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educacional Material do professor ª Edição Caderno Material de apoio º Bimestre LÍNGUA PORTUGUESA LÍNGUA PORTUGUESA Ensino Fundamental

9ano l portuguesa - professor 1bim2015

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educacionalMaterial do professor - 2ª Edição

Caderno

Material de apoio - 1º Bimestre

LÍNGUA�PORTUGUESA

LÍNGUAPORTUGUESA

Ensino Fundamental

educacionalMaterial do professor - 2ª Edição

CadernoCaderno

Material de apoio 1º bimestre

LÍNGUA�PORTUGUESA

LÍNGUAPORTUGUESA

Ensino Fundamental

Marconi Ferreira Perillo JúniorGovernador do Estado de Goiás

Raquel Figueiredo Alessandri TeixeiraSecretária de Estado da Educação, Cultura e Esporte

Rui Rocha de MacedoSuperintendente Executivo

Marcos das NevesSuperintendente Executivo de Educação

Expediente

Gerência de Formação Central

Elaboradores

Ana Christina de Pina Brandão

Arminda Maria de Freitas Santos

Débora Cunha Freire

Edinalva de Carvalho

Joanede Aparecida Xavier de Souza Fé

Lívia Aparecida da Silva

Marilda de Oliveira Rodovalho

Rosely Aparecida Wanderley Araújo

Caro Professor:Queremos, hoje, entregar a você a nova versão do Caderno

Educacional. Assim como a primeira edição desse material, esta foipensada e formulada pela Secretaria de Estado da Educação, com oobjetivo principal de subsidiar a sua prática pedagógica.

Nesse sentido, a sua experiência e conhecimento são, de fato,extremamente importantes à medida que consideramos a produção dosaber o resultado de uma soma. E o orgulho da SEDUC centra-se nessaadição, afinal, a sua voz, professor, emerge, dentre tantas outras, em cadaproposta que aparece nesse material de apoio.

A nossa intenção não é a de lhe entregar um material pronto e acabado, esim a de permitir que, com o acréscimo de suas contribuições, este caderno setorne mais um recurso, auxiliando-o, diariamente na sublime tarefa de ensinar.

Ao perceber que o professor é alguém que concebe este Caderno como umeixo orientador de sua prática, o aluno aprende que o material em suas mãostambém funciona como um norte para conhecer o desconhecido. A ordem doséculo XXI é encorajar o aluno a se inteirar da multiplicidade do saber quecompõe as várias áreas do conhecimento, como a Língua Portuguesa, aMatemática, a Física, a Biologia [...] e, assim, estabelecer, a partir de cada esferado conhecimento múltiplas relações com o contexto atual e vindouro. Essatarefa, professor, é sua e é nossa também! Por isso, o Governo de Goiás traçouas diretrizes para a reforma educacional, a fim de promover um grande salto dequalidade na Educação do nosso Estado. A produção do Caderno Educacionalé uma das ações que acreditamos impactar e estimular a busca pelo saber.

O nosso muito obrigado pelo trabalho diário com os 600 mil alunosda Rede Estadual de Educação!

Apresentação

Conto LiterárioIdentificação dos conhecimentos prévios / introdução ao estudo do gênero..........11Aula 01............................................................................................................................................11Aula 02............................................................................................................................................14Ampliação dos conhecimentos sobre o gênero.................................................................17Aula 03............................................................................................................................................18Aula 04............................................................................................................................................23Aula 05............................................................................................................................................25Aula 06............................................................................................................................................27Aula 07............................................................................................................................................30Aula 08............................................................................................................................................33Aula 09............................................................................................................................................36Aula 10............................................................................................................................................38Aula 11............................................................................................................................................40Aula 12............................................................................................................................................43Aula 13............................................................................................................................................48Aula 14............................................................................................................................................51Aula 15............................................................................................................................................54Sistematização dos conhecimentos sobre o gênero.........................................................56Aula 16............................................................................................................................................56

EditorialIdentificação dos conhecimentos prévios/introdução ao estudo do gênero............57Aula 17............................................................................................................................................58Aula 18............................................................................................................................................61Ampliação dos conhecimentos sobre o gênero.................................................................63Aula 19............................................................................................................................................63Aula 20............................................................................................................................................65Aula 21............................................................................................................................................67Aula 22............................................................................................................................................69Aula 23............................................................................................................................................71Aula 24............................................................................................................................................73Aula 25............................................................................................................................................74Aula 26............................................................................................................................................76Aula 27............................................................................................................................................77Aula 28 ......................................................................................................................................80

Sumário

Aula 29............................................................................................................................................82Aula 30............................................................................................................................................83Aula 31............................................................................................................................................86Aula 32............................................................................................................................................87Sistematização dos conhecimentos sobre o gênero ........................................................91Aula 33............................................................................................................................................91Aula 34............................................................................................................................................92

Correspondências: Carta de Solicitação, Carta de Recomendação, Carta deAgradecimento, Carta Comercial, Ofício e Ata

Carta SolicitaçãoIdentificação dos conhecimentos prévios / introdução ao estudo do gênero .........94Aula 35............................................................................................................................................94Ampliação e sistematização dos conhecimentos sobre o gênero ...............................97Aula 36............................................................................................................................................97Aula 37...... ...................................................................................................................................100

Carta de Recomendação Ampliação e sistematização dos conhecimentos sobre o gênero .............................102Aula 38...... ...................................................................................................................................102

Carta de AgradecimentoIdentificação dos conhecimentos prévios/introdução do estudo do gênero ........104Aula 39...... ...................................................................................................................................105Aula 40...... ...................................................................................................................................107Ampliação e sistematização dos conhecimentos sobre o gênero .............................109Aula 41...... ...................................................................................................................................109

Carta ComercialIdentificação dos conhecimentos prévios/introdução ao estudo do gênero .........111Aula 42...... ...................................................................................................................................111Levantamento dos conhecimentos prévios/introdução ao estudo do gênero......113

OfícioIdentificação dos conhecimentos prévios/introdução ao estudo do gênero .........113Aula 43...... ...................................................................................................................................114Ampliação e sistematização dos conhecimentos sobre o gênero..............................116Aula 44...... ...................................................................................................................................117

AtaIdentificação dos conhecimentos prévios/introdução ao estudo do gênero .........122Aula 45...... ...................................................................................................................................122Referências bibliográficas .......................................................................................................126

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Conto LiterárioProfessor(a), para o trabalho com o gênero Contos, faça um cartaz bem bonito de boas vindas, e

ambiente a sala de aula de modo que o estudante tenha acesso ao gênero. Organize a Prateleira daLeitura, nela coloque livros que contenham contos. Crie um ambiente propício à leitura com tapetes,esteiras, almofadas. Para o Palanque do Conto decore um caixote. Confeccione um caderno ou cartazpara registrar os livros lidos. Envolva todos no trabalho, cada um contribui com o que pode e todos sãocapazes de ajudar.

Disponha as carteiras em círculo e, no centro, coloque os contos da Prateleira da Leitura. Diga aosestudantes que durante o trabalho com contos eles terão um momento somente para leituras do gênero– A Hora do Conto. Peça-lhes que escolham aqueles que mais lhes agradar para uma leitura prazerosa,dando-lhes tempo para que isto aconteça. Oriente-os a relacionarem os títulos dos contos escolhidosno caderno de registros. Após a leitura, oportunize um tempo para que os estudantes apresentem a suahistória no Palanque do Conto.

Aproveite este momento para incentivar os alunos a comparar contos do mesmo autor, de autoresdiferentes, do estilo de cada autor, a descrição dos espaços e do tempo, a caracterização dospersonagens; bem como, apresentar suas impressões, suas emoções, durante a leitura. É importante

Identificação dos conhecimentos prévios/ introdução ao estudo do gêneroObjetivo geral

Identificar os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero Contos Literários, explorando as práticasde oralidade, leitura e escrita.

aula 01

O que devo aprender nesta aulau Partilhar com os colegas as percepções de leitura de contos lidos e ouvidos.

u Valorizar a leitura literária como fonte de entretenimento e prazer.

u Antecipar o conteúdo das leituras com base em indícios como autor, título do texto, ilustrações.

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Produzir a primeira escrita de um conto.

Prática de oralidadeProfessor(a), com o objetivo de retomar o trabalho com os gêneros textuais, converse com os estudantessobre a aprendizagem construída a partir do estudo dos gêneros trabalhados no ano anterior, e apresentelheso primeiro gênero a ser estudado no bimestre, bem como os objetivos deste estudo.Procure saber o que a classe já conhece sobre o gênero: pergunte aos estudantes se gostam de ler e ouvirhistórias. Diga-lhes que as histórias sempre encantaram os seres humanos e que, através das palavras dequem escreve, somos transportados para outro mundo, onde podemos acompanhar os seres que fazem parte

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Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme,enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, combalas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria.

Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nosentregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos,com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como “data natalícia” e “saudade”.

Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa meninadevia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu comcalma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava aimplorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.

Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim um tortura chinesa. Como casualmente,

Clarice Lispector

• Você conhece alguma história interessante? Qual?• Ouviu de alguém? Quem?• Leu em algum livro? Sabem quem é o seu autor?• O que mais lhe chama atenção nas histórias?

Para o escritor Elias José, o conto é uma narrativa que pode ser contada oralmente ou por escrito. Pode-se dizerque o ser humano já surgiu contando contos. Tudo o que via, descobria ou pensava dava origem a uma história, queele aumentava ou modificava usando sua imaginação.

das histórias, conhecer suas aventuras e dramas e compartilhar suas alegrias e tristezas. Elas falam de genteque, como você, tem sonhos, dificuldades e um enorme desejo de ser feliz.Converse com os estudantes sobre o modo como as pessoas escrevem seus textos. Há pessoas que ao contarum fato qualquer acrescentam muitos detalhes desnecessários e isto acaba cansando o leitor; utras são tãosucintas que conseguem transformar uma história interessante numa simples informação.Entretanto, há outras, como os escritores, que, ao narrar um fato, por mais simples que seja, o fazem comtanta beleza e criatividade que emociona e prende a atenção do leitor, levando-o a viver a história, participardos acontecimentos. Uma boa história deve conter todas as informações que contribuam para dar vida esentido ao texto, devendo descartar todos os fatos irrelevantes.

Conceito

Em seguida, proponha à classe a leitura silenciosa do conto Felicidade Clandestina, de Clarice Lispector. Masatenção, professor(a), é importante antecipar aos estudantes algumas informações que podem estar no texto a serlido a partir do título, do tema abordado, do autor e do gênero textual!

Prática de leitura

Clarice Lispector (Tchetchelnik Ucrânia 1925 - Rio de Janeiro RJ 1977) passou a infância em Recifee em 1937 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde se formou em direito. Estreou na literatura aindamuito jovem com o romance Perto do Coração Selvagem (1943), que teve calorosa acolhida dacrítica e recebeu o Prêmio Graça Aranha.

Felicidade Clandestina

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informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. Era um livro grosso, meu Deus, era um livropara se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E, completamente acima de minhas posses. Disse-me que eupassasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria.

Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança de alegria: eu não vivia, nadava devagar num mar suave, asondas me levavam e me traziam.

No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Nãome mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que euvoltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eurecomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí:guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelomundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.

Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono da livraria era tranquilo e diabólico. No diaseguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro aindanão estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do“dia seguinte” com ela ia se repetir com meu coração batendo.

E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todode seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhandomesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra.

Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigoontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras,sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.

Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Eladevia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houveuma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato denão estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas estelivro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!

E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha.Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta,ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar olivro agora mesmo. E para mim: “E você fica com o livro por quanto tempo quiser.” Entendem? Valia mais do que me daro livro: “pelo tempo que eu quisesse” é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.

Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não dissenada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livrogrosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também poucoimporta. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.

Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o,li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga,fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades paraaquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre ia ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia.Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.

Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo. Não eramais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.

Felicidade Clandestina - Ed. Rocco - Rio de Janeiro, 1998

Professor(a), após a leitura, proponha as questões abaixo para ajudar os estudantes a desenvolverhabilidades como: localizar o tema do texto, estabelecer relações, inferir informações etc.

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PRÁTICA DE ESCRITA - DESAFIOPrepare-se! Agora você produzirá a primeira escrita de um conto. Desperte a sua imaginação, use umaboa dose de criatividade e mãos à obra!

A ideia, aqui, professor(a), é saber o que os estudantes podem produzir neste momento e o que precisamaprender, para que você possa planejar as intervenções necessárias. Assim, é fundamental que vocêleia esses primeiros textos e faça anotações para o trabalho de reescrita.

Qual a relação entre o título e o assunto do texto?

A personagem protagonista ganhou permissão para ficar com o livro pelo tempo que desejasse, mas o deixa no quarto e fingeesquecer que o possui, só para se redescobrir possuidora dele. Dessa forma, sua felicidade aparece como um sentimento “clandestino”,já que nem ela mesma pode se conscientizar de sua própria felicidade para que esse sentimento não acabe.

1

O que causa o sofrimento da protagonista?

Não conseguir o seu objeto do desejo (o livro).

2

O que causou prazer à personagem protagonista?

O fato de poder ficar com o objeto tão desejado pelo tempo que quisesse.

3

De que forma a filha do livreiro demonstra sua crueldade?

Sempre inventando uma desculpa para não emprestar o livro à colega que tanto o desejava.

4

Professor(a), oriente os estudantes a refletir sobre os diversos aspectos propostos, voltando ao texto paraconfirmar ou refutar suas hipóteses. Em seguida, discuta com eles as respostas dadas, mostrandolhes asvárias possibilidades de interpretação levantadas. Os estudantes devem compreender que váriasinterpretações são possíveis e aceitáveis, desde que respaldadas pelo texto.

aula 02

O que devo aprender nesta aulau Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Partilhar com os colegas as percepções de leitura de contos lidos e ouvidos.

u Refletir sobre as características do conto com base no texto de Moacyr Scliar.

u Retomar a produção inicial, para reformulações que garantam a presença dos elementos próprios do gênero.

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Conceito

De acordo com Moacyr Scliar, no seu texto “O conto se apresenta”, contos literários são histórias sobre gentecomum, que aparecem em jornais, em revistas, em livros; escritas por gente que sabe usar as palavras para emocionarpessoas, para transmitir ideias os escritores.

Professor(a), com o objetivo de continuar identificando os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre ogênero Conto literário, proponha à classe uma leitura compartilhada do texto “O conto se apresenta”, de MoacyrScliar (Vol. 2 da Coleção Literatura em Minha Casa, 2001), antecipando-lhes algumas informações que podemestar no texto a ser lido a partir do título, do tema abordado, do autor e do gênero textual!

Prática de oralidade

Moacyr Scliar nasceu em 1937, em Porto Alegre. Tem mais de cinquenta livros publicados, entreromances, contos, literatura juvenil e ensaios. Autor premiado, lançou diversos livros no exterior; al-gumas de suas obras foram adaptadas para o cinema, o teatro e a televisão.

Olá!Não, não adianta olhar ao redor: você não vai me enxergar. Não sou pessoa como você. Sou, vamos dizer assim, uma

voz. Uma voz que fala com você ao vivo, como estou fazendo agora. Ou então que lhe fala dos livros que você lê.Não fique tão surpreso assim: você me conhece. Na verdade, somos até velhos amigos. Você já me ouviu falando de

Chapeuzinho Vermelho e do Príncipe Encantado, de reis, de bruxas, do Saci-Pererê. Falo de muitas coisas, conto muitashistórias, mas nunca falei de mim próprio. É o que vou fazer agora, em homenagem a você. E começo me apresentando: eusou o conto. Sabe o contos de fadas, o conto de mistério? Sou eu. O Conto.

Vejo que você ficou curioso. Quer saber coisas sobre mim. Por exemplo, qual a minha idade.Devo lhe dizer que sou muito antigo. Porque contar histórias é uma coisa que as pessoas fazem há muito, muito tempo.

É uma coisa natural, que brota de dentro da gente. Faça o seguinte: feche os olhos e imagine uma cena, uma cena que sepassou há muitos milhares de anos. É de noite e uma tribo dos nossos antepassados, aqueles que vivem nas cavernas, estásentada em redor da fogueira. Eles têm medo de escuro, porque no escuro estão as feras que os ameaçam, aqueles enormestigres e outras mais. Então alguém olha para a lua e pergunta: por que é que as vezes a lua desaparece? Todos se voltam paraum homem velho, que é uma espécie de guru para eles. Esperam que o homem dê a resposta. Mas ele não sabe o queresponder. E então eu apareço. Eu, o Conto. Surjo lá da escuridão e, sem que ninguém note, falo baixinho ao ouvido dovelho:

– Conte uma história para eles.E ele conta. É uma história sobre um grande tigre que anda pelo céu e que de vez emquando come a lua. E a lua some. Mas a lua não é uma coisa muito boa para comer, de modo que lá pelas tantas o grandetigre bota a lua para fora de novo. E ela aparece no céu, brilhante.

Todos escutam o conto. Todo mundo: homens, mulheres, crianças. Todos estão encantados. E felizes: antes, havia ummistério: por que a lua some? Agora, aquele mistério não existe mais. Existe uma história que fala de coisas que elesconhecem:tigre, lua, comer – mas fala como essas coisas poderiam ser, não como eles são. Existe um conto. As pessoas vãolembrar esse conto por toda a vida. E quando as crianças da tribo crescerem e tiverem seus próprios filhos, vão contar ahistória para explicar a eles por que a lua some de vez em quando. Aquele conto.

No começo, portanto, é assim que eu existo: quando as pessoas falam em mim, quando as pessoas narramhistórias – sobre deuses, sobre monstros, sobre criaturas fantásticas. Histórias que atravessam os tempos, que duramséculos. Como eu.

Moacir Scliar

O conto se apresenta

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Aí surge a escrita. Uma grande invenção, a escrita, você não concorda? Com a escrita, eu existo somente como uma voz.Agora estou ali, naqueles sinais chamados letras, que permitem que pessoas se comuniquem, mesmo à distância. E aquelashistórias – sobre deuses, sobre monstros, sobre criaturas fantásticas – vão aparecer em forma de palavras escrita.

E é nesse momento que eu tenho uma grande ideia. Uma inspiração, vamos dizer assim. Você sabe o que é inspiração?Inspiração é aquela descoberta que a gente faz de repente, de repente tem uma ideia muito boa. A inspiração não vem defora, não; não é uma coisa misteriosa que entra na nossa cabeça. A boa ideia já estava dentro de nós; só que a gente não sabia.A gente tem muitas boas ideias, pode crer.

E então, com aquela boa ideia, chego perto de um homem ainda jovem. Ele não me vê. Como você não me vê. Eu meapresento, como me apresentei a você, digo-lhe que estou ali com uma missão especial – com um pedido.

– Escreva uma história.Num primeiro momento, ele fica surpreso, assim como você ficou. Na verdade, ele já havia pensado nisso, em escrever

uma história. Mas tinha dúvidas: ele, escrever uma história? Como aquelas histórias que todas as pessoas contavam e quevinham de um passado? Ele, escrever uma história? E assinar seu próprio nome? Será que pode fazer isso? Dou força:

– Vá em frente, cara. Escreva uma história. Você vai gostar de escrever. E as pessoas vão gostar de ler.Então ele senta, e escreve uma história. É uma história sobre uma criança, uma história muito bonita. Ele lê o que

escreveu. Nota que algumas coisas não ficaram muito bem. Então escreve de novo. E de novo. E mais uma vez. E aí, sim,ele gosta do que escreveu. Mostra para outras pessoas, para os amigos, para a namorada. Todos gostam, todos se emocionamcom a história.

E eu vou em frente. Procuro uma moça muito delicada, muito sensível. Mesma coisa:– Escreve uma história.Ela escreve. E assim vão surgindo escritores. Os contos deles aparecem em jornais, em revistas, em livros. Já não são

histórias sobre deuses, sobre criaturas fantásticas. Não, são histórias sobre gente comum – porque as histórias sobre as pessoascomuns muitas vezes são mais interessantes do que histórias sobre deuses e criaturas fantásticas: até porque deuses e criaturasfantásticas podem ser inventados por qualquer pessoa. O mundo da nossa imaginação é muito grande. Mas a nossa vida, avida de cada dia, está cheia de emoções. E onde há emoção, pode haver conto. Onde há gente que sabe usar as palavras paraemocionar pessoas, para transmitir ideias, existem escritores. Alguns deles – grandes escritores.

[...]– Eu sou o conto.

Era uma vez um conto, vol.2. Companhia das Letrinhas, São Paulo. 2002.

Professor(a), faça uma leitura oral do texto com a classe, chamando a atenção dos estudantes para referênciasimportantes, como: os vários tipos de histórias existentes; as narrativas da tradição oral; a invenção da escrita e,com ela, o surgimento da história escrita; a inspiração, as ideias que motivam a escrita de um conto; como surgemos escritores de contos etc. Leve-os a refletir sobre algumas particularidades do conto, apresentadas por MoacyrScliar de forma tão leve e prazerosa:

• histórias sobre gente comum;• aparecem em jornais, em revistas, em livros;• escritas por gente que sabe usar as palavras – os escritores;• para emocionar pessoas, para transmitir ideias.

Prática de leitura

Em relação ao conto Felicidade Clandestina, de Clarice Lispector, e tendo por base as características do contoapontadas por Moacyr Scliar, responda às questões abaixo:

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Esta é uma história de gente comum? Por quê?

Sim. É perfeitamente possível que este fato aconteça realmente, inclusive envolvendo personagens reais, como colegas de escola.

1

Por quem foi escrita?

Por Clarice Lispector.

2

Onde foi publicada?

No livro que tem o mesmo título do conto: Felicidade Clandestina.

3

Para que foi escrita?

Para transmitir ideias de uma forma emocionante.

4

Professor(a), abra um espaço de discussão para que os estudantes socializem a atividade e expressem suasimpressões a respeito do conto lido.

PRÁTICA DE ESCRITA - DESAFIORetome sua produção inicial e confirme se você escreveu uma história possível de acontecer,envolvendo pessoas comuns, para emocionar o leitor. Você terá oportunidade de rever o queescreveu e de fazer as primeiras reformulações no seu conto, assim como fazem os escritores fa-mosos, antes de publicarem seus textos.

Professor(a), medeie esta atividade, percorrendo a sala e orientando a reescrita individual,com base nas anotações feitas por você, durante a leitura dos textos.

Ampliação dos conhecimentossobre o gêneroObjetivo geral

Ampliar os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero Contos Literários, explorando as práticasde oralidade, leitura e escrita.

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aula 03

O que devo aprender nesta aulau Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Partilhar com os colegas as percepções de leitura de contos lidos e/ou ouvidos.

u Ler contos, identificando seus elementos e características próprias.

u Retomar a produção inicial, para reformulações que garantam a presença dos elementos próprios do gênero.

u Perceber a exiatência de preconceitos com relação à sexualidade, à mulher, ao negro, ao índio, ao pobre, à criança, aovelho, ao homem do campo, nos contos populares lidos

Conceito

À leveza do conceito de Elias José e Moacyr Scliar, acrescentamos, aqui, algumas particularidades deste gênero textual:• É um texto em prosa que contém um só conflito, um só drama, uma só ação e poucos personagens.• Todos os ingredientes do conto convergem para o mesmo ponto.• Deve emocionar quem o lê.• Os fatos neste gênero literário acontecem em curto espaço de tempo: já que não interessam o passado e o futuro, ascoisas se passam em horas, ou dias .• A linguagem do conto é direta, concreta e objetiva.

Prática de oralidade

Como exemplo dessas particularidades, trazemos para você o conto Biruta, de Lygia Fagundes Telles (Vol. 2 da ColeçãoLiteratura em Minha Casa, 2001), que, por sua grande emotividade e beleza, certamente lhe causará um efeito singular.

Texto adaptado do livro O que é conto, de Luzia de Maria

Professor(a), neste momento, apresente à classe o conto, utilizando a antecipação como estratégia de leiturapara despertar a curiosidade e as expectativas dos estudantes. Pergunte a eles se conhecem a história; em casonegativo, o que o título “Biruta” lhes sugere; o que acham que irá acontecer na história; se já leram algum textoda autora; que impressões tiveram etc. Aproveite o momento para dizer-lhes quem é Lygia Fagundes Telles.

Professor(a), proponha a leitura silenciosa do conto abaixo. Sugira aos estudantes que verifiquem as hipóteseslevantadas no momento da antecipação, façam inferências das informações que não estão explícitas no texto,e checagem dos fatos durante a leitura, identifiquem os elementos do conto, o suporte textual e os recursos deque a escritora utilizou para emocionar o leitor etc.

Lygia Fagundes Telles nasceu em 1923 na cidade de São Paulo, onde mora até hoje. Premiadíssimacontista, escreveu vários contos, dentre eles o conto Biruta, originalmente publicado na sua obraHistórias escolhidas (1961). Também escreveu romances de grande repercussão, como As meninas.

Prática de oralidade

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Alonso foi para o quintal carregando uma bacia cheia de louça suja. Andava com dificuldade, tentando equilibrar a baciaque era demasiado pesada para seus bracinhos finos.

– Biruta, êh, Biruta! – chamou sem se voltar.O cachorro saiu de dentro da garagem. Era pequenino e branco, uma orelha em pé e a outra completamente caída.– Sente-se aí, Biruta, que vamos ter uma conversinha. – disse Abonso pousando a bacia ao lado do tanque. Ajoelhou-se,

arregaçou as mangas da camisa e começou a lavar os pratos. Biruta sentou-se muito atento, inclinando interrogativamente acabeça ora para a direita, ora para a esquerda, como se quisesse apreender melhor as palavras do seu dono. A orelha caídaergueu-se um pouco, enquanto a outra empinou, aguda e reta. Entre elas, formaram-se dois vincos, próprios de uma testafranzida no esforço da meditação.

– Leduína disse que você entrou no quarto dela – começou o menino num tom brando. – E subiu em cima da cama efocinhou as cobertas e mordeu uma carteirinha de couro que ela deixou lá. A carteira era meio velha e ela não ligou muito.Mas se fosse uma carteira nova, Biruta! Se fosse uma carteira nova! Me diga agora o que é que ia acontecer se ela fosse umacarteira nova!? Leduína te dava uma suna e eu não podia fazer nada, como daquela outra vez que você arrebentou a franjada cortina, lembra? Você se lembra muito bem, sim senhor, não precisa fazer essa cara de inocente!... Biruta deitou-se, enfiou,o focinho entre as patas e baixou a orelha. Agora, ambas as orelhas estavam no mesmo nível, murchas, as pontas quase tocandoo chão, Seu olhar interrogativo parecia perguntar: “Mas que foi que eu fiz, Abuso? Não me lembro de nada...”

– Lembra sim senhor! E não adianta ficar aí com essa cara de doente, que não acredito, ouviu? Ouviu, Biruta?! – repetiuAlonso lavando furiosamente os pratos. Com um gesto irritado, arregaçou as mangas que já escorregavam sobre os pulsosfinos. Sacudiu as mãos cheias de espuma. Tinha mãos de velho.

– Alonso, anda ligeiro com essa louça! – gritou Leduína, aparecendo por um momento na janela da cozinha. – Já estáescurecendo, tenho que sair!

– Já vou indo – respondeu o menino enquanto removia a água da bacia. Voltou-se para o cachorro. E seu rostinho pálidose confrangeu de tristeza. Por que Biruta não se emendava, por quê? Por que não se esforçava um pouco para ser meihorzinho?Dona Zulu já andava impaciente, Leduína também, Biruta fez isso, Biruta fez aquilo...

Lembrou-se do dia em que o cachorro entrou na geladeira e tirou de lá a carne. Leduina ficou desesperada, vinhamvisitas para o jantar, precisava encher os pasteis, “Alonso, você não viu onde deixei a carne?” Ele estremeceu. Biruta!Disfarçadamente foi à garagem no findo do quintal, onde dormia com o cachorro num velho colchão metido num ânguloda parede. Binuta estava lá, deitado bem em cima do travesseiro, com a posta de carne entre as patas, comendo tranquilamente.Alonso arrancou-lhe a carne, escondeu-a dentro da camisa e voltou à cozinha. Deteve-se na porta ao ouvir Leduína queixar-se à dona Zulu que a carne dasaparecera, aproximava-se a hora do jantar e o açougue já estava fechado, “que é que eu faço,dona Zulu?!”

Ambas estavam na sala. Podia entrever a patroa a escovar freneticamente os cabelos. Ele então tirou a carne de dentroda camisa, ajeitou o papel já todo roto que a envolvia e entrou com a posta na mão.

– Está aqui, Leduína.– Mas falta um pedaço!– Esse pedaço eu tirei pra mim. Eu estava com vontade de comer um bife e aproveitei quando você foi na quitanda.– Mas por que você escondeu o resto? – perguntou a patroa, aproximando-se.– Porque fiquei com medo.Tinha bem viva na memória a dor que sentira nas mãos corajosamente abertas para os golpes da escova. Lágrimas

saltaram-lhe dos olhos. Os dedos foram ficando roxos, mas ela continuava batendo com aquele mesmo vigor obstinado comque escovara os cabelos, batendo, batendo como se não pudesse parar nunca mais.

– Atrevido! Ainda te devolvo pro asilo, seu ladrãozinho!Quando ele voltou à garagem, Biruta já estava lá, as duas orelhas caídas, o focinho entre as patas, piscando, piscando os

olhinhos temos. “Biruta, Biruta, apanhei por sua causa, mas não faz mal. Não faz mal.” Biruta então ganiu sentidamente.Lambeu-lhe as lágrimas. Lambeu-lhe as mãos. Isso tinha acontecido há duas semanas. E agora Biruta mordera a carteirinhade Leduína. E se fosse a carteira de dona Zulu?

Lygia Fagundes Telles

Biruta

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– Hem, Biruta?! E se fosse a carteira de dona Zulu?Já desinteressado, Biruta mascava uma folha seca.– Por que você não arrebenta as minhas coisas? – prosseguiu o menino elevando a voz. – Você sabe que tem todas as

minhas coisas pra morder, não sabe? Pois agora não te dou presente de Natal, está acabado. Você vai ver se ganha algumacoisa. Você vai ver!...

Girou sobre os calcanhares, dando as costas ao cachorro. Resmungou ainda enquanto empilhava a louça na bacia. Emseguida, calou-se, esperando qualquer reação por parte do cachorro. Como a reação tardasse, lançou-lhe um olhar furtivo.Biruta dormia profundamente.

Alonso então sorriu. Biruta era como uma criança. Por que não entendiam isso? Não fazia nada por mal, queria sóbrincar... Por que dona Zulu tinha tanta raiva dele? Ele só queria brincar, como as crianças. Por que dona Zulu tinha tantaraiva de crianças? Uma expressão desolada amarfanhou o rostinho do menino. “Por que dona Zulu tem que ser assim? Odoutor é bom, quer dizer, nunca se importou nem comigo nem com você, é como se a gente não existisse. Leduína temaquele jeitão dela, mas duas vezes já me protegeu. Só dona Zulu não entende que você é que nem uma criancinha. Ah, Biruta,Biruta, cresça logo, pelo amor de Deus! Cresça logo e fique um cachorro sossegado, com bastante pelo e as duas orelhas depé! Você vai ficar lindo quando crescer, Biruta, eu sei que vai!”

– Alonso! – Era a voz de Leduína. – Deixe de falar sozinho e traga logo essa bacia. Já está quase noite, menino.– Chega de dormir, seu vagabundo! – disse Alonso espargindo água no focinho do cachorro. Biruta abriu os olhos,

bocejou com um ganido e levantou-se, estirando as patas dianteiras, num longo espreguiçamento. O menino equilibroupenosamente a bacia na cabeça. Biruta seguiu-o aos pulos, mordendo-lhe os tornozelos, dependurando-se com os dentes nabarra do seu avental.

– Aproveita, seu bandidinho! – riu-se Alonso.– Aproveita que eu estou com a mão ocupada, aproveita!Assim que colocou a bacia na mesa, ele inclinou-se para agarrar o cachorro. Mas Biruta esquivou-se, latindo. O menino

vergou o corpo sacudido pelo riso.– Ai, Leduína, que o Biruta judiou de mim!... A empregada pôs-se a guardar rapidamente a louça. Estendeu-lhe uma

caçarola com batatas:– Olha aí para o seu jantar. Tem ainda arroz e carne no forno.– Mas só eu vou jantar? – surpreendeu-se Alonso, ajeitando a caçarola no colo.– Hoje é dia de Natal, menino. Eles vão jantar fora, eu também tenho a minha festa. Você vai jantar sozinho.– Alonso inclinou-se. E espiou apreensivo para debaixo do fogão. Dois olhinhos brilharam no escuro: Biruta ainda estava

lá. Alonso suspirou. Era tão bom quando Biruta resolvia se sentar! Melhor ainda quando dormia. Tinha então a certeza deque não estava acontecendo nada. A trégua. Voltou-se para Leduína.

– O que o seu filho vai ganhar?– Um cavalinho – disse a mulher. A voz suavizou. – Quando ele acordar amanhã, vai encontrar o cavalinho dentro do

sapato dele. Vivia me atormentando que queria um cavalinho, que queria um cavalinho...Alonso pegou uma batata cozida, morna ainda. Fechou-a nas mãos arroxeadas.– Lá no asilo, no Natal, apareciam umas moças com uns saquinhos de balas e roupas. Tinha uma que já me conhecia,

me dava sempre dois pacotinhos em lugar de um. A madrinha. Um dia, me deu sapatos, um casaquinho de malha e umacamisa.

– Por que ela não ficou com você?– Ela disse uma vez que ia me levar, ela disse. Depois, não sei por que ela não apareceu mais...Deixou cair na caçarola a batata já fria. E ficou em silêncio, as mãos abertas em torno da vasilha. Apertou os olhos. Deles,

irradiou-se para todo o rosto uma expressão dura. Dois anos seguidos esperou por ela. Pois não prometera levá-lo? Nãoprometera? Nem lhe sabia o nome, não sabia nada a seu respeito, era apenas “a madrinha”. Inutilmente a procurava entreas moças que apareciam no fim do ano com os pacotes de presentes. Inutilmente cantava mais alto do que todos no fim dafesta, quando então se reunia aos meninos na capela. Ah, se ela pudesse ouvi-lo! “...O bom Jesus é quem nos traz a mensagemde amor e alegria”...

– Também, é muita responsabilidade tirar criança pra criar! – disse Leduína desamarrando o avental. – Já chega os que agente tem. Alonso baixou o olhar. E de repente, sua fisionomia iluminou-se. Puxou o cachorro pelo rabo.

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– Êh, Biruta! Está com fome, Biruta? Seu vagabundo! vagabundo!... Sabe, Leduína, Biruta também vai ganhar umpresente que está escondido lá debaixo do meu travesseiro. Com aquele dinheirinho que você me deu, lembra? Agora elenão vai precisar mais morder suas coisas, tem a bolinha só pra isso. Ele não vai mais mexer em nada, sabe, Leduína?

– Hoje cedo ele não esteve no quarto de dona Zulu? O menino empalideceu.– Só se foi na hora que fui lavar o automóvel... Por que, Leduína? Por quê? Que foi que aconteceu? Ela hesitou. E

encolheu os ombros.– Nada. Perguntei à toa. A porta abriu-se bruscamente e a patroa apareceu. Alonso encolheu-se um pouco. Sondou a

fisionomia da mulher. Mas ela estava sorridente. O menino sorriu também.– Ainda não foi pra sua festa, Leduína? – perguntou a moça num tom afável. Abotoava os punhos do vestido de renda. –

Pensei que você já tivesse saído... – E antes que a empregada respondesse, ela voltou-se para Alonso: – Então? Preparandoseu jantarzinho?

