UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA – CENTRO DE EDUCAÇÃODEPARTAMENTO DE FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃOPROFESSORA – ANDRÉA FORGIARINI CECHIN
TEORIA PSICANALÍTICA
1 Visão geral
A psicanálise é uma terapêutica e uma teoria cujos fundamentos foram
estabelecidos por Sigmund Freud. A teoria se modificou e se aperfeiçoou com o tempo,
em função dos novos conhecimentos fornecidos tanto por seu fundador quanto por
seus discípulos.
SIGMUND FREUD pai da psicanálise
Sigmund Freud nasceu a 6 de maio de 1856, em Freiberg, Morávia (atualmente
Pribor, antiga Tchecoslováquia). Aos quatro anos foi para Viena, onde viveu até um ano
antes da sua morte, quando foi transferido para a Inglaterra devido à anexação da
Áustria pelos nazistas. Morreu na Inglaterra em 1939.
Decidido a ser cientista, Freud matriculouse na escola de medicina da
Universidade de Viena em 1873, onde graduouse oito anos depois. Nunca pensou em
clinicar mas, as dificuldades financeiras, as limitadas oportunidades de progresso
acadêmico para um judeu e as necessidades da família, forçaramno a exercer a
profissão.
Seus estudos sobre a histeria foram as raízes da psicanálise. Esta, através
destes estudos, aparece como:
Método de investigação
PSICANÁLISE Técnica terapêutica
Corpo de conhecimento científico
Teoria
2 Origem da psicanálise
A psicanálise tem origem na década de 1887 1897, quando Freud começou a estudar as
perturbações de seus pacientes histéricos. No início contou com a colaboração de um médico
vienense chamado Joseph Breuer. O tratamento de uma paciente de Breuer, que ficou
conhecida como “Anna O.”, e as comunicações que este fazia a Freud sobre o caso, foi um dos
fatores que levou ao desenvolvimento da psicanálise. Breuer, utilizando técnicas de hipnose e auto
hipnose, fazia com que “Anna O.” verbalizasse emoções intensas que a perturbavam. Ao recordar,
juntamente com uma manifestação de afeto, as cenas e as circunstâncias sobre as quais aquelas
emoções haviam sido despertadas, desapareciam os sintomas histéricos.
Os autores observaram que os sintomas histéricos individuais pareciam desaparecer imediatamente quando o acontecimento que os provocara era claramente recordado pelo paciente e este conseguia descrevêlo com o máximo de detalhes, acompanhando suas palavras com o devido afeto. (KAPLAN, SADOCK, 1984, p. 106)
Quando começou a clinicar, em 1887, Freud utilizou intensamente o método hipnótico. Com
o passar do tempo, percebeu que os efeitos benéficos desse tratamento eram transitórios: duravam
apenas enquanto o paciente permanecia em contato com o médico. A partir disso, Freud começou
a suspeitar que esses efeitos dependessem, de fato, da relação pessoal entre paciente e médico.
O êxito do método hipnótico, na visão de Freud, deviase ao fato do/a paciente atuar seu amor pelo
médico: sob o comando do médico lembravase de suas experiências traumáticas e de seus
sentimentos e parecia recuperarse com o propósito de agradálo.
Freud continuou usando a hipnose, quando indicada, até aperfeiçoar a técnica da
associação livre. A partir daí (1896), nunca mais utilizou o método hipnótico. Através do trabalho
com seus pacientes, por meio do método de associação livre, Freud delineou sua teoria. Uma
fonte de informação importante foi a autoanálise realizada por Freud: a compreensão dos
anseios sexuais infantis em sua própria experiência sugeriu a Freud que esses fenômenos
não estivessem restritos ao desenvolvimento patológico da neurose, mas que pessoas
essencialmente normais pudessem sofrer experiências semelhantes.
3 A estrutura da personalidade na psicanálise freudiana
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3.1 – TEORIA DOS INSTINTOS Para Freud, os instintos são as únicas fontes de energia do
comportamento e os fatores propulsores da personalidade. De acordo com sua teoria, os instintos
não só impulsionam o comportamento como também determinam a direção que o mesmo irá
tomar.
Na perspectiva freudiana, desde o nascimento, os indivíduos são dotados de uma base
biologicamente instintual: instintos sexuais e instintos agressivos que, inconscientemente, motivam
cada coisa que os seres humanos pensam, dizem ou fazem durante suas vidas. Esses instintos
são expressos, ou seja, realizam sua tarefa, por uma forma de energia que Freud denominou de
libido.
