15
A diversidade cultural e social nos filmes de Alejandro González Iñárritu João Paulo Palú 1 Resumo O cinema e as outras mídias em geral se ressentem na atualidade de uma apresentação e discussão maior de temas pertinentes à sociedade, como, por exemplo, a diversidade cultural e a discriminação social. O diretor mexicano Alejandro González Iñárritu responsável pelos filmes Amores Brutos (2000), 21 Gramas (2003) e Babel (2006) é um dos poucos que investe em temas polêmicos e não o faz como estratégia de auto- promoção, seu cinema contempla principalmente os marginalizados e discriminados pela sociedade. Este trabalho pretende analisar os três filmes lançados pelo cineasta e mostrar a diversidade de temáticas exploradas por cada um deles bem como os pontos que têm em comum que denotam mais uma persistência em tratar de questões caras a um determinado autor, do que simples acomodação em torno de um mesmo tema ou fórmula. É ainda intenção do trabalho analisar as qualidades estéticas dos filmes que vêm se somar aos temas abordados, na tentativa de identificar um cineasta com uma curta, porém promissora carreira cinematográfica. Palavras-chave: Alejandro González Iñárritu, cinema, diversidade, marginalização, narrativa não-linear. Introdução O diretor mexicano Alejandro González Iñárritu (43) lançou em 2006 seu terceiro longa-metragem intitulado Babel (2006) que conta 4 diferentes histórias ligadas por um acontecimento aparentemente banal, um caçador japonês que, em férias no Marrocos, presenteia seu guia com um rifle de caça. A partir desse fato, a vida de uma família de criadores de cabra no Marrocos, um casal de americanos em férias no Marrocos, uma japonesa surda-muda em Tóquio e duas crianças norte-americanas com sua babá mexicana na fronteira México-EUA vão estabelecer uma ligação contada de maneira fragmentada por Iñárritu. A ligação de diferentes personagens através de um fato em comum e a sua posterior repercussão é marca registrada desse cineasta que também é o diretor de Amores Brutos (2000) e 21 Gramas (2003). Para elaborar seus roteiros e filmes, o diretor conta com a colaboração do roteirista mexicano Guillermo Arriaga, parceria que de acordo com a mídia especializada terminou, após ambos anunciarem o rompimento depois de Babel. Terminada ou não a parceria entre Iñárritu e Arriaga, o que se pode ver em seus três filmes é uma preocupação em retratar diferentes pontos de vista e personagens que dificilmente são vistos nas telas de cinema.

A diversidade cultural e social

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: A diversidade cultural e social

A diversidade cultural e social nos filmes de Alejandro González Iñárritu

João Paulo Palú1

Resumo

O cinema e as outras mídias em geral se ressentem na atualidade de uma apresentação e discussão maior de temas pertinentes à sociedade, como, por exemplo, a diversidade cultural e a discriminação social. O diretor mexicano Alejandro González Iñárritu responsável pelos filmes Amores Brutos (2000), 21 Gramas (2003) e Babel (2006) é um dos poucos que investe em temas polêmicos e não o faz como estratégia de auto-promoção, seu cinema contempla principalmente os marginalizados e discriminados pela sociedade. Este trabalho pretende analisar os três filmes lançados pelo cineasta e mostrar a diversidade de temáticas exploradas por cada um deles bem como os pontos que têm em comum que denotam mais uma persistência em tratar de questões caras a um determinado autor, do que simples acomodação em torno de um mesmo tema ou fórmula. É ainda intenção do trabalho analisar as qualidades estéticas dos filmes que vêm se somar aos temas abordados, na tentativa de identificar um cineasta com uma curta, porém promissora carreira cinematográfica. Palavras-chave: Alejandro González Iñárritu, cinema, diversidade, marginalização, narrativa não-linear.

Introdução

O diretor mexicano Alejandro González Iñárritu (43) lançou em 2006 seu

terceiro longa-metragem intitulado Babel (2006) que conta 4 diferentes histórias ligadas

por um acontecimento aparentemente banal, um caçador japonês que, em férias no

Marrocos, presenteia seu guia com um rifle de caça.

A partir desse fato, a vida de uma família de criadores de cabra no Marrocos, um

casal de americanos em férias no Marrocos, uma japonesa surda-muda em Tóquio e

duas crianças norte-americanas com sua babá mexicana na fronteira México-EUA vão

estabelecer uma ligação contada de maneira fragmentada por Iñárritu.

A ligação de diferentes personagens através de um fato em comum e a sua

posterior repercussão é marca registrada desse cineasta que também é o diretor de

Amores Brutos (2000) e 21 Gramas (2003).

Para elaborar seus roteiros e filmes, o diretor conta com a colaboração do

roteirista mexicano Guillermo Arriaga, parceria que de acordo com a mídia

especializada terminou, após ambos anunciarem o rompimento depois de Babel.

