UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
ESCOLA DE SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E SOCIEDADE
MESTRADO PROFISSIONAL EM PRÁTICAS DE SAÚDE E EDUCAÇÃO
JEAN CARLOS BEZERRA
FATORES ASSOCIADOS AO PARTO PREMATURO EM UMA MATERNIDADE
PÚBLICA
NATAL/RN
2019
JEAN CARLOS BEZERRA
FATORES ASSOCIADOS AO PARTO PREMATURO EM UMA
MATERNIDADE PÚBLICA
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao
Programa de Pós-Graduação em Saúde e
Sociedade, Escola de Saúde, da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, como
requisito para a obtenção do título de Mestre
em Saúde e Sociedade.
Área de concentração: Saberes e Práticas em
Saúde e Educação.
Orientadora: Profa. Dra. Simone Pedrosa
Lima.
NATAL/RN
2019
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede
Bezerra, Jean Carlos.
Fatores associados ao parto prematuro em uma maternidade
pública / Jean Carlos Bezerra. - 2019. 97f.: il.
Dissertação (Mestrado)-Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Escola de Saúde, Programa em Pós-Graduação em Saúde e Sociedade, Natal, 2019.
Orientadora: Dra. Simone Pedrosa Lima.
1. Parto prematuro - Dissertação. 2. Fatores - Dissertação. 3.
Mulheres - Dissertação. I. Lima, Simone Pedrosa. II. Título.
RN/UF/BCZM CDU 618.3
Elaborado por Raimundo Muniz de Oliveira - CRB-15/429
2
FATORES ASSOCIADOS AO PARTO PREMATURO EM UMA
MATERNIDADE PÚBLICA
Dissertação de Mestrado Profissional apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde e
Sociedade, Escola de Saúde, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como
requisito para obtenção do título de Mestre em saúde e Sociedade.
Aprovada em: __ de ___________ de 2019, pela banca examinadora.
Presidente da banca:
__________________________________________________________
Profª Drª Simone Pedrosa Lima
Orientadora – UFRN
Banca Examinadora:
_________________________________________________________
Profº Dr Wilton Rodrigues Medeiros
Avaliador - UFRN
________________________________________________________
Profª Drª Rosângela Diniz Cavalcante
Avaliadora UERN
_________________________________________________________
Profª Drª Izaura Luzia Silverio Freire
Avaliadora UFRN
3
AGRADECIMENTOS
A Deus, por sempre estar comigo.
Aos meus pais, que sempre se esforçaram para me dar educação, escolar e familiar, ensinando
valores importantes para condução de um mundo melhor.
Aos meus irmãos, que os tenho muita admiração.
À minha família, pelos conselhos e ensinamentos em toda a minha vida.
À minha esposa, Talita, pela compreensão e ajuda (sempre).
Às minhas duas filhas, Ana Lívia e Maria Clara, meus dois maiores amores nessa Terra.
Aos meus sogros que sempre estão dispostos a nos ajudar na concretização dos nossos
sonhos.
À minha orientadora profª Simone Pedrosa que sempre me ajudou e me acalmava nos meus
momentos de ansiedade.
Ao prof. Wilton pela contribuição e ajuda no trabalho, além de participar das duas bancas
(defesa da dissertação e qualificação).
Às outras três pessoas das duas bancas que contribuíram nesse processo, profª Maria de
Lourdes (banca de qualificação), Rosângela Cavalcante (banca de defesa) e Izaura Luzia
(banca de defesa).
Aos meus colegas de mestrado pelos momentos de estudos, estresse, ansiedade e também
diversão.
A todos que fazem o Mestrado Profissional em Práticas de Saúde, a coordenação, secretaria,
bolsistas, auxiliares, professores, aquela senhora do café (como ajudava em um pós-plantão!);
enfim, todos.
Aos meus colegas enfermeiros que sempre indicavam e ajudavam onde encontrar mulheres
para a minha pesquisa.
Aos meus outros colegas de trabalho que torceram por esse sucesso e sempre estão ajudando
no melhor para as mulheres.
Às pacientes por terem sido mediadoras dessa construção profissional.
4
O amor é o dom supremo
Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como
bronze que soa ou como o címbalo que retine.
Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência;
ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei.
E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda entregue o meu
próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará.
O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se
ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se
exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a
verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor jamais acaba; mas, havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas,
cessarão; havendo ciência, passará; porque, em parte, conhecemos e, em parte, profetizamos.
Quando, porém, vier o que é perfeito, então, o que é em parte será aniquilado.
Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como
menino; quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino.
Porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente; então, veremos face a face.
Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido.
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é
o amor.
(I Cotintios, 13).
Dedico este trabalho, com todo meu amor, a minha
família, especialmente Talita (minha esposa), Ana
Lívia e Maria Clara (minhas filhas).
5
RESUMO
O presente estudo teve como objetivo verificar os fatores relacionados ao parto prematuro. A
pesquisa foi analítica, de corte transversal e de abordagem quantitativa. Desenvolvida em uma
maternidade pública da cidade de Natal, com uma amostra de 300 mulheres, sendo aplicado
um questionário no período de julho a outubro de 2018. Os dados foram analisados por meio
da regressão Poisson com variância robusta para se estimar a Razão de Prevalência (RP). No
modelo múltiplo considerou-se as variáveis que tiveram um valor de p<0,20, na análise
bivariada realizada por meio do teste na regressão de Poisson e permaneceram no modelo as
variáveis com p<0,05. Da amostra total, cabe destacar que a maior parte foi de adultas
(86,7%), proviam da Grande Natal (53,5%), são da zona urbana (77,3%), têm boa
escolaridade (52,7%), são do lar (52,3%), não são da cor branca (75,7%), baixo poder
aquisitivo, tinham poucas comorbidades anteriores à gestação (adequado dizer da hipertensão
e tabagismo), a maior parte era multíparas (68,3%). Em relação ao pré-natal, apesar do
número de consultas e do início adequado, o acesso aos exames laboratoriais foi aquém do
recomendado. No que tange ao acesso, 45% das mulheres quando chegam ao serviço ficam
alojadas no corredor, 59,4% têm um parto cesáreo, 96,1% gestação única e 39,3% dos
nascimentos são prematuros. Várias foram as intercorrências na gestação na amostra
pesquisada, mas a hipertensão gestacional, infecção urinária e ameaça de trabalho de parto
prematuro foram as mais encontradas. Por sua vez, a prevalência de partos prematuros em
mulheres do interior foi 54% (RP=1,54) maior que naquelas com residência na Grande Natal.
Assim como, foi 86% (RP=1,86) maior dentre as mulheres que tiveram gestações múltiplas
em relação àquelas que tiveram gestação única. Diante dos achados, o estudo resultou em um
projeto de intervenção que será executado na instituição em que foi realizada a pesquisa como
também em nível de Secretaria Estadual de Saúde, com vistas à redução dos partos
prematuros.
Palavras-chave: Parto prematuro. Fatores. Mulheres.
6
ABSTRACT
The present study aimed to verify the factors related to premature birth. The research was
analytical, cross - sectional and quantitative. It was developed in a public maternity hospital in
the city of Natal, with a sample of 300 women, and a questionnaire was applied from July to
October 2018. Data were analyzed using Poisson regression with robust variance to estimate
the Prevalence Ratio (RP). In the multiple model we considered the variables that had a value
of p <0.20, in the bivariate analysis performed by means of the Poisson regression test and the
variables with p <0.05 remained in the model. Of the total sample, it is noteworthy that the
majority were adults (86,7%), from Natal (53,5%), from the urban zone (77,3%), have good
schooling (52,7%), are from the home (52,3%), are not white (75,7%), have low purchasing
power, had few comorbidities prior to gestation (adequate say of hypertension and smoking),
most were multiparous (68,3%). Regarding prenatal care, despite the number of visits and
adequate prenatal initiation, the access to the laboratory tests was lower than recommended.
As far as access is concerned, 45% of women arriving at the service are housed in the
corridor, 59.4% have a cesarean delivery, 96.1% are single gestations and 39.3% of births are
premature. There were several intercurrences during pregnancy in the sample studied, but
gestational hypertension, urinary tract infection and threat of preterm labor were the most
frequent. In turn, the prevalence of preterm births in inland women was 54% (PR = 1.54)
higher than those with residence in Great Natal. As well as, it was 86% (PR = 1.86) higher
among women who had multiple pregnancies compared to those who had only one gestation.
In view of the results, the study resulted in an intervention project that will be carried out at
the institution where the research was carried out as well as at the State Health Secretariat
level, with a view to reducing premature births.
Keywords: Premature birth. Factors. Women.
7
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Valores de frequência absolutos e relativos da amostra, segundo fatores individuais
e características socioeconômicas. Natal, 2019....................................................................... 37
Tabela 2: Valores de frequência absolutos e relativos da amostra, segundo presença e ausência
de comorbidades e uso de tabaco antes da gestação atual. Natal, 2019....................................38
Tabela 3: Valores de frequência absolutos e relativos da amostra, segundo as variáveis
relacionadas à história reprodutiva. Natal, 2019...................................................................... 39
Tabela 4: Valores de frequência absolutos e relativos da amostra, segundo os fatores
relacionados à gestação atual. Natal, 2019...............................................................................41
Tabela 5: Valores de frequência absolutos e relativos das principais intercorrências
encontradas nas entrevistadas que pariram prematuros. Natal, 2019...................................... 45
Tabela 6: Valores absolutos e percentuais, significância estatística do teste de associação, RP
e seu intervalo de confiança para cada variável selecionada. Natal, 2019................................46
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LISTA DE SIGLAS
AU Altura Uterina
BCF Batimentos Cardiofetais
CAAE Certificado de Apresentação para Apreciação Ética
CEP Comitê de Ética em Pesquisa
DNCr Departamento Nacional da Criança
DNV Declaração de Nascido Vivo
DO Declaração de Óbito
DST Doença Sexualmente Transmissível
DUM Data da última menstruação
EBSERH Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares
ECU Exame Comum de Urina
GEP Gerência de Ensino e Pesquisa
Hb Hemoglobina
HIV Vírus da Imunodeficiência Humana
HUOL Hospital Universitário Onofre Lopes
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IG Idade Gestacional
IRAs Infecções Respiratórias Agudas
MEJC Maternidade Escola Januário Cicco
MS Ministério da Saúde
NIC Neoplasia Intra-epitelial Cervical
NOAS Normas Operacionais de Assistência à Saúde
NOB Norma Operacional Básica
OMS Organização Mundial de Saúde
PA Pressão Arterial
PAISC Programa de Assistência Integral à Saúde da Criança
PAISM Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher
PHPN Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento
PSMI Programa de Saúde Materno Infantil
RAS Rede de Atenção à Saúde
RN Recém-Nascido
RNPT Recém-Nascido Pré-Termo
RP Razão de Prevalência
SINASC Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos
SIM Sistema de Informações sobre Mortalidade
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SUS Sistema Único de Saúde
TALE Termo de Assentimento Livre e Esclarecido
TCC Trabalho de Conclusão de Curso
TCLE Termo de Consentimento Livre de Esclarecido
TPP Trabalho de Parto Prematuro
UBS Unidade Básica de Saúde
UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte
USG Ultrassonografia
UTIN Unidade de Terapia Intensiva Neonatal
VDRL Venereal Disease Research Laboratory
10
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 11
2 OBJETIVOS........................................................................................................ 14
2.1 OBJETIVO GERAL .............................................................................................. 14
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................................ 14
3 REVISÃO DE LITERATURA............................................................................ 15
3.1 ASPECTOS CONCEITUAIS E EPIDEMIOLÓGICOS RELACIONADOS AO
PARTO PREMATURO......................................................................................... 15
3.2 POLÍTICAS DE SAÚDE DA MULHER E DA CRIANÇA – DO SÉCULO XX
À REDE CEGONHA ............................................................................................ 17
3.3 ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO AO PARTO PREMATURO E
PROMOÇÃO DA SAÚDE ................................................................................... 23
4 METODOLOGIA................................................................................................ 27
4.1 TIPO DE ESTUDO................................................................................................ 27
4.2 LOCAL DE ESTUDO............................................................................................ 27
4.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA................................................................................ 28
4.3.1 Critérios de Inclusão............................................................................................ 28
4.3.2 Critérios de Exclusão............................................................................................ 28
4.4 PROCEDIMENTO PARA COLETA DE DADOS .............................................. 29
4.5 INSTRUMENTO.................................................................................................... 29
4.6 VARIÁVEIS........................................................................................................... 29
4.7 CONSIDERAÇÕES ÉTICO-LEGAIS................................................................... 35
4.8 ANÁLISE DE DADOS.......................................................................................... 36
4.9 RISCOS E BENEFÍCIOS/RESULTADOS ALCANÇADOS............................... 36
5 RESULTADOS..................................................................................................... 37
5.1 DESCRIÇÃO DA AMOSTRA ............................................................................. 37
5.2 ANÁLISE INFERENCIAL.................................................................................... 46
5.3 DISCUSSÃO.......................................................................................................... 47
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................... 54
REFERÊNCIAS................................................................................................... 56
APÊNDICES......................................................................................................... 63
PROJETO DE INTERVENÇÃO (APÊNDICE G)........................................... 79
ANEXOS................................................................................................................ 92
11
1 INTRODUÇÃO
A saúde como direito de todos e dever do Estado é garantida por meio da Constituição
e das Leis Orgânicas da Saúde ou através dos pactos realizados entre as diversas instâncias
governamentais. As referidas leis destacam a saúde da mulher como uma das mais
importantes a serem focalizadas pelos gestores e profissionais de saúde, em virtude de ainda
persistirem diversos problemas possíveis de prevenção (BRASIL, 1988, 2006). No entanto,
ainda têm-se taxas de mortalidade materna e infantil elevadas, ocasionadas por várias
patologias como: doenças hipertensivas da gestação, infecções pré-natais ou puerperais e
hemorragias.
Salienta-se que o Pacto pela Vida, de 2006, coloca como uma das prioridades a
redução da mortalidade infantil, neonatal e materna (BRASIL, 2006). A própria Portaria
1459, do Ministério da Saúde (MS), assegura a consolidação e melhora ao atendimento à
mulher no ciclo gravídico, parto e puerpério, além da inclusão ao nascimento seguro, livre de
complicações e sequelas (BRASIL, 2011a).
O parto prematuro no mundo representa cerca de 7,2% dos nascimentos, enquanto
que, a média apresentada no Brasil chega a 9,2%, ficando em décimo lugar no mundo entre os
países que mais nascem prematuros. Apesar do alto grau de desenvolvimento nos países ricos,
a incidência de parto prematuro é 7-12%, portanto, se constitui em um grave problema de
saúde mundial (TABILE et al., 2016). Anualmente, na América Latina, nascem cerca de 12
milhões de crianças anualmente e destas, 135.000 morrem por prematuridade, com uma taxa
de 11,5 por 1000 nascidos vivos (MAYORGA et al., 2012).
Fazendo um comparativo com a mortalidade infantil, nota-se que esta tem mostrado
uma tendência de queda ao longo das últimas décadas no Brasil, entretanto, a mortalidade
neonatal não tem acompanhado a mesma proporção, sendo esta, atualmente, o principal
componente da mortalidade infantil. Araújo Filho (2017) relata que a mortalidade neonatal é
responsável por cerca de 70% da mortalidade infantil no país, sendo a prematuridade a
principal causa de óbito neonatal em todas as regiões do Brasil; indicando problemas na
assistência relacionados ao pré-natal, durante o parto e ao próprio recém-nascido (FRANÇA;
LANSKY, 2016).
Além do próprio trabalho de parto prematuro, há intercorrências na gestação que
provocam a indicação de uma intervenção obstétrica no pré-termo, como alterações no bem-
estar fetal, síndromes hipertensivas, alterações no líquido amniótico, hemorragias, e muitas
delas são passíveis de prevenção (MENETRIER; ALMEIDA, 2016).
