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SIMEC 40 ANOS História de união, força e energia de um setor Angela Barros Leal

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SIMEC 40 ANOSHistória de união, força e energia de um setor

Angela Barros Leal

Ao Centro de Conhecimento, Editoração, Documentação, Informação e Pesquisa da

FIEC, na pessoa de Rita de Cássia; a Márcia Vecchio Machado da Silva;

e a meu marido Gil, porque nenhum livro se escreve sozinho.

Sumário

Leal, Angela Barros L435q 40 anos do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico no Estado do Ceará / Angela Barros Leal.-- Fortaleza: SIMEC, 2011. 306 p.: ilust. 1.Indústria Metalúrgica – Ceará 2.Indústria Mecânica – Ceará 3. Indústria de Material Elétrico - Ceará 4.SIMEC – História 5. Organização Patronal 6.Industrial cearense I. Título CDD: 338.4

Apresentação - 6 Introdução - 12

O marco inicial - 18 José Célio Gurgel de Castro - 1972-1975 - 28

Airton José Vidal Queiroz - 1975-1978 - 40 Álvaro de Castro Correia Neto - 1978-1981 - 52

Fernando Cirino Gurgel - 1981-1984 - 64 Antonio Carlos Maia Aragão - 1984-1987 - 80

José Frederico Thomé de Saboya e Silva - 1987-1990 - 96 Fernando José Lopes de Castro Alves - 1990-1993 - 122

Mario Walter Saturnino Bravo - 1993-1996 - 140 Guilardo Góes Ferreira Gomes - 1996-1999 - 152

Carlos Gil Alexandre Brasil - 1999-2002 - 166 Valdelírio Pereira Soares Filho - 2002-2005, 2005-2008 - 182

Ricard Pereira Silveira - 2008-2011 - 206

Epílogo - 236 Diretorias - 242

Atuais Associados - 250 Parceiros - 256

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Apresentação

Apresentação Apresentação

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Ao ser solicitado a assinar a apresentação para o livro comemorativo dos 40 anos do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico no Estado do Ceará reconheci que a indicação se dera não apenas em função do cargo que ora ocupo, na Presidência da Federação das Indústrias cearenses, mas também à minha vinculação pessoal com a história do SIMEC, ao qual sou associado há mais de três décadas, acompanhando as atividades da empresa iniciada por meu pai, José Macedo, também associado.

Nunca cheguei a ocupar a presidência do SIMEC. Circunstâncias variadas me conduziram a outros caminhos. Permaneci atento ao trabalho desenvolvido pelas seguidas diretorias do SIMEC, formadas por empresários comprometidos com o crescimento de suas empresas, com a eficiência na gestão de negócios, com a oferta de trabalho, com o bem estar da comunidade, cumprindo com suas responsabilidades de cidadania num efeito multiplicador.

A FIEC é constituída por 39 instituições sindicais organizadas. Costumo citar o SIMEC como uma referência para o que se espera de um Sindicato, especialmente pela intensa participação de seus componentes e pela coe-rência de suas atitudes, sempre em favor do que se apresente como melhor à comunidade empresarial. Como afirmei no meu discurso de posse, a FIEC é dos industriais. De pessoas comprometidas com a harmonia de interesses que assegura a força competitiva da indústria cearense.

Temos apresentado crescimento firme em um mercado cada vez mais exigente e sem fronteiras, estabelecendo padrões éticos e qualitativos. Que-remos prosseguir valorizando todos os Sindicatos que compõem a nossa Casa. E quanto mais dinâmico for o trabalho em conjunto, maior também será nossa valorização.

Acompanhei a chegada de Ricard Pereira Silveira à Presidência do SI-MEC. Empresário jovem que se revelou uma agradável surpresa na direção sindical. Soube trazer sangue novo, estimular o processo de modernização, mobilizar ainda mais o grupo para exercitar a participação de todos. Seu trabalho agregou valor ao que os antecessores haviam feito. Com muita garra

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conduziu o SIMEC nos últimos três anos, e é devido a seus próprios méritos que foi reeleito para um novo mandato, certamente de muitos resultados.

As comemorações dos 40 anos de existência do SIMEC propiciaram uma série de ações, entre as quais se encontra a publicação do presente livro histórico. Trata-se de documento referencial baseado em minuciosa pesquisa e em entrevistas com associados e ex-Presidentes, resgatando as experiências do passado e preservando as informações produzidas hoje, para conhecimento dos futuros industriais cearenses.

Novos estágios evolutivos e novos desafios virão. Nosso trabalho pros-seguirá incansável, incluindo parcerias com órgãos e instituições compro-metidos com o desenvolvimento do Ceará, promovendo a justiça social e fortalecendo o papel dos Sindicatos, do qual, mais uma vez, o SIMEC se coloca como exemplo.

Parabéns aos associados. Parabéns ao Ceará.

Roberto MacedoPresidente da FIEC

Apresentação

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Introdução

O longo corredor no terceiro andar da Casa da Indústria, em For-taleza, se comporta como um verdadeiro mostruário da atividade industrial cearense. De um lado e de outro enfileiram-se as salas que sediam os Sindicatos dos proprietários de indústrias locais, cobrindo uma ampla variedade de atividades que vão do granito ao têxtil, da bebida ao alimento, da reciclagem de resíduos sólidos ao cal, gesso, cimento e cerâmica. E é exatamente entre estes dois últimos – respec-tivamente, Sindverde e Sindicerâmica – que desde 1988 se encontra instalado o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico no Estado do Ceará – SIMEC.

Logo à entrada da sala de reuniões do Sindicato, ao lado esquerdo, há uma tortuosa escultura em metal reciclado, aparentemente inconclu-sa, justapondo elementos díspares que lembram uma engrenagem, um edifício, ou suas estruturas, e que se integram para contar uma história conhecida por apenas duas pessoas: o escultor Caetano Barros e o atual Presidente. Na parede da mesma sala, bem próximo à escultura, em po-sição correspondente à cabeceira esquerda da longa mesa que acompa-nha as janelas abertas para o perfil verticalizado da Aldeota, se destaca a “certidão de nascimento” da Entidade: a Carta Sindical assinada pelo Ministro de Estado dos Negócios do Trabalho e Previdência Social, Júlio Barata, com data de 24 de janeiro de 1972.

É este documento emoldurado que comprova a consolidação de um movimento associativo iniciado em 1966, fortalecido a partir de 1971, e formalizado pelo Ministério competente por meio do Processo n° 305 823 de 19 de novembro daquele mesmo ano, dando início oficial no Ceará às atividades sindicais do setor metalúrgico, mecânico e de ma-terial elétrico.

A Carta Sindical assinala o começo de uma história surgida em outra sede que não esta da Aldeota, ainda no Centro da cidade, envolvendo ou-tros personagens, alguns deles transformados em lembrança, uma história

Introdução

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Introdução

imersa em realidade social, política e econômica tão diversa dos dias atu-ais, uma história que vem conseguindo atravessar as décadas e enfrentar os desafios de um mundo novo, globalizado, on line, virtual, noticiado em tempo real, e se impor como um exemplo de continuidade.

E é justamente para encarar o futuro que daqui, desta sala no terceiro andar do edifício da Federação das Indústrias do Estado do Ceará, 40 anos depois, é preciso voltar os olhos para o que está no entorno, e para o que ficou no passado.

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Introdução

Carta Sindical do SIMEC, de 1972

Visão perspectiva do selo de 40 Anos do Sindicato

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O marco inicial

O marco inicial

No primeiro livro de ata do SIMEC foi colada a página 7 do jornal Gazeta de Notícias, da terça-feira, 17 de maio de 1966, registrando para a posteridade o Edital de Convocação necessário à Assembleia de Fundação da Associação Profissional dos Empregadores das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado do Ceará. O nome quilométri-co da nova instituição era auto-explicável, e resumia de forma clara o seu propósito.Dizia a nota:

Pela presente, todos os integrantes da categoria econômica das indústrias metalúrgicas, mecânicas e de material elétrico são convocados a se reunirem no próximo dia 20 de maio de 1966, às 17 horas, na sede da FIEC, sita à Rua Major Facundo n° 253, 5° andar, sala 11, a fim de deliberarem sobre a conveniência da fundação da Associação Profissional dos Empregadores das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico, nos termos das disposições legais e das Instruções vigentes do Mi-nistério do Trabalho e Previdência Social.

Solicita-se outrossim aos que comparecerem o obséquio de virem munidos dos seus documentos de identificação e qualificação da ati-vidade que exercem (Registro da firma na Repartição competente).

Fortaleza, 16 de maio de 1966

Célio Gurgel de Castro – pela Comissão Organizadora

Na mesma página, o jornalista Darcy Costa assinava a coluna “Cine-ma”, tratando, naquele dia, do II Festival de Cinema Amador, a acontecer na Guanabara; o colunista Lindberg Ramos informava sobre a volta da Panair do Brasil e a decolagem dos aviões Caravelle, da empresa aérea Cruzeiro do Sul; e o jornalista Lúcio Brasileiro, na coluna “O Diário”, mostrava foto-grafia do deputado José Macedo em jantar com o pintor Moacir Andrade.

O panorama no Ceará, no Brasil e no mundo, entrevisto brevemente atra-vés da página preservada, informava aos leitores sobre a próxima demons-

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O Marco Inicial

Folder institucional da Fundição Cearense - 1931

tração em Fortaleza da Esquadrilha da Fumaça, a acontecer de 17 a 24 de maio, homenageando o primeiro centenário da Batalha de Tuiuti; noticiava a proposta do governador Virgilio Távora, cumprindo seu primeiro mandato (1963/1966), de criar em breve a TV Educativa do Estado; tratava do lança-mento da cápsula espacial Gemini 9, marcado para o dia 18 de maio, e dis-corria sobre os dramas e tragédias de sempre, como inundações em Argel e sequestros em Roma. Era ano da oitava edição da Copa do Mundo, sediada na Inglaterra, com vitória para os donos da casa.

No Brasil vivia-se uma “complexa situação financeira e uma inquietante crise”, como escrevia o Diretor Geral da referida Gazeta de Notícias, Luis Campos. Apesar disso, as notícias sobre o Ceará eram promissoras. Iam ser iniciadas as obras de construção do Armazém A-4 do Porto do Mucuripe, a estação de passageiros da Esplanada do Mucuripe, e seis fábricas se prepara-vam para inaugurar o Distrito Industrial de Fortaleza até o final do ano: Pro-tector, especializada em tintas e vernizes, duas fábricas de cimento amianto (Eternit e Brasilit), uma de fiação, uma de relógios e uma de arame farpado, todas elas com as negociações “em entendimentos finais”.

A reunião convocada pela Associação na Gazeta aconteceu conforme previsto. O registro em ata permite conhecer o que foi discutido naquele primeiro encontro do setor.

Às 19h30 do dia 20 de maio de 1966 reuniram-se na Federação das Indústrias do Estado do Ceará, à Rua Major Facundo 253, 5° andar, sala 11, os integrantes das atividades metalúrgicas, mecânicas e de material elétrico abaixo assinadas, estabelecidos nesta cidade.

Em nome da Comissão Organizadora, assumiu a presidência dos trabalhos o Sr. Célio Gurgel de Castro, que convidou para integrar a mesa, como Secretário, o Sr. Raimundo de Alencar Pinto. O pre-sidente agradeceu o comparecimento dos colegas reunidos para deliberarem sobre a conveniência da fundação da Associação Pro-fissional dos Empregados das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico que, ao ver da Comissão Organizadora, se fazia

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necessária para melhor defesa dos interesses comuns.

Assim sendo, cedia a palavra a quem dela quisesse fazer uso, para se pronunciar sobre a proposta que formalizava publicamente.

Pedindo a palavra, o Sr.Djanir Figueiredo manifestou-se de pleno acordo com a proposta, aduzindo que o comparecimento de nú-mero expressivo dos integrantes da categoria econômica interes-sada já era, por si mesmo, fato significativo e comprobatório das possibilidades de vida eficiente da futura associação.

O texto manuscrito é encerrado sem a prometida assinatura dos em-presários participantes, impedindo o conhecimento de quais se fizeram

O Marco Inicial

Edifício Jangada - Rua Major Facundo

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presentes àquela esperançosa reunião – que, entretanto, não teve a conti-nuidade imediata tão esperada.

No final do ano de 2010, Célio Gurgel de Castro não recorda o que causou a interrupção das atividades, ou quem eram todos os presentes em 1966. Aos 85 anos, completados em fevereiro de 2011, Célio ainda se en-contra em plena atividade, voltado principalmente para o setor de agricul-tura e pecuária, sem deixar de lado as antigas raízes na área de metalurgia.

“A reunião era uma formalidade, para dar início ao Sindicato”, diz ele. “Lembro de uns três que estavam lá: o Raimundo Pinto, o Osvaldinho Stu-dart, o pessoal da J. Torquato...” O papel de liderança que lhe coube é modestamente atribuído às amizades criadas na FIEC, em especial com Raimundo Pinto e com o presidente Tomás Pompeu de Souza Brasil. E se justifica, com razão: “Isso tudo faz muito tempo.”

Se 1966 é tempo passado, mais tempo ainda se faz da fundação da pri-meira usina metalúrgica do Ceará, a Fundição Cearense, à qual a história de Célio Gurgel está intimamente ligada, pela força das raízes familiares.

A Fundição Cearense nasceu em 1855, a partir de uma oficina que trabalhava com ferro batido, como registra o pesquisador Geraldo Nobre no livro “O processo histórico de industrialização do Ceará”. Em 1861 o empresário José Paulino Hoonholtz, já então proprietário da Fundição, associou-se ao inglês James Spears, atuante em Recife. Os sócios partiram para a aquisição de equipamento moderno, adequado ao funcionamento a vapor, e inauguraram o que seria quase que uma nova indústria, em agosto de 1868, conforme publicado no jornal República a 171 daquele mês. Ha-via demanda, e o sucesso foi imediato, como anota Nobre:

Em poucos meses a Fundição estava abarrotada de encomendas do Governo e de particulares, ao ponto de seus proprietários deseja-rem expandir-se. Para isso, alugaram os prédios de números 84 a 98 da Rua da Praia (atual Avenida Alberto Nepomuceno). Decorridos exatamente quatro meses a firma comunicava ao público, através

dos jornais fortalezenses, que passava a funcionar naquele novo en-dereço, sob a direção do próprio James Spears, que se transferira do Recife para Fortaleza. (...) A Fundição Cearense figurou, desde logo, entre as mais importantes do norte do Império.

A continuação da história é contada na página de abertura do segundo Catálogo da Fundição, impresso em Berlim em 1901 e preservado pela família Gurgel, no qual são apresentadas ilustrações, dimensões e preços de venda de “maquinário para lavoura, indústria e objetos de engenharia”.

“A Fundição Cearense foi estabelecida em 1855”, confirma o texto, embora minimizando a importância daqueles tempos iniciais.

Nos seus primeiros anos [a Fundição] teve pouco desenvolvimento, sendo, porém, adquirida em 1883 por Valdevino S. [Soares] Freire, de saudosa memória, um cearense que dedicou parte de sua vida à indústria de ferro em verdadeira luta pela vida em trabalhos mecâni-cos, dando a esta fábrica maior desenvolvimento. Quando, porém, começava a usufruir o trabalho de longos anos, faleceu de moléstia adquirida no próprio trabalho, acidente ocorrido na montagem de uma instalação de máquinas para beneficiar café.

O trágico acidente ocorrido com Valdevino abalou, mas não interrom-peu as atividades da Fundição.

Isto não desanimou aos irmãos Freire, que adquirindo a fábrica por compra deram-lhe ainda maior desenvolvimento, assumindo sua direção J.[José] C.[Cândido] Freire, na parte comercial, e Rai-mundo S. [Soares] Freire na parte técnica, em vista de sua longa prática na mesma fábrica.

O endereço no Catálogo de 1901 indica o Boulevard do Bemfica como sede2, e não mais a Rua da Praia mencionada por Nobre. Havia um telefo-ne para contato, de número 167, o que apontava para a modernidade da firma, numa cidade com 50 mil habitantes e poucas centenas de assinantes telefônicos registrados.3

O Marco Inicial

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No “Almanaque do Ceará para 1908,”4 referente ao ano anterior, a Fundição Cearense ainda cons-ta como pertencente a José Cândi-do Freire. Mas em 1912 é certo que já havia saído das mãos dos irmãos Freire e passado para João Gurgel Nogueira5, avô de Célio, com uma produção “centrada em fundidos, equipamentos para a indústria agríco-la, engenhos de cana-de-açúcar e pe-ças de moendas, alambiques, cister-nas, bombas, tanques, rodas e eixos”.6

“Meu avô faleceu em 1936”, re-lembra Célio. “Minha mãe era filha úni-ca, já viúva. E passou a ser a proprietária da firma, juntamente com a mãe dela,

que faleceu no ano seguinte, deixando minha mãe sozinha na administração do

negócio”. A firma assumiu o nome de Viúva Gurgel & Cia. Era classificada como fundi-

ção e oficina mecânica, com endereço no nú-mero 2513 do Boulevard Visconde de Cauípe,

atendendo pelo telefone 1831.7

Célio tinha 12 anos de idade. Era o caçula de quatro filhos, o único que se interessou pela Fundição.

Estudava pela manhã. À tarde fazia companhia à mãe na fábrica, vendo de perto como eram feitos os consertos das

máquinas de beneficiamento de caroço de algodão, a manuten-ção das peças criadas quase artesanalmente, a fabricação dos engenhos

para moer cana.

“Nós fabricávamos peças”, diz Célio, relembrando os primeiros tempos. “A gente fabricava, quebrava, moldava a peça, às vezes aproveitando a peça velha como modelo para fazer outra peça daquelas, para as máquinas funcionarem”. E acrescenta, sem saudosismo: “Naquela época eu conhecia todas as indústrias. Todas elas eu conhecia. Eu era chamado para dar opinião na manutenção. E eu, que quase que nasci dentro de uma fábrica, ganhei boa experiência com isso”.

Célio tinha 17 anos quando perdeu a mãe e assumiu, oficialmente, a direção da Fundição Cearense, contribuindo para preservar o que é um marco indiscutível na história da indústria metalúrgica no Estado e no país.

Notas: 1 - Nobre, p.129 2 - Boulevard Visconde de Cauhype e, mais tarde, Av. da Universidade 3 - Nirez, 10/9/1891 4 - Fortaleza, Typo-Lythographia a Vapor, 1908 5 - Almanaque do Ceará 1912 6 - História da Fundição. São Paulo, 2009 7 - Guia da cidade de Fortaleza, 1939

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José Célio Gurgel de Castro

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José Célio Gurgel de Castro

Entre 1966 e os primeiros meses de 1970 não há registros na secretaria do Sin-dicato sobre a movimentação associativa patronal do setor metalmecânico. Mas em 20 de fevereiro de 1970 o quinto andar do Edifício Jangada voltou a sediar As-sembleia Geral da Associação Profissional das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado do Ceará, com o fim especial de “deliberar sobre a fundação, eleição da Diretoria provisória e aprovação dos respectivos Estatutos”.

O Edital de convocação, publicado no jornal Tribuna do Ceará (16/2/70) reu-niu outra vez os interessados. A ata registra que Célio Gurgel de Castro assumiu a presidência da mesa, em nome da Comissão Organizadora, convidando João Clemente Fernandes para Secretário. Após agradecer o comparecimento de to-dos, Célio comunicou a necessidade de fundar a Associação “para melhor defesa dos interesses da classe” e perguntou se havia algum voto discordante, tendo como resposta o silêncio. A ausência de manifestações contrárias fez com que Célio considerasse fundada, a partir daquele momento, a Associação Profissional das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado do Ceará.

Sem perda de tempo, e na forma do Edital, deu-se a eleição da Diretoria Provisória para a Associação recém nascida, sendo eleitos, por aclamação, Célio Gurgel, João Clemente, Raimundo Régis de Alencar Pinto, Eduardo Diogo Gurgel, Tarcisio Guy Andrade Silveira e Augusto Castelo da Cunha, os três primeiros para ocupar, respectivamente, os cargos de Presidente, Secretário, Tesoureiro e, os três seguintes, as suas suplências.

Para o Conselho Fiscal e suplência foram indicados Edson Queiroz, Olavo Magalhães e Ivan Moreira de Castro Alves; Laerte Moreira de Castro Alves, Osvaldo Studart Neto e João Nogueira Meireles.

Definidos os nomes dos diretores o Presidente submeteu os Estatutos à consideração dos presentes, obtendo aprovação unânime. E para cobrir as despesas com instalação e atividades da Associação ficou estabelecida uma contribuição mensal de NCr$ 100,00 por parte de cada associado.

Nova Assembleia Geral Extraordinária se deu às 11h da manhã do dia 30 de janeiro de 1971 – um sábado, o que justificava o horário matinal – prati-

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Mesa onde se davam as primeiras reuniões do SIMEC

camente com os mesmos objetivos daquela acontecida quase um ano antes. O Edital de convocação aos associados fora veiculado durante três dias, na semana anterior, no jornal Tribuna do Ceará (13, 15 e 16 de janeiro de 1971).

Diante dos presentes, na chamada sede provisória, e que assim per-maneceria por quase duas décadas – o Edifício Jangada, na Rua Major Fa-cundo, 253, 5° andar, sala 11 – o secretário João Clemente leu na íntegra o teor do Edital de convocação, que ficou apenas em parte registrado na ata daquela primeira reunião de 1971, e que visava deliberar sobre três pontos fundamentais: o pedido de reconhecimento da entidade como Sindicato, a aprovação dos Estatutos, e a eleição da Diretoria provisória.

Na discussão referente ao tópico de abertura o presidente Célio enfati-zou ser esta “a primeira fase para a fundação do Sindicato”, discorrendo em seguida sobre as vantagens de transformar a Associação em órgão sindical, o que foi posto em votação e aprovado por unanimidade.

A discussão sobre o segundo item foi ainda mais rápida. Pouco havia sobre o que divergir. As normas estatutárias seguiam modelo instituído pela Portaria Ministerial n° 126, de 28/6/1958, sendo o primeiro Estatuto forma-do por sete capítulos e 39 artigos, o primeiro dos quais estabelecia:

O Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico no Estado do Ceará, com sede e foro em Fortaleza, é cons-tituído para fins de estudo, coordenação, proteção e representa-ção legal da categoria econômica, na base territorial do Estado do Ceará, conforme estabelece a legislação em vigor sobre a matéria, e com o intuito de colaboração com os poderes públicos e demais Associações, no sentido da solidariedade social e da sua subordi-nação aos interesses nacionais.

Ao proceder à leitura dos capítulos e artigos, a Mesa alertou que, se o Plenário desejasse introduzir alguma modificação, permitida em lei, o fizesse no decorrer da leitura, comunicado que se mostrou desnecessário: o conteúdo foi integralmente aprovado, na forma em que estava redigido.

Por fim, a eleição da Diretoria provisória consolidou pela segunda vez a po-sição de Célio Gurgel, João Clemente Fernandes e Raimundo Régis de Alencar Pinto, nas funções de Presidente, Secretário e Tesoureiro. Constavam também dessa lista os nomes de Eduardo Diogo Gurgel, Tarcisio Guy Andrade Silveira e Augusto Castelo da Cunha como Suplentes da Diretoria, e de Edson Queiroz, Olavo Magalhães e Ivan de Castro Alves na composição do Conselho Fiscal, tendo Laerte Castro Alves, Osvaldo Studart Neto e João Nogueira Meireles como Suplentes.

O Presidente congratulou-se com os presentes pela decisão de transfor-mar a Associação em Sindicato, e encerrou a reunião.

Cumpridas as exigências jurídicas, até novembro do ano seguinte, 1972, seguiram-se os contatos e entendimentos necessários, sendo aberto, junto ao Ministério dos Negócios do Trabalho e da Previdência Social, cujo titular era o ministro Júlio Barata, o processo que oficializaria a existência do Sindicato, materializado na Carta Sindical, com o seguinte teor:

O Ministro de Estado dos Negócios do Trabalho e Previdência So-cial faz saber a quantos esta carta virem que, atendendo ao que requereu a Associação Profissional das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado do Ceará, com sede em Fortaleza, no Estado do Ceará, e dispensando nos termos do parágrafo único do artigo 515 da C.L.T. a reunião do terço legal dos exercentes da categoria respectiva, resolve aprovar o res-pectivo estatuto e reconhecê-la sob a denominação de Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico no Estado do Ceará como sindicato representativo de todas as ca-tegorias econômicas constantes do 14° grupo – Indústrias meta-lúrgicas, mecânicas e de material elétrico – do plano da Confe-deração Nacional da Indústria, na base territorial do Estado do Ceará, com sede em Fortaleza no Estado do Ceará, de acordo com o regime instituído pela Consolidação das Leis do Trabalho. E, para firmeza, mandou passar a presente carta, que vai por ele assinada.Brasília, 24 de janeiro de 1972.

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Cerca de um mês depois, a 25 de fevereiro, o Delegado Regional do Trabalho no Ceará, Jefferson Quesado, enviou a Célio Gurgel o ofício n° 61/72 encaminhando o seguinte despacho ministerial, referente ao pro-cesso MTPS 305 823/71:

Nos termos do parecer do Departamento Nacional do Traba-lho, fundamentado na Resolução da Comissão do Enquadra-mento Sindical, e atendendo ao que requereu a Associação Profissional das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Mate-rial Elétrico do Estado do Ceará, resolvo, na conformidade do disposto no parágrafo único do art.515 da Consolidação das Leis do Trabalho, reconhecer a postulante, sob a denomina-ção de Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico no Estado do Ceará, como entidade sindical de 1° grau, representativa de todas as categorias econômicas constantes do 14° grupo – indústrias metalúrgicas, mecânicas e de material elétrico – do plano da Confederação Nacional da Indústria, na base territorial do Estado do Ceará, aprovados os seus Estatutos Sociais, com as correções sugeridas. Transmita--se e publique-se.

Ministro Júlio Barata, 24 de janeiro de 1972.

Acompanhava o despacho o seguinte comunicado:

Sr. Presidente.

De ordem do Sr. Diretor Geral, encaminho em anexo, para co-nhecimento de V.Sa., cópia do despacho exarado pelo Sr Ministro no processo MTPS 305 823/71, de interesse dessa entidade, bem como a Carta de reconhecimento devidamente assinada e registra-da na Seção Sindical.

As correções que o despacho havia sugerido para o Estatuto eram de pouca monta: cinco tópicos a reeditar, quatro a incluir e um a substituir. Foram realizadas de imediato, e a data de 24 de janeiro de 1972, passava a

ser oficializada como a de fundação do Sindicato das Indústrias Metalúrgi-cas, Mecânicas e de Material Elétrico no Estado do Ceará.

***

Nos 40 anos seguintes José Célio Gurgel de Castro seria um dos dois únicos associados a repetir mandato na Presidência, inicialmente ocupando o cargo na Associação de 1970 a 1971, ainda que de maneira provisória, reelegendo-se em seguida para o triênio 1972 a 1975, desta vez no Sindicato. No caso dele, a continuidade se deu talvez pela pró-pria incipiência da instituição recém-criada, e que, apesar disto, na reunião do dia 5 de maio de 1972 já ganhava uma retrospectiva histórica traçada pelo próprio Presidente, com os tópicos gerais anotados na ata. Célio recordava desde os tempos de formação da Associação, seis anos antes, até seu reconhecimento recente como órgão sindical, e aproveitava para “tecer considerações” sobre os objetivos a que esta se propunha.

As primeiras eleições do Sindicato foram agendadas para o dia 9 de junho de 1972, quando a Diretoria provisória seria substituída pela oficial. No dia marcado, entre as 13h e 19h compareceram 12 dos 16 sócios aptos ao exercício do voto. A ata de instalação da Mesa Coletora Eleitoral contou com as presenças de Raimundo Eymard Ribeiro de Amoreira, Irenice Gur-gel Freire e Raimunda Maria de Carvalho.

Sob a presidência de César da Silveira Antunes, representante do Pro-curador Regional da Justiça do Trabalho, tendo como secretário Juvenal Lopes Ribeiro e como escrutinadora Norma Alencar Severiano Barreira, o resultado registrado na ata da apuração não trouxe grandes surpresas. Na chapa única estavam eleitos Célio, Tarcisio Guy e João Clemente como ti-tulares da Diretoria Executiva para o triênio de 15 de julho de 1972 a 14 de julho de 1975, mantendo-se Célio no exercício da presidência.

As primeiras eleições do

Sindicato foram agendadas

para 9 de junho de 1972.

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Complementavam os eleitos: os suplentes de Diretoria, Ivan Morei-ra de Castro Alves, Olavo Magalhães e Airton Queiroz; os titulares do Conselho Fiscal, Osvaldo Studart Neto, José Djanir Guedes de Figueiredo e Fernando Nogueira Gurgel; tendo como suplentes Augusto Castelo da Cunha, Erasmo Rodovalho de Alencar e Raimundo Régis de Alencar Pin-to. Delegados representantes junto à FIEC eram os titulares Célio Gurgel e Raimundo Régis de Alencar Pinto, com os suplentes João Clemente Fer-nandes e Tarcisio Guy Andrade da Silveira.

A cerimônia de posse aconteceu no dia 14 de julho de 1972, no Audi-tório Waldir Diogo, da Federação das Indústrias, no 6° andar do Edifício Jan-gada. Tomaram assento à mesa os senhores César da Silveira Antunes, Célio Gurgel, Tarcisio Guy, João Clemente e Antonio da Silva Guerra, assessor jurí-dico da FIEC e Superintendente do IEL – Instituto Euvaldo Lodi. O Presidente discursou no final da cerimônia, encerrada às 19h40 daquela sexta-feira.

Uma importante reunião decisória se deu às 18h do dia 22 de setembro de 1972. Assembleia Geral Extraordinária, convocada por Edital publicado dia 16 na Tribuna do Ceará teve por objetivo inicial “examinar, apreciar e deliberar sobre a Previsão Orçamentária para os exercícios de 1972/1973”, sendo seguida por uma rodada de deliberações sobre a filiação da entidade à FIEC, o que foi aprovado por unanimidade dos presentes, com destaque para os pontos principais dos Estatutos federativos e “sobre a necessidade de congraçamento com os Sindicatos irmãos”.

Ao tempo de sua própria fundação, em 1950, a FIEC incluía apenas cinco sindicatos: da Indústria de Fiação e Tecelagem em Geral do Estado do Ceará, da Construção Civil de Fortaleza, da Indústria de Calçados de Fortaleza, da Indústria de Tipografia de Fortaleza, e de Alfaiataria e Confecção de Roupas para Homens de Fortaleza. O Sindicato do setor eletrometalmecânico surgia dentro de uma estrutura que se fortalecia.

Atendendo à exigência do art.4, letra d, dos Estatutos foi aberto um Livro de Registro de Associados. O presidente Célio assinou o Termo de Abertura, com data de 13 de dezembro de 1972, do documento onde seriam listadas as cem primeiras indústrias que iriam compor o Sindicato, começando, naturalmente, por aquelas ligadas aos que estavam à frente do movimento.

Contém este livro 100 (cem folhas, com todas as suas páginas ti-pograficamente numeradas, que servirá de Registro de Associados do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico no Estado do Ceará, com sede nesta cidade, reconhecido conforme Carta Sindical expedida em 24 de janeiro de 1972 e ins-crito no Cadastro Geral de Contribuintes do Ministério da Fazenda sob o número 07155104/0001.

A Fundição Cearense, com endereço na Avenida da Universidade, 2513, registrada na Junta Comercial em 9 de setembro de 1957, com n° 5.835, abre a lista. É seguida pela Fábrica de Alumínio Ironte, de Clemente & Irmãos, tendo à frente João Clemente Fernandes, e que funcionava na Rua Joaquim Lino, 180, registrada na Junta Comercial com n° 20.982, em 8 de agosto de 1962. A terceira indústria a ser inscrita no livro foi a Cia. Im-portadora de Máquinas e Acessórios Irmãos Pinto, Cimaipinto, localizada na vizinhança do Edifício Jangada, Rua Major Facundo, 364, com n° 8.343 na Junta Comercial, em 20 de fevereiro de 1946.

A Mecesa – Metalgráfica Cearense S/A, de Fernando Nogueira Gurgel, ocupou o quarto lugar. Era registrada na Junta Comercial em 15 de junho de 1965, n° 27.364. Em quinto lugar veio a Organização Silveira Alencar S/A, conduzida por Tarcísio Guy Andrade Silveira, com endereço na ainda Rua Monsenhor Tabosa, 578, e dona do número de registro 2.312, na Junta Comercial, em 31 de agosto de 1926.

Complementando a primazia de se colocar entre as dez primeiras, as-sinaram o Livro de Registro a Tecnomecânica Esmaltec S/A, de Edson Quei-roz (n° 07.982, em 23/10/63); Indústria Nordestina de Aço S/A – Inasa, de

A cerimônia de posse aconteceu

no dia 14 de julho de 1972.

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1972-1975

Olavo Magalhães (n° 22.841, em 20/8/63); Bombas King, de Ivan Moreira de Castro Alves (n° 19.873, em 27/1/61); Studart & Cia Ltda, de Osvaldo Studart Neto (n° 2.393, em 17/10/29); e Ângelo Figueiredo S/A, administra-da por José Djanir Guedes de Figueiredo (n° 19.492, em 7/7/61).

Eram todos industriais no vigor dos 30 aos 50 anos, todos sediados em Fortaleza, fundadores de seus próprios negócios ou responsáveis pela mis-são de dar prosseguimento ao trabalho de seus antecessores, dispostos para contribuir com o desenvolvimento econômico do Estado.

Até 1975 Célio dirigiu os trabalhos de todas as Assembleias Ordinárias e Extraordinárias, com algumas exceções, como a reunião de 8 de abril de 1974, dirigida por Fernando Nogueira Gurgel, titular do Conselho Fiscal e fundador da Mecesa. As Assembleias Gerais Ordinárias tinham como tema apresentação e aprovação de relatórios, prestação de contas, previsão de despesas para o ano seguinte, suplementação de verba que se fizesse ne-cessária ao desenvolvimento das atividades do Sindicato e demais delibe-rações de ordem administrativa interna.

As Assembleias Extraordinárias examinavam matérias quase sempre re-lacionadas a dissídio coletivo e questões trabalhistas, como na Assembleia de 23 de outubro de 1974, tendo sido o assunto provocado pelo Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Metalúrgica, Mecânica e de Material Elétri-co de Fortaleza. A decisão do Sindicato dos proprietários foi “conceder au-mento salarial de acordo com os índices a serem dispostos pela Secretaria Regional do Trabalho da 7ª Região”.

Não se fazia ainda muito evidente, mas o período do chamado “milagre econômico” brasileiro aproximava-se do fim. A sombra da hiperinflação delineava-se no horizonte para a próxima década. Ia fi-car como saudosa lembrança o desempenho apresentado entre 1969 e 1973, quando o PIB nacional crescia quase 12% ano e a inflação média anual não superava os 18%. O quadro já não era mais o mesmo em 1974, nem o seria daí em diante.

O mundo sofria o impacto da crise do petróleo, do aumento dos juros, e mergulhava numa recessão que afetaria o desenvolvimento das indús-trias, explodiria os índices de desemprego1, e naturalmente traria reflexos negativos para o microcosmo que era o panorama industrial cearense. O Presidente que sucederia Célio Gurgel iria lidar com tudo isso.

Notas: 1 - Almanaque Abril 2000

ThomásPompeu (Presidente da CNI), Min. Mário Henrique Simonsen e Francisco José Andrade Silveira (Presidente da FIEC) na sede da Federação das Indústrias

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Airton José Vidal Queiroz

1975-1978

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A data de 14 de julho, tão ligada à Revolução Francesa, tornou-se a data oficial de posse das Diretorias do Sindicato das Indústrias Metalúr-gicas, Mecânicas e de Material Elétrico no Estado do Ceará. Foram 13 os associados a aptos votar na chapa única de 1975, o ano em que César Cals deixava o Governo do Ceará para dar lugar a Adauto Bezerra, igualmente indicado pelo processo de eleição indireta.

As eleições do Sindicato mantinham-se democraticamente diretas. Na-quele ano, a Mesa Coletora Eleitoral deu início ao recebimento dos votos ao meio-dia de 12 de junho. Juvenal Lopes Ribeiro presidiu os procedimen-tos, tendo como mesárias Raimunda Maria de Carvalho e Solange Pio de Alencar Araripe. Encerrada a votação, às 18h30 do mesmo dia, sob a pre-sidência do representante da Procuradoria Regional da Justiça do Trabalho, João Nazareth Pereira Cardoso, e tendo como escrutinadores César da Sil-veira Antunes e a secretária da FIEC, Irenice Gurgel Freire, foram apurados os votos. Estava eleita a segunda Diretoria oficial do Sindicato.

Os nomes efetivados eram os de Airton Queiroz, Célio Gurgel e Rai-mundo Régis de Alencar Pinto, tendo por suplentes Augusto Castelo da Cunha, Ivan de Castro Alves e José Aragão de Albuquerque. No Conselho Fiscal efetivavam-se Osvaldo Studart Neto, José Djanir Figueiredo e Edson Queiroz Filho, com os suplentes Fernando Cirino Gurgel, Álvaro de Castro Correia Neto e Pedro Jorge Clemente Soares. Célio Gurgel e Raimundo de Alencar Pinto eram os delegados efetivos junto à FIEC. A suplência deles coube a João Clemente Fernandes e Evandro Pessoa de Andrade.

Na ata de distribuição dos cargos, datada do dia seguinte, 13 de junho, uma sexta-feira, coube a Airton José Vidal Queiroz a presidência para o triênio 1975-1978, tendo como Secretário Célio Gurgel e como Tesoureiro Raimundo de Alencar Pinto.

No citado dia 14 de julho Célio Gurgel deu posse ao novo Presidente e apresentou relato da administração finda, comunicando que o Sindicato dispunha de um saldo de Cr$ 95.483,00, sendo Cr$ 91.464,00 referentes

1975-1978Airton José Vidal Queiroz

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à arrecadação da contribuição sindical, e os restantes Cr$ 4.019,00 proce-dentes de “rendas próprias”, tudo devidamente depositado na Caixa Eco-nômica Federal do Ceará.

Airton Queiroz discursou para os presentes. Antes de serem empos-sados os diretores cumpriram com a exigência legal de apresentar suas declarações de bens à Secretaria do Sindicato.

O novo Presidente atuava intensamente na área metalmecânica, sen-do filho de um dos pioneiros da metalurgia no Ceará, o empresário Edson Queiroz, fundador, entre outras empresas, da Tecnorte – Tecnomecânica Norte Ltda e da Esmaltec – Estamparia e Esmaltação Nordeste S/A. Em ope-rações desde 1963, ambas produziam botijões para GLP (o familiar gás butano), os indispensáveis fogões Jangada (“o fogão de todo mundo”, se-gundo o slogan publicitário), e mais adiante os modelos Alvorada, Iracema,

Columbia, Tropicana Quartz e Tropicana Electronic Line, com mercado no Ceará, Piauí e Maranhão.

Produziam também tambores e tanques para derivados de petróleo, si-los e minisilos para cereais, caçambas basculantes, carros de mão e estrutu-ras metálicas, ampliando mercado de vendas, a partir de 1976, para países das Américas Latina e Central, como Bolívia, Equador, Guianas, Martinica, Panamá, Paraguai e Porto Rico.1 Poucos anos mais tarde, em 1986, a Es-maltec representaria cerca de 80% do mercado consumidor local de lâmi-nas de aço a quente e a frio,2 numa escalada que conduziria a patamares sequer sonhados à época.

No Sindicato das Indústrias do setor eletrometalmecânico o dissídio coletivo entrou regularmente em pauta, na Assembleia Geral Extraordinária de 25 de setembro de 1975, tratando sobre o aumento nas bases dos índi-ces salariais de outubro para os trabalhadores que recebiam até 10 salários mínimos regionais. Acima disso, ficou decidida recomendação de “acordo entre empresa e empregado, não inferior a 20%”.

São poucos e lacônicos os registros em ata sobre o período: Assembleia Geral Ordinária, de 14 de junho de 1976, para apreciação de Relatório da Diretoria, prestação de contas do ano anterior e previsão orçamentária para o ano vindouro; Assembleia Geral Extraordinária, dia 3 de dezembro, para tratar da suplementação de verbas do orçamento do ano em curso. E o mes-mo se repetiu em 1977, até meados de 1978, sempre no Edifício Jangada, na Rua Major Facundo.

Conforme o Guia Turístico e Informativo de Fortaleza para 1974/75, o Ceará administrado pelo engenheiro e militar César Cals de Oliveira Filho ganhara “três anos de profícuas realizações”. As exportações haviam cres-cido mais de 40% somente em 1973, não apenas ancorada nos tradicionais produtos primários, mas sim “em artigos manufaturados”, para o qual o setor industrial colaborava intensamente,

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Thomás Pompeu, Hélio Idelburque (atrás), Carneiro Leal (superintendente do SESI) e Edson Queiroz em visita à Tecnorte

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obedecendo os perfis, visando a utilização da matéria prima local e mão de obra intensiva, com aumento na oferta de empregos, tanto nas áreas rurais quanto nas urbanas.

A população de Fortaleza alcançava o primeiro milhão, ostentando o título de sexta maior metrópole brasileira. Os setores de agropecuária e serviços encabeçavam a composição do PIB, com a indústria – mais for-temente a agroindústria – assumindo o terceiro lugar, o que não impedia o surgimento de grandes projetos na área metalmecânica, para a qual o Anuário do Ceará 1979/1980, editado por Dorian Sampaio, informava as metas buscadas:

O Pólo Metalmecânico trará:

A) implantação de uma unidade produtiva de chapas e bobinas finas a frio e folhas de embalagem;

B) implantação de uma unidade de laminação de aços planos;

C) o estabelecimento de condições de implantação de uma série de outras empresas no setor;

D) criação de 3.743 empregos diretos, 1.310 dos quais na unidade de laminação. Os investimentos destinados a esse programa estão or-çados em Cr$ 8,7 bilhões.

Era ainda modesto o número de empresas locais, atuantes no seg-mento eletrometalmecânico, que anunciavam sua atuação nas páginas do referido Anuário: Grupo J.Macedo. Grupo Ângelo Figueiredo. Grupo Castro Alves. Metadil – Metalúrgica Diana Ltda. Indubras – Indústria Bra-sileira de Metais S/A. Inelsa – Indústrias Elétricas Elite S/A. Cemag – Ceará Máquinas Agrícolas S/A.

Entre as indústrias que preencheram ficha de filiação ao Sindicato naquele período estavam Fortaleza Aços S/A, de Raimundo Machado de Araújo (20/8/75); CELENE – Cia. Eletrocerâmica do Nordeste, de Adalberto Benevides Magalhães (20/8/75); ESMEL – Indústria de Estruturas Mecânicas Ltda, de Eudes Macedo Queiroz Lima (9/9/75); Frota Mello S/A – Indústria e Comércio, de José Firmo Frota Mello (28/1/76); FAE – Ferragens e Aparelhos Elétricos S/A, de Acácio Araújo de Vasconcelos (29/4/77); CEMEC Constru-ções Eletromecânicas S/A, de José Dias de Macedo (22/12/78).

Transformadores produzidos na CEMEC

Fábrica Móveis de Aço Confiança, do Grupo Ângelo Figueiredo

Aumentava o número de associados. Por outro lado, aumentava tam-bém a inflação, e os salários inalterados funcionavam como ingredientes explosivos para a insatisfação dos trabalhadores, em especial dos metalúr-gicos do chamado ABCD de São Paulo, que em 1978 deflagrariam o maior ciclo grevista que o Brasil vivenciara até então.

Em março de 1978 o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecâ-nicas e de Material Elétrico do Ceará se mobilizava para novo processo eleitoral, o terceiro da história da entidade. Como viria a ser de praxe, era apresentada chapa única, que seria eleita por unanimidade e sem conflitos. No dia 22 daquele mês a Tribuna do Ceará comunicava o re-gistro da chapa concorrente à eleição, confirmando nota publicada no mês anterior, no mesmo jornal.

Compunham o quadro, como efetivos da Diretoria, Álvaro de Castro Correia Neto, Fernando Cirino Gurgel e Raimundo Régis de Alencar Pinto. Seus suplentes eram Augusto Castelo da Cunha, Ivan de Castro Alves e Adalberto Benevides Magalhães Filho. O Conselho Fiscal seria composto por Amândio Bezerra Rolim, José Djacir Guedes de Figueire-do e Edson Queiroz Filho, tendo como suplentes Sebastião de Arruda Gomes, Nelson Prado e Pedro Jorge Clemente Soares.

Airton Queiroz permaneceu na presidência até julho. Juntamente com José Flávio Costa Lima, presidente da FIEC, estava à frente da recepção ofe-recida a Plínio Catanhede, presiden-te da CSN – Companhia Siderúrgica Nacional em junho de 1978. Ao final da reunião com os representantes das metalúrgicas locais, Catanhede afir-mou que ficara “com uma impressão altamente animadora das empresas

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cearenses consumidoras dos produtos de fabricação da CSN”, como docu-mentou o jornal O Povo (10/6/78), e não poupou elogios.

Seu intuito era conhecer as necessidades do setor siderúrgico cea-rense. E confessou-se “impressionado com o progresso das indústrias vi-sitadas,” entre as quais a Esmaltec. Destacou “o sentido da evolução da economia do Ceará, que ocupa posição de relevo no contexto nacional”, gerida por empresários “altamente dedicados ao seu papel na economia e na sociedade”, e concluiu afirmando caber ao Ceará “um papel impor-tante a cumprir no desenvolvimento do Nordeste”.

As palavras elogiosas não impediram Catanhede de ouvir o questio-namento do associado Sebastião Arruda Gomes, presidente da Norfrio, falando em nome de muitos, quanto às dificuldades para aquisição de chapas galvanizadas. Era este um real impedimento ao avanço de grande parte do setor, e não só no Ceará.

A preocupação elencava-se entre os propósitos justificativos da cria-ção da ASIMEC – Associação das Indústrias Mecânicas, Metalúrgicas e de Material Elétrico do Norte e Nordeste, entidade de caráter reivindicativo criada em novembro de 1977, visando congregar as lideranças metalmecâ-nicas nos estados da Bahia, Ceará, Pará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte, interessando-se principalmente em regularizar o abastecimento de matérias-primas essenciais à atividade.

Com o Brasil sob a presidência do nordestino José Sarney, e o Ceará go-vernado por Adauto Bezerra, a ASIMEC, tendo como presidente o cearense Adalberto Magalhães Filho, conduzia a discussão sobre o início de estudos técnicos que viabilizassem o Polo Metal-Mecânico do Nordeste, propondo também uma Portaria capaz de facilitar a participação de indústrias regionais em concorrências públicas ou administrativas, preferenciando os produtos nordestinos, o que ainda provocaria um sem fim de debates e discussões.

O processo de renovação de Diretoria do Sindicato teve início no dia 9 de junho de 1978. A secretária Irenice Gurgel Freire assumiu a presidência

Como de praxe, era apresentada

chapa única, que seria eleita por unanimidade e

sem conflitos.

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da instalação da Mesa Coletora Eleitoral, obedecendo a Portaria n° 92/78, de 24 de maio de 1978, da Delegacia Regional do Trabalho no Ceará, e deu início aos trabalhos. Junto com as companheiras de Mesa, Raimunda Maria de Carvalho e Zulene Bezerra de Figueiredo, verificou que o material necessário para a eleição estava “em perfeita ordem”.

Às 13h os associados começaram a depositar seus votos na urna, a favor da única chapa registrada, encerrando-se o processo às 19h, quando 17 dos 20 as-sociados aptos a votar cumpriram seu dever classista. A apuração se deu na meia hora seguinte. Até às 19h30 o Presidente e o suplente da Mesa Apuradora, César da Silveira Antunes, Chefe do Departamento Sindical da FIEC, e Juvenal Lopes Ribeiro, designados pelas Portarias 200/78 e 201/78 da Procuradoria Regional do Trabalho, retiraram as cédulas da urna confirmando a Diretoria eleita.

Efetivos eram Álvaro de Castro Correia Neto, Fernando Cirino Gurgel e Raimundo Régis de Alencar Pinto, com os suplentes Augusto Castelo da Cunha, Ivan de Castro Alves e Adalberto Magalhães Filho. Efetivos no Con-selho Fiscal: Amândio Bezerra Rolim, José Djanir Guedes de Figueiredo e Edson Queiroz Filho, tendo Sebastião de Arruda Gomes, Nélson Prado e Pedro Jorge Clemente na suplência. Como Delegados representantes junto à FIEC, efetivos, foram escolhidos o Presidente que saía, Airton Queiroz, e Adalberto Magalhães Filho, e os suplentes Victor José Macedo Queiroz Lima e José Sérgio Cunha Figueiredo.

Pelo avançado da hora da sexta-feira, a reunião para distribuição dos cargos aconteceu somente na segunda-feira seguinte, definindo-se presidente Álvaro de Castro Correia Neto, secretário Fernando Cirino e tesoureiro Raimundo Régis Pinto.

No aprazado dia 14 de julho deu-se a cerimônia de posse dessa ter-ceira Diretoria. Na ata foram preservados o registro dos componentes da mesa, César da Silveira Antunes, Airton Queiroz e o novo titular, e os com-promissos por eles solenemente assumidos de

respeitar, no exercício do mandato, a Constituição Federal, as leis vigentes e os Estatutos da Entidade, nos termos do parágrafo 5° do art. 532 da CLT, combinado com o art. 74 da Portaria 3.447, de 20/12/74.

Airton Vidal Queiroz prestou contas de sua atuação à frente da en-tidade. Álvaro Correia também se manifestou. Todos os novos Diretores apresentaram suas declarações de bens, atendendo ao disposto na Portaria Ministerial n°3.161, de 20 de maio de 1971. Começava outro mandato, que iria entrar na movimentada década de 1980.

Notas: 1 - Edson Queiroz: um homem e seu tempo. SP, CL-A Comunicações, 1986 2 - DN 18/12/86

Visita dos participantes da 11ª Semana Regional de Prevenção de Acidentes às instalações da Tecnomecânica Esmaltec

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Álvaro de Castro Correia Neto

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1978-1981Álvaro de Castro Correia Neto

Airton Queiroz deu lugar a Álvaro de Castro Correia Neto em julho de 1978, consolidando um modelo de titularidade renovável, sem repetições personalizadas, possibilitando a cada três anos a criação de novas lideran-ças e um constante revigoramento no espírito associativo.

Álvaro foi o primeiro executivo, não proprietário de indústria, a assu-mir a presidência do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico no Estado do Ceará, cargo que ocuparia de 1978 a 1981, eleito por 17 dos 20 associados aptos a votar. Engenheiro-mecânico e administrador de empresas, era diretor industrial da empresa Mecesa – Me-talgráfica Cearense S/A, de Fernando Nogueira Gurgel. De lá partiria para a IMEC – Indústria de Material Elétrico e Mecânico, trocando Fortaleza por Belém do Pará em 1983. Retornaria ao Ceará 15 anos mais tarde, não mais no setor metalúrgico, mas sim no de papel e embalagens.

Como Diretor Financeiro da FIEC, Correia Neto mantém inalterada a admiração pelo Sindicato que presidiu: “O SIMEC tem se destacado no ce-nário econômico do Estado por sua competência e por sua postura proativa na defesa de interesses dos seus associados”, é o que declara no portal do Sindicato. “Na FIEC, é notável o seu empenho nas ações ligadas ao Progra-ma de Desenvolvimento Associativo – PDA, que culminou, recentemente, na elevação do número de associados. É reconhecido enquanto um Sindi-cato atuante, sério, ético e transparente”.

Durante a administração de Álvaro Correia Neto, o Departamento de Documentação e Informação Industrial da FIEC deu início a um paciente trabalho de coleta de dados publicados na imprensa sobre o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico no Estado do Cea-rá, possibilitando ao curioso ou ao pesquisador uma visão mais ampla que as atas oferecem, e bem mais segura que a sempre traiçoeira memória humana.

Assim é que se acompanha, a partir daquela época, o sonho dourado da implantação de uma usina siderúrgica em território cearense, tantas ve-zes prometido e outras tantas negado, ao ponto de levar um dos associados

Alguns dos produtos da Mecesa

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a responder, cheio de ironia, devolvendo a pergunta sobre as vantagens que seriam trazidas ao Estado com a chegada de uma usina como essa: “Qual das siderúrgicas? Já fui ao lançamento da pedra fundamental de tantas...”

Editorial publicado no jornal Estado de Minas (7/3/1979) permite a compreensão do poder multiplicador da siderurgia. “É talvez o segmento industrial mais importante dentro do processo de desenvolvimento de qualquer país”, dizia o redator.