Terminada ou não a parceria entre Iñárritu e Arriaga, o que se pode ver em seus

três filmes é uma preocupação em retratar diferentes pontos de vista e personagens que

dificilmente são vistos nas telas de cinema.

Page 2: A diversidade cultural e social

O que se mostra diferente no cinema de Inarritú e seu roteirista é a preocupação

por personagens marginalizados que de alguma maneira são colocados, ou se colocam,

em situações de tensão social frente a personagens de classes sociais mais privilegiadas

e como essa segregação social se reflete nas ações dos personagens.

Deve-se destacar a estética similar dos filmes cujas histórias são contadas de

maneira não-linear onde passado, presente e futuro se misturam em uma linha temporal

que permite ao espectador entender fatos e atitudes de personagens antes mesmo deles

acontecerem.

Não se pode afirmar que sua temática ou estética são totalmente revolucionárias

na arte cinematográfica, basta citar dois grandes filmes da década de 90 como Short

Cuts – Cenas da Vida (1993) de Robert Altman e Pulp Fiction – Tempo de Violência

(1994) de Quentin Tarantino que adotam estruturas semelhantes, porém, se pode

assegurar que ambas não são usadas de maneira vazia, elas tem um propósito bem

definido, as histórias se mostram atuais, e a maneira “hipertextual” em que se

apresentam é o retrato do início do século XXI.

Em cada um dos três filmes temos personagens centrais com algum tipo de

discriminação social, em Amores Brutos há um ex-guerrilheiro comunista transformado

em matador de aluguel que perambula pelas ruas da cidade do México recolhendo

material para ser reciclado, seus únicos amigos são um bando de cães vira-latas.

Em 21 Gramas temos o ex-condenado e ex-alcoólatra que se converteu a uma

religião evangélica mas que acaba provocando um acidente que destrói uma família e

em Babel há a empregada doméstica, uma mexicana trabalhando ilegalmente nos EUA

e ainda uma família de criadores de cabra em inóspitas montanhas do Marrocos.

Outro fator constantemente presente na filmografia de Iñarritú é misturar

personagens de mundos diferentes através de uma tragédia e então, mostrar os distintos

desdobramentos dessa na vida de cada um, de acordo com sua condição social.

O diretor parece sempre querer dizer que os personagens que mais sofrem são

aqueles que têm uma vida econômica mais tranqüila, os marginalizados, apesar de

sofrerem carregam dentro de si algum tipo de gene que os predispõe a enfrentar os

problemas melhor do que os personagens de classes mais altas.

Amores Brutos apresenta uma modelo rica e famosa que namora um publicitário

de meia-idade que deixa a família para morar com ela, no entanto, essa modelo se

envolve em um acidente automobilístico que a deixa gravemente ferida e cicatrizada,

sua vida de glamour, portanto, terminou.

Page 3: A diversidade cultural e social

Outro acidente automobilístico muda a vida dos personagens de 21 Gramas,

aqui, a vida confortável da classe média alta é representada por uma ex-viciada em

drogas que ao se casar com um bem-sucedido arquiteto e ter duas filhas, deixa para trás

sua vida pregressa para depois retomá-la, ao se ver sozinha com a morte de toda família.

Em Babel o acidente de carros é substituído por uma bala perdida disparada por

um menino marroquino que testa o rifle comprado pelo pai, a bala acerta um ônibus de

turistas que excursiona pelas montanhas do país.

A personagem atingida é uma norte-americana que tenta reconstruir seu

casamento com o marido após a perda de um bebê, ela se vê entre a vida e a morte em

lugar desconhecido, onde as pessoas teoricamente mais próximas, os outros turistas do

ônibus, pretendem seguir viagem com medo de também sofrerem um atentado, que

julga-se, tratar de um ato terrorista.

O terceiro grupo de personagens dos filmes de Inarritú também sofre com a

discriminação, agora não tanto de ordem econômica, mas de outra natureza, em Babel

há uma adolescente japonesa que por ser surda-muda é rejeitada pelos garotos de sua

idade, ela é também rejeitada pelas próprias colegas por ser a única virgem do grupo.

21 Gramas traz um professor de matemática que necessita urgentemente de um

transplante de coração, o diretor mexicano chama aqui a atenção para os milhões de

enfermos que de uma maneira ou de outra dependem de um sistema de saúde que

mesmo no país mais rico do mundo, os EUA, se apresenta ineficiente.

A violência contra a mulher é mostrada em Amores Brutos através da

personagem que procura fugir da violência do marido com o auxílio do cunhado, que

também é seu amante. A violência aqui ainda encontra outra faceta na clandestina briga

de cães em que o rapaz usa seu cão para ganhar dinheiro e fugir com a mulher do irmão.