12
O nascimento prematuro, recorrente vezes, está associado à hospitalização do seu RN,
devido a problemas de saúde que este pode apresentar. A hospitalização é um período
complicado e angustiante, pois se espera que os cuidados e a relação possam estar
prejudicados, sobretudo se essas crianças estiverem internadas em uma Unidade de Terapia
Intensiva Neonatal (UTIN). Esse binômio é separado: com os pais sendo obrigados a ficarem
“distantes” dos cuidados de sua prole (BASEGGIO et al., 2017). Além disso, como é
conhecimento de todos, que cuidados e intervenções de alta complexidade demandam gastos
financeiros elevados, onerando em muito o Sistema de Saúde; ainda, na maior parte dos casos,
essas mulheres são obrigadas a ficar acompanhando seus filhos, apesar da alta obstétrica,
ocupando dois leitos, o da UTI e o da enfermaria. Quando esses recém-nascidos recebem alta
da UTI, é necessário permanecerem em enfermarias até terem peso e melhora clínica
adequada para a alta do neonato, pelo risco de irem para suas residências, conforme é visto na
rotina diária de trabalho do autor do presente estudo.
França e Lansky (2016), discorrem que, apesar das causas de morte materna, peri e
neonatal serem distintas, as condições de assistência à mulher podem beneficiar
simultaneamente a mulher e a criança. Então, são necessários esforços em obstetrícia e
neonatologia para o enfrentamento dessa questão.
Desse modo, há necessidade de melhora da qualidade na assistência à saúde das
mulheres, com um pré-natal acessível e resolutivo, com um provimento de leitos de
maternidades para a mulher e para os possíveis RNs graves, conforme recomendações da
literatura, como as portarias 930 e 4279, do Ministério da Saúde (BRASIL, 2010; 2012a).
Outrossim, torna-se necessário condições que promovam a prevenção primária e um
planejamento adequado de recursos para recuperação do grupo em estudo, com o mínimo de
sequelas. Para promovê-la, é preciso conhecer características peculiares da população afetada,
possibilitando uma intervenção efetiva. Sabe-se que as populações são diferentes de uma
região para outra, então, faz-se necessário conhecê-los em diferentes locais para que também
se possa fazer um planejamento tanto da atenção básica como secundária ou terciária, em
virtude dessas características. Inclusive, Oliveira et al. (2015, p. 01), colocam a pesquisa
epidemiológica como “alicerce para avanços nos cuidados da saúde humana”.
Barata (2008) relata a importância de se conhecer os perfis dos grupos populacionais
como forma de se direcionar a tomada de decisão no âmbito da formulação e implementação
das políticas de saúde. Conhecer as necessidades de saúde da população é fundamental para o
planejamento dos recursos necessários, sejam materiais, humanos ou financeiros. Ele, ainda,
relata que os modos de vida dos grupos populacionais produzem determinadas formas de
13
adoecer, variando de sociedade para sociedade, de classe social para outra, entre famílias e
também entre as pessoas.
No que tange à população materno infantil, dados epidemiológicos agrupados
fornecem informações como idade, mortalidade, história de gestações anteriores e da atual,
idade de nascimento, meio social inserido, dentre outros. Ressalta-se que os conhecimentos
obtidos por meio dessas informações são essenciais para o planejamento de uma assistência
individual e coletiva, além de possibilitar a compreensão das necessidades especiais e
específicas de cada grupo, de forma que os cuidados possam ser planejados para uma
intervenção mais sistematizada (OLIVEIRA et al., 2015).
Nesse sentido, no decorrer das atividades profissionais em uma maternidade escola,
observou-se que havia um número importante de mulheres internadas com o diagnóstico de
Trabalho de Parto Prematuro (TPP), com muitas tendo seus neonatos prematuros, ou então, os
partos eram realizados em função do risco de morte para as grávidas ou ao próprio feto. No
entanto, apesar de todas essas intervenções e do trabalho realizado junto a essa população, não
se conhecia essas clientes de forma sistematizada, nem o planejamento das ações é feito em
função dessa população. Então, surgiu o questionamento da pesquisa: Quais os fatores
associados ao parto prematuro em maternidade pública?
Considerando que o estudo foi realizado em um serviço de referência no estado, o
estudo, ora proposto, poderá subsidiar o planejamento das ações em saúde, tanto no próprio
serviço, quanto nas regiões/municípios de onde essas mulheres e/ou neonatos são oriundos.
Com o conhecimento das características dessas mulheres e sabendo-se os fatores
associados ao parto prematuro, é possível avaliar a atenção pré-natal na atenção básica e
secundária, bem como é possível desenvolver um planejamento a ser utilizado tanto na
atenção básica, auxiliando a rede regionalizada e melhorando, por conseguinte, a assistência
na própria maternidade.
Diante da problemática exposta e observada, foi feito um projeto, submetido ao comitê
de ética em pesquisa e durante um período de quatro meses, realizou-se a coleta de dados,
tabulou-se e analisou-se para o alcance total dos objetivos, conforme estará descrito na
metodologia.
Em suma, essa é uma pesquisa epidemiológica que revelou alguns dados que mostram,
de certa forma, algumas surpresas, outras nem tanto.
14
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Verificar os fatores relacionados ao parto prematuro em uma maternidade pública.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1. Estimar a prevalência de partos prematuros em uma maternidade pública;
2. Identificar a associação entre os fatores individuais da genitora com a ocorrência do
parto prematuro;
3. Verificar a associação entre os antecedentes ginecológicos e obstétricos e a
ocorrência de partos prematuros.
15
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 – ASPECTOS CONCEITUAIS E EPIDEMIOLÓGICOS RELACIONADOS AO PARTO
PREMATURO
O parto prematuro se apresenta como um dos principais problemas de saúde pública
atual, pois, apesar da melhora dos indicadores epidemiológicos na saúde materno infantil, a
prevalência dos partos pré-termos permanece com uma percentagem elevada, com regiões
tendendo, inclusive ao crescimento. No mundo, é responsável por 7,2% dos nascimentos e no
nosso país prevalece uma percentagem de 9,2% (TABILE et al., 2016).
A mortalidade neonatal é responsável por cerca de 70% da mortalidade infantil do
Brasil, sendo a prematuridade o grande responsável por essa causa de óbito (ARAÚJO
FILHO, 2017).
Lansky et al. (2014) analisando o perfil da mortalidade neonatal no Brasil, colocam
uma taxa de 11,1 óbitos por mil nascidos vivos, sendo a região Nordeste responsável por
38,3% dessas mortes. Estudo mais recente relata que a morbidade e mortalidade decorrem
principalmente da prematuridade, sendo responsável por 75% das mortes neonatais; diz ainda
que a média dos partos prematuros no país é de 12,3% e no Nordeste a taxa gira em torno de
14,7% (MENETRIER; ALMEIDA, 2016). No Rio Grande do Norte a prevalência é de 13,59,
sendo a prematuridade responsável por 78,26% das mortes neonatais neste estado
(TEIXEIRA, 2016).
Em nível mundial, a prematuridade e suas complicações se situam em segundo lugar
dentro das principais causas de mortes em menores de cinco anos, com 14%, superado apenas
pela pneumonia, com 18% (MAYOGA, 2012).
A Organização Mundial de Saúde (OMS), em 1961, conceituou recém-nascido (RN)
prematuro como aquele com menos de 37 semanas de gestação, contados a partir do primeiro
dia da última menstruação. Tabile et al. (2016) reafirma esse conceito e ainda subdivide a
prematuridade de acordo com a Idade Gestacional (IG), como prematuridade moderada (RNs
nascidos entre 32 e 36 semanas de IG), prematuridade acentuada (IG entre 28 e 31 semanas) e
prematuridade extrema (abaixo de 28 semanas de gestação). Menetrier e Almeida (2016)
corroboram com outros autores que conceituam que prematuro é o parto que ocorre entre 22 e
37 semanas incompletas de gestação. Guimarães et al. (2017) ainda conceitua que o parto
prematuro é aquele em que o nascimento ocorre antes de 37 semanas de gestação. Teixeira
(2015) ainda diz que diante de uma Data de Última Menstruação (DUM) desconhecida, essa
16
idade gestacional pode ser calculada através de exames físicos ou de uma ultrassonografia de
primeiro trimestre.
Apesar da prevalência elevada, houve grandes avanços nas últimas décadas com um
aumento da sobrevida sem sequelas nessas crianças, sobretudo pelo desenvolvimento de
surfactante pulmonar sintético, uso de corticoides administrados em gestantes de risco para
um parto prematuro, além dos avanços em cuidados e intervenções nas unidades de terapia
intensiva (SOUSA, 2016).
No entanto, apesar dos avanços no que tange ao tratamento e aos cuidados a esses
neonatos, autores discorrem que as crianças que nasceram prematuras apresentam um
desenvolvimento psicomotor menor em relação às outras que nasceram a termo, necessitando
de cuidados especializados, tanto no período neonatal quanto na sua vida escolar (TABILE et
al., 2016). E ainda, “em decorrência da exposição a diversos fatores de risco para lesões
neurológicas, é esperado que os recém-nascidos pré-termos (RNPT) apresentem atraso no
desenvolvimento neuropsimotor, comprometimento das habilidades motoras, cognitivas,
perceptuais, de linguagem” (OLIVEIRA et al., 2015, p.29).
A prematuridade pode ser consequência de uma indicação obstétrica para um parto,
pelo risco materno (doenças hipertensivas, deslocamento prematuro de placenta) ou fetais
(restrição do crescimento intrauterino, sofrimento fetal), representando uma percentagem de
25% (SOUSA, 2016).
Em contrapartida, o parto prematuro espontâneo representa 75%, sendo causadas por
um ou vários fatores, destacando-se fatores individuais, socioeconômicos, biológicos
(SOUSA, 2016). Ferraresi e Arrais (2016) discorrem que idade materna avançada, gravidez na
adolescência, condições socioeconômicas desfavoráveis, baixa escolaridade, número elevado
de partos, doença obstétrica na gestação, má qualidade do pré-natal, intercorrências clínicas
na gestação como causadores de um nascimento antes da idade gestacional esperada. Costa et
al. (2014) também enfatizam condições socioeconômicas desfavoráveis como um
determinante decisivo, além dos distúrbios obstétricos, fetais e clínicas da mãe.
Reis (2014), diz que podem ser múltiplas as causas, em que cita baixas condições
econômicas, desnutrição, gestação nos extremos etários (menor de 14 e maior de 35 anos de
idade), excesso de trabalho na gestação, tabagismo, doenças maternas agudas ou crônicas
(especialmente pulmonar e cardíaca), gestação múltipla, pré-eclâmpsia, oligodrâmnio,
incompetência istmo cervical, descolamento prematuro da placenta, ruptura prematura das
membranas e indicação inadequada de cesárea. Discorre, ainda, que são crianças que
apresentam potenciais problemas de saúde, em comparativo com os que nasceram a termo,
17
além de ser uma população que necessitam de cuidados especiais, quer sejam pelos
profissionais de saúde, quer sejam pelos familiares.
Teixeira (2015) em seu trabalho de conclusão de mestrado ressalta, além dos fatores já
citados, ainda a infecção urinária, vaginose bacteriana, infecção intrauterina (corioamnionite),
gravidez gemelar, sobre distensão uterina (em má formação uterina, polidrâmnio),
sangramento vaginal, doenças maternas (endocrinopatias, hipertensão), distúrbios hormonais.
Por fim, um parto prematuro pode acontecer por um ou múltiplos fatores, sendo
diretamente relacionado a causas gestacionais maternas e condições socioeconômicas
desfavoráveis (OLIVEIRA et al., 2015) e por ser uma problemática de importante magnitude,
carece de estudos, para melhora dos indicadores de saúde dos grupos em questão.
3.2 POLÍTICAS DE SAÚDE DA MULHER E DA CRIANÇA – DO SÉCULO XX À REDE
CEGONHA
As políticas de saúde no Brasil foram construídas ao longo de várias décadas (se não
séculos), recebeu várias nomenclaturas e por diversas gestões. A mulher e a criança ocupam,
ainda, uma posição social excludente e discriminatória e essas políticas também foram
construídas, ao longo dos tempos, baseados nesta situação (CASSIANO et al., 2014).
Apesar dessa exclusão, são perceptíveis, na literatura, vários projetos de intervenções
para melhora dos dados e indicadores de saúde/doença deste grupo. Foram incorporadas às
políticas de saúde nas primeiras décadas do século XX, no entanto, estavam resumidas às
demandas da gravidez e ao parto, sendo que entre 1937 e 1945, no Estado Novo, ocorre a
implantação do primeiro programa relativo à saúde materno-infantil. No entanto, estas
atividades eram voltadas apenas para normatizar o atendimento à mulher e ao filho e
combater a mortalidade infantil, sem incluir questões à reprodução (BRASIL, 2011b;
CASSIANO et al., 2014).
No governo Getúlio Vargas, era defendido que a reprodução humana seria mais
importante para a sociedade do que para o indivíduo: o Estado e a mulher tinham a função de
melhorar a raça humana para se ter homens cada vez mais sadios e com condições para
promover o crescimento e desenvolvimento do capital financeiro do país. Fazendo um
paralelo com o movimento histórico, vivido no mundo nessa época, transcorria a ideia de uma
raça humana superior, de “mais força”, em relação às demais. Então, a assistência
educacional, sanitária e de saúde voltada à mulher e à criança, caminham no sentido de
18
promover um país forte e rico, com homens e mulheres sadios, que pudessem contribuir para
tal (CASSIANO et al., 2014).
A coordenação dessas políticas acontecia pelo Departamento Nacional da Criança
(DNCr), atuando em ações que promovessem a queda da mortalidade infantil, melhorar o pré-
natal e promover bons hábitos de higiene, através do reforço alimentar materno e infantil,
ensino de cuidados às crianças para as mães, merenda escolar e do ensino de práticas de
higiene. Apesar dessas atividades, não se alcançou os objetivos pretendidos, já que a
mortalidade materno-infantil não caiu como o esperado e permaneceram problemas de ordem
sanitária e de higiene, além da manutenção da pobreza e da grave concentração de renda
(CASSIANO et al., 2014).
Essas atividades eram essencialmente planejadas de uma forma verticalizada, com a
falta de integração com outros programas e ações do próprio governo, iniciadas no governo de
Getúlio e persistindo até durante o governo militar. As metas e o planejamento eram definidos
pelo nível central, sem qualquer avaliação das necessidades de saúde das populações locais,
sem conhecimento da epidemiologia da população a ser atendida. Diante disso, observa-se
uma assistência fragmentada, centrada na mulher no ciclo gravídico puerperal e na doença
(BRASIL, 2011b; ARAÚJO et al., 2014).
No governo dos militares, há uma intensificação ainda maior na forma individualizada
de assistir às pessoas, com ações voltadas exclusivamente para a cura de doenças. Na saúde da
mulher e da criança nesta época, em 1975, há a implantação do Programa de Saúde Materno
Infantil (PSMI), tendo dois focos de atuação: intervenção médica sobre o corpo feminino
através da operação cesariana e a esterilização como método contraceptivo mais adequado; a
segunda meta era a redução da mortalidade materna e infantil. De certa forma, esse governo
conseguiu reduzir a mortalidade infantil de 100 para 82,9 por mil, de 1975 até 1980 e também
a taxa de natalidade caiu de forma considerável (CASSINO et al., 2014).
É a partir das lutas dos movimentos sociais e na busca da Reforma Sanitária, a partir
da década de 70, que culmina com a criação do Programa de Assistência Integral à Saúde da
Mulher (PAISM), em 1984. Este programa inseriu como princípios e diretrizes a
descentralização, hierarquização, regionalização, integralidade, equidade, num período que
coincide com o movimento pela Reforma Sanitária e que serviram de base para a formulação
do Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 2011b; CASSIANO et al., 2014).
O novo programa para a saúde da mulher incluía ações educativas
preventivas, de diagnóstico, tratamento e recuperação, englobando a
assistência à mulher em clínica ginecológica, no pré-natal, parto e puerpério,
19
no climatério, em planejamento familiar, DST, câncer de colo de útero e de
mama, além de outras necessidades identificadas a partir do perfil
populacional das mulheres (BRASIL, 1983 apud BRASIL, 2011b, p.14).