A análise dos períodos de maior progresso econômico dos princi-pais países do mundo demonstra, cristalinamente, que ele [o pro-gresso] foi impulsionado por um crescimento vertiginoso da indús-tria siderúrgica e do consumo do aço.

Não sem razão se faziam tão constantes os esforços para atrair ao Ceará um equipamento desse porte. Se uma usina siderúrgica representava tudo isso no âmbito de países, o que não representaria no contexto de um Estado como o Ceará, com seu desenvolvimento historicamente sujeito aos capri-chos e variações do clima, tendo como necessidade vital encontrar outros meios de subsistência, e como desafio comprovar o potencial de seu povo.

Com tal propósito é que o governador Virgilio Távora, em seu segundo período administrativo (março de 1979 a março de 1982), muito iria contribuir para a quase concretização do sonho, como compro-vam as matérias jornalísticas da época.

Segundo o jornal Diário do Nordes-te (jan/80), o país apresentava “escas-sez e encarecimento do dinheiro”, num momento em que a inflação ganhava fôlego para um salto gigantesco. O Governo dos militares previa para 1980 uma inflação acumulada de 45%. Chegou, de fato, a 110%, mais que o dobro do previsto, superan-do em muito a inflação do ano anterior, que ficara em 77%.

Queixas à parte, 1980 se mostrou um “ano de glória” para a fundi-ção do Brasil (Tribuna do Ceará, 13/2/89), com a produção de 1.798 milhões de toneladas, recorde que só seria quebrado em 1986, na esteira do Plano Cruzado. Foi também o ano em que se assinalou um “acontecimento histórico” (TC, 6/9/80): o Estado já fazia parte do “círculo fechado da comunidade siderúrgica brasileira” na produção de laminados planos, graças a dois convênios de cooperação técnica assinados a 5 de setembro entre a Siderbras – Siderurgia Brasileira S/A, empresa holding do setor siderúrgico brasileiro, e o governo estadual, tendo à frente o governador Virgilio Távora e seu secretário de Indús-tria e Comércio, Firmo de Castro.

As assinaturas pavimentavam o caminho para que o Ceará viesse a se firmar como o terceiro polo industrial do Nordeste e o maior centro metalmecânico da área. A implantação da unidade de laminados planos se fazia “irreversível”, asseguravam os dirigentes políticos. A inauguração aconteceria no final de 1984. A produção prevista para o estágio inicial era de 200 mil toneladas, saltando para 25 milhões de toneladas no ano

Virgílio Távora, governador do Ceará de 1963 a 1966 e de 1979 a 1982

O Ceará se posicionava como o maior consumidor de laminados planos no Nordeste

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seguinte, e 35 milhões em 1990. O bônus especial seria a desconcentra-ção dos investimentos do eixo Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, trazendo-os para o Nordeste.

Havia projetos ainda para outra unidade, de não planos, cuja carta--consulta havia sido aprovada junto à SUDENE, e que possivelmente seria localizada no Distrito Industrial, sob responsabilidade do poderoso Grupo Gerdau. A estratégia era clara: laminados planos caberiam às empresas do sistema Siderbras; não planos – vergalhões, barras, arames, tubos, trilhos, perfis – ficariam a cargo da iniciativa privada.

O ponto de vista técnico era favorável. O Ceará se posicionava como o maior consumidor de laminados planos na região Nordeste, e se locali-zava estrategicamente no ponto médio entre as regiões Norte e Nordeste, o que sem dúvida facilitaria o atendimento a estados como Pará, Amazo-nas, Piauí e Maranhão.

O ponto de vista político não ficava atrás. O Consider – Conselho de Me-tais Não Ferrosos e de Siderurgia, órgão interministerial responsável pelo es-tabelecimento das políticas globais do setor, composto pelos ministros Delfim Neto, do Planejamento, César Cals, das Minas e Energia, Camilo Penna, da In-dústria e Comércio, e Ernani Galvêas, da Fazenda – acenara promissoramente,

por meio do Secretário Executivo do Conselho, Aloísio Marins, confirmando de público a aloca-ção de recursos no orçamento de 1981 para dar suporte ao desenvolvimento da Unidade.

O Superintendente da SUDENE, Valfrido Sal-mito Filho, cearense de São Benedito, declarava em entrevistas que

a decisão de instalar usina siderúrgica de laminados planos representa momento marcante para a história do Nordeste, especialmente do Ceará, graças princi-palmente à tenacidade do governador Virgilio Távora.

O otimismo se devia, talvez, ao alinhamento de tantos cearenses em pontos-chave de decisão, talvez à insistência de Virgilio, e sua proximidade com os dirigentes máximos nacionais, ou ainda às próprias características do ser humano. Por outro lado, a realidade pressionava com indefinições básicas quanto à localização da unidade de laminados planos, a ser er-guida ou em Sítios Novos, próximo ao município de Caucaia, através de uma operação joint-venture entre Governo do Estado e CSN, ou no Distrito Industrial de Maracanaú.

Como se pressentisse que não chegaria a ver a usina concluída, Virgilio Távora inquietava-se com a morosidade das negociações. A economia cearense era fortemente baseada no setor primário, insistia ele, e isso precisava mudar. “O setor industrial é ainda insignificante, sobretudo ao se considerar o processo de urbanização que o Estado vem passando, tendo Fortaleza como quinta cidade do Brasil em termos populacionais”, declarava o Governador ao jornal O Povo (jan/81). A industrialização era prioritária, “única alternativa para a transformação e modernização da economia do Ceará”, representando “a meta-síntese da política governamental para o setor”, numa lógica que seria retoma-da mais adiante, em fins do século XX, nas três administrações de Tasso Jereissati (1987-1991, 1995-2002).

Havia outra boa notícia prometida para o Ceará naquele mês de janeiro de 1981, no qual a ASIMEC – Associação das Indústrias Mecâni-cas, Metalúrgicas e de Material Elétrico do Norte e Nordeste, realizava reunião ordinária em Fortaleza: o Mucuripe teria seu porto industrial, um porto externo, offshore, “destinado a atender movimentação de des-carga, principalmente de laminados de aço adquiridos pelas indústrias metalúrgicas cearenses”, informava O Povo. Mais um passo para con-solidar o Pólo Metal-Mecânico do Ceará, “já em franco andamento,” prevendo até 1985 estarem concluídas não apenas uma, mas as duas unidades de produção já mencionadas (de aços planos, com a Sider-bras, e de aços não planos, com o Grupo Gerdau).

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O jornal apresentava croquis facilitando ao leitor visualizar como fi-caria o Porto do Mucuripe após a realização das importantes obras, que permitiriam “a atracação de navios de grande calado, como os transporta-dores de laminados de aço, vindos do Porto da Cosipa, em São Paulo”. Ou, melhor ainda, “a exportação dos laminados de aço que seriam produzidos pelas duas futuras siderúrgicas cearenses”.

Em março, antes de deixar a presidência do Sindicato, Álvaro de Castro Correia Neto ainda teve tempo para entusiasmar-se com o fato de que, a partir de outubro de 1982, o Ceará entraria na “corrida do aço”. Na abali-zada palavra do governador Virgilio Távora, publicada no O Povo (27/3/81), “estamos vivendo toda uma semana de eventos siderúrgicos, primeiro por-que temos hoje, em Fortaleza, todo um staff da Siderbras, tratando da fu-tura siderúrgica de laminação de aço. Segundo, porque dia 30 [de março] teremos o lançamento da pedra fundamental da Siderúrgica Cearense, do Grupo Gerdau, no Distrito Industrial”.

Era atirada a primeira pedra.

Os planos desciam aos detalhes. De início, a Siderúrgica Cearense iria ocupar uma área de apenas 130 mil m² de um total de 50 hectares dispo-níveis no Distrito Industrial, produzindo anualmente 58 milhões de tone-ladas, a partir de investimento procedente, em 22%, do BNDE, em 55,2% do Finor, e o restante de recursos próprios do Grupo Gerdau, principal produtor privado brasileiro de aço.

A Siderúrgica ofereceria 400 empregos diretos. Dois mil empregos in-diretos. “Se estivesse operando hoje”, animava-se o redator do jornal O Povo, “a Siderúrgica da Gerdau estaria descontando 20% de tributos sobre um faturamento bruto/ano de Cr$ 2 bilhões, cabendo ao Tesouro estadual Cr$ 250 milhões só de ICM”.

As razões pelas quais o Ceará havia sido o escolhido eram enumeradas pelo jornalista:

A Gerdau tem tradição em trabalho com mini-steels. O Ceará está em expansão no setor metalmecânico. Inexiste siderúrgica desse tipo no Nordeste. O histórico comercial que tem o Estado com a região. E o argumento definitivo: a resposta imediata dada pelo governador Virgilio às proposições do Grupo.

Uma equação que tinha tudo para ser de fácil resultado.

Conforme prometido, no dia 30 de março de 1981 aconteceu o lançamento da pedra fundamental da COSICE – Companhia Siderúrgica Cearense, dando início à desejada “corrida do Ceará pelo aço”. Jorge Gerdau Johannpeter pronunciou-se no evento, afirmando ser “imperati-vo manter o crescimento do Nordeste a 50% acima do restante do país, para que possa ocorrer, nos próximos anos, o desejo do nivelamento do progresso brasileiro”. Seu Grupo estava presente no Nordeste pratica-mente do tempo em que havia sido fundado, em 1901, o que lhe dava segurança para afirmar que a “redenção do Nordeste” poderia custar bem menos do que se pensava.

O Superintendente da SUDENE, Valfrito Salmito, enfatizou que nunca antes o Ceará tivera “tantos projetos na pauta da SUDENE”. Seguindo o protocolo, o governador Virgilio Távora encerrou os pronunciamentos.

Desde o Plameg II recomendara a definição do polo metalmecânico como a “meta-síntese da política de industrialização do Ceará”. Nesse seu terceiro ano de governo, imbuíra-se ainda mais da certeza de que não se poderia viver “sob o constante domínio das forças da Natureza”, e de que no Ceará havia, sim, uma vocação natural para o desenvolvimento da metalurgia e da mecânica, “comprovada pelo elevado número de pe-quenas empresas desses ramos, pela existência de grandes e modernas indústrias de ponta”, e por se constituir, o Ceará, “no maior consumidor de laminados planos do Nordeste”.

A solenidade de lançamento da pedra inaugural era “prenúncio do iní-cio, em outubro de 1982, da produção de aço cearense e o ingresso oficial

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do Estado na comunidade siderúrgica nacional”. A partir daí, concluía Vir-gilio, seria possível para o cearense vivenciar “o sonho de uma economia resistente às secas”.

O tempo se encarregou de mostrar que ainda não seria dessa vez. Ape-sar disso, as declarações e sentimentos que perpassavam aquele período permitem confirmar todo o peso econômico que o setor metalmecânico representava, e representa, para o Nordeste e para o Ceará, e a responsabi-lidade depositada sobre os ombros dos associados do Sindicato das Indús-trias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado, que naquele ano de 1981 transferia sua presidência a um novo titular.

Fernando Cirino Gurgel ia enfrentar dificuldades num panorama esta-dual, nacional e internacional de incessantes altos e baixos. Mas nada tão grave que desestimulasse sua vontade de contribuir para o Sindicato.

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As reuniões do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico no Estado do Ceará continuavam a acontecer no quinto andar do Edifício Jangada. Em julho de 1981 Álvaro de Castro Correia Neto era substituído na presidência por Fernando Cirino Gurgel, eleito em chapa de consenso, assumindo a quarta Diretoria da entidade.

O encerramento do prazo de registro de chapas se deu às 19h do sábado, 28 de fevereiro de 1981, estando o pleito marcado para 5 de junho, confor-me Edital resumido, publicado na Tribuna do Ceará, tendo como candidatos efetivos para a Diretoria: Fernando Cirino Gurgel, Adalberto Benevides Ma-galhães Filho e Sebastião de Arruda Gomes. Seus suplentes eram Augusto Castelo da Cunha, Roberto Macedo e Nélson Bernardes Prado. O Conselho Fiscal tinha como efetivos: Amândio Bezerra Rolim, Fernando José Lopes de Castro Alves e José Djanir de Figueiredo, com a suplência de Cícero Campos Alves, Austregésilo Medeiros Filho e José Frederico Thomé de Saboya. Os delegados representantes juntos à FIEC eram Airton Queiroz e Adalberto Ma-galhães, com os suplentes Fernando Cirino e Djanir Figueiredo.

A chapa única foi lançada cumprindo as devidas formalidades, e a 5 de junho instalou-se a Mesa Coletora, presidida outra vez pela secretária Irenice Gurgel Freire, com as mesárias Heloisa Barros Leal Calado e Francisca Ivo-nete da Silva Almeida, obedecendo aos ditames da Portaria n° 45/81 emitida pela Delegacia Regional do Trabalho no Estado do Ceará, de 25/5/81.

Às 19h a votação foi encerrada. Dos 30 associados aptos ao exercício do voto, 21 compareceram. Cumpria-se a exigência estatutária do quórum de 2/3 dos associados. A apuração das eleições se deu imediatamente. Rai-mundo Valdizar Oliveira Leite presidiu a Mesa Apuradora, designado pela Procuradoria Regional do Trabalho, conforme Portaria n° 195 de 25/5/81. Eram mesários Álvaro Correia Neto, Presidente, e Janice Telma Moreira Gurjão, estagiária da Procuradoria, designada secretária da apuração. A chapa registrada recebeu 19 votos. Dois votos se encontravam em branco. O resultado foi proclamado pelo Presidente da Mesa.

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Na segunda-feira seguinte, dia 8 de junho, na sede da Rua Major Facun-do, os cargos foram distribuídos cabendo a presidência ao jovem Fernando Cirino Gurgel. Adalberto Benevides era o novo Secretário, e Sebastião de Arruda Gomes assumia como Tesoureiro. José Flávio Costa Lima era o Pre-sidente da FIEC e compareceu ao ato de posse da Diretoria do Sindicato, para um período que se estenderia até julho de 1984.

O Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico no Estado do Ceará tinha a companhia de “uns 12 Sindicatos” no mesmo quinto andar do Edifício Jangada, um “espaço diminuto, uma salinha no andar dos Sindicatos”, rememora Fernando Cirino em 2010. A secretária Irenice Gurgel atendia a “uns quatro ou cinco deles, inclu-sive o nosso”. Talvez pelo acúmulo de entidades ocupando um mesmo espaço, talvez pela mudança posterior de endereço, não foram locali-

zadas as atas das Reuniões Ordinárias e Extraordinárias seguramente produzidas ao longo do triênio.

O Presidente que assumia a 14 de julho de 1981 era também o diretor da indústria Metaneide, registrada com o número 24 no Livro de Registro de Associados do Sindicato, quando ainda pertencia ao maranguapense José de Paula Joca, fabricando autopeças. Em 7 de março de 1977 a Me-taneide foi adquirida por Fernando Cirino, recém-graduado em Economia, qualificado pela experiência de trabalhar desde os 18 anos na Fundição Cearense, pertencente à sua família. Tinha 24 anos ao adquirir a nova em-presa, e confirmava trazer no sangue a paixão pela indústria.

É ele quem resume a própria história: “Passei seis anos na Fundição Cearense. Depois compramos a Metaneide, em 1977, um ano após ela ter entrado em operação. Lá então começamos a produzir tambores de freio e cubos de roda fundidos. Em 1996 firmamos o nome Durametal, a partir da unidade que inauguramos no Distrito Industrial de Maracanaú, com uma concepção completamente nova”. (Interação-Boletim Informativo para for-necedores da Mercedes-Benz do Brasil, dez/2008)

Aos 29 anos, assumindo a presidência do Sindicato, sabia da respon-sabilidade que iria recair sobre seus ombros tendo o pai, Célio Gurgel, o primeiro Presidente, como referência anterior de liderança associativa.

“Desde o início da minha vida na política classista me caracterizei por tentar congregar as pessoas”, relembra Fernando. “Minha gestão ficou conhecida pela aproximação com o Sindicato dos Trabalhadores estabe-lecendo negociações saudáveis e produtivas para ambas as partes, tendo parceria como palavra-chave”. Sobre aquela primeira incursão como líder sindical, Fernando reconhece ter sido “um exercício muito importante para minha experiência empresarial”.

Antes dos 30 anos preocupava-se em “consolidar a necessidade de pro-curar soluções que fossem boas para todos. E hoje ainda continuo coerente com isso. Tenho nossos fornecedores aqui como parceiros, nossos colabo-

Linha de produção da Durametal

A questão do preço CIF uniforme foi

uma das primeiras a se impor durante

a administração de Fernando Cirino.

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radores como parceiros, e nossos clientes também como parceiros. A políti-ca do ganha-ganha é abrangente em todas essas etapas. Isso traz vantagens expressivas para todos”.

Fernando prossegue: “Construir uma relação entre empresários que às vezes são até concorrentes é uma coisa que pode ser muito difícil. O importante é exercitar esse convívio, e desse convívio tirar partido. Com relação aos trabalhadores, foi levado em consideração, no relacionamento com eles, o sentido de prepará-los, de qualificá-los, e é por isso que eu digo que foi uma política construtiva. Foi um trabalho construtivo, onde não se estava apenas negociando salário. Estava-se negociando condição de traba-lho, estava-se negociando qualificação profissional”.

A negociação salarial “era apenas um item” de uma pauta repleta de desafios, entre os quais a atração de novos associados. O livro de registros do Sindicato guardou os nomes das indústrias cuja filiação recebeu o Acei-to oficial entre 1981 e 1984.

A Siderúrgica Cearense, de Jorge Gerdau Johannpeter, foi a primeira a ser aprovada, uma semana depois da posse de Fernando Cirino. Tinha ape-nas 5 funcionários no Ceará. Seguiu-se a COINBRA – Comercial e Insta-ladora Brasil Ltda, dos irmãos Gomes Viana (2/2/82), com 50 empregados. A Alubrás – Artefatos de Aço e Alumínio do Brasil S/A, de José Amilcar Mendes de Araújo, com 133 funcionários, registrou-se a 30 de agosto de 1982, tendo como Gerente Industrial o argentino Mario Bravo, a quem o futuro reservava, uma década adiante, a presidência do Sindicato. Na mes-ma data foi aceita a ELMETA - Indústria Eletro Metalúrgica Ltda, de João Paulo Simões Accioly de Carvalho, com seus 18 funcionários.

Em fevereiro de 1983 foi a vez de entrar a Condugel S/A do Ceará, tendo Pedro Iacono como Diretor Presidente e 40 operários. Com ela o Sindicato alcançou o marco de 50 associados. A Tyrol Indústria Comércio e Serviços Ltda associou-se a 6 de dezembro de 1983. Contava com 27 funcionários e tinha à frente Wilson Maia de Aragão.

O crescimento repercutia em notícias positivas sobre a criação de pos-tos de trabalho. Logo nos primeiros dias de julho de 1981 sabe-se que um porta-voz do Consider telefonara para o governador Virgilio Távora comu-nicando a aprovação do Projeto da Laminação a Frio de Fortaleza, empre-endimento do Sistema Siderbras, que traria para o Ceará exatos 1.113 em-pregos diretos, beneficiando mais de 10.500 cearenses. As previsões para o Projeto apontavam uma produção de 120 mil toneladas/ano de chapas finas a frio, e 80 mil toneladas/ano de folhas de flandres. A execução teria início naquele ano, 1981, estendendo-se até 1985. A capacidade plena de operações se daria no distante ano de 1988.

Movimentando o setor, a Tribuna do Ceará havia instituído a Meda-lha do Mérito Ângelo Figueiredo, destinada a homenagear anualmente os empresários que contribuíssem para o desenvolvimento da indústria me-talmecânica cearense. O primeiro a receber a honraria foi o empresário Edson Queiroz, fundador da Esmaltec, “levando em consideração princi-palmente seu pioneirismo”, como justificava o jornal. Pioneiro também ti-nha sido Ângelo Figueiredo, fundador do Grupo formado pelas empresas ANFISA, CIBRESME e Movaço, personalidade que já se encontrava incorporada à história econômica do Ceará no setor metalmecânico, apesar de seu faleci-mento precoce, a 4 de abril de 1963.

A questão do preço CIF uniforme foi uma das primeiras a se impor durante a administração de Fernando Cirino. Uma breve explicação se faz ne-cessária para contextualizar essa benesse, sobre a qual pairava a sombra da extinção e uma grande perda para o Nordeste.

CIF é a forma abreviada da expressão Cost, Insu-rance and Freight – custo, seguro e frete. Utiliza-se nos casos em que a responsabilidade pelas despesas com

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a remessa de mercadorias cabe ao fornecedor. Para o Ceará, assim como para os demais Estados que se encontravam distantes dos grandes centros produtores, o preço CIF uniforme, criado em 1976, era o que garantia, sem exageros, “a sobrevivência do setor metalmecânico” (TC, 10/9/81), permitindo preços competitivos. Sem o diferencial, mais flagrante se faria o desequilíbrio daquelas regiões com os preços oferecidos na vizinhança dos Estados de onde partia a matéria-prima.

Em 1982, a ASIMEC - Associação das Indústrias Mecânicas, Metalúr-gicas e de Material Elétrico do Norte e Nordeste divulgou balanço de suas atividades “em atenção à melhoria de imagem do produto Nordeste,” apre-sentou sua “decisiva atuação em prol da implantação, no Ceará, da usina de laminados, por cujo funcionamento prosseguia lutando”, e mostrou ha-ver obtido “resultado positivo na luta pela manutenção do CIF uniforme para chapas de aço” (TC, 11/9/82).

O momento ainda não se fazia propício a mudanças que eventualmen-te pudessem desestabilizar o delicado equilíbrio regional, especialmente no período que vinha desde 1974, definido pelo jornal Folha de São Pau-lo (14/8/83) como “a maior crise da siderurgia mundial desde a Grande Depressão”. A análise jornalística era ilustrada por uma narrativa peculiar da percepção oriental de mundo, protagonizada por Eishiro Sato, um dos mais destacados siderurgistas japoneses, que informava sobre uma curiosa alteração no ideograma utilizado para representar a palavra ferro. Os ideo-gramas não representam apenas um som. Possuem um significado. E, nesse novo contexto do início da década de 1980,

a forma original do ideograma tetsu para a palavra ferro, que sig-nificava “o rei dos metais”, após a simplificação dos caracteres, a nova forma adotada para o mesmo ideograma fez com que ele passasse a significar “perder dinheiro”.

No início da década anterior o Brasil havia “embarcado no mais am-bicioso programa de expansão siderúrgica de sua história”, analisava a Fo-

lha. Em 1979 o país havia sido surpreendido pelo acirramento da recessão internacional, pela maxidesvalorização do cruzeiro, pelo desaquecimento da demanda por produtos siderúrgicos, rescaldo ainda da alta do petró-leo pós-1973, e tinha sido colhido em cheio pela Crise, com C maiúscu-lo, assumindo todos os prejuízos daí decorrentes. Não era à toa que em 1983 a Siderbras acumulava dívida externa superior a U$ 7,7 bilhões (GM 17/8/83), prenunciando o quadro de dificuldade que viria pela frente.

A presidência do Sindicato foi o primeiro passo de Fernando Cirino Gurgel para uma longa carreira em cargos chave da liderança empresa-rial cearense. Como reconhece hoje, “o Sindicato foi a base de tudo”. Compõem sua biografia a presidência do CIC – Centro Industrial do Ceará, de 1987 a 1989; a vice-presidência da FIEC, de 1989 a 1992, de onde alçaria à presidência, entre 1992 e setembro de 1999. De 1995 a 2002 ocupou cargo nacional, como Diretor 1° Tesoureiro da CNI – Confederação Nacional da Indústria, exercendo de 2002 a 2006 a Vice--Presidência da Confederação, além de membro do Conselho da CNI e outros cargos e homenagens de igual relevo, incluindo a Medalha do Mérito Industrial, recebida a 4 de junho de 2009.

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No exercício da presidência do CIC esteve entre os que se empenha-ram em concluir a construção da Casa da Indústria cearense, um sonho dos empresários locais,

financiada em grande parte pela Confederação Nacional da Indús-tria, sob presidência do industrial senador Albano Franco, graças à compreensão de sua necessidade e importância; a determinação do Dr José Flávio Costa Lima, Presidente da FIEC, e de seu sucessor Dr Luis Esteves Neto, que não esmoreceram diante dos obstáculos quase intransponíveis postos, sobretudo, pela inflação.1

A construção do enorme prédio era encarada como “uma missão”, nas palavras do sócio Dário Pereira Aragão, proprietário da Daferro S.A, para quem Fernando Cirino continua sendo “um dos nomes mais importantes, e de maior prestígio nacional” do Sindicato eletrometalmecânico. Conclu-ída a obra, o crescimento industrial cearense exigiu a construção de outro prédio, o Anexo II da Casa da Indústria, ocupando área de 2.332m², que em reconhecimento “à competência e administração realizada por quem fez da parceria a palavra chave da sua administração,”2 ganharia o nome de Fernando Cirino Gurgel.

A ideia da permanente renovação dos titulares da presidência do Sin-dicato mostrava seus frutos. “O Sindicato foi sempre dirigido por pessoas comprometidas com a causa coletiva, e não com o interesse individual”, reflete Fernando Cirino, constatando de forma incisiva: “Presidente perso-nalista lá nunca vingou”. Nisso tinha Fernando a inteira concordância de muitos diretores e associados, entre os quais o paulista Carlos Prado.

A vivência de Carlos Prado, associado ao Sindicato desde 1975, várias vezes cogitado pelos colegas para ocupar a presidência, a qual várias vezes recusou, é rica o suficiente para acumular, desde 1973, a presidência da Cemag S/A, fábrica de máquinas e implementos agrícolas; a presidência da Itaueira Agropecuária S/A, produtora de frutas e fabricante de sucos de fru-tas, existente desde 1982; o cargo de 2° Delegado do SIMEC na FIEC, onde

é também Vice-Presidente; Presidente da Comissão Nacional de Fruticultu-ra, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA; Presidente da Câmara Setorial de Fruticultura do MAPA - Ministério da Agricultura, Pe-cuária e Abastecimento, além de Membro do Conselho da EMAZP-Empresa Administrativa da ZPE, como representante da FIEC.

Em texto escrito por ele, avalia a política de renovação constatando, como fato muito importante na vida do Sindicato, “a adoção da prática de mandato único para a Presidência. Com isso, vários líderes foram revelados. Entre os ex-presidentes, três foram presidentes do CIC, e dois foram presidentes da FIEC, sem contar outros cargos como diretores da FIEC ou vice-presidência da CNI, decorrentes da formação natural des-sas novas lideranças. Esse modelo foi quebrado apenas em uma gestão, em que houve reeleição”.

No mesmo texto apresenta uma avaliação lúcida dos momentos do passa-do, projetando os desafios dos anos 1980 para os dias de hoje, quando novas

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metas passam a ser trabalhadas no Sindicato, sendo uma delas “a introdução de pequenos e médios empresários do setor no mundo global.” E prossegue: “O SIMEC já iniciou os primeiros movimentos nesse sentido. É preciso que nossos empresários adquiram a cultura do comércio exterior, como fato corri-queiro. A visita a feiras, buscando tecnologia e venda de produtos, é meta a ser buscada. Para isso, o Sindicato tem condições financeiras e gerenciais”.

Um ponto essencial é destacado por ele, em pleno consenso com o pensamento de Fernando Cirino: “Os empresários têm que se habituar ao fato de que o mercado de nosso setor, para compra de matérias primas, insumos e tecnologia, e para a venda de nossos produtos, é o mundo todo. Não mais nossa micro-região ou nosso País”.

Completando quatro décadas de atividade no setor metalmecânicano, Fernando Cirino incorpora a autoridade de quem está pronto para exportar

acima dos 9,3% da produção que exporta hoje, saída dos fornos e má-quinas da Durametal – continuação da Metaneide, e esta, por sua vez, a continuidade natural da Fundição Cearense, vinda dos idos de 1855. Dele partiu o empenho de fortalecer junto aos empresários a consciência de que “o Ceará era, e é, muito pequeno. Nós tínhamos que ter empresas que olhassem para fora. Que produzissem aqui, mas olhando o mercado lá fora. Porque a empresa que se limitasse ao mercado local estava condena-da a ser pequena a vida toda”.

Na voz de Fernando Cirino, ou no texto de Carlos Prado, era o conceito da globalização chegando ao Sindicato cearense, ainda no início dos anos 1980, com um adiantamento considerável.

Mas enquanto as portas do mercado externo não se abriam para todos recorria-se ao atendimento das necessidades internas, certas e constantes, como ficou patente em agosto de 1983 quando os industriais nordestinos do setor metalmecânico reuniram-se, em Fortaleza, para elaborar um Me-morial destinado Ministro do Interior, o gaúcho Mário Andreazza, solici-tando que os utensílios de trabalho do programa Bolsões da Seca, ação do Governo Federal para minimizar os efeitos de uma estiagem que se arrasta-va desde 1979, fossem adquiridos de indústrias sediadas no Nordeste.

“O Nordeste precisa gerar empregos”, enfatizava a matéria veiculada no O Povo (19/8/83), mês no qual o cruzeiro sofreu quatro reajustes, com o dólar subindo a estratosféricos Cr$ 680,00,13 e as dívidas institucionais alcançando a casa do trilhão – impensáveis 12 zeros depois do número.

Em meio a tal cenário o jornal traduzia a conclusão dos industriais. “O Nordeste precisa gerar impostos e recursos, a partir da aquisição destes im-plementos, que somam, em média, Cr$ 1 bilhão mensal”. Eram carrinhos de mão, pás, enxadas, facões, goivas, equipamentos de trabalho que o Ce-ará e outros Estados nordestinos poderiam oferecer, partindo das vantagens de um frete mais barato, que proporcionaria produtos com custo final evi-dentemente menor.

Tonico Aragão (Tyrol); Adalberto Benevides (Cellene); Danilo Pereira (Secretário da Indústria e Comércio-CE); Luís Esteves (Pres. FIEC); Fernando Cirino (Metaneide).

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Antes como agora, a união dos empresários fazia a força do setor, e o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico no Estado do Ceará faz questão de apertar esses laços. “É preciso trabalhar de forma construtiva, com racionalidade, elegendo itens que são conver-gentes”, afirma Fernando hoje. “Se a matéria-prima está cara no Brasil, os empresários procuram se juntar e importar matéria-prima desonerada de tributo. Se a questão é de ordem trabalhista salarial, vamos trabalhar juntos para tentar superar o problema”.

A aproximação de novo período eleitoral, em meados de 1984, mo-bilizou a formação da chapa única. Fernando Cirino não era mais can-didato. “O Sindicato é uma entidade que, desde o princípio, procurou não deixar ninguém se perpetuar no cargo”, repete ele, acrescentando: “Desde a criação somos um referencial dentro da FIEC. Não é o Sindicato mais antigo, mas conseguiu se tornar uma referência”.

As inscrições para o registro de chapas foram encerradas às 19h do dia 20 de março de 1984, o ano das “Diretas Já”, movimento que exigia nas ruas a volta da democracia e das eleições diretas, em âmbito nacional. Fer-nando Cirino ainda presidiu mais uma reunião, no dia 25 de junho, apre-sentando o Balanço e o Relatório de Atividades do ano anterior, já ciente da chapa que iria substituí-lo.

A chapa única era formada por Antonio Carlos Maia Aragão, Adalberto Magalhães Filho e Hélder Coelho Teixeira, como Diretores efetivos; Augus-to Castelo da Cunha, Roberto Proença de Macedo e Sebastião de Arruda Gomes, suplentes; José Sérgio Cunha Figueiredo, Nélson Bernardes Pra-do e Fernando José Lopes de Castro Alves, membros efetivos do Conselho Fiscal; Airton Queiroz, Cícero Campos Alves e José Frederico Thomé de Sabóia, suplentes; Antonio Carlos Maia Aragão e Fernando Cirino Gurgel,

Delegados representantes junto à FIEC; e Acácio Araújo de Vasconcelos e Aloísio Dutra, suplentes.

A 5 de junho de 1984, Irenice Gurgel voltou a presidir a Mesa Co-letora eleitoral, tendo como mesárias Maria Suely do Carmo Mendes e Sandra Sampaio Gomes Albuquerque, seguindo as instruções da Portaria n° 36/84 de 29 de maio de 1984 da Delegacia Regional do Trabalho. Às 13h chegaram os primeiros eleitores à sede do Sindicato, na Rua Major Facundo. Dos 33 associados em condições de votar, 30 compareceram até 19h, horário de encerramento, oferecendo o quorum necessário.

A apuração das eleições foi conduzida por César da Silveira Antunes, designado pela Portaria n° 145, de 9 de maio de 1984, da Procuradoria Regional do Trabalho, para presidente da Mesa Apuradora, que anunciou a chapa vencedora. A distribuição dos cargos se deu no dia seguinte, mantendo a mesma sequência do registro, ou seja, Antonio Carlos como Presidente, Adalberto Magalhães como Secretário, e Hélder Coelho Tei-xeira no cargo de Tesoureiro.

A quinta Diretoria tomou posse no dia 14 de julho de 1984, às 19h. Antonio Carlos Maia Aragão ia ter pela frente novas circunstâncias trazidas pelas mudanças de moeda, e conflitos de toda ordem.

Notas: 1 - Geraldo Nobre, O processo histórico de industrialização do Ceará. Fortaleza, SENAI/DR-CE, 1989 2 - Relatório FIEC 1992-1995, Coordenação Eduardo de Castro Bezerra Neto 3 - Almanaque Abril, 1984

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Antonio Carlos Maia Aragão não era um nome muito conhecido. To-nico Aragão era bem mais. E é dessa maneira informal que continua a ser tratado por amigos, colegas, e até mesmo por estranhos. Como quase todos seus antecessores no cargo, vinha ele de uma família ligada à área metal-mecânica. O pai era um dos sócios da empresa J. Torquato & Cia, na época “a maior empresa de ferro e aço do Brasil, com matriz no Rio de Janeiro e filiais em todos estados brasileiros”, como bem recorda.

“Quando comecei, em 1966,” escreve ele de Sobral, onde hoje reside, “era contínuo de meu pai, atendendo recados, servindo cafezinho, indo a bancos fazer pagamentos, indo posteriormente para vendas, com estágio de três meses em cada filial de Fortaleza: Casa Villar, Casa A. Porto, Casa Elizeu, todas no Centro da cidade”. As mercadorias de maior porte eram recebidas no armazém geral da empresa, na ainda Rua Monsenhor Tabosa, onde se encontra hoje a sede do SEBRAE/CE.

Em 1970 Tonico solicitou à diretoria da J. Torquato que aproveitasse melhor o generoso espaço disponível na Monsenhor Tabosa. Embora com relutância, pela desconfiança natural de se afastar do coração comercial de Fortaleza, a proposta foi implementada apresentando, de imediato, resul-tados altamente positivos. Em menos de dois anos a intensificação do mo-vimento dos negócios dispensou a manutenção das filiais no Centro, onde permaneceu apenas a loja grande, na Rua Major Facundo, 321, e os olhos dos empresários e da própria cidade passaram a se voltar para aquele novo território entre os bairros do Centro e da Aldeota.

No armazém havia “umas máquinas de fazer prego”, conta Tonico. “Foi quando constituímos a INASA – Indústria Nordestina de Aço S/A. Pos-teriormente, compramos um terreno na Av. Francisco Sá, 7785, na Barra do Ceará, um novo projeto via SUDENE. Aí começou minha vida na área da metalurgia”, resume ele. A INASA foi vendida em agosto de 1988. Tonico continuou diretor até 1990, quando deixou o setor metalmecânico. Até 1996 continuou na Diretoria do Sindicato e a frequentar o Sistema FIEC. E

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depois foi ser fazendeiro em Sobral, um plano que muito certamente não estava em sua pauta, em meio ao calor dos acontecimentos vivenciados entre 1984 e 1987.

Em 1985 o Brasil tinha novo presidente: o mineiro Tancredo Neves, eleito ainda pela forma indireta, apesar de toda a mobilização popular em favor das eleições diretas, e que não chegaria a governar um único dia, falecendo logo após assumir. O Governo passou às mãos de seu vice, o ma-ranhense José Sarney, há longa data na política, e que deixaria sua marca, entre outras até hoje lembradas, autorizando mais uma mudança da moeda na tentativa de conter a espiral inflacionária.1

O Brasil se via às voltas com os resultados de uma inflação galopante. De 1980 a 1982 vinha beirando os 100% ao ano, chegara em 1983 a mais de 200%, e nesse passo acelerado prosseguiria até a implantação do Plano Cruza-do, no dia 28 de fevereiro de 1986,2 que não alcançaria o resultado esperado.

O descontrole das contas conduzia a um rumo previsível. No final de 1985 as rodadas de negócios entre operários e patrões giravam velozes no país. No Ceará, segundo notícia veiculada no O Povo (29/10/85), o sétimo andar do edifício que sediava a FIEC recebia os envolvidos em busca de acordos que satisfizessem ambas as partes. Uma das últimas reuniões do Sindicato metalmecânico naquele ano tinha Adalberto Magalhães Benevi-des como Presidente em exercício. “Não se falou em greve”, informava o jornal. “E o nível de entendimento está elevado”.

Tonico registra: “Eu tinha uma Diretoria ilibada demais. Hélder Coelho, Car-los Prado, Fernando Cirino, Adalberto Benevides...”. Com a participação dessa Diretoria as indústrias se faziam presentes a feiras e eventos ligados ao setor metalmecânico, no Brasil e no exterior (“sempre de grande valia e de efeito mul-tiplicador para a economia do Ceará e do Nordeste”), tomavam conhecimento da intensa demanda nacional pelo aço, do crescimento do consumo do aço no mercado interno (9% a mais em 1985), e da indefinição do Governo Federal en-tre atender às necessidades do Brasil, ou priorizar as exportações (GM 3/3/86).

No Sindicato, o Presidente e seus Diretores discutiam fatos corren-tes, como o controle dos preços nos produtos de aço afetando o balan-ço da CSN, que apresentava trilhões de cruzeiros em prejuízos (GM 19 a 22/4/86). Preocupavam-se com o acidente ocorrido no forno número 3 da CSN, agravando ainda mais a delicada situação econômica da Siderbras que, a essa altura, cortados três zeros do cruzeiro na mudança para o cru-zado, “para cada Cz$ 9,00 de capital próprio possuía Cz$ 91,00 em dívi-das” (FSP 4/6/86). E aguardavam dias melhores, que certamente viriam.

Manchete do jornal Diário do Nordeste, em junho de 1986, dizia ter sido designada “nova comissão de alto nível ao projeto da laminação” para reavaliar a Unidade de Laminação de Aço de Fortaleza, aprovada pela Re-solução 135/81 do Consider, constando na referida comissão o nome de Adalberto Magalhães, Secretário do Sindicato. O prazo para conclusão dos estudos era de 120 dias.

Laminados de aço

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Era essa uma das boas expectativas permitidas pelo ad-vento do cruzado. Em agosto de 1986 a indústria metalúr-gica cearense já registrava maior desempenho, tornando possível um crescimento de 30% na oferta de emprego. Tonico se animava. “O desenvolvimento é tão bom que há até carência de mão de obra especializada”, afirmava em entrevista ao Diário do Nordeste (8/8/86). O treinamento de mão de obra, dizia ele, era uma das metas principais do Sindicato, que estabelecera parceria com o SESI para instalar cursos de especialização e extensão direcionados à formação de pessoal.

O Sindicato liderado por Tonico Aragão era constituído por 50 empre-sas, que contavam com 10 a 2.500 funcionários. Em todas elas o nível de emprego subia, e a demanda acompanhava o ritmo. Eram 33 as empresas de médio porte na área metalmecânica, oferecendo 18 mil empregos di-retos. Todas trabalhavam com “100% da capacidade”, comemorava Toni-co, “como estavam em 1979 e 1980, antes da recessão econômica” (DN 8/8/86), motivadas pela nova moeda em circulação, responsável pelo de-saparecimentos dos produtos das prateleiras.

Ao mesmo tempo, o acidente com o forno da usina de Volta Redon-da agia como elemento preocupante, pelo prejuízo que causaria ao for-necimento de matéria-prima. “Estamos com problemas para conseguir aços planos. Quem não tiver esse tipo de matéria-prima estocada vai ter problema”, advertia o titular do Sindicato metalmecânico. De fato. Em julho a produção de aço bruto caía 10% no Brasil, em consequência da desativação do forno. E as greves dos metalúrgicos atingiam 15 empre-sas na Grande São Paulo.

O Povo alertava: “Indústrias cearenses podem parar trabalho” (18/8/86). A falta do aço retrairia a expansão do setor, que havia criado uma perspectiva de 20% de crescimento em relação a 1985. O Nordeste

participava com meros 8% do consumo nacional de aço. No Ceará, as indústrias consumiam 70 mil toneladas/ano, podendo saltar para 80 mil – caso os entendimentos com os poderosos decisores nacionais corressem bem. Tonico viajava com destino a reuniões em Brasília, junto a represen-tantes nordestinos, para falar sobre a falta de matéria-prima e, principal-mente, para solicitar a prometida reavaliação do projeto de implantação da laminação de aços planos a frio.

Às preocupações de Tonico se somava a questão ainda não resolvida do frete CIF uniforme. Em 2011 o ex-Presidente analisa o tema: “Essa era uma condição que as empresas do Nordeste tinham, de receber aqui, em suas fábricas, a matéria-prima pelo mesmo preço do Sul do país. Era uma maneira de termos competitividade para vender nossos produtos, já que os maiores compradores eram do Centro-Sul”.

Mas quanto a isto o futuro parecia pouco promissor. “Metalurgia altera CIF e aumenta matéria-prima”, resumia o título de notícia do Diário do Nordeste (20/8/86). De acordo com a reportagem, a indústria metalúrgica nordestina se encontrava entre duas opções: ou abdicava do frete CIF ou procurava uma maneira de alterá-lo: “Ou aumento no custo da matéria--prima ou é se conformar com as quantidades mensais de chapas e lâminas de aço que vem recebendo”. Isso porque a demanda metalúrgica regional aumentara muito depois do Plano Cruzado (“300% de aumento no Ceará”, informava Tonico ao DN, a 30 de outubro), sem crescimento proporcional na produção siderúrgica nacional.

O setor metalúrgico cearense, em particular, até o mês de julho daque-le ano operava “com mais ou menos 4 mil toneladas/mês de aço” (DN, 20/8/86). Em agosto a demanda se elevara para cerca de 10 mil toneladas/mês, “sem poder ser atendida pelas fornecedoras nacionais”.

O cenário levava justamente à questão de extinção ou elevação do CIF uniforme, “mantido há vários anos, por dispositivo de lei”, como esclarecia a reportagem jornalística, “e que consiste em cobrança pela indústria side-

O treinamento de mão de obra era uma das metas principais do Sindicato

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rúrgica de 3,56% das vendas, para formar um fundo que financia o preço uniforme do aço para qualquer parte do país”.

A indústria metalúrgica local reuniu-se para definir suas cotas de aço. O Presidente do Sindicato comunicava através do Diário do Nordeste (23/8/86) estar “sendo formado um Banco de Dados com informações sobre os mais atingidos”, e não dava garantias de que as indústrias metalúr-gicas locais viessem a conseguir as cotas de laminados de aço necessárias para os três últimos meses do ano. O terceiro trimestre que estava em curso se mostrava “significativamente pior que os dois últimos”, declarava ele, em evidente pessimismo, lembrando que “os 3,56% que se está cobrando nas notas fiscais não cobrem a demanda da região”.

A carência de matéria-prima se agravava. No dia 26 de agosto o DN dava o alarme: “Indústria metalmecânica pode parar por falta de lamina-dos”. Reunidos na sede do Sindicato, no dia anterior, os empresários ha-viam chegado ao ponto de estimar a falência do setor a partir de outubro, caso não fosse logo regularizado o abastecimento do mercado. Os esto-ques das indústrias que trabalhavam com laminados de aço se encontravam quase a zero. Além do mais, não havia garantia, por parte das indústrias siderúrgicas da região Sul e Sudeste, responsáveis pelo abastecimento do Norte e Nordeste, de que houvesse de fato a regularização para o quarto trimestre daquele ano de 1986.

Tonico revisara os números e comunicou aos interessados no tema: “O consumo médio mensal das indústrias no primeiro semestre foi de 4.200 toneladas/mês. Para o quarto trimestre, a previsão é de 9.900 tone-ladas/mês”. Não havendo o atendimento, o nível de empregos no setor metalmecânico corria o grave risco de cair pela metade. A questão central estava na reativação da economia brasileira com o Plano Cruzado, que aumentara o consumo de material siderúrgico no país, combinado com o incêndio no forno da CSN, que impedia o fornecimento, num raciocínio circular, de resultado complexo.

Tribuna do Ceará e O Povo amplificaram a notícia no dia seguinte. No Ceará, Estado que contribuía com 5% do consumo no mercado nacional de laminados produzidos (TC 24/8/86), as 35 indústrias sindicalizadas do setor ameaçavam parar por falta de aço, pondo em risco o emprego de 20 mil metalúrgicos (OP 24/8/86). Tratava-se, é verdade, de um contin-gente minúsculo, diante, por exemplo, dos 480 mil metalúrgicos vincula-dos aos Sindicatos de Guarulhos, Osasco e São Paulo (GM 18/9/86), mas nem por isso era menos relevante.

Preocupado com a situação no Nordeste o Presidente da ASIMEC, Adalberto Magalhães Filho, endossava as previsões de Tonico Aragão: “Em setembro vamos reduzir a produção, porque os estoques estão se exaurin-do” (OP 27/8/86). O Governo Federal estava importando 500 toneladas de aço, cifra de pouca monta para uma produção nacional de 7,5 milhões de toneladas. E o preço CIF uniforme, “condição única de competitividade

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das empresas brasileiras”, na palavra de Magalhães Filho, oscilava na corda bamba ao completar uma década de existência.

Antes do final do ano de 1986 a Siderbras acumulava a dívida gigan-tesca de U$ 16 bilhões, correspondente a cerca de 16% da dívida externa brasileira (FSP 11/9/86). Compunham o Grupo: Açominas, Cosipa – Com-panhia Siderúrgica Paulista, CSN – Companhia Siderúrgica Nacional, CST – Companhia Siderúrgica de Tubarão e Usiminas (GM 19/9/86).

Medidas urgentes se faziam necessárias, e se chegaram anunciadas pelo Ministério da Indústria e Comércio: a implementação do II Plano Si-derúrgico, cuja política era “garantir ao Brasil sua posição de produtor e exportador de produtos siderúrgicos, sem intenção de lançar mão da im-portação de aço bruto,” sabendo-se que “para cada ponto percentual de aumento do PIB há uma correspondência quase matemática na demanda do consumo de produtos siderúrgicos de 1,1 ponto” (GM 13 a 15/9/86).

À frente do Sindicato cearense, Tonico se angustiava. “Esta é a hora que o Nordeste tem a oportunidade de crescer”, afirmava à imprensa (DN 20/9/86), resgatando a dolorida lembrança dos últimos cinco anos conse-cutivos de seca, alternando com enchentes destruidoras, que indicavam o caminho da industrialização como a única saída viável para o Estado. Enfatizando a gravidade do momento, apresentava estudos sobre a ne-cessidade das cotas de laminados de aço para as indústrias cearenses, apontando a segunda quinzena de outubro com o “período crítico” para quem dispunha de estoques “quase totalmente esgotados” (DN 2/10/86).

Em Brasília o presidente José Sarney convocava seu alto escalão. Os mi-nistros Dílson Funaro, João Sayad e Hugo Castelo Branco confabulavam sobre os percalços sofridos pelo Plano Cruzado em sua execução, sobre a iminência de uma segunda fase para o Plano, sobre o processo de saneamento financeiro da Siderbras, levantando-se a hipótese de o Brasil tornar-se importador de aço, a partir de 1989, caso o plano de saneamento não fosse reativado, e não se retomassem os investimentos no setor siderúrgico (FSP 12/10/86).

O congelamento dos preços, implantado junto com o Plano Cruzado, o fim da correção monetária, a mudança da moeda, a criação do “gatilho” salarial, nenhum dos drásticos remédios havia se mostrado eficiente para conter uma inflação que ultrapassaria 1.000% ao final de 1986.

Carlos Prado, o Presidente que o Sindicato não teve, era Presidente da Cemag e sentia as tribulações econômicas na própria pele. Em depoimento por escrito, apesar do distanciamento de um quarto de século bem recorda como, no Governo Sarney, “o setor primário sofreu um retrocesso tremendo, ficando impossibilitado de fazer investimentos. O congelamento dos preços dos produtos agropecuários não foi acompanhado pelo congelamento dos custos dos insumos e mão de obra, tornando as empresas do setor quase irre-cuperáveis. Os financiamentos que as mesmas detinham continuaram sendo corrigidos, por índices irreais, tornando as dívidas impagáveis”.

No setor metalúrgico a situação fervia. As negociações entre os metalúr-gicos de São Paulo e as empresas que formavam o antigo Grupo 14 da FIESP, composto por 22 Sindicatos, se encontravam próximo a um impasse. A Gaze-ta Mercantil (30/10/86) desvendava a estratégia dos operários do setor, que começariam, naquela mesma semana, “a colocar em prática uma das táticas para atendimento de reivindicações: concentrar a luta sindical nas fábricas de empresários que tem assento na direção da FIESP” – que a essa altura havia elaborado um Manual Anti-Greve, com orientações de procedimentos.

O prazo apresentado por Tonico para o fim dos estoques de aço se apro-ximava. O Diário do Nordeste avisava a seus leitores: “a indústria metalúrgica cearense começa a suspender sua produção a partir da próxima semana caso não receba as cotas programadas de lâminas de aço” (18/10/86). Até mesmo o suprimento dos botijões de gás butano de 13 quilos estava ameaçado.

O intenso movimento empreendido pelo Sindicato dos empresários conseguiu que as siderúrgicas nacionais enviassem 30% das cotas a que as empresas cearenses tinham direito (DN 21/10/86). Estava garantido o prosseguimento das atividades industriais até o final de outubro – porém

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não até novembro, quando a situação complicaria nova-mente, “pois a necessidade das empresas do setor meta-lúrgico local é, no momento, de 60% a mais do que as cotas que elas têm recebido”, protestava o Presidente.

Caso as cotas de laminados de aço não chegassem ao Ceará até o final da primeira quinzena de novembro, previa-se demissão de 27% do pessoal e paralisação de 90% do setor metalmecânico no Estado (DN 28/10/86).

A situação mostrava-se extremamente grave para a indús-tria metalúrgica como um todo. As indústrias cearenses traba-lhavam com 80% da capacidade. Tonico martelava: “As empre-

sas produtoras de aço não tem interesse de manter o fornecimento para o Nordeste, que recebe o produto com o mesmo preço do Centro-Sul, com o benefício do custo de transporte, que representa em torno de 30%” (TC 23/10/86). Aparentemente, o CIF uniforme, “a maior conquista nordestina”, se convertia em arma de dois gumes.

A CSN anunciara aumento da produção de laminado de aço, fato que não repercutira “em nada” para o Norte, para o Nordeste, muito menos para o Ceará, “sempre esquecido nesta questão” (DN 21/10/86).

A Diretoria do Sindicato planejava para breve a realização de um En-contro Geral de todos os sindicatos de indústrias metálicas do Nordeste, tendo em vista a ausência de sinalização positiva de Brasília, unindo forças para reivindicar, junto aos ministros nordestinos do governo Sarney, maio-res oportunidades para a região. A ASIMEC empenhava-se em igual luta para “abrir uma frente ampla e solidária em defesa dos interesses do Norte e Nordeste”, nas palavras de Adalberto Magalhães Filho (DN 24/10/86).

O Encontro Geral aconteceu conforme planejado, em Recife, no dia 18 de novembro, resultando dele a elaboração de um documento sobre o setor me-talmecânico, com avaliação e reivindicações, a ser discutido com representan-tes de entidades como Siderbras, Consider, Instituto Nacional dos Distribuido-res de Aço e Carteira do Comércio Exterior do Banco do Brasil (TC 29/11/86).

O intrincado mecanismo de funcionamento desse país chamado Brasil produzia suas surpresas. O dilúvio de lamentações era contestado pelo au-mento real do consumo e pela fria objetividade dos números. Em meio às tempestades de outubro, análise conjuntural do Banco do Nordeste com a FGV – Fundação Getúlio Vargas apresentava um surpreendente dado referen-te ao crescimento do setor metalmecânico do Norte e Nordeste: 17,27% no último semestre, com o Ceará, em particular, apresentando crescimento de 32,7% no período de fevereiro a julho daquele ano de 1986.

A FIEC apresentava igualmente resultados positivos para o setor, que respondia por 21 mil empregos (TC 31/1/87), e que registrara aumento de 42% na empregabilidade, entre janeiro e setembro de 1986 (TC 17/1/87).

