UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE CINCIAS DA SADE
ESCOLA DE ENFERMAGEM ANNA NERY
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENFERMAGEM
CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM
NCLEO DE PESQUISA EM ENFERMAGEM E SADE COLETIVA
GRUPO MUSICAL UMA ESTRATGIA DE PROMOO DA SADE PARA O
ENVELHECIMENTO ATIVO: contribuies para a Enfermagem Gerontogeritrica
SIMONE FELICIANO DE ABREU
RIO DE JANEIRO
JUNHO DE 2013
Simone Feliciano de Abreu
GRUPO MUSICAL: UMA ESTRATGIA DE PROMOO DA SADE PARA O
ENVELHECIMENTO ATIVO: contribuies para a Enfermagem Gerontogeritrica
Dissertao de Mestrado apresentada ao Programa de Ps-
Graduao em Enfermagem da Escola de Enfermagem Anna
Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisitos
parcial obteno do ttulo de Mestre em Enfermagem.
Orientador (a): Prof Ana Maria Domingos
Rio de Janeiro
2013
Catalogao elaborada por Alyne Castro dos Santos CRB 7: 5210
A162g ABREU, Simone Feliciano, 1971 -
Grupo Musical uma estratgia de promoo da sade para o
envelhecimento ativo: contribuies para a Enfermagem Gerontogeritrica./
Simone Feliciano Abreu. Rio de Janeiro: UFRJ/EEAN, 2013.
xv, 104 f.: il.; 31cm.
Orientador (a): Profa. Ana Maria Domingos.
Dissertao (Mestrado) Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Programa de Ps-Graduao em Enfermagem da Escola de Enfermagem Anna
Nery - EEAN, 2013.
Referncia Bibliogrfica: f. 93-100.
1. Enfermagem Gerontogeritrica. 2. Grupo. 3. Msica 4. Envelhecimento
Ativo. 5. Promoo sade. I. Domingos, Ana Maria. II. Universidade Federal
Fluminense. III. Programa de Ps-Graduao em Enfermagem da Escola de
Enfermagem Anna Nery - EEAN. IV. Ttulo.
CDD: 610.7365
Simone Feliciano de Abreu
Dissertao de Mestrado apresentado a Banca Examinadora do Exame do Programa de Ps-
Graduao em Enfermagem, da Escola de Enfermagem Anna Nery, da Universidade Federal
do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessrios obteno do ttulo de Mestre em
Enfermagem.
Banca Examinadora
Prof Dr Ana Maria Domingos EEAN/UFRJ
Presidente e Orientador(a)
Prof Dr Anna Karine Ramos Brunn EEAAC/UFF 1 Examinador (a)
Prof Dr Sheila Nascimento Pereira de Farias - EEAN/UFRJ
2 Examinador (a)
Prof Dr Selma Petra Chaves S - EEAAC/UFF
Suplente
Prof Dr Marluci Conceio Andrade Stipp - EEAN/UFRJ
Suplente
AOS IDOSOS DO GRUPO MUSICAL
A todos os participantes do GRUPO MUSICAL, que to generosamente nos permitiu
desfrutar de suas experincias, desafios e conquistas, que alertam a ns profissionais de sade
que h muito a aprender sobre viver e envelhecer.
Vocs so o peloto da frente, guerreiros, gentis, generosos e muito amorosos.
O contedo dessa dissertao transmite muito de cada um de vocs do GRUPO MUSICAL.
Obrigada, muito obrigada por me ensinarem sobre msica, grupo e amor.
Agradeo a Deus a oportunidade de conhecer a todos.
AGRADECIMENTOS
Agradeo a Deus que tm cuidado da minha vida desde que comecei a existir, por
minha famlia que ele mesmo escolheu, pelas inmeras oportunidades de aprendizado no
convvio com as pessoas que ele aproximou da minha vida, que so to generosas em ensinar
lies valiosas que me ajudam a amadurecer. Senhor muito obrigada por todo seu
investimento em minha vida, pela musica, te amo e agradeo e reconheo que sem sua
amizade, o seu carinho e cuidados jamais conseguiria chegar aqui.
Ao Grupo Musical, que composto pelos idosos do PAIPI (Programa de Assistncia
Integral Pessoa Idosa), pessoas que ensinam nos encontros, o significado da vida do que as
palavras encontro, companheirismo e solidariedade podem trazer ao corao e mente de
pessoas. O Grupo Musical o encontro de quem insiste em reaprender com as memrias, com
as atualidades e com as perspectivas de viver mais e cada vez melhor. Todos de maneira
especial fazem parte de cada palavra presente neste trabalho.
Aos meus pais Edir de Abreu em memria e Lindalva Feliciano amo muito vocs,
que sempre foram exemplo de conduta, carter, f e perseverana. Obrigada, pelo carinho,
cuidado e oraes que sempre cobriram minha vida, e por sempre me incentivarem a estudar
suprindo todas as necessidades que me possibilitaram caminhar na vida.
Ao meu irmo Antnio Feliciano de Abreu, cunhada Simone Peres, Asafe Abreu e
Letcia Abreu meus sobrinhos, tia Janete Abreu que sempre so uma alegria nos momentos de
desafio.
As pessoas mais chegadas que irmos em minha vida, minhas preciosas amizades
Luciana Nogueira, Antnio Carlos Pereira, Liliam Braga, Lucileide Santos, Antonia Santos,
Maria Santos, Julieta Dornelles, Cleber Dornelles, Aparecida Dornelles, Marlene Silva, Lia
Cotinhola, Lene Silva, Erica Cypriano, Fernanda Lima, Sheila Fonseca, Emlia Patrcia
Souza, Rejane Crespo, Rosane Machado, Sandra Hermeto, Marilene Silva e Joyce Muniz que
sempre estenderam as mos e o corao pra me ajudar desde que iniciei esta caminhada.
Aos companheiros de trabalho to especiais, que me compreenderam em vrios
momentos de ausncia neste percurso a quem agradeo o encorajamento e carinho Vanda
Seabra, Ftima Abrantes, Irina Menezes, Marina Cndida, Nely Silvano, Sonia Felix, Jurema
Marque a equipe multiprofissional do Programa de Assistncia Integral Pessoa Idosa,
Unidade onde trabalho.
Aos meus colegas de trabalho do Hospital Escola So Francisco de Assis que sempre
cooperavam nas mais diversas necessidades Ana Carla Pinto, Rosivania Alves, Isabel Cristina
dos Santos e Nair Flor Pires. Muito obrigada.
A minha orientadora, Professora Dr Ana Maria Domingos, um momento especial em
minha vida foi o que me deu a oportunidade de conhec-la. Tenha certeza que suas frases,
ainda ecoam em meus pensamentos, seus ensinamentos jamais sero ignorados em minha
prtica profissional. Ser sua aluna uma honra, por ter partilhado tantos momentos difceis
em nossas vidas, com certeza essa trajetria foi marco especial em minha vida. Obrigada por
todos os conselhos e sugestes sempre pertinentes e elucidativos.
Muitas pessoas me ajudaram nas etapas que percorri, e entre elas a Prof Dr Anna
Karine Ramos Brunn, Prof Dr Sheila Nascimento Pereira de Farias, Prof Dr Selma Petra
Chaves S, Prof Dr Marluci Conceio Andrade Stipp e demais docentes do Curso de
Mestrado da EEAN.
Agradeo tambm as atitudes de solidariedade e palavras de encorajamento sempre
importantes da Prof Dr Maria Catarina Salvador da Motta, Prof Dr Anne Mary Feitosa,
Prof Dr Marilurde Donato e Prof Dr Marla Chagas Moreira.
A equipe da secretaria da ps-graduao Jorge, Sonia e Ftima por sempre me
acolherem.
E no poderia esquecer meu poodle Menina, companheira das horas solitrias.
CANO DO PAIPI
Grupo Musical1
bom estar aqui, aprender me divertir.
A idade no me limita a viver e a sonhar.
Amigos que eu fao so para minha vida.
Amigos que eu conquisto alegram meu corao.
Muitos no entendem, porque eu venho aqui.
Sinto falta do carinho, do sorriso do abrao.
1 Esta cano foi composta coletivamente pelo Grupo musical, sempre est presente em momentos comemorativos.
RESUMO
ABREU, Simone Feliciano. Grupo Musical uma estratgia de promoo da sade para o
envelhecimento ativo: contribuies para a Enfermagem Gerontogeritrica. Rio de Janeiro,
2013. Dissertao (Mestrado em Enfermagem) Escola de Enfermagem Anna Nery,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013.
O objeto desta pesquisa o grupo musical na perspectiva de pessoas idosas, com objetivos de
descrever as percepes de pessoas idosas sobre o Grupo Musical; relacionar as percepes
dos idosos com as metas do envelhecimento ativo para a promoo da sade do idoso; discutir
a estratgia do grupo musical no contexto da prtica da enfermagem gerontogeritrica. Os
eixos conceituais do estudo foram: Velhice, Qualidade de Vida e Bem Estar, Polticas
Pblicas e Envelhecimento Ativo, msica na sade: msica na assistncia de enfermagem
gerontogeritrica e a enfermeira no trabalho com grupos. A pesquisa foi delineada como um
estudo de caso com abordagem qualitativa. O cenrio da investigao foi o Centro de
Convivncia, do Programa de Assistncia Integral Pessoa Idosa, do Instituto de Ateno a
Sade So Francisco de Assis/UFRJ. Participaram do estudo, 24 idosos que tinham idades
entre 70 a 85 anos, as mulheres representaram 87% dos participantes. Os dados foram
coletados aps a apreciao do Comit de tica em Pesquisa da Escola de Enfermagem Anna
Nery/Hospital Escola So Francisco de Assis, protocolo n 195.985. A tcnica de coleta de
dados foi entrevista em profundidade. Os resultados apontaram que as percepes dos
sujeitos revelaram que, o Grupo Musical est contribuindo com o bem estar globais dos
idosos proporcionando apoio emocional, a ressignificao da vida e da sade, e ganhos em
sade. O cruzamento dos resultados tornou possvel perceber que o Grupo Musical pode ser
considerado como uma ao do Envelhecimento Ativo promotora da sade do idoso. O estudo
ps em evidencia que a associao das tecnologias leves no trabalho da enfermeira (no Grupo
Musical) foi uma estratgia positiva de se produzir sade no campo da Enfermagem
Gerontogeritrica.
Palavras-Chave: Enfermagem Gerontogeritrica. Grupo. Msica. Promoo da Sade.
