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A construção da identidade pedagógica: polifonia ou discurso indigente? - Profissionais em (transform)ação. Sessão 66 Raquel da S. de Oliveira [email protected] III Congresso Internacional Cotidiano - diálogos sobre diálogos

A construção da identidade pedagógica uff

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Trabalho aprovado para o III CONGRESSO INTERNACIONAL COTIDIANO Diálogos sobre Diálogos na Universidade Federal Fluminense, Faculdade de Educação.

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A construção da identidade pedagógica: polifonia ou discurso

indigente? - Profissionais em (transform)ação.

Sessão 66

Raquel da S. de [email protected]

III Congresso Internacional Cotidiano - diálogos sobre diálogos

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1 - Resumo

Esta comunicação revisita a formação de professores de línguas estrangeiras, questionando a interface teoria e prática, a partir de minhas percepções ao lecionar a disciplina Formação Inicial e Continuada de Professores de Línguas Estrangeiras – Prática Exploratória no curso de pós-graduação em Ciências da Linguagem da Universidade Castelo Branco.

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Defendo que uma prática reflexiva, crítica, não pode se construir à margem dos saberes de referência. Para tanto, analiso a formação de professores em duas direções diferenciadas e complementares.

Uma delas diz respeito ao professor como aluno, o outro ao professor como docente.

2 – A construção da identidade pedagógica: polifonia ou discurso

indigente?

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A questão não respondida, porém é: qual a correspondência entre o conhecimento socialmente construído e a realidade alheia? – supondo que ela exista independentemente do pesquisador.

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Para construir o arcabouço teórico necessário, a reflexão foi organizada sobre dois eixos norteadores:

3. a ação dialógica do docente,

5. a construção de identidade do aluno.

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•Nesse sentido, compreendo a ação dialógica como uma instância produtora de linguagem e, portanto, formadora de subjetividade. (HALL, 2001)

• Isto requer considerar que o ser humano é como um todo inacabado que se constitui de suas relações sociais, com os seus processos de escolarização, com suas contradições e ambigüidades e com suas memórias que, por vezes, se remetem a memória do outro.

•Daí a alteridade e as perspectivas educacionais que serão abordadas nesta comunicação que versa a ação dialógica do docente contemporâneo na (des)construção da identidade.

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Assumo o conceito de Identidade como sendo: a relação da dinâmica cultural que pertence

àquele que se faz parte integrante de uma sociedade, grupo social com seus processos de integração e sociabilidade.

Decorre, então, a importância do “outro” na formação subjetiva do ser humano.

Com isso, pretendo demonstrar a relevância das interações ocorridas na universidade e no cotidiano, onde estes alunos-professores estão internalizando palavras de outros, tornando-o também parte integrante do eu, enfim, se constituindo enquanto sujeitos e da melhor forma possível.

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É neste contexto que se apresentam os princípios da teoria do dialogismo bakhtiniano como elementos para subsidiar investigações no meu ambiente de trabalho com o propósito de discutir como o diálogo seria o encontro entre os homens, mediatizados pelo mundo, para designá-lo, de acordo com FREIRE (2001).

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Segundo ALLWRIGHT (2001) existe uma comunidade dentro da nossa sala da qual fazemos parte nós e nossos alunos, e também somos participantes de diferentes comunidades ao longo de nossa vida( lar, família, bairro, entre outras), o que dialogo com o princípio de Identidade de Hall (2001), apresentado na introdução deste comunicação.

3 – Minha Experiência

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Atividades Pedagógicas com Potencial Exploratório - APPE

que garantem ao aluno ganho lingüístico;

contribuem muito para a prática investigativa por ajudarem ao professor a gerar informações que poderão ser utilizadas como dados.

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4 – Nossos momentos de reflexão e troca

Convidei a turma a refletir sobre sua identidade pedagógica, e redigir um primeiro texto-resposta (texto 1).

A entrega foi facultada entre ser impressa em mãos, ou via e-mail.

discurso estritamente teórico e com referências bibliográficas, e outros que se valerem deste momento para “desabafarem”.

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Num segundo momento: estimulei os alunos a analisarem seus textos em duplas críticas.

Ao olharem o discurso do outro, perceberam a si mesmos ( o eu) na “fala” do outro (você), e assim a interação emergiu em conversas e em observações por escrito entre os colegas da turma – texto 2.

A proposta para a redação dum texto 3: ampliando o texto 1 com base nas aulas, nas leituras e nas mudanças que cada aluno apresentou no seu modo de se descrever após a interação com os colegas de turma durante o desenvolvimento do texto 2.