Freud não se preocupou em saber quantos instintos existem, mas classificouos em dois
grandes grupos: instintos de vida e instintos de morte.
Os instintos de vida servem à sobrevivência do homem e a propagação da raça. Por
exemplo, a fome, a sede, a necessidade de contato sexual. Este último foi o instinto de vida no qual
Freud prestou mais atenção.
Os instintos de morte, ou instintos destrutivos, cumprem sua tarefa de forma menos visível e
por isso são pouco conhecidos. Toda pessoa morre, o que levou Freud a pensar que a finalidade
de toda vida é a morte. Convenceuse, então, de que a pessoa tem, inconscientemente, o desejo
de morrer. O impulso agressivo é um importante derivativo dos instintos de morte. A agressividade
é a autodestruição que se desloca para objetos substitutivos. A Primeira Guerra Mundial convenceu
Freud que a agressão era um motivo tão dominante quanto o sexo.
3.2 TEORIA TOPOGRÁFICA: primeira teoria sobre a estrutura do aparelho psíquico A
teoria topográfica, também chamada por alguns autores de primeiro tópico da estrutura da
personalidade, foi apresentada por Freud em sua obra “A interpretação dos sonhos”(1900), numa
tentativa de dividir a mente humana em três regiões: INCONSCIENTE, PRÉCONSCIENTE e
CONSCIENTE.
INCONSCIENTE É a base de toda a vida psíquica, sendo os fenômenos conscientes apenas suas
manifestações. Referese ao conjunto de conteúdos não presentes no campo atual da
consciência.
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Está associado à forma particular de atividade mental chamada, por Freud, processo
primário ou pensamento de processo primário, característico de crianças pequenas busca
apenas a satisfação imediata dos desejos.
O inconsciente contém idéias e afetos reprimidos e pode ser assim caracterizado:
a) seus elementos não têm acesso à consciência e podem tornarse conscientes somente
através do préconsciente, que os exclui por censura e repressão;
b) as memórias, no inconsciente, perderam sua ligação com a expressão verbal. No entanto,
quando as palavras são reaplicadas ao traço de memória esquecido, as memórias podem atingir,
mais uma vez, a consciência;
c) o conteúdo do inconsciente está limitado a desejos que procuram realização;
d) o inconsciente está intimamente relacionado com os instintos. Nele estão contidos os
representantes e derivativos mentais dos impulsos instintuais, especialmente os derivativos do
instinto sexual.
PRÉCONSCIENTE É o sistema onde permanecem os conteúdos que não estão na consciência
momentaneamente mas que no momento seguinte podem estar. É acessível tanto ao inconsciente
quanto ao consciente: os elementos do inconsciente ganham acesso à consciência somente
encadeandose com palavras e atingindo o préconsciente.
Uma das funções do préconsciente é manter a repressão ou censura dos desejos e das
paixões.
Está associado à forma particular de atividade mental denominada por Freud de processo
secundário ou pensamento de processo secundário. Tem por objetivo evitar o desprazer, adiar
a carga instintual e vincular a energia mental de acordo com as demandas da realidade externa e
os preceitos ou valores morais do indivíduo. O processo secundário está ligado ao princípio da
realidade que governa a maior parte de suas atividades.
CONSCIENTE É uma espécie de órgão sensorial de atenção que opera em íntima associação
com o préconsciente. Segundo BOCK, FURTADO e TEIXEIRA (1995) o consciente “é o sistema
do aparelho psíquico que recebe ao mesmo tempo as informações do mundo exterior e as do
mundo interior. Na consciência, destacase o fenômeno da percepção e, principalmente, a
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percepção do mundo exterior.”(p.70). Por meio da atenção o indivíduo pode tornarse consciente
dos estímulos perceptuais do mundo externo, mas no interior do organismo apenas os elementos
do préconsciente penetram na consciência.
Críticas sobre a incapacidade desta teoria responder a algumas características importantes
do conflito mental, bem como a atribuição de processos específicos a regiões específicas da
mente, levaram Freud a abandonála. Partindo disto, Freud compreendeu que o mais importante é
reconhecer se esses processos pertencem ao sistema primário (inconsciente) ou secundário (pré
consciente).
Alguns conceitos incluídos na teoria topográfica mantiveram sua utilidade, estes referemse:
às condições do pensar primário ou secundário;
à importância fundamental da realização do desejo;
à tendência para regressão sob condições de frustração;
à existência do inconsciente dinâmico.