O Sindicato das Indústrias Mecânicas, Metalúrgicas e de Material Elétrico no Estado do Ceará acompanhava o ritmo e crescia. No final de 1986 conta-va com 38 empresas filiadas (OP 24/10/86), ocupadas na produção de ele-trodomésticos, medidores elétricos, máquinas agrícolas, componentes para a indústria automobilística e outros, mantendo o Estado entre os maiores consu-midores de laminados a frio do Norte e Nordeste. No balanço de dezembro havia boas expectativas. Magalhães Filho declarava aos jornais: “1986 foi um ano de muito trabalho. Mas 1987 será um ano de esperança” (DN 28/12/86).

Por trás da manchete “Abastecimento de aço preocupa indústria cea-rense”, a Tribuna do Ceará de 17 de janeiro de 1987 comemorava o fato de a indústria metalmecânica local haver registrado “uma das melhores per-formances do setor de transformação do Estado, com taxa de crescimento de 48,4%, em setembro de 1986, em relação a janeiro do mesmo ano”. Notícia indiscutivelmente positiva, à qual se somavam fortes indicativos de que seria implantada a usina de laminação de aço em território cearense, assegurada agora para 1987.

Ano novo, velhos problemas. A escalada da inflação fez o governo Sarney lançar o Plano Cruzado II, em novembro de 1986, cujos resultados não atenderam à expectativa. A 20 de janeiro de 1987 o Brasil decretava

A situação mostrava-se grave para a indústria metalúrgica como um todo.

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moratória e suspendia o pagamento de sua dívida externa criando um pro-blema internacional. Nacionalmente, a cobrança de ágio sobre o preço dos produtos virou presença familiar. As indústrias metalmecânicas sofriam o mesmo que outras indústrias: pagavam o ágio e não podiam repassar os custos ao cliente, devido ao congelamento dos preços.

Continuavam como “incógnitas” o problema de abastecimento de maté-ria-prima, a “falta de política energética”, o risco de extinção do preço CIF uni-forme, as dúvidas sobre a referida usina de laminados. Quanto a isso, Tonico Aragão recorria até ao latim para reforçar a posição do Sindicato. “Essas duas medidas [normalização do fornecimento e implantação da usina] são condi-ções sine qua non para a sobrevivência das indústrias locais” (TC 31/1/87).

O ministro Hugo Castelo Branco, da Indústria e Comércio, veio ao Ceará, e do Hotel Esplanada declarou ao jornalista do O Povo (20/2/87) que ainda no primeiro semestre seria iniciada a implantação da usina de laminados de aços planos, qualificada para produzir laminados a frio, folhas de flandres e chapas

zincadas, beneficiando Ceará e Maranhão. O custo seria de U$ 500 milhões. A capacidade de produção alcançaria 500 mil toneladas/ano (OP 30/3/87).

Apesar de o local da obra se encontrar em fase de estudos - possivelmente no município de Caucaia, ou no Distrito Industrial de Sobral - assegurava o Ministro que a Usinor – Usina Siderúrgica do Nordeste se encontraria “em plena operação” dentro de três anos, gerando 3 mil empregos diretos e mais de 15 mil indiretos.

Em 1987 ainda houve tempo para que o presidente do Sindicato bata-lhasse pela adequação dos currículos dos cursos técnicos e de engenharia aos “interesses reais” do segmento, integrando indústrias e instituições, como a Universidade, a Escola Técnica, o SENAI, e o Nutec – Núcleo de Tecnologia Industrial do Ceará, e pela defesa da produção cearense de peças para o ser-viço de saneamento básico, a exemplo de tubulações, tampões e tampas de bueiros, atendendo à Cagece, Coelce e Teleceará, conforme registram as atas.

O levantamento da quantidade de empresas que se associaram ao Sindi-cato no triênio se mostrou limitado. Logo no final de 1984 havia sido aceita a Comercial Confiança Ltda, de José Sérgio Cunha Figueiredo e Júlio César Sarmento de Figueiredo. Seguiu-se a ela a Tecnometal Indústria e Comércio, de Francisco Gildo Rebouças Monteiro, no início de 1986. O registro de nú-mero 54 coube à Bimetal Escapamentos para Automóveis Ltda, de Francisco Clélio Cavalcante, aprovada nos primeiros meses de 1987, juntamente com a RD-Máquinas e Equipamentos Ltda, de Roberto Farias e Danilo Farias.

E tão certo como o sol de cada dia, chegava o mês de julho de 1987, assinalando outra vez que era tempo de eleições no Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico no Estado do Ceará, que pas-saria a ser presidido pelo industrial José Frederico Thomé de Saboya e Silva.

Notas: 1 - http://www.financeone.com.br/moedas/historico-de-moedas-brasileiras/ 2 - http://almanaque.folha.uol.com.br/dinheiro80.htm

Com a saída de Tonico Aragão, Fred Saboya assume a presidência

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José Frederico Thomé de Saboya e Silva

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Independente das oscilações externas o Sindicato organizava-se para seu período de renovação da Diretoria. A formalidade de encerramento do registro de inscrição das chapas – chapa única, como sempre – se deu a 12 de maio de 1987. O pleito seria no dia 2 de junho. Compunham a Mesa Coletora elei-toral José Luciano Montenegro Gomes Barbosa, Presidente da Mesa, auxiliado pelos mesários Francisco Ney Queiroz e Evandro Sampaio Freire, conforme Portaria n° 047/87, de 21/5/87, da Delegacia Regional do Trabalho.

Às 19h do referido dia 2 os trabalhos estavam concluídos. Votaram 31 associados dos 34 aptos a votar. A apuração realizou-se de imediato, tendo como Presidente da Mesa Apuradora César da Silveira Antunes, designado pela Portaria n° 132, de 21/5/87, da Delegacia Regional do Trabalho da 7° Região, como secretária Irenice Gurgel Freire, e as mesárias Suely do Car-mo Mendes e Vera Lúcia Parente.

Haviam sido indicados pela urna José Frederico Thomé de Saboya e Silva, Helder Coelho Teixeira e Sebastião de Arruda Gomes, na Diretoria. Seus suplentes eram Augusto Castelo da Cunha, Roberto Macedo e João Paulo Simões Accioly de Carvalho. Para o Conselho Fiscal foram escolhidos José Sérgio Cunha Figueiredo, Carlos Prado e Fernando José Lopes de Cas-tro Alves, com os suplentes Airton Queiroz, Cícero Campos Alves e Mário Walter Saturnino Bravo. Fernando Cirino e Tonico Aragão eram os delega-dos representantes junto à FIEC. José Frederico Thomé de Saboya e Silva e Acácio de Vasconcelos ocupavam a suplência.

Na distribuição dos cargos, ocorrida no dia seguinte, mantiveram-se José Frederico como Presidente, Helder Coelho como Secretário, e Sebas-tião de Arruda Gomes mais uma vez como Tesoureiro, liderando a Diretoria do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico no Estado do Ceará para o triênio julho de 1987 a julho de 1990.

Entre outras realizações, caberia a Frederico propor a criação da logomarca ainda hoje utilizada para identificar o Sindicato, e o acom-panhamento do processo de mudança da sede do Sindicato para o

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1987-1990José Frederico Thomé de Saboya e Silva

Visão aérea da Inelsa

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novo prédio da Federação das Indústrias do Estado do Ceará, na Av. Barão de Studart, em Fortaleza.

Assim como quatro de seus antecessores, o presidente Fred Saboya re-presentava a continuidade das gerações envolvidas no setor eletrometal-mecânico cearense, sendo ele próprio um componente da segunda gera-ção. Diferente, porém, dos que o antecederam, suas raízes se encontravam fortemente ligadas à política e à cultura do Estado. Pelo lado paterno, era neto de João Thomé de Saboya e Silva, que governou o Ceará entre 1916 e 1920. Pelo lado da mãe, Nadir Roquelina Papi Saboya, considerada a grande dama do teatro cearense, era neto do teatrólogo, poeta, romancista e imortal da Academia Cearense de Letras, Antonio Papi Junior.

O pai de Frederico era José Thomé de Saboya e Silva, que se firmara no comércio com a Garage Elite, ainda nos anos 1920, negociando com materiais elétricos Siemens (“o preferido no mercado mundial”), pneus e câmaras de ar Michellin e U.States, “gasolina , óleo, graxa, lâmpadas, ve-las, acumuladores, tintas, vernizes, lonas para freio, pano-couro para capo-tas etc”, vendendo a prestações os afamados automóveis Studebaker Big--six, Special-six e Light-six”, atendendo aos clientes na Rua Major Facundo, n°48, e na Rua Barão do Rio Branco, n°s 51 e 53.1

Anúncio veiculado na década seguinte, nas páginas da publicação O Ceará,2 registra como endereço da empresa J. Thomé de Saboya & Cia o número 126 da mesma Rua Major Facundo, especifica a prestação dos serviços de “Eletricidade – Máquinas – Automóveis”, e o agencia-mento geral no Ceará das seguintes companhias: Companhia Brasilei-ra de Eletricidade (Siemens Schuckert S.A), Companhia S.K.F. do Brasil (“mancais de esfera, eixos, luvas, polias, etc”), Sociedade de Motores Deutz (“Otto Legítimo Ltda, motores em todos os tipos, máquinas para oficinas, serrarias, etc”), Otis Elevator Co. (elevadores, escadas rolan-tes), Demag A.G. (estruturas metálicas) e Raimann Ltda (máquinas e fer-ramentas para indústria madeireira).

Trabalhar com automóveis não deixava de ser um visionário investimen-to no mercado futuro, principalmente quando se sabe que, em 1938, Fortale-za computava apenas 377 veículos particulares, e 241 de aluguel trafegando pelas ruas da cidade.3 Mostrava-se bem o perfil de seu proprietário.

Em 1965 seria fundada a Indústrias Elétricas Elite S/A – INELSA, pionei-ra na fabricação de equipamentos eletromecânicos (painéis e quadros elé-tricos) no Ceará. Recebeu o número 31 nos registros de inscrição do Sindi-cato, ao qual se associou em 1979. “Meu pai tinha esta atividade no fundo da loja, de forma improvisada, usando como matéria-prima o que tinha à mão,” explica Fred Saboya. J. Thomé de Saboya além de atender o merca-do carente destes produtos, fornecia à Conefor – Companhia Nordeste de Eletrificação de Fortaleza, o que esta necessitava para iluminar a capital.

Só a partir dos anos 1970 é que a INELSA ganhou vida própria. Fred passou a integrar a empresa, para onde levou sua experiência de graduado em Ciências Contábeis e Administração, agregando à dos irmãos José Ar-mando e José Alexandre, ambos engenheiros. A presidência do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico no Estado do Ceará permitiu a ele fazer uso dos conhecimentos contábeis e administra-tivos, de forma integral.

A posse desta que era a sexta Diretoria do Sindi-cato aconteceu no dia 14 de julho de 1987, às 19h, no quinto andar do Edifício Jangada. O Diário do Nor-deste (30/7/87) registrou a solenidade de efetivação, contando na composição da Mesa com a ilustre parti-cipação do Secretário da Indústria e Comércio, Arios-to Holanda, do Secretário da Fazenda, Lima Matos, do Presidente da FIEC, Luiz Esteves Neto, do repre-sentante da Delegacia Regional do Trabalho, Geraldo Quezado, dentre outras autoridades. Fred Saboya des-tacou ao jornal que iria liderar uma entidade formada

Fred Saboya destacou que

iria liderar uma entidade

formada por 40 empresas

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por 40 empresas, geradoras de cerca de 12 mil empregos diretos, e mais de 48 mil indiretos.

Logo na primeira Reunião Ordinária, a 4 de agosto, após os agradeci-mentos pela presença “bastante representativa” dos associados, Fred não perdeu tempo em anunciar suas metas e demonstrar sua disposição para o cumprimento da missão que lhe havia sido atribuída. Conforme a ata do dia, estavam presentes Helder Coelho, Sérgio Figueiredo, Augusto Castelo da Cunha, Carlos Prado, Mário Bravo, Raimundo Nunes, Fernando Castro Alves, Acácio Araújo, Jesus Hernandez Neto, Carlos Lira, Aluisio Dutra, Fernando Cirino Gurgel, Célio Gurgel, Francisco Gildo e Sebastião de Arruda Gomes.

Entre estes o Presidente distribuiu resumo de trabalhos da FIEC tratando da atividade industrial do Ceará no ano anterior; informou que o Secretário da Indústria e Comércio solicitara sugestões do Sindicato em favor de uma

integração maior entre as indústrias do interior e da capital; colocou em votação o envio de um telex de solidariedade ao Presidente do Banco do Brasil, Camilo Calazans, sobre tema não especificado; e abriu espaço para que a Superintendente do IEL, Tereza Lenice da Gama Mota, também pre-sente à Reunião, demandasse sugestões sobre como vencer as dificuldades regionais, no que foi de pronto atendida (reforço do orçamento da SUDENE e dos Bancos de Desenvolvimento, especialmente o Banco do Nordeste, foram as ações sugeridas); implantação da Usinor; abastecimento de maté-rias primas; fornecimento de gás natural da Petrobras; e fortalecimento do SENAI e da Escola Técnica.

Questões de ordem administrativa interna foram levantadas nessa reu-nião de estreia, como a substituição da secretária do Sindicato, Eunice Pes-soa de Andrade, que daria lugar a Maria da Conceição de Abreu Pessoa. O Presidente comunicou ter participado de duas reuniões com a Diretoria da FIEC, e demais presidentes sindicais, sobre as novas instalações da Fede-ração, que muito breve iria mudar-se para a Av. Barão de Studart, n°1980, trocando o Centro da cidade pelo bairro da Aldeota.

“Na verdade”, comenta hoje Fred, “nosso Sindicato não era mais do que uma gaveta no birô da secretária da FIEC, que atendia a todo mundo”. Os dois últimos andares do Edifício Jangada eram ocupados pelos “irmãos siameses” CIC – Centro das Indústrias do Ceará, braço político dos indus-triais, instalado no sexto andar, e FIEC, no quinto andar, o braço técnico e sindical, repartindo seu espaço com os demais Sindicatos. Reuniões impor-tantes, embora informais, aconteciam em torno de uma mesa de madeira escura, no formato de timão de navio, coberta por um tampo de vidro e cercada por quatro bancos semi-circulares, também de madeira, onde sen-tavam confortavelmente oito pessoas. A mesa se encontra na cobertura da Casa da Indústria, bem preservada, guardando memórias de outros tempos.

A Reunião Extraordinária de 24 de agosto de 1987 teve sua ata assina-da por José Sérgio Figueiredo, Gildo Rebouças, Dário Castro Alves, Antonio

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A marca: tentativa de se unir em uma só forma conceitos representati-vos graficamente e agregados numa só estrutura, chamada TORRE.

A Torre simboliza poder, topo, local de onde as coisas são vistas mais, e me-lhor. Significa permanente estado de alerta e conhecimento de tudo quanto rodeia o Sindicato. A imagem é positiva e otimista, e facilita a decisão na tomada de posi-ções, pois há clima de confiança envolvendo o próprio Sindicato como um todo.

Associação de elementos: o símbolo sugerido (torre) está representado pelos elementos gráficos seguintes:

- Estrutura central ou coluna: estágios ou pavimentos em chapas ou laminados horizontais.

- Efeito visual consequente da repetição dos intervalos entre as chapas laminadas, causando a impressão de um gigantesco instalador elétrico.

Os elementos que compõem o corpo do Sindicato estão graficamente representados na Torre-símbolo: a Mecânica (ver montagem). A Siderurgia, nas chapas laminadas. A Eletricidade, na sugestão do gerador elétrico.

A aprovação foi unânime, não apenas para a marca, mas também para o selo dela derivado, a ser usado na correspondência das empresas associa-das, “divulgando e prestigiando o Sindicato”.

Era inquestionável a plasticidade da marca, em preto e vermelho, acenando uma distante semelhança com a bandeira do Estado do São

Matos Macedo, José Eudes Pinto, Cícero Campos Alves, Raimundo Nunes de Andrade, Danilo Farias, Antonio Caullet e Antonio José Costa, do Escri-tório Costa, Brito Advogados, que ocuparia a função de assessor jurídico trabalhista do Sindicato até falecer, em 2010.4

Na mencionada reunião de agosto ficou evidente a parceria existente com o Governo do Estado, cujo titular, desde 1986, era o empresário Tasso Jereissati, que presidira o CIC e que fazia uso de sua experiência empresa-rial na definição dos novos caminhos do Ceará.

O Presidente informou que o Secretário de Governo, Sérgio Ma-chado, iria criar um canal de comunicação com as entidades classis-tas. Que o Secretário de Indústria e Comércio, Ariosto Holanda, ia promover um Encontro sobre Política Industrial, de 25 a 27 de agosto, em parceria com a SUDENE e a FIEC. E que o Grupo Ângelo Figueire-do vencera concorrência para a venda de carros de mão destinados ao Programa de Emergência do Ceará.

Na Reunião Ordinária de primeiro de setembro de 1987 uma pro-posta inovadora tomou forma, ao ser aprovada a logomarca do Sin-dicato, criada pela agência de propaganda Terraço, de publicitário Xico Theóphilo. Fred Saboya percebera a importância de definir uma marca própria para a entidade, e que veio melhor que o esperado, solucionando uma antiga dificuldade quanto à sigla do Sindicato – até então SIMMMEEC – uma inconveniente fileira de letras, de difícil reprodução oral ou escrita.

A agência consultada apresentou a logomarca acompanhada do Me-morial Justificativo, devidamente lido na reunião e transcrito pela nova se-cretária, Maria da Conceição de Abreu Pessoa. Dizia o Memorial.

Sugerimos que a sigla, que seria composta pelas primeiras letras dos nomes, faça essa composição substituindo os três Ms num só M, o mesmo acontecendo com o E, de Elétrica e de Estado, para enxugar tanto a estética como a semântica, facilitando a compreensão e a rápida leitura.

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Paulo, trazendo os Ms e os Es fatiados em finas lâminas verticais, o preto remetendo à força do ferro e do aço, o vermelho trazendo a visão dos fornos incandescentes, o conjunto trazendo à lembrança o gerador elétrico, e mais ainda a extrema simplicidade da sigla, que a partir da-quele momento deixava de ser SIMMMEEC e se assumia SIMEC, para alívio geral. Por tudo isso a marca conseguiu se manter, inalterada, até os dias atuais.

O setor metalmecânico cearense vinha enfrentando retração de até 30% nas vendas, informava o Diário do Nordeste (15/8/87), porém ha-via sinal de normalização no abastecimento de laminados planos. Mas em outubro uma notícia caiu como um banho de água fria nos planos cearen-ses: “Governo constrói duas siderúrgicas no Sul e esquece a do Nordeste”, lamentava a manchete do Diário (1/10/7). Enquanto eram aceleradas as obras na Grande Porto Alegre e em Imbituba, município ao Sul de Santa Catarina, o Nordeste continuava “em estado de sonho”.

A força do “sonho dos cearenses”, como escrevia o Jornal do Dorian (23/12/87), a materialização do projeto que viria trazer esperanças para um Estado que contribuía com 1,8% do PIB nacional, onde 70% da popu-lação ganhava até 2 salários mínimos, e 50% sobrevivia com apenas 1 sa-lário mínimo, ia ser testada mais uma vez, oscilando entre o encantamento das promessas e a incômoda realidade.

Com ou sem a usina, Fred Saboya tinha suas metas muito claras. Além de estabelecer o desenvolvimento institucional do SIMEC, ambicionava elaborar um cadastro geral das empresas filiadas. Implantar um sistema de informações internas sobre disponibilidade de resíduos, matérias primas e máquinas ociosas nas indústrias, como era feito em Porto Alegre (DN 1/9/87). Aproximar-se do SENAI, que tinha como Superintendente Mendel Klejner,5 companheiro enxadrista de Fred.

E mais: articular-se com outros Sindicatos quanto a concorrências pú-blicas lançadas pelo Governo Estadual para contratações de obras e mate-

riais, “preservando os interesses do Estado e das empresas locais nos casos de igualdade ou mesmo de diferença de preços”.6 Promover feiras e eventos que divulgassem o que era produzido no Ceará. E – por que não – adquirir um imóvel onde pudesse ser instalada a sede própria.

Em 1988 completava três anos que o SIMEC encon-trava-se abrigado gratuitamente em sala do CIC.7 A FIEC acompanhava os estágios finais da construção da Casa da Indústria, onde disponibilizara para o SIMEC um “espaço amplo.”8 Mas antes que a aceitação se desse surgiu nova e tentadora possibilidade para aquisição do sonhado imóvel próprio. Fred comunicou aos associados haver encontrado um “local ideal”, próximo ao novo prédio da FIEC9: duas salas que se encontravam disponíveis, ao preço de 4 mil OTNs, divididas em quatro vezes a partir da entrega do imóvel.

As plantas foram apresentadas e aprovadas em reunião. Estabeleceu-se o consenso sobre a importância de “ter espaço para expandir-se”, mas no último instante o negócio a ser fechado com o construtor Pedro Mesquita não foi em frente, não tendo o proprietário aceito “os termos em que havia sido redigido o contrato de compra e venda”.10

As circunstâncias direcionaram a tomada de posição. E no dia 3 de maio de 1988, pela primeira vez, o SIMEC realizou Reunião Ordinária em sua nova sede, instalada no terceiro andar do Edifício Casa da Indústria, dando boas vindas aos filiados e “desejando a todos sucesso na etapa nova de tra-balho que ora se inicia”. Os móveis, equipamentos e as linhas telefônicas da antiga sede (231-1711 e 231-3740) foram vendidos após consulta e autoriza-ção da Diretoria. O novo número de telefone passou a ser 244-9001.

A Casa da Indústria já sediava as administrações do SESI e SENAI. Em seguida passou a sediar a própria FIEC, o IEL, unidades operacionais da Federação e alguns Sindicatos, como foi o caso do SIMEC. A inauguração oficial do prédio aconteceu no dia 22 de setembro de 1989.11

Pela primeira vez, o SIMEC

realizou Reunião Ordinária em

sua nova sede.

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No Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elé-trico no Estado do Ceará, a questão do frete CIF uniforme para chapas de aço mantinha-se como o problema que não queria calar. Embora não fosse questão que atingisse diretamente a toda as indústrias do setor eletrometal-mecânico, tinha o dom de despertar queixas ancestrais, que remetiam ao sentimento de descaso para com a região, à indiferença com a sorte dos teimosos nordestinos, a um inconcebível apartheid entre o Brasil do Norte/Nordeste e o Brasil do Sul/Sudeste.

A ata da reunião de 2 de fevereiro de 1988 tinha sido quase um manifesto da revolta dos industriais quanto às incessantes tentativas de eliminação do diferencial. O fato “prejudicaria sensível e irreparavel-mente os Estados nordestinos, onde diversas indústrias ficariam sem condições de viabilidade econômica pela impossibilidade de concor-rer com os Estados beneficiados com a localização das três usinas” [CSN, Cosipa e Usiminas].

Ultimamente, prosseguia a ata,

os empresários nordestinos têm sido penalizados pelas Usinas produtoras com a diminuição do fornecimento, cancelamento de cotas mensais, e pagamento de extras de qualidade cobrados com-pulsoriamente, sob alegativa de que o sistema do frete CIF unifor-me vem trazendo prejuízo as usinas, o que não é verdade.

E concluía, incisivamente:

Firmamos posição contrária à proposição da Siderbras, documen-tando e deixando claro que não podemos aceitar mais uma discri-minação à nossa região.

Uma ação concreta foi empreendida em abril, com o envio de telex ao Consider disponibilizando informações sobre abastecimento, consumo e perspectivas para 1988, referentes a laminados de aço, comprovando as reais necessidades e justificando a inquietação local. A discussão retornaria

à pauta no final de 1988, com igual calor.12 Desde 1976 o Nordeste luta-va pela implantação do sistema CIF-Cliente-Uniforme para os aços planos nacionais. A Siderbras pretendia por fim à Resolução n° 35/76 do Consider, que o havia criado, fazendo-se necessária “uma ação conjunta para defesa da manutenção desse sistema para as chapas de aço”. O SIMEC cumpria seu papel em defesa dos interesses da categoria.

A meta de realização de feiras e eventos mantinha-se em foco. Em março de 1988 o Sindicato era convidado a participar da II Feira de Material de Cons-trução e Eletromecânica, no Parque de Exposições da Maraponga, sob direção de Holanda Empreendimentos.13 Entre 19 e 22 de julho, o CEAG – Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Estado do Ceará, que tinha como Diretor Executivo Antonio Balhmann Cardoso Nunes Filho, e a Siderbras, promoveram uma Mostra de Siderurgia na FIEC investindo no objetivo de “levar uma gama de produtos consumidos normalmente pela siderurgia no mercado nacional, passíveis de serem introduzidos pelas indústrias locais” (JD 12/7/88).

Não era bem esse o projeto de Fred. Funcionava, porém, como um alavancador de movimentos similares, a exemplo do que ele conduziria no ano seguinte, estimulando a indústria local a constituir um “cinturão” de fornecedores para as siderúrgicas que, mais cedo ou mais tarde, haveriam de surgir no Norte e Nordeste.

Aos jornais Fred Saboya declarava sobre o evento CEAG/Siderbras: “É uma oportunidade muito importante para a indústria eletrometalmecânica, já que os 600 produtos da Mostra podem ser industrializados no Estado. Uma Mostra desse porte pode dar maior vitalidade ao parque industrial lo-cal” (OP 19/7/88). O Ceará contava com cerca de 120 indústrias metalme-cânicas e de material elétrico, 45 delas associadas ao SIMEC (JD 13/7/88), “empresas que dispõem da infraestrutura necessária à produção do mate-rial que é hoje fabricado em nível internacional”.

Em meados de 1988 intensificaram-se os interesses em parcerias e em novos horizontes. Arquimedes Bastos, Diretor presidente do NUTEC, com-

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pareceu à Reunião Ordinária do dia 7 “solicitando maior aproximação com as empresas para repassar técnicas, projetos de interesse dos empresá-rios e trabalho mais conjugado ao meio empresarial”.14 Ieda Montenegro, também do NUTEC, comunicou estar em processo de organização o Curso Básico de Galvanoplastria, co-patrocinado pelo SIMEC. A criação de ZPEs – Zonas de Processamento de Exportação, áreas de livre comércio com o exterior, se constituiu em tema de pauta de Reunião Ordinária.15 E o norte--americano Joe Carr, hospedado no Hotel Meridional, manifestou interesse em conhecer empresas ligadas ao SIMEC, verificando possibilidades de in-tercâmbio comercial com outras similares em seu país.16

A decisão de ampliar o quadro de associados foi fortalecida em junho de 1988. Há dez anos o sócio Antonio Telmo Nogueira Bessa desejava a implantação de uma Regional da ABM – Associação Brasileira de Metais, que envolvia o setor metalmecânico de todo o Brasil, mas que exigia um mínimo de 50 associados. Na reunião do dia 7 daquele mês todos os pre-sentes receberam fichas de inscrição e cópias do Estatuto, com a missão de trazer mais empresas para o SIMEC.

O esforço mostraria seus frutos. Nos 36 meses de mandato de Fred Saboya associaram-se 17 novas empresas. Em setembro de 1987 deram-se três inscri-

ções: Jalbarg – Construções e Manutenções Industriais Ltda, de José Alfredo Firmeza de Sousa; Eurotron do Brasil Eletrônica Ltda, tendo à frente Lincoln Ferreira; e Indumaq – Indústria e Comércio de Máquinas e Acessórios Ltda, de Marcelo Villar de Queiroz, que a partir de abril de 1994 mudaria o nome para Ve-dare - Industrial e Comercial de Máquinas Ltda, ao descobrir que havia outra empresa em Fortaleza já registrada com o mesmo nome, como informa a esposa dele, Terezinha Villar de Queiroz.

A Indumaq tinha endereço na Rua São Paulo, n° 957, Centro da cidade, fabricando máquinas “que não vão deixar seus produtos na mão”, como dizia o material promocional,

num trocadilho com sua especialidade: máquinas soldadoras para plásticos ou produção de soldadoras especiais para embalagens. Marcelo era um dos frequentadores mais assíduos do SIMEC. Foi Juiz Classista e iria compor todas as Diretorias, em diferentes cargos, até 2008, quando se afastou por motivo de saúde.

Aceitas também nos quadros do Sindicato, em novembro de 1987, a Pon-tão Serviços Indústria e Comércio Ltda, de Edmundo Pereira Barbosa; Santa Angélica Construções Civis e Metálicas Ltda., de Jair Barreira Furtado; e Mi-cheletto Nordeste S/A, que tinha como representante Helder Coelho Teixeira.

A Oficina Progresso O Bandeira, de Otacílio Bandeira, juntou docu-mentação para comprovar que atuava em “consertos e serviços de tornos” desde 1969, e que se enquadrava no setor. Foi aceita a 2 de fevereiro de 1988, na mesma reunião em que entrou oficialmente a Daferro S/A – Alu-mínio e Aço, de propriedade de Dário Pereira Aragão, recebendo o número 63 nos registros. Vinha indicada pela secretária Neide Martins. Dário ocu-paria diversos cargos no Sindicato e integraria a Comissão Eleitoral da FIEC para o pleito de 2010, representando o SIMEC.

A aceitação da empresa de Dário coincidiu com as últimas reuniões realizadas no Edifício Jangada. Tanto lá como na nova sede Dário afirma que “usufruía-se o convívio das entidades sindicais”. Nas salas cedidas pela FIEC “formavam uma família,” como bem recorda, vivenciando um sentimento de afinidade que os fazia comparecer, ainda que não fosse dia de reunião, “para se encontrar, para conversar. Sindicato se confundia com convívio”. E resgata da memória nomes como Luis Esteves, Raimundo Pin-to, Edson Queiroz, Fernando Gurgel, Chico Carneiro, Fernando de Alencar Pinto, José Flávio Costa Lima, João Grangeiro, Aldo Mesquita, Germano Frank e tantos outros, que compunham Sindicatos, FIEC e CIC – Centro Industrial do Ceará, num tempo em que não havia grandes diferenças entre as entidades, e que a humanização, no dizer de Dário, “predominava sobre o profissionalismo de hoje”.

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A decisão de ampliar o quadro de associados foi fortalecida em junho de 1988.

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Em outubro de 1988, uma Reunião Ordinária decidiu criar Comissão de Negociação para tratar do pleito dos trabalhadores, Comissão esta di-vidida em três subcomissões específicas: a primeira destinada a analisar cláusulas econômicas, a segunda para as cláusulas de política sindical, e a última atenta às cláusulas sociais.17 Com elas chegou-se a um “desfecho pacífico” das negociações de novembro entre o SIMEC e o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétri-co de Fortaleza.

As condições já não se mostravam tão amenas no começo de 1989, em decorrência do desequilíbrio econômico nacional. Uma greve geral dos trabalhadores metalúrgicos estava agendada para acontecer de 14 a 15 de março. O setor eletrometalmecânico vinha enfrentando movimentos pare-distas, em face da política salarial do Governo Federal, que ainda não che-gara a um acordo sobre a reposição dos salários em função do Plano Verão, lançado em janeiro daquele ano pelo presidente José Sarney, criando mais uma moeda – o cruzado novo – cortando três zeros do já ineficaz cruzado, na incansável tentativa de controlar uma hiper-inflação que em menos de três anos atingira o patamar de 1.300%.

O reajuste salarial se dava mês a mês. Ainda assim, não havia como acompanhar ou compensar os efeitos de uma inflação com indicadores que se alteravam dia a dia, ou mesmo hora a hora. O SIMEC recomendava em ata que a partir de abril as empresas concedessem antecipação de 15% da reposição salarial a ser determinada pelo Governo, “incidente sobre os salários praticados em fevereiro de 1989, sem repasse dos ônus para os preços dos produtos, em obediência às normas do Plano Verão, e até que o Governo Federal defina a respeito”.18

A Mostra CEAG/ Siderbras serviu como ponta de lança para promo-ção da I Mostra do Polo Eletrometalmecânico do Ceará, no Palácio da Microempresa, à Av. Monsenhor Tabosa. Desde 1988 Fred Saboya vinha elaborando a ideia de campanha promocional do Polo, no sentido de

divulgar a potencialidade de empresas e produtos cearenses, fazendo uso de mídia impressa nacional (revista Veja) e de veículos locais impressos e eletrônicos, incluindo afixação de out-doors em pontos movimentados de Fortaleza.19 Finalmente o projeto iria se materializar, contando com a parceria da agência Terraço.

O Jornal da FIEC aproveitou a oportunidade de divulgação da feira para contabilizar as empresas do setor no Estado: em 1989 encontravam-se na capital 149 empresas mecânicas, 49 metalúrgicas e 27 elétricas, enquanto o interior sediava 66 empresas mecânicas, 290 metalúrgicas e apenas oito elétricas, totalizando 589 empresas. Juntas, ofereciam aproximadamente 60 mil empregos diretos, e mais de 300 mil indiretos.20

“Nosso setor precisava de uma oportunidade para mostrar que tinha condições de fornecer produtos, sem precisar ir buscar lá fora”, explica Fred, em 2010, sobre a Mostra. De fato. No período de uma semana, de 7 a

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14 de julho de 1989, o cearense iria ver o que o Ceará produzia – arames, disjuntores, estruturas metálicas de aço e alumínio, bebedouros, motores elétricos, bombas d’água, quadros elétricos, subestações blindadas, trans-formadores, tambores de freio, parafusos, produtos siderúrgicos, utensílios domésticos, autopeças, bugres barcos, “e mais de mil outros produtos” (DN 4/7/89) – numa Mostra “de grande significado, que apresenta à sociedade um rico apanhado do que existe atualmente no setor”, como dizia o texto do convite, guardado zelosamente por Fred Saboya.

O entusiasmo era evidente no material de divulgação.

O Ceará quebrou barreiras, venceu dificuldades e, com know-how próprio e a garra de quem avança com determinação para o futuro, implantou o seu Polo Eletrometalmecânico. Um conglomerado de 47

empresas filiadas, com produção diversificada nos setores de eletri-cidade, eletromecânica, siderurgia, metalurgia e atividades similares, que em nada ficam atrás das grandes indústrias nacionais. Os made in Ceará já estão nas ruas e lares de todo o país, agradando aos mais exigentes consumidores. Mostrando, de ponta a ponta do Brasil – e até no exterior, que o Ceará também evoluiu. E chegou lá.

Fred reuniu a imprensa local e representantes da mídia nacional no res-taurante Trapiche, localizado na Av. Beira Mar, onde apresentou o progra-ma da Mostra, a acontecer em paralelo com o I Salão de Veículos Especiais do Ceará (buggys e utilitários). “Pela primeira vez o Ceará vai saber que o setor [eletrometalmecânico] existe como um bloco, que tem questões específicas, e se organiza para enfrentá-las, e também para mostrar a po-tencialidade da sua indústria metalúrgica, mecânica e de material elétrico,” declarou o Presidente do SIMEC ao jornal O Povo (8/7/89).

“O Ceará mostra aos cearenses o seu progresso”, declarou ao Diário do Nordeste (16/6/89), “a indústria mostra aos seus consumidores os seus produtos, e o SIMEC mostra ao Ceará e ao Brasil o seu Polo Eletro-mecânico”. Simples assim.

Claro que os jornalistas não perderiam a oportunidade de questionar o Presidente sobre o destino da siderúrgica cearense, cujo local de insta-lação ainda se encontrava indefinido entre Caucaia e Sobral. “Sidnor fugiu ao nosso controle”, foi a resposta, incluindo na pluralidade as lideranças empresariais e políticas do Estado, e reconhecendo estar o poder decisório inteiramente nas mãos do BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (JD 19/6/89).

Em agosto sabe-se que estava, sim, em construção uma usina siderúrgi-ca nordestina, que iria receber do Governo Sarney “todo apoio e estímulo”. Seria a Usimar. E seria no Maranhão (OESP 29/8/89).

O ano de 1989 estava a meio. O jornal O Estado de São Paulo (8/6/89) emitia uma sombria constatação: “O Governo [Federal] é considerado o

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maior inimigo das empresas do setor siderúrgico.” A inflação de janeiro a setembro daquele ano atingiu 543% (JB 26/10/89). O SIMEC se reunia para ouvir explanação do assessor jurídico, Antonio José da Costa, sobre a política salarial aprovada pelo Congresso Nacional, e que beneficiaria os trabalhadores de menor renda. Seria publicada uma indispensável Nota Ex-plicativa, “bastante clara,” sobre os complexos acertos entre os Sindicatos patronal e dos metalúrgicos.21

A situação econômica do país se agravava pelos juros altos, que im-possibilitavam empréstimos para capital de giro, além dos problemas de retração do mercado consumidor. A queda em 10% das vendas do setor eletrometalmecânico, em comparação com o ano anterior, comprovava as dificuldades enfrentadas pelas empresas do setor.

Em compensação, a avaliação sobre a I Mostra do Polo Eletrometalmecâ-nico se fez positiva: “Foi válida, e atendeu aos objetivos de divulgar as empre-sas do setor e mostrar ao público o que é produzido no Ceará”.22 Da mesma forma, as relações trabalhistas se encontravam “em momento de tranquilidade, excetuando pequenos problemas na Cibresme, IMCA, Hispano e Movaço”, anotava a última ata de 1989, sem pressentir a proximidade do furacão.23

***

Até julho de 1990 filiaram-se ao SIMEC a METALTEC – Metalúrgica Téc-nica S/A, de Ivan Moreira de Castro Alves, com 96 funcionários; a ELFORT – Eletromecânica Fort Indústria e Comércio e Engenharia Ltda, tendo como Di-retores Cid Marconi Gurgel de Souza e Carlos César Monteiro Montenegro, aceita em 19 de junho de 1989, oferecendo serviços de instalações elétricas em prédios residenciais e comerciais, além de caixas para medidor de gás.

Seguiram-se a FYBER Indústria e Comércio Ltda, dos irmãos Agliberto e Rogério Farias, em 2 de agosto de 1989, especializada em montagem e fabricação de veículos tipo buggy. Na mesma data filiou-se a Arte Jóias Industrial Ltda, de Francisco Aiace Mota Filho, que desde 1979 trabalhava com metalurgia fina, tendo metais preciosos por matéria-prima. Modifi-

caria depois sua especialidade, e opera hoje sob o nome Aluprint Metal-gráfica. Marcelo Villar foi o proponente da inscrição de Mota Filho, que reconhece ter deixado passar uma década antes de procurar o Sindicato. “Era um procedimento muito demorado. Vinha a Comissão de Sindicância, o Ministério do Trabalho precisava comprovar que tudo estava em ordem, que a empresa realmente era idônea, e só então vinha a aprovação”. Mais tarde ele próprio iria integrar a referida Comissão.

Vieram ainda, sob a presidência de Fred, a Metalúrgica BACE Ltda, de Jesus Batista de Oliveira (14/8/89); a INAPI – Indústria Nordestina de Acessórios para Irrigação S/A, tendo com Diretor Presidente José de Riba-mar Pinto Coelho, fabricando bombas centrífugas, injetoras e filtros para piscina; a Termisa Industrial S/A, de Sebastião de Arruda Gomes, indústria de balcões frigoríficos com 39 trabalhadores; a SOBREMETAL – Sociedade Brasileira de Recuperação de Metais Ltda, de Rodrigo Lacerda Soares; e a Master Indústria Metalmecânica Ltda, aceita a 3 de abril de 1990, apresen-tando Paulo Eduardo Ferreira Gomes Lopes na Gerência Geral.

As reuniões se davam sempre na primeira terça-feira de cada mês, às 19h. Luiz Esteves Neto presidia a FIEC. Fernando Cirino Gurgel era Presi-dente do CIC - Centro Industrial do Ceará, um dos três empresários que saíriam das fileiras do SIMEC para ocupar tal posto (além dele, também o fizeram Fred Saboya e Francisco Baltazar Neto). Os visitantes e convidados eram frequentes. Iam desde o candidato a vereador, pedindo votos e apoio financeiro, aos representantes da Academia, interessados em “produzir co-nhecimento através de postura crítica sobre o processo de desenvolvimento do setor metalmecânico no Ceará”, e aos jornalistas correspondentes de veículos nacionais, como Rodolfo Espínola.

Das reuniões, o associado Francisco Aiace Mota Filho – que diversifica suas atividades com o canto coral, a atuação em teatro e a participação na União Brasileira de Trovadores – extraiu inspiração para compor trovas, atualizando o dia dos encontros para o calendário atual (segunda terça-feira de cada mês).

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Aniversário exultante De quarenta anos seguidos

Nós lembramos neste instante Grandes momentos vividos!

Na segunda terça-feira, Tem sempre reunião

No SIMEC de primeira Problemas debaterão!

Assuntos bem importantes, Tributários, trabalhistas,

Bem tratados o quanto antes, Muito importante é a lista!

Os problemas debatidos Com grande satisfação

Companheiros reunidos, Temos comemoração.

***

Uma nova década tinha início, encerrando o século XX. Fred Saboya conti-nuaria presidindo o SIMEC com inteira estabilidade até julho de 1990. A mesma sorte não teria o Brasil, que elegera o alagoano Fernando Collor de Melo, caçador de marajás, para o cargo supremo da Nação, um arrojado Presidente que chegou ao dia da posse, 15 de março de 1990, com alguns truques escondidos na manga.

A inflação estimada era de 80%. Talvez, numa previsão mais otimista, não ultrapassasse os 74%.

Só que em um único mês. No caso, o mês de março de 1990 (GM 13/3/90).

Era mais que suficiente para justificar o lançamento de um novo Plano de estabilização econômica no colo dos brasileiros, e nos ombros dos em-preendedores. Os governantes reencenavam o velho truque de mudança da moeda nacional, que deixava de ser cruzado para voltar a ser cruzeiro. E tira-

vam da cartola o Plano Brasil Novo, imediatamente conhecido como Plano Collor, que fez o que nunca antes se fizera na história desse país: o congela-mento, por 18 meses, de 80% de todos os depósitos do overnight, das contas correntes ou das cadernetas de poupança que excedessem a NCz$ 50mil.

Um verdadeiro confisco do dinheiro circulante, o “fechamento da torneira de dinheiro”, como comparavam os jornalistas, um brusco freio de arrumação que atingiu duramente o mercado, paralisou projetos, congelou recursos no Banco Central, cancelou encomendas e desnorteou a totalidade da popula-ção brasileira economicamente ativa. Com um sentimento de “apreensão” o SIMEC reuniu-se para discutir os procedimentos que tomariam diante de “me-didas tão severas, porém necessárias”. Finda a reunião, os associados deram crédito de confiança ao Governo utilizando metáforas bem nordestinas.

Acreditamos que o bom senso prevalecerá sobre os excessos, es-perando que o Governo tenha a sabedoria necessária para con-trolar a torneira que irrigará a economia, evitando que o país nem morra de sede nem afogado.24

O otimismo sindical não foi suficiente. Três semanas depois do anúncio do Plano, quase metade dos metalúrgicos de São Paulo cruzavam os braços (FSP 8/4/90), e uniam-se aos companheiros da Grande São Paulo para pres-sionar o Governo Federal, representado pela plenipotenciária Ministra da Economia, Fazenda e Planejamento, Zélia Cardoso de Mello (GM 12/4/90).

No Ceará, igualmente na sequência do Plano, registrou-se de imediato uma baixa de 50% no índice de comercialização das empresas dos associados, forçando até mes-mo a algumas delas, com as atividades paradas, a solicitar desligamento do Sindicato.

A surpreendente capacidade de recuperação de um país calejado pe-los choques anteriores permitiu, ainda em junho daquele ano, que o setor siderúrgico começasse “a dar os primeiros sinais de recuperação depois do Plano Collor”, recuperação esta noticiada com entusiasmo pelo Jornal do Brasil (8/6/90), e certamente recebida com igual satisfação no Ceará.

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Apesar de não desanimar diante dos sucessivos desafios impostos pelas circunstâncias, o período de José Frederico Thomé de Saboya e Silva na presidência do SIMEC chegava a termo. O ponto final se fez expresso em elegante correspondência de despedida, enviada a todos os associados da entidade e preservada nos arquivos institucionais.

Fortaleza, 26 de junho de 1990

Prezado amigo

Há praticamente três anos assumimos, com os demais companhei-ros da Diretoria, a responsabilidade de exercer nosso mandato nas mesmas diretrizes de eficiência e probidade que marcaram com sinal relevante a brilhante atuação de nossos antecessores.

O que procuramos realizar nestes três anos significa sinceramente não um esforço do Presidente, mas a soma do trabalho daqueles que se dedicaram para que o SIMEC se tornasse uma entidade cada vez mais ativa, conhecida e voltada para o desenvolvimento e divulgação do setor eletrometalmecânico.

Ao amigo, manifesto meu agradecimento particular pelo apoio e por tudo que fez em benefício da entidade, reafirmando o nosso permanente e grato sentimento de amizade.

Cordiais saudações.

Notas: 1 - Almanaque do Ceará, 1926 2 - Raimundo Girão e Antonio Martins Filho. Fortaleza, Editora Fortaleza, 1939 3 - Guia da cidade de Fortaleza, 1939 4 - Reunião 13/7/10 5 - Ata, 2/2/88 6 - Ofício ao Procurador Geral do Estado, Silvio Brás, em 8/1/88 7 - Reunião Ordinária 12/1/88 8 - Reunião Ordinária 3/11/87 9 - Reunião Ordinária 12/1/88 10 - Ata 5/4/88 11 - Portal da FIEC 12 - Ata 1/11/88 13 - Ata 1/3/88 14 - Ata 7/6/88 15 - Ata 2/8/88 16 - Ata 4/4/89 17 - Ata 4/10/88 18 - Ata 11/4/89 19 - Ata 23/5/89 20 - Julho/agosto 1989 21 - Ata 4/7/89 22 - Ata 1/8/89 23 - Ata 5/12/89 24 - Ata, 3/4/90

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Fernando José Lopes de Castro Alves

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1990-1993Fernando José Lopes de Castro Alves

A eleição estava marcada para terça-feira, dia 5 de junho de 1990. O pra-zo para registro de chapas se encerrara no dia 14 do mês anterior, com o es-perado resultado de formação de chapa única, tendo o engenheiro mecânico Fernando Castro Alves à frente da Diretoria efetiva. O convite viera para ele como uma surpresa. Era Diretor da Metaltec, indústria de um Grupo que deti-nha mais de três décadas de experiência em tecnologia de fundição, produzin-do máquinas de moinho, peças e bombas hidráulicas, entre outros produtos, administrando um total de 125 funcionários (TC 11/8/90). O endereço ainda era na Barra do Ceará, bairro onde, para melhor se instalar, a própria empresa cuidara de abrir ruas, criar praças e urbanizar o entorno. A mudança para o Distrito Industrial aconteceria em dezembro de 1990.

“Foi inesperado”, recorda Fernando referindo-se ao contato inicial do Sindicato quanto a disponibilidade de seu nome para a presidência. “Uma Comissão do SIMEC chegou na empresa, para o que eu achava ser uma visita de cortesia, e o pessoal me fez o convite”.

Fernando era frequentador assíduo das reuniões e ocupara cargos na Diretoria. Apesar de surpreso, respondeu que iria “consultar as bases”, entre as quais estava o pai dele, Ivan Moreira de Castro Alves, fundador das Bombas King, pertencente ao Grupo Castro Alves, e oitavo associado ao SIMEC. A resposta de Fernando não demorou: “Tudo bem, é uma missão, um negócio bom, vamos aceitar o desafio.”

A chapa composta incluía José Sérgio Cunha de Figueiredo e Acácio Araujo de Vasconcelos, na Diretoria efetiva; Sebastião de Arruda Gomes, Augusto Castelo da Cunha e Roberto Farias como suplentes; Cícero Cam-pos Alves, Antonio Carlos Maia Aragão e Hélder Coelho Teixeira no Con-selho Fiscal; Raimundo Nunes de Andrade, Antonio Carlos Lyra Maia e Marcelo Villar de Queiroz na suplência; José Frederico Thomé de Saboya e Silva e Fernando Cirino Gurgel como Delegados representantes junto à FIEC, e seus suplentes Ivan Moreira de Castro Alves e Carlos Prado.

Foi a primeira eleição do SIMEC a acontecer na sede da Av. Barão de Studart, na nova Casa da Indústria. Às 13h do dia 5 de junho de 1990,

Linha de montagem da bomba K1 em 1963 - em primeiro plano, ex-presidente Fernando Castro Alves

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uma terça-feira, instalou-se a Mesa Coletora eleitoral, formada por Anto-nio Carlos Lima Pereira, Evandro Sampaio Freire e Irenice Gurgel Freire. Credenciado pela Portaria n° 1 de maio daquele ano, o Presidente que saía atendeu às formalidades constantes das instruções que regulavam as eleições sindicais, acompanhou o movimento de votação e declarou o pro-cesso encerrado às 19h. O cômputo final mostrou que das 56 empresas associadas (OP 14/7/90), 51 se encontravam aptas a votar, e 35 o fizeram.

A apuração seguiu-se de pronto, tendo como escrutinador J. Itamar Pe-reira de Matos. Estavam eleitos Fernando Castro Alves, Sérgio Figueiredo e Acácio Araújo, como Presidente, Secretário e Tesoureiro, respectivamente, para o período de julho de 1990 a julho de 1993.

Um aumento na mensalidade entrou em pauta logo na primeira reu-nião, para fazer face às despesas internas, compensar os desgastes da infla-ção, e mostrar que nenhuma instituição era de ferro quando assolada pelo descontrole governamental. Definiu-se que as empresas que empregassem até 50 pessoas pagariam 20% do salário mínimo. De 51 a 300 empregados, 50% do salário mínimo. De 301 a 600, um salário mínimo integral, e o dobro dele para as empresas que empregavam acima de 600 funcionários.

“Era preciso aumentar”, justifica Fernando. “A sustentabilidade se mede pelo que se arrecada com as mensalidades, e não pelo que entra de con-tribuição sindical, que é de lei. E o dia em que essa lei mudar, como é que fica? Então eu já tinha essa ideia, na época, do Sindicato se auto-sustentar.”

Retornando duas décadas no tempo, o ex-Presidente afirma sobre sua gestão: “O que mais me incomodava era a questão do não profissionalis-mo, do embate direto dos empresários com os empregados. A primeira coisa que eu fiz foi procurar um executivo que tivesse essa capacidade de mediação, uma forma de negociação que já era adotada em outros Sin-dicatos. Foi quando apareceu o Ramon Salgado, profissional que trazia uma boa vivência na Rhodia, em São Paulo, e realmente o sistema come-çou a funcionar dessa forma.” O negociador prestaria serviços ao SIMEC

durante 20 anos. Fernando conclui: “As relações sindicais deveriam ser baseadas em dados. Para isso nós precisávamos definir bases.”

A administração anterior iniciara essa base de dados ao autorizar, ainda em junho de 1989, Contrato de Participação com a Marpe – Consultoria em Recursos Humanos S/C Ltda para pesquisa salarial voltada exclusivamente ao setor metalmecânico, através da qual o Sindicato recebia relatório das pesquisas de salários do 1° e 2° semestres, além de relatórios mensais de atualização dos dados salariais, recurso indispensável para qualquer enten-dimento com os funcionários, num tempo em que a inflação acumulada entre março de 1989 e março de 1990 atingiu estratosféricos 4.853%.1

Dois outros temas o novo Presidente pretendia enfatizar ao longo do triênio, conforme declarou ao jornal O Povo (14/7/90), na véspera da posse: “Pretendemos ampliar a atuação do SIMEC e dar ênfase ao treinamento de profissionais, usando recursos já existentes na FIEC”.

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Em análise posterior sobre o próprio desempenho na presidência, Fernando percebe que o leque foi aberto de maneira bem mais ampla que os dois pontos pretendidos, desdobrando em muitas vertentes a desejada ampliação da atuação sindical, englobando a atualização dos associados com informações sobre o mercado nacional e internacio-nal, estimulando a participação em feiras e eventos do se-tor, apresentando novidades em tecnologia, favorecendo o debate de soluções administrativas, antecipando negocia-ções, prevendo e encaminhando respostas às dificuldades.

Incluía ainda a intensificação da interação entre indústrias, universidades, pesquisadores e estudantes, envolvendo principalmente o NUTEC – Núcleo de Tecnologia Industrial do Ceará, órgão vinculado ao Governo do Estado, que tinha como núcleos prioritários os programas de Assistência Técnica às Indústrias, de Treinamento, de Ensaios Tecnológicos e de Pesquisas e Projetos2, e que Fernando classifica como “um bom prestador de serviço tecnológico”.