O menino baixou a cabeça. Quando ela lhe falava assim mansamente, ele não sabia o que dizer.– O Biruta está limpo, não está? – prosseguiu a mulher, inclinando-se para fazer uma carícia na cabeça do cachorro.

Biruta baixou as orelhas, ganiu dolorido e escondeu-se debaixo do fogão. Alonso tentou encobrir-lhe a fuga:– Biruta, Biruta! Cachorro mais bobo, deu agora de se esconder... – Voltou-se para a patroa. E sorriu desculpando-se: –

Até de mim ele se esconde.A mulher pousou a mão no ombro do menino:– Vou numa festa onde tem um menininho assim do seu tamanho. Ele adora cachorros. Então me lembrei de levar o

Biruta emprestado só por esta noite, O pequeno está doente, vai ficar radiante, o pobrezinho. Você empresta seu Biruta sópor hoje, não empresta? O automóvel já está na porta. Ponha ele lá que estamos de saída. O rosto do menino resplandeceu.Mas então era isso?!... Dona Zulu pedindo Biruta emprestado, precisando do Biruta! Abriu a boca para dizer-lhe que sim,que o Biruta estava limpinho e que ficaria contente de emprestá-lo ao menino doente. Mas sem dar-lhe tempo de respondera mulher saiu apressadamente da cozinha.

Viu, Biruta? Você vai numa festa! – exclamou. – Numa festa com crianças, com doces, com tudo! Numa festa, seu sem-vergonha! – repetiu, beijando o focinho do cachorro. – Mas, pelo amor de Deus, tenha juízo, nada de desordens! Se você secomportar, amanhã cedinho te dou uma coisa. Vou te esperar acordado, hem? Tem um presente no seu sapato... – acrescentounum sussurro, com a boca encostada na orelha do cachorro. Apertou-lhe a pata.

– Te espero acordado, Biru... Mas não demore muito!O patrão já estava na direção do carro. Alonso aproximou-se.– O Biruta, doutor.O homem voltou-se ligeiramente. Baixou os olhos.– Está bem, está bem. Deixe ele aí arás.Alonso ainda beijou o focinho do cachorro. Em seguida, fez-lhe uma última carícia, colocou- o no assento do automóvel

e afastou-se correndo.– Biruta vai adorar a festa! – exclamou assim que entrou na cozinha. – E lá tem doces, tem crianças, ele não quer outra

coisa! – Fez uma pausa. Sentou- se. – Hoje tem festa em toda parte, não, Leduína? A mulher já se preparava para sair.– Decerto. Alonso pôs-se a mastigar pensativamente.– Foi hoje que Nossa Senhora fugiu no burrinho?– Não, menino. Foi hoje que Jesus nasceu. Depois então é que aquele rei manda prender os três.Alonso concentrou-se:– Estava.– E tão boazinha. Você não achou que hoje ela estava boazinha?– Estava, estava muito boazinha...– Por que você está rindo?– Nada – respondeu ela pegando a sacola. Dirigiu-se à porta. Mas antes, parecia querer dizer qualquer coisa de

desagradável e por isso hesitava, contraindo a boca.Alonso observou-a. E julgou adivinhar o que a preocupava.– Sabe, Leduína, você não precisa dizer pra dona Zulu que ele mordeu sua carteirinha, eu já falei com ele, já surrei ele.

Não vai fazer mais isso nunca, eu prometo que não.

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A mulher voltou-se para o menino. Pela primeira vez, encarou-o. Vacilou ainda um instante.Decidiu-se:– Olha aqui, se eles gostam de enganar os outros, eu não gosto, entendeu? Ela mentiu pra você, Biruta não vai

mais voltar.– Sabe, Leduína, se algum rei malvado quisesse matar o Biruta, eu me escondia com ele no meio do mato e ficava morando

lá a vida inteira, só nós dois! – Riu-se metendo uma batata na boca. E de repente ficou sério, ouvindo o ruído do carro quejá saía. – Dona Zulu estava linda, não?

– Não vai o quê? – perguntou Alonso pondo a caçarola em cima da mesa. Engoliu com dificuldade o pedaço de batataque ainda tinha na boca. Levantou-se.

– Não vai o quê, Leduína?– Não vai mais voltar. Hoje cedo ele foi no quarto dela e rasgou um pé de meia que estava no chão. Ela ficou daquele

jeito. Mas não te disse nada e agora de tardinha, enquanto você lavava a louça, escutei a conversa dela com o doutor: que nãoqueria mais esse vira-lata, que ele tinha que ir embora hoje mesmo, e mais isso, e mais aquilo... O doutor pediu pra ela esperar,que amanhã dava um jeito, você ia sentir muito, hoje era Natal... Não adiantou. Vão soltar o cachorro bem longe daqui edepois seguem pra festa. Amanhã ela vinha dizer que o cachorro fugiu da casa do tal menino. Mas eu não gosto dessa históriade enganar os outros, não gosto. É melhor que você fique sabendo desde já, o Biruta não vai voltar.

Alonso fixou na mulher o olhar inexpressivo. Abriu a boca. A voz era um sopro.– Não?..Ela perturbou-se.– Que gente também! – explodiu. Bateu desajeitadamente no ombro do menino. – Não se importe, não, filho.

Vai, vai jantar.Ele deixou cair os braços ao longo do corpo. E arrastando os pés, num andar de velho, foi saindo para o quintal. Dirigiu-

se à garagem.A porta de ferro estava erguida. A luz fria do luar chegava até a borda do colchão desmantelado. Alonso cravou os olhos

brilhantes num pedaço de osso roído, meio encoberto sob um rasgão do lençol. Ajoelhou-se. Estendeu a mão tateante. Tiroudebaixo do travesseiro uma bola de borracha.

– Biruta – chamou baixinho. – Biruta... – e desta vez só os lábios se moveram e não saiu som algum.Muito tempo ele ficou ali ajoelhado, segurando a bola. Depois apertou-a fortemente contra o coração.

De conto em conto, vol.2. Editora Ática, São Paulo. 2002.

Em relação ao texto lido e tendo por base o conceito apresentado por Luzia de Maria, responda aosquestionamentos abaixo:

O conto Biruta tem poucos personagens? Quem são?

Sim. Alonso, Biruta, Leduína, dona Zulu e seu marido.

1

As ações convergem para o mesmo ponto? Qual?

Sim. Para a estrema crueldade de dona Zulu que chega ao ponto de tirar o cãozinho do garoto, na noite de Natal, sem avisá-lo.

2

A história acontece em um curto espaço de tempo? Delimite-o!

Sim. Entre o final da tarde e a noite do dia 24 de dezembro,

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Que tipo de linguagem é utilizada no conto.

Linguagem direta, objetiva, familiar.

4

PRÁTICA DE ESCRITA - DESAFIORetome novamente o seu conto e observe esses elementos: há poucos personagens? O espaçode tempo é curto? Onde se passa a história que você criou? Caso esses elementos não estejambem definidos no seu texto, este é o momento de aprimorar a sua escrita. Vamos lá?

Professor(a), medeie esta atividade, percorrendo a sala e orientando a reescrita individual,com base nas anotações feitas por você, durante a leitura dos textos.

aula 04

O que devo aprender nesta aulau Partilhar com os colegas as percepções de leitura dos contos lidos e/ou ouvidos.

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Ler contos, identificando seus elementos e características próprias.

Prática de oralidade

Você leu um conto muito comovente. O que você sentiu durante a leitura? Converse com os colegas sobre isso. É bomcompartilhar o que sentimos.

Conceito

Conto é uma obra de ficção que cria um universo de seres e acontecimentos, de fantasia ou imaginação. Como todos ostextos de ficção, o conto apresenta um narrador, personagens, espaço, tempo, ponto de vista e enredo.

Prática de leitura

Leia as informações e perguntas abaixo com atenção, e responda-as, em seu caderno, voltando ao texto sempre quenecessário, para confirmar suas hipóteses.

Tempo: uma história passa-se num tempo determinado, que pode ser declarado pelo narrador ou que você pode inferira partir de pistas que o texto fornece. No conto Biruta, ao invés de “carro”, menciona-se a palavra “automóvel”, termo pouco

Professor(a), divida a turma em duplas, peça que extravasem as emoções provocadas pelo conto e relatemexperiências semelhantes vividas por eles ou pessoas conhecidas. Percorra os grupos para observar as impressõese os comentários dos alunos e ajudá-los na reflexão sobre os recursos utilizados pela autora para tornar ahistória tão interessante, a ponto de envolver e comover os leitores.

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utilizado nos dias atuais. Outro elemento do conto, que demarca o tempo em que se passa a história, está na fala de Leduína,quando ela diz a dona Zulu que aproximava-se a hora do jantar e o açougue já estava fechado. Atualmente há açougues emsupermercados que ficam abertos até durante a noite.

A partir desses elementos você consegue deduzir a época em que acontece essa história?

Percebe-se, claramente que a história não é atual. A partir dos elementos mencionados, dentre outros indícios, pode-se deduzir quea história se passa no século XX, em meados da década de 60 ou 70.

1

Em que dia do ano se passa a história? Em que momento desse dia?

Entre o final da tarde e a noite do dia 24 de dezembro.

2

Por que a escolha desse dia para desfazer-se de Biruta torna mais cruel a atitude de Zulu?

Porque a celebração do nascimento de Jesus costuma sensibilizar as pessoas, aflorando sentimentos que possam ter ficadoadormecidos durante todo o ano, como a solidariedade, o desejo de fazer o bem, proporcionar alegria e felicidade ao (à)outro (a), daí o significado da troca de presentes. E é exatamente neste dia que dona Zulu, ao invés de presentear Alonso,decide retirar dele o seu único presente.

3

A ordem linear dos fatos e ações no conto Biruta foi interrompida em algum momento? Quando?

Sim. Quando Alonso se recorda de coisas passadas.

4

Enredo: é a organização dos fatos e ações vividas pelos personagens, numa determinada ordem. Essa ordem pode serlinear, quer dizer, o que acontece antes vem contado antes, o que acontece depois vem contado depois. Às vezes essa ordemlinear pode ser interrompida para voltar ao passado, relembrando algo que aconteceu antes do momento que está sendonarrado. Este último procedimento recebe o nome de técnica da retrospectiva ou flash-bach.

Prática de escrita

Retome o seu conto e observe especialmente o enredo e o tempo. Observe se algum personagem do seu texto se recorda,ou poderia se recordar, de algum fato passado. Caso você não tenha utilizado a técnica do flash-bach e perceba que poderiatê-la utilizado para maior coerência interna do seu texto, este é o momento de fazê-lo. Vamos lá, mãos à obra!

DESAFIOIdentifique, dentre os fatos abaixo, os que são contados no momento em que acontecem e osque são relembrados pelo personagem Alonso, escrevendo presente ou passado, ao lado decada fato apresentado:a) Alonso lava a louça numa bacia _______________presente

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b) Alonso volta à garagem triste e sozinho. _______________c) No asilo, Alonso recebe a visita da madrinha. _______________d) Alonso empresta Biruta a dona Zulu. _______________e) Animado, Alonso conversa com Leduína sobre o pedido de Zulu _____________f ) Dona Zulu bate em Alonso por causa da carne Que Biruta roubou ___________g) Leduína conta a Alonso a verdade sobre Biruta _______________h) Alonso entrega a louça a Leduína na cozinha _______________i) Biruta é colocado no carro e parte com Zulu e o doutour. _______________

Professor(a), socialize a atividade, de forma a sistematizar dois importantes elementos doconto: tempo e enredo. Leve-os a perceber que a ordem linear dos fatos e ações vividaspelos personagens, às vezes, é interrompida com a volta ao passado e recordação de algoque aconteceu antes do momento que está sendo narrado. Essa técnica, chamada deretrospectiva ou flash-bach, faz com que o personagem Alonso se recorde de coisas passadas.

passado

passado

presente

presentepresente

presentepresente

presente

aula 05

O que devo aprender nesta aulau Partilhar com os colegas as percepções de leitura dos contos lidos e/ou ouvidos.

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Ler contos, identificando seus elementos e características próprias.

Prática de oralidade

Prática de leitura

Professor(a), inicie esta aula, pedindo que os estudantes socializem os conhecimentos construídos até o momento.Divida a turma em pequenos grupos para que eles possam conversar sobre o tempo e o enredo dos seus contos.

Reúna com dois ou três colegas e, depois de ler as produções de todo o grupo, converse sobre o enredo e o tempode cada conto. Escute o que eles têm a lhe dizer sobre o que você criou, mas também dê a sua opinião sobre o quefoi construído pelos seus colegas.

Leia as informações e perguntas abaixo com atenção, e responda-as, em seu caderno, voltando ao texto sempreque necessário, para confirmar suas hipóteses.

Conceito

Personagens: seres que vivem as ações. Através do enredo, percebemos o relacionamento entre eles. Podem sercaracterizadas fisicamente (aparência, cor, idade etc.), através do que fazem ou do que o narrador diz sobre elas.Personagem principal, ou protagonista, é aquele em torno do qual se desenvolve o enredo. No caso do conto Biruta,Alonso é o personagem principal.

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Como era Alonso física e psicologicamente?

Uma criança de bracinhos finos, mãos e andar de velho; sofrido mas muito amoroso, carinhoso e amigo de Biruta.

1

Como era Biruta? Por que mexia nas coisas e as estragava?

Era pequenino e branco, uma orelha em pé e a outra completamente caída. Tinha olhinhos ternos e mexia em tudo, comouma criança travessa.

3

Como era o relacionamento de Alonso com Biruta? Por que o cãozinho era tão importante para ele?

Biruta era o único e inseparável amigo de Alonso. Dormiam juntos no mesmo colchão, na garagem.

4

Por que dona Zulu adotou Alonso?

Para desenvolver uma espécie de trabalho escravo na sua casa.

5

Compare dona Zulu e Leduína. Que diferença há entre elas, quanto ao modo de tratar o menino?

Dona Zulu era má, tratava Alonso com extrema crueldade. Leduína, apesar de não demonstrar amor e carinho por Alonso,manifestou uma certa pena do garoto, quando decide lhe revelar o destino de Biruta naquela noite.

6

Como o marido de dona Zulu se relacionava com Alonso?

Com indiferença. Não se manifestava frente às atitudes cruéis da esposa.

Conflito: é o principal acontecimento a partir do qual se desenvolve a história.

Espaço: é o lugar onde se passam as ações e fatos vividos pelos personagens. No texto Biruta, as açõesacontecem na casa de dona Zulu, mas Alonso e Biruta não compartilham do espaço ocupado pelo casal.

7

Qual é o assunto do conto Biruta?

A solidão e a luta de Alonso pela sobrevivência e para proteger o seu querido cão, companheiro e único amigo.

8

Que tipo de trabalho fazia e onde dormia?

Auxiliava Leduína, a empregada da casa, nos trabalhos domésticos. Dormia em um colchão, no canto da garagem, nofundo do quintal da casa.

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Qual é o espaço reservado a Alonso e Biruta na casa de dona Zulu?

A garagem, no fundo do quintal.

9

Que relação há entre esse espaço e a forma como Alonso é tratado pela dona da casa?

O espaço reservado a Alonso na casa de Zulu (a garagem no fundo quintal) revela que o menino era tratado pela dona dacasa como um empregado, um escravo, e não como alguém da família.

10

Como você avalia a verossimilhança no conto Biruta?

O conto Biruta é verossímil, pois os fatos narrados, mesmo que inventados, poderiam perfeitamente acontecer na história.

Professor(a), com o objetivo de contribuir para a ampliação dos conhecimentos sobre o gênero em estudo,socialize a atividade, de forma a sistematizar os demais elementos de um conto.

11

Verossimilhança: é a coerência ou lógica interna da história. Os fatos narrados , mesmo inventados, devemdecorrer uns dos outros de forma que o leitor aceite que possam ter ocorrido; o leitor precisa ser convencidode que os fatos narrados são possíveis na história.

PRÁTICA DE ESCRITA - DESAFIO

Retome mais uma vez a sua produção e observe se está claro para o leitor quem é o personagem principale os secundários na história criada por você. Procure aprimorar suas características físicas e psicológicas,por meio das suas ações, pensamentos, atitudes e relacionamentos. Atente-se, ainda, para o assunto e oespaço criados por você. Não se esqueça de cuidar também da verossimilhança. Mãos à obra

aula 06

O que devo aprender nesta aulau Ler contos de autor goiano.

u Conhecer a cultura local, com base nos aspectos culturais e linguísticos presentes no conto.

u Analisar o emprego de adjetivos e locuções adjetivas para a caracterização das personagens e dos espaços no conto.

u Antecipar o conteúdo das leituras com base em indícios como autor, título do texto, ilustrações.

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

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Conceito

Há duas maneiras de caracterizar um personagem, seja ele linear ou complexo: uma é pela qualificação, outra pelas ações.No primeiro caso, o personagem é descrito pelo narrador ou por outros personagens: características físicas (estaturas,aparência, idade, cor etc.), características psicológicas (personalidade, qualidade e defeitos, sonhos, desejos, emoções,pensamentos, frustrações, carências), características sociais (família, amizades, atividades, situação econômica etc.). No segundocaso, o personagem vai-se definindo pelo que faz, isto é, por suas ações o leitor vai percebendo quem ele é. Algumas vezesessas ações não são externas: passam-se na cabeça dos personagens, são ações interiores, psicológicas.

Entretanto, essas duas possibilidades se completam, pois os autores recorrem tanto à qualificação quanto à açãopara mostrar a personagem.

Prática de oralidade

Prática de leitura

• Você conhece o autor da história?• Você já leu outros textos desse autor?• O título o “Ninho de periquitos” lhe sugere alguma coisa?• O que você acha que irá acontecer na história?

Leia o texto abaixo e, a seguir, responda às questões que se seguem:

Professor(a), neste momento, apresente à classe o conto, utilizando a antecipação como estratégia de leitura paradespertar a curiosidade e as expectativas dos estudantes, bem como a apresentação do autor do conto.

Proponha à classe a leitura silenciosa do conto “Ninho de Periquitos” de Hugo de Carvalho Ramos. Peça-lhes quedurante a leitura observem bem as personagens. Pergunte aos estudantes se gostaram da história, se conhecemalguma história parecida, que sentimentos ela lhe despertou. Comente que o autor utilizou uma linguagem regional,valorizando a cultura local e respeitando a variedade linguística – o sertanejo – especificamente.

Hugo de Carvalho Ramos nasceu na Cidade de Goiás, no Largo do Chafariz, a 21 de maio de 1895, emorreu na mesma cidade, no dia 12 de maio de 1921. Considerado um dos grandes nomes do contobrasileiro, escreveu seu único livro Tropas e Boiadas (1917), do qual o conto Ninho de Periquitos faz parte.

Abrandando a canícula pelo virar da tarde, Domingos abandonou a rede de embira onde se entretinha arranhando unsrespontos na viola, após farta cuia de jacuba de farinha de milho e rapadura que bebera em silêncio, às largas colheradas, esaiu ao terreiro, onde demorou a afiar numa pedra piçarra o corte da foice.

Era pelo Domingo, vésperas quase da colheita. O milharal estendia-se além, na baixada das velhas terras devolutas,amarelecido já pela quebra, que realizara dia antes, e o veranico, que andava duro na quinzena. Enquanto amolava o ferro,no propósito de ir picar uns galhos de coivara no fundo do plantio para o fogo da cozinha, o Janjão rondava em torno,rebolando na terra, olho aguçado para o trabalho paterno.

Não se esquecesse, o papá, dos filhotes de periquitos, que ficavam lá no fundo do grotão, entre as macegas espinhosas de“malícia”, num cupim velho do pé da maria-preta. Não esquecesse...

O roceiro andou lá pelos fundos da roça, a colher uns pepinos temporões; foi ao paiol de palha d’arroz, mais uma vez

Hugo de Carvalho Ramos

Ninho de periquitos

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avaliando com a vista se possuía capacidade precisa para a rica colheita do ano; e, tendo ajuntado os gravetos e uns cernes dacoivara, amarrava o feixe e ia já a recolher caminho de casa, quando se lembrou do pedido do pequeno.

– Ora, deixassem lá em paz os passarinhos.Mas aquele dia assentava o Janjão a sua primeira dezena tristonha de anos; e pois, não valia por tão pouco amuá-lo.O caipira pousou a braçada de lenha encostada à cerca do roçado; passou a perna por cima, e pulando de outro lado, as

alpercatas de couro cru a pisar forte o espinharal ressequido que estralejava, entranhou-se pelo grotão-nesses dias sem pingad’água – galgou a barroca fronteira e endireitou rumo da maria-preta, que abria ao mormaço crepuscular da tarde a galharadaesguia, toda atostada desde a época da queima pelas lufadas de fogo que subiam da malhada.

Ali mesmo, na bifurcação do tronco, assentada sobre a forquilha da árvore, à altura do peito, escancarava a boca negrapara o nascente a casa abandonada dos cupins, onde um casal de periquitos fizera ninho essa estação.

O lavrador alçou com cautela a destra calosa, rebuscando lá por dentro os dois borrachos. Mas tirou-a num repente,surpreendido. É que uma picadela incisiva, dolorosa, rasgara-lhe por dois pontos, vivamente, a palma da mão.

E, enquanto olhava admirado, uma cabeça disforme, oblonga, encimada a testa duma cruz, aparecia à aberta do cupinzeiro,fitando-lhe, persistentes, os olhinhos redondos, onde uma chispa má luzia, malignamente...

O matuto sentiu uma frialdade mortuária percorrendo-o ao longo da espinha. Era uma urutu, a terrível urutu do sertão,para a qual a mezinha doméstica nem a dos campos, possuíam salvação.

Perdido... completamente perdido...O réptil, mostrando a língua bífida, chispando as pupilas em cólera, a fitá-lo ameaçador, preparava-se para novo ataque

ao importuno que viera arrancá-lo da sesta; e o caboclo, voltando a si do estupor, num gesto instintivo, sacou da bainha olargo “jacaré” inseparável, amputando-lhe a cabeça dum golpe certeiro.

Então, sem vacilar, num movimento ainda mais brusco, apoiando a mão molesta à casca carunchosa da árvore, decepou-a noutro golpe, cerce quase à juntura do pulso.

E enrolando o punho mutilado na camisola de algodão, que foi rasgando entre dentes, saiu do cerrado, calcando duro,sobranceiro e altivo, rumo de casa, como um deus selvagem e triunfante apontando da mata companheira, mas assassina,mas perfidamente traiçoeira...

Professor(a), após a leitura, proponha as questões abaixo para ajudar os estudantes a desenvolver habilidadescomo: localizar o tema do texto, estabelecer relações, inferir informações etc.

O autor utiliza vários sinônimos para se referir ao pai de Janjão. Localize-os no texto e registre no caderno.

Roceiro, caipira, lavrador, matuto e cabloco.

1

A caracterização do pai de Janjão se dá pela qualificação ou pelas ações que desenvolve na história?

Se dá pelas ações que o pai de Janjão desenvolve, todas as ações denunciam que ele é um homem do campo.

2

A cobra é caracterizada da mesma forma que o pai de Janjão? Justifique sua resposta.

Não, pois a cobra é caracterizada pelas suas qualificações e não pelas suas ações. No texto, o autor lhe atribui as seguintesqualificações: “ uma cabeça disforme, oblonga, encimada a testa duma cruz, olhinhos redondos, onde uma chispa, má.”

3

Vocês notaram que há muitas palavras desconhecidas no texto que não fazem parte no nosso cotidiano. Retire dotexto algumas delas e pelo contexto tente atribuir um significado.

Respontos, coivara, alpercatas, malhada, bífida, entre outras.

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PRÁTICA DE ESCRITA - DESAFIO

Crie características físicas, psicológicas e sociais para o pai de Janjão, com base na sua vida, nas suasações e nas informações da leitura do conto Ninho de Periquitos.

aula 07

O que devo aprender nesta aulau Partilhar com os colegas as percepções de leitura dos contos lidos e/ou ouvidos.

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Ler contos, identificando seus elementos e características próprias.

Conceito

Conto é uma obra de ficção que cria um universo de seres e acontecimentos, de fantasia ou imaginação. Como todos ostextos de ficção, o conto apresenta um narrador, personagens, espaço, tempo, ponto de vista e enredo. Classicamente diz-seque o conto se define pela sua pequena extensão. Mais curto que a novela ou romance, o conto tem sua estrutura fechadadesenvolve uma história e apenas um clímax. O clímax é o momento de maior tensão e intensidade no conto. Pico máximodos acontecimentos, facilmente identificado pelo leitor, momento de auge no qual as ações atingem sua máxima expressão.Toda a estrutura do enredo parece direcionada para este momento culminante da história. A história do conto tem umaconclusão, o desfecho. Os conflitos desenvolvidos alcançam, ou não, um estágio de solução. O desenlace pode ser feliz,trágico, engraçado, diferente, surpreendente. O desfecho nem sempre traz uma solução, muitas vezes, o final é aberto e deixao caminho livre para a imaginação do leitor.

Prática de oralidade

• Você conhece essa história?• O que o título lhe sugere?• Já leu algum texto deste autor?• Que impressões você teve?

Professor(a), neste momento, apresente à classe o conto, utilizando a antecipação como estratégia de leiturapara despertar a curiosidade e as expectativas dos estudantes. Aproveite o momento também para falar-lhesum pouco sobre este autor goiano.

Bariane Ortêncio nasceu em Igarapava, São Paulo no dia 24 de julho de 1923. Veio para Goiâniaem 1938, onde mora até hoje. Recebeu várias premiações, dentre elas: Prêmio João Ribeiro/1997,com a obra Cartilha do Folclore Brasileiro. Com A Fronteira (Revolução Constitucionalista de1932 e Minha Vida de Menino), ganhou o prêmio CLIO da Academia Paulistana da História e ediçãopremiada pelos Correios. Escreveu vários contos, dentre eles o Velho e os urubus, originalmentepublicado na sua obra Meu tio-avô e o diabo.

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Prática de leitura

Leia o texto abaixo, em seguida responda às perguntas, com atenção, em seu caderno, voltando ao texto sempreque necessário.

De primeiro nem sabia quantos, mas depois foi reparando, se interessando, pegou na opinião. Agora, eram doze,os urubus. E passou a contá-los todos os dias. E não se retirava enquanto eles não chegassem. Passatempo, distraçãode velho solitário.

Preparando o cigarro, beiradeando o curral, o balde na mão para a ordenha. O dia rompendo, nascente incandescendo,para onde se largavam os urubus, um a um, combinados, tais aviões deixando a base. À tarde vinham do poente de um, dedois e até de três. O Velho, assentado no banco do alpendrão, ficava olhando, divisando-os assim que surgissem as pintasnegras no sol entrante. Ali sentado, trocando de posições no banco duro, procurando jeito, as hemorroidas ardendo, atentando,contava os seus urubus. Esperava até que chegasse o último, quando se retirava.

Recolhia-se cedo, pouco depois do pouso das aves amigas, saciado com o prato de leite com farinha de milho. Só dormiaassim: após a chegada dos urubus e do leite com farinha.

O pouso, lá deles, uma árvore seca, ipê de grande porte, bem em frente à casa, do outro lado da cerca, fácil, muito fácildo Velho contar os urubus. Ele, que quase nada fazia, a perrenguice lhe tolhendo as vontades, a doença caminhando emritmo acelerado, tinha na chegada dos urubus o seu único entretenimento. Era, além disso, a ordenha das poucas vacas, ocaneco costumeiro de café forte e quente, o cigarro feito no capricho, alguns mais que-fazeres e o leite indefectível comfarinha. Dos outros mais serviços, a Afilhada se ocupava. Como se chamava ela? Ele sabia? Não, não se lembrava mais.Pegara-a meninota, a velha ainda vivia; chamavam-na a Afilhada, que nunca passou de cria da casa. Ela também o chamavade Padrinho e jamais lhe soube o nome. Como se pertencesse à família, fazia um pouco de tudo e não recebia pagamentos,era pelo passado, algumas chitas e as chinelas baratas.

No quarto, hora certa, deixava o fervido de ervas para o Padrinho banhar as varizes anais, o alívio, a garantia dosono sossegado. O Velho despertava antes dos urubus e saía para o relento de orvalho, reparando o horizonte, oclarear, os bichos preparando-se para levantar voo. Quando chovia à noite, eles ficavam esperando o sol sair e, comovelhas rezando, asas abertas, enxugavam as penas. Não se fechavam para a nascente, como nos outros dias. Voavamem círculos sob o domínio dos olhos do Velho, galgando as alturas no bater das asas, procurando as camadas de arfavoráveis, e planavam por muito tempo, sem perder altura. Um ou outro punha-se em formato aerodinâmico, asasas com V, e mergulhavapara o solo num zumbido estridente, descrevendo, depois curva ascendente. Era o espetáculopara o Velho amigo, que se embevecia.

A Afilhada entregava-lhe o caneco de café e levava o balde de leite para a cozinha. Ele sorvia em pequenos goleso café forte, seu agrado, o canivete no alisamento da palha e na picagem do fumo. Ocupava-se, depois, em coisinhas,até que chegasse a hora do retorno.

O sol baixo, entra não entra, começavam a surgir as pintas pretas. E ele as acompanhava, uma por uma, o volumeaumentando até tornar-se realidade, o bicho vindo alto, temperando com o oscilar de asas, descendo reto no galho pouso.Depois juntava as asas, como se uma dama de negro fechasse o seu leque. O Velho, mentalmente, contava. Eram seis. Agorasete. Oito. Nove. Dez... Não havia errado? Não, não errara. Lá vinha vindo o onze... o doze mais atrás. Aí ele se recolhiasatisfeito como se tivesse cumprido importante missão. Quando voltavam mais cedo para o pouso, o voo baixo e direto, oVelho sabia que logo choveria, como de fato... E, assim, por muito tempo, assim sempre, sempre assim.

Andava disputando a vida com o ipê seco. Era roxo ou era amarelo? Não se lembrava. Malvados, arrancaram as cascasmedicinais do seu ipê condenando-o. Nunca mais flores e, de há muito, nem folhas.

Mas um dia, que sempre há um dia, o sol já havia entrado e a contagem só acusou onze urubus. O Velho saiu do seubanco e andou daqui prali, rodando, achando que errara no contar ou que o faltante poderia estar encoberto por um galhomais grosso. Mas não estava. Virou obsessão. Cada noite, ele beirando a cerca de arame, os ouvidos atentos para o farfalharde asas, que não vinha. Buscara a lamparina, que mal clareava, mas que o ajudou a constatar o faltante. O que acontecera

O velho e os urubus

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com o seu urubu? Acasalara-se? Estaria nalguma fresta da pedreira, preparando o ninho para os ovos? Quase não dormianaquelas noites e o pouco era entrecortado de soninhos, madornas, sonhos malsonhados de sono maldormido. Onde andariao seu urubu?

Precisava ir à pedreira, que não era tão longe, mas impossível para ele, que se andasse muito, o sangue lhe ocorreria atéas alpergatas. “Maldita hemorrêima!” – clamava.

Mandou a Afilhada chamar aquele moço que sempre pegava alguma empreitada. Disse a ele, pedindo-lheencarecidamente, que vasculhassem a pedreira, o que foi feito em vão.

Passavam-se os dias e nada do urubu aparecer. Ele também já pouco se levantava do catre, aperreado, nervoso, cismado,encabulado, o mais para conferir os amigos negros que não passavam de onze. Onde estaria seu décimo segundo apóstolo?E falava com eles, perguntando pelo desaparecido. Alguns grasnavam, decerto respondendo que não sabiam.

O Velho já não se alimentava mais. O leite com farinha agora sendo pouco, quase nada, ele aceitava. Passava com o cafée os inúmeros cigarros feitos, na maior parte, pela Afilhada.

– Um remédio? O Padrinho quer um remédio?Ele negava com a cabeça. Não queria nada, não! Queria era o seu urubu!– Ele voltou? – perguntou o Padrinho.– Não. Não sei... – o que ela sabia contar não passava dos dedos de uma das mãos.Agora nada mais. Não se alimentava nem mais com café e o cigarro. A Afilhada não tinha iniciativa, sempre fora mandada.

Não alcançava as consequências. Não chamou ninguém.Era alta madrugada, ainda, o Velho notou um clarão de aurora e levantouse, afoito. Estava disposto e leve. Saiu para fora.

Divisou, com alegria, todos os doze urubus no velho ipê seco, saltando no gingado desengonçado deles, de um galho a outro,na comemoração de volta do companheiro. E este era todo raio de luz, refulgente, resplendor. Um urubu-pavão, virou, será?– pensou o velho, pelas tais e tantas cores. Aí o resplandecente bateu asas, volteou a árvore, fez círculos curtos em torno doVelho, toda pompa, a cumprimentá-lo, as asas coloridas emanando luz, farfalhou em voo rasante pela cabeça do amigo, aconvidá-lo. Ele, não sabe como, aceitou e partiu voando também, seguindo o seu urubu procurando as camadas favoráveisde ar, planando na gostosura!... Muito admirado, feliz, avistava lá de cima as divisas da fazendola, o gadinho sendo, formadocom os outros, que se juntaram, a esquadrilha da amizade, do reencontro, até que o sol se anunciou, o discão vermelho nohorizonte, o bando se dirigindo para aquela direção, sumindo, sumindo, pintas pretas...

Como já era tarde, o dia avançando, a Afilhada foi até o quarto levar o caneco de café, talvez o Padrinho aceitasse. Seadmirou e ficou também feliz, pois nunca, desde quando chegara àquela casa, vira o padrinho sorrir. E agora, o sorriso dele,tão bonito, o semblante no seu quieto de paz, os olhos abertos, bem abertos, talvez perscrutando horizontes, acompanhandoo seu urubu brilhante.

Tomando como base o conto lido, identifique:u Personagens

o Velho e a Afilhadau Tempo (exemplifique com elementos do texto)

Manhã: O dia rompendo, nascente incandescendo, Fim de Tarde: O sol baixo, entra não entraNoite: Buscara a lamparina, que mal clareava

u ConflitoUm velho já doente se aproximando da morte que tem como entretenimento contar os urubus.

u EspaçoO espaço é a fazenda (curral, curral; casa - alpendre, quarto)

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Qual é o clímax desse conto?

É o momento em que o velho conta os urubus e falta um deles.

2

Qual é o desfecho do conto?

O velho morrer feliz, pois se reencontrou com o urubu que estava faltando.

3

Em sua opinião, por que o Velho não sabia o nome da Afilhada? E por que a Afilhada não sabia o nome do velho?

Pelo fato de o autor querer mostrar a indiferença do relacionamento dos dois.

4

Prática de escrita

Este é o momento de você observar o clímax e o desfecho da sua produção inicial. Caso esses elementos não estejambem definidos, aprimore-os, utilizando os conhecimentos construídos até aqui e muita criatividade. Mãos à obra!

DESAFIO

No conto lido o autor escreve as palavras “Velho e Afilhada” com as letra iniciais maiúsculas. Porque em sua opinião o autor faz isso?A falta de identidade das personagens centrais da histórias revela a frieza das relações humanas (emboraos personagens tivessem umarelação próxima ambos não sabiam seus respectivos nomes).

aula 08

O que devo aprender nesta aulau Partilhar com colegas as percepções de leitura dos contos lidos e/ou ouvidos.

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Ler contos, identificando seus elementos e características próprias.

Conceito

Contoé uma obra de ficção que cria um universo de seres e acontecimentos, de fantasia ou imaginação. O conto apresentaum narrador. Esse narrador pode fazer a narração em 1ª ou em 3ª pessoa. O narrador em 1ª pessoa pode ser chamado denarrador personagem. Ele conta e participa da história como personagem. O narrador na 3ª pessoa pode ser onarradorobservador que conta a história na sem participar das ações. E o narrador-onisciente que também conta a históriaem 3ª pessoa, mas ele conhece tudo sobre os personagens, conhece suas emoções e pensamentos.

