UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI
Programa de Pós-Graduação em Ciência Florestal
Mariana Generoso Ferreira
DESENVOLVIMENTO INICIAL DE ESPÉCIES ARBÓREAS EM SOLO
CONTAMINADO COM AUXINAS SINTÉTICAS
Diamantina
2017
Mariana Generoso Ferreira
DESENVOLVIMENTO INICIAL DE ESPÉCIES ARBÓREAS EM SOLO
CONTAMINADO COM AUXINAS SINTÉTICAS
Dissertação apresentada ao programa de Pós-
Graduação em Ciência Florestal da Universidade
Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, como
requisito para obtenção do título de Mestre.
Orientador: Prof. Dr. José Barbosa dos Santos
Diamantina
2017
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela minha vida, por iluminar e guiar os meus caminhos, pelas
oportunidades e conquistas realizadas.
À Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e ao
Programa de Pós-Graduação em Ciência Floresta.
À UFVJM pela concessão da bolsa durante o período da realização do mestrado.
Aos meus pais, Cláudio e Marta, por todo amor, dedicação, pela força, pela
educação base para minha vida e apoio aos meus estudos.
Aos meus irmãos, Gabriel e Isabella, pelos exemplos, carinho, admiração,
amizade e conselhos.
Ao meu bebê, Benício, sobrinho e afilhado, para quem quero ser motivo de
orgulho e incentivo.
Aos meus avós, tios e primos, por sempre me ajudar quando mais precisei, pelos
simples gestos ou palavras.
Ao professor e orientador Dr. José Barbosa, por sua dedicação, paciência, pelo
apoio, pela confiança por me aceitar como sua orientada e pelos valiosos ensinamentos. Muito
obrigada.
À Prof. Dra. Dayana Francino, agradeço imensamente por toda ajuda, paciência,
apoio, amiga, me proporcionou grandes experiências e pelos valiosos ensinamentos.
Ao Dr. Evander Alves, por toda ajuda, apoio e ensinamento para realização do
trabalho.
Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Ciência Florestal da UFVJM.
À Michelle, por toda ajuda e ensinamento na parte técnica, além da amizade,
paciência, alegria e conselhos, dos cafés e das boas conversas no laboratório.
Ao grupo de pesquisa INOVAHERB- Manejo Sustentável de Plantas Daninhas da
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM, pela amizade,
contribuição, risadas, montagem e desmontagem de experimentos, além dos conhecimentos
proporcionados. Muitíssimo obrigada especialmente ao Vitor, Gabriela, Lilian, Fillipe e
Luciana, por terem me ajudado no experimento, incentivos, pela convivência extrovertida e
pelas farras, além de serem grandes amigos e companheiros. Ao Wander por ter cedido às
sementes das espécies arbóreas para realização do experimento.
Aos amigos do Laboratório de Anatomia Vegetal e graduação, pelas tardes juntas,
aprendizagens, estudos, boas conversas, lanches e risadas, além das farras e segredos.
Aos amigos da Biologia, que sempre me incentivaram, apoiaram, pelas boas
conversas, pelos vários finais de semana juntos, segredos, risadas e farras.
Aos meus amigos da pós-graduação, companheiros de estudos, trabalhos,
conselhos, segredos, farras, risadas, passeios, viagens, pelos vários finais de semana juntos,
convivência extrovertida e aprendizagem.
As minhas amigas que morei/moro em Diamantina, pelas boas companhias, pela
convivência alegre e sadia, além dos vários momentos divertidos.
Aos meus grandes amigos desde adolescência, que sempre me apoiaram, me
incentivaram e pelos conselhos.
Agradeço aos professores que aceitaram o convite para participar da banca.
A todos vocês, muito obrigada!
FERREIRA, Mariana Generoso. Desenvolvimento inicial de espécies arbóreas em solo
contaminado com auxinas sintéticas. 2017. (Dissertação - Mestrado em Ciência Florestal)
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina, 2017.
RESUMO GERAL
O agricultor deve adequar-se às exigências da nova legislação ambiental brasileira, quanto à
recuperação de áreas de preservação permanente e reserva legal. Um dos problemas que o
produtor pode enfrentar é a recuperação de áreas degradadas, que podem conter, entre outros
contaminantes, resíduos de herbicidas. O 2,4-D e picloram são herbicidas hormonais
mimetizadores de auxina. Entre os grupos vegetais, as espécies das matas ciliares têm sido
pouco relatadas quanto aos efeitos de resíduos desses herbicidas no ambiente. As análises
micromorfológicas e micromorfométricas são ferramentas importantes no auxílio do
diagnóstico precoce da injúria, visto que modificações visíveis podem aparecer em fase tardia
da intoxicação. Objetivou-se com este trabalho avaliar o desenvolvimento inicial de dez
espécies arbóreas em substrato com resíduos da mistura de herbicidas 2,4-D+picloram e
verificar os efeitos nas modificações anatômicas foliares de Mabea fistulifera e Zeyheria
tuberculosa. Em delineamento em blocos ao acaso com três repetições, foram distribuídos 40
tratamentos em esquema fatorial 4x10. O primeiro fator foi composto por quatro doses da
mistura comercial de 2,4-D+picloram correspondentes a 0,00; 0,166; 0,333 e 0,666 g ha-1
(Tordon®, contendo 240 g de 2,4-D e 64 g de picloram por litro). O segundo fator foi
composto por dez espécies arbóreas: Machaerium opacum Vogel, Machaerium nyctitans
(Vell.) Benth., Cassia ferruginea (Schrad.) Schrad. ex DC., Senna macranthera (DC. ex.
Collad.) H.S. Irwin e Barnaby, Anadenanthera colubrina (Vell.), Brenan, Senegalia
polyphylla (DC.) Britton e Rose, Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F. Macbr., Dalbergia
villosa (Benth.) Benth., Mabea fistulifera Mart. e Zeyheria tuberculosa (Vell) Bureau ex Verl.
Avaliações morfológicas e anatômicas em plantas jovens foram realizadas conforme a
metodologia padrão. Para as variáveis morfológicas das dez espécies arbóreas foram
avaliados: intoxicação, sobrevivência, altura das plântulas, número de folhas, área foliar,
massa seca da parte aérea e da raiz, diâmetro do caule, o volume da raiz, o índice de
velocidade de emergência e a emergência. Por meio de avaliações micromorfométricas foram
medidas, na secção transversal das folhas de Mabea fistulifera e Zeyheria tuberculosa, a
espessura dos tecidos, a epiderme adaxial e abaxial, parênquima paliçádico e lacunoso, além
da lâmina total. Para a área foliar foram realizadas fotografias das folhas e mensuradas com
auxílio do software Image K. As espécies arbóreas sobreviveram à aplicação do produto, com
variação na sensibilidade. Os resíduos da mistura dos herbicidas prejudicaram a maioria das
espécies testadas em relação às avaliações do desenvolvimento inicial. M. fistulifera, P.
gonoacantha e Z. tuberculosa apresentaram maior tolerância à mistura de herbicidas. Em
relação à anatomia e área foliar, de maneira geral, a espécie Z. tuberculosa foi afetada
negativamente pelos herbicidas. M. fistulifera se mostrou mais tolerante à presença dos
contaminantes.
Palavras-chave: 2,4-D+picloram, anatomia foliar, contaminação ambiental, espécies
florestais, recuperação de áreas.
FERREIRA, Mariana Generoso. Initial development of tree species in soil contaminated
with synthetic auxins. 2017. (Dissertation - Masters in Florestal Science) Universidade
Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina, 2017.
GENERAL ABSTRACT
The farmer must adapt to the requirements of the new brazilian environmental legislation,
regarding the recovery of permanent preservation areas and legal reserve. One of the
problems that the producer may face is the recovery of degraded areas, which may contain,
among other contaminants, herbicide residues. 2,4-D and picloram are auxin mimicking
hormonal herbicides. Among the plant groups, the species of the riparian forests have been
little reported as to the effects of residues of these herbicides on the environment.
Micromorphological and micromorphometric analyzes are important tools to aid in the early
diagnosis of injury, since visible changes may appear in the later stages of intoxication. The
objective of this work was to evaluate the initial development of ten substrate tree species
with residues from of the 2,4-D + picloram herbicide mixture and to verify the effects on the
anatomical modifications of Mabea fistulifera and Zeyheria tuberculosa. In a randomized
block design with three replicates, 40 treatments were distributed in a 4x10 factorial scheme.
The first factor was composed of four doses of the commercial mixture of 2,4-D + picloram
corresponding to 0,00; 0,166; 0,336 and 0,666 g ha-1
(Tordon®, containing 240 g of 2,4-D
and 64 g of picloram per liter). The second factor was composed of ten tree species:
Machaerium opacum Vogel, Machaerium nyctitans (Vell.) Benth., Cassia ferruginea
(Schrad.) Schrad. ex DC., Senna macranthera (DC. ex. Collad.) H.S. Irwin e Barnaby,
Anadenanthera colubrina (Vell.), Brenan, Senegalia polyphylla (DC.) Britton e Rose,
Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F. Macbr., Dalbergia villosa (Benth.) Benth., Mabea
fistulifera Mart. and Zeyheria tuberculosa (Vell) Bureau ex Verl. Morphological and
anatomical evaluations in young plants were performed according to the standard
methodology. For the morphological variables of the ten tree species were evaluated:
intoxication, survival, seedling height, number of leaves, leaf area, dry mass of shoot and root,
stem diameter, root volume, emergency speed index and emergency. Through
micromorphometric evaluations, tissue thickness, adaxial and abaxial epidermis, paliçadic and
lacunacetic parenchyma were measured, in the cross section of the leaves of Mabea fistulifera
and Zeyheria tuberculosa, in addition to the total lamina. For leaf area, leaf photographs were
taken and measured using Image K software. Tree species survived the application of the
product, with variation in sensitivity. Residues of the herbicide mixture adversely affected
most of the tested species in relation to initial developmental assessments. M. fistulifera, P.
gonoacantha and Z. tuberculosa presented greater tolerance to the herbicide mixture. In
relation to the anatomy and leaf area, in general, the species Z. tuberculosa was negatively
affected by the herbicides. M. fistulifera was more tolerant to the presence of contaminants.
Keyword: 2,4-D+picloram, leaf anatomy, environmental contamination, forest species,
recovery of areas.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO GERAL ......................................................................................................... 12
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 14
PROPOSTA DE ARTIGO CIÊNTIFICO I: DESENVOLVIMENTO INICIAL DE
ESPÉCIES ARBÓREAS EM SOLOS CONTAMINADOS COM 2,4-D+PICLORAM .. 17
RESUMO ................................................................................................................................ 17
ABSTRACT ............................................................................................................................ 18
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 19
2 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................. 20
3 RESULTADOS .................................................................................................................... 24
4 DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 31
5 CONCLUSÕES .................................................................................................................... 36
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 37
PROPOSTA DE ARTIGO CIÊNTIFICO II: ANATOMIA DE DUAS ESPÉCIES
ARBÓREAS CULTIVADAS EM SOLO CONTAMINADO POR RESÍDUOS DE 2,4-
D+PICLORAM ...................................................................................................................... 41
RESUMO ................................................................................................................................ 41
ABSTRACT ............................................................................................................................ 42
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 43
2 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................. 44
2.1 Obtenção de sementes e preparo do experimento ............................................................. 44
2.2 Área foliar .......................................................................................................................... 45
2.3 Avaliação morfoanatômica ................................................................................................ 46
3 RESULTADOS .................................................................................................................... 46
4 DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 49
5 CONCLUSÕES .................................................................................................................... 53
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 53
12
INTRODUÇÃO GERAL
No Brasil, a legislação ambiental vigente exige que áreas degradadas por
atividades antrópicas sejam recuperadas (SILVA, 2014). No que tange a referida legislação, a
recuperação de áreas degradadas encontra-se respaldada na Constituição Federal de 1988 em
seu art. 225, § 2º onde “aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o
meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público
competente, na forma da lei”. Pode ser citada ainda a Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012,
que dispõe sobre a proteção de vegetação nativa e substitui o Código Florestal Brasileiro,
alterado pela Medida Provisória nº 571, de 25 de maio de 2012, sendo que essa aborda em
diversos artigos as ações organizadas entre o setor público e a sociedade civil no intuito de
promover a recuperação de áreas degradadas (BRASIL, 2017a).
