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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA – CENTRO DE EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO PROFESSORA – ANDRÉA FORGIARINI CECHIN TEORIA PSICANALÍTICA 1 - Visão geral A psicanálise é uma terapêutica e uma teoria cujos fundamentos foram estabelecidos por Sigmund Freud. A teoria se modificou e se aperfeiçoou com o tempo, em função dos novos conhecimentos fornecidos tanto por seu fundador quanto por seus discípulos. SIGMUND FREUD - pai da psicanálise Sigmund Freud nasceu a 6 de maio de 1856, em Freiberg, Morávia (atualmente Pribor, antiga Tchecoslováquia). Aos quatro anos foi para Viena, onde viveu até um ano antes da sua morte, quando foi transferido para a Inglaterra devido à anexação da Áustria pelos nazistas. Morreu na Inglaterra em 1939. Decidido a ser cientista, Freud matriculou-se na escola de medicina da Universidade de Viena em 1873, onde graduou-se oito anos depois. Nunca pensou em clinicar mas, as dificuldades financeiras, as limitadas oportunidades de progresso acadêmico para um judeu e as necessidades da família, forçaram-no a exercer a profissão. Seus estudos sobre a histeria foram as raízes da psicanálise. Esta, através destes estudos, aparece como: Método de investigação PSICANÁLISE Técnica terapêutica Corpo de conhecimento científico Teoria

Visão Geral Da Teoria Psicanalítica

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA – CENTRO DE EDUCAÇÃODEPARTAMENTO DE FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃOPROFESSORA – ANDRÉA FORGIARINI CECHIN

TEORIA PSICANALÍTICA

1 ­ Visão geral 

A   psicanálise   é   uma   terapêutica   e   uma   teoria   cujos   fundamentos   foram 

estabelecidos por Sigmund Freud. A teoria se modificou e se aperfeiçoou com o tempo, 

em função dos novos conhecimentos  fornecidos  tanto  por  seu  fundador  quanto por 

seus discípulos.

SIGMUND FREUD ­ pai da psicanálise 

Sigmund Freud nasceu a 6 de maio de 1856, em Freiberg, Morávia (atualmente 

Pribor, antiga Tchecoslováquia). Aos quatro anos foi para Viena, onde viveu até um ano 

antes da sua morte,  quando  foi   transferido para a  Inglaterra devido à  anexação da 

Áustria pelos nazistas. Morreu na Inglaterra em 1939.

Decidido   a   ser   cientista,   Freud   matriculou­se   na   escola   de   medicina   da 

Universidade de Viena em 1873, onde graduou­se oito anos depois. Nunca pensou em 

clinicar   mas,   as   dificuldades   financeiras,   as   limitadas   oportunidades   de   progresso 

acadêmico  para  um  judeu  e  as  necessidades  da   família,   forçaram­no  a  exercer   a 

profissão.

Seus estudos sobre a histeria foram as raízes da psicanálise. Esta, através 

destes estudos, aparece como:

Método de investigação

PSICANÁLISE Técnica terapêutica

Corpo de conhecimento científico

Teoria

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2 ­ Origem da psicanálise

 A psicanálise tem origem na década de 1887 ­ 1897, quando Freud começou a estudar as 

perturbações de seus pacientes histéricos. No  início contou com a colaboração de um médico 

vienense chamado Joseph Breuer.  O   tratamento   de   uma   paciente   de   Breuer,   que   ficou 

conhecida como “Anna O.”, e as comunicações que este fazia a Freud sobre o caso, foi um dos 

fatores que levou ao desenvolvimento da psicanálise. Breuer, utilizando técnicas de hipnose e auto­

hipnose, fazia com que “Anna O.” verbalizasse emoções intensas que a perturbavam. Ao recordar, 

juntamente com uma manifestação de afeto, as cenas e as circunstâncias sobre as quais aquelas 

emoções haviam sido despertadas, desapareciam os sintomas histéricos.