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Prática de oralidade

TreChO 1

Prática de leitura

• Quem você acha que está contando essas histórias?• Quem conta as histórias são os próprios personagens?• Os narradores contam as histórias observando-as de maneira imparcial ou conhecemprofundamente os personagens?

Leia os trechos abaixo e, em seguida, responda às perguntas com atenção, em seu aderno, voltando ao textosempre que necessário.

Professor(a), neste momento, retome os trechos abaixo, retirados dos contos “Felicidade Clandestina” e “O velhoe os urubus” e direcione, à classe, questionamentos sobre os tipos de narrador existentes nas narrativas:

[...] Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontemde tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras,sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.

Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu suamãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações anós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vezmais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enormesurpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler! [...]

Felicidade Clandestina

TreChO 2

[...] Mas um dia, que sempre há um dia, o sol já havia entrado e a contagem só acusou onze urubus. O Velho saiudo seu banco e andou daqui prali, rodando, achando que errara no contar ou que o faltante poderia estar encobertopor um galho mais grosso. Mas não estava. Virou obsessão. Cada noite, ele beirando a cerca de arame, os ouvidosatentos para o farfalhar de asas, que não vinha. Buscara a lamparina, que mal clareava, mas que o ajudou a constataro faltante. O que acontecera com o seu urubu? Acasalara-se? Estaria nalguma fresta da pedreira, preparando o ninhopara os ovos? Quase não dormia naquelas noites e o pouco era entrecortado de soninhos, madornas, sonhosmalsonhados de sono maldormido. Onde andaria o seu urubu? [...]

O velho e os urubus

Comparando os dois trechos, você acha que é diferente o modo de contar a história? Por quê?

É importante que o aluno perceba que há diferenças na forma de contar a história nos dois trechos, pois no primeiro, quemconta participa da história e no segundo não há essa participação.

1

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Que tipo de narrador está presente nos dois trechos? Exemplifique com partes do texto.

No trecho 1, a narrativa está em 1ª pessoa, visto que o narrador conta e participa da história ao mesmo tempo; é um narradorpersonagem: “Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer.” Já no trecho 2, há um narrador em 3ª pessoa, o narrador-onisciente. Ele conhece tudo sobre os personagens, suas emoções e pensamentos: “Quase não dormia naquelas noites e o poucoera entrecortado de soninhos, madornas, sonhos malsonhados de sono maldormido. Onde andaria o seu urubu?” O narradorsabe que os sonhos do personagem eram malsonhados e que o sono era maldormido.

2

Reescreva o trecho 1 como se você fosse um narrador-onisciente.

[...] Ela ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes a menina dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde,mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E ela, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras secavando sob os seus olhos espantados. Até que um dia, quando ela estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosaa sua recusa, apareceu a mãe da menina. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta desua casa. A mãe pediu explicação as duas meninas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas.A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe entendeu. Voltou-se para a filhae com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler! [...]

Professor(a) é importante você ressaltar as marcas desse tipo de narração: a onisciência (“E ela, que não eradada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os seus olhos espantados.”); e o emprego da 3ª pessoa:(“Ela ia diariamente...”).

3

Reescreva o trecho 2 como se você fosse um narrador personagem.

[...] Mas um dia, que sempre há um dia, o sol já havia entrado e a minha contagem só acusou onze urubus. Eu saí do meubanco e andei daqui prali, rodando, achando que errara no contar ou que o faltante poderia estar encoberto por um galhomais grosso. Mas não estava. Virou minha obsessão. Cada noite, eu beirava a cerca de arame, com os ouvidos atentos para ofarfalhar de asas, que não vinha. Eu busquei a lamparina, que mal clareava, mas que me ajudou a constatar o faltante. O queacontecera com o meu urubu? Acasalara-se? Estaria nalguma fresta da pedreira, preparando o ninho para os ovos? Quase nãodormia naquelas noites e o pouco era entrecortado de soninhos, madornas, sonhos malsonhados de sono maldormido. Ondeandaria o meu urubu? [...]

4

PRÁTICA DE ESCRITA - DESAFIO

Retome mais uma vez a sua produção, desta vez para observar o tipo de narrador que você empre-gou na sua história. Procure ser bastante coerente, cuidando para que a escolha do foco narrativoperpasse todo o seu texto, não confundindo 1ª e 3ª pessoas. Vale ressaltar, ainda, que se você optoupela narrativa em 3ª pessoa, deve observar também se o narrador é apenas um observador dosfatos, ou conhece as emoções e pensamentos das personagens, ou seja, é um narrador onisciente.

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aula 09

O que devo aprender nesta aulau Partilhar com os colegas as percepções de leitura dos contos lidos e/ou ouvidos.

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Ler contos, identificando seus elementos e características próprias.

u Refletir sobre o emprego das flexões verbais.

ConceitoNum conto literário os tempos verbais são de extrema importância. Verbos são palavras variáveis que têm a propriedade

de localizar o fato no tempo em relação ao momento em que se fala. Podem ser flexionados em três tempos básicos: presente,passado e futuro. O presente indica uma ação, estado ou fenômeno da natureza que ocorre no momento em que se fala; ofuturo, algo que irá ocorrer após o momento em que se fala; e o pretérito, por sua vez, se aplica a fatos anteriores ao momentoda fala. Sempre que o autor quer marcar o grau de certeza de que um fato realmente ocorreu, está previsto ou prestes aocorrer, utiliza o modo indicativo, que retrata situações consideradas reais por parte de quem fala.

Prática de oralidade

Prática de leitura

• Retome os contos “Biruta” e “O velho e os urubus” e localize expressões que marcam o tempo.• No trecho do texto Biruta “Ajoelhou-se, arregaçou as mangas da camisa e começou a lavar os pratos.” Quepalavras marcam o tempo?• O tempo marcado por estas palavras está se realizando, já se realizou ou ainda vai se realizar?• Qual o nome da palavra que indica o tempo em que a ação se desenvolve?

Leia o trecho a seguir, retirado do texto Biruta e, em seguida, responda às questões propostas:

Professor(a), neste momento, retome o conceito do elemento tempo trabalhado na aula 4: uma históriapassa-se num tempo determinado, que pode ser declarado pelo narrador ou que você pode inferir a partirde pistas que o texto fornece.

Professor(a), saliente que o tempo não se restringe apenas às marcações de ano, dias ou períodos do dia,mas que existe uma classe gramatical responsável pelo estudo do tempo, o verbo.

Professor(a), proponha a leitura silenciosa do trecho abaixo. Peça para que os alunos atentem-se às palavrasque dão ideia de tempo.

[...] Lembrou-se do dia em que o cachorro entrou na geladeira e tirou de lá a carne. Leduina ficou desesperada, vinhamvisitas para o jantar, precisava encher os pasteis, “Alonso, você não viu onde deixei a carne?” Ele estremeceu. Biruta!Disfarçadamente foi à garagem no findo do quintal, onde dormia com o cachorro num velho colchão metido num ânguloda parede. Biruta estava lá, deitado bem em cima do travesseiro, com a posta de carne entre as patas, comendo tranquilamente.

Biruta

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Alonso arrancou-lhe a carne, escondeu-a dentro da camisa e voltou à cozinha. Deteve-se na porta ao ouvir Leduína queixar-se à dona Zulu que a carne dasaparecera, aproximava-se a hora do jantar e o açougue já estava fechado, “que é que eu faço,dona Zulu?!”

Ambas estavam na sala. Podia entrever a patroa a escovar freneticamente os cabelos. Ele então tirou a carne de dentroda camisa, ajeitou o papel já todo roto que a envolvia e entrou com a posta na mão.

– Está aqui, Leduína.– Mas falta um pedaço!– Esse pedaço eu tirei pra mim. Eu estava com vontade de comer um bife e aproveitei quando você foi na quitanda.[...]

Prática de análise da língua

Identifique, dentre os seguimentos abaixo, retirados do conto “Biruta” os que se passam no momento em que acon-tecem (presente) e os que já aconteceram (passado - pretérito)

a) “Lembrou-se do dia em que o cachorro entrou na geladeira e tirou de lá a carne.”

passado.b) “Leduina ficou desesperada, vinham visitas para o jantar...”

passado.c) “Alonso, você não viu onde deixei a carne?”

passado.

d) “Biruta estava lá, deitado bem em cima do travesseiro...”

passado.e) “Alonso arrancou-lhe a carne, escondeu-a dentro da camisa e voltou à cozinha.”

passado.

g) “Está aqui, Leduína.”

presente.h) “... que é que eu faço, dona Zulu?!”

presente.

É importante o aluno perceber que, geralmente, os contos, retratam fatos que já aconteceram, por isso há uma granderecorrência do tempo passado.

1

Você reparou que a maioria dos seguimentos aconteceram no passado. Em sua opinião por que ocorre isso?2

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Porque, apesar de o narrador contar um fato que já aconteceu, estes seguimentos, especificamente, retratam diálogos queacontecem no momento da narrativa.

No exercício número 1, bem como no trecho acima, há dois seguimentos no presente: “Está aqui, Leduína.” “...que éque eu faço, dona Zulu?!” Em sua opinião, por que a autora utilizou esse tempo verbal?3

Expressam ações que ocorreram no passado e que no momento da narrativa elas já haviam sido concluídas, pois Alonso já haviapraticado as ações de arrancar e esconder a carne, e voltar à cozinha.

No trecho, “Alonso arrancou - lhe a carne, escondeu - a dentro da camisa e voltou à cozinha.” O que os verbosdestacados expressam com relação ao tempo verbal?4

PRÁTICA DE ESCRITA - DESAFIO

Este é o momento de você observar o emprego dos tempos verbais (passado e presente) em suaprodução inicial. Caso estes elementos não estejam bem definidos, aprimore-os, utilizando os co-nhecimentos construídos até aqui e muita criatividade. Mãos à obra!

aula 10

O que devo aprender nesta aulau Ler contos, identificando seus elementos e características próprias.

u Antecipar o conteúdo das leituras com base em indícios como título do texto, autor, ilustrações, mensagens etc.

u Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, advérbios etc.

u Estabelecer relações entre partes de um texto, identificando repetições ou substituições que contribuem para acontinuidade de um texto.

ConceitoCoesão e coerência: a utilização adequada dos elementos coesivos como conjunções, pronomes, advérbios etc.

permite uma concatenação perfeita entre as partes do texto, estabelece relações lógico-discursivas e forma umaunidade de sentido coesa e coerente.

Prática de oralidade

Professor(a), o objetivo dessa aula é mostrar que determinadas palavras são elementos que dão coesão aotexto. Dessa forma, a percepção de uma determinada relação lógico-discursiva é enfatizada, muitas vezes, pelasexpressões de tempo, de lugar, de comparação, de oposição, de causalidade, de anterioridade, de posteridade,entre outros e, quando necessário, a identificação dos elementos que explicam essa relação. A primeira atividade,como as anteriores, trabalhará com a prática da oralidade. Inicie a aula, perguntando aos estudantes se eles jáleram algum conto de mistério, de suspense, se conhecem algum escritor do gênero. Deixe-os falar, expor suasideias. Converse com eles sobre o título, que hipóteses constroem com base nele. Faça-lhes as seguintes perguntas:

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• O título do texto é “Conto de mistério”. O que vocês acham que será o assunto do texto?• Você conhece algum conto de mistério? Que tal contá-lo para a turma?• Vamos ler hoje um conto do escritor Stanislaw Ponte preta, intitulado “Conto de mistério”. Você conheceeste conto e o seu autor?• Em caso negativo, imagine o mistério de que trata o conto e o seu desfecho.

Prática de leitura

Professor(a), proponha à classe a leitura silenciosa do texto “Conto de mistério”, de Stanislaw Ponte Peta. Oobjetivo desta atividade é tratar de algumas relações de sentido que determinados elos coesivos dão às frases.Comente que algumas palavras indicam também a noção de tempo. Antes de iniciar a leitura do texto, conversecom os estudantes, pergunte se eles se lembram de algumas palavras que indicam quando as ações acontecem.Peça que façam frases em que apareçam essas palavras. Eles devem lembrar-se dos marcadores de tempos maiscomuns: hoje, ontem, amanhã, agora. Lembre-lhes da importância de articular bem o texto, de juntar bem aspartes usando uma palavra que dá o sentido que se quer dar ao trecho.

Com a gola do paletó levantada e a aba do chapéu abaixada, caminhando pelos cantos escuros, era quase impossível aqualquer pessoa que cruzasse com ele ver seu rosto. No local combinado, parou e fez o sinal que tinham já estipulado à guisade senha. Parou debaixo do poste, acendeu um cigarro e soltou a fumaça em três baforadas compassadas. Imediatamente umsujeito mal-encarado, que se encontrava no café em frente, ajeitou a gravata e cuspiu de banda.

Era aquele. Atravessou cautelosamente a rua, entrou no café e pediu um guaraná. O outro sorriu e se aproximou:– Siga-me! – foi a ordem dada com voz cava. Deu apenas um gole no guaraná e saiu. O outro entrou num beco úmido

e mal-iluminado e ele – a uma distância de uns dez a doze passos – entrou também.Ali parecia não haver ninguém. O silêncio era sepulcral. Mas o homem que ia na frente olhou em volta, certificou-se de

que não havia ninguém de tocaia e bateu numa janela. Logo uma dobradiça gemeu e a porta abriu-se discretamente.Entraram os dois e deram numa sala pequena e enfumaçada onde, no centro, via-se uma mesa cheia de pequenos pacotes.

Por trás dela um sujeito de barba crescida, roupas humildes e ar de agricultor parecia ter medo do que ia fazer. Não hesitou– porém – quando o homem que entrara na frente apontou para o que entrara em seguida e disse: “É este”.

O que estava por trás da mesa pegou um dos pacotes e entregou ao que falara. Este passou o pacote para o outro eperguntou se trouxera o dinheiro. Um aceno de cabeça foi a resposta. Enfiou a mão no bolso, tirou um bolo de notas eentregou ao parceiro. Depois se virou para sair. O que entrara com ele disse que ficaria ali.

Saiu então sozinho, caminhando rente às paredes do beco. Quando alcançou uma rua mais clara, assoviou para um táxique passava e mandou tocar a toda pressa para determinado endereço. O motorista obedeceu e, meia hora depois, entravaem casa a berrar para a mulher:

– Julieta! Ó Julieta... Consegui.A mulher veio lá de dentro enxugando as mãos em um avental, a sorrir de felicidade. O marido colocou o pacote sobre

a mesa, num ar triunfal. Ela abriu o pacote e verificou que o marido conseguira mesmo. Ali estava: um quilo de feijão.

Stanislaw Ponte Preta

Conto de mistério

Disponível em: www.casadobruxo.com.br. PORTO, Sérgio (Stanislaw Ponte Preta) Conto de Mistério. Acesso: 11.12.2012

A escassez de alguns produtos e a dificuldade para adquiri-los.

O que poderia estar acontecendo para o personagem ter passado por tanto suspense para obter aquele simplesquilo de feijão?1

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Escuro, úmido, mal iluminado, sepulcral, pequena, esfumaçada,

Alguns elementos linguísticos ajudam a construir o mistério no conto. Destaque alguns como os adjetivos quedescrevem o ambiente, dando a ideia de mistério.2

Prática de análise da língua

A palavra quando estabelece no texto uma relação lógico discursiva que expressa ideia de tempo.

Neste caso, exprime ideia de conclusão.

Releia o trecho:

“Não hesitou – porém – quando o homem que entrara na frente apontou para o que entrara em seguida e disse:“É este”. Que ideia expressa o termo destacado?

1

Leia novamente este trecho: “Saiu então sozinho, caminhando rente às paredes do beco”. Que ideia a palavraentão expressa no contexto?2

Ali se refere ao “beco úmido e mal iluminado” onde os personagens entraram.

No trecho: “Ali parecia não haver ninguém.”A que termo a palavra ali se refere?3

PRÁTICA DE ESCRITA - DESAFIO

Que tal vocês modificarem o fim do conto? Crie um final bem interessante para o Conto de mistério.Não se esqueça de usar palavras para criar emoção e suspense.

aula 11

O que devo aprender nesta aulau Ler contos em diferentes suportes.

u Compreender o sentido global do gênero conto.

u Ler conto de mistério, identificando seus elementos textuais.

Prática de oralidade

Retome o Conto de Mistério, estudado na aula anterior. Qual o seu tema?

O tema é a compra de um quilo de feijão como se fosse algo perigoso, mesmo criminoso.1

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Como se constrói o clima de mistério no conto?

O mistério vai se fazendo a partir de meias informações, situações suspeitas que deixam no ar a possibilidade de que algoinesperado vá acontecer a qualquer momento.

2

A partir do conto é possível fazer uma descrição dos personagens? Por quê?

Não é possível descrever os personagens porque em nenhum momento aparece uma descrição clara; é como se todo otempo tentassem se esconder

3

E quanto ao ambiente? Como ele se encaixa no mistério do conto?

Também o espaço aparece parcialmente descrito ou então é descrito como sombrio, perigoso.

Professor(a), volte ao texto com os alunos e busque exemplos do que está sendo discutido; é importante queos estudantes vejam as características do conto de mistério a partir do próprio texto.

4

ConceitoOs contos de suspense ou mistério se caracterizam, entre outros elementos, por apresentar um crime ou um

mistério a ser desvendado; há sempre um mistério a ser desvendado. O suspense, o medo e o desejo de saber sãoingredientes importantes na trama e a investigação do enigma corresponde ao foco principal da história.

Prática de leituraLeia outro conto de mistério, a seguir, e responda às questões propostas:

O Inspetor Arruda acaba de receber um telefonema misterioso. A pessoa do outro lado da linha estava desesperada:– Por favor, venha depressa! Houve um assalto aqui na Rua do Beco 45... Uiii, acho que vou desmaiar...E dizendo isso, a ligação foi interrompida. O inspetor ainda escutou o barulho de alguma coisa caindo no chão.

Pelo barulho parecia um corpo... Chegando no local indicado, o Inspetor entrou e viu uma pessoa caida no chão ao lado de um birô.Em sua cabeça havia um grande galo, o que indicava que ele fora atingido por alguém. O mesmo ainda estava

desacordado...O Inspetor aproveitou o tempo para analisar a cena do crime, e constatou que um cofre, que havia no local, fora

arrombado e limpo pelo gatuno.O homem ao acordar lhe relatou:– Sou o tesoureiro e o último a sair sempre. Escapei por sorte. Um homem armado entrou na sala e me atingiu

com uma coronhada. Ainda consegui alcançar o telefone, e quando estava conversando com o senhor, não maisaguentei e desmaiei caindo no chão...

Após analisar tudo o Inspetor concluiu que ele estava mentindo. O que levou o Inspetor a deduzir isso?

Alberto Filho

O Caso do Cofre Arrombado

http://sitededicas.uol.com.br/enigma_17a.htm

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Leia o conceito apresentado acima e relacione-o ao conto lido. Escreva um comentário comprovando que se tratarealmente de um conto de mistério.

Professor(a), observe se os estudantes relacionam os elementos apontados no conceito como o mistério aser resolvido, o desejo de desvendar a história, a investigação do mistério como foco principal.

Professor(a), as respostas poderão ser variadas, já que não é dada nenhuma informação que leve a essaconclusão. Aproveite para mostrar aos estudantes a importância de serem dadas todas as informaçõesnecessárias à resolução do mistério.

1

Qual o mistério a ser resolvido?

O mistério é descobrir quem roubou o cofre.

2

Que pistas nos são dadas para a resolução do mistério?

O telefonema, a fala do homem, a descrição do local.

3

A conclusão do inspetor ao final da investigação é de que o homem estava mentindo. Como ele poderia saber?

O Inspetor Arruda, sabe que o tesoureiro está mentindo, porque se tudo tivesse acontecido como ele dissera, o telefone nãopoderia estar intocado, sobre o gancho.

4

PRÁTICA DE ESCRITA - DESAFIO

Você verá agora a solução para o mistério do cofre roubado.

SOLUÇÃO:O Inspetor Arruda sabe que o tesoureiro está mentindo, porque se tudo tivesse acontecido como eledissera, o telefone não poderia estar intocado, sobre o gancho. Seria mais lógico que ao interromper aligação, no momento do desmaio, o telefone tivesse caído no chão junto com ele. Mas, não foi o queo inspetor encontrou ao chegar ao local do assalto, quando ainda a suposta vítima estava desacordada.E então, o que você achou desse final? Se fosse você o autor, como resolveria esse caso? Escrevaum novo desfecho com a sua versão.

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aula 12

O que devo aprender nesta aulau Ler conto de autor goiano.

u Partilhar com os colegas as percepções de leitura do conto lido.

u Conhecer a cultura local, com base nos aspectos culturais e linguísticos presentes no conto.

u Observar o uso da língua de maneira a dar conta da variação intrínseca.

u Analisar as formas do oral, o falar cotidiano, as marcas da goianidade no conto lido.

Conceito

Prática de leitura

Leia o texto abaixo e, em seguida, responda às questões propostas:

O conto deve produzir, em quem o lê, um efeito de impacto. Esse efeito tanto pode resultar da natureza insólitado que foi contado, da feição surpreendente do episódio ou do modo como foi contado.

Professor(a), inicie esta atividade antecipando com entusiasmo e emoção a leitura do texto Nhola dos Anjos ea cheia do Corumbá, de Bernardo Élis, com o objetivo de despertar nos estudantes a curiosidade e o interessepela literatura goiana. Apresente-lhes o título e o autor e pergunte-lhes se conhecem a história ou se já leramoutros textos desse autor, se já ouviram falar dele etc.

Fale um pouco desse grande escritor goiano e, se possível, mostre-lhes o livro (suporte textual) onde foi publicadoeste conto. Diga-lhes, ainda, que a história que irão ler aconteceu no interior de Goiás. Enfim, faça uma boapropaganda para que os estudantes façam antecipações e sintam-se motivados para a leitura do texto.

Bernardo Élis Fleury de Campos Curado (1915 – 1997), nasceu em Corumbá de Goiás (GO).Advogado, professor, poeta, contista e romancista. Em 1939, transferiu-se para Goiânia, onde foinomeado secretário da Prefeitura Municipal, tendo exercido as funções de prefeito por duas vezes.Com um livro de poesias e outro de contos, que pretendia publicar, mudou-se para a cidade do Riode Janeiro, em 1942. Não conseguindo seu intento, voltou a Goiás. Fundou a revista Oeste e nelapublicou o conto “Nhola dos Anjos e a cheia do Corumbá”. Recebeu vários prêmios, dentre eles oPrêmio Jabuti, e ingressou na Academia Brasileira de Letras em 1975.

– Fio, fais um zoio de boi lá fora pra nois.– O menino saiu do rancho com um baixeiro na cabeça, e no terreiro, debaixo da chuva miúda e continuada, enfincou

o calcanhar na lama, rodou sobre ele o pé, riscando com o dedão uma circunferência no chão mole – outra e mais outra.Três círculos entrelaçados, cujos centros formavam um triângulo equilátero. Isto era simpatia para fazer estiar. E o meninovoltou: – Pronto, vó

Bernardo Élis

Nhola dos Anjos e a cheia do Corumbá

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– O rio já encheu mais? – perguntou ela– Chi, tá um mar d’água! Qué vê, espia, – e apontou com o dedo para fora do rancho. A velha foi até a porta e lançou

a vista. Para todo lado havia água. Somente para o sul, para a várzea, é que estava mais enxuto, pois o braço do rio aí erapequeno. A velha voltou para dentro, arrastando-se pelo chão, feito um cachorro, cadela, aliás: era entrevada. Havia vinteanos apanhara um “ar de estupor” e desde então nunca mais se valera das pernas, que murcharam e se estorceram.

Começou a escurecer nevroticamente. Uma noite que vinha vagarosamente, irremediavelmente, como oprogresso de uma doença fatal. O Quelemente, filho da velha, entrou. Estava ensopadinho da silva. Dependurounuma forquilha a caroça, – que é a maneira mais analfabeta de se esconder da chuva, – tirou a camisa molhada docorpo e se agachou na beira da fornalha.

– Mãe, o vau tá que tá sumino a gente. Este ano mesmo, se Deus ajudá, nois se muda. Onde ele se agachou, estavaagora uma lagoa, da água escorrida da calça de algodão grosso.

A velha trouxe-lhe um prato de folha e ele começou a tirar, com a colher de pau, o feijão quente da panela de barro.Era um feijão brancacento, cascudo, cozido sem gordura. Derrubou farinha de mandioca em cima, mexeu e pôs-se a fazergrandes capitães com a mão, com que entrouxava a bocarra.

Agora a gente só ouvia o ronco do rio lá embaixo – ronco confuso, rouco, ora mais forte, ora mais fraco, como se fosseum zunzum subterrâneo.

A calça de algodão cru do roceiro fumegava ante o calor da fornalha, como se pegasse fogo.Já tinha pra mais de oitenta anos que os dos Anjos moravam ali na foz do Capivari no Corumbá. O rancho se erguia

num morrote a cavaleiro de terrenos baixos e paludosos. A casa ficava num triângulo, de que dois lados eram formadospor rios, e o terceiro, por uma vargem de buritis. Nos tempos de cheias os habitantes ficavam ilhados, mas a passagem davárzea era rasa e podia-se vadear perfeitamente. No tempo da guerra do Lopes, ou antes ainda, o avô de Quelementeveio de Minas e montou ali sua fazenda de gado, pois a formação geográfica construíra um excelente apartador. O gado,porém, quando o velho morreu, já estava quase extinto pelas ervas daninhas. Daí para cá foi a decadência. No lugar dacasa de telhas, que ruiu, ergueram um rancho de palhas. A erva se incumbiu de arrasar o

resto do gado e as febres as pessoas. “– Este ano, se Deus ajudá, nois se muda.” Há quarenta anos a velha Nhola vinha ouvindo aquela conversa fiada. A

princípio fora seu marido: “– Nois precisa de mudá, pruquê senão a água leva nois”. Ele morreu de maleita e os outroscontinuaram no lugar. Depois era o filho que falava assim, mas nunca se mudara. Casara-se ali: tivera um filho; a mulherdele, nora de Nhola, morreu de maleita. E ainda continuaram no mesmo lugar a velha Nhola, o filho Quelemente e oneto, um biruzinho sempre perrengado.

A chuva caía meticulosamente, sem pressa de cessar. A palha do rancho porejava água, fedia a podre, derrubando dentroda casa uma infinidade de bichos que a sua podridão gerava. Ratos, sapos, baratas, grilos, aranhas,o diabo refugiavase alidentro, fugindo à inundação, que aos poucos ia galgando a perambeira do morrote.Quelemente saiu ao terreiro e olhou anoite. Não havia céu, não havia horizonte – era aquela coisa confusa, translúcida e pegajosa. Clareava as trevas o brancoleitoso das águas que cercavam o rancho. Ali pras bandas da vargem é que ainda se divisava o vulto negro e mal recortado domato. Nem uma estrela. Nem um pirilampo. Nem um relâmpago. A noite era feito um grande cadáver, de olhos abertos eembaciados. Os gritos friorentos das marrecas povoavam de terror o ronco medonho da cheia.

No canto escuro do quarto, o pito da velha Nhola acendia-se e apagava-se sinistramente, alumiando seu rostomacilento e fuxicado.

– Ocê bota a gente hoje em riba do jirau, viu? – pediu ela ao filho. – Com essa chuveira de dilúvio, tudo quanto émundice entra pro rancho e eu num quero drumi no chão não.

Ela receava a baita cascavel que inda agorinha atravessara a cozinha numa intimidade pachorrenta.Quelemente sentiu um frio ruim no lombo. Ele dormia com a roupa ensopada, mas aquele frio que estava sentindo

era diferente. Foi puxar o baixeiro e nisto esbarrou com água. Pulou do jirau no chão e a água subiu-lhe ao umbigo. Sentiuum aperto no coração e uma tonteira enjoada. O rancho estava viscosamente iluminado pelo reflexo do líquido. Uma luzcansada e incômoda, que não permitia divisar os contornos das coisas. Dirigiu-se ao jirau da velha. Ela estava agachadasobre ele, com um brilho aziago no olhar.

Lá fora o barulhão confuso, subterrâneo, sublinhado pelo uivo de um cachorro.– Adonde será que tá o chulinho?

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Foi quando uma parede do rancho começou a desmoronar. Os torrões de barro do pau-a-pique se desprendiam dosamarrilhos de embiras e caíam nágua com um barulhinho brincalhão – tchibungue – tibungue. De repente, foi-se todo opano de parede. As águas agitadas vieram banhar as pernas inúteis de mãe Nhola:

– Nossa Senhora d›Abadia do Muquém!– Meu Divino Padre Eterno! O menino chorava aos berros, tratando de subir pelos ombros da estuporada e alcançar

o teto. Dentro da casa, boiavam pedaços de madeira, cuias, coités, trapos e a superfície do líquido tinha umas contorçõesdiabólicas de espasmos epiléticos, entre as espumas alvas.

– Cá, nego, cá, nego – Nhola chamou o chulinho que vinha nadando pelo quarto, soprando a água. O animal subiuao jirau e sacudiu o pelo molhado, tremulo, e começou a lamber a cara do menino.

O teto agora começava a desabar, estralando, arriando as palhas no rio, com um vagar irritante, com uma calmaperversa de suplício. Pelo vão da parede desconjuntada podia-se ver o lençol branco. – que se diluía na cortina diáfana.leitosa do espaço repleto de chuva. – e que arrastava as palhas, as taquaras da parede, os detritos da habitação. Tudo issodescia em longa fila, aos mansos boléus das ondas, ora valsando em torvelinhos, ora parando nos remansos enganadores.A porta do rancho também ia descendo. Era feita de paus de buritis amarrados por embiras.

Quelemente nadou, apanhou-a, colocou em cima a mãe e o filho, tirou do teto uma ripa mais comprida para servirde varejão, e lá se foram derivando, nessa jangada improvisada.

– E o chulinho? – perguntou o menino, mas a única resposta foi mesmo o uivo do cachorro.Quelemente tentava atirar a jangada para a vargem, a fim de alcançar as árvores. A embarcação mantinha-se a coisa

de dois dedos acima da superfície das águas, mas sustinha satisfatoriamente a carga. O que era preciso era alcançar avargem, agarrar-se aos galhos das árvores, sair por esse único ponto mais próximo e mais seguro. Daí em diante o riopegava a estreitar-se entre barrancos atacados, até cair na cachoeira. Era preciso evitar essa passagem, fugir dela. Ainda setivesse certeza de que a enchente houvesse passado acima do barranco e extravasado pela campina adjacente a ele, podia-se salvar por ali. Do contrário, depois de cair no canal, o jeito era mesmo espatifar-se na cachoeira.

– É o mato? – perguntou engasgadamente Nhola, cujos olhos de pua furavam o breu da noite.Sim. O mato se aproximava, discerniam-se sobre o líquido grandes manchas, sonambulicamente pesadas, emergindo

do insondável – deviam ser as copas das árvores. De súbito, porém, a sirga não alcançou mais o fundo. A correnteza pegoua jangada de chofre, fê-la tornear rapidamente e arrebatou-a no lombo espumarento. As três pessoas agarraram-sefreneticamente aos buritis, mas um tronco de árvore que derivava chocou-se com a embarcação, que agora corria nagarupa da correnteza.

Quelemente viu a velha cair nágua, com o choque, mas não pôde nem mover-se: procurava, por milhares de cálculos,escapar à cachoeira, cujo rugido se aproximava de uma maneira desesperadora. Investigava a treva, tentado enxergar osbarrancos altos daquele ponto do curso. Esforçava-se para identificar o local e atinar com um meio capaz de os salvardaquele estrugir encapetado da cachoeira.

A velha debatia-se, presa ainda à jangada por uma mão, despendendo esforços impossíveis por subir novamente paraos buritis. Nisso Quelemente notou que a jangada já não suportava três pessoas. O choque com o tronco de árvore haviaarrebentado os atilhos e metade dos buritis havia-se desligado e rodado. A velha não podia subir, sob pena de irem todospara o fundo. Ali já não cabia ninguém. Era o rio que reclamava uma vítima.

As águas roncavam e cambalhotavam espumejantes na noite escura que cegava os olhos, varrida de um vento frio esibilante. A nado, não havia força capaz de romper a correnteza nesse ponto. Mas a velha tentava energicamente treparnovamente para os buritis, arrastando as pernas mortas que as águas metiam por baixo da jangada. Quelemente notouque aquele esforço da velha estava fazendo a embarcação perder a estabilidade. Ela já estava quase abaixo das águas. Avelha não podia subir. Não podia. Era a morte que chegava. abraçando Quelemente com o manto líquido das águas semfim. Tapando a sua respiração, tapando seus ouvidos, seus olhos, enchendo sua boca de água, sufocando-o, sufocando-o,apertando sua garganta. Matando seu filho que era perrengue e estava grudado nele.

Quelemente segurou-se bem aos buritis e atirou um coice valente na cara aflissurada da velha Nhola. Ela afundou-separa tornar a aparecer, presa ainda à borda da jangada, os olhos fuzilando numa expressão de incompreensão e terrorespantado. Novo coice melhor aplicado e um tufo d’água espirrou no escuro. Aquele último coice, entretanto,desequilibrou a jangada, que fugiu das mãos de Quelemente, desamparando-o no meio do rio.

Ao cair, porém, sem querer, ele sentiu sob seus pés o chão seguro. Ali era um lugar raso. Devia ser a campina adjacente

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Caminhos das Gerais, Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1975

ao barranco. Era raso. O diabo da correnteza, porém, o arrastava, de tão forte. A mãe, se tivesse pernas vivas, certamenteteria tomado pé, estaria salva. Suas pernas, entretanto, eram uns molambos sem governo, um estorvo.

Ah! se ele soubesse que aquilo era raso, não teria dado dois coices na cara da velha, não teria matado uma entrevadaque queria subir para a jangada num lugar raso, onde ninguém se afogaria se a jangada afundasse...

Mas quem sabe ela estava ali, com as unhas metidas no chão, as pernas escorrendo ao longo do rio?Quem sabe ela não tinha rodado? Não tinha caído na cachoeira. Cujo ronco escurecia mais ainda atreva?– Mãe, ô, mãe!– Mãe, a senhora tá aí?E as águas escachoantes, rugindo, espumejando, refletindo cinicamente a treva do céu parado, do céu defunto, do céu

entrevado, estuporado.– Mãe, ô, mãe! Eu num sabia que era raso.– Espera aí, mãe!O barulho do rio ora crescia, ora morria e Quelemente foi-se metendo por ele a dentro. A água barrenta e furiosa

tinha vozes de pesadelo, resmungo de fantasmas, timbres de mãe ninando filhos doentes, uivos ásperos de cães danados.Abriam-se estranhas gargantas resfolegantes nos torvelinhos malucos e as espumas de noivado ficavam boiando por cima,como flores sobre túmulos.

– Mãe! – lá se foi Quelemente, gritando dentro da noite, até que a água lhe encheu a boca aberta, lhe tapou o nariz,lhe encheu os olhos arregalados, lhe entupiu os ouvidos abertos à voz da mãe que não respondia, e foi deixá-lo, empazinado,nalgum perau distante, abaixo da cachoeira.

A que se refere o título do texto?

À personagem de nome Nhola dos Anjos, mãe de Quelemente que morre afogada, na enchente do rio Corumbá.

1

Por que Clemente, ao invés de tentar salvar sua mãe, a empurrou para dentro do rio?

Porque a jangada, com os atilhos arrebentados no choque com a árvore, não mais suportava três pessoas. Se ela subisse, todosiriam para o fundo do rio.

