação aos estudantes que frequentam o Piel, participaram da pesquisa 10 (dez)
usuários com auxílios e 07 (sete) usuários sem auxílio – escolhidos de acordo com os critérios
estabelecidos. Antes, todos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE),
concordando, assim, em participar da pesquisa e autorizando a utilização das informações
coletados apenas para fins acadêmicos, mantendo resguardado o anonimato das declarações1.
O Piel apresenta-se como “[...] um conjunto de ações que visam contribuir para o
exercício da cidadania, através de práticas esportivas e de lazer” (BRASIL, 2012, p. 33). É
concedido um benefício financeiro aos alunos participantes das diferentes modalidades
oferecidas pelo campus. O professor de Educação Física é o responsável pela supervisão das
práticas esportivas.
2.2 Procedimentos de coletas de dados
Com relação aos procedimentos técnicos utilizados neste estudo, foram privilegiados a
pesquisa bibliográfica, a análise documental, a entrevista semiestruturada e o grupo focal.
A pesquisa bibliográfica foi utilizada para descrever a temática e embasar a análise dos
dados. Por meio das leituras de artigos, dissertações, teses e livros, foi possível compreender o
problema da pesquisa e pensar a respeito de temas relacionados a ele. Inicialmente foi realizado
um levantamento bibliográfico sobre os temas que envolvem a pesquisa, um recorte sobre o
sistema neoliberal e a relação entre trabalho e educação, as reformas educacionais, em especial
no ensino médio e no profissional, um aprofundamento da Política de Assistência Estudantil
nas Universidades e nos Institutos Federais com ênfase no Programa de Incentivo ao Esporte e
Lazer.
De acordo com Minayo (2000, p. 16), “enquanto conjunto de técnicas, a metodologia
deve dispor de um instrumental claro, coerente, elaborado, capaz de encaminhar os impasses
teóricos para o desafio da prática”. Diante desta afirmativa, a realização da fase de coletas de
dados foi orientada por três procedimentos articulados: análise documental, entrevista
semiestruturada e grupo focal.
Ao trabalhar com a análise documental, Sá-Silva, Almeida e Guindani (2009, p. 2)
orientam para que
o uso de documentos em pesquisa seja apreciado e valorizado, pois a riqueza de informações que deles podemos extrair e resgatar justifica o seu uso em
várias áreas das Ciências Humanas e Sociais porque possibilita ampliar o
1 O modelo do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido encontra-se no Apêndice.
26
entendimento de objetos cuja compreensão necessita de contextualização
histórica e sociocultural.
É importante não confundir a análise documental com a análise bibliográfica. De acordo
com Gil (2002), a principal diferença está na natureza das fontes.
[...] enquanto na pesquisa bibliográfica as fontes são constituídas sobretudo
por material impresso localizado nas bibliotecas, na pesquisa documental, as
fontes são muito mais diversificadas e dispersas. Há, de um lado, os documentos "de primeira mão", que não receberam nenhum tratamento
analítico. Nesta categoria estão os documentos conservados em arquivos de
órgãos públicos e instituições privadas, tais como associações científicas, igrejas, sindicatos, partidos políticos etc. Incluem-se aqui inúmeros outros
documentos como cartas pessoais, diários, fotografias, gravações,
memorandos, regulamentos, ofícios, boletins etc.. (GIL, 2002, p. 46).
Diante do que foi exposto, a presente pesquisa preocupou-se em realizar a análise de
documentos que se referem, diretamente, à Política Nacional de Assistência Estudantil e à
Política de Assistência Estudantil do IFPE, em especial, o Programa de Incentivo ao Esporte e
Lazer desenvolvido no IFPE - campus Pesqueira. Por meio da análise, buscou-se estabelecer a
relação da Política Nacional de Assistência Estudantil e a permanência escolar. Esse
instrumento metodológico foi importante por possibilitar o acesso às diretrizes gerais que guiam
a proposta da Política de Assistência do IFPE e dos programas desenvolvidos no campus
Pesqueira. Seguem, no quadro abaixo, os documentos tratados na pesquisa:
Quadro 1: Documentos Analisados
01 Decreto 7.234, de 19 de julho de 2010. Dispõe sobre o Programa Nacional de
Assistência Estudantil – Pnaes2
02 Proposta da Política de Assistência Estudantil do IFPE3.
03 Resolução nº 021, de 26 de março de 2012. Aprova proposta da política de
assistência estudantil do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia4.
04 Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008. Institui a Rede Federal de Educação
Profissional, Científica e Tecnológica, cria os Institutos Federais de Educação,
Ciência e Tecnologia e dá outras providências5.
05 Edital 2015 do Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer do IFPE - campus
Pesqueira6.
2 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Decreto/D7234.htm. 3 Disponível em: http://www.ifpe.edu.br/campus/paulista/assistencia-estudantil/politica-de-assistencia-estudantil-
anexo-da-res-21_2012-proposta-da-politica-aprovada-pelo-consup-26_03_12.pdf. 4 Disponível em: http://www.ifpe.edu.br/campus/paulista/assistencia-estudantil/res-021-2012-consup_aprova-
politica-estudantil.pdf. 5 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11892.htm. 6 Anexo A
27
06 Edital 2016 do Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer do IFPE - campus
Pesqueira7.
Fonte: Desenvolvido pelo pesquisador
Percebe-se que os documentos que foram analisados na pesquisa são as normatizações
da Assistência Estudantil e a legislação que se refere à instituição da Rede Federal de Ensino.
Três desses documentos, referentes à Assistência Estudantil, foram disponibilizados pela
Divisão de Assistência ao Estudante do campus Pesqueira; para os outros três documentos, foi
preciso realizar consulta às páginas eletrônicas da instituição.
O outro procedimento utilizado foi a entrevista. Para Minayo (2000, p. 57), “a entrevista
é o procedimento mais usual no trabalho de campo. Através dela o pesquisador busca obter
informações contidas nas falas dos atores sociais”. Segundo Laville e Dionne (1999, p. 187),
esse procedimento “deixa o entrevistado formular uma resposta pessoal, obtém uma ideia
melhor do que este realmente pensa e se certifica, na mesma ocasião, de sua competência”. Gil
(2002, p. 115) lembra que “a entrevista possibilita o auxílio ao entrevistado com dificuldade
para responder, bem como a análise do seu comportamento não verbal”.
A entrevista empregada foi do tipo semiestruturada, um importante procedimento para
a construção do conhecimento sobre o social (MINAYO, 1998). Desta maneira, acreditou-se
ser metodologicamente útil para a coleta o relato dos agentes envolvidos na pesquisa diante da
política de assistência estudantil, através do Piel, no IFPE - campus Pesqueira. Sendo assim, a
utilização da entrevista semiestruturada teve o objetivo de obter informações mais subjetivas,
como as percepções dos agentes envolvidos sobre o Piel e sua influência na permanência do
estudante na escola.
A seleção da amostra para a realização da entrevista ocorreu pelo critério de participação
no Piel, foram escolhidos sujeitos responsáveis pelo desenvolvimento do Piel no IFPE - campus
Pesqueira, desde sua definição orçamentária até a realização dos treinamentos esportivos. São
eles: o Diretor Geral, o Chefe da Divisão de Assistência Estudantil, o Assistente Social, os
Professores, os Técnicos-Administrativos, o Estagiário de Educação Física e o Voluntário.
Depois do aceite, foram marcados o local e a data mais conveniente para o participante. Antes
da entrevista, foi apresentado ao participante todo o teor da pesquisa e solicitado ao mesmo,
após a confirmação de participação, a assinatura de um termo de consentimento livre e
esclarecido.
7 Anexo B
28
Ao realizar uma entrevista semiestruturada8, faz-se necessário seguir um roteiro de
perguntas. De acordo com Manzini (2012, p. 156),
A entrevista semiestruturada tem como característica um roteiro com
perguntas abertas e é indicada para estudar um fenômeno com uma população específica: grupo de professores; grupo de alunos; grupo de enfermeiras, etc.
Deve existir flexibilidade na sequência da apresentação das perguntas ao
entrevistado e o entrevistador pode realizar perguntas complementares para entender melhor o fenômeno em pauta.
Assim sendo, a entrevista seguiu um roteiro de perguntas flexíveis e com espaço para
questionamentos que surgiram durante a conversa, mas sempre atento em levantar
questionamentos adequados que apresentassem uma relação direta com os objetivos propostos
por essa pesquisa e com o intuito de esclarecer a problemática do estudo. Visando assegurar o
anonimato, os entrevistados não terão seus nomes divulgados e serão citados por uma
numeração escolhida de forma aleatória.
Por fim, realizou-se o grupo focal, instrumento que possibilita a interação, a observação
e a escuta de vários sujeitos ao mesmo tempo.
De acordo com Minayo (1998, p. 129), o grupo focal, geralmente, é utilizado para
a) focalizar a pesquisa e formular questões mais precisas; b) complementar
informações sobre conhecimentos peculiares a um grupo em relação a crenças, atitudes e percepções; c) desenvolver hipóteses de pesquisa para estudos
complementares.
A escolha do perfil dos participantes do grupo focal é ponto fundamental para se obter
um resultado positivo na sua execução. Ela foi fundamentada tanto pelo problema da pesquisa,
como pelo objetivo do estudo.
Os participantes de um grupo focal devem apresentar certas características em
comum que estão associadas à temática central em estudo. O grupo deve ser,
portanto, homogêneo em termos de características que interfiram radicalmente na percepção do assunto em foco. (TRAD, 2009, p. 783).
Partindo da afirmativa de Krueger e Casey (2000 apud GATTI, 2005) de que é mais
fácil analisar diferenças entre usuários e não usuários de certo serviço quando eles estão em
grupos separados do que quando misturados no mesmo grupo, foram formados 02 (dois) grupos
focais. No primeiro, o grupo foi formado por alunos que já foram usuários com auxílio do Piel
entre os anos de 2013 e 2015 e que não participaram de outro programa da política de assistência
ao estudante. No segundo grupo, os participantes foram os usuários sem auxílio do Piel entre
os anos de 2013 e 2015 e que não participaram de outro programa da política de assistência ao
estudante. Em ambos os grupos, houve um recorte temporal recente e a participação restrita aos
8 O roteiro da entrevista semiestruturada encontra-se no Apêndice.
29
alunos do ensino médio integrado à educação profissional, de ambos os sexos. Além do mais,
de acordo com Gatti (2005, p. 22), “o emprego de mais de um grupo permite ampliar o foco de
análise e cobrir variadas condições que possam ser intervenientes e relevantes para o tema”.
Também foram levadas em consideração na escolha dos estudantes que participaram do
grupo focal as modalidades esportivas que cada um participava. Desta forma, procurou-se dar
oportunidade para que cada modalidade esportiva desenvolvida no Piel estivesse representada
nos dois grupos. Esse critério de escolha surgiu diante da curiosidade em saber se o responsável
por uma determinada modalidade influencia: na concepção do estudante sobre as políticas de
assistência ao estudante o Piel, na permanência na escola, no rendimento escolar e na formação
cidadã.
O primeiro grupo (usuários com auxílio) foi composto por 10 (dez) participantes e o
segundo grupo (usuários sem auxílio) teve 07 (sete) participantes. De acordo com Gatti (2005,
p. 22), o quantitativo ideal para desenvolver o grupo focal é de 6 a 12 participantes, “[...] grupos
maiores limitam a participação, as oportunidades de trocas de ideias e elaborações, o
aprofundamento no tratamento do tema e também os registros”.
Os encontros dos grupos focais aconteceram no próprio IFPE - campus Pesqueira, numa
sala que funciona como laboratório de matemática. A sala dispõe de uma boa estrutura – é
grande, disponibiliza ar-condicionado, data-show, além de uma mesa grande e cadeiras
acolchoadas. Os participantes se sentiram muito bem no espaço em que os grupos focais foram
desenvolvidos.
Algumas conversas informais antecederam o dia do efetivo encontro dos grupos focais,
com o objetivo de negociar com os sujeitos da pesquisa qual seria o melhor dia e horário com
mais disponibilidade para participarem do encontro. Logo, foi decidido que poderia ser de
segunda a sexta, no turno da manhã ou da tarde. Essas conversas também serviram para
encaminhar o TCLE para os responsáveis pelos participantes que não haviam atingido a
maioridade na época do estudo.
Nos grupos focais o pesquisador desempenhou o papel de mediador da discussão e uma
aluna do ensino médio assumiu a função de assistente, ficando responsável pelas anotações da
linguagem não-verbal durante os dois encontros. Foram realizados alguns encontros com a
assistente visando prepará-la para o desempenho dessa função.
Na chegada, os estudantes foram recepcionados e convidados a sentar em cadeiras
perfiladas. Os grupos focais duraram, em média, duas horas e meia, distribuídas em 03 (três)
momentos. No primeiro momento, aproveitando a organização dos sujeitos da pesquisa em
cadeiras perfiladas, foi apresentada a pesquisa através de slides e, em seguida, houve o
30
preenchimento e/ou a entrega do TCLE. No segundo momento, inicialmente, cada participante
recebeu uma numeração como forma de se identificar durante a discussão, mantendo, assim,
seu anonimato. A discussão foi iniciada seguindo o roteiro de questões.
O roteiro9 é parte importante do grupo focal. De acordo com Trad (2009, p. 788 apud
GOMES; BARBOSA, 1999), “o roteiro de questões que irá nortear a discussão nos grupos deve
conter poucos itens, permitindo certa flexibilidade na condução do grupo focal, com registro de
temas não previstos, mas relevantes”.
Trad (2009) lembra que na elaboração do roteiro dos grupos é fundamental não perder
de vista a ligação deste processo com o referencial teórico-metodológico adotado. Sendo assim,
algumas questões que foram introduzidas no roteiro surgiram por conta do campo e do objeto
que estava sendo explorado. O roteiro foi construído com o intuito de abordar os principais
pontos que envolviam o objeto da pesquisa: assistência estudantil, ensino médio integrado,
programa de incentivo ao esporte e lazer, permanência na escola e outros. Em ambos os
grupos, neste momento de discussão, o gravador de voz ficou ligado para otimizar a coleta das
informações, que posteriormente foram transcritas. Durante o grupo focal, em ambos os grupos,
a assistente fez anotações para auxiliar nas análises. As anotações foram úteis para apontar
momentos, gestos, nervosismos, timidez, dispersões e outros que passariam despercebidos só
com a gravação.
No terceiro e último momento foi oferecido um lanche como forma de agradecimento
aos estudantes que compareceram e participaram dos grupos focais. O material empírico
produzido (gravações e anotações), durante os dois grupos focais, foi transcrito na íntegra para
tabulação e análise.
2.3 Análises dos dados
É no sentido de obter respostas fidedignas, que desponta o método de análise. Na
pesquisa científica, a análise é tão importante quanto os procedimentos de coletas. Dentre
alguns tipos de análise, mostra-se interessante a análise de conteúdo, que, segundo Minayo
(1998, p. 203), dentro de um ponto de vista operacional,
parte de uma literatura de primeiro plano para atingir um nível mais
aprofundado: aquele que ultrapassa os significados manifestos. Para isso a
análise de conteúdo em termos gerais relaciona estruturas semânticas
(significantes) com estruturas sociológicas (significados) dos enunciados. Articula a superfície dos textos descrita e analisada com os fatores que
9 Os roteiros dos grupos focais encontram-se no Apêndice.
31
determinam suas características: variáveis psicossociais, contexto cultural,
contexto e processo de produção da mensagem.
Segundo Oliveira (2008), a análise de conteúdo possui diferentes técnicas que podem
ser utilizadas pelos pesquisadores. Uma delas é a Análise Temática. Pretendeu-se fazer a análise
dos dados coletados pela análise temática descrita por Minayo (1998, p. 209), que “consiste em
descobrir os núcleos de sentido que compõem uma comunicação cuja presença ou frequência
signifiquem alguma coisa para o objetivo analítico visado”.
Segundo Minayo (1998), a Análise Temática divide-se nas etapas pré-análise,
exploração do material ou codificação e tratamento dos resultados obtidos e
interpretação.
A pré-análise pode ser dividida nas seguintes tarefas: leitura flutuante, constituição do
corpus, formulação de hipóteses e objetivos. A leitura flutuante requer o contato intenso com o
material de campo. É durante essa fase que começa a emergir algumas hipóteses (MINAYO,
1998). De acordo com a autora, a constituição do corpus é a organização do material de forma
que obedeça a algumas normas de validade: a exaustividade (que contempla todos os aspectos
levantados no roteiro), representatividade (representação do universo pretendido), a
homogeneidade (obedeça a critérios de escolhas referentes a temas, técnicas e interlocutores),
a pertinência (documentos adequados aos objetivos do estudo).
A última tarefa da pré-análise é a formulação de hipóteses e objetivos. Para Minayo
(1998), é necessário, nesse momento, estabelecer hipóteses iniciais, mas que sejam de tal forma
flexíveis permitindo hipóteses emergentes.
Em seguida, tem-se a etapa de exploração do material, que de acordo com Minayo
(1998, p. 210) refere-se, primeiramente, ao “[...] recorte do texto em unidades de registro que
podem ser uma palavra, uma frase, um tema, um personagem, um acontecimento tal como foi
estabelecido na pré-análise”. Em seguida, o pesquisador escolhe as regras de contagem e,
finalmente, realiza a classificação e a agregação dos dados, escolhendo as categorias teóricas
ou empíricas, responsáveis pela especificação do tema (MINAYO, 1998).
Por fim, tem-se o tratamento dos resultados obtidos e Interpretação. De acordo com
Minayo (1998), essa fase transparece um pouco a análise de conteúdo tradicional, de caráter
positivista. Porém, tem variantes que permitem tratar os resultados com significados em lugar
de inferências estatísticas.
Seguindo todas as etapas descritas acima, foram utilizados nas análises: 06 (seis)
documentos referentes ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco
e a Política de Assistência ao Estudante; 08 (oito) entrevistas com sujeitos envolvidos na
32
realização do Piel; e, 2 (dois) grupos focais – um composto por 10 (dez) estudantes usuários
com auxílio do Piel e o outro composto por 07 (sete) estudantes usuários sem auxílios do Piel.
33
3 TRABALHO E EDUCAÇÃO NO CONTEXTO DO NEOLIBERALISMO
De acordo com Paulani (2005), o neoliberalismo nasce logo após o término da Segunda
Guerra. Nesse período foi lançado o texto “O Caminho da Servidão”, de Friedrich Hayek,
escrito em 1944, que virou uma espécie de bíblia dessa nova teoria. O neoliberalismo “trata-se
de uma reação teórica e política veemente contra o Estado intervencionista e de bem-estar”
(PAULANI, 2005 apud ANDERSON, 1995).
De acordo com Harvey (2007), o neoliberalismo é uma teoria sobre práticas de política
econômica que procura promover e garantir direitos de propriedade privada, liberdade
individual, mercados livres e livre comércio. O mesmo autor afirma que o tipo de discurso
neoliberal se tornou hegemônico, sendo disseminado pelos modos de pensar e pelas práticas
político-econômicas, a ponto de se incorporar ao senso comum. Frigotto e Ciavatta (2011)
reafirmam que o sucesso do neoliberalismo dependia não só de uma investida no campo das
ideias, mas também, na pretensão de criar um consenso conformista nas massas e reforçar a
doutrina do livre mercado, da competição e da busca pelo sucesso individual. De acordo com
Montaño e Duriguetto (2011), o Estado, na política neoliberal, só tem duas funções: prover uma
estrutura para o mercado e prover serviços que o mercado não pode fornecer.
O neoliberalismo, ao redefinir os padrões de acumulação e os processos produtivos, traz
novas exigências para a educação e para o processo produtivo. A seguir será exposto como a
educação e o trabalho foram influenciados pela política neoliberal.
3.1 As categorias do trabalho
O trabalho como categoria ontológica, conforme Marx (1985), se efetivará sempre como
condição do homem de transformar a natureza para satisfazer suas necessidades. Em “O
Capital”, Marx, ao falar sobre o processo de trabalho, é bem claro:
O processo de trabalho, como o apresentamos em seus elementos simples e abstratos, é a atividade orientada a um fim para produzir valores de uso,
apropriação do natural para satisfazer as necessidades humanas, condição
universal do metabolismo entre o homem e a natureza, condição natural da
vida humana e, portanto, independente de qualquer forma dessa vida, sendo antes igualmente comum a todas as suas formas sociais. (MARX, 1985, p.
153).
De acordo com Montaño e Duriguetto (2011), o ser social desenvolve uma atividade
orientada por finalidades racionalmente estabelecidas, chamadas por Luckács de “trabalho”.
34
Assim, o ser humano, ao trabalhar, opera sobre a natureza de forma intencional visando
transformá-la.
Marx, nos Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844 (MARX, 2001), também
discute o trabalho no contexto do capitalismo, chamando-o de trabalho exteriorizado, por não
fazer parte da natureza do homem. Para Marx (2001), é um trabalho estranhado, de sacrifício e
mortificação do homem. Marx (2001) analisa o trabalho determinado pelas contradições da
propriedade privada, que é o resultado inevitável do trabalho alienado, da relação externa do
trabalhador com a natureza e consigo mesmo. Para Marx (2001), no contexto do trabalho
alienado, a atividade própria se torna em atividade para outrem ou de outrem.
De acordo com Montaño e Duriguetto (2011), no processo de trabalho no modo de
produção capitalista, o trabalhador precisa vender sua força de trabalho ao capitalista,
estabelecendo uma relação de emprego, uma relação salarial. Marx (1985) destaca que o
processo de trabalho sob esta ótica, na qual a força de trabalho é apropriada pelo capitalista,
apresenta dois fenômenos peculiares:
Primeiro que não seja desperdiçada matéria-prima e que o instrumento de trabalho seja preservado, isto é, só seja destruído na medida em que seu
uso no trabalho o exija. Segundo, porém: o produto é propriedade do
capitalista, e não do produtor direto, do trabalhador. O capitalista paga, por
exemplo, o valor de um dia da força de trabalho. A sua utilização, como a de qualquer outra mercadoria, por exemplo, a de um cavalo que alugou
por um dia, pertence-lhe, portanto, durante um dia. Ao comprador da
mercadoria pertence a utilização da mercadoria, e o possuidor da força de trabalho dá, de fato, apenas o valor de uso que vendeu ao dar seu trabalho.
A partir do momento em que ele entrou na oficina do capitalista, o valor
de uso de sua força de trabalho, portanto, sua utilização, o trabalho,
pertence ao capitalista. O capitalista, mediante a compra da força de trabalho, incorporou o próprio trabalho, como fermento vivo, aos
elementos mortos constitutivos do produto, que lhe pertencem igualmente.
Do seu ponto de vista, o processo de trabalho é apenas o consumo da mercadoria, força de trabalho por ele comprada, que só pode, no entanto,
consumir ao acrescentar-lhe meios de produção. O processo de trabalho é
um processo entre coisas que o capitalista comprou, entre coisas que lhe pertencem. O processo desse processo lhe pertence de modo inteiramente
igual ao produto do processo de fermentação em sua adega. (p. 154).
Montaño e Duriguetto (2011, p. 81) afirmam que “o trabalho, ontologicamente
determinante do ser social e da liberdade, na sociedade comandada pelo capital promove a
exploração e alienação do trabalhador”. De acordo com estes autores, o trabalho assalariado
desumaniza o trabalhador, porque submete o trabalhador a um processo sórdido de exploração
no contexto da acumulação flexível. Essa exploração é liderada pela classe burguesa que detém
o capital.
35
Marx e Engels (2011, p. 31), lembra que Marx em “O Capital”, destrincha o
comportamento do operário explorado pelo trabalho alienador:
A força de trabalho em ação, o trabalho mesmo, é, portanto, a atividade vital
peculiar ao operário, seu modo peculiar de manifestar a vida. E é esta atividade vital que ele vende a um terceiro para assegurar-se dos meios de subsistência
necessários. Sua atividade vital não lhe é, pois, senão um meio de poder
existir. Trabalha para viver. Para ele próprio, o trabalho não faz parte de sua vida; é antes um sacrifício de sua vida. É uma mercadoria que adjudicou a um
terceiro. Eis porque o produto de sua atividade não é também o objetivo de
sua atividade. O que ele produz para si mesmo não é a seda que tece, não é o ouro que extrai das minas, não é o palácio que constrói. [...] O operário que
durante doze horas tece, fia, fura, torneia, constrói, maneja a pá, entalha a
pedra, transporta-a etc., considera essas suas doze horas de tecelagem, fiação,
furação, de trabalho de torno e de pedreiro, de manejo da pá ou de entalhe da pedra como manifestação de sua vida, como sua vida? Muito pelo contrário.
A vida para ele principia quando interrompe essa atividade, à mesa, no
albergue, no leito. Em compensação, ele não tem a finalidade de tecer, de fiar, de furar etc., nas doze horas de trabalho, mas a finalidade de ganhar aquilo
que lhe assegura mesa, albergue e leito.
Assim, o trabalho perde todo o seu sentido ontológico e passa a ser uma atividade
vendida pelo operário e explorada pelo capital.
3.2 O trabalho no modo de produção capitalista e sua relação com a Educação
De acordo com Marx (1985), a atividade com um número maior de trabalhadores, ao
mesmo tempo, no mesmo lugar, para produzir a mesma mercadoria sob o comando do mesmo
capitalista, constitui histórica e conceitualmente o ponto de partida da produção capitalista. A
relação social desenvolvida historicamente com os capitalistas trouxe mudanças na propriedade
e no significado do saber do trabalhador. Marx (1985) denominou de cooperação, manufatura
e maquinaria as modificações que aconteceram nas características da força de trabalho. Ainda
que já existisse a divisão do trabalho na cooperação, o saber do trabalhador ainda era de seu
domínio.
Em seguida surge a manufatura, onde prevalece a especialização do trabalhador que se
caracteriza pela decomposição da atividade realizada pelo artesão polivalente em diversas
operações distintas. O trabalhador passa a ocupar-se unicamente numa determinada função.
De acordo com Marx, em “O Capital”, “Enquanto a cooperação simples, em geral, não
modifica o modo de trabalhar do indivíduo, a manufatura o revoluciona inteiramente e se
apodera da força individual de trabalho em suas raízes” (MARX; ENGELS, 2011, p. 33).
Marx (1985) descreve como se caracteriza o processo da manufatura, onde a divisão do
trabalho é o seu princípio. Neste processo torna-se necessária uma ponte, de um trabalhador
36
para o outro, que proporcione o contínuo fluxo na produção; essa conexão entre as diferentes
funções isoladas é feita por um transporte ininterrupto do artigo de uma mão para outra e de um
processo para outro. O trabalhador se torna parcial, mutilado, e o seu saber sofre da mesma
divisão e aparece-lhe como algo externo, estranho. De acordo com Marx (1985, p. 267), “[...]
em que cada operação se cristaliza em função exclusiva de um trabalhador, e sua totalidade é
executada pela união desses trabalhadores parciais”.
Nesse processo já se percebe a separação do produtor dos seus meios de produção, mas
é o trabalhador quem determina, ainda, o ritmo de produção. Sendo assim, ainda não há uma
subordinação completa do trabalhador ao capital. Essa dependência torna-se um entrave para o
capital, a independência do trabalho vivo faz-se necessária para o desenvolvimento do modo de
produção capitalista.
É com a maquinaria, na Revolução Industrial, que a produção manufatureira é superada
e o capitalismo realiza seus interesses. De acordo com Marx (1985), o emprego da maquinaria
tem como objetivo baratear as mercadorias e aumentar a produção de mais-valia. Por um lado,
a maquinaria encurta a parte da jornada de trabalho necessária à reprodução do trabalhador, e
por outro, aumenta a parte da jornada de trabalho destinada gratuitamente ao capitalista.
De acordo com Marx, o processo de decomposição da força de trabalho tem seu início
com a cooperação simples, progredindo na manufatura e completando-se na indústria moderna
(MARX; ENGELS, 2011). Com a maquinaria, o trabalhador passa a ser subordinado ao capital.
A mudança da manufatura para a indústria constitui-se como fator determinante para a
consolidação do modo de produção capitalista.
Souza e Fino (2008) elucidam que a nova ordem industrial precisava de um novo
homem, com aptidões que nem a família nem a igreja eram capazes de propiciar. Essa nova
ordem, fundada sobre a sincronização do trabalho, precisava de indivíduos diferentes daqueles
com um passado rural e bucólico, em que os ritmos naturais predominavam.
Eis que surge a Educação como a ferramenta que seria responsável em dotar o homem
de aptidões necessárias para o novo modo de produção. Diante dessa exigência por uma nova
formação humana, a relação Educação e Trabalho tem um novo rumo.
Com o impacto da Revolução Industrial, os principais países assumiram a
tarefa de organizar sistemas nacionais de ensino, buscando generalizar a
escola básica. Portanto, à Revolução Industrial correspondeu uma Revolução Educacional: aquela colocou a máquina no centro do processo produtivo; esta
erigiu a escola em forma principal e dominante de educação. (SAVIANI,
2007, p. 159).
37
Com as crises do sistema capitalista, os modelos de produção sofrem alterações com o
objetivo de suprir a demanda mundial e garantir a estabilidade do sistema. Uma das primeiras
e principais mudanças ocorridas nos modelos de produção veio com o modelo Taylorista, na
crise de 1930, que ganha muita importância num estágio em que a sociedade se encontrava
economicamente desestruturada. O taylorismo serviu de base para a implantação do que ficou
sendo denominado de fordismo.
De acordo com Saviani (2008a), é por volta da primeira metade do século XX, que as
concepções do que seria a teoria tecnicista têm origem e o processo produtivo começa a
influenciar o desenvolvimento da educação. A pedagogia tecnicista surge com o intuito de
defender a reordenação do processo educativo de maneira a torná-lo objetivo e operacional. Do
mesmo modo ao que ocorreu no trabalho fabril, pretende-se a objetivação do trabalho
pedagógico. O mesmo autor afirma que essa pedagogia tem como objetivo formar indivíduos
eficientes, ou seja, aptos a dar sua contribuição para o aumento da produtividade da sociedade.
Portanto, a escola, influenciada pelo mercado, sofre algumas modificações com o intuito
de atender as demandas do sistema capitalista, especificamente o novo modelo
taylorista/fordista. A pedagogia do trabalho taylorista/fordista se expandiu e adentrou o espaço
escolar. A esse respeito Kuenzer (2006, p. 35) faz a seguinte análise:
Esta pedagogia do trabalho taylorista foi dando origem, historicamente, a uma pedagogia escolar centrada ora nos conteúdos, ora nas atividades, mas nunca
comprometida com o estabelecimento de uma relação entre o aluno e o
conhecimento que verdadeiramente integrasse conteúdo e método, de modo a propiciar o domínio intelectual das práticas sociais e produtivas.
De acordo com Kuenzer (2006), ainda domina nas nossas escolas o projeto pedagógico
da educação escolar para atender às demandas da organização do trabalho de base
taylorista/fordista. Foi esse projeto que deu origem às tendências pedagógicas conservadoras,
que apesar de privilegiarem ora a racionalidade formal, ora a racionalidade técnica, sempre se
apoiaram na divisão entre pensamento e ação.
Em meados de 1970, o capitalismo sofre uma nova crise, que surge pelo
enfraquecimento taylorista/fordista de acumulação e regulação social e do Estado de Bem-
Estar. O taylorismo e o fordismo passam a concorrer com outros modelos produtivos ou a serem
substituídos por modelos considerados mais “flexíveis”. No entanto, foi o modelo japonês,
conhecido como toyotismo, que conseguiu se promover mais.
Contrariamente ao operário do taylorismo/fordismo que desempenhava
tarefas altamente simplificadas, repetitivas, monótonas e embrutecedoras, o
trabalhador no toyotismo, estaria transformando em um trabalhador “altamente qualificado”, “polivalente” “multiprofissional”. Na prática, várias
pesquisas demonstram que estas mudanças, de forma geral, ao invés de
38
qualificar o trabalhador o sobrecarrega com mais trabalho. (NAVARRO;
PADILHA, 2007, p. 18).
Diante disso fez-se necessário substituir o modelo educativo pautado na produção
taylorista/fordista. O novo sistema de produção, o toyotismo, exige um novo trabalhador, não
cabe mais o treinamento em atividades específicas, pois como ressalta Kuenzer (2002, p. 80),
[...] é preciso capacitar o trabalhador novo, para que atenda às demandas de
um processo produtivo cada vez mais esvaziado, no qual a lógica da
polarização das competências se coloca de forma muito mais dramática do que a ocorrida sob o taylorismo/fordismo. É preciso que o trabalhador se submeta
ao capital, compreendendo sua própria alienação como resultante de sua
prática pessoal “inadequada” [...].
Saviani (2008b), ao analisar as ideias pedagógicas na década de 1990, afirma que no
contexto dessa década predominou uma espécie de “neoprodutivismo”, que se desenvolveu no
âmbito educacional também apoiado num “neoescolanovismo”, “neoconstrutivismo” e
“neotecnicismo”. Essas ideias podem ter se iniciado com a crise do capitalismo mundial da
década de 1970, que levou a uma reestruturação dos processos produtivos, levando à
substituição modelo taylorista-fordista para o toyotista. Com isso, a educação passa a sofrer
interferências maiores do mercado. Adequar-se aos interesses do mercado, parece ter sido o
principal objetivo das várias reformas educacionais brasileiras.
Percebe-se nessa relação “educação e trabalho” a total submissão da primeira frente a
segunda. Kuenzer (2006) alerta que a escola vem se organizando de acordo com os modos de
produção – ora centrada nos conteúdos, ora nas atividades –, mas nunca comprometida em
propiciar a integração entre conteúdo e método, de modo a proporcionar o domínio intelectual
das práticas sociais e produtivas.
Frigotto (2015) trata a inversão dos termos de educação e trabalho por trabalho e
educação. Essa inversão do trabalho se dá pela sua compreensão ontológica, epistemológica e
ético política, sendo resultado de um processo de aprofundamento durante os anos 1980. No
texto, o autor apresenta algumas conclusões que se fazem necessárias para entender essa
inversão. Uma delas é entender o trabalho, em seu sentido ontológico, como um produtor de
valores de uso e algo inegável à satisfação das necessidades básicas do ser-humano. A outra
conclusão é que o trabalho é um princípio educativo formador do caráter do homem numa
sociedade sem exploração. E, por fim, o autor expõe a conclusão de que o trabalho é condição
necessária para outras atividades, como a arte e o lazer.
De acordo com Frigotto (2015, p. 20), a inversão para trabalho e educação tem como
objetivo “[...] a superação do modo de produção capitalista, condição para liquidar a exploração
e a alienação humana”.
39
3.3 A organização do ensino face ao modo de organização do trabalho: a qualificação e
a noção de competência
Com o desenvolvimento do modelo toyotista, o trabalhador precisa modificar suas
características, visando manter-se funcional à lógica do capital.
O modelo fordista apoiava-se na instalação de grandes fábricas operando com tecnologia pesada de base fixa, incorporando os métodos tayloristas de
racionalização do trabalho; supunha a estabilidade no emprego e visava à
produção em série de objetos estandardizados, em larga escala, acumulando grandes estoques dirigidos ao consumo de massa. Diversamente, o modelo
toyotista apoia-se em tecnologia leve, de base microeletrônica flexível, e opera
com trabalhadores polivalentes visando à produção de objetos diversificados,
em pequena escala, para atender à demanda de nichos específicos do mercado, incorporando métodos como o just in time que dispensam a formação de
estoques; requer trabalhadores que, em lugar da estabilidade no emprego,
disputem diariamente cada posição conquistada, vestindo a camisa da empresa e elevando constantemente sua produtividade. (SAVIANI, 2007, p. 427).
Assim, percebe-se que a concepção de educação dentro de uma noção de qualificação
não consegue mais suprir as demandas do novo modo de produção, que passa a exigir
trabalhadores mais dinâmicos, mais flexíveis e preparados para enfrentar a instabilidade do
novo processo produtivo. Surge, então, a noção de competência. Segundo Perrenoud (1999), as
competências são importantes metas da formação. Este autor a define “como sendo uma
capacidade de agir eficazmente em um determinado tipo de situação, apoiada em
conhecimentos, mas sem limitar-se a eles” (PERRENOUD, 1999, p. 7).
Ramos (2011) faz uma retomada da literatura que discute e contrapõe os conceitos de
qualificação e de competência, evidenciando, então, a formação humana como processo
contraditório e marcado pelos valores capitalistas, a partir da relação trabalho-educação.
Mészáros (2005), ao discorrer sobre a relação entre o trabalho dentro de uma ótica capitalista e
a educação, reconhece os limites institucionais da educação formal em superar a lógica do
capital, porém, entende que essa educação formal, mesmo não sendo a única responsável,
contribui em promover as ideias e os valores do sistema do capital. Para este autor, as
instituições formais de educação compõem uma parte importante do sistema global de
internalização do capital. Portanto, é no projeto burguês de educação que o trabalhador é
direcionado à reprodução da força de trabalho como mercadoria, atendendo, assim, à
necessidade do capital.
De acordo com Ramos (2011), diante dessa forma de organização de ensino, em face do
modo de organização do trabalho, a categoria qualificação tomou alguns sentidos. Um deles se
relaciona com análise ocupacional, que visa “identificar o tipo de qualificação que deveria ter
40
o trabalhador para ser admitido num determinado emprego” (p. 34). Já pelo lado da ótica do
posto de trabalho, o termo se relaciona com o saber acumulado desenvolvido pelas várias tarefas
a serem realizadas se o trabalhador vir a ocupar aquele posto.
Sobre o conceito de competência, destaco a contribuição de Ferretti (1997), entre os
autores citados por Ramos (2011, p. 40), considerando que a noção de competência “representa
a atualização do conceito de qualificação, segundo as perspectivas do capital, tendo em vista
adequá-lo às novas formas pelas quais este se organiza para obter maior e mais rápida
valorização”. Portanto, Ramos (2011) defende que a noção de qualificação sofre um
deslocamento conceitual. Através deste deslocamento, a centralidade no conceito da relação
trabalho-educação deixa de ser ocupada pela qualificação e passa a ser ocupada pela noção de
competência. No entanto, a noção de competência não substitui ou supera o conceito de
qualificação, antes, a noção de competência nega algumas dimensões e afirma outras.
Dessa forma, tomando como base Schwartz (1995) e Ramos (2011), percebe-se que a
noção de competência valoriza a dimensão experimental da qualificação, que está relacionada
ao conteúdo do trabalho e perseguida como condição de eficiência produtiva. A partir desta
compreensão, o conhecimento está ligado à vivência concreta de um trabalhador numa situação
específica, como conhecedor único da totalidade ou das partes do processo de produção que o
envolve. Se no modelo do taylorismo-fordismo as dimensões sociais e conceituais destacaram-
se, na noção de competências elas são fortemente questionadas.
Ramos (2011) destaca duas bases dos Sistemas de Competências: as Econômico-
Políticas e as Teórico-Metodológicas. Nas bases Econômico-Políticas defende-se um ponto de
convergência dos projetos dos empresários e dos trabalhadores em termos de educação
profissional. Aqui, o governo é chamado para colocar em prática essa convergência,
desenvolvendo políticas que integrem esses projetos.
Nas bases Teórico-Metodológicas a autora traz as características dos três subsistemas
que integram o sistema de competência profissional, são eles: Normalização das competências,
Formação por competências e Avaliação e Certificação por competências.
De acordo com Ramos (2011) as matrizes de investigação do processo de trabalho com
base na competência ancoram-se na matriz funcionalista, na matriz construtivista e na matriz
condutivista. “A análise funcional toma a ocupação como agrupamento de atividades
profissionais pertencentes a diferentes postos de trabalho com características comuns (normas,
técnicas e instrumentos), correspondendo a um mesmo nível de qualificação” (RAMOS, 2011,
p. 89). De acordo com a autora, esta análise centra-se na função estratégica da empresa e nos
respectivos resultados esperados da atuação dos trabalhadores.
41
Já a análise construtivista, que tem sua origem na França, “incorpora a contribuição dos
trabalhadores com menor nível de desempenho, com o intuito de construir uma análise
integrada e participativa dos processos de trabalho” (RAMOS, 2011, p. 89).
Além destas, a autora enfatiza mais uma matriz de investigação dos processos de
trabalho: a condutivista. Esta é utilizada principalmente nos Estados Unidos, tem uma forte
relação com o propósito da eficiência social e se apresenta num modelo de competência
gerencial. Nessa matriz, busca-se que o indivíduo realize seu trabalho com um ótimo
desempenho, atingindo os resultados esperados (RAMOS, 2011).
Levando-se em consideração o papel que assumem o Estado e as organizações sociais
perante o sistema de formação profissional e de certificação das competências, Ramos (2011),
tendo como base Mertens (1996), identifica três tipos de modelos de competências com
características diferenciadas em alguns países – a maioria deles desenvolvidos. Um é aquele
impulsionado pela política governamental, como é o caso do Reino Unido, Austrália, México
e Espanha. O outro, em que a institucionalidade é basicamente a força do mercado, como ocorre
nos Estados Unidos. E, por fim, um outro onde as organizações de atores sociais da produção
são protagonistas, como na Alemanha, França e Canadá.
Percebe-se que nos diversos sistemas de competência profissional analisados, a
competência está sempre associada à capacidade de o sujeito ter um desempenho satisfatório
em situações reais de trabalho, mobilizando os recursos cognitivos e socioafetivos, além de
conhecimentos específicos.
Fazendo uma análise do Brasil, Ramos (2011) trata da noção de competência na reforma
do ensino médio e da educação profissional de nível técnico que se inicia de forma legal com a
nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). É feito um estudo da incorporação
da competência pelas reformas brasileiras do ensino médio e do ensino técnico. A nova LDB
admite a possível articulação entre o ensino médio e os cursos profissionais, condicionada à
garantia da educação geral. De acordo com a autora, no decorrer do texto sobre a identidade do
Ensino Médio, a LDB mantém a característica dualista deste nível de ensino.
A reforma da educação profissional aconteceu, de acordo com Ramos (2011) com o
Decreto nº 2.208, de 1997, que regulamentou os artigos 39 e 41 da LDB. Na rede federal, a
Portaria Ministerial nº 646 de 1997 apresentou outras reformulações. A educação profissional
seria o ponto de articulação entre a escola, o trabalho e o currículo, mesmo que tenha uma
característica de formação geral, deve ser composta por conhecimentos específicos para o
exercício de uma determinada profissão. A autora afirma que um perfil profissional seria
definido: pelas competências básicas, desenvolvidas na educação básica; pelas competências
42
profissionais gerais; e, pelas competências profissionais específicas, próprias de uma
habilitação.
No campo da educação profissional, a noção de competência é abordada pelo Parecer
CNE/CEB nº 16/99. Neste parecer, há uma distinção entre a noção de competência no ensino
profissional e no ensino médio. Essa distinção diz respeito à adequação da essência à
modalidade educacional que corresponde a um novo estágio de aprendizagem, novos propósitos
e novos contextos. A autora constata que a definição de competência exposto nos documentos
voltados para o ensino médio “[...] carrega uma conotação psicológico-subjetivista,
manifestando-se nos documentos da educação profissional como fator econômico para o capital
e como patrimônio subjetivo para os trabalhadores” (RAMOS, 2011, p. 169).
Ramos (2011) alerta para o fato de que se não acontecer a universalização e a alteração
da concepção da educação profissional de nível técnico integrada ao nível médio, a formação
nessa modalidade tenderá a ser “[...] complementar, fragmentada e superficial, voltada para a
classe trabalhadora, impedida do acesso aos níveis superiores de ensino” (p. 170). De acordo
com a autora, é preciso reconstruir o significado da noção de competência, sendo coerente com
a realidade brasileira e valorizando as potencialidades humanas como meio de transformação
dessa realidade e não do simples fato de se adaptar a ela.
De uma forma geral, para alguns autores apresentados por Ramos (2011), a competência
“é tomada como categoria ordenadora das relações sociais de trabalho internas às organizações
produtivas, portanto, apropriada à gestão da flexibilidade técnica e organizacional do trabalho”
(p. 176). Mas, a autora reforça que a competência cumpre, também, o papel de ordenadora das
relações sociais externas ao ambiente de trabalho, no sentido de regular as condutas dos
trabalhadores.
Com a noção de competência surgem alguns conceitos importantes dentro da política
de trabalho neoliberal, como: empresa qualificante, empresa aprendiz, precarização do trabalho,
desemprego estrutural e empregabilidade. É neste último que Ramos (2011) evidencia o
fascismo profissional, na medida em que se deslocam as possibilidades de superação do
desemprego ao aumento da escolarização e da qualificação ou a aquisição de competências,
sabendo-se que o problema da falta de emprego é social.
Ramos (2011) desenvolve o conceito de Pedagogia das Competências, que surge
quando a noção de competência extrapola o campo teórico e adquire materialidade através da
organização dos currículos e programas escolares. Isso tanto no ensino geral, como no ensino
profissionalizante. A autora considera, a partir dessa questão, as dimensões psicológica e
socioeconômica da Pedagogia das Competências.
43
Com relação à primeira dimensão, Ramos (2011) afirma que a noção de competência,
além de se associar a mobilização de conhecimentos, deve-se encaminhar à mobilização das
ações visando uma aprendizagem contínua sobre os diferentes assuntos. Quanto à segunda
dimensão, ressalta que a tendência que se apresenta mais forte na Pedagogia das Competências
é a que enfatiza o desenvolvimento de sujeitos que privilegiam seus projetos individuais de
profissionalização em detrimento de outra perspectiva, em que a profissionalização resulta de
construções coletivas dos trabalhadores, um deslocamento por completo de qualquer
perspectiva social, confirmando o avivado individualismo como princípio de vida na pós-
modernidade. A autora considera que a noção de competência realizada sob a perspectiva pós-
moderna, traz uma escola sem o compromisso com a transmissão de conhecimentos
socialmente construídos, mas sim com a geração de oportunidades para a realização de um
projeto individual do aluno, ou seja, repassar saberes que formem competências úteis para um
determinado tipo de atividade.
Segundo Saviani (2008b, p. 435), a Pedagogia das Competências surge com o objetivo
de “[...] dotar os indivíduos de comportamentos flexíveis que lhes permitam ajustar-se às
condições de uma sociedade em que as próprias necessidades de sobrevivência não estão
garantidas”.
Ramos (2011) recupera a proposta de escola unitária de Gramsci como sugestão de uma
escola que supere a perspectiva pós-moderna. Uma escola que busca a superação do senso
comum e a forma acrítica dos conhecimentos. Uma escola universal que não é específica de
nenhum grupo social.
[...] não se trata de reproduzir na escola a especialização que ocorre no
processo produtivo. O horizonte que deve nortear a organização do ensino
médio é o de propiciar aos alunos o domínio dos fundamentos das técnicas
diversificadas utilizadas na produção, e não o mero adestramento em técnicas produtivas. Não a formação de técnicos especializados, mas de politécnicos.
(SAVIANI, 2007, p. 161).
Ramos (2011) ressalta que as competências que se adquirem numa escola unitária não
são conhecimentos adaptados à realidade, mas sim saberes que permitam a emancipação da
classe trabalhadora.
3.4 A Relação entre a Educação e vagas no Mercado de Trabalho
Propaga-se atualmente que a educação seria a principal ferramenta na busca pelo
sucesso profissional. Assim, o discurso empregado e aceito pela grande maioria é que estudando
44
o retorno é garantido – seja por aprovações em concursos, seja por análise de currículos em
empresas privadas. Tomando, por exemplo, um estudante da última fase do ensino básico, o
ensino médio, surge o seguinte questionamento: os jovens que concluírem o ensino médio terão
espaço no mercado de trabalho?
Mattos e Bianchetti (2011, p. 1169) citam Harvey (1993) para destacar que, entre os
jovens que não estão trabalhando,
a necessidade da continuação dos estudos parece ser um ultimato devido ao
processo acirrado de competição por um posto de trabalho, muitas vezes precário, a fim de se tornarem ativos no mercado, que mais exclui força de
trabalho do que inclui no padrão de acumulação vigente.
Esse discurso se adequa à Teoria do Capital Humano que “cuida de atribuir os
diferenciais de crescimento entre países e o agravamento das desigualdades à maior ou menor
eficácia dos sistemas educacionais” (BELLUZO, 2012, p. 1).
Baseando-se nas manchetes de jornais, nos discursos cotidianos de políticos ou, ainda,
nas plataformas de governo, responderíamos que a educação é, sim, a salvação para o problema
do desemprego (MATTOS; BIANCHETTI, 2011). Entretanto, de acordo com esses autores,
alguns estudiosos (HIRATA, 2002; CASTRO, 2004; KUENZER, 2005; POCHMANN, 2006;
ALVES, 2007) fazem críticas a esses discursos que propagam a educação como a única e
principal alternativa para todos os males sociais.
Para Mattos e Bianchetti (2011), a educação não pode ser concebida como igualitária,
democrática e libertadora, pois ela é uma manifestação de uma sociedade dividida em classes,
cujos contornos e condicionantes se mostram discriminatórios. Não havendo uma única
educação, pois ela não é igual para todos, embora existam esforços para democratizá-la. Surge
aqui o problema da escola dualista, devido ao sistema de produção vigente.
Os autores citados anteriormente concluem que, embora o alongamento da escolarização
seja uma realidade, ele não fornece garantias quanto ao futuro profissional. Pelo contrário, o
que se evidencia é a redução das oportunidades. Se a geração anterior, com nível escolar inferior
ao de seus filhos, conseguia manter um satisfatório padrão de vida, o mesmo não acontece
atualmente com os filhos, portadores de diplomas profissionalizantes e/ou universitários.
Nogueira e Nogueira (2009), dialogando com Bourdieu, lembram que para a classe de
baixa renda não é fácil alongar ainda mais o tempo de estudo, pois maior tempo de estudos para
essa classe é um investimento de risco muito alto, em função de sua condição socioeconômica.
As famílias de baixa renda estariam pouco preparadas para aguentar os custos de um tempo
maior de estudo e consequentemente, o retardo da entrada dos filhos no mercado de trabalho.
45
Mattos e Bianchetti (2011) afirmam que o objetivo do empresariado é investir em
formação profissional com vistas a aumentar a produtividade, a qualidade e a competitividade
no mercado. Já para os trabalhadores, os objetivos são incertos diante das possibilidades de
formação profissional. Portanto, é muito vantajoso para o capital o discurso de alongamento
escolar visando garantir um futuro profissional de sucesso do estudante.
Saviani (2008b) colabora com o debate ao afirmar que o objetivo da escola é dotar os
estudantes de comportamentos flexíveis, permitindo-lhes ajustar-se as condições da sociedade,
sem garantias de sobrevivência dadas, ou seja, sem garantias de emprego.
De acordo com Saviani (2008b), uma das características atuais, com base na teoria do
capital humano, é o investimento individual para as pessoas competirem entre si pelos empregos
disponíveis. No modelo capitalista não há emprego para todos e, de acordo com o autor, “a
economia pode crescer convivendo com altas taxas de desemprego” (p. 430). O importante para
o jovem é estar sempre atualizado para ampliar a empregabilidade e, caso não tenha êxito, a
culpa será unicamente sua.
Nesse novo contexto não se trata mais da iniciativa do Estado e das instâncias de planejamento visando a assegurar, nas escolas, a preparação da mão-de-
obra para ocupar postos de trabalho definidos num mercado que se expande
em direção ao pleno emprego. Agora é o indivíduo que terá de exercer sua
capacidade de escolha visando a adquirir os meios que lhe permitam ser competitivo no mercado de trabalho. E o que ele pode esperar das
oportunidades escolares já não é o acesso ao emprego, mas apenas a conquista
do status de empregabilidade. (SAVIANI, 2008b, p. 430).
Porém, tanto Pochmann (2004) como Belluzzo (in: Revista Carta Capital, 29/08/2012)
alertam para a incapacidade da boa educação em responder aos problemas criados pelas
questões econômicas atuais. Pochmann (2004) afirma que numa situação de estagnação
econômica, baixo investimento em tecnologia e precarização do trabalho, a escolaridade
termina se mostrando insuficiente para gerar trabalho.
O sistema capitalista tem como característica a diminuição dos custos e, ao se relacionar
com a educação, a proposta continua a mesma: eliminar o refugo e o re-trabalho, ou seja, o
aluno evadido ou o repetente. Esse processo vai ajudar na diminuição dos custos com a
educação e no aumento da oferta de trabalhadores “competentes” para o mercado de trabalho.
Nesse processo de formação, busca-se especializar ao máximo possível a educação do operário,
visando seu melhor rendimento no mercado de trabalho. Segundo Belluzzo (in: Revista Carta
Capital, 29/08/2012, p. 47),
A especialização e a “tecnificação” crescente despejam no mercado, aqui e no mundo, um exército de subjetividades mutiladas, qualificadas sim, mas
incapazes de compreender o mundo em que vivem. Os argumentos da razão
46
técnica dissimulam a pauperização das mentalidades e o massacre da
capacidade crítica.
Esse mesmo sistema não oferece emprego para todos, portanto, aquele aluno do médio
integrado, após a conclusão do curso, tem uma probabilidade grande de ficar desempregado.
Para Mészáros (2007), a universalização da educação, tema tão frequente nos discursos
reformistas da educação a partir dos anos 1990, só poderá ocorrer com a universalização do
trabalho, pois tais dimensões têm caráter indissociável. Essa universalização da educação em
conjunto com a do trabalho, supõe necessariamente a igualdade entre todos os indivíduos.
