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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E SOCIEDADE MESTRADO PROFISSIONAL EM PRÁTICAS DE SAÚDE E EDUCAÇÃO JEAN CARLOS BEZERRA FATORES ASSOCIADOS AO PARTO PREMATURO EM UMA MATERNIDADE PÚBLICA NATAL/RN 2019

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...JEAN CARLOS BEZERRA FATORES ASSOCIADOS AO PARTO PREMATURO EM UMA MATERNIDADE PÚBLICA Trabalho de conclusão de curso apresentado

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

ESCOLA DE SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E SOCIEDADE

MESTRADO PROFISSIONAL EM PRÁTICAS DE SAÚDE E EDUCAÇÃO

JEAN CARLOS BEZERRA

FATORES ASSOCIADOS AO PARTO PREMATURO EM UMA MATERNIDADE

PÚBLICA

NATAL/RN

2019

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JEAN CARLOS BEZERRA

FATORES ASSOCIADOS AO PARTO PREMATURO EM UMA

MATERNIDADE PÚBLICA

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao

Programa de Pós-Graduação em Saúde e

Sociedade, Escola de Saúde, da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, como

requisito para a obtenção do título de Mestre

em Saúde e Sociedade.

Área de concentração: Saberes e Práticas em

Saúde e Educação.

Orientadora: Profa. Dra. Simone Pedrosa

Lima.

NATAL/RN

2019

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Bezerra, Jean Carlos.

Fatores associados ao parto prematuro em uma maternidade

pública / Jean Carlos Bezerra. - 2019. 97f.: il.

Dissertação (Mestrado)-Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Escola de Saúde, Programa em Pós-Graduação em Saúde e Sociedade, Natal, 2019.

Orientadora: Dra. Simone Pedrosa Lima.

1. Parto prematuro - Dissertação. 2. Fatores - Dissertação. 3.

Mulheres - Dissertação. I. Lima, Simone Pedrosa. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 618.3

Elaborado por Raimundo Muniz de Oliveira - CRB-15/429

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FATORES ASSOCIADOS AO PARTO PREMATURO EM UMA

MATERNIDADE PÚBLICA

Dissertação de Mestrado Profissional apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde e

Sociedade, Escola de Saúde, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como

requisito para obtenção do título de Mestre em saúde e Sociedade.

Aprovada em: __ de ___________ de 2019, pela banca examinadora.

Presidente da banca:

__________________________________________________________

Profª Drª Simone Pedrosa Lima

Orientadora – UFRN

Banca Examinadora:

_________________________________________________________

Profº Dr Wilton Rodrigues Medeiros

Avaliador - UFRN

________________________________________________________

Profª Drª Rosângela Diniz Cavalcante

Avaliadora UERN

_________________________________________________________

Profª Drª Izaura Luzia Silverio Freire

Avaliadora UFRN

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por sempre estar comigo.

Aos meus pais, que sempre se esforçaram para me dar educação, escolar e familiar, ensinando

valores importantes para condução de um mundo melhor.

Aos meus irmãos, que os tenho muita admiração.

À minha família, pelos conselhos e ensinamentos em toda a minha vida.

À minha esposa, Talita, pela compreensão e ajuda (sempre).

Às minhas duas filhas, Ana Lívia e Maria Clara, meus dois maiores amores nessa Terra.

Aos meus sogros que sempre estão dispostos a nos ajudar na concretização dos nossos

sonhos.

À minha orientadora profª Simone Pedrosa que sempre me ajudou e me acalmava nos meus

momentos de ansiedade.

Ao prof. Wilton pela contribuição e ajuda no trabalho, além de participar das duas bancas

(defesa da dissertação e qualificação).

Às outras três pessoas das duas bancas que contribuíram nesse processo, profª Maria de

Lourdes (banca de qualificação), Rosângela Cavalcante (banca de defesa) e Izaura Luzia

(banca de defesa).

Aos meus colegas de mestrado pelos momentos de estudos, estresse, ansiedade e também

diversão.

A todos que fazem o Mestrado Profissional em Práticas de Saúde, a coordenação, secretaria,

bolsistas, auxiliares, professores, aquela senhora do café (como ajudava em um pós-plantão!);

enfim, todos.

Aos meus colegas enfermeiros que sempre indicavam e ajudavam onde encontrar mulheres

para a minha pesquisa.

Aos meus outros colegas de trabalho que torceram por esse sucesso e sempre estão ajudando

no melhor para as mulheres.

Às pacientes por terem sido mediadoras dessa construção profissional.

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O amor é o dom supremo

Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como

bronze que soa ou como o címbalo que retine.

Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência;

ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei.

E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda entregue o meu

próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará.

O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se

ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se

exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a

verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

O amor jamais acaba; mas, havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas,

cessarão; havendo ciência, passará; porque, em parte, conhecemos e, em parte, profetizamos.

Quando, porém, vier o que é perfeito, então, o que é em parte será aniquilado.

Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como

menino; quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino.

Porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente; então, veremos face a face.

Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido.

Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é

o amor.

(I Cotintios, 13).

Dedico este trabalho, com todo meu amor, a minha

família, especialmente Talita (minha esposa), Ana

Lívia e Maria Clara (minhas filhas).

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RESUMO

O presente estudo teve como objetivo verificar os fatores relacionados ao parto prematuro. A

pesquisa foi analítica, de corte transversal e de abordagem quantitativa. Desenvolvida em uma

maternidade pública da cidade de Natal, com uma amostra de 300 mulheres, sendo aplicado

um questionário no período de julho a outubro de 2018. Os dados foram analisados por meio

da regressão Poisson com variância robusta para se estimar a Razão de Prevalência (RP). No

modelo múltiplo considerou-se as variáveis que tiveram um valor de p<0,20, na análise

bivariada realizada por meio do teste na regressão de Poisson e permaneceram no modelo as

variáveis com p<0,05. Da amostra total, cabe destacar que a maior parte foi de adultas

(86,7%), proviam da Grande Natal (53,5%), são da zona urbana (77,3%), têm boa

escolaridade (52,7%), são do lar (52,3%), não são da cor branca (75,7%), baixo poder

aquisitivo, tinham poucas comorbidades anteriores à gestação (adequado dizer da hipertensão

e tabagismo), a maior parte era multíparas (68,3%). Em relação ao pré-natal, apesar do

número de consultas e do início adequado, o acesso aos exames laboratoriais foi aquém do

recomendado. No que tange ao acesso, 45% das mulheres quando chegam ao serviço ficam

alojadas no corredor, 59,4% têm um parto cesáreo, 96,1% gestação única e 39,3% dos

nascimentos são prematuros. Várias foram as intercorrências na gestação na amostra

pesquisada, mas a hipertensão gestacional, infecção urinária e ameaça de trabalho de parto

prematuro foram as mais encontradas. Por sua vez, a prevalência de partos prematuros em

mulheres do interior foi 54% (RP=1,54) maior que naquelas com residência na Grande Natal.

Assim como, foi 86% (RP=1,86) maior dentre as mulheres que tiveram gestações múltiplas

em relação àquelas que tiveram gestação única. Diante dos achados, o estudo resultou em um

projeto de intervenção que será executado na instituição em que foi realizada a pesquisa como

também em nível de Secretaria Estadual de Saúde, com vistas à redução dos partos

prematuros.

Palavras-chave: Parto prematuro. Fatores. Mulheres.

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ABSTRACT

The present study aimed to verify the factors related to premature birth. The research was

analytical, cross - sectional and quantitative. It was developed in a public maternity hospital in

the city of Natal, with a sample of 300 women, and a questionnaire was applied from July to

October 2018. Data were analyzed using Poisson regression with robust variance to estimate

the Prevalence Ratio (RP). In the multiple model we considered the variables that had a value

of p <0.20, in the bivariate analysis performed by means of the Poisson regression test and the

variables with p <0.05 remained in the model. Of the total sample, it is noteworthy that the

majority were adults (86,7%), from Natal (53,5%), from the urban zone (77,3%), have good

schooling (52,7%), are from the home (52,3%), are not white (75,7%), have low purchasing

power, had few comorbidities prior to gestation (adequate say of hypertension and smoking),

most were multiparous (68,3%). Regarding prenatal care, despite the number of visits and

adequate prenatal initiation, the access to the laboratory tests was lower than recommended.

As far as access is concerned, 45% of women arriving at the service are housed in the

corridor, 59.4% have a cesarean delivery, 96.1% are single gestations and 39.3% of births are

premature. There were several intercurrences during pregnancy in the sample studied, but

gestational hypertension, urinary tract infection and threat of preterm labor were the most

frequent. In turn, the prevalence of preterm births in inland women was 54% (PR = 1.54)

higher than those with residence in Great Natal. As well as, it was 86% (PR = 1.86) higher

among women who had multiple pregnancies compared to those who had only one gestation.

In view of the results, the study resulted in an intervention project that will be carried out at

the institution where the research was carried out as well as at the State Health Secretariat

level, with a view to reducing premature births.

Keywords: Premature birth. Factors. Women.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Valores de frequência absolutos e relativos da amostra, segundo fatores individuais

e características socioeconômicas. Natal, 2019....................................................................... 37

Tabela 2: Valores de frequência absolutos e relativos da amostra, segundo presença e ausência

de comorbidades e uso de tabaco antes da gestação atual. Natal, 2019....................................38

Tabela 3: Valores de frequência absolutos e relativos da amostra, segundo as variáveis

relacionadas à história reprodutiva. Natal, 2019...................................................................... 39

Tabela 4: Valores de frequência absolutos e relativos da amostra, segundo os fatores

relacionados à gestação atual. Natal, 2019...............................................................................41

Tabela 5: Valores de frequência absolutos e relativos das principais intercorrências

encontradas nas entrevistadas que pariram prematuros. Natal, 2019...................................... 45

Tabela 6: Valores absolutos e percentuais, significância estatística do teste de associação, RP

e seu intervalo de confiança para cada variável selecionada. Natal, 2019................................46

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LISTA DE SIGLAS

AU Altura Uterina

BCF Batimentos Cardiofetais

CAAE Certificado de Apresentação para Apreciação Ética

CEP Comitê de Ética em Pesquisa

DNCr Departamento Nacional da Criança

DNV Declaração de Nascido Vivo

DO Declaração de Óbito

DST Doença Sexualmente Transmissível

DUM Data da última menstruação

EBSERH Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares

ECU Exame Comum de Urina

GEP Gerência de Ensino e Pesquisa

Hb Hemoglobina

HIV Vírus da Imunodeficiência Humana

HUOL Hospital Universitário Onofre Lopes

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IG Idade Gestacional

IRAs Infecções Respiratórias Agudas

MEJC Maternidade Escola Januário Cicco

MS Ministério da Saúde

NIC Neoplasia Intra-epitelial Cervical

NOAS Normas Operacionais de Assistência à Saúde

NOB Norma Operacional Básica

OMS Organização Mundial de Saúde

PA Pressão Arterial

PAISC Programa de Assistência Integral à Saúde da Criança

PAISM Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher

PHPN Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento

PSMI Programa de Saúde Materno Infantil

RAS Rede de Atenção à Saúde

RN Recém-Nascido

RNPT Recém-Nascido Pré-Termo

RP Razão de Prevalência

SINASC Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos

SIM Sistema de Informações sobre Mortalidade

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SUS Sistema Único de Saúde

TALE Termo de Assentimento Livre e Esclarecido

TCC Trabalho de Conclusão de Curso

TCLE Termo de Consentimento Livre de Esclarecido

TPP Trabalho de Parto Prematuro

UBS Unidade Básica de Saúde

UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte

USG Ultrassonografia

UTIN Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

VDRL Venereal Disease Research Laboratory

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 11

2 OBJETIVOS........................................................................................................ 14

2.1 OBJETIVO GERAL .............................................................................................. 14

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................................ 14

3 REVISÃO DE LITERATURA............................................................................ 15

3.1 ASPECTOS CONCEITUAIS E EPIDEMIOLÓGICOS RELACIONADOS AO

PARTO PREMATURO......................................................................................... 15

3.2 POLÍTICAS DE SAÚDE DA MULHER E DA CRIANÇA – DO SÉCULO XX

À REDE CEGONHA ............................................................................................ 17

3.3 ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO AO PARTO PREMATURO E

PROMOÇÃO DA SAÚDE ................................................................................... 23

4 METODOLOGIA................................................................................................ 27

4.1 TIPO DE ESTUDO................................................................................................ 27

4.2 LOCAL DE ESTUDO............................................................................................ 27

4.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA................................................................................ 28

4.3.1 Critérios de Inclusão............................................................................................ 28

4.3.2 Critérios de Exclusão............................................................................................ 28

4.4 PROCEDIMENTO PARA COLETA DE DADOS .............................................. 29

4.5 INSTRUMENTO.................................................................................................... 29

4.6 VARIÁVEIS........................................................................................................... 29

4.7 CONSIDERAÇÕES ÉTICO-LEGAIS................................................................... 35

4.8 ANÁLISE DE DADOS.......................................................................................... 36

4.9 RISCOS E BENEFÍCIOS/RESULTADOS ALCANÇADOS............................... 36

5 RESULTADOS..................................................................................................... 37

5.1 DESCRIÇÃO DA AMOSTRA ............................................................................. 37

5.2 ANÁLISE INFERENCIAL.................................................................................... 46

5.3 DISCUSSÃO.......................................................................................................... 47

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................... 54

REFERÊNCIAS................................................................................................... 56

APÊNDICES......................................................................................................... 63

PROJETO DE INTERVENÇÃO (APÊNDICE G)........................................... 79

ANEXOS................................................................................................................ 92

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1 INTRODUÇÃO

A saúde como direito de todos e dever do Estado é garantida por meio da Constituição

e das Leis Orgânicas da Saúde ou através dos pactos realizados entre as diversas instâncias

governamentais. As referidas leis destacam a saúde da mulher como uma das mais

importantes a serem focalizadas pelos gestores e profissionais de saúde, em virtude de ainda

persistirem diversos problemas possíveis de prevenção (BRASIL, 1988, 2006). No entanto,

ainda têm-se taxas de mortalidade materna e infantil elevadas, ocasionadas por várias

patologias como: doenças hipertensivas da gestação, infecções pré-natais ou puerperais e

hemorragias.

Salienta-se que o Pacto pela Vida, de 2006, coloca como uma das prioridades a

redução da mortalidade infantil, neonatal e materna (BRASIL, 2006). A própria Portaria

1459, do Ministério da Saúde (MS), assegura a consolidação e melhora ao atendimento à

mulher no ciclo gravídico, parto e puerpério, além da inclusão ao nascimento seguro, livre de

complicações e sequelas (BRASIL, 2011a).

O parto prematuro no mundo representa cerca de 7,2% dos nascimentos, enquanto

que, a média apresentada no Brasil chega a 9,2%, ficando em décimo lugar no mundo entre os

países que mais nascem prematuros. Apesar do alto grau de desenvolvimento nos países ricos,

a incidência de parto prematuro é 7-12%, portanto, se constitui em um grave problema de

saúde mundial (TABILE et al., 2016). Anualmente, na América Latina, nascem cerca de 12

milhões de crianças anualmente e destas, 135.000 morrem por prematuridade, com uma taxa

de 11,5 por 1000 nascidos vivos (MAYORGA et al., 2012).

Fazendo um comparativo com a mortalidade infantil, nota-se que esta tem mostrado

uma tendência de queda ao longo das últimas décadas no Brasil, entretanto, a mortalidade

neonatal não tem acompanhado a mesma proporção, sendo esta, atualmente, o principal

componente da mortalidade infantil. Araújo Filho (2017) relata que a mortalidade neonatal é

responsável por cerca de 70% da mortalidade infantil no país, sendo a prematuridade a

principal causa de óbito neonatal em todas as regiões do Brasil; indicando problemas na

assistência relacionados ao pré-natal, durante o parto e ao próprio recém-nascido (FRANÇA;

LANSKY, 2016).

Além do próprio trabalho de parto prematuro, há intercorrências na gestação que

provocam a indicação de uma intervenção obstétrica no pré-termo, como alterações no bem-

estar fetal, síndromes hipertensivas, alterações no líquido amniótico, hemorragias, e muitas

delas são passíveis de prevenção (MENETRIER; ALMEIDA, 2016).