Havia forte vínculo pessoal dele com a UFC – Universidade Federal do Ceará, o que naturalmente se estendeu ao desempenho do cargo. Fernando fora representante da FIEC no Conselho Superior da Universidade, e desde 1973 colaborava com a realização de pesquisas voltadas à energia solar e ao biodiesel. Graças a essa aproximação, técnicos do NUTEC e professores dos Departamentos de engenharia, física e química da UFC foram convida-dos a participar das reuniões, e assim o fizeram.

Na Reunião Ordinária de 2 de outubro de 1990, por exemplo, os mestres se pronunciaram sobre a “suma importância do envolvimento da Universidade com o setor produtivo”, sugerindo a realização de nova reunião, desta vez na UFC, para que os empresários conferissem pessoalmente o que a eles poderia ser oferecido.

O SIMEC contava também com a colaboração estreita e constante de órgãos e entidades como SESI – Serviço Social da Indústria, SENAI – Ser-viço Nacional de Aprendizagem Industrial, e IEL – Instituto Euvaldo Lodi,

ligado este último à Confederação Nacional da Indústria, tendo sido criado com a diretriz de estabelecer “uma verdadeira ponte entre a universidade e a indústria, unindo as inteligências acadêmica e produtiva.”3 Logo em uma das primeiras reuniões funcionários do IEL compareceram para solicitar apoio das empresas ao Estágio Supervisionado na Indústria,4 assunto que retornaria à pauta outras vezes.

O Diretor do SENAI, Tarcisio Bastos, era um dos convidados ao SIMEC para apresentar propostas de ressonância geral, como o programa do Curso de Matrizeiro e Ferramenteiro, a ser ministrado pelo órgão que dirigia. O Curso despertava interesse especial para as empresas da área metalmecâni-ca, que sofriam a carência de profissionais destas atividades, destinando-se a “preparar profissionais com amplos conhecimentos teóricos e práticos, além de buscar parceria das empresas no aprendizado do menor”.5

“Semana passada eu falei sobre esse assunto”, observa Fernando Cas-tro Alves. Apesar da passagem do tempo “a carência ainda continua a mesma, de profissionais para injeção de plástico, corte de chapa e fundi-ção. E a capacitação do menor aprendiz, parece que só agora está ‘pegan-do’, mas era preocupação nossa, desde aquela época”.

A insistência no tópico da profissionalização levou Fernando a ser convi-dado a participar, como debatedor, do Seminário Nacional para Empregadores sobre Formação Profissional, realizado em Salvador, de 29 a 31 de agosto de 1990, patrocinado pela Confederação Nacional da Indústria com o co-patrocí-nio da Confederação Nacional do Comércio e da Organização Internacional do Trabalho. Findo o evento, Mário Amato, presidente em exercício da CNI, enviou correspondência a Fernando Castro Alves,6 extensiva aos associados do SIMEC, sem poupar elogios: “Para o êxito do evento concorreu sobremaneira a lucidez e a agilidade com que V.Sa. abordou o tema que lhe coube durante o Seminário”.

O mundo tomava conhecimento das notícias sobre a Guerra do Golfo, iniciada em agosto de 1990 na região do Oriente Médio. Não iria influen-

A atuação sindical foi desdobrada em muitas vertentes

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ciar o mercado brasileiro, conforme garantiam as publicações especializa-das em economia (GM 22/8/90). Muito menos o Ceará. O crescimento da Metaneide, empresa filiada ao SIMEC, era um bom exemplo do voo tranquilo, acima das tempestades circunstanciais.

Ao jornal O Povo (19/10/90), Fernando Cirino Gurgel – ex-Presidente do Sindicato, ex-Presidente do CIC, vice-presidente da FIEC e Diretor Presi-dente desta que ocupava uma honrosa terceira posição nacional no ranking das 12 maiores fabricantes de tambores de freio – declarava querer dupli-car sua produção no início de 1991. Afinal, com 17 anos de experiência na produção de tambores de freio, metade destinada a São Paulo, sendo pioneira no Norte e Nordeste na fabricação de tambores de freio para as linhas leve e pesada, tinha respaldo para tanto (OP 19/10/90).

A 9 de novembro de 1990 uma indesejada notícia veio agitar o mercado do aço. Depois de intermináveis indas e vindas, depois de intensas rodadas de negociação em Brasília, provocadas pela SUDENE, depois de prolonga-dos debates nos governos anteriores, depois de acirrados pronunciamentos procedentes do Norte e Nordeste, depois de tudo isso o presidente Fernando Collor, um nordestino, resolvera eliminar, de uma vez por todas, o CIF uni-forme para aços planos produzidos pelas usinas siderúrgicas estatais, ação inserida em seu icônico Programa Federal de Desregulamentação.

Assim foi que a Portaria interministerial n° 670/90 de 8 de novembro de 1990 (TC 23/11/90), assinada pelos ministros da Economia e da Infra-estrutura, Zélia Maria Cardoso de Mello e Ozires Silva, revogou sumaria-mente as Resoluções n° 02, de 20/5/68, e n°35, de 11/2/76, do já extinto Consider – Conselho de Não Ferrosos e de Siderurgia, dando fim à equali-zação do preço do aço, até então vigente.

A propósito do tema a Gazeta Mercantil veiculava artigo de Carlos Loureiro, Presidente da distribuidora de aço Rio Negro, explicando os co-mos e porquês dessa medida, sob um prisma bem diverso daquele que os nordestinos estavam habituados a ver (9/11/90).

O CIF uniforme foi criado com a intenção de descentralizar o consu-mo do aço no país, favorecendo as regiões mais afastadas do centro produtor. O que se viu, depois de 20 anos, foi que a curva de con-sumo nesses Estados não se alterou. Primeiro, porque o aço não é o fator preponderante. Depois, porque não havia mercado local que justificasse a implantação dessas indústrias.

O articulista prosseguia, impiedoso:

Esta é uma velha luta do setor, que só não havia sido vencida por pressões de políticos que achavam que defendiam o interesse de seus Estados, mas na prática defendiam distorções de mercado.

A interpretação no Ceará era exatamente oposta. Havia pressão de políticos, sim, porém derivada da insistência do empresariado de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, forçando o Governo a ceder, extinguir o benefício e acirrar os ânimos regionalistas. A extinção criava um cená-rio indicativo de “mais um equívoco da política econômica do Governo Collor”, nas bem medidas palavras de José Flávio Costa Lima, representante da CNI junto à SUDENE, ou da “extrema unção do setor metalmecânico do Nordeste”, (DN 14/11/90) como entendia, com maior intensidade, o Coordenador de Planejamento Industrial da SUDENE, Girley Brazileiro.

Apesar de toda a discussão pública dedicada ao problema do fornecimento do aço, Fernando Castro Alves posiciona melhor a questão, que não se fazia cen-tral no Sindicato, porém rendia muito espaço jornalístico devido ao impacto social que certamente iria a causar. Nesse sentido, era respaldado pelo Presidente da FIEC, Luiz Esteves, que previa queda de até 35% na produção do setor metalme-cânico, desemprego em larga escala, fechamento de empresas (DN 20/11/90).

“Era uma briga que não atingia a todas as empresas do SIMEC”, explicita Fernando, “um Sindicato muito heterogêneo, com bandeiras variadas e pon-tuais. Nós, por exemplo [Bombas King] não tínhamos esse problema. Nosso consumo era de sucata, ferro gusa e energia elétrica. Talvez 20% das empre-sas sofressem, as maiores, as mais fortes, e era nossa obrigação ir defender”.

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O imbroglio político foi solucionado pela mesma via, com final feliz para os nordestinos mobilizados – e para o SIMEC, que se uniu aos Sindicatos de Pernambuco, Pará e Rio Grande do Norte na formulação de documento a ser entregue “às autoridades competentes”, apresentando os justos motivos pelos quais a Portaria deveria ser revogada, e a Resolução n° 35/76 ser mantida.7

A estes aliados somaram-se muitos outros. Sem perda de tempo o governador Tasso Jereissati solicitou audiência com a ministra Zélia, audiência na qual teve a companhia do Governador eleito, Ciro Gomes (TC 17/11/90). O senador Mauro Benevides apelou aos Ministros para que a “esdrúxula decisão” da “malfadada Portaria” fosse anulada (DN 20/11/90). O Superintendente da SUDENE, Adauto Bezerra, prestou inteiro apoio (DN 22/11/90). E o senador Afonso Sancho foi re-cebido pela ministra Zélia no dia 22 de novembro, saindo de lá triunfante com a notícia de nova Portaria, suspendendo – “temporariamente” – a chamada Portaria do Aço (TC 23/11/90), que não resistira mais de duas semanas de embate.

Talvez pela visível demonstração de influência, talvez pelo próprio pro-cesso natural de convergência, o SIMEC era procurado por empresas que a ele desejavam se filiar, como TAU Industrial e Técnica Ltda8, de Bosco Viana9; Moreira & Filhos Ltda; Pearce Indústria e Comércio de Máquinas Ltda10, ao mesmo tempo em que ativava seu papel nas negociações traba-lhistas, intensificado pela proximidade do final do ano.

A ata de 4 de dezembro de 1990 anotou ter sido negociada a Con-venção Coletiva do Trabalho nas indústrias metalúrgicas, mecânicas e de material elétrico em Fortaleza e Maracanaú, sendo o acordo de Fortaleza fechado basicamente dentro do que estabelecia a Medida Provisória n° 295/296, exceto quanto ao piso salarial, “onde houve pequeno ganho, e o de Maracanaú com melhores vantagens para o trabalhador que o de Forta-leza”. O II Encontro Nacional de Negociações Coletivas, em Belo Horizon-te, permitiu, ainda segundo a ata,

estabelecer consenso no setor eletrometalmecânico que o Contra-to Coletivo e a Livre Negociação serão inevitavelmente implanta-

dos no país como instrumento de progresso e amadurecimento das relações trabalhistas.

A Medida Provisória referida trouxe novidades sobre a desindexação do salá-rio. As novas medidas do Governo Federal demandavam cálculos complexos para definição do piso salarial do metalúrgico, assunto discutido em Reunião Ordinária do dia 5 de março de 1991, como havia sido um mês antes, a 5 de fevereiro.

Fernando conhecia bem os meandros e labirintos dessas mudanças, en-frentadas pelo empresariado com um bem exercitado jogo de cintura. “Você está vivenciando uma situação”, exemplifica. “Você está dependendo da-quilo. Aí o Governo muda a regra. E você tem que se readequar. Enquanto isso, todo esforço que você despendeu para se manter em uma determinada situação vai de água abaixo, porque foi criada outra bem diferente, e você vai ter que adivinhar como é que vai se sair. Por isso que tem carga tributária alta, por isso que tem toda essa questão de fiscalização violentíssima. Tudo em cima do empresário.” E constata: “O sujeito é empresário porque é teimo-so. É industrial que é teimoso. A pessoa entra ali, começa a inventar coisa e quando vê está metido no meio da confusão e não tem como saltar”.

Ivan de Castro Alves, pai de Fernando, é testemunha próxima da luta diária do industrial no Ceará. No seu livro “Caracol de Chumbo”, entre as “experiências e memórias de um empresário sessentão”, como está no sub-título, ele relata o árduo começo de sua história na indústria. “Posso dizer que iniciei a fabricação de bombas King na intrepidez da ignorância”, es-creve em sua linguagem leve, “pois se soubesse o que era realmente indús-tria, no verdadeiro sentido da palavra, não me teria metido nessa empreita-da, iniciada há um quarto de século,” num Nordeste onde havia “carência geral de tudo que pudesse ser favorável à implantação de uma indústria”.11

No caso dele, embora se tratasse de um projeto luminosamente simples – fabricar bombas d´água para o seco Ceará – as dificuldades foram muitas, a começar pela escolha do nome do produto, que não recebera bem a deno-minação de Chuí, levando Ivan a recorrer ao idioma inglês. O uso de King era

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justificado naquele final dos anos 1950, assim como hoje: “Uma marca com nome estrangeiro num produto pesava psicologicamente na comercialização, uma vez que o consumidor valorizava muito o que era importado”, explica.

***

No SIMEC, março de 1991 trouxe melhoras nas perspectivas para abril, e em maio a ata do Sindicato constatava fato animador: “a situação está menos mal do que poderia ser”. Os trabalhadores reivindicavam reposição das per-das salariais, elevação do piso metalúrgico, reajuste automático dos salários e melhores condições de trabalho – as chamadas cláusulas sociais, que hoje “valem mais do que as cláusulas econômicas”, como assegura Fernando. O SI-MEC recomendava a seus associados que mantivessem a prudência: “Devido à modificação na política governamental de salários, que ora acontece, não é aconselhável negociar agora. Cada empresa deve avaliar o clima interno.”12

Buscando aperfeiçoar seu sistema de navegação em meio à enxurrada de decisões governamentais o SIMEC desdobrou três Comissões de Nego-ciações da Convenção Coletiva do Trabalho: uma Comissão de Política So-cial, formada por Augusto Castelo da Cunha, Carlos Prado, Flávio Almeida Franco, Marcelo Villar de Queiroz e Marcos Antonio Gurgel; uma Comis-são de Política Sindical, composta por Acácio Araújo de Vasconcelos, To-nico Aragão, Helder Coelho Teixeira, Sebastião de Arruda Gomes e Sérgio Cunha de Figueiredo; por fim, uma terceira Comissão, de Política Econômi-ca, tendo como componentes Célio Cirino Gurgel, Fernando Castro Alves, Marcus Vinicius Sousa, Mario Bravo e Raimundo Nunes de Andrade.13

Navegar era preciso. Uma equipe técnica do BNB compareceu ao encontro do dia 2 de julho de 1991 para expor tipos de financiamentos “financeiramente viáveis” para a área industrial, com o objetivo de “prio-rizar os setores dinâmicos da indústria”.14 O entendimento pela palavra predominava. Anunciava-se o Seminário sobre Livre Negociação Sindical, a acontecer em Curitiba. O Seminário Qualidade para a Produtividade, ministrado pelo psicólogo José Coelho de Melo Filho. Era divulgado o III

Encontro Nacional pelo Desenvolvimento, em São Paulo. A palestra sobre Como Aumentar a Lucratividade com a Análise do Valor. A I Feira de Veícu-los e Autopeças do Ceará. A I Feira do MERCOSUL, em Brasília.15

Como uma das ações básicas do Sindicato é informar, as Reuniões Or-dinárias vinham plenas de informação, “porque o empresário está ocupado com o dia a dia, e o momento para ele ter alguma informação sobre o que está acontecendo de novo, de vantagem para a empresa dele, está justa-mente nas reuniões”, esclarece o ex-Presidente. Daí haver solicitado ao Núcleo Setorial de Informação Metal Mecânica da Universidade Federal de Santa Catarina, ainda em dezembro de 1990, uma Base de Dados para eventos na área, com a qual supria o calendário informativo.

Missão internacional em Monterey-México, 1993

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“Precisamos de informação e formação. Mais formação, até, mas nem por isso menos informes, sobre feiras nacionais ou internacionais. Essa sempre foi uma visão minha, de achar que é preciso conhecer o que se faz aí fora. A presença tem que ser constante. No Brasil mesmo, em São Paulo, ou no exterior, onde tiver informação a gente vai ter que ir atrás. Nós não tínhamos uma base sólida de negócios, nem produtos que fossem altamente competitivos, mas mesmo assim era indispensável saber como as coisas aconteciam lá fora, e trazer algumas delas para cá”, assume.

Com esta certeza em mente foi organizada uma missão ao México. A Feira Internacional de Metalmecânica, acontecida naquele país, na cida-de de Monterey, no ano de 1991, da qual o SIMEC participou apoiado pela Secretaria estadual da Indústria e Comércio, pela FIEC e por outros patroci-nadores interessados nas possibilidades acenadas por esse novo mercado, que não chegou a se consolidar.

O Plano Collor adernava rumo ao inédito impeachment presidencial. O ano de 1992 começava com desesperadas tentativas do Governo em man-ter um mínimo de controle econômico, aprovando nova Reforma Tributária de Emergência, instituindo a Unidade Fiscal de Referência e alterando a legislação do Imposto de Renda, entre outras medidas. As águas cearenses agitavam-se e as empresas mais uma vez enfrentavam “situação crítica”.16

Houvesse ou não uma relação de causa e consequência com o ma-cro cenário nacional, empresas como a Micheletto e a Indumaq, associadas desde 1987, desativaram suas fábricas no Ceará. A primeira restringiu-se a fabricar rebites. A segunda continuou mantendo apenas a assistência técnica.

Não bastassem os dissabores, o setor enfrentava críticas de reflexo lo-cal, por parte de Vicente Fialho, Ministro das Minas e Energia do Brasil de abril a outubro de 1992, que culpava os pivôs de irrigação, implantados pelo governo Tasso Jereissati, pelo fracasso do Plano de Irrigação, atingindo com isso a Cemag, única empresa local a fabricá-los. Assumindo seu papel, a Diretoria do SIMEC, em conjunto com a FIEC, aprovou a publicação de nota nos jornais em defesa da associada, o que foi feito.17

Nem tudo era negativo no setor eletrometalmecânico, enquadrado no extinto 14° Grupo do Plano da Confede-ração Nacional da Indústria, que em 1989 passara a cons-tituir o 19° Grupo. A produção de aço crescia. O Brasil fabricava 4,5% a mais em janeiro de 1992 em relação ao mesmo mês do ano anterior. A FIESP concedia 70% de re-posição salarial aos metalúrgicos.18 E Fernando Collor de Melo era ejetado do poder a 2 de outubro de 1992, abrin-do a vaga para Itamar Franco, que começou autorizando o novo Ministro do Trabalho, Walter Barelli, a apresentar proposta de fixação do salário mínimo em 100 dólares, a partir de janeiro de 1993.19

Em fevereiro de 1993 o Jornal da FIEC informava a seus leitores que o crescimento do setor eletrometalmecânico cearense seria “moderado”. O Pre-sidente do SIMEC se pronunciava pela Diretoria de sua entidade, prometendo realizar pesquisa-diagnóstico sobre o que o industrial esperava do setor, ao mesmo tempo em que realizava um balanço comparativo entre antes e agora.

Antes, havia no país a ideia de desenvolvimento. Levando em conta o quadro que se tinha antes da recessão, com as empresas da área empe-nhadas em grandes investimentos, que as levaram a crescer “assustadora-mente”, era fácil perceber que, hoje, a recessão trouxera “queda brutal”, confirmada pelas perdas de até 60% registradas nos últimos cinco anos.

“Antes, as empresas associadas ao SIMEC empregavam 10 mil pessoas”, enfatizava Fernando. “Hoje precisaria somar todas as indústrias do Ceará para chegar a esse número,” e apresentava os quantitativos comprobatórios.20

O setor de metalurgia cearense era formado por 355 firmas registradas, com 7.303 funcionários. O setor mecânico era menor, com 43 firmas, e o setor eletroeletrônico menor ainda, registrando apenas 40 empresas. No total, somavam 421 empresas, com 10.246 operários. Havia ainda 1.545 microempresas em operação, com 15% do pessoal ocupado. A adição dos

O Brasil fabricava 4,5% a mais de

aço em janeiro de 1992 em relação

ao mesmo mês do ano anterior.

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números representava 70% da produção que abastecia Norte e Nordeste, produção esta alavancada pelas empresas de grande porte, como Esmaltec, Siderúrgica Cearense, FAE, Mecesa, Grupo Ângelo Figueiredo.

Novas indústrias estavam sendo atraídas para o Estado para permitir ao cearense a possibilidade de alternativas à imprevisibilidade climática. Pre-via-se, até o próximo ano, a chegada de 17 empreendimentos, que iriam gerar mais de mil empregos de uma só vez, consolidando a Política de Atração de Indústrias desenvolvida pelo Governo estadual.

Entre suas últimas ações na presidência, Fernando Castro Alves acom-panhou a promoção de curso sobre novos processos não poluentes, reali-zado na FIEC, porém com inscrições no SIMEC, cientes todos que a maior parte dos processos usados no Brasil, “por falta de conhecimento maior de

técnicas mais modernas”, causavam danos ao meio-ambiente, uma ques-tão social que começava a se impor.21

A partir daí, as reuniões seguintes do SIMEC já iriam ser conduzidas por outra Diretoria, e por outro Presidente que, pela segunda vez na história do Sindicato, não era proprietário de indústria.

Notas: 1 - http://www.sociedadedigital.com.br/artigo.php?artigo=114&item=4. 2 - Portal do NUTEC 3 - Instituto Euvaldo Lodi. 30 anos de parceria Universidade-Indústria. Brasília, IEL, 1999 4 - Ata 4/9/90 5 - Ata 4/6/91 6 - Rio de Janeiro, 13/9/90 – arquivo institucional 7 - Ata 4/12/90 8 - Reunião Ordinária 4/9/90 9 - Portal SIMEC 10 - Reunião Ordinária 4/12/90 11 - Fortaleza, 1987 12 - Ata 21/5/91 13 - Atas 3/9/91 e 1/10/91 14 - O FNE - Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste era operado pelo Banco do Nordeste. Havia sido criado pela Constituição Federal de 1988 visando re-duzir as diferenças regionais, contribuindo para investimentos produtivos que viessem a impulsionar o desenvolvimento econômico nordestino, gerando emprego e renda. 15 - Ata 6/8/91 16 - Ata 10/3/92 17 - Ata 14/1/92 18 - JB 7/2/92, OG 8/4/92 19 - DN 10/12/92 20 - Jornal da FIEC fev/93 21 - DN 11/6/93

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Missão do SIMEC ao Polo Metalmecânico do Cariri (Missão Velha, Crato, Barbalha e Juazeiro do Norte, 1993)

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Mario Walter Saturnino Bravo

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1993-1996Mario Walter Saturnino Bravo

O livro de atas eleitorais do SIMEC registrou, no dia 9 de junho de 1993, concluída a apuração da eleição, que haviam comparecido para votar 34 associados de um total de 49. Tratava-se de chapa única, mais uma vez ven-cedora por consenso, e a posse aconteceu como de praxe, a 14 de julho.

A chapa para o triênio 1993-1996 tinha a seguinte composição. Direto-ria: Mario Walter Saturnino Bravo, Diretor Presidente; Carlos Prado, Diretor Secretário; Sebastião de Arruda Gomes, Diretor Administrativo; suplentes Fer-nando José Lopes de Castro Alves, Roberto Farias e Francisco Gildo Rebou-ças. Titulares no Conselho Fiscal: Antonio Carlos Maia Aragão, Marcelo Villar de Queiroz e Augusto Castelo da Cunha, com os suplentes Jesus Hernandez Y.F.Neto, Molinari Batista e Raimundo Nunes de Andrade, proprietário da Metadil – Metalúrgica Diana Ltda, fabricante de dobradiças. Representantes junto à FIEC eram Fernando Cirino Gurgel e Mario Walter Saturnino Braga, com os suplentes Carlos Prado e José Sérgio Cunha de Figueiredo.

Ao reler em 2011 a listagem dos nomes daqueles que compunham a Dire-toria, Mario Bravo acrescenta um comentário a cada um. Fernando Castro Alves: “Foi meu antecessor”. Roberto Farias: “Irmão do Bill Farias, da Fyber”. Francisco Gildo: “Saiu do Sindicato. Não lembro o nome da metalúrgica, tinha parte de alu-mínio”. Antonio Carlos Maia Aragão: “Tonico. Gente finíssima”. Marcelo Villar de Queiroz “Está doente, uma pena”. Augusto Castelo: “Está doente também”1 . Jesus Hernandez: “Da Hispano”. Raimundo Nunes de Andrade: “O Capitão Nunes. Fa-lecido”. Molinari Batista: “Voltou para a Itália”. Carlos Prado: “Uma das grandes eminências pardas”. José Sérgio: “Da empresa Ângelo Figueiredo”.

Ao lado dessa Diretoria, no dia da posse o novo Presidente prometera “consultoria e renovação”2. Assumia o honroso cargo “com o desafio de continuar o excelente trabalho feito pelos ex-Presidentes”, e nortearia sua gestão no cumprimento de três pontos – ou talvez fossem quatro: “Renova-ção, parceria e bem comum, e consulta aos associados”. A Diretoria que en-trava foi saudada por ninguém menos que Fernando Cirino Gurgel, à época Presidente da FIEC, nascido e criado nos quadros do SIMEC, do qual era ex-

-Presidente. Cirino pronunciou aos presentes mais que um discurso de sau-dação. Os que o ouviram naquela noite levaram na memória uma verdadeira declaração de amor ao ofício metalmecânico, preservado em letra impressa pelo Jornal da FIEC. “Por detrás do ritual da troca de comando palpita esfor-ço humano pela continuidade existencial das instituições,” afirmou naquela noite de festa.

Merece destaque a política de alternância entre os titulares da di-reção do SIMEC, (...) que atrai para si uma convergência de inte-resses legítimos.

Os que aqui se reúnem o fazem em defesa de um dos segmentos em-presariais mais gratos às características geoeconômicas do Ceará (...).

A capacidade criativa cearense vai buscar lá fora a matéria-prima que o Estado não produz. Soma essa matéria prima, dentro de suas fronteiras, ao processamento industrial. E a transforma em produto acabado, e o comercializa nos mercados interno e externo.

Entra metal como matéria prima e sai metal transformado em pro-duto final. Agrega-se principalmente trabalho à matéria prima.

Em última análise, o que o setor metalmecânico exporta na essên-cia, como propriamente do Ceará é, sobretudo, o trabalho.

Esse é, em síntese, o roteiro imaginoso da produção e comercializa-ção dos artefatos com que as indústrias eletrometalmecânicas do Ce-ará comparecem ao concerto das atividades produtivas do Brasil. (...)

Trata-se de uma das mais desafiadoras áreas industriais, porque tem exigências para conter custos, incrementar produtividade e sustentar o poder de competição.

É provável que a expressão “buscar lá fora” tenha sido grata aos ouvidos de Mario Bravo, argentino, nascido em San Miguel de Tucumán, chegado ao Ceará em 1976 graças a um convite do industrial Gerardo Matos Bezerra Lima,

que estava implantando modificações no perfil de serviços e produtos da FAE – Ferragens e Aparelhos Elétricos S/A, e para isso procurou pessoas donas de conhecimentos técnicos, especialistas procedentes de todo o mundo.

A FAE havia sido fundada a 13 de setembro de 1967. Voltava-se à fabrica-ção de medidores de energia eletromecânicos, no que contava com a parceria da japonesa Mitsubishi Electric Corporation. Ofereceria também ao mercado uma diversidade de produtos, como parafusos, secadores de cabelo, aspirado-res portáteis, disjuntores, tesouras elétricas e conectores elétricos. Desde 1972 fabricava e comercializava equipamentos para medir e gerenciar o consumo de energia elétrica. A linha de hidrômetros surgiria no distante ano 2000, seguida pela linha de medidores eletrônicos, estabelecendo como missão “contribuir para o uso legal e racional dos recursos hídricos e energéticos”. Atualmente a FAE é especializada na medição de energia e água, exportando para vários países,3 o que ainda não acontecia quando Mario por lá chegou.

Mario Bravo tinha experiência na área de projetos industriais e metalmecâ-nica. Recebido o convite, partiu para procurar no mapa, num tempo anterior à internet e ao Google Maps, onde ficava o Ceará, e não se deixou dissuadir pelas primeiras informações. “O filho do cônsul, muito simplesmente, me disse que era muito quente, não tinha nada. Em contrapartida, eu tinha um dicionário en-ciclopédico Larousse em casa, procurei Ceará, Fortaleza, e vi uma fotografia que me encantou, de uma jangada na praia de Iracema. Temperatura média - para quem mora em Buenos Aires, onde eu já peguei temperatura de 43 graus, não

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Mario Bravo, Tonico Aragão, Marcelo Villar e Dário Aragão

me pareceu nada demais. O Ceará tinha três universidades. Eu aceitei o convite, para experimentar por três meses. Vim sozinho. Com a passagem de ida e volta na minha mão. Depois de dois meses trouxe a família”. E assim ficou.

Antes de encabeçar a chapa que o elegeria para a presidência do Sindi-cato o argentino havia sido convidado várias vezes para fazer parte da Di-retoria. Não aceitara por impedimento legal, afirma, visto não possuir a ci-dadania brasileira, mas tão logo a conseguiu resolveu dizer sim ao convite, estimulado por Fred Saboya. Desde 1983 vinha participando das mesas de negociação do Sindicato (“Sempre tive uma queda por negociação traba-lhista”), como Gerente Industrial da Alubrás – Artefatos de Aço e Alumínio do Brasil S/A, na qual entrara em 1981 e onde chegou a Diretor Industrial. “Depois que saí da FAE fui trabalhar na Alubrás, ajudando no projeto da montagem. A proposta que me fizeram era interessante. Em 35 anos tive carteira assinada só com a FAE e com a Alubrás. Depois fiquei por minha conta, prestando consultoria”.

Dos dois únicos chefes brasileiros recebeu preciosas orientações. “Gos-tei muito do ambiente do SIMEC, das pessoas, do ambiente, da camarada-gem. O Gerardo Lima tinha me dito: ‘Mario, aqui no Ceará, ou você tem dinheiro, ou você tem amigos’. E o Amilcar Araújo, por sua vez, era uma pessoa com um conceito muito forte de associativismo, de classe, tanto que me colocou no SIMEC, representando a Alubrás”.

O cidadão brasileiro Mario Bravo teve sorte. A 27 de fevereiro de 1993 o país embarcou em nova tentativa de estabilizar a economia nacional e de controlar a hiperinflação, que em junho daquele ano alcançou os 46,58%. O Plano Real, implantado pelo presidente Itamar Franco e seu Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, instituiu a URV – Unidade Real de Valor, estabeleceu regras de conversão e uso de valores monetários, iniciou a desindexação da economia, e extinguiu cruzeiros e cruzados lançando uma nova moeda: o real.4

A respeito da hiperinflação e da mudança de moeda o conhecido jor-nalista Joelmir Betting escreveu texto que vale a pena reproduzir:

Aqui jaz a moeda que acumulou, de julho de 1965 a junho de 1994, uma inflação de 1,1 quatrilhão por cento. Sim, inflação de 16 dígitos, em três décadas. Ou precisamente, um IGP-DI de 1.142.332.741.811.850%. Dá para decorar? Perdemos a noção disso porque realizamos quatro reformas monetárias no período e em cada uma delas deletamos três dígitos da moeda nacional. Um descarte de 12 dígitos no período. Caso único no mundo, desde a hiperinflação alemã dos anos 1920.

Mario testemunhou as dificuldades enfrentadas pelos empresários brasilei-ros e cearenses, podendo confirmar que afetavam todos os níveis de trabalho. “A relação era conflituosa com o trabalhador por um motivo muito simples. A in-flação corroia completamente o salário. A priori, o nascimento do real foi como uma bênção para a relação trabalhista, e para o trabalhador em si. Eu achei uma coisa maravilhosa, porque trazia um pouco de lógica a uma situação absurda”.

A URV entrava em cena. “Todos os dias o valor era diferente. Se fazia uma média mensal, e se passava a ter a referência de um valor médio mensal, fixo. Era bom para o trabalhador”. A opinião do Presidente do SIMEC não era inteiramente compartilhada pelos metalúrgicos, que em março de 1994 marcavam uma greve envolvendo cerca de meio milhão de trabalhadores de São Paulo, Osasco e Guarulhos, exatamente em protesto contra a conversão dos salários para URV, “que não havia considerado a inflação de fevereiro”.5

Se as condições não eram as ideais para os metalúrgicos, também não o eram para os donos das indústrias cearenses, vistos por Mario como verda-deiros heróis. E enumera as razões na ponta dos dedos: “O Ceará não tem matéria-prima. Não tem a quantidade ideal de gente especializada. Não fa-brica equipamento. Não tem mercado suficiente para sustentar uma indústria. Quem monta uma metalúrgica aqui é um herói”.

Como exemplo, menciona associados do SIMEC, como Fernando Ci-rino Gurgel, que na época presidia a Metaneide (hoje Durametal), Carlos Prado, da Cemag, e Valdelírio Soares, da Microsol, que por duas vezes viria a presidir o Sindicato. O caso deste último ilustrava a afirmação: “O cobre vinha do Chile. As lâminas para os transformadores tinham que

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ser compradas na Argentina, porque aqui o preço não era competitivo. Coloque aí mais dois meses de navio, para chegar a mercadoria. E o mercado dele não estava aqui. É ou não é um herói?”

Antes que o Plano Real começasse lentamente a mostrar seus efeitos, reduzindo a inflação, ampliando o poder de compra da população, remodelando os seto-res econômicos nacionais, aumentando o consumo do aço no país, trazendo um sopro de alívio, houve tempo em 1993 para o Governo Federal encerrar o programa de privatização do setor siderúrgico, com o leilão da

Açominas.6 No Ceará avançava a construção do Distrito Industrial III7, ocu-pando área de 164 hectares, localizado no município de Maracanaú.

“Distrito Industrial tem vantagens e desvantagens”, analisa Mario. “Uma das coisas que encorajou o Distrito foi a concessão de determinados incentivos. Eram áreas de bom tamanho, que em Fortaleza eram mais difí-ceis. Para a logística era muito mais interessante. Hoje temos atuantes, na Grande Fortaleza, os Distritos de Maracanaú I, II, III e IV, além de Aquiraz, Eusébio, Maranguape e Caucaia”.

Em setembro de 1994 estava confirmado o aumento nacional de con-sumo do aço, tendo o Plano Real como indutor. Os números positivos eram demonstrados por empresas como a Esmaltec, maior cliente individual de aço no Nordeste.8

Muitas foram as Feiras de negócios em 1994. Em agosto aconteceram a X Feira Sul-Brasileira da Indústria Mecânica – Expomac 94, com a participação de 90 expositores, e a III Feira Sul-Brasileira da Indústria Eletroeletrônica – Elétron 94, ambas no Centro de Exposições de Curitiba. Exatamente um ano depois vieram a FIMEPE – Feira da Indústria Metálica e de Material Elétrico de Pernambuco, e o I Encontro de Tecnologia e Soldagem do Vale do Jagua-ribe, no município cearense de Tabuleiro do Norte, oferecido pelo NUTEC.

E 1995 foi também o ano em que Ana Elsa Ávila Pinto, atual secretária, entrou no Sindicato, trazendo a experiência de trabalho na Cemag sob o comando do associado Carlos Prado. Chegava com a missão de organizar as pilhas de papéis e documentos produzidos e acumulados ao longo de décadas, entre os quais se encontravam muitas das atas que contam a histó-ria do SIMEC, hoje preservadas pela reconhecida importância documental na recuperação da memória da entidade.

Os encontros do Trade Point Fortaleza, criado em 1995 como parte de um projeto da Organização das Nações Unidas, foram anunciados em reu-nião no mês de julho, cumprindo com o propósito de formar e acompanhar empresas na procura de parceiros internacionais, prestar assessoria em co-mércio exterior e simplificar as negociações no mercado internacional.9 Na mesma reunião formou-se Comissão de Negociação patronal, pronta para negociar com o Sindicato dos Trabalhadores a Convenção Coletiva para o ano seguinte; registrou-se o interesse de empresas portuguesas interessadas em trabalhar com empresas cearenses, em regime de subcontratação; o financiamento, por parte do BNDES de projetos de controle ambiental e despoluição industrial; e o ex-Presidente Fred Saboya repartiu informações sobre as normas do ISO 9000 para empresas do setor eletrometalmecânico.

O SIMEC comunicava-se com seus associados, estimulando a participação, como expõe Mario. “Encorajamos sim, promovemos encontros, participamos ativamente de feiras, ou como vendedores ou como compradores, ou mesmo só para ver o que os outros estavam fazendo”, afirma. “O benefício se traduz em conhecimento e contatos. Depois do meu período na presidência houve algu-mas feiras no Ceará, creio que duas, alguma coisa em conjunto com o SEBRAE. Foram feiras que se pagaram. Não trouxeram prejuízos. Não eram feiras de negó-cios, mas de vitrines, e tentamos oferecer uma vitrine para o produto cearense.”

No que se refere a essa desejada abertura internacional, durante a pre-sidência de Mario Bravo foram feitos contatos com Portugal para avaliar vantagens e desvantagens de eventuais parcerias. Os resultados, porém,

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Estava confirmado o aumento nacional de consumo do aço, tendo o Plano Real como indutor.

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não atenderam ao esperado. “Os portugueses estavam mais interessados em que nós vendêssemos as coisas deles aqui, do que em formar parcerias. Não foi muito produtivo”, descarta ele.

Desde setembro de 1994 o Plano Real vinha conseguindo aumentar o consumo do aço. O CONFAZ – Conselho Nacional de Política Fazendária equalizava o preço do aço plano para o Nordeste, medida que reduzia a competitividade para as indústrias que importavam insumo do Sul e Su-deste.10 O Secretário da Fazenda estadual, Pedro Brito do Nascimento, declarava aos jornais que “os produtos não estavam competitivos porque no preço estava sendo colocado o frete” e o jornal esclarecia:

A medida preenche o vazio criado pelo Governo ao abolir o subsídio no frete para aços planos vendidos pelas siderúrgicas do Sul e Sudeste para as indústrias do Nordeste. Sem o frete CIF as indústrias locais en-frentavam problemas de competitividade no mercado interno e externo.

Em retrospecto, Mario Bravo interpreta o papel do SIMEC dentro desse pro-cesso. “Todas as siderúrgicas fabricantes da matéria prima aço ficam ou no Sul ou no Sudeste. Quando foram feitas – com dinheiro do contribuinte” – assinala, “foi criado o CIF uniforme. O frete tinha o mesmo preço para as indústrias, no Sul ou no Nordeste. Para todo o Brasil. Todo aquele benefício, que tinha sido criado com dinheiro do povo, permitia que o país inteiro gozasse de alguma forma do fato de possuir siderúrgicas. Em determinado momento, quando se começou a pensar em vender as siderúrgicas, em privatizar as siderúrgicas, morreu o CIF uniforme”.

E prossegue: “Automaticamente, para todos os que estavam longe das usinas o custo foi lá para cima. Diante dessa situação nós formamos uma comissão junto ao Governo do Estado, criamos um projeto para estabelecimento de um diferen-cial, ou seja, um crédito presumido. Quem apresentasse a nota fiscal de compra da matéria-prima aço de fora do Ceará, e apresentasse a nota fiscal de frete, tinha direito a desconto no ICMS como crédito presumido. Não era crédito na realidade, mas uma presunção de crédito. Isso ajudou muitos anos, e ajuda ainda hoje, se não caiu. Dava condições um pouco menos absurdas para se poder concorrer.”

Sobre a atuação do Sindicato na área metalmecânica ele responde: “É um setor que tem um peso muito maior, sempre. Aqui não temos nenhuma empresa que seja especificamente elétrica ou eletrônica. Nós tínhamos, do setor elétrico, mesmo, a FAE e a Microsol, praticamente. Esmaltec, linha branca, mistura os dois setores. Depois chegou a Mallory, e foi quando o setor elétrico cresceu”.

Para Mario, ao longo dos anos o SIMEC definiu “dois ou três guias espiritu-ais: Carlos Prado, Fernando Cirino, pessoas que sempre foram muito ouvidas, pelo bom senso e pela dedicação à causa, e o terceiro, Sebastião de Arruda Gomes, já falecido. Carlos Prado é uma cabeça. Nunca foi presidente do SIMEC porque não quis. É pessoa que tem condições de planejar. Quando surgiu o Pla-no Cruzado ele vaticinou com extrema precisão os próximos cinco ou dez anos. Tem um potencial intelectual incrível”. E conclui com ênfase: “É uma cabeça”.

O tempo de renovação da Diretoria chegava. Articulava-se a chapa única que, por consenso, daria a presidência do SIMEC ao associado Gui-lardo Góes Ferreira Gomes, mantendo o espírito de formar lideranças, de possibilitar o acesso de novos nomes à direção do Sindicato e de fomentar o espírito de participação sindical, em todos os níveis. O século XX aproxi-mava-se do fim. Mas certas tradições, como esta, permaneciam intocadas.

Notas: 1 - Faleceu em 2011 2 - Jornal da FIEC julho/1993 3 - Portal fae.com.br 4 - Wikipédia 5 - OESP 1/3/94 6 - OESP 23/8/93 7 - TC 3/7/93 8 - DN 13/9/94 9 - Ata 11/7/95 10 - DN 2/10/94

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Guilardo Góes Ferreira Gomes

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As eleições para a Diretoria do SIMEC no ano de 1996 se deram a 27 de junho, com a instalação e o encerramento da Mesa Coletora seguidos, de imediato, pela apuração dos votos. Exerceram seu dever 32 das 47 em-presas em condições de participar. A chapa vencedora foi composta por Guilardo Góes Ferreira Gomes, como Diretor Presidente, Antonio Marcos Ribeiro do Prado, como Diretor Administrativo, e Marcelo Villar de Quei-roz, no desempenho da missão de Diretor Financeiro. Os suplentes eram José Sérgio Cunha de Figueiredo, João Carlos Clemente Fernandes e Jesus Hernandez Y. Ferreira Neto.

Pela primeira vez houve uma distribuição setorial de cargos, em três di-retorias – Metalúrgica, Mecânica e de Material Elétrico – alterando o mode-lo até então vigente de estruturação da chapa a partir de um organograma linear. Para titular do Setor Metalúrgico foi escolhido Célio Cirino Gurgel. Ao associado Carlos Gil Alexandre Brasil coube a diretoria do Setor Elétri-co; e a Sebastião de Arruda Gomes o Setor Mecânico, tendo como respec-tivos suplentes José Djanir Guedes de Figueiredo, José Armando Thomé de Saboya e João Bosco Gomes Viana.

No Conselho Fiscal assumiram a titularidade Helder Coelho Tei-xeira, Acácio Araújo de Vasconcelos e Francisco Sena de Freitas Rego, com os suplentes Francisco Aiace Mota Filho, João Batista Pacheco Filho e Dário Pereira Aragão. A chapa se encerrava com os nomes de Fernando Cirino Gurgel e Guilardo Góes Ferreira Gomes, Delegados representantes junto à Federação (titulares), e Carlos Prado e José Fre-derico Thomé de Saboya (suplentes).

A presidência voltava às mãos de um representante da segunda geração de proprietários de indústria. Guilardo Góes Ferreira Gomes era filho de Sebastião de Arruda Gomes que, como Diretor presidente da empresa Nor-frio – Indústria Norte Brasileira de Refrigeradores S/A, número 26 no Livro de Registro do SIMEC, desde 1975 integrava ativamente os quadros da en-tidade. A Norfrio tinha endereço na Rua Padre Anchieta, 130, bairro Monte

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Sebastião de Arruda Gomes, Guilardo Góes Ferreira Gomes - Norfrio

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Castelo, em Fortaleza. Além de Sebastião eram também componentes da firma os irmãos dele, Carmelo, Danilo e Antonio Arruda Gomes. Sebastião solicitou novo registro no Sindicato a 7 de agosto de 1979, através da firma Arruda Gomes & Irmãos Comércio e Indústria Ltda, recebendo o número 32 (hoje excluida). Dava o endereço da Rua Guilherme Rocha, 914 – onde ainda funciona uma empresa do Grupo, a Equipeças, comercializando pro-dutos e oferecendo serviços de refrigeração e ventilação. Mais de meio século depois permanecem trabalhando no mesmo endereço.

Três semanas depois de registrar sua firma, ainda em agosto de 1979, Sebastião entrou com pedido de registro para a Thermus Ar Condicionado e Refrigeração Ltda (número 33 no Livro), localizada à Rua Guilherme Rocha, 1264, tendo como componentes, além de Sebastião de Arruda Gomes, o irmão Danilo, o filho Guilardo Góes Ferreira Gomes e Roberto Maciel Cam-pos. O ingresso da Termisa Industrial S/A foi registrado no final de 1989. A empresa havia sido fundada em 1987 e contava com 39 funcionários. Com-punham a firma Sebastião de Arruda Gomes, Danilo Arruda Gomes, Guilar-do, José Helmar Rocha Leitão e Carlos Guilherme Campos Bezerra.

“Meu pai era sócio das nossas três empresas”, recapitula Guilardo em 2010. “Duas comerciais e uma industrial. Estamos há mais de 50 anos no mercado. A Equipeças tem mais de 25 anos. E a Termisa, a mais nova das três, já fez 23 anos”.

Guilardo não era participante frequente das reuniões no Edifício Janga-da. “Sei que as relações trabalhistas eram muito turbulentas, por conta da inflação, que de certa forma colocava os reajustes econômicos no centro das discussões. Nessa época – final dos anos 1980 – eu não era um grande frequentador do Sindicato. A FIEC funcionava lá e recebia os Sindicatos numa sala, onde aconteciam as reuniões. Não recordo com precisão, mas devo ter ido somente a uma ou duas reuniões. Meu pai ia bem mais”.

O pai dele não apenas frequentava de forma assídua como foi um dos principais incentivadores das reuniões de entrosamento que se davam após o encerramento da pauta oficial. “Terminava a reunião, no Edifício Jangada, e o pessoal ficava por lá tomando um uisquezinho em redor da mesa, que está até hoje na FIEC, uma mesa no formato de timão. Isso aí é o que esti-mulava o companheirismo, a ter amizade, a um ajudar o outro, a ir além dos negócios pura e simplesmente”

Essa aproximação foi mantida no endereço da Av Barão de Studart. “Depois que a reunião plenária acontece, todo mês, temos a reunião de confraternização, onde muita coisa se conversa. Um tem um problema, o outro dá a dica, e como nós não somos concorrentes essa reunião ajuda muito o grupo”.

Em grande parte essa aproximação se devia ao cuidadoso critério se-letivo para ingresso no SIMEC. “Quando fui Presidente, visitávamos os que queriam entrar, íamos nos informar se eram do ramo, procurávamos infor-mações sobre a idoneidade, sobre a seriedade do candidato. Temos esse cuidado para manter o grupo com pessoas idôneas, com pessoas que te-nham certa qualificação. É por isso que não temos tido muitos problemas”.

Sebastião, pai de Guilardo, era formado em contabilidade porém nun-ca exerceu função nessa área. O filho diz: “Ele nunca quis ser Presidente do SIMEC, mas sempre quis colaborar. O pessoal gostava da presença dele, era uma pessoa muito querida, agregava, era uma pessoa de confiança do Presidente”. Uma das provas disso foi a entrega a Sebastião do prêmio Ho-

Feira de Hannover

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mem do Frio, concedido pela M.A.R.V. Promoções, em julho de 1995. Em todas as chapas de Diretoria do SIMEC, entre 1978 a 2008, o ano de seu falecimento, o nome de Sebastião Ferreira Gomes aparece ora como Tesou-reiro, ora Diretor do Setor Mecânico, titular do Conselho Fiscal ou suplente da Diretoria, continuando presente in memoriam na Diretoria de 2008 gra-ças a homenagem especial prestada pelo atual Presidente, Ricard Pereira Silveira. Compôs também a Diretoria do filho Guilardo, que no primeiro semestre de 1997 acompanhava o andamento de seu setor de atividades.

Era este o período em que o Secretário estadual da Indústria e Comércio, Raimundo Viana, buscava parceiros na Argentina para a área metalmecânica,1 e anunciava que, até o final daquele segundo governo Tasso Jereissati, estava pre-vista a chegada ao Ceará de 3 mil novas empresas, em 18 projetos industriais.2

Os de casa davam sua contribuição. Em maio de 1997 era inaugurada, no município de Caucaia, a unidade industrial da fábrica Aço Cearense, co--irmã da Aço Cearense Comercial Ltda, do empresário José Vilmar Ferreira, que iria produzir tubos industriais, perfis virados, tiras articuladas, com um volume inicial de produção de 1.000 toneladas/mês, oferecendo 60 empre-gos diretos na implantação do projeto, mais 180 quando estivesse em plena operação, tudo isso com investimentos na ordem de R$ 7 milhões.

Oito meses depois a contribuição era reconhecida. “Aço Cearense: uma in-dústria de peso”, dizia o título de matéria da Tribuna do Ceará (29/1/98) sobre o empreendimento, reforçando o apelo com o uso de selo publicitário que não poupava expectativas: “Ceará, Estado do Investimento. O futuro está aqui”. Em atividade desde 1980, “a Aço Cearense exemplifica o quanto a economia cearen-se cresceu nos últimos anos”, complementava a matéria, destacando a produção da empresa: “3 mil toneladas/mês de tubos de aço, perfis, chapas articuladas, etc, para fábricas de móveis tubulares, metalúrgicas e indústrias da construção civil”.

De volta a junho de 1997, sabe-se que Benjamin Steinbruch, Presiden-te do Conselho de Administração da Cia Vale do Rio Doce, considerava a Siderúrgica do Pecém – ou pelo menos o projeto dela – “a mais moderna

construída no Brasil.” Quando entrasse em funcionamento, em 1999, cre-denciaria o Ceará a receber empresa montadora de veículos, marcando o início de uma arrancada industrial.3

No âmbito sindical Guilardo comunicava os resultados de viagem feita à região da Lombardia, na Itália, e da produtiva visita do Embaixador do Canadá à FIEC, trazendo as boas novas de linhas de crédito disponíveis em indústrias canadenses.4 Comunicava ainda a realização da Feira da Escola Técnica e da Feira de Subcontratação de Pernambuco; de Workshop no Centro de Informações Metalmecânicas, no Auditório Waldir Diogo, com apoio multi-institucional (NUTEC, SENAI/CE, IEL/CE, SEBRAE/CE, Secreta-ria estadual de Indústria e Comércio, UFC e SIMEC); de Seminário sobre Recuperação de Impostos e Assessoria tributária, na FIEC.5

Guilardo reforça: “Feiras, eventos, congressos, seminários, são muito importantes. O grande problema do SIMEC é definir de qual feira partici-

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par. Em feira de máquinas, a gente vai para comprar máquina. Em feira de estrutura, vão duas ou três indústrias. A mesma coisa em feira de refrigera-ção. Cada ramo tem sua feira. Agora mesmo [2010] está havendo feira em Recife. Interessa a uns, a outros não interessa, fica complicado definir”.

Associados do SIMEC participavam de feiras reconhecidas internacional-mente, a exemplo da Feira de Hannover, na Alemanha: “Feira de fornecedor. A gente vai para comprar. Não para exibir”, analisa objetivamente o ex-Presidente.

Na Reunião Ordinária de 8 de julho de 1997 Guilardo informava ter sido encerrada pesquisa de consumo de aço no setor, identificando vo-lume médio mensal superior a 5.800 toneladas dos diversos tipos de aço consumidos. O próximo passo seria entrar em contato com as Siderúrgicas nacionais, já que era viável a consecução de bons resultados nas negocia-ções, e melhores prazos de compras. Informava também sobre contatos es-tabelecidos com o HSBC Bamerindus, para obter seguro creditário e sobre a análise, aos cuidados do BNDES, da criação de uma linha de crédito para os que não dispunham de garantias reais.

Na pauta da mesma reunião sabe-se que a CNI enviara correspondên-cia tratando de acordo de cooperação internacional, que havia empresas francesas interessadas em associação e parceria com empresas brasileiras, e que a Câmara de Comércio Brasil-Reino Unido também convidava para a discussão de oportunidades de negócios. O Governo estadual acenava positivamente em relação ao crédito presumido de ICMS. “Para não deixar

o nosso polo sem competitividade, depois da perda do frete CIF uniforme, o Governo do Estado criou um crédito compensatório, que já existe há bastante tempo. Existia quando eu era Presidente, e todo ano se renovava esse convênio. Todo Governador reco-nhece, porque se a gente perder isso o custo aumen-ta. A chapa é um produto relativamente barato, e o frete incide pesado sobre ela.”

Havia mudanças na legislação trabalhista em referência a horas extra, cál-culo de férias e situação dos Sindicatos. Guilardo rememora: “Nessa época a negociação já estava muito profissionalizada. Foi um passo muito importante no sindicalismo, profissionalizar as negociações. Antes, quando era conduzi-da diretamente pelos Diretores dos Sindicatos, havia muita pressão. Quando passou a ser através de negociação profissional melhorou muito”. Ainda assim a questão trabalhista era inevitável. “São dois Sindicatos laborais”, explica. “O que tem sede em Maracanaú e o que tem sede em Fortaleza. O SIMEC se re-laciona com os dois. Todo ano é estabelecida negociação com os dois. Na mi-nha época, durante dois anos não conseguimos fechar acordo com o sindicato de Fortaleza. Fechamos com o de Maracanaú, mas não com o de Fortaleza”.