De acordo com a Política Nacional do Meio Ambiente (lei 6.938 de 1981), o
Brasil tem como princípio a recuperação de áreas degradadas, que obriga os responsáveis pela
atividade antrópica degradante a recuperar e/ou indenizar os prejuízos ambientais causados
(BRASIL, 2017b). O uso de agrotóxicos e o controle deles presentes no meio ambiente são
normalizados no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e pelo
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) (BORSOI et al. 2014).
A poluição do solo, do ar e de águas subterrâneas e superficiais, ocorre
principalmente devido às atividades antrópicas (OLIVEIRA & SOUTO 2011a), sendo que a
atividade agrícola contribui significativamente para o aumento da poluição ambiental
(BORSOI et al. 2014; RIBEIRO & PEREIRA, 2016), mesmo utilizando os agrotóxicos de
forma regulamentar, pode promover impacto negativo a organismos não alvos (CUNHA,
2008; BORSOI et al. 2014). Em algumas situações, a causa é a falta de treinamento técnico
para correta aplicação dos agrotóxicos (CUNHA, 2008), bem como o número excessivo de
aplicações, podendo ter consequência negativa para o ambiente e para a saúde humana
(RIBEIRO & PEREIRA, 2016).
Uma ferramenta amplamente utilizada, com objetivo de controle de espécies de
plantas daninhas, é o herbicida, ou controle químico (FERREIRA et al. 2009), de forma a
permitir maior sucesso na produção agrícola (RIBEIRO & PEREIRA, 2016). Esta ferramenta
tem por finalidade evitar a competição exercida pelas plantas daninhas, constituindo assim
excelente método de controle de maneira mais efetiva, eficiente, com menor custo (GREEN,
2014) e viabilidade para cultivos em grandes áreas com redução na mão de obra (SILVA et al.
2007; SANTOS et al. 2013).
13
Os herbicidas hormonais são importantes para o controle de plantas daninhas em
diversas culturas, como milho, soja, cana-de-açúcar e áreas florestais (MAPA/AGROFIT,
2017). O 2,4-D foi o primeiro herbicida sintético a ser desenvolvido comercialmente e
comumente usado como herbicida de folhas largas por mais de 60 anos, sendo muito utilizado
em misturas (SONG, 2014), especialmente, com o picloram. Dentre as formulações
comerciais, estes herbicidas são os mais importantes no manejo de pastagens, as quais
correspondem uma área de aproximadamente 354 milhões de hectares (IBGE, 2010). A
mistura 2,4-D+picloram é encontrada no mercado brasileiro em diferentes formulações e
marcas comerciais, com características de ações diferentes (MAPA/AGROFIT, 2017).
Herbicidas como o 2,4-D (ácido 2,4- diclorofenoxiacético) e picloram (ácido 4-
amino 3,5,6 tricloro-2-piridinacarboxílico) (MAPA/AGROFIT, 2017), possuem como
características a ação seletiva a determinados grupos de plantas (gramíneas) e ação sistêmica
no controle de espécies de plantas daninhas, ditas de “folhas largas” (SONG, 2014;
MAPA/AGROFIT, 2017).
Esses produtos são hormonais auxínicos ou mimetizadores de auxina (SILVA et
al. 2007; GROSSMANN, 2010) e de acordo com a concentração podem apresentar variação
nos sintomas de intoxicação nas plantas (NASCIMENTO & YAMASHITA, 2009). Atuam
proporcionando aumento das divisões celulares (NAPIER, 2017), promovendo formação de
anomalias como tumores, engrossamentos irregulares dos caules e raízes, formação de gemas
múltiplas e hipertrofia das raízes laterais, além dos sintomas como retorcimento do caule,
crescimento desordenado (NASCIMENTO & YAMASHITA, 2009) e a epinastia foliar
(NAPIER, 2017).
É necessário destacar que um dos herbicidas mais utilizados em pastagens, o
picloram, apresenta longo período residual no solo, o que pode prejudicar o desenvolvimento
de outras espécies subsequente nas áreas não consideradas daninhas (SANTOS et al. 2006).
Adicionalmente, resíduos destas moléculas químicas, através de processos conhecidos, como
o escorrimento superficial e lixiviação, podem transitar dos campos agrícolas até corpos
d‟agua (BICALHO et al. 2010).
Torna-se interessante o conhecimento da tolerância e sensibilidade das espécies
arbóreas naturais de mata ciliares para composição de projetos de recuperação de pastagens
e/ou zonas ripárias degradadas por moléculas de herbicidas (BICALHO, 2007). Logo, as
matas formam uma barreira natural de retenção aos produtos químicos das culturas para os
recursos hídricos (BICALHO et al. 2010), visto que o pouco relato da utilização dessas
espécies em projetos de recuperação de áreas degradadas (FERREIRA et al. 2005;
14
BICALHO, 2007). Dessa maneira, uma alternativa na recuperação de áreas degradadas é o
uso de plantas com capacidade de extrair ou degradar o contaminante (VASCONCELLOS et
al. 2012).
As pressões seletivas ambientais atuam constantemente sobre as plantas, o que
pode resultar em mudanças morfológicas e estruturais (METCALFE, 1983). Em uma planta, a
folha é o órgão vegetativo que apresenta maior variação estrutural, e esta variação tem sido
interpretada como adaptação às variações ambientais (DICKISON, 2000). A verificação de
sintomas ou sinais nas folhas tem sido uma ferramenta fundamental para avaliar os danos
causados por fatores abióticos e bióticos (TUFFI-SANTOS et al. 2008). Os herbicidas
hormonais são translocados via floema e xilema, podendo afetar espécies vegetais, desde
herbáceas a perenes arbóreas (OLIVEIRA JR., 2011b).
Nesse contexto, análises micromorfológicas e micromorfométricas destacam-se
como ferramentas importantes que auxiliam no diagnóstico precoce dos sintomas, mostrando
muitas vezes alterações invisíveis a olho nu (ROCHA et al. 2014). Além disso, eventuais
efeitos negativos na anatomia, mesmo não acarretando a morte da planta, podem
comprometer o pleno desenvolvimento de plântulas. Em situações de germinação e
emergência diretamente nas áreas ou por plantio de mudas no campo, eventuais resíduos
tóxicos podem impedir que a plântula da espécie arbórea vença a competição com daninhas
de rápido crescimento como as gramíneas.
Diante do exposto, torna-se necessário o desenvolvimento de avaliações auxiliares
na determinação dos possíveis impactos negativos causados por resíduos de herbicidas
hormonais. De acordo com Silva et al. (2016) pouco se sabe sobre os sintomas que os
herbicidas podem apresentar em espécies não alvos.
Visando identificar espécies promissoras para tolerância e capacidade de
diminuição de resíduos dos herbicidas 2,4-D e picloram, foram estudadas para a realização
deste trabalho dez espécies arbóreas. Neste contexto, testou-se a hipótese de que a presença de
resíduos de herbicidas hormonais no solo modifica o desenvolvimento inicial de espécies
arbóreas comuns em mata ciliares e de que eventuais efeitos negativos desses produtos podem
ser demonstrados por avaliações morfológicas e anatômicas em plantas jovens.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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2012.
17
PROPOSTA DE ARTIGO CIÊNTIFICO I: DESENVOLVIMENTO INICIAL DE
ESPÉCIES ARBÓREAS EM SOLOS CONTAMINADOS COM 2,4-D+PICLORAM
RESUMO
O 2,4-D e picloram são herbicidas hormonais mimetizadores de auxina. Objetivou-se avaliar a
emergência, sobrevivência e desenvolvimento inicial de dez espécies florestais em substrato
contaminado com 2,4-D+picloram. Utilizou-se delineamento em blocos ao acaso com três
repetições, no esquema fatorial 4x10. O primeiro fator foi composto por quatro doses da
mistura de herbicidas 2,4-D+picloram correspondentes a 0,00; 0,166; 0,333 e 0,666 em g ha-1
(Tordon®, 240 g de 2,4-D e 64 g de picloram por litro). O segundo fator composto por dez
espécies florestais: Machaerium opacum Vogel, Machaerium nyctitans (Vell.) Benth., Cassia
ferruginea (Schrad.) Schrad. ex DC., Senna macranthera (DC. ex Collad.) H.S. Irwin e
Barnaby, Anadenanthera colubrina (Vell.), Brenan, Senegalia polyphylla (DC.) Britton e
Rose, Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F. Macbr., Dalbergia villosa (Benth.) Benth., Mabea
fistulifera Mart. e Zeyheria tuberculosa (Vell) Bureau ex Verl. Foram avaliadas as seguintes
variáveis: emergência de plântulas, sobrevivência, índice de velocidade de emergência, altura
das plântulas, intoxicação, volume de raiz, diâmetro do caule, massa seca da parte aérea e da
raiz, área foliar e número de folhas. Observou-se leve intoxicação para M. fistulifera, P.
gonoacantha e Z. tuberculosa. As espécies M. opacum, D. villosa e A. colubrina foram as
mais sensíveis aos resíduos. De modo geral, sob efeito da maior concentração dos herbicidas,
as espécies arbóreas foram afetadas nas variáveis sobrevivência, altura e número de folhas.
Porém, as variáveis diâmetro do caule, volume da raiz, índice de velocidade de emergência e
emergência não apresentaram diferenças significativas. M. fistulifera e P. gonoacantha
merecem destaques pela maior tolerância aos resíduos dos herbicidas.
Palavras-chave: Contaminação ambiental, espécies florestais, intoxicação, resíduos dos
herbicidas.
18
ABSTRACT
The 2,4-D and picloram are auxin-mimicking hormonal herbicides. The objective was to
evaluate the emergence, survival and initial development of ten forest species on substrate
contaminated with 2,4-D + picloram. It was used a randomized block design with three
replicates, in the 4x10 factorial scheme. The first factor was composed of four doses of the
mixture of herbicides 2,4-D + picloram corresponding to 0,00; 0,166; 0,333 and 0,666 g ha-1
(Tordon®, 240 g 2,4-D and 64 g picloram per liter). The second factor consists of ten forest
species: Machaerium opacum Vogel, Machaerium nyctitans (Vell.) Benth., Cassia ferruginea
(Schrad.) Schrad. ex DC., Senna macranthera (DC. ex Collad.) H.S. Irwin e Barnaby,
Anadenanthera colubrina (Vell.), Brenan, Senegalia polyphylla (DC.) Britton e Rose,
Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F. Macbr., Dalbergia villosa (Benth.) Benth., Mabea
fistulifera Mart. and Zeyheria tuberculosa (Vell) Bureau ex Verl. The following variables
were evaluated: seedling emergence, survival rate, emergence velocity index, seedling height,
intoxication, root volume, stem diameter, dry mass of shoot and root, leaf area and number of
leaves. Slight intoxication was observed for M. fistulifera, P. gonoacantha and Z. tuberculosa.
The species M. opacum, D. villosa and A. colubrina were the most sensitive to residues. In
general, under the effect of higher concentration of herbicides, tree species were affected in
the variables survival, height and leaf number. However, the variables stem diameter, root
volume, rate of emergency and emergency velocity did not present significant differences. M.
fistulifera and P. gonoacantha deserve special attention because of the greater tolerance to
herbicide residues.
Keywords: Environmental contamination, forest species, intoxication, herbicide residues.
19
1 INTRODUÇÃO
Após a última metade do século XX o aumento significativo da população trouxe
consigo exigências cada vez maiores em termos de produção de alimentos e outros produtos
de origem vegetal (GERGOLETTI, 2008). A busca por maior produção de alimentos é de
suma relevância e depende da utilização de defensivos agrícolas, uma vez que os maiores
empecilhos encontrados pelos agricultores são as pragas, doenças e plantas daninhas. Nesse
último caso, um desafio, em função da competição direta por recursos naturais como luz,
nutrientes e água, diminuindo a produtividade da cultura de interesse (BRITO et al. 2009).
Partindo-se dessa premissa, o atual cenário ambiental está voltado à preocupação
com os impactos causados ao longo dos anos pelo emprego de agrotóxicos nas lavouras
(STEFFEN et al. 2011). Tais produtos são capazes de contaminar o solo e água, ocasionando
risco ambiental, principalmente, quando manejados de forma incorreta (STEFFEN et al.
2011; RIBEIRO & PEREIRA, 2016). O agricultor, com o intuito de permitir que as plantas
atinjam o potencial, pode utilizar os agrotóxicos de forma indiscriminada e com doses acima
das recomendadas, acarretando em contaminação de organismos não alvos (RIBEIRO &
PEREIRA, 2016).