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12

O nascimento prematuro, recorrente vezes, está associado à hospitalização do seu RN,

devido a problemas de saúde que este pode apresentar. A hospitalização é um período

complicado e angustiante, pois se espera que os cuidados e a relação possam estar

prejudicados, sobretudo se essas crianças estiverem internadas em uma Unidade de Terapia

Intensiva Neonatal (UTIN). Esse binômio é separado: com os pais sendo obrigados a ficarem

“distantes” dos cuidados de sua prole (BASEGGIO et al., 2017). Além disso, como é

conhecimento de todos, que cuidados e intervenções de alta complexidade demandam gastos

financeiros elevados, onerando em muito o Sistema de Saúde; ainda, na maior parte dos casos,

essas mulheres são obrigadas a ficar acompanhando seus filhos, apesar da alta obstétrica,

ocupando dois leitos, o da UTI e o da enfermaria. Quando esses recém-nascidos recebem alta

da UTI, é necessário permanecerem em enfermarias até terem peso e melhora clínica

adequada para a alta do neonato, pelo risco de irem para suas residências, conforme é visto na

rotina diária de trabalho do autor do presente estudo.

França e Lansky (2016), discorrem que, apesar das causas de morte materna, peri e

neonatal serem distintas, as condições de assistência à mulher podem beneficiar

simultaneamente a mulher e a criança. Então, são necessários esforços em obstetrícia e

neonatologia para o enfrentamento dessa questão.

Desse modo, há necessidade de melhora da qualidade na assistência à saúde das

mulheres, com um pré-natal acessível e resolutivo, com um provimento de leitos de

maternidades para a mulher e para os possíveis RNs graves, conforme recomendações da

literatura, como as portarias 930 e 4279, do Ministério da Saúde (BRASIL, 2010; 2012a).

Outrossim, torna-se necessário condições que promovam a prevenção primária e um

planejamento adequado de recursos para recuperação do grupo em estudo, com o mínimo de

sequelas. Para promovê-la, é preciso conhecer características peculiares da população afetada,

possibilitando uma intervenção efetiva. Sabe-se que as populações são diferentes de uma

região para outra, então, faz-se necessário conhecê-los em diferentes locais para que também

se possa fazer um planejamento tanto da atenção básica como secundária ou terciária, em

virtude dessas características. Inclusive, Oliveira et al. (2015, p. 01), colocam a pesquisa

epidemiológica como “alicerce para avanços nos cuidados da saúde humana”.

Barata (2008) relata a importância de se conhecer os perfis dos grupos populacionais

como forma de se direcionar a tomada de decisão no âmbito da formulação e implementação

das políticas de saúde. Conhecer as necessidades de saúde da população é fundamental para o

planejamento dos recursos necessários, sejam materiais, humanos ou financeiros. Ele, ainda,

relata que os modos de vida dos grupos populacionais produzem determinadas formas de

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13

adoecer, variando de sociedade para sociedade, de classe social para outra, entre famílias e

também entre as pessoas.

No que tange à população materno infantil, dados epidemiológicos agrupados

fornecem informações como idade, mortalidade, história de gestações anteriores e da atual,

idade de nascimento, meio social inserido, dentre outros. Ressalta-se que os conhecimentos

obtidos por meio dessas informações são essenciais para o planejamento de uma assistência

individual e coletiva, além de possibilitar a compreensão das necessidades especiais e

específicas de cada grupo, de forma que os cuidados possam ser planejados para uma

intervenção mais sistematizada (OLIVEIRA et al., 2015).

Nesse sentido, no decorrer das atividades profissionais em uma maternidade escola,

observou-se que havia um número importante de mulheres internadas com o diagnóstico de

Trabalho de Parto Prematuro (TPP), com muitas tendo seus neonatos prematuros, ou então, os

partos eram realizados em função do risco de morte para as grávidas ou ao próprio feto. No

entanto, apesar de todas essas intervenções e do trabalho realizado junto a essa população, não

se conhecia essas clientes de forma sistematizada, nem o planejamento das ações é feito em

função dessa população. Então, surgiu o questionamento da pesquisa: Quais os fatores

associados ao parto prematuro em maternidade pública?

Considerando que o estudo foi realizado em um serviço de referência no estado, o

estudo, ora proposto, poderá subsidiar o planejamento das ações em saúde, tanto no próprio

serviço, quanto nas regiões/municípios de onde essas mulheres e/ou neonatos são oriundos.

Com o conhecimento das características dessas mulheres e sabendo-se os fatores

associados ao parto prematuro, é possível avaliar a atenção pré-natal na atenção básica e

secundária, bem como é possível desenvolver um planejamento a ser utilizado tanto na

atenção básica, auxiliando a rede regionalizada e melhorando, por conseguinte, a assistência

na própria maternidade.

Diante da problemática exposta e observada, foi feito um projeto, submetido ao comitê

de ética em pesquisa e durante um período de quatro meses, realizou-se a coleta de dados,

tabulou-se e analisou-se para o alcance total dos objetivos, conforme estará descrito na

metodologia.

Em suma, essa é uma pesquisa epidemiológica que revelou alguns dados que mostram,

de certa forma, algumas surpresas, outras nem tanto.

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14

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Verificar os fatores relacionados ao parto prematuro em uma maternidade pública.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1. Estimar a prevalência de partos prematuros em uma maternidade pública;

2. Identificar a associação entre os fatores individuais da genitora com a ocorrência do

parto prematuro;

3. Verificar a associação entre os antecedentes ginecológicos e obstétricos e a

ocorrência de partos prematuros.

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15

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 – ASPECTOS CONCEITUAIS E EPIDEMIOLÓGICOS RELACIONADOS AO PARTO

PREMATURO

O parto prematuro se apresenta como um dos principais problemas de saúde pública

atual, pois, apesar da melhora dos indicadores epidemiológicos na saúde materno infantil, a

prevalência dos partos pré-termos permanece com uma percentagem elevada, com regiões

tendendo, inclusive ao crescimento. No mundo, é responsável por 7,2% dos nascimentos e no

nosso país prevalece uma percentagem de 9,2% (TABILE et al., 2016).

A mortalidade neonatal é responsável por cerca de 70% da mortalidade infantil do

Brasil, sendo a prematuridade o grande responsável por essa causa de óbito (ARAÚJO

FILHO, 2017).

Lansky et al. (2014) analisando o perfil da mortalidade neonatal no Brasil, colocam

uma taxa de 11,1 óbitos por mil nascidos vivos, sendo a região Nordeste responsável por

38,3% dessas mortes. Estudo mais recente relata que a morbidade e mortalidade decorrem

principalmente da prematuridade, sendo responsável por 75% das mortes neonatais; diz ainda

que a média dos partos prematuros no país é de 12,3% e no Nordeste a taxa gira em torno de

14,7% (MENETRIER; ALMEIDA, 2016). No Rio Grande do Norte a prevalência é de 13,59,

sendo a prematuridade responsável por 78,26% das mortes neonatais neste estado

(TEIXEIRA, 2016).

Em nível mundial, a prematuridade e suas complicações se situam em segundo lugar

dentro das principais causas de mortes em menores de cinco anos, com 14%, superado apenas

pela pneumonia, com 18% (MAYOGA, 2012).

A Organização Mundial de Saúde (OMS), em 1961, conceituou recém-nascido (RN)

prematuro como aquele com menos de 37 semanas de gestação, contados a partir do primeiro

dia da última menstruação. Tabile et al. (2016) reafirma esse conceito e ainda subdivide a

prematuridade de acordo com a Idade Gestacional (IG), como prematuridade moderada (RNs

nascidos entre 32 e 36 semanas de IG), prematuridade acentuada (IG entre 28 e 31 semanas) e

prematuridade extrema (abaixo de 28 semanas de gestação). Menetrier e Almeida (2016)

corroboram com outros autores que conceituam que prematuro é o parto que ocorre entre 22 e

37 semanas incompletas de gestação. Guimarães et al. (2017) ainda conceitua que o parto

prematuro é aquele em que o nascimento ocorre antes de 37 semanas de gestação. Teixeira

(2015) ainda diz que diante de uma Data de Última Menstruação (DUM) desconhecida, essa

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16

idade gestacional pode ser calculada através de exames físicos ou de uma ultrassonografia de

primeiro trimestre.

Apesar da prevalência elevada, houve grandes avanços nas últimas décadas com um

aumento da sobrevida sem sequelas nessas crianças, sobretudo pelo desenvolvimento de

surfactante pulmonar sintético, uso de corticoides administrados em gestantes de risco para

um parto prematuro, além dos avanços em cuidados e intervenções nas unidades de terapia

intensiva (SOUSA, 2016).

No entanto, apesar dos avanços no que tange ao tratamento e aos cuidados a esses

neonatos, autores discorrem que as crianças que nasceram prematuras apresentam um

desenvolvimento psicomotor menor em relação às outras que nasceram a termo, necessitando

de cuidados especializados, tanto no período neonatal quanto na sua vida escolar (TABILE et

al., 2016). E ainda, “em decorrência da exposição a diversos fatores de risco para lesões

neurológicas, é esperado que os recém-nascidos pré-termos (RNPT) apresentem atraso no

desenvolvimento neuropsimotor, comprometimento das habilidades motoras, cognitivas,

perceptuais, de linguagem” (OLIVEIRA et al., 2015, p.29).

A prematuridade pode ser consequência de uma indicação obstétrica para um parto,

pelo risco materno (doenças hipertensivas, deslocamento prematuro de placenta) ou fetais

(restrição do crescimento intrauterino, sofrimento fetal), representando uma percentagem de

25% (SOUSA, 2016).

Em contrapartida, o parto prematuro espontâneo representa 75%, sendo causadas por

um ou vários fatores, destacando-se fatores individuais, socioeconômicos, biológicos

(SOUSA, 2016). Ferraresi e Arrais (2016) discorrem que idade materna avançada, gravidez na

adolescência, condições socioeconômicas desfavoráveis, baixa escolaridade, número elevado

de partos, doença obstétrica na gestação, má qualidade do pré-natal, intercorrências clínicas

na gestação como causadores de um nascimento antes da idade gestacional esperada. Costa et

al. (2014) também enfatizam condições socioeconômicas desfavoráveis como um

determinante decisivo, além dos distúrbios obstétricos, fetais e clínicas da mãe.

Reis (2014), diz que podem ser múltiplas as causas, em que cita baixas condições

econômicas, desnutrição, gestação nos extremos etários (menor de 14 e maior de 35 anos de

idade), excesso de trabalho na gestação, tabagismo, doenças maternas agudas ou crônicas

(especialmente pulmonar e cardíaca), gestação múltipla, pré-eclâmpsia, oligodrâmnio,

incompetência istmo cervical, descolamento prematuro da placenta, ruptura prematura das

membranas e indicação inadequada de cesárea. Discorre, ainda, que são crianças que

apresentam potenciais problemas de saúde, em comparativo com os que nasceram a termo,

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além de ser uma população que necessitam de cuidados especiais, quer sejam pelos

profissionais de saúde, quer sejam pelos familiares.

Teixeira (2015) em seu trabalho de conclusão de mestrado ressalta, além dos fatores já

citados, ainda a infecção urinária, vaginose bacteriana, infecção intrauterina (corioamnionite),

gravidez gemelar, sobre distensão uterina (em má formação uterina, polidrâmnio),

sangramento vaginal, doenças maternas (endocrinopatias, hipertensão), distúrbios hormonais.

Por fim, um parto prematuro pode acontecer por um ou múltiplos fatores, sendo

diretamente relacionado a causas gestacionais maternas e condições socioeconômicas

desfavoráveis (OLIVEIRA et al., 2015) e por ser uma problemática de importante magnitude,

carece de estudos, para melhora dos indicadores de saúde dos grupos em questão.

3.2 POLÍTICAS DE SAÚDE DA MULHER E DA CRIANÇA – DO SÉCULO XX À REDE

CEGONHA

As políticas de saúde no Brasil foram construídas ao longo de várias décadas (se não

séculos), recebeu várias nomenclaturas e por diversas gestões. A mulher e a criança ocupam,

ainda, uma posição social excludente e discriminatória e essas políticas também foram

construídas, ao longo dos tempos, baseados nesta situação (CASSIANO et al., 2014).

Apesar dessa exclusão, são perceptíveis, na literatura, vários projetos de intervenções

para melhora dos dados e indicadores de saúde/doença deste grupo. Foram incorporadas às

políticas de saúde nas primeiras décadas do século XX, no entanto, estavam resumidas às

demandas da gravidez e ao parto, sendo que entre 1937 e 1945, no Estado Novo, ocorre a

implantação do primeiro programa relativo à saúde materno-infantil. No entanto, estas

atividades eram voltadas apenas para normatizar o atendimento à mulher e ao filho e

combater a mortalidade infantil, sem incluir questões à reprodução (BRASIL, 2011b;

CASSIANO et al., 2014).

No governo Getúlio Vargas, era defendido que a reprodução humana seria mais

importante para a sociedade do que para o indivíduo: o Estado e a mulher tinham a função de

melhorar a raça humana para se ter homens cada vez mais sadios e com condições para

promover o crescimento e desenvolvimento do capital financeiro do país. Fazendo um

paralelo com o movimento histórico, vivido no mundo nessa época, transcorria a ideia de uma

raça humana superior, de “mais força”, em relação às demais. Então, a assistência

educacional, sanitária e de saúde voltada à mulher e à criança, caminham no sentido de

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promover um país forte e rico, com homens e mulheres sadios, que pudessem contribuir para

tal (CASSIANO et al., 2014).

A coordenação dessas políticas acontecia pelo Departamento Nacional da Criança

(DNCr), atuando em ações que promovessem a queda da mortalidade infantil, melhorar o pré-

natal e promover bons hábitos de higiene, através do reforço alimentar materno e infantil,

ensino de cuidados às crianças para as mães, merenda escolar e do ensino de práticas de

higiene. Apesar dessas atividades, não se alcançou os objetivos pretendidos, já que a

mortalidade materno-infantil não caiu como o esperado e permaneceram problemas de ordem

sanitária e de higiene, além da manutenção da pobreza e da grave concentração de renda

(CASSIANO et al., 2014).

Essas atividades eram essencialmente planejadas de uma forma verticalizada, com a

falta de integração com outros programas e ações do próprio governo, iniciadas no governo de

Getúlio e persistindo até durante o governo militar. As metas e o planejamento eram definidos

pelo nível central, sem qualquer avaliação das necessidades de saúde das populações locais,

sem conhecimento da epidemiologia da população a ser atendida. Diante disso, observa-se

uma assistência fragmentada, centrada na mulher no ciclo gravídico puerperal e na doença

(BRASIL, 2011b; ARAÚJO et al., 2014).

No governo dos militares, há uma intensificação ainda maior na forma individualizada

de assistir às pessoas, com ações voltadas exclusivamente para a cura de doenças. Na saúde da

mulher e da criança nesta época, em 1975, há a implantação do Programa de Saúde Materno

Infantil (PSMI), tendo dois focos de atuação: intervenção médica sobre o corpo feminino

através da operação cesariana e a esterilização como método contraceptivo mais adequado; a

segunda meta era a redução da mortalidade materna e infantil. De certa forma, esse governo

conseguiu reduzir a mortalidade infantil de 100 para 82,9 por mil, de 1975 até 1980 e também

a taxa de natalidade caiu de forma considerável (CASSINO et al., 2014).

É a partir das lutas dos movimentos sociais e na busca da Reforma Sanitária, a partir

da década de 70, que culmina com a criação do Programa de Assistência Integral à Saúde da

Mulher (PAISM), em 1984. Este programa inseriu como princípios e diretrizes a

descentralização, hierarquização, regionalização, integralidade, equidade, num período que

coincide com o movimento pela Reforma Sanitária e que serviram de base para a formulação

do Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 2011b; CASSIANO et al., 2014).