Através desse breve relato das personagens e suas tramas se percebe que o

cinema de Iñarritú é rico em temas atuais procurando mostrar personagens que fazem

parte da vida social mesmo que muitas vezes ignorados por grande parte da sociedade.

Uma análise mais detalhada de cada um dos filmes em separado se mostra

importante, tendo-se a certeza de que o tema não se esgotará, mas com a esperança de

que despertará futuras contribuições e diferentes visões das apresentadas neste trabalho.

Amores Brutos

O título brasileiro do filme lançado em 2000 fica aquém do impacto de seu título

original em espanhol Amores Perros, que pode ser traduzido como Amores Cães, tal

Page 4: A diversidade cultural e social

título pode ser entendido pelo amor dos personagens por cães, como um da raça

rottweiler chamado no filme de Cofi ou ainda um outro da raça poodle, chamado Richi.

Os “amores cães” podem ainda ser interpretados como o amor de certos

personagens que “sofrem como cães” a partir do momento em que um terrível acidente

automobilístico acontece, mudando e entrelaçando seus destinos.

O acidente é o ponto de partida para uma narrativa criada pelo diretor Alejandro

González Iñárritu e o roteirista Guillermo Arriaga onde três histórias distintas

acompanham personagens que vivem em mundos diferentes e acabam por se

influenciar.

A trama se passa na Cidade do México, país mais populoso da América Latina,

cenário perfeito para se falar de desigualdades sociais, o acidente, ocorre quando o

jovem Octavio (Gael García Bernal), decide fugir com a mulher de seu irmão, Susana

(Vanessa Bauche), usando seu cão rottweiller Cofi em uma rinha de cães para ganhar

algum dinheiro.

O plano acaba não dando certo pois o cão leva um tiro de outro dono de

cachorro, obrigando Octavio a sair pelas ruas da cidade desgovernadamente e bater no

carro de Valeria (Goya Toledo), seus planos são frustrados e ele tem que enfrentar o

irmão, o descontentamento de Susana por sua incompetência, e ainda a perda do cão

após o acidente.

Valeria é uma modelo que tem uma vida completamente distinta de Octavio,

porém, ela também tem uma paixão por cães pois é dona da poodle Richi, aqui a

analogia é clara, enquanto o cão rottweiller, forte e feroz, pertence a um jovem à beira

da marginalidade, a cadela poodle, pequena e delicada, é propriedade de uma

personagem que representa uma alta classe social.

A modelo se envolve no acidente no momento em que está mudando para seu

novo apartamento onde pretende morar com Daniel (Álvaro Guerrero) um publicitário

de meia-idade que abandona esposa e filhas para viver com Valeria.

O terceiro arco dessa história é Chivo (Emilio Echevarría), um ex-guerrilheiro

comunista que sobrevive como catador de papel e ainda atua como matador de aluguel,

ele assiste ao acidente enquanto investiga os hábitos de sua próxima vítima.

Dono de vários cães de rua, Chivo vê o rottweiller ferido e o socorre levando-o

para sua casa, o assassino frio que não sente nenhuma compaixão por suas vítimas

resgata o cachorro e faz de sua recuperação uma possibilidade de redenção própria.

Page 5: A diversidade cultural e social

As conseqüências do acidente na vida dos personagens têm caminhos diversos

como, por exemplo, o casal formado pela modelo e o publicitário que arrepende-se de

ter deixado a família ao ver sua vida com Valeria se tornar um drama após o acidente.

A modelo se vê confinada a uma cadeira de rodas e passa a ter contato com o

mundo da janela do apartamento, o que ela vê então é uma grande ironia, um outdoor

com sua imagem nos tempos de fama e sucesso, mas isso não é o pior que lhe acontece.

Seu sofrimento aumenta quando sua cadela de estimação fica presa no assoalho

do apartamento ao perseguir ratos, a modelo desesperada pela perda da poodle não tem

outra solução senão arrebentar quase completamente o chão em busca do animal.

A prisão da cadela no chão é a metáfora da prisão imposta a Valeria que passa a

experimentar um sentimento novo, de cerceamento de seus direitos de ir e vir, pois

passa a depender de outros para realizar as tarefas mais simples, o diretor transforma

uma personagem até antipática em uma deficiente física, chamando a atenção para

tantos outros deficientes que não tem uma vida digna, com o mínimo de direitos

garantidos.

Outra personagem que se sente aprisionado só que interiormente é Chivo que

teve que renunciar à sua família para se tornar guerrilheiro comunista e depois, quando

a família, principalmente a filha, não o aceitou de volta, passou a viver pelas ruas da

grande cidade e ter como única companhia um bando de cães.

Chivo começa a se libertar de sua prisão após pegar o cão que estava no acidente

e cuidar dele, passa então a questionar sua vida como matador de aluguel, refletindo se

deve ou não realizar o próximo serviço para o qual foi contratado, é quando começa a se

aproximar de sua filha que no final lhe abre uma possibilidade de reconciliação.