Os autores observaram que os sintomas histéricos individuais pareciam desaparecer imediatamente quando o acontecimento que os provocara era claramente recordado pelo paciente e este conseguia descrevê­lo com o máximo de detalhes, acompanhando suas palavras com o devido afeto. (KAPLAN, SADOCK, 1984, p. 106)

Quando começou a clinicar, em 1887, Freud utilizou intensamente o método hipnótico. Com 

o passar do tempo, percebeu que os efeitos benéficos desse tratamento eram transitórios: duravam 

apenas enquanto o paciente permanecia em contato com o médico. A partir disso, Freud começou 

a suspeitar que esses efeitos dependessem, de fato, da relação pessoal entre paciente e médico. 

O êxito do método hipnótico, na visão de Freud, devia­se ao fato do/a paciente atuar seu amor pelo 

médico:  sob  o  comando  do  médico   lembrava­se  de  suas  experiências   traumáticas  e  de  seus 

sentimentos e parecia recuperar­se com  o propósito de agradá­lo.

Freud   continuou   usando   a   hipnose,   quando   indicada,   até   aperfeiçoar   a  técnica   da 

associação livre. A partir daí (1896), nunca mais utilizou o método hipnótico. Através do trabalho 

com seus pacientes, por meio do método de associação  livre, Freud delineou sua teoria.  Uma 

fonte de informação importante foi a auto­análise realizada por Freud: a compreensão dos 

anseios sexuais infantis em sua própria experiência sugeriu a Freud que esses fenômenos 

não   estivessem   restritos   ao   desenvolvimento   patológico   da   neurose,   mas   que   pessoas 

essencialmente normais pudessem sofrer experiências semelhantes.

3 ­ A estrutura da personalidade na psicanálise freudiana

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3.1 – TEORIA DOS INSTINTOS ­  Para Freud, os instintos são as únicas fontes de energia do 

comportamento e os fatores propulsores da personalidade. De acordo com sua teoria, os instintos 

não só impulsionam o comportamento como também determinam a direção que o mesmo irá 

tomar.

Na perspectiva  freudiana, desde o nascimento,  os  indivíduos são dotados de uma base 

biologicamente instintual: instintos sexuais e instintos agressivos que, inconscientemente, motivam 

cada coisa que os seres humanos pensam, dizem ou fazem durante suas vidas. Esses instintos 

são expressos, ou seja, realizam sua tarefa, por uma forma de energia que Freud denominou de 

libido.

Freud não se preocupou em saber quantos instintos existem, mas classificou­os em dois 

grandes grupos: instintos de vida e instintos de morte.

Os   instintos   de   vida   servem   à   sobrevivência  do   homem  e  a  propagação  da   raça.  Por 

exemplo, a fome, a sede, a necessidade de contato sexual. Este último foi o instinto de vida no qual 

Freud prestou mais atenção.

Os instintos de morte, ou instintos destrutivos, cumprem sua tarefa de forma menos visível e 

por isso são pouco conhecidos. Toda pessoa morre, o que levou Freud a pensar que a finalidade 

de toda vida é a morte. Convenceu­se, então, de que a pessoa tem, inconscientemente, o desejo 

de morrer. O impulso agressivo é um importante derivativo dos instintos de morte. A agressividade 

é a autodestruição que se desloca para objetos substitutivos. A Primeira Guerra Mundial convenceu 

Freud que a agressão era um motivo tão dominante quanto o sexo.

3.2 ­  TEORIA TOPOGRÁFICA:  primeira teoria sobre a estrutura do aparelho psíquico ­  A 

teoria   topográfica,   também chamada por  alguns  autores  de  primeiro   tópico  da  estrutura  da 

personalidade, foi apresentada por Freud em sua obra “A interpretação dos sonhos”(1900), numa 

tentativa de  dividir a mente humana em três regiões:  INCONSCIENTE, PRÉ­CONSCIENTE e 

CONSCIENTE.