Para o manejo de plantas daninhas, tem sido bastante difundido o método químico
para o controle das mesmas, tal ferramenta consiste em uma alternativa eficiente, prática e de
baixo custo (FERREIRA et al. 2009; GREEN, 2014; RIBEIRO & PEREIRA, 2016). Em
teoria, o emprego do controle químico para controle de plantas daninhas, nas quantidades
especificadas para cada tipo de herbicida e de forma adequada na aplicação acarretaria
mínimos prejuízos ambientais (CANUTO et al. 2009). Infelizmente o que tem ocorrido é que
devido ao uso crescente e inadequado, resíduos de vários herbicidas tem sido identificado em
amostras de solo e água (STEFFEN et al. 2011).
Herbicidas como 2,4-D (ácido 2,4- diclorofenoxiacético) e picloram (ácido 4-
amino 3, 5, 6 tricloro-2-piridinocarboxílico) são exemplos de produtos seletivos de ação
sistêmica bastante utilizados em culturas de gramíneas com destaque para manejo de
pastagens. Esses produtos são recomendados para o controle de espécies de plantas daninhas
herbáceas e perenes, sobretudo plantas dicotiledôneas indesejáveis de porte arbóreo, arbustivo
e subarbustivo em pastagens brasileiras e também para a erradicação de touças de eucalipto na
reforma de áreas florestais (MAPA, 2017).
O 2,4-D e o picloram são herbicidas hormonais do grupo químico dos auxínicos
ou mimetizadores de auxina (SILVA et al. 2007; GROSSMANN, 2010) e de acordo com a
20
concentração podem apresentar variação nos sintomas de intoxicação (NASCIMENTO &
YAMASHITA, 2009). Herbicidas neste grupo provocam distúrbio no metabolismo dos ácidos
nucléicos e proteínas, interferindo na ação da enzima RNA-polimerase (THILL, 2003). Com
isso, as auxinas atuam proporcionando aumento das divisões celulares (NAPIER, 2017),
podendo assim promover formação de anomalias como tumores, além do engrossamento dos
caules e raízes (NASCIMENTO & YAMASHITA, 2009). O 2,4-D apresenta persistência
curta no solo, com meia-vida de 30 dias (SILVA et al. 2007). O picloram observa-se grande
intervalo de tempo entre aplicação e persistência de resíduos, com meia-vida de 20 a 300 dias,
altamente solúvel em água e elevado potencial de lixiviação (D'Antonino et al., 2009).
O efeito residual prolongado do picloram indica persistência no solo por muito
tempo, característica que permitiria a redução no número de aplicações. Por outro lado, é
possível que em sistema de rotação, ocorram injúrias nas culturas em sucessão e risco de
contaminação ambiental causado pela lixiviação de resíduos podendo atingir águas
superficiais ou subterrâneas (BATISTÃO, 2014; SANTOS et al. 2013).
O provável deslocamento de resíduos desses herbicidas das áreas agrícolas para os
cursos hídricos passa pela vegetação ripária. Seja por escorrimento superficial ou por
lixiviação, é elevado o risco de encontrar molécula tóxica em sementes, plântulas ou
indivíduos adultos de espécies da mata ciliar. Se por um lado considera-se satisfatório o papel
da vegetação marginal aos rios e lagos na proteção contra trânsito de moléculas tóxicas, por
outro lado, os resíduos podem afetar diferentemente cada espécie. Assim, efeito silencioso
pode ao longo dos anos diminuir a biodiversidade pela ação direta dos resíduos sobre os
processos de germinação, emergência e desenvolvimento inicial. Nessas fases acredita-se que
as plantas sejam mais sensíveis aos resíduos de herbicidas.
Com isso, faz-se necessário conhecer o comportamento das espécies arbóreas
quando expostas aos herbicidas 2,4-D+picloram, e consequentemente se tais compostos
podem de alguma forma afetar sua ocorrência natural no desenvolvimento inicial das plantas.
Diante do exposto, objetivou-se avaliar a emergência, sobrevivência e desenvolvimento
inicial de dez espécies florestais em substratos contaminados com diferentes doses da mistura
de herbicidas 2,4-D+picloram.
2 MATERIAL E MÉTODOS
As sementes foram obtidas de espécies florestais nativas coletadas na Reserva
Particular do Patrimônio Natural, Fazenda Fartura, localizada no município de Capelinha,
Minas Gerais. Estas foram coletadas de julho a outubro de 2015 e armazenadas em câmara
21
fria (temperatura de 4ºC e umidade relativa 40%), pertencente ao Centro Integrado de
Propagação de Espécies Florestais- CIPEF da Universidade Federal dos Vales do
Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM, em Diamantina – MG. O experimento foi realizado em
casa de vegetação climatizada (temperatura mínima de 15ºC e a máxima de 25ºC),
pertencente ao Grupo de Pesquisa INOVAHERB - Manejo Sustentável de Plantas Daninhas
da UFVJM, em Diamantina – MG.
O experimento foi implementado de acordo com o delineamento em blocos ao
acaso, com três repetições, no esquema fatorial 4x10. O primeiro fator foi composto por
quatro doses da mistura de herbicidas 2,4-D+picloram correspondentes a 0,00; 0,166; 0,333 e
0,666 em g ha-1
(do produto comercial Tordon®, contendo 240 g de 2,4-D e 64 g de picloram
por litro). As doses foram calculadas a partir de concentrações da recomendação do herbicida
(2,0 L/ha-1
). No tratamento correspondente à dose zero, aplicou-se somente água destilada. O
segundo fator foi composto por dez espécies arbóreas: Machaerium opacum Vogel (jacarandá
paulista), Machaerium nyctitans (Vell.) Benth. (bico-de-pato), Cassia ferruginea (Schrad.)
Schrad. ex DC. (canafístula), Senna macranthera (DC. ex Collad.) H.S. Irwin e Barnaby
(fedegoso), Anadenanthera colubrina (Vell.), Brenan (angico-branco), Senegalia polyphylla
(DC.) Britton e Rose (paricá-branco), Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F. Macbr. (pau-
jacaré), Dalbergia villosa (Benth.) Benth. (jacarandá do cerrado), Mabea fistulifera Mart.
(canudo-de-pito) e Zeyheria tuberculosa (Vell) Bureau ex Verl. (bolsa-de-pastor). A maioria
das espécies é da família Fabaceae, porém M. fistulifera pertence à família Euphorbiaceae e Z.
tuberculosa pertence a Bignoniaceae.
Foram colocados em cada bandeja com capacidade para até 5 litros, 3,3 kg de
substrato, composto por amostra de Latossolo Vermelho Distrófico (EMBRAPA, 2006), sem
histórico de aplicação de herbicidas, cuja caraterização química encontra-se na Tabela 01.
Tabela 01 - Análise química do substrato (amostra de Latossolo Vermelho Distrófico) antes
da aplicação dos herbicidas.
Análise Química
pH P K Ca Mg Al H+Al SB CTC (t) CTC (T)
H2O mg/dm3 cmol /dm3
5,5 0,4 18 1,0 0,1 0,1 2,64 1,15 1,25 3,79
V m M.O. P-rem Zn Fe Mn Cu B S
% dag/kg mg/L mg/dm3
30 8 2,18 16,3 1,1 82 5 0,2 0,2
Análises realizadas no Laboratório de Análise de Solo – Viçosa, MG.
22
Após quatro dias da aplicação dos herbicidas, as sementes foram colocadas para
germinar em bandejas plásticas com substrato supracitado, sendo irrigadas diariamente, para
manutenção da umidade do substrato. A semeadura foi realizada com 10 sementes de cada
espécie, sendo essas colocadas de 1 a 2 cm de profundidade. As sementes foram distribuídas
no substrato com espaçamento mais homogêneo e satisfatório para minimizar a competição e
também a contaminação entre as sementes e plântulas em desenvolvimento (BRASIL, 2013).
Foram utilizados métodos de quebra de dormência para as sementes de duas
espécies em câmara de fluxo, sendo elas Senegalia polyphylla (paricá-branco), Senna
macranthera (fedegoso). As sementes S. polyphylla foram colocadas em solução de 1g/L de
fungicida Orthocide® por 15 minutos, em seguida lavadas 3 vezes com água deionizada e
autoclavada, posteriormente, 30 segundos no álcool 70% e por fim tratadas com a solução
hipoclorito de sódio 5% por 5 minutos e, novamente, lavadas por 3 vezes em água deionizada
e autoclavada. Sementes de S. macranthera foram imersas em ácido sulfúrico concentrado por
20 minutos e posteriormente lavadas com água deionizada e autoclavada seguida da lavagem
por 3 vezes, segundo adaptação da metodologia de Santarém e Aquila (1995), para quebra de
dormência e desinfestação.
Avaliou-se a emergência de plântulas obtida por meio de contagens realizadas
diariamente, enquanto a sobrevivência, índice de velocidade de emergência, altura das
plântulas, intoxicação visual, volume de raiz, diâmetro do caule, massa seca da parte aérea e
raiz, área foliar e número de folhas foram avaliados no final do experimento.
As coletas foram realizadas em épocas diferentes em função das taxas de
crescimento de cada espécie. A padronização foi feita com base na testemunha para se obter
plântulas em estádios adequados para avaliação (ENGEL & POGGIANI, 1991) com
desenvolvimento inicial entre 5 a 8 cm de altura.
As amostras foram coletadas após o seguinte período de tempo: A. colubrina e S.
polyphylla aos 29 dias após a semeadura (DAS), C. ferruginea e S. macranthera aos 35 DAS,
M. opacum, M. nyctitans, P. gonoacantha e D. villosa entre 46 a 54 DAS, M. fistulifera e Z.
tuberculosa aos 60 e 61 DAS, respectivamente.
A emergência de plântulas foi obtida por meio de contagens realizadas
diariamente, determinando-se o percentual das plântulas emergidas. Considerou-se plântula
emergida as que apresentavam os cotilédones acima do solo. O percentual de emergência
seguiu o cálculo proposto por Laboriau e Valadares (1976):
EP (%) = N/A * 100.
Onde:
23
N= número de plântulas emergidas;
A= número total de sementes colocadas para germinar.
A avaliação das plântulas sobreviventes das espécies arbóreas sob efeito da
mistura 2,4-D+picloram foi determinado considerando-se o total que emergiu menos o
número de plântula que morreu. O resultado foi realizado em porcentagem. O Índice de
Velocidade de Emergência foi determinado pela soma do número de plântulas emergidas
diariamente dividido pelo número de dias decorridos entre a semeadura e a emergência, e este
foi calculado pela fórmula proposta por Maguire (1962):
Onde:
IVE = índice de velocidade de emergência;
E1, E2, E3, EN = número de plântulas normais emergidas em cada contagem;
N1, N2, N3, NN = número de dias após a semeadura em que foi realizada a contagem.
Foram registrados os dados medindo-se a altura, desde o colo até o ápice das
plântulas, e os resultados expressos em centímetros. O volume médio da raiz foi medido pela
diferença no volume de água deslocado, provocado pela imersão das raízes em uma proveta
graduada. As avaliações dos efeitos visuais de intoxicação na parte aérea das plântulas foram
realizadas no final de cada coleta, atribuindo-se notas de injúrias utilizando escala de 0 a
100%, onde 0 significa ausência de sintomas e 100 caracteriza a morte total das plântulas
(SBCPD, 1995).
Para a determinação da área foliar foram tomadas fotografias das folhas e
digitalização utilizando-se do software ImageK. O processo depende de uma referência de
tamanho conhecido, procedendo à medição da área delimitada, em cm2. O diâmetro do caule
foi obtido com o auxílio de paquímetro digital graduado em milímetros.
Para avaliação da massa seca, as plântulas foram colhidas e separadas em parte
aérea e radicular, colocadas em sacos de papel e posteriormente desidratadas em estufa com
circulação forçada de ar, a uma temperatura constante de 60ºC por 48 horas. Para as medidas
de peso seco foi empregada balança de precisão e os resultados foram expressos em gramas.
Os resultados obtidos foram submetidos aos testes preliminares de
homogeneidade de variância e normalidade do resíduo e em seguida submetidos à análise de
variância a 5% de significância. Valores referentes à intoxicação de plantas pelos herbicidas
foram ajustados à análise de regressão. Para as demais variáveis não se observou ajuste, sendo
24
as comparações realizadas entre doses. Nesse caso, admitida como variável qualitativa.
Justifica-se essa decisão em função da característica dos efeitos dos herbicidas hormonais em
plantas. Os quais normalmente produzem efeitos diferenciais a depender do resíduo. A
evolução desses efeitos não segue, necessariamente, correlação com a quantidade do resíduo.