O novo programa para a saúde da mulher incluía ações educativas

preventivas, de diagnóstico, tratamento e recuperação, englobando a

assistência à mulher em clínica ginecológica, no pré-natal, parto e puerpério,

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no climatério, em planejamento familiar, DST, câncer de colo de útero e de

mama, além de outras necessidades identificadas a partir do perfil

populacional das mulheres (BRASIL, 1983 apud BRASIL, 2011b, p.14).

No tocante a saúde da criança, é em 1984 que ocorre a criação do Programa de

Assistência Integral à Saúde da Criança, também baseado nos moldes do PAISM. É nessa

época em que ocorre a primeira “divisão” entre a saúde da mulher e da criança, que até então,

eram tratadas de forma conjuntas:

O sistema de saúde no Brasil, por muitos anos, manteve a saúde da criança

interligada à saúde materna pela Política de Atenção à Saúde Materno-

Infantil. A partir de 1984, o Brasil implantou o Programa de Assistência

Integral à Saúde da Criança (PAISC) como estratégia de enfrentamento às

adversidades nas condições de saúde da população infantil, especificamente

no que se refere à sua sobrevivência. Foi criado com o objetivo de promover

a saúde, de forma integral, priorizando crianças pertencentes a grupos de

risco e procurando qualificar a assistência e aumentar a cobertura dos

serviços de saúde. As ações abrangiam acompanhamento do crescimento e

desenvolvimento; incentivo ao aleitamento materno; controle das doenças

diarreicas e das Infecções Respiratórias Agudas (IRAs) e a imunização

(ARAÚJO et al., 2014, p. 1003).

Esses programas tiveram forte influência, como já foi dito, pelas ideias e conceitos do

processo de construção do SUS e da própria cidadania, que foram consolidados pela

Constituição Federal de 1988, Lei 8080 e Lei 8142, além das Normas Operacionais Básicas

(NOBs) e Normas Operacionais de Assistência à Saúde (NOAS) (BRASIL, 2011b).

Além disso, vale salientar a criação do Programa de Humanização do Pré-Natal e

Nascimento (PHPN), que tinha função de reorganizar (mais uma vez) a assistência e integrar

o pré-natal ao parto e ao puerpério, além da expansão do acesso das mulheres aos serviços de

saúde e a garantia da qualidade da assistência (BRASIL, 2012a). O PHPN foi implantado com

a função primordial de reduzir a morbimortalidade materna e neonatal, com um atendimento

humanizado, com melhoria ao acesso, à cobertura e a qualidade do acompanhamento do pré-

natal, da assistência ao parto e ao puerpério das gestantes e do recém-nascido (CASSIANO et

al., 2014). Neste contexto, ver-se, novamente, que agora a política de assistência inclui a

mulher e o seu neonato de forma conjunta, e não separadamente.

Em 2004, o Ministério da Saúde (MS) lançou a Agenda de Compromissos para a

Saúde Integral da Criança e Redução da Mortalidade Infantil, com o objetivo de promover um

nascimento, o crescimento e desenvolvimento saudáveis, combater os distúrbios nutricionais e

às doenças próprias da infância. O Ministério da Saúde propunha linhas de cuidado, que

permitissem uma visão mais abrangente dos usuários, em todas as dimensões, inserido em um

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meio, transformando e sendo transformado por ele. Esta agenda, novamente, tenta organizar e

promover uma assistência mais integral, de forma que a rede de assistência funcione e se

articule nos três níveis de atenção: primário, secundário e terciário (ARAÚJO et al., 2014).

Ainda em 2004, em março, é lançado o Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade

Materna e Neonatal, tendo como meta principal reduzir essas mortes em 5% ao ano. Os

princípios deste pacto enfatizam o respeito aos direitos humanos de mulheres e crianças;

consideram as questões de gênero, dos aspectos de etnia e de desigualdades sociais e

regionais; relatam a política de investimentos na melhoria da atenção obstétrica e neonatal;

ampla mobilização e participação de gestores e de organizações sociais. Além disso, nesse

pacto há uma discussão e preocupação pela elevada taxa de operações cesarianas no Brasil,

tanto no serviço público quanto privado de saúde, com um risco maior de complicações

(BRASIL, 2004 apud CASSIANO et al., 2014).

Em 2009, com intuito de regulamentar a coleta de dados, fluxo e periodicidade de

envio de informações sobre nascidos vivos e óbitos, é publicada a Portaria 116, do Ministério

da Saúde. Considerada de suma importância para se ter dados mais consolidados e fidedignos

sobre os nascimentos e mortes, pois agora tais informações são bem sistematizadas em

documentos-padrão e deverão obedecer a um fluxo correto e serem informatizadas. Diante da

melhora do Sistema Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC) e Sistema de Informação de

Mortalidade (SIM) se tem, agora, informações concretas para planejamento de ações

(BRASIL, 2009).

Em 2010, através da Portaria 4279, de 30 de dezembro de 2010, discorre que, apesar

dos avanços nas últimas décadas, ainda persistem os problemas de saúde reprodutiva, com

mortes maternas e infantis por causas evitáveis. Nesse processo, o desenvolvimento da Rede

de Atenção à Saúde (RAS) é reafirmado como estratégia de reestruturação do sistema de

saúde, como uma forma de organização, com melhora na qualidade e resolutividade na

atenção, de forma a garantir os direitos constitucionais (BRASIL, 2010).

Ainda fazendo um breve relato sobre a importância das redes regionalizadas e de se

conhecer a população, o próprio SUS discorre sobre a importância da regionalização para

garantia dos princípios e diretrizes, se reforça a função do processo de regionalização como

garantia dos princípios e diretrizes desse Sistema. A portaria 3390, de 30 de dezembro de

2013, que institui a política nacional de atenção hospitalar, em seu quarto artigo diz que o

“perfil assistencial devem ser definidos conforme o perfil demográfico e epidemiológico da

população e de acordo com o desenho da RAS loco-regional”. Ainda nesta portaria, a Rede de

Atenção à Saúde seria a malha “que integra os diversos pontos de atenção (...), organizando-

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se sistematicamente para que os diferentes níveis e densidades tecnológicas estejam

articulados e adequados de forma regulada para o atendimento ao usuário” (BRASIL, 2013a,

p.02).

Diante do breve histórico apresentado, nota-se que foram criados vários programas e

propostas, com o intuito de melhorar a saúde materna e infantil e que vem a culminar com a

criação da Portaria número 1459, de 24 de junho de 2011, que cria a chamada Rede Cegonha.

Tal estratégia tem como objetivos primordiais a implementação de um novo modelo de

atenção à saúde da mulher e da criança, com foco na atenção ao parto, ao nascimento, ao

crescimento e desenvolvimento da criança até os dois anos; relata a importância de uma rede

que deve ser organizada e resolutiva, de forma a garantir acesso e acolhimento; e agora, além

da redução da mortalidade materna e infantil, há uma ênfase ao componente neonatal

(BRASIL, 2011a).

A Rede Cegonha tem como princípios o respeito, a proteção e a realização dos direitos

humanos; o respeito à diversidade de raças, étnicas e os aspectos culturais; a equidade que

sempre deve ser promovida; o enfoque na questão de gênero; a garantia dos direitos sexuais e

dos direitos reprodutivos de mulheres, homens, jovens e adolescentes. Aqui, vale salientar um

novo “componente” inserido na saúde das mulheres: o homem, que deve participar também

da saúde de sua companheira, amiga, irmã, mãe, filha, e não alheio a esse processo (BRASIL,

2011a).

A portaria supracitada reforça a importância e a expansão de uma rede de saúde que

consiga atender aos anseios desta população; enfatiza a importância de se respeitar os critérios

epidemiológicos. Ainda diz que a Rede Cegonha deve organizar-se a partir de quatro

componentes: pré-natal, parto e nascimento, puerpério e atenção integral à saúde da criança e

sistema logístico, com transporte sanitário e regulação. O Ministério da Saúde descreve de

que forma tal componente deve funcionar para o alcance do objetivo: como garantia do pré-

natal na Unidade Básica de Saúde (UBS) e uma rede de atenção que inclua também a

assistência ao Alto Risco, ao parto, a uma suficiência de leitos para mulher e também de

neonatologia, atendimento e busca às puérperas. Foi bem interessante o fato de ser incluso

neste documento, o transporte adequado às mulheres e aos neonatos através do “SAMU

Cegonha” e o reforço que há de os serviços de saúde se organizarem de forma regionalizada e

de acordo com os perfis epidemiológicos desses usuários (BRASIL, 2011a). O documento

discorre, ainda, sobre diversos aspectos como: o processo de adesão, o desenho da rede,

qualificação, além dos incentivos financeiros que irão advir aos serviços e secretarias.

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Com a função de definir as diretrizes e os objetivos para a organização da atenção

integral e humanizada ao recém-nascido grave ou potencialmente grave e os critérios de

classificação e habilitação de leitos de Unidade neonatal, é criada a Portaria 930, em 10 de

maio de 2012. Vale ressaltá-la pelo fato de que o presente estudo almeja estudar mulheres que

tiveram um neonato prematuro (potencialmente grave). Além dos princípios e objetivos

próprios do SUS e que novamente são enfatizados, cabe destacar como deverá ser feita a

distribuição de leitos de UTI neonatal, de cuidados intermediários convencionais e os

cuidados intermediários Canguru (BRASIL, 2012b).

Em 2015, reforçando ainda mais a chamada Rede Cegonha e a portaria 930, é

publicada a portaria 1130, que institui a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da

Criança, em que novamente expõe a importância de se conhecer as diversas populações como

forma de se planejar ações de acordo com diferentes cenários, desde a concepção. Nesta

política, novamente, diz a importância de cuidados integrais e integrados entre as diferentes

instâncias, desde a atenção primária até a terciária. Deve considerar “os determinantes sociais

e condicionantes para garantir o direito à vida e à saúde, visando à efetivação de medidas que

permitam o nascimento e o pleno desenvolvimento na infância, de forma saudável e

harmoniosa, bem como a redução das vulnerabilidades e riscos (...) (BRASIL, 2015, p. 03).

Ainda enfatizando esta portaria, tem como princípios fundamentais o direito à vida e à

saúde, com prioridade, com acesso universal, integral, com equidade, com humanização e

com uma gestão participativa e com controle social. Tal estratégia reforça a importância de se

promover capacitações e condutas que visem à prevenção de óbitos e sequelas evitáveis. Há

um reforço para estratégias como Hospital Amigo da Criança, Mulher Trabalhadora que

Amamenta, rede de Bancos de Leite Humano, em suma, ações que promovam uma melhora

na saúde materno-infantil (BRASIL, 2015).

Araújo et al. (2014) discorrem que essas portarias e leis publicadas nos últimos anos

são parte da política das RAS, que visa superar o sistema de saúde fragmentado vigente;

promoção de integração sistêmica de ações e serviços de saúde, pensando em uma atenção

contínua, integral, de qualidade, humanizada, com eficácia clínica e sanitária; capaz de

solucionar 85% dos problemas comuns que necessitem de tal fluxo e contra-fluxo.

Apesar de tudo isso, ainda persiste uma mortalidade infantil considerável, sobretudo

devido à mortalidade neonatal, relacionada a agravos perinatais, levando a acreditar que a

integralidade no SUS não estar sendo alcançada de forma adequada. Persistem as diferenças

regionais em termos de mortalidade infantil, caracterizadas pela extrema diversidade regional

existente e pelas condições sociais (ARAÚJO et al., 2014).

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Assim, percebe-se que há a necessidade que essas políticas de saúde sejam efetivadas

e que consigam ter resolutividade nos problemas de saúde dos usuários, sobretudo com a

melhora da saúde materno infantil.

3.3 ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO AO PARTO PREMATURO E PROMOÇÃO DA

SAÚDE

No que concerne às estratégias de prevenção ao nascimento de um parto prematuro, de

uma maneira mais macro, poderia ser citado todas as políticas de saúde implementadas ao

longo do último século e de forma mais atual, as leis, portarias e as discussões em torno do

SUS, Redes de Atenção à Saúde e Rede Cegonha, assuntos esses já abordados em capítulo

anterior.

Na década de 80, há a discussão e implantação do processo de democratização do país

e também do próprio sistema de saúde, através da Constituição de 1988 e da Lei 8080/90:

tratam o processo saúde/doença de uma maneira não apenas biológica, mas vendo aspectos

econômicos, sociais, estilos de vida, formas de trabalho; há uma ênfase de se conhecer as

populações a serem atendidas, de forma que haja um planejamento para uma prevenção

primária no aparecimento de doenças (MENICUCCI, 2014).

Destaca-se neste processo, a implantação da Política Nacional de Promoção da Saúde,

discutida desde a 1ª Conferência Internacional de Promoção à Saúde, no Canadá, em 1986,

sendo amadurecida pela consolidação do SUS e culminando no início da década de 2000. Tal

política procura possibilitar às mulheres a ampliação do controle sobre os determinantes de

saúde, sendo que mudanças nos modos e condições de vida promovem modificações no seu

processo saúde/doença. Recomenda-se que para promover saúde, a criação de ambientes

favoráveis, reforço da ação comunitária, políticas públicas saudáveis. Enfim, para melhora de

condições de saúde das mulheres são necessárias ações e políticas intersetoriais, e não apenas

do setor saúde propriamente dito (MICHELIN et al, 2015).

Adiante e, ainda, se abordando a questão da saúde de uma forma abrangente, mas que

também é importante para o processo de saúde/doença das mulheres, é a publicação da

Portaria 4279, de 2010, que trata da organização das Redes de Atenção à Saúde, com

objetivos de melhorar o nível de saúde da população, com respostas efetivas, diante dos

recursos disponíveis (escassos), de forma que cada ente seja responsável e cumpra seu

objetivo na rede de atenção; para isto, é necessário que os níveis de atenção disponham de

recursos materiais, financeiros, humanos e que cada um cumpra com efetividade a sua função,

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quer seja em nível primário, secundário ou terciário, de forma contínua com uma abordagem

dos determinantes e da equidade em saúde (BRASIL, 2010).

Se houvesse uma rede de atenção que funcionasse de forma adequada, as mulheres

teriam acesso a um pré-natal de qualidade, tanto de baixo como de alto risco, se prevenia

alterações que por ventura existisse, se poderia ter uma melhor distribuição ao atendimento a

esse público e, por conseguinte, melhores indicadores epidemiológicos, com o mínimo de

sequelas e com o máximo de recuperação das morbidades apresentadas.

Vale, ainda, destacar a Portaria 116, de 2009, que regulamenta a coleta de dados, fluxo

e periodicidade de envio das informações sobre óbitos e nascidos vivos: esta portaria coloca

de uma forma sistematizada como deve ser o sistema de coleta, consolidação, com as funções

de cada ente federativo, sendo que, agora, os dados possam ser analisados e interpretados de

um modo mais confiável, pois o sistema deve ser alimentado constantemente, através de

programa de informática, em locais pré-definidos pelas Secretarias de Saúde, a partir das

Declarações de Nascidos Vivos (DNV) e Declarações de Óbitos (DO). Também nela, é

relatado quem tem respaldo legal para preenchimento de tais declarações e quais

estabelecimentos estão autorizados para tal, de forma que tal evento (nascimento ou óbito)

seja descrito o mais fidedigno possível e por profissionais capacitados (BRASIL, 2009).

Em 2011, e novamente discorrendo sobre as políticas de saúde das mulheres, destaca-

se a Portaria 1459, que institui a Rede Cegonha, mas vale relatar pela importância que tem no

processo de prevenção para o aparecimento de um parto prematuro. A presente Portaria

descreve de forma clara como deve ocorrer a assistência em cada nível de atenção,

respeitando as populações em todos os aspectos, sejam culturais, sociais, econômicos de

forma a prevenir complicações e minimizar sequelas, se presentes, e promover recuperação

dos grupos atingidos. Cabe destacar que esta explica como deve ser a assistência pré-natal:

com detecção precoce da gestante, acolhimento às intercorrências, acesso ao pré-natal de risco

em tempo oportuno e aos exames complementares, prevenção e tratamento das doenças

sexualmente transmissíveis/HIV e hepatites; e um apoio às gestantes nos deslocamentos para

as consultas de pré-natal e para o local em que se dará o parto, se necessário (BRASIL,

2011a).