Apenas na perspectiva de ir além do capital essa universalização e igualdade podem ser vistas,
porque a educação para além do capital almeja uma ordem social diferente.
O autor defende que as soluções devem ser buscadas não apenas na dimensão formal,
mas no que é essencial. O autor reconhece que a educação institucionalizada serviu, nos últimos
150 anos, para fornecer condições técnicas e humanas para expandir o capital, ao mesmo tempo
em que contribuiu para instalar valores que defendem os interesses dominantes e que negam
alternativas possíveis a esse modelo.
3.5 O uso político do Esporte e Lazer
Situar o esporte e o lazer dentro de suas dimensões conceituais se torna relevante para
facilitar a compreensão dessas atividades. O fato de identificar na prática comum dos esportes
características do lazer, leva grande parte da população a fazer uma associação entre eles.
Portanto, faz-se necessário resgatar os conceitos do esporte e lazer visando acabar com o
entendimento de uma igualdade entre ambos pelo senso comum.
De acordo com Sartori (1970 apud BUENO, 2008, p. 10),
Há profunda inter-relação entre esporte de lazer, o que dificulta a identificação
de quando estão juntos ou separados. Nem sempre o esporte é lazer e o lazer não se resume absolutamente ao esporte. Em realidade, são categorias que
apresentam áreas em comum, o que dificulta a conceituação segundo os bons
preceitos de categorização, medição e de cuidado em não “esticar o conceito” [...].
Além dessa redução dos conceitos pelo senso comum, o esporte e o lazer são vistos
como uma prática do dia a dia sem relevância. Contrariamente, torna-se importante entendê-los
como uma atividade de suma importância, tanto no meio social, como no campo acadêmico e
político. Inicialmente, é importante trazer alguns conceitos destas atividades para melhor situá-
las, diminuindo as dúvidas e corrigindo as possíveis falhas na interpretação.
Segundo Bueno (2008, p. 13), o esporte
47
é frequentemente entendido como conjunto específico de atividades físicas
vigorosas, normatizadas (institucionalizadas) praticadas individualmente ou
em grupo, com a finalidade simultânea ou dissociada da busca do lúdico, do prazer, do condicionamento físico e, sobretudo, da competição.
O lazer seria algo mais abrangente, consistiria no uso do tempo livre por uma atividade
prazerosa, ou seja, “[...] uma ocupação escolhida livremente e não remunerada – escolhida,
antes de tudo, porque é agradável para si mesmo” (ELIAS; DUNNING, 1992, p. 107).
Marcellino (1995, p. 31 apud DUMAZEDIER, 1974), apresenta o lazer como
Um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre
vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se ou, ainda, desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora, após livrar-se
ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais.
O mesmo autor, ao classificar o lazer, afirma que este pode atingir vários interesses,
dentre eles, o atendimento aos interesses físicos que se caracterizam pelas caminhadas,
ginásticas e práticas esportivas. Sendo assim, o esporte é uma das expressões do lazer, o que
reforça essa confusão. Nota-se que constantemente as atividades esportivas são escolhidas por
muitos como a principal alternativa para o tempo livre. O esporte é um fenômeno que se
estabelece no dia a dia dos indivíduos como uma atividade prazerosa.
O esporte surge na idade antiga. Na Grécia, as atividades atléticas e ginásticas faziam
parte do ideal de formação integral do homem. Porém, com o passar do tempo, essas atividades
sofreram transformações. Uma delas foi o surgimento do esporte moderno que, de acordo com
Bracht (2005), nasceu em meados do século XVIII e se intensificou no final do século XIX e
início do XX. O autor afirma que o esporte moderno resultou de um processo de esportivização
de elementos da cultura corporal de movimento das classes populares inglesas, como os jogos
populares. Segundo Linhales (1996), tal como o direito ao lazer, o direito ao esporte começou
a se desenhar com o surgimento da sociedade industrial, trazendo o fortalecimento da divisão
entre trabalho/tempo livre, em meio ao percurso de consolidação do Estado de Bem-Estar
Social.
As mudanças começaram a ocorrer de forma mais significativa após a
Segunda Guerra Mundial, no qual o uso político, a popularização, mundialização e espetacularização desse fenômeno tomaram maiores
proporções e tiveram seu ápice no final da Guerra Fria. (MARQUES et al.,
2008, p. 2).
Apesar das mudanças citadas por Marques et al. (2008), o esporte ainda é visto como
lazer e como já foi dito antes, é considerada uma atividade prazerosa e que preenche,
atualmente, o tempo livre de vários cidadãos.
48
Porém, segundo Almeida (2013, p. 57-58),
[...] o resgate histórico feito por alguns autores revela como a entrega e a manipulação associadas aos esportes foram contributivas para a conformação
de algumas sociedades e, numa avaliação pormenorizada é possível perceber
algum grau de ideologização no tratamento com essas práticas. O grande apelo que sempre teve as atividades esportivas foi explorado pelas elites dominantes
ao longo da história das civilizações e elas foram usadas astutamente por
governantes, como elementos facilitadores nas relações de poder.
De acordo com Marques et al. (2008), foi no período entre as duas grandes guerras
mundiais que se reparou a valorização do uso político do esporte moderno, no qual os governos
passaram a aproveitar melhor a capacidade desse fenômeno de seduzir a população e se colocar
como uma possibilidade de comparação direta de performances. O esporte passa a ser tratado
ideologicamente pelos governantes, fazendo parte do processo de afirmação de soberania e de
poder.
Sigoli e De Rose Junior (2004) citam dois exemplos históricos bastante característicos
no que diz respeito ao uso político do esporte. O primeiro foi a Olimpíada de Berlim em 1936.
Naquele período, a Alemanha era governada pelo nazismo tendo como líder supremo e
totalitário Adolf Hitler, que tentou, através dos jogos, ratificar a pureza da raça ariana frente a
outras raças. O segundo exemplo foi o conflito entre duas potências mundiais, denominado
Guerra Fria, protagonizado pelos Estados Unidos da América e pela União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas (URSS), em uma grande disputa ideológica e armamentista. Em
Helsinque, teve início uma disputa paralela à olimpíada: o confronto ideológico entre esses dois
blocos opostos dentro dos recintos esportivos. Neste cenário, o esporte foi usado, em outras
edições dos jogos olímpicos, como instrumento ideológico e de publicidade, servindo-se das
vitórias no campo esportivo para comprovar a influência política de cada regime.
A transformação nos objetivos da utilização do esporte e lazer continuaram e atualmente
alguns autores passaram a notar o esporte em uma nova forma: a contemporânea.
Sendo o esporte um fenômeno ligado a práticas de lazer tanto como forma de
atividade amadora, quanto como espetáculo para ser consumido, o esporte se submeteu a um processo de comercialização. É nesse aspecto que mora a
principal transformação do esporte moderno em contemporâneo, a
mercantilização da prática. Embora no fenômeno moderno já fosse possível observar manifestações de profissionalismo e investimentos externos, é após
a Guerra Fria que esse movimento se intensifica e toma proporções de produto
a ser consumido em diversos campos da sociedade. (MARQUES, 2007 apud MARQUES et al., 2008, p. 4 apud).
De acordo com Bracht (2005), percebe-se nessa nova manifestação das atividades de
esporte e lazer a substituição do movimento associacionista pela oferta de serviços. As pessoas,
em vez de realizarem seu próprio esporte, simplesmente o compram, com isso, ele renuncia à
49
sua competência, ou a confere a outros, de gestar/construir seu esporte. Falar em prática do
esporte e de outras formas da cultura corporal de movimento, significa, basicamente, falar de
oferta de atividades esportivas e de consumo. As pessoas passam a ser consumidoras dos
produtos apresentados pela indústria esportiva de lazer.
Marques et al. (2008) percebem duas ações associadas a essa tendência de expansão do
esporte contemporâneo: a massificação e a democratização do esporte. Com a massificação, o
esporte, que tem origem nos jogos produzidos pela população, retorna para população na forma
de espetáculo para ser consumido. Já na democratização, há a preocupação em oferecer a prática
esportiva para o maior número de pessoas, através de políticas públicas ou de ações privadas.
As políticas voltadas para o esporte e lazer muitas vezes são utilizadas pelos governantes
não para promover a democratização dessas atividades, mas sim, para manter ou melhorar sua
popularidade. São vários projetos de esporte e lazer ditos sociais – onde muitos têm objetivo
assistencialista, com praticamente nenhuma estrutura, mas que geram bons resultados políticos.
[...] os agentes do campo político/burocrático que se envolveram com o esporte perceberam ser este um meio muito eficaz para otimizar o acúmulo de
capital público ou político, já que a natureza do esporte carrega consigo signos
de amizade, companheirismo, descontração, além do próprio apelo popular, que fazia com que esses agentes tivessem grande visibilidade junto à
sociedade brasileira. (STAREPRAVO, 2011, p. 252).
Entende-se que as políticas de esporte e lazer emergem como resultados das demandas
sociais, que ganham legitimidade a partir da organização da classe trabalhadora ou de iniciativas
das classes dominantes em defesa de seu próprio poder. Assim, as políticas públicas voltadas
para o esporte e o lazer podem colaborar para a reprodução da força de trabalho, como também,
contrariamente, contribuir para qualificar o trabalhador para a luta contra a exploração do
sistema capitalista.
3.5.1 O uso político do Esporte e Lazer no Brasil
De acordo com Linhales (1996), o esporte chega ao Brasil em meados do século XIX,
surgido da estreita relação com as preferências e os hábitos culturais dos grupos imigrantes,
considerados atores de destaque no processo de implantação das práticas esportivas no país. O
início do esporte brasileiro também se orientou por uma autonomia da sociedade em seu
processo de organização esportiva e por um caráter lúdico-recreativo como motor dessa
atividade social.
50
No Brasil, as práticas esportivas e de lazer, também, sofreram intervenções do Estado.
De acordo com vários pesquisadores, programas e ações baseados nos esportes e lazer foram
utilizados para persuadir a população. Almeida (2013, p. 68) lembra da “Era Vargas” como
exemplo da utilização do esporte e lazer com essa particularidade: “Posterior à crise 1929 e em
plena vigência do welfare state, Getúlio Vargas implementou no país a política do bem-estar
social e elegeu as duas atividades como uns de seus instrumentos”.
Tomás Mazoni (1941) citado por Linhales (1996, p. 80), ao realizar em 1941 um
apanhado da situação do esporte no Brasil no decorrer da década de 1930, apresenta alguns
argumentos que demonstram as características dominantes do Estado sob estas atividades:
Poderá surpreender aos neófitos e também a muita gente do próprio ambiente esportivo afirmamos que nestes 11 anos transcorridos desde o advento do
governo de 1930, o esporte no Brasil tenha evoluído muito, devendo não
pouco dessa evolução à nova mentalidade política que começou a dominar o País desde aquela data. [...] É fácil compreender o que representa para o
esporte brasileiro estar integrado nas leis e no espírito do Estado Novo.
Passará a colocar-se a serviço da Pátria, eis tudo! [...] O esporte brasileiro não poderia viver mais tempo divorciado do espírito e da doutrina do Estado Novo.
Impor uma só disciplina, acabar com o espírito clubístico, exterminar a
política dos homens, dar-lhes outra orientação, outras funções que atendem
aos seus princípios, aos seus ideais, fazer de seus homens dirigentes e não “caciques” ou chefetes de grupos e clubes. [...] do futebol, ao tiro, do atletismo
à esgrima, etc., todos precisam curar-se dos velhos vícios, especialmente
disciplinares, todos devem bater-se por um só ideal a ser conduzido sem distinções e prevenções de espécie alguma, por mãos firmes.
Para Linhales (1996), esse período acolheu um verdadeiro processo de popularização e
massificação do esporte, apoiado pelo Estado; porém, tal processo não significou a sua
democratização ou a sua consolidação como um direito social. O esporte foi institucionalizado,
ganhou legislação própria e foi oferecido pelo Estado a diferentes segmentos sociais. Foi
estatizado, sem, contudo, ter sido publicizado.
Já no período da Ditadura Militar as atividades esportivas foram utilizadas com outro
intuito. Linhales (1996) afirma que o esporte passa a servir, em alguns momentos, como
estratégia de representação da identidade e coesão nacional idealizada.
Nessa época, o Governo militar lança uma política nacional de incentivo ao esporte e
lazer com ações de cunho populista que visavam facilitar o diálogo com a população. As
competições esportivas e o lazer comunitário foram estimulados em todo o país. Vários
programas foram utilizados com o objetivo de seduzir a população brasileira, um deles foi o
Esporte para Todos (EPT) com o pretexto de democratizar o esporte. Para Linhales (1996, p.
133), “não é possível negar o investimento ideológico da ditadura militar sobre a ‘massa’, por
meio do esporte”.
51
O mesmo autor lembra que as conquistas e ações esportivas, também, eram apresentadas
como recurso provido de componentes simbólicos, capazes de enfatizar o avanço econômico e
a modernização controlados pelo Estado.
Neste início do século XXI, o governo Lula (2003-2011) incluiu o esporte e lazer em
suas propostas de políticas sociais. Surgiu a esperança de que essas atividades tomassem um
rumo que superasse a realidade presente. Vários pesquisadores da área do esporte e lazer e
críticos ao atual sistema, almejavam transformações capazes de proporcionar um rumo
diferente para as atividades esportivas e de lazer.
O que se observou neste governo foi um certo privilégio ao esporte de competição. De
acordo com Almeida (2013), o Lazer foi preterido frente aos esportes e programas oficiais que
se destinaram a ofertar à população prática recreativa informal e autônoma restritas e
insuficientes em sua abrangência territorial.
O mesmo autor ao fazer um levantamento sobre os programas para o esporte
desenvolvidos no governo Lula afirma que esta atividade foi direcionada para a área do alto
rendimento:
[...] o período se caracterizou pelo estímulo aos programas elitizados de
iniciação esportiva, pelas buscas de talentos na área e pelos projetos assistencialistas de estímulo financeiro para a forja de atletas de alto nível.
Coerentes com essa lógica foram priorizados a formação e o treinamento de
atletas olímpicos e paraolímpicos visando suas participações em competições
mundiais. (ALMEIDA, 2013, p. 17).
Segundo Almeida (2013), Lula soube se apropriar da aceitação popular pelos
espetáculos esportivos e promoveu uma articulação com a iniciativa privada para a efetivação
desses eventos. A intenção primária era consolidar a política econômica favorável ao capital,
se prevalecendo de sua popularidade aliada ao gosto popular pelos espetáculos esportivos. Os
eventos esportivos em nível continental e mundial realizados e a serem realizados no Brasil no
período de 2007 a 2016, chamados pelo autor de Megaeventos Esportivos, trazem uma reflexão
sobre quem, de fato, se beneficiaria: “Há possibilidades de benefícios sociais para o povo, de
ganho de poder para o governo e aumento dos lucros do capital” (ALMEIDA, 2013, p. 18)
Penna (2006) relata que o governo Lula foi alvo de inúmeras críticas devido a sua
submissão ao capital estrangeiro e às orientações dos organismos internacionais. Durante o seu
governo, o país continuou pautando suas políticas de incentivo ao esporte nacional, ao esporte
escolar e a educação física escolar adequado às políticas neoliberais.
52
4 ENSINO MÉDIO INTEGRADO
O ensino médio corresponde à última etapa da educação básica, tem duração mínima de
três anos e deveria ser frequentado por jovens de 15 a 17 anos. A oferta desse nível de ensino é
bastante diversificada, podendo ser encontrada como: médio regular, médio regular integrado
à educação profissional, normal/magistério, além do ensino médio na modalidade Educação de
Jovens e Adultos (EJA).
O ensino médio nunca teve uma identidade muito clara, que não fosse o preparo para o
curso superior ou para a formação profissional. O foco do ensino médio é a formação geral,
embora tenha como um dos objetivos a preparação básica para o trabalho. Porém, a obtenção
de habilidades profissionais é objetivo da educação profissional. O ensino médio talvez diga
respeito aos anos mais controvertidos, o que traz dificuldades no momento de definir políticas
voltadas para este nível de ensino (KRAWZYK, 2011).
Pretendendo contribuir para um melhor entendimento sobre as reformas educacionais
brasileiras e sua influência nos níveis de ensino, especificamente o ensino médio integrado, é
importante fazer uma construção teórica sobre esses temas. Nessa construção, é mister fazer
um resgate histórico do ensino médio e do ensino profissional, pontuando as principais reformas
ao longo do tempo, não se esquecendo de tratar aqui acerca da dualidade presente neste que é
o último nível de ensino da educação básica.
4.1 As reformas educacionais para o ensino médio no Brasil
Apesar de em 1548, D. João III ter editado os “Regimentos”, para orientar as ações do
primeiro governador do Brasil, Tomé de Souza, visando prover o acesso à educação no país
(SAVIANI, 2013), de acordo com Pessanha e Brito (2014 apud HAIDAR, 2008), a história do
ensino secundário, hoje conhecido como ensino médio, no período imperial esteve intimamente
ligada ao Colégio Dom Pedro II, criado em 1837, pois foi a única instituição que contou com o
reconhecimento e o apoio do governo imperial, enquanto escola que serviria de referência para
todo o país. Zotti (2004) destaca a criação do Colégio Dom Pedro II como o início da
organização sistemática do ensino secundário no Império.
Palma Filho (2005) lembra que, no período da Primeira República, foram empreendidas
várias reformas no ensino médio e no ensino superior. O mesmo autor apresenta cinco reformas
que, de algum modo, tinham a preocupação em organizar o ensino secundário, o ensino médio
da época: Reforma Benjamin Constant (1890), Código Epitácio Pessoa (1901), Reforma
53
Rivadávia Correa (1911), Reforma Carlos Maximiliano (1915) e Reforma João Luiz
Alves/Rocha Vaz (1925).
Segundo Romanelli (1986), até o final de 1920, imperava no ensino secundário o
sistema preparatório e de exames parcelados para o ingresso no ensino superior, sendo o curso
seriado pouco procurado. A Reforma Rocha Vaz tentou acabar com essa finalidade, mas não
teve sucesso. Nesse período a escola atendeu à formação da elite com o objetivo de eternizar as
suas ideias e interesses, pois como a sociedade era agroexportadora, a formação educacional
não seria indispensável para a produção manual (ROMANELLI, 1986).
De acordo com Zotti (2004), a “Revolução de 30” caracteriza-se por um período de
reorganização dos interesses dominantes no País. É o marco do processo de substituição do
modelo capitalista dependente agrário-exportador, pelo modelo, igualmente capitalista e
dependente, urbano industrial, que se torna hegemônico em 1945. Diante dessa nova realidade,
o país passou a exigir uma mão de obra especializada, exigindo o acesso à escola, com o intuito
de atender a demanda industrial. Neste mesmo ano foi criado o Ministério da Educação e Saúde
Pública. No ano seguinte, em 1931, é lançada a “Reforma Francisco Campos”, organizando o
ensino secundário e as universidades brasileiras ainda inexistentes.
Romanelli (1986, p. 141) evidencia alguns pontos críticos desta reforma, na qual se
destaca a descrita abaixo:
A reforma deixou completamente marginalizados os ensinos primários e normal e os vários ramos do ensino médio profissional, salvo o comercial.
Praticamente, a reforma tratou de organizar preferentemente o sistema
educacional das elites. A obrigatoriedade de se prestarem exames para
admissão ao ensino médio, nos quais se exigiam conhecimentos jamais fornecidos pela escola primária, importava em reconhecer a nulidade desta.
De acordo com Zotti (2004), a proposta curricular dessa reforma preocupava-se com a
preparação do homem para os diversos setores das atividades econômicas, além de uma
formação geral para capacitá-lo a viver na sociedade, através do curso fundamental. Já o curso
complementar era obrigatório para ingresso na Universidade.
Segundo Nosella (2011), a partir dos anos 30 foi organizado no país um sistema de
ensino profissional, estabelecendo legalmente a dualidade pedagógica. Zotti (2004) afirma que,
para garantir uma preparação adequada da elite, a solução foi oficializar a dualidade do sistema
“público”, onde o ensino técnico-profissional era destinado à classe trabalhadora.
De acordo com Romanelli (1986), a Constituição de 1937 modificava substancialmente
a situação, pois deixava de declarar o dever do Estado quanto à educação e o limitava a uma
ação unicamente supletiva. Essa dualidade educacional, traçada pela Constituição de 1937, é
54
concretizada pela Reforma Capanema, através das Leis Orgânicas do ensino primário (1946) e
secundário (1942) (ZOTTI, 2004).
De acordo com Dalri e Meneguel (2009, p. 7693), em 1942 a Lei Orgânica do Ensino
Secundário reorganizou este nível de ensino “[...] com o curso ginasial com quatro anos de
duração, enquanto que o segundo curso, o colegial, subdividiu-se em clássico e científico, com
três séries anuais cada”. Porém, tanto para Romanelli (1986) quanto para Zotti (2004), o caráter
enciclopédico do currículo foi mantido nas duas opções de cursos.
Dalri e Meneguel (2009) citam Felippe (2000, p. 85) com o intuito de afirmar que essa
reforma educacional não tinha objetivo de contemplar o acesso de toda a população:
A reforma educacional Francisco Campos (1930/1931) e a reforma das Leis Orgânicas de Ensino (1942/1943) evidenciam que o ensino médio [...] possuía
apenas a função de preparar para o ensino superior e só abrigava alunos das
camadas sociais superiores economicamente. Os alunos de classes trabalhadoras acabavam por frequentar os cursos profissionalizantes, que,
embora de nível médio, eram fechados, não permitindo passagem para outros
tipos de ensino.
Dessa forma, para Zotti (2004), a dualidade presente na educação brasileira, com ramos
de ensino e currículos diferenciados, atende aos objetivos do desenvolvimento econômico que
se consolidava através da industrialização. Frigotto e Ciavatta (2011, p. 625) enfatizam essa
questão, ao afirmarem que
Esta estrutura opaca e violenta da classe detentora do capital, no Brasil,
radicaliza a dualidade estrutural na educação, especialmente a partir da década
de 1940, quando a educação nacional é organizada através das Leis Orgânicas, segmentando a educação de acordo com os setores produtivos e as profissões,
separando os que deveriam ter o ensino secundário e a formação propedêutica
para o ingresso na universidade e os que deveriam ter formação profissional para os setores produtivos.
Com uma nova Constituição, a de 1946, inspirada nos princípios proclamados pelo
Movimento dos Pioneiros da Escola Nova, o poder público ficava obrigado a reservar um
mínimo de recursos para a educação (ROMANELLI, 1986). Diante disso, revela-se um certo
grau de preocupação em estabelecer o mínimo de condições para assegurar esse direito. Mas
apenas em 1961 foi aprovada a primeira LDB (Lei nº 4.024), cujo projeto de lei havia sido
encaminhado à Câmara Federal em 1948, pelo então Ministro da Educação Clemente Mariano.
De acordo com Romanelli (1986), um projeto geral de reforma da educação nacional inspirava-
se na Carta de 1946.
Nosella (2011) afirma que a LDB de 1961 foi um marco, pois possibilitou aos formados
das escolas técnicas o acesso no ensino superior. Zotti (2004) lembra que a lei avança com
relação ao aproveitamento dos estudos em caso de transferência de um ramo para o outro.
55
De acordo com Dalri e Meneguel (2009, p. 7694), com o golpe de 1964 o ensino começa
a ser influenciado pelo mercado, assim, diante da relação entre educação e trabalho, este último
passa a ser o grande beneficiado, pois
O golpe militar de 1964 modificou profundamente a educação brasileira com
a Reforma do Ensino de 1° e 2° graus. Com a Lei n° 5692/1971 foi
determinada uma nova estrutura para os níveis de ensino: ampliação da obrigatoriedade de quatro para oito anos, pela união do ensino primário com
o ginasial e com a criação de uma escola secundária orientada por uma lógica
profissionalizante. A qualidade de ensino ficou associada à eficiência em preparar, no sistema educacional, mão de obra conveniente ao mercado de
trabalho.
Os militares queriam mostrar para a sociedade, com as suas reformas educacionais, que
estavam priorizando medidas que promoveriam igualdade de oportunidades para toda a
população. Segundo Zotti (2004), a verdade era outra, era necessário alinhar o sistema
educacional aos objetivos do capital, através da subordinação da educação à produção
capitalista. Sobre essa questão, segundo Nosella (2011, p. 1056),
O fracasso da profissionalização compulsória da Lei n. 5.692/71 dos governos militares era previsível: na verdade, sob a retórica de liquidar a escola
secundária, verbalista e elitista, escondia-se o projeto de extinguir uma escola
formadora de dirigentes (ou de controladores dos dirigentes), fundamental princípio unitário do ensino secundário. O sonho educacional dos militares era
universalizar uma escola de técnicos submissos, de operadores práticos. Ou
seja, criava-se a “unitariedade” do sistema escolar, cortando a parte crítica e
humanista do currículo.
De acordo com Kuenzer (1997 apud DALRI; MENEGUEL, 2009), o ensino médio da
época propunha conter a demanda dos estudantes ao ensino superior, despolitizar o ensino
secundário e a qualificar a força de trabalho para atender às demandas do desenvolvimento
econômico.
Já em 20 dezembro de 1996, foi aprovada a terceira Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB), a Lei nº 9.394, depois de vários anos em tramitação no Congresso
Nacional. A partir dessa lei, o ensino de 2° grau virou ensino médio e passou a ser a última
etapa da educação básica. Para Krawczyk (2011, p. 754), “a inclusão do ensino médio na
educação básica e o seu caráter progressivamente obrigatório mostram o reconhecimento da
importância política e social que ele possui”.
Foi neste período que, de acordo com Frigotto e Ciavatta (2011), no debate do ensino
médio em suas diferentes modalidades, a concepção da educação politécnica se contrapôs às
visões do tecnicismo, do adestramento e da polivalência. Para Nosella (2011, p. 1056), a LDB
de 1996 “[...] buscou superar a contraposição entre a visão neoliberal e a popular, introduzindo
56
a ideia de uma escola média cujo objetivo fosse integrar, no amplo conceito de cidadania, a
participação do jovem à vida política e produtiva”.
De acordo com Frigotto e Ciavatta (2011), a Lei nº 9.394 reunifica os níveis e
modalidades da educação no país. Mas a sua universalidade não impede a criação de muitos
decretos e programas de governo. Um desses decretos é o de nº 2.208/97, que restabelece o
dualismo entre o ensino médio e técnico, baseados nas Diretrizes e Parâmetros Curriculares
Nacionais. Este determinou que o ensino técnico, organizado em módulos, seja oferecido
separadamente do ensino médio regular.
Na prática isto significou o fortalecimento do dualismo e a consolidação de
uma educação média com duas vertentes: uma relativa a um ensino médio
“acadêmico” destituído da realidade do trabalho e, outra, um ensino técnico, que mesmo legalmente separado, mantinha a articulação com o ensino médio.
(BRASIL, 2008, p. 6).
Já sob um novo governo, foi elaborado em 2004 o Decreto nº 5.154, que foi incorporado
à LDB pela Lei nº 11.741, de 16 de julho de 2008. Esse Decreto revogou o anterior (2.208/97),
porém manteve algumas determinações – como as formas de articulação entre o ensino médio
e a educação profissional, a concomitância e os cursos subsequentes (FRIGOTTO;
CIAVATTA, 2011). Todavia, como salientam Frigotto e Ciavatta (2011), introduziu a
alternativa de articulação do ensino médio com a educação profissional e técnica, através do
chamado Ensino Médio integrado.
Ao lançar o documento “Reestruturação e expansão do ensino médio no Brasil”
(BRASIL, 2008), o MEC pretendeu sinalizar com a pretensão de dar uma identidade ao ensino
médio, como etapa da educação básica, construída com base em uma concepção curricular
unitária, com diversidade de formas, cujo princípio é a unidade entre trabalho, cultura, ciência
e tecnologia.
Surge em 2009 o documento “Ensino médio inovador”. Esse documento destaca que os
requisitos para um novo currículo inovador deveriam ser fundamentados numa concepção
interdisciplinar, voltada para o desenvolvimento de conhecimentos, saberes e competências,
valores e práticas que pudesse proporcionar aos alunos condições de exigir um espaço digno na
sociedade e no mundo do trabalho (BRASIL, 2009b).
De acordo com Krawczyk (2011), apesar da expansão do ensino médio público desde
meados da década de 1990, a questão da sua obrigatoriedade só surge em 2009 com a Emenda
Constitucional (EC) nº 59, que amplia a obrigatoriedade escolar para a faixa dos 04 aos 17 anos
de idade.
57
O Inciso I da EC nº 59 assegura a ampliação dessa obrigatoriedade para fora da faixa
etária citada. No ensino médio, por exemplo, pode ser ampliada para os alunos que atrasaram
os estudos e estão com mais de 17 anos. Essa interpretação foi reforçada pela publicação da Lei
nº 12.061/2009 que altera dois dispositivos da LDB de 1996: primeiro o inciso II do Art. 4o que
coloca como dever a “universalização do ensino médio gratuito” substituindo a ideia de
“progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade” antes vigente. Frigotto e Ciavatta (2011,
p. 630) alertam para essa modificação da lei que pode ser entendida da seguinte maneira:
[...] substituiu-se “a progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao
ensino médio” (artigo 4º, inciso II da Lei n. 9.394/97) por uma breve expressão “universalização do ensino médio gratuito” (artigo 4º, inciso II da Lei n.
12.061, de 27 de outubro de 2009). O detalhe significativo é a ausência do
termo “obrigatoriedade” que, ipso facto, isenta o Estado do compromisso com
a universalização.
E a segunda mudança é no inciso VI do Art. 10, que passa a assegurar o ensino médio a
todos que necessitarem (BRASIL, 2009). Tanto essa Emenda como a Lei n° 12.061/2009
formalizam o ensino médio regular e na forma da EJA.
Em abril de 2010, o Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou o Parecer nº 07,
definindo as Diretrizes Curriculares para a Educação Básica – Educação Infantil, o Ensino
Fundamental e o Ensino Médio.
Para o ensino médio, as diretrizes destacam a preparação para o trabalho e a cidadania,
apontando que
[...] o Ensino Médio, como etapa responsável pela terminalidade do processo
formativo da Educação Básica, deve se organizar para proporcionar ao estudante uma formação com base unitária, no sentido de um método de
pensar e compreender as determinações da vida social e produtiva; que
articule trabalho, ciência, tecnologia e cultura na perspectiva da emancipação humana. (BRASIL, 2010, p. 35).
A necessidade de universalizar o ensino médio no Brasil é tema sempre presente nos
debates sobre a educação. O PNE (2014-2024) em sua meta 3 trata sobre a questão da
universalização do ensino médio e do aumento da taxa líquida de matrículas em até 85%. São
14 estratégias que serão necessárias para atingir essa meta (BRASIL, 2014).
O problema da universalização do ensino é em decorrência de um déficit histórico em
matéria de educação. Segundo Saviani (2013), esse déficit é resultado do conflito entre a
proclamação do direito à educação e a sua efetivação. Devido à histórica resistência a investir
na educação, o país chega em 2015 com a universalização do ensino fundamental efetivada,
porém distante de conseguir o mesmo com o ensino médio. Segundo dados do Pnad [Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios] (2015), considera-se universalizado o acesso ao ensino
58
fundamental no país – a taxa de escolarização líquida da população de 7 a 14 anos nesse nível
de ensino atingiu 97,5%, em 2014. Segundo dados desta pesquisa, essa taxa em 1990 se
encontrava em 81,2%.
De acordo com Saviani (2013), o direito à educação segue sendo proclamado, mas o
dever de garantir esse direito continua protelado. Para o autor, o Estado transfere a
responsabilidade pela educação para o conjunto da sociedade civil, ficando responsável em
regular e avaliar as instituições e publicar os resultados dos processos avaliativos.
Para Saviani (2013), a criação do Sistema Nacional de Educação, traria grandes
benefícios à educação brasileira. Esse Sistema funcionaria como
[...] um conjunto unificado que articula todos os aspectos da educação no país inteiro, com normas comuns válidas para todo o território nacional e com
procedimentos também comuns, visando a assegurar educação com o mesmo
padrão de qualidade a toda a população do país. (SAVIANI, 2013, p. 758).
O ensino fundamental praticamente tem seu acesso universalizado, porém no ensino
médio esse objetivo ainda está um pouco distante. De acordo com dados do Pnad, em 2009
85,2% dos jovens de 15 a 17 anos estavam matriculados na escola. Em 2014 esse número
diminuiu, passando para 82,6%. No entanto, apenas 61,4% cursavam o Ensino Médio,
conforme evidencia a taxa líquida de matrícula relativa a essa etapa de ensino (BRASIL, 2014).
Se quase 82% estão na escola e apenas um pouco mais de 60% se encontra no ensino médio,
surge a seguinte inquietação: Onde estão os outros 20%? Supõe-se que estes ainda não tenham
chegado ao ensino médio, ou seja, estão no ensino fundamental, atrasados.
Outro motivo para a dificuldade em universalizar o ensino médio pode estar relacionado
ao abandono da escola. O estudante com a necessidade de aumentar a renda familiar sai da
escola e vai em busca de uma vaga no mercado de trabalho. Diante disso, tem-se dois grupos
que poderiam estar no ensino médio, os retidos no nível anterior (fundamental) e os evadidos.
Mediante isso, Krawczyk (2011, p. 755) afirma que,
A expansão do ensino médio, iniciada nos primeiros anos da década de 1990,
não pode ser caracterizada ainda como um processo de universalização nem
de democratização, devido às altas porcentagens de jovens que permanecem fora da escola, à tendência ao declínio do número de matrículas desde 2004 e
à persistência de altos índices de evasão e reprovação.
Dados sobre o declínio do número de matrículas apontados por Krawczyk (2011) são
apresentados no levantamento feito pelo Inep/MEC em 2015, pois o número de matrículas no
ensino médio no ano de 2007 era maior que no ano de 2015. Em 2007 foram realizadas
8.369.369 matrículas na última etapa da educação básica, enquanto em 2015 foram feitas
8.074.881 matrículas. De acordo com os dados acima mostra-se uma tendência de estabilidade
59
do número de matrículas no ensino médio, com variações para cima e para baixo desses
números no período descrito. Este mesmo documento mostra que, assim como em anos
anteriores, a rede estadual continua a ser a maior responsável pela oferta de ensino médio, com
84,8% das matrículas e as redes federal e municipal atendem juntas 2,4%. A rede privada atende
12,8% das matrículas.
Para Saviani (2008a), a culpa pelo fracasso da universalização do ensino também recai
sobre a pedagogia tradicional. O autor, ao descrever sobre a pedagogia tradicional, lembra que
uma das críticas formuladas a essa pedagogia a partir do final do século XIX, era que a escola
tradicional não conseguiu sua aspiração em universalizar o ensino, nem todos ingressavam e os
que ingressavam nem sempre eram bem-sucedidos.
Outra questão está nos grupos sociais para os quais o ensino médio não faz parte de seu
capital cultural. Nogueira e Nogueira (2009) descrevem sobre a sociologia da educação de
Bourdieu que coloca como fator preponderante para o sucesso escolar a bagagem cultural que
as crianças herdam da sua família ou local de convivência. Segundo Bourdieu, a posse do
capital cultural favoreceria o êxito escolar, além de propiciar melhor desempenho nos
processos formais e informais de educação. Para alguns grupos sociais, o ensino médio não faz
parte de seu capital cultural, de sua experiência familiar. Portanto, o jovem, desses grupos, nem
sempre é cobrado por não continuar estudando.
O autor, ao dialogar com Bourdieu, escreve sobre disposições e estratégias de
investimento escolar que seriam adotadas tendencialmente pelas classes populares. Nogueira e
Nogueira (2009), que ao citar Bourdieu, nos leva a refletir sobre a real necessidade da política
atual de assistência estudantil para os alunos de baixa renda:
Em primeiro lugar, a percepção, valendo-se dos exemplos acumulados (a “estatística
intuitiva das derrotas ou dos êxitos parciais das crianças dos seus meios” –
BOURDIEU, 1998, p. 47 apud NOGUEIRA E NOGUEIRA, 2009, p. 61), de que as chances de sucesso escolar são reduzidas, faltam, objetivamente, os recursos
econômicos, sociais e, sobretudo culturais necessários para um bom desempenho na
escola. Isso tornaria o retorno do investimento muito incerto e, portanto, o risco muito
alto. Essas incertezas e esses riscos seriam ainda maiores pelo fato de que o retorno
do investimento escolar se dá no longo prazo. Essas famílias estariam, em função de
sua condição socioeconômica, menos preparadas para suportar os custos econômicos
dessa espera, especialmente o adiamento da entrada dos filhos no mercado de trabalho.
Donde a prática bastante frequente, entre as famílias e os jovens dos meios populares,
de se autoeliminar, objetiva e subjetivamente, da competição (cf. BOURDIEU;
PASSERON, 1968 apud NOGUEIRA E NOGUEIRA, 2009, p. 61), até mesmo em
casos em que o desempenho escolar anterior permitiria esperar boas chances de êxito. (NOGUEIRA; NOGUEIRA, 2009, p. 61).
Para aquele estudante de baixa renda que está cursando o ensino médio, a entrada no
mercado de trabalho poderá ser em decorrência dos problemas financeiros da sua família. De
60
acordo com Pochmann (2001, p. 35), “Geralmente, quanto menor a renda familiar, maior a
proporção de jovens economicamente ativos”.
Pochmann (2001) ressalta que as famílias de baixa renda com o intuito de atender suas
necessidades básicas da vida, antecipam, ao máximo, a entrada do filho no mercado de trabalho.
Tem sido cada vez mais uma prática nacional tanto o pai quanto a mãe trabalharem
fora de casa. Os filhos, muitas vezes, estudam e executam atividades domésticas,
quando não trabalham fora de casa, podendo colocar o estudo como uma prioridade
secundária. A necessidade de antecipar renda futura ou de ajudar no orçamento
familiar tem pressionado os filhos, sobretudo os de famílias de menor renda, a terem
uma breve passagem pelo sistema educacional. Por conta disso, o ingresso de filhos
de famílias humildes no mercado de trabalho tende a ocorrer na faixa dos 10 aos 15
anos de idade. (POCHMANN, 2001, p. 35).
Daí surge um dos principais motivos para implementação da política de assistência
estudantil nos Institutos Federais, o fator socioeconômico. Muitos são os alunos que abandonam
a escola ou não conseguem um bom rendimento, pois sua condição socioeconômica exige uma
participação mais efetiva dentro da família na busca por uma renda extra que ajude no dia a dia
de todos em sua residência.
Desta forma, ou o aluno sai da escola, ou torna-se faltoso. Nogueira e Nogueira (2009)
ressaltam que essas famílias tendem a preferir uma carreira escolar mais curta, possibilitando
um acesso mais rápido ao mercado profissional. O mesmo autor lembra que nesse grupo social
adota-se o que Bourdieu chama de liberalismo em relação à educação dos filhos – nessa
situação não há uma cobrança intensiva para o sucesso escolar e não há um acompanhamento
sistemático da vida escolar.
O documento Brasil (BRASIL, 2010), visando responder aos problemas do ensino
médio, faz referência a busca por um currículo mais significativo ao estudante do Ensino
Médio10, com o intuito de ampliar o ingresso, a permanência e a conclusão nesse nível de
ensino, assim:
Os sistemas educativos devem prever currículos flexíveis, com diferentes
alternativas, para que os jovens tenham a oportunidade de escolher o percurso
formativo que atenda seus interesses, necessidades e aspirações, para que se assegure a permanência dos jovens na escola, com proveito, até a conclusão
da Educação Básica. (BRASIL, 2010, p. 9-10).
10 Em 2016 foi aprovada a Medida Provisória (MP) nº 746 que altera artigos da LDB (1996) e da Lei nº
11.494/2007, que é a Lei do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação (Fundeb). Além disso, institui a Política de Fomento à Implementação de Escola de
Ensino Médio em tempo integral. Um dos grandes problemas da MP é o fatiamento do currículo em itinerários
que promove a dualidade do ensino, problema sempre presente no ensino médio. Outra questão importante nessa
MP é desconsiderar, ao oferecer apenas o ensino médio integral, aqueles estudantes que trabalham no período
diurno e estudam no período noturno, essa situação, provavelmente, acarretará o aumento da evasão ou
aligeiramento na formação escolar do estudante, através de programas e projetos de baixos custos que não efetivam
a socialização das bases do conhecimento.
61
Vale lembrar que mesmo considerando que este currículo possa garantir uma maior
atratividade deste nível de ensino, o jovem com baixo poder socioeconômico precisa ter um
suporte para não abandonar a escola por ter que trabalhar e ajudar na renda familiar. E as
políticas de assistência estudantil podem ser úteis na permanência e no êxito deste jovem na
escola11.
4.2 As reformas educacionais para a educação profissional
Faz-se necessário um breve histórico da educação profissional no Brasil, a fim de
compreender os caminhos percorridos por ela e criar subsídios para a discussão. Após algumas
leituras sobre esse tema, percebe-se que foi no início do século XX que surgiram as primeiras
ações favoráveis ao ensino técnico-profissional no Brasil.
Em 23 de setembro de 1909, surge, por meio do Decreto nº 7.566, do então Presidente
Nilo Peçanha, em cada uma das capitais dos Estados do Brasil, a Escola de Aprendizes
Artífices, com a proposta de oferecer o ensino profissional primário e gratuito
(EVANGELISTA, 2009). Essas Escolas de Aprendizes e Artífices, que seriam o primeiro passo
para se chegar aos atuais Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, foram
instituídas considerando que
O aumento constante da população das cidades exigia que se facilitasse às classes proletárias os meios de vencer as dificuldades sempre crescentes na
luta pela existência e que, para isso, se tornava necessário, não só habilitar os
filhos dos desfavorecidos da fortuna com o indispensável preparo técnico e
intelectual, como fazê-los adquirir hábitos de trabalho profícuo que os afastassem da ociosidade, da escola do vício e do crime. (BRASIL, 1909, p.
1).
A Constituição de 1937, em seu Artigo 129, orienta para o ensino profissional destinado
às classes menos favorecidas. Romanelli (1986) lembra que Fernando Azevedo elogiou
bastante essa preocupação que a Constituição tivera com o ensino profissional. Porém, o autor
ressalta que o mesmo não se alertou para a importância que essa ação teria na evolução do
sistema de ensino, especialmente o profissional.
Não observou, por exemplo, que, oficializando o ensino profissional, como ensino destinado aos pobres, estava o Estado cometendo um ato lesivo aos
princípios democráticos; estava o Estado instituindo oficialmente a
11 Em 2016 foi aprovada a Proposta de Emenda Constitucional 55 (PEC/55), com o objetivo de congelar as
despesas governamentais em Educação, Saúde, Ciência, Tecnologia e Inovação, por 20 anos. Desta forma, a
Assistência Estudantil sofrerá os impactos advindos desta PEC/55, colocando em risco todos os direitos e
benefícios adquiridos com o Pnaes.
62
discriminação social, através da escola. E fazendo isso, estava orientando a
escolha da demanda social do Brasil. (ROMANELLI, 1986, p. 153).
Portanto, não é à toa que o ensino profissional sempre teve a fama de ser dirigido para
as camadas menos favorecidas e ser frequentado por esse grupo.
Segundo Evangelista (2009), as Escolas de Aprendizes e Artífices se destinavam a
ofertar um ensino técnico profissional primário e gratuito, voltado, preferencialmente, para
atender os “desfavorecidos da fortuna”. De acordo com Cunha (2000) apud Evangelista (2009),
a Lei nº 378, de 13 de janeiro de 1937, transforma as Escolas de Aprendizes e Artífices em
Liceus, destinados ao ensino profissional de todos os ramos e graus. Uma nova mudança
ocorreria com a publicação do Decreto 4.127, de 25 de fevereiro de 1942, que transforma os
Liceus Industriais em Escolas Industriais e Técnicas, passando a oferecer a formação
profissional em nível equivalente ao secundário.
Neste mesmo ano é criado o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI),
com o objetivo de preparar o trabalhador diante da expansão industrial, e, com o objetivo de
preparar para o comércio, surge em 1946 o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
(SENAC) (CUNHA, 2000 apud EVANGELISTA, 2009).
Em 1961 é promulgada a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei
nº 4.024/1961), trazendo mudanças significativas para a educação profissional que, de acordo
com Kuenzer (2007, p. 29),
Pela primeira vez a legislação educacional reconhece a integração completa do ensino profissional ao sistema regular de ensino, estabelecendo-se a plena
equivalência entre os cursos profissionais e propedêuticos, para fins de
prosseguimentos nos estudos.
Esta lei garantiu ao ensino técnico industrial a equivalência ao ensino secundário. Para
muitos foi uma vitória, porém para outros não houve ruptura na estrutura do sistema
organizacional de ensino. Para Saviani (2008b, p. 39),
Do ponto de vista da organização do ensino, a LDB manteve, no fundamental,
a estrutura em vigor decorrente da reforma Capanema, flexibilizando-a, porém. Com efeito, do conjunto das leis orgânicas do ensino decretadas entre
1942 e 1946 resultou numa estrutura de ensino que previa, grosso modo, um
curso primário de quatro anos, seguido do ensino médio com a duração de sete anos, dividido verticalmente em dois ciclos, o ginasial, de quatro anos, e o
colegial, de três anos, divididos horizontalmente nos ramos secundário,
normal e técnico, sendo este, por seu turno, subdividido em industrial, agrícola e comercial. Ocorre que, nessa estrutura, apenas o ensino secundário dava
acesso a qualquer carreira do ensino superior. Os demais ramos do ensino
médio só davam acesso às carreiras a eles correspondentes. Por outro lado, se
um aluno quisesse passar de um ramo a outro do ensino médio, ele perderia os estudos já feitos, tendo que começar do início no novo ramo.
63
Sob o governo militar é implementada a Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971 – a
segunda LDB –, que já no artigo 1º apresenta a qualificação do aluno para o trabalho como uma
de suas principais preocupações:
Art. 1º – O ensino de 1º e 2º graus tem por objetivo geral proporcionar ao
educando a formação necessária ao desenvolvimento de suas potencialidades
como elemento de auto-realização, qualificação para o trabalho e preparo para o exercício consciente da cidadania.
Com essa LDB, o ensino médio passou a ser obrigatoriamente profissionalizante.
Para Frigotto et al. (2005a), o discurso utilizado para convencer a formação de técnicos
construiu-se com o argumento da falta destes profissionais no mercado e da necessidade de
evitar a “frustração de jovens” que não ingressavam nas universidades nem no mercado de
trabalho, porque não apresentavam uma habilidade profissional.
Em 1997, o Decreto nº 2.208 é substituído pelo Decreto nº 5.154, de 23 de julho de
2004, que estabelece as diretrizes e bases da educação profissional. Segundo Frigotto et al.
(2005a), o decreto de 2004 pretendia consolidar a formação básica unitária e politécnica,
centrada na ciência, no trabalho e na cultura.
Em 2007, a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica lançou o Documento
Base da Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrada ao Ensino Médio (BRASIL,
2007) a fim de apresentar os pressupostos para a concretização da oferta dessa modalidade de
ensino, suas concepções, princípios e fundamentos para desenvolver um projeto político-
pedagógico integrado (BRASIL, 2007).
Em 2008 é sancionada a Lei nº 11.741, que acrescenta à Lei nº 9.394/96 as formas pelas
quais a educação profissional técnica de nível médio poderá ser desenvolvida e uma delas é a
integrada ao ensino médio.
De acordo com Frigotto et al. (2005a, p. 36), o objetivo da educação profissional técnica
integrada ao ensino médio se constituiria “numa possibilidade a mais para os estudantes na
construção de seus projetos de vida, socialmente determinados, possibilitados por uma
formação ampla e integral”.
4.2.1 Rede Federal de Ensino e a construção do IFPE
De acordo com o documento oficial Brasil/IFPE (2010), em 1959 se iniciou o processo
de transformação das Escolas Industriais e Técnicas em autarquias. As instituições ganham
autonomia didática e de gestão e passam a ser denominadas Escolas Técnicas Federais.
64
As mudanças no cenário econômico mundial não param, e o Brasil passa por essas
transformações. Com o objetivo de alinhar as políticas e ações aos novos cenários dos processos
de produção, as Escolas Técnicas sofreram algumas mudanças.
No ano de 1994, a Lei Federal nº 8.984 institui no país o Sistema Nacional de
Educação Tecnológica. Essa medida anuncia a transformação das Escolas
Técnicas Federais em Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefet) e abre caminho para que as Escolas Agrotécnicas Federais sejam integradas a
esse processo. A implantação de novos Cefets só ocorre efetivamente a partir
de 1999. (BRASIL/IFPE, 2010, p. 12).
Em 2003, há a substituição do Decreto nº 2.208/97 pelo Decreto nº 5.154/04, que acaba
com as restrições na organização curricular e pedagógica e na oferta dos cursos técnicos, pela
educação profissional e tecnológica (BRASIL/IFPE, 2010). Com isso, em 2004,
[...] a rede federal de educação tecnológica (Centros Federais de Educação Tecnológica, Escolas Agrotécnicas Federais, Escola Técnica Federal de
Palmas/TO e Escolas Técnicas Vinculadas às Universidades Federais) ganha
autonomia para a criação e implantação de cursos em todos os níveis da
educação profissional e tecnológica. Por sua vez, as Escolas Agrotécnicas Federais recebem autorização excepcional para ofertar cursos superiores de
tecnologia, em nível de graduação, fortalecendo a característica dessas
instituições: a oferta verticalizada de ensino em todos os níveis de educação. (BRASIL/IFPE, 2010, p. 13-14).
Por meio da Lei nº 11.892 de 29 de dezembro de 2008, como parte da reestruturação da
educação profissional e tecnológica, o Governo Federal cria os Institutos Federais de Educação,
Ciência e Tecnologia, levando-o para todos os estados do país com a finalidade de ofertar
educação profissional e tecnológica, em todos os níveis e modalidades (BRASIL, 2008). Os
Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia surgem dos antigos Centros Federais de
Educação Tecnológica (CEFET), Escolas Agrotécnicas e Escolas Técnicas vinculadas às
Universidades Federais com uma proposta nova de educação profissional e tecnológica.
Além dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, ficaram vinculados à
Rede Federal: a UTFPR, o CEFET-RJ, o CEFET-MG e as Escolas Técnicas vinculadas às
Universidades Federais (BRASIL, 2008). Tanto a UTFPR, como o CEFET-RJ e o CEFET-MG
não aderiram aos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia.
Segundo Silva et al. (2009), a UTFPR surgiu com a possibilidade aberta pela Lei nº
9.394/96 de criação de universidades especializadas. De acordo com este autor, a legislação
anterior exigia que uma instituição oferecesse cursos em diferentes áreas (Ciências Humanas,
Ciências Biomédicas, Ciências Exatas e da Tecnologia) para se constituir enquanto
Universidade.
65
Já o CEFET do Rio de Janeiro, conhecido como CEFET Celso Suckow da Fonseca, e o
de Minas Gerais, conforme Silva et al. (2009), durante o período de consultas e debates sobre
a implantação dos institutos federais, encontravam-se em processo eleitoral. O autor, segundo
relatos dos dirigentes dos CEFET´s , explica o principal motivo que levou as comunidades
desses Centros a não seguirem o caminho para se transformarem em Institutos Federais:
“devido ao anseio de se tornarem Universidades Tecnológicas, objetivo que foi plenamente
defendido pelos então candidatos em seus programas” (SILVA et al., 2009, p. 59).
Há de se ressaltar que, até então, o único modelo institucional existente que
aliava a formação profissional fundada na dimensão tecnológica à educação superior de graduação e pós-graduação e à pesquisa era o da universidade
tecnológica. Porém, a experiência brasileira nesse desenho institucional
apontou para um gradativo abandono da educação profissional e tecnológica,
principalmente a de nível médio, e a migração para a oferta de educação superior mais próxima da concepção acadêmica tradicional. Por outro lado, a
proposta dos institutos federais começava a ser desenhada a partir das boas
experiências existentes nas instituições federais, sobretudo aquelas que apresentavam impactos positivos significativos no desenvolvimento
socioeconômico e cultural local e na inclusão social. (SILVA et al., 2009, p.
59-60).
Nota-se que não houve uma imposição para que houvesse uma modificação para o novo
modelo que seria o Instituto Federal. Silva et al. (2009) registram que foi oportunizada a todas
as autarquias e escolas técnicas vinculadas a universidades federais de, por meio de resposta a
uma chamada pública, participarem dessa transformação, independentemente do nível de
desenvolvimento institucional em que estavam.
Atentando ao art. 1º da Lei nº 11.892, a constituição da Rede Federal de Educação
Profissional, Científica e Tecnológica especificou a UTFPR, demonstrando que apenas ela
integrará a Rede. Procedeu da mesma forma ao identificar os dois CEFET’s que não aderiram
aos institutos, ficando claro que não existirão outros (BRASIL, 2008). De acordo com Silva et
al. (2009, p. 57), “a partir da promulgação desta lei a expansão da educação profissional e
tecnológica no âmbito das instituições federais dar-se-á exclusivamente pelo modelo dos
institutos federais”.