Os dados obtidos foram transformados em porcentagem em relação à testemunha
(considerando 100%), sendo as médias entre as espécies, dentro de cada dose dos herbicidas,
quando significativas, agrupadas por meio do critério de Scott-Knott a 5% de significância.
Para analisar a diferença entre as doses dos herbicidas em cada espécie, foi realizado o teste
de Tukey a 5% de significância.
3 RESULTADOS
As análises do desenvolvimento inicial das dez espécies submetidas à mistura 2,4-
D+picloram revelaram diferenças significativas nas variáveis: intoxicação, sobrevivência,
altura das plântulas, número de folhas, área foliar, massa seca da parte aérea e massa seca da
raiz. Por outro lado, para diâmetro do caule, volume da raiz, índice de velocidade de
emergência e percentagem de emergência não apresentaram significância para a interação
entre espécie e dose, indicando que a mistura dos herbicidas não interferiu nestas variáveis.
Para os dados de intoxicação visual, verificou-se relação direta entre a dosagem
dos herbicidas e a intensidade dos sintomas, explicada pelo comportamento linear positivo
(Figura 1). Apesar de as espécies permanecerem período de tempo diferente em contato com
herbicida, isso não influenciou na intoxicação, ou seja, algumas espécies foram mais
tolerantes mesmo em contato com resíduo por mais tempo e outras mais sensíveis por mais
que tiveram pouco tempo em contato com o mesmo.
Por meio da avaliação dos coeficientes angulares das retas foi possível estabelecer
o seguinte gradiente de tolerância (da espécie com menor para aquela de maior tolerância): M.
opacum, D. villosa, A. colubrina, S. macranthera, S. polyphylla, C. ferruginea, M. nyctitan,
Z. tuberculosa, P. gonoacantha e M. fistulifera (Figura 1). Para as três espécies mais
tolerantes, Z. tuberculosa, P. gonoacantha e M. fistulifera, os sintomas de intoxicação
atingiram valores máximos de 30,8; 22,7 e 17,4%, respectivamente (Figura 1).
As espécies mais sensíveis, M. opacum (Figura 2, A e D), A. colubrina (Figura 2,
B e E) e D. villosa (Figura 2, C e F) apresentaram sintomas visuais de fitotoxicidade
provocada pela mistura 2,4-D+picloram. Alguns dos sintomas foram epinastias das folhas
(Figura 2, D, E), retorcimento (Figura 2, D, E, F) e engrossamento dos caules (Figura 2, D,
E), além de necrose foliar e queda de folhas.
25
Figura 1- Porcentagem de intoxicação pela mistura 2,4-D+picloram em diferentes doses em
substrato nas dez espécies florestais. As espécies analisadas apresentaram P<0,05, exceto
Machaerium nyctitans e Senna macranthera (P=0,05≤α≤0,2).
26
Figura 2- Sintomas de intoxicação provocados por 2,4-D+picloram em plântulas de espécies
florestais. A e D- Machaerium opacum; B e E- Anadenanthera colubrina; C e F- Dalbergia
villosa. A, B e C- Testemunhas; D, E e F- Maior dose (0,666 g ha-1
) de 2,4-D+picloram.
A sobrevivência média das espécies, em substrato com as doses de 0,166 g ha-1
e
0,333 g ha-1
da mistura 2,4-D+picloram, foi de 50% e 46%, respectivamente, redução de 13%
e 17%, em relação à testemunha. Porém, sob efeito da maior dose (0,666 g ha-1
) verificou-se
apenas 33% de sobrevivência média, 30% menor em relação à testemunha (Figura 3).
27
Dose L ha-1
0,000 0,166 0,333 0,666
So
bre
viv
ênci
a (%
)
0
10
20
30
40
50
60
70
a
b
b
c
Figura 3- Valores percentuais para médias da sobrevivência das espécies arbóreas sob efeito
de diferentes doses da mistura 2,4-D+picloram. Médias seguidas de mesma letra minúscula
não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de significância.
Na Figura 4, verificou-se efeito negativo dos herbicidas 2,4-D+picloram sobre a
altura das plântulas emergidas em substrato com as doses de 0,333 g ha-1
e 0,666 g ha-1
da
mistura, com redução de 16,5% e 27%, respectivamente, em relação à testemunha. Porém, a
menor dose não apresentou diferença significativa em comparação ao controle.
Dose L ha-1
0,000 0,166 0,333 0,666
Alt
ura
(%
)
0
20
40
60
80
100
120
a ab
bc
c
Figura 4- Valores percentuais para médias da altura das plântulas das espécies arbóreas sob
efeito de diferentes doses da mistura 2,4-D+picloram. Médias seguidas de mesma letra
minúscula não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de significância.
Para a variável número de folhas, as espécies estudadas apresentaram nas doses
0,333 g ha-1
e 0,666 g ha-1
da mistura 2,4-D+picloram, médias de 72% e 74%,
respectivamente, redução de 28% e 26% em relação à testemunha. Na menor dose da mistura,
o número de folhas manteve-se significativamente semelhante ao da testemunha (Figura 5).
28
Dose L ha-1
0,000 0,166 0,333 0,666
Nú
mer
o d
e fo
lhas
(%
)
0
20
40
60
80
100
120
a
ab
b b
Figura 5- Valores percentuais para médias de número de folhas das espécies arbóreas sob
efeito de diferentes doses da mistura 2,4-D+picloram. Médias seguidas de mesma letra
minúscula não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de significância.
Com relação a variável área foliar (AF) observou-se que as maiores doses
promoveram redução na área foliar das plântulas. Dentre todas as espécies, a menor AF foi
observada para a S. macranthera sob efeito das doses da mistura 2,4-D+picloram (Tabela 2).
Para as plântulas M. nyctitans, Z. tuberculosa e M. opacum, observou-se que a
aplicação da menor dose (0,166 g ha-1
) provocou aumento na AF de 60, 18 e 16%,
respectivamente, em relação à testemunha. Apenas M. fistulifera não se observou diferença
significativa entre as doses em relação à testemunha (Tabela 2).
Nos solos contaminados em relação as espécie, na dosagem 0,166 g ha-1
e 0,333 g
ha-1
, os valores das médias das áreas foliares variaram, respectivamente, entre 160,69% a
8,53% e 116,39% a 11,32% (Tabela 2).
Grupo composto por M. nyctitans, Z. tuberculosa, M. opacum e M. fistulifera sob
efeito da menor dose apresenta-se maior AF em relação as outras espécies. Sob efeito da
maior dose aplicada da mistura observou diferença significativa entre as espécies, sendo que
M. nyctitans apresentou maior AF de 72% e o grupo composto por S. macranthera, A.
colubrina, D. villosa, M. opacum, S. polyphylla e C. ferruginea expõe menor AF (Tabela 2).
29
Tabela 2- Área foliar (AF%) de plântulas submetidas à mistura 2,4-D+picloram comparada
ao controle (100%).
Área foliar
2,4-D + picloram (g ha-1
)
Espécies Controle 0,166 0,333 0,666
Anadenanthera colubrina 100 a 44,22 Bab 25,63 Bb 9,37 Cb
Cassia ferruginea 100 a 55,24 Bab 69,47 Aab 30,63 Cb
Dalbergia villosa 100 a 46,30 Bab 15,50 Bb 11,65 Cb
Mabea fistulifera 100 a 87,61 Aa 92,42 Aa 51,35 Ba
Machaerium nyctitans 100 ab 160,69 Aa 116,39 Aab 72,97 Ab
Machaerium opacum 100 a 116,70 Aa 15,32 Bb 14,03 Cb
Piptadenia gonoacantha 100 a 22,49 Bb 60,28 Aab 37,10 Bab
Senegalia polyphylla 100 a 47,04 Bab 28,20 Bb 23,06 Cb
Senna macranthera 100 a 8,53 Bb 11,32 Bb 8,25 Cb
Zeyheria tuberculosa 100ab 118,24 Aa 76,47 Aab 37,80 Bb
CV% ------------------------------ 46,45 ----------------------------
*Médias seguidas de mesma letra maiúscula na coluna não diferem entre si pelo critério de
agrupamento Scott-Knott ao nível de 5% de significância. Médias seguidas de mesma letra
minúscula na linha não diferem entre si, pelo teste Tukey ao nível de 5% de significância.
Em relação à massa seca da parte aérea (MSPA), nota-se que, de modo geral, as
espécies arbóreas sofreram danos em dose acima de 0,333 g ha-1
da mistura 2,4-D+picloram.
A. colubrina e S. polyphylla apresentaram redução percentual frente a todas as doses de
herbicidas. Para M. nyctitans e M. fistulifera, a MSPA apresentaram aumento de 64,86% e
56,52%, respectivamente, mesmo na menor dose quando comparado ao controle. As espécies
C. ferruginea, P. gonoacantha, S. macranthera e Z. tuberculosa não apresentaram diferenças
significativas entre as doses na variável MSPA (Tabela 3).
Entre espécies, por agrupamento, verifica-se redução média de 73,26% da MSPA
para as plântulas de A. colubrina, M. opacum e S. polyplylla sob efeito da maior dose da
mistura de herbicidas. Sob efeito da dose 0,166 g ha-1
dos herbicidas 2,4-D+picloram,
observou-se aumento médio de 39% no grupo composto por D. villosa, M. fistulifera, M.
nyctitans, M. opacum e Z. tuberculosa e redução média de 43,06% no grupo composto pelas
demais (Tabela 3).
30
Tabela 3- Valores percentuais para médias de massa seca da parte aérea (MSPA%) das
espécies sob efeito da mistura 2,4-D+picloram comparadas a sua respectiva testemunha a
100%.
Massa seca da parte aérea
2,4-D+picloram (g ha-1
)
Espécies Controle 0,166 0,333 0,666
Anadenanthera colubrina 100 a 43,34 Bb 24,23 Bb 13,65 Cb
Cassia ferruginea 100 a 71,06 Ba 77,87 Ba 67,66 Ba
Dalbergia villosa 100 a 128,72 Aa 45,74 Bb 79,79 Bab
Mabea fistulifera 100 b 156,52 Aa 153,48 Aa 126,08 Aab
Machaerium nyctitans 100 b 164,86 Aa 125,28 Aab 135,12 Aab
Machaerium opacum 100 a 113,81 Aa 26,19 Bb 29,76 Cb
Piptadenia gonoacantha 100 a 57,62 Ba 72,08 Ba 70,04 Ba
Senegalia polyphylla 100 a 44,47 Bb 45,89 Bab 36,82 Cb
Senna macranthera 100 a 68,18 Ba 49,17 Ba 57,44 Ba
Zeyheria tuberculosa 100 a 130,30 Aa 127,85 Aa 102,10 Aa
CV% ------------------------------- 29,32 --------------------------------------
*Médias seguidas de mesma letra maiúscula na coluna não diferem entre si pelo critério de
agrupamento Scott-Knott ao nível de 5% de significância. Médias seguidas de mesma letra
minúscula na linha não diferem entre si, pelo teste Tukey ao nível de 5% de significância.
Em relação à massa seca das raízes (MSR), observou-se que as espécies M.
opacum e A. colubrina sob efeito da maior dose dos herbicidas 2,4-D+picloram apontaram
decréscimo de 86,07% e 84,82%, respectivamente. Para a mesma variável, Z. tuberculosa
apresentou maior acréscimo de 83,83% sob efeito da menor dose da mistura, posteriormente
seguidas de redução nas outras doses. A MSR de S. macranthera apresentou redução
significativa em todas as doses, e uma queda de 78,43% na menor dosagem da mistura 2,4-
D+picloram (Tabela 4).
As espécies C. ferruginea, M. fistulifera e P. gonoacantha não apresentaram
diferenças significativas entre as doses na variável MSR, mesmo havendo médias distintas
sob efeito das doses (Tabela 4).
Entre as espécies, por agrupamento, verifica-se menor média de MSR para as
plântulas de S. macranthera, M. nyctitans e A. colubrina na dose 0,166 g ha-1
e na mesma
dosagem nota-se maior média apenas para Z. tuberculosa. Em relação à dosagem 0,666 g ha-1
,
observou-se que M. opacum, A. colubrina, M. nyctitans, D. villosa, S. macranthera, C.
ferruginea e S. polyphylla foram mais afetadas negativamente, com redução média de 68,53%
(Tabela 4).
31
Tabela 4- Valores percentuais para médias de massa seca da raiz (MSR%) das espécies sob
efeito da mistura 2,4-D+picloram comparadas a sua respectiva testemunha a 100%.