No tocante a saúde da criança, é em 1984 que ocorre a criação do Programa de
Assistência Integral à Saúde da Criança, também baseado nos moldes do PAISM. É nessa
época em que ocorre a primeira “divisão” entre a saúde da mulher e da criança, que até então,
eram tratadas de forma conjuntas:
O sistema de saúde no Brasil, por muitos anos, manteve a saúde da criança
interligada à saúde materna pela Política de Atenção à Saúde Materno-
Infantil. A partir de 1984, o Brasil implantou o Programa de Assistência
Integral à Saúde da Criança (PAISC) como estratégia de enfrentamento às
adversidades nas condições de saúde da população infantil, especificamente
no que se refere à sua sobrevivência. Foi criado com o objetivo de promover
a saúde, de forma integral, priorizando crianças pertencentes a grupos de
risco e procurando qualificar a assistência e aumentar a cobertura dos
serviços de saúde. As ações abrangiam acompanhamento do crescimento e
desenvolvimento; incentivo ao aleitamento materno; controle das doenças
diarreicas e das Infecções Respiratórias Agudas (IRAs) e a imunização
(ARAÚJO et al., 2014, p. 1003).
Esses programas tiveram forte influência, como já foi dito, pelas ideias e conceitos do
processo de construção do SUS e da própria cidadania, que foram consolidados pela
Constituição Federal de 1988, Lei 8080 e Lei 8142, além das Normas Operacionais Básicas
(NOBs) e Normas Operacionais de Assistência à Saúde (NOAS) (BRASIL, 2011b).
Além disso, vale salientar a criação do Programa de Humanização do Pré-Natal e
Nascimento (PHPN), que tinha função de reorganizar (mais uma vez) a assistência e integrar
o pré-natal ao parto e ao puerpério, além da expansão do acesso das mulheres aos serviços de
saúde e a garantia da qualidade da assistência (BRASIL, 2012a). O PHPN foi implantado com
a função primordial de reduzir a morbimortalidade materna e neonatal, com um atendimento
humanizado, com melhoria ao acesso, à cobertura e a qualidade do acompanhamento do pré-
natal, da assistência ao parto e ao puerpério das gestantes e do recém-nascido (CASSIANO et
al., 2014). Neste contexto, ver-se, novamente, que agora a política de assistência inclui a
mulher e o seu neonato de forma conjunta, e não separadamente.
Em 2004, o Ministério da Saúde (MS) lançou a Agenda de Compromissos para a
Saúde Integral da Criança e Redução da Mortalidade Infantil, com o objetivo de promover um
nascimento, o crescimento e desenvolvimento saudáveis, combater os distúrbios nutricionais e
às doenças próprias da infância. O Ministério da Saúde propunha linhas de cuidado, que
permitissem uma visão mais abrangente dos usuários, em todas as dimensões, inserido em um
20
meio, transformando e sendo transformado por ele. Esta agenda, novamente, tenta organizar e
promover uma assistência mais integral, de forma que a rede de assistência funcione e se
articule nos três níveis de atenção: primário, secundário e terciário (ARAÚJO et al., 2014).
Ainda em 2004, em março, é lançado o Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade
Materna e Neonatal, tendo como meta principal reduzir essas mortes em 5% ao ano. Os
princípios deste pacto enfatizam o respeito aos direitos humanos de mulheres e crianças;
consideram as questões de gênero, dos aspectos de etnia e de desigualdades sociais e
regionais; relatam a política de investimentos na melhoria da atenção obstétrica e neonatal;
ampla mobilização e participação de gestores e de organizações sociais. Além disso, nesse
pacto há uma discussão e preocupação pela elevada taxa de operações cesarianas no Brasil,
tanto no serviço público quanto privado de saúde, com um risco maior de complicações
(BRASIL, 2004 apud CASSIANO et al., 2014).
Em 2009, com intuito de regulamentar a coleta de dados, fluxo e periodicidade de
envio de informações sobre nascidos vivos e óbitos, é publicada a Portaria 116, do Ministério
da Saúde. Considerada de suma importância para se ter dados mais consolidados e fidedignos
sobre os nascimentos e mortes, pois agora tais informações são bem sistematizadas em
documentos-padrão e deverão obedecer a um fluxo correto e serem informatizadas. Diante da
melhora do Sistema Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC) e Sistema de Informação de
Mortalidade (SIM) se tem, agora, informações concretas para planejamento de ações
(BRASIL, 2009).
Em 2010, através da Portaria 4279, de 30 de dezembro de 2010, discorre que, apesar
dos avanços nas últimas décadas, ainda persistem os problemas de saúde reprodutiva, com
mortes maternas e infantis por causas evitáveis. Nesse processo, o desenvolvimento da Rede
de Atenção à Saúde (RAS) é reafirmado como estratégia de reestruturação do sistema de
saúde, como uma forma de organização, com melhora na qualidade e resolutividade na
atenção, de forma a garantir os direitos constitucionais (BRASIL, 2010).
Ainda fazendo um breve relato sobre a importância das redes regionalizadas e de se
conhecer a população, o próprio SUS discorre sobre a importância da regionalização para
garantia dos princípios e diretrizes, se reforça a função do processo de regionalização como
garantia dos princípios e diretrizes desse Sistema. A portaria 3390, de 30 de dezembro de
2013, que institui a política nacional de atenção hospitalar, em seu quarto artigo diz que o
“perfil assistencial devem ser definidos conforme o perfil demográfico e epidemiológico da
população e de acordo com o desenho da RAS loco-regional”. Ainda nesta portaria, a Rede de
Atenção à Saúde seria a malha “que integra os diversos pontos de atenção (...), organizando-
21
se sistematicamente para que os diferentes níveis e densidades tecnológicas estejam
articulados e adequados de forma regulada para o atendimento ao usuário” (BRASIL, 2013a,
p.02).
Diante do breve histórico apresentado, nota-se que foram criados vários programas e
propostas, com o intuito de melhorar a saúde materna e infantil e que vem a culminar com a
criação da Portaria número 1459, de 24 de junho de 2011, que cria a chamada Rede Cegonha.
Tal estratégia tem como objetivos primordiais a implementação de um novo modelo de
atenção à saúde da mulher e da criança, com foco na atenção ao parto, ao nascimento, ao
crescimento e desenvolvimento da criança até os dois anos; relata a importância de uma rede
que deve ser organizada e resolutiva, de forma a garantir acesso e acolhimento; e agora, além
da redução da mortalidade materna e infantil, há uma ênfase ao componente neonatal
(BRASIL, 2011a).
A Rede Cegonha tem como princípios o respeito, a proteção e a realização dos direitos
humanos; o respeito à diversidade de raças, étnicas e os aspectos culturais; a equidade que
sempre deve ser promovida; o enfoque na questão de gênero; a garantia dos direitos sexuais e
dos direitos reprodutivos de mulheres, homens, jovens e adolescentes. Aqui, vale salientar um
novo “componente” inserido na saúde das mulheres: o homem, que deve participar também
da saúde de sua companheira, amiga, irmã, mãe, filha, e não alheio a esse processo (BRASIL,
2011a).
A portaria supracitada reforça a importância e a expansão de uma rede de saúde que
consiga atender aos anseios desta população; enfatiza a importância de se respeitar os critérios
epidemiológicos. Ainda diz que a Rede Cegonha deve organizar-se a partir de quatro
componentes: pré-natal, parto e nascimento, puerpério e atenção integral à saúde da criança e
sistema logístico, com transporte sanitário e regulação. O Ministério da Saúde descreve de
que forma tal componente deve funcionar para o alcance do objetivo: como garantia do pré-
natal na Unidade Básica de Saúde (UBS) e uma rede de atenção que inclua também a
assistência ao Alto Risco, ao parto, a uma suficiência de leitos para mulher e também de
neonatologia, atendimento e busca às puérperas. Foi bem interessante o fato de ser incluso
neste documento, o transporte adequado às mulheres e aos neonatos através do “SAMU
Cegonha” e o reforço que há de os serviços de saúde se organizarem de forma regionalizada e
de acordo com os perfis epidemiológicos desses usuários (BRASIL, 2011a). O documento
discorre, ainda, sobre diversos aspectos como: o processo de adesão, o desenho da rede,
qualificação, além dos incentivos financeiros que irão advir aos serviços e secretarias.
22
Com a função de definir as diretrizes e os objetivos para a organização da atenção
integral e humanizada ao recém-nascido grave ou potencialmente grave e os critérios de
classificação e habilitação de leitos de Unidade neonatal, é criada a Portaria 930, em 10 de
maio de 2012. Vale ressaltá-la pelo fato de que o presente estudo almeja estudar mulheres que
tiveram um neonato prematuro (potencialmente grave). Além dos princípios e objetivos
próprios do SUS e que novamente são enfatizados, cabe destacar como deverá ser feita a
distribuição de leitos de UTI neonatal, de cuidados intermediários convencionais e os
cuidados intermediários Canguru (BRASIL, 2012b).
Em 2015, reforçando ainda mais a chamada Rede Cegonha e a portaria 930, é
publicada a portaria 1130, que institui a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da
Criança, em que novamente expõe a importância de se conhecer as diversas populações como
forma de se planejar ações de acordo com diferentes cenários, desde a concepção. Nesta
política, novamente, diz a importância de cuidados integrais e integrados entre as diferentes
instâncias, desde a atenção primária até a terciária. Deve considerar “os determinantes sociais
e condicionantes para garantir o direito à vida e à saúde, visando à efetivação de medidas que
permitam o nascimento e o pleno desenvolvimento na infância, de forma saudável e
harmoniosa, bem como a redução das vulnerabilidades e riscos (...) (BRASIL, 2015, p. 03).
Ainda enfatizando esta portaria, tem como princípios fundamentais o direito à vida e à
saúde, com prioridade, com acesso universal, integral, com equidade, com humanização e
com uma gestão participativa e com controle social. Tal estratégia reforça a importância de se
promover capacitações e condutas que visem à prevenção de óbitos e sequelas evitáveis. Há
um reforço para estratégias como Hospital Amigo da Criança, Mulher Trabalhadora que
Amamenta, rede de Bancos de Leite Humano, em suma, ações que promovam uma melhora
na saúde materno-infantil (BRASIL, 2015).
Araújo et al. (2014) discorrem que essas portarias e leis publicadas nos últimos anos
são parte da política das RAS, que visa superar o sistema de saúde fragmentado vigente;
promoção de integração sistêmica de ações e serviços de saúde, pensando em uma atenção
contínua, integral, de qualidade, humanizada, com eficácia clínica e sanitária; capaz de
solucionar 85% dos problemas comuns que necessitem de tal fluxo e contra-fluxo.
Apesar de tudo isso, ainda persiste uma mortalidade infantil considerável, sobretudo
devido à mortalidade neonatal, relacionada a agravos perinatais, levando a acreditar que a
integralidade no SUS não estar sendo alcançada de forma adequada. Persistem as diferenças
regionais em termos de mortalidade infantil, caracterizadas pela extrema diversidade regional
existente e pelas condições sociais (ARAÚJO et al., 2014).
23
Assim, percebe-se que há a necessidade que essas políticas de saúde sejam efetivadas
e que consigam ter resolutividade nos problemas de saúde dos usuários, sobretudo com a
melhora da saúde materno infantil.
3.3 ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO AO PARTO PREMATURO E PROMOÇÃO DA
SAÚDE
No que concerne às estratégias de prevenção ao nascimento de um parto prematuro, de
uma maneira mais macro, poderia ser citado todas as políticas de saúde implementadas ao
longo do último século e de forma mais atual, as leis, portarias e as discussões em torno do
SUS, Redes de Atenção à Saúde e Rede Cegonha, assuntos esses já abordados em capítulo
anterior.
Na década de 80, há a discussão e implantação do processo de democratização do país
e também do próprio sistema de saúde, através da Constituição de 1988 e da Lei 8080/90:
tratam o processo saúde/doença de uma maneira não apenas biológica, mas vendo aspectos
econômicos, sociais, estilos de vida, formas de trabalho; há uma ênfase de se conhecer as
populações a serem atendidas, de forma que haja um planejamento para uma prevenção
primária no aparecimento de doenças (MENICUCCI, 2014).
Destaca-se neste processo, a implantação da Política Nacional de Promoção da Saúde,
discutida desde a 1ª Conferência Internacional de Promoção à Saúde, no Canadá, em 1986,
sendo amadurecida pela consolidação do SUS e culminando no início da década de 2000. Tal
política procura possibilitar às mulheres a ampliação do controle sobre os determinantes de
saúde, sendo que mudanças nos modos e condições de vida promovem modificações no seu
processo saúde/doença. Recomenda-se que para promover saúde, a criação de ambientes
favoráveis, reforço da ação comunitária, políticas públicas saudáveis. Enfim, para melhora de
condições de saúde das mulheres são necessárias ações e políticas intersetoriais, e não apenas
do setor saúde propriamente dito (MICHELIN et al, 2015).
Adiante e, ainda, se abordando a questão da saúde de uma forma abrangente, mas que
também é importante para o processo de saúde/doença das mulheres, é a publicação da
Portaria 4279, de 2010, que trata da organização das Redes de Atenção à Saúde, com
objetivos de melhorar o nível de saúde da população, com respostas efetivas, diante dos
recursos disponíveis (escassos), de forma que cada ente seja responsável e cumpra seu
objetivo na rede de atenção; para isto, é necessário que os níveis de atenção disponham de
recursos materiais, financeiros, humanos e que cada um cumpra com efetividade a sua função,
24
quer seja em nível primário, secundário ou terciário, de forma contínua com uma abordagem
dos determinantes e da equidade em saúde (BRASIL, 2010).
Se houvesse uma rede de atenção que funcionasse de forma adequada, as mulheres
teriam acesso a um pré-natal de qualidade, tanto de baixo como de alto risco, se prevenia
alterações que por ventura existisse, se poderia ter uma melhor distribuição ao atendimento a
esse público e, por conseguinte, melhores indicadores epidemiológicos, com o mínimo de
sequelas e com o máximo de recuperação das morbidades apresentadas.
Vale, ainda, destacar a Portaria 116, de 2009, que regulamenta a coleta de dados, fluxo
e periodicidade de envio das informações sobre óbitos e nascidos vivos: esta portaria coloca
de uma forma sistematizada como deve ser o sistema de coleta, consolidação, com as funções
de cada ente federativo, sendo que, agora, os dados possam ser analisados e interpretados de
um modo mais confiável, pois o sistema deve ser alimentado constantemente, através de
programa de informática, em locais pré-definidos pelas Secretarias de Saúde, a partir das
Declarações de Nascidos Vivos (DNV) e Declarações de Óbitos (DO). Também nela, é
relatado quem tem respaldo legal para preenchimento de tais declarações e quais
estabelecimentos estão autorizados para tal, de forma que tal evento (nascimento ou óbito)
seja descrito o mais fidedigno possível e por profissionais capacitados (BRASIL, 2009).
Em 2011, e novamente discorrendo sobre as políticas de saúde das mulheres, destaca-
se a Portaria 1459, que institui a Rede Cegonha, mas vale relatar pela importância que tem no
processo de prevenção para o aparecimento de um parto prematuro. A presente Portaria
descreve de forma clara como deve ocorrer a assistência em cada nível de atenção,
respeitando as populações em todos os aspectos, sejam culturais, sociais, econômicos de
forma a prevenir complicações e minimizar sequelas, se presentes, e promover recuperação
dos grupos atingidos. Cabe destacar que esta explica como deve ser a assistência pré-natal:
com detecção precoce da gestante, acolhimento às intercorrências, acesso ao pré-natal de risco
em tempo oportuno e aos exames complementares, prevenção e tratamento das doenças
sexualmente transmissíveis/HIV e hepatites; e um apoio às gestantes nos deslocamentos para
as consultas de pré-natal e para o local em que se dará o parto, se necessário (BRASIL,
2011a).