3.3 TEORIA ESTRUTURAL DA MENTE Entre 1920 e 1923, Freud remodela a teoria
topográfica e introduz o que alguns autores chamam de segundo tópico da estrutura da
personalidade, apresentando três sistemas de funcionamento psíquico, que não devem ser
considerados isoladamente mas que apresentam uma certa configuração própria: o ID, o
EGO e o SUPEREGO.
De acordo com esta teoria, id, ego e superego interatuam num sistema dinâmico, mas
possuem diferentes funções.
ID É o reservatório da libido e está sob o domínio do processo primário, operando, portanto,
de acordo com o princípio do prazer, sem considerar a realidade. Pode ser comparado a um
depósito de bateria que tem uma necessidade implacável de descarregar sua energia a partir do
nascimento.
Segundo AJURIAGUERRA (s. d.), o ID corresponde ao pólo das pulsões da personalidade.
Se confunde com os sistemas inconscientes da primeira teoria do aparelho psíquico (topográfica),
mas não é todo o inconsciente porque parte do ego e do superego são igualmente inconscientes. É
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a parte do inconsciente dos instintos primários, livre das formas e dos princípios que constituem o
indivíduo social consciente.
Não é atingido pelo tempo, nem afetado pelas contradições, ignora juízos de valor, o bem, o
mal e a moral. Procura apenas a satisfação de suas necessidades instintivas, de acordo com
o princípio do prazer.
Todas as atividades do id são inconscientes: não temos consciência de nossos instintos e de
seus profundos efeitos sobre nosso comportamento.
EGO É o componente da personalidade que utiliza a percepção consciente, a inteligência,
para encontrar prazer no mundo, onde as necessidades não são tipicamente encontradas ou
requeridas. De acordo com BOCK, FURTADO e TEIXEIRA (1995), o ego “é o sistema que
estabelece o equilíbrio entre as exigências do id, as exigências da realidade e as ‘ordens’ do
superego”. (p. 72).
O ego possui a tarefa de autopreservação, no que se refere a:
acontecimentos externos: toma consciência dos estímulos e armazena experiências sobre eles
(memória);
evita estímulos muito fortes (fuga);
lida com estímulos moderados (adaptação);
aprende a realizar mudanças convenientes no mundo externo para seu próprio benefício
(atividade).
acontecimentos internos: controla as exigências dos instintos;
decide se deve autorizar satisfação;
adia essa satisfação para horas e circunstâncias favoráveis no mundo externo ou suprime
inteiramente as excitações.
Sendo assim, o ego procura levar as influências do mundo externo a um relacionamento
com o id, para substituir o princípio do prazer pelo princípio da realidade.
Na visão de Freud, gratificação e frustração de impulsos e necessidades nos primeiros
meses de vida afetam o destino futuro do ego. A satisfação adequada das necessidades libidinais
da criança pela mãe, ou pelo seu substituto, é criticamente importante. Uma certa quantidade de
frustrações de impulsos na infância e na meninice é igualmente importante para o desenvolvimento
do ego.
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O ego cumpre com algumas funções muito importantes, entre elas:
controle e regulação de impulsos instintivos;
relação com a realidade;
funções defensivas.
SUPEREGO Está relacionado com o comportamento moral, baseado em padrões
comportamentais inconscientes aprendidos nos primeiros estágios do desenvolvimento
psicossexual. O papel do superego é comparável ao de um juiz ou censor do ego. Sua ação se
manifesta pela consciência moral, atitudes de autocrítica, proibição.
O superego se forma pela identificação das crianças com os pais idealizados e,
posteriormente, com a lei ou com a autoridade de que é depositário.
Para Freud, a formação do superego é correlativa ao declínio do complexo de Édipo. A
criança, renunciando à satisfação de seus desejos edipianos, admitidos como proibidos, transforma
sua carga afetiva sobre os pais em uma identificação com eles, interiorizando a proibição. O pai
tornase o guia moral e qualquer ordem toma por modelo esta proibição. De acordo com esta
perspectiva, o superego resulta, em grande parte, de uma introjeção dos superegos dos próprios
pais.
Assim como o id é regido pelo princípio do prazer e o ego pelo da realidade, o superego
representa mais o ideal do que o real. Desempenha as seguintes funções:
inibir os impulsos do id;
persuadir o ego;
lutar pela perfeição.
Ao contrário do ego, o superego não somente adia a gratificação do instinto, mas tenta
bloqueálo permanentemente.