O pré-natal se constitui como um dos grandes instrumentos (ação) para melhora das

condições de vida da saúde reprodutiva das mulheres, com a detecção precoce dos riscos que

possam advir com a gestação e, por conseguinte, intervenções que podem diminuir a

morbimortalidade materna e neonatal. O pré-natal é um dos grandes responsáveis pela

mudança no quadro de saúde das mulheres e também pela redução da mortalidade infantil, no

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entanto, a mortalidade neonatal ainda se constitui em um grave problema a ser superado, pois

muitas dessas mortes ainda ocorrem por causas evitáveis. Apesar da melhora nas taxas de

mortalidade infantil nas últimas décadas, a mortalidade neonatal não caiu na mesma

proporção, ocorrendo, sobretudo, por causas evitáveis, notadamente no que diz respeito às

ações dos serviços de saúde e, entre elas, a atenção pré-natal, ao parto e ao recém-nascido

(BRASIL, 2013b).

O próprio Ministério da Saúde, em seu caderno de atenção básica, relata que, apesar

do aumento da cobertura do acompanhamento pré-natal, ainda persistem taxas elevadas de

sífilis congênita, hipertensão arterial, mostrando que a qualidade e a resolutividade dessa ação

de saúde, se encontra aquém da ideal (BRASIL, 2013b).

Desse modo, avaliar qualidade do pré-natal é algo subjetivo e difícil, no entanto, Melo

et al. (2015), analisaram alguns estudos e fizeram com importante propriedade, em que cabe

destacar os seguintes:

Primeiro critério: índice de Kessner, que considera o pré-natal em: adequado

quando o início do cuidado ocorre antes de 16 semanas de gestação e a gestante

realiza no mínimo seis consultas; inadequado quando o início do cuidado ocorre

após 28 semanas de gestação; intermediário nas demais situações.

Segundo critério: proposto por Silveira, Santos e Costa, que acrescenta ao índice de

Kessner o número de vezes que os exames laboratoriais (Hb, VDRL e ECU) foram

realizados, ficando definido: adequado quando o início do cuidado ocorre antes das

16 semanas de gestação, a gestante realiza no mínimo seis consultas e duas vezes

cada um dos três exames; inadequado quando o início do cuidado ocorre após 28

semanas de gestação, ou a gestante realiza menos de três consultas ou nenhum

exame; intermediário nas demais situações.

Terceiro critério: também proposto por Silveira, Santos e Costa, que acrescenta aos

critérios anteriores o número de vezes que a altura uterina, apresentação fetal, BCF,

IG PA e peso foram verificados, considerando: adequado quando o início do

cuidado ocorre antes de 16 semanas de gestação, são realizadas seis ou mais

consultas, no mínimo duas vezes cada um dos três exames laboratoriais, verificação

de no mínimo cinco vezes a altura uterina, IG, PA e peso, quatro vezes os BCF e três

vezes a apresentação fetal; inadequado quando o início do cuidado ocorre após 28

semanas, ou a gestante realiza menos de três consultas ou nenhum exame

laboratorial, ou foi verificado dois ou menos registros da altura uterina, IG, PA, BCF

e peso, e sem registro de apresentação fetal; intermediário nas demais situações

(MELO et al., 2015, p.541-542).

Os autores de tal artigo analisaram, acertadamente, e fizeram uma sistemática

interessante para análise da qualidade do pré-natal e ainda comparando com as

recomendações do Ministério da Saúde, diz que tal estratégia deve ser realizada o quanto

antes, ser feita mensalmente até 28 semanas de gestação, quinzenalmente até 36 semanas e a

partir daí até 41 semanas, semanalmente. Recomenda ainda a pesquisa da história clínica da

usuária do serviço, antecedentes ginecológicos, sexualidade, antecedentes obstétricos e a

pesquisa e história da gestação atual; deve ainda fazer a pesquisa da vacinação, aspectos

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sociais e econômicos, enfim, toda uma pesquisa que possa identificar uma alteração

fisiológica na mulher o quanto antes, com o intuito maior de promover uma saúde livre de

riscos para a mulher e seu neonato (BRASIL, 2013b).

Estudos existem, há protocolos e mesmo assim, os pré-natais são realizados de

maneira inadequada e, por conseguinte, muitas mortes maternas ainda ocorrendo. No caso

específico do tema de pesquisa: com uma proporção ainda de neonatos nascendo prematuros.

O Ministério da Saúde preconiza, ainda, em seu manual de pré-natal, a avaliação de

risco em que pode permanecer na atenção básica ou os que devem ser encaminhados ao pré-

natal de alto risco, e que esta avaliação deve ser realizada de forma permanente, em toda

consulta, sendo que uma gestação de baixo risco só pode ser definida como tal, ao final do

período do ciclo gravídico-puerperal. Diante disso, vale salientar que as condições para a

indicação de um pré-natal em referência de alto risco, encontram-se bem explicitados nesse

manual, em que há o relato bem detalhado, enfatizando ou dividindo os fatores relacionados

às condições prévias da mulher, tanto no seu estado de saúde geral ou reprodutivo. Expõe,

ainda, as alterações que possam ocorrer na gestação atual, definindo-se, dessa forma, os

critérios elegíveis para o encaminhamento do pré-natal na referência (BRASIL, 2013b).

Portanto, cabe aos profissionais envolvidos na atenção básica a detecção precoce de

tais riscos e encaminhamento oportuno para as referências, lembrando e reforçando que essas

mulheres devem ser também acompanhadas pela equipe, no sentido de se detectar

complicações os mais precoces possíveis e promover uma atenção de saúde livre de sequelas

e com o melhor resultado possível.

Além disso, gestores são responsáveis por promover melhores condições de

acessibilidade a um acompanhamento com qualidade, em que essa mulher tenha

disponibilidade de todos os profissionais, insumos, exames, transporte, com vistas a um pré-

natal sem intercorrências e, se houver, com intervenções no tempo oportuno e da forma

correta.

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27

4 METODOLOGIA

4.1 TIPO DE ESTUDO

O estudo foi do tipo descritivo, analítico, de corte transversal e de abordagem

quantitativa.

Lima-Costa e Barreto (2003 p. 191) relatam que “os estudos descritivos têm por

objetivo determinar a distribuição das doenças ou condições relacionadas à saúde, segundo o

tempo, o lugar e/ou as características dos indivíduos”. Esses autores ainda discorrem que uma

pesquisa analítica tem a função de examinar a existência de associação entre uma condição de

saúde e uma exposição a um determinado fator ou circunstância.

Ainda caracterizando o tipo de estudo, nos transversais, as medições são realizadas em

um momento, sem período de acompanhamento, sendo úteis quando se quer descrever

variáveis com suas distribuições, ou seja, quando se quer examinar características da

população e associações entre estas (HULLEY, 2015).

4.2 LOCAL DE ESTUDO

O estudo foi desenvolvido em uma Maternidade Escola da cidade de Natal. Planejada

e sonhada pelo médico Januário Cicco, tem sua fundação como Maternidade de Natal, em 18

de março de 1928. Diante da dificuldade para angariar fundos para construção desta, somente

no início da década de 40 é que a Maternidade fica pronta (TRINDADE, 2015).

Apesar de construída, ainda não estava totalmente equipada, requisitada e cedida como

hospital de Campanha na II Guerra Mundial, sendo devolvida em péssimas condições no pós-

conflito; com a indenização do governo federal, inaugurada uma nova maternidade, em 12 de

fevereiro de 1950, tendo recebido o nome de seu idealizador: Maternidade Januário Cicco,

sendo renomeada de Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), em 1961 (ARAÚJO, 2011).

O primeiro nascimento ocorre no dia 15 de março de 1950 e em apenas dois meses de

seu pleno funcionamento, nasciam na Maternidade quase 400 crianças (TRINDADE, 2015),

mostrando já a grandiosidade e concretude do sonho de Januário, ora proposto desde a década

de 20. A partir de 29 de agosto de 2013, a MEJC passou a fazer parte da Empresa Brasileira

de Serviços Hospitalares (EBSERH), estatal vinculada ao Ministério da Educação.

A maternidade é referência na gestação de alto risco, em cirurgias e endoscopias

ginecológicas, na reprodução assistida e em ambulatórios de ginecologia, com um total de 142

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leitos hospitalares, sendo referência para boa parte do Rio Grande do Norte. Em se tratando de

leitos de terapia intensiva neonatal, o serviço dispõe de 20 leitos cadastrados ao Sistema

Único de Saúde (EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES, 2017).

Segundo dados colhidos junto ao Datasus, no ano de 2017, ocorreu um total de 8464

internações, com 3969 partos, sendo 2424 cesarianas e 1545 partos por via vaginal.

O serviço é um Hospital Escola, recebendo alunos da graduação da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), dos cursos de Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia,

Nutrição, Psicologia, Serviço Social, Fonoaudiologia, Gestão Hospitalar, dentre outros. Ainda

dispõe dos Programas de Residência em Enfermagem, Nutrição, Farmácia, Fisioterapia,

Medicina, Serviço Social, Fonoaudiologia.

4.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA

A população constituiu-se por mulheres internadas no serviço e que pariram seus

filhos durante a internação. Fazendo uma pesquisa ao Serviço de Vigilância Epidemiológica

do local de estudo, durante o ano de 2017 nasceram 3969 crianças, sendo 1226 com IG menor

que 37 semanas de gestação (30,88% do total de nascidos no serviço). A amostragem foi do

tipo probabilística e aleatória simples, com base nos dados já citados considerando o erro de

5%, nível de confiança de 95%, média mensal de partos da MEJC e o período de coleta que

foi até se atingir a amostragem pretendida e a quantidade de puérperas proposta foi de 298, no

entanto, aplicamos 300 questionários. A amostra foi maximizada com p=0,5.

4.3.1 Critérios de Inclusão

Mulheres em que seus filhos nasceram na maternidade e que se encontram internadas

ou mães acompanhantes. Como forma de garantir a aleatoriedade, foram entrevistadas apenas

as mulheres que seu número de registro seja par, considerando o último número (dígito).

4.3.2 Critérios de Exclusão

As pacientes internadas que receberam alta hospitalar ainda gestantes, as que não

apresentavam condições psicológicas para responder aos questionários.

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29

4.4 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS

Após submissão e aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa, iniciou-se a coleta de

dados, através de aplicação de um formulário junto a essas mulheres (Apêndice A).

Inicialmente, todos os dias da coleta eram revistados os registros e os setores de

internamentos (unidade de ginecologia, obstetrícia B, setor de mães acompanhantes, setor de

alto risco, unidade C, UTI materna e centro obstétrico) em busca de pacientes que seus filhos

nasceram no período da coleta de dados. As mulheres identificadas eram abordadas para

participarem do estudo, momento que se dava as explicações sobre o estudo, seus objetivos e

a sua voluntariedade. Na entrevista, era solicitada a assinatura do Termo de Consentimento

ou, se for o caso, também o Termo de Assentimento, para então, se iniciar a coleta. Além

disso, se pesquisou dados na caderneta da gestante e no prontuário da cliente, sempre que

necessário.

Durante aquele dia de coleta, era realizada uma busca nos setores da maternidade, em

busca de puérperas, que atendessem aos critérios da pesquisa e que concordassem em

participar de tal estudo, de forma a garantir a aleatoriedade.

O instrumento/entrevista (apêndice A) foi aplicado pelo próprio pesquisador. Além

disso, para testagem do instrumento e possíveis alterações e /ou melhoras neste, foram

aplicados alguns formulários, em forma de “um piloto”, com pequenas alterações, para então,

ser executado. Esse “piloto” se constituiu da aplicação de vinte formulários, com acréscimo

do item do tipo de gestação (única ou múltipla) e, por conseguinte, os tópicos “onde o RN

ficou ao nascer ou os gemelares.”

4.5 INSTRUMENTO

O instrumento para pesquisa foi constituído de um formulário com perguntas abertas e

fechadas, que contemplassem os diversos itens a serem abordados e que serviram de base para

análise (apêndice A), sendo construído a partir das leituras realizadas e por base na Caderneta

da Gestante, disponível no Manual de Pré-natal de Baixo Risco.

4.6 VARIÁVEIS

Foram relacionadas as seguintes variáveis independentes e dependente, as quais faz-se

a descrição de cada uma delas nos quadros:

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NOME DA VARIÁVEL DEPENDENTE DEFINIÇÃO

Parto prematuro Trata-se do parto que ocorre antes da

gestação completar 37 semanas de gestação.

VARIÁVEIS INDEPENDENTES:

I FATORES INDIVIDUAIS E CARACTERÍSTICAS SOCIOECONÔMICAS

NOME DA VARIÁVEL DEFINIÇÃO CATEGORIA

Idade materna. Trata-se da idade da mulher

na data de nascimento de

seu RN.

Adolescentes (até 19 anos) e

adultas (20 anos e acima)

Procedência. Local de residência de

maior tempo em um

município.

Grande Natal (Natal,

Parnamirim, Macaíba, São

José de Mipibu, Arês,

Goianinha, Nísia Floresta,

Extremoz, São Gonçalo do

Amarante, Ceará Mirim,

Monte Alegre, Vera Cruz,

Maxaranguape e Ielmo

Marinho).

Outra cidade (especificar).

Local de residência. Local de residência de

maior parte do tempo em

uma das zonas do

município.

Zona urbana.

Zona rural.

Situação conjugal. Em relação à convivência

com outra pessoa

(matrimônio), como se

encontra aquela mulher.

Com companheiro.

Sem Companheiro.

Escolaridade. Número de anos de estudo,

considerando o último ano

concluído.

Até o Fundamental.

A partir do Ensino Médio.

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Cont. FATORES INDIVIDUAIS E CARACTERÍSTICAS SOCIOECONÔMICAS

Ocupação Relato da principal

ocupação da mulher.

Descrever qual a principal

atividade que a mesma

exerce.

Raça/cor. Considerando as etnias,

sempre auto-declarado.

Branca.

Outra (parda, preta).

Renda mensal per capita A renda total familiar deve

ser dividida pelo número

total de pessoas

dependentes desta.

Menos de 01 salário mínimo.

1 a 3 salários mínimos.

II – PRINCIPAIS FATORES DE RISCO, ANTERIOR À GESTAÇÃO

NOME DA VARIÁVEL DEFINIÇÃO CATEGORIA

Cardiopatias. Relato se a mulher tinha

alguma doença cardíaca,

antes de engravidar.

Sim.

Não.

Hipertensão crônica. Doença hipertensiva não

relacionada à gestação.

Sim.

Não.

Doenças autoimunes. Pesquisar a presença de

patologia relacionada a uma

resposta do sistema

imunológico às células ou

tecidos do próprio

organismo.

Sim.

Não.

Malformação uterina. Alterações morfológicas no

útero.

Sim.

Não.

Doenças hematológicas. Doenças sanguíneas, quer

sejam dos glóbulos brancos,

vermelhos, plasma ou

plaquetas.

Sim.

Não.

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Cont. PRINCIPAIS FATORES DE RISCO, ANTERIOR À GESTAÇÃO

Fumante Uso de cigarro na gestação

atual.

Sim.

Não.

Outras. Especificar se há alguma

outra alteração/doença.

Sim.

Não.

III – FATORES RELACIONADOS À HISTÓRIA REPRODUTIVA

NOME DA VARIÁVEL DEFINIÇÃO CATEGORIA

Menarca. Primeira menstruação. Até 12 anos.

12 anos ou mais.

Gestações anteriores. Relato da mulher se havia

engravidado anteriormente,

antes da gestação atual.

Sim.

Não.

Perdas fetais ou abortos. Morte do seu feto antes da

expulsão ou extração da

mãe. Considera aquele que

não apresenta nenhum sinal

de vida após a separação da

mãe.

Sim.

Não.

Nº de partos Nascimentos que

aconteceram quer seja por

via vaginal ou via cirúrgica

abdominal.

Número de vezes.

Nº de nascidos vivos. Todos os filhos que

nasceram com algum sinal

de vida, independente do

desfecho.

Número de vezes.

Filhos com peso abaixo de

2500g.