Envelhecimento Ativo.
ABSTRACT
ABREU, Simone Feliciano. Musical group a strategy for health promotion for active
aging: contributions to nursing gound. . Rio de Janeiro, 2013 Dissertation (Master's in
Nursing) - Anna Nery School of Nursing, Federal University of Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, 2013.
The object of this research is the musical group from the perspective of older people, with
goals to describe the perceptions of older people on the Musical Group; relate the perceptions
of the elderly with the goals of active aging for health promotion of the elderly; discuss the
strategy of the musical group in the context of the practice of geriatric nursing. The
conceptual axes of the study were: Elderly, Quality of Life and Welfare, Public Policy and
Active Ageing, health Music: Music in the care of geriatric nursing and the nurse in working
with groups. This research was designed as a case study with a qualitative approach. The
setting of the research was the Living Center, the Program for Integral Assistance to the
Elderly, Institute for Health Care St. Francis of Assisi/UFRJ. Participated in the study, 24
seniors who were aged 70-85 years, women represented 87% of the participants. Data were
collected after the assessment of the School of Nursing Anna Nery Research Ethics
Committee / Hospital St. Francis of Assisi School, Protocol 195 985. The technique of data
collection was the in-depth interview. The results showed that the perceptions of the subjects
revealed that the Musical Group is contributing to the overall well being of the elderly by
providing emotional support, the new meaning of life and health, and health gains. The
crossing of the results made it possible to realize that the musical group can be considered as
an action of Active Ageing promotes health of the elderly. The study made evident that the
combination of soft technologies in nursing work (the Musical Group) was a positive strategy
to produce health in the Nursing gound.
Keywords: Nursing gound. Group. Music. Health Promotion Active Ageing.
RESUMEN
ABREU, Simone Feliciano. Grupo musical una estrategia para la promocin de la salud
para el envejecimiento activo: contribuciones a gound enfermera. . Ro de Janeiro, 2013
Tesis (Maestra en Enfermera) - Anna Nery Escuela de Enfermera de la Universidad Federal
de Ro de Janeiro, Ro de Janeiro, 2013.
El objeto de esta investigacin es el grupo musical desde la perspectiva de las personas
mayores, con los objetivos de describir las percepciones de las personas mayores en el grupo
musical; relacionar las percepciones de las personas mayores con los objetivos de
envejecimiento activo para la promocin de la salud de las personas mayores; discutir la
estrategia del grupo musical en el contexto de la prctica de enfermera geritrica. Los ejes
conceptuales del estudio fueron: edad avanzada, Calidad de Vida y Bienestar Social, Polticas
Pblicas y el envejecimiento activo, la salud Msica: La msica en el cuidado de enfermera
geritrica y la enfermera en el trabajo con grupos. Esta investigacin se dise como un
estudio de caso, con abordaje cualitativo. El ajuste de la investigacin fue el Centro de Vida,
el Programa de Atencin Integral a las Personas Mayores, el Instituto para la Atencin de la
Salud de San Francisco de Ass/UFRJ. Participaron en el estudio, 24 adultos mayores que
tenan entre 70 a 85 aos, las mujeres representaban el 87% de los participantes. Los datos
fueron recolectados despus de la evaluacin de la Escuela de Enfermera de la Comisin de
tica de la Investigacin Nery Anna / Hospital de San Francisco de Ass School, Protocolo
195 985. La tcnica de recoleccin de datos fue la entrevista en profundidad. Los resultados
mostraron que las percepciones de los sujetos revelaron que el grupo musical est
contribuyendo al bienestar general y de las personas mayores mediante el apoyo emocional, el
nuevo sentido de la vida y la salud, y beneficios para la salud. El cruce de los resultados ha
permitido darse cuenta de que el grupo musical puede ser considerada como una accin del
Envejecimiento Activo promueve la salud de las personas mayores. El estudio evidenci que
la combinacin de tecnologas blandas en el trabajo de enfermera (Grupo Musical) fue una
estrategia positiva para producir salud en el gound Enfermera.
Palabras clave: Gound Enfermera. Grupo. Msica. Promocin de la Salud. Envejecimiento
Activo.
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
EEAN Escola de Enfermagem Anna Nery
GEASI Grupo de Pesquisa e Estudos Interinstitucional em Enfermagem na Ateno
Sade do Idoso
HESFA Hospital Escola So Francisco de Assis
HIV Vrus da Imunodeficincia Humana
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
NUPENSC Ncleo de Pesquisa em Enfermagem e Sade Coletiva
OMS Organizao Mundial de Sade
ONU Organizao das Naes Unidas
OPAS Organizao Pan-Americana da Sade
PAIPI Programa de Assistncia Integral Pessoa Idosa
PIAE Plano Internacional de Aes sobre o Envelhecimento
PNI Poltica Nacional do Idoso
PNSI Poltica Nacional de Sade do Idoso
SUS Sistema nico de Sade
UERJ Universidade do Estado do Rio de Janeiro
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
WHO World Health Organization
LISTA DE ILUSTRAES
Quadro 01 Perfil dos sujeitos do estudo ......................................................................... 47
Quadro 02 Sntese das categorias temticas e a relao com a promoo da sade para
o envelhecimento ativo ................................................................................. 75
SUMRIO
CAPTULO I - CONSIDERAES INICIAIS ............. 15
1.1 A construo do objeto de estudo e os conceitos implicados na pesquisa ..... 15
1.2 Questes Norteadoras e os Objetivos da pesquisa .......................................... 21
1.3 Justificativa do Estudo ....................................................................................... 21
1.4 Contribuies do Estudo ................................................................................... 23
CAPTULO II - BASES CONCEITUAIS DO ESTUDO ...................................... 26
2.1 Velhice, Qualidade de Vida e Bem Estar ......................................................... 26
2.2 Polticas Pblicas e Envelhecimento Ativo ...................................................... 28
2.3 A Enfermagem na produo do envelhecimento ativo ................................... 33
2.4 A Msica na sade: fundamentos e implicaes ............................................. 35
2.5 Msica na assistncia de Enfermagem Gerontogeritrica ............................. 37
2.6 O Conceito de bem estar .................................................................................... 38
2.7 A Enfermeira no trabalho com grupos ............................................................ 39
CAPTULO III - CONSIDERAES METODOLGICAS .............................. 42
3.1 Tipo de pesquisa ................................................................................................. 42
3.2 Cenrio ................................................................................................................ 43
3.3 Sujeitos do estudo ............................................................................................... 43
3.4 Plano para produo de dados .......................................................................... 44
3.5 Tratamento e anlise dos dados ........................................................................ 45
3.6 Procedimentos ticos e suas implicaes na pesquisa ..................................... 46
3.7 Especificaes tcnicas do Grupo Musical ...................................................... 46
CAPTULO IV - ANLISE DOS RESULTADOS ............................................... 48
4.1 Perfil dos sujeitos do estudo .............................................................................. 48
4.2 Anlise dos Resultados ....................................................................................... 51
4.2.1 O bem estar global proporcionado pelo Grupo Musical ............................ 51
4.2.2 Percepo do apoio emocional no Grupo Musical .................................... 59
4.2.3 A ressignificao da vida e da sade ......................................................... 61
4.2.3.1 Oportunidades de olhar positivamente para si mesmo ............................ 64
4.2.3.2 Os Ganhos em Sade .............................................................................. 67
4.3 O Grupo Musical na perspectiva do Envelhecimento Ativo como estratgia
de Promoo da Sade do Idoso ....................................................................... 72
CAPTULO V - GUISA DE CONTRIBUIES PARA A ENFERMAGEM
GERONTOGERITRICA ......................................................................................... 79
CAPTULO VI - CONSIDERAES FINAIS ...................................................... 84
REFERNCIA BIBLIOGRFICA ........................................................................... 87
APNDICES ................................................................................................................ 98
APNDICE 1 ............................................................................................................... 99
APNDICE 2 ............................................................................................................... 100
APNDICE 3 ............................................................................................................... 101
APNDICE 4 ............................................................................................................... 102
ANEXOS ...................................................................................................................... 104
15
CAPTULO I
CONSIDERAES INICIAIS
1.1 A construo do objeto de estudo e os conceitos implicados na pesquisa
O objeto desta pesquisa o grupo musical na perspectiva de pessoas idosas. O
interesse pela temtica idoso/promoo da sade/envelhecimento ativo tem relao com o
incio de minha trajetria profissional como enfermeira do Programa de Assistncia Integral
Pessoa Idosa (PAIP), um programa de extenso universitria, pioneiro no Rio de Janeiro, que
abrange prticas gerontolgicas ambulatoriais e grupos interdisciplinares no Centro de
Convivncia.
Atualmente, um marco do Brasil contemporneo a mudana do padro
demogrfico e epidemiolgico. Nas dcadas passadas verificou-se a tendncia ao rpido
crescimento em nmeros absolutos e relativos dos indivduos com 60 anos e mais de idade.
Atravs dos dados populacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE,
2010) possvel verificar que o peso relativo da populao de idosos poca correspondeu a
10% da populao total. Estima-se, que nos prximos 15 anos o Brasil ser o sexto pais do
mundo em nmero de idosos, e que esta populao representar 13% da populao total do
pas. Este crescimento progressivo sugere que de 10 idosos passaremos a ter 46 para cada
grupo de 100 pessoas menores de 15 anos. Se continuar essa tendncia, espera-se que o
contingente das pessoas idosas ultrapasse o de menores de 15 anos, em 2050 (BRASIL,
2009).
Deve-se, ter em mente, que esse aumento no nmero de pessoas idosas em uma
populao uma conquista e ao mesmo tempo um desafio, porque o envelhecimento pode
ocasionar um maior nmero de doenas e/ou condies crnicas envolvendo a sade, o que
demanda maior utilizao dos servios sociais e de sade (FIRMO; LIMA-COSTA; UCHA,
2007).
Tambm se deve levar que nos prximos 15 anos 80% da populao de 60 anos e mais
vai conviver com alguma condio crnica de sade, o que representar efetivamente 27
milhes de pessoas utilizando a assistncia disponibilizada pelo Sistema nico de Sade
(SUS) (BRASIL, 2009).
Por conta dessa realidade, Veras (2009) destaca a ateno pessoa idosa como uma
prioridade nas polticas pblicas de sade, principalmente, pela necessidade de investimentos
16
na promoo da sade no mbito dos servios da ateno primria sade, que contribuam
preventivamente para a reduo dos custos elevados para o individuo, famlia, servio de
sade e sociedade. Concordo que, de fato, na ateno primria que devemos utilizar
tecnologias de baixo custo, como estratgias potencialmente efetivas na promoo da sade
do idoso.