O pré-natal se constitui como um dos grandes instrumentos (ação) para melhora das
condições de vida da saúde reprodutiva das mulheres, com a detecção precoce dos riscos que
possam advir com a gestação e, por conseguinte, intervenções que podem diminuir a
morbimortalidade materna e neonatal. O pré-natal é um dos grandes responsáveis pela
mudança no quadro de saúde das mulheres e também pela redução da mortalidade infantil, no
25
entanto, a mortalidade neonatal ainda se constitui em um grave problema a ser superado, pois
muitas dessas mortes ainda ocorrem por causas evitáveis. Apesar da melhora nas taxas de
mortalidade infantil nas últimas décadas, a mortalidade neonatal não caiu na mesma
proporção, ocorrendo, sobretudo, por causas evitáveis, notadamente no que diz respeito às
ações dos serviços de saúde e, entre elas, a atenção pré-natal, ao parto e ao recém-nascido
(BRASIL, 2013b).
O próprio Ministério da Saúde, em seu caderno de atenção básica, relata que, apesar
do aumento da cobertura do acompanhamento pré-natal, ainda persistem taxas elevadas de
sífilis congênita, hipertensão arterial, mostrando que a qualidade e a resolutividade dessa ação
de saúde, se encontra aquém da ideal (BRASIL, 2013b).
Desse modo, avaliar qualidade do pré-natal é algo subjetivo e difícil, no entanto, Melo
et al. (2015), analisaram alguns estudos e fizeram com importante propriedade, em que cabe
destacar os seguintes:
Primeiro critério: índice de Kessner, que considera o pré-natal em: adequado
quando o início do cuidado ocorre antes de 16 semanas de gestação e a gestante
realiza no mínimo seis consultas; inadequado quando o início do cuidado ocorre
após 28 semanas de gestação; intermediário nas demais situações.
Segundo critério: proposto por Silveira, Santos e Costa, que acrescenta ao índice de
Kessner o número de vezes que os exames laboratoriais (Hb, VDRL e ECU) foram
realizados, ficando definido: adequado quando o início do cuidado ocorre antes das
16 semanas de gestação, a gestante realiza no mínimo seis consultas e duas vezes
cada um dos três exames; inadequado quando o início do cuidado ocorre após 28
semanas de gestação, ou a gestante realiza menos de três consultas ou nenhum
exame; intermediário nas demais situações.
Terceiro critério: também proposto por Silveira, Santos e Costa, que acrescenta aos
critérios anteriores o número de vezes que a altura uterina, apresentação fetal, BCF,
IG PA e peso foram verificados, considerando: adequado quando o início do
cuidado ocorre antes de 16 semanas de gestação, são realizadas seis ou mais
consultas, no mínimo duas vezes cada um dos três exames laboratoriais, verificação
de no mínimo cinco vezes a altura uterina, IG, PA e peso, quatro vezes os BCF e três
vezes a apresentação fetal; inadequado quando o início do cuidado ocorre após 28
semanas, ou a gestante realiza menos de três consultas ou nenhum exame
laboratorial, ou foi verificado dois ou menos registros da altura uterina, IG, PA, BCF
e peso, e sem registro de apresentação fetal; intermediário nas demais situações
(MELO et al., 2015, p.541-542).
Os autores de tal artigo analisaram, acertadamente, e fizeram uma sistemática
interessante para análise da qualidade do pré-natal e ainda comparando com as
recomendações do Ministério da Saúde, diz que tal estratégia deve ser realizada o quanto
antes, ser feita mensalmente até 28 semanas de gestação, quinzenalmente até 36 semanas e a
partir daí até 41 semanas, semanalmente. Recomenda ainda a pesquisa da história clínica da
usuária do serviço, antecedentes ginecológicos, sexualidade, antecedentes obstétricos e a
pesquisa e história da gestação atual; deve ainda fazer a pesquisa da vacinação, aspectos
26
sociais e econômicos, enfim, toda uma pesquisa que possa identificar uma alteração
fisiológica na mulher o quanto antes, com o intuito maior de promover uma saúde livre de
riscos para a mulher e seu neonato (BRASIL, 2013b).
Estudos existem, há protocolos e mesmo assim, os pré-natais são realizados de
maneira inadequada e, por conseguinte, muitas mortes maternas ainda ocorrendo. No caso
específico do tema de pesquisa: com uma proporção ainda de neonatos nascendo prematuros.
O Ministério da Saúde preconiza, ainda, em seu manual de pré-natal, a avaliação de
risco em que pode permanecer na atenção básica ou os que devem ser encaminhados ao pré-
natal de alto risco, e que esta avaliação deve ser realizada de forma permanente, em toda
consulta, sendo que uma gestação de baixo risco só pode ser definida como tal, ao final do
período do ciclo gravídico-puerperal. Diante disso, vale salientar que as condições para a
indicação de um pré-natal em referência de alto risco, encontram-se bem explicitados nesse
manual, em que há o relato bem detalhado, enfatizando ou dividindo os fatores relacionados
às condições prévias da mulher, tanto no seu estado de saúde geral ou reprodutivo. Expõe,
ainda, as alterações que possam ocorrer na gestação atual, definindo-se, dessa forma, os
critérios elegíveis para o encaminhamento do pré-natal na referência (BRASIL, 2013b).
Portanto, cabe aos profissionais envolvidos na atenção básica a detecção precoce de
tais riscos e encaminhamento oportuno para as referências, lembrando e reforçando que essas
mulheres devem ser também acompanhadas pela equipe, no sentido de se detectar
complicações os mais precoces possíveis e promover uma atenção de saúde livre de sequelas
e com o melhor resultado possível.
Além disso, gestores são responsáveis por promover melhores condições de
acessibilidade a um acompanhamento com qualidade, em que essa mulher tenha
disponibilidade de todos os profissionais, insumos, exames, transporte, com vistas a um pré-
natal sem intercorrências e, se houver, com intervenções no tempo oportuno e da forma
correta.
27
4 METODOLOGIA
4.1 TIPO DE ESTUDO
O estudo foi do tipo descritivo, analítico, de corte transversal e de abordagem
quantitativa.
Lima-Costa e Barreto (2003 p. 191) relatam que “os estudos descritivos têm por
objetivo determinar a distribuição das doenças ou condições relacionadas à saúde, segundo o
tempo, o lugar e/ou as características dos indivíduos”. Esses autores ainda discorrem que uma
pesquisa analítica tem a função de examinar a existência de associação entre uma condição de
saúde e uma exposição a um determinado fator ou circunstância.
Ainda caracterizando o tipo de estudo, nos transversais, as medições são realizadas em
um momento, sem período de acompanhamento, sendo úteis quando se quer descrever
variáveis com suas distribuições, ou seja, quando se quer examinar características da
população e associações entre estas (HULLEY, 2015).
4.2 LOCAL DE ESTUDO
O estudo foi desenvolvido em uma Maternidade Escola da cidade de Natal. Planejada
e sonhada pelo médico Januário Cicco, tem sua fundação como Maternidade de Natal, em 18
de março de 1928. Diante da dificuldade para angariar fundos para construção desta, somente
no início da década de 40 é que a Maternidade fica pronta (TRINDADE, 2015).
Apesar de construída, ainda não estava totalmente equipada, requisitada e cedida como
hospital de Campanha na II Guerra Mundial, sendo devolvida em péssimas condições no pós-
conflito; com a indenização do governo federal, inaugurada uma nova maternidade, em 12 de
fevereiro de 1950, tendo recebido o nome de seu idealizador: Maternidade Januário Cicco,
sendo renomeada de Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), em 1961 (ARAÚJO, 2011).
O primeiro nascimento ocorre no dia 15 de março de 1950 e em apenas dois meses de
seu pleno funcionamento, nasciam na Maternidade quase 400 crianças (TRINDADE, 2015),
mostrando já a grandiosidade e concretude do sonho de Januário, ora proposto desde a década
de 20. A partir de 29 de agosto de 2013, a MEJC passou a fazer parte da Empresa Brasileira
de Serviços Hospitalares (EBSERH), estatal vinculada ao Ministério da Educação.
A maternidade é referência na gestação de alto risco, em cirurgias e endoscopias
ginecológicas, na reprodução assistida e em ambulatórios de ginecologia, com um total de 142
28
leitos hospitalares, sendo referência para boa parte do Rio Grande do Norte. Em se tratando de
leitos de terapia intensiva neonatal, o serviço dispõe de 20 leitos cadastrados ao Sistema
Único de Saúde (EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES, 2017).
Segundo dados colhidos junto ao Datasus, no ano de 2017, ocorreu um total de 8464
internações, com 3969 partos, sendo 2424 cesarianas e 1545 partos por via vaginal.
O serviço é um Hospital Escola, recebendo alunos da graduação da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), dos cursos de Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia,
Nutrição, Psicologia, Serviço Social, Fonoaudiologia, Gestão Hospitalar, dentre outros. Ainda
dispõe dos Programas de Residência em Enfermagem, Nutrição, Farmácia, Fisioterapia,
Medicina, Serviço Social, Fonoaudiologia.
4.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA
A população constituiu-se por mulheres internadas no serviço e que pariram seus
filhos durante a internação. Fazendo uma pesquisa ao Serviço de Vigilância Epidemiológica
do local de estudo, durante o ano de 2017 nasceram 3969 crianças, sendo 1226 com IG menor
que 37 semanas de gestação (30,88% do total de nascidos no serviço). A amostragem foi do
tipo probabilística e aleatória simples, com base nos dados já citados considerando o erro de
5%, nível de confiança de 95%, média mensal de partos da MEJC e o período de coleta que
foi até se atingir a amostragem pretendida e a quantidade de puérperas proposta foi de 298, no
entanto, aplicamos 300 questionários. A amostra foi maximizada com p=0,5.
4.3.1 Critérios de Inclusão
Mulheres em que seus filhos nasceram na maternidade e que se encontram internadas
ou mães acompanhantes. Como forma de garantir a aleatoriedade, foram entrevistadas apenas
as mulheres que seu número de registro seja par, considerando o último número (dígito).
4.3.2 Critérios de Exclusão
As pacientes internadas que receberam alta hospitalar ainda gestantes, as que não
apresentavam condições psicológicas para responder aos questionários.
29
4.4 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS
Após submissão e aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa, iniciou-se a coleta de
dados, através de aplicação de um formulário junto a essas mulheres (Apêndice A).
Inicialmente, todos os dias da coleta eram revistados os registros e os setores de
internamentos (unidade de ginecologia, obstetrícia B, setor de mães acompanhantes, setor de
alto risco, unidade C, UTI materna e centro obstétrico) em busca de pacientes que seus filhos
nasceram no período da coleta de dados. As mulheres identificadas eram abordadas para
participarem do estudo, momento que se dava as explicações sobre o estudo, seus objetivos e
a sua voluntariedade. Na entrevista, era solicitada a assinatura do Termo de Consentimento
ou, se for o caso, também o Termo de Assentimento, para então, se iniciar a coleta. Além
disso, se pesquisou dados na caderneta da gestante e no prontuário da cliente, sempre que
necessário.
Durante aquele dia de coleta, era realizada uma busca nos setores da maternidade, em
busca de puérperas, que atendessem aos critérios da pesquisa e que concordassem em
participar de tal estudo, de forma a garantir a aleatoriedade.
O instrumento/entrevista (apêndice A) foi aplicado pelo próprio pesquisador. Além
disso, para testagem do instrumento e possíveis alterações e /ou melhoras neste, foram
aplicados alguns formulários, em forma de “um piloto”, com pequenas alterações, para então,
ser executado. Esse “piloto” se constituiu da aplicação de vinte formulários, com acréscimo
do item do tipo de gestação (única ou múltipla) e, por conseguinte, os tópicos “onde o RN
ficou ao nascer ou os gemelares.”
4.5 INSTRUMENTO
O instrumento para pesquisa foi constituído de um formulário com perguntas abertas e
fechadas, que contemplassem os diversos itens a serem abordados e que serviram de base para
análise (apêndice A), sendo construído a partir das leituras realizadas e por base na Caderneta
da Gestante, disponível no Manual de Pré-natal de Baixo Risco.
4.6 VARIÁVEIS
Foram relacionadas as seguintes variáveis independentes e dependente, as quais faz-se
a descrição de cada uma delas nos quadros:
30
NOME DA VARIÁVEL DEPENDENTE DEFINIÇÃO
Parto prematuro Trata-se do parto que ocorre antes da
gestação completar 37 semanas de gestação.
VARIÁVEIS INDEPENDENTES:
I FATORES INDIVIDUAIS E CARACTERÍSTICAS SOCIOECONÔMICAS
NOME DA VARIÁVEL DEFINIÇÃO CATEGORIA
Idade materna. Trata-se da idade da mulher
na data de nascimento de
seu RN.
Adolescentes (até 19 anos) e
adultas (20 anos e acima)
Procedência. Local de residência de
maior tempo em um
município.
Grande Natal (Natal,
Parnamirim, Macaíba, São
José de Mipibu, Arês,
Goianinha, Nísia Floresta,
Extremoz, São Gonçalo do
Amarante, Ceará Mirim,
Monte Alegre, Vera Cruz,
Maxaranguape e Ielmo
Marinho).
Outra cidade (especificar).
Local de residência. Local de residência de
maior parte do tempo em
uma das zonas do
município.
Zona urbana.
Zona rural.
Situação conjugal. Em relação à convivência
com outra pessoa
(matrimônio), como se
encontra aquela mulher.
Com companheiro.
Sem Companheiro.
Escolaridade. Número de anos de estudo,
considerando o último ano
concluído.
Até o Fundamental.
A partir do Ensino Médio.
31
Cont. FATORES INDIVIDUAIS E CARACTERÍSTICAS SOCIOECONÔMICAS
Ocupação Relato da principal
ocupação da mulher.
Descrever qual a principal
atividade que a mesma
exerce.
Raça/cor. Considerando as etnias,
sempre auto-declarado.
Branca.
Outra (parda, preta).
Renda mensal per capita A renda total familiar deve
ser dividida pelo número
total de pessoas
dependentes desta.
Menos de 01 salário mínimo.
1 a 3 salários mínimos.
II – PRINCIPAIS FATORES DE RISCO, ANTERIOR À GESTAÇÃO
NOME DA VARIÁVEL DEFINIÇÃO CATEGORIA
Cardiopatias. Relato se a mulher tinha
alguma doença cardíaca,
antes de engravidar.
Sim.
Não.
Hipertensão crônica. Doença hipertensiva não
relacionada à gestação.
Sim.
Não.
Doenças autoimunes. Pesquisar a presença de
patologia relacionada a uma
resposta do sistema
imunológico às células ou
tecidos do próprio
organismo.
Sim.
Não.
Malformação uterina. Alterações morfológicas no
útero.
Sim.
Não.
Doenças hematológicas. Doenças sanguíneas, quer
sejam dos glóbulos brancos,
vermelhos, plasma ou
plaquetas.
Sim.
Não.
32
Cont. PRINCIPAIS FATORES DE RISCO, ANTERIOR À GESTAÇÃO
Fumante Uso de cigarro na gestação
atual.
Sim.
Não.
Outras. Especificar se há alguma
outra alteração/doença.
Sim.
Não.
III – FATORES RELACIONADOS À HISTÓRIA REPRODUTIVA
NOME DA VARIÁVEL DEFINIÇÃO CATEGORIA
Menarca. Primeira menstruação. Até 12 anos.
12 anos ou mais.
Gestações anteriores. Relato da mulher se havia
engravidado anteriormente,
antes da gestação atual.
Sim.
Não.
Perdas fetais ou abortos. Morte do seu feto antes da
expulsão ou extração da
mãe. Considera aquele que
não apresenta nenhum sinal
de vida após a separação da
mãe.
Sim.
Não.
Nº de partos Nascimentos que
aconteceram quer seja por
via vaginal ou via cirúrgica
abdominal.
Número de vezes.
Nº de nascidos vivos. Todos os filhos que
nasceram com algum sinal
de vida, independente do
desfecho.
Número de vezes.
Filhos com peso abaixo de
2500g.
Filhos que nasceram vivos e
que pesaram menos de
2500g.
Sim.