Em seu primeiro filme, o diretor mexicano mostra personagens que sofrem e

que não se recuperam inteiramente de seus sofrimentos, no entanto, não se pode acusá-

lo de ser partidário do conhecido dramalhão mexicano, pelo contrário, Iñárritu constrói

dramas que são reais e tem razão para isso, não precisa cair em fórmulas fáceis e

apelativas.

21 Gramas

O segundo filme de Iñarritú pode ser considerado a sua estréia internacional pois

é falado em inglês, foi produzido pelo estúdio norte-americano Universal e conta com

atores do primeiro escalão hollywoodiano como Sean Penn, Naomi Watts e ainda o

mexicano Benicio Del Toro.

Page 6: A diversidade cultural e social

Lançado em 2003, o título do filme se refere aos 21 gramas de massa corporal

que supostamente uma pessoa perde ao morrer, enquanto cientistas apresentam

explicações racionais para tal acontecimento, muitas religiões acreditam ser este o “peso

da alma”.

O diretor mexicano segue a definição dos que acreditam numa vida após a morte

e discute nesse filme questões de culpa, redenção, perdão e como em seu primeiro

filme, mostra ao espectador personagens de algum modo marginalizados pela sociedade.

O ponto de mudança na vida dos personagens também acontece após um

acidente automobilístico como em Amores Brutos, aqui, no entanto, o acidente é

causado por um ex-presidiário Jack Jordan (Benicio Del Toro) que vive trabalhando

para sua igreja.

Os envolvidos no acidente também são diferentes do primeiro filme, aqui a

perda é maior pois duas meninas e seu pai são atropelados e vem a falecer deixando a

mãe e esposa Cristina Peck.(Naomi Watts) completamente desamparada.

Ela, que antes de casar e formar uma família era viciada em drogas, fraqueja

diante de tal situação e passa a consumí-las novamente, o “beneficiado” com o acidente

que em Amores Brutos foi o ex-guerrilheiro e matador de aluguel que ficou com o cão

rottweiller, em 21 Gramas é o professor de matemática Paul Rivers (Sean Penn) que

recebe o coração do marido de Cristina em um transplante que o livra da morte.

Após receber um novo coração, Paul fica curioso em saber a quem pertencera

anteriormente, ele contrata um detetive e acaba se envolvendo com Cristina, a esposa do

homem que lhe doou o coração, não sem antes passar por uma crise com sua esposa

Mary (Charlotte Gainsbourg) que o ajudou durante seu período convalescente querendo

até ter um filho seu por meio de inseminação artificial.

A narrativa mais uma vez é não-linear, assiste-se, por exemplo, a uma cena que

ocorreu meses antes de outra, a linha temporal é formada pelo espectador lentamente de

acordo com o contato que ele tem com o sofrimento e a angústia dos personagens, o que

pode ser uma faca de dois-gumes pois pode tanto atiçar a curiosidade quanto inutilizar

uma cena pois já se sabe de antemão sua conclusão.

É interessante notar que aqueles que mais sofrem com o acidente viviam vidas

felizes antes, Cristina tinha se recuperado das drogas e levava uma vida de classe-

média, Jack reconstruiu sua vida na prisão ao ter contato com uma religião e pregava o

evangelho.

Page 7: A diversidade cultural e social

Em Amores Brutos, os envolvidos no acidente passavam por momentos

distintos, enquanto a modelo estava feliz pelo seu sucesso, sua casa e seu amante, o

jovem encontrava-se em uma situação-limite pois teve que usar seu para conseguir

dinheiro e fugir com a cunhada.

Jack representa ainda uma classe de pessoas que por terem passado por uma

prisão ficam para sempre estigmatizadas em qualquer sociedade, ele é despedido do

clube onde trabalhava carregando tacos de golfe pela reclamação dos associados em ver

suas tatuagens.

Aqui, o diretor mexicano focaliza pessoas que são freqüentemente retratadas

pela mídia de maneira unidimensional, bandidos que se convertem a uma religião e se

transformam em fanáticos religiosos. Graças ao excelente trabalho de Del Toro, o

personagem Jack não pode ser visto somente por esse ângulo.

Fica evidente que Jack é um sujeito que luta constantemente contra seus

problemas sociais (ex-presidiário) e emocionais (ex-alcoólatra) ele é visto aconselhando

um jovem sobre o futuro, carrega a Bíblia para onde vai mas ao mesmo tempo se

orgulha de sua caminhonete equipada ganha numa rifa, presente de Jesus, acredita.

Vemos o personagem como um ser humano comum com defeitos e qualidades e

que após o acidente do qual fugiu sem prestar socorro, passa a carregar um sentimento

de culpa e questionar se Deus o abandonou depois de tanto esforço em pregar seus

ensinamentos, fica dividido entre esconder o acidente ou se entregar.