Massa seca da raiz (MSR%)
Doses (g ha-1
)
Espécies Controle 0,166 0,333 0,666
Anadenanthera colubrina 100 a 51,79 Cab 26,79 Bb 15,18 Cb
Cassia ferruginea 100 a 83,19 Ba 94,69 Aa 40,71 Ca
Dalbergia villosa 100 a 80,00 Bab 24,44 Bb 28,89 Cb
Mabea fistulifera 100 a 109,03 Ba 118,06 Aa 145,84 Aa
Machaerium nyctitans 100 a 27,39 Cb 43,57 Bab 26,14 Cb
Machaerium opacum 100 a 77,87 Ba 13,90 Bb 13,93 Cb
Piptadenia gonoacantha 100 a 63,74 Ba 101,10 Aa 96,70 Ba
Senegalia polyphylla 100 ab 80,73 Bab 140,37 Aa 65,14 Cb
Senna macranthera 100 a 21,57 Cb 20,63 Bb 20,31 Cb
Zeyheria tuberculosa 100 b 183,83 Aa 84,26 Ab 82,98 Bb
CV% ---------------------------- 37,78 ---------------------------------
*Médias seguidas de mesma letra maiúscula na coluna não diferem entre si pelo critério de
agrupamento Scott-Knott ao nível de 5% de significância. Médias seguidas de mesma letra
minúscula na linha não diferem entre si, pelo teste Tukey ao nível de 5% de significância.
4 DISCUSSÃO
De modo geral, à medida que se aumentaram as doses da mistura 2,4-D+picloram
aplicadas no solo, todas as espécies avaliadas sofreram algum grau de intoxicação. Os danos
visuais mais evidentes foram necroses, epinastia, queda de folhas, retorcimento e
engrossamento dos caules. Os sintomas visuais de intoxicação produzidos pela parte aérea das
espécies foram facilmente caracterizados, provavelmente por serem herbicidas hormonais.
Esses sintomas em plantas sensíveis são características de herbicidas auxínicos, sendo
relatados em diversos trabalhos (NASCIMENTO & YAMASHITA, 2009; REIS et al. 2010;
GROSSMANN, 2010, FIORE et al. 2016).
Sintomatologia semelhante foi observada por Yamashita et al. (2009) ao
analisarem desenvolvimento inicial das espécies arbóreas Schizolobium amazonicum e Ceiba
pentandra sob a influência de 2,4-D (335 g ha-1
). Segundo os autores, estas espécies
apresentaram intoxicação visual crescente, com relação às doses de 2,4-D, podendo, portanto
prejudicar o desenvolvimento inicial das espécies florestais (YAMASHITA et al. 2009).
A intoxicação visual pode ser explica pela dose, sendo que o aumento desta
ocasiona na intensificação das injúrias, independentemente do tempo que as plântulas ficaram
32
expostas aos resíduos da mistura de herbicidas. M. fistulifera e Z. tuberculosa apesar de terem
ficado mais tempo em contato com o produto, foram as mais tolerantes quando comparadas
com as espécies A. colubrina e S. polyphyla, que ficaram menor período de tempo em contato
com a mistura. Espécies que permaneceram entre 46 a 54 dias, apresentaram sintomas que
variaram do mais baixo (P. gonoatantha, mais tolerante) ao mais elevado (M. opacum, mais
sensível).
Resultados semelhantes foram descritos por Tavares et al. (2017) ao avaliar os
efeitos do herbicida 2,4-D em plantas de pequi (Caryocar brasiliense) ocorreram injúrias
leves na forma de epinastia nas folhas, com valores entre 6,25 e 13,33% de fitointoxicação.
Adicionalmente, nenhuma das espécies de Eucalipto (Eucalyptus urophylla, E. globulus, E.
saligna e Corimbia citriodora) apresentou sintoma visual de intoxicação submetida a doses da
mistura comercial de 2,4-D+picloram, além de alterações fisiológicas (BARROS et al. 2014).
M. opacum, D. villosa e A. colubrina foram as mais sensíveis, mesmo sob efeito
da menor dose. Nessas plântulas, os sintomas se potencializaram com necroses mais intensas.
As espécies mais sensíveis à mistura 2,4-D+picloram têm seu sistema radicular rapidamente
destruído, e consequentemente atuam provocando diversos efeitos, como crescimento
desorganizado, epinastia das folhas e retorcimento do caule, e induzem as plantas sensíveis à
morte (SILVA et al. 2007). Os efeitos fitotóxicos do herbicida 2,4-D nas plantas podem variar
desde uma leve clorose nas folhas, seguida pela desorganização, interrupção do fluxo no
floema e impedir o movimento dos produtos fotoassimilados das folhas para o sistema
radicular e até a morte da planta (YAMASHITA et al. 2013).
Neste experimento, no que tange as doses da mistura 2,4-D+picloram, não se
observou efeito na variável emergência de plântulas. Contudo, a presença do produto em solo
afetou a taxa de sobrevivência das espécies. Submetidas a maior dose, todas as espécies
apresentaram baixas taxas de sobrevivência em relação ao controle, possivelmente pelo baixo
vigor em função aos danos nos tecidos. A germinação e a fase de estabelecimento de plântulas
representam um período sensível no ciclo de vida biológico (SILVA et al. 2016), sendo
considerada uma fase decisiva para a sobrevivência e também para o estabelecimento dos
indivíduos (LARCHER, 2000). Segundo Nicodemo et al. (2009) alguns fatores que
influenciam a sobrevivência das espécies florestais são adaptações às condições
edafoclimáticas, estágio sucessional e forma de produção de mudas.
Ao avaliar altura das plântulas sob a influência da mistura 2,4-D+picloram, não
foram observadas reduções na altura das espécies na dose 0,166 g ha-1
, em relação à
testemunha. Os herbicidas auxínicos podem atuar como estimulantes do crescimento nas
33
plantas, principalmente quando eles são encontrados em baixas dosagens no solo
(CALABRESE & BLAIN, 2009).
Resultados encontrados por Yamashita et al. (2009), ao estudarem o herbicida
2,4-D isolado na dose de 335 g ha-1
, revelaram aumento em altura da espécie arbórea Ceiba
pentandra. Para fins de comparação, no presente estudo utilizou-se, na maior dose, 160 g de
2,4-D, portanto, aproximadamente 50% do valor informado por aqueles autores, contudo,
misturado ao picloram. Fiore et al. (2016) ao avaliar a sensibilidade das espécies florestais
Inga marginata e Jacaranda puberula sob efeito do herbicida 2,4-D, verificaram aumento de
22,15% e 14,75% na altura das plantas, respectivamente, quando comparado ao controle.
Já sob efeito da maior dose, as espécies arbóreas estudadas apresentaram redução
na altura das plântulas em relação à testemunha. Estudos realizados por Tavares et al. (2017)
com pequi apresentaram resultados similares comprovando que com o aumento da
concentração de resíduos do 2,4-D há redução no crescimento das mudas.
O processo de germinação exige rápida absorção de água, o que facilita a entrada
do herbicida. Além disso, nessa fase inicial a relação matéria fresca/matéria seca é elevada, o
que torna os tecidos mais sensíveis aos danos causados por herbicidas. Segundo Oliveira Jr.
(2011), quando a concentração de herbicida aumenta, influenciam a divisão celular de tecidos
e crescimento vegetal ao inibir a ação das enzimas, normalmente nas regiões meristemáticas.
Nessas situações, funções celulares normais são interrompidas, causando o aparecimento de
sintomas até a morte da planta.
Em relação à variável número de folhas, verificou-se efeito direto entre doses dos
herbicidas e diminuição nessa variável. Isso pode ser ocasionado pela inibição de crescimento
e a resposta de intoxicação, ocasionada pelo acúmulo de auxina leva a produção de ácido
abscísico, responsável juntamente com o etileno, por promover a senescência das folhas e
regular o crescimento da planta por meio de efeitos da abertura e fechamento dos estômatos
(HANSEN & GROSSMANN, 2000). Estudo realizado por Fiore et al. (2016), ao avaliar a
tolerância de espécies arbóreas sob efeito da metade da comercial de DMA 806 BR® (0,4kg
ha-1
de 2,4-D), mostrou redução no número de folhas para a maioria das espécies, com média
de 6% para as menos afetadas e 95% para as mais afetadas, corroborando com os resultados
encontrados neste trabalho.
De modo geral, verificou-se que a área foliar, à medida que as doses aumentavam,
foi afetada pela ação dos herbicidas, com reduções significativas para a maioria das espécies.
Avaliando-se esta variável, mesmo com aumento das doses, não foram observadas diferenças
para M. fistulifera, em relação à testemunha. Portanto, M. fistulifera apresentou melhor
34
condição nesta variável sob efeito dos herbicidas. S. macranthera apresentou a menor
formação de área foliar em todas as doses aplicadas e sob efeito da maior dose. As espécies S.
macranthera, A. colubrina, D. villosa, M. opacum, S. polyphylla e C. ferruginea demostraram
a menor área foliar.
A variável área foliar é importante por definir a taxa de fotossíntese realizada na
planta (NUNES et al., 2011) e interceptação de luz (SEVERINO et al., 2005). A redução
pode ser consequência da menor taxa de fotossíntese em função do efeito dos resíduos de
herbicidas nas plântulas, proporcionando assim, menor crescimento e produção de matéria
orgânica. Dessa maneira, esses ajustes das espécies, como redução da altura e área foliar,
podem ser estratégias adaptativas de sobrevivência como resposta ao estresse ambiental
(DÍAZ-LOPEZ et al. 2012).
Para M. nyctitans, todas as doses provocaram acréscimo nos valores de área foliar,
sendo observado aumento de 60% por ocasião da aplicação de 2,4-D+picloram, na menor
dose. No estudo realizado por Aguiar et al. (2016) observou-se que a espécie Eremanthus
crotonoides diferiu do controle sob a influência da atrazine e 2,4-D, com aumento na área
foliar de 229,80% e 183,40%, respectivamente. Richeria grandis também apresentou
comportamento semelhante sob efeito dos mesmos herbicidas, com aumento na área foliar de
117,40% e 130,80%, respectivamente. Com isso, os autores Aguiar et al. (2016) inferem que
essa alteração da área foliar em solo contaminado com herbicidas pode estar relacionada à
capacidade de adaptação das espécies quando submetidas ao estresse fisiológico.
Quanto à biomassa seca da parte aérea, de modo geral, as espécies arbóreas
sofreram danos em dose acima de 0,333 g ha-1
da mistura 2,4-D+picloram, logo as folhas
apresentaram necroses e queda, consequentemente, redução nos valores percentuais de
MSPA. Resultados para as plântulas A. colubrina e S. polyphylla apresentaram redução de
MSPA frente a todas as doses na presença de 2,4-D+picloram, demostrando principalmente
maior decréscimo com o incremento das doses, consequentemente foram as mais afetadas
negativamente quanto a esta variável. Essa variável é afetada em virtude do aumento da
concentração dos herbicidas hormonais e da atividade das auxinas no tecido, o crescimento é
perturbado e acelera o processo de senescência das plantas.
Alguns pesquisadores sugerem que subdoses de 2,4-D e glyphosate, como
exemplos, podem estimular o crescimento vegetal, podendo ser denominado como efeito
hormético (CEDERGREEN, 2008; VELINI et al. 2008; VITORINO et al. 2014). Hormese é
ação de uma substância tóxica, em doses muito menores que a empregada, que estimula o
crescimento e desenvolvimento vegetal (CALABRESE & BALDWIN, 2002; CALABRESE
35
& BLAIN, 2009). No entanto, esse fato sugere a presença da mistura de 2,4-D+picloram no
solo, devido ao acúmulo maior de massa seca da parte aérea para as espécies M. nyctitans e
M. fistulifera. Neste caso, a subdose pode exercer uma função de auxiliar crescimento e
desenvolvimento da planta, o que pode ser positivo para as espécies.
O grupo composto por D. villosa, M. fistulifera, M. nyctitans, M. opacum e Z.
tuberculosa apresentaram maiores valores da massa seca da parte aérea, aumento médio de
39%, na menor dose da mistura de 2,4-D+picloram, quando comparado ao controle. Essa
mesma variável pode ser afetada pelo etileno responsável por promover expansão lateral das
células o que leva ao aumento do volume celular da parte aérea e das raízes. Além disso, o
etileno ao ser estimulado pela auxina que contribui para as anomalias de crescimento e
senescência, intensifica os efeitos da mesma, como abscisão das folhas e epinastia
(GROSSMANN, 2010; NAPIER, 2017).