Filhos que nasceram vivos e

que pesaram menos de

2500g.

Sim.

Não

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Cont. FATORES RELACIONADOS À HISTÓRIA REPRODUTIVA

Filhos prematuros. Filhos que nasceram antes

de 37 semanas completas de

gestação.

Sim.

Não.

Intervalo entre a gestação

anterior e atual.

Intercurso (em anos), entre a

gravidez anterior e a atual, a

partir da data de nascimento

do último filho e a prenhez

atual.

Até 02 anos.

Mais de 02 anos.

Cirurgia uterina anterior. Procedimento cirúrgico

realizado em útero, anterior

a concepção atual.

Sim.

Não.

IV – FATORES RELACIONADOS À GESTAÇÃO ATUAL

NOME DA VARIÁVEL DEFINIÇÃO CATEGORIA

Início do pré-natal. Período em que iniciou

acompanhamento da

gestação, por um

profissional de saúde.

1º trimestre.

2º trimestre.

3º trimestre.

Não fez pré-natal.

Número de consultas. Quantidade de consultas

realizadas e anotadas na

caderneta da gestante.

1 a 3 consultas.

4 a 6 consultas.

7 ou mais consultas.

Nenhuma.

Realizou exames no pré-

natal.

Exames relacionados ao

acompanhamento pré-natal,

por profissional habilitado.

Sim.

Não.

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34

Cont. FATORES RELACIONADOS À GESTAÇÃO ATUAL

Exames realizados Pesquisa dos principais

exames solicitados no

acompanhamento

gestacional, com vistas a

detecção precoce de

alterações, para intervenção

no tempo oportuno:

Hemograma (anemia,

infecções), VDRL (sífilis),

HIV (vírus da

imunodeficiência humana),

sumário de urina (alterações

na urina), teste para hepatite

B (imunidade, infecção),

toxoplasmose (imunidade,

infecção), citomegalovírus

(imunidade, infecção),

glicemia de jejum (diabetes),

ultrassonografia (alterações

no concepto).

Nenhuma vez.

Uma vez.

Duas ou mais vezes.

Intercorrências na gestação. Principais ocorrências

relacionadas com a prenhez

atual.

Nenhuma, hipertensão

gestacional, diabetes

gestacional, infecção do trato

urinário, infecção vaginal,

sangramentos no 1º, 2º ou 3º

trimestre, amniorrexe

prematura, ameaça de TPP,

outras (especificar).

Paciente ficou internada no

serviço.

Considerando a lotação,

conhecer onde a mulher

ficou internada

(inicialmente).

Leito.

Corredor (maca, cadeira).

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Conclusão: FATORES RELACIONADOS À GESTAÇÃO ATUAL

Idade Gestacional do RN. Idade do RN (em semanas),

ao nascer, a partir da data da

última menstruação ou USG

do 1º trimestre.

Menos de 22.

22 a 27.

28 a 31.

32 a 36.

37 a 41.

Tipo de parto. Via de parto utilizada para

nascimento.

Vaginal.

Cesárea (abdominal).

Tipo de gestação. Quantidade de fetos. Única.

Múltipla.

Ao nascer, RN ficou em. Considerando as condições

do RN ao nascer, este foi

liberado para alojamento

conjunto ou se necessitou de

cuidados intensivos, durante

as primeiras 24 horas.

Alojamento conjunto.

UTIN.

Aguardando vaga em UTIN.

Transferido para outro

serviço.

4.7 CONSIDERAÇÕES ÉTICO-LEGAIS

A pesquisa seguiu as recomendações da Resolução 466/2012 (BRASIL, 2013c), do

Conselho Nacional de Saúde, obedecendo às diretrizes e normas regulamentadoras de

pesquisa envolvendo seres humanos. O estudo se sucedeu após a submissão ao Comitê de

Ética em Pesquisa da UFRN e Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), tendo como

CAAE nº 90368418.4.0000.5292 e parecer nº 2.731.192. Antes de iniciar a

entrevista/preenchimento do formulário, era realizado um contato prévio com a puérpera,

momento em que eram apresentadas todas as informações acerca do estudo e seus objetivos,

segundo orientações da Resolução 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde; após essa

explicação, era solicitada a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(apêndice C). No caso das puérperas adolescentes, houve assinatura do Termo de

Consentimento para menor de idade (apêndice D) e do Termo de Assentimento Livre e

Esclarecido (apêndice E).

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4.8 ANÁLISE DE DADOS

Após a coleta de dados, foram tabulados através do programa SPSS, versão 25.

Inicialmente foi feita a análise exploratória dos dados, onde a amostra foi caracterizada.

Para a análise inferencial foram selecionadas variáveis que eram representativas de

toda a amostra e excluídas aquelas que continham apenas parte desta, como algumas

relacionada à história reprodutiva (nº de gestações anteriores, perdas fetais anteriores e

outras), ou mesmo, que não teriam plausibilidade teórica na relação com o desfecho. Nessa

fase, empregou-se o recurso de regressão Poisson com variância robusta para se estimar a

Razão de Prevalência (RP). No modelo múltiplo, considerou-se as variáveis que tiveram um

valor de p<0,20 na análise bivariada e permaneceram no modelo as variáveis com p<0,05.

4.9 RISCOS E BENEFÍCIOS/RESULTADOS ALCANÇADOS

O estudo trouxe risco mínimo para a instituição e para as pacientes, uma vez que não

foi feita nenhuma intervenção direta nestas; mas a paciente poderia ficar constrangida com

alguma pergunta de cunho pessoal, então, foi garantida a privacidade para responder às

questões propostas pelo questionário apresentado. Se a paciente apresentasse alguma alteração

de cunho emocional, se tentaria promover um apoio psicológico, através dos profissionais que

atuam e estão disponíveis no serviço (psicólogo, assistente social); não foi necessário, durante

o período da coleta dos dados tal conduta, uma vez que o entrevistador não detectou e não

observou quaisquer alterações de cunho emocional que necessitassem de tal intervenção.

Dentre os benefícios, através dessa pesquisa, tem-se dados epidemiológicos para um

planejamento e assistência mais adequados, quer seja no nível básico da atenção, quer seja no

nível terciário.

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5 RESULTADOS:

Os resultados foram apresentados em duas etapas, sendo que: a primeira consta de

uma descrição da amostra pesquisada e na segunda, apresentou-se a análise inferencial.

5.1 – DESCRIÇÃO DA AMOSTRA:

Trezentas mulheres foram entrevistadas com um questionário previamente elaborado e

dividido em quatro seções, de forma a abordar toda a história pregressa, atual e reprodutiva da

mulher, detectando riscos e cuidados realizados, chegando a uma prevalência de nascimentos

prematuros de 39,3%. Na primeira tabela, apresentam-se os fatores sócio-demográficos e

econômicos das mulheres.

Tabela 1: Valores de frequência absolutos e relativos da amostra, segundo fatores individuais

e características socioeconômicas. Natal, 2019.

VARIÁVEL n %

IDADE ADULTAS 260 86,7

ADOLESCENTES 40 13,3

PROCEDÊNCIA GRANDE NATAL 159 53,5

INTERIOR 138 46,5

LOCAL DE

RESIDÊNCIA

ZONA URBANA 232 77,3

ZONA RURAL 68 22,7

SITUAÇÃO

CONJUGAL

COM COMPANHEIRO 249 83,6

SEM COMPANHEIRO 49 16,4

ESCOLARIDADE ATÉ O FUNDAMENTAL

COMPLETO

142 47,3

A PARTIR DO ENSINO

MÉDIO

158 52,7

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Cont. tabela 1 - Valores de frequência absolutos e relativos da amostra, segundo fatores

individuais e características socioeconômicas. Natal, 2019.

OCUPAÇÃO DO LAR 157 52,3

AGRICULTORA 35 11,7

ESTUDANTE 24 8,0

OUTRAS 84 28,0

RAÇA/COR BRANCA 73 24,3

OUTRA (PRETA/PARDA) 227 75,7

RENDA MENSAL

PERCAPITA

MENOR QUE UM

SALÁRIO MÍNIMO

237 79,3

A PARTIR DE UM

SALÁRIO MÍNIMO

62 20,7

Fonte: BEZERRA (2018)

A partir da análise da tabela 1, observa-se que a maior parte das mulheres eram

adultas, residiam na zona urbana dos municípios que compõem a Grande Natal, têm

companheiro, quase metade possui apenas até o ensino fundamental, apresentavam-se como

sendo do lar, de cor “não branca” e renda mensal per capita menor que um salário mínimo

vigente.

A segunda tabela apresenta a distribuição na amostra de comorbidades e uso de tabaco

antes da gestação atual.

Tabela 2: Valores de frequência absolutos e relativos da amostra, segundo presença e ausência

de comorbidades e uso de tabaco, anteriores à gestação atual. Natal, 2019.

VARIÁVEL n %

CARDIOPATIA SIM 06 2,0

NÃO 294 98,0

HIPERTENSÃO

CRÔNICA

SIM 33 11,0

NÃO 267 89,0

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Cont. tabela 2: Valores de frequência absolutos e relativos da amostra, segundo presença e

ausência de comorbidades e uso de tabaco, anteriores à gestação atual. Natal, 2019.

DOENÇA AUTO

IMUNE

SIM 04 1,4

NÃO 291 98,6

MALFORMAÇÃO

UTERINA

SIM 02 0,7

NÃO 296 99,3

DOENÇAS

HEMATOLÓGICAS

SIM 05 1,7

NÃO 294 98,3

FUMANTE

SIM 15 5,0

NÃO 283 95,0

Fonte: BEZERRA (2018)

Dentre as situações de risco pré-existentes, a hipertensão arterial sistêmica foi a

patologia mais prevalente, seguida pelo uso de tabaco e cardiopatias, conforme demonstrado

na tabela 2.

A tabela 3 apresenta a distribuição das variáveis relacionadas à história reprodutiva da

mulher.

Tabela 3: Valores de frequência absolutos e relativos da amostra, segundo as variáveis

relacionadas à história reprodutiva. Natal, 2019.

VARIÁVEL n %

MENARCA ATÉ 12 ANOS 173 57,7

12 ANOS OU MAIS 127 42,3

GESTAÇÕES

ANTERIORES

SIM 205 68,3

NÃO 95 31,7

PERDAS

FETAIS/ABORTOS

SIM 80 39,0

NÃO 125 61,0

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Cont. tabela 3: Valores de frequência absolutos e relativos da amostra, segundo as variáveis

relacionadas à história reprodutiva. Natal, 2019.

Nº DE PARTOS NENHUM 24 11,7

UM 82 40,0

DOIS 50 24,4

TRÊS 23 11,2

QUATRO 09 4,4

CINCO OU MAIS 17 8,3

Nº DE NASCIDOS

VIVOS

NENHUM 25 12,2

UM 86 42,0

DOIS 50 24,4

TRÊS 24 11,7

QUATRO 10 4,9

CINCO OU MAIS 10 4,9

FILHOS COM PESO

ABAIXO DE 2500G

SIM 44 21,5

NÃO 161 78,5

FILHOS

PREMATUROS

SIM 32 15,1

NÃO 173 84,9

INTERVALO ENTRE

A GESTAÇÃO

ANTERIOR E ATUAL

MAIS DE 02 ANOS 161 78,5

ATÉ 02 ANOS 44 21,5

CIRURGIA UTERINA

ANTERIOR

SIM 80 27,4

NÃO 212 72,6

Fonte: BEZERRA (2018).

Em relação à história reprodutiva, mais da metade da amostra relatou que sua primeira

menstruação ocorreu até os doze anos de idade. No que tange ao passado obstétrico, observa-

se que a maior parte da amostra é de mulheres que já haviam engravidado e que tinham filhos

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e não haviam tido perdas fetais ou abortos. Em contrapartida, o histórico de filhos de baixo

peso e de prematuros, aparece em menos de um terço da amostra. Mais de 70% das puérperas

tiveram um intervalo intergestacional de mais de dois anos e não haviam sido submetidas a

cirurgias uterinas (Tabela 3).

A tabela 4 mostra as principais condições alusivas à gestação atual, como foi o pré-

natal e todo a trajetória da prenhez, parto e nascimento, inclusive a provisão de vagas de

obstetrícia e de neonatologia no serviço em que se realizou o estudo.

Tabela 4: Valores de frequência absolutos e relativos da amostra, segundo os fatores

relacionados à gestação atual. Natal, 2019.

VARIÁVEL N %

INÍCIO DO PRÉ-

NATAL

1º TRIMESTRE 215 73,1

2º TRIMESTRE 68 23,1

3º TRIMESTRE 04 1,4

NÃO FEZ 07 2,4

NÚMERO DE

CONSULTAS

07 OU MAIS 181 61,4

04 A 06 84 28,5

01 A 03 22 7,5

NENHUMA 08 2,7

REALIZOU EXAMES SIM 285 96,3

NÃO 11 3,7

ULTRASSONOGRAFIA UMA VEZ 38 13,1

DUAS OU MAIS 247 85,2

NENHUMA 05 1,7

CITOMEGALOVÍRUS UMA VEZ 143 50,2

DUAS OU MAIS 05 1,8

NENHUMA 137 48,1

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Cont. Tabela 4: Valores de frequência absolutos e relativos da amostra, segundo os fatores

relacionados à gestação atual. Natal, 2019.

TOXOPLASMOSE UMA VEZ 191 65,6

DUAS OU MAIS 38 13,1

NENHUMA 62 21,3

HEPATITE B UMA VEZ 209 72,6

DUAS OU MAIS 47 16,3

NENHUMA 32 11,1

GLICEMIA DE JEJUM UMA VEZ 151 51,5

DUAS OU MAIS 123 42,0

NENHUMA 19 6,5

SUMÁRIO DE URINA UMA VEZ 120 41,8

DUAS OU MAIS 133 46,3

NENHUMA 34 11,8

HIV UMA VEZ 159 54,1

DUAS OU MAIS 124 42,2

NENHUMA 11 3,7

VDRL UMA VEZ 119 40,6

DUAS OU MAIS 162 55,3

NENHUMA 12 4,1

HEMOGRAMA UMA VEZ 111 37,8

DUAS OU MAIS 155 52,7

NENHUMA 28 9,5

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Cont. Tabela 4: Valores de frequência absolutos e relativos da amostra, segundo os fatores

relacionados à gestação atual. Natal, 2019.

PACIENTE FICOU

INTERNADA NO

SERVIÇO

(INICIALMENTE)

EM LEITO 164 55,0

EM CORREDOR 134 45,0

IDADE

GESTACIONAL DO RN

37 A 41S 182 60,7

32 A 36S 81 27,0

28 A 31S 25 8,3

22 A 27S 11 3,7

MENOR DE 22S 01 0,3

TIPO DE PARTO CESÁREO 177 59,4

NORMAL 121 40,6

TIPO DE GESTAÇÃO ÚNICA 271 96,1

MÚLTIPLA 11 3,9

AO NASCER, RN

FICOU EM:

ALOJAMENTO

CONJUNTO

211 73,0

AGUARDANDO VAGA

EM UTI-NEONATAL

38 13,1

UTI-NEONATAL 33 11,4

TRANSFERIDO PARA

OUTRO SERVIÇO

07 2,4

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44

Conclusão tabela 4: Valores de frequência absolutos e relativos da amostra, segundo os

fatores relacionados à gestação atual. Natal, 2019.

AO NASCER, 1º

GEMELAR FICOU EM:

ALOJAMENTO

CONJUNTO

04 40,0

AGUARDANDO VAGA

EM UTI-NEONATAL

03 30,0

UTI-NEONATAL 02 20,0

TRANSFERIDO PARA

OUTRO SERVIÇO

01 10,0

AO NASCER, 2º

GEMELAR FICOU EM:

ALOJAMENTO

CONJUNTO

03 30,0

AGUARDANDO VAGA

EM UTI-NEONATAL

03 30,0

UTI-NEONATAL 03 30,0

TRANSFERIDO PARA

OUTRO SERVIÇO

01 10,0

INTERCORRÊNCIAS

NA GESTAÇÃO

HIPERTENSÃO

GESTACIONAL

159 53,0

INFECÇÃO DO TRATO

URINÁRIO

128 42,7

AMEAÇA DE TPP 73 24,3

AMNIORREXE

PREMATURA

58 19,3

DIABETTES

GESTACIONAL

50 16,7

SANGRAMENTO 1º T 30 10,0

SANGRAMENTO 2/3º T 26 8,7

INFECÇÃO VAGINAL 24 8,0

OUTRAS 18 3,1

NENHUMA 18 3,1

Fonte: BEZERRA (2018).