INCONSCIENTE ­ É a base de toda a vida psíquica, sendo os fenômenos conscientes apenas suas 

manifestações.   Refere­se   ao  conjunto   de   conteúdos   não   presentes   no   campo   atual   da 

consciência.

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Está   associado   à   forma   particular   de   atividade   mental   chamada,   por   Freud,  processo 

primário ou pensamento de processo primário,    característico de crianças pequenas ­ busca 

apenas a satisfação imediata dos desejos.

O inconsciente contém idéias e afetos reprimidos e pode ser assim caracterizado:

a) seus elementos não têm acesso à consciência e podem tornar­se conscientes somente 

através do pré­consciente, que os exclui por censura e repressão;

b) as memórias, no inconsciente, perderam sua ligação com a expressão verbal. No entanto, 

quando as palavras são reaplicadas ao traço de memória esquecido, as memórias podem atingir, 

mais uma vez, a consciência;

c) o conteúdo do inconsciente está limitado a desejos que procuram realização;

d) o  inconsciente está   intimamente relacionado com os  instintos. Nele estão contidos os 

representantes  e  derivativos  mentais  dos  impulsos   instintuais,  especialmente  os  derivativos  do 

instinto sexual.

PRÉ­CONSCIENTE ­ É o sistema onde permanecem os conteúdos que não estão na consciência 

momentaneamente mas que no momento seguinte podem estar. É acessível tanto ao inconsciente 

quanto    ao  consciente:  os  elementos  do   inconsciente  ganham acesso  à   consciência  somente 

encadeando­se com palavras e atingindo o pré­consciente.

Uma das funções do pré­consciente é manter a repressão ou censura dos desejos e das 

paixões.

Está associado à forma particular de atividade mental denominada por Freud de processo 

secundário ou pensamento de processo secundário. Tem por objetivo evitar o desprazer, adiar 

a carga instintual e vincular a energia mental de acordo com as demandas da realidade externa e 

os preceitos ou valores morais do indivíduo. O processo secundário está   ligado ao princípio da 

realidade que governa a maior parte de suas atividades.

CONSCIENTE ­ É uma espécie de órgão sensorial de atenção que opera em íntima associação 

com o pré­consciente. Segundo BOCK, FURTADO e TEIXEIRA (1995) o consciente “é o sistema 

do aparelho psíquico que recebe ao mesmo tempo as  informações do mundo exterior e as do 

mundo   interior.   Na   consciência,   destaca­se   o   fenômeno   da   percepção   e,   principalmente,   a 

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percepção do mundo exterior.”(p.70).  Por meio da atenção o indivíduo pode tornar­se consciente 

dos estímulos perceptuais do mundo externo, mas no interior do organismo apenas os elementos 

do pré­consciente penetram na consciência.

Críticas sobre a incapacidade desta teoria responder a algumas características importantes 

do  conflito  mental,   bem como a  atribuição  de  processos  específicos  a   regiões  específicas  da 

mente, levaram Freud a abandoná­la. Partindo disto, Freud compreendeu que o mais importante é 

reconhecer se esses processos pertencem ao sistema primário (inconsciente) ou secundário (pré­

consciente).

Alguns conceitos incluídos na teoria topográfica mantiveram sua utilidade, estes referem­se:

­ às condições do pensar primário ou secundário;

­ à importância fundamental da realização do desejo;

­ à tendência para regressão sob condições de frustração;

­ à existência do inconsciente dinâmico.

3.3     ­   TEORIA   ESTRUTURAL   DA   MENTE   ­  Entre   1920   e   1923,   Freud   remodela   a   teoria 

topográfica   e   introduz   o   que   alguns   autores   chamam   de  segundo   tópico   da   estrutura   da 

personalidade,  apresentando   três   sistemas  de   funcionamento   psíquico,  que  não   devem  ser 

considerados isoladamente mas que apresentam uma certa configuração própria: o ID, o 

EGO e o SUPEREGO.