Jack então confessa o “crime” que cometeu e vai para a cadeia, lá tenta se

suicidar, mostrando-se determinado a pagar pelo mau que cometeu, quando é solto por

falta de provas decide ir morar em um motel longe da família.

Outro personagem característico da filmografia de Iñárritu é Paul Rivers, é

difícil assistir filmes em que um doente terminal é um dos personagens principais, o

personagem interpretado por Sean Penn, diferente dos personagens Cristina e Jack

parece ser o único a procurar uma dor ao invés de ficar feliz pelo transplante, pesa sobre

ele um sentimento de culpa misturado a um sentimento de gratidão por carregar o

coração que um dia pertenceu ao marido de Cristina.

Ao mesmo tempo em que carrega essa culpa e gratidão, Paul não hesita em

abandonar a esposa para ficar com Cristina, o espectador não sabe se sente pena ou

raiva do personagem, que, como qualquer ser humano que cria em si todo tipo de

contradição.

Page 8: A diversidade cultural e social

Por fim há a personagem Cristina Peck que parece questionar o espectador se ele

não faria o mesmo que ela ao ver sua família morta, até onde a vida continua para

alguém que perdeu aquilo que a mantinha longe de seus maiores problemas, as drogas.

Sua única maneira de continuar a viver é para descobrir quem a privou de sua

felicidade e se vingar, para isso, não pensa duas vezes em usar Paul que está apaixonado

por ela para cometer um crime.

Paul, no entanto, não consegue matar Jack, no último momento ele apenas

dispara a arma e manda Jack desaparecer da região, Cristina analisando o revólver e

vendo que faltam balas pergunta se Paul o matou e ele, mentindo, diz que sim.

Jack acha a possibilidade de pagar pelo crime e vai até o quarto de motel onde

Cristina e Paul estão hospedados, lá pede para Paul matá-lo mas ele não consegue,

Cristina irada, começa a bater em Jack com tudo o que encontra pela frente até que Paul

dispara a arma contra si mesmo.

Jack e Cristina socorrem Paul que morre no hospital, ela também descobre, ao

doar sangue, que está grávida, já Jack ao se ver tão perto da morte retorna para sua

família, o filme acaba com Cristina renovada pela gravidez que lhe trará nova razão

para viver.

Iñárritu não julga seus personagens e pede o mesmo para o público, ele mostra

como mesmo aqueles que a sociedade veladamente ou não despreza, devem ser vistos

antes como seres humanos que precisam ser entendidos, seus atos não são gratuitos,

algo os levou a fazer o que fazem, e, por pior que sejam os acontecimentos, há sempre

espaço para um recomeço.

Babel

O mais recente filme de Alejandro G. Iñárritu foi lançado em 2006 e concorreu a

diversas categorias do Oscar 2007, entre elas, melhor filme e melhor diretor. O roteiro,

como Amores Brutos e 21 Gramas foi escrito pelo diretor e o roteirista Arriaga.

O título do filme se refere à famosa Torre de Babel citada no primeiro livro

bíblico, o Gênesis, onde no capítulo 11 tentou-se construir uma torre que chegasse até

os céus. Deus, irado com tal pretensão do ser humano fez com que cada um começasse a

falar uma língua diferente criando desentendimento entre os homens, impedido a

conclusão da torre.

Page 9: A diversidade cultural e social

Babel tem como tema central os problemas de comunicação não somente entre

pessoas que falam diferentes idiomas mas também entre diferentes culturas e ainda entre

pessoas que falam o mesmo idioma mas que não conseguem se entender.

É o caso dos personagens Richard (Brad Pitt) e Susan (Cate Blanchett) que

viajando Marrocos tentam reconstruir um casamento abalado após a morte de um dos

filhos ainda bebê, numa parada do ônibus de turismo que os leva entre as montanhas

marroquinas, Susan pergunta ao marido o motivo de tal viagem, por que foram tão

longe para resolver um problema conjugal.

Paralelamente ao drama do casal americano, o espectador conhece os outros

arcos que compõem o filme, mais uma vez, roteirista e diretor lançam mão de uma

narrativa não-linear que aos poucos vai fazendo sentido e conectando suas peças.

Há a família marroquina que mora nas montanhas pastoreando cabras, ela é o

ponto de partida do filme e a responsável pelo fato que muda a vida de todos os

personagens, temos o pai da família que compra o rifle de outro camponês, o filho mais

novo e mais esperto que o filho mais velho, a mãe dos meninos e a irmã, responsável

por despertar no irmão mais novo seus primeiros desejos sexuais.

Os outros dois fios desse novelo são a adolescente japonesa surda-muda que

além dos problemas típicos da idade sente a falta da mãe que se suicidou e é

discriminada pelas colegas por não ter tido relações sexuais com nenhum homem ainda

e, finalmente, a babá mexicana que trabalha ilegalmente nos EUA cuidando dos filhos

do casal Richard e Susan e que, sem opção, leva as crianças ao México para não perder

o casamento do filho.