A oportunidade de vislumbrar essa assertiva surgiu com minha insero profissional
no PAIPI. O primeiro contato profissional com idosos se deu na consulta de enfermagem, e
tive na ocasio possibilidade de notar a complexidade do processo de envelhecimento e as
especificidades exigidas nas aes de enfermagem a populao idosa.
Penso que o envelhecimento um fenmeno multideterminado, o que explica
entend-lo como um fenmeno complexo. Por conseguinte, existem mltiplas perspectivas
que a enfermeira deve considerar ao propor aes promotoras de sade ao idoso. Essa ideia s
tomou sentido, quando percebi que a sade da pessoa idosa deve ser pensada como resultado
da inter-relao entre os contextos biopsicossociais, culturais, polticos e espirituais, ou seja,
dos determinantes da sade.
Por isso, a questo a relacionar com as polticas pblicas de sade do idoso a
promoo da sade, um conceito que se faz presente no discurso contemporneo no campo da
sade coletiva. Mais antes, necessrio pensar a sade, como um evento vinculado s
condies de vida e a fatores biopsicossociais que, portanto emergem conectado as
oportunidades de conquista de uma vida saudvel, tanto na perspectiva da participao das
coletividades, quanto do indivduo (FREITAS, 2003, p. 15).
Do ponto de vista de Buss:
Partindo-se da concepo ampla do processo sade-doena e de seus
determinantes, a promoo da sade prope a articulao de saberes tcnicos
e populares e a mobilizao de recursos institucionais e comunitrios,
pblicos e privados para seu enfrentamento e resoluo (2000, p. 165).
Promoo da sade, a princpio, definia um nvel de ateno sade que envolvia a
medicina preventiva. Contudo, para seus idealizadores a ao em sade ia alm das questes
polticas. Portanto, foi imperioso reelaborar o conceito de promoo da sade, o que em
sntese representou o enfrentamento do processo de medicalizao da populao que buscava
os servios para o atendimento de suas necessidades de sade (FREITAS, 2003, p. 15).
nesse ponto que convergem os conceitos da promoo da sade e do envelhecimento
ativo, pois ambos so complementares e no excludentes, e apresentam-se como mediadores
de prticas em sade que visam fortalecer a autonomia dos sujeitos, e incluem a defesa da
17
sade que consiste em lutar para que os determinantes sociais sejam favorveis sade das
coletividades.
Essa maneira de compreender a sade do idoso coaduna-se com a Poltica Nacional de
Sade da Pessoa Idosa (BRASIL, 1999), que tem entre suas diretrizes a promoo do
envelhecimento ativo e saudvel indo ao encontro das diferentes realidades e necessidades de
sade da populao. Passos importantes so dados nessa direo, quando os profissionais de
sade dos servios da ateno primria optam por estratgias exitosas na promoo da sade
do idoso no enfrentamento dos determinantes de sade do envelhecimento.
A noo de envelhecimento ativo tem dupla perspectiva: o envelhecimento com
independncia funcional e autonomia, o reconhecimento da pessoa idosa como sujeito de
direitos mediante os princpios de independncia, participao, dignidade, assistncia e auto
realizao determinados pela Organizao das Naes Unidas (OPAS, 2005).
Na primeira perspectiva, o aspecto explorado o efeito cumulativo e positivo dos
cuidados de sade do pr-natal at a velhice, que diz respeito presena de uma rede de
servios pblicos ao alcance da populao nas diferentes etapas do ciclo vital. No tocante a
segunda perspectiva, tem-se como referncia proteo dos direitos fundamentais do idoso de
modo a assegurar que tenha acesso a uma vida digna.
Os aspectos anteriormente mencionados na abordagem do envelhecimento ativo
baseiam-se no quanto importante entender que as pessoas idosas constituem um grupo
heterogneo. Tambm ser necessrio vencer preconceitos, e desvendar os mitos arraigados
em nossa sociedade. Nessa linha de pensamento, os profissionais de sade devem entender
que a promoo de sade no privilgio apenas dos segmentos mais jovens, e que as aes
de preveno, sejam elas primrias, secundrias ou tercirias devem ser incorporadas
ateno sade, em todas as etapas do ciclo vital.
Por outro lado, a promoo da sade se faz na construo de prticas educativas, para
(re) valorizar saberes, e pela socializao das informaes sobre a sade e dos direitos sociais
(Brasil, 2010). Sobretudo se concretiza na articulao sujeito/coletivo, no rompimento da
fragmentao na abordagem do processo sade e doena, na reduo da vulnerabilidade, e na
reduo danos sade (BRASIL, 2010).
Para a Organizao Mundial da Sade (OPAS, 2005), o envelhecimento ativo das
populaes deve ser antecedido por um processo positivo de oportunidades de sade para
melhorar a qualidade de vida das pessoas que ficam mais velhas.
Este conceito se aplica tanto a indivduos, quanto a grupos populacionais permitindo
que estes percebam o seu potencial para o bem-estar fsico, social e mental, ao longo do curso
18
da vida. Permitir a continuidade de participao na sociedade, de acordo com suas
necessidades, seus desejos e capacidades; ao mesmo tempo em que tenham propiciado a
proteo, segurana e cuidados adequados para desfrutarem do benefcio da longevidade
(OPAS, 2005).
De acordo com Duarte (2007), as oportunidades em sade influenciam no
envelhecimento ativo, principalmente o acesso a uma vida mais saudvel com a uma boa rede
social de apoio e manuteno da competncia econmica. A presena ativa de aes
governamentais, o suporte da famlia e da comunidade so apoios relevantes para o
envelhecimento ativo, porque estes fortalecem o processo de envelhecimento dos indivduos e
populaes (OPAS, 2005).
Os profissionais de sade, principalmente a enfermeira que atua na ateno primaria
sade, tm relevante importncia na deteco precoce de agravos, manejo de situaes de
risco e possvel adoecimento das pessoas idosas. Um fato possvel pela maior acessibilidade
aos servios da ateno primria sade, pautados no acolhimento e na integralidade da
assistncia populao idosa.
Sendo assim, a promoo da sade se alinha com o envelhecimento ativo, quando
ambos objetivam que pessoas idosas reconheam suas potencialidades dirimindo a cultura das
perdas associadas ao envelhecimento (FERREIRA; MACIEL; SILVA, 2010).
importa ressaltar que o envelhecimento ativo, se refere participao contnua da
pessoa idosa nas questes socioeconmicas, culturais e espirituais, e no apenas capacidade
de estar fisicamente ativo ou contribuir com a fora de trabalho (OPAS, 2005).
Retomando a experincia profissional no PAIPI (Programa de Assistncia Integral
Pessoa Idosa), atuei tambm cooperativamente com diferentes profissionais da equipe
interdisciplinar na conduo dos grupos. Foi quando percebi que o trabalho com grupos criava
um ambiente dinmico, dialgico, acolhedor, e que levava os usurios ao (re) conhecimento
de suas potencialidades.
Parte do sucesso dos grupos estava no manejo das oportunidades de aprendizagem
pelos coordenadores que com frequncia enfatizavam a adoo de comportamentos mais
positivos em relao s condies de vida e de sade dos idosos. O que de meu ponto de vista
acentuou a magnitude dessa prtica assistencial no campo da gerontogeriatria, considerando-
se que os custos da assistncia sade da populao idosa, tem sua origem em parte, na
proporo de idosos com necessidades de sade demandam assistncia interdisciplinar
permanente.
19
A experincia com os grupos de idosos me motivou a tambm utilizar essa ferramenta
assistencial no Centro de Convivncia. Estabeleci que os idosos do Programa fossem
participes de todo o processo de construo do grupo. Nessa perspectiva, iniciei conversas
informais com os idosos e juntos identificamos uma lacuna possvel de ser explorada por
mim, uma vez que tinha formao musical, e no havia poca qualquer atividade grupal que
tivesse a msica instrumental ou cantada como fio condutor. Da surgiu a ideia conjunta da
formao de um Grupo Musical.
No planejamento das atividades organizou-se uma reunio para o levantamento das
preferncias musicais, do melhor horrio e durao das atividades. O resultado deste primeiro
encontro foi o estabelecimento de diretrizes que almejavam a funcionalidade do grupo que
apontou ser prioritria a boa msica (da poca de suas juventudes); que no seria um coral e
sim um grupo cantante aberto, direcionado pela memria musical dos seus componentes. Foi
cogitado tambm o uso do violo como instrumento de base, uma vez que havia verbalizado o
domnio desse instrumento; a denominao seria Grupo Musical; todos seriam responsveis
pela seleo do repertrio, buscando os contedos da memria socioafetiva e cultural
relacionado vivncia da msica. Decidiu-se ainda, que uma das atividades seria explorar a
histria e obra dos artistas, assim como, os ritmos e estilos musicais.
A metodologia de desenvolvimento do Grupo Musical foi elaborada de forma a
atender os encontros programados semanalmente, com durao mxima de sessenta minutos,
perodo de tempo que evitaria a desateno dos participantes.
Os recursos utilizados incluam o repertrio pessoal dos participantes, composies do
prprio grupo, CDs, discos de vinil, msicas com reproduo em aparelho de MP3, DVDs ou
ainda a seleo ou criao de um repertrio para ser cantado em eventos do Programa.
No incio dos encontros era realizado um breve relato do encontro anterior. Aps este
momento, a fonoaudiloga convidada para participar do Grupo Musical, esclarecia acerca dos
cuidados necessrios para a atividade de canto e realizava exerccios de aquecimento vocal.
A dinmica grupal oportunizava a todos a exposio de suas dificuldades,
preocupaes e questes relacionadas sade. Esse momento informativo era imprescindvel,
pois o objetivo era que a atividade grupal diminusse as tenses e oportunizasse a realizao
de orientaes dos cuidados com a sade, bem como, a manuteno da autodeterminao, da
independncia e da importncia de corresponder ativamente s oportunidades de participao
social. Isso porque, a utilizao da msica permitia abordagem de questes da sociedade
contempornea no contedo de suas letras, ritmos, nas diferenas geracionais, de gnero,
culturais e at mesmo sobre as polticas pblicas.
20
Neste sentido, busquei sustentao terica em Bergold (2005) quando expressa a
crena de que a msica pode conjugar atividades que se transmutam em aes em sade, tais
como: relaxar as pessoas e reduzir a ao de estressores, o que pode provocar, por exemplo, o
alvio da dor. Ela oferece ainda a ideia de que a msica concorre para a manuteno da sade
e a preveno de doenas, atribuindo deste modo, um potencial teraputico a msica.