De acordo  com esta   teoria,   id,  ego e  superego  interatuam num sistema dinâmico,  mas 

possuem diferentes funções.

ID ­ É o reservatório da libido e está sob o domínio do processo primário, operando, portanto, 

de acordo com o  princípio do prazer,  sem considerar a realidade. Pode ser comparado a um 

depósito de bateria que tem uma necessidade implacável de descarregar sua energia a partir do 

nascimento.

Segundo AJURIAGUERRA (s. d.), o ID corresponde ao pólo das pulsões da personalidade. 

Se confunde com os sistemas inconscientes da primeira teoria do aparelho psíquico (topográfica), 

mas não é todo o inconsciente porque parte do ego e do superego são igualmente inconscientes. É 

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a parte do inconsciente dos instintos primários, livre das formas e dos princípios que constituem o 

indivíduo social consciente.

Não é atingido pelo tempo, nem afetado pelas contradições, ignora juízos de valor, o bem, o 

mal e a moral. Procura apenas a satisfação de suas necessidades instintivas, de acordo com 

o princípio do prazer. 

Todas as atividades do id são inconscientes: não temos consciência de nossos instintos e de 

seus profundos efeitos sobre nosso comportamento.

EGO ­ É o componente da personalidade que utiliza a percepção consciente, a inteligência, 

para encontrar  prazer no mundo,  onde as necessidades   não são  tipicamente encontradas ou 

requeridas.   De   acordo   com   BOCK,   FURTADO   e   TEIXEIRA   (1995),   o   ego   “é   o   sistema   que 

estabelece o equilíbrio  entre  as exigências do  id,  as exigências da realidade e as  ‘ordens’  do 

superego”. (p. 72).

O ego possui a tarefa de autopreservação, no que se refere a:

­ acontecimentos externos: ­ toma consciência dos estímulos e armazena experiências sobre eles 

(memória);

­ evita estímulos muito fortes (fuga);

­ lida com estímulos moderados (adaptação);

­ aprende a realizar mudanças convenientes no mundo externo para seu próprio benefício 

(atividade).

­ acontecimentos internos:  ­ controla as exigências dos instintos;

­ decide se deve autorizar satisfação;

­ adia essa satisfação para horas e circunstâncias favoráveis no mundo externo ou suprime 

inteiramente as excitações.

Sendo assim, o ego procura levar as influências do mundo externo a um relacionamento 

com o id, para substituir o princípio do prazer pelo princípio da realidade.

Na visão de Freud,  gratificação e   frustração de  impulsos  e  necessidades nos primeiros 

meses de vida afetam o destino futuro do ego. A satisfação adequada das necessidades libidinais 

da criança pela mãe, ou pelo seu substituto, é criticamente importante. Uma certa quantidade de 

frustrações de impulsos na infância e na meninice é igualmente importante para o desenvolvimento 

do ego.

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O ego cumpre com algumas funções muito importantes, entre elas:

­ controle e regulação de impulsos instintivos;

­ relação com a realidade;

­ funções defensivas.

SUPEREGO   ­  Está   relacionado   com   o   comportamento   moral,   baseado   em   padrões 

comportamentais   inconscientes   aprendidos   nos   primeiros   estágios   do   desenvolvimento 

psicossexual. O papel do superego é comparável ao de um juiz ou censor do ego. Sua ação se 

manifesta pela consciência moral, atitudes de autocrítica, proibição.

O   superego   se   forma   pela   identificação   das   crianças   com   os   pais   idealizados   e, 

posteriormente, com a lei ou com a autoridade de que é depositário.

Para Freud, a formação do superego é correlativa ao declínio do   complexo de Édipo. A 

criança, renunciando à satisfação de seus desejos edipianos, admitidos como proibidos, transforma 

sua carga afetiva sobre os pais em uma identificação com eles, interiorizando a proibição. O pai 

torna­se o guia moral e qualquer ordem toma por modelo esta proibição. De acordo com esta 

perspectiva, o superego resulta, em grande parte, de uma introjeção dos superegos dos próprios 

pais.