2

Qual foi a reação de Quelemente ao perceber que a mãe fora tragada pelas águas do rio?

Quelemente fica totalmente desesperado, pois fora responsável pela morte de sua mãe.

3

Que final é reservado a Quelemente?

Ele também morre afogado nas águas do rio Corumbá.

4

Prática de oralidade

1. Como se sentiu ao ler a história?2. Você acha que este fato aconteceu realmente?3. A enchente é uma ação que acontece nos dias atuais?4. O que podemos fazer para impedir esta ação da natureza?

Professor, com os estudantes em círculo, abra um espaço para os comentários sobre o conto lido. Proponhauma discussão coletiva, dando oportunidade para que todos participem dessa socialização.

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Prática de análise da língua

DESAFIO

Destacamos, abaixo, todas as palavras e expressões presentes no texto que são marcas da goianidade.O autor faz uso dessas palavras e expressões para marcar a cultura local, dar vida, beleza e espon-taneidade ao texto. Explique o significado de cada expressão, no quadro abaixo:

• – Fio fais um zoio de boi lá fora pra nois• ... enfincou o calcanhar na lama (...) Isto era simpatia para fazer estiar.• – Chi, tá um mar d’água! Que vê, espia...• Estava ensopadinho da silva.• Dependurou numa forquilha a caroça• ... mexeu e pôs-se a fazer grandes capitães com a mão...• ... um biruzinho sempre perrengado.• – Ocê bota agente hoje em riba do jirau• O menino saiu do rancho com um baixeiro na cabeça...• – Adonde será que tá chulinho?• Eu num sabia que era raso.

Professor(a), chame a atenção dos estudantes para as variações linguísticas. Procuremostrar-lhes que o autor faz uso de palavras e expressões para marcar a cultura local, darvida, beleza e espontaneidade ao texto.Para isso, recorte as expressões em tiras de papel e distribua-as entre os grupos. Peça-lhesque procurem explicar seu significado na região local, e em seguida, elabore o resultadodesse trabalho em cartaz conforme modelo abaixo.

EXPRESSÕES SIGNIFICADO

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Amplie o quadro buscando, junto aos familiares e à comunidade, expressões que caracterizem agoianidade, ou seja, o jeito goiano de falar.

Professor(a), socialize o resultado da pesquisa pedindo-lhes que confirmem ossignificados no dicionário.

aula 13

O que devo aprender nesta aulau Identificar informações explícitas e implícitas para a compreensão de textos.

u Analisar o efeito de sentido produzido pelo uso de figuras de linguagem.

Prática de oralidade

• Você sabe o que são figuras de linguagem?• Para que elas servem?• Quais figuras de linguagem você conhece?

Conceito

Figuras de linguagem são recursos linguísticos utilizados na fala ou na escrita para tornar mais expressiva amensagem transmitida. Reconhecer as figuras de linguagem, além de auxiliar o leitor compreender melhor os textosliterários, deixa-os mais sensíveis à beleza da linguagem e ao significado simbólico das palavras e dos textos. Sãoexemplos de figuras de linguagem:

Metáfora é uma figura de linguagem em que há o emprego de uma palavra ou uma expressão, em um sentidoque não é o seu usual, por uma relação de semelhança entre os dois termos.

Comparação é uma figura de linguagem que consiste em atribuir características de um ser a outro, em virtudede uma determinada semelhança. Ela se diferencia da metáfora por ser feita por meio de um conectivo (com, como,parecia, tal, qual, assim, quanto, etc.).

Prosopopeia é uma figura de linguagem que atribui características humanas a seres inanimados. Tambémpodemos chamá-la de personificação.

Sinestesia é uma figura de linguagem que consiste na fusão de impressões sensoriais diferentes, por exemplo:o gosto com o cheiro, ou a visão com o tato.

Gradação é uma figura de linguagem que consiste em dispor as ideias em ordem crescente ou decrescente.Quando o encadeamento das ideias se faz na ordem crescente temos o “clímax”, ou seja, o encadeamento caminhaem direção ao “clímax”; quando em ordem decrescente, ao “anticlímax”.

Professor(a), nesse momento, você poderá acrescentar outras questões que julgar importantes para asensibilização, desde que se observe o tempo de execução da aula. Atente-se para a importância dessaatividade, já que, por meio dela, você perceberá os conhecimentos que os estudantes têm sobre o assunto.Assim, observe se as respostas dadas são coerentes com o que foi perguntado. Registre na lousa aquilo quejulgar importante, verificando a necessidade de intervenções durante esta sequência.

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Professor(a), é fundamental que esses conceitos sejam discutidos e ampliados a partir das consideraçõesfeitas pelos estudantes. Em seguida, proponha - lhes que façam a leitura silenciosa do texto abaixo, tendoo cuidado de trabalhar estratégias, como a antecipação e inferência, com base em elementos do texto einformações sobre a autora.

Marina Colasanti (Asmara, Etiópia, 1937) chegou ao Brasil em 1948, e sua família se radicou noRio de Janeiro. Entre 1952 e 1956 estudou pintura com Catarina Baratelle; em 1958 já participavade vários salões de artes plásticas, como o III Salão de Arte Moderna. Nos anos seguintes, atuoucomo colaboradora de periódicos, apresentadora de televisão e roteirista. Em 1968, foi lançado seuprimeiro livro, Eu Sozinha; de lá para cá, publicaria mais de 30 obras, entre literatura infantil eadulta. Seu primeiro livro de poesia, Cada Bicho seu Capricho, saiu em 1992. Em 1994 ganhou oPrêmio Jabuti de Poesia, por Rota de Colisão (1993), e o Prêmio Jabuti Infantil ou Juvenil, por AnaZ Aonde Vai Você?. Suas crônicas estão reunidas em vários livros, dentre os quais Eu Sei, mas nãoDevia (1992). Nelas, a autora reflete, a partir de fatos cotidianos, sobre a situação feminina, o amor,a arte, os problemas sociais brasileiros, sempre com aguçada sensibilidade.

Prática de leitura

Leia o conto “A Moça Tecelã”, de Marina Colasanti e, em seguida, responda às questões que se seguem:

Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da noite. E logo sentava-se ao tear.Linha clara, para começar o dia. Delicado traço cor da luz, que ela ia passando entre os fios estendidos, enquanto

lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte.Depois lãs mais vivas, quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longo tapete que nunca acabava.Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na lançadeira grossos fios cinzentos do

algodão mais felpudo. Em breve, na penumbra trazida pelas nuvens, escolhia um fio de prata, que em pontos longosrebordava sobre o tecido. Leve, a chuva vinha cumprimentá-la à janela.

Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e espantavam os pássaros, bastava a moçatecer com seus belos fios dourados, para que o sol voltasse a acalmar a natureza.

Assim, jogando a lançadeira de um lado para outro e batendo os grandes pentes do tear para frente e para trás, amoça passava os seus dias.

Nada lhe faltava. Na hora da fome tecia um lindo peixe, com cuidado de escamas. E eis que o peixe estava namesa, pronto para ser comido. Se sede vinha, suave era a lã cor de leite que entremeava o tapete. E à noite, depois delançar seu fio de escuridão, dormia tranquila.

Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.Mas tecendo e tecendo, ela própria trouxe o tempo em que se sentiu sozinha, e pela primeira vez pensou em

como seria bom ter um marido ao lado.Não esperou o dia seguinte. Com capricho de quem tenta uma coisa nunca conhecida, começou a entremear no

tapete as lãs e as cores que lhe dariam companhia. E aos poucos seu desejo foi aparecendo, chapéu emplumado, rostobarbado, corpo aprumado, sapato engraxado. Estava justamente acabando de entremear o último fio da ponta dossapatos, quando bateram à porta.

Nem precisou abrir. O moço meteu a mão na maçaneta, tirou o chapéu de pluma, e foi entrando em sua vida.Aquela noite, deitada no ombro dele, a moça pensou nos lindos filhos que teceria para aumentar ainda mais a

sua felicidade.

Marina Colasanti

A Moça Tecelã

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E feliz foi, durante algum tempo. Mas se o homem tinha pensado em filhos, logo os esqueceu. Porque tinhadescoberto o poder do tear, em nada mais pensou a não ser nas coisas todas que ele poderia lhe dar.

– Uma casa melhor é necessária – disse para a mulher. E parecia justo, agora que eram dois. Exigiu que escolhesseas mais belas lãs cor de tijolo, fios verdes para os batentes, e pressa para a casa acontecer.

Mas pronta a casa, já não lhe pareceu suficiente.– Para que ter casa, se podemos ter palácio? – perguntou. Sem querer resposta imediatamente ordenou que fosse

de pedra com arremates em prata.Dias e dias, semanas e meses trabalhou a moça tecendo tetos e portas, e pátios e escadas, e salas e poços. A neve

caía lá fora, e ela não tinha tempo para chamar o sol. A noite chegava, e ela não tinha tempo para arrematar o dia.Tecia e entristecia, enquanto sem parar batiam os pentes acompanhando o ritmo da lançadeira.

Afinal o palácio ficou pronto. E entre tantos cômodos, o marido escolheu para ela e seu tear o mais alto quartoda mais alta torre.

– É para que ninguém saiba do tapete – ele disse. E antes de trancar a porta à chave, advertiu: – Faltam asestrebarias. E não se esqueça dos cavalos!

Sem descanso tecia a mulher os caprichos do marido, enchendo o palácio de luxos, os cofres de moedas, as salasde criados. Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.

E tecendo, ela própria trouxe o tempo em que sua tristeza lhe pareceu maior que o palácio com todos os seustesouros. E pela primeira vez pensou em como seria bom estar sozinha de novo.

Só esperou anoitecer. Levantou-se enquanto o marido dormia sonhando com novas exigências. E descalça, paranão fazer barulho, subiu a longa escada da torre, sentou-se ao tear.

Desta vez não precisou escolher linha nenhuma. Segurou a lançadeira ao contrário, e jogando-a veloz de um ladopara o outro, começou a desfazer seu tecido. Desteceu os cavalos, as carruagens, as estrebarias, os jardins. Depoisdesteceu os criados e o palácio e todas as maravilhas que continha. E novamente se viu na sua casa pequena e sorriupara o jardim além da janela.

A noite acabava quando o marido estranhando a cama dura, acordou, e, espantado, olhou em volta. Não tevetempo de se levantar. Ela já desfazia o desenho escuro dos sapatos, e ele viu seus pés desaparecendo, sumindo aspernas. Rápido, o nada subiu-lhe pelo corpo, tomou o peito aprumado, o emplumado chapéu.

Então, como se ouvisse a chegada do sol, a moça escolheu uma linha clara. E foi passando-a devagar entre os fios,delicado traço de luz, que a manhã repetiu na linha do horizonte.

Extraído do livro Doze Reis e a Moça no Labirinto do Vento, Global Editora , Rio de Janeiro, 2000

Prática de leitura

Observe o trecho do primeiro parágrafo “Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás dasbeiradas da noite.” Que impressões sensoriais estão presentes nele? E qual o efeito de sentido que ela provoca?

As impressões sensoriais são visão e audição. Ao utilizar a expressão “ouvir o sol”, a autora faz uso da sinestesia, figura delinguagem que contribui para intensificar a interação da personagem com a natureza. Ela não só vê, como ouve o sol..

1

Aponte no texto o parágrafo construído basicamente por prosopopeia e explique o efeito de sentido que essa fi-gura de linguagem emprega ao texto.

O quinto parágrafo é construído basicamente por prosopopeia. Essa figura de linguagem está a serviço do gênero “conto defadas” onde, geralmente, tudo cria vida e passa a compor um quadro único. No texto, em questão, a natureza cria vida a partirdo tear e das mãos da moça tecelã e passa a interagir com ela em perfeita harmonia.

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No fragmento retirado do texto “Dias e dias, semanas e meses trabalhou a moça tecendo tetos e portas…”, há apresença de uma gradação crescente (clímax) ou decrescente (anticlímax)? Explique.

Nesse fragmento, há a presença de uma gradação crescente (clímax), ou seja, a moça começou tecendo em dias, depois semanase por fim meses. Cada vez mais ela ia tecendo, conforme a exigência do marido ia aumentando.

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No texto A moça tecelã, as características das linhas escolhidas para tecer revelam, metaforicamente, dentre outrascoisas, o estado de espírito da moça. Explique a relação das cores das linhas escolhidas no início e no final dotexto para demonstrar o estado de espírito da moça.

A moça tecelã inicia o conto com cores claras para tecer os dias alegres, cheios de sol e de vida. Com as exigências domarido, ela vai perdendo a felicidade, até que resolve desfazer tudo e, no final, termina com os mesmos fios claros, alegres,cheios de vida em que vai tecendo novamente feliz os dias.

Professor(a), a correção dos exercícios é fundamental, o que pode ser feito de forma coletiva, enfatizandorespostas esperadas, já que são exercícios discursivos. É importante observar, nesse momento, se asexpectativas de aprendizagem foram alcançadas.

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PRÁTICA DE ESCRITA - DESAFIO

Retome seu conto e observe se a sua escrita deixará o (a) leitor (a) mais sensível à beleza da lingua-gem e ao significado simbólico das palavras. Caso não tenha explorado a linguagem metafórica,este é o momento de fazê-lo. Então, vamos lá: utilize os conhecimentos construídos nesta aula euma boa dose de sensibilidade para deixar o seu texto mais poético, mais literário.

aula 14

O que devo aprender nesta aulau Partilhar com os colegas as percepções de leitura de contos lidos e ouvidos.

u Valorizar a leitura literária como fonte de entretenimento e prazer.

u Antecipar o conteúdo das leituras com base em indícios como autor, título do texto, ilustrações.

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Analisar o emprego dos discursos direto, indireto e indireto livre, distinguindo as falas do narrador e das personagensnos contos literários.

Conceito

De acordo com o dicionário Discurso é uma palavra de origem latina discursu(m) e significa: ação de correrpor/ou para várias partes. Discorrer sobre vários assuntos. No plano da oratória, designa a elocução pública, quevisa a comover e persuadir. Temos três tipos de discursos:

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Discurso direto - O narrador reproduz o discurso com as próprias palavras do interlocutor. Esse discurso possuiduas características fundamentais: a primeira é que a fala do personagem vem introduzida por um verbo dicendi, isto é,um verbo que anuncia uma fala. A segunda característica é que antes da fala da personagem há geralmente, dois pontose travessão.

Discurso indireto - O narrador usa suas próprias palavras para comunicar o que as personagens disseram. As falasdos personagens são reproduzidas por terceiros. O discurso indireto vem introduzido por um verbo dicendi e tambémapresenta conjunção subordinativa integrante (que, se).

Discurso indireto livre - Pode-se dizer que o discurso indireto livre é uma mistura do discurso direto com o discursoindireto, ou seja, é um discurso misto onde há maior liberdade, pois o narrador insere a fala do personagem em suamaneira de contar, de forma sutil, sem fazer uso das marcas do discurso direto: diálogos, etc.

• Para você, em que consiste um discurso?• Em que situação ocorre um discurso?• O discurso pode estar presente em um conto literário?• O que lhe sugere o título deste conto?• Conhece a palavra tecelã? O que significa?• Você conhece alguma história interessante da escritora Marina Colasanti? Qual?• Ouviu de alguém? Quem?• Leu em algum outro livro de conto? Sabe quem é o seu autor?

Retome o texto e reflita sobre a linguagem e os discursos utilizados. Em seguida, responda às questões abaixo:

Prática de oralidade

Prática de leitura e análise da língua

Professor(a), discuata com os estudantes os tipos de discursos presentes nas narrativas, questione-os sobre oque já sabem e apresente-lhes o próximo conto que irão ler nesta aula:

Professor(a), neste momento, é importante que todos possam participar e que sejam trabalhados comportamentoscomo: saber ouvir, esperar sua vez para falar, respeitar a opinião dos colegas e os diferentes modos de falar. Atente-se para a importância dessa atividade, já que, por meio dela, você perceberá os conhecimentos que os estudantestêm sobre o assunto e sobre Marina Colassanti. Em seguida proponha-lhes que respondam as atividades.

Sabemos que o discurso direto ocorre quando as personagens falam diretamente, sem intermédio do narrador,por meio de diálogos. Vamos identificar no texto, um trecho em que o discurso direto seja evidente.

O discurso direto pode ser visto nos trechos em que o marido fala de modo ordeiro: “– Para que ter casa, se podemos ter palácio?”

1

O discurso indireto ocorre quando os personagens não falam diretamente, mas precisam de um narrador paracontar seus feitos. Você pode encontrar um trecho, no conto, em que predomine o discurso indireto?

O discurso indireto ocorre quando o narrador, a sua maneira, reproduz a fala do marido, sem valer-se do diálogo: “Sem quererresposta imediatamente ordenou que fosse de pedra com arremates em prata”.

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O Discurso indireto livre é um discurso misto onde há maior liberdade, pois o narrador insere a fala do perso-nagem em sua maneira de contar, de forma sutil, sem fazer uso das marcas do discurso direto: diálogos, etc.Agora, identifique o discurso predominante nas falas abaixo e os transforme em discurso indireto livre:

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a - “pela primeira vez pensou em como seria bom ter um marido ao lado.”

A frase acima está expressa no discurso indireto. No discurso indireto livre seria expressa da seguinte forma: “pela primeira vezpensou: como seria bom se eu tivesse um marido ao lado!”

b - “O moço meteu a mão na maçaneta, tirou o chapéu de pluma, e foi entrando em sua vida.”

A frase acima está expressa no discurso indireto. No discurso indireto livre seria expressa da seguinte forma: “o moço meteu amão na maçaneta, tirou o chapéu de pluma e disse: estou entrando na sua vida.

c - “deitada no ombro dele, a moça pensou nos lindos filhos que teceria para aumentar ainda mais a sua felicidade.”

A frase acima está expressa no discurso indireto. No discurso indireto livre seria expressa da seguinte forma: “A moça pensava:vou tecer lindos filhos para aumentar ainda mais a minha felicidade”.

d - “– É para que ninguém saiba do tapete – ele disse. E antes de trancar a porta à chave, advertiu: – Faltam as es-trebarias. E não se esqueça dos cavalos!”

A frase acima está expressa no discurso direto. No discurso indireto livre seria expressa da seguinte forma: “Ele disse: é para queninguém saiba do tapete. E antes de trancar a porta à chave advertiu: faltam as estrebarias. E não se esqueça dos (meus) cavalos”.

e - “E pela primeira vez pensou em como seria bom estar sozinha de novo.”A frase acima está expressa no discurso indireto. No discurso indireto livre seria expressa da seguinte forma: “E pela primeira vezpensou: como seria bom estar (se eu estivesse) sozinha de novo.”

Imagine que a moça tecelã encontra sua melhor amiga, que há muito tempo não via. Narre, aqui, o diálogo dasduas, após o marido ter entrado em sua vida. Empregue na sua narrativa, o discurso que você desejar.4

PRÁTICA DE ESCRITA - DESAFIO

Retome seu conto e observe se na sua escrita você explorou os tipos de discurso: direto, indireto,indireto livre. Caso não tenha explorado, este é o momento de fazê-lo. Então, vamos lá!

A ideia, aqui, professor(a), é saber o que os estudantes podem produzir neste momentoe o que precisam aprender, para que você possa planejar as intervenções necessárias.Assim, é fundamental que você leia esses textos e faça anotações para o trabalho dereescrita. Espera-se que os alunos sejam capazes de dominar os discursos estudadosnesta aula e empregá-los na hora da escrita.

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aula 15

O que devo aprender nesta aulau Partilhar as percepções de leituras e conhecimentos sobre as diferentes culturas presentes no texto.

u Identificar os elementos textuais que caracterizam o gênero em estudo.

u Promover reflexão a respeito da figura feminina, criada pela autora, por meio dos aspectos culturais.

u Promover inferências entre literatura e realidade analisando o aspecto cultural que envolve a figura feminina.

u Discutir ideias, opiniões, formulação e verificação de hipóteses.

u Associar conteúdo e função social do gênero.

u Perceber a existëncia de preconceitos com relação à sexualidade, à mulher, ao negro, ao índio, à criança, ao velho, aohomem do campo, nos contos populares lidos.

Conceito

Prática de oralidade

Prática de leitura

Para Edgar Allan Poe, o conto é uma narrativa curta, que sustenta sempre uma unidade de efeito. Para isso ele deve serconstruído à base da economia dos meios narrativos, a fim de conseguir com um mínimo de meios, o máximo de efeitos.

• Você conhece outras histórias que abordem a temática da mulher na sociedade?• Quais são os escritores ou escritoras que abordam a temática feminina na literatura brasileira?

• Para que serve a literatura? Por que e para que as pessoas escrevem? A literatura é importante?

Releia o conto “A moça tecelã”, de Marina Colasanti e reflita sobre as questões abaixo, respondendo-as:

Professor(a), retome o conto de Marina Colasanti “A moça tecelã” e proponha uma conversa com os estudantes.Nessa prática, estimule a fala e o diálogo entre eles sobre as ideias explícitas e implícitas no conto. É necessárioque você faça uma leitura oral do texto com a classe, demonstrando gosto e satisfação pela leitura, pois seu portechama a atenção dos estudantes para o ato de ler. Após a leitura, procure direcionar o diálogo para a história daevolução da mulher na sociedade brasileira e mundial. Faça intervenções quando achar necessário; leve-os arefletir sobre o universo feminino de forma, que eles compreendam a importância de ambos os sexos para odesenvolver harmônico da sociedade. Aborde com os alunos alguns tópicos de sua escolha dentre eles ressalte:

Professor(a) , use este momento para inserir novos conhecimentos: apresente Clarice Lispector, Martha Medeiros,Lya Luft, Lygia Fagundes Teles, etc. Se possível disponibilize trechos dessas autoras e estimule a curiosidade,proporcionando aos estudantes o gosto pela leitura e mostre-lhes que os escritores são pessoas comuns que usamas palavras para expressarem seus pensamentos. Diga aos estudantes que dentro de cada um de nós existe umescritor, basta descobrirmos. Em seguida proporcione aos estudantes momentos de reflexão sobre:

Nesse momento é importante que o professor ouça as respostas e estimule os estudantes a participar dessemomento de reflexão, expondo suas ideias.

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Qual a relação entre o título e o assunto do texto?

A personagem protagonista era uma garota que tecia. Ela ia tecendo as coisas conforme seus desejos e magicamente a realidadetambém era alterada. Observava o ambiente, analisava se o que havia criado era bom. Se não gostasse do que havia feito,desmanchava o alinhavado e consequentemente a realidade se modificava também.

1

Por que a protagonista desistiu de haver criado o homem? Você concorda com a atitude da moça tecelã?

O homem, se revela como sendo materialista e capitalista e descobrindo o poder que o tear possuía, exigia cada vez maisde sua esposa. Bens, riquezas, e nunca se contentava com o que já possuía. Não correspondeu o desejo da esposa, queidealizava uma companhia masculina, ter uma família, e sua criação não correspondeu as expectativas, fator que entristeceua tecelã, que optou por destruir o império que havia criado, voltando a criar coisas simples que lhe davam prazer. A segundapergunta é pessoal e deve ser ouvida, professor.

2

Pode-se dizer que o conto estudado é um conto de fadas? Por quê?

De uma certa maneira, podemos dizer que o texto de Marina trata-se de um conto de fadas dos dias atuais. O conto AMoça Tecelã é composto por uma narrativa tradicional, de entendimento direto, povoado pelos modelos clássicos defabulação: castelos, príncipes, encantos e magia. Mas não se limita a isso, pois Marina Colasanti inova quando registra emseu conto a história da mulher e sua busca histórica por uma identidade feminina, refletindo a literatura de uma épocaatual, visitando o pensamento arcaico e o universo mágico dos contos de fadas.

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Você notou, no conto, que a personagem feminina revela um novo pensamento com relação aos costumes sociais?Qual? Você concorda com essa nova forma de pensar? Por quê?

É uma resposta pessoal, mas espera-se que o discente seja capaz de comparar o comportamento feminino de antigamente:submisso, sem possibilidade de interferir no seu próprio destino, com a forma atual das mulheres que fazem suas própriasescolhas e decidem por seus destinos.

Professor(a), abra um espaço de discussão para que os estudantes socializem a atividade e expressem suasimpressões a respeito do conto lido e do assunto suscitado.

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PRÁTICA DE ESCRITA - DESAFIO

Agora, vamos retomar a sua produção textual anterior. Ao relê-la, irá repensá-la, pois durante estepercurso surgiram novas ideias. Anote-as em outra folha, reescreva seu conto com as alteraçõesnecessárias. Pode acontecer que, depois do estudo de tantos contos, você queira escrever, agora,sobre outra temática: a mulher, como fez Marina Colasanti em “A Moça Tecelã”, o sertanejo, de “Nholados Anjos”, ou de outra minoria socialmente excluída, como o negro, o índio, o homossexual etc. Seisso acontecer, não fique preocupado, pois você estará agindo como os escritores famosos queescrevem, e depois retomam o escrito para fazer novas alterações até que o conto esteja pronto. Mãos à obra!

Professor(a), aqui, a sua mediação é fundamental. Vá de carteira em carteira, converse com cadaestudante, dê sugestões sobre o texto. Esta atividade irá permitir que o estudante veja em vocêum aliado, alguém em que ele possa confiar para aprimorar suas ideias, sem medo de represálias.

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Sistematização dos conhecimentossobre o gêneroObjetivo geral

Sistematizar os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero Contos Literários, explorando as práticasde oralidade, leitura, escrita e análise da língua.

aula 16

O que devo aprender nesta aulau Reformular os textos produzidos com base na reescrita orientada pelo professor, considerando sua finalidade, os possíveisleitores e as características do gênero.

u Caracterizar as personagens no conto literário produzido.

u Identificar e caracterizar o espaço e o tempo no conto literário.

u Utilizar os diferentes níveis de linguagem (coloquial, culta, regionalismo, jargão, gíria) no conto literário, conforme asituação.

u Analisar o emprego de discurso direto e indireto nas narrativas.

u Fazer reformulações que assegurem, também, as características próprias dos contos literários.

u Refletir sobre o emprego das flexões verbais.

ConceitoUm bom texto vem de um rascunho e passa por sucessivas versões em que será aperfeiçoado até chegar ao

produto final. Desse modo, é muito importante que os estudantes tenham uma atitude crítica em relação à suaprópria produção de textos. Com a atividade de reescrita o professor fornece marcas no texto que levam o estudantea observar o que deve ser melhorado em seu texto.

• O que você achou do nosso estudo sobre contos?• Esse nosso estudo ajudou você a produzir seu conto?• Você gostou do conto que escreveu? Você acha que precisa melhorá-lo. Por quê?

Prática de oralidadeProfessor(a),chegou o momento, de os estudantes reescreverem o conto que foi produzido ao longo dessasaulas. Para tanto, faça alguns questionamentos a eles

Prática de leituraProfessor(a), nesse momento escolha um conto produzido por um dos estudantes e faça uma leitura para aclasse. Não precisa divulgar o nome desse estudantes. Posteriormente, você retomará as características queforam estudadas e juntamente com a classe observará se elas se fazem presentes no texto lido. Paralelamentea essa análise, peça aos estudantes que observem em seus próprios contos as características discutidas eanalisadas. Para proceder a essa análise, escreva esses questionamentos na lousa.

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Os elementos da narrativa, enredo, tempo conflito, clímax, desfecho, personagens, verossimilhança e narradorestão presentes neste texto?1

Os tempos verbais estão bem definidos?2

Há Você utilizou figuras de linguagem neste conto?3

Na narrativa há a presença do discurso direto, indireto e indireto livre?4

PRÁTICA DE ESCRITA - DESAFIO

Retome mais uma vez a sua produção e observe se as características do conto estudadas ediscutidas se fazem presentes em seu conto. Aprimore as características que você considerar quenão foram bem empregadas em seu texto.

EditorialProfessor(a), para o trabalho com o gênero Editorial, faça um cartaz bem bonito de boas - vindas, e

ambiente a sala de aula de modo que os estudantes tenham acesso ao gênero. Crie um ambiente propício àleitura com tapetes, esteiras, almofadas. Envolva todos no trabalho, cada um contribui com o que pode etodos são capazes de ajudar.

Disponha as carteiras em círculo e, no centro, coloque vários jornais e revistas. Diga aos estudantes quedurante o trabalho com editoriais eles terão bons e variados momentos de leitura. Peça-lhes que procuremnos jornais e revistas editoriais que lhes chamem a atenção e que os instiguem a ler, dando-lhes tempo paraque isto aconteça. Após a leitura, oportunize um tempo para que os estudantes socializem as análises doseditoriais lidos.

Identificação dos conhecimentosprévios/introdução ao estudo do gêneroObjetivo geral

Identificar os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero Editorial, explorando as práticas deoralidade, leitura e escrita.

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aula 17

O que devo aprender nesta aulau Tomar contato com o editorial e outros textos de opinião.

u Discutir sobre a finalidade dos editoriais e demais textos de opinião de diferentes jornais e revistas.

u Ler com fluência e autonomia construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Produzir a primeira escrita de um Editorial.

Prática de oralidade

Conceito

• Qual a importância da leitura para você?• Você costuma ler jornais e revistas?• Quais são as seções destes portadores que você mais gosta de ler?• Costumam ler as seções de opinião?

Os Editoriais são textos de um jornal em que o conteúdo expressa a opinião da empresa, da direção ou da equipe de redação.

Prática de leitura

Leia os três textos abaixo, observando as semelhanças e diferenças entre os mesmos e, em eguida, responda àsquestões que seguem:

Professor(a), com o objetivo de continuar o trabalho com os gêneros textuais, converse com os estudantessobre a aprendizagem construída a partir do estudo dos gêneros trabalhados até o momento e apresentelheso segundo gênero a ser estudado no bimestre, bem como os objetivos deste estudo. Inicie a aula com uma conversa sobre a importância da leitura, diga aos estudantes que ler é se apropriarde novos conhecimentos; pergunte-lhes se costumam ler jornais e revistas, o que eles acham maisinteressante, ou o que mais gostam de ler nestes portadores de textos. Questione - os se costumam ler asseções destes portadores textuais onde aparecem os textos de opinião: do leitor, de articulistas e do jornal.

Professor(a), divida a turma em pequenos grupos, distribua-lhes os 3 textos abaixo e peça-lhes que os leiam observandoas semelhanças e diferenças entre os mesmos. Após a leitura, proponha-lhes as questões abaixo para ajudá-los adesenvolver habilidades como: identificar a finalidade do texto, comparar os textos e distinguir fato de opinião etc.

TexTO 1

Não se pode pôr em dúvida o progresso político e profissional das mulheres no País e em Goiás. Elas eramdiscriminadas no processo eleitoral durante os primeiros tempos da República, quando não podiam votar e muito menosser votadas. Só em meados da década de 1930 surgiram as primeiras eleitoras. E só recentemente deixaram o fundo dopalco para ocupar lugares no proscênio. Uma mulher é hoje presidente da República.

O Popular, sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Injusta desvantagem

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Não existiam no começo do século passado mulheres profissionais da medicina, medicina veterinária eengenharia, entre outras profissões de nível superior. Hoje elas estão em todas as áreas do mercado de trabalho,mas ainda lhes falta romper uma barreira: trabalham mais e ganham menos do que os homens.

A Síntese Indicadores Sociais (SIS), que acaba de ser divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística (IBGE) mostra que em 2011 as mulheres brasileiras ganhavam em média R$ 1.020,31, o equivalentea 67,8% do rendimento dos homens, que era de R$ 1.505,08. E a jornada de trabalho, considerando tambémos afazeres domésticos, era 2,4 vezes maior do que a de trabalhadores do sexo masculino.

A desvantagem é muito grande e totalmente injusta, tornando imperiosa a necessidade de correção dessadistorção discriminatória. Cabe pressionar no sentido de que esta anomalia desapareça do mercado de trabalho.

TexTO 2

“Bem-vindos à maior estância hidrotermal do mundo.” Com essa frase o turista é saudado quando chega a CaldasNovas, no sul do Estado de Goiás. As belezas naturais e principalmente as águas quentes que brotam de dois aquíferosParanoá e Araxá, a uma temperatura que varia de 37° a 57° transformaram essa pequena cidade em um dos maiores polosturísticos do Brasil. Assim, o turismo se tornou a base do desenvolvimento e da economia local.

Foi nele que milhares de caldenses viram a oportunidade de melhorar a qualidade de vida, trabalharam para isso – etrabalharam muito! Porém, vivem hoje uma injusta realidade. Os olhos que se deslumbram com os belos parques aquáticosem centenas de outdoors pela cidade não veem bairros da periferia sem ruas asfaltadas, nem mesmo água tratada e redede esgoto, pois a maior parte do capital gerado pelo turismo não se transforma em infraestrutura para a população, masem novas atrações para os turistas. Por causa desse caráter contraditório, já que desenvolve a economia do município,mas não beneficia a todos, há um conflito de opiniões entre os que aprovam e os que desaprovam a atividade. Desse modo,faz-se a seguinte pergunta: “O que é mais importante, a alta na economia que se dá pelo empreendimento turístico ou aorganização social?”.

As opiniões favoráveis ao turismo são em geral dos grandes empresários, donos de hotéis e resorts, além doscomerciantes, ou seja, os que recebem diretamente o lucro deixado pelos visitantes do mundo inteiro. Alegam que oturismo faz a cidade crescer e ainda gera empregos. Isso é mesmo inegável, porém a mão de obra por ser abundante édesvalorizada e a carga horária muitas vezes extrapola a normalidade. “As águas quentes são para Caldas Novas o que aspraias são para o litoral: essencial!”, diz Ricardo Pureza, gerente de marketing e vendas dos Jardins da Lagoa, ligado a umdos clubes mais tradicionais da cidade. Todavia, acredito que mais importantes que as águas termais da cidade são aspessoas que nela vivem e fazem sua economia girar.

Assim como eu, parte da população se mostra contrária, uma vez que a satisfação do turista é colocada em primeiroplano, esquecendo-se dos residentes locais, que em época de alta temporada são submetidos a dias sem água encanadajá que ela é direcionada a hotéis e clubes, que segundo o portal Caldas Web, recebem anualmente cerca de 1,5 milhãode pessoas.

É bem verdade que o turismo movimenta economicamente a cidade, o problema está nas inúmeras consequênciasmaléficas que o mesmo gera, como por exemplo, o espantoso crescimento demográfico. Em 1991 havia 24.000 habitantes,hoje esse número aumentou para aproximadamente 70.000, o que resultou num agravante de proporção nacional ocrescimento desordenado. Notam-se loteamentos irregulares, casas e hotéis em áreas de preservação ambiental e próximosao aterro sanitário.

É perceptível que os empresários e as autoridades locais se preocupam apenas com os investimentos lucrativos que oturismo pode propiciar e menosprezam necessidades básicas da população, como o saneamento básico (apenas 25% doesgoto é coletado), a saúde e a educação.

Texto finalista da Olimpíada de Língua Portuguesa, edição 2010.

Aluna: Bianca Souza Soares

Caldas Novas que os turistas não veem

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E se política é a arte de governar nossos “artistas” estão um tanto quanto omissos a respeito de suas obras, porque estáclaro que assim como cresce o número de visitantes que a cidade recebe, também os problemas administrativos têmaumentado assustadoramente por conta da atividade turística, com uma analogia simplória explica-se a necessidade doscaldaenses: “Não dá para receber visitas com a casa desarrumada e o dono insatisfeito”.

Não sou contra o turismo, mas sim como ele é desenvolvido particularmente em Caldas Novas, beneficiando aspessoas de fora em detrimento dos moradores locais; além disso é perigoso para a cidade ser tão dependente de apenasum segmento econômico, pois se, por algum motivo (assim como o surto de dengue de 2008), os turistas optarem poroutro destino todos serão fortemente atingidos. Assim a diversificação econômica é necessária.