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Avaliação Final

Proposta: que a turma se dividisse em 5 pequenos grupos, e montasse painéis com os textos 3 de cada um dos participantes do grupo em folhas de papel pardo.

(Cada grupo ficou livre para desenhar, escrever, representar idéias capitais sobre o discurso ali construído na folha com pincéis hidrocores.)

Os textos 1 e 2 de cada aluno foram armazenados num envelope de papel pardo - portfólios individuais na turma.

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O texto 4 caracterizou-se como um texto-resposta, nesta mesmo último encontro, dialogando com o seguinte enunciado:

“ Como professores-alunos-exploratórios, convido vocês a agirem para entender e, assim, trabalharem com os entendimentos resultantes de nossos encontros nessa disciplina. Nossas aulas re-significaram sua prática pedagógica? A integração social entre os co-participantes e o processo de desconstrução e reconstrução de crenças e valores foi uma constante? Nossa prática exploratória gerou transformações discursivas e ideológicas em contextos pedagógicos dentro e fora da nossa sala de aula? Houve auto-avaliação de sua própria identidade? Quem você é dentro do contexto exploratório? Construa sua resposta e compartilhe comigo seu entendimento.”

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"... sou uma borboleta que voa para ali, que pousa aqui, que vai de um lado a outro, buscando novidades capazes de acrescentar algo a mim e a meus alunos. Sempre voando!" - Alessandra Barbosa Cordeiro (aluna de PE na UCB em 2008.1)

"... hoje ajo para entender não só meus alunos, como também todos aqueles que comigo convivem para que, depois de ouvi-los, eu possa criticar suas idéias, desconstruindo-as para depois reconstruí-las.”

- Élson Leal (aluno de PE na UCB em 2008.1)

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“Como você pediu para conversar com o papel... Na verdade, eu nem sei como começar... Ainda estou um pouco frustrada comigo mesma. Fiz Letras e não descobri, ainda, o porquê. Mas será que estou confusa mesmo? Talvez nem na Pós eu encontre uma resposta, mas a busca tem de ser constante.”

- Vivian Lira (aluna de PE na UCB em 2008.1)

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"... se antes eu me via como um educador tolhido pelo que meus alunos esperavam de mim, agora me sinto livre para dar voz as minhas idéias e me fazer realmente um transmissor de conhecimento.”

- Rodrigo Inácio (aluno de PE na UCB em 2008.1)

"Assumo que há ainda muito a aprender, a crescer, a mudar, mas tenho tentado trilhar um caminho justo e coerente no qual eu esteja em paz com a minha consciência.”

- Rosane Rêgo (aluna de PE na UCB em 2008.1)

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“ Faço minha auto-avaliação diariamente, e, às vezes, percebo que erro. Mas com isso tenho a certeza de que, mesmo errando, estou crescendo porque consigo fazer dos meus erros uma renovação.”

Bárbara Luiza (aluna de PE na UCB em 2008.1)

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“Quando vi no cronograma do curso a disciplina Prática Exploratória, me veio na cabeça um monte de coisas, mas nunca pensei que eu ia me identificar bastante. Realmente, foi uma exploração... Exploração do meu eu, de como sou profissionalmente a até mesmo de como sou como pessoa.

De como estou em sala de aula, trabalhando com os meus alunos. Se dou trabalho para eles ou se trabalho junto com eles. Percebi que não era aquilo tudo que pensava que era (um bom professor), descobri que posso ir mais além, sair da mediocridade.

As aulas de PE serviram para eu aprender a aprender com os meus acertos e principalmente com os meus erros.

Mais ainda, aprender com os meus alunos, aprender que posso trabalhar em sala de aula com os seus problemas pessoais, com seus traumas, com suas alegrias e tristezas. Transformar essa tempestade de sentimentos confusos em disciplina, e assim, os meus alunos (que carinhosamente os chamo de filhos) terem prazer de aprender, ou melhor, de trocar aprendizado.”

(Cristian Renê - aluno de PE na UCB em 2008.1)

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4 – Considerações Finais“Não me pergunte quem sou eu e não me diga para permanecer o mesmo: é uma moral de estado civil; ela rege nossos papéis.” - FOUCAULT

"Há momentos na vida em que a questão de saber se alguém pode pensar de um modo diferente de como pensa e sentir de um modo diferente de como sente é indispensável para continuar observando e refletindo". - Foucault Nossa missão: não nos fecharmos em sistemas teóricos únicos, evitando que as teorias se tornem doutrinas e que as doutrinas congelem-se em dogmas.

... os professores têm necessariamente que refletir sobre a sua prática pedagógica, pois sem isso não há mudança possível em educação.

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