Assim como o id é regido pelo princípio do prazer e o ego pelo da realidade, o superego 

representa mais o ideal do que o real. Desempenha as seguintes funções:

­ inibir os impulsos do id;

­ persuadir o ego;

­ lutar pela perfeição.

Ao contrário do ego,  o superego não somente adia a gratificação do  instinto,  mas  tenta 

bloqueá­lo permanentemente.

O pensamento de Ludin (1977) parece ilustrar muito bem como se dá essa relação dinâmica 

entre os três elementos constitutivos da personalidade:

A personalidade funciona, normalmente, como uma unidade completa e 

não em três segmentos separados. De modo geral, podemos considerar 

o  id  como  componente   biológico  da   personalidade;   o  ego  como 

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componente psicológico  e o  superego  como    componente social.” 

(p. 28)

4 ­  Mecanismos de defesa 

Os mecanismos de defesa são funções do ego e, por definição, inconscientes. Podem ser 

definidos como processos psíquicos cuja finalidade consiste em afastar um evento gerador 

de angústia da percepção consciente. O ego, como sede da angústia, é mobilizado diante de um 

sinal de perigo e desencadeia uma série de mecanismos repressores que impedirão a vivência de 

fatos dolorosos, os quais o organismo não está pronto para suportar. 

Alguns mecanismos de defesa descritos por Freud:

4.1 ­ Repressão ­ é considerado, por alguns autores, o principal mecanismo de defesa, do qual se 

originam os demais. A repressão impede que pensamentos dolorosos ou reprimidos cheguem 

à   consciência.  Pode  operar   por  meio  da   exclusão  da   consciência,   daquilo   que   uma  vez   foi 

experienciado   a   nível   consciente,   ou   pode   frear   idéias   e   sentimentos   antes   de   atingirem   a 

consciência.

4.2 ­ Negação ­ defesa contra a realidade externa: ver e se recusar a reconhecer que o que viu, 

ouvir e se negar a reconhecer o que ouviu. Não perceber aspectos que nos magoariam ou que 

seriam perigosos para nós.

4.3 ­ Projeção ­ percepção dos próprios sentimentos e/ou atitudes em outra pessoa. Quando 

nos sentimos maus, ou quando um evento doloroso é  de nossa responsabilidade,  tendemos a 

projetá­lo   no   mundo   externo,   que   ao   nosso   ver   assumirá   as   características   daquilo   que   não 

podemos ver em nós mesmos.

4.4 ­ Racionalização ­ redução do desejo de um objeto pela depreciação de seu valor.

4.5 ­ Formação reativa ­  caracteriza­se por uma atitude ou hábito oposto ao desejo recalcado. 

Quando é bloqueada a satisfação de um impulso, este pode ser substituído por outro, oposto.

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4.6 ­ Identificação ­  diante de sentimentos de inadequação, o sujeito internaliza características de 

alguém valorizado, passando a sentir­se como ele.

A   identificação   é   um   processo   necessário   no   início   da   vida,   quando   a   criança   está 

assimilando o mundo, mas permanecer em identificações impede a aquisição de uma identidade 

própria.

4.7   ­  Regressão   ­  retorno  a  estágios  ou   fase  anterior   do  desenvolvimento  a   fim  d  evitar  as 

ansiedades ou hostilidades envolvidas no estágio atual. Incorporação de modelos abandonados 

anteriormente.

4.8 ­ Deslocamento ­ substituição propositada e inconsciente de um objeto por outro, no 

interesse   de   resolver   um   conflito.  Através   deste   mecanismo,   descarregamos   sentimentos 

acumulados, em geral sentimentos agressivos, em pessoas menos perigosas.

4.9 ­ Sublimação ­    gratificação de um impulso, cuja finalidade é preservada, mas cujo alvo ou 

objeto é convertido, de socialmente objetável em socialmente valorizado.