Portanto, o capital proporcionado pelo turismo é importante, entretanto tenho plena convicção de que as necessidadesbásicas, os valores éticos e a dignidade da comunidade são mais importantes, como também uma administração conscientee preparada para usar os mecanismos de que necessitamos para desfrutarmos das tão apreciadas águas quentes comresponsabilidade e justiça. “Logo, o dono da casa estará feliz em receber visitas e as esperará mais vezes”.

Professora: Vandelina Lima SoaresEscola: C. E. J. A. Filostro Machado Carneiro • Cidade: Caldas Novas – GO

http://www.imprensalivre.com/novosite/cartas/65

TexTO 3

Quero chamar a atenção não para o Brasil sem escolaridade, mas sim, para o Brasil sem educação. No nosso cotidianomedíocre e bucólico, vemos quanto somos sem educação, seja como pedestres, ciclistas ou motoristas, seja como,consumidores, vendedores, empresários ou políticos.

Somos reféns não da marginalidade, mas sim da impunidade, dos desmandos, da corrupção, da malandragem, danossa falta de educação. Nos preocupamos em salvar o mundo, pra que? Se continuarmos vivendo como predadores denós mesmos, não precisaremos deste mundo para vivermos.

Estamos em guerra civil, os noticiários só estampam crimes e mortes. As crianças e jovens só pensam em jogosviolentos, reproduzem no ambiente escolar e crescem com ódio um dos outros. MMA – Mixede Martial Arts – não é umesporte, é uma rinha de galos de briga, pagos pela máquina global, incentivando a violência, onde o todo poderoso doesporte, fala com maestria sobre golpes de seus lutadores favoritos.

Enquanto, a miséria humana for o alimento dos inescrupulosos, estaremos fadados ao fracasso humano. Apopularização e a manifestação da desgraça alheia é o que move este moinho de flagelos humanos.

As drogas, a saúde, a educação e segurança não são assuntos nas pautas ministeriais. O que vimos e o quevendemos é que: iremos sediar a copa e as olimpíadas e que devemos ser receptivos aos yanks e gringos, como foramnossos irmãos africanos.

E nossa miséria continuará norteando estes acontecimentos. Somente quando todo e qualquer brasileiro fordigno de seus atos, teremos um povo educado e uma nação verdadeiramente forte. Meus Sentimentos.

Carlos Henrique de Freitas

Brasil sem educação

Os textos lidos têm intenção de formar opinião?

Sim, pois apresentam um breve resumo sobre o assunto tratado, uma opinião a ser defendida, argumentos convincentes ereforço da posição e opinião adotadas, alguns são assinados por leitores ou articulistas, e outros, por trazerem a opiniãodo jornal ou da revista, não são assinados.

1

Todos os textos estão assinados?

Não, somente o Artigo de Opinião, elaborado pela aluna/articulista Bianca Souza Soares e a Carta do leitor, escrita peloleitor Carlos Henrique de Freitas.

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Qual deles traz a opinião do jornal ou revista?

O Editorial: “Injusta desvantagem”. As primeiras páginas de um jornal ou revista são reservadas à publicação de um textode autoria do editor destes, que expressa a sua e a opinião da empresa.

3

Em poucas palavras, apresente o assunto de um texto de opinião, que você leu em momentos anteriores e quelhe chamou a atenção.

Resposta pessoal

Professor(a), peça aos grupos que socializem as atividades realizadas. Oriente os estudantes a refletir sobreos diversos aspectos propostos, voltando aos textos para confirmar ou refutar suas hipóteses. Sistematizeas conclusões deste trabalho no quadro e peça que os estudantes façam o mesmo nos cadernos.É fundamental, professor(a), que os estudantes identifiquem o Editorial, em seus portadores usuais – o jornal e a revista.

4

PRÁTICA DE ESCRITA - DESAFIO

Caro(a) estudante, imagine-se um redator de editoriais de um jornal de circulação do seu municípioe, com base nas leituras e atividades realizadas até o momento, elabore seu primeiro editorial.

A ideia, aqui, professor(a), é saber o que os estudantes podem produzir neste momentoe o que precisam aprender, para que você possa planejar as intervenções necessárias.Assim, é fundamental que você leia esses primeiros textos e faça anotações para otrabalho de reescrita.

aula 18

O que devo aprender nesta aulau Ler com fluência e autonomia construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Identificar as características e os elementos do gênero em estudo.

u Comentar ideias e opiniões presentes nos editoriais de jornais e revistas de circulação nacional, regional e local.

u Retomar a produção inicial, para reformulações que garantam a presença dos elementos próprios do gênero.

Prática de oralidadeProfessor(a), com o objetivo de continuar identificando os conhecimentos que os estudantes já possuemsobre o gênero Editorial, retome com a classes os textos trabalhados na Aula 01 e, em seguida, peça que aturma releia o editorial. Após a leitura, comente as ideias e opiniões do texto, focando a conversa sobre asituação de produção deste gênero textual:

língua portuguesa

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língua portuguesa

1. Quem escreveu o texto?2. Em nome de quem?3. Sobre o que escreveu?4. Com que finalidade?5. Quem é o público leitor?6. Onde o texto foi publicado?

Conceito

O gênero escrito pelo editorialista – editorial – tem caráter opinativo, é escrito de maneira impessoal epublicado sem assinatura. A redação do editorial é de autoria do editor do jornal ou revista, que expressa a suae a opinião da empresa, com o objetivo de influenciar seus leitores, por meio de uma linguagem um tanto fortee apelativa, sem obrigação de se ater a nenhuma imparcialidade ou objetividade.

Prática de leitura

Em relação ao Editorial Injusta desvantagem, do jornal O Popular, e tendo por base as características dessegênero, expressas no conceito acima, responda às questões abaixo:

Identifique no texto o resumo do assunto que introduz a opinião a ser defendida.

Não se pode pôr em dúvida o progresso político e profissional das mulheres no País e em Goiás. Elas eram discriminadasno processo eleitoral durante os primeiros tempos da República, quando não podiam votar e muito menos ser votadas. Sóem meados da década de 1930 surgiram as primeiras eleitoras.

1

Quais os principais argumentos presentes no texto?

Uma mulher é hoje presidente da República. Hoje elas estão em todas as áreas do mercado de trabalho, mas ainda lhesfalta romper uma barreira: trabalham mais e ganham menos do que os homens.

2

Que fragmento do texto apresenta uma conclusão reforçando a opinião do jornal?

“A desvantagem é muito grande e totalmente injusta, tornando imperiosa a necessidade de correção dessa distorçãodiscriminatória. Cabe pressionar no sentido de que esta anomalia desapareça do mercado de trabalho.”

3

Argumente sobre a importância do assunto tratado no editorial, Injusta desvantagem.

É importante que assuntos como esse sejam debatidos pela sociedade. Em relação ao assunto desse editorial, é uma formade colaborar para a promoção de direitos humanos, como a valorização da mulher.

Professor(a), após essa atividade, é importante reservar um tempo para que a turma possa expor suasconclusões sobre o editorial lido.

4

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PRÁTICA DE ESCRITA - DESAFIO

Retome sua produção inicial e confirme se você escreveu um texto que traz um pequeno resumodo assunto a ser tratado, a opinião do jornal sobre um determinado assunto, argumentosconvincentes, conclusão reforçando a posição defendida. Agora você terá oportunidade derever o que escreveu e de fazer as primeiras reformulações no seu editorial, assim como fazem osredatores de jornais e revista, antes de publicarem seus textos.

Este é um bom momento, professor(a) de observar os conhecimentos que a sua turma jápossui sobre gênero editorial, portanto medeie esta atividade, percorrendo a sala, orientandoa reescrita individual, com base nas anotações feitas por você, durante a leitura dos textos.

aula 19

O que devo aprender nesta aulau Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Ler editoriais observando a configuração/organização do texto.

u Comentar ideias e opiniões presentes nos editoriais de jornais e revistas de circulação nacional, regional e local.

uDiscutir sobre a situação de produção dos editoriais de diversos jornais e revistas, considerando o destinatário, a finalidadee os espaços de circulação.

u Identificar as características e os elementos do gênero em estudo.

Prática de oralidade

Ampliação dos conhecimentos sobre o gênero

Leia o texto Velha máfia e, a seguir discuta sobre o mesmo, com base nas seguintes questões propostas:

Objetivo geralAmpliar os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre o gênero Editorial, explorando as práticas

de oralidade, leitura, escrita e análise da língua.

• O jornal é a favor ou contra a questão polêmica apresentada?• Localize o trecho em que o editor do Jornal se posiciona.• Quais os argumentos (desenvolvimento) que sustentam a sua tese?• Em que trecho do texto o editor reforça a posição pelo Jornal (conclusão)?

Professor(a), prossiga com a análise dos elementos do editorial, tendo por base o texto Velha máfia, publicadono jornal O Popular, em 02/12//2012. Proponha uma leitura coletiva do texto e, em seguida, continue aatividade, tendo o cuidado de incentivar a participação de todos os estudantes, principalmente daquelesmais tímidos, que quase nunca se manifestam. Provoque uma reflexão sobre a leitura, e peçalhes que teçamcomentários sobre as ideias e opiniões presentes no texto, com base nos seguintes questionamentos:

língua portuguesa

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língua portuguesa

http://www.opopular.com.br/indice-de-noticias/%C3%ADndice-de-not%C3%ADcias-7.218533?filterByDate=true&pbdate =20121102&inputTemplate=&subject=&externalSiteIds=opopular.opiniao.d

Prática de oralidadeReleia o texto Velha máfia e, a seguir, responda às questões propostas.

Professor(a), proponha aos estudantes que releiam, silenciosamente, o texto Velha máfia e, em seguida,explique-lhes que farão uma atividade coletiva tendo como base esse texto. Para isso, transcreva as questõesabaixo em um cartaz bem grande, e vá conduzindo a atividade, de modo que os estudantes localizem ostrechos/parágrafos no editorial em estudo.

Resumo do assunto e posicionamento do jornal (tese):

“O Departamento Estadual de Trânsito (Detran) cancelou a emissão de 1,2 mil unidades da Carteira Nacional de Habilitação (CNH)que iriam ser liberadas mediante processo fraudulento em 18 municípios goianos.” O jornal se coloca favorável ao fato. (1º parágrafo).

1

Apresentação dos argumentos que sustentam a tese (desenvolvimento): A manipulação da outorga de carteirasde habilitação é prática ilícita bastante antiga em Goiás, fazendo parte de irregularidades que ameaçam gravementea segurança no trânsito. (2° parágrafo).

A fraude, segundo o Detran, envolve centros de formação de condutores, chamados também de autoescola, o que emhipótese alguma pode continuar sendo tolerado. (3º parágrafo).“(...) candidatos à habilitação que aceitam este esquema fraudulento são também mal-intencionados e igualmente culpados.”(3º parágrafo).“A descoberta dessa grande e recente fraude deveria ser aproveitada para a tomada de medidas duras de combate airregularidades na concessão de carteiras de habilitação em Goiás... A existência de verdadeiras gangues agindo e corrompendotem de se tornar finalmente uma página virada na história da concessão de licenciamento para dirigir.” (4º parágrafo).

2

Reforço da posição assumida pelo jornal (conclusão):

Quem quiser tirar a carteira tem de jogar limpo e se enquadrar nas normas que os corretos observam. Caso contrário, a violência jáelevada no trânsito continuará a se agravar. (5º parágrafo).

3

Reportagem publicada ontem neste jornal revela que o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) cancelou a emissãode 1,2 mil unidades da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) que iriam ser liberadas mediante processo fraudulento em18 municípios goianos.

A manipulação da outorga de carteiras de habilitação é prática ilícita bastante antiga em Goiás, fazendo parte deirregularidades que ameaçam gravemente a segurança no trânsito.

A fraude, segundo o Detran, envolve centros de formação de condutores, chamados também de autoescola, o que emhipótese alguma pode continuar sendo tolerado. Deve-se mencionar também que os candidatos à habilitação que aceitameste esquema fraudulento são também mal-intencionados e igualmente culpados.

A descoberta dessa grande e recente fraude deveria ser aproveitada para a tomada de medidas duras de combate airregularidades na concessão de carteiras de habilitação em Goiás, este mal antigo que vinha sendo tolerado por causa detambém antigas omissões. A existência de verdadeiras gangues agindo e corrompendo tem de se tornar finalmente umapágina virada na história da concessão de licenciamento para dirigir.

Quem quiser tirar a carteira tem de jogar limpo e se enquadrar nas normas que os corretos observam. Caso contrário, aviolência já elevada no trânsito continuará a se agravar.

O Popular, domingo, 02 de dezembro de 2012

Velha máfia

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língua portuguesa

Professor(a), registre as respostas num cartaz e o afixe na sala, em lugar visível, para que osestudantes possam recorrer a ele durante o trabalho com os demais editoriais.

PRÁTICA DE ESCRITA - DESAFIO

Retome novamente o seu texto e observe se ele está organizado, de acordo com os três elementostrabalhados anteriormente: apresentação da tese, desenvolvimento/ argumentação econclusão. Caso esses elementos não estejam bem definidos no seu texto, este é o momentode aprimorar a sua escrita. Vamos lá?

Professor(a), oriente esta atividade, percorrendo a sala e auxiliando a reescritaindividual dos textos. Chame a atenção da turma para o fato de que a organizaçãodo texto pode ser variável, desde que considerem os elementos do gênero.

aula 20

O que devo aprender nesta aulau Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Comentar ideias e opiniões presentes nos editoriais de jornais e revistas de circulação nacional, regional e local.

u Discutir sobre a situação de produção dos editoriais de diversos jornais

u Ler editoriais observando a configuração/organização do texto.

Prática de oralidade

Até agora você leu dois editoriais e pôde expressar sua opinião sobre o assunto tratado neles. Converse comseus colegas sobre as impressões que tiveram ao lerem esses textos de opinião, publicados em jornais e revistas.

• Cite outros atletas que foram pegos no exame antidoping• Em sua opnião o que leva um atleta a tomar essa atitude?• Qual é a opnião da Folha de S. Paulo sobre o assunto?

Professor(a), divida os estudantes em duplas, peça-lhes que discutam sobre os editoriais lidos até o momento.Para embasar a discussão oriente-os que retomem os elementos trabalhados nas aulas anteriores. Percorraos grupos para observar os comentários e as opiniões dos estuantes e ajudá-los na reflexão sobre os recursosutilizados pelos redatores.Em seguida, apresente-lhes o editorial Ídolo caído, publicado na Folha de S. Paulo, no dia 17/01/2013,utilizando as estratégias de antecipação e inferência.

Apresente sua opinião sobre o assunto tratado no editorial, Velha máfia.

Resposta pessoal

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Uma verdadeira corrida – bem mais encarniçada do que qualquer maratona ou disputa olímpica de ciclismo – parecedesenvolver-se entre as autoridades esportivas, no seu zelo antidoping, e os avanços da tecnologia química.

O caso do ciclista Lance Armstrong, 41, possui ingredientes tão ou mais emocionantes do que as competições de que participou.Sete vezes vencedor do “Tour de France”, o atleta americano admitiu agora ter usado drogas para turbinar seu

desempenho. Trata-se, segundo uma entidade especializada, “do mais sofisticado, profissionalizado e bem-sucedidoprograma de doping já visto no esporte”.

Transfusões de sangue, hormônios e esteroides harmonizaram-se num “blend” destinado a aumentar a presença de glóbulosvermelhos na circulação do esportista.

Vastas somas de dinheiro, enquanto isso, circularam em torno da figura de Armstrong – que, como todo atleta desucesso, projeta a imagem de uma vida saudável, longe das drogas, e de um espírito digno de aplauso, pelas virtudes daconcentração e da persistência.

Persistência houve, de fato, na tentativa de negar os rumores que ora se confirmam. Um tabloide londrino até foi obrigado, em2006, a indenizar o atleta por notícias que na época se consideraram difamatórias. É provável que agora peça uma reparação.Fabricantes de artigos esportivos e uma seguradora tendem a acompanhar a atitude.

É possível imaginar, num futuro próximo, que os patrocinadores corporativos intensifiquem o controle sobre atletasque os representam. Ou não – é duvidoso, afinal, que se persista na ideia de um desempenho esportivo livre de qualquerfator tecnológico externo.

No mundo publicitário, a beleza não mais subsiste sem manipulações fotográficas. Do mesmo modo, atletas de primeiro escalãoconhecem técnicas de treinamento, além de privilégios genéticos, inatingíveis para a média dos que se inspiram em seu exemplo.

Características “sobre-humanas” talvez situem tais atletas num Olimpo, e seria ilusório imaginá-lo ao alcance do mais persistentemortal. Em vez da ambrosia, hormônios e esteroides na dieta. E, para ver sob luz irônica essa polêmica, talvez a própria indústriafarmacêutica seja uma futura fonte de patrocínio do esporte olímpico.

Folha de S. Paulo

Ídolo caído

Prática de leitura

Leia o texto: Ídolo caído. A seguir, responda às questões propostas:

Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/1191661-editorial-porto-inseguro.shtml. Acesso em: 17/01/2013.

Estabeleça uma relação entre o título e os argumentos apresentados no texto.

O título do texto: “Ídolo caído”, enfatiza que mesmo o ciclista Lance Armstrong ter se valido do avanço das tecnologiasquímicas, ele foi pego no exame antidoping.

1

Segundo o editorial, qual é a visão projetada sobre os atletas de sucesso?

A visão de que todo atleta de sucesso possui uma vida saudável, longe das drogas, e de um espírito digno de aplauso, pelasvirtudes da concentração e da persistência.

2

Conceito

O argumento é uma construção verbal – quer seja na modalidade oral, quer seja, na modalidade escrita da língua– cuja finalidade precípua é a persuasão do auditório (interlocutor, ouvinte, leitor, telespectador etc.) a respeito deuma tese, para sustentá-la.

http://www.edtl.com.pt/index.php?option=com_mtree&task=viewlink&link_id=1082&Itemid=2. Acesso em dezembro de 2012.

língua portuguesa

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língua portuguesa

Que argumento é utilizado pelo editorial para justificar que é impossível para um atleta comum (persistente mortal) al-cançar o nível dos atletas de primeiro escalão?

Atletas de primeiro escalão conhecem técnicas de treinamento, além de privilégios genéticos, inatingíveis para a média dosque se inspiram em seu exemplo.”

3

Leia o trecho abaixo:

“E, para ver sob luz irônica essa polêmica, talvez a própria indústria farmacêutica seja uma futura fonte de patrocíniodo esporte olímpico.”A partir da leitura de todo texto, o que podemos inferir dessa afirmação?

Dessa afirmação podemos inferir que futuramente será comum a utilização de tecnologias químicas pelos atletas.

4

PRÁTICA DE ESCRITA - DESAFIO

Caro estudante, retorne ao seu editorial e faça uma revisão quanto à argumentação. Apresentesua opinião sobre a temática retratada embasada em fatos. Faça uma pesquisa, em relação aoseu tema, insira dados estatísticos, por exemplo.

Professor(a), instigue os alunos a se manifestarem sobre a temática abordada no texto.

aula 21

O que devo aprender nesta aulau Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Comentar ideias e opiniões presentes nos editoriais de jornais e revistas de circulação nacional, regional e local.

u Discutir sobre a situação de produção dos editoriais de diversos jornais

u Ler editoriais observando a configuração/organização do texto.

u Reescrever o editorial definindo a tese, os argumentos, bem como a conclusão na elaboração do texto.

u Estabelecer relações entre o gênero textual notícia e o gênero textual editorial, por meio de suas semelhanças e diferenças.

Prática de oralidade

Ao ler editoriais, você percebeu que ele é um texto opinativo. Percebeu a importância da tese, bem comodos argumentos que a fundamentam e a concluem. Nos anos anteriores, você estudou o gênero notícia e oselementos que a caracterizam. Então já é capaz de identificar as semelhanças e diferenças entre estes gêneros:

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• O que caracteriza o editorial?• O que caracteriza a notícia?• Onde circula estes textos?• Que diferenças e semelhanças há entre eles?

Professor(a), neste momento é importante enfatizar as diferenças e semelhanças entre os dois gênerostextuais trabalhados. Portanto, instigue os estudantes a falar e socializar os conhecimentos, bem como suasdúvidas, pois é desta maneira que a aprendizagem ocorre.

Professor(a), recomenda-se que os estudantes realizem silenciosamente a primeira leitura. Em seguida, façamais uma leitura do texto em conjunto. Estimule o debate sobre álcool e trânsito. Ouça as opiniões dosalunos e medeie o debate.

Conceito

Editorial é um texto utilizado na imprensa, especialmente em jornais e revistas, que tem por objetivo informar, massem obrigação de ser neutro, indiferente. Assim, podemos dizer que o editorial é um texto mais opinativo do que informativo.

Notícia é um texto informativo de interesse público, que narra um fato recente ocorrido no país ou no mundo,e cujo conteúdo é constituído por um tema político, econômico, social, cultural etc.

Prática de leitura

Leia atentamente a notícia abaixo, extraída do jornal Diário da Manhã, 07 de dezembro de 2012 e, em seguida,realize as atividades propostas:

Um motorista atropelou duas pessoas, atingiu três motocicletas e um carro estacionado, na madrugada de ontem,em Goiânia.

Por volta das 2 horas da manhã, o condutor, que dirigia uma caminhonete 4x4, pela Avenida Pedro Ludovico,no Setor Sudoeste, perdeu o controle do veículo e acabou subindo em cima da calçada. Além da colisão com outrosautomóveis, o veículo atropelou duas pessoas que estavam em frente a um pit dog. As vítimas foram socorridas pelaequipe do Samu.

A polícia informou que o motorista estava aparentemente embriagado, tonto e dizendo palavras de difícilentendimento. O mesmo se recusou a realizar o teste do bafômetro. Ele foi levado ao Instituto Médico Legal (IML),onde submeteu-se ao exame de corpo de delito e toxicológico para verificar embriaguez.

O auto de prisão em flagrante foi lavrado na Delegacia Especializada em Crimes de Acidentes de Trânsito(DICT) e encaminhado à 1ª Vara Criminal, que efetuou a conversão da prisão. O Juiz converteu a prisão em flagrantepara prisão preventiva, por tentativa de homicídio por dolo eventual, em que o autor, mesmo sem quererefetivamente o resultado, assume o risco de produzí-lo.

Folha de S. Paulo

Motorista bêbado atropela duas pessoas e tem prisão decretada

Notícia adaptada do Diário da Manhã

Qual é a temática retratada na notícia?

Combinação - Álcool e direção.

1

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Que fato deu origem à notícia lida?

O atropelamento de duas pessoas que estavam em frente a um pit dog por um advogado bêbado.

2

A opinião do autor está presente no texto? Por quê?

Não. São retratados apenas os fatos ocorridos, porque a notícia é um texto informativo e não opinativo.

3

Apesar das incessantes campanhas de prevenção veiculadas nos meios de comunicação, os índices de acidentes notrânsito causados pelo consumo de bebidas alcoólicas é uma realidade difícil de ser combatida. Qual é a sua opiniãosobre a temática retratada na notícia? O que deveria ser feito para evitar acidentes e mortes no trânsito?

Resposta pessoal.

4

Professor(a), reflita com os estudantes a relevância do tema da notícia, instigue o senso crítico da turma,estimulando o debate diante da temática apresentada.

PRÁTICA DE ESCRITA - DESAFIO

Retome seu editorial e observe se nele predomina o tom opinativo. Releia-o, tendo o cuidadode distinguir os fatos, a tese, a opinião, os argumentos e o reforço da tese na conclusão.

aula 22

O que devo aprender nesta aulau Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Comentar ideias e opiniões presentes nos editoriais de jornais e revistas de circulação nacional, regional e local.

u Discutir sobre a situação de produção dos editoriais de diversos jornais

u Ler editoriais observando a configuração/organização do texto.

u Desenvolver a argumentação oral e escrita

u Refletir sobre o emprego dos elementos articuladores na elaboração de argumentos

u Retomar a produção inicial, para reformulações que garantam a presença dos elementos próprios do gênero.

Prática de oralidade

Retome os jornais e revistas que estão expostos na sala de aula e escolha uma notícia para ler e discutir com os colegas.

língua portuguesa

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Professor(a), peça aos estudantes que retomem as revistas e os jornais de circulação nacional e local, expostasno centro da sala de aula, escolham uma notícia que mais os interessam, ou que considerem mais polêmica efaçam uma leitura silenciosa – afinal os editoriais se referem às notícias e reportagens do dia. Depois da leitura,proponha-lhes que discutam entre si (em pequenos grupos) sobre a notícia escolhida. Proceda a uma socializaçãoa fim de que a turma conheça os assuntos discutidos em todos os grupos. Em seguida, proponha que elejamuma notícia, a mais interessante, para organizarem um debate bem legal sobre ela. Divida a turma em doisgrupos e peça-lhes que elaborem argumentos favoráveis e contrários para defenderem a sua posição. Finalmenteproponha o debate: os estudantes devem se manifestar a respeito da questão eleita, posicionando-se em relaçãoa ela com argumentos coerentes e convincentes, que comprovem e/ou reforcem seu posicionamento. É importanteque esses argumentos sejam anotados, de preferência em cartazes, e que fiquem à disposição da turma nomomento da escrita do texto. Isso pode ser feito por você ou por um estudante voluntário. Leve-os a refletir sobre:

Professor(a), esta é uma ótima oportunidade para você observar e registrar o desempenho dos estudantesem relação à argumentação, por meio da prática da oralidade (fala e escuta). Caso na sua turma haja pessoascom deficiência auditiva, explore diferentes linguagens como gestos, expressões, mímicas etc, respeitando,assim, o direito de todos e considerando as diferenças da sala de aula.

• a relevância dos assuntos presentes na notícia discutida;• a importância do debate para a escrita de um editorial;• os argumentos que comprovam e/ou reforçam o posicionamento do redator;• o aspecto mais opinativo do que informativo do editorial.

Conceito

A finalidade da notícia é apenas informar o leitor sobre os fatos, enquanto o editorial também opina sobre os mesmos,contribuindo, assim, para formar opiniões dos leitores.

Prática de leitura

Notícia escolhida e discutida, é hora de registrar a sua conclusão, para isso, você poderá se embasar nas seguintes questões:

Qual é o assunto tratado na notícia eleita?1

O que você acha desse assunto?2

Quais outros temas podem ser discutidos com base nessa notícia?3

Escolha um desses temas que você considera bom para um editorial e justifique sua escolha.4

PRÁTICA DE ESCRITA - DESAFIO

Mais uma vez, retome seu texto e observe se os argumentos que você utilizou são coerentes econvincentes, comprovam e/ou reforçam seu posicionamento e correspondem ao assunto tratado.

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aula 23

O que devo aprender nesta aulau Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Desenvolver a argumentação oral e escrita

u Refletir sobre o emprego dos elementos articuladores na elaboração de argumentos

u Retomar a produção inicial, para reformulações que garantam a presença dos elementos próprios do gênero.

Prática de oralidade

Conceito

Reúna com dois ou três colegas e, depois de ler suas produções, converse sobre o assunto e argumentos quereforçam a posição assumida, presentes nos textos. Escute o que eles têm a lhe dizer sobre o que você criou, mastambém dê a sua opinião sobre o que foi construído pelos seus colegas.

O editorial possui um fato e uma opinião. O fato informa o que aconteceu e a opinião transmite a interpretaçãodo que aconteceu.

Prática de leitura

Leia o editorial e perguntas abaixo com atenção, e responda-as, em seu caderno, tendo como base o conceito deeditorial acima.

Professor(a), inicie esta aula, pedindo que os estudantes socializem os conhecimentos construídos até omomento. Divida a turma em pequenos grupos para que eles possam conversar sobre os seus editoriais.

É preocupante o resultado do exame de proficiência aplicado pelo conselho paulista de médicos aos alunos que se formamneste ano nas faculdades de medicina do Estado de São Paulo.

Nada menos que 54,5% dos futuros profissionais formados no Estado mais rico do país não acertaram nem 60% das120 questões. São alunos que não dominam o conteúdo básico necessário para cuidar da saúde da população e, por isso,foram reprovados pelo Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo).

A constatação da inépcia de mais da metade dos formandos já seria razão suficiente para inquietação quanto à qualidadedos cursos de medicina. A situação, porém, é ainda mais perturbadora: a reprovação no teste não impede o exercício daprofissão.

Longe de serem um caso à parte, os resultados deste ano apenas repetem um padrão assustador. Desde 2005,quando o exame foi aplicado pela primeira vez, o desempenho dos alunos tem sido pífio. Em 2008, por exemplo, oíndice de reprovação chegou a 61%.

Apesar do histórico negativo, o médico Bráulio Luna Filho, coordenador do exame do Cremesp, contava com cerca de70% de aprovação. Segundo ele, países como Canadá e Estados Unidos têm, em média, taxa de 95% de aprovação.

Talvez o coordenador do Cremesp imaginasse que o resultado de 2012 seria melhor porque, pela primeira vez, fazer aprova foi pré-requisito para o registro profissional. Antes, faculdades de prestígio, como USP e Unicamp, boicotavam a

Cuidar dos médicos

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Folha de S. Paulo, 10 de dezembro de 2012

avaliação. Enquanto 418 alunos fizeram o teste em 2011, agora foram quase 2.500.Ainda que sejam pertinentes algumas críticas ao exame -em vez de se restringir a questões teóricas, deveria medir

também a aptidão prática-, sua aplicação a todos os formandos permite um diagnóstico mais preciso sobre os cursosde medicina no Estado.

A formação dos médicos, não há como fugir à conclusão, é precária. Permitir que tais profissionais ingressem no mercadode trabalho é uma temeridade. Na medicina, o desconhecimento técnico pode ter consequências funestas.

O que está em jogo não é o interesse de proprietários de faculdades, mas a segurança e a saúde dos pacientes.Passou da hora de o Congresso aprovar um exame de habilitação para a medicina. Não faz sentido permitir que apopulação fique nas mãos de médicos que não têm o conhecimento mínimo necessário.

Qual é o fato presente nesse editorial?

O resultado do exame de proficiência aplicado pelo conselho paulista de médicos aos alunos que se formam neste ano nasfaculdades de medicina do Estado de São Paulo.

1

O que esse fato está informando?

Nada menos que 54,5% dos futuros profissionais formados no Estado mais rico do país não acertaram nem 60% das 120questões. São alunos que não dominam o conteúdo básico necessário para cuidar da saúde da população e, por isso, foramreprovados pelo Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo).

2

Qual é a opinião presente nesse editorial?

A formação dos médicos, não há como fugir à conclusão, é precária. Permitir que tais profissionais ingressem no mercadode trabalho é uma temeridade.

3

Que interpretações ela (a opinião) transmite do que aconteceu?

Na medicina, o desconhecimento técnico pode ter consequências funestas.O que está em jogo não é o interesse de proprietáriosde faculdades, mas a segurança e a saúde dos pacientes. Passou da hora de o Congresso aprovar um exame de habilitação paraa medicina. Não faz sentido permitir que a população fique nas mãos de médicos que não têm o conhecimento mínimo necessário.

4

PRÁTICA DE ESCRITA - DESAFIO

Volte ao seu texto novamente, releia-o e verifique se o fato (o que está sendo informado) e aopinião (as interpretações) estão bem delimitados. Caso perceba alguma deficiência, faça asalterações necessárias, para isso recorra às aulas anteriores e discuta com seus colegas e professor.

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aula 24

O que devo aprender nesta aulau Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Ler editoriais observando a configuração/organização do texto.

u Analisar o emprego dos elementos articuladores no editorial.

u Refletir sobre as expressões e recursos linguísticos empregados nos editoriais.

Prática de oralidade

Leia o texto Exemplo de honestidade, da forma como se apresenta e, em seguida, socialize suas impressões, coletivamente:• Como foi ler o texto incompleto, sem as palavras e expressões retiradas?• Da forma como está o texto tem uma unidade de sentido?• Durante a leitura, você procurou inserir os termos que estavam faltando?

Conceito

Coerência: A coerência é responsável pelo sentido do texto, envolvendo fatores lógicosemânticos e cognitivos,já que a interpretabilidade do texto depende do conhecimento partilhado entre os interlocutores. Um texto écoerente quando compatível como conhecimento de mundo do receptor. Observar a coerência é interessante, porquepermite perceber que um texto não existe em si mesmo, mas sim constrói-se na relação emissorreceptor- mundo.

Coesão: É a manifestação linguística da coerência. Provém da forma como as relações lógico-semânticas do textosão expressas na superfície textual. Assim, a coesão de um texto é verificada mediante a análise de seus mecanismoslexicais e gramaticais de construção.

Professor(a), a atividade pode ser realizada em duplas. É importante que o estudante perceba que a ausênciados elementos articuladores faz com que o texto não tenha unidade, ou seja, coesão e coerência.

Prática de análise da língua

Releia o texto e complete os espaços em branco, com os termos que estabelecem relação entre os argumentos apresentadose são responsáveis pela coesão e coerência do texto.

Políticos não se cansam de dar maus exemplos. Sempre que podem, vários deles surrupiam o dinheiro público.A coisa anda tão feia que muita gente até se esquece de que o certo é ser honesto.

Felizmente, nem todo mundo escolhe o caminho errado para se dar bem. _____, de vez em quando, alguémmostra que é possível ser decente mesmo nas situações mais difíceis da vida.

Na madrugada de domingo para segunda-feira, um casal de moradores de rua encontrou uma sacola embaixode uma árvore. Ao abri-la, deram com cerca de R$ 20 mil.

O episódio já seria suficiente para chamar a atenção. ________, não é todo dia que R$ 20 mil ficam dando sopa por aí._____ a cena toda era ainda mais interessante.

exemplo de honestidade

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O casal vive na rua, debaixo de um viaduto no Tatuapé (zona leste de São Paulo). É óbvio que os dois passamdificuldades.

A grana poderia melhorar muito suas vidas._____ eles não ficaram com o dinheiro. Resolveram dar tudo à polícia, que devolveu a bolada aos seus donos: os

proprietários de um restaurante japonês que havia sido roubado horas antes.A polícia acha que o dinheiro foi escondido pelos ladrões ________ que eles próprios buscassem a sacola mais tarde.Frustrados, os bandidos ameaçaram os dois sem-teto. _________, o Agora não divulga os nomes de quem

devolveu a bolada.Agradecidos, os donos do restaurante prometeram ajudar o casal. Uma ajuda mais que merecida._________ tenham feito apenas o que é certo, não há dúvida de que são dois heróis, anônimos como tantos brasileiros.Comparando o exemplo das ruas com o da política, fica a conclusão: pessoas honestas como esse casal é que são os

verdadeiros representantes do povo.Agora São Paulo, 11 de julho de 2012.

Professor(a), depois que os estudantes completarem o texto, peça que façam uma leitura silenciosa. Em seguida,faça a correção. Neste momento, é importante estimular a participação dos alunos e decidir quais serão as expressõesmais adequadas para o texto e explicar por que certas expressões escolhidas por eles não cabem no contexto. Apósa correção, enfatize a importância do uso dos elementos articuladores, bem como a importância de se escolherbem as palavras e/ou expressões utilizadas em um texto, ou seja, é importante organizar o texto escrito. Resposta: E, Afinal , Mas, Mas, para, Por isso, Ainda que.É possível admitir outras respostas apresentadas, desde que não alterem o contexto.Em seguida, retome os conceitos de coerência e coesão, fundamentais para a produção textual.