O pensamento de Ludin (1977) parece ilustrar muito bem como se dá essa relação dinâmica
entre os três elementos constitutivos da personalidade:
A personalidade funciona, normalmente, como uma unidade completa e
não em três segmentos separados. De modo geral, podemos considerar
o id como componente biológico da personalidade; o ego como
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componente psicológico e o superego como componente social.”
(p. 28)
4 Mecanismos de defesa
Os mecanismos de defesa são funções do ego e, por definição, inconscientes. Podem ser
definidos como processos psíquicos cuja finalidade consiste em afastar um evento gerador
de angústia da percepção consciente. O ego, como sede da angústia, é mobilizado diante de um
sinal de perigo e desencadeia uma série de mecanismos repressores que impedirão a vivência de
fatos dolorosos, os quais o organismo não está pronto para suportar.
Alguns mecanismos de defesa descritos por Freud:
4.1 Repressão é considerado, por alguns autores, o principal mecanismo de defesa, do qual se
originam os demais. A repressão impede que pensamentos dolorosos ou reprimidos cheguem
à consciência. Pode operar por meio da exclusão da consciência, daquilo que uma vez foi
experienciado a nível consciente, ou pode frear idéias e sentimentos antes de atingirem a
consciência.
4.2 Negação defesa contra a realidade externa: ver e se recusar a reconhecer que o que viu,
ouvir e se negar a reconhecer o que ouviu. Não perceber aspectos que nos magoariam ou que
seriam perigosos para nós.
4.3 Projeção percepção dos próprios sentimentos e/ou atitudes em outra pessoa. Quando
nos sentimos maus, ou quando um evento doloroso é de nossa responsabilidade, tendemos a
projetálo no mundo externo, que ao nosso ver assumirá as características daquilo que não
podemos ver em nós mesmos.
4.4 Racionalização redução do desejo de um objeto pela depreciação de seu valor.
4.5 Formação reativa caracterizase por uma atitude ou hábito oposto ao desejo recalcado.
Quando é bloqueada a satisfação de um impulso, este pode ser substituído por outro, oposto.
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4.6 Identificação diante de sentimentos de inadequação, o sujeito internaliza características de
alguém valorizado, passando a sentirse como ele.
A identificação é um processo necessário no início da vida, quando a criança está
assimilando o mundo, mas permanecer em identificações impede a aquisição de uma identidade
própria.
4.7 Regressão retorno a estágios ou fase anterior do desenvolvimento a fim d evitar as
ansiedades ou hostilidades envolvidas no estágio atual. Incorporação de modelos abandonados
anteriormente.
4.8 Deslocamento substituição propositada e inconsciente de um objeto por outro, no
interesse de resolver um conflito. Através deste mecanismo, descarregamos sentimentos
acumulados, em geral sentimentos agressivos, em pessoas menos perigosas.
4.9 Sublimação gratificação de um impulso, cuja finalidade é preservada, mas cujo alvo ou
objeto é convertido, de socialmente objetável em socialmente valorizado.
A sublimação permite que os instintos sejam canalizados, ao invés de represados ou
desviados. Os sentimentos são reconhecidos, modificados e dirigidos para a pessoa ou finalidade
importante, resultando daí modesta satisfação instintual.
4.10 Fixação implica a parada do comportamento em alguma fase do processo de
desenvolvimento. A fixação pode abranger uma variedade de diferentes comportamentos sociais,
emocionais ou intelectuais.
É preciso ter claro, no entanto, que fixação é diferente de regressão. Na regressão o
desenvolvimento se encaminhou no sentido de uma ação mais amadurecida, depois retrocedeu a
um nível anterior. Na fixação o comportamento progride até um certo ponto e pára, em seguida.
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4.11 Somatização conversão defensiva de derivativos psíquicos em sintomas corporais.
Quando algum problema afeta o indivíduo, ou uma necessidade de adaptação, ele o transforma em
uma dor, em um sintoma de doença.
Todos os mecanismos de defesa possuem duas características em comum:
negam, falsificam ou distorcem a realidade;
– operam inconscientemente, sem que a pessoa se dê conta.