Diferente dos acidentes de seus dois filmes anteriores, em Babel, Iñárritu usa um

outro acontecimento para iniciar a narrativa, o rifle dos marroquinos acerta a americana

Susan que estava no ônibus de turismo e a deixa à beira da morte

O tiro disparado pelo menino mais novo é também um acidente, pois ele e o

irmão estão testando o rifle que o pai lhes deu para defender as cabras de coiotes e

acabam disparando contra o ônibus que viaja em uma estrada distante de onde estão,

assustados escondem do pai o fato.

O tiro que acerta Susan desencadeia o segmento mais interessante do filme, onde

o título Babel se encaixa perfeitamente, pois Richard fica impotente de socorrer sua

esposa em um lugar inóspito e os turistas que viajam com ele, teoricamente as pessoas

mais próximas, ficam assustadas e querem deixá-los numa vila e voltar para um local

seguro com o ônibus.

Page 10: A diversidade cultural e social

O guia turístico marroquino faz o que está ao seu alcance e se compadece com a

situação do casal, quando um médico examina Susan e diz que a situação é grave, o guia

não traduz exatamente o que está acontecendo, mas Richard exige a verdade

desesperando-se com a possibilidade de perder a esposa.

Uma interessante questão levantada pelo filme é que o tiro que acerta Susan se

transforma em um ato terrorista de proporções mundiais, Iñárritu toca num ponto central

do mundo ocidental pós 11 de setembro onde o medo e o inimigo estão sempre

presentes na vida das pessoas.

Se fosse no mundo real, quem não garantiria que a repercussão do fato mostrado

pelo filme não seria o mesmo, a imprensa ocidental levantadas suspeitas sobre o mundo

árabe e superdimensionando uma notícia, no filme, o socorro demora a chegar pois o

consulado norte-americano se encarrega de enviar um helicóptero para resgatar sua

cidadã por temer que uma ambulância marroquina não prestaria o devido socorro.

O tiro disparado no Marrocos que acerta uma americana acaba influenciando os

planos de uma mexicana nos EUA, Amélia (Adriana Barraza) é uma imigrante ilegal

que pretende ir ao México participar do casamento do filho mas que devido ao problema

com o casal norte-americano, tem que levar as crianças para o México.

No casamento tudo corre bem, as crianças se encantam por estar em um mundo

novo de que só ouviram falar (não muito bem), pelos pais, elas participam da festa,

brincam com outras crianças mexicanas, o problema está no retorno aos EUA.

O sobrinho da babá (Gael Garcia Bernal) é o encarregado de levá-los de volta

para casa, o problema acontece na fronteira México-EUA quando um policial impede

que eles entrem nos EUA por não terem os documentos autorizando o transporte das

crianças, com medo de ser preso, o sobrinho resolve fugir com o carro deixando babá e

crianças no meio do deserto.

Após passar a noite e uma parte do dia perambulando pelo deserto, a babá é

encontrada por um policial que a prende e resgata as crianças, no interrogatório, ela

recebe uma dura do policial que diz para ela nunca mais voltar a entrar nos EUA, muito

abalada, ela quer saber o estado das crianças que ajudou a criar desde o nascimento.

O diretor mexicano expõe aqui com toda propriedade uma situação muito

familiar aos mexicanos e também aos brasileiros, que é o sonho de viver nos EUA, de

um lado há o povo marginalizado que luta por uma vida melhor em outro país e de outro

aqueles que expulsam do país quem os incomoda.

Page 11: A diversidade cultural e social

A história da adolescente japonesa se liga as outras pois o rifle pertencia a seu

pai, com quem não se entende, que o deu a um marroquino quando foi lá caçar, esse

marroquino posteriormente vende a arma que desencadeia todos os dramas do filme.

Como já comentado, a adolescente é surda-muda e se sente excluída do convívio

social pois quando se aproxima de meninos estes a desprezam devido à sua deficiência.

Mais uma vez Iñárritu toca em questões sociais que muitas vezes passam longe da

grande mídia e da sociedade.

Se em Amores Brutos a modelo fica paralítica, aqui a surda-muda mostra a

dificuldade que essas pessoas tem de levar uma vida normal principalmente pelo fato

da grande maioria da sociedade não saber lidar com os diferentes tipos de deficiências.

Desesperada por não se sentir desejada por ninguém, ela resolve se entregar a

um policial que quer esclarecer a origem da arma que atingiu a norte-americana, para

isso ela o chama em seu apartamento e aparece nua diante dele, o policial percebendo a

instabilidade emocional da moça pede para ela se cobrir e tenta confortá-la.