O segundo semestre de 1997 trouxe notícias animadoras. A Gazeta Mer-cantil (10/9/97) dedicava sua manchete ao novo perfil industrial do país, que favorecia especialmente a Siderurgia, e que posicionava a indústria siderúr-gica brasileira como a sétima maior do mundo. Os empresários nordestinos aspiravam fortalecer ainda mais o setor metalmecânico, e tanto a Feira da Indústria Metal Mecânica em Pernambuco, quanto a Feira de Indústria Mecâ-nica, Metalúrgica e de Material Elétrico de Pernambuco – FIMEPE 97, ambas em setembro, ofereciam sua contribuição para maximizar esse potencial.6

No último mês do ano de 1997 a CSN definiu o cronograma para sua subsidiária CSC – Companhia Siderúrgica Cearense, “âncora de um futuro polo metalmecânico projetado pelo Governo para a área do Pecém, atual-mente em construção.” Capaz de “ampliar o espaço do Grupo Vicunha no setor siderúrgico e de infraestrutura”, a Usina, em parceria com a Nuccor Steel, começaria a operar no primeiro semestre de 1999, “produzindo pro-dutos siderúrgicos planos, divididos entre 600 mil toneladas de laminados a quente, 360 mil toneladas de laminados a frio e 240 mil toneladas de galva-nizados, totalizando 1,2 milhão de toneladas”.7

O setor metalmecânico começou 1998 em expansão e assim conti-nuaria por algum tempo. A produção de aço crescera 4,6% em janeiro

Associados do SIMEC participavam de feiras reconhecidas internacionalmente.

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daquele ano no país8, e 6,9% no mundo. Apesar de a economia mundial enfrentar mais uma de suas crises cíclicas e inevitáveis, o momento se mostrava propí-cio para os profissionais especializados em metalme-cânica no Ceará, Estado que “tem se mostrado campo fértil para o profissional da metalurgia,”9 respaldado pela garantida implantação da CSC.

Com relação às obras da siderúrgica, o que foi pro-metido foi feito – pelo menos em uma pequena parte. Logo nos primeiros dias de 1998 a Tribuna do Ceará

(5/1/98) publicou reportagem informando ter sido lançada a pedra funda-mental da CSC, pelo governador Tasso Jereissati, em solenidade no Palácio do Cambeba, sede do Governo, respaldado pela aprovação da SUDENE, ainda em dezembro do ano anterior, da Carta Consulta para financiamento através do FINOR – Fundo de Investimentos do Nordeste.

As obras teriam início em janeiro de 1999, já estando quase concluídos os trabalhos de terraplanagem. A área ocupada pela siderúrgica abrangeria 1,6 milhões m² no Pecém, sendo a planta gerenciada de acordo com as normas de preservação previstas pela ISO 14000. Utilizaria tecnologia de projeto limpa, em termos ambientais (DN 17/8/98). Todos os verbos das reportagens eram empregados no tempo futuro: empregará, investirá, atrai-rá, reduzirá, produzirá. Um cuidado jornalístico que se justificava.

Acreditava-se que a crise mundial, surgida dessa vez na Ásia, não atin-giria a siderúrgica cearense, e negava-se terem sido paralisados os investi-mentos, tendo nesse caso o endosso do cearense Pedro Felipe Borges Neto, Vice-Presidente do Grupo Vicunha. O que havia, na observação que fizera ao longo do tempo, era a existência de “uma grande torcida contra a im-plantação da siderúrgica no Nordeste” (DN 13/2/99).

Talvez houvesse. Ou talvez a dificuldade repousasse na própria ca-racterística do setor, o que é possível deduzir de comentário da jornalista

econômica Maria Clara R. M. do Prado, publicado na Gazeta Mercantil (24/7/98): “Não existe no país setor com estrutura societária mais ema-ranhada do que a Siderúrgica”, escrevia ela, identificando “um cipoal de participações cruzadas” a partir da privatização, em 1991, que emperrava negociações, e não só no Ceará.

Aqui e ali, sinais de avanço afloravam para dar novo fôlego ao cenário local. O poderoso Grupo Thyssen anunciava investimento de U$ 1 bilhão, sem que os jornalistas soubessem a qual projeto se destinava. Segundo a bem informada colunista Sônia Pinheiro, do jornal O Povo, “sabe-se apenas que é um investimento direcionado ao segmento metalmecânico, e que o projeto será instalado no município de São Gonçalo do Amarante”, estando todos os demais detalhes sendo tratados como “segredo de Estado” (OP 5/8/98).

O Grupo Thyssen entrava em cena para “consolidar ainda mais a Com-panhia Siderúrgica Cearense”, esclarecia o jornalista Fernando Serpa (TC 8/8/98), complementando a informação com dados objetivos sobre a construção da futura CSC, cujos balcões já se encontravam comprados e encomendados, e cujas obras de terraplanagem haviam chegado ao final, com a CSN acompanhando tudo, “passo a passo”.

A CSC seria “subsidiária integral da CSN, que detém 100% do contro-le da empresa”. (TC 17/9/98). Uma vez pronta, iria incrementar o polo metalmecânico cearense, a começar pelo investimento orçado em U$ 800 milhões, destinado à fabricação de produtos siderúrgicos planos (TC 11/8/98). A previsão para conclusão das duas primeiras fases indicava o ano 2000 (OP 17/9/98), ou talvez o ano 2002 (DN 12/12/98). Mantinha--se a firme convicção de que a crise econômica e a alta dos juros não se-riam suficientes para afetar as obras de implantação. (DN 17/8/98)

***

Fernando Cirino Gurgel estava há seis anos à frente da FIEC. Pleno de objetividade, informava à jornalista Marise Ponte, do Jornal da FIEC, em dezembro de 1998, o que esperava do Governo Federal para os primeiros

O momento semostrava propício para os profissionais especializados emmetalmecânica no Ceará.

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três meses de 1999: nada mais que “o bom senso” de efetivar “medidas imediatas que possibilitem a modernização e a competitividade do setor produtivo nacional”.

Mais uma vez anunciou-se o lançamento da pedra fundamental, que depois de se dar no gabinete do Governador aconteceria in situ, a 19 de janeiro de 1999 (TC 13/1/99), quando a obra “sairia do papel para a prática,” estando prevista para 2004 a conclusão total do empre-endimento (Jornal da FIEC, dez/98). Em fevereiro o Diário do Nordeste (13/2/99) projetava o lançamento desta, que seria a primeira usina de aço plano do Nordeste, para o mês de março. E assim continuaria, de ano em ano, sine die.

O noticiário jornalístico entre 1998 e 1999 permite ver múltiplas causas para os adiamentos, entre as quais a liberação do câmbio (OP 18/5/00) e as mudanças na política de incentivo à importação de equi-pamentos (DN 5/2/00), contribuindo para que se desse uma real difi-culdade no estabelecimento de parcerias, nacionais ou internacionais. Indústrias de renome, como Nuccor Steel Corporation, Gaspetro, Texaco do Brasil, Taquari Energética, do Grupo Vicunha, pontuavam matérias jor-nalísticas, participavam de reuniões oficiais, como possibilidades sólidas – que se desmanchavam no ar.

Prenunciando novo ciclo de pujança para a economia local, as infor-mações referentes à CSC interessavam a todos os associados do SIMEC, “um sindicato diferente dos demais”, na análise de Guilardo, explicitando os fatores que aproximam o grupo. “A grande realização do SIMEC, se po-demos chamar assim, é o companheirismo, a qualificação das empresas, é estarem sempre se renovando, buscando qualidade. Na realidade, um Sindicato não tem muito que realizar. Ele tem que defender os associados, e isso tem sido feito. É procurar manter a classe sempre dinâmica e atua-lizada, garantindo a sobrevivência no mercado. Acho que essa é a grande virtude do Sindicato: manter a união”.

No caso do SIMEC esse objetivo parece mais fácil de ser alcançado. “O SIMEC não tem produto único. Nós temos uma gama enorme de pro-dutos. Dificilmente os sócios são concorrentes entre si. Alguns poucos são, como o pessoal de estrutura, por exemplo, mas tem poucos con-correntes. O que nos une é trabalhar com chapa, com metal. Nós temos processo de fabricação parecido. Mas não temos produtos parecidos. As empresas são fornecedoras umas das outras. Se eu vou fazer uma estru-tura, fica fácil contratar alguma empresa filiada ao SIMEC. Existe muita parceria, e isso é o que une o nosso Sindicato”.

O espírito de parceria era extensivo ao processo de renovação da Direto-ria, como informa Guilardo Góes Ferreira Gomes. “Nunca houve divergên-cia. Normalmente o Presidente que sai faz o Presidente seguinte.” A partir da participação em outros Sindicatos, com suas outras empresas, ele assegura: “O SIMEC tem aspectos interessantes. Renova sempre o Presidente. Existem Sindicatos onde o Presidente se eterniza no cargo. A renovação cria lideran-ça. A pessoa entra com gás, e ser Presidente do Sindicato exige isso, porque é muito puxado. É interessante, para o SIMEC, essa renovação.”

Para substituí-lo na mudança de milênio seria escolhido, pela terceira vez, um executivo de indústria, o associado Carlos Gil Alexandre Brasil.

Notas: 1 - TC 17/3/97 2 - OP 16/5/97 3 - TC 1/6/97 4 - Ata 10/6/97 5 - Ata 8/7/97 6 - DN 28/9/97 7 - GM 14/12/97 8 - GM 25/2/98 9 - OP 8/2/98

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O processo de transição na Diretoria do SIMEC seguiu o ritmo habitual de ordem e consenso, com a composição da Comissão Eleitoral acontecen-do em Assembleia Geral Extraordinária, a 11 de maio de 1999, dando-se as eleições e apuração a 23 de junho, realizando-se a posse, excepcional-mente, a 4 de agosto, dois dias depois da confirmação do nome do empre-sário Jorge Parente Frota Júnior na presidência da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Jornal da FIEC agosto 1999).

A Diretoria do Sindicato que passava a ser liderado pelo Diretor Presi-dente Carlos Gil Alexandre Brasil – a décima da história sindical – apresen-tava um mix de sócios experimentados na atividade sindicalista e de novos nomes, e cumpriria sua tarefa até o ano 2002 reunida sob o lema positivista “União e Progresso”.

Além de Gil Brasil, a chapa vencedora era composta pelos seguintes associados: Marcelo Villar de Queiroz, Diretor Financeiro; Valdelírio Pe-reira Soares Filho, Diretor Administrativo; e José Sérgio Cunha de Figuei-redo, Raimundo Raumiro Maia e Jesus Hernandez Y. Ferreira Neto como respectivos suplentes. Diretores Setoriais titulares eram Célio Cirino Gurgel (Diretor do Setor Metalúrgico), José Frederico Thomé de Saboya (Diretor do Setor Elétrico), e Manuel Nunes Silva Neto (Diretor Setor Mecânico), com os suplentes José Djanir Guedes de Figueiredo, Edmundo Pereira Barbosa e Raphael Cláudio de Araújo Neto.

No Conselho Fiscal constavam os seguintes titulares: Helder Coelho Teixeira, Acácio Araújo de Vasconcelos e Sebastião de Arruda Gomes, ten-do na suplência Francisco Aiace Mota Filho, Píndaro Custódio Cardoso e Eduardo Lima de Carvalho Neto. Fernando Cirino Gurgel e o presidente Gil Brasil eram os representantes titulares junto à FIEC. Seus suplentes: Carlos Prado e Guilardo Góes Ferreira Gomes.

Gil Brasil era Gerente Geral da CEMEC – Construções Eletromecânicas S/A, empresa do Grupo J. Macedo, com atuação intensa no Brasil e no ex-terior, uma das primeiras empresas cearenses a obter, juntamente com a Es-

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maltec, o certificado ISO 9000. Na CEMEC ele começara a trabalhar como estagiário, em 1978. Em 1994, antes de receber o referido certificado, o faturamento anual da empresa alcançava R$ 11 milhões. Quatro anos mais tarde chegava a R$ 34 milhões. “O Fernando [Cirino] não abriu mão de me ver como Presidente”, admite Gil, “e eu coloquei uma condição: vou, se o Valdelírio [Soares] aceitar a Vice-Presidência”. E assim foi feito.

Gil não esperou sequer um dia para apresentar seus planos. A cerimô-nia de posse realizou-se no Auditório da FIEC, sendo marcada, simulta-neamente, pelo lançamento da FEINDAL 2000 – Feira Internacional para Integração Industrial, ousada proposta do novo Presidente, prevista para acontecer entre 25 e 28 de abril de 2000.

No ato de transferência do cargo, o Presidente que saía, Guilardo Góes Ferreira Gomes, manifestou-se aos presentes, sendo registrado pelo Jornal

da FIEC: “É com imensa satisfação, e um pouquinho de desapontamen-to, que transfiro a presidência do SIMEC”, disse ele. “Satisfação, porque a transfiro para um colega muito sério e competente. Por outro lado, la-mento, na minha gestão, não ter podido ver um evento da magnitude da FEINDAL 2000”.

Também se pronunciou Fernando Cirino Gurgel, que assumia o cargo de Representante titular do SIMEC junto à FIEC, destacando o papel rele-vante da entidade, da qual fora o quarto Presidente, e do setor eletrometal-mecânico como um todo, no cenário econômico cearense. “O SIMEC é um exemplo de renovação e revelação de lideranças, dentro de um segmento pujante da nossa economia”, declarou ao repórter do Jornal da FIEC, com-plementando, a favor de Gil Brasil: “O SIMEC está entregue a uma pessoa experiente, bem sucedida e que tem muito a contribuir, pelo seu espírito de trabalho em conjunto, num momento em que se espera muito do nosso se-tor – que terá o desafio de ser modernizado para conviver com a realidade trazida pela instalação da siderúrgica e da refinaria no Ceará”.

O novo Presidente assumia, portanto, prometendo manter a continui-dade do trabalho de seu antecessor e implantar nove projetos, de abran-gência interna e externa, entre os quais estava a realização de uma feira com o perfil daquela recém proposta, trazendo a marca da Hannover Fair e o apoio do Governo do Estado, FIEC, SEBRAE/CE e Banco do Nordes-te. O material promocional da FEINDAL 2000 sintetizava o propósito do evento: “uma grande Feira que visa promover negócios através da inte-gração das indústrias; propiciar o intercâmbio de novas tecnologias; de-senvolver a cultura da subcontratação; e atrair novos investimentos para a região, no setor industrial”.

Os demais projetos do Presidente que assumia eram: estimular coo-perativas de exportação, com apoio do Centro Internacional de Negócios da FIEC; procurar aumentar o número de associados do SIMEC; atualizar o cadastro das empresas associadas, com o fim de facilitar negócios; repensar

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o planejamento estratégico do SIMEC; realizar reuniões de diretoria dentro das empresas associadas; identificar empresas competitivas, orientando-as em relação às demandas da siderúrgica a ser instalada no Pecém; aumentar ainda mais a integração do SIMEC com a FIEC; e aproximar o SIMEC dos sindicatos de trabalhadores.

Antes que a feira chegasse, o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostrava que a produção industrial do Ceará crescera 1,1% de janeiro a setembro de 1999, em relação ao ano anterior, destacando--se o setor metalmecânico, que se expandira em 24,3% (GM 24/11/99). A participação cearense do referido setor no PIB industrial era de 4,7%. O crescimento se devia em grande parte ao desempenho de empresas locais, como a Metalic, empresa do Grupo Vicunha, instalada em Maracanaú des-de janeiro de 1998 (GM 3/1/00), a Mecesa, a Esmaltec e a Metaneide, que planejavam novos investimentos para 2000.

O segmento de produção de latas metálicas para embalagem se mos-trava “um dos principais responsáveis pelo crescimento da produção indus-trial do Ceará, no primeiro semestre de 1999,” e continuava em expansão, com boas perspectivas de aumento no ano seguinte. A Gazeta Mercantil (24/11/99) informava que a Mecesa, apoiada em 32 anos de experiência e atividade fabricando latas metálicas para alimentos, tintas e solventes, pro-duzia mensalmente mais de 4 milhões de latas e 800 milhões de tampinhas para garrafas. A Metalic ia ainda além, com capacidade instalada para a produção de 50 milhões de latas por mês.

A Esmaltec se impunha como uma das maiores fabricantes de botijões de gás de cozinha no mundo, exportando para Europa, Oriente Médio e Améri-ca Latina, empregando duas mil pessoas. Da Metaneide saíam tambores de freio para veículos automotivos, também com destino internacional.

O ano 2000 chegou trazendo o temor do “bug do milênio”, len-da urbana cuidadosamente urdida e trabalhada pelos catastrofistas de plantão, ameaçando a desprogramação de todos os computadores, a

instalação do caos cibernético e o fim do mundo tecnológico, amparada na desvalorização do real - único evento que de fato aconteceu e que, entre outras consequências, emperrou a aquisição de equipamentos im-portados (OP 17/5/00).

Enquanto se discutia se o século XX começava naquele ano, ou co-meçaria apenas no ano seguinte, os dois principais setores industriais do Ceará – metalúrgico e têxtil – ganharam ímpeto e mantiveram o ritmo de crescimento (GM 3/1/00). A previsão é que o crescimento da siderurgia nacional, configurada à época “um dos setores mais saudáveis da econo-mia brasileira”, conforme o Jornal do Brasil (1/6/00), chegasse aos 8% em 2000 (FSP 29/5/00).

A unidade cearense da Gerdau S/A iniciara projeto de modernização em 1997, que seria concluído justamente naquele ano, permitindo, a partir daí, a oferta mínima de 500 empregos diretos e indiretos, além da duplica-ção de sua capacidade de produção no Estado, gerando 100 mil toneladas de aço por ano (GM 14/2/00). A indústria siderúrgica nacional cresceu 11,8% no primeiro trimestre de 2000. Os aços planos, que alimentam a produção de automóveis, eletrodomésticos e demais bens intermediários avançaram 20,6% no mesmo período (GM 2/5/00).

Dias antes da abertura da FEINDAL 2000 – Feira Internacional para Integração Industrial, o presidente Gil Brasil deu declarações ao jornal Di-ário do Nordeste (22/4/00) destacando no Ceará a existência de cinco empresas de grande porte no setor eletrometalmecânico, uma centena de empresas de porte médio, e elevado número, não especificado, de peque-nas indústrias. Estas últimas respondiam por 30% do total de empregos oferecidos pelo setor, que era de 22 mil.

Outra característica apontada por ele dizia respeito à diversificação da produção local. “O setor eletrometalmecânico cearense é muito diversifi-cado. O estudo do ETENE – Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste mostra que existem mais de 200 tipos de produtos diferentes”.

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Apesar disso, o Presidente do SIMEC diagnosticava uma indesejada “falta de articulação no polo metalmecânico cearense”. Era menor e menos articulado, quando comparado com Bahia e Pernambuco. A carência se re-velava no fato de o SIMEC congregar “apenas 50 associados, dentro de um universo muito maior de empresas em atividade”. O Presidente conhecia as causas da desarticulação diagnosticada. Entre elas, o fato de muitos dos investimentos terem sido adiados, devido a “fatores conjunturais” como a desvalorização cambial, a instabilidade econômica do início do ano e o atraso na implantação da siderúrgica no Ceará (Jornal da FIEC jan/00).

O interesse do Presidente estava em tentar solucionar problemas em seu âmbito de competência. “Estamos promovendo, em parceria com o IEL, uma pesquisa para radiografar a situação da indústria metalmecânica. A partir das conclusões, vamos traçar estratégias para superar nossas defici-ências” (Jornal da FIEC jan/00).

A FEINDAL 2000 encaixava-se como uma das estratégias para tentar estabelecer um parâmetro da atividade metalmecânica, trazendo oportu-nidades para o conhecimento de produtos, serviços e tecnologia do Brasil e do exterior. Seria mais um canal de atração de investimentos para a re-gião, proporcionando rodadas de negócios internacionais, graças ao apoio da União Europeia (DN 22/4/00), apresentando workshop temático sobre “A Competitividade de Empresas do Setor Metalmecânico do Ceará”, uma promoção do IEL, e reunindo 120 expositores sob os auspícios do SIMEC e da Deutsche Messe AG, por intermédio da Hannover Fairs Sulamérica (GM 26/4/00), representada por Constantino Bäumle (Jornal da FIEC ago/99).

O estudo do ETENE ao qual Gil Brasil se referira reforçava dados co-nhecidos. A distância que se estendia entre muitos dos Estados nordestinos e a região Centro Sul, fonte de cerca de 70% da matéria prima, constituía um dos principais problemas apontados pelas empresas, e pelo Sindicato. O Presidente acenava: “Depois da feira, vamos convocar as empresas para uma reunião, quando teremos oportunidade de saber o que elas desejam

do Sindicato, e do próprio mercado.” Pelo raciocínio dele, a empresa pre-cisava se especializar naquilo em que era melhor, naquilo que estava quali-ficada para fazer, transferindo a outros segmentos as atividades fora de sua competência. Não via sentido em desviar o foco das energias produtivas, por exemplo, para a preparação de alimentos destinados às refeições dos funcionários, ou para a manutenção das máquinas utilizadas. Não eram estas as atividades-fim das empresas, que podiam facilmente subcontratar o serviço (DN 22/4/00), com benefícios para todos.

Em 2010 a opinião do ex-Presidente não se alterou. “Nós conseguimos isso. Hoje, em Fortaleza, temos quase meia dúzia de empresas que vivem exclusivamente de terceirizações. A Metal Mecânica Maia Ltda é um bom exemplo, com mais de 700 funcionários, e começou prestando serviços

Homenagem ao industrial Célio Gurgel na Feindal 2000 (Célio, Gil, Célio Gurgel e Fernando Cirino Gurgel)

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para a Cemec. É uma empresa que não tem produto. Só presta serviços ter-ceirizados. Na época, nós da Cemec transferimos a eles máquinas e equi-pamentos, ativamos as máquinas, e o pagamento seria através da prestação de serviço. Eles hoje fazem os tanques da Cemec, as caixas da Microsol, grelhas para a Esmaltec – que dizer, tudo é consequência daquela feira, daquela semente que foi plantada dez anos atrás”.

Gil Brasil presenciara o funcionamento do sistema de terceirização em Veneto, região Nordeste da Itália. “Havia um conceito de trabalho extrema-mente interessante, e foi o que me propus a fazer aqui. Eles têm centenas de empresas pequenas, que se juntam para fazer produtos grandes. Fui visitar uma fábrica e fiquei apavorado. Era só um escritório pequeno. Eu perguntei pela fábrica e o dono me levou para visitar uma que fazia a caixa, outra que fazia os componentes, numa espécie de cadeia produtiva, e eu achei aquilo fantástico”.

Como o grande objetivo da FEINDAL era integrar as empresas de um Sindicato que não concorre entre si, Gil considerou fundamental colocar na feira não só o produto acabado, mas os produtos para os quais houves-se interesse em terceirizar os serviços de produção. “Nós queríamos que houvesse um desenvolvimento nessa parte de terceirização de prestação de serviços. E no balanço final conseguimos a integração das empresas, e a terceirização”, diz.

A FEINDAL aconteceu com pompa e circunstância no período pro-posto, de 25 a 28 de abril, no Centro de Convenções Edson Queiroz. Uma verdadeira vitrine de produtos e serviços, contando com 120 expositores, aberta ao público, homenageando na estreia, com a entrega de um troféu, o veterano industrial José Célio Gurgel de Castro, primeiro Presidente e um dos fundadores do SIMEC.

O conjunto de setores exibidos não se restringia à área eletrometalme-cânica. Incluía ainda automação industrial, plásticos, borracha, serviços industriais, equipamentos e serviços acessórios. Os principais países con-

vidados, e que compareceram ao evento estavam na Europa (Alemanha, Áustria, Espanha, França, Itália e Portugal) e América Latina (Argentina, Colômbia, Chile, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela), com alguns participantes procedentes dos Estados Unidos, do Canadá e até mesmo da Ásia.1

É provável que a exibição da diversificação e do poderio tecnológico de tantos países tenha conduzido a algumas comparações ou cobranças in-cômodas. O jornal Gazeta Mercantil (12/5/00) aproveitou o encerramento da FEINDAL para divulgar constatação derivada de estudo conduzido pela Universidade Federal do Ceará, IEL, NUTEC e SENAI, entre 1994 e 1999, junto a sete empresas cearenses, de que a falta de tecnologia era obstáculo ao avanço do setor metalmecânico no Ceará. O atraso tecnológico “atra-palhava a competitividade das empresas do setor,” concluía o detalhado acompanhamento.

Isso porque as empresas haviam revelado que 85% dos problemas vi-venciados por elas no esforço de crescimento se encontravam relacionados à tecnologia de processos e produtos. O Presidente do SIMEC estava ciente do fato: “A maior parte das empresas do setor tornou-se obsoleta e não tem recursos para renovar o parque industrial”, lamentava Gil Brasil ao jornal, abrindo, no entanto, as necessárias ressalvas – “com exceção de algumas grandes indústrias”.

De acordo com a pesquisa conjunta, “houve redução de 9% na receita operacional bruta, e de 6% na receita operacional líquida”. Permanecia no Ceará 56% da produção, com apenas 2% das empresas consultadas expor-tando seus produtos. Constatou-se forte verticalização na operacionalidade empresarial. Embora uma amostragem com apenas sete sujeitos de pesqui-sa possa induzir a distorções, registrou-se que cerca de 90% delas – num universo eletrometalmecânico e hídrico de 1.300 microempresas, 100 de médio porte e cinco de grande porte – classificaram o nível de terceirização das operações como baixo ou baixíssimo.

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Os dados complementares da pesquisa delineavam o posicionamento do se-tor eletrometalmecânico à época, que empregava 22 mil pessoas no Ceará, res-pondendo por 8% do PIB estadual2. “O complexo nordestino caracteriza-se por forte economia de escala, com tecnologias de grande porte, embora contenha micro, pequenas e médias empresas. No Ceará, o segmento é considerado hetero-gêneo, com baixo grau de interação entre as empresas”. E a consolidação do polo metalmecânico cearense dependia da implantação plena da CSC (GM 28/9/00), que representava 34% do valor total dos 168 projetos aprovados em todos os seg-mentos da economia do Estado (TC 2/10/00), e que poderia significar disponibili-dade de matéria prima a preços de 12% a 15% mais baixos (DN 22/4/00).

Deixando de lado o setor elétrico, o setor metalmecânico compreendia três grandes segmentos: metalurgia (fornecendo matéria prima para as demais áreas); de máquinas e equipamentos (um dos indicadores mais importantes do desenvolvimento, fonte de geração e difusão de dinamismo econômico); e de bens finais (caso da indústria automobilística) (GM 28/9/00).

Curiosamente, apesar de menos articulado do que nos estados da Bahia e de Pernambuco, como havia sido ressaltado outras vezes, o polo metal-mecânico cearense parecia, aos olhos dos pesquisadores, o mais promissor até o momento, já que os investimentos em curso, atraídos pela agressiva política industrial do governo Tasso Jereissati, apresentavam as melhores perspectivas de dinamização (TC 2/10/00). O IBGE confirmava. O Ceará liderava o crescimento na produção industrial brasileira, com variação po-sitiva de 10,4% de janeiro a setembro de 2000. Destaque para os produtos de metalurgia, com crescimento de 35,1% do trimestre de julho a setem-bro. (GM 17 a 19/11/00) Havia intensa atividade no sentido de aprimorar a qualificação, para o atendimento às demandas que chegavam, ou que se encontravam a caminho.

A essa época, a construção da siderúrgica, ao lado do Terminal Portu-ário do Pecém, continuava a ser o grande trunfo cearense. Sobre isto, Gil Brasil presta uma informação valiosa. “A primeira iniciativa de siderúrgica no Ceará partiu do grupo J. Macedo”, afirma. “Quando eu entrei na Cemec, em 1978, havia toneladas e toneladas de trilhos armazenados ali, no Mucu-ripe. Próximo ao moinho, no pé das dunas, havia um terreno enorme, cheio de trilhos. Na troca dos trilhos da Rede de Viação Cearense o senador J. Macedo comprara todos os trilhos velhos, para um dia derreter, já destina-dos à nova fundição. Depois é que começaram a vender, aos pouquinhos”.

No SIMEC, o peso maior pendia para a área metalmecânica, à qual mais empresas eram ligadas. O Presidente acumulava o desempenho do cargo com a Gerência Geral da Cemec, empresa do setor elétrico, que a partir das exportações para o Chile contratara mais 60 funcionários, tota-lizando 420 pessoas, trabalhando em três turnos na produção de transfor-madores. Gil Brasil contabiliza hoje: “A Cemec tem faturamento pesado dentro do Sindicato. Tem também a Microsol/APS, que é considerada ele-troeletrônica. Tem a Esmaltec, que é uma mistura, fabrica geladeira, então é eletroeletrônica. Tem a FAE, a Termisa, também eletromecânica, como a Singer, no interior, fabricando máquinas de costura”.

Linha de produção da CEMEC

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O setor elétrico viria a sofrer um forte abalo em 2001. O Plano de Ra-cionamento da Energia trouxe os “apagões,” uma crise que varreu o país nos dois últimos anos de governo de Fernando Henrique Cardoso, da qual o Ceará não seria poupado. A 10 de maio daquele ano o jornal O Povo va-ticinava que todas as indústrias cearenses iriam sofrer queda de produção. De forma unânime, os empresários locais afirmavam que as medidas de contenção trariam prejuízo às atividades industriais. A Gerdau Ceará, que operava com alta tensão, teria que reduzir o uso de eletricidade entre 15% e 25%. Assim como muitas outras empresas, a CEMEC, onde o Presidente do SIMEC trabalhava, racionalizava ainda mais o uso das máquinas e mo-dificava seus horários de funcionamento.

Mais uma vez, sobreviver era o desafio.

***

Entre os nove pontos prometidos por Gil Brasil no dia de sua posse estava a realização de reuniões da Diretoria do SIMEC dentro das empresas associadas, uma espécie de Diretoria itinerante. “Nós fazíamos duas reuni-ões na sede do SIMEC, e uma reunião em uma empresa. Ia toda a Diretoria. O empresário nos apresentava a empresa toda. Eu queria enxergar as pos-sibilidades de sermos terceirizadores uns dos outros, e de nos aproximar ainda mais. Fizemos várias reuniões com esse objetivo, de uma integração crescente. Porque uma coisa é você fazer o que sempre se faz, apresentar slide, powerpoint, falar sobre o trabalho da sua indústria, e outra coisa é ir até lá, passar um dia vivenciando a empresa”.

Gil batalhava pela aproximação e pela valorização do produto cearen-se, tentando abrir as portas necessárias para que as empresas locais esta-belecessem a cultura da compra local. Tanto as feiras – já que em 2001 foi realizada uma segunda edição da FEINDAL, homenageando o Secretário da Indústria e Comércio, Régis Dias – como a aproximação com a FIEC, com a Universidade e com o Governo do Estado, foram fatores que colabo-raram para o empreendimento de vários passos nesse sentido.

“Na época eu fui até à Secretaria da Fazenda”, ele diz, “e fui informado que o Ceará comprava de outros Estados cerca de 11 bilhões de reais em produtos. Isso há dez anos. As empresas daqui compravam fora, para montar os seus pro-dutos. Ora: se a gente conseguisse que 10% por cento desse valor ficasse aqui, significaria 1 bilhão de reais circulando localmente. E nós corremos atrás disso”. Embora os resultados não tenham sido os sonhados, por uma série de variáveis, inclusive questões de hábito, Gil Brasil sente que trabalhou corretamente.

Aproximava-se o prazo de encerramento do mandato. Em nenhum mo-mento o Presidente pensou em se reeleger. “Eu acho essa tradição do SI-MEC uma coisa fantástica”, garante. “Em três anos dá tempo de fazer muita coisa, e essa renovação é fantástica”, repete. “Todos os que são convidados para a presidência se queixam do mesmo problema, que é a falta de tempo. Mas se você não der sua contribuição, o Sindicato não vai existir. Cada um tem a sua vez de contribuir. Depois vem outro”.

A cada gestão o SIMEC vem se modernizando mais, acredita Gil Brasil, para quem “o próprio ambiente hoje em dia exige essa aceleração de moder-nização. No meu entender, o Sindicato tem tido sorte com a renovação dos presidentes.” O raciocínio é extensivo ao industrial que seria seu sucessor. Valdelírio Pereira Soares Filho havia sido testado na Diretoria do SIMEC, na gestão de Gil Brasil, e se mostrara vocacionado para o exercício da atividade associativa. Depois de três anos exercendo o cargo de Diretor Administrativo, encontrava-se pronto para assumir a liderança da entidade e, em seguida, para romper com uma tradição sindical que completava três décadas.

Notas: 1 - TC 26/4/00 2 - GM 12/5/00. O setor metalmecânico, exclusivamente, representava 4,7% do PIB estadual, de acordo com GM 28/9/00

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A Comissão Eleitoral para renovação da Diretoria que iria estar à frente do SIMEC de 2002 a 2005 foi composta no dia 15 de março de 2002. O processo eleitoral aconteceu somente em maio, no dia 28, e a apuração, realizada de imediato, computou o sufrágio de 29 dos 41 associados em condições de votar, e que elegeram, por unanimidade, a chapa única apresentada.

Carlos Gil Alexandre Brasil convocou os associados para uma última Assembleia Geral Ordinária e Extraordinária, a 25 de junho, apresentando o balanço financeiro das contas de sua gestão e entregando para exame contas que vinham desde 1997, recebendo aprovação unânime dos pre-sentes. No dia 13 de julho a nova Diretoria tomava posse em cenário dife-renciado, pela primeira vez: a sede social da empresa Microsol Tecnologia Ltda, de propriedade do novo Diretor Presidente do SIMEC, Valdelírio Soa-res, situada no município do Eusébio.

Eram diretores: Marcelo Villar de Queiroz (Diretor Financeiro) e Ri-cardo Martiniano Lima Barbosa (Diretor Administrativo), com os suplentes Raimundo Raumiro Maia, José Frederico Thomé de Saboya e Silva, e Da-nilo Reis de Vasconcelos. Diretores Setoriais titulares eram Helder Coelho Teixeira (Setor Metalúrgico), Antonio Marcos Ribeiro do Prado (Setor Mecâ-nico) e o ex-Presidente Carlos Gil Alexandre Brasil (Setor Elétrico). Tinham como suplentes Roberto de Barros Bezerra, Edmundo Pereira Barbosa e Alberto José Barroso de Saboya.

No Conselho Fiscal estavam os titulares Píndaro Custódio Cardoso, Se-bastião de Arruda Gomes e Francisco Aiace Mota Filho, e os suplentes Edu-ardo Lima de Carvalho Neto, Ricardo Tolentino W. da Nóbrega e José Ge-rardo da Silva. Fernando Cirino Gurgel e Carlos Prado eram Representantes titulares junto à FIEC, tendo como suplentes o próprio presidente Valdelírio e Acácio Araújo de Vasconcelos.

De acordo com a informação do Presidente antecessor, Gil Brasil, em 1999 Valdelírio havia relutado até mesmo em aceitar um cargo na Direto-

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Com o nome APC, a Microsol continuou dando emprego aos cearenses.

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ria. “Ele achava que esse mundo, esse universo de federação, era uma coisa que não combinava com ele”, recorda o amigo. “Ele não queria entrar, mas até que enfim aceitou”.

O novo Presidente do SIMEC assumiu três semanas depois da divulga-ção de uma Carta ao Povo Brasileiro, assinada pelo candidato à presidência do Brasil, o metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva, que se elegeria em outu-bro de 2002 para os primeiros quatro anos de mandato. No teor da Carta predominava o termo mudança, o mesmo até então empregado no Ceará pelo governo de Tasso Jereissati, que se preparava para deixar o cargo no Executivo estadual após oito anos.

O ano trouxe também duas notícias inéditas: a conquista brasileira do pentacampeonato de futebol na Copa do Mundo, realizada na Co-

reia do Sul e Japão, e a disparada do dólar, atingindo surpreendentes CR$ 4,00 – fruto de uma crise de confiança dos mercados financeiros, agravada pela retração econômica dos Estados Unidos em combinação com a situação na Argentina.

Emoldurado por tais macro-circunstâncias é que Valdelírio começaria a exercer sua presidência no Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecâni-cas e de Material Elétrico no Estado do Ceará. “Peguei ainda a turbulência das eleições, que afetava a todos, com o dólar em patamar bem elevado, privilegiando os poucos que exportavam, e que se deram muito bem na-quela época, mas prejudicando a maioria, os que estavam do lado impor-tador,” afirma sobre o período.

Valdelírio Pereira Soares Filho era proprietário da Microsol, primeira indústria de tecnologia do Estado do Ceará. Estabelecida em Fortaleza, em outubro de 1982, inicialmente como assistência técnica, lançara seus pri-meiros produtos em 1983. O nome Microsol assemelhava-se ao da pode-rosa Microsoft apenas por uma coincidência. Derivava na verdade de uma definição cheia de orgulho nativo, criada pelos parceiros Valdelirio e José Vicente Borges, ambos dos quadros de manutenção da Embratel à época em que começaram a aparecer os microcomputadores, sintetizando “Mi-cros na Terra do Sol”.

O jornalista cearense Luis Sucupira, especializado em tecnologia da informação, esmiúça os passos seguintes da empresa: “A trajetória da Mi-crosol se confunde com a da indústria tecnológica do Ceará, e com a do Brasil, em alguns aspectos. Há 25 anos ninguém podia imaginar que o Ceará seria um celeiro de talentos em informática. Naquela época, dois jovens idealistas, posso dizer assim, acreditavam que era possível montar a própria indústria para fabricar tecnologia. E escolheram ficar no Ceará, mesmo sendo longe dos centros urbanos”.

A opção conservadora não atrapalhou o crescimento da Microsol, “que ainda teve parceria formada por uma joint-venture com a Technitron, uma

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empresa portuguesa. A joint-venture recebeu o nome de Technitron-Brasil e fabricava equipamentos para telecomunicações. Anos depois a parceria se desfez. Porém esta parceria colocava a Microsol sob olhares internacionais.”1 Realmente, duas décadas adiante a multinacional Schneider Electric Brasil voltaria seus olhos para a dinâmica empresa cearense, que fabricava equi-pamentos eletroeletrônicos destinados à proteção elétrica de aparelhos de informática, estabilizadores de tensão, no breakes e outros na mesma linha.

Hoje, diante do edifício onde funciona a empresa, a marca na fachada remete à APC, maior fabricante mundial de produtos direcionados a pro-teger equipamentos eletroeletrônicos. A APC foi adquirida em 14 de feve-reiro de 2007 pela Schneider Electric, contribuindo assim para constituir “o principal e mais completo fornecedor mundial em sistemas de UPS”, segundo o informativo Schneider Electric News. (fev-abr/10). Em 21 de ja-neiro de 2009 a Microsol Tecnologia S.A passou a integrar o grupo, como explicado por Jesus Carmona, Country General Manager (ou simplesmen-te, o Presidente) da APC by Schneider Electric no Brasil (OP 29/3/09): “A Microsol faz parte APC, que faz parte da Schneider. Somos uma pequena porcentagem do pacote global da Schneider Electric”.

A indústria eletroeletrônica encaixava-se no escopo do Sindicato das indústrias metalúrgicas, mecânicas e de material elétrico, agora como pro-tagonista. “O SIMEC tem uma diversidade muito grande de indústrias”, enfatiza Valdelirio em 2010, corroborando a afirmação de alguns de seus antecessores. “Essa diversidade é exatamente uma fonte de riqueza, em primeiro lugar porque são poucos os conflitos de interesse entre os asso-ciados. Nós quase não temos concorrência entre nós. Somos muito mais cooperadores. Por exemplo, eu compro da Maia, vendo para a Durametal, vendo para outro – então o que existe é mesmo uma cooperação, e isso torna saudável o clima interno”.

Em 2003, Valdelírio ocupava-se em desempenhar com eficiência seu primeiro ano como Presidente do SIMEC, a começar pelo estreitamento dos

laços entre os empresários associados, e entre estes e a sociedade. “Uma coisa que eu procurei realizar durante minha gestão foi ter buscado, cada vez mais, melhorar as confraternizações da entidade, para que ela se tor-nasse um ambiente não apenas de trabalho, mas um ambiente agradável, que atraísse os empresários e os representantes das empresas para discutir temas às vezes inglórios, mantendo, porém, um aspecto lúdico, um aspec-to de motivação, fazendo com que aquelas reuniões sociais tivessem um momento agregador, que descontraísse e depois facilitasse a aproximação”.

Desde os tempos da mesa em forma de timão, ainda nos idos do Edi-fício Jangada, o encontro posterior às reuniões se firmara como uma das tradições do Sindicato. “Nossas reuniões sempre têm um coffee break no final”, aponta Valdelírio. “Eu introduzi o vinho, porque sou amante de vi-nho, e muita gente hoje ainda toma vinho lá por essa influência. Também eu procurei reforçar as festas de final do ano. Eram ainda muito fechadas, muito para dentro, e eu procurei fazê-las para fora, usando aquele espaço trazendo autoridades, pessoas que podiam ser interlocutores nossos, cons-truindo um espaço de interlocução com os outros agentes da sociedade”.

Como expert em informação e comunicação, Valdelírio sabia da impor-tância do relacionamento informal, da criação de um clima cosmopolita, com toques de sofisticação, por que não - no qual fosse possível distanciar--se por alguns momentos das pressões do ambiente de trabalho. “Então foi feito isso. Um espaço de interlocução com a sociedade, com as principais autoridades, com os presidentes de Sindicatos de outras áreas, com todos que pudessem dividir temas de interesse comum”.

Promessa feita, promessa cumprida. Em dezembro de 2003 e de 2004 o jantar de confraternização do SIMEC, até então realizado intramuros, aconteceu no elegante cenário do bosque à beira do mar mantido pelo Marina Park Hotel, contando com a presença de figuras relevantes na mo-vimentação econômica do Estado. Era um breve momento de amenidade, antes que o mundo real interferisse com as complexidades de sempre.

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Nem só de celebrações vivia o Sindicato, como reflete Valdelírio. “Durante minha gestão procurei mapear os temas de interesse comum a todos, temas, por exemplo, trabalhistas, mas também temas tributários, ou temas de logística do Estado, como as manifestações de que parti-cipamos quando as estradas do Ceará estavam em péssimas condições. Temas, por exemplo, junto à Secretaria da Fazenda do Estado, quando co-meçou a criar controle demais, deixando os caminhões dois dias parados. Na defesa de programas de incentivo”.

Coube ao Presidente oficializar o ingresso do SIMEC na era da respon-sabilidade social e cultural. “Também tínhamos e temos algumas iniciativas de cunho social, como o apoio à música, o apoio às iniciativas locais”.

A apoio a feiras, na avaliação dele, principalmente feiras internacio-nais, se apresentara como “uma postura mais reativa do que proativa de estimular a internacionalização do setor. Até se discutiu muito, mas de fato não se fez tudo o que se gostaria. Tivemos algumas iniciativas com Portugal, de buscar a cooperação, mas isso sempre ligado ao cenário ma-croeconômico, porque de repente uma mudança cambial brusca muda tudo isso. Nós procuramos ser ambiente de aproximação de parceiros internacionais, um papel, digamos, formal, institucional, mas que natu-ralmente nós assumimos.”

O Sindicato auxilia no estabelecimento de parcerias com empresas internacionais, confirma, embora nem sempre com a desejada ação es-truturada. “Nós sempre procuramos fornecer um ambiente para parcerias internacionais. Eu mesmo cheguei a apresentar empresários de fora a em-presários nacionais. Quando somos procurados, como entidade, buscamos estabelecer a aproximação.”

E Valdelírio lança uma pergunta retórica: “Qual é o papel, em suma, de um Sindicato? É representar uma categoria, um grupo de empresas perante os outros atores da sociedade, defendendo os interesses que são comuns, os legítimos interesses que são comuns à grande maioria das empresas.

Quanto à internacionalização, houve um momento em que foi interesse comum, então fomos defender. A capacitação é interesse comum, também vamos por esse caminho. Basicamente, representamos um grupo de empre-sas naquilo que é do interesse geral delas”.

Em defesa do setor o Presidente identificava os entraves ao crescimento do polo metalmecânico no Ceará e no Nordeste, como bem demonstrou em maio de 2003, em reunião da Coalizão Empresarial Norte/Nordeste, criada no final de 2002 para unificar as reivindicações da área, congregan-do empresários de Alagoas, Bahia, Ceará, Pará e Pernambuco. Os temas centrais da reunião eram o aumento dos custos da matéria-prima (a tone-lada do aço plano dobrara de valor em um ano) e a recriação da SUDENE - Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste, com seu papel de fomentar as empresas geradoras de emprego. (DN 10/5/03)

Valdelírio erguia a voz em nome do segmento: “As indústrias eletroin-tensivas, como a Durametal e a Gerdau, que utilizam energia em larga escala, têm enfrentado aumentos significativos em seus custos produtivos. As empresas que transformam aço são as que mais dependem da energia”. O SIMEC havia organizado um grupo de empresas atingidas pela mesma dificuldade para conversar com a COELCE – Companhia Energética do Ce-ará sobre o problema tarifário. Um grupo maior estabelecia contato com o Governo Federal levando propostas alternativas de reforma tributária, e a questão do preço do aço permanecia em negociação com as siderúrgicas, no âmbito da CNI.

Em dezembro de 2003 uma nova alta no preço do aço, insumo básico, impactava as indústrias metalúrgicas do Ceará. O ciclo de recuperação das 1.200 empresas do Estado corria o risco de retrocesso, prejudicando um setor que respondia por mais de 10% do PIB da indústria de transformação, e que após “ensaiar pequena recuperação da produção, nos últimos dois meses desse ano” vivia “momentos de apreensão, temendo nova retração nos negócios” (GM 19/12/03). Somava-se a esta insegurança o preço do

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frete para o Sudeste, ônus que podia chegar a 27%, na informação de Paulo Silva, Diretor Administrativo Financeiro da Mecesa – Metalgráfica Cearense S/A, à reportagem.

Entrevistado sobre o assunto, Valdelírio declarava ao jornal, sem meias palavras: “O frete e a situação de monopólio privado do aço no Brasil es-tão tornando a competição cada vez mais difícil. Os fornecedores apenas comunicam que o preço vai subir, independente de uma justificativa de custos. Como o dólar recuou e, por outro lado, as siderúrgicas apresentam balanços bastante rentáveis, cremos que os aumentos são oportunistas”. Fernando Cirino concordava: “Ocorre, realmente, uma concentração do setor siderúrgico no país,” embora o Ceará consumisse, anualmente, pelas contas do SIMEC, cerca de 200 mil toneladas de aço, uma das maiores de-mandas do Nordeste (GM 19/12/03).

A situação estava clara no primeiro trimestre de 2004, quando o preço do aço que chegava como matéria prima para as indústrias subiu 30%, resultando em um aumento acumulado de 104%, entre janeiro de 2003 e abril de 2004 (DN 6/4/04). E dessa vez havia um motivo: a equiparação do valor do metal no Brasil ao preço no mercado internacional. Valdelírio aler-tava para um novo player no disputado tabuleiro e falava pelos associados do SIMEC. “O crescimento da indústria chinesa, que tem demandado boa parte do aço disponível no mercado internacional, tem feito subir o preço do produto. A indústria metalmecânica tem sido muito afetada com essa situação, que vem dificultando a competitividade. A indústria fica numa situação muito complicada. Temos dificuldade de absorver os aumentos, porque não conseguimos repassá-los ao consumidor” (DN 6/4/04).

O reconhecimento às dificuldades do setor era tornado público na data em que se comemorava o Dia da Indústria, 25 de maio de 2004, quando o SIMEC fez questão de assinar anúncio veiculado no jornal O Povo, ilus-trado por um mapa do Estado repleto de máquinas e equipamentos elétri-cos e mecânicos, moveis tubulares, transformadores e outros, levantando

a bandeira de luta dos empresários cearenses em um texto que enunciava: “Neste dia, queremos parabenizar a todos os industriais que, com coragem e esforço, estão ajudando a construir um Ceará melhor para todos”.

Coragem e esforço eram as palavras chave. Já a expressão Ceará Me-lhor trazia um eco de campanhas eleitorais para o Governo do Estado, que por duas vezes haviam colocado Tasso Jereissati no cargo máximo do Poder Executivo, e cuja contribuição ao desenvolvimento industrial cea-rense havia sido testada e aprovada pelo setor eletrometalmecânico. “Nós passamos por um período de alguns bons governadores”, avalia Valdelírio, “mas que não foram capazes de gerar rupturas, de fazer e acontecer. O Tasso entrou jovem no Governo, e fez acontecer. Conseguiu uma mudança até na auto-estima do Estado. Os seus sucessores seguiram um pouco o seu modelo, mas sem a mesma liderança, sem o mesmo senso de urgência”.

No dia 12 de abril de 2005 o SIMEC se reuniu em Assembleia Geral Ordinária, como fazia anualmente, para exame, discussão e aprovação das contas referentes ao exercício financeiro do ano anterior, definindo, entre outras questões, que a partir de 2005 as reuniões do Conselho Fiscal se-riam trimestrais. Na reunião, o associado e ex-Presidente Fernando Castro Alves perguntou qual o percentual, na receita do SIMEC, proveniente da contribuição patronal. Cerca de 60%, foi a resposta. Fernando voltou a perguntar se o Sindicato teria recursos para se manter, caso fosse extinta a referida contribuição. Isso porque havia, de fato, no projeto de Reforma Sindical, possibilidade de extinção da Contribuição Sindical Patronal, além da criação de novas taxas ou formas de contribuição das empresas para os seus Sindicatos. O Presidente respondeu que, permanecendo estáveis as despesas e outras receitas do SIMEC, haveria recursos suficientes para cerca de quatro anos de auto-sustentabilidade. Na hipótese de extinção da Contribuição, seriam revistas despesas e receitas, de forma a garantir a con-tinuidade do Sindicato, através do equilíbrio destas. Fernando Castro Alves parabenizou o Presidente. Era uma situação “invejável no meio sindical”, afirmou, recebendo a concordância de todos.2

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Valdelírio minimiza os elogios, que reparte, democraticamente, entre os demais presidentes: “Por uma convergência de fatores históricos, o SI-MEC sempre teve Diretorias que preservaram o patrimônio. Nosso patri-mônio financeiro sempre foi crescente, até porque houve época em que os juros tinham uma receita financeira grande. Tínhamos uma quantia subs-tancial, disponível de caixa, que nos dava independência. O SIMEC nunca teve de chegar para ninguém com pires na mão”.

Na letra estatutária, patrimônio era constituído pelas contribuições dos que participam da categoria; as contribuições dos associados; as doações e legados; os bens e valores adquiridos e as rendas por eles produzidas; os alugueis de imóveis e juros de títulos e de depósitos; as multas e outras rendas eventuais. (Art.27°, alíneas a,b,c,d, e)

O tema do patrimônio puxa uma reflexão didática do ex-Presidente. “O que fazer com esse patrimônio? Primeiro, mantêm-se uma reserva es-tratégica, para qualquer mudança no cenário legal. Por exemplo: qual é a fonte das nossas receitas, como de todo Sindicato hoje? É a Contribuição Sindical Patronal. Todo ano, todas as empresas são compelidas, por lei, a contribuir com um valor proporcional ao capital social – se não me en-gano, proporcional ao capital social. Uma parte desse recurso fica com o Sindicato, outra parte fica com a FIEC, uma terceira parte fica com a CNI, e ainda uma pequena parte fica com a Caixa Econômica Federal”.

Além da contribuição legal ele registra a entrada de mais um recurso, um prudente “guarda-chuva,” capaz de proteger o Sindicato das inclemências políti-co-econômicas ocasionais. “Nós temos outra fonte de receita, bem menor – pelo menos, até onde eu lembro é menor – que são as contribuições dos associados. Uma coisa é aquela contribuição obrigatória. Outra coisa é o que se paga para se associar, participar das reuniões, participar dos eventos. Então, havia aquela preocupação: e se mudar, se houver uma reforma sindical, que acabe com essa receita? Era preciso ter um patrimônio que nos permitisse um tempo de sobrevi-vência, para reorganizar a entidade, para arranjar novas fontes de receita.”

Parte do patrimônio era utilizado em atividades de interesse comum da sociedade, da organização, como treinamento, pagamento de passagem para vinda de especialistas, apoio à participação de associados em feiras, montagem de estande do SIMEC em feiras de interesse coletivo, viagens de diretores para participar de reuniões na CNI, ou mesmo para a confraterni-zação anual da entidade.

Em abril de 2005 a CNI entrava na briga pela redução da tarifa de energia elétrica no Nordeste. A sequência de aumentos, acima da inflação, compro-metia o desempenho do setor metalmecânico, empregador de 14 mil pesso-as, e que computava 25% dos seus gastos em energia elétrica (DN 27/4/05). O Presidente do SIMEC declarava: “A grande maioria das indústrias tem con-sumo alto, intensivo. Hoje o setor metalmecânico congrega mais ou menos duas mil empresas, sendo 90 delas bastante significativas para a economia do Estado,” carecendo portanto de atenção especial. O setor era igualmente responsável por 15% do PIB industrial cearense. E, infelizmente, no caso de ser mantida a elevação no preço da energia elétrica, teria que repassar os custos. “É injustificável um aumento dessa monta na energia elétrica, quando a inflação está controlada”, protestava ele (DN 27/4/05).