PRÁTICA DE ESCRITA - DESAFIO

Retome o seu texto e observe se além de empregar os elementos trabalhados a seguir: apresentaçãoda tese, desenvolvimento/argumentação e conclusão, você o elaborou empregando os termos(elementos articuladores), os quais estabelecem relação entre os fragmentos do texto tornando-ocoerente e coeso. Caso esses elementos não estejam bem definidos no seu texto, este é o momentode aprimorar a sua escrita. Observe o uso dos elementos articuladores nos textos lidos. Vamos lá?

aula 25

O que devo aprender nesta aulau Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Ler editoriais observando a configuração/organização do texto.

u Analisar o emprego dos elementos articuladores no editorial.

u Refletir sobre as expressões e recursos linguísticos empregados nos editoriais.

u Pesquisar sobre os elementos articulares e conjunções coordenativas.

u Refletir sobre o emprego de conjunções coordenativas como elementos articuladores no editorial.

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Prática de oralidade

Em duplas, converse com seus colegas sobre as impressões que tiveram ao lerem o editorial Exemplo dehonestidade do jornal Agora. O que caracteriza o texto lido como editorial? Qual é o assunto abordado no texto?Qual foi a tese defendida e quais foram os argumentos utilizados para reforçar a opinião?

Conceito

Conjunções são palavras invariáveis que servem para conectar orações ou dois termos de mesma função sintática,estabelecendo entre eles uma relação de dependência ou de simples coordenação.

Conjunção coordenativa estabelece uma relação de interdependência entre duas orações.

Prática de análise da língua

Pesquise em livros didáticos do 8º ou 9º ano as definições de elementos articuladores, conjunção e conjunçõescoordenativas.

Professor(a), oriente os estudantes que retomem os elementos trabalhados nas aulas anteriores. Percorraos grupos para observar os comentários e as opiniões dos estudantes e ajudá-los na reflexão sobre os recursosutilizados pelos redatores.

Professor(a), nesta atividade os estudantes pesquisarão sobre os elementos articuladores e conjunçõescoordenativas. É importante que eles pesquisem os conceitos trabalhados na aula. Não estimule a cópia deresumos do quadro. Leve para a sala de aula livros didáticos do 8º e 9º anos, ou gramáticas da biblioteca.Outra alternativa é utilizar os Ambientes Informatizados para pesquisar. Nesta atividade, o professor devemediar o ensino-aprendizagem e ensinar aos estudantes como se deve fazer pesquisa.O resultado da pesquisa deve ficar no caderno dos estudantes.

Substitua as expressões que foram inseridas no texto Exemplo de Honestidade por outras semelhantes, que nãoalterem o sentido.

E, de vez em quando: Pode ser substituído por: mas também. Mas a cena toda era ainda mais interessante. Pode sersubstituído por: porém, entretanto, no entanto. Por isso, o Agora não divulga os nomes de quem devolveu a bolada. Podeser substituído por: logo ou portanto.

1

O que são elementos articuladores?

Elementos articuladores: São palavras ou expressões que estabelecem relações entre as partes de um texto.

2

O que são conjunções?

Conjunções: A palavra “conjunção” provém de “conjunto”. Vejamos a definição do último termo no dicionário Aurélio:Conjunto: adj. 1. Junto simultaneamente. sm. 2 Reunião das partes dum todo. Já o sufixo -ção tem significado de “resultado de umaação”. Logo, se associarmos as duas definições, temos que: conjunção é a ação de juntar simultaneamente as partes de um todo.

3

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língua portuguesa

Quais são as conjunções coordenativas encontradas no texto?

Mas: Conjunção coordenativa adversativa - Expressa oposição de argumentos.E: Conjunção coordenativa aditiva - Expressa a ideia de acréscimo de argumentos.Por isso: Conjunção coordenativa conclusiva - Expressa a ideia de conclusão.

4

Que outras expressões foram encontradas no texto?

Para: PreposiçãoAfinal: AdvérbioAinda que: são relatores que estabelecem ao mesmo tempo uma relação de contradição e de concessão.Servem para admitir um dado contrário para depois negar seu valor de argumento.<Disponível em: http://www.brasilescola.com/gramatica/conjuncao.htm>. Acesso em dezembro 2012.

Professor(a), o objetivo da atividade é ampliar o repertório dos estudantes, no que concerne ao assunto trabalhado,conjunções e elementos articuladores, bem como estimular a constante pesquisa.

5

DESAFIO

Retome o seu texto e observe o uso das conjunções coordenativas, bem como o uso dos demaiselementos articuladores. Lembre-se de que na escrita de textos é fundamental usar estes recursos.

aula 26

O que devo aprender nesta aulau Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Comentar ideias e opiniões presentes nos editoriais de jornais e revistas de circulação nacional, regional e local.

u Discutir sobre a situação de produção dos editoriais de diversos jornais

u Ler editoriais observando a configuração/organização do texto.

Prática de oralidade

Retome o texto Exemplo de honestidade e observe a linguagem utilizada:• O que a difere da linguagem dos demais editoriais lidos até o momento?• Que expressões deste editorial confirmam peculiaridades no uso da linguagem?• Pela linguagem pode-se identificar a ideologia do jornal e o público leitor?• Qual o nome do jornal? Onde circula?

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Prática de leitura

Releia o texto, observando o uso das expressões:“A coisa anda tão feia”.“Não é todo dia que R$ 20 mil ficam dando sopa por aí”.“A grana poderia melhorar muito suas vidas”.“Resolveram dar tudo à polícia, que devolveu a bolada”.

Você já ouviu as expressões em destaque? O que significam?

A situação não está favorável.Não é todo dia que R$20 mil estão disponíveis por aí.O dinheiro ou a quantia poderia melhorar muito suas vidas.Resolveram dar tudo à polícia, que devolveu o dinheiro, quantia ou montante

1

O editorial é um gênero que, geralmente, prioriza a linguagem padrão. Na sua opinião, por que o autor desteeditorial utilizou expressões da linguagem coloquial?

Professor(a), este é o momento oportuno para mediar uma reflexão sobre o uso da linguagem padrão e não-padrão em textosescritos. Novamente, promova a inferência das ideias apresentadas

3

Substitua as expressões em destaque por outras com sentido equivalente (linguagem padrão).2

PRÁTICA DE ESCRITA - DESAFIO

Releia o último parágrafo do texto: “Comparando o exemplo das ruas com o da política, fica aconclusão: pessoas honestas como esse casal é que são os verdadeiros representantes do povo”. Vocêconcorda com essa opinião? Justifique com argumentos bem fundamentados.

aula 27

O que devo aprender nesta aulau Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Comentar ideias e opiniões presentes nos editoriais de jornais e revistas de circulação nacional, regional e local.

u Discutir sobre a situação de produção dos editoriais de diversos jornais

u Ler editoriais observando a configuração/organização do texto.

u Refletir sobre as expressões e recursos linguísticos empregados nos editoriais.

u Refletir

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Prática de oralidade

Professor(a),é importante que o estudante compreenda a diferença entre linguagem padrão e linguagemcoloquial, bem como saiba quando utilizá-las. Assim, neste momento promova a discussão sobre os tipos delinguagem. Também é apropriado trabalhar com o conceito de língua, bem como exemplificar como asvariações linguísticas ocorrem.

Conforme você viu na aula anterior, apesar de a linguagem padrão predominar no gênero editorial, algunseditorialistas utilizam a linguagem coloquial, às vezes, como um recurso para se aproximar do leitor.

• O que é linguagem padrão?• Em quais tipos de textos devemos usá-la?• O que é linguagem não-padrão?• Em quais tipos de textos devemos usá-la?• O que seriam as denominadas variações linguísticas?• Como se manifestam na fala? E em um texto?• Em que situações utilizamos a linguagem padrão? E a linguagem coloquial?

Conceito

Os conceitos linguagem formal e linguagem informal estão, sobretudo, associados ao contexto social em que alinguagem é produzida. Assim, podemos usar a língua padrão, ou seja, conversar, escrever de acordo com as regrasgramaticais, mas o vocabulário pode ser mais formal ou mais informal, de acordo com a nossa necessidade.

Prática de leitura

Leia, atentamente, o texto abaixo, extraído do jornal Agora São Paulo:

De tempos em tempos surge uma pesquisa que pergunta às pessoas qual o principal problema da cidade, doEstado ou do país.

Sempre a área da saúde aparece no alto dessa lista, muitas vezes em primeiro lugar.Isso não acontece por acaso. Quem usa o SUS conhece bem a triste realidade dos hospitais públicos.Entre os vários problemas, longas filas de espera para conseguir atendimento são um dos maiores motivos para

reclamação.Não é surpresa, portanto, que quase 50 milhões de brasileiros precisem de um plano de saúde privado para

cuidar de seu bem-estar.É sempre uma surpresa, porém, descobrir que os beneficiários de alguns planos também sofrem com a demora

para marcar consultas.O que dizer, então, quando 268 planos de saúde de 37 operadoras descumprem os prazos máximos previstos pela legislação

para realizar o atendimento?De acordo com regra válida desde o final do ano passado, as esperas devem ser de no máximo três dias para exame de

laboratório, sete dias para consultas básicas e 14 para as de médicos especialistas.O órgão do governo responsável por fiscalizar o setor decidiu punir quem desobedece esses prazos.A partir de amanhã, os planos que enrolam ficam proibidos de buscar novos clientes até que melhorem os serviços. Os

atuais associados não serão prejudicados.A medida é correta. Mexer no bolso das empresas é um bom jeito de cobrar mais agilidade.

Chá de cadeira para a saúde

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A saúde do cidadão, no setor público ou no privado, não pode ser tratada com chá de cadeira.

Sobre a notícia lida, responda:

Disponível em: <http://www.agora.uol.com.br/editorial/ ult10112u1118825.shtml> Acesso em dezembro de 2012.

Qual é a temática retratada no texto?

A situação ruim da saúde pública brasileira, tanto no setor público, quanto no setor privado.

1

Você concorda com a opinião do jornal? Por quê?

Resposta pessoal

Professor(a), recomenda-se que os estudantes realizem silenciosamente a primeira leitura. Em seguida, façamais uma leitura do texto em conjunto. Estimule o debate sobre a situação do setor da saúde em nosso país.Ouça as opiniões dos alunos e medeie o debate.

2

Prática de análise da língua

Ao ler o editorial, você deve ter observado o uso de linguagem padrão e não-padrão. Retire dois exemplos decada tipo de linguagem no texto lido.

Linguagem padrão: “Entre os vários problemas, longas filas de espera para conseguir atendimento são um dos maioresmotivos para reclamação” (4º parágrafo) e “O que dizer, então, quando 268 planos de saúde de 37 operadoras descumpremos prazos máximos previstos pela legislação para realizar o atendimento?” (7º parágrafo).Linguagem não-padrão: “A partir de amanhã, os planos que enrolam ficam proibidos de buscar novos clientes até quemelhorem os serviços” (10º parágrafo) e “A saúde do cidadão, no setor público ou no privado, não pode ser tratada comchá de cadeira” (12º parágrafo).

Linguagem não-padrão.

1

Atente quanto ao uso das expressões:

“Aparece no alto dessa lista”.“Os planos que enrolam”.“Mexer no bolso das empresas”.“Não pode ser tratada com chá de cadeira”.

a) As expressões acima são exemplos de qual tipo de linguagem?

Resposta pessoal.

Resposta pessoal.

b) Você já tinha ouvido essas expressões? Em caso positivo, em quais contextos?

2

No lugar do editorialista, que tipo de linguagem você utilizaria predominantemente em seu texto? Justifique sua resposta.3

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Professor(a), neste momento torna-se pertinente aprofundar os conceitos trabalhados na aula de linguagempadrão e não-padrão. Estabeleça a interação na aula, através da socialização dos conteúdos.

PRÁTICA DE ESCRITA - DESAFIO

Releia seu editorial. Tente perceber qual tipo de linguagem você empregou e se seu uso está deacordo com os conceitos estudados em sala de aula. Lembre-se de que usar os tipos de linguagempadrão ou não-padrão são recursos que você pode explorar em seu texto. Então, mãos à obra!

aula 28

O que devo aprender nesta aulau Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Comentar ideias e opiniões presentes nos editoriais de jornais e revistas de circulação nacional, regional e local.

u Discutir sobre a situação de produção dos editoriais de diversos jornais

u Ler editoriais observando a configuração/organização do texto.

u Refletir sobre os recursos expressivos empregados nos editoriais.

Prática de oralidade

Retome o texto “Chá de cadeira para a saúde” e observe, que outros recursos, além da linguagem, o editor utilizouem sua argumentação:

Conceito

Os recursos expressivos são processos utilizados pelos autores para tornar o texto mais sugestivo e eficaz. O usode recursos expressivos possibilita uma leitura para além dos elementos superficiais do texto e auxilia o leitor naconstrução de novos significados. Nesse sentido, o conhecimento de diferentes gêneros textuais proporciona ao leitoro desenvolvimento de estratégias de antecipação de informações que o levam à construção de significados.

Professor(a), neste momento é necessário revisar os conceitos vistos na aula passada, bem como reler otexto. Estimule a participação dos estudantes fazendo questionamentos. Espera-se que os alunos percebamque o autor utilizou alguns recursos linguísticos, como a repetição de palavras (surpresa) questiona o leitor,retoma o título na linha argumentativa do texto etc.

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Prática de análise da língua

O título “Chá de cadeira” foi utilizado para reforçar os argumentos a respeito da situação do setor da saúde no Brasil, tantono setor público, quanto no setor privado, caracterizada pela demora nos atendimentos e serviço ruim. A expressão chá decadeira remete-nos à espera por atendimentos melhores nos serviços prestados. Em suma “A saúde do cidadão, no setorpúblico ou no privado, não pode ser tratada com chá de cadeira”.

Relacione o título do editorial com os argumentos apresentados no texto.1

a) Aparece em primeiro lugar dessa lista.b) Os planos que não respeitam os consumidores.c) Prejudicar financeiramente.d) Não pode ficar à espera de soluções.

A palavra surpresa foi utilizada primeiramente para reforçar o argumento de que é necessário pagar por um plano de saúde, vistoque na rede pública o atendimento é demorado, caracterizado por longa filas. O segundo uso de surpresa serve para reforçar que,mesmo na rede privada, os beneficiários têm enfrentado os mesmos problemas da rede pública, ou seja, demora nos atendimentos.

Sim. O questionamento leva o leitor a refletir sobre a questão levantada, de maneira enfática, sugestiva e eficaz.

Professor(a), enfatize que os estudantes deverão substituir as expressões, de acordo com os contextos queaparecem no texto.

Substitua as expressões abaixo por outras da linguagem padrão.

a) “Aparece no alto dessa lista”.b) “Os planos que enrolam”.c) “Mexer no bolso das empresas”.d) “Não pode ser tratada com chá de cadeira”.

2

Releia os parágrafos abaixo:

Não é surpresa, portanto, que quase 50 milhões de brasileiros precisem de um plano de saúde privado paracuidar de seu bem-estar. É sempre uma surpresa, porém, descobrir que os beneficiários de alguns planos também sofrem com a demorapara marcar consultas. Explique os sentidos da palavra surpresa na argumentação utilizada pelo autor.

3

O questionamento utilizado pelo autor, no 7º parágrafo texto, pode ser considerado um recurso expressivo?4

PRÁTICA DE ESCRITA - DESAFIO

Releia seu editorial. Tente perceber o uso de uma mesma palavra que expresse ideias diferentes. Vocêfez algum questionamento aos leitores de seu texto? E você, inseriu algum dado estatístico? Taisrecursos reforçam a sua argumentação e podem ser utilizados. Vamos lá!

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aula 29

O que devo aprender nesta aulau Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Analisar e refletir sobre o emprego das flexões verbais

u Retomar a produção inicial, para reformulações que garantam a presença dos elementos próprios do gênero.

Prática de oralidade

Volte ao editorial Cuidar dos médicos, publicado no jornal Folha de S. Paulo, dia 10 de dezembro de 2012,trabalhado na aula 9 e releia-o, agora, para observar e refletir sobre o emprego das flexões verbais presentes nesse texto.

Conceito

Os verbos são palavras que indicam ações ou exprimem o que se passa, e têm a propriedade de localizar o fato notempo, em relação ao momento em que se fala. São variáveis, podem sofrer flexão de tempo, modo, pessoa e número.Há três tempos verbais básicos: presente, passado e futuro.

Prática de análise da língua

Nesse momento, você fará um trabalho em grupos, para isso retome o texto “Cuidar dos médicos” e responda àsquestões abaixo, referentes ao emprego das flexões verbais. Em seguida socialize suas conclusões para o restante da turma.

Professor(a), peça aos estudantes que observem bem o emprego das flexões verbais, presentes no editorialem estudo. Para isso proponha a seguinte reflexão. Os verbos• indicam ações ou exprimem o que se passa.• têm propriedade de localizar o fato no tempo, em relação ao momento em que se fala.• podem sofrer flexão de tempo, modo, pessoa e número.• possuem tempos verbais básicos: presente, passado e futuro.• possuem modos verbais: indicativo, subjuntivo e imperativo.

Todos os três verbos estão na 3ª pessoa do plural, (se referem a alunos) e no modo indicativo (retratam situações consideradasreais por parte de quem fala ou escreve). São e dominam estão flexionados no presente, visto que exprimem estado (ser) e ação(dominar) que ocorrem no momento da fala, ou seja, no momento em que o editorialista escreve o editorial e argumenta a tesedefendida. O verbo foram, por sua vez, está no pretérito perfeito, pois expressa uma ação já concluída no momento da fala.

O presente indica uma ação, estado ou fenômeno da natureza que ocorre no momento em que se fala.

Analise as flexões verbais dos verbos destacados no trecho “São alunos que não dominam o conteúdo básiconecessário para cuidar da saúde da população e, por isso, foram reprovados pelo Cremesp (Conselho Regionalde Medicina do Estado de São Paulo).”

1

O que você sabe sobre o tempo presente? Quando ele é usado?2

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O verbo está na 3ª pessoa do singular (se refere ao coordenador) e foi empregado no pretérito imperfeito do modo subjuntivo.Imaginasse sugere não uma certeza, mas uma possibilidade de atitude do coordenador. A palavra talvez que introduz o trechoreforça a dúvida, a incerteza dessa ação.

“Ainda que sejam pertinentes algumas críticas ao exame,...”; “Permitir que tais profissionais ingressem no mercado de trabalho é umatemeridade.” “Não faz sentido permitir que a população fique nas mãos de médicos que não têm o conhecimento mínimo necessário.”

Professor(a), organize os estudantes em grupos, peça-lhes que retomem o texto em estudo e respondam às questõesabaixo. Dê um tempo para que a turma realize a atividade e peça-lhes que socializem suas conclusões. Em seguida,com base nos conhecimentos apresentados pelos grupos, proponha uma discussão e finalize fazendo junto com aturma uma sistematização do que foi estudado.

Leia o trecho abaixo, observe o verbo em negrito e analise a sua flexão.

“Talvez o coordenador do Cremesp imaginasse que o resultado de 2012 seria melhor porque, pela primeira vez,fazer a prova foi pré-requisito para o registro profissional.”

3

Sempre que o autor de um texto quer marcar o grau de incerteza de um fato utiliza o modo subjuntivo, queretrata situações consideradas hipotéticas, por parte de quem fala. No texto há mais três verbos flexionado nestemodo verbal. Identifique-os:

4

PRÁTICA DE ESCRITA - DESAFIO

Outra vez, retome seu editorial e observe como você utilizou os verbos para apresentar os fatos e suaopinião. Observe as flexões utilizadas para expressar passado e presente, certezas e dúvidas etc. Casoperceba que precisa aprimorar este conhecimento linguístico no seu texto, a hora é agora: façaconsultas em gramáticas, discuta com seus colegas, peça ajuda ao(à) seu professor(a)!

aula 30

O que devo aprender nesta aulau Discutir sobre a finalidade dos editoriais de diferentes jornais, revistas, TV etc.

u Discutir sobre a ideologia e a intencionalidade dos editoriais.

u Ler crônicas e editoriais, utilizando diferentes estratégias de leitura como mecanismos de interpretação de textos.

u Ler, comparar e associar os gêneros em estudo, observando forma, conteúdo, estilo e função social.

u Produzir crônicas e editoriais, observando os elementos constitutivos dos gêneros em estudo (forma, estilo e função social).

Prática de oralidade

Professor(a), apresente, à turma, o título do editorial a ser trabalhado nesta aula, questionando-os:

língua portuguesa

84

• O que o título lhe sugere?• Você vê alguma relação entre o título e a data do editorial?• Você acha que o editorialista vai apresentar algum conselho ao leitor? Qual?

Conceito

De modo geral, podemos definir a concordância nominal como sendo a concordância entre o substantivo e seus termosreferentes, como adjetivos, artigos, pronomes, numerais. Essa concordância se dá em gênero (masculino e feminino) e número(singular e plural). Em textos como o Editorial a concordância deve estar em acordo com as regras da norma padrão.

Prática de leitura

Leia o texto abaixo e, em seguida, responda às questões que se seguem:

Uma consultora de educação financeira aconselhou os consumidores a um raciocínio prudente em face dointenso apelo para comprar nesta época do ano, a fim de que os gastos não extrapolem os limites e causem umendividamento que deixará a pessoa em situação verdadeiramente dramática depois.

De modo geral, no País, mesmo antes do balanço final das compras natalinas as famílias já estão muitoendividadas. Para se ter uma ideia, de acordo com dados do Banco Central, 44% da renda anual das famílias estãocomprometidos com endividamento.

Existem consumidores contumazes como os que são seduzidos pelo apelo de comprar neste período do ano,como se sentissem na obrigação de dar presentes. A consultora recomenda que se deve resistir a essa tentação.

O endividamento com uso do cartão de crédito é o maior peso para essas famílias endividadas. Em segundolugar aparece a utilização da linha de crédito conhecida como cheque especial, verdadeira bomba-relógio para quemnão conta com algum planejamento financeiro.

Muitas vezes, por culpa desse elevado índice de endividamento, as famílias acabam sem condições de adquirircoisas essenciais e assim ficam sacrificadas. O que vale dizer: o excesso de endividamento quase sempre não vale apena. Prudência no consumo será sempre conveniente para todos.

Limite da dívida

Jornal O Popular, 10 de dezembro de 2012

A opinião expressa é de que os consumidores devem ter uma posição prudente, cautelosa, diante do consumo.

Que opinião é expressa no editorial?1

O principal argumento empregado é de que a maioria dos consumidores estão endividados além de suas possibilidades.

Que argumentos são utilizados para comprovar esse ponto de vista?2

São marcas de uma linguagem padrão, já que a fala coloquial é marcada por concordâncias, muitas vezes, consideradasem desacordo com essa linguagem padrão.

A concordância correta entre os termos das orações dentro do texto são marcas de que tipo de linguagem?3

língua portuguesa

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O editorial é um gênero que por sua finalidade e suporte precisa se adequar às normas gramaticais.

Em um texto escrito, como o Editorial, é importante que essa concordância seja feita de acordo com as normasgramaticais? Por quê?4

Observe o quadro e complete-o, escrevendo as palavras que concordam com o termo já escrito. Veja o exemplo:1

Copie do texto outros exemplos de concordância nominal.

Uma consultora de educação financeira/ consumidores contumazes/ cheque especial e outros.

Professor, apresentamos aqui a regra básica de concordância nominal; você poderá acrescentar outras regrascaso considere oportuno.

2

Prática de análise da língua

ARTIGO PRONOME SUBSTANTIVO ADJETIVO

das compras natalinas

essas famílias endividadas

algum planejamento financeiro

as famílias sacrificadas

PRÁTICA DE ESCRITA - DESAFIO

Retome sua produção inicial, considere tudo o que já foi visto nas aulas anteriores e ainda o que foivisto nessa aula; observe se em seu texto você fez as concordâncias nominais da forma correta, deacordo com as regras gramaticais da língua padrão. Caso não o tenha feito, corrija-o!

língua portuguesa

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aula 31

O que devo aprender nesta aulau Discutir sobre a finalidade dos editoriais de diferentes jornais, revistas, TV etc.

u Discutir sobre a ideologia e a intencionalidade dos editoriais.

u Ler editoriais, utilizando diferentes estratégias de leitura como mecanismos de interpretação de textos.

u Ler, o gênero em estudo, observando forma, conteúdo, estilo e função social

u u Produzir editoriais, observando os elementos constitutivos do gênero em estudo (forma, estilo e função social).

u Refletir sobre o emprego da concordância nominal e verbal nos gêneros em estudo.

Prática de leitura

Professor(a), caso ache necessário, retome a leitura do editorial da aula anterior para prosseguir com essa aula.

Vimos que o tema do editorial lido ontem é o endividamento de muitas famílias brasileiras. Você considera esseum tema adequado ao gênero?

É um tema de relevância social e bastante discutido, principalmente nessas épocas de grande consumo, portanto adequado ao gênero.

1

De acordo com o editorial, qual a principal consequência do endividamento das famílias?

As famílias acabam sem condições de adquirir coisas essenciais e assim ficam sacrificadas.

2

“...a fim de que os gastos não extrapolem os limites e causem um endividamento que deixará a pessoa em situaçãoverdadeiramente dramática depois.” Nesse trecho aparece uma relação entre o endividamento e a situação difícildas pessoas. Explique como se dá essa relação.

No caso a relação existente é de causa e efeito, ou seja, as pessoas se endividam, comprometem grande parte de sua renda e entãonão conseguem mais pagar suas dívidas, ficando em situação difícil.

3

Que tipo de linguagem predomina no texto? Justifique.

Predomina a linguagem padrão, como podemos perceber pela ausência de gírias e expressões regionais, pelo cuidado com as regrasgramaticais, como a concordância.

4

Conceito

Definimos a concordância verbal, basicamente, como sendo a concordância entre o sujeito e o verbo a que ele se refere.Essa concordância se dá de acordo com a pessoa (1ª, 2ª e 3ª) e número (singular e plural). Em textos como o Editorial aconcordância deve estar em acordo com as regras da norma padrão.

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Prática de análise da língua

Vimos na aula anterior um tipo de concordância, aquela que existe entre o substantivo e seus referentes, a concordâncianominal. Que outra concordância podemos fazer no texto?

Outra concordância possível é entre o sujeito e seu predicado, ou entre o sujeito e o verbo.

1

O autor do editorial poderia ter separado o período em dois? Por que não o fez?

Separar o período acarretaria na repetição do sujeito, o que deixaria o texto com uma linguagem fora do padrão considerado culto,portanto, em desacordo com uma das características do gênero.

3

Busque no texto outro exemplo em que dois verbos referem-se a um mesmo sujeito e copie o trecho.

“...as famílias acabam sem condições de adquirir coisas essenciais e assim ficam sacrificadas.”

4

No trecho“...a fim de que os gastos não extrapolem os limites e causem um endividamento que deixará a pessoa emsituação verdadeiramente dramática depois.” aparecem dois verbos para um mesmo sujeito. Copie os período emque isso ocorre?

extrapolem e causem. Os dois verbos estão no plural porque se referem à palavra gastos que também está no plural.

2

PRÁTICA DE ESCRITA - DESAFIO

Retome sua produção inicial, considere tudo o que já foi visto nas aulas anteriores e ainda o quefoi visto nesta aula. Observe se em seu texto você fez as concordâncias verbais da forma correta,de acordo com a norma padrão e, caso não o tenha feito, corrija-o.

aula 32

O que devo aprender nesta aulau Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Refletir e compreender a função da regência no relacionamento com os termos da oração.

u Retomar a produção inicial, para reformulações que garantam a presença dos elementos próprios do gênero.

Prática de oralidade

Nessa aula, estudante, a ideia é fazer uma retomada de tudo que já foi estudado até o momento sobre o gêneroeditorial e, em seguida, refletir e compreender a função da regência no relacionamento com os termos da oração,tendo como base o texto Oscar Niemeyer.

língua portuguesa

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Professor(a), antes de iniciar a leitura do texto Oscar Niemeyer, converse com os estudantes sobre tudo oque já estudaram referente ao gênero editorial, provoque-os a dizer, principalmente, sobre a evolução daaprendizagem deles em relação à leitura e à escrita. Em seguida, peça-lhes que leiam o texto, discutam sobreele e respondam as seguintes questões:

• Ao ler esse texto é possível perceber com mais facilidade o assunto tratado? Explique.• Sobre a opinião do editorialista desse texto, o que você tem a dizer?Está clara? É convincente? Foi reforçado no final do texto?• Você acha que o estudo do gênero editorial lhe ajudou a identificar a tese de textos de opinião, a desenvolver

melhores argumentos, e a aumentar seu poder sustentação de uma posição? Argumente.• Faça uma síntese oral da evolução do seu aprendizado sobre a leitura e a escrita.

Conceito

A regência cuida especialmente das relações de dependência em que se encontram os termos na oração ou as oraçõesentre si no período composto. Os termos, quando exigem a presença de outro, chamam-se regentes ou subordinantes; osque completam a significação dos anteriores chamam–se regidos ou subordinados. Quando o termo regente é um nome(substantivo, adjetivo ou advérbio), ocorre a regência nominal. Quando o termo regente é um verbo, ocorre a regência

Prática de leitura

Leia o texto abaixo e, em seguida, reflita sobre as questões propostas:

Contam-se nos dedos os brasileiros que tiveram fama internacional comparável à do arquiteto Oscar Niemeyer.Criador de Brasília, ao lado de Lucio Costa, e autor de obras em várias partes do mundo, Niemeyer marcou sua presençana arquitetura do século 20 graças a um estilo próprio, feito de elegância e aerodinâmica leveza.

Já não seria pouco, dada a circunstância de que o modernismo arquitetônico, pelo menos na primeira metadedo século passado, corria o risco de cair na impessoalidade e na rigidez. A preferência quase dogmática pela linhareta, pela extrema economia de recursos, pela austeridade antiornamental, foi questionada por Niemeyer.

Como é sabido, o brasileiro considerou que novas técnicas de edificação em concreto armado permitiam umaabertura maior para a fantasia do arquiteto. Flexibilizou, como nunca, as linhas do edifício.

Nesse sentido, o próprio Oscar Niemeyer não se esquivou de relacionar seu estilo com a natureza de seu país –as montanhas do Rio de Janeiro e “as curvas da mulher amada” estariam entre as principais fontes de inspiração.

Seja como for, a obra de Niemeyer não tanto retirou elementos da paisagem brasileira quanto serviu parareconfigurá-la, já nas construções mineiras da Pampulha, nos anos 1940.

Tratava-se, ao lado do então governador Juscelino Kubitschek, e mais ainda em Brasília, de dar forma a umsonho de modernidade, ao mesmo tempo informal e inovador, que seria a marca das principais aspirações nacionais,ao menos até a ruptura de 1964.

O gesto aéreo e largo de quem domina o horizonte e o liberta, sem esforço, para o advento do futuro, estava porassim dizer no inconsciente de atitudes que orientava o projeto desenvolvimentista. Viu-se depois, de formatraumática, o quanto de conflito, de desigualdade, de autoritarismo e de turbulência se escondiam sob as promessasde meados do século.

Com inabalada serenidade, a mesma com que enunciava convicções em muito alheias ao amável populismojuscelinista e ao duro centralismo militar, Niemeyer sobreviveu aos percalços da política, sempre igual a si mesmo.

Oscar Niemeyer

língua portuguesa

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A beleza palaciana de suas obras, contrastando com os fins igualitários de sua crença comunista, persiste,pairando, decorativa talvez, mas inspiradora ainda, num país e num mundo bem menos simples e transparentes.

Inscrito na audácia do desenho, no branco do mármore, na curva do concreto e na limpidez do vidro, o nome deNiemeyer parece refletir esta esperança: a de que a matéria, rígida e muda, possa dobrar-se, fácil, aos desígnios do homem.

Professor(a), diga aos estudantes que, para escrever um bom texto é preciso articular bem as palavras epara isso é necessário compreender a relação existente entre os termos uma oração e perceber que um termoserve de complemento ao outro. A palavra ou oração que governa ou rege as outras chama-se regente ousubordinante; os termos ou oração que dela dependem são os regidos ou subordinados. Peça-lhes que, em duplas, releiam o texto, discutam sobre ele, observando como as palavras se relacioname formam um todo com sentido, para isso oriente-os a desenvolverem as atividades a seguir, diga-lhes queestas os ajudarão a refletir e compreender a função da regência no relacionamento com os termos da oração.

Folha de . Paulo, 07 de dezembro de 2012http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/1197368-editoriais-oscar-niemeyer.shtml

Prática de análise da língua

Observe a oração a seguir e responda:

“Niemeyer marcou sua presença...”

a) A palavra destacada é:

um verbo

b) Essa palavra é o termo regente ou regido? Explique.

regente. No texto, essa palavra exerce a função de verbo trasitivo direto que exige um complemento sem preposição – sua presença –termo regido que completa esse verbo dando sentido à ideia contida no texto.

c) De acordo com o conceito de regência acima, essa relação trata-se de regência verbal ou nominal? Explique.

regência verbal, pois trata-se da relação de dependência estabelecida entre o verbo (marcou) e seu complemento (sua presença).

a regência nominal acontece quando o termo regente da oração, utilizados para dar sentido ou significado ao que se quer expressaré um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio). Exemplo: “O gesto aéreo e largo de quem domina o horizonte e o liberta...”

Professor(a), continue orientando os estudantes durantes as atividades, digas-lhes que a regência verbalestuda a relação de dependência que se estabelece entre os verbos e seus complementos. Mostre-lhes que,na realidade o que estudamos na regência verbal é se o verbo é transitivo direto, transitivo indireto, transitivodireto e indireto ou intransitivo e qual a preposição relacionada com ele. Discuta bem esses conceitos coma turma, se for preciso peça-lhes que pesquisem em gramáticas, internet etc.

1

Defina regência nominal e cite um exemplo do texto em estudo.2

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Analise as orações abaixo e complete o quadro:

“Flexibilizou, como nunca, as linhas do edifício.”

“...enunciava convicções em muito alheias ao amável populismo juscelinista...”

“Niemeyer sobreviveu aos percalços da política, sempre igual a si mesmo.”

3

Termo regente/Função Flexibilizou: verbo transitivo direto

Regência verbal

Termo regido/Função as linhas do edifício: objeto direto

Termo regente/Função Sobreviveu: verbo transitivo indireto

Regência verbal

Termo regido/Função aos percalços da política: objeto indireto

Termo regente/Função enunciava: verbo transitivo direto e indireto

Regência verbal

Termos regidos/Função convicções: objeto diretoao amável populismo juscelinista: objeto indireto

PRÁTICA DE ESCRITA - DESAFIO

Releia o seu editorial, observe mais uma vez se os elementos próprios desse gênero, inclusive oconteúdo estudado nessa aula, estão presentes nele, caso perceba alguma falha, aproveite essemomento e aprimore seu texto.

língua portuguesa

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aula 33

O que devo aprender nesta aulauReescrever o editorial atentando-se às características pertinentes a este gênero, bem como quanto à utilização dos elementosarticuladores, coesão e coerência.

u Reescrever a tese, os argumentos, bem como a conclusão na elaboração do texto.

u Revisar o uso dos elementos articuladores (conjunções coordenativas e outros).

u Conferir ao editorial coesão e coerência, através do uso dos elementos articuladores e pontuação, para garantir a clarezadas ideias apresentadas.

u Estabelecer relações entre o gênero textual notícia e o gênero textual editorial, por meio de suas semelhanças e diferenças.

Prática de oralidade

Depois de termos estudado sobre o editorial, suas características e a importância dos elementos articuladoresem um texto, para torná-lo coeso e coerente, chegou a hora de refletir sobre a importância da reescrita. Todo textoescrito deve ser revisado, ou seja, reescrito. É importante que você, aluno, perceba o uso da língua em suas produçõesescritas, ou seja, faça as seleções necessárias para as produções textuais que escrever. Em duplas, cada aluno lerá oeditorial do outro e fará sugestões que contribuam para a melhoria dos textos.