O IFPE, de acordo com documento oficial (IFPE, 2015), teve sua semente plantada com
a criação da Escola de Aprendizes e Artífices, que funcionou em três locais no período entre
1910 e 1923. Primeiro teve como sede o antigo Mercado Delmiro Gouveia, depois foi
transferido para parte posterior do antigo Ginásio Pernambucano na Rua da Aurora e, a partir
do ano de 1933, passou a funcionar na Rua Henrique Dias, no Derby, sendo oficialmente
inaugurada em 18 de maio de 1934. Em 17 de janeiro de 1983, já com o nome de Escola Técnica
66
Federal de Pernambuco (ETFPE), a instituição passou a funcionar na Avenida Professor Luis
Freire, no bairro do Curado.
Em 1999, a ETFPE é transformada em Centro Federal de Educação Tecnológica de
Pernambuco (CEFET-PE). A criação da Lei nº 8.948/94 faz o CEFET-PE se expandir através
da implantação das Unidades de Ensino Descentralizadas – as Uneds. Surgem em Pernambuco:
o CEFET Petrolina, a partir da Escola Agrotécnica Federal Dom Avelar Vilela, com o Decreto
nº 4.019, de 19 de novembro de 2001; a Uned Pesqueira, no Agreste Pernambucano, com a
Portaria Ministerial nº 1.533/92, de 19/10/1992; e, a Uned Ipojuca, na Região Metropolitana do
Recife, com a portaria Ministerial nº 851, de 03/09/2007 (IFPE, 2015).
Com a Lei nº 11.892 de 29 de dezembro de 2008, que criou os Institutos Federais de
Educação, Ciência e Tecnologia, surge o IFPE que passou a ser constituído por dez campi: Belo
Jardim, Barreiros e Vitória de Santo Antão (antigas Escolas Agrotécnicas Federais - AFs);
Ipojuca e Pesqueira (antigas Uneds do CEFET-PE); Recife (antiga sede do CEFET-PE);
Afogados da Ingazeira, Caruaru e Garanhuns, da segunda expansão; e o Campus Virtual da
Educação a Distância. O CEFET Petrolina passou a fazer parte do IF Sertão, que surgiu com
essa lei.
Com a terceira fase de Expansão da Rede, em 2014, o IFPE ganhou mais sete unidades:
Cabo de Santo Agostinho, Palmares, Jaboatão, Olinda, Paulista, Abreu e Lima e Igarassu.
4.3 Ensino médio integrado e a superação da dualidade
É importante compreender a relação “escola e trabalho” dentro do contexto da sociedade
capitalista, cuja estruturação em classes nos mostra a classe proprietária dos meios de produção
e a classe dominada nas formas alienadas de trabalho. Portanto, a análise do ensino médio em
sua forma integrada ao técnico não pode ser desvinculada do modelo econômico e político
vigente.
No que se refere à educação, e principalmente ao ensino médio, nota-se a dualidade que
marca o sistema educativo do país. Frigotto et al. (2005a) lembram-nos que é neste nível de
ensino que se evidencia a contradição entre o capital e o trabalho, exposto no falso problema
da formação propedêutica ou preparação para o trabalho.
De acordo com Marx e Engels (1989), o que os indivíduos são depende da sua produção.
Nessa perspectiva, é importante compreender o trabalho como princípio educativo. Ramos
(2008, p. 3) afirma que
67
Nesse sentido, trabalho não é emprego, não é ação econômica específica.
Trabalho é produção, criação, realização humanas. Compreender o trabalho
nessa perspectiva é compreender a história da humanidade, as suas lutas e conquistas mediadas pelo conhecimento humano.
Gramsci contribui acerca do debate sobre o trabalho como princípio educativo e da
perspectiva de se ter uma escola unitária. Gramsci (1968) fez várias críticas a organização
escolar burguesa, de caráter especulativa e classista, de caráter dual. Criticava o modelo escolar
que era responsável por definir a qualificação profissional do indivíduo de acordo com sua
origem social mantendo as classes subordinadas nas funções instrumentais e as classes
dominantes na condição de dirigentes.
A escola dualista é o desenho da sociedade capitalista, dividida entre a burguesia e o
trabalhador. Para Saviani (2008a), não cabe dizer que a escola dualista qualifica diferentemente
o trabalho manual e o trabalho intelectual; cabe dizer que ela qualifica o trabalho intelectual e
desqualifica o trabalho manual.
Saviani (2008a) chama essa teoria assim porque C. Baudelot e R. Establet ao expô-la no
livro L`École Capitaliste en France empenham-se em mostrar que a escola é dividida em duas
grandes partes, as quais correspondem à divisão da sociedade capitalista em duas classes
fundamentais: a burguesia e o proletariado. É uma crítica, ainda atual, principalmente àquelas
escolas que oferecem o nível médio integrado à educação técnica e profissional, que seria o tipo
que estaria preocupado em reproduzir o sistema de exploração capitalista, a serviço da
burguesia para formar os operários da nossa sociedade. Portanto, para este autor, tem-se uma
escola que é um instrumento da burguesia na luta ideológica contra o proletariado.
[...] a história da dualidade educacional coincide com a história da luta de
classes no capitalismo. Por isto a educação permanece dividida entre aquela
destinada aos que produzem a vida e a riqueza da sociedade usando sua força de trabalho e aquela destinada aos dirigentes, às elites, aos grupos e segmentos
que dão orientação e direção à sociedade. Então, a marca da dualidade
educacional do Brasil é, na verdade, a marca da educação moderna nas sociedades ocidentais sob o modo de produção capitalista. (RAMOS, 2008, p.
2).
A concepção de uma escola unitária vai de encontro a tudo que é desenvolvido numa
concepção dualista. Aquela promove a educação de qualidade para todos, independentemente
da classe social, enquanto esta direciona a boa educação para a classe burguesa. Segundo
Nosella (2011), a dualidade do ensino médio é antiga, apesar dos muitos “esforços” para superá-
la ou para esconde-la. Ironicamente, o ensino médio só não foi dual no período antes da
industrialização, quando excluía da escola os jovens que eram determinados ao trabalho.
68
Ramos (2008) apresenta dois pilares conceituais de uma educação integrada: a escola
unitária e uma educação politécnica, que possibilite o acesso à cultura, à ciência e ao trabalho,
por meio de uma educação básica e profissional; e, a politécnia, significando, segundo o autor,
uma educação que possibilita a compreensão dos princípios científico-tecnológicos e históricos
da produção moderna, de modo a orientar os estudantes à realização de múltiplas escolhas.
Diante disso, Ramos (2008, p. 5) afirma que
Portanto, formar profissionalmente não é preparar só para o exercício do
trabalho, mas é proporcionar a compreensão das dinâmicas sócio-produtivas das sociedades modernas, com as suas conquistas e os seus revezes, e também
habilitar as pessoas para o exercício autônomo e crítico de profissões, sem
nunca se esgotar a elas.
Levando em consideração que o sistema capitalista influencia de certa forma a
construção de uma escola dualista, Saviani (2008a) afirma que não adianta ficar falando na
escola dual que existe em nosso sistema de ensino se o que está sendo explorado, as camadas
populares, não toma iniciativa para lutar pela libertação. O autor orienta que essa libertação só
será possível com o domínio de conteúdos culturais que se constituem como instrumento
indispensável para a participação política.
Visando superar a dualidade no ensino médio, faz-se necessária a compreensão do
trabalho no seu sentido ontológico, onde o homem produz sua própria existência ao se
relacionar com a natureza e com os outros homens e, no sentido histórico, que surge diante do
sistema capitalista, transformando o trabalho numa prática econômica-produtiva.
69
5 A ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL PARA OS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO
INTEGRADO
5.1 As políticas de assistência social
A Política Social no Brasil tem suas particularidades e sua materialização se deu de
forma bem singular. Vários autores tratam sobre esse tipo de política e trazem a forma como
ela vem se desenvolvendo.
Política Social consistiria numa atividade desenvolvida pelo Estado, visando atender às
necessidades sociais básicas dos cidadãos. De acordo com Montaño (2012), ao considerar a
pobreza como um problema de distribuição, colocando a “questão social” na esfera política, as
políticas sociais tornam-se o meio para garantir o acesso a bens e serviços por parte da
população.
Para Fleury (1994), as políticas sociais desenvolvem planos, projetos e programas
direcionados à concretização de direitos sociais, estabelecendo uma condição de cidadania.
A política social no Brasil foi se fortalecendo com o tempo. Até o ano de 1930, o país
tinha desenvolvido ações fragmentadas na área social. De acordo com Carvalho (2002, p. 61),
“com direitos civis e políticos tão precários, seria difícil falar de direitos sociais” naquela época.
O mesmo autor ainda afirma que eram as Santas Casas de Misericórdia, instituições privadas
de caridade, que ficavam a cargo de prestar atendimento aos pobres.
Uma dessas ações foi o surgimento, em 1923, de uma lei que começava a olhar a questão
social dos trabalhadores, era a Lei Eloi Chaves, que tratava da criação de uma Caixa de
Aposentadoria e Pensão para os ferroviários. De acordo com Carvalho (2002), foi a primeira
legislação eficaz na área social.
A partir de 1930, no cenário da política nacionalista e populista de Getúlio Vargas, o
país começou a seguir um caminho rumo a uma política social. Esse período “[...] abre espaço
para um novo tratamento das questões sociais, cujas respostas são imperativas para controlar as
agitações operárias que vinham ocorrendo desde os anos anteriores” (COSTA et al., 1998, p.
9).
Neste período, o Estado brasileiro, privilegiando a via do Seguro Social, buscou
administrar a questão social desenvolvendo políticas e agências de poder estatal em diferentes
setores da vida nacional. De acordo com Yazbek (2008), neste período, embora com caráter
controlador e paternalista, são adotadas várias mediadas de cunho social, dentre as quais a
criação dos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs) na lógica do seguro social, a
70
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o Salário Mínimo e a valorização da saúde do
trabalhador.
O mesmo autor lembra que parte significativa dos benefícios sociais (saúde, previdência
e outros) girava em torno do trabalho (emprego), restando aos desempregados serem atendidos
por caridade de entidades filantrópicas.
Procurando fazer qualquer coisa pelos desempregados e manter a atenção aos pobres,
porém sem uma definição de uma política que proporcionasse ganhos trabalhistas e
previdenciários – restritos, ainda, a poucas categorias trabalhistas –, em 1938, por meio do
Decreto-lei nº 525 é criado o Conselho Nacional de Serviço Social (CNSS), vinculado ao
Ministério da Educação e Saúde. Composto por sete membros, escolhidos dentre pessoas
dedicadas ao serviço social, esse conselho teria como função estudar, em todos os seus aspectos,
o problema do serviço social, além de funcionar como órgão consultivo dos poderes públicos e
das entidades privadas, em tudo quanto se relacionava com a administração do serviço social
(BRASIL, 1938).
Em seu Art 1º o Decreto define o objetivo do serviço social como:
A utilização das obras mantidas quer pelos poderes públicos quer pelas
entidades privadas para o fim de diminuir ou suprimir as deficiências ou sofrimentos causados pela pobreza ou pela miséria ou oriundas de qualquer
outra forma do desajustamento social e de reconduzir tanto o indivíduo como
a família, na medida do possível, a um nível satisfatório de existência no meio
em que habitam. (BRASIL, 1938).
Este órgão parece ter contribuído pouco para o bom desempenho das políticas públicas
voltadas para a população mais carente, por ter uma política de característica clientelista que
marcaria por um longo período a assistência pública brasileira (COSTA et al., 1998).
De acordo com Yazbek (2008), as políticas filantrópicas acompanham a assistência
social brasileira desde o seu surgimento: “[...] historicamente a atenção à pobreza pela
Assistência Social pública vai se estruturando acoplada ao conjunto de iniciativas benemerentes
e filantrópicas da sociedade civil” (2008, p. 12). Um exemplo disso é a Legião Brasileira de
Assistência – LBA, a primeira instituição nacional de Assistência Social, que surge em 1942,
com o intuito de atender a família dos militares durante a guerra e, com fim desta, passa a
desenvolver políticas filantrópicas, desenvolvendo serviços de acordo com alguns interesses.
Segundo Carvalho (2002), apesar de tudo, porém, não se pode negar que o período
compreendido entre 1930 a 1945 foi a era dos direitos sociais – período no qual foi implantado
boa parte da legislação trabalhista e previdenciária, melhoradas a partir disso.
71
Neste período destaca-se, também, a criação em 1942 do SENAI, que passa a atuar com
um conjunto de medidas de caráter assistencial e educativo, visando adequar os trabalhadores
às exigências da indústria em crescimento. Seguindo esse caminho, em 1946 surge o Serviço
Social da Indústria (SESI) (COSTA et al., 1998).
Na etapa que se sucede ao golpe de 64, a assistência social passa a ter uma orientação
maior por parte do governo federal, debruçando-se, principalmente, na contenção e prevenção
de conflitos que pudessem prejudicar as classes dominantes.
Os militares assumem o poder e as leis sociais passam a ser elaboradas por
tecnocratas e orientadas por organismos vinculados à Presidência da República e subordinadas aos preceitos da segurança nacional. As políticas
sociais passam a serem usadas como forma de neutralizar a oposição,
conseguir apoio ao regime, despolitizar a organização dos trabalhadores e
reguladora do conflito social. (LAJÚS, 2009, p. 167).
A Constituição de 1988 destinou um capítulo aos direitos sociais e estabeleceu um
sistema de proteção social: a seguridade social. É nesse documento que a assistência social
passa a ser tratada como política pública e ganha o status de direito social, tornando-se “um dos
pilares da seguridade social brasileira, reafirmando a dimensão social da cidadania e a
universalidade dos direitos” (COSTA et al., 1998, p. 12). A Assistência Social passa a ser
integrante da Seguridade Social, junto às Políticas de Saúde e Previdência Social.
A assistência social ao longo de seu processo histórico transitou do
assistencialismo clientelista para o campo da política social, esta como política
de Estado passa a ser um campo de defesa e atenção dos interesses dos
segmentos mais empobrecidos da sociedade. (YAZBEK, 1995, p. 10).
As leis apresentadas acima pretendem, com a criação de programas e serviços sociais,
enfrentar os problemas da questão social. Para Simões (2010, p. 295),
Segundo a Lei, a assistência tem por finalidade assegurar a prestação das
necessidades básicas, com base nas quais as políticas públicas, com a
participação da comunidade, definem os mínimos sociais, de natureza mais
ampla. Para reduzir os níveis de pobreza, prevê diversas estratégias: criação de programas de geração de trabalho e renda; proteção a maternidade, as
crianças e aos adolescentes; apoio a gestantes; pessoas com deficiência ou
pessoas idosas, desde que carentes por meio de ações continuadas de assistência social.
Em dezembro de 1993, foi aprovada a Lei nº 8.742, Lei Orgânica da Assistência Social
(LOAS), que dispõe sobre a organização da Assistência Social. Este documento define a
Assistência Social como
direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto
integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o
atendimento às necessidades básicas. (BRASIL, 1993, art. 1).
72
A Loas foi de importantíssima para o fortalecimento de uma política voltada para a
Assistência Social.
A LOAS sistematizou e institucionalizou, como permanentes, os serviços
assistenciais as famílias em situação de vulnerabilidade e risco social.
Representou a maioridade jurídica da assistência social, na história brasileira, instituindo em seu estatuto como política pública de Estado, integrada a
seguridade social. (SIMÕES, 2010, p. 295).
A Loas passa a dar um significado diferente a política assistencialista. De acordo com
Lajús (2009, p. 169-170),
A LOAS, ao respaldar a Assistência Social tanto nos seus aspectos legais
como políticos, dá um significado e um caráter novo que a afasta do assistencialismo, clientelismo, alçando-a a condição de política de seguridade
dirigida à universalização da cidadania social, garantindo direitos e serviços
sociais de qualidade sob a responsabilidade do Estado e com a participação da
população no controle das suas ações.
No sentido de avançar ainda mais a Assistência Social, é instituída em 2004 a Política
Nacional de Assistência Social (Pnas), aprovada na IV Conferência Nacional de Assistência
Social em 2003. A Pnas surge através do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome (MDS), por intermédio da Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS) e do
Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS).
Conforme Simões (2010, p. 309), a Pnas
promove sobretudo, a defesa e atenção dos interesses e necessidades sociais,
particularmente das famílias, seus membros e indivíduos mais empobrecidos
e socialmente excluídos. Cabe, por isso, a assistência social, segundo esta
política, as ações de prevenções, promoção e inserção; bem como o provimento de um conjunto de garantias ou seguranças que cubram, reduzam
ou previnam a vulnerabilidade, o risco social e eventos; assim como atendam
às necessidades emergentes ou permanentes, decorrentes de problemas pessoais ou sociais dos seus usuários e beneficiários.
A Pnas tem como objetivo garantir os mínimos sociais que foram estabelecidos pela
Constituição de 1988 e posteriormente pela Loas (PNAS, 2005). Essa política, em consonância
com o disposto na Loas, capítulo II, seção I, artigo 4º, rege-se pelos seguintes princípios
democráticos
I – Supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de
rentabilidade econômica; II – Universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da ação
assistencial alcançável pelas demais políticas públicas;
III – Respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a benefícios e serviços de qualidade, bem como à convivência familiar e
comunitária, vedando-se qualquer comprovação vexatória de necessidade;
IV – Igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação de
qualquer natureza, garantindo-se equivalência às populações urbanas e rurais;
73
V – Divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos
assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo Poder Público e dos
critérios para a sua concessão. (PNAS, 2005, p. 32).
A Pnas 2004 define as bases para o Sistema Único de Assistência Social (Suas), um
novo modelo de gestão da política pública de Assistência Social. Segundo Yazbek (2008, p.
17), o Suas é composto pelo
[...] conjunto de serviços, programas, projetos e benefícios no âmbito da
assistência social prestados diretamente – ou através de convênios com organizações sem fins lucrativos –, por órgãos e instituições públicas federais,
estaduais e municipais da administração direta e indireta e das fundações
mantidas pelo poder público.
O Pnas e o Suas surgem com o propósito de firmar o que é proposto pela Loas.
Atualmente, o governo federal é o responsável por promover e financiar programas com o
intuito de efetivar direitos de cidadania e combate à pobreza.
5.2 A Política de Assistência Estudantil
A política de Assistência Estudantil é um marco histórico na busca de meios que
proporcionem a permanência e o êxito de estudantes oriundos das camadas menos favorecidas.
De acordo com o Fonaprace, trata-se de
[...] um conjunto de princípios e diretrizes que norteiam a implantação de
ações para garantir o acesso, a permanência e a conclusão de curso de
graduação dos estudantes das IFEs, na perspectiva de inclusão social, formação ampliada, produção de conhecimento, melhoria do desempenho
acadêmico e da qualidade de vida, agindo preventivamente, nas situações de
repetência e evasão, decorrentes da insuficiência de condições financeiras. (FONAPRACE, 2012, p. 63).
Fazendo um resgate histórico das ações, de acordo com as legislações, voltadas para a
assistência ao estudante e levando em consideração o objetivo citado acima pelo Fonaprace
(2012), pode-se citar a Constituição Federal de 1934 (BRASIL, 1934) como sendo o primeiro
documento a se preocupar, legalmente, em dar um apoio aos alunos mais pobres. Em seu Artigo
112, parágrafo 3º, dispõe sobre a gratuidade do ensino nas escolas públicas primárias e
fornecimento gratuito do material escolar aos pobres (BRASIL, 1934).
O Artigo 157 da Constituição Federal de 1937 dispõe sobre a formação de fundos
financeiros para a educação, e no parágrafo 2º, a lei estabelece que “Parte dos mesmos fundos
se aplicará em auxílios a alunos necessitados, mediante fornecimento gratuito de material
escolar, bolsas de estudo, assistência alimentar, dentaria e médica, e para vilegiaturas”
(BRASIL, 1934, p. 140).
74
O interessante é que o ensino profissional sempre foi dirigido aos mais pobres. Na
Constituição Federal de 1937, documento legal que trata pela primeira vez acerca desse tipo de
ensino, o ensino profissional está vinculado às classes menos favorecidas. No Artigo 129
percebe-se isso:
O ensino pré-vocacional e profissional destinado às classes menos favorecidas
é, em matéria de educação, o primeiro dever do Estado. Cumpre-lhe dar
execução a esse dever fundando institutos de ensino profissional e subsidiando os de iniciativa dos estados, municípios e dos indivíduos ou associações
particulares e profissionais. É dever das indústrias e dos sindicatos
econômicos criar, na esfera de sua especialidade, escolas de aprendizes,
destinadas aos filhos de seus operários ou de seus associados. (BRASIL, 1937).
Na Constituição Federal de 1946 houve um avanço para o fortalecimento de ações de
assistência ao estudante. O artigo 172 dispõe que “Cada sistema de ensino terá obrigatoriamente
serviços de assistência educacional que assegurem aos alunos necessitados condições de
eficiência escolar” (BRASIL, 1946, p. 89). Verifica-se uma consolidação através do tempo da
ideia de assistência estudantil.
Em 1961 é promulgada a Lei nº 4.024 que fixa a primeira LDB. A mesma traz um título
específico – “Da Assistência Social Escolar” – que deveria ser prestada nas escolas, sob a
orientação dos respectivos diretores, através de serviços que atendessem ao tratamento dos
casos individuais, à aplicação de técnicas de grupo e à organização social da comunidade. Em
seu Artigo 90 fica clara a importância que a assistência ao estudante vem se tornando:
Art. 90: Em cooperação com outros órgãos ou não, incumbe aos sistemas de
ensino, técnica e administrativamente, prover, bem como orientar, fiscalizar e
estimular os serviços de assistência social, médico-odontológico e de enfermagem aos alunos. (BRASIL, 1961).
Uma nova Constituição Federal promulgada, a de 1967, e com ela não há avanços
significativos em relação à assistência ao estudante, praticamente são mantidas as disposições
da Constituição anterior. Destaque apenas para o Artigo 176, em seu parágrafo 3º, Inciso III,
que garante o ensino público igualmente gratuito no nível médio e no superior, para aqueles
que “demonstrarem efetivo aproveitamento e provarem falta ou insuficiência de recursos”
(BRASIL, 1967, p. 197). Aqui se percebe a assistência atingindo outros níveis de ensino.
A nova LDB, Lei nº 5.692 de 1971, trouxe pontos importantes sobre o que se denomina
na lei de “assistência educacional”. O Artigo 62 tratava sobre a importância dos serviços de
assistência educacional para assegurar a eficiência escolar dos alunos mais necessitados e, em
seu parágrafo 1º, trazia os serviços de assistência educacional onde estavam inclusos “[...]
auxílios para a aquisição de material escolar, transporte, vestuário, alimentação, tratamento
75
médico e dentário e outras formas de assistência familiar” que visavam garantir a
obrigatoriedade escolar (BRASIL, 1971, p. 12).
Em 1987, após vários encontros de Pró-Reitores de Assistência à Comunidade
Universitária, tanto em nível nacional como regional, é criado o Fonaprace. Este fórum levantou
várias propostas de políticas que visavam assegurar a democratização do acesso e da
permanência do estudante na universidade (FONAPRACE, 2012). O Fórum teve papel
importantíssimo na sustentação da necessidade de construção de uma política voltada para a
assistência estudantil. Anos mais tarde, este fórum, realizou duas pesquisas que subsidiaram a
definição dos indicadores socioeconômicos dos discentes do ensino superior, ajudando a
identificar a necessidade real de tais políticas. Ainda hoje, o Fonaprace promove debates sobre
diretrizes nacionais referentes à assistência ao estudante.
A atual Constituição Federal, elaborada em 1988, em seu Título VIII, Capítulo III, Seção
I, Art. 208, Inciso VII, assegurou como dever do Estado o atendimento ao educando através da
suplementação de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. A
emenda constitucional 59, de 11 de novembro de 2009, modificou o Inciso VII, ampliando essa
assistência para todas as etapas da educação básica (BRASIL, 2015, p. 148). A Lei nº 9.394, de
20 de dezembro de 1996, confirma o que já vinha definido sobre a assistência ao estudante na
Constituição de 1988.
A Lei nº 10.172, que se refere ao Primeiro Plano Nacional de Educação (PNE 2001-
2011) é um plano com orientações e metas para a educação que deveriam ser cumpridas em até
10 anos. Neste documento encontramos uma disposição para que as instituições públicas de
ensino superior estimulassem a adoção de programas de assistência estudantil, tais “[...] como
bolsa-trabalho ou outros destinados a apoiar os estudantes carentes que demonstrem bom
desempenho acadêmico” (BRASIL, 2001, p. 94).
Em 2007 entra em vigor o Decreto nº 6.096 que Institui o Programa de Apoio a Planos
de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), visando criar condições para
a ampliação do acesso e permanência na educação superior. Apresenta como uma de suas metas
gerais o aumento gradual da taxa de conclusão média nesse nível de ensino. Outras diretrizes
do Programa são a redução da evasão e a ampliação de políticas de inclusão e assistência
estudantil. Percebe-se, então, a relação entre a promoção de políticas de assistência e a busca
pelo êxito dos alunos.
Toda a legislação analisada aqui serviu, com certeza, como base para um passo maior
que viria a ser dado em busca da afirmação de políticas voltadas para a assistência ao estudante.
76
Assim, pensando em garantir acesso, permanência e êxito para os estudantes, o Estado cria, por
meio do Ministério da Educação, o Pnaes.
O Programa surgiu inicialmente com a portaria normativa nº 39 de 12 de dezembro de
2007, e em seguida com o Decreto nº 7.234, de 19 de julho de 2010. O Pnaes tem como
objetivos as ações que estão expressas no Art. 2º:
I. Democratizar as condições de permanência dos jovens na educação superior pública federal;
II. Minimizar os efeitos das desigualdades sociais e regionais na permanência
e conclusão da educação superior; III. Reduzir as taxas de retenção e evasão, e;
IV. Contribuir para a promoção da inclusão social pela educação.
Percebe-se na redação do artigo que a política de assistência estudantil faz referência
apenas aos alunos da educação superior. Logo, surge a dúvida se as IFEs estariam legitimadas
para a concessão de bolsas para estudantes matriculados nos cursos de nível médio, formação
inicial e continuada, ensino técnico e/ou graduação. Gomes (2011, n.p.) se posiciona sobre o
assunto com a seguinte resposta:
Sim, pois se a intenção da política denominada PNAES é precisamente a de democratizar as ações de permanência do aluno na escola, não há como se
vislumbrar a exclusão da atuação dos IFEs naquele programa, simplesmente
por apego à formalidade e à interpretação literal do Decreto nº 7.234/2010, que, por um lado, apregoa que as ações de assistência estudantil deverão ser
executadas pelos IFEs, mas por outro, tolhe tal participação, ao balizá-la
apenas ao âmbito de determinado nível de ensino (superior) - discrepância detectada, supostamente pela já mencionada falta de olhar acurado e
cuidadoso do legislador às peculiaridades dos Institutos, como já dito, entes
apenas equiparados, e não idênticos às universidades federais.
Apesar da dúvida sobre a utilidade para os estudantes dos Institutos Federais dos níveis
de ensino que não seja o superior, a instituição do Pnaes trouxe, como consequência, a indução,
para a grande maioria dos Institutos, do movimento de elaboração da sua política de assistência
estudantil. Além do mais, houve o incremento orçamentário, via LOA, da ação intitulada “2994
- Assistência ao Educando da Educação Profissional”, que disponibilizou recursos para que os
Institutos pudessem implementar essa política, como pode ser observado no quadro abaixo
(TAUFICK, 2014, p. 185).
Quadro 2: Execução Orçamentária da Ação 2994
LOA Dotação Inicial
R$
Autorizado
R$
Empenhado
R$
Liquidado R$
(Suplemento)
Pago
R$
2009 22.712.182,00 23.6664.984,00 21.787.423,11 21.787.423,11 19.594.391,18
77
2010 41.694.449,00 42.943.938,00 38.530.840,48 38.530.840,48 30.497.703,11
2011 162.051.472,00 166.093.263,00 135.475.654,9
0
135.475.654,9
0
101.224.792,41
2012 182.380.329,00 186.990.689,00 132.604.513,3
6
132.604.513,3
6
127.201.944,23
Fonte: SIGA Brasil – Senado Federal (apud Taufick (2014).
Observa-se que logo após o Decreto nº 7.234, em 2010, houve um aumento expressivo
na dotação orçamentária da ação de assistência estudantil para as Instituições Federais de
Educação Profissional. Portanto, fica claro que mesmo não sendo citado no documento, inicia-
se um movimento de construção de uma política de assistência estudantil para os estudantes da
educação profissional das Instituições Federais (TAUFICK, 2014).
Neste decreto, no Art. 3º, § 1º, estão definidas as linhas de ação de assistência estudantil,
as quais deverão ser desenvolvidas nas áreas de:
I – moradia estudantil;
II – alimentação;
III – transporte; IV - atenção à saúde biopsicossocial;
V - inclusão digital;
VI – cultura; VII – desporto e lazer;
VIII – creche;
IX – apoio didático-pedagógico X – Acesso, participação e aprendizagem de estudantes com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades e superdotação.
O Pnaes proporcionou um apoio não só ao social, mas também ao pedagógico e ao
psicológico. Expandiu a percepção de assistência estudantil com a implementação de diferentes
linhas de ação.
Há, na instituição do PNAES, mais do que o auxílio para a redução das desigualdades sociais e para o estímulo à permanência em cursos. Existe uma
intencionalidade de concretizar, nas instituições de ensino públicas federais,
ações que complementem as atividades pedagógicas e ampliem a formação do indivíduo em aspectos que consideram a melhoria de sua qualidade de vida
como um todo, como a oferta de ações voltadas para saúde, cultura, esporte e
inclusão digital, que vão além do atendimento socioassistencial. (TAUFICK, 2014, p. 187).
Assim, os Institutos Federais passaram a formular suas políticas de assistência estudantil
observando as diferentes linhas de ações apontadas no Pnaes, considerando como principal
prioridade,
78
[...] viabilizar a igualdade de oportunidades e contribuir para a melhoria do
desempenho acadêmico do aluno, além de agir, preventivamente, para
minimizar as situações de repetência e evasão decorrentes da insuficiência de condições financeiras. (FONAPRACE, 2012, p. 108).
Para que o estudante possa desenvolver-se em sua plenitude, busca-se associar à
qualidade do ensino à uma política efetiva de investimento em assistência, buscando “[...]
atender às necessidades básicas de moradia, de alimentação, de saúde, de esporte, de cultura,
de lazer, de inclusão digital, de transporte, de apoio acadêmico e de outras condições”
(FONAPRACE, 2007 apud FONAPRACE, 2012, p. 162).
5.3 A assistência estudantil do IFPE
A referência feita unicamente ao ensino superior e o incremento orçamentário, via LOA,
da ação intitulada “2994 - Assistência ao Educando da Educação Profissional”, que
disponibilizou recursos para que os Institutos pudessem iniciar a implementação da política,
como consequência, de acordo com Taufick (2014), levou à indução, para a grande maioria dos
Institutos, do movimento de elaboração da sua política de assistência estudantil. E o Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE) foi um deles, tendo sua
proposta de política de assistência estudantil, através da Resolução nº 21, aprovada.
O IFPE delimita a Política de Assistência Estudantil no PDI como mais um instrumento
a ser desenvolvido junto aos alunos, com o intuito de:
• assegurar o caráter público e gratuito da Instituição, trabalhar a inclusão
educacional e social, pautada na igualdade de condições, para acesso e permanência com êxito do estudante no seu percurso educacional.
• atender o educando, respeitando aspectos socioeconômicos, culturais,
étnicos e ambientais.
• trabalhar a convivência, com base no respeito e na solidariedade, observando preceitos éticos.
• preparar o estudante para intervir de forma consciente, crítica e criativa na
sociedade, respeitando as diversidades culturais, as diferenças individuais e coletivas, como agente de formação e de transformação dessa mesma
sociedade;
• vincular a educação ao trabalho e às práticas sociais; • desenvolver a educação como pleno desenvolvimento da pessoa para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 2015, p.
193).
A proposta da política de assistência estudantil do IFPE tem como objetivo conceder
recursos suficientes para que o discente vença as dificuldades e, assim, tenha um bom
desempenho escolar. Este documento “apresenta-se como um instrumento que visa contribuir
79
com o processo de criação, ampliação e consolidação de programas, projetos e ações que
propiciem a permanência do estudante na Instituição” (BRASIL, 2012, p. 9).
No IFPE, a política de assistência estudantil é conduzida pela DAE, em conjunto com
as coordenações de assistência estudantil dos campi (BRASIL, 2012).
Seguindo as orientações da Política de Assistência Estudantil do IFPE (BRASIL, 2012),
o ponto de partida para o planejamento das ações da assistência ao estudante é o perfil
socioeconômico dos discentes. O estudante ao fazer sua primeira matrícula preenche um
questionário socioeconômico, elaborado pelo Serviço Social, que servirá de base para a equipe
formada por assistente social, psicólogo e pedagogo, juntamente com a equipe gestora do
campus, planejar as ações a serem desenvolvidas no ano letivo.
A equipe multiprofissional, responsável pela condução da política de assistência
estudantil no campus, será formada pelo assistente social, psicólogo, pedagogo e outros
profissionais caso seja necessário (BRASIL, 2012). De acordo com este documento, a equipe
multiprofissional terá como atribuições, observando as especificidades de cada profissional:
Planejar, implementar, acompanhar e avaliar a Política de Assistência
Estudantil do IFPE;
Divulgar as ações da assistência estudantil na perspectiva de consolidá-la
como política institucional;
Manter atualizado o cadastro dos estudantes atendidos pelos Programas de
Assistência Estudantil;
Acompanhar os recursos financeiros da rubrica de assistência ao educando;
Elaborar anualmente relatórios dos Programas implementados através
desta Política;
Articular os setores comprometidos com a exequibilidade da Política de
Assistência Estudantil nos campi. (BRASIL, 2012, p. 13).
Os três diferentes programas desenvolvidos pela Política de Assistência Estudantil
(Técnico-Científicos, Pesquisa e Extensão; Específicos e Universais) reforçam alguns
princípios desta política, que são, principalmente, a inclusão social, melhoria do desempenho
acadêmico e qualidade de vida. Tem como uma das estratégias pela permanência e pelo
desempenho acadêmico o oferecimento de benefício financeiro (bolsas) e/ou estágios
remunerados. Uma das áreas contempladas com o benefício financeiro (bolsas) é a de Cultura,
Lazer e Esporte que oferece acesso às manifestações artísticas e culturais e às ações de educação
esportiva, recreativa e de lazer, com a finalidade de ampliar qualitativamente as condições de
permanência dos jovens (BRASIL, 2012).
Cada campus do IFPE recebe um valor anual para desenvolver os projetos descritos
acima. De acordo com informações internas repassadas pela Direção do campus Pesqueira, o
referido campus recebeu em 2015 o valor referente a R$ 1.748.402,70 para desenvolver os
80
diferentes programas executados pela divisão de assistência estudantil do campus. Deste valor,
noventa e nove por cento (99%) foi executado, o equivalente a R$ 1.737.526,40. Sendo assim,
R$ 19.489,30 foram devolvidos à Diretoria de Assistência Estudantil da Reitoria do IFPE
(DAE-Reitoria). Em 2016, o orçamento da assistência estudantil praticamente não teve
alteração, o campus recebeu R$ 1.785.922,00 para a execução de programas e ações.
O Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer, em 2015, foi contemplado com o valor de
R$ 98.184,80. Já em 2016, apesar do orçamento do campus ter ficado estabilizado, o valor
executado no Piel diminuiu, ficando em R$ 78.540,00.
Dados do Fonaprace (2012) apontaram que alguns dos fatores fundamentais para
garantir a permanência dos discentes é a cultura, o lazer e o esporte.
O fomento à participação irrestrita e o entendimento do esporte e do lazer
como manifestações culturais vivenciadas no tempo livre é uma tendência cada vez mais concreta, em função da significativa presença de ambos nas
práticas sociais. As atividades culturais na esfera do esporte e lazer podem ser
potencialmente educativas e mobilizadoras, sob diferentes perspectivas, incluindo aí seu desenvolvimento no ambiente universitário. (FONAPRACE,
2012, p. 188).
Assim, essas atividades de esporte e lazer nos Institutos Federais passa a ser
disponibilizada dentro do tempo livre dos estudantes, fora de seus afazeres, através da política
de assistência. Vale ressaltar que essas atividades esportivas e de lazer, além de contribuir com
as condições de permanência, tem papel fundamental na formação cidadã, na transmissão de
valores e na melhoria da saúde do praticante.
5.4 O Instituto Federal de Pernambuco na cidade de Pesqueira
Em 1987, surge a Uned Pesqueira da Escola Técnica Federal de Pernambuco, dentro do
Programa de Expansão do Ensino Técnico. Este programa tinha como objetivo interiorizar esta
modalidade de ensino. Pesqueira foi escolhida como o primeiro município a sediar uma Escola
Técnica no agreste pernambucano, iniciando as suas atividades em 1993, com a oferta dos
cursos técnicos integrados de Eletrotécnica e Edificações (IFPE, s/d).
Entre os anos de 1996 a 2002, a estrutura física desta Unidade de Ensino foi
consideravelmente ampliada. Em 18 de janeiro de 1999, através do decreto s/n, a Escola
Técnica Federal de Pernambuco passou a ser Centro Federal de Educação Tecnológica de
Pernambuco. A partir desta data, surgiram os cursos técnicos de Eletroeletrônica, Enfermagem
e Turismo pós-médio. Já em 01 de outubro de 2004, o decreto nº 5.224 autoriza o CEFET-PE
a ministrar Ensino Superior de Graduação e de Pós-Graduação lato sensu e stricto sensu. O
81
primeiro curso de nível superior do campus Pesqueira foi o de Licenciatura em Matemática,
criado no ano de 2007 (IFPE, s/d).
Em 29 de dezembro de 2008, através da Lei nº 11.892 sancionada pelo Presidente da
República Luiz Inácio Lula da Silva, a Uned Pesqueira do CEFET-PE transformou-se em
Campus Pesqueira do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco
(IFPE, s/d). O Instituto funciona com o ensino médio integrado e subsequente, com os cursos
de eletrotécnica e edificações, PROEJA [Programa Nacional de Integração da Educação
Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos] e os
cursos de nível superior (licenciatura em física e matemática e bacharelado em enfermagem).
No segundo semestre de 2017 está programado o início do curso superior de Engenharia
Elétrica.
No Campus Pesqueira, a política de assistência estudantil é desenvolvida pela DAE, que
é composta pela chefia do setor e a equipe multiprofissional formada por um assistente social,
um assistente de alunos e um psicólogo. Fazem parte desta coordenação, estagiários que ajudam
a resolver as demandas do setor.
A DAE é a responsável pelo desenvolvimento de todos os programas, seja ele Técnico-
Científico, Universal ou Específico, da política de assistência estudantil do IFPE no campus.
De acordo com a Proposta da Política de Assistência Estudantil do IFPE (2012), o Piel
faz parte do grupo dos Programas Universais da Política de Assistência ao Estudante e
“compreende um conjunto de ações que visam contribuir para o exercício da cidadania, através
de práticas esportivas e de lazer [...]” (BRASIL, 2012, p. 33).
5.5 Conhecendo o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer
O Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer apresenta duas linhas de ações. A linha de
ação 1, que é de auxílio ao estudante-atleta, e, a linha de ação 2, que é de auxílio na
participação de atividades de esporte e lazer. Na linha 1 é oferecida uma ajuda financeira,
visando propiciar a participação dos estudantes nos treinamentos esportivos e nas competições.
A linha de ação 2 oferece benefício financeiro visando a participação do estudante em
atividades de lazer (BRASIL, 2012).
O mesmo documento afirma que o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer tem como
objetivo geral “proporcionar ao corpo discente do IFPE a vivência da cidadania através do
Esporte e Lazer” (BRASIL, 2012, p. 34). As atividades desenvolvidas deverão ser orientadas e
supervisionadas por profissionais de Educação Física do Instituto.
82
Ainda de acordo com este documento (BRASIL, 2012), o critério para concessão do
benefício na linha de ação 1 será o vínculo do estudante como atleta nas modalidades oferecidas
pelo IFPE. Neste caso, o aluno para ser atleta do Instituto deverá passar por uma seletiva com
todos os outros discentes inscritos no processo seletivo do Piel.
A permanência no Programa está atrelada à frequência. Assim, o aluno poderá perder o
benefício do programa caso não esteja cursando no mínimo 3 componentes curriculares e tenha
frequência menor que 75% (mensalmente). A duração do programa acontece de acordo com o
recurso orçamentário disponível em cada campus do IFPE (BRASIL, 2102)
5.6 Análise do regulamento do Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer do campus
Pesqueira
O documento a ser analisado é o Edital nº 02/2015, lançado pela DAE do IFPE Campus
Pesqueira, em conformidade com a Política de Assistência Estudantil, que se refere ao Piel.
Em 2015, o Campus Pesqueira ofereceu seis atividades esportivas dentro do Piel, sendo
três esportes individuais (badminton, kickboxing e judô) e três esportes coletivos (futsal,
voleibol e basquetebol). Destes, apenas o basquetebol é oferecido apenas aos estudantes do sexo
masculino, todos os outros são ofertados para ambos os sexos.
O Piel deveria ser desenvolvido pelos professores de Educação Física e outros docentes
do campus, mas não tem acontecido dessa forma. Nas modalidades basquete masculino, futsal
feminino e badminton masculino e feminino, por exemplo, não existia a presença de docentes:
o primeiro tem um voluntário da comunidade desenvolvendo as atividades, o segundo é
realizado por um servidor técnico-administrativo e o último é executado por um estagiário de
Educação Física. Porém, essas três modalidades são supervisionadas por um professor de
Educação Física.
Ainda sobre os responsáveis pela realização dos treinamentos das modalidades
esportivas, é importante salientar que devido ao pequeno número de professores de Educação
Física, faz-se necessária a participação de outros sujeitos neste processo. Dentro do que é
previsto pelo edital, o kickboxing é ministrado por um docente do campus que não é da área de
educação física.
Qualquer estudante do Instituto pode participar do processo seletivo para concorrer a
uma vaga no Piel, observando alguns critérios apresentados no edital. O discente atendendo a
esses critérios estaria apto para participar do processo seletivo, devendo apresentar no ato da
83
inscrição os documentos comprobatórios (INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO,
2015).
De acordo com o Edital, foi reservado um dia para que os responsáveis por cada
modalidade esportiva pudessem observar as qualidades técnicas, físicas e táticas dos estudantes
participantes do processo seletivo. Assim, os estudantes foram selecionados de acordo com o
desempenho na modalidade, segundo a avaliação do responsável, e de acordo com os critérios
da avaliação social, embasando-se na condição de vulnerabilidade social avaliada pelo Serviço
Social do campus (INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2015).
Quanto às vagas reservadas para os estudantes que irão receber o auxílio financeiro, é a
Direção Geral em conjunto com a DAE que define o quantitativo de bolsas para o programa,
de acordo com a disponibilidade orçamentária da Política de Assistência Estudantil do campus.
Tendo esse quantitativo geral de bolsas, a DAE e os professores de Educação Física definem o
quantitativo para cada modalidade esportiva para ser lançado no edital.
No edital 2015, as vagas ficaram distribuídas da seguinte forma: basquete 5 vagas, futsal
feminino 5 vagas, futsal masculino 5 vagas, voleibol feminino 6 vagas, voleibol masculino 6
vagas, judô 7 vagas, kickboxing 5 vagas e badminton 4 vagas (INSTITUTO FEDERAL DE
PERNAMBUCO, 2015).
No segundo semestre de 2015, precisamente em agosto, houve um relocamento das
verbas destinadas à assistência estudantil entre todos os campi do IFPE – e o Campus Pesqueira
recebeu parte dessa verba –, assim, foi possível aumentar o número de auxílios financeiros para
o Piel. O quantitativo de bolsas passou a 70 no geral e ficou distribuída para os diferentes
esportes da seguinte forma: basquete, futsal feminino e futsal masculino, cada um com 10
bolsas; voleibol feminino e masculino, cada um com 12 bolsas; judô 7 bolsas, kickboxing 5
bolsas e badminton 4 bolsas (INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2015). Em 2014
foram 73 vagas passando para 43 no primeiro semestre de 2015 e 70 no segundo semestre. Há
de se considerar que houve uma perda com relação a bolsas comparando esses dois anos.
É importante ressaltar que o estudante aprovado no teste, mas que não foi classificado
nas vagas que oferecem as bolsas, pode participar dos treinamentos esportivos, pois, só com a
participação de alunos contemplados com o auxílio financeiro no início do ano de 2015, o
treinamento ficaria inviável para as modalidades coletivas.
O valor do auxílio financeiro disponibilizado para os alunos aprovados no processo
seletivo do Piel receberem durante oito meses, de maio a dezembro de 2015, foi de R$ 275,80
mensais (INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2015). Segundo o Edital, esse valor
84
serve para o usuário custear sua alimentação, transporte e uniformes esportivos para participar
dos eventos e dos treinamentos.
Mesmo após conseguir a vaga no Piel, através do processo seletivo, o estudante pode
perder sua vaga. O edital apresenta alguns condicionantes para a permanência do estudante no
programa, dentre os quais destacamos dois: o primeiro é a matrícula regular nos cursos do IFPE
– Campus Pesqueira, além da manutenção de rendimento acadêmico, admitindo a retenção em
até três componentes curriculares cumulativamente (INSTITUTO FEDERAL DE
PERNAMBUCO, 2015). Caso o estudante extrapole essa quantidade de reprovações já citadas,
caberá à equipe multidisciplinar a avaliação do caso. Ao término do 1º semestre todos os alunos
serão novamente analisados quanto ao rendimento escolar e à participação nos treinamentos
para a possível continuidade no programa. Percebe-se aqui a relação “rendimento do estudante
e participação no programa”; mesmo o Piel não trabalhando a parte de conteúdos educacionais,
entende-se que o Piel pode contribuir, através do esporte e do lazer, com o êxito escolar.
O segundo é com relação à frequência regular nos treinos da modalidade esportiva na
qual o aluno foi selecionado (no mínimo 75% de frequência na carga horária mensal, dos
treinamentos e/ou jogos pré-estabelecidos, amistosos e oficiais). O aluno que não atingir a
frequência estipulada neste item por 3 meses será desligado do programa (INSTITUTO
FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2015).
Após assinatura do termo de compromisso pelo aluno, as atividades do programa são
iniciadas. Cada responsável pelas modalidades esportivas define os dias e os horários dos
treinamentos, que podem acontecer de segunda à sexta nos horários da manhã, tarde e noite. O
regulamento do programa não define um quantitativo mínimo de horas e/ou dias de treinos,
ficando a cargo do responsável essa definição.
85
6 PROGRAMA DE INCENTIVO AO ESPORTE E LAZER NO INSTITUTO
FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE PERNAMBUCO –
CAMPUS PESQUEIRA COMO UMA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL
Neste capítulo é apresentada a análise dos documentos pertinentes ao objeto de estudo
e dos dados coletados em entrevistas com os sujeitos participantes do Piel.
Aqui, pretende-se, especialmente, relacionar os tipos de programas oferecidos, as regras
de concessão e o nível de abrangência da Política de Assistência Estudantil, em especial o
Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer, para os alunos do ensino médio integrado do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco - Campus Pesqueira e
analisar as regras de atendimento e acompanhamento da Política de Assistência Estudantil,
considerando o perfil socioeconômico dos alunos do IFPE - Campus Pesqueira.
6.1 Política de Assistência Estudantil do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia de Pernambuco
A Constituição Federal de 1988 (CF/1988), em seu art. 205, afirma:
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho.
Fica nítido, em nossa CF (1988), o dever do Estado e o direito de todas as pessoas à
educação. Além disso estão definidos, também, os deveres da família e os objetivos da
educação.
Buscando atender a CF/1988, o poder público desenvolve as políticas educacionais, que
constituem em uma série de medidas organizadas e planejadas para serem aplicadas na
educação. Para Van Zanten (2008 apud OLIVEIRA, 2010, p. 1), as políticas educacionais
podem ser definidas como “programas de ação governamental, informadas por valores e ideias
que se dirigem aos públicos escolares e que são implementadas pela administração e os
profissionais da educação”.
Gentili e Stubrin (2013) destacam que a partir do ano de 2002 a educação brasileira teve
um considerável avanço democrático. No período dos governos Lula e Dilma foram criadas
condições para reverter o abandono da educação pública e a política neoliberal dos governos
anteriores. Nesse período são criadas ações e programas educacionais construídos numa
perspectiva democrática para os mais pobres e desprezados.
86
Entender a política educacional como um meio imprescindível para a
luta contra a desigualdade significou avançar na crítica à ideia de
educação como serviço, como simples processo de transmissão das
competências necessárias para a disputa por um emprego no mercado
de trabalho, reduzida assim a uma eficaz estratégia meritocrática para a
seleção dos mais competentes. Ampliar o direito à educação e associar
a expansão da escolaridade (em todos seus níveis) com a superação das
desigualdades, da exclusão, o racismo e as múltiplas formas de
discriminação existentes na sociedade brasileira foi um desafio
assumido com decisão pelos governos dos presidentes Lula e Dilma.
(GENTILI; STUBRIN, 2013, p. 16).
Segundo Oliveira e Duarte (2005), ao mesmo tempo em que se desenvolvem políticas
educacionais universais, há, também, o incremento de políticas educacionais focalizadas, que
se concentraram em processos que asseguram o acesso e a permanência de grupos socialmente
mais vulneráveis à escola.
A Política de Assistência Estudantil é um exemplo de uma política educacional
focalizada e tem o objetivo de efetuar ações que minimizem as necessidades socioeconômicas
e pedagógicas e ajudar a efetivar a formação integral dos estudantes.
A universalização da Educação é um princípio democrático cada vez mais
forte, devendo o Estado exercer o seu papel de estar a serviço da coletividade, sendo a Educação de qualidade prioridade nacional, como garantia inalienável
do exercício pleno da cidadania, direito reconhecido na Constituição Federal
de 1988. [...] Logo, a Educação democrática, pautada no princípio da justiça
social, é parâmetro para o desenvolvimento de uma Política de Assistência Estudantil. (BRASIL, 2012, p. 6).
Levando em consideração a citação acima, repara-se que alguns direitos que dão
sustentação à política de assistência estudantil, não vêm sendo efetivados plenamente,
acarretando, dessa forma, dificuldades para a formação do estudante em situação de
vulnerabilidade socioeconômica:
Ainda sobre os princípios constitucionais, o Art. 206 é um balizador da política de assistência estudantil, na medida em que estabelece, nos incisos I
e IV, a 'igualdade de condições para o acesso e permanência na escola e a
gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais', respectivamente. Todavia, ao longo dos anos, esse direito não vem sendo plenamente efetivado,
ocasionando, em muitos ambientes acadêmicos, a retenção e a evasão de
estudantes, principalmente daqueles em situação de vulnerabilidade social,
que apresentam dificuldades para dar continuidade ao seu processo de formação. (BRASIL, 2012, p. 7).
A Política de Assistência Estudantil, de acordo com a Proposta do IFPE, visa à formação
cidadã do discente. Nesse caso,
[...] o conhecimento socializado, no âmbito das instituições de ensino,
desempenha papel fundamental para a formação da cidadania, através de uma
87
intervenção educativa multidimensional, que ultrapasse os limites do mundo
do trabalho. A formação cidadã, assim entendida, contribui para que o sujeito
construa sua própria trajetória de vida, numa perspectiva crítica, autônoma e criativa, adquirida através do saber sistematizado. (BRASIL, 2012, p. 6).
A Proposta de Política de Assistência Estudantil do IFPE busca, através da assistência,
garantir aos discentes condições materiais consideradas como imprescindíveis para a realização
dos demais direitos, reprimindo a vulnerabilidade social (BRASIL, 2012), que de acordo com
a Política Nacional de Assistência Social, do Ministério do Desenvolvimento e Combate à
Fome, elaborado em 2004, é decorrente
[...] da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo acesso aos
serviços públicos, dentre outros) e, ou, fragilização de vínculos afetivos -
relacionais e de pertencimento social (discriminações etárias, étnicas, de gênero, ou por deficiência, dentre outros). (BRASIL, 2005, p. 33).
Em 2010, através do Decreto nº 7.234, de 19 de julho, do Ministério da Educação, foi
criado o Pnaes, com o objetivo de garantir acesso, permanência e êxito aos estudantes, em
especial aos de baixa renda (BRASIL, 2010). No entanto, o texto do Decreto, em seu Art. 3º,
diz respeito apenas aos alunos da educação superior.
O PNAES deverá ser implementado de forma articulada com as atividades de ensino, pesquisa e extensão, visando o atendimento de estudantes
regularmente matriculados em cursos de graduação presencial das instituições
federais de ensino superior. (BRASIL, 2010, p. 1).
No mesmo documento, os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia são
citados como um dos espaços que implementaria essa política de assistência ao educando:
As ações de assistência estudantil serão executadas por instituições federais de ensino superior, abrangendo os Institutos Federais de Educação, Ciência e
Tecnologia, considerando suas especificidades, as áreas estratégicas de
ensino, pesquisa e extensão e aquelas que atendam às necessidades identificadas por seu corpo discente. (BRASIL, 2010, p. 2).
Diante do exposto, surge a dúvida de como funcionaria a assistência estudantil nos
Institutos Federais – instituição que oferece além do ensino superior, o ensino médio integrado
ao ensino profissional. Apesar do Pnaes se referir aos discentes da educação superior, houve
um acréscimo orçamentário, via LOA, na ação intitulada “2994 - Assistência ao Educando da
Educação Profissional”, que disponibilizou recursos para que os Institutos pudessem
implementar essa política para todos os estudantes (TAUFICK, 2014).