A   sublimação   permite   que   os   instintos   sejam   canalizados,   ao   invés   de   represados   ou 

desviados. Os sentimentos são reconhecidos, modificados e dirigidos para a pessoa ou finalidade 

importante, resultando daí modesta satisfação instintual.

4.10   ­   Fixação   ­  implica   a   parada   do   comportamento   em   alguma   fase   do   processo   de 

desenvolvimento. A fixação pode abranger uma variedade de diferentes comportamentos sociais, 

emocionais ou intelectuais.

É  preciso  ter  claro, no entanto, que  fixação é  diferente de regressão.  Na regressão o 

desenvolvimento se encaminhou no sentido de uma ação mais amadurecida, depois retrocedeu a 

um nível anterior. Na fixação o comportamento progride até um certo ponto e pára, em seguida.

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4.11   ­   Somatização   ­  conversão   defensiva   de   derivativos   psíquicos   em   sintomas   corporais. 

Quando algum problema afeta o indivíduo, ou uma necessidade de adaptação, ele o transforma em 

uma dor, em um sintoma de doença.

Todos os mecanismos de defesa possuem duas características em comum:

­ negam, falsificam ou distorcem a realidade;

– operam inconscientemente, sem que a pessoa se dê conta.

5 ­ ESTÁGIOS OU FASES PSICOSSEXUAIS DO DESENVOLVIMENTO

Freud acreditava que a personalidade emergia gradualmente em uma progressão de estágios ou fases psicossexuais do desenvolvimento que podem ser assim esquematizados:

oral

­ Estágios ou fases pré­genitais anal

fálica

­ Estágio ou fase de latência

­ Estágio ou fase genital

5.1 ­ ESTÁGIO OU FASE ORAL ­ primeiros dezoito meses de vida.

Estágio   mais   primitivo   do   desenvolvimento.   As   necessidades,   percepções   e   modos   de 

expressão do bebê estão concentrados na boca, lábios, língua e outros órgãos relacionados com a 

zona   oral.   Essas   sensações   orais   incluem   a   fome,   a   sede,   estimulações   táteis   prazeirosas 

evocadas pelo mamilo ou substituto (mamadeira, chupeta), todas relacionadas com a deglutição e 

satisfação oral.

Esse  estágio   tem por  objetivo  estabelecer   uma  dependência  confiante  nos  objetos  que 

proporcionam cuidado e apoio.

Os impulsos orais consistem em dois elementos separados: libidinal e agressivo. O primeiro 

refere­se à  deglutição e a satisfação,  o segundo manifesta­se na ação da criança de morder, 

mastigar, cuspir e chorar.

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O êxito na resolução desta fase proporciona uma base na estruturação do caráter para a 

capacidade de dar e receber sem excessiva dependência ou inveja, uma capacidade de confiar 

nos outros com um sentimento de segurança, e com sentimentos de confiança e segurança 

próprios.

5.2 ­ ESTÁGIO OU FASE ANAL ­ entre o primeiro e o terceiro ano de vida

Este  estágio  é  ativado  pela  maturação do controle  neuromuscular  sobre  os  esfíncteres, 

especialmente o esfíncter anal, permitindo, assim, maior controle voluntário sobre a retenção ou 

expulsão das fezes.

O erotismo anal refere­se ao prazer sexual no funcionamento anal, tanto na retenção como 

na apresentação destas como um presente aos pais. O sadismo anal refere­se a manifestações de 

desejos ligados à descarga das fezes como armas poderosas e destrutivas.

É  um período de esforços por   independência e separação da dependência dos pais.  O 

objetivo do controle esfincteriano está unido às tentativas de autonomia e independência da criança 

sem medo ou vergonha da perda de controle.

O êxito na resolução desta fase proporciona a base para o desenvolvimento de autonomia 

pessoal, capacidade de independência e iniciativa pessoal, capacidade de autodeterminação.