Conceito

Os editoriais são textos de um jornal em que o conteúdo expressa a opinião da empresa, da direção ou da equipede redação, sem a obrigação de ter alguma imparcialidade ou objetividade. Geralmente, grandes jornais reservamum espaço predeterminado para os editoriais em duas ou mais colunas logo nas primeiras páginas internas.Oprofissional da redação encarregado de redigir os editoriais é chamado de editorialista.

Professor(a), é importante enfatizar que um texto deve ser reescrito e que tal prática não se configura comoperda de tempo, bem como a importância do uso do rascunho. É necessário também socializar as produçõesescritas, por isso deve-se estimular a atividade em duplas. Estimule também a prática de leitura e reescrita nasoutras disciplinas. Lembre-se que seu papel nessa atividade é mais uma vez mediar a correção. Ao corrigir umtexto, por exemplo, o professor pode indicar problemas identificados, tais como: reflexão sobre a língua, (re)organização de ideias, bem como as características do gênero trabalhado.

Objetivo geral

Sistematizar os conhecimentos sobre o gênero em estudo, explorando as práticas de oralidade, analise da língua e escrita.

Sistematização dosconhecimentos sobre o gênero

Disponível em: <http://linguaportuguesafp2009.blogspot.com.br/2009/06/genero-editorial.html> Acesso em dezembro 2012.

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Prática de oralidade

Para você, o que é reescrita?1

Para você, qual é a importância de se reescrever um texto?2

Você tem o hábito de reescrever os textos que escreve? Justifique.3

Por que a reescrita torna-se fundamental, por exemplo, na produção de um editorial?

Respostas pessoais

Professor(a), é necessário monitorar a atividade de reescrita. Coloque-se à disposição dos alunos para sanardúvidas. Enfatize que essa prática deve tornar-se recorrente na produção de textos, em todas as disciplinas.

4

PRÁTICA DE ESCRITA - DESAFIO

Reescreva seu editorial empregando todo o conteúdo visto durante nossas aulas. Lembre-se deutilizar as características pertinentes a este gênero, os elementos articuladores, as conjunçõescoordenativas, de tornar seu texto coeso e coerente. Depois de terminar as devidas revisões,entregue para o seu professor todas as versões de seu trabalho. Para ficar bem organizado,numere os textos do primeiro ao último.

aula 34

O que devo aprender nesta aulau Enfatizar a importância da reescrita nas produções textuais.

u Socializar os editoriais produzidos pela turma.

u Reescrever e publicar os editoriais produzidos.

Prática de oralidade

Depois de ter produzido seu editorial, etapa por etapa, chegou a hora de expor os resultados à turma. Faremosuma roda de leitura dos editoriais. Cada aluno lerá o seu texto para o restante dos colegas. Em seguida, será feitauma votação dos três melhores textos. Estas produções serão publicadas no jornal da escola. Caso não haja publicaçãodeste tipo em sua escola, que tal implantá-la? Converse com seus professores.

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Professor(a), disponha as carteiras em círculo. O importante nesta atividade é a interação da turma, pois todosestiveram envolvidos na produção escrita do editorial durante as aulas. Cada estudante lerá o editorial produzido.Estimule a participação espontânea dos estudantes. Caso algum estudantes não queira ler, se ofereça para ler emseu lugar, ou peça que indique um colega para realizar a leitura. Peça para que os estudantes façam anotações nodecorrer das leituras. Quando todos tiverem lido, pergunte a cada um deles qual foi o melhor editorial e por quê.Anote no quadro o nome dos estudantes indicados. Os três textos mais votados serão trabalhados em conjuntopela turma. Enfatize a importância de se escolher o texto pelos argumentos apresentados e não por quem o escreveu.

Conceito

É cada uma das seções de um jornal ou revista (esporte, política, economia, moda,et.), que fica sob a responsabilidadede um editor (editorial) ; parte de um jornal ou revista escrita por um editor. O editor é responsável pelo seu editorial.

Prática de leitura

Disponível em: <http://www.dicionarioinformal.com.br/editorial/> Acesso em dezembro de 2012.

Quais foram os motivos que o levaram a escolher o texto que votou?1

Você observou se o autor do texto que escolheu utilizou as características do gênero editorial? Exemplifique.2

Você observou se o autor do texto que escolheu utilizou as os elementos articuladores e conjunçõescoordenativas? Exemplifique.3

Quais foram os conteúdos que você apreendeu a respeito de Editorial?

Respostas pessoais

Professor(a), esta atividade tem por objetivo aferir o senso crítico dos estudantes, no que concerne à escolhado texto, bem como à apreensão dos conteúdos trabalhados.

4

PRÁTICA DE ESCRITA - DESAFIO

Vamos reescrever o texto juntos? O professor dividirá a turma em 3 grupos. Cada grupo ficaráresponsável pela reescrita de um dos textos escolhidos pela turma. Lembrese de utilizar ascaracterísticas pertinentes ao gênero editorial, bem como o uso dos elementos articuladores,além da pontuação, paragrafação, ortografia etc.

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CORRESPONDÊNCIAS:Carta de Solicitação, Carta de Recomendação,

Carta de Agradecimento, Carta Comercial, Ofício e Ata.

Identificação dos conhecimentos prévios/ introdução ao estudo do gêneroObjetivo geral

Diagnosticar os conhecimentos dos estudantes a respeito do gênero ‘’Carta de Solicitação’’ explorando as práticasde oralidade, leitura e escrita.

aula 35

O que devo aprender nesta aulau Reconhecer a estrutura do gênero carta de solicitação.

uDiscutir sobre a importância de produzir uma carta de solicitação em nosso cotidiano.

uDesenvolver as habilidades de interpretação textual no gênero carta de solicitação.

Prática de oralidade• Você sabe identificar uma carta de solicitação?• Você conhece objetivos da carta de solicitação?• Qual a importância de produzir uma carta de solicitação?

Conceito A Carta de Solicitação é um gênero textual que tem por finalidade fazer uma solicitação a um interlocutor,

para o qual é apresentado um problema na esperança de que esse seja resolvido ou amenizado. É um textoargumentativo, de caráter persuasivo, no intuito de convencer o destinatário.

Carta SolicitaçãoProfessor (a), dando continuidade ao estudo dos gêneros textuais, diga aos estudantes que juntos vocês

trabalharão com diversas correspondências.Para dar inicio ao estudo do gênero “Carta de Solicitação”, mostre aos estudantes que a carta é considerada

um dos meios de comunicação mais antigos. Existem vários tipos de cartas e a forma de cada uma depende de

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O texto abaixo é uma carta que solicita à autoridade em questão, um apoio imediato junto ao CongressoNacional no tocante à punição aos crimes praticados por empresas telecomunicativas por parte da Anatel, visandomelhorias nos serviços prestados a comunidades. Leia com atenção e responda às questões que se seguem:

Professor (a), apresente o texto que segue aos estudantes, antecipando-lhes algumas informações necessáriaspara a compreensão do conteúdo da carta. Explique-lhes quais são as características da carta de solicitação epeça aos estudantes que destaquem no texto essas características. Por exemplo: o local e a data, o pronome detratamento que vem seguido do termo de chamamento (vocativo). Além disso, professor (a), discuta com osestudantes o conteúdo abordado na carta. Solicite a eles que descubram os pontos de vista argumentativos decaráter persuasivo, utilizados para convencer o destinatário. Converse com os estudantes sobre o que é a ANATELe em que consiste a formação de oligopólios e cartéis, entre outros aspectos mencionados na carta.

Exma. Sra. Deputada Federal Ângela GuadagninParabenizamos sua presteza, agilidade e o interesse demonstrado, dado o curto hiato de tempo entre o primeiro contato

com seu filho e a sua comunicação telefônica.Ficamos muito felizes, pois agora que somos governo, temos percebidos um certo imobilismo por parte de nossa bancada,

dando-nos a forte impressão que só somos combativos e pró-ativos quando estamos na oposição.Somos hoje uma comunidade com 695.000 membros, até o fim do ano seremos 732.000 usuários de banda larga. Só em

2002, nosso crescimento foi de 112% e pelas projeções de mercado realizadas pelo IDC, seremos 3,8 milhões em 2006.Dado o seu interesse, estamos enviando o relatório completo, penso que são subsídios que a auxiliarão para pensarmos

numa estratégia eficiente para atuação dentro de sua comissão para alcançar eco no executivo, inclusive junto ao ministro dacasa civil, que sabemos está concentrando os estudos (menos estudos e mais proposições de interesse político econômico)sobre as ANas, para suas propostas que podem servir de base apresentação de PL que aprimore a disciplina e, principalmente,tomar medidas imediatas para coibir abusos e fazer cumprir a lei, usando instrumentos disponíveis no que tange à participaçãodo representante dos usuários no conselho e nos comitês da Anatel (ver no dossiê a manobra recente sobre assunto no mês 02de 2003.)

Penso que o momento é oportuno por termos tido conhecimento que: 1. É prática comum das teles, apoiadas pela ANATEL, fornecer informações distorcidas, tendenciosas, incorretas eincompletas, defendendo seus interesses corporativos, em detrimento dos interesses dos usuários. Numa delas, para evitarcumprir liminar do Ministério Público Federal da quinta região, A C Apelação Civil 109 388 processo 9705017611 Bauru11/10/2002, ANEXOS 5, 6, 7 e 53, a Telefônica alega repassar custos, não apresenta planilhas, e cobra por um serviço queela mesmo executa, valores maiores que os cobrados pelos provedores, que terceirizam o acesso com a própria Telefônica!A própria ANATEL enviou ao judiciário texto incompleto da LGT, suprimindo o artigo 7º induzindo o magistrado aerro, e impedindo a concessão de liminares (Norma 004/95 e informe SPV) ANEXOS 11 e 12.2. Por ter conhecimento pela imprensa da decisão do Sr. Presidente Lula de rever as atividades das agências reguladoras.(Artigo de “O estado de São Paulo’’, ANEXO 13).3. Por estarmos presenciando a apresentação em 2003 de dois projetos de lei, sendo um do um deputado do PT OrlandoFantazzini, que nos parece inconstitucional, por ignorar a interpretação do sistema normativo das telecomunicações, etambém pelo teor das proposituras, que se aprovadas aniquilariam o que resta da livre iniciativa no setor de provimentode acesso à internet, em favor das teles. ANEXOS 14 a 17 Hoje, dada à falta de normatização para as novas tecnologias,de distorções em sua aplicação em sua aplicação, e a ineficaz fiscalização por parte da ANATEL e do CADE, as operadorasde telecomunicação já dominam grande parte desse mercado, através de formação de cartel, disfarçado em livreconcorrência, conforme denúncias, ANEXO 18 a 22.Estamos acompanhando pela imprensa, alguns procedimentos do ministro Miro Teixeira, apoiadas por alguns

parlamentares (ver contratos do STFC) que poderá resultar no esvaziamento do órgão e até mesmo na sua extinção.Como V.Ex. poderá depreender de nosso relatório, somos veementemente contra as manobras coorporativas, o aviltamento

às leis, os crimes contra o consumo, formação de oligopólios e cartéis, que vem sendo praticado pelas teles com a conivênciaexplícita da Anatel, e pela omissão do congresso nacional que durante a ultima legislatura não fez uso de suas prerrogativas de

São Paulo, quinta – feira, 20 de março de 2003.

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controlar os atos praticados pelas ANas, através dos instrumentos garantindo na C.F. artigo 49 incisos V,X e XI e artigo 50,que lhe confere poderes e autoridades para convocar ministro de estado e titulares de órgão diretamente subordinados apresidência da Republica.

O desenho formatado para regência da Anatel garante também o controle social, através da participação nos conselhos edos comitês. Assim a condução do órgão poderia obedecer ao formato harmônico, democrático e republicano que inspirouseus princípios regulatórios.

Se a Anatel não impedisse a participação da sociedade, se o congresso cumprisse seu papel de controle e fiscalização sobreos atos e regulamento da agência, que após publicação ganha força de lei, as políticas públicas ditadas pelo executivo e aprovadospelo legislativo estariam sendo atendidas, e os desmandos, vícios, crimes e descalabros estariam coibidos. A este respeito,solicitamos a leitura atenta da contribuição oferecida por nosso diretor da sub-seção-R.J (Rogério) Sob o titulo (Alô, congressonacional? Estamos esperando vocês.) . Neste artigo estamos apresentando também 20 sugestões que só dependem de vontadepolítica para serem implementadas, usando dos instrumentos já existentes, e seria uma atitude emblemática, visto que teria ocaráter de mostrar à sociedade a seriedade, honestidade, competência e agilidade desta nova legislatura em que nosso partidoé situação.

Colocamos- nos a disposição para complementar, instrumentalizar e apoiar todas as suas iniciativas para o aperfeiçoamentoda Anatel, e o enquadramento das teles quanto ao cumprimento de nossas leis, para o impedimento da concorrência desleal,espoliativa e predadora em particular; e das que se façam para cumprir o artigo primeiro da constituição, no aprimoramentodaquela propositura, no tocante ao aperfeiçoamento e criação de canais de comunicação social e política capazes de estabelecera interação do cidadão com a esfera pública.

Agradecemos sua atenção, e colocando-nos à sua disposição, oferecemos nossos telefones particulares 011 3083-7688,9197-1443 e o e-mail [email protected] para contato.

Despedimos-nos com protesto de grande consideração.

Atenciosamente,

Horacio BelfortPresidente.

Prática de Leitura

Identifique no texto:Local e data: São Paulo, quinta-feira, 20 de março de 2003.

Os interlocutores (remetente e destinatário): Horacio Belfort e Deputada Federal Ângela Guadagnin

Vocativos: Exmª Srª Deputada Federal Ângela Guadagnin

Despedidas: Despedimos-nos com protesto de grande consideração. Atenciosamente

Interceder junto ao Congresso Nacional, apresentando medidas que possam coibir abusos e fazer cumprir a lei referente aoscrimes contra o consumo e formação de cartéis, praticados pelas empresas de telecomunicações.

1

Qual é a solicitação feita pelo remetente ao destinatário?2

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Os atuantes fazerem parte da mesma bancada política e sofrerem com os abusos das empresas telecomunicativas e tambémpor serem usuários da banda larga em grande escala de forma crescente.

Professor (a), mostre aos estudantes o objetivo da prática de escrita “Desafio”. Diga a eles que só terão o queescrever / solicitar, se pesquisarem para conhecer a realidade local. É importante ler os textos dos estudantes efazer as anotações possíveis para ajudá-los na reescrita da carta (prevista para a aula seguinte).

A carta de solicitação por ser um texto argumentativo, apresenta argumentos de forma a convencer o destinatário.Cite dois argumentos do texto que poderiam fazer o solicitado atender ao pedido.3

PRATICA DE ESCRITA - DESAFIO

Pesquise em jornais locais denúncia de algum tipo de problema que vem ocorrendo na cidade e escrevauma carta de solicitação a um órgão competente pedindo providências e /ou fazendo sugestões. Nãose esqueça de seguir a estrutura da carta de solicitação e de empregar a linguagem formal.

Ampliação e sistematização dosconhecimentos sobre o gêneroObjetivo geral

Ampliar e sistematizar os conhecimentos sobre o gênero, explorando as práticas de oralidade, leitura, escrita eanálise da língua.

aula 36

O que devo aprender nesta aulau Construir significados e inferir informações a partir da leitura.

u Refletir sobre a função social do gênero.

u Refletir sobre a linguagem utilizada no gênero em estudo.

u Retomar a produção inicial com a finalidade de garantir a presença dos elementos próprios do gênero.

Conceito

O gênero Carta de Solicitação é um instrumento pelo qual podemos exercer a cidadania, com base nos nossosdireitos e deveres para com o outro e para com a sociedade em geral. Por meio desse gênero podemos apontarfalhas, discutir e apresentar soluções para problemas que enfrentamos diariamente em nosso meio. Esse é um dosnossos deveres como cidadãos.

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Prática de oralidade

Prática de leitura

Professor (a), discuta com os estudantes sobre problemas presentes nas diversas áreas da sociedade (meioambiente, trânsito, segurança, saúde, educação, e outros) e as possíveis soluções para os mesmos. Explique quepor meio da carta de solicitação podemos reivindicar nossos direitos e exercer nossos deveres como cidadãos.Faça uma leitura oral da carta abaixo com os estudantes e, em seguida, questione-os:

• Que elementos que compõem a forma de uma carta de solicitação estão presentes nesta carta?• Que tipo de linguagem é empregado na carta?• Qual a função social desta carta?

Releia a carta abaixo e, em seguida, responda às questões que se seguem:

Ilmº. Sr. Diretor do Departamento de trânsito de Fortaleza:Nós, moradores da Rua Jair dos Meneghetti, há anos vimos enfrentando sérios problemas com o trânsito local. Como é

de seu conhecimento, a Avenida Olímpio de Souza é uma das mais movimentadas de nossa cidade. Ela concentra um grandenúmero de veículos – incluindo-se, além de automóveis, ônibus e caminhões, já que conduz o fluxo tanto ao centro da cidadequanto às rodovias que levam a cidades vizinhas.

Mesmo havendo duas pistas em cada sentido da Avenida Olímpio, é comum alguns veículos, na altura do número 1.500,tomarem nossa rua como atalho. Isso se deve a duas razões: Primeiramente porque, nos horários de pico, é normal o trânsitofluir mais lentamente: em segundo lugar porque, mais à frente, na altura do número 1700, existe um semáforo que sinaliza ocruzamento da Rua Sílvia Arante com a Olímpio. Os motoristas, quando estão na altura do número 1.500, conseguem avistaro semáforo e, se ele está fechado, não hesitam em tomar a Jair dos Santos como atalho e sair já no número 1.900 da AvenidaOlímpio.

O resultado não poderia ser diferente: poluição do ar, barulho insuportável de motores e buzinas, riscos constantes paranossas crianças, insegurança, em virtude da constate circulação de pessoas estranhas ao local, má qualidade de vida.

Lembramos a V.ª que a Rua Jair dos Santos Meneghetti é predominantemente residencial e não comporta tal tipo detráfego. Além disso, na campanha política do atual prefeito, que V.Sª naturalmente apoiou, uma das propostas defendidas eraa preservação da qualidade de vida da cidade. Eis uma oportunidade de concretizar essa proposta, tomando-se uma destasmedidas práticas que ora sugerimos inverter a mão da Rua Jair dos Santos Meneghetti, que atualmente vai do número 01 parao número 225, ou colocar três quebra-molas ou lombadas ao longo da Rua supracitada.

Acreditamos que a adoção de uma dessas soluções – que custariam pouco e poderiam ser efetivadas em no máximo doisdias – resolverá o problema de uma vez e conseguirá devolver-nos a tranquilidade que tínhamos no passado e a que temosdireito ainda hoje. Para V.Sª. e para o Departamento que dirige, será também a oportunidade de se integrar às reais necessidadesda população, cada vez mais conscientes de seus deveres e direitos.

Certos de sua atenção, agradecemos.Moradores da Rua Jair dos Santos

Fortaleza (Ce), 12 de Janeiro de 2010.

Disponível em http://oblogderedacao.blogspot.com.br

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O grande fluxo de veículos na Rua Jair dos Santos Meneghetti, colocando em risco a vida de seus moradores.

Qual é o problema que motivou a escrita da carta?1

Inverter a mão da Rua Jair dos Santos Meneghetti, que atualmente vai do número 01 para o número 225 ou colocar trêsquebra-molas ou lombadas ao longo da Rua supracitada.

Quais foram as medidas sugeridas pelos moradores a fim de solucionar o problema?3

A linguagem formal, pois o texto apresenta períodos, palavras e expressões de acordo com a norma culta da língua. Servecomo exemplo qualquer trecho da carta.

Professor (a), ao corrigir a questão quatro (04), comente com os estudantes e anote na lousa sobre asvariedades linguísticas, explicando e dando exemplos de cada nível de linguagem.

Professor (a), é hora de orientar o estudante na reescrita tendo como base as anotaçõesfeitas por você durante a correção dos textos.

Que tipo de linguagem foi utilizada na carta? Justifique e comprove sua resposta com exemplos do texto.4

Poluição do ar, barulho insuportável de motores e buzinas, riscos constantes para nossas crianças, insegurança, em virtude daconstante circulação de pessoas estranhas ao local, má qualidade de vida.

Quais as consequências do aumento de tráfego nessa rua?2

PRATICA DE ESCRITA - DESAFIO

Retome a sua produção (aula anterior) e verifique se a carta de solicitação explica claramentequal é o problema que o leva a escrever ao destinatário. E se estão presentes e adequados àforma composicional da carta: local, data, vocativo, corpo do texto, despedida e assinatura.Vejaainda se a linguagem está de acordo com o seu interlocutor.Depois troque sua carta com um colega e juntos discutam se o texto está objetivo, claro e secorresponde aos aspectos estudados no gênero. Dê sugestões ao colega ou vice-versa, casojulgue necessário que algum trecho seja melhorado.

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aula 37

O que devo aprender nesta aulau Desenvolver habilidades e competências de análise e produção textual , reconhecendo e utilizando os recursosmorfossintáticos da língua.

u Refletir sobre o emprego do pronome de tratamento e vocativo como elementos fundamentais do gênero.

u Refletir sobre o vocativo no gênero em estudo.

u Saber produzir texto no gênero utilizando os recursos morfossintáticos da língua.

Conceito

Segundo Leila Lauar Sarmento e Douglas Tufano, pronomes de tratamento são palavras ou expressõesempregadas no trato cerimonioso com o interlocutor e vocativo é o termo que expressa um chamamento. Esseselementos linguísticos são imprescindíveis na construção da carta. Os pronomes de tratamento que se usam novocativo (nome do destinatário) sempre concordam com os verbos em 3ª pessoa.

Prática de oralidade

Prática de análise da língua

• Identifique o vocativo e os pronomes de tratamento.• Considerando o destinatário - os pronomes de tratamento foram utilizados adequadamente?

Professor (a), com o auxílio de uma gramática, anote na lousa os pronomes de tratamento, a formaabreviada e seu emprego. Aproveite a oportunidade e explique sobre “vocativo”. É importante que vocêapresente exemplos sobre esses conteúdos durante a explicação.

Professor (a), peça aos estudantes que leiam com atenção o texto da aula anterior, chamando-lhes a atençãopara o destinatário da carta:

“..que V.Sª naturalmente apoiou, ...”

Releia o 4º parágrafo do texto da aula anterior e identifique o trecho que comprova a concordância do pronomede tratamento com o verbo em 3ª pessoa do singular.1

V.Exª: Vossa Excelência.

Se o destinatário da carta fosse o presidente da República qual pronome de tratamento deveria ser utilizadosegundo a norma gramatical?2

“Lembramos a você que a Rua Jair dos Santos Meneghetti é predominantemente residencial...”

Reescreva o trecho “ lembramos a V.Sª que a Rua Jair dos Santos Meneghetti é predominantemente residencial...”supondo que o destinatário fosse um amigo.3

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Professor (a), antes da atividade de prática de escrita – Desafio – converse com os estudantes sobre o assuntodos textos (1 e 2). Reflita com eles sobre a violência que infelizmente assola todo o país. Não perca aoportunidade de conscientizá-los sobre a “cultura da paz”. Afinal, você é um formador de opinião. Pense nisso!

PRATICA DE ESCRITA - DESAFIO

Leia os textos 1 e 2 e reflita sobre o assunto abordado nestes textos. Em seguida elabore umacarta de solicitação ao secretário de Segurança Pública de São Paulo, Antônio Ferreira Pinto,solicitando-lhe uma ação concreta que solucione o problema da violência no estado. Para construira sua carta, considere as características estudadas no gênero (local, data, vocativo, intençãopersuasiva, argumentação convincente, linguagem formal, expressão de despedida e assinatura).

O Estado de São Paulo vive uma onda de violência, com registros de chacinas, homicídios, ônibusincendiados e mortes de policias militares. Desde o Ultimo dia 24, 253 pessoas foram mortas naregião metropolitana de São Paulo – média de 9,7 por dia.Desde o início do ano, 95 policiais militares já foram assassinados em todo o Estado de São Paulo.Em 2011, 47 PMs foram mortos – 21 dos crimes ocorreram enquanto os policiais estavam emserviço e 26 foram assassinados no horário de folga - , de acordo com o comandante geral da PM,Roberval França.

Professor (a), peça aos estudantes para avaliarem os seus textos, verificando se a cartaproduzida apresenta argumentos convincentes de forma clara e suficiente. Se alinguagem mantém um nível mínimo de formalidade que a situação requer, se estãopresentes e adequados os elementos estruturais da carta de solicitação (local, data,vocativo, assinatura). Ou se preferir peça que troquem os textos com o colega para seremcorrigidos e depois para fazerem a rescrita corrigindo o que for necessário.

Texto 1

Texto 2

Violência

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Síntese

Características das cartas de solicitação• Texto de intenção persuasiva;• Apresentação ás autoridades componentes uma solicitação de soluções para um problema;• Estrutura semelhante a das cartas em geral: local e data, vocativo, corpo da carta (assunto), expressão cordial

de despedidas, assinaturas;• Estratégia argumentativa: apresentação de problema, suas causas e consequências, exposição de argumentos

capazes de persuadir o destinatário;• Linguagem clara e objetiva, de acordo com o padrão culto formal da língua, geralmente em 1ª. Pessoa;• Formas verbais predominantemente empregadas no presente do indicativo;• Pronomes de tratamento de acordo com o cargo ocupado pelo destinatário.

Identificação dos conhecimentosprévios/ introdução ao estudo do gêneroObjetivo geral

Diagnosticar o conhecimento dos estudantes a respeito do gênero “Carta de Recomendação” explorando as práticasde oralidade, leitura e escrita.

Professor (a), para o trabalho com gênero - Carta de Recomendação – leve para sala de aula classificados de jornais, ecrie um ambiente na sala de aula de modo que o estudante tenha acesso aos anúncios de emprego. Recorte os anúnciose distribua-os a cada estudante solicitando a leitura de cada classificado. Envolva a todos nessa dinâmica de leitura.Peça aos estudantes que observe as exigências para preenchimento das vagas oferecidas. Oriente-os quanto àcomprovação dessas exigências que podem ser feitas por meio de cartas de recomendação. Após as orientações,apresente um modelo do gênero em estudo.É importante que todos os estudantes pesquisem, durante a semana, outros tipos de cartas, além da carta de solicitação,de agradecimento, pessoal etc., observando as características próprias desse gênero em cada carta.

Carta de Recomendação

aula 38

O que devo aprender nesta aula

u Dialogar sobre a finalidade e a estruturação de cartasde recomendação.

u Ler com fluência e autonomia, construindo significadose inferindo informações implícitas.

u Identificar os gêneros textuais que caracterizam osgêneros em estudos.

u Identificar marcas linguísticas e expressões próprias dacarta de recomendação.

u Distinguir os gêneros de correspondência em estudo apartir da estrutura destinatário, finalidade, e espaço decirculação.

u Distinguir os gêneros de correspondência em estudo apartir da estrutura destinatário, finalidade, e espaço decirculação.

u Construir texto de correspondência – carta derecomendação – numa situação real de uso.

língua portuguesa

103

Conceito

A carta de recomendação é um documento no qual o antigo empregador atesta as qualidades profissionais epessoais do seu ex-funcionário e o recomenda para quem possa interessar. Pode ser feita pelo Departamento pessoal,diretor, gerente ou chefe imediato.

O importante é que a pessoa que escreve a carta de recomendação possa, posteriormente, confirmar o que estáescrito. Quanto ao conteúdo a carta deve ter: período trabalhado, função, atividades realizadas, desempenho narealização das tarefas, qualidades profissional e potencial do ex-funcionário.

No final da carta deve conter os dados de quem escreveu: nome, cargo, telefone e assinatura.

Segue um modelo de carta de recomendação:

Prática de leitura

Responda às questões abaixo:

Em seguida proponha aos estudantes a leitura da carta de recomendação que segue. Mas atenção, professor (a), éimportante antecipar aos alunos as finalidades do gênero em estudo e sua contextualização no mundo do trabalho.

Professor (a), após a leitura, proponha as questões abaixo para ajudar os estudantes a desenvolver habilidadescomo: localizar o tema do texto, a sua finalidade, estabelecer relações, inferir informações.

(nome da empresa)(CNPJ)(endereço)(nome do ex-empregado), inscrito no CPF sob o n (informar), é pessoa de meu conhecimento, (indicara profissão), correto, competente, responsável e pontual, tendo trabalhado para esta empresa no períodode (informar o inicio) a (informar o fim do vínculo), executando serviços de (informar), sob minhasupervisão direta.Durante o período indicado manteve conduta pessoal e profissional irrepreensíveis, motivo pelo qualrecomendo seus serviços, nada havendo que o desabone.Atenciosamente,(assinatura)(nome do empregador/diretor/gerente proprietário)(cargo ocupado)WWW.tudobot.com/146/modelo_de_carta_de_recomendacao.html

Vocativo marcado pelo emprego do pronome senhor seguido do cargo do destinatário, marcas de interlocução e uso deadjetivos para identificação do recomendado.

Identifique marcas linguísticas e expressões próprias da carta de recomendação.1

língua portuguesa

104

Esse texto tem por finalidade recomendar um candidato a uma determinada empresa para confirmar as competências ehabilidades descritas no currículo.

Qual a finalidade do texto?2

Cabeçalho, localidade, data, vocativo, texto-corpo da carta-assinatura e cargo.

Professor (a), oriente os estudantes a refletir sobre os diversos aspectos apresentados, voltando o texto paraconfirmar ou refutar suas hipóteses. Em seguida, discuta com eles as respostas dadas, mostrando-lhes o gabarito.

Identifique os elementos próprios do gênero, a estrutura e configuração desse texto.3

PRATICA DE ESCRITA - DESAFIO

Prepare-se! Agora você produzirá a primeira escrita de uma carta de recomendação.Imagine que você seja o diretor ou o gerente de uma grande empresa e use uma boa dose decriatividade para fazer a recomendação de um ex- funcionário a uma vaga de trabalho em umanova empresa. Boa escrita!

A ideia aqui, professor (a), é saber o que os estudantes já conseguem produzir e o que aindaprecisam aprender. Para que você possa planejar as interações necessárias. Assim, éfundamental que você leia os textos produzidos e faça anotações para o trabalho de reescrita.

Identificação dos conhecimentosprévios/introdução do estudo do gêneroObjetivo geral

Diagnosticar os conhecimentos dos estudantes a respeito do gênero “carta de agradecimento” explorando as práticasde oralidade, leitura e escrita.

Carta de Agradecimento

língua portuguesa

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aula 39

O que devo aprender nesta aula

u Dialogar sobre a finalidade e a estruturação de cartas de agradecimento.

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados inferindo informações implícitas.

u Identificar os elementos textuais que caracterizam o gênero em estudo.

u Identificar marcas linguísticas e expressões próprias da carta de agradecimento.

u Distinguir o gênero de correspondência em estudo a partir da estrutura, destinatário, finalidade e espaços de circulação.

u Utilizar o gênero carta de agradecimento – adequados a uma determinada situação de comunicação real ou ficcional.

Conceito

São diversas as ocasiões em que recebemos favores, bons serviços ou oportunidades que aproveitamos com satisfação.Nessas situações, convém demonstrar que apreciamos a consideração que nos foi dada. Essa manifestação pode serformalizada por meio de uma carta de agradecimento.

Prática de Oralidade

• Você reconhece o gênero carta de agradecimento?• Você conhece o objetivo da carta de agradecimento?• Qual a importância de produzir uma carta de agradecimento?

Prática de Leitura

Professor (a), faça uma leitura do texto, observando referências importantes como: a linguagem utilizadana carta de agradecimento, a intencionalidade de quem escreve e a quem se destina. Reflita com osestudantes sobre as particularidades do gênero – Carta de Agradecimento – apresentados no texto lido. Com o objetivo de continuar identificando os conhecimentos que os estudantes já possuem sobre as‘’correspondências’’ proponha à sala de aula, uma leitura compartilhada da carta de agraecimento quesegue, antecipando-lhes algumas informações que podem caracterizar o gênero em estudo.

Segue um modelo de carta de recomendação:

Senhor(a). (nome),Apresento meus agradecimentos pelo apoio e oportunidades que me foram concedidos.O tempo que passei em companhia de pessoas excelentes contribuiu imensamente para meu crescimentopessoal e profissional, graças ao companheirismo de todos.Desejo a todos muita sorte e sucesso!Muito obrigado por tudo.Atenciosamente(seu nome)

língua portuguesa

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Em relação à carta de agradecimento lida, entenda por base as características do gênero - carta deagradecimento e responda às questões a seguir:

Agradecimento por uma gentileza, favor.

Qual é o assunto tratado nesse texto?1

À pessoa que fez a gentileza ao remetente.

A quem a carta é dirigida?2

A pessoa que escreve a carta é a pessoa que está agradecida.

Por quem foi escrita esta carta?3

A linguagem usada é formal padrão e a pessoa do discurso utilizada é a terceira pessoa.

Professor (a), abra um espaço para que os estudantes discutam e socializem as respostas dadas às questõesacima e expressem seus conhecimentos sobre o gênero e sobre o domínio da leitura. Durante a discussão,faça as intervenções necessárias com o objetivo de enriquecer essa aprendizagem.

Que tipo de linguagem e pessoa gramatical foram empregados nessa carta?4

PRATICA DE ESCRITA - DESAFIO

O nono ano é o encerramento de uma etapa em seus estudos, ele representa a conclusão doEnsino Fundamental e, com certeza, muitas pessoas contribuíram com a sua formação.Como um gesto de gratidão é sempre bem – vindo, escreva uma carta de agradecimento a umadestas pessoas que você considera especial ( coordenador, professor, colega etc.)Envolvendo as características próprias desse gênero.

Professor, (a), medeie esta atividade, percorrendo a sala e orientando a escrita individual,com base no estudo desse gênero.

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107

aula 40

O que devo aprender nesta aula

u Inferir significados através da leitura, associação e comparação dos gêneros em estudo.

u Refletir sobre o uso de conjunções e pronomes relativos.

u Refletir sobre a variação linguística no gênero.

u Refletir sobre a função social do gênero.

Conceito

Conforme alguns estudiosos a carta de agradecimento a uma doação é caracterizada pela sua função de agradecerpor uma doação recebida. Ela tem uma linguagem mais formal possível e de maneira prática, garantindo, assim, aabertura para novas doações.

Alguns gramáticos afirmam que é importante conhecer os pronomes relativos e as conjunções, bem como osseus significados para poder dar sentido ao texto.

Prática de leitura

O texto abaixo é uma carta de agradecimento por doação. Leia com atenção e responda às questões que se seguem:

Prática de Oralidade

Professor (a), nesse momento é necessário ressaltar a importância de se escrever uma carta de agradecimento, poisdemonstra consideração e gratidão a pessoa destinada. Esse gesto torna as relações mais harmoniosas e produtivas.Sendo assim, peça aos estudantes que leiam o texto em voz alta, comparem - o com a carta de solicitação das aulasanteriores e discuta suas semelhanças e diferenças. Depois, professor (a), anote na lousa sobre o uso de conjunçõese pronomes relativos no texto e a importância que esses elementos têm para tornar o texto mais coeso e coerente.

Professor (a), com auxílio de uma gramática, anote na lousa todos os pronomes relativos e as conjunçõescoordenativas e subordinadas com seus respectivos significados. Peça que os estudantes apontem oralmenteexemplos de frases que contenham conjunções e pronomes relativos e anote-os na lousa.