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45

Verificam-se na tabela 4 que a amostra estudada fez pré-natal e com a maior parte

realizando sete ou mais consultas, como também os exames recomendados e iniciaram tal

acompanhamento no primeiro trimestre da gravidez. Em relação aos exames preconizados, as

mulheres os fizeram, em sua maior parte, apenas uma vez no pré-natal. Cabe destacar ainda

que dentre os exames que não foram feitos, encontrou-se as maiores percentagens nos de

citomegalovírus, toxoplasmose e sumário de urina. Ressalta-se ainda a grande percentagem de

mulheres que fizeram duas ou mais ultrassonografias.

De acordo ainda com os resultados apresentados na tabela 4, pouco mais da metade

das mulheres foram internadas em leitos, sendo a cesariana o tipo de parto mais frequente.

Mais de um terço dos bebês eram prematuros, dentre eles, classificados, em sua maioria,

como prematuros moderados. Houve ainda, bebês que apesar de necessitarem de leitos de UTI

neonatal, ficaram aguardando tais vagas.

Ainda na tabela 4, na descrição das principais intercorrências, cabe relatar que

algumas mulheres apresentaram mais de uma alteração, sendo que as mais mencionadas

foram a hipertensão gestacional, infecção do trato urinário, ameaça de trabalho de parto

prematuro, amniorrexe prematura, diabetes gestacional.

Na tabela 5, expõem-se as principais intercorrências encontradas e relatadas, apenas

no grupo das mulheres que pariram seus filhos prematuros.

Tabela 5: Valores de frequência absolutos e relativos das principais intercorrências

encontradas nas entrevistadas que pariram prematuros. Natal, 2019.

VARIÁVEL N %

AMEAÇA DE TPP 57 49,1

HIPERTENSÃO

GESTACIONAL

54 46,5

INFECÇÃO URINÁRIA 45 38,8

AMNIORREXE PREMATURA 37 31,9

SANGRAMENTO 2/3º TRIM. 17 14,6

DIABETTES GESTACIONAL 14 12,1

SANGRAMENTO 1º

TRIMESTRE

11 9,5

INFECÇÃO VAGINAL 09 7,7

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Cont.tabela 5: Valores de frequência absolutos e relativos das principais intercorrências

encontradas nas entrevistadas que pariram prematuros. Natal, 2019.

HIV 02 1,7

ECLÂMPSIA 02 1,7

SÍFILIS 01 0,9

INCOMPETÊNCIA FATOR RH 01 0,9

Fonte: BEZERRA (2018).

Das mulheres que pariram antes do termo, encontrou-se a ameaça de Trabalho de

Parto Prematuro (TPP), a hipertensão gestacional e a infecção do trato urinário, como as

intercorrências mais referidas (Tabela 5).

5.2 – ANÁLISE INFERENCIAL

As variáveis independentes selecionadas foram confrontadas com o desfecho

representado pelo parto de RN pré-termo. Ademais, foi estimada as suas respectivas RP que

são apresentadas na Tabela 6.

Tabela 6 - Valores absolutos e percentuais, significância estatística, RP e seu intervalo de

confiança para cada variável representativa. Natal, 2019.

Variável Categoria Grupo

Total p RP (IC95%) paju RPaju(ICaju95%) Pré termo n (%) A termo n (%)

Procedência Interior 66 (47,8) 72 (52,2) 138 0,004 1,521 (1,037 – 2,350) <0,05 1,542 (1,022 – 2,326)

Grande Natal 50 (31,4) 109 (68,6) 159

Local de residência** Zona rural 26 (38,2) 42 (61,8) 68 0,834 0,964 (0,717 – 1,685) - -

Zona urbana 92 (39,7) 140 (60,3) 232

Situação conjugal** Sem companheiro 20 (40,8) 29 (59,2) 49 0,805 1,048 (0,661 – 1,964) - -

Com companheiro 97 (39) 152 (61) 249

Escolaridade** Até fundamental completo 51 (35,9) 91 (64,1) 142 0,254 0,847 (0,585 – 1,268) - -

A partir do ensino médio 67 (42,4) 91 (57,6) 158

Raça/Cor** Outra (preta/parda) 88 (38,8) 139 (61,2) 227 0,720 0,943 (0,588 – 1,428) - -

Branca 30 (41,1) 43 (58,9) 73

Renda** Menos de um salário mínimo 90 (38) 147 (62) 237 0,411 0,872 (0,473 – 1,207) - -

A partir de um salário mínimo 27 (43,5) 35 (56,5) 62

Cormodidade prévia** Sim 17 (36,2) 30 (63,8) 47 0,636 0,906 (0,655 – 1,670) - -

Não 101 (39,9) 152 (60,1) 253

Fumante** Sim 4 (26,7) 11 (73,3) 15 0,353 0,668 (0,309 – 2,138) - -

Não 113 (39,9) 170 (60,1) 283

Gestações anteriores** Não 39 (41,1) 56 (58,9) 95 0,676 1,065 (0,684 – 1,998) - -

Sim 79 (38,5) 126 (61,5) 205

Cirurgia uterina anterior** Sim 33 (41,3) 47 (58,8) 80 0,686 1,066 (0,649 – 1,450) - -

Não 82 (38,7) 130 (61,3) 212

Pré-natal** Não fez pré-natal 3 (42,9) 4 (57,1) 7 0,848 1,088 (0,508 – 3,752) - -

Fez pré-natal 113 (39,4) 174 (60,6) 287

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Cont. tabela 6 - Valores absolutos e percentuais, significância estatística, RP e seu intervalo

de confiança para cada variável representativa. Natal, 2019.

Tipo de parto*** Cesáreo 75 (42,4) 102 (57,6) 177 0,147 1,251 (0,930 – 2,177) >0,05 -

Vaginal 41 (33,9) 80 (66,1) 121

Tipo de gestação Múltipla 8 (72,7) 3 (27,3) 11 0,001 1,971 (1,400 – 3,676) <0,05 1,863 (1,074 – 3,232)

Única 100 (36,9) 171 (63,1) 271

Menarca** Até 12 anos 71 (41) 102 (59) 173 0,483 1,109 (0,921 – 2,104) - -

12 anos ou mais 47 (37) 80 (63) 127

Idade materna*** Adolescentes 20 (50) 20 (50) 40 0,111 1,327 (0,729 – 2,688) >0,05 -

Adultas 98 (37,7) 162 (62,3) 260

Fonte: BEZERRA (2018)

*Indefinido

**Variável não entrou no modelo múltiplo

***Variável entrou no modelo múltiplo, mas não permaneceu

A equação de probabilidade para o modelo encontrado foi: Probabilidade [Pré termo]

= 0,219x1,542^pro

x1,863^Tipge

Onde, Pro assume 1 se procedência for do interior e 0 casos contrário.

Onde, Tipge assume 1 se tipo de gestação e 0 casos contrário.

De acordo com os dados apresentados acima, as variáveis relacionadas ao local de

residência, situação conjugal, escolaridade, raça/cor, renda, comorbidade prévia, fumante,

gestações anteriores, cirurgia uterina anterior, realização do pré-natal e menarca não

apresentaram associação estatisticamente significativa com o parto prematuro.

Com relação às variáveis tipo de parto e idade materna, na análise bivariada as

mesmas apresentaram significância suficiente para serem testadas no modelo multivariado.

Todavia, quando da sua inserção a significância estatística não foi conseguida.

No que se refere a variável procedência, identificou-se uma associação

estatisticamente significativa com o parto pré-termo, onde quem mora no interior possui uma

prevalência 54% maior de partos prematuros do que aquelas mães com residência na Grande

Natal. Quanto ao tipo de gestação, houve uma associação entre as gestações múltiplas e o

parto prematuro, com uma prevalência desses partos 86% maior no grupo com gestações

múltiplas.

5.3 – DISCUSSÃO

Observou-se no presente estudo que 39,3% dos nascimentos ocorreram antes das

mulheres completarem 37 semanas de gestação e destes, 60,67% estavam entre 32 e 36

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semanas de gestação, que teoricamente, são menos graves que os pré-termos de menor idade

gestacional. A taxa de neonatos prematuros encontrada na pesquisa é considerada elevada se

comparando com estudo de base de dados, realizado por Santos (2018) que coloca a taxa de

prematuridade no Brasil de 9,39%, sendo que ele ainda expõe uma taxa de neonatos entre 32 e

36 semanas de gestação de 82,98%. Menetrier e Almeida (2016) em um estudo em um

hospital de referência do Paraná, trazem uma taxa de 18,6%. No Rio Grande do Norte,

13,59% dos partos ocorrem antes do termo (TEIXEIRA, 2016).

Ressalta-se que apesar dos avanços científicos e tecnológicos, os partos prematuros se

colocam como um problema de grande magnitude, pois cerca de 10% de todos os nascimentos

acontecem antes da mulher completar 37 semanas de gestação e esses mesmos avanços

permitiram uma taxa de sobrevivência mais elevada nesse grupo, porém ainda são escassos os

estudos nessa população. É sabido que esses bebês poderão ter uma série de consequências

que poderão perdurar por toda a vida, sobretudo no período da infância (TURPIN et al, 2019).

A prematuridade se constitui como um grave problema de saúde pública também no

Brasil, sendo que ocorrem no país cerca de 280 mil nascimentos antes do termo, estando entre

os 10 países que mais acontecem tal complicação. Cerca de 70% dos bebês que nascem antes

do período ideal morrem nos primeiros 28 dias de vida (PEREIRA et al, 2018). Mendonza

Tascón et al (2016) expõe a magnitude do problema, relatando uma percentagem mundial de

10% dos nascimentos, além das sequelas que estes neonatos podem apresentar ao longo dos

anos, como déficit visual, mental e auditivo, transtornos de marcha, enfermidades cardíacas e

pulmonares, além de todos os efeitos familiares, psicológicos e econômicos que poderão ser

provocados.

Sobre o local de residência das entrevistadas, os resultados encontrados estão em

consonância com os dados do IBGE, que de acordo com o último censo realizado, 77,8% da

população do Rio Grande do Norte residiam nas zonas urbanas (BRASIL, 2010).

No que refere aos dados socioeconômicos, apesar de as mulheres terem uma

escolaridade a partir do ensino médio, possuem baixo poder aquisitivo. Ainda em relação a

renda, muitas mulheres referiram que não tinham renda alguma ou apenas recebiam o “Bolsa

família”. Os dados ratificam as afirmações de Rocha e David (2015) que discorrem sobre os

determinantes sociais da saúde, em que colocam que quanto menor a renda e a escolaridade

mais suscetível as pessoas ficam às doenças.

Com relação aos riscos anteriores à gestação, observou-se que os mais frequentes

foram a hipertensão (11,0%) e de mulheres fumantes (5,0%), sendo importante a detecção dos

mesmos, com vistas a um planejamento para um bom acompanhamento gestacional. Cabe ao

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profissional de saúde a investigação e detecção precoce desses riscos, com vistas a um pré-

natal de qualidade, diagnosticando e tratando eventos indesejáveis. Autores descrevem que a

hipertensão, cardiopatias e diabetes mellitus são as condições clínicas mais prevalentes em

mulheres, antes da gestação, corroborando nosso estudo (RODRIGUES DA SILVA et al,

2018).

Mesmo que a percentagem de fumantes tenha sido de apenas 5%, ressalta-se que o

tabagismo, além de ser um grave problema de saúde pública, na gestação, pode trazer

problemas ainda maiores, como complicações obstétricas e efeitos danosos para o recém-

nascido; pode levar a consequências como pré-eclâmpsia, aborto espontâneo, gestação

ectópica, prematuridade e baixo peso ao nascer e quanto maior o número de cigarros, maiores

as complicações (NUNES E CAMPOS, 2015; TEIXEIRA, 2015).

Sobre os dados referentes à história reprodutiva da mulher, cabe destacar que 31,7%

das pacientes que se encontram internadas não haviam apresentado gestações anteriores,

concordando com Rodrigues et al (2017) que relatam que 35,3% das mulheres que

apresentavam intercorrências eram primíparas; esses mesmos autores ainda discorrem que

41,2% destas que tiverem complicações, podem apresentar nova intercorrência em prenhez

posterior. Bezerra et al (2006) apud Rocha da Silva et al (2016) discorrem que as primíparas

possuem maiores chances de apresentarem um parto prematuro.

No que tange a realização do pré-natal, os dados do estudo demonstraram que a

maioria das clientes (73,1%) iniciou tal acompanhamento no primeiro trimestre e com o

número de sete ou mais consultas (61,4%), corroborando com o que é preconizado pelo

Ministério da Saúde. O início do pré-natal deverá ser o quanto antes, sempre uma vez ao mês

até a 28ª semana, depois, passa a ser quinzenalmente (até a 36ª semana) e em seguida,

semanalmente até o parto, lembrando que não existe a conduta de “alta do pré-natal” e que

deve ser realizada no mínimo seis consultas (BRASIL, 2011a, 2013b, GONZAGA et al

2016). A portaria 1459, de 2011, garante o acesso ao pré-natal na Unidade Básica de Saúde,

com captação precoce, qualificando a atenção, garantindo o acesso ao pré-natal em tempo

oportuno (BRASIL, 2011a).

Em contrapartida, fazendo uma análise geral dos exames realizados, com exceção dos

exames de ultrassonografias, todos os outros apresentam uma quantidade aquém do

recomendado para um pré-natal ser considerado de qualidade. Segundo Melo et al (2015)

exames como hemograma, VDRL e exame de urina deveriam ser realizados duas os mais

vezes no decorrer do pré-natal, sendo considerado adequado ou de qualidade, inadequado

quando não faz os exames ou faz a partir da 28ª semana de gestação ou intermediário nas

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50

demais situações. De acordo com essa proposta, a pesquisa mostrou-se com um

acompanhamento intermediário, quando deveria ser de qualidade, com acesso às consultas em

sua integralidade (profissionais, exames complementares, maternidade de referência, garantia

de uma unidade para tratamento de riscos, dentre outros).

O cuidado pré-natal adequado é o fator determinante para prevenção da

morbimortalidade materna e infantil, sendo que a permanência ou prevalência elevada de

determinadas patologias demonstram comprometimento da qualidade dessa atenção e autores

citam os elevados índices de sífilis congênita e a hipertensão gestacional, como exemplos e

como possíveis de serem controladas. Esta atenção deve ser organizada com a função de

atender às reais necessidades das grávidas, assegurando uma assistência integral, com

conhecimento baseado na ciência e na técnica e com recursos disponíveis e adequada. A

gestação é algo fisiológico, porém uma parcela de até 20% pode sofrer de algum agravo ou

desenvolver alterações desfavoráveis, cabendo aos profissionais envolvidos a detecção

precoce e a condução correta para prevenir sequelas (MELO et al, 2015; RODRIGUES da

SILVA et al, 2016; RODRIGUES et al, 2017).

Fato preocupante encontrado no estudo foi a superlotação do serviço, em que 45%

dessas puérperas são internadas, inicialmente, nos corredores (poltronas ou macas) por falta

de leitos; circunstância esta, muito alarmante, são mulheres de alto risco, que já vêm

encaminhadas de outros serviços por apresentarem intercorrências e não têm leitos

resguardados, apesar de a Portaria 1459 (que se refere à rede Cegonha) assegurar tais leitos.

Além disso, a Portaria 3390, que trata da organização da atenção hospitalar, enfatiza a

necessidade de organização de uma rede de saúde regionalizada e com um gerenciamento de

leitos que atenda a população em sua integralidade. (BRASIL, 2011a, 2013a).