É nesse sentido que o IFPE apresenta a sua proposta de Política da Assistência Estudantil
(Pnaes IFPE) (BRASIL, 2012) como um instrumento que visa contribuir para a permanência
do estudante na instituição. "É uma política institucional integrada ao processo educativo e a
serviço da coletividade" (BRASIL, 2012, p. 12). Uma política que, além de disponibilizar
88
recursos para o estudante melhorar seu desempenho acadêmico, age como um instrumento de
formação integral e cidadã. De acordo com o documento em questão, a Política de Assistência
do IFPE busca “Ampliar as condições de permanência dos estudantes do IFPE, contribuindo
para a igualdade de oportunidades no exercício das atividades acadêmicas, científicas,
esportivas e culturais” (BRASIL, 2012, p. 11).
A Política de Assistência Estudantil do IFPE compreende o desenvolvimento de
Programas Técnico-Científicos, que contemplam as áreas estratégicas de Ensino, Pesquisa e
Extensão, e os Programas Específicos e Universais. E tem como objetivos:
Assegurar o caráter público e gratuito da Instituição,trabalhar a inclusão
educacional e social, pautada na igualdade de condições, para acesso e
permanência com êxito do estudante no seu percurso educacional;
Atender o educando, respeitando aspectos socioeconômicos, culturais,
étnicos e ambientais;
Trabalhar a convivência, com base no respeito e na solidariedade,
observando preceitos éticos;
Preparar o estudante para intervir de forma consciente, crítica e criativa
na sociedade, respeitando as diversidades culturais, as diferenças
individuais e coletivas, como agente de formação e de transformação
dessa mesma sociedade;
Vincular a educação ao trabalho e às práticas sociais;
Desenvolver a educação como pleno desenvolvimento da pessoa para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 2012,
p. 9).
A Política de Assistência Estudantil no IFPE envolve os estudantes regularmente
matriculados nos cursos e modalidades presenciais de ensino. Seguindo o Art. 5 do Decreto
nº 7.234, o atendimento pela política é prioritário aos estudantes advindos de escolas públicas
ou com renda familiar per capita de até um salário mínimo e meio. Tem prioridade, também:
os estudantes em situação de vulnerabilidade social; estudantes com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades e superdotação (BRASIL, 2012).
A proposta do IFPE estabelece algumas diretrizes gerais para o desenvolvimento da
política de assistência ao estudante na instituição:
1. Atendimento às necessidades socioeconômicas, culturais e pedagógicas dos estudantes;
2. Ampla divulgação dos benefícios, serviços, programas e projetos da
Assistência Estudantil, bem como dos recursos oferecidos pela Instituição e dos critérios para seu acesso;
3. Descentralização das ações da Assistência Estudantil desenvolvidas no
IFPE, respeitando-se a autonomia dos campi;
4. Estímulo à participação de todos os segmentos da comunidade acadêmica do IFPE, no que diz respeito às questões relativas à Assistência Estudantil,
nos espaços deliberativos deste Instituto. (BRASIL, 2012, p. 10).
89
De acordo com o ponto 1 (um) da redação acima, percebe-se que a política de assistência
pretende não se resumir à oferta de auxílio financeiro para os estudantes de baixa renda. É uma
política mais extensiva, que atende às necessidades culturais e pedagógicas dos estudantes. No
tópico 2 (dois), orienta para uma ampla divulgação das atividades promovidas pela política de
assistência, assim como os recursos oferecidos e as normas para o acesso do estudante. No
tópico 03 (três) afirma-se a autonomia de todos os campi em elaborar suas ações da Assistência
Estudantil, de acordo com suas necessidades institucionais e os recursos orçamentários
disponíveis. A proposta, como se percebe no tópico 04 (quatro) de suas diretrizes, estimula a
participação de toda a comunidade acadêmica do IFPE nas ações da Assistência Estudantil.
O Decreto nº 7.234 define que as ações dessa política deverão ser desenvolvidas nas
seguintes áreas:
I – moradia estudantil; II – alimentação; III – transporte; IV – atenção à saúde;
V – inclusão digital; VI – cultura; VII – esporte; VII – creche; IX – apoio pedagógico; e X – acesso, participação e aprendizagem de estudantes com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades e
superdotação. (BRASIL, 2010, p. 1).
No IFPE, a política de assistência ao estudante é viabilizada pela DAE (Reitoria) em
conjunto com as Coordenações (direções ou divisões) de Assistência Estudantil dos campi.
Fazem parte da coordenação o chefe desse setor e a equipe multiprofissional.
A proposta da política de assistência estudantil define que a DAE,
[...] em conjunto com as Coordenações de Assistência Estudantil dos campi
ou instâncias equivalentes, deverá conduzir o processo de elaboração,
implementação, acompanhamento e avaliação desta Política. Nesse processo, ressaltamos a importância da DAE, enquanto órgão gestor e articulador das
ações a serem desenvolvidas no âmbito da Política de Assistência Estudantil.
(BRASIL, 2012, p. 12).
De acordo com a Proposta da Política de Assistência Estudantil do IFPE, a Equipe
Multiprofissional que faz parte das coordenações de Assistência Estudantil dos campi, será
constituída de Assistente Social, Pedagogo, Psicólogo, dentre outros profissionais, que de
acordo com a sua competência exercerá suas aptidões relativas aos Programas que fazem esta
política (BRASIL, 2012). O documento do IFPE define as atribuições desta equipe:
Planejar, implementar, acompanhar e avaliar a Política de Assistência; Divulgar as ações da assistência estudantil na perspectiva de consolidá-la
como política institucional; Manter atualizado o cadastro dos estudantes
atendidos pelos Programas de Assistência Estudantil; Acompanhar os recursos financeiros da rubrica de assistência ao educando; Elaborar
anualmente relatórios dos Programas implementados através desta política e
Articular os setores comprometidos com a exequibilidade da Política de
Assistência Estudantil nos campi. (BRASIL, 2012, p. 13-14).
90
Os relatórios anuais, citados acima, deverão ser apresentados pela equipe
multiprofissional dos campi à DAE Reitoria. Sua entrega, tem como objetivo fortalecer as ações
já existentes ou redefinir estratégias de ação, com o intuito de garantir os objetivos da Política
da Assistência Estudantil na Instituição (BRASIL, 2012).
Como já foi dito antes, a Política de Assistência Estudantil do IFPE compreende o
desenvolvimento de Programas Técnico-Científicos e os Programas Específicos e Universais.
Os Programas Técnicos-Científicos buscam contribuir "[...] para a formação intelectual,
acadêmica e profissional dos estudantes” (BRASIL, 2012, p. 15). Nesse grupo podem ser
citados os Programas como o Pibic, Pibex, Monitoria, BIA [Bolsa de Incentivo Acadêmico],
dentre outros.
No grupo dos Programas Específicos fazem parte programas como a Manutenção
Acadêmica, Auxílio Financeiro, Benefício Eventual, Apoio à Participação em Eventos, Apoio
a Visitas Técnicas e Assistência ao Estudante do PROEJA. Esses programas visam o
“atendimento prioritário de estudantes que se encontram em situação de vulnerabilidade social
e estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades e
superdotação” (BRASIL, 2012, p. 16).
Levando em consideração o que vem descrito no Parágrafo Único do Art. 4, Decreto nº
7.234, de 19 de julho de 2010, a DAE-Reitoria orienta que cada campus do IFPE disponibilize
o mínimo de 60% do seu orçamento para os Programas Específicos. O documento estabelece
como responsabilidade do Serviço Social de cada campus a gestão desses programas (BRASIL,
2012).
Seguindo determinação do mesmo Decreto, sobre a definição, por parte das Instituições
Federais de Ensino (IFE), dos critérios e da metodologia de seleção dos alunos a serem
beneficiados, a Proposta do IFPE estabelece normas para inscrição e seleção dos estudantes nos
Programas Específicos, as quais os campi deverão seguir para elaborar seus editais. A inscrição
no Piel estará vinculada à matrícula regular no IFPE e ao fato de estar cursando, ao menos, 3
componentes curriculares. Já a seleção estará condicionada às seguintes normas:
Situação de moradia; Situação de trabalho; Composição familiar e de
Fragilidade de Vínculos; Despesas familiares; Bens móveis e imóveis; Gênero e raça/etnia; Escolaridade dos membros da família; Doenças
crônicas/Fragilidade Orgânica devidamente comprovada e/ou existência de
deficiência em membro da família; Pessoa com Deficiência e/ou Necessidades Especiais; Cotista -Escola Pública; Estudantes com filhos/as com idade de até
6 anos incompletos; Beneficiário de outros Programas Sociais (CadÚnico,
BPC, Tarifa Social da CELPE e outros); Pessoas em situação de risco social
(adotado na Política Nacional de Assistência Social no que diz respeito à proteção social especial, PNAS, 2004); Orientação Sexual; Ordem física;
91
Comunidades em desvantagem social; Crianças de 7 a 11 anos incompletos;
Adolescente de 12 a 18 anos incompletos. (BRASIL, 2012, p. 18-19).
Outro critério estabelecido pelo documento da proposta (BRASIL, 2012) são as normas
para permanência dos benefícios:
Matrícula e frequência regular nos cursos do IFPE, admitindo a retenção em
até três componentes curriculares cumulativamente. Caso o estudante extrapole a quantidade de reprovações já citadas, caberá à equipe
multiprofissional a avaliação do caso e Cumprimento das questões dispostas
sobre o regime disciplinar, de acordo com a Organização Acadêmica Institucional do IFPE vigente. Poderá ser realizada, semestralmente, a análise
socioeconômica do estudante a fim de verificar a condição exigida para
recebimento do auxílio. (p. 19).
Voltando aos programas que compõem a Proposta da Política de Assistência do IFPE,
apresentam-se os Programas Universais que se destinam a todos os estudantes regularmente
matriculados em cursos presenciais do campus.
Fazem parte deste grupo os Programas de Acompanhamento Biopsicossocial, Incentivo
à Cultura e Arte, Incentivo ao Esporte e Lazer. De acordo com o documento do IFPE (BRASIL,
2012), apesar de abranger todos os estudantes, são considerados para a concessão da ajuda
financeira os critérios de vulnerabilidade social e de necessidades educacionais específicas, os
quais são identificados por meio de análise socioeconômica.
O Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer, objeto de estudo dessa pesquisa, faz parte
do grupo dos Programas Universais e, de acordo com a proposta (BRASIL, 2012, p. 33), “[...]
compreende um conjunto de ações que visam contribuir para o exercício da cidadania, através
de práticas esportivas e de lazer [...]".
6.2 De onde são e quem são os estudantes do ensino médio integrado que participam do
Piel
A grande maioria dos estudantes que participaram dos dois grupos focais reside em
Pesqueira: dos 17 (dezessete), apenas 02 (dois) residem em cidades vizinhas (Poção e
Alagoinha) e outros 02 (dois) em povoados de Pesqueira (Povoados de Novo Cajueiro - zona
rural de Pesqueira e Mutuca).
Gráfico 1: Residência dos estudantes
92
Fonte: Elaborado pelo pesquisador.
Nenhum dos estudantes mora sozinho e todos residem com seus pais (pai e/ou mãe) ou
responsáveis. A maior parte dos alunos que participaram dos grupos focais divide a moradia
com mais 04 (quatro) pessoas, apenas 2 (dois) alunos moram com mais uma pessoa em sua
casa.
Quadro 3: Pessoas na residência
PESSOAS NA RESIDÊNCIA ESTUDANTES ENTREVISTADOS
02 02
03 01
04 10
05 04
Fonte: Elaborado pelo autor
O transporte para realizar o translado até o IFPE - Campus Pesqueira, e de volta para a
residência, é uma das dificuldades enfrentadas pelos entrevistados – e que reflete a realidade da
grande maioria dos estudantes do campus. Os estudantes que residem na cidade de Pesqueira
têm quatro formas de deslocamento para o campus: a pé, de mototáxi, de carona com amigos
ou de transporte público (ônibus). De acordo com a informação passada pelo Usuário sem
auxílio-02, o problema deste último é que ele faz poucas viagens: “Ele chega aqui (campus) às
7h, depois vem entre 11h50 e 12h, vem às 13h até a segunda viagem que ele chega aqui entre
13h30 e 13h40 e tem as 17h. A passagem custa R$ 1,50”.
93
O deslocamento a pé e de mototáxi são os mais utilizados pelos estudantes da cidade. O
primeiro é muitas vezes o escolhido pelos alunos com o intuito de reduzir os gastos diários.
Percebe-se isso nas duas falas abaixo:
Eu, geralmente, venho de mototáxi, porque meus pais inventaram de morar
num lugar que é longe de onde o transporte passa e pra eu ir pegar o
transporte pra vir para a instituição ficaria inviável, então eu pego o mototáxi quase todos os dias. Às vezes eu consigo carona com os colegas que moram
perto, [...], mas geralmente eu venho de mototáxi. Pago R$ 3,00 a ida e a
volta, mas, geralmente, eu volto a pé pra ganhar a volta. (Usuário sem auxílio-04).
Apesar de morar a 3 km daqui, eu venho de pé e volto a pé, não tem problemas
não. Apesar de eu vir, na maioria das vezes, a pé, mas já vim só umas cinco
vezes de ônibus e se for pra ficar vindo e indo todas às vezes por dia vai dá mais de $ 6,00 e como tenho que voltar a tarde aí tenho que vim a pé mesmo.
(Usuário sem auxílio-07).
Para os estudantes que não moram na cidade de Pesqueira, a opção de transporte é o
ônibus oferecido pela prefeitura da cidade na qual reside o estudante. Algumas prefeituras
disponibilizam o transporte sem nenhum custo para os alunos, já outras cobram uma taxa – uma
mensalidade para ter direito à condução. Um dos entrevistados, o Usuário sem auxílio-01, que
não mora em Pesqueira, relatou como acontece a disponibilização do transporte, por parte da
prefeitura da cidade, para os estudantes do IFPE - Campus Pesqueira:
Tem um carro, um ônibus que sai lá, é pago, a prefeitura ajuda com uma
parte, e têm todos os horários, independente do dia que você quiser vir, você não paga uma passagem, paga por mensalidade, o valor da mensalidade é R$
90,00. A prefeitura paga a alguns alunos, eles recebem uma parte da
prefeitura, mas a mim não.
De acordo com Vasconcelos (2010), a assistência deve prover recursos mínimos
necessários para a sobrevivência do estudante, dentre os quais o autor cita o transporte. Porém,
entre os estudantes que são das cidades vizinhas ou de distritos de Pesqueira, o aporte financeiro
disponibilizado pela Assistência Estudantil, em determinadas situações, faz pouca diferença
para esse tipo de serviço, pois a única possibilidade de transporte público para o campus é
através do ônibus oferecido pela prefeitura da cidade no qual o aluno reside.
Os transportes disponibilizados aos estudantes que moram em outras cidades obedecem
ao calendário escolar do estado ou do município que os alunos residem. Muitas vezes é feriado
na cidade vizinha e o transporte não é disponibilizado. Assim, o aluno fica numa situação
complicada para comparecer no campus. Outra situação é quando a rede de ensino (estadual ou
municipal) que oferece o transporte entra em greve, consequentemente, o transporte escolar
94
para de funcionar, prejudicando os estudantes do Instituto que permanecem com suas aulas
normais. Segue abaixo a fala do Usuário com auxílio-09 sobre esse o assunto acima:
[...] quando não tem aula no estado a gente tem que faltar ou pegar carona,
se não começar as aulas do estado a gente tem que faltar ou pegar carona, teve um problema na prefeitura, esse lance de governo em relação à verba,
não teve carro no início do semestre, aqui tivemos um prejuízo acadêmico
enorme, inclusive tivemos que nos mudar temporariamente para aqui, pra Pesqueira e foi graças ao auxílio, que a gente conseguiu alugar uma casa
aqui, uma manutenção em alimento, pra poder acompanhar aqui, senão a
gente ia perder praticamente toda a primeira unidade.
Na maioria das cidades, existe apenas um ônibus para fazer esse transporte e algumas
vezes esse ônibus quebra ou precisa de reparos. Assim, durante esse período, os estudantes sem
muitas alternativas, terminam faltando às aulas.
Diante dessas dificuldades com transporte, percebeu-se na fala acima que surge outra
alternativa, essa bem mais arriscada, para os estudantes conseguirem se deslocar para o campus
e não perder o dia de aula: a carona. Apesar de concordarem com o perigo dessa ação, esta é
uma prática comum na região. Os próprios motoristas já estão acostumados e por serem
estudantes, a carona fica até mais fácil de conseguir. De acordo com o usuário com auxílio-
07, é um risco que os alunos têm de correr para não perder aula:
Há um certo perigo, eu sou de Pesqueira, mas tenho muitos amigos que são
de fora e acabam perdendo o transporte e a única opção é pegar carona
mesmo, tem que correr o risco.
Durante a conversa com ambos os grupos, os estudantes citaram situações complicadas
e perigosas vivenciadas durante a prática da carona:
Tinha amigos ano passado que morava em Sanharó, saíram tarde daqui e foram para a BR pegar carona, parou um homem, acho que ele vinha do sítio
e disse que se eles quisessem, eles poderiam subir, acho que era uma Strada
(veículo), só que em cima da strada tinha um bode, eles foram com o bode daqui pra lá. O bode se soltou, ele estava amarrado a uma corda, então se
soltou e os meninos ficaram lá em cima com o bode correndo o risco de cair
ou do bode sei lá fazer algo com os meninos. (Usuário com auxílio-06).
Já passei por uma situação de risco com outros estudantes daqui do campus,
porque a gente pegou carona com um índio embriagado que o farol do carro
se apagava, foi complicado, a gente estava com um o colega e ele teve que ligar uma lanterna para poder o cara dirigir, isso já era sete horas da noite
e a gente em casa, são dezoito quilômetros que eu me locomovo daqui para
casa, é perigoso. (Usuário com auxílio-09).
Constata-se que o transporte público nessa região é um serviço precário e/ou em
quantidade insuficiente, tornando-se um problema que os estudantes do interior do estado
vivenciam diariamente para conseguir realizar o deslocamento para o Instituto.
95
O IFPE - Campus Pesqueira tem papel fundamental na formação educacional da
população da região. O Instituto tem uma abrangência muito grande, atende adolescentes e
jovens residentes em dez cidades do Agreste e do Sertão. Segundo o depoimento do
entrevistado-07, o campus tem estudantes residentes em Caruaru, São Caetano, Belo Jardim,
Tacaimbó, Sanharó, São Bento do Una, Pesqueira, Poção, Alagoinha, Venturosa e Arcoverde.
O principal motivo da grande abrangência, segundo alguns entrevistados, é a boa
qualidade do ensino oferecido pela Instituição. O IFPE - Campus Pesqueira tem uma boa
reputação, a ponto de representar um orgulho para a família o fato de ter um estudante nessa
escola; para eles, estudar no IFPE - Campus Pesqueira é sinônimo de ter um bom futuro pela
frente.
Como já foi dito, as Instituições Federais de Ensino desenvolvem vários programas
dentro da política nacional de assistência estudantil. Esses programas atendem,
preferencialmente, os estudantes de baixa renda, através de um suporte financeiro para que o
mesmo permaneça na escola e tenha um bom rendimento escolar.
A maioria dos entrevistados concorda e enaltece essa política. Para eles, se faz
necessário o desenvolvimento de uma política de assistência para os estudantes da rede pública,
especificamente da região. O entrevistado-07 afirma que os professores de outras cidades
compreendem pouco essa necessidade, mas para os professores da região, que conhecem a
situação dos estudantes e de seus familiares e que veem o quanto os pais ficam agradecidos, é
algo que é necessário.
O entrevistado-04 cita os diferentes benefícios que a política de assistência traz para a
instituição e para o estudante usuário. Para ele, as políticas de assistência têm um papel
importante não só na permanência do estudante na escola, mas também para estimular o
adolescente e o jovem a vir estudar na rede pública:
Poucos são os alunos que vem pra uma escola pública [...]. Então, quando
você desenvolve esses programas isso faz com que o aluno além de vir pra
escola, ele se mantenha nela, porque ele vai ter condição de subsidiar algumas necessidades financeiras que ele e a família tem.
A assistência estudantil para algumas famílias se torna algo tão importante, que alguns
pais na possibilidade de ver seu filho não conseguindo ser um usuário, criam situações
constrangedoras para quem participa de algum programa dessa política. O entrevistado-07
relata uma situação vivenciada por ele várias vezes no Piel:
Tem deles que chegam até a fazer propostas, que a gente até entende, mas eles também respeitam nossa opinião que a gente não pode se corromper,
óbvio, graças a Deus, temos muita lisura no processo, isso a gente pode
confirmar, mas você ver, a coisa é tão de um jeito, tão acirrada, que tem pai
96
que diz: ‘Pelo amor de Deus, arranje um jeito do meu filho participar disso’.
A gente faz o único jeito é ele ser aprovado nos critérios da seleção.
O Pnaes estabelece áreas12 onde as ações de assistência podem ser desenvolvidas.
Todavia, há um desconhecimento dessa abrangência pela maioria dos entrevistados, que só tem
ciência de algumas bolsas que são distribuídas.
O Piel tem suas atividades desenvolvidas no turno diferente daquele quando acontecem
as aulas, chamado de contraturno. Portanto, o pagamento de um auxílio para participar deste
programa se justifica pelo custo que se torna para o estudante ter que participar destas atividades
no contraturno. Alguns entrevistados alertam para esse custo que o estudante tem, como por
exemplo, a alimentação e o transporte que não é do horário deles.
Por isso, antes do surgimento do Piel, as atividades esportivas no campus não eram tão
desenvolvidas e se restringiam aos discentes que residiam próximo ao Instituto. Antes de surgir
o Piel, de acordo com os entrevistados, as atividades esportivas aconteciam de forma não
organizada e se resumiam a uma prática esporádica sem orientação do professor de Educação
Física ou qualquer outro servidor do Instituto:
Em geral essa prática ela era restrita ao que a gente chama popularmente de pelada. Existia um grupo de estudantes que podiam ficar e que tinham como
pagar um lanche, ou tinha como pagar a lotação e ficavam, também aqueles
estudantes da própria cidade (Pesqueira) que podiam ir pra casa até a pé. Então a prática do esporte e lazer se resumia a atividades lúdicas de esportes,
tipo queimada, pelada de futebol, pelada de vôlei e a gente procurava sempre
incentivar. (Entrevistado-06).
Existia, mas não era muito motivador, eu lembro que nessa época aqui não
conseguia formar atletas, tipo, não conseguia montar equipes para competição e não tinha essas atividades de jogos, como hoje tem e hoje eu
vejo um interesse maior até nisso aí, em esporte. (Entrevistado-03).
Apenas um entrevistado relatou uma situação totalmente diferente do esporte no campus
antes do Piel. O entrevistado-07 afirma que as atividades de voleibol aconteciam normalmente
e confessa que antes do Piel era muito mais fácil de montar as equipes desta modalidade: "Digo
sem medo de errar, nesses 19 anos de Instituto Federal eu tive muito mais facilidade de montar
minhas equipes antes desses auxílios, coincidentemente". Lembra que, antes do Piel, as
atividades esportivas aconteciam com uma boa frequência dos estudantes.
Esse relato destoa de todos os outros colocados pelos entrevistados, acredita-se que seja
uma particularidade da modalidade voleibol. Porém, coincidência ou não, um fato mencionado
12 Moradia, alimentação, transporte, atenção à saúde biopsicossocial, inclusão digital, cultura, desporte e lazer,
creche, apoio didático pedagógico e acesso, participação e aprendizagem de estudantes com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades e superdotação.
97
por alguns entrevistados é que os estudantes do ensino médio integrado, cada vez mais, não
demonstram interesse pela prática de atividade física. De acordo com eles, o acesso às diferentes
ferramentas tecnológicas (smartphone, rede social e outros) seria o principal motivo.
6.3 Questões sobre a organização político-administrativa do Piel
O Piel surgiu diante da dificuldade do aluno em permanecer no Instituto para ter acesso
às atividades de esporte e lazer. Os estudantes tinham o interesse em participar das atividades,
mas não tinham condições financeiras para permanecer no campus no horário destinado à
prática dessas atividades, que acontecem no contraturno das aulas. Segundo o entrevistado-06:
A maioria não tinha condições financeiras de pagar um almoço, pra poder
ficar no turno da tarde ou então o inverso, pagar um lanche pra poder fica de manhã, os estudantes de lá (campus Pesqueira), em torno de 60% são de fora
(cidades vizinhas), não são de Pesqueira e eles tem que pagar também a
lotação, o transporte extra quando vão ficar no contra turno. Então esse processo de criação do programa de incentivo ao esporte e lazer foi
exatamente pra fazer com o quê os treinamentos das equipes fossem
realizados. Uma vez que durante o horário das aulas é previsto apenas a educação física e o treinamento das equipes tem que ser no contra turno.
(Entrevistado-06).
O mesmo entrevistado ressalta que a ideia do Piel só foi possível ser colocada em prática
com o aumento dos investimentos na política de assistência estudantil feito pelo governo
federal:
A gente já pensava em criar esse programa, mas, que inclusive era um sonho
de alguns professores de educação física, ter a possibilidade de dar bolsa pra
esses alunos. Surge no ano de 2009, e que só foi consolidado realmente com esses investimentos, crescentes do governo federal em relação à política de
assistência ao educando, que eu considero essencial para a criação do
programa.
O entrevistado-01 lembra do início do programa – das dúvidas que cercavam o Piel:
“Seria um programa que só teria o objetivo de pagar um valor em dinheiro para o estudante
praticar um esporte?” Os próprios docentes do Instituto criticavam essa ação, demonstrando,
assim, total desconhecimento sobre o direito do cidadão ao acesso à prática do esporte e do
lazer. É necessário que a sociedade tenha conhecimento dos seus direitos para que o conceito
de cidadão saia do papel.
Segundo o entrevistado, as dúvidas foram diminuindo com o tempo, pois os resultados
começaram a aparecer. Não só a melhoria com relação aos resultados conseguidos pelos
estudantes do campus nas competições, mas também a melhoria da formação cidadã dos
estudantes e da melhoria no rendimento escolar.
98
Com o início do Piel, a demanda pela prática de modalidades esportivas aumentou,
porém no campus só haviam 02 (dois) professores de Educação Física. O quantitativo era
pequeno para desenvolver diferentes atividades esportivas, até porque os professores de
Educação Física do IFPE, além das aulas da disciplina no ensino médio integrado, desenvolvem
diferentes atividades que podem ser integradas à sua carga horária, como: treinamentos de
equipes, atividades de extensão e pesquisa, participação em comissões e outras. Diante dessa
situação, o Piel abriu espaço para a participação de docentes de outras áreas – técnicos-
administrativos, estagiários e colaboradores externos (voluntário). Estes sujeitos, tendo
conhecimento comprovado numa determinada modalidade, poderiam ministrar os treinamentos
sob a supervisão do professor de Educação Física.
Abaixo, seguem alguns depoimentos dos entrevistados sobre seu início no Piel. Percebe-
se que o convite para participar do programa surgiu de algum sujeito que participava dos
treinamentos (professor e estudantes). E desse convite já se seguia para prática, sem nenhum
contato com a DAE e/ou Direção do campus.
Na verdade, quem me colocou dentro programa foi a professora do karatê, ela que bateu o pé e disse que tinha que ter bolsa pro kickboxing e inclusive
ela disse que se não tivesse bolsa suficiente ela tinha 10 bolsas, ela cederia
bolsas dela pra minha modalidade, porque ela achava importante. Na
verdade, eu nunca participei de nenhuma reunião pra resolver questões de bolsas. Ela sempre foi chamada, ela passou 2 anos lá, o ano anterior ao que
eu entrei, cheguei lá em 2011, ainda participou do programa das bolsas, em
2012 também, mas eu particularmente nunca fui chamado pra uma reunião. Então eu fui contemplado por incentivo dela, no segundo ano, ela também
forçou a barra pra que o programa continuasse. E depois disso, praticamente
assim, o que eu percebo é que o programa se estabeleceu e não foi preciso
mais discutir a necessidade de bolsas para o trabalho de kickboxing. (Entrevistado-02).
A princípio teve a seletiva para selecionar estagiário para contribuir
com os professores de educação física aqui do Instituto, aí com o passar
do tempo aqui no meu estágio foi onde eu conheci a modalidade
badminton, através do IFPE, foi aqui, que até então eu não conhecia.
Surgiu o interesse, um esporte muito bom, muito agradável, e assim,
poder contribuir através desse esporte aqui na cidade, que é um esporte
novo, aí através do convite do professor [...], aí eu fui inserido.
(Entrevistado-03).
As estudantes me procuraram, porque elas já me viram treinando os
homens algumas vezes, como eu disse, eventualmente, e elas
perguntaram se seria possível eu treiná-las, até por conta pra elas
terem oportunidade de receberem a bolsa e eu disse que sim. Comecei
a treiná-las depois do começo do programa porque elas, inclusive no
primeiro ano, não haviam nem bolsa pra elas e ai a partir do segundo
99
ano foi quando nós começamos a trabalhar (com bolsas).
(Entrevistado-04).
O professor me informou na época que tinha uma notícia excelente pra
gente: '- O que é professor? - Olha, os meninos vão receber um
dinheirinho pra jogar. - E é professor? - É. - Que bom! A gente já tá
começando, já tá cativando, com isso ai vai melhorar mais ainda'.
Então, foi dessa forma que eu fiquei sabendo que eles iriam ganhar
alguma coisa, não era uma bolsa, não era um auxílio, era um dinheiro,
de onde ele vinha e como seria eu não sabia, eu sei que eu tinha que
avaliar (os estudantes) e passar as informações para o professor
(professor de educação física). (Entrevistado-08).
O Entrevistado-07 fez parte da implantação do Piel. Com a confirmação da
implantação do programa no campus, o mesmo, por conhecer a região, foi tomado por um
sentimento de felicidade, mas ao mesmo tempo ele preocupou-se em querer que o programa
funcionasse bem, evitando assim, sua suspensão:
O primeiro contato, aquela sede, aquela vontade enorme de ajudar, ela
se sobrepôs inclusive a vontade de fazer um grande time. Quando
chegou pra mim a primeira ideia foi 'pelo amor de Deus não deixem
esse dinheiro ir embora, a minha região, a nossa região precisa de
coração'. É um relato honesto, com lisura, mas a primeira intenção foi
essa.
Conforme o que foi dito pela maioria dos entrevistados, o programa obteve uma boa
avaliação perante o público do campus Pesqueira (docentes e discentes). Diante desse êxito do
Piel, outros campi mostraram interesse em desenvolvê-lo em seu espaço. A gestão do campus
Pesqueira repassou para a DAE-Reitoria o interesse dos demais campi e, assim, o Piel passou a
ser um programa sistêmico da Proposta da Política de Assistência Estudantil do IFPE.
Com essa medida, qualquer campus do IFPE, de acordo com seus interesses, pode
desenvolver o Piel, com autonomia para elaborar seu edital de seleção para o programa,
observando as diretrizes gerais da Política Nacional de Assistência Estudantil.
Em Pesqueira o primeiro edital do Piel seguiu o edital do programa bolsa permanência,
que já tinha todas as diretrizes que devem ser adotadas de acordo com a política citada acima.
Segundo o entrevistado-05, ao elaborar o edital é preciso seguir a política de assistência ao
estudante: "O que a gente segue que é geral, é a política, então os editais vão ter algumas
definições, mas que tem o mesmo sentido porque a gente segue a política de assistência
estudantil [...]”. Os próprios critérios citados no edital, voltados para a melhoria do rendimento
e permanência do aluno no Instituto, já vêm de lá da política de assistência ao estudante:
[...] que são os critérios de permanência, então quando a gente coloca
no edital, a gente tá colocando, transcrevendo o que tá na política, tem
100
lá nos critérios de permanência dos programas específicos que um
deles é o esporte e lazer, os critérios de permanência, está cursando no
mínimo 3 componentes curriculares e a questão de reprovação até
50%.
Visando melhorar ainda mais o programa, nos últimos 02 (dois) anos, o edital do Piel
no campus Pesqueira vem recebendo alguns ajustes, mas sempre seguindo as diretrizes da
Política Nacional de Assistência ao Estudante. O próprio valor do auxílio financeiro distribuído
pelo programa não é definido pelo campus, já existe uma diretriz na política geral que estabelece
a quantia, que é definida por uma porcentagem do salário mínimo – no caso do Piel o auxílio
ou a bolsa, como é chamado por todos, deve ser no mínimo 35% do salário mínimo.
Como foi alertado acima, para desenvolver o Piel, é preciso haver interesse da gestão
do campus. Caso exista esse interesse, antes da elaboração do edital do programa, há a definição
do orçamento. No campus Pesqueira, de acordo com as informações obtidas nas entrevistas, o
orçamento é feito com base no ano anterior e depois de consultar alguns professores que
participam de programas dentro da política de assistência e/ou utilizam as visitas técnicas no
processo pedagógico. Para o Entrevistado-06, essa forma de definir o orçamento não é a
melhor. Para ele, é um modelo que traz algumas complicações para a gestão, por isso, já está
sendo implantado no campus Pesqueira um novo modelo, mais democrático, que irá facilitar a
vida da gestão nesse processo de definição do orçamento, que foi chamado por ele de conselho
gestor do campus:
Com o conselho gestor do campus eleito e representado, eu acredito que vai favorecer essa discussão, porque o conselho gestor, você tem um
representante docente, representante discente, representante administrativos,
você tem os pais, você tem o estudante, você tem participantes da comunidade
externa, então isso vai dar uma segurança maior para o gestor, de que o orçamento vai ser bem mais democraticamente distribuído, então
provavelmente os professores de educação física vão ser chamados em algum
momento lá no conselho gestor para dizer: ‘olha, o que é que você acha que tem de demanda para o esporte?’ Isso com o coordenador de esportes e vai
ser chamado também o professor de artes: ‘o que é que você tem de demanda
para o programa de arte e cultura?’ Vai ser chamado também o chefe do departamento de pesquisa, inovação e pós-graduação, ‘o que é que você acha
que tem de demanda para os programas de monitoria? O que é que você acha
que tem de demanda para os programas do clube de astronomia’. Então isso
vai ser feito, as demandas levantadas, e ai depois você distribui a fatia do bolo para cada programa, a gente sempre fez isso dialogando com os entes
envolvidos, mas tomando uma decisão de equipe de gestão, e eu imagino que
isso pode ser consolidado através do diálogo, através do conselho gestor do campus. (Entrevistado-06).
101
Durante as entrevistas, sobre a definição do orçamento, percebe-se que o Programa Bolsa
Permanência (PBP) tem uma grande importância dentro da Política Nacional de Assistência Estudantil
desenvolvida nos campi do IFPE e a fala do entrevistado-01 corrobora essa dimensão dada ao PBP:
No início do ano é planejado o nosso orçamento, nós fazemos um planejamento, levando em conta o que ocorreu no ano anterior e falamos com
alguns professores, vemos a necessidade, o que eles querem, o que é que é
necessário para a escola, visita técnica e tudo mais e daí é feito uma definição global, e depois ai sim, são feitos os ajustes, levando como prioridade o
programa bolsa permanência e depois os outros programas.
Após a definição do valor global, com todos os programas da política de assistência
estudantil, o orçamento é apresentado a DAE-Reitoria que fica de aceitar ou propor ajustes,
pois é esse departamento que libera o financeiro – o dinheiro.
Voltando ao Edital do Piel, agora com atenção nas fases do processo seletivo, nota-se
que existem três fases: a primeira consiste na apresentação dos documentos solicitados; a
segunda se refere ao teste da modalidade específica; e, a terceira compreende a avaliação
socioeconômica. O entrevistado-01, em sua fala, faz a descrição destas fases citadas acima.
Inicialmente a primeira fase é descrita assim:
É liberado o edital, onde nele consta que tem que ter renda per capta menor
que um salário e meio, então nós solicitamos todas documentações que
comprovem a renda do estudante, quanto as pessoas que moram na casa, se
forem de maior carteira de identidade, carteira de trabalho pra informar se realmente tem a renda, quem tem renda informal, um documento assinado
informando qual a renda informal que tem, se tiver menor informar, se tiver
doença informar, tudo isso como se fosse os critérios da bolsa permanência é o mesmo sistema, e daí quando é feita essa análise é colocado em ordem
decrescente, ou melhor, em ordem crescente, os estudantes estão aptos pra
fazer daí a segunda fase [...].
A segunda fase, como já foi dito, é a que corresponde à parte técnica da modalidade
esportiva: "Aí sim, os professores fazem uma seletiva e daí é enviado dos professores a listagem
dos estudantes que podem, por ordem de classificação, ter direitos aquelas bolsas.”
(Entrevistado-01). Por fim, a DAE faz uma nova análise, essa voltada para a parte
socioeconômica, e lança a lista final dos aprovados e classificados: "Daí é feito uma nova
análise pra saber se esses estão dentro do perfil socioeconômico, aí os que estão nesse perfil
automaticamente é feito a triagem, os que estão fora, aí sim, esses serão excluídos e subiria
mais um.” (Entrevistado-01).
O “subir mais um" é a situação em que um aluno aprovado que não foi classificado e
ficou na lista de espera consegue entrar na vaga após algum indeferimento na participação de
um estudante que estava em sua frente na lista de aprovados.
102
Ao indagar os entrevistados sobre as fases do processo seletivo do Piel, percebe-se que
boa parte desconhece esse processo por inteiro, a maioria estava inteirada apenas sobre a fase
do teste técnico. Pode-se citar, como exemplo, a fase socioeconômica, onde um dos
entrevistados acreditava que essa avaliação era feita pelo professor de Educação Física e não
pela assistente social.
Tanto a fase 01 (um), como a fase 03 (três) é feita pela Divisão de Assistência Estudantil
do campus Pesqueira (DAE-Pesqueira), especificamente, pela assistente social. A fase 02 (dois)
é realizada pelos responsáveis (professores, técnico-administrativo, estagiário e voluntário) de
cada modalidade esportiva. Leva-se a crer que a ausência de comunicação entre todos os
envolvidos no programa é o principal motivo pelo desconhecimento de todas as fases do
processo seletivo do Piel entre os sujeitos que desenvolvem o programa.
Essa falha na comunicação afeta até o desenvolvimento do programa, pois os próprios
responsáveis pelos treinamentos das modalidades esportivas começaram as suas atividades sem
ter uma orientação, por parte da DAE ou por parte dos professores de Educação Física, sobre
as diretrizes e objetivos do Piel; foram conhecendo o programa com o tempo de trabalho e
através de conversas com os estudantes/atletas, mas ainda é um conhecimento raso sobre o Piel.
A fala do entrevistado-03 exprime o que foi dito acima: "Na verdade o contato não existiu, foi
no dia a dia, o passar do tempo eu fui me inserindo, me apropriando e percebendo como era
que funcionava esse sistema”.
O entrevistado-03 apresentou sua dificuldade, que foi a nível administrativo: "Em
termos administrativos com relação ao programa eu não sabia como me portar, eu sabia como
fazer o meu trabalho. Eu até inscrevi meu trabalho pra título de esforço acadêmico, acho que
em 2013, como um programa de extensão”.
O Entrevistado-07, em sua fala, afirma que essa falta de comunicação se estende para
fora do campus, que no caso seria um diálogo limitado entre a escola e os pais/responsáveis dos
estudantes participantes do Piel. O mesmo lembra que existe uma autorização assinada pelos
responsáveis dos estudantes no início do processo seletivo do programa, mas que só fica nisso.
Não se sabe se os pais/responsáveis têm ciência da participação do estudante no programa, a
modalidade que o estudante pratica, os dias e os horários dos treinos e outras informações que
ficam a mercê do repasse pelo próprio usuário:
O pai tá sabendo que o programa continua, que a verba continua chegando, porque o aluno, todos nós sabemos, tem aluno maior de idade e etc., né, tem
aluno que começa: ‘olha, atrasou, não saiu, faz 3 meses que não recebe’,
então assim, não custa nada a escola ser vigilante e ter esse canal de comunicação com os pais ou responsáveis desses alunos. (Entrevistado-07).
103
O principal critério para a escolha do estudante usuário do programa que irá receber o
auxílio financeiro é o socioeconômico. Estudantes que não têm o perfil de baixa renda podem
participar do Piel; dentro da política é permitida a participação de até 30% de estudantes que
não fazem parte desse grupo, neste caso, é levada em consideração a questão da habilidade
esportiva e o rendimento escolar. Segundo o entrevistado-01, como a região é carente, a grande
maioria dos participantes do Piel está no perfil de baixa renda, ficando apenas 2 a 3% dos
participantes fora desse perfil.
Essa informação repassada pelo entrevistado-01 corrobora as informações obtidas pelo
indicador de nível socioeconômico (Inse) das escolas. O Inse foi criado no segundo semestre
de 2014 pelo Inep e trata-se de uma medida com o objetivo de situar o grupo de alunos atendidos
por cada escola em um estrato, definido pela posse de bens domésticos, renda e contratação de
serviços pela família dos alunos e pelo nível de escolaridade de seus pais. Esse indicador surge
a partir das respostas dadas pelos alunos nos questionários contextuais da Avaliação Nacional
da Educação Básica (Aneb), da Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Anresc, também
denominada Prova Brasil) e do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), referentes aos anos
de 2011 e 2013. De acordo com esse indicador, a renda familiar mensal dos estudantes do IFPE
– campus Pesqueira, entre os anos de 2011 e 2013, estava entre 1 a 1,5 salários mínimos
(BRASIL, 2015).
Por ter muitos estudantes de baixa renda, o processo seletivo do programa, de acordo
com o entrevistado-07, sensibiliza muito todos os envolvidos e é preciso ter serenidade para a
escolha dos participantes ser feita de forma justa para todos.
As portas não se fecham para os estudantes que não forem contemplados com o auxílio
após a finalização do processo seletivo do Piel. A DAE-campus Pesqueira não impede que um
aluno sem o auxílio participe dos treinamentos. Ela deixa essa decisão a cargo do responsável
pelos treinamentos das modalidades. Os entrevistados afirmaram que os treinos são abertos para
os estudantes que não recebem o auxílio e destacaram a importância deles no Piel, pois, é com
a presença deles que o treinamento de qualidade se efetiva. Essa questão qualitativa dos
treinamentos se deve ao quantitativo de bolsas distribuídas por modalidades. Vamos citar como
exemplo o basquetebol: nesta modalidade, são distribuídas 05 (cinco) bolsas, se não fosse
liberada a participação dos estudantes sem auxílio, o treinamento tático e técnico ficaria
reduzido, até a simulação de um jogo seria improvável devido ao quantitativo reduzido de
estudantes/atletas.
Todavia, não são exigidas assiduidade e pontualidade dos estudantes sem auxílio nos
treinos, diferentemente dos estudantes bolsistas que assumem o compromisso de frequentarem
104
os dias definidos para treino. A fala abaixo do entrevistado-04 revela um pouco a forma como
é conduzida a política de inclusão do Piel:
É uma orientação da direção da escola, tá certo, incentivar o esporte [...], e
independentemente se participa da bolsa, se sabe jogar ou não, se já tem um conhecimento sobre as regras ou sobre, independentemente disso, a gente
além de aceitar quem nos procura a gente incentiva qualquer uma que faça
qualquer menção a essa atividade [...]. A gente sempre incentivou e aceitava, e aceita, qualquer atleta independentemente de qual seja a condição dela.
6.3.1 Assistência ao estudante: ajuda em questões pessoais, administrativas e pedagógicas no
campus Pesqueira
Existe uma equipe responsável por desenvolver a política de assistência estudantil
dentro da Instituição. Os programas que constituem essa política do IFPE são acompanhados
pela DAE e pelas coordenações dos campi:
[...] deverão ser acompanhados e avaliados pela DAE e pelas Coordenações
de Assistência Estudantil nos campi, constituídas pelas Equipes
Multiprofissionais. Para tanto, a DAE instalará fórum permanente da Assistência Estudantil do IFPE, com o objetivo de fomentar e fortalecer o
diálogo e as reflexões acerca das questões desta Política. (BRASIL, 2012, p.
37).
Esse grupo, chamado de Equipe Multiprofissional pela Proposta da Política de
Assistência Estudantil do IFPE, “é constituído de Assistente Social, Pedagogo, Psicólogo,
dentre outros profissionais, que de acordo com a competência de cada um exercerá suas
atribuições relativas aos Programas que constituem esta política” (BRASIL, 2012, p. 13).
O Regimento Geral do IFPE de 2012, na resolução nº 046, em seu Art. 58, assinala as
seguintes competências da DAE:
I - acompanhar o desempenho acadêmico do corpo discente; II - propor e coordenar as ações com vistas à minimização da evasão
acadêmica;
III - propor e coordenar os programas de apoio psicopedagógico ao estudante; IV - propor e coordenar ações para redução da influência dos fatores
socioeconômicos no desempenho do corpo discente;
V - apoiar os Núcleos de Atendimento às Pessoas com Necessidades
Educacionais Especiais instituídos nos Campi, por meio do Programa de Educação, Tecnologia e Profissionalização para Alunos com Necessidades
Educacionais Especiais;
VI - propor diretrizes e coordenar a atuação dos programas institucionais relacionados com a assistência estudantil;
VII - propor diretrizes e acompanhar os programas de apoio psicopedagógico
ao estudante; VIII - definir diretrizes para os sistemas de assistência médica, odontológica
e psicopedagógica aos discentes;
IX - propor diretrizes e coordenar o desenvolvimento de programas e ações de
assistência estudantil no âmbito do IFPE, com vistas à minimização da evasão
105
acadêmica e à redução da influência dos fatores socioeconômicos no
desempenho acadêmico do corpo discente;
X - executar outras atividades correlatas que lhe venham a ser atribuídas.
Portanto, há que se destacar, dentro da política de assistência estudantil, a relevância das
atividades de acompanhamento e desempenho acadêmico e apoio psicopedagógico para os
estudantes, resultando numa concepção de política que garanta a permanência dos estudantes
em condições favoráveis para uma formação com qualidade.
Os participantes dos grupos focais foram questionados sobre a procura por
acompanhamento ou orientação no campus diante de situações complicadas ou problemas
enfrentados. De acordo com a maioria dos entrevistados, quando é um problema dentro da
instituição, eles procuram a DAE e o Coordenador do Curso para ajudá-los. Já quando envolve
uma questão mais pessoal, uma parte se sente mais à vontade em conversar com um amigo ou
com professores que eles têm uma maior afinidade.
Apesar do Instituto ter na sua estrutura organizacional um departamento onde os
discentes possam receber um apoio social e psicopedagógico, nada impede a participação do
professor nesse processo de orientação do seu aluno. Placco (1994, p.30) conceitua a orientação
educacional como
[...] um processo social desencadeado dentro da escola, mobilizando todos os
educadores que nela atuam - especialmente os professores - para que, na
formação desse homem coletivo, auxiliem cada aluno a se construir, a identificar o processo de escolha porque passam os fatores socioeconômico-
político-ideológico e éticos que permeiam e os mecanismos por meio dos
quais ela possa superar a alienação proveniente de nossa organização social,
tornando-se assim, um elemento consciente e atuante dentro da organização social, contribuindo para sua transformação.
Segue abaixo, a fala de um dos participantes do grupo focal, onde ressalta que o
professor tem um papel dentro da escola que vai além das aulas lecionadas:
Tem professores que tem uma relação tão ímpar com o aluno, que chega até
a ajudar o aluno, não só em aconselhar, mas tomar uma iniciativa e ajudar.
Já vi muito isso aqui e já fui ajudado também por alguns professores, então
os professores, eles dão um apoio ao aluno, é concreto. (Usuário com
auxílio-09).
Outra parte dos entrevistados prefere guardar para si mesmo e tentar resolver sem ajuda
de outros, como por exemplo, o estudante Usuário com auxílio-10:
Eu nunca tentei falar com alguém, sempre tentei resolver sozinho. (Usuário
com auxílio-10).
106
6.3.2 Como os estudantes escolheram participar do ensino médio integrado do IFPE - Campus
Pesqueira
O principal motivo, exposto pelos entrevistados para escolherem o IFPE - campus
Pesqueira como instituição de ensino para cursar o ensino médio, foram as boas referências que
eles tinham sobre a qualidade do ensino deste local. Familiares, amigos e professores das
escolas de ensino fundamental orientaram e incentivaram, a eles, a tentarem o vestibular para
ingressar no campus, pois a instituição traria vários benefícios para o seu futuro, devido à boa
qualidade de ensino ofertada:
No meu caso foi pelo ensino mesmo, eu tinha referências, não de
familiares, mas de outras pessoas que já tinham estudado aqui e
falavam que o ensino era muito bom, então foi esse o principal motivo.
(Usuário com auxílio-05).
Alguns familiares meus estudavam aqui e alguns estudam e entrei mais
por incentivo deles, porque na região não tem um ensino de qualidade alta
como a daqui. (Usuário com auxílio-07).
Vale destacar que 02 (dois) entrevistados afirmaram que, além do bom ensino, o
interesse em estudar no campus Pesqueira surgiu por conta do Programa de Incentivo ao Esporte
e Lazer (Piel) desenvolvido na instituição. Alguns amigos que já eram estudantes do Instituto e
participavam do programa comentavam sobre o programa com eles, e diante disso, os mesmos
se sentiram motivados em entrar no IFPE e buscar uma vaga no Piel:
Teve um amigo meu, aqui do basquete também, que começou aqui em meados de 2013 e o professor falava bem dele, dos jogos que iria ter, eu sempre ouvia
eles falando nos treinos e eu ficava querendo participar desses jogos e teve
outras pessoas, professores das outras escolas que me incentivou a fazer a prova, e falou que era um bom ensino e tudo, aí eu tentei a prova. (Usuário
sem auxílio-05).
Primeiramente eu queria a todo custo entrar aqui, mais pelo esporte, não é à
toa que eu entrei interessado na prova (do Piel), porém quando eu entrei aqui
eu vi que a instituição era além do esporte, era algo a mais, que cobrava de mim, então a partir daí eu comecei a entender que a Instituição não era só o
esporte, então a partir desse momento eu foquei mais nos estudos. (Usuário
sem auxílio-03).
De acordo com a Lei nº 11.892/08, em seu Art. 7º, na alínea I, um dos objetivos dos
Institutos Federais é “ministrar educação profissional técnica de nível médio, prioritariamente
na forma de cursos integrados, para os concluintes do ensino fundamental e para o público da
educação de jovens e adultos”. Diante disso, parte dos discentes se depara com um problema,
107
que é a escolha do curso técnico. Muitos estudantes escolhem o curso sem conhecê-lo, e muitas
vezes, não se identificam com ele.
Segundo Malacarne et al. (2007, p. 6),
É importante considerar que a escolha profissional está condicionada as mais
diferentes influências, entre as quais estão as expectativas familiares, as
situações sociais, culturais e econômicas, as oportunidades educacionais, as perspectivas profissionais da região onde reside e as próprias motivações
internas do sujeito. Se estes aspectos não são levados em consideração pode
provocar frustrações profundas no indivíduo na sua relação com o mundo do trabalho.
Considerando que a legislação referente ao ensino médio integrado supõe o
encaminhamento dos jovens estudantes ao mercado de trabalho, Malacarne et al. (2007) alertam
sobre a importância da escolha profissional, momento fundamental na vida do ser humano.
Portanto, a escolha do curso pelo discente precisa ser feita de forma consciente e responsável,
pois o mesmo nesse momento já estará estabelecendo vínculos com a profissão escolhida.
A pessoa pode entrar aqui no Instituto sem saber o que quer, e aí ao escolher
o curso, pode ser aquilo que, realmente, ela quer e seguir com a vida dela, mas pode não ser o que ela quer e querer partir pra outro curso. (Usuário
com auxílio-01).
A falta de conhecimento e maturidade do estudante, com apenas 14 ou 15 anos de idade,
dificulta a definição por um curso técnico que possa lhe satisfazer. Segundo Loponte (2011, p.
1), o estudante sofre influência dos familiares ao escolher o caminho escolar, sobretudo no
momento de definir o curso profissionalizante:
A família tem um papel importante na escolha da trajetória escolar do jovem,
principalmente no caso de se optar por um curso profissionalizante — seja
com a finalidade de obter um trabalho num futuro próximo, seja utilizando-se
desse tipo de formação para ingressar na universidade. Admite-se que tanto as exigências e as expectativas elaboradas pela família quanto sua condição
socioeconômica sejam fatores determinantes e definidores da trajetória
seguida pelo jovem na escola.
Outro ponto que termina dificultando a escolha é a reduzida oferta de cursos técnicos.
No campus Pesqueira, o estudante tem apenas duas opções de cursos técnicos: Edificações ou
Eletrotécnica.
No entanto, mesmo não se identificando com o curso escolhido, para os estudantes é
interessante continuar nessa modalidade de ensino para conseguir uma certificação técnica,
coisa que lhe coloca na frente de muita gente por uma vaga no mercado de trabalho. Portanto,
acredita-se que o aluno com baixa condição socioeconômica, que conseguiu acesso à
instituição, teve desempenho satisfatório e concluiu o curso, tem suas chances aumentadas para
108
ingressar no mercado de trabalho e, com isso, na modificação de sua condição social e
econômica.
Eu realmente não me dou bem com esse curso, eu realmente só estou aqui
porque o meu currículo, mais pra frente, a minha formação técnica vai me colocar mais à frente do que outros que foram por escola particular, ou por
escola estadual, a minha formação técnica vai me dar uma coisa a mais, mas
pelo curso mesmo eu não gosto, que é edificações. (Usuário sem auxílio-02).