Ao finalizar as atividades realizamos uma sntese do encontro e abria-se um espao
para a exposio de dvidas, queixas, comentrios ou alguma outra demanda que se necessita
da interveno de enfermagem imediata.
Partindo-se do pressuposto que a configurao do Grupo era moldada pela correlao
das caractersticas de cada um dos seus membros, e pelo jogo interacional constante, onde a
Msica subsidia a convivncia, as trocas de afinidades e afetos, a autoestima e o
fortalecimento da cognio, questiono se o Grupo Musical enquanto prtica que utilizo no
campo da Enfermagem Gerontogeritrica est a servio da autonomia e da promoo contnua
dos nveis de sade e condies de vida desses idosos, possibilitando que sejam capazes de
desempenhar funes e atividades, alcanar expectativas e aspiraes de concretizar projetos
de vida.
Em especial, quando se pensa no envelhecimento ativo, o trabalho com grupos
favorece que as pessoas idosas compartilhem os significados de suas realidades, e na
dimenso grupal existem oportunidades para o compartilhamento de saberes, experincias e
vivncias, e assim os problemas tendem a no permanecer na obscuridade.
Munari; Furegato (1997) enuncia que grupo um espao possvel e privilegiado, que
permite a descoberta de potencialidades, de aprendizados, de tratar as vulnerabilidades, que se
apresentam no cotidiano. Assim este espao pode acrescer as chances de a pessoa idosa
estabelecer novos vnculos, o que amplia sua rede de apoio e o aproxima do profissional de
sade. E complementa que esse um momento nico de convvio que possibilita
complementar informaes sobre sade, e que pode contribuir para elevar a auto-estima dos
integrantes.
Cabe destacar que, a enfermagem em geral no emprega tcnicas da psicoterapia,
porm os grupos so utilizados pela enfermagem como uma estratgia teraputica assistencial
(SIMES; STIPP, 2006).
As reflexes aqui mencionadas me levaram a propor o objeto de estudo o grupo
musical na perspectiva de pessoas idosas por acreditar que assim como a Enfermagem geral,
a Enfermagem Gerontogeritrica deve ser vista como uma cincia dinmica, em construo
que necessita de fundamentos cientficos que justifiquem sua prtica.
21
1.2 Questes Norteadoras e os Objetivos da pesquisa
As questes elaboradas para nortear a trajetria dessa pesquisa, foram:
a) Quais so as percepes das pessoas idosas sobre o Grupo Musical?
b) Como ocorre no Grupo Musical promoo da sade para o envelhecimento ativo?
Para responder s questes norteadoras, foram formulados os seguintes objetivos da
pesquisa:
1. Descrever as percepes de pessoas idosas sobre um Grupo Musical.
2. Relacionar, a partir das percepes dos idosos sobre o Grupo Musical, a
promoo da sade e o envelhecimento ativo.
3. Discutir o Grupo Musical no contexto da prtica da Enfermagem
Gerontogeritrica.
1.3 Justificativa do Estudo
As vivncias nos encontros do Grupo Musical trouxeram importantes experincias
profissionais, que possibilitaram um contato mais direto com a clientela, permitindo a
reflexo sobre a interveno da msica no cuidado de pessoas idosas.
A atividade musical pode promover a humanizao da assistncia no Servio de
Sade, e vem se destacando com uma das estratgias da enfermagem brasileira, na busca por
contribuir para que o usurio possa ter diminudo seus nveis de ansiedade, assim como
proporcionar algum conforto, alm de ser uma estratgia facilitadora na comunicao entre
profissionais de sade e a clientela (SALES et. al., 2011).
Para ampliar o entendimento acerca deste tema na atuao da enfermeira, se fez
necessrio um levantamento bibliogrfico do tema. Para tal foram utilizados descritores que
possibilitaram a localizao mais assertiva da produo cientfica, e que atendiam aos critrios
pr-selecionados de incluso, quais sejam: tivessem entre os autores, o enfermeiro; que a
temtica do artigo tratasse da msica no trabalho do enfermeiro.
Utilizaram-se como descritores de assunto as palavras: idoso, msica,
musicoterapia e enfermagem, as palavras do ttulo foram: enfermagem, centro de
22
convivncia e envelhecimento. No levantamento assunto de revista foi utilizada msica
e enfermagem, enfermagem geritrica.
Aps exaustivas tentativas e pouco xito, foi necessrio avanar compondo descritores
exatos com os indicadores boleanos and e or, o que possibilitou localizar artigos para
realizar a reviso integrativa. Na leitura dos resumos, no foram identificados artigos
abordando a msica, como um recurso na assistncia de enfermagem pessoa idosa autnoma
e independente.
Para realizar o estado da arte foi necessrio ampliar as estratgias de busca. E foram
combinados aos descritores os indicadores boleanos: msica and musicoterapia and
enfermagem or enfermagem geritrica e msica or enfermagem or geritrica.
Na biblioteca SCIELO foram identificados 135 artigos, que aps apreciao foram
selecionados 07. Nas bases eletrnicas consultadas, no banco de dados LILACS foram
selecionados 22 artigos. Estes ltimos foram de grande relevncia na construo desta
dissertao, por representar o maior quantitativo de produes em que a msica era abordada
como uma estratgia na assistncia de enfermagem.
Os peridicos que mais publicaram artigos com a temtica msica articulada ao
trabalho da enfermagem foram: a revista Nursing de So Paulo com 03 artigos, revista de
Enfermagem da UERJ com 02, Revista Brasileira de Enfermagem com 02 e a revista
Latinoameriacana de Enfermagem com 02.
Em 1993 foi publicado o primeiro trabalho que registra a atuao da enfermeira
utilizando a estratgia musical com repertrio clssico destinado a auxiliar a reduo da dor
no cuidado da enfermagem, em mulheres em tratamento de fibromialgia na Universidade de
So Paulo. Os resultados foram positivos para as participantes do estudo.
Por um perodo de sete anos no foram detectadas produes nesta rea temtica,
ressurgindo com trs publicaes no perodo de 2000 a 2005, de 2006 a 2008 foram
localizados sete artigos publicados, constatou- se que nos anos de 2009 a 2011 a msica
citada como uma estratgia assistencial em cinco produes.
Em relao aos Estados da Federao, as publicaes selecionadas foram de So Paulo
com 06 artigos, seguido pelo Rio de Janeiro com 05 artigos, fato que coloca a regio sudeste
como a mais produtiva na rea temtica.
Aps a leitura dos artigos selecionados foi possvel identificar aqueles de maior
relevncia para esta pesquisa, so eles: Msica para idosos institucionalizados: percepo
dos msicos atuantes (LEO; FLUSSER, 2008b), Msica e comunicao no verbal em
instituio de longa permanncia para idosos: novos recursos para formao de msicos
23
para humanizao dos hospitais (LEO; FLUSSER, 2008a), A msica na terminalidade
humana: concepes dos familiares (SALES, 2010).
O primeiro estudo originou-se de uma pesquisa sobre a percepo dos msicos
profissionais em treinamento em uma Unidade Asilar em Portugal, o segundo outra leitura
do estudo anterior evidenciando as comunicaes no verbais dos idosos percebidas pelos
msicos no momento em que tocavam para os institucionalizados. J o terceiro artigo trouxe
uma interveno musical vivenciada por usurios e seus acompanhantes na reincidncia de
cncer.
Os artigos contriburam para a compreenso de como esta modalidade de interveno
tem sido desenvolvida pela enfermagem nas instituies de sade, assim como sua aplicao
junto s pessoas idosas. Conclui-se que nestes artigos mencionados, a msica vem sendo
utilizada pela enfermeira na assistncia s pessoas idosas institucionalizadas.
Outras publicaes localizadas: A msica como terapia complementar no cuidado de
mulheres com fibromialgia (DOBBRO, 1998), A visita musical como estratgia teraputica
no contexto hospitalar e seus nexos com a enfermagem fundamental (BERGOLD, 2005),
As repercusses da msica na dor do trabalho de parto: contribuies para enfermagem
obsttrica (CASTRO, 2009), Anlise musical de uma estratgia de cuidado grupal: funes
teraputicas da msica para sistemas familiares durante quimioterapia (BERGOLD, 2012),
Msica Como Elemento do Cuidar/Cuidado de enfermagem: um estudo sobre o paciente
hospitalizado e sua interao com a msica (CARVALHO, 2010).
As publicaes da reviso integrativa demonstraram uma lacuna na produo
cientfica da enfermagem sobre a utilizao da msica na promoo da sade de pessoas
idosas inseridas em um programa de extenso universitria.
1.4 Contribuies do Estudo
Cooperar atravs da divulgao dos resultados do estudo com as instituies
acadmicas de assistncia, ensino e pesquisa, com o grande desafio frente ao acelerado
envelhecimento populacional. Porque a formao de um grupo musical implica na
participao de diferentes atores no processo de produo de sade e promoo do bem estar.
24
Frente realidade de atuar em um servio de referncia no atendimento a pessoas
idosas, pode este ser um modelo de interveno na assistncia para profissionais que atuam na
ateno primria de sade, na perspectiva da promoo de sade de baixo custo.
Neste estudo pretendeu-se contribuir com a enfermagem gerontogeritrica, agregando
novos conhecimentos sobre as temticas envolvidas a partir da perspectiva do usurio idoso.
Pretendeu-se com a pesquisa consolidar a linha de pesquisa do Ncleo de Pesquisa em
Enfermagem e Sade Coletiva (NUPENSC), do Departamento de Enfermagem de Sade
Pblica, da Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ.
Objetivou-se, alm disso, contribuir para a ampliao de estudos realizados no Grupo
de Pesquisa e Estudos Interinstitucional em Enfermagem na Ateno Sade do Idoso
(GEASI) que integra docentes da UFRJ/UFF/ UERJ na discusso e difuso de conhecimentos
aplicados as intervenes no cuidado pessoa idosa.
Outra contribuio desta pesquisa ampliar o universo de estudos sobre a temtica e o
potencial das atividades musicais junto clientela idosa na rea da enfermagem geral e
gerontogeritrica.
Ento fazer reflexes sobre a prtica assistencial destinada a essa expressiva parcela da
populao, pode contribuir com a assistncia disponibilizada em centros de convivncia para
as pessoas idosas.