Prezada Helena Lunardelli,Venho por meio desta agradecer as flores que nos foram enviadas pela Flor Gentil para o nosso baile da primavera.Conforme pode ver nas fotos anexas, os idosos ficaram muito felizes e agradecidos por causa das flores.É por causa de atitudes como as da sua organização que muitas ações são abrilhantadas e tornam melhor o dia de pessoas

que participam de atividades, por exemplo, nos bairros da periferia e em lugares com pessoas menos favorecidas.Espero poder contar com essa parceria outras vezes, pois será muito importante para os idosos.Faço aqui também um convite para que sua organização venha nos fazer uma visita e conhecer nosso trabalho. Teremos

muito prazer em recebê-los.Muito obrigado!Atenciosamente,Jorge Barbosa

Goiânia, 10 de outubro de 2012

Disponível em: http://www.Zun.com.br

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A carta de agradecimento tem a função de agradecer a alguém ou estabelecimento sobre algo recebido ou tratamentoadquirido enquanto a carta de solicitação tem por objetivo solicitar a alguma autoridade a resolução de um problema.

Quais as diferenças entre esse texto e a carta de solicitação quanto ao seu conteúdo?1

O motivo é a doação de flores pelo remetente para o baile da primavera dos idosos.

Qual é motivo do agradecimento apresentado no texto?2

Formal. O remetente utiliza palavras e expressões do nível formal da língua. Por exemplo, “atenciosamente”, “prezada” esegue construções sintáticas conforme as regras gramaticais.

Que tipo de linguagem foi utilizada no texto? Formal ou informal? Justifique.3

Assinale a relação de sentido das conjunções destacadas nos trechos abaixo:

a) “Conforme pode ver nas fotos...”( ) Adição ( X ) conformidade ( ) Comparação

b) “...pois será muito importante...”( X ) Explicação ( ) Oposição ( ) Conclusão

c) “...um convite para que sua organização venha...”( ) Causa ( ) Condição ( X ) Finalidade

4

PRATICA DE ESCRITA - DESAFIO

Leia a tira seguinte retratada pelas personagens Jon e seu guloso gato Garfield e responda às questões:

(DAVIS, Jim. Garfield. Folha de S. Paulo, 30 Mar. 2000. In: TERRA, E. & NICOLA, J de. Práticas de Linguagem – Leitura e Produção deTextos. São Paulo: SCIPIONE, 2001, p.291.)

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Não. A Conjunção “portanto” tem o sentido de conclusão e em relação ao período anterior aconjunção deverá ter o sentido de oposição, ficando assim, sem coerência.

Percebendo que a fala do terceiro quadrinho é uma continuação da fala do primeiroquadrinho, há coerência entre essas duas falas? Justifique.1

Ampliação e sistematização dosconhecimentos sobre o gêneroObjetivo geral

Ampliar e sistematizar os conhecimentos dos estudantes a respeito do gênero “Carta de Agradecimento”, explorandoas práticas de oralidade, leitura e escrita.

aula 41

O que devo aprender nesta aula

u Inferir informações a partir da leitura de textos sobre a estrutura do gênero.

u Produzir cartas de agradecimento, observando seus elementos constitutivos.

u Desenvolver habilidades de leitura e interpretação textual no gênero carta de agradecimento.

u Reconhecer o significado contextual e estrutural do gênero, atentando para a sua função social.

Prática de Oralidade

• Por que é importante agradecer?• Em que situação o agradecimento se faz necessário?• Como deve ser a linguagem utilizada em uma carta de agradecimento?

Conceito

Segundo estudiosos, a carta de agradecimento é um gênero utilizado para externar gratidão a alguém ou a umaempresa, estabelecimento, etc.

Esse gênero apresenta a mesma estrutura da carta pessoal e de solicitação ( local e data, vocativo, corpo do texto,despedida e assinatura ). A linguagem deve ser objetiva, clara e adequada ao seu interlocutor, mantendo sempre a formalidade.

Professor (a), comente sobre a importância do agradecimento, levante situações em que seria necessário o ato deagradecimento. Convém ressaltar que o grau de formalidade da carta depende de seu interlocutor.

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Prática de leitura

O texto abaixo é uma carta de agradecimento ao cliente, em que a empresa agradece a seus clientes a preferênciaem relação ao seu estabelecimento. Leia com atenção e responda às questões.

Professor (a), faça uma leitura dinâmica da carta abaixo, e clame a atenção da classe para o vocabulário e onível de linguagem utilizados.

Prezado Amigo,

Pra nós é uma honra tê-lo como cliente, é uma honra termos sido eleitos para prestar-lhe este serviço que exigesegurança e responsabilidade. Temos orgulho pela relação de confiança que conseguimos estabelecer e estamosaberto para qualquer sugestão vossa que possa melhorar ainda mais a prestação dos nossos serviços.

A proposta desta empresa é realizar um trabalho de excelência, cumprindo prazos e contratos com o máximorigor. Esta proposta de qualidade não seria possível de ser implementada sem a valiosa colaboração que você, comocliente, sempre nos ofereceu, cumprindo também os contratos estabelecidos e relevando os eventuais contratemposque sempre tentamos evitar.

Se todos os clientes fossem como você, toda carga seria muito mais fácil de carregar. Que os nossos caminhoscontinuem a se cruzar e nos levem sempre em direção a um mundo de paz e esperança.

Atenciosamente,Auto Peças e Mecânica ABCJoão B. Alves - Gerente

Goiânia, 11 de novembro de 2012.

Disponível em: http://www.Zun.com.br

Agradecer ao destinatário por ser um ótimo cliente e colaborar com o sucesso da empresa.

No primeiro parágrafo do texto, identifique o motivo da carta.1

“...estamos abertos para qualquer sugestão vossa que possa melhorar ainda mais a prestação dos nossos serviços.”

No texto, percebemos que o remetente procura atender seu cliente da melhor forma possível para que ele saiasatisfeito com o serviço prestado. Retire do texto o trecho que comprove essa afirmativa.2

“... a valiosa colaboração que você, como cliente, sempre nos ofereceu, cumprindo também os contratos estabelecidos erelevando os eventuais contratempos que sempre tentamos evitar.

Identifique no texto, o período em que o remetente caracteriza o cliente.3

Sim. Ao utilizar o pronome de tratamento você e o vocativo prezado amigo, o remetente deixa transparecer umaaproximação a mais do destinatário.

Apesar do texto apresentar uma linguagem um pouco formal, é possível perceber uma certa intimidade entre osinterlocutor? Justifique4

língua portuguesa

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Professor (a),ao corrigir as atividades, mostre aos estudantes que a carta de agradecimento ao cliente podeser uma carta destinada a vários tipos de pessoa, desde as que têm um nível elevado de estudo as mais simplese humildes, por isso a adequação da linguagem pode ser mais ou menos formal.

Professor (a), se preferir essa atividade pode ser feita em duplas. E depois de pronta, osestudantes podem trocar os textos entre eles, com o objetivo de fazer as devidas correções euma possível reescrita.

PRATICA DE ESCRITA - DESAFIO

A carta de agradecimento pode ser enviada também a um amigo. Sendo assim, elabore uma carta deagradecimento a um amigo (a) agradecendo por algum favor ou um presente recebido. Como se tratade um amigo (a) é importante que você demonstre intimidade, afetividade. Porém é preciso ser descrito.Não se esqueça de utilizar os elementos constitutivos da carta ( local, data, vocativo, corpo do texto,despedida e assinatura ). Além de agradecer, mostre na carta a sua disposição em ajudá-lo (a) também.

Identificação dos conhecimentos prévios/ introdução ao estudo do gênero

Objetivo geral

Diagnosticar os conhecimentos dos estudantes a respeito do gênero “Carta Comercial” explorando as práticasde oralidade, leitura e escrita.

Carta Comercial

aula 42

O que devo aprender nesta aula

u Dialogar sobre a finalidade e a estruturação de cartas comerciais.

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados e inferindo informações implícitas.

u Identificar os elementos textuais que caracterizam o gênero em estudo.

u Identificar marcas linguísticas e expressões próprias da Carta Comercial.

uDistinguir o gênero de correspondência em estudo com base na estrutura, destinatário, finalidade e espaços de circulação.

u Utilizar o gênero Carta Comercial – adequados a uma determinada situação de comunicação real ou ficcional.

língua portuguesa

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Conceito

É a correspondência tradicionalmente utilizada pela indústria e comércio, usada como meio efetivo de comunicação, a cartacomercial deve ser simples, com textos esclarecedores e carregados de objetividade. É usada normalmente para comunicar-se comum banco, com instituições oficiais, com empresas, etc.

A carta comercial é um documento que permite a comunicação entre pessoas, entre instituições. Ela segue a seguinte estrutura:endereço do remetente ( ou timbre ), endereço do destinatário, a referência, a data, o vocativo, o corpo da carta, o fecho e a assinatura.

Prática de oralidadeProfessor (a), com o objetivo de continuar identificando os conhecimentos que os estudantes já possuem sobreos gêneros estudados envolvendo as correspondências oficiais, proponha à sala uma leitura compartilhada dacarta comercial, antecipando-lhes algumas informações que podem caracterizar o gênero em estudo.

Professor (a) faça uma leitura oral do texto com a classe, chamando atenção dos estudantes para referências importantescomo: a linguagem utilizada na carta comercial, a intencionalidade de quem escreve e a quem a carta se destina. Leve-os a refletir sobre algumas particularidades do gênero – Carta Comercial – apresentadas no texto lido.

Segue um modelo de carta comercial:

PAPEL TIMBRADO

Para ( destinatário / empresa )Atenção a ( pessoa ou departamento )Assunto ( Do que se trata esta comunicação )Prezados Senhores,Somos uma empresa de representações e temos em nosso quadro apenas profissionais altamentecapacitados na área de informática e desenvolvimento de softwares, motivo pelo qual manifestamos nossointeresse em representá-los, com exclusividade, na cidade de (informar).Caso haja interesse por parte de sua empresa, colocamo-nos à disposição para novos contratos, em quepossamos detalhar nossa proposta.Agradecemos antecipadamente a atenção.

Atenciosamente,(assinatura)(Sua Empresa)(Seu Nome – Seu Cargo)

Prática de leitura

Em relação à carta comercial lida e tendo por base as características deste gênero, responda as questões abaixo:

A representação exclusiva de produtos e serviços

Qual é o assunto tratado nesse texto?1

língua portuguesa

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Aos dirigentes de uma empresa.

A quem a carta se dirige2

Por uma empresa de representação.

Por quem foi escrita esta carta?3

A linguagem empregada é formal-padrão, o tratamento adequado a pessoa do interlocutor nesse gênero é a terceirapessoa do discurso.

Que tipo de linguagem e pessoa gramatical foram empregados nessa carta?4

Professor (a), abra um espaço para discussão para que os estudantes socializem as resposta dadas às questõesacima e expressem seus conhecimentos sobre o gênero e sobre o domínio da leitura.

Professor (a), medeie esta atividade, percorrendo a sala e orientando a escrita individual,com base nas anotações feitas por você durante o estudo desse gênero.

PRATICA DE ESCRITA - DESAFIO

Imagine que você seja representante de um interessante produto ou serviço e irá escrever umacarta para apresentar ou oferecer os serviços ou produtos dessa empresa, envolvendo ascaracterísticas próprias desse gênero. Contemple em sua carta comercial os seguintes aspectos:destinatário e marcas de interlocução. Sucesso!

Levantamento dos conhecimentosprévios/introdução ao estudo do gêneroObjetivo geral

Diagnosticar os conhecimentos dos estudantes a respeito do gênero explorando as práticas de oralidade, leitura e escrita.

Ofício

língua portuguesa

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aula 43

O que devo aprender nesta aula

u Reconhecer os elementos do gênero ofício.

u Discutir sobre a importância de produzir um ofício em nosso cotidiano.

u Desenvolver habilidades de argumentação no gênero oficio.

Prática de oralidade

• Com base em que elementos você identifica um ofício?• Qual a finalidade de um ofício?• Qual a importância se produzir e encaminhar um ofício?

Conceito

O ofício é um tipo de correspondência externa, muito usada especialmente quando o destinatário é órgão público. Eleserve para “informar, encaminhar documentos importantes, solicitar providências ou informações, propor convênios, ajustes,acordos, etc., convidar alguém com distinção para a participação em certos eventos, enfim, tratar o destinatário com especialfineza e consideração” ( CAMPOS MELLO, 1978:122 )

Prática de leitura

O texto a seguir é um ofício que responde, à autoridade em questão, mediada dirigida a Senhora Presidente da República,visando aspectos relacionados à demarcação de terras indígenas. Leia com atenção e responda às questões que se seguem:

Professor(a), apresente o texto aos estudantes, antecipando-lhes algumas informações necessárias para acompreensão do conteúdo do ofício. Explique-lhes em que consiste a demarcação de terras indígenas, e afinalidade do conteúdo do texto.

Segue um modelo de carta comercial:

Modelo de ofício do manual de redação da presidência da república (2002)

[Ministério][Secretaria/Departamento/Setor/Entidade][Endereço para Correspondência][Endereço – Continuação][Telefone e Endereço de Correio Eletrônico]Ofício nº 524/1991/SG-PRBrasília, 27 de Maio de 1991.A Sua Excelência e Senhor

língua portuguesa

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Ofício n. º 524/1991/SG-PR

Brasília ,27 de maio de 2011.A sua Excelência o SenhorDeputado [Nome]Câmara dos Deputados70.160-900 – Brasília – DFAssunto: Demarcação de terras indígenas

Exmº Senhor Deputado,

1. Em complemento às observações transmitidas pelo telegrama n. º 154, de 24 de Setembro último,informo Vossa Excelência de que as medidas mencionadas em sua carta n. º 6708, dirigida ao SenhorPresidente da República, estão amparadas pelo procedimento administrativo de demarcação de terrasindígenas instituído pelo Decreto n. º 22, de 4 de Fevereiro de 1991 (cópia anexa).2. Em sua comunicação, Vossa Excelência ressalta a necessidade de que – na definição e demarcação dastérreas indígenas – fossem levadas em consideração as características socioeconômicas regionais.3. Nos termos do decreto n.º 22, a demarcação de terras indígenas deverá ser precedidas de estudos elevantamentos técnicos que atendam ao disposto no art. 231, 1. º, da Constituição Federal. O exame desteúltimo aspecto deverá ser feito conjuntamente com órgão federal ou estadual competente.4. Os órgão públicos federais, estaduais e municipais deverão encaminhar as informações que julgarempertinentes sobre a área em estudo. É igualmente assegurada a manifestação de entidades representativasda sociedade civil.5. Os estudos técnicos elaborados pelo órgão federal de proteção ao índio serão publicados juntamentecom as informações recebidas dos órgão públicos e das entidades civis acima mencionadas.6. Como Vossa Excelência pode verificar, o procedimentos estabelecido assegura que a decisão a serbaixada pelo Ministério de estado da Justiça sobre os limites e a demarcação de terras indígenas sejainformada de todos os elementos necessários, inclusive daqueles assinalados em sua carta, com a necessáriatransparência e agilidade.

Atenciosamente,[assinatura][cargo]

Prática de leitura

Brasília, 27 de maio de 2011

Identifique no texto:

Local e data:

1

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Presidência da República Deputado [X]

Atenciosamente

Os interlocutores ( remetente e destinatário )

Exmº Senhor Deputado,

Sim. Desde o cabeçalho, corpo do texto, objetividade, despedida, até a assinatura são diferenciadas.

O vocativo:A despedida:

Há diferença desse gênero em relação à carta pessoal quanto à forma, estilo e conteúdo? Justifique.2

Há diferenciações entre as linguagens. Os termos usados no ofício são bem técnicos e a linguagem é totalmente objetiva.

A linguagem utilizada faz parte do cotidiano de vocês, ou apresentam diferenciações da linguagem comum? Justifique.3

Responder e complementar às observações transmitidas pelo telegrama n. º 154, recebido em 24 de Setembro.

Qual é a solicitação feita pelo remetente ao destinatário?4

Professor (a), antes da prática de escrita – Desafio – oriente os estudantes. Apresente-lhes sugestões e possíveissolicitações que poderão fazer a um órgão público. Explique a eles o que é “linguagem específica” ecomplemente reforçando as características do gênero estudado.

PRATICA DE ESCRITA - DESAFIO

Com base no texto apresentado como modelo de oficio, crie seu próprio texto - oficio ressaltandoalguma solicitação a um órgão público. O conteúdo do texto deve ter linguagem específica.

Ampliação e sistematização dosconhecimentos sobre o gêneroObjetivo geral

Ampliar e sistematizar os conhecimentos dos estudantes a respeito do gênero “ofício” explorando as práticas de oralidade,leitura, escrita e análise da língua.

língua portuguesa

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aula 44

O que devo aprender nesta aula

u Identificar a linguagem e significados a partir da leitura do texto em estudo.

u Refletir sobre a função social do gênero.

u Comparar os tipos de conteúdos explícitos nos textos. (anterior e atual).

u Retomar a produção inicial com a finalidade de garantir a presença dos elementos próprios do gênero.

Prática de oralidade

• Que elementos que compõem a forma deste gênero textual estão presentes neste ofício?• Que linguagem é empregada no texto?• Qual a função social deste texto?• O que você acha que é um plano de contingência?• Quais os riscos que a Dengue pode trazer à população?

Professor (a) reflita com os estudantes sobre as questões recorrentes nas diversas áreas de sua comunidade(meio ambiente, trânsito, segurança, saúde, educação, e outros) e os possíveis caminhos para a solução dosmuitos problemas existentes. Explique que por meio de um ofício podemos reivindicar nossos direitos e exercernossos deveres como cidadãos contribuindo, por exemplo, com a melhoria da qualidade de vida na sociedadeem que vivemos. Faça uma leitura oral do ofício abaixo com os estudantes e, em seguida, questione-os sobre ascaracterísticas do texto. Explique que este tipo de correspondência é o documento por meio do qual é feitadeterminada comunicação ou solicitação, em caráter oficial, à determinada pessoa física ou jurídica.

Conceito

O gênero ofício é um instrumento através do qual podemos exercer a cidadania, com base em nossos direitos de deverespara com o outros e para com a sociedade em geral. Por meio desse gênero podemos apontar falhas, discutir e apresentarsoluções para problemas que enfrentamos diariamente em nosso meio.

Um ofício é uma correspondência oficial, enviada normalmente a funcionários ou a autoridades públicas. O ofício é otipo mais comum de correspondência oficial expedido por órgão público, em objeto de serviço. Seu destinatário, no entanto,além de outro órgão público pode ser também um particular. O conteúdo do ofício é matéria administrativa, mas podevincular também matéria de caráter social, oriunda do relacionamento da autoridade em virtude de seu cargo ou função.

Ofício nº 00123/2011Brasília, 25 de outubro, de 2011.

Ao SenhorCLÁUDIO MAIEROVITCH PESSANHA HENRIQUEDiretor do Departamento de Vigilância das Doenças TransmissíveisEsplanada dos Ministérios, Bloco G, salas 148 e 15670058-900 Brasília – DFAssunto: Solicitação de incentivo financeiro para qualificação das ações de prevenção e controleda dengue

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Senhor Diretor,

Vimos por meio deste, encaminhar a Vossa Senhoria, o Plano de Contingência para análise, bem comoo Termo de Compromisso, aprovado pela comissão intergestores Bipartite por meio da Resolução nºxxxx, de xx de xxxx de 2010.Os referidos documentos contêm o detalhamento das ações a serem desenvolvidas por este município,visando o recebimento do incentivo financeiro para qualificação das ações de prevenção e controle dadengue em nosso município.Certos de vosso pronto atendimento, antecipamos agradecimentos.

Ateciasamente,Xxxxxxxxxxxxxxx

Prática de leitura

O assunto visa recebimento do incentivo financeiro para qualificação das ações de prevenção e controle da dengue nomunicípio em foco.

Qual é o assunto que motivou a escrita do ofício?1

O paciente corre o risco de ter queda brusca na pressão arterial, com a diminuição da oxigenação dos tecidos, com aprobabilidade de uma infecção se proliferar em questão de poucas horas, levando ao óbito.

Quais os riscos da doença para a população?2

Plano de Contingência com o detalhamento das ações a serem desenvolvidas por esse município.

Quais foram as medidas propostas pelo Secretário Municipal de Saúde a fim de solucionar o problema?3

Formal, pois o texto apresenta períodos, palavras e expressões de acordo com a norma culta da língua. Ex: Encaminho a Vossa Senhoria.

Professor (a), ao explicar a questão quatro (04), comente com os estudantes e anote na lousa os tipos delinguagem, explicando e apresentando exemplos dentro do texto, dos termos utilizados e suas funções nocontexto da correspondência.Explique também que expressões do tipo “Vimos por meio deste”, estão sendo abolidas das correspondências oficiais. Ainda para enriquecer a discussão, converse com os estudantes sobre a importância de conhecer os tipos depronomes e o papel que eles têm nas correspondências, principalmente, nas oficiais. E que o emprego dospronomes de tratamento obedece a secular tradição. São de uso consagrado.

Que tipo de linguagem foi utilizado no texto? Justifique e comprove sua resposta com exemplos do texto.4

língua portuguesa

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Conceito

Os pronomes de tratamento são formas de distinção e respeito, auxiliando-nos na referência às autoridadescivis, militares e eclesiásticas.

Os Pronomes de Tratamento (ou de segunda pessoa indireta) apresentam certas peculiaridades quanto à concordânciaverbal, nominal e pronominal.

Embora se refiram à segunda pessoa gramatical (à pessoa com quem se fala, ou a quem se dirige à comunicação), levama concordância para a terceira pessoa. É que o verbo concorda com o substantivo que integra a locução:

Ex.: Vossa Senhoria nomeará o substituto; Vossa Excelência conhece o assunto.

Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:

a) do Poder Executivo;Presidente da República;Vice-Presidente da República;Ministros de Estado;Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito Federal;Oficiais-Generais das Forças Armadas;Embaixadores;Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocupantes de cargos de natureza especial;Secretários de Estado dos Governos Estaduais;Prefeitos Municipais.

b) do Poder Legislativo:Deputados Federais e Senadores;Ministro do Tribunal de Contas da União;Deputados Estadual e Distritais;Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais;Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais.

c) do Poder Judiciário:Ministros dos Tribunais Superiores;Membros de Tribunais;Juízes;Auditores da Justiça Militar.

O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos Chefes de poder é Excelentíssimo Senhor, seguidodo cargo respectivo:

Excelentíssimo Senhor Presidente da República,Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional,Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal.As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor, seguido do cargo respectivo:Senhor Senador,Senhor Juiz,Senhor Ministro,Senhor Governador,No envelope, o endereçamento das comunicações dirigidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá a

seguinte forma:

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A sua Excelência o Senhor fulanode tal Ministro de Estado da Justiça70.064-900 – Brasília.DF

A sua Excelência o Senhor SenadorFulano de tal Senado Federal70.165-900 – Brasília.DF

A sua Excelência o Senhor Fulanode tal Juiz de Direito da 10º Varacível Rua ABC, no 123 01.010-000– São Paulo.SP

(Fonte:www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual.htm)

Prática de análise da língua

Vimos por meio deste encaminhar a Vossa Senhoria...

Releia o 1º parágrafo do texto da aula anterior e identifique o trecho em que aparece o pronome de tratamento.1

Porque o destinatário é diretor de um departamento de um órgão público.

Por que o uso deste pronome de tratamento?2

V. Exº: Vossa Excelência

Se o destinatário do ofício fosse a Presidenta da República, qual pronome de tratamento deveria ser utilizado?3

Excelentíssimo Senhor Presidente da República,Vimos por meio deste encaminhar a vossa excelência o Plano de Contingência para análise, bem como o vimos por meiodeste encaminhar a vossa excelência o Plano de Contingência para análise, bem como o termo de Compromisso, aprovadopela Comissão Intergestores Bipartite por meio da Resolução nº xxxx, de xx de xxxx de 2010.

Professor (a), agora é um momento muito importante! Afinal, escrever é preciso! Oriente os estudantes paraque possam fazer algumas reflexões sobre as características do gênero em estudo e assim, desenvolver aprática de escrita – Desafio.

Reescreva o 1º parágrafo deste ofício, incluindo o vocativo, supondo que o destinatário fosse a Presidenta da República.3

PRATICA DE ESCRITA - DESAFIO

Leia a charge abaixo e, em seguida, elabore um ofício solicitando a uma autoridade competenteuma ação concreta que solucione este problema no Estado.Pense no destinatário ( de quem é a competência para a solução deste problema?) e procureseguir as regras de elaboração de ofício, inclusive observando a linguagem.

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Professor (a), aproveite a oportunidade e leia os textos dos estudantes para fazer umaanálise a respeito do que foi ensinado e aprendido. Anote o que é preciso mudar nostextos e esclarecer aos estudantes que é possível melhorar a escrita. Analise com eles asíntese: “características de um ofício” e incentive para que façam a reescrita dos textos.Pois à medida que os estudantes “escrevem”, “analisam” e “reescrevem” percebem oquanto podem melhorar e desenvolver as habilidades necessárias à produção textual. Evocê, professor (a), se sentirá orgulhoso de seu trabalho!

Disponível em :http://www.orkugifs.com/procurar.php?recado=charge

Síntese

Características de um ofício

• Existem alguma normas que fazem da composição de um ofício, que são as seguintes: o cabeçalho, geralmente nocabeçalho do ofício, conta com o timbre do órgão público; logo mais abaixo fica o índice do ofício circular, onde constao número do ofício seguido do ano em que foi redigido ( exemplo: 01/2012 ); em seguida consta o nome do municípiodo órgão expedidor do documento e a data em que o ofício circular foi redigido ( exemplo: São Paulo, 6 de março de2012 ). O nome do mês sempre será em minúsculo, os dias de 1 a 9, jamais poderão ser precedidos pelo zero, e após oano, sempre com ponto final, pois trata-se de uma frase nominal.• Em seguida é necessário informar o vocativo. Entre o índice e o vocativo são necessários de 2 a 4 espaços simples, oque vai depender do tamanho do texto que constituirá o ofício.• Deve-se sempre iniciar com letra maiúscula e o vocativo adequado sempre seguido de dois pontos, ou vírgula.• O corpo do texto conta com as informações da qual o órgão remetente deseja transmitir aos outros destinatários.• Os principais fechamentos utilizados são, “Atenciosamente”, utilizados para autoridades de mesma hierarquia ouinferior, ou “Respeitosamente”, utilizada para autorizadas de hierarquia superior. Os fechamentos são sempre seguidosde vírgulas, por serem advérbios. No rodapé do ofício circular, consta o destinatário, sendo desnecessário o uso detratamentos ( DD. – Digníssimo, por exemplo ), sendo suficiente o pronome de tratamento Senhor (a). É necessário queo signatário assine ou rubrique cada ofício.

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Identificação dos conhecimentos prévios/ introdução ao estudo do gêneroObjetivo geral

Diagnosticar os conhecimentos dos estudantes a respeito do gênero “Ata”, explorando as práticas de oralidade,leitura e escrita.

aula 45

O que devo aprender nesta aulau Partilhar com os colegas as percepções de leitura na ata lida e ouvida.

u Valorizar a leitura da Ata como forma de domínio dos documentos que circula no mundo do trabalho.

u Antecipar o conteúdo das Atas com base no título e características do gênero.

u Ler com fluência e autonomia, construindo significados e reconhecendo o valor desse documento nas relações de trabalho.

u Produzir a primeira escrita de uma Ata.

AtaProfessor (a), para desenvolver o trabalho com gênero - Ata - prepare a sala de aula com as carteiras

disposta de tal forma como se os alunos fossem participar de uma reunião, em forma de U ou círculo.Informe aos estudantes que irão participar de uma reunião para definir alguns procedimentos para o bomdesempenho das aulas, porém essa seria uma simulação de reunião. Apresente uma pauta e coloque osestudantes para pensar sobre as questões levantadas. Peça que todos participem da elaboração das regrasde conduta de boa convivência. Apresente aos estudantes o livro “ata” que deverá ser preparadopreviamente para registrar todas as reuniões que a sala realizar, assinalando os fatos abordados e as decisõestomadas. Envolva todos os estudantes nesta dinâmica!

Peça aos estudantes que elejam, de forma democrática, um (a) secretário (a) para fazer o registro detodas as decisões e fatos da reunião. Diga a eles que antes de elegerem o (a) secretário (a) é necessárioconhecer como será o trabalho desse estudante, para tanto é necessário que o professor (a) faça a leiturade uma “ata modelo” e oportunize um tempo para que cada estudante tenha contato com a – ATA.

Aproveite este momento para falar sobre o gênero – ATA. A situação de produção, o espaço decirculação e compará-la com outros documentos como a carta, o ofício, o relatório, o memorando, etc.Compare a linguagem utilizada, o formato de uma ata, a finalidade. É importante que todos os estudantesanotem a pauta da reunião e elaborem propostas para serem apresentadas na aula seguinte. A reunião deveacontecer na aula seguinte com a participação de todos. Portanto, é preciso criar os critérios e as regras debom desempenho das aulas. Essa reunião deverá acontecer uma vez por mês para se avaliar o cumprimento

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Prática de oralidade

• Você já leu ou ouviu a leitura de uma Ata?• Onde, quem leu?• Leu em algum livro?• O que você conseguiu perceber sobre a importância desse documento nas empresas?

Professor (a), com objetivo de retomar o trabalho com gêneros textuais, converse com os estudantes sobre aaprendizagem construída, a partir dos estudos dos gêneros trabalhados no ano anterior, e apresente-lhes ogênero Ata a ser estudado, bem como os objetivos desse gênero. Procure saber o que os estudantes já conhecemsobre os gêneros: pergunte a eles se já ouviram a leitura de uma Ata ou se sabem para que serve. Esclareça quese trata de um documento oficial, cuja função é fazer constar por escrito o que foi discutido ou acordado emuma reunião. Converse com os estudantes sobre o modo como as Atas são redigidas: título, dados da reunião,assistência, ordem do dia, desenvolvimento da sessão, decisões conjuntas, fórmula final, assinaturas e anexos.

Conceito

Para Felipe Dintel, Ata é um documento oficial cuja função é fazer constar por escrito o que foi discutido ouacordado em uma reunião. É um documento obrigatório em empresas públicas i privadas. Também é necessária,com frequência, em diferentes tipos de grupos organizados, associações culturais e escolas.

Práticas de leitura

Leia o texto a seguir e responda às questões propostas:

Proponha aos estudantes a leitura silenciosa do documento Ata. Mas atenção professor(a), é importante anteciparaos estudantes algumas informações a partir do título, do(s) tema(s) abordado(s), da finalidade e do gênero textual!

Ata da reunião técnica para a elaboração do PPA 2010 – 2013

Aos trinta dias do mês de junho do ano de dois mil e nove, às oito horas na sala sete da SEMED –Secretaria Municipal da Educação, onde participaram os seguintes técnicos e Secretários e Diretores daPrefeitura Municipal de Ariquemes, Eldo de Lima, Naiana Casaril, João Batista, Claudenir de Oliveirae Marcelo dos Santos da SEMPOG, Antonio Sergio Castro e Rozangela Alves da SEMOSP, DéboraVidal A. Schmit, da SEMUST, Valdir do Nascimento, Glauco Rodrigo e Lílian de Moraes da SEMA,Rute Alves, Carlos Alberto Caieiro, Kátia Regina, Rosani Alves e Laurenço da Costa da SEMSAU, MárcioAntonio Felix e Elizete Pivoto da SEMDES, Albertina Franco de Almeida e Lafaiete Ribeiro da Funcel,José Carlos Pereira, Antonio Henrique Fernandes, Élio Krenpbak, Adelino Folador e Mary Braganholda SEMAIC, Elizete Gonçalves de Lima e Erivan Batista de Souza da SEMFAZ, e Maristela Pedrini daSEMED. Realizou-se a reunião técnica para a declaração do PPA 2010 dentro do que reza o IN nº09/2003 do TCE-RO e também em conformidade com a Constituição Federal de 88. Na abertura dareunião o Secretario de Planejamento, Orçamento e Gestão, Marcelo dos Santos, enfatizou sobre aimportância do PPA para a condução das atividades administrativas e o desenvolvimento social eeconômico do Município. O Diretor do Planejamento, Orçamento e Gestão, Eldo de Lima, enfatizouque a participação e envolvimento é muito importante, com a contribuição de todos e a participação dasociedade será possível a elaboração participativa do PPA, solicitou o empenho máximo de todos paraque possa atingir o que foi planejado. A servidora Elizete Gonçalves de Lima e Erivan Batista de Sousa

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da Secretaria Municipal da Fazenda Fizeram a demonstração na elaboração do PPA, apresentando osprocedimentos para a elaboração do mesmo. Tendo em vista, conformidade com o plano de campanhaque foi mostrado á sociedade, e da necessidade da sociedade, que as ações sejam integrada. Dentro doplanejamento governamental, a clara e seletiva definição dos objetivos soa fundamentais quanto aosrequisitos para o planejamento do setor público, devem ser baseados na real necessidade da sociedade,para uma boa aplicação do dinheiro público, tendo como principais princípios a eficiência, eficácia eefetividade. Os programas devem ter objetivos, justificativas e público alvo, e ter participação social,como consta a legislação no art. 1º da Constituição, art. 48 da LRF e lei nº. 10.257/2001 e também devemrefletir a realidade. Ênfase nas realizações e resultados, ou seja, enfatizando os fins, sociedade, e não osmeios, administração. Quanto ao processo integrado de planejamento, integração PPA x LDO x LOA,tendo o programa, flexibilidade para possíveis alterações, através de revisão com o encaminhamento áCâmara para alguma adequação ou acréscimo de acordo com o plano de governo. Podendo ser o

Professor (a), após a leitura proponha as questões a seguir para ajudar os estudantes a desenvolver habilidadescomo: Perceber o papel desse documento, localizar a ordem do dia e as decisões tomadas, identificar a fórmula final.

Esse documento é muito importante, pois nele se faz o registro de decisões que serviram de dados para o futuro da empresa / órgão.

Que importância tem esses registros na construção da história da empresa ou órgão?1

Reunião para discutir a elaboração do PPA da Prefeitura Municipal de Ariquemes.

De que assuntos trataram nesta reunião?2

Que a participação da cominidade na elaboração do PPA é fundamental para atender as reais necessidades de Araquemes.

A que conclusão chegaram sobre a ordem do dia apresentada?3

Todos os participantes da reunião terão que assinar a ata. A ordem dessa assinatura segue hierarquicamente em que todos assiname, por último, o secretário e o presidente da mesa.

Professor (a), oriente os estudantes a refletir sobre as diversas partes que compõem esse documento e volte aotexto para confirmá-las. Em seguida ofereça a eles a diferença entre uma ata manuscrita e digitada. No primeirocaso ela não deve conter rasuras. Quando alguém está redigindo uma ata e comete algum erro, o correto é depoisdo erro escrever uma das expressões: “diga” ou “em tempo”. E em seguida continuar a escrita.

Quem assina a ata e em que ordem acorrem estas assinaturas?4

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PRATICA DE ESCRITA - DESAFIO

Prepare-se!Agora você produzirá a primeira escrita de uma Ata. Imagine uma situação e simule uma reunião decomissão de formatura do nono ano, ou retome a reunião inicial para definir regras de boa convivência.Suponha que você tenha sido nomeado (a), o (a) secretário (a) da reunião. Redija uma ata que sejafiel aos fatos ocorridos, retrate com precisão e clareza, as ideias discutidas e as decisões tomadas.

A ideia aqui, professor (a), é saber o que os estudantes podem produzir neste momento e oque precisam aprender, para que você possa planejar as intervenções necessárias. Assim, éfundamental que você leia esses primeiros textos e faça anotações para o trabalho de reescrita.

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