Para os entrevistados, o ensino médio integrado é muito interessante pelo fato do
estudante já sair com uma formação técnica. Apesar de um período mais longo para se formar,
04 (quatro) anos, ainda assim vale a pena. Como foi dito acima, a concepção dos estudantes é
de que o diploma do curso técnico é muito importante para abrir as portas no mercado de
trabalho:
Eu acho muito bom, porque se você faz o ensino médio em três anos e você
pode fazer o médio integrado em quatro anos, sai bem melhor você fazer o
médio integrado, por quê? Porque você faz o médio integrado em quatro anos e já sai com o diploma de ensino médio e com uma profissão de técnico, isso
que já te proporciona trabalhar no mercado. Um ponto que atrapalha é
estudar quatro anos, que por um lado pode ser um atraso e para outros não.
(Usuário sem auxílio-06).
O mercado de trabalho tem certo preconceito com a idade pra você arrumar
o seu trabalho e com a gente entrando aqui já no ensino médio já saindo com
o técnico, acho que tem uma grande facilidade pra arrumar um emprego, mas
fácil do que quem faz só o ensino médio normal, pra ainda entrar na faculdade, quando sair já está mais velho. (Usuário com auxílio-07).
Porém, tanto Pochmann (2004), como Belluzzo (in: Revista Carta Capital, 29/08/2012)
alertam para a incapacidade da boa educação em responder aos problemas criados pelas
questões negativas que ferem as economias contemporâneas. Abreu (2012, p. 108) segue a
mesma linha e afirma que
A ênfase à formação por competências visando à formação de um trabalhador com múltiplas habilidades não é garantia de inserção no mundo do trabalho.
A realidade e os estudos apontam que apenas uma minoria de trabalhadores
alcança um alto nível de qualificação. Para a maioria essa tal empregabilidade se traduz na disponibilidade para aceitar qualquer emprego que lhe
proporcione o mínimo de condições para sua sobrevivência, num mundo do
trabalho em processo de precarização, e nem isso lhe é absolutamente
garantido.
Porém, o autor reconhece que, apesar da compreensão acima, é fundamental considerar
a importância da educação para o crescimento pessoal e das sociedades. Nessa perspectiva, o
acesso à educação constitui-se interesse e necessidade da classe trabalhadora na luta por sua
emancipação.
109
Apesar de ser uma Instituição que tem como objetivo a formação profissional e técnica,
o direcionamento dos estudos para o Enem não é deixado de lado e isso foi levado em
consideração pelos estudantes ao escolherem o IFPE para estudar, pois nas escolas públicas
estaduais e municipais a qualidade do ensino é baixa e consideram que estas não preparam o
aluno para o vestibular como o IFPE - campus Pesqueira.
De acordo com os entrevistados, os professores de formação geral, principalmente no
último ano, direcionam o ensino da disciplina para o bom desempenho no Enem. Já os
professores das disciplinas técnicas, além de contribuir para o aprendizado da função técnica,
também contribuem na preparação dos alunos para concursos na área técnica:
No meu caso, não sei se tem algum aqui que está prestes a se formar, no meu caso, eu estou no oitavo período, nos dois períodos anteriores do sexto pra
cá, os professores estão realmente batendo nessa tecla, no ENEM, todos os
professores, sociologia, português, todos estão batendo na tecla ENEM, eles preparam a aula de acordo para você estudar para o vestibular, os exercícios,
tudo. (Usuário sem auxílio-04).
“Não só para o vestibular, mas para concursos, dentro da área (curso
técnico), eu acho que é excelente aqui. (Usuário com auxílio-04).
Os Institutos Federais conseguiram o status de escola com boa qualidade de ensino não
só pela experiência vivida pelos alunos e ex-alunos dentro desta instituição, mas também pelos
resultados expressivos nas avaliações de desempenho desenvolvidas pelo poder público. Uma
dessas avaliações é o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que além de avaliar o
estudante individualmente, com o intuito de selecioná-lo para um curso da educação superior,
serve, também, de avaliação da Instituição, ao fazer o levantamento das notas de todos os seus
estudantes neste teste.
Logo, o IFPE, consequentemente o campus Pesqueira, sempre se destacou nas
avaliações educacionais promovidas pelo poder público. E isso foi pontuado pelos entrevistados
em suas falas, que devido ao bom ensino desenvolvido no Instituto, o mesmo sempre se
destacava entre as melhores escolas de acordo com esta avaliação:
Eu acho que o ensino é muito bom, como um exemplo mesmo é o ENEM que o IF fica na frente de muitas escolas particulares devido ao ensino. (Usuário
sem auxílio-07).
Os resultados expressivos nas avaliações educacionais são algo do conhecimento da
população da região. Porém, neste ano de 2016, o MEC decidiu não divulgar os resultados dos
Institutos Federais no Enem. Essa questão não será aprofundada, pois não faz parte do objeto
de estudo, porém, fica aqui o questionamento: qual o objetivo em não tornar públicas as notas
dos Institutos Federais?
110
Vale destacar outra particularidade do IFPE, que por ter em seus quadros grande parte
dos docentes com pós-graduação (Doutores, Mestres e Especialistas), que lecionam tanto no
ensino médio, quanto no ensino superior, e por oferecer o ensino médio no mesmo local que é
oferecido o ensino superior e a pós-graduação (alguns campi já oferecem especialização e
mestrado), contribui bastante para o desenvolvimento acadêmico do aluno do ensino médio e
termina preparando-o melhor para a vida universitária. O estudante, no IFPE, já tem contato
com atividades de pesquisa e extensão:
O nível de cobrança de escolas normais para aquelas que têm o integrado (os
IF´s), é bem diferente. Aqui é mais aproximado com a universidade, então eu acho que o médio integrado ele lhe prepara bem melhor para a universidade.
(Usuário com auxílio-07).
Apesar de ser uma Instituição que tem por objetivo a formação técnica e profissional do
estudante, a maioria dos entrevistados relatou que ingressou no IFPE - campus Pesqueira com
o objetivo de se preparar para o vestibular.
De acordo com alguns entrevistados que já estão nos últimos períodos do ensino médio,
o curso técnico ajuda ou ajudou a definir o curso da graduação. O Usuário com auxílio-06, por
exemplo, tinha a intenção de estudar no IFPE - Campus Pesqueira para se preparar melhor para
o vestibular, mas sem saber a área que iria estudar no ensino superior. Depois que conheceu
melhor o curso técnico (edificações), gostou tanto que pretende se especializar ainda mais na
área fazendo uma graduação em arquitetura:
No começo era me preparar para o vestibular, porque eu entrei no IFPE sem querer fazer o curso, que era edificações, mas quando eu comecei, eu mudei
minha ideia e pretendo ainda fazer arquitetura.
A perspectiva de alguns entrevistados é seguir estudando após o ensino médio, mesmo
que consigam algum emprego e assim ter que conciliar os estudos com o trabalho:
Eu pretendo aproveitar o técnico para conseguir algum emprego, para que
eu possa me sustentar enquanto eu entro na faculdade e quero fazer arquitetura. (Usuário com auxílio-07).
Percebe-se nas falas dos entrevistados certa segurança adquirida na vida profissional,
por estar estudando o ensino médio integrado à formação técnica, pois de acordo com eles,
mesmo que não consigam passar no vestibular, pelo menos eles já têm o curso técnico. Essa
perspectiva abraçada pelo estudante do ensino médio integrado foi apontada em Loponte (2011,
p. 8),
[...] mesmo buscando uma profissão a partir da escolha pelo curso, os jovens
parecem não ter a intenção de exercê-la imediatamente, concluído o curso técnico. Uma das perspectivas adotada pelo jovem estudante é a de que ter
111
uma profissão propicia uma segurança para o futuro ou uma condição mais
favorável para continuar a estudar, no ensino superior.
6.4 Como os estudantes escolheram participar do Piel
A Política Nacional de Assistência Estudantil é restrita às Instituições Federais de
Ensino. De acordo com Decreto nº 7.234,
As ações de assistência estudantil deverão ser executadas por instituições
federais de ensino superior, abrangendo os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, considerando suas especificidades, as áreas estratégicas
de ensino, pesquisa e extensão e aquelas que atendam às necessidades
identificadas por seu corpo discente. (BRASIL, 2010, p. 01).
Portanto, algumas pessoas, por não terem acesso a essa rede de ensino, desconhecem
totalmente o Pnaes. Alguns entrevistados já tinham escutado falar, antes de entrar no campus-
Pesqueira, sobre programas que ofereciam auxílio financeiro para os estudantes da instituição,
mas não sabiam o objetivo, nem a operacionalização. Outros só tomaram conhecimento sobre
os diferentes programas do Pnaes, dentre eles o Piel, depois que se tornaram alunos do Instituto.
As falas dos entrevistados a seguir demonstram o total desconhecimento sobre essa política:
Na escola em que eu estudava não tinha nenhum programa de assistência, então nem sabia que existia, vim saber depois que entrei aqui. (Usuário com
auxílio-07).
Eu só vim saber depois que eu estava aqui, só que quando eu fiz a bolsa
permanência vieram me dizer depois que tinha o atleta e no caso pelo
basquete. (Usuário sem auxílio-05).
Boa parte dos estudantes associa a assistência estudantil aos programas que envolvem o
repasse direto de recursos financeiros (Bolsa Auxílio, Auxílio Manutenção, Bolsa de Apoio a
Permanência e o próprio Piel), indicando o recurso material ser de suma importância para a
manutenção das despesas que surgem durante o ensino médio. E, embora o Piel ofereça o
esporte e o lazer, a maioria dos estudantes entrevistados não associa essas atividades à política
de permanência, mas sim à bolsa ofertada.
Um entrevistado, em sua fala, apresentou uma visão um pouco mais abrangente do
Pnaes, porém a relação não é feita com a formação acadêmica e cidadã, mas sim com a formação
para o mercado de trabalho. Ele afirma que os programas são importantes não só pela oferta do
auxílio, mas também, na formação de um bom profissional para o mercado de trabalho:
[...] programas como atleta, monitoria, isso coloca uma responsabilidade sobre o aluno, que ele tem que cumprir e faz dele um profissional melhor,
mais responsável, mais focado, mais experiente também. (Usuário com
auxílio-09).
112
Esse desconhecimento e a falta de uma compreensão maior do que seja o Pnaes podem
ser reparados com uma maior divulgação dessa política entre os estudantes do campus.
Entrando na temática, divulgação do Pnaes, em especial o Piel, alguns entrevistados
criticaram a pouca exposição do programa. Para o Usuário sem auxílio-03, o Piel poderia ser
mais bem propagado, não só dentro do próprio campus, mas também para a comunidade
externa, incentivando os estudantes das outras redes a ingressarem no IFPE - campus Pesqueira.
Na fala, o estudante lembra que teve vontade de entrar no IFPE - campus Pesqueira por conta
do Piel, mas só conheceu o programa através dos amigos que já estudavam na Instituição:
Eu mesmo não fiquei sabendo desses treinos de vôlei por um site, coisa desse
tipo, porque até então, todos os comunicados daqui da instituição em relação ao esporte e em relação a instituição só anunciava aqui dentro do campus.
(Usuário sem auxílio-03).
Quando foi perguntado sobre a divulgação do Piel dentro da própria Instituição, houve
uma divergência na opinião de cada grupo. Para o grupo dos usuários sem auxílio, a divulgação
do Programa e do período de seleção é falha, deixando de levar a informação para grande parte
dos alunos:
Se ela não sabia [Usuário sem auxílio-02] é porque teve uma falha aí na divulgação desse edital, se não chegou a ela é porque tem uma forma que não
tem como você saber, por exemplo, ela não tem acesso à internet, aí divulgam
o edital na internet, mas na instituição fica todo mundo calado, ninguém fala nada, ai como é que ela vai saber, aí tem que ter uma forma de divulgação
que se adeque a todos os estudantes, que seria o ideal colocar em sala ou
passar avisando. (Usuário sem auxílio-04).
De acordo com o grupo citado acima, os próprios atletas (usuários com auxílio) não
avisam aos estudantes novatos, que não conhecem muito bem os programas da política de
assistência, para que a concorrência seja pequena, diminuindo, assim, o risco de perder o
auxílio.
Já para o grupo dos usuários com auxílio, a divulgação é bem-feita e só não participa do
Piel e de sua seleção quem não quer:
Eu acho que é uma divulgação boa, [...] divulgam nas redes sociais e murais, sempre tem, quando o edital sai, então só não vê quem não quer. (Usuário
com auxílio-06).
O Usuário com auxílio-07 ainda acrescenta:
Eu acrescento, acho que vai do interesse de cada um, de ir lá, de procurar na DAE, saber quando sai o Edital.
113
Quatro entrevistados do grupo usuários sem auxílio já haviam participado do processo
seletivo do Piel, sendo assim, foi perguntado a eles e ao grupo usuário com auxílio se o processo
seletivo atual deveria permanecer ou sofrer alterações.
Ambos os grupos deram algumas sugestões sobre o processo seletivo do Piel. Uma das
críticas foi com relação à grande quantidade de documentos solicitados para a inscrição no
processo. A sugestão dada foi que esses documentos pudessem ser arquivados na pasta do
estudante ou devolvidos em caso de reprovação no processo, para que no próximo edital o aluno
não perdesse tanto tempo, tendo que conseguir alguns documentos que já tinham sido entregues
no edital anterior.
Outra sugestão foi de informatizar o processo de inscrição, fazer a inscrição pela
internet, assim, diminuiria a carga de trabalho para a assistente social nessa fase, possibilitando
um ganho de tempo para fazer as visitas nas residências dos estudantes com o objetivo de
confirmar os dados socioeconômicos apresentados por eles no ato da inscrição:
Eu acho que hoje em dia como a gente tem disponibilidade de material eletrônico, a gente poderia reduzir mais esse tempo dos funcionários, ou seja,
se você pudesse fazer tudo online não precisasse trazer xerox disso, xerox
daquilo [...] ao invés de está trazendo papel por papel para esse pessoal está conferindo se você fizesse tudo isso eletronicamente diminuiria o tempo e aí
talvez pudesse ocorrer essas visitas nas casas. (Usuário com auxílio-01).
A análise socioeconômica deveria haver mais rigor na parte das visitas, só
que como sobrecarrega os funcionários tanto porque é época de bolsa e como aqui um funcionário não só serve a uma função, ele tem que está fazendo
aquilo e aquilo outro, então acaba sobrecarregando o funcionário e ele não
dá conta dessa demanda de serviços. (Usuário com auxílio-09).
Um entrevistado sugeriu a mudança no formato da fase do teste prático que para ele não
é o ideal, pois o estudante/atleta é avaliado num momento de 1h. A sugestão é que essa fase
seja realizada em mais dias.
Já sobre o desenvolvimento do Piel, os grupos opinaram sobre as melhorias que se
faziam necessárias para o programa ter uma melhor qualidade. O grupo dos usuários sem
auxílio criticou o quantitativo de bolsas oferecidas pelo programa; para eles é um quantitativo
muito baixo por modalidade esportiva. Os relatos apontam para a necessidade de ampliação
quantitativa do programa diante do crescimento do número de estudantes interessados pela
prática de esporte dentro do campus. O Usuário sem auxílio-06 cita a modalidade futsal
masculino como exemplo:
O time hoje, nós temos cinco bolsas no futsal disponíveis e um time de futsal não se joga só cinco, ele é completo com no mínimo 12 jogadores, fora os que
fazem parte do treinamento, então cinco bolsas, cinco vagas só, não são
114
suficientes. No mínimo teria que ter bolsa suficiente para o time titular e para
o time reserva.
Para o grupo usuário sem auxílio, o quantitativo atual das bolsas assegura apenas uma
equipe representativa do campus, mas não assegura sua qualidade, pois prejudica o treinamento.
O grupo dos usuários com auxílio não se manifestou sobre o quantitativo de bolsas oferecidas
pelo Piel.
Outra crítica levantada pelo grupo dos usuários sem auxílio, e que também em nenhum
momento foi comentada no grupo dos usuários com auxílio, foi a questão do principal quesito
para receber a bolsa: o técnico ou o socioeconômico?
Para o grupo dos usuários sem auxílio a questão socioeconômica não pode se sobrepor
à questão técnica. Eles consideram que a questão socioeconômica é um fator importante para
participar do programa, mas o Piel, por ser um programa de treinamento esportivo e com o
intuito de formar uma equipe que represente o campus Pesqueira nas competições, o quesito
técnico seria preponderante para participar do programa. Seguem abaixo as palavras do usuário
sem auxílio-06 sobre essa questão:
Em primeiro lugar tem que avaliar o desempenho esportivo, porque não adianta você colocar o cara que não seja bom para equipe e deixar o cara
que é bom de lado, não tem lógica isso.
Outra sugestão, dada pelos entrevistados, visando melhorar o Piel, seria um maior
investimento, por parte do campus, no programa. Segundo os entrevistados, algumas
modalidades esportivas estão desenvolvendo suas atividades com material precário e/ou em
quantidade insuficiente, prejudicando a qualidade do treinamento. Como caso mais complicado,
foi citado o Kickboxing. Praticante desta modalidade esportiva, o Usuário com auxílio-09
aponta, na sua fala, as dificuldades enfrentadas nos treinamentos:
No kickboxing, o que falta melhorar muito é a questão do investimento
sobretudo em equipamentos, porque tudo o que a gente tem, somos nós que compramos, inclusive nossos treinadores e o mestre de Recife já falou com a
direção que deveria ter um pouco mais de investimento no kickboxing e nos
outros esportes também, mas no da gente (kickboxing) o investimento é zero.
Além do Kickboxing, foram citados o futsal e o badminton como os outros esportes que
necessitam de um investimento maior com relação a materiais. Vale ressaltar que os
estudantes/atletas do basquete e do voleibol não se queixaram das condições dos materiais
utilizados por eles para o treinamento.
O local onde são realizados os treinamentos, o ginásio poliesportivo, também recebeu
críticas por parte dos entrevistados. O principal motivo são as goteiras existentes no teto. Em
período de chuvas, as atividades se tornam impraticáveis e o local precisa ser interditado com
115
o intuito de evitar acidentes, pois o piso fica todo molhado e escorregadio. Como não tem outro
espaço apropriado para a prática esportiva, os treinamentos precisam ser suspensos.
Ainda sobre o ginásio poliesportivo, os entrevistados criticaram a preferência dada, em
determinados dias e horários, às atividades desenvolvidas pela comunidade externa. Citaram
como exemplo “a pelada de futsal” (partida não oficial de futsal), em detrimento das atividades
do Piel. Para eles, por serem estudantes do campus e estarem participando de uma atividade
desenvolvida pela própria Instituição, não teria o porquê desta não ter prioridade frente àquela.
Abaixo segue a fala do Usuário com auxílio-01 sobre esse tema:
Acho que os horários que a quadra está disponível para os alunos deveria ser
melhor colocado, porque, muitas vezes, os alunos da instituição deixam de
treinar aquela modalidade porque a quadra está ocupada, não para um evento da escola, está ocupada porque vai ter uma pelada e é um pessoal que
não paga nada e já tem pelada a dez anos e aí diminuíram os horários dos
atletas por causa de pelada.
Percebe-se que os principais problemas do Piel são referentes à estrutura física do
espaço utilizado para as atividades, principalmente a cobertura do ginásio poliesportivo, e a
falta de materiais para os treinamentos de algumas modalidades.
116
7 O PROGRAMA DE INCENTIVO AO ESPORTE E LAZER E A MELHORIA DA
QUALIDADE DA EDUCAÇÃO DO ENSINO MÉDIO INTEGRADO
De acordo com o Decreto nº 7.234, os recursos para o Pnaes serão repassados às
Instituições Federais de Ensino Superior, que deverão realizar ações de forma articulada com
as atividades de ensino, pesquisa e extensão, visando atender estudantes dos cursos de
graduação presencial. Na redação do Decreto, fica mais uma vez evidente o direcionamento
para os estudantes da graduação. No entanto, em seu art. 4º: “[...] abrangendo os Institutos
Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, considerando suas especificidades, as áreas
estratégicas de ensino, pesquisa e extensão e aquelas que atendam às necessidades identificadas
por seu corpo discente” (BRASIL, 2010, p. 2), abre espaço para interpretação favorável pela
inclusão dos estudantes de outros níveis de ensino que estudam nos Institutos Federais.
De acordo com Taufick (2014), a instituição do Pnaes conduziu a maioria dos Institutos
Federais a um movimento de elaboração de sua política de assistência estudantil. Outro fator
importante para implantação desta política nos Institutos foi o incremento orçamentário, via
LOA, da ação intitulada “2994 - Assistência ao Educando da Educação Profissional”,
disponibilizando recursos para a implementação da política.
A operacionalização dos Programas da Assistência Estudantil nos campi do IFPE fica a
cargo da chefia da Coordenação de Assistência ao estudante nos campi, em conjunto com a
Equipe Multiprofissional que, de acordo com o documento da proposta, tem como atribuições:
Planejar, implementar, acompanhar e avaliar a Política de Assistência;
Divulgar as ações da assistência estudantil na perspectiva de consolidá-la
como política institucional; Manter atualizado o cadastro dos estudantes atendidos pelos Programas de Assistência Estudantil; Acompanhar os
recursos financeiros da rubrica de assistência ao educando; Elaborar
anualmente relatórios dos Programas implementados através desta política e Articular os setores comprometidos com a exequibilidade da Política de
Assistência Estudantil nos campi. (BRASIL, 2012, p. 13-14).
A Equipe Multiprofissional é composta por Assistente Social, Pedagogo, Psicólogo,
dentre outros profissionais, que de acordo com suas competências exercerão suas atribuições
nos Programas que constituem esta política (BRASIL, 2012). Vale lembrar que a Política de
Assistência Estudantil do IFPE compreende o desenvolvimento de Programas Técnico-
Científicos e os Programas Específicos e Universais.
Os Programas Universais, apesar de abrangerem todos os estudantes dos cursos
presenciais do campus, não deixam de considerar os critérios de vulnerabilidade social e de
necessidades educacionais para pagamento da ajuda financeira (BRASIL, 2012).
117
Dentre algumas ações que fazem parte dos programas universais encontra-se o Piel, que
visa
Ampliar e fortalecer as condições de acesso e permanência com êxito dos
discentes na Instituição através dos Programas de Incentivo ao Esporte que visam assegurar, prioritariamente ao estudante em situação de vulnerabilidade
socioeconômica e/ou que apresente um bom rendimento esportivo, o exercício
pleno da cidadania. (INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO,
2015, p. 1).
O Piel tem como proposta conceder benefício financeiro aos atletas que participam de
treinamentos esportivos orientados e supervisionados por Profissionais de Educação Física do
IFPE, nas mais diversas modalidades esportivas e que não possuam patrocínio, além de
promover a participação dos estudantes em atividades de esporte e lazer em espaços
institucionais e extra-institucionais (BRASIL, 2012). Isto posto, o Piel trabalha em duas linhas
de ação, a linha 01 (um) é o Auxílio ao Estudante-Atleta, é o Piel propriamente dito.
Oferece benefício financeiro que propicie as condições necessárias, para que
os estudantes se dediquem ao treinamento esportivo e possam participar de
competições nos âmbitos municipal, estadual, nacional e internacional, permitindo o seu pleno desenvolvimento. (BRASIL, 2012, p. 27).
A linha de ação 02 (dois) é o Auxílio na Participação em Atividades de Esporte e Lazer
que “oferece benefício financeiro que propicie as condições necessárias, para que os estudantes
participem de atividades de lazer” (BRASIL, 2012, p. 33). Nesta linha de ação, os estudantes
ao saírem do campus para outra cidade visando à participação em alguma atividade de lazer,
receberão uma ajuda de custo.
A linha de ação 01 (um), que promove o treinamento esportivo em diferentes
modalidades, é desenvolvida por diferentes sujeitos. O Edital do Piel determinava os
Professores de Educação Física, outros docentes/administrativos do Campus responsáveis pelos
treinamentos das modalidades esportivas oferecidas pelo programa (INSTITUTO FEDERAL
DE PERNAMBUCO, 2015). No Edital de 2016 houve a inclusão dos voluntários, que são
pessoas com conhecimentos comprovados em determinado esporte e que não tenham vínculo
de trabalho com o IFPE; dessa forma, o mesmo passa a ser considerado um colaborador externo,
situação prevista dentro da Instituição que propicia a participação da comunidade externa.
A partir da divulgação do Edital de seleção do Piel, qualquer estudante do ensino médio
integrado do campus Pesqueira pode fazer sua inscrição. Porém, vale ressaltar que a
participação no processo seletivo não implica, necessariamente, a concessão do benefício
(BRASIL, 2012). Os interessados em participar do Piel devem seguir trâmites para Inscrição
118
no processo seletivo do programa, um deles é a apresentação, no ato da inscrição, de vários
documentos. Segue abaixo os documentos solicitados no Edital do Piel 2016:
1- Ficha de inscrição preenchida manualmente, disponível no site institucional
Campus Pesqueira: www.portal.ifpe.edu.br; 2- Cópia do RG e CPF (maiores) ou Certidão de Nascimento para os/as estudantes menores de 18 anos; 3-
Questionário socioeconômico disponível na DAE, o qual deverá ser
devidamente assinado e entregue; 4- Uma foto 3 x 4; 5- Histórico Escolar impresso pelo Q-Acadêmico; 6- Cópia do Registro Geral (RG) ou outro
documento oficial de Identidade de todos/as integrantes do núcleo familiar
maiores de 18 anos; 7- Cópia da certidão de nascimento de todos/as os/as integrantes do núcleo familiar menores de 18 anos; 8- Cópias do Comprovante
de renda do/a estudante, maior de 18 anos. (INSTITUTO FEDERAL DE
PERNAMBUCO, 2016, p.2).
Para quem se inscreveu no Programa Bolsa Permanência toda essa documentação não
precisa ser entregue, é necessário apresentar apenas ficha de inscrição e parecer médico
(INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2016). Outros documentos serão solicitados
caso seja necessário, como: Cópia da carteira de trabalho, comprovante de seguro-desemprego,
declaração do imposto de renda e outros.
Caso a DAE - Pesqueira julgue necessário, ainda deverá ser apresentado documentação
complementar: "Cópia do Cartão e Extrato atualizado de benefícios sociais, Bolsa família, BPC,
PROJOVEM, Aluguel ou Financiamento de Casa Própria, Gastos Médicos e outros"
(INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2016, p. 04).
Os inúmeros documentos solicitados visam confirmar a condição socioeconômica do
estudante que está pleiteando uma vaga no Piel. Para o aluno, essa etapa é penosa, pois, ter que
apresentar toda essa documentação não é das tarefas mais simples. De acordo com o Piel (2016),
caso o estudante não cumpra com as condições apresentadas, não comprove as informações
exigidas nos formulários de inscrição e perca o prazo estabelecido para inscrição e entrega dos
documentos, o mesmo será excluído do processo seletivo. Os estudantes escolhidos para
participar do programa devem ter um bom desempenho técnico e físico da modalidade esportiva
pretendida segundo a avaliação do docente/administrativo responsável, além de atender ao
perfil de vulnerabilidade socioeconômica, a qual será avaliada pelo Serviço Social do campus
Pesqueira.
A análise socioeconômica será realizada por Assistente Social, podendo utilizar como instrumentos o formulário de inscrição, documentação
comprobatória, questionário socioeconômico, entrevista social, visita
domiciliar (quando esse profissional julgar necessário) e parecer social. (BRASIL, 2012, p. 35-36).
Segundo Monteiro (2011, p. 35), a vulnerabilidade social “pressupõe um conjunto de
características, de recursos materiais ou simbólicos e de habilidades inerentes a indivíduos ou
119
grupos, que podem ser insuficientes ou inadequados para o aproveitamento das oportunidades
disponíveis na sociedade”. Levando em consideração o mesmo autor, pode-se afirmar que a
política de assistência estudantil, enquanto política social que visa atender, prioritariamente, o
indivíduo em situação de vulnerabilidade social, caracteriza-se como um instrumento que busca
garantir, dentre outras coisas, os direitos e condições dignas de vida do cidadão.
Segundo os Editais do Piel 2015 e 2016, o estudante se enquadra no perfil de
vulnerabilidade socioeconômica ao apresentar:
a) Renda per capita familiar de até 1,5 salário mínimo nacional vigente; b)
Situação de moradia; c) Situação de trabalho; d) Composição familiar e de Fragilidade de Vínculos; e) Despesas familiares; f) Bens móveis e imóveis; g)
Gênero e raça/etnia; h) Escolaridade dos membros da família; i) Doenças
crônicas/Fragilidade Orgânica devidamente comprovada e/ou existência de
deficiência em membro da família; j) Pessoa com Deficiência e/ou Necessidades Especiais; k) Cotista das Escolas Públicas; l) Estudantes com
filhos/as com idade de até 6 anos incompletos; m)Beneficiário de outros
Programas Sociais (CadÚnico, BPC, Tarifa Social da CELPE e outros); n) Pessoas em situação de risco social; o) Pessoas em situação de risco,
comprovadamente, devido a questões relativas à orientação Sexual; p) Ordem
física; q) Comunidades em desvantagem social;
r) Estudantes com filhos de 7 a 11 anos incompletos; s) Estudantes com filhos adolescente de 12 a 18 anos incompletos. Os itens para análise da condição de
vulnerabilidade social e o conceito de risco social são adotados na Política
Nacional de Assistência Social no que diz respeito à proteção social especial,
PNAS, 2004 (INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2015, p. 4-
5; INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2016, p. 4-5).
Analisando os dois últimos editais do Piel, nota-se pouca variação nas modalidades
esportivas oferecidas; acredita-se que o programa já tem um público cativo nessas modalidades
ofertadas. Em 2015, foram ofertadas pelo Piel as modalidades de basquetebol masculino,
voleibol masculino, voleibol feminino, futsal masculino, futsal feminino, badminton, judô e
kickboxing. Já no edital de 2016 houve uma única mudança, saiu o judô e entrou o xadrez. A
saída do primeiro foi devido à aposentadoria do professor de Educação Física que era o
responsável pela modalidade no campus e pela falta de pessoas competentes para assumir essa
atividade esportiva. Observando, ainda, as modalidades esportivas oferecidas pelo Piel,
constata-se uma oferta grande de esportes na Instituição, são 06 (seis) esportes diferentes,
contemplando ambos os gêneros.
Os estudantes/atletas ao escolherem as modalidades esportivas citadas acima e serem
aprovados numa delas passam a receber um auxílio financeiro. Este auxílio já vem com o valor
pré-estabelecido no documento da Proposta de Política de Assistência Estudantil do IFPE
(BRASIL, 2012). Na linha de ação 01 (um), que se refere aos treinamentos programados das
modalidades esportivas, o benefício deve ser de 35% do salário mínimo, ou seja, aumentou o
120
salário mínimo, aumenta a bolsa também. O benefício da linha de ação 02 (dois) considera os
custos de participação nas atividades em outras cidades e, quando for o caso, segue a tabela de
valores de visitas técnicas.
Seguindo o que estabelece o documento citado acima, a linha de ação 01 (um) pagou,
em 2015, a cada estudante usuário com auxílio o valor de R$ 275,80 durante 08 (oito) meses
(maio a dezembro de 2015). Em 2016, por conta do aumento do salário mínimo, esse valor
subiu e o Piel passou a pagar a cada estudante selecionado para o programa o valor de R$ R$
308,00 por 07 (sete) meses (junho a dezembro de 2016).
Observa-se que o Piel não tem um começo programado dentro do calendário escolar.
Enquanto em 2015 o programa teve início em maio, no ano de 2016, o início foi um junho,
fazendo com que neste último ano o programa tivesse uma duração menor. O documento da
proposta (BRASIL, 2012) vincula a duração do programa ao recurso orçamentário disponível
em cada campus.
Esses benefícios, em particular o da linha de ação 01 (um), que equivale à seleção do
aluno para o treinamento regular de uma modalidade esportiva, serão pagos ao estudante
aprovado no processo seletivo caso obedeça aos seguintes critérios para participação, citados
no documento da proposta de assistência estudantil do IFPE:
A linha de ação 01 (um) considerará, para a concessão do benefício, a vinculação do estudante como atleta nas modalidades esportivas
desenvolvidas no IFPE. [...] Não possuir qualquer tipo de patrocínio,
entendido como tal a percepção de valor pecuniário, eventual ou permanente, resultante de contrapartida em propaganda. (BRASIL, 2012, p. 34).
O estudante poderá se inscrever em mais de uma modalidade esportiva no processo
seletivo e, caso seja aprovado em mais de uma, ele terá que escolher a modalidade pelo qual
receberá a bolsa, pois o auxílio não é acumulativo dentro do Piel.
Os editais para participação do programa também estabelecem outros critérios. No
documento de 2015 a participação no Piel estava atrelada à
1. Matrícula regular no IFPE - Campus Pesqueira, cursando no mínimo 3
componentes curriculares; 2. Idade mínima de 15 anos completos ou completará 15 anos no ano de 2015; 3. Idade máxima de 20 anos 11 meses e
30 dias; 4. Parecer médico favorável à prática desportiva; 5. Não receber
salário ou patrocínio de entidade de prática desportiva (clube). (INSTITUTO
FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2015, p. 2).
O edital de 2016 apresentou duas modificações, a primeira foi na idade máxima para
poder ser um usuário com auxílio do programa. Houve uma diminuição em 01 (um) ano de
idade justificada pela alteração feita no regulamento geral dos Jogos dos Institutos Federais
(JIF); antes a idade para participar do JIF era de 15 aos 20 anos, em 2016 foi alterado e a
121
participação ficou liberada para estudantes/atletas de 15 aos 19 anos de idade. A segunda
modificação diz respeito à não permissão do estudante de acumular o Piel com outra bolsa ou
auxílio estudantil. Contudo, essa segunda mudança não encontra respaldo no documento da
proposta (BRASIL, 2012) que regulamenta a política de assistência estudantil no IFPE; nele é
permitido o acúmulo de benefícios de programas diferentes, com exceção do benefício do
PROEJA:
[...] é permitido ao estudante o acúmulo de benefícios de naturezas distintas
ou da mesma natureza, desde que o Programa seja diferente, inclusive, no caso em que ele exercer atividades remuneradas. Contudo, esse acréscimo de
benefício não poderá ultrapassar o valor do salário mínimo nacional vigente.
(BRASIL, 2012, p. 36).
A medida que não permite o acúmulo foi tomada no ano de 2016 devido à diminuição
do orçamento para a política de assistência estudantil no campus. De acordo com o Relatório
de Gestão dos anos de 2013, 2014, 2015 e 2016 disponibilizados pela Diretoria de Orçamento
e Finanças do IFPE, houve um aumento considerável nos recursos disponibilizados para a ação
2994 - Assistência ao Estudante da Educação Profissional e Tecnológica entre os anos de 2013
a 2015. Em 2013 essa ação no IFPE teve um orçamento de R$ 10.420.684. No ano de 2014, a
ação 2994 no IFPE teve um aumento de mais de 04 (quatro) milhões de reais, o crédito
orçamentário foi de R$ 14.768.799. Já em 2015 o crédito orçamentário dessa ação passou para
R$ 16.918,151, mais de 02 (dois) milhões implementados. Já em 2016 o orçamento ficou
estabilizado, com R$ 16.910,751 destinado a essa ação. Esse é um orçamento geral que depois
é repassado para os campi visando atender às demandas surgidas pelas ações desenvolvidas
dentro da política de assistência estudantil. Até 2015 o orçamento era rateado entre 09 (nove)
campi do IFPE. Com a expansão dos Institutos Federais no estado, em 2016, o mesmo
orçamento passou a ser dividido para 16 (dezesseis) campi, ou seja, os créditos orçamentários
que não sofreram nenhum reajuste de 2015 para 2016, que era dividido para 09 (nove) campi
passou a ser dividido para 16 (dezesseis).
Segundo informação interna passada pela Direção do campus Pesqueira, no ano de
2015, o campus teve um orçamento de R$ 1.748.402,70, só que o valor executado durante o
ano citado foi de R$ 1.737.526,40, assim, o campus teve que devolver R$ 19.489,30. No ano
de 2016 o orçamento executado foi R$ 1.785.922,00. Ao menos, o campus Pesqueira conseguiu
manter, praticamente, o mesmo orçamento de 2015 para 2016, sem perdas. Diante dos dados
apresentados, não se justifica a medida que proibiu o acúmulo dos benefícios.
De acordo com a proposta da Política de Assistência Estudantil do IFPE, ao término do
processo seletivo do Piel, a divulgação do resultado final, assim como os outros programas de
122
assistência, deverá ser feita na página eletrônica e nas dependências de cada campus, bem como
em outros meios de comunicação disponíveis (BRASIL, 2012).
Entretanto, o edital do Piel de 2015 só fazia referência à divulgação da relação dos/as
estudantes contemplados com benefício pelo site do IFPE (www.portal.ifpe.edu.br), na página
do campus Pesqueira (INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2015). No edital de 2016
é acrescentada a divulgação nos quadros de avisos do próprio campus (INSTITUTO FEDERAL
DE PERNAMBUCO, 2016).
Nesse processo de divulgação do resultado final, há a divulgação de um resultado
preliminar, pois é dado aos estudantes participantes um prazo para recurso contestando o
resultado apresentado. Esses recursos são analisados pela equipe da DAE – Pesqueira,
responsável pelo processo seletivo, e o resultado publicado no prazo de até 48 (quarenta e oito)
horas após o seu recebimento (INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2015;
INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2016).
Passado o período de recursos, a DAE – Pesqueira divulga a lista com os nomes dos
estudantes que passarão a receber o benefício, porém, de acordo com os Editais do programa,
a efetivação do estudante no Piel só acontece após a assinatura do termo de compromisso no
Serviço Social da DAE – Pesqueira.
Com a efetivação do estudante no programa, após assinatura do termo, o usuário com
auxílio deverá obedecer a alguns critérios para poder permanecer no Piel durante o período
estipulado no edital. O documento da proposta (BRASIL, 2012) condiciona a permanência do
usuário no Piel ao quantitativo de disciplinas a serem cursadas no período atual e a frequência
ao programa. “O estudante deve estar cursando, no mínimo, 03 (três) componentes curriculares
e ter frequência de, no mínimo, 75% mensalmente” (BRASIL, 2012, p. 34). O mesmo
documento estabelece algumas condições gerais para permanência nos programas de
assistência estudantil, entre eles o Piel, que, caso não sejam respeitadas, levará o usuário a ser
excluído dos diferentes programas:
[...] não apresentarem justificativa para as faltas, conforme as disposições da Organização Acadêmica do IFPE; forem verificadas inveracidades ou
omissões de informações no preenchimento dos documentos; não
apresentarem as documentações comprobatórias de gastos, nos casos em que
o benefício assim o exigir; superar a situação de vulnerabilidade social. (BRASIL, 2012, p. 36).
Os editais do Piel ampliam esses critérios e a permanência do usuário com auxílio fica
atrelada a
1. Matrícula regular nos cursos presenciais do IFPE – Campus Pesqueira, além
da manutenção de rendimento acadêmico, admitindo a retenção em até três
123
componentes curriculares cumulativamente. Caso o estudante extrapole essa
quantidade de reprovações já citadas caberá à equipe multidisciplinar a
avaliação do caso. Ao término do 1º semestre todos os alunos terão que realizar a renovação e serão avaliados no tocante ao rendimento escolar e
participação nos treinamentos, para a possível continuidade no programa; 2.
Não descumprir as regras da Organização Acadêmica Institucional do IFPE
vigentes passíveis de advertência, suspensão e desligamento; 3. Frequência regular nos treinos em horários pré-fixados pelo (s) Técnicos; (no mínimo
75% de frequência na carga horária, mensal, dos treinamentos e/ou jogos pré-
estabelecidos, amistosos e oficiais). O aluno que não atingir a frequência estipulada neste item por 3 meses intercalados ou consecutivos será desligado
do programa. O Estudante/Atleta que não atingir os 75% de frequência no mês
e não apresentar justificativa plausível poderá ter a bolsa suspensa no referido
mês. A frequência deverá ser assinada a cada treino com o docente/administrativo responsável pela modalidade; 4. Boa convivência com
o técnico, com os colegas da equipe e com todos que fazem parte da
Instituição; 5. Apresentar-se com vestimenta adequada, seguindo as orientações/normas dos professores; 6. Pontualidade; 7. Zelar e guardar o
material de expediente junto ao Professor; 8. Zelar pelas estruturas físicas do
nosso Campus e demais locais que venham a visitar; 9. Apresentar qualidades técnicas, físicas e psicológicas; 10. Custear seus próprios uniformes
esportivos, tanto para participações em eventos como para treinamentos
(INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2015, p. 2;
INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2016, p. 2).
Havendo a exclusão de algum usuário com auxílio durante o período do Piel, o aluno
melhor classificado na lista de espera assumirá a vaga; caso não haja estudantes na lista de
espera, outro edital de seleção do programa é aberto para preenchimento da vaga ociosa. A
proposta da política de assistência estudantil permite, também, o acréscimo de usuários durante
o ano, ou seja, o aumento no número de bolsas, sendo assim, pode-se abrir outro edital do
programa para preenchimento das novas vagas, respeitando a lista de espera do edital anterior.
O número de benefícios poderá ser alterado por Programa e por semestre,
conforme a disponibilidade orçamentária de cada campus, desde que já estejam contemplados os estudantes da lista de espera, respeitando- se a
vigência do edital e a condição de vulnerabilidade ainda presente. (BRASIL,
2012, p. 35).
Um exemplo disso foi no ano de 2015. No primeiro edital foram disponibilizadas 37
bolsas, distribuídas em diferentes modalidades esportivas, porém, no segundo semestre, foi
lançado um novo edital, pois o Piel passaria a ofertar 64 bolsas e algumas modalidades
esportivas não tinham lista de espera do edital anterior.
Analisando o direcionamento das bolsas para cada modalidade esportiva no Piel,
observa-se que em 2015 os auxílios foram distribuídos da seguinte forma: basquete masculino
- 5 bolsas; voleibol masculino - 6 bolsas, voleibol feminino - 6 bolsas; futsal masculino - 5
bolsas; futsal feminino - 5 bolsas; judô - 4 bolsas; badminton - 2 bolsas; kickboxing - 4 bolsas.
Durante o programa houve uma ampliação no quantitativo de bolsas e a nova configuração
124
ficou da seguinte forma: basquete masculino - 10 bolsas; voleibol masculino - 12 bolsas,
voleibol feminino - 12 bolsas; futsal masculino - 10 bolsas; futsal feminino - 10 bolsas; judô -
4 bolsas; badminton - 2 bolsas; kickboxing - 4 bolsas (INSTITUTO FEDERAL DE
PERNAMBUCO, 2015). Em 2016, as bolsas foram assim direcionadas: basquete masculino -
5 bolsas; voleibol masculino - 6 bolsas, voleibol feminino - 6 bolsas; futsal masculino - 5 bolsas;
futsal feminino - 5 bolsas; xadrez - 2 bolsas; badminton - 4 bolsas; kickboxing - 4 bolsas
(INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2016).
Finalizado o processo seletivo do Piel, os estudantes que passarão a receber o auxílio
farão parte de uma lista, contendo os seus dados bancários para o recebimento mensal do
auxílio. Essa lista deverá ser encaminhada até o 5º dia útil de cada mês ao DAP (Departamento
de Administração) do campus para o pagamento ser efetuado (BRASIL, 2012). No campus
Pesqueira existe uma ficha de frequência, que é repassada, mensalmente, para os responsáveis
de cada modalidade, para que eles peguem a assinatura dos usuários com auxílio nos dias de
treinamento. Ao final de cada mês essa ficha é encaminhada para a Coordenação de
Administração Financeira (CAFI) do campus para providenciar o depósito do auxílio em conta.
Vale frisar que o documento da proposta (BRASIL, 2012) estabelece orientações sobre
a Avaliação da Política de Assistência Estudantil do IFPE, que deverá ser um processo
permanente de ação-reflexão-ação, ou seja, uma prática sempre aberta a novas orientações a
partir das demandas surgidas, um movimento contínuo de reflexão sobre a realidade.
Os programas de assistência estudantil, incluindo aqui o Piel, serão acompanhados e
avaliados pela DAE e pelas Coordenações de Assistência Estudantil nos campi, constituídas
pelas Equipes Multiprofissionais. Para isso, a DAE instalará fórum permanente da Assistência
Estudantil do IFPE, com o objetivo de promover o diálogo sobre esta política. Essa avaliação
surge com o intuito de firmar a política de assistência estudantil como uma política efetiva da
Instituição, voltadas para as necessidades dos discentes e para as demandas de ensino, pesquisa
e extensão do Instituto (BRASIL, 2012).
7.1 Diferenças e semelhanças entre os bolsistas e os não bolsistas em relação ao Piel
Os participantes dos grupos focais apresentaram os seus motivos para participar do Piel.
Nota-se que o principal motivo para os usuários sem auxílio participarem das atividades é o
gosto pela prática esportiva. Porém, para alguns alunos, a oferta do auxílio pelo programa
contribui bastante para atrair os discentes. O Usuário com auxílio-05, em sua fala, deixa isso
bem claro:
125
Além de gostar do esporte, é por conta do dinheiro. Não que eu não fosse participar
sem o auxílio, mas ajuda bastante. Eu sempre fui muito sedentário, quando não
praticava esporte antes de entrar aqui, eu tinha bolsa de monitoria, só que no ano passado demorou o edital pra sair e como eu precisava de dinheiro fui impulsionado
por isso, pra fazer a bolsa do Esporte e Lazer. Tanto é que eu fiz a seletiva para
todos os esportes porque o que eu passasse iria (treinar).
De todos os participantes dos 02 (dois) grupos focais, apenas 02 (dois) alunos não
tinham experiências em práticas esportivas e iniciaram essas atividades ao ingressar no campus,
através do Piel. Todos os outros já estavam habituados à prática de modalidades esportivas. Em
sua maioria, essa prática sempre era realizada nas escolas. Nota-se que a escola é um local em
que o esporte é muito vivenciado, bastante promovido.
Com relação à participação no Piel sem o auxílio, os entrevistados do grupo focal
usuário sem auxílio afirmaram que a participação no programa é independente de receber ou
não o auxílio, o prazer de praticar o esporte fala mais alto e por isso participam dos
treinamentos, mesmo sem receber a bolsa.
Eu, ganhando ou não, não faz diferença, muita diferença, porque eu gosto
desse esporte. (Usuário sem auxílio-05).
Eu acho que não vai por bolsa ou não, você tem que fazer aquilo que você
acha melhor e o que gosta, não é por causa de bolsa que você vai deixar de
fazer aquilo. (Usuário sem auxílio-07).
Os entrevistados do grupo Usuário com auxílio afirmaram que participariam do Piel
mesmo não recebendo a bolsa. Alguns até já foram usuário sem auxílio num passado recente.
O usuário com auxílio-06 faz uma observação sobre a participação dos estudantes em práticas
esportivas na rede estadual e municipal antes de ingressarem no IFPE, onde eles treinavam sem
ajuda financeira, assim ele procura demonstrar que o gosto pela prática esportiva prevalece e
que se o Instituto não oferecesse essas atividades, talvez, alguns estudantes não tivessem
interesse de estudar no campus.
Na outra escola eu não ganhava a bolsa e mesmo assim não era impedimento pra participar do esporte, no IF não seria diferente. [...] a maioria que
participa dos esportes, participa porque gosta de praticar esporte e se o IF
não tivesse, iriam procurar em outros lugares.
O usuário com auxílio-09 faz um comentário importante sobre a participação no
programa sem o pagamento do auxílio. Para ele, apesar do gosto pelo esporte, o não
recebimento da bolsa pode acarretar uma diminuição da frequência dos estudantes, dependendo
da dificuldade enfrentada pelos mesmos.
Quando o grupo focal dos usuários sem auxílio foi questionado se faria diferença a
participação no Piel com o recebimento da bolsa, a maioria afirmou que faria diferença,
126
alegando que esse dinheiro seria utilizado para ajudar a família em casa, para custear as
despesas de frequentar a escola e para comprar material esportivo que auxiliaria na evolução
esportiva.
Faria diferença, ajudaria muito em casa, ajudaria meus pais para não pedir
dinheiro para o transporte, pra alimentação. (Usuário sem auxílio-01).
Ajudaria, porque como minha família não tem muitas condições financeiras
ajudaria em alguma coisa. (Usuário sem auxílio-05).
Se eu ganhasse seria ótimo porque ia ajudar, principalmente na minha
evolução né, porque eu recebendo dinheiro poderia me ajudar a comprar um material, alguma coisa que me ajudaria a evoluir no esporte. (Usuário sem
auxílio-06).
Apesar de reconhecerem que o recebimento da bolsa do Piel faria diferença no seu dia
a dia, os usuários sem auxílio afirmaram que a presença nos treinamentos sem o auxílio
financeiro não é na expectativa de aliar essa participação ao recebimento da bolsa no futuro.
Reafirmaram que a participação é por gostar das atividades esportivas e pelos momentos
proporcionados pelo programa, como: a participação em campeonatos, as viagens, novas
amizades e outros:
No início a gente nunca pensa, pelo menos eu nunca pensei, em ganhar essa
bolsa, sempre foi mais por amor ao esporte, viagem que você faz, vai estar junto com a equipe sempre mesmo que não esteja ganhando a bolsa. (Usuário
sem auxílio-01).
Quando eu entrei no time, eu prometi a mim mesmo treinar recebendo o
auxílio ou não, então, meu interesse maior não foi o auxílio, foi mais ir pra jogos, competições, levando o nome da Instituição a ser reconhecida. Foi
mais o meu foco. (Usuário sem auxílio-03).
A evasão escolar e a repetência são problemas presentes no sistema educacional
brasileiro em todas as suas modalidades de ensino, inclusive no ensino médio integrado à
educação técnica e profissional. De acordo com as pesquisas apresentadas, Dore e Lüscher
(2011) conclui que a condição socioeconômica do estudante é a principal responsável pela
evasão e/ou fracasso escolar, em todos os níveis de ensino. Isto posto, considera-se que a
condição econômica dos alunos pode influenciar na sua permanência e no seu desempenho
escolar. Logo, pode-se destacar que as ações da assistência estudantil assumem papel
importante em intervir positivamente nesses indicadores. Ao instituir o Pnaes, o governo
reconhece que a condição socioeconômica é um elemento importante para a permanência e para
o bom rendimento escolar de pessoas das classes populares. O Pnaes em seu Art 4º no Parágrafo
único enfatiza que
127
As ações de assistência estudantil devem considerar a necessidade de
viabilizar a igualdade de oportunidades, contribuir para a melhoria do
desempenho acadêmico e agir, preventivamente, nas situações de retenção e evasão decorrentes da insuficiência de condições financeiras. (BRASIL, 2010,
p. 2).
A maioria dos entrevistados nos grupos focais considera que o Piel contribui para a
permanência no IFPE - Campus Pesqueira, porque além do auxílio financeiro ofertado para
alguns participantes, que contribui nas despesas com o transporte, alimentação e material
escolar, a própria oferta do esporte é um grande motivo para manter o estudante no campus.
Nas atividades esportivas e de lazer, adolescentes e jovens encontram prazer, diversão,
promoção da saúde e a possibilidade de fazer amigos e, porque não, uma perspectiva de seguir
uma carreira profissional. São atrativos que podem influenciar na diminuição da evasão escolar.
De acordo com alguns participantes, a Instituição tem um ensino que exige bastante do
aluno e a oferta de esportes no campus é um incentivo para continuar no Instituto. Alguns alunos
têm o esporte como uma prática que ajuda a aliviar um pouco essa cobrança. A seguir, algumas
falas dos entrevistados:
Pra mim dá estabilidade aqui, porque querendo ou não, são gastos. Conheço
pessoas também que com o auxílio vem e volta em termos de transportes que paga, pois não tem disponível pela prefeitura e ajuda muito. (Usuário com
auxílio-04).
Bom, na minha opinião contribui sim [...], a vida acadêmica dos alunos daqui
não é tão fácil, é uma coisa pesada, digamos assim, então nas horas que nós temos aulas vagas, então, esses esportes seriam um complemento a mais para
que a gente venha se adaptar mais ainda a instituição, pra que a gente não
venha a desistir, não por conta de não ter o esporte, mas pelo fato da gente querer algo a mais que venha nos incentivar está aqui dentro a cada dia.
(Usuário sem auxílio-03).
Contribui, pelo fato de gostar do esporte e gostar de praticar e não ter que
procurar fora porque já tem no próprio instituto. (Usuário com auxílio-06).
Sim, porque se fosse só para estudar ia ser um pouco cansativo e o esporte ajuda a aliviar a pressão. (Usuário com auxílio-10).
Dois participantes dos grupos focais se posicionaram contrários a essa concepção de
contribuição do Piel para a permanência no Instituto. Para eles, o Piel não contribui com a
permanência, o que contribui é a qualidade do ensino da instituição:
Não, não contribui muito não, porque não estou aqui só por isso, estou por professores que são bons, por ser um bom colégio, que aqui é, e o esporte é a
prática, é um lazer pra mim. (Usuário sem auxílio-01).
128
Pra mim, no meu caso, tendo ou não o auxílio, eu continuaria na instituição, por ser uma instituição federal onde tem os melhores professores, tem a
melhor estrutura da região, como sou daqui então, transporte, alimentação
não é um problema muito grande pra mim, então eu, com ou sem auxilio, continuaria na instituição. (Usuário com auxílio-01).