A repercusso do grupo musical como uma proposta na promoo do envelhecimento
ativo em um Centro de convivncias foi o ponto central dessa investigao, e os resultados
mostraram o potencial dessa estratgia complementar assistncia da enfermeira inserida na
ateno primria sade.
Os resultados do estudo podem beneficiar a ateno disponibilizada a usurios no
campo da sade coletiva, porque estes apontaram que a realizao do Grupo Musical est em
consonncia com a Poltica Nacional do Idoso, que no artigo 3 trata de princpios para
assegurar o direito de a pessoa idosa continuar a viver em sociedade, de ter a garantia de
participao em comunidade, e defende a manuteno da dignidade e o bem-estar das pessoas
que envelhecem (BRASLIA, 2010, p. 06).
Neste sentido, os resultados produzidos evidenciam que o Grupo Musical, tambm vai
ao encontro das diretrizes da PNI, na medida em que o artigo 4 afirma que necessrio
viabilizar formas alternativas de participao, de ocupao e convvio das pessoas idosas, com
todas as geraes, alm de ser priorizar o atendimento a esta populao em rgos pblicos e
que as pesquisa envolvendo a temtica do envelhecimento deveriam ser apoiadas
(BRASLIA, 2010, p. 07).
25
Outra contribuio refere-se insero deste estudo entre as prioridades de pesquisa
que constam na Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisa em Sade. O sexto item prioriza
o desenvolvimento de estudos em que haja o emprego de cuidados alternativos para a
melhoria da qualidade de vida da populao idosa (BRASLIA, 2008, p.19).
26
CAPTULO II
BASES CONCEITUAIS DO ESTUDO
2.1 Velhice, Qualidade de Vida e Bem Estar Global
O fenmeno do envelhecimento est mais presente no mundo atual, de modo nunca
antes alcanado. Uma conquista decorrente entre outros fatores, dos avanos tecnolgicos na
rea da sade, o que vem contribuindo para uma maior sobrevida para homens e mulheres,
tanto nos pases j desenvolvidos, como naqueles que esto em desenvolvimento. O advento
da longevidade proporciona o prolongamento da vida, porm implica na necessidade de se
alcanar uma melhor qualidade de vida para todos que envelhecem (CARMITA, 2009, p. 9).
A experincia do envelhecimento humano cada vez mais estendida, e por conta disso
tornou-se um objeto importante para os pesquisadores nas reas das cincias biomdicas,
humanas e biolgicas (LEO, 2009).
Definir a velhice exige um conhecimento sobre a insero dos idosos no processo de
construo social. Do ponto de vista biolgico, a velhice percebida como uma degenerao
natural das estruturas orgnicas, que passam por transformaes com o progredir da idade
(CALDAS, 2002). No entanto, ao se ponderar exclusivamente sobre a dimenso biolgica da
velhice, no levando em considerao aspectos importantes como o contexto sociocultural de
insero dos idosos, reduzi-la a um evento meramente cronolgico.
Portanto, os fatores biolgicos, psicolgicos e sociais so determinantes no processo
de construo da velhice, e essas influncias vo influir sobre a forma diferenciada como cada
pessoa vai viver este momento da vida. Outros aspectos da vida, como o surgimento de
vulnerabilidades, os novos papis sociais que vo aos poucos sendo assumidos, os fatores
ambientais contribuem para que esta fase da vida se estabelea como um desafio individual
onde se pode ter maior, ou menor xito no envelhecer (ROCHA; GOMES; LIMA FILHO,
2002).
No Brasil o envelhecimento est sendo possvel, porque houve uma mudana
importante na questo epidemiolgica ocasionando mudanas no padro demogrfico da
populao brasileira. A populao alcana mais idade e necessita com mais frequncia utilizar
os servios do Sistema nico de Sade (SUS). Neste sentido, Leo (2009) comenta que a
acessibilidade dos idosos aos servios de sade deve priorizar os servios de preveno s
doenas.
27
Nos ltimos anos, segundo o Ministrio da Sade (2009, p. 4), as doenas
transmissveis regrediram, e algumas foram eliminadas, mas novas afeces a sade da pessoa
idosa surgiram como a gripe A (H1N1) e as doenas crnicas no transmissveis. O novo
panorama de doenas, quando no controladas podem afetar a funcionalidade, e causar
comprometimento ao padro de sade do idoso. Logo, o agravamento da cronicidade pode
interferir na sobrevida dos idosos, e so responsveis na atualidade pelas principais causas de
morte dos idosos brasileiros, entre elas as doenas cerebrovasculares 37,7%, as neoplasias
com 16,7%%, as doenas respiratrias obstrutivas 13%, a diabetes mellitus 7,5% (BRASIL,
2008, p. 48).
Neste perodo da vida, frequente que os idosos iniciem reflexes sobre a sua prpria
existncia. Ento, segundo Neri e Queroz (2005) repensar e avaliar objetivos alcanados, as
perdas individuais contribuem para motivar mudanas de comportamento, uma vez que a
sade assume uma condio de destaque, e melhorar a vida tambm inclui no negligenciar as
questes da sade, que podem evitar ou amenizar o comprometimento da qualidade de vida da
pessoa idosa.
Logo a autoestima, o bem-estar pessoal, o estado de sade, a capacidade funcional, o
suporte familiar, as oportunidades de interao social, a manuteno do autocuidado, os
valores culturais e ticos, e a religiosidade vo estar relacionados qualidade de vida
percebida pelo o idoso (VECCHIA et al., 2005).
Para Neri (1995, p. 101),
o bem-estar uma percepo pessoal ampla relacionada com os desafios
impostos no dia-a-dia, neste sentido as habilidades pessoais do idoso pode
influenciar no ajuste aos novos papis sociais, aos momentos de agravos
sade, assim como colaborar para a construo de novos propsitos no viver,
alm da admisso da prpria finitude.
Para Paschoal (1996), o bem-estar subjetivo e a qualidade de vida decorrem de
condies ambientais favorveis, onde a pessoa idosa possa ser capaz de se adaptar e
descobrir novas aptides comportamentais pode trazer grande influencia na satisfao no
viver e na qualidade de vida percebida.
Neri e Freire (2000) o estilo de vida mais saudvel ajuda a reduzir a ocorrncia de
processos patolgicos no envelhecer, e as atividades educacionais, os encontros de cuidados
em sade, a formao e manuteno de laos socioafetivos podem encorajar no fortalecimento
das reservas pessoais.
Para Neri e Queroz (2005), o bem-estar subjetivo (dele) essencial para que o idoso
inicie uma avaliao a cerca da satisfao com a vida em geral. A adoo de atitudes positivas
28
na vida pode ser despertada por novos hbitos, pelo aperfeioamento das habilidades sociais,
na realizao de atividades produtivas que somadas capacidade fsica, mental e na
autoaceitao do novo significado a vida (NERI; FREIRE, 2000, p. 28).
2.2 Polticas Pblicas e Envelhecimento Ativo
As polticas pblicas governamentais destacam a importncia de se adotar modelos
de ateno sade para populao em geral, e que estas devem estar disponibilizadas aos
idosos. A velhice uma questo que emerge na sociedade brasileira, logo um grande desafio
contribuir para que os idosos possam ter oportunidades de desfrutar da velhice com mxima
qualidade de vida (OPAS, 2005). Para se alcanar essa qualidade, as questes sociais e
polticas no Brasil necessitam de (re) estruturao o que abrange a cultura, a rea educacional
assim como as despesas com a previdncia social (MAZZA, 2008, p. 14.).
A Constituio Brasileira de 1988 deu origem ao avano nas polticas de proteo
social a populao idosa, ao especificar o papel do Estado que de proteo ao idoso, e
destaca a famlia como principal responsvel pela promoo dos cuidados. Nas diferentes
regies do Brasil, a co-residencia mais frequentemente mencionada a de residir com um dos
filhos (CAMARGOS; RODRIGUES; MACHADO, 2011). A modernizao das relaes
ainda mantm a famlia, como a principal geradora de cuidados para o idoso, sobretudo para
aqueles que apresentam alguma dependncia (AREOSA; BENITEZ; WICHMANN, 2012).
Mas, quando h a ausncia da famlia, este cuidado constitudo na parceria entre amigos e
vizinhos da pessoa idosa (AQUINO; CABRAL, 2002).
Para prover as demandas que advm do envelhecimento, o Estado reconheceu a
necessidade de uma poltica especifica para esse segmento populacional, e cria em 1994 a
Poltica Nacional do Idoso (PNI), com o objetivo fundamental de assegurar pessoa idosa o
atendimento diferenciado. Logo, estratgias so necessrias para atender suas necessidades,
fsicas, sociais, econmicas e polticas, enfatizando os centros e grupos de convivncia para
pessoas idosas.
A Lei n 8.842/94 regulamentada pelo Decreto n 1948/96 cria o Conselho Nacional
do Idoso, estabelecendo direitos sociais, a garantia de autonomia, integrao e participao
dos idosos na sociedade, na formulao de polticas pblicas, nos projetos e planos
relacionados prpria cidadania. Suas diretrizes priorizam o atendimento domiciliar, a
capacitao de profissionais na rea da gerontologia, a descentralizao poltico
29
administrativa, e a divulgao de estudos e pesquisas sobre aspectos relacionados velhice e
ao envelhecimento.
O Ministrio da Sade em 1999 publicou a Portaria n. 1395, de 10 de dezembro,
aprova a Poltica Nacional de Sade do Idoso (PNSI), e destacou as aes para a promoo da
sade, no atendimento multidisciplinar especfico a esta populao.
Em 2002, a Organizao Mundial de Sade props diretrizes para o envelhecimento
na 2 Assembleia Mundial que ocorreu em Madri. Foi ento concebida uma nova ideia de
envelhecimento, que deve ser ativo e produtivo, alm de priorizar a insero do idoso na
comunidade/incluso social.
No Brasil, em 2003 foi promulgado o Estatuto do Idoso que assegura em seus 118
artigos o direito vida, a liberdade, ao respeito e dignidade, educao, cultura, acesso ao
esporte e laser, profissionalizao, e que ao idoso sejam disponibilizados aes e promoes
em sade alm de atender as necessidades de proteo. Este documento foi aprovado no
Congresso Nacional e refora as diretrizes na Poltica Nacional do Idoso, como um alvo a ser
alcanado com vistas a melhorias na qualidade de vida dos idosos brasileiros.