5.3 ­ ESTÁGIO OU FASE FÁLICA ­ Começa em algum momento do terceiro ano e vai até o final 

do quinto ano, mais ou menos.

Esta fase é caracterizada por um foco primário de interesse sexual, estimulação e excitação 

na área genital.  Segundo Freud,  o  pênis  (ou  falo)   torna­se o órgão de principal   interesse das 

crianças  de  ambos  os  sexos  e  a   falta  de  um pênis  nas   fêmeas  é   considerada  evidência  de 

castração. Nesta etapa, o envolvimento e o conflito edípico são estabelecidos e consolidados.

A fase fálica tem por objetivo concentrar o interesse erótico na área e nas funções genitais. 

Essa concentração estabelece os fundamentos para a identidade de gênero e serve para integrar 

os   resíduos   de   estágios   anteriores   numa   orientação   sexual   predominantemente   genital.   O 

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estabelecimento   da   situação   edípica   é   essencial   para   o   desenvolvimento   de   identificações 

subseqüentes, que servirão de base para dimensões organizadoras do caráter.

O êxito na resolução desta fase proporciona a formação de um senso de identidade sexual, 

sentimento de curiosidade sem embaraço, de iniciativa sem culpa, de um sentimento de domínio 

não apenas sobre pessoas e objetos do ambiente mas sobre os processos internos e os impulsos.

Complexo de Édipo ­ durante a fase fálica, a criança seleciona o genitor do sexo oposto como um 

objeto de amor. A criança desenvolve um intenso desejo de substituir o genitor do mesmo sexo e 

aprecia a afeição do genitor do sexo oposto.

­ Meninos ­ Para Freud, nos meninos o desenvolvimento das relações objetais durante esta 

fase é relativamente simples, em virtude do menino permanecer ligado a seu primeiro objeto, a 

mãe.

Continua o  interesse pela mãe como fonte de sustento e passa a desenvolver  um forte 

interesse erótico pela mesma, bem como um desejo de possuí­la com exclusividade. Assim que o 

complexo de Édipo aparece, o menino começa a cortejar a mãe: compete com os/as irmãos/ãs 

pela afeição da mãe. Acima de tudo, porém, o menino quer eliminar seu arqui­rival: o marido da 

mãe, seu pai. A criança prevê uma represália por parte do pai e começa a sentir que, se continuar 

a demonstrar interesse sexual pela mãe, terá seu pênis retirado ­ complexo de castração.

Confrontado com a ameaça da castração, especialmente vinda de seu pai, o menino deve 

renunciar   ao   seu   amor   edípico   pela   mãe.   Ele   então   identifica­se   com   o   pai   e   incorpora   as 

proibições do mesmo.

­ Meninas ­ Da mesma forma que o menino, a menina cria um vínculo inicial com a mãe 

como fonte de sustento de suas necessidades vitais.  Mas,  ao contrário  do menino,  enfrenta a 

incumbência de deslocar para o pai aquele vínculo primitivo a fim de preparar­se para seu futuro 

papel sexual.

De   acordo   com  Freud,   surgem   diferenças   fundamentais   no   desenvolvimento   sexual   do 

menino e da menina quando esta descobre, durante o período fálico, que o clitóris que possui é 

inferior ao pênis. A menina reage a esta descoberta com intenso sentimento de perda e dano, bem 

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como inveja do macho, isto é,  inveja do pênis. Neste ponto, a mãe, que fora anteriormente um 

objeto de amor, é responsabilizada por trazê­la ao mundo “menos equipada”. Quando descobre 

que a mãe também não tem pênis, sua inadequação torna­se ainda mais profunda. Numa tentativa 

de compensar essa inadequação, volta­se para o pai na esperança de que este lhe dê um pênis ou 

um bebê para substituir o pênis que falta. Isto é chamado complexo de Electra.

O amor sexual da menina pelo pai diminui, mais tarde, visto seu fracasso em satisfazer suas 

demandas e o temor à censura da mãe.