Já sobre a contribuição do Piel para o êxito escolar, os entrevistados do grupo focal dos
usuários sem auxílio afirmaram que o programa pode contribuir ou não para o êxito escolar e
apenas 01 (um) considerou que o Piel contribui para a melhoria do rendimento escolar.
Um dos motivos para que quase todos entrevistados deste grupo se posicionassem dessa
forma se deve à questão dos horários dos treinamentos. Este momento é definido de acordo
com os horários de aulas dos usuários com auxílio; assim, acontece que os estudantes sem
auxílio que querem participar dos treinamentos de uma determinada modalidade esportiva terão
que se adequar a esses horários e que muitas vezes chocam com seus horários de aulas.
Pra ser sincero, eu acho que às vezes ajuda e às vezes atrapalha, porque tem
certos momentos que você vai precisar ficar ausente daquela aula, de algumas
aulas, pra praticar esportes e, é claro, que muita gente vai preferir praticar esportes a estudar, porque muita gente, se todo mundo disser que estudar é
legal, é melhor que praticar esporte, vai está mentindo, então se você tiver a
opção de praticar esporte e ir pra aula, muita gente, eu acho que 90% vai
preferir praticar esportes se ela gostar de esportes, então em certos pontos ajuda e em outros atrapalha. (Usuário sem auxílio-06).
Esse negócio de algumas vezes sair da aula pra poder treinar e nessa parte
que ele tocou tem alguns professores que não gostam muito disso, não querem
você lá e às vezes isso atrapalha você e sua relação com o professor e faz com que vocês não se deem muito bem. (Usuário sem auxílio-07).
O usuário sem auxílio-04 fez uma observação bastante interessante, que ao surgir essa
situação de conflito, em escolher o estudo ou o esporte, até quando o aluno escolhe o primeiro,
seu rendimento na aula pode não ser o melhor, pois a concentração na aula é prejudicada pelo
fato de saber que naquele momento ele poderia estar participando de uma atividade considerada
prazerosa por ele mesmo.
Só complementando o que os demais falaram, tem as partes que ajuda e tem
as partes que atrapalha, por exemplo, no caso da aula que você pode ter o treino, que você quer participar do treino e tem uma aula importante e o
horário bate, neste caso não tem como você ficar em conflito entre um e outro,
você tem que escolher o que é melhor pra você, o que é essencial, que a gente sabe que é o estudo, então a gente vai deixar de fazer o que a gente gosta e
vai estar na aula. Portanto, nisso vai atrapalhar, porque você vai estar na
aula e pensando que podia está em outro lugar que no caso era o treino, por
essa parte atrapalha. (Usuário sem auxílio-04).
129
Para os entrevistados sem auxílio, a contribuição pode vir quando a Instituição cobra do
estudante que, para participar do Piel, ele terá que ter um bom rendimento escolar, assim o
discente não poderá se descuidar dos estudos:
Em alguns pontos ajuda, por quê? Se a instituição te cobra que você para
praticar aquele esporte você se dê bem nos estudos, então é lógico que você
vai ter que estudar para praticar esporte [...]. (Usuário sem auxílio-06).
Já os entrevistados do grupo dos usuários com auxílio consideram que o Piel contribui
sim, com o bom rendimento escolar dos participantes. Como o edital coloca como um dos
critérios de inscrição e permanência no programa a aprovação em mais de 50% das disciplinas
cursadas no período anterior, o estudante que quer receber o auxílio terá que se dedicar aos
estudos para atingir a meta mínima de aprovações.
Acho assim, é certo o que está no edital, se você reprovar é porque alguma coisa está dando errado, alguma coisa está lhe atrapalhando, não tem
condições, é pra melhorar, progredir e não diminuir. (Usuário com auxílio-
04).
Eu acho que de certa forma sim, no sentido de o aluno com receio de perder a bolsa vai focar um pouco mais em estudar [...]. (Usuário com auxílio-05).
Com a ajuda você fica mais focado para não acabar perdendo a bolsa.
(Usuário com auxílio-07).
Contribui, eu estava recebendo o auxílio e estava desleixado para estudar,
quando foi agora nesse último ano perdi de ganhar o auxílio porque estava reprovado aí comecei a estudar, mas passei e agora estou concorrendo de
novo para receber o auxílio. (Usuário com auxílio-10).
O usuário com auxílio-09 é o único que considera que o rendimento escolar não deveria
vir por imposição de um programa que beneficia alguns usuários, mas sim pela disciplina que
o esporte pode proporcionar ou pela orientação do responsável pelos treinamentos e levar isso
para dentro da sala de aula, ter o esporte como uma ferramenta que ajude no processo de ensino-
aprendizagem.
Eu acho assim que aumento do rendimento escolar deveria vir pela disciplina do esporte, você tem o treino, você tem o treinador, você tem que seguir regras
e está interagindo em comunidade ali, você tem que seguir certos limites, daí
levar esse contexto para a sala de aula, o contexto da disciplina, a pessoa
fazer o que tem de fazer independente da vontade dela, o rendimento tem que vir daí e não forçar o aluno com "um espeto" para dizer: “olha, estuda se não
você vai perder o dinheiro”. (Usuário com auxílio-09).
130
7.2 Como os docentes e coordenadores do Piel relacionam a prática esportiva e o
rendimento escolar
Os entrevistados do grupo usuários com auxílio afirmaram, em suas falas, que até 2015
o acompanhamento do rendimento escolar não era feito pelos responsáveis do programa. Os
usuários com auxílio que tinham um fraco rendimento escolar permaneciam no programa, pois
não havia o monitoramento. Porém, no ano de 2016, a DAE – Pesqueira iniciou esse processo
de acompanhamento e alguns estudantes tiveram suas inscrições no Piel indeferidas por não
atender ao critério de aprovações no período anterior.
Não existia isso, tanto é que no começo, mesmo sem ganhar o auxílio eu praticava o esporte e acabei reprovando, porque eu só me dedicava ao
esporte e tinha muitos colegas meus que ganhavam o auxílio, mas não se
dedicavam aos estudos, só se dedicavam ao esporte e assim acabavam reprovando e daí nunca aconteceu nada, nunca perderam o auxílio, nem
nada, mas agora a instituição está com essa preocupação do aluno ser tão
bom nos esportes quanto nos estudos. (Usuário com auxílio-01).
Sobre o acompanhamento do rendimento escolar do usuário do Piel, metade dos
entrevistados afirmou que existe uma cobrança nos treinos para um melhor rendimento escolar,
a outra metade negou essa cobrança. Um dos motivos para que alguns responsáveis não tratarem
o tema pode vir da falta de uma diretriz quanto à conduta dos responsáveis frente a essa questão.
Outro motivo pode ser o sentimento de incapacidade para abordar o estudante quanto ao seu
rendimento em sala de aula.
Pelo menos o meu treinador sempre me procurou pra saber a questão de como é que eu estou nas disciplinas, porque, na maioria da vezes ele sempre
complementava que a gente deveria estar bem nas disciplinas e tal. [...] ele
sempre me orientou, ele sempre se preocupou, não é à toa que sempre ele estava me perguntando como é que eu estava na escola e para eu poder
treinar, ele sempre exigia algo de mim na questão dos estudos. (Usuário sem
auxílio-03).
Sim, tem alguns professores que realmente se preocupam, não somente com
o seu desenvolvimento no time, mas com sua formação acadêmica, mas tem outros que não estão nem aí, só quer saber de você lá no time e pronto
(Usuário sem auxílio-07).
Não cobra. Acho assim, quando o professor que está ali treinando, ele está
pensando naquela hora, está pensando em você evoluir como atleta, em você ganhar jogos e não pelo lado do estudo. (Usuário com auxílio-06).
O usuário com auxílio-09 acredita que a falta de cobrança por parte de alguns
responsáveis pelos treinamentos das modalidades esportivas pode estar relacionada com a
diretriz do edital sobre o indeferimento da inscrição no caso de um rendimento escolar fraco.
131
Nesse caso, como o estudante está ali treinando, supõe-se que ele teve um bom rendimento
escolar e que por isso não teria necessidade de cobrar algo nesse sentido:
Em relação ao rendimento acadêmico, talvez os treinadores não cobrem o
rendimento acadêmico, porque vocês estão inseridos devido aos requisitos do programa bolsa atleta, se vocês não reprovaram muito e podem estar no
programa bolsa atleta, então não tem muito problema acadêmico, deve ser
por isso que os treinadores não são, digamos assim, aconselhados ou orientados a cobrar esse tipo de rendimento do atleta.
Já com relação à formação cidadã, os entrevistados relataram que boa parte dos
responsáveis pelos treinamentos das modalidades esportivas do Piel aborda e orienta para esta
formação. As conversas são sobre violência, drogas, álcool, gravidez precoce, respeito, entre
outros. Alguns reservam um momento do treino (normalmente no final das atividades) e
realizam uma roda de diálogo sobre algum problema que surgiu durante o treino ou sobre os
temas citados acima. Há uma preocupação em orientar, educar, formar alunos críticos,
pensantes e cidadãos éticos.
7.3 Sobre os docentes que atuam no Piel
O Piel, em seu edital 2016, abriu espaço para outros sujeitos treinarem os estudantes
beneficiados pelo programa; neste caso, os treinamentos podem ser realizados por docentes do
campus que não sejam da área de Educação Física, técnico-administrativos do campus,
estagiários de Educação Física e voluntários (pessoas da comunidade externa), desde que seja
comprovado conhecimento aprofundado na modalidade esportiva na qual o mesmo pretende
ser o responsável.
Esse espaço existe devido à grande demanda por parte dos estudantes em querer
participar de atividades esportivas e ao quadro de professores de Educação Física ser pequeno.
Só havia um professor que estava realmente dando aula na área de educação
física, um era diretor, me parece que era o diretor ou estava numa outra
função e o outro, o terceiro, estava saindo do Instituto, então não havia como esse professor que estava dando aula se responsabilizar por isso, e ai algumas
estudantes me pediram para participar, para ajudá-las e ai comecei a treiná-
las há 3 anos atrás. (Entrevistado-04).
A ideia é que estes sujeitos, que não são professores de Educação Física, desenvolvam
as atividades sob a supervisão e orientação do professor de Educação Física, que não ministra
o treinamento, mas fica responsável pela modalidade esportiva.
O Entrevistado-06 destaca a contribuição de professores de outras disciplinas e de
técnicos-administrativos dentro do Piel:
132
Um professor que é de outra disciplina, de filosofia, mais que tem uma
habilidade (kickboxing), e que treina isso já algum tempo, ajudou com o
treinamento e você tem aí um professor de educação física dando um suporte, mas você tem também um professor que tem uma habilidade diferente para
contribuir.
O Piel, ao permitir a participação de pessoas que façam parte da comunidade escolar e
que não sejam um servidor do campus, de acordo com o Entrevistado-06, termina fortalecendo
a relação escola-comunidade:
Você tem um professor de educação física lá de uma escola municipal que
desenvolve alguma atividade de atletismo lá no município, e ele tá precisando
da quadra pra treinar, ele está precisando de nossas instalações para desempenhar um trabalho com alunos que não são os nossos, e a gente
termina montando uma parceria que dá certo, estimula também na relação
escola-comunidade.
A participação da comunidade externa do campus se estende em algumas modalidades
até aos participantes. Numa das modalidades é permitida a participação de estudantes de escolas
da rede estadual e municipal da cidade. Vai depender da situação, mas sempre que possível esse
canal, campus/comunidade, está aberto:
Alguns meninos que queriam jogar e não faziam parte do Instituto, eles
ficaram sabendo que tinha aqui, então vez ou outra chegava um e pedia, como
a gente nunca gostou de excluir, também a hierarquia me pedia que eu falasse com o professor e autorizasse, então ele foi soltando aos poucos, e isso foi
criando um basquete a nível cidade, vamos dizer assim, porque houve essa
integração Instituto – comunidade e foi importante para o basquete (Entrevistado-08).
7.3.1 Experiência esportiva dos docentes ligados ao Piel
Levando em consideração a vivência na área esportiva, todos os responsáveis pelos
treinamentos das modalidades esportivas do Piel já tinham experiência nessa área. Apenas o
Entrevistado-08 tinha uma experiência esportiva como atleta e não como o responsável pelo
treinamento (treinador).
Quando perguntado sobre os treinamentos no IFPE – campus Pesqueira, apenas 02
(dois) entrevistados já realizavam treinamentos com os estudantes do IFPE – campus Pesqueira
antes do Piel. A maioria dos entrevistados só começou a treinar as equipes após o início do Piel.
O início do Piel provocou mudanças, também, no plano de trabalho do professor de
Educação Física, pois a atividade de treinamento passou a ser computada como atividade de
apoio ao ensino. A atividade de treinamento esportivo, antes do Piel, não fazia parte de sua
carga horária, era uma atividade extra ao quantitativo de horas exigidas de trabalho, sendo
133
assim, ficava a critério do docente realizar ou não essa atividade. Portanto, os treinamentos
esportivos não eram uma prática comum no campus, até pela dificuldade da permanência dos
estudantes e por não computar como carga horária de trabalho do professor de Educação Física
que quisesse desenvolver esta atividade:
Em geral os professores não costumavam ter, os professores de educação
física, horários reservados para isso, porque não existia essa demanda,
digamos assim, na realidade a demanda existia, mas não existia como executar, porque era difícil fazer o aluno se tornar presente. E aí, a gente não
tinha de forma sistemática e regular, carga horária sendo computada para
esse feito, na carga horária docente. (Entrevistado-06).
7.4 Concepções dos docentes, gestores, técnicos-administrativos, acadêmico e
colaborador externo sobre a utilização do esporte e lazer como instrumento pedagógico
O esporte e o lazer são vistos hoje como importantes instrumentos educacionais devido
ao reconhecimento do seu valor pedagógico e por proporcionar a melhoria da qualidade de vida
das pessoas. Isto posto, o esporte e o lazer podem transformar a escola num ambiente mais
atrativo, além de ser importantes ferramentas pedagógicas, influenciando positivamente na
conduta escolar dos adolescentes e jovens.
A articulação entre Educação, Assistência Social, Cultura e Esporte, dentre outras políticas públicas, poderá se constituir como uma importante
intervenção para a proteção social, prevenção a situações de violação de
direitos da criança e do adolescente, e, também, para melhoria do desempenho
escolar e da permanência na escola, principalmente em territórios mais vulneráveis. (BRASIL, 2009a, p. 25).
Na opinião dos entrevistados, o esporte e lazer podem desempenhar um papel
importante como instrumento auxiliar do processo educativo:
Eu sempre procuro trabalhar junto com o kickboxing, não só a atividade
física, mas também, uma atividade filosófica dentro do kickboxing, onde a
gente prega o respeito, o aperfeiçoamento pessoal, a ética, então é muito importante que você tenha, por exemplo, um respeito pelo seu colega de treino
porque se você machuca seu colega de treino, no treino seguinte não vai ter
ninguém para treinar com você. (Entrevistado-02).
O mesmo entrevistado vê o esporte, de uma forma geral, como uma ferramenta
importantíssima na formação do estudante:
Tem todo um arcabouço que vem junto com o esporte, que não é só está correndo pra cima e pra baixo, executar determinadas atividades. Tem um
conjunto de valores, de práticas que a gente não tem dentro de uma sala de
aula. Em nosso sistema de trabalho, por mais avançado que o professor possa ser, em termos pedagógicos, ele nunca vai contemplar o que o esporte é capaz
de fazer.
134
O Entrevistado-08 cita a si mesmo como um exemplo de como o esporte pode ser um
instrumento importante no processo educativo. Foi através da prática esportiva que ele foi
aprendendo valores e condutas:
Como nasci de uma família que não tinha muita estrutura, então
consequentemente todo mundo trabalhava, então numa educação de uma
família onde todos estão praticamente na rua, pai e mãe trabalhando, você praticamente isenta dessa educação e foi através do esporte que eu fui vendo
nos outros, nos amigos, nos professores, a maneira mais certa de se expressar,
de saber entrar, de saber sair, você ter uma vida.
7.5 Concepções dos sujeitos entrevistados sobre o Piel
Os entrevistados afirmaram que o Piel é muito importante dentro do IFPE - campus
Pesqueira e vários são os motivos alegados por eles. Para o Entrevistado-02, o Piel é relevante
porque é uma atividade fora da sala de aula que leva o estudante a vivenciar diferentes
acontecimentos, a lidar com emoções e leva o aluno a aprender a conviver com essas situações:
É uma outra forma de experiência da atividade educativa e que fica muito
provavelmente marcado no aluno com muito mais força, porque envolve muito o exemplo, a experiência, você desenvolver atividades que é muitas
vezes, que é, elas são as derrotas, são bastantes frustrantes, você tem que lidar
com isso, e vir o outro dia de treinar e persistir isso é muito importante, acho
que prepara melhor o aluno para a vida.
Outro motivo apontado pelos entrevistados é com relação à interação que o Piel
proporciona entre o treinador e os usuários e entre os próprios usuários. Esse contato mais
próximo, devido à peculiaridade da prática esportiva, favorece a criação de um ambiente escolar
mais prazeroso e isso ajuda o jovem a progredir nos estudos. Favorece, também, o surgimento
de novas amizades entre os usuários e uma proximidade maior com o treinador que pode
contribuir na formação cidadã do usuário.
Eu o acho bom, porque tipo, você tem um contato mais vezes com o aluno,
entendeu, podendo ajudar, conhecer os problemas fora da escola,
extraescolar. O esporte, através desse incentivo aí, o aluno frequenta mais, a
meu ver, ele procura mais, ele cativa mais você, procura mais pra conversar, e assim, quanto mais a participação dele nesse ambiente escolar, mais vai
favorecer para o futuro deles no caso. (Entrevistado-03).
Com o Piel, o esporte no IFPE – campus Pesqueira tomou outra dimensão; o programa
passou a garantir ao estudante o direito que toda criança e adolescente tem ao esporte e lazer.
Esse direito é assegurado no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em seu Art. 4º:
É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público
assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização,
135
à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária (BRASIL, 2013, p. 11).
Para o Entrevistado-04, o Piel é um marco dentro da política de assistência estudantil;
para ele, o esporte no campus passou a ser outro após a implementação do programa:
Eu acho que é um marco na história do Brasil, eu acho que dentro disso aí,
dentro dessa área é antes e depois disso, aqui no Instituto, por exemplo, no campus Pesqueira, particularmente, eu acho que foi uma coisa muito
importante, inclusive nós fomos os primeiros dos Instituto de Pernambuco,
nós fomos o primeiro campus e foi uma coisa assim sem precedentes, eu acho que houve um avanço muito grande em relação a isso e é uma marco porque
acredito que não tem como retroceder, seria um crime contra o desporto,
contra a educação, fugindo dos programas sociais até, regredir, acho que a
tendência deveria ser progredir, melhorar a cada dia.
O Piel se torna importante também, segundo o Entrevistado-05, por possuir alguns
critérios que induzem à permanência e ao êxito escolar do estudante:
Eu acredito que seja importante, porque com esses critérios de permanência
de tá cursando no mínimo três disciplinas, e não ter mais que 50% de
reprovação, eles vão ficar mais atentos, então eles vão tentar conciliar e vão
conseguir, porque é possível conciliar os estudos e o programa [...].
O Entrevistado-06 concorda que o Piel possa ser um dos programas que colabore para
a permanência e êxito escolar do estudante, porém ressalta que não se pode jogar toda essa
responsabilidade apenas no programa, pois as realidades individuais dos estudantes são
diferentes e muitas vezes fica difícil atender às dificuldades de cada um.
É um dos programas que pode melhorar bastante a permanência, a vida
acadêmica do estudante e o êxito dele na instituição, mas precisa ser analisado o perfil desses estudantes, as necessidades individuais, o que não é
tarefa fácil, você ter turmas de 40 alunos, 35 alunos e você ter que identificar
as necessidades de cada um que não são poucas né, pra poder melhorar esses
aspectos, mas eu acho que se a gente for pensar só em dificuldades a gente não evolui e o acompanhamento mesmo que esteja sendo feito de forma
mínima, mas a gente consegue mudar a vida de muita gente.
O Piel também proporcionou uma melhora nos resultados das equipes esportivas do
campus Pesqueira nos campeonatos disputados entre os Institutos Federais. Tomando o ano de
2015 como exemplo, na fase estadual dos jogos, chamada de INTERCAMPI, o campus
Pesqueira foi primeiro lugar nas modalidades voleibol masculino, futsal masculino, basquete
masculino, tênis de mesa masculino, atletismo masculino (corridas 1.500m e 5.000m) e judô
masculino e feminino. Nas modalidades que o campus tinha estudantes/atletas inscritos, apenas
no xadrez não esteve entre os 03 (três) primeiros colocados. Com esses resultados, o campus
Pesqueira foi a segunda maior delegação, com 30 alunos, representando o IFPE na Etapa
Regional dos Jogos no Rio Grande do Norte, ficando atrás apenas do campus Recife. Segundo
136
os entrevistados, após o início do Piel, o campus Pesqueira vem a cada ano se destacando mais
nestes campeonatos.
O Entrevistado-08, em sua fala, afirma que essa melhora dos resultados esportivos
pode estar atrelada ao compromisso firmado, através do recebimento do auxílio, e o receio em
poder perdê-lo caso não se dedique aos treinos.
A gente melhorou bastante os resultados quando a gente foi incorporando e entrando nesse tipo de política, esse tipo de auxílio que foi dado, então eu
digo por aqui, a gente tinha alunos e ainda tem hoje, que às vezes não tem
nem o que comer direito, mas por conta daquele auxílio, ele chega animado, ele faz tudo com maior empenho, até porque acho que ele ver em mim, na
própria instituição, o medo de perder, então eles por não quererem perder ele
faz tão bem feito, se esforça tanto com medo de perder esse auxílio, então é
mais importante do que a gente pensa, porque ele não vai só pra quadra, ele tem inúmeras consequências fora que às vezes a gente nem sabe, mas
beneficia muito, bastante mesmo.
Apesar de não participarem dos jogos dos Institutos, o kickboxing e o badminton têm
grande importância dentro do Piel. Constata-se que o programa não está preocupado em
oferecer apenas modalidades esportivas que estão presentes nos jogos ou as mais comuns do
cotidiano, mas sim, diferentes esportes, que muitas vezes têm acesso limitado ou negado em
determinadas localidades por terem um custo elevado ou por não terem uma grande divulgação
da mídia.
Como citado acima, o kickboxing, um esporte pouco conhecido e pouco acessível ao
público da região e que não faz parte dos jogos, porém, é um esporte de combate que atrai
muitos estudantes para sua prática e que tem uma imensa contribuição na formação para a vida:
Por mais que a gente ensine técnicas de lutas não é para você combater na rua ou em qualquer lugar que seja, não é para tornar ninguém violento, muito
pelo contrário, é para fazer com que as pessoas tenham autocontrole numa
situação de risco e isso envolve, por exemplo, em não fazer nada diante de uma situação e que muitas vezes resolve a maior parte dos problemas, você
não entra numa situação de risco porque você tem controle para não fazê-lo
e isso é muito importante. (Entrevistado-02).
A luta é pouco praticada nas escolas, são conteúdos negados aos estudantes, pois são
vítimas de preconceitos, como a sua relação com a violência cotidiana. Devido ao pouco
conhecimento sobre lutas, alguns problemas surgiram com a implantação do kickboxing no
campus Pesqueira, um deles foi a dificuldade em ministrar aulas com os meninos e as meninas
juntos:
Quando eu cheguei tinha uma turma masculina e uma feminina, porque as
meninas não queriam treinar com os meninos (risos) e fizeram lá o maior
rebuliço, conversaram comigo várias e várias vezes, querendo o treino só para as meninas e durante uns 6 meses, ministrei treinos para os meninos e
para as meninas, ficava muito pesado pra mim eu por ter que ministrar 2
137
treinos de 1h30, nos intervalos das minhas aulas, então eu saía correndo da
aula, ministrava e entrava no treino muitas vezes fiquei sem lanchar,
principalmente jantar, porque era um horário mais curto, pra poder dar conta disso. E fui convencendo elas de que a atividade podia ser em conjunto.
(Entrevistado-02).
De acordo com as falas dos entrevistados, as contribuições do Piel não se resumem em
assegurar a permanência do estudante e promover um melhor rendimento escolar. Diante do
que já foi exposto constatam-se outros benefícios proporcionados pelo programa, como: a
melhoria do comportamento dos usuários; a interação entre os estudantes de diferentes turmas;
a criação de novas amizades; atrair estudantes de outras redes para estudarem no Instituto; a
propagação do esporte; estimular o aluno a seguir uma carreira na área de educação física, por
conta da sua identificação com a área esportiva e o fortalecimento da imagem do campus como
uma instituição que promove o esporte escolar.
A melhora comportamental dos usuários é um dos benefícios que o Piel proporciona.
Porém, no decorrer desse tempo, alguns casos de comportamento inadequado aconteceram. Um
dos casos envolve uma atitude antiética por parte dos usuários e a medida disciplinar imposta
pela DAE – Pesqueira foi a exclusão do programa:
O ano retrasado (2014), nós tivemos aqui alunos que vinham assinar frequência que ficava lá na sala do futsal, então você só recebe depois que
todos assinarem a frequência. Então se um não estivesse vindo assinar a
frequência e realmente estivesse faltando ao treino, um falsificava a assinatura, então quando foi descoberto todos eles foram chamados e os que
colaboraram que sabiam da assinatura, da falsificação da assinatura e os
demais que fizeram isso, fizeram por onde assinar, foram punidos com a expulsão do programa. Então quando isso ocorreu, percebeu-se um zum-zum-
zum dos estudantes, onde ‘o negócio é sério’, então na verdade partiu de um
cabeça, de um estudante que era articulado e praticamente mandava nos
demais, que assim inclusive foi ele quem assinou, mas quando foi descoberto que todos foram chamados, inclusive um atleta que não tinha nada ver, mas
participou da história e não foi nos informar, esse também foi excluído do
programa, então, participaram no próximo edital, mas naquele momento todos foram excluídos, então foi chamado mãe e tudo mais e eles aprenderam,
eles aprenderam e serviram de lição pra os demais e pra todas as outras
modalidades. (Entrevistado-01).
Para os entrevistados, a atividade desenvolvida no Piel contribui na formação do
estudante, cria uma proximidade maior, diferente das aulas em sala, torna a relação
professo/aluno mais próxima. Os “treinadores”, por terem essa proximidade com seus alunos,
estão sempre os orientandos na sua formação para a vida.
A gente sempre para no final do treino, sempre há um momento de reflexão e
muitas vezes a gente dialoga. [...] estamos sempre preocupados com o outro
dentro do nosso treino, fazendo com que o outro progrida e que ele possa nos ajudar a crescer também, e que cada uma ali, especialmente os que sobe de
graduação (kickboxing), tem a responsabilidade que essa bolsa dá, como eu
138
tenho com todos eles. Mas essa responsabilidade, ela também é dividida,
porque quando chega um aluno novato, não sou eu que vou dá o treino, é um
aluno já mais experiente pra que ele aprenda a ter paciência, aprenda a lidar com essa situação, pra que ele veja ali que ele, também, precisa aprender a
lidar com o outro de forma paciente, eu acho que isso contribui bastante na
formação enquanto cidadão. (Entrevistado-02).
No treinamento, lá, no dia a dia quando nós treinávamos a gente estava
sempre trabalhando com elas, além da parte física, da parte técnica, da parte tática do futsal, pelo fato de estar trabalhando com jovens [...], então, sempre
fazíamos palestras, tirávamos alguns momentos pra conversar sobre drogas,
sobre sexo, sobre filhos de mães solteiras, sobre a relação com os pais, a relação com irmãs, com irmãos, então a gente tinha também essas conversas,
muitas vezes provocadas por elas mesmas [...]. (Entrevista-04).
Como se pode ver, para os entrevistados são várias as contribuições proporcionadas pelo
Piel, por isso, eles acreditam que o Piel já esteja consolidado no Instituto e não tem como
retroceder em relação ao desenvolvimento do esporte e lazer no campus. Para eles, seria difícil
acabar com o Piel, até porque é um programa bem visto dentro do campus, respeitável, e vários
alunos já contam com esse auxílio. Acreditam que a tendência seja ampliá-lo ainda mais,
buscando beneficiar mais alunos e oferecer outros esportes:
Como é muito positivo, se chegar a acabar vai ser uma decepção até para os
próprios alunos. Como os alunos começaram já a depender um pouco desse dinheiro, já sabe que vai ter esse dinheiro por mês, já começa a se organizar,
auxilia até nos recursos financeiros deles, quanto é que eu posso gastar?
Quanto eu não posso? Quanto é que vai dá pra me manter na escola durante o mês? Aí tipo, se acabar isso ai, vai ter uma rejeição muito grande, eu
acredito que não deva acabar esse programa não. A tendência é assim, é
regulamentá-lo, assim, para que possa atender cada vez mais alunos, não ser
tão limitado, não sei, buscar políticas que amplie mais ele, atender o máximo de alunos possível. (Entrevistado-03).
É um marco porque acredito que não tem como retroceder, seria um crime
contra o desporto, contra a educação, fugindo dos programas sociais até,
regredir, acho que a tendência deveria ser progredir, melhorar a cada dia (Entrevistado-04).
Já para o Entrevistado-07, o único problema do Piel é não ter segurança na sua
continuidade a cada ano que se passa:
Um dos principais problemas, é não ter a certeza da continuidade. [...] não
tenho conhecimento político de que isso seria uma coisa que ficaria
assegurada, mas torço muito que fique, torço muito que seja uma coisa que virasse uma obrigação, entendeu, uma determinação.
Para o Entrevistado-01, o programa é garantido no campus Pesqueira, mas não é no
IFPE: "No IFPE não. No campus Pesqueira acredito que sim".
139
O Entrevistado-05 ratifica que o Piel é consolidado no campus Pesqueira, mas não é
nos outros campi do IFPE:
Sim, acredito que sim (que seja consolidado no campus). Inclusive esse ano
com essa questão orçamentária e pelas reuniões que eu participei em nenhum momento disseram, vamos tirar, em outros campi até ficou assim: ‘ah a gente
está sem recursos, não vamos ter o esporte e lazer’.
Porém, sua consolidação não garante uma verba certa para pagamento dos auxílios, pois
vai depender da demanda de outros programas com maior prioridade, como o Programa Bolsa
Permanência e o Programa de Extensão: "[...] os recursos têm que ser destinados primeiro para
o bolsa permanência, depois pro programa de extensão e por último o programa bolsa atleta
(risos)" (Entrevistado-01).
Apesar de ser o último a ter os recursos destinados, o Piel foi o segundo programa que
mais recebeu dinheiro, no ano de 2015, dentro da Política de assistência do campus Pesqueira.
De acordo com a prestação de contas de 2015 do campus Pesqueira, o Programa Bolsa
Permanência (PBP) foi o que mais recebeu recursos, com um orçamento executado de R$
988.060,00 e em segundo lugar foi o Piel com o orçamento executado de R$ 98.184,80. Em
2016, com R$802.600,00, o PBP continuou recebendo a maior fatia do orçamento para a
assistência, já o Piel, com a redução do seu orçamento, passou a ser o quarto programa que mais
recebeu recursos, sendo ultrapassado pelo PROEJA e pelo PIBEX. Nota-se, de acordo com os
dados apresentados, que o PBP é o principal programa executado dentro da política de
assistência estudantil no IFPE - Campus Pesqueira.
O Entrevistado-01 reafirma a consolidação do Piel no campus, pois ele desde o início
do ano letivo é cobrado pelos alunos e pelos gestores:
É consolidado, inclusive é cobrado, sempre que se inicia ano os estudantes já caem em campo querendo saber se vai haver o programa ou não. [...] ele só
fica por último por questão de recursos, mas que ele é um dos primeiros
programas onde os diretores, o Diretor Geral e o Diretor de Ensino, pedem que já veja, que lance o edital, por quê? Porque a gente sabe o quanto ele
ajuda os estudantes [...].
Tanto o Entrevistado-01, como o Entrevistado-05 colocam em suas falas a
possibilidade do programa acontecer sem o pagamento do auxílio, mais um motivo para eles de
que o programa nunca vai deixar de acontecer.
[...] e mesmo que não consiga bolsa é lançado como voluntário e tem
estudantes já pra isso mesmo. (Entrevistado-01).
140
Mesmo se não houvesse recurso eu acredito que como voluntário ainda assim
daria certo, porque o pessoal já conhece e é um programa muito interessante.
(Entrevistado-05).
De acordo com o Entrevistado-01, diante de todas as benfeitorias advindas com o Piel,
o mesmo passou a ser bem aceito pelos docentes do campus. Os professores de outras áreas,
inicialmente, não acreditavam no programa, mas na presença de bons resultados, hoje apoiam
o desenvolvimento do Piel:
antigamente, inclusive, alguns professores de outras áreas diziam que o
programa não iria ter um futuro, talvez não ajudassem os estudantes e hoje
em dia vários professores já aplaudem o programa e ver que realmente tem futuro.
O mesmo entrevistado lembra que o pensamento dos professores de outras áreas era o
seguinte: "Em vez de você alocar recurso para estudante jogar bola, deveria alocar recursos
para o estudante monitor, que vai tá ali na monitoria". Mas a opinião mudou com o passar do
tempo, pois os mesmos começaram a perceber os benefícios:
[...] professores que achavam que deveriam ser para a monitoria começaram a aplaudir e dizendo que realmente, houve uma melhoria. Porque estes
estudantes, participantes do programa, eles tendem a melhorar em sala de
aula, seja em qualquer outra matéria, física, química, matemática, então eles têm um poder de concentração maior, eles passam a ter concentração,
compreensão, ficam melhores na sala de aula, sendo até mesmo um certo,
‘ídolo’ dos outros estudantes.
7.6 Concepções dos sujeitos entrevistados sobre políticas sociais e assistência estudantil
Ao iniciar esse tópico, é importante trazer o conceito de Políticas Sociais. Gentilli utiliza
Trotta para explicar que as políticas sociais estão ligadas a uma
Expressão tradicionalmente consagrada como referente a ações
governamentais dos Estados modernos tendo em vista atender a redução das
consequências da pobreza em diversas áreas de serviços, como educação, saúde, habitação, previdência etc. Essas ações visam equacionar, em alguns
casos, ou minimizar, em outros. (GENTILLI, 2007, p. 77-78 apud TROTTA,
2010, p. 83-84).
Porém, muitas vezes programas desenvolvidos pelas políticas sociais surgem com
propósitos que se desvinculam do seu real objetivo. A prática assistencialista ou o atendimento
a um público não vulnerável são alguns dos problemas percebidos.
Durante a entrevista, o Entrevistado-05 alerta para alguns desses problemas. Para ele,
o grande problema das políticas sociais no Brasil, atualmente, é o favorecimento a algumas
pessoas que não necessitam dessa política, a desonestidade e a corrupção:
141
Fica difícil fazer uma análise sobre essa questão da política social no Brasil,
mas assim, a meu ver, eu acho que precisaria tanto por aqui da nossa política,
quanto no geral, na questão Brasil, eu acho que deveria ser mais criteriosa porque tem muita injustiça, eu acredito que tem muita gente fora dos critérios
pra está recebendo aqueles benefícios, então assim a política deveria ser
reestruturada pra que atendesse, sim, a população que necessita e não
daquela forma que sempre acaba caindo né, do favoritismo, de escolhas, questão política.
Surge em 2010, através do Decreto nº 7.234, de 19 de julho, do Ministério da Educação,
o Pnaes. De acordo com os entrevistados, a assistência estudantil antes do Pnaes existia, mas
de forma mínima, tímida. Não existia uma organização voltada para a assistência ao estudante,
o que havia eram alguns programas com pouca amplitude dentro do campus, atendendo poucos
discentes. Seguem as falas dos entrevistados sobre a situação vivenciada antes Pnaes:
Na realidade, praticamente não existia, você não tinha, por exemplo, como
eu já fui estudante daqui, você precisava de uma viagem, o professor dizia: olha vamos ter que ir para Paulo Afonso, falando como ex-aluno, o ônibus
vai custar x, o rateio entre os estudantes e os pais é que custearia essa viagem
[...]. [...] você ir daqui a Belo Jardim pra fazer, olhar, aprender alguma coisa diferente na escola de lá, ir pra um congresso, alguma coisa, você não ia,
você não tinha. Então após o Pnaes, onde foi liberada a questão da
assistência ao estudante, aí sim, houve uma melhoria e daí os alunos
conseguiram (ter assistência). (Entrevistado-01).
(O Pnaes) Traz para o Instituto, de uma maneira formal, já que existe um decreto, atividades que sempre foram feitas. Eu fui monitor na faculdade, mas
não tinha esse processo já estabelecido, então eu trabalhei como monitor de
graça, eu mesmo precisava do auxílio e não tive. Teria me facilitado muito, adquirido livros, materiais para estudos, pagar minhas passagens.
(Entrevistado-02).
Não (não existia). O que existia eram algumas monitorias, alguns alunos que
tinham um auxílio, aí se inscrevia, não lembro bem como era o processo pra ingressar nisso, não sei se era pelo poder aquisitivo, não sei qual era o
critério, mas a meu ver, acredito que o critério era esse mesmo, quanto mais,
assim, o poder aquisitivo baixo, você tinha esse auxílio pra participar tipo, uma atividade, por exemplo, se você estudava no turno da manhã, você fazia
outra atividade no turno da tarde, auxiliando num dos laboratórios por
exemplo. (Entrevistado-03).
Tinha bolsa permanência, salvo engano, já havia a bolsa permanência, mas
era como se fosse uma amostragem, alguns alunos, hoje nós temos uma amostragem dos que não se inserem. Tinha, me parece que, alguma coisa na
área de pesquisa, não sei se algum programa na área de extensão, mas era
algumas coisas fortuitas, que aparecia um programa ou outro como se fosse uma amostragem mesmo. (Entrevistado-04).
Segundo o Entrevistado-06, a assistência era muito precária, o valor recebido para essa
finalidade era muito pequeno, inviabilizando, assim, a criação de programas:
142
Era uma coisa extremamente precária, a gente tinha um recurso mínimo que
era destinado aos campi [...], então esse recurso, claro que não dava pra
gente criar esse tipo de programa, a gente utilizava ele para questões única e exclusivamente de benefícios eventuais [...], coisas muito, muito essenciais e
básicas para que o estudante pudesse desenvolver as suas atividades didático-
pedagógicas.
O entrevistado cita a compra de óculos e/ou de próteses dentárias como alguns dos
benefícios eventuais concedidos aos alunos. O mesmo entrevistado lembra que, após a
publicação do Pnaes, surgiram vários programas, graças ao aumento de recursos para essa ação:
Depois do Pnaes eu acho que a gente com esse incentivo, começou com os
programas aluno colaborador, com os programas de bolsa atleta (hoje o Piel), bolsa de arte e cultura, programa de cerimonial e eventos, nós tivemos
também a oportunidade de consolidar os programas de bolsas de monitoria,
as bolsas do clube de astronomia, clube de matemática, então foram ações
que se tornaram possíveis devido aos recursos mais volumosos com as ações prioritárias do Pnaes.
Os campi agrícolas passaram a fazer parte dos Institutos Federais com a Lei nº
11.892/08, que instituiu a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica.
Nestes campi já existia uma política de assistência ao estudante pelo fato do aluno estudar num
regime de semi-internato ou internato, mas não era uma assistência com pagamento de auxílio
financeiro, segundo o Entrevistado-06; era uma assistência que disponibilizava uma estrutura
para que o aluno pudesse estudar nos regimes citados:
Os campi agrícolas quando se juntaram em termo de institutos no final de
2008, eles já tinham alguns tipos de incentivo, de desenvolvimento de
esportes, por exemplo, que é necessário. Então você imagina um aluno que mora na instituição, você tinha que fazer alguma coisa pra ele passar o tempo,
então eles já tinham algum tipo de incentivo, mas que não era um incentivo
financeiro, era mais um incentivo de que? Você dar uma alimentação adicional, você dar também ao professor uma carga horária reservada para
que ele desenvolvesse um programa de esportes e lazer, montava-se academia
nos campi, a exemplo do Campus Belo Jardim, então, tinha um material esportivo adicional para que os alunos pudessem jogar suas peladas, fazer
seus treinos de atletismo, essas questões para que eles pudessem passar o
tempo, já que praticamente eles moram na instituição. (Entrevistado-06).
E apesar do Pnaes só citar os estudantes da graduação como beneficiários desta política,
no campus Pesqueira a maioria dos recursos, no início da política, eram destinados aos
estudantes do nível médio, até pelo fato de haver poucos estudantes do curso superior no
campus naquele momento:
Na nossa cultura de ensino superior, até alguns anos atrás, até pouco tempo
atrás, ela se resumia ao campus Recife, com cursos superiores de tecnologia,
e aí foi se consolidando, criando cursos superiores no Instituto, de uma forma mais volumosa, digamos assim, de 2009 pra cá. Então o recurso da
assistência ao educando, ele foi utilizado, acredito que 80%, eu não tenho
143
esse número exato, mas grande parte desse recurso no ensino técnico de nível
médio. (Entrevistado-06).
De acordo com o Entrevistado-01, não existe um direcionamento para um determinado
nível de ensino, na verdade, tudo vai depender da demanda colocada pelos professores e
gestores no início do ano letivo. O Entrevistado-02 acredita que o Pnaes traz uma grande
contribuição para a autonomia do estudante, para a melhoria de sua autoestima:
A gente acha que é um valor pequeno, os meninos recebem R$ 180, R$ 200,
R$ 350,00, mas para eles aquilo é muito representativo, faz muita diferença
em ter a liberdade de poder comprar do seu próprio bolso, de um trabalho
que eles estão realizando, um livro para seu próprio aperfeiçoamento, então isso é fundamental.
Apesar de fazer parte de um dos programas do Pnaes, o Entrevistado-08 tem um
conhecimento raso sobre essa política:
Conheço não, afundo não, só sei o que a gente já praticamente conversou. Só
sei que ele existe que ele é importante, agora nos trâmites externos, como foi
que ele foi lançado, porque e a quem, eu não sei ao certo como ele surgiu.
O mesmo entrevistado sabe, apenas, que existem outros programas no Instituto no qual
o estudante pode participar:
Eu não sei os nomes certos dos programas, mas eu sei que tem, eu sei que os
alunos têm aquelas atividades, dentro da matéria, dentro do que ele está
estudando que ali traz outros benefícios pra eles também.
A concepção dos entrevistados sobre o Pnaes é de que ele é muito importante, pois dá
condições para que o aluno desenvolva melhor seus estudos. Um deles chega a colocá-lo como
um “marco na história do Brasil”.
O Entrevistado-05 reafirma a importância do Pnaes, mas alerta que o mesmo já precisa
de uma reformulação, porque conforme o tempo vai passando tudo vai mudando, uma coisa
que a gente vê hoje, amanhã já é de outro jeito, então tem que rever. Em 2016, o Pnaes
completou 06 (seis) anos e a proposta da Política de Assistência Estudantil do IFPE 04 (quatro)
anos.
Para o Entrevistado-01, um dos principais benefícios trazidos pelo Pnaes é sua
contribuição para a frequência e permanência do estudante no campus; com isso, o índice de
reprovação e evasão tende a cair. Para ele existe uma forte relação entre o Pnaes e a permanência
e o êxito do estudante no campus e quanto maior o aporte financeiro para desenvolver os
programas de assistência, menor vão ser a evasão e a reprovação:
Eu acredito que sem ele (Pnaes), o índice de reprovação, de abandono, seria
maior, por não ter, pelo menos, uma ajuda de custo para vir.
144
O Entrevistado-06 concorda com o que foi colocado acima e cita situações que podem
aparecer no dia a dia do estudante que não recebe uma assistência por parte da instituição:
[...] se você não mantêm o estudante na escola com algum tipo de apoio
socioeconômico, com algum tipo de apoio financeiro, você vai fazer com que o estudante, ou precise ajudar em casa pra que o pai dele possa conseguir um
trabalho ou um “bico”, ou então ele mesmo vai ter que arrumar um emprego,
mesmo sendo um aluno de menor (idade), mas ele vai ter que conseguir uma ‘viração’ como a gente diz né, pra complementar a renda familiar, então
termina prejudicando bastante na permanência do estudante no curso.
O Entrevistado-02 espera que o Pnaes consiga ajudar mais ainda o estudante com seus
diferentes tipos de programas:
A minha opinião é que ela [a política de Assistência Estudantil] venha
materializar esse esforço e fazer com que o estudante, ele se envolva, não só com as atividades acadêmicas regulares, mas com atividades esportivas que
trazem aí perspectiva de competividade, de respeito, de trabalho em equipe,
isso é muito importante também, pra que ele consiga se desenvolver de uma forma mais integral e se apegue mais ao processo educativo, não só aquela
atividade meramente em sala de aula, o professor ensina o aluno aprende, é
o que acontece em boa parte dos casos.
A relação do Pnaes com a instituição é bem avaliada. É uma política que não se restringe
a oferecer um auxílio financeiro, mas sim, uma política que evoluiu bastante a noção de
assistência e hoje envolve ensino, pesquisa e extensão para estudantes dos diferentes níveis de
ensino do IFPE:
A política ela tem sido executada de uma forma, eu acredito que, muito
eficiente, produtiva e necessária. A gente tem ampliado muito a questão da
assistência estudantil, agora mesmo, recentemente, a gente mandou vários estudantes para um congresso no Acre, por exemplo, então esses estudantes,
muitos deles nunca saíram dos seus Campi no interior e tiveram oportunidade
de apresentar trabalhos de pesquisa em outro estado, viajar de avião [...], nós
tivemos a oportunidade de mandar estudantes para o fórum mundial em Santa Catarina no ano retrasado (2014), a gente teve a oportunidade de mandar,
também, estudantes para o exterior, para participar de programas dentro das
relações internacionais do Instituto, então são apenas alguns exemplos, mas a coisa, ela tomou uma dimensão que ela envolve ensino, pesquisa e extensão,
um aporte financeiro para participação de eventos, para o desenvolvimento
de práticas pedagógicas. (Entrevistado-06).
Porém, de acordo com o Entrevistado-01, essa relação poderia ser melhor,
financeiramente falando. Levando em consideração os valores pagos nas Universidades
Federais, constata-se que os estudantes do IFPE, especificamente da graduação, poderiam ser
contemplados com os mesmos valores, pois são do mesmo nível de ensino. Então, essa é uma
cobrança que existe hoje no IFPE - Campus Pesqueira:
Nas universidades eu sei que os valores são bem maiores né, porque por
exemplo uma bolsa nossa que nós conseguimos distribuir, porque também nós
145
tentamos abranger uma quantidade maior dos estudantes, até porque mais de
90% dos nossos estudantes estão abaixo da renda, então tem direito a uma
bolsa permanência, uma bolsa permanência nossa, a maior hoje, é em torno de R$ 230,00, uma bolsa permanência na Universidade é em torno de R$
700,00 a R$ 1.110,00, então assim, quando você faz referência a uma e outra,
nós estamos batalhando pra que o nosso curso de enfermagem também seja
contemplado com uma bolsa nesse porte, uma bolsa permanência que venha do MEC [...].
O Entrevistado-05 concorda que a relação entre o Pnaes e o IFPE poderia melhorar. A
sua principal crítica é sobre o orçamento que não permite contemplar todos os estudantes que
realmente necessitam dessa política. Atualmente, por exemplo, devido aos cortes no orçamento
da Educação, o orçamento da assistência estudantil foi afetado, o quantitativo de bolsas sofreu
redução e os editais foram modificados não permitindo o acúmulo de programas.
7.7 Concepções dos sujeitos entrevistados sobre a relação entre o Piel e a permanência
na escola
Os entrevistados têm a concepção de que o Piel contribui para a permanência dos
usuários com auxílio. De acordo com eles, a ajuda financeira ajuda bastante para a frequência
do aluno e sua permanência no campus:
Contribui, contribui significativamente, porque como mencionei algumas dessas pessoas não teriam condições de vir pra escola custeando o transporte,
custeando também o lanche, mesmo tendo lanche aqui, servindo lanche aqui,
mas às vezes elas, por morar na cidade, ou melhor, em outra cidade ou na zona rural, algumas não tinham condições de custear, por exemplo, um
almoço ou um transporte vindo pra cá, os pais não tinha condição, porque no
geral as prefeituras dão o veículo e dão um subsídio, mas esse subsídio eles
não pagam, eles dão um subsídio, dão uma contribuição e a outra parte a família tem que custear e se não fosse essa bolsa algumas pessoas teriam
desistido, houve inclusive relatos delas que não estariam aqui ou sairia se não
houvesse esse incentivo, então é muito importante. (Entrevistado-04).
Eu acho que está contribuindo, se é muito ou se é pouco eu não vou saber, mas está contribuindo, dá pra afirmar, está sim, porque a necessidade é muito
grande, a carência da região é muito grande, aí vai entrar naquilo que a gente
falou, cabe ver se a gente premia o aluno certo. (Entrevistado-07).
[...] tinha dois ou três (alunos) por ano que se não fosse o programa ele abandonava a escola de certeza, porque sem o auxílio ele tinha que trabalhar
e a gente fala em trabalhar, acha que é uma coisa de ganhar R$ 1.000,00, R$
2.000,00 e não é, é uma coisa que ele vai trabalhar um mês, praticamente inteiro, e ganhar igual ou até menos do que o auxílio daria. (Entrevistado-
08).
146
Na concepção dos entrevistados, o Piel contribui, também, para o êxito escolar dos
usuários com auxílio. Para o Entrevistado-06, o esporte tem um valor muito grande na
formação do cidadão e isso favorece a melhoria do rendimento educacional. Para o entrevistado,
outro fator importante do Piel é o acompanhamento do rendimento que faz com que os alunos
não participem do programa pensando somente na prática esportiva:
Quando a gente tem uma oportunidade de praticar os esportes de uma forma diferente da educação física, constituir uma equipe, viajar, participar de
campeonatos, então essa é uma questão muito importante para o
desenvolvimento dos estudantes e a forma com que a gente também tenta fazer o acompanhamento lá, que o estudante, ele precisa ter um rendimento, manter
seu rendimento acadêmico, impede aquele aluno que só quer treinar, ele visa
também coibir que o aluno, ele tenha um pensamento de que ele pode relaxar
um pouquinho nas suas disciplinas, nas suas notas, mas aí assim, se ele fizer isso, ele vai terminar perdendo a bolsa, então ajuda a manter também, nesse
aspecto. (Entrevistado-06).
Para o Entrevistado-08, o Piel contribui para o êxito escolar dos estudantes, a partir do
momento em que dá uma ajuda financeira ao usuário, dessa forma o estudante ganha um pouco
de tranquilidade para se dedicar aos estudos:
Contribui, até porque ele, também, já passa a se dedicar mais nos estudos
também, a gente identifica que a reprovação dentro dele (Piel) não é tão grande, dentro do esporte, então eu acho como isso daí traz uma solidez
melhor financeiramente, ele já se dedica um pouco mais nos estudos.
O Entrevistado-02 acredita que o momento dedicado a conversas e orientações são
válidas, pois, na sua opinião, a idade dos usuários ajuda nessa formação cidadã. Por serem
adolescentes e jovens, em sua maioria, os mesmos estão mais abertos à mudança:
A pessoa vai mudando de acordo com o crescimento, e isso ajuda também
porque a gente pega esses meninos, eles não são mais velhos, eles ainda são
jovens, então eles ainda estão abertos a experiência de mudar e isso facilita o nosso trabalho, porque se eles já chegassem mais adultos com a
personalidade mais formada, seria difícil em fazer esse tipo de alteração.
As concepções relatadas acima de que o Piel contribui para permanência e êxito escolar
dos usuários com auxílio corroboram os achados da pesquisa de Ramalho (2013), que teve
como uns dos objetivos analisar a relação entre políticas de assistência estudantil e indicadores
de desempenho educacional. De acordo com a pesquisa, os alunos do ensino médio integrado
bolsistas de programas da assistência estudantil possuem menores índices de abandono e
maiores chances de aprovação comparados com estudantes não bolsistas.
Sobre a motivação do estudante em participar do programa, os entrevistados acreditam
que boa parte dos usuários com auxílio participa do Piel por gostar da prática esportiva e o
147
auxílio contribui para aqueles que gostam da atividade e não têm condições financeiras para
frequentar:
Os meninos frequentam os treinos porque eles gostam, realmente, de treinar,
eles adquirem o hábito da atividade física. [...] a bolsa é, como eu mencionei, no caso em que há uma necessidade financeira pra está presente, ela é
determinante, mas mesmo que não tivesse bolsa eles continuariam treinando.
(Entrevistado-02).
Mas, de acordo com os entrevistados, existe uma pequena parte dos usuários que
participa do programa por conta do auxílio. O Entrevistado-07 relata que já escutou de usuários
que só estão participando dos treinos por conta da bolsa. O Entrevistado-08 confirma a
informação de que têm usuários de determinadas modalidades esportivas que só participam do
Piel por conta da bolsa.
Outra situação percebida por alguns entrevistados, e isso acontece com os usuários que
provavelmente não se encaixam dentro do perfil de baixa renda, é que o auxílio é utilizado para
comprar acessórios ou equipamentos (smartphone, colar e outros) que pouco vão auxiliar na
sua permanência no campus ou no seu desempenho escolar.