Tais medidas de proteo social a populao idosa, que o Brasil adota tm influncia
direta das polticas internacionais da ONU, OMS e OPAS, todas preconizam a meta de
aumentar a expectativa de uma vida saudvel, com qualidade para todas as pessoas que esto
envelhecendo, as que esto sadias, as frgeis, e aquelas fisicamente incapacitadas e tambm
para as que necessitam de cuidados (OPAS, 2005, p. 13).
Neste sentido, a Poltica Nacional de Sade da Pessoa Idosa promulgada pela
Portaria n 2.528 de 19 de outubro de 2006 e dispe sobre: a finalidade primordial de
recuperar, manter e promover autonomia e independncia dos indivduos idosos, com medidas
coletivas e individuais de sade.
Faz-se necessrio que o Estado faa parcerias com instituies dos setores publico e
privado no compartilhamento de responsabilidades para atender as diretrizes do SUS, j que o
compromisso brasileiro foi firmado em consonncia queles definidos em 2002 pela
Assembleia Mundial para o Envelhecimento.
As polticas de ateno sade dos idosos esto formuladas, porm ainda no
totalmente praticadas junto aos servios pblicos e privados. O direito a sade disposto no
Captulo IV do Estatuto do Idoso, lhe assegura atendimento geritrico e gerontolgico, com
unidades especializadas para o seu atendimento. Faz-se necessrio, ento, que haja maior
participao civil dos idosos, assim como daqueles que pretendem envelhecer com qualidade
de vida (LEO, 2009).
30
Neste sentido, a Organizao Mundial de Sade enunciou que o envelhecimento das
populaes, uma conquista grande para todos, e estimou que at 2025, teremos um aumento
de 223% no total de pessoas com sessenta anos ou mais, um cenrio que ser comum entre
todos os pases, porm ocorrer em curto espao de tempo nos pases em desenvolvimento.
Mediante os desafios do envelhecimento da populao mundial, em 2001, a OMS
elaborou um projeto preliminar intitulado Sade e envelhecimento: um trabalho para
discusso, apreciado por especialistas de vrios pases, entre eles representantes do Canad,
Espanha e Brasil. No evento na cidade de Kobe no Japo, em 2002, aps aprovao, adotou-
se o documento da OMS Envelhecimento Ativo: uma poltica de sade para balizar as
metas a serem alcanadas pelos pases no sc. XXI.
Durante a segunda Assembleia Mundial para o Envelhecimento realizada em Madri,
Espanha, em 2002, a Organizao Mundial de Sade (OMS) lanou o Plano Internacional de
Aes sobre o Envelhecimento (PIAE) contendo diretrizes para a elaborao de estratgias
para se alcanar o Envelhecimento Ativo.
Nesta nova perspectiva, as polticas e programas a serem desenvolvidos pelos pases
devem ter fundamentos nos direitos, necessidades, preferncias, e habilidades das pessoas
mais velhas alm de considerar, que a experincia de vida influi sobre a forma como as
pessoas envelhecem (OPAS, 2005, p. 8).
A idade de 60 anos adotada para descrever as pessoas mais velhas, porm cabe
mencionar que isoladamente no define as mudanas funcionais e orgnicas que podem surgir
no envelhecimento pessoal (DIOGO; NERI; CATIONE, 2009, p. 76). A partir do
levantamento do perfil de idosos, os governos podem melhor formular as Polticas destinadas
a atender este grupo, planejar aes e estimar o custo de programas e servios assistenciais
para atender as necessidades individuais e coletivas dos idosos (OPAS, 2005, p. 08-10).
Mas, outro desafio advm da transformao nos padres de doena (transmissveis
para no transmissveis): as cardiopatias, o cncer e a depresso podem aumentar os riscos de
leses e as estimativas so que, haja um crescimento em torno de 78% desses casos nos pases
em desenvolvimento (OPAS, 2005, p. 33). Neste sentido, a OMS ao preconizar o conceito de
Envelhecimento Ativo aponta uma nova tica no envelhecimento das pessoas, e promulga o
compromisso dos governos, famlia e sociedade em melhorar a qualidade de vida dos que
envelhecem a nvel mundial (Ibid.).
Esta poltica pretende assegurar, que as pessoas idosas percebam seu potencial de bem
estar nos aspectos fsico, social e mental ao longo do curso da vida. Mas para obter um melhor
desempenho nesses domnios, a pessoa que envelhece deve ter assegurada a continuidade de
31
participao em sociedade, concretizando seus desejos, suprindo suas necessidades, dispondo
de proteo e segurana (Ibid.).
O termo ativo pode definir os idosos sadios, e tambm aqueles que apresentem
alguma fragilidade, ou incapacidade. Segundo a OMS a pessoa idosa se mantm ativa, quando
est integrada nas questes sociais, econmicas culturais e civis do seu contexto de vida
(Ibid.).
O envelhecimento ativo, tambm est relacionado manuteno da pessoa idosa como
um recurso vital. Mas para ser um recurso vital, segundo o dicionrio preciso ser aquele que
pode continuar ajudando, que permanece uma fonte de auxlio na resoluo de problemas, que
pode ser um provocador de reformas para a famlia, ou para a comunidade (FERREIRA et al.,
2010, p. 647).
sabido que o estigma das modificaes fsicas, as perdas sociais, a prpria noo de
idade constri um conceito da velhice para as diferentes geraes, no cotidiano da vida em
sociedade (LOPES; NERI, 2000, p. 24-25). Outro fator importante relacionado ao ambiente
em que vive a pessoa idosa, nas oportunidades de interagir no ambiente a sua volta pode haver
benefcios para uma melhor adaptao ao envelhecer e possibilita perceber-se um ser social
(DIOGO; NERI; CATIONE, 2009, p. 77).
Neste sentido, cabe afirmar que a pessoa idosa no ultrapassada, que preservar a vida
dos que ficam mais velhos pode ajudar todas as sociedades a repensar a contemporaneidade.
Nessa lgica, se faz necessrio estudar mecanismos que promovam uma vida digna, de
qualidade, com aes de insero das pessoas idosas valorizando as virtudes, as
potencialidades em prol de uma longevidade mais saudvel (Ibid, p. 58-60).
A OMS sugere que os profissionais de sade liderem projetos de participao nos
programas ligados ao envelhecimento, para que os idosos continuem sendo um recurso na
famlia, na comunidade e na economia. Neste caso, os programas que preconizam o
envelhecimento ativo ajudam a retardar as incapacidades, as doenas crnicas diminuindo as
chances de aumentar a dependncia (OPAS, 2005, p. 7).
Viver mais uma realidade, porm requer a manuteno do desejo de viver, do sentir
satisfao na vida, de manter uma boa sade no corpo e na mente (CARMITA, 2009, p. 11).
Outro aspecto que ajuda a manter a satisfao com a prpria vida se relaciona com a
manuteno das relaes sociais, quer seja com os membros da famlia, ou contando com o
apoio dos amigos e ainda o contato com pessoas de outras geraes (OPAS, 2005, p. 13).
32
Neste sentido, uma meta prioritria que os programas que se destinem a promover a
sade das pessoas idosas devem contribuir na manuteno da autonomia independncia, pois
esses domnios vo influenciar na autopercepo de sade (OPAS, 2005, p. 14).
Ento, o envelhecimento ativo poder ser uma experincia positiva na vivncia da
longevidade. Por isso que o esforo deve ser dos governos, famlias e sociedade para
assegurar as oportunidades contnuas aos mais velhos, facilitando a participao dos idosos
em todos os setores da sociedade, com segurana, para realmente alcanar uma melhor
qualidade de vida neste perodo da vida (OPAS, 2005, p. 13).
Continuar ativo significa permanecer uma pessoa que integre de forma contnua nas
questes civis, culturais, econmicas sociais e at espirituais prximas a ela. A continuidade
da vida necessita ser encarada pelos demais como algo positivo, porque o idoso pode ser
participativo junto a sua comunidade, famlia e em seu pas (Ibid.).
O objetivo do envelhecimento ativo o favorecimento de que todos os seguimentos da
sociedade adotem medidas para aumentar a expectativa de vida, de uma forma saudvel e com
qualidade para as pessoas. Logo, um ambiente onde a pessoa que envelhece se percebe
indesejada, quer seja no ambiente familiar, na sociedade, e at em seu pas pode comprometer
a adaptao nesta nova fase da vida e acelerar o processo de envelhecimento (DIOGO; NERI;
CATIONE, 2009).
Nesta perspectiva a OMS adverte que primordial assegurar que os idosos continuem
a ser capazes de tomar decises, que suas preferncias sejam respeitadas, porque estes
atributos contribuem para que a pessoa idosa se perceba ativa e autnoma. Quando a
autonomia e independncia so afetadas, os prejuzos afetam a realizao de objetivos
pessoais e interferem diretamente na qualidade de vida, sendo encarados como perdas
importantes para os idosos (OPAS, 2005, p.14).
Ento reconhecer os direitos das pessoas idosas, valorizar e respeitar as diferenas
entre elas so aspectos relevantes na abordagem da promoo do envelhecimento ativo,
inclusive na realizao de atividade em ambientes de apoio para que estas sejam uma opo
saudvel para esses idosos (Ibid.).
A possibilidade de envelhecer ativo est relacionada : determinantes
comportamentais (estilo de vida), determinantes pessoais (pr-disposio gentica a doenas,
aspectos psicolgicos), determinantes do ambiente fsico (exposio de risco ocupacional,
moradia, isolamento), determinantes sociais (incluso-excluso pela idade, analfabetismo,
maus-tratos), determinantes econmicos (renda, proteo social), determinantes de gnero
33
(homem, mulher) e determinante da cultura (o valor social do idoso, as tradies) aspectos
que influenciam o envelhecer individual (Ibid., p. 19-32).
Outro desafio est relacionado s comorbidades, e as doenas crnicas apesar de
evitveis, que vm afetando principalmente os idosos nos pases em desenvolvimento,
apontando assim, para a necessidade de que as Polticas priorizem a promoo da sade, para
reduzir custos efetivos ao SUS e favorecer o envelhecimento ativo (Ibid., p. 34).
O direito sade assegura ao idoso o atendimento em ambulatrios, unidades
geritricas de referncia, com pessoal especializado nas reas de geriatria e gerontologia.
Porm, muito h para construir e disponibilizar aos idosos no Brasil o atendimento
individualizado na ateno a sade, nos rgos pblicos, na elaborao de alternativas de
participao, ocupao e convvio entre idosos e as demais geraes (LEO, 2009, p. 126).