Esses comportamentos, que caracterizam o complexo de Édipo e de Electra,  vão sendo 

gradualmente reprimidos à medida que a criança reprime seus desejos   incestuosos e inicia sua 

identificação com o genitor do mesmo sexo.

5.4 ­  ESTÁGIO OU FASE DE LATÊNCIA ­ dos 5/6 anos aos 11/13 anos

O declínio do complexo de Édipo marca a entrada no período de latência, no curso da qual o 

desenvolvimento  sexual  apresenta  um período  de   interrupção  ou   repressão.  É  um estágio  de 

relativa tranqüilidade ou inatividade do impulso sexual.

A repressão vai se mostrar particularmente neste período, os mecanismos de identificação 

também se mostram muito ativos. Não podendo suprimir  um rival   incômodo, a criança procura 

identificar­se com ele, o que é uma maneira de não perder de vista seu alvo edipiano de conquista 

do outro genitor, pois procuram agir como aquele que triunfou nesta conquista.

Essa fase tem por objetivo a integração das  identificações edípicas e a consolidação da 

identidade sexual e dos papéis sexuais. A relativa tranqüilidade e controle dos instintos sexuais 

permite o desenvolvimento do ego e o domínio de habilidades.

O êxito na resolução desta fase proporciona a integração e consolidação de realizações 

anteriores e do estabelecimento de padrões de funcionamento adaptativos decisivos. A criança 

pode desenvolver um senso de diligência e capacidade para o domínio de objetos e conceitos 

que lhe permita funcionar autonomamente e com senso de iniciativa, sem correr o risco de 

fracasso  ou  derrota,  ou  de  um sentimento  de   inferioridade.  Essas   importantes   realizações 

precisam ser integradas como base para uma vida adulta de satisfação no trabalho e no amor.

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5.5  ­ ESTÁGIO OU FASE GENITAL ­ começo da puberdade até a vida adulta

A maturação  fisiológica  dos sistemas de  funcionamento  genital   (sexual)  e  dos  sistemas 

glandulares que o acompanham leva a uma intensificação de impulsos. Esta intensificação provoca 

uma   regressão   na   organização   da   personalidade,   fazendo   reaparecer   conflitos   de   estágios 

anteriores   e   oferecendo   a   oportunidade   de   resolver   estes   conflitos   no   contexto   de   alcançar 

maturidade sexual e identidade adulta.

Esta   fase   tem por   objetivo  a   separação   final   da  dependência  e  do   vínculo  parental;   o 

estabelecimento   de   relações   de   objeto   heterossexuais   (nem   sempre),   não   incestuosas   e 

amadurecidas. Esta fase visa a obtenção de um sentimento de identidade individual amadurecido e 

a   aceitação   e   integração   de   um   conjunto   de   papéis   e   funções   adultas   que   permitam   novas 

integrações adaptativas dentro das expectativas sociais e dos valores culturais.

A   resolução   e   a   integração   bem   sucedida   de   estágios   psicossexuais   anteriores,   na 

adolescência, a fase genital plena estabelece o estágio normal para uma personalidade totalmente 

madura com capacidade para uma plena e gratificante potência genital e um senso de identidade 

auto­integrado e consistente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AJURIAGUERRA, J. de. Manual de psiquiatria infantil. 2. ed. rev. amp. Ed. Masson e Atheneu. s. 

d.

BOCK,   Ana   Maria   B.,   FURTADO,   Odair,   TEIXEIRA,   Maria   de   Lourdes   T.  Psicologias:   uma 

introdução ao estudo de psicologia. São Paulo: Saraiva, 1995.

KAPLAN, Harol, SADOCK, Benjamin.  Compêndio de psiquiatria dinâmica. 3. ed. Porto Alegre: 

Artes Médicas, 1984.

LUNDIN, R. W. Personalidade; uma análise do comportamento. São Paulo: EPU, 1977.

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