Nunes et al. (2013) afirmaram que a maior área foliar está associada a maior
fotossíntese, desta maneira acaba favorecendo a produção de fotoassimilados, o que
proporciona aumento do crescimento em altura da planta e produção biomassa seca. De
acordo com Reis et al. (2010) ao estudar a variável massa seca da parte aérea do milho sob o
efeito de doses de 2,4-D em diferentes aplicações pré e pós-emergência, verificaram-se que
em ambas as aplicações, houve uma tendência de acréscimo inicialmente, seguido de queda
nas doses crescentes. Apesar de apresentarem comportamentos semelhantes, na aplicação pré-
emergência, a tendência de aumento foi observada até a 2,0 g ha-1
, porém na aplicação pós-
emergência foi até a 1,5 g ha-1
.
Para a massa seca das raízes, a maioria das espécies foi afetada negativamente
pela ação dos herbicidas 2,4-D+picloram. Porém, houve tendência de aumento inicial de
83,83% mesmo na menor dose para Z. tuberculosa, seguido de decréscimo na matéria seca de
raiz com o aumento das doses. A explicação para este comportamento pode ser devido à
modificação das funções metabólicas, provocando o crescimento desorganizado de células do
sistema radicular, engrossamento da raiz e alongamento celular intenso e acelerado
(GROSSMANN, 2010; NAPIER, 2017). Dessa maneira, é possível que o aumento
considerado da MSR nesta espécie na presença dos herbicidas, tenha sido influenciado por
esses danos. Além disso, segundo Cedergreen (2008) as concentrações subletais de herbicidas
nos solos podem induzir uma maior alocação de biomassa para as raízes, e assim promover
um habitat radicular mais favorável.
Porém, nesta mesma variável, a S. macranthera apresentou redução significativa
em todas as doses como uma reação ao estresse no ambiente e para M. opacum, A. colubrina e
36
D. villosa sob efeito da maior dose, foram umas das espécies mais afetadas negativamente.
Consequentemente, as funções metabólicas são afetadas, o que pode promover a paralisação
do crescimento de raízes das plântulas. Após a aplicação de herbicidas mimetizadores de
auxina em plantas sensíveis, analisam rapidamente aumentos da enzima celulase,
especialmente da carboximetilcelulase (CMC), onde o sistema radicular é destruído e,
consequentemente provoca diversas alterações na planta, podendo levá-la à morte (SILVA et
al. 2007).
As raízes nas plântulas foram afetadas negativamente e provavelmente acumulou
maior quantidade de produto que promoveu a redução de MSR. Em termos de adaptação, o
desequilíbrio pode ser prejudicial na qualidade do sistema de raízes de uma planta, uma vez
que, mudas com sistema radicular bem desenvolvido apresentam maiores chances de
sobrevivência no campo (LIMA et al. 2008).
De acordo com as características expostas, algumas espécies arbóreas estudadas se
destacaram e apresentaram melhor desenvolvimento quando submetidas à mistura 2,4-
D+picloram. O comportamento variado das espécies florestais permite distinguir as mais
tolerantes ao serem expostas ao produto. Por se mostrarem tolerantes, podem contribuir para
reflorestamento em áreas degradadas que apresenta histórico de pastagens que tenham
resíduos destes herbicidas.
5 CONCLUSÕES
Resíduos da mistura de herbicidas 2,4-D+picloram afetam negativamente a
maioria das espécies arbóreas testadas em relação às avaliações do desenvolvimento inicial.
No entanto, apresentaram leves intoxicações Mabea fistulifera, Piptadenia gonoacantha e
Zeyheria tuberculosa, enquanto as espécies mais sensíveis foram Machaerium opacum,
Dalbergia villosa e Anadenanthera colubrina.
Sob efeito da maior dose testada, as variáveis sobrevivência, altura e número de
folhas das plântulas são mais afetadas nas espécies florestais.
As variáveis diâmetro do caule, volume da raiz, o índice de velocidade de
emergência e a percentagem de emergência das espécies arbóreas não foram afetados pelas
doses da mistura.
A contaminação de solos com 2,4-D+picloram, nas variáveis área foliar, massa
seca da parte aérea e das raízes das espécies arbóreas, foram influenciados negativamente com
o aumento das doses da mistura de herbicidas. Contudo, nas doses testadas da mistura 2,4-
37
D+picloram, M. fistulifera e P. gonoacantha foram às principais espécies com destaque pela
tolerância aos produtos.
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41
PROPOSTA DE ARTIGO CIÊNTIFICO II: ANATOMIA DE DUAS ESPÉCIES
ARBÓREAS CULTIVADAS EM SOLO CONTAMINADO POR RESÍDUOS DE 2,4-
D+PICLORAM
RESUMO
Os herbicidas 2,4-D e picloram são herbicidas hormonais mimetizadores de auxina. Algumas
espécies são capazes de tolerar a presença de poluentes como os herbicidas, sendo essas
chamadas biossensoras. Nessas plantas, os efeitos não são visíveis a olho nu. Por outro lado,
algumas espécies são sensíveis (ou bioindicadoras) com sintomas facilmente visíveis.
Herbicidas auxínicos induzem intensa divisão celular dos tecidos, assim podem promover a
formação de tumores, engrossamento do caule e da raiz e epinastias das folhas. Objetivou-se
neste trabalho avaliar as variáveis estruturais de folhas de Mabea fistulifera Mart. e Zeyheria
tuberculosa (Vell) Bureau ex Verl. em substrato contaminado com doses da mistura comercial
de 2,4-D+picloram, com intuito de caracterizar microscopicamente injúrias foliares causados
pelos herbicidas, bem como investigar se os danos estruturais precedem aos sintomas visuais.
Em delineamento em blocos ao acaso com três repetições, no esquema fatorial 4x2. O
primeiro fator foi composto por quatro doses da mistura comercial de 2,4-D+picloram
correspondentes a 0,00; 0,166; 0,333 e 0,666 g ha-1
(Tordon®, contendo 240 g de 2,4-D e 64 g
de picloram por litro). O segundo fator foi composto por duas espécies arbóreas: M.
fistulifera e Z. tuberculosa. Para a variável área foliar foi realizada fotografias das folhas e
mensuradas com auxílio do software Image K. Para análise anatômica folhas completamente
expandidas foram coletadas no 3º nó a partir do ápice caulinar. Avaliaram-se as seguintes
variáveis anatômicas: espessura da lâmina foliar total, do parênquima paliçádico e do
lacunoso e altura das células epidérmicas das faces adaxial e abaxial. M. fistulifera e Z.
tuberculosa apresentaram danos visuais leves. Constatou-se que a espécie M. fistulifera, com
relação aos diferentes tecidos mensurados e a área foliar, não sofreu alteração pela mistura de
herbicidas. Não foram observadas modificações relevantes nos tecidos foliares e na área foliar
em resposta aos resíduos dos produtos. Porém, Z. tuberculosa, mostrou danos
micromorfológicos em resposta à mistura, e esses aumentam de acordo com as crescentes
doses de 2,4-D+picloram. Esta espécie apresentou alterações no parênquima paliçádico e
lacunoso na presença da mistura de herbicida.
Palavras-chaves: 2,4-D+picloram, anatomia foliar, espécies florestais, micromorfometria.
42
ABSTRACT
Herbicides 2,4-D and picloram are auxin-mimicking hormonal herbicides. Some species are
able to tolerate the presence of pollutants such as herbicides, which are called biosensors. In
these plants, the effects are not visible to the naked eye. On the other hand, some species are
sensitive (or bioindicators) with easily visible symptoms. Auxinic herbicides induce intense
cell division of the tissues, thus they can promote the formation of tumors, thickening of the
stem and root and leaf epinastia. The objective of this study was to evaluate the structural
variables of leaves of Mabea fistulifera Mart. and Zeyheria tuberculosa (Vell) Bureau ex
Verl. in substrate contaminated with doses of the commercial mixture of 2,4-D + picloram,
with the intention of characterize microscopically leaf injuries caused by herbicides, as well
as to investigate if structural damage precedes visual symptoms. In a randomized block design
with three replicates, in the 4x2 factorial scheme. The first factor was composed of four doses
of the commercial mixture of 2,4-D + picloram corresponding to 0,00; 0,166; 0,336 and 0,666
g ha-1
(Tordon®, containing 240 g of 2,4-D and 64 g of picloram per liter). The second factor
was composed of two tree species: M. fistulifera and Z. tuberculosa. For the leaf area variable,
leaf photographs were taken and measured using Image K software. For anatomical analysis
completely expanded leaves were collected at the 3rd node from the apex of the caulinar. The
following anatomical variables were evaluated: total leaf blade thickness, palisade and spongy
parenchyma, and height of the epidermal cells of the adaxial and abaxial faces. M. fistulifera
and Z. tuberculosa presented mild visual damage. It was observed that the species M.
fistulifera, with respect to the different tissues measured and the leaf area, was not altered by
the herbicide mixture. No relevant changes were observed in leaf tissues and leaf area in
response to product residues. However, Z. tuberculosa showed micromorphological damage
in response to the mixture, and these increase according to the increasing doses of 2,4-D +
picloram. This species shows changes in the palisade and spongy parenchyma in the presence
of the herbicide mixture.
Keywords: 2,4-D+picloram, leaf anatomy, forest species, micromorphometry.
43
1 INTRODUÇÃO
As matas ciliares sofrem pressões antrópicas, e as áreas são afetadas por culturas
agrícolas e a urbanização. Dessa maneira, cresce a necessidade de atividades para promover a
conservação de espécies arbóreas, pois algumas destas se encontram poucos indivíduos ou até
mesmo não apresentam ocorrência em certas regiões (RABBANI et al. 2012). Esta vegetação
apresenta grande diversidade de espécies que atuam como barreira física regulando os
processos de troca entre os sistemas terrestres e aquáticos, ocasionando diminuição à
contaminação das águas e aumenta a infiltração d‟água no solo (OLIVEIRA 2010). A Mabea
fistulifera Mart. (Euphorbiaceae) é uma espécie florestal bastante utilizada para recuperação
de áreas degradadas, de alta importância ambiental e econômica (NETA et al. 2012). Zeyheria
tuberculosa (Vell) Bureau ex Verl. (Bignoniacea) é uma espécie medicinal arbórea, heliófila,
recomendada em sistema silvipastoril, para arborização de pastagens, e também usada como
espécie recuperadora do solo (CARVALHO, 2005).
O aumento da demanda por produtos oriundos da agricultura, em quantidade ou
em qualidade, impulsionou o emprego de agrotóxicos, notadamente, para o controle químico
de plantas daninhas, pela classe dos herbicidas (INOUE et al. 2011; ERGAN at al. 2014) e
faz desse grupo de produtos químicos um grande agente poluidor de recursos naturais
(STEFFEN et al. 2011) e parcialmente responsável pela mudança na diminuição da
diversidade e abundância de plantas (BOUTIN et al. 2014). Esse fato está vinculado
principalmente ao uso indiscriminado e fora das normas de segurança, principalmente no
quesito quantidade a ser aplicada por área de plantio (SCREMIN et al. 2010).
Os compostos sintéticos hormonais são bem sucedidos, sendo utilizados na
agricultura há mais de 60 anos (GROSSMANN, 2010). Os herbicidas 2,4-D e picloram
pertencem ao grupo dos herbicidas auxínicos ou mimetizadores de auxina (SILVA &SILVA,
2007; GROSSMANN, 2010), utilizados em pastagens convencionais para o controle de
espécies de plantas daninhas, sobretudo plantas dicotiledôneas (GROSSMANN, 2010). Para o
2,4-D a persistência no solo é baixa e a meia-vida de 30 dias, porém para o picloram a
persistência é longa e a meia-vida pode ser de 90 a 300 dias (SILVA et al. 2007).
Resíduos de herbicidas no solo podem resultar em vários sintomas de intoxicação
às plantas (THILL et al. 2003; CARMO et al. 2008). Algumas espécies são sensíveis (ou
bioindicadoras), com sintomas dos compostos facilmente visíveis (DE TEMMERMAN et al.
2004). Por outro lado, algumas espécies são capazes de tolerar a presença de poluentes como
os herbicidas, sendo chamadas biossensoras. Essas plantas são tolerantes aos produtos e os
44
sintomas, quase sempre são invisíveis a olho nu. Dessa forma, uma das técnicas que vem
sendo utilizada para a detecção de efeitos ocultos é a microscopia (DE TEMMERMAN et al.