O protesto não ficaria apenas no discurso. Em dura nota de repúdio ao aumento da tarifa praticada pela Coelce – um reajuste médio de 23,59% (DN 20/5/05) – o SIMEC conclamava a população a comparecer à audiência públi-ca na Assembleia Legislativa, marcando inserção social. Dizia a nota:

O aumento da tarifa de energia elétrica fornecida pela Coelce para a população e para os consumidores industriais praticamente eli-mina a competitividade dos produtos fabricados no Ceará, trazen-do como consequência imediata desemprego e empobrecimento dos cearenses, com desdobramentos sociais imprevisíveis. Somen-te com a participação de todos poderemos reverter esta situação injusta e arbitrária. Para demonstrar sua indignação, compareça à audiência pública que será realizada hoje, sexta-feira, 29 de abril de 2005, na Assembleia Legislativa.

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A questão do reajuste energético despertou a atenção de muita gen-te, por motivos óbvios. Foram realizados dois “lamparinaços” em protesto, com a participação de empresários, parlamentares das três esferas do le-gislativo cearense, entidades sindicais, entidades de classe – todos unidos para formar uma força-tarefa na tentativa de sustar o aumento, objetivo parcialmente obtido (OP 29/04/05).

É possível que a presença ativa de Valdelírio Soares na mobilização coletiva tenha jogado luz no fortalecimento de seu nome para a inédita reeleição à presidência do SIMEC. “Eu fui convocado a me reeleger”, afir-ma modestamente. “Eu não queria me reeleger, mas segundo as pessoas, os diretores, meus colegas, haviam gostado muito do primeiro mandato e acharam que eu deveria ser reeleito, e conduzir um segundo mandato”. A análise do momento sucessório tanto no Sindicato como na FIEC levou a bater o martelo a favor da manutenção do Presidente por mais um triênio.

O processo de sucessão do SIMEC costumava começar até um ano antes do período eleitoral, com a identificação dos potenciais candidatos por parte de um grupo que Valdelírio denomina de “Conselho Informal dos Anciões”, buscando principalmente o estreitamento das opções para nomes que alias-sem duas características básicas: a capacidade de representar a instituição e a idoneidade reconhecida. Após a avaliação, os potenciais candidatos eram

estimulados a se posicionar para a composição da chapa consensual.

O nome podia ser de um representante de empresas, como acontecera algumas vezes antes, um executivo, “um profissional

em que se percebesse um cenário de permanência”, detalha ele. O indispensável era ser alguém com capacidade de re-

presentar a entidade, de liderar sua evolução, e de agir com idoneidade. E para 2005 foi estabelecido novamen-

te o nome de Valdelírio Pereira Soares Filho.

Mario Bravo, o argentino naturalizado brasileiro, acompanhou o processo. “Até esse momento, Val-

delirio foi o único a repetir a presidência do SIMEC. E não por decisão dele. Foi reempossado porque ninguém quis substituí-lo. Eu participei de todo o processo, e lembro claramente que foi feita uma consulta ao cardinalato, aos “pajés”, todos queriam que o Valdelirio ficasse. Ele não queria, mas teve que aceitar”.

A Comissão Eleitoral foi composta a 10 de maio de 2005, de acordo com o artigo 9° do Regulamento de Processo Eleitoral então em vigor. No mês seguinte, o jornalista Nazareno Albuquerque noticiou em sua coluna, no jornal O Povo (12/6/05): “Eleita nessa última sexta-feira a nova Direto-ria do SIMEC. Valdelírio Soares, da Microsol, permanece como Presidente”.

Eleito, porém ainda não empossado, Valdelírio previa, para aquele ano, uma expectativa de crescimento do setor em 25%, e atualizava os dados. O principal impulso viria do segmento de autopeças, eletroele-trônica e subcontratação, procedente das aproximadamente duas mil empresas de metalmecânica, que representavam 15% do PIB cearense e ofereciam 14 mil vagas de trabalho. “As que têm grande representação são apenas as 80 maiores, que respondem por 90% de tudo que se pro-duz no Estado,” assegurava Valdelírio. Anualmente, o Ceará produzia todas as 750 milhões de latas de aço usadas para refrigerantes no Nor-deste, produção saída da Metalic Nordeste, em Maracanaú, empresa controlada pela CSN.

“As indústrias que precisam trazer aço plano de outros Estados têm a des-vantagem de pagar frete”, constatava ele na reportagem. “Para ajudar, existe um incentivo específico, em que o Estado paga parte do frete”, sendo o custo do transporte abatido do pagamento do ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços. Uma conquista consolidada (OP 23/6/05).

A posse da nova Diretoria aconteceu no Salão Marina, do Marina Park Hotel, no dia 15 de julho de 2005. O jornal O Povo do dia 23 registrou a novidade (“em mais de 30 anos de existência, nunca uma gestão fora re-petida na presidência do SIMEC”), e noticiou o evento: “Na nova gestão,

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a entidade continua sendo presidida pelo empresário Valdelírio Pereira Soares Filho, mas contará com mudanças em outros cargos diretivos”.

A Diretoria eleita para o período 2005-2008 era formada por Acácio Araújo de Vasconcelos (Diretor Financeiro), Píndaro Custódio Cardoso (Diretor Admi-nistrativo), e os suplentes José Frederico Thomé de Saboya e Silva, Daniel Sucupi-ra Barreto e Érico Coelho Coutinho. Eram Diretores Setoriais titulares: Roberto de Barros Bezerra (Setor Metalúrgico), Ricardo Martiniano de Lima Barbosa (Setor Mecânico), Francisco Baltazar Neto (Setor Elétrico), com os suplentes Raimundo Raumiro Maia da Silva, Ivan de Castro Alves e Reno Barroso Bezerra.

No Conselho Fiscal estavam os titulares Sebastião de Arruda Gomes, Mar-celo Villar de Queiroz e Helder Coelho Teixeira, tendo como suplentes Paulo Augusto Ferreira G. Silva, Eduardo Lima de Carvalho Rocha e Cícero Campos Alves. O presidente Valdelírio e Carlos Prado representavam o SIMEC junto à FIEC. Seus suplentes eram Fernando Cirino Gurgel e Dário Pereira Aragão.

Os convidados à cerimônia da posse ouviram as palavras do Presiden-te. “O trabalho que desenvolvemos foi bem recebido, e fui convidado a permanecer na presidência”, disse ele, acrescentando que pretendia in-tensificar a capacidade de liderança da entidade, já que “o SIMEC é um instrumento de desenvolvimento do setor eletrometalmecânico. Vamos continuar criando condições e capacitando nossas empresas para defender os genuínos interesses da categoria”. Entre os novos – ou não tão novos – desafios, listava a importância de buscar a unidade e o crescimento do setor, como um todo, e o incremento à exportação por parte de pequenas e médias empresas cearenses. “O Estado já exporta produtos como tambores de freio, geladeiras, fogões e medidores elétricos, mas os números ainda são considerados tímidos”.

Agosto trouxe notícias promissoras para os industriais cearenses. Após dois meses em declínio a indústria de transformação local voltava a apresen-tar dados positivos. A pesquisa Indicadores Industriais realizada pelo INDI – Instituto de Desenvolvimento Industrial do Ceará, da FIEC, mostrou que o

faturamento crescera 2,01% em junho e 4,88% no acumulado do ano, e que as maiores ampliações nas vendas haviam sido obtidas pela indústria meta-lúrgica, com aumento de 13,77% (DN 6/8/05). Ouvido pelo Diário do Nor-deste, o Secretário Executivo do SIMEC, Mario Bravo, analisava os dados com cautela: “O bom desempenho do setor está mais concentrado nas pequenas empresas, que se têm voltado para o mercado interno. Já as exportadoras, de maior porte, estão mantendo ou diminuindo suas movimentações”.

Em setembro Diretor-Presidente da Durametal, Fernando Cirino Gur-gel, recebeu homenagem por parte do SIMEC, no Marina Park Hotel, por ter sido escolhido o Empreendedor da Indústria de Fundição do Brasil 2004-2005, prêmio nacional concedido pela ABIFA – Associação Brasileira de Fundição. E em meados de dezembro de 2005, final do terceiro ano da administração de Lúcio Alcântara no Governo do Estado, o presidente do SIMEC assinou anúncio de jornal, redigido em três línguas, dando boas vin-das (Welcome e Bienvenuta) à chegada ao Ceará da indústria Ceará Steel, parceria brasileira, coreana e italiana (DN 16/12/05).

O SIMEC deseja à Cia Vale do Rio Doce, à Dongkuk Steel e à Da-niele, parceiros na nova Usina Siderúrgica da Ceará Steel, todo o sucesso no seu novo empreendimento, e coloca todas as suas empresas associadas à disposição para uma parceria duradoura na empreitada comum de construção da prosperidade do Ceará.

Mais uma pedra fundamental era lançada.

Hoje, a análise de Valdelírio sobre as circunstâncias políticas estadual e fe-deral é fria e objetiva, projetando a visão do empresariado, em especial, quanto as grandes obras estruturantes. “Não há iniciativas de apoiar o setor industrial. Os grandes projetos, a refinaria, a siderúrgica, foram vendidos várias vezes. Eu tenho esperanças, mas tenho minhas dúvidas sobre a execução deles. Tenho dúvidas quanto a eficácia. Nós perdemos a capacidade de defender no âmbito Federal os interesses do Estado”, o que refletiria “uma fragilidade política, vinda desde o fim daqueles primeiros governos do Tasso. Nossa classe política se mostra extre-

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mamente desunida na defesa dos interesses do Estado. O Ceará foi gradualmente perdendo os seus líderes que tinham alguma capacidade de fazer diferença no âmbito nacional. O último foi o Tasso, que perdeu as eleições para o Senado”.

E constata, sem querer polemizar: “Veja que naquela época do final dos anos 1980, 1990, o Ceará estava despontando, construindo infraestrutura, construindo porto... Agora nós temos um Governador que está tentando acertar, fazendo um grande esforço, é um jovem, mas ele sozinho não pode fazer tudo. Falta um alinhamento político, um peso político do Estado para conseguir benefícios de âmbito federal, porque o Brasil tem uma centraliza-ção muito grande, quer dizer, o Estado depende muito do Governo Federal”.

O exercício da presidência de um Sindicato que se posicionava como o segundo mais forte do Estado, em termos de movimentação financeira, antecedido apenas pelo Sinduscon – Sindicato da Indústria da Construção Civil, exigia manter-se atento a tudo. Inclusive a garantir dos sócios o cum-primento do prazo de pagamento da Contribuição Sindical, lembrado em aviso veiculado no jornal Diário do Nordeste (26/1/06). A sucessão de ver-bos e substantivos permitia detalhar o universo de abrangência das ações do SIMEC, na época um dos 38 Sindicatos filiados à FIEC (DN 13/10/06).

Srs Empresários. Lembramos que no dia 31 de janeiro de 2006 vence o prazo para pagamento, sem multa, da Contribuição Sindical do ano de 2006. Toda empresa que industrialize, fabrique, repare, recupere, conserte, reforme, faça manutenção ou preste assistência mecânica a máquinas, equipamentos, veículos ou peças nas áreas metalúrgica, me-cânica, de materiais e equipamentos elétricos, eletrônicos e eletromecâ-nicos, deve proceder ao recolhimento em nome do SIMEC, que é a ins-tituição legalmente habilitada pelo Ministério do Trabalho para tal fim.

Com tamanha extensão, não surpreende que uma paralisação reivindicati-va dos Auditores Fiscais, por exemplo, refletisse diretamente nos negócios dos associados, e exigisse pronto posicionamento do SIMEC. Os leitores do Diário do Nordeste do dia 20 de junho de 2006 leram que, desde o último dia 2, as empresas cearenses haviam parado a produção e se encontravam amargando

prejuízo, devido à greve que trazia transtorno juntamente àquelas que depen-diam de insumos importados – o que se aplicava ao setor metalmecânico. Insumos básicos, como bobinas de aço e componentes eletroeletrônicos, que compunham os itens mais utilizados pela indústria metalmecânica e de mate-rial elétrico, dependiam da importação e eram os primeiros prejudicados.

De seu posto Valdelírio alertava: pelo menos quatro empresas já esta-vam paradas devido a problemas relacionados a máquinas, equipamentos e insumos importados. Outras se encontravam forçadas a desembolsar “gran-des quantias” para conseguir mandados de segurança, usados na liberação de mercadoria retida na Alfândega. O Sindicato contava com o tributarista Schubert Machado como Assessor Jurídico para agilizar tais questões.

Os temas trabalhistas igualmente compunham a pauta. Em 2010 Val-delírio Soares expõe seu pensamento sobre o assunto, estendendo-o a todo o meio industrial: “Todo ano, nós temos que renegociar o acordo coletivo. E eu sempre procurei ver o seguinte: o ativo mais importante, o que faz a diferença numa organização, são as pessoas. Então eu procurei assumir uma posição mais negociadora, mais madura. É claro, existem interesses conflitantes. Mas vamos tentar encontrar um ponto onde esses interesses convirjam, e vamos principalmente respeitar o outro lado”.

A estabilização econômica pós-real facilitava os acordos. “Eu acho que o controle da inflação aliviou muito esse conflito, porque na hora que os índi-ces de inflação começaram a convergir para números mais baixos, passaram a ser mais confiáveis, de repente a pauta da discussão salarial em si se tornou menos relevante, e outros aspectos da relação trabalhista, como qualidade de vida no trabalho, como treinamento, passaram a predominar”.

Se as coisas melhoravam por esse lado, por outro, o da espera por grandes realizações infraestruturantes, tudo voltava à estaca zero com a notícia de que a siderúrgica cearense perdia o gás – literalmente – e mais uma vez, se estava fadada a se desfazer como miragem, com a desistência da Petrobras em fornecer o gás combustível que abasteceria a usina. Era o primeiro ano do empresário Roberto

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Macedo, associado do SIMEC, na liderança da FIEC. Era o final do último ano do Governo Lúcio Alcântara, que seria substituído no cargo por Cid Ferreira Gomes.

O Sindicato mostrou combatividade. Não aceitou calado o desdobra-mento dos fatos relacionados à siderúrgica, e publicou nota enérgica nos jornais de 24 de novembro de 2006 (DN e OP), pontuada por não tão dis-cretas pitadas críticas dirigidas às autoridades competentes.

O povo cearense recebeu com surpresa e indignação a unilateral e intempestiva quebra de contrato, por parte da Diretoria da Petro-bras, no que se refere ao fornecimento de gás natural à nossa tão sonhada Usina Siderúrgica, jogando uma ducha de água fria nas pretensões desenvolvimentistas de um Estado e de um povo do Nordeste, que aspira algo mais que o Bolsa Família.

Os industriais do setor eletrometalmecânico do Estado do Ceará protestam veementemente contra esta infortunada medida. Muito importante lembrar que um investimento na ordem de 750 milhões de dólares da iniciativa privada tem um desdobramento social tão expressivo que deve ser encarado com importância e respeito.

A nota em nada resultou, exceto para assinalar tomada de posição do Sindicato. Um ano mais tarde Valdelírio Soares foi ouvido por Jocélio Leal, do jornal O Povo. Na coluna Vertical (22/11/07), destacava o jornalista:

São Tomé – Do Presidente do SIMEC, Valdelírio Soares, ao ser indagado sobre a nova siderúrgica cearense: “Prefiro ver para crer. Já foram tantas que é melhor a gente aguardar a concretização para comentar depois”.

Em 2007 o SIMEC contabilizava 68 empresas associadas (DN 22/3/07). Demonstrando o desejo de maior participação interativa com a comunida-de, estabeleceu parceria com Sinduscon, FIEC, Associação Nordeste Bra-sileira da Construção Metálica, e Centro Brasileiro da Construção em Aço para o lançamento do livro “150 Anos de Arquitetura Metálica no Ceará”, dos arquitetos Antonio Carvalho Neto, Napoleão Ferreira Neto e Romeu Duarte Júnior. Nada mais natural que a presença do SIMEC. O polo metal-

mecânico cearense consumia entre 200 e 240 mil toneladas de aço por ano, o equivalente a 22 mil toneladas/mês de itens como placas, chapas, barras, aço inox, aço carbono e aço silício, entre outros, contando com 1.950 em-presas formais, que iam de grandes metalúrgicas a firmas unipessoais.

Um ano depois de eleito, o Presidente da FIEC, Roberto Macedo, apresentou seu pensamento sobre a sustentabilidade sindical. “O ofereci-mento de serviços é a base da sustentabilidade dos Sindicatos”, declarou, “à medida que eles se tornam um atrativo aos atuais e futuros associa-dos”. Quanto a isso o SIMEC podia encher o peito de orgulho. “Com foco no fortalecimento e modernização do setor que representa, o SIMEC ofe-rece às empresas associadas uma assessoria completa nas áreas jurídica e trabalhista, e orientação permanente, veiculando informações gerais em reuniões mensais e no site (OP 22/11/07)”.

Visita do SIMEC à Indústria de Margarinas GME - do Grupo M. Dias Branco

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Não se contentava com isso. Promovia também a realização de Seminá-rios, apoiava a participação em eventos e representava o setor nas reivindi-cações da categoria. Uma vez por mês realizava palestras abordando temas de interesse das empresas, como Ferramentas de Gestão, Oportunidades de Negócios, Fontes e Modalidades de Recursos, ou Gestão de RH. Os associa-dos dispunham de acesso a todos os serviços oferecidos pelo Sistema FIEC: atendimento em saúde e ao lazer do SESI, e a aprendizagem do SENAI. Man-tinha parceria com empresas seguradoras e empresas funerárias. Apoiava e

incentivava a modernização das empresas, a união dos empresários, o desenvolvimento de parcerias e a capacitação dos quadros empresariais, agindo como elo nas articulações entre empresas, sindicatos e autoridades de todos os Estados, visando sempre o crescimento do setor.

Havia portanto muito o que comemorar na Festa de Confraternização de 2007, que aconteceu a 13 de dezembro, abrindo exceção quanto ao assunto usina siderúrgica, a respeito do qual o presidente Valdelírio man-tinha o comentário de São Tomé: “Só acredito vendo!” (OP 10/12/07).

Até o final de seu mandato, Valdelírio Soares ainda atravessaria alguns acidentes de percurso, naturais na montanha-russa da economia brasileira e mundial. A indústria cearense “acendia a luz amarela” em fevereiro de 2008 (OP 15/2/08). Segundo o IBGE, em 2007 a produção do setor industrial cres-cera minguados 0,3%, com redução na exportação os setores de máquinas, aparelhos e material elétrico (menos 19,4%) e nos produtos de metalurgia (menos 23,2%). Mario Bravo falava como Secretário Executivo do SIMEC e tentava amenizar o quadro: “O setor diminuiu o ritmo de crescimento. Em alguns casos pontuais, principalmente os que trabalhavam com exportação, houve quedas sensíveis”. Em outras palavras, “quem não tem mercado inter-no teve que reduzir a produção. E quem encontrou o mercado interno, está enviando para fora só o suficiente para não perder os clientes”.

Os reflexos variavam de setor para setor. “Empresas do segmento e ele-trônica tiveram mais crescimento do que queda de produção em 2007,

crescendo entre 6% e 10%. O setor mecânico teve aumento de produção, mas perda de faturamento. No caso das metalúrgicas, grande parte mante-ve crescimento de 5%”, garantia Mario.

A reportagem citava a Durametal como um dos exemplos de quem trocara o mercado externo pelo interno. “A empresa iniciou a transição em 2006, quando reduziu para 40% o volume exportado. No ano passado [2007], exportou 30% da produção. Este ano a previsão é de 20%”. No co-mando da Durametal, Fernando Cirino estava tranqüilo. Haviam sido “dois anos prejudicados. Mas não sem lucro” (OP 15/2/08).

Chegava ao fim o mandato duplo de Valdelírio Soares à frente do SI-MEC. O Edital de convocação para as eleições foi veiculado no Diário do Nordeste a 26 de maio de 2008, apresentando o prazo até 6 de junho para registro das chapas. No dia seguinte ao encerramento foi comunicado, também no mesmo jornal, o registro de apenas uma chapa, como sempre. Mesas coletoras de votos foram montadas em dois pontos: no Marina Park Hotel e na sede do Sindicato, a 20 de junho, dia em que 37 das 52 empre-sas aptas a votar depositaram seu sufrágio.

Apuração concluída, configurava-se eleito Presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado do Ce-ará um jovem industrial, novato no exercício de cargo diretivo sindical: o associado Ricard Pereira Silveira, cuja Diretoria recebera unanimidade dos votos, com um solitário voto em branco. Iria presidir o Sindicato até 2011, quando seriam abertas as comemorações dos 40 anos de existência do SIMEC, assumindo os desafios de ampliar a base territorial, duplicar o número de associados e trazer sangue novo para a entidade.

Notas: 1 - Luis Sucupira, http://www.forumpcs.com.br/comunidade/viewtopic.php?t=249910. 2 - Ata, 12/4/05

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Ricard Pereira Silveira

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Há uma grande probabilidade que, em toda a história do Sindicalismo cearense, Ricard Pereira Silveira tenha sido o primeiro indicado à presidên-cia a receber o convite via telefone celular, atendido em meio a uma bela paisagem de final de tarde, descortinada do alto da duna em Jericoacoara, local de onde apreciava, tranquilamente, o espetáculo do por do sol. A li-gação procedente de Fortaleza atravessara 300 quilômetros para chegar até aquele ponto. A voz do outro lado era clara quanto às informações de estar sendo composta a chapa única para a sucessão de Valdelírio Soares, e de que havia consenso em ungir Ricard como futuro Presidente.

A reação do convidado foi imediata: “Obrigado pela deferência, mas ‘estou fora’”.

“Eu conhecia todo mundo, me entrosava, me dava bem com todo mun-do no SIMEC”, relembra ele, “mas não tinha nenhuma pretensão, jamais imaginava, nem tão pouco me achava – não vou dizer digno, mas não me achava capaz de alguma coisa dessa natureza”. Não era modéstia, garante. Simplesmente não queria, não estava nos seus projetos, não tinha tempo para assumir tal missão – uma sucessão de negativas ignoradas pelo inter-locutor. “Deixa para outro”, sugeriu o convidado, mas pela insistência da argumentação telefônica sabia que o assunto não ficaria por aí.

Ricard fazia parte do Sindicato desde o primeiro mandato de Valdelí-rio Soares. Participava das reuniões com frequência, embora não houvesse ocupado nenhum cargo de Diretoria, até porque não tinha tempo, como diz, um problema vivenciado não apenas por ele, mas por todos os inte-grantes de chapas, presentes ou passados.

“É o caso de todo mundo aqui”, elabora Ricard. “O tempo é questão de prioridade. Todo mundo quer tempo para ganhar o seu dinheiro, para fazer sua vida. Na verdade, aqui você dá do seu tempo em favor de todos, muitas vezes até em detrimento de si próprio, porque quem está na presidência de um Sindicato tem que pensar como grupo, e não em si mesmo”.

O tempo dele era ocupado com as cinco empresas do Grupo Petral, iniciadas pelo pai, João Leite da Silveira, que não era associado ao SIMEC,

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2008-2011Ricard Pereira Silveira

Diretoria empossada para o triênio 2008-2011

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mas que, nem por isso, deixou de fazer de Ricard um representante da se-gunda geração no setor metalmecânico.

“Meu pai veio de Juazeiro do Norte para Fortaleza nos anos 1960 e co-meçou com uma pequena farmácia no bairro da Bela Vista”, conta. “Depois iniciou um pequeno negócio de corretagem de tratores e peças usadas, até se estabelecer e montar a sua pequena empresa, de nome PETRA - Peças para Tratores Ltda. Quando eu tinha cerca de 21 anos, e meu irmão, Ronaldo Pereira Silveira 16, ele emancipou meu irmão e nos vendeu essa pequena empresa, que na época já mexia, alem de tratores usados e peças, com um pouco de material para metalúrgica, novos e usados, oriundo de leilões”.

Não era um mercado fácil, como reconhece Ricard, já que os principais clientes eram órgãos públicos, sujeitos a inúmeras variáveis. Mais tarde a Petral passou a atuar única e exclusivamente no segmento de distribuição de aço de siderúrgicas e materiais usados, aplicando administrativamente os 5R: repen-sar, recusar, reduzir, reutilizar e reciclar (OE 17/8/10). Após o falecimento prematuro do irmão, Ricard abriu a Ross Comercial – que além de aludir aos nomes do irmão Ronaldo e das irmãs Suzy e Suely, permitia uma conveniente ressonância internacional. “Com o tempo fui agregando à Ross outros negó-

cios, o que culminou com a importação de maquinas operatrizes da China, onde temos um parceiro que fabri-ca para nós, com a nossa marca”.

A fundação da Sucacel, hoje especializada em comércio de escolhas de sucatas e na fabricação de equipamentos e acessórios para a construção ci-vil, veio em seguida. A industrialização de sucatas foi transferida para uma nova empresa, fundada em parceria com um antigo concorrente, Matias da Silva Neto, o Neto Baiano, dando origem à Jangurussu Su-catas, especializada em industrialização de sucatas, preparando-as para forno de fundições e siderúrgicas.

Além destas, em 2008 o grupo diversificava seu campo de ação ao comprar 50% da empresa LOCSUL, em sociedade com André Cardoso, especializada em fabricar e alugar módulos habitáveis.

Com ou sem tempo, ao retornar a Fortaleza vindo de Jericoacoara Ri-card começou a receber os telefonemas de parabéns – ligações “dos ca-beças, dos cardeais”, como diz – e mesmo ciente de que iria estender o trabalho para as madrugadas, e consolidar a imagem de workaholic, soube que seu destino estava traçado.

A chapa foi montada como de praxe, sendo batizada União. O proces-so eleitoral seguiu a letra dos Estatutos e às 20h do dia 20 de junho foram encerradas as atividades das Mesas Coletoras. Eram 52 as empresas aptas a votar, e 37 o fizeram, elegendo por unanimidade – com um único voto em branco, um dream team que incluía seis ex-Presidentes.

Como Diretor Presidente, Ricard Pereira Silveira; Diretor Financeiro, Cícero Campos Alves; e Diretor Administrativo, Píndaro Custódio Cardoso, com os suplentes José Frederico Thomé de Saboya e Silva, Guilardo Góes Ferreira Gomes e Érico Coelho Coutinho. Como Diretores Setoriais titula-res, Ricardo M. Lima Barbosa (Setor Metalúrgico), Antonio Marcos Ribeiro do Prado (Setor Mecânico) e Isaías Aragão Soares (Setor Elétrico), tendo por suplentes Fernando José Lopes de Castro Alves, Carlos Gil Alexandre Brasil e Edmundo Pereira Barbosa.

No Conselho Fiscal constavam os titulares Sebastião de Arruda Gomes, que faleceria naquele mesmo ano, Helder Coelho Teixeira e Raimundo Raumiro Maia, com os suplentes Eduardo Lima de Carvalho Rocha, Dário Pereira Aragão e Jesus Rodrigues de Almeida Neto. Os representantes titu-lares junto à FIEC eram o decano Carlos Prado e o próprio Ricard, tendo como suplentes Fernando Cirino Gurgel e Valdelírio Pereira Soares Filho.

Essa Diretoria não iria permanecer imutável até o final da gestão. Em outubro de 2009 Ricard implementou mudanças nos estatutos de

“Meu pai veio de Juazeiro do Norte para Fortaleza nos anos 1960 e começou com uma pequena farmácia no bairro da Bela Vista.”

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entidade, criando novos títulos para as funções administrativas e reali-zando uma modificação de posições. Assim é que Fred Saboya deixou a suplência da Diretoria para assumir o cargo recém-criado de Diretor Vice-Presidente; o setor elétrico foi ampliado para abranger atividades elétricas e eletrônicas; e o suplente Eduardo Lima de Carvalho Rocha passou à titularidade do Conselho Fiscal, ocupando o lugar que perten-cera a Sebastião de Arruda Gomes.

A este ilustre associado Ricard dedicou duas homenagens póstumas: a 20 de janeiro de 2009 foi feita a aposição de placa na sala de entrada do SIMEC, que ganhou o nome de Sebastião, e em 2010 criou a Medalha Sebastião de Arruda Gomes, a ser concedida aos que se destacarem no setor, levando em conta as qualidades do homenageado, entre as quais, como lembra o filho Guilardo, estavam “o companheirismo, a amizade, a dedicação em manter a estabilidade e o espírito de união do Sindicato”, do qual sempre foi “um dos grandes pilares”.

A cerimônia da posse de Ricard Pereira Silveira aconteceu às 19h30 do dia 15 de julho. Valdelírio Soares transferiu o cargo ressaltando terem sido suas principais linhas de ação “a prestação de serviços, a manutenção da independência e a unidade da entidade.” Eram cerca de 90 as empresas sindicalizadas, “as mais expressivas economicamente”. Ricard assumiu fa-lando em desafios, como a reestruturação do regimento interno do SIMEC e a abertura de novas categorias de associados, possibilitando a ampliação dos quadros. (OP 16/7/08)

“Tudo o que eu fiz foi pensado no que eu vi”, reflete ele, já próximo a concluir seu período na presidência. “Presidindo o SIMEC eu não realizei nenhum sonho que fosse só meu. Eu vim para servir mesmo. Vim para tra-balhar”. Partia de uma condição clara. “Eu tinha o seguinte pensamento. Vou entrar, e vou mudar um pouco o perfil do Sindicato, que tinha um perfil de empresas grandes, ricas e poderosas, e abrir para o menor, o pe-queno, o médio, até porque eu conheço muito bem o segmento, onde eu

trabalho de uma forma muito completa. Eu compro o resíduo sólido, a sucata que é gerada pelas indústrias e transformo. Eu vendo para quem vai transformar. Compro produto final da siderúrgica. Vendo produtos para as metalúrgicas. Vendo máquina para metalúr-gica. Recebo máquinas para as metalúrgicas, presto serviço, abraço todo o segmento,” resume.

A partir dessa vivência Ricard estudou atentamen-te o Sindicato e decidiu por onde iria caminhar, focan-do no desenvolvimento de estratégias que pudessem também continuar garantindo a sustentabilidade do SIMEC, independente dos recursos assegurados pela legislação, provenientes das contribuições compulsó-rias. “Conheço muita gente, fiz grandes amizades, sei muito bem quem é pequeno e tem condições de crescer, quem é médio e está há muito tempo nessa batalha, tudo eu conheço bem. Meu grande objetivo passou a ser trazer essas empresas para o SIMEC, para que, des-sa forma, houvesse uma composição mais mista de grandes e pequenas, tendo realmente uma ação diversificada”.

O raciocínio dele seguiu um transparente pragmatismo: “Sindicato formado só por empresas grandes não tem muito que fazer. Empresa grande é autosuficiente. Já tem tudo, já tem o setor jurídico, já tem tudo. A empresa pequena não. Ela precisa de um apoio maior. E o intercâmbio entre as empresas grandes e pequenas gera um ritmo de negócio muito bom.”

Aos poucos chegaria lá. Em março de 2010, por exemplo, o SIMEC já contabilizava cerca de 60% de pequenas e médias empresas em seu qua-dro de associados. (DN 21/3/10)

A eleição em 2008 projetou Ricard Pereira Silveira na mídia cearense, de imediato. E ele havia feito o “dever de casa”. No dia mesmo da posse,

Em março de 2010, por exemplo,

o SIMEC já contabili-zava cerca de 60%

de pequenas e médias empresas

em seu quadro de associados.

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enquanto se ultimavam os preparativos para a festa no Salão Iracema do Marina Park Hotel, o noticiário do Diário do Nordeste (15/7/08) trazia longa matéria com o novo Presidente, prevendo que a vinda da side-rúrgica e da refinaria abriria possibilidades de crescimento no mercado metalmecânico cearense, atraindo empresas de manutenção, prestadoras de serviço e novos empreendimentos, como fábricas de automóveis e eletrodomésticos. A implantação delas faria o número de empregos dire-tos locais gerados no setor passar de 13.500 para 15.000, “destacando-se como um dos principais setores da economia do Ceará, representando hoje cerca de 12% do PIB industrial estadual”, com aumento direto da cota de exportação e consequente incremento do PIB.

Apesar de ter comparecido a três lançamentos de siderúrgica, o otimis-mo falava mais alto, em especial naquele momento, quando a queda do va-lor do dólar arrefecia o mercado metalmecânico cearense, que despencara

cerca de 40% no acumulado das exportações no ano. O cenário, porém, tendia a positivo para o segmento eletromecânico a partir do incremento de 20% nas exportações (DN 16/7/08).

Contava ainda Ricard, a partir da vinda das grandes obras infraestrutu-rantes, com a decorrente profissionalização da mão de obra local. “Cursos de engenharia, por exemplo, devem desde já buscar ofertar cursos e espe-cializações voltadas ao setor siderúrgico, para termos assim nossa própria mão de obra especializada suprindo as vagas que serão oferecidas”. Outros pontos a considerar diziam respeito “aos produtores que têm a exportação como alvo principal, e a taxa atual de câmbio que, por outro lado, acaba beneficiando aos importadores, que conseguem trazer matérias primas a melhores preços do que os ofertados no mercado interno”.

Por último o Presidente alertava: era necessário “estar de olho” na re-forma tributária e, principalmente, nos fatores referentes à questão de ICMS – Imposto de Circulação de Mercadoria e Serviços. “Se não tivermos a manutenção dos contratos de incentivo fiscal, estaremos todos andando na contramão e, com certeza, trazendo uma desindustrialização do Estado. Esse assunto deverá ser melhor acompanhado e discutido, para que não traga prejuízos à nossa economia”.

Na longa entrevista de estreia Ricard aproveitava para tornar públicas as prioridades de seu planejamento estratégico na liderança do SIMEC. Incrementar ações destinadas a capacitar, modernizar e integrar a cadeia produtiva do Estado. Estreitar ainda mais os laços com órgãos e instituições tecnológicas de pesquisa e desenvolvimento. Integrar as micro e pequenas empresas do setor. Alcançar outros mercados. Estabelecer parcerias inter-nacionais. Modernizar os Estatutos. Modernizar a estrutura do Sindicato. Manter todas as ações e políticas da gestão anterior.

A frase clássica do físico Isaac Newton – “Se vi mais longe foi por estar sobre ombros de gigantes” – encontrava-se embutida na solene declaração final do recém empossado Presidente: “Será uma grande responsabilidade

Escultura do selo de 40 anos do SIMEC

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substituir gestores de tão grande capacidade, comprovada na história dos últimos seis anos de administração de nosso companheiro Valdelírio Soares”.

Com tudo isso, havia mudanças inadiáveis, cautelosamente tratadas. “Fazer alguma coisa de diferente não significa que o outro estava errado”, ressalva hoje, ao analisar os primeiros tempos. “Ninguém erra, porque o trabalho é de voluntariado. Você está dando de si, e aquilo que é feito é o que se mostra mais adequado para cada momento”.

O momento exigia um processo interno de modernização, amparado numa certeza: “As coisas vão mudando, as leis vão mudando, tudo vai mudando, e nós precisávamos reformar o Estatuto para essas mudanças, principalmente porque, naquela época, a própria FIEC estava fazendo isso. E o SIMEC foi o primeiro Sindicato a se ajustar. Nós nos ajustamos por cau-sa da questão eleitoral. Em 2009 definimos um Estatuto eleitoral próprio e colocamos dentro do nosso Estatuto, comungando com o da FIEC. É uma unificação que facilita a redução de conflitos. Se a coisa é boa”, assume ele, “não tem porque não copiar”.

Algumas das mudanças estatutárias se reportaram à referida questão eleitoral. O período de vigência do mandato foi ampliado de três para qua-tro anos. E a reeleição, apesar de historicamente rara, foi limitada para apenas uma vez, permitindo de agora em diante oito anos de permanência da mesma Diretoria.

Outro ponto forte se deu em relação à comunicação, sobre a qual Ri-card é incisivo: “É a ferramenta mais forte do Sindicato. É realmente es-tratégica. Se você não se comunicar bem, se você não tiver como dizer o que vai acontecer, se não tiver como mostrar aos associados o que está acontecendo, filtrando o que existe de útil, através dos clippings jurídicos, do preparo de folhetos informativos, do envio de mensagens por e-mail, da publicação no site – você vai ter problema. Isso serve tanto para a comu-nicação interna, entre os associados, como para a externa, em relação à mídia, porque o Sindicato precisa ser visto”.

A estruturação e permanente atualização do portal do SIMEC na in-ternet são formas pelas quais as informações estão sendo divulgada. Ou o recurso aos jornais, quando se exige formalização, a exemplo da nota veiculada no início de agosto de 2008, tratando da Convenção Coletiva dos Metalúrgicos:

O SIMEC informa aos Srs industriais e aos setores de RH e Depto. de Pessoal das empresas do Setor Metalúrgico, Siderúrgico, Me-cânico e de Material Elétrico, com sede nos municípios de For-taleza, Caucaia, Eusébio, Aquiraz, Maranguape e Pacatuba, que foi assinada, com o Sindicato Representativo dos Trabalhadores a Convenção Coletiva de Trabalho 2008/2009. Para maiores infor-mações, datas e locais de oposição aos descontos, acesse nosso site: www.SIMEC.org.br. Ricard Pereira Silveira - Presidente. Forta-leza, 3 de agosto de 2008.

A posição de Ricard quanto á relação trabalhista foi – e é – muito aber-ta. “É questão de relacionamento. De você tratar a pessoa como pessoa, sem nenhuma visão de embate. Nós saímos para almoçar juntos com o pessoal dos Sindicatos dos Metalúrgicos, nos desejamos Feliz Ano Novo, Feliz Natal. Assim como eles têm o interesse deles, nós temos os nossos interesses. A busca é pelo diálogo, pelo entendimento, sem levar divergências para o lado pessoal. Sentamos, conversamos, tentamos resolver os problemas, com a mesma von-tade de resolver. E se não chegarmos a um acordo com a conversa – não tem problema. Vamos para a Justiça, porque a Justiça resolve, e eu não encaro isso como um embate, até porque o papel da Justiça é esse mesmo.”

A instalação pioneira no Ceará da Câmara de Arbitragem Trabalhista, tendo por objetivo institucionalizar as alternativas extrajudiciais de confli-tos coletivos de trabalho, reduzir o tempo de espera e solucionar impasses entre os Sindicatos patronal e laboral, oferecendo serviço gratuito, encon-trou em Ricard um defensor de primeira hora. Representando um Sindicato que contabilizava quase 3 mil empresas, gerando mais de 20 mil empregos no Estado, Ricard avaliou de pronto que “a solução rápida traz economia

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para os dois lados, e gera um ambiente mais propício ao diálogo, sendo um fruto do trabalho que a Procu-radoria do Ministério Público do Trabalho presta aos Sindicatos.”(OP 29/5/09)

Ainda em 2009 o SIMEC convidou para sua reunião mensal o procurador-chefe da Procuradoria Regional do Trabalho da 7° Região, Francisco Gerson Marques Lima. Era o Sindicato dando continuidade ao proces-so de aproximação entre o poder público e as empre-sas associadas, abrindo canal de comunicação direta para discutir assuntos como convenções coletivas de trabalho, cotas para menor aprendiz ou para pessoas

portadoras de deficiência. (OE 15/5/09) Além da presença do Procura-dor, as reuniões incluíram novos convidados, como o Ministro Pedro Brito, da Secretaria Especial dos Portos, que participou de Reunião Ordinária do SIMEC a 9 de junho de 2009 para debater questões de infraestrutura e o papel estratégico dos portos no desenvolvimento brasileiro; e o Presidente da Câmara de Vereadores de Fortaleza, Salmito Filho, que em agosto de 2010 apresentou o Pacto por Fortaleza – A Cidade que Queremos até 2020.

A discussão sobre infra-estrutura sempre foi tema de grande interesse para o setor – principalmente com o início das obras da Companhia Si-derúrgica do Pecém, em dezembro de 2009. Sobre o evento, a cobertura realizada pelo jornal Diário do Nordeste afirmou: “Quatro anos depois, o Complexo Industrial e Portuário do Pecém é palco, mais uma vez, do lançamento das obras da sua tão sonhada usina siderúrgica. A fadada [sic] Ceará Steel de 2005 deu lugar agora à CSP – Companhia Siderúrgica do Pecém, maior e com perspectivas claras”. (DN 17/12/09).

Desta vez, a previsão é que as operações sejam iniciadas no segundo semestre de 2013, mudando o perfil da movimentação de produtos siderúr-gicos no Ceará e influindo sobre a cadeia de produção do ramo metalúrgi-

co, que vai da coleta e reciclagem de aço ao consumidor final, oferecendo oportunidades em construção de galpões, caldeiraria, manutenção de tor-nearia, oficina mecânica, fabricação de autopeças e outros. (OP 3/2/11)

Ricard foi ouvido pela mídia, apresentando dois comentários de teor mais crítico e um ponto inquestionável. Por si só, a instalação da CSP pro-duzindo material bruto (placa de aço) não era garantia da consolidação de um polo siderúrgico e metalmecânico no Estado (“A produção de placas de aço somente não agrega todo o valor devido ao minério de ferro”). O empreendimento era importante para a economia local, mas as empresas do setor necessitam de aço laminado (“Nós sonhamos com uma laminação de chapas. Aí sim teríamos uma base para a implantação de um polo me-talmecânico no Pecém”). Porém, “todo ambiente que se constrói ao redor de um projeto desta magnitude, com certeza, trará um up considerável à nossa economia em geral”. (DN 17/12/09)

A opinião dele continuava a mesma em 2010, martelando a questão. “Nós temos a promessa de uma big siderúrgica para fazer placa de aço, mas o que dá dinheiro é o valor agregado, é transformar o ferro em carro. Se tivéssemos uma planta pequena, mas com laminação, teríamos um polo metalmecânico, mas teremos aqui o carvão e o minério que vão ser transformados em capa e vão para a Coréia, para depois comprarmos mais caro.” (DN 11/12/10)

***

Ao longo do triênio, a tradição do coffee-break após as reuniões, bem como as confraternizações de fim de ano, foram mantidas. Porém, em de-zembro de 2008 não era a festa natalina que preocupava Ricard, mas sim o enfrentamento de mais uma crise econômica, de abrangência mundial (“O que aconteceu nessa crise foi o crédito mais caro e escasso”, comentava Ri-card na imprensa). O Banco do Brasil disponibilizara uma linha de crédito direcionada ao comércio, e sobre ela o presidente do SIMEC se pronuncia-va: “Está na hora de fazer o capital girar.” (DN 9/12/08)

O Sindicato dava continuidade ao processo de aproximação entre o poder público e as empresas associadas.

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As crises possibilitam destacar uma peculiaridade do SIMEC, que Ri-card e seus antecessores não esquecem de enfatizar até porque se trata de um comprovado diferencial. “O SIMEC é um sindicato heterogêneo, que tem a usina siderúrgica, que produz o aço, as chapas da cantoneira; tem a indústria, que produz a estrutura metálica, que compra da indústria siderúrgica e que gera sucata; tem quem compra sucata e transforma para vender; tem quem fabrica máquina – ou seja, o próprio segmento consegue se interelacionar de forma comercial”.

O círculo virtuoso leva à redução da concorrência interna. “Existem concorrentes, mas muito menos que em outros Sindicatos, porque a nos-sa formação permite criar uma teia de negócio. Nossa cadeia produtiva é muito heterogênea. Os pequenos passam a ser fornecedores dos grandes. Independente do porte, todos têm algo a oferecer. Podem se especializar no atendimento. Pensei em como seria positivo fomentar a troca de experiên-cia entre elas. Foi quando conheci o Projeto Vínculos Ceará, coordenado pelo IEL/CE, para desenvolvimento e qualificação de fornecedores visando criar e aprofundar vínculos de negócios entre grandes empresas, ou empre-sas-âncora, e fornecedores locais, e fizemos isso utilizando as ferramentas do Sistema FIEC”. (Revista da FIEC out./09)

O Vínculos mudou o nome sem mudar o foco. Passou a se chamar PQF – Programa de Desenvolvimento de Qualificação de Fornecedores, tendo o setor eletrometalmecânico como primeiro a aderir, ainda no lan-çamento, em 2007. Em dezembro de 2010 incluía a participação das empresas CEMEC, Durametal, Esmaltec, FAE e Gerdau. (Revista da Fiec dez./10) Roberto Macedo continuava na presidência da FIEC, acreditando que “se todos estivermos dispostos a seguir a mesma direção, alinhados em torno de princípios comuns, poderemos contribuir muito mais para as mudanças que o Brasil está necessitando”. (Revista da FIEC 31/3/09)

O SIMEC fazia a sua parte, com integral endosso do presidente Ricard. “Temos procurado trabalhar sempre em consonância com as diretrizes do

Sistema Indústria/FIEC. Não tenho dúvidas de que é este o caminho”. A aproximação com as ferramentas disponibilizadas pelo Sistema FIEC se mostrou também com a utilização do PDA – Programa de Desenvolvimen-to Associativo, iniciativa da CNI liderada no Ceará pela FIEC, tendo o IEL/CE como executor, voltado a orientar lideranças sindicais, do qual Ricard Pereira Silveira se assume “defensor incondicional.”

“Sempre tivemos um sindicato forte, que nunca se preocupou em garantir sua manutenção exclusivamente pelo pagamento de mensalida-des dos associados”, declarou o Presidente do SIMEC à Revista da FIEC (31/3/09). “As nossas contribuições compulsórias eram altas, pois vinham de grandes empresas. Quando estava em busca de estratégias para tornar a entidade auto-sustentável, fui apresentado ao PDA, que caiu como uma luva. Era exatamente o que a gente procurava”.

Lançamento do selo e descerramento da placa de comemoração dos 40 anos do SIMEC em 04 de abril de 2011

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Associados como a Aço Cearense, fabricante de tubos, perfis, telhas, barras e chapas de aço e ferro para construção, concordam. Na voz do assessor da em-presa, Flávio Távora Themotheo, o grande mérito da atual Diretoria do SIMEC “é a dinamização e a sincronia com as ações da FIEC, visando aos mesmos objeti-vos. É uma parceria real em busca de resultados reais”. (Revista da FIEC out/09)

O PQF contribuiu para a adesão dos pequenos empresários ao Sin-dicato, de forma gradativa, dentro de uma ação estratégica. “Passamos a convidá-los para participar de nossas reuniões, sem compromisso, e aos poucos eles foram aderindo. Desde 2008 aumentamos nosso quadro de associados em 44%. Tínhamos 50, e hoje somos 74 empresas associadas. Até o fim do ano, queremos ter pelo menos 90”. O objetivo foi ultrapassado logo em 2010. “Hoje somos 100 empresas”, assegura seis meses antes de transferir o cargo. “Pode ser que na próxima semana passe para 110, 120, porque nós vamos estar em Juazeiro do Norte, e temos algumas pendências na região do Tabuleiro do Norte”. (Revista da FIEC, out/09)

A colocação de 2009 evidenciava dois pontos, sendo o primeiro deles a atração de associados – o que para o Presidente seria um eufemismo: “Na verdade, o associado não é atraído. É caçado” – explicita. Aparentemente, existe certa relutância das empresas menores em se sindicalizar, apesar das muitas vantagens oferecidas, talvez por um simples desconhecimento do papel sindical. O próprio Ricard passou por isso. “A dificuldade é cultural”, resume. “Quando fui convidado, demorei quase um ano para entrar, pen-sando que o Sindicato era muito distante, muito cheio de formalidades...”

Ele logo viu que não era bem assim, e contribuiu pessoalmente para aumentar o nível de informalidade, com suas camisas de mangas curtas exibindo a tatuagem que desce pelo braço, com seus jeans e tênis, com seu iPad sempre à mão e com a linguagem descontraída, layout que leva alguns associados, como o ex-Presidente Guilardo Góes Ferreira Gomes, a considerar Ricard “uma pessoa muito esforçada, desenrolada. Ele chega a ser até engraçado em algumas coisas. É informal, brinca-lhão, todo mundo gosta, une a classe, mantém todo mundo energizado”.

Porém, chegada a hora de elaborar o novo Estatuto, a informalidade de Ricard dava lugar aos comandos de respeito à liturgia do cargo, ciente da importância de definir regras e limites que ampliassem o número de asso-ciados, concedendo a eles voz e voto, trazendo porém algumas restrições, situações que garantem o que ele classifica como “unidade no Sindicato”.

Os associados foram convocados para Assembleia Geral Extraordiná-ria, a 13 de outubro de 2009, para discutir e deliberar sobre a aprovação do novo Estatuto do SIMEC, segundo o qual a empresa entra como sócio júnior. Após determinado período, se assim desejar, passa a ser sócio pleno. “Ninguém entra votando. Não queremos correr o risco de perder a unida-de. É preciso que as coisas aconteçam, se estratifiquem, que as conversas fluam, para que se tenha um rumo. Isso é muito importante dentro de uma entidade, senão perde a força”.

O segundo ponto levantado liga-se ao primeiro, no sentido de au-mentar o número dos associados a partir da ampliação da base territorial de um Sindicato que se dizia no Ceará, mas cuja atuação se restringia majoritariamente a Fortaleza e sua região metropolitana. “Eu pensava em aumentar a base, em estar mais presente no Estado, porque o SIMEC está muito na capital. Nós temos atividades metalmecânicas na região do Bai-xo Jaguaribe. Na região do Cariri. E criamos Delegacias regionais, que estão previstas no Estatuto”.

Os motores da entidade começavam a acelerar para a realização de propostas, sonhos imaginados ainda nos anos 1970, atendendo ao Art. 38° do Estatu-to inaugural, assinado por Célio Gurgel, que enuncia-va: “Dentro da respectiva base territorial, o Sindicato, quando julgar oportuno, instituirá Delegacias ou Se-ções para melhor proteção dos seus associados e da categoria que representar”. Uma ideia que iria aguar-dar quase quatro décadas para ser posta em prática.

Os motores da enti-dade começavam a

acelerar para a reali-zação de propostas, sonhos imaginados

ainda nos anos 1970.

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Em abril de 2009 o prefeito do município de Jaguaribe, José Sérgio Diógenes, reuniu-se com a Diretoria do SIMEC para conversar sobre o Distrito Industrial de Jaguaribe, a 308km de Fortaleza, que se qualificava para receber 20 indústrias nacionais e internacionais, com investimen-tos na ordem de R$ 420 milhões, gerando mais de 12 mil empregos diretos e indiretos. (DN 25/4/09) A demanda para expansão da base vinha ao encontro do planejamento do Sindicato. Um ano e meio mais tarde Ricard agendava a instalação da Delegacia regional do Vale do Jaguaribe, acontecida em 27 de outubro de 2010, na sede do CVT – Centro Vocacional Tecnológico de Tabuleiro do Norte, cerca de 200km da capital. Francisco Odacir da Silva, da empresa Molas Tabuleiro, foi escolhido como Delegado, e Ricardo Lopes de Castro Alves, da SK Bom-bas, Coordenador Administrativo.

Em janeiro de 2011 foi a vez do Presidente do SIMEC convidar as au-

toridades responsáveis para discutir a criação da Delegacia Regional do Sindicato na região do Cariri, Sul do Ceará, a ser instalada no SENAI do Cariri, em Juazeiro do Norte (DN 24/1/11). A inauguração do espaço físico próprio está prevista para 2011. À frente se encontra o delegado Adelaído de Alcântara Pontes, proprietário das empresas Limasa, Adenox e Alunox, um self-made man, filho de agricultores, que conseguiu se firmar após uma escalada iniciada com um livro de poemas, passando por uma lanchonete, por vendas de porta em porta no Rio de Janeiro, por um insight em uma usina de reciclagem de lixo em Angra dos Reis, pelo apoio do SEBRAE – e principalmente – por um imenso espírito empreendedor. Na Delegacia tem ele como Coordenador Administrativo Ailton de Souza, Gerente Adminis-trativo da empresa Bom Tempo.

As iniciativas fazem parte do projeto de descentralização das ações do SIMEC, e obedecem ao planejamento de gestão do presidente Ricard Pereira. “Nossa intenção é estar presente nos principais polos que agrupam empresas do setor, para aumentar nossa base de representação e promover ações interiorizadas”, afirmou ele ao Informativo FIEC Online (8/11/10).

“Ninguém conhecia o Ricard Pereira”, admira-se o ex-Presidente Gil Brasil. “Ele era totalmente desconhecido, e de repente está fazendo muita coisa importante. Isso facilita a gente entender porque é tão valioso man-ter o processo constante de renovação,” constata. E o Presidente aponta em aparte o que de fato considera relevante: “O Sindicato tem papel de fomentar. Existem movimentos e situações que são colocadas para que as empresas cresçam, e o Sindicato tem que ser um difusor, tem que agir como incentivador, como propagador, como premiador”.