Levando em consideração o gosto da maioria dos usuários pelas práticas esportivas e
levando em consideração o que foi colocado anteriormente pelos Entrevistados 01 e 05 sobre
o Piel acontecer sem auxílio, seria possível este programa realizar-se sem a oferta das bolsas?
Para o Entrevistado-02, não. Ele acredita que o programa não funcionaria da mesma
forma:
Eu acho que da mesma forma nunca, principalmente pelo contexto que a gente
está inserido, eles precisam de um incentivo, isso é claro. [...] a bolsa atleta
(Piel) vai ajudar as pessoas que tem esse interesse e não tem condições
financeira ou até tentar trazer aquelas também que não tem tanta disposição, mas que com o incentivo elas vão compor o grupo, em alguns esportes
coletivos como o vôlei, o basquete, o futebol a gente precisa de um grupo, não
adianta ter meia dúzia de alunos isso nunca vai montar um time de vôlei, porque tem que ter no mínimo doze, então é fundamental, na minha
perspectiva.
E isso pode ser verificado no Piel quando se inicia o ano letivo. Nos primeiros meses do
ano, a maioria das modalidades esportivas inicia suas atividades sem o pagamento do auxílio;
neste período, que pode durar até 04 (quatro) meses, são relatadas muitas faltas, muitas
ausências nos treinos:
Até o momento em que elas começam a receber não há uma assiduidade,
assim de 100%, eu diria que muito longe disso inclusive, mas, mais por conta
de que muitas vezes elas têm de fazer outras coisas pra poderem vir pra
escola, pra poder pagar o transporte, por exemplo, algumas tem que trabalhar, ajudar os pais pra contribuir principalmente no transporte pra
poder virem ao Instituto. Agora depois que a bolsa começa, começam a
148
receber, aí não, aí já dificilmente você tem uma quantidade de falta
significativa [...] (Entrevistado-04).
O Entrevistado-02 citou o exemplo de um dos seus alunos que, mesmo gostando do
esporte, depende do auxílio para frequentar os treinos:
O exemplo mais pesado no Instituto com a gente foi o caso de José (nome
fictício), inclusive, até nesse semestre agora ele estava com dificuldades pra se manter à noite, ir sozinho pras aulas, faltando com uma certa regularidade,
por falta do auxílio financeiro que ele ainda não estava recebendo, nem
recebia a bolsa permanência, que não tinha saído, atrasou esse ano, nem o bolsa atleta e isso prejudicou o rendimento dele. [...] no fim do ano José e
Luiza (nome fictício) (são alunos do kickboxing e noivos) estavam tentando
morar em Pesqueira, pra diminuir esses custos, mas não tinha emprego, os
únicos empregos que eles conseguiram arrumar era no horário das aulas, aí não fazia sentido, tiveram que voltar pra mutuca, que é um distrito de
Pesqueira e dá um jeito né, até que a bolsa saiu.
O Entrevistado-06 atribui a evasão escolar a dois fatores: "um deles é a identificação
com o curso, muito comum principalmente nessa fase de idade [...], e não ter condições
socioeconômicas para se manter”.
Sobre o primeiro fator, o entrevistado faz a seguinte observação:
O estudante, ele não tem ainda uma noção do que realmente ele quer pra vida
e como nossos cursos a grande maioria do Instituto, mas também de
Pesqueira, eles são integrado ao técnico ou médio concomitante, isso leva o
aluno a fazer uma modalidade técnica que às vezes ele não se identifica muito [...].
Como já foi dito aqui, a evasão escolar e a repetência são problemas presentes no sistema
educacional brasileiro em todas as suas modalidades de ensino, inclusive no ensino médio
integrado à educação técnica e profissional.
E as ações da assistência estudantil surgem com o propósito de combater tais problemas.
De acordo com os entrevistados, o índice de evasão dos estudantes usuários com auxílio do Piel
é quase nulo. Levando isso em consideração, pode-se afirmar que o Piel contribui com a
permanência no campus. De acordo com eles, quando acontece alguma evasão, são por motivos
que se torna inviável a participação do usuário com auxílio no programa. Segue abaixo
situações que levaram o usuário a sair do Piel:
Tivemos dois casos de gravidez, mesmo com essas conversas, mesmo, nós
tivemos duas meninas que engravidaram né, são daqui e hoje são mães solteiras, saíram do programa [...]. (Entrevistado-04).
Teve aluno que foi transferido por problemas conjugais de pais, pai se separou e etc., mas que continua no nosso Instituto, só se transferiu para outra
cidade. (Entrevistado-07).
149
No primeiro caso acima, é citado um dos principais motivos de abandono escolar por
parte de estudantes do sexo feminino, a gravidez precoce.
Dados apontam que o abandono escolar é superior entre as meninas que
engravidaram em comparação às que não engravidaram. Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) realizado em 2009 diz que o
percentual do abandono escolar foi de 6,1% entre meninas de 10-17 anos sem
filhos. Já para meninas na mesma faixa etária com filhos, esse percentual saltou para 75,6%. (ALMEIDA, 2015, p. 27).
A situação acima impossibilita a participação da estudante no programa, pois na prática
esportiva são frequentes situações de choques entre os praticantes ou quedas em decorrência da
disputa no jogo. Procurando resguardar a saúde da gestante e do feto, a estudante grávida é
tirada do programa. Porém, as duas estudantes que engravidaram decidiram abandonar a escola.
Alguns entrevistados, os que têm acesso ao rendimento escolar dos usuários, afirmaram
que dificilmente acontece uma queda no desempenho dos estudantes que participam do Piel, a
tendência é melhorar. Segundo o Entrevistado-01, quando acontece essa queda, algumas ações
são tomadas: "Quando isso acontece (queda de rendimento), que é até raro acontecer, é
chamado o estudante para saber o que tá acontecendo fora da escola, porque muitas vezes já
é uma questão que vem de casa, é um problema familiar que tá passando, é alguma outra
situação”.
Nota-se na fala acima que existe uma preocupação em entender as particularidades do
aluno antes de querer condená-lo por conta das faltas ou fraco rendimento. Essa atitude é
tomada porque já aconteceram alguns casos em que problemas particulares, extraescolares,
influenciaram na assiduidade e no rendimento escolar do discente. Segue abaixo algumas dessas
situações:
A situação mais complicada que a gente está enfrentando é essa do (NOME DO ALUNO) agora, que é a questão do pai dele que tá preso, inclusive ali do
lado do Instituto (existe um presídio ao lado do campus Pesqueira). [...] a
gente não tinha ciência do que estava acontecendo, então assim, quando a gente tomou ciência, a gente pode, em conjunto com a coordenação de
esportes e a DAE, tomar um a providência pra que ele voltasse a ter um bom
rendimento. (Entrevistado-02).
Já teve caso aqui que a menina estava no programa, no judô e ela caiu de
rendimento, ela começou a faltar, ela parou de vir, ela reprovou e o motivo era por que ela estava grávida, ela estava grávida e parece que não queria
vir por que a barriga estava crescendo, não estava treinando porque estava
grávida, ela sabia que estava grávida, mas a mãe não sabia, então foi uma das ocorrências, depois foi descoberto. (Entrevistado-01).
Tinha um estudante lá que vivia faltando as aulas, eu até de uma forma assim,
sem conhecer muito a realidade do aluno, eu fui reclamar com ele por que ele
150
faltava tanto e tal, ai ele foi me explicar porque é que ele faltava, e eu lembro
que na ocasião eu quase que choro, porque ele disse: ‘É porque eu preciso
ficar pastorando o gado com meu pai, porque ele não tem como pagar funcionário, ele tira leite e tal e tem muitos dias que ele tem que ir vender o
leite e eu tenho que ficar lá, tem muitos dias também que se a gente não ficar
olhando, o pessoal tá roubando muito gado, às vezes eu tenho que ficar com
ele à noite pastorando os animais’. Então assim, você começa a ver a importância de entender a realidade do estudante e não apenas colocar uma
falta, você entender que aqueles alunos, eles também têm uma vida e que há
muitas questões, principalmente no interior. (Entrevistado-06).
Por conta disso, o Entrevistado-04, ao tomar conhecimento da queda de rendimento de
algum usuário, leva o caso para a DAE – Pesqueira, para que a equipe multiprofissional possa
agir para resolver esse problema. Outros entrevistados procuram resolver essa questão
conversando diretamente com o estudante.
Sobre a melhoria de rendimento dos usuários com auxílio do Piel, os entrevistados
acreditam que o programa contribui desenvolvendo nos usuários um maior senso de
responsabilidade, compromisso, respeito, concentração, senso crítico e outros. Seguem abaixo
alguns casos relatados:
[...] os dois (alunos) eram muitos irregulares, eles eram mais preguiçosos,
era muito de tentar se escorar, de não ter tanta iniciativa e isso mudou (risos). (Entrevistado-02).
Tem um atleta lá, um aluno lá que, a princípio, eu não tenho esse contato, eu
também não sei como era esse rendimento na escola, mas eu não o percebia
tão focado como ele é hoje. Assim, o contato que eu tenho com ele semanal,
eu vejo a cada dia que passa, ele se torna mais responsável, com relação a escola, teve um dia que ele faltou o treino: ‘Professor eu vou fazer um
trabalho agora a tarde, não vou poder vir pro treino e tal’, teve essa
reciprocidade de chegar e falar o porque ele não ir (ao treino) e era relativo a escola, pude perceber que ele vem melhorando muito. (Entrevistado-03).
[...] sou coordenador de outra área, não tenho esse acesso (as notas), então
não sei te dizer, mas por relatos sim, por relatos houve sim um avanço
significativo. (Entrevistado-04).
Uma das diretrizes para validação de inscrição no processo seletivo do Piel é o bom
rendimento escolar. No edital do programa (INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO,
2015; INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2016) é exigida a aprovação em mais de
50% das disciplinas matriculadas no semestre anterior. Caso o estudante não atenda a esse
requisito, o mesmo terá sua inscrição indeferida. Isto posto, surge a questão da exclusão do
estudante do programa de assistência, situação que poderia desfavorecer ainda mais o estudante
com mal rendimento.
151
Para o Entrevistado-06, essa é uma situação complicada, mas que não se pode deixar
de estar atento ao resultado acadêmico. Ele, também, explica como seria esse processo de
indeferimento da participação do estudante com fraco rendimento escolar:
É uma situação complicada, mas ao mesmo tempo eu acredito que você
também não pode perder o foco da questão educativa. A questão educativa é
a chave de tudo, porque o programa ele está existindo para você, de uma forma extraclasse, favorecer o processo de educação daquele estudante, que
gosta de esporte [...]. Não é simplesmente ‘porque um rendimento cai, ele
perde a bolsa’, nós temos uma obrigação enquanto instituição, enquanto educadores de viabilizar estratégias de identificação dos motivos do baixo
rendimento, agora quando o gestor, ele tem uma segurança diante de várias
opiniões dos membros da sua equipe de que aquele aluno não tem problema nenhum e ele está sendo relapso, então a gente precisa educar da forma
punitiva. Então é assim que a gente trabalhou todo tempo e é assim que o
programa foi pensado.
Uma informação importante repassada durante as entrevistas é que os responsáveis
pelos treinamentos das modalidades esportivas não recebem informações sobre o rendimento
escolar dos usuários, não há esse repasse, não existe também o contato com os professores do
ensino médio integrado. Para a maioria, o único meio de saber o desempenho dos usuários nas
disciplinas é através dos próprios usuários.
O acompanhamento do rendimento escolar pela DAE – Pesqueira dos usuários do Piel,
também, não acontecia. Esse trabalho só teve início no ano de 2016. O Entrevistado-05
afirmou que esse acompanhamento só era realizado com os estudantes do Programa Bolsa
Permanência (PBP). O motivo alegado por ele e pelo Entrevistado-06 é o quantitativo reduzido
de servidores na DAE campus Pesqueira para realizar todas as atividades da assistência.
Para o mesmo entrevistado, o acompanhamento do rendimento escolar dos estudantes
usuários do Piel é um desafio para o campus, mas que vem sendo pensado e trabalhado:
Isso aí é ainda um desafio, tem sido feitas algumas ações, mas muito pontuais,
eu acredito que antes não se enxergava isso, hoje já se enxerga de uma forma
mínima, e tem muito ainda a ser evoluído né, porque o êxito do aluno, esse acompanhamento, se você pegar ao pé da letra, ele precisaria de uma equipe
multidisciplinar só para esse programa, porque aí você iria identificar muitas
vezes aspectos pedagógicos ligados a falta de concentração, de disciplina ou às vezes você tem o aspecto social que tá realmente prejudicando e aí a
assistente social vai entrar. Ás vezes você tem o fator psicológico, aí você tem
o pai que agride a mãe e que o aluno não tá tendo um bom rendimento por
causa disso, então eu acho que é um conjunto de ações[...], essa questão do êxito no Piel é preciso melhorar para um acompanhamento de uma equipe
multidisciplinar, essa é a minha visão. (Entrevistado-06).
Para o Entrevistado-01 é muito importante o acompanhamento feito pela DAE –
Pesqueira dos usuários do programa através de consultas do boletim escolar e do histórico
escolar durante o período letivo ou no seu final. Porém, para que esse trabalho tenha um êxito
152
maior é primordial o acompanhamento feito pelo professor, por estar mais próximo do aluno,
em contato direto semanalmente:
Através do currículo, do histórico, nós pegamos o histórico escolar ao final
do programa e é feita uma análise: reprovou? Reprovou. Então a gente analisa a reprovação e se foi por falta. E se foi aprovado, quantas faltas teve?
a gente faz uma análise, mais ou menos, do histórico pra saber se ele tem
condições de concorrer a uma vaga novamente, mas justamente, o ator principal que está próximo são os professores, eles é que tem que dar esse
feedback ao assistente social.
O Entrevistado-06 ressalta a importância do responsável pelo treinamento no
acompanhamento do rendimento do estudante usuário do programa:
A gente depende muito também dessa pessoa que está à frente, se essa pessoa
que tá a frente realmente administra, acompanha bem o programa, quando ela verifica dentro do treinamento específico que os alunos têm outras
dificuldades, ele encaminha para a DAE, para que a equipe multidisciplinar
possa atuar.
No entanto, alguns entrevistados afirmaram que não existe um contato com a DAE, essa
comunicação é falha entre o setor que assiste ao aluno e o setor que realiza o treinamento.
Assim, a informação de algum estudante usuário com dificuldades no rendimento escolar ou na
vida particular pode não chegar para a equipe multiprofissional da DAE.
O Entrevistado-07 é um dos que confirmam que não existe um feedback entre o
professor e a DAE, não que isso deixe de ser feito porque não é da vontade desse departamento,
mas sim porque são coisas que não foram pensadas antes e que estão sendo percebidas durante
o processo:
Não tem, não temos aqui, estou aqui novamente frisando, não estamos aqui
falando mal de ninguém. O programa chegou, todo mundo ficou voluntarioso
pra ajudar, arregaçamos as mangas, caímos em campo, nós estamos aprendendo durante o processo, talvez ainda tenha coisas pra aprender [...].
Caso haja o repasse da informação sobre o rendimento escolar do usuário do Piel para a
DAE, o acompanhamento será feito da seguinte forma:
A priori, dependendo do que seja a situação, chama o estudante para uma
conversa, puxa o histórico, verifica e se for, o que é que tá acontecendo, já
tem como noção o histórico. Quando ele já tá com problema no bolsa atleta, que é uma coisa que ele gosta de fazer, então provavelmente ele tá dando
problema na sala de aula, e daí a gente vai tentar, saber o que se passa pra
daí atuar. (Entrevistado-01).
Na situação do Entrevistado-02, fica fácil o acompanhamento dos estudantes usuários
do programa, porque o mesmo é professor de todos os estudantes do ensino médio integrado,
portanto sabe o rendimento dos alunos pelo sistema acadêmico institucional:
153
Como sou eu que dou aula aos alunos, são meus alunos regulares de filosofia
e são alunos do kickboxing, essa informação chega pra mim através do
próprio sistema acadêmico, eu tenho como olhar, eu tenho como ir lá verificar, eu não preciso tá correndo atrás.
Para os responsáveis pelos treinamentos que não são docentes do campus, o
acompanhamento do rendimento fica difícil, pois o único canal de informação se torna o próprio
estudante usuário.
Para o entrevistado acima, o processo de acompanhamento deveria ser integrado para
que todos que participam do programa pudessem ter acesso às diferentes informações, e lembra
que não é a DAE que vai resolver problemas de rendimento acadêmico de estudante, mas sim
a assessoria pedagógica do campus:
Na minha concepção, todo o processo ele deve ser integrado, não adianta a gente ter várias atividades, se elas não estão integradas, então é preciso que
haja um feedback, porque se eu não tivesse acesso a essas informações
acadêmica dos alunos, aí de um a hora pra outra ele chega e vai ter a bolsa dele cortada, porque a gente só vai tomar uma atitude quando é pra punir o
aluno. [...] a DAE identifica, mas quem pode resolver isso é assessoria
pedagógica, a DAE ela não vai resolver problemas de desempenho
acadêmico. [...]não é só uma questão de DAE ou professor, tem que ter um comprometimento da Instituição como um todo, os órgãos eles têm que
dialogar, então é uma coisa que a gente ver muito pouco infelizmente e se isso
ocorresse de uma forma mais orgânica os resultados poderiam ser bem melhores. (Entrevistado-02).
Para que os benefícios do Piel sejam atingidos é preciso a contribuição de um
personagem importante na operacionalização do programa: “o assistente social”. O documento
da proposta traz as principais atribuições deste sujeito dentro da Política de Assistência
Estudantil do IFPE:
Propor Programas Específicos para o campus que atua orientada/o pela Política de Assistência Estudantil do IFPE; Planejar, coordenar e avaliar os
programas Específicos que compõem esta Política; Construir anualmente o
perfil socioeconômico da comunidade estudantil do IFPE; Identificar e
selecionar os estudantes em situação de vulnerabilidade social; Acompanhar a organização e distribuição dos benefícios dos programas Específicos previstos
nesta Política; Diagnosticar as questões sociais que interferem no processo de
ensino e aprendizagem; Propor alternativas de atendimento às demandas por assistência estudantil; Desempenhar tarefas administrativas e articular
recursos financeiros disponíveis; Atuar em espaços de controle social no
âmbito do IFPE. (BRASIL, 2012, p. 14).
De acordo com Entrevistado-01, o assistente social tem um papel fundamental dentro
da política de assistência estudantil, pois além de fazer a avaliação do perfil socioeconômico
dos alunos beneficiados, a mesma deve estar sempre atenta às ausências e/ou queda de
rendimentos dos discentes:
154
Verificar a questão social dos estudantes, o papel principal dele, porque como
ele é o assistente social, ele que tem a prerrogativa de análise documental,
ele faz essa análise documental e depois é repassado e ao final havendo algum problema ou sendo verificada alguma outra discrepância em que o estudante
não está frequentando, não está vindo, inclusive não está vindo pro IF, não
está vindo para a escola estudar, o que é que está acontecendo, é papel do
assistente social ir até a sua residência ou procurar um familiar e se informar, verificar, ir realmente in loco pra verificar, então esse o papel do assistente
social, dar essa assistência em geral, se informar dos professores quem são
os estudantes que estão com dificuldades pra daí tentar saber o que se passa e tentar resolver.
De acordo com o Entrevistado-05, o assistente social trabalha na perspectiva de
garantir o direito do estudante, através de um trabalho de orientação, encaminhamento e visitas,
com o intuito de evitar a evasão. Um desses encaminhamentos é a inserção do estudante nos
programas de assistência estudantil.
Para o Entrevistado-06, o papel da assistência social é fundamental e deveria estar
presente em todos os programas da Política de Assistência Estudantil do campus, porém o
quantitativo é insuficiente, no campus existem 1.500 alunos e um único assistente social. Mas
a sua função é importantíssima e, especificamente no Piel, tem um papel crucial:
A assistente social é fundamental, desde a seleção junto com o professor de educação física, para diagnosticar aqueles casos que realmente precisam da
bolsa para se manter, então não basta apenas que ele seja um bom atleta, mas
ele precisa também ter essa condição socioeconômica para poder receber e
também a questão até de se manter [...].
O acompanhamento feito pela assistente social é tão importante que às vezes são
identificadas algumas situações em que a bolsa de um programa não está suprindo as
necessidades do estudante e neste caso é solicitado um auxílio extra:
Às vezes a situação é tão complicada financeiramente que a bolsa de esportes, ela tem que ser complementada com benefícios eventuais, então é muito
comum a gente ver estudantes que recebe a bolsa, a gente ter que autorizar,
porque a assistente social solicitou um benefício eventual de R$ 300,00, R$
400,00, porque aquela bolsa naquele mês ou naqueles últimos 3, 4 meses está sendo a renda da casa do aluno.
Assim como o Assistente Social, toda a equipe multiprofissional tem papel importante
dentro da política de assistência ao estudante, porém todo o trabalho desenvolvido dentro da
DAE – Pesqueira depende muito do orçamento liberado para execução das ações.
Segundo o Entrevistado-06, no IFPE – campus Pesqueira, desde a implantação do
Pnaes, o orçamento da assistência estudantil teve um aumento muito significante. Algo que
girava em torno de R$ 40.000 em 2009, passou para R$ 800.000,000 em 2013 e para R$
1.745.000,00 em 2015.
155
O Entrevistado-01 afirmou que foi esse aumento no orçamento que permitiu um
atendimento maior dos estudantes do campus. Ele explicou que o aumento no orçamento não
está atrelado ao número de matrículas no campus:
O ano passado (2015) foi praticamente o mesmo número de alunos do ano
retrasado (2014), por conta da entrada e saída, que foram bem parecidas e o
orçamento foi maior.
Porém, o entrevistado destaca que o orçamento para o campus Pesqueira tende a
diminuir, não só pela política de corte no orçamento da educação feito pelo governo federal,
mas também, por conta da última expansão da rede federal aqui no estado e que faz com que o
dinheiro que é descentralizado para o IFPE, passe a ser distribuídos para mais campi:
O que diminuiu agora e o que vai diminuir é porque esse ano (2016) o IF
recebeu R$17 milhões para a assistência estudantil, só que nós temos 16 (dezesseis) campi, ano passado (2015) nós recebemos, acredito, uma ordem
de R$12 a R$15 milhões e nós tínhamos 09 (nove) campi, então você teve que
ratear o dinheiro com mais campi, então por isso diminuiu a questão de recursos.
Porém, o Entrevistado-01 lembra que o orçamento gera a expectativa pelo pagamento
das bolsas e auxílios, porque existe uma diferença entre o orçamento aprovado e o valor total
desse orçamento a ser pago, o que ele chama de “financeiro”:
Nós temos o orçamento, nós recebemos de Recife o orçamento, agora falta vir o financeiro, porque nós temos a expectativa de quanto iremos receber, mas
não chegamos ainda a parte física, que recebemos, então sai primeiro o
orçamento, que é a informação de: ´estamos descentralizando X pra você`. Vocês têm isso de orçamento, trabalho em cima disso, pronto, e tendo isso eu
faço uma folha de pagamento hoje, entrego e solicito a Recife, e Recife manda
pro Campus que é o financeiro, que é o que vai cair na conta do estudante.
Portanto, pode acontecer dessa conta não fechar ou demorar a fechar, como ele relata o
Entrevistado: "Ano passado (2015) não conseguiu fechar, tanto é que só veio encerrar esse ano
(2016), teve estudante que ainda em fevereiro estava recebendo visita técnica ou bolsa atleta
ou bolsa permanência do ano passado".
O Piel, apesar do sucesso no campus Pesqueira, ainda enfrenta problemas na sua
realização. A falta de materiais e a própria burocracia para adquiri-los são dois entraves para o
desenvolvimento das atividades:
Material é um problema. Inclusive, não só uma questão da Instituição, mas
da própria burocracia pra se adquirir qualquer coisa. Porque tem todo aquele processo licitatório para adquirir material esportivo novo. (Entrevistado-02).
Não existe dentro desse programa um recurso que você possa, por exemplo,
comprar material [...]. eu acho que o principal é justamente essa questão da
estrutura, a estrutura de materiais, o programa poderia além da bolsa, que
156
claro é a coisa mais importante, ter, também, um recurso pra que a gente sem
muita burocracia, adquirisse material, adquirisse uniformes para os
estudantes, pra poder representar o campus em competições ou em até alguns treinamentos, ter uma padronização, pra o estudante também ter esse padrão
e se sentir até mais importante, inserido, porque em alguns casos elas já
fizeram por exemplo padrão utilizando o dinheiro que elas ganhavam, que
poderia ser pra outras coisas, pra o transporte, alimentação e pra outros negócios e elas fizeram, chegaram a fazer padrão com o dinheiro delas.
(Entrevistado-03).
Tem material que é específico pra o esporte e a gente não tem, o basquete não
é só a bola, ele tem uma série de material que ele ajuda no desempenho técnico, em desempenho tático pra você explicar melhor e ainda existe essa
falta de material. (Entrevistado-08).
Outra dificuldade apresentada é o quantitativo pequeno de alunos contemplados com a
bolsa do Piel. No badminton, por exemplo, apenas 04 (quatro) alunos são beneficiados,
limitando um pouco o acesso do esporte a outros estudantes:
Gostaria que, tipo, esse critério de colocar esse auxílio fosse mais bem
avaliado pra atender mais atletas, porque esse valor não ser reduzido pra
atender mais gente? Essa distribuição dessa verba, proporcional para atender mais atletas. (Entrevistado-03).
O problema hoje do programa no meu ver é questão de que ele podia ser mais
né, ele podia atingir mais atletas, se ele, abrisse mais espaços, porque
geralmente na época que começou se eu não me engano eram 12 (basquete), que justamente, contemplava a equipe [...], então eu acho que ali a gente tinha
potencial de puxar um pouquinho mais e não deixar aquelas pessoas que
fazem parte e que precisavam também. (Entrevistado-08).
Sobre a sugestão apresentada pelo Entrevistado-03, a Proposta da Política de
Assistência Estudantil do IFPE delimita o valor a ser pago na linha de ação 01 do Piel: “O
benefício da linha de ação 1 será de 35% do salário mínimo” (BRASIL, 2012, p. 32).
O Entrevistado-04 chama atenção para outra questão importante que poderia ser
revista, o início do Piel. Como já foi dito antes, por ele depender do orçamento para outros
programas, o Piel não tem um início previsto: "O ideal para mim seria que houvesse a seleção
no ano anterior ou já nos primeiros dias do ano letivo e já no primeiro mês a gente já tivesse
a oportunidade de eles todos né, já tivessem a oportunidade de começar a receber esse
incentivo financeiro”.
Outro problema apresentado é na modalidade esportiva kickboxing. Essa atividade não
tem um espaço para o treino adequado:
[...] é ruim a falta de espaço e também um local adequado para o treino, se
tivesse um local adequado para o treinamento, a gente teria, inclusive, bem mais alunos, talvez se a gente tivesse um outro professor, como tinha a
professora de karatê, [...] talvez até não tenha muita lógica se fazer um
157
investimento relativamente alto pra ter um espaço, um lugar adequado pra
um grupo que vai utilizar pouco, sub-utilizar o espaço, pra mim seja essa a
justificativa. [...] eu não posso treinar queda com os meninos, porque a gente treina no chão, não vou tá derrubando menino no cimento, porque se bater a
cabeça no chão vai machucar feio ou então se cair de uma maneira não
adequada pode estourar cotovelo, o joelho, o quadril e se cair errado e dar
um jeito no quadril esse menino pode ficar sem andar. (Entrevistado-02).
O Entrevistado-06 faz uma análise da estrutura geral do Piel e chama a atenção para
algumas dificuldades de infraestrutura, de material e de falta de pessoal. O mesmo alerta para
a falta de uma melhor articulação de outros setores do campus com os programas desenvolvidos
na instituição e cita o Piel como exemplo:
O programa apesar de ter evoluído muito, apesar de ter sido abraçado né,
por vários e diferentes entes institucionais e pessoas da instituição, a gente tem muitas dificuldades no sentido de falta de pessoal, de uma infraestrutura
adequada, algumas pessoas, ainda, não gostam de contribuir com algumas
coisas, nós temos serviço de nutrição, acompanhamento psicológico, nós temos a assistente social, nós temos professores da área pedagógica, não
apenas pedagogos, nós temos professores de administração que poderiam
trabalhar a questão motivacional, nós temos, por exemplo, o curso de
enfermagem né, que poderia estar trabalhando algumas ações [...] o programa, ele pode ser melhor ainda do que ele é hoje, se houvesse um
envolvimento ainda maior de todos os servidores, das pessoas que tem relação
direta. A questão da burocracia na aquisição da infraestrutura de trabalho desde material de consumo, bolas, materiais pra treinar, a gente precisa
viabilizar as infraestrutura de banheiros né, de iluminação, ventilação,
reforma do ginásio, então a gente tem enfrentado problemas de infraestrutura
que realmente tem atrapalhado um pouco.
Porém, o mesmo entrevistado afirma que o Piel evoluiu bastante no campus Pesqueira
e que as dificuldades já foram maiores. Já foram feitos vários investimentos e ações que de
forma direta ou indireta ajudaram no desenvolvimento do programa. E essas ações, de acordo
com ele, reforçam a questão de prioridade da gestão em potencializar o esporte na instituição:
A gente evoluiu muito também, lá a gente começou com o programa do
fardamento de educação física, e já na última licitação que a gente fez teve, não apenas o fardamento, mas os uniformes de jogo, casaco [...]. A própria
criação da coordenação de esportes, contratação de estagiários, academia
do campus, que favorece muito a melhoria de ações que não eram nem trabalhadas, mas tem muita coisa pra ser feita e tudo passa também por uma
questão de prioridade da gestão, de prioridade das pessoas, dos profissionais
e também da conscientização dos alunos de que o programa é um programa
educativo.
Ao apresentar e analisar os dados exposto aqui neste capítulo, buscou-se,
principalmente, apresentar as concepções de gestores, docentes, discentes, técnicos
administrativos, acadêmico e colaborador externo sobre a relação entre Política de Assistência
Estudantil, em especial o Piel, e a melhoria da qualidade da educação.
158
Além disso, o capítulo propôs-se fazer uma comparação da relação entre a Política de
Assistência Estudantil, a participação no Piel e a melhoria da qualidade da educação entre
bolsistas e não-bolsistas, a partir da avaliação dos sujeitos participantes do programa.
159
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Política de Assistência Estudantil, instituída com o Decreto nº 7.234, contribuiu para
o processo de criação e ampliação de programas e ações que proporcionaram a permanência e,
consequentemente, o êxito dos discentes nas Instituições federais de ensino. Ela tem uma
abrangência que vai além de providenciar recursos financeiros para o estudante de baixa renda
superar os obstáculos do seu desempenho acadêmico; ela se propõe, também, a promover ações
em áreas, como: moradia estudantil, alimentação, transporte, inclusão digital, esporte, apoio
pedagógico e outros.
No IFPE, a Política de Assistência Estudantil é viabilizada pela Diretoria de Assistência
ao Estudante - DAE (Reitoria) em conjunto com as Coordenações (direções ou divisões) de
Assistência Estudantil dos campi. A Assistência Estudantil do IFPE desenvolve os Programas
Técnico-Científicos e os Programas Específicos e Universais. Todos esses programas são ações
com a oferta de um auxílio financeiro. No caso dos Programas Técnicos – Científicos que
englobam o PIBIC, PIBEX, Monitoria, BIA e outros, oferecem o auxílio financeiro para que os
estudantes desenvolvam alguma atividade acadêmica, conhecidos como programas que
oferecem bolsas “por mérito”. Nesses programas, a inscrição e seleção dos bolsistas e valores
dos benefícios são de responsabilidades da Reitoria.
Existem os Programas Específicos como Manutenção Acadêmica, Benefício Eventual,
Apoio a Visitas Técnicas e Assistência ao estudante do PROEJA. Para estes, a DAE-Reitoria
orienta que cada campus do IFPE disponibilize o mínimo de 60% do seu orçamento da
assistência estudantil. E existem os Programas Universais, que compreendem os Programas de
Acompanhamento Biopsicossocial, Incentivo à Cultura e Arte, Incentivo ao Esporte e Lazer.
Esses programas são voltados para todos os estudantes matriculados em cursos presenciais do
campus, mas, que não deixa de lado a questão da vulnerabilidade social e de necessidades
educacionais específicas, no momento da escolha do usuário que irá receber o benefício.
A Política de Assistência Estudantil no campus Pesqueira envolve todos os estudantes
matriculados nos cursos e modalidades presenciais, ou seja, tem como público alvo os
estudantes do nível médio integrado e subsequente, do PROEJA e do ensino superior. De acordo
com o Decreto nº 7.234, o atendimento é prioritário aos estudantes advindos de escolas públicas
ou em situação de vulnerabilidade social. Porém, No Piel, apesar de levar em consideração
essas diretrizes, existe uma cota de vagas para estudantes que apresentam uma renda maior ou
foi estudante de escola privada, essa reserva leva em consideração a participação dos estudantes
considerando o nível técnico na modalidade.
160
A Política de Assistência Estudantil do campus Pesqueira assume uma grande dimensão
em termos de abrangência territorial, pois atende os estudantes residentes de várias cidades
vizinhas, tanto do Agreste, quanto do Sertão Pernambucano. De acordo com as informações
obtidas nas entrevistas, o campus Pesqueira atende pelo menos 11 (onze) cidades: Caruaru, São
Caetano, Belo Jardim, Tacaimbó, Sanharó, São Bento do Una, Pesqueira, Poção, Alagoinha,
Venturosa e Arcoverde. Na figura abaixo podemos ter uma ideia da abrangência desse
atendimento:
Figura 1: Mapa da região atendida pelo campus Pesqueira
Fonte: Google Maps
De caruaru a Arcoverde, em linha reta, são 124 km de extensão. Percebe-se, então, a
grande importância do campus Pesqueira para essa região. O reconhecimento da população de
que o Instituto Federal promove uma educação de qualidade faz com que moradores de cidades
como Caruaru, que está a 90 km de distância de Pesqueira, procurem esse local para dar
prosseguimento aos seus estudos. A própria Política de Assistência Estudantil desenvolvida
nesse campus contribui para o acesso e permanência de estudantes de outras cidades.
Com o incremento orçamentário, via Lei Orçamentária Anual (LOA), da ação 2994 -
Assistência ao Estudante da Educação Profissional e Tecnológica, disponibilizando recursos
financeiros para a implementação de uma política de assistência estudantil para os estudantes
dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, independentemente do nível de
ensino, o campus Pesqueira passa a desenvolver essa política para o seu corpo discente.
Atualmente, observa-se que a relação do Pnaes com o IFPE é muito benéfica, na concepção dos
entrevistados, o Pnaes é muito importante para o campus e para região, pois facilita o acesso
dos estudantes da região ao Instituto e dá condições para que o aluno desenvolva melhor seus
estudos. Devido à situação econômica da região agreste, que carece de maiores investimentos,
161
o pagamento de um auxílio financeiro é algo que se torna primordial para a permanência e
conclusão dos estudos. Vale destacar a opinião de um dos entrevistados quando o mesmo afirma
que há uma forte relação entre o Pnaes e a permanência e o êxito do estudante no campus e
quanto maior o aporte financeiro para desenvolver os programas de assistência, menor vai ser
a evasão e a reprovação. A partir desse conceito posto acima, percebe-se a grande importância
do Pnaes dentro do campus Pesqueira.
No entanto, verificamos a partir de alguns trechos das entrevistas realizadas e da análise
documental, que a Equipe Multiprofissional responsável por implantar a Política de Assistência
Estudantil no IFPE – Pesqueira é muito pequena diante da quantidade de Programas e de
estudantes beneficiados. Essa equipe faz parte das coordenações de Assistência Estudantil nos
campi e, no campus Pesqueira, é chamada de Divisão de Assistência Estudantil (DAE) e é
constituída por 01 (um) assistente social, 01 (um) pedagogo e 01 (um) psicólogo. É essa equipe
a responsável pelo acompanhamento do estudante beneficiado por algum programa da
Assistência Estudantil. Os entrevistados consideraram que esta equipe tem um quadro muito
pequeno para dar conta das atribuições definidas na Proposta do IFPE, considerando que os
programas que fazem parte da política de assistência estudantil atenderam 1.281 estudantes que
corresponde a 91,3% do total de estudantes do campus.
Tomando como exemplo o assistente social, que faz parte da equipe multiprofissional,
fica difícil para o mesmo, por conta da grande demanda de trabalhos, cumprir com algumas de
suas atribuições dentro da Política de Assistência Estudantil, como: analisar as informações
repassadas pelos alunos sobre sua condição socioeconômica, visitar às residências dos
estudantes, acompanhar o rendimento escolar e outras.
Apesar dessa dificuldade, em 2016, o assistente social conseguiu realizar algumas ações
determinadas no Edital do Piel, contribuindo, assim, com a melhor realização do programa. A
avaliação dos estudantes inscritos no Piel, deferindo ou não a participação do mesmo no
processo seletivo do programa e a renovação do estudante já participante do Piel, no início do
segundo semestre foram exemplos de ações que até então não vinham sendo realizadas, apesar
de constar no Edital do processo seletivo do Piel. Por conta desta última ação, todos os usuários
com auxílio do Piel tiveram que entregar o rendimento escolar do período cursado no primeiro
semestre do ano de 2016 ao assistente social. O objetivo foi verificar se todos os usuários com
auxílio atenderam a uma das diretrizes para permanecer no programa que é a não reprovação
em mais de 50% das disciplinas cursadas no período anterior. Existe uma grande procura pela
participação nos chamados Programas Universais da Política de Assistência Estudantil, como
é o caso do Piel. Dessa forma, esse tipo de acompanhamento, além de garantir um maior
162
incentivo aos estudantes para que estes se dediquem às atividades pedagógicas, por outro lado
também significam uma maior efetividade do processo seletivo ao cumprir o que rege o edital.
Como já foi citado acima, o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer (Piel), objeto de
estudo dessa pesquisa, faz parte do grupo dos Programas Universais. É um programa que realiza
duas linhas de ação: A ação 01 (um) que se refere ao pagamento de um auxílio financeiro aos
estudantes selecionados para participarem dos treinamentos programados das modalidades
esportivas e a ação 02 (dois) que se refere ao pagamento de auxílio financeiro visando a
participação do estudante em atividades de Esporte e Lazer, como por exemplo, as viagens para
participar de algum evento esportivo ou atividade de lazer. A pesquisa se preocupou em
investigar a linha de ação 01 (um) do programa.
O Piel nos anos de 2015 e 2016 atendeu em sua maioria os estudantes do ensino médio
integrado. São poucos os estudantes do ensino médio subsequente, do PROEJA ou do ensino
superior que participam do programa. Pode-se citar alguns motivos para a baixa procura dos
estudantes destes níveis de ensino. Um pode ser por conta do limite de idade, o Edital do Piel
permite a inscrição no processo seletivo com idade entre 15 a 19 anos completados no ano em
vigor. E boa parte dos estudantes do subsequente, do PROEJA e do ensino superior têm uma
idade acima do que é estabelecido pelo Programa. Um outro motivo pode ser em função do
acúmulo de atividades durante o dia, boa parte dos alunos do ensino subsequente e do PROEJA
já exercem alguma atividade remunerada ou prestam serviços de forma autônoma na região. Os
alunos do ensino superior participam de estágios e/ou de programas acadêmicos no contra turno
das aulas regulares que visam o aperfeiçoamento de sua prática, como por exemplo, o PIBID
para os alunos do curso de licenciatura em matemática e licenciatura em física, os projetos de
extensão e as disciplinas de estágios nos hospitais da região para os alunos do curso de
bacharelado em enfermagem. Sendo assim, fica difícil a participação dos estudantes destes
níveis de ensino nos treinamentos, mesmo acontecendo no contra turno das aulas.
Todos os campi do IFPE têm autonomia para elaborar suas ações da Assistência
Estudantil, de acordo com suas necessidades institucionais e dos recursos orçamentários
disponíveis. A ideia do Piel surgiu no campus Pesqueira diante de uma necessidade, porém só
foi possível sua realização devido ao aumento dos recursos orçamentários para assistência
estudantil com o Decreto 7.234. O Piel ao apresentar alguns resultados positivos no campus
Pesqueira, passou a fazer a parte da Proposta da Política de Assistência Estudantil do IFPE e se
expandiu para outros campi desta instituição. No campus Pesqueira, o Piel, apesar de ter
garantida sua execução, é penalizado por não ser um programa criado a nível federal. Assim, o
Piel não tem um quantitativo definido de bolsas a serem ofertadas anualmente, não tem um
163
período de execução definido, pode durar 08 (oito) meses como em 2015 ou 07 (sete) meses
como em 2016, não havendo o início definido, tudo isso vai depender da deliberação do
orçamento anual para cada programa da assistência estudantil no campus.
Nos outros campi, o Piel ainda não é um programa consolidado, podendo não acontecer
ou acontecer sem a oferta de auxílio para os usuários, dificultando, assim, a execução do
programa. Portanto, o Piel ao depender do interesse da gestão do campus tem sua importância
colocada em questão, pois vai depender da visão que o gestor tem sobre a temática “Esporte e
Lazer” e sua relevância como uma política de permanência e êxito.
O surgimento do Piel no campus Pesqueira promoveu mudanças na dinâmica de
trabalho do docente de Educação Física. O treinamento esportivo não era uma prática comum
no campus, até pela dificuldade da permanência dos estudantes e por não computar como carga
horária de trabalho do professor de Educação Física que quisesse desenvolver esta atividade.
Antes, os treinamentos esportivos aconteciam de forma sazonal. Num período próximo a
alguma competição, formavam-se equipes e treinavam elas por um período curto com o objetivo
de participar daquele evento esportivo. Pode ser por isso que para um dos “treinadores” era
mais fácil formar uma equipe antes da existência do Piel. Ou seja, o curto período de treino
aliado a duas situações que motivavam bastante os estudantes: a viagem para competir e a
própria competição. Atualmente o esporte faz parte da carga horária do professor dessa
disciplina que complementa sua carga horária de aula com atividades de apoio ao ensino e uma
dessas atividades é a participação no Piel, através dos treinamentos esportivos, que acontecem
de forma sistemática. Mas nem todos os entrevistados deixaram de trabalhar a atividade
esportiva de forma não sazonal, apesar da maioria deles, mesmo não tendo a definição dos
alunos bolsistas, começarem a atuar em fevereiro, uns 03 (três) meses antes do início do
programa.
A Política de Assistência Estudantil orienta para uma ampla divulgação das atividades
promovidas pela política de assistência, assim como, os recursos oferecidos e as normas para o
acesso do estudante. O Piel segue todas essas recomendações, porém alguns estudantes, em
especial os usuários sem auxílio, acreditam que a divulgação poderia ser melhor, pois as
informações sobre o programa não chegam para boa parte dos discentes. Já os usuários com
auxílio não acreditam que seja uma falha do Piel, mas sim dos estudantes que não procuram se
informar sobre as ações desenvolvidas no campus.
A proposta de Política de Assistência Estudantil do IFPE, em suas diretrizes, estimula a
participação de toda a comunidade acadêmica do IFPE nas ações da Assistência Estudantil. E
um dos pontos positivos do Piel é essa relação estabelecida com toda a comunidade, tanto a
164
interna, quanto a externa. Participam de sua execução a Direção Geral do campus, toda a equipe
multiprofissional da DAE e sua Chefia e os docentes (sendo de Educação Física ou não),
técnicos-administrativos, estagiário e voluntários da comunidade externa do campus que detém
um conhecimento (acadêmico ou vivência prática) sobre uma modalidade esportiva e atuam
como “treinadores”.
E na concepção dos sujeitos acima citados, o Piel contribui para a permanência dos
usuários com auxílio. De acordo com eles, a ajuda financeira ajuda bastante para que o aluno
frequente e permaneça no campus durante todo o curso. De acordo com os entrevistados, o
índice de evasão dos estudantes usuários com auxílio do Piel é quase nulo. Levando isso em
consideração, pode-se afirmar que o Piel contribui com a permanência no campus. Quando
algum usuário com auxílio do programa sai do Instituto são por motivos que se torna inviável
a sua participação, como por exemplo, gravidez precoce, mudança de residência e outros.
Com relação a gravidez precoce, já aconteceram dois casos, de acordo com os
entrevistados. É uma situação que torna inviável sua participação no Piel, pois o programa
envolve atividades de contato e com risco de quedas. Assim, a estudante sairá do programa,
mas não deixará de ser assistida pela Política de Assistência Estudantil. Porém, no caso das
duas alunas, ambas deixaram de frequentar a escola, por não se sentirem à vontade em
frequentar o campus diante do seu quadro de gravidez.
Para os entrevistados, o Piel se torna importante também por possuir alguns critérios
que induzem a permanência e o êxito escolar do estudante. Assim, os usuários com auxílio do
programa sabem que precisam se dedicar aos estudos para permanecer no programa e,
consequentemente, continuar recebendo o auxílio.
Apesar dos benefícios do Piel, que ajudam na permanência e êxito escolar dos
estudantes, vale ressaltar que o programa por si só, algumas vezes, pode não surtir efeito, pois
existe a realidade individual de cada aluno, suas dificuldades, que em certas situações não
ofereça escolhas para o estudante.
Porém, as contribuições do Piel, de acordo com os sujeitos, não se resumem em
assegurar a permanência do estudante e promover o êxito escolar, segundo eles, o programa
proporciona outros benefícios, como: A melhoria do comportamento dos usuários; a interação
entre os estudantes de diferentes turmas; novos vínculos de amizades; atrair estudantes de outras
redes para estudarem no Instituto; a propagação do esporte; estimular o aluno a seguir uma
carreira na área de Educação Física, por conta da sua identificação com a área esportiva e o
fortalecimento da imagem do campus como uma instituição que promove o esporte escolar.
165
Já os discentes, que são os usuários do Piel, em sua maioria têm a concepção de que o
programa contribui para a permanência no IFPE - campus Pesqueira, porque além do auxílio
financeiro para alguns participantes, que contribui nas despesas com o transporte, alimentação
e material escolar, a própria oferta do esporte é um grande atrativo para manter alguns
estudantes no campus, especialmente aquele discente que gosta da prática esportiva.
A região e a cidade são carentes de espaços para a prática de esporte e de lazer, diferente
da capital, onde o indivíduo tem espaços gratuitos como as praias, os parques e as quadras
esportivas. Em Pesqueira não existe um ginásio ou uma quadra esportiva à disposição da
população, não tem parques e também não oferece opções privadas de lazer, como cinemas,
escolinhas de iniciação esportiva e outros. Diante disso, as atividades esportivas e de lazer
oferecidas no Piel podem ser as únicas vivenciadas pelos participantes. O elemento “esporte e
lazer” oferecido pelo programa é um grande atrativo não só para permanência do estudante do
campus, mas também para motivar os estudantes das outras redes de ensino (municipal, estadual
e privada) a estudarem no campus. As atividades esportivas e de lazer, promovem o prazer, a
diversão, além da melhoria da saúde, contribuem também, para uma boa relação interpessoal e
porque não, para despertar, por conta da identificação, o interesse por uma carreira profissional
nestas áreas. Isto posto, não se pode negar que o esporte e o lazer exerce uma grande influência
para a diminuição da evasão por ser uma atividade atrativa para os discentes.
Em 2016, por conta de dificuldade orçamentária, não foi permitida a participação em
dois programas da assistência estudantil acumulando bolsas. Por esse motivo, a procura pelo
Piel foi um pouco menor, pois o mesmo foi um dos últimos programas a lançar o edital e a
maioria dos estudantes já estava ganhando auxílio de algum programa (técnicos-científicos,
específico ou universal). Porém, por conta do atrativo “Esporte e Lazer”, alguns estudantes que
já tinham o auxílio de algum programa, se inscreveram no Piel e, sendo selecionados, fariam a
troca para poder participar do Piel, aliando o auxílio financeiro à prática de uma atividade
considerada por eles prazerosa. Porém, notou-se na pesquisa que alguns sujeitos envolvidos
com o Piel não associam o Esporte e o Lazer à uma política de permanência e êxito, mas sim à
bolsa ofertada, apesar de muitos participarem mesmo sem estarem na condição de bolsistas.
Sobre a melhoria do rendimento escolar, os usuários do Piel, consideraram que o
programa contribui com o bom rendimento escolar dos participantes do programa. O principal
motivo seria por conta das diretrizes determinadas no edital do programa, que coloca como um
dos critérios de inscrição e permanência a aprovação num quantitativo de disciplinas cursadas
no período anterior. Assim, o estudante que queira receber o auxílio, terá que se dedicar aos
estudos para atingir a meta mínima de aprovações.
166
Com relação à permanência do usuário no programa condicionada a seu rendimento
escolar, percebe-se que esta diretriz está vinculada à garantia da qualidade da formação e não a
utilização do Piel como um instrumento de controle das taxas de evasão e retenção, buscando
atender a algum indicador quantitativo de rendimento escolar. A assistência estudantil no
campus Pesqueira, através de seus programas, procura prover condições necessárias aos
estudantes para a conclusão dos cursos de forma proveitosa.
O aporte financeiro dado pelo Piel ao usuário selecionado foi outro motivo citado que
influencia na melhoria do rendimento escolar. Com essa ajuda financeira, o estudante ganha
tempo e tranquilidade para se dedicar aos estudos, pois não precisa conseguir um “trabalho”
para complementar a renda familiar, o que acaba prejudicando seu rendimento escolar, pois
diminui seu tempo de estudos.
Por conta do atrativo “Esporte e Lazer” do programa citado anteriormente, numa
determinada situação, o Piel pode até prejudicar o rendimento escolar do estudante que participa
das atividades esportivas sem receber a bolsa, o usuário sem auxílio. O grande problema
apresentado é com relação aos horários dos treinos, esses horários são definidos de acordo com
a disponibilidade dos estudantes que foram selecionados pelo programa e irão receber o auxílio,
diante disso, o horário de treino pode coincidir com o horário de aula daquele estudante que
não recebe auxílio e gosta de praticar determinado esporte. Nesse caso, acontecem duas
situações, o estudante falta a aula para participar dos treinamentos e/ou permanece na aula, mas
fica com o pensamento voltado para a atividade esportiva que está acontecendo naquele
momento, prejudicando, em ambos os casos, o aprendizado do estudante e consequentemente
o seu rendimento escolar.
Por fim, fica evidente, diante do que foi apresentado pelo estudo, que apesar de não ter
um acompanhamento mais efetivo por parte da equipe multiprofissional, pelos motivos já
abordados anteriormente, o programa contribui bastante com a permanência do estudante no
campus e auxilia, de certa forma, na busca da melhoria do rendimento escolar do participante.
Vale destacar que a estrutura física e pedagógica oferecida pelos Institutos Federais são
fatores preponderantes para o desenvolvimento das potencialidades dos estudantes. Sendo
assim, o ambiente promovido pelo campus Pesqueira, o corpo docente altamente qualificado, a
presença de laboratórios, biblioteca, equipamentos tecnológicos e outros propiciam ao discente
um melhor aprendizado e, consequentemente, um bom rendimento escolar.
167
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182
APÊNDICES
183
APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Grupo Focal (estudante menor de idade)
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Grupo Focal (estudante menor de idade)
Eu, ______________________________________, como responsável por
______________________________________, concordo que o mesmo participe, como
voluntário, do estudo que tem como pesquisador responsável Carlos Eduardo Correia da Silva,
aluno do programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Pernambuco –
UFPE – Mestrado em Educação, que pode ser contatado pelo e-mail [email protected]
e pelos telefones (81) 98817-0017 e (81) 3037-3617. Tenho ciência de que o estudo tem como
objetivo realizar entrevistas com servidores e alunos do Instituto Federal de Pernambuco-
Campus Pesqueira, visando, por parte do referido aluno a realização de uma pesquisa para a
dissertação intitulada “ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL E ENSINO MÉDIO INTEGRADO
- um estudo sobre as relações entre o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer e a
permanência escolar”. A participação do estudante citado acima, no qual sou o(a) responsável,
consistirá em participar, no dia ______, das ______ às _____ horas, junto com outros estudantes
do Programa de Incentivo ao Esporte, de uma entrevista coletiva (Grupo Focal), que terá seu
áudio gravado e depois transcrito. Entendo que esse estudo possui finalidade de pesquisa
acadêmica e que será preservado o anonimato dos participantes, assegurando assim sua
privacidade.
______________________________
Assinatura do Responsável
Pesqueira, ___ de _________ de 2016
184
APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Grupo Focal
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Grupo Focal
Eu, ______________________________________, concordo em participar, como
voluntário, do estudo que tem como pesquisador responsável Carlos Eduardo Correia da Silva,
aluno do programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Pernambuco –
UFPE – Mestrado em Educação, que pode ser contatado pelo e-mail [email protected]
e pelos telefones (81) 98817-0017 e (81) 3037-3617. Tenho ciência de que o estudo tem como
objetivo realizar entrevistas com servidores e alunos do Instituto Federal de Pernambuco-
Campus Pesqueira, visando, por parte do referido aluno, a realização de uma pesquisa para a
dissertação intitulada “ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL E ENSINO MÉDIO INTEGRADO
- um estudo sobre as relações entre o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer e a
permanência escolar”. Minha participação se dará no dia ______, das ______ às _____ horas,
junto com outros estudantes do Programa de Incentivo ao Esporte, através de uma entrevista
coletiva (Grupo Focal), que terá seu áudio gravado e depois transcrito. Entendo que esse estudo
possui finalidade de pesquisa acadêmica e que será preservado o anonimato dos participantes,
assegurando assim minha privacidade.