Não
33
Cont. FATORES RELACIONADOS À HISTÓRIA REPRODUTIVA
Filhos prematuros. Filhos que nasceram antes
de 37 semanas completas de
gestação.
Sim.
Não.
Intervalo entre a gestação
anterior e atual.
Intercurso (em anos), entre a
gravidez anterior e a atual, a
partir da data de nascimento
do último filho e a prenhez
atual.
Até 02 anos.
Mais de 02 anos.
Cirurgia uterina anterior. Procedimento cirúrgico
realizado em útero, anterior
a concepção atual.
Sim.
Não.
IV – FATORES RELACIONADOS À GESTAÇÃO ATUAL
NOME DA VARIÁVEL DEFINIÇÃO CATEGORIA
Início do pré-natal. Período em que iniciou
acompanhamento da
gestação, por um
profissional de saúde.
1º trimestre.
2º trimestre.
3º trimestre.
Não fez pré-natal.
Número de consultas. Quantidade de consultas
realizadas e anotadas na
caderneta da gestante.
1 a 3 consultas.
4 a 6 consultas.
7 ou mais consultas.
Nenhuma.
Realizou exames no pré-
natal.
Exames relacionados ao
acompanhamento pré-natal,
por profissional habilitado.
Sim.
Não.
34
Cont. FATORES RELACIONADOS À GESTAÇÃO ATUAL
Exames realizados Pesquisa dos principais
exames solicitados no
acompanhamento
gestacional, com vistas a
detecção precoce de
alterações, para intervenção
no tempo oportuno:
Hemograma (anemia,
infecções), VDRL (sífilis),
HIV (vírus da
imunodeficiência humana),
sumário de urina (alterações
na urina), teste para hepatite
B (imunidade, infecção),
toxoplasmose (imunidade,
infecção), citomegalovírus
(imunidade, infecção),
glicemia de jejum (diabetes),
ultrassonografia (alterações
no concepto).
Nenhuma vez.
Uma vez.
Duas ou mais vezes.
Intercorrências na gestação. Principais ocorrências
relacionadas com a prenhez
atual.
Nenhuma, hipertensão
gestacional, diabetes
gestacional, infecção do trato
urinário, infecção vaginal,
sangramentos no 1º, 2º ou 3º
trimestre, amniorrexe
prematura, ameaça de TPP,
outras (especificar).
Paciente ficou internada no
serviço.
Considerando a lotação,
conhecer onde a mulher
ficou internada
(inicialmente).
Leito.
Corredor (maca, cadeira).
35
Conclusão: FATORES RELACIONADOS À GESTAÇÃO ATUAL
Idade Gestacional do RN. Idade do RN (em semanas),
ao nascer, a partir da data da
última menstruação ou USG
do 1º trimestre.
Menos de 22.
22 a 27.
28 a 31.
32 a 36.
37 a 41.
Tipo de parto. Via de parto utilizada para
nascimento.
Vaginal.
Cesárea (abdominal).
Tipo de gestação. Quantidade de fetos. Única.
Múltipla.
Ao nascer, RN ficou em. Considerando as condições
do RN ao nascer, este foi
liberado para alojamento
conjunto ou se necessitou de
cuidados intensivos, durante
as primeiras 24 horas.
Alojamento conjunto.
UTIN.
Aguardando vaga em UTIN.
Transferido para outro
serviço.
4.7 CONSIDERAÇÕES ÉTICO-LEGAIS
A pesquisa seguiu as recomendações da Resolução 466/2012 (BRASIL, 2013c), do
Conselho Nacional de Saúde, obedecendo às diretrizes e normas regulamentadoras de
pesquisa envolvendo seres humanos. O estudo se sucedeu após a submissão ao Comitê de
Ética em Pesquisa da UFRN e Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), tendo como
CAAE nº 90368418.4.0000.5292 e parecer nº 2.731.192. Antes de iniciar a
entrevista/preenchimento do formulário, era realizado um contato prévio com a puérpera,
momento em que eram apresentadas todas as informações acerca do estudo e seus objetivos,
segundo orientações da Resolução 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde; após essa
explicação, era solicitada a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(apêndice C). No caso das puérperas adolescentes, houve assinatura do Termo de
Consentimento para menor de idade (apêndice D) e do Termo de Assentimento Livre e
Esclarecido (apêndice E).
36
4.8 ANÁLISE DE DADOS
Após a coleta de dados, foram tabulados através do programa SPSS, versão 25.
Inicialmente foi feita a análise exploratória dos dados, onde a amostra foi caracterizada.
Para a análise inferencial foram selecionadas variáveis que eram representativas de
toda a amostra e excluídas aquelas que continham apenas parte desta, como algumas
relacionada à história reprodutiva (nº de gestações anteriores, perdas fetais anteriores e
outras), ou mesmo, que não teriam plausibilidade teórica na relação com o desfecho. Nessa
fase, empregou-se o recurso de regressão Poisson com variância robusta para se estimar a
Razão de Prevalência (RP). No modelo múltiplo, considerou-se as variáveis que tiveram um
valor de p<0,20 na análise bivariada e permaneceram no modelo as variáveis com p<0,05.
4.9 RISCOS E BENEFÍCIOS/RESULTADOS ALCANÇADOS
O estudo trouxe risco mínimo para a instituição e para as pacientes, uma vez que não
foi feita nenhuma intervenção direta nestas; mas a paciente poderia ficar constrangida com
alguma pergunta de cunho pessoal, então, foi garantida a privacidade para responder às
questões propostas pelo questionário apresentado. Se a paciente apresentasse alguma alteração
de cunho emocional, se tentaria promover um apoio psicológico, através dos profissionais que
atuam e estão disponíveis no serviço (psicólogo, assistente social); não foi necessário, durante
o período da coleta dos dados tal conduta, uma vez que o entrevistador não detectou e não
observou quaisquer alterações de cunho emocional que necessitassem de tal intervenção.
Dentre os benefícios, através dessa pesquisa, tem-se dados epidemiológicos para um
planejamento e assistência mais adequados, quer seja no nível básico da atenção, quer seja no
nível terciário.
37
5 RESULTADOS:
Os resultados foram apresentados em duas etapas, sendo que: a primeira consta de
uma descrição da amostra pesquisada e na segunda, apresentou-se a análise inferencial.
5.1 – DESCRIÇÃO DA AMOSTRA:
Trezentas mulheres foram entrevistadas com um questionário previamente elaborado e
dividido em quatro seções, de forma a abordar toda a história pregressa, atual e reprodutiva da
mulher, detectando riscos e cuidados realizados, chegando a uma prevalência de nascimentos
prematuros de 39,3%. Na primeira tabela, apresentam-se os fatores sócio-demográficos e
econômicos das mulheres.
Tabela 1: Valores de frequência absolutos e relativos da amostra, segundo fatores individuais
e características socioeconômicas. Natal, 2019.
VARIÁVEL n %
IDADE ADULTAS 260 86,7
ADOLESCENTES 40 13,3
PROCEDÊNCIA GRANDE NATAL 159 53,5
INTERIOR 138 46,5
LOCAL DE
RESIDÊNCIA
ZONA URBANA 232 77,3
ZONA RURAL 68 22,7
SITUAÇÃO
CONJUGAL
COM COMPANHEIRO 249 83,6
SEM COMPANHEIRO 49 16,4
ESCOLARIDADE ATÉ O FUNDAMENTAL
COMPLETO
142 47,3
A PARTIR DO ENSINO
MÉDIO
158 52,7
38
Cont. tabela 1 - Valores de frequência absolutos e relativos da amostra, segundo fatores
individuais e características socioeconômicas. Natal, 2019.
OCUPAÇÃO DO LAR 157 52,3
AGRICULTORA 35 11,7
ESTUDANTE 24 8,0
OUTRAS 84 28,0
RAÇA/COR BRANCA 73 24,3
OUTRA (PRETA/PARDA) 227 75,7
RENDA MENSAL
PERCAPITA
MENOR QUE UM
SALÁRIO MÍNIMO
237 79,3
A PARTIR DE UM
SALÁRIO MÍNIMO
62 20,7
Fonte: BEZERRA (2018)
A partir da análise da tabela 1, observa-se que a maior parte das mulheres eram
adultas, residiam na zona urbana dos municípios que compõem a Grande Natal, têm
companheiro, quase metade possui apenas até o ensino fundamental, apresentavam-se como
sendo do lar, de cor “não branca” e renda mensal per capita menor que um salário mínimo
vigente.
A segunda tabela apresenta a distribuição na amostra de comorbidades e uso de tabaco
antes da gestação atual.
Tabela 2: Valores de frequência absolutos e relativos da amostra, segundo presença e ausência
de comorbidades e uso de tabaco, anteriores à gestação atual. Natal, 2019.
VARIÁVEL n %
CARDIOPATIA SIM 06 2,0
NÃO 294 98,0
HIPERTENSÃO
CRÔNICA
SIM 33 11,0
NÃO 267 89,0
39
Cont. tabela 2: Valores de frequência absolutos e relativos da amostra, segundo presença e
ausência de comorbidades e uso de tabaco, anteriores à gestação atual. Natal, 2019.
DOENÇA AUTO
IMUNE
SIM 04 1,4
NÃO 291 98,6
MALFORMAÇÃO
UTERINA
SIM 02 0,7
NÃO 296 99,3
DOENÇAS
HEMATOLÓGICAS
SIM 05 1,7
NÃO 294 98,3
FUMANTE
SIM 15 5,0
NÃO 283 95,0
Fonte: BEZERRA (2018)
Dentre as situações de risco pré-existentes, a hipertensão arterial sistêmica foi a
patologia mais prevalente, seguida pelo uso de tabaco e cardiopatias, conforme demonstrado
na tabela 2.
A tabela 3 apresenta a distribuição das variáveis relacionadas à história reprodutiva da
mulher.
Tabela 3: Valores de frequência absolutos e relativos da amostra, segundo as variáveis
relacionadas à história reprodutiva. Natal, 2019.
VARIÁVEL n %
MENARCA ATÉ 12 ANOS 173 57,7
12 ANOS OU MAIS 127 42,3
GESTAÇÕES
ANTERIORES
SIM 205 68,3
NÃO 95 31,7
PERDAS
FETAIS/ABORTOS
SIM 80 39,0
NÃO 125 61,0
40
Cont. tabela 3: Valores de frequência absolutos e relativos da amostra, segundo as variáveis
relacionadas à história reprodutiva. Natal, 2019.
Nº DE PARTOS NENHUM 24 11,7
UM 82 40,0
DOIS 50 24,4
TRÊS 23 11,2
QUATRO 09 4,4
CINCO OU MAIS 17 8,3
Nº DE NASCIDOS
VIVOS
NENHUM 25 12,2
UM 86 42,0
DOIS 50 24,4
TRÊS 24 11,7
QUATRO 10 4,9
CINCO OU MAIS 10 4,9
FILHOS COM PESO
ABAIXO DE 2500G
SIM 44 21,5
NÃO 161 78,5
FILHOS
PREMATUROS
SIM 32 15,1
NÃO 173 84,9
INTERVALO ENTRE
A GESTAÇÃO
ANTERIOR E ATUAL
MAIS DE 02 ANOS 161 78,5
ATÉ 02 ANOS 44 21,5
CIRURGIA UTERINA
ANTERIOR
SIM 80 27,4
NÃO 212 72,6
Fonte: BEZERRA (2018).
Em relação à história reprodutiva, mais da metade da amostra relatou que sua primeira
menstruação ocorreu até os doze anos de idade. No que tange ao passado obstétrico, observa-
se que a maior parte da amostra é de mulheres que já haviam engravidado e que tinham filhos
41
e não haviam tido perdas fetais ou abortos. Em contrapartida, o histórico de filhos de baixo
peso e de prematuros, aparece em menos de um terço da amostra. Mais de 70% das puérperas
tiveram um intervalo intergestacional de mais de dois anos e não haviam sido submetidas a
cirurgias uterinas (Tabela 3).
A tabela 4 mostra as principais condições alusivas à gestação atual, como foi o pré-
natal e todo a trajetória da prenhez, parto e nascimento, inclusive a provisão de vagas de
obstetrícia e de neonatologia no serviço em que se realizou o estudo.
Tabela 4: Valores de frequência absolutos e relativos da amostra, segundo os fatores
relacionados à gestação atual. Natal, 2019.
VARIÁVEL N %
INÍCIO DO PRÉ-
NATAL
1º TRIMESTRE 215 73,1
2º TRIMESTRE 68 23,1
3º TRIMESTRE 04 1,4
NÃO FEZ 07 2,4
NÚMERO DE
CONSULTAS
07 OU MAIS 181 61,4
04 A 06 84 28,5
01 A 03 22 7,5
NENHUMA 08 2,7
REALIZOU EXAMES SIM 285 96,3
NÃO 11 3,7
ULTRASSONOGRAFIA UMA VEZ 38 13,1
DUAS OU MAIS 247 85,2
NENHUMA 05 1,7
CITOMEGALOVÍRUS UMA VEZ 143 50,2
DUAS OU MAIS 05 1,8
NENHUMA 137 48,1
42
Cont. Tabela 4: Valores de frequência absolutos e relativos da amostra, segundo os fatores
relacionados à gestação atual. Natal, 2019.
TOXOPLASMOSE UMA VEZ 191 65,6
DUAS OU MAIS 38 13,1
NENHUMA 62 21,3
HEPATITE B UMA VEZ 209 72,6
DUAS OU MAIS 47 16,3
NENHUMA 32 11,1
GLICEMIA DE JEJUM UMA VEZ 151 51,5
DUAS OU MAIS 123 42,0
NENHUMA 19 6,5
SUMÁRIO DE URINA UMA VEZ 120 41,8
DUAS OU MAIS 133 46,3
NENHUMA 34 11,8
HIV UMA VEZ 159 54,1
DUAS OU MAIS 124 42,2
NENHUMA 11 3,7
VDRL UMA VEZ 119 40,6
DUAS OU MAIS 162 55,3
NENHUMA 12 4,1
HEMOGRAMA UMA VEZ 111 37,8
DUAS OU MAIS 155 52,7
NENHUMA 28 9,5
43
Cont. Tabela 4: Valores de frequência absolutos e relativos da amostra, segundo os fatores
relacionados à gestação atual. Natal, 2019.
PACIENTE FICOU
INTERNADA NO
SERVIÇO
(INICIALMENTE)
EM LEITO 164 55,0
EM CORREDOR 134 45,0
IDADE
GESTACIONAL DO RN
37 A 41S 182 60,7
32 A 36S 81 27,0
28 A 31S 25 8,3
22 A 27S 11 3,7
MENOR DE 22S 01 0,3
TIPO DE PARTO CESÁREO 177 59,4
NORMAL 121 40,6
TIPO DE GESTAÇÃO ÚNICA 271 96,1
MÚLTIPLA 11 3,9
AO NASCER, RN
FICOU EM:
ALOJAMENTO
CONJUNTO
211 73,0
AGUARDANDO VAGA
EM UTI-NEONATAL
38 13,1
UTI-NEONATAL 33 11,4
TRANSFERIDO PARA
OUTRO SERVIÇO
07 2,4
44
Conclusão tabela 4: Valores de frequência absolutos e relativos da amostra, segundo os
fatores relacionados à gestação atual. Natal, 2019.
AO NASCER, 1º
GEMELAR FICOU EM:
ALOJAMENTO
CONJUNTO
04 40,0
AGUARDANDO VAGA
EM UTI-NEONATAL
03 30,0
UTI-NEONATAL 02 20,0
TRANSFERIDO PARA
OUTRO SERVIÇO
01 10,0
AO NASCER, 2º
GEMELAR FICOU EM:
ALOJAMENTO
CONJUNTO
03 30,0
AGUARDANDO VAGA
EM UTI-NEONATAL
03 30,0
UTI-NEONATAL 03 30,0
TRANSFERIDO PARA
OUTRO SERVIÇO
01 10,0
INTERCORRÊNCIAS
NA GESTAÇÃO
HIPERTENSÃO
GESTACIONAL
159 53,0
INFECÇÃO DO TRATO
URINÁRIO
128 42,7
AMEAÇA DE TPP 73 24,3
AMNIORREXE
PREMATURA
58 19,3
DIABETTES
GESTACIONAL
50 16,7
SANGRAMENTO 1º T 30 10,0
SANGRAMENTO 2/3º T 26 8,7
INFECÇÃO VAGINAL 24 8,0
OUTRAS 18 3,1
NENHUMA 18 3,1
Fonte: BEZERRA (2018).