São características de extrema importância para as empresas em fun-cionamento no interior do Ceará, um Estado com área de 148.825km² e 84 municípios,1 dotados de características as mais diversas, sediando indús-trias voltadas a produzir peças e artigos em alumínio, ferro, aço, grandes estruturas metálicas, usinagem de motores, entre outras atividades que re-

Presidente Ricard Pereira e equipe SIMEC (Vanessa Castro e Ana Elsa Pinto

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caem no âmbito de cobertura do SIMEC. Tanto é que o Delegado da região do Cariri, Adelaído de Alcântara, recebeu a iniciativa de braços abertos: “Na realidade, há muito tempo nossa região carecia muito de um Sin-dicato desse porte. Haja vista que nós temos aproxi-madamente 30 indústrias de alumínio, e a segunda ou terceira maior fábrica de panelas de pressão do Brasil, que é a do alumínio Roque”.

O “nós” a que Adelaído se refere é um conjunto dinâmico de 28 municípios, entre os quais sobressaem Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha – eixo conhecido

como Crajubar – onde reside e trabalha cerca de meio milhão de cearen-ses, parte dos dois milhões de habitantes da região. “Nós somos a cidade de congruência de todo interior”, orgulha-se ele – o “nós”, desta vez, evo-cando sua Juazeiro. “Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte, o próprio Sul do Ceará, toda a movimentação de mercado passa por Juazeiro,” lem-bra Adelaído, ciente que Crato, Barbalha e os demais municípios da região repartem vantagens geográficas similares.

A esta força econômica, até então dotada de pouca voz, até mesmo pelo distanciamento geográfico, uniu-se um fator trabalhista fundamental para apressar a criação da primeira Delegacia regional do SIMEC: a discus-são da Convenção Coletiva de trabalho entre o SIMEC e o Sindicato labo-ral, como lembra o Delegado do Cariri. “Alguns dos empresários, nossos parceiros, sequer tinham conhecimento da CCT”, admira-se Adelaído, que diante da situação achou por bem recorrer a Ricard Pereira Silveira, que foi a Juazeiro do Norte acompanhado pelo Assessor Administrativo do SIMEC, Sebastião Gomes Medeiros Neto.

“Prontamente ele foi nos atender, e tivemos uma reunião com a maioria dos empresários do setor na região. Nós tínhamos aproximadamente uns 40 empresários presentes nesse dia. Foi o primeiro passo para ser criada a De-

legacia”. Por aclamação, Adelaído foi designado Delegado. Evidenciava-se a ansiedade dos empresários do setor eletrometalmecânico do interior do Estado quanto a uma aproximação maior com o Sindicato da categoria, tanto que a experiência de Adelaído, até o momento, tem sido diversa da-quela vivida pelo presidente Ricard.

“Até hoje eu não encontrei ninguém que dissesse que não queria se associar”, pondera ele, embora reconheça a necessidade de um compor-tamento bastante ativo por parte do SIMEC. “A gente vai atrás das pessoas, e explica para elas a importância da ligação com um grande Sindicato, o lugar onde defendemos os nossos interesses, e uma maneira de saírem, digamos, da informalidade sindical. A gente vai até a empresa, apresenta a proposta do Sindicato, chama, pede, deixa ficha, conversa... Alguns não dizem mais nada, mas sempre tem outros que ligam de volta, o que é muito bom porque quando nós vamos para uma mesa de discussão o ideal é que todas as empresas do setor estejam representadas”.

A empresa Antonio Linard Máquinas e Construções Técnicas Ltda, “parte de um dos mais tradicionais grupos empresariais de Missão Velha”2, atuando em área atendida pela Delegacia do Cariri, não precisou maiores argumentos para se associar em 2011. Na realidade, tratava-se de um re-torno, após um período de desligamento motivado por condições alheias à vontade de seu atual proprietário, Maragton Linard, neto do artesão francês Estevão Linard e filho do mecânico Antonio Linard, falecido este em 1983.

O Mestre Antonio, pai de Maragton, teve a história marcada por uma visi-ta de Lampião e seu bando à fazenda do Coronel Santana. Conta-se que o rei do cangaço demandou serviço de limpeza dos armamentos, sendo indicado para a tarefa o jovem Antonio. Desempenhou a tarefa com tamanha maestria que, ao final, Lampião passou o famoso chapéu de aba virada entre seus ho-mens, recolhendo generosa contribuição, que permitiu a Antonio a aquisição de um torno mecânico. A empresa foi criada em 13 de março de 1933, uma sucessão numérica tão especial como sua história, e hoje fabrica até mesmo

“Na realidade, há muito tempo nossa região carecia muito de um Sindicato desse porte.”

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peças para os VLT – Veículos Leves sobre Trilhos, para os trens que estão sendo implantados na região caririense. O primeiro torno ainda funciona.

O SIMEC firmou presença do Cariri à região Centro-Sul. Francisco Oda-cir da Silva é o Delegado do SIMEC para essa região, do Vale do Jaguaribe. Sua atuação empresarial teve início em 1994, com a fundação da Tabuleiro Aço Indústria e Comércio Ltda, estrategicamente posicionada na chamada “Cidade dos Caminhoneiros.” A empresa começou distribuindo aço e ferro para construção civil e mecânica, incluindo chapas, vergalhões, vigas, canto-neiras, armadores e barras chatas. Em 2001 partiu para a produção de molas para caminhões, ônibus e utilitários, com mercado intenso direcionado a 16 estados do país. (DN 18/5/09) A empresa dele, Molas Tabuleiro, ganhou em 2010, pela quarta vez, o Prêmio Contribuintes para a região Centro-Sul do Ceará, promoção da Secretaria da Fazenda que destaca os maiores contri-buintes do Estado, estimulando e reconhecendo a responsabilidade dos que contribuem com o fisco estadual. Gera 200 empregos diretos e indiretos.

Odacir era associado ao Sindicato desde 2009. A proximidade com Fortaleza permitiu a ele se mostrar frequentador assíduo das reuniões men-sais, “desfrutando o convívio dos outros empresários”, como afirma. Na data da instalação da Delegacia pronunciou-se de público para dizer da “extrema importância para as empresas do segmento metalmecânico se-diadas no Vale do Jaguaribe a presença institucional do SIMEC, pois vai nos ajudar a disseminar a cultura do associativismo e fortalecer a indústria local”. (Informativo FIEC Online 8/11/10)

Com a segurança de quem expõe em seu próprio portal na internet o selo de “empresa filiada ao SIMEC,” a expectativa de Odacir sobre a presença do Sindicato na região é das mais intensas. “Vai alavancar o desenvolvimento, estimular a participação, nos ajudar a galgar novos degraus, mostrar que uni-dos podemos fazer mais. Estamos vivendo o presente, não mais o futuro”, re-força. “Era uma necessidade, uma bandeira antiga, porque que somos todos membros de uma mesma coletividade, e desde que o mundo é mundo tudo

fica mais fácil quando os seres vivos se reúnem para melhor se defender. E nós, como seres racionais, não poderíamos ficar de fora”, filosofa.

***

A sala do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico em Fortaleza foi recentemente reformada, corporificando “de corpo e alma”, como afirma Ricard, as reformas realizadas pela atual Diretoria, pretendendo deixar tudo em ordem para o sucessor, fosse ele quem viesse a ser. Os associados do SIMEC continuam a se reunir mensalmente na Casa da Indústria, de onde não há planos para sair, nem mesmo para uma eventual sede própria. “É estratégico ficar aqui, porque você está próximo dos outros, pelo menos da grande maioria. É importante estar junto da Federação, das reuniões da Federação. Aqui você respira o ar do sindicalismo. Quem está separado tem a obrigação de fazer esse ar acontecer onde estiver”.

Solenidade de lançamento do selo e início das comemorações de 40 anos

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Embora estivesse próximo a deixar o cargo o Presidente se mantinha inquieto. Ao mesmo tempo em que se configurava como “mais um líder criado pelo SIMEC”, conforme avaliação de Carlos Prado, o triênio de ex-periência administrativa sindical impôs sobre os ombros dele seus efeitos, como se deu com os titulares anteriores, no sentido de permitir uma avalia-ção de largos horizontes sobre a atividade industrial.

“Eu acho que a maior dificuldade do segmento hoje – e não é só o segmento metalmecânico não, é todo o segmento industrial – é a questão universal. Global. Até certo tempo atrás se falava muito de qualidade, do processo de qualificação. Isso hoje não se discute. O produto brasileiro se equipara ao de qualquer lugar no mundo, se não for melhor. Hoje, a busca, a palavra de ordem, é inovação. Quem inova é quem consegue se sobressair. A própria China começou copiando e agora está inovando. Temos que inovar em tudo: administrativamente, nas ideias, nos produtos, em todos os setores, porque quem parte na frente é quem vai levar.”

Por conta dessa consciência foi criado o Grupo Temático de Inovação Tecnológica do SIMEC, que após a segunda reunião, sob coordenação de Ricardo Castro Alves, registrou em ata o seguinte posicionamento: o Ceará “precisa de uma grife industrial, pois tem pessoal, inteligência e qualidade nos itens produzidos, sendo estes, via de regra, rara e pontualmente valori-

zados externamente”.

A informação foi divulgada pelo jornalista Egídio Ser-pa, que complementou: “Os integrantes do GT de Ino-vação Tecnológica também consideram que os produtos industriais cearenses, com as exceções conhecidas, ain-da padecem de falta de credibilidade nos mercados do Sul e Sudeste, razão pela qual sugeriram que a Adece – Agência de Desenvolvimento do Ceará seja convocada para implementar um processo de valorização dos bens produzidos aqui pela indústria, iniciando pela do setor eletroeletrônico e metal-mecânico”. (DN 19/11/10)

Ricard Pereira Silveira concluía: “Aqui no Brasil nós temos problemas internos, como a promoção dos nossos produtos, ou como a questão tri-butária, criando a guerra fiscal e o choque de interesses”. O mercado ce-arense, em particular, sofre com a diferença dos incentivos fiscais obtidos por indústrias provenientes de outros Estados, e o jornalista Egídio Serpa voltava em sua coluna a anunciar uma “denúncia do SIMEC”: com uma alí-quota de 17% do ICMS, sai mais barato adquirir insumos de fornecedores do Sudeste, onde a alíquota é de 10%. (DN 14/4/10) “Nós temos que bri-gar, sabendo que isso acontece, e sempre aconteceu”, avaliava o Presidente do Sindicato. “Mas eu não encaro nenhuma dificuldade como problema. O papel do SIMEC é enxergar toda a situação, ver as dificuldades e propor solução. Dificuldades, diferenças e situações desse tipo vão sempre existir. Nós temos é que resolver.”

Outras novidades surgiriam, como o lançamento da Câmara setorial metal-mecânica, acontecido em 23 de junho de 2010 no Auditório da FIEC3. Com o nome completo de Câmara Setorial de Metalurgia, Metal-Mecânica e Eletrome-cânica, a CS Eletrometal nascia para ser “um fórum de articulação dos agentes privados e públicos”, no dizer de Ricard, capaz de se apresentar como ferramen-ta fundamental na ampliação do desenvolvimento do setor no Estado, trazendo “condições de debater com empresários universidades, institutos de tecnologia, Governo do Estado e empresas de logística para identificar ‘gargalos’ e encontrar soluções mais rápidas” (FIEC online 15/03/10).

A Câmara veio disposta a integrar os segmentos da cadeia produtiva metalúrgica, metal-mecânica e eletro-eletrônica, visando a identificação de entraves e possíveis oportunidades que permitissem elaborar ações e projetos voltados a aumentar competitividade e sustentabilidade. Os “gar-galos” mencionados pelo Presidente compõem uma longa lista de conhe-cidos problemas. A falta de matéria-prima. A logística onerosa, dependente do sistema rodoviário. A necessidade de apoio aos microempreendedores. A falta de incentivo à inovação. A escassez de mão-de-obra especializada. São fatos reconhecidos pelo órgão consultivo ao qual a Câmara é vincula-

“O produto brasileiro se equipara ao de qualquer lugarno mundo, se não for melhor. “

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da, a Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará - Adece e vivencia-dos pelo próprio empresariado.

É por eles que Ricard fala. “A Câmara Setorial é ferramenta de máxi-ma importância para o segmento eletro metalmecânico. Um exemplo bem presente é a criação do Polo do Alumínio no Cariri, onde funcionam mais de 20 empresas do segmento, oferecendo centenas de empregos, e que certamente será apresentada ao Governo do Estado via Câmara. É tema que surgiu de discussões na Regional do Cariri, e vem alimentar a Câmara Setorial para, de forma proativa, conseguir incentivos e terrenos do Estado para empresas já existentes na região, que deverão se organizar de forma melhor, tornando-se mais lucrativas, e crescerem para ofertar mais vagas de trabalho à população local”.

Há um Grupo Temático para formação de profissionais qualificados, criando cursos em parceria com entidades como o SENAI, de modo a aten-der a demanda crescente. “Por ser uma ferramenta nova ainda está se esta-bilizando, aos poucos”, atenta Ricard. “Mas já se nota uma eficácia ótima, pois encurta o canal de comunicação entre o segmento e os diversos órgãos competentes, inclusive o próprio Governo estadual”.

Já o GT de Tributação, este se encontra desenvolvendo estudos bus-cando resolver “uma questão gerada por diferenças de alíquotas de ICMS no crédito de clientes de nossos fabricantes de quadros elétricos e outros equipamentos para construção civil”, explica, “segmento este que se be-neficia em não computar crédito de ICMS, e pagar apenas um valor fixo sobre os valores das compras, ou seja, o fornecedor dentro do Estado é que recolhe sobre uma alíquota de 17%, sempre em desvantagem em relação a fornecedores de outros Estados”. O resultado do estudo seria uma solução viável, que deverá ser apresentada pela Câmara à Secretaria da Fazenda estadual, “para que seja buscado um equilíbrio para essa desigualdade, que vem prejudicando algumas empresas de nosso setor aqui no Ceará”.

***

É portanto um bom momento de olhar para trás, e de revelar o signi-ficado da escultura colocada na sala de reuniões, um presente pessoal de Ricard Pereira Silveira ao SIMEC, não só para ocupar um lugar que se fizera vazio, mas principalmente para funcionar como um imenso lembrete me-tálico, uma metáfora em aço sobre seu papel no Sindicato, e sobre a pró-pria dinâmica da vida. “A escultura retrata uma engrenagem pela metade, simbolizando que tudo é inacabado”, explicita Ricard. “Por melhor que as coisas sejam, ou estejam, ainda é possível melhorar, ainda há muito por fazer. Essa era a visão que eu tinha da entidade quando entrei.”

Ia na contramão da maioria, foi o que constatou. “Com o peso do nome do Sindicato, do valor, do reconhecimento que tinha, todos me faziam crer que meu trabalho seria somente dar andamento à obra SIMEC, uma coisa tão simples como continuar a pedalar em uma bicicleta já em movimento”, com-para. Não foi esta a realidade que se apresentou, nem era assim que ele a esperava. “Mudei muita coi-sa”, assume ele. “Não porque as coisas estivessem erradas, mas por-que nada no mundo é concluso, e eu não acredito no que está para-do, estático. Eu visualizava a mo-bilidade de uma engrenagem, mas não uma engrenagem completa, e sim pela metade, inacabada. Via também que não existe perfeição,

Escultura em aço reciclado que se encontra na sala de reuniões do SIMEC

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e sim uma obra de homens, feita por pessoas e por isso mesmo tortuosa, assim como o esqueleto do prédio, torto, mas em construção”.

A escultura surgiu na imaginação de Ricard como uma engrenagem incompleta: “O esqueleto meio torto, onde a engrenagem penetra, mostra que a obra do homem é imperfeita. O esqueleto é torto, porém é firme, pois é moldado no aço, reproduzindo a segurança do segmento, que é forte, feito da matéria prima aço.” E mais outras sutilezas são apontadas na obra de arte: “A escultura foi feita com material reciclado, uma exi-gência minha ao idealizá-la. Com isto eu quis mostrar a sustentabilidade do setor, a partir da sucata que é reutilizada, ou mesmo transformada em material novo, ou seja, matéria prima que pode ser usada pelas indústrias eletrometalmecânicas, e assim produzir, com o ‘tempero’ da arte criativa, um produto final de alto valor agregado.”

Da forma como foi proposta por ele a escultura propicia o encontro entre a mente e a mão, a sequência natural entre o pensamento e a obra, a ponte que conduz do ar rarefeito da criação ao terreno firme da execu-ção. “No nosso caso, a escultura carrega em si todos esses valores, esses significados. Ela só existe a partir a da ideia do criador, que são nossos en-genheiros, criativos e inovadores, que por sua vez necessitam das mãos do executor, preparado, habilidoso, como foi o artista plástico Caetano Barros, representando nossos operários que com suas mãos e máquinas fabricam as riquezas do nosso parque industrial.”

Por esta visão quase mística Ricard Pereira Silveira se guiou desde o primeiro momento, pautando nela sua maneira de agir e de dirigir a entidade. “Na verdade, eu encarei o trabalho na presidência como uma obra inacabada, e que continuará inacabada depois de mim também”. Os Sindicatos, como tudo na vida, estão em permanente processo de construção, arrastados por aquilo que denomina “velocidade do mun-do”. A seu ver, o desafio maior estava em não parar, em prosseguir construindo, assumindo erros e acertos, luminosamente certo quanto à

impossibilidade de conclusão da gigantesca tarefa, por si só um sinal da vitalidade institucional.

Mais cedo ou mais tarde chegaria a hora de “passar o bastão” a outro, para que desse andamento à obra, prosseguindo a partir de um estágio superior àquele em que ele, Ricard, a recebera. Vieram, porém, outra vez as pressões. Ricard Pereira Silveira continuou sendo alvo de seguidas avaliações positivas de seus pares, que não se omitiram de levantar a hipótese da continuidade. Fernando Cirino Gurgel louvou “o dinamismo da gestão de Ricard, caracterizada pela participação ativa dos associa-dos, com ampliação e qualificação do quadro social. Eu acho que ele realmente agrega”. Para Fernando Castro Alves, “o Ricard tem um estilo muito interessante: ele convence fácil. Tem sempre argumento, tem argu-mentos muito fortes”. Francisco Aiace Mota chegou a brincar: “O Ricard é totalmente inovador, a partir do nome. Um cearense, com o nome de Ricard...” E Ricard se decidiu a permanecer por mais um mandato à frente do SIMEC, seguindo até 2015 na Presidência.

Notas: 1 - Anuário do Ceará 2010-2011 2 - Lampiaoaceso.blogspot.com 3 - Portal da ADECE, 22/6/10

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Epílogo

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O novo processo eleitoral para o quadriênio 2011/2015 começou com a publicação de aviso resumido no jornal Diário do Nordeste de 14 de abril de 2011. O Presidente da Comissão Eleitoral, Sebastião Gomes de Medei-ros Neto, formalizou os nomes dos componentes da chapa única inscrita. Na presidência Ricard Pereira Silveira. Como vice-presidente o associado José Frederico Thomé de Saboya e Silva. A Diretoria Administrativa coube a Píndaro Custódio Cardoso, e a Financeira a Cícero Campos Alves. Para Su-plentes da Diretoria foram indicados Suely Pereira Silveira, iniciando uma lista marcada pela presença feminina - José Sérgio Cunha de Figueiredo, Guilardo Góes Ferreira Gomes e Carlos Gil Alexandre Brasil.

Foi mantido o sistema de Diretorias Setoriais, com Felipe Soares Gurgel dirigindo o Setor Metálico, Fernando José Lopes de Castro Alves no Setor Mecânico, e Cristiane Freitas Bezerra Lima no Setor Elétrico e Eletrônico, tendo como Suplentes, respectivamente, Silvia Helena Lima Gurgel, João Aldenor Rocha e Alberto José Barroso de Saboya.

Titulares do Conselho Fiscal foram Helder Coelho Teixeira, Raimun-do Raumiro Maia e Eduardo Lima de Carvalho Rocha, e seus Suplentes Diana Capistrano Passos, Ricardo Martiniano Lima Barbosa e Francisco Odaci da Silva. Para a representação junto à FIEC Ricard continuou na titularidade. Os nomes de Carlos Prado e Fernando Cirino Gurgel se po-sicionaram como Suplentes.

Para as Delegacias Regionais foram escolhidos Adelaído de Alcântara Pontes e Ricardo Lopes de Castro Alves, respectivamente Delegados para o Cariri e para Jaguaribe. Nas Coordenações Administrativas estão Veruska de Oliveira Peixoto (Cariri) e Francisco Odaci da Silva (Jaguaribe).

O acompanhamento da história do SIMEC documenta as dificuldades enfrentadas pelos industriais no Ceará, submetidos a um contexto volátil e imprevisível, nacional ou internacional, lidando com situações adversas e momentos delicados para os quais a saída é sempre uma incógnita. Quer sejam os herdeiros dos empresários pioneiros, remontando ao século XIX e

241

2011-...

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ao século XX, quer sejam a segunda geração, ou a terceira, quer sejam os primeiros a estabelecer o próprio negócio, desbravando novos territórios em incursões hesitantes empreendidas sobre terreno instável – quaisquer que sejam as condições é possível traduzir a batalha através da frase de Fer-nando Cirino Gurgel: “Ser empresário no Brasil implica em caminhar entre uma visão de futuro, que se persegue por ideal, e uma visão de presente, frequentemente anteposta sob condições adversas. O conflito assim gerado requer imensa criatividade, para superar os obstáculos”.1

Os preparativos para o início das comemorações de 40 anos do Sin-dicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico no Estado do Ceará se deram a pleno vapor, ganhando a adesão dos industriais deste setor tão representativo do crescimento econômico de um Estado ou uma nação. Os eventos festivos prosseguiram ao longo de todo o ano de 2011, incluindo Voto de Congratulações da Assembleia Legislativa do Esta-do, proposto pelo Deputado Mário Hélio e subscrito pelos deputados Pro-fessor Teodoro e Mirian Sobreira, devidamente aprovado pela Presidência da Casa, conforme Requerimento n. 885/2011.

O encerramento oficial se dará em 2012, assinalando assim um marco muito especial na história de qualquer instituição – principalmente para uma entidade como o SIMEC, forjada no trabalho diário na luta com sua matéria prima, literal ou figurada: a força da energia e a resistência do aço.

Notas: 1 - Relatório FIEC 1992-1995

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Diretorias

Presidente

José Célio Gurgel de CastroDiretoria Executiva - Titulares

José Célio Gurgel de CastroTarcísio Guy Andrade SilveiraJoão Clemente Fernandes

Diretoria Executiva - Suplentes

Ivan Moreira de Castro AlvesOlavo MagalhãesAirton José Vidal Queiroz

Conselho Fiscal - Titulares

Osvaldo Studart NetoJosé Djanir Guedes de FigueiredoFernando Nogueira Gurgel

Conselho Fiscal - Suplentes

Augusto Castelo da CunhaErasmo Rodovalho de AlencarRaimundo Régis de Alencar Pinto

Representantes junto à Fiec - Titulares

José Célio Gurgel de CastroRaimundo Regis de Alencar Pinto

Representantes junto à Fiec - Suplentes

João Clemente FernandesTarcísio Gruy Andrade Silveira

Presidente

Álvaro de Castro Correia NetoDiretoria Executiva - Titulares

Álvaro de Castro Correia NetoFernando Cirino GurgelRaimundo Régis de Alencar Pinto

Diretoria Executiva - Suplentes

Augusto Castelo da CunhaIvan Moreira de Castro AlvesAdalberto Benevides Magalhães Filho

Conselho Fiscal - Titulares

Amândio Bezerra RolimJosé Djanir Guedes de FigueiredoEdson Queiroz Filho

Conselho Fiscal - Suplentes

Sebastião de Arruda GomesNelson PradoPedro Jorge Clemente

Representantes junto à Fiec - Titulares

Airton José Vidal QueirozAdalberto Benevides Magalhães Filho

Representantes junto à Fiec - Suplentes

Victor José Macedo Queiroz LimaJosé Sérgio Cunha de Figueiredo

Presidente

Airton José Vidal de QueirozDiretoria Executiva - Titulares

Airton José Vidal de QueirósJosé Célio Gurgel de CastroRaimundo de Alencar Pinto

Diretoria Executiva - Suplentes

Augusto Castelo da CunhaIvan de Castro AlvesJosé Aragão de Albuquerque

Conselho Fiscal - Titulares

Osvaldo Studart NetoJosé Djanir Guedes de FigueiredoEdson Queiroz Filho

Conselho Fiscal - Suplentes

Fernando Cirino GurgelÁlvaro de Castro Correia NetoPedro Jorge Clemente Soares

Representantes junto à Fiec - Titulares

José Célio Gurgel de CastroRaimundo Regis de Alencar Pinto

Representantes junto à Fiec - Suplentes

João Clemente FernandezEvandro Pessoa Andrade

Presidente

Fernando Cirino Gurgel Diretoria Executiva - Titulares

Fernando Cirino GurgelAdalberto Benevides Magalhães FilhoSebastião de Arruda Gomes

Diretoria Executiva - Suplentes

Augusto Castelo da CunhaRoberto Proença de MacedoNelson Bernardes Prado

Conselho Fiscal - Titulares

Amândio Bezerra RolimFernando José Lopes Castro AlvesJosé Djanir Guedes de Figueiredo

Conselho Fiscal - Suplentes

Cícero Campos AlvesAustregésilo Medeiros FilhoJosé Frederico Thomé de Sa-boya e Silva

Representantes junto à Fiec - Titulares

Airton José Vidal QueirozAdalberto Benevides Magalhães Filho

Representantes junto à Fiec - Suplentes

Fernando Cirino GurgelJosé Djanir Guedes de Figueiredo

245244

1975-1978 1981-19841972-1975 1978-1981

Presidente

Antonio Carlos Maia Aragão Diretoria Executiva - Titulares

Antônio Carlos Maia Aragão Adalberto Benevides Magalhães Filho Helder Coelho Teixeira

Diretoria Executiva - Suplentes

Augusto Castelo da CunhaRoberto Proença de MacedoSebastião Arruda Gomes

Conselho Fiscal - Titulares

José Sérgio Cunha de FigueiredoNelson Bernandes PradoFernando José Lopes de Castro Alves

Conselho Fiscal - Suplentes

Airton José Vidal QueirozCícero Campos AlvesJosé Frederico Thomé de Saboya e Silva

Representantes junto à Fiec - Titulares

Antônio Carlos Maia AragãoFernando Cirino Gurgel

Representantes junto à Fiec - Suplentes

Acácio Araújo de VasconcelosAluízio Dutra de Melo

Presidente

Fernando José Lopes de Castro AlvesDiretoria Executiva - Titulares

Fernando José Lopes de Castro AlvesJosé Sérgio Cunha de FigueiredoAcácio Araújo de Vasconcelos

Diretoria Executiva - Suplentes

Sebastião de Arruda GomesAugusto Castelo da CunhaRoberto Farias

Conselho Fiscal - Titulares

Cícero Campos AlvesAntônio Carlos Maia AragãoHelder Coelho Teixeira

Conselho Fiscal - Suplentes

Raimundo Nunes de AndradeAntônio Carlos Lyra MaiaMarcelo Villar de Queiroz

Representantes junto à Fiec - Titulares

José Frederico Thomé de Saboya e SilvaFernando Cirino Gurgel

Representantes junto à Fiec - Suplentes

Ivan Moreira de Castro AlvesCarlos Prado

Presidente

José Frederico Thomé de Saboya e Silva Diretoria Executiva - Titulares

José Frederico Thomé de Sa-boya e SilvaHelder Coelho TeixeiraSebastião de Arruda Gomes

Diretoria Executiva - Suplentes

Augusto Castelo da CunhaRoberto Proença de MacedoJoão Paulo Dimões Accioly de Carvalho

Conselho Fiscal - Titulares

José Sérgio Cunha de FigueiredoCarlos PradoFernando José Lopes de Castro Alves

Conselho Fiscal - Suplentes

Airton José Vidal QueirozCícero Campos AlvesMario Walter Saturnino Bravo

Representantes junto à Fiec - Titulares

Fernando Cirino GurgelAntônio Carlos Maia Aragão

Representantes junto à Fiec - Suplentes

José Frederico Thomé de Saboya e SilvaAcácio Araújo de Vasconcelos

Presidente

Mario Walter Saturnino Bravo Diretoria Executiva - Titulares

Mario Walter Saturnino BravoCarlos Prado Sebastião de Arruda Gomes

Diretoria Executiva - Suplentes

Fernando José Lopes de Castro AlvesRoberto FariasFrancisco Gildo Rebouças Monteiro

Conselho Fiscal - Titulares

Antônio Carlos Maia AragãoMarcelo Villar de QueirozAugusto Castelo da Cunha

Conselho Fiscal - Suplentes

Jesus Hernandez Y. F. NetoRaimundo Nunes de AndradeMolinari Batista

Representantes junto à Fiec - Titulares

Fernando Cirino GurgelMario Walter Saturnino Bravo

Representantes junto à Fiec - Suplentes

Carlos PradoJosé Sérgio Cunha de Figueiredo

247246

1987-1990 1993-1996 1984-1987 1990-1993

249248

1999-2002 2005-2008 2008-2011 2011-2011 1996-1999 2002-2005

Presidente

Guilardo Góes Ferreira Gomes Diretoria Executiva - Titulares

Guilardo Góes Ferreira GomesDiretor Presidente

Marcelo Villar de QueirozDiretor Financeiro

Antônio Marcos R. do Prado Diretor Administrativo

Diretoria Executiva - SuplentesJosé Sérgio Cunha de FigueiredoJoão Carlos Clemente FernandesJesus Hernandes Y. Ferreira Neto

Diretores Setoriais - Titulares

Célio Cirino GurgelDiretor Setor Metalúrgico

Carlos Gil Alexandre BrasilDiretor Setor Elétrico

Sebastião de Arruda GomesDiretor Setor Mecânico

Diretores Setoriais - SuplentesJosé Djanir Gurdes de FigueredoJosé Armando Thomé de SaboyaJoão Bosco Gomes Viana

Conselho Fiscal - TitularesHelder Coelho TeixeiraAcácio Araujo de VasconcelosFrancisco Sena de Freitas Rego

Conselho Fiscal - SuplentesFrancisco Aiace Mota FilhoJoão Batista Pacheco FilhoDário Pereira Aragão

Representantes junto à Fiec - TitularesFernando Cirino GurgelGuilardo Góes Ferreira Gomes

Representantes junto à Fiec - SuplentesCarlos PradoJosé Frederico Thomé de Saboya

Presidente

Valdelírio Pereira Soares Filho

Diretoria Executiva - Titulares

Valdelírio Pereira Soares FilhoDiretor Presidente

Marcelo Villar de QueirozDiretor Financeiro

Ricardo Martiniano Lima BarbosaDiretor Administrativo

Diretoria Executiva - SuplentesRaimundo Raumiro MaiaJosé Frederico Thomé de SaboyaDanilo Reis de Vasconcelos

Diretores Setoriais - Titulares

Helder Coelho Teixeira Diretor Setor Metalúrgico

Tom Prado Diretor Setor Elétrico

Carlos Gil Alexandre BrasilDiretor Setor Mecânico

Diretores Setoriais - SuplentesRoberto de Barros BezerraEdmundo Pereira BarbosaAlberto José Barroso de Saboya

Conselho Fiscal - TitularesPíndaro Custódio CardosoSebastião de Arruda GomesFrancisco Aiace Mota Filho

Conselho Fiscal - SuplentesEduardo Lima de Carvalho NetoRicardo Tolentino W. da NobregaJosé Gerardo da Silva

Representantes junto à Fiec - TitularesFernando Cirino GurgelCarlos Prado

Representantes junto à Fiec - SuplentesValdelírio Pereira Soares FilhoAcácio Araújo de Vasconcelos

Presidente

Carlos Gil Alexandre Brasil Diretoria Executiva - Titulares

Carlos Gil Alexandre BrasilDiretor Presidente

Marcelo Villar de QueirozDiretor Financeiro

Valdelírio Pereira Soares Filho Diretor Administrativo

Diretoria Executiva - SuplentesJosé Sérgio Cunha de FigueiredoRaimundo Raumiro MaiaJesus Hernandez Y. Ferreira Neto

Diretores Setoriais - Titulares

Célio Cirino GurgelDiretor Setor Metalúrgico

José Frederico Thomé de SaboyaDiretor Setor Elétrico

Manuel Nunes Silva NetoDiretor Setor Mecânico

Diretores Setoriais - SuplentesJosé Djanir Guedes de FigueiredoEdmundo Pereira BarbosaRaphael Cláudio de Araújo Neto

Conselho Fiscal - TitularesHelder Coelho TeixeiraAcácio Araújo de Vasconcelos Sebastião de Arruda Gomes

Conselho Fiscal - SuplentesFrancisco Aiace Mota FilhoPíndaro Custódio CardosoEduardo Lima de Carvalho Neto

Representantes junto à Fiec - TitularesFernando Cirino GurgelCarlos Gil Alexandre Brasil

Representantes junto à Fiec - SuplentesCarlos PradoGuilardo Góes Ferreira Gomes

Presidente

Valdelírio Pereira Soares Filho Diretoria Executiva - Titulares

Valdelírio Pereira Soares FilhoDiretor Presidente

Acácio Araújo de VasconcelosDiretor Financeiro

Píndaro Custódio CardosoDiretor Administrativo

Diretoria Executiva - SuplentesJosé Frederico Thomé de Saboya e SilvaDaniel Sucupira BarretoÉrico Coelho Coutinho

Diretores Setoriais - Titulares

Roberto de Barros BezerraDiretor Setor Metalúrgico

Ricardo Martiniano de Lima Barbosa Diretor Setor Elétrico

Francisco Baltazar NetoDiretor Setor Mecânico

Diretores Setoriais - SuplentesRaimundo Raumiro Maia da SilvaIvan de Castro AlvesReno Barroso Bezerra

Conselho Fiscal - TitularesSebastião de Arruda GomesMarcelo Villar de QueirozHelder Coelho Teixeira

Conselho Fiscal - SuplentesPaulo Augusto Ferreira G. SilvaEduardo Lima de Carvalho RochaCícero Campos Alves

Representantes junto à Fiec - TitularesValdelírio Pereira Soares Filho Carlos Prado

Representantes junto à Fiec - SuplentesFernando Cirino GurgelDário Pereira Aragão

Presidente

Ricard Pereira Silveira Diretoria Executiva - Titulares

Ricard Pereira SilveiraDiretor Presidente

Cícero Campos AlvesDiretor Financeiro

Píndaro Custódio CardosoDiretor Administrativo

Diretoria Executiva - SuplentesJosé Frederico Tomé de SaboyaGuilardo Góes Ferreira GomesÉrico Coelho Coutinho

Diretores Setoriais - Titulares

Ricardo M. Lima BarbosaDiretor Setor Metalúrgico

Tom Prado Diretor Setor Elétrico

Isaias Aragão SoaresDiretor Setor Mecânico

Diretores Setoriais - SuplentesFernando José Lopes de Castro AlvesCarlos Gil Alexandre BrasilEdmundo Pereira Barbosa

Conselho Fiscal - TitularesSebastião de Arruda GomesHelder Coelho TeixeiraRaimundo Ramiro Maia

Conselho Fiscal - SuplentesEduardo Lima de Carvalho RochaDário Pereira AragãoJesus Rodrigues de Almeida Neto

Representantes junto à Fiec - TitularesCarlos PradoRicard Pereira Silveira

Representantes junto à Fiec - SuplentesFernando Cirino GurgelValdelírio Pereira Soares Filho

PresidenteRicard Pereira Silveira Diretoria Executiva - TitularesJosé Frederico Thomé de Saboya e SilvaVice-PresidenteCícero Campos AlvesDiretor FinanceiroPíndaro Custódio CardosoDiretor Administrativo

Diretoria Executiva - SuplentesSuely Pereira Silveira;José Sérgio Cunha de Figueiredo;Guilardo Góes Ferreira GomesCarlos Gil Alexandre BrasilDiretores Setoriais - TitularesFelipe Soares GurgelDiretor Setor MetalúrgicoFernando José Lopes Castro AlvesDiretor Setor MecânicoCristiane Freitas Bezerra LimaDiretor Setor Elétrico e Eletrônico

Diretores Setoriais - SuplentesSilvia Helena Lima Gurgel João Aldenor RodriguesAlberto José Barroso de SaboyaConselho Fiscal - TitularesHelder Coelho Teixeira;Raimundo Raumiro Maia Eduardo Lima de Carvalho RochaConselho Fiscal - SuplentesDiana Capistrano PassosRicardo Martiniano Lima BarbosaFrancisco Odaci da SilvaRepresentantes junto à Fiec - TitularesRicard Pereira SilveiraRepresentantes junto à Fiec - SuplentesCarlos Prado Fernando Cirino GurgelDelegado CaririAdelaído de Alcântara PontesCoordenadora administrativa CaririVeruska de Oliveira PeixotoDelegado JaguaribeRicardo Lopes de Castro AlvesCoordenador administrativo JaguaribeFrancisco Odaci da Silva

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Atuais Associados

• Abs Metalmecânica Ind. e Com. de Maqs.Ltda

• Aço Cearense Industrial Ltda

• Açobrás-Ind. E Com. Ltda (Artrel)

• Açoforte Móveis E Equipamentos S/A

• Agatek Ind. E Com. Ltda

• Agb – Ind. E Com. De Móveis Ltda

• Agrotech Do Brasil Ltda

• Aldo Pinheiro Dantas (Alumínio Prol Lar)

• Alisson Farias Feitosa-Me

• Alpha Metalúrgica Ind. Com. Serv. Imp. e Exp. Ltda-Epp

• Alumínio Luzie Imp E Exp. Ltda

• Aluprint-Metalgrafica Ltda-Me

• America Inox Ind e Com. de Artefatos de Aço Inox Ltda

• Antônio Batista Bezerra

• Antônio Linard – Máquinas e Cosntru-ções Técnicas Ltda

• Armtec Tecnologia em Robótica Ltda

• Antônio R. da Silva-Me – (Metalpatrícia)

• Art Aço Comércio de Peças Ltda

• Ascrom - Aços Cromo Metais Ltda

• Aurinete Rodrigues da Silva (Multmetais)

• Bom Sinal Indústria e Comércio Ltda

• Brasint Ind.Elet.Com. Imp. Exp. Ltda

• Intersystem Computadores

• Camelo Metalmecanica Ltda

• Carone-Cadeiras de Rodas do Ne. Ltda

• Cemag S/A

• Cemec-Construções Eletromec. S/A

• Cesde Ltda (Mallory)

• Chevre e Coutinho Ltda

• Cia Metalic Nordeste

• Ciprol – Indústria Metalmecânica Ltda - Epp

• Cismetal-Ce Com. Ind. e Serv. Metal. Ltda

• Clemente Irmãos S/A-Alum. Ironte

• Cia. Siderúrgica do Pecém

• Cpn – Chapas Perfuradas do Ne Ltda

• Daferro S/A - Alumínio E Aço

• Dular–Ind. de Artefatos de Alumínio Ltda-Me

• Dumetal Ferrag. e Galvaniz. Ltda

• Durametal S/A

• Edilson Soares Pereira-Me (Alumínio Aliança)

• Eletra Indústria de Medidores Elétricos Ltda

• Eliana Claudio Fernandes-Me

• Empreendimentos Fundição Capistrano G3 Ltda - Me

• Esmaltec S/A

• Espacial Metal Metalúrgica Ltda-Me

• Estrutural Indústria Metálica Ltda

253252

Atuais Associados

• Fae-Ferragens e Aparelhos Elét. S/A

• Fernando Guimarães de Castro Gurgel do Amaral-Pp (Metalsonia)

• Flow Indústria Comércio Serviço Ltda

• Fotosensores Tecnologia Elet. Ltda

• Framak Tecnologia em Aço Ltda

• Francisco Renato Dantas Cordeiro-Me (Ikal – Ind. Kaririense de Alumínio)

• Fundição Metallu Ltda

• Gerdau Aços Longos S/A

• Glad Computadores Imp. e Exp. Ltda

• Gerson Elias da Silva-Me (Bauxita-In-dústria e Comércio de Alumínio)

• Gram-Eollic Ind. de Artefatos de Metais e Projetos Ltda

• Granimarmo Máqs. e Equips. Ltda

• Hinel Hidraulica do Nordeste Ltda

• Harsco Metals Ltda (Multiserv Ltda)

• Hispano-Estruturas Metálicas Ltda

• Impar Tecnologias Industriais Ltda

• Ind. Com. e Fundição de Artefatos de Alumínio Kariri Ltda

• Indúst. e Com. de Artefatos de Alumí-nio Ltda-Me (Alumínio Perereca)

• Induma-Indústria Mecânica Ltda

• Indumetal-Ind.Met.Carl.Pamplona Ltda

• Ind. e Com. de Antenas Horizonte Ltda

• Ind. Com. & Serviços de Metalúrgica Ltda

• Indúst.Reunidas de Móv. do Ne. Ltda

• Inelsa-Indústrias Elétricas Elite S/A

• Jangurussu Comércio de Sucatas Ltda

• J. Adauto Alves - Me

• Jj Metal Mec. Serv. de Tornearia Ltda-Me

• José Taumaturgo dos Santos Dias-Me

• Khaltec Metalúrgica Ltda-Me

• Lavoro Ind. e Serv. e Com. Metalmecânica Ltda

• Locsul Engenharia de Instalações Provi-sórias Ltda

• Lucas Antônio Ianoni - (Esquadrias, Coberturas Fortaleza)

• Maria Socorro Ferreira-Me (Adenox)

• Matri-X Indústria e Comércio Ltda

• Mb3 Máquinas e Manutenção Industrial Ltda

• Mecesa –Metalgrafica Cearense S/A

• Metalurgica Bace Ltda

• Metalmecânica Maia Ltda

• Nra-209 Metalúrgica J.B. Ind. e Com. Ltda

• Metalúrgica Enock Jaime de Moura Ltda

• Metalúrgica Lcr Ltda

• Metalvi Ind. e Com. de Ferragens Ltda

• Metalúrgica Santa Luzia Ltda-Me

• Microsol Tecnologia S/A

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Atuais Associados

• Nordeste Alumínios Importação e Ex-portação Ltda

• Nordestina Ind. Com. e Serv. de Equi-pamentos Para Refrigeração Ltda

• Novo Horizonte Jacarepagua Importa-ção E Exportação Ltda (Nhj Do Brasil)

• Ortofor-Ortopedia Fortaleza Ltda) (Comercial)

• Perfisul Indústria e Comércio Ltda

• Petral Comércio de Ferro e Aço Ltda

• Pontão Serv. de Usinagem e Com. Ltda

• Prime-Indúst. e Com. de Tecnologia e Serv. Ltda

• Projeaço Ind. e Com. Ltda

• Projeart Ind. de Estruturas Metálicas Ltda

• Proinox Ind e Com de Equips. P/Cozinhas Ltda

• Projeinox Ind e Com de Refrigeração Ltda-Me

• Red Diamond Ind e Com de Ferramen-tas, Máqs. E Equipamentos Ltda

• Rimatec Industrial Ltda

• Ross Comercial de Maquinas Resíduos de Sucata E Produtos Siderúrgicos Ltda

• Sangati Berga S/A

• Singer do Brasil Ind e Com Ltda - Filial

• Sigma Usinagem Ltda

• Sk Ind. Com. de Bombas Hidráulicas Ltda-Epp

• Stevenes de Araújo Leite-Me (Alumínio Alinox)

• Sucacel – Sucataria Cearense Ltda(Petral)

• Supercromo Nord. Ind e Com Prod. Metais Ltda

• Tabuleiro Aço Ind e Com. Ltda

• Tecnoserv-Tecnologia e Serviços Ltda

• Teluz Ind. e Com. D. Azevedo Ltda

• Tentáculos Guindastes Remoções e Transportes Ltda

• Termisa Industrial S/A

• Usiman Servições de Manutenção Indl. Ltda

• USIMECs – Usinagens Mecânicas e Serviços Ltda

• Veruska de Oliveira Peixoto-Me Alumínio Dena

• W.P. da Silva - Me

• Vicunha Ind. de Implementos Rodoviários Ltda

• White Martins Gases Indust. do Nord. S/A

• W.P. da Silva - Me

• Associação Dos Caminhoneiros de Tabuleiro do Norte-Acatan

• Aureliano Máquinas Serviços Ltda (Ofi-cina O Aureliano)

• Cierleide M. Silva Luz - Zahara

• Deusinaldo Evangelista de Oliveira-Me (Metal Norte)

• Djaci Pereira de Oliveira-Me

• Fernando Antônio Maia - Me

• F.H.Chaves Júnior Retífica de Motores

• Francisco Eudo Bezerra de Melo-Me

• Hulinard G. Menezes-Me

• Indústria Tabuleirense de Máquinas Ltda

• Lucivaldo Viana da Costa (Baú)

• Luiz Gonzaga Filho

• Marcelo C. Lima – Me (Metalúrgica Metalline)

• Metalúrgica Paz Vieira

• Metalúrgica Metal Arte

• Mecânica União

• Pedro Batista de Oliveira-Me Mecânica Batista

• Oficar – Oficina do Fábio

• Use Forte

• Oficina O Torozo

• Oficina Zé de Deus

• Oficina Mecânica Irmãos Monteiro

• Oficina Santo André

• Oficina Vitória

• Vanderilo C. Lima – (Oficina O Liro)

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Parceiros

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Empresa líder em projetos, consultoria, fabricação, instalação e monta-gem de Cozinhas Profissionais para Hotéis, Restaurantes, Supermercados, Hospitais, a Americainox - TAU vem atuando neste mercado desde 1986.

Seus diretores, João Bosco Viana e Alfredo Viana, herdaram do pai, Odar Albuquerque Viana, a experiência de quem instalou as primeiras grandes cozinhas industriais as primeiras grandes cozinhas industriais na região, como o Restaurante Universitário no Benfica, as cozinhas indus-triais de todas as unidades do Exército Brasileiro em Fortaleza, do Hospital Cura D’Ars, do Hotel Savanah, do Hotel São Pedro Rhuf dentre outras.

Esta experiência, aliada ao investimento contínuo em modernização de seus processos, deram à Americainox - TAU, a credibilidade necessária para o alcance de novos mercados, levando-a ao patamar de líder no Norte e Nordeste em seu ramo de atuação, permitindo-lhe competir em pé de igualdade com as maiores do país.

Com foco especial no ramo hoteleiro, foi responsável por inúmeros projetos e instalações entre os quais se destacam obras como:

• Hotel Vila Galé (Praia do Futuro) - Fortaleza-CE

• Hotel Gran Marquise Meliá - Fortaleza-CE

• Hotel Expresso XXI - Nazaré-PA

• Hotel Expresso XXI - Batista Campos-PA

• Hotel VIla Galé Resort - Cumbuco-CE

• Hotel Cariri Beach - Cumbuco-CE

• Hotéis Reunidos da Amazônia (Resende de Belém e Rezende de Paragominas)

• Martan Spa Hotel - Belém-PA

• Hotel Gold Ville - Belém-PA

• Hotel Blue Thee

Americainox - TAU

• Hotel Ibis - Macapá-AP

• Hotel Ibis - Belém-PA

• Hotel Qualit - Petrolina-PE

• Supermercado Hiper-Market

• Supermercado São Luiz - Fortaleza-CE

• Supermercado Vasconcelos - Fortaleza-CE

Os princípios de honradez e caráter com que conduz seus negócios, alia-dos ao largo conhecimento de seu quadro técnico e à atualização tecnológica de seus processos de produção, têm feito com que a Americainox - TAU, seja reconhecida por seus clientes como a maior e a melhor empresa do mercado de cozinhas profissionais do Norte e Nordeste, e permitindo a ampliação do seu raio de atuação para outras regiões como o Sudeste do país.

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Bombas King

A visão de um empreendedor que, há exatos 50 anos, foi responsável pela criação de uma marca de sucesso genuinamente cearense simboliza o que há de melhor na região em termos de bombas hidráulicas para uso nas mais diversas aplicações, da indústria à agricultura, da construção civil a soluções inovadoras para produção de biodiesel, carcinicultura e outras aplicações.

A marca Bombas King é reconhecida em todo o território nacional, em especial nas regiões Nordeste e Norte onde, ao longo destas décadas, vem contribuindo para o desenvolvimento sustentável das populações.

Em 1961 Ivan Moreira de Castro Alves, empresário do setor de comércio, motivado pelas oportunidades que o sistema de comércio da época oferecia, quando quase todo tipo de equipamento industrializado procedia dos EUA e Europa, após visitar uma fábrica de bombas de pistão horizontal norte-ame-ricana importou 50 unidades, vendidas quase imediatamente em sua volta.

Conhecedor, por vocação, de tudo que se relacionava à mecânica, além de autodidata no processo de fundição, Ivan solicitou a uma pequena oficina, produtora de componentes e ferro fundido e aço para reposição em máquinas importadas, um modelo de bomba semelhante ao que importara, já que este tipo de produto não era protegido por patente. Assim teve início um processo de produção local.

Face a precariedade da pequena oficina, seu proprietário ofereceu o negócio a Ivan, que aos poucos foi se consolidando na região, ampliando a linha de produto e iniciando, de imediato, a produção de bombas centrífu-gas de pequeno porte, adequadas à realidade Nordestina da época.

Com o passar do tempo a linha ampliou-se ainda mais. Novas ins-talações foram construídas, novos processos de fabricação foram adota-dos, resultando no aumento de competitividade da marca Bombas King. Até 2011, a empresa contabilizou a produção de mais de meio milhão de unidades de bombas industrializadas, oferecendo soluções integra-das para todos os mercados.

Em 2009 a Bombas King recebeu o prêmio Inova da Fiec. Foi também reconhecida pela CNI como empresa inovadora, durante o III Congresso Nacional de Inovação em São Paulo no mesmo ano. Atualmente a marca Bombas King,está sob a gestão de cinco dos dez filhos de Ivan e Margarida, que continuam participando das decisões sobre o futuro das empresas.

263262

Banco do Nordeste

O Banco do Nordeste do Brasil S.A. (BNB) é uma instituição financeira múl-tipla criada pela Lei Federal nº 1649, de 19.07.1952, e organizada sob a forma de sociedade de economia mista, de capital aberto, tendo mais de 90% de seu capital sob o controle do Governo Federal. Com sede na cidade de Fortaleza, Es-tado do Ceará, o Banco atua em cerca de 2 mil municípios, abrangendo os nove estados da Região Nordeste (Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Para-íba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia), o norte de Minas Gerais (incluindo os Vales do Mucuri e do Jequitinhonha) e o norte do Espírito Santo.

Maior instituição da América Latina voltada para o desenvolvimento re-gional, o BNB opera como órgão executor de políticas públicas, cabendo--lhe a operacionalização de programas como o Programa Nacional de For-talecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), principal fonte de recursos aplicada pela Empresa. Além dos recursos federais, o Banco tem acesso a outras fontes captadas nos mercados interno e externo, por meio de parcerias e alianças com instituições nacionais e internacionais, incluindo multilaterais, como o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

O BNB é detentor do maior programa de microcrédito da América do Sul e o segundo da América Latina, o CrediAmigo, por meio do qual o Banco já emprestou mais de R$ 3,5 bilhões a microempreendedores. Além disso, ope-racionaliza o Programa de Microcrédito Rural, Agroamigo, tendo aplicado R$ 1,7 bilhão, beneficiando 841 mil agricultores. O BNB também opera o Progra-ma de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste (Prodetur/NE), criado para estruturar o turismo da Região com recursos da ordem de US$ 800 milhões.

São clientes do Banco os agentes econômicos institucionais e as pessoas fí-sicas. Os agentes econômicos compreendem as empresas (micro, pequena, mé-dia e grande empresa), as associações e cooperativas. Os agentes institucionais englobam as entidades governamentais (federal, estadual e municipal) e não-go-vernamentais. As pessoas físicas compreendem os produtores rurais (agricultor familiar, mini, pequeno, médio e grande produtor) e o empreendedor informal.

O BNB exerce trabalho de atração de investimentos, apóia a realização de estudos e pesquisas e financia projetos de grande impacto que contribuem para o desenvolvimento regional. Mais que um agente de intermediação finan-ceira, o BNB se propõe a prestar atendimento integrado a quem decide investir em sua área de atuação, disponibilizando uma base de conhecimentos sobre o Nordeste e as melhores oportunidades de investimento na Região.

O Banco do Nordeste tem apoiado o setor industrial do Nordeste e particularmente do Ceará, dentre as quais cabe destacar os segmentos me-talmecânico e eletroeletrônico, por meio da realização de empréstimos e financiamentos em diversos programas de crédito.