______________________________
Assinatura do Responsável
Pesqueira, ___ de _________ de 2016
185
APÊNDICE C – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Entrevista
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Entrevista
Eu, __________________________________________, concordo em ser entrevistado
por Carlos Eduardo Correia da Silva, aluno do Programa de Pós-Graduação em Educação da
Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, Mestrado em Educação, que pode ser contatado
pelo e-mail [email protected] e pelos telefones (81) 98817-0017 e (81) 3037-3617.
Tenho ciência de que o estudo tem em vista realizar entrevistas com servidores e alunos do
Instituto Federal de Pernambuco-Campus Pesqueira, visando, por parte do referido aluno a
realização de uma pesquisa para a dissertação intitulada “ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL E
ENSINO MÉDIO INTEGRADO - um estudo sobre as relações entre o Programa de
Incentivo ao Esporte e Lazer e a permanência escolar”. Tenho ciência de que a entrevista
terá o áudio gravado e depois transcrito. Autorizo a utilização dessa entrevista apenas para a
finalidade acadêmica e sendo resguardada a minha identidade, sendo garantido o anonimato das
minhas declarações através do uso de nome fictício de minha escolha. Além disso, tenho ciência
que a minha participação é voluntária e que posso desistir da mesma durante a sua realização.
Nome: _________________________________________________________
Nome fictício (para ser usado na pesquisa): ____________________________
______________________________
Assinatura
Pesqueira, ___ de _________ de 2016
186
APÊNDICE D – ROTEIRO – GRUPO FOCAL (USUÁRIOS COM AUXÍLIO)
1. POR QUE VOCÊS PARTICIPAM DO PIEL?
Praticam esportes em outros locais?
Praticavam esportes na outra escola?
2. CASO O PIEL NÃO DISTRIBUÍSSE BOLSAS, VOCÊ AINDA PARTICIPARIA DOS
TREINAMENTOS?
3. QUAIS AS VANTAGENS QUE OS ESTUDANTES TÊM EM PARTICIPAR DO PIEL?
(viagens, diárias, relação com o IFPE, melhora do rendimento, outros).
4. O PIEL CONTRIBUI PARA SUA PERMANÊNCIA NO CAMPUS?
5. O PIEL CONTRIBUI NA MELHORIA DO SEU RENDIMENTO ESCOLAR?
6. OS PROFESSORES DO PIEL COBRAM UM MELHOR RENDIMENTO ESCOLAR DE
VOCÊS?
Eles orientam vocês buscando uma boa formação cidadã?
Vocês se preocupam em ter um bom rendimento por causa do PIEL?
7. QUAL O MOTIVO QUE FEZ VOCÊ QUERER SER ESTUDANTE DO IFPE?
Você já conhecia algum programa da assistência estudantil?
Como você conheceu o PIEL?
8. COMO VOCÊS AVALIAM O ENSINO MÉDIO INTEGRADO?
Currículo;
Professores;
Disciplinas técnicas;
Vestibular;
Espaço;
Possibilidades de trabalho.
9. QUAL A SUA PERSPECTIVA APÓS O MÉDIO INTEGRADO?
10. VOCÊS MORAM EM PESQUEIRA?
Como se deslocam para o campus?
Você mora com quantas pessoas?
11. VOCÊS PROCURAM ALGUM SETOR NO CAMPUS CASO ESTEJA COM ALGUMA
DIFICULDADE NA ESCOLA OU EM CASA?
12. PRECISA MELHORAR ALGUMA COISA NO PIEL OU NAS ATIVIDADES ESPORTIVAS
DESENVOLVIDAS NO CAMPUS?
187
APÊNDICE E – ROTEIRO – GRUPO FOCAL (USUÁRIOS SEM AUXÍLIO)
1. POR QUE VOCÊS PARTICIPAM DO PIEL?
Praticam esportes em outros locais?
Praticavam esportes na outra escola?
2. FARIA DIFERENÇA SE VOCÊS RECEBESSEM BOLSAS PARA PARTICIPAR DO
PIEL?
Você participa pensando em ganhar uma bolsa no futuro?
3. QUAIS AS VANTAGENS QUE OS ESTUDANTES TEM EM PARTICIPAR DO
PIEL? (viagens, diárias, relação com o IFPE, melhora do rendimento, outros).
4. O PIEL CONTRIBUI PARA SUA PERMANÊNCIA NO CAMPUS?
5. O PIEL CONTRIBUI NA MELHORIA DO SEU RENDIMENTO ESCOLAR?
6. OS PROFESSORES DO PIEL COBRAM UM MELHOR RENDIMENTO ESCOLAR
DE VOCÊS?
Eles orientam vocês buscando uma boa formação cidadã?
Vocês se preocupam em ter um bom rendimento por causa do PIEL?
7. QUAL O MOTIVO QUE FEZ VOCÊ QUERER SER ESTUDANTE DO IFPE?
Você já conhecia algum programa da assistência estudantil?
Como você conheceu o PIEL?
8. COMO VOCÊS AVALIAM O ENSINO MÉDIO INTEGRADO?
Currículo;
Professores;
Disciplinas técnicas;
Vestibular;
Espaço;
Possibilidades de trabalho.
9. QUAL A SUA PERSPECTIVA APÓS O MÉDIO INTEGRADO?
10. VOCÊS MORAM EM PESQUEIRA?
Como se deslocam para o campus?
Você mora com quantas pessoas?
11. VOCÊS PROCURAM ALGUM SETOR NO CAMPUS CASO ESTEJA COM
ALGUMA DIFICULDADE NA ESCOLA OU EM CASA?
188
12. PRECISA MELHORAR ALGUMA COISA NO PIEL OU NAS ATIVIDADES
ESPORTIVAS DESENVOLVIDAS NO CAMPUS?
13. QUAL A OPINIÃO DE VOCÊS SOBRE ESSE PROCESSO SELETIVO DO PIEL?
189
APÊNDICE F – ROTEIRO DE ENTREVISTA – ENTREVISTADO 06
1- Como foi o processo de criação do Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer?
2- Como era a prática esportiva e de lazer no campus antes do Programa de Incentivo ao
Esporte e Lazer?
3- Qual a sua opinião sobre o Programa? É um programa já consolidado dentro da política
de assistência estudantil do IFPE?
4- Qual é o histórico da Política de assistência estudantil no IFPE anterior ao PNAES?
Como funcionava?
5- No início, a política de assistência estudantil no campus foi direcionado para os
estudantes do nível superior ou para todos os níveis de ensino?
6- Quais as ações e/ou programas passaram a ser desenvolvidas no campus Pesqueira logo
no início do PNAES? E como outros programas foram aparecendo?
7- Como você avalia a Política de Nacional de Assistência Estudantil no IFPE?
8- Na sua opinião o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer contribui de alguma forma
na permanência e no êxito escolar dos estudantes beneficiados? Existem outras
contribuições que o programa proporciona para o campus Pesqueira?
9- Como é definido o valor orçamentário para pagamento do auxílio aos estudantes
participantes do programa?
10- Como você avalia a influência socioeconômica na permanência e no êxito escolar do
estudante? A que se deve, do seu ponto de vista, a evasão escolar?
11- Qual o papel do assistente social dentro da assistência estudantil, especificamente no
Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer?
12- Olhando o edital fica claro que o programa busca a melhoria do êxito escolar do
estudante beneficiado, caso o mesmo não consiga, durante o ano letivo manter um bom
rendimento, quais as ações tomadas por essa diretoria?
13- Como acontece o acompanhamento dos alunos beneficiados pelo Programa de
Incentivo ao Esporte e Lazer?
14- Quais os problemas enfrentados na realização do programa de incentivo ao esporte e
lazer? (espaço, pessoal, material e outros).
190
APÊNDICE G – ROTEIRO DE ENTREVISTA – ENTREVISTADO 01
1- Qual a sua opinião sobre o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer? É um programa
já consolidado dentro da política de assistência estudantil do IFPE?
2- Como é elaborado o edital para concorrer a uma vaga no programa de incentivo ao
Esporte e Lazer? Segue alguma normatização do IFPE ou é livre para todos os campi?
3- Qual a participação da DAE na definição do orçamento para o Programa de Incentivo
ao Esporte e Lazer?
4- Quais os critérios para o estudante ser um beneficiado do Programa de Incentivo ao
Esporte e Lazer? O perfil socioeconômico é o principal critério?
5- Qual é o histórico da Política de assistência estudantil no IFPE anterior ao PNAES?
Como funcionava?
6- Desde a sua implementação, a política de assistência estudantil no campus foi
direcionado para os estudantes de todos os níveis de ensino?
7- Qual a sua opinião sobre o PNAES? E a relação desta política com o Instituto?
8- A política de assistência estudantil consegue atender ao seu propósito no campus
Pesqueira?
9- Na sua opinião o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer contribui de alguma forma
na permanência e no êxito escolar dos estudantes beneficiados? Existem outras
contribuições que o programa proporciona para o campus Pesqueira?
10- Olhando o edital fica claro que o programa busca a melhoria do êxito escolar do
estudante beneficiado, caso o mesmo não consiga, durante o ano letivo manter um bom
rendimento, quais as ações tomadas por essa diretoria?
11- Qual o papel do assistente social dentro da assistência estudantil, especificamente no
Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer?
12- Como acontece o acompanhamento dos alunos beneficiados pelo Programa de
Incentivo ao Esporte e Lazer?
13- Quais os problemas enfrentados na realização do programa de incentivo ao esporte e
lazer? (espaço, pessoal, material e outros).
191
APÊNDICE H – ROTEIRO DE ENTREVISTA – ENTREVISTADO 05
1- Qual a sua opinião sobre o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer? É um programa já
consolidado dentro da política de assistência estudantil do IFPE?
2- Como é elaborado o edital para concorrer a uma vaga no programa de incentivo ao Esporte e
Lazer? Segue alguma normatização do IFPE ou é livre para todos os campi?
3- Qual a participação da DAE na definição do orçamento para o Programa de Incentivo ao Esporte
e Lazer?
4- Quais os critérios para o estudante ser um beneficiado do Programa de Incentivo ao Esporte e
Lazer? O perfil socioeconômico é o principal critério?
5- Qual a sua opinião sobre as políticas sociais desenvolvidas atualmente no Brasil?
6- Qual a sua opinião sobre o PNAES? E a relação desta política com o Instituto?
7- A política de assistência estudantil consegue atender ao seu propósito no campus Pesqueira?
8- Na sua opinião o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer contribui de alguma forma na
permanência e no êxito escolar dos estudantes beneficiados? Existem outras contribuições que
o programa proporciona para o campus Pesqueira?
9- Olhando o edital fica claro que o programa busca a melhoria do êxito escolar do estudante
beneficiado, caso o mesmo não consiga, durante o ano letivo manter um bom rendimento, quais
as ações tomadas por essa diretoria?
10- Qual o papel do assistente social dentro da assistência estudantil, especificamente no Programa
de Incentivo ao Esporte e Lazer?
11- Como acontece o acompanhamento dos alunos beneficiados pelo Programa de Incentivo ao
Esporte e Lazer?
12- Quais os problemas enfrentados na realização do programa de incentivo ao esporte e lazer?
(espaço, pessoal, material e outros).
192
APÊNDICE I – ROTEIRO DE ENTREVISTA – ENTREVISTADOS 02, 03, 04, 07 E 08.
1- Você gosta de desenvolver atividades esportivas? Qual a sua experiência nessa área?
2- Qual a sua opinião sobre a utilização do esporte e lazer como instrumento auxiliar do processo
educativo?
3- Você acredita ser necessário desenvolver políticas de assistência para estudantes da rede pública
de ensino? Qual a sua opinião sobre a Política Nacional de Assistência Estudantil?
4- Você já treinava os estudantes do IFPE – Pesqueira antes do surgimento do Programa de
Incentivo ao Esporte e Lazer?
5- Qual a sua opinião sobre o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer? Como você descreveria
seu primeiro contato com o programa?
6- Você participa do processo seletivo para o estudante que queira ganhar o auxílio do Programa
de Incentivo ao Esporte e Lazer? Em que momento e de que forma acontece a sua participação?
7- Você abre espaço nos treinamentos e nos eventos esportivos para os estudantes que não ganham
o auxílio do programa?
8- Na sua opinião, de que forma você contribui para a formação cidadã e para o desenvolvimento
educacional dos estudantes do Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer?
9- Na sua opinião o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer contribui de alguma forma na
permanência e no êxito escolar dos estudantes beneficiados? Existem outras contribuições que
o programa proporciona para o campus Pesqueira?
10- Você gostaria de relatar alguma experiência vivida no Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer
que demonstre se ele está contribuindo ou não no desempenho escolar do estudante?
11- Você acredita que os participantes do Programa só frequentam os treinos por conta do auxílio
financeiro?
12- Olhando o edital fica claro que o programa busca a melhoria do êxito escolar do estudante
beneficiado, caso o mesmo não consiga, durante o ano letivo manter um bom rendimento, quais
as ações tomadas por você?
13- Quais os problemas enfrentados na realização do programa de incentivo ao esporte e lazer?
(espaço, pessoal, material e outros).
193
ANEXOS
194
ANEXO A – Edital nº 02/2015
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE PERNAMBUCO
DIREÇÃO GERAL CAMPUS PESQUEIRA
DEPARTAMENTO DE ENSINO CAMPUS PESQUEIRA
Serviço Social
Edital nº 02/2015– Assistência Estudantil
PROGRAMA DE INCENTIVO AO ESPORTE – MODALIDADE COLETIVA E
INDIVIDUAL
Edital nº 02/2015 – Assistência Estudantil
O Diretor Geral do Campus Pesqueira do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de
Pernambuco (IFPE), por meio da Divisão de Assistência ao Estudante (DAE), em conformidade com a
Política de Assistência Estudantil, aprovada pela Resolução CONSUP Nº 21/2012, com a Organização
Acadêmica Institucional, aprovada pela Resolução Nº 81/2010 e com a Regulamentação de Bolsa
Permanência no âmbito do IFPE, torna público as normas e prazos de seleção para ingresso nos
Programas de Incentivo ao Esporte e ao Lazer da Política de Assistência Estudantil e Incentivo ao
Esporte do Campus Pesqueira.
1. DOS OBJETIVOS
Ampliar e fortalecer as condições de acesso e permanência com êxito dos discentes na Instituição através
dos Programas de Incentivo ao Esporte que visam assegurar, prioritariamente ao estudante em situação
195
de vulnerabilidade socioeconômica e/ou que apresente um bom rendimento esportivo, o exercício pleno
da cidadania.
2. CRONOGRAMA
As etapas do processo seletivo ocorrerão de acordo com o calendário apresentado por modalidade.
3. Programa de Incentivo ao Esporte:
3.1. Conceito:
O Programa Bolsa-Atleta e o Programa de Incentivo ao Esporte são programas de incentivo aos
estudantes – Atletas do IFPE Campus Pesqueira, que visa a Educação para o Esporte, na formação da
cidadania e melhoria da qualidade de vida. Os programas serão coordenados pelos Professores de
Educação Física e outros docentes / administrativos do Campus.
3. MODALIDADES:
3.1 COLETIVAS:
* BASQUETE
* FUTSAL
* VOLEIBOL
3.2 INDIVIDUAIS
* JUDÔ
* KICKBOXING
* BADMINTON
4.Critérios de participação no processo seletivo para todas as modalidades:
1. Matrícula regular no IFPE- Campus Pesqueira, cursando no mínimo 3 componentes curriculares;2.
Idade mínima de 15 anos completos ou completará 15 anos no ano de 2015; 3. Idade máxima de 20 anos
11 meses e 30 dias; 4. Parecer médico favorável à prática desportiva; 5. Não receber salário ou patrocínio
de entidade de prática desportiva (clube).
4.1.1 Valor do Auxílio financeiro: R$ 275,80 durante 8 meses (Maio à Dezembro de 2015).
196
4.1.2 Condicionalidades para permanência dos beneficiados:
1. Matrícula regular nos cursos presenciais do IFPE – Campus Pesqueira, além da manutenção de
rendimento acadêmico, admitindo a retenção em até três componentes curriculares cumulativamente.
Caso o estudante extrapole essa quantidade de reprovações já citadas caberá à equipe multidisciplinar a
avaliação do caso. Ao término do 1º semestre todos os alunos terão que realizar a renovação e serão
avaliados no tocante ao rendimento escolar e participação nos treinamentos, para a possível continuidade
no programa; 2. Não descumprir as regras da Organização Acadêmica Institucional do IFPE vigentes
passíveis de advertência, suspensão e desligamento; 3. Frequência regular nos treinos em horários pré-
fixados pelo (s) Técnicos; (no mínimo 75% de frequência na carga horária, mensal, dos treinamentos
e/ou jogos pré-estabelecidos, amistosos e oficiais). O aluno que não atingir a frequência estipulada neste
item por 3 meses intercalados ou consecutivos será desligado do programa. O Estudante/Atleta que não
atingir os 75% de frequência no mês e não apresentar justificativa plausível poderá ter a bolsa suspensa
no referido mês. A frequência deverá ser assinada a cada treino com o docente/administrativo
responsável pela modalidade; 4. Boa convivência com o técnico, com os colegas da equipe e com todos
que fazem parte da Instituição; 5. Apresentar-se com vestimenta adequada, seguindo as
orientações/normas dos professores; 6. Pontualidade; 7. Zelar e guardar o material de expediente junto
ao Professor; 8. Zelar pelas estruturas físicas do nosso Campus e demais locais que venham a visitar; 9.
Apresentar qualidades técnicas, físicas e psicológicas; 10. Custear seus próprios uniformes esportivos,
tanto para participações em eventos como para treinamentos;
Parágrafo Único: Para fins de renovação dos Programas, o/a estudante deverá apresentar no início do 2º
Segundo Semestre, em data estipulada pela DAE, o Histórico Escolar impresso pelo Q-Acadêmico ou
emitido pelo Setor de Registro Escolar atualizado.
5. Inscrições e Requisitos Básicos para todas as modalidades:
1. Questionário socioeconômico preenchido disponível no site institucional do Campus Pesqueira:
www.portal.ifpe.edu.br, a partir de 16 de abril de 2015, o qual deverá ser impresso e
devidamente assinado, entregue na DAE (Sala D1). 2- Ficha de inscrição impressa e preenchida
manualmente, disponível no site institucional Campus Pesqueira: www.portal.ifpe.edu.br. 3-
Cópia do RG e CPF ou Certidão de Nascimento para os/as estudantes menores de 18 anos. 4-
Uma foto 3 x 4; 5- Comprovante de Matrícula ou Histórico Escolar solicitado ao Registro
Escolar ou impresso pelo Q-Acadêmico. 6- Cópia da Conta de energia atualizada, referente aos
meses de fevereiro ou março/2015, do endereço onde reside. 7- Cópias do Comprovante de
renda do/a estudante, maior de 18 anos. Trabalho formal (contracheque, extrato bancário ou
contrato com renda atual, referente a fevereiro ou março/2015; Autônomo/a ou trabalho
197
informal: declaração específica (Anexo II) datada e assinada; Desempregado/a: declaração de
desemprego (Anexo III) datada e assinada; 8- Cópia(s) do(s) Comprovante(s) de renda familiar.
Incluem-se todos/as os/as integrantes do núcleo familiar que residem com o/a estudante, com
ou sem vínculo empregatício maiores de 18 anos. Trabalho formal: (contracheque, extrato
bancário ou contrato com renda atual, referente a fevereiro ou março/2015; Autônomo/a ou
trabalho informal: declaração específica (Anexo II) datada e assinada; Desempregado/a:
declaração de desemprego (Anexo III) datada e assinada; Aposentados/as e Pensionistas: extrato
bancário identificado e cartão do benefício, referente ao mês de fevereiro ou março/2015. 9-
Cópia do Registro Geral (RG) ou outro documento oficial de Identidade de todos/as integrantes
do núcleo familiar maiores de 18 anos. 10- Cópia da certidão de nascimentos de todos/as os/as
integrantes do núcleo familiar menores de 18 anos. 11- Parecer médico favorável à prática
desportiva fornecida por profissional qualificado, a DAE irá disponibilizar termos de
responsabilidade e autorização para os maiores e menores de 18 anos responsabilizando o
estudante ou responsável por qualquer intercorrência nas seletivas. A autorização deverá ser
acompanhada da RG do responsável. Ressaltamos que será uma condição temporária com a
ressalva de que o estudante só poderá assinar o termo de compromisso e iniciar as atividades
quando apresentar parecer médico.
Documentos Complementares, caso julguem necessário apresentar: Cópia do Cartão e Extrato
atualizado referente ao mês de fevereiro ou março/2015 de benefícios sociais, Bolsa família,
BPC, PROJOVEM, Aluguel ou Financiamento de Casa Própria, Gastos Médicos e outros.
5.1 Seleção:
Os estudantes poderão ser selecionados apenas pelo seu desempenho técnico e físico da modalidade
segundo a avaliação do docente/administrativo responsável e/ou além de apresentarem bom desempenho
esportivo estiverem no perfil de vulnerabilidade socioeconômica, a qual será avaliada pelo Serviço
Social do campus Pesqueira de acordo com os critérios relacionados abaixo:
a) Renda per capita familiar de até 1,5 salário mínimo nacional vigente; b) Situação de moradia; c)
Situação de trabalho; d) Composição familiar e de Fragilidade de Vínculos;
e) Despesas familiares; f) Bens móveis e imóveis; g) Gênero e raça/etnia; h) Escolaridade dos membros
da família; i) Doenças crônicas/Fragilidade Orgânica devidamente comprovada e/ou existência de
deficiência em membro da família; j) Pessoa com Deficiência e/ou Necessidades Especiais; k) Cotista
das Escolas Públicas; l) Estudantes com filhos/as com idade de até 6 anos incompletos; m)Beneficiário
de outros Programas Sociais (CadÚnico, BPC, Tarifa Social da CELPE e outros); n) Pessoas em situação
de risco social; o) Pessoas em situação de risco, comprovadamente, devido a questões relativas à
orientação Sexual; p) Ordem física; q) Comunidades em desvantagem social;
198
r) Estudantes com filhos de 7 a 11 anos incompletos; s) Estudantes com filhos adolescente de 12 a 18
anos incompletos.
OBS.: Os itens para analise da condição de vulnerabilidade social e o conceito de risco social são
adotados na Política Nacional de Assistência Social no que diz respeito à proteção social especial,
PNAS, 2004.
CRITÉRIOS DE SELEÇÃO POR MODALIDADE
COLETIVAS
MODALIDADE CRITÉRIOS PROFESSOR
RESPONSÁVEL
BASQUETE
MASCULINO
Etapa 1.: Serão selecionados os estudantes que se
destacarem em relação ao desempenho técnico e físico,
segundo a avaliação do professor responsável.
DOMÍNIO DE BOLA-PASSES-ARREMESSOS E REGRAS
FUTSAL FEMININO
E MASCULINO
Serão selecionados os/as estudantes que se destacarem em
relação ao desempenho técnico e físico, segundo a
avaliação do professor e servidor responsáveis.
DOMÍNIO DE BOLA-PASSES-CHUTES-DRIBLES E REGRAS
VOLEIBOL
FEMININO E
MASCULINO
Serão selecionados os/as estudantes que se destacarem em
relação ao desempenho técnico e físico, segundo a
avaliação do professor responsável.
O candidato terá seu desempenho avaliado em uma
pontuação que vai de 0 a 5 pontos, nos fundamentos e
regras específicos de cada modalidade.
SAQUE-MANCHETE-LEVANTAMENTO-ATAQUE E REGRAS
OBS: Saque por baixo pontua, no máximo, 3 pontos.
INDIVIDUAIS
JUDÔ FEMININO
E MASCULINO
Serão selecionados os/as estudantes que se destacarem em
relação ao desempenho técnico e físico, segundo a
avaliação do professor e servidor responsáveis.
199
KICKBOXING
FEMININO E
MASCULINO
Serão selecionados os/as estudantes relacionados
indicados pela professor responsável que utilizará como
critério o comprometimento com a modalidade desde o
princípio do treinamento, e algumas características
observadas em treinamento.
BADMINTON
MASCULINO E
FEMININO
Serão selecionados os/as estudantes que se destacarem em
relação ao desempenho técnico e físico, segundo a
avaliação do professor responsável.
O candidato terá seu desempenho avaliado em uma
pontuação que vai de 0 a 5 pontos, nos fundamentos
específicos da modalidade.
SAQUE- ATAQUE E DEFESA.
OBS: Saque por baixo pontua, no máximo, 3 pontos.
1. Quadro de Vagas:
COLETIVAS
BASQUETE 5
FUTSAL FEMININO 5
FUTSAL MASCULINO 5
VOLEIBOL MASCULINO 6
VOLEIBOL FEMININO 6
INDIVIDUAIS
JUDÔ MASCULINO 2
JUDÔ FEMININO 2
KICKBOXING 4
BADMINTON 2
TOTAL 37
200
2. Cronograma:
CRONOGRAMA
INSCRIÇÕES 22 Á 24 DE ABRIL DE 2015
SELEÇÃO DE BASQUETE
29 DE ABRIL (QUARTA)
HORÁRIO: 14h00min.
SELEÇÃO DE VOLEIBOL 28 DE ABRIL (TERÇA), HORÁRIO: 09h00min
FEMININO E MASCULINO.
SELEÇÃO JUDÔ
27 DE ABRIL (SEGUNDA), PELA MANHÃ,
HORÁRIO: 10h00min FEMININO E
MASCULINO.
SELEÇÃO DE FUTSAL
23 DE ABRIL (QUINTA), MANHÃ E TARDE.
MASCULINO 11h30min. FEMININO
14h00min.
SELEÇÃO KICKBOXING 24 DE ABRIL (SEXTA), HORÁRIO: 17:30h.
SELEÇÃO BADMINTON 24 DE ABRIL (SEXTA), TARDE, HORÁRIO:
14h00min FEMININO E MASCULINO.
AVALIAÇÃO SOCIAL 30/04 À 04 DE MAIO DE 2015
RESUTADO PRELIMINAR 05 DE MAIO DE 2015
INTERPOSIÇÃO DE RECURSO 07 DE MAIO DE 2015
ANÁLISE DE RECURSO 08 DE MAIO DE 2015
RESULTADO FINAL 11 DE MAIO DE 2015
ASSINATURA DO TERMO DE
COMPROMISSO
13 A 15 DE MAIO DE 2015
8. DA DIVULGAÇÃO DO RESULTADO
201
A relação dos/as estudantes contemplados/as com benefício será publicada no site do IFPE
www.portal.ifpe.edu.br, na página do Campus Pesqueira.
OBSERVAÇÃO: Os/As candidatos/as efetivados/as deverão procurar o Serviço Social, a DAE para
assinar o termo de compromisso. Caso o/a estudante não assine o termo de compromisso na data
estipulada estará automaticamente desvinculado/a do programa.
9- SERÁ EXCLUÍDO DO PROCESSO SELETIVO O CANDIDATO QUE:
9.1 Descumprir as condições deste edital; 9.2 Não comprovar as informações exigidas nos
formulários de inscrições; 9.3 Perder os prazos de inscrições e entrega dos documentos exigidos.
10- RECURSO:
10.1 O candidato poderá dar entrada com recurso no dia seguinte ao resultado preliminar. 10.2 O
candidato deverá dar entrada com o recurso no setor de Recursos Humanos do Campus Pesqueira no
horário das 08:00 ao 12:00 e 13:00 às 17:00. 10.3 O recurso interposto fora do respectivo prazo não será
reconhecido, considerado, para este efeito, a data da solicitação. 10.4 Os recursos serão analisados pela
equipe responsável pela seleção, vedada a multiplicidade de recursos por um(a) mesmo(a) candidato(a).
10.5Não serão aceitos recursos interpostos por fax, telegrama ou outro meio que não seja o especificado
neste Edital. 10.6 Será publicada relação com o resultado do julgamento dos recursos, no prazo de até
48 (quarenta e oito) horas após o seu recebimento.
11- DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
11.1 As declarações quando exigidas deverão ser preenchidas a punho e assinadas pelo
candidato;
11.2 A documentação incompleta causará o indeferimento da inscrição;
11.3 As informações prestadas no formulário, bem como a documentação apresentada, serão de
inteira responsabilidade do estudante. A não veracidade e/ ou omissão de informações acarretará a
suspensão do estudante do Programa, independente da época em que forem constatadas;
11.4 O estudante deverá comunicar imediatamente ao Serviço Social qualquer alteração em sua
situação socioeconômica, como por exemplo, inserção em atividade remunerada ou estágio remunerado
(a partir da palavra “como” a redação poderá ser excluída);
202
11.5 Não será permitido ao estudante selecionado acumular benefícios do Programa de
Assistência Estudantil de que tratam este edital. Caso o estudante seja selecionado em mais de um
programa, este deve optar ao assinar o termo de compromisso por apenas um dos benefícios financeiros;
11.6 O estudante com matrícula vinculo, não poderá participar deste processo seletivo;
11.7 O estudante do Programa PROIFPE não poderá se candidatar às bolsas de Assistência
Estudantil deste processo seletivo, uma vez que, o PROIFPE caracteriza-se como um curso de Extensão;
11.8 Somente após a assinatura do termo de compromisso no Serviço Social na DAE o estudante
estará efetivamente incluído nos Programas de Assistência Estudantil e do IFPE Campus Pesqueira.
11.9 O quantitativo de bolsas será disponibilizado em função dos recursos oriundos do
orçamento do Campus.
Pesqueira, 16 de abril de 2015.
OBS: O EDITAL DEVIDAMENTE ASSINADO ENCONTRA-SE NA DAE (SALA D1)
203
ANEXO I
FICHA DE INSCRIÇÃO PROGRAMA DE INCENTIVO AO ESPORTE E LAZER
2015
( ) BASQUETE
( ) FUTSAL
( ) VOLEI
( ) JUDÔ
( ) KICKBOXING
NOME:______________________________________________________________
SEXO: (F) (M) Idade:______ DATA DE NASCIMENTO:______/______/________
CURSO:__________________________________PERÍODO:__________________
MODALIDADE:______________
MATRICULA: _____________ TURNO: ___________________ COTISTA: ( ) SIM ( ) NÃO
NATURALIDADE:____________________NACIONALIDADE:_______________
RG:__________________Orgão EXP.:_________________CPF:________________
ENDEREÇO:___________________________________________________Nº____
BAIRRO:______________________CIDADE:_________________CEP:_________
PONTO DE REF.___________________________________ __________________
FONE RES.:( )____________CEL.( )_____________ FONE RECADO: ( ) _____________
Email:________________________________________________________________
Pesqueira, de 2015.
--------------------------------------------------------------------------------
Assinatura do/a estudante
204
ANEXO II
DECLARAÇÃO DE QUE EXERCE ATIVIDADE INFORMAL
Eu,________________________________________, CPF nº______________________,
RG _________________,residente à _________________________________________
_______________________________________________________________________, cidade
___________________________________ declaro sob responsabilidade e penas da lei, que exerço
atividade informal remunerada de _____________________
________________________________________________________________________
(indicar qual a atividade exerce) recebendo mensalmente média de remuneração no valor de R$
________________________________.
Estou ciente de que a omissão de informações ou a apresentação de dados ou documentos falsos
e/ou divergentes implicam, a qualquer tempo, no cancelamento do Auxílio ou Programa, se
concedido, e obrigam a imediata devolução dos valores indevidamente recebidos, além das
medidas judiciais cabíveis.
________________________,___DE_______________DE 201__.
____________________________________________
Assinatura do (a) Declarante
205
ANEXO III
DECLARAÇÃO DE SITUAÇÃO DE DESEMPREGO
Eu, _______________________________________________________________,
portador do RG: ________________ e CPF:___________________, residente à
Rua/Avenida/Travessa________________________________________________________,nº____
____,Complemento:_____________________________________________,Bairro______________
_______,Município:______________________,Estado: ______,
declaro para os devidos fins (sob as penas das Leis Civis, com ressarcimento por prejuízo causado
a terceiros; e Penal, por crime de falsidade ideológica, Art. 299), que não recebo atualmente
salários, proventos, pensão, aposentadoria, comissão, pró-labore, rendimento de trabalho
informal ou autônomo, rendimento auferido de patrimônio e quaisquer outros.
Declaro ainda que as informações apresentadas acima são verdadeiras e que estou ciente
de que a omissão de informações ou a apresentação de dados ou documentos falsos e/ou
divergentes podem resultar em processo contra mim. Portanto, autorizo a devida investigação e
fiscalização para fins de averiguar e confirmar as informações declaradas acima.
Subscrevo a presente declaração, em uma via, reconhecendo como verdadeiro seu
conteúdo.
______________________, _______de _____________ de 201___.
____________________________________________
Assinatura do (a) Declarante
206
ANEXO B – Edital nº 02/2016
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE
PERNAMBUCO DIREÇÃO GERAL CAMPUS PESQUEIRA
DEPARTAMENTO DE ENSINO CAMPUS PESQUEIRA
Serviço Social
Edital nº 02/2016– Assistência Estudantil
PROGRAMA DE INCENTIVO AO ESPORTE – MODALIDADE COLETIVA E
INDIVIDUAL
Edital nº 02/2016 – Assistência Estudantil
O Diretor Geral do Campus Pesqueira do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
de Pernambuco (IFPE), por meio da Divisão de Assistência ao Estudante (DAE), em
conformidade com a Política de Assistência Estudantil, aprovada pela Resolução CONSUP Nº
21/2012, com a Organização Acadêmica Institucional, aprovada pela Resolução Nº 81/2010 e
com a Regulamentação de Bolsa Permanência no âmbito do IFPE, torna público as normas e
prazos de seleção para ingresso nos Programas de Incentivo ao Esporte e ao Lazer da Política
de Assistência Estudantil e Incentivo ao Esporte do Campus Pesqueira- PE.
1. DOS OBJETIVOS
Ampliar e fortalecer as condições de acesso e permanência com êxito dos discentes na
Instituição através dos Programas de Incentivo ao Esporte que visam assegurar,
prioritariamente ao estudante em situação de vulnerabilidade socioeconômica e/ou que
apresente um bom rendimento esportivo, o exercício pleno da cidadania.
2. CRONOGRAMA
As etapas do processo seletivo ocorrerão de acordo com o calendário apresentado por
modalidade.
3. PROGRAMA DE INCENTIVO AO ESPORTE:
3.1. Conceito:
O Programa Bolsa-Atleta e o Programa de Incentivo ao Esporte são programas de incentivo aos
estudantes – Atletas do IFPE Campus Pesqueira, que visa a Educação para o Esporte, na
207
formação da cidadania e melhoria da qualidade de vida. Os programas serão coordenados pelos
Professores de Educação Física, outros docentes/ administrativos do Campus e voluntários.
MODALIDADES:
COLETIVAS:
BASQUETE
FUTSAL
VOLEIBOL
INDIVIDUAIS:
KICKBOXING
BADMINTON
XADREZ (EM ANÁLISE DE RECURSO)
Critérios de participação no processo seletivo para todas as modalidades:
1 - Matrícula regular no IFPE- Campus Pesqueira, cursando no mínimo 3 componentes
curriculares; 2- Idade mínima de 15 anos completos ou completará 15 anos no ano de 2016; 3-
Idade máxima de 19 anos (até 31 de dezembro); 4- Parecer médico favorável à prática
desportiva; 5- Não receber salário ou patrocínio de entidade de prática desportiva (clube); 6-
Não será permitido acumular com outras bolsas e auxílios estudantis.
4.1 Valor do Auxílio financeiro: R$ 308,00 durante 7 meses (junho à dezembro de 2016).
4.2 Condicionalidades para permanência dos beneficiados:
1 - Matrícula regular nos cursos presenciais do IFPE – Campus Pesqueira-PE, além da
manutenção de rendimento acadêmico, admitindo a retenção em até 50% dos componentes
curriculares cumulativamente. Caso o estudante extrapole essa quantidade de reprovações já
citadas caberá à equipe multidisciplinar a avaliação do caso. Ao término do 1º semestre todos
os alunos terão que realizar a renovação e serão avaliados no tocante ao rendimento escolar e
participação nos treinamentos, para a possível continuidade no programa.
2 - Não descumprir as regras da Organização Acadêmica Institucional do IFPE vigentes
passíveis de advertência, suspensão e desligamento;
3 - Frequência regular nos treinos em horários pré-fixados pelo (s) Técnicos; (no mínimo 75%
de frequência na carga horária, mensal, dos treinamentos e/ou jogos pré-estabelecidos,
amistosos e oficiais). O aluno que não atingir a frequência estipulada neste item por 3 meses
intercalados ou consecutivos será desligado do programa. O Estudante/Atleta que não atingir
os 75% de frequência no mês e não apresentar justificativa plausível poderá ter a bolsa suspensa
no referido mês. A frequência deverá ser assinada a cada treino com o docente/administrativo
responsável pela modalidade;
4 - Boa convivência com o técnico, com os colegas da equipe e com todos que fazem parte da
Instituição;
5 - Apresentar-se com vestimenta adequada, seguindo as orientações/normas dos professores;
6 - Pontualidade;
7 - Zelar e guardar o material de expediente junto ao Professor;
8 - Zelar pelas estruturas físicas do nosso Campus e demais locais que venham a visitar;
208
9 - Apresentar qualidades técnicas, físicas e psicológicas;
10 - Custear seus próprios uniformes esportivos, tanto para participações em eventos como para
treinamentos;
Parágrafo Único: Para fins de renovação dos Programas, o/a estudante deverá apresentar no
início do 2º segundo Semestre, em data estipulada pela DAE, o histórico escolar impresso pelo
Q- Acadêmico ou emitido pelo Setor de Registro Escolar atualizado.
4. Inscrições e Requisitos Básicos para todas as modalidades:
Os estudantes que se inscreveram no programa bolsa permanência em 2016 e que desejam se
inscrever nesse edital, irão apresentar apenas ficha de inscrição e parecer médico (conforme
subitem 10 do item 5, disponível na dae).
1 - Ficha de inscrição preenchida manualmente, disponível no site institucional Campus
Pesqueira: www.portal.ifpe.edu.br; 2- Cópia do RG e CPF (maiores) ou Certidão de
Nascimento para os/as estudantes menores de 18 anos; 3- Questionário socioeconômico
disponível na DAE, o qual deverá ser devidamente assinado e entregue; 4- Uma foto 3 x 4; 5-
Histórico Escolar impresso pelo Q-Acadêmico; 6- Cópia do Registro Geral (RG) ou outro
documento oficial de Identidade de todos/as integrantes do núcleo familiar maiores de 18 anos;
7- Cópia da certidão de nascimento de todos/as os/as integrantes do núcleo familiar menores de
18 anos; 8- Cópias do Comprovante de renda do/a estudante, maior de 18 anos;
CASO FIQUE EM DÚVIDA SOBRE O COMPROVANTE DE RENDA, ENTRE EM
CONTATO COM O SERVIÇO SOCIAL, POIS ESSE É UM DOCUMENTO
ESSENCIAL PARA O PROCESSO DE SELEÇÃO.
Para os/as trabalhadores/as do mercado formal (celetistas, servidores públicos civis e militares):
Cópia da carteira de trabalho atualizada ou recibo de salário completo ou contracheque ou
contrato (com renda atual) referente a abril, maio ou junho de 2016.
Para os/as desempregados/as (todas as pessoas com idade superior a 18 anos, residentes
na mesma casa, desempregados/das ou que não desenvolvam nenhuma atividade
informal) deverão apresentar:
Cópia da Carteira de Trabalho com a identificação, a baixa do último emprego e com a próxima
página de contrato em branco; Apresentar comprovante de seguro-desemprego, caso esteja
recebendo o benefício;
Para trabalhadores/as do mercado informal e autônomos/as:
Trabalhador informal: Declaração firmada por assinatura de 02 (duas) testemunhas, que não
sejam componentes do mesmo grupo familiar (nome completo e número do CPF) com data
atual, informando a renda mensal e a atividade exercida. (disponível na DAE) e cópia da
Carteira de Trabalho com a identificação, a baixa do último emprego e com a próxima página
209
de contrato em branco (Caso não tenha carteira de trabalho, apresentar declaração de próprio
punho informando essa situação).
Trabalhador autônomo: declaração de imposto de renda atualizada.
Para proprietários/as ou pessoas com participação em cotas de empresas ou
microempresas: Declaração do Imposto de renda - cópia de todas as páginas do IRPF referente
ao ano base vigente entregue à Receita Federal. Declaração contábil de retirada de pró labore
atualizada;
Em caso de aposentadoria: Cópia do último comprovante de recebimento de benefício do
INSS identificado ou extrato impresso no Dataprev. Link do site
:http://www8.dataprev.gov.br/SipaINSS/pages/hiscre/hiscreInicio.xhtml;
Em caso de pensionistas: Cópia do último comprovante de recebimento de benefício do INSS
identificado ou extrato impresso no Dataprev. Link do site
:http://www8.dataprev.gov.br/SipaINSS/pages/hiscre/hiscreInicio.xhtml e cópia da Carteira de
Trabalho com a identificação, a baixa do último emprego e com a próxima página de contrato
em branco;
Produtor rural: Apresentar cópia do ITR (Imposto Territorial Rural), declaração do Sindicato
dos Trabalhadores Rurais ou de associações de moradores – constando a principal atividade e
a remuneração média mensal. Caso não seja associado ao sindicato ou a associação, declaração
firmada por duas testemunhas, com data atual, informando a renda mensal (informar nome e
CPF) (disponível na DAE);
Outros (por exemplo, comissões por vendas, auxílios de parentes e/ou amigos): declaração
assinada por quem paga as comissões ou pelo prestador de auxílio financeiro com assinatura de
02 (duas) testemunhas, que não sejam componentes do mesmo grupo familiar (nome completo
e número do CPF) (disponível na DAE); Apresentar também cópia da carteira de trabalho com
a identificação, a baixa do último emprego e com a próxima página do contrato em branco;
Se houver renda proveniente de aluguel de imóveis: cópia do contrato de locação ou
declaração original do locatário, constando em ambos o valor mensal;
Se estiver recebendo pensão alimentícia: 1 - apresentar cópia da sentença judicial ou no caso
de recebimento via banco, cópia do extrato do mês de abril, maio ou junho de 2016,
acompanhado da declaração assinada pelo responsável do pagamento, constando o valor pago.
(disponível na DAE).
OBS: NO ATO DA INSCRIÇÃO, DEVERÃO SER APRESENTADAS AS (CTPS)
CARTEIRAS DE TRABALHO PROFISSIONAL ORIGINAIS.
2 - Parecer médico favorável à prática desportiva fornecida por profissional qualificado, a DAE
irá disponibilizar termos de responsabilidade e autorização para os maiores e menores de 18
210
anos responsabilizando o estudante ou responsável por qualquer intercorrência nas seletivas. A
autorização deverá ser acompanhada da RG do responsável. Ressaltamos que será uma
condição temporária com a ressalva de que o estudante só poderá assinar o termo de
compromisso e iniciar as atividades quando apresentar parecer médico; Cópia da Conta de
energia atualizada, referente aos meses de abril, maio ou junho/2016, do endereço onde reside;
3- Documentos Complementares, caso julguem necessário apresentar: Cópia do Cartão e
Extrato atualizado referente ao mês de abril, maio ou junho/2016, de benefícios sociais, Bolsa
família, BPC, PROJOVEM, Aluguel ou Financiamento de Casa Própria, Gastos Médicos e
outros.
5.1 Seleção:
Os estudantes poderão ser selecionados apenas pelo seu desempenho técnico e físico da
modalidade segundo a avaliação do docente/administrativo responsável e/ou além de
apresentarem bom desempenho esportivo estiverem no perfil de vulnerabilidade
socioeconômica, a qual será avaliada pelo Serviço Social do campus Pesqueira de acordo com
os critérios relacionados abaixo:
a) Renda per capita familiar de até 1,5 salários mínimo nacional vigente;
b) Situação de moradia;
c) Situação de trabalho;
d) Composição familiar e de Fragilidade de Vínculos;
e) Despesas familiares;
f) Bens móveis e imóveis;
g) Gênero e raça/etnia;
h) Escolaridade dos membros da família;
i) Doenças crônicas/ Fragilidade Orgânica devidamente comprovada e/ou existência de
deficiência em membro da família;
j) Pessoa com Deficiência e/ou Necessidades Especiais;
k) Cotista das Escolas Públicas;
l) Estudantes com filhos/as com idade de até 6 anos incompletos;
m) Beneficiário de outros Programas Sociais (Cadúnico, BPC, Tarifa Social da CELPE e
outros).
n) Pessoas em situação de risco social;
o) Pessoas em situação de risco, comprovadamente, devido a questões relativas à
orientação Sexual;
p) Ordem física;
q) Comunidades em desvantagem social;
r) Estudantes com filhos de 7 a 11 anos incompletos;
s) Estudantes com filhos adolescentes de 12 a 18 anos incompletos.
OBS.: Os itens para análise da condição de vulnerabilidade social e o conceito de risco social
são adotados na Política Nacional de Assistência Social no que diz respeito à proteção social
especial, PNAS, 2004.
211
5. CRITÉRIOS DE SELEÇÃO POR MODALIDADE
COLETIVAS
MODALIDADE CRITÉRIOS PROFESSOR RESPONSÁVEL
BASQUETE Serão selecionados os
MASCULINO estudantes que se destacarem
em relação ao desempenho
técnico e físico, segundo a
avaliação do professor
responsável.
DOMÍNIO DE BOLA-
PASSES-ARREMESSOS E
REGRAS
FUTSAL FEMININO Serão selecionados os/as
E MASCULINO estudantes que se destacarem
em relação ao desempenho
técnico e físico, segundo a
avaliação do professor
e
servidor responsáveis.
DOMÍNIO DE BOLA-
PASSES-CHUTES-DRIBLES
E REGRAS
VOLEIBOL Serão selecionados os/as
FEMININO E estudantes que se destacarem
MASCULINO em relação ao
desempenho
técnico e físico, segundo a
avaliação do professor
responsável.
O candidato terá seu
desempenho avaliado em uma
pontuação que vai de 0 a 5
pontos, nos fundamentos e
regras específicos de cada
modalidade.
SAQUE-MANCHETE-
LEVANTAMENTO-ATAQUE
E REGRAS
OBS: Saque por baixo pontua,
no máximo, 3 pontos.
INDIVIDUAIS
KICKBOXING FEMININO Serão selecionados os/as
E MASCULINO estudantes relacionados
indicados pela professor
212
responsável que utilizará como
critério o comprometimento
com a modalidade desde o
princípio do
treinamento, e
algumas características
observadas em treinamento.
BADMINTON Serão selecionados os/as
MASCULINO E FEMININO estudantes que se destacarem
em relação ao
desempenho
técnico e físico, segundo a
avaliação do professor
responsável.
O candidato terá seu
desempenho avaliado em uma
pontuação que vai de 0 a 5
pontos, nos fundamentos
específicos da modalidade.
SAQUE- ATAQUE E
DEFESA.
OBS: Saque por baixo pontua,
no máximo, 3 pontos.
XADREZ Serão selecionados os/as
estudantes que se destacarem em
relação ao desempenho no jogo,
segundo a avaliação do professor
responsável. O candidato terá seu
desempenho avaliado em uma
pontuação que vai de 0 a 5 pontos,
de acordo com as estratégias
utilizadas no jogo.
MOVIMENTO DAS PEÇAS,
RACIOCÍNIO RÁPIDO E
ESTRATÉGIA DE JOGO.
6. QUADRO DE VAGAS:
COLETIVAS
BASQUETE 05
FUTSAL FEMININO 05
FUTSAL MASCULINO 05
VOLEIBOL MASCULINO 06
VOLEIBOL FEMININO 06
213
INDIVIDUAIS
KICKBOXING 04
BADMINTON 04
XADREZ
TOTAL 35
7. CRONOGRAMA:
CRONOGRAMA
INSCRIÇÕES 23 Á 25 DE MAIO DE 2016
SELEÇÃO DE XADREZ
30 DE MAIO (SEGUNDA)
HORÁRIO: 9h00min. LOCAL: BIBLIOTECA
SELEÇÃO DE BASQUETE 30 DE MAIO (SEGUNDA)
HORÁRIO: 14h00min.
SELEÇÃO DE VOLEIBOL 31 DE MAIO (TERÇA), HORÁRIO:
15h00min FEMININO E MASCULINO.
SELEÇÃO BADMINTON 01 DE JUNHO (QUARTA), HORÁRIO:
13h30min FEMININO E MASCULINO.
SELEÇÃO DE FUTSAL
02 DE JUNHO (QUINTA). MASCULINO
11h30min. FEMININO
14h00min.
SELEÇÃO KICKBOXING 02 DE JUNHO (QUINTA), HORÁRIO:
17:30h.
AVALIAÇÃO SOCIAL
30 DE MAIO À 02 DE JUNHO DE
2016
RESUTADO PRELIMINAR
03 DE JUNHO DE 2016
INTERPOSIÇÃO DE RECURSO
06 DE JUNHO DE 2016
ANÁLISE DE RECURSO 07 DE JUNHO DE 2016
RESULTADO FINAL
07 DE JUNHO DE 2016
ASSINATURA DO TERMO
DE COMPROMISSO
08 E 09 DE JUNHO DE 2016
8. DA DIVULGAÇÃO DO RESULTADO
A relação dos/as estudantes contemplados/as com benefício será publicada no site do IFPE
www.portal.ifpe.edu.br, na página do Campus Pesqueira e nos quadros de aviso do próprio
Campus. OBSERVAÇÃO: Os/As candidatos/as efetivados/as deverão procurar o Serviço
Social, a DAE para assinar o termo de compromisso. Caso o/a estudante não assine o termo de
compromisso na data estipulada estará automaticamente desvinculado/a do programa.
9. SERÁ EXCLUÍDO DO PROCESSO SELETIVO O CANDIDATO QUE:
Descumprir as condições deste edital;
214
Não comprovar as informações exigidas nos formulários de inscrições;
Perder os prazos de inscrições e entrega dos documentos exigidos.
10. RECURSO:
O candidato poderá dar entrada com recurso no dia seguinte ao resultado preliminar.
O candidato deverá dar entrada com o recurso no Protocolo do Campus Pesqueira.
O recurso interposto fora do respectivo prazo não será reconhecido, considerado, para este
efeito, a data da solicitação.
Os recursos serão analisados pela equipe responsável pela seleção, vedada a multiplicidade de
recursos por um(a) mesmo(a) candidato(a).
Não serão aceitos recursos interpostos por fax, telegrama ou outro meio que não seja o
especificado neste Edital.
Serão publicadas as relações com o resultado do julgamento dos recursos, no prazo de até 48
(quarenta e oito) horas após o seu recebimento.
11. DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
As declarações quando exigidas deverão ser preenchidas a punho e assinadas pelo candidato;
A documentação incompleta causará o indeferimento da inscrição;
As informações prestadas no formulário, bem como a documentação apresentada, serão de
inteira responsabilidade do estudante. A não veracidade e/ ou omissão de informações
acarretará a suspensão do estudante do Programa, independente da época em que forem
constatadas;
O estudante deverá comunicar imediatamente ao Serviço Social qualquer alteração em sua
situação socioeconômica, como por exemplo, inserção em atividade remunerada ou estágio
remunerado (a partir da palavra “como” a redação poderá ser excluída);
Não será permitido ao estudante selecionado acumular benefícios do Programa de Assistência
Estudantil de que tratam este edital. Caso o estudante seja selecionado em mais de um
programa, este deve optar ao assinar o termo de compromisso por apenas um dos benefícios
financeiros;
O estudante com matrícula vinculo, não poderá participar deste processo seletivo
O estudante do Programa PROIFPE não poderá se candidatar às bolsas de Assistência
Estudantil deste processo seletivo, uma vez que, o PROIFPE caracteriza-se como um curso de
Extensão;
Somente após a assinatura do termo de compromisso no Serviço Social na DAE o estudante
estará efetivamente incluído nos Programas de Assistência Estudantil e do IFPE Campus
Pesqueira.
O quantitativo de bolsas será disponibilizado em função dos recursos oriundos do orçamento
do Campus.
Pesqueira, 20 de maio de 2016.
OBS: O EDITAL DEVIDAMENTE ASSINADO ENCONTRA-SE NA DAE (SALA D1)
215
ANEXO I
FICHA DE INSCRIÇÃO PROGRAMA DE INCENTIVO AO ESPORTE E LAZER
2016
( ) BASQUETE
( ) FUTSAL
( ) VOLEI
( ) JUDÔ
( ) KICKBOXING
NOME:______________________________________________________________
SEXO: (F) (M) Idade:______ DATA DE NASCIMENTO:______/______/________
CURSO:__________________________________PERÍODO:__________________
MODALIDADE:______________
MATRICULA: _____________ TURNO: ___________________ COTISTA: ( ) SIM ( ) NÃO
NATURALIDADE:____________________ NACIONALIDADE:_______________
RG:__________________Orgão EXP.:_________________CPF:________________
ENDEREÇO:___________________________________________________Nº__________
BAIRRO:______________________CIDADE:_________________CEP:______________
PONTO DE REF.___________________________________ ________________________
FONE RES.:( )____________CEL.( )_____________ FONE RECADO: ( ) _______________
Email:________________________________________________________________
Pesqueira, de 2016.
--------------------------------------------------------------------------------
Assinatura do/a estudante