45
Verificam-se na tabela 4 que a amostra estudada fez pré-natal e com a maior parte
realizando sete ou mais consultas, como também os exames recomendados e iniciaram tal
acompanhamento no primeiro trimestre da gravidez. Em relação aos exames preconizados, as
mulheres os fizeram, em sua maior parte, apenas uma vez no pré-natal. Cabe destacar ainda
que dentre os exames que não foram feitos, encontrou-se as maiores percentagens nos de
citomegalovírus, toxoplasmose e sumário de urina. Ressalta-se ainda a grande percentagem de
mulheres que fizeram duas ou mais ultrassonografias.
De acordo ainda com os resultados apresentados na tabela 4, pouco mais da metade
das mulheres foram internadas em leitos, sendo a cesariana o tipo de parto mais frequente.
Mais de um terço dos bebês eram prematuros, dentre eles, classificados, em sua maioria,
como prematuros moderados. Houve ainda, bebês que apesar de necessitarem de leitos de UTI
neonatal, ficaram aguardando tais vagas.
Ainda na tabela 4, na descrição das principais intercorrências, cabe relatar que
algumas mulheres apresentaram mais de uma alteração, sendo que as mais mencionadas
foram a hipertensão gestacional, infecção do trato urinário, ameaça de trabalho de parto
prematuro, amniorrexe prematura, diabetes gestacional.
Na tabela 5, expõem-se as principais intercorrências encontradas e relatadas, apenas
no grupo das mulheres que pariram seus filhos prematuros.
Tabela 5: Valores de frequência absolutos e relativos das principais intercorrências
encontradas nas entrevistadas que pariram prematuros. Natal, 2019.
VARIÁVEL N %
AMEAÇA DE TPP 57 49,1
HIPERTENSÃO
GESTACIONAL
54 46,5
INFECÇÃO URINÁRIA 45 38,8
AMNIORREXE PREMATURA 37 31,9
SANGRAMENTO 2/3º TRIM. 17 14,6
DIABETTES GESTACIONAL 14 12,1
SANGRAMENTO 1º
TRIMESTRE
11 9,5
INFECÇÃO VAGINAL 09 7,7
46
Cont.tabela 5: Valores de frequência absolutos e relativos das principais intercorrências
encontradas nas entrevistadas que pariram prematuros. Natal, 2019.
HIV 02 1,7
ECLÂMPSIA 02 1,7
SÍFILIS 01 0,9
INCOMPETÊNCIA FATOR RH 01 0,9
Fonte: BEZERRA (2018).
Das mulheres que pariram antes do termo, encontrou-se a ameaça de Trabalho de
Parto Prematuro (TPP), a hipertensão gestacional e a infecção do trato urinário, como as
intercorrências mais referidas (Tabela 5).
5.2 – ANÁLISE INFERENCIAL
As variáveis independentes selecionadas foram confrontadas com o desfecho
representado pelo parto de RN pré-termo. Ademais, foi estimada as suas respectivas RP que
são apresentadas na Tabela 6.
Tabela 6 - Valores absolutos e percentuais, significância estatística, RP e seu intervalo de
confiança para cada variável representativa. Natal, 2019.
Variável Categoria Grupo
Total p RP (IC95%) paju RPaju(ICaju95%) Pré termo n (%) A termo n (%)
Procedência Interior 66 (47,8) 72 (52,2) 138 0,004 1,521 (1,037 – 2,350) <0,05 1,542 (1,022 – 2,326)
Grande Natal 50 (31,4) 109 (68,6) 159
Local de residência** Zona rural 26 (38,2) 42 (61,8) 68 0,834 0,964 (0,717 – 1,685) - -
Zona urbana 92 (39,7) 140 (60,3) 232
Situação conjugal** Sem companheiro 20 (40,8) 29 (59,2) 49 0,805 1,048 (0,661 – 1,964) - -
Com companheiro 97 (39) 152 (61) 249
Escolaridade** Até fundamental completo 51 (35,9) 91 (64,1) 142 0,254 0,847 (0,585 – 1,268) - -
A partir do ensino médio 67 (42,4) 91 (57,6) 158
Raça/Cor** Outra (preta/parda) 88 (38,8) 139 (61,2) 227 0,720 0,943 (0,588 – 1,428) - -
Branca 30 (41,1) 43 (58,9) 73
Renda** Menos de um salário mínimo 90 (38) 147 (62) 237 0,411 0,872 (0,473 – 1,207) - -
A partir de um salário mínimo 27 (43,5) 35 (56,5) 62
Cormodidade prévia** Sim 17 (36,2) 30 (63,8) 47 0,636 0,906 (0,655 – 1,670) - -
Não 101 (39,9) 152 (60,1) 253
Fumante** Sim 4 (26,7) 11 (73,3) 15 0,353 0,668 (0,309 – 2,138) - -
Não 113 (39,9) 170 (60,1) 283
Gestações anteriores** Não 39 (41,1) 56 (58,9) 95 0,676 1,065 (0,684 – 1,998) - -
Sim 79 (38,5) 126 (61,5) 205
Cirurgia uterina anterior** Sim 33 (41,3) 47 (58,8) 80 0,686 1,066 (0,649 – 1,450) - -
Não 82 (38,7) 130 (61,3) 212
Pré-natal** Não fez pré-natal 3 (42,9) 4 (57,1) 7 0,848 1,088 (0,508 – 3,752) - -
Fez pré-natal 113 (39,4) 174 (60,6) 287
47
Cont. tabela 6 - Valores absolutos e percentuais, significância estatística, RP e seu intervalo
de confiança para cada variável representativa. Natal, 2019.
Tipo de parto*** Cesáreo 75 (42,4) 102 (57,6) 177 0,147 1,251 (0,930 – 2,177) >0,05 -
Vaginal 41 (33,9) 80 (66,1) 121
Tipo de gestação Múltipla 8 (72,7) 3 (27,3) 11 0,001 1,971 (1,400 – 3,676) <0,05 1,863 (1,074 – 3,232)
Única 100 (36,9) 171 (63,1) 271
Menarca** Até 12 anos 71 (41) 102 (59) 173 0,483 1,109 (0,921 – 2,104) - -
12 anos ou mais 47 (37) 80 (63) 127
Idade materna*** Adolescentes 20 (50) 20 (50) 40 0,111 1,327 (0,729 – 2,688) >0,05 -
Adultas 98 (37,7) 162 (62,3) 260
Fonte: BEZERRA (2018)
*Indefinido
**Variável não entrou no modelo múltiplo
***Variável entrou no modelo múltiplo, mas não permaneceu
A equação de probabilidade para o modelo encontrado foi: Probabilidade [Pré termo]
= 0,219x1,542^pro
x1,863^Tipge
Onde, Pro assume 1 se procedência for do interior e 0 casos contrário.
Onde, Tipge assume 1 se tipo de gestação e 0 casos contrário.
De acordo com os dados apresentados acima, as variáveis relacionadas ao local de
residência, situação conjugal, escolaridade, raça/cor, renda, comorbidade prévia, fumante,
gestações anteriores, cirurgia uterina anterior, realização do pré-natal e menarca não
apresentaram associação estatisticamente significativa com o parto prematuro.
Com relação às variáveis tipo de parto e idade materna, na análise bivariada as
mesmas apresentaram significância suficiente para serem testadas no modelo multivariado.
Todavia, quando da sua inserção a significância estatística não foi conseguida.
No que se refere a variável procedência, identificou-se uma associação
estatisticamente significativa com o parto pré-termo, onde quem mora no interior possui uma
prevalência 54% maior de partos prematuros do que aquelas mães com residência na Grande
Natal. Quanto ao tipo de gestação, houve uma associação entre as gestações múltiplas e o
parto prematuro, com uma prevalência desses partos 86% maior no grupo com gestações
múltiplas.
5.3 – DISCUSSÃO
Observou-se no presente estudo que 39,3% dos nascimentos ocorreram antes das
mulheres completarem 37 semanas de gestação e destes, 60,67% estavam entre 32 e 36
48
semanas de gestação, que teoricamente, são menos graves que os pré-termos de menor idade
gestacional. A taxa de neonatos prematuros encontrada na pesquisa é considerada elevada se
comparando com estudo de base de dados, realizado por Santos (2018) que coloca a taxa de
prematuridade no Brasil de 9,39%, sendo que ele ainda expõe uma taxa de neonatos entre 32 e
36 semanas de gestação de 82,98%. Menetrier e Almeida (2016) em um estudo em um
hospital de referência do Paraná, trazem uma taxa de 18,6%. No Rio Grande do Norte,
13,59% dos partos ocorrem antes do termo (TEIXEIRA, 2016).
Ressalta-se que apesar dos avanços científicos e tecnológicos, os partos prematuros se
colocam como um problema de grande magnitude, pois cerca de 10% de todos os nascimentos
acontecem antes da mulher completar 37 semanas de gestação e esses mesmos avanços
permitiram uma taxa de sobrevivência mais elevada nesse grupo, porém ainda são escassos os
estudos nessa população. É sabido que esses bebês poderão ter uma série de consequências
que poderão perdurar por toda a vida, sobretudo no período da infância (TURPIN et al, 2019).
A prematuridade se constitui como um grave problema de saúde pública também no
Brasil, sendo que ocorrem no país cerca de 280 mil nascimentos antes do termo, estando entre
os 10 países que mais acontecem tal complicação. Cerca de 70% dos bebês que nascem antes
do período ideal morrem nos primeiros 28 dias de vida (PEREIRA et al, 2018). Mendonza
Tascón et al (2016) expõe a magnitude do problema, relatando uma percentagem mundial de
10% dos nascimentos, além das sequelas que estes neonatos podem apresentar ao longo dos
anos, como déficit visual, mental e auditivo, transtornos de marcha, enfermidades cardíacas e
pulmonares, além de todos os efeitos familiares, psicológicos e econômicos que poderão ser
provocados.
Sobre o local de residência das entrevistadas, os resultados encontrados estão em
consonância com os dados do IBGE, que de acordo com o último censo realizado, 77,8% da
população do Rio Grande do Norte residiam nas zonas urbanas (BRASIL, 2010).
No que refere aos dados socioeconômicos, apesar de as mulheres terem uma
escolaridade a partir do ensino médio, possuem baixo poder aquisitivo. Ainda em relação a
renda, muitas mulheres referiram que não tinham renda alguma ou apenas recebiam o “Bolsa
família”. Os dados ratificam as afirmações de Rocha e David (2015) que discorrem sobre os
determinantes sociais da saúde, em que colocam que quanto menor a renda e a escolaridade
mais suscetível as pessoas ficam às doenças.
Com relação aos riscos anteriores à gestação, observou-se que os mais frequentes
foram a hipertensão (11,0%) e de mulheres fumantes (5,0%), sendo importante a detecção dos
mesmos, com vistas a um planejamento para um bom acompanhamento gestacional. Cabe ao
49
profissional de saúde a investigação e detecção precoce desses riscos, com vistas a um pré-
natal de qualidade, diagnosticando e tratando eventos indesejáveis. Autores descrevem que a
hipertensão, cardiopatias e diabetes mellitus são as condições clínicas mais prevalentes em
mulheres, antes da gestação, corroborando nosso estudo (RODRIGUES DA SILVA et al,
2018).
Mesmo que a percentagem de fumantes tenha sido de apenas 5%, ressalta-se que o
tabagismo, além de ser um grave problema de saúde pública, na gestação, pode trazer
problemas ainda maiores, como complicações obstétricas e efeitos danosos para o recém-
nascido; pode levar a consequências como pré-eclâmpsia, aborto espontâneo, gestação
ectópica, prematuridade e baixo peso ao nascer e quanto maior o número de cigarros, maiores
as complicações (NUNES E CAMPOS, 2015; TEIXEIRA, 2015).
Sobre os dados referentes à história reprodutiva da mulher, cabe destacar que 31,7%
das pacientes que se encontram internadas não haviam apresentado gestações anteriores,
concordando com Rodrigues et al (2017) que relatam que 35,3% das mulheres que
apresentavam intercorrências eram primíparas; esses mesmos autores ainda discorrem que
41,2% destas que tiverem complicações, podem apresentar nova intercorrência em prenhez
posterior. Bezerra et al (2006) apud Rocha da Silva et al (2016) discorrem que as primíparas
possuem maiores chances de apresentarem um parto prematuro.
No que tange a realização do pré-natal, os dados do estudo demonstraram que a
maioria das clientes (73,1%) iniciou tal acompanhamento no primeiro trimestre e com o
número de sete ou mais consultas (61,4%), corroborando com o que é preconizado pelo
Ministério da Saúde. O início do pré-natal deverá ser o quanto antes, sempre uma vez ao mês
até a 28ª semana, depois, passa a ser quinzenalmente (até a 36ª semana) e em seguida,
semanalmente até o parto, lembrando que não existe a conduta de “alta do pré-natal” e que
deve ser realizada no mínimo seis consultas (BRASIL, 2011a, 2013b, GONZAGA et al
2016). A portaria 1459, de 2011, garante o acesso ao pré-natal na Unidade Básica de Saúde,
com captação precoce, qualificando a atenção, garantindo o acesso ao pré-natal em tempo
oportuno (BRASIL, 2011a).
Em contrapartida, fazendo uma análise geral dos exames realizados, com exceção dos
exames de ultrassonografias, todos os outros apresentam uma quantidade aquém do
recomendado para um pré-natal ser considerado de qualidade. Segundo Melo et al (2015)
exames como hemograma, VDRL e exame de urina deveriam ser realizados duas os mais
vezes no decorrer do pré-natal, sendo considerado adequado ou de qualidade, inadequado
quando não faz os exames ou faz a partir da 28ª semana de gestação ou intermediário nas
50
demais situações. De acordo com essa proposta, a pesquisa mostrou-se com um
acompanhamento intermediário, quando deveria ser de qualidade, com acesso às consultas em
sua integralidade (profissionais, exames complementares, maternidade de referência, garantia
de uma unidade para tratamento de riscos, dentre outros).
O cuidado pré-natal adequado é o fator determinante para prevenção da
morbimortalidade materna e infantil, sendo que a permanência ou prevalência elevada de
determinadas patologias demonstram comprometimento da qualidade dessa atenção e autores
citam os elevados índices de sífilis congênita e a hipertensão gestacional, como exemplos e
como possíveis de serem controladas. Esta atenção deve ser organizada com a função de
atender às reais necessidades das grávidas, assegurando uma assistência integral, com
conhecimento baseado na ciência e na técnica e com recursos disponíveis e adequada. A
gestação é algo fisiológico, porém uma parcela de até 20% pode sofrer de algum agravo ou
desenvolver alterações desfavoráveis, cabendo aos profissionais envolvidos a detecção
precoce e a condução correta para prevenir sequelas (MELO et al, 2015; RODRIGUES da
SILVA et al, 2016; RODRIGUES et al, 2017).
Fato preocupante encontrado no estudo foi a superlotação do serviço, em que 45%
dessas puérperas são internadas, inicialmente, nos corredores (poltronas ou macas) por falta
de leitos; circunstância esta, muito alarmante, são mulheres de alto risco, que já vêm
encaminhadas de outros serviços por apresentarem intercorrências e não têm leitos
resguardados, apesar de a Portaria 1459 (que se refere à rede Cegonha) assegurar tais leitos.
Além disso, a Portaria 3390, que trata da organização da atenção hospitalar, enfatiza a
necessidade de organização de uma rede de saúde regionalizada e com um gerenciamento de
leitos que atenda a população em sua integralidade. (BRASIL, 2011a, 2013a).