Considerando que o serviço onde foi realizado o estudo é referência em alto risco

obstétrico, um dado relevante foi que parte dos neonatos necessita de leitos de terapia

intensiva neonatal e o serviço muitas vezes não dispõe de imediato. Tal constatação distancia-

se do que é preconizado nas Portarias MS nº 1130, 1459 e 930, que garantem 04 leitos de UTI

neonatal, 04 leitos de cuidados intermediários e 02 leitos de cuidados intermediários

“canguru” a cada 1000 nascidos vivos (BRASIL, 2006; 2010; 2012b; 2015).

Em relação às principais intercorrências, a hipertensão gestacional apresentou-se como

a mais frequente (53,0%), seguida pela infecção do trato urinário (42,7%), ameaça de TPP

(24,3%) e amniorrexe prematura (19,3%). Rodrigues et al (2017) colocam a pré-eclâmpsia

(20,6%), a rotura prematura das membranas (19,1%), a placenta prévia (10,3%) e a ameaça de

TPP (10,3%) como as intercorrências mais encontradas no estudo deles. Varela et al (2017)

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encontram a infecção urinária (38,3%), a anemia (26%), leucorreia (23,5%), sangramento

vaginal (21,9%), trabalho de parto prematuro (21,9%), doenças hipertensivas da gestação

(21,7%).

A pesquisa mostra que nas puérperas que tiveram filhos prematuros, foram várias as

intercorrências encontradas e citadas por essas entrevistadas, merecendo destaque as quatro

primeiras que foi a ameaça de trabalho de parto prematuro (49,1%), a hipertensão gestacional

(46,5%), a infecção urinária (38,8%) e a amniorrexe prematura (31,9%). A pesquisa concorda

com Ferraresi e Arrais (2016) que colocam a hipertensão gestacional (26,3%), infecção do

trato urinário (22,8%) e o deslocamento prematuro da placenta (3,5%) como as principais

intercorrências encontradas em seu estudo. Menetrier e Almeida (2016) em um estudo no

estado do Paraná, descreveram o TPP (20,0%), as alterações de volume do líquido amniótico

(20,0%), as alterações do bem-estar fetal (13,1%), as síndromes hipertensivas (10,0%) e a

infecção urinária (6,9%) como possíveis causas da prematuridade. Shulman et al (2017)

relatam a associação entre a pré-eclâmpsia e a prematuridade, sendo aquela, 6,1 vezes maior o

risco do desenvolvimento de retinopatia da prematuridade.

Houve uma prevalência de 25% (RP=1,25) maior de nascimentos prematuros nas

mulheres em que o tipo de parto foi cesáreo, que talvez se explica por uma indicação

obstétrica pelo risco materno ou fetal. Carvalho et al (2016) citam estudos em que houve uma

relação importante entre a operação cesariana e RNs de baixo peso e prematuros. Da mesma

forma, Menetrier e Almeida (2016) relatam, na pesquisa deles, que 76,9% dos nascimentos

prematuros ocorreram por operação cesariana. Estes mesmos autores ainda discorrem sobre a

grande quantidade de cesarianas ocorridas no Brasil, ocupando o primeiro lugar no mundo.

No estudo, ainda foi encontrado uma prevalência de 32% (RP=1,32) maior de partos

prematuros nas pacientes adolescentes que naquelas na faixa etária a partir dos 20 anos.

Azevedo et al (2015) em uma pesquisa colocam que essa coletividade está mais suscetível a

doenças hipertensivas da gestação, anemia, diabetes gestacional, complicações no parto, além

da própria morbimortalidade neonatal, pois há um aumento de neonatos de baixo peso ao

nascer e de prematuros. Inclusive, esses mesmos autores discorrem que, dentre as

complicações, as mais comuns nessa faixa etária, são a prematuridade e o baixo peso ao

nascer. Fora isso, cabe relatar, que toda a vida da família é alterada, pois muitas das

gravidezes não são planejadas, essas meninas sentem a necessidade de abandonar a escola e a

rotina da família é alterada, refletindo no futuro dessas pessoas.

A prevalência de partos prematuros em mulheres do interior foi 54% (RP=1,54) maior

que naquelas com residência na Grande Natal, cabendo uma reflexão sobre Rede de Atenção à

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Saúde, Rede Cegonha, Política de Atenção Hospitalar, enfim, toda uma série de Portarias já

tão discutidas no âmbito do SUS e que carecem de implantação. A Portaria nº 4279 do MS, de

2010, que trata das Redes de Atenção à Saúde, além de toda a discussão e estruturação, cabe

destacar pontos como a capacidade de identificar claramente a população sob a sua

responsabilidade, com a atenção primária exercendo um conjunto de ações no âmbito

individual e coletivo, abrangendo a promoção e a proteção da saúde, prevenção de agravos, o

diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde. Ela cita a importância da

Regionalização como estratégia essencial para a consolidação dos princípios da

Universalidade, Integralidade e Equidade, dando enfoque que cada esfera governamental tem

sua responsabilidade e meta a ser cumprida e pactuada, sendo cada ente da gestão responsável

pelo conjunto de políticas explicitadas.

A Rede de Atenção à Saúde é definida como arranjos organizativos de ações

e serviços de saúde, de diferentes densidades tecnológicas, que integradas

por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir

a integralidade do cuidado. O objetivo da RAS é promover a integração

sistêmica, de ações e serviços de saúde com provisão de atenção contínua,

integral, de qualidade, responsável e humanizada, bem como implementar o

desempenho do Sistema, em termos de acesso, equidade, eficácia clínica e

sanitária; e eficiência econômica (BRASIL, 2010, p.03).

A Portaria nº 1459, que trata da Rede Cegonha, da discussão em torno do direito das

mulheres a uma assistência humanizada e livre de riscos, traz um enfoque à atenção ao parto,

ao nascimento, ao crescimento e ao desenvolvimento da criança de zero aos 24 meses.

Destaca a Rede de Atenção à Saúde Materna e Infantil na garantia do acesso e da

resolutividade, com o objetivo maior de reduzir a mortalidade materna e infantil,

especialmente a neonatal. Ademais discute a importância da organização dos serviços em

territórios (regionalização), com a garantia de um pré-natal de qualidade e vinculação da

gestante a uma unidade de referência quando necessário. Coloca a relevância da suficiência de

leitos obstétricos e neonatais de acordo com as necessidades regionais e vendo os perfis

epidemiológicos de cada população (BRASIL, 2011a).

A portaria nº 3390, de 2013, trata da Política de Atenção Hospitalar, retoma a

importância da regionalização, de acordo com as pactuações, sendo que essa unidade

trabalharia de forma integrada aos demais pontos das RAS e com outras políticas de forma

intersetorial, para melhorar a atenção e a continuidade do cuidado (BRASIL, 2013a).

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As pesquisas relatam que nas gestações múltiplas há uma forte relação com a

prematuridade e o presente estudo mostrou uma prevalência 86% maior (RP=1,86) neste

grupo, em relação às gestações únicas. Tabile et al (2016) discorrem que a gemelaridade é

responsável por cerca de 10% de todos os trabalhos de partos prematuros e 25% de todas as

mortes no pré-termo, apesar de ocorrerem em apenas 1% das gravidezes. Da mesma forma,

Rocha da Silva (2015) descrevem a gestação múltipla com um fator de risco para a

prematuridade e o baixo peso ao nascer. Oliveira et al (2016) em uma pesquisa de fatores

maternos e neonatais relacionados à prematuridade, encontram uma razão de chance entre

gestação gemelar e parto pré-termo de 1,14 vezes e ainda colocam estudos que discorrem que

a gestação múltipla pode aumentar em até 25 vezes o risco de um parto prematuro. Fuchs e

Senat (2016) descrevem que a prematuridade é uma grande preocupação na obstetrícia atual e

que nas gestações gemelares a prevalência é até 50% maior. Barrios e Alvarado (2016) em

uma pesquisa documental em prontuários, na cidade de Lima (Peru), relatam a associação

entre prematuridade e gemelaridade, tendo encontrado uma prevalência de 140% maior neste

grupo.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Os objetivos propostos para a pesquisa foram alcançados, uma vez que se verificou os

fatores associados ao parto prematuro na Maternidade Januário Cicco, estimando a

prevalência neste grupo, identificando a associação entre os fatores individuais e verificando a

ocorrência de partos prematuros com antecedentes dessas mulheres.

A maior parte das mulheres que compuseram este estudo era residentes na zona

urbana, com companheiro, escolaridade a partir do ensino médio, do lar, com baixo poder

aquisitivo, sem comorbidades anteriores à atual gestação, tiveram uma menarca até os 12

anos, com gestações anteriores, sem perdas fetais ou abortos e foram poucas as clientes que

relataram terem parido um filho anteriormente prematuro ou de baixo peso. Cabe ainda

destacar que a maioria iniciou o pré-natal no primeiro trimestre, realizaram sete ou mais

consultas, no entanto, com um número reduzido de exames para o acompanhamento. Quanto

ao tipo de parto, a maior parte foi de cesáreas, de gestações únicas e com a maioria dos

neonatos ficando junto à mãe, no alojamento conjunto.

Dos nascimentos ocorridos no serviço em que foi realizada a pesquisa, 39,3% ocorrem

antes das mulheres completarem 37 semanas de gestação e destes, a maior parte são de

neonatos prematuros classificados como de prematuridade moderada. Apesar de ser um

serviço de referência em alto risco obstétrico e neonatal, não há vagas suficientes para suprir a

necessidade das mulheres e/ou RNs que precisam de uma vaga de UTIN.

Apesar de, em termos quantitativos, boa parte dos internamentos ocorrerem das

mulheres provenientes da Grande Natal, a prevalência de nascimentos prematuros das

pacientes que vêm do interior chega a ser 54% maior e alcançam uma percentagem 86%

superior nas gestações múltiplas em relação às gestações únicas.

A pesquisa apresenta-se como sendo convergente com a literatura pesquisada e ainda

foi possível apresentar um comparativo entre grupos de puérperas que haviam parido a termo

e prematuros, expressando a razão de prevalência entre os dois grupos além de, ter-se

encontrado três perfis epidemiológicos no estudo: amostra total, grupo das mães de

prematuros e dos termos.

Conforme Oliveira et al (2015) com dados epidemiológicos de uma população é

possível compreender as necessidades especiais e específicas, de forma que o planejamento de

ações e cuidados possam ser realizados de uma forma mais organizada e com intervenções

efetivas.

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Diante dos achados da pesquisa, viu-se a necessidade de elaboração de um projeto de

intervenção a ser implementado no local em que esse estudo foi realizado como também na

Secretaria Estadual de saúde, por meio da proposta de um projeto de intervenção,

encaminhado em anexo aos serviços citados, de forma a contribuir ainda mais para a redução

dos nascimentos prematuros.

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2019.

VARELA, P. L. R. et al. Intercorrências na gravidez em puérperas brasileiras atendidas nos

sistemas público e privado de saúde. Revista Latino-americana de Enfermagem. Ribeirão

Preto (SP). v. 25, 2017. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/2814/281449566112.pdf.

Acesso em 02 mar 2019.

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APÊNDICES

APÊNDICE A – INSTRUMENTO PARA COLETA DE DADOS

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

ESCOLA DE SAÚDE

MESTRADO PROFISSIONAL EM PRÁTICAS DE SAÚDE E EDUCAÇÃO

NÚMERO DE REGISTRO NA INTERNAÇÃO:_____________________

INSTRUMENTO PARA COLETA DE DADOS:

I – FATORES INDIVIDUAIS E CARACTERÍSTICAS SÓCIOECONÔMICAS:

1 Idade materna

1. Adolescente

2. Adulta

2 Procedência 1. GrandeNatal

(________________)

2. Interior

(__________________)

3 Local de residência 1. Zona Urbana

2. Zona Rural

4 Situação conjugal 1. Com companheiro

2. Sem companheiro

5 Escolaridade 1. Até o Ensino Fundamental

2. A partir do Ensino Médio

6 Ocupação

7 Raça/cor

1. Branca

2. Outra (________)

8 Renda mensal per capita (por pessoa) 1. Menos de um salário mínimo

2. 1 a 3 salários mínimos

II – PRINCIPAIS FATORES DE RISCO ANTERIOR À GESTAÇÃO:

9 Cardiopatias 1. Sim

2. Não

10 Hipertensão crônica 1. Sim

2. Não

11 Doenças autoimunes 1. Sim

2. Não

12 Malformação uterina 1. Sim

2. Não

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13 Doenças hematológicas 1. Sim

2. Não

14 Fumante 1. Sim

2. Não

15 Outra (especificar)

____________________________________

1. Sim

2. Não

III - FATORES RELACIONADOS À HISTÓRIA REPRODUTIVA:

16 Menarca (idade da primeira menstruação)

1. Até 12 anos

2. 12 anos ou mais

17 Gestações anteriores 1. Sim

2. Não

18 Perdas fetais ou abortos 1. Sim

2. Não

19 Nº de partos 1. Nenhum

2. Um

3. Dois

4. Três

5. Quatro

6. Cinco ou mais

20 Nº de nascidos vivos 1. Nenhum

2. Um

3. Dois

4. Três

5. Quatro

6. Cinco ou mais

21 Filhos com peso abaixo de 2500g 1. Sim

2. Não

22 Filhos prematuros 1. Sim

2. Não

23 Intervalo entre a gestação anterior e a atual 1. Até 02 anos

2. Mais de 02 anos

24 Cirurgia uterina anterior 1. Sim 2. Não

IV – FATORES RELACIONADOS A GESTAÇÃO ATUAL:

25 Início do pré-natal 1. 1º trimestre (até 13 semanas)

2. 2º trimestre (14-28 semanas)

3. 3º trimestre (+ de 28

semanas)

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4. Ignorado

5. Não fez pré-natal

26 Número de consultas 1. Nenhuma

2. 1 a 3 consultas

3. 4 a 6 consultas

4. 7 ou mais consultas

5. Ignorado

27 Realizou exames no pré-natal 1. Sim

2. Não

28 Exames realizados (número de vezes):

Hemograma

1. Uma vez

2. Duas ou mais vezes

3. Nenhuma

VDRL

1. Uma vez

2. Duas ou mais vezes

3. Nenhuma

HIV

1. Uma vez

2. Duas ou mais vezes

3. Nenhuma

Sumário de urina

1. Uma vez

2. Duas ou mais vezes

3. Nenhuma

Teste para Hepatite B

1. Uma vez

2. Duas ou mais vezes

3. Nenhuma

Teste para toxoplasmose

1. Uma vez

2. Duas ou mais vezes

3. Nenhuma

Teste para citomegalovírus

1. Uma vez

2. Duas ou mais vezes

3. Nenhuma

Glicemia de jejum

1. Uma vez

2. Duas ou mais vezes

3. Nenhuma

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Ultrassonografia

1. Uma vez

2. Duas ou mais vezes

3. Nenhuma

29 Intercorrências na gestação 1. Nenhuma

2. Hipertensão gestacional

3. Diabetes gestacional

4. Infecção do trato urinário

5. Infecção vaginal

6. Sangramento 1º trimestre

7. Sangramento 2º/3º trimestre

8. Amniorrexe prematura

9. Ameaça de TPP

10. Outras______________

30 Paciente ficou internada no serviço 1. Em leito

2. Em corredor

31 Idade gestacional do RN (em semanas) 1. Menos de 22

2. 22 a 27

3. 28 a 31

4. 32 a 36

5. 37 a 41

32 Tipo de parto 1. Vaginal

2. Cesárea

33 Tipo de gestação 1. Única

2. Múltipla

34 Ao nascer, RN ficou em 1. Alojamento conjunto

2. Uti neonatal

3. Aguardando vaga em uti

neonatal

4. Transferido para outro

serviço

35 Ao nascer, 1º gemelar ficou em 1. Alojamento conjunto

2. Uti neonatal

3. Aguardando vaga em uti

neonatal

4. Transferido para outro

serviço

36 Ao nascer, 2º gemelar ficou em 1. Alojamento conjunto

2. Uti neonatal

3. Aguardando vaga em uti neonatal

4. Transferido para outro

serviço

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67

37 Ao nascer, 3º gemelar ficou em 1. Alojamento conjunto

2. Uti neonatal

3. Aguardando vaga em uti

neonatal

4. Transferido para outro

serviço

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APÊNDICE B

TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA USO DE DOCUMENTOS DAS PACIENTES

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APÊNDICE C – TCLE

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APÊNDICE D

TCLE – MENORES DE IDADE

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APÊNDICE E

TERMO DE ASSENTIMENTO

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APÊNDICE F

TERMO DE COMPROMISSO DO PESQUISADOR

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APÊNDICE G – PROJETO DE INTERVENÇÃO:

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

ESCOLA DE SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E SOCIEDADE

MESTRADO PROFISSIONAL EM PRÁTICAS DE SAÚDE E EDUCAÇÃO

JEAN CARLOS BEZERRA

PROJETO DE INTERVENÇÃO: IMPLEMENTAÇÃO DE ESTRATÉGIAS QUE

CONTRIBUAM COM A REDUÇÃO DO PARTO PREMATUDO

NATAL/RN

2019

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JEAN CARLOS BEZERRA

PROJETO DE INTERVENÇÃO: IMPLEMENTAÇÃO DE ESTRATÉGIAS QUE

CONTRIBUAM COM A REDUÇÃO DO PARTO PREMATUDO

Projeto de Intervenção apresentado ao

Programa de Pós-Graduação em Saúde e

Sociedade, Escola de Saúde, da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, como

requisito para a obtenção do título de Mestre

em Saúde e Sociedade.