O policial vai embora mas fica claro que uma relação amorosa entre ambos está

estabelecida, o pai ao voltar do trabalho encontra com o policial que lhe pergunta sobre

a arma e este confirma que a deu ao guia marroquino, ao chegar em casa, vê a filha na

varanda e a abraça, gesto que se conclui, não fazia há muito tempo.

Voltando ao Marrocos, os meninos contam ao pai o que fizeram por verem que a

polícia está atrás deles, não sabendo o que fazer, tentam fugir quando a polícia ao

pensar que se trata de perigosos terroristas abre fogo contra o pai e os dois meninos.

O pior acontece para o menino mais velho que acaba levando um tiro e morre, o

mais novo, desesperado por ver o irmão se entrega e pede aos policiais que o prendem e

salvem o irmão, ele confessa ter sido o autor do disparo que atingiu a americana.

A americana, a vítima, após sofrer muito é resgata e sobrevive, o agressor, o

árabe é punido com a morte, com Babel o diretor mexicano apresenta um filme que

mais do que mostrar a falta de comunicação entre os povos, fala da intolerância, da

desumanização das relações entre as pessoas, da exploração e de como é difícil ser

diferente no mundo atual.

Conclusão

Três filmes na carreira de um diretor ainda não constituem o que geralmente se

chama de “obra”, mas é um bom indício de onde essa carreira pode chegar, Alejandro

G. Iñárritu apresenta traços de um diretor preocupado em evoluir, filme após filme, em

Page 12: A diversidade cultural e social

torno do que um dia pode vir a ser “o cinema de Iñárritu” como hoje temos o cinema de

Hitchcock ou o de Glauber Rocha.

Esse trabalho dá uma pequena pista de que o mexicano parece estar no caminho

certo ao tentar, através da análise de seus três filmes, identificar pontos estéticos e

temáticos em comum, questões que reunidas e analisadas levam o espectador que se

depara com Amores Brutos, 21 Gramas ou Babel a perceber que se tratam de filmes de

um mesmo diretor.

Não se pode esquecer que os três filmes tiveram como roteirista creditado,

Guillermo Arriaga que, segundo informações colhidas em revistas especializadas não

fará parte dos projetos futuros de Iñárritu, portanto, somente um quarto filme sem sua

colaboração pode dimensionar o seu potencial peso na filmografia analisada.

É sabido que o roteiro de um filme não é o filme, ótimos roteiros nas mãos de

diretores menos capazes se convertem em filmes medíocres, bem como roteiros fracos

nas mãos de pessoas talentosas se transformam em grandes filmes.

Este trabalho reconhece a importância do roteirista na elaboração dos filmes mas

leva em conta novamente informações da imprensa de que Iñárritu é participante ativo

na criação dos personagens e tramas de seus filmes, portanto o sucesso ou fracasso deles

se deve mais ao seu trabalho como “Iñárritu diretor” do que como “Iñárritu roteirista”.

Deve-se destacar as críticas e elogios recebidos pelos filmes, as primeiras dizem

que Iñárritu teria descoberto uma fórmula para realizar filmes e a repete sempre,

mudando personagens e situações que no fundo são os mesmos em todos os filmes.

Essas críticas entendem como fórmula a maneira não-linear e fragmentada da

narrativa dos filmes, onde cenas aparentemente soltas se encontram no final ou ainda,

um acontecimento em comum que afeta todos os personagens de alguma maneira.

Algumas críticas ressaltam que uma história não-linear é um modo de esconder

possíveis “furos” no roteiro e, propositadamente, confundir o espectador que então julga

o filme de maneira positiva ressaltando qualidades que ele não possui.

Seguramente se pode afirmar que a narrativa fragmentada é uma escolha

consciente do diretor, mas tal recurso não é usado apenas para confundir o espectador

ou chocá-lo, parece ter mais relação com o tipo de filme que se quer fazer, ou melhor, o

tipo de história se quer contar.

Os filmes do diretor mexicano contam com várias histórias ou “arcos”, onde

diversos núcleos de personagens se desenvolvem podendo ou não se cruzar, há, como já

citado nesse trabalho, vários filmes que adotam essa narrativa; indo um pouco mais

Page 13: A diversidade cultural e social

longe as telenovelas, principal produto ficcional latino-americano, seguem estrutura

narrativa parecida.

Deixando a parte “literária” de lado, deve-se destacar no cinema de Iñárritu os

recursos cinematográficos utilizados para desenvolver o filme, como montagem,

enquadramento, som, luz, interpretação, entre outros.

Em qualquer um de seus três filmes o mexicano contou com excelentes atores

como em Amores Brutos onde trabalhou com atores mais conhecidos no México,

destacando-se Emilio Echevarría intérprete do ex-guerrilheiro que cuida do rottweiler e

Gael Garcia Bernal, jovem e talentoso ator que interpretou Octavio, hoje em Hollywood.