5 ESTÁGIOS OU FASES PSICOSSEXUAIS DO DESENVOLVIMENTO
Freud acreditava que a personalidade emergia gradualmente em uma progressão de estágios ou fases psicossexuais do desenvolvimento que podem ser assim esquematizados:
oral
Estágios ou fases prégenitais anal
fálica
Estágio ou fase de latência
Estágio ou fase genital
5.1 ESTÁGIO OU FASE ORAL primeiros dezoito meses de vida.
Estágio mais primitivo do desenvolvimento. As necessidades, percepções e modos de
expressão do bebê estão concentrados na boca, lábios, língua e outros órgãos relacionados com a
zona oral. Essas sensações orais incluem a fome, a sede, estimulações táteis prazeirosas
evocadas pelo mamilo ou substituto (mamadeira, chupeta), todas relacionadas com a deglutição e
satisfação oral.
Esse estágio tem por objetivo estabelecer uma dependência confiante nos objetos que
proporcionam cuidado e apoio.
Os impulsos orais consistem em dois elementos separados: libidinal e agressivo. O primeiro
referese à deglutição e a satisfação, o segundo manifestase na ação da criança de morder,
mastigar, cuspir e chorar.
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O êxito na resolução desta fase proporciona uma base na estruturação do caráter para a
capacidade de dar e receber sem excessiva dependência ou inveja, uma capacidade de confiar
nos outros com um sentimento de segurança, e com sentimentos de confiança e segurança
próprios.
5.2 ESTÁGIO OU FASE ANAL entre o primeiro e o terceiro ano de vida
Este estágio é ativado pela maturação do controle neuromuscular sobre os esfíncteres,
especialmente o esfíncter anal, permitindo, assim, maior controle voluntário sobre a retenção ou
expulsão das fezes.
O erotismo anal referese ao prazer sexual no funcionamento anal, tanto na retenção como
na apresentação destas como um presente aos pais. O sadismo anal referese a manifestações de
desejos ligados à descarga das fezes como armas poderosas e destrutivas.
É um período de esforços por independência e separação da dependência dos pais. O
objetivo do controle esfincteriano está unido às tentativas de autonomia e independência da criança
sem medo ou vergonha da perda de controle.
O êxito na resolução desta fase proporciona a base para o desenvolvimento de autonomia
pessoal, capacidade de independência e iniciativa pessoal, capacidade de autodeterminação.
5.3 ESTÁGIO OU FASE FÁLICA Começa em algum momento do terceiro ano e vai até o final
do quinto ano, mais ou menos.
Esta fase é caracterizada por um foco primário de interesse sexual, estimulação e excitação
na área genital. Segundo Freud, o pênis (ou falo) tornase o órgão de principal interesse das
crianças de ambos os sexos e a falta de um pênis nas fêmeas é considerada evidência de
castração. Nesta etapa, o envolvimento e o conflito edípico são estabelecidos e consolidados.
A fase fálica tem por objetivo concentrar o interesse erótico na área e nas funções genitais.
Essa concentração estabelece os fundamentos para a identidade de gênero e serve para integrar
os resíduos de estágios anteriores numa orientação sexual predominantemente genital. O
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estabelecimento da situação edípica é essencial para o desenvolvimento de identificações
subseqüentes, que servirão de base para dimensões organizadoras do caráter.
O êxito na resolução desta fase proporciona a formação de um senso de identidade sexual,
sentimento de curiosidade sem embaraço, de iniciativa sem culpa, de um sentimento de domínio
não apenas sobre pessoas e objetos do ambiente mas sobre os processos internos e os impulsos.
Complexo de Édipo durante a fase fálica, a criança seleciona o genitor do sexo oposto como um
objeto de amor. A criança desenvolve um intenso desejo de substituir o genitor do mesmo sexo e
aprecia a afeição do genitor do sexo oposto.
Meninos Para Freud, nos meninos o desenvolvimento das relações objetais durante esta
fase é relativamente simples, em virtude do menino permanecer ligado a seu primeiro objeto, a
mãe.
Continua o interesse pela mãe como fonte de sustento e passa a desenvolver um forte
interesse erótico pela mesma, bem como um desejo de possuíla com exclusividade. Assim que o
complexo de Édipo aparece, o menino começa a cortejar a mãe: compete com os/as irmãos/ãs
pela afeição da mãe. Acima de tudo, porém, o menino quer eliminar seu arquirival: o marido da
mãe, seu pai. A criança prevê uma represália por parte do pai e começa a sentir que, se continuar
a demonstrar interesse sexual pela mãe, terá seu pênis retirado complexo de castração.
Confrontado com a ameaça da castração, especialmente vinda de seu pai, o menino deve
renunciar ao seu amor edípico pela mãe. Ele então identificase com o pai e incorpora as
proibições do mesmo.