Área de concentração: Saberes e Práticas em

Saúde e Educação.

Orientadora: Profa. Dra. Simone Pedrosa

Lima.

NATAL/RN

2019

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SUMÁRIO

1 PROBLEMA E JUSTIFICATIVA .................................................................... 82

1.1 PREMATURIDADE: IMPORTANTE PROBLEMA DE SAÚDE MATERNO

INFANTIL............... .............................................................................................. 82

2 OBJETIVOS......................................................................................................... 84

2.1 OBJETIVO GERAL............................................................................................... 84

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................................. 84

3 METODOLOGIA................................................................................................ 85

4 CRONOGRAMA.................................................................................................. 86

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................... 87

6 REFERÊNCIAS.................................................................................................... 88

7 APÊNDICE A ...................................................................................................... 89

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1 – PROBLEMA E JUSTIFICATIVA:

1.1 – PREMATURIDADE: IMPORTANTE PROBLEMA DE SAÚDE MATERNO

INFANTIL

A prematuridade se constitui como um dos mais importantes problemas a serem

enfrentados na saúde materno-infantil no Brasil. Apesar dos grandes avanços ocorridos nessa

área nas últimas décadas e da queda da mortalidade infantil, o parto prematuro mostra uma

tendência de aumento, sobretudo a partir da década de 90. Araújo Filho (2017) relata que a

mortalidade neonatal é responsável por cerca de 70% da mortalidade infantil no país, sendo a

prematuridade a principal causa de óbito neonatal em todas as regiões do Brasil; indicando

problemas na assistência relacionados ao pré-natal, durante o parto e ao próprio recém-

nascido (FRANÇA; LANSKY, 2016).

Há intercorrências na gestação que provocam a indicação de uma intervenção

obstétrica no pré-termo, além do próprio trabalho de parto prematuro, como alterações no

bem-estar fetal, síndromes hipertensivas, alterações no líquido amniótico, hemorragias, e

muitas delas passíveis de prevenção. A estratégia mais adequada para evitar tais

complicações: um adequado acompanhamento no decorrer na gestação (MENETRIER;

ALMEIDA, 2016). Ademais, Teixeira (2015) discorre que a mortalidade neonatal, a

prevalência de baixo peso ao nascer e a prematuridade têm relação com a carência de

procedimentos rotineiros e adequados na assistência à gestante, logo, uma má qualidade no

pré-natal converge para complicações no período gestacional e neonatal.

Assim sendo, o pré-natal se constitui como um dos grandes instrumentos para melhora

das condições de vida da saúde reprodutiva das mulheres e de seus recém-nascidos,

detectando riscos advindos com a gestação e intervindo de maneira oportuna, de forma a

diminuir a morbimortalidade materna e neonatal (BRASIL, 2013).

Em pesquisa realizada por Bezerra (2019) e por meio de dados coletados no decorrer

de tal da pesquisa, constatou-se a necessidade de elaboração de um projeto de intervenção

com a função de capacitar os atuais e futuros profissionais na assistência pré-natal, como

antagonistas da problemática a ser enfrentada. Inclusive Pereira (2003) descreve a

importância da educação em saúde como um dos pilares para a promoção em saúde das

coletividades, quer seja no nível primário da atenção, quer seja no nível terciário. Neves Silva

et al (2015) descrevem que é cada vez mais importante e necessário a imprescindibilidade de

um processo de educação no ambiente dos trabalhadores de saúde.

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Portanto, elaborou-se um projeto de intervenção fundamentado nos dados da pesquisa

realizada na Maternidade Escola Januário Cicco, que teve como objetivo compreender os

fatores relacionados ao parto prematuro, como se pode observar em Bezerra (2019).

Cabe destacar, alguns dados de magnitude expressiva que necessitam de

enfrentamento; quer sejam de curto, médio ou longo prazo, por parte dos serviços de saúde e

com um planejamento e intervenção adequados: encontrou-se a percentagem de 39,3% dos

nascimentos ocorridos no serviço são de recém-nascidos prematuros e, ainda que, a maior

parte das pacientes serem provenientes da Grande Natal, a prevalência dos partos prematuros

das mulheres provenientes do interior chega a ser 54% maior e com uma chance de 86% mais

elevada nas gestações múltiplas.

Ressalta-se, que o estudo mostrou a hipertensão gestacional (53,0%), infecção do trato

urinário (42,7%), ameaça de TPP (24,3%) e amniorrexe prematura (19,3%), o diabetes

gestacional (16,7%), sangramentos (18,7%) e infecções vaginais (8,0%) foram as

intercorrências mais comum, salientado que algumas mulheres apresentaram mais de uma

alteração na gestação. A pesquisa apontou que as mulheres fizeram um número de consultas

de pré-natal e no tempo adequado, no entanto, exames aquém do que é recomendado pela

literatura e muitas foram as alterações apresentadas, levando a necessidade de uma melhor

qualificação desses profissionais atuantes nesses serviços (BEZERRA, 2019).

Diante da assertiva, almeja-se que os profissionais tenham melhor capacidade técnica

para o enfrentamento da prematuridade, pois estes estarão habilitados para a realização de um

pré-natal de melhor qualidade.

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2 – OBJETIVOS:

2.1 – OBJETIVO GERAL:

Implementar estratégias que contribuam para redução do parto prematuro.

2.2 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

Promover maior interação entre os serviços de atenção primária, secundária e terciária.

Capacitar profissionais e graduandos de medicina/enfermagem envolvidos na atenção

à mulher.

Contribuir para melhor qualificação do pré-natal no âmbito dos serviços de saúde,

sobretudo dos municípios do interior.

Reduzir custos e sequelas.

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3- METODOLOGIA:

A seguir, descrevem-se as etapas do projeto de intervenção, o qual será aplicado a

graduandos de enfermagem e medicina, assim como, a profissionais atuantes na rede de

atenção primária de saúde, que realizam a consulta de pré-natal.

MATERNIDADE JANUÁRIO CICCO:

Agendar apresentações dos resultados da pesquisa, tendo como público alvo: gestores,

professores, profissionais de saúde, estudantes da graduação e residentes.

Apresentar a proposta do curso de extensão intitulado: “Capacitando e enfrentando a

prematuridade” (Apêndice A).

SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE – NÚCLEO DE SAÚDE DA MULHER:

Realizar a apresentação do estudo, enfatizando a problemática da prematuridade no

estado do Rio Grande do Norte.

Discorrer da necessidade de capacitação dos profissionais que atuam na assistência

pré-natal.

Propor capacitação, através da plataforma do AVASUS, das principais intercorrências

encontradas na pesquisa (Apêndice A).

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4 – CRONOGRAMA:

Aspira-se que os dois cursos de capacitação sejam iniciados a partir do início do

segundo semestre de 2019, encontrando-se disponíveis por até três semestres, com

possibilidades de ser estendido de acordo com a necessidade.

AÇÕES: JUL/DEZ 2019 JAN/JUN 2020 JUL/DEZ 2020

CURSO DE EXTENSÃO X X X

CURSO DE EXTENSÃO À

DISTÂNCIA - AVASUS

X X X

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5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Diante do projeto apresentado, espera-se que haja um progresso na qualidade da

assistência prestada através do pré-natal, corroborando para que sejam realizadas intervenções

corretas e no tempo oportuno, com vistas a redução das intercorrências.

Através da mediação desse plano, ora proposto, com profissionais melhores

capacitados, decorrerá o grande objetivo de todo esse processo sugerido: atenuação dos casos

de partos prematuros e de gestações de alto risco. Consequentemente, a melhora dos

indicadores de saúde materno-infantil, com uma assistência mais adequada no nível primário,

que refletirá nos serviços secundário e terciário de saúde.

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6 - REFERÊNCIAS:

ARAÚJO FILHO, A. C. A. et al. Aspectos epidemiológico da mortalidade neonatal em

capital do Nordeste do Brasil. Revista Cuidarte., v.8, n.3, 2017. Disponível em:

<https://www.revistacuidarte.org/index.php/cuidarte/article/view/417/847>. Acesso em:

02out. 2017.

BEZERRA, J. C. Fatores associados ao parto prematuro em uma maternidade pública.

2019. Dissertação (Mestrado) – Escola de Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, Natal, 2019.

BRASIL. Ministério da Saúde. Atenção ao pré-natal de baixo risco. Brasília, DF: Editora

do Ministério da Saúde, 2013.

BRASIL. Ministério da Saúde. Gestação de alto risco – manual técnico. Brasília, DF:

Editora do Ministério da Saúde, 2010.

FRANÇA, E.; LANSKY, S. Mortalidade infantil neonatal no Brasil: situação, tendências e

perspectivas. In: ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS POPULACIONAIS, 16.,

2016, Belo Horizonte. Anais... Belo horizonte, 2016.Disponível em:

<http://www.abep.org.br/publicacoes/index.php/anais/article/view/1763/1723>. Acesso em:

21 jun. 2017.

MENETRIER, J. V.; ALMEIDA, G.Perfil epidemiológico de gestantes de alto risco com

parto prematuro em um hospital de referência. Revista Saúde e Pesquisa. Maringá, v.9, n.3,

2016.Disponívelem:<http://periodicos.unicesumar.edu.br/index.php/saudpesq/article/view/55

34/2926>. Acesso em: 21 ago. 2017.

NEVES SILVA, A. et al. Limites e possibilidades do ensino à distância (EaD) na educação

permanente em saúde: revisão integrativa. Revista Ciênc. Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v.

20, n. 4, 2015. Disponível em:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-

81232015000401099&lng=en&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 08 abr. 2019.

PEREIRA, A. L. F. As tendências pedagógicas e a prática educativa nas ciências da saúde.

Cadernos de Saúde Pública. Rio de Janeiro, RJ, v.19, n. 5, 2003. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-

311X2003000500031&lng=en&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em 20 mar. 2019.

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APÊNDICE A (DO PROJETO DE INTERVENÇÃO) - CURSO DE CAPACITAÇÃO

1 - TÍTULO DO CURSO: IMPLEMENTAÇÃO DE ESTRATÉGIAS QUE

CONTRIBUAM COM A REDUÇÃO DO PARTO PREMATUDO.

2 - COORDENADOR DO CURSO: Jean Carlos Bezerra.

3 - PÚBLICO ALVO:

3.1 - Graduandos de Medicina e Enfermagem: justifica-se a capacitação voltada para

este público, uma vez que boa parte dos profissionais que atuam em Equipes de Saúde

da Família e na atenção básica são de recém-formados, com pouca experiência

(ALVARENGA et al, 2018). Portanto, esses alunos serão os que atuarão nos serviços

de saúde em um futuro próximo.

3.2 – Enfermeiros e médicos atuantes em municípios do interior.

4 – LOCAL DE REALIZAÇÃO DO CURSO:

4.1 – Sala de aula na Maternidade Escola Januário Cicco.

4.2 – Ambiente Virtual de Aprendizagem do Sistema Único de Saúde (AVASUS).

5 – FORMAS DE FINANCIAMENTO DO CURSO:

O curso será custeado com recursos próprios, cadastrado como projeto de extensão e

de educação à distância na UFRN.

6 – PARCEIROS ENVOLVIDOS:

Docentes e profissionais de saúde da UFRN e EBSERH (Empresa Brasileira de

Serviços Hospitalares), sistema de informática da universidade, Maternidade Escola Januário

Cicco e Secretaria Estadual de Saúde.

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7 – JUSTIFICATIVA:

A prematuridade é responsável por cerca de 75% das mortes neonatais no Brasil e por

78,26% dos óbitos neonatais no Rio Grande do Norte, com uma percentagem dos nascimentos

variando de 9-12% no país, tendendo ao crescimento (MENETRIER; ALMEIDA, 2016;

TEIXEIRA, 2016). Pesquisa realizada por Bezerra (2019), no serviço da Maternidade Escola

Januário Cicco, mostrou uma alta percentagem de partos prematuros, com mulheres

apresentando-se com intercorrências na gestação possíveis de serem prevenidas ou

controladas. Além disso, as mulheres que proviam do interior e com gestações múltiplas

apresentavam uma maior prevalência de filhos prematuros, em relação às gestantes da Grande

Natal e com gestação única, respectivamente. Então, inferiu-se a necessidade de melhora na

assistência no pré-natal e elaborou-se um curso de extensão a ser ministrado a alunos da

UFRN e profissionais atuantes na atenção primária de saúde.

8 – OBJETIVO:

Reduzir complicações ou intercorrências na gestação e, por conseguinte, diminuir o

número de partos prematuros.

9 – TEMÁTICAS A SEREM ABORDADAS:

Tais assuntos propostos foram selecionados de acordo com as alterações mais

encontradas na amostra da pesquisa realizada por Bezerra (2019) e com os tópicos retirados

do manual técnico de gestação de alto risco, do Ministério da Saúde. Tais assuntos abordarão

conceito, epidemiologia, fisiopatologia, complicações, tratamento e conduta das seguintes

intercorrências:

Hipertensão gestacional.

Trabalho de parto prematuro.

Amniorrexe prematura.

Gestações múltiplas.

Infecção vaginal e do trato urinário.

Diabetes gestacional.

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10 – METODOLOGIA:

O curso será realizado na modalidade presencial e à distância. A carga horária será de

40 horas com abordagem problematizadora, por meio de: aulas expositivas, seminários,

leituras de textos, rodas de conversa. Enfatiza-se, ainda, que na modalidade à distância,

haverá adaptação dos recursos metodológicos que serão utilizados como, por exemplo, a

participação dos discentes em fóruns, chats, postando dúvidas e comentários.

11 – RECURSOS DIDÁTICOS:

Datashow, computador, textos e sistema de informática (AVASUS).

12 – AVALIAÇÃO:

A avaliação será de forma contínua, através da participação dos discentes nos

encontros, de forma crítica e construtiva. Também será realizado um pré-teste antes do início

do curso e um pós-teste ao final.

13 – REFERÊNCIAS:

ALVARENGA, E. C. et al.. Condições de trabalho de equipes de saúde da família do Pará.

Revista NUFEN, Belém, v. 10, n.1, 2018. Disponível em:

http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2175-25912018000100005 Acesso em:

10 abr. 2019.

BEZERRA, J. C. Fatores associados ao parto prematuro em uma maternidade pública.

2019. Dissertação (Mestrado) – Escola de Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, Natal, 2019.

BRASIL. Ministério da Saúde. Atenção ao pré-natal de baixo risco. Brasília, DF: Editora

do Ministério da Saúde, 2013.

BRASIL. Ministério da Saúde. Gestação de alto risco – manual técnico. Brasília, DF:

Editora do Ministério da Saúde, 2010.

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92

ANEXO 1

FOLHA DE ROSTO

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ANEXO 2

PARECER DO CEP

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ANEXO 3

CARTA DE ANUÊNCIA