2004).
Neste sentido, análises morfoanatômicas e micromorfométricas podem contribuir
para o diagnóstico precoce da lesão, antes mesmo do surgimento de sintomas visíveis a olho
nu nas plantas (SANT'ANNA-SANTOS et al. 2012; ROCHA et al. 2014). Pesquisadores
como Santana et al. (2014); Rocha et al. (2014) têm enfatizado a importância dos estudos
anatômicos como ferramenta adicional ao entendimento da ação de poluentes em espécies
vegetais. Desta forma, estudos relacionados à anatomia vegetal são de extrema relevância
para avaliar alterações anatômicas que possam contribuir na diferenciação de espécies para
resistentes, tolerantes ou até mesmo sensíveis a um determinado produto químico (TUFFI-
SANTOS et al. 2009), além de fornecer informações sobre as modificações dos tecidos das
plantas que aparentemente não apresentam sintomas (BATISTÃO, 2014).
Nesse contexto, em função da possibilidade de contaminação de matas ciliares ou
outras áreas florestadas por resíduos de herbicidas hormonais o presente trabalho propõe
análises morfoanatômicas das folhas de duas espécies arbóreas. Com objetivo de verificar as
modificações anatômicas provocadas por doses de resíduos da mistura de herbicidas 2,4-
D+picloram no tecido foliar de Mabea fistulifera Mart. (canudo-de-pito) e Zeyheria
tuberculosa (Vell) Bureau ex Verl. (bolsa-de-pastor).
2 MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Obtenção de sementes e preparo do experimento
As sementes foram obtidas de espécies florestais nativas coletadas na Reserva
Particular do Patrimônio Natural, Fazenda Fartura, localizada no município de Capelinha,
Minas Gerais. Estas foram coletadas de julho a outubro de 2015 e armazenadas em câmara
fria (temperatura de 4ºC e umidade relativa 40%), pertencente ao Centro Integrado de
Propagação de Espécies Florestais- CIPEF da Universidade Federal dos Vales do
Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM, em Diamantina – MG.
O experimento foi realizado em casa de vegetação climatizada (temperatura
mínima de 15ºC e a máxima de 25ºC), pertencente ao Grupo de Pesquisa INOVAHERB -
Manejo Sustentável de Plantas Daninhas da UFVJM, em Diamantina – MG.
O experimento foi implementado de acordo com o delineamento em blocos ao
acaso, com três repetições, no esquema fatorial 4x2. O primeiro fator foi composto por quatro
45
doses da mistura de herbicidas 2,4-D+picloram correspondentes a 0,00; 0,166; 0,333 e 0,666
em g ha-1
(do produto comercial Tordon®, contendo 240 g de 2,4-D e 64 g de picloram por
litro). As doses foram calculadas a partir de concentrações da recomendação do herbicida (2,0
L/ha-1
). O segundo fator por duas espécies arbóreas: Mabea fistulifera Mart. (canudo-de-pito)
e Zeyheria tuberculosa (Vell) Bureau ex Verl. (bolsa-de-pastor). No tratamento
correspondente à dose zero, aplicou-se somente água destilada.
Foram colocados em bandeja com capacidade para até 5 litros, 3,3 kg de
substrato, sendo esse composto por amostra de Latossolo Vermelho Distrófico (EMBRAPA,
2006), sem histórico de aplicação de herbicidas, cuja caraterização química encontra-se na
Tabela 01.
Tabela 1 - Análise química do substrato (amostra de Latossolo Vermelho Distrófico) antes da
aplicação dos herbicidas.
Análise Química
pH P K Ca Mg Al H+Al SB CTC (t) CTC (T)
H2O mg/dm3 cmol /dm3
5,5 0,4 18 1,0 0,1 0,1 2,64 1,15 1,25 3,79
V m M.O. P-rem Zn Fe Mn Cu B S
% dag/kg mg/L mg/dm3
30 8 2,18 16,3 1,1 82 5 0,2 0,2
Análises realizadas no Laboratório de Análise de Solo – Viçosa, MG.
Após quatro dias da aplicação do herbicida, todas as sementes foram colocadas
para germinar em sulcos nas bandejas, irrigadas diariamente para manutenção da umidade do
substrato e a contagem da emergência das plântulas sendo realizada diariamente.
A semeadura foi realizada com 10 sementes de cada espécie, sendo essas
colocadas de 1 a 2 cm de profundidade. As sementes foram distribuídas no substrato com
espaçamento mais homogêneo e satisfatório para minimizar a competição e também a
contaminação entre as sementes e plântulas em desenvolvimento (BRASIL, 2013).
2.2 Área foliar
As espécies M. fistulifera e Z. tuberculosa, coletadas aos 60 e 61 dias após a
semeadura, respectivamente, a variável área foliar foi realizada fotografias das folhas e
mensuradas com o auxílio do software de processamento de imagem ImageK. O processo
depende de uma referência de tamanho conhecido, procedendo à medição da área delimitada,
em cm2.
46
2.3 Avaliação morfoanatômica
Para avaliação estrutural, duas folhas das espécies M. fistulifera e Z. tuberculosa
consideradas totalmente expandidas (3º nó a contar do ápice caulinar) e aparentemente sadias,
foram coletadas de cada repetição, após 60 e 61 dias da semeadura, respetivamente. Todo
material foi fixado em F.A.A 70 (5% de formaldeído a 40%; 5% de ácido acético e 90% de
álcool etílico a 70%) e posteriormente transferidas para etanol 70 GL (Gay Lussac)
(JOHANSEN, 1940).
Para preparação de lâminas permanentes, amostras foliares de 0,5 cm² foram
desidratadas em série etílica e incluídas em resina metacrilato (Historesin, Leica Instruments,
Heidelberg, Alemanha). Cortes transversais com 5 μm de espessura foram obtidos em
micrótomo rotativo manual (Ludetec, modelo MRP09) com auxílio de navalhas de aço
descartáveis (Leica 818), coradas com azul-de-toluidina pH 4,0 (O„BRIEN e MCCULLY,
1981) e montadas em resina sintética (Verniz Vitral Incolor Acrilex®).
Para análise micromorfométrica foram mensuradas as seguintes variáveis:
espessura da lâmina foliar (LF), espessura do parênquima paliçádico (PP) e do lacunoso (PL)
e a altura das células epidérmicas das faces adaxial e abaxial (EAD e EAB). Para cada folha
coletada, foram confeccionadas três lâminas histológicas contendo 15 cortes e, em cada
lâmina, três cortes foram analisados e fotografados em microscópio óptico (Zeiss) com
câmera digital acoplada. Para cada fotomicrografia, foram realizadas três medições da
espessura de cada um dos tecidos supracitados, utilizando-se o software ANATI QUANTI,
versão 2.0 para Windows® (AGUIAR et al., 2007).
A análise do material em microscópio de luz foi conduzida no Laboratório de
Anatomia Vegetal da UFVJM e a documentação fotográfica no Laboratório de Histologia da
UFVJM, ambas do Departamento de Ciências Biológicas.
As médias geradas pelos dados micromorfométricos foram submetidos à análise
de variância, e as médias, quando significativas foram comparadas pelo teste de Tukey, a 5%
de probabilidade de erro. As análises estatísticas foram conduzidas de forma a comparar os
valores obtidos entre as diferentes doses nas espécies e para cada tecido mensurado.
3 RESULTADOS
As plântulas das espécies M. fistulifera e Z. tuberculosa apresentaram poucos
sintomas visuais em reposta ao 2,4-D+picloram, mesmo na maior dose, entretanto as
47
principais injúrias externas observadas foram pequenas manchas necróticas nas folhas,
epinastia foliar e retorcimento do caule.
Anatomicamente as duas espécies possuem folhas de epiderme unisseriada
(Figura 1, A) e hipoestomática (Figura 1, A, C). O mesofilo apresenta organização
dorsiventral, sendo o paliçádico formado por uma camada de células que variam de muito a
pouco alongadas (Figura 1, A), seguida pelo lacunoso voltado para a face abaxial foliar, com
duas a três camadas de células de formato irregular com espaços intercelulares pouco
evidentes (Figura 1, A). As células da epiderme adaxial são mais espessas do que as células
da epiderme abaxial (Figura 1, A).
Figura 1- Secção transversal da folha da espécie florestal Zeyheria tuberculosa: A- 0,00 g ha-
1 (controle); B- Dose 0,166 g ha
-1 de 2,4-D+picloram; C e D- Dose 0,333 g ha
-1 de 2,4-
D+picloram; E e F- Dose 0,666 g ha-1
de 2,4-D+picloram. Sinuosidade da parede celular (S),
Epiderme (Ep), Parênquima paliçádico (PP), Parênquima lacunoso (PL), Estômato (ES) e
Espessura da lâmina foliar (LF).
As análises micromorfométricas não revelaram diferenças morfoanatômicas entre
as doses do herbicida na espécie M. fistulifera. Não foi observada diferença significativa (p
<0,05) para a área foliar total (cm²) entre as doses nesta espécie, dessa forma as folhas
48
controle apresentaram área foliar média de 2,0 cm² enquanto sob efeito da maior dose foi
moderadamente reduzida para 1,0 cm² (Tabela 2).
Com relação aos diferentes tecidos mensurados também não foi observada
diferença significativa (p<0,05) entre as doses do herbicida aplicado na espécie M. fistulifera
para a epiderme tanto da face adaxial quanto da abaxial, parênquima paliçádico, parênquima
lacunoso e a espessura total da lâmina foliar (Tabela 2).
Tabela 2- Espessura da epiderme adaxial (EAD), do parênquima paliçadico (PP), parênquima
lacunoso (PL), epiderme abaxial (EAB), lâmina foliar (LF) e da área foliar total (AF) de
folhas de espécie arbórea Mabea fistulifera tratadas com doses de 2,4-D+picloram.
Doses
2,4-D+ picloram
(g ha-1
)
EAD (µm) PP (µm) PL (µm) EAB (µm) LF (µm) AF (cm2)
0 (controle) 12,67 A 41,67 A 40,67 A 9,67 A 106,00 A 2,00 A
0,166 9,00 A 41,33 A 38,33 A 8,33 A 98,67 A 1,67 A
0,333 11,00 A 43,67 A 42,33 A 8,67 A 105,33 A 1,33 A
0,666 12,66 A 45,33 A 47,33 A 7,33 A 113,0 A 1,00 A
CV (%) 14,71 10,71 9,06 10,38 9,06 40,81
*Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%
significância.
Para a espécie Z. tuberculosa as análises micromorfométricas revelaram
diferenças morfoanatômicas entre as doses do herbicida, desta maneira foi observada
diferença significativa (p <0,05) para a área foliar total (cm²) entre as doses, em que as folhas
da testemunha e 0,166 g ha-1
apresentaram área de lâmina foliar de 9,0 e 10,33 cm²
consecutivo, enquanto as doses 0,333 g ha-1
e 0,666 g ha-1
apresentaram redução de 2,34 cm2 e
2,33 cm², respectivamente, em relação ao controle (Tabela 3).
Na presença de 2,4-D+picloram, Z. tuberculosa apresentou alterações
significativas nos tecidos foliares, exceto na epiderme abaxial (Tabela 3). Com relação aos
diferentes tecidos mensurados foi observada diferença significativa (p<0,05) apresentando
redução de 1,33 µm na espessura da epiderme da face adaxial sob efeito das doses entre o
controle e 0,666 g ha-1
(Tabela 3).
Dentre as variáveis analisadas no mesofilo, observou-se redução no parênquima
paliçádico nas plantas submetidas ao solo com 0,666 g ha-1
dos herbicidas. Verificou-se
redução de 17,0 µm, cerca de 1,60 vezes inferior à testemunha (Tabela 3). Com o aumento
das doses da mistura de herbicidas 2,4-D+picloram observou-se aumento no espaço
49
intercelular. Esse efeito foi consequência da menor compactação do parênquima paliçádico,
sendo que as células não se apresentaram regulares ou justapostas, na presença dos herbicidas
(Figura 1, E, F).
Observou-se tendência a apresentar aumento no número de camadas de células do
parênquima lacunoso, principalmente nas doses 0,333 g ha-1
e 0,666 g ha-1
(Figura 1 - C ao F).