Considerando que o serviço onde foi realizado o estudo é referência em alto risco
obstétrico, um dado relevante foi que parte dos neonatos necessita de leitos de terapia
intensiva neonatal e o serviço muitas vezes não dispõe de imediato. Tal constatação distancia-
se do que é preconizado nas Portarias MS nº 1130, 1459 e 930, que garantem 04 leitos de UTI
neonatal, 04 leitos de cuidados intermediários e 02 leitos de cuidados intermediários
“canguru” a cada 1000 nascidos vivos (BRASIL, 2006; 2010; 2012b; 2015).
Em relação às principais intercorrências, a hipertensão gestacional apresentou-se como
a mais frequente (53,0%), seguida pela infecção do trato urinário (42,7%), ameaça de TPP
(24,3%) e amniorrexe prematura (19,3%). Rodrigues et al (2017) colocam a pré-eclâmpsia
(20,6%), a rotura prematura das membranas (19,1%), a placenta prévia (10,3%) e a ameaça de
TPP (10,3%) como as intercorrências mais encontradas no estudo deles. Varela et al (2017)
51
encontram a infecção urinária (38,3%), a anemia (26%), leucorreia (23,5%), sangramento
vaginal (21,9%), trabalho de parto prematuro (21,9%), doenças hipertensivas da gestação
(21,7%).
A pesquisa mostra que nas puérperas que tiveram filhos prematuros, foram várias as
intercorrências encontradas e citadas por essas entrevistadas, merecendo destaque as quatro
primeiras que foi a ameaça de trabalho de parto prematuro (49,1%), a hipertensão gestacional
(46,5%), a infecção urinária (38,8%) e a amniorrexe prematura (31,9%). A pesquisa concorda
com Ferraresi e Arrais (2016) que colocam a hipertensão gestacional (26,3%), infecção do
trato urinário (22,8%) e o deslocamento prematuro da placenta (3,5%) como as principais
intercorrências encontradas em seu estudo. Menetrier e Almeida (2016) em um estudo no
estado do Paraná, descreveram o TPP (20,0%), as alterações de volume do líquido amniótico
(20,0%), as alterações do bem-estar fetal (13,1%), as síndromes hipertensivas (10,0%) e a
infecção urinária (6,9%) como possíveis causas da prematuridade. Shulman et al (2017)
relatam a associação entre a pré-eclâmpsia e a prematuridade, sendo aquela, 6,1 vezes maior o
risco do desenvolvimento de retinopatia da prematuridade.
Houve uma prevalência de 25% (RP=1,25) maior de nascimentos prematuros nas
mulheres em que o tipo de parto foi cesáreo, que talvez se explica por uma indicação
obstétrica pelo risco materno ou fetal. Carvalho et al (2016) citam estudos em que houve uma
relação importante entre a operação cesariana e RNs de baixo peso e prematuros. Da mesma
forma, Menetrier e Almeida (2016) relatam, na pesquisa deles, que 76,9% dos nascimentos
prematuros ocorreram por operação cesariana. Estes mesmos autores ainda discorrem sobre a
grande quantidade de cesarianas ocorridas no Brasil, ocupando o primeiro lugar no mundo.
No estudo, ainda foi encontrado uma prevalência de 32% (RP=1,32) maior de partos
prematuros nas pacientes adolescentes que naquelas na faixa etária a partir dos 20 anos.
Azevedo et al (2015) em uma pesquisa colocam que essa coletividade está mais suscetível a
doenças hipertensivas da gestação, anemia, diabetes gestacional, complicações no parto, além
da própria morbimortalidade neonatal, pois há um aumento de neonatos de baixo peso ao
nascer e de prematuros. Inclusive, esses mesmos autores discorrem que, dentre as
complicações, as mais comuns nessa faixa etária, são a prematuridade e o baixo peso ao
nascer. Fora isso, cabe relatar, que toda a vida da família é alterada, pois muitas das
gravidezes não são planejadas, essas meninas sentem a necessidade de abandonar a escola e a
rotina da família é alterada, refletindo no futuro dessas pessoas.
A prevalência de partos prematuros em mulheres do interior foi 54% (RP=1,54) maior
que naquelas com residência na Grande Natal, cabendo uma reflexão sobre Rede de Atenção à
52
Saúde, Rede Cegonha, Política de Atenção Hospitalar, enfim, toda uma série de Portarias já
tão discutidas no âmbito do SUS e que carecem de implantação. A Portaria nº 4279 do MS, de
2010, que trata das Redes de Atenção à Saúde, além de toda a discussão e estruturação, cabe
destacar pontos como a capacidade de identificar claramente a população sob a sua
responsabilidade, com a atenção primária exercendo um conjunto de ações no âmbito
individual e coletivo, abrangendo a promoção e a proteção da saúde, prevenção de agravos, o
diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde. Ela cita a importância da
Regionalização como estratégia essencial para a consolidação dos princípios da
Universalidade, Integralidade e Equidade, dando enfoque que cada esfera governamental tem
sua responsabilidade e meta a ser cumprida e pactuada, sendo cada ente da gestão responsável
pelo conjunto de políticas explicitadas.
A Rede de Atenção à Saúde é definida como arranjos organizativos de ações
e serviços de saúde, de diferentes densidades tecnológicas, que integradas
por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir
a integralidade do cuidado. O objetivo da RAS é promover a integração
sistêmica, de ações e serviços de saúde com provisão de atenção contínua,
integral, de qualidade, responsável e humanizada, bem como implementar o
desempenho do Sistema, em termos de acesso, equidade, eficácia clínica e
sanitária; e eficiência econômica (BRASIL, 2010, p.03).
A Portaria nº 1459, que trata da Rede Cegonha, da discussão em torno do direito das
mulheres a uma assistência humanizada e livre de riscos, traz um enfoque à atenção ao parto,
ao nascimento, ao crescimento e ao desenvolvimento da criança de zero aos 24 meses.
Destaca a Rede de Atenção à Saúde Materna e Infantil na garantia do acesso e da
resolutividade, com o objetivo maior de reduzir a mortalidade materna e infantil,
especialmente a neonatal. Ademais discute a importância da organização dos serviços em
territórios (regionalização), com a garantia de um pré-natal de qualidade e vinculação da
gestante a uma unidade de referência quando necessário. Coloca a relevância da suficiência de
leitos obstétricos e neonatais de acordo com as necessidades regionais e vendo os perfis
epidemiológicos de cada população (BRASIL, 2011a).
A portaria nº 3390, de 2013, trata da Política de Atenção Hospitalar, retoma a
importância da regionalização, de acordo com as pactuações, sendo que essa unidade
trabalharia de forma integrada aos demais pontos das RAS e com outras políticas de forma
intersetorial, para melhorar a atenção e a continuidade do cuidado (BRASIL, 2013a).
53
As pesquisas relatam que nas gestações múltiplas há uma forte relação com a
prematuridade e o presente estudo mostrou uma prevalência 86% maior (RP=1,86) neste
grupo, em relação às gestações únicas. Tabile et al (2016) discorrem que a gemelaridade é
responsável por cerca de 10% de todos os trabalhos de partos prematuros e 25% de todas as
mortes no pré-termo, apesar de ocorrerem em apenas 1% das gravidezes. Da mesma forma,
Rocha da Silva (2015) descrevem a gestação múltipla com um fator de risco para a
prematuridade e o baixo peso ao nascer. Oliveira et al (2016) em uma pesquisa de fatores
maternos e neonatais relacionados à prematuridade, encontram uma razão de chance entre
gestação gemelar e parto pré-termo de 1,14 vezes e ainda colocam estudos que discorrem que
a gestação múltipla pode aumentar em até 25 vezes o risco de um parto prematuro. Fuchs e
Senat (2016) descrevem que a prematuridade é uma grande preocupação na obstetrícia atual e
que nas gestações gemelares a prevalência é até 50% maior. Barrios e Alvarado (2016) em
uma pesquisa documental em prontuários, na cidade de Lima (Peru), relatam a associação
entre prematuridade e gemelaridade, tendo encontrado uma prevalência de 140% maior neste
grupo.
54
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Os objetivos propostos para a pesquisa foram alcançados, uma vez que se verificou os
fatores associados ao parto prematuro na Maternidade Januário Cicco, estimando a
prevalência neste grupo, identificando a associação entre os fatores individuais e verificando a
ocorrência de partos prematuros com antecedentes dessas mulheres.
A maior parte das mulheres que compuseram este estudo era residentes na zona
urbana, com companheiro, escolaridade a partir do ensino médio, do lar, com baixo poder
aquisitivo, sem comorbidades anteriores à atual gestação, tiveram uma menarca até os 12
anos, com gestações anteriores, sem perdas fetais ou abortos e foram poucas as clientes que
relataram terem parido um filho anteriormente prematuro ou de baixo peso. Cabe ainda
destacar que a maioria iniciou o pré-natal no primeiro trimestre, realizaram sete ou mais
consultas, no entanto, com um número reduzido de exames para o acompanhamento. Quanto
ao tipo de parto, a maior parte foi de cesáreas, de gestações únicas e com a maioria dos
neonatos ficando junto à mãe, no alojamento conjunto.
Dos nascimentos ocorridos no serviço em que foi realizada a pesquisa, 39,3% ocorrem
antes das mulheres completarem 37 semanas de gestação e destes, a maior parte são de
neonatos prematuros classificados como de prematuridade moderada. Apesar de ser um
serviço de referência em alto risco obstétrico e neonatal, não há vagas suficientes para suprir a
necessidade das mulheres e/ou RNs que precisam de uma vaga de UTIN.
Apesar de, em termos quantitativos, boa parte dos internamentos ocorrerem das
mulheres provenientes da Grande Natal, a prevalência de nascimentos prematuros das
pacientes que vêm do interior chega a ser 54% maior e alcançam uma percentagem 86%
superior nas gestações múltiplas em relação às gestações únicas.
A pesquisa apresenta-se como sendo convergente com a literatura pesquisada e ainda
foi possível apresentar um comparativo entre grupos de puérperas que haviam parido a termo
e prematuros, expressando a razão de prevalência entre os dois grupos além de, ter-se
encontrado três perfis epidemiológicos no estudo: amostra total, grupo das mães de
prematuros e dos termos.
Conforme Oliveira et al (2015) com dados epidemiológicos de uma população é
possível compreender as necessidades especiais e específicas, de forma que o planejamento de
ações e cuidados possam ser realizados de uma forma mais organizada e com intervenções
efetivas.
55
Diante dos achados da pesquisa, viu-se a necessidade de elaboração de um projeto de
intervenção a ser implementado no local em que esse estudo foi realizado como também na
Secretaria Estadual de saúde, por meio da proposta de um projeto de intervenção,
encaminhado em anexo aos serviços citados, de forma a contribuir ainda mais para a redução
dos nascimentos prematuros.
56
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Acesso em 02 mar 2019.
63
APÊNDICES
APÊNDICE A – INSTRUMENTO PARA COLETA DE DADOS
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO
ESCOLA DE SAÚDE
MESTRADO PROFISSIONAL EM PRÁTICAS DE SAÚDE E EDUCAÇÃO
NÚMERO DE REGISTRO NA INTERNAÇÃO:_____________________
INSTRUMENTO PARA COLETA DE DADOS:
I – FATORES INDIVIDUAIS E CARACTERÍSTICAS SÓCIOECONÔMICAS:
1 Idade materna
1. Adolescente
2. Adulta
2 Procedência 1. GrandeNatal
(________________)
2. Interior
(__________________)
3 Local de residência 1. Zona Urbana
2. Zona Rural
4 Situação conjugal 1. Com companheiro
2. Sem companheiro
5 Escolaridade 1. Até o Ensino Fundamental
2. A partir do Ensino Médio
6 Ocupação
7 Raça/cor
1. Branca
2. Outra (________)
8 Renda mensal per capita (por pessoa) 1. Menos de um salário mínimo
2. 1 a 3 salários mínimos
II – PRINCIPAIS FATORES DE RISCO ANTERIOR À GESTAÇÃO:
9 Cardiopatias 1. Sim
2. Não
10 Hipertensão crônica 1. Sim
2. Não
11 Doenças autoimunes 1. Sim
2. Não
12 Malformação uterina 1. Sim
2. Não
64
13 Doenças hematológicas 1. Sim
2. Não
14 Fumante 1. Sim
2. Não
15 Outra (especificar)
____________________________________
1. Sim
2. Não
III - FATORES RELACIONADOS À HISTÓRIA REPRODUTIVA:
16 Menarca (idade da primeira menstruação)
1. Até 12 anos
2. 12 anos ou mais
17 Gestações anteriores 1. Sim
2. Não
18 Perdas fetais ou abortos 1. Sim
2. Não
19 Nº de partos 1. Nenhum
2. Um
3. Dois
4. Três
5. Quatro
6. Cinco ou mais
20 Nº de nascidos vivos 1. Nenhum
2. Um
3. Dois
4. Três
5. Quatro
6. Cinco ou mais
21 Filhos com peso abaixo de 2500g 1. Sim
2. Não
22 Filhos prematuros 1. Sim
2. Não
23 Intervalo entre a gestação anterior e a atual 1. Até 02 anos
2. Mais de 02 anos
24 Cirurgia uterina anterior 1. Sim 2. Não
IV – FATORES RELACIONADOS A GESTAÇÃO ATUAL:
25 Início do pré-natal 1. 1º trimestre (até 13 semanas)
2. 2º trimestre (14-28 semanas)
3. 3º trimestre (+ de 28
semanas)
65
4. Ignorado
5. Não fez pré-natal
26 Número de consultas 1. Nenhuma
2. 1 a 3 consultas
3. 4 a 6 consultas
4. 7 ou mais consultas
5. Ignorado
27 Realizou exames no pré-natal 1. Sim
2. Não
28 Exames realizados (número de vezes):
Hemograma
1. Uma vez
2. Duas ou mais vezes
3. Nenhuma
VDRL
1. Uma vez
2. Duas ou mais vezes
3. Nenhuma
HIV
1. Uma vez
2. Duas ou mais vezes
3. Nenhuma
Sumário de urina
1. Uma vez
2. Duas ou mais vezes
3. Nenhuma
Teste para Hepatite B
1. Uma vez
2. Duas ou mais vezes
3. Nenhuma
Teste para toxoplasmose
1. Uma vez
2. Duas ou mais vezes
3. Nenhuma
Teste para citomegalovírus
1. Uma vez
2. Duas ou mais vezes
3. Nenhuma
Glicemia de jejum
1. Uma vez
2. Duas ou mais vezes
3. Nenhuma
66
Ultrassonografia
1. Uma vez
2. Duas ou mais vezes
3. Nenhuma
29 Intercorrências na gestação 1. Nenhuma
2. Hipertensão gestacional
3. Diabetes gestacional
4. Infecção do trato urinário
5. Infecção vaginal
6. Sangramento 1º trimestre
7. Sangramento 2º/3º trimestre
8. Amniorrexe prematura
9. Ameaça de TPP
10. Outras______________
30 Paciente ficou internada no serviço 1. Em leito
2. Em corredor
31 Idade gestacional do RN (em semanas) 1. Menos de 22
2. 22 a 27
3. 28 a 31
4. 32 a 36
5. 37 a 41
32 Tipo de parto 1. Vaginal
2. Cesárea
33 Tipo de gestação 1. Única
2. Múltipla
34 Ao nascer, RN ficou em 1. Alojamento conjunto
2. Uti neonatal
3. Aguardando vaga em uti
neonatal
4. Transferido para outro
serviço
35 Ao nascer, 1º gemelar ficou em 1. Alojamento conjunto
2. Uti neonatal
3. Aguardando vaga em uti
neonatal
4. Transferido para outro
serviço
36 Ao nascer, 2º gemelar ficou em 1. Alojamento conjunto
2. Uti neonatal
3. Aguardando vaga em uti neonatal
4. Transferido para outro
serviço
67
37 Ao nascer, 3º gemelar ficou em 1. Alojamento conjunto
2. Uti neonatal
3. Aguardando vaga em uti
neonatal
4. Transferido para outro
serviço
68
APÊNDICE B
TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA USO DE DOCUMENTOS DAS PACIENTES
69
70
APÊNDICE C – TCLE
71
72
73
APÊNDICE D
TCLE – MENORES DE IDADE
74
75
76
APÊNDICE E
TERMO DE ASSENTIMENTO
77
78
APÊNDICE F
TERMO DE COMPROMISSO DO PESQUISADOR
79
APÊNDICE G – PROJETO DE INTERVENÇÃO:
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
ESCOLA DE SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E SOCIEDADE
MESTRADO PROFISSIONAL EM PRÁTICAS DE SAÚDE E EDUCAÇÃO
JEAN CARLOS BEZERRA
PROJETO DE INTERVENÇÃO: IMPLEMENTAÇÃO DE ESTRATÉGIAS QUE
CONTRIBUAM COM A REDUÇÃO DO PARTO PREMATUDO
NATAL/RN
2019
80
JEAN CARLOS BEZERRA
PROJETO DE INTERVENÇÃO: IMPLEMENTAÇÃO DE ESTRATÉGIAS QUE
CONTRIBUAM COM A REDUÇÃO DO PARTO PREMATUDO
Projeto de Intervenção apresentado ao
Programa de Pós-Graduação em Saúde e
Sociedade, Escola de Saúde, da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, como
requisito para a obtenção do título de Mestre
em Saúde e Sociedade.