O apoio creditício do Banco ao setor metal mecânico e eletroeletrô-nico do Ceará tem se caracterizado por proporcionar recursos tanto para capital de giro quanto para investimentos de médio e longo prazos a taxas de juros preferenciais. Tanto as pequenas e médias empresas, bem como grandes empreendimentos têm recebido apoio financeiro do BNB.

Além do apoio financeiro, o Banco realiza estudos e pesquisas sobre a produção industrial do Nordeste, bem como sobre as cadeias produtivas vinculadas ao setor metal mecânico e eletroeletrônico, de forma a ampliar a base de conhecimentos sobre essas atividades no Nordeste, além de iden-tificar mercados e oportunidades de investimentos.

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CSP - Companhia Siderúrgica do Pecém

Um projeto estruturante para o desenvolvimento do Ceará e do Brasil

A Companhia Siderúrgica do Pecém será a primeira usina integrada da Região Nordeste do Brasil. Antigo sonho da região, a usina que será realidade no final de 2014 é resultado de uma parceria entre a empresa brasileira VALE e as siderúrgicas coreanas Dongkuk e Posco. Através da transformação do minério de ferro em placas de aço semi-acabadas, a em-presa visa agregar valor ao produto gerando riqueza e desenvolvimento para o Estado do Ceará e para o Brasil.

Com uma capacidade de produção anual de 6 milhões de toneladas de placas de aço a ser implantada em duas fases iguais, a Companhia Siderúr-gica do Pecém é um projeto estruturante e transformacional que vai elevar o nível de competitividade e impulsionar o crescimento econômico do Ce-ará através da exportação de placas de aço de alta qualidade metalúrgica pelo Porto do Pecém e da venda de energia elétrica como sub-produto para o mercado interno. Os impactos na economia regional envolvem a geração de empregos, incremento da cadeia produtiva, aporte tecnológico e atra-ção de investimentos, contribuindo dessa forma para o aumento do PIB dos municípios envolvidos e do Estado do Ceará.

Presente em quase tudo que vemos no dia a dia, o aço tem grande im-portância para o processo de desenvolvimento da sociedade. Para a Com-panhia Siderúrgica do Pecém, tão importante quanto fornecer placas de aço é fazê-lo de modo comprometido com a sustentabilidade. Nesse sen-tido o projeto CSP vem seguindo à risca o cumprimento de todas as con-dicionantes para obtenção das licenças ambientais, planejando também para implantação e operação o uso de tecnologia e medidas adequadas de preservação do meio ambiente.

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Carone

Empresa no ramo metalmecânico, especializada na fabricação de ca-deiras de rodas e outros produtos para auxílio na locomoção de pessoas portadoras de deficiência física.

Em 1987, em fase de crescente demanda destes produtos nas regiões Norte e Nordeste do Brasil e da natural precariedade no atendimento de parte dos poucos fabricantes até então existentes nas outras regiões do País, fez despertar para o problema uma empresa local, a Ortofor, atuante no setor de Ortopedia Técnica.

Buscando tecnologia especializada no sudeste brasileiro, aquela empresa fundou a Carone – cadeiras e rodas do Nordeste, hoje empresa independente.

Produzindo inicialmente poucos modelos, hoje a CARONE oferece uma ampla linha desenvolvida sempre atenta à qualidade, mas com característi-cas adequadas ao poder aquisitivo das regiões que se destina. Inclui, porém alguns produtos que atendem às exigências dos usuários de outras regiões do País, o que lhe permite manter clientes ativos em todo território nacional.

Participa ativamente na contribuição social gerando cerca de 40 em-pregos diretos além de terceirizar parcela volumosa de atividades operárias confiados a famílias residentes nas proximidades, atendendo ainda cerca de 100 crianças carentes.

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Cemec

A Cemec é uma das empresas do grupo J. Macêdo, sinônimo de lide-rança e solidez em todo Brasil. Em 1962, a J. Macêdo inaugura a Cemec Construções Eletromecânicas. Desde então, dia após dia, a Cemec forta-lece a credibilidade e solidez conquistadas há 49 anos na fabricação de transformadores de distribuição e força.

Situada no estado do Ceará, a fábrica da Cemec ocupa hoje uma área de mais 60 mil metros quadrados divididos em administração e galpões separados para execução de seus distintos processos produtivos.

Dispõe de uma ampla rede de representantes estrategicamente distri-buídos no Brasil e Estados Unidos.

Como a 1ª empresa do estado do Ceará a obter certificação ISO 9001, a Ce-mec prima pelo mais alto padrão de qualidade de seus produtos. Desde a con-cepção do projeto até a entrega do produto final a política de qualidade total é rigorosamente seguida a fim de garantir a absoluta satisfação de nossos clientes.

Os transformadores Cemec são projetados e ensaiados segundo as mais rigorosas normas do setor e especificações do próprio cliente. Pioneira na produção de transfor-madores com tanque em liga de alumínio, pedestais e subestações compactas blindadas.

Sua produção vai desde transformadores monofásicos a trifásicos de distribuição até 300kVA, e transformadores de potência até 40MVA, classe 72,5kV. Os transformadores e suas aplicações são as seguintes:

• Transformadores auto-protegidos são fabricados com proteção in-terna, o que prolonga e otimiza a vida útil do transformador.

• Transformadores com tanque em alumínio, especialmente desenvolvidos para serem instalados em ambientes agressivos, altamente corrosivos. Ideal para áre-as de proximidade marítima, de grande salinidade ou de grande poluição industrial.

• Transformadores subterrâneos submersíveis fabricados especial-mente para serem instalados em redes de distribuição subterrânea ou em ambientes que podem ser eventualmente submersos.

• Transformadores do tipo pedestal, ideais para condomínios ou zonas urbanas e ambientes com rede de distribuição subterrânea. Atende a exi-gências de preservação ambiental e estética, pois resguarda a fachada das edificações da presença de fios e postes presentes em subestações aéreas.

• Subestações Compactas Blindadas feitas para atender a demanda por distribuição de energia de maneira lógica e racional devido ao design com-pacto, adaptável a qualquer ambiente. A praticidade de instalação de um ou dois transformadores de forma geminada torna o produto ideal para shop-ping centers, hospitais, indústrias, supermercados e prédios comerciais.

• Transformadores a seco, ideais para distribuição de energia em grandes concentrações urbanas, possuem baixo custo e não agridem o meio-ambiente. Com aplicações diversas e podem ser instalados em aero-portos, túneis, navios, fábricas, centros comerciais, plataformas petrolíferas e subestações elétricas.

A Cemec vai além da fabricação de produtos, oferece ainda serviços que otimizam o desempenho dos equipamentos de sua empresa.

• Instalação, recuperação e aluguel de transformadores de força e distribuição.

• Automação de Sistemas Elétricos.

• Manutenção Preditiva, Preventiva e Corretiva em transformadores.

• Ensaios Elétricos e Análises Físico-Químicas em Laboratórios próprios.

Profissionais qualificados, alta tecnologia e instrumentos de precisão asseguram a Cemec um padrão de qualidade internacional em seus labora-tórios elétricos e químicos.

O contínuo investimento na aquisição e desenvolvimento de tecnologias de ponta e no treinamento de pessoas é um dos princípios estratégicos da Cemec.

Uma empresa de vanguarda como a Cemec, sabe que a sociedade só tem a ganhar com fontes e matrizes energéticas limpas e renováveis, por isso a Cemec é fornecedora de uma grande parte dos parques e usinas de energia eólica instalados no Brasil.

Em qualquer clima, qualquer região, em plataformas marítimas, no litoral, florestas, campos, serra ou sertão, com sal, sol, chuva, vento, areia, poeira, poluição, os transforma-dores Cemec atendem aos requisitos de resistência e confiabilidade exigidos pelo mercado.

Em sua forma discreta de transformar energia, a Cemec está presente na vida de milhões de pessoas, seja em momentos de lazer, estudo ou trabalho.

Cemec. Tecnologia em transformadores.

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(simples e decorativas) e outros produtos sujeitos a intempéries, por esta razão, montamos em nossa fábrica uma nova atividade, uma galvanoplastia eletrolítica e uma galvanização a fogo. Mais uma vez aumentamos nossa área fabril, passamos de 1.200m² para 3,000m².

Em 2006, uma nova revolução no Nordeste: adquirimos a primeira má-quina à corte laser da região. O processo de corte a laser permite produzir pecas complexas e precisas, com juntas de corte mínimas permitindo assim realizar tarefas extremamente delicadas, possibilitando uma imediata res-posta na alteração de projetos ao mesmo tempo em que garante qualidade e exatidão na produção de grandes quantidades.

Em 2007, nossa revolução foi nas pessoas, começamos a formar todos os nossos colaboradores. Instituímos um curso supletivo 2º grau e vários cursos técnicos em nossa instalação, disponibilizando a todos os recursos necessários para que eles tivessem a melhor condição pos-sível para o aprendizado. Também começamos a fortalecer nossa ges-tão empresarial adotando a metodologia do GESTINNO com o apoio da FIEC e IEL.

Em 2009, iniciamos o projeto Vínculos, outro apoio do FIEC e IEL. Com isso veio o processo de certificação da ISO 9001:2000. Apresentamos um projeto de inovação tecnológica no FUNCAP e fomos aprovados neste pro-jeto com a parceria da UNIFOR.

Em 2011, mais uma vez estamos revolucionando o setor metalúrgico no Nordeste, implementando o primeiro ROBÔ de solda em uma indústria metalúrgica para produzir peças automotivas e similares.

Essa “linha do tempo” serve para deixar claro que a CPN tem motivos de sobra para comemorar os seus 12 anos de existência. A empresa foi cria-da oficialmente em 07/02/1999, mas costuma comemorar seu aniversário durante todo o mês de Julho, mês este em que foi emitida sua primeira nota fiscal. Mas, o que importa é que foram 12 anos intensos e de expressiva importância para a indústria do Nordeste.

CPN

Quando eram oferecidas para as empresas metalúrgicas de todo nor-deste, máquinas e ferramentas de estampagem, muitas delas rejeitavam a oferta, pois suas necessidades eram de pequenos lotes, o que não justifica-va a compra destes equipamentos e por vezes essas empresas recusavam encomendas de seus clientes porque o lote era pequeno, não justificando o investimento. Daí nasceu a idéia de, ao invés de vender estes equipamen-tos, vender o serviço que essas máquinas ofereciam. Surgindo assim a CPN.

Em 1999, ano da instalação da CPN, recebemos incentivos do governo cearense (FDI) e crédito do Banco do Nordeste (FNE), parceiros que acredi-taram em nossa ideia de ocupar o espaço que havia no mercado para uma terceirizadora de empresas do Nordeste, na fabricação de componentes metálicos, com instalações próximas as suas fábricas.

A CPN foi a pioneira na região, no serviço de estampagem de chapas metálicas para terceiros, em adquirir uma máquina puncionadeira CNC, equipamento de origem americana. Máquina esta que corta e fura chapas metálicas com até 600 golpes por minuto, oferecendo velocidade e flexibi-lidade na confecção das peças.

Em 2001, voltamos a inovar, adquirimos uma máquina de dobra co-mandada por computador, importada da Alemanha. Esta máquina, além da grande qualidade da dobra no produto, aumenta substancialmente a velocidade e em conseqüência a produtividade. Começamos ai uma nova vanguarda na empresa. Nesse mesmo ano dobramos nossa área de fábrica, passamos de 600m² para 1.500m².

Em 2003, iniciamos a confecção de peças que necessitavam de solda e pintura. Adquirimos neste ano diversas máquinas de solda mig, tig e mon-tamos uma estrutura semi-automatiza para pintura eletrostática, colocando assim a CPN na condição de uma das maiores empresas nordestinas pres-tadoras de serviço na área metal mecânica.

Em 2005, começamos a trabalhar com mobiliário urbano, abrigos de ônibus, poste de endereçamento de ruas, braços de iluminação publica

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Durametal

necedores, colaboradores e usuários finais. Assim é que, atualmente, com produção anual de 100 mil toneladas de tambores de freio, cubos de rodas e discos de freios, assume posição de liderança no mercado brasileiro do setor, o fornecendo para as principais montadoras do país.

No final de 2007 a Durametal recebeu o prêmio “Interação” na cate-goria “Qualidade-Metálicos”, oferecido pela Mercedes-Benz para o forne-cedor que obteve a maior pontuação durante o ano nos critérios de avalia-ção utilizados pela conceituada montadora.

Comprometida com a sustentabilidade, a Durametal é criteriosa em questões socioambientais, atenta ao equilíbrio entre fator humano, am-biente natural e resultado econômico, investindo no bem estar dos cola-boradores, no compromisso com a comunidade e na preservação do meio ambiente, fatores presentes em sua política de qualidade. Essa postura so-cial levou à conquista, em 2007, da certificação ISO 14001:2004.

À frente de tudo está Fernando Cirino Gurgel, Diretor Presidente da Durame-tal. Respeitado no meio industrial e do empreendorismo cearense, conta com 40 anos de experiência, conquistas e sucessos em sua trajetória empresarial, investin-do na modernidade de seu parque fabril, somando tradição, tecnologia e qualida-de para manter sua indústria ainda mais competitiva no Brasil e no mundo.

A História da Durametal remonta ao ano de 1855, quando nascia em For-taleza a Fundição Cearense, uma das pioneiras no país. Passado mais de um séculoa empresa é líder nacional na produção de tambores de freio, além de reconhecida internacionalmente pela qualidade dos produtos que desenvolve.

Suas novas instalações foram inauguradas em 1996 no município de Ma-racanaú, Ceará. Lá a Durametal objetivou manter a vanguarda do mercado em que atua, focando no segmento de autopeças para veículos médios e pesados por meio da fabricação de tambores de freio, discos de freio e cubos de roda.

Em 2006, numa visão de futuro globalizada e com o propósito de ampliar a participação nos mercados em que atua, a Durametal associou-se à CIE Automo-tive – grupo espanhol de capital aberto, focado no atendimento a montadoras, inaugurando uma das mais modernas indústrias de autopeças do Brasil, com capacidade para 1 milhão e meio de peças/ano em fundição e usinagem.

Os produtos Durametal são fabricados com moderna tecnologia, se-guindo controle de qualidade ao longo de toda sua linha de produção, em um processo que vem garantindo certificação para o mercado. Certificada nas normas ISSO 9001 e ISSO/TS 16949, seus produtos oferecem seguran-ça e desempenho mesmo nas mais difíceis condições de frenagem.

Tradição, experiência e investimentos em modernização e inovações tecnológicas garantem o padrão de qualidade para satisfazer clientes, for-

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Esmaltec

Há quase 50 anos no mercado, a Esmaltec atua nacional e internacional-mente levando ao consumidor produtos que focam a excelência dos seus valores.

Líder nos segmentos de fogões e bebedouros refrigerados, a Esmaltec nasceu com o claro objetivo de oferecer produtos feitos com excelência à seus clientes e par-ceiros. Por seu DNA inovador, marca de seu fundador, Edson Queiroz, em quase 50 anos de atuação a empresa comprova dia a dia que seu sucesso é fruto da visão de um grande empreendedor. Tendo sido fundada em 1963, de lá para cá muita coisa mudou. Se no início seu foco era a produção de fogões e recipientes para GLP(gás liquefeito de petróleo), em 1984 esse universo ganhou amplitude e a empresa pas-sou a fabricar fogões, refrigeradores, bebedouros, freezers, recipientes para GLP e também garrafões plásticos em policarbonato para água mineral. A indústria foi a pri-meira do Ceará a conquistar o ISO 9002 e o selo PROCEL de economia de energia.

Instalada no Distrito de Maracanaú, Ce, em uma área de 360.000m2, dos quais 65.000m² construídos, a Esmaltec emprega mais de 3.000 funcionários e atua em três unidades produtivas: fogões, refrigeração doméstica e comercial, lavadoras de roupa , e recipientes para GLP. Por sua qualidade e eficiência, os produtos Esmaltec estão presentes em todo o Brasil e nos mercados da América do Sul, América Central, Caribe, Estados Unidos, Oceania e Oriente Médio.

Mais que uma grande marca, a Esmaltec é líder no segmento de fogões e de bebedouros por colocar em prática seu compromisso de oferecer as melhores opções em tecnologia e eficiência à seus consumidores. Sua visão de propor-cionar soluções inovadoras e de qualidade, a mantém na liderança de mercado. Seu compromisso com a sustentabilidade produz produtos projetados para ofe-recer não apenas conforto e praticidade, mas que contribuem para um mundo melhor ao garantirem certificados de baixo consumo de energia e água.

Além disso, a Esmaltec é hoje uma das maiores fabricantes de recipien-tes para GLP do mundo, garantindo todos os níveis de segurança que este mercado exige. Tecnologia, inovação, capacitação e eficiência fazem da Esmaltec um nome brasileiro reconhecido junto aos mais exigentes merca-dos mundiais por sua credibilidade e qualidade.

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FAE

São mais de 40 anos de empreendedorismo que atravessou décadas oferecendo o que há de melhor para o mercado.

A FAE foi fundada em 13 de setembro de 1967 em Fortaleza (CE), pelo Sr. Gerardo Matos Bezerra Lima. No início fabricava medidores de energia eletro-mecânicos para o Brasil e América Latina. Na época contava com a parceria da empresa Mitsubishi Electric Corporation. Com o passar do tempo, diversificou seu portfólio. Passou a fabricar parafusos, secadores de cabelo, aspiradores por-táteis, disjuntores, e conectores elétricos, fase que caracterizou a empresa como uma das primeiras a garantir lugar no processo de industrialização cearense.

Sua longevidade pode ser atribuída ao crescimento gradativo, obede-cendo a um planejamento de longo prazo.

Em 1972 a FAE fabricava e comercializava equipamentos de medição e gerenciamento do consumo de energia elétrica. Em 2000 já se encontrava em sua pauta produtiva uma bem desenvolvida linha de hidrômetros, à qual se seguiu uma linha de medidores eletrônicos e soluções Smart Grid.

Após o falecimento do fundador, em 1983, a FAE se manteve em famí-lia, sob a presidência de Cristiane Freitas Bezerra Lima. A empresa chegou ao século XXI especializando-se na medição de energia e água, exportando suas inovações para diversos países.

Em 2010 a divisão de energia da empresa tornou-se Eletra Energy Solutions, resultado de uma aliança com a Hexing, líder mundial em me-dição eletrônica de energia, comercializando mais de oito milhões de medidores por ano e com portfólio completo de soluções AMI. Essa união está proporcionando aos clientes a experiência de mercado e agilidade da FAE com produtos e tecnologia de ponta distribuídos mundialmente pela Hexing. A FAE é referência no segmento, uma das maiores produto-ras do setor na América Latina, ocupando posição destacada no mercado brasileiro e internacional, respeitada no mercado como sinônimo de qua-lidade e modernidade.

Gerardo Matos Bezerra Lima, uma história a parte.

O conceito criado por Gerardo Lima e que norteou a sua vida, mostra que todo grande grupo empresarial tem sua história de lutas e desafios, de tentativas e esperanças, de recuos e de vitórias. É no perfil de seu líder, de-terminado, investidor e objetivo, que a empresa buscou a energia necessária para vencer esses desafios, materializar a esperança e alcançar a vitória. A história do Grupo Gerardo Lima, com atividades iniciadas em 1950 e a te-nacidade de seu criador são exemplos perfeitos de uma história de sucesso.

Foi diretor da ABINEE (Associação Brasileira das Indústrias Eletro - Eletrô-nicas), de São Paulo. Membro da Federação das Indústrias do Ceará, assim como da Associação Comercial do Ceará e da União das Classes Produtoras.

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A primeira versão da tecnologia usada para fiscalização eletrônica de trânsito desenvolvida pela Fotosensores® Tecnologia Eletrônica Ltda foi posta à prova em Fortaleza, em 1994. Os resultados foram excelentes no registro de infrações como avanço de sinal vermelho, parada sobre a faixa de pedestres ou excesso de velocidade, contribuindo, de imediato, para a redução de acidentes de trânsito na cidade.

A história da Fotosensores® havia começado um ano antes, no Padetec/UFC - Parque de Desenvolvimento Tecnológico da Universidade Fede-ral do Ceará. O projeto de expansão comercial veio em seguida, priorizando o desenvolvimento de soluções inovadoras para gerenciamento de trânsito e segurança de condutores e pedestres, apoiando a administração pública na gestão de dados, engenharia de tráfego e fiscalização das vias, contribuindo assim para a boa formação do cidadão e reeducação dos motoristas.

Empresa de capital privado, a Fotosensores® tem à frente os sócios Fran-cisco Baltazar Neto e Julio Antonio Marcello Boffa. No Brasil, foi a primei-ra no ramo de fiscalização eletrônica de trânsito a receber certificação de qualidade pela certificadora Bureau Veritas Certification, acreditada pelo INMETRO. Toda sua linha de produtos é certificada com a qualidade ISO 9001:2008, nas áreas de projeto, fabricação, desenvolvimento, fornecimen-to, instalação, manutenção, pós-venda e operacionalização dos sistemas.

O negócio da empresa é oferecer soluções para a gestão da mobilidade no trânsito e segurança da sociedade. Sua Missão é contribuir para a mobili-dade urbana sustentável e melhoria da qualidade de vida, obedecendo aos Valores da ética, inovação, respeito à cidadania, comprometimento e auto--crescimento. Daí haver estabelecido uma política de Responsabilidade Social ampla, que inclui o apoio à recuperação do Teatro João Barreto dos Santos, no município cearense de Guaraciaba do Norte, levando cultura, educação e oportunidades de inclusão social para os moradores da região. Daí também a decisão de proporcionar a seus colaboradores um ambiente de trabalho saudá-vel, incentivando formação educacional e ascensão interna.

Fotosensores Tecnologia Eletrônica

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Em 1946, Curt Johannpeter, genro de Hugo, assumiu a direção da em-presa e comandou uma fase decisiva de expansão dos negócios: o início da produção do aço. Em 1948, é adquirida a usina Riograndense, localizada também em Porto Alegre, para garantir o fornecimento da matéria-prima. A nova unidade antecipou o conceito de mini-mill, modelo baseado no uso de sucata e na comercialização regional, que permitiu ter custos operacio-nais mais competitivos.

O marco do início da expansão da Gerdau para outros estados do Bra-sil ocorreu em 1968, com a aquisição da Usina Açonorte, em Pernambuco, enquanto o primeiro passo no processo de internacionalização ocorreu no Uruguai, com a aquisição da Laisa, em 1980. Esse movimento se seguiu com a compra da Courtice Steel, localizada na província de Ontário (Ca-nadá) em 1989. Ao longo dos anos seguintes, a ampliação dos negócios fora do País resultou na entrada dos mercados do Chile, Argentina, Estados Unidos, Colômbia, Espanha, Peru, México, Venezuela, República Domini-cana, Guatemala e Índia.

Hoje, a Gerdau é líder na produção de aços longos nas Américas e uma das maiores fornecedoras de aços longos especiais no mundo. Possui 45 mil colaboradores e operações industriais em 14 países – nas Américas, na Europa e na Ásia –, as quais somam uma capacidade instalada superior a 25 milhões de toneladas de aço. É a maior recicladora da América Latina e, no mundo, transforma, anualmente, milhões de toneladas de sucata em aço. Com cerca de 140 mil acionistas, a Gerdau está listada nas bolsas de valores de São Paulo, Nova Iorque e Madri.

Gerdau

A Gerdau no Ceará

O início das atividades da Gerdau no Ceará ocorreu no ano de 1979, com a instalação de uma unidade da Comercial Gerdau em Fortaleza. Três anos depois, em 1982, entrou em operação a Usina Cearense, localizada no município de Maracanaú, então com uma capacidade instalada de 60 mil toneladas anuais de aço bruto, a qual foi duplicada em 1997.

Atualmente, além da usina e da unidade da Comercial Gerdau em For-taleza, a Gerdau conta uma unidade de Corte e Dobra de aço, em Maraca-naú, e mais uma unidade comercial, em Juazeiro do Norte.

A Usina Cearense está estrategicamente posicionada para atender às demandas dos mercados da Construção da Civil e da Indústria. A preo-cupação com o consumo e a economia de energia sempre fez parte do cotidiano da empresa, que se tornou a primeira usina de produção de aço brasileira a ser projetada para trabalhar com a mínima necessidade de rea-quecimento e, portanto, com grande economia de energia.

Assim como em todas as unidades industriais da Gerdau, a Usina Cearense capacita constantemente seus colaboradores com o objetivo de estimular a inovação, a responsabilidade individual e a conquista de re-sultados diferenciados. A Gerdau no Ceará também é reconhecida por sua atuação nas áreas de responsabilidade social e gestão ambiental. En-tre os prêmios recebidos, destacam-se o Prêmio Responsabilidade Social (2004 a 2008), outorgado pelo SIMEC e o Prêmio FIEC por Desempenho Ambiental (2008 e 2009).

Trajetória de muitas conquistas: crescimento no Brasil e no mundo

Há 110 anos, João Gerdau e seu filho Hugo lançaram as bases da fábri-ca de pregos em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. A partir dela, foi constru-ída uma história empresarial de sucesso, marcada pelo empreendedorismo das gerações seguintes da família Gerdau Johannpeter.

Arquivo Gerdau

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Gram-Eollic

A Gram – Eollic Indústria de Artefatos de Metais e Projetos Ltda. foi fundada em novembro de 1989, produzindo inicialmente grampos e chips para escritório. Desde então assumiu desafios pioneiros na criação de projetos. Em uma época quando não predominava a palavra inovação a empresa já se lançava para esta destinação, sob a marca Gramp do Nordeste, já conhecida no Mercado.

A partir daí, Fernando Alves Ximenes, o presidente, filho de papeleiro e livreiro contábil, não parou de criar e inovar. Por muitos anos sua empresa foi a primeira do Nordeste a produzir grampos e chips para escritório, bo-binas para fax, papel GRAM-PAPER A4 e outros produtos do segmento, até o desenvolvimento de máquinas industriais.

Fatos como os “apagões” energéticos de 2001 e os novos parâmetros de Mercado assinalaram mudanças. Sua unidade fabril viu-se impossibilitada de atender aos pedidos, pela falta de energia elétrica, o mercado papeleiro mu-dou, a informática se impôs e a demanda de grampos, chips e blocos impres-sos não manteve o ritmo anterior, levando a uma reconfiguração da empresa.

Como forma de alavancar os negócios Fernando desengavetou um anti-go projeto de gerar sua própria energia. Para isso amparou-se em pesquisas de mercado, buscando avaliar as necessidades locais, nacionais e até mesmo mundiais, concluindo ser inadiável encontrar solução imediata para o abas-tecimento energético, o desaquecimento global e a auto-sustentabilidade.

Veio daí a ideia de criar postos elétricos que dessem suporte aos carros elétricos. A ideia evoluiu para o poste elétrico eólico e solar, auto-suficien-te, inteligente e independente. Levado ao Governo do Estado do Ceará, o projeto recebeu o devido apoio, levando à instalação no Palácio Iracema, sede do Governo estadual, do Poste Inteligente Eólico e Solar com Avião, que conquistou o primeiro lugar no Inova Nordeste-Fiec 2010.

O prêmio funcionou como um importante incentivo, e ao mesmo tem-po, como um desafio para que a empresa mostrasse ainda mais. Havia outros projetos em desenvolvimento cujas atividades foram imediatamente aceleradas. Hoje a Gram-Eollic desenvolve projetos de energia indepen-

dente e inteligente para universidades, avenidas, praças públicas e particu-lares, pousadas, AEEs - Áreas Ecológicas Eólicas, além de se encontrar em testes com o carro Quadriflex.

A empresa tem entre seus objetivos o propósito de continuar desenvolvendo tecnologias contemporâneas, atendendo as necessidades regionais, nacionais e mundiais, criando produtos que contribuam para o desenvolvimento industrial e comercial, para o bem estar de todos, cuidando do meio ambiente e sustenta-bilidade, conduzindo pesquisas científicas com inovação e pioneirismo.

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Inelsa - Indústrias Elétricas Elite S/A

A Inelsa – Indústrias Elétricas Elite S/A foi fundada em 1965, sendo pio-neira na fabricação de equipamentos eletromecânicos no Ceará. Na época, a fábrica ocupava 800m2 de área coberta, onde trabalhavam não mais que uma dezena de funcionários. Nesse primeiro momento atuava como apoio à empresa comercial do fundador, José Thomé de Saboya e Silva, pai de três dos atuais diretores.

A partir da década de 1970 os dirigentes passaram a dedicar-se de forma exclusiva à empresa. A Inelsa ganhava vida própria, mantendo o objetivo industrial de seu início: fabricar equipamentos eletromecânicos, mantendo um padrão de qualidade à altura da tradição e conceito de seus fundadores, respeitando seus clientes.

O primeiro projeto de ampliação foi elaborado com apoio dos órgãos institucionais de desenvolvimento. A área industrial foi triplicada, tornando possível aumentar também a produção e geração de novos empregos. A dé-cada de 1980 trouxe a elaboração de um novo projeto, dessa vez possibili-tando não só a ampliação, mas a relocalização da Inelsa no Distrito Indus-trial, no município de Maracanaú, a 12km de Fortaleza, onde as atividades foram iniciadas em outubro de 1988. A indústria ocupa agora 28.000m2 de terreno e 6.000m2 de área coberta, proporcionando 153 empregos diretos e 612 indiretos.

Entre seus diferenciais competitivos a Inelsa produz equipamentos ele-tromecânicos para múltiplas aplicações, tendo como foco a fabricação e montagem de quadros elétricos, como QBGTs, Cúbicos Blindados classe 15kv, Centro de Comando de Motores, Painéis de Distribuição de Força, Bancos de Capacitadores para correção de fator potência, Bus-WAY, entre outros. Os produtos são fabricados dentro das normas brasileiras de enge-nharia elétrica, adotando modernas técnicas e seguindo rigorosos padrões de qualidade e testes. A pintura eletroestática a pó é aplicada precedida de um processo de tratamento de chapas metálicas com decapagem e fosfati-zação, o que confere grande durabilidade aos produtos.

Na Inelsa são utilizados componentes procedentes de fabricantes mun-diais renomados, parceiros como Siemens, Schneider, Cuttler-Hammer, Weg e Ficap, o que resulta em uma qualidade superior, atendendo as espe-cificações e preferências dos clientes. A estes, o corpo técnico qualificado e experiente está capacitado para sugerir e oferecer soluções para as mais exigentes aplicações.

A Inelsa tem como parâmetro a responsabilidade que leva ao cliente, com a confiança e a credibilidade de quem, há mais de quatro décadas, continua trabalhando com energia.

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Indumetal

A fundação da Indústria Metalúrgica de Carlito Pamplona Ltda. – IN-DUMETAL no primeiro dia de outubro de 1974, tendo à frente Cícero Cam-pos Alves e Edilaine de Albuquerque Alves, visava atender a um mercado específico: a fabricação de eletro ferragens, uma visível carência à época no setor metalúrgico do Ceará. Com sede instalada em prédio modesto, em área não superior a 1.000 m², essa empresa genuinamente cearense partiu para se firmar no mercado regional, o que de fato conseguiu. Aos poucos a produção ganhou impulso e um crescimento natural, derivado da filosofia de buscar parceria com clientes e fornecedores.

Hoje a empresa dispõe do espaço físico de aproximadamente 4.000 m² de área construída, contando com equipamentos modernos e a colabora-ção de uma equipe de funcionários especializados, voltando-se à fabrica-ção de eletro ferragens galvanizadas para telecomunicações, redes elétricas de alta e baixa tensão e serviços de galvanização e montagens diversas.

Os produtos INDUMETAL são fabricados em aço carbono 1010 a 1020, conforme norma ABNT-SAE. O acabamento se dá através do processo de zincagem por imersão a quente, de acordo com a norma ABNT – NBR 6323. O resultado são produtos de qualidade, testados no laboratório pró-prio da empresa, de onde são acompanhadas todas as etapas que vão do controle de recebimento da matéria-prima ao processo de fabricação.

Tudo isso é parte do Programa de Qualidade desenvolvido pela INDU-METAL: aprimorar os produtos, buscar maior produtividade e competitivi-dade, obter redução de custos através do treinamento dos colaboradores e dos investimentos em inovações tecnológicas. A busca pela parceria com fornecedores prosseguiu ao longo de suas quase quatro décadas de ativida-de. O desenvolvimento das condições de trabalho dos colaboradores tem acompanhado o processo, chegando a um nível comprovado de satisfação das necessidades dos clientes, adotando como política da qualidade ser sinônimo de eficiência, qualidade e confiabilidade em seu setor.a

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Metalmecânica Maia

A empresa Metalmecânica Maia, nasceu em 1987, em Fortaleza, no Bairro Conjunto Ceará, do espírito empreendedor do Engenheiro cearense, nascido em Carúba no município de Morada Nova, Raumiro Maia. Desde o início foi orientada pela visão desafiadora de produzir peças e compo-nentes para outras indústrias. Hoje, com mais de duas décadas de funcio-namento, a fórmula para o sucesso revela-se mais atual do que nunca.

Devido a necessidade de expansão do seu parque fabril, que tornou-se restrito por constantes aquisições de máquinas e equipamentos, mudou-se para o Município de Eusébio no final do ano de 2000, hoje instalada em 90 mil m2 com uma área coberta de 50 mil m².

Com o suporte de uma ampla e moderna infra-estrutura operacional, a MMaia colabora ativamente com empresas que desejam ampliar seus potenciais produtivos ou desenvolver novos produtos. Um diferencial importante da MMaia está na facilidade de se adequar a novos processos e produtos com agilidade, investindo constantemente na aquisição de novas máquinas e equipamentos, em gestão de pessoas e da produção. Hoje, a MMaia, tem o mais diversificado parque fabril na área metalmecânica do Norte e Nordeste do Brasil, com equipa-mentos de última geração e processos otimizados, oferecendo versatilidade e fle-xibilidade para realizar os mais diferentes projetos em um só lugar. A MMaia se propõem a ser parte da linha de produção das empresas de seus clientes, forne-cendo produtos fabricados através de processos diversos, que a permite atuar em

diversos segmentos industriais como: automotivo, motociclismo, aeronáutico, eletrodomésticos, elétrico, eletroeletrônicos, metroviário, unidades de medição, moveleira, mobiliários urbanos, dentre outros. O foco primeiro no atendimento da produção de seus clientes e a busca de competências para transformá-las em realidade, a tornou uma das maiores empresas de estamparia e fabricação de componentes metálicos do Brasil, com fabricação de mais de 5.000 itens dife-rentes de acordo com a demanda de seus clientes. Atuando em nível nacional e internacional, investe constantemente em modernização e na melhoria continua de seus produtos e serviços, tendo obtido a certificação ISO 9001, visando ga-rantir competitividade, credibilidade e confiabilidade de seus produtos.

O caráter de ousadia e inovação também está presente nas ações de res-ponsabilidade social. Em 2006, fruto de um convênio com o governo do es-tado, atuando de forma pioneira no território nacional, implantou uma linha de produção dentro do Centro Educacional Patativa do Assaré, dando opor-tunidade para que adolescentes em regime de reclusão adquiram postura profissional e mudem seu foco comportamental. O sucesso do projeto é ta-manho, que muitos desses jovens têm a oportunidade de serem aproveitados na Metalmecânica Maia após o cumprimento da medida sócio-educativa.

Assim a MMaia molda sua credibilidade de forma firme e irretocá-vel, tornando o seu slogan na sua maior realidade:

“MMaia, credibilidade moldada no aço!”

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Metalic

A Cia Metalic Nordeste é a única fabricante de latas de aço em duas pe-ças para bebidas nas Américas. Fundada em setembro de 1997 por iniciati-va da família Steinbruch, a Metalic tornou-se pioneira no Brasil, disputando o mercado de latas para bebidas com os grandes fabricantes mundiais de latas de alumínio.Certificada pela ISO 9001/2008 no processo produtivo de latas e tampas e em seu sistema de gestão, a Metalic é a única empresa do setor a possuir equipamentos duplos de inspeção eletrônica interna e externa das latas e tampas que garantem a qualidade em 100% de seus produtos.Em novembro de 2002, a Metalic foi adquirida pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), uma das maiores siderúrgicas do mundo e a única fabricante do aço DWI, principal matéria-prima utilizada pela Meta-lic.Em 100 mil m² de área, a Metalic consome anualmente 30 mil toneladas de aço e produz 900 milhões de latas de aço para bebidas e 1,6 bilhões de tampas, atendendo os mercados do Norte e Nordeste e exportando tampas para as Américas do Sul e Central, Europa e África.A Metalic possui desde 2001 o Programa Reciclaço de responsabilidade sócio-ambiental, que tem objetivo garantir a recuperação das latas de aço para bebidas pós-consu-mo, através da conscientização da população para os aspectos ecológicos e ambientais e do incentivo à coleta por parte das Cooperativas e Associa-ções de Catadores. Atualmente o índice de reciclagem da lata de aço para bebidas é de 81,5%, o que representa um recorde mundial.

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Petral

O Grupo Petral teve início a 30 de junho de 1981, com a fundação da empresa Petral Peças para Tratores Ltda, tendo à frente João Leite da Silveira. Nascido em Juazeiro do Norte, João deixou o setor de farmácias para comer-cializar tratores usados, alugar, desmanchar e sucatear máquinas pesadas des-tinadas à construção civil, obras de estradas e trabalhos em açudes. Próximo à aposentadoria vendeu a empresa aos filhos Ronaldo, Ricard, Suzy e Suely Pereira da Silveira. A partir de 1990, com o falecimento precoce de Ronaldo, os irmãos deram novo rumo à Petral, voltando-se à distribuição de produtos siderúrgicos e materiais para serralheiros e para a indústria metal mecânica.

Não só o caminho era novo como a participação se fez diferenciada. A Petral partiu para oferecer material destinado ao uso industrial e manuten-ção. Agregou serviços de corte de materiais sob medida para cada cliente. Passou a contar com um moderno banco de corte com serras de fita. Cons-truiu uma expertise reconhecida em oxicorte de chapas, confeccionando placas e bases para as mais diferentes aplicações, entre as quais a constru-ção de galpões, de estampas e de moldes para plástico.

A fundação da Ross Comercial de Máquinas - cujo nome remete às iniciais de seus diretores - se deu em 1992 e assinalou a diversificação da linha de atuação do Grupo. A Ross cresceu atendendo à demanda do se-tor metalmecânico, tornando-se fornecedora de máquinas e equipamentos, hoje fabricados em Shaoxing, na China.

Em 2004 foi ampliada a participação empresarial com a fundação da Sucacel Sucataria Cearense Ltda. Tendo como foco a reciclagem por reaproveitamento, ou seja, aquela na qual o cliente escolhe os produtos que podem ser reutilizados, a custos bem menores, a Sucacel oferece produtos metálicos e máquinas usadas e recuperadas, incluindo sobras das grandes obras estruturantes do Estado. Uma curiosidade: sua sede, com 20 mil m2, no município de Maracanaú, foi intei-ramente construída com material reciclado, do aterro do terreno ao mobiliário.

Sob a liderança do engenheiro mecânico Ricard Pereira Silveira, em 2007 nasceu a Jangurussu Comércio de Sucatas Ltda., fruto da junção estratégica

com a empresa J.Lopes, concorrente no ramo de industrialização de sucatas metálicas, coletando e separando sucatas metálicas, picotagem, oxicortagem e prensagem, transformando o material sucateado em matéria-prima para a indústria siderúrgica e para fundições. A inclusão de máquinas no processo industrial modernizou e impulsionou o setor de reciclagem metálica, com ganhos na produtividade e na qualidade do produto final.

Dois anos mais tarde o Grupo Petral adquiriu parte das cotas da em-presa LOCSUL Engenharia de Instalações Provisórias, do empresário Andre Cardoso. A empresa, uma das maiores do ramo, é especializada em fabri-car e alugar módulos habitáveis, dormitórios, escritórios, almoxarifados, banheiros e ambulatórios. Por obedecer rigorosamente à norma NR18, é produto de grande procura no mercado de construção civil e de montagens industriais, atendendo as regiões Norte e Nordeste do Brasil.

Em conjunto, o Grupo Petral compõe interessante cadeia estratégica e susten-tável no setor metalmecânico: a Petral fornece aço para o mercado; a Ross importa e vende máquinas; a Sucacel comercializa produtos reciclados; a LOCSUL apóia a execução de projetos e construções; e a Jangurussu compra e transforma resíduos metálicos em matéria prima, novamente utilizada pela indústria de transformação mecânica, justificando assim o slogan do Grupo: Petral, seu amigo de ferro.

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R. Amaral Advogados

Com tradição no mercado, R. Amaral Advogados busca assessorar os seus clientes desde as rotinas mais simples às questões mais complexas, focado sempre em buscar a solução que melhor se adeque às necessidades de quem o contrata.

Para tanto, vale-se de uma estrutura moderna, reunindo advogados de aprofundado conhecimento técnico e prático em cada área do direito em-presarial (tributário, trabalhista, contratual, societário, civil e administrati-vo/ambiental), permitindo uma assessoria jurídica especializadíssima.

Desde 2009, o referido escritório atua em parceria com o SIMEC, disponibi-lizando aos associados os serviços de consultoria e assessoria na área tributária.

Neste contexto, destacam-se as seguintes ações:

• Prestação de informes tributários nas reuniões mensais da diretoria;

• Participação ativa na Câmara Setorial Eletrometal;

• Atuação na SEFAZ-CE com a finalidade de diminuir a carga tributá-ria incidente sobre os produtos fabricados pelos associados utilizados pela construção civil;

• Obtenção de decisão do Tribunal Regional Federal da 5ª. Região re-conhecendo a ilegalidade da incidência de contribuição previdenciária pa-tronal sobre as verbas pagas pelos associados aos seus empregados a título de aviso prévio indenizado, auxílio-doença/acidente, horas extras e terço constitucional de férias;

• Orientação dos associados na consolidação do REFIS IV;

• Realização de reunião com a contabilidade dos associados para uni-formizar procedimentos e estratégias em relação a nova decisão do CARF, que ampliou a possibilidade de créditos de PIS/COFINS;

Ao procurar R Amaral Advogados, esteja certo de receber atendimento experiente e personalizado, é assim que trabalhamos pelo seu direito.

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Sangati Berga

Muito trabalho, e muita dedicação. Sobre esta base foi fundada a Sangati Ber-ga, em julho de 1992, com uma unidade produtiva instalada em Fortaleza, no Ce-ará, e um escritório técnico comercial em São Paulo. O foco estava na produção e comercialização de máquinas e equipamentos direcionados ao processamento de cereais, para atender aos setores de moagem de trigo e de milho, fábricas de misturas de pulverulentos no setor alimentício, fábricas de rações, beneficiamen-to de arroz, e instalações portuárias para carga e descarga de cereais a granel.

A ampliação das instalações se deu aos poucos, acompanhada pela capacitação dos funcionários e por investimentos na otimização das tecnologias. Hoje a Sangati Berga representa uma realidade capaz de responder às crescentes exigências do mer-cado, com tecnologia competitiva, fruto de sua experiência, de sua organização e de processos produtivos funcionais. Sua estrutura técnica conta com meios tecnológicos essenciais para a definição de seu perfil, projetando e desenvolvendo máquinas e ins-talações completas na modalidade turn-key, em todos os seus setores de atuação.

Em novembro de 2007 a empresa foi certificada conforme a Norma NBR ISO 9001:2000, após auditoria externa realizada pela empresa BSI - British Standards Institution. O escopo da certificação engloba Projeto e Fabricação de Máquinas e Equipamentos para Processamentos de Cereais. A ISO 9001:2000 é garantia internacional de que a empresa é capaz de fornecer, regularmente, produtos e serviços que atendam às necessidades e expectativas de seus clientes.

Importante destacar que este Certificado tem um valor especial para os colaboradores da Sangati Berga, que participaram ativamente do desenvol-vimento do Sistema de Gestão, mostrando-se imprescindíveis para esta con-quista que marcou uma nova fase da empresa. Atender cada vez melhor ao cliente e aperfeiçoar continuamente o Sistema de Gestão da Qualidade são os desafios assumidos hoje, e sempre.

Missão - Desenvolver soluções para transformação de cereais em alimen-tos, projetando e fabricando máquinas, equipamentos e instalações, com elevado padrão de qualidade, assegurando a satisfação total dos clientes, acionistas, colaboradores e parceiros, respeitando o meio ambiente e contribuindo, assim, para o desenvolvimento social.

Visão - Ser a melhor fornecedora das Américas de máquinas, equipamen-tos e instalações para o beneficiamento de cereais.

Política da Qualidade Sangati – PQS - • Desenvolver profissionalmente os funcionários; • Atender as especificações; • Cumprir os prazos de entrega; Melhorar continuamente os processos. A Política da Qualidade Sangati Ber-ga é norteada pelos princípios da Ética, Integridade, Trabalho em Equipe, Compromisso e Foco no Cliente.

Ética - Respeitamos os princípios, as políticas e os procedimentos definidos pela empresa, trabalhando com honestidade, profissionalismo e transparência.

Integridade - • Somos leais à empresa e promovemos essa conduta em nos-sos relacionamentos; • Somos justos com as pessoas, em todas as situações.

Trabalho em equipe - • Colocamos os interesses da Sangati Berga S.A. acima de interesses individuais; • Compartilhamos informações e recur-sos; • Operamos de forma planejada e integrada, apoiados numa visão sistêmica, assegurando o alcance dos objetivos.

Compromisso - • Somos dedicados, motivados e responsáveis; • Somos responsáveis por nossas ações e suas consequências; • Somos empreende-dores e temos o senso de urgência, agindo sem demora.

Foco no cliente - • Estamos focados em nossos clientes; • Somos dedica-dos a fornecer produtos e serviços da mais alta qualidade; • Desenvolvemos e mantemos relacionamentos positivos e de confiança.

Objetivos da qualidade - A diretoria da Sangati Berga S.A. estabelece como Objetivos de Qualidade:

• Capacitar profissionalmente os funcionários; • Atender às necessidades dos nossos clientes no que se refere à qualidade e prazo de entrega; • Geren-ciar a Qualidade dos processos para obter padronização das atividades e o atendimento às especificações e requisitos dos clientes; • Buscar a melhoria contínua nos processos, produtos e Sistema de Gerenciamento da Qualidade.

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SENAI

A história do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial no Brasil vem de 22 de janeiro de 1942. Idealizado pela Confederação Nacional da Indústria, e criado por Getúlio Vargas, conforme Decreto Lei 4.048, ti-nha por objetivo investir na formação de profissionais adequados à fase de intenso crescimento industrial do país, em especial de São Paulo. Por ser muito presente a força dos nordestinos, percebeu-se desde logo a impor-tância de estabelecer Delegacias Regionais do SENAI no Nordeste. A do Ceará foi uma das primeiras a ser instalada, ainda em 1942. Entretanto, sua data oficial de instalação é 27 de novembro de 1943, quando foi nomeado o primeiro diretor do SENAI/CE, o engenheiro Antonio Urbano de Almeida.

Apesar de integrar o Sistema FIEC, o SENAI foi instituído antes mesmo da Federação das Indústrias do Estado do Ceará - FIEC. Desde então vem acom-panhando a evolução do setor industrial cearense, oferecendo cursos de educação profissional para atender às necessidades das empresas por mão de obra qualificada e por inovação, atuando em favor dos diversos segmen-tos industriais do estado, inclusive do setor metalmecânico, e apresentando--se como referência na educação profissional para a indústria cearense.

Seus cursos são formatados a partir de uma metodologia com base em competências. São montados comitês técnicos setoriais, compostos por representantes de indústrias, universidades, sindicatos e profissionais da própria entidade, identificando as demandas da indústria e o perfil dos profissionais requeridos pelo mercado. O SENAI/CE também atua no apoio às indústrias em suas necessidades de inovação, por meio dos serviços téc-nicos e tecnológicos, como provedor de soluções destinadas a criar ou qualificar processos e produtos industriais, tanto através de consultorias e serviços laboratoriais como disponibilizando informações tecnológicas.

Atualmente, o SENAI/CE desenvolve atividades em 25 áreas industriais. No caso específico do segmento metal-mecânico, são mais de 30 cursos em diferentes modalidades, à disposição das empresas. As indústrias do setor contam ainda com o apoio dos serviços técnicos e tecnológicos, a exemplo

dos serviços operacionais em soldagem e ferramentaria, e com a disponi-bilização de laboratórios como o de Metrologia - localizado na escola do SENAI de Maracanaú -, oferecendo serviços de calibração de instrumentos, medições de alta exatidão, ensaios mecânicos e caracterização de materiais.

A concretização dos projetos estruturantes no Ceará irá certamente am-pliar a necessidade de formação de mão de obra para a indústria. E em se-tores como construção civil e metal-mecânico a demanda por profissionais especializados já é imediata. Por isso o SENAI/CE está se reestruturando para atuar em áreas como siderurgia/metalurgia, petróleo e gás e energia eólica, assegurando assim a continuidade de sua parceria.

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Tabuleiro Aço Molas Tabuleiro

Pensar como o cliente. Entender o que ele precisa. Contribuir para a ge-ração de ideias e criação de alternativas. Desde o início da década de 1990 foram estes os parâmetros que orientaram a empresa Tabuleiro Aço Indús-tria e Comércio Ltda, estabelecida no município cearense de Tabuleiro do Norte. Em um primeiro momento a empresa se voltava a comercializar aço para a construção civil. Em seguida o foco se voltou para atender a deman-da natural da movimentação de veículos na cidade, conhecida como Cida-de dos Caminhoneiros, sem se desviar de seus parâmetros iniciais.

Surgiu aí uma nova empresa: Molas Tabuleiro, empreendimento assenta-do nas inovações em tecnologia de produção, possibilitando atendimento às exigências de qualidade e segurança do mercado automobilístico, destacando também o investimento em matéria-prima, na logística de distribuição e na ampliação da capacidade de atendimento. Juntos, esses elementos resultaram em um crescimento contínuo, refletido na expansão para além das fronteiras do estado e da região, encontrando-se hoje presente no cenário nacional.

Além de molas laminadas para feixes é oferecido um amplo leque de produtos, em especial a partir de 2007, quando deu início à linha de buchas de latão, parafu-sos de centro, grampos, rebites, pinos de mola, porcas, braçadeiras, suporte, arruelas, espaçadores, mancais e todos os acessórios necessários, saídos de suas modernas instalações. A distribuição de aço e ferro para a construção civil foi mantida, levando ao mercado vergalhões, cantoneiras, barras chatas, telas painel, treliças e chapas.

O ano de 2009 foi um marco na produção de uma linha própria de mate-rial para construção, expandindo vendas para todo território nacional e fazen-do uso de frota própria de caminhões, para garantir agilidade a sua logística.

Um corpo técnico qualificado, com mão de obra especializada, facilita o atendimento e garante maior segurança ao cliente. A responsabilidade social e o respeito ao meio ambiente são tópicos prioritários da Tabuleiro Aço e Molas Tabuleiro, aplicados por meio de ações como o cuidado com a fertilidade do solo ou o consumo consciente da água, amenizando os impactos ambientais locais e marcando o quadro de liderança nos cenários em que atuam.

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Tentáculos Guindastes

Em atividades desde 8 de outubro de 1998, a empresa Tentáculos Guindastes foi fundada pelo empresário Matias José da Silva Neto, à épo-ca ligado ao ramo de ferros e sucatas industriais, que soube vislumbrar, nos sinais de crescimento de Fortaleza e Região Metropolitana, uma de-manda inevitável para esse serviço voltado às áreas de construção civil, indústrias e transporte.

A empresa hoje tem sua sede na cidade de Caucaia, onde iniciou suas atividades, encontrando-se estabelecida na BR 020, km 2, Parque Potira. Conta com uma frota de dez caminhões acoplados com equipamentos hidráulicos, do tipo Munck, todos novos e modernos, como os modelos 40007, 40008, 43000 e 45000, capazes de movimentar até 15 toneladas e um guindaste.

Atualmente a Tentáculos presta diversos serviços de munck e guindas-te em várias obras em Fortaleza, Caucaia e outras cidades no entorno da capital cearense, participando na construção da Usina Termoelétrica do Porto do Pecém, na reestruturação da malha viária de Fortaleza ao Porto do Pecém, na manutenção de viadutos, na montagem de antenas e inúmeros outros serviços solicitados por empresas, indústrias e clientes particulares.

A meta principal continua voltada ao crescimento anual da frota, agre-gando equipamentos mais potentes e mais modernos, operados por uma equipe em constante especialização e atualização, pronta para atender às solicitações de clientes e parceiros em todo o estado.

Concepção gráfica: Gadioli Comunicação - www.gadioli.com Projeto Gráfico: Casssiano Gadioli

Diagramação/Finalização: Samuel Harami