A espessura do parênquima lacunoso foi maior (30,0 µm superior) nos tecidos sob efeito da
dose 0,666 g ha-1
em relação às plantas testemunhas (Tabela 3). Nota-se que com o acréscimo
da concentração do herbicida houve desorganização e aumento dos espaços intercelulares no
parênquima lacunoso e paliçádico (Figura 1, D, E). Na dose 0,166 g ha-1
, observa-se ainda
pequenas sinuosidades na parede celular do parênquima lacunoso (Figura 1, B).
Com relação à espessura da epiderme da face abaxial, a espécie Z. tuberculosa
não se observaram modificações significativas em relação diferentes doses da mistura (Tabela
3).
Tabela 3- Espessura da epiderme adaxial (EAD), do parênquima paliçadico (PP), parênquima
lacunoso (PL), epiderme abaxial (EAB), lâmina foliar (LF) e da área foliar total (AF) de
folhas de espécie arbórea Zeyheria tuberculosa tratadas com doses da mistura 2,4-D +
picloram.
Doses
2,4-D + Picloram
(g ha-1
)
EAD(µm) PP(µm) PL(µm) EAB(µm) LF(µm) AF(cm2)
0 (controle) 13,66 A 45,33 A 41,67 B 6,67 A 106,67 B 9,0 A
0,166 13,0 AB 43,33 A 47,33 B 6,33 A 110,00 B 10,33 A
0,333 12,66 AB 35,33 AB 52,67 B 6,10 A 106,67 B 6,66 B
0,666 12,33 B 28,33 B 71,67 A 6,67 A 120,33 A 6,67 B
CV (%) 3,65 11,96 8,58 7,35 2,85 5,99
*Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%
significância.
As modificações anatômicas supracitadas contribuíram para o aumento da
espessura total da lâmina foliar com acréscimo de 13,66 µm do controle para a maior dose
0,666 g ha-1
(Figura 1, A, F) (Tabela 3). De modo geral, foram observadas lesões anatômicas
nas folhas das plantas expostas a mistura 2,4-D+picloram na maior dose 0,666 g ha-1
.
4 DISCUSSÃO
Em uma planta, a folha é o órgão vegetativo que apresenta maior variação
estrutural, e essas variações têm sido interpretadas como adaptações às variações ambientais
50
(DICKISON, 2000). De acordo com Costa et al. (2011b), a análise anatômica foliar é um
instrumento fundamental na identificação de espécie sensíveis, tolerantes ou resistentes a
determinado produtos fitossanitários e colabora também com as descrições dos danos visuais
de intoxicação. A presença de resíduos de herbicidas 2,4-D+picloram nas plantas pode ser
responsável por diversas injúrias, e pode causar alterações morfológicas e anatômicas.
Estudos realizados por Tavares et al. (2017) mostraram que a aplicação de 2,4-D
causou danos visuais leves de epinastias nas folhas de pequi (Caryocar brasiliense) e não
observaram sintomas de necroses, clorose e queda das mesmas. Nesta pesquisa, as espécies
arbóreas M. fistulifera e Z. tuberculosa sob efeito de diferentes doses da mistura, promoveram
poucos sintomas de intoxicação, contudo foram observados necroses, epinastia das folhas e
retorcimento do caule, mesmo na maior dose foram classificadas com leves intoxicações nas
plântulas.
Porém, nos resultados obtidos para M. fistulifera, no presente trabalho não se
observou modificações relevantes nos tecidos foliares e na área foliar em resposta aos
resíduos dos herbicidas 2,4-D+picloram. No entanto, esta espécie mantem a integridade dos
tecidos próximo ao observado para as testemunhas mesmo com presença de resíduos da
mistura 2,4-D+picloram no solo. De acordo com Ferreira (2017) as variáveis morfológicos
analisados para M. fistulifera que não apresentaram diferenças significativas entre as doses
foram na área foliar e massa seca das raízes, porém apresentou baixa intoxicação visual,
mesmo sob efeito da maior dose. Entretanto, as plântulas dessa espécie mostraram-se mais
tolerantes aos resíduos dos herbicidas no solo, mesmo na fase de plântula, classificando-a
como biossensora.
Embora, as amostras de folhas tenham sido coletadas sem sintomas visíveis, Z.
tuberculosa apresentou alterações nos tecidos e na área foliar em resposta à presença de
resíduos dos herbicidas. No geral, espessura da epiderme adaxial, parênquima paliçádico,
parênquima lacunoso, espessura total da lâmina foliar e área foliar apresentaram diferenças
significativamente para Z. tuberculosa, corroborando com as alterações micromorfológicas
precedidas às injúrias visuais (ROCHA et al. 2014).
Observa-se diminuição na espessura da epiderme adaxial sob efeito da maior dose
da mistura de herbicidas em relação ao controle. A redução deste tecido pode intervir no
mecanismo protetor e na prevenção da perda de água (DONATO & MORRETES, 2007). Para
Eichhornia crassipes, a epiderme adaxial foi afetada negativamente quando submetida ao
herbicida 2,4-D, apresentando valor médio inferior ao da testemunha (COSTA et al. 2011b).
Em estudo sob efeito de 2,4-D e glyphosate na espécie Polygonum lapathifolium, foram
51
verificadas alterações anatômicas na espessura da epiderme da face adaxial, com reduções de
50,2% e 42,2%, respectivamente, quando comparado ao controle, 30 dias após aplicação
(COSTA et al. 2011a).
O parênquima paliçádico foi afetado negativamente pela mistura 2,4-D+picloram.
Resultado semelhante, porém em diferente herbicida, foi encontrado na avaliação do
parênquima paliçádico e epiderme adaxial de Solanum lycocarpum submetida ao glyphosate,
com redução média de 12,5% e 38,8%, respectivamente (MACHADO et al. 2013). Os tecidos
do parênquima paliçádico e parênquima lacunoso regulam a distribuição interna da absorção
da luminosidade para ação da fotossíntese (CHIAMOLERA et al. 2010). As células do
parênquima paliçádico ocupam quase a metade da espessura foliar. É nesse tecido que se
encontra grande maioria dos cloroplastos, dessa forma está relacionado com a maior
capacidade fotossintética (TAIZ & ZEIGER, 2013).
As folhas de Z. tuberculosa submetida a 2,4-D+picloram demostrou que o
parênquima lacunoso afetado pela presença do composto na maior dose, observou-se tanto
acréscimo de células quanto de espaço intercelular. De acordo com a concentração, os
sintomas de intoxicação pelos herbicidas auxínicos podem variar (NASCIMENTO;
YAMASHITA, 2009). As células do parênquima lacunoso apresentam formato redondo e
amplos espaços intercelulares captando alta quantidade de luz dispersa, aumentando assim a
absorção de luz pelos cloroplastos (SMITH et al. 1997).
Sant‟anna-Santos et al. (2012), detectaram dano significativo nos parâmetros
quantitativos avaliados nas folhas das plantas Spondias dulcis sem qualquer lesão aparente,
exceto para espessura das células epidérmicas da face abaxial. O mesmo aconteceu com Z.
tuberculosa, que não sofreu modificações significativas na espessura da epiderme da face
abaxial.
A espessura do limbo foliar de plântulas de Z. tuberculosa contaminado com 2,4-
D+picloram aumentou sob efeito da maior dose (0,666 g ha-1
), com incremento 13,66 μm, em
relação ao controle. Apesar de outras pesquisas apontarem diminuição da espessura do limbo
e do mesofilo com acréscimo da concentração dos poluentes (REIG-ARMIÑANA et al.
2004), herbicidas hormonais podem produzir efeito contrário. Provavelmente o aumento da
lâmina foliar deve-se ao fato dos herbicidas atuarem de forma que provoca o desbalanço
hormonal das células, ocasionando intensa proliferação celular e desordenado crescimento dos
tecidos. Formação de anomalias como tumores, engrossamentos irregulares dos caules e
raízes são esperados, além do crescimento desorganizado, retorcimento do caule (ROMAN et
al. 2007; NASCIMENTO & YAMASHITA, 2009) e epinastia das folhas (NAPIER, 2017).
52
De acordo com Fialho et al. (2009), entre os reguladores de crescimento dos
vegetais, o trinexapac-ethyl tem demonstrado efeitos hormonais em várias espécies
pertencentes à família das Poaceae. Fialho et al. (2009), realizou estudo com caracteres
morfoanatômicos de Brachiaria brizantha submetida à aplicação do trinexapac-ethyl nas
doses de 0,00 e 0,75 kg ha-1
, e observou que este herbicida promoveu alterações marcantes na
morfologia e anatomia da folha e do caule de Brachiaria brizantha. As alterações anatômicas
encontradas para B. brizantha, no limbo foliar, sob efeito do herbicida foram incremento na
espessura da lâmina foliar, da área das células da bainha e da área do mesofilo.
Resultados relatados por Tuffi-Santos et al. (2009) ao estudar anatomia das folhas
das plantas Eucalyptus urophylla, Eucalyptus grandis e híbrido urograndis, sob efeito das
doses de glyphosate acima de 86,4 g.ha-1
, observou-se redução na espessura do parênquima
lacunoso e aumento na espessura do parênquima paliçádico e do limbo foliar.
Consequentemente, o aumento na espessura do tecido do parênquima paliçádico e na
espessura da lâmina da folha pode ser a resposta das plantas como maneira de compensar a
redução da área fotossintética devido à necrose foliar e senescência causadas pela ação do
glyphosate.
Quanto aos valores de área foliar para Z. tuberculosa, ocorreram alterações nas
doses 0,333 g ha-1
e 0,666 g ha-1
, ocorrendo redução média de 2,34 cm2, em relação à
testemunha. Segundo Medeiros (2015) as espécies Impatiens walleriana, Brachiaria
brizantha e Pteris vittata, em contato ao benzeno, quando comparadas ao controle,
apresentaram estresse hídrico devido à redução na área foliar, ocasionando diminuição da
fotossíntese e consequentemente refletindo no crescimento das plantas.
Contudo, as condições estressantes provocada pelo solo contaminado
proporcionou modificações anatômicas para Z. tuberculosa. As maiores doses da mistura 2,4-
D+picloram alteraram os tecidos dessa espécie provocando aumento na espessura da lâmina
foliar e do parênquima lacunoso, portanto o parênquima paliçádico tende a sumir e a área
foliar reduziu nas maiores doses (0,333 g ha-1
e 0,666 g ha-1
), sendo que estes resultados
podem estar relacionados à resposta das plantas a mistura dos produtos. De acordo com
Bondada (2011), as folhas da videira (Vitis vinifera L.) injuriadas pelo herbicida 2,4-D,
apresentaram mudanças anatômicas e morfológicas, tais diferenças podem perder sua
capacidade para fotossintetizar açúcares e na transpiração, levando a senescência e necrose, e
consequentemente causando a morte da planta.
Diante do exposto, as medidas micromorfométricas permitem verificar danos nas
estruturas das folhas que não apresentaram sintomas visíveis (ROCHA et al. 2014), os tecidos
53
foliares mensurados no presente estudo confirmam uma maior sensibilidade de Z. tuberculosa
ao herbicida estudado, em comparação com M. fistulifera.
5 CONCLUSÕES
Com relação às injúrias visíveis nas duas espécies, Mabea fistulifera e Zeyheria
tuberculosa foram classificadas como de caráteres leves quando expostas aos herbicidas 2,4-
D+picloram. Os resultados obtidos permitem afirmar que as plântulas M. fistulifera, nas doses
testadas, não apresentaram alterações significativas na área foliar e nas medidas
micromorfométricas dos tecidos foliares em resposta aos herbicidas. Evidencia-se a
integridade dos tecidos em comparação aos das testemunhas mesmo em condições de estresse
no desenvolvimento inicial da planta. Por esta razão, esta espécie pode ser considerada como
tolerante aos resíduos do herbicida no solo, mesmo na fase de plântula, classificando-a como
biossensora.
Porém, os resultados apresentados para as plântulas de Z. tuberculosa, mostraram
danos micromorfológicos em resposta à mistura, e estes danos aumentam de acordo com as
crescentes doses dos produtos, em que na maior dose provocou maior efeito negativo sobre a
espécie. Os danos causados foram células alteradas, hiperplasia e sinuosidades nas paredes
celulares. Esta espécie torna-se a mais sensível à presença dos herbicidas no solo, quando
comparada com a M. fistulifera, podendo essa presença ser detectada através das alterações
micromorfométricas.
Com isso, a ocorrência de danos em nível celular, antes mesmo do surgimento dos
sintomas na morfologia externa das plântulas sob efeito do composto, indicam que essa
espécie durante o desenvolvimento inicial, possui potencial como bioindicadora de ambiente
impactados pela mistura de herbicidas 2,4-D+picloram.
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