2.3 A enfermagem na produo do envelhecimento ativo
Os cuidados de enfermagem destinados s pessoas idosas tm por finalidade contribuir
com o mximo de aproveitamento da capacidade funcional, e neste sentido o Envelhecimento
Ativo uma proposta em sade que visa uma vida saudvel para os idosos, porm um desafio
aos profissionais que integram a ateno primria em sade (FREITAS, 2005).
Porque uma vez engajada no planejamento ou implementao de programas
especficos para as pessoas idosas, a enfermeira deve conhecer o perfil demogrfico,
socioeconmico e cultural da populao a ser assistida, para subsidiar as propostas de aes
na preveno e promoo sade, uma vez que, nesse grupo distinto devem ser estimulados
comportamentos produtores de sade, para que estes mantenham a independncia funcional
(FERREIRA et al., 2005).
Para tal, a enfermeira necessita tambm compreender as polticas pblicas destinadas
populao idosa sendo necessrio agregar conhecimentos relacionados s questes
demogrficas, epidemiolgicas; as alteraes fisiolgicas e patolgicas no processo de
envelhecimento humano (FREITAS, 2005).
necessrio ter uma viso ampla do ser que envelhece e as informaes ajudam a
formular e disponibilizar um cuidado integral, junto da concepo de que cada idoso um
sujeito nico, que tem sua prpria histria, experincias, cultura e uma vida atual que pode ou
no manter expectativas futuras. O conjunto dessas observaes devem balizar as aes para
que resultem num melhor bem estar ao idoso (GONALVES; ALVAREZ, 2002).
34
Segundo a OMS (OPAS, 2005) o envelhecimento ativo aplica-se aos indivduos e aos
grupos populacionais, e a enfermagem gerontolgica deve tambm considerar os aspectos
biopsicossociais, espirituais e culturais do idoso/famlia.
A definio da Organizao Pan-Americana de Sade sobre a enfermagem
gerontolgica foi destacada por Gonalves e Alvarez, referindo-se a ela como sendo:
O estudo cientfico do cuidado de enfermagem ao idoso caracterizado
como cincia aplicada com o propsito de utilizar os conhecimentos do
processo de envelhecimento, para o planejamento da assistncia de
enfermagem, e dos servios que melhor atendam promoo da sade,
longevidade, independncia e ao nvel mais alto possvel de funcionamento
da pessoa (2002, p. 757).
Nessa perspectiva, a enfermagem gerontolgica deve atuar para a maximizao do
nvel de independncia da pessoa idosa, o que coaduna com as premissas da Poltica Nacional
do Idoso (PNI), que determina que aes em sade devam promover a manuteno da
capacidade funcional dos idosos; a preveno das doenas; assim como recuperar e reabilitar
aqueles que tenham a capacidade funcional diminuda garantindo sempre que possvel
independncia nas atividades do cotidiano (LUNARDI et al., 2009).
Para Silva et al. (2010) a promoo da sade uma responsabilidade compartilhada
entre indivduos, comunidade, grupos, profissionais da sade e instituies que prestam
servios de sade e demais reas e tambm dos governos. Arajo et al. (2011) destacam que
na Primeira Conferncia Internacional de Promoo da Sade realizada em Ottawa, no
Canad, em 1986, a Promoo da sade o nome dado ao processo de capacitao da
comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e sade, incluindo uma maior
participao no controle deste processo. Apontando para os autores, que indivduos
capacitados tm maior competncia de interferir em seu prprio processo de sade,
adoecimento e doena.
Logo, a insero de idosos em espaos de prticas democrticas na promoo da sade
pode conduzir a mudanas na sade individual, o que pode trazer benefcio positivo para a
sade, por estimular a adoo de um estilo de vida mais saudvel (MARTINS et al., 2009).
Neri (1995, p. 102) afirma que a segurana proporcionada por um ambiente acolhedor,
necessria percepo do bem-estar para o idoso. Por isso, o projeto de envelhecimento
ativo envolve polticas, programas que promovam a sade mental dos idosos, facilitando as
oportunidades de relaes sociais que so to importantes, como as destinadas a melhorar as
condies fsicas de sade. Manter a autonomia e independncia durante o processo de
35
envelhecimento uma meta fundamentais para os indivduos, profissionais e governantes
(OPAS, 2005, p. 13).
2.4 A Msica na sade: fundamentos e implicaes
Ao falar do ser humano e suas dimenses tem-se a compreenso da magnitude da
aplicabilidade da msica ao longo do tempo, no desenvolvimento da humanidade. O homem
pode ser concebido antropologicamente numa viso unidimensional (o corpo), bidimensional
(corpo e psique), tridimensional (corpo, psique e esprito) e ainda, como o ser que recebeu um
sopro de vida de uma energia criadora (SILVA; LEO, 2009, p. 13).
importante para nossa compreenso rememorar que a Cincia, Arte, Filosofia e
Mstica eram associadas, e isto balizava a prtica teraputica. Logo se cuidava do corpo, do
esprito, do desejo, do essencial vida de forma que a pessoa alcanasse a melhor condio de
sade possvel.
Para os autores acima citados, esta forma de ver o homem traz implicao direta na
mudana do paradigma da sade, pois o ser que adoece deve ter o cuidado como algo
prioritrio, em relao ao processo de curar.
Souza (2009) afirma que a msica tem significado ntimo, entre a sade humana, pois
historicamente ocorre a unio entre a arte de curar e as notas musicais. O mesmo autor destaca
que a Medicina introduz a msica no cuidar no sc. IX evento atribudo aos mdicos dos
pases rabes, que acreditavam que a msica tinha poder de curar o corpo2 doente atravs da
alma.
Na Medicina Ocidental em torno do sc. XIII esses profissionais vm proporcionar
msica status, pois neste perodo torna-se um dos instrumentos de uso mdico de mxima
importncia por ser utilizado no auxlio da reverso do declnio no processo de
envelhecimento (SOUZA, 2009).
Plato, o Filsofo, ao ensinar sobre o preparo dos atletas, recomendava antes dos jogos
nas Olimpadas o seguinte a msica deve preceder e dominar a ginstica, porque a alma
deve formar o corpo e no o corpo forma a alma recordando a potencialidade medicinal da
msica (Ibid., p. 36).
Os efeitos teraputicos da msica alcanam uma posio realista na era do iluminismo.
Este perodo se refere a um movimento intelectual nos pases da Europa, nas colnias nos
2 Grifo da autora do estudo.
36
sculos. XVII e XVIII. Predominava na poca a crena na razo, nas cincias como sendo os
motores do progresso (Ibid.)
Para o mesmo autor Souza (2009) a amizade de Beethoven com Jonhann Peter Frank
(1745-1821), considerado o fundador da Sade Pblica, contribuiu para que ele expressasse
um sua obra literria A Plan for A Comprensive Public Policy, que foi publicada em 1779, a
importncia que a msica exercia na manuteno da sade.
Um estudo citado por Souza (2009), abordando a produo de um anticorpo presente
em secrees corporais, como saliva a (Imunoglobulina A - IgA), traz uma das demonstraes
de como a msica contribuiu no fortalecimento do sistema imunolgico. Os dados foram
validados ao ser feita a comparao do exame laboratorial inicial dos indivduos expostos a
estmulo sonoro por 30 minutos como rudos, silncio e msica. Aqueles expostos ao
silncio, no apresentaram alterao no nvel da IgA, j os expostos a rudos tiveram queda de
35% e os que ouviram msica tiveram elevao de 20% nas taxa de IgA.
A enfermagem vem contribuindo com reflexes sobre os efeitos e a aplicabilidade
desta interveno associada ao cuidado de enfermagem, na assistncia individual e na
coletividade. A utilizao da msica com finalidade teraputica se iniciou com Florence
Nightingale, e anos mais tarde por Isa Maud Ilsen e Harryet Seymor, no cuidado aos feridos
das I e II Guerras Mundiais. Florence Nightingale no sculo XIX, j observava que o
ambiente fsico contribua com o atendimento de enfermagem prestado. As condies de luz,
limpeza, temperatura do ambiente, os nveis de rudo interferiam na recuperao do doente
(GATTIL; et al., 2007).
Nas abordagens feitas pela precursora da enfermagem, detentora dos fundamentos da
profisso de enfermagem, vale destacar uma referncia feita em sua obra, Notas sobre
Enfermagem ao abordar sobre rudos e msica:
No h praticamente informaes sobre o efeito da Msica sobre o doente
[...] Quero apenas observar que os instrumentos de sopro, inclusive a voz
humana e os instrumentos de corda capazes de produzir sons contnuos, em
geral trazem efeito benfico. (NIGHTINGALE, 1989, p. 66)
J Gatti e Silva (2009) comentam que o efeito da msica considerado um potencial
auxiliador no tratamento de doenas de origem nervosa, pois possui uma linguagem que pode
contribuir para que o tempo interno do homem o aproxime de si mesmo. Para esses autores, a
aplicao da msica com enfoque teraputico se solidificou quando em 1941, foi criada a
Fundao Nacional de Teraputica Musical propiciando a difuso da msica conjugada ao
cuidado teraputico no final do referido sculo.
37
Os autores acima tratam o binmio msica-estresse, e afirmam que uma seleo
musical programada, produz o fenmeno de induo. Isto quer dizer, que podemos us-la para
nossa prpria vida, para controlar ambientes teraputicos, proporcionando uma reduo das
tenses e induzindo ao relaxamento, podendo contribuir para estimular nossa capacidade de
percepo, no raciocnio espacial, na clareza do pensar e aumentar a capacidade de
concentrao (Ibid.).
2.5 Msica na assistncia da Enfermagem Gerontogeritrica
A assistncia de enfermagem gerontogeritrica prioritariamente voltada a aes
preventivas e de promoo sade da pessoa idosa. Neste caso, assegura ao idoso a
assistncia integral, assim como sua famlia e comunidade, e ainda contribui na promoo
educativa para a vida e sade, favorecendo que os idosos participem de forma ativa decidindo
pelo melhor em suas vidas, para o seu bem-estar (GONALVES; ALVAREZ, 2002).
Neste sentido, que a msica uma estratgia no pensar/fazer dos gerontlogos, pois
vem revelando o seu papel facilitador nas aes do cuidado. Para ser utilizada como uma
estratgia de cuidado preciso que, haja aquele que se prope a executar, e o que se dispe a
escut-la, e nessa dinmica que ocorrem as possibilidades de demonstrao de afetividade,
compaixo e solidariedade.