Área de concentração: Saberes e Práticas em
Saúde e Educação.
Orientadora: Profa. Dra. Simone Pedrosa
Lima.
NATAL/RN
2019
81
SUMÁRIO
1 PROBLEMA E JUSTIFICATIVA .................................................................... 82
1.1 PREMATURIDADE: IMPORTANTE PROBLEMA DE SAÚDE MATERNO
INFANTIL............... .............................................................................................. 82
2 OBJETIVOS......................................................................................................... 84
2.1 OBJETIVO GERAL............................................................................................... 84
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................................. 84
3 METODOLOGIA................................................................................................ 85
4 CRONOGRAMA.................................................................................................. 86
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................... 87
6 REFERÊNCIAS.................................................................................................... 88
7 APÊNDICE A ...................................................................................................... 89
82
1 – PROBLEMA E JUSTIFICATIVA:
1.1 – PREMATURIDADE: IMPORTANTE PROBLEMA DE SAÚDE MATERNO
INFANTIL
A prematuridade se constitui como um dos mais importantes problemas a serem
enfrentados na saúde materno-infantil no Brasil. Apesar dos grandes avanços ocorridos nessa
área nas últimas décadas e da queda da mortalidade infantil, o parto prematuro mostra uma
tendência de aumento, sobretudo a partir da década de 90. Araújo Filho (2017) relata que a
mortalidade neonatal é responsável por cerca de 70% da mortalidade infantil no país, sendo a
prematuridade a principal causa de óbito neonatal em todas as regiões do Brasil; indicando
problemas na assistência relacionados ao pré-natal, durante o parto e ao próprio recém-
nascido (FRANÇA; LANSKY, 2016).
Há intercorrências na gestação que provocam a indicação de uma intervenção
obstétrica no pré-termo, além do próprio trabalho de parto prematuro, como alterações no
bem-estar fetal, síndromes hipertensivas, alterações no líquido amniótico, hemorragias, e
muitas delas passíveis de prevenção. A estratégia mais adequada para evitar tais
complicações: um adequado acompanhamento no decorrer na gestação (MENETRIER;
ALMEIDA, 2016). Ademais, Teixeira (2015) discorre que a mortalidade neonatal, a
prevalência de baixo peso ao nascer e a prematuridade têm relação com a carência de
procedimentos rotineiros e adequados na assistência à gestante, logo, uma má qualidade no
pré-natal converge para complicações no período gestacional e neonatal.
Assim sendo, o pré-natal se constitui como um dos grandes instrumentos para melhora
das condições de vida da saúde reprodutiva das mulheres e de seus recém-nascidos,
detectando riscos advindos com a gestação e intervindo de maneira oportuna, de forma a
diminuir a morbimortalidade materna e neonatal (BRASIL, 2013).
Em pesquisa realizada por Bezerra (2019) e por meio de dados coletados no decorrer
de tal da pesquisa, constatou-se a necessidade de elaboração de um projeto de intervenção
com a função de capacitar os atuais e futuros profissionais na assistência pré-natal, como
antagonistas da problemática a ser enfrentada. Inclusive Pereira (2003) descreve a
importância da educação em saúde como um dos pilares para a promoção em saúde das
coletividades, quer seja no nível primário da atenção, quer seja no nível terciário. Neves Silva
et al (2015) descrevem que é cada vez mais importante e necessário a imprescindibilidade de
um processo de educação no ambiente dos trabalhadores de saúde.
83
Portanto, elaborou-se um projeto de intervenção fundamentado nos dados da pesquisa
realizada na Maternidade Escola Januário Cicco, que teve como objetivo compreender os
fatores relacionados ao parto prematuro, como se pode observar em Bezerra (2019).
Cabe destacar, alguns dados de magnitude expressiva que necessitam de
enfrentamento; quer sejam de curto, médio ou longo prazo, por parte dos serviços de saúde e
com um planejamento e intervenção adequados: encontrou-se a percentagem de 39,3% dos
nascimentos ocorridos no serviço são de recém-nascidos prematuros e, ainda que, a maior
parte das pacientes serem provenientes da Grande Natal, a prevalência dos partos prematuros
das mulheres provenientes do interior chega a ser 54% maior e com uma chance de 86% mais
elevada nas gestações múltiplas.
Ressalta-se, que o estudo mostrou a hipertensão gestacional (53,0%), infecção do trato
urinário (42,7%), ameaça de TPP (24,3%) e amniorrexe prematura (19,3%), o diabetes
gestacional (16,7%), sangramentos (18,7%) e infecções vaginais (8,0%) foram as
intercorrências mais comum, salientado que algumas mulheres apresentaram mais de uma
alteração na gestação. A pesquisa apontou que as mulheres fizeram um número de consultas
de pré-natal e no tempo adequado, no entanto, exames aquém do que é recomendado pela
literatura e muitas foram as alterações apresentadas, levando a necessidade de uma melhor
qualificação desses profissionais atuantes nesses serviços (BEZERRA, 2019).
Diante da assertiva, almeja-se que os profissionais tenham melhor capacidade técnica
para o enfrentamento da prematuridade, pois estes estarão habilitados para a realização de um
pré-natal de melhor qualidade.
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2 – OBJETIVOS:
2.1 – OBJETIVO GERAL:
Implementar estratégias que contribuam para redução do parto prematuro.
2.2 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Promover maior interação entre os serviços de atenção primária, secundária e terciária.
Capacitar profissionais e graduandos de medicina/enfermagem envolvidos na atenção
à mulher.
Contribuir para melhor qualificação do pré-natal no âmbito dos serviços de saúde,
sobretudo dos municípios do interior.
Reduzir custos e sequelas.
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3- METODOLOGIA:
A seguir, descrevem-se as etapas do projeto de intervenção, o qual será aplicado a
graduandos de enfermagem e medicina, assim como, a profissionais atuantes na rede de
atenção primária de saúde, que realizam a consulta de pré-natal.
MATERNIDADE JANUÁRIO CICCO:
Agendar apresentações dos resultados da pesquisa, tendo como público alvo: gestores,
professores, profissionais de saúde, estudantes da graduação e residentes.
Apresentar a proposta do curso de extensão intitulado: “Capacitando e enfrentando a
prematuridade” (Apêndice A).
SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE – NÚCLEO DE SAÚDE DA MULHER:
Realizar a apresentação do estudo, enfatizando a problemática da prematuridade no
estado do Rio Grande do Norte.
Discorrer da necessidade de capacitação dos profissionais que atuam na assistência
pré-natal.
Propor capacitação, através da plataforma do AVASUS, das principais intercorrências
encontradas na pesquisa (Apêndice A).
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4 – CRONOGRAMA:
Aspira-se que os dois cursos de capacitação sejam iniciados a partir do início do
segundo semestre de 2019, encontrando-se disponíveis por até três semestres, com
possibilidades de ser estendido de acordo com a necessidade.
AÇÕES: JUL/DEZ 2019 JAN/JUN 2020 JUL/DEZ 2020
CURSO DE EXTENSÃO X X X
CURSO DE EXTENSÃO À
DISTÂNCIA - AVASUS
X X X
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5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Diante do projeto apresentado, espera-se que haja um progresso na qualidade da
assistência prestada através do pré-natal, corroborando para que sejam realizadas intervenções
corretas e no tempo oportuno, com vistas a redução das intercorrências.
Através da mediação desse plano, ora proposto, com profissionais melhores
capacitados, decorrerá o grande objetivo de todo esse processo sugerido: atenuação dos casos
de partos prematuros e de gestações de alto risco. Consequentemente, a melhora dos
indicadores de saúde materno-infantil, com uma assistência mais adequada no nível primário,
que refletirá nos serviços secundário e terciário de saúde.
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6 - REFERÊNCIAS:
ARAÚJO FILHO, A. C. A. et al. Aspectos epidemiológico da mortalidade neonatal em
capital do Nordeste do Brasil. Revista Cuidarte., v.8, n.3, 2017. Disponível em:
<https://www.revistacuidarte.org/index.php/cuidarte/article/view/417/847>. Acesso em:
02out. 2017.
BEZERRA, J. C. Fatores associados ao parto prematuro em uma maternidade pública.
2019. Dissertação (Mestrado) – Escola de Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, Natal, 2019.
BRASIL. Ministério da Saúde. Atenção ao pré-natal de baixo risco. Brasília, DF: Editora
do Ministério da Saúde, 2013.
BRASIL. Ministério da Saúde. Gestação de alto risco – manual técnico. Brasília, DF:
Editora do Ministério da Saúde, 2010.
FRANÇA, E.; LANSKY, S. Mortalidade infantil neonatal no Brasil: situação, tendências e
perspectivas. In: ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS POPULACIONAIS, 16.,
2016, Belo Horizonte. Anais... Belo horizonte, 2016.Disponível em:
<http://www.abep.org.br/publicacoes/index.php/anais/article/view/1763/1723>. Acesso em:
21 jun. 2017.
MENETRIER, J. V.; ALMEIDA, G.Perfil epidemiológico de gestantes de alto risco com
parto prematuro em um hospital de referência. Revista Saúde e Pesquisa. Maringá, v.9, n.3,
2016.Disponívelem:<http://periodicos.unicesumar.edu.br/index.php/saudpesq/article/view/55
34/2926>. Acesso em: 21 ago. 2017.
NEVES SILVA, A. et al. Limites e possibilidades do ensino à distância (EaD) na educação
permanente em saúde: revisão integrativa. Revista Ciênc. Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v.
20, n. 4, 2015. Disponível em:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
81232015000401099&lng=en&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 08 abr. 2019.
PEREIRA, A. L. F. As tendências pedagógicas e a prática educativa nas ciências da saúde.
Cadernos de Saúde Pública. Rio de Janeiro, RJ, v.19, n. 5, 2003. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
311X2003000500031&lng=en&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em 20 mar. 2019.
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APÊNDICE A (DO PROJETO DE INTERVENÇÃO) - CURSO DE CAPACITAÇÃO
1 - TÍTULO DO CURSO: IMPLEMENTAÇÃO DE ESTRATÉGIAS QUE
CONTRIBUAM COM A REDUÇÃO DO PARTO PREMATUDO.
2 - COORDENADOR DO CURSO: Jean Carlos Bezerra.
3 - PÚBLICO ALVO:
3.1 - Graduandos de Medicina e Enfermagem: justifica-se a capacitação voltada para
este público, uma vez que boa parte dos profissionais que atuam em Equipes de Saúde
da Família e na atenção básica são de recém-formados, com pouca experiência
(ALVARENGA et al, 2018). Portanto, esses alunos serão os que atuarão nos serviços
de saúde em um futuro próximo.
3.2 – Enfermeiros e médicos atuantes em municípios do interior.
4 – LOCAL DE REALIZAÇÃO DO CURSO:
4.1 – Sala de aula na Maternidade Escola Januário Cicco.
4.2 – Ambiente Virtual de Aprendizagem do Sistema Único de Saúde (AVASUS).
5 – FORMAS DE FINANCIAMENTO DO CURSO:
O curso será custeado com recursos próprios, cadastrado como projeto de extensão e
de educação à distância na UFRN.
6 – PARCEIROS ENVOLVIDOS:
Docentes e profissionais de saúde da UFRN e EBSERH (Empresa Brasileira de
Serviços Hospitalares), sistema de informática da universidade, Maternidade Escola Januário
Cicco e Secretaria Estadual de Saúde.
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7 – JUSTIFICATIVA:
A prematuridade é responsável por cerca de 75% das mortes neonatais no Brasil e por
78,26% dos óbitos neonatais no Rio Grande do Norte, com uma percentagem dos nascimentos
variando de 9-12% no país, tendendo ao crescimento (MENETRIER; ALMEIDA, 2016;
TEIXEIRA, 2016). Pesquisa realizada por Bezerra (2019), no serviço da Maternidade Escola
Januário Cicco, mostrou uma alta percentagem de partos prematuros, com mulheres
apresentando-se com intercorrências na gestação possíveis de serem prevenidas ou
controladas. Além disso, as mulheres que proviam do interior e com gestações múltiplas
apresentavam uma maior prevalência de filhos prematuros, em relação às gestantes da Grande
Natal e com gestação única, respectivamente. Então, inferiu-se a necessidade de melhora na
assistência no pré-natal e elaborou-se um curso de extensão a ser ministrado a alunos da
UFRN e profissionais atuantes na atenção primária de saúde.
8 – OBJETIVO:
Reduzir complicações ou intercorrências na gestação e, por conseguinte, diminuir o
número de partos prematuros.
9 – TEMÁTICAS A SEREM ABORDADAS:
Tais assuntos propostos foram selecionados de acordo com as alterações mais
encontradas na amostra da pesquisa realizada por Bezerra (2019) e com os tópicos retirados
do manual técnico de gestação de alto risco, do Ministério da Saúde. Tais assuntos abordarão
conceito, epidemiologia, fisiopatologia, complicações, tratamento e conduta das seguintes
intercorrências:
Hipertensão gestacional.
Trabalho de parto prematuro.
Amniorrexe prematura.
Gestações múltiplas.
Infecção vaginal e do trato urinário.
Diabetes gestacional.
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10 – METODOLOGIA:
O curso será realizado na modalidade presencial e à distância. A carga horária será de
40 horas com abordagem problematizadora, por meio de: aulas expositivas, seminários,
leituras de textos, rodas de conversa. Enfatiza-se, ainda, que na modalidade à distância,
haverá adaptação dos recursos metodológicos que serão utilizados como, por exemplo, a
participação dos discentes em fóruns, chats, postando dúvidas e comentários.
11 – RECURSOS DIDÁTICOS:
Datashow, computador, textos e sistema de informática (AVASUS).
12 – AVALIAÇÃO:
A avaliação será de forma contínua, através da participação dos discentes nos
encontros, de forma crítica e construtiva. Também será realizado um pré-teste antes do início
do curso e um pós-teste ao final.
13 – REFERÊNCIAS:
ALVARENGA, E. C. et al.. Condições de trabalho de equipes de saúde da família do Pará.
Revista NUFEN, Belém, v. 10, n.1, 2018. Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2175-25912018000100005 Acesso em:
10 abr. 2019.
BEZERRA, J. C. Fatores associados ao parto prematuro em uma maternidade pública.
2019. Dissertação (Mestrado) – Escola de Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, Natal, 2019.
BRASIL. Ministério da Saúde. Atenção ao pré-natal de baixo risco. Brasília, DF: Editora
do Ministério da Saúde, 2013.
BRASIL. Ministério da Saúde. Gestação de alto risco – manual técnico. Brasília, DF:
Editora do Ministério da Saúde, 2010.
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ANEXO 1
FOLHA DE ROSTO
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ANEXO 2
PARECER DO CEP
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ANEXO 3
CARTA DE ANUÊNCIA