Tanto 21 Gramas quanto Babel, rodados em inglês, trazem em seus elencos

atores mundialmente conhecidos como Sean Penn, Brad Pitt e Naomi Watts o que atesta

o prestígio alcançado por Iñárritu após seu primeiro filme, tais estrelas gostam de

alternar papéis em filmes mais comerciais com projetos mais densos e que os desafiem

enquanto atores o que sempre pode levá-los a receber prêmios.

A montagem do filme está diretamente ligada ao que o diretor quer transmitir a

seu público; mais de um teórico já atestou que cinema é montagem, (Andrew, 1989,p.

52) e os três filmes aqui analisados se apóiam sobremaneira em sua montagem.

Já se discutiu as características da narrativa fragmentada, a montagem bem

realizada vem confirmar as qualidades de um roteiro bem amarrado, onde o espectador

se mantém interessado o tempo todo, é preciso, no entanto, cuidado para não revelar

mais do que o necessário e comprometer o trabalho todo.

Tal questão foi levantada na análise do filme 21 Gramas que em determinados

momentos trazia uma cena que mais à frente influenciava o desenvolvimento de uma

outra, “estragando” o caráter de ineditismo de uma seqüência.

Tais problemas são mais comuns nesse filme que nos outros dois, em Amores

Brutos a montagem se mostra instintiva certamente por se tratar do primeiro filme do

diretor, já Babel é montado com ações intercaladas a maioria no tempo presente.

Os enquadramentos e os aspectos técnicos como luz e som podem ser vistos

como utilizados para trazer uma maior sensação de realismo ao espectador, a câmera

geralmente anda solta entre os personagens, ela não assume um ponto de vista estático

mas procura fazer parte do interior da ação que se desenvolve.

A luz geralmente busca ser a mais natural possível, “estourada” durante cenas

diurnas e difusa em noturnas, sempre com a intenção de funcionar como mais um

Page 14: A diversidade cultural e social

aspecto que traga verossimilhança à narrativa e o som segue o mesmo estilo,

trabalhando com ruídos e sujeiras comuns em cenas captadas fora de estúdio.

Os filmes dirigidos por Alejandro González Iñárritu apresentam temas

incômodos e problemas sociais os mais diversos, eles estão representados tanto em

personagens discriminados e marginalizados quanto no próprio ambiente das histórias.

Em Amores Brutos a Cidade do México pode ser considerada uma personagem

do filme, pois tem grande influência sobre a vida dos outros personagens, ela se

apresenta uma metrópole rica na história da modelo e seu amante e pobre e miserável na

do ex-guerrilheiro, o diretor conseguiu extrair duas facetas da cidade que se evitam mas

que acabam sempre se misturando.

Ainda no filme de estréia de Iñárritu, há temas como a violência doméstica

contra a mulher, a discriminação contra ex-presidiários, este último também presente

em 21 Gramas que agrega outros temas como o uso de drogas, o problema das pessoas

que dependem de um transplante de órgão para continuar a viver, o diretor, apesar de

tocar em temas fortes, nunca apela para a emoção fácil, apenas expõe pontos de vista.

Já Babel trata de questões como a discriminação contra imigrantes personificada

na babá mexicana, o preconceito contra árabes travestido em medo de terroristas e ainda

as dificuldades de interação social de uma pessoa surda-muda.

Ao apresentar tantas questões polêmicas e infelizmente pouco discutidas, os

filmes de Iñárritu dão visibilidade para tais temas e contribuem na formação de uma

sociedade mais aberta ao diálogo e ao respeito das mais diferentes correntes ideológicas,

religiosas e econômicas, tais filmes porém, estão em falta na cinematografia mundial.

Referências bibliográficas MARTIN, Marcel. A linguagem cinematográfica. Trad. Flávio P. Vieira & Teresinha A. Pereira. Belo Horizonte, Editora Itatiaia, 1963. ANDREW, J. Dudley. As principais teorias do cinema. Trad. Teresa Ottoni. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1989. MATTELART, Armand. Diversidade Cultural e Mundialização. São Paulo, Parábola Editorial, 2005. VANOYE, Francis & GOLIOT-LÉTÉ, Anne. Ensaio sobre a análise fílmica. Trad. Marina Appenzeler. Campinas, Papirus Editora, 1994 GORDIRRO, André. ...Presente ... Revista SET. São Paulo: Ed. Peixes, n. 234, p. 34-35, dez. 2006

Page 15: A diversidade cultural e social

SALEM, Rodrigo. 21 gramas. Revista SET. São Paulo: Ed. Peixes, n. 199, p. 64, jan. 2004. 1 João Paulo Palú – Professor do Centro Universitário Senac – Campus Águas de São Pedro. Graduado em Comunicação Social – Radialismo e Televisão pela Universidade Metodista de Piracicaba e mestrando em Comunicação da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Universidade Estadual Paulista (Unesp) - Campus de Bauru.