Para Leo (2009), necessrio explorar caminhos que permitam reinventar a prpria
velhice, so essas as concluses aps vivenciar a interveno musical feita com grupo de
idosos institucionalizados na Europa. Outros resultados descritos aps interveno teraputica
utilizando a msica apontam o aumento da autoestima e a estimulao do autocuidado em
pacientes idosos (CAMPOS; KANTOSKIL, 2008, p. 36).
Para Bergold; Alvim (2009a), a msica um recurso que promove acolhimento,
estabelecendo relaes e vnculos. segundo a autora, uma concepo humanizada do
cuidado de enfermagem.
A audio de msica clssica foi adotada como motivadora de quebra da rotina para
clientes renais em sesso de hemodilise. Nos depoimentos dos pacientes foram encontradas
palavras que demonstravam a sensao de bem estar, felicidade, relaxamento, recordaes
positivas e uma boa mudana na rotina teraputica (SILVA et al., 2008).
Bergold e Alvim (2009), afirmam que a msica pode ser um recurso tecnolgico
simples, aplicado na assistncia de enfermagem, na promoo do conforto, prazer e segurana
38
do cliente. O ato de cantar ou tocar uma cano pode redefinir a vida interior do ouvinte, alm
de facilitar a comunicao interpessoal, mas necessrio que a enfermeira conhea o estilo
musical e as preferncias do usurio. Quando utilizada como um recurso pedaggico no curso
de aperfeioamento profissional com o objetivo da sensibilizao das enfermeiras, segundo os
mesmos a msica agiu sobre todo o corpo, estimulando diferentes regies, tendo como
motivaes a influncia do estilo musical e o gosto do ouvinte (BERGOLD; ALVIM;
CABRAL, 2006).
2.6 O conceito de Bem Estar Global
Conforme foi visto por Neri e Freire (2000) o envelhecimento bem sucedido tem
relao com a capacidade adaptativa do indivduo na resposta aos desafios que se impe ao
corpo, mente e ao ambiente. Esta adaptao envolve a preservao e expanso das suas
reservas pessoais que influenciam diretamente no seu desenvolvimento.
Para as autoras supracitadas, os fatores socioculturais, as circunstncias histricas que
os indivduos vivenciaram ou vivenciam, assim como as doenas que foram acometidos
desde o perodo gestacional, acrescida das que os acometem durante o envelhecimento, so
preponderantes e influenciam a competncia adaptativa, formando um conjunto de fatores que
do as condies individuais diferenciadas para lidar com as transformaes no
envelhecimento (Ibid., p.24).
Um dos aspectos positivos do envelhecimento diz respeito ao bem-estar, cujo modelo
terico envolve seis dimenses de funcionamento positivo proposto para explicar o bem-estar
(NERI; FREIRE, 2000, p. 26):
Auto aceitao: significa uma atitude positiva do indivduo na velhice em relao a si prprio e ao seu passado; implica reconhecer e aceitar
diversos aspectos de si mesmo, o que inclui as caractersticas boas e
ms.
Relao positiva com os outros: abarca uma relao calorosa, satisfatria e verdadeira; preocupar-se com o bem-estar alheio; ser
capaz de relaes empticas e afetuosas.
Autonomia: denota a autodeterminao e independncia; ser capaz de resistir s presses sociais; avaliar-se com base em seus prprios
padres.
Domnio sobre o ambiente: ter competncia para manejar o ambiente; aproveitar as oportunidades sua volta; ser hbil para
escolher ou criar contextos apropriados s suas necessidades e valores.
Propsitos na vida: diz respeito ao projeto de vida; o idoso capaz de perceber que h sentido na vida presente e passada; tem crenas que
do propsito a vida; credita vida um significado.
39
Crescimento pessoal: o idoso est aberto a novas experincias; tem um senso de realizao de seu potencial e suas mudanas refletem
autoconhecimento e eficcia.
Quando pessoas idosas mantm o controle de sua vida positivamente, sem ignorar os
fracassos e os sucessos, (re) elaboram e ajustam seus projetos de vida. J a satisfao com a
vida colabora para o alcance dessas metas influenciando no bem-estar global.
2.7 A Enfermeira no trabalho com grupos
Munari e Furegato (1997) avaliam que a necessidade de viver agregado inerente ao
gnero humano, e que as relaes interpessoais que de fato fazem surgir os grupos. Em
busca do conhecimento a respeito dos grupos, das relaes que acontecem entre os indivduos
e de como acontece o seu desenvolvimento, que esta estratgia de atendimento foi
estabelecida como um campo para a pesquisa.
Cabe destacar, que h registro de grupos teraputicos na Grcia antiga. No incio do
sculo passado, Sigmund Freud realizava grupos de estudos semanalmente e analisou os
estudantes que participavam desses grupos. Em 1910, nos Estados Unidos e em Viena as
abordagens psicodramticas associadas a tcnicas teatrais constituram os fundamentos para a
psicoterapia grupal (MUNARI; FUREGATO, 1997, p. 5).
O perodo descrito anteriormente consagrou as expresses terapia de grupo e
psicoterapia de grupo. Logo, grupos podiam ter finalidade teraputica na rea da psiquiatria,
concluram os estudiosos nos Estados Unidos em 1920. No final desta dcada, a terapia grupal
foi empregada pelo mdico Trigant Burrow para pessoas com problemas de vida no
institucionalizadas. No ano de 1930, conceitos psicanalticos foram destacados aps
resultados obtidos junto aos pacientes psiquitricos internados, e nos grupos de prisioneiros
(Ibid., p. 9).
A dinmica de grupo foi uma expresso criada por Kurt Lewin na dcada de 30
popularizando-se no perodo da segunda guerra mundial. A sistematizao dos grupos
possibilitou que fossem empregados junto a lderes empresariais, acadmicos e tambm com
as pessoas interessadas em melhorar sua condio pessoal e de vida (Ibid., p. 9).
O recurso da atividade de grupo como uma modalidade na assistncia da enfermagem
brasileira, descrita desde a dcada de 60 na ateno a gestantes. Aos poucos a partir da
dcada de oitenta foram sendo disponibilizada tambm para as pessoas que careciam de outras
40
necessidades em sade, como os portadores de doenas crnicas, as mes e os adolescentes
sendo mais uma alternativa no atendimento das enfermeiras (Ibid., p. 12).
Na realizao de um grupo preciso considerar que a atividade em si dinmica, pois
favorece a comunicao to essencial na rea da sade, e possibilita um contato mais prximo
entre pessoas para o compartilhamento de sentimentos, opinies, experincias, e tambm a
obteno de informaes para os cuidados em sade (BRASIL, 2007).
Flores (2006) comenta que em 1963 um grupo de convivncia foi criado em So Paulo
para os aposentados, e as atividades desenvolvidas foram organizadas para manter os
integrantes ativos em comunidade, para favorecer o relacionamento interpessoal e estimular
mudanas comportamentais com vistas manuteno da autonomia.
Um grupo uma estratgia, e como tal permite explorar condies favorveis, para o
ensino e aprendizagem do autocuidado, que adequadamente empregada pode alcanar um
nmero maior de pessoas (SIMES; STIPP, 2006).
Desse modo, uma atividade grupal pode ser promotora de sade, quando
disponibilizada pela enfermeira no atendimento clientela idosa e pode ajudar a diminuir o
isolamento proporcionando momentos de felicidade, de bem estar e satisfao para o idoso
(VITOR et al., 2007).
No servio de ateno sade, o acolhimento pode transcorrer com atividades de
grupo, porque possibilita ouvir as pessoas e assim subsidia ao profissional maiores chances de
dar respostas mais efetivas s necessidades dos usurios idosos (BRASIL, 2007, p. 14).
Munari e Furegato (1997) cita as condies necessrias existncia de um grupo, e
destaca que um grupo no o somatrio de pessoas, todavia deve se considerar os
mecanismos construdos pelos prprios integrantes para alcanar o interesse comum.
Colaboram ainda para a construo de um grupo, o ambiente fsico onde realizado, o tempo
de durao do encontro, a manuteno da comunicao verbal, auditiva e visual entre os
integrantes e o coordenador, sendo estas as condies que contribuem para o xito nessa
atividade.
Os grupos tm caractersticas distintas podendo ser homogneas ou heterogneas, que
esto relacionadas s variveis: sexo, idade, escolaridade, assim como o problema de sade
dos participantes; esses elementos podem facilitar ou dificultar o alcance de objetivos
(MUNARI; FUREGATO, 1997, p. 17).
A convivncia em grupo pode contribuir consideravelmente para um maior equilbrio
entre a pessoa idosa e o ambiente em que vive, alm de possibilitar que se perceba como
41
responsvel por sua histria futura construda no enfrentamento das dificuldades que surgem
com o envelhecimento (VITOR et al., 2007).
Logo, as relaes estabelecidas entre os componentes do grupo e profissionais pode
despertar a criao de vnculos respeitosos, acolhedores, que so prioritrios na realizao de
atividades educativas relativas sade da pessoa idosa, atendida nos servios de sade
(BRASIL, 2007, p. 27).
Munari e Furegato (1997) ao enfocar enfermagem e grupos, reiteram que uma
avaliao inicial na caracterstica do grupo vai auxiliar na escolha de quais dimenses abaixo
podem vir a favorecer o coordenador e os integrantes no alcance dos objetivos centrais e
prioritrios as necessidades dos participantes. So elas:
Oferecer suporte nos perodos de ajustamento a mudanas, na manuteno ou adaptao a novas situaes, estimulando que os
integrantes partilhem experincias comuns.
Realizar tarefas exerccios executados em grupo podem levar ao aprendizado, a valorizao das contribuies feitas tanto nas
diferenas, como nas similaridades na produo dos participantes.
Socializar contribui para que as pessoas mantenham vnculos sociais mesmo na existncia de perdas, oferecendo alternativas para a
troca de experincias e satisfao pessoal.
Aprender mudanas de comportamento ajuda na tarefa de buscar comportamento mais saudvel individualmente.
Treinar relaes humanas busca a melhor capacidade nos relacionamentos interpessoais.
Nvel de preveno est ligado s necessidades dos clientes, aos objetivos do grupo e o nvel de preveno compatvel com o trabalho
a ser desenvolvido.
Grau de estrutura o planejamento, organizao necessria para executar todo o trabalho do grupo de responsabilidade do
coordenador.
Variveis fsicas tempo de durao da atividade, o local de realizao e a previso de participantes, visa oferecer condies para
desenvolver o trabalho.
Instilao de esperana a postura do coordenador importante porque estimula novos pa