Meninas Da mesma forma que o menino, a menina cria um vínculo inicial com a mãe
como fonte de sustento de suas necessidades vitais. Mas, ao contrário do menino, enfrenta a
incumbência de deslocar para o pai aquele vínculo primitivo a fim de prepararse para seu futuro
papel sexual.
De acordo com Freud, surgem diferenças fundamentais no desenvolvimento sexual do
menino e da menina quando esta descobre, durante o período fálico, que o clitóris que possui é
inferior ao pênis. A menina reage a esta descoberta com intenso sentimento de perda e dano, bem
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como inveja do macho, isto é, inveja do pênis. Neste ponto, a mãe, que fora anteriormente um
objeto de amor, é responsabilizada por trazêla ao mundo “menos equipada”. Quando descobre
que a mãe também não tem pênis, sua inadequação tornase ainda mais profunda. Numa tentativa
de compensar essa inadequação, voltase para o pai na esperança de que este lhe dê um pênis ou
um bebê para substituir o pênis que falta. Isto é chamado complexo de Electra.
O amor sexual da menina pelo pai diminui, mais tarde, visto seu fracasso em satisfazer suas
demandas e o temor à censura da mãe.
Esses comportamentos, que caracterizam o complexo de Édipo e de Electra, vão sendo
gradualmente reprimidos à medida que a criança reprime seus desejos incestuosos e inicia sua
identificação com o genitor do mesmo sexo.
5.4 ESTÁGIO OU FASE DE LATÊNCIA dos 5/6 anos aos 11/13 anos
O declínio do complexo de Édipo marca a entrada no período de latência, no curso da qual o
desenvolvimento sexual apresenta um período de interrupção ou repressão. É um estágio de
relativa tranqüilidade ou inatividade do impulso sexual.
A repressão vai se mostrar particularmente neste período, os mecanismos de identificação
também se mostram muito ativos. Não podendo suprimir um rival incômodo, a criança procura
identificarse com ele, o que é uma maneira de não perder de vista seu alvo edipiano de conquista
do outro genitor, pois procuram agir como aquele que triunfou nesta conquista.
Essa fase tem por objetivo a integração das identificações edípicas e a consolidação da
identidade sexual e dos papéis sexuais. A relativa tranqüilidade e controle dos instintos sexuais
permite o desenvolvimento do ego e o domínio de habilidades.
O êxito na resolução desta fase proporciona a integração e consolidação de realizações
anteriores e do estabelecimento de padrões de funcionamento adaptativos decisivos. A criança
pode desenvolver um senso de diligência e capacidade para o domínio de objetos e conceitos
que lhe permita funcionar autonomamente e com senso de iniciativa, sem correr o risco de
fracasso ou derrota, ou de um sentimento de inferioridade. Essas importantes realizações
precisam ser integradas como base para uma vida adulta de satisfação no trabalho e no amor.
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5.5 ESTÁGIO OU FASE GENITAL começo da puberdade até a vida adulta
A maturação fisiológica dos sistemas de funcionamento genital (sexual) e dos sistemas
glandulares que o acompanham leva a uma intensificação de impulsos. Esta intensificação provoca
uma regressão na organização da personalidade, fazendo reaparecer conflitos de estágios
anteriores e oferecendo a oportunidade de resolver estes conflitos no contexto de alcançar
maturidade sexual e identidade adulta.
Esta fase tem por objetivo a separação final da dependência e do vínculo parental; o
estabelecimento de relações de objeto heterossexuais (nem sempre), não incestuosas e
amadurecidas. Esta fase visa a obtenção de um sentimento de identidade individual amadurecido e
a aceitação e integração de um conjunto de papéis e funções adultas que permitam novas
integrações adaptativas dentro das expectativas sociais e dos valores culturais.
A resolução e a integração bem sucedida de estágios psicossexuais anteriores, na
adolescência, a fase genital plena estabelece o estágio normal para uma personalidade totalmente
madura com capacidade para uma plena e gratificante potência genital e um senso de identidade
autointegrado e consistente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BOCK, Ana Maria B., FURTADO, Odair, TEIXEIRA, Maria de Lourdes T. Psicologias: uma
introdução ao estudo de psicologia. São Paulo: Saraiva, 1995.
KAPLAN, Harol, SADOCK, Benjamin. Compêndio de psiquiatria dinâmica. 3. ed. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1984.
LUNDIN, R. W. Personalidade; uma análise do comportamento. São Paulo: